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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

Habitação e Assentamentos Humanos


Projeto de Urbanização Complexo Pirajussara 5

Santo André, SP
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

Habitação e Assentamentos Humanos


Projeto de Urbanização Complexo Pirajussara 5

Bruno Alves da Silva 11104312


Caíque Alves Ribeiro 11050215
Cauê Alves Ribeiro 11033514
Leticia Ferreira Priolli 11201722706
Raissa Pereira Louro 21066714

Docentes: Prof.ª Dr.ª Rosana Denaldi


Prof.ª Dr.ª Flávia Feitosa

Santo André, SP
2019

1
SUMÁRIO

Lista de Anexos 4

Lista de Figuras 6

Lista de Tabelas 8

INTRODUÇÃO 9

PARTE I - DIAGNÓSTICO 14

I. Informações Gerais 14
1.1. Caracterização do Perímetro de Ação Integrada Pirajussara 5 14
1.2. Caracterização Populacional 16
1.3. Programas em desenvolvimento na região 18

II. Aspectos Urbanísticos e Ambientais 21


2.1. Características do Sítio 21
2.1.1. Declividade e Hipsometria 21
2.1.2. Vegetação 25
2.1.3. Inserção na bacia hidrográfica 26
2.2. Tecido Urbano e Sistema Viário 31
2.2.1 Mobilidade 31
2.2.2. Transporte Público 32
2.2.3. Hierarquia viária 34
2.2.4. Tecido Urbano 36
2.3. Saneamento Integrado 38
2.3.1. Abastecimento de Água 39
2.3.2. Coleta e Tratamento de Esgoto 40
2.3.3. Coleta de Lixo 42
2.3.4. Drenagem Pluvial 44
2.4. Áreas com restrição 46
2.4.1. APPs e áreas de risco 46
2.4.2 Restrições 48
2.5. Vazios e Equipamentos Urbanos 51

III. Aspectos Sociais 56


3.1. Perfil da População 56
3.2. Acesso a serviços e equipamentos públicos 58

2
3.2.1. Saúde 58
3.2.2. Educação 58
3.2.3 Serviços 59
3.2.4. Lazer 59
3.3. Percepção da população 60

IV. Aspectos Jurídicos-Fundiários 60


4.1. Propriedade da terra 60
4.3. Restrições impostas pela legislação ambiental vigente 62

V. Síntese de Diagnóstico 64

PARTE II - INTERVENÇÃO 66

I. Diretrizes 66

II. Propostas 67
1. Reassentamento das Moradias Mais Precárias 67
2. Readequação do Sistema Viário 74
3. Saneamento Integrado 77
4. Parque Linear 78
5. Mobilidade 82
6. Melhoria de Vias, Iluminação e Calçadas 84
7. Implantação de Equipamentos Urbanos 84
8. Educação Ambiental 85
9. Restrição da Expansão Urbana em APP 86
10. Síntese da Proposta de Intervenção 88

Referências Teóricas 89

Referências Legais 93

Anexos 95

3
Lista de Anexos

Anexo I: Mapa 1 – Localização da Favela Pirajussara 5 destacando os assentamentos


de estudo;
Anexo II:​ Mapa 2 – Mapa de Densidade Habitacional da área em estudo;
Anexo III:​ Mapa 3 – Declividade presente na região dos assentamentos;
Anexo IV:​ Mapa 4 – Hipsometria presente na região dos assentamentos;
Anexo V: Mapa 5 – Inserção dos assentamentos na microbacia Córrego Pirajussara na
Sub-bacia do Rio Tietê;
Anexo VI:​ Mapa 6 – Inserção dos assentamentos na Microbacia Córrego Pirajussara;
Anexo VII:​ Mapa 7 – Mapa de Hierarquia do Viário;
Anexo VIII:​ Mapa 8 – Tecido Urbano do Complexo Pirajussara 5;
Anexo IX: Mapa 9 – Mapa de Esgotamento evidenciando a distribuição de coletores
tronco (propostos e existentes) no entorno dos assentamentos;
Anexo X: Mapa 10 – APPs e áreas de risco presentes na região do complexo
Pirajussara 5;
Anexo XI: ​Mapa 11 – Restrições presentes nos assentamentos do complexo
Pirajussara 5;
Anexo XII: ​Mapa 12 – Mapa de Equipamentos Urbanos presentes na região do
complexo Pirajussara 5;
Anexo XIII: ​Mapa 13 – Áreas de vazios presentes na região do complexo Pirajussara
5;
Anexo XIV:​ Mapa 14 – Mapa Síntese;
Anexo XV: ​Mapa 15 – Mapa de remoção de edificações;
Anexo XVI:​ Mapa 16 – Mapa da área para reassentamento;
Anexo XVII:​ Mapa 17 – Mapa de classificação do sistema viário;
Anexo XVIII:​ Mapa 18 – Mapa de hierarquia do viário proposto;
Anexo XIX: ​Mapa 19 – Mapa síntese da proposta de intervenção;

4
Anexo XX: ​Tabela – Compilado de Projetos do Programa de Metas da Prefeitura de
São Paulo que abrange a microrregião de Campo Limpo;
Anexo XXI: ​Mapa de caracterização do Perímetro de Ação (Córrego Diniz).

5
Lista de Figuras

Figura 1 –​ Perfil de vegetação remanescente na região dos assentamento;


Figura 2 –​ Cursos d’água nos assentamentos da Favela Pirajussara 5;
Figura 3 – Viela 5 (viela próxima ao cruzamento da Rua Navojoa com a Travessa
Professora Angelina de Sousa Bezerra);
Figura 4 – Vale das Virtudes I (rua sem identificação na altura 110-112 da Rua
Langanes);
Figura 5 –​ Monforte de Lemos (Rua Calvínia);
Figura 6 –​ Vale das Virtudes I (na margem direita da favela);
Figura 7 –​ Linhas do metrô e principais avenidas que circundam a área em estudo;
Figura 8 – ​Pontos de ônibus da região da Favela Pirajussara 5;
Figura 9 – ​Corredores de ônibus da região em estudo;
Figura 10 –​ Fotografia em Jardim Umuarama demonstrando abastecimento de água;
Figura 11 – Fotografias de um poço para fornecimento de água não potável em Jardim
Umuarama;
Figura 12 – Fotografia em Jardim Umuarama demonstrando área coberta pelo
esgotamento sanitário;
Figura 13 ​– Fotografias de região a margem direita da favela de Vale das Virtudes I,
próximo a um córrego aberto e um campo vazio rodeado de mata e resíduos
acumulados;
Figura 14 ​– Fotografias de região próxima da Rua Luis Carlos de Moura no Vale das
Virtudes I, ao lado de um campo de futebol e as margens de um curso d’água;
Figura 15 ​– Fotografia da Rua Monforte de Lemos próximo à travessa com a Rua Juan
Aldama apresentando uma boca de lobo indicando presença de sistema de drenagem
pluvial;
Figura 16 ​– Fotografias em comunidade Monforte de Lemos demonstrando ausência
de sistema de drenagem pluvial nas regiões interiores dos assentamentos;

6
Figura 17 – Mapa contendo perfil de vegetação remanescente na região dos
assentamentos;
Figura 18 – ​Índice IPVS para a área do complexo Pirajussara 5;
Figura 19​ ​–​ Relação de Empregos Formais nos distritos do município de São Paulo;
Figura 20 –​ Destaque as áreas do complexo Pirajussara 5 como dentro a uma ZEIS-1;
Figura 21​ ​–​ Área de reassentamento localizado via satélite;
Figura 22​ ​–​ Área de implantação do Ecoponto Móvel;
Figura 23​ ​–​ Exemplo de Ecoponto Móvel;
Figura 24​ ​–​ Mapa de Localização do Parque Linear proposto;
Figura 25 ​– ​Mapa de localização das intervenções que possuem objetivo de restringir a
ocupação de APP.

7
Lista de Tabelas

Tabela 1 – ​Valores de área, domicílios e densidade demográfica para cada


assentamento;
Tabela 2 – ​Projeção de Rede de Água, Esgoto e Coleta de Lixo nos assentamentos​;
Tabela 3 – ​Delimitação de APP para cursos d’água;
Tabela 4 – Número de domicílios totais inseridos em área de restrição por classificação
de declividade e APP na Favela Pirajussara 5;
Tabela 5 – ​Equipamentos em torno do assentamento, suas distâncias e quantidades;
Tabela 6 ​–​ Funções e serviços ambientais de uma APP em meio urbano;
Tabela 7 ​– Compilado contendo correlação entre as normas para Regularização
Fundiária da Resolução Conama 365/2006 e o comportamento característico na Favela
Pirajussara 5;
Tabela 8 ​– ​Número de domicílios removidos relacionado ao motivo de remoção;
Tabela 9 ​– ​Número de famílias/domicílio abrangidos na área de reassentamento.

8
INTRODUÇÃO

O presente estudo contém o diagnóstico e proposta de intervenção de um


Projeto de Urbanização de Assentamentos Precários de quatro núcleos do Complexo
Pirajussara 5 (Monforte de Lemos, Jardim Umuarama, Vale das Virtudes I e Viela
Cinco) para a disciplina de Habitação e Assentamentos Humanos, cursada no segundo
quadrimestre de 2019 na Universidade Federal do ABC, a fim de atingir a urbanização
efetiva dos assentamentos precários estudados.
O projeto resulta do conjunto de informações obtidas em levantamentos primário
e secundários realizados no território em estudo, bem como documentos e análises
anteriormente elaborados pela Prefeitura de São Paulo. Com base na interconexão e
contraposição das dimensões estudadas, contemplando as variáveis sociais,
econômicas, urbanísticas e ambientais, obteve-se os subsídios que fundamentaram as
respectivas análises.
A utilização de dados primários e secundários tem como objetivo levantar e
sistematizar dados oficiais que permitam construir uma caracterização preliminar do
contexto socioeconômico e urbano ambiental das áreas de influência do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE para as décadas de 1990, 2000 e 2010 e
para os demais, buscou-se as informações mais atualizadas.
A primeira parte do estudo aborda o diagnóstico do assentamento, isto é, um
levantamento de informações sobre quatro tópicos principais, conforme segue:

I. Informações gerais: com caráter introdutório, a primeira parte do diagnóstico


descreve a localização do assentamento, isto é, o contexto geográfico micro e
macrorregional em que a área está inserida, mostrando as principais vias de
acesso e alguns aspectos relativos à hidrografia. Além disso, são descritas as
características demográficas da região, bem como o número de domicílios
contabilizados, a fim de se traçar um paralelo com os mesmos dados referentes

9
à cidade formal. Por fim, foram identificados os programas governamentais em
andamento na área de estudo;

II. Aspectos ambientais e urbanos: este tópico compreende informações sobre as


características fisiográficas da área em estudo, incluindo a morfologia do terreno
(declividade e hipsometria) e a hidrografia. Busca-se, com isso, identificar Áreas
de Preservação Permanente (APPs) e outros locais sujeitos a restrições
ambientais. Quanto aos aspectos urbanos, será avaliada a infraestrutura urbana
presente na área, incluindo esgotamento sanitário, coleta de lixo, oferta de água
potável e de energia elétrica, a fim de identificar e dimensionar as carências e os
problemas destes serviços. Além disso, serão mapeados e quantificados os
principais equipamentos públicos acessíveis para a população. Por fim, será
realizado um diagnóstico detalhado do sistema viário e do tecido urbano da área
de estudo, classificando as vias e os domicílios, respectivamente, quanto ao seu
grau de precariedade;

III. Aspectos sociais: breve descrição do perfil socioeconômico da população,


incluindo renda familiar e tempo de moradia na área de estudo. Este tópico
discorre sobre a Acessibilidade aos equipamentos públicos, também aponta os
principais problemas da área de estudo sob o ponto de vista de alguns
moradores do assentamento;

IV. Aspectos fundiários: descrição da área de estudo quanto a propriedade do


terreno (pública ou privada). Trata, ainda, da regulação urbana e ambiental. Uma
síntese das informações obtidas no diagnóstico tem o intuito de identificar as
principais carências, problemas e potencialidades da Favela Pirajussara, bem
como os entraves impostos pela legislação urbana e ambiental para a realização
de eventuais obras.

10
Assim, pode-se dizer que o levantamento realizado tem a finalidade de servir
como subsídio para futuras propostas de intervenção no assentamento precário. Neste
contexto, se insere a segunda parte do trabalho, que consiste em uma proposta de
intervenção urbana. Esta será composta, em primeiro lugar, pelas diretrizes gerais de
intervenção, que consistem basicamente na lista de objetivos do projeto, isto é, onde se
quer chegar com as intervenções, quais são as transformações desejadas e porque
são importantes. Para elaboração dessa lista, o grupo se baseará em dois pilares: (i) os
princípios básicos que norteiam a tomada de decisão (tais como a proteção da
integridade física dos indivíduos, a busca pelo meio ambiente equilibrado e em
harmonia com a vida urbana, entre outros) e (ii) os problemas mais evidentes
constatados através do diagnóstico, e que, portanto, devem receber atenção especial.
O direito à moradia foi previsto inicialmente na Declaração Universal dos
Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas em 1948, posteriormente
consolidado através da Emenda Constitucional nº 26 de 2004, que assegurou a todo
brasileiro o direito à moradia, ao acrescentar os seguintes dizeres no texto
constitucional: “É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios promover programas de construção de moradias e a melhoria das
condições habitacionais e de saneamento básico”.
O principal fundamento para a inclusão do direito à moradia na Constituição
Federal é sua estreita relação com o princípio da dignidade da pessoa humana, que é o
princípio máximo do estado democrático de direito. Ao relacionar a necessidade de
uma moradia com a consecução de uma vida digna, entende-se o direito à moradia
como um direito social, que vai além do individual e, por isso, é relevante para toda a
sociedade.
De acordo com Araújo, professor da Universidade Federal da Bahia:
“Trata-se de uma ampla gama de direitos que envolvem não apenas as
políticas sociais em seu sentido mais restrito, mas também grande parte
das denominadas políticas urbanas, como habitação, saneamento e
transporte urbano, incluídas dentro do conceito de direito à moradia em

11
sentido amplo e tidas pela Constituição de 1988 como serviços públicos
de caráter essencial.” ​(Araújo, 2009)
Por moradia deve-se entender um local salubre, com condições mínimas à
sobrevivência, como acesso à saneamento básico, luz elétrica, acesso aos serviços
públicos, lazer e mobilidade urbana. Quando falamos em direito à moradia, este é o
conceito ideal.
Entretanto, mesmo após o reconhecimento do direito à moradia digna pela
Constituição Cidadã e ratificação de acordos internacionais de direitos humanos, na
prática houve pouco avanço nas condições de habitação e acesso a serviços urbanos à
população brasileira de baixa renda.
Conforme exposto por Maria da Piedade Morais, coordenadora de Estudos
Setoriais Urbanos do Ipea.
"Os resultados estão aquém do esperado, a começar pelo déficit
habitacional estimado em cerca de 7,9 milhões de moradias. Ainda
existe no País um conjunto de necessidades habitacionais não
satisfeitas, que configuram violações do direito à moradia, afetando,
sobretudo, as camadas mais pobres da população e os residentes em
assentamentos humanos precários. Nas zonas urbanas brasileiras
ainda há 54,6 milhões de brasileiros que convivem com pelo menos um
tipo de inadequação habitacional."​ (Morais, 2009)

Cabe salientar ainda que segundo o Censo IBGE de 2011, 7% da população


está vivendo em assentamentos precários em todo território brasileiro.
Embora o poder público por vezes tenta fazer cumprir seus deveres
constitucionais, através de programas federais como a incorporação em 2007 no
Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) os projetos de urbanização de favelas,
destinando-lhes substancial montante de recursos, conforme assevera Maria Lucia
Cavendish. O Plano Nacional de Habitação (Planhab), que tem como objetivo
enunciado promover a integração física dos assentamentos precários ao conjunto da
cidade (Brasil, 2009).

12
Apesar de toda evolução, muitas das intervenções de urbanização implantam
infraestrutura em um ordenamento urbano visivelmente distante dos padrões espaciais
da cidade formal, levando-nos a questionar até que ponto a tão decantada inserção à
cidade ou transformação em bairro é efetivamente posta em prática (Denaldi, 2003).
É notório que a problemática está longe de solução, uma vez que, apesar de
haver investimentos governamentais, muitas vezes são aplicados em projetos de
urbanização sem o devido planejamento necessário, apenas como ações políticas, sem
a preocupação com a solução efetiva do problema.

13
PARTE I - DIAGNÓSTICO

I. Informações Gerais

1.1. Caracterização do Perímetro de Ação Integrada Pirajussara 5

Inserida no Perímetro de Ação Integrada (PAI) Pirajussara 5, a área de estudo


está localizada no distrito de Campo Limpo, na Zona Sul da Região Metropolitana de
São Paulo. O PAI Pirajussara 5 é composto por 11 favelas e 5 núcleos urbanizados,
além da proposta de implantação de parques pela Secretaria Municipal do Verde e do
Meio Ambiente de São Paulo (SVMA) – parques Diniz (Linear Ivar Beckman) e Horto
do Ipê. A região é percorrida também pelos córregos Pirajussara, localizado na divisa
com Taboão da Serra, e o Diniz, que nasce no Vale das Virtudes I. Devido apresentar
pontos de alagamento em sua extensão, segundo a SEHAB (Programa Renova SP),
22 áreas precisam de atuação e 9 necessitam de intervenção imediata, sendo as áreas
prioritárias o Urbanismo de Monforte de Lemos, Vale das Virtudes I e Viela Cinco.
O distrito de Campo Limpo, em que o PAI Pirajussara 5 está inserido, faz divisa
com as regiões de Capão Redondo, Vila Andrade, com os quais divide a Subprefeitura,
os distritos de Taboão da Serra, porção de Vila Sônia, Embu e Jardim São Luís.
Apresenta, segundo levantamentos da Fundação Seade, 12,51 km² de extensão,
227.235 habitantes e Densidade Demográfica, em 2009, de 16.721,18 habitantes/km².
As taxas de Natalidade e Mortalidade Infantil são de 16,45 por mil habitantes e 11,95
por mil nascidos vivos respectivamente, para o ano de 2014. O adensamento da
população no distrito, de acordo com a Taxa Geométrica de Crescimento Anual da
População ocorre na ordem de 0,92% ao ano.
A renda per capita do distrito, de acordo com dados do IBGE de 2010, é de
R$722,39, estando abaixo da média do município de São Paulo. O ​Índice Paulista de
Responsabilidade Social (IPRS) que caracteriza quanto ao desenvolvimento humano
de acordo com indicadores de renda, longevidade e escolaridade, classifica a região

14
como Grupo 2, entre “municípios que, embora com níveis de riqueza elevados, não
exibem bons indicadores sociais” (Portal GeoSeade, 2019).
Originado por colônias japonesas, italianas e portuguesas em meados de 1937,
a região passou por acelerado crescimento nas décadas de 1970 e 1980, ocasionando
a formação de suas favelas. Em seu extremo sul, aproximando-se de Capão Redondo,
estão situadas quatro comunidades, as quais aqui serão estudadas: Jardim Umuarama,
Monforte de Lemos, Viela Cinco e Vale das Virtudes I; ocupados, respectivamente, nos
anos 1981, 1989, 1977 e 1972 (PMSP). O mapa a seguir destaca a localização dos
assentamentos no distrito de Campo Limpo (vide Anexo I).

Mapa 1 -​ Localização da Favela Pirajussara 5 destacando os assentamentos de estudo.

Fonte:​ autoria própria.

15
1.2. Caracterização Populacional

Eduardo Cesar Marques, professor da USP, afirma que, em 2010, 11% da


população residiam em favelas no município de São Paulo. O levantamento explicita
ainda a maior taxa de crescimento do número de domicílios nessas regiões quando
comparado ao crescimento da população geral, de 2,2% ao ano contra 1,9% (Ferreira,
2017).
Para o distrito de Campo Limpo o índice corresponde ao do município de São
Paulo. Segundo levantamento do Mapa da Desigualdade, em 2017 cerca de 17.009
domicílios do distrito estavam em favelas, frente ao total de 63.867 domicílios do
distrito. Já o número de indivíduos residentes nas favelas é de 36.967 para 211.361 da
população total do distrito no ano de 2010.
Segundo dados do Censo Demográfico de 2010, disponíveis no Portal
GeoSampa, os assentamentos do complexo Pirajussara 5 acumulam aproximadamente
100.275,6 m². O Vale das Virtudes I possui 31.101,3 m² de área, Monforte de Lemos
possui 21.961,0 m² de área, Jardim Umuarama possui 24.029,5 m² de área e, por fim,
Viela Cinco com 23.183,8 m² de área.
O número de domicílios ou famílias estão distribuídas nos assentamentos,
segundo levantamento do GeoSampa, da seguinte maneira: Vale das Virtudes I com
688 domicílios; Monforte de Lemos com 471 domicílios; Jardim Umuarama com 661
domicílios; e Viela Cinco com 547 domicílios.
Quanto a valores de densidade demográfica, considerando o Censo
Demográfico de 2010 (Portal GeoSampa, 2019), Vale das Virtudes I possui 266,7
hab/ha, Monforte de Lemos 787,8 hab/ha, Jardim Umuarama 554,5 hab/ha e Viela
Cinco 525,1 hab/ha . A seguir está exposta uma tabela contendo o compilado de
informações pertinentes a caracterização demográfica dos assentamentos.

16
Tabela 1 -​ Valores de área, domicílios e densidade demográfica para cada assentamento.

Assentamento Área (m²) Domicílios Densidade Demográfica (hab/ha)

Vale das Virtudes I 31101,3 688 266,7


Monforte de Lemos 21961,0 471 787,8
Jardim Umuarama 24029,5 661 554,5
Viela Cinco 23183,8 547 525,1
Fonte:​ autoria própria.

Densidade características de assentamentos informais ocorrem também para a


Favela Pirajussara 5, predominantemente altas, conforme exposto no mapa a seguir
(vide Anexo II).

17
Mapa 2 -​ Densidade Habitacional da área de estudo.

Fonte:​ autoria própria.

1.3. Programas em desenvolvimento na região

Consta do Programa de Metas 2017-2020 da Prefeitura de São Paulo 27


projetos com abrangência no distrito de Campo Limpo. Os programas e suas

18
respectivas Secretarias de execução, assim como uma breve definição das ações,
estão expostas na tabela do Anexo XX.
O Programa de Metas relaciona ainda 53 metas a serem alcançadas pelo
município de São Paulo. Entre estas, a Meta 31, atribuída a Secretária Municipal de
Habitação, pertinente ao nosso contexto de estudo, define-se como a Urbanização
Integrada em Assentamentos Precários beneficiando 27.500 famílias. A meta tem
extensão temporal de longo prazo e com grande magnitude, porém, há falta de dados
referente à execução de obras na região do Campo Limpo.
O Caderno de Propostas dos Planos Regionais das Subprefeituras de 2016
consta com Perímetros de Ação para o distrito de Campo Limpo. O caderno traz em
uma sub-seção de objetivos e diretrizes em relação ao Córrego Diniz e a sub-bacia
Pirajussara, tomando os assentamentos de Vale das Virtudes I, Viela Cinco e Monforte
de Lemos como prioritários pela presença dos córregos. Os objetivos atribuídos são:

• Atender a demanda por equipamentos e serviços públicos sociais de saúde, de


educação e de assistência social;
• Atender a população em situação de vulnerabilidade social, especialmente a
população em área de risco;
• Qualificar os espaços livres públicos;Implantar os parques planejados;
• Promover a recuperação e conservação ambiental dos cursos d'água e das
áreas verdes;
• Solucionar os problemas de saneamento ambiental, em especial esgotamento
sanitário e manejo de águas pluviais (drenagem);
• Melhorar a acessibilidade e mobilidade local e de acordo com o Plano de
Mobilidade de São Paulo - PLANMOB.

Quanto às diretrizes contidas no Caderno para a região, destacam-se:

• Melhorar as questões habitacionais, especialmente nas áreas de risco;

19
• Promover urbanização das favelas Jardim Umuarama, Vila das Virtudes I, Viela
Cinco, Monforte de Lemos, Horto do Ipê, Jardim Helga, Guerreiro e Jardim Rosana;
• Fornecer e melhorar a infraestrutura básica (água, luz, esgoto) nos
assentamentos precários;
• Promover melhorias no sistema de drenagem, com atenção às áreas de
alagamento junto ao Córrego Diniz;
• Compatibilizar as intervenções do sistema viário estrutural com as propostas
para a rede hídrica ambiental;
• Promover abertura de novas vias, adequações no viário existente e melhorias
de sinalização e circulação local, sobretudo na Av. Sabin e Rua Odemis;
• Concluir calçadas em implantação e promover melhoria das já existentes para
circulação de pedestres;
• Promover melhorias de iluminação e arborização junto às calçadas do
perímetro, sobretudo na região do Horto do Ipê, Jardim Elga e Jardim Umuarama
(incluindo Ruas Celso Cunha, Odemis, Luster, Juan Aldama e Monforte de Lemos);
• Promover reforma e implantação de mobiliário urbano junto às praças da
região;
• Implantar e integrar áreas públicas verdes e de lazer, incluindo os parques
propostos: Parque Horto do Ipê e Parque Linear Diniz (Linear Ivar Beckman);
• Implantar ciclovia e conectar os parques propostos com a Av. Carlos Caldeira
Filho, com melhorias de mobilidade e acesso;
• Incorporar área pertencente à Subprefeitura (próxima à Estrada do Campo
Limpo) aos parques propostos e analisar possibilidade de implantação de equipamento
público no local (URSI - Unidade de Referência à Saúde do Idoso);
• Implantar equipamentos de saúde;
• Implantar equipamentos de assistência social previstos pela SMADS;
• Concluir obra de CEI em implantação na Rua Eusébio de Matos (CEI
Andaguaçu);

20
• Implantar equipamentos de educação previstos pela Secretaria Municipal de
Educação e de acordo com as necessidades da população;
• Verificar possibilidade de implantação de equipamento ou espaço público em
área de Petroquímica desativada, localizada junto à Estrada do Campo Limpo e por
onde passa o Córrego Diniz.

No Caderno consta ainda um mapa contendo equipamentos e demais


características do Perímetro de Ação na seção Campo Limpo – Córrego Diniz (vide
Anexo XXI).
Segundo ​Relatório de Prestação de Contas do FUNDURB para o Programa
Urbanização de Favelas e Mananciais (2013), os assentamentos passaram por Projeto
Básico de Urbanismo e Projeto Básico de Paisagismo em 2013.

II. Aspectos Urbanísticos e Ambientais

2.1. Características do Sítio

2.1.1. Declividade e Hipsometria

As declividades apresentadas na região compõe restrições a construções, o que


é evidenciado por áreas de declividade muito altas ou muito baixas. Como
consequência destas características existe instabilidade estrutural nos terrenos
ocupados e uma incapacidade dos assentamentos de suportarem grandes chuvas,
uma vez que os grandes volumes de água são levados pelas vias com alta velocidade
e acabam acumulando-se nos terrenos mais baixos.
A seguir está exposto o Mapa de declividade da região (vide Anexo III) e
posteriormente o detalhamento das informações para cada um dos assentamentos.

21
Mapa 3 -​ Declividade presente na região dos assentamentos.

Fonte:​ autoria própria.

A análise da declividade permite observar que as maiores declividades


abrangem quase totalmente a área de Vale das Virtudes I, o centro de Jardim
Umuarama e ao norte da Viela Cinco. Já as declividades mais baixas estão presentes
no encontro central dos assentamentos, mais particularmente em Monforte de Lemos e
em grande parte de Viela Cinco.

22
No mapa é possível destacar o perfil dos assentamentos. Na região norte da
Viela Cinco uma pequena área chega a ultrapassar 45% de declividade e 30% em uma
área mais extensa. Em Jardim Umuarama se destacam no centro do assentamento as
formações de maiores declividades, majoritariamente entre 30% a 45% e com manchas
acima de 45%. Em Vale das Virtudes I quase toda sua extensão é preenchida por
declividades entre 30% a 45%, contando com uma pequena mancha com declividade
acima de 45%, o que é um dado alarmante, uma vez que terrenos com alta declividade
apresentam grandes limitações para utilização.
O perfil de declividade de Monforte de Lemos é o que apresenta maior extensão
com declividade abaixo de 15%, contando com uma parte, do centro do assentamento
a sua região norte, com declividade entre 15% a 30%. Exceptuando a região superior
de Viela Cinco, com alta declividade, as demais áreas do assentamento possuem
declividades predominantes abaixo de 15% e regiões entre 15% a 30%.
A hipsometria, técnica de representação da elevação de um terreno, permite a
identificação das diferenças de altimetria, ou nível, em um terreno. A graduação da
coloração corresponde a uma convenção onde as cores mais fortes representam as
maiores altitudes, enquanto as mais claras as menores. O mapa hipsométrico pode
contar ainda com a presença de curvas de nível, um método que prediz a altimetria do
terreno entre um espaço determinado por suas linhas. No Mapa 4 pode-se observar a
altimetria da Favela Pirajussara 5, assim como as curvas de nível presentes (vide
Anexo IV).

23
Mapa 4 -​ Hipsometria presente na região dos assentamentos.

Fonte:​ autoria própria.

A partir do estudo de hipsometria dos assentamentos, é possível analisar o


relevo dos terrenos. Considerando o Vale das Virtudes I, que apresenta a altitude mais
alta em sua porção sul, é possível verificar que a região possui um perfil topográfico
bastante acentuado, evidenciado pela graduação de cores (mais claras) em direção a
sua região norte, o que resulta em acentuada declividade.

24
Viela Cinco apresenta em sua área norte um perfil de maior altitude, diminuindo
ao longo de sua extensão ao centro do complexo. Já Jardim Umuarama apresenta em
sua porção norte a maior altitude do terreno, a qual decresce conforme se aproxima de
sua região sul. Por fim, Monforte de Lemos apresenta em sua porção oeste as menores
altitudes do complexo, com pouco mais da metade destacando-se em coloração
azul-clara, ou próximo a 762,1 m. A parte leste do terreno de Monforte de Lemos
apresenta um aumento de altitude.
A característica altimétrica tem relação direta com a declividade do terreno. A
análise conjunta dos atributos topográficos implicam na diferenciação das áreas e
consequentemente na diferenciação de seus usos, restringindo ocupação de
determinadas regiões, como adiante será discorrido (seção 2.4). A inclinação do
terreno foi também determinante na escolha das áreas de ZEIS (Zona Especial de
Interesse Social) e Vazios (seção 2.5), onde posteriormente poderão ser assentadas as
famílias, propostas implantações de equipamentos e demais intervenções. Áreas de
ZEIS de Vazios Urbanos em declividades de risco foram descartadas.

2.1.2. Vegetação

O Inventário Florestal Nacional de 2010 indica que a favela está inserida no


Bioma originário da Mata Atlântica, mais especificamente da Floresta Ombrófila Densa
(Datageo, 2019). Entretanto, não existem indícios de Floresta ou vegetação
remanescente do Bioma na região da Favela Pirajussara 5. Os remanescentes de
Floresta Ombrófila Densa mais próximos se encontram cerca de 1 km distante, próximo
a Avenida Carlos Caldeira Filho, e remanescentes de Bosques Heterogêneos,
potenciais corredores ecológicos com presença de espécies exóticas, na região norte
de Monforte de Lemos, como exposto na Figura 1.

25
Figura 1- ​Perfil de vegetação remanescente na região dos assentamentos.

Fonte:​ GeoSampa, 2019.

Da Resolução SMA - 07/2017 de Compensação Ambiental, o índice atribuído a


região é “Muito alto” quanto as Áreas Prioritárias para Restauração da Vegetação
Nativa (DataGeo, 2019), entretanto não há informações de programas sendo
elaborados quanto a restauração na área.

2.1.3. Inserção na bacia hidrográfica

Quanto à inserção dos assentamentos na microbacia Córrego Pirajussara,


localizado na sub-bacia do Rio Tietê, é notável que, tanto por mapeamento quanto
visitação da área, as edificações são predominantemente construídas nas margens ou
sobre os cursos d’água. A seção 2.4 do presente trabalho aborda a conjuntura das
edificações e restrições quanto aos cursos d’água.
Com cerca de 18,5 km de extensão, o Córrego Pirajussara é um afluente da
porção esquerda do Rio Pinheiros, nascendo no município de Embu das Artes. O
complexo Pirajussara 5 apresenta edificações concomitantes a cursos d'água da bacia
como posteriormente será abordado. Os mapas a seguir identificam a microbacia do

26
Córrego Pirajussara na sub-bacia do Rio Tietê e destacam a localização dos
assentamentos da Pirajussara 5 (vide Anexos V e VI).

Mapa 5 -​ Inserção dos assentamentos na microbacia Córrego Pirajussara na Sub-bacia do Rio Tietê.

Fonte:​ autoria própria.

27
Mapa 6 -​ Inserção dos assentamentos na Microbacia Córrego Pirajussara.

Fonte:​ autoria própria

O principal curso d’água, sob o qual parte dos assentamentos está inserido é
chamado de Córrego Diniz (PMSP, 2016). O córrego tem nascentes no extremo sul do
Vale das Virtudes I, no extremo norte de Viela Cinco, adentra por toda extensão de
Monforte de Lemos, e não abrange o Jardim Umuarama. A Figura 2, exposta a seguir,
permite visualização do córrego e sua ramificação junto aos assentamentos.

28
Figura 2 - ​Cursos d’água nos assentamentos da Favela Pirajussara 5.

.
Fonte:​ modificado de DataGeo, 2019.

Durante visita técnica o grupo constatou que um dos temas que mais afeta os
moradores é a presença dos córregos canalizados abertos dada a inexistente
manutenção da rede de drenagem. Na visita constatou-se cerca de 5 regiões com
córrego a céu aberto nos assentamentos (vide Figuras 3, 4, 5 e 6). Além da
problemática do odor gerado, outra problemática para os moradores é a presença de
Mosquitos da Dengue​, os quais surgem nas épocas chuvosas e podem infectar os
moradores.

29
Figuras 3, 4, 5 e 6, respectivamente: Figura 3 –​ Viela 5 (viela próxima ao cruzamento da Rua Navojoa
com a Travessa Professora Angelina de Sousa Bezerra); ​Figura 4 –​ Vale das Virtudes I (rua sem
identificação na altura 110-112 da Rua Langanes); ​Figura 5 –​ Monforte de Lemos (Rua Calvínia); ​Figura
6 –​ Vale das Virtudes I (na margem direita da favela).

Fonte:​ autoria própria.

30
2.2. Tecido Urbano e Sistema Viário

2.2.1 Mobilidade

Mobilidade urbana é definida como a facilidade de deslocamento das pessoas e


bens na cidade, com o objetivo de desenvolver atividades econômicas e sociais no
perímetro urbano de cidades e aglomerações urbanas (Silva, 2014).
As favelas têm um papel importantíssimo no tecido urbano das grandes cidades
brasileiras, pois são a principal alternativa de moradia para parcelas significativas da
população excluída das categorias formais de habitação. No entanto, estas regiões não
oferecem condições urbanas completas, como mobilidade e fácil acesso aos locais de
moradia, características imprescindíveis para a qualidade de vida desta parcela da
população.
A região está circunscrita em uma área de proximidade a uma grande via
coletora: a Estrada do Campo Limpo, que é a principal via de ligação tanto em direção
ao Centro quanto sentido bairro. A avenida garante acesso à marginal Pinheiros
através da Av. Carlos Caldeira Filho e a Estrada de Itapecerica da Serra, importante via
que inicia na Avenida João Dias com a Av. Giovanni Gronchi, formando um corredor de
ônibus que liga Santo Amaro aos bairros de Campo Limpo, Vila Andrade, Jardim São
Luís e Capão Redondo. A Estrada de Itapecerica da Serra também forma uma
importante via alternativa ante à Av. Carlos Caldeira FIlho.
Tanto as vias de ligação principais quanto as que compõem a área de estudo,
possuem qualidade satisfatória, sinalização adequada e asfaltamento razoável. No
entanto, na época das chuvas, a quantidade de buracos se eleva e a Prefeitura
Municipal costuma demorar para recuperá-los.
Mesmo com a aprovação da Lei Nº 15.442/2011 e a respectiva regulação pelo
Decreto 52.903/2012 que trata da padronização dos passeios públicos na cidade de
São Paulo, o que predomina são calçadas que estão em desacordo com a lei, seja não
atendendo à largura mínima, desrespeitando à inclinação da rua criando degraus entre

31
as residências ou pela presença de diversos obstáculos que inviabilizam a passagem
de uma cadeira de rodas por exemplo, ainda há casos mais extremos que impedem a
passagem até mesmo de pedestres, impelindo-os a andar pela rua, o que aumenta o
risco de atropelamentos e diminui a velocidade do tráfego dos automóveis.

2.2.2. Transporte Público

Quanto à mobilidade através de transportes públicos, os assentamentos em


estudo são bem servidos: estão situados a 2 km da Estação de Metrô Campo Limpo,
da linha 5 lilás, e há um serviço de transporte coletivo através de vans que levam a
população dos assentamentos ao Metrô Campo Limpo por 4,3 reais, mesmo valor da
tarifa do ônibus municipal.

Figura 7 - ​Linhas do metrô e principais avenidas que circundam a área em estudo.

Fonte: ​Renova São Paulo, 2011.

A região está a 2,5 km de distância do Terminal Urbano Campo Limpo e à 2 km


da Estação de Metrô Campo Limpo. Há também outros dois terminais municipais de
fácil acesso pelo sistema de ônibus municipais: Terminal Capelinha e o Terminal João

32
Dias, sendo ambos localizados no eixo do corredor de ônibus Itapecerica-Centro.
Apesar da proximidade com estes ramais de integração, o acesso aos ônibus atendem
apenas as ruas periféricas, obrigando os residentes de áreas mais internas a se
deslocarem para as ruas adjacentes, além da reclamação recorrente dos moradores
quanto à demora do intervalo entre ônibus.

Figura 8 - ​Pontos de ônibus da região da Favela Pirajussara 5.

Fonte:​ GeoSampa, 2019.

O acesso para o centro da cidade pode ser efetuado por duas rotas de
destaque: via metrô, através da linha 5 lilás, ou o corredor exclusivo de ônibus Santo
Amaro - Centro; há também a opção de trajeto através do corredor de ônibus Campo
Limpo - Centro, iniciando viagem no Terminal Campo Limpo.

33
Figura 9 - ​Corredores de ônibus da região em estudo.

Fonte:​ SPTRANS, 2019.

2.2.3. Hierarquia viária

A região de estudo conta com uma malha viária asfaltada considerando os


logradouros oficiais e não oficiais, excetua-se apenas uma rua de terra, provavelmente
aberta pelos próprios moradores, que faz a ligação entre a parte lateral do
assentamento de Monforte de Lemos e a Rua Francisco da Cruz Melião.
A hierarquia viária foi classificada de acordo com a importância da via, seja
deslocamento entre locais, circulação, acesso a edificações e ambiente urbano.
Primeiramente foram classificadas quanto a possibilidade de passagem de carros:
carroçável e não carroçável.

● CARROÇÁVEL TIPO 1 - são as vias que suportam carros de


médio/grande porte como caminhões de lixo e ônibus do transporte
coletivo municipal;
● CARROÇÁVEL TIPO 2 - proporciona a passagem apenas dos
automóveis de pequeno porte.

34
Quanto às vias que inviabilizam a passagem de carros foram classificadas
como:

● PEDESTRE TIPO 1 - vias que conectam o sistema viário, realizando


ligação entre as vias carroçáveis do entorno. Possuem função principal de
distribuir os moradores do centro das manchas viárias às demais áreas
dos assentamentos e, também, de uma mancha viária à outra;
● PEDESTRE TIPO 2 - vias que servem de entrada para pequenos grupos
de residências, muitas vezes sem saída e que não fazem conexões entre
as manchas viárias. Possuem função de garantir acesso aos locais mais
estreitos e/ou de difícil acesso na área;
● PEDESTRE TIPO 3 - são as escadarias que fornecem acesso apenas à
pequenos grupos de casas, cujo acesso se restringe aos moradores e,
em alguns casos, contam até mesmo com um portão. Possuem função
principal de garantir acesso e locomoção nas áreas de maior declividade.

Em todas vias carroçáveis observadas há circulação em mão dupla de veículos,


mesmo que esta só permita o trânsito de um carro por vez.
As vias de pedestres que permeiam o tecido urbano dentro dos assentamentos
são, em geral, estreitas - permitem a passagem simultânea de no máximo duas
pessoas. Nesta área, foi possível observar a construção com variações de nível, ou
seja, rampas íngremes e caminhos tortuosos, o que torna os locais de difícil acesso em
caso de deslocamentos de​ Pessoas com Deficiência.​
O Mapa de Hierarquia do Viário se encontra a seguir e também no Anexo VII.

35
Mapa 7 -​ Hierarquia do Viário.

Fonte:​ autoria própria.

2.2.4. Tecido Urbano

A região em estudo foi analisada e agrupada em setores que possuem


características de tecido urbano semelhantes (edificações, redes de vias), a fim de
definir diretrizes para intervenção focadas em cada um dos setores, de acordo com
suas características específicas.

36
Para Panerai,
“tecido urbano é constituído pela superposição ou imbricação de três
conjuntos: a rede de vias ; os parcelamentos fundiários; as edificações.
Pressupõe uma atenção tanto ao banal quanto ao excepcional, tanto às
ruas comuns e às edificações corriqueiras quanto às regulamentações
e aos monumentos” (Panerai, 2006, p. 77).”

No entanto, Lefebvre entende que,


“tecido urbano não se limita à sua morfologia. Ele é o suporte de um
“modo de viver” mais ou menos intenso ou degradado: a sociedade
urbana. Na base econômica do “tecido urbano” aparecem fenômenos
de uma outra ordem, num outro nível, o da vida social e “cultural”.
Trazidas pelo tecido urbano, a sociedade e a vida urbana penetram nos
campos” (Lefebvre, 2001, p. 19).”

A partir destas definições, que consideram a rede de vias, os parcelamentos


fundiários e as edificações como elementos definidores do tecido urbano (Panerai,
2006), e o tecido urbano como suporte para o “modo de viver”, ou seja, padrão
construtivo e uso do espaço (Lefebvre, 2001), e ainda, o sistema viário, foram
estabelecidos 4 setores diferentes para análise e classificação do assentamento em
estudo, que seguem os critérios de abrangência descritos abaixo.

• Classe 1 – Misto Não Precário;


• Classe 2 – Residencial de Baixa Precariedade;
• Classe 3 – Residencial de Média/Alta Precariedade;
• Classe 4 – Residencial de Alta Precariedade.

O Mapa de tecido urbano é apresentado na figura a seguir e também no Anexo


VIII.

37
Mapa 8 -​ Tecido Urbano do Complexo Pirajussara 5.

Fonte:​ autoria própria.

2.3. Saneamento Integrado

Segundo dados do Sistema de Informação de Habitação de Interesse Social


(HABISP), as favelas Jardim Umuarama, Monforte de Lemos e Vale das Virtudes I
possuem cobertura restrita. A favela Viela Cinco tem cobertura parcial conforme quadro
a seguir.

38
Tabela 2 - ​Projeção de Rede de Água, Esgoto e Coleta de Lixo nos assentamentos.
Assentamento Rede de Água Rede de Esgoto Coleta de lixo

Jardim Umuarama 20% 0% Total

Monforte de Lemos 15% 0% Total

Vale das Virtudes I 30% 0% Parcial

Viela Cinco 50% 0% Parcial


Fonte:​ Habisp, 2006.

2.3.1. Abastecimento de Água

Um sistema de abastecimento de água deve fornecer e garantir à população


água de boa qualidade do ponto de vista físico, químico, biológico e bacteriológico, sem
impurezas prejudiciais à saúde. A Tubulação de água potável leva a água das ETA’s
aos consumidores finais. De acordo com a NBR, o diâmetro mínimo nos condutos
principais deverão ser de 100 mm e nos secundários 50 mm (2"), sendo de PVC ou
metal.
Segundo dados da SABESP, em 2012 a cobertura de abastecimento de água
para os assentamentos Monforte de Lemos e Viela Cinco são “quase inexistentes”.

Figura 10​ - Fotografia em Jardim Umuarama demonstrando abastecimento de água.

Fonte:​ autoria própria.

39
Há ainda a presença de um poço raso que provém água não potável aos
moradores do Jardim Umuarama.

Figura 11​ - Fotografias de um poço para fornecimento de água não potável em Jardim Umuarama.

Fonte:​ autoria própria.

2.3.2. Coleta e Tratamento de Esgoto

Serviço de coleta de esgoto é responsável por destinar os resíduos domésticos


descartados através dos encanamentos residenciais, conforme definido pela SABESP,
“depois do uso da água, seja no banho, na limpeza de roupas, de louças ou na
descarga do vaso sanitário, o esgoto começa a ser formado.” O Serviço de coleta
consiste na captação destes resíduos e sua destinação.
Nas casas, comércios ou indústrias, ligações com diâmetro pequeno formam as
redes coletoras. Estas redes são conectadas aos coletores-tronco (tubulações
instaladas ao lado dos córregos), que recebem os esgotos de diversas redes. Dos
coletores-tronco, os esgotos vão para os interceptores, que são tubulações maiores,
normalmente próximas aos rios. De lá, o destino será uma Estação de Tratamento, que
tem a delegação de devolver a água, em boas condições, ao meio ambiente, ou
reutilizá-la para fins não potáveis.
Na área de estudo, embora o coletor-tronco mais próximo se encontre
consideravelmente distante, está previsto no Plano Diretor Estratégico (2014) a

40
extensão do atual coletor-tronco até chegar na comunidade Monforte Lemos, conforme
Mapa a seguir (vide Anexo IX).

Mapa 9 -​ Mapa de Esgotamento evidenciando a distribuição de coletores tronco (propostos e existentes)


no entorno dos assentamentos.

Fonte:​ autoria própria.

Já o tratamento de esgotos na Região Metropolitana de São Paulo consiste na


remoção de poluentes através do método de lodos ativados, onde há uma fase líquida
e outra sólida. O processo é estritamente biológico e aeróbio, no qual o esgoto bruto e
o lodo ativado são misturados, agitados e aerados em unidades conhecidas como
tanques de aeração. Após este procedimento, o lodo é enviado para o decantador
secundário, onde a parte sólida é separada do esgoto tratado. O lodo sedimentado
retorna ao tanque de aeração ou é retirado para tratamento específico.

41
Quanto à coleta e tratamento de esgoto nas áreas de estudo, segundo dados do
Habisp, é inexistente nas quatro comunidades estudadas. Já segundo a SABESP, são
“quase inexistentes” no Jardim Umuarama, Monforte de Lemos e Viela Cinco.
Embora seja predominante a carência à redes de esgoto na região, durante a
visita técnica foram encontradas algumas tampas de acesso, indicando presença de
serviços de destinação em alguns pontos, das quais grande parte eram redes
implantadas por iniciativa dos próprios moradores de maneira improvisada, sem o
devido planejamento, o que ocasiona problemas recorrentes como entupimentos e
refluxos, causando odor desagradável além de condições insalubres aos moradores.

Figura 12​ - Fotografia em Jardim Umuarama demonstrando área coberta pelo esgotamento sanitário.

Fonte:​ autoria própria.

2.3.3. Coleta de Lixo

Coleta de lixo é o processo de recolhimento dos resíduos gerados nos


domicílios, destinando para outro lugar, seja aterro sanitário, usina de compostagem ou
incineradores. Na área de estudo este serviço é prestado pela concessionária
EcoUrbis.

42
Dados do Habisp indicam cobertura total de serviço de coleta de lixo nas
comunidades do Jardim Umuarama e Monforte de Lemos, enquanto no Vale das
Virtudes I e Viela Cinco a cobertura é parcial.
Conforme dados obtidos junto à Secretaria Municipal de Serviços, não existe no
perímetro Programa de Coleta Seletiva de Lixo. Os Ecopontos mais próximos à área
encontram-se no Distrito de Capão Redondo.
Segundo dados do Portal DataGeo, o nível de “Vulnerabilidade Natural dos
Aquíferos à Poluição” é alto nos assentamentos. Não há disponibilidade de dados
pertinente a educação ambiental dos moradores da região, porém, se faz perceptível a
importância do tema. São variadas as regiões com depósitos de resíduos dos mais
variados tipos a céu aberto (vide Figuras 13 e 14). Muitos desses depósitos estão em
contato com corpos d’água, poluindo não somente os leitos, como também a paisagem
e solo. A falta de saneamento eficiente e disposição de equipamentos nas favelas são
agravantes ao problema.

Figura 13 - ​Fotografias de região a margem direita da favela de Vale das Virtudes I, próximo a um
córrego aberto e um campo vazio rodeado de mata e resíduos acumulados.

Fonte:​ autoria própria.

43
Figura 14 - ​Fotografias de região próxima da Rua Luis Carlos de Moura no Vale das Virtudes I, ao lado
de um campo de futebol e as margens de um curso d’água.

Fonte:​ autoria própria.

2.3.4. Drenagem Pluvial

Sistema de drenagem de águas pluviais é formado por estruturas e instalações


de engenharia destinadas ao transporte, retenção, tratamento e disposição final das
águas das chuvas. Em seu dimensionamento devem ser levados em consideração a
declividade dos terrenos, o nível de impermeabilização, a probabilidade da ocorrência
de chuvas acima da média e o seu tempo de retorno. O diâmetro mínimo das galerias
de seção circular, indicado pela prefeitura de São Paulo, deve ser de 0,6 m. Elas
devem ser projetadas para funcionar a seção plena com a vazão de projeto.
Referente à Drenagem Pluvial, segundo dados do Habisp, Viela Cinco e
Monforte de Lemos não possuem cobertura, enquanto o Jardim Umuarama e Vale das
Virtudes I possuem cobertura parcial. Na visita técnica foi constatado rede de
drenagem pluvial nas ruas carroçáveis principais, e inexistência nas vielas, becos e
escadas do interior das comunidades, onde as águas são direcionadas por gravidade

44
para as calhas dos córregos que passam pela região, contribuindo para a ocorrência de
enchentes na área central e oeste da comunidade Monforte de Lemos.

Figura 15​ - Fotografia em Rua Monforte de Lemos próximo à travessa com a Rua Juan Aldama
apresentando uma boca de lobo indicando presença de sistema de drenagem pluvial.

Fonte​: Google Maps, 2017.

Figura 16 ​- Fotografias em comunidade Monforte de Lemos demonstrando ausência de sistema


de drenagem pluvial nas regiões interiores dos assentamentos.

Fonte:​ autoria própria.

45
2.4. Áreas com restrição

2.4.1. APPs e áreas de risco

Conforme definição da Lei n° 12.651/2012, APP ou “Área de Preservação


Permanente é uma área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o
bem-estar das populações humanas” (Embrapa).
Consta do Código Florestal – Lei n. 12.651/2012 a delimitação Áreas de
Proteção Permanente de acordo com a largura do curso d’água. A Tabela a seguir
compila as delimitações contidas no Código Florestal para os cursos d’água.

Tabela 3 - ​Delimitação de APP para cursos d’água.


Largura do curso d'água (m) Faixa da APP (m)
Até 10 30
Entre 10 e 50 50
Entre 50 e 200 100
Entre 200 e 600 200
Superior a 600 500
Fonte:​ adaptado de Código Florestal, 2012.

Consta ainda do Código Florestal a delimitação de APP em 50 m em torno das


nascentes dos corpos hídricos. As delimitações das áreas de proteção visam não
somente a proteção dos corpos d’água como também da integridade física das
populações assentadas. As encostas de corpos d’água tornam-se, quando modificadas
ou urbanizadas, suscetíveis a desmoronamentos causado pela erosão, além de demais
riscos. Portanto, o mapeamento e delimitação dessas áreas é de importância para
identificar potenciais riscos. Os limites das APPs são restritivos a edificação. O Mapa
10 (vide Anexo X) ​expõe as áreas de riscos nos limites das APPs dentro aos
assentamentos de estudo.

46
Mapa 10 -​ APPs e áreas de risco presentes na região do complexo Pirajussara 5.

Fonte:​ autoria própria.

A partir do Mapa de APP e Áreas de Risco, é perceptível que as edificações dos


assentamentos possuem irregularidades. O Vale das Virtudes I está em sua porção
oeste toda dentro dos limites de APP de cursos d’água, predominantemente. A Viela
Cinco está inserida quase totalmente em curso do córrego, que passa pelo meio do
assentamento, e, além disso, em seu extremo norte está em uma região de nascente.

47
Monforte de Lemos, assim como Viela Cinco, está quase totalmente edificada dentro a
APP, com edificações seguindo o curso d’água.
O complexo apresenta ainda risco de escorregamento em toda área de Jardim
Umuarama e de solapamento em toda área de Monforte de Lemos, conforme
apresentado no Mapa 10. Os escorregamentos e solapamentos são gerados pela
erosão das encostas dos cursos d’água e declividades superiores a 30%. Para o
mapeamento das áreas de risco da região estudada, foi utilizado método proposto pelo
Ministério das Cidades e IPT (2007), que classifica os riscos de acordo com a seguinte
escala: R1 (baixo); R2 (médio); R3 (alto) ou; R4 (muito alto). Em Monforte de Lemos
apresenta-se risco de solapamento (R3) em uma pequena área central e risco de
solapamento (R2) no restante total do assentamento. No Jardim Umuarama I há risco
de escorregamento (R2) em toda a extensão do assentamento.
Na Grande São Paulo, as áreas de risco de deslizamentos localizam-se
principalmente nas áreas de encostas e concentram-se nas regiões representadas
pelas manchas de expansão urbana mais recente, e estão associadas à ocupação de
terrenos geotecnicamente mais suscetíveis a deslizamentos, localizadas nas regiões
periféricas da Grande São Paulo.
Concentrações significativas de áreas de risco de escorregamentos ocorrem
principalmente na zona sul do município de São Paulo, nas subprefeituras de Campo
Limpo, Capão Redondo e Jardim Ângela. Apenas na subprefeitura de Campo Limpo,
estão situadas cerca de 25% das favelas de todo o município. São áreas vulneráveis
do ponto de vista geológico-geotécnico, com relevos de alta declividade onde todos os
anos, ocorrem acidentes de escorregamentos, resultantes da construção e ocupação
precária aliadas às condições naturais desfavoráveis do meio físico (declividade
acentuada dos terrenos, ausência de vegetação, solo exposto) (PMSP, 1999).

2.4.2 Restrições

O descontrolado adensamento urbano tem feito com que parcela da população


venham a residir em moradias de estruturas precárias. Além da degradação ambiental,

48
a ocupação de áreas com restrições de edificação promovem a deterioração da
qualidade de vida dessas populações, além de aumentar o risco a que estes estão
suscetíveis.
O Mapa 11 apresenta as restrições referentes a áreas de APPs de cursos
d’água e nascentes de rios e declividades na região do complexo de estudo (vide
Anexo XI). O Mapa de Restrições tem por fundamento estabelecer as áreas favoráveis
a edificações e as áreas propensas a desastres como deslizamentos e
desmoronamentos causados pelas altas declividades e proximidade a corpos d’água
(APP).

49
Mapa 11 -​ Restrições presentes nos assentamentos do complexo Pirajussara 5.

Fonte:​ autoria própria.

De acordo com o características do sítio já analisado na seção 2.1 do presente


texto, pode-se localizar os domicílios em área de Restrição. O número total dos
domicílios na Pirajussara 5 pode ser visto na seguinte Tabela, relacionando domicílios
com seus respectivos critérios de restrição.

50
Tabela 4 -​ Número de domicílios totais inseridos em área de restrição por classificação de declividade e
APP na Favela Pirajussara 5.

Restrição N° domicílios

15 636
Corpos
d'água (m)
APP 30 1023

Nascentes 20

> 30% 879


Declividade
> 45% 115

Total (uma ou mais restrições) 1706


Fonte:​ autoria própria.

2.5. Vazios e Equipamentos Urbanos

Equipamento urbano, segundo a norma brasileira NBR 9284, é um termo que


designa todos os ​bens públicos ou privados de utilidade pública destinados à prestação
de serviços necessários ao funcionamento da ​cidade​, implantados mediante
autorização do poder público em espaços públicos e privados. O acesso a estes
equipamentos está diretamente relacionado ao grau de vulnerabilidade e qualidade de
vida da população. Portanto, sua localização deve ser planejada de forma a minimizar
as desigualdades sociais e espaciais nas cidades, principalmente nas regiões de
periferia.
Neste sentido, foi feito um mapeamento dos equipamentos urbanos presentes
no entorno da região em estudo, em um raio de até 1,5 km, com a distribuição e
identificação dos tipos de equipamentos. A figura a seguir apresenta o Mapa de
localização dos equipamentos urbanos (vide Anexo XII).

51
Mapa 12 -​ Equipamentos Urbanos presentes na região do complexo Pirajussara 5.

Fonte:​ autoria própria.

A Tabela 5 a seguir compila os Equipamentos demonstrados no mapa anterior


de acordo com sua distância do assentamento e quantidades.

Tabela 5 -​ Equipamentos em torno do assentamento, suas distâncias e quantidades.


Distância
Equipamentos Quantidade
(km)
1 6
Rede Pública - Ensino Médio e Fundamental
1.5 8
Educação 1 9
Rede Pública - Centro de Educação Infantil
1.5 16
Rede Pública - CEUs 1.5 1
1 3
UBS
Saúde 1.5 4
Hospital Geral 1.5 1

52
Distância
Equipamentos Quantidade
(km)
Biblioteca 1.5 1
Cultura
Cinema 1.5 1
Esporte Clube da Comunidade (CDC) 1 4
CATe - Central de Apoio ao Trabalhador e
1.5 1
Serviços Empreendedorismo
Sede da Prefeitura Regional 1.5 1
CREA 1.5 1
1 2
Outros CCA
1.5 3
NCI 1 1
Fonte:​ autoria própria com dados de GeoSampa, 2019.

Foi evidenciada a ausência dos seguintes equipamentos, em um raio de 1 km e


1,5 km a partir do baricentro das edificações, de acordo com o disponibilizado pelo
GeoSampa (2019):

• Conectividade digital (praça wi-fi, telecentro);


• Segurança (Base Polícia Militar e Polícia Civil);
• Cultura (espaços culturais);
• Educação (ensino técnico);
• Abastecimento (mercados municipais e sacolão);
• Outros (Serviço de Proteção à Mulher, Serviço SABESP).

Com base nas informações acima, nota-se que apesar de ser uma região
precária, o Complexo de Pirajussara 5 possui importantes equipamentos no seu
entorno, os quais em outras regiões de periferia apresentam uma carência muito mais
acentuada. É notável uma concentração maior dos equipamentos comunitários nas
porções mais afastadas do Complexo, em áreas residenciais de maior renda.
Nas áreas mais periféricas, onde se registram maiores níveis de vulnerabilidade
social, encontram-se poucos e mal distribuídos equipamentos urbanos. A partir disso,
nota-se que os padrões de localização e distribuição dos equipamentos operam no

53
sentido do aumento da vulnerabilidade da população periférica, na medida em que se
dificulta o acesso a tais estruturas e oportunidades.
Outra característica da malha urbana, é a presença de espaços ociosos ou
espaços vazios, como são chamados. Os vazios são característicos do modo de
expansão acelerado da urbanização por loteamentos descontínuos (Silva, 1999). Os
vazios urbanos são espaços subutilizados ou sem nenhuma estrutura em meio à malha
urbana, considerados por autores como problemas ou como potenciais áreas de
recuperação.
O Ministério das Cidades, por meio da Secretaria Nacional de Habitação, define
as Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) de Vazios Urbanos como instrumento
estratégico para viabilizar a produção habitacional para famílias de média e baixa
renda.

54
Mapa 13 -​ Áreas de vazios presentes na região do complexo Pirajussara 5.

Fonte:​ autoria própria.

A partir do Mapa 13 ​apresentado, também no Anexo XIII, é evidenciado a


proximidade do assentamento a uma grande área de vazio, mais próximo a Vale das
Virtudes I e Monforte de Lemos. Além das ZEIS de Vazio Urbano há presença de Áreas
de Vazio na região, as quais deverão posteriormente ser analisadas a fim de definir um
possível uso da área de forma a beneficiar as populações locais, como dispondo de
terreno para implantação de HIS.

55
III. Aspectos Sociais

3.1. Perfil da População

O IPVS – Índice Paulista de Vulnerabilidade Social, criado pela Fundação


Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE, avalia o grau de suscetibilidade de
determinada população ou área a prejuízos sociais. Pode ser também definido com
relação ao grau de pobreza de determinado segmento populacional.
O IPVS para a região de estudo pode ser visualizado na seguinte figura,
segundo levantamento do Portal DataGeo:

Figura 18 -​ Í​ ndice IPVS para a área do complexo Pirajussara 5.

Fonte: ​adaptado de DataGeo, 2010.

Vale das Virtudes I, Viela Cinco e Jardim Umuarama são classificados na


categoria 6, onde estão as regiões de “Vulnerabilidade muito alta (aglomerados
subnormais)”. Já Monforte de Lemos se enquadra na categoria 4, de “Vulnerabilidade
média”. O Índice permite que seja identificado os perfis de pobreza das região.
Conforme constata-se em campo, há certa correspondência com a realidade mediante

56
a infraestrutura dos assentamentos. A seguir mais índices serão apresentados no
sentido de revelar o perfil de socioeconômico nos assentamentos.
O distrito de Campo Limpo apresenta um dos piores índices em relação a
empregabilidade. Consta do Mapa da Desigualdade (2017) cerca de 0 a 0,99 empregos
formais por habitante no distrito, como mostra a Figura 19. O número total de empregos
foi de 20.085 para 216.553 pessoas do distrito, em 2010.

​ elação de Empregos Formais nos distritos do município de São Paulo.


Figura 19 -​ R

Fonte: ​modificado de​ ​Mapa da Desigualdade, 2017.

A região está inserida, ainda, na Macroárea de Redução da Vulnerabilidade


Urbana, subdivisão guia do Plano Diretor Estratégico de 2013 (PDE-SP, 2013). A
Macroárea “tem como diretriz a melhoria dos espaços urbanos, a redução de déficits
nas ofertas de serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas, a inclusão social e
territorial de assentamentos precários ocupados pela população de baixa renda”
(SMUL – PMSP).

57
3.2. Acesso a serviços e equipamentos públicos

3.2.1. Saúde

Nas proximidades dos assentamentos encontram-se três Unidades Básicas de


Saúde (UBS): a unidade do Campo Limpo, Jardim Helga e Alto do Umuarama. Todas
contam também com agentes comunitários do Programa Saúde de Família e estão
atreladas ao Programa Ambientes Verdes Sustentáveis, nos quais são realizados
trabalhos junto às comunidades quanto à pré-triagem, medicina preventiva e
sustentabilidade socioambiental. O atendimento especializado é realizado na AMA
Jardim Pirajussara e no Hospital Municipal do Campo Limpo - Dr. Fernando Mauro
Pires da Rocha, no distrito do Jardim São Luís. O acesso à saúde na região é
considerado regular pelo Índice de Necessidade em Saúde (INS) - índice criado pela
própria Prefeitura para classificar o acesso à saúde da população nos distritos da
capital.

3.2.2. Educação

Conforme dados da Tabela 5, existem equipamentos no entorno dos


assentamentos. São 42 instituições de ensino num raio de 1,5 km dos assentamentos,
sendo 9 escolas de Ensino Médio e Fundamental, 5 Creches, 12 Centros de Educação
Infantil e um Centro de Integração de Jovens e Adultos (CIEJA), além de 15 escolas da
rede particular de ensino. Há ainda a presença de uma instituição de ensino superior
no Campus do Colégio Concórdia, o que mostra que, embora seja uma região de
densidade demográfica alta, o aparato educacional demonstra-se regular, entretanto,
não sem presença de colégios técnicos profissionalizantes e apenas uma unidade
voltada ao ensino de jovens e adultos.

58
3.2.3 Serviços

Embora haja cinco Centros de Assistência Social, uma Central de Apoio ao


Trabalhador e Empreendedorismo, a Sede da Prefeitura Regional e uma unidade da
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, é evidente a ausência de equipamentos
públicos de suporte como Ecopontos, Pontos de Atendimento da ENEL e SABESP,
Cemitérios, Delegacias de Polícia, Unidades de Guarda Civil Metropolitana, Batalhões
da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, Poupatempos, Consulados ou Unidades da
Receita Federal, o que caracteriza a região como extremamente carente e expõe a
falta de aparato estatal no que se refere à acessibilidade.

3.2.4. Lazer

Com escassas opções de grande proximidade, observa-se a presença de alguns


Clubes da Comunidade (CDC) onde predomina o incentivo à atividade esportiva de
futebol. O CEU Campo Limpo está a cerca de 2 km de distância dos assentamentos,
demandando aproximadamente 30 minutos de caminhada o que dificulta o acesso da
população do Pirajussara 5.
Inaugurando em 2014, o SESC Campo limpo surgiu na região como uma boa
opção de lazer. Embora ainda conte com instalações provisórias, apresenta um
programa de acesso e incentivo ao esporte bem estruturado.
Além da ausência de centros comunitários de lazer e formação cultural e
esportiva, não há áreas verdes circunscrita no raio de 2 km que apresente estrutura
como praças e parques para que a população tenha oportunidade de desenvolver
atividades de lazer.
Ao limiar externo do raio, no bairro do Capão Redondo, está localizado o
Parque Municipal Santos Dias​. O local tem cerca de 134.000 m² de área verde e possui
quadras, pistas de cooper, trilhas ecológicas e viveiros de plantas. Apesar da boa
estrutura, seu acesso é dificultoso tanto de transporte público quanto particular. Para os
moradores da área de estudo, o local só seria acessado após ingressar em 3 linhas de

59
ônibus diferentes, apesar da distância de 2 km. Além da complexidade de acesso a
falta de segurança relatada no local afasta visitantes.

3.3. Percepção da população

Quanto a representação social dos moradores das favelas são atuantes ao


menos três. A ​Sociedade Amigos do Jardim Umuarama – SAJU​: organização cultural,
social e artística do Jardim Umuarama fundada em 1981, possui sede ao norte dos
assentamentos. As demais frentes relacionadas ao complexo incluem a ​Comissão de
Moradores da Favela Monforte de Lemos e a ​União dos Movimentos de Moradia
Independentes da Zona Sul – UMMIZS.​
Os moradores relatam haver poucos problemas na região. As queixas mais
comuns são acerca dos esgotos e coleta de resíduos domésticos. De acordo com
morador entrevistado, outras problemáticas enfrentadas são os elevados valores do
aluguel social, além do aumento do valor do aluguel nas imediações devido a maior
procura gerada pela remoção das famílias dos assentamentos, e, também, a lentidão
na entrega das moradias de interesse social, o que faz com que muitas famílias voltem
a ocupar os assentamentos.

IV. Aspectos Jurídicos-Fundiários

4.1. Propriedade da terra

A propriedade da terra é pública em todos os assentamentos segundo levantado


por Projeto de Intervenção no Pirajussara 5, produzido pelo Programa de Urbanização
de Favelas do Renova SP (Renova São Paulo, 2011).

4.2. Legislação vigente

Consta no Plano Diretor Estratégico (PDE) – Lei n°. 16.050 de 2014 o


zoneamento territorial de acordo com ações prioritárias a serem abordadas nas

60
regiões, como recuperação urbanística, regularização fundiária e produção de
Habitações de Interesse Social – HIS, além de prover equipamentos sociais e culturais,
espaços públicos, serviço e comércio de caráter local. Estas áreas são as Zonas
especiais de Interesse Social (ZEIS).
A Favela Pirajussara 5 está inserida dentro de uma ZEIS-1, as quais atendem os
seguintes objetivos específicos:

I – adequar a propriedade do solo à sua função social;


II – integrar os assentamentos habitacionais de baixa renda à cidade,
promovendo sua regularização jurídica e urbanística;
III – propiciar a recuperação ambiental de áreas degradadas;
IV – evitar a expulsão indireta dos moradores, mediante a utilização de
instrumentos jurídicos e urbanísticos próprios;
V – propiciar o desenvolvimento social e da cidadania dos moradores; e
VI – permitir o exercício efetivo do controle do solo urbano.

Figura 20 -​ Destaque as áreas do complexo Pirajussara 5 como dentro a uma ZEIS-1

Fonte:​ Datageo, 2019.

61
A área de ZEIS-1 a qual o assentamento está inserido (W087) se estende além
dos assentamentos. Isso se dá pela região conter grande parcela de loteamentos
irregulares, também abrangidos na zona especial.
Consta ainda no PDE de 2014 o zoneamento de áreas subutilizadas, ou vazias,
com potencial a instalação de Habitações de Interesse Social, as ZEIS-2. Há no
extremo do assentamento de Monforte de Lemos a existência de uma ZEIS-2,
conforme abordado na seção 2.5 do texto sobre ZEIS de Vazios Urbanos, além de
outras áreas de ZEIS-2 no raio de até 1,5 km.

4.3. Restrições impostas pela legislação ambiental vigente

As Áreas de Preservação Permanente (APP) são “espaços territoriais


legalmente protegidos, ambientalmente frágeis e vulneráveis” (Ministério do Meio
Ambiente). Instituídas pelo Código Florestal – Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, as
APP são regiões de proteção ambiental permanentes. A Tabela 6 a seguir apresenta
as funções e serviços ambientais de uma APP em um meio urbano.

Tabela 6 -​ Funções e serviços ambientais de uma APP em meio urbano.

Funções e serviços ambientais de uma APP em meio urbano


A proteção do solo prevenindo a ocorrência de desastres associados ao uso e
ocupação inadequados de encostas e topos de morro.

A proteção dos corpos d'água, evitando enchentes, poluição das águas e


assoreamento dos rios.

A manutenção da permeabilidade do solo e do regime hídrico, prevenindo contra


inundações e enxurradas, colaborando com a recarga de aquíferos e evitando o
comprometimento do abastecimento público de água em qualidade e em quantidade.

A função ecológica de refúgio para a fauna e de corredores ecológicos que


facilitam o fluxo gênico de fauna e flora, especialmente entre áreas verdes situadas
no perímetro urbano e nas suas proximidades.
A atenuação de desequilíbrios climáticos intra-urbanos, tais como o excesso de
aridez, o desconforto térmico e ambiental e o efeito "ilha de calor".
Fonte​: adaptado de Ministério do Meio Ambiente.

62
Os assentamentos, como anteriormente já abordado, estão inseridos em uma
área de cursos d’água e nascentes, o que a princípio seria um impedimento às
edificações. A expansão urbana nessas áreas de APP devem ser monitoradas de
modo a evitar maior ocupação das áreas de córrego, protegendo os corpos hídricos da
erosão, poluição e demais riscos ambientais e populacionais atrelados.
Segundo consta na Seção IV (Da Regularização Fundiária Sustentável de Área
Urbana) da Resolução Conama 369 de 2006, normas devem ser contempladas para
que ocorra a Regularização Fundiária do assentamento e possível supressão da
vegetação das áreas de APP. Subdivida em seis itens, a Resolução abrange a renda
da população em seu primeiro item; a inclusão do assentamento em ZEIS em seu
segundo item; as características de urbanização da região em seu terceiro item; a
delimitação do assentamento em área de APP em seu quarto item; a consolidação da
ocupação em seu quinto item; e por fim em seu sexto item, Plano de Regularização
Fundiária.
Discorrido ao longo do texto, as temáticas abordadas pela Resolução Conama
365/2006 acima citadas contemplam as condições de Regularização Fundiária. A
Tabela a seguir explicita os termos adaptados da Resolução comparado ao analisado
no texto para área da Pirajussara 5.

Tabela 7​ - Compilado contendo correlação entre as normas para Regularização Fundiária da Resolução
Conama 365/2006 e o comportamento característico na Favela Pirajussara 5.

Requisitos Resolução Conama 365/2006 Correspondência no assentamento Referência

I – Ocupações de baixa renda predominantemente Tecido Urbano precário confirmado em visita Censo IBGE, 2010 (vide
residenciais. de campo e dados de renda e ocupação, seção 1.2)
tais como densidade desordenada.

II – Ocupações localizadas em áreas de ZEIS. Assentamentos localizados em ZEIS-1. Plano Diretor Estratégico
– Lei n°. 16.050 de
2014 (vide seção 4.2)

III – Ocupação inserida em área urbana que atenda aos Presença de infraestrutura urbana em torno Censo Demográfico –
seguintes critérios: possuir ao menos três das seguintes
e em parte dos assentamentos IBGE de 2010 (vide
infraestruturas: malha viária, captação de águas pluviais,
esgotamento sanitário, coleta de resíduos sólidos, rede de correspondendo a ao menos três dos seções 1.2 e 2.2)
abastecimento de água e rede de distribuição de energia; aparelhos da Resolução. Para todos os
e apresentar densidade demográfica superior a cinquenta assentamentos a densidade é superior a 50
habitantes por hectare.
hab/ha.

63
Requisitos Resolução Conama 365/2006 Correspondência no assentamento Referência

IV – Localização nas seguintes faixas de APP: nas O assentamento encontra-se, em variadas Código Florestal – Lei n.
margens de cursos de água, respeitando faixas mínimas porções, em regiões de APP de nascentes e 12.651/2012 (vide seção
de 15 m para cursos de água de até 50 m de largura e
de cursos d’água. 4.3)
faixas mínimas de 50m para os demais.

V – Ocupações consolidadas até 10 de julho de 2001. Jardim Umuarama consolidado em 1981, Dados Prefeitura
Monforte de Lemos em 1989, Viela Cinco em Municipal de São Paulo
1977 e Vale das Virtudes I em 1972. – PMSP (vide seção 1.1)

VI – Elaboração de Plano de Regularização Fundiária


Sustentável que contemple uma série de estudos e
análises da ocupação.

Fonte:​ autoria própria.

V. Síntese de Diagnóstico

A síntese de Diagnóstico pertinente a todo estudo da área está reunida no Mapa


14, exposto a seguir (vide Anexo XIV). As camadas de áreas de proteção permanentes
foram sobrepostas com recortes das edificações precárias e de alta densidade
habitacional, alta declividade e risco geológico, desta forma é possível observar as
regiões mais críticas da área de estudo.

64
Mapa 14 - ​Mapa síntese da região.

Fonte: ​autoria própria

65
PARTE II - INTERVENÇÃO

I. Diretrizes

A partir do diagnóstico realizado para o Complexo Pirajussara 5, zona periférica


da Cidade de São Paulo, onde foram mapeados e analisados os principais aspectos
ambientais, sociais, econômicos, legais e urbanos, foram elaboradas propostas de
intervenção seguindo as seguintes diretrizes:

❖ Diretriz 1 – ​Melhorar as condições de saneamento básico através da construção


de rede de esgotos e drenagem e da interligação destes com ramais formais
mais próximos, segundo consta na Lei Nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007;
❖ Diretriz 2 – ​Garantir a qualidade de moradia, através da:
● Remoção das famílias que ocupam edificações com construção de
madeira e/ou localizadas em áreas de inviável consolidação;
● Consolidação do maior número possível de moradias, contribuindo com a
regularização fundiária e a permanência das famílias no sítio;
❖ Diretriz 3 – ​Viabilizar o reassentamento das famílias removidas em área
próxima aos núcleos de assentamento (área ​de ZEIS-2, localizada a um raio de
1,5 km do local de remoção);
❖ Diretriz 4 – ​Melhorar a acessibilidade e a mobilidade interna e externa aos
assentamentos através do alargamento de vias existentes e da implantação de
novas vias;
❖ Diretriz 5 – ​Promover monitoramento e medidas que garantam a não ocupação
das áreas desocupadas;
❖ Diretriz 6 – ​Contribuir com a recuperação e preservação de APPs através da
implantação de Parque Linear nos núcleos Vale das Virtudes I e Monforte de
Lemos, contribuindo com a Diretriz 5;
❖ Diretriz 7 – ​Garantir medidas de mitigação dos riscos geológicos da área;

66
❖ Diretriz 8 – ​Desenvolver conscientização ambiental com o auxílio de um plano
de Educação Ambiental para os moradores dos assentamentos, com
implementação de um Centro de Educação Ambiental na região.

II. Propostas

De posse do diagnóstico previamente descrito, foram elaboradas propostas de


intervenção que buscassem incorporar melhorias para a área, qualidade de vida para
os moradores e baixo impacto socioambiental.

1. Reassentamento das Moradias Mais Precárias

O reassentamento e a realocação de famílias decorre da necessidade de


garantir as condições mínimas de moradia não apenas aos realocados mas também à
toda comunidade, viabilizando a implementação de um sistema de saneamento
integrado contemplando redes de coleta formal de esgoto, distribuição de água e
drenagem pluvial para todas as famílias residentes. A remoção também permitirá a
otimização do sistema viário e a implantação de um parque linear ao longo do curso
d’água.
A elaboração do plano de reassentamento baseou-se nos seguintes
fundamentos:

• Minimizar o número de imóveis a serem desocupados. O projeto buscou uma


solução para viabilizar a implantação dos serviços e da infra-estrutura e que
concomitantemente impliquem um menor nível de reassentamento;
• Garantir a melhoria ou a manutenção das condições de moradia. As moradias a
serem ofertadas para reassentamento deverão atender aos critérios de
habitabilidade, e devem ser compatíveis com a realidade local, ou seja, devem ser
adequadas à forma de vida da população afetada;

67
• Garantia da oferta de serviços sociais, como por exemplo: educação, saúde,
transporte público, etc.;
• Busca permanente da minimização dos impactos sociais e/ou ambientais sobre a
população;
• Garantir a possibilidade de manutenção da atividade produtiva. As famílias que
tiverem suas atividades produtivas interrompidas ou reduzidas durante a implantação
do projeto, em função do reassentamento, deverão ser compensadas por essas
perdas, para que possam retomar essas atividades no menor tempo possível.

O Mapa 15 (vide Anexo XV), apresentado a seguir, identifica as edificações que


necessitam ser removidas. A descrição da motivação das remoções é abordada logo
em seguida.

68
Mapa 15 - ​Mapa de remoção de edificações.

Fonte:​ autoria própria.

A identificação dos domicílios a serem removidos seguiram alguns critérios. O


critério de Abertura e Readequação de Viário relaciona-se à implantação de vias
estratégicas que conectem as áreas. Nas vias existentes cuja largura caracterizam
insalubridade, foi realizado alargamento. O critério de remoção adveio da análise das
áreas que estão em contato com uma faixa de 4 metros dessas vias. A escolha por 4

69
metros de largura viária visa possibilitar a passagem de maquinário que possa realizar
a manutenção dos sistemas de drenagem e esgoto. A Abertura e Readequação de
Viário em áreas de APP de cursos d’água são estratégicas, uma vez que já
descaracterizada, a implantação e adequação de viário permite a manutenção e
monitoramento.
O critério de Eliminação de Situações de Risco/ Recuperação Ambiental
relaciona-se às moradias onde não é possível a revitalização e consolidação do
espaço, especificamente encontradas nas regiões mais precárias com casas de
madeira ou em proximidade à córregos a céu aberto.
Não houveram remoções por questões de riscos geológicos, apesar de em
Monforte de Lemos e Jardim Umuarama haver, respectivamente, risco de solapamento
(R2 e R3) e risco de escorregamento (R2), conforme diagnóstico. Entretanto, o
monitoramento de ​ocorrência de processos geológicos-geotécnicos dessas áreas se
faz necessário e importante a longo prazo, preservando a segurança das famílias. O
Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT), através do gerenciamento (diagnósticos e
prognósticos) dessas áreas, apresenta medidas de mitigação e prevenção, além de
atender situações de emergência com a capacitação da população e equipes técnicas.
Não houve remoção na área norte de Viela Cinco, em área de APP de curso
d’água e nascente, segundo critério de consolidação dos domicílios. Conforme exposto
no diagnóstico, a área está inserida na Classe 4 (Misto Não Precário) no Tecido
Urbano, demonstrando que a mesma encontra-se conectada, com vias largas e de fácil
acesso, além de apresentar boa estrutura das edificações.
A Adequação de Densidade é um critério que abrangeu 3% dos domicílios que
restaram das remoções seguindo os outros critérios. A Adequação de Densidade
relaciona-se com a melhoria das condições ambientais e habitacionais aliando-se a
eliminação de situações de insalubridade (Denaldi & Ferrara, 2018).

70
Tabela 8 -​ Número de domicílios removidos de acordo com o motivo de remoção.
Motivo da Remoção N° domicílios

Abertura e Readequação de Viário 180

Eliminação de Situação de Risco/ 262


Recuperação Ambiental

Adequação de Densidade (3% do total de 58


domicílios da área de estudo)

TOTAL 500
Fonte:​ autoria própria.

Para escolha da área de reassentamento foram avaliados os seguintes fatores:


aspectos fundiários, tais como propriedade do terreno e zoneamento territorial;
aspectos físicos como declividade e vegetação; e aspectos ambientais, principalmente
no que concerne a inserção em APPs de cursos d’água e nascentes.
Entre as áreas investigadas, todas constam no PDE (2014) como ZEIS-2. Uma
destas, encontrada no raio de 1 km de distância dos assentamentos, apresentou a
presença de vegetação fechada remanescente da Mata Atlântica (Bosques
Heterogêneos) em toda sua extensão, sendo descartada devido ao caráter protetivo da
vegetação. Outras três áreas no raio de 1,5 km foram analisadas: duas destas, devido
a menores áreas e inserção predominantemente em APPs de cursos d’água, foram
descartadas; a terceira, de maior dimensão, foi a área escolhida para o
reassentamento. Apesar da mesma estar também inserida em APP de curso d’água,
devido a descaracterização e maior área, se faz possível reassentar todas as famílias
em área reduzida da faixa de 15 m da APP.

71
Figura 21​ - Imagem de satélite da área escolhida para reassentamento.

Fonte:​ autoria própria.

72
Mapa 16 - ​Mapa da área para reassentamento.

Fonte:​ autoria própria.

A área de reassentamento localiza-se em uma antiga instalação da empresa


holandesa ​Akzo Nobel,​ atuante no segmento de indústria química, além de outros
pequenos empreendimentos que também atuaram na área. A área apresenta baixas
declividades, fácil acesso e área total de 47 mil m². Devido a redução da faixa de 15 m
do curso d’água, a taxa de ocupação foi reduzida, entretanto, permanece garantido o

73
reassentamento de 553 famílias, valor superior ao de remoções propostas (500
edificações). Para obtenção do número de famílias abrangidas pela área foi calculado a
área (subtraindo área da faixa de 15 m de APP) dividida por 60 m², equivalente a
implantação de edificação de 4 andares na área.

Tabela 9 -​ Número de famílias/domicílio abrangidos na área de reassentamento.

Área Reassentamento m² N° de famílias/domicílios

A1 47.000 553
Fonte:​ autoria própria.

2. Readequação do Sistema Viário

A Readequação do Sistema Viário consiste na melhoria das condições de


conectividade dos assentamentos através da readequação das vias já existentes e da
criação de novas viam estratégicas.
Baseado no Tecido Urbano e Sistema Viário (seção 2.2 do diagnóstico) foi
possível identificar as áreas dos assentamentos de maior precariedade relacionada ao
viário. As propostas para o Sistema Viário categorizam o Viário em “Novo”,
“Readequado” e “Existente”.
A categoria “Novo” representa as vias que serão abertas gerando interligação,
podendo ser continuações das vias existentes ou conexões das mesmas. Tais vias se
encontram principalmente nos centros dos assentamentos e em parte do contorno,
sendo que, em alguns trechos, percorrem a extensão do curso d’água. A interface do
parque linear com o assentamento consiste justamente no viário “Novo” que
acompanhará o contorno do assentamento. A categoria “Readequado” representa o
viário estreito (vielas) que será alargado para eliminação da insalubridade, e o viário
informal (“caminhos de terra”) que será readequado. “Existente” representa o viário já
presente no assentamento e que não faz parte das outras categorias propostas.

74
Todas as vias que se enquadrem nas categorias “Novo” e “Readequado”, e que
se localizam sobre APP de curso d’água, deverão apresentar 4 m de largura para
entrada de maquinário que realize a manutenção dos córregos.
O Mapa 17 (disponível também no Anexo XVII), apresentado a seguir, mostra a
classificação do sistema viário proposto.

Mapa 17 - ​Mapa de classificação do sistema viário proposto.

Fonte:​ autoria própria.

75
Considerando as propostas de intervenção para o sistema viário, foi possível
gerar um Mapa de Hierarquia do Viário Proposto, conforme apresentado a seguir (vide
Anexo XVIII):

Mapa 18 - ​Mapa de hierarquia do viário proposto.

Fonte:​ autoria própria.

76
Para melhor representação do Sistema Viário se faz necessário estudos
aprofundados de caracterização das vias localizadas no interior dos assentamentos.
Por falta de dados mais detalhados, ​não foi proposto intervenção viária na parte central
superior (próximo a área de remoção) de Vale das Virtudes I.

3. Saneamento Integrado

Os sistemas de drenagem atuais das áreas dos assentamentos foram


projetados com base no escoamento e afastamento rápido, muitas vezes não
comportando o volume de água captado e causando danos a jusante. Tal abordagem
contribui para a poluição das águas pluviais, causa inundações e não recarrega os
aquíferos subterrâneos. Nesse contexto surge a drenagem sustentável, juntamente
com o novo conceito de controle e retenção da água o mais próximo possível do local
de precipitação, por meio de infiltração e armazenamento temporário, visando reduzir
as vazões de pico e atenuar a quantidade de poluentes presentes na água (Dias &
Antunes, 2010; LIDC, 2010). As medidas de drenagem sustentável serão
implementadas no parque linear.
Nos caminhos e vielas no interior das comunidades será implantado um sistema
de calhas, visando conduzir as águas pluviais ​ao curso d’água. Nas áreas com maior
declividade, faz-se necessário o uso de biovaletas, para diminuir a velocidade da água,
auxiliando na drenagem pluvial.
Devido a falta de sistema de esgotamento formal, e portanto, de monitoramento,
faz-se necessária sua construção em todos os assentamentos de estudo. Ao redor do
assentamento há aporte de ligações oficial, nos quais haverá conexão e, portanto, a
interligação ao coletor tronco mais próximo, localizado na extremidade da Rua Monforte
de Lemos. Ressalta-se que tal coletor foi proposto para o ano de 2018 segundo o PDE
de 2014. Informações sobre a implementação não foram encontradas. A rede de
esgotos provisória da área deverá ser readequada e incorporada à oficial, sendo
necessário um projeto de esgotamento sanitário específico para o Complexo.

77
A proposta de Readequação do Sistema Viário, na seção anterior, contempla a
melhoria de vias estratégicas e centrais com 4 m de largura, o que permite maior
conectividade facilitando a coleta de resíduos domiciliares. A readequação permite,
ainda, a adequada instalação de lixeiras nas vias. Propõe-se também a instalação de
um Ecoponto Móvel no cruzamento da Rua Calvínia e da Rua Langanes, área central
dos assentamentos. O Ecoponto será instalado em uma área que conta com uma
grande lixeira e córrego aberto (conforme Figura 22), os quais serão removidos e
revitalizados, respectivamente. Como alternativa o Ecoponto poderá ser também
implantado no parque linear, entretanto, não ocorrerá centralização do equipamento. A
Figura 23 apresenta um exemplo de Ecoponto Móvel.

Figura 22 -​ Área de implantação do Ecoponto Móvel.

Fonte: ​Google Maps, 2019.

78
Figura 23 - ​Exemplo de Ecoponto Móvel.

Fonte: ​Prefeitura de Valinhos, 2018.

A presença de córregos abertos em diversas áreas dos assentamentos, como


por exemplo na Figura 22, é fonte das maiores queixas dos moradores devido aos
odores gerados e a proliferação de mosquitos. Estes deverão ser identificados através
de minuciosa investigação e adequadamente tamponados.

4. Parque Linear

O Parque Linear é um espaço de área verde em área urbana, geralmente


acompanhando um curso d’água com objetivo de proteger, conservar e recuperar APPs
e ecossistemas ligados a ela. São capazes de conectar áreas verdes, proteger e
recuperar o ecossistema, controlar enchentes, abrigar práticas de lazer, esporte e
cultura, além de contribuir com alternativas não motorizadas de mobilidade urbana
(Brito et al., 2017).

79
O Plano Diretor Estratégico da Cidade de São Paulo (PDE) traz uma seção
tratando exclusivamente dos parques lineares, reforçando sua importância e trazendo
as diretrizes de implementação, conforme segue:

SEÇÃO IV - DOS PARQUES LINEARES

Art. 273 Os parques lineares são intervenções urbanísticas


associadas aos cursos d`água, principalmente aqueles inseridos
no tecido urbano, tendo como principais objetivos:

I - proteger e recuperar as áreas de preservação permanente e


os ecossistemas ligados aos corpos d`água;

II - proteger, conservar e recuperar corredores ecológicos;

III - conectar áreas verdes e espaços públicos;

IV - controlar enchentes;

V - evitar a ocupação inadequada dos fundos de vale;

VI - propiciar áreas verdes destinadas à conservação ambiental,


lazer, fruição e atividades culturais;

VII - ampliar a percepção dos cidadãos sobre o meio físico.

§ 1º Os parques lineares são parte integrante do Programa de


Recuperação Ambiental de Fundos de Vale e sua plena
implantação pressupõe a articulação de ações de saneamento,
drenagem, sistema de mobilidade, urbanização de interesse
social, conservação ambiental e paisagismo.

§ 2º Os parques lineares em planejamento integrantes do Mapa


5 anexo estão delimitados na escala de planejamento, não se

80
constituindo em perímetros definitivos até que sejam elaborados
os respectivos projetos.

§ 3º O projeto dos parques lineares deverá ser elaborado de


forma participativa, ouvido o Conselho Participativo da
Subprefeitura.

§ 4º A LPUOS ou lei específica, após a definição precisa do


perímetro do parque linear, deverá enquadrá-lo como ZEPAM.

O PDE fomenta em sua Seção II - DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO


PERMANENTE, a implementação de parques lineares em APPs visando a
recuperação ambiental de cursos d’água e fundos de vale, senão vejamos:

“Art. 270 Os projetos urbanos e planos que envolvam


intervenções em Áreas de Preservação Permanente, em áreas
urbanas consolidadas, deverão apresentar estudo técnico que
demonstre a manutenção e/ou recuperação das funções
socioambientais dessas áreas, cuja abrangência deverá ser
regulamentada por norma específica.

§ 1º O Executivo deverá regulamentar o escopo mínimo do


estudo referido no "caput", podendo exigir, de acordo com a
escala, dimensão e caráter da intervenção, os seguintes
aspectos:

(...)

§ 2º Os projetos urbanos de que trata o § 1º deverão


priorizar a implantação de parques lineares, como
intervenção de caráter socioambiental e interesse público,
compatível aos regimes de inundação das várzeas.”

81
Considerando o disposto no PDE, que fomenta a implementação de parques
lineares em intervenções urbanísticas em áreas de APP, observando ainda a área de
estudo 一 caracterizada por um comprimento consideravelmente maior que a largura, a
implementação de parques lineares se mostra uma solução efetiva, promovendo lazer,
cultura e rotas de locomoção não motorizada, impedindo que futuras ocupações
ocorram às margens do curso d’água, contribuindo para a realimentação do lençol
freático e auxiliando no manejo de águas pluviais ao desacelerar a vazão d’água e
aumentando a área permeável.

82
Figura 24 ​- Mapa de Localização do Parque Linear proposto.

Fonte: ​autoria própria.

83
5. Mobilidade

De acordo com a Política Nacional da Mobilidade Urbana ー Lei nº. 12.587/2012,


a infraestrutura urbana por esta definida está bem consolidada nos arredores da área
de estudo, entretanto, pode-se adequar a distribuição de pontos de parada e itinerários
das linhas dos ônibus municipais.
O deslocamento de duas linhas que servem a região para acessar a Rua
Monforte de Lemos até a altura da Rua Langanes é uma opção visando garantir um
ponto de intersecção de acesso das comunidades. Dessa forma seria possível atingir o
objetivo de “reduzir as desigualdades e promover a inclusão social”, presente no
Programa Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU).
Propõe-se a implantação de uma ciclovia no entremeio do Parque Linear e os
assentamentos de Monforte de Lemos e Vale das Virtudes I, visando a integração do
sistema viário e servindo como barreira física, impedindo a ocupação da área do
Parque Linear.
Propõe-se a abertura e prolongamento de vias de pedestres como grandes
troncos de acesso gerando conectividade. A proposta, conforme exposto no Mapa 17,
determina o prolongamento da Rua Calvínia ao longo dos centros dos assentamentos
Monforte de Lemos e Viela Cinco. A ramificação de vias de pedestres em toda área dos
assentamentos visa a homogeneização e distribuição de caminhos para as ruas e o
Parque Linear proposto.
Outra proposta de mobilidade é a abertura de uma via carroçável de mão dupla
cortando o assentamento de Monforte de Lemos, conforme ilustrado no Mapa 17.
Cria-se uma via de acesso para pedestres e carros tanto para o parque linear quanto
para os condomínios do Horto do Ypê, assim, estruturas como comércios e linhas de
ônibus podem ser utilizadas também pelos moradores da área de estudo, o que antes
era uma estrutura represada e quase exclusiva dos moradores deste condomínio.

84
As estratégias aqui expostas visam a integração dos moradores da Favela
Pirajussara 5 com os Equipamentos Urbanos, muitas vezes dispostos em longas
distâncias. O aperfeiçoamento das condições de mobilidade deve ser contínuo à
medida que mudanças ocorrem nos assentamentos. A mobilidade é também crucial ao
acesso da população a oferta de emprego.

6. Melhoria de Vias, Iluminação e Calçadas

De acordo com diagnóstico, pode-se constatar que o acesso às partes mais


interiores dos assentamentos, os “miolos”, é limitado por vias estreitas, de
pavimentação irregular e demasiadas diferenças de altura (degraus), tornando a
circulação dificultosa e sem acessibilidade. As moradias, por vezes, estão muito
próximas, impossibilitando adequada circulação de ar e iluminação natural.
De acordo com a Readequação do Sistema Viário, nas novas vias, localizadas
no interior dos assentamento, poderão ser instalados postes de iluminação e de
energia elétrica e lixeiras, gerando segurança e qualidade habitacional e ambiental aos
moradores. Nas vias existentes ocorrerão adequações e alargamentos, permitindo a
eliminação de situações de insalubridade. Além destes, a pavimentação dessas vias
representam outra forma de melhoria do espaço urbano.

7. Implantação de Equipamentos Urbanos

A implementação de Equipamentos Urbanos visa a qualificação de vida dos


moradores da área de estudo. Baseado nas diretrizes e diagnóstico propõe-se
determinados Equipamentos Urbanos na Favela Pirajussara 5.
Na área norte da Viela Cinco, sobre APP de nascente e curso d’água é proposto
implementação de uma praça, visando a manutenção da área verde presente e
garantindo a não ocupação futura da mesma.
Devido a constatação de despejos irregulares nas áreas de córrego e de
vegetação, conforme vistos em campo, torna-se uma opção viável a implantação de um

85
Centro de Educação Ambiental. Poderá haver, ainda, a integração do mesmo com um
Centro Cultural, com exposições de filmes, peças teatrais, oficinas, palestras e acesso
a internet aos moradores. Cursos poderão ser administrados nesses locais.
Ainda, conforme abordado na Proposta 3, pertinente ao Saneamento Integrado,
propõe-se a implementação de um Ecoponto Móvel na região central dos
assentamentos, um Equipamento Urbano que, aliado ao Centro de Educação
Ambiental, pode mudar a percepção dos moradores quanto a gestão de resíduos,
diminuindo sua geração e a destinação incorreta nos entornos dos assentamentos.
No que concerne a distribuição de Equipamentos de Saúde, Assistência Social e
de Educação, a implantação desses deverá seguir recomendações de suas
Secretarias, atendendo a demanda contínua e em transformação.

8. Educação Ambiental

No sentido de ampliar o grau de aceitação da população com relação ao projeto,


é imprescindível apresentar os benefícios decorrentes da urbanização em termos de
saúde pública e melhoria da qualidade de vida.
Através de um Plano de Educação Ambiental deverão ser realizadas palestras e
encontros com a comunidade, de forma a conscientizar os moradores acerca da
importância de manter boas práticas no que se refere à integração com as melhorias
apontadas na presente proposta de urbanização.
O Plano de Educação Ambiental do Complexo Pirajussara 5 deverá seguir a
Política Nacional de Educação Ambiental, instituída pela Lei n.º 9.795, de 27 de Abril
de 1999. Tal Lei
“Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional
de Educação Ambiental e dá outras providências.
Art. 3o​ Como parte do processo educativo mais amplo, todos
têm direito à educação ambiental, incumbindo:
I - ao Poder Público, nos termos dos a ​ rts. 205 e 2
​ 25 da
Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a
dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos

86
os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na
conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente.​”

9. Restrição da Expansão Urbana em APP

Conforme abordado na Proposta 4, a implementação do Parque Linear possui,


também, a importante função de evitar futuras ocupações irregulares nas áreas de
APP. Devido a remoção de moradias precárias em Vale das Virtudes I, há presença de
um espaço com maior capacidade de reocupação no Parque Linear (conforme Figura
25). Para restringir a ocupação do mesmo propõe-se como opção a instalação de
Ecoponto Móvel no local ou outro equipamento previsto no presente texto.
Outra estratégia de restrição à ocupação consiste na implantação de uma praça
no extremo norte de Viela Cinco, sobre APP de nascente, conforme já abordado na
Proposta 7 ​– I​ mplantação de Equipamentos Urbanos. A praça visa conter a ocupação
e servir como espaço de lazer, uma vez que na área se faz ausente. A identificação da
área de implantação está exposta na Figura a seguir.

87
Figura 25​ - Mapa de localização das intervenções que possuem objetivo de restringir a ocupação de
APP.

Fonte: ​autoria própria.

Além das estratégias citadas, medidas de monitoramento que impeçam novas


ocupações podem ser obtidas através de consultas com as frentes populares das

88
favelas: ​Sociedade Amigos do Jardim Umuarama – SAJU​, ​Comissão de Moradores da
Favela Monforte de Lemos,​ ​União dos Movimentos de Moradia Independentes da Zona
​ demais moradores. A participação popular na tomada de decisões se
Sul – UMMIZS e
faz necessária uma vez que a população em questão é a afetada e a qual deverá ter
suas necessidades supridas.

10. Síntese da Proposta de Intervenção

O Mapa 19, apresentando a seguir, mostra uma síntese da Proposta de


Intervenção abordada no presente Projeto. O Mapa se encontra também no Anexo XIX.

Mapa 19 - ​Mapa síntese da proposta de intervenção.

Fonte:​ autoria própria.

89
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95
Anexos

96

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