Suzana Rocha 2009
Suzana Rocha 2009
Suzana Rocha 2009
GOIÂNIA – GOIÁS
2009
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GOIÂNIA – GOIÁS
2009
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço ao meu grande Deus por iluminar a minha vida e
sempre guiar os meus passos, meus pensamentos e minhas atitudes. Também, por
propiciar mais uma etapa dos meus estudos, dando-me sabedoria e inteligência.
À minha querida orientadora, Profa. Dra. Barbra Sabota, por seu dinamismo e
eficiência, pela coragem e sinceridade em orientar esta pesquisa de modo sério e
transparente, mas sem perder a tranquilidade e a amabilidade.
Ao meu querido esposo, amigo, companheiro e confidente, que mesmo em
momentos de intempéries, soube me amparar e me estimular, encorajando-me com seu
espírito lutador. Aos meus amados filhos Victor e Vitória, que com suas maneiras
despojadas de qualquer egoísmo, suportaram minha ausência nos momentos de estudo.
À minha família: meu pai herói, minha mãe obstinada, meus irmãos lutadores e
minha dócil irmã, que, com força de vontade e garra, chegaram onde estão bem
sucedidos e me incentivaram a percorrer mais essa jornada. À minha querida sogra
Vanda, que carregou meus filhos em orações quando estive ausente. Às minhas
pequenas sobrinhas, Ana Sara, Ana Lídia, Ana Carolina, Ana Flora, Júlia e Alice, que
com tanta paciência, toleraram que eu conversasse e cantasse em língua estrangeira
desde suas primeiras tenras “lalações”.
Aos meus amigos distantes e próximos, que mesmo às vezes sem pronunciarem
uma palavra sequer, torciam por mim a todo o instante. À Halline, Susana e Josué, meus
cunhados amados, que não escondiam a admiração por eu ainda ter ânimo de enfrentar
uma universidade, mesmo tendo que trabalhar tanto.
Aos meus amigos e colegas de curso, principalmente Marilda, Magda e William,
que com autenticidade e respeito, confiaram-me a função de “barranco” em nossas
aulas. Só vocês sabem o que isso significa. E não somente eu os ajudei, vocês também
me iluminaram com seus exemplos generosos de vida.
Aos meus atenciosos e ilustres professores: Eliane, por sua imensa paciência e
presteza; Alexandre, por sua alegria esfuziante; Delaine, por seu amplo conhecimento;
Nilvânia, por sua severidade; Margarida, por sua extrema dedicação; Heloísa, por sua
amabilidade e delicadeza; Dilys, por sua eficiência; Deise e Silvana, por nos tocar
subjetivamente, Newton, por sua linguagem de corpo; Lucielena, por sua seriedade;
Maria Cristina, por seu bom humor e Francisco, por seu grande conhecimento
acadêmico e humildade.
E por fim, aos queridos colegas de trabalho e à Graça Fleury, minha querida
diretora, que soube me guiar e incentivar a lutar e melhorar sempre. Graça, obrigada por
confiar em mim!
Muito obrigada a todos!
4
(Brian Wilson)
5
SUMÁRIO
RESUMO ...................................................................................................................................... 7
ABSTRACT .................................................................................................................................. 7
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 8
Justificativa ................................................................................................................... 9
Objetivos ..................................................................................................................... 10
Metodologia ................................................................................................................ 10
3.1 This little light of mine (Harry Dixon Loes, 1920) .............................................. 31
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 49
7
RESUMO
Este estudo tem o objetivo de analisar as canções estrangeiras (chants) tendo a música
como mediadora no ensino de Línguas Estrangeiras em salas de aula de ensino
fundamental – 1ª fase. Como a música é um campo que exerce fascínio a todo ser
humano, no tocante aos aspectos cognitivo e afetivo, esta pesquisa visa a utilização
dessa arte no auxílio do ensino de estruturas fraseológicas, de fonemas estrangeiros, de
vocabulário diversificado, além de focar uma pluralidade cultural, aguçando e
motivando a curiosidade da criança a aprender de forma prazerosa. A pesquisa
contempla o método qualitativo, usando o instrumento de análise documental. A partir
desse estudo, o professor poderá ter consciência de estar formando seres humanos mais
sensíveis e harmoniosos, além de propiciar o aprendizado de um novo idioma e seus
aspectos linguísticos de maneira agradável. Podemos concluir que a música pode gerar
ambientes lúdicos, interativos e divertidos, ao mesmo tempo em que possibilita a
interiorização de estruturas lingüísticas.
ABSTRACT
This study has the purpose of analyzing foreign songs (chants) having music as
mediator in the teaching of Foreign Languages in classrooms of elementary teaching –
1st stage. As the music is a fascinating camp on the cognitive and affective aspects of
the human being, this search uses this art to teaching the phrasal structures, foreign
phonemes, diverse vocabulary, besides focusing several cultures, stimulating and
motivating the child‟s curiosity to learning in a pleasant way. The search covers the
qualitative method, using the tool of the documentary analysis. From this study, the
teacher would have conscience to be forming sensible and harmonious human beings,
besides to promote the learning of a new language and their linguistic aspects in a
pleasant way. We can conclude that music can promote playful, interactive and fun
environments, while allowing the internalization of linguistic structures.
8
INTRODUÇÃO
1
“A música é o instrumento educacional mais potente do que qualquer outro.”
9
Justificativa
Segundo Vilaça (2006), os seres humanos são musicais por natureza, amam
cantar e ouvir canções. Dever-se-ia tirar proveito da música para motivar as pessoas em
quase todas as áreas de estudo, pressuposto defendido por Murphey (1992), Schoepp
(2001), Lake, (2003), Pereira (2007) dentre outros, que afirmam que a música muda a
rotina das atividades da sala de aula. É um elemento fundamental para desenvolver as
habilidades auditivas, orais, da leitura e da escrita.
Durante minha trajetória como professora, trabalhando com música no ensino de
línguas para crianças do ensino fundamental – 1ª fase –, pude perceber forte ligação
entre uma área e outra, já que ambas requerem um ouvido aguçado. Desenvolvi como
musicista, além do gosto musical, uma grande curiosidade pela musicalidade da língua
inglesa, uma vez que a inserção desse idioma em nossa cultura é intensa. Aprendi,
quando pequena, a pronunciar as primeiras palavras do idioma através da música
estrangeira. Como a música é algo vivo que age diretamente nos sentimentos, e que é
impregnada na vida do ser humano desde que ele nasce, percebi que as frases de
algumas delas não caíam no esquecimento jamais. Muito do que falo hoje, seja em
inglês ou outros idiomas, provém das canções aprendidas ao longo da minha vida, já
que a abordagem da língua estrangeira tornou-se mais fácil e prazeroso para mim
através dessa arte.
Campos (2004, p. 109) ressalta que a democratização da música na sala de aula é
algo que vem se popularizando no mundo inteiro. A autora também afirma que “no
Brasil, apesar da tão propalada „musicalidade‟ do povo brasileiro, nota-se que há um
longo caminho em direção à implementação sistemática da educação musical na escola
(...)”. Na busca por fundamentos que orientassem esse estudo, alguns autores foram
pesquisados. Mas poucos abordam a música no ensino de línguas estrangeiras para
crianças de primeira fase. Tomando alguns exemplos e adaptando-os para a realidade da
minha sala de aula, procurarei trazer à luz o meu anseio em contribuir e mostrar a
relevância do tema para a área de pesquisa em ensino/aprendizagem de língua
estrangeira.
10
Fundamentação teórica
Objetivos
Metodologia
André (1986), Creswell (2007), Lankshear e Knobel (2008), dentre outros, foram
investigados para a orientação da metodologia deste estudo.
Assim, por intermédio de livros, artigos, monografias, dissertações, teses e sites
educativos, procuro trazer à luz os meus objetivos por intermédio da busca de autores
que investigam a música como mediadora no ensino de línguas estrangeiras.
Concomitantemente, faço um paralelo dessa busca com minha experiência utilizando as
canções em sala de aula.
Perguntas de pesquisa
Organização da pesquisa
CAPÍTULO I
REFERENCIAL TEÓRICO
(Maley, 1992, p. 3)
2
“Não há sociedade humana sem sua poesia. Não há sociedade humana sem sua música”.
13
inserida em um dos termos que Tylor identificou – a arte – como uma das características
do que é cultura. A música pode demonstrar e transmitir os costumes e hábitos de uma
sociedade, e através de algumas canções folclóricas ou tradicionais de países
estrangeiros, o professor pode explorar o conteúdo intrínseco em seus textos.
Segundo Campos (1986) tradução é converter de uma língua para outra o texto
escrito na primeira língua. Campos ainda ressalta que não se traduz de uma língua para
outra, e sim, traduz-se de uma cultura para outra. A tradução não pode substituir o texto
original, mas, tentar recriá-lo. É necessário ter um conhecimento geral da cultura da
língua que se está traduzindo. Ao mencionar a tradução de poesia, o autor afirma que
perde-se muito da essência quando se traduz textos poéticos. Ao fazer uma ligação com
o texto das canções, podemos concluir que traduzir uma canção não é fácil, pois há que
se considerar que é importante não só manter o significado, mas também o ritmo, a
rima, os acentos tônicos etc. Do contrário, pode-se originar o ruído, termo utilizado por
Campos (1986) para designar tudo o que atrapalha a chegada de uma boa recepção da
mensagem. Explicitamos a seguir algumas considerações a respeito de como a música
pode afetar a subjetividade humana.
Diversos autores como Murphey (1992), Lake (2002), Schoepp (2001), Pessôa e
Duqueviz (2006) e outros, focam o uso da música na sala de aula de LE com o objetivo
de favorecer o ensino e a aprendizagem, principalmente, de gramática, pronúncia e
vocabulário.
De acordo com Schoepp (2001), além da automatização, algumas canções são
modelos excelentes de Inglês coloquial, isto é, a linguagem informal da fala. As canções
são repletas de frases úteis para o dia a dia, ou até expressões idiomáticas, as quais não
19
Ellis (1997) declara que ao aprender uma segunda língua, o aprendiz se submete
a uma ordem de aquisição, ou seja, o aluno adquire estruturas gramaticais em uma
sequência definida. Por exemplo, o aluno adquire primeiro o progressivo com ing antes
de aprender o past tense (ed) dos verbos regulares, o plural com “s” é adquirido antes e
mais facilmente do que o “s” da terceira pessoa do singular. Ellis (1997) sugere que
pode haver uma ordem natural de aquisição de língua estrangeira a qual os aprendizes
seguem.
Saricoban e Metin (2006) afirmam que canções e poemas podem contextualizar
um aspecto gramatical de forma eficiente. Desde que o texto do poema ou da canção é
recitado, cantado e repetido, a prática de uma determinada estrutura gramatical se torna
mais efetiva. Os autores afirmam que através da repetição de textos dos poemas ou
canções vinculados à melodia e à métrica rítmica, as estruturas gramaticais são
internalizadas mais profundamente. Podemos concluir que as canções podem
automatizar estruturas que são mais difíceis de ser aprendidas, como por exemplo o “s”
da terceira pessoa do singular ou conjugações dos verbos irregulares e regulares dentre
outros aspectos. No item a seguir, discutimos a respeito da aquisição da estrutura da
língua mediada pelas canções.
Sutton (2004 apud Sade e Paiva, 2006, p. 41) define memória como “um nome
dado para um conjunto de capacidades cognitivas pelas quais os seres humanos, e talvez
alguns animais, retêm informações e reconstroem suas experiências passadas,
geralmente para as propostas presentes”. Estando o ser humano exposto a um input
autêntico, os traços de memória não são armazenados estaticamente, mas sim de forma
dinâmica, e estão em constante processo, explica Sutton. Wiseman e Neisser (1974,
apud Paiva e Sade, 2006) afirmam que um ensino de língua pelo método tradicional visa
à esgotante explicação da gramática, sem que haja uma preocupação com o significado,
o qual é retido na memória a longo prazo, ou seja, a gramática não é memorizada de
forma significativa.
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Murphey (1992) declara que existe um fenômeno conhecido como “a canção não
sai da minha cabeça”, ou seja, o ecoar em nossas mentes da última canção que ouvimos
no carro, no restaurante, etc. e que pode ser tanto agradável quanto enervante. Essa
teoria parece reforçar a idéia de que as canções trabalham em nossa memória curta e
memória longa, isto é, se a canção for significativa para a criança, ela poderá ficar retida
em seu cérebro por mais tempo, e a memorização das estruturas terá mais significado.
Ao acrescentar ritmo e melodia às frases, as palavras de uma língua serão transferidas
para a memória a longo prazo, afirma o autor. Discutimos a seguir a influência das
canções na pronúncia.
Retorno à infância, isto é, aprender uma língua como o faz uma criança: “de
forma global, interdisciplinar, na sua totalidade psicomotora, intensa e
concentradamente”;
Superação de obstáculos psicológicos à aprendizagem, reforçando a auto-estima
e a sugestão positiva;
Acionamento das reservas da personalidade, ativando os potenciais de
aprendizado e centrando nos empenhos e necessidades de quem aprende uma
língua estrangeira;
Aprendizagem rápida, intensa, concentrada e sem esforço
Emprego de recursos didáticos, artísticos e psicológicos, fazendo recurso de
canções tranquilas, filmes, peças de teatro, motivando o aprendiz.
Lozanov (1966 apud Martins, 2000, p. 1) acredita que a música retém a
informação viva na memória do indivíduo. No entanto, a música na Suggestopedia não
é novidade aos olhos da ciência. Sabe-se que a música suave é relaxante há milênios, e
“é relaxante porque não cobra „ação intelectual‟, isto é, não exige raciocínio e isto faz
baixar a frequência das ondas cerebrais”. Ela é captada pelo ouvido e não é necessário
que se processe de forma cansativa pela mente.
Esta propriedade que tem a música de processar a informação de forma prazerosa
nos dá abertura para que a usemos como veículo de informações importantes ao cérebro,
afirma Martins (2000). Sabe-se que a nossa memória tem preferência por informações
prazerosas. Nós memorizamos melhor os acontecimentos que nos dão prazer, e a música
calma favorece esse prazer. Abordando a música na Suggestopedia, Lozanov (1966 apud
Aguilar, 2001, p. 5) diz que “a linguagem da música, da rima e do ritmo não atinge apenas o
ouvido, mas também o cérebro por uma via mais rápida do que a lógica e a argumentação”,
isto é, a música não é somente percebida pelos ouvidos, como também pelo cérebro, o que
pode justificar a influência positiva que as artes causam na parte subjetiva do homem. No
subitem a seguir, explanamos o Total Physical Response, método utilizado nas abordagens
de ensino/aprendizagem de língua estrangeira.
O método da Resposta Física Total, criado por Asher, está ligado a uma
abordagem de ensino/aprendizagem de língua estrangeira conhecida como “abordagem
25
CAPÍTULO II
METODOLOGIA DE PESQUISA
Por isso, observando a sala de aula (o cenário), os alunos (os atores), a realização das
canções (os eventos) e o comportamento dos alunos frente às canções (o processo),
decidimos seguir a perspectiva do estudo qualitativo.
CAPÍTULO III
NÍVEL:
Crianças de 10/11 anos.
OBJETIVO:
Ensino/aprendizagem dos pronomes possessivos (estrutura gramatical) e
interação/motivação dos alunos.
PREPARAÇÃO:
O professor prepara um pequeno jogo, contendo três conjuntos de cartas. A
primeira mostra os pronomes, a segunda os possessivos adjetivos e a terceira os
pronomes possessivos. As cartas são entregues às crianças, que estão divididas
em três grupos de 8 componentes cada um. Cada um do grupo deve ligar sua
carta a mais duas cartas que estão nos outros dois grupos. Esse game pode ser
executado no início da aula como warmer. Exemplo:
I MY MINE
Em seguida, sugere aos alunos que construam um cartaz com uma tabela gigante
explorando os pronomes possessivos e adjetivos, como no exemplo a seguir:
PROCEDIMENTO:
O professor canta a canção uma vez, apenas para a apresentação e apreciação da
melodia. O professor então discute com os alunos os pronomes, os possessivos
adjetivos e os pronomes possessivos com o auxílio da tabela. Após a
visualização do cartaz e discussão dos pronomes o professor pode estabelecer
um tempo para o jogo. As crianças devem organizar cada pronome com seu
correspondente possessivo adjetivo e possessivo. Só então o professor explica
que o pronome possessivo é usado sem o substantivo, no final de frases.
Ele/ela pode treinar com drills, usando frases padrões, tais como:
E assim por diante. Após o treino, as crianças podem desenvolver uma atividade
escrita envolvendo objetos pessoais preferidos, tais como tênis, bola, quarto etc,
e também objetos preferidos da mãe, do pai, ou do irmão, envolvendo as frases
citadas anteriormente. As crianças podem trocar as atividades escritas entre eles
e fazer uma leitura da atividade do colega. Finalmente, o professor canta a
canção com os alunos, sinalizando os pronomes e adaptando-os em várias
estrofes. O professor pode sugerir que pequenos grupos cantem cada estrofe,
denominando cada pronome para determinado grupo. Não há a necessidade da
tradução mecânica, apenas sinalizar as palavras shine e light com mímica ou
flash-cards, já que as outras palavras são bastante conhecidas dos alunos e
repetem-se sempre. O professor também pode explicar as contrações do verbo
To be com seus respectivos pronomes, presentes nas linhas 2, 4, 6, 9, 11, 13, 15
e 19 e a contração do verbo Going to, tornando-se na forma popular gonna, nas
mesmas linhas. Outro verbo também pode ser contraído dessa forma, o want to,
tornando-se em wanna. Explicar que esse modelo é informal, popular, e não é
usado em linguagem formal.
No primeiro capítulo, Lile (2002 apud Pereira, 2007, p. 36) observa que
motivação é um aspecto importante para a aprendizagem. Lake (2002) afirma que a
música pode ajudar a ultrapassar barreiras de medo e incerteza que assolam os alunos ao
tentar uma nova língua, criando ambientes com atmosfera agradável e lúdica. Por ter um
ritmo contagiante e por induzir boas ações, esta canção pode nos dar um exemplo de
motivação na sala de aula.
De acordo com Lake (2002), a música pode ajudar na pronúncia e na aquisição
de estruturas gramaticais de forma espontânea e natural, como também na apreensão de
vocabulário. Murphey (1992) também declara que as canções podem conter input
autêntico para o ensino de línguas estrangeiras, pois elas podem ajudar na compreensão
34
NÍVEL:
Crianças a partir de 8 anos.
OBJETIVO:
Tradução e adaptação
35
PREPARAÇÃO:
O professor prepara a letra da canção em folha A4, em inglês, e traz impressa
para as crianças.
PROCEDIMENTO:
O professor canta a canção uma vez; na segunda vez pede que os alunos o
acompanhem. Depois de ouvida e cantada a canção, o professor pergunta às
crianças qual palavra ou frase foi compreendida. Em seguida, o professor
juntamente com a turma, confecciona um cartaz, com a escrita dos próprios
alunos, de cada frase da canção. Visualizando as palavras, as crianças poderão
ter um conhecimento maior do vocabulário da canção. A partir desse
conhecimento, discutir quais frases já traduzidas na íntegra para o português
“cabem” dentro do ritmo e da melodia originais. As crianças junto com o
professor devem ir testando possibilidades de palavras, até que as frases fiquem
prontas e do “mesmo tamanho” das frases em inglês. Ajudá-los também a
encontrar palavras que rimem umas às outras nos finais de frases. É claro que
isso não pode ser possível em todas as frases da canção. Explicar que essa tarefa
se chama versão e adaptação, e não apenas tradução. Um modelo de versão, feita
com meus alunos de 3º, 4º e 5º anos, resultou no texto a seguir:
adaptarmos frases e palavras que coubessem dentro dos versos melódicos, sem deixar
fugir do contexto original. Também procuramos uma palavra que rimasse com a última
palavra da frase 3, o que resultou na adaptação de “o céu te diz”, que no original é “the
skies are gray”, presente na linha 4, ou seja, não é tradução literal, mas não fugiu muito
do que o texto quis dizer. Este pode ser um pequeno exemplo de como se faz uma
recriação de uma canção estrangeira para a língua portuguesa, como afirma Campos
(1986), sem deixar perder sua originalidade, ritmo, melodia e contexto. Discutimos a
seguir uma canção que nos explicita um exemplo da fonética da língua inglesa,
vocabulário e um pequeno exemplo da cultura americana.
Esta canção tem por objetivo ensinar algumas partes do corpo humano, bem
como movimentos corporais e o Twist, ritmo executado pelos negros em suas danças,
que teve origem nos Estados Unidos nos anos 60 e que é uma vertente do Rock’n roll e
do Jazz. A dança que faz mover os pés em zig zag e “torcer” a cintura, abaixando o
corpo até o chão, se popularizou na cultura de todo o mundo, tornando-se temas de
filmes. Também nesta canção exploramos o som do th, o qual não há similar na língua
portuguesa, e que frequentemente é substituído por outros sons que podem
comprometer a pronúncia correta. Explicitamos algumas estruturas fraseológicas
presentes na canção, que podem ser automatizadas naturalmente. Também utilizamos na
sugestão desta canção o método Total Physical Response, que consiste em comandos e
ações sugeridos pelo professor que devem ser acompanhados pelos alunos.
NÍVEL:
Crianças a partir de 7 anos.
OBJETIVO:
Ensino/aprendizagem das partes do corpo (vocabulário), do som do th (fonética)
e de estruturas fraseológicas (gramática), bem como dançar o Twist.
PREPARAÇÃO:
O professor prepara flash-cards contendo as partes do corpo sugeridas na
canção, como no exemplo a seguir:
Ele/ela também pode selecionar um pequeno vídeo para mostrar como é a dança
do Twist e falar sobre sua origem. Preparar também dois grandes cards contendo
as frases “I do like this” e “I‟m so glad”.
PROCEDIMENTO:
O professor canta a canção apenas para apreciação e preparação da atividade.
Depois de ouvida a canção, o professor mostra os flash-cards contendo as partes
do corpo presentes na canção, fazendo a pergunta: What is it?
Ele/ela também pode pedir aos alunos que mostre cada parte do corpo, com a
seguinte frase: Show me your hand/ your waist/ your ear...
Em seguida o professor pode explicar com o auxílio dos dois flash-cards o
significado da frase “I do like this” presente em quase todas as frases da canção
e “I‟m so glad”, presente nas linhas 5 e 10. Ele/ela também pode pedir às
crianças outros exemplos de sinônimos da palavra glad e motivá-los a formar a
mesma frase com os outros adjetivos. O som do TH está nas palavras with,
presente nas linhas 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8 e 9, e this, presente nas linhas 5 e 10. O
professor pode fixar o som do th surdo e do th sonoro, pedindo às crianças que
coloque a mão embaixo do queixo enquanto faz-se o som e explica a diferença.
Em seguida, ele/ela pode fazer um exercício baseado no método Total Physical
Response, com algumas frases como no exemplo a seguir:
Touch your head.
Touch your left/right eye.
Hold the left/right hand of your friend.
Put your hand in your waist.
Press your nose.
Move your tongue.
Por último, cantar a canção com as crianças mostrando as partes do corpo
conforme o texto da canção e ensinar como se dança o Twist, mostrando o vídeo
e até mesmo dançando com as crianças, promovendo um momento de
descontração.
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Esta canção nos remete ao primeiro capítulo desta pesquisa, onde discutimos o
aspecto linguístico, pronúncia e o método Total Physical Response.
Schoepp (2001) declara que algumas canções são repletas de frases do nosso
cotidiano e expressões idiomáticas, e que podem promover a automatização espontânea
dessas estruturas. Lake (2003) e Murphey (1992) declaram que as canções ajudam na
apreensão de vocabulário e estrutura, e que linguagem e música estão ligadas no
processo de aprendizado. No caso da canção Twist of the body, as frases I do like this,
I’m so glad e Whit my hand and my other hand são um exemplo de estruturas prontas e
que podem ser memorizadas de forma natural. Esses exemplos podem nos remeter ao
que Lake (2003) e Murphey (1992) afirmam.
Oliveira (2003) afirma que pronúncia é muito importante para que o discurso
seja bem assimilado pela sua natureza de diversão, e que a consciência fonológica é um
dos fatores mais importantes para uma pronúncia eficiente. Lake (2002) declara que as
canções desenvolvem a acuidade fonética e as habilidades orais. Sinalizamos na canção
o exemplo dos dois sons do TH, os quais são difíceis de ser pronunciados por não ter
similares na língua portuguesa, e a canção pode ajudar nesse processo, pois de acordo
com Oliveira (2003), a música ajuda na aquisição do sistema fonético de forma
integrada, holística, assim como citado no subitem 1.4.2.4.
Larsen-Freeman (2000) consolida que o método Total Physical Response se
apoia no princípio de que o foco é na compreensão auditiva, e não na fala, e que o
professor deve dar comandos e realizá-los junto com seus alunos. Após algum tempo de
imitação e prática, o professor deixa que os alunos os realizem sozinhos. Em seguida, os
alunos podem ser capazes de falar os próprios comandos. Aproveitando o vocabulário
do corpo humano na canção, o professor pode sugerir alguns comandos aos alunos, que
poderão ser realizados na sequência: o professor comanda, os alunos realizam junto com
ele/ela, os alunos realizam sozinhos sob comando do professor e em seguida os alunos
falam os comandos para os colegas. Esta canção pode nos remeter ao que Larsen-
Freeman (2000) aponta como motivação e diversão gerando ambientes descontraídos
para o aprendizado. A seguir, damos um exemplo de canção que abrange alguns
aspectos gramaticais da língua inglesa.
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NÍVEL:
Crianças a partir de 9 anos.
OBJETIVO:
Vocabulário, conjugação verbal e estruturas fraseológicas (gramática)
PREPARAÇÃO:
O professor constrói um cartaz com a letra da canção. Ele/ela prepara material
para construir com as crianças máscaras de todos os animais que irão aprender.
Preparar uma tabela gigante contendo a conjugação dos verbos intrínsecos na
canção.
PROCEDIMENTO:
Depois de ouvida a canção, o professor mostra às crianças os flash-cards,
fazendo as seguinte perguntas: “What is it?” e “How is the sound of this
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5. Oh, Susanna!
6. Oh, don’t you cry for me,
7. For I come from Alabama
8. With my banjo on my knee.
NÍVEL:
Crianças a partir de 6 anos
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OBJETIVOS:
Ensino/aprendizagem de alguns hábitos, costumes, ritmo e aspectos geográficos
de alguns estados americanos.
PREPARAÇÃO:
O professor traz para a sala de aula um mapa grande dos Estados Unidos para
mostrar os estados citados na canção, a distância entre eles, características de
solo, clima, dentre outros. Ele/ela também pode trazer um banjo (se tiver
condições para isso) ou uma figura grande do instrumento para mostrar às
crianças.
PROCEDIMENTO:
O professor canta a canção ou coloca o cd para a audição. Ele também pode
mostrar um pequeno vídeo desta canção para ilustrá-la melhor. Em seguida,
junto com as crianças, constroi um cartaz gigante com a letra da canção. Quando
houver os nomes dos estados, como nas linhas 1, 3, 7 e 9, o professor deixa os
espaços em branco para inserir os nomes de outros estados, escritos
separadamente pelas crianças. Usar o mapa para as crianças selecionarem esses
estados. Contar a história da canção numa espécie de dramatização: esta canção
foi escrita em 1847 por Stephen Foster, época da Corrida do Ouro na Califórnia,
onde foram descobertas jazidas de ouro. Nesta época, Foster fazia parte de um
grupo de teatro chamado Virginia Minstrels, e compôs esta canção no intuito de
apresentá-la em seus shows pelo país. Há uma estrofe na canção que possui um
certo preconceito em sua letra, e logo foi abolida da canção por conta de
princípios éticos. Explicitar que, na época da Corrida do Ouro, os homens
deixavam suas mulheres para o trabalho nas minas, e que isso gerava despedidas
chorosas. Explicar também que o Country é um ritmo tradicional dos Estados
Unidos, e que sua base instrumental é o banjo. O professor pode trocar o nome
da menina da canção, presente nas linhas 4, 5 e 11, colocando no texto da canção
os nomes das meninas da sala de aula, e criar uma pequena dramatização com
um menino tocando o banjo e a menina com um lencinho fingindo choro,
enquanto as outras crianças cantam a canção.
NÍVEL:
Crianças a partir de 5 anos.
OBJETIVOS:
Apresentação entre as crianças, interação, motivação e frases padrões.
PREPARAÇÃO:
Não há. O professor pode iniciar os primeiros minutos da primeira aula de língua
estrangeira cantando esta canção.
PROCEDIMENTO:
O professor faz um círculo com as crianças de pé. Ele/ela canta a canção,
apontando aleatoriamente para as crianças, e elas devem dizer seus nomes.
Quando chegar o momento de abraçar, as crianças podem sair dos seus lugares e
escolher quem irá abraçar. O texto desta canção pode sofrer uma adaptação ao
longo das aulas, após as crianças terem se apresentado. As frases podem ser:
44
Lile (2002 apud Pereira, 2007) afirma que motivação é um aspecto essencial
para o aprendizado. Para um aprendizado eficaz, Krashen (1982 apud Figueiredo, 2004)
afirma que o filtro afetivo deve estar baixo, o ambiente e a atmosfera devem ser
agradáveis e a motivação deve estar presente. Fernandes (2008) declara que a música
proporciona, além da alegria, um meio eficiente para que o aluno externe sua oralidade
de forma mais segura. Às vezes as crianças vão apreensivas e temerosas para sua
primeira aula de língua estrangeira, já receosas de como vão ser questionadas e como
devem se apresentar. Esta canção pode ser um bom exemplo para o professor “quebrar o
gelo” dessas primeiras apresentações. Depois desse momento inicial, as crianças se
sentirão mais à vontade para já começarem a elaborar as primeiras frases padrões de
apresentação, como por exemplo: “What is your name?” “My name is...”.
Essa canção, além de exemplificar aspectos afetivos como motivação e
interação, também nos traz exemplos de frases padrões que são repetidas ao longo de
sua melodia, fazendo com que sua memorização seja significativa, como discutido na
canção Twist of the body (exemplo 3.3). Para finalizarmos, trazemos uma canção que
exemplifique o método sugestopédico.
Esta canção cantada por Sarah Brightman contempla o método conhecido como
Suggestopedia. É uma canção extremamente serena e relaxante, podendo ser usada no
início e/ou no final das aulas. O seu objetivo principal não é o aprendizado de estruturas
gramaticais ou outros aspectos da língua estrangeira, mas promover um ambiente
relaxante e acolhedor na sala de aula, não só de língua estrangeira, mas de qualquer
outra aula.
NÍVEL:
Todas as idades.
OBJETIVOS:
Promover relaxamento e serenidade na sala de aula.
PREPARAÇÃO:
O professor organiza a sala de forma que haja um espaço amplo para as crianças
se deitarem no chão.
PROCEDIMENTO:
O professor pode realizar essa canção no início e no final das aulas. Ele/ela
apaga as luzes ou fecha as janelas, de modo que a sala fique na penumbra e pede
às crianças que deitem no chão e fechem seus olhos. Se houver a curiosidade por
parte das crianças quanto ao texto da canção, o professor pode promover um
tempo para apreciação da letra.
CAPÍTULO IV
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CUNHA, Marcus Vinicius da. Psicologia da Educação. In: Piaget: Psicologia genética e
educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. (Capítulo 3)
MEZAN. R. Freud é um vencedor. In: Revista Veja, RJ, Abril, p.16, 2006.
SARICOBAN , A. METIN, E. Songs, verse and games for teaching grammar. The
Internet TESL Journal, v. VI, n. 10, Oct. 2000. Disponível em:
http://iteslj.org/Techniques/Saricoban-Songs.html. Acesso em 2 nov. 2009.
SCHOEPP, K. Reasons for using songs in the ESL/EFL classroom. The internet TESL
Journal, v. VII, n. 2, Feb. 2001. Disponível em: http://iteslj.org/Articles/Schoepp-
Songs.html. Acesso em: 21 set. 2009.
TELLES, J. “É pesquisa, é? Ah, não quero, não, bem!” Sobre a pesquisa acadêmica e
sua relação com a prática do professor de línguas. Linguagem e Ensino, v. 5, n. 2, 2002.
p. 91-116.
WILLIS, Judith. Oxford escolar para estudantes brasileiros de inglês. New York:
Oxford University Press, 1999.