HISTÓRIA - 1 S - 2B - EMRegula

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Governo do Estado do Rio de Janeiro

Secretaria de Estado de Educação

Comte Bittencourt
Secretário de Estado de Educação

Andrea Marinho de Souza Franco


Subsecretária de Gestão de Ensino

Elizângela Lima
Superintendente Pedagógica

Coordenadoria de Área de conhecimento


Maria Claudia Chantre

Assistentes
Carla Lopes
Roberto Farias
Verônica Nunes

Texto e conteúdo

Profª Carla Machado Lopes


Colégio Estadual Rodrigo Otávio Filho (Brasil-Itália)
Prof. Guilherme José Motta Faria
C.E. Hispano Brasileiro João Cabral de Melo Neto
Profª Márcia Teixeira Pinto
C. E. Professora Luiza Marinho

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Capa
Luciano Cunha

Revisão de texto
Prof ª Alexandra de Sant Anna Amancio Pereira
Prof ª Andreia Cristina Jacurú Belletti
Prof ª Andreza Amorim de Oliveira Pacheco.
Prof ª Cristiane Póvoa Lessa
Prof ª Deolinda da Paz Gadelha
Prof ª Elizabete Costa Malheiros
Prof ª Ester Nunes da Silva Dutra
Prof ª Isabel Cristina Alves de Castro Guidão
Prof José Luiz Barbosa
Prof ª Karla Menezes Lopes Niels
Prof ª Kassia Fernandes da Cunha
Prof ª Leila Regina Medeiros Bartolini Silva
Prof ª Lidice Magna Itapeassú Borges
Prof ª Luize de Menezes Fernandes
Prof Mário Matias de Andrade Júnior
Paulo Roberto Ferrari Freitas
Prof ª Rosani Santos Rosa
Prof ª Saionara Teles De Menezes Alves
Prof Sammy Cardoso Dias
Prof Thiago Serpa Gomes da Rocha

Esse documento é uma curadoria de materiais que estão disponíveis na internet, somados à
experiência autoral dos professores, sob a intenção de sistematizar conteúdos na forma de
uma orientação de estudos.

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DISCIPLINA: HISTÓRIA

ORIENTAÇÕES DE ESTUDOS PARA HISTÓRIA

2º Bimestre de 2020 - 1ª série do Ensino Médio

META:
- Identificar a crise do XIV correlacionando-a com o surgimento dos
movimentos reformistas religiosos, o processo de decadência do domínio do
Cristianismo e o surgimento do Estado Moderno na Europa e suas
implicações econômicas, políticas e sociais.

OBJETIVOS:

Ao final desta Orientação de Estudo, você deverá ser capaz de:

• Identificar os elementos da crise do século XIV.


• Compreender o conceito de antropocentrismo.

• Analisar os agentes de crise da Igreja Católica.

• Comparar as principais correntes do cristianismo protestante e suas


implicações socioeconômicas e políticas.

• Desenvolver comportamentos de tolerância religiosa.

• Discutir os conceitos de Estado Moderno e Absolutismo.

• Comparar as práticas mercantilistas.

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1. INTRODUÇÃO

O conteúdo abordado no 1º ano do Ensino Médio é a passagem da Idade Média para


o período moderno e dessa forma os assuntos mais emblemáticos deste período foram
selecionados para seu estudo.
Primeiramente, a partir de um ponto de vista político-cultural, abordaremos o
Renascimento; evento que inaugura a chamada Idade Moderna. Nosso objetivo aqui é
trazer para o aluno a compreensão do Renascimento a partir de um processo histórico que
se inicia com a crise do século XIV e desemboca no renascimento comercial, cultural e
científico.
Abordaremos também a crise da Igreja Católica que terminou em uma ruptura de
alguns setores com a Igreja, inaugurando outra forma de se pensar a religiosidade: a
Reforma Protestante.
Pretendemos que você compreenda que, mais que um movimento de ordem
religiosa, a reforma teve caráter político e econômico e se coadunou com os interesses em
disputa no período.
Por fim, vamos estudar a nova configuração política da Europa Moderna que resultou
na formação dos Estados Modernos e das Monarquias absolutistas, atentando para as
causas e consequências dessa nova configuração política e abordando as principais
características, especialmente o mercantilism

2.Aula

1.
O Renascimento

O final do século XIII e início do século XIV na Europa foi um período de grande
preocupação. O sistema feudal se viu estagnado, isso porque as terras cultiváveis se
esgotavam ao passo que a população crescia. O resultado dessa situação, na prática, era
a ameaça de fome, uma vez que a produção de alimentos não era o suficiente para atender
a todos, principalmente se levarmos em conta a distribuição desigual. É importante
mencionar, que essa situação foi resultado do tipo de exploração feudal do solo (predatória
e extensiva), que baseava o aumento da produção à incorporação de novas terras e não
na melhoria de técnicas agrícolas. Como não havia mais novas terras para cultivar, a

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produção não acompanhou o crescimento populacional.

Para piorar a situação, o início do século XIV foi arrasado por intensas chuvas, que
diminuíram ainda mais as colheitas, aumentando a fome. Mas, as chuvas não trouxeram
apenas fome à população, trouxe também o risco de doenças. E, de fato, uma epidemia
de Peste Bubônica, causada pela urina de rato, se espalhou por toda Europa: chamada
também de Peste Negra.

Imagem 1 – Fonte: https://youtu.be/OtzsRdgzadY

A Peste Negra dizimou cerca de um terço da população europeia, causando terror


na população, destruição da produção e abandono das cidades. A essa situação trágica
somou-se as mortes causadas pela Guerra dos Cem Anos, conflito envolvendo França e
Inglaterra entre os anos 1337 e 1453. O século XIV também foi palco de inúmeras revoltas
de camponeses contra o aumento da exploração por parte dos senhores feudais, que
queriam garantir a continuidade de seus rendimentos e estilo de vida luxuoso, mesmo com
suas terras prejudicadas e abandonadas por muitos servos. As rebeliões dos servos foram
duramente reprimidas, mas tornaram inviável a manutenção das relações feudais que, aos
poucos, foram se extinguindo e sendo substituídas por relações salariais. Já nas cidades,
houve retomada do crescimento comercial e o revigoramento do mercado era favorecido
pelo aumento dos preços das manufaturas.

O grupo que sai fortalecido é a burguesia comercial, que adquirira propriedades dos
nobres falidos. Essa mesma burguesia, apoiava a concentração de poderes nas mãos do
rei, já que isso significaria padronização da moeda, dos pesos e das medidas, além de
maior proteção dos mercados contra concorrência externa. Dessa forma, apesar de ser

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caracterizado pela crise, o século XIV transforma as relações características do período
medieval e prepara a Europa para o período moderno que é inaugurado no século seguinte.

Essas mudanças ocorridas no XIV ocorrem em diversos campos. No campo das


ideias, surge uma nova forma de se pensar o universo: o Antropocentrismo. A Europa
medieval foi dominada pelo Teocentrismo, pensamento em que Deus é considerado o
centro de tudo e a religião explica todas as coisas do mundo. De acordo com o
Antropocentrismo, é o homem o centro do universo e a razão humana deve superar o
misticismo religioso. Esse ideal foi apropriado pelos Humanistas que, nos séculos XV e
XVI, participaram ativamente do movimento filosófico, científico, literário e artístico
conhecido como RENASCIMENTO.

O humanismo é um dos aspectos fundamentais das obras produzidas pelos artistas


do Renascimento, percebido no privilégio dado às ações humanas, refletidas em situações
do cotidiano e na rigorosa reprodução dos traços e formas humanas (naturalismo). A
valorização da razão e a concepção antropocêntrica de que o homem é o centro do
universo está presente em diversas obras renascentistas, como no desenho de Leonardo
da Vinci “O Homem Vitruviano''.

Imagem 2- Fonte: https://www.desenhoonline.com/site/o-que-e-o-homem-


vitruviano/

O Renascimento também tinha como característica a valorização das concepções


artísticas da Antiguidade Clássica ou Classicismo. Os renascentistas acreditavam que, ao
inspirarem-se nas obras dos gregos e dos romanos da antiguidade, estavam “renascendo”
a cultura clássica, daí o termo “Renascimento”

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É importante mencionar que, o Renascimento teve início
nas cidades italianas favorecidas pelo desenvolvimento
comercial já no século XIV, como Gênova, Veneza e
Florença. No entanto, ele acaba se espalhando por outros
países europeus nos séculos que se seguiram.

São vários os renascentistas cujas obras atravessaram os séculos e são muito


conhecidas e apreciadas ainda hoje. Além do já mencionado Leonardo Da Vinci, podemos
citar no campo das artes o pintor Michelangelo, cuja obra mais famosa são os afrescos
pintados no teto da Capela Sistina, em Roma; Sandro Botticelli, autor de O Nascimento de
Vênus.

No campo da literatura, destacaram-se, entre muitos outros autores, o escritor inglês


Thomas Morus, autor de A Utopia; Nicolau Maquiavel, autor de O Príncipe; mas, talvez o
mais conhecido escritor renascentista seja William Shakespeare, autor de clássicos como
Romeu e Julieta, Hamlet, Macbeth, Sonhos de uma Noite de Verão, entre outros.

Caro aluno, aprofundando nossa análise sobre o Renascimento, é interessante


atentarmos para o fato de que esse movimento não favoreceu somente o campo das artes,
pois a matemática, a astronomia, a física e a medicina tiveram um grande avanço no
período. E foi o que chamamos de Renascimento Científico.

O Renascimento científico ou Revolução científica ocorreu na Europa a partir do século XV – Idade


Moderna – e deu bases para a consolidação da ciência moderna.
O Renascimento e a Revolução científica constituíram o que foi, talvez,
o período mais significativo de descoberta e crescimento das ciências
em toda a história. Este período precedeu o Iluminismo.

(Fonte: http://fazerhistoria.com.br/renascimento-cientifico/)

No período medieval, as respostas sobre as questões que envolviam a relação do


homem com a natureza eram dadas através da religião, essa visão teocêntrica não
impedia, mas dificultava e muito o avanço científico na Idade Média. No entanto, com a
valorização da razão e do homem como centro do mundo, a ciência baseada na
observação e experimentação ganhou espaço. Um dos principais cientistas desse período
foi Galileu Galilei (1564-1642), conhecido como fundador da física moderna. Sua mais
conhecida experimentação científica foi conseguir provar a teoria heliocêntrica, formulada
anteriormente pelo cientista polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), que afirmava que a

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Terra girava em torno de si mesma e em volta do Sol. Por defender essa ideia, Galileu foi
julgado por um tribunal da Igreja e, para escapar da morte, negou a sua teoria

A medicina também avançou muito, principalmente em relação às práticas


condenadas pela Igreja Católica de dissecação de cadáveres para conhecimento da
anatomia humana e de alguns processos que regulam o funcionamento do corpo humano,
havendo assim uma nova abordagem da medicina.

O renascimento foi sentido pela burguesia, que passou a praticar o mecenato, ou


seja, o financiamento de artistas e cientistas renascentistas. Pode-se destacar ainda a
busca por prazeres (hedonismo) e o culto ao corpo como outros aspectos fundamentais do
individualismo e, por fim, caro aluno, vale destacar que o entusiasmo com as temáticas do
renascimento floresceu na época moderna.

Relembrando...

“(...) a ciência é apenas um degrau, “Devo primeiramente fazer alguns


uma escada, um instrumento, que experimentos antes de prosseguir, pois é
conduz a Deus. O homem não minha intenção mencionar a experiência
conhecerá a Deus pelas categorias do primeiro, e então demonstrar pelo
raciocínio, mas na pura contemplação. raciocínio por que tal experiência é
A razão conduz até as portas da mística obrigada a operar de tal maneira. E essa é
e, então, cala para ceder lugar à graça. a regra verdadeira que aqueles que
Penetrar neste último estágio da especulam sobre os efeitos da natureza
contemplação e do êxtase é tarefa fora devem seguir.”
do alcance das forças humanas”
(Capra, Fritjof. A Ciência
(Zilles, Urbano. Fé e Razão no de Leonardo da Vince: um mergulho
pensamento medieval. Porto Alegre: profundo na mente do grande gênio da
Edipucrs, 1993. pg. 100) Renascença. SP: Cultrix, 2008. Pg.7)

a) Identifique qual dos dois textos representa o pensamento renascentista indicando


pelo menos duas características existentes no texto.

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2. Aula 2

Democracia Ontem e Hoje

Caro aluno, você frequenta alguma Igreja? Se não frequenta, certamente conhece
alguém que frequenta, não é verdade? Provavelmente você ou alguém que você conhece,
ou até mesmo alguém de sua família, costuma ir à Igreja. É uma prática muito comum e
difundida no nosso país desde os tempos mais remotos. Tanto que, é bem provável que
você conheça pessoas que frequentem igrejas das mais diversas, como por exemplo a
Metodista, a Batista, a Universal do Reino de Deus... Mas, você sabia que até o século
XVI, a única Igreja Cristã que existia era a Católica? As Igrejas Protestantes,
genericamente conhecidas no Brasil como “Evangélicas,” só começam a surgir a partir
desse século.

Imagem 3- Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio_de_indulg%C3%AAncias

Caro aluno, a imagem acima representa uma prática comum entre membros da Igreja
Católica (chamado Clero) no século XVI, prática esta que também foi um dos principais
alvos de críticas feitas à Igreja naquele período: a venda desmedida de indulgências. A
Indulgência era o perdão dado pela Igreja aos pecadores, que acreditavam que seus
pecados seriam perdoados.

O XVI, que como vimos na aula anterior, é o século do Renascimento, marcado por
transformações políticas, econômicas e culturais, é também um século de aflição para
grande parte da Europa. O continente ainda não estava totalmente recuperado da
devastação causada pela Peste Negra e dos conflitos internos que marcaram o século
anterior, especialmente a Guerra dos Cem Anos. Toda essa atmosfera aumentava o medo

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da morte em pecado, fomentando, assim, o comércio das indulgências. Porém, essa não
era a única crítica sofrida pela Igreja Católica. Além das indulgências, ela também era
acusada de vender “bens sagrados” como objetos, bênçãos, favores e, principalmente,
cargos eclesiásticos; e os membros do clero eram constantemente acusados de casarem-
se ou viverem com mulheres, contrariando o celibato. Essas práticas somadas a outras
eram consideradas práticas abusivas da Igreja e incomodavam profundamente muita gente
naquela época.

Entre as pessoas que criticavam duramente essas práticas da Igreja Católica


estavam membros da própria Igreja. Dentre esses religiosos críticos da instituição estava
o monge alemão Martinho Lutero. Após estudar teologia durante anos, Lutero concluiu que
somente a fé poderia redimir os humanos de seus pecados e de que nada adiantava as
obras realizadas em vida, uma vez que o pecado é próprio do ser humano, que foi
contaminado desde o “pecado original” de Adão e Eva.

Contagiado por essas ideias e insatisfeito com os abusos do Clero, Martinho Lutero
lança, em 1517 as 95 Teses, texto em que expõe teorias divergentes da católica e aponta
as práticas condenáveis da Igreja, especialmente a venda de indulgências. Vale lembrar,
que a princípio Lutero não pretendia romper com a Igreja Católica e sim promover uma
reforma interna. No entanto, a reação da Igreja às teses de Lutero foi dura e em 1521
Lutero foi excomungado pelo Papa Leão X. Nesse momento, ele queimou publicamente a
bula papal que o condenou e rompe definitivamente com a Igreja Católica. As ideias de
Lutero alcançam aliados em diversos meios, especialmente entre nobres interessados em
se apossar das terras da Igreja. Em 1530, ele vai reafirmar seu ideal em um documento
intitulado Confissão de Augsburgo, onde define a doutrina de uma nova Igreja: a Luterana.

Reforma Calvinista

O termo “protestante” surge em 1529, quando os


nobres alemães aliados de Martinho Lutero
protestaram publicamente contra o fato do Rei
Carlos V impor medidas que proibiam que cada
Estado adotasse sua própria religião, numa
tentativa de submetê-los à autoridade católica do
Papa.

O ideário de Lutero se espalhou rapidamente por toda a Europa. Para isso, outras

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vozes se levantaram em nome da Reforma. No entanto, é importante dizer que essas ideias
não chegaram intactas em todas as partes da Europa. A elas foram se somando novas
ideias ou as mesmas foram sendo desenvolvidas e reinterpretadas. Um desses
“reformuladores” do pensamento de Lutero foi o francês João Calvino, que implementou
sua reforma em regiões como Suíça, Países Baixos e parte da França.

A principal diferença entre Lutero e Calvino se refere à doutrina da salvação, que


para Lutero se daria pela fé. Já para Calvino, de nada adianta ter fé ou as boas obras em
vida, pois acreditava que os seres humanos já nasciam predestinados por Deus a serem
salvos ou não. Segundo a maioria dos estudiosos, essa doutrina favorecia a burguesia,
uma vez que permitiu a valorização do trabalho, não condenava a usura e considerava a
riqueza material sinais da graça de Deus e não pecado, como na doutrina católica. Na
verdade, a Reforma protestante como um todo foi associada ao desenvolvimento do
capitalismo na Europa.

Assim como o luteranismo, as ideias de Calvino rapidamente se espalharam da Suíça


para várias partes da Europa. Na França, os calvinistas foram chamados de Huguenotes,
na Escócia de presbiterianos e na Inglaterra puritanos

A reforma religiosa promovida na Inglaterra, chamada de Anglicana, teve uma


conjuntura um tanto diferente da luterana e calvinista. O rei inglês Henrique VIII chegou a
criticar duramente as ideias de Lutero e sua reforma. No entanto, em 1527, quando o Papa
se nega a anular seu casamento com Catarina de Aragão para que pudesse se casar com
a amante Ana Bolena, o Rei inglês rompe com a Igreja Católica, ignorando a ordem papal
e se casando com o consentimento do Parlamento. Diante disso, o Rei e sua nova rainha
são excomungados pelo Papa Clemente VII em 1533. Porém, através do Ato de
Supremacia, o Parlamento inglês tornou Henrique VIII o chefe supremo da Igreja da
Inglaterra, criando assim a Igreja Anglicana.
É importante percebermos, a questão política que envolve o rompimento de Henrique
VIII com a Igreja. Nesse momento, o rei buscava promover o fortalecimento do seu poder,
enfraquecendo o poder político e econômico da Igreja. Enfraquecer o poder da Igreja
favoreceria o poder real, mas também atendia aos anseios da nobreza, que pretendia
apoderar-se dos bens. Dessa forma, os interesses políticos do rei e da nobreza estavam
presentes na fundação da Igreja Anglicana.

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Contrarreforma ou Reforma Católica

Imagem 7 -Fonte: https://escolaeducacao.com.br/exercicios-sobre-a-contrarreforma/

Prezado aluno, é possível que você esteja se questionando: será que os católicos
deixaram toda essa situação acontecer sem fazer nada a respeito? Ela aceitou a reforma
e perdeu milhões de fiéis sem tomar uma atitude? Veremos que a Igreja Católica tomou,
sim, uma atitude. Na verdade, várias atitudes para conter suas perdas. Antes mesmo da
Reforma iniciada por Martinho Lutero, alguns setores da Igreja Católica planejavam
promover uma reforma interna. Esse intuito se acelerou com a expansão do protestantismo
na Europa.

Para frear a perda de fiéis e conquistar novos fora da Europa, a Igreja trabalhou com
instrumentos de persuasão e de repressão. A maior expressão deste último foi a
reestruturação do Tribunal da Inquisição, responsável por processar e queimar os
protestantes considerados hereges. Além disso, com intuito de impedir a divulgação de
ideias contrárias ao clero, a Igreja publicou o Index, lista de livros e autores proibidos.

Por outro lado, a Igreja não adotou apenas a repressão para conter a Reforma. Ciente
da necessidade de reformular aspectos internos, especialmente a contenção da corrupção
e “abuso” do clero, ela apostou na melhoria dos seminários, fortalecimento das pastorais e
apoio às ordens religiosas, como a Companhia de Jesus, que investiu em escolas
religiosas e na catequização dos não cristãos, especialmente aqueles dos povos recém-
conquistados na América, ou seja, os Indígenas. E por fim, a convocação do Concílio de
Trento entre os anos 1545-1563, que reafirmava a doutrina tradicional da Igreja Católica
(importância da fé e das boas obras para a salvação; o papel da Bíblia e da Tradição da
Igreja como fonte da verdade; os sete Sacramentos e o culto da Virgem e dos Santos;
restabelecimento da autoridade da Santa Sé sobre o mundo católico).

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Relembrando...

Imagem 8- Fonte: http://morad.com.br/a-liberdade-religiosa-e-o-direito-a-vida/

1 – O que significa um mundo religiosamente plural como representado na imagem?

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b) Para você o que vem a ser INTOLERÂNCIA RELIGIOSA?

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3. Aula 3

Estado Moderno e Absolutismo

Caro aluno, você notou que sempre que falamos de poder na Idade Média fazemos
mais referência ao Papa e a Igreja Católica como um todo do que aos Reis? Você saberia
dizer por quê? E você já se perguntou em que momento o Rei começa a aparecer tanto ou
mais que a Igreja quando falamos de poder? Vamos, nesta aula, tentar responder estas
perguntas e levantar outras que fazem parte da transição da Idade Média para a Moderna.

Uma das principais características da Idade Média era a fragmentação político


administrativa da Europa. Isso ocorria porque os feudos eram unidades políticas
independentes onde quem exercia o poder eram os senhores feudais. Geralmente, esses
nobres se submetiam ao poder do Papa, representante máximo do Sacro Império Romano
Germânico, ou seja, da Igreja Católica e não ao poder do Rei. Este era mais um senhor
feudal e exercia um poder simbólico. Dessa forma, a Europa se identificava mais como
fazendo parte da “cristandade” do que como pertencente a Estados. Isso porque não havia
Estados centralizados.

A ideia de constituição de Estados Centralizados, de pertencimento a uma nação


governada por um Rei que seria o soberano, surge na modernidade. A necessidade de
organização de Estados Modernos surge a partir do desmantelamento das relações feudais
e da ascensão da burguesia. Para os burgueses, grupo social ligado ao comércio, a
sociedade precisa de uma nova organização política. A continuidade de seu progresso
dependia da implantação de governos estáveis que acabassem com as constantes guerras
feudais e que facilitasse as atividades comerciais, padronizando pesos e medidas e
diminuindo a quantidade de impostos (que eram cobrados dentro de cada feudo).

Mas, você deve estar se perguntando o que era preciso para que houvesse uma
centralização de poder e quais seriam as características dos Estados Modernos? Vamos
falar sobre isso agora.

De extrema importância para o estabelecimento de Estado Moderno centralizado é a


definição do território. Cada estado precisa definir suas fronteiras políticas e estabelecer
os limites territoriais de cada governo nacional, é importante destacar que esses estados
precisam ter características que fazem com que as pessoas possam se reconhecer como
pertencentes a eles. Um dos principais fatores que proporciona esse reconhecimento e
define a identidade do país é o idioma, ou seja, a língua falada. Outro fator é a elevação
do Rei à categoria de soberano, isto é, ele deixava de ter apenas poder simbólico para se

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transformar em um governante com poderes de fato. Para isso, o Rei deveria arregimentar
um exército permanente que lhe garantisse a estabilidade de seu poder e a execução de
suas decisões.

Com a formação dos Estados Nacionais, o poder alcançado pela figura do Rei em
cada Estado ganhou enormes proporções. O fortalecimento do poder dos monarcas se deu
por vários motivos, entre eles o crescimento do comércio com o consequente aumento de
recursos das monarquias, alcançados através da cobrança de impostos. Outro fator de
grande importância foi a crise da Igreja Católica a partir das reformas religiosas, que
resultou no enfraquecimento do poder do Papa e da Igreja de maneira geral. Dessa
maneira, as monarquias foram cada vez mais fortalecidas, sendo chamadas de
Monarquias Absolutas. O regime estabelecido pelos reis absolutos modernos ficou
conhecido como Absolutismo.

Como o próprio nome já indica, em uma monarquia absoluta, o monarca, ou seja, o


Rei, detém poderes absolutos. Isso quer dizer que todo o poder está centrado em suas
mãos (diferente da época feudal, quando o poder era fragmentado nos feudos dos nobres
feudais). No absolutismo, o monarca assumia as funções de executar as leis, comandar o
exército, arrecadar os impostos, aplicar a justiça, enfim, era o “todo poderoso”.

Mas o poder do Rei podia ir além. Em alguns países, como França e Inglaterra, por
exemplo, ele era legitimado por um discurso religioso que assumia que os reis seriam
escolhidos pelo próprio Deus para governar. A Teoria do Direito Divino dos Reis dava
ainda mais poderes ao monarca absoluto, uma vez que ninguém ousaria contestar a
vontade divina. Cabe ressaltar aqui que apesar do fortalecimento da figura real, a Igreja
continua tendo grande poder e influência nos assuntos políticos.

O Rei Luís XIV, monarca francês que governou o país entre 1643 e 1715 e a fase
atribuída a ele, sintetiza o poder dos reis absolutistas, que personificavam o Estado em sua
própria imagem. Nas monarquias absolutas, a pessoa do Rei e o Estado se confundem. O
governo de Luís XIV é considerado o auge do absolutismo na França.

É preciso esclarecer, prezado aluno, que os Estados modernos e o absolutismo não


se desenvolveram da mesma maneira na Europa inteira. Cada país teve a sua
peculiaridade. Uns antes, outros depois, e por motivos diferentes. Portugal e Espanha, por
exemplo, foram os primeiros países a se constituírem Estados centralizados, em 1385 e
1492 respectivamente. Ambos os casos estão relacionados com as guerras de reconquista,
pelos cristãos, de territórios dominados por mulçumanos. Para reaver os territórios, era
preciso centralizar o Estado para fortalecê-lo e organizar um exército forte. Nos séculos
seguintes, França e Inglaterra promoveram a centralização do Estado.

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No caso da França, a formação da monarquia absoluta também estava relacionada
com uma guerra: a Guerra dos Cem Anos (1337- 1453), que já comentamos aqui. Durante
essa guerra contra a Inglaterra, o sentimento nacional francês cresceu e os sucessivos
monarcas se fortaleceram. Na Inglaterra, o processo se deu no século XVI, com o
fortalecimento do Rei Henrique VII, que em seu governo enfraqueceu o parlamento, que
desde o século XII limitava o poder dos reis.

Seu filho e sucessor Henrique VIII, consolida a monarquia absoluta na Inglaterra ao


romper com a Igreja Católica e fundar a Igreja Anglicana sob seu controle.

Caro aluno, vimos que os monarcas absolutos concentravam todos os poderes em


suas mãos e interferiam em diversos aspectos da sociedade, incluindo na economia. A
intervenção do Estado nesse setor foi uma das características mais marcantes dos Estados
Modernos. A política econômica implementada pelos monarcas absolutos foi denominada
Mercantilismo. De acordo com a política mercantilista, os governos buscam alcançar
desenvolvimento através do acúmulo de riquezas e quanto maior a quantidade de riquezas,
maior seria o prestígio e poder. As principais características do mercantilismo são:

Metalismo: acúmulo de metais preciosos, especialmente ouro e prata.


Protecionismo Alfandegário: com intuito de incentivar a indústria nacional, o governo
taxava com altos impostos os produtos vindos do exterior.

Balança Comercial Favorável: A ideia era exportar mais produtos do que importar
para garantir a permanência da maior quantidade de moeda possível dentro do país.

Pacto Colonial: as colônias europeias nas Américas só poderiam comercializar com


sua metrópole (como é o caso de Portugal, que controlava o comércio dos produtos
oriundos do Brasil, sua colônia).

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Aula 4

ATIVIDADES

1 - Observe a figura abaixo:

Imagem 10- Fonte: http://morad.com.br/a-liberdade-religiosa-e-o-direito-a-vida/

A Peste Negra (1346 – 1353) foi um momento pandêmico devastador durante a


Idade Média. Faça uma análise sobre os danos políticos, econômicos e sociais
resultantes deste momento histórico

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6. Aula 5

ESTUDO DIRIGIDO

Faça uma pesquisa sobre massacre da noite de Noite de São Bartolomeu, fato
histórico sobre intolerância religiosa que ocorreu no século XVI, abordando seus motivos
e suas consequências.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. São Paulo: Brasiliense,


1985.

SÂO PAULO. COLETÂNEA DE DOCUMENTOS HISTÓRICOS PARA O 1º GRAU .


São Paulo, SE/CENP, 1978, p. 79.

DELUMEAU, Jean. Nascimento e Afirmação da Reforma Protestante. São Paulo:


Pioneira, 1989.

LOPES, Marcos Antônio. Absolutismo: política e sociedade. São Paulo: Brasiliense,


1996.

SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1994.básicos. In:


KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. 5 ed.
São Paulo: Contexto, 2008

CARDOSO, Ciro Flamarion & VAIFAS, Ronaldo (org.). Novos domínios da história.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2012

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