Coletanea Final-Linguistica SUSI

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BRINCANDO COM OS SONS:

ATIVIDADES DE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA

SUSIE ENKE ILHA


CLÁUDIA CAMILA LARA

Rio Grande
2009

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AGRADECIMENTO

À Darlene Torrada Pereira, Pró-Reitora de Extensão e Cultura,


pelo seu apoio, atenção e incentivo.
Ao Prof. Áttila Louzada Júnior, Diretor do Instituto de Letras e
Artes – FURG, pelo seu apoio e disponibilidade.
Ao Prof. Paulo Ricardo de Oliveira Enke, Diretor da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Clemente Pinto, à Supervisora
Escolar Elizabeth Jahnecke por terem colaborado atenciosamente com
o Projeto de Extensão Elaboração de uma coletânea de atividades e
jogos envolvendo consciência fonológica e às Professoras Marta
Arrieche Peres e Rosamary Ramos que acompanharam com carinho a
aplicação das atividades em sala de aula
Ao André Lemes da Silva, diretor do Centro de Atenção Integral
à Criança e ao Adolescente – CAIC-FURG, às coordenadoras
pedagógicas Luiza Maria Bonneau Lucas e Débora Amaral Sotter, e ao
coordenador pedagógico Alexandre Cougo de Cougo pelo apoio e
atenção recebidos e às professoras Lucilene Motta Figueiredo, Vanessa
Raupp Medeiros, Sonia Mara Gil da Silva, Mara Pedroso por
participarem com entusiasmo e interesse do curso de extensão
Aquisição da escrita: uma abordagem fonológica. E à Profa. Mara
Pedroso pelas parlendas sugeridas.
À Profa. Vera Teresa Sperotto Bemfica pela sua disponibilidade
e atenção ao realizar uma oficina sobre poesia infantil durante o curso
de extensão Aquisição da escrita: uma abordagem fonológica.
À Profa. Nea Setúbal Castro pela gentil indicação de livros sobre
poesia infantil.
Às Dianiey da Silva Rosa, Joceli Vignol Abreu, Simone Cunha,
Lílian Hartwig, Sheila Pedroso da Conceição, Vanessa Cagerda Tarouco,
bolsistas voluntárias, que auxiliaram na elaboração desta Coletânea.
À Cláudia Camila Lara, bolsista voluntária e acadêmica do Curso
de Letras Português-Inglês, pelo seu interesse e colaboração constantes
Às alunas e alunos do curso de Pedagogia – FURG por ter tido
a oportunidade de aprender com eles e de continuar aprendendo.
À Gislaine Machado, diretora da Escola Infantil Arco-Íris – Porto
Alegre, pela sua gentil colaboração ao sugerir contos.
À Equipe da Escola Waldorf Querência por disponibilizar
poesias a serem apresentadas nesta coletânea. E em especial à
Professora Ana Sartori por ter proporcionado à vivência de um momento
mágico com a poesia.

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Eu lhes aconselharia entregar-se verdadeiramente
aos fonemas, às sílabas, penetrando neles e
atentando para essa clara penetração, de modo a
conscientizar-se ao falar cada som. Elevem cada
som individual à consciência.

Rudolf Steiner (1999)

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APRESENTAÇÃO

A presente Coletânea de Atividades Envolvendo Consciência


Fonológica tem como objetivo mostrar aos professores dos anos iniciais
sugestões de incentivar a produção oral de palavras, sílabas e fonemas
do Português Brasileiro durante o início do processo de aprendizagem
da leitura e escrita.
A elaboração desta foi motivada pelos resultados obtidos na
tese de doutorado intitulada A aquisição da estrutura silábica na escrita
inicial de crianças e adultos: uma relação com a consciência fonológica,
sob a orientação da Profa. Dr. Regina Ritter Lamprecht, na Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Ao participar do Curso de Fundamentação em Pedagogia
Waldorf – Rio Grande do Sul, sob a coordenação geral no Brasil de
Peter Biekarck e a coordenação local de Nina Machado e Gislaine
Machado, apoiado pela Federação de Escolas Waldorf do Brasil,
sensibilizei-me com as atividades artísticas vivenciadas, especialmente
com a Arte da Fala. Mencionamos contos e poesias apresentados no
decorrer do curso e, também, oferecidos pela Escola Infantil Arco-íris e
pela Escola Waldorf Querência, ambas localizadas em Porto Alegre –
RS.
O fato de ter tido o contato com técnicas da Programação
Neurolingüística durante cursos ministrados pelo Dr. Nelson Spritzer,
diretor do Centro Sul-Brasileiro de Programação Neurolingüística –
Porto Alegre, acordou em mim a presença dos canais sensoriais: o
visual, o auditivo e o cinestésico. Dentre esses, o cinestésico, muitas
vezes, é suprimido pelo canal sensorial visual e pelo canal sensorial
auditivo durante o processo ensino-aprendizagem. Apresentamos
atividades envolvendo o canal sensorial cinestésico.

Susie Enke Ilha


Instituto de Letras e Artes – FURG

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SUMÁRIO

Introdução .................................................................................. 11
As atividades de consciência fonológica ................................ 15
1. Os contos de história como atividade pedagógica ............ 17
2. Sensibilização aos sons em geral ........................................ 39
2.1 Sons da natureza.................................................................... 39
2.2 Sons de instrumentos musicais.............................................. 39
2.3 Brincadeiras com sons .......................................................... 40
3. Sensibilização às rimas ........................................................ 41
3.1 Através de poesias ................................................................ 42
3.2 Através de parlendas ............................................................. 74
3.3 Identificação e produção de rimas através de brincadeiras .. 80
4. Sensibilização à articulação dos sons do Português
Brasileiro: através de trava-línguas .................................... 83
4.1 Trava-línguas envolvendo os sons vocálicos ........................ 83
4.2 Trava-línguas envolvendo os sons consonantais dos pares
mínimos ................................................................................. 84
4.3 Trava-línguas envolvendo os fonemas nasais /m/ e /n/ ........ 87
4.4 Trava-línguas envolvendo o fonema lateral /l/ ....................... 87
4.5 Trava-línguas envolvendo os fonemas /r/ e /R/ ..................... 88
4.6 Trava-línguas envolvendo padrões silábicos complexos ...... 88
4.6.1 Ataque, núcleo e coda (consoante-vogal-consoante) ........ 88
4.6.2 Ataque complexo e núcleo (consoante-consoante-vogal) .. 89
5. Consciência silábica ............................................................. 90
5.1 Atividades cinestésicas .......................................................... 90
5.2 Jogos de trilha ....................................................................... 90
5.2.1 Envolvendo estruturas silábicas simples ataque e núcleo
(consoante-vogal)CV .............................................................. 90
5.2.2 Envolvendo estruturas silábicas complexas ....................... 91
5.3 Jogo fonológico da sílaba inicial ............................................ 91
5.3.1 Palavras com a sílaba inicial constituída por consoante-
vogal (CV)................................................................................ 92
5.3.2 Palavras com a sílaba inicial constituída por consoante-
vogal-consoante (CVC) .......................................................... 92

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6. Sugestões de seqüências de atividades envolvendo
consciência fonológica ........................................................ 93
7. Sugestões de CDs e DVD ..................................................... 95
8. Referências Bibliográficas .................................................... 97

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INTRODUÇÃO

A literatura especializada tem evidenciado o papel relevante da


consciência fonológica durante o processo de aprendizagem da leitura e
da escrita nos anos iniciais.
Definimos consciência fonológica como uma habilidade
lingüística de manipular os sons da língua falada, tais como consciência
de palavras, rimas, aliterações, sílabas, e fonemas, constituintes de
sílabas simples como CV (consoante-vogal) e complexas como CCV
(consoante-consoante-vogal – pra.to) e CVC (consoante-vogal-
consoante – por.to, pos.to, pon.to, bol.sa).
As crianças precisam desenvolver a consciência fonológica a fim
de que uma escrita alfabética faça sentido no momento de sua
aprendizagem. Assim, no caso da língua portuguesa, elas devem
aprender que os fonemas das palavras são representados por uma ou
duas letras, conforme as convenções ortográficas. É por meio dessa
compreensão que as crianças são capazes de, primeiramente, segmentar
uma palavra em suas sílabas, podendo ou não representá-las por,
somente, uma letra (hipótese silábica de escrita, Ferreiro & Teberosky,
1991), e, após, uma sílaba em seus constituintes internos, ou seja, os
seus fonemas, e representar esses pelas letras correspondentes
(hipótese alfabética de escrita, Ferreiro & Teberosky, 1991).
Ilha (2003) constatou uma correlação significativa entre o teste
de consciência fonológica elaborado por Capovilla & Capovilla (2000) e
a escrita de estruturas silábicas complexas da língua portuguesa –
ataque complexo e núcleo (consoante-consoante-vogal), ataque, núcleo
e coda (consoante – vogal – consoante) – de crianças e adultos
cursando a segunda série do ensino fundamental em escolas municipais
de Rio Grande – RS. Assim, as crianças que possuem um bom
desempenho no teste de consciência fonológica, provavelmente têm um
bom desempenho na escrita, ao passo que as crianças que possuem
um baixo desempenho no teste de consciência fonológica,
provavelmente, apresentam um baixo desempenho na escrita.
A consciência fonológica, considerada uma habilidade de
manipular a língua falada em suas unidades menores, é vista por Chard
& Dickson (1999) como um contínuo de complexidade de atividades: de
as menos complexas, como identificar as rimas e as canções com
rimas, segmentar frases em palavras separadas, passando para um
nível mais alto de sofisticação, como segmentar as palavras em suas
partes iniciais (aliteração) e em suas rimas, e combinar partes iniciais e
rimas para formar palavras, para finalmente chegar em atividades mais

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complexas, as quais envolvem a consciência fonêmica, ou seja
manipular as palavras em fonemas. A consciência dos fonemas é a
base da compreensão de um sistema alfabético de escrita, como o
Português Brasileiro. Abaixo apresentamos a figura 1 elaborada pelos
referidos autores.

Segmentação
combinação
de fonemas

Início de palavras, Atividades mais


rimas, segmentação complexas
e combinação

Segmentando
e combinando
sílabas

Segmentação
de sentenças

Rimando
canções

Atividades menos complexas


FIGURA 1 – Um contínuo de complexidade das atividades de consciência fonológica, de
acordo com Chard & Dickson (1999).

Mencionamos o seguinte esquema para desenvolver atividades


de consciência fonológica a partir do referido contínuo de complexidade
mencionado acima.
PALAVRA > RIMAS E ALITERAÇÕES > SÍLABA > CONTITUINTES SILÁBICOS >
FONEMA > FONEMA/ LETRA

Há livros, como os de Capovilla & Capovilla (2000) e de Adams


et. Al. (2006), que apresentam procedimentos para desenvolver
consciência fonológica. As atividades a serem propostas para
professoras de primeiro e segundo ano do ensino fundamental estão
embasadas nesses livros.
Capovilla & Capovilla (2000) elaboraram um procedimento
contendo 39 atividades com o intuito de desenvolver consciência
fonológica de rimas, aliterações, fonemas e ensinar correspondências

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grafo-fonêmicas. De acordo com os autores, o referido procedimento foi
eficaz em auxiliar crianças do primeiro ano de alfabetização com
desempenhos em consciência fonológica abaixo da média (p.202). Além
disso, eles enfatizam a adaptação das atividades por eles propostas
para serem utilizadas em sala de aula com o intuito de não somente
remediar dificuldades em consciência fonológica e em leitura e escrita,
como também de ajudar na prevenção das mesmas.
Adams et. Al. (2006) apresentam um programa com atividades
para desenvolver a consciência fonológica de crianças cursando a pré-
escola ou o ensino fundamental. Ele foi adaptado do estudo de
Lundberg, Frost e Petersen (1988) – Suécia e Dinamarca – para salas
de aula dos Estados Unidos. Os alunos de pré-escola que participaram
do programa desenvolveram a capacidade de analisar palavras em sons
de forma mais rápida do que as que não participaram. Salientamos que
o conteúdo do programa foi adaptado para o Português Brasileiro por
Regina Lamprecht e Adriana Costa.
Mencionamos abaixo somente as atividades a serem aplicadas
para auxiliar as crianças a desenvolver consciência fonológica de
rimas/aliterações e de sílabas. As atividades de consciência fonológica
que envolvem a consciência fonêmica e a relação fonema/letra não
serão apresentadas nesta Coletânea, devido ao fato de não terem sido
trabalhadas com as crianças. Tais atividades se encontram ainda em
fase de elaboração e aplicação.
1 – Texto: contos como atividade pedagógica
2 – Sensibilização aos sons em geral através da imitação oral e gestual
a) Objetos: sino, apito de trem, instrumentos musicais
b) Natureza: vento, chuva, trovão
c) Animais: golfinho, baleia, pássaros
3 – Sensibilização para rimas/aliterações através de
a) poesias
b) músicas
c) identificação de rima/aliterações
d) formulação de rima/aliterações
4 – Consciência silábica:
e) separação de sílabas: jogos de trilha
f) identificação de sílabas iniciais, mediais e finais constituídas
pelas seguintes estruturas silábicas: ataque simples e núcleo,
ataque e rima (constituída por núcleo e coda – posto, ponto,
porto, bolsa), ataque complexo e núcleo (prato).

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AS ATIVIDADES DE
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA

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1. OS CONTOS DE HISTÓRIA COMO ATIVIDADE PEDAGÓGICA

Ao contarmos e recontarmos histórias para as crianças


pequenas, estamos trabalhando a estrutura lingüística e pensante, pois
cada história, assim como todo pensamento estruturado, consta sempre
de um começo, meio e fim (Luiza Lameirão, apud Bertalot 1995, p.13).
Além de contarmos histórias oralmente, podemos realizar a
leitura das mesmas. Abramovich (2008) enfatiza a importância da leitura
de histórias tanto para as crianças que ainda não sabem ler como para
aquelas que já sabem ler. Entretanto é preciso ter um cuidado especial
durante a leitura: mostrarmos que estamos familiarizados com a história
através da articulação correta de nomes de personagens ou lugares e
através de pausas quando houver vírgula ou ponto final nas frases.
Nas palavras da autora acima mencionada, ler histórias

É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida


em relação a tantas perguntas, é encontrar outras idéias para
solucionar questões (como as personagens fizeram...). É uma
possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos
impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos –
dum jeito ou de outro – através dos problemas que vão sendo
defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas
personagens de cada história (cada uma a seu modo...) É a
cada vez ir se identificando com outra personagem (cada qual
no momento que corresponde àquele que está sendo vivido
pela criança)... e, assim, esclarecer melhor as próprias
dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas...
(Abramovich, 2008, p. 17)

Apresentamos sugestão de histórias para serem contadas às


crianças.

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Jorinda e Joringuel

Era uma vez um velho castelo no meio de uma grande e densa


floresta. Dentro dele vivia sozinha uma velha que era feiticeira. De dia ela
se transformava em gata ou em coruja, mas à noite ela retomava a
aparência humana. A velha tinha o poder de atrair os animais silvestres e
as aves que ela matava, cozinhava e assava. Se alguém se aproximava,
a cem passos do castelo, era obrigado a parar e a ficar sem se mover do
lugar até que ela o desencantasse. Quando uma jovem donzela entrava
nesse círculo, ela a transformava em pássaro, que trancava num cesto, e
levava esse cesto para uma das salas do castelo. Havia bem uns sete mil
desses cestos com aves raras em seu castelo.
E era uma vez uma moça que se chamava Jorinda. Ela era mais
bonita que todas as outras moças. Ela e o belo rapaz chamado
Joringuel estavam prometidos um ao outro. Eram seus dias de noivado,
e eles tinham a maior alegria em estarem juntos. Para poderem
conversar à vontade, sem serem perturbados, eles foram passear na
floresta.
– Tome cuidado – disse Joringuel – para não chegar muito perto
do castelo!
Era uma linda tarde; por entre os troncos das árvores, o sol
brilhava muito claro sobre o verde-escuro da floresta, e a rolinha
cantava tristonha nos ramos das velhas faias.
Por vezes Jorinda chorava, sentava-se ao sol e se queixava, e
Joringuel também se queixava. Estavam tão angustiados como se
fossem morrer; porque estavam perdidos na floresta, sem saber como
voltar para casa. Metade do sol ainda aparecia por cima do monte, mas
a outra metade já se escondera. Joringuel espiou por entre os arbustos
e viu o velho muro do castelo bem perto; assustou-se e sentiu um medo
mortal. Jorinda cantou:
Meu passarinho de rubra golinha,
Canta a triste sina em que ele se viu,
Canta a morte da pobre rolinha,
Ai que triste canto, piu-piu-piu...
Joringuel procurou por Jorinda. Jorinda se transformara num
rouxinol que cantava piu-piu-piu. Uma coruja de olhos em brasa voou
três vezes em volta dela e gritou três vezes: chu...uuu...uuu... Mas
Joringuel não podia se mover, parado, imóvel como uma pedra, sem
poder chorar, nem falar, nem mexer um braço ou perna.
Agora o sol já se escondera; a coruja voou para dentro de um
arbusto, e logo em seguida saiu de lá uma velha toda torta, amarela e

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magra, de grandes olhos vermelhos e nariz tão recurvo que tocava o
queixo com a ponta. Ela resmungou, apanhou o rouxinol e levou-o
embora na mão.
Joringuel não podia dizer nada e nem podia sair do lugar; o
rouxinol lá se fora. Finalmente, a velha voltou e disse com voz
cavernosa:
– Meus cumprimentos, Joringuel. Quando a luazinha brilhar no
cestinho, esteja livre, Joringuel, em boa hora!
E Joringuel ficou livre. Ele caiu de joelhos na frente da mulher e
implorou que ele lhe devolvesse Jorinda; mas ela disse que nunca mais
ele a teria de volta e foi-se embora. Ele chamou, chorou, lamentou-se,
mas tudo em vão.
Joringuel pôs-se a caminhar e acabou chegando a uma aldeia
desconhecida. Ficou ali muito tempo, como pastor de ovelhas. Muitas
vezes ele rodeou o castelo, mas sem chegar muito perto. Finalmente,
certa noite, sonhou que encontrara uma flor rubra como sangue, com
grande e linda pérola no meio. Colheu a flor e foi com ela para o castelo.
Tudo o que ele tocava com a flor ficava livre do feitiço. Ele sonhou
também que desencantara e recuperara a sua Jorinda.
De manhã, quando acordou, começou a procurar por montes e
vales, uma flor como aquela. Procurou até o nono dia, que foi quando
encontrou, de manhã bem cedo, a flor rubra como sangue. No meio
dela, havia uma grande gota de orvalho, do tamanho da mais linda das
pérolas. Ele levou consigo essa flor dia e noite, até o castelo.
Quando chegou a cem passos dele, não ficou enfeitiçado e
continuou a caminhar até o portão. Entrou, atravessou o pátio e
procurou o lugar de onde provinha aquele imenso vozerio de pássaros
presos; finalmente descobriu. Andou mais e encontrou o salão. Lá
estava a feiticeira, alimentando os pássaros nos sete mil cestos.
Quando ela viu Joringuel, ficou louca de raiva, insultou-o, xingou, cuspiu
veneno e fel, mas ficou paralisada a dois passos de distância dele.
Joringuel, sem nem olhar para ela, foi examinar todos os cestos com
pássaros. Mas lá havia milhares de rouxinóis, como é que ele iria
reconhecer a sua Jorinda?
Enquanto assim procurava, reparou que a velha pegara
disfarçadamente um cestinho com um pássaro, e corria com ele para a
porta. Joringuel alcançou-a de um salto e , com a flor, tocou o cestinho e
a velha também. Esta então perdeu todo o poder de fazer bruxarias, e
Jorinda apareceu, linda como antes, e atirou-se nos braços de seu
noivo. Então, ele desencantou todos os pássaros, devolvendo-lhes a
forma de jovens donzelas, e voltou para casa com sua Jorinda. E os
dois viveram alegres e felizes por muito, muito tempo.

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A teia de aranha
(Malta)

Os soldados de Herodes já quase os alcançavam, José puxava as


rédeas do burrinho, que muito alegre, subia a montanha, pulando de pedra
em pedra, sem parar, como se soubesse da necessidade do momento.
Maria, desesperada, segurava o menino Jesus enrolado em seu manto.
Foi quando José viu uma pequena gruta a sua frente. Com seus
braços fortes empurrou uma rocha para o lado, facilitando a entrada
para Maria e o burrinho, e rapidamente agacharam-se na escuridão
silenciosa do seu novo esconderijo. A rocha ficou meio dependurada
sobre a descida da montanha, e José deixou-a assim, com a esperança
de que a pedra impedisse os soldados de chegarem muito perto, com
medo de que ela caísse em cima deles.
Uma aranha, curiosa, veio ver o que ocasionara aquele rebuliço
a sua volta e quando José a viu lhe pediu:
– Querida aranha, por favor, faça uma teia na entrada da gruta!
E a pequena aranha inteligente começou imediatamente a
desenrolar seus fios, tecendo rapidamente a teia da forma que José lhe
havia pedido.
No momento em que ficara pronta, surgiram os soldados entre as
pedras, e podiam ouvir como estavam em frente da gruta, falando alto:
– Não cheguem muito perto, essa rocha está pronta para cair a
qualquer momento!
– Mas eles passaram por aqui, será que não entraram nessa
gruta?
– Pois olhe o tamanho dessa teia! Aqui não entrou ninguém,
nem um ratinho poderia ter passado sem rasgar a teia! Vamos embora!
Incrível, tinha certeza que os vi por aqui! Mas devem ter
continuado adiante. Vamos lá!
E deram a volta, descendo a montanha. O coração de Maria deu
sete pulos de alegria e ela beijava o Menino, quase sem deixá-lo
respirar. O burrinho abanou alegre o seu rabo, perguntando se agora
poderia comer aquelas ervas suculentas que havia visto na subida.
Até hoje aquela rocha pende sobre a montanha, como se fosse
mantida ali por forças invisíveis, e muitos peregrinos do mundo inteiro
vem admirá-la.
A pequena aranha tão prestativa foi abençoada com uma
marca: uma cruz surgiu nas suas costas. Dizem que aranhas trazem
sorte a casa, e as mulheres “em nome de Deus”, muitas vezes nem
tiram as teias dos cantos.

20
O mingau doce
Irmãos Grimm

Era uma vez uma pobre menina piedosa, que vivia sozinha com
a sua mãe e elas não tinham mais nada para comer. A menina, então,
foi ao bosque e lá encontrou uma velha mulher que, sabendo de sua
miséria, lhe deu uma panelinha, a qual deveria dizer: “Ferva panelinha”
e ela cozinharia um bom mingau doce. E, dizendo-lhe: “Pare panelinha”,
ela deixaria de cozinhar.
A menina levou a panela para sua mãe e assim deixaram de
passar fome, e comiam mingau doce à vontade.
Uma vez a menina havia saído, e sua mãe disse: “Ferva
panelinha”, e esta se pôs a cozinhar, e ela comeu até fartar-se. Depois
quis que a panelinha parasse de cozinhar, mas ela não sabia a palavra.
De modo que a panela continuou cozinhando e o mingau subiu até a
borda, derramando-se, e continuou cozinhando sem parar, enchendo a
cozinha e toda a casa, e depois a segunda casa e depois a rua, como
se quisesse acabar com a fome de todo mundo. E houve um grande
desespero e ninguém mais sabia o que fazer.
Quando faltava só uma única casa, a menina voltou e disse
apenas: “Pare panelinha”, e a panela parou de cozinhar.!”
Mas todos os que queriam entrar novamente na cidade eram
obrigados a abrir caminho comendo mingau!

21
Mãe Holle

Uma viúva tinha duas filhas; uma delas era muito bonita e
diligente, mas a outra era feia e preguiçosa.
Por estranho que pareça, a mãe amava a feia e preguiçosa mais
do que a outra que fazia todo o trabalho e era, enfim, o burro de carga
de toda a casa. Todos os dias ela tinha que se sentar num banco ao
lado de um poço que ficava na frente da casa à beira da estrada e fiar
tanto que seus dedos ficavam muito doloridos e o sangue começava a
correr. Certa vez em que seus dedos tinham se ferido, ensangüentando
o fuso, ela o mergulhou no poço com a intenção de lavá-lo, mas ele
infelizmente escapou de suas mãos e caiu lá dentro. Ela saiu dali
correndo e foi chorando até sua mãe contar o que acontecera. Mas esta
ralhou duramente com ela dizendo, Se você foi tonta de deixar o fuso
cair, vai ter que tirá-lo dali do jeito que puder. E assim a pobre moça
voltou ao poço sem saber por onde começar, mas em sua tristeza,
atirou-se na água e foi para o fundo sem sentidos. Logo em seguida ela
acordou como se saísse de um transe. E quando abriu os olhos e olhou
ao redor, viu que estava num lindo prado onde o sol brilhava, os
pássaros trinavam docemente nos ramos e milhares de flores brotavam
a seus pés.
Ela então se levantou e caminhou por aquele prado delicioso até
chegar a uma casinha ao lado de um bosque; e, ao aproximar-se, viu
um forno cheio de pão fresco assando, e o pão falou, Tire-me daqui!
Tire-me daqui senão vou queimar, que já estou no ponto. Aí ela agiu
rapidamente e tirou-o do fogo. Avançou mais um pouco e chegou a uma
árvore repleta de lindas maçãs rosadas que lhe disse, Sacuda-me!
Sacuda-me! Estamos todas maduras! Ela sacudiu a árvore e as maçãs
caíram como chuva até não sobrar nenhuma sobre a árvore. Seguiu em
frente até que chegou a uma casinha com uma velha sentada à porta. A
menina quis fugir dali, mas a velha chamou-a, Não fique assustada,
querida criança! Fique comigo, eu gostaria de ter você como minha
criada, a se me fizer todo o trabalho da casa direito, vai se dar bem. Mas
trate de fazer bem minha cama e sacudi-la todas as manhãs no quintal
para que as penas possam voar, pois então a boa gente lá em baixo
dirá que está nevando: – Sou a Mãe Holle.
Como a velha falava docemente com ela, a menina se dispôs a
fazer o que ela pedia. E assim aceitou o emprego e fez de tudo para
agradá-la. Ela sempre sacudia bem a cama e assim foi levando uma
vida bem tranqüila com a velha, comendo uma ótima carne cozida e
assada todos os dias.

22
Mas depois de ficar algum tempo com a velha senhora, ela foi
ficando triste, pois, embora tivesse muito melhor ali, ainda sentia
saudades de sua casa. E finalmente disse a sua ama, Eu costumava
lamentar minhas penas em casa, mas mesmo que elas tenham que
voltar e eu tendo a certeza de me dar sempre bem aqui, não poderia
mais ficar. Tem razão disse sua ama Você deve fazer como achar
melhor; e como trabalhou lealmente para mim, eu lhe mostrarei o
caminho de volta. Pegou-a enquanto a menina estava ali debaixo, caiu
sobre ela uma pesada chuva de ouro, de modo que, erguendo o avental,
ela pode recolher uma boa porção dele. E a fada colocou um cintilante
vestido dourado sobre ela, dizendo Tudo isto você terá porque se portou
muito bem. E devolvendo-lhe também o fuso que havia caído no poço,
conduziu-a para fora por outra porta. Quando esta se fechou às suas
costas, ela se deu conta de que não estava longe da casa de sua mãe;
e enquanto entrava no quintal, o galo pousado na beira do poço bateu
as asas, cantando,

Có-co-ri-co-có
Nossa dama dourada voltou!

Ela entrou, então, em casa e estava tão rica que foi bem
recebida. Quando a mãe ouviu como a filha tinha obtido aquelas
riquezas, quis a mesma sorte para sua filha feia e preguiçosa, e disse-
lhe para ficar sentada ao lado do poço fiando. Para seu fuso ficar
ensangüentado, picou os dedos com ele, e quando aquilo não deu certo,
enfiou a mão num espinheiro. Depois, atirou o fuso no poço e pulou
atrás dele. Assim como a irmã, chegou a um lindo prado e seguiu o
mesmo caminho. Quando chegou ao forno da casinha, o pão implorou
como antes, Tire-me daqui! Senão queimarei, pois estou bem no ponto.
Mas a menina preguiçosa disse, Linda estória, mesmo! Como se eu
fosse me sujar por você!, e seguiu seu caminho. Logo depois alcançou a
macieira que gritou, Sacuda-me! Sacuda-me que minhas maçãs estão
bem maduras!. Mas ela respondeu, Isto não vou fazer pois uma de
vocês poderia cair em minha cabeça. E seguiu em frente. Finalmente,
ela chegou à casa de Mãe Holle e prontamente concordou em ser a sua
criada. No primeiro dia, ela se comportou muito bem e fez o que a ama
lhe dizia pensando no ouro que ia conseguir; mas no segundo dia
começou a vadiar, e no terceiro mais ainda, pois não conseguia levantar
cedo como devia, e, quando o fazia, arrumava a cama muito mal e não
a sacudia para as penas voarem. Mãe Holle logo se cansou dela e
mandou-a embora. E a menina preguiçosa ficou muito contente,

23
pensando, Agora virá a chuva de ouro. Então a fada levou-a à mesma
porta, mas quando entrou debaixo dela, em vez de ouro, um grande
caldeirão cheio de piche sujo foi-lhe despejado em cima. Eis o seu
pagamento, disse Mãe Holle fechando a porta às suas costas. E assim
ela voltou para casa toda suja de piche. E quando se aproximava da
casa de sua mãe, o galo empoleirado no alto do poço bateu as asas e
cantou,

Có-co-ri-co-có!
Nossa menina suja de piche voltou!

24
O ganso dourado

Era uma vez um homem que tinha três filhos. O mais novo
chamava-se Pateta e em todas as oportunidades era desprezado
maltratado pela família inteira. Aconteceu que o mais velho pôs na
cabeça de ir certo dia à floresta cortar lenha; e sua mãe deu-lhe um
delicioso pastel de carne e uma garrafa de vinho para se refrescar
durante o trabalho. Quando chegou na floresta, um velhinho desejou-lhe
bom dia e disse, “Dê-me um pedacinho de carne de seu prato e um
pouco de vinho de sua garrafa; estou com muita fome e muita sede”.
Mas esse jovem esperto disse, “Dar-lhe minha carne e meu vinho! Não,
obrigado; não sobraria o suficiente para mim”, e seguiu em frente. Logo
depois ele começou a cortar uma árvore, mas ainda não havia
trabalhado muito quando errou o golpe, cortou-se e foi obrigado a voltar
para casa e tratar do ferimento. Ora, fora o velhinho que lhe causara
este infortúnio.
Em seguida, o segundo filho foi trabalhar e sua mãe deu-lhe um
pastel de carne e uma garrafa de vinho. E o mesmo velhinho o encontrou
também e pediu-lhe algo para comer e beber. Mas ele também se
considerava terrivelmente esperto e disse, “Tudo o que você receber eu
perderei, por isso cai fora!” o homenzinho cuidou que ele tivesse sua
recompensa, e o segundo golpe que ele deu na árvore acertou-lhe a
perna, de modo que ele também foi forçado a voltar para casa.
Então, Pateta disse, “Pai, eu gostaria de ir cortar lenha
também”. Mas o pai respondeu, “Seus dois irmãos se feriram, é melhor
você ficar em casa pois não entende nada desse assunto”. Pateta
insistiu tanto até que seu pai falou, “Pois vá, você ficará mais sábio
quando tiver sofrido com sua loucura”. E sua mãe deu-lhe um pedaço de
pão seco e uma garrafa de cerveja amarga, mas quando ele chegou à
floresta, encontrou o velhinho que lhe disse, “Dê-me um pouco de carne
e um pouco de bebida pois estou com muita fome e muita sede”. Pateta
disse, “Só tenho pão seco e cerveja amarga, se isto lhe convier, nos
sentamos e comeremos juntos”, então os dois se sentaram e, quando o
rapaz tirou seu pão, vejam!, ele havia se transformado num excelente
pastel e sua cerveja amarga, num delicioso vinho. Eles comeram e
beberam animadamente, e quando terminaram, o homenzinho disse,
“Como você tem um coração bondoso e aceitou dividir tudo comigo, vou
lhe conceder uma graça. Ali está uma velha árvore, corte-a e encontrará
algo em sua raiz”. E tendo assim falado, ele se despediu e foi embora.
Pateta pôs-se a trabalhar e cortou a árvore, e quando ela caiu,
descobriu num vazio embaixo das raízes um ganso com penas de ouro

25
puro. Ele o pegou e levou a uma hospedaria onde pretendia dormir
durante a noite. O hospedeiro tinha três filhas, e quando elas viram o
ganso, ficaram muito curiosas pra descobrir que ave maravilhosa era
aquela, desejando muito arrancar uma pena de sua cauda. A mais velha
finalmente disse, “Eu quero e vou conseguir uma pena”. Ela esperou até
ele virar-se de costas e agarrou o ganso pela asa, mas, para seu grande
espanto, ficou presa, pois nem sua mão nem seu dedo conseguiram se
desprender. Em seguida veio a segunda irmã decidida a pegar uma
pena também, mas, no momento em que ela encostou na irmã, ficou
presa também. Enfim veio a terceira irmã e quis uma pena, mas as
outras duas gritaram, “Afaste-se! Pelo amor de Deus, afaste-se!” ela,
porém, não entendeu o que as irmãs queriam dizer. “Se elas estão ali”,
pensou, “posso perfeitamente estar ali também”. E assim as três fizeram
companhia ao ganso durante a noite toda.
Na manhã seguinte, Pateta colocou o ganso debaixo do braço e
não reparou nas três irmãs grudadas atrás dele; e por onde ele ia, elas
eram obrigadas a segui-lo, quisessem ou não, o mais rápido que suas
pernas pudessem carregá-las.
No meio de um campo, o vigário os encontrou, e vendo o grupo,
disse, “Vocês não têm vergonha, suas garotas imprudentes, de correr
atrás de um jovem dessa maneira pelos campos? Então ele a pegou,
pegou a mais nova pela mão para puxá-la, mas, no momento também,
ficou preso e seguiu o grupo. Em seguida foi a vez de clérigo, que
quando viu seu mestre, o vigário, correndo atrás das três moças, ficou
muito cismado e disse, “Ei, ei! Vossa Reverendíssima! Para onde ides
vós com tanta pressa? Temos um batismo hoje”. Então ele correu e
segurou o vigário pela batina, e num instante estava preso também. Iam
com os cinco assim se arrastando um atrás do outro, quando
encontraram dois trabalhadores com seus enxadões voltando do
trabalho. O vigário gritou para eles virem libertá-lo. Mal o tocaram,
porém, entraram também na fila formando sete, todos correndo atrás de
Pateta e seu ganso.
Finalmente eles chegaram a uma cidade onde governava um rei
que tinha uma única filha. A princesa era tão séria e pensativa, que
ninguém conseguia fazê-la rir; e o rei havia proclamado para o mundo
todo que quem a fizesse rir a receberia por esposa. Quando o jovem
ouviu isto, foi ao encontro com seu ganso e todo o grupo mal ela viu os
sete presos uns aos outros, tropeçando, atropelando-se, cada um
pisando no calcanhar do outro, não conseguiu se conter e caiu numa
prolongada e sonora gargalhada. Pateta pediu-a pois em casamento, as
bodas foram celebradas e ele se tornou herdeiro do reino, onde viveu
alegremente com a esposa por muito tempo.

26
O galo e a carroça vazia
Josef Guggenmos

Em frente ao celeiro estava uma carroça vazia. Chegou o galo,


voou em cima dela e gritou:
– Eu quero passear! Quem irá me puxar?
Chegaram duas galinhas e tentaram puxar a carroça, mas a
carroça não saía do lugar.
– Ah, o meu peso! Disse o galo. – Vocês não conseguem me
puxar. Eu sou muito pesado. Mas eu quero passear! Quem irá me
ajudar?
Chegaram dois porquinhos. Os porquinhos puxaram as galinhas
e as galinhas puxaram a carroça, mas a carroça não saía do lugar.
– Ah, meu peso! Disse o galo. – Vocês não conseguem. Eu sou
muito pesado. Mas eu quero passear! Quem irá me ajudar?
Chegaram duas cabras. As cabras puxaram os porquinhos, os
porquinhos puxaram as galinhas, as galinhas puxaram a carroça, mas a
carroça não saía do lugar.
– Ah, o meu peso! Disse o galo. – Vocês não conseguem. Eu
sou muito pesado. Mas eu quero passear! Quem poderá me ajudar?
Chegaram dois bezerros. Os bezerros puxaram as cabras, as
cabras puxaram os porquinhos, os porquinhos puxaram as galinhas e as
galinhas puxaram a carroça, mas a carroça não saía do lugar.
– Ah, o meu peso! Disse o galo! – Vocês não conseguem. Eu
sou muito pesado. Mas eu quero passear! Quem poderá me ajudar?
Chegaram duas vacas. As vacas puxaram os bezerros, os
bezerros puxaram as cabras, as cabras puxaram os porquinhos, os
porquinhos puxaram as galinhas, as galinhas puxaram a carroça, mas a
carroça não saía do lugar.
– Ah, o meu peso! Disse o galo. – Vocês não conseguem. Eu
sou muito pesado. Mas eu quero passear! Quem poderá me ajudar?
Chegou o touro. Agora as vacas puxaram os bezerros, os
bezerros puxaram as cabras, as cabras puxaram os porquinhos, os
porquinhos puxaram as galinhas, as galinhas puxaram a carroça e o
touro empurrava por trás. Assim os nove esforçaram-se, suavam,
puxavam e empurravam a carroça que continuava em frente ao celeiro.
Chegou João, o filho do fazendeiro. Todos os animais saíram de
perto da carroça e cochicharam: – Querem ver? Querem apostar? Ele
também não conseguirá tirar a carroça do lugar!
Mas João, o que foi fazer? Ele soltou o freio da carroça e a
carroça sozinha, rolou pra dentro do celeiro onde era o seu lugar.

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As cinco cabras
(Conto Inglês)

Era uma vez um menino que todos os dias ia pastorear as cinco


cabras de seu pai. Ele cuidava bem de suas cabras. Todas as manhãs
ele levava as cabras para o campo, onde encontravam capim gordo
para comer e boa água para tomar. À tarde ele levava as cabras para
casa onde eram ordenhadas, seu leite era bom e gordo.
Uma tarde as cabras quiseram ficar no campo, o menino não
conseguia levá-las para casa.
– Vamos, vamos para casa, vocês precisam ser ordenhadas, o
menino dizia às cabras. Mas as cabras não queriam e continuavam a
comer o capim suculento.
Então, chegou a irmã do menino e disse: – Espere só, eu vou
levá-las para casa. E correu atrás das cabras. Mas elas não queriam ir
para casa. Nisso vinha um cachorro pelo caminho.
– Espere só, eu vou levá-las para casa, disse ele. – A minha voz é mais
forte do que a sua, as cabras terão medo de mim... eu vou enxotá-las
para casa. Au, au, au...O cachorro correu atrás das cabras, mas elas
não tinham medo dele. Continuaram a comer o capim gostoso e não
foram para casa.
Veio uma raposa vermelha pelo campo. Ela queria ver porque o
cachorro latia tão alto. – Deixe que eu tento, disse a raposa. – O
cachorro está fazendo muita gritaria. Não é assim que vão levá-las para
casa. Eu sei algo melhor para fazer. Já vou levá-las para casa.
E a raposa correu atrás das cabras. – Andem, andem, para casa
suas cabras! Gritou ela. Mas as cabras nem ligaram para ela, comiam o
capim gostoso e não iam para casa.
Nisso chegou um cavalo. – Deixem que eu tento, sou maior que
uma raposa, sei mais que um cachorro e tenho mais pernas que um
menino...
E o cavalo correu atrás das cabras.
– Está escurecendo cabras, é hora de ir para casa!
Mas as cabras somente olharam para o cavalo e recomeçaram
a comer o capim tão gostoso, não iam para casa.
Por fim veio uma abelhinha. – O que está acontecendo aqui?
Por que estão no campo tão tarde?
– As cabras não querem ir para casa, responderam o menino e
a menina. – Ninguém consegue levá-las para casa. O cavalo não
consegue, nem a raposa, nem o cachorro, nem nós.
– É assim mesmo, disseram o cavalo, a raposa e o cachorro.

28
– Então é a minha vez, disse a abelha. – Eu conseguirei levá-las
para casa, deixem-me tentar.
– Mas você é muito pequena, disseram as crianças.
– Você não consegue fazer barulho, disse o cachorro.
– Você não sabe correr pelo campo com quatro patas, disse o
cavalo.
– Veremos, disse a abelha, e voou.
E logo voou para a cabra maior.
– Zu, zu, zu, fez a abelha.
A cabra levantou sua cabeça e viu a abelha.
– Ei, o que é isso? A cabra gritou e fugiu correndo.
– Se você for para casa, nós também iremos, disse a próxima
cabra.
– Então nós também iremos, disseram as outras cabras.
E assim, finalmente, todos foram para casa.

29
A beterraba
(Conto folclórico alemão)

Vovô plantou uma beterraba e disse-lhe:


– Cresça beterraba, cresça e fique bem doce!
Cresça beterraba, cresça e fique bem forte!
A beterraba cresceu – doce,forte e grande, enorme.
Vovô foi tirar a beterraba da terra. Puxava, puxava, mas não conseguia
tirar a beterraba da terra.
Vovô então foi chamar a vovó.
Vovó segurava vovô, vovô segurava a beterraba, puxavam, puxavam,
mas não conseguiram tirar a beterraba da terra.
Vovô então chamou o netinho.
O netinho segurava a vovó,
A vovó segurava o vovô, o vovô segurava a beterraba.
Eles puxavam, puxavam. Mas não conseguiam tirar a beterraba da
terra.
O netinho então chamou o cachorrinho.
O cachorrinho segurava o netinho,
O netinho segurava a vovó,
A vovó segurava o vovô,
O vovô segurava a beterraba.
Eles puxavam e puxavam, mas não conseguiam tirar a beterraba da
terra.
O cachorrinho então foi chamar o gatinho.
O gatinho segurava o cachorrinho,
O cachorrinho segurava o netinho,
O netinho segurava a vovó,
A vovó segurava o vovô
O vovô segurava a beterraba.
Eles puxavam e puxavam, mas não conseguiam tirar a beterraba da
terra.
O gatinho então foi chamar o ratinho
O reatinho segurava o gatinho,
O gatinho segurava o cachorrinho,
O cachorrinho segurava o netinho,
O netinho segurava a vovó,
A vovó segurava o vovô que segurava a beterraba.
Eles puxavam e puxavam, mas não conseguiram tirar a beterraba da
terra.

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O gatinho e o ratinho
(Conto inglês)

Era uma vez um gatinho e um ratinho que viviam juntos. Um dia


o gatinho mordeu o rabo do ratinho.
E o ratinho disse:
– Por favor, querido gatinho, me devolva o meu rabinho.
Mas o gatinho respondeu:
– Não pequeno ratinho, não lhe devolverei o seu rabinho, primeiro você
terá que ir falar com a vaca e trazer-me leite.
E o ratinho saiu, pulou, correu, sentou-se nas patinhas traseiras e pediu:
– Por favor, querida vaquinha, você poderia dar-me leite para o gatinho,
que assim devolverá o meu rabinho?
Mas a vaca respondeu:
– Não pequeno ratinho, não lhe darei leite, primeiro você terá de falar
com o fazendeiro e trazer-me feno.
E o ratinho saiu, pulou, correu, sentou-se nas patinhas traseiras e pediu:
– Por favor, querido fazendeiro, você poderia dar-me feno para a vaquinha,
que me dará leite para o gatinho, que assim me devolverá o meu rabinho?
Mas o fazendeiro respondeu:
– Não pequeno ratinho, não lhe darei o feno, primeiro você terá que ir
falar com o açougueiro e trazer-me carne.
E o ratinho saiu, pulou, correu, sentou-se nas patinhas traseiras e pediu:
– Por favor, querido açougueiro, você poderia dar-me carne para o
fazendeiro, que me dará o feno para a vaquinha, que me dará o leite
para o gatinho, que assim devolverá o meu rabinho?
Mas o açougueiro respondeu:
– Não pequeno ratinho, não lhe darei a carne, antes você terá que ir ao
padeiro e trazer-me o pão.
E o ratinho saiu, pulou, correu, sentou-se nas patinhas traseiras e pediu:
– Por favor, querido padeiro, você poderia dar-me pão para o
açougueiro, que me dará a carne para o fazendeiro, que me dará o feno
para a vaquinha, que me dará o leite para o gatinho, que assim
devolverá o meu rabinho?
O padeiro era um bom homem, e disse:
– Pequeno ratinho, eu lhe darei o pão, mas não venha mais lambiscar
da minha farinha!
E o padeiro deu pão ao ratinho, que levou ao açougueiro, que lhe deu a
carne, que levou ao fazendeiro, que lhe deu o feno, que levou à
vaquinha, que deu o leite para o gatinho.
E aí o gatinho devolveu ao ratinho o seu rabinho.
E o ratinho ficou todo contente!

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O lobo e os sete cabritinhos
(Irmãos Grimm)

Era uma vez uma velha cabra que tinha sete cabritinhos e os
amava com todo amor que uma mãe tem por seus filhos. Um dia, ela
quis ir à floresta buscar alimento, chamou todos os sete filhos e disse:
“Queridos filhos, eu preciso ir à floresta, fiquem de guarda contra o lobo;
se ele entrar aqui, comerá todos vocês, com pele, pelo e tudo. O
malvado frequentemente se disfarça, mas vocês o reconhecerão logo
pela voz rouca e os pés pretos”. As crianças responderam: “Mãe
querida, teremos cuidado; pode ir sem receio”. A cabra então fez “mé-é-
é” e pôs-se a caminho, despreocupada.
Não demorou muito, alguém bateu à porta chamando: “Abram a
porta, queridos filhos, sua mãe está aqui e trouxe consigo algo para
cada um de vocês”. Mas os pequenos sabiam que era o lobo, pela voz
rouca, e gritaram: “Não abriremos a porta, você não é a nossa mãe. Ela
tem uma voz doce e agradável, e a sua é rouca; você é o lobo!”. Então o
lobo foi até a loja de um comerciante e comprou um grande pedaço de
giz, comeu-o e com isso tornou a voz suave. Voltou então à casa e
bateu: “Abram, filhinhos, sua mãe está aqui e trouxe consigo algo para
cada um de vocês”. Mas o lobo tinha colocado sua pata preta na janela,
e as crianças gritaram: “Não abriremos a porta; nossa mãe não tem pés
pretos como você; você é o lobo!”. E o lobo foi até o padeiro e disse:
“Machuquei o meu pé, passe um pouco de massa nele”. E após o
padeiro ter-lhe passado a massa, correu ao moleiro e disse: “Passe um
pouco de farinha branca na minha pata”. O moleiro pensou consigo
mesmo: “o lobo quer enganar alguém”, e recusou; mas o lobo disse: “Se
você não o fizer, eu o comerei”. E o moleiro, com medo, fez com que a
pata do lobo ficasse branca.
O malvado voltou então pela terceira vez à porta e bateu:
“Abram para mim, crianças, sua mãezinha está de volta e trouxe para
cada um de vocês algo da floresta”. Os cabritinhos gritaram: “Primeiro,
mostre-nos sua pata para sabermos que é a nossa querida mãe”. E o
lobo mostrou-lhes a pata pela janela, e quando viram que era branca,
acreditaram no que ele dissera e abriram a porta. Quem entrou, porém,
foi o lobo. Os cabritinhos ficaram apavorados e procuraram esconder-
se. Um correu para baixo da mesa, o outro entrou na cama, e o terceiro
entrou dentro do forno, o quarto na cozinha, o quinto dentro do armário,
o sexto embaixo da pia e o sétimo dentro do relógio. Mas o lobo
encontrou todos e não fez cerimônia; engoliu-os um por um. O mais
novo, que estava no relógio de parede, foi o único que o lobo não

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encontrou. Satisfeito o seu apetite, o lobo saiu da casa, deitou-se sob
uma árvore na campina e adormeceu. Logo depois voltou a cabra da
floresta, e o que encontrou! A porta escancarada, a mesa, cadeiras e
bancos revirados, a bacia quebrada, as colchas e os travesseiros fora
da cama. Procurou os seus filhos, mas não os encontrou. Chamou-os
um a um pelo nome e nenhum respondeu. Por fim, quando chegou a
vez do mais novo, uma vozinha gritou: “Mamãezinha, estou dentro do
relógio”. Ela tirou o filhinho e ele contou que o lobo tinha entrado e
comido todos os outros. Vocês podem imaginar o quanto ela chorou
pelos seus pobres filhinhos.
Finalmente, em seu desespero, saiu de dentro de casa e o mais
novo dos cabritinhos a acompanhou. Chegando à campina, lá estava o
lobo que dormia sob a árvore e roncava tão alto que os galhos
balançavam. Ela olhos bem para o lobo e viu que algo se mexia em sua
barriga cheia. “Oh, céus”, disse ela, “será possível que meus filhinhos,
que o lobo engoliu para o jantar, ainda possam estar vivos?”. Então o
cabritinho correu para casa a fim de pegar a tesoura, agulha e linha. A
cabra cortou o estômago do monstro e, logo que deu o primeiro corte, um
dos cabritinhos empurrou a cabeça para fora e, quando ela cortou mais,
todos os seis saíram, um por um. Estavam todos vivos e sem nenhum
ferimento, pois em sua gula, o monstro os tinha engolido inteirinhos. Que
alegria! Eles beijavam a mãe e pulavam tal qual um alfaiate no dia de seu
casamento. Então a mãe disse: “agora procurem algumas pedras grandes
para enchermos a barriga desse malvado enquanto ele ainda dorme”. Os
sete cabritinhos correram para pegar as pedras e puseram na barriga do
lobo tantas quanto couberam, e a mãe costurou-o às pressas, e o lobo
não sentiu nada e nem se mexeu. Quando finalmente o lobo acordou,
levantou-se e foi procurar um poço para beber, pois as pedras em seu
estômago e deixaram com muita sede.
Porém, quando ele começou a andar, as pedras começaram a
sacudir e soar em sua barriga. Então ele disse: “o que é que bate e bate
nos meus ossos? Eu pensava que eram seis cabritinhos, mas parece
que são pedras?”. E quando ele chegou ao poço e inclinou-se para
beber água, as pedras fizeram-no cair e afogar-se.
Quando os sete cabritinhos viram isso, correram para olhar e
gritaram: “O lobo está morto, o lobo está morto!”, e dançaram de
felicidade em volta do poço com sua mãe.

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Joãozinho Semente de Maçã

Era uma vez um menino chamado Joãozinho, ele gostava muito


de comer maçãs e ficava muito feliz ao ver as pequenas sementinhas
marrons e lustrosas que dormiam lá dentro. Um dia sua mãe lhe contou
que cada uma dessas sementinhas poderia transformar-se numa
macieira, se fosse posta na terra, aquecida pelo sol, regada pela chuva
e abençoada por Deus.
Joãozinho então começou a juntar as sementinhas e todo
mundo chamava-o de Joãozinho Semente de Maçã. Quando já havia
juntado uma boa porção, pediu à sua mãe:
– Por favor, mãezinha, costura-me uma bolsinha para que eu
possa guardar as minhas sementes!
A mãe pegou um retalhinho de pano e costurou uma bolsinha
onde Joãozinho pôs as sementinhas nela. E quando essa bolsa também
ficou cheia, Joãozinho foi pedir mais uma vez à sua mãe:
– Por favor, mãezinha, costure uma bolsa maior para as minhas
sementinhas!
Depois que essa bolsa ficou cheia ele foi pedir mais uma vez à
sua mãe, e ela então pegou um pano bem grande e costurou um grande
saco.
Quando este saco ficou cheio, Joãozinho já era João, um jovem,
e disse a sua mãe:
– Agora irei pelo mundo e plantarei as sementes, para que todas
as crianças possam se alegrar com as maçãs.
E preparou-se para a viagem: sapatos ele não tinha, mas estava
acostumado a andar descalço e as solas de seus pés estavam bem
grossas; na cabeça pôs uma panela, numa mão levou o bastão, e no
ombro o saco com as sementes. Mas levava também um livro cheio de
orações e histórias santas para pedir a benção de Deus.
Assim disse adeus a sua mãe e saiu cantando:
O bom Deus cuida de mim,
E vou cantando assim:
Agradeço os seus presentes,
A chuva, o sol e as sementes.
Por onde João Semente de Maçã passava, ele plantava as
sementinhas. Às vezes ele passava a noite numa fazenda ou ficava uns
dias ajudando por lá. Quando se despedia espalhava as sementinhas de
maçã em volta da casa. Eles teriam um belo pomar um dia!
Ele continuou caminhando, caminhando, caminhando, sempre
seguindo o sol, até que um dia não pode continuar: ele havia chegado

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ao mar e o saco estava vazio. Durante o inverno ficou morando com uns
amigos e na primavera quando tomou o seu caminho para voltar para
casa, a primeira plantinha de maçã que encontrou já havia crescido e
não era maior que seu dedo mindinho. As próximas plantinhas já tinham
o tamanho de seu dedo anular, outras estavam como o dedo médio, e
algumas já tinham o tronco da grossura do seu polegar. Continuou
andando e foi encontrando árvores cada vez maiores, primeiro do
tamanho de sua mão, depois do comprimento do seu antebraço, e do
comprimento do braço todo. E cada vez maiores estavam, até que ele
chegou em casa: lá as árvores estavam da altura dele. Sua mãe ouviu-o
chegar cantando:
O bom Deus cuida de mim
E vou cantando assim:
Agradeço os seus presentes
A chuva, o sol e as sementes.
Ela correu a encontrá-lo e deu-lhe uma maçã que havia
amadurecido nas suas árvores.
Essa é a estória de Joãozinho Semente de Maçã.

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Os músicos ambulantes

Um honrado fazendeiro tinha um burro que lhe havia servido


fielmente durante muitos anos, mas estava ficando velho e cada dia
mais imprestável para o trabalho. Seu dono estava cansado de mantê-lo
e cismava em acabar com ele. Mas o burro, sentindo o perigo no ar, foi
saindo de fininho e partiu para a cidade grande, “pois ali”, pensava ele,
“poderei me tornar músico”.
Depois de viajar algum tempo, avistou um cachorro deitado ao
lado da estrada arfando de cansaço. “Por que está tão ofegante, meu
amigo?”, perguntou o burro. “Ai de mim!”, disse o cão. “Meu dono ia me
dar uma cacetada na cabeça porque sou velho e fraco e já não consigo
ser útil em suas caçadas; por isso fugi, mas que posso eu fazer para
ganhar a vida?”. “Escute!”, disse o burro “estou indo para a cidade
grande para me tornar um músico. Por que não vem comigo e procura
algo para fazer como eu?”. O cão disse que gostaria de tentar e eles
seguiram juntos se sacolejando.
Ainda não tinham avançado muito quando avistaram uma gata
sentada, parecendo muito infeliz, no meio da estrada. “Diga-me, boa
senhora”, disse o burro. “O que se passa? Parece tão abatida!”. “Ai de
mim!”, disse a gata. “Como se pode ficar animada quando a própria vida
está em perigo? Como eu estava ficando velha e gostando mais de ficar
deitada à toa, ao lado do fogo, do que correr pela casa atrás dos
camundongos, minha ama me prendeu e pretendia me afogar. Embora
eu tenha tido a sorte de fugir dela, não sei se vou viver.” “Oh!”, disse o
burro, “tem que vir de qualquer forma conosco para a cidade grande.
Você é uma boa cantora noturna e poderá fazer fortuna como
musicista.” A gata ficou animada com a idéia e juntou-se ao grupo.
Pouco depois, quando passavam pelo pátio de uma fazenda,
viram um galo empoleirado num portão, gritando com toda a força.
“Bravo!”, exclamou o burro. “Palavra de honra, você faz um barulho e
tanto. Queira me dizer, por que tudo isto?” “Pois veja,”, disse o galo, “eu
estava agora mesmo dizendo que teríamos um ótimo dia de lavagem,
mas minha dona e a cozinheira nem me agradeceram por meus
cuidados, antes ameaçavam cortar minha cabeça amanhã e fazer uma
sopa para os convidados que virão no domingo!” “Deus o livre!”, disse o
burro. “Venha conosco Mestre Chantecler; de qualquer forma será
melhor que ficar aqui e ser degolado! Além do mais, quem sabe? Se
aprendermos a cantar com afinação, poderemos dar algum tipo de
concerto. Então, junte-se a nós.” “Com todo prazer”, disse o galo. E
assim os quatro seguiram juntos alegremente.

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Não conseguiram chegar à cidade grande no primeiro dia; e
quando a noite caiu, entraram num bosque para dormir. O burro e o
cachorro se acomodaram embaixo de uma grande árvore e o gato
trepou em seus galhos, enquanto o galo, pensando que quanto mais
alto pousasse mais seguro estaria, voou até o topo da árvore e depois,
segundo seu hábito, olhou para todos os lados para ver se tudo ia bem
antes de dormir. Ao fazer isso, porém, avistou ao longe alguma coisa
clara e brilhante, e chamando os companheiros disse: “Deve haver uma
casa não muito longe daqui, pois estou vendo uma luz”. “Sendo assim,”
disse o burro, “seria melhor mudarmos nosso alojamento pois nossa
acomodação aqui não é das melhores!” “Ademais,”, acrescentou o cão,
“um ossinho não me faria mal nenhum, ou um pedaço de carne.” E
assim foram caminhando juntos até o lugar onde Chantecler avistara
a luz. Chegaram perto de uma casa onde se abrigava uma quadrilha
de ladrões.
O burro, sendo o mais alto do grupo, aproximou-se de uma
janela e espiou para dentro. “Então, Asno”, disse Chantecler, “o que
está vendo?” “O que estou vendo?”, replicou o burro, “pois estou vendo
uma mesa repleta de guloseimas e ladrões sentados ao redor dela se
refestelando.” “Seria uma ótima pousada para nós”, disse o galo. “Sim”,
disse o burro, “se conseguirmos entrar”. Então, eles confabularam sobre
uma maneira de expulsar os ladrões e finalmente arquitetaram um
plano. O burro ergueu-se sobre as patas traseiras com as dianteiras
apoiadas na janela; o cachorro subiu em seu lombo; a gata se arrastou
pelas costas do cachorro e o galo voou e pousou na cabeça da gata.
Quando tudo estava preparado, foi dado um sinal e eles começaram a
fazer sua música. O burro zurrava, o cachorro latia, a gata miava e o
galo cantava. E foi então, que eles todos se atiraram juntos contra a
janela, entrando na sala aos trambolhões em meio ao vidro partido com
o mais pavoroso estrondo! Os ladrões, já bastante assustados com o
concerto de abertura, agora não tiveram dúvida de que algum duende
terrível caíra sobre eles e fugiram em disparada.
Com o caminho livre, nossos viajantes logo se sentaram e
despacharam com incrível voracidade tudo o que os ladrões haviam
deixado, como se esperassem comer novamente antes de um mês.
Saciados, apagaram as luzes e cada um procurou um lugar de repouso
do seu agrado. O burro deitou-se sobre um monte de palha no pátio; o
cachorro estirou-se num tapete atrás da porta; a gata enrodilhou-se
diante da lareira, perto das cinzas aquecidas; e o galo empoleirou-se
numa viga no alto da casa. Como estavam todos muito cansados com a
jornada, logo caíram no sono.
Por volta da meia-noite, quando os ladrões viram, de longe, que

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as luzes estavam apagadas e que tudo parecia tranqüilo, começaram a
achar que haviam fugido com muita precipitação, e um deles, mais
corajoso que os outros, foi ver o que estava se passando. Encontrando
tudo em silêncio, entrou na cozinha e tateou até encontrar um fósforo
para acender uma vela. Avistando, então, os olhos flamejantes da gata,
confundiu-os com brasas incandescentes e estendeu o fósforo para
acendê-lo. Mas a gata, não entendendo essa confusão, saltou sobre seu
rosto cuspindo e arranhando. Isto o deixou apavorado e ele saiu
correndo pela porta traseira; mas ao passar por ali, o cão deu um salto e
mordeu-lhe a perna; e quando cruzava o pátio, o burro o escoiceou; e o
galo, que fora acordado pela algazarra, cantou com todas as forças.
Diante disso tudo, o ladrão saiu correndo com todas as pernas que tinha
até seus camaradas e contou ao chefe “sobre a bruxa horripilante que
ocupara a casa, cuspira nele e arranhara seu rosto com seus longos
dedos ossudos; sobre um homem com uma faca na mão escondido
atrás da porta que o esfaqueara na perna; sobre um monstro odioso no
pátio que lhe acertara uma porretada; e sobre o demônio pousado no
alto da casa gritando “Atirem o tratante p’ra cá”!”. Depois disto, os
ladrões nunca mais ousaram voltar para a casa, e os músicos ficaram
tão satisfeitos com suas acomodações que ali ficaram morando. E ouso
dizer que ali vivem até hoje.

38
2. SENSIBILIZAÇÃO AOS SONS EM GERAL

O objetivo de sensibilizar as crianças para os sons em geral é


de proporcionar uma vivência que as estimule ouvir ativa, atenta e
analiticamente (Adams et al 2006, p. 37)

2.1 Sons da natureza

a) Imitar o vento através da produção de sons

• Escutar e, após, cantar o trecho de Vamos Chamar o Vento


(Dorival Caymmi) do CD Cantar O Mundo

Vamos chamar o vento, vamos chamar o vento, uh...

• Escutar e, após, cantar a música Roda do Vento do CD Cantar


O Mundo.

O vento é bom bailador:


Baila, baila e assobia
Baila, baila e rodopia
E tudo baila ao redor!
Levanta a poeira do chão,
Derruba as folhas das árvores,
Espalha sementes de montão.
O vento sopra bem forte e faz a roupa secar;
O vento sopra quentinho, levanta as ondas do mar;
O vento sopra ligeiro e faz a pipa empinar.

b) Imitar os sons da chuva através de uma seqüência de movimentos


com as mãos e pés: esfregar uma mão na outra, estalar os dedos,
bater com as palmas das mãos nas pernas, primeiro fraco e depois
forte, conforme a intensidade da chuva.
c) Escutar o som do mar com uma concha do mar;
d) Escutar os sons emitidos por animais e identificá-los.

2.2 Sons de instrumentos musicais


Os referidos instrumentos musicais podem ser utilizados para
imitar o som de pássaros ou da chuva:
• apitos imitando os sons dos pássaros
• pau-de-chuva

39
• chocalhos
• reco-reco
• flauta

2.3 Brincadeiras com sons

2.3.1 Imitando os sons dos animais


a) Localizar o som imitando um animal produzido por um amiguinho em
um lugar da sala. As crianças sentadas em círculo, uma delas no
centro dirá a localização do som miau; au-au; mé... Uma outra
criança estará em algum lugar da sala emitindo o referido som.
b) Imitar oralmente os sons produzidos por animais: separar as crianças
em grupos e pedir para cada grupo imitar o som de um animal de
uma fazenda e apresentar para o grupo maior o qual deverá
identificar o som do animal produzido pelo grupo menor. Após, todos
poderão produzir juntos os sons dos animais.

2.3.2 Imitando sons dos objetos


a) Murchar o pneu sssss ffffff
Encher o pneu fffffsssss
b) Com um balão: o professor mistura saídas longas com saídas curtas
do bucal do balão, as crianças precisam perceber a mudança e
imitar. O professor poderá também encher um balão e soltá-lo para
as imitarem com ffffffff.

40
3. SENSIBILIZAÇÃO ÀS RIMAS

Com base em Freitas (2004), definimos a rima da palavra como


a igualdade entre os sons:

a) em mais de uma sílaba, a partir da vogal ou ditongo tônico até o


último fonema, sendo que as duas sílabas sejam iguais:

Mapa
Maria Dinorah

Tinha tanto remendo


a calça do Raimundo,
que ele estudava nela
a geografia do mundo.

b) em mais de uma sílaba, a partir da vogal ou ditongo tônico até o


último fonema, sendo que somente a última sílaba seja igual:.

O peixe toma banho


saltando a cada instante,
usando por chuveiro
a tromba do elefante.
Walmir Ayala

Adora a água
a jibóia,
mas não nada
e nem bóia.
Millor Fernandes

c) de uma sílaba inteira:

“Olha, menino, o que eu trouxe”


E lhe mostra um lindo doce.
Mário Quintana (Pé de Pilão)

41
d) somente do fonema final ou ditongo final da última sílaba:
Ao ver uma velha coroca
fritando um filé de minhoca
o Zé Minhocão
falou pro irmão:
“Não achas melhor ir pra toca?”
Tatiana Belink
Eu vi uma abelha
no nariz da vovó
a abelha olhou, olhou
não picou, pois teve dó.
Elias José
3.1 Através de poesias
Com repetições de sons e palavras o poeta reinventa
o movimento do relógio, do trem, da roda, do navio...
E na cirando dos versos todo o mundo pode brincar.
Aguiar et. all. (2007)
Convite
José Paes
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.
As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.
Como a água do rio
que é água sempre nova.
Como cada dia
que é sempre um novo dia.
Vamos brincar de poesia?

42
3.1.1 Animais

Raridade
José Paulo Paes

A arara
é uma ave rara
pois o homem não pára
de ir ao mato caçá-la
para a pôr na sala
em cima de um poleiro
onde ela fica o dia inteiro
fazendo escarcéu
Porque já não pode voar pelo céu.
E se o homem não pára
de caçar a arara,
hoje uma ave rara,
ou a arara some
ou então muda seu nome
para arrara.

A aranha
Ruth Salles

Uma aranha tece a teia,


Meia volta e volta e meia;

Solta o fio e salta lá,


Vai e volta e volta cá.

Sem ter régua nem esquadro,


Já reforça assim o quadro.

Dentro dele é que ela tece,


Gira, gira e sobe e desce

Como brilha rendilhada


Essa teia inacabada!

Pois ainda um fio agora


Sai da teia para fora.

43
Nessa linha bem comprida,
Eis a aranha escondida!

Quando o fio treme bem,


Ela sabe que já tem

Lá na teia uma presa


Para a sua sobremesa

Bem-te-vi
Ruth Salles

Bem-te-vi a voar, a cantar no jardim,


ele diz que me viu, que me viu bem assim:
com cestinho e chapéu e com vara e anzol,
indo ao rio pescar neste dia de sol.

Bem-te-vi bem me viu e voou e voou


e na beira do rio num ramo pousou.
E piando bem alto voltou a cantar,
com certeza ao peixinho querendo avisar

Que me viu bem assim, de varinha e anzol,


indo ao rio pescar neste dia de sol.
De que foi que valeu a linhada lançar?
O peixinho me viu e fugiu a nadar.

A casa dos bichos


Hardy Guedes A. Filho

Vejam só como os bichos


Vão ensinando a gente:
Pra ter casa bonita,
Basta que se invente!

Cada um dá um jeitinho
De ter sua morada.
Cada um tem uma idéia
Mais ou menos bem bolada.

44
Repare só como faz
O esperto passarinho,
Que cata palha por palha
Para fazer o seu ninho.

A aranha não se acanha.


Com seu novelo de linha,
Trança onde quer sua teia,
Escolhe quem quer por vizinha.

O macaco, malandrinho,
Não quer saber de trabalho.
Escolhe uma boa árvore
E logo se ajeita num galho.

O grilo mora na folha


E eu penso cá comigo:
Deve ser o único bicho
Que come o próprio abrigo.

Levando massa no bico,


Trabalhando o dia inteiro,
João-de-barro faz casa
Como se fosse pedreiro.

O caracol teve sorte.


Não gastou tempo e dinheiro.
Nasceu com a casa nas costas
E mora no mundo inteiro.

O castor é engenheiro.
Faz barragem, faz represa.
Sua casa tem piscina.
Não é mesmo uma beleza?

Casa é também proteção.


O tatu, que não é boboca,
Se vê inimigo por perto,
Já sai correndo pra toca.

Pra fazer a sua casa,


A formiga cava fundo.

45
Faz túnel pra todo lado,
Pra que more todo mundo.

A casa do marimbondo
Fica no alto, pendurada.
Se alguém chega bem perto,
Cuidado, lá vem ferroada!

O sapo cava um buraco


E uma cantoria entoa:
Vai chamando a namorada
Pra morar na sua lagoa!

E até de baixo d’água,


Morar bem é um desejo:
O peixe disputa a toca
Com o polvo e o caranguejo.

Há casa de todo tipo.


Há casas de todo jeito.
Pra quem tem o seu cantinho,
Não lugar mais perfeito.

Mas a casa da abelha


Ninguém consegue igualar.
Com tanto mel e doçura,
É um LAR, DOCE LAR!

Cavalinho

Lá vai galopando meu bom cavalinho


Florestas cruzando, campinas, caminhos.
Cavalo tão belo me leva ao castelo.

Mas dentro da noite vai bem de mansinho,


Vai bem silencioso meu bom cavalinho,
Com cascos de prata brilhando na mata.

Adaptação de Ruth Salles do texto original Das Pferdchen

46
O galo aluado
Sergio Caparelli

O galo aluado
subiu no telhado
e saudou a lua,
cocorilua, cocorilua

O galo maluco
Sônia Junqueira

O galo Bicudo é guloso.


O galo Bicudo come tudo.
O galo Bicudo bica tudo.
Bica a cuca do Biluca.
Bica a camisa amarela.
Bica o rabo do Guto.
O gato Guto pula e foge.
Foge de medo do Bicudo.

O gato da china
José Paulo Paes

Era uma vez


um gato chinês
que morava em Xangai
sem mãe e sem pai,
que sorria amarelo
para o Rio Amarelo,
com seus olhos puxados
um de cada lado.

Era um gato mais preto


que tinta nanquim,
de bigodes compridos
feito mandarim,
que quando espirrava
só fazia "chim"!

47
Era um gato esquisito:
comia palitos
e quando tinha fome
miava "ming-au"
mas lambia o mingau
com a sua língua de pau.

Não era bicho mau


esse gato chinês,
era até legal.
quer que conte outra vez?

O gato
Vinicius de Moraes

Com um lindo salto


Lesto e seguro
O gato passa
Do chão ao muro.

Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão.

E pega, corre
Bem de mansinho
Atrás de um pobre
De um pobre passarinho.

Súbito, pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado.

E quando tudo
Se lhe fatiga
Toma o seu banho
Passando a língua
Pela barriga.

48
O gato

Hardy Guedes A. Filho

O gato dengoso
se encolhe,
se enrosca,
se estica,
se lambe,
se lava,
se arrisca
num pulo
felino.
O gato dengoso,
ladino,
depressinha
escapa
pro alto
do muro,
levando
na boca
a sardinha.

As borboletas
Vinícius de Moraes

Brancas,
Azuis,
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas borboletas

Borboletas brancas
são alegres e francas.

Borboletas azuis
gostam muito de luz.

49
As amarelinhas
são tão bonitinhas!
E as pretas, então…
Oh, que escuridão!

Minha cama
Sérgio Caparelli

Um hipopótamo na banheira
Molha sempre a casa inteira.
A água cai e se espalha
Molha o chão e a toalha.
E o hipopótamo: nem ligo
Estou lavando o umbigo.
E lava e nunca sossego,
Esfrega, esfrega, e esfrega
A orelha, o peito, o nariz
As costas das mãos, e diz:
Agora vou dormir na lama
Pois é lá a minha cama!

O pato
Elias José

O pato perto da porta


O pato perto da pia
O pato longe da pata
O pato pia que pia
O pato longe da porta
O pato longe da pia
O pato perto da pata
É um pato que nem pia

Pirilampos
Henriqueta Lisboa

Quando a noite
Vem baixando,
Nas várzeas ao lusco-fusco

50
E na penumbra das moitas
E na sombra erma dos campos,
Piscam piscam pirilampos

São pirilampos ariscos


Que acendem pisca-piscando
As suas verdes lanternas,
Ou são claros olhos verdes
De menininhos travessos,
Verdes olhos semi-tontos,
Semi-tontos mas acesos
Que estão lutando com o sono?

Se você for inventor invente

Um creme que tira ruga


de pescoço
de tartaruga

Um pente
que penteie sozinho
lombo
de porco-espinho

E um lenço
forte bastante
para assoar tromba
de elefante.

Historieta
Sidônio Muralha

Era uma vez


uma cabrinha
montês
que tinha
um rabinho
curtinho
e quando saltava
o rabinho abanava

51
e girava
girava
o rabinho
curtinho...

Por isso eu chamava


chamava a cabrinha
a cabrinha montês.

– Rabinho, rabinho
de ventoinha...

E a cabrinha gostava
e o rabinho girava
e toda gente chamava
chamava a cabrinha
rabinho, rabinho
de ventoinha.

Era uma vez,


era uma vez
uma cabrinha
montês.

3.1.2 Natureza

Enchente
Cecília Meireles

Chama o Alexandre!
Chama!

Olha a chuva que chega!


É a enchente.

Olha o chão que foge com a chuva...


Olha a chuva que encharca a gente.

Põe a chave na fechadura


Fecha a porta por causa da chuva,
Olha a rua como se enche!

52
Enquanto chove, bota a chaleira no fogo!
Olha a chama! Olha a chispa!
Olha a chuva nos feixes de lenha!

Vamos tomar chá, pois a chuva


É tanta que nem de galocha
Se pode andar na rua cheia!

Rola a chuva
Cecília Meireles

O frio arrepia
A moça arredia

Arre!
Que arrelia!

Na rua rola a roda


Arrede
A rola arrulha na torre

A chuva sussurra

Rola a chuva
Rega a terra
Rega o rio
Rega a rua

E na rua roda rola

A Lua
Roseana Murray

A lua pinta a rua de prata


E na mata a lua parece
Um biscoito de nata.

Quem será que esqueceu


a lua acesa no céu?

53
Cantiguinha de Verão
Mário Quintana

Anda a roda
Desanda a roda

E olha a lua a lua a lua!

Cada rua tem a sua roda


E cada roda tem a sua lua

No meio da rua
Desanda a roda: Oh,

Ficou a lua
Olhando em roda...

Triste de ser uma lua só!

O que eu quero
Tatiana Belink

O que eu quero é saborear


Tudo– em terra, mar e ar!

Curtir tudo o que há de bom,


Ver, sentir, ouvir o som.

Tenho olhos para enxergar


E ouvidos pra escutar,

Vejam só quanta beleza


Dá de graça a natureza:

Céu noturno, estrelado,


É um tapete rebordado!

Nuvem, raio, escuridão –


Quem tem medo do trovão?

54
Branca espuma, verde mar,
Belas ondas pra surfar!

Praia, areia, sal e sol –


Bom! Peteca e voleibol!

Quantos cheiros, sons e cores,


E texturas e sabores:

Pinho, flor, e até estrume


(Pois nem tudo é só perfume...)

Quanta vida, na corrente,


De um rio limpo, transparente!

Tudo é lindo, é curtição –


Quando não há poluição...

O que eu quero – e vou fazer–


É a vida proteger:

Defender-lhe a qualidade,
No ar, no campo e na cidade!

Bolhas
Cecília Meireles

Olha a bolha d’água


no galho!
Olha o orvalho!

Olha a bolha de vinho


na rolha!
Olha a bolha!

Olha a bolha na mão


que trabalha!

Olha a bolha de sabão


na ponta da palha:
brilha, espelha

55
e se espalha.
Olha a bolha!

Olha a bolha
que molha
a mão do menino.

A bolha da chuva da calha!

Meio-dia
Olavo Bilac

Meio-dia, sol a pino.


Corre de manso o regato.
Na igreja repica o sino;
Cheiram as ervas do mato.

Na árvore canta a cigarra,


Há recreio nas escolas
Tira-se, numa algazarra
A merenda das sacolas

O lavrador pousa a enxada


No chão descansa um momento,
E enxuga a fronte suada,
Contempla o firmamento

Nas casas ferve a panela


Sobre o fogão nas cozinhas;
A mulher chega à janela
Atira milho às galinhas.

Meio-dia! O sol escalda,


E brilha em toda a pureza,
Nos campos cor de esmeralda,
E no céu de turquesa...

56
3.1.3 Objetos

O relógio
Vinícius de Moraes

Passa, tempo, tic-tac


Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Tic-tac
Tic-tac
Tic-tac...

O relógio
Ruth Salles

Tique-taque, tique-taque,
passa a hora de mansinho.
Anda muito devagar
o ponteiro menorzinho.

Gira, gira agora o grande,


bem depressa já girou.
O minuto vai passando,
tique-taque... Já passou!

Noite escura... Dorme a gente,


dorme toda a natureza.
Noite ainda... De repente...

57
tique-taque, que surpresa!

Imitar o galo (cocoricó)

No terreiro o galo canta!


É que o sol já vai raiando.
Toda gente sai da cama,
tique-taque, espreguiçando.

Sai o pai e apressa o passo.


Já o esperam no trabalho!
E o menino, tique-taque,
vai à escola pelo atalho.

Ao som do tique-taque,
o tempo vai passando:
já vai descendo a tarde,
as flores vão fechando.

O filho vem vindo,


e o pai não se atrasa.
E a mãe vai abrindo
a porta da casa.

Num tique-taque,
os passarinhos
já se agasalham
dentro dos ninhos.
Soa o sino,
some o sol
no horizonte.
E as estrelas
brilham belas
sobre o monte.

E a lua
parece
que acende
na mata
incêndio
de prata.

58
Tique...
Taque...

Trem de ferro
Manuel Bandeira

Café com pão


Café com pão
Café com pão

Virge Maria que foi isto maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força

Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
[...]

59
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente....

Casa torta
Maria Mazzetti

Quem mora na casa torta,


Sem janela e sem porta?

Um gato
Que usa sapato
E tem retrato no quarto?

Uma florzinha
Pequenininha
De sainha curtinha?

Um elefante com rabinho


De barbante?

Um papel, de óculos e chapéu?


Um botão que toca violão?
Um pente com dor de dente?

Quem mora na casa? Quem?


Invente depressa alguém.

Colar de Carolina
Cecília Meireles

Com seu colar de coral,


Carolina
Corre por entre as colunas
Da colina.

60
O colar de Carolina
Colore o colo de cal,
Torna corada a menina.

E o sol, vendo aquela cor


Do colar de Carolina
Põe coroas de coral
Nas colunas da colina

A chácara do Chico Bolacha


Cecília Meireles

Na chácara do Chico Bolacha


O que se procura
Nunca se acha!

Quando chove muito,


O Chico brinca de barco,
Porque a chácara vira charco.

Quando não chove nada,


O Chico trabalha com a enxada
E logo se machuca
E fica de mão inchada.

Por isso, com o Chico Bolacha,


O que se procura
Nunca se acha.

Dizem que na chácara do Chico


Só tem mesmo chuchu
E cachorrinho coxo
Que se chama Caxambu.

Outras coisas, ninguém procure,


Porque não acha.
Coitado do Chico Bolacha!

61
Chico Cochicho

Esta é a cozinha
Da casa da chácara
Do Chico Cochicho

Chaleira de chá
No fogão
Café cheiroso
Na mesa

Lata cheia de bolacha


E chocolate
Para sobremesa

Bolha de sabão
Carlos Urbim

Basta um copo d’água


Um pouco de sabão
Canudo pra soprar
Tem que ser devagar!

A bolha se forma
Manda pro ar
A esfera transparente
Que encanta a gente

Há quem escolha
Enxergar numa bolha
Um estranho escafandro
De um ET malandro

Catavento
Carlos Urbim
Cartolina dobrada
Nas pontas pregada
Sobre uma vareta

62
Girassol de papel
Em total movimento
A favor do vento

Colocado num pote


É que nem moinho
De Dom Quixote

Corda
Carlos Urbim
Virada pro alto
Se torna um arco
Quando está por baixo
Tem forma de barco
Esticada em tira
É cobra caipira
Sinuosa feita,
Minhoca aflita
É preciso saltar:
O corpo aguenta
De um a cinquenta
E que tal tentar
De um até cem?
Passar de um cento
Exige talento…

Perna-de-pau
Carlos Urbim
Numa terra de gigantes
Como havia antes
Todo mundo sonha alto
Nada é distante:
O pernalta dá um salto
Atravessa o planalto
Depois, em passo lento
Vai daqui a Livramento

63
Barco de Papel
Carlos Urbim

Navega pela sarjeta


Vai tranquilo pelo rio

Mas, cuidado!
O pirata perneta
Ameaça o navio

Acontece a luta:
Perneta no desvio
Foge pra gruta

E o barquinho
De folha de jornal
Vence o mal no final

Bola
Carlos Urbim

Bola de meia
Rola gabola
Forma marola
Na areia

Bola de pano
Numa boa pelada
Faz o dono do pé
Pensar que é Pelé

Jogo de bola
Cecília Meireles

A bela bola
rola:
a bela bola do Raul.
Bola amarela,
a da Arabela.

64
A do Raul,
azul.

Rola a amarela
e pula a azul.

A bola é mole,
é mole e rola.

A bola é bela,
é bela e pula.

É bela, rola e pula,


é mole, amarela, azul.

A de Raul é de Arabela,
e a de Arabela é de Raul.

Valsinha
José Paulo Paes

É tão fácil
Dançar
Uma valsa
Rapaz...

Pezinho
pra frente.
Pezinho
Pra trás.

Pra dançar
Uma valsa
É preciso
Só dois.

O sol
Com a lua.
Feijão
Com arroz.

65
Canção do Se
Rosa Clemente

Se a pata choca o olho


Ele vai virar um chocalho

Tirar, botar b na boca


Ela vai ser sempre oca

Colocar cor na ação


Vai virar um coração

Se der uma dor na minhoca,


Ela vira uma dorminhoca

Se tirar o g do gato,
Ele vai sumir no ato.

Se empurrar a jaca a ré,


Ela vira um jacaré.

E quem fizer pi no olho,


Vai ter bastante piolho.

Se jogar uma pá nela,


Ela joga uma panela.

Se jogar o pó na ema,
Ela devolve um poema.

3.1.4 Onomatopéias

Sons
Pablo Moreno

Clap, clap,
Faz a água,
Clop, clop,
O galope,
Glu, glu,
Faz o peru.

66
E você,
O que faz
Aí deitado?

Blin, blin, blão,


Toca o sino,
Flin, flin, flin,
O violino,
Bão, bão, bão,
O violão.
E você,
O que faz
Aí deitado?

Toc, toc, toc,


Bate a porta,
Aiaiai,
Suspira a morta,
Cronch, cronch,
O urubu.

E você,
O que faz
Aí deitado?

Tuim, tuim,
O salto agulha,
Cuin, cuin, cuin,
O cachorrinho
Ao, ao, ao,
O cachorrão.

E você,
O que faz
Aí deitado?

Goteira
Pablo Morenno
A goteira pinga, pinga:
ping-pong, ping-pong!

67
Enche a bacia e o balde:
ping-pong, ping-pong!

E o cuco lá na parede:
tic-tac, tic-tac!
Olho a chuva na vidraça!
Ping! Pong! Tic-tac!
Passa o tempo, passa o tempo,
mas a chuva nunca passa!

Ping-pong! Tic-tac!
Que teimosa a essa goteira!
Ping-pong! Tic-tac!
Tudo vira brincadeira!

Segredo
Henriqueta Lisboa

Andorinha no fio
Escutou um segredo
Foi à torre da igreja
Cochichou com o sino
E o sino bem alto
Delem-dém
Delem-dém
Delem-dém
Dém-dém
Toda a cidade
Ficou sabendo

(Sem título)
Milton Camargo

Enquanto peixe-martelo
Bate: toque, toque, toque,
Peixe-serra vai serrando:
Roque, roque, roque, roque.

68
Vozes na Noite
Manuel Bandeira

Cloc cloc cloc...


Saparia no brejo?
Não, são os quatro cãezinhos policiais bebendo água

A Canção dos Tamanquinhos


Cecília Meirelles

Troc... troc... troc... troc


Ligeirinhos, ligeirinhos,
Troc... troc... troc... troc
Vão cantando os tamanquinhos

Madrugada. Troc... troc...


Pelas portas dos vizinhos
Vão batendo, troc... troc...
Vão cantando os tamanquinhos...

Chove. Troc... troc... troc...


No silêncio dos caminhos
Alagados, troc... troc...
Vão cantando os tamanquinhos...

E até mesmo, troc... troc...


Os que têm sedas e arminhos,
Sonham troc... troc... troc...
Com seu par de tamanquinhos

3.1.5 Nomes

Aviso
Carlos Urbim

Marino,
É bom que não te molhes
Nos molhes do Cassino
Ouviu, menino?

69
Aquário
Carlos Urbim

Mário
é um peixe
de aquário instalado
no meio do armário
Ele tem
um sonho:
morar
bem na frente
da gaiola do canário

Diz o Mário:
– Esse passarinho
é um cantor
extraordinário!

Brincalhão
Carlos Urbim

Aviãozinho vermelho
não tem vertigens
corre parelho com as nuvens

De repente
numa nuvem-serpente
perto de Ponta-Porã
o esperto improvisa
um tobogã

Depois, divertido
brinca de skates
no céu dos States

O Santo no Monte
Cecília Meireles

No monte,
O Santo

70
Em seu manto,
Sorria tanto!

Sorria para uma fonte


Que havia no alto do monte
E também porque defronte
Se via o sol no horizonte.
No monte
O Santo
Em seu manto
Chora tanto!

Chora – pois não há mais fonte,


E agora há um muro defronte
Que já não deixa do monte
Ver o sol nem o horizonte.

No monte
O Santo
Em seu manto
Chora tanto!

(Duro
muro
escuro!)

O Anãozinho Guigo
Do livro Criança Querida

Pobre Guigo desastrado!


Que é que ele fez?
Lambeu o tacho encantando.
Quem vem atrás?
Ai, é Dida! E vem zangada
Essa poderosa fada.

Então o tolo anãozinho,


Que é que ele faz?
Transformou-se em coelhinho.
Quem vem atrás?
Dida agora é um cãozinho

71
Quer morder o seu rabinho.
E Guigo, prá escapar,
Que é que ele faz?
Vira peixe e vai nadar.
Quem vem atrás?
Uma lontra a mergulhar!
É Dida que o vai caçar.
Olha o Guigo! Ele voou!
Que é que ele faz?
Pintassilgo se tornou.
Quem vem atrás?
Um falcão aqui passou
É Dida que o atacou

Para fugir do inimigo,


Que é que ele faz?
Transformou-se em grão de trigo.
Quem vem atrás?
A galinha! Que perigo!
Dida engole o pobre Guigo

Sonho de Olga
Cecília Meireles

A espuma escreve
com letras de alga
o sonho de Olga.

Olga é a menina que o céu cavalga


em estrela breve.

Olga é a menina que o céu afaga


e o seu cavalo em luz se afoga
e em céu se apaga.

A espuma espera
o sonho de Olga.

A estrela de Olga chama-se Alfa


Alfa é o cavalo de estrela de Olga.

72
Quando amanhece, Olga desperta
e a espuma espera
o sonho de Olga,

a espuma escreve
com letras de alga
a cavalgada de estrela Alfa.

A espuma escreve com algas na água


o sonho de Olga...

O Menino Azul
Cecília Meireles

O menino quer um burrinho


para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.
O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
– de tudo o que aparecer.
O menino quer um burrinho
que saiba inventar
histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.
E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.
(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Rua das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)

73
3.2 Através de parlendas

Parlendas são rimas infantis, em versos de cinco ou seis


sílabas, para divertir, ajudar a memorizar, ou escolher quem fará tal ou
qual brinquedo. (Ferreira, 1975)

Cadê o toucinho
Que estava aqui?
O gato comeu.
Cadê o gato?
Foi pro mato.
Cadê o mato?
O fogo queimou.
Cadê o fogo?
A água apagou.
Cadê a água?
O boi bebeu.
Cadê o boi?
Tá carregando trigo.
Cadê o trigo?
A galinha ciscou.
Cadê a galinha?
Tá botando ovo.
Cadê o ovo?
O frade comeu.
Cadê o frade?
Tá rezando a missa.
Cadê a missa?
Tá dentro da igreja.
Cadê a igreja?
Tá cheia de gente
Cadê a gente?
Tá aqui,
Tá aqui, tá aqui...

Hoje é domingo
Pé de cachimbo
O cachimbo é de barro
Bate no jarro
O jarro é de ouro
Bate no touro
O touro é valente

74
Machuca a gente
A gente é fraco
Cai num buraco
O buraco é fundo
Ah!!!!
Cabou-se o mundo

Rei, capitão
Soldado, ladrão
Moço bonito do meu coração

Panela no fogo, barriga vazia


Macaco que veio da Bahia
Fazendo careta pra dona Maria

É o passarinho que
Fez seu ninho no sopé
Pio com papo
Pio com pé
Piu-piu-piu: passarinho
Passarinho no sopé

Totó viu tatu de perto


Mas logo tatu fugiu
Totó latiu assustado
Tatu na toca sumiu

Eu sou pintor
Pinto aqui, pinto acolá.
Pinto a casca do ovo
E o caroço do juá
Maria, eu sou solteiro
Com você quero casar

O galo canta
O pinto pia
Levanta, Maria
Que já é dia.

Um dois, feijão com arroz.


Três, quatro, feijão no prato.
Cinco, seis, feijão em inglês.

75
Sete, oito, feijão com biscoito.
Nove, dez, feijão com pastéis!

Olha o sapo dentro do saco


O saco com o sapo dentro,
O sapo batendo papo
E o papo soltando o vento.

Quem cochicha,
O rabo espicha
Come pão
Com lagartixa.

No alto daquela serra


Tem um ninho de pavão
Quem quiser casar comigo
Lave a cara com sabão

Le com Le
Tre com Tre
Um sapato em
Cada pé.

Dedo mindinho,
Seu vizinho,
Pai de todos,
Fura bolo,
Mata piolho.

Meio dia,
Panela no fogo,
Barriga vazia.
Macaco torrado,
Quem vem da Bahia,
Fazendo careta,
Pra dona Sofia.

Cinco, seis,
Bolo inglês
Sete, oito,
Café com biscoito,
Nove, dez,

76
Vai na bica lavar os pés
Pra comprar cinco pastéis
Pra ganhar quinhentos réis
Pra comer no dia dez.

Uni, duni, te,


Salame, míngüe,
Um sorvete colore
O escolhido foi você!

Fui à feira comprar uva.


Encontrei uma coruja,
Pisei no rabo dela
Ela me chamou de cara suja.

Entrou pela perna do pato,


Saiu pela perna do pinto.
O rei mandou dizer
Que quem quiser
Que conte cinco:
Um, dois, três, quatro, cinco.

Bate
Palminha,
Bate
Palminha de
São Tomé
Bate
Palminha,
Bate
Pra quando papai vier.

Sol e chuva,
Casamento de viúva.
Chuva e sol,
Casamento de espanhol.

O macaco foi à feira


Não sabia o que comprar
Comprou uma cadeira
Para a comadre sentar
A comadre se sentou,

77
A cadeira esborrachou
Coitada da comadre
Foi parar no corredor.

Um, dois,
Feijão com arroz,
Três, quatro,
Feijão no prato,
Cinco, seis,
Fico freguês,
Sete oito,
Comer biscoito,
Nove, dez,
Comer pastéis.

Um – pé de anum
Dois – a galinha pôs
Três – ovo de indez
Quatro – boca de pato
Cinco – pé de pinto
Seis – olha na cara do freguês
Sete – canivete
Oito – biscoito
Nove – não chove
Dez – os dedos dos meus pés
Onze – sino de bronze
Doze – uma dúzia mais dois são catorze

Papagaio louro
Do bico dourado
Leva essa carteirinha
Pro meu namorado
Se tiver dormindo
Bate na porta
Se tiver acordado
Deixe o recado.

Fui à Espanha
Buscar o meu
Chapéu, azul e
Branco da cor
Daquele céu, olha

78
Palma, palma,
Palma, olha pé,
Pé, pé, olha a
Roda, roda, roda,
Caranguejo ou peixe
E, caranguejo só é
Peixe na vazante da
Maré.

A do Le ta,
Le com i,
Le com a,
Le café com chocola,
A do Le ta.
Puxa o cabo de panela,
Quem saiu foi ela.
O padeiro já passou,
Quantos pães ele deixou?

Santa Luzia
passou por
aqui
Com seu
cavalinho
comendo
capim
Santa Luzia
passou por
aqui
Tire esse cisco
que caiu aqui.

Mandei fazer um barquinho


Da casca de camarão
O barquinho saiu pequeno
Só coube meu coração

Eu perdi minha agulhinha


Na mesa do café
Agora, como eu costuro
A camisa do José?

79
Dos peixes que tem o rio
O camarão é o mais sagaz
Lambari pula pra frente
Camarão pula pra trás

Dois olhos, duas orelhas


Só a boca não tem par
Quer dizer que é mais prudente
Ver e ouvir do que falar

Sou jardineiro imperfeito


Pois no jardim da amizade
Quando planto amor-perfeito
Nasce sempre uma saudade

Vassourinha, vassourinha
Varre a casa da rainha
Faz bem-feito o serviço
E se livra da rainha.

3.3 Identificação e produção de rimas através de brincadeiras

a) A Arca de Noé está levando


o
1. momento: A professora e as crianças ficam sentadas em círculo. A
professora atira um saco de grãos para uma criança, dizendo: a Arca de
Noé está levando um(a), por exemplo girafa. A criança devolve dizendo
uma palavra que rime com girafa, falando novamente a frase Esta Arca
está levando uma garrafa.
o
2. momento: Quando as crianças estiverem boas nas rimas, cada uma
pode jogar o saco de grãos para outra criança em vez de atirar de volta
para a professora.
Outras sugestões:
Arca de Noé está levando um rinoceronte(fonte)
Arca de Noé está levando um caracol(farol)
Arca de Noé está levando um gato(rato, pato, carrapato)

b) Cartelas ou dado com figuras de bichinhos


Pedir para uma criança retirar uma cartela de um bichinho ou jogar um
dado e solicitar palavras que rimem com aquele bichinho da cartela ou

80
do dado. Sugestão:
Gato – mato, pato
Sapo – papo

c) Dado com figuras retiradas de poesias ou músicas.


A professora apresentará a poesia ou música para as crianças. Após
trabalharem oralmente a poesia ou música com gestos e movimentos,
as crianças sentam em círculo e uma das crianças joga o dado. A figura
que ficar para cima, a criança deverá dizer uma outra palavra que rime
da poesia ou da música que está sendo trabalhada. Por exemplo:

Minha cama
Sérgio Caparelli

Um hipopótamo na banheira
Molha sempre a casa inteira.
A água cai e se espalha
Molha o chão e a toalha.
E o hipopótamo: nem ligo
Estou lavando o umbigo.
E lava e nunca sossego,
Esfrega, esfrega, e esfrega
A orelha, o peito, o nariz
As costas das mãos, e diz:
Agora vou dormir na lama
Pois é lá a minha cama!

Figuras das palavras: banheira, toalha, umbigo, nariz, cama


As crianças, ao jogarem o dado, rimariam com essas palavras: inteira,
espalha, ligo, diz, e lama.

d) Com parlendas:
• a professora diz primeiro uma frase da parlenda e as crianças
dizem a seguinte e vice-versa. Após solicitar outras palavras
que rimem com algumas palavras da parlenda
Professora: Hoje é domingo
Alunos: Pé de cachimbo
Professora: O cachimbo é de barro
Alunos: Bate no jarro...

81
• a professora fala cada verso até a rima (em negrito) e os alunos
completam com a rima correspondente, destacando cada par de
rima com a mudança de intensidade da voz utilizada pela
professora. Exemplo: Hoje é domingo, Pede cachimbo,
Cachimbo de barro, Bate no jarro...
• falar as seguintes palavras do texto que rimam com: Jarro –
barro; ouro – touro; domingo – cachimbo; valente – gente.
• criar uma lista de outras palavras fora do texto para rimar com
touro – ouro, mouro, couro; jarro – carro, ...gente – dente, pente,
quente...

e) Com poesias:
• Primeiro a professora fala toda a poesia ou a estrofe de uma
poesia (no caso de ser uma poesia com várias estrofes)
• Cada verso é falado acompanhado por gestos e movimentos
que expressam as palavras contidas no referido verso. As
crianças repetem a fala acompanhada dos gestos e movimentos
apresentados pela professora.
• Por último, todos os alunos falam a poesia por inteiro ou toda a
estrofe.
• A rima na poesia pode seguir o mesmo procedimento das
atividades mencionadas acima com as parlendas.

82
4. SENSIBILIZAÇÃO À ARTICULAÇÃO DOS SONS DO PORTUGUÊS
BRASILEIRO: ATRAVÉS DE TRAVA-LÍNGUAS

Trava-língua é um tipo de jogo verbal que consiste em


pronunciar, com clareza e rapidez, versos ou frases constituídas por
sílabas complexas ou de sílabas formadas por sons iguais. Solicita-se
para repetir uma dada seqüência, de forma rápida, várias vezes, para
testar a “agilidade” da língua. (http://recantodasletras.uol.com.br/
teorialiteraria)
Todas as línguas naturais possuem consoantes e vogais. As
consoantes são produzidas com uma obstrução total ou parcial da
passagem do ar na cavidade bucal, podendo ocorrer ou não fricção. Já
as vogais são produzidas sem a interrupção da corrente de ar na linha
central. Outros segmentos não possuem características fonéticas tão
precisas, seja de consoantes ou de vogais. Esses são denominados de
semivogais (Silva, 2001).
Apresentamos abaixo trava-línguas, envolvendo os sons
vocálicos e sons consonantais do Português Brasileiro, para serem
produzidos oralmente pela professora, e, repetidos, após, pelos alunos.

4.1 Trava-línguas envolvendo os sons vocálicos

/a/

“Fadas aladas!
damas tão altas!
cantam com alma!”

/e/

“O guerreiro vence a vertigem


e não teme perder o chefe

/i/

“A linda menina do jardim


brinca de pirlimpimpim.”

/o/
“O amoroso moço do sol
no conforto de seu trono roxo.”

83
/u/
“No muro escuro
se escuta o sussurro da bruxa.”

4.2 Trava-línguas envolvendo os sons consonantais dos pares


mínimos

/p/ e /b/:

“O pato Pipo tem pato e papo”.

“O pinto pia,
A pia pinga,
Enquanto o pinto pia,
A pia pinga”.

“Se o papa papasse papa


Se o papa papasse pão
O papa tudo papava
E seria o papa papão”

“Bote a bota no bote e tire o pote do bote”.

“Cinco bicas,
Cinco pipas,
Cinco bombas”.

“Pinga a pipa dentro do prato


pia o pinto e mia o gato”.

“Tira da boca da bica,


bota na boca da bomba”.

/t/ e /d/:

“O Tatá tá?
Não, o Tatá não tá
Mas o tio do Tatá tá
e quando o Tatá não tá
e o tio do Tatá tá
é o mesmo que o Tatá tá
tá? Tá”.

84
“Alô, o tatu taí?
Não o tatu não tá,
Mas a mulher o tatu tando
É o mesmo que o tatu tá.”

“O tempo perguntou pro tempo


qual é o tempo que o tempo tem.
O tempo respondeu pro tempo
que não tem tempo
pra dizer pro tempo
que o tempo do tempo
é o tempo que o tempo tem”.

“Quando digo “Digo”


Digo Digo, não digo Diogo
Quando digo Diogo
Digo Diogo, não digo digo”.

“O doce perguntou pro doce


qual é o doce mais doce
que o doce de batata-doce.
O doce respondeu pro doce
que o doce mais doce que
o doce de batata-doce
é o doce de doce de batata-doce”.

“Três duendes tristes tentavam deitar em três dedais”.

/k/ e /g/:

“Caixa de graxa grossa de graça”.

“Quando contar contos, conte quantos contos conta”

“ O que Cacá quer?


Cacá quer caqui.
Que caqui que Cacá quer?
Cacá quer qualquer caqui”.

“Se a liga ligasse eu também ligava a liga. Como a liga não liga, eu
também não ligo a liga”.

85
/f/ e /v/:

“Farofa feita com muita farinha fofa faz uma fofoca feia”.

“Não sei se é fato ou se é fita,


Não sei se é fita ou fato.
O fato é que você me fita
E fita mesmo de fato”.

“Se vai-e-vem vai e vem,


vai-e-vem vai.
Se vai-e-vem vai e não vem,
vai-e-vem não vai”.

/s/ e /z/:

“O som do sino é um som do céu”.

“Quanto socó para um socó só coçar”.

“O sabiá não sabia.


Que o sábio sabia.
Que o sabiá não sabia assobiar”.

“Essa pessoa assobia, enquanto amassa e assa a massa da paçoca de


amendoim”.

/ š / e / ž /:

“O caju do Juca
É a jaca do Cajá
Já a jaca da Juju
É o caju do Cacá”

“O caju do Juca
A jaca da Cajá
A jaca da Juju
E o caju do Cacá”.

“Lá em cima daquele morro chato,


tem uma moça chata,
com um tacho chato na cabeça.

86
Moça chata,
Esse tacho chato é seu?”.

“Tacho sujo, chuchu chocho”.

“A chave do chefe Chaves está no chaveiro”.

“O Juca ajuda: encaixa a caixa, agacha, engraxa”.

4.3. Trava-línguas envolvendo os fonemas nasais /m/ e /n/

/m/

“Um limão, dois limões, meio limão”.

/n/:

“Nona nina o nenê da Norma”.

“Napoleão, Natalia, Natanael, Newton nunca nadaram na natação,


nadaram no mar”.

/m/ e /n/:

“Num ninho de mafagáfos


três mafagafinhos há
quem desmafagafizar primeiro
bom desmafagafizador será”.

“Maria-Mole é molenga, se não é molenga,


Não é Maria-Mole.
Nem mala, nem mola, nem Maria, nem mole”.

4.4 Trava-línguas envolvendo o fonema lateral /l/

“Lalá, Lelé e Lili


E suas filhas,
Lalalá, Lelelé e Lilili
E suas netas
Lalelá, Lelalé e LeLali
cantavam em coro
LaLaLaLaLaLaLá”.

87
4.5 Trava-línguas envolvendo os fonemas /r/ e /R/

“O rato roeu a correia do carro


Do rei de Roma e da rainha Rita”.

“A aranha arranha a jarra,


A jarra arranha a aranha,
Nem a aranha arranha a jarra,
Nem a jarra arranha a aranha”.

“O rato roeu a roupa do rei ruivo de Roma”.

“O rato roeu o rabo da raposa”.

“Rosa vai dizer à Rita que o rato


Roeu a roupa da rainha”.

“Se a aranha arranha a rã,


se a rã arranha a aranha,
como a aranha arranha a rã?
como a rã arranha a aranha?”

4.6 Trava-línguas envolvendo padrões silábicos complexos

4.6.1 Ataque, núcleo e coda (Consoante-vogal-consoante)

Consoante-vogal-consoante /R/

“Porco crespo, toco preto”.

“Larga a tia, lagartixa!


lagartixa, larga a tia!”

Consoante-vogal-consoante /L/

“O galo e a galinha foram a festa em Portugal


O galo foi de calça e a galinha de avental”

Consoante-vogal-consoante /S/

“Luzia lustrava o lustre listrado, o lustre listrado luzia”.

88
Consoante-vogal-consoante /N/

“Não consinto que confundas funda com cinto


Nem consinto que confundas cinto com funda”.

4.6.2 Ataque complexo e núcleo (consoante-consoante-vogal)

“Três pratos de trigo para três tigres tristes”.

“O brinco da Bruna brilha”.

“Um papo de pato, um prato de prata”.

“O padre Pedro tem um prato de prata”

“O prato de prata é do padre Pedro”

“Pedro pregou um prego na pedra”

“Três traças traçadas traçaram três trajes sem trégua”

“É preto o prato do pato preto”.

“Bagre branco, branco bagre”.

89
5. CONSCIÊNCIA SILÁBICA

5.1 Atividades cinestésicas

Estas atividades têm como objetivo separar as sílabas das


palavras da seguinte forma: a criança produz oralmente as sílabas ao
mesmo tempo em que
a) bate palmas para cada sílaba;
b) pula corda cada sílaba da palavra;
c) joga a bola ou o saco de grão cada sílaba da palavra;
d) passa o saco de grão de uma mão para a outra a cada sílaba
da palavra;
e) caminha cada sílaba da palavra;

Observação: as palavras podem ser retiradas de uma poesia ou


parlenda, anteriormente, falada para as crianças.

5.2 Jogos de trilha

Estes jogos consistem em um tabuleiro com uma trilha com


desafios e cartelas ou dados com figuras referentes à palavras cujas
estruturas silábicas podem ou não apresentar o seguinte contínuo de
dificuldade em sua produção oral pelas crianças: CV > VC > CVC >
CCV>CCVC.
A trilha também pode ser desenhada com giz no chão do pátio
para as crianças caminharem ou pularem, nos quadrados da trilha, o
número de sílabas das palavras solicitadas.
A seguir mencionamos alguns exemplos de palavras a serem
utilizadas nos jogos.

5.2.1 Envolvendo estruturas silábicas simples: ataque e núcleo


(consoante-vogal)CV

Monossílabos: pá, pé, pó


Dissílabos: sapo, pato, mala
Trissílabos: jacaré, macaco, pipoca
Polissílabos: beterraba, rabanete

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5.2.2 Envolvendo estruturas silábicas complexas

5.2.2.1 Ataque complexo e núcleo (consoante-consoante-vogal)


CCV
Dissílabos: cravo, bruxa, pedra
Trissílabos: gravata, ciclone, estrela
Polissílabos: crocodilo, dromedário

5.2.2.2 Ataque e rima, constituída por núcleo e coda (consoante-


vogal-consoante) CVC
Monossílabos: sol, mar, luz
Dissílabos: balde, porta, pente, festa
Trissílabos: castelo, lagarta, flamingo, caldeirão
Polissílabos: tartaruga, borboleta

5.2.2.3 Ataque complexo, núcleo e coda (consoante-consoante-


vogal-consoante) CCVC
Monossílabos: trem, flor, cruz
Dissílabos: brinco, fralda, trança
Trissílabos: princesa, príncipe

5.2.2.4. Uma sugestão de palavras, cujas estruturas silábicas são


complexas.

 pedra  corneta
 bruxa  porta
 trovão  borboleta
 neblina  lagarta
 estrada  espada
 castelo  floresta
 cesto  princesa
 vestido  príncipe
 cisne  trança
 ponte  clarim
 concha  cruz
 campo  flor
 semente  caracol
 margarida  anel

5.3 Jogo fonológico da sílaba inicial


Esse jogo é constituído por cartelas com figuras das palavras
relacionadas abaixo. As cartelas encontram-se dispostas em uma mesa

91
viradas com a figura para cima. As crianças devem identificar a sílaba
inicial de uma figura com uma outra figura, cuja sílaba inicial seja a
mesma.

5.3.1 Palavras com a sílaba inicial constituída por consoante-vogal


(CV)

 cavalo – cachimbo  faca - fada


 palhaço – panela  sapato – sala
 lápis – laranja  banana – bala
 maçã – mala  pipoca – pirata
 dado - dália  gato – galho
 tamanco – tatu  raquete – raposa
 janela – jaca  vassoura - vaso

5.3.2 Palavras com a sílaba inicial constituída por consoante-vogal-


consoante (CVC)

 carta – cartola  bandeja – bandeira


 porco – portão  lanterna – lancha
 corça – corda  fantoche – fantasma
 corneta – cortina  calça – caldeirão
 formiga – fôrma  balde – balsa
 martelo – margarida  cascudo – castelo
 banco – banda

92
6. SUGESTÕES DE SEQÜÊNCIAS DE ATIVIDADES ENVOLVENDO
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA

Apresentamos dois exemplos de encontros realizados com


crianças do primeiro ano com as respectivas atividades desenvolvidas
de consciência fonológica

EXEMPLOS DE ENCONTRO

EXEMPLO 1
Objetivo: sensibilização para os sons em geral através da
imitação dos sons de bichinhos

1) Música Dedos acompanhada de gestos, conforme DVD –


Os dedinhos. Brincadeiras e histórias
Os meus dedos já sabem bailar
Os meus dedos já sabem bailar
Fecham e abrem e vão descansar
Prontos estão para trabalhar
2) Contar a história Os Músicos Ambulantes
3) Imitar os sons dos bichinhos: burro, gato, cachorro, galo,
galinha, pinto, coruja, abelha, grilo.
4) Brincadeira Gato Mia
Objetivo: estimular a disposição das crianças para escutar de
forma atenta.
As crianças ficam dispostas em círculo, uma delas fica no centro
e dirá a localização do som “miau” produzido por uma outra criança em
algum lugar da sala.
5) Poesia Cavalinho
Cavalinho

Lá vai galopando meu bom cavalinho


Florestas cruzando, campinas,caminhos.
Cavalo tão belo me leva ao castelo.

Mas dentro da noite vai bem de mansinho,


Vai bem silencioso meu bom cavalinho,
Com cascos de prata brilhando na mata.

93
EXEMPLO 2
Objetivo: consciência fonológica da sílaba através de separação
silábica com atividade cinestésica com os dedinhos.
1) Música Dedos acompanhada de gestos, conforme DVD –
Os dedinhos. Brincadeiras e histórias
Os meus dedos já sabem bailar
Os meus dedos já sabem bailar
Fecham e abrem e vão descansar
Prontos estão para trabalhar
2) Conto do O Ganso Dourado
3) Poesia: O Pica-pau de Ruth Salles
O Pica-pau
Madrugada, lá na mata
já se escuta o bate-bate:
bica-bica, pica-pica,
tamborila o pica-pau.
4) Separação silábica: Uma galinha pintadinha, conforme DVD
Os dedinhos. Brincadeiras e histórias.
Uma galinha pintadinha, botou, chocou e saiu um pintinho: piu,
piu, piu.Uma galinha pintadinha e bem magrinha botou um
ovinho, chocou só um pouquinho e saiu um pintinho bem
magrelinho: piu, piu, piu.
5) Brincadeira: O lobo e os pintinhos
O lobo e os pintinhos
a) 3 ou mais jogadores
b) Ao ar livre
c) Os jogadores são dispostos em coluna, segurando-se
pela cintura. O primeiro, de braços abertos, representa
a galinha e os outros, os pintinhos. À frente da galinha
ficará o lobo.
d) Dado o sinal de início, o lobo tentará apanhar o último
pintinho, o que a galinha procura impedir, interceptando-
lhes os passos e mudando habitualmente de posição no
que será seguida por toda a ninhada. Quando o último
pintinho for alcançado, substituirá o lobo e este a galinha.

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7. SUGESTÕES DE CDs E DVD

CD – Cantar o Mundo: músicas e poesia para o ano inteiro. Produção de


Elisa Mansano e Paula Mourão.
CD – Arca de Noé de Vinícius de Moraes
CD – Canções de Além-Véu. Músicas de Luciana Betti e Marcelo
Petraglia. Livro: BETTI, Luciana. A História Feliz do Joça-Aprendiz.
Botucatu: L.Betti, 2006.
CD – Mais Alegria Alegria: 100 cantigas e adivinhações do folclore
brasileiro. Livro: FELIPE, Carlos & OLIVEIRA, Túlio. Mais Alegria
Alegria: as mais belas canções de nossa infância. Belo Horizonte:
Editora Leitura, 2001
DVD – Os Dedinhos. Brincadeiras e Histórias. Professoras Waldorf.
Escola Aitiara, Botucatu, São Paulo, 2006.

95
96
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 5 ed. São Paulo:


Scipione, 2008.
ADAMS, M.; FOORMAN, B. R.; LUNDBERG, I.; BEELER, T. ConsciênciaFonológica em
crianças pequenas. Porto Alegre, Artmed, 2006.
AGUIAR, Vera et al. Poesia fora da estante. 13 ed. Porto Alegre: Editora
Projeto;CPL/PUCRS, 2007.
ALCOFORADO FILHO, Hardy Guedes. Casinha de bichos. São Paulo: Scipione, 1997.
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