Idade Media 3

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Gércia Felismina Fausto Bié

Licenciatura em Ensino de História

1°-Laboral

Tema: A civilização do Ocidente Medieval

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo, Novembro de 2022


Gércia Felismina Fausto Bié

Licenciatura em Ensino de História

1°-Laboral

Tema: A civilização do Ocidente Medieval

Trabalho da Faculdade de Ciências


Sociais e Filosofia, a ser submetido na
cadeira de História da Idade Média
sob orientação de;

D,r: Ângelo Bunguele

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo, Novembro de 2022


Introdução

O presente trabalho abordará sobre a vida material que foi de grandes progressos nesta época,
partindo de progressos técnicos que foram de grande importância para a progressão das
tecnologias medievais, falaremos também do corporativismo que foi a criação de corporações
para dividir sectores de trabalho de forma organizada naquela época e por fim as ordens ou
grupos sociais onde com precisão, irá se abordar sobre as três ordens que existiram naquela
época, nomeadamente: oratorres, belatorres e laboratorres (os que oram, os que lutam e os que
trabalham).

Objectivos

Objectivo Geral

- Compreender a civilização do ocidente medieval.

Objectivos Específicos

- Entender a divisão dos grupos sociais da Idade Média;

- Analisar os progressos técnicos da vida material;

- Estudar as corporações da Idade Média.

Metodologia

Segundo Gil (2006) Metodologia é um conjunto de técnicas ou procedimentos que ordenam o


processamento e esclarecem acerca dos meios adequados para se chegar a um conhecimento.

Para a elaboração do presente trabalho foi usado material já elaborado, onde com a leitura do
mesmo, discutiu-se, elaborou-se fichas de leitura, com vista a sistematizar e sintetizar o material
e por fim a elaboração da redacção final.
Idade Média

É um período da história da Europa entre os séculos V e XV. Este período inicia-se com a queda
do império romano do ocidente e termina com a transição do para a idade Moderna. Este período
foi marcado pela influencia da igreja católica e foi divida em alta idade média e baixa idade
média. A idade média é dividida pelos historiadores em duas grandes fases, nomeadamente:

 Na alta idade média entre os séculos V ao X- neste percurso a europa passava por
transformações derivadas da desagregação do império romano e o feudalismo estava em
formação e no qual a europa começou a sofrer transformações oriundas do renascimento
urbano ou e comercial.
 e baixa idade média entre os séculos XI ao XV- e no qual a europa começou a sofrer
transformações oriundas do renascimento urbano ou e comercial.

Feudalismo

O feudalismo é o nome que se dá ao período que existiu na Europa durante a Idade Média, era
uma organização social, política, cultural, ideológica económica

Vida Material

Segundo Le Goff (2005:191) o mundo bizantino, o mundo muçulmano e a china, superavam pelo
brilho da economia monetária, da civilização urbana, assim como da produção de luxo, mas o
nível das técnicas ainda era baixo. Nesta época a Alta idade Média, chegou a conhecer uma
regressão em relação ao império romano, em controvérsia progressos tecnológicos importantes
aparecem e se desenvolvem a partir do século XI. A essência deste progresso era mais
quantitativa do que qualitativa, não foi negligenciável. Difundiram-se instrumentos, de maquinas
e técnicas, que na antiguidade foram consideradas curiosidades do que inovações, que foi um
aspecto muito positivo na evolução técnica desta idade.

Para Le Goff (2005:191) Das invenções medievais, existem duas que se destacam e que
remontam à antiguidade, consideremos o início destas invenções a difusão e não a descoberta,
que ocorre na Idade Média. O moinho de água que era conhecido na Ilíria desde o século 2º a.C e
na Ásia Menor desde o século 1º a.C., e existiu no mundo romano: Vitrúvio descreveu
mostrando que os romanos foram os primeiros a fazer moinhos de água com um aperfeiçoamento
notável, substituindo as rodas horizontais primitivas por rodas verticais com uma engrenagem
que religava o eixo horizontal das rodas ao eixo vertical dos rebolos. No século 9º o moinho já se
havia difundido no Ocidente. No século X os Annales de Saint˗Bertim descrevem a construção
abade pelo moinho de água perto de Saint˗Omer. O desenvolvimento do moinho hidráulico
remontou entre os séculos XI˗XIV.

Imagem do moinho de água.

Le Goff (2005:1912) Supõe-se que a charrua medieval derive da charrua com rodas descrita no
século I por Plínio o Velho, esta que foi difundida e a aperfeiçoada na Idade Média por países
eslavos na Morávia, antes da invasão húngara no século X.

Acredita-se que um bom número de "invenções medievais" não sejam de herança greco˗romana,
mas sim, que venham de empréstimos orientais. Provavelmente isto ocorreu com o moinho do
vento, conhecido na China, depois na Pérsia no século VII, conhecido na Espanha no século X e
só no fim do século XII apareceu na cristandade. A localização dos primeiros moinhos do vento
é visível actualmente numa zona limitada em torno do canal da mancha (Normandia, Ponthieu,
Inglaterra). A diferença entre o moinho Oriental, Ocidental e Mediterrâneo, é que o Oriental era
sem pás, mas era munido de grandes aberturas que canalizam a acção dos ventos sobre grandes
rodas verticais, o Ocidental tinha quatro longas pás e o mediterrâneo com diversas velas
triangulares esticadas por um cordame.

Imagem dos moinhos

A igreja fez progredir as técnicas em virtude do tempo, ou seja, segundo a necessidade e


realidade em que a sociedade esta inserida, este avanço trouxe a construção de igreja, os
primeiros grandes edifícios da Idade Média. O progresso técnico não se limita somente a
construção, mas se refere também no que diz respeito aos instrumentos, aos transportes (carro de
Elias) e as artes menores como a do vitral (símbolos).

Não há nenhum outro sector de vida em que um outro traço de mentalidade˗ horror da
"novidade" tenha atingido com mais força antiprogressista do que no domínio técnico, para eles,
inovar era nada mais que um pecado, criando-se assim uma mentalidade estática das coisas, o
que colocava em perigo o equilíbrio económico, social e mental.
A fraqueza do Maquinismo Medieval

Segundo Le Goff (2005:195) O maquinismo medieval viu-se enfraquecer nos sectores de base,
predominantemente, os instrumentos sobre a máquina, a fraca eficácia da ferramenta, a
insuficiência das ferramentas e das técnicas rurais, que produziam fracos rendimentos, a
mediocridade do equipamento energético, dos transportes, das técnicas financeiras e comerciais.

Para Le Goff (2005:191) O maquinismo não trouxe nenhum avanço visível na Idade Média, pois
quase todas as maquinas usadas nesta época vinham da era helenística. O sistema medieval
também nada inovou nos sistemas de transmissão e transformação dos movimentos. Existiam 5
caldeias cinemáticas, parafuso, roda, dente, lingueta e polia, que já eram conhecidas na
antiguidade. A última destas invenções, a canívela parece uma invenção medieval, pois esta
aparece durante a alta Idade Média em mecanismos simples rebolo giratório descrito no saltério
de Utrecht na metade do século IX, mas não parece propagar-se antes do fim da Idade Média, a
sua forma mais eficaz apareceu como biela˗manivela no fim do século XIV. Estes mecanismos
que foram criados por diversão ou curiosidade, autómatos alexandrinos, difundiram se e
adquiriram uma eficácia na Idade Média.

A fraqueza das máquinas medievais provém de um estado tecnológico geral ligado a uma
estrutura económica e social. Quando os aperfeiçoamentos aparecem, como nos tornos à
manivela empregado nos teares, que aparece em 1280 no quadro da crise da indústria têxtil de
luxo.

A madeira e o Ferro

Segundo Le Goff (2005: p;199) Peças pequenas e mal trabalhadas constituíam um material
universal na Idade Média, muitas vezes de má qualidade mas que servia para alguma coisa.
Construíam edifícios ou navios com madeira de carvalho.

Os usos da madeira na Idade Média foram extremamente diversificados, o que levou Marc Bloch
a afirmar que esse período da história viveu sob o signo da madeira.

Durante o período conhecido como Alta Idade Média, que compreendeu as acções dos homens
no continente europeu entre os séculos V e XI, a madeira exerceu uma importante função na
produção material da vida dos homens medievais.
Extraída principalmente dos bosques que circundavam as áreas habitacionais e de cultivo
agrícola, a madeira era utilizada para diversas funções. Os bosques incluíam-se nas áreas
denominadas como incultos, alcunha dada por não haver actividade humana no trabalho da terra,
sendo espaço de caça e de extracção vegetal e mineral. A madeira era usada como: combustível,
ela era utilizada nas manufacturas para a produção metalúrgica, de sal, do vidro, da cerâmica,
além de cal e gesso; no ambiente doméstico, como na cozinha, para o aquecimento e para a
iluminação, as cinzas serviam de matéria-prima para a produção de sabão e detergentes,
tinturaria, fabricação de vidros e fertilizantes.

Le Goff (2005:200) Diz que a construção de edifícios, ela estava presente em fortificações,
paliçadas, pontes, navios e outros meios de transporte. A madeira era também utilizada para a
confecção de inúmeros instrumentos de trabalho agrícola, como arados. Mobiliário e utensílios
utilizados no quotidiano, como os destinados à alimentação e a diversos outros usos, tinham a
madeira como matéria-prima. Até os instrumentos militares tinham partes que eram fabricadas a
partir da madeira. Tamanha era a dependência dos homens e mulheres medievais em relação a
essa matéria-prima. Inclusive na estética das edificações, havia afirmações que as construções
em madeira eram mais belas que as construídas de pedra.

Essa dependência levou João Bernardo a escrever que por ocupar o lugar central na vida
produtiva medieval, possivelmente não teria “existido nenhum outro sistema tecnológico tão
inteiramente dependente de um material único, sendo utilizado para uma gama tão vasta de
actividades. O historiador ainda contrapõe as teses ecologistas, contrárias à produção capitalista,
que criticam o uso do carvão e do ferro como causadores iniciais dos desequilíbrios ambientais
provocados pela civilização industrial, ao fato de que os materiais adoptados nos primórdios do
capitalismo eram uma reacção ao esgotamento da madeira nos bosques europeus.

Dessa forma, as novas matérias-primas e técnicas contribuíram para a diminuição da extracção


madeireira nas áreas florestais, ao passo que diminuíram a dependência em relação à madeira
como principal matéria-prima do sistema tecnológico medieval.
Durante a Idade Média era comum a imagem do ferreiro da aldeia, responsável por toda a
metalurgia do povoado e forjador de armas, já que era sua função fabricar as espadas, lanças,
machados, etc., utilizados pelos soldados, bem como as couraças, elmos e outros dispositivos de
protecção. Ao conjunto de ferramentas utilizadas por este profissional, dá-se o nome de “forja”,
sendo este termo também utilizado para designar a oficina deste artífice.

As matérias-primas utilizadas são o aço e o ferro bruto, e o carvão, para a combustão. Muitas das
ferramentas que os ferreiros utilizavam haviam sido herdadas da família, visto o ofício,
transmitir-se, regra geral, no seio familiar.

Imagem de um ferreiro na Idade Média:

Uma das ferramentas mais utilizadas é o grande fole, com o qual avivam o fogo, atiçando e
mantendo o carvão em brasa, através do ar comprimido e depois insuflado, que sai do seu bico,
numa actividade constante. É a acção do calor que fornece ao metal um tom incandescente,
tornando-o maleável.

As tenazes permitem segurar as peças, as quais, sobre a bigorna, e com o auxílio do martelo, são
modeladas, dando-lhes o ferreiro a forma desejada.

Antigamente, estes profissionais produziam, essencialmente, ferramentas e utensílios de


trabalho, nomeadamente alfaias agrícolas mas, também, outros objectos usados no quotidiano.
Os agricultores eram os trabalhadores que mais recorriam a estes artífices para a construção das
suas alfaias agrícolas, ou para a sua manutenção, como os arados, as enxadas, as foices, os garfos
ou as pás. Mas também os moleiros, os tanoeiros e tantos outros profissionais, a eles recorriam,
para o fabrico das ferramentas, em aço ou ferro, necessárias às suas profissões. Por esse motivo,
eram muito procurados e bem remunerados.

O material que rivalizava com o madeira na Idade Média não é o ferro, mas sim a pedra. Por
causa da sua raridade, o ferro oferecia em geral apenas um pequeno complemento, gumes de
ferramentas, pregos, ferragens tirantes e correntes que reforçam os murros.

Madeira e pedra são os dois materiais fundamentais da técnica medieval, por isso que os
arquitectos são ao mesmo tempo carpinteiros e pedreiros e os trabalhadores das construções são
qualificados como trabalhadores em madeira e pedras.

Segundo Le Goff (2005:203) A madeira e pedra constituíam um material nobre, através destas,
foram construídas casas constituídas como riqueza e poder˗ Deus e igreja, e os senhores em seus
castelos foram os primeiros a tê-las. O que em pouco tempo, ter casas de pedras se tornou a
ascensão dos mais ricos burgueses.

A idade Média é para nós uma gloriosa colecção de pedras das catedrais e dos castelos. Mas
estas não apresentam senão uma ínfima parte do que existiu. Restaram-nos apenas alguns ossos
de um corpo feito de madeira e de materiais mais simples perecíveis ainda, como palha, barro,
massa. Nada ilustra melhor a crença fundamental da Idade Média na separação da alma e do
corpo e na sobrevida apenas da alma.

Técnicas Rurais

Segundo Le Goff (2005:203) No sector rural viu-se o aspecto mais grave do equipamento técnico
da Idade Média. A base da economia medieval na vida material era a terra e a economia agrária,
tudo condicionado a riqueza, poder político e social. Mas infelizmente os homens não estavam
capacitados a tirar proveito suficiente da terra medieval.

O que influenciou primeiro são os matérias rudimentares usados pelos agricultores, desta feita,
faziam lavragens pouco profundas. O arado antigo, adaptado aos solos poucos profundos e aos
terrenos acidentados do domínio mediterrâneo, subsiste em muito tempo e em muitos lugares.
Para o aperfeiçoamento das técnicas agrícolas, não foi mais do que uma repetição desta prática
que culminou na intensificação da lavoura e difundiu a prática de três lavragens e na transição do
século XIII para XIV de quatro. A carência de instrumentos em certa medida fez com que o solo
enriquecesse por meio de estrume, mas mesmo assim a agricultura continuou fraca.

Fontes de Energia

Segundo Le Goff (2005:207) O progresso de fontes de energia notável na Idade Média é a


difusão dos moinhos, sobretudo os moinhos de água e nas diversas aplicações de energia
hidráulica, com os moinhos de pisão, moinhos de cânhamo, moinho de curtidores, moinhos de
cerveja e moinhos de amolação. No que diz respeito aos moinhos de pisão, poe exemplo, tiveram
uma regressão na França no século XIII, na Inglaterra conhece o verdadeiro impulso no século
XIII, e alguns já consideravam isso o inicio da revolução industrial e na Itália se fez presente
rapidamente em toda parte.

Segundo Le Goff (2005:207) A produtividade das fontes humanas de energia, que Carlo Cipolla
denominou de conversores biológicos, ara reduzida, pois a classe dos produtores coincidia em
geral com uma categoria social mal alimentada. Pelo menos 80% da energia na sociedade
medieval pré-industrial, a disponibilidade de energia que daí provinha era fraca, mais ou menos
10.000 calorias diárias por pessoa. Não de se surpreender que o capital humano fosse precioso
para os senhores medievais.

Durante a Idade Média, as energias de curso d'água e dos ventos foram utilizadas, mas em
quantidades insuficientes para suprir as necessidades das populações crescentes, sobretudo nas
cidades. Após a Revolução Industrial, foi preciso usar mais carvão, petróleo e gás que tem um
custo elevado para a produção.

Os navios

Segundo Le Goff (2005:212) Mesmo com progressos técnicos o transporte marítimo continua
escasso, pois estes avanços não tinham produzido um enfeito antes do século XIV ou pode-se
supor que a sua aplicação foi limitada.

A tonelagem das frotas da cristandade ocidental era pequena. A pequena dimensão dos barcos foi
o começo. Mesmo com aumento das tonelagens nos séculos XII e XIII, especialmente no norte,
onde os barcos tinham que transportar produtos volumosos como grãos e madeira, é onde
aparece a kogge ou coque hanseática, ou no mediterrâneo, onde em Veneza eram construídas as
galeiras, ou melhor, galés ˗ galee da mercatto ˗ de maiores dimensões. Uma capacidade superior
á 200 toneladas parece excepcional. Portanto, no geral também era pequena. O número de
navios grandes era muito limitado. Os comboios que Veneza – a primeira potencia da época-
organiza a partir do começo do século XIV, em número de 1 ou 2 por ano, com destino á
Inglaterra e Flandres, comportam duas ou 3 galeiras. O número total de galee da mercatto em
serviço nas três principais rotas de comércio do primeiro quartel do século XIV, era cerca de 25:
em 1328, por exemplo, 8 destinavam-se ao ultramar, quer dizer, Chipre e a Armênia; 4
destinavam-se Flandes; e 10 destinava-se a Romania, isto é, o império Bizantino e o mar negro.
Em Agosto de 1315, quando ao receber notícias alarmantes, o grande conselho ordenou a 6
navios no mediterrâneo que formassem o comboio, excluindo 9 dos seus navios grandes, cuja
lentidão não os tornava aptos a viajar em comboios. Normalmente a construção destes navios
deveriam ser em virtude do seu tamanho devido a fins militares, o tamanho e a lentidão dos
mesmos.

A introdução de leme de cadaste, que se difunde no transcorrer do século XIII, tornando os


navios mais manejáveis, provavelmente não foi tão importante como se acreditou. Quanto ao uso
da bússola, que levou a elaboração de mapas mais exactos e que permitiu a navegação durante o
inverno este se difundiu somente após 1280. A idade média ignorou o quadrante e o astrolábio
náutico, que são instrumentos do renascimento.

Os progressos Técnicos

Segundo Le Goff (2005:213) A insuficiência na extracção mineral: a fraqueza do engenhos de


perfuração, de levantamento, a incapacidade técnica de retirar a água limitava e extracção as
jazidas superficiais ou pouco profundas: de ferro (apesar dos progressos a partir do século XII),
cobre e chumbo (dos quais estão bem informados por um código mineiro do início do século XII
para a região de massa marítima na Itália), carvão mineral (talvez conhecida na Inglaterra desde
o século IX, seguramente mencionado no ferez em 1095, mas que só começa a ser explorada no
século XIII), estanho (produzindo principalmente na cornuagem) de cuja estação nada se sabe,
minas de ouro e de prata e logo se revelaram incapazes de atender a demanda de uma economia
cada vez mais monetária e cuja insuficiência (apesar da intensificação da exploração,
principalmente na Europa Central, por exemplo, Kutna hora, na Boêmia) provocou a fome
monetária do fim da Idade Média que acabou apenas com afluxo de metais americanos no século
XVI.

Estudo demonstrando o enorme avanço tecnológico da mais caluniada das épocas históricas, a
Idade Média. Todavia, a Idade Média foi época de muitos inventos, grandes e pequenos, de cuja
origem às vezes não se suspeita.

No século XI, os europeus começaram a usar ferraduras nos animais; isto lhes aumenta a vida
útil e, com a utilização da carreta de quatro rodas, possibilita um distanciamento maior entre a
aldeia e os campos. “Do século X ao século XII, generaliza-se no Ocidente o moderno
atrelamento dos animais, a coelheira dura, os tirantes, a disposição em fila e a ferragem com
pregos: desde então os cavalos podem tirar com toda a sua força e peso, em vez de erguerem a
cabeça, semi-estrangulados, como ‘os altivos corcéis’ da Antiguidade. A pavimentação das
estradas, mais fácil e mais económica, substitui com vantagem o lajeamento das vias romanas.

Segundo Giordani (1993:158) A partir do século X, os cursos d’água são regulados, cortados por
desvios, barragens e quedas destinadas a movimentar moinhos de cereais e lagares. A partir do
século XII, explorou-se outra fonte de energia: o vento. Os moinhos de vento são mencionadas
em Arles pela primeira vez entre 1162 e 1180. No século XIII, já se comprova a existência de
moinhos de maré na foz do Adour, perto de Bayonne.

Uma economia de Subsistência

Segundo Le Goff (2005:218) A economia medieval era de subsistência, onde a agricultura


bastava para a alimentação da comunidade.

Corporativismo

O corporativismo é uma ideologia política que defende a organização da sociedade por grupos
corporativos, como associações ou sindicatos agrícolas, trabalhistas, militares, científicas ou
associações de guilda, com base em seus interesses comuns. O termo corpo é derivado do latim
corpus, ou "corpo humano".

O espírito associativo medieval


Segundo Mattoso e Henriques (1954:237) Para que houvesse parentesco e irmandade, era
necessário unir os indivíduos por "pactos de paz" mediante organização de confrarias¹ religiosas.
Este movimento se alastrou por muitos lugares, tendo passado do domínio religioso para
actividade económica e política. Novas confrarias religiosas e associações de comerciantes,
artistas e profissionais de trabalho, foram surgindo por toda a parte.

Tudo parecia correr bem nas comunas, até que a burguesia alcançou o prestígio que levou a
formação de um verdadeiro patriciado de cidadãos ricos que tomaram posse de cargos
administrativos e puseram de lado os artistas profissionais que já existiam.

Segundo Mattoso e Henriques (1954:237) Estes profissionais julgaram esse acto uma injustiça
por parte dos burgueses, eles viram a necessidade de intensificara vida associativa, com o
objectivo de: se livrarem das violências da burguesia, regulamentar as condições de trabalho,
defender os salários, aperfeiçoar a produção e conquistar a liberdade civil e económica.

As confrarias

Para Mattoso e Henriques (1954:238) Os pequenos comerciantes, patrões e artistas industriais,


com o consentimento da igreja, organizaram associações de piedade e de assistência, chamadas
confrarias. Servia para se socorrer a si mesmos e tinha como sede a capela de um santo, onde
reuniam-se os componentes ou "confrades" para fins religiosos ou caritativos, eles assistiam
missas celebradas por alma dos membros falecidos, festejavam o santo protector, socorriam os
confrades necessitados. As cotizações eram recolhidas em cofre comum, eram administradas
pela direcção de confraria, escolhida por eleição.

As corporações de artes e ofícios, As hansas

Na idade Média a igreja católica patrocinou a criação de várias instituições, incluindo


irmandades, mosteiros, ordens religiosas e associações militares, especialmente durante as
cruzadas. Na Itália, vários grupos e instituições baseados em funções foram criados, icluindo
universidades, guildas para artesãos e outras associações profissionais. As Corporações de Ofício
tinham o objectivo de regulamentar as profissões e o processo produtivo artesanal, evitar a
concorrência, bem como garantir a segurança de seus membros.
Segundo Mattoso e Henriques (1954:238) Junto das confrarias vieram a formar-se associações
profissionais de artistas ou misturais, que foram pouco a pouco, reunindo os trabalhadores de
cada profissão. Estas associações transforam-se em verdadeiros sindicatos e passaram a exercer a
acção política, económica e social, com o nome de corporações de artes e ofícios.

Formou-se aqui uma espécie de "nobreza colectiva" na qual os artistas apareciam divididos em
aprendizes, companheiros e mestres. Eram formadas hierarquicamente por Mestres (donos das
oficinas que possuíam os maiores conhecimentos no ramo), Oficiais ou Companheiros
(trabalhadores remunerados e mais experientes) e os Aprendizes (trabalhadores não remunerados
no início da profissão). Ainda que as Corporações de Ofício surgiram em prol do
desenvolvimento económico, haviam também as corporações de cunho religioso (também

As Guildas Medievais representavam associações de profissionais (sapateiros, ferreiros, alfaiates,


marceneiros, carpinteiros, artesãos, artistas) durante o período da Idade Média, formadas
hierarquicamente por mestres, oficiais e aprendizes.

O termo “Guilda” vem do germânico arcaico “gelth” e significa “pagamento”, posto que os
trabalhadores associados pagavam uma quantia regularmente a fim de manter o funcionamento
destas associações de mutualidade.

Diferente das Hansas que eram, associação de comerciantes, as Guildas se aproximam das
“Corporações de Ofício”, que regulamentavam o processo produtivo artesanal, na medida em
que esse conjunto de profissionais se reuniam em grupos de trabalhadores que possuíam as
mesmas profissões, com o intuito de regularizar as actividades laborais, evitar a concorrência,
manter a qualidade dos produtos, bem como tornar o trabalho mais eficiente e produtivo.
Ademais, haviam as Guildas de carácter religioso, beneficente ou de lazer.

Com o crescimento das cidades medievais e consequentemente das Guildas, essas associações
foram se aperfeiçoando as quais passaram a ser chamadas de “Corporações de Mercadores”, e
mais adiante, de “Corporações de Artífices”. Por conseguinte, durante o declínio do período
medieval, ou seja, quando surge o Renascimento Europeu, as Guildas foram substituídas pelas
“Corporações de Ofício”.

Recebiam o nome de guildas ou corporações de ofício as associações formadas por artesãos


profissionais e independentes, em igualdade de condições, surgidas na Baixa Idade Média
(séculos XII ao XV) destinadas a proteger os seus interesses e manter os privilégios
conquistados. Outras guildas, sem relevância económica, tinham carácter religioso, beneficente
ou de lazer. Além das guildas, existiam também as hansas, associações de comerciantes que
dominavam determinados segmentos do mercado.

Seu desenvolvimento está ligado ao processo de renascimento comercial e urbano que ocorreu
no mesmo período. A produção artesanal vinha acompanhando de perto o crescimento do
comércio, acarretando o aumento gradual da produção. As cidades se enchiam de comerciantes e
artesãos, e para defender seus direitos e interesses, essas duas categorias começaram a ser
organizar em corporações.

Os regulamentos da corporação se concentravam em controlar a qualidade e a técnica da


manufactura, e para manter o seu funcionamento, os trabalhadores associados eram obrigados a
pagar uma determinada quantia regularmente. Havia um estatuto de técnicas a se utilizar e o
trabalho era realizado em oficinas individuais, e caso houvesse um profissional que não estivesse
ligado à sua respectiva corporação, este corria o risco de perder seu negócio e ser expulso da
cidade. As guildas cobriam praticamente todas as actividades profissionais da época. Assim,
haviam guildas de alfaiates, sapateiros, ferreiros, artesãos, comerciantes, artistas plásticos entre
várias outras.

Ao mesmo tempo em que os profissionais passam a se organizar nestes grupos, eles vão
estabelecendo uma hierarquia em meio à produção artesanal na medida em que surgiam novos
profissionais. No topo de tal hierarquia encontramos o mestre artesão ou mestre de ofício, que
era o proprietário de tudo, ferramentas, matéria-prima, bem como o produto final. O mestre
dominava todo o processo de produção, era responsável por contratar trabalhadores e estabelecia
os salários, algo similar ao gerente de uma fábrica actual.

Logo abaixo do mestre estavam os oficiais ou companheiros, que eram os trabalhadores


contratados mediante salário, e depois deste, estava o aprendiz, na base da escala, que estava
trabalhando com o intuito de aprender o ofício. Como consequência, não eram pagos e sofriam
muito abuso.

O surgimento das guildas significou uma mudança radical no funcionamento da economia


europeia, pois, essas associações organizaram e regulamentaram o trabalho, valorizando as
actividades manuais e o próprio trabalhador, que passou a gozar de maior protecção. Ao mesmo
tempo, o processo produtivo e a oferta de trabalho ficou concentrada nas mãos daqueles que
tinham proeminência em meio às suas corporações.

A Casa dos Vinte e Quatro

Constituía um órgão deliberativo da administração municipal de Lisboa e, mais tarde, de outras


cidades do Reino de Portugal e do Império Português, composto por representantes das
corporações de ofícios ou guildas.

A Casa dos Vinte e Quatro de Lisboa foi criada a 16 de Dezembro de 1383, por D. João, Mestre
de Avis e Regedor e Defensor do Reino (futuro Rei D. João I), com o objectivo de permitir que
os mesteirais participassem no governo da cidade. A sua criação vem no seguimento do apoio
dado pelos eles a D. João na Crise de 1383-1385. Foram criadas ruas que existem até a
actualidade em nome de cada oficio: Rua dos Caldeireiros, Rua dos Sapateiros, Rua dos Ourives,
etc.

A Casa dos Vinte e quatro funcionava como uma assembleia municipal com poder deliberativo.
Todas as medidas municipais a serem postas em prática tinham que ser por ela votadas e
aprovadas por maioria. Era composta por dois representantes de cada uma dos 12 grémios ou
corporações de ofícios da cidade (conhecidas por “bandeiras”), os quais eram colectivamente
conhecidos pelos “Vinte e Quatro”. Cada bandeira era designada pelo respectivo santo padroeiro
e incluía um ofício de cabeça, bem como outros ofícios anexos.

As reuniões dos Vinte e Quatro realizavam-se inicialmente na Igreja de S. Domingos. Os Vinte e


Quatro elegiam um juiz do povo (que presidia à Casa), juízes de paz, procuradores e outros
magistrados.

Posteriormente, foram criadas casas dos vinte e quatro em outras cidades de Portugal e do
Ultramar Português. Em algumas cidades e vilas menores, eram compostas apenas por 12
representantes de ofícios, adoptando a designação de “casas dos doze”.

Na sequência da implantação do regime liberal em Portugal, as casas dos vinte e quatro foram
extintas pelo Decreto de 7 de maio de 1834.

Ordens ou grupos sociais


Segundo Le Goff (1983:9) Entre os séculos XXIII, a sociedade era constituída por um "povo
triplo", nomeadamente: os sacerdotes, os guerreiros e os camponeses. Cada uma destas
categorias, apesar da sua distinção, complementa a outra, criando uma relação de dependência
por formarem corpo harmonioso da sociedade.

Partese da concepção de que estes três grupos surgiram de forma necessária, por exemplo, Vasilij
I Abaev pensam que a tripartição funcional é uma fase necessária de toda a ideologia humana ou
social. No fim do século IX Alfredo O Grande, rei da Inglaterra diz que o rei deve ter jebedemen,
fyrdmen e weormen, que são respectivamente: homens de oração, homens de cavalo e homens
de trabalho. Um século a seguir esta estrutura reaparece em Aelfric e em wulstan¹. O bispo
Aldaberon De Laon² atrubui no seu poema de cerca de 1020 ao rei capetígio Roberto O Pio,
dizendo que: "a sociedade dos fiéis forma um só corpo, mas o estado tem três corpos, one os
nobres e os servos não se regem pelo mesmo estatuto, uns são guerreiros que protegem as
igrejas, defensores do mesmo povo, tanto dos grandes assim como o dos pequenos, em linhas
gerais estes são defensores de todos e de sim mesmo, mantendo também sua própria segurança.

A outra classe é a dos servos, estes pobres "desgraçados" que sustentavam outros sem nem
sequer ter algo digno. Tudo os servos forneciam a toda a gente, comida, vestuário, e dinheiro. O
senhor era alimentado pelo servo, ele, que pretende alimentalo. A casa de Deus, que cremos ser
uma, esta infelizmente dividida em três: uns oram, outros combatem e outros trabalham.

Segundo Duby (1982:14) A sociedade medieval representava a si mesma como dividida em três
ordens: os oratores, os bellatores e os laboratores (os que oram, os que combatem e os que
trabalham).

Pirâmide

Oratpres

Bellatores
Laboratores

A razão da divisão trifuncional é motivo de estudo entre os pesquisadores, muitos querem saber
o motivo da separação da sociedade em três divisões. Tal mentalidade tripartida surgiu no
feudalismo e perdurou durante séculos, atuando nos antigos regimes monárquicos. Georges
Duby justifica as três ordens dizendo que o clero, diante de uma sociedade que se transformava
no séc XI, precisava de divisões hierarquizadas, procurando dar sentido e equilíbrio. Assim, tal
discurso insistia no fato de que em uma sociedade é necessário possuir ordem, pois até mesmo a
sociedade celestial seria perfeitamente hierarquizada. A constante comparação que o homem faz
com os seres celestiais pode justificar a divisão tripartida, visto que a mais perfeita divisão está
em três: Pai, Filho e Espírito Santo. Dentro desse contexto, também é comparada a hierarquia
celestial com seus anjos e arcanjos.

Segundo Le Goff (1983:10) Esta sociedade tripartida pode ser comparada, por exemplo, com a
genealogia da Bíblia (os três filhos de Noé) ou a mitologia germânica (os três filhos de Riger)

Em uma sociedade também é necessário haver disciplina, pois segundo os princípios medievais,
sempre irá existir o senhor e os servos, existirá sempre alguém para governar e alguém para
obedecer. Com isso, é possível afirmar que a disciplina gera a desigualdade, onde o povo da
Idade Média encontra-se em desvantagem. Estabelecendo a disciplina estão as ordens medievais.

Como chefe soberano desta ordem está o rei e em seguida estão distribuídas as outras funções
aristocráticas. Assim, por meio destas divisões e subdivisões multiplicadas,se faz das diversas
ordens uma ordem geral e de vários estados um Estado bem dirigido, onde existe perfeita
harmonia e consonância e uma correspondência de relações do mais baixo para o mais alto, de
forma a que, enfim, por meio da ordem, uma ordem inumerável culmine na unidade 3.

Com essas divisões, a Nobreza se forma. Todos com seu grau de importância e relação de
interdependência. Ao observar tais subdivisões é possível identificar a importância de micro
poderes descritos por Michel Foucault.
BIBLIOGRAFIA

DUBY, Georges. “ As Três Ordens ou o Imaginário do Feudalismo”.Lisboa: Estampa,

1982.

FOUCAULT, Michel. “ Microfísica do poder”. Tradução Roberto Machado. Rio de Janeiro,

Graal, 2005.

FOURQUIN, Guy.” Senhorio e Feudalidade na Idade Média”. Lisboa: Edições 70, 1987.

O Livro da Virtuosa Benfeitoria. In: As Obras dos Príncipes de Avis. HALP, n. 07, Séc. XV,

setembro, 199

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