Reprodução de Bovinos Machos e Fêmeas
Reprodução de Bovinos Machos e Fêmeas
Reprodução de Bovinos Machos e Fêmeas
Paripiranga
2021
DEIVID MARCEL SOUZA DA SILVA
Paripiranga
2021
DEIVID MARCEL SOUZA DA SILVA
BANCA EXAMINADORA
Cattle farming has always been linked to Brazil’s development and, thinking about
advancement, the requirements for maximum efficiency in breeding systems was
based on how to achieve the reproduction of cattle with an emphasis on economic and
reproductive efficiency. The objective of this work is to elucidate the main
biotechnologies that help in the greater reproductive productivity of cattle. Thus, the
study was done using articles from the Academic Google and SciELO databases, as
well as books from the personal collection and official websites. With the reproductive
management applied in cattle farming, it is possible to identify points to be improved
and implement practices that help to increase reproductive efficiency, such as the
breeding season, which concentrates the fertilization of animals at a certain time of
year, use of the body score index, which can determine the viability of the cow to be
fertilized, identification of age at puberty, in which the heifer with 60% live weight as an
adult may be suitable for reproduction, indicating that nutrition is an important factor in
reducing the interval between births, as well as in inducing precocity, which can still be
maximized by the use of biostimulators. As well as the implementation of the use of
biotechnology, which can add genetically superior, healthy and efficient individuals to
the breeding stock. Among the biotechnologies, artificial insemination is the most used
in Brazil, with the capacity to fertilize cows with superior genetic bull semen, whether
national or imported. Embryo transfer techniques and in vitro embryo production can
also be cited as technologies in the service of the development of reproductive
efficiency. The use of hormonal protocols in the estrous cycle aims at synchronizing
the estrus of cows to facilitate the use of biotechnologies. There are several protocols
used for this purpose, with Ovsynch being based on GnRH and prostaglandin with up
to 50% efficacy, protocols based on estradiol and progesterone with efficacy of up to
86.6%, and protocols that use equine chorionic gonadotropin (eCG), indicated for lean
animals because they condition larger follicular diameter, which is related to an
increase in the pregnancy rate. Thus, the practices and technologies mentioned in this
study can help the assisted reproduction of cattle.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO 12
2 METODOLOGIA 14
2.1 Tipo de Estudo 14
2.2 Descrição do Estudo 14
2.3 Critérios de Inclusão e Exclusão 15
2.4 Análise dos Dados 15
2.5 Aspectos Éticos 16
3 REVISÃO DE LITERATURA 17
3.1 Aspectos Anatômicos dos Sistemas Reprodutores 17
3.1.1 Aparelho reprodutor masculino 17
3.1.1.1 Testículo 17
3.1.1.2 Epidídimo 19
3.1.1.3 Glândulas acessórias 19
3.1.1.4 Pênis 20
3.1.2 Aparelho reprodutor da fêmea 21
3.1.2.1 Ovários 22
3.1.2.2 Útero 23
3.1.2.3 Vagina 23
3.2 Fisiologia da Reprodução do Macho 24
3.2.1 Espermatogênese 26
3.3 Fisiologia da Reprodução da Fêmea 26
3.4 Ciclo Estral 29
3.5 Manejo Reprodutivo 30
3.5.1 Idade da puberdade 33
3.5.1.1 Puberdade da fêmea 34
3.5.1.2 Puberdade do macho 35
3.5.2 Escore corporal 36
3.5.3 Estação de monta 41
3.5.4 Detecção de cio 41
3.6 As Biotecnologias na Reprodução Assistida 43
3.6.1 Inseminação artificial 43
3.6.2 Transferência de embriões 47
3.6.3 Produção in vitro de embriões 50
3.7 Controle Farmacológico do Ciclo Estral de Bovinos 51
3.7.1 Hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) 52
3.7.2 Gonadotrofina coriônica equina (eCG) 52
3.7.3 Progesterona (P4) 53
3.7.4 Estradiol (E2) 53
3.7.5 Prostaglandina (PGF2α) 54
3.7.6 Protocolos para sincronização do estro 54
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 57
REFERÊNCIAS 58
1 INTRODUÇÃO
3.1.1.1 Testículo
3.1.1.2 Epidídimo
3.1.1.4 Pênis
3.1.2.1 Ovários
3.1.2.3 Vagina
O FSH com feedback positivo nas células de Sertoli produzirá ABP nas
gônadas, e paralelamente, as células de Leydig produzirão colesterol, o qual é
convertido em testosterona. Quando o nível basal de testosterona é atingido, dá-se
início a uma retroalimentação negativa com o hipotálamo para inibir a produção de
GnRH, consecutivamente irá reduzir a quantidade de LH, enquanto o FSH em níveis
basais, estimula a produção de inibina, a qual faz feedback negativo com a glândula
pituitária anterior para cessar a produção de FSH. Logo, com os níveis basais
constantes e equilibrados, torna-se possível a espermatogênese (PTASZYNSKA,
2010).
3.2.1 Espermatogênese
As vacas são poliéstricas não estacionais, o que significa vários ciclos estrais
de 21 dias durante o ano sem relação com a estação. Sendo que os ciclos podem ser
divididos em fase estrogênica e luteínica, na qual a fase folicular ou estrogênica é
caracterizada pelo predomínio do estrógeno e ocorre o desenvolvimento do folículo
que vai culminar na ovulação. Essa fase é composta por proestro e o estro (SANTOS
et al., 2012).
A fase luteínica, que ocorre o desenvolvimento do corpo lúteo, este que é o
responsável pela produção de progesterona. Estão relacionadas nessa fase o metaestro
e diestro. Enquanto no metaestro e no diestro pode-se verificar a alta da progesterona,
no estro e no proestro pode-se notar a queda na progesterona. O período compreendido
entre o parto e o ressurgimento do estro é o anestro, que é caracterizado por não haver
manifestação do ciclo estral (HAFEZ, 2004).
A duração do proestro é de aproximadamente 3 dias, sendo marcado pelo
aumento gradativo dos níveis de estrógeno, crescimento folicular e regressão do
corpo lúteo, aumento da vascularização do endométrio e do tônus uterino. Em seguida
o útero começa a ficar mais firme, inicia o relaxamento da cérvix e da secreção de
muco, enquanto a vulva começa a ficar edemaciada e hiperêmica. É normal que nessa
fase as vacas tentem montar em outras vacas, porém ainda não aceitam a monta pelo
touro (SOARES; JUNQUEIRA, 2018).
O estro é a menor fase do ciclo, dura em torno de 12 e 18 horas
aproximadamente, é marcada pela ausência do corpo lúteo e a presença do folículo
dominante, sendo nessa fase que ocorrem as manifestações do cio. A cérvix ficará
aberta e a vagina vai apresentar um muco cristalino com aspecto de clara de ovo. A
vulva continua edemaciada e hiperêmica, e nessa fase que as matrizes aceitam a
monta (CUNHA et al., 2019).
É comum nessa fase que os animais fiquem inquietos, apresentem micção
frequente e com a característica de levantar bastante a calda, além da diminuição da
ingestão de alimentos e declínio na produção de leite (HAFEZ, 2004).
O metaestro é considerada com fase progestacional, a qual é caracterizada
pela ocorrência dos aumentos do nível de progesterona, que é marcada pela presença
do corpo lúteo hemorrágico e o relaxamento progressivo do miométrio, logo, o útero
que estava firme começa a relaxar. É possível encontrar uma secreção pálida,
escassa e espessa, enquanto a vulva não apresenta mais edema e a vaca rejeita a
monta. Nessa fase pode ocorrer sangramento. Essa é a fase que ocorre a ovulação
(COLAZO; MAPLETOFT, 2017).
O diestro é a fase mais longa do ciclo, dura aproximadamente de 10 a 13 dias,
a qual se caracteriza pelo predomínio da progesterona, presença do corpo lúteo
maduro, relaxamento do miométrio, crescimento das ondas foliculares, a cérvix
encontra-se fechada, a vagina pálida com secreção escassa e espessa e a vulva não
apresenta edema (SILVA, 2021).
Um fator importante na reprodução é a nutrição, tendo em vista que a vaca que
apresenta escore corporal baixo ou até mesmo muito alta, não conseguem retornar
ao ciclo estral adequadamente e pode apresentar alguma deficiência nutricional que
pode chegar a causar uma distorcia no momento do parto, e ainda pode surgir um
balanço energético negativo, causando alterações metabólicas e irregularidades
reprodutivas (VALENTIM et al., 2019).
Ordem de
Condição fisiológica
Importância
1 Metabolismo basal
2 Atividade
3 Crescimento
4 Reserva de energia
5 Gestação
6 Lactação
7 Reserva adicional de energia
Ciclos estrais e início de
8
gestação
Reservas excedentes de
9
energia
Quadro 1: Escala de prioridade na utilização de energia.
Fonte: Adaptado de Santos et al. (2009).
É notório que a demanda por produtos de origem animal não segue os mesmos
objetivos da fisiologia, tendo em vista que o animal zela primeiramente pela
manutenção da sua sobrevivência (MACHADO, 2008).
A estratégia para um alto rendimento é seguir as regras do metabolismo do
bovino, mantendo os animais em menor nível de estresse possível, isso engloba
temperatura, ambiente e manejo, e atender as exigências nutricionais, para que assim
eles possam direcionar parte dessa energia para sua reprodução (MELO et al., 2016).
Os animais podem ser submetidos a fatores de estresse, os quais impactam
diretamente na reprodução, sendo um deles ligado ao clima, levando em conta que
os animais em temperaturas altas passam a buscar o alimento em menor quantidade,
que ainda implica na vulnerabilidade dos ovócitos e espermatozoides durante a
inseminação, bem como do embrião nos estágios iniciais de desenvolvimento, devido
ao desvio de glicose, que seria usado como fonte de energia das células germinativas,
irem para as demais células trabalharem para manter a homeostasia do animal
(RICCI; ORSI; DOMINGUES, 2013).
Alguns fatores não têm como ser evitados, entretanto, existem formas de
minimizá-los, através de práticas de manejo quem levam em consideração o bem-
estar dos animais (CONERA, 2014).
Nos animais sob alto nível de estresse, é possível observar decréscimo na
ingestão de matéria seca de até 30%, os quais podem ter redução de 894 kg/vaca/ano,
o que, consequentemente, impacta diretamente na produção de leite, com perdas de
até 20%, com recuo de cerca de 1.803 kg/vaca/ano, além de atrapalhar na
reprodução, aumentando o intervalo de dias entre o parto e a concepção, com
acréscimo em torno de 59 dias, equivalente até 50% no decréscimo na eficiência
reprodutiva, o que eleva o descarte por problemas reprodutivos, e pode aumentar a
mortalidade no rebanho por conta do não controle dos fatores estressantes
(PESCARA, 2012).
O manejo reprodutivo deve levar em consideração a homeostase do animal,
ou seja, seu conforto, a qual visa com que o animal possa produzir e reproduzir
equilibradamente sem perder seu potencial genético a alcançando a eficiência
reprodutiva:
As raças taurinas, ou seja, de origem europeia, são mais precoces, com idade
de puberdade em aproximadamente de 10 a 15 meses, enquanto as raças zebuínas
são mais tardias, e a entrada na puberdade vai ocorrer com aproximadamente 22 a
36 meses. Já o cruzamento pode alcançar uma média aproximada entre as duas
raças, variando de acordo com o grau de heterose, dependendo do grau do sague no
cruzamento (NEPOMUCENO, 2013).
A puberdade não está relacionada apenas com a idade fisiológica do animal,
sendo atrelada também ao peso e condição corporal. Logo, é possível estipular o peso
ideal para cobrição, dependendo da raça utilizada do cruzamento, sendo mais
assertivo do que a idade cronológica para determinar o momento correto da cobrição
(GOTTSCHALL et al., 2019).
As fêmeas entram na puberdade com aproximadamente 50% do seu peso vivo
de adulta, enquanto a época do cobrimento ou inseminação coincide com
aproximadamente 60% do peso de adulta. O peso ideal para o primeiro parto é cerca
de 85% do peso quando adulta (ROSA et al., 2018).
Os pesos ideais para realizar a primeira cobertura das novilhas variam bastante
a depender da raça, na qual a raça holandesa tem que alcançar no mínimo 340 kg de
peso vivo para ser fertilizada, a pardo-suíça com 330 kg, no cruzamento da holandesa
com zebuína 320kg, no cruzamento de Jersey com zebuína 280kg e na raça Jersey
230kg (CARRIJO; LINHARES; BARCELOS, 2008).
Para acelerar a entrada do animal na puberdade, é preciso entender que todos
os fatores que auxiliam no ganho de peso podem ser usados para tal objetivo, sendo
a genética, tendo em vista os animais que têm maior capacidade de grande peso,
fatores ambientais, como a boa nutrição, a ausência de doenças, temperatura
adequada. Todos esses fatores podem predispor a entrada na puberdade mais cedo,
que pode ser estimulada com o efeito macho, a qual é caracterizada pela simples
presença de um reprodutor no piquete, que passa a provocar estímulos
neuroendócrinos, e modifica a função ovárica nas fêmeas (BORDINHON, 2021).
Deve-se fazer o monitoramento do desenvolvimento das novilhas
acompanhando o peso mensalmente, fazendo controle para que os animais não
ganhem muito peso, sendo recomendado que dos 80kg a 90kg de peso vivo até a
puberdade, as fêmeas não ultrapassem mais do que 900g por dia de ganho de peso,
sendo que o excesso de energia pode atrapalhar a reprodução. Após a puberdade
pode-se deixar de usar o controle restritivo e passar trabalhar com oferta de mais
energia (BORDINHON, 2021).
Escore Avaliação
Processos transversos e espinhosos proeminentes.
Todas as costelas visíveis, cauda inclusa dentro do
1 Caquético ou emaciado
coxal, íleo e ísquio expostos. Atrofia muscular
pronunciada
Ossos salientes, com proeminência dos processos
dorsais, íleos e ísquios. Costelas pouco cobertas,
2 Magro processos transversos visíveis e cauda menos inclusa
nos coxais. Pele firmemente aderida no corpo (pele
esticada).
Suave cobertura muscular com grupos de músculos à
3 Médio ou ideal
vista. Processos dorsais pouco visíveis; costelas quase
cobertas; e processos transversos pouco aparentes.
Sem gordura; superfície macia e pele flexível.
Boa cobertura muscular, tem gordura na inserção da
cauda. As costelas e os processos transversos
4 Gordo cobertos. Regiões individuais do corpo bem definidas,
partes angulares do esqueleto parecem menos
identificáveis.
Ângulos do corpo cobertos, mesmo os salientes, tem
gordura (base da cauda e maçã do peito). Partes
5 Obeso
individuais do corpo difíceis de distinguir. Aparência
arredondada. Este estado é usado para o abate.
Quadro 2: Escores de condição corporal em bovinos (escala de 1 a 5).
Fonte: Adaptado de Machado et al. (2008).
No trabalho realizado por Viana et al. (2015) foram analisadas 1.234 vacas
Nelore no sistema extensivo com pastagem de Brachiaria brizantha e suplementadas
com minerais ad libitum. No qual observou-se que os animais magros, ou seja,
aqueles menores do que 2, tiveram uma taxa de prenhez abaixo dos 25%, enquanto
os animais de escore 2 a 2,5 obtiveram 61% no sucesso gestacional. Os animais de
escore 2,5 a 3 alcançaram a marca de 61,25%, enquanto as matrizes de escore acima
de 3 alcançaram a marca de 80,49% de sucesso na inseminação. Tais resultados
demonstram que a condição corporal desses animais pode ser usada como
ferramenta para uma produção mais eficiente. Para ilustrar a atenção ao escore
corporal, o Quadro 4 demonstra em porcentagem os animais que confirmaram
prenhez após serem inseminadas (VIANA et al., 2015).
Escore
N° Inseminações % Prenhez
Corporal
< 2,0 74 24,32
Trata-se de uma prática em que as fêmeas aptas para reprodução são expostas
ao macho, inseminação ou transferência de embrião, em um determinado período do
ano, tendo como principal objetivo a concentração de partos em uma época do ano
em que o alimento seja abundante, tendo em vista que no período pós-parto as vacas
possuem maior requerimento de energia, para que alcancem a melhor condição
corporal para serem fertilizadas (VALLE; ANDREOTTI; THIAGO, 2000).
O intervalo de tempo para implantar a estação de monta mais comum no Brasil
vai de outubro a fevereiro, que compreende as estações primavera e verão, onde as
chuvas favorecem a produção de pastagem (OLIVEIRA; SILVA, 2019).
A duração da estação de monta deve ser de 60 a 90 para vacas, e de 45 dias
para novilhas. Para uma melhor taxa de bezerros/matriz/ano, é recomendado que os
animais sejam fertilizados o mais cedo possível após o pós-parto, tendo em vista uma
gestação de 9 meses, e estação de monta de no máximo 90 dias, é possível manejar
os animais para terem intervalos de parto de 12 meses (FERREIRA et al., 2018).
Para realizar a fertilização de uma fêmea por inseminação artificial sem uso da
sincronização de estro, é necessária uma observação minuciosa dos comportamentos
expressados por esse animal para identificar o momento ideal para o emprego da
fertilização. A Detecção de cio é importante devido à demanda por alta produtividade
desses animais, quando se perde um cio é preciso esperar 21 dias para o novo ciclo,
na qual é gerado um atraso, acarretando prejuízo financeiro. Para evitar tal situação,
deve-se observar as vacas pelo menos duas vezes por dia por no mínimo uma hora
(MARQUES et al., 2020).
Existem algumas ferramentas que auxiliam a detecção de cio, entre elas, os
rufiões, estes que podem usar o buçal com marcador, que se trata de uma estrutura
posicionada debaixo do arco da mandíbula que libera uma tinta, e quando em contato
com a vaca acontece liberação da tinta, marcando o dorso da vaca para facilitar a
identificação dos animais que estão aceitando monta, característica principal do cio
(OLIVEIRA; JÚNIOR, 2015).
As vacas androgenizadas são animais selecionados, as quais são protocoladas
com administração de hormônios masculinos para adquirirem comportamento
análogo ao do touro, sendo usada da mesma forma que o rufião (OLIVEIRA; JÚNIOR,
2015). Utilizam-se também adesivos de inseminação, que se trata de adesivo
posicionado na base da cauda, e quando ocorre a monta, o mesmo muda de cor.
Ainda se podem utilizar bastões marcadores, os quais são aplicados na base da
cauda, demonstrando se a fêmea aceita monta em caso de modificações na marca
(MARQUES et al., 2020).
O rufião é um macho que não tem condições de fecundar a fêmea, sua
finalidade é justamente a identificação de cio. Para exercer a função, o animal precisa
ser jovem para dispor de libido, de preferência um taurino, tendo em vista que essas
raças apresentam maior libido, entretanto as raças mestiças apresentam a associação
da libido do gado europeu com a resistência dos zebuínos (VIEIRA; PERIN; DIAS,
2015).
A incapacidade do rufião de fecundar e ou realizar a copula nas fêmeas se dá
através de técnicas cirúrgicas, sendo as mais conhecidas: a vasectomia, a
caudepididimectomia bilateral e o desvio do óstio prepucial. As duas primeiras são
técnicas que requerem a penetração, logo, existe a possibilidade de transmissão de
doenças sexualmente transmissíveis. A técnica comumente utilizada é o desvio do
óstio prepucial, no qual o animal ao fazer a monta não consegue penetrar devido ao
pênis estar desviado lateralmente (OLIVEIRA; JÚNIOR, 2015).
Para reprodução é importante o acompanhamento do ciclo estral, que pode
usar duas ferramentas, sendo a ultrassonografia e a palpação transretal, esta última
é bem utilizada tendo em vista os baixos custos de implementação e com possibilidade
de verificar o estágio do ciclo estral, realizar inspeção das estruturas genitais internas
e órgãos ao redor, avaliar a viabilidade fetal e auxiliar no manejo de biotecnologia da
reprodução (STRELCZUK, 2015).
A palpação transretal consiste na introdução da mão no reto, onde consegue-
se palpar estruturas como cérvix, útero e ovário sem introduzir a mão na vagina, que
poderia causar risco de infecção para o animal, enquanto a ultrassonografia possibilita
o diagnóstico precoce da gestação, a qual possibilita avaliar o número de fetos,
identificar a sexagem fetal, a idade gestacional, a confirmação da viabilidade fetal,
presença de folículos, corpo lúteo, corpo hemorrágico e cistos, tendo em vista que se
trata de uma ferramenta mais precisa que a palpação transretal (PUGLIESI et al.,
2017).
Esse hormônio age nos ovários, ligando-se nos receptores de LH e FSH, o qual
tem como principal função a luteinização de folículos anovulatórios, fazendo o
crescimento e maturação final, que por consequência gera corpos lúteos acessórios,
além de estimular a ovulação do folículo dominante (MURPHY, 2018). O objetivo de
seu uso é promover maior desenvolvimento folicular, maturação do ovócito e produção
de estradiol (BARREIROS et al., 2014).
A utilização desse hormônio pode ser indicada nos casos de animais com o
índice de escore corporal baixo, tendo em vista que o protocolo que inclui a
gonadotrofina coriônica equina apresenta resultados semelhantes em diferentes
escores corporais, tendo em média 50,2% de concepção, graças ao aumento da
pulsatilidade de LH que esse hormônio provoca nos animais magros (DIAS et al.,
2013).
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