Uma Proposta de Visualização de Dados Gerenciais
Uma Proposta de Visualização de Dados Gerenciais
Uma Proposta de Visualização de Dados Gerenciais
Rio de Janeiro
2022
LETÍCIA VIÉGAS ZEITOUNE
Rio de Janeiro, RJ
Setembro/2022
Z48p Zeitoune, Letícia Viégas
Uma proposta de visualização de dados gerenciais para avaliação de
coleções impressas em bibliotecas universitárias / Letícia Viégas Zeitoune;
Simone da Rocha Weitzel, orientadora. Rio de Janeiro, 2022.
97 f.
CDD - 025.21
LETÍCIA VIÉGAS ZEITOUNE
__________________________________________________________________________
Profa. Dra. Simone da Rocha Weitzel - Orientadora Presidente
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
_________________________________________________________________________
Prof. Dr. Cláudio José Silva Ribeiro - Titular Interno
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
___________________________________________________________________________
Profa. Dra. Paula Maria Abrantes Cotta de Mello - Titular Externo
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
___________________________________________________________________________
Profa. Dra. Jaqueline Santos Barradas - Suplente Interno
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
___________________________________________________________________________
Profa. Dra. Michely Jabala Mamede Vogel - Suplente Externo
Universidade Federal Fluminense (UFF)
Rio de Janeiro, RJ
2022
Em memória de Roberto e Vera Zeitoune
AGRADECIMENTOS
E imensamente ao meu marido, meu filho, meus pais, meus irmãos, minhas amigas, professores,
colegas de profissão, equipe de enfermagem e a todos que fizeram parte deste processo.
Agradeço à UNIRIO pelo acolhimento do projeto e à minha orientadora Simone da Rocha
Weitzel por sua tranquilidade e perspicácia em direcionar meu caminho para revelar o que de
melhor o projeto poderia apresentar. Na verdade, a grande façanha estava sendo travada a minha
volta com todos participando ativa, silenciosa e, muitas vezes, imperceptivelmente.
Agradeço o apoio de toda a equipe que cuida do meu pai por entenderem que eu não estaria tão
presente como antes. Nossa meta como equipe é garantir a autonomia, o espaço, os devaneios
e a nova identidade que o Alzheimer lhe trouxe. Não se devem manter as mesmas opiniões
sempre, nem mesmo a ciência com seu método científico trabalha assim. Na verdade, percebo
que tudo é complemento e parte de um belo processo de criação.
Se quiser ir rápido, vá sozinho. Se quiser ir
longe, vá acompanhado.
Provérbio Africano
RESUMO
The project focuses on the evaluation process of printed collections in university libraries and
aims to propose an instrument to map and visualize the collections and, in this way, contribute
to the diagnosis and decision making, providing a cyclical and constant process. Based on the
literature in the area, 4 (four) categories were proposed to map the collections: collection profile,
user profile, pattern of use/non-use and quantitative data/tables. The methodology adopted was
the case study of a sectoral library of a system of university libraries. Using data from the
Pergamum system reports and the Google Data Studio visualization tool, it was possible to
convert data from a library software into a visualization panel, creating an interactive, multiple
and comprehensive collection assessment instrument, reaching the general and specific
objectives of the study by to map the methods and techniques related to the evaluation of
collections and the identification of visualization techniques applied to libraries. It is intended
that this proposal be adopted on a large scale to assist university libraries in the weeding process
and/or formation of special collections, as well as to serve as a subsidy for the creation of a
system or for the evolution of the library software management module. The results indicate
that the instrument presents itself as a promising and supporting interface in the process of
development and evaluation of printed collections, contributing to promote integrated solutions
in this area.
Quadro 11 - Funcionalidades...................................................................................................73
1 INTRODUÇÃO….........……......................................................................................17
1.3 Justificativa...................................................................................................................20
1.4 Metodologia..................................................................................................................21
2 CAMPO TEÓRICO....................................................................................................23
3 CAMPO EMPÍRICO.................................................................................................44
3.1.2 O Pergamum................................................................................................................45
3.4 O Protótipo................................................................................................................48
3.4.2.1.2 Idade...……................................…………...….………….…...……..............……58
3.4.2.1.3 Idioma..................................…….…....…….….…..............….......................……58
3.4.2.1.5 Assunto...……………………….............................………....…….................……59
3.4.2.4.2 Tabelas................................................................................................................…68
3.4.3.1 Documentação........................................................................................................70
REFERÊNCIAS........................................................................................................85
APÊNDICES.............................................................................................................90
17
1 INTRODUÇÃO
de nosso país. Cuidar desses acervos para as futuras gerações é uma preocupação presente em
diversos autores como Boon (1995), Shorley (2015), Santos e Weitzel (2017) e Loss (2019) que
defendem a gestão e preservação, prevenindo descartes sem critérios e valorizando coleções
com valor agregado, como coleções especiais em ciência e tecnologia, por exemplo.
Neste contexto, diante da quantidade de informações disponíveis atualmente, a
percepção que se tem é de uma grande dispersão. Isso é verdadeiro tanto para os usuários ou
qualquer pessoa que busque informação confiável, quanto para os gestores de um modo geral.
Especialmente, para bibliotecários gestores de unidades de informação, é essencial a utilização
de relatórios, estatísticas, diversas fontes de informação e instrumentos que facilitem a tomada
de decisão.
Quando se faz uso de dados de um relatório para obter uma informação, algumas
dificuldades são enfrentadas. Será que todas as informações foram recuperadas? Se foram
recuperadas precisam ser cruzadas com outras informações? Esse cruzamento é
possível? Encontrar e organizar a informação, tomar decisões são passos necessários para
garantir a qualidade dos serviços e produtos em unidades de informação e principalmente o
acesso à informação, sua disponibilização e recuperação.
Desta maneira, o problema de pesquisa está focado em duas questões: a) na necessidade
de se organizar uma enorme quantidade de dados de forma sistemática – o que exige uma equipe
dedicada e capacitada para desempenhar as atividades relativas ao processo de avaliação de
coleções e recursos para mantê-la; b) na necessidade de se considerar, neste cenário, os fatores
que afetam o desenvolvimento de coleções impressas envolvendo pressões institucionais por
espaço, diminuição de verbas, custo de manutenção de obras impressas de baixo uso, a falsa
ideia de que é possível encontrar tudo na internet, entre outros fatores.
Tendo em vista essa realidade, comum às bibliotecas universitárias, a proposta desta
pesquisa é justamente superar essas dificuldades a partir da elaboração de um instrumento para
organizar uma grande quantidade de dados referentes às coleções impressas de forma
consistente e de fácil visualização para contribuir com o diagnóstico e a tomada de decisão no
processo de avaliação de coleções, sem exigir grandes investimentos.
Deste modo, pretende-se utilizar os dados dos relatórios gerados pelo software da
biblioteca para promover o mapeamento das coleções impressas e permitir a visualização de
diversas categorias do acervo que inter-relacionadas contribuirão para a identificação das áreas
mais demandadas e ao conhecimento das áreas menos demandadas com base nas variáveis,
métodos e técnicas propostos pela literatura especializada. Ao mapear e integrar estes dados e
19
apresentá-los reunidos em um mesmo local será possível verificar, mais prontamente, como o
acervo está atendendo às áreas do conhecimento para desenvolver suas coleções e tornar o
processo de avaliação, um processo mais constante. Pretende-se propor uma sistematização de
dados para contribuir no estabelecimento de uma rotina de modo a facilitar o gerenciamento
dos dados relativos às coleções e, assim apoiar o processo de avaliação de coleções impressas,
contribuir com a seleção, a aquisição, o desbastamento, responder às pressões existentes em
relação aos recursos financeiros e espaço para sua manutenção, além de propiciar a formação
de coleções especiais.
No contexto da visualização da informação, os dados serão tratados para propiciar a
elaboração de um painel de visualização das categorias das coleções impressas. Superar essa
dificuldade de reunir os dados referentes às coleções impressas e relacioná-los entre si de forma
dinâmica e de fácil visualização será o ponto de partida para o desenvolvimento de um
protótipo 1 . Sendo assim, o presente estudo tem como finalidade apresentar soluções para
disponibilizar os dados sobre as coleções impressas de forma visual e interativa utilizando os
dados disponibilizados pelo software de gerenciamento de uma biblioteca universitária.
A pesquisa está organizada em quatro seções. A primeira seção intitulada:
“Introdução” apresenta o objetivo geral e específicos, a justificativa e a metodologia. A segunda
seção, intitulada “Campo teórico", está subdividida em três subseções: a primeira aborda o
contexto da pesquisa: bibliotecas universitárias brasileiras; a segunda trata dos métodos e
técnicas de avaliação de coleções; a busca de padrões em avaliação de coleções, o papel dos
sistemas de gerenciamento de coleções em Bibliotecas Universitárias e a terceira subseção a
contribuição da visualização da informação. A terceira seção, intitulada “Campo empírico” foi
subdividida em cinco subseções: a primeira com o estudo de caso; a segunda sobre o
mapeamento dos dados; a terceira com a ferramenta Google Data Studio; a quarta subseção
descreve a protótipo; a quinta apresenta os resultados e discussão. A quarta seção apresenta as
considerações finais.
1
Um protótipo é um modelo preliminar de algum projeto para prova de conceito ou até mesmo como MVP (Produto Viável Mínimo).
Durante a fase de testes e/ou planejamento de um produto, os protótipos são usados para aumentar a chance de sucesso do projeto. A partir
do protótipo inicial outros modelos e aprimoramentos podem ser desenvolvidos até a validação final de um produto.
20
1.3 Justificativa
Este projeto tem sua relevância para o campo profissional biblioteconômico ao propor
um instrumento para dar suporte ao processo de avaliação de coleções e contribuir para a
incorporação deste processo no dia-a-dia da biblioteca. Maciel (1997) identifica a importância
do levantamento total do acervo para o diagnóstico, quando diz que ele deve ser tanto
abrangente quanto específico. Abranger o quantitativo de todas as coleções e oferecer detalhes
sobre a cobertura de determinado assunto.
Considera-se que os relatórios e estatísticas são comumente ferramentas de trabalho da
equipe bibliotecária, gerados pelos sistemas de gerenciamento de biblioteca, que direcionam
seu trabalho e dão suporte às suas decisões, tornando-se “peças básicas para obtenção de dados
para o diagnóstico” segundo Maciel (1997, p. 24).
A proposta deste projeto aponta para uma solução combinada de softwares e ferramentas
disponíveis no espaço de trabalho biblioteconômico que vem desenvolvendo-se desde o início
21
1.4 Metodologia
2 CAMPO TEÓRICO
pesquisadores e comunidade, no intuito de salvaguarda dos acervos no Brasil e aponta que isso
requer:
A identificação dos itens do acervo, no sentido da sua originalidade ou importância
para o desenvolvimento dessas áreas [...] Estes itens serão os que vão “contar” a
trajetória da área ou mesmo da instituição, oferecendo um panorama histórico do
campo, recriando a época em que foram escritos.
Weitzel e Santos (2018) elencam alguns aspectos preocupantes que devem ser
considerados no Brasil: os critérios das políticas de desenvolvimento orientadas fortemente para
atender ao credenciamento e recredenciamento de Instituições de Ensino Superior, limitando
suas coleções ao ensino prioritariamente em detrimento da pesquisa e extensão; a
desvalorização das coleções de lastro e memória dos campos da ciência e tecnologia por falta
de critérios ou mesmo de uma política nacional que contemple essas coleções em bibliotecas
universitárias e o grande investimento realizado ao longo das últimas décadas com recursos
públicos para formar e desenvolver coleções de pesquisa no país (mesmo que sejam coleções
impressas).
Quanto à postura do bibliotecário frente à essa tendência ao descarte de materiais
impressos Storey (2011, p.74-75, tradução nossa) adverte que:
25
2 Librarians may well be on the verge of repudiating a long-standing public trust in their roles as cautious conservationists
simply in order to deal with less print – to realize a “print!less” heaven. If they do so, they would be actively jettisoning
their professional heritage for short-term political and economic considerations
26
recuperada foi menor, em média 15 resultados para cada um, e dos textos escolhidos foi
realizada tradução, para posterior utilização.
Após o levantamento bibliográfico foi realizada uma seleção entre os livros,
dissertações, artigos, casos e relatos que foram lidos, incluindo a leitura de textos citados nesses
materiais. Foram selecionados os seguintes autores da área: Miranda (1978), Vergueiro (1989),
Klaes (1991), Lancaster (1996), Maciel (1995, 1997), Figueiredo (1998), IFLA (2001), Evans
(2000), Pizzorno (2005), Larson (2012), Weitzel (2013), Achilles (2014), Caribé (2014), Santa
Anna (2015) e Schmidt (2016) entre outros.
Para compor o referencial teórico levantaremos os métodos e técnicas de avaliação de
coleções, buscando seus padrões. Também será enfocado o papel dos sistemas de
gerenciamento de biblioteca dando ênfase aos tipos de sistemas de informação e tomada de
decisão.
Para dar conta dos grandes desafios que as bibliotecas universitárias enfrentam diante
do tamanho de seus acervos, da variedade de sua comunidade acadêmica e das características
dos campos científicos espera-se dispor do máximo de instrumentos possíveis para auxiliar no
processo de desenvolvimento de coleções, em especial na etapa de avaliação de coleções.
Como definido por Evans (2000) o desenvolvimento de coleções é um processo cíclico
e constante que deve ser realizado de forma rotineira pelos bibliotecários para identificar os
pontos fortes e fracos de uma coleção, corrigir suas fraquezas e servir de apoio para o
planejamento. Weitzel (2013) atualiza a composição do processo de desenvolvimento de
coleções citados por Evans (2000) e Vergueiro (1989) de seis etapas (estudo da comunidade;
política de seleção; seleção; aquisição; desbaste, incluindo o descarte e avaliação da
coleção) para nove, incorporando as respectivas políticas de aquisição, de desbastamento e de
avaliação marcando a importância da relação entre o processo e sua política. Vale ressaltar que
Vergueiro (1989) assinala que este processo se diferencia para cada tipo de biblioteca conforme
sua missão e funções. Weitzel (2013, p. 58) afirma que “o diagnóstico faz parte do
planejamento” e que ele é necessário para “mapear todo o acervo em termos de áreas e subáreas,
idioma e idade”. Para Maciel (1997, p. 19): “o diagnóstico oferece ao bibliotecário uma visão
abrangente da realidade em foco, permitindo a localização dos problemas possibilitando
tomadas de decisões coerentes e o direcionamento correto do esforço de trabalho”. Na avaliação
de coleções se efetua o diagnóstico do acervo e se identifica as possíveis falhas e lacunas no
processo de desenvolvimento da coleção adotado pela biblioteca. Igualmente também é
recomendável mapear a circulação e uso das coleções por meio de métodos quantitativos
27
levantar no sistema da biblioteca os itens que circularam nos últimos três anos (uso) e levantar
também aqueles que não circularam nos últimos 3 anos (não uso) elaborando assim duas listas
que devem servir de ponto de partida para avaliar as coleções.
Atualmente, para promover a avaliação das coleções, a maioria dos dados é
disponibilizada pelos sistemas de gerenciamento de bibliotecas e propicia ao bibliotecário uma
visão geral de seu acervo. Ao coletar os dados, analisá-los e interpretá-los, estes passam a
constituir-se em informações que darão suporte às decisões. Klaes (1991, p. 226) indica que:
Quanto a estes dados, Lancaster (1996, p. 65) afirma que “quanto maior for a quantidade
de dados úteis à disposição do bibliotecário maior será a probabilidade de as decisões quanto
ao desenvolvimento do acervo serem tomadas de maneira mais prudente”. Desta maneira,
quanto mais dados estiverem disponíveis e correlacionados de forma ordenada, maior a
probabilidade de auxiliar a equipe bibliotecária ao executar as ações para solucionar os
impasses, identificar problemas e oportunidades. Weitzel (2013, p. 58) reflete que “a rotina do
processo de avaliação envolve planejamento, diagnóstico das coleções, aplicação de padrões e
critérios, e controle de dados de uso, valor e qualidade de um modo geral”. Achilles (2014, sem
paginação) ressalta que "a avaliação também propicia ao bibliotecário uma visão panorâmica,
que poderá influenciar o planejamento estratégico inerente à gestão das coleções" além de
“clarificar os aspectos relevantes que incidirão diretamente nas tomadas de decisão sobre o
desbastamento, incluindo o descarte, e poderá auxiliar o processo de seleção”.
Conforme Lancaster (1996) para fins de avaliação pode-se considerar a biblioteca de
várias maneiras e uma delas poderia ser através do exame dos insumos, produtos e resultados.
O objetivo estaria em determinar até que ponto os resultados desejados de um serviço foram
obtidos. Devido à dificuldade de medir o grau em que os resultados são alcançados (atender à
missão institucional), reflete que é melhor não usar os resultados desejados como critérios
diretos para a avaliação de bibliotecas. E sim, a partir dos insumos (os acervos, mais tangíveis,
quantificáveis) avaliar o quanto representam na obtenção dos produtos (serviços oferecidos,
mais qualitativos) desejados. Portanto, deve-se definir critérios de avaliação qualitativos de
sucesso para cada serviço oferecido (produto) como um bom indicador de que os resultados
(insumos e produtos) estão sendo alcançados. Com a intenção de oferecer serviços mais
eficientes e econômicos, deve-se determinar que serviços (produtos) são necessários e
29
identificar os insumos necessários. Quanto mais itens houver no acervo da biblioteca, quanto
maior a coleção de ferramentas de referência, de serviços de consultas e buscas bibliográficas,
maior será o número de questões respondidas de maneira mais completa. Portanto, os critérios
usados na avaliação dos serviços poderão predizer o grau de consecução dos resultados
(LANCASTER, 1996).
A avaliação pode ter o foco no insumo, nos serviços e nos resultados. A escolha de que
foco será dado vai depender do que se quer avaliar e, neste estudo, será focado nos insumos. A
proposta deste projeto, ao construir um protótipo capaz de aplicar aos insumos (acervos
impressos) os métodos de avaliação centrados no uso, proporciona uma avaliação dos produtos
(ex.: empréstimos ao usuário, adequação das coleções de ensino, pesquisa e extensão) e com
isso poderá torna-se um instrumento que fomenta indicadores da medida em que os resultados
são alcançados.
Nas próximas seções trataremos dos padrões em avaliação de coleções, a importância
da tomada de decisão e os tipos de sistemas de informação de apoio à decisão.
Para que uma avaliação atinja o resultado desejado é de suma importância a definição
dos dados a serem levantados e do objetivo a ser alcançado. Neste sentido, em avaliação de
coleções, os propósitos da avaliação deve ser o primeiro aspecto a ser considerado conforme
recomenda Miranda (1978, p. 27):
Cada biblioteca deve reunir, durante o levantamento, os dados que melhor se ajustem
aos seus propósitos e que conduzam à demonstração ou rejeição das hipóteses que
motivaram a análise. Aqui a raiz da questão: todo estudo deve ser feito com um
determinado propósito. É o propósito que determina que tipos de dados serão
levantados.
E quanto à seleção de que dados devem ser levantados Vergueiro (1997, p. 104) reitera:
Definir determinados agrupamentos de informação em contraposição a todos os
outros possíveis será a tarefa do desenvolvimento de coleções daqui em diante. Talvez
a importância social da atividade tenha até mesmo sido incrementada pelo advento
das tecnologias de informação eletrônica, ao invés de ter sido minimizada.
Logo, dados sobre a circulação do acervo nas diferentes classes quando incorporados a
um sistema informatizado, faz desaparecer a necessidade de amostragem, produzindo dados
que demonstram a distribuição dos assuntos e, se compilados por um tempo suficientemente,
medirão a taxa de obsolescência (LANCASTER, 1996). Conclui que “competirá então ao
bibliotecário examinar mais detidamente estas classes, a fim de decidir porque estão se
comportando dessa forma e qual a ação corretiva que parece ser necessária.” (LANCASTER,
1996, p. 60).
Enfoque compartilhado por Figueiredo (1998) quando diz que é preciso a identificação
tanto dos assuntos e áreas menos utilizadas, quanto do núcleo dos itens da coleção que satisfaz
a demanda, os títulos individuais que requerem duplicação.
Quanto aos estudos de uso das coleções Maciel (1995, p. 6) também concorda que o uso
de formulários estatísticos adequados é de grande importância para a avaliação de coleção:
Lancaster (1996, p. 52) alerta que já foi demonstrado que “o padrão de uso de livros
numa biblioteca comporta-se como uma distribuição hiperbólica - uma quantidade bastante
pequena de itens responde por uma grande proporção de todos os usos, e a maioria dos itens
tem pouco, se é que tem algum uso.” E quanto ao uso interno Lancaster (1996, p. 77) destaca
que “os dados de circulação não fornecem o quadro completo de um acervo porque deixam de
levar em conta o uso do material dentro da biblioteca.” Entretanto, ressalta que, “[...] existem
indícios que sugerem que os livros usados dentro de uma biblioteca são mais ou menos os
mesmos que os emprestados.” Portanto, o mapeamento da circulação dos materiais propicia a
demonstração da distribuição hiperbólica e se apresenta como uma boa amostragem do padrão
de uso. Quanto à análise de uso do acervo por assunto Lancaster (1996, p. 58) relata que alguns
estudos demonstram que “os padrões de uso do acervo sofrem mudanças muito lentas”.
Figueiredo (1998, p.129) acrescenta à análise dos dados da circulação a possibilidade
de delinear o padrão de uso futuro:
[...] a análise dos dados de circulação é o ponto inicial, podendo-se verificar a
quantidade e tipo de uso feito em um determinado período e delinear o padrão de uso
futuro através do uso no presente e no passado.
Miranda particulariza ainda mais o estudo do acervo por assunto quando (1978, p. 25-
27) cita um exemplo de como realizar o diagnóstico da situação do acervo em uma biblioteca
31
Quanto ao uso relativo, ou seja, o uso ocorrido Lancaster (1998) sugere realizar
comparações com o uso esperado por assuntos e áreas, possibilitando identificar sua utilização,
seu aumento ou diminuição, que pode ser verificado pela proporção da circulação total com a
proporção de obras retiradas dentro de uma classe.
Em seu levantamento Lancaster (1996, p. 60-63) identifica diversas variantes do uso
relativo que expressam o grau de discrepância e contribuem para "chamar a atenção do
bibliotecário para as classes problemáticas". O autor discorre sobre a denominação entre a
“relação circulação/inventário” empregada por Wenger et al. (1979) que se assemelha a
denominação dada por Dowlin e Magrath (1983) de “relação inventário/uso”. Com a mesma
finalidade sinaliza que a Public Library Association (PLA) e Van House et al. (1987)
empregaram a denominação “taxa de retorno” e Trochim et al. (1980) empregaram a diferença
entre porcentagem do acervo e da circulação de cada classe como indicador de superutilização
e subutilização. Já Nimmer (1980) empregou a medida “intensidade de circulação,” enquanto
que Mostyn (1974) usou a expressão "igualdade entre oferta e demanda" e Britten (1990)
utilizou a regra dos “80/20”. Abaixo um quadro demonstrativo das técnicas destacadas aqui.
32
Van House et al. Taxa de retorno Medida de usos por item por anos para
(1987) medir o desempenho de bibliotecas
similares
Mostyn (1974, Igualdade entre oferta e Referente à relação de uso relativo: uma
p. 62) demanda classe superutilizada é aquela em que a
demanda excede a oferta e vice versa no
caso de uma classe subutilizada.
Britten (1990, p. Regra dos “80/20” Regra aplicável com base para o estudo
63) de circulação em acervo completo, mas
que se pode observar diferenças entre as
classes.
Como exemplo da aplicação do método de análise de uso relativo por Lancaster (2004)
e do índice de “percentagem de uso esperado”, descrito por Aguillar (1983), temos a pesquisa
33
de Sousa (2017) que aplicou o método e o índice na prática como forma de identificar as classes
subutilizadas/superutilizadas e avaliar a circulação anual da biblioteca; o período de tempo sem
uso na estante e a identificação da coleção “non-core collection” 3 que possibilitaram um
diagnóstico completo e seguro indicando as inadequações e origens do problema.
Conforme descreve Schmidt (2016, p.193, tradução nossa) existe um leque de métodos
de avaliação da coleção que vão deste a análise de uso, passando pelos métodos baseados em
coleções e usuários até as técnicas quantitativas:
A avaliação da coleção engloba muitos métodos que vão desde a análise do uso
interno, circulação, sobreposição, estudos de citação e disponibilidade até testes de
entrega de documentos, exercícios de classificação de periódicos, comparações de
resultados com outras bibliotecas, verificação de listas preparadas por especialistas,
exame de padrões desenvolvidos por agrupamentos profissionais e ferramentas de
medição como Conspectus. [...] Os métodos baseados em coleções procuram
examinar o tamanho, crescimento, profundidade, amplitude e variedade das coleções.
As abordagens baseadas no usuário examinam as expectativas do usuário e a
frequência de uso de materiais por grupos específicos e geralmente focam nas falhas
do usuário para localizar os materiais necessários. Técnicas quantitativas medem
transações, examinam solicitações e identificam despesas. 4
Além disso, segundo Lancaster (1996, p. 65) “para que possa tomar decisões com
conhecimento de causa, o bibliotecário precisa dispor não apenas dos dados de uso relativos.
Seria importante também conhecer, para qualquer classe, qual o nível atual de compras e se o
uso da classe está aumentando ou diminuindo ao longo do tempo.” Segundo a IFLA (2001, p.
6, tradução nossa) “as somas gastas em aquisições em determinados assuntos e disciplinas
ilustram o compromisso constante em desenvolver essas áreas”. 5 Assim, a possibilidade de
visualizar a correlação da quantia investida com o uso relativo pode tornar a avaliação ainda
mais consistente.
Percebe-se que dispor de uma visão geral da profundidade de uma coleção, sua
organização por assunto, idioma, idade, formatos, tamanho bruto, circulação, fatores de uso,
3 “non-core collection” é definido como o restante dos livros, menos susceptíveis de serem utilizados, os quais devem ser transferidos
para outros espaços de armazenamento menos custosos, ou descartados, dependendo dos objetivos principais da biblioteca e do
valor potencial destes itens. (SOUSA, 2017)
4 Texto original: Collection evaluation encompasses many methods ranging from analysis of in-house use, circulation, overlap, citation
and availability studies to document delivery tests, journal-ranking exercises, benchmarking findings against other libraries,
checking of lists prepared by experts, examination of standards developed by professional groupings and measurement tools lik e
Conspectus. […] Collection-based methods seek to examine the size, growth, depth, breadth and variety of collections. User -based
approaches examine user expectations and frequency of use of materials by particular groups and often focus on user failures to
locate required materials. Quantitative techniques measure transactions, examine requests and identify expenditures .
5
Texto original: Las sumas gastas em aquisiciones em um segmento o materia al año ilustran el compromisso constante de desarrollar
esa área.
34
gastos etc., tanto dados quantitativos quanto qualitativos são essenciais para que se possam
realizar avaliações sistemáticas.
Neste sentido, este projeto focou no método de avaliação centrado no uso, sendo que os
padrões foram construídos internamente (a partir dos dados do próprio acervo, de suas áreas do
conhecimento, tamanho, idade, idioma etc.) e utilizou-se a técnica de estudos de circulação que
conforme Weitzel (2018, p. 170) “é uma das técnicas mais adotadas para o desbastamento e
para verificar necessidade de duplicações”. O estudo da literatura citada já proporcionou a
estruturação prévia de 4 categorias teóricas principais que orientaram a elaboração e aplicação
do protótipo, a saber: perfil da coleção, perfil do usuário, padrão de uso e não uso, dados
quantitativos e tabelas, conforme será descrito na subseção “3.2 Mapeamento dos dados”.
6 A 1º geração se caracterizava por sistemas com foco na catalogação e na circulação, na forma de módulos
independentes, sem integração entre estes módulos. Na 2º geração, os fabricantes passaram a preocupar -se com a
interligação de módulos, mas as interfaces ainda eram rudimentares e a utilização dos sistemas dependia de menus.
A 3º geração disponibilizou relatórios padronizados e a opção para a biblioteca definir aqueles de seu interesse,
conforme as necessidades dos gestores. Na 4º geração, a importação e exportação de registros passaram a ser
totalmente integrada e facilitada, a arquitetura cliente-servidor permitiu o acesso a outros servidores da internet e os
usuários finais podiam consultar os catálogos a partir de múltiplas mídias (TONDING; VANZ, 2018, p. 77).
36
Observa-se nos países estrangeiros, a partir de 2012, uma crescente substituição por
plataformas de serviços de bibliotecas que se configuram na quinta geração, sendo que no Brasil
é pequeno o interesse por estas soluções (TONDING; VANZ, 2018). Considerada como “Nova
Geração”, suas características inovadoras são: foco nos processos, nuvem computacional,
software como serviço, arquitetura multiusuário, operação totalmente na Web, gestão unificada
de recursos e dados analíticos para tomada de decisão. Tyagi e Senthil (2015) identificam que
“os produtos mais populares amplamente conhecidos são WorldShareTM Management
Services by OCLC@, Alma by Ex Libris, Sierra by Innovative Interfaces, IntotaTM by Serials
Solutions, Open Library Environment (OLE) by Kulali@ e Open Skies by VTLS3.”
O uso da tecnologia em nuvem não é novo na prestação de serviços de biblioteca, já que
existia na década de 1980 a pesquisa em bancos de dados online, a disponibilidade de
Personal Computer (PCs) e Modems (inicialmente 300 bps); o Public Switched Telephone
Network (PSTN) na década de 1990 e a disponibilização de periódicos eletrônicos na internet.
(TYAGI; SENTHIL, 2015). Porém, os autores reconhecem que “seu uso na prestação de
serviços de acervos de bibliotecas com coleções impressas e digitais usando tecnologia em
nuvem ainda é tarefa desafiadora em todo o mundo (TYAGI; SENTHIL, 2015, p 412).
Entretanto, a adoção das plataformas de serviços de bibliotecas ainda demandará uma
mudança e amadurecimento técnico das bibliotecas universitárias no Brasil (TONDING;
VANZ, 2018) e conforme Santa Anna (2015, p.323) aponta “os profissionais se veem diante de
um novo espaço de trabalho, permeado pelas diversificadas ferramentas tecnológicas que
exigem novos métodos de trabalhos a serem incorporados no fazer bibliotecário.”
Quanto à atualização dos sistemas tradicionais Tyagi e Senthil (2015, p.413-,415,
tradução nossa) informam que:
7
In developed countries, number of vendors have either upgraded or are in the process of upgrading their traditional library s ystems
(ILS) to library service platforms to take the full advantages of cloud technology. [...] However, i t is not mandatory to use cloud
computing in one go. [...] The numerous options should be considered before coming to a conclusion about an application,
provider/vendor and model. This can only be done by setting priorities and services offered by librarie s.
37
Evidencia-se que mesmo com o surgimento de novas tecnologias “as bibliotecas sempre
precisarão adotar soluções múltiplas e combinadas de softwares e dispositivos diversos para
tentar atender os desejos e necessidades das pessoas” (VIANA, 2016, p. 79).
Enquanto ocorre a transição para a 5ª geração, a utilização de relatórios gerenciais dos
sistemas de gerenciamento de bibliotecas de 4ª geração se mantém presente no cenário
brasileiro. Como relata Tonding e Vanz (2018, p.7):
Decisões não estruturadas são aquelas em que o responsável pela tomada de decisão
deve usar seu bom-senso, sua capacidade de avaliação e sua perspicácia na definição
do problema. Cada uma dessas decisões é inusitada, importante e não rotineira, e não
há procedimentos bem compreendidos ou predefinidos para tomá-las. Decisões
estruturadas, ao contrário, são repetitivas e rotineiras e envolvem procedimentos
predefinidos, de modo que não precisam ser tratadas como se fossem novas. Algumas
decisões têm características dos dois tipos precedentes, por isso são chamadas de
semiestruturadas; nestes casos, apenas parte do problema tem uma resposta clara e
precisa, dada por um procedimento aceito (LAUDON, p.234).
São diferentes atividades que devem ser realizadas para se tomar decisões e, neste
processo, os sistemas de informação ao tornarem os dados disponíveis para as organizações
propiciam melhores decisões que podem ser avaliadas através das dimensões da qualidade
descritas no Quadro 3:
Quadro 3 - Qualidades de decisões e processo de decisão
Conforme o quadro acima a avaliação das decisões tomadas deve levar em conta a
realidade, os fatos e circunstâncias, as preocupações e interesses das pessoas envolvidas, o
tempo e recurso disponíveis e devem ser compartilhadas com todos e ser o resultado de um
processo conhecido por todos, contemplando assim, as dimensões da qualidade do processo de
decisão.
A gestão das informações não se resume apenas a um aspecto, os bons gestores precisam
coletar, gerenciar, mensurar e distribuir as informações de uma maneira que gere insights
relevantes ao negócio e para que os dados sejam processados corretamente. Trataremos aqui
39
dos sistemas de informação de apoio à decisão. Para apoiar os diferentes tipos e níveis de
decisões existem quatro tipos de sistemas:
Os sistemas de informações gerenciais (SIG) fornecem resumos e relatórios de rotina
com dados no nível de transação para a gerência de nível operacional e médio,
oferecendo, assim respostas a problemas de decisão estruturada e semiestruturada. Os
sistemas de apoio à decisão (SAD) fornecem ferramentas ou modelos analíticos para
analisar grandes quantidades de dados, além de consultas interativas de apoio para
gerentes de nível médio que enfrentam situações de decisões semiestruturadas. Os
sistemas de apoio ao executivo (SAE) são sistemas que fornecem à gerência sênior,
normalmente envolvida em decisões não estruturadas, informações externas (notícias,
análises do mercado acionário, tendências setoriais) e resumos de alto nível quanto ao
desempenho da empresa. Os sistemas de apoio à decisão em grupo (SADG) são
sistemas especializados que oferecem um ambiente eletrônico no qual gerentes e
equipes podem coletivamente tomar decisões e formular soluções para problemas não
estruturados e semiestruturados.” (LAUDON, 2010, p.326).
Segundo Zhu e seus colegas (2014) as técnicas de visualização de dados interativos têm
evoluído rapidamente permitindo micro informações detalhadas, que possibilitam a
visualização de detalhes de um determinado dado, como informações macro agregadas,
formando um conjunto das informações pertinentes ao tema abordado, exibidas em um único
gráfico. Aponta que muitas ferramentas especializadas como Tableau (2015), SiSense Prism
(2015), Spotfire (2015), FusionCharts (2015), surgiram com soluções amigáveis para a
visualização interativa de dados. Também, encontram-se alternativas de código-fonte
livre/aberto como o D3.js (2015) uma biblioteca Javascript para visualização de dados.
8 This interactive function plays an important role in enhancing a visualization’s user interaction experience:
the dynamic features not only allow the visualization to reveal different layers of information embedded
within the data, but they also make it possible to address the different exploration interests and focuses
from the users.
9 The changing landscape of collection development calls for a more accurate, unbiased, and objective view
of library holdings using a combination of data gathering to give an overall picture of the strength or
weakness of the collection.33 In creating data visualizations that are clearly understood at a glance,
without extravagant explanation, librarians will be able to have meaningful conversations resulting in free
and impartial decision making.
43
De acordo com o tipo de visualização que se deseja criar, a escolha de uma ferramenta
vai depender do tipo de dados e fontes a serem usados, o layout, as preferências do utilizador,
entre outros requisitos. Em sua reportagem Rancea (2021, tradução nossa) identifica diversas
ferramentas de visualização gratuitas:
3 CAMPO EMPÍRICO
Nesta seção, será descrita a maneira como o instrumento foi elaborado para
proporcionar a visualização dos dados do acervo impresso de uma biblioteca setorial
universitária com base nos relatórios de seu sistema de gerenciamento, a partir das categorias
levantadas na literatura especializada. A visualização proposta foi construída de modo a facilitar
análises de várias características do acervo sobre a mesma base de dados filtrada.
Esta seção está dividida em 5 (sete) partes: estudo de caso, mapeamento dos dados, a
ferramenta Google Data Studio, o protótipo, a descrição do protótipo, versões e resultados e
discussão.
O método adotado neste projeto foi o estudo de caso que proporciona investigar um caso
em seu contexto real e responder às questões de “como?” e “por quê. A partir do caso escolhido
foi possível propor um instrumento sob a forma de um protótipo a fim de contribuir para o
estabelecimento do processo de avaliação de coleções impressas de forma rápida, sistemática e
com menos custos.
Para que o protótipo pudesse ser desenvolvido, foi escolhida uma biblioteca setorial de
um sistema de bibliotecas universitárias que concordou em ceder os dados anonimamente.
Trata-se de uma biblioteca fundada na década de 2010 para atender a área de engenharia de
produção e conta com menos de 400 alunos e um lastro de uso entre 2015 e 2020. O acervo
impresso é caracterizado por livros, obras de referência e anais de evento. Em média, o acervo
apresenta 300 títulos e 1000 exemplares. A escolha de uma biblioteca com um acervo menor
permitiu que as associações propostas pelo instrumento fossem testadas e realizadas de uma
forma mais rápida. A proposta inicial foi verificar se o protótipo realizaria as associações dos
dados conforme previsto no projeto. Foi realizado um teste com um acervo maior de cerca de
96.000 títulos com 183 mil exemplares e em média levou de 1 a 2 minutos para a primeira
montagem da visualização. A partir do painel de visualização montado, a pesquisa aos dados
leva em média de 25 a 30 segundos para cada pesquisa efetuada, o que é considerado um tempo
bastante aceitável pela quantidade de dados envolvidos. Não podemos esquecer que é
45
3.1.2 O Pergamum
O Sistema Pergamum, sistema integrado de bibliotecas de 4ª geração, foi o sistema
utilizado neste estudo de caso. Sistema que foi desenvolvido em 1988 a partir de um trabalho
final de graduação do Curso de Ciência da Computação do Centro de Ciências Exatas e
Tecnológicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR e que se encontra entre
os principais softwares pagos disponíveis no mercado brasileiro (ANZOLIN,2009).
Para detalhar suas especificidades, recorremos à descrição de Pinho e Melo (apud
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2011, p.43) que informa:
Na terceira etapa, foram criadas três planilhas, campos de apoio e funcionalidades para
permitir o cruzamento dos dados e assim, compor a base de dados para alimentar os gráficos
do painel de visualização.
47
Na quarta etapa foram identificados os gráficos mais eficientes para representar cada
categoria. Foram selecionados os seguintes gráficos: gráficos de barras, de pizza e de séries
temporais, caixas de busca (filtros), visão geral dos dados quantitativos e tabelas. Cada uma
das formas de representação gráfica e numérica (nº percentual ou nº absoluto) foi escolhida por
terem um melhor desempenho em demonstrar os dados e promover a sua fácil interpretação.
Como a maioria das ferramentas de visualização, uma vez que os gráficos forem
inseridos e o relatório visual estiver pronto, basta ao usuário clicar em qualquer um dos
elementos de dados existentes no relatório para direcionar à informação desejada.
O Google Data Studio também oferece diversas opções de gráfico para os relatórios,
tais como:
• áreas;
• gráficos em barra;
• gráficos em pizza;
• gráficos de dispersão;
• mapas;
• tabelas;
• tabelas dinâmicas;
• séries temporais.
48
É possível incluir caixas de seleção e controle de período, não sendo necessário criar
vários relatórios diferentes, bastando selecionar as informações necessárias. Permite também
compartilhar os dados e relatórios, convidar outros usuários para visualizar e definir o nível de
acesso. Os visualizadores também podem interagir com os dados, filtrar, baixar e realizar outras
ações (CASAROTTO, 2022).
O Google Data Studio facilita a criação de exibições dinâmicas, possibilita a criação de
gráficos, tabelas e outros recursos visuais de representação, além de trabalhar com métricas e
dimensões e permitir a conexão com diferentes plataformas de dados. Estas características
preenchem os requisitos de eficiência ao possibilitar a criação de novos serviços à biblioteca
sem necessidade de grandes investimentos por parte da universidade. A ferramenta está em
constante atualização conforme visto acima, por meio de sua comunidade de usuários e pode
oferecer cada vez mais possibilidades de refinamento e alcance das buscas.
Não podemos esquecer, entretanto, que uma ferramenta gratuita não significa que não
haverá custos. Investimentos em mão-de-obra para manter a ferramenta operacionalmente,
banco de dados, treinamentos, entre outros que deverão ser considerados no planejamento.
3.4 O Protótipo
Com base na revisão de literatura foi possível construir um quadro referencial teórico
composto por 4 (quatro) categorias conforme visto em “Em busca de padrões em
avaliação de coleções” na seção 2.2.1: Perfil da coleção; Perfil do usuário; Padrão de uso
e não uso e Dados quantitativos e tabelas.
c) Padrão de uso e não uso: para compor essa visualização utilizou-se os dados
referentes aos “materiais emprestados” e “nunca emprestados” tal como
sugere Larson (2008), o que permitiu identificar as coleções subutilizadas,
superutilizadas e não utilizadas nos termos apresentados por Lancaster (1996).
Figura 1 - Protótipo
Logo abaixo, foram incluídos 4 (quatro) gráficos (Figura 6) para as subáreas (Acervo
(subáreas)) e seu uso (Circulação (subáreas)) com a possibilidade de refinar a busca por autor,
título, subtítulo e título N e também a identificação da idade e do idioma do acervo apresentando
caixas de busca para verificar o seu uso e a data do cadastro dos itens no acervo.
53
Para refinar as pesquisas de uso foram criados 3 (três) gráficos (Figura 7): 1 (um) gráfico
para determinar os “Empréstimos por período” e 2 (dois) que ajudam a mapear os itens
emprestados/nunca emprestados por cada área pesquisada “Padrão de Uso por Áreas” e em
percentual “Padrão de Uso”.
Figura 7 - Empréstimo por Período / Padrão de Uso por Áreas / Padrão de Uso
3.4.2 Categorias
Nesta seção foi descrito cada gráfico utilizado para elaborar o instrumento a partir das
4 (quatro) categorias propostas: Perfil da Coleção, Perfil do Usuário, Padrão de Uso e Não Uso
e Dados quantitativos e tabelas.
absolutos e em porcentagem de títulos e exemplares em relação ao total por cada classe para
cada um dos gráficos.
No gráfico “Acervo” (Figura 10) onde são identificadas as grandes áreas também foram
acrescentados mais dados através das caixas de busca intituladas “Grandes Áreas”, "Áreas",
"Assunto" e “Tipo Obra” que possibilitam particularizar as buscas, incluindo ou não estes dados,
de acordo com a análise conduzida pela biblioteca, proporcionando uma busca abrangente ou
específica.
Pode-se observar que além da identificação das grandes áreas foram utilizados os termos:
“Descontinuada”, um dado que já constava nos relatórios e que representam itens do acervo
que precisam ser revisados e atualizados quanto à descrição temática e “A verificar”, itens não
atualizados e/ou incompletos encontrados na catalogação das obras e que também poderão ser
revisados e atualizados. Com o instrumento proposto, estes casos foram mapeados e com a
visualização foi possível identificar seu quantitativo, permitindo uma noção de seu impacto no
acervo. Este percentual que não está sendo contabilizado em suas respectivas áreas por
precisarem de correção ou complementação, propiciará um maior controle e qualidade no
processo de avaliação dos setores de tratamento da informação. Este mapeamento permite
identificar situações peculiares às bibliotecas que podem ser demonstradas nos gráficos, tais
como: campos na catalogação que não foram preenchidos e que podem ser mapeados e
visualizados para posterior complementação, contribuindo para uma melhor recuperação das
informações. Por exemplo, na Figura 10 a biblioteca setorial apresentou 0,4% de obras com
problemas denominado de "Descontinuada" e 0,2% "A verificar".
56
Para visualizar as subáreas foi criado o gráfico “Acervo (Subáreas)” (Figura 11) onde é
possível verificar os itens superutilizados, subutilizados, sem uso etc.
Na parte inferior do gráfico forma incluídas as caixas de busca para “Autor”, “Título”,
“Título-N” (recupera obras que entram pelo título na catalogação) e “Subtítulo” que possibilita
verificar o percentual de concentração de obras para os autores e títulos em relação ao
acervo. Ao selecionar um autor ou título também será possível identificar na barra de
identificação das tabelas (Figura 8) a relação do quantitativo do título e dos exemplares
correspondentes. Estes gráficos especificam a pesquisa para cada autor até o nível do subtítulo
indicando a proporção em relação ao acervo para cada título e subtítulo do mesmo autor. A
ferramenta permite que se utilize as duas formas, tanto números absolutos como seu percentual,
ou a ordenação de forma crescente ou decrescente dos itens de acordo com o propósito da
biblioteca.
3.4.2.1.2 Idade
possibilitam mapear a data de registro da obra no sistema da biblioteca para que juntamente
com a idade da obra possa-se verificar em que momento o livro foi incorporado ao acervo. Um
item incorporado por compra normalmente estará com data de aquisição similar a data de
entrada (registro) no acervo, mas um item por doação poderá ter uma defasagem muito maior,
o que afetará a correlação com o seu uso quando for realizada uma pesquisa de uso e idade do
acervo. Por exemplo, ao verificar se uma obra de 1984 teve uso nos últimos 3 anos, será
necessário verificar primeiramente em que ano a obra foi registrada no acervo. Caso tenha sido
registrada no ano corrente da avaliação será necessário esperar mais 2 anos para realizar a sua
avaliação de uso ou avaliação não refletirá a realidade. A inclusão desta funcionalidade permite
o mapeamento tanto das idades do acervo e das datas de registro como também mapeia aos
empréstimos ocorridos, em relação a idade e ao seu uso, sendo possível compará-las facilmente
e ter uma visão mais precisa sobre a vida média das obras e diagnosticar o nível de obsolescência.
3.4.2.1.3 Idioma
A fim de analisar a cobertura do acervo em termos dos idiomas foi criado o gráfico de
barra “Idioma” (Figura 12) que permite filtrar cada idioma separadamente ou em conjunto, além
de identificar a porcentagem de sua circulação. Conforme Miranda (1978) cabe a cada
biblioteca determinar se as variações no idioma estão atendendo a sua comunidade. A caixa de
busca “Idioma Uso” informa qual é a predominância do idioma nas obras em circulação. O
gráfico também indica itens do acervo que estão incompletos em relação ao idioma do item
(Em branco) propiciando sua complementação.
Na Figura 13 o quantitativo de obras sem identificação de idioma (em branco) não passa
de 20 obras aproximadamente e poderão ser identificadas apenas clicando na barra
correspondente. As listas das obras serão mostradas nas tabelas e a biblioteca poderá gerar uma
planilha com os dados dessas obras para que sejam identificadas com o seu idioma.
Pode-se observar que nesta biblioteca o acervo é composto majoritariamente por livros.
Para cada biblioteca será identificado cada tipo de obra que poderá ser demonstrado em termos
de valores absolutos ou em percentual.
3.4.2.1.5 Assunto
Fonte: Elaborado pela autora, 2022. Fonte: Elaborado pela autora, 2022.
60
Para mapear as várias situações que podem ocorrer com os exemplares em um acervo,
foram levantados os dados sobre o “Situação do Exemplar, Aquisição e Localização” (Figura
17) que fornecem informações mais detalhadas ao bibliotecário, que terá a possibilidade de
incluir ou excluir estes dados ao analisar o acervo. A caixa de busca que apresenta o modo de
aquisição possibilita verificar as diferenças de concentração do acervo referente a doação,
compra, permuta etc. e assim, perceber como a concentração do acervo e o seu uso poderão
variar de acordo com o modo de aquisição, como também com as demais opções.
Estas caixas de buscas podem ser usadas de acordo com o objetivo de avaliação de cada
biblioteca, selecionando cada uma delas ou não, para particularizar as buscas. Foram colocadas
dentro do gráfico de “Tipo de Usuários” (Figura 18), como uma solução de diagramação do
61
painel de visualização, mas são independentes e seu uso não é feito em conjunto. Depende da
escolha da equipe da biblioteca.
Pelo gráfico é possível verificar que a grande maioria dos usuários são alunos de
graduação (4.467 alunos) e pela caixa de busca é mostrado o percentual para cada tipo. Sempre
é possível demonstra o valor absoluto se for de interesse da biblioteca, neste caso, intercalamos
o valor absoluto com o percentual.
A terceira categoria identifica o padrão de uso e não uso onde foram mapeados os dados
de circulação dos materiais emprestados e nunca emprestados. Para este fim, foram criados 3
(três) gráficos sendo que 2 (dois) identificam os períodos de tempo, representados pelos gráficos
“Circulação por ano” (Figura 19) e “Empréstimo por período” (Figura 20) e, por último, um
gráfico de Pizza “Padrão de Uso” (Figura 21) para representar a proporção do uso.
Foram criados os gráficos de “Circulação por Ano” (Figura 19) e “Empréstimo por
Período” (Figura 20) com o intuito de possibilitar a visão do padrão dos empréstimos durante
um determinado período, principalmente quando associado ao assunto e assim, delinear o
padrão de uso futuro de acordo com Figueiredo (1998).
O gráfico de “Circulação por Ano” (Figura 19) apresenta um período de tempo (5 anos)
que pode ser analisado ano a ano. É importante observar que este gráfico apresenta altos índices
de empréstimos no decorrer de 4 anos e que em 2020 ocorreu uma grande queda nos
empréstimos. Podemos perceber que o gráfico sofre impactos de fatores externos que podem
mascarar o resultado. Neste caso, houve o impacto da Pandemia de Covid-1910, que causou o
isolamento, restrições, protocolos sanitários e suspensão das atividades de diversos setores
10 Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela Organização Mundial de Saúde - OMS como uma
pandemia. Disponível em: https://www.paho.org/pt/news/11-3-2020-who-characterizes-covid-19-pandemic. Acesso
em: 20 de maio de 2021
63
Portanto, a partir desta busca, o instrumento será capaz de verificar se a demanda foi
atendida ou não. Se houver necessidade de cruzar esses dados com os dados de reserva de títulos,
o instrumento permite tal visualização possibilitando maior precisão no diagnóstico, orientando
a aquisição de novos títulos. Neste primeiro momento, não foi inserido o gráfico para reservas
64
de títulos no instrumento, pois não houve reservas pela biblioteca setorial. Desta forma, não foi
possível demonstrar visualmente por falta de dados.
Para visualizar a distribuição hiperbólica demonstrada por Lancaster (1996) foi criado
o gráfico intitulado “Padrão de Uso” (Figura 21). A consulta poderá ser direcionada tanto para
as obras emprestadas como para as obras nunca emprestadas (subutilizadas), o que poderá
indicar à biblioteca que itens precisam de maior divulgação, devem ser remanejados ou
descartados atendendo assim à política de desbastamento. Neste gráfico (Figura 21) são
identificados itens com o título “A verificar” que compreendem itens que podem ter tido baixa
patrimonial do acervo, não atualizados, incompletos etc. e precisam ser revisados.
Por se tratar de uma biblioteca setorial nova, as coleções foram desenvolvidas dentro
das necessidades dos usuários, o que faz com que o padrão de uso não corresponda à
distribuição hiperbólica ou regra dos 80/20 empregada por Britten (1990 apud Lancaster, 1996)
“para um estudo de circulação numa biblioteca universitária”.
emprestadas e esta análise pode contribuir para o desbastamento da coleção. Neste gráfico,
também são identificados itens com o título “A verificar” que compreendem itens que podem
estar incompletos, não atualizados ou tiveram baixa patrimonial do acervo.
Com o intuito de auxiliar a avaliação das coleções através dos dados de circulação das
obras foram criados os gráficos “Circulação” (Figura 23) e “Circulação (Subáreas)” (Figura 24)
além de caixas de busca para filtrar por “Autor Uso”, “Título Uso” e “Subtítulo Uso” (Figura
24) e assim, compor o mapeamento do uso do acervo. Também foram replicadas as caixas de
busca existentes no gráfico referente ao “Acervo” (Figura 10) no gráfico “Circulação” (Figura
23) com seu respectivo uso: “Assunto Uso”, “Áreas Uso” e “Tipo Uso”.
No painel de visualização, os gráficos referentes ao “Acervo” (Figura 10) e “Acervo
(Subáreas)” (Figuras 11) foram colocados lado a lado com os gráficos de “Circulação (Figura
23) e Circulação (Subáreas)” (Figuras 24) de forma a possibilitar a análise dos dados em
conjunto. Desta forma, será possível examinar detalhadamente as classes e subdivisões que são
mais usadas, superutilizadas ou subutilizadas conforme Lancaster (1996) recomenda. As caixas
de busca que apresentam os autores, os títulos e os subtítulos das obras permitem refinar ainda
66
mais a busca ao ponto de verificar que título ou títulos de um autor determinado está atendendo
à demanda dos usuários. Ao correlacionar com o gráfico de “Empréstimo por Período” (gráfico
20) será possível confirmar se a quantidade de exemplares está atendendo a demanda a cada
dia, mês e ano.
Observa-se no gráfico “Circulação” (Figura 23) as áreas que estão em uso na biblioteca,
estando em destaque a área 600 com mais da metade do uso, 51,48% do acervo, correspondendo
à área de atuação da biblioteca. podendo assim serem analisadas em relação às áreas que foram
desenvolvidas no acervo.
Na figura 25, cada dado apresentado é referente ao total desde que a biblioteca iniciou
suas atividades, sendo possível verificar de imediato um resumo quantitativo do acervo, de seus
usuários, de seu uso e do investimento realizado até o momento.
3.4.2.4.2 Tabelas
poderiam informar, por exemplo, se um mesmo usuário fez um empréstimo duas vezes ou se
foram dois usuários diferentes ou se foram os mesmos exemplares ou exemplares diferentes.
3.4.3.1 Documentação
c) Cruzamento de dados
Na terceira etapa, para que as interligações entre as planilhas ocorressem e fosse
possível cruzar os dados, foram acrescentadas colunas de apoio e funcionalidades. As colunas
de apoio são colunas de informações que foram incluídas nas planilhas “Exemplares” e
“Empréstimos” conforme discriminado em “Colunas de Apoio” (Quadro 6), pois são dados que
precisavam constar nestas planilhas para que fosse possível recuperá-las em conjunto. Nos
relatórios do Pergamum estes dados estão separados impossibilitando a correlação. Mais abaixo
falaremos sobre as funcionalidades que foram acrescentadas.
Quadro 11 – Funcionalidades
Itens Observação
A verificar Acervos com campos incompletos
Em branco Campo de idiomas em branco
Descontinuada Área auxiliar com indicação: Descontinuada
Fonte: Elaborado pela autora, 2022.
Realizou-se a ordenação crescente das Áreas de Conhecimento para compor a
visualização dos gráficos “Acervo” (Figura 10) e “Circulação” (Figura 21) sendo que, de acordo
com a necessidade da biblioteca, será possível configurar a visualização em ordem crescente
ou decrescente, em termos de número de ocorrência de itens classificados em cada área.
74
Na quarta etapa, após vários testes, foram escolhidos os gráficos que melhor agrupassem
as informações das categorias elencadas, a saber: gráficos de barras, de pizza e de séries
temporais; caixas de busca (filtros), visão geral dos dados quantitativos e tabelas. Para que a
visualização ocorresse foi preciso configurar os dados (dimensões, métricas, filtros,
classificações etc) na ferramenta Google Data Studio para cada um desses gráficos e para isso
foram usados os dados das planilhas “Exemplares” (Quadro 5), “Empréstimos” (Quadro 6) e
“Exemplares x Empréstimos” (Quadro 7).
Ao todo o painel de visualização, são 11 gráficos, 2 tabelas, 24 caixas de buscas e 5
totais gerais cujas configurações necessárias serão descritas para a construção da visualização
proposta na figura 1, seção 3.4. Abaixo, seguem os dados necessários para configurar o primeiro
gráfico “Acervo” (Figura 10) e em paralelo foi colocado um “Exemplo” (Figura 25) de como
aparecem na área da ferramenta Google Data Studio.
A primeira ação foi escolher a planilha que será usada para criar o gráfico. Para criar o
gráfico do “Acervo” foi usada a planilha de Exemplares que será incluída no Google Data
Studio em “Origem de dados”.
A segunda ação foi determinar a dimensão (conjunto de valores pelos quais você pode
agrupar seus dados) que para este gráfico corresponde a “área auxiliar de apoio”. O título foi
alterado para “Grandes Áreas”, mas a métrica utilizada continua sendo a “área auxiliar de
75
apoio”. Os títulos podem ser alterados de acordo com a necessidade de identificação dos
gráficos para a visualização.
A terceira ação foi definir as métricas, que para este gráfico serão duas: para Títulos
(quantidade de acervo similar de apoio) e Exemplares (quantidade de exemplares similares de
apoio). Para cada uma das métricas deve-se preencher o fator de agregação, o tipo, o cálculo de
comparação e o cálculo em execução conforme estiver indicado no quadro correspondente.
Para este gráfico, foram preenchidas também a classificação e os filtros conforme
indicação do Quadro 10. Todos os outros quadros seguem a mesma forma de configuração,
alterando apenas os dados específicos que são necessários para cada gráfico e estão disponíveis
nos apêndices.
76
Métrica Títulos
Quantidade de acervo similar
Agregação: Contagem
Tipo: Porcentagem
Cálculo de comparação: Porcentagem
do total – em relação aos dados
correspondentes
Cálculo em execução: nenhuma
Exemplares
Quantidade de exemplares similar apoio
Agregação: Contagem
Tipo: Número
Neste primeiro momento, a atualização dos dados acontece de forma manual, mas a
atualização poderá ser realizada em tempo real se houver a possibilidade de uso de interface de
programação de aplicações (API) 11 para alimentar os dados diretamente com o Sistema
11 A sigla API deriva da expressão inglesa Application Programming Interface que, traduzida para o português, pode ser compreend ida
como uma interface de programação de aplicação. Ou seja, API é um conjunto de normas que possibilita a comunicação entre
plataformas através de uma série de padrões e protocolos. TECHTUDO, 2020.
77
Pergamum ou com outro sistema de gerenciamento de bibliotecas que for utilizado, oferecendo
um valor adicional de pontualidade
Por fim, chegou-se ao protótipo (Figura 1) que incorporou as características do acervo
impresso de forma abrangente, de fácil visualização e com grande interatividade. Conforme
dito anteriormente, muitas outras informações poderiam ser acrescentadas, mas o foco foram
as categorias elencadas no estudo que demonstram o estado atual do acervo e seu uso, essenciais
para a avaliação das coleções de forma a permitir as correlações de forma clara, conforme
recomenda Vergueiro (1997).
A presença do profissional de Tecnologia da Informação (TI) foi fundamental neste
processo juntamente com o profissional da área de documentação (bibliotecário) que indicou o
que deveria ser implementado. Como bem expressa Corte et al. (2002, p. 206), “as tecnologias
de informação facilitaram o processo, mas não eliminaram os conhecimentos específicos que
cada um traz como resultado de sua formação acadêmica e profissional.”
O formato para o levantamento dos itens emprestados foi proposto em conjunto com
algumas visualizações para ajudar na percepção visual do quantitativo e assim, nortear a busca
com maior facilidade.
79
Por exemplo, será possível perceber pelas visualizações que tipo de usuário é
predominante no uso da biblioteca, que ano o uso foi mais ou menos intenso e assim, realizar
as pesquisas levando em consideração o perfil do usuário e do uso ou não uso do acervo.
Todas as versões permitem o download dos dados pesquisados para cada fim desejado.
Estes e outros formatos alternativos e específicos possíveis de serem criados, poderão ser úteis
para atender às peculiaridades e necessidades de cada equipe de biblioteca e assim, melhorar o
processo de avaliação e desenvolvimento de coleções.
complexidade das relações que seriam necessárias acrescentar, quanto por não encontrar o
preenchimento consistente do campo específico na catalogação das obras, para que as
informações fossem recuperadas. O foco em coleções impressas não impede, entretanto, que
acervos digitais ou virtuais venham a ser levantados e incorporados na visualização. Estudos
futuros poderão contemplar essas informações construindo as relações necessárias para uma
visualização em conjunto.
Além do que, uma boa visualização vai depender de fatores como conexão com a
internet, tipo de monitor, configurações de cada computador e o treino e adaptação à ferramenta
de visualização. A utilização do protótipo poderá possibilitar à equipe da biblioteca habituar-se
às potencialidades e limites das ferramentas de visualização.
83
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto alcança seu objetivo geral com a criação do protótipo de um instrumento para
a avaliação de coleções, onde foram convertidos os dados de um software de biblioteca em um
painel de visualização personalizado e também aos objetivos específicos, ao mapear os métodos
e técnicas relativos à avaliação de coleções na literatura e ao identificar as técnicas de
visualização aplicadas às bibliotecas.
Portanto, foi criado um protótipo para que o instrumento de avaliação de coleções
pudesse existir e este se mostra múltiplo e abrangente. É um instrumento quantitativo que
apresenta as categorias: perfil das coleções, padrões de uso, tipo de usuários e dados
quantitativos e pode-se ver o uso e diversas ocorrências, com capacidade de medir dados
quantitativos de categorias diferentes, além de sugerir uma solução para problemas que podem
ocorrer nas catalogações, tais como, indicar classificações descontinuadas, identificar dados
incompletos ou em branco. (ex.: data de publicação e idioma não preenchidos).
A proposta de visualização de dados gerenciais para avaliação de coleções impressas
em bibliotecas universitárias se concretiza através do protótipo apresentado e este, utiliza
apenas uma parcela dos relatórios disponíveis no sistema de gerenciamento da biblioteca,
aqueles que auxiliam no desenvolvimento de coleções, com foco na sua avaliação. A
visualização expande as possibilidades de apresentação das informações e o usuário pode
escolher como cruzar as informações e obter os resultados agregados.
Pretendeu-se o menor uso de recursos, potencializando o maior número de informações
integradas das coleções, minimizando tempo e custo. Desta forma, o uso de uma ferramenta
gratuita diminui o custo financeiro inicial, o que faz frente ao problema da redução de verbas
aplicadas em bibliotecas, apesar de não podermos considerar como um custo zero, já que
sempre será necessário o envolvimento de uma equipe multidisciplinar para a manutenção
operacional.
Acredita-se que o protótipo, como um instrumento auxiliar, oportuniza a escolha e
combinação de vários métodos de avaliação de coleções (centrados na coleção ou no uso),
pela equipe da biblioteca e por gestores, propiciando dados realísticos para desenvolver as
coleções impressas e a formação de coleções especiais.
Os resultados indicam que o protótipo possibilita a consulta e a correlação das
informações; a geração de relatórios personalizados; sugere a solução de problemas na
catalogação e serve como base para a equipe da biblioteca analisar e interpretar as informações
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REFERÊNCIAS
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APÊNDICES
APÊNDICE A - Gráficos
Apresentação dos dados para a configuração dos gráficos, tabelas, caixas de busca e filtros na
ferramenta Google Data Studio.
APÊNDICE B - Tabelas
APÊNDICE C – Filtros