A Pomba e A Serpente

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A POMBA E A SERPENTE

“Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as
serpentes, mas simples como as pombas” (Mateus 10:16)
Este é um importante capítulo do livro de Mateus, afinal, Cristo havia separado os doze
e estava dando alguns importantes conselhos por conta da dura missão que eles iriam
enfrentar. Eu, porém quero me concentrar no conselho do versículo 16: “Ser prudente
como as serpentes e simples como as pombas”. Um conselho inusitado não é? Afinal,
estes dois animais possuem características muito opostas
Cristo começa avisando o quão duro seria a tarefa deles, afinal, o termo ovelhas em
meio a lobos revela o quão perigoso era o ambiente que eles iam adentrar. Uma ovelha
perto de um lobo é indefesa, uma ovelha pode ser trucidada por um lobo facilmente e
este era o ambiente da missão que Cristo estava dando aqueles apóstolos. Contudo, Ele
manda aqueles homens tomarem cuidados e serem prudentes e simples.
A pomba é vista por nós como o símbolo da paz, na literatura Judaica representa Israel,
por conta de sua simplicidade e os gentios é representado como a serpente, por conta da
sagacidade (CHAMPLIN, 2014, p.377). Contudo aqui, o texto não faz alusão a estes
significados, e sim, das próprias características que estes animais têm.
Este réptil da família das Squamata (animais que não tem escamas). Pode abrir a boca
com mais de 150 graus, podendo ingerir grandes presas, por não ter um osso chamado
esterno, que é o osso que une a costela. Eles têm um sistema para rastrear presas muito
eficaz e algumas serpentes como a naja, conseguem expelir venenos em uma distancia
de 3 metros. Enfim, esta caçadora é muito perigosa, e é um animalzinho muito esperto e
rápido, além de se esconder com uma facilidade incrível. Em contrapartida a pomba é
um pássaro inofensivo, simples e indefeso, e aí é que está a lição que Cristo queria
passar aos apóstolos e a nós
Em meio aos lobos e aos perigos, ser rápido e esperto é muito importante. Não da para
marcar bobeira. O próprio Cristo escapou de inúmeras situações complicadas, onde
inclusive quase foi apedrejado.
Para pregar o evangelho, ou fazer a diferença neste mundo, ser esperto como as
serpentes se faz necessário, contudo, não podemos perder a simplicidade e o amor ao
próximo. Provérbios 13:16 diz:
“Toda pessoa prudente deve agir com sabedoria, mas o tolo torna pública toda a
sua tolice”.
Eu sempre tomei cuidado na hora de comunicar o evangelho, muitos usam uma
linguagem tão cristã que quem não conhece o evangelho não vai entender. Sempre
tomei cuidado também na hora de falar sobre religião. Tem gente que costuma “pregar”
o evangelho falando mal de outras religiões, como se isso fosse necessário para
transmitir a palavra
Cristo nos manda sermos prudentes e tomarmos cuidado com os lobos e também nos
manda sermos invisíveis e simples. Não seja aquele crente chato, que critica a todos e
que não sabe falar de outra coisa. Não seja aquele cristão que não se mistura com
pessoas diferentes dele, e por isso acaba virando aquele alienado que não sabe o que
está acontecendo com o próximo. E nem seja aquele crente que não liga para o perigo e
se expõe, a Bíblia manda sermos prudentes, com isso, às vezes dependendo do ambiente
o melhor a fazer é se calar.
Uma serpente sabe a hora de atacar e a hora de aguardar, o homem prudente também
deve saber. É sobre isso que o texto fala, sejam maduros, prudentes e simples. Este é o
segredo da boa pregação. Sem esquecer que não estamos aqui para convencer e sim
apenas para pregar, pois quem convence é o Espírito Santo.
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PRUDENTES COMO AS SERPENTES E SIMPLES COMO AS POMBAS


(Mateus 10:16-17) “Vede bem, eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos.
Portanto, sede prudentes como as serpentes, e simples como as pombas. E acautelai-vos
dos homens...”
Quanto ao primeiro [Cf. Lc 16:8], a serpente é aqui considerada com a própria
incorporação da astúcia ou perspicácia (Gn 3:1). A cautela e a prudência das serpentes
já haviam se tornado proverbiais. A sagacidade aqui recomendada como uma qualidade
humana, envolve a “capacidade de perceber” a natureza do que jaz ao redor, que no
âmbito pessoal, quer material, “circunspeção, senso comum santificado, sabedoria” de
fazer a coisa certa, no momento certo, no lugar certo e da maneira certa; uma séria
tentativa de sempre descobrir os melhores meios de alcançar o mais elevado alvo, uma
solícita e honesta busca de uma resposta a certas perguntas, tais como: “Como a glória
de Deus afetará meu próprio futuro, o de meu próximo?” “È esta a melhor forma de
enfrentar o problema, ou há outra forma mais executável?”
Tal sagacidade jamais implica compromisso com o mal. Jesus ensina que é dever do
homem ser não só sagaz como as serpentes, mas também honesto ou inocente [Cf. Fp
2:15] como as pombas. [QUANTO A POMBA VER COMENTÁRIO EM MATEUS
3:16]
[...] Entre outros, em quem essas duas características – astúcia e inocência – são
combinadas, está Davi em sua relação com o invejoso rei Saul, que se põe a persegui-lo
(1 Sm 24 e 26); Mordecai, em sua relação com o arrogante Hamã (Et 3:2-4; 4:12-14); e
Abigail, “uma mulher de bom senso e discrição”, em seu trato com seu insensato
esposo, Nabal (1 Sm 25:3).
A ligação existente entre os versículos 16 e 17, longe de ser abrupta, como alguns têm
imaginado, é na realidade natural. Jesus esteve falando sobre “lobos”, isto é, homens
maus que tentariam prejudicar as ovelhas. Portanto, ele agora prossegue: 17. E
acautelai-vos dos homens [...]. Tais homens maus certamente estavam presentes mesmo
antes da morte de Cristo na cruz e da sua ressurreição. Além do mais, não era Judas
Iscariotes um dos discípulos de Crist, e não era seu propósito entregar Jesus às
autoridades? E não existiam aqueles que constantemente estavam a pôr armadilhas para
o Salvador, e que buscavam sempre um motivo para apresentar acusação contra ele? O
ódio para com Jesus não implica também certo antagonismo por seus discípulos? A base
para a advertência de Cristo consiste, pois, no presente, ou seja, a condição prevalecente
já agora, durante o ministério terreno de Cristo.
(Fonte: Comentário de Mateus Vol. 1 – William Hendriksen – Ed. Cultura Cristã – p.
568 a 570)
O ESPÍRITO DE DEUS SIMBOLIZADO POR UMA POMBA
(Mateus 3:16) “E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os
céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele.”
Subitamente os céus se “abriram de par em par”, e João viu o Espírito santo!
Naturalmente que o Espírito mesmo não possui corpo e não pode ser visto com os olhos
físicos. Porém, diz-nos claramente que a terceira Pessoa da Trindade se manifestou a
João sob o simbolismo de uma pomba. O que foi fisicamente visto foi uma forma
corpórea semelhante a pomba. Ela foi vista descendo sobre Jesus. Não é claro porque
Deus escolheu a forma de uma pomba para representar o Espírito Santo. Alguns
comentaristas lembram a “pureza” e a candura ou “graciosidade” da pomba,
propriedades que em grau infinito caracterizam o Espírito e, portanto, também a Cristo.
Assim equipado e qualificado, Cristo estava em condições de assumir a dificílima tarefa
que o Pai lhe dera para realizar. Para salvar-nos do pecado, ele mesmo precisava ser
“puro”. Para suportar o tormento, perdoar nossas iniquidades e ter paciência com nossas
fraquezas precisava ser “bondoso, manso e gracioso”. Isso também ele possuiu em
medida superabundante, e ele disse aos seus seguidores que, pela graça e poder de Deus,
eles deveriam adquirir e exercer os mesmos dons.
João Batista observou que a forma de uma pomba simbolizando o Espírito,
“permaneceu” por algum tempo sobre Jesus (Jo 1:32-33). Não desapareceu
imediatamente. Isso aconteceu para estabelecer na mente de João, e da igreja toda
através dos tempos, não apenas que este Jesus era deveras o Cristo, mas também que o
Espírito agora repousava sobre ele “permanentemente”, capacitando-o com plenitude
agora a sua mais difícil, porém, também a mais gloriosa tarefa. Seria constantemente
lembrado que, embora a natureza divina de Cristo não carecia de ser fortalecida, e de
fato não poderia sê-lo, não sucedia o mesmo com referência à sua natureza humana.
Esta podia e carecia de ser fortalecida. O fato de que aqui lhe fora concedida a “unção”
do Espírito Santo, de modo algum constitui um conflito com a sua “concepção” pelo
poder do mesmo Espírito [Mt 1:20; Lc 1:35]. Os dois fatos se harmonizam de forma
muitíssimo bela.
(Fonte: Comentário de Mateus Vol. 1 – William Hendriksen – Ed. Cultura Cristã – p.
266-267)

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