HFE B. Mazula

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE


FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS
LICENCIATURA EM ENSINO DE INGLÊS, FRANCÊS E LÍNGUAS BANTU
TRABALHO DE HISTORIA E FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

SEMESTRE I

TEMA: Ser Professor (Brazão Mazula)


Discente:

▪ Fátima Mawane
▪ Fernando Macamo
▪ Helena Jambo
▪ Sarmento Novela
▪ Válter Matimbe Docentes:
▪ Augusto Jaime;
▪ Ângelo Nhancale;
▪ Domingos Beula;
▪ Baltazar Transval.

Maputo, 15 de Março 2022


Bibliografia

MAZULA, B. A complexidade de ser professor em Moçambique é seus desafios. Plural Editores.


2013. Maputo

Vida e obra de Brazão Mazula

Brazão Mazula nasceu a 18 de Outubro de 1944, em Messumba, província do Niassa, norte de


Moçambique. Frequentou o Ensino Primário na Escola da Missão Anglicana de Messumba de
1951 a 1957, depois de algum tempo na Missão Católica de Massangulo. Foi Reitor da
Universidade Eduardo Mondlane. Brazão Mazula publicou em 1995 o livro: Eleições, Democracia
e Desenvolvimento.

Resumo

Constitui base para a elaboração do presente trabalho o livro de Brazão Mazula, com o título: “A
complexidade de ser professor em Moçambique e seus desafios”, Lançado em Maputo no ano de
2013, em Maputo pela Plural Editores. Constitui a tese principal deste livro como já sugere o
título, A complexidade de ser professor, especialmente em Moçambique. Esta mesma tese defende
que:

O processo de Ensino e Aprendizagem é, em cada estágio da evolução da sociedade, fortemente


desafiado pelas mudanças tecnológicas e ambientais que, por sua vez têm repercussões na
formação de Professores e porque o ser professor é um desafio (...)_

O autor defende que nas primeiras décadas do século corrente, o professor enfrenta novos
desafios, trazidos pelas mudanças nos últimos anos, daí que é necessária a devida formação do
professor, centrada nestes mesmos desafios, fazendo assim a educação passar do modelo
tradicional para uma educação performativa, aberta ao desenvolvimento da Sociedade; ao
desenvolvimento humano equilibrado e inclusivo. Não existe desenvolvimento sem um professor
de qualidade. O livro aponta os desafios para a educação e para o professor de todos os sistemas
de Ensino vigentes no país, tendo como fico principal o desenvolvimento humano. Salienta ainda
que o professor só pode obter êxitos se este o souber ser e se houver articulação com o estado; a
sociedade em geral e a própria escola Constituído por 6 partes o livro apresenta-se como
contribuinte para os projetos de formação de Professores fornecendo aos mesmos subsídios.
Tornando-se assim um projecto de investigação a curto, médio e longo prazos. Cita no inicio de
sua extensão alguns pensadores tais como Platão (427 – 347 a.c) que defende que “Ser Mestre
exige duma só vez desejo prazer e amor” e Coménio (1592 – 1670) que chama atenção para alta
responsabilidade de ser professor e que “do trabalho do mesmo, depende a salvação de todo
gênero Humano”. Com estes pensadores é possível ver e notar a complexidade de ser professor.

- Na sua primeira parte o livro versa sobre a questão da complexidade de ser professor no século
XXI, demonstrando também os desafios apresentados pelo mesmo para educação, tais são: i) a
globalização; ii) o combate à pobreza; iii) a paz e estabilidade social; iv) a democracia; v)
consciência ecológica; e vi) a própria escola, tais desafios, que influenciam o ser professor. Nesta
parte o autor frisa o pensamento de Morin (1995:20) ao afirmar que “O professor é um paradoxo
do uno e do múltiplo”, ou seja, é uma inter-relação de tarefa, vocação, profissão e missão. É nesta
inter-relação que reside a complexidade de ser professor, apresenta ainda a metodologia usada por
si para elaboração do mesmo tema. Mais mais adiante falando da globalização e do seu impacto
nas sociedades e na educação, apresenta as tecnologias de informação e comunicação (TICS)
como sendo a arma da globalização e que estas se tornaram líderes mentais, o que acaba
confundindo o ser humano na medida em que este está acostumado à um lideranças mais humanas.
CONCEITOS DE QUALIDADE E COMPETÊNCIA

2.1. O conceito de qualidade

O autor começa por afirmar que definir a qualidade é difícil, e que a primeira pessoa a fazê – lo foi
Aristóteles “aquilo pelo qual as coisas se dizem tal ou tal”. No entanto surgiram com o tempo, várias
outros autores que definiam a qualidade de formas diferentes. O autor deslumbra também no que
seria a qualidade do ensino, em Moçambique em particular, destacando diversos autores, e diz que
o principal desafio do ensino é “elevar o ensino em geral, e a formação de professores em particular,
aos padrões internacionais de qualidade”. Após um inquérito em algumas escolas secundárias de
Cuamba, o autor conclui que os alunos da 12.ª classes ainda cometem erros primários de ortografia,
e pior, que os docentes repetem os mesmos erros.

2.2. A complexa problemática da competência

O autor cita vários nomes que definiram a competência, passo o destaque a definição de Feldman
que define “competências como sendo o pôr em prática as capacidades e habilidades cognitivas
numa situação”.

2.2.1. Tipos de competência

i) No âmbito da competência cognitiva do professor:

—No geral, os alunos afirmam dizem que o professor deve saber o que ensina, e saber ensinar bem.

ii) No âmbito da competência operacional:

—O professor competente é aquele que sabe mobilizar recursos cognitivos para o seu processo de
ensino e aprendizagem.

iii) No âmbito da competência transversal:

A competência transversal refere-se à competência metodológica. O professor, diante dss


dificuldades dos alunos, deverá saber mobilizar recursos didáticos e procurar métodos mais
adequados.

iv) No âmbito da competência ética:

— A competência ética é a capacidade e a qualidade de saber compreender o homem, no geral, o


aluno e o colega em particular.
A necessária viragem pragmática da escola

Os problemas da educação

No ponto de partida, a educação é situada em duas (02) dimensões:

Diacrónica: aquela que se refere mais a filosofia, à planificação, à direcção, à gestão de


sistema de educação;

Sincronia: aquela que se refere à postura do próprio professor e a critica ser interna.

As duas dimensões agem em conjunto e complementam-se, no sentido de que não há docente nem
aluno sem sistema de educação, nem este sem aqueles.

Na dimensão diacrónica, a educação reflexiva é sustentada por cinco (05) pilares: o da filosofia, o
da democracia, cognitiva, o da cultura local, o do mundo da vida e o da política.

i. Pilar filosófico: no sentido mais simples, de pensar racional. Assim, tanto a formação de
professores como o processo de ensino e aprendizagem não visam a transmissão de
conhecimentos para “acumular o saber, empilhar os saberes, encher a cabeça, ” mas sim,
visam formar uma “cabeça bem-feita.”
ii. Pilar da política: é o da intervenção necessária do estudo, através dos seus poderes, como
Assembleia da Republica, o Governo e suas instituições. Alguém deve, definir a visão
maior, a missão, os objectivos e metas da educacao, mecanismo de garantia da qualidade
de avaliação e inspecção, com o envolvimento da sociedade.
iii. A democracia cognitiva: é um modelo de estar na sociedade e no mundo, de uma forma
racional, consciente, tolerante e solidário. O aluno aprende pelas ciências a fazer crescer
a sua cidadania e o patriotismo, como amor a pátria, de tal maneira que ele, como
cidadão, nunca seja desapropriado, alienado ou cooptado da sua identidade cidadã e
muito menos, mantido numa espécie de ignorância selvagem relativamente dos
problemas fundamentais, decididos pelo alto escalão.
iv. Quando falamos da cultura local como pilar da educação: refere-se às tradições locais,
ao património cultural, a historia das comunidades locais, às artes, à musica, à culinária,
ao saber das populações que, muitas vezes nos ensinam a sermos homens e mulheres
equilibrados e ponderados, maduros. Todos estes aspectos da cultura local influenciam
a educação do aluno, tornam a educação mais antropológica, ou seja, mais centrada no
homem e na sua dignidade. Nessa dimensão antropológica a educação deve saber
influenciar as culturas das comunidades locais num diálogo antropológico permanente.
A cultura é a lâmpada da educação.
v. O mundo da vida: é o mundo da sociedade, o mundo da formação de amizades “boas ou
más.” Na escola e fora dela, a criança, o aluno ou estudante vão construindo o mundo de
amigos, por vezes despercebido dos pais e professores. Se não houver uma ligação
estreita entre a escola, comunidade e os pais, tanto a escola como os pais, cedo ou tarde
podem ser surpreendidos com o mundo de fumos, cigarros, bebedeiras. O pilar do mundo
da vida confirma a educação o seu carácter sociológico.

Os cinco (05) pilares qualificam a educação a todos os níveis, do ensino primário do superior
determinam, condicionam e influenciam a escolha do tipo de ensino.

Tipos de ensino

Ensino cumulativo ou bancário

No ensino cumulativo ou bancário, a preocupação do sistema, dos currículos, dos programas é do


professor, de transmitir ao máximo possível, muitos conhecimentos ao aluno, reflectindo o próprio
sistema económico de acumulação de riqueza material numa única pessoa, ou em certos grupos.
Ensinar não é transferir conhecimentos, mas sim, criar as possibilidades para sua própria produção
ou a sua construção.

O ensino performativo ou “pertinente”

O termo performativo vem de per + formare. O prefixo latino per tem sentido temporal de realização
completa da acção, o sentido superlativo de acção bem acabada, de perfeição e formar vem do latino
formare, que significa ensinar, construir, produzir, criar para que o ensino tenha tarefa de criar uma
personagem nova. Assim o ensino performativo não esta preocupado com a acumulação de saberes,
mas sim com a criação de competências, habilidades, atitudes, valores e princípios que organizam
e explicam os conhecimentos. A exigência e o rigor da sua formação nesse sentido são o desafio
para as instituições de formação de professores e faculdades de educação. É então urgente passar da
escola monológica para a escola performativa e, consequentemente do ensino monológico para o
ensino performativo.

Da escola monológica à escola performativa

i. A escola monológica realiza o ensino cumulativo:

É uma escola fechada a si mesmo, não vai ao povo, mas pede ao povo que venha a si, dado
que se considera o único espaço de conhecimentos científicos validos, a sua pretensão de validade
reside nos conhecimentos acumulados ao longo dos tempos e dos livros que lê.

Aproxima-se do povo estrategicamente e não comunicativamente, para lhe transmitir


conhecimentos. Ensina o saber perante as dificuldades da vida.

ii. A escola performativa realiza o ensino performativo:

É reflexiva, permanentemente solidária com o homem, com a sociedade, com a pátria e com
o mundo.

Educa o aluno ou estudante a ser cidadão patriota, isto é, responsável.

É uma escola dialogista, ensina o aluno a saber dialogar com o outro que pensa de forma
diferente, com a sociedade e com as comunidades.

Promove e dinamiza uma interacção entre a escola e a sociedade, dialoga com o pensamento
e as experiencias de vida e da história.

Os fundamentos filosóficos – pedagógicos

Sob o ponto de vista sincrónico, diz que, ser professor é ao mesmo tempo tarefa, vocação, profissão
e missão. Nesta perspectiva, o professor sente-se mais responsabilizado pela eficiência do ensino e
do sistema de educação no seu todo.
OS DESAFIOS DO PROFESSOR POR NÍVEIS DE ENSINO SÉC XXI

4.1 Evolução dos modelos de cursos de formação de professores

Desde a independência de Moç houve vários modelos de formação de professores com destaque
para ensino primário e secundário vistos como fundamentais e determinantes para qualidade de todo
ensino.

I. Modelo de formação de professor para EP1.


II. Modelo de formação de professor EP1 (evolução).
III. Modelo formação de professor EP2.

IV. Formação de professor de educação física.

IV. Modelo de formação para EP2(evolução).


V. Modelos de formação e professor de futuro.
VI. Modelo e formação e professor para ESG e EPU.

4.2.1 ENSINO PRIMÁRIO

-Considerado nível de socialização pela comunicação.Na escola assim como na comunidade o saber
comunicar com os outros é importante para a paz e democracia e neste processo o professor
desempenha um papel fundamental.

-O Autor vê a língua materna como a primeira condição do saber comunicar para uma criança pois
é onde ela desenvolve a sua identidade e personalidade cultural.

4.2.2 ENSINO SECUNDÁRIO

- Nível de curiosidade científica e de amor ao saber-fazer com perfeição. A socialização é um


processo contínuo,aqui criança caminha para saber pensar,saber-fazer e expressar o seu pensamento
de forma correcta. Para além de saber pensar,a criança deve também pesquisar.

-A sociedade e a Escola preocupam se com o educar o cidadão a ser homem culto e disciplinado,que
ama sua pátria e que sabe servir a sociedade que o educa.
Desafios: -o professor deve ter conhecimentos básicos de antropologia cultural e de psicologia de
desenvolvimento para saber inserir se na comunidade da vida e trabalho e orientar melhor o aluno
sob ponto e vista pedagógico.

- Nas zonas ruarais o professor depara se com escassez de meios de comunicação social e novas
tecnologias.

4.2.3 ENSINO SUPERIOR

-Nível de criatividade,inovação e invenção. Enquanto os níveis anteriores tem o enfoque a formação


do aluno a Cultura geral,este nível tem por objetivo gerar conhecimentos e competência que
habilitem o estudante para o desenvolvimento geral da sociedade,da humanidade e de si próprio.

-A Universidade tem como missão na sociedade/comunidade conservar dinamicamente a herança


cultural do povo,regenerar,transmitindo-a às novas gerações. Deve saber gerar saberes,ideias e
valores para o bem da sociedade e o bem estar dos seus cidadãos.

A Aula

A aula é um momento prazeroso, isto é, momento em que o professor concretiza( realiza) o seu
amor ao saber, ama, transmitindo-o aos seus alunos, ou seja, ensinando-lhes a amar a ciência e a
paixão pela ciência. É um dos momentos mais alto da realização da sua vocação docente. Na aula e
pela aula o professor realiza a sua nobre missão de educador.

A aula é uma actividade que exige sempre qualidade e competência. Uma boa aula é um desafio
permanente de qualquer professor, seja ele do ensino primário, secundário,do ensino técnico
profissional, de alfabetização e educação de adultos, seja ele do ensino superior e de unidades de
professores.

É um momento sagrado porque é momento de encontro de pessoas humanas, é momento de


interação entre sujeitos que se ensinam mutuamente e aprendem um do outro. No centro desse
encontro está o processo de ensino e aprendizagem. Nesse processo pode-se ao professor disposição
de ensinar bem e ao aluno a pre disposição de aprender bem. O professor tem a tarefa de dar uma
boa aula, como profissional, são-lhe exigidas competência e qualidade. O professor de ensino e
aprendizagem não é apenas uma questão técnica, como aquele que se passa no momento de
sementeira da batata, do milho, feijão, arroz algodão, na machamba, por exemplo, na aula, o
professor lança a semente de conhecimento num sujeito ávido de conhecimento, que usa da razão e
das emoções para aprender. Assim como a capacidade reprodutiva da semente na machamba, por
exemplo dependerá da qualidade de adubo que é aplicada,no ensino e aprendizagem esse adubo está
na metodologia de ensino. Numa aula o aluno precisa de adquirir conceitos bem definidos e, à
medida que vai transitando para níveis superiores, deverá saber formular hipóteses e construir
cenários de trabalho de trabalho para definição das soluções possíveis perante um problema. O
professor vai fornecendo ao aluno conceito preciso que lhe permite organizar o pensamento,
interpretar os factos,expressar- se em lógica e saber questionar. Uma aula que pretende lograr êxito
deve ansentar em cinco pilares metodológica que são: epistemológico, teórico, morfológico técnico
ou didático e cultural. Estes pilares ajudam a construir a quantidade de aula e, em consequência, a
qualidade do ensino que todos almejamos.

Reflexão do grupo

O livro apresenta – se como um grande contribuinte para o sistema nacional de ensino em


Moçambique. Chama a atenção de todos os actores dessa área para uma consciência aos tempos que
correm para melhor adaptação do ensino na vida actual e redução dos impactos da globalização.
Com base em diversas definições de diversos autores, o livro explica o que deveria ser a qualidade
do ensino no país, que de certo modo está longe de ser satisfatória. Havendo assim uma necessidade
imediata de elevar a qualidade do ensino aos padrões internacionais, no entanto, essa elevação não
é possível sem professores competentes, capazes de agir de forma criativa no processo de ensino e
aprendizagem. O texto lança um olhar aprofundado à aquilo que tem sido a formação de professores,
que claramente deixa a desejar. Ainda numa das passagens do texto, o autor fala dos erros primários
cometidos pelos alunos do ensino secundário (12ª classe), mesmos erros que são cometidos pelo
professor, algo que não tem sido raro na realidade actual e que mesmo os estudantes do ensino
secundário cometem.

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