Yoga Anatomia - Patologias e Lesões No Yoga
Yoga Anatomia - Patologias e Lesões No Yoga
Yoga Anatomia - Patologias e Lesões No Yoga
Apesar de o Yoga ser uma ciência embasada por uma filosofia única quando se
aborda o tema evolução humana, e ter como objetivo final a libertação dos
condicionamentos humanos, sua prática, principalmente no ocidente, se inicia através da
prática física. O praticante chega cheio de bloqueios físicos e mentais e terá que aprender a
reconhecer-se. Num primeiro contato esse reconhecimento se dará através do contato com
seu próprio corpo. A partir do momento que o indivíduo se percebe como corpo, passa a
perceber que tem controle sobre sua mente e a partir daí é êxito.
O ser humano moderno encontra-se repleto de compensações. O resultado de tanto
trabalho e pouco descanso ocasiona um corpo rígido, doloroso e doente. Dessa forma, as
dores de coluna e articulações são frequentes devido a essa sobrecarga e, embora o corpo
tenha a capacidade de se auto curar, nos processos crônicos e de pouco repouso, acaba
sofrendo e muitas vezes colapsando. Para dar conta dessa realidade, vemos no Yoga a
ferramenta ideal e mais completa. Falando de corpo físico, a prática de Asanas é o caminho
mais direto e quando somado a todos os outros elementos do Yoga, é possível atingir o
objetivo dessa filosofia, a Auto Realização.
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“Postura estável e confortável.”
Estável não é rígida e confortável não é relaxada. É aquela equanimidade. Nem tão lá
nem tão cá. Biomecanicamente falando é procurar a estabilidade, o menor gasto energético
para se manter posicionado. Na linguagem do Yoga, encontrar o caminho do meio.
Embora os efeitos físicos sejam fantásticos (alongamento, fortalecimento,
massageamento dos órgãos internos, respiração, etc), não se realiza o Asana apenas com
propósitos físicos mas também com propósitos imateriais (autoconhecimento, expansão da
consciência, meditação, iluminação).
Quanto mais avançamos na prática com disciplina e não-violência, mais adentramos
em nossa verdade interior e podemos ser plenos! E qual é mesmo o objetivo da prática de
Asana? É estar apto a sentar-se para meditar. Não é a performance na realização de
posturas bonitas e acrobáticas. Obviamente queremos fortalecer o corpo, torná-lo flexível,
ter disposição e saúde plena. A prática de Yoga como um todo nos leva aí. E já que
gostamos tanto de praticar os Asanas e sentimos tanta conexão e bem-estar praticando, é
importante que possamos entender o corpo físico e seus mecanismos para maior efetividade
e consciência corporal.
Quando temos uma boa consciência corporal e dos nossos funcionamentos,
podemos facilmente perceber quando começamos a sentir ansiedade ou quando a testa
começou a enrugar de preocupação... e então podemos rapidamente desfazer esses
padrões, respirar e tornar novamente nossa mente equânime. Ok, requer anos de prática e
muita vontade e dedicação.
Por esses motivos, a anatomia, fisiologia, cinesiologia e estudo das patologias
humanas se tornam ferramentas fundamentais para professores de Yoga que irão receber
alunos com as mais diversas disfunções psicofísicas e para praticantes dedicados que
buscam se aperfeiçoar.
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ROTEIRO
A seguir, serão apresentadas todas essas estruturas. Nesse primeiro momento não
se atenha em decorar os nomes das estruturas, mas sim em compreender cada parte e a
relação entre elas. O importante é saber onde estão as coisas, como elas funcionam e como
estão integradas. Procure fazer um caminho interior, percebendo cada estrutura e função em
si mesmo, começando de dentro para fora.
Vamos começar pela Anatomia, reconhecendo todas as estruturas físicas, os ossos,
as articulações e os principais músculos do nosso corpo. Em seguida, estudaremos o
Movimento, a Cinesiologia (alongamento, fortalecimento, flexibilidade, entre outros) e, por
fim, a postura.
Vamos fazer um caminho interior, percebendo cada estrutura e função em si, de
dentro para fora. Estou propondo esse estudo para REFINAR, para aumentar a consciência
corporal e como consequência seu autoconhecimento. Caso seja professor de Yoga, esse
conhecimento é fundamental. O corpo humano é a ferramenta divina para nossa
transcendência. Vamos conhecê-lo melhor!
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Ter essa compreensão é fundamental para sua segurança na prática, até mesmo em
práticas mais vigorosas. Essas práticas certamente favorecem nosso desenvolvimento, mas
é um fio de cabelo para cairmos nas armadilhas do ego, da ganância, da aparência externa
simplista e, ainda, adquirir lesões físicas que irão impedir a prática por algum tempo.
Lembre-se que o objetivo maior da prática de asanas é um bom assento para
meditação, sem que seu corpo desconfortável ou machucado lhe chame a atenção para
baixo.
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PRINCIPAIS ENFERMIDADES DA COLUNA
HIPERLORDOSE
- Pessoas obesas podem inclinar o corpo para trás causando aumento na curvatura
lordótica, uma vez que terão que se adaptar gradativamente à uma mudança em seu eixo
gravitacional.
- Dormir de bruços, ou seja, de barriga para baixo. Essa posição aumenta a curvatura
lombar e como dormimos em média 6 a 8 horas, isso pode sobrecarregar. Principalmente se
essa postura for adotada no período de crescimento da criança, conformando as vértebras
conforme a solicitação.
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HIPERCIFOSE
RETIFICAÇÃO DA COLUNA
Na prática de Yoga temos o hábito de estender demais a coluna, na tentativa de
ficarmos eretos! Isso acaba auxiliando pessoas que estão indo na direção da hipercifose.
Porém, se exageramos, acabamos desfazendo a curvatura natural, às vezes, invertendo-a.
A isso chamamos retificação da coluna, que pode acontecer em todas as regiões da
coluna, com exceção ao sacro e cóccix que são fixos.
NA PRÁTICA:
Podemos observar no Adho Mukha Svanasana uma retificação excessiva da coluna
torácica. O ideal é dobrar os joelhos antes de tudo, com foco no alongamento dos músculos
posteriores da coxa, liberando os ísquios que farão anteversão na pelve e reorganizando a
coluna lombar.
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ESCOLIOSE
A escoliose é um desvio da coluna vertebral para a esquerda ou direita, associada a
uma rotação, resultando em um formato de “S” ou “C”. É um desvio da coluna em flexão
lateral acompanhada de uma rotação para o lado contrário. Isso gera uma gibosidade
aparente em um exame simples de flexão do tronco.
Para ser considerada uma escoliose verdadeira, a vértebra central que participa da
flexão lateral e rotação da coluna vertebral deverá ter uma deformação em forma cunha,
ocasionada pela sobrecarga de peso sobre essa estrutura de maneira desalinhada.
Caso contrário é chamada de postura escoliótica, a qual leva a uma tendência a
desenvolver uma escoliose estrutural, ou verdadeira, porém que pode ser modificada a
partir da adoção de uma nova postura mais alinhada, apoiada por músculos fortes e nossa
vontade interna.
LOMBALGIA
A lombalgia é um termo amplo para denominar as dores na região lombar. Não é
uma doença, é uma condição que pode ter diferentes causas, algumas simples e outras
mais complexas. Algumas vezes, a dor se irradia para as pernas.
Muitas vezes a sensação que a pessoa tem de dor lombar é relacionada à região
lombar, quando na verdade a disfunção está na articulação sacroilíaca, uma articulação que
a maioria das pessoas não conhece.
CIÁTICA
O nervo ciático é considerado o maior do corpo humano. Formado pelas raízes
nervosas dos segmentos L4, L5, S1, S2 e S3 da coluna lombo-sacra e estende-se desde a
face posterior do quadril, descendo por trás da coxa e dos joelhos até alcançar o dedo
maior do pé.
É esse plexo que possibilita o movimento dos músculos das pernas permitindo as
articulações dos membros inferiores, além de ser responsável pelas sensações. A dor é
causada por algum tipo de inflamação ou dano ao nervo ciático (que pode ocorrer dentro do
canal espinhal ou em algum outro ponto do percurso que o nervo faz), por contratura
muscular no trajeto do nervo, ou ainda pela pressão da coluna sobre o nervo.
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HÉRNIA DE DISCO
Esse é o grande medo dos professores e alunos de Yoga. Uma condição muito
comum que acomete a muitas pessoas e que pode ser também assintomática. Vamos
desmistificar o assunto e entender como ela ocorre. No espaço entre as vértebras, que são
estruturas ósseas, existe um disco fibrocartilaginoso formado por uma região externa mais
fibrosa e uma região interna mais hidratada. Essa parte interna é o núcleo gelatinoso, o
qual se desloca para todos os lados distribuindo a carga nos diferentes movimentos
impostos à coluna.
Como um chicletes babaloo, se você o pressionar do lado direito, o recheio irá se
deslocar para o lado direito, na coluna vertebral, em diferentes posições do tronco, o núcleo
será deslocado para o lado oposto. Isso é normal acontecer. Deve ter movimento ai. Porém,
posturas sentadas com braços em cima da mesa de trabalho, mantidas por muito tempo e
sem realizar um movimento de compensação, começa a deteriorar as bordas do disco
intervertebral (babaloo), permitindo vazar o núcleo gelatinoso (recheio).
Conforme a movimentação desordenada, o avanço da idade ou até mesmo por um
trauma direto, essa região mais externa do disco começa a se degenerar. Como o núcleo é
gelatinoso, ele se desloca para a região de menor tensegridade. A hérnia de disco é a
projeção da parte central do disco intervertebral (o núcleo pulposo) para além de seus
limites normais (a parte externa do disco). Ocorre geralmente póstero-lateralmente, em
virtude da falta de ligamentos que sustentam o disco nessa região.
Essa projeção pressiona o nervo em sua saída do espaço intervertebral ou pressiona
a medula espinhal que pode ocasionar uma dor muito intensa e até mesmo diminuição da
função de todas as estruturas que são inervadas por esse nervo em compressão.
Na prática de Yoga devemos ter cuidado principalmente em posturas que envolvem
flexão do tronco somada a rotação.
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ESPONDILOLISTESE / ESPONDILÓLISE
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PRINCIPAIS CUIDADOS COM A COLUNA VERTEBRAL
- Praticar sempre algum Asana que fortaleça o abdômen e mantê-lo ativo durante a
execução de posturas que necessitem mais força para executá-las ou mantê-las.
- Sempre manter uma leve curvatura torácica durante a prática de Yoga e meditação.
Muitas vezes, procurando ficar ereto, podemos estender demais a coluna torácica,
retificando a sua cifose natural.
- Posturas invertidas!!! É a postura final. O praticante deve passar por todas as fases,
inclusive yamas e niyamas, e desenvolver um tônus corporal para poder se levantar a partir
de um controle fino e comando específico de cada músculo. Se elevar a partir do controle
preciso da musculatura, respiração, intenção, sem ocasionar sobrecarga sobre a coluna
cervical. Então estará pronto para executar com habilidade e se beneficiar do
aprofundamento da prática de Meditação.
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PRINCIPAIS ENFERMIDADES DAS ARTICULAÇÕES
ARTROSE
A osteoartrose é uma doença que afeta as articulações sinoviais alterando todos os
tecidos que as envolvem, levando a um quadro de "insuficiência articular". É uma das
doenças crônico-degenerativas mais comuns, sendo a coluna vertebral um dos segmentos
mais acometidos, seguida por grandes articulações.
Apesar de ser uma doença degenerativa relacionada com a idade, importantes
fatores de risco como história familiar, obesidade, traumas articulares e doenças sistêmicas,
como a gota ou artrite reumatóide, alterações anatômicas e atividade física exagerada,
desempenham papel fundamental na degradação da cartilagem e formação dos osteófitos.
A maior dificuldade na prática de Yoga é a dor local, principalmente na articulação do
joelho, já que nos levamos sempre ao chão e, abaixar e levantar se torna um empecilho
para essas pessoas. O apoio do joelho no chão também pode ser muito doloroso.
Em casos leves, costumo sugerir que o aluno coloque um tapetinho dobrado sobre
seus joelhos.
ARTRITE
A Artrite reumatoide é uma doença inflamatória que acomete principalmente
pequenas articulações como os dedos das mãos e pequenas junções como da clavícula em
relação a escápula, por exemplo.
Essa inflamação gera rigidez e dificulta muito o movimento, impedindo a realização
das atividades da vida diária. Promove deformidades progressivas e formação de tecido de
granulação que ocasiona erosão na cartilagem articular. Na prática de Yoga o limite é a
sensação do praticante. Quando em crise talvez impossibilite a prática, porém, o
fortalecimento muscular pode auxiliar a impedir o seu desenvolvimento, uma vez que
diminui a sobrecarga articular.
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TENDINITE
Tendinite é a inflamação dos tendões (fixam os músculos nos ossos). Ocasiona dor
pontual, tumefação do tecido conjuntivo dificultando o movimento articular. Pode acometer:
joelhos, ombros, cotovelos (epicondilites), tendão de aquiles, manguito rotador, tendão
patelar, síndrome do túnel do carpo, tendinite de Quervain (polegar).
BURSITE
OSTEOPOROSE
É a descalcificação progressiva dos ossos que, por sua vez, se tornam frágeis. É
uma doença na qual ocorre diminuição da massa óssea e piora da qualidade do osso. Em
casos leves é denominada Osteopenia, onde ocorre apenas a diminuição de cálcio.
Qualquer osso pode ser afetado pela osteoporose, mas fraturas ósseas da coluna
são particularmente preocupantes. Uma lesão na coluna pode causar severa dor nas
costas, podendo inclusive levar à deformidade vertebral, uma vez que a coluna enfraquece
e tem dificuldade de carregar o próprio peso. A osteoporose também pode fazer com que
você fique mais baixo, já que eles vão se degenerando, e diminuindo a altura. Os ossos não
serão mais tão fortes nem darão tanto apoio quanto costumavam.
A osteoporose é vista com mais frequência em pessoas idosas, mas pode ocorrer
em pessoas mais jovens também, principalmente relacionada à alimentação. Mulheres que
estão passando pelo período da menopausa são mais suscetíveis a desenvolver
osteoporose; o que não excluiu a sua incidência em homens.98
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PREVENÇÃO DAS LESÕES NA PRÁTICA DE ASANA
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- Pressione o dedão do pé no chão quando se apoiar sobre uma perna, isso fará com
que a força suba pelos músculos das pernas te elevando e protegendo suas articulações.
- Não se alimente logo antes da prática. O ideal é praticar com o corpo vazio. Caso
coma algo, mastigue muito bem. Tome pouco líquido antes e bastante depois.
- Não pratique se estiver com febre, gripado ou com dor de cabeça intensa. Nessas
condições o corpo está se mostrando debilitado e requer repouso.
- Não tome analgésicos ou remédios de controle antes da prática, isso pode camuflar
alguns sintomas e favorecer um desequilíbrio do organismo.
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