YLBarbosa-SISTEMAS DE RECOMENDAÇÃO GOSTO SOCIOCULTURAL
YLBarbosa-SISTEMAS DE RECOMENDAÇÃO GOSTO SOCIOCULTURAL
YLBarbosa-SISTEMAS DE RECOMENDAÇÃO GOSTO SOCIOCULTURAL
Rio de Janeiro
2022
YNGRID DA LUZ BARBOSA
Rio de Janeiro
2022
Ficha Catalográfica
3
__________________________________________
Prof. Dr. Marianna Zattar – Curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades
de Informação (CBG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Orientadora
__________________________________________
Prof. Dr. Ana Maria Ferreira de Carvalho – Curso de Biblioteconomia e Gestão
de Unidades de Informação (CBG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ)
Membro Interno
__________________________________________
Prof. Dr. Robson Santos da Costa – Curso de Biblioteconomia e Gestão de
Unidades de Informação (CBG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ)
Membro Interno
4
Dedico este trabalho à minha querida avó, Maria José (in memorian)
por ser a minha referência de mulher, guerreira e capaz
e ao meu irmão que também é um filho, Júnior.
Eu sempre vou amar vocês.
5
AGRADECIMENTOS
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo geral estudar a relação entre os sistemas de
recomendação, o gosto e a cultura. Para isso, utiliza como metodologia as pesquisas
bibliográfica, exploratória, descritiva e documental, de abordagem qualitativa. A
técnica para coletar e analisar os dados sobre os sistemas de recomendação, e
gosto sociocultural será através da análise de conteúdo e consulta de fontes
bibliográficas extraídas de repositórios e outras bases de dados. A população e
amostra serão compostas com base nos itens recuperados e selecionados,
respectivamente. Bem como, uma pesquisa empírica onde foram analisadas 40
(quarenta) respostas de discentes do Curso de Biblioteconomia e Gestão de
Unidades de Informação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, visando
elucidar as pessoas sobre esses sistemas e a sua influência na tomada de decisões,
dos problemas que podem ser gerados e como evitá-los. Apresenta como resultados
da pesquisa uma percepção de influência e impactos negativos das recomendações
sobre as noções de gostos e preferências. Conclui expondo as noções dos usuários
que responderam ao questionário sobre os impactos e a influência das tecnologias
na construção das preferências individuais, bem como na percepção e proteção dos
dados e esclarecendo a necessidade de trabalhos futuros sobre o tema.
ABSTRACT
The present study has the general objective of studying the relationship between
recommendation systems, taste and culture. For this, it uses as methodology the
bibliographical, exploratory, descriptive and documental research, with a qualitative
approach. The technique to collect and analyze data on recommendation systems,
and sociocultural taste will be through content analysis and consultation of
bibliographic sources extracted from repositories and other databases. The
population and sample will be composed based on the retrieved and selected items,
respectively. As well as, an empirical research where 40 (forty) answers of students
of the Course of Librarianship and Management of Information Units of the Federal
University of Rio de Janeiro were analyzed, aiming to elucidate people about these
systems and their influence on decision making, of the problems that can be
generated and how to avoid them. It presents as research results a perception of
influence and negative impacts of the recommendations on the notions of tastes and
preferences. It concludes by exposing the notions of users who answered the
questionnaire on the impacts and influence of technologies on the construction of
individual preferences, as well as on the perception and protection of data, and
clarifying the need for future work on the subject.
LISTA DE GRÁFICOS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 10
1.1 PROBLEMA 12
1.2 OBJETIVOS 12
1.3 JUSTIFICATIVA 12
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO 15
2.1 O GOSTO (SABOR/SABER) 15
2.2 OS SISTEMAS DE RECOMENDAÇÃO 17
3 SISTEMAS DE RECOMENDAÇÃO E GOSTO: UMA CONSTRUÇÃO SOCIAL (?)
20
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 29
4.1 CAMPO DA PESQUISA 29
4.2 TÉCNICAS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS 30
4.3 POPULAÇÃO/AMOSTRA 31
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS 32
5.1 MINIMIZANDO OS EFEITOS DOS SISTEMAS DE BUSCAS E
RECOMENDAÇÃO NA VIDA DOS USUÁRIOS 43
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 46
REFERÊNCIAS 49
APÊNDICE A – Questionário elaborado na ferramenta Google Forms 52
10
1 INTRODUÇÃO
(VERDÚ, 2016), fazendo questionar até onde essa influência vai à construção
dos gostos e identidades atualmente.
Este tema que busca a compreensão da influência que os sistemas de
recomendação tem sobre a construção de gosto sociocultural é importante
para a sociedade, pois discute os valores sociais e como eles podem ser
manipulados pela interface virtual, pois as maiorias dos sistemas omitem os
elementos discordantes e fecham os usuários em um cerco de gosto e
identidade óbvios, tornando-os previsíveis e empobrecendo a curiosidade
cultural.
1.1 PROBLEMA
1.2 OBJETIVOS
Objetivos específicos:
a) apresentar noções de sistemas de recomendação, gosto e
cultura.
b) estabelecer uma relação entre gosto sociocultural e os sistemas
de recomendação.
1.3 JUSTIFICATIVA
13
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.3 A CULTURA
sobre cultura passou a ser mais descritiva do que avaliativa, ou seja, cultura
passou a diferenciar, no sentido horizontal, os distintos modelos culturais e
não hierarquizar verticalmente as diferentes culturas. (OLIVEIRA, 2015, p.
3)
Na definição do que é cultura, para esse autor escolhido por Oliveira, a
cultura é uma disciplina de ensino ético que torna os indivíduos aptos para
serem cidadãos políticos; também destaca a cultura pelas artes (música,
literatura, pintura) e as práticas sociais (criação de crianças, educação, entre
outros). Oliveira ainda fala sobre a visão de Eagleton sobre o que o autor T. S.
Eliot fala sobre a cultura, que enfatiza a cultura como um estilo de vida de
uma determinada sociedade vivendo em união em certo ambiente físico,
sendo a cultura é, na maioria das vezes, muito mais inconsciente do que
consciente. Oliveira (2015 p. 3) afirma que, Eagleton define a cultura como
aquilo de que vivemos e aquilo para o que vivemos (afeto, relacionamento,
memória, parentesco, lugar, comunidade, satisfação emocional prazer
intelectual e um sentido de significado último), nessa perspectiva a cultura
também dá um sentido, uma finalidade para viver.
Ao analisar a concepção de Bauman sobre o termo, Oliveira (2015, p.
5) diz que para esse autor há três diferentes óticas a respeito do conceito de
cultura. Primeiramente como um fator hierárquico (ao rejeitar certos indivíduos
por não ter conseguido atender a expectativa de certo grupo), o fator
diferencial (utilizada para distinguir sociedades e pessoas) e como um
conceito genérico (onde o termo esclarece as diferenças entre o homem do
humano). E conclui que para Bauman a cultura conserva o que já existe, mas
também é aberta ao novo e que a cultura humana é um sistema de
significação e uma de suas funções universalmente admitidas é ordenar o
ambiente humano e padronizar as relações entre os homens.
Na concepção de Geertz sobre a cultura, Oliveira (2015, p. 8) afirma
que para o autor, o termo cultura tem o caráter semiótico (uma ciência
interpretativa em busca de significados) e é um conjunto de mecanismos de
controle do comportamento humano (planos, receitas, regras, instruções) e
que a cultura são regras de comportamentos, que implicam significados para
os que vivenciam.
21
Para Laraia, Oliveira (2015, p. 12) afirma que o homem é moldado pelo
meio em que foi criado, nascendo com determinadas características e
adquirindo outras de acordo com a vivência, ou seja, o modocomo um
indivíduo vê o mundo, a sua percepção da realidade, também é cultura, assim
como os diferentes comportamentos sociais de uma civilização, pois são
produto de uma herança cultural.
Segundo Oliveira (2015, p. 13) Certeau distingue o termo em seis
empregos: primeiro como um modelo elaborado para distingui um “homem
culto”; como um patrimônio de “obras” que devem ser preservadas e
difundidas; como uma imagem, a percepção ou a compreensão do mundo
próprio a um meio ou a uma época; como comportamentos, instituições,
ideologias e mitos que compõem quadro de referência que caracteriza uma
sociedade como diferente das outras; como aquisição, enquanto distinta do
inato; e por sexto como um sistema de comunicação, concebido segundo os
modelos elaborados pelas teorias da linguagem verbal.
Oliveira (2015, p. 15) faz um resumo das concepções dos cincos
autores discutidos em seu trabalho e aponta que há contribuições diversas
sobre o conceito de cultura, onde alguns pensamentos se interligam pela
similaridade enquanto outros são totalmente distintos e mesmo assim,
contribuem para a compreensão de que o conceito de cultura, assim como
todos os conceitos afetos à vida humana, estão em construção. E afirma que
nas teorias de Eagleton, Geertz e Laraia o homem necessita da cultura para a
sua subsistência. E Geertz, Eagleton e Bauman explicam que os recursos
culturais são comumente regras, que moldam determinados indivíduos e
comunidades. Concomitantemente Certeau, Geertz e Eagleton perpassam a
ideia da cultura como significância, os três autores preconizam cultura como
uma estrutura social que dá significado à existência.
22
correspondem aos estilos de vida que são a tradução de forma simbólica das
diferenças das condições existenciais.
Por isso, Santini (apud BRÊDA, 2021, não paginado), aponta que:
“Os algoritmos não são dispositivos neutros, mas peças-chave no atual
processo de vigilância online, diante do qual os valores morais, jurídicos,
econômicos e culturais dominantes são negociados e postos à prova.”.
A cientista da computação, pesquisadora e ativista anti racismo
brasileira, Nina da Hora, discorre sobre os "Impactos da Inteligência Artificial
na sociedade: de quem é a responsabilidade?” em uma conferência do
PPGCI (Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, vinculado
ao IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência Tecnologia e a UFRJ
(Universidade Federal do Rio de Janeiro), onde os Sistemas de
Recomendação estão inseridos. Ela define Inteligência Artificial sendo a área
que tenta se aproximar do entendimento do cérebro humano, e mesmo que
ela tente, há limitações técnicas para essas máquinas, elas não conseguem
alcançar isso, como por exemplo a Alexa, por mais que ela tenha um sensor
para identificar um áudio, se a pessoa errar uma palavra, ela não vai
conseguir recuperar a informação correta. Então, surge a indagação: como
uma ferramenta que tem esses tipos de questionamentos pode estar
participando de um sistema que está ligado à Justiça, sendo essa ligada aos
seres humanos da sociedade? Como uma máquina com falhas pode julgar o
que é bom para as pessoas? Julgar se uma pessoa é culpada ou não em um
processo judicial? Para ilustrar a pergunta, a cientista cita um projeto em qual
participou para um museu do Rio de Janeiro, onde se detectava o rosto e as
expressões dos indivíduos em um espelho, através da imitação de emojis,
onde ela ficou responsável pelo reconhecimento de voz, e ao tentar realizar o
próprio teste facial em que estava trabalhando, não obteve resultado para os
testes de audiovisual, sendo ela uma mulher negra, foi suposto que precisava
de mais luz e mudanças no algoritmo para o reconhecimento ser efetuado e
mesmo assim não funcionou, sendo assim, ela abandonou o projeto porque
sua ideologia racial e a posição da empresa, em não lidar com o problema,
pois demandaria tempo e esforços, mudanças em códigos enormes que
26
com pessoas negras, e uma pessoa negra é presa em quanto tempo esse
feedback vai chegar na pessoa que desenvolveu isso? Quem assinou o
mandado de prisão? Quem monitora essas câmeras? De quem é essa
responsabilidade? Essas são as grandes perguntas na área de ética da IA.
Não é relevante se o algoritmo é racista ou não, o que é realmente
relevante é qual é a origem de dados que está sendo usada nesse processo?
O que a equipe tem a dizer sobre? O debate sobre a responsabilidade é um
convite a olhar o próprio reflexo e o dos seus semelhantes, como se interage
e quais são os dados que estão sendo disponibilizados.
Em alguns jogos você pode escolher permanecer em anonimato ou
não. Em um exemplo citado por Nina da Hora, havia algumas pessoas que,
em determinado jogo, às vezes usavam o nome real ou diziam como elas
eram fisicamente e para xingar uma pessoa negra, por exemplo, não se usava
a palavra “macaco”, colocava-se “cocamar”. Tem jogos que você troca as
sílabas de lugar, mas quem está naquela comunidade sabe que é
xingamento, isso foi feito para passar pela moderação de conteúdo do jogo,
há uma equipe com pessoas físicas trabalhando, mas boa parte é algoritmo,
então o algoritmo ele vai ver a troca de sílabas e concluir que não está dentro
do grupo de palavras que representam algum tipo de violência proibida
durante a instalação do jogo, outro exemplo é o do Edge Ranking
(Ranqueamento de Borda) algoritmo usado pelo Facebook, que determina o
que os usuários vão ver em sua timeline, que exclui e bloqueia pessoas por
palavras, mas sem analisar todo o contexto e novamente surge a questão, de
quem é a responsabilidade quando isso acontece? De quem construiu a base
de palavras que o algoritmo identifica? De quem construiu o algoritmo? Da
pessoa que está tratando dos negócios do jogo/plataforma? O
desenvolvedor? Segundo a cientista, tira-se o mais importante desse debate,
que é entender a responsabilidade enquanto cidadão na sociedade utilizando
e criando as tecnologias, porque quem cria também utiliza da mesma forma
de quem só utiliza, de quem só recebe essa tecnologia, sendo para ela, esse
o principal debate que deveria ser feito para quem trabalha na área da
informação.
28
esses riscos e os impactos disso agora, não daqui a 5 anos? Quem está
propondo, pesquisando, organizando e estudando essa discussão?
Essas questões devem ser debatidas agora para que possa-se fazer
isso evoluir para um lugar que não seja só distorcido para os impactos
negativos futuros. Embora consigam-se, hoje em dia, achar bastante
conteúdos que dissertem sobre os impactos das tecnologias, ainda não há
uma discussão aberta sobre, um local para se debater esse assunto dentro
das próprias empresas que criam tais tecnologia, e isso é preciso ser revisto,
é diferente do uso de moderação de conteúdo, porque pode e já está
impactando a liberdade das pessoas, como no caso já citado anteriormente,
do cientista de dados que foi acusado por uma câmera de ser o suspeito que
era procurado, Nina então questiona novamente o impacto disso, para além
de tentar consertar um algoritimo ou a base de dados, ela questiona o impacto
identitário, para um cientista que trabalha na área com dados, como isso
afetou sua cabeça, quais são os impactos do dia a dia, e os impactos mentais
disso, e afirma que não há como mensurar tais impactos e que fere de forma
incisiva as pessoas, que usar o fenótipo nesse exemplo, para identificar
pessoas nesse nível é agressivo demais para pessoas não-brancas, que são
a maioria no Brasil, sendo exaustivo demais mentalmente e emocionalmente,
e que as empresas precisam se defender disso com profissionais que
trabalhem bem com percepção, linguagem e corpo dentro da sociedade
nesses espaços de criação.
31
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.3 POPULAÇÃO/AMOSTRA
33
Fonte: A autora
Fonte: A autora
Fonte: A autora
Fonte: A autora
Fonte: A autora
Fonte: A autora
Fonte: A autora
Fonte: A autora
Fonte: A autora
Fonte: A autora
Fonte: A autora
41
Fonte: A autora
Fonte: A autora
Fonte: A autora
Fonte: A autora
Fonte: A autora
Fonte: A autora
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
áreas possam participar, porque todas essas questões vão para além da
tecnologia, essas questões tem o propósito de provocar, inspirar e fomentar a
ideia para que seja desenvolvido em futuros trabalhos, porque da mesma
forma que foi utilizado estudos anteriores para a realização dessa pesquisa,
espera-se que este trabalho possa ser usado em trabalhos futuros,
contribuindo para a pesquisa científica nas áreas que devem e podem
explorar de forma mais minuciosa todas essas perguntas que estão carentes
de atenção e respostas, e que definitivamente causam mais impactos
negativos do que realmente aparentam, para que assim, talvez consiga-se
mitigar os danos que estão sendo causados a curto e a longo prazo por
tecnologias que não está sendo co-criada pelos usuários que a usam e que
também não participam das tomadas de decisões importantes.
52
REFERÊNCIAS
BBC. A história da mulher com células imortais que salvam vidas há 60 anos.
BBC News, [s.l.], 12 mar. 2017. Portuguese. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-39248764. Acesso em: 10 mai.
2022
CHOUDHURY, N. World Wide Web and its journey from Web 1.0 to Web 4.0.
International Journal of Computer Science and Information
Technologies, [S. l.], v. 5, n.6, p. 8096-8100, 2014. Disponível em:
http://www.ijcsit.com/docs/Volume%205/vol5issue06/ijcsit20140506265.pdf.
Acesso em: 06 mar. 2022
O’REILLY, T. What is Web 2.0: design patterns and business models for the
next generation of software. [S. l.], 2005. Disponível em:
https://www.oreilly.com/pub/a/web2/archive/what-is-web-20.html. Acesso em:
06 mar. 2022.
PARISER, Eli. O problema é que damos todo o poder para plataformas como
Google e Facebook. El País, Madri, 20 Jun. 2017. Cultura. Disponível em:
https://www.google.com/amp/s/brasil.elpais.com/brasil/2017/06/19/cultura/149
7900552_320878.html%3foutputType=amp. Acesso em: 4 jan. 2022
Questionário:
57
18. Se houver uma forma de preservar e controlar os seus dados, você fará
uso?
Sim
Não
19. Você acredita que conteúdos algorítmicos podem ser classistas, racistas
e/ou misóginos?
Sim
Não