Blavatsky, H. P. - Comentários Sobre A Doutrina Secreta
Blavatsky, H. P. - Comentários Sobre A Doutrina Secreta
Blavatsky, H. P. - Comentários Sobre A Doutrina Secreta
BLAVATSKY
COMENTÁRIOS SOBRE
A Doutrina Secreta
DIÁLOGOS COM H. P. BLAVATSKY
TRANSACTIONS OF THE BLAVATSKY LOOGE
TRADUÇÃO:
FERNANDO MANSUR E RAUL BRANCO
EDITORA TEOSÓFICA
2
Título do original em inglês:
Collected Writings, Volume X, H. P. Blavatsky
Theosophical Publishing House, 1888.
Chennai, Índia.
SUMÁRIO
Prefácio 5
Introdução 6
Estância I
Sloka 1 12
Sloka 2 18
Sloka 3 23
Sloka 4 31
Sloka 5 35
Sloka 6 37
Sloka 7 37
Sloka 8 39
Sloka 9 46
Estância II
Sloka 1 48
Sloka 2 48
Sloka 3 51
Sloka 4 53
Estância III
Sloka 1 56
Sloka 2 63
3
Sloka 3 63
Sloka 4 64
Sloka 5 68
Sloka 6 69
Sloka 7 71
Sloka 8 73
Sloka 10 75
Sloka 11 76
Estância IV
Sloka 1 83
Sloka 2 84
Sloka 3 85
Sloka 4 85
Sloka 5 87
Sloka 6 89
4
PREFÁCIO DA EDIÇÃO BRASILEIRA
De uma forma geral, cada ser humano tem a possibilidade de direcionar seu tempo e
energia de diferentes maneiras para encontrar o seu propósito de vida. Neste contexto,
existem muitas pessoas que colocam os estudos de filosofia e espiritualidade como
fundamentais, pois são instrumentos para remover a ignorância e aliviar o sofrimento
humano.
Helena Petrovna Blavatsky foi uma dessas pessoas que dedicou a sua vida a conhecer
as culturas e religiões, em todo o mundo. Grande estudiosa e desbravadora, resolveu
contribuir com a humanidade, revelando ao Ocidente a sabedoria milenar do Oriente. Ela
foi uma das fundadoras da Sociedade Teosófica, trazendo sua contribuição com seus
profundos conhecimentos espirituais.
Existe uma frase de Henry David Thoreau que fala: "Para cada mil homens dedicados a
cortar as folhas do mal, há apenas um atacando as raízes". Esse foi o caso da ocultista
Blavatsky que, durante anos, além dos diversos livros que escreveu, também estabeleceu
diálogos e reflexões com pessoas do mundo todo, respondendo às suas dúvidas e
questionamentos. Esta obra é o resultado de inquirições de um grupo de estudantes de
Teosofia em Londres.
Como ela mesmo dizia: "Não há nada mais valioso para um indivíduo do que possuir
um ideal elevado ao qual ele aspire continuamente, modelando por ele seus pensamentos
e sentimentos, e construindo, assim, da melhor forma que possa, a sua vida."
Ao ler esta pérola, é como se nós estivéssemos presentes nesse pequeno grupo de
estudos, onde a própria H. P. B., de forma colaborativa, fornece acréscimos preciosos para
o entendimento da literatura teosófica.
5
INTRODUÇÃO
O compilador.
8
ÍNDICE DAS ESTÃNCIAS COMENTADAS:
A EVOLUÇÃO CÓSMICA NAS ESTÂNCIAS DO LIVRO DE DZYAN
ESTÂNCIA I
ESTÂNCIA II
1. ...Onde estavam os Construtores, os Filhos Resplandecentes da Aurora do
Manvantara? ... Nas Trevas Desconhecidas, em seu Ah-hi Paranishpanna. Os Produtores da
Forma, tirada da Não Forma, que é a Raiz do Mundo, Devamātri e Svabhāvat, repousavam
na felivcidade do Não Ser.
2. ...Onde estava o Silêncio? Onde os ouvidos para percebê-lo? Não; não havia
Silêncio nem Som; nada, a não ser o Incessante Alento Eterno, para si mesmo ignoto.
9
3. A Hora ainda não havia soado; o Raio ainda não havia brilhado dentro do Germe; a
Matripādma ainda não intumescera.
4. Seu Coração ainda não se abrira para deixar penetrar o Raio Único e fazê-lo cair em
seguida, como Três em Quatro, no Regaço de Māyā [H.P.B. comenta aqui].
5. Os Sete não haviam ainda nascido do Tecido de Luz. O Pai-Mãe, Svabhāvat, era só
Trevas; e Svabhāvat jazia nas Trevas.
6. Estes Dois são o Germe, e o Germe é Uno. O Universo ainda estava oculto no
Pensamento Divino e no Divino Seio.
ESTÂNCIA III
1. ...A última Vibração da Sétima Eternidade palpita através do Infinito. A Mãe
intumesce e se expande de dentro para fora, como o Botão de Lótus.
2. A Vibração se propaga, suas velozes Asas tocam o Universo inteiro e o Germe que
mora nas Trevas; as Trevas que sopram sobre as adormecidas Águas da Vida.
3. As Trevas irradiam a Luz, e a Luz emite um Raio solitário sobre as Águas e dentro das
Entranhas da Mãe. O Raio atravessa o Ovo Virgem; faz o Ovo Eterno estremecer, e
desprende o Germe não Eterno, que se condensa no Ovo do Mundo.
4. Os Três caem nos Quatro. A Essência Radiante passa a ser Sete interiormente e Sete
exteriormente. O Ovo Luminoso, que é Três em si mesmo, coagula-se e espalha os seus
Coágulos brancos como o leite por toda a extensão das Profundezas da Mãe: a Raiz que
cresce nos Abismos do Oceano da Vida.
5. A Raiz permanece, a Luz permanece, os Coágulos permanecem; e, não obstante,
Oeaohoo é Uno.
6. A Raiz da Vida estava em cada Gota do Oceano da Imortalidade, e o Oceano era Luz
Radiante, que era Fogo, Calor e Movimento. As Trevas se desvaneceram, e não existiram
mais: sumiram-se em sua própria Essência, o Corpo de Fogo e Água, do Pai e da Mãe.
7. Vê, ó Lanu! O Radiante Filho dos Dois, a Glória refulgente e sem par: o Espaço
Luminoso, Filho do Negro Espaço, que surge das Profundezas das Grandes Águas Sombrias.
É Oeaohoo, o mais jovem, o *** ["Que tu conheces agora como Kwan-Shai-Yin'']. Ele brilha
como o Sol. É o Resplandecente Dragão Divino da Sabedoria. O Eka [Um] é Chatur [Quatro],
e Chatur toma para si Tri, e a união produz Sapta, no qual estão os Sete, que se tornam o
Tridasha, as Hostes e as Multidões. Contempla-o levantando o Véu e desdobrando-o de
Oriente a Ocidente. Ele oculta o Acima, e deixa ver o Abaixo como a Grande Ilusão. Assinala
os lugares para os Resplandecentes, e converte o Acima num Oceano de Fogo sem praias, e
o Uno Manifestado nas Grandes Águas.
8. Onde estava o Germe, onde então se encontravam as Trevas? Onde está o Espírito
da Chama que arde em tua Lâmpada, ó Lanu? O Germe é Aquilo, e Aquilo é a Luz, o Alvo e
Refulgente Filho do Pai Obscuro e Oculto.
9. A Luz é a Chama Fria, e a Chama é o Fogo, e o Fogo produz o Calor, que dá Água - a
Água da Vida na Grande Mãe.
10. O Pai-Mãe urde uma Tela, cujo extremo superior está unido ao Espírito, Luz da
Obscuridade Única, e o inferior à Matéria, sua Sombra. A Tela é o Universo, tecido com as
10
Duas Substâncias combinadas em Uma, que é Svabhāvat.
11. A Tela se distende quando o Sopro do Fogo a envolve; e se contrai quando tocada
pelo Sopro da Mãe. Então, os Filhos se separam, dispersando-se, para voltar ao Seio de sua
Mãe no fim do Grande Dia, tornando-se de novo uno com ela. Quando esfria, a Tela fica
radiante. Seus Filhos se dilatam e se retraem dentro de Si mesmos e em seus Corações; elas
abrangem o Infinito.[H.P.B. comenta até aqui]
12. Então, Svabhāvat envia Fohat para endurecer os Átomos. Cada qual é uma parte
da Tela. Refletindo o "Senhor Existente por Si Mesmo" como um Espelho, cada um vem a
ser, por sua vez, um Mundo.
ESTÂNCIA IV
1. ...Escutai, ó Filhos da Terra. Escutai os vossos Instrutores, os Filhos do Fogo. Sabei:
não há nem primeiro nem último; porque tudo é Um Número que procede do Não Número.
Aprendei o que nós, que descendemos dos Sete Primeiros, nós, que nascemos da Chama
Primitiva, temos aprendido de nossos Pais...
2. Do Resplendor da Luz - o Raio das Trevas Eternas - surgem no Espaço as Energias
despertadas de novo; o Um do Ovo, o Seis e o Cinco. Depois o Três, o Um, o Quatro, o Um,
o Cinco, o duplo Sete, a Soma Total. E estas são as Essências, as Chamas, os Construtores,
os Números os Arūpa, os Rūpa e a Força ou o Homem Divino, a Soma Total. E do Homem
Divino emanaram as Formas, as Centelhas, os Animais Sagrados e os Mensageiros dos
Sagrados Pais dentro do Santo Quatro.
3. Este foi o Exército da Voz, a Divina Mãe dos Sete. As Centelhas dos Sete são os
súditos e os servidores do Primeiro, do Segundo, do Terceiro, do Quarto, do Quinto, do
Sexto e do Sétimo dos Sete. Estas Centelhas são chamadas Esferas, Triângulos, Cubos,
Linhas e Modeladores; porque deste modo se conserva o Eterno Nidāna - o Oi-Ha-Hou.
4. O Oi-Ha-Hou - as Trevas, o Sem Limites, ou o Não Número, Ãdi-Nidãna,
Svabhãvat, o O (o Círculo).
I. O Ādi-Sonat, o Número; porque ele é Um.
II. A Voz da Palavra, Svabhāvat, os Números; porque ele é Um e Nove.
III. O "Quadrado sem Forma".
E estes Três, encerrados no O (no Círculo) são os Quatro Sagrados e os Dez são o
Universo Arūpa. Depois vêm os Filhos, os Sete Combatentes, o Um, o Oitavo excluído, e seu
Sopro, que é o Artífice da Luz.
5. ...Em seguida, os Segundos Sete, que são os Lipikas, produzidos pelos Três. O Filho
excluído é Um. Os "Filhos-Sóis" são inumeráveis.
11
(Reunião realizada na Rua Lansdowne, nº 17, Londres, W., em 10 de janeiro de 1889,
às 8 e meia da noite, sob a presidência do Sr. Harbottle.)
Tema:
As Estâncias de A Doutrina Secreta, Volume I
ESTÂNCIA I
P. 7) Então, que são as sete camadas do Espaço, já que no 'Proêmio' lemos acerca do
"Pai-Mãe de sete Peles"?
R. 7) Platão e Hermes Trismegisto consideram isto como o Pensamento Divino, e
Aristóteles compreendeu este "Pai-Mãe" como "privação" de matéria. É aquilo que se
converterá nos sete planos de existência, começando com o espiritual e passando através
do psíquico até o plano material. Os sete planos do pensamento ou os sete estados de
consciência correspondem a estes planos. Todos estes setenários estão simbolizados por
meio das sete "Peles".
P. 8) As ideias divinas na Mente Divina? Entretanto a Mente divina ainda não havia
aparecido...
R. 8) A Mente Divina é e deve ser antes que ocorra a diferenciação. É chamada a
Ideação divina, que é eterna em sua Potencialidade e periódica em sua Potência, quando
ser converte em Mahat, Anima Mundi ou Alma Universal. Mas recordem que, de qualquer
modo que se lhe chame, cada ideia que se forme tem seus aspectos mais metafísicos, mais
materiais e também outros aspectos intermediários.
P. 11) As "invisíveis vestes" são assim chamadas porque não são objetivas para
nenhuma diferenciação de consciência?
R. 11) Diria, mais propriamente, invisíveis para a consciência finita, se tal consciência
fosse possível nessa etapa de evolução. Inclusive para o Logos, Mūlaprakriti um véu, as
Vestes nas quais está envolto o Absoluto. Os vedantinos dizem que nem mesmo o Logos
14
pode perceber o Absoluto7.
7 A Filosofia da Bhagavad-Gitā, T. Subba Row. Ed. Teosófica, Brasília, 2019. (N. E.)
P. 13) Então, o mesmo termo é usado em muitos diferentes sentidos pelas diferentes
filosofias? Por exemplo, Buddhi tem um sentido na Filosofia Esotérica e um sentido muito
distinto na Filosofia Sankhya. Não é assim?
R. 13) Exatamente, e outro sentido diferente no Vishnu-Purāno, o qual fala de sete
Prakritis emanantes de Mahat, e chama a esta última Maha-Buddhi. Entretanto,
basicamente, as ideias são as mesmas, embora os termos difiram em cada escola, e neste
labirinto de personificações perdeu-se o sentido correto. Talvez fosse melhor, se fosse
possível, inventar uma nova nomenclatura para nós. Contudo, devido à pobreza dos
idiomas europeus, em particular o inglês, em vocábulos filosóficos, a empresa seria algo
dificultosa.
P. 14) Não se poderia empregar o termo "Protilo" para representar a condição Laya?
R. 14) Dificilmente; o Protilo do professor Crookes provavelmente é usado para
indicar a matéria homogênea no plano mais material de todos, enquanto que a substância
simbolizada pelas "Vestes" do "Eterno Pai-Mãe" se encontra no sétimo plano de matéria
contando a partir de baixo, ou melhor, de fora para dentro (desde o mais denso ao mais
sutil). Esta não pode ser encontrada no plano inferior, ou melhor, no mais externo ou
material.
P. 15) Existe, pois, em cada um dos sete planos, uma matéria relativamente
homogênea para cada plano?
R. 15) Assim é; porém tal matéria é homogênea apenas para aqueles que se
encontram nos mesmos planos de percepção; de modo que se algum dia a ciência moderna
descobrir o Protilo, será homogêneo somente para nós. A ilusão pode durar algum tempo,
talvez até a Sexta Raça, porque a humanidade está sempre mudando, física e mentalmente,
e esperamos que também espiritualmente, aperfeiçoando-se cada vez mais em cada raça e
sub-raça.
15
P. 16) Não será um grande erro utilizar termos que tenham sido usados pelos
cientistas com outro significado? Protoplasma teve uma vez quase o mesmo significado que
Protilo, porém seu significado agora se restringiu.
R. 16) Decididamente assim seria; o Hyle dos gregos, porém, certamente, não era
aplicado à matéria deste plano, pois o adotaram da cosmogonia caldeia, onde era usado
num sentido altamente metafísico.
P. 17) Todavia a palavra Hyle é usada agora pelos materialistas para expressar uma
ideia muito próxima daquilo para o qual empregamos o termo Mūlaprakriti.
R. 17) Pode ser; porém o Dr. Lewins e sua meia dúzia de intrépidos Hilo-idealistas
dificilmente sustentam essa opinião, porque em seu sistema o sentido metafísico foi
completamente deixado de lado e perdido de vista.
P. 18) Então, depois de tudo isso, talvez Laya seja o melhor termo para se usar?
R. 18) Não tanto, porque Laya não significa algo em particular ou um ou outro plano,
mas denota um estado ou condição. É um termo sânscrito que transmite a ideia de algo em
um estado indiferenciado e sem mudanças, um ponto zero no qual cessa toda
diferenciação.
P. 21) É uma definição conveniente do que seja ou se pensa que seja uma molécula,
ou melhor, um termo apropriado para dividi-la?
R. 21) Mas seguramente devem ter chegado à conclusão, por ora, de que átomo não
é um termo mais adequado que os setenta e poucos diferentes elementos. Tem sido
costume rir-se dos quatro ou cinco elementos dos antigos; mas agora o prof. Crookes
chegou à conclusão de que, estritamente falando, não existe absolutamente uma coisa tal
como um elemento químico. De fato, longe de se descobrir o átomo, não se chegou ainda a
uma simples molécula.
P. 22) Deveria ser lembrado que Dalton foi o primeiro a falar deste tema, e o chamou
“Teoria Atômica".
R. 22) Assim é; porém, como demonstrou Sir William Hamilton, o termo é usado
num sentido errôneo pelas escolas científicas modernas, as quais, ao mesmo tempo que
16
riem dos metafísicos, aplicam um vocábulo puramente metafísico à física de modo que
atualmente a palavra "teoria" começou a usurpar as prerrogativas do "axioma".
P. 23) O que são as "Sete Eternidades" e como pode haver tal divisão em Pralaya,
onde não existe ninguém que seja consciente do tempo?
R. 23) O astrônomo moderno de nenhum modo conhece melhor que seu antigo
irmão os "mandatos do Céu". Se perguntado se ele poderia "trazer Mazzaroth8 à existência
em sua estação [do ano]" ou se esteve com "aquele" que "desdobrou o firmamento", teria
que responder tristemente, como o fez Jó, com uma negativa. Entretanto, isso de nenhuma
maneira o impede de especular sobre a idade do Sol, da Lua e da Terra, e de "calcular" os
períodos geológicos desde o tempo em que sobre a Terra não vivia nenhum homem com
ou sem consciência. Por que, então, não se concede o mesmo privilégio aos antigos?
8 Mazzaroth é uma palavra bíblica hebraica encontrada no Livro de Jó 38:32, significando literalmente
uma "guirlanda de coroas". Mas seu contexto é o de constelações astronômicas, e é geralmente
interpretada como um termo para o zodíaco ou suas constelações. (Nota do trad.)
P. 26) Mas não é correto dizer que em Pralaya também se encontra o "Grande
Alento"?
R. 26) Certamente: porque o "Grande Alento" nunca deixa de ser, e é, por assim
dizer, o universal terno perpetuum mobile.
17
P. 27) Sendo assim, é impossível dividi-lo em períodos, pois isso afasta a ideia de
absoluto e do nada completo. Parece incompatível que se possa falar de um "número" de
períodos, embora se possa falar de tantas exalações e inalações do "Grande Alento".
R. 27) Isso colocaria de lado a ideia de Repouso absoluto, se esta absolutividade do
Repouso não fosse interrompida pela absolutividade do Movimento. Existe um magnífico
poema sobre o Pralaya, escrito por um Rishi muito antigo, que compara o movimento do
Grande Alento durante o Pralaya com os movimentos rítmicos do Oceano Inconsciente.
P. 30) O sonho tem sido chamado "o lado escuro da vida"; pode-se dizer que o Pralaya
é o lado escuro da vida Cósmica?
R.30) Em um certo sentido pode ser chamado assim. Pralaya é a dissolução do visível
dentro do invisível, do heterogêneo no homogêneo, e, portanto, um tempo de repouso.
Mesmo a matéria cósmica, embora indestrutível em sua essência, deve ter um tempo de
repouso e voltar ao seu estado Laya. A absolutividade da essência Una abarcante deve
manifestar-se tanto em repouso como em atividade.
Sloka (2)
O TEMPO NÃO EXISTIA, POIS JAZIA ADORMECIDO
NO SEIO INFINITO DA DURAÇÃO.
18
Espaço, enquanto que o outro está fora de ambos.
P. 9) Os filósofos modernos o reduziram a isto: que o espaço e o tempo não são nada
19
mais que atributos, nada mais que acidentes.
R. 9) E estariam certos se sua conclusão fosse o fruto da verdadeira ciência, em vez de
ser o resultado de Avidyā e Māyā, ou seja, de uma ilusão. Encontramos também Buda
dizendo que mesmo o Nirvāna era, afinal de contas, somente Māyā ou uma ilusão; mas o
Senhor Buda baseava o que dizia no conhecimento, não na especulação.
P. 11) Não podemos conceber nenhuma matéria que não esteja estendida, nem uma
extensão que não seja a extensão de algo. Ocorre o mesmo nos planos superiores? E, em
sendo assim, qual é a substância que ocupa o espaço absoluto e é idêntica com esse
espaço?
R. 11) Se seu "intelecto treinado" não pode conceber outra coisa que não seja
matéria, talvez possa fazê-lo alguém menos treinado, porém mais aberto à percepção
espiritual. Não se infere, porque você o diz, que tal conceito de Espaço seja o único
possível, mesmo em nossa Terra. Porque também neste nosso plano existem outros e
diferentes intelectos, além dos humanos, em criaturas visíveis e invisíveis, desde as mentes
de Seres subjetivos, elevados e inferiores, até os animais objetivos e os organismos
inferiores; em resumo, "do Deva ao elefante, do elemental à formiga". Agora, de acordo
com seu próprio plano de concepção e de percepção, a formiga tem um intelecto tão bom
como o nosso, e até melhor; porque embora não o possa expressar com palavras, contudo,
acima e além do instinto, a formiga demonstra grandes poderes de raciocínio, como todos
nós sabemos. Assim, achando-se em nosso próprio plano - se cremos nos vários
ensinamentos do Ocultismo - tantos e tão variados estados de consciência e de inteligência,
não temos direito de levar em consideração apenas nossa própria consciência humana,
como se nenhuma outra existisse fora dela. E se não podemos presumir decidir até onde
chega a consciência de um inseto, como podemos limitar a consciência, da qual a ciência
nada sabe, somente a este plano?
P. 12) Mas por que não? Seguramente a ciência natural pode descobrir tudo o que
deve ser descoberto, mesmo na formiga.
R. 12) Essa é sua opinião; mas para o ocultista, essa confiança está mal colocada,
apesar dos trabalhos de Sir John Lubbock. A ciência pode especular, mas, com seus
métodos atuais, não será nunca capaz de provar a veracidade de tais especulações. Se um
cientista pudesse transformar-se por um momento em uma formiga e pensar como tal e
recordasse sua experiência ao voltar à sua própria esfera de consciência, somente então
poderia saber indubitavelmente algo sobre este interessante inseto.
Atualmente, só pode especular fazendo deduções a partir do comportamento da
formiga.
20
P. 13) Então o conceito que a formiga tem acerca do tempo e do espaço não é como o
nosso. É isso que você quer dizer?
R. 13) Exatamente; a formiga tem conceitos do tempo e do espaço que lhe são
próprios, não são os nossos; são conceitos que estão inteiramente em outro plano;
portanto, não temos direito de rechaçar a priori a existência de outros planos somente
porque não podemos formar uma ideia deles, mas que, no entanto, existem - planos
superiores e inferiores ao nosso em vários graus, como atesta a formiga.
P. 14) Deste ponto de vista, a diferença entre o homem e o animal parece ser que o
primeiro nasce com mais ou menos todas as suas faculdades, e geralmente falando, não
tem nenhuma vantagem apreciável por isso, enquanto que o último está aprendendo e
melhorando gradualmente. Não é esta realmente a questão?
R. 14) Justamente; mas você tem que recordar o porquê: não se trata de que o
homem tenha um "princípio" a mais que o inseto mais diminuto, mas porque o homem é
um animal aperfeiçoado, o veículo de uma mônada plenamente desenvolvida, auto
consciente e que segue sua própria linha de progresso, enquanto que no inseto, e mesmo
no animal mais desenvolvido, a tríade dos princípios superiores está totalmente
adormecida.
P. 15) Existe alguma consciência ou ser consciente que conheça e faça a divisão do
tempo quando ocorre o primeiro estremecimento da manifestação? Em "A Filosofia da
Bhagavad-Gitã”10, o Sr. Subba Row, falando do Primeiro Logos, parece implicar tanto a
consciência quanto a inteligência.
10 Editora Teosófica, Brasília, 2019. (Nota do trad.)
R. 15) Mas não explicou a qual Logos se referia, e creio que falava em geral. Na
Filosofia Esotérica, o Primeiro Logos é o imanifestado, e o Segundo é o manifestado.
Ishvāra corresponde ao Segundo, e Nārāyana ao Logos imanifestado. Subba Row é um
advaita e um vedantino erudito, e explicava de seu ponto de vista. Nós o fazemos do nosso.
Em A Doutrina Secreta, aquilo do qual nasce o Logos manifestado se traduz como o "Eterno
Pai-Mãe"; enquanto que no Vishnu-Purāna é descrito como "o Ovo do Mundo", rodeado
por sete peles, capas ou zonas. É neste Ovo Dourado que nasce Brahmā, o masculino, e
esse Brahmā em realidade é o Segundo Logos ou também o Terceiro, de acordo com a
enumeração adotada; porque certamente não é o Primeiro ou mais elevado, o ponto que
está em todas as partes e em nenhuma. Mahat, na interpretação esotérica, é em realidade
o Terceiro Logos ou a Síntese dos Sete Raios criadores, os Sete Logoi. Das assim chamadas
Sete Criações, Mahat é a Terceira, porque é a Alma Universal e inteligente, a Ideação
Divina, combinando os planos ideais e os protótipo de todas as coisas, tanto no mundo
objetivo manifestado como no subjetivo. Nas Doutrinas Sankhya e Purānica, Mahat é o
primeiro produto de Pradhāna, animado por Kshetrajnā, "o Espírito Substância". Na
Filosofia Esotérica, "Kshetrajnā" é o nome que se dá a nossos EGOS reencarnantes.
P. 17) Então o Primeiro Logos está representado pelo primeiro ponto dentro do
círculo?
R. 17) O ponto dentro do círculo que não tem limites e é eterno, e que não tem nem
nome nem atributo. Este primeiro Logos imanifestado é simultâneo com a linha traçada
sobre o diâmetro do Círculo. A Primeira Linha ou Diâmetro representa o Pai-Mãe; dele
procede o Segundo Logos, que contém em si mesmo a Terceira Palavra Manifestada. Nos
Purānas, por exemplo, se diz outra vez que a primeira criação do Akāsha é o Som, e neste
caso Som significa "Palavra", a expressão do inefável pensamento, o Logos manifestado, o
dos gregos e platônicos e de São João. O Dr. Wilson e outros orientalistas falam desta
concepção dos hindus como de um absurdo, porque segundo eles Akāsha e Caos são
idênticos. Mas se soubessem que Akāsha e Pradhāna não são senão os dois aspectos de
uma mesma coisa, e recordassem que Mahat, a ideação divina, em nosso plano, é esse Som
ou Logos manifestado, ririam de si mesmos e de sua própria ignorância.
22
P. 20) O hebreu Jeová era "Eu sou".
R. 20) E também o era Ormuzd, o Ahura-Mazda dos antigos masdeístas. Neste
sentido, todo homem assim como todo Deus pode jactar-se de sua existência dizendo "Eu
sou o que sou".
P. 21) Mas seguramente Seidade tem alguma relação com a palavra "ser"?
R. 21) Sim; mas Seidade não é "ser", porque é igualmente "não ser". Nós não
podemos concebê-lo, porque nosso intelecto é muito limitado e nossa linguagem é ainda
mais limitada e condicionada que nossa mente. Portanto, como podemos expressar aquilo
que somente pode ser concebido por meio de uma série de negativas?
P. 22) Um alemão poderia expressá-lo mais facilmente com a palavra "sein" (ser);
"das sein" [o ser (sendo "sein" um infinitivo)] poderia ser um equivalente muito bom para
"Be-ness"; este último termo talvez soe absurdo aos ouvidos ingleses desacostumados, mas
"das sein" (o ser) é um termo e uma ideia perfeitamente familiares a um alemão. Mas
estávamos falando de consciência em Espaço e Tempo.
R. 22) Esta consciência é finita, tendo princípio e fim. Mas qual é a palavra para essa
Consciência finita que ainda, devido a Māyā, acreditava-se infinita? Nem mesmo quem está
no Devachan é consciente do tempo; tudo está presente no Devachan; não há passado, de
outro modo o Ego o recordaria e o lamentaria; nem futuro, senão desejaria tê-lo. Portanto,
vendo que o Devachan é um estado de bem-aventurança no qual tudo está presente, se diz
que aquele que está no Devachan não tem nenhum conceito ou ideia do tempo; para ele
tudo é como em um sonho vívido, uma realidade.
P. 23) Mas podemos sonhar o tempo de uma vida em meio segundo, sendo
conscientes de uma sucessão de estados de consciência, de eventos que se sucedem um
atrás do outro?
R. 23) Só depois do sonho: enquanto se sonha não existe tal consciência.
23
(Reunião realizada em Lansdowne Road, N° 17, Londres, W., em 17 de janeiro de 1889,
sob a presidência do Sr. T. B. Harbottle.)
ESTÂNCIA I [continuação]
Sloka (3) A MENTE UNIVERSAL NÃO EXISTIA, POIS NÃO HAVIA AH-HI (SERES
CELESTIAIS) PARA CONTÊ- LA (E, PORTANTO, PARA MANIFESTÁ- LA).
P. 1) Este Sloka parece implicar que a Mente Universal não tem existência separada
dos Ah-hi; mas no Comentário se diz que:
"...um númeno pode chegar a ser fenômeno em qualquer plano de existência somente
se manifestando naquele plano através de uma base ou veículo apropriado; e durante a
longa noite de repouso, chamada Pralaya, quando todas as existências estão dissolvidas, a
'MENTE UNIVERSAL' permanece como uma permanente possibilidade de ação mental, ou
como aquele pensamento abstrato absoluto, do qual a mente é a relativa manifestação
concreta. Os AH-Hi (Dhyān-Chohans) são as hostes coletivas de seres espirituais ... os quais
são os veículos, para a manifestação do pensamento e da vontade divinos ou universais.
São as Forças Inteligentes que dão e estabelecem na Natureza as 'Leis', ao passo que eles
mesmos trabalham conforme as leis que lhes foram impostas de uma maneira análoga por
Poderes ainda mais elevados; ... Esta hierarquia de Seres espirituais, por cujo meio a Mente
Universal se põe em ação, assemelha-se a um exército - verdadeiramente uma 'Hoste' ... "13
13 A Doutrina Secreta, VoI. I, p. 102. (Nota do trad.)
O comentário sugere que os Ah-hi não são eles próprios a Mente Universal, mas
somente o veículo para sua manifestação.
R. 1) O significado deste Sloka, creio, é muito claro; quer dizer que, como não há
mentes finitas diferenciadas durante o Pralaya, é como se não houvesse mente de forma
alguma, porque não existe nada para contê-la ou percebê-la. Não existe nada que receba e
reflita a ideação da Mente Absoluta; portanto, ela não está. Fora do Absoluto e imutável
Sat (Seidade), tudo é necessariamente finito e condicionado, já que tem começo e fim. Em
consequência, posto que "não estavam os Ah-hi", não havia Mente Universal como
manifestação. Há que se fazer uma distinção entre a Mente Absoluta, que está sempre
presente, e sua manifestação e reflexo nos Ah-hi, os quais, encontrando-se no plano mais
elevado, refletem coletivamente a mente universal ao primeiro estremecimento do
Manvantara. Logo, eles começam o trabalho de evolução de todas as forças inferiores
através dos sete planos, até o mais denso, o nosso. Os Ah-hi são os primordiais Sete Raios
ou Logoi, emanados do primeiro Logos, triplo, e, no entanto, um em sua essência.
24
Durante o Pralaya não existe Ah-hi, porque eles vêm à existência somente com a primeira
radiação da Mente Universal, a qual, per se, não pode diferenciar-se e cuja radiação é o
primeiro descenso do Manvantara. O Absoluto é mente adormecida, latente, e não pode
ser de outra maneira na verdadeira percepção metafísica; é somente Sua sombra que
começa a diferenciar-se na coletividade destes Dhyanis.
P. 10) Quando se diz que não estava, a ideia que se sugere então é que não estava
no Absoluto?
R. 10) De modo algum; simplesmente "não existia".
P. 11) Certamente, parece haver uma distinção; porque se pudéssemos dizer "era"
estaríamos tendo uma visão muito parcial da ideia de Sat, que equivaleria dizer que Sat
estava SENDO. Mais ainda, alguém poderia dizer que a frase "A Mente Universal não era",
como está, sugere que é uma manifestação, mas a mente não é uma manifestação.
R. 11) A Mente no ato da ideação é uma manifestação; mas a Mente Universal não é
a mesma coisa, já que não se pode falar de nenhum ato relativo ou condicionado daquilo
que é Absoluto. Houve ideação universal tão logo apareceram os Ah-hi, e continua havendo
ao longo do Manvantara.
P. 12) A que plano cósmico pertencem os Ah-hi dos quais se fala aqui?
R. 12) Eles pertencem ao primeiro, segundo e terceiro plano (sendo, em realidade, o
último plano, o ponto de partida da manifestação primordial), o reflexo objetivo do
Imanifestado. Assim como a Monas pitagórica, o Primeiro Logos, havendo emanado a
primeira Tríad , desaparece no silêncio e nas trevas.
P. 14) Os três planos aos quais pertencem os três Logoi são emanações simultâneas
ou emanam um do outro?
R. 14) É muito enganoso aplicar leis mecânicas à metafísica superior da cosmogonia,
ou ao espaço e tempo, como os conhecemos agora, porque então não existia nenhum dos
dois. O reflexo da Tríade no tempo e no espaço, ou no Universo objetivo, vem depois.
P. 16) Mas eles permanecem neste Manvantara no mesmo altíssimo plano, durante o
período total do ciclo de vida?
R. 16) Se com "ciclo de vida" você se refere a uma duração de tempo que se estende
por um número de mais de quinze cifras, então, minha resposta é, decididamente, não. Os
"Ah-hi" passam por todos os planos, começando a manifestar-se no terceiro. Como todas as
outras Hierarquias, no plano mais elevado são Arūpa, ou seja, sem forma, sem corpo, sem
nenhuma substância, meros alentos. No segundo plano, eles começam a se aproximar de
Rūpa, ou forma; no terceiro, convertem-se em Manasaputras, aqueles que se encarnaram
nos homens. Em cada plano que eles alcançam, são chamados por nomes diferentes, (há
uma contínua diferenciação de sua substância homogênea original; nós a chamamos
substância, embora, em realidade, não seja nenhuma substância que possamos conceber).
Mais tarde, se transformam em Rūpas, formas etéreas.
P. 18) Mas antes foi dito que os Ah-hi não se convertem em homens neste
Manvantara.
R. 18) Não o fazem como "Ah-hi" sem forma. Mas o fazem como transformações de si
mesmos. Os Manvantaras não devem ser confundidos. O ciclo manvatárico de quinze
cifras aplica-se ao Sistema Solar; mas há um Manvantara que corresponde à totalidade do
Universo objetivo, o Pai-Mãe, e também muitos Manvantaras menores. Em geral, os slokas
que foram selecionados relacionam-se com o Manvantara menor (de quinze cifras) e foram
dados apenas dois ou três (slokas) relacionados ao Manvantara maior. Portanto, muitos
slokas foram omitidos por causa de sua difícil natureza.
P. 20) Um homem pode escolher aquilo em que vai pensar. Pode esta analogia ser
aplicada aos Ah-hi?
R. 20) Não; porque o homem tem livre-arbítrio e os Ah-hi não. Eles estão obrigados
a atuar simultaneamente, porque a Lei sob a qual devem atuar lhes dá o impulso. O livre-
arbítrio só pode existir em um Homem que tenha mente e consciência, as quais atuam e o
fazem perceber as coisas no interior e no exterior de si mesmos. Os "Ah-hi" são Forças, não
seres humanos.
P. 25) Então não se pode dizer que os Ah-hi são consciências inteligentes, já que a
consciência deles é tão complexa?
R. 25) Talvez o termo seja errôneo, mas devido à pobreza das línguas europeias,
parece não haver outra escolha.
P. 26) Mas talvez uma frase representasse a ideia mais corretamente? O termo
parece significar uma força que é uma unidade, não uma ação e reação complexa de várias
forças que estariam implicadas na palavra "inteligência". O aspecto numenal da força fe-
nomenal talvez expressasse melhor a ideia.
R. 26) Ou talvez pudéssemos representar a ideia como uma chama, uma unidade; os
28
raios desta chama seriam complexos, atuando cada um em sua própria linha reta.
P. 27) Mas somente se tornam complexos quando encontram receptáculos nas formas
inferiores.
R. 27) Exatamente; entretanto os Ah-hi são a chama da qual saem os raios,
diferenciando-se cada vez mais à medida que vão caindo mais profundamente na matéria,
até que finalmente chegam a este nosso mundo, com seus milhões de habitantes e seres
sencientes14, e aí sim, tornam-se verdadeiramente complexos.
14 No original em inglês: sensual beings. (Nota do trad.)
P. 28) Considerados então como uma essência primária, os Ah-hi seriam uma
unidade? Podemos considerá-los assim?
R. 28) Vocês podem; mas a estrita verdade é que eles somente procedem da
Unidade, e são os primeiros de seus sete raios.
P. 30) "Durante o sono profundo, a mente não está no plano físico"; pode-se inferir,
portanto, que durante esse período a mente está ativa em outro plano? Existe alguma
definição das características que distinguem a mente em estado de vigília da mente durante
o sono do corpo?
R. 30) Existe, naturalmente, mas não creio que uma discussão acerca disso seja
pertinente ou útil agora; basta dizer que, com frequência, a faculdade de raciocínio da
mente superior pode estar adormecida, e a mente instintiva plenamente desperta. É a
distinção fisiológica entre o cérebro e o cerebelo; um dorme e o outro está desperto.
P. 34) Manas é mente e foi dito que os Ah-hi não podem ter Mente individual ou
aquilo que nós chamamos mente, neste plano, mais do que Buddhi pode ter. Pode haver
Consciência sem Mente?
R. 34) Não neste plano de matéria. Mas por que não em algum outro plano superior?
Uma vez que sugerimos uma Mente Universal, tanto o cérebro, veículo da mente, como a
Consciência, sua faculdade, em um plano mais elevado, devem ser muito diferentes do que
são aqui. Estão mais próximos do TODO Absoluto, e, portanto, devem estar representados
por uma substância infinitamente mais homogênea; algo sui generis e totalmente fora do
alcance de nossas percepções intelectuais. Podemos chamá-lo ou imaginá-lo como um
estado incipiente e incognoscível de diferenciação primordial. Nesse plano mais elevado, ao
que me parece, Mahat, o grande Princípio Manvantárico de Inteligência, atua como um
Cérebro, por meio do qual a Mente Universal e Eterna irradia os Ah-hi, representando a
resultante consciência ou ideação. À medida que a sombra deste triângulo primordial cai
mais e mais através dos planos descendentes, em cada etapa torna-se mais material.
P. 36) Entretanto, está na moda hoje em dia falar depreciativamente da ideia de que
a mente é uma entidade.
R. 36) Não obstante, mente é um perfeito termo sinônimo de Alma. Aqueles que
negam a existência desta última, naturalmente discutirão que não existe uma coisa tal
como a consciência separada do cérebro e que com a morte a consciência cessa. Os
ocultistas, pelo contrário, afirmam que existe consciência depois da morte e que somente
então começa a verdadeira consciência e a liberdade do Ego, quando ele então não está
mais impedido pela matéria terrestre.
30
P. 37) Talvez o enfoque anterior surja ao se limitar o termo "consciência" à faculdade
de percepção?
R. 37) Se for assim, o Ocultismo se opõe inteira mente à semelhante visão.
P. 2) São as Quatro Verdades da Escola Hīnayīna, as mesmas que Sir Edwin Arnold
menciona em "A Luz da Ásia16", sendo a primeira delas, a senda do Sofrimento; a segunda, a
causa do Sofrimento; a terceira, a cessação do Sofrimento, e a quarta, a SENDA?
16 Editora Teosófica, Brasília, 2011. (N. E.)
R. 2) Tudo isso é teológico e exotérico; e se encontra em todas as escrituras budistas;
e o mencionado acima parece ter sido tomado do Budismo do Ceilão [atual Sri Lanka] ou do
Sul. Entretanto, o tema está tratado de uma maneira mais completa na Escola Āryasangha
(a Filosofia em que está baseada A Voz do Silêncio). Mesmo ali as quatro verdades têm um
significado para o sacerdote regular de manto amarelo, e outro totalmente diferente para
os verdadeiros místicos.
P. 6) Pela mesma razão, então, se não há diferenciação, não há Māyā? Mas aqui
estamos falando de Māyā como A CAUSA do Universo, de modo que quando deixamos para
trás a diferenciação, poderíamos nos perguntar: "Onde está Mâyā"?
R. 6) Māyā está em todas as partes, e em tudo o que tem começo e fim; por
conseguinte, cada coisa é um aspecto daquilo que é eterno, e nesse sentido, naturalmente,
Māyā mesmo é um aspecto de SAT, ou daquilo que é eternamente presente no Universo,
seja durante o Manvantara ou no Maha-Pralaya. Mas lembrem-se de que foi dito que
mesmo o Nirvāna é apenas Māyā, comparado com o Absoluto.
P. 10) Exceto que podemos nos referir ao hábito como aquilo que poderíamos
chamar o estado atual de existência, e falar do instinto como de uma etapa passada.
R. 10) Qualquer que seja o nome que se lhe dê, somente o cerebelo funciona
quando se dorme, não o cérebro, e os sonhos, emanações ou sentimentos instintivos que
experimentamos em vigília são o resultado de sua atividade.
P. 12) Entretanto, não podemos dizer que o cérebro seja incapaz de registrar
impressões durante o sonho. Um homem dormindo pode ser despertado por um ruído e,
quando desperta, com frequência será capaz de reconstruir seu sonho até a impressão
causada pelo ruído. Este fato parece provar, de forma concludente, a existência da
atividade cerebral durante o sono.
R. 12) Uma atividade mecânica, certamente; se sob tais circunstâncias existe a mais
leve percepção, ou o mínimo lampejo do estado de sonho, a memória entra em jogo e o
sonho pode ser reconstruído. Falando de sonhos, o estado de sonho que está passando
para a vigília foi comparado com as brasas de um fogo em extinção; podemos muito bem
continuar com a analogia e comparar a entrada em ação da memória com uma corrente de
ar que as reativa. Ou seja, que a consciência ao despertar faz retornar a atividade ao
cerebelo, que estava declinando sob o limiar da consciência.
P. 14) Isso quer dizer que os estímulos que procedem do cerebelo durante a vida em
33
vigília caem abaixo do limiar da consciência de vigília, o campo da consciência sendo
inteiramente ocupado pelo cérebro, e isso continua até que sobrevém o sono, quando os
estímulos do cerebelo começam a formar o campo de consciência. Portanto, não é correto
dizer que o cérebro seja a única sede da consciência.
R. 14) Assim é; a função do cérebro é a de polir, aperfeiçoar, ou coordenar as ideias,
enquanto que a do cerebelo é de produzir desejos conscientes, e assim por diante.
P. 15) Evidentemente, temos que ampliar nossa ideia de consciência. Por exemplo,
não há nenhum motivo pelo qual uma planta sensitiva não possa ter consciência. Du Prel,
em seu livro Philosophie der Mystik cita algumas experiências muito curiosas que mostram
um tipo de consciência local, talvez uma classe de conexão reflexa. Ele vai ainda mais longe,
demonstrando, a partir de um grande número de casos bem documentados - tais como os
de clarividentes que podem perceber com a boca do estômago - que o limiar da consciência
é capaz de se estender de maneira ampla muito mais do que estamos acostumados a
pensar, tanto para cima quanto para baixo.
R. 15) Podemos nos congratular com as experiências de Du Prel, como um antídoto
contra as teorias do prof. Huxley, que são absolutamente irreconciliáveis com os
ensinamentos do Ocultismo.
34
(Reunião realizada na Rua Lansdowne, N° 17, Londres, W., em 24 de janeiro de 1889,
sob a presidência do Sr. T. B. Harbottle.)
ESTÂNCIA I [continuação]
Sloka (5) SOMENTE TREVAS PREENCHIAM O TODO SEM LIMITES, POIS PAI, MÃE E
FILHO ERAM MAIS UMA VEZ UM, E O FILHO NÃO HAVIA DESPERTADO AINDA PARA A NOVA
RODA E SUA PEREGRINAÇÃO NELA.
P. 1) São as "Trevas" o mesmo que o "Eterno Pai Espaço" do qual se fala no Sloka 1 ?
R. 1) De modo algum. Aqui o "todo sem limites" é o "Pai-Espaço"; e o Espaço Cósmico
é algo já com atributos, pelo menos potencialmente. As "Trevas", pelo contrário, e nesse
caso, é aquilo sobre o qual não se pode postular nenhum atributo: é o Princípio
Desconhecido preenchendo o Espaço Cósmico.
P. 3) Então, as Trevas não são opostas à Luz, mas à diferenciação, ou melhor, não
podem ser consideradas como um símbolo da Negatividade?
R. 3) As "Trevas" que queremos dizer aqui não podem se opor nem à Luz nem à
Manifestação, já que ambas são os legítimos efeitos da evolução Manvantárica, o ciclo de
Atividade. São as "Trevas sobre a Face do Abismo" do Gênesis: o Abismo sendo aqui "o filho
brilhante do Pai Obscuro" (o Espaço).
P. 4) Significa que não existe Luz, ou simplesmente não há nada para manifestá-la e
ninguém para percebê-la?
R. 4) Ambas as coisas. Em sentido objetivo, tanto a luz como as trevas são ilusões,
(Māyā); neste caso não se trata de Trevas como ausência de Luz, mas como um Princípio
primordial incompreensível que, sendo o próprio Absoluto, não tem forma para nossas
percepções intelectuais, nem cor, nem substancialidade, nem nenhuma outra coisa que
possa expressar-se com palavras.
P. 7) Qual é o significado da frase "Pai, Mãe e Filho eram uma vez mais um"?
R. 7) Significa que os Logoi, o "Pai" não manifestado, a "Mãe" semi manifestada, e o
Universo, que é o terceiro Logos de nossa filosofia, Brahmā, durante o (periódico) Pralaya,
eram mais uma vez; pois a essência diferenciada voltara a ser indiferenciada. A frase, "Pai,
Mãe e Filho" é o antítipo [protótipo] da forma cristã - Pai, Filho e Espírito Santo - o último
dos quais sendo, entre os primeiros cristãos e gnósticos, a feminina "Sophia". Significa que
todas as forças criadoras e sensitivas, e seus efeitos, os quais constituem o Universo,
haviam retornado a seu estado primordial; tudo havia se fundido em um. Durante os
Mahapralayas não existe nada, a não ser o Absoluto.
P. 9) Tomando os últimos termos das três séries, as ideias de Filho, Universo, Homem
e Corpo, eles correspondem um ao outro?
R. 9) Naturalmente que sim.
P. 10) E cada um destes termos é produzido pelo par restante de termos de cada
trindade; por exemplo, o Filho do Pai e da Mãe; os homens da Cadeia e do Universo, etc., e
finalmente no Pralaya o filho se funde novamente com seus pais?
36
R. 10) Antes de a pergunta ser respondida, você deve recordar que não se está
falando do período que precede a assim chamada Criação; mas apenas de quando a
matéria havia começado a diferenciar-se, e não havia assumido ainda nenhuma forma. Pai-
Mãe é um termo composto que representa a Substância Primordial ou Espírito-Matéria.
Quando, através da diferenciação começa a transitar da Homogeneidade para a
Heterogeneidade, transforma-se em positiva e negativa; desse modo, do "estado-Zero" (ou
Laya) converte-se em ativa e passiva, em vez de somente nesta última; e como
consequência desta diferenciação (cuja resultante é a evolução e o subsequente Universo)
o "Filho" é produzido, sendo este "Filho" o mesmo Universo, ou Cosmos manifestado, até
um novo Mahāpralaya.
P. 15) Se é assim, então surge esta outra questão: é possível conceber as forças
centrifuga e centrípeta como forças que existem independentemente dos efeitos que
produzem. Os efeitos são considerados sempre como secundários à causa ou causas.
R. 15) Porém é muito duvidoso se essa concepção pode se sustentar ou aplicar-se à
37
nossa simbologia; se estas forças existem, devem produzir efeitos, e se os efeito cessam, as
forças cessam com eles, mas quem pode conhecê-las?
P. 16) Mas elas existem como entidades separadas para fins matemáticos, não
existem?
R. 16) Isso é algo diferente; existe uma grande diferença entre a natureza e a ciência,
a realidade e o simbolismo filosófico. Pela mesma razão dividimos o homem em sete
princípios, mas isso não significa que ele tenha, digamos assim, sete peles ou entidades ou
almas. Estes princípios são todos aspectos de um único princípio, e mesmo este princípio
não é senão um raio temporal e periódico da Chama ou Fogo Uno, eterno e infinito.
Sloka (7) AS CAUSAS DA EXISTÊNCIA HAVIAM SIDO SUPRIMIDAS; O VISÍVEL QUE FOI E
O INVISÍVEL QUE É REPOUSAVAM NO ETERNO NÃO SER, O ÚNICO SER.
P. 5) Qual é o significado da expressão no sloka 7, "o visível que foi, e o invisível que
é"?
R. 5) "O visível que foi" refere-se ao Universo do Manvantara passado, que passara
para a Eternidade e não mais existia. "O invisível que é" significa a deidade eterna, sempre
presente e invisível, à qual damos muitos nomes, tais como Espaço abstrato, Sat Absoluto,
etc., e da qual em realidade nada conhecemos.
Sloka (8) A FORMA UNA DE EXISTÊNCIA, SEM LIMITES, IINFINITA, SEM CAUSA,
PERMANECIA SOZINHA, EM UM SONO SEM SONHOS; E A VIDA PULSAVA INCONSCIÊNTE NO
ESPAÇO UNIVERSAL, EM TODA A EXTENSÃO DAQUELA ONIPRESENÇA QUE O OLHO ABERTO
DE DANGMA PERCEBE.
P. 5) O termo luz, naturalmente, nunca foi usado para indicar a luz física?
R. 5) Naturalmente que não. Aqui luz é a primeira potencialidade despertando de sua
condição Laya para converter-se em potência; é o primeiro estremecimento na matéria
indiferenciada que a lança na objetividade e num plano a partir do qual começará a
manifestação.
P. 6) Mais adiante, em "A Doutrina Secreta" se diz que a luz se faz visível por meio das
trevas, ou melhor ainda, que as trevas existiam originalmente e que a luz é o resultado da
presença de objetos que a refletem, ou seja, dos objetos do mundo objetivo. Agora, vejamos
um globo de água atravessando uma descarga elétrica; acharemos que esta descarga é
invisível, a menos que na água haja partículas opacas, em cujo caso se verão pontinhos de
luz. Esta é uma boa analogia?
R. 6) É uma ilustração muito clara, creio.
P. 8) É um sentido adicional?
R. 8) De maneira nenhuma; é simplesmente que o sentido da visão pode ser
intercambiado com o sentido do tato.
P. 10) Segundo a fisiologia, parece muito provável que todos os sentidos possam
resolver-se no sentido do tato, que poderia ser chamado o sentido coordenador. Chega-se a
esta dedução a partir de investigações embriológicas, as quais mostram que o sentido do
tato é o primeiro e fundamental sentido, e que todos os demais evolucionam dele. Todos os
sentidos, portanto, são formas de tato mais altamente especializadas ou diferenciadas.
R. 10) Este não é o ponto de vista da Filosofia Oriental; no Anugita, lemos uma
conversação entre "Brahman" e sua esposa com relação aos sentidos, dos quais se diz que
são sete, sendo os outros dois, segundo o Sr. Tribak Telang, e segundo a tradução do prof.
Max Muller, "mente e compreensão"; entretanto, estes termos não transmitem o correto
40
significado dos termos sânscritos. Agora, o primeiro sentido, de acordo com os hindus, está
relacionado com o som. Este dificilmente pode ser o sentido do tato.
P. 13) Mas supondo que o ouvido físico deixasse de ouvir e que uma pessoa
percebesse os sons de maneira clarividente; esta sensação não poderia ser traduzida em
clariaudiência também?
R. 13) Certamente num certo ponto é possível que um sentido se funda no outro.
Deste modo também os sons podem ser traduzidos em gosto. Existem sons que soam
muito "ácidos" na boca de alguns sensitivos, enquanto que outros geram um gosto de
doçura; de fato, toda a escala de sentidos é suscetível de correlação.
41
Reunião realizada na Rua Lansdowne, n° 17, Londres, W., no dia 31 de janeiro de
1889, sob a presidência do Sr. T. B. Harbottle.
ESTÂNCIA I [continuação]
P. 1) Com referência ao sloka (6), onde se fala dos "Sete Senhores", já que é possível
surgir uma confusão com relação à correta aplicação dos termos, qual é a diferença entre
Dhyan-Chohans, Espíritos Planetários, Construtores e Dhyani-Buddhas?
R. 1) Como seriam necessários dois volumes adicionais de A Doutrina Secreta para
explicar todas as Hierarquias, omitiu-se, portanto, das Estâncias e dos Comentários muito
do que está relacionado com elas. No entanto, podemos tentar uma breve definição.
Dhyan-Chohan é um nome genérico para todos os Devas, ou Seres Celestiais. Um Espírito
Planetário é o governante de um planeta, uma espécie de deus finito ou pessoal. Contudo,
existe uma diferença marcante entre os Governantes dos Planetas Sagrados e os
Governantes de uma "pequena" cadeia de mundos como a nossa. Não há uma objeção
séria em se dizer que a Terra tem, entretanto, seis companheiros invisíveis e quatro planos
diferentes, como todo outro planeta, porque a diferença entre eles é vital em muitos
pontos. Digam o que quiserem, nossa Terra nunca foi contada entre os sete planetas
sagrados da antiguidade, embora, na astrologia exotérica popular, fosse o substituto de um
planeta sagrado, agora perdido de vista pelos astrônomos, e, todavia, bem conhecido para
os especialistas Iniciados. Tampouco o Sol e a Luz figuravam nesse número, embora aceitos
na atualidade pela astrologia moderna; porque o Sol é uma Estrela Central, e a Lua, um
planeta morto.
P. 2) Nenhum dos seis globos da cadeia "terrestre” foi contado entre os planetas
sagrados?
R. 2) Nenhum. Estes últimos foram todos planetas em nosso plano, e alguns deles
foram descobertos mais tarde.
P. 3) A senhora não poderia nos dizer algo dos planetas para os quais o Sol e a Lua
foram os substitutos?
R. 3) Não há nenhum segredo nisso, embora nossa moderna astrologia ignore estes
planetas. Há um planeta intramercurial, que se supõe ter sido descoberto, e ao qual foi
dado por antecipação o nome de Vulcano; e o outro, um planeta com um movimento
retrógrado, às vezes visível em certas horas da noite e aparentemente próximo da Lua. A
influência oculta deste planeta é transmitida pela Lua.
P. 6) Estes sete Espíritos Planetários, portanto, nada têm a ver em realidade com a
Terra, exceto ocasionalmente?
R. 6) Pelo contrário, os "Planetários" - que não são os Dhyani-Buddhas - têm tudo a
ver com a Terra, física e moralmente. São eles que governam seu destino e a sorte dos
homens. Eles são os agentes kármicos.
P. 16) A hierarquia de Dhyanis, cuja função é velar por uma Ronda, vigiam durante
seu período de atividade toda a série de globos, ou somente um globo em particular?
R. 16) Há Dhyanis encarnados e Dhyanis que vigiam. Você acabou de ouvir sobre as
funções dos Dhyanis da primeira categoria; os últimos parecem levar a cabo sua tarefa da
maneira seguinte. Cada classe ou hierarquia corresponde a uma das Rondas: a primeira e
inferior hierarquia corresponde à primeira e menos desenvolvida Ronda; a segunda, à
segunda Ronda; e assim sucessivamente até chegar à sétima Ronda, a qual está sob
supervisão da mais elevada Hierarquia dos sete Dhyanis. Por último, eles aparecerão sobre
a Terra, como também o farão alguns dos Planetários, porque toda a humanidade se terá
convertido em Bodhisattvas, seus próprios filhos", ou seja, os "Filhos" do próprio Espírito e
Essência deles ou eles mesmos. Desse modo, há apenas uma diferença funcional entre os
Dhyanis e os Planetários. Uns são inteiramente divinos, os outros são siderais. Os primeiros
são chamados somente Anupãdakas20 sem pais, porque saíram diretamente d'Aquele que
não é nem Pai nem Mãe mas o Logos imanifestado. Eles são, de fato, o aspecto espiritual
dos sete Logoi; e os Espíritos. Planetários são em sua totalidade, como os sete Sephiroth
(sendo os três superiores abstrações supercósmicas, e ocultos na Cabala), e constituem o
homem Celestial, ou Adam Kadmon. Dhyani, no Budismo, é um nome genérico uma
abreviação para todos os deuses. Contudo, deve-se recordar sempre que embora sejam
"deuses", não devem, no entanto, ser adorados.
20 Este termo sânscrito aparece em uma forma mal escrita em muitos lugares de todos os
escritos de H.P.B .. Sua forma correta.e Anupapādaka, de An: não; upa: de acordo com; e da
forma causativa da raiz verbal pad: proceder. Portanto, este termo significa “o que não
procede de acordo com uma sucessão regular”, ou seja, o que e nascido por si mesmo, ou
sem pais. (Nota do Comp.)
P. 18) Existe algum nome que se possa aplicar à Hierarquia ou espírito planetário que
cuida de toda a evolução de nosso próprio globo, tal como Brahmā, por exemplo?
R. 18) Nenhum, exceto o nome genérico, já que é um setenário e uma Hierarquia; em
verdade, a menos que o chamemos, como fazem alguns cabalistas: "o espírito da Terra".
Sloka (9) MAS ONDE ESTAVA O DANGMA QUANDO O ALAYA DO UNIVERSO (Alma
como base de tudo, Anima Mundi) ESTAVA EM PARAMĀRTHA (Absoluto Ser e Consciência,
46
os quais são Absoluto Não Ser e Inconsciência) E A GRANDE RODA ERA ANUPĀDAKA?
47
ESTÂNCIA II
Sloka (1) ...ONDE ESTAVAM OS CONSTRUTORES, OS BRILHANTES FILHOS DA AURORA
DO MANVANTARA? ...NAS TREVAS DESCONHECIDAS EM SEU AR-HI (Chohânico, Dhyani-
Buddhico) PARANISHPANNA, OS PRODUTORES DA FORMA (rūpa), DERIVADA DA NÃO
FORMA (arūpa) - QUE É A RAIZ DO MUNDO -, ADEVAMATRI ("Mãe dos Deuses", Aditi ou
Espaço Cósmico. No "Zohar" é chamada Sephira, a Mãe dos Sephiroth e Shekinah em sua
forma primordial "in abscondito"). E SVABHAVAT, REPOUSAVA NA FELICIDADE DO NÃO SER.
P. 1) Com relação à passagem seguinte: comentário (a) do sloka (2), seria correto
dizer que o que percebemos é um "elemento" diferente da mesma substância? Por
exemplo, quando uma substância se encontra em estado gasoso, poderia se dizer que é o
elemento Ar o que se percebe, e que quando se combinam para formar água, o oxigênio e o
hidrogênio aparecem sob a forma do elemento Água; e quando está em estado sólido, gelo,
48
então percebemos o elemento Terra?
"A ideia de que as coisas podem deixar de existir' ainda SER é fundamental na
psicologia oriental. Sob esta aparente contradição de termos, existe um fato na Natureza; e
é mais importante compreendê-lo do que discutir acerca das palavras. Um exemplo familiar
de um paradoxo semelhante é oferecido pela combinação química. A questão sobre se o
hidrogênio e o oxigênio deixam de existir quando se combinam para formar a água é ainda
discutida.”22
R. 1) Os ignorantes julgam tudo por sua aparência e não pelo que as coisas são em
realidade. Nesta Terra, naturalmente, a água é um elemento completamente distinto de
qualquer outro, usando este último termo no sentido de diferentes manifestações de um
elemento. Os elementos fundamentais, Terra, Ar, Água e Fogo são estados muito mais
abrangentes de diferenciação. Sendo esse o caso, em Ocultismo, a Transubstanciação se
converte em uma possibilidade, observando que nada do que existe é, em realidade, o que
se supõe ser.
P. 5) É curioso ler Schopenhauer e Hartmann e notar como, passo a passo, por meio
de uma estrita lógica e puro raciocínio, eles chegaram às mesmas bases do pensamento
que havia sido adotado há séculos na Índia, especialmente pelo Sistema Vedantino.
Entretanto, pode-se muito bem objetar que eles chegaram a isso pelo método indutivo. Mas
ao menos no caso de Schopenhauer não foi assim. Ele próprio reconhecia que a ideia lhe
veio como um flash; tendo assim obtido sua ideia fundamental, começava a trabalhar para
ordenar seus fatos, de maneira que o leitor imaginasse que aquilo que era em realidade
uma ideia intuitiva, era uma lógica dedução extraída dos fatos.
R. 5) Isso não é apenas verdade para a Filosofia de Schopenhauer, mas também para
todos os grandes descobrimentos dos tempos modernos. Por exemplo, como Newton
descobriu a lei da gravidade? Não foi pela simples queda de uma maçã, nem por uma
elaborada série de experimentos. Tempo virá em que o método platônico não será tão
completamente ignorado e os homens olharão com agrado para os métodos educacionais
que lhes permitirão desenvolver esta que é a faculdade mais espiritual.
50
Reunião realizada na Rua Lansdowne, nº 17, Londres, W., no dia 7 de fevereiro de
1889, sob a presidência do Sr. W. Kingsland.
ESTÂNCIA II [continuação]
Sloka (3) A HORA AINDA NÃO HAVIA SOADO; O RAIO NÃO HAVIA BRILHADO DENTRO
DO GERME; A MĀTRlPADMA (Mãe Lótus) AINDA NÃO INTUMESCERA.
"O raio das 'Trevas Eternas' converte-se, ao ser emitido, em um raio de luz
resplandecente ou vida, e penetra no 'Germe' - o ponto no Ovo do Mundo, representado
pela matéria em seu sentido abstrato.”23
23 A Doutrina Secreta, Vol. I, p. 117. (Nota do trad.)
Sloka (4) SEU CORAÇÃO AINDA NÃO ESTAVA ABERTO PARA RECEBER O RAIO ÚNICO,
E CAIR DEPOIS, COMO TRÊS EM QUATRO, NO REGAÇO DE MĀYĀ.
53
P. 4) Como é que se diz que Hórus e os outros "Deuses-Sol" nasceram "através de uma
Mãe Imaculada"?
R. 4) No primeiro plano de diferenciação não existe sexo, usando o termo por
conveniência, mas ambos os sexos existem potencialmente na matéria primordial. Matéria
é a raiz da palavra "Mãe" e, portanto, é feminina. A matéria indiferenciada, a matéria
primordial não é fecundada por algum ato no espaço e no tempo, pois a fertilidade e a
produtividade são inerentes a ela. Logo, aquilo que emana ou nasce por essa virtude
inerente não nasce "dela", mas "por meio dela". Em outras palavras, tal virtude ou
qualidade é a causa única de que este algo se manifeste através de seu veículo; enquanto
que no plano físico, a Mãe-matéria não é a causa ativa, mas o meio passivo e o instrumento
de uma causa independente.
Na Doutrina Cristã da Imaculada Conceição, uma materialização da concepção
metafísica e espiritual, a mãe é primeiro fecundada pelo Espírito Santo e o Filho nasce dela
e não através dela. "Dela" implica a existência de uma fonte limitada e condicionada da
qual surgir, devendo o ato ter lugar no Tempo e no Espaço. "Através de" é aplicável à
Eternidade e à Infinitude, assim como ao Finito. O Grande Alento palpita através do Espaço,
o qual é ilimitado, e existe na, e não a partir da eternidade.
55
Reunião realizada na Rua Lansdowne 17, Londres, W., no dia 14 de fevereiro de 1889,
sob a presidência do Sr. W. Kingsland.
ESTÂNCIA III
Sloka (1) A ÚLTIMA VIBRAÇÃO DA SÉTIMA ETERNIDADE PALPITA ATRAVÉS DA
INFINITUDE. A MÃE INTUMESCE E SE EXPANDE DE DENTRO PARA FORA COMO O BOTÃO
DO LÓTUS.
56
P. 3) Em que diferem os termos "Radiação" e "Emanação" em A Doutrina Secreta?
R. 3) Em minha opinião, eles expressam duas ideias totalmente diferentes, e são as
melhores interpretações que se puderam encontrar para os termos originais; mas se o
significado corrente for vinculado a eles, a ideia se perderá. A "radiação" é, por assim dizer,
um brotar inconsciente e espontâneo, a ação de algo do qual procede este ato; porém, a
"emanação" é algo no qual se produz outra coisa em um constante fluir, e emana
conscientemente. Um ocultista ortodoxo vai além e diz que o perfume de uma flor emana
dela "conscientemente", embora isso possa parecer absurdo para um profano. A radiação
pode provir do Absoluto; a Emanação não pode. Uma das diferenças consiste na ideia de
que a Radiação, seguramente, cedo ou tarde, será reabsorvida, enquanto que a Emanação
leva a outras emanações e é completamente separada e diferenciada. Naturalmente, ao
final do ciclo do tempo, também a emanação será reabsorvida no Um Absoluto; entretanto,
a emanação continua durante todo o ciclo de mudanças. Uma coisa emana da outra, e, de
fato, de um ponto de vista, emanação equivale à evolução; enquanto "radiação", em minha
opinião representa (no período pré-cósmico, naturalmente) uma ação instantânea, como a
de uma folha de papel aceso debaixo de uma lupa, ato do qual o Sol nada sabe.
Naturalmente, os dois termos são usados na falta de melhores.
P. 9) Existe uma evolução de tipos através dos vários planos de Luz Astral?
R. 9) Você deve deduzir a partir da analogia da evolução da bolota. Da bolota crescerá
um carvalho e este carvalho, como árvore, pode ter mil formas, as quais variam todas umas
das outras. Todas estas formas estão contidas na bolota, e embora a forma que a árvore
tomará dependerá de circunstâncias externas, entretanto o que Aristóteles chamou de
"privação da matéria" existe de antemão nas ondas astrais. Porém, o germe numenal do
carvalho existe além do plano da Luz Astral; é somente a imagem subjetiva dele que já
existe na Luz Astral, e o desenvolvimento do carvalho é o resultado do desenvolvimento do
protótipo na Luz Astral, desenvolvimento que procede dos planos superiores para os
inferiores, até que no plano mais baixo tem sua última consolidação e desenvolvimento da
forma. E aqui reside a explicação do fato curioso, segundo a afirmação vedantina, de que
cada planta tem seu Karma e que seu crescimento é o resultado deste Karma. Este Karma
provém dos Dhyan-Chohans inferiores que traçam o plano de desenvolvimento da árvore.
P. 12) É possível dizer que o Manu está relacionado com cada Manvantara, assim
como o Primeiro Logos o está com o Mahāmanvantara?
R. 12) É possível dizer isso, se você quiser.
P. 15) Então, o que a senhora quer dizer com o termo Manvantara, ou, como a
senhora explicou, ''Manu-antara'' ou "entre dois Manus"?
R. 15) Significa simplesmente um período de atividade e não se emprega em nenhum
sentido limitado e definido. Vocês têm de deduzir a partir do contexto da obra que estão
estudando, qual é o significado de Manvantara, recordando também que o que é aplicável
a um período menor, aplica-se também a um maior, e assim reciprocamente.
62
Reunião realizada na Rua Lansdowne, nº 17, W., no dia 21 de fevereiro de 1889, sob
a presidência do Sr. W. Kingsland.
Sloka (3) AS "TREVAS" IRRADIAM LUZ, E A LUZ EMITE UM RAIO SOLITÁRIO NAS
ÁGUAS, DENTRO DAS PROFUNDEZAS DA MÃE. O RAIO ATRAVESSA O OVO VIRGEM; FAZ O
OVO ETERNO ESTREMECER, E DESPRENDE O GERME NÃO ETERNO (periódico) QUE SE
CONDENSANO OVO DO MUNDO.³2
32 A Doutrina Secreta, Vol. I, p. 117. (Nota do trad.)
P. 1) Por que se diz que a Luz emite um raio solitário dentro das águas, e como este
raio é representado em relação com o Triângulo?
R. 1) Não obstante que muitos Raios possam parecer existir neste plano, quando são
retraídos à sua fonte original, eles finalmente serão decompostos em uma unidade, como
as sete cores prismáticas, as quais procedem todas do, e se decompõem no único raio
branco. Do mesmo modo, este Raio uno solitário se desenvolve nos sete raios (e suas
inumeráveis subdivisões) apenas no plano da ilusão. Ele é representado relacionado com o
Triângulo devido a que o Triângulo é a primeira figura geométrica perfeita. Como disse
Pitágoras, e é dito também na Estância, o Raio (a Mônada pitagórica) descendo do "não
63
lugar" (Aloka), lança-se como uma estrela cadente através dos planos do "não ser" no
primeiro mundo do ser, dando origem ao Número Um; então, ramificando-se, à direita
produz o Número Dois; voltando-se novamente sobre si para formar a linha de base, gera o
Número Três, e daí ascende novamente até o Número Um, e finalmente desaparece ali,
para entrar nos reinos do "não ser", como demonstrou Pitágoras.
P. 1) É a "Essência Radiante" o mesmo que "Ovo luminoso"? Qual é a Raiz que cresce
no oceano da vida?
R. 1) A essência radiante, o luminoso ou Dourado Ovo de Brahmā, ou de novo,
Hiranyagarbha, são idênticos. A Raiz que cresce no Oceano da Vida é a potencialidade que
transforma em matéria objetiva diferenciada o germe universal, subjetivo, ubíquo, e, no
entanto, homogêneo, ou a eterna essência que contém em si a potência da natureza
abstrata. O Oceano da Vida é, de acordo com um termo da Filosofia Vedanta, se não me
engano, a "Vida Una", Paramātmā, quando se quer indicar a Alma Suprema; e Jivātmā,
quando falamos do "alento de vida" físico ou animal, ou, por assim dizer, a alma
diferenciada; em suma, aquela vida que dá origem ao átomo e ao Universo, à molécula e ao
homem, ao animal, à planta e ao mineral.
"A Essência Radiante se coagula e se expande através dos abismos do Espaço". De um
ponto de vista astronômico, isto é fácil de explicar: é a Via Láctea, o material do mundo, ou
a matéria primordial em sua forma primitiva.
P. 5) Qual é o significado das frases alegóricas "o bater do oceano (ou a "malaxação
dos oceanos) e a "vaca da abundância" dos hindus, e que correspondência existe entre elas
e a "guerra no céu"?
R. 5) Um processo que começa no estado de "não ser" e termina no encerramento do
Mahā-Pralaya dificilmente pode ser explicado com poucas palavras ou mesmo em volumes.
É simplesmente uma representação alegórica das inteligências primárias invisíveis e
desconhecidas, os átomos da ciência oculta, o próprio Brahmā sendo chamado Anu ou o
65
Átomo, que modela ou diferencia o oceano sem praias da radiante essência primordial. A
relação entre "o bater do oceano" e a "guerra no céu" é um tema muito vasto e abstruso de
se tratar. Para dizê-lo em seu aspecto simbólico mais inferior, esta "guerra no céu" continua
na eternidade. Diferenciação é contraste, o equilíbrio dos contrários: e enquanto isso
existir, haverá "guerra" ou luta. Naturalmente que existem diferentes etapas ou aspectos
desta guerra: como, por exemplo, a astronômica e a física. Para todos e para tudo que
nasce em um Manvantara, há "guerra no céu" e também na Terra: para os catorze Manus
Raiz e Semente que presidem nosso ciclo manvantárico e para as incontáveis Forças,
humanas e outras, que deles procedem. Há uma perpétua luta de ajuste, porque tudo
tende a harmonizar-se e equilibrar-se; de fato, deve ser assim, antes que possa assumir
uma forma qualquer. Os elementos dos quais somos formados, as partículas de nossos
corpos, estão em contínua guerra, um atropelando o outro e mudando a cada instante.
Quando do "bater do oceano" pelos deuses, vieram os Nagas e alguns roubaram a Amrita -
a água da Imortalidade - e então surgiu a guerra entre os deuses e os Asuras, os não
deuses, e os deuses foram vencidos. Isto se refere à formação do Universo e à
diferenciação da matéria primordial. Porém, deve ser recordado que este é apenas o
aspecto cosmológico, um dos sete significados. A "guerra no céu" tem também uma
imediata referência com a evolução do princípio intelectual da humanidade. Esta é uma
chave metafísica.
P. 6) Por que nas Estâncias são usados tantos números e qual é realmente o segredo
de eles serem tão livremente usados nas Escrituras mundiais - na Bíblia e nos Purānas, por
Pitágoras e pelos Sábios ários?
R. 6) Balzac, o inconsciente ocultista da literatura francesa, diz em algum lugar que: "o
Número é para a Mente, o mesmo que para a matéria, um agente incompreensível". Mas
eu responderia: talvez seja assim para o profano, nunca para a mente de um Iniciado. O
Número é, como o grande escritor pensou, uma Entidade, e ao mesmo tempo, um Alento
(Sopro) que emana daquilo que ele chamou de Deus e que nós chamamos o TODO; o
Alento único que pôde organizar o Cosmos físico, "onde nada obtém sua forma, a não ser
através da Deidade, que é um efeito do Número”³4 - "Deus geometriza" diz Platão.
34 A Doutrina Secreta, VoI I, p. 125. (Nota do trad.)
67
Reunião realizada na Rua Lansdowne, nº 17, Londres, W., no dia 28 de fevereiro de
1889, sob a presidência do Sr. W. Kingsland.
P. 3) Em que relação acha-se o Sol, a mais elevada forma de Fogo que reconhecemos,
com o Fogo como a senhora o explicou?
R. 3) O Sol, como está em nosso plano, não é nem mesmo fogo "Solar". O Sol que
vemos não dá nada de si, porque é um reflexo; um feixe de forças eletromagnéticas, uma
das incontáveis miríades de "Nós de Fohat" Fohat é chamado "o fio da Luz primeva", de
fato, "a Bola do fio de Ariadne” neste labirinto de matéria caótica. Este fio corre através dos
sete planos, atando-se em nós39. Sendo cada plano um setenário, há, portanto, quarenta e
nove forças místicas e físicas, os nós mais amplos formando estrelas, sóis e sistemas, os
menores, os planetas, e assim por diante.
39 No original em inglês: "Knots", plural de nó. (Nota do trad.)
P. 5) Que conexão tem o "peso", no sentido que a senhora usa, com a gravidade?
R. 5) Por "peso" queremos dizer a gravidade no sentido oculto de atração e repulsão.
É um dos atributos da diferenciação e é uma propriedade universal. Por meio da atração e
da repulsão entre matéria em vários estados, é possível, na maioria dos casos, explicar
(enquanto que a "lei da gravidade" é insuficiente para fazê-lo) a relação que assumem as
caudas dos cometas quando se aproximam do Sol: vendo que atuam visivelmente de forma
contrária a esta hipótese.
70
Sloka (7) VÊ, Ó LANU! O RADIANTE FILHO DOS DOIS, A GLÓRIA REFULGENTE E SEM
PAR: O ESPAÇO LUMINOSO, FILHO DO ESPAÇO ESCURO, QUE SURGE DAS PROFUNDEZAS
DAS GRANDES ÁGUAS SOMBRIAS. É O OEAOHOO, O MAIS JOVEM, O *** ("Que tu conheces
agora como Kwan-Shai-Yin.") ELE BRILHA COMO O SOL. É O RESPLANDECENTE DRAGÃO
DIVINO DA SABEDORIA. O EKA (um), É CHATUR (quatro), E CHATUR TOMA PARA SI TRÊS, E A
UNIÃO PRODUZ O SAPTA (sete), NO QUAL ESTÃO OS SETE QUE VÊM A SER OS TRIDASA (os
três vezes dez), AS HOSTES E AS MULTIDÕES. CONTEMPLA-O LEVANTANDO O VÉU E
DESDOBRANDO-O DE ORIENTE A OCIDENTE. ELE OCULTA O ACIMA, E DEIXA VER O ABAIXO
COMO A GRANDE ILUSÃO. ASSINALA OS LUGARES PARA OS RESPLANDECENTES (estrelas) E
CONVERTE O SUPERIOR (espaço) NUM OCEANO DE FOGO SEM PRAIAS, E O UNO
MANIFESTADO (elemento) NAS GRANDES ÁGUAS.41
41 A Doutrina Secreta, Vol. I, p. 128, 129. (Nota do trad.)
P. 1) Quais são os termos que correspondem aos três Logoi entre as palavras
Oeaohoo, o mais jovem; Kwan-Shai-Yin; Kwan-Yin; Pai-Mãe; Fogo e Água; Espaço Radiante
e Espaço Escuro?
R. 1) Cada um deve resolver isso por si mesmo; "Kwan-Shai-Yin assinala os lugares
para os resplandecentes, as estrelas, e converte o espaço superior em um mar de fogo sem
praias, e o uno manifestado nas grandes Águas". Meditem bem nisto. O Fogo representa o
Espírito oculto, a Água é sua progênie, ou umidade, ou os elementos criadores aqui sobre a
Terra, a crosta externa, e, interiormente, os princípios evolucionantes ou criadores, ou os
princípios mais internos. Os ilusionistas provavelmente diriam "acima".
P. 6) Mas o que a senhora quer dizer com este termo: A eletricidade não é também
uma entidade?
R. 6) Eu não a chamaria assim. A palavra Entidade vem da raiz latina ens, que significa
"ser", do verbo ser"; portanto, tudo que não depende de outra coisa é uma "entidade",
desde um grão de areia até Deus. Mas em nosso caso, somente Fohat é uma entidade,
tendo a eletricidade unicamente um significado relativo se tomada no sentido científico
atual.
P. 7) Não é a eletricidade cósmica um filho de Fohat, e seus "Sete Filhos" não são
entidades?
R. 7) Temo que não. Falando do Sol, podemos chama-lo uma Entidade, mas
dificilmente diríamos que um raio de sol, que deslumbra nossos olhos é também uma
entidade. Os "Filhos de Fohat” são as várias Forças que tem a vida fohática ou Vida elétrica
cósmica em sua essência ou ser, e em seus vários efeitos. Um exemplo: friccione o âmbar,
uma Entidade Fohática - e ele dará origem a um "Filho" que atrairá a palha: desse modo um
72
objeto aparentemente inanimado e inorgânico manifesta vida. Mas friccionemos uma
urtiga entre o polegar e o indicador e você também irá gerar um Filho de Fohat na forma de
uma bolha. Nestes casos, a bolha é uma Entidade, mas a atração que atrai a palha,
dificilmente pode-se dizer que seja.
P. 3) Se a Via Láctea é uma manifestação desta "matéria do mundo", como é que ela
não é vista em todo o céu?
73
R. 3) E por que não seria a parte mais contraída e, portanto, a mais condensada, a
única que se vê? Esta se transforma em "nós" e passa pela etapa solar, as etapas cometária
[relativo a "cometa"] e planetária, até converter-se finalmente em um corpo morto, ou uma
lua. Também há várias classes de sóis. O Sol do Sistema Solar é um reflexo. Ao final do
Manvantara solar, ele começará a ser cada vez menos radiante, dando cada vez menos
calor, devido a uma mudança no Sol verdadeiro, do qual o Sol visível é um reflexo. Após o
Pralaya solar, em um Manvantara futuro, o Sol atual se converterá em um corpo
cometário, mas certamente não durante a vida de nossa pequena cadeia planetária. O
argumento obtido de uma análise do espectro estelar não é sólido, porque não se leva em
conta a passagem da luz através da poeira cósmica. Isto não quer dizer que não há
diferença real no espectro das estrelas, ma que a reconhecida presença de ferro ou sódio
em qualquer estrela particular pode ser devida à modificação dos raios de tal estrela pela
poeira cósmica com a qual a Terra está rodeada.
P. 4) O poder perceptivo de uma formiga acerca das cores, por exemplo, não diferirá
de nossos poderes de percepção, simplesmente devido a condições fisiológicas?
R. 4) Certamente a formiga pode apreciar os sons que nós captamos, mas ela também
pode apreciar os sons que não ouvimos, e evidentemente a fisiologia não tem nada a ver
com a matéria. Nós e as formigas possuímos graus diferentes de percepção. Nós estamos
em uma escala superior de evolução, porém, comparativamente falando, somos como as
formigas em relação ao plano superior.
74
Reunião realizada na Rua Lansdowne, nº 17, Londres, W., em 7 de março de 1889; sob
a presidência do Sr. W. Kingsland.
P. 1) Espírito e Matéria são os extremos opostos da mesma Tela; Luz e Trevas, Frio e
Calor, Vazio ou Espaço e plenitude de tudo o que existe são também opostos. Em que
sentido estes três pares de opostos estão associados ao Espírito e à Matéria?
R. 1) No sentido de que tudo o que existe no Universo está associado ou com a
Matéria ou com o Espírito, tomando-se como elemento permanente um dos dois ou
ambos. A Matéria pura é Espírito puro, e isso não pode ser compreendido, mesmo se
admitido por nossos intelectos finitos. Nem a Luz nem as Trevas, como efeitos óticos, são
matéria; nem são espírito, mas são as qualidades daquela (matéria).
Sloka (11) ELA (a Tela) EXPANDE-SE QUANDO O ALENTO DE FOGO (o Pai) ESTÁ SOBRE
ELA; E SE CONTRAI QUANDO O ALENTO DA MÃE (a raiz da Matéria) A TOCA. ENTÃO OS
FILHOS (os Elementos com seus respectivos Poderes ou Inteligências) SE SEPARAM E SE
ESPALHAM, PARA VOLTAREM AO SEIO DE SUA MÃE NO FIM DO "GRANDE DIA",
TORNANDO-SE DE NOVO UNOS COM ELA. QUANDO ELA (a Tela) ESFRIA, ELA SE TORNA
RADIANTE, SEUS FILHOS SE DILATAM E SE RETRAEM DENTRO DE SI MESMOS E DE SEUS
CORAÇÕES; ELES ABRANGEM O INFINITO.44
44 A Doutrina Secreta, Vol. I, p. 138, 139. (Nota do trad.)
P. 4) Mas o Sr. Wallace não demonstra que tal imitação tem seu objetivo na
Natureza? Que é justamente isso o que comprova a teoria da "seleção natural" e o instinto
inato nas criaturas mais fracas de buscar segurança atrás da aparência emprestada de
certos objetos? Os insetívoros que não se alimentam de folhas e plantas deixarão desse
modo a salvo de ataque um inseto parecido com uma folha ou com um musgo. Isso parece
muito plausível.
R. 4) Muito plausível, realmente, se, além de fatos negativos, não houvesse uma
evidência muito positiva para demonstrar o inadequado da teoria da seleção natural para
explicar o fenômeno da imitação. Para que um fato se sustente, deve mostrar-se aplicável,
se não universalmente, pelo menos sob as mesmas condições; exemplo: a correspondência
e identidade de cores entre os animais de uma mesma localidade e o solo dessa região
seriam uma manifestação geral. Mas o que podemos dizer do camelo do deserto, com sua
vestimenta da mesma cor "protetora" das planícies em que vive, e da zebra, cujas intensas
listras escuras não a podem proteger nas abertas planícies da África do Sul, como admitia o
mesmo Sr. Darwin.
A ciência nos assegura que esta imitação da cor do solo encontra-se invariavelmente
nos animais mais fracos, e, no entanto, encontramos o leão - que não precisa temer
nenhum inimigo mais forte do que ele no deserto - com uma roupagem que dificilmente
pode distingui-lo das rochas e das planícies arenosas de onde vive! Pedem-nos para
acreditar que esta "imitação de cores protetoras é originada pelo uso e o beneficio que
oferece ao imitador", como "uma arma potente na luta pela vida"; e, contudo, a
experiência diária nos mostra exatamente o contrário. Assim, aponta para uma quantidade
de animais nos quais as formas mais pronunciadas de faculdade imitativa (mimetização) são
inteiramente inúteis, ou, pior ainda, prejudiciais e muitas vezes autodestrutivas. Que
benefício, pergunto, é a imitação da fala humana para a pega45 e o papagaio, exceto o de
levá-los a ser encerrados numa gaiola? Que utilidade tem para o macaco sua capacidade
mímica, que traz tanta dor a muitos deles e, às vezes, grandes lesões corporais e
autodestruição; ou a um rebanho de mansas ovelhas, que seguem cegamente a seu guia,
78
inclusive quando este cai em um precipício? Este desejo não reprimido (também de imitar
seus líderes) levou mais de um desafortunado darwinista a fazer as mais incongruentes e
absurdas declarações, ao buscar as provas para seu hobby favorito.
45 No original em inglês: magpie; "pegas" são aves da família corvidae (diferente da do corvo, que é
"corvus"), incluindo.o pega-rabuda o branco e preto, que é uma das poucas espécies animais capazes de
reconhecerem a si mesmas em um teste do espelho, também chamado pica-pica. (Nota do trad.)
Assim, nosso amigo haeckeliano, Sr. GrantAllen, em sua obra a respeito do tema que
se debate, fala de um certo lagarto indiano, abençoado com três grandes parasita de
diferentes espécies. Cada um destes três imita perfeitamente a cor da parte do corpo em
que vive; o parasita do estômago dessa criatura é amarelo como o estômago; o segundo
parasita, tendo escolhido seu habitat nas costas, tem cores tão variadas como as lâminas
(escamas) dorsais; enquanto que o terceiro parasita, tendo escolhido sua morada na cabeça
marrom do lagarto, quase não se distingue dele pela cor. Esta cuidadosa cópia das
respectivas cores, diz o Sr. G. Allen, tem o propósito de proteger os parasitas do próprio
lagarto. Mas, seguramente, este esforçado campeão da seleção natural não tem a intenção
de dizer a seu público que o lagarto pode ver o parasita que está sobre sua própria cabeça!
E, por último, que utilidade tem a cor vermelha brilhante para o peixe que vive entre os
bancos de corais, ou para a diminuta Ave do Paraíso, o colibri, cuja plumagem de matizes
irisados imita todas as cores brilhantes da fauna e flora tropicais - exceto para torná-los
mais perceptíveis?
P. 6) A senhora poderia nos dar alguma explicação, do ponto de vista oculto, sobre a
chamada" Lei da Gravidade"?
R. 6) A ciência insiste em que entre os corpos a atração é diretamente proporcional à
massa e inversamente proporcional ao quadrado da distância. Entretanto os ocultistas têm
dúvidas sobre se essa lei se sustenta com relação à totalidade da rotação planetária.
Consideremos a primeira e a segunda lei de Kepler incluídas na lei de Newton, segundo diz
Herschel46:
46 (Sir John F. W. Herschel, Treatise on Astronomy, New ed., Londres, 1851; Cap. VII, p. 237, 238. (Nota do
comp.)
"...sob a influência de tal força de atração que faz com que dois corpos esféricos
se atraiam mutuamente, cada um deles, ao mover-se na proximidade do outro, será
desviado em uma órbita côncava até o outro, e descreverá - um ao redor do outro,
considerando o outro como fixo, ou os dois ao redor de seu centro comum de
gravidade - curvas cujas formas estão limitadas às figuras que em geometria se
79
conhecem com o nome geral de seções cônicas. Dependera [...] das circunstâncias
particulares de velocidade, distância e direção, qual destas curvas será descrita, seja
uma elipse, um círculo, uma parábola, ou uma hipérbole; mas deve ser uma ou
outra..."
P. 7) Deve Fohat ser entendido como sinônimo de força, ou daquilo que causa a
cambiante manifestação da matéria? Se assim for, como se pode dizer que Fohat "o deixa
seguir seu próprio novo crescimento", quando todo desenvolvimento depende da força
interior?
R. 7) Todo crescimento depende da força interior, porque neste nosso plano é
somente esta força que atua conscientemente. A Força universal não pode ser considerada
como consciente, no sentido em que compreendemos a palavra consciência, porque se
converteria imediatamente em um deus pessoal. Apenas aquilo que está encerrado na
forma, uma limitação da matéria, é que está consciente de si mesmo neste plano. Não se
pode dizer que esta Força Livre ou Vontade, que é ilimitada e absoluta, atue
compreensivamente, porém é a única e exclusiva Lei imutável da Vida e do Ser.
Portanto, fala-se de Fohat como do poder motor que sintetiza todas as forças vitais
80
aprisionadas ,e como o meio entre a Força absoluta e a condicionada. É um elo, assim
como Manas é o elo de conexão entre a matéria densa do corpo físico e a divina Mônada
que o anima, mas que não tem poder para atuar diretamente sobre a forma.
R. 8) Por que seria o calor, em qualquer outro plano que não seja o nosso, a
percepção da matéria ou substância em movimento? Por que um ocultista deveria aceitar a
condição (1) de uma força atuante; (2) uma forma sobre a qual atua a força; (3) aquilo que
percebe a forma em movimento, como condições de calor? Assim como, à medida que os
planos ascendem, a heterogeneidade tende cada vez mais para a homogeneidade, assim
também, no sétimo plano, a forma desaparecerá, não haverá nada sobre o que atuar, e a
Força permanecerá em solitária grandeza, para perceber somente a si mesma; ou, segundo
a fraseologia de Spencer, converter-se-á em "sujeito e objeto, o percebedor e o percebido",
os dois juntos. Os termos que se usam não são contraditórios, mas símbolos tomados da
ciência física para esclarecer a ação e os processos ocultos à mente dos que estão treinados
nessa ciência. De fato, cada uma destas definições de calor e de força correspondem a um
dos princípios do homem.
Os "centros de calor", do ponto de vista físico, seriam o ponto zero, porque são
espirituais.
A palavra "percebido" é um tanto errônea, seria melhor dizer "sentido". Fohat é o
agente da lei, o representante dos Mānasa-putras, cuja coletividade é a mente eterna.
81
P. 10) Fala-se dos filhos que se desagregam e se dispersam. Isso parece estar em
oposição à grande ação de "voltar ao seio de sua mãe" ao final do "Grande Dia". A
dissociação e a dispersão referem-se à formação do globo a partir da matéria do mundo
universalmente espargida, que, em outras palavras, emerge do Pralaya?
R. 10) A dissociação e a dispersão referem- ao Nitya Pralaya. Este é um eterno e
perpétuo Pralaya que ocorre sempre, desde quando houve globos e matéria diferenciada. É
simplesmente uma mudança atômica.
P. 11) O que se quer dizer com a expressão "se dilatam e se contraem dentro de si
mesmos e em seus corações", e como isso está relacionado com a última linha do Sloka
"eles abarcam o infinito"?
R. 11) Isso já foi explicado. Através de suas forças aprisionadas e inerentes, eles
lutam coletivamente para unirem-se a força una universal ou força livre, ou seja, para
abarcarem o Infinito, sendo infinita esta força livre.
82
Reunião realizada na Rua Lansdowne, nº 17, Londres, W., no dia 14 de março de 1889,
sob a presidência do Sr. W. Kingsland.
ESTÂNCIA IV
Sloka (1) ESCUTAI, Ó FILHOS DA TERRA, OS VOSSOS INSTRUTORES, OS FILHOS DO
FOGO. SABEI QUE NÃO HÁ PRIMEIRO NEM ULTIMO; PORQUE TUDO É UM NÚMERO QUE
PROCEDE DO NÃO NÚMERO.48
48 A Doutrina Secreta, Vol. I, p. 140. (Nota do trad.)
Sloka (2) APRENDEI O QUE NÓS QUE DESCENDEMOS DOS SETE PRIMORDIAIS, NÓS,
QUE NASCEMOS DA CHAMA PRIMORDIAL, TEMOS APRENDIDO DE NOSSOS PAIS.50
50 A Doutrina Secreta, Vol. I, p 142. (Nota do trad.)
"Os primeiros 'Primordiais' são os Seres mais elevados na Escola da Existência... "Os
Primordiais procedem do 'Pai-Mãe'."
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P. 1) O Pai-Mãe é aqui sinônimo do Terceiro Logos?
R. 1) Os primeiros sete primordiais nascem do Terceiro Logos. Isto acontece antes que
ele seja diferenciado na Mãe, quando se converte em matéria primordial pura em sua
primeira essência primária, potencialmente Pai-Mãe. A Mãe converte-se na mãe imaculada
apenas quando a diferenciação entre espírito e matéria está completa. De outro modo não
existiria tal distinção. Ninguém falaria do espírito puro como imaculado, porque não pode
ser de outro modo. A mãe é, então, a matéria imaculada antes de sua diferenciação sob o
sopro do Fohat pré-cósmico, quando se converte na "mãe imaculada" do "Filho" ou o
Universo manifestado, na forma. É com este último que começa a hierarquia que terminará
na Humanidade ou homem.
Sloka (4) ESTE ERA O EXÉRCITO DA VOZ - O SETENÁRIO DIVINO, AS CENTELHAS DOS
SETE ESTÃO SUJEITAS AO/E SÃO AS SERVAS DO/PRIMEIRO, SEGUNDO, TERCEIRO, QUARTO,
QUINTO, SEXTO E DO SÉTIMO DOS SETE. ESTAS (as "centelhas") SAO CHAMADAS ESFERAS,
TRIÂNGULOS, CUBOS, LINHAS E MODELADORES; POIS ASSIM SE MANTÉM O ETERNO
NIDĀNA - O OI-HA-HOU (a permutação de Oeaohoo).52
85
52 A Doutrina Secreta Vol. I, p. 146. (Nota do trad.)
P. 2) Qual o significado da frase do sloka 3, que começa: "As centelhas,..."? (ver Sloka
4, acima)
R. 2) As centelhas significam os Raios tanto para a inteligência inferior como para as
centelhas humanas ou Mônadas. Refere-se ao círculo e aos dígitos, e equivale dizer que os
números 3 1 4 5, como aparecem na página 144, Vol. I), estão todos sujeitos à
circunferência e ao diâmetro do círculo.
P. 3) Por que se diz que Sarasvati (a deusa da fala) é também a deusa da sabedoria
esotérica? Se a explicação se encontra no significado da palavra Logos, por que então há
uma diferença entre a mente imóvel e a fala móvel? A Mente equivale a Mahat, ou ao
Manas Superior e Inferior?
R. 3) A questão é bem complexa. Sarasvati, a deusa hindu, é o mesmo que Vāch, cujo
nome significa a Fala e que é, esotericamente, o feminino de Logos. A segunda pergunta
parece bastante complicada. Acredito que é porque o Logos ou a Palavra é chamado a
sabedoria encarnada, "a Luz que brilha na escuridão". A diferença reside entre o imóvel e
eternamente imutável TODO, e a Fala ou Logos móvel, ou seja, o periódico e o manifestado.
Pode referir-se à Mente Universal ou à mente individual, a Mahat, ou a Manas superior, ou
mesmo inferior, o Kama-Manas ou Mente-Cérebro. Porque aquilo que é desejo, impulso
instintivo no inferior, converte-se em pensamento no Superior. O primeiro encontra
expressão nos atos; o segundo, nas palavras. Esotericamente, o pensamento é mais
responsável e punível que a ação. Mas exotericamente acontece o contrário. Portanto,
segundo a lei humana corrente, castiga-se mais severamente um assalto que o pensamento
ou intenção, isto é, a ameaça, enquanto que karmicamente é o contrário.
P. 4) "Deus Geometriza", diz Platão, mas vendo que não existe um Deus pessoal, como
é que o processo de formação se faz por Pontos, Linhas, Triângulos, Cubos, Círculos, e
finalmente Esferas? E como, quando a esfera deixa a condição estática, a força inerente do
Alento afaz dar voltas rapidamente?
R. 4) O termo "Deus" - a menos que se refira à Deidade Desconhecida ou
Absolutividade, da qual dificilmente pode supor-se que esteja atuando de alguma maneira -
nas filosofias antigas sempre significou o conjunto das Forças da Natureza ativas e
inteligentes. A palavra "Floresta" é singular, entretanto é um vocábulo que expressa a ideia
de milhares e mesmo milhões de árvores de diferentes classes. Os materialistas podem
optar por dizer "a Natureza", ou, melhor ainda, "a Lei geometriza" se assim preferirem. Mas
nos dias de Platão, o leitor comum dificilmente teria compreendido a distinção metafísica e
o significado real. No entanto, a verdade da Natureza sempre "geometrizando" pode ser
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descoberta facilmente. Aqui está um exemplo: O Calor é a modificação dos movimentos ou
partículas de matéria. Mas é lei física e mecânica que as partículas ou corpos, em
movimento sobre si mesmos, assumam uma forma esferoidal - isto, desde um globo
planetário até uma gota de chuva. Observem os flocos de neve, que, juntamente com os
cristais, nos mostram todas as formas geométricas existentes na Natureza. Tão logo cessa o
movimento, altera-se a forma esferoidal; ou, como nos diz Tyndall, torna-se uma gota
plana, e a gota forma um triângulo equilátero, um hexágono e assim sucessivamente.
Observando-se a fragmentação das partículas de gelo de uma grande massa através da qual
ele [Tyndall] fez passar raios calóricos, notou que a primeira forma assumida pelas
partículas foi triangular ou piramidal, depois cúbica e finalmente hexagonal, etc. Assim,
mesmo a moderna ciência física corrobora Platão e justifica sua proposição.
P. 5) Quando Tyndall pegou um grande bloco de gelo e lançou um poderoso raio sobre
ele e daí para uma tela, foram vistas formas de samambaias e de outras plantas. Qual é a
razão disso?
R. 5) Em realidade, esta pergunta deveria ser dirigida primeiro ao prof. Tyndall, que
daria uma explicação científica para ela, e talvez já a tenha dado. Mas o Ocultismo o
explicaria dizendo que o raio ajudou a mostrar as formas astrais que estavam se
preparando para constituir as futuras samambaias e plantas, ou que o gelo havia
conservado o reflexo das samambaias e plantas reais e que já havia sido refletido nele. O
gelo é um grande mago, cujas propriedades ocultas são tão pouco conhecidas como as do
Ether. Está relacionado ocultamente com a luz astral, e, sob certas condições, pode refletir
certas imagens da região astral invisível, assim como a luz e uma placa sensibilizada podem
refletir as estrelas que não podem ser percebidas, mesmo por um telescópio. Isto é bem
conhecido pelos doutos Iogues que habitam no gelo eterno de Badrinath e nos Himalaias.
De qualquer modo, o gelo tem certamente a propriedade de conservar as imagens de
coisas estampadas em sua superfície, sob certas condições de luz, imagens que são
conservadas invisivelmente até que ele se derreta. O aço fino tem a mesma propriedade,
embora seja de uma natureza menos oculta. Se você observasse o gelo a partir da
superfície, estas formas não seriam vistas. Mas uma vez que ao decompor o gelo com calor
você lida com as forças e as coisas que estavam impressas nele, você então descobre que
ele emite estas imagens e as formas aparecem. Não é senão um elo que conduz a outro elo.
Tudo isso, naturalmente, não é ciência moderna; entretanto, é um fato e uma verdade.
Sloka (6) ...EM SEGUIDA, OS SEGUNDOS SETE, QUE SÃO OS LIPlKAS, PRODUZIDOS
PELOS TRÊS (Palavra, Voz e Espírito). O FILHO REJEITADO E UM, OS "FILHOS-SÓIS" SÃO
INUMERÁVEIS.54
54 A Doutrina Secreta, Vol. I p. 155 (Nota do trad.)
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