Dissertação Daniel Biluca - Reproduçao

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA


CÂMPUS DE BOTUCATU

Efeito da suplementação com monensina no pré e pós-


parto nas concentrações plasmáticas de AGNE, IGF-1, no
diâmetro do maior folículo e na sua capacidade ovulatória
a um estímulo com GnRH de vacas Nelore

DANIEL FEIJÓ BILUCA

Dissertação apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Zootecnia, como parte
das exigências para a obtenção do Título de
MESTRE EM ZOOTECNIA.

Botucatu – São Paulo


2005
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CÂMPUS DE BOTUCATU

Efeito da suplementação com monensina no pré e pós-


parto nas concentrações plasmáticas de AGNE, IGF-1, no
diâmetro do maior folículo e na sua capacidade ovulatória
a um estímulo com GnRH de vacas Nelore

DANIEL FEIJÓ BILUCA


Zootecnista

Orientador: Prof. Ass. Dr. José Luiz Moraes Vasconcelos

Dissertação apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Zootecnia, como parte
das exigências para a obtenção do Título de
MESTRE EM ZOOTECNIA.

Botucatu – São Paulo


2005
DEDICO
Aos meus pais que foram os grandes
incentivadores desse trabalho e à minha
esposa que sempre esteve ao meu lado
com amor e dedicação.

OFEREÇO
A todos que alguma forma contribuíram
para que este trabalho se tornasse uma
realidade.

I
AGRADECIMENTOS

Ao Professor José Luiz Moraes Vasconcelos pela oportunidade, orientação,


amizade, apoio e dedicação na realização deste trabalho.
Aos Professores Mario de Beni Arrigoni, Francisco Stefano Wechesler, Antonio
Carlos Silveira e Gilberto Rocha pela amizade, incentivo e contribuição
fundamental para este trabalho.
À Minerthal que pelo grande apoio e incentivo.
À Elanco pelo apoio e orientações e à fazenda Rio Pardo pelo local e animais.
Ao laboratório de Fisiologia do Departamento de Morfologia e Fisiologia animal
da FCAV – UNESP – Jaboticabal, Laboratório de Dosagens Hormonais da
FMVZ – USP – São Paulo e Laboratório de análises bromatológicas do
Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal da FMVZ – UNESP -
Botucatu pelas análises laboratoriais.
À Márcia minha companheira de mestrado e grande colaboradora.
À Gabriela e Ricarda pelo apoio disponibilidade e amizade.
À toda equipe do Professor Zequinha que auxiliou para a realização deste
trabalho.
Ao meu amigo Giampaolo pela amizade e companheirismo em todos os
momentos.
Aos colegas Sergio Morgulis e José Roberto Peres pela contribuição técnica.
Aos grandes amigos que ganhei nessa fase e que ficarão comigo para sempre:
Vanessa, Tito, Biela, Splinter, Anderson, Miriane, Rafael, Patrícia, Adriana e
Thalita.
Às funcionárias Seila, Carmen e Solange pela amizade paciência e
colaboração.
À minha família, José Eduardo, Sônia, Adriana e Fábio pelo incentivo, apoio,
carinho, necessários e valiosos nesse e em todos momentos da vida.
À minha querida esposa Alessandra que se fez presente em todos os
momentos, através do apoio, dedicação, paciência, compreensão e amor.
À todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.

II
SUMÁRIO
Página

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1


1. Introdução 2
2. Balanço Energético 3
3. Ácidos Graxos Não Esterificados (AGNE) 4
4. IGF-1 no organismo 5
5. Anestro 7
6. Relação entre parâmetros metabólicos e hormônios da reprodução 8
7. Monensina 10
8. Referências Bibliográficas 13

CAPÍTULO 2 - Efeito da suplementação com monensina no pré e pós-parto nas


concentrações plasmáticas de AGNE, IGF-1, no diâmetro do maior folículo e na
sua capacidade ovulatória a um estímulo com GnRH de vacas Nelore 24
Resumo 25
Abstract 26
Introdução 27
Material e Métodos 29
Resultados e Discussão 33
Conclusões 38
Referências Bibliográficas 39
Tabelas e Gráficos 47

CAPÍTULO 3 – IMPLICAÇÕES 55

III
Lista de Abreviaturas

AGNE = Ácidos graxos não-esterificados


AGV = Ácidos graxos voláteis
BEN = Balanço energético negativo
CL = Corpo lúteo
CNCPS = Cornell Net Carboydrate and Protein System
ECC = escore de condição corporal
FD = Folículo dominante
FSH = Hormônio folículo-estimulante
GH = Hormônio de crescimento
GnRH = Hormônio liberador de gonadotrofinas
IGF-I = Fator de crescimento semelhante à insulina I
IGFBP = proteína ligante do IGF
IMS = Ingestão de matéria seca
IRMA = Imunorradiométrico
LH = Hormônio luteinizante
mRNA = Ácido ribonucléico mensageiro

IV
CAPÍTULO 1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1. Introdução

Como objetivo para uma pecuária competitiva e rentável, temos que buscar o
maior desfrute possível do rebanho. Para tanto a atividade de cria se torna ponto de
partida para atingir os melhores resultados de produtividade pelo maior número de
quilos de bezerros desmamados por hectare por ano, que está relacionada com
eficiência reprodutiva e qualidade de bezerros que podem ser obtidos através de
tecnologias com inseminação artificial ou inseminação artificial em tempo fixo.
No Brasil Central a concentração de partos ocorre de agosto a dezembro,
sendo que, bezerros nascidos nesse período apresentam maior peso a desmama que
os nascidos no restante do ano (BOCCHI, 2003). Para que isso ocorra as vacas
estarão no período periparto em uma época de baixa disponibilidade de alimentos,
quantitativa e qualitativamente.
Nessa situação, a vaca consome suas reservas de energia, perdendo peso e
entrando em balanço energético negativo (BEN). Segundo O’Calagan & Boland (1999)
o “status” nutricional é o maior fator controlador da fertilidade em bovinos. Sendo ele
negativo, vai interferir aumentando o intervalo parto-primeira ovulação, parto-
concepção e diminuindo a porcentagem de bezerros produzidos, diminuindo a
eficiência econômica do sistema de produção.
Para atingir o equilíbrio dessa equação aparentemente antagônica, se torna de
relevante importância o desenvolvimento de técnicas que permitam diminuir o período
de BEN e conseqüentemente aumentar a eficiência reprodutiva na melhor época para
nascimento dos bezerros mais pesados.
Uma característica metabólica do BEN é a mobilização de reserva corporal,
refletindo no aumento da concentração plasmática de ácidos graxos não esterificados
(AGNE) (DE VRIES et al., 1999), sendo esta uma sinalizadora da severidade do BEN.
A duração do anestro pós-parto é influenciada pela presença do bezerro,
balanço energético, e número de partos, além de outros fatores como estação do ano,
raça, presença do touro, parto gemelar, distocia e retenção de placenta (YAVAS &
WALTON, 2000a). Os efeitos do “status” energético na reprodução estão associados
ao LH. A intensidade e duração do BEN, possivelmente através do IGF-1, diminui a
pulsatilidade de LH, o desenvolvimento folicular e também a capacidade de resposta
do ovário a seu estímulo (BUTLER, 2000).

2
A eficiência na conversão alimentar e fatores que a envolvem têm grande
importância no BEN. Os ionóforos têm melhorado essa eficiência, promovendo
alteração da fermentação ruminal, pelo aumento do propionato, diminuição da
metanogênese, da desaminação e dos níveis de ácido láctico. O aumento do
propionato também eleva as concentrações plasmáticas de glicose e insulina,
aumentando a retenção tecidual de energia (REYNOLDS et al., 1991). Como o BEN
tem ligação direta com o fluxo de nutrientes para o organismo, a monensina pode
influenciá-lo e isso se reflete na eficiência reprodutiva (SPROTT et al., 1988)
diminuindo o período de anestro pós-parto (HARDIN E RANDEL, 1983; WEBB et al.,
2001).
A utilização da monensina ainda é pequena em dietas a pasto principalmente
para fêmeas. Apesar disso, pode ser uma tecnologia que melhora a eficiência
reprodutiva do rebanho reduzindo o intervalo entre o parto e o primeiro cio. Isso devido
à melhora no status energético que tem interferência direta no BEN. Além disso, a
suplementação com monensina também pode ser associada a protocolos de
sincronização e/ou inseminação artificial, associando a melhora na eficiência
reprodutiva com bezerros de melhor qualidade. A suplementação com monensina
pode ser de grande utilidade para uma pecuária moderna que tem como objetivo
atingir o máximo desempenho e patamares sustentáveis de produção e rentabilidade.

2. Balanço Energético

Segundo o NRC (1996) a exigência aproximada de energia metabolizável (EM)


para manutenção de uma vaca nelore no último mês de prenhez é 0,32 Mcal/KgPV
para manutenção, 0,14 Mcal/KgPV para a prenhez e 1,4g/KgPV de proteína
metabolizável (PM). Após 30 dias de parida essa mesma vaca tem exigência
aproximada de EM, para manutenção de 0,38 Mcal/KgPV e PM 1,2 g/KgPV e 1,16
Mcal de EM e 59g de PM por quilo de leite produzido.
Portanto, segundo simulações realizadas no programa CNCPS 5.0 uma vaca
de 450 Kg, dez dias antes do parto, tem exigência aproximada de PM de 659 g/dia e
EM de 21,9 Mcal/dia. Essa mesma vaca logo após o parto, e com produção de leite de
8 litros (ROCCO, 2004) tem exigência aproximada de PM de 835 g/dia e EM de 26,4
Mcal/dia.
Considerando a dieta dessa vaca exclusivamente a pasto, com características
de 8,5% de PB e 28% de FB, a mesma simulação citada acima resultou em 1,77
Mcal/KgMS de EM e 91,6 g/KgMS de PM, contidos no alimento.

3
Segundo Wright & Russel (1984) 1 ponto de ECC em uma escala de 1 a 5
equivale a 70 Kg de PV. Para mudar de ECC 2 para 3 é necessário acumular 360 Mcal
e para mudar de ECC 3 para 4 é necessário acumular 480 Mcal.
Tem-se definido então, através da simulação, que a mesma vaca parida
descrita acima apresenta BEN de 9,6 Mcal/dia. Portanto, para descer de ECC 4 para 3
serão necessários 50 dias com uma perda de peso de 1,4 Kg/dia. Para descer de ECC
3 para 2 serão necessários 38 dias com uma perda de peso de 1,8 Kg/dia.
Vacas zebuínas mobilizam, em maior extensão que vacas de outras raças, as
reservas corporais para beneficiar o bezerro. Esta condição resulta em prolongado
BEN, decorrente da mobilização de reservas orgânicas e do esgotamento das fontes
energéticas necessárias à função reprodutiva. BUSTAMANTE et al. (1997)
observaram prolongado período de inatividade ovariana em vacas com baixa condição
corporal e atribuíram isso à utilização das reservas corporais pelas vacas para manter
sua produção de leite. No mesmo grupamento genético Rhodes et al. (1995)
demonstraram que o diâmetro do folículo dominante (FD) tem correlação negativa com
perda de peso, e em gado de leite períodos de balanço energético negativo (BEN)
influenciam negativamente o crescimento folicular (BEAM & BUTLER, 1999).

3. Ácidos Graxos Não Esterificados (AGNE)

Vacas sofrendo restrição alimentar e consequentemente em BEN têm como


característica, concentrações plasmáticas de glicose e insulina reduzidas e
concentrações plasmáticas de AGNE aumentadas (MACKEY et al., 2000 e BOSSIS et
al. 1999).
Níveis altos de glicose provocam secreção de insulina pela células β do
pâncreas; níveis baixos deprimem essa secreção e aumentam a secreção de glucagon
pelas células α do pâncreas e epinefrina pela medula adrenal. Glucagon e epinefrina
estimulam a lípase da célula adiposa através do AMP cíclico, provocando a lipólise
(STRYER, 1988).
Quando isso acontece, o tecido adiposo é metabolizado e são liberados ácidos
graxos não esterificados (AGNE) e glicerol que podem ser usados como fonte de
energia durante períodos de BEN (WETTMANN et al., 2003). Durante o período de
BEN as concentrações de AGNE na circulação são elevadas (RUKKWAMSUK et al.,
2000).
O aumento da produção de propionato reduz a concentração de AGNE
(DiCONSTANZO et al., 1999). Concentrações de AGNE em novilhas em anestro

4
nutricional induzido, são elevadas. Durante a realimentação essas concentrações
gradualmente diminuem antes do retorno da ovulação (BOSSIS et al., 2000).
Estratégias para aumentar a produção de propionato e a ingestão de nutrientes
diminuindo o BEN podem, potencialmente, diminuir a concentração plasmática de
AGNE.
Além disso, AGNEs possivelmente inibem a sobrevivência e proliferação das
células da granulosa, sendo um possível mecanismo pelo qual o BEN influencia a
foliculogênese durante o período pós-parto em vacas de leite de alta produção
(VANHOLDER et al., 2004).

4. IGF-1 no organismo

O IGF-1 é um hormônio protéico, dependente de GH, produzido no fígado e em


outros tecidos, inclusive no folículo e tem função sistêmica de regulação no
metabolismo de carbohidratos, gordura e proteína (WETTEMANN et al., 2003). A
produção de IGF-1 nos tecidos está diretamente relacionada com a concentração
sanguínea de IGF-1 que controla a produção de GH por “feedback negativo” (BASS &
CLARK, 1989).
Durante restrição alimentar as concentrações circulantes de GH aumentam
(PEARSON & DUTSON, 1991) e as de IGF-1 diminuem (ARMSTRONG et al., 1996).
Explicando isso está o BEN que exerce um bloqueio nos receptores GHR-1A, de GH
no fígado, que estimulam a produção de IGF-1(“down regulation” dos receptores de
GH). Elsasser et al. (1989) demonstraram que animais em BEN tem declínio de IGF-1,
porém têm nível de GH aumentado e não respondem a aplicação exógena de GH.
Porém, durante a re-alimentação ad libitum os níveis de IGF-1 aumentam.
(ELEMBERGUER et al., 1989).
A concentração plasmática de IGF-1 está positivamente associada com ECC e
consumo de alimento (YELICH et al. 1996), e baixas concentrações de IGF-1 estão
associadas com um período de anestro pós-parto mais estendido em vacas de corte
(ROBERTS et al., 1997) e com atraso na puberdade (GRANGER et al. 1989). Quando
multíparas foram submetidas à restrição alimentar a partir dos 30 dias pós-parto, as
concentrações circulantes de IGF-1 foram reduzidas em 50% dentro de apenas quatro
dias do início da restrição (RUTTHER et al., 1989). Lents et al. (2002) estudando
vacas com diferentes ECC demonstraram que as concentrações de insulina e IGF-1
obedeciam correlação linear com o ECC, porém após suplementação igual dessas
vacas com 110% da energia de manutenção essa correlação não obedecia o mesmo

5
padrão, demonstrando que concentrações plasmáticas de insulina e IGF-1 são
influenciadas pela ingestão de alimentos mais que pelo ECC. Além disso, o ECC é um
indicador de status energético útil, porém pode ser impreciso e subjetivo (RANDEL,
1990).
As concentrações de IGF-1 circulantes declinam no parto e aumentam
gradualmente no decorrer do período pós-parto (VICINI et al., 1991). Roche et al.
(2000) citam que, de acordo com a intensidade do BEN no período pós-parto, há
diminuição das concentrações de IGF-1 sistêmico e disponibilidade de IGF-1
intrafolicular, diminuição da freqüência de pulsos de LH e do diâmetro do folículo
dominante determinando um maior intervalo parto-primeira ovulação; além disso,
apresentam menor ECC, menores concentrações de insulina e glicose e aumento dos
níveis de AGNE.

Cérebro
NPY e EOP
Leptina
Hipotálamo

GnRH
Tecido
glicose adiposo N
U
Hipófise anterior
GH
T
R
FSH LH Fígado I
Feedbak
negativo
de
IGF-1 Ç
esteroide
e proteina Pâncreas Ã
DF Insulina O

Sistema autócrino e
parácrino

Figura 1: Diagrama representativo dos possíveis mecanismos que a nutrição pode


aafetar a reprodução. (Diskin et al., 2003)

6
5. Anestro

O anestro pós-parto é um período de transição durante o qual a funcionalidade


do eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano-uterino se recupera da prenhez. As três
primeiras semanas pós-parto são necessárias para a involução uterina e reposição
dos estoques hipofisários do hormônio luteinizante (LH) (YAVAS & WALTON, 2000b).
A liberação de hormônio folículo estimulante (FSH) e o desenvolvimento de
folículos iniciam logo após o parto. Contudo, esses folículos falham em atingir a
maturação final, devido à ausência de pulsos apropriados de LH e se tornam-se
atrésicos. A ausência de adequados pulsos de LH no início do pós-parto deve-se a
depleção dos estoques de LH da hipófise anterior, o que independe da amamentação.
Após a reposição dos estoques de LH, entre 15 a 30 dias pós-parto, a ausência de
pulsos apropriados de LH passa a ser dependente da amamentação e do BEN, já que
ambos suprimem a liberação de LH pela inibição de descargas hipotalâmicas de
GnRH (YAVAS & WALTON, 2000b).
O período de anestro pós-parto pode prolongar-se nos casos em que as vacas
apresentam suas reservas corporais reduzidas, o que, associado à mamada, pode
impedir a liberação de GnRH (WILLIAMS, 2002). Isso se confirma nos estudos de
Santos et al. (2004), em que vacas Nelore com ECC 2,0, 2,5, 3,0 e 3,5 no período pós-
parto apresentaram ciclicidade de 0%, 19,7%, 23,8% e 43,9%, respectivamente.
Diskin et al. (2003) associam que a nutrição pré-parto, refletida na ECC ao
parto é determinante para a duração do período de anestro pós-parto, enquanto a
ingestão de alimentos, a intensidade e duração do BEN influenciam mais o
crescimento e consequentemente o diâmetro do folículo dominante. Confirmando isso
Sinclair et al. (2002) demonstraram que vacas parindo com ECC 2,0 e 3,0, numa
escala de 1 a 5, tiveram intervalos parto-primeira ovulação de 57 e 48 dias
respectivamente. Enquanto isso Ciccioli et al. (2001) estudaram vacas com ECC 4,0 e
5,0 numa escala de 1 a 9, colocadas em dois tratamentos com alta energia e média
energia. As do primeiro tratamento tiveram folículos maiores (14,8mm) que as do
segundo (13,5mm), sem sofrer qualquer interferência da ECC inicial.
Em vacas em anestro, baixos níveis de estradiol inibem a secreção pulsátil de
GnRH pelo hipotálamo e consequentemente de LH, porém não inibem os pulsos de
LH durante o ciclo estral (GOODMAN, 1994), ou seja, BEN associado a amamentação
podem impedir o crescimento folicular final devido à potencialização do efeito de
“feedback” negativo do estradiol no hipotálamo reduzindo os pulsos de GnRH
(WILBANK, 1998).

7
Vacas em BEN apresentam reservas de gonadotrofinas e resposta à aplicação
de GnRH exógeno reduzidas (RANDEL, 1990) pela diminuição da persistência do
folículo. De acordo com o grau de BEN no período pós-parto há diminuição da
freqüência de pulsos de LH, do diâmetro do folículo dominante, das concentrações de
IGF-1 plasmático e da disponibilidade de IGF-1 intra-folicular, determinando o intervalo
parto-primeira ovulação (ROCHE et al., 2000).
A ingestão de nutrientes menor que as exigências da vaca que caracterizam o
BEN, também induz mudanças na ação de hormônios metabólicos diretamente no
ovário trazendo mudanças no padrão de crescimento folicular (GUTIERREZ et al.,
1997). Animais em BEN têm atraso na manifestação do primeiro estro pós-parto (DE
VRIES et al., 2000), causado principalmente pela combinação de atraso na primeira
ovulação e pouca expressão de comportamento de estro (STAPLES et al., 1990). Um
curto período em BEN e boa condição corporal estão associados ao retorno à
ciclicidade após o parto (STEVENSON et al, 1997).
Outro aspecto bastante destacado na literatura que interfere na duração do
período de anestro pós-parto é a interferência da presença do bezerro. Isso vem
potencializar ainda mais os aspectos citados acima.
Stagg et al. (1998) demonstraram que o efeito da sucção em vacas de corte é
importante fator que afeta a duração do anestro pós-parto. O comportamento maternal
é mais importante que o ato da sucção em si para regular a freqüência de pulsos de
LH. A percepção inguinal do bezerro pela vaca durante a sucção, aumenta a
sensibilidade do centro gerador de pulsos de GnRH no hipotálamo ao efeito de
“feedback” negativo do baixo estradiol ovariano, pela liberação de peptídeos de
opióides endógenos pelo hipotálamo (STEVENSON et al., 1994). Esse conjunto de
fatores resulta na supressão da liberação de pulsos de LH, falha na ovulação e
anestro pós-parto prolongado (YAVAS & WALTON, 2000b).

6. Relação entre parâmetros metabólicos do “status” energético e hormônios da


reprodução

Existem muitas evidências que os hormônios metabólicos como insulina, IGF-1


e leptina têm importante papel como mediadores dos efeitos do fluxo de nutrientes e
do balanço energético na fertilidade de vacas através da interferência no
desenvolvimento folicular (DISKIN et al., 2003).
O hipotálamo, diferentemente de outras áreas do cérebro, tem um
transportador de glicose dependente de insulina, que faz com que sofra interferência

8
da concentração de glicose no sangue (LIVINGSTONE et al., 1995). Há evidências
significativas que restrição alimentar e BEN reduzem a concentração de insulina
circulante (MACKEY et al., 2000 e SINCLAIR et al., 2002) e seu papel é ser sinalizador
metabólico influenciando a liberação de LH pela hipófise anterior (MONGET &
MARTIN, 1997).
Em ovelhas que foram levadas à hipoglicemia e tratadas com insulina, o início
do pico de LH foi atrasado, porém o mesmo tratamento associado com infusão de
glicose preveniu a hipoglicemia e restabeleceu o tempo normal para o pico de LH
induzido pelo estradiol (MEDINA et al., 1998).
Existem receptores para insulina no cérebro, na hipófise (LESNIAK et al., 1988)
e no tecido ovariano (PORETSKY & KALIN, 1987). Insulina estimula a liberação de
GnRH no hipotálamo in vitro quando existe gilcose disponível (ARIAS et al., 1992) e
infusão de insulina dentro dos ventrículos cerebrais de ovelhas em restrição alimentar
aumenta a secreção de LH (DANIEL et al., 2000). A insulina também estimula a
produção de estradiol pelas células ovarianas de vacas (SPICER & ECHTERNKAMP,
1995) e ainda pode influenciar a taxa de ovulação (HARISON & RANDEL, 1986).
Vacas tratadas com aplicações de insulina tiveram desenvolvimento folicular e
produção de estradiol maiores pelo FD que vacas não tratadas (SIMPSON et al.,
1994).
Efeitos nutricionais no retorno da ciclicidade em vacas pós-parto, supressão do
ciclo estral pela restrição alimentar e seu recomeço após uma realimentação podem
ser mediados via IGF-1 (DISKIN et al., 2003). Em primíparas, o aumento na ingestão
de nutrientes no pós-parto resultou no aumento da concentração plasmática de IGF-1
e no aumento do diâmetro folicular (CICCIOLI et al., 2001), além da sua influência nas
células da hipófise, onde Adam et al. (2000) demonstraram que quando foram tratadas
in vitro com IGF-1 aumentaram a produção de LH.
Em folículos pré-antrais, Wandji et al. (1992) demonstraram que há uma
quantidade de sítios de ligação, porém a maioria não específicos. Após a formação do
antro, o número de sítios de ligação para gonadotrofinas e IGF-1 aumenta. Parte da
ação do IGF-1 no desenvolvimento folicular envolve estímulo da proliferação das
células da granulosa, da teca e aumento da esteroidogênese (SPICER et al., 1995 e
STEWART et al., 1995).
Também as células da granulosa dos folículos maiores mostraram aumento do
número de receptores para IGF-1 comparados com folículos menores (SPICER et al.,
1995). Foi demonstrado que a ação sinérgica do IGF-1 na esteroidogênese induzida
por LH em células da teca de bovinos são mediadas, em parte, pela indução do IGF-1
aumentando o número de receptores de LH (STEWART et al., 1995).

9
Segundo Guinther et al. (2001), um folículo dominante, em comparação com os
subordinados, é caracterizado pela sua capacidade de produzir estradiol, por
apresentar um aumento da concentração de IGF-1 intrafolicular e por um aumento
substancial no tamanho.
A biodisponibilidade do IGF-1 circulante e seu “clearance” são controlados
pelas proteínas ligantes do IGF ou IGFBP (THISSEN et al., 1994). A insulina diminui a
IGFBP-2 que bloqueia a ação do IGF-1, porém não afeta a IGFBP-3 necessária para
aumentar a vida útil da molécula de IGF-1 (McGUIRE et al., 1995).
Armstrong et al. (2003) demonstraram que dietas com alta energia e promovem
alta concentração de insulina e inibem a concentração intra-folicular de IGFBP-2, o
que aumenta a concentração de IGF-1 atuante. Confirmando esse resultado Austin et
al. (2001) observaram que a IGFBP-2 tem maior concentração em folículos atrésicos e
menor em folículos maiores e/ou dominantes. A quantidade de IGFBP-2 e o aumento
dos receptores de LH nas células da granulosa aparentemente estão associados com
o estabelecimento do folículo dominante (WEBB et al., 2004).
Nicholas et al. (2002), relataram que existem pelo menos 51 formas de
IGFBPs presentes no fluido folicular podendo ser a chave para mediação da
divergência e desenvolvimento do folículo, porém as funções fisiológicas dessas
enzimas ainda são desconhecidas.

7. Monensina

A monensina é um ionóforo, sua molécula é poliéster carboxílico que se


comporta como um antibiótico. Ela se liga a íons metálicos e os carreia através da
membrana celular (PRESSMAN, 1976). Vários estudos demonstram que a monensina
pode também alterar a eficiência reprodutiva de vacas (SPROTT et al, 1988) e diminuir
o intervalo anestro pós-parto (WEBB et al., 2001).
A monensina melhora a utilização do nitrogênio (MUNTFERING et al., 1980)
melhorando a eficiência alimentar pois altera a produção de ácidos graxos voláteis no
rúmen em favor do propionato (RICHARDSON et al., 1976) produzido no rúmen,
diminui as perdas pela produção de metano (CH4), as reações de deaminação e a
produção de ácido lático (BERGEN & BATES, 1984). Além disso, promove um efeito
tamponante no rúmen mantendo um ambiente favorável ao crescimento bacteriano.
Em dietas a pasto, o ganho na eficiência ruminal e consequentemente a maior fluxo de
nutrientes para o organismo está ligado à diminuição da produção de metano. O
decréscimo da produção de metano causado pela monensina pode ser explicado pela

10
mudança nos AGVs e no decréscimo na reação acetato:propionato (LANA &
RUSSELL, 2001).
A monensina se movimenta através da membrana celular e carreia, através de
seu grupamento carboxílico, cátions para dentro da célula. Essa entrada afeta o
equilibrio iônico e de pH interno (BAGG, 1997). Para manter esse equilibrio bacterias
gram-positiva ativam um sistema de transporte ativo de íons, expulsando cátions,
normalmente K+ para fora da célula. Esse transporte gasta energia o que, através da
ação constante da monensina, diminui a capacidade de crescimento e reprodução
dessas bactérias. As bactérias gram-negativas são resistentes à monensina devido
sua capacidade de realizar esse tipo de transporte de cátions para fora da célula sem
gasto de energia (BERGEN & BATES, 1984).
Moseley et al. (1977) verificaram que a suplementação com monensina alterou
as concentrações plasmáticas de glicose, sendo isso responsivo às mudanças na
produção de propionato (CRONJÉ et al., 1991). O propionato entra no ciclo do ácido
tri-carboxílico (ATC) repondo os estoques de oxaloacetato, principal substrato para a
gliconeogênese e geração de energia (BERGEN & BATES, 1984; RICHARDSON et
al., 1976). Mais propionato eleva a glicose sanguínea e a concentração de insulina
aumentando a retenção de energia pelo organismo (REYNOLDS et al., 1991).
Confirmando essas afirmações, Reed & Whisnant (2001) demonstraram que animais
tratados com monensina têm concentração de insulina de 7,6 ng/ml enquanto animais
não tratados têm 6,5 ng/ml (p<0,1).
Existem poucos estudos relatando os efeitos da monensina na concentração
de IGF-1. Em ovelhas estudadas por Peclaris et al. (1999) e tratadas com monensina
a concentração de IGF-1 aumentou. Já Strauch et al. (2001) não encontraram
benefício da monensina em dietas com alta densidade energética nos níveis de IGF-1,
porém relataram aumento da expressão de RNA mensageiro para IGF-1 no fígado.
O fornecimento de monensina também diminui as concentrações plasmáticas
das cetonas (SAUER et al., 1989). Schillo (1992) propôs que as concentrações
plasmáticas de glicose e cetonas poderiam ser sinais importantes e influentes na
performance reprodutiva da pós-parturiente.
Mostrou-se que, em vacas de corte, o período para se observar o primeiro
estro foi menor nos animais tratados com monensina quando se comparou com os
animais não tratados. (HARDIN & RANDEL, 1983). Quando a suplementação com
ionóforo se iniciou 28 dias antes do parto, também houve uma diminuição nesse
período (PADILLA-RAMIREZ, 1998).
Relata-se que a suplementação com monensina decresce a idade à puberdade
e melhora a resposta superovulatória em novilhas (MOSELEY et al., 1977;

11
MACCARTOR et al., 1979). Em outro estudo Moseley et al. (1982) observaram
diminuição significativa na idade à puberdade, porém não houve alteração de peso
corporal.
Monensina tem se mostrado capaz de aumentar a atividade ovariana
(BUSHIMICH et al., 1980), elevando as concentrações séricas de LH (RANDEL &
RHODES, 1980; RANDEL et al., 1982) e de insulina (REED et al., 1997). Essas
afirmações são confirmadas pelos estudos de DiConstanzo et al. (1999) onde animais
com maior relação propionato:acetato tiveram concentração de LH maior e maior
número de pulsos de LH. Reed & Whisnant (2001) demonstraram que monensina
aumentou o tamanho do folículo ovulatório. Apesar de poucas informações na
literatura sobre essa possível influência, essas observações sugerem que
suplementação com monensina pode influenciar nos aspectos reprodutivos da vaca
Nelore. Sua capacidade de alterar a fermentação ruminal e aumentar o fluxo de
nutrientes para o organismo altera os sinais metabólicos e hormonais internos e seus
desdobramentos. Dentre eles está a reprodução.

Portanto, o estudo apresentado no capítulo 2, intitulado “Efeito da suplementação


com monensina no pré e pós-parto nas concentrações plasmáticas de AGNE,
IGF-1, no diâmetro do maior folículo e na sua capacidade ovulatória a um
estímulo com GnRH de vacas Nelore”, escrito conforme normas da revista Animal
Reproduction Science – Elsevier Science B.V., teve como objetivo avaliar o efeito da
suplementação com monensina, em vacas nelore paridas a pasto, em anestro, nas
concentrações plasmáticas de AGNE, IGF-1, no diâmetro de maior folículo e na
capacidade de resposta desse folículo a um estímulo ovulatório hormonal (GnRH).

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puberty in heifers fed to gain at two rates. Domestical Animal Endocrinology, v.13,
p.325-338, 1996.

23
CAPÍTULO 2
Efeito da suplementação com monensina no pré e pós-parto nas
concentrações plasmáticas de AGNE, IGF-1, no diâmetro do maior folículo
e na sua capacidade ovulatória a um estímulo com GnRH de vacas Nelore

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Efeito da suplementação com monensina no pré e pós-parto nas
concentrações plasmáticas de AGNE, IGF-1, no diâmetro do maior folículo
e na sua capacidade ovulatória a um estímulo com GnRH de vacas Nelore

Resumo O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da suplementação com


monensina, em vacas nelore paridas a pasto, em anestro, nas concentrações
plasmáticas de AGNE, IGF-1, no diâmetro de maior folículo e na capacidade de
resposta desse folículo a um estímulo ovulatório hormonal (GnRH). Nesse estudo
foram usadas 302 vacas (123 primíparas e 179 multíparas) que foram divididas em
dois tratamentos, proporcionalmente, onde o lote controle recebeu apenas
suplementação mineral e o lote tratado recebeu suplementação monensina
(110mg/vaca/dia). Os tratamentos se iniciaram 30 dias pré-parto, onde avaliou-se o
ECC pré-parto, até 90 dias pós-parto. Todas as vacas, em média aos 54 dias pós-
parto, receberam um estímulo hormonal ovulatório (administração de 50 mcg de
GnRH), foram avaliadas para o escore de condição corporal (escala de 1 a 5), colhido
sangue para análise de IGF-1 e AGNE e foram avaliadas para o do diâmetro folicular
através de ultra-sonografia (US). Após 7 dias nova US foi realizada para verificar a
taxa de ovulação. As variáveis foram submetidas à análise de variância pelo GLM do
SAS. O ECC pós-parto foi maior (p<0,01) em vacas tratadas com monensina (3,11)
que vacas controle (3,00); além disso, vacas tratadas não perderam ECC no período
periparto enquanto vacas controle perderam 0,19 pontos. Vacas suplementadas com
monensina (883,9 mmol/l) tiveram concentração plasmática de AGNE menor (p<0,01)
que vacas controle (1013,8 mmol/l), caracterizando, junto com a ECC, menor
mobilização de reservas. Já a concentração plasmática de IGF-1 foi maior (p<0,01)
nas vacas tratadas (118,5 ng/ml) que vacas controle (85,1 ng/ml). Primíparas (118,0
ng/ml) apresentaram IGF-1 maior (p<0,01) que multíparas (84,8 ng/ml). Vacas tratadas
(10,07mm) apresentaram folículo maior que vacas controle (9,58mm) e multíparas
(10,35mm) maior que primíparas (9,30mm). A resposta ao estímulo ovulatório
hormonal (GnRH) foi dependente do diâmetro do folículo e vacas suplementadas
tiveram maior resposta (35,9%) que vacas controle (31,5%). Multíparas também
tiveram maior resposta (39,0%) que primíparas (26,1%). Suplementação com
monensina foi eficiente em melhorar o “status” energético das vacas, devido a menor
perda de ECC e menores níveis de AGNE. Também aumentou a concentração
plasmática de IGF-1, o tamanho do maior folículo e a resposta ao estímulo hormonal
ovulatório (GnRH).
Palavras-chave: Condição Corporal, anestro, ácidos graxos não esterificados

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Effects of monensin supplementation peripartum on IGF-1 and NEFA
concentration, follicular diameter and GnRH ovulatory response in Nellore
cows

Abstract - The objective of this trial was to evaluate the effects of monensin
supplementation in suckled anestrous Nellore cows on IGF-1 and NEFA
concentrations, follicular diameter and GnRH ovulatory response. In this trial were used
302 cows (123 primiparous and 179 multiparous) divided in two treatments. The control
group received only mineral supplementation and the treated group received monensin
supplementation (110 mg/cow/day). The treatments began 30 days prepartum to 90
days postpartum. All cows, at average of 54 days postpartum, received hormonal
ovulatory stimulation (50 mcg GnRH), BCS were evaluated (1 to 5 scale), blood
samples were collected to IGF-1 and NEFA analysis and follicular diameter was
measured by ultrasound (US). Seven days later ovulation rate was evaluated. Cows
that received monensin had higher postpartum BCS (3.11) and lost less BCS at
peripartum than control cows (3.00). Treated cows had lower (P<0.01) NEFA plasmatic
concentration (883.9 mmol/l) than control cows (101.8 mmo/l), which associated with
BCS suggests less reserve mobilization. IGF-1 plasmatic concentration was higher in
treated cows (11.5 ng/ml) than control cows (85.1 ng/ml). Primiparous (118.0 ng/ml)
had higher IGF-1 than multiparous (84.8 ng/ml). Treated cows had higher follicular
diameter (10.07mm) than control cows (9,58mm) and multiparous (10.35mm) higher
than primiparous (9.30mm). The hormonal ovulatory stimulation (GnRH) response is
follicle diameter dependent and treated cows had higher response (35.9%) than control
cows (31.5%). Monensin supplementation is a good strategy to improve energy status
due to decrease in BCS loss and reduction of NEFA concentration. Monensin
supplementation also increased IGF-1 plasmatic concentration, follicular diameter and
hormonal (GnRH) ovulatory response.

Key-words: Body Condition Score , anestrus, non etherify fat acids.

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Introdução

Os efeitos da nutrição sobre a reprodução são, há muito tempo conhecidos e


largamente discutidos. Aristóteles (384-322 a.C., citado por MEDVEI, 1982) escreveu
que a nutrição é o fator ambiental mais importante para controlar a concepção. Os
efeitos da nutrição sobre a reprodução de bovinos na era moderna são similares aos
reportados em sociedades ancestrais. Vacas de leite com escore de condição corporal
(ECC) baixo ou perdendo peso geralmente têm desempenho reprodutivo pós-parto
prejudicado e priorizam sua energia metabolizável para a produção de leite (LUCY,
2003). Da mesma forma, vacas de corte mobilizam reservas corporais para beneficiar
o bezerro (RHODES et al., 1995). Nessas situações, a vaca utiliza suas reservas de
energia, perdendo peso e entrando em balanço energético negativo (BEN). Beam and
Butler (1998) demonstraram que existe uma correlação positiva entre a duração e
severidade do BEN com o intervalo parto-primeira ovulação. Butler (2000) descreveu
esse fenômeno mais detalhadamente observando que a intensidade e duração do
BEN diminui a pulsatilidade de LH e a capacidade de resposta do ovário a um estímulo
externo.
Vacas sofrendo restrição alimentar e consequentemente em BEN tem
concentrações plasmáticas de glicose e insulina reduzidas e concentrações
plasmáticas de ácidos graxos não esterificados (AGNE) aumentadas (MACKEY et al.,
2000 e BOSSIS et al., 1999). A concentração de IGF-1 circulante declina no parto e
aumenta gradualmente no decorrer do período pós-parto (VICINI et al., 1991); está
diretamente associada com o escore de condição corporal (ECC) e o consumo de
alimento (YELICH et al. 1996) e inversamente correlacionadas com a severidade do
BEN (GONG, 2002).
A ingestão de alimentos e a intensidade e duração do BEN pós-parto
influenciam o crescimento folicular e isso pode ser mediado via IGF-1 (DISKIN et al.,
2003). A diminuição da concentração sistêmica de IGF-1 diminui a freqüência de
pulsos de LH, a concentração intrafolicular de IGF-1 e o diâmetro do folículo
dominante, determinando um maior intervalo parto-primeira ovulação (ROCHE et al.,
2000). Portanto, concentração baixa de IGF-1 está associada com um período de
anestro pós-parto mais prolongado em vacas de corte (ROBERTS et al., 1997).
A eficiência na conversão alimentar e fatores que a envolvem têm grande
importância na intensidade do BEN. A monensina modifica a fermentação ruminal e
melhora a eficiência da conversão alimentar (RICHARDSON et al., 1976). Resultados
de 228 ensaios indicaram aumento na eficiência alimentar de 6,4% e animais em
regime de pasto, suplementados com monensina ganharam 13,5% mais peso que

27
animais controle (GOODRICH et al., 1984). Isso ocorre pelo do aumento da produção
de propionato, diminuição da metanogênese, da deaminação e dos níveis de ácido
láctico. O aumento do propionato eleva as concentrações plasmáticas de glicose e
insulina, aumentando a retenção tecidual de energia (REYNOLDS et al., 1991). Isso
reflete positivamente na eficiência reprodutiva (SPROTT et al., 1988) diminuindo o
período de anestro pós-parto (HARDIN E RANDEL, 1983; WEBB et al., 2001). Randel
e Rhodes (1980) demonstraram efeito significativo da suplementação com monensina
na hipófise e na função ovariana de novilhas, e verificaram que animais tratados
tiveram aumento da pulsatilidade LH. Já Tallam et al. (2003) não encontraram efeito
significativo da suplementação com monensina (22mg/Kg de MS) no desenvolvimento
do folículo dominante.
Devido aos benefícios da monensina na eficiência alimentar, no
aproveitamento da energia da dieta e, portanto na potencial capacidade de minimizar o
BEN, é necessário verificar sua influência nos parâmetros endócrinos, metabólicos e
na dinâmica folicular para entender sua influência na reprodução. A hipótese é que
suplementação com monensina aumenta o diâmetro folicular e a resposta a um
estímulo ovulatório hormonal (GnRH), devido ao aumento da produção de propionato
e do fluxo de nutrientes para o organismo, que estão positivamente relacionados com
concentrações circulantes de IGF-1. Este por sua vez, estimula a liberação de GnRH
que aumenta a produção de LH e a sensibilidade do folículo ao LH. O objetivo deste
estudo foi avaliar o efeito da suplementação com monensina, em vacas nelore paridas
a pasto, em anestro, nas concentrações plasmáticas de AGNE, IGF-1, no diâmetro de
maior folículo e na capacidade de resposta desse folículo a um estímulo ovulatório
hormonal (GnRH).

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Material e Métodos

Local, clima e pastagem

O experimento foi desenvolvido na Companhia Agrícola e Pastoril – Fazenda


Rio Pardo, localizada no município de Iaras, estado de São Paulo (latitude 22˚ 48’ 45’’
sul e longitude 49˚ 11’ 15’’ oeste). O período experimental foi de novembro de 2002 a
março de 2003.
Esses meses são caracterizados pelo clima quente e chuvoso onde a
pluviosidade e a temperatura média foram: novembro, 100mm de precipitação e 25oC
de temperatura média; dezembro, 100mm e 24 oC; janeiro, 350mm e 23 oC; fevereiro,
140mm e 27 oC e março, 160mm e 23 oC.
Os animais foram mantidos em pastos de Brachiaria brizanta, com oferta de
forragem aproximada de 1100 Kg de MS/ha. A avaliação da disponibilidade de
forragem foi feita pelo método do rendimento comparativo. Esse método consiste em
determinar 5 padrões (notas) de disponibilidade de pasto e, em área determinada
(quadrado) medir a quantidade de pasto. Após esse processo são dadas notas (1-5)
para vários pontos da área de pastejo e definida por comparação com os padrões a
oferta de forragem. A forragem, durante o experimento, apresentou concentrações
médias de 8,5% de PB. Segundo o NRC (1996) uma pastagem com essas
características permite o bom desempenho produtivo dos animais, sem limitação de
proteína ou ingestão de matéria seca.

Animais

Foram selecionadas 400 vacas Nelore gestantes, sendo destas, utilizadas 302,
sendo 123 primíparas e 179 multíparas, devido à distribuição homogênea das datas de
parição. O intervalo máximo entre as parições foi de 40 dias.

Tratamento

As vacas foram divididas blocos casualizados generalizados respeitando a


proporção de primíparas e multíparas e em dois tratamentos, sem e com
suplementação de monensina. O tratamento 1, controle, com 150 vacas consistia em
um suplemento mineral ad libitum, com ingestão média de 100 gramas/cabeça/dia
(Minerthal 90, Minerthal Prod. Agrop. Ltda, São Paulo, Brasil), e níveis de garantia
descritos na Tabela 1.

29
No tratamento 2, com suplementação de monensina foram utilizadas 152 vacas
que receberam uma mistura de sal mineral, monensina e polpa cítrica formando um
suplemento oferecido ad libitum (tabela 2). A ingestão média desse suplemento foi de
450 gramas/vaca/dia. A ingestão média de Rumensin (Rumensin®, Elanco do Brasil
S.A., São Paulo, Brasil) foi de 1,1 gramas/vaca/dia. Como o Rumensin tem 10% de
monensina sódica, a ingestão média diária foi de 110 miligramas/vaca. Foi utilizada
esta dose de acordo com a orientação sugerida pelo fabricante da monensina sódica
(Elanco do Brasil S.A., São Paulo, Brasil). Segundo Potter et al. (1976) 200mg seria a
dosagem ideal para obter os melhores resultados em animais com dieta baseada em
forragem. A adição de polpa cítrica no suplemento teve por objetivo padronizar a
ingestão de monensina e minerais e evitar uma possível influência negativa, exercida
pela monensina na ingestão do suplemento e da pastagem.
O período de suplementação iniciou-se 45 dias pré-parto, sendo que os 15
primeiros dias foram considerados para adaptação dos animais ao suplemento. A
suplementação foi interrompida aos 90 dias pós-parto. O suplemento era fornecido a
cada dois dias em cochos cobertos com espaço suficiente para todos os animais de
aproximadamente 10 cm por cabeça. Devido à época das chuvas a mistura era
substituída sempre que necessário mantendo a oferta de suplemento constante.
Utilizou-se de uma aplicação de GnRH, 50 mcg (gonadorelina; CYSTORELIN®
(1ml) , Merial Ltd., EUA) via intramuscular, em todos os animais para determinar a
capacidade de ovulação. A aplicação foi feita no mesmo dia da coleta de dados, em
média, aos 54 dias pós-parto.

Coleta de dados

A avaliação do escore de condição corporal (ECC) foi realizada durante o


experimento por dois técnicos. A metodologia utilizada foi a descrita por Lowman et al.
(1976), com escala de 1 (muito magra) a 5 (muito gorda) adaptada para intervalos de
0,25. Avaliou-se o ECC das vacas no início do tratamento, em média aos 30 dias pré-
parto e no pós-parto (aos 54 dias pós-parto).
A avaliação do ECC pós-parto, a colheita das amostras de sangue para dosar
AGNE e IGF-1 e a avaliação por ultra-som para medir o tamanho do maior folículo e a
aplicação de GnRH foram feitas em todos os animais, no mesmo momento e em
média aos 54 dias pós-parto.
As amostras de sangue foram coletadas na veia coccídea em tubos
“vacutainers” contendo anticoagulante heparina sódica. Em seguida foram

30
centrifugadas a aproximadamente 1000 x g durante 20 minutos. O plasma foi retirado
e armazenado a 20˚ C.

Avaliação por ultra-som

Os exames de ultra-som foram realizados pelo mesmo técnico com aparelho


Aloka modelo SSD-500 e transdutor linear de 7,5 MHz, via retal.
Avaliou-se a ciclicidade dos animais pela presença ou ausência de CL em pelo
menos um exame ultra-sonográfico realizados no dia -10 ou no dia 0 da aplicação do
GnRH. As vacas que estavam ciclando (17/302) foram excluídas das análises
estatísticas, portanto somente os dados de vacas em anestro foram considerados para
as análises.
O diâmetro do maior folículo foi determinado por ultra-sonografia no dia da
aplicação de GnRH (dia 0) e no dia sete foi avaliada a resposta (ovulação) ao estímulo
hormonal ovulatório (GnRH) pela presença ou não do Corpo Lúteo (CL), também por
US.

Análises laboratoriais

Amostras de todos as vacas foram analisadas em duplicata para


concentrações plasmáticas de IGF-1 e AGNE. As análises de IGF-1 foram realizadas
no Laboratório de dosagens hormonais (LDH) da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da USP em São Paulo e as análises de AGNE foram realizadas no
laboratório do Dep de Bioquímica da Faculdade de Ciências Agronômicas e
Veterinárias (FCAV) da UNESP de Jaboticabal.
Concentrações plasmáticas de IGF-1 foram determinadas pelo método
comercial imunorradiométrico (IRMA), DSL 5600 Active®, distribuidor Gênisis, São
Paulo. O procedimento emprega um ensaio IRMA de dois sítios, descrito por Milles et
al. (1974) e inclui uma etapa de extração simples na qual o IGF-1 é separado das suas
proteínas de ligação. Concentrações de AGNE foram determinadas pelo método
comercial NEFA-C Kit (Wako Chemicals USA, 1600 Bellwood Rd. Richmond, VA
23237)

31
Análise Estatística

As variáveis ECC pré-parto, ECC aos 54 dias, diferença de ECC, IGF-1, AGNE
e diâmetro do maior folículo foram submetidas à análise de variância pelo processo
“general linear model” (GLM) do programa “Statistical Analysis Sistem” (SAS) (SAS
Institute, 2002). No modelo foram incluídos os efeitos de tratamento, ordem
(primíparas ou multíparas), sexo do bezerro e respectivas interações. Além disso,
foram incluídas algumas co-variáveis, quando sua influência era significante. Para
ECC aos 54 dias foram incluídas as co-variáveis dias pós-parto e ECC pré-parto; para
diferença de ECC foi incluída dias pós-parto; para AGNE foi incluída dias pós-parto e
em um modelo separado o IGF-1 para verificar seu efeito; para diâmetro do maior
folículo foram incluídas dias pós-parto e ECC pré-parto e, em um modelo separado,
IGF-1 para verificar seu efeito.
A taxa de ovulação ao estímulo hormonal (GnRH) foi analisada por regressão
logística por meio do programa “LOGISTIC” do SAS. Os efeitos foram os mesmos das
outras análises; e ainda foram incluídas as co-variáveis diâmetro do maior folículo e
IGF-1 em modelo distintos.
.

32
Resultados e Discussão

Escore de condição Corporal

O ECC pré-parto e pós-parto das vacas suplementadas com monensina foi


3,10 ± 0,02 e 3,11 ± 0,03 e das vacas não suplementadas foi de 3,20 ± 0,02 e 3,00 ±
0,02, respectivamente. A diferença entre o ECC pós e pré-parto (tabela 3) para as
vacas não suplementadas, foi de -0,19, ou seja, perda de 0,19 pontos de ECC,
enquanto que as vacas tratadas com monensina, não apresentaram perda de ECC
(p<0,01). A variação de ECC no período pós-parto está associada a um período de
BEN (FERGUSON, 1996).
Esses dados estão de acordo com Duffield, et al. (1998) que verificaram melhor
ECC para vacas de leite tratadas com monensina em comparação a não tratadas e
menor perda de ECC no período pós-parto. Strauch et al. (2003) também observaram
menor perda de ECC de vacas Brahman tratadas com monensina no período
periparto. Manson & Randel (1983) não observaram alteração do ECC em vacas
tratadas com monensina. A provável explicação para vacas recebendo monensina
terem menor perda de ECC que vacas controle é a capacidade do ionóforo de
melhorar a condição energética da vaca e reduzir a perda de peso pós-parto.

Ácidos graxos não esterificados

A variação de ECC pós-parto pode sinalizar a intensidade do BEN, porém pela


concentração plasmática de AGNE pode-se avaliar mais objetivamente a quantidade
de reservas corporais mobilizadas. As vacas tratadas com monensina mantiveram o
ECC e apresentaram concentração plasmática de AGNE de 883,9 ± 33,0 mmol/l,
enquanto vacas controle perderam 0,19 pontos de ECC (p<0,01) e apresentaram
concentração plasmática de 1013,8 ± 32,2 mmol/l (tabela 3), confirmando a menor
mobilização de reservas das vacas tratadas com monensina e sugerindo menor
intensidade do BEN.
Dados similares foram relatados por Thomas et al. (1993), onde vacas de leite
recebendo monensina tiveram redução dos níveis plasmáticos de AGNE. Além disso,
experimentos anteriores (BOSSIS et al., 1999 e MACKEY et al. 2000) demonstram
que animais que sofrem restrição alimentar têm níveis plasmáticos maiores de AGNE.
Já Knowlton et al. (1996) não verificaram diferença no AGNE de vacas de leite
tratadas ou não com lasalocida durante o período pós-parto. Slyter (1976) verificou

33
redução dos AGNE em vacas multíparas tratadas com monensina, porém primíparas
não apresentaram redução, nesse e no estudo de Sauer et al. (1989).

IGF-1

O tratamento com monensina influenciou (p<0,01) os níveis plasmáticos de


IGF-1 sendo que vacas suplementadas com monensina apresentaram concentração
plasmática maior (118,5±6,2 ng/ml) que vacas controle (85,1±6,0 ng/ml) (tabela 3).
Peclaris et al. (1999) estudando ovelhas tratadas ou não com monensina (30mg)
verificaram que as tratadas tiveram concentração maior de IGF-1. Já Strauch et al.
(2001) não encontraram benefício da suplementação com monensina nos níveis de
IGF-1 em dietas com alta densidade energética, porém relataram aumento da
expressão de RNA mensageiro para IGF-1 no fígado.
A capacidade da monensina em alterar a fermentação ruminal e manter
concentrações elevadas de propionato, glicose e insulina deve ter determinante
influência no sistema GH/IGF-1. Em vacas em BEN ocorre diminuição de GHR-1A
(KOBAYASHI et al., 1999). Esse é o receptor de GH no fígado, que em situação
normal, estimula a síntese de IGF-1. O BEN mantém baixo o numero de receptores
GHR-1A, não ocorrendo estímulo para a produção de IGF-1, mantendo baixa sua
concentração plasmática e alta a concentração de GH. Quando os níveis de insulina e
outros metabólitos ligados ao aumento do fluxo de nutrientes para o organismo
aumentam, diminui a severidade do BEN (ROCHE & LUCY, 2005). Com isso
aumentam os receptores GHR-1A, que por sua vez são estimulados pelo GH e
estimulam a síntese de IGF-1. O aumento da concentração plasmática de IGF-1, por
“feedback” negativo, diminui a produção de GH e consequentemente sua
concentração. A mudança nas concentrações desses dois hormônios sinaliza para o
organismo um melhor “status” energético e uma diminuição no BEN (McGUIRE et al.,
1995).
Stagg (2000), usando o modelo de restrição alimentar, observou que novilhas
ciclando apresentam redução linear da concentração plasmática de IGF-1 do começo
da restrição até o início do anestro. Durante a realimentação, as concentrações
aumentaram, também linearmente até o retorno à ciclicidade. Essa afirmação deixa
clara a ligação do fluxo de nutrientes para o organismo com a concentração
plasmática de IGF-1.
Foi observada diferença (p<0,01) na concentração plasmática de IGF-1(tabela
3) entre primíparas (118,0 ± 6,7 ng/ml) e multíparas (84,8 ± 5,5 ng/ml). Primíparas
apresentam maior concentração circulante de IGF-1 (YELICH et al. 1995). Macmillam

34
et al. (2004) observaram que novilhas holandesas tinham IGF-1 maior (100 ng/ml) que
vacas (56 ng/ml) aos 50 dias pós-parto. Primíparas ainda estão em crescimento e o
IGF-1, além de funcionar como sinalizador metabólico para o organismo, também está
envolvido no processo de crescimento. Devido a essa característica metabólica em
primiparas, a concentração de IGF-1 não reflete, diretamente, a condição energética
do animal.
Foi detectado um efeito negativo (p<0,01) entre as concentrações plasmáticas
de AGNE e IGF-1 (gráfico 1). O GH que estimula a síntese de IGF-1 também age no
tecido adiposo. Lucy et al. (2001) observaram que em vacas em BEN a concentração
de GH é alta. Altas concentrações de GH estimulam a lipólise, mobilizando energia
reservada no tecido adiposo e aumentando a concentração plasmática de AGNE.
Através do aumento do IGF-1 e sua ação de “feedback” negativo, diminuindo a
concentração de GH, diminui também o estímulo para a lipólise no tecido adiposo
diminuindo a concentração plasmática de AGNE. Pode-se afirmar então que alta
concentração de AGNE sinaliza balanço energético negativo e alta concentração de
IGF-1 sinaliza balanço energético positivo.

Folículo

O tratamento com monensina influenciou o tamanho do maior folículo (p<0,03),


sendo que vacas suplementadas com monensina (10,07 ± 0,16mm) tiveram folículo
maior que as vacas não suplementadas (9,58 ± 0,20mm) (tabela 3). Também
detectou-se (p<0,01) influência direta do IGF-1 no tamanho do maior folículo. Quando
o IGF-1 foi colocado como co-variável no modelo estatístico onde a variável
dependente é o tamanho do folículo, não observou-se efeito de tratamento, sugerindo
que o efeito do tratamento com monensina sobre o desenvolvimento folicular se deu
por intermédio do IGF-1.
O diâmetro do maior folículo pode ter sido maior, nas vacas tratadas com
monensina, por dois fatores: maior pulsatilidade de LH e/ou aumento do número de
receptores de LH.
O IGF-1 pode influenciar a secreção de GnRH e LH, e sua ação é
provavelmente, estimulando a liberação de GnRH no hipotálamo (DISKIN et al., 2003).
Células da hipófise de ovelhas tratadas com IGF-1 tiveram aumento de secreção de
LH (ADAM et al. 2000). A pulsatilidade de LH é necessária para o crescimento dos
folículos e a maturação de folículos pré-ovulatórios (Stock and Fortune, 1993;
Roberson et al., 1989). A concentração de IGF-1 também pode ter efeito direto
no folículo (MONGET et al., 2002). A concentração intrafolicular de IGF-1, que tem

35
correlação direta com a concentração plasmática, provoca um aumento dos receptores
de gonadotrofinas (LUCY, 2000). Esse efeito envolve o estímulo da proliferação das
células da granulosa, da teca e aumento da esteroidogênese (SPICER et al., 1995;
STEWART et al., 1995), e o aumento dos sítios de ligação para IGF-1 é seguido pelo
aumento dos sítios de ligação para hCG/LH, (STANKO et al., 1994).
As informações citadas acima mostram a importância da concentração de IGF-
1 no desenvolvimento folicular. Sua relação com o BE através do sistema GH/IGF-1
pode explicar a estreita relação do BEN com o retorno à ciclicidade.
Vacas com maior concentração de IGF-1 tiveram folículos maiores (gráfico 2) e
vacas suplementadas com monensina apresentaram maior concentração plasmática
de IGF-1 e folículos maiores que vacas não suplementadas (gráfico 2). Estes dados
em conjunto sugerem que vacas suplementadas com monensina devem ter
apresentado maior pulsatilidade de LH e maior sensibilidade do folículo aos pulsos de
LH proporcionando um maior crescimento do folículo.
Apesar de primíparas apresentarem concentração plasmática de IGF-1 maior
(tabela 3) que multíparas, apresentaram folículos menores, 9,30 ± 0,17mm vs. 10,35 ±
0,14mm que as multíparas (p<0,01). Alem disto, na mesma concentração plasmática
de IGF-1 primíparas sempre apresentaram folículos com menor diâmetro (gráfico 3).
Apesar das concentrações de IGF-1 e AGNE estarem relacionadas, não foi
detectado efeito do AGNE no tamanho do maior folículo. Alguns estudos indicam um
possível efeito da concentração de AGNE no desenvolvimento folicular. Shrestha et al.
(2004) associam alta concentração de AGNE com atraso na primeira ovulação pós-
parto. Rukkwamsuk et al. (2000) afirmaram que durante o período de BEN, a
concentração plasmática de AGNE é elevada e está refletida no fluido folicular
(COMIM et al., 2002), onde pode prejudicar o desenvolvimento folicular pelo seu
caráter tóxico para as células da granulosa caracterizando sua interferência direta na
reprodução (JORRITSMA et al., 2003). Por outro lado, a concentração de AGNE não
influencia a secreção de LH (RICHARDS et al., 1989 e DiConstanzo et al., 1999).

Resposta ao estímulo ovulatório

A resposta ao estímulo ovulatório (GnRH) depende da presença de um folículo


com capacidade ovulatória no momento do tratamento (PURSELY, et al., 1995). Um
folículo passa a ter essa capacidade ovulatória quando a divergência do folículo
dominante expressa um aumento no número de receptores para LH e esse, atinge um
tamanho de ~10mm em vacas holandesas (SARTORI et al., 2001).

36
Vacas que receberam suplementação com monensina, apresentaram maior
(p<0,02) taxa de ovulação 35,9% (folículo de 10,07 ± 0,16mm) à aplicação de GnRH
que vacas controle 31,5% (folículo de 9,58 ± 0,20mm) (tabela 3). Da mesma forma se
comportaramm multíparas 39,0% (folículo de 10,35 ± 0,14mm) e primíparas 26,1%
(folículo de 9,30 ± 0,17mm) (p<0,01) (tabela 3). Esta afirmação está de acordo com
Meneguetti et al. (2001) que relataram que, em vacas em anestro a taxa de ovulação
após aplicação de GnRH foi influenciada pelo diâmetro do folículo dominante no dia da
aplicação do GnRH, 10,63mm vs. 9,56mm, para vacas que ovularam e não ovularam,
respectivamente. Bao et al (1997) observaram também que o mRNA dos receptores
de LH aumentam duas vezes para um folículo de 13,2mm comparados com um de
10,8mm e aumentam mais duas vezes para um folículo de 15,0mm comparado com o
de 13,2mm, aumentando sua capacidade de resposta a um estímulo ovulatório.
Confirmando essa observação, Sartori et al. (2001) afirmaram que, folículos ≤ a 10mm
não tem capacidade ovulatória (0 de 19), folículos entre 10mm e 12mm tem baixa
capacidade ovulatória (1 de 6) e folículos ≥ a 12 mm tem maior capacidade ovulatória
(16 de 16).
Independente de tratamento, as variáveis concentração plasmática de IGF-1 e
tamanho do folículo, analisadas separadamente, exerceram efeito significativo na
resposta ao estímulo ovulatório (gráficos 4 e 5 ). Porém, quando a co-variável tamanho
do folículo é incluída no modelo estatístico junto com IGF-1, esse efeito desaparece,
sugerindo que o efeito do IGF-1 sobre a taxa de ovulação se dá através de sua
influência no aumento do tamanho do folículo.
A persistência do folículo dominante e o aumento de seu diâmetro, com o
consequente aumento dos receptores de LH aumentam a capacidade de resposta a
um estímulo ovulatório (XU et al., 1995). Portanto, vacas suplementadas com
monensina que apresentaram maior IGF-1 e maior diâmetro de folículo que vacas não
suplementadas, apresentam maior capacidade ovulatória, provavelmente, devido a
dois fatores: a maior persistência deste folículo e consequentemente maior
responsividade ao estímulo de LH; e o aumento dos receptores de LH no folículo,
aumentando sua sensibilidade ao LH.

37
Conclusões

A suplementação com monensina em vacas Nelore paridas em anestro


melhorou o “status” energético pós-parto, pois manteve o ECC, diminuiu as
concentrações plasmáticas de ácidos graxo não esterificados (AGNE), aumentou as
de IGF-1, aumentou o diâmetro do maior folículo e sua capacidade ovulatória ao
estímulo com GnRH.

38
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46
Tabela 1: Níveis de garantia da mistura mineral (Minerthal 90, Minerthal Prod. Agrop.
Ltda, São Paulo, Brasil).
Elemento Quantidade
Cálcio (g) 130
Cobalto (mg) 120
Cobre (mg) 960
Enxofre (g) 15
Ferro (mg) 1400
Flúor máximo (mg) 900
Fósforo (g) 90
Iodo (mg) 63
Magnésio (g) 15
Manganês (mg) 1020
Selênio (mg) 13
Sódio (g) 144
Zinco (mg) 3600
Solub. P Ac. Cítrico 2% 95 %

47
Tabela 2: Composição dos suplementos experimentais.
Controle (%)3 Monensina (%)4
Suplemento mineral 1 100 25,0
Polpa Cítrica 0 74,75
®2
Rumensin 0 0,25
Total 100 100
1 Fórmula Comercial com 90 gramas de fósforo, Minerthal 90 (Minerthal Prod. Agrop. Ltda, São
Paulo, Brasil)
2 Rumensin® tem 10% de monensina sódica
3 ingestão média de 100g/vaca/dia
4 ingestão média de 450g/vaca/dia

48
Tabela 3: Médias e erros padrão para ECC aos 54 dias pós-parto, diferença de ECC
entre pré-parto e pós-parto, concentrações plasmáticas de AGNE, IGF-1 e diâmetro do
maior folículo, referentes a coletas de dados, em média, aos 54 dias pós-parto, e % de
ovulação após um estímulo ovulatório (GnRH) de vacas Nelore primíparas e
multíparas em anestro.
Tratamento
Controle Monensina 1 Média **
ECC 54 dias2
Primíparas 2,99 ± 0,04 3,10 ± 0,04 3,04 ± 0,04
Multíparas 3,00 ± 0,03 3,11 ± 0,03 3,06 ± 0,03
b
Média* 3,00 ± 0,02ª 3,11 ± 0,03
Diferença de ECC
Primíparas -0,23 ± 0,05 0,00 ± 0,06 -0,11 ± 0,05
Multíparas -0,15 ± 0,05 0,00 ± 0,04 -0,07 ±0,05
a b
Média * -0,19 ± 0,03 0,00 ± 0,04
3
AGNE (mmol/l)
Primíparas 969,1 ± 48,1 861,7 ± 52,3 915,4 ± 35,5
Multíparas 1058,6 ± 42,6 906,2 ± 40,1 982,4 ± 29,2
b
Média * 1013,8 ± 32,2ª 883,9 ± 33,0
IGF-1 (ng/ml)
Primíparas 99,6 ± 9,1 137,8 ± 9,8 118,7 ± 6,7A
Multíparas 70,5 ± 8,0 99,2 ± 7,6 84,8 ± 5,5B
Média * 85,1 ± 6,0ª 118,5 ± 6,2b
Diâm. Folicular(mm)
Primíparas 9,09 ± 0,24 9,52 ± 0,26 9,30 ± 0,17A
Multíparas 10,07 ± 0,21 10,63 ± 0,20 10,35 ± 0,14B
Média *** 9,58 ± 0,20a 10,07 ± 0,16b
% de ovulação
Primíparas 22,9 29,6 26,1A
Multíparas 38,1 39,7 39,0B
Média **** 31,5ª 35,9b
* Médias seguidas de letras minúsculas diferentes na linha diferem (p<0,01)
** Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna diferem (p<0,01)
*** Médias seguidas de letras minúsculas na linha para diâmetro folicular diferem (p<0,03)
**** Médias seguidas de letras minúsculas na linha para % de ovulação diferem (p<0,02)
1
Ingestão média de 110mg de monensina sódica por dia
2
ECC avaliada segundo Lowman (1976) com escala de 1 (muito magra) a 5 (muito gorda)
3
Ácidos graxos não esterificados

49
Gráfico 1: Efeito da concentração plasmática de IGF-1 na concentração plasmática de
AGNE para vacas Nelore, primíparas e multíparas, pós-parto (média de 54 dias) em
anestro, que receberam suplementação com monensina (110mg) e vacas controle que
não receberam.

1200

1100

Controle
1000 Monensina
AGNE (mmol/l)

900

800

700

600

500
0 50 100 150 200 250 300 350 400
IGF-1 (ng/ml)

50
Gráfico 2: Efeito da concentração plasmática de IGF-1 no tamanho do maior folículo
para vacas Nelore, primíparas e multíparas, pós-parto (média de 54 dias) em anestro
que receberam suplementação com monensina (110mg) e vacas controle que não
receberam.

10,5

10,4

10,3

10,2
folículo (mm)

10,1

10

9,9

9,8
Monensina
9,7 Controle

9,6

9,5
40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
IGF-1 (ng/ml)

51
Gráfico 3: Efeito da concentração plasmática de IGF-1 no tamanho do maior folículo
para vacas Nelore primíparas e multíparas, pós-parto (média de 54 dias) em anestro,
primíparas ou multíparas.

12

11,5

11

10,5
folículo (mm)

10

9,5

9
Multíparas

8,5 Primíparas

8
0 50 100 150 200 250 300 350
IGF-1 (ng/ml)

52
Gráfico 4: Efeito do tamanho do folículo na taxa de ovulação de vacas Nelore
primíparas e multíparas, pós-parto (média de 54 dias) em anestro, que receberam
estímulo hormonal ovulatório (50 mcg de GnRH (gonadorelina; CYSTORELIN® (1ml) ,
Merial Ltd., EUA)).

100

90

80

70
% de ovulação (GnRH)

60

50

40

30

20

10

0
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
tamanho do folículo (mm)

53
Gráfico 5: Efeito da concentração plasmática de IGF-1 na taxa de ovulação de vacas
Nelore primíparas e multíparas, pós-parto (média de 54 dias) em anestro que
receberam estímulo hormonal ovulatório (50 mcg de GnRH (gonadorelina;
®
CYSTORELIN (1ml) , Merial Ltd., EUA)).

90

80

70
% de ovulação (GnRH)

60

50

40

30

20

10

0
0 100 200 300 400 500
IGF-1 (ng/ml)

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CAPÍTULO 3 – IMPLICAÇÕES

55
IMPLICAÇÕES

A suplementação com monensina em vacas Nelore paridas, em anestro,


melhorou o “status” energético, diminuindo o BEN, evidenciado pela manutenção do
ECC e pela diminuição da concentração plasmática de AGNE confirmando uma
diminuição da mobilização de reservas,. Com o aumento do fluxo de nutrientes para o
organismo e diminuição no BEN, a suplementação com monensina aumentou a
concentração plasmática de IGF-1 e melhorou o desenvolvimento folicular,
aumentando o diâmetro do maior folículo provavelmente através do aumento da
pulsatilidade de LH e do aumento da sensibilidade do folículo ao LH através do
aumento de seus receptores para LH. Também melhorou a resposta ao estímulo
hormonal ovulatório (GnRH), por essa resposta depender diretamente do diâmetro do
folículo.
A eficiência reprodutiva de vacas Nelore é muito importante para que a
atividade de cria seja sustentável. Suplementação com monensina pode ser uma
eficiente ferramenta para aumentar a eficiênica reprodutiva, por diminuir a intensidade
do BEN, evidenciado pelos sinais metabólicos medidos e pelo aumento do diâmetro
folicular.

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