Sistema Solar
Sistema Solar
Sistema Solar
Arthur E. Powell
O SISTEMA SOLAR
Editora Pensamento
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AUTORES CITADOS
Livro Autor Edição
O Plano Astral C. W. Leadbeater 1910
Changing World A. Besant 1909
O Plano Devacânico C. W. Leadbeater 1902
O Lado Oculto das Coisas, Tomo I C. W. Leadbeater 1913
Initiation the Perfecting of Man A. Besant 1912
A Vida Interna, Tomo I C. W. Leadbeater 1910
A Vida Interna, Tomo II C. W. Leadbeater 1911
Homem: de Onde, Como e para Onde? A B. e C. W. L 1913
Os Mestres e a Senda C. W. Leadbeater 1924
O Pedigree do Homem A. Besant 1904
Pyramids and Stonehenge A. P. Sinnett 1912
A História da Atlântida e da Lemúria Scott-Elliot 1925
Os Sete Princípios do Homem A. Besant 1904
Talks on the Path of Occultism A. B. e C. W. L 1926
Livro Texto de Teosofia C. W. Leadbeater 1914
Teosofia A. Besant -
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ÍNDICE
Introdução 04
Capítulo I Os Globos 08
Capítulo II As Rondas 11
Capítulo III As Cadeias 13
Capítulo IV Os Esquemas da Evolução 16
Capítulo V O Sistema Solar 19
Capítulo VI A Construção do Sistema Solar 21
Capítulo VII O Logos Solar e os Logos Planetários 27
Capítulo VIII As Correntes de Vida 32
Capítulo IX As Metas das Nossas Sete Cadeias 38
Capítulo X Os Graus do Êxito 42
Capítulo XI As Raças e as Sub-raças 45
Capítulo XII A Ronda Interior 49
Capítulo XIII Os Dias do Juízo 54
Capítulo XIV A Involução e a Evolução 64
Capítulo XV Tempos e Datas 68
Capítulo XVI Os Logos da Cadeia Planetária e Outras Altas Dignidades 70
Capítulo XVII Os Manus 75
Capítulo XVIII Budas, Mahachoans e Bodhisatvas 79
Capítulo XIX O Senhor do Mundo e Seus Ajudantes 82
Capítulo XX O Esquema Evolutivo Terrestre: A Primeira Cadeia 86
Capítulo XXI A Segunda Cadeia 89
Capítulo XXII A Terceira Cadeia, a Lunar 91
Capítulo XXIII A Cadeia Lunar, a Sexta Ronda 96
Capítulo XXIV A Cadeia Lunar, a Sétima Ronda 100
Capítulo XXV Os Produtos da Cadeia Lunar 104
Capítulo XXVI A Construção da Cadeia Terrestre 115
Capítulo XVII A Cadeia Terrestre: a Primeira Ronda 119
Capítulo XXVIII A Cadeia Terrestre: a Segunda Ronda 124
Capítulo XXIX A Cadeia Terrestre: a Terceira Ronda 126
Capítulo XXX A Quarta Ronda: os Globos A, B e C 130
Capítulo XXXI A Terra: a Primeira Raça-raiz 133
Capítulo XXXII A Terra: a Segunda Raça-raiz 136
Capítulo XXXIII A Terra: a Terceira Raça-raiz (Lemuriana) 139
Capítulo XXXIV A Chegada dos Senhores de Vênus 151
Capítulo XXXV A Quarta Raça-raiz (Atlante) 153
Capítulo XXXVI A Segunda Sub-raça Atlante: a Tlavatli 157
Capítulo XXXVII A Terceira Sub-raça Atlante: a Tolteca 158
Capítulo XXXVIII A Civilização da Atlântida 164
Capítulo XXXIX O Antigo Peru, Remanescente Tolteca: 12.000 a.C. 173
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Capítulo XL A Quarta Sub-raça Atlante: a Turânia 181
Capítulo LI Uma Relíquia Turânia: Caldeia, 19.000 a.C. 182
Capítulo XLII A Quinta Sub-raça Atlante: os Semitas Originais 188
Capítulo XLIII A Sexta Sub-raça Atlante: a Acadiana 189
Capítulo XLIV A Sétima Sub-raça Atlante: a Mongólica 190
Capítulo XLV Início da Quinta Raça (Ariana) 191
Capítulo XLVI A Cidade da Ponte 194
Capítulo XLVII A Primeira Sub-raça Ariana, a Hindu: 60.000 a.C. 196
Capítulo XLVIII A Segunda Sub-raça Ariana, a Árabe: 40.000 a.C. 200
Capítulo XLVIX A Terceira Sub-raça Ariana, a Iraniana: 30.000 a.C. 205
Capítulo L A Quarta Sub-raça Ariana, a Celta: 20.000 a.C. 209
Capítulo LI A Quinta Sub-raça Ariana, a Teutônica: 20.000 a.C. 214
Capítulo LII A Origem da Quinta Raça-Raiz e seu Nascimento na Índia: 216
18.800 a.C.
Capítulo LIII A Sexta Sub-raça Ariana 220
Capítulo LIV A Sexta e a Sétima Raças-raiz 223
Capítulo LV A Vida em Marte e em Mercúrio 234
Capítulo LVI Conclusão 237
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INTRODUÇÃO
Antes da publicação, em 1888, de A Doutrina Secreta, de H. P. Blavatsky, havia ao
alcance dos estudiosos do ocultismo uma grande quantidade de informações sobre o
Sistema Solar e as correntes de vida (entre as quais se conta a nossa própria humanidade)
que evoluem nesse Sistema. Em 1883 foi publicado Esoteric Buddhism [Budismo Esotérico],
de A. P. Sinnett, seguido em 1896 de The Growth of the Soul [O Crescimento da Alma], do
mesmo autor.
Em 1897 foi publicado The Ancient Wisdom [A Sabedoria Antiga], de Annie Besant e,
em 1903, esta grande estudiosa do ocultismo ofereceu uma importante série de
dissertações, depois editadas em forma de livro sob o título The Pedigree of Man [O
Pedigree do Homem], no qual examinou mais detalhadamente que em qualquer publicação
anterior o Sistema Solar, suas Cadeias, Rondas, Globos, Raças, Sub-raças etc. A isto C. W.
Leadbeater somou outros trabalhos detalhados em diversos livros, notadamente em The
Inner Life [A Vida Interna] volumes I e II, e A Textbook of Theosophy [Livro de Texto de
Teosofia].
Em 1913 apareceu Man: Whence, How and Whither?[Homem: De onde, como e para
onde?]. Além disso, em 1896 e 1904, respectivamente, apareceram dois volumes
fascinantes intitulados The Story of Atlantis [A História da Atlântida] e Lost Lemuria
[Lemúria Perdida], com mapas desses continentes, graças à pena de W. Scott-Elliot,
descrevendo detalhadamente as raças que habitaram essas terras e sua civilização.
Entretanto, até agora não apareceu livro algum que abarcasse toda esta vasta
temática, descrevendo o campo evolutivo e as correntes vitais que se desenvolvem nele à
medida que passam as eras.
Portanto, a presente obra é uma tentativa de satisfazer esta necessidade. Todas as
informações nela contidas podem ser encontradas nos livros mencionados ou em alguns
outros; a lista completa se encontra na página anterior.
Para conveniência do estudante, as referências marginais permitirão remeter-se às
fontes originais de informação, se assim o desejar.
Em vista da complexidade do tema e dos seus muitos detalhes, foi incluído no texto
uma grande quantidade de diagramas (anexos a este documento), originais em sua maioria,
na esperança de que facilitem o trabalho do estudante no domínio das múltiplas
dificuldades do sistema a que pertencemos e do método sob o qual avança a nossa
evolução. Também foram agregadas algumas tabelas e sinopses com a mesma finalidade
em vista.
A fim de manter dimensões razoáveis para o livro, foram omitidos, por exemplo,
muitos detalhes como os referentes às civilizações das diversas raças das épocas atlântica e
lemuriana. Entretanto, estes detalhes podem ser reunidos com facilidade. Invariavelmente
se oferece no texto os lugares onde se poderá achá-los, posto que aquele só contém um
resumo de suas características principais.
Tais omissões de modo algum interferem nem quebram a continuidade do relato,
como está exposto neste livro. De fato, sua inclusão provavelmente teria convertido em
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descrição algo demasiado complicado e minucioso para abarcá-lo em um só volume, e
então o estudante correria o risco de perder de vista o “bosque”, devido à quantidade de
“árvores”.
A finalidade do presente volume é oferecer um panorama coordenado e coerente do
“bosque”, em vez de descrever detalhadamente cada “árvore” em particular. Por isso o
estudante pode (se seu tempo lhe permite e seus anseios o impulsionam a isso) estudar por
si as histórias das árvores, arbustos e matas separadamente, os quais, de forma coletiva,
constituem o gigantesco bosque de vidas que povoam o assombroso mundo, ou melhor, a
série de mundos onde temos nosso ser e evoluímos.
A obra foi planejada em três partes principais. A primeira inclui a descrição do campo
em que tem lugar a evolução. Implica em um estudo dos diversos globos, seus sucessivos
períodos de atividade e obscurecimento, as cadeias e os esquemas evolutivos. Trata-se do
aspecto formal do nosso tema, e de uma descrição dos lugares onde evolui a vida.
A segunda parte trata das diversas correntes vitais que são vertidas dentro do campo
preparado, e o método pelo qual essas correntes evoluem com firmeza e atravessam as
distintas etapas ou níveis da evolução ou o crescimento. Estes processos só são encarados a
grosso modo, brindando o estudante com um panorama a voo de pássaro da majestosa
marcha total dos sucessos.
A terceira parte descreve muito mais detalhadamente o progresso das partes
componentes dos reinos da vida, e em especial das raças e sub-raças humanas. Entretanto,
nesta parte, como já se disse, se evita uma elaboração detalhista completa, pois o objeto
consiste não tanto em oferecer ao estudante uma massa informativa enciclopédica, mas em
capacitá-lo para que perceba e entenda os princípios que determinam o poderoso plano no
qual tudo se acha tão soberbamente ordenado neste universo, que “nem uma folha cai ao
solo”, salvo por vontade do Pai do Sistema ao qual temos a honra de pertencer.
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Capítulo I
OS GLOBOS
Começaremos nosso estudo do "campo" no qual ocorre a evolução com a pequena
unidade, e seguiremos construindo as unidades maiores partindo das menores, ou seja,
passaremos do particular ao geral. Consideramos que para o estudante isto será mais fácil
do que o método inverso de começar com uma unidade grande e depois dividi-la em suas
unidades componentes. Entretanto, depois, quando começarmos a investigar a vida que
evolui no "campo", encontraremos mais facilidade em adotar o método inverso e, ao
começar com as grandes correntes vitais, iremos dividi-las em suas unidades componentes.
Desse modo adaptaremos nosso método à natureza do nosso tópico.
A Terra e os demais planetas são conhecidos como globos. Nossa Terra é um globo de
uma série de 7: esta série se conhece como cadeia, e a Terra é o mais denso dos 7 globos de
sua cadeia. Os 7 globos da cadeia terrestre consistem em:
2 globos mentais inferiores;
2 globos astrais e
3 globos físicos.
Os globos de cada cadeia não são constituídos assim forçosamente, mas agora
abordaremos esse ponto com mais detalhes.
Por exemplo: quando falamos de um globo mental inferior, nos referimos a um em
que o tipo mais denso de matéria que contém é mental inferior, isto é, carece dematéria
astral e também de matéria física. De modo parecido, um globo astral não tem matéria
mais densa que a astral, ou seja, não abriga matéria física.
Entretanto, cada globo possui "contrapartes" (assim se chamam) dos diversos graus de
matéria mais fina que ela mesma. Assim, um globo físico possui suas contrapartes de
matéria astral, mental inferior, mental superior, búdica e átmica; um globo astral possui
uma contraparte mental inferior e todas as contrapartes materiais superiores. Estes fatos
podem simbolizar-se da seguinte maneira (Diagrama I):
Entretanto, não se deve imaginar que qualquer globo ocupe uma posição no espaço
separado e distinto de suas contrapartes, pois não é assim. As contrapartes de um globo
ocupam identicamente a mesma posição no espaço que o próprio globo, com a seguinte
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reserva: as esferas de matéria superior ou mais fina são maiores que as da matéria inferior,
pois interpenetram e se estendem além da periferia das esferas materiais inferiores, assim
como o corpo astral humano interpenetra e se estende além deste, e assim
sucessivamente. Portanto, uma representação mais veraz dos globos seria a exposta no
Diagrama II.
Os estudantes de física sabem muito bem que as partículas de matéria jamais se tocam
realmente, nem sequer nas substâncias mais densas. Ademais, os espaços entre as
partículas são sempre muito maiores que o tamanho das próprias partículas. Daí que há um
amplo espaço, em qualquer porção dada do espaço, para qualquer grau de átomo, não só
para ficar entre os átomos da matéria mais densa, como também para deslocar-se muito
livremente entre eles e em torno deles.
Consequentemente, um globo físico, tal como a Terra, não é só um mundo, mas 7
mundos que se interpenetram, ocupando todos o mesmo espaço, salvo que, como se disse,
os tipos mais finos de matéria se estendem para além do centro dos tipos mais densos. Os 7
globos de uma cadeia, por convenção, são conhecidos respectivamente como os Globos A,
B, C, D, E, F e G.
Na cadeia terrestre, os Globos A e G são mentais inferiores; os B e F são astrais; os C, D
e E são físicos; C é o planeta Marte, D é a Terra, e E é o planeta Mercúrio. A, B, F e G
carecem de nomes na atualidade, salvo as letras que os designam.
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Capítulo II
AS RONDAS
Embora todos os 7 globos de uma cadeia existam simultaneamente em qualquer
tempo dado, nem todos se acham igualmente ativos sustentando a vida. Falando de um
modo geral, em algum determinado tempo um globo é o único ativo e em plena função,
enquanto os outros 6 se encontram em estado de adormecimento.
Os globos entram em plena atividade, isto é, se tornam plenamente habitados por
diversas classes de seres - aos quais nos referiremos em posteriores capítulos - em
sucessão. Primeiro se torna ativo o globo A; depois de um vasto período de tempo sua vida
começa a diminuir gradualmente e quase a desaparecer, passando ao globo seguinte B.
Então o globo A adormece, enquanto o globo B começa a despertar.
Após outro vasto período de tempo, o globo B por sua vez "vai dormir", e a maior
parte de sua vida passa ao globo que lhe segue em ordem, o globo C.
Este processo continua até que cada globo, por sua vez, desperta do seu estado de
adormecimento, sustente a principal corrente vital durante um éon, e novamente
adormeça. O período durante o qual um globo está plenamente ativo, sustentando a
principal corrente vital, se chama período global.
A passagem do ciclo da vida pela totalidade dos sete globos é conhecida como uma
ronda. Uma ronda consiste então em 7 períodos globais, ou períodos mundiais, como por
vezes são chamados.
Uma vez completada uma ronda, todo o processo recomeça com o redespertar da vida
no Globo A, com suas subsequentes passagens pelo Globo B, depois pelos Globos C, D, E, F
e G sucessivamente, até que se complete uma segunda ronda. Todo o processo se repete
então até a conclusão de 7 rondas.
O Diagrama IV ilustra as 7 rondas da cadeia terrestre; a linha em espiral indica a
corrente vital que passa 7 vezes completas em torno de toda a cadeia dos 7 globos.
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Capítulo III
AS CADEIAS
Como vimos, uma cadeia consiste de 7 globos, cada um dos quais tem 7 períodos de
atividade, de modo que 49 períodos globais constituem 1 período-cadeia.
Quando se completa o período-cadeia, se desintegram os globos que formam a cadeia,
e a matéria que compunha os globos se reforma para criar 7 novos globos. Estes 7 novos
globos atravessam então as 7 rondas de atividade, precisamente como antes, e depois
também se desfazem, para reformar-se uma vez mais em outro conjunto de 7 globos.
Este processo tem lugar 7 vezes, e as 7 cadeias, cada uma consistindo em 7 globos, se
forma, dessa maneira, em sucessão, e cada uma se prolonga durante suas 7 rondas de
atividade.
Os globos individuais, que são formados com matéria desintegrada da cadeia
precedente, embora integrados pelas mesmas partículas materiais, não são compostos
pelos mesmos graus de matéria.
O Diagrama V esclarece o que sucede. A primeira cadeia é formada por:
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Capítulo IV
OS ESQUEMAS DA EVOLUÇÃO
No capítulo precedente vimos que 7 cadeias sucessivas, ou 7 encarnações da cadeia,
constituem um esquema de evolução.
Um esquema evolutivo é, principalmente, um campo separado, distinto e autocontido
de evolução, embora adiante serão explicadas certas modificações importantíssimas deste
princípio geral.
O Diagrama VII ilustra o Esquema Evolutivo Terrestre e mostra as 7 cadeias, contendo
cada uma 7 globos; as 7 rondas de cada cadeia são indicadas pelos círculos que correm
através dos globos.
Nº de
Nº Esquema Cadeia Ronda planetas físicos Notas
Produzirá entidades de um nível
I. Vulcano 3 6 (?) 1 inferior aos do Esquema Terrestre
II. Vênus 5 7 1 O Esquema mais avançado
Os 3 planetas são: Marte, Terra e
III. Terra 4 4 3 Mercúrio.
Júpiter não é habitado, mas suas
luas são. Chegará a um nível muito
IV. Júpiter 3 2 1 alto.
Evolui lentamente, mas chegará a
V. Saturno 3 próxima 1 um alto nível
VI. Urano 3 1
Os três planetas são: Netuno e
VII. Netuno 4 3 outros 2 além de sua órbita *
VIII. Sem nome 0
IX. Sem nome 0
X. Sem nome 0
* O autor conta com informação no sentido de que os astrônomos têm atualmente a
certeza de que existe um planeta mais afastado que Netuno, e estão investigando a esse
respeito.
(AEP) Em A Doutrina Secreta (terceira edição, volume I, pág. 186-190 da edição inglesa)
há enfáticas asseverações no sentido de que Marte e Mercúrio não pertencem à Cadeia
Terrestre. As afirmações da doutora Besant e do Bispo Leadbeater, de que pertencem à
Cadeia Terrestre, foram calorosamente contestadas por certos estudiosos do ocultismo
(consulte The Mahatma Letters to A P. Sinnett (“Cartas do Mahatma para A. P. Sinnett”),
recopilação de A. T. Barker, 1923. Introdução, pág. xiii, e Apêndice, págs. 489-492). O autor
do presente não pretende conciliar estas opiniões aparentemente irreconciliáveis, e segue
aqui os dois últimos escritores citados, porque esta obra, em essência, é uma compilação
mais dos trabalhos deles do que da obra de H. P. Blavatsky (vide Conclusão).
Além destes 10 esquemas, há também outras evoluções que têm lugar no sistema
solar, utilizando-se cada polegada de espaço.
Até no próprio koilon (como veremos adiante) pode desenvolver-se uma evolução, da
qual nada sabemos nem nada podemos imaginar.
Todo o espaço está pleno de vida, inclusive com ordens inferiores às do plano físico.
Ocasionalmente, um ser humano pode entrar em contato com essa evolução inferior,
porém tal evento é sempre indesejável e nocivo, não necessariamente porque a evolução
inferior deva ser considerada má em qualquer sentido, mas porque não está destinada à
nossa humanidade.
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Capítulo V
O SISTEMA SOLAR
O Diagrama VII representa o sistema solar com seus 10 esquemas evolutivos,
consistindo cada um em 7 cadeias de 7 globos; as 7 rondas de cada cadeia são indicadas,
como antes, por círculos riscados através dos globos.
O estudante terá compreendido agora claramente que, como as 7 cadeias de cada
esquema surgem para a existência sucessivamente, o Diagrama VIII não representa o
sistema solar como ele é na atualidade, mas como um quadro coletivo das etapas que
atravessa.
O estado real do sistema solar atual está representado no Diagrama IX.
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Capítulo VI
A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA SOLAR
Depois de estudar o plano geral do "campo" evolutivo do nosso sistema solar, será útil
voltar à questão para complementar certos detalhes ulteriores e considerar como foi
construído originalmente o sistema, partindo da matéria primordial.
Desta vez começaremos com a unidade grande - o sistema como um todo - e
desceremos até às unidades menores, os globos.
Antes que o nosso sistema solar iniciasse a sua existência, existia a matéria-raiz,
substância da qual se moldaria todo tipo de matéria de que temos algum conhecimento.
Esta matéria-raiz é o que os cientistas chamam de éter do espaço, e que na Química Oculta
foi descrito com o nome de koilon (do grego koilos, vazio). Mas isto não deverá ser
confundido com a matéria etérica que compõe a parte mais sutil do nosso mundo físico.
O espaço ocupado pelo koilon parece vazio em todo sentido físico; mas, na realidade,
este éter é muito mais denso que qualquer coisa que possamos conceber. O professor
Osborne Reynolds, criador da célebre teoria que concorda com a investigação ocultista,
define sua densidade em 10.000 vezes maior que a da água, e sua pressão média em
750.000 toneladas por polegada quadrada (6.452 cm2).
Esta substância só é perceptível para a faculdade clarividente altamente desenvolvida.
Devemos imaginar um tempo considerável - ainda que a esse respeito careçamos de um
conhecimento direto - no qual esta substância encheu todo o espaço. Também devemos
supor que determinado grande Ser - quase infinitamente superior ao Logos do nosso
sistema solar - modificou este estado de quietude, insuflando Seu espírito ou força em certa
parte desta matéria, parte que era do tamanho de todo o universo.
O efeito da introdução destas forças é como o do sopro de um hálito poderoso, que
formasse dentro do éter, o koilon, uma quantidade incalculável de bolhas esféricas. Estas
bolhas do koilon são os átomos últimos com que se manufatura tudo o que chamamos de
matéria. São a matéria atômica do plano cósmico mais baixo. Partindo deles, o Logos do
nosso sistema solar formará agora os sete planos do sistema; esses sete planos, em
conjunto, formam o plano cósmico mais baixo.
É provável que a força pela qual originalmente foram formadas as bolhas seja a que H.
P. Blavatsky chamou de fohat, à qual se referiu como "cavando orifícios no espaço"; dessa
maneira, lembramos da declaração recente de um cientista francês de que "não existe
matéria; não existe nada, a não ser buracos no éter".
As bolhas não se parecem com as de sabão, que são películas aquosas com uma
superfície externa e outra interna que encerra ar dentro de si. Parecem-se com as bolhas de
uma bebida gasosa, que só têm uma superfície onde o ar se encontra com a água.
Como se disse, para o clarividente muito desenvolvido as bolhas parecem
perfeitamente vazias, de modo que não se sabe se dentro delas se produz algum
movimento ou não. Tampouco se sabe se giram sobre seus eixos ou não.
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Parece que carecem de movimento próprio, mas podem ser movidas em conjunto, por
uma força externa, sozinhas ou em massa, mediante o exercício da vontade. Em nenhuma
circunstância duas bolhas se tocam mutuamente.
Quando o Logos Solar - o grande Ser de Quem nosso sistema solar é uma
representação, correspondente possivelmente a uma encarnação, no caso de um ser
humano - optou por Se manifestar, quando surgiu da eternidade e ingressou no tempo e
desejou formar este sistema, encontrou esta matéria disponível para Seu uso, esta massa
infinita de diminutas bolhas.
Começou por definir uma área ou limite do Seu campo de atividade, talvez o limite da
Sua própria aura, uma vasta esfera cuja circunferência é muito maior que a órbita do mais
exterior dos Seus futuros planetas.
Por mais estupenda que fosse esta área, a distância entre os sistemas solares é ainda,
fora de toda proporção, maior que os próprios sistemas. Não obstante, é provável que os
Logos dos sistemas estejam realmente em contato recíproco, nos planos superiores.
Dentro do limite da esfera assim demarcada, põe em execução um movimento que
varre todas as bolhas juntas dentro de uma vasta massa, condensando ou comprimindo
dessa maneira a matéria-bolha (originalmente espalhada por todo o espaço) em uma região
menor.
Em certa etapa dessa condensação ou compressão - etapa em que o raio da Sua esfera
ainda se estendia muito além da órbita do planeta mais exterior do sistema, como ainda é
hoje em dia - Ele põe em execução um movimento giratório, acompanhado de uma intensa
ação elétrica, criando assim um vórtice colossal de muitas dimensões, que será o material
das nebulosas.
A compressão da massa giratória continua através do que para nós seriam eras
indizíveis: de fato, ainda está em ação o vórtice criado pelo Logos no primeiro momento. No
curso desse processo de compressão, Ele, atuando através de Seu Terceiro Aspecto, projeta
sete impulsos ou "alentos".
O primeiro impulso faz surgir em toda a esfera uma vasta quantidade de vórtices
diminutos, cada um dos quais arrasta dentro de si 49 bolhas, e as dispõe de certa forma.
Estes pequenos agrupamentos de bolhas assim formados são os átomos do segundo plano
ou mundo: o anupadaka, ou plano monádico.
Não serão utilizadas deste modo todas as bolhas; são deixadas, em quantidade
suficiente, em estado dissociado, para que atuem como átomos do primeiro mundo, o
plano adi.
Em seu devido tempo ocorre um segundo impulso, que atinge quase a totalidade dos
49 átomos-bolha (deixando o suficiente para formar átomos para o mundo anupadaka) e os
arrasta para dentro de si, os desintegra em suas bolhas componentes e depois, lançando-os
para fora novamente, cria vórtices entre eles, cada um dos quais tendo dentro de si 49²
(2.401) bolhas. Estes são os átomos do terceiro mundo, o plano atma.
Novamente, depois de um tempo, chega um terceiro impulso que, do mesmo modo,
atinge quase todos os 2.401 átomos-bolha (deixando outra vez o suficiente para formar os
átomos do mundo átmico), arrasta-os para dentro de si, desintegra-os e os devolve uma vez
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mais como os átomos do quarto mundo, o plano budi; cada átomo contém agora 49³
(117.649) bolhas.
Este processo se repete até que o sexto impulso constrói os átomos do sétimo mundo,
o mais baixo, o plano físico; seus átomos contêm 49 à sexta potência, aproximadamente 1
bilhão de bolhas originais. É claro que estes átomos não são aqueles de que falam os
químicos, mas os átomos últimos com os quais são constituídos todos os átomos químicos.
A tabela a seguir mostra as quantidades de bolhas contidas nos átomos dos nossos
sete planos:
Parece provável que os elétrons sejam átomos astrais: os cientistas afirmam que um
átomo químico de hidrogênio contém de 700 a 1.000 elétrons, ao mesmo tempo que a
ciência oculta afirma que o átomo químico de hidrogênio contém o equivalente a 882
átomos astrais; pode ser coincidência, mas parece improvável. De maneira que os cientistas
parecem estar desintegrando a matéria física e descobrindo a matéria astral, embora
naturalmente pensem que a matéria astral seja uma subdivisão da matéria física.
Leadbeater, a cujos escritos corresponde a citação, não sabe se esses átomos físicos
desintegrados se reformam. Mas quando, por um esforço da vontade, o átomo físico se
desagrega em átomos astrais ou mentais, isso requer uma continuação do esforço para
manter os átomos temporariamente nessas formas diferentes, e ao se retirar a força
volitiva, o átomo físico reaparece.
Entretanto, isto parece aplicar-se somente à desagregação dos átomos físicos últimos:
quando os átomos químicos se desagregam em átomos últimos, permanecem nesse estado
e não retornam ao seu estado original.
Há de se notar que, ainda que os átomos de qualquer plano (o físico, por exemplo),
não sejam constituídos diretamente pelos átomos do plano imediatamente superior (o
astral), a não ser que as bolhas tenham tido a experiência de atravessar todos os planos
superiores, os átomos físicos não poderiam ser constituídos por eles.
O método hindu de descrever o processo é o seguinte: cada plano tem o que se
denomina "tamatra" (literalmente: uma medida "disso") e um "tattwa" (literalmente: "isso"
ou "qualidade inerente"). O tamatra é a modificação na consciência do Logos; o tattwa é o
efeito produzido na matéria por essa modificação. Podemos comparar os tamatras com as
ondas de uma preamar que sobem à praia arenosa, se retiram e são seguidas por outras
ondas que correm um pouco mais longe. Podemos comparar os tattwas com as pequenas
cristas criadas pelo fluxo, até à linha mais distante da que chega.
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Esta ideia está simbolizada no Diagrama XI.
De maneira que cada átomo tem o seu "Isso"; a palavra "Isso" é uma expressão
reverente para com o Ser Divino. A medida da vibração do átomo, imposta a ele pela
Vontade do Logos, é o tamatra, a "medida d’Isso", isto é, os eixos do átomo, cuja
divergência angular, dentro dos limites fixados da vibração, determina sua forma
superficial. Assim a consciência do Logos está dentro de cada átomo, expressa dentro de
certas limitações, que às vezes chamamos de "planos".
O processo da criação da matéria em sucessivas etapas foi descrito muitas vezes como
a aspiração e a expiração da Deidade.
A existência da matéria depende absolutamente da continuidade de uma ideia na
mente do Logos. Se resolvesse retirar Sua força, por exemplo, do plano físico, se deixasse de
pensar nele, no mesmo instante todos os átomos físicos se desintegrariam, e todo o plano
físico desapareceria de uma só vez, como a luz de uma lâmpada quando é apagada.
O átomo físico tem três movimentos próprios:
1) rotação sobre o próprio eixo;
2) movimento em órbita circular;
3) pulsação como um coração, uma constante expansão e contração.
Estes três movimentos são constantes e não são afetados por nenhuma força exterior.
Uma força exterior (um raio de luz, por exemplo) fará o átomo, em conjunto, se mover
violentamente para cima e para baixo; a amplitude do seu movimento é proporcional à
intensidade da luz, e o comprimento da onda resultante do movimento de uma quantidade
de átomos é determinado pela cor da luz.
Além da força do Logos, que mantém o átomo em sua forma, uma das Suas forças atua
através desta em inúmeros níveis diferentes. Há sete ordens desta força, uma das
quais entra em atividade durante cada ronda, trabalhando através do que, no átomo,
se chamam espirilas. Para obter uma descrição destas espirilas, assim como outros detalhes
da estrutura do átomo, os estudantes deverão consultar Occult Chemistry (Química Oculta,
pág. 21-23 e Apêndice, ii-iv).
No espaço interestelar - entre os sistemas solares - os átomos se encontram no estado
conhecido como "livre"; estão muito separados e equidistantes; este parece ser seu aspecto
normal quando não são perturbados. Entretanto, no espaço entre os planetas, jamais se
acham livres: embora não estejam agrupados em formas, estão sujeitos a uma grande
24
quantidade de perturbação por parte da matéria dos cometas e meteoros, e também a uma
considerável compressão por parte do que descrevemos como a atração solar.
Pelas considerações anteriores percebemos como é que, por exemplo, um homem em
seu corpo causal poderia mover-se livremente na vizinhança de um planeta onde a matéria
mental atômica se encontra em estado comprimido, mas não poderia mover-se nem
funcionar num espaço muito distante, onde os átomos permanecem livres e não
comprimidos.
Para continuar com nossa descrição da construção do sistema solar, chegamos agora à
etapa em que a vasta esfera giratória contém dentro de si sete tipos de matéria atômica,
toda ela essencialmente uniforme, porque todos os tipos são construídos com a mesma
classe de bolhas, sendo porém diferentes em seu grau de densidade. Todos estes tipos
estão livremente entremesclados, de modo que se encontrariam amostras de cada tipo em
uma pequena porção da esfera tomada ao acaso em qualquer parte desta, com uma
tendência geral dos átomos mais pesados gravitarem cada vez mais para o centro.
O Logos depois projeta, ainda por Seu Terceiro Aspecto, um sétimo impulso que, em
vez de atrair os átomos físicos para dentro de Si e desmembrá-los nas bolhas originais, os
reúne em certos agregados, criando assim uma quantidade de diferentes classes daquilo
que se pode chamar de protoelementos; estes, por sua vez, se juntam em diversas formas
que a ciência conhece como elementos químicos.
A criação destes se estende durante um longo período de tempo, e se constituem em
certa ordem definida, mediante a interação de distintas forças, como indicam corretamente
os escritos de Sir William Crookes sobre a Gênese dos Elementos.
O processo de criação dos elementos não está concluído: o urânio é o último e mais
pesado dos elementos, até onde conhecemos, mas talvez sejam produzidos no futuro
outros mais complicados ainda.
A medida que transcorrem as eras, a condensação aumenta, e hoje se chega à etapa
de uma vasta nebulosa brilhante, usualmente hidrogênio incandescente. Certamente,
outros sistemas do nosso universo atravessam agora esta etapa, como se pode apreciar por
meio de qualquer grande telescópio.
Em nosso caso, ao se esfriar a massa que ainda girava rapidamente, ela se contraiu e
achatou até se converter, em certo momento, mais em um enorme disco giratório do que
em uma esfera. Depois apareceram fissuras neste disco, e ele se desagregou em anéis,
assumindo a aparência do planeta Saturno e seu entorno, ainda que em uma escala muito
maior.
Quando chegou o tempo em que os planetas eram necessários aos fins da evolução, o
Logos criou, em um ponto escolhido de cada anel, um vórtice subsidiário, dentro do qual
gradualmente se juntou uma grande quantidade da matéria do anel.
As colisões dos fragmentos reunidos causaram um renascimento do calor, a matéria se
reduziu a um estado gasoso, formou uma bola brilhante que, ao esfriar-se uma vez mais,
gradualmente se condensou em um planeta físico apto para o cenário de uma vida tal como
a nossa. Assim foram formados todos os planetas do nosso sistema.
Entretanto, nesta parte em especial do nosso sistema, o planeta físico que foi formado
não era a Terra, mas sim a Lua, pois uma consulta ao Diagrama V mostrará que o primeiro
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planeta físico aparece na terceira cadeia, e esse planeta, em nosso Esquema Evolutivo, era a
Lua.
Uma vez extinta a vida ativa da Lua, na terceira cadeia, foi criado um novo vórtice não
muito distante da Lua, e nele se reuniu gradualmente o resto da matéria do anel. As
colisões resultantes produziram uma vez mais uma bola de gás brilhante, que envolveu o
corpo da Lua, e rapidamente a reduziu a um estado similar.
Ao esfriar-se gradualmente esta massa combinada, a condensação teve lugar em torno
dos dois vórtices, porém a maior parte da matéria foi atraída para o novo vórtice, que se
converteu na Terra, deixando a Lua com um corpo muito menor do que antes, e
completamente destituído de ar e água.
A Lua, devido ao intenso calor, encontrava-se em um estado plástico, como barro
quente; e a Terra, em suas prístinas etapas, estava sujeita a tremendas convulsões
vulcânicas. No curso destas, enormes massas de rocha, muitas vezes de muitos quilômetros
de diâmetro, foram projetadas no espaço a enormíssimas distâncias em todas as direções.
A maioria caiu de volta à Terra, porém algumas atingiram a Lua, que ainda se achava
em seu estado plástico, produzindo nela muitas daquelas enormes depressões que agora
chamamos de crateras lunares. Entretanto, algumas, porém não muitas das crateras
lunares, são realmente de origem vulcânica.
A Lua se assemelha atualmente a um grande carvão apagado, duro, porém poroso, de
uma consistência que não difere da pedra-pomes, embora mais dura. Escassa atividade
física de qualquer índole tem lugar agora em sua superfície. É provável que se desintegre
lentamente, e parece que no curso de nossa sétima ronda se desagregará por completo e
sua matéria será utilizada (presumivelmente com alguma matéria da Terra) para construir
um novo mundo, que será o único globo físico da quinta cadeiado nosso Esquema Evolutivo
(veja Diagrama V). O que restar da Terra atuará para esse novo globo como um satélite,
assim como a Lua agora serve à Terra.
Na literatura teosófica, a Lua foi descrita como a oitava esfera, pois não é um dos sete
planetas da nossa cadeia sobre os quais tem lugar a evolução. Portanto, é um “ponto
morto”, um lugar onde só se juntam resíduos. É uma espécie de depósito de lixo do
sistema, uma espécie de sumidouro astral onde são lançados fragmentos ruinosos de
diversa índole, como a personalidade perdida que se desvinculou do ego (veja "The Causal
Body" - O Corpo Causal - pág. 183).
26
Capítulo VII
O LOGOS SOLAR E OS LOGOS PLANETÁRIOS
Em capítulos precedentes mencionamos o Logos Solar.
Agora O consideraremos em Sua relação com o sistema solar e também com Seus
principais Ministros, que são chamados de Logos Planetários, embora um nome mais
preciso seja o de Logos da Cadeia Planetária.
Com o Logos do nosso sistema solar temos uma identificação tão próxima à de um
Deus pessoal - seria melhor dizer individual - como qualquer homem razoável pode desejar,
pois a Ele pertence todo o verdadeiro bem sempre atribuído a uma deidade pessoal. Os
atributos como parcialidade, injustiça, ciúme, ira, crueldade, etc., com certeza podem ser
descartados de uma vez e para sempre como incompatíveis com qualquer deidade digna
desse nome, e como pertencentes meramente à imaginação humana.
No que concerne ao Seu sistema, Ele tem onisciência, onipresença e onipotência. O
amor, o poder, a sabedoria e a glória encontram-se n’Ele em completa medida.
É uma Entidade poderosa - uma trindade em uma unidade - e Deus verdadeiro,
embora ignoremos o quanto esteja distante do Absoluto, do Incognoscível, ante o qual até
os sistemas solares não passam de montes de poeira cósmica.
É provável que nem sequer O possamos imaginar; daí que muitos devotos preferem
nem ao menos tentar criar uma imagem Sua, limitando-se a contemplá-lo como
impregnando todas as coisas, de modo que nós mesmos somos também Ele, todos os
demais homens são Ele, e em verdade não existe nada, a não ser Deus.
O Sol é Sua manifestação principal no plano físico, e pode ajudar-nos um pouco a
compreender algumas de Suas qualidades e a ver como tudo provém d’Ele. Pode-se
considerá-lo como a lente através da qual refulge Seu poder.
Toda estrela fixa é também um sol como o nosso; cada uma é a expressão parcial de
um Logos.
O Sol físico pode ser considerado como um chacra ou centro dinâmico que está n’Ele,
correspondente ao coração humano, a manifestação externa do centro principal de Seu
corpo.
Embora todo o sistema solar seja o Seu corpo físico, Suas atividades fora deste são
muito maiores do que as que se passam dentro dele. Este sistema solar que nos parece tão
estupendo, para Ele não passa de algo pequeno, pois além de ser tudo isso, e acima de tudo
isso, Ele existe em uma glória e esplendor dos quais nada conhecemos. Assim, ainda que
possamos concordar com o panteísta no sentido de que tudo é Deus, devemos ir muito
além do ponto a que este vai, porque compreendemos que Ele tem uma existência muito
maior, acima e além do Seu universo. "Havendo impregnado todo este universo com um só
fragmento de Mim mesmo, eu permaneço" (Bhagavad Gita, X, 42).
De maneira que Ele existe muito acima do Seu sistema: sobre este Ele se senta como
sobre um trono de loto. Por assim dizer, Ele é a apoteose da humanidade, porém
infinitamente maior que a humanidade.
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Poderíamos pensar no Augoeides (consulte "The Causal Body", pág. 101) transportado
cada vez mais para cima e até o infinito. Quem poderá dizer se essa forma é permanente ou
se somente se pode ver em certo nível?
Daí a razão do bem conhecido símbolo do "Grande Pássaro" que se emprega para fazer
referência à Deidade, no ato de “aninhar-se” sobre o Seu universo, incubando as águas do
espaço ou lançando-se para frente, seguindo a linha de Sua evolução. Repousar entre as
asas do Grande Pássaro significa meditar de modo tal que se realize a união com o Logos; e
diz-se que o homem que atinge esse nível pode descansar ali durante inumeráveis anos.
Provavelmente esteja além do poder das palavras expressar o método de união da
humanidade com Ele. Os seres humanos podem ser, em um sentido, como células do Seu
corpo, mas na verdade somos muito mais que isso, pois Sua vida e poder se manifestam
através de nós, de um modo fora de toda proporção, com o que seria uma relação paralela
em um nível inferior: o das células dos nossos corpos físicos em relação a nós mesmos
como entidades espirituais.
Em Sua manifestação no plano cósmico mais baixo, podemos considerar que Seu
Primeiro Aspecto está no plano mais elevado - o Adi - o Segundo no Anupadaka ou plano
monádico, e o Terceiro na parte superior do plano átmico.
Por isso o Adepto, no curso do seu desenvolvimento: eleva gradualmente Sua
consciência plano após plano; chega primeiro ao Terceiro Aspecto e realiza sua unidade
com este, seguindo só depois de longos intervalos para a união plena com os Aspectos
Segundo e Primeiro.
Nos Antigos Mistérios da Grécia, o Logos era simbolizado pelo menino Baco, que
aparecia entretido com alguns brinquedos. Um destes eram os dados, consistindo nos cinco
sólidos platônicos:
o Tetraedro, limitado por 4 triângulos equiláteros;
o Cubo, limitado por 6 quadrados;
o Octaedro, limitado por 8 triângulos equiláteros;
o Dodecaedro, limitado por 12 pentágonos regulares e
o Icosaedro, limitado por 20 triângulos equiláteros.
Acrescentando a estes, em um extremo o ponto e no outro a esfera, temos um
conjunto de 7 figuras que correspondem aos 7 planos do nosso sistema solar. Cada um
deles indica não a forma dos átomos dos diferentes planos, mas as linhas através das quais
opera o poder que rodeia estes átomos.
Isto lança alguma luz sobre a bem conhecida expressão de Platão: "Deus geometriza".
Parece que os antigos estudaram a geometria de Euclides, não como nós o fazemos, por si
mesma, mas como guia para algo superior.
Outro dos brinquedos de Baco era o pião, símbolo do átomo giratório.
O terceiro brinquedo era uma bola que representa a Terra, esse globo particular da
cadeia para o qual está dirigido especialmente o pensamento do Logos na atualidade.
Outro brinquedo era um espelho, que sempre foi símbolo da luz astral, na qual as
ideias arquetípicas (das quais falaremos mais adiante) se refletem e depois se materializam.
Enquanto o menino Baco - o Logos - brinca com seus brinquedos, é agarrado pelos
Titãs e despedaçado. Depois seus pedaços são reunidos, e ele retoma sua inteireza. Esta
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alegoria representa claramente o descenso do Uno para converter-se em muitos, e a
reunião dos muitos no Uno, através do sofrimento e do sacrifício.
Faz tempo que os hindus sustentam que a Deidade joga, e denominaram Lilá à grande
obra da evolução, o jogo de Shri Krishna.
Todo o nosso sistema solar é uma manifestação do seu Logos, e cada partícula dele é
definidamente parte dos Seus veículos. Toda a matéria física do sistema solar constitui o
Seu corpo físico; toda a matéria astral constitui o Seu corpo astral; toda a matéria mental, o
Seu corpo mental, etc.
Do Logos Solar provém toda a vida nas sucessivas Emanações (The Causal Body, págs.
13, 14 e 70). A Primeira Emanação provém do Seu Terceiro Aspecto, dando aos átomos
previamente existentes o poder de agregar-se nos elementos químicos - a ação descrita nas
Escrituras cristãs como o Espírito de Deus movendo-se sobre as águas do espaço.
Quando, em uma etapa posterior, se estabelecem definidamente os reinos da
natureza, chega a Segunda Emanação, do Seu Segundo Aspecto, que forma as almas grupais
dos minerais, vegetais e animais. Este é o descenso na matéria do princípio Crístico, que
torna possível nossa própria existência. No reino humano, o ego é uma manifestação da
Terceira Emanação, que provém do Seu Primeiro Aspecto, o Pai eterno e amantíssimo.
Antes de fazer manifestar o sistema solar, o Logos o esquematizou completamente em
Sua mente, o que fez com que existisse simultaneamente em Seu plano mental. Imaginou-o
assim, não só como é agora, mas como foi em cada momento do passado, e como será em
cada momento do futuro.
Não podemos dizer em que nível está o Seu plano mental; pode ser no que chamamos
o plano mental cósmico, ou pode ser ainda superior. O plano mental cósmico é o que está a
dois conjuntos totais de planos acima do nosso conjunto de sete.
Ao plano mental cósmico H. P. Blavatsky deu o nome de "mundo arquetípico"; parece
que os gregos o chamaram de "mundo inteligível". Tudo o que se escreveu e se disse acerca
de uma criação "instantânea" de todo o sistema, partindo do nada, se refere a esta
formação de formas-pensamento cósmicas.
Assim podemos dizer que no plano cósmico todo o Sistema foi convocado
simultaneamente à existência pelo Seu pensamento - um ato de criação especial; e tudo
deve estar agora simultaneamente presente para Ele. Bem pode ser que Sua consciência
poderosa se reflita até certo ponto, inclusive em muitos níveis inferiores, de modo que os
homens possam captar ocasionalmente pálidos vislumbres daqueles reflexos. Esta é uma
explicação dos clarividentes que às vezes podem prever o futuro, como
inquestionavelmente o têm feito, de tempos em tempos.
O Logos imagina o que quer que faça cada uma das Cadeias Planetárias; desce até aos
mínimos detalhes, pois pensa no tipo de homem de cada Raça-Raiz e de cada sub-raça,
desde o início de tudo, através, por exemplo, das Raças lemuriana, atlântica, ariana e
sucessivas.
Depois trataremos das Dignidades - se podemos empregar esse termo - que têm a seu
cargo dirigir e controlar a evolução que acontece no sistema solar. Mas aqui podemos
mencionar que, a cargo de cada esquema de evolução, há uma Entidade conhecida como
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Logos Planetário. Um nome mais preciso seria Logos Planetário da Cadeia, pois dirige toda a
série de 7 cadeias de um esquema evolutivo.
Estes 7 Logos subsidiários são grandes entidades individuais; ao mesmo tempo são
aspectos do Logos Solar, centros dinâmicos ou chacras, por assim dizer, do Seu corpo.
Sua relação com Ele se assemelha à dos gânglios, ou centros nervosos, com o cérebro.
Toda a evolução que provém do Logos Solar passa por um ou outro d’Eles.
Cada um destes centros tem Sua localização especial ou foco maior dentro do corpo do
Sol, e também um foco menor que é sempre exterior ao Sol. A posição deste foco é
indicada sempre por um planeta físico. O diagrama XII é uma tentativa de ilustrar a ideia.
A relação exata, entretanto, dificilmente pode ser estabelecida com nossa fraseologia
tridimensional. Porém, podemos dizer que cada centro tem um campo de influência
praticamente coextensivo com o sistema solar. Se fosse tomada uma parte deste campo,
descobrir-se-ia que é elíptica: um dos focos de cada elipse estaria sempre no Sol, e o outro
seria o planeta especial regido por esse Logos subsidiário.
Todos os planetas físicos estão incluídos dentro dessa parte do sistema que é comum a
todos os ovoides, de modo que cada ovoide giratório tem seu segmento que se projeta. Por
isso o sistema em seu conjunto foi comparado com uma flor com muitas pétalas.
Entretanto, há outra razão para esta comparação com um loto.
Ainda que os planetas se nos apresentem como globos separados, em realidade há
uma conexão entre eles de uma maneira que alguma ideia talvez possam obter os
instruídos sobre um conceito das quatro dimensões no espaço.
Uma analogia pode ser útil: se colocarmos a mão com a palma para cima com os dedos
separados, e pusermos uma folha de papel sobre as pontas dos dedos, os círculos nos
pontos de contato entre os dedos e o papel representariam os planetas físicos,
aparentemente muito isolados uns dos outros.
Entretanto, estes círculos estão conectados em outra direção, como partes da mão,
embora a ideia da mão esteja muito além da compreensão de um ser bidimensional que
viva somente no plano dos círculos.
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De modo parecido, em uma dimensão superior, todos os planetas físicos estão
conectados em um todo, ao ser, desde este ponto de vista superior, só os pontos das
pétalas que são parte de uma flor maior. O coração dessa flor projeta para cima um pistilo
central que se apresenta como o sol físico.
Normalmente nem o plano físico, nem o plano astral, nem o plano mental de um de
nossos planetas se comunicam com os correspondentes planos de outro planeta.
Entretanto, no plano búdico há um estado comum, pelo menos para todos os planetas de
nossa cadeia.
Não obstante o anterior, há um estado da matéria atômica de cada um dos planos que
é cósmico em extensão, os 7 subplanos atômicos de nosso sistema, tomados à parte do
resto, constituem um plano cósmico; o mais baixo às vezes se chama cósmico prakrítico.
De certo modo pareceria que fôssemos, de verdade, uma expressão do próprio Logos
Planetário, e como se a evolução tivesse lugar dentro de Seu corpo, sendo os globos os
centros desse corpo, ou melhor, não os globos que vemos, mas o espírito deles, seus
princípios superiores.
Deste ponto de vista, o Globo A seria a expressão de Seu cérebro ou corpo mental, e
todas estas formas existiriam em Sua mente.
O nosso plano mental não só é a terceira subdivisão do plano cósmico mais baixo,
como é também, ao mesmo tempo, a subdivisão mais baixa de um aspecto ou manifestação
do Logos.
Podemos considerar que Ele Se manifesta ao longo das sete linhas ou através dos sete
aspectos, e que cada um destes, que chamamos planos, é a forma mais baixa de um destes
aspectos, de modo que a parte atômica do nosso plano mental é realmente o subplano
mais baixo do corpo mental do Logos Planetário.
As folhas de salgueiro do Sol são manifestações no plano físico mantidas pelos Devas
para uma finalidade especial, à custa de certo sacrifício ou limitação de suas atividades nos
níveis superiores que são o seu habitat. Recordando que é através das folhas de salgueiro
que a luz, o calor e a vitalidade do Sol chegam a nós, podemos apreciar prontamente que o
objeto do seu sacrifício é fazer descer ao plano físico certas forças que, de outro modo,
permaneceriam imanifestadas, e que estes grandes Devas atuam como canais refletores ou
especializadores do poder divino que atua nos níveis cósmicos para beneficio do nosso
sistema solar.
Todos estes reinos são manifestações ou expressões da mesma vida, a única vida do
Logos, que se manifesta nessa Segunda grande Emanação, que deriva do Segundo Aspecto
da Trindade, depois que a matéria primitiva foi preparada para recebê-la mediante a ação
da Primeira Emanação, que deriva do Terceiro Aspecto da Trindade. (Para obter uma
explicação mais completa, das três Emanações e sua atividade, consulte "The Causal Body",
págs. 13, 14 e 70).
A Segunda Emanação aparece em uma série de ondas sucessivas que se seguem umas
às outras como as ondas do mar. A história do avanço destas ondas de vida - que decidimos
chamar de correntes vitais - será seguida neste capítulo e nos seguintes.
Os primeiros três dos sete reinos estão no arco descendente da evolução, isto é, a vida
neles se funde cada vez mais profundamente na matéria. O Primeiro Reino Elemental de
fato não desce além do plano mental superior; o Segundo Reino Elemental não desce além
do plano mental inferior; e o Terceiro Reino Elemental desce somente até o plano astral.
O Reino Mineral representa o ponto de retorno, onde a vida chega ao ponto mais
baixo de sua descida na matéria e começa a ascender outra vez através dos planos. Este
fenômeno de descenso na materialidade e retorno à espiritualidade é constantemente
recorrente de muitos modos, e será tratado depois de maneira mais completa.
Os Reinos Vegetal, Animal e Humano se ocupam em elevar-se com firmeza através dos
planos.
Portanto, podemos ordenar assim os reinos:
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DESCENDENTE Primeiro Reino Elemental Reino Humano ASCENDENTE
(Involução) Segundo Reino Elemental Reino Animal (Evolução)
Terceiro Reino Elemental Reino Vegetal
Reino Mineral
PONTO DE RETORNO
(Equilíbrio: Conflito)
A Segunda Emanação (do Segundo Logos) consiste, como se disse antes, em correntes
de vida; em nossa linha evolutiva há sete destas correntes, compostas pelos sete reinos
enumerados, e estes se espalham pela primeira cadeia do nosso Esquema.
O plano geral consiste em que cada corrente animará um reino durante um período-
cadeia completo, ingressando no seguinte reino superior na próxima cadeia, ou seja, é
necessário um período-cadeia completo para qualquer reino evoluir até um ponto tal que
se torne apto para ingressar no reino seguinte da escala do progresso.
Como se disse, esse é o principio geral, mas há uma modificação importante, que já
trataremos, e agora se omite com outras coisas mais, a fim de se evitar introduzir
complicações em uma etapa demasiado prematura do nosso estudo.
Por isto se verá que, como o Primeiro Reino Elemental se transfere para o Segundo
Reino Elemental, haveria uma brecha causada pela posição deixada vacante pelo reino que
avançou.
Esta brecha é preenchida por uma corrente vital inteiramente nova que emana do
Logos, e assim cria um novo Primeiro Reino Elemental.
Como isto deve ocorrer em cada uma das sete cadeias, percebemos que no total há
treze correntes vitais em nosso Esquema. Estas consistem nas sete correntes - uma para
cada reino - que ingressaram na primeira cadeia, e seis correntes inteiramente novas, as
quais entram em cada uma das sucessivas seis cadeias, a fim de gerar, como se explicou,
um novo Primeiro Reino Elemental.
O progresso dos reinos através das sete cadeias do nosso Esquema é ilustrado no
Diagrama XIV.
Observe-se o sistema adotado para indicar os diversos reinos, pois ele será adotado
em vários diagramas subsequentes. O Primeiro Reino Elemental é representado por uma
linha vertical; o Segundo Reino Elemental, por duas linhas verticais; o Terceiro Reino
Elemental, por uma linha inclinada; o Mineral, por linhas cruzadas verticais e horizontais; o
Vegetal, por linhas inclinadas que formam um V; o Animal, por um A; o Humano, por um H.
As indicações têm alguma relação com os sinais adotados para a representação dos planos,
facilitando sua memorização.
O estudante também notará que em todos os diagramas, enquanto os globos e as
rondas são indicados com círculos, os reinos da vida e os grupos de entidades são
assinalados com quadrados e retângulos.
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Diagrama XIV. As Três Correntes Vitais e seu Progresso.
Pelo Diagrama XIV se verá que a vida que agora se expressa em nossa humanidade
atual surgiu através do Reino Animal na terceira cadeia (a lunar), através do Reino Vegetal
na segunda cadeia, e através do Reino Mineral na primeira cadeia.
Agora, como cada reino deve atravessar todos os reinos que o precedem, fica claro
que a corrente vital, da qual surgiu nossa humanidade atual, deve ter atravessado os três
Reinos Elementais em algumas cadeias anteriores, em algum Esquema anterior.
Seguramente, uma similar consideração se aplica a todas as correntes vitais, salvo a
mais baixa, que ingressou em nossa primeira cadeia, isto é, devem ter atravessado as
anteriores cadeias em algum Esquema anterior. De tais cadeias e Esquemas anteriores não
temos um conhecimento direto, embora possamos deduzir claramente o fato de que
devem ter existido.
O Diagrama XV tenta ilustrar o progresso das correntes vitais através dos Esquemas
sucessivos.
O significado das sete linhas radiantes dos Diagramas XIV e XV, encabeçando o Reino
Humano, é que as entidades humanas deixam o Reino Humano, ingressando no super-
humano, através de um dos sete possíveis caminhos do progresso futuro. A explicação
completa disto devemos apresentar um pouco mais adiante.
Observando o Diagrama XIV percebemos que a única corrente vital que corre através
da totalidade dos sete reinos de nosso Esquema das sete cadeias é a que ingressou na
primeira cadeia como o Primeiro Reino Elemental (nº 7 no Diagrama).
Ascendendo firmemente um reino em cada cadeia, esta corrente vital chega ao Reino
Humano, e sai deste na cadeia sétima e última do nosso Esquema.
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Diagrama XV. As Correntes Vitais dos Esquemas Sucessivos.
Os outros seis reinos da primeira cadeia, como já foi dito, devem ter começado sua
evolução em cadeias anteriores, enquanto as seis correntes vitais que emergem do Logos e
entram nas seis cadeias depois da primeira, continuarão até completar sua evolução em
cadeias subsequentes à cadeia sétima e última do nosso Esquema. Estas considerações
gravam em nós o fato de que apesar de ser o nosso Esquema de Evolução um campo
completo e mais ou menos autocontido de evolução, que tem um princípio e um fim
definidos, ele faz parte de uma série maior de Esquemas sucessivos. Disto podemos deduzir
que inclusive o sistema solar segue o princípio geral que descobrimos, operando em outra
parte em tantas outras direções, e não é senão uma encarnação em alguma série
gigantesca. Portanto, algo da natureza da finalidade última - como era de se esperar -
parece estar cabalmente além do mais remoto horizonte para o qual podemos estender
nossa imaginação.
Vimos que as correntes vitais evoluem através das diversas cadeias, atravessando a
totalidade dos sete globos em cada ronda. Agora é muito difícil captar com nossa
consciência física qual pode ser o estado da vida dos reinos inferiores nos planos
superiores; a ideia da evolução de um mineral, por exemplo, no plano mental, não sugere
nada prontamente compreensível para a mente corrente. Isso corresponderia ao nosso
pensamento de um mineral. Porém não tomar como certo que esse pensamento-forma,
como o que poderíamos ter de um mineral, seria sua única representação nesse nível. O
pensamento-forma que existe aí é o do Manu, moldado por um poder que está
completamente além da comparação com o de nossa mentalidade.
Podemos compreender melhor isto, se recordarmos que cada mineral tem suas
contrapartes astral e mental, e deverá ser nessas correspondências superiores dos minerais
que se produzem certos efeitos que constituem sua evolução.
Ademais, os tipos especiais de matéria que formam as contrapartes são também, em
seus respectivos planos, manifestações da mônada mineral, e podemos supor que através
de tais manifestações essa mônada evolui durante sua existência nestes níveis mais
elevados.
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O fato essencial que se deverá ter presente parece ser que todo o processo é o
descenso das energias mentais que fluem do Logos - desde Seu plano mental cósmico até o
plano mental prakrítico que é o nosso plano mental. Esta é Sua ideia de um mineral,
materializada até um limite baixo como o nosso pensamento do corpo etérico de um
mineral.
Assim também a Alma Grupal deverá conter dentro de si possibilidades latentes
conectadas com os planos superiores através dos quais proveio; e pode ser que nessas
etapas evolutivas estas potencialidades se desenvolvam mediante algum método
totalmente fora daqueles com os quais estamos familiarizados.
Sem o desenvolvimento das faculdades psíquicas não podemos esperar entender em
detalhe o crescimento oculto nestas elevadas esferas de matéria mais sutil; o ponto
importante é que devemos compreender que as correntes vitais evoluem de algum modo
durante períodos transcorridos em todos os globos; em cada parte da cadeia se produz um
progresso útil.
Já se mencionou que, além da linha evolutiva que seguimos, existem também outras
linhas que podem ser consideradas como correndo paralelas à nossa. Pois a vida divina
pressiona para cima através de diversas correntes, das quais a nossa não é senão uma
delas, e de nenhum modo a mais importante. Deveremos ter presente que a humanidade
física ocupa somente uma pequena parte da superfície da Terra, enquanto as entidades de
um nível correspondente em outras linhas evolutivas não só ocupam a Terra muito mais
densamente que o homem, como também povoam as enormes extensões do mar e os
espaços aéreos. A tabela da evolução da vida, anexada aqui, mostra como as correntes
fluem juntas até o reino mineral, mas logo que se inicia o arco ascendente, divergem. As
correntes voltam a se unir no nível dos Espíritos Solares.
De nenhum modo deverá ser considerada esta tabela como definitiva, pois sem dúvida
há outras linhas não observadas ainda, e existe também certamente toda classe de
variações e possibilidades de cruzamentos em diferentes níveis, de uma linha para outra. A
tabela tem por único objetivo oferecer um amplo esboço do esquema.
37
Capítulo IX
AS METAS DAS NOSSAS SETE CADEIAS
Já vimos que cada corrente vital ascende firmemente para os reinos na média de um
reino por cadeia, até alcançar o reino humano. Continuando em sua evolução através do
reino humano, eleva-se da humanidade ordinária como a conhecemos, entra no reino
super-humano e segue um ou outro dos sete caminhos possíveis do progresso e serviços
futuros. Agora enumeraremos e descreveremos estes sete caminhos.
A etapa em que as entidades emergem da evolução humana ordinária e entram no
reino super-humano varia consideravelmente conforme a cadeia em que ocorre essa
ascensão. Assim o nível alcançado pela humanidade mais avançada na quarta cadeia é
muito maior que o alcançado na primeira cadeia; o nível que se alcançará na sétima cadeia
será maior ainda.
De fato, existe o que se pode chamar de "meta" estabelecida para a humanidade em
cada cadeia. Esta meta pode ser comparada com a aprovação no exame em um
estabelecimento educativo.
Para completar a analogia, devemos conceber certa classe de estudantes que
terminam o curso universitário em apenas um ano de instrução. Eles alcançarão certo nível
educativo, pois o mundo necessita de todos os graus de trabalhadores, e podem ser
considerados qualificados para cumprir certos graus de tarefas no mundo externo.
Ao término do segundo ano de instrução, egressa outro grupo de estudantes que,
evidentemente, serão capazes de alcançar um nível superior ao alcançado pelos que
estudaram apenas um ano, e assim se qualificarão para ocupar postos de maior
responsabilidade no mundo externo.
De modo parecido, depois de três anos na universidade, egressa um terceiro grupo de
estudantes, novamente em um nível superior, havendo-se qualificado para postos de
responsabilidade ainda maior, que exigem mais conhecimento e experiência. O processo
pode ser considerado como de sete anos de continuidade, até que egressa a sétima camada
de estudantes, após alcançar um nível muito alto e aprender talvez praticamente tudo o
que a universidade pode ensinar-lhes.
Então a universidade se fecha para um longo período de inatividade. Ou talvez fosse
mais correto dizer que ela se dissolve, são demolidos os edifícios e o plantel docente se
dispersa. Os estudantes que não alcançaram a graduação reiniciarão sua educação em
alguma universidade futura, com um novo plantel de professores e um conjunto
inteiramente novo de edifícios.
Voltando desta analogia para as sete cadeias do nosso Esquema, as metas, ou exames
"de aprovação", são as seguintes:
Para a Primeira Cadeia, a Primeira Iniciação.
Para a Segunda Cadeia, a Terceira Iniciação.
Para a Terceira Cadeia, a Quarta Iniciação (a do Arhat).
Para a Quarta Cadeia, a Quinta Iniciação (a do Adepto Asekha).
38
Não há informação definida relativa às metas para as cadeias quinta, sexta e sétima.
Entretanto podemos nos permitir algumas cautelosas especulações. É bem sabido que,
enquanto nas primeiras etapas da evolução o progresso é quase inconcebivelmente lento,
como medimos o tempo, nas etapas posteriores se torna, de modo quase igual, muito
rápido.
O Mestre Kuthumi afirmou que "uma vez que uma pessoa ingressa no Caminho, faz
convergir todas as suas energias nele (nos atrevemos a grifar esta qualificação), seu
progresso não se dará por progressão aritmética nem geométrica, mas exponencialmente.
Significa que não será à razão de 2, 4, 6, 8, etc. (progressão aritmética), nem à razão de 2, 4,
8, 16, etc. (progressão geométrica), mas à razão de 2, 4, 16, 256, 65.536, 4.294.967.296, etc.
Portanto, podemos perfeitamente compreender que o progresso que será alcançado
nas cadeias quinta, sexta e sétima será enormemente maior que o logrado nas primeiras
quatro cadeias.
Que isto deve ser assim fica bem claro pelo fato de que o nível do Arhat, alcançado ao
fim da terceira cadeia, pode ser considerado como a metade do caminho do nível do
Adepto, alcançado ao fim da quarta cadeia. Assim a quarta cadeia parece aportar tanto
progresso como as três primeiras cadeias.
Em A Doutrina Secreta (I, 228) afirma-se que o homem Perfeito da Sétima Ronda da
nossa cadeia estará "'tão somente a um passo da Raça-Raiz da sua Hierarquia, a mais
elevada que existe na Terra e em nossa Cadeia Terrestre". Isto significa que os homens
perfeitos da nossa humanidade, depois de três rondas e meia de evolução, atingirão uma
etapa abaixo daquela em que agora está o "Senhor do Mundo", entidade que será descrita
no Capítulo XIX.
Ademais, há uma quantidade de considerações que indicam um altíssimo nível de êxito
para a humanidade, ao final da nossa sétima cadeia.
Assim, por exemplo, a consciência búdica dá ao homem seu primeiro contato da
unidade com o Logos.
O Adepto Asekha pugna por elevar a consciência da Sua Mônada até a consciência do
Logos. As Mônadas são emanadas do Logos a fim de que, oportunamente, retornem a Ele
como grandes e esplendorosos sóis, capaz cada um de dar vida e luz a um sistema
magnífico, através do qual e por meio do qual milhões de outras Mônadas possam, por sua
vez, desenvolver-se.
Cada Mônada se manifestou através de um dos Logos Planetários da Cadeia, e se
converterá em parte de um homem Celestial; estes Homens Celestiais são os verdadeiros
habitantes do sistema solar, os filhos nascidos da mente dos Logos Planetários, destinados
eles mesmos a serem os Logos Planetários do futuro.
Portanto, podemos supor que, ao fim da sétima cadeia, quando estiver completado o
nosso Esquema Evolutivo, o nível que alcançaremos estará, em alguma medida, dentro das
dimensões de um Logos Planetário.
O Diagrama XVI talvez ajude a memorizar as metas fixadas para as nossas cadeias.
Nele, as sete cadeias estão dispostas concentricamente; a primeira é a mais interior, a
sétima a mais exterior. A onda vital que passa em torno das cadeias entra na primeira
cadeia, e pode-se conceber que ela gira ao redor dos globos; e depois, de modo muito
39
parecido a uma pedra lançada por uma funda, que dá voltas, projeta a humanidade muito
avançada para cima, até certo nível, o da Primeira Iniciação.
O resto da onda vital entra na segunda cadeia, gira em torno de seus globos e, ao fazer
isso, se encontra em um círculo maior do diagrama, alcança uma velocidade maior,
precisamente como sucederia a uma pedra que se faz girar em um círculo mais amplo. Esta
velocidade maior permite-lhe projetar sua humanidade muito avançada para um nível
superior, o da Terceira Iniciação. De modo parecido, ocorre com cada uma das cadeias
sucessivas: a velocidade da evolução se torna cada vez maior à medida que se ampliam os
círculos, até que o sétimo circuito pode projetar seus membros muito avançados para um
nível elevadíssimo, porém ainda desconhecido.
Já vimos que quando uma entidade alcança o nível fixado para a humanidade em
qualquer cadeia dada, começa sua evolução super-humana, e ante essa entidade se abrem
sete caminhos, entre os quais pode escolher um.
Os sete caminhos são os seguintes:
1. Pode entrar no Nirvana, converter-se em um Avatar ou Encarnação divina em
algum mundo futuro. Isto às vezes se chama “levar a vestidura Dharmakaya”; o
Dharmakaya não conserva nada abaixo da Mônada.
40
2. Pode entrar no "Período Espiritual", caminho que inclui "levar a vestidura
Sambhogakaya"; depois retém sua manifestação como um espírito triplo e provavelmente
pode mostrar-se em um Augoeides temporário.
3. Pode "levar a vestidura Nirmanakaya", retendo seu corpo causal e todos os seus
átomos permanentes.
4. Pode se tornar membro da Hierarquia Oculta.
5. Pode passar à cadeia seguinte, para ajudar a construir suas formas.
6. Pode unir-se à evolução dévica.
7. Pode unir-se ao "Estado-maior" do Logos.
Para mais detalhes destes sete caminhos, deve-se consultar The Causal Body, pág. 321.
41
Capítulo X
OS GRAUS DO ÊXITO
Depois de captar os principais esboços do firme progresso das correntes vitais que se
elevam à média de um reino por período-cadeia, podemos agora apresentar o importante
fator modificador mencionado no Capítulo VIII.
Podemos empregar novamente a analogia de uma turma de estudantes universitários.
Trata-se, praticamente, de uma experiência universal, pois em todo grupo de estudantes há
uma reduzida minoria que se coloca à frente dos demais, devido a uma capacidade
excepcional ou a uma dedicação mais fervorosa aos estudos. Esta classe é a que obtém as
distinções.
Depois deles vem a maioria dos estudantes, que conseguem aprovação nos exames,
obtendo uma graduação corrente.
Finalmente há outra minoria, composta por aqueles que, devido à sua capacidade
menor ou por falta de esmero e aplicação, não são aprovados, e por isso terão que
regressar à universidade para cumprir outro período, ou parte deste, a fim de assegurar sua
graduação.
Precisamente o mesmo sucede com cada uma das correntes vitais de cada reino.
Sempre há uma pequena minoria que se adianta do resto, alcançando a meta antes do
tempo previsto. (MW 9-11). Depois vem a grande maioria de entidades que cumpre a tarefa
fixada e alcança o nível requerido no tempo estabelecido. Segue-se outro grupo, maior que
o dos que se adiantam, que se atrasa e não consegue alcançar o nível requerido.
O Diagrama XVII ilustra o processo. São apresentados os três reinos, A, B e C, e dois
períodos, I e II. Do reino B, no período I, uma pequena minoria fica à frente do resto,
alcança a meta fixada e ingressa no reino A no mesmo período. A massa do reino B entra no
reino A no período II, de uma maneira rotineira, normal.
O resto do reino B, uma minoria maior que a primeira minoria, não chega a qualificar-
se para o reino A, de modo que permanece no reino B no período II.
42
Porém, como já teve alguma experiência no reino B (enquanto o resto do reino B, no
período II, recém chegou do reino C, período I, e só começará a evoluir no reino B), esta
minoria atrasada pode se colocar à frente no período II.
Por isso se apresenta no diagrama ingressando no reino B no período II, à cabeça desse
reino.
Podemos agora reconstruir o nosso diagrama do progresso dos reinos, para assim
mostrar estas complicações detalhadamente. O Diagrama XVIII é essa reconstrução. Pode-
se explicar assim: tomemos, por exemplo, o reino vegetal da cadeia I. A parte posterior
deste reino entra na cadeia II, e ali dirige a evolução do reino vegetal.
A massa do reino vegetal passa da cadeia I para o reino animal na cadeia II. Uma
reduzida minoria do reino vegetal da cadeia I consegue alcançar o nível dos animais na
cadeia I e, portanto se une ao reino animal ainda na cadeia I.
Seguindo o progresso do corpo principal do reino animal da cadeia II, o processo se
repete. Os animais atrasados se unem ao reino animal da cadeia III e dirigem esse reino. A
massa se humaniza na cadeia III; a pequena vanguarda se une ao reino humano na cadeia II.
Os humanos atrasados na cadeia III retomam sua evolução humana na cadeia IV, onde
dirigem a humanidade dessa cadeia. A massa das entidades humanas alcança sua meta na
cadeia II, e segue para outros campos de evolução e de serviço, por uma das sete linhas,
como se mostra no diagrama por linhas ascendentes e divergentes à cabeça do reino.
Por sua vez, uma pequena minoria logra adiantar-se ao resto, como se demonstra no
diagrama mediante a pequena espiral ascendente desde o centro do reino. Esse grupo
certamente também tem sete opções diante de si, como indicam as sete linhas radiadas
que emergem de sua cabeça.
Em vista do fato já expressado de que os graus do êxito alcançado pelos membros de
cada reino variam consideravelmente, devemos considerar cada uma das correntes vitais
como divididas em correntes menores, algumas das quais se unem às correntes
43
precedentes e sucessivas, embora a maioria se desloque firmemente para diante, seguindo
o curso designado.
Podemos mencionar aqui um princípio importante, que afeta o progresso das diversas
correntes vitais e suas inumeráveis subdivisões, das quais encontraremos muitos exemplos
particulares nas partes posteriores do nosso estudo. A regra geral consiste em que quem
alcança o nível mais elevado possível de qualquer cadeia, ronda, globo ou raça, não nasce
outra vez no início da seguinte cadeia, ronda, globo ou raça, respectivamente. As primeiras
etapas são sempre para as entidades da retaguarda, as mais jovens, e só quando
atravessam uma boa parte da evolução e começam a acercar-se do nível dos que atuaram
melhor, esses outros descem à encarnação e todos se reúnem uma vez mais.
Isto significa que quase toda a primeira metade de qualquer período evolutivo seja
raça, globo, ronda ou cadeia, parece consagrar-se a trazer gente da retaguarda para um
nível próximo dos que seguiram melhor. Logo, estes últimos - que enquanto isso
descansaram no mundo mental, o devachan, descem à encarnação junto com os demais, e
em seguida todos avançam juntos pelo seu caminho de progresso.
Assim, por exemplo, como veremos depois detalhadamente, os mais desenvolvidos da
terceira Cadeia, a Cadeia Lunar, não entraram na primeira ronda da quarta Cadeia, a Cadeia
Terrestre, mas chegaram somente na metade da quarta ronda. Deste modo, os egos que
encarnam na primeira Raça-Raiz de um planeta são os que não progrediram além da
metade da evolução do planeta precedente.
Usando uma vez mais nossa analogia dos estudantes universitários, podemos imaginar
que os estudantes mais atrasados retornam aos seus colégios, depois de suas férias, antes
dos estudantes mais adiantados. Assim têm oportunidade de se elevar aproximadamente
ao nível dos estudantes mais adiantados, que ainda permanecem em férias.
Uma vez feito isto, os estudantes mais adiantados regressam aos seus colégios, e todos
juntos retomam seus estudos.
O leitor deverá ter presente este importante princípio porque, como já foi dito,
encontrará agora muitos exemplos de suas funções, cuja razão se torna perfeitamente clara
uma vez que se capta o princípio essencial.
Um ulterior estudo dos graus do êxito dos diversos reinos nos conduz a considerar
uma parte de grande interesse e importância do plano geral da evolução: os "Dias do Juízo".
Isto veremos em um capítulo separado; mas, como implica referências às raças da
humanidade, primeiro explicaremos a divisão do reino humano nestas raças e sub-raças.
44
Capítulo XI
AS RAÇAS E AS SUB-RAÇAS
Para alcançar os fins do esquema geral da evolução, o reino humano se divide em sete
grandes raças, chamadas usualmente Raças-Raiz, em cada período global. Porém, talvez
fosse mais preciso dizer que em cada período global há sete etapas de crescimento do reino
humano; estas etapas nem sempre são tão claramente marcadas ou diferenciadas umas das
outras, como no caso atual com nossas raças claramente distinguíveis.
Cada uma destas Raças-Raiz, ou etapas evolutivas, se divide em sete sub-raças, ou sete
subetapas; por sua vez, cada sub-raça se divide em sete unidades menores, conhecidas
como raças ramificadas ou nações.
Em nosso atual período global, as sete Raças-Raiz são as seguintes:
Primeira Raça-Raiz - chamada de Raça Etérica, porque não possuía corpos mais densos
que o etérico. Não se pode falar de sub-raças definidas, apesar de haver sete etapas de
crescimento ou mudanças evolutivas. Esta raça desapareceu há muito tempo.
Segunda Raça-Raiz - é a Raça Hiperbórea. Tinha corpos físicos e ocupava um
continente chamado Plaksha, no norte do globo. Também desapareceu completamente.
Terceira Raça-Raiz - a Raça Lemuriana ocupava o continente da Lemúria ou Shálmali,
como é denominado na história antiga. Este foi um grande continente, localizado onde hoje
é a região sul do Pacífico. A raça é a negroide, e alguns dos seus descendentes ainda
existem, embora muito miscigenados com progênies das raças posteriores.
Quarta Raça-Raiz - a Raça Atlântica, habitava o Continente da Atlântida, ou Kusha, em
sua maior parte desaparecido sob o Oceano Atlântico.
A maioria dos habitantes atuais da Terra pertence a esta raça
Quinta Raça-Raiz - a raça Ária, que inclui na atualidade os membros mais avançados
dos habitantes da Terra. Krauncha é o nome dado à presente superfície terrestre da Europa,
Ásia, América e Austrália.
Sexta Raça-Raiz - Esta raça ainda não existe, mas aparecerá dentro em pouco. Está
destinada a ocupar um novo continente, que já começou a surgir, fragmento a fragmento,
no Pacífico.
Sétima Raça-Raiz - Esta raça se seguirá à sexta, e será a última que aparecerá na Terra,
nesta ronda. Nada se sabe ainda do continente que ocupará, embora às vezes lhe seja
atribuído o nome de Pushkara.
Os nomes das sete sub-raças da Quarta Raça-Raiz (Atlântica) são os seguintes:
1. Ramoahal.
2. Tlavatli.
3. Tolteca.
4. Turânia.
5. Semítica.
6. Acadiana.
7. Mongólica.
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As sub-raças da quinta Raça-Raiz são as seguintes:
1. Hindu.
2. Ário-semítica.
3. Iraniana.
4. Céltica.
5. Teutônica.
6. Só recentemente começa a surgir em diversas partes do mundo.
7. Ainda não apareceu.
Na parte posterior deste livro empreenderemos o estudo destas raças e sub-raças com
mais detalhes. Por hora, entretanto, só nos interessa fazer notar a divisão do reino humano
nestas amplas classificações.
As Raças-Raiz (ou as etapas correspondentes a elas) de nossa cadeia de globos estão
ilustradas no Diagrama XIX.
Como são sete Raças-Raiz em cada período global, existem 49 Raças-Raiz em cada
ronda, e 343 Raças-Raiz em toda a cadeia.
O Diagrama XX ilustra a Terra com suas Raças-Raiz e sub-raças.
As passadas e desaparecidas estão representadas por linhas pontilhadas; aquelas cujos
descendentes ainda existem, aparecem em linhas contínuas, marcando-se assim seus
nomes; as Raças-Raiz que ainda não existem, se apresentam novamente com linhas
pontilhadas.
46
Diagrama XX. As Raças dos Sete Períodos Terrestres.
A fim de dar alguma ideia em perspectiva do lugar proporcional mantido pelas Raças-
Raiz e pelas sub-raças em todo o vasto esquema, o Diagrama XXI ilustra todas as unidades,
desde a cadeia até as sub-raças.
47
Expressas numericamente, as relações são as seguintes:
48
Capítulo XII
A RONDA INTERIOR
No Capítulo II, que trata das Rondas, vimos que cada globo de uma cadeia se converte,
a seu tempo, em plenamente ativo; depois passa por um período de obscurecimento,
enquanto o globo seguinte se torna plenamente ativo por um tempo. Este processo se
repete, de maneira que cada globo da cadeia desfruta de sete períodos de plena atividade,
com períodos intermediários de obscurecimento ou pralaya.
Outro modo de descrever o fenômeno é dizer que o Logos fixa sua atenção em um
determinado globo, acendendo-se ali a vida, e a evolução dos reinos é impelida
rapidamente para diante. Quando o Logos retira sua atenção do globo, a vida se desvanece,
afrouxam-se as rodas do progresso, e a onda vital passa ao globo para o qual se volta a Sua
atenção. Porém, em nenhum dos globos a vida se extingue por completo. O termo onda
vital é usado para a transferência da vida de um globo para outro.
O Diagrama XXII expressa essa ideia. Mostra um globo com o esplendor pleno da
atenção do Logos, enquanto os outros seis globos só desfrutam de um pequeno raio de Sua
Radiação, e consequentemente se encontram em um estado de obscurecimento parcial,
mas não completo.
49
proporcionam as sementes das quais se desenvolverão as formas, quando a atenção do
Logos se dirigir uma vez mais ao planeta que lhe importe, na ronda seguinte.
II. Servem como campos evolutivos para as entidades que se atrasaram em relação
aos seus congêneres.
III. Servem de apoio para certas entidades que realizam um progresso
inusitadamente rápido.
Explicaremos agora estas três funções.
É evidente que se os representantes dos reinos não permanecessem em cada globo,
ter-se-ia que gastar uma vasta quantidade de trabalho e tempo cada vez que um globo
entrasse em plena atividade para construir de novo as miríades de formas para a ocupação
dos reinos da vida.
Isso seria altamente antieconômico, mas é evitado ao se deixar um núcleo de cada
reino em cada globo.
O núcleo de cada reino é pequeno. Normalmente são mantidas as quantidades
próximas do mesmo nível através dos incontáveis milhões de anos que transcorrem até que
o planeta se torne ativo novamente. Quando chega seu turno de plena atividade, e um
vasto número de entidades está pronto para encarnar nele, a raça estancada se torna, de
repente, maravilhosamente prolífica; são introduzidas rapidamente grandes mudanças e
vastas melhoras de toda classe, e se faz evoluir os veículos para que fiquem aptos a receber
a futura irrupção de entidades muito mais evoluídas que as do núcleo original.
Diagrama XXIII ilustra este processo. Nele, que representa a nossa cadeia, os sete
reinos originais no globo C (Marte) aparecem pontilhados, indicando que desapareceram,
exceto um núcleo muito reduzido, representado pelos pequenos quadrados. A onda vital
passa para o globo seguinte, a Terra, que se torna plenamente ativa; então os reinos
atingem seu tamanho máximo.
50
Quando chegar o tempo para que a onda vital abandone a Terra e passe para
Mercúrio, o Globo E, os núcleos que existem ali se tornarão prolíficos e se expandirão até
que os reinos alcancem seu tamanho pleno; o processo é mostrado no diagrama com as
flechas radiadas fora dos núcleos para os quadrados maiores, que representam os reinos de
tamanho completo.
A segunda função dos núcleos é a provisão de um campo de evolução para as
entidades atrasadas. Até o fim da primeira ronda há sempre certas entidades, em todos os
reinos, que não conseguem o que se esperava delas; consequentemente, quando se
completa a evolução no Globo F, não estão aptas para seguir para o Globo G.
Desse modo são deixadas para trás e continuam trabalhando firmemente no núcleo
que permanece no Globo F. Com o passar do tempo, podem realizar suficiente progresso
para unir-se ao núcleo restante no Globo G. Ocasionalmente, também por algum impulso
extraordinário, algumas podem apressar-se e alcançar a onda vital da qual caíram.
Entretanto, o mais comum é que permaneçam atrasadas até que sejam alcançadas
pela onda vital em sua seguinte viagem ao redor dos globos.
Nesse caso - certamente nos referimos às entidades humanas - se encontram
usualmente em uma classe de Mônadas inferior àquela a que anteriormente pertenceram.
Tais entidades atrasadas permanecem dessa maneira atrás da onda vital e, ao perder
uma ronda, caem em uma classe inferior. Como já se disse, certa proporção dessas
atrasadas aparece em cada planeta, e em todos os diversos reinos, ou seja: a essência
mineral que não alcança o reino vegetal, a vida vegetal que não atinge a vida animal, os
animais que não chegam a individualizar-se como seres humanos.
O Diagrama XXIV ilustra este processo. Nele se mostram duas classes de entidades: a
primeira, dividida em metades e a segunda, em quartos. Uma entidade da classe I é
separada, permanecendo com o núcleo pequeno no Globo F. O resto da classe I e da classe
II atravessa então os Globos G, A, B, C, D e E, e retorna ao Globo F na ronda seguinte. A
51
entidade, ainda no núcleo do Globo F, então se une à classe II no Globo F e continua sua
evolução com essa classe.
A terceira função dos núcleos - e esta é aquela de que habitualmente se fala como a
função da Ronda Interior propriamente dita - é o reverso exato da anterior, e consiste em
capacitar certas entidades para que realizem um progresso inusitadamente rápido. O
Diagrama XXV ilustra o processo.
53
Capítulo XIII
“OS DIAS DO JUÍZO”
Existem muitas lendas sobre um "juízo final", em que se decidirá o destino dos
homens. Por trás destas lendas jaz uma importante verdade oculta, embora
lamentavelmente a enfermiça imaginação dos monges medievais tenha distorcido a ideia
perfeitamente simples e racional da suspensão eônica para a ideia da "condenação eterna".
Nossa velha analogia da universidade pode ser utilizada de novo para explicar a razão
do processo.
Podemos apresentar o mestre de uma classe que necessita de um ano de tarefas para
preparar seus alunos para certo exame. Organiza seus planos para assinalar partes
apropriadas da tarefa a cada prazo e mês do ano. Porém, como os discípulos são de
diversas idades e capacidades, alguns aprendem com rapidez e realizam um progresso
veloz, enquanto outros ficam para trás. Além disso, constantemente são agregados novos
alunos à classe, alguns deles se apresentando com um nível mínimo de conhecimentos.
Em meados do ano, após uma avaliação, o Mestre decide não admitir mais alunos na
classe. Age assim porque, sabedor do que se requer para o exame, compreende a
impossibilidade de que qualquer aluno abaixo de certo nível inicial progrida o suficiente
para ser capaz de ser aprovado no exame de fim de ano.
Nesse mesmo ano, um pouco mais tarde, o mestre efetua uma nova avaliação dos
alunos e prevê que alguns serão com certeza aprovados no exame, mas a perspectiva dos
demais é duvidosa, havendo aqueles que certamente serão reprovados. Então, com perfeita
razão, diria a estes últimos, seus discípulos menos adiantados:
“Chegamos agora a uma etapa em que o esforço ulterior desta classe resultará inútil.
É possível que não consigam, por mais que se esforcem, o nível necessário para
enfrentar o exame. Os ensinamentos muito avançados que os demais devem receber agora
seriam inteiramente inapropriados para vocês, e como não os podem entender, não só
desperdiçariam o seu próprio tempo, como também seriam um estorvo para o resto da
classe. Portanto, será melhor que passem agora mesmo para a classe imediatamente
inferior, se aperfeiçoem nas lições preliminares (que não aprenderam ainda de todo) e
regressem a este nível com a classe do ano vindouro, quando estiverem seguros de ser
aprovados”.
Aqui temos analogias exatas do que ocorreu e ocorrerá em nossa cadeia terrestre, pois
na metade da quarta ronda, salvo uns poucos casos excepcionais, a "porta foi cerrada" para
evitar que os animais entrassem no reino humano; a razão é que, se lhes fosse permitido
entrar nesta última etapa da cadeia, seria impossível continuarem evoluindo junto com uma
humanidade que estaria já muito adiantada em relação a eles.
A seguir, na metade da nossa próxima ronda, a quinta, terá lugar a grande
"separação", quando as entidades humanas que não estiverem suficientemente adiantadas
para progredir com o resto serão postas de lado, e entrarão em um estado de suspensão,
até que uma cadeia futura lhes proporcione oportunidades apropriadas para que
continuem a evolução.
54
Esta parte do reino humano pode-se dizer "perdida" para nós, porque seus membros
ficarão de fora desta particular pequena onda evolutiva. Segundo a fraseologia
universitária, deixarão de ser "os homens do nosso ano". Entretanto, se converterão nos
"homens do ano seguinte". De fato, nesse ano se converterão nos homens-guia, devido ao
labor que já cumpriram, e à experiência que já obtiveram. A maioria deles fracassa porque é
demasiado jovem, embora demasiado velha para permanecer na classe inferior, o reino
animal.
Obtiveram a experiência de atravessar a primeira parte da cadeia e, portanto poderão,
na próxima cadeia, assumir sua evolução presta e facilmente. Ademais, poderão ajudar seus
congêneres mais atrasados que não tiveram seu progresso, pois os que, como estes,
"fracassam" por ser demasiado jovens, está claro que não têm culpa alguma.
Há, entretanto, outra classe numerosa que poderia ter alcançado êxito mediante
determinado esforço, mas fracassou por falta desse esforço: corresponde aos alunos que
fracassam não por ser demasiado jovens, mas demasiado preguiçosos para cumprir seu
labor. Seu destino é o mesmo que o dos demais, porém, enquanto aqueles não tiveram
culpa, já que fizeram do melhor modo possível, estes outros são culpados precisamente
porque não fizeram o melhor que podiam. Por isso carregam consigo um legado de carma
desagradável, do qual os primeiros estarão livres.
As exortações do Cristo foram dirigidas à classe dos homens que não realizam o
suficiente esforço, isto é, os homens que tiveram a oportunidade e capacidade de triunfo,
mas não fizeram os esforços necessários.
Destes falou também H. P. Blavatsky em termos rudes como: "parasitas inúteis que
recusam converter-se em colaboradores da Natureza, e que morrem aos milhões durante o
ciclo vital manvantárico" (A Doutrina Secreta, III, 526). Entretanto, ressaltamos que este
"morrer" se refere meramente a este "ciclo vital manvantárico", isto é, a esta cadeia, e que
isso não significa para eles a extinção total, mas somente uma demora.
De fato, a demora é o pior que pode suceder no curso ordinário da evolução. Essa
demora é sem dúvida grave; porém, por pior que seja, é o melhor que se pode fazer nessas
circunstâncias.
Essa gente necessita claramente de mais treinamento, e devem ter esse treinamento,
ainda que isso signifique muitas vidas - muitas das quais podem ser terríveis e conter muito
sofrimento. Mas esse é o único modo de alcançar o nível que lhes está destinado, e a que
chegarão certamente no devido tempo.
Com o objetivo de "salvar" tanta gente quanto fosse possível desse sofrimento
adicional, o Cristo disse aos Seus discípulos: "Ide ao mundo e pregai o Evangelho a toda
criatura; quem crer e for batizado, se salvará; mas quem não crer, será condenado." Pois o
batismo (e seus ritos correspondentes em outras religiões) é o signo da consagração da vida
ao serviço da Irmandade, e o homem que capta a verdade e assim se orienta na direção
correta, com certeza estará entre os "salvados" ou "salvos" que escaparão da "condenação"
na quinta ronda.
Como vimos, a "condenação" significa meramente uma exclusão desta cadeia de
mundos e uma inserção na próxima corrente vital sucessiva.
55
Certamente a "crença" a que se fez referência não se relaciona somente com os
homens que aceitam o Cristianismo ou a Teosofia.
Não importa qual seja a sua religião, conquanto aspirem à vida espiritual, na medida
em que se posicionem claramente ao lado do bem e frente ao mal, e trabalhem
desinteressadamente para frente e para cima.
O problema mencionado pode ser abordado partindo-se de uma base numérica.
Parece possível que até o selvagem mais primitivo agora existente alcance, antes da metade
da quinta ronda, o nível necessário para a evolução continuada nesta cadeia. Mas para
chegar a isso, jamais poderá deixar, nem uma vez, de aproveitar cada oportunidade que se
ofereça; e o número dos que farão isso será infinitamente pequeno.
Foi calculado que a proporção preparada para continuar nesta cadeia será de uns três
quintos da população total do atual reino humano, enquanto os restantes dois quintos
serão suspensos.
A quantidade total do presente reino humano é estimada em uns 60 bilhões,
considerando-se não apenas a população física, mas também a que se encontra nos planos
astral e demais. Desse modo, aproximadamente 36 bilhões seguirão com a cadeia,
enquanto 24 bilhões ficarão suspensos.
Depois desta grande "separação", os contornos se adaptarão especialmente para o
rápido progresso dos egos mais avançados e, portanto serão totalmente inapropriados para
as entidades de uma etapa evolutiva muito inferior, porque as vibrações grosseiras da
paixão violenta, necessárias para o desenvolvimento do corpo astral inerte e semiformado
do selvagem, não estarão mais disponíveis.
É fácil imaginar muitas maneiras nas quais se manifeste esta inadequação. Assim, por
exemplo, em um mundo de elevado desenvolvimento intelectual e espiritual, onde a guerra
e a matança de animais há tempos passou a ser coisa do passado, a existência de raças
selvagens, cheias de paixões indisciplinadas e ânsias belicosas, introduziria evidentemente
muitas dificuldades e complicações graves. E ainda que se criassem meios para a sua
repressão, essa mesma repressão as excluiria das atividades requeridas para sua primeira
etapa evolutiva.
Essas entidades atrasadas, como se disse, tomarão seu lugar na próxima cadeia. Por
isso não sofrerão de modo algum. Terão meramente um período muito prolongado de
repouso em uma vida celestial que possam apreciar e, sem dúvida, embora durante esse
período sua consciência provavelmente esteja em parte desperta, prosseguirão com certa
dose de progresso interior.
Desse estado descerão nas etapas evolutivas prístinas da próxima cadeia, e estarão
entre os líderes da humanidade primitiva da próxima cadeia. Certamente o resto dessa
humanidade primitiva será composta de entidades humanas oriundas do que agora é, na
Terra, nosso reino animal.
Outra razão importante da necessidade da "separação" correspondente à quinta
ronda, é que as raças humanas posteriores estarão em contato mais íntimo com os Adeptos
e os grandes devas do que como ocorre agora.
Portanto, será para eles necessário manter-se em um estado impressionável, prontos
para receber e responder a uma emanação de influências. Isto, por sua vez, requer que
56
vivam uma vida pacífica e contemplativa, o que certamente seria impossível se ainda
houvesse no mundo raças selvagens que atacassem e matassem homens em estado de
contemplação.
As vibrações mais poderosas desse tempo não despertariam a natureza superior do
selvagem, mas simplesmente estimulariam e intensificariam suas paixões inferiores, de
modo que nada ganhariam em estar na Terra nessa época, enquanto que impossibilitariam
o progresso das pessoas mais desenvolvidas.
Não se deve pensar que todas as entidades humanas que conseguirem atravessar o
ponto crítico na quinta ronda chegarão à meta estabelecida para esta cadeia, a do Asekha,
ou Adepto.
Pelo contrário, estima-se que só um terço daquelas que continuem na cadeia se
converterão em Adeptos.
Os outros dois terços terão que entrar na próxima cadeia, a quinta, embora não nas
primeiras etapas; provavelmente aparecerão próximo do seu ponto médio. Entretanto a
questão se complicará para eles, pelo fato de que a meta fixada para a quinta cadeia será
mais elevada que a estabelecida para a quarta cadeia, a atual, ou seja, estará um nível
acima do Adepto Asekha.
Neste ponto, completamos esta parte do nosso estudo, descrevendo qual será
provavelmente a distribuição real das entidades humanas ao término da nossa cadeia.
Podemos enumerar seis classes bem definidas, embora evidentemente cada uma destas
poderia dividir-se ulteriormente:
I. Os que, seguindo o Caminho mais escarpado, alcançam o estado de Adepto em
rondas anteriores à quinta.
II. Os que alcançam a meta fixada e se convertem em Adeptos na sétima ronda. Estes
são a vanguarda dos que seguiram o caminho usual.
III. Os que alcançam o nível de Arhat na sétima ronda.
IV. Os que estão nos três níveis inferiores do Caminho propriamente dito, isto é,
passaram pelas Iniciações Primeira, Segunda ou Terceira.
V. Os que "fracassaram" no ponto crítico da quinta ronda.
VI. A grande massa do reino animal que chegará à individualização até o término da
sétima ronda, e que assim formará a humanidade da quinta cadeia.
Da quantidade total de egos dedicados a esta evolução - uns 60 bilhões - se espera que
uma quinta parte alcance o nível de Asekha antes de terminar a sétima ronda. Outra quinta
parte terá chegado, por essa época, ao nível de Arhat; uma quinta parte estará nas etapas
mais baixas do Caminho; os dois quintos restantes terão sido apartados na Grande
Separação, na metade da quinta ronda.
O Diagrama XXVI ilustra a grande "separação" na metade da quinta ronda e também a
distribuição das entidades humanas ao término da cadeia.
No diagrama, os que alcançaram o Estado de Adepto em rondas anteriores à sétima
aparecem como chegando a um nível superior ao da Iniciação do Asekha, porque, com toda
probabilidade, assumirão outras Iniciações para a época em que se complete a cadeia, e o
diagrama mostra a distribuição ao fim da cadeia.
57
Diagrama XXVI. Produtos da Cadeia Terrestre.
58
individualização. Quando a porta do reino humano é cerrada para os animais, então se abre
para a humanidade a porta do Caminho.
A grande massa da nossa atual corrente vital animal, como explicado antes, chegará à
individualização somente ao término da sétima ronda da nossa cadeia atual e, portanto
formará a humanidade da próxima cadeia (a quinta). Porém, ocasionalmente, um animal
muito ligado à humanidade e desenvolvido especialmente em afeto e inteligência, pode ser
bastante afortunado para alcançar a individualização no presente período mundial. Esse
animal pode acomodar-se com um corpo humano primitivo no começo da ocupação
mediante nossa corrente vital do próximo planeta (Mercúrio) em nossa cadeia atual. É
evidente que muito poucos poderão realmente aproveitar esta que, até onde podemos
apreciar, será a oportunidade final de entrar no reino humano ainda nesta cadeia.
Conhece-se um caso em que um animal, excepcionalmente capaz de viajar durante o
sono em seu corpo astral para visitar seu amo, poderia encarnar quase imediatamente
neste mundo, se não fosse por certas dificuldades que surgiram. O animal teria sido um
selvagem primitivo e, contudo, poderia ter encarnado somente em relação pessoal
imediata com seu amo, a quem seu apego era tão forte que teria sido impossível apartá-lo
dele. Até esta dificuldade poderia ter sido vencida, salvo pelo fato de que foi impossível
garantir o sexo do selvagem.
A frase sobre o “fechamento da porta” só se aplica aos animais que ascendem ao reino
humano no presente período global, e não àqueles cujos corpos causais que, embora
primitivos, já estão formados. Assim, os antropoides, dos quais H. P. Blavatsky disse que
ainda são admissíveis para os corpos humanos, pertencem ao reino animal da Cadeia Lunar,
não à Terrestre. Ocuparam os corpos pelo que se conhece como o “pecado da
imentalidade” (o que será explicado em um capítulo posterior), e são os gorilas,
chimpanzés, orangotangos, mandris e gibões. Poderiam encarnar na África, nas raças
humanas muito baixas ainda existentes, do tipo lemuriano
Parece provável que o princípio subjacente na "separação", isto é, a suspensão
temporária das entidades ineptas para avançar junto com os membros mais adiantados do
mesmo reino ou corrente vital, é aplicável, de muitas maneiras distintas, à já descrita.
Em The Theosophist, de julho, agosto e setembro de 1916, o senhor G. E. Sutcliffe
expõe a ideia com grande lucidez e agudeza, e de maneira interessantíssima. Ressalta que,
de acordo com a regra de correspondência, de tão vasta aplicação em ocultismo, "como é
em cima, é embaixo", deve existir "Dias do Juízo" correspondentes em cada porção dos
ciclos e subciclos da nossa evolução.
De maneira que, como a separação na metade da quinta ronda rechaça os ineptos
para a cadeia, deverá haver uma separação de Segunda Ordem na metade de cada quinto
período global, rechaçando os ineptos para o resto da ronda; uma separação de Terceira
Ordem, na metade de cada quinta Raça-Raiz, suspendendo os ineptos para o resto do
período global; e uma separação de Quarta Ordem, na metade de cada quinta sub-raça,
rechaçando os ineptos para o resto da Raça-Raiz.
De modo similar, é possível que a recente Guerra Mundial (que alguns acham que
ainda não terminou) que afetou principalmente a quinta Raça-Raiz, e só incidentalmente a
quinta sub-raça, foi um "Dia do Juízo" de terceira ordem, em que os ineptos foram
59
suspensos para o resto do período global. Se esta hipótese é correta, então os ineptos para
o resto do período global serão separados e continuarão sua evolução em Marte, unindo-se
dessa maneira à Ronda Interior em direção inversa, como se explicou em um capítulo
anterior.
Esta teoria recebe apoio da seguinte afirmação: "...alguns pertencentes ao povo
irremissível, que participaram desta grande luta (a guerra), serão segregados e ingressarão
em Avíchi, para esperar ali até que evolua algum planeta futuro, no qual retomarão sua
evolução".
A magnitude da crise, da qual a guerra foi, se não o todo, certamente uma parte, é
indicada pelo seguinte: "A guerra se converterá em um modo rápido e seguro de realizar
em poucos anos o labor de séculos, de assegurar um progresso incomparável para uma
civilização mais nobre e melhor".
Do mesmo modo: “Há pouco insisti muito sobre nosso dever urgente de dar à
Hierarquia a cooperação que ela demanda, por ser a primeira vez na história da evolução
em que Eles podem alcançar Seu objetivo sem destruir toda a civilização como Eles fizeram
na Atlântida, e em escala mais reduzida, em Roma" (Annie Besant).
Ademais, parece que as condições agora subsistentes em Marte (que trataremos mais
especificamente em um capítulo posterior) são tais que resultam eminentemente
apropriadas para a evolução daqueles que, devido ao seu "materialismo científico", podem,
sem presunção, conceber que são ineptos para continuar junto à população de mentalidade
menos materialista, pertencente à Terra, durante o resto da quinta Raça-Raiz e as vindouras
Raças-Raiz sexta e sétima.
Como se disse, a teoria do senhor Sutcliffe, ao considerá-la, é muito razoável, e parece
sustentada por dois fatos historicamente apreciáveis.
Portanto, podemos adotá-la, ao menos provisoriamente, e efetuar alguma tentativa de
ilustrar em um diagrama o método do seu acionamento.
Em primeiro lugar, apresentemos desta maneira os fatos em uma tabela:
60
inferiores direitas dos retângulos. O Diagrama XXVII mostra o efeito de um Dia do Juízo de
Quarta Ordem, excluindo os ineptos para continuar com o resto da Raça-Raiz.
Os efeitos de todas as quatro Ordens dos Dias do Juízo se mostram no Diagrama XXX.
Pode-se notar que o número total de Dias do Juízo das quatro Ordens, em toda a nossa
cadeia, é exatamente 400, todos os quais se apresentam no Diagrama XXX.
A ideia subjacente de todo o processo consiste em que, em qualquer período dado, a
quantidade de entidades que são aptas para continuar até o fim desse período é
apreciavelmente reduzida por sucessivas aplicações dos Dias do Juízo dos quatro graus; por
isso é que o número de entidades que podem completar toda a cadeia seja
substancialmente menor que o número dos que ingressaram na cadeia em seu início. Na
metade da quinta ronda há uma redução de 40%; sobre os 60% que escapam a esta
redução haverá outras reduções, devido à aplicação das separações de Segunda, Terceira e
Quarta Ordens.
Afirma-se que o "Dia do Juízo" da Cadeia Lunar ocorreu na sexta ronda, no quarto
globo - a Lua. Segundo nossa regra, isto deveria ocorrer na quinta ronda. Portanto pode ser
que nossa regra generalizada seja incorreta, ou pode ter ocorrido algo excepcional neste
61
caso. Ou, possivelmente, o Dia do Juízo seja um processo que se estende sobre um período
considerável, e talvez esta tenha sido a porção final daquele, ocorrendo uma ronda total
depois do seu começo.
Afirma-se que o "Dia do Juízo" da Cadeia Lunar ocorreu na sexta ronda, no quarto
globo - a Lua. Segundo nossa regra, isto deveria ocorrer na quinta ronda. Portanto pode ser
que nossa regra generalizada seja incorreta, ou pode ter ocorrido algo excepcional neste
caso. Ou, possivelmente, o Dia do Juízo seja um processo que se estende sobre um período
considerável, e talvez esta tenha sido a porção final daquele, ocorrendo uma ronda total
depois do seu começo.
Seja como for, através da guerra foi exterminada toda uma raça de selvagens
incapazes de avançar mais na Cadeia Lunar, não restando corpos disponíveis apropriados
para o seu baixo estado evolutivo. Morreram e não mais renasceram, permanecendo em
um estado de adormecimento. Muitos corpos de tipos baixos similares foram aniquilados
mediante catástrofes sísmicas que devastaram grandes áreas, diminuindo em muito a
população do globo. A partir desse tempo, tudo foi dirigido para pressionar para diante, o
mais rapidamente possível, os que ficaram, preparando-os para a evolução na próxima
cadeia - a Cadeia Terrestre. Após a queda dos "atrasados" sem esperança, o crescimento foi
mais firme e rápido que antes.
62
A sugestão de que o Dia do Juízo para uma cadeia é um processo que se estende
durante um período considerável parece ser apoiada pela afirmação de que na sétima
ronda da Cadeia Lunar, de cada globo se desprenderam os habitantes para os quais as
condições dos globos seguintes não eram apropriadas, ficando em suspensão até que a
próxima cadeia estivesse pronta para que eles retomassem a sua evolução.
Outra exceção aparente à regra geral é que, na primeira cadeia, não houve fracassos
desprendidos de sua evolução. Se houve Dia do Juízo, a investigação não o observou.
Entretanto, há outra explicação que alguns estudiosos consideram preferível. A
seguinte tabela expõe esta teoria sem necessidade de outra explicação:
Sabe-se que os três itens marcados com (a) estão de acordo com os fatos e, portanto,
bem pode ser que esta teoria, que agradeço a um engenhoso amigo, seja a correta. Então,
se é correta e o princípio essencial é o mesmo, seriam necessárias modificações
substanciais no Diagrama XXX para que seja exato.
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Capítulo XIV
A INVOLUÇÃO E A EVOLUÇÃO
Através de todas as fases do nosso Sistema há um princípio fundamental que se repete
em muitos níveis diferentes. Este princípio deve ser captado claramente, porque é o “Fio de
Ariadne” para todo o labirinto e compreende as sete grandes etapas da Involução e da
Evolução. Durante três etapas o Espírito desce na Matéria: a Vida involui na Forma; a quarta
etapa é a do conflito entre o Espírito e a Matéria, entre a Vida e a Forma; durante as três
etapas restantes, o Espírito ascende: a Vida evolui através da Forma.
Durante sua ascensão, o Espírito pode ser imaginado como flutuando sobre a Matéria,
compartilhando qualidades, dando à matéria poderes e atributos. A quarta etapa está só; a
Matéria, depois de receber ou adquirir diversos poderes e atributos, entra em múltiplas
relações com o Espírito informante. Esta é a grande batalha do universo, o tremendo
conflito entre o Espírito e a Matéria, a batalha de Kurukshetra, das vastas hostes dos dois
exércitos contrários, como as escrituras hindus descrevem o processo.
Nesta parte do Campo está o ponto de equilíbrio. O Espírito, ao entrar em inumeráveis
relações com a Matéria, a princípio é derrotado; depois chega ao ponto de equilíbrio, onde
um não leva vantagem sobre o outro. Depois, lentamente, o Espírito começa a triunfar
sobre a matéria, de modo que, ao término da quarta etapa, o Espírito é amo da matéria, e
está pronto para ascender através das três etapas que completam as sete.
Durante as três últimas etapas, o Espírito organiza a matéria que ele dominou e
animou, e a emprega para seus próprios fins; modela-a para sua própria expressão, de
modo que ela possa converter-se no meio pelo qual se manifestem e ativem todos os
poderes do Espírito, modelados no veículo perfeito que ele necessita para manifestar-se
perfeitamente.
Durante o descenso do Espírito, também chamado arco descendente, não somente há
uma tendência a uma materialidade maior, ao involuir o Espírito na matéria a fim de
aprender a receber as impressões através dela, como também uma tendência para a
diferenciação. A corrente da Vida Divina se divide e se subdivide em uma quantidade
sempre crescente de correntes menores e unidades de consciência.
Durante a primeira parte da ascensão do Espírito, o arco ascendente durante o qual o
Espírito aprende a dominar a matéria e a vê-la como expressão de si mesmo, a tendência é
ainda para uma maior diferenciação, mas ao mesmo tempo para uma espiritualização e
fuga da materialidade.
Durante a última parte do arco ascendente, quando se cumpre finalmente a
diferenciação mediante a divisão da Vida Divina em entidades humanas separadas, a
tendência é para a unidade e também para uma maior espiritualidade. Nesta etapa,
havendo o Espírito aprendido perfeitamente como receber impressões através da matéria,
como se expressar através dela, e já despertos os seus poderes, aprende a usar tais poderes
corretamente a serviço da Deidade, o Logos.
O Diagrama XXXI ilustra o processo.
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Diagrama XXXI. Os Arcos Descendentes e Ascendentes.
Como já se disse, este princípio se repete uma e outra vez, em muitos níveis. Pode-se
vê-lo em atividade em sucessivas Cadeias, Rondas, Globos, raças e sub-raças, e uma
indagação minuciosa provavelmente revelaria outros exemplos de sua aplicação.
De maneira que, como terá observado o estudante, as sete Cadeias Planetárias de um
Esquema Evolutivo seguem o processo de descenso e ascensão através dos graus da
matéria ou planos (veja Diagrama V).
No caso dos Globos de qualquer Cadeia em particular, uma consulta aos Diagramas
III e V mostra que os Globos de cada Cadeia descem e ascendem novamente no grau
de materialidade.
Os três pares de Globos: A e G, B e F, C e E em qualquer Cadeia, estão unidos
intimamente; porém, um pode ser considerado como esboço grosseiro e o outro como um
quadro acabado.
O primeiro globo, Globo A, pode ser considerado como a raiz ou semente da Cadeia; o
último globo, Globo G, como a flor ou fruto da Cadeia; daí que o Globo A seja às vezes
citado como o mundo-raiz; o Globo G, de modo similar, às vezes é denominado o mundo-
semente porque, embora produza o fruto ou produto final de sua própria Cadeia, ao
mesmo tempo provê a semente para a Cadeia seguinte.
As formas evoluem nos três primeiros globos de uma Cadeia; no quarto globo se une o
abismo entre as formas e os Espíritos que flutuam, e as formas se animam; nos últimos três
globos, os Espíritos modelam as formas à sua vontade.
O Globo A de uma Cadeia por vezes se chama também o globo arquetípico, porque
contém os arquétipos das formas que serão produzidas na ronda. Porém, como disse H. P.
Blavatsky, "a palavra 'arquetípico' não deve ser tomada no sentido que lhe deram os
platônicos, isto é, o mundo como existia na mente da Deidade, mas no de um mundo feito
como um primeiro modelo, para ser seguido e melhorado pelos mundos que o sucedem
fisicamente". (A Doutrina Secreta, I, 221, nota)
Encontraremos precisamente o mesmo princípio em atividade quando considerarmos
mais detalhadamente as raças e sub-raças.
Em nosso Esquema Evolutivo, na atualidade, acabamos de passar pelo ponto médio. O
ponto central de todo o Esquema estará claramente na Quarta Cadeia, Quarta Ronda,
65
Quarto Globo, Quarta Raça-Raiz. Daí que o ponto médio real recaiu na época da última
Raça-Raiz, a Atlântica. Como a raça Ária é a Quinta Raça-Raiz do Quarto Globo, a raça
humana apenas transpôs a metade do caminho em sua evolução, considerando-se isto de
maneira puramente aritmética em termos das etapas que deve atravessar. Um pouco mais
adiante trataremos da questão do lapso consumido por estas diversas etapas.
Nossa Cadeia, a quarta, é a Cadeia da luta, do equilíbrio, a Cadeia na qual o Espírito e a
matéria devem entrelaçar-se e entretecer-se, de modo que o mais elevado e o mais baixo,
os dois polos da natureza se unam em um só ser complexo: o Homem; este é o ponto de
partida para a evolução superior.
Ademais, como já vimos, estamos agora no Quarto Globo, de maneira que nos
encontramos no centro mesmo da luta, no ponto de combate mais intenso e de máxima
dificuldade, verdadeiramente no Kurukshetra Planetário. Aqui, no Quarto Globo da Quarta
Cadeia, na Quarta Ronda, deverá iniciar-se o máximo conflito do Espírito com a Matéria,
para concluir com o triunfo do Espírito.
Devemos notar também que há outro processo cíclico que opera na evolução dos sete
reinos através das rondas de uma cadeia. Cada ronda faz evoluir um reino até a perfeição
do seu tipo; os tipos futuros, que não pertencem a essa ronda, certamente estão presentes,
porém em estado mais ou menos embrionário, comparados com o seu desenvolvimento
futuro nas rondas sucessivas. Ali, em nossa cadeia, os reinos se aperfeiçoarão da seguinte
maneira:
67
Capítulo XV
TEMPOS E DATAS
Contamos com pouca informação relativa aos tempos ocupados pelas Cadeias,
Rondas, períodos globais ou mesmo raças. Por isso, é impraticável tentar até mesmo
estimar as medidas exatas destas enormes extensões de tempo.
Nos livros esotéricos hindus são encontradas quantidades definidas, porém H. P.
Blavatsky declara que é impossível confiar plenamente nelas, porque estão implícitas outras
considerações esotéricas que os autores não levaram em conta.
Apesar de não haver informação direta sobre a questão, há alguma razão para
suspeitar que o tempo das Rondas não é uma quantidade invariável, e que umas são mais
breves que outras. Supõe-se que as que estão adiantadas em relação a nós provavelmente
não foram tão longas como as que atravessamos. Porém, tampouco aqui temos informação
certa, e parece inútil especular contando com tão poucos dados.
Entretanto podemos notar a este respeito, lançando talvez alguma luz sobre a questão
dos tempos passados da evolução, que as investigações demonstraram que enquanto as
mudanças radicais prístinas na constituição do homem se estenderam durante vastos
períodos de tempo, as alterações posteriores conectadas com o desenvolvimento das
civilizações se passaram muito mais rapidamente. Onde o desenvolvimento das civilizações
consumiu milhares de anos, as primeiras e mais radicais mudanças ocuparam milhões de
anos.
Por agora podemos apenas enumerar as poucas asseverações feitas por autoridades
diversas, e isso é o que passaremos a fazer.
Segundo registros ocultistas, o sistema solar tem uma vida estimada em cerca de
1.955.884.703 anos, ou seja, pouco menos de 2 bilhões de anos.
Também se diz que transcorreram 300 milhões de anos nesta Quarta Ronda no Globo
D (a Terra).
Os Senhores de Vênus chegaram à Terra há uns 16,5 milhões de anos.
A separação dos sexos, na metade da Terceira Raça-Raiz (a lemuriana) teve lugar há
uns 16,5 milhões de anos.
Porém, essa separação foi um longo processo que se estendeu durante mais de um
milhão de anos, e ocorreu em diferentes tempos e em distintas partes do mundo.
Um milhão de anos é o período estimado para a nossa atual Quinta Raça-Raiz (a
ariana).
Transcorreram 850.000 anos desde o afundamento da última grande ilha de Ruta,
parte do continente da Atlântida, da Quarta Raça-Raiz, a atlante.
A pequena ilha de Daitya foi destruída há cerca de 270.000 anos.
A catástrofe prévia ao afundamento de Posseidon começou em 75.025 a.C.
O afundamento de Posseidon teve lugar em 9.564 A.C.
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A Doutrina Secreta informa o seguinte:
Anos
Krita Yuga (Era) 1.728.000
TretáYuga 1.296.000
Dvápara Yuga 864.000
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Capítulo XVI
OS LOGOS DA CADEIA PLANETÁRIA E OUTRAS ALTAS DIGNIDADES
OS SETE LOGOS DA CADEIA PLANETÁRIA
Vimos no Capítulo VII que o Logos Solar contém dentro de Si sete Logos Planetários
que são, por assim dizer, centros dinâmicos dentro d’Ele, canais através dos quais emana
Sua força. Mas ao mesmo tempo, em certo sentido, pode-se dizer que O constituem.
Os hindus se referem a eles como os Sete Filhos de Aditi - o oitavo é Marttanda, o Sol;
cada Filho, ou Aditya, tem sua própria "casa".
Também foram chamados de Os Sete Espíritos do Sol. No Antigo Egito eram
denominados Os Sete Deuses Misteriosos. Na religião de Zoroastro eram Os Sete Amesha
Spontas. Entre os judeus, eram Os Sete Sephiroth; entre os cristãos e muçulmanos, eram Os
Sete Arcanjos.
Cada religião os localiza em torno da Trindade manifestada do Logos como os Vice-reis,
por assim dizer, de Ishvara no vasto império do Sistema Solar, cada qual com seu próprio
reino, cada qual administrando seu próprio departamento. Na Teosofia moderna, são
chamados de Os Sete Logos Planetários, porque sempre foram identificados com os sete
planetas sagrados, que são seus corpos físicos. Em capítulos anteriores já falamos sobre
estes planetas e sua relação com o Esquema Evolutivo ao qual pertencem. Cada um desses
Logos tem então sua própria casa e governa seu próprio reino, um departamento definido
do Sistema Solar.
A matéria do Sistema Solar que compõe os veículos do Logos Solar, também compõe
os veículos dos Logos Planetários. Em nenhuma parte do Sistema existe partícula de
matéria que não seja parte de um ou outro destes.
Certamente isto é verdadeiro para todos os planos; tomemos o plano astral como
exemplo, porque sua matéria é insuficientemente fluida para responder à nossa finalidade,
e ao mesmo tempo está bastante próxima do físico, para não se falar de algo que se
encontra muito além dos limites de nossa compreensão física.
Cada partícula da matéria astral do Sistema é, como dissemos, não só parte do corpo
astral do Logos Solar, como também é parte do corpo astral de um ou outro dos sete Logos
Planetários. Daí que no corpo astral de todos os homens existam partículas pertencentes a
cada um dos sete Logos Planetários; porém, as proporções variam infinitamente. Cada
Mônada surgiu originariamente através de um Logos Planetário (veja "O Corpo Causal", pág.
26). Ao longo de toda a sua evolução continuará tendo mais partículas desse Logos do que
de qualquer outro; deste modo, podemos distinguir-nos como pertencendo primariamente
a um ou outro destes sete grandes Poderes.
Nos Logos Planetários se produzem periodicamente certas transformações psíquicas; é
possível que correspondam, em algum nível infinitamente superior, à aspiração e expiração,
às batidas do coração em nós que estamos aqui no plano físico. Seja como for, parece que
há uma quantidade infinita de permutações possíveis com suas combinações.
Algumas destas mudanças periódicas são mais rápidas que outras, de modo que se
produz uma extensa série de efeitos. Observou-se que uma chave para o acionamento
70
destas grandes influências cósmicas em qualquer momento dado é fornecida pelos
movimentos dos planetas físicos associados.
Uma vez que nossos corpos astrais são formados da mesma matéria de Seus corpos
astrais, depreende-se disto que nenhum dos Logos Planetários pode mudar astralmente
sem afetar com isso o corpo astral de todos os homens, especialmente daqueles em que há
uma preponderância da matéria que expressa esse Logos Planetário em particular.
Recordando que o mesmo é válido para todos os demais planos, podemos compreender o
quanto são importantes para nós os movimentos e mudanças dos Logos Planetários.
Ademais, existem outras influências que afetam a matéria dos planos e subplanos, que
consideraremos mais adiante.
OS LIPIKA E OS DEVARAJAS
H. P. Blavatsky fala de certa ordem de Seres celestiais, os Senhores do Carma. Na
administração do carma, seus agentes são os quatro Devarajas (na realidade sete) ou
Regentes da Terra.
Cada um destes encabeça um vasto grupo de devas e Espíritos da Natureza e até
mesmo de essência elemental. Para efeito de uma explicação, tomemos apenas um plano, o
astral, tendo presente que se aplicam considerações parecidas a todos os demais planos
por igual.
A matéria astral, como um todo, está especialmente sob o controle de um destes
Devarajas; porém, como o plano astral é o sexto dos sete planos, de igual modo o sexto
subplano de cada plano está também, até certo ponto, sob a direção do mesmo Devaraja
porque a relação desse subplano com o plano do qual é parte, é a mesma que tem o plano
astral em sua totalidade com respeito ao conjunto de sete planos. Daí que para cada
subplano haja duas influências: a influência do regente do plano e a influência do regente
do subplano.
Já vimos que a matéria de cada plano e subplano é afetada em especial por um ou
outro dos sete Logos Planetários.
Devido a isso, qualquer porção de matéria em particular está sujeita a três influências
diferentes:
1) a dos sete Logos Planetários;
2) a do Devaraja do plano;
3) a do Devaraja do subplano a que pertence essa porção de matéria.
Está claro por isso que uma enorme quantidade de variedades nitidamente marcadas
de matéria existe em cada plano, de modo que, mesmo sem ter em conta as outras
subdivisões da matéria (que também existem), temos a possibilidade de uma quantidade
quase infinita de combinações de matéria, com a qual são construídos os diversos corpos
humanos.
Assim, qualquer que seja a característica de qualquer ego dado, ele sempre é capaz de
encontrar uma expressão adequada de si mesmo.
O Diagrama XXXII mostra a matéria de apenas um plano, o sexto plano, o astral,
afetado pelas três influências mencionadas.
71
Primeiro, temos o que se descreve como as influências verticais dos sete Planetas, que
dividem a matéria de todo o plano em sete tipos, raios ou "cores".
Segundo, temos a influência horizontal do sexto Devaraja, que rege o plano em sua
totalidade. No diagrama isto se indica com o escurecimento do Devaraja nº 6 e com o
correspondente escurecimento em todo o plano astral.
Terceiro, temos a influência do sexto Devaraja que afeta novamente mais
especialmente o sexto subplano. Isto se indica com o duplo escurecimento do sexto
subplano, mostrando que este subplano está sujeito a uma dupla influência do sexto
Devaraja. Semelhantes considerações se aplicam certamente a cada um dos outros seis
planos.
O Diagrama XXXIII é uma tentativa de ilustrar as três influências que afetam a
totalidade dos sete planos e seus subplanos. Para os fins do diagrama, entretanto, foi
necessário mostrar as duas influências dos Devarajas como provenientes de duas direções;
o fato de provirem na realidade da mesma fonte está indicado pelas linhas pontilhadas que
unem as duas fontes mostradas no diagrama.
72
Assim vemos que a matéria, por exemplo, do primeiro subplano, está sujeita a uma
dupla influência da mesma índole, bem como a matéria do segundo subplano está sujeita a
uma dupla influência de outra índole; e assim sucessivamente com todos os demais
subplanos. Portanto, haverá algo distintivo entre a matéria do primeiro subplano do
primeiro plano, a matéria do segundo subplano do segundo plano, a matéria do terceiro
subplano do terceiro plano, e assim sucessivamente, ainda que não se conheça qual seja
esta característica distintiva. Por agora só chamamos a atenção sobre a questão,
escurecendo os subplanos que estão sujeitos à dupla influência.
As mudanças na consciência dos Espíritos Planetários são visíveis na longa história das
raças humanas, como mudanças cíclicas regulares no temperamento do povo e o caráter
consequente de sua civilização. Assim, em uma Raça-Raiz dada, os sete Raios são
preponderantes por turnos (talvez mais de uma vez), porém no período desse domínio de
cada Raio haverá sete subciclos de influência. Por exemplo, enquanto o Quinto Raio rege na
história de uma raça, a ideia central desse Raio, e provavelmente uma religião fundada
nele, predominará nas mentes humanas; mas esse tempo de predomínio se subdividirá em
sete períodos, o primeiro matizado pela ideia do Primeiro Raio, o segundo pela do Segundo
Raio, e assim sucessivamente. Na quinta subdivisão, a influência do Quinto Raio estará,
certamente, em sua potência mais pura e vigorosa. É possível que estas divisões e
subdivisões correspondam às sub-raças e nações, porém esta correspondência ainda não foi
determinada.
O ESTADO-MAIOR
Assim como cada general tem, além dos oficiais regulares que comandam as diversas
unidades de sua jurisdição, um conjunto especial de oficiais que formam seu estado-maior,
cujo dever é prestar-lhe assistência pessoal, estar dispostos a fazer tudo o que ele
determine para o cumprimento do serviço, ou para cobrir uma lacuna que possa vir a
produzir-se, o Logos Solar tem Seu estado-maior, uma quantidade de Adeptos que não
estão a serviço de nenhum Esquema em particular, porém estão preparados para ser
enviados em auxílio de qualquer um deles que necessite. De maneira que os membros do
Estado-Maior se prestam ao serviço imediato do Logos para ser utilizados por Este em
qualquer parte do Sistema Solar. São Seus servidores e mensageiros, que vivem para
implementar Sua vontade e realizar Seu labor em todo o Sistema que Ele rege.
Integrar o estado-maior é uma das sete possibilidades ao alcance do homem que
"chegou à outra margem". Parece que este deve ser considerado como um Caminho
rigorosíssimo, talvez como o de máximo sacrifício do Adepto, e por isso grande distinção lhe
é atribuída.
O membro do Estado-Maior carece de corpo físico, o qual, porém, pode ser criado
mediante Kriyashakti - o "poder de fazer" - da matéria do globo para o qual for enviado. O
Estado-Maior abriga seres em níveis muito diferentes, do Arhatado para cima. Alguns se
dedicaram a isto quando alcançaram o Arhatado na Cadeia Lunar; outros são Adeptos
Asekha (Mestres); outros foram muito além dessa etapa da evolução humana.
A necessidade da provisão de tal Estado-Maior surge provavelmente, entre muitas
outras razões desconhecidas para nós, do fato de que nas mais prístinas etapas de uma
73
Cadeia - especialmente de uma que esteja no arco descendente - ou mesmo de um globo,
se necessita de mais ajuda exterior que a requerida depois. Assim, por exemplo, na primeira
Cadeia do nosso Esquema, em que a meta era a primeira Iniciação, ninguém de sua
humanidade alcançou o nível Asekha, muito menos o Estado Búdico – que, aliás, está muito
mais adiante.
Por isso, o ofício do Buda e de outros altos oficiais teve de ser cumprido por entidades
de fora do Esquema Terrestre. As Cadeias posteriores também foram auxiliadas de maneira
similar.
A Cadeia Terrestre contará, a seu devido tempo, com altos Oficiais das primeiras
Cadeias de outros Esquemas, assim como, certamente, procurará a normal provisão para
seus posteriores Globos e Rondas.
De fato, pelo que sabemos, já deixaram a Terra dois membros da Hierarquia Oculta
Terrestre, seja para unir-se ao Estado-Maior, ou cedidos pelo Chefe da Hierarquia Terrestre
ao Chefe da Hierarquia de algum outro Globo fora do nosso Esquema.
74
Capítulo XVII
OS MANUS
A palavra Manu é um termo genérico utilizado para uma classe de Inteligências
dirigentes de muitos graus ou classes diferentes. O Manu que governa a evolução das sete
Cadeias sucessivas é o Manu de um Esquema Evolutivo, embora seja mencionado como o
Logos da Cadeia Planetária.
O termo não é muito adequado, pois parece indicar que Ele está encarregado de
apenas uma Cadeia, quando na verdade Ele tem a seu cargo as sete Cadeias. Um termo
mais claro seria o Logos de um Esquema Evolutivo, porém, como se disse, o nome que se
emprega geralmente é o de Logos Planetário, ou Logos da Cadeia Planetária.
Abaixo do Logos da Cadeia Planetária trabalha um Manu que tem a seu cargo o
desenvolvimento de uma Cadeia planetária. A este podemos denominar Manu de uma
Cadeia, ou simplesmente Manu da Cadeia. Por sua vez, abaixo d’Ele há um Manu
responsável pela evolução de uma Ronda, conhecido como Manu da Ronda.
Sob Suas ordens opera outro Manu, que tem a seu cargo um Período Global que,
certamente, inclui as sete Raças-Raiz. Pode ser denominado Manu de um Período Global,
ou Período Mundial.
Por sua vez, sob Sua direção, há um Manu para cada Raça-Raiz, comumente chamado
Manu Racial, ou Manu de uma Raça-Raiz.
Cada um desses Manus tem a seu cargo o departamento evolutivo que lhe está
designado, supervisando sua formação e crescimento.
A palavra sânscrita "manvantara" significa literalmente o período entre dois Manus,
sendo esta a razão de ser aplicada em muitos níveis. Entretanto costuma-se reduzir o termo
"'manvantara" à duração de uma só Cadeia, isto é, o tempo que levam as correntes vitais
para girar sete vezes em torno dos sete globos.
O termo "mahamanvantara" se aplica ao período maior, de sete Cadeias sucessivas,
isto é, a um Esquema Evolutivo; Mahamanvantara significa simplesmente grande
"manvantara".
Se o leitor se remeter ao Diagrama XXI, observará que cada uma das unidades ali
apresentadas, desde o círculo máximo de cima, descendo até aos retângulos que
representam as Raças-Raiz, pode ser considerada como que representando também o
Manu ou Dignidade encarregada daquelas unidades.
Podemos considerar agora, com mais detalhes, algumas das múltiplas funções
inerentes aos ofícios enumerados.
Parece que na sétima Ronda de uma Cadeia, o Ser a quem se deu o título de "Manu-
Semente" da Cadeia toma a Seu cargo a humanidade e as classes inferiores dos seres
viventes que evoluíram nessa Cadeia. Quem isto escreve não pode se certificar se o Manu-
Semente é o mesmo Manu da Cadeia ou uma Dignidade separada. Seja como for, aqui
tratamos evidentemente de uma função específica, e se tivermos presente isso, não parece
muito importante se esta função é cumprida pelo Manu da Cadeia ou por um Manu-
Semente separado.
75
O Manu-Semente então reúne em Si Mesmo, ao término de uma Cadeia, todos os
resultados da evolução dessa Cadeia, os introduz na esfera Inter-Cadeias, os nutre dentro
de Si e, finalmente os leva, no tempo previsto, até o Manu-Raiz da próxima Cadeia.
Ademais, quem isto escreve não está muito seguro se o Manu-Raiz é o mesmo Manu
da Cadeia ou uma Entidade separada. Portanto, continuaremos utilizando o vocábulo
Manu-Raiz para descrever a função, sem importar por Quem é cumprida essa função.
O Manu-Raiz, ao receber os produtos evolutivos da Cadeia que acaba de ser concluída,
segue o plano do Manu-Semente, determinando os tempos e lugares para introduzir as
diversas classes de entidades dentro do Seu retiro na Cadeia seguinte.
Portanto, a função do Manu-Semente consiste em dirigir todos os preparativos para a
transferência da enorme população de uma Cadeia à Cadeia seguinte; a do Manu-Raiz é
fazer todos os preparativos para a recepção dessa população, e introduzir as muitas classes
de entidades em Sua Cadeia na sequência e tempos apropriados.
A seguir, um exemplo do trabalho de um Manu-Semente. O Manu-Semente da Cadeia
Lunar tinha um vasto plano, segundo o qual agrupou as entidades da Cadeia Lunar,
dividindo-as, depois de suas últimas mortes, em classes, subclasses e subsubclasses, de um
modo muito definido, aparentemente mediante algum tipo de magnetização. Isto
estabeleceu faixas particulares de vibração, e quem pode trabalhar melhor em uma faixa
dessa índole foi agrupada, e a que trabalhou melhor em outra faixa foi agrupada de modo
similar, e assim sucessivamente. Estes grupos parece ter-se formado automaticamente no
mundo celestial, tal como o fino pó se modelará em figuras sobre um disco que vibra sob o
impacto de uma nota musical.
Nessa tarefa gigantesca, o Manu-Semente foi auxiliado por muitos grandes Seres, que
seguiram Suas diretrizes; todo o vasto plano foi levado a cabo com uma ordem e uma
inevitabilidade impressionantes.
Dessa maneira os resultados da Cadeia precedente foram reunidos dentro da aura do
Manu-Semente, ordenados, tabulados e arquivados - se podemos empregar tais termos -
em perfeita ordem. Sobre essas inteligências, de muitos graus, voltadas para dentro, que
vivem uma vida estranha, lenta e subjetiva, sem noção do tempo, o Manu-Semente aplica
correntes intermitentes do Seu magnetismo estimulante. Uma corrente contínua as faria
em pedaços, de modo que emite a energia sobre elas e depois se detém, e elas dormitam
talvez durante um milhão de anos, assimilando isso lentamente; depois lança sobre elas
outra corrente, e assim sucessivamente, durante milhões de anos. A quem pode observar
essa estranha cena, ocorreram muitas analogias: bulbos colocados cuidadosamente em
estantes, inspecionados de tempos em tempos por um jardineiro; camas de um hospital,
visitadas dia após dia por um médico. Até que chega o tempo em que o Grande Jardineiro
pegará Seus bulbos para plantá-los: o plantio é a próxima Cadeia, e os bulbos, as almas
vivas.
A obra de um Manu, que transporta grupos de entidades de uma Cadeia, Ronda, etc. à
Cadeia, Ronda seguintes, nos recorda as histórias dos Puranas hindus acerca do Manu que
cruza o oceano em um barco, levando consigo as sementes de um novo mundo, e dos
escritos hebreus sobre Noé, que preservou em um arca todo o necessário para repovoar a
76
Terra depois de um dilúvio. As lendas preservadas nas Escrituras religiosas se baseiam
muitas vezes em sucessos verdadeiros do mundo oculto.
Observou-se uma questão interessante na colocação de uma classe de seres humanos
com corpos causais de "cestas" da Cadeia Lunar, na Cadeia Terrestre. (N.B. um corpo causal
de cesta é o que não está plenamente formado, e consiste em linhas de matéria algo
parecidas a uma cesta, daí o nome. Veja "The Causal Body", pág. 85.)
As "estantes" em que foram armazenados os "bulbos" eram claramente de matéria
mental superior; porém, como não há continuidade de matéria mental entre as Cadeias, os
bulbos colocados na aura do Manu-Semente foram trazidos através de um plano superior -
o búdico - de modo que a cesta de matéria mental lunar se desintegraria, e teria que ser
reformada antes que as entidades correspondentes começassem sua carreira na Cadeia
Terrestre. Assim, após dormir durante éons no mundo búdico, tiveram que se recobrir de
cestas de matéria equivalente da Cadeia Terrestre.
Pareceu também que o Manu-Semente escolheu as Dignidades da Cadeia seguinte,
aquelas que, no prolongado curso da evolução estariam à frente de seus congêneres,
convertendo-se em Mestres, Manus, etc. nas diversas Rondas e Raças. Evidentemente,
escolheu muitos além dos necessários, tal como um jardineiro escolhe muitas plantas para
um cultivo especial, das quais fará depois uma seleção.
Na Cadeia Lunar, a maior parte desta seleção foi efetuada no Globo D, a Lua.
No trabalho que se desenvolve entre as Cadeias se consome enormes períodos de
tempo; estes são tão vastos que força a mente a se refugiar na ideia de que o tempo não
tem existência fixa, mas é longo ou curto, segundo a atividade da consciência do ser
correspondente. Na Intercadeia do Nirvana as consciências realmente operativas são as do
Manu-Semente da Cadeia recém concluída e do Manu-Raiz da Cadeia que virá a seguir.
O Grande Plano está na mente do Manu-Semente e, como se disse, o Manu-Raiz o
recebe e o executa na nova Cadeia.
O Manu-Semente determina os conteúdos de cada grupo de entidades e a ordem de
seu envio à nova Cadeia; o Manu-Raiz distribui os grupos ou "embarques" como às vezes
são chamados, à medida que chegam sucessivamente.
O Manu-Semente da Cadeia Lunar foi Chakshushas, auxiliado pelas Dignidades que O
informaram como responderam os membros de alguma divisão especial às influências que
lhes foram projetadas durante o Nirvana Intercadeias.
O princípio seguido no envio das entidades à nova Cadeia consiste em que os menos
avançados da "era" ou desenvolvimento são enviados primeiro, a fim de habitarem as
formas mais primitivas; os mais adiantados seguem quando as formas evoluírem até um
estado superior. Mais adiante se darão exemplos do acionamento desse princípio.
O Manu-Raiz da Cadeia Terrestre é Vaivasvata; não deve ser confundido com o Manu
do mesmo nome, encarregado da Quinta Raça-Raiz e a maravilhosa civilização ária. O
Manu-Raiz dirige toda a ordem da evolução na Cadeia Terrestre; é um Ser correspondente à
Quarta Cadeia do Esquema Evolutivo de Vênus. Dois de Seus Assistentes proveem da
mesma Cadeia, e um terceiro é um Adepto elevado que "se adiantou" na Cadeia Lunar. O
Manu da Quarta Raça-Raiz (a atlante) foi também um Adepto proveniente de Vênus,
conhecido como o Senhor Chakshusha Manu.
77
O Manu-Raiz de uma Cadeia deve obter o nível fixado para a Cadeia ou Cadeias em
que seja humano e em que se tenha convertido em um de seus "Senhores". Depois se
converte no Manu de uma raça, e mais tarde em Pratyeka Buda; depois em Senhor do
Mundo; mais tarde no Manu-Raiz; depois no Manu-Semente de uma Ronda, e só então no
Manu-Raiz de uma Cadeia. Como já se explicou, Ele dirige os Manus das Rondas, que
distribuem o trabalho entre os Manus das raças.
Ademais, cada Cadeia produz uma quantidade de seres humanos exitosos, os
"Senhores da Cadeia", alguns dos quais se consagram à tarefa de uma nova Cadeia, sob o
seu Manu-Raiz. Assim, por exemplo, para a Cadeia Terrestre há sete classes de Senhores da
Lua, isto é, "êxitos" dos planetas da Cadeia Lunar, que operam sob a direção do Manu-Raiz
da Cadeia Terrestre.
Antes que o Manu de uma Cadeia ou de uma Ronda comece a tarefa que tem pela
frente, examina a parte do pensamento-forma do Logos referente ao Seu labor, e o faz
descer até um nível de fácil alcance para constante referência. Em um nível inferior, o Manu
de cada Mundo ou Globo e de cada Raça-Raiz faz o mesmo.
De maneira que cada Manu tem diante de Si, em Seu próprio nível, o modelo segundo
o qual deverá construir, e se esforça por criar o Seu Mundo ou Sua raça, conforme o caso, o
mais próximo possível de uma cópia exata daquilo que o Logos pretende que seja. Em vista
do fato de que Ele construirá com materiais existentes, usualmente pode alcançar a
perfeição requerida de modo gradual; daí que os primeiros esforços na formação de uma
raça, por exemplo, sejam em geral só parcialmente exitosos.
Para tomar um exemplo específico, na primeira Ronda da Cadeia Terrestre o Manu fez
descer todos os arquétipos para toda a Cadeia. Embora muitos deles não estarão
plenamente aperfeiçoados aqui até a sétima Ronda, os germes de todos eles estiveram
presentes inclusive na primeira Ronda.
Para cada reino da natureza, Ele escolheu certo conjunto de formas que desejava ter
vivificadas durante a primeira Ronda, com a intenção de desenvolver nelas, em etapas
posteriores, tudo o que o Logos desejava que a Cadeia Terrestre produzisse.
O esquema dessas formas, materializadas até um nível em que pudessem ser
utilizadas, foi entregue a certos Logos da Lua, a quem foi confiada a tarefa de pôr em
movimento as atividades da primeira Cadeia. Eles criaram estas formas em cada um dos
sete Globos dessa primeira Ronda e, ao criá-las, os homens-animal da Lua entraram nelas,
as solidificaram e utilizaram, e delas geraram outras que puderam Ser habitadas pelos
animais lunares que ocupavam as etapas abaixo deles. Trataremos e explicaremos “os
homens-animal”, os "animais lunares", etc., em uma etapa posterior do nosso estudo.
No momento só podemos advertir que estes são nomes para designar classes de
entidades de certos níveis de desenvolvimento, quando abandonaram a Cadeia Lunar.
Deve-se notar que o Manu da Raça-Raiz inicia e fixa o tipo não só de cada Raça-Raiz,
como também de cada sub-raça, encarnando Ele mesmo nelas.
78
Capítulo XVIII
BUDAS, MAHACHOHANS e BODHISATTVAS
Vimos que os Manus são monarcas praticamente autocráticos, dedicados à evolução
das diferentes raças humanas. Representam o departamento diretivo, que guia toda a
evolução natural, modificam o aspecto da superfície do globo, constroem e destroem
continentes, fazem surgir novas raças, controlam os destinos das nações, modelam a sorte
das civilizações, de tempos em tempos promovem um acerto de contas entre raças e
nações, e regem o destino dos homens.
Outro grande departamento é o da religião e educação, e dele provieram todos os
grandes Mestres e surgiram todas as religiões.
O Dignitário que encabeça esse departamento, com uma graduação superior em dois
graus à do Mestre ou Adepto Asekha, é conhecido de distintos modos, como o Bodhisattva,
o Jagat Guru, o Mestre do Mundo, o Cristo.
Ele custodia os destinos espirituais da humanidade. Vem, Ele mesmo, ou envia um de
seus discípulos para fundar uma nova religião quando decide que esta é necessária. Sua
benção flui por todas as regiões viventes do tempo, e pode ser considerada como uma
espécie de firme pressão, de modo que o poder empregado fluirá, como se fosse
automático, dentro de cada canal, por toda parte e de qualquer modo que lhe seja
franqueada a passagem. De maneira que trabalha simultaneamente através de todas as
religiões, utilizando tudo o que elas apresentam de benéfico como a devoção e o
autossacrifício em cada uma. Ademais, Ele designa um Mestre ou outro como guia e
protetor de cada religião.
Há um Manu e um Bodhisattva para cada Raça-Raiz e são, respectivamente, o cérebro
e o coração do homem Celestial que emergem como resultado da evolução de cada Raça-
Raiz. No homem Celestial, como no homem da Terra, existem sete centros e cada um
destes centros é representado por uma dignidade da Hierarquia Oculta. Os Homens
Celestiais assim formados são os verdadeiros habitantes do sistema solar, os filhos
mentalmente nascidos dos Logos Planetários, destinados a serem os Logos Planetários do
futuro; deles seremos partes componentes, vivas e conscientes; não obstante, cada um terá
a liberdade mais completa e a mais elevada atividade possível.
Além do Manu e do Bodhisattva de uma Raça-Raiz, há ainda outra Dignidade que se
encontra no mesmo nível, conhecida como o Mahachohan. É Ele quem dirige as mentes dos
homens de modo que as diferentes formas de cultura e civilização se desenvolvam segundo
o plano cíclico. Menciona-se o Manu como a Cabeça, o Bodhisattva como o Coração, e o
Mahachohan como a Mão ou os cinco Dedos; todos estão ativos no mundo, moldando a
raça em um ser orgânico, o homem Celestial, como é chamado.
O Manu segue a linha do Primeiro Raio, o Bodhisattva a do Segundo Raio, enquanto o
Mahachohan está à frente dos outros cinco raios.
O Bodhisattva do passado, que deu as religiões primitivas da Quinta Raça-Raiz, a
Ariana, é agora o Senhor Buda. Enquanto Ele era o Mestre do Mundo, encarnou na primeira
sub-raça como Vyasa e fundou o Hinduísmo, a religião do Sol; ensinou como Thoth,
79
conhecido depois como Hermes, no Egito, fundando a religião da Luz; chegou como
Zoroastro à Pérsia, há 31.000 anos, proclamando a religião do Fogo; na Grécia, como Orfeu,
ensinou com música e som, e fundou os Mistérios Órficos.
Por fim chegou ao Hindustão, para alcançar ali a Iluminação do Buda, e com o Budismo
fechou o antigo ciclo, deixando para o Seu sucessor a continuação da obra de Mestre do
Mundo.
A profunda reverência e o forte afeto sentidos em todo o Oriente para com o Senhor
Gautama Buda, se devem a dois fatos. Um deles é que foi o primeiro da nossa humanidade
a alcançar o topo estupendo do Estado Búdico, e por isso pode-se descrevê-lo
verdadeiramente como o primeiro fruto e o líder de nossa raça, pois todos os Budas
anteriores pertenceram a outras humanidades que se desenvolveram em cadeias
anteriores.
O segundo fato consiste em que, para apressar o progresso da humanidade, Ele
assumiu certos trabalhos adicionais de caráter muito estupendo, cuja natureza é de difícil
compreensão para nós.
A conquista do Estado Búdico não é simplesmente a obtenção da iluminação; também
é o recebimento de uma Iniciação maior e definida; o homem que deu esse passo não pode
encarnar novamente na Terra, passa Seu trabalho para o Seu sucessor e, comumente,
desaparece por completo, deixando de ter qualquer conexão com a Terra.
Entretanto, o Senhor Gautama ainda permanece, até certo ponto, em contato com o
mundo. Uma vez por ano, no festival de Wesak, na primeira Lua Cheia de maio, ainda se
mostra à fraternidade dos Adeptos e concede-lhes a Sua benção, a qual deverão transmitir
ao mundo em geral. O Senhor Gautama pode ser alcançado, de certos modos, por aqueles
que sabem como. Em "Os Mestres e a Senda", págs. 431-446, se encontrará uma descrição
completa da cerimônia de Wesak.
O sucessor do Senhor Buda, o atual Bodhisattva, é o Senhor Maitreya, conhecido no
Ocidente como o Cristo.
Primeiro veio como Krishna às planícies da Índia, e depois à quinta sub-raça, a
teutônica, da nossa atual Raça-Raiz como o Cristo na Palestina. Enfatizou
preeminentemente o valor do indivíduo e do autossacrifício. Pelo que conhecemos, está
destinado a aparecer novamente na Terra para trazer ensinamento religioso adequado às
necessidades específicas das sub-raças sexta e sétima da quinta Raça-Raiz. Depois se
converterá no Buda da sexta Raça-Raiz.
O Manu e o Boddishattva da sexta Raça-Raiz serão os atuais Chohans Morya e Koot
Hoomi, respectivamente - os dois Chohans mais intimamente ligados à função e ao trabalho
da Sociedade Teosófica.
A seguir temos a lista, até onde conhecemos, dos Bodhisattvas e Budas da nossa
evolução:
No Globo F da Cadeia Lunar, o Buda era o Senhor Dípánkara, que chegou da quarta
cadeia do Esquema Venusiano e era membro do Estado-Maior Geral.
A lista da Cadeia Terrestre, Quarta Ronda, Globo D (a Terra), é a seguinte:
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Raça-Raiz Bodhisattva Buda
3 O Senhor Kashyapa -------
4 O Senhor Gautama O Senhor Kashyapa
5 O Senhor Maitreya O Senhor Gautama
6 (Chohan) Koot Hoomi O Senhor Maitreya
7 ----------- (Chohan) Koot Hoomi
Um Buda é uma Dignidade que supervisiona muito mais que uma humanidade; é o
Mestre dos Devas, igualmente dos homens, de modo que o fato de uma humanidade dada
estar em uma etapa evolutiva muito baixa não descarta a necessidade dessa elevada
mediação. Ele tem a seu cargo o trabalho especial do Segundo Raio para todo o mundo,
consagrando-se à parte deste que está nos mundos superiores, enquanto confia a Seu
ajudante e representante, o Bodhisattva, o ofício de Mestre do Mundo para os planos
inferiores.
Quem se converte em Buda deverá ter feito, milhares de anos antes, seu voto a um
Buda vivente e diz-se que a partir de então a influência do Buda o eclipsa, e que quando, a
seu devido tempo, alcança o Estado Búdico, a grande influência do Buda espiritual desce
sobre o Buda encarnado.
81
Capítulo XIX
O SENHOR DO MUNDO E SEUS AJUDANTES
Em nosso Globo Terráqueo há uma grande Dignidade, conhecida como o Senhor do
Mundo, que representa o Logos Planetário e controla absolutamente toda a evolução que
tem lugar neste planeta, não só a da humanidade e dos reinos animal, vegetal, mineral e
elemental, mas também a dos grandes reinos não humanos dos Espíritos da Natureza e dos
devas. Ele não deverá ser confundido com o Espírito da Terra, que utiliza a Terra como
corpo físico e que é uma entidade totalmente distinta, como se explicará mais
completamente no Capítulo XXVI.
Podemos imaginar o Senhor do Mundo como o verdadeiro REI deste mundo; sob Suas
ordens estão Seus ministros encarregados dos diferentes departamentos. É conhecido
como Sanat Kumara, o "Jovem de dezesseis verões", o "Eterno Jovem Virgem".
A palavra Kumara é um título, que significa Príncipe ou Regente. Junto com os demais,
que mencionaremos agora, chegou ao Globo Terráqueo vindo do Esquema Evolutivo de
Vênus na metade da Quarta Ronda (a atual), e na metade da Terceira Raça-Raiz (a
lemuriana). A finalidade de Sua vinda foi:
1) acelerar a evolução mental;
2) fundar a Hierarquia Oculta da Terra;
3) assumir o governo do Globo Terráqueo.
Com Sanat Kumara chegaram três Kumaras, Seus Discípulos, que servem como Seus
lugares-tenente ou ajudantes. Encontram-se no nível do Buda, se chamam Pratyeka ou
Pachcheka Budas, e estão destinados a ser nossos três Senhores do Mundo quando a
humanidade ocupar o planeta Mercúrio. São três os Senhores do Mundo durante cada
período mundial. Quem atualmente exerce esse oficio já é o terceiro.
Também havia uns 25 ou 30 Adeptos de certo grau, junto com uns 100 seres humanos
medianamente evoluídos que, de algum modo, estavam vinculados a estes Grandes Seres,
talvez individualizados por Eles, e distribuídos na humanidade ordinária da Terra.
A maioria deles esteve na Terra apenas durante o período crítico da nossa história (que
agora se explicará); permaneceram, todavia, uns poucos para ocupar os cargos supremos da
Grande Irmandade Branca, até que chegue o tempo em que os homens da nossa evolução
se elevem a uma altura tal que os capacite para prescindir dos seus augustos visitantes.
O Catecismo das Escolas Interiores diz:
“Dos sete Homens Virgens (Kumaras), quatro se sacrificaram pelos pecados do mundo
e pela instrução dos ignorantes, permanecendo até o fim do atual Manvantara. Ainda que
invisíveis, estão sempre presentes. Estes são a Cabeça, o Coração, a Alma e a Semente do
Conhecimento (Jñana) imortal. “Oh, Lanoo, jamais falarás desses grandes ante uma
multidão, mencionando-os por seu nome. Somente os sábios entenderiam”.
O Senhor do Mundo é a Cabeça da Irmandade, que não é apenas um corpo de Homens
(cada um dos quais tem Seu próprio dever a cumprir em guiar a evolução sobre a Terra),
como também uma unidade estupenda, um instrumento plenamente flexível nas mãos do
Senhor, uma arma poderosa que Ele pode brandir. É também conhecido como o Iniciador
82
Único, apesar de, no caso da primeira e da segunda Iniciações, delegar a algum outro
Adepto o cumprimento da cerimônia; mas nesse caso, o Oficiante se volta e invoca o
Senhor no momento crítico de conferir o grau.
Ele é a força que dirige todo o mecanismo do mundo, a corporização da Vontade
Divina. Sua consciência abarca toda a vida do nosso globo. Em Suas mãos estão os poderes
da destruição cíclica, pois manipula o Fohat em suas formas superiores e pode tratar
diretamente as forças cósmicas fora da cadeia. Normalmente Ele lida com a humanidade
em massa; quando, porém, influencia uma pessoa em particular, parece fazê-lo através do
atma, e não através do ego.
Nenhum dos Senhores de Vênus, como normalmente são chamados, encarnou em
nossa humanidade. Não tomaram (na verdade não puderam tomar) corpos humanos; em
lugar disso, construíram para Si mesmos veículos similares aos supremos ideais de toda
forma humana em aparência, diferindo, porém absolutamente nisto: não estão
influenciados pelo tempo, e são imunes a alterações ou desgastes.
Apesar de terem sido estes corpos usados durante 16 milhões de anos, estão
precisamente como no dia de sua criação por parte de Kriyá-shakti. Devem ser
considerados como uma espécie de materialização permanente; corpos construídos como
estátuas e que, entretanto, para a vista e o tato, apresentam a aparência de seres vivos
correntes.
Sua morada "foi e é a Terra Sagrada e Imperecível, onde sempre brilha a Estrela
Flamígera, o símbolo do Monarca da Terra, o Polo imutável em torno do qual gira sempre a
vida da Terra".
É desnecessário dizer que o polo mencionado não é o polo geográfico, mas sim o que
podemos chamar de o polo espiritual da Terra, que na atualidade é um oásis no Deserto de
Gobi, chamado Shamballa.
Uma vez a cada sete anos, o Senhor do Mundo dirige em Shamballa uma grande
cerimônia algo semelhante ao evento de Wesak, porém em uma escala ainda maior e de
tipo diferente, para a qual são convidados todos os Adeptos e até alguns Iniciados abaixo
desse grau; dessa maneira têm uma oportunidade de entrar em contato com Seu grande
Líder. Em outras épocas, Ele trata somente com os Chefes da Hierarquia Oficial, exceto
quando, por razões especiais, convoca outros à Sua presença.
Mencionamos anteriormente que em qualquer período mundial dado há três Senhores
do Mundo sucessivos. A tarefa do Terceiro destes é muito maior que a dos dois primeiros,
porque Seu dever é completar satisfatoriamente esse período evolutivo e colocar os
incontáveis milhões de criaturas em evolução nas mãos do Manu-Semente, que será
responsável por elas durante o Nirvana interplanetário; este, por sua vez, as entregará ao
Manu-Raiz do globo seguinte.
Uma vez que o Terceiro Senhor do Mundo cumpriu este dever, encara outra Iniciação
inteiramente fora do nosso mundo e alcança o nível do Observador Silencioso. Em tal
condição permanece em guarda durante todo o período de uma ronda, e só quando a onda
vital ocupar novamente nosso planeta e estiver outra vez prestes a deixá-la, Ele abandona
Sua estranha tarefa autoimposta, passando-a ao Seu Sucessor.
83
Os Senhores de Vênus são conhecidos também por outros nomes, como Senhores da
Chama, Filhos da Névoa Ígnea, Filhos do Fogo.
Trataremos agora do efeito produzido na evolução mental do nosso Globo com a
chegada dos Senhores da Chama. Isto pode ser dividido em duas partes: primeira, o efeito
produzido na humanidade em geral; e segunda, o impulso dado ao reino animal.
Tratando-se primeiramente da humanidade, nesta quarta Ronda deveríamos nos
consagrar, no curso natural dos eventos, ao desenvolvimento das emoções, o princípio
astral; a próxima Ronda, a quinta, seria normalmente consagrada em especial ao
desenvolvimento da mente, o princípio mental. Porém, foi tão grande a influência que os
Senhores da Chama exerceram sobre a evolução mental, que o progresso avançou uma
Ronda inteira, enquanto o intelecto se desenvolveu consideravelmente na atual Quarta
Ronda. Ao mesmo tempo deve-se entender que o intelecto, do qual agora estamos tão
orgulhosos, é ínfimo se comparado com o que possuirá o homem mediano no ponto
culminante da ronda seguinte, a quinta.
Podemos notar aqui que há um outro grande Dignitário na Terra, maior ainda que
Sanat Kumara, embora pouco se saiba d’Ele ou de Sua função. H. P. Blavatsky escreveu:
"Acima dos Quatro há somente UM na Terra como no Céu, o Ser ainda mais misterioso e
solitário", o Observador Silencioso.
Voltemos a considerar agora o efeito produzido no reino animal pela chegada dos
Senhores da Chama.
Na Doutrina Secreta se fala dos Senhores da Chama como se projetassem a chispa
dentro dos homens imortais, despertando neles o intelecto. Esta expressão algo curiosa não
deve nos induzir a supor erroneamente que Eles introduziram alguma parte Sua nos corpos
humanos. Melhor dizer que atuaram como uma espécie de estímulo magnético. Brilharam
sobre as pessoas como brilha o sol sobre as flores e as atraíram para SI, capacitando-as
dessa maneira para que desenvolvessem a chispa latente, individualizando-se. Em outras
palavras, apressaram de tal modo os germes da vida mental, que estes eclodiram e
cresceram, seguindo depois a grande irrupção através da Mônada que chamamos a Terceira
onda Vital, que causou a formação do corpo causal, o "nascimento" ou "descida do ego"
para todos aqueles que ascenderam do reino animal (veja "O Corpo Causal", Capítulo XIII).
A resposta foi tão instantânea que surgiu a expressão de que Eles "deram" ou
"projetaram" a chispa da mente. Porém não se recebeu a chispa; ela foi avivada em sua
chama; a natureza do dom era a aceleração do germe já presente na humanidade nascente,
o efeito de um raio de sol sobre uma semente, não o dom de uma semente.
O poder do Logos se concentrava por intermédio dos Senhores da Chama, assim como
os raios do sol poderiam ser concentrados através de lentes, aparecendo sob essa influência
a resposta da chispa.
Os Senhores da Chama são os verdadeiros Manasaputras, os Filhos da Mente, que
vieram da Quinta Ronda (mental) de Vênus.
De maneira que os Senhores de Vênus capacitaram milhões de entidades para que se
humanizassem; sem a Sua influência, estas entidades estariam ainda no reino animal, pois
no globo terráqueo, na quarta ronda, se efetuou uma partida desde o que podemos chamar
o método evolutivo direto, curiosa interrupção da ordem regular e metódica das coisas.
84
Sendo este o ponto mais central da evolução, marcou o último momento em que foi
possível para os membros daquele que fora o reino lunar animal alcançar a individualização.
Consequentemente, se realizou uma espécie de esforço vigoroso, se efetuou um arranjo
especial para oferecer uma oportunidade final a tantos quantos fosse possível.
A fim de se conseguir isto, reproduziram-se especialmente as condições da primeira e
da segunda Rondas, em miniatura, na primeira e na segunda Raças-Raiz. De tais condições,
nas primeiras rondas, estes egos retrógrados não foram plenamente capazes de aproveitar.
Agora, com a evolução adicional que experimentaram durante a terceira ronda, alguns
deles puderam obter essa vantagem e desse modo irromperam no último momento, antes
que “a porta se cerrasse”, e se humanizaram.
Os Senhores da Chama vieram para a Terra a fim de ajudar nesta época atarefadíssima,
precisamente antes que "se cerrasse a porta".
Naturalmente, estas entidades individualizadas não atingiram nenhum nível elevado
do desenvolvimento humano, mas ao menos, quando tentarem novamente em alguma
Cadeia futura, terão alguma vantagem por já contar com esta ligeira experiência de vida
humana.
Entre outros planos para auxiliar a evolução, os Senhores da Chama trouxeram de
Vênus certos adiantamentos para nossos reinos. Importaram trigo como alimento
especialmente desejável para a humanidade, e também abelhas e formigas: as abelhas para
modificar o reino vegetal e ajudar na fertilização das flores, como também para prover uma
contribuição agradável e nutritiva ao alimento humano.
Em “O Corpo Causal”, pág. 63, se explicou que as abelhas e as formigas vivem de
maneira muito diferente que as criaturas puramente terrestres, já que nelas a Alma Grupal
anima toda a comunidade de formigas ou abelhas, de modo que a comunidade atua com
uma só vontade, e suas unidades diferentes são em realidade membros de um só corpo, no
sentido em que as mãos e os pés são membros da estrutura humana. De fato, poder-se-ia
dizer que não só têm uma Alma Grupal, como também um corpo grupal.
Nossa evolução humana tentou imitar todas estas importações, porém com êxito
medíocre. Ao imitar as abelhas, produzimos as vespas; ao imitar as formigas, produzimos
"formigas brancas", como as curiosas formigas voadoras que quase não se distinguem
delas. O mais próximo ao trigo que obtivemos é o centeio, mas o cruzamento do trigo com
outras ervas terrestres genuínas nos deu por resultado a aveia e a cevada.
85
Capítulo XX
O ESQUEMA EVOLUTIVO TERRESTRE: A PRIMEIRA CADEIA
Temos agora diante de nós, em um amplo esboço, o plano evolutivo do nosso Sistema
Solar com respeito ao "campo", isto é, as cadeias, rondas e períodos globais sucessivos, e
também com respeito às correntes vitais que entram no campo e evoluem através dos
diversos reinos da natureza, até que chegam como indivíduos separados à etapa humana e
mais além das etapas super-humanas.
Como dissemos, até aqui tratamos todo o plano gigantesco somente em linhas muito
gerais, omitindo muitas modificações e detalhes dos princípios mais importantes. Portanto,
agora será útil descrever detalhadamente o que se conhece do Esquema Evolutivo
Terrestre, explicando, as múltiplas modificações que na prática se introduzem no rascunho
principal. até onde já o delineamos.
Começaremos com uma descrição da primeira Cadeia do Esquema Evolutivo Terrestre.
A PRIMEIRA CADEIA
Se observarmos o Diagrama V, ficará evidente que os globos da primeira cadeia
consistiam de 2 globos de matéria átmica, 2 de matéria búdica, 2 de matéria mental
superior e 1 de matéria mental inferior.
Ainda que os chamemos globos e lhes demos nomes usuais A, B, C, etc., mais se
assemelham a centros luminosos em um mar de luz, focos luminosos através dos quais
passa a luz extraída da substância mesma da luz e somente luz, porém modificada pela
corrente luminosa que os atravessa. São redemoinhos formados por anéis, mas os anéis
não são senão luz, que só pode distinguir-se por seu giro, pela diferença de seu movimento,
similares a redemoinhos constituídos somente por água em meio à água; salvo que se trata
de redemoinhos de luz em meio à luz.
De acordo com esta imprecisa descrição e com a composição dos globos, é evidente
que as condições são tão diferentes de tudo o que agora conhecemos em nossa cadeia
atual (a quarta), que fazer uma descrição adequada é extremamente difícil, se não
impossível. As formas são tênues, sutis, cambiantes; a matéria é da “substância com que
são feitos os sonhos".
É difícil até mesmo distinguir as rondas sucessivas; parecem desvanecer-se uma na
outra, como panoramas que se dissolvem, e só são determinadas por leves incrementos e
diminuições de luz.
O progresso é muito lento, recordando o Satya Yuga das Escrituras hindus, onde uma
vida dura muitos milhares de anos sem muitas alterações. As entidades se desenvolvem
muito lentamente, enquanto os raios de luz magnetizada as atingem.
Lembra uma gestação, é como o crescimento dentro de um ovo, ou de um broto
dentro de sua envoltura, pois esta cadeia pode ser considerada como mundos futuros na
matriz do pensamento, mundos que depois nascem em matéria mais densa. Esta é a razão
por que esta cadeia, a primeira, se chame a Cadeia Arquetípica.
86
O Diagrama XIV indica que das sete correntes vitais que entram nesta cadeia, uma
recém emergiu nova do Logos e as outras seis chegaram de um Esquema Evolutivo
precedente, Esquema do qual nada sabemos, salvo que deve ter existido.
Podemos notar especialmente que nossa humanidade atual esteve no reino animal na
terceira cadeia, no reino vegetal na segunda cadeia, e no reino mineral nesta primeira
cadeia.
Apesar de todos os graus de egos existirem na primeira cadeia, a ausência dos níveis
inferiores de matéria (matéria astral e física) estabeleceu uma diferença notável no método
evolutivo, pois aqui tudo não apenas começa, mas também progride "acima", sem que haja
"abaixo" nem formas, no sentido corrente dessa palavra. Em vez disso, há centros vitais,
seres vivos sem formas estáveis.
Não havia mundos astrais ou físicos dos quais pudessem surgir impulsos "para cima",
convocando o descenso do superior para que animasse e utilizasse as formas existentes em
que vivemos atualmente. O mais próximo a essa ação ocorreu no Globo D (mental inferior),
de onde os pensamentos-forma animalescos ascenderam, atraindo a atenção dos centros
sutis que flutuavam acima deles. Depois, uma maior proporção de vida do Espírito palpita
nos centros e se fixa aos pensamentos-forma animando-os, e eles se humanizam.
O principal interesse da cadeia parece ser a evolução dos Devas que vivem
habitualmente nesses níveis elevados; as evoluções inferiores parecem desempenhar um
papel subsidiário.
A humanidade é muito influenciada pelos devas, a maioria por sua simples presença e
pela atmosfera criada por eles; as vibrações estabelecidas pelo reino dévico são projetadas
sobre os tipos humanos inferiores, fortalecendo-os e vivificando-os. Ocasionalmente, um
Deva pode tomar um ser humano quase como um brinquedo ou um animal de estimação;
no Globo D (mental inferior), por exemplo, um Deva ajudou deliberadamente a um ser
humano, transferindo matéria de seu corpo para o humano, incrementando assim sua
responsabilidade e suscetibilidade. Esse Deva seria um Rúpa-Deva que vivia normalmente
no mundo mental inferior.
Esses reinos, que forçosamente devemos mencionar como vegetal e mineral, estão em
realidade compostos por meros pensamentos, com as Mônadas que dormitam neles, por
assim dizer, flutuando sobre eles, enviando para baixo débeis tremulações vitais dentro das
formas aéreas. Parece que as Mônadas estão agora forçadas novamente a voltar sua
atenção para elas, a sentir através delas, quando algum contato externo obriga a uma
sonolenta atenção.
Os pensamentos-forma são, como vimos antes, modelos na Mente do Governante das
sete Cadeias, produtos de Sua meditação. Neles e através deles, as Mônadas, que
adquiriram átomos permanentes em algum Esquema prévio, se tornam vagamente
conscientes.
Esta consciência é vaga, mas há diferenças nela. O grau mais baixo apenas pode
chamar-se consciência; a vida nos pensamentos-forma parece o que agora chamaríamos
terra, rochas, pedras. Das mônadas que entram em contato com isto, apenas se pode dizer
que são conscientes de algo através daquelas, salvo de pressão, ao extrair dali uma torpe
87
agitação vital, que se revela como resistência à pressão, e dessa maneira diferente da vida
mais torpe ainda das moléculas não apegadas às Mônadas, e que não sentem a pressão.
No grau seguinte, correspondente ao que agora chamamos metais, o sentido da
pressão é mais forte e a resistência a ela é um pouco mais definida. Quase não há esforço
de pressionar para fora através dela, reação que causa a expansão. Quando esta reação
subconsciente ocorre em diversas direções, forma-se o modelo-pensamento de um cristal.
Desde o ponto de vista da consciência no mineral, só se sente a reação subconsciente.
Do ponto de vista da consciência fora do mineral, procurando sentir a reação desde fora,
registra-se como um vago descontentamento à pressão e um vago esforço ressentido de
resistir e puxar contra ela. Provavelmente a vida monádica, que busca expressar-se, sinta
vagamente desagrado ante sua frustração.
Olhando para adiante por um momento, podemos notar que as Mônadas anexas aos
cristais desta cadeia não entram na segunda cadeia nas formas inferiores de vida vegetal,
mas apenas nas formas superiores; ao atravessar estas, entram na terceira cadeia (a Cadeia
Lunar) em seu ponto médio como mamíferos, individualizando-se ali, e tomando
nascimento humano em sua quinta ronda. Isto proporciona um bom exemplo do princípio
da interação dos reinos.
Os "pensamentos" dos minerais, como seria de esperar, não são imóveis, e sim
móveis; assim, uma colina se inclinará ou oscilará, ou modificará sua forma;
consequentemente, não existe Terra "sólida" mas um panorama mutável, como
corresponde aos mundos que não chegam mais abaixo do nível mental inferior.
O nível de realização fixado para a humanidade da primeira cadeia foi o da primeira
Iniciação. Os que chegaram a este nível entraram em um ou outro dos sete Caminhos; um
destes (o quinto) leva a trabalhar na segunda cadeia como construtores das formas de sua
humanidade; isto é parte do trabalho do que se conhece como a primeira Hierarquia
Criadora (veja "O Corpo Causal", pág. X, 40).
A estes construtores H. P. Blavatsky chamou de Asuras, que significa literalmente
"seres viventes". Depois o termo se reduziu aos seres viventes em que se desenvolveu o
intelecto, mas não a emoção.
Estes Asuras, que atuaram na segunda cadeia como Barhishads, serviram também na
terceira cadeia como Agnisvattas.
As entidades que evoluíram na primeira cadeia e não chegaram à primeira Iniciação,
entraram na segunda cadeia para sua própria evolução ulterior em seu ponto mais central,
e conduziram a sua humanidade, alcançando a liberação ao término da cadeia. Algumas
delas, por sua vez, trabalharam na terceira cadeia na construção das formas de sua
humanidade.
Como vimos no Capítulo XIII, é digno de nota que na primeira cadeia, pelo que
conhecemos, não houve ninguém que tenha sido descartado como "fracasso", isto é, não
houve o Dia do Juízo de Primeira Ordem.
Os hindus chamam a primeira cadeia de o primeiro corpo de Brahma, o corpo da
Escuridão ou da Noite. Também é conhecida (como já se disse antes) como a Cadeia
Arquetípica.
88
Capítulo XXI
A SEGUNDA CADEIA
A segunda cadeia (veja Diagrama V) é constituída por 2 globos búdicos, 2 globos
mentais superiores, 2 globos mentais inferiores e 1 globo astral.
Na primeira ronda, no Globo D (astral), uma característica destacada eram as grandes
nuvens de matéria. Na ronda seguinte se tornaram mais densas, mais brilhantes e coloridas,
mais responsivas às vibrações que as modelaram em formas, embora seja difícil dizer se
estas formas eram vegetais ou animais. De maneira que as coisas com a aparência geral de
vegetais se deslocavam com a liberdade dos animais, ainda que aparentemente com pouca
sensação, se é que havia.
Por não estar fixadas à matéria física - a matéria mais densa da cadeia é a astral - eram
muito móveis.
Grande parte do trabalho da cadeia ocorria em níveis superiores; era uma vitalização
da matéria sutil para uso futuro, demonstrando pouco efeito nas formas inferiores. Assim
como agora se usa a essência elemental para construir corpos astrais e mentais, de igual
modo na segunda cadeia os Kama e Rupa Devas buscavam diferenciar-se mais plenamente
utilizando as nuvens de matéria e vivendo nelas. Desceram de um subplano a outro na
matéria mais densa, mas nisso não utilizaram o reino humano.
Mesmo na atualidade um Deva pode animar um país inteiro; isso era muito comum na
segunda cadeia. A matéria mental inferior e a astral formavam os corpos dos Devas, e
durante todo o tempo elas estiveram se alternando e se entremesclando.
Incidentalmente, átomos permanentes de minerais, vegetais e até de animais se
arraigaram nos corpos dos Devas; com isso, cresceram e evoluíram. Os Devas pareciam não
ter particular interesse neles, assim como nós não nos interessamos pela evolução dos
micróbios em nossos corpos físicos. Ocasionalmente, entretanto, evidenciava-se algum
interesse por um animal, e sua capacidade para responder crescia rapidamente sob tais
condições.
A humanidade da cadeia vivia em estreito contato com os Devas, que ainda
dominavam o campo evolutivo; os Kama e Rupa Devas influíam fortemente (embora não
intencionalmente na maior parte) na evolução humana.
A paixão se manifestava em muitos seres humanos que tinham corpos astrais no Globo
D, e seus germes eram também visíveis nos animais. Havia diferenças na capacidade para
responder às vibrações projetadas pelos Devas, mas as mudanças eram muito graduais e o
progresso lento. Depois, quando se desenvolveu a consciência búdica, houve comunicação
entre o Esquema Terrestre e o Esquema Venusiano, de onde vieram certas entidades para o
Esquema Terrestre na segunda cadeia, mas não se sabe se pertenciam à humanidade
venusiana ou se eram membros do Estado-Maior.
Nós, que agora somos humanos, estivemos no reino vegetal na segunda cadeia. Nessa
vida vegetal havia uma tênue consciência das energias lançadas sobre ela, e certa
compulsão para o crescimento.
89
Em alguns havia uma leve resistência à linha de crescimento imposta, e uma vaga
inclinação para outra direção autoescolhida.
Alguns procuraram usar muitas das forças com que entraram em contato, e em sua
consciência germinal assumiram que tudo o que os circundava existia para eles. Outros se
voltaram para uma direção que os atraía, e ficaram frustrados e vagamente ressentidos.
Assim, por exemplo, se observou que um, que fazia parte de um Deva, foi impedido, posto
que o Deva naturalmente estava ordenando as coisas que lhe convinham, e não apenas a
algum componente de seu corpo. Por outro lado, desde o obscuro ponto de vista do
vegetal, os procedimentos do Deva eram tão incompreensíveis como é o tempo nestes dias
para nós, amiúde tão fastidioso.
Ao término da cadeia, os vegetais mais desenvolvidos evidenciavam escassa
mentalidade, de fato uma mediana inteligência infantil, reconhecendo a existência dos
animais externos, gostando da vizinhança de alguns e afastando-se de outros.
Também havia um anseio de maior coesão, que evidentemente era o resultado da
irrupção descendente da vida na matéria de maior densidade, da Vontade que atuava na
Natureza para o descenso em níveis mais densos.
O nível de realização estabelecido para a humanidade da segunda cadeia foi a Terceira
Iniciação. Os que chegaram a este nível entraram em um dos sete Caminhos; um destes,
como antes, conduzia para o trabalho na cadeia seguinte.
A segunda cadeia é referida como o corpo da Luz, ou do Dia, e também como a Cadeia
Criadora.
Seus "êxitos" foram os Agnisvatta Pitris, alguns dos quais se converteram na Sexta
Hierarquia Criadora (veja "O Corpo Causal", pág. 40) e tiveram a ver com a evolução
intelectual dos homens na quarta cadeia (a terrestre).
O estudante recordará também que os "êxitos" da primeira cadeia, os Asuras, servem
ademais como Barhishads nesta segunda cadeia.
Os que não obtiveram êxito completo ingressaram na terceira cadeia na ronda
apropriada para a etapa que alcançaram.
Na sétima ronda da segunda cadeia foi descartada da sua humanidade uma grande
quantidade como "fracassos", já que estavam muito atrasados para achar suas formas
adequadas e continuar na segunda cadeia.
Depois seguiram na terceira cadeia como homens.
A “nata” do reino animal se individualizou na segunda cadeia, iniciou sua evolução
humana na terceira cadeia, tendo atravessado os reinos inferiores muito rapidamente e se
humanizou. Em seguida dirigiu a evolução da terceira cadeia para os "fracassos" e depois,
aqueles que tiveram êxito completo, ingressaram sucessivamente e se converteram em
líderes.
Os mais desenvolvidos do reino vegetal da segunda cadeia entraram no reino animal
da terceira cadeia, como mamíferos, na quarta ronda. Os demais ingressaram na primeira
ronda, como animais de tipos inferiores.
Os outros reinos se deslocaram uma etapa, segundo o plano estabelecido; como de
costume, o Primeiro Reino Elemental recebeu do Logos a aplicação de uma nova corrente
vital.
90
Capítulo XXII
A TERCEIRA CADEIA, A LUNAR
AS PRIMEIRAS CINCO RONDAS
A Terceira Cadeia (a Cadeia Lunar) desceu uma etapa na materialidade, possuindo 2
globos mentais superiores, 2 globos mentais inferiores, 2 globos astrais e um globo físico. O
globo médio (D), cenário da máxima atividade da cadeia, ainda sobrevive como a Lua. Esta,
na atualidade, é o que restou depois de muita perda de material; é a parte que constituía
seu interior, depois da desintegração da parte exterior. Está muito diminuído em tamanho,
em vias de total destruição na sétima ronda da cadeia terrestre.
O nível fixado para a humanidade da Cadeia Lunar era o do Arhat, ou Quarta Iniciação.
Também se conhece a Cadeia Lunar como O Corpo do Crepúsculo, ou Sandhyá; os
"êxitos" são conhecidos como Barhishad Pitris e, no caso dos que trabalham na Cadeia
Terrestre, se dedicam a guiar a evolução física; para essa finalidade ingressaram na sétima
Hierarquia Criadora (veja "O Corpo Causal", pág. 40).
O estudante recordará que os êxitos da primeira cadeia, os Asuras, serviram na
segunda cadeia como Barhishad Pitris, e na terceira cadeia como Agnishvatta Pitris.
Pouco se sabe das primeiras cinco rondas, salvo com respeito ao reino animal, e por
isso nos limitaremos a ele. Este reino fora certamente o reino mineral na primeira cadeia, o
reino vegetal na segunda cadeia, e atualmente é composto por nós mesmos, o reino
humano na Terra, a quarta cadeia.
A crista desta particular corrente vital ingressa na cadeia lunar como mamíferos em
seu ponto médio, aparecendo no Globo D (a Lua) na quarta ronda (veja Diagrama XXXIV).
Estes mamíferos são criaturas curiosas, pequenas, porém extraordinariamente ativas. As
mais avançadas tinham forma simiesca, e davam enormes saltos.
Estas criaturas da quarta ronda, geralmente são a princípio de pele escamosa que
depois se torna semelhante à das rãs. Em seguida os tipos muito avançados desenvolvem
cerdas que formam uma pele muito tosca e dura.
O ar era completamente distinto ao de nossa atual atmosfera: pesado e sufocante, nos
recorda o anidrido carbônico; porém, evidentemente, se adequava aos habitantes da Lua.
Os pequenos mamíferos a que nos referimos tinham corpos longos e patas curtas, uma
mescla de doninha, mangusto e cachorro do mato, com uma cauda curta e hirsuta,
completamente tosca e inacabada. Tinham olhos vermelhos, podendo ver na escuridão de
suas covas; ao sair das covas, se alçavam sobre as patas traseiras, formando um tripé com
sua cauda curta e forte, e giravam suas cabeças para um lado e outro, farejando.
Eram medianamente inteligentes, e as relações entre eles e os homens, ao menos em
parte, parecem mais amistosas do que as atualmente observadas entre os animais
selvagens e os homens na Terra. Não eram domesticados, mas não fugiam quando os
homens deles se acercavam. Em outras partes, onde os homens são meros selvagens que
comem seus inimigos quando podem pegá-los e os animais (quando não podem obter
carne humana), as criaturas selvagens são tímidas e fogem da vizinhança humana.
91
Diagrama XXXIV. Os “Servidores” e Outros Grupos da Cadeia Lunar.
Depois desta primeira etapa se convertem em criaturas que vivem muito nas árvores,
de membros articulados, com patas dotadas de uma saliência como um polegar em ângulo
reto com as patas, similar ao esporão de um galo, armado com uma garra curva. Ao
deslocar-se rapidamente sob os ramos, o animal usa sua garra para sustentar-se, enquanto
a parte restante das patas não lhe é de utilidade.
Entretanto, quando se move pelo solo, caminha sobre as patas e o esporão fica acima
do nível do solo e por isso não lhe impede o movimento.
Em comunidades humanas vivem habitualmente animais mais desenvolvidos que
estes, de forma simiesca, que servem aos homens de diversos modos e estão fortemente
apegados a eles.
Esta classe de animais se individualiza no Globo D na quarta ronda; nos Globos E, F e G
desenvolvem corpos humanos astrais e mentais; o corpo causal, ainda que plenamente
formado, revela pouco crescimento. Têm três rondas de desenvolvimento como seres
humanos e, como veremos depois, abandonam a Cadeia Lunar na metade da sétima ronda
(veja Diagrama XXXIV).
92
Neste grupo estão as entidades conhecidas como Marte e Mercúrio, que depois serão
o Manu e o Bodhisattva, respectivamente, da Sexta Raça-Raiz na Terra na quarta ronda.
Eles, e provavelmente muitos outros, se convertem em Mestres na Cadeia Terrestre.
Depois de abandonar o Globo D, os animais do primeiro grupo citado dormem durante
o resto da quarta ronda e durante os primeiros três globos da quinta ronda. Muito pouco
depois da morte física, perdem seus corpos astrais e experimentam corpos mentais. Por
não dispor de corpos causais, dormem em uma espécie de devachan, sem contato com os
mundos da manifestação.
Na quinta ronda, novamente no Globo D, aparecem como grandes criaturas simiescas
que conseguem dar saltos de uns doze metros, e que parecem se divertir muito com isso.
Na quarta raça humana, no Globo D, são domesticados, atuam como guardiães das
propriedades e companheiros de brincadeiras das crianças, desenvolvendo intenso afeto
para com seus amos humanos. Entre eles estão os que depois se conhecem como: Heracles
que, ao salvar a vida de seu amo, se individualiza através da Vontade; Sírio, que, mediante a
inteligência alimentada pelo amor, se individualiza através do Intelecto; Alción e Mizar que,
mediante a devoção unidirecional, se individualizam através da Sabedoria. Estes são
exemplos dos três meios "corretos" de individualização (veja "O Corpo Causal", pág. 86).
Daí em diante as entidades como essas são definidamente humanas e têm os mesmos
corpos causais que ainda utilizam. (N.B. Isto não é muito preciso, mas é suficiente para o
nosso propósito atual). No Globo E estão os seres humanos, porém não têm participação
definida em sua vida ordinária. Flutuam em sua atmosfera como peixes na água, mas não se
encontram suficientemente adiantados para compartilhar suas atividades normais. Por isso
não nascem como filhos dos habitantes do Globo E que, podemos dizer de passagem, não
são de aparência agradável.
Seus novos corpos astrais são produzidos por uma espécie de protuberância formada
em torno do átomo astral permanente.
Efetiva-se alguma consolidação e melhoria em seus corpos astrais, pois flutuam na
atmosfera do Globo E; de modo parecido no corpo mental, pois flutuam na atmosfera do
Globo F e, de maneira similar, no corpo causal, no Globo G. Essa melhora se manifesta no
descenso através das atmosferas dos Globos A, B e C da sexta ronda, onde a matéria
introduzida em cada corpo é a melhor de seu gênero, e mais coerente. Porém, como se
disse, o progresso efetivo ocorre no Globo D, onde se investe novamente na matéria física.
Na quinta ronda, entre os animais avançados que viviam em contato com os seres
humanos primitivos, há um grupo de especial interesse, porque se individualiza por um dos
meios "equivocados": através da intensa vaidade que estimula a faculdade imitativa para
um grau anormal, causando uma forte sensação de separação, até que o esforço para
diferenciar-se dos demais reclama uma resposta dos níveis superiores e forma-se o ego. Foi-
lhes permitido individualizar-se, aparentemente porque se houvessem continuado como
animais, teriam piorado ao invés de melhorar. Eram bastante inteligentes a seu modo,
porém quase não tinham outra qualidade além do orgulho.
Formam o que se conhece como o grupo "alaranjado", porque seus corpos causais
revelam pouca cor além de um ligeiro matiz alaranjado. Somavam pouco mais de dois
milhões.
93
Depois de morrer, passam dormindo o intervalo até que renascem na sexta ronda,
outra vez no Globo D.
Outro conjunto de animais se individualiza através da admiração pelos seres humanos
com os quais entram em contato e procuram imitar. Não há forte amor nem desejo de
serviço, mas muito anseio de aprender e grande presteza para obedecer.
Quando se individualizam, através do crescimento da inteligência, o intelecto está
pronto para submeter-se à disciplina, para cooperar, para ver as vantagens do esforço
unido e a necessidade da obediência. Introduzem em sua existência este sentido de
cooperação e voluntariedade para submeter-se à direção, para seu próprio beneficio no
futuro. Formam o que se conhece como o grupo amarelo, porque seus corpos causais
mostram um amarelo claro, brilhante e dourado. Somavam menos de três milhões.
Não careciam de emoção, porém suas emoções eram mais egoístas que amorosas.
Parece que desenvolveram em seus corpos mentais qualidades que tiveram suas raízes em
seus corpos astrais, fundadas no amor e na devoção e nutridas por estes. Havia um terceiro
grupo, que somava mais de três milhões, cujos corpos causais eram principalmente
rosados.
Por isso presume-se que se individualizaram através do afeto.
Um quarto grupo se individualizou através do temor que estimulou a mente para o
descobrimento de diversos modos de escapar da crueldade. Em outros casos, os animais se
individualizaram através de um intenso desejo de infligir dor, como se produzisse um
sentido de poder sobre os demais. Esse grupo se conhece como o grupo do temor e do
poder.
Continuaremos a história desses grupos na sexta ronda da Cadeia Lunar, que esgotam
sua nova humanidade seguindo os processos determinados por seus respectivos métodos
de individualização.
Parece que no Plano existiram apenas as três classes corretas de individualização,
causadas por um eflúvio do alto e por uma força proveniente de baixo; os meios
"equivocados" foram produzidos pelas más ações humanas.
Na civilização superior da quinta ronda houve muitas comunidades dispersas pelo
globo que levavam vidas claramente primitivas. Algumas eram boas, ainda que pouco
desenvolvidas, e lutavam vigorosamente quando eram atacadas, enquanto outras eram
selvagens e estavam em contínua guerra, aparentemente pelo mero desejo de derramar
sangue e por crueldade.
Além dessas diversas comunidades, algumas grandes, outras pequenas, algumas
nômades, outras pastoris, houve pessoas altamente civilizadas que viviam em cidades,
dedicadas ao comércio e regidas por governos estáveis. Não pareciam ser o que
chamaríamos uma nação. Uma cidade e um distrito considerável (às vezes muito extenso),
com vilas dispersas, formavam um Estado separado e estes Estados celebravam flutuantes
convênios recíprocos relativos ao comércio, à defesa mútua, etc.
Assim, por exemplo, próximo ao Equador havia uma grande cidade com uma vasta
extensão de Terra cultivada em seu redor. A cidade era constituída de bairros separados
segundo a classe dos habitantes. Os mais pobres viviam fora dos muros durante o dia, e à
noite se abrigavam em covas oblongas, ou câmaras, cavadas na rocha; são como tocas
94
subterrâneas que cobrem um longo trecho e se comunicam entre si, formando um labirinto
regular. A porta de entrada é uma enorme laje de pedra que repousa sobre pedras verticais
menores que servem de pilares. As habitações ficavam juntas, aos milhares, alinhadas em
ambos os lados de uma longa rua circular, formando o anel exterior da cidade.
As classes superiores viviam em casas com cúpulas dentro desse anel, construído sobre
um nível superior, com um amplo terraço à frente e formando um anel ao redor como a rua
que estava abaixo.
As cúpulas eram sustentadas por pilares baixos e fortes, todos lavrados; o cinzelado
revela uma civilização bastante avançada. Na borda inferior estava unida uma imensa
quantidade dessas cúpulas que formavam uma espécie de cidade comunitária, um cinturão
com outro terraço circular acima de sua borda interior.
O centro da cidade era sua parte mais elevada, e ali as casas eram mais altas, com três
cúpulas, que se alçavam uma por cima da outra. A central tinha cinco cúpulas; cada cúpula
sucessiva era menor que a que estava abaixo dela. Às superiores se chegava através de
degraus dentro de um dos pilares da planta baixa, que seguiam em caracol em torno do
pilar central que estava acima. Parecem ter sido cortados a picareta na rocha viva.
Nas cúpulas superiores parece não haver sido tomada medida alguma quanto à luz e
ao ar. A cúpula mais alta tinha uma espécie de rede de balanço pendurada no centro, e este
era o quarto de oração. Parece que quem rezava não devia tocar o solo durante a oração.
Esta era evidentemente a humanidade suprema da Lua; atingiram o nível de Arhat, a
meta fixada para a terceira cadeia, e depois se converteram em Senhores da Lua. Já estava
civilizada e sabia escrever.
Os da humanidade lunar que estiveram na quinta ronda e entraram na Senda,
estiveram durante esse tempo com a hierarquia que veio da segunda cadeia para ajudar na
evolução na terceira. A hierarquia vivia em uma montanha elevada e praticamente
inacessível, mas Sua presença foi captada pelos que estavam no Caminho, e aceita
geralmente como um fato pela humanidade inteligente dessa época.
Seus discípulos chegaram até a hierarquia extracorporalmente, e um d’Eles desceu às
planícies e viveu durante um tempo entre os homens. Os que moravam nas casas centrais
da cidade descrita estiveram em contato com a hierarquia e foram influenciados por Ela em
questões muito importantes.
95
Capítulo XXIII
A CADEIA LUNAR: A SEXTA RONDA
Como não foi publicada nenhuma informação relativa aos Globos A, B e C,
continuamos com nosso estudo sobre o Globo D (a Lua) na sexta ronda.
O grupo de seres humanos primitivos, cuja história seguimos agora mais em especial e
que se individualizou na quinta ronda, no Globo D, nasce atualmente na sexta ronda como
homens de tipo simples e primitivo, ainda que não fossem selvagens nem brutais (veja
Diagrama XXXIV). Têm pelo hirsuto, lábios grossos, nariz achatado e largo na base. Vivem
em uma ilha.
Não brigam entre si, salvo quando escasseia a comida; mas há muitas lutas contra
invasores do continente, que são canibais particularmente brutais, diabolicamente cruéis e
muito temidos. Os ilhéus matam todos os que caem prisioneiros, mas, diferentemente dos
selvagens do continente, não os torturam vivos nem os comem mortos.
Os selvagens do continente pertencem aos que se individualizaram pelo temor na
quinta ronda.
Entre os ilhéus a vida é comunal, e vivem promiscuamente. Os intervalos entre a morte
e o renascimento são muito breves (de poucos anos), e renascem na mesma comunidade. A
segunda vida revela um avanço, pois a ajuda chega de fora, o que apressa sua evolução.
Um estrangeiro (Marte), um homem de tipo muito superior, chega até os ilhéus,
ensina-os a usar o fogo e a cultivar o solo. Depois chega também Mercúrio e sob sua
influência o povo civiliza-se um pouco mais.
Depois de um tempo, Marte regressa ao seu país e sua cidade. Esta estava claramente
civilizada, com edifícios grandes e belos, e muitas lojas.
Utilizavam os animais com fins de trabalho e equitação. Mantinham o comércio com
outras cidades, e as cidades se conectavam umas com as outras a grandes distâncias por
meio de canais.
A cidade se dividia em bairros; as diferentes classes viviam em diferentes partes dela.
No centro estavam as pessoas de tipo claramente elevado, de tez azul. O governante e seus
nobres mais elevados estavam em contato com um grupo de pessoas que viviam recolhidas
em uma região algo inacessível.
Estas pessoas, algumas das quais viriam a ser conhecidas depois como os Senhores da
Lua, ao chegar à etapa do Arhat, eram discípulas de Seres ainda mais elevados, vindos de
alguma outra esfera, e que evidentemente atingiram uma etapa evolutiva muito superior à
do Arhat.
Estes ordenaram ao Governante da cidade, capital de um grande império, que
exterminasse os selvagens das costas do continente. Isto se efetuou devidamente, e os
ilhéus, antes mencionados, foram então transferidos de sua ilha para o continente, sendo
incorporados como colônia do Império.
Isto foi parte da operação do Dia do Juízo da Cadeia Lunar, quando os incapazes de
ulterior progresso nessa cadeia foram eliminados dela. Nessa categoria estavam os
selvagens; os corpos, apropriados para sua etapa evolutiva baixa, deixaram de ter utilidade.
96
Ao morrer, ingressaram em um estado de sono. Muitos corpos de tipo similarmente
baixo foram destruídos por catástrofes sísmicas que devastaram todos os distritos; desta
maneira diminuiu muito a população do globo.
Desde então tudo se dispôs para que fossem empurrados para adiante o mais
rapidamente possível os que foram poupados, preparando-os para a evolução na próxima
cadeia, a Cadeia Terrestre.
Toda a tribo parcialmente civilizada por Mercúrio procurou escapar da extinção,
enquanto na cidade, Heracles e Sírio, e os parentes e dependentes de Marte e Mercúrio
também puderam deslizar-se apenas sobre a linha divisória, em virtude do apego a seus
líderes.
O grupo alaranjado, que se individualizou na quinta ronda por vaidade, nasceu em sua
maioria em populações urbanas, aglutinando-se por semelhança de gostos e desprezo aos
demais, embora sua vaidade os induzisse a muitas disputas entre si.
A separação se intensificou muito e o corpo mental se fortaleceu de um modo
indesejável, com aparência de concha cada vez mais acentuada, cerrando-se para os
demais.
Ao reprimir as paixões animais, o corpo astral cresceu menos potente; as paixões
animais foram enfraquecidas através de um ascetismo duro e frio, em vez de transmutar-se
em emoções humanas; a paixão sexual, por exemplo, foi destruída em vez de ser
substituída por amor. Daí que, vida após vida, tivessem menos sentimentos, e fisicamente
tendessem para a assexualidade. Ao desenvolver o individualismo até um alto nível, este
mesmo desenvolvimento os conduziu a constantes rixas e distúrbios.
Formaram comunidades, mas elas se desfizeram porque ninguém obedecia, cada um
queria mandar. Qualquer tentativa por parte de gente mais desenvolvida para ajudá-los ou
guiá-los levava a uma explosão de suspeitas ou ressentimento, sendo considerada como um
plano para manejá-los ou rebaixá-los. O orgulho se fortaleceu mais, e se tornaram frios e
calculistas, sem piedade nem remorsos.
No Globo E (astral) permaneceram em atividade, mas só durante um curto lapso; o
corpo astral se encolheu até atrofiar-se.
No Globo F (mental inferior) o corpo mental se endureceu e perdeu plasticidade,
levando a um curioso efeito mutilado, de nenhum modo atrativo, como um homem
bastante estranho que houvesse perdido suas pernas dos joelhos para baixo, e tivesse suas
calças costuradas sobre os cotos.
O grupo amarelo, individualizado na quinta ronda por admiração, era dócil e educado;
também tendia em sua maioria a integrar-se às populações da cidade; formaram a princípio
a melhor classe de obreiros, elevando-se através da classe média para a superior,
desenvolvendo inteligência até um nível muito considerável. Estavam livres do orgulho
excessivo, de modo que suas auras, como se mencionou antes, não eram alaranjadas, mas
claras, brilhantes, de um amarelo dourado.
Por não carecer de emoções, seus sentimentos os levaram à cooperação e à
obediência para com os mais sábios que eles, sendo mais egoístas que afetuosos. Sua
inteligência os induziu a cooperar para seu próprio benefício, e não visando espargir a
felicidade entre os demais. Daí que sua ordem e disciplina acelerasse sua evolução. Porém,
97
como vimos antes, davam a impressão de haver desenvolvido em seus corpos mentais as
qualidades que deveriam ter suas raízes em seus corpos astrais, fundados no amor e
nutridos por este, em vez de ser pelo próprio interesse. Desse modo, pouco puderam
aproveitar de sua estada no Globo E (astral), mas melhoraram consideravelmente seus
corpos mentais no Globo F (mental inferior).
Os Globos E, F e G foram mais úteis para os grupos de egos que se individualizaram em
um dos três meios "corretos", e que desde então se desenvolveram harmoniosamente em
vez de um modo distorcido, como ocorreu com os que se individualizaram em um dos
meios "equivocados", no que concerne à inteligência; pois estes egos seriam depois
obrigados a desenvolver as emoções deterioradas ou descuidadas, que tiveram em prístinas
eras.
Todos os poderes devem ser desenvolvidos por completo; e observando o enorme
movimento evolutivo desde a ignorância até a onisciência, o progresso ou os métodos em
qualquer etapa particular perdem a imensa importância que parecem ter ao assomar-se
através das névoas de nossa ignorância e proximidade.
Como os Globos E, F e G da sexta ronda entraram em atividade sucessivamente, os
egos mais avançados obtiveram um enorme progresso astral e mental. Uma vez que o Dia
do Juízo eliminou da cadeia os egos retrógrados, não houve retardados sem esperanças que
fossem um estorvo para a evolução, e o crescimento foi firme e mais rápido que antes.
Grande parte da vegetação da sexta ronda pertenceu ao que agora chamaríamos
família dos cogumelos, mas era gigantesca e monstruosa. Havia árvores que alcançavam
grande altura em apenas um ano, e que eram semianimais. Quando se cortava os ramos,
estes se retorciam como serpentes e se enroscavam nos homens que utilizavam o
machado, constringindo-os até morrer. A seiva vermelha, como sangue, manava sob os
golpes do machado. A textura da árvore era carnosa; era carnívora, agarrava qualquer
animal que a tocasse, enroscava em torno dele seus ramos como um polvo e o chupava até
secá-lo. A perigosa colheita era confiada somente a homens muito fortes e destros. Quando
os ramos se secavam, se arrancava a casca convertendo-a em uma espécie de couro; a
carne era cozida e servia de comida.
Muitos vegetais que devemos chamar plantas eram semianimais e semivegetais. Um
tinha uma grande copa parecida com um guarda-chuvas, com uma fenda no centro que
permitia que as duas metades, armadas com dentes se abrissem; inclinava-se com as fauces
abertas, agarrava qualquer animal que a roçava e cerrava sobre ele suas mandíbulas.
Depois o caule se endireitava, as metades cerradas formavam novamente a superfície
parecida com um guarda-chuvas, enquanto o animal era sugado até ser dissecado.
Os homens cortavam as árvores quando as mandíbulas estavam cerradas; a destreza
requerida para esse trabalho consistia em saltar fora de seu alcance quando a copa se
inclinava para agarrar o agressor.
Os insetos eram volumosos e gigantescos e serviam em grande medida como alimento
das árvores carnívoras. Alguns insetos chegavam a medir 61 cm de comprimento, eram de
formidável aspecto e os habitantes humanos lhes tinham muito medo.
98
As casas eram construídas como retângulos, encerrando pátios muito amplos; estes
estavam cobertos com fortes redes, e nas estações em que pululavam os grandes insetos
não se permitia que as crianças saíssem de seus cercados.
O ano tinha quase a mesma extensão que agora.
A relação do globo com o sol era similar, porém diferente com ralação às constelações.
Uma vez completada a sexta ronda, começaram os preparativos necessários para as
excepcionais condições da sétima e última ronda, durante a qual todos os habitantes e
grande parte da substância da Cadeia Lunar deviam transferir-se à cadeia seguinte, a da
Terra.
99
Capítulo XXIV
A CADEIA LUNAR: A SÉTIMA RONDA
A sétima ronda de uma cadeia difere das rondas precedentes, porque quando a
corrente vital deixa um determinado globo e passa ao globo que lhe segue em ordem, o
globo vacante entra em quiescência, no curso para a desintegração.
Ademais, alguns habitantes de cada globo, por serem incapazes de outra evolução na
cadeia, desaparecem por completo desta e aguardam a recorporização na próxima cadeia.
Os outros são transferidos para o globo seguinte.
O grupo de matiz alaranjado, que soma mais de dois milhões, abandona o Globo A
(mental superior) desta maneira (veja Diagrama XXXV). Encerraram-se de tal modo em sua
concha mental, e mataram de fome de tal maneira os germes de seus corpos astrais, que
seguramente não podem descer mais. Além disso, são demasiado orgulhosos para desejar
fazê-lo.
Seus corpos causais são como uma concha rígida, não uma forma viva em expansão, e
permitir que ingressem no Globo B (mental inferior) significaria um fatal endurecimento do
princípio mental inferior. Como vimos, são muito inteligentes, porém muito egoístas.
O Manu está claramente insatisfeito com estas pessoas de matiz alaranjado, e faz por
eles o melhor que pode excluindo-os da cadeia. Depois encontraremos alguns deles
novamente na Atlântida, como os Senhores da Face Escura, sacerdotes do Culto Escuro,
líderes contrários ao Imperador Branco e demais. Por agora permanecem no reino
intercadeia. Assim também há algumas outras entidades, que alcançaram o nível do Arhat e
abandonaram a Cadeia Lunar desde o Globo A.
O grupo amarelo, algo menos de dois milhões, junto com o resto dos habitantes,
passou ao Globo B (mental inferior); com eles estiveram alguns que chegaram ao nível do
100
Arhat, o nível designado à cadeia, no Globo A; estes se converteram em Adeptos no Globo
B.
As entidades do grupo amarelo foram segregadas do Globo B, porque não nutriram
suficientemente o aspecto emocional de suas naturezas para possibilitar a formação de um
corpo astral medianamente desenvolvido no Globo C (astral).
Sua complacência em obedecer lhes é de utilidade, de modo que na Atlântida os
encontraremos como sacerdotes dos Templos Brancos, formando gradualmente os corpos
astrais de um tipo bom.
Depois veremos que os grupos alaranjado e amarelo entram na Cadeia Terrestre em
sua quarta ronda, estando demasiado avançados para participar das primeiras rondas.
O princípio parece consistir em que em cada globo é necessário desenvolver as
qualidades que necessitarão para sua expressão plena no material do próximo globo.
Houve outro grupo de entidades, que alcançou o nível do Arhat, que abandonou a
Cadeia Lunar desde o Globo B.
Chegando ao Globo C (astral), uma vez mais uma quantidade pequena, que alcançou o
nível do Arhat, abandonou a cadeia por um ou outro dos sete Caminhos usuais. Um grupo
destes é de especial interesse para nós porque fez parte de uma divisão dos Senhores da
Lua, o grupo chamado Barhishad Pitris na Doutrina Secreta: dedicava-se a supervisionar a
evolução das formas na Cadeia Terrestre. Este grupo havia se individualizado na quarta
ronda, em uma população urbana, tendo sido estimulado para um crescimento mais rápido.
Ao abandonar o Globo C, dirigiram-se à região em que se construía a Cadeia Terrestre, onde
depois se reuniram outros que também se entregaram a este tipo de trabalho.
No Globo D (a Lua) as coisas se tornaram muito diferentes, pois quando se aproximava
o período da morte do globo, a imensa maioria dos habitantes e a maioria dos animais
abandonaram a cadeia e ingressaram no Nirvana lunar, para esperar serem transferidos à
Cadeia Terrestre quando esta estivesse pronta para eles. De maneira que se deixou apenas
uma pequeníssima população para que continuasse sua evolução nos três globos restantes:
E, F e G.
O grupo de egos que estivemos seguindo em especial, conhecido como o grupo dos
Servidores (veja Diagrama XXXIV), revela sinais de clara melhora no Globo D. O corpo causal
está bem definido, a inteligência mais desenvolvida, e o afeto para com os superiores
aprofundado e intensificado. Em vez de uma paixão, agora se converteu em uma emoção
firme, e é sua característica mais clara.
Embora o instinto de serviço seja ainda cego e semiconsciente, servir e agradar às
pessoas superiores às quais se consagraram é agora o motivo dominante de suas vidas. No
futuro será sua característica através da longa série de encarnações que os espera na
Cadeia Terrestre, quando realizarão muito trabalho solitário.
Seus corpos físicos são agora de cor azul brilhante, em vez da cor marrom barroso
como antes. Durante suas últimas encarnações na Lua, eles são agrupados; antes disso e
durante um tempo considerável, se desenvolveu um grande ordenamento. Ao serem
guiados para o renascimento em comunidades, os vínculos intergrupais dos egos se
fortaleceram. Assim se dispuseram a realizar o que lhes fosse solicitado e a marchar para
onde fossem enviados. Distinguem-se por um leve eflúvio da vida superior, que produz uma
101
pequena expansão de um fio de matéria búdica que conecta os átomos permanentes
búdicos e mentais, tornando-os um pouco mais amplo acima do que abaixo, como um funil
pequeno e estreito.
Há grandes quantidades de outras pessoas, muito mais inteligentes que eles, que não
demonstram isto, pois existe uma conexão com o desejo germinal de servir, ausente nas
pessoas de outro modo mais avançadas.
O grupo contém muitos tipos, não apenas os que estão em um Raio.
Individualizam-se por um ou outro dos três meios "corretos": pela Vontade, pela
Sabedoria ou pela Atividade estimulada pela devoção a um superior.
O método de individualização produz uma mera subdivisão dentro do grupo principal,
afeta a duração do intervalo entre a morte e o renascimento (veja "O Corpo Causal" pág.
84), mas de nenhum modo afeta a característica de servilismo.
À frente do grupo de Servidores estão muitos dos que agora se converteram em
Mestres: muito acima destes há muitos que já eram Arhats, que novamente recebem suas
ordens de Seres muito mais poderosos. O Manu da sétima Raça-Raiz está ativo, cumprindo
a instrução do Manu-Semente.
Quando os Servidores morrem pela última vez na Cadeia Lunar, após chegar ao nível
requerido no Globo D, se reúnem no plano mental, no devachan, onde permanecem
durante um tempo enorme, tendo sempre diante de si as imagens daqueles a quem amam,
notadamente dos egos mais avançados aos quais estão especialmente consagrados. Esta
arrebatada devoção ajuda grandemente o seu desenvolvimento, produzindo suas
qualidades superiores, de modo que depois são mais receptivos às influências de que são
alvo no reino intercadeia.
Estão incluídos na massa geral de egos chamados por H. P. Blavatsky "Pitris Solares" e
por A. P. Sinnett "Pitris de primeira classe".
Os dois grupos que mencionamos antes podem ser assinalados em especial. Um incluiu
Marte e Mercúrio, o Manu e o Bodhisattva futuros da Sexta Raça-Raiz na Terra, outros que
são agora os Chohans e Mestres, junto com muitos Servidores que agora são discípulos dos
Mestres, ou que se aproximam desse nível. Estes parecem pertencer ao subgrupo com o
intervalo médio de 700 anos entre as vidas.
O outro grupo incluiu muitos que agora são Mestres e discípulos, todos pertencentes
ao subgrupo com o intervalo médio de 1.200 anos entre as encarnações.
Estes dois grupos contiveram muitos (se não todos) dos que agora formarão o homem
Celestial.
No próximo capítulo trataremos mais detalhadamente das classes de egos que
abandonaram o Globo D da Cadeia Lunar, dispondo-os em uma tabela, segundo os graus.
Alguns dos que têm corpos causais primitivos do tipo "linear" passam ao Globo E
(astral) para outra evolução e se convertem em "cestarias", unindo-se dessa maneira à
classe que estava acima deles.
De modo parecido, algumas cestarias passam aos Globos E, F e G, e ali formam o corpo
causal completo, de modo que se unem à classe que está acima deles.
Os Globos E, F e G parecem ter sido utilizados como uma espécie de impulsores de
culturas especiais para capacitá-las a chegar ao Caminho, ou alcançar o Arhatado, as quais
102
embora estivessem próximas disso não poderiam cumpri-lo no Globo D, e para capacitar
alguns que se aproximavam de uma etapa superior a entrar nela.
Estes planetas eram centros, mais que globos. Sua população era pequena, como
vimos, posto que o grosso dos habitantes (humanos e animais) foi transferido para o reino
intercadeia. Sua quantidade diminuiu progressivamente cada vez mais ao serem segregadas
as "camadas" de cada globo ao entrar em quiescência.
Os transferidos do Globo E consistiam de alguns que já estavam no Caminho,
convertendo-se ali em Arhats, em algumas "cestarias" que completaram o corpo causal, e
algumas "linhas" que se haviam convertido em cestarias.
Quando estes abandonaram o Globo E, o resto, composto pelos que estavam abaixo
do nível do Arhat, que podiam resistir à pressão de outro empurrão, foi levado ao Globo F
(mental inferior). Entre estes estavam as grandes entidades que depois se converteram no
Senhor Gautama Buda e o Senhor Maitreya. Haviam sido segregados da sétima ronda da
segunda cadeia, não podendo resistir ao processo impulsor nos Globos E, F e G dessa
cadeia. Entraram na Cadeia Lunar no Globo D na quarta ronda como homens primitivos, e
no Globo F formularam seu voto de converter-se em Buda.
Entretanto, os arranjos não foram os mesmos na Terra.
Havia uma espécie de Conselho Celestial em um mundo celestial - o Sukhavati budista -
e o grande Ser a quem formularam seu voto e que, como o Buda em exercício o aceitou, era
o chamado Dipankara, que veio da quarta cadeia do Esquema Venusiano, e que pertencia
ao Estado-Maior Geral.
No Globo G o Senhor Buda e o Senhor Maitreya receberam a primeira Iniciação e
também chegaram ao Arhatado. No Globo G, entre outros, o Mestre Júpiter também
entrou no Caminho. Muitos dos fatos mencionados neste capítulo estão incluídos no
Diagrama XXXIV.
103
Capítulo XXV
OS PRODUTOS DA CADEIA LUNAR
Agora é desejável reunir os resultados dos três capítulos precedentes (que trataram
das sete rondas da Cadeia Lunar), acrescentando muitas outras particularidades e
ordenando, de diversos modos, as numerosas classes de entidades que emergiram da
evolução na Terceira Cadeia, a Cadeia Lunar.
Para auxiliar o estudante, utilizaremos algumas tabelas e também alguns diagramas.
104
Primeira Encarnação Humana
na Ronda
na Ronda
Características a Se converteu na Antigas
Grupo Nome abandonar Terra Posição Atual Nomenclaturas
a Cadeia
H.P.B. A.P.S.
Super- Senhores Cadeia Lunar Arhats Bharishad Pitris Os 7 Senderos (1)
humano da Lua --
(1) Plenamente no Adeptos As 7 Sendas Pitris de 1ª
Sendero 4 Adeptos As 7 Sendas
4 5 (2) Formados Perto do Na Ronda 4, Perto da Senda, Nirvanis
Homens Sendero Raça- Raças 4 e 5 Santos, etc. (2) ou Pitris
H Lunares, 5 6 (3) Raiz Profissionais, etc. Solares
U Primeira 6 7 (4) Corpo Raças 3, 4 e 5 Classes Médias ou
M Ordem 7 Cadeia (5) Causal 4 Superiores Dhyanis
A Terres- Lunares
N tre
O Homens Corpo Causal de 3 Na Ronda 4, Classe Média Pitris de 2ª
Lunares Cesteria Raças 3, 4 e 5 Inferior Classe
Segunda
Ordem
A Animais- Corpo Causal Linear 1 Ronda 1 Obreiros Pitris de Pitris de 3ª
N Homens Plenamente Especializados 1ª Classe
I Lunares humana Classe
M Animais Cade Natureza Passional: 1 Ronda 2 Obreiros não Pitris de Pitris de 4ª
A Lunares ia Aborda a Razão Plenamente especializados 2ª Classe
L 1ª Classe Terr Natureza Passional: humana Sem ocupação Classe
Animais estre Mente Instintiva 1 Ronda 3 definida Pitris de Pitris de 5ª
Lunares 2 Natureza Passional Plenamente Criminosos, etc. 3ª Classe
2ª Classe 3 Germinal. humana Classe
Animais 4 1 Ronda 4 Pitris de Pitris de 6ª e
Lunares Plenamente 4ª 7ª Classe
3ª Classe humana Classe
VEGETA Vegetais Natureza Passional 1 Ronda 4 Animais Pitris de
L Lunares Perto da Plenamente 5ª
Diferenciação animal Classe
MINERA Minerais 1 Ronda 4 Vegetais Pitris de
L Lunares Afinidade química Plenamente 6ª
vegetal Classe
Reino 1 Ronda 4 Minerais Pitris de Sem
E Elemental Plenamente 7ª Classificação
L Lunar III mineral Classe
E Reino 1 Reino Elemental Reino Elemental
M Elementar III III
E Lunar II Tendência a
N Reino Densidade Reino Elemental Reino Elemental
T Elementar II II
A Lunar I
L Nova Corrente Vital do Logos 1 Reino Elemental Reino Elemental I
I
105
Gráfico II. Progresso da Cadeia Lunar dos mais avançados da humanidade atual.
Cadeia Ronda Globo Plano Adeptos Atuais, etc Os Mais Avançados da Humanidade Atual
I _ _ _ Animais Minerais
II _ _ _ Homens Vegetais
III 4 D F. Animais Simiescos
SE INDIVIDUALIZAM Animais: mamíferos avançados
E Ast. Desenvolvem Corpos Astrais Dormem
F M.I. Desenvolvem Corpos Mentais Dormem
G M.S. Corpos Causais Primitivos Dormem
5 A.B.C. M.S.:M.I. Dormem
Ast. ? Animais simiescos: na Quarta Raça (incluem a Hércules,
Sírio, Alcione, Mizar, etc)
D F. Homens: uns primitivos, SE INDIVIDUALIZAM
outros civilizados; incluem a:
Senhor Gautama Buddha, A Servidore Grupo Grupo Grupo do
Senhor Maitreya, Marte Maioria s Alaranjad Amarelo Temor e
(agora Chohan Morya), o do Poder
Mercúrio (agora Chohan
Khuthumi).
E Ast. “ “ “
Flutuam na atmosfera do Globo: leve consolidação e
melhoram o corpo astral.
F M.I. “ “ “
“ “ “ corpo mental
G M.S. “ “ “
“ “ “ corpo causal
6 A M.S. “ “ “ “ “ “ “ “ “ corpo causal
B M.I. “ “ “ “ “ “ “ “ “ corpo mental
C Ast. “ “ “ “ “ “ “ “ “ corpo astral
D F. “ “ “ Homens simples e primitivos
Ajudados Maioria em Extermina-
por Marte cidades se os
e Mercúrio Passaram o Dia do canibais
Recém Juízo brutais
passaram o Não
Dia do conseguem
Juízo Final passar o Dia
do Juízo
Abandonam
a Cadeia
E Ast. “ “ “ Grande progresso Corpo Pouco
feito pelos Egos mais astral proveit
avançados. atrofiad o
o
F M.I. “ “ “ “ “ “ Corpo Corpo
mental mental
endure melhor
cido ado
G M.S. “ “ “ “ “ “ ? ?
7 A M.S. Alguns se convertem em Continua a evolução Abando ?
Arhats e saem. “ “ “ nam a Abando
B M.I. Alguns se convertem em Cadeia nam a
Arhats: outros em Adeptos e Continua a Clara Cadeia
saem. evolução melhori
a
106
C Ast. Saem uns poucos Arhats (A) A maioria abandona a
D F. Alguns abandonam a Cadeia, Cadeia
incluindo Arhats.
E Ast. “ “ “ “ “ “
Outros deixam a
Cadeia incluindo a
maioria de “linhas” e
“cestaria”
F M.I. “ “ “ “ “ “ Outros deixam a
O restante abandona a Cadeia Cadeia: algumas
(B) “linhas” se convertem
G M.S. Gautama Buddha e o Senhor em “cestarias”;
Maitreya chegam a primeira algumas “cestarias”
iniciação, convertendo-se em obtém corpos causais
Arhats. completos
O restante abandona
a Cadeia
(A) Vão ao lugar onde se constroem o Se Se
Globo da Cadeia Terrestre. converte converte
(B) Se unem (A), e dão suas Chháyas. m em m em
“Senhore Sacerdote
s do s dos
Rosto Templos
Escuro”, Brancos
etc., na em
Atlântida, Atlântida
Cadeia IV
Arhats
Lembremos que o nível fixado para o êxito humano na Cadeia Lunar era a Iniciação do
Arhat. Os que chegaram a este nível foram, portanto, os êxitos completos da cadeia, pois
107
realizaram o Plano do Logos. Desse modo puderam seguir um dos sete Caminhos sempre
disponíveis para a humanidade aperfeiçoada de cada cadeia.
Não se sabe com certeza se estes sete Caminhos são os mesmos que os oferecidos aos
Adeptos da presente cadeia (Terrestre), mas ao menos um deles revela uma decidida
semelhança. Assim como alguns dos Adeptos Terrestres permanecerão em estreito contato
com a cadeia seguinte (a quinta) e encarnarão nela a fim de auxiliar seus habitantes em sua
evolução, de igual modo uma das sete classes de Arhats da Lua, o Senhores da Lua, como
são chamados, permaneceu para ajudar na Cadeia Terrestre. Os membros desta classe são
os denominados Bharishads ou Barishad Pitris na Doutrina Secreta.
Também são conhecidos como "Filhos do Crepúsculo", homens celestiais, Filhos da
Lua, Progenitores. Outro nome é o de Cubos, porque na Cadeia Lunar conquistaram a
matéria em sua forma quaternária ou quádrupla, e trouxeram consigo essa matéria para
sua ulterior evolução na Cadeia Terrestre.
Há quatro classes de Bharishad Lunares, ou Rupa Pitris, como são denominados de
diversos modos. A primeira, do globo G, tem o corpo causal como seu veículo mais baixo e
rege a primeira ronda da Cadeia Terrestre (veja Diagrama XXXV).
A segunda classe tem o corpo mental como seu veículo e trabalha na segunda ronda
da Cadeia Terrestre.
A terceira classe usa o corpo astral, trabalhando na terceira ronda da Cadeia Terrestre.
A quarta classe está revestida do duplo etérico e rege a quarta ronda da Cadeia
Terrestre.
Ademais, cada uma das 4 classes tem 7 subclasses, arupa e rupa, que se distinguem
por diferir evolutivamente; de maneira que há 28 subclasses de Bharishads, 7 trabalhando
em cada ronda da Cadeia Terrestre.
Às vezes são mencionadas como as "sete classes de Pitris"; certamente não devem
confundir-se com outra classificação sétupla, que inclui os Bharishads, os Agnishvattas e
outros.
Os Bharishad Pitris pertencem à sétima Hierarquia Criadora (veja "O Corpo Causal",), e
têm comando sobre as vastas hostes de Espíritos da natureza que são os construtores reais
das formas; os Pitris guardam mais analogia com os arquitetos, que entregam os planos ou
modelos que confeccionaram aos seus subordinados.
Os Homens Lunares de Primeira Ordem.
Abaixo da classe precedente segue um grupo grande e diversificado, conhecido como
os Homens Lunares de Primeira Ordem. Inclui:
1. Alguns que estiveram nos escalões inferiores do Caminho, embora abaixo do nível
do Arhat.
2. Alguns que ainda não chegaram ao caminho, mas que se aproximaram dele.
3. Os "fracassos" segregados da humanidade lunar na grande Separação, o Dia do
Juízo, na metade da sexta ronda, junto com os mais avançados animais lunares que
conseguiram formar plenamente o corpo causal, individualizando-se nas rondas quinta,
sexta e sétima.
Podemos acrescentar agora outras particularidades relativas a estas classes de
Homens Lunares de Primeira Ordem:
108
1. Os que já estiveram no Caminho, como os Senhores da Lua alcançaram tempo
atrás o Estado do Adepto, desaparecendo por completo do campo de nossa consideração.
2. Os que se aproximaram do Caminho individualizando-se na quarta ronda da
Cadeia Lunar. Para este tempo estes também chegaram ao Estado do Adepto, ou muito
mais ainda. Entre eles estão os atuais Chohans Morya e Koot Humi (Marte e Mercúrio), o
Manu e o Bodhisattva futuros da sexta Raça-Raiz na Terra. Entre eles também esteve a
maioria dos que se converteram em Arhats sob a influência da prédica do Senhor Buda.
3. A classe seguinte (que consiste nos "fracassos" e nos animais que alcançaram um
corpo causal plenamente formado) podemos dividi-la em três subclasses, conforme a ronda
em que se individualizaram.
Uma subclasse se individualizou na quinta ronda da Cadeia Lunar. Agora são os mais
avançados de nossa humanidade atual, os homens que realmente se destacam, quer o
mundo os aceite ou não como tal. Agora estão no Caminho ou se aproximando dele, são
grandes santos ou homens de realização intelectual ou artística especialmente elevada.
4. A subclasse seguinte se individualizou na sexta ronda da Cadeia Lunar. Trata-se de
um grupo medianamente grande de pessoas, homens distintos, pessoas de sentimentos
refinados, com um alto sentido da honra, acima da média em bondade, intelecto ou
sentimentos religiosos. Exemplos típicos são os nobres e profissionais do país, os clérigos,
os oficiais das Forças Armadas, etc. Têm força, porém de nenhum modo estão livres da
possibilidade de usar seu poder de maneira equivoca. Nem sempre podem ser considerados
respeitáveis, no sentido convencional desse termo, mas ao menos não farão nada baixo
nem mesquinho.
5. A subclasse seguinte se individualizou na sétima ronda da Cadeia Lunar. Os
membros deste grupo não diferem grandemente dos da subclasse precedente, exceto que
se aproximam um pouco mais da média em bondade ou desenvolvimento intelectual ou
sentimento religioso. Usam sua inteligência mais para fins materiais, talvez como
comerciantes urbanos. Representam o que comumente se conhece como a classe média
superior - ainda cavalheiros, porém com uma vida levemente menos elevada que a do
profissional.
Todas estas subdivisões da primeira ordem dos homens lunares se misturaram
reciprocamente mediante graduações quase indistinguíveis, de modo que o ego mais baixo
de qualquer delas pouco difere do ego mais elevado da classe que se segue abaixo. As
linhas entre eles não só não estão claramente marcadas como também há uma boa dose de
interpenetração. Os egos pertencentes por direito à classe mercantil se perdem entre as
profissões, enquanto os do tipo superior se encontram envolvidos nos negócios. Como se
diz na Índia: "Nestes tempos as castas estão misturadas".
Alerta-se para o fato das divisões se efetuarem conforme a ronda da Cadeia Lunar na
qual se humanizam. Quando isso sucede em qualquer das primeiras rondas, significa
usualmente que o ego recém-formado deve tomar encarnações humanas na próxima
ronda. Por exemplo, os que se individualizaram na quarta ronda vieram à encarnação
humana na metade da quinta ronda e continuaram encarnando através do resto da quinta,
a totalidade da sexta e a metade da sétima.
109
Aqueles que se individualizaram na quinta ronda começaram sua série de encarnações
humanas na metade da sexta; os que se individualizaram na sexta ronda tiveram sua
primeira experiência de vida humana na Cadeia Terrestre, e certamente tiveram que ser
correspondentemente primitivos quando chegaram a essa cadeia.
Os Homens-Animal Lunares
Estes egos se individualizaram desde a primeira etapa do reino animal em que era
possível a individualização. Por isso começaram sua vida humana sem nada que pudesse
chamar-se propriamente de corpo causal, porém com a Mônada que flutuava acima de uma
personalidade à qual estava vinculada somente por certos fios de matéria átmica. Vem daí
seu nome de "linhas", porque seu corpo causal consistia em linhas ou fios. Hoje em dia
representam o que costumamos chamar de "classes trabalhadoras", que constituem a
enorme maioria da humanidade em todos os países. São os obreiros especializados do
mundo, pertencentes ao proletariado, porém representantes da melhor classe deste; os
homens decididos e de bom caráter, respeitáveis e confiáveis.
Vegetais Lunares
Estes são agora o nosso reino animal.
Minerais Lunares
Estes são agora o nosso reino vegetal.
111
Estratos Rochosos Profundidad Raças Humanas Cataclismos Animais Vegetais
e dos
Estratos, Pés
Laurenciano, Arquilítico 70.000 Primeira Raça-Raiz Animais Bosques
Cambriano, ou que, pode ser sem crânio com
Siluriano Primordial astral, não podia gigantescos
deixar restos fósseis emaranhad
os e outras
plantas de
talos
Devoniano, Paleolítico 42.000 Segunda Raça-Raiz Peixes Bosques de
Carbón, ou Primário que era etérica Samambaia
Permiano s
Triásico, Mesolítico 15.000 Terceira Raça-Raiz, Dizem que a Lemúria pereceu Répteis Bosques de
Jurássico, ou ou Lemuriana antes do início da era Eocena Pinheiros e
Cretáceo Secundário Palmeiras
Eoceno, Cenolítico ou 5.000 Quarta Raça-Raiz, O principal continente de Mamíferos Bosques de
Mioceno, Terciário ou Atlântida Atlântida foi destruído no árvores
Plioceno período Mioceno, quase uns caducas
800.000 anos. A segunda
grande catástrofe; quase uns
200.000 anos. A terceira
grande catástrofe: quase uns
80.000 anos. O afundamento
final de Poseidonis, 9564 a. C.
Diluvial ou Quaternário 500 Quinta Raça-Raiz, Mamíferos Bosques
Pleistoceno ou ou Ariana mais cultivados
Aluvial Antropolítico diferenciad
os
113
interesse sobre esta questão o estudante deverá remeter-se aos interessantíssimos artigos
do senhor Sutcliffe.
Existe um ponto de especial significação na atualidade sobre o qual se pode voltar a
atenção. Uma característica do grau superior de Servidores é a de seguir o “Cordeiro”, o
Mestre do Mundo, onde quer que vá. Entretanto, os Servidores de grau inferior seguem
mais especialmente o futuro Mestre do Mundo da Sexta Raça-Raiz; abandonaram a Cadeia
Lunar com ele e desde então reencarnaram repetidamente com ele.
Outro estudante sugeriu que, como o Grupo I esteve durante tão longo tempo sem
encarnar, enquanto o Grupo II teve muitas fatigantes encarnações, como as da Atlântida,
bem pode ser que agora o Grupo II se tenha "posto em dia" em seu desenvolvimento em
relação com o Grupo I, de modo que pouco depois todo o grupo de Servidores possa
trabalhar em conjunto, construindo a Sexta Raça-Raiz sem uma disparidade demasiado
grande em seus respectivos níveis de desenvolvimento.
Todas as classes mencionadas são, como se expressou, Pitris de primeira classe, que
têm corpos causais completos. Abaixo deles segue a imensa classe de Pitris de segunda
classe com corpos causais de cestaria.
Quando a Lua se aproxima da dissolução, eles adormecem no mundo astral, incapazes
de funcionar ali. Quando o Globo E se torna inabitável, perdem seus corpos astrais e
permanecem voltados para o interior, para ser, a seu devido tempo, remetidos à esfera
intercadeia para dormir até que a terceira ronda da Cadeia Terrestre ofereça um campo
apropriado ao seu crescimento, como veremos oportunamente.
Certamente algumas cestarias passaram aos globos da Cadeia Lunar e lograram formar
um corpo causal completo, de modo que puderam unir-se à classe de cima e converter-se
em Pitris de primeira classe.
Abaixo deles seguem, por sua vez, os Pitris de terceira classe, que têm corpos causais
"lineares". Dormem durante o período intercadeia e penetram na Cadeia Terrestre na
primeira ronda. Entretanto, alguns deles continuam um pouco mais na Cadeia Lunar,
passando ao Globo E, onde se convertem em cestarias e assim se unem à classe que estava
acima deles.
114
Capítulo XXVI
A CONSTRUÇÃO DA CADEIA TERRESTRE
Vamos agora considerar os fatos conhecidos da construção dos globos da quarta
cadeia, a Cadeia Terrestre, que os hindus conhecem como o corpo da Alvorada.
Estes globos são 2 globos mentais inferiores, 2 globos astrais e 3 globos físicos:
Mercúrio (C), a Terra (D) e Marte (E).
Entretanto, recordemos que os globos da Cadeia Terrestre, na primeira ronda,
estavam nos mesmos níveis dos globos da Cadeia Lunar na sétima ronda. Foi somente na
segunda ronda que os globos desceram um plano na materialidade. Isto se explicará no
capítulo seguinte.
Como nos outros ciclos a que já se fez referência, a construção de uma cadeia ocorre
durante a desintegração da cadeia precedente, isto é, a nova cadeia começa a ser
construída antes que a velha cadeia se tenha desintegrado e desaparecido. Assim, o Globo
A da Cadeia Terrestre começou a formar-se tão logo a corrente vital abandonou o Globo A
da Cadeia Lunar na sétima ronda.
Cada globo pode ser considerado como a encarnação de uma entidade conhecida
como Espírito do Globo, que pertence provavelmente a uma classe de Devas, e os membros
de sua classe cumprem a missão de construir globos em todo o Sistema. Por intermediação
de tal Deva, uma grande onda vital proveniente do Logos constrói os átomos de um
Sistema; depois se constroem as moléculas, depois as células e assim sucessivamente.
Quando a vida do Globo A da Cadeia Lunar concluiu, o Espírito do globo, por assim
dizer, transfere a vida dentro de si ao sítio do Globo A da Cadeia Terrestre; o Espírito do
globo entra dessa maneira em uma nova encarnação, deslocando para adiante um grau
inferior de matéria, e o novo globo começa a formar-se ao redor dele.
Os habitantes do globo fenecido, ou da cadeia moribunda, certamente têm que
esperar até que os novos globos sejam preparados para eles.
Estas criaturas viventes são como parasitas na superfície do Espírito do globo e, no
caso da Terra, por exemplo, o Espírito da Terra não se preocupa com eles. É provável que
não seja normalmente consciente de sua existência, ainda que os sinta levemente quando
cavam minas muito profundas.
Recordemos que do Globo C da Cadeia Lunar, na sétima ronda, proveio um pequeno
grupo de Arhats para ajudar na preparação da nova cadeia. Chegaram à região em que se
formava o novo Globo A; com eles estavam também outros Arhats dos Globos A e B. A vida
começou no Globo A com o Primeiro Reino Elemental, que fluiu ascendentemente desde a
metade do globo, chamada às vezes a oficina do Terceiro Logos, tal como a água mana de
um poço artesiano e flui pela borda para todos os lados. Isto proveio do coração do Logos,
como brota a seiva de uma folha.
Este grupo de Arhats, Barhishads ou Senhores da Lua, como são denominados de
diversas formas, não tomou parte ativa nesta etapa, mas testemunhou a construção do
novo mundo.
115
Depois de éons, outro conjunto de Barhíshads do Globo G da Cadeia Lunar se juntou a
eles, e foram estes quem criaram as formas originais do Globo A, dando suas Chháyas, ou
Sombras, para sua construção, como denomina a Doutrina Secreta a este processo. Depois
chegaram as entidades e ocuparam as formas assim criadas.
Os Barhíshads mais adiantados dos Globos A, B e C, parece terem supervisionado o
trabalho detalhado da construção dos diversos globos, sem que tomassem realmente parte
dela.
A classe mais baixa de Barhishads do Globo G, nada tendo abaixo do corpo causal,
criou as formas arquetípicas primitivas no Globo A da Cadeia Terrestre na primeira ronda, e
guiou as "linhas" que evoluíram e se completaram ali.
A classe seguinte, do Globo F, que trabalhou no corpo mental, supervisionou a
evolução das formas na segunda ronda. A terceira classe, do Globo E, que trabalhava no
corpo astral, cumpriu uma função similar na terceira ronda.
A quarta classe, do Globo D (a Lua), cumpriu deveres similares na quarta ronda.
Ademais, alguns Senhores do Globo E trabalharam em Marte na quarta ronda,
enquanto os do Globo D (a Lua) se tornaram ativos depois, na Terra, na quarta ronda.
Para auxiliar a memória, apresenta-se o Diagrama XXXVII.
116
Os Globos B e C (um globo astral e Mercúrio) foram construídos de modo parecido em
torno de seus respectivos Espíritos, quando estes abandonaram os globos correspondentes
da Cadeia Lunar.
A Terra se formou quando os habitantes da Lua a abandonaram.
Ao ser abandonada por seu Espírito, a Lua começou a desintegrar-se; a maior parte de
sua substância serviu para construir a Terra, como vimos no Capítulo VI. Quando os
habitantes abandonaram a Lua na sétima ronda, os Globos A, B e C da Cadeia Terrestre já
estavam formados, mas a Terra não podia avançar muito em sua formação até que a Lua
fosse abandonada por seu Espírito.
Podemos acrescentar aqui uma pequena informação ulterior relativa ao Espírito da
Terra. Isto se protelou até agora a fim de não quebrar a continuidade de nossa descrição
sobre a construção da Cadeia Terrestre.
A Terra mesma está viva e, como se expressou, é utilizada como corpo físico por uma
vasta entidade que ainda não está altamente desenvolvida; podemos imaginá-la como uma
espécie de gigantesco Espírito da natureza, para o qual a existência da nossa Terra é uma
encarnação. Sua encarnação anterior foi naturalmente na Lua, que é, como sabemos, o
quarto planeta da cadeia precedente; sua próxima encarnação será no quarto planeta da
cadeia que sucederá a Cadeia Terrestre. Poucos podem saber de sua natureza ou do caráter
de sua evolução, e isto de nenhum modo nos concerne, pois, como se disse, somos tão
somente minúsculos micróbios ou parasitas sobre seu corpo, que nada podemos fazer em
uma escala bastante vasta que o afete.
Para ele a atmosfera que rodeia a Terra deve ser como uma espécie de aura, ou talvez
corresponda à película de matéria etérica que se projeta levemente além do corpo físico
denso de um homem.
Ademais, assim como qualquer alteração ou perturbação no homem afeta esta
película etérica, de igual modo qualquer, mudança de estado no Espírito da Terra deve
afetar a atmosfera, e consequentemente o que chamamos de “o tempo”. Algumas dessas
mudanças devem ser periódicas e regulares, como os movimentos produzidos em nós pela
respiração, pela ação cardíaca, ou mesmo por um movimento como o de caminhar. Outros
devem ser irregulares e ocasionais, como seriam as alterações produzidos em um homem
por um brusco sobressalto ou uma explosão emotiva. Daí que tudo quanto corresponda na
Terra às emoções humanas bem pode causar alterações químicas no corpo físico do Espírito
da Terra, e variações de temperatura ao seu redor; aquelas produzirão, certamente, ventos;
as variações repentinas e violentas significarão tormenta; as alterações químicas sob a
superfície terrestre causam, não sem frequência, terremotos e erupções vulcânicas.
É bem sabido que algumas pessoas se deleitam realmente com a chuva, a neve, os
fortes ventos, as tormentas de trovões e coisas assim. É provável que isto se deva em parte
às mudanças sutis na aura do Espírito da Terra, com o que se acham, até certo ponto, em
simpatia.
O efeito produzido sobre as pessoas por estas manifestações variadas depende,
certamente, da preponderância, em seu temperamento, de certos tipos de essência
elemental que, devido a esta vibração simpática, os investigadores medievais chamavam de
terráquea, aquosa, aérea ou ígnea. Daí que para um homem que responde muito
117
prestamente às influências terrenas, a natureza do solo em que vive seja de importância
primária, enquanto que o homem que responde mais prestamente às radiações aquosas
pouco se preocupará com o solo, quando tenha o oceano ou um lago à vista ou fácil de
alcançar.
Cada tipo de rocha ou solo tem sua própria variedade especial de influência, e isto
varia grandemente; atuam três fatores: a vida da própria rocha, a classe de essência
elemental apropriada para a sua contraparte astral; a classe de Espíritos da natureza que
atrai. Considerações semelhantes se aplicam às influências que exerce a água sobre quem é
especialmente suscetível às suas radiações.
118
Capítulo XXVII
A CADEIA TERRESTRE: A PRIMEIRA RONDA
Devido ao fato mencionado no capítulo anterior de que os globos da primeira ronda
estavam no mesmo nível que os da Cadeia Lunar em sua sétima ronda e, portanto, um grau
acima do atual (estando assim desde a segunda ronda), as condições de vida durante a
primeira ronda foram diferentes de qualquer prevalecente desde então, pois não só a
matéria dos globos como também a própria vida estavam, em todos os casos, em uma
etapa superior.
Os Globos A e G, por exemplo, que agora estão nos níveis inferiores do plano mental,
foram então o teatro da vida pertencente aos níveis superiores. Os globos se construíam
até então com matéria mental inferior, mas esta não estava em condições de ser habitada
por seres em seu próprio nível; não estava suficientemente condensada, em repouso. Os
Globos B e F, embora compostos por matéria astral, foram utilizados depois somente como
formas de matéria mental inferior.
Os Globos C e E (Marte e Mercúrio) estavam em um estado ainda gasoso e etérico, e as
entidades que viviam nestes dois planetas só empregaram corpos astrais.
Nosso próprio planeta D (a Terra) já continha uma grande quantidade de matéria física
sólida, porém em uma temperatura tão intensa que havia lagos, mares e até chuvas de
metal derretido; por isso era impossível pessoas com corpos como o nosso viver nele.
Entretanto, os habitantes só utilizavam veículos de matéria etérica e, portanto, estas
condições não os incomodava em nada.
No intervalo entre as Rondas primeira e segunda, a matéria dos diversos globos teve
tempo para sedimentar-se em um estado mais ordenado, de modo que cada um deles
pudesse ser habitado na Segunda Ronda por entidades que utilizavam veículos no nível de
sua própria matéria.
A seguir, uma vívida descrição do estado dos globos na primeira ronda. "Contemplai
uma vasta massa de matéria agitada, sacudida, amontoada e ígnea, que cintila, gira e se
modifica em massas ondulantes, agregando-se lentamente, de acordo com as três
densidades variáveis, dentro de sete formas finíssimas. Na realidade, apenas podemos
denominá-las formas, pois ainda que desçamos ao quarto globo, o mais material dos
globos, só podemos ter um opaco vislumbre do primeiro rupa (forma) da Terra, uma mera
película de akasha, tênue, radiante, luminosa, ígnea. Nada é visível, salvo o fogo
corporizado nesta ronda. Vemos opacamente sete destes globos, dos quais o quarto, que
será a nossa Terra, é o mais perceptível. Acima dele, no arco descendente, assomam
sombras cada vez mais vagas através das névoas inflamadas. Mais acima disso, no arco
ascendente, há outras sombras ígneas, quase imperceptíveis. Há um vasto panorama de
chamas, que assumem e perdem novamente a forma de globos, enormes, assombrosos,
pavorosos, com força irresistível e energia destruidora".
Os mundos são curiosos, como redemoinhos que se agitam; Marte e Mercúrio se
acham ainda em um estado gasoso e etérico; as entidades que estão neles vivem em corpos
astrais. A Terra, a mais sólida, é quente, lodosa, viscosa, e grande parte de seu território
119
não parece assentar-se muito firmemente. Ferve e muda constantemente de consistência;
enormes cataclismos submergem grandes multidões de tempos em tempos e, em seu
estado embrionário (pois só utilizam corpos etéricos), não parecem ser afetados pelas
imersões; mas aumentam e se multiplicam em enormes covas e cavernas, como se
vivessem na superfície.
A Cadeia Terrestre, que consiste de novos globos recém-incorporados, carecia a
princípio de formas que pudessem ser habitadas pelas entidades que estavam por vir.
Portanto, estas formas deviam ser dispostas para todos os reinos da natureza. Isto deve
ocorrer no princípio da primeira ronda de uma nova cadeia, nunca depois dela; pois, como
se explicou no capítulo sobre "A Ronda Interior", sempre se deixou em cada globo, apesar
de as correntes vitais principais passarem ao globo que vinha em seguida, um pequeno
núcleo de entidades pertencentes a cada reino.
De modo acorde, a classe mais baixa de seres humanos da Cadeia Lunar ingressou na
Cadeia Terrestre em seu começo, e estabeleceu as formas na primeira ronda. Depois foram
seguidos pelos outros graus de entidades, em sucessão, como veremos em detalhes
oportunamente.
Podemos repetir aqui o que foi dito no Capítulo XVII como exemplo do trabalho de um
Manu. Na primeira ronda da Cadeia Terrestre o Manu fez descer todos os arquétipos para
toda a cadeia. Embora muitos destes não estivessem plenamente aperfeiçoados até a
sétima ronda, os germes de todos eles já estavam ali na primeira ronda.
Para cada reino da natureza Ele selecionou certo conjunto de formas, que desejou que
vivificassem durante a primeira ronda, com o propósito de desenvolver nelas, em etapas
posteriores, tudo o que o Logos esperava que a Cadeia Terrestre produzisse.
O esquema destas formas, materializado até um nível em que pudessem utilizá-las, foi
entregue a certos Senhores da Lua, ou Barhishads, a quem se confiou o trabalho de
estabelecer as atividades da primeira cadeia em movimento. Os Barhishads do Globo G da
Cadeia Lunar foram encarregados desta, a primeira ronda da Cadeia Terrestre.
Em cada um dos sete globos da primeira ronda criaram estas formas, e ao fazer com
que os homens-animal da Cadeia Lunar entrassem nelas, as solidificaram e as usaram, e
delas geraram outras que pudessem ser habitadas pelos animais lunares que ocupavam as
etapas abaixo delas.
Segundo o princípio já explicado de que as entidades atrasadas são as que encarnam
primeiro em um novo globo, entrando ali em formas primitivas que evoluíram até então, os
Homens-Animal Lunares, por ter somente corpos causais “lineares”, ingressaram primeiro
na Cadeia Terrestre. A eles foi designado o trabalho precursor da Cadeia.
Com eles também veio o grosso dos animais do Globo D da Cadeia Lunar. Os
embarques ou camadas se sucederam a intervalos de uns 100.000 anos, e depois cessou,
seguindo-se um imenso período durante o qual os novos habitantes efetuaram, como se
disse, o trabalho precursor da cadeia durante a primeira e a segunda rondas.
Seu progresso apresentava esta característica curiosa: não continuaram sua evolução
desde o ponto em que abandonaram a Cadeia Lunar, mas recapitularam todas as suas
etapas muitas vezes. Pois em cada um dos planetas da Cadeia Terrestre, na primeira ronda,
ingressaram no Primeiro Reino Elemental, atravessando-o rapidamente, e depois
120
atravessaram os Reinos Elementais Primeiro e Segundo, o mineral, o vegetal, o animal, e
finalmente chegaram ao reino humano uma vez mais. (veja Diagrama XXXVIII).
123
Capítulo XXVIII
A CADEIA TERRESTRE: A SEGUNDA RONDA
Na segunda ronda os globos desceram uma etapa na materialidade, convertendo-se
no que são agora: 2 globos mentais inferiores, 2 astrais e 3 físicos.
Nesta ronda a temperatura do Globo D (a Terra) caiu consideravelmente, de modo que
o cobre se liquefez e em alguns lugares se solidificou. Havia alguma terra perto dos polos,
mas se um orifício fosse cavado, brotariam as chamas.
Não foi necessário repetir o processo construtivo, pois as formas criadas na primeira
ronda já estavam presentes.
O homem, nesta ronda, trabalhou somente na primeira e na segunda subdivisões da
matéria de cada subplano, de modo que, enquanto ele tinha em si matéria de todos os
planos, só estavam ativas as duas subdivisões inferiores dos dois subplanos inferiores.
As raças eram muito mais definidas e claramente diferenciáveis umas das outras. Os
homens já não eram meras nuvens mutáveis de matéria etérica ou gasosa, mas podiam
desenvolver certa solidez, embora fossem ainda desagradavelmente viscosos na
consistência e indeterminados quanto à forma. H. P. Blavatsky os chamou de "saco de
pudim", devido às curiosas projeções amorfas que tinham em lugar de braços e pernas. No
princípio da ronda removeram estas projeções temporariamente, como faz a ameba; porém
a constante repetição do processo tornou permanentes tais projeções e as moldou, com
alguma aproximação, de acordo com a forma a que estavam destinadas a estabelecer-se
finalmente.
Muitas destas criaturas eram tão leves e tênues que podiam deslocar-se na atmosfera
pesada dessa época. Outras rolavam em vez de arrastar-se, mas nenhuma delas podia
manter-se em posição ereta sem ajuda.
Um golpe em seus corpos criava uma depressão, que lentamente se enchia de novo,
como a carne de uma pessoa que sofre de hidropisia.A parte dianteira do corpo tinha uma
espécie de boca, através da qual ingeria a comida sugando-a como se faz para comer um
ovo através de um orifício em sua casca, onde o material sugado se torna flácido e inerte.
Tinham uma espécie de mão como a aleta de uma foca, e produziam um gênero alegre
de som chiado e atrompetado para expressar prazer; esse prazer era uma forma de
sensação geral de bem-estar, e a dor era um mal-estar geral, nada agudo, limitado somente
a pequenos gostos e desgostos.
A pele era às vezes dentada, com matizes coloridos. Depois se tornarão um pouco
menos amorfos e mais humanos, rastejando como gusanos. Mais tarde, próximo ao Polo
Norte, as criaturas desenvolveram mãos e pés, embora ainda fossem incapazes de se
manter de pé, denotando uma maior inteligência.
Observou-se um Barhishad do Globo F da Cadeia Lunar, que magnetizou uma ilha e
conduziu para ela um bando de criaturas que apresentavam reminiscências de vacas
marinhas ou botos, mas sem as cabeças formadas. Foram ensinadas a pastar, em lugar de
sugarem-se umas às outras; quando se comiam reciprocamente, escolhiam algumas partes
de preferência a outras, como se desenvolvessem o gosto.
124
A depressão que servia de boca se aprofundou mais em uma espécie de funil, e o
estômago começou a desenvolver-se; prontamente devolvia qualquer matéria estranha que
se introduzisse ali. Davam voltas completas sobre si mesmos e não pareciam perder nada
com isso.
A superfície da Terra era ainda muito insegura e em muitas ocasiões se queimavam ou
cozinhavam parcialmente; isto por certo era-lhes desagradável, e se prosseguissem além de
certo limite, se desfaziam.
A reprodução era feita por meio de brotos: aparecia uma protuberância, e depois de
um lapso surgia um broto do qual se produzia uma existência independente.
O homem era ainda lamentavelmente incompleto com relação aos seus veículos
superiores. Contava com o que considerava uma mente, e algo mais que poderia ter-se por
débil corpo astral, porém sua consciência era ainda obscura e vaga, e seu poder de
pensamento escasso: era todo instintos e quase carecia de razão.
Depois de um tempo, a extremidade do corpo que continha o “funil” se encolheu e
apareceu um pequeno centro que, muito tempo depois, se converteria em um cérebro.
Apareceu uma pequena protuberância e foi adquirido o hábito de impulsionar-se para
adiante, com aquela protuberância à frente, como se fosse a boca; como constantemente
se produziram impactos contra essa parte, promoveu-se o desenvolvimento.
Nesta ronda os homens-animal com corpos causais lineares mantiveram e melhoraram
sua posição humana, e ao término da ronda a primeira classe dos animais alcançou
finalmente a humanidade.
Assim como todos os arquétipos do reino mineral foram compelidos a descer na
primeira ronda, apesar de ainda não elaborados por completo, de igual modo ocorreu com
todos os arquétipos vegetais na segunda ronda, embora devesse passar muito tempo antes
de estarem todos realizados.
A vida vegetal foi auxiliada pela atmosfera muito sufocante; havia vegetações quase
silvestres, muito semelhantes ao pasto, porém de doze metros de altura e
proporcionalmente densas. Cresciam no cálido lodo e floresciam com excesso.
Provavelmente devamos nossas reservas de carvão principalmente à vegetação desse
período.
Ao final da ronda, parte da Terra era bastante sólida e o calor se mantinha em níveis
razoáveis. Havia muita crepitação tumultuosa, devido aparentemente ao encolhimento, e
cada colina era um vulcão ativo.
Marte se solidificou mais, esfriando-se rapidamente como consequência de seu
tamanho menor, porém a vida ali era muito similar à da Terra.
A construção das formas nesta segunda ronda esteve a cargo dos Barhishads do Globo
F da Cadeia Lunar.
Os homens-animal da Cadeia Lunar, que atravessaram rapidamente todos os reinos na
primeira ronda, entraram no primeiro globo da segunda ronda no nível da humanidade
primitiva, e ali continuaram sua evolução como seres humanos.
No curso da segunda ronda, a primeira classe de animais lunares alcançou o nível
humano.
125
Capítulo XXIX
A CADEIA TERRESTRE: A TERCEIRA RONDA
Na terceira ronda da Cadeia Terrestre as condições se tornaram mais amenas. Já nos
primeiros globos o homem, no que tange à forma, se tornou mais humano que antes,
embora ainda então fosse nebuloso, gigantesco e longe de ser belo.
No Globo C (Marte) começaram a se desenvolver alguns animais, embora a princípio se
parecessem mais com troncos desajeitados. Com o transcurso do tempo, obtiveram pela
primeira vez nesta ronda o que podemos chamar um corpo reconhecivelmente humano,
apesar de ser ainda etérico e mais semelhante a um tipo de mono reptiloide, do que ao
homem como agora o conhecemos.
Ainda era algo viscoso, de modo que um toque na pele produzia uma depressão que
levava um lapso antes de se desfazer. Tinha ossos rudimentares, talvez fossem mais
cartilagem que ossos. Não era bastante rígido para ficar de pé, e se arrastava pelo lodo
suave e cálido nas margens dos rios.
A configuração física de Marte era muito diferente da que agora conhecemos, pois
ainda não havia escassez de água. Pelo contrário, umas três quartas partes da superfície era
água e só um quarto era solo seco. Daí que não houvesse canais, e que a condição física
geral se parecesse muito à da Terra atual.
Os campos eram em grande parte bonitos, embora a vegetação fosse peculiar.
A atmosfera era o que agora consideraríamos irrespirável, impregnada de cloro e
muito sufocante.
Todos os arquétipos animais foram trazidos nesta ronda, embora muitos deles ainda
não tenham se realizado até a metade da ronda atual (a quarta).
Os Homens-animal Lunares (corpos causais lineares) por esta época haviam
desenvolvido a cestaria, de um gênero mais tosco que o desenvolvido na Lua. Uma vez
alcançada esta etapa, os Homens Lunares de Segunda Ordem (cestarias) se espalharam. O
Manu Semente também enviou camadas à Terra (veja Diagrama XXXIX, que representa
graficamente uma sinopse das Rondas I, II e III) .
Foi observado que um Manu levou para Marte uma camada de cestarias, o que nos
recorda a lenda de Noé com sua arca, e também os relatos dos Puranas hindus sobre o
Manu que cruzou o oceano em um barco levando Consigo as sementes de um novo mundo.
Ao chegar a Marte fundou uma colônia com Suas cestarias.
Este conjunto de cestarias havia chegado do Globo G da Cadeia Lunar e, portanto, era
o menos desenvolvido da classe, tendo sido o último a atingir essa etapa.
O Manu os guiou para que nascessem nas mais promissoras famílias da terceira raça
em Marte e, ao crescer, os levou para fora de sua colônia, onde se desenvolveriam mais
rapidamente junto à quarta raça.
Na colônia as pessoas se moviam mediante uma vontade central, como abelhas em
uma colmeia (veja "O Corpo Causal", pág. 63); a vontade central era a do Manu, que
projetava correntes dinâmicas e dirigia tudo.
126
Diagrama XXXIX. A Cadeia Terrestre: Rondas I, II e III.
128
Estavam em guerra constante com os habitantes anteriores, mais gigantescos, que os
caçavam e comiam sempre que se oferecia a oportunidade. Porém, contando com muito
mais intelecto, puderam dominar seus congêneres gigantescos e mantê-los em uma certa
ordem. De fato, na prática todo o mundo ficou sob seu controle, e as raças primitivas
tiveram que adaptar-se à vida mais civilizada ou retirar-se para as partes menos desejáveis
da região.
Os animais eram muito escamosos, e até as criaturas que devemos chamar de pássaros
eram cobertas de escamas e não de plumas. Todos pareciam ser constituídos de retalhos ou
fragmentos aderidos, semiaves, semirrépteis, totalmente feios.
Nesta ronda os animais lunares da segunda classe chegaram ao nível humano.
A Terra estava muito longe de ser tão quieta como agora. Os terremotos e as erupções
vulcânicas eram ainda dolorosamente comuns, e a vida era muito precária. A configuração
da Terra era inteiramente diferente, e as montanhas parece que alcançaram alturas
estupendas, desconhecidas por nós agora. Havia enormes cataratas, e grandes
redemoinhos eram também comuns.
Não obstante para esta época, aquilo se parecia um pouco mais com o nosso mundo
atual do que os globos precedentes; de fato, um pouco mais que qualquer coisa desde que
abandonamos a Lua. Depois foram até construídas cidades.
O trabalho dos Barhishads, os Senhores da Lua, que nesta ronda eram os Arhats do
Globo E da Cadeia Lunar, parecia ser mais a instrução dos animais do que a evolução da
humanidade.
Como em rondas anteriores, trabalharam em seções de corpos diferentes, físicos e
sutis. O terceiro subplano dos planos físico, astral e mental foi completado, porém apenas
as terceiras subdivisões desses subplanos.
Os métodos de reprodução na Terra eram os que agora se reduzem aos reinos
inferiores da natureza. Na primeira e na segunda raças, não densificadas por completo,
ainda se produzia a fissão; mas na terceira raça e nas seguintes os métodos eram vários:
nos menos organizados, broto similar ao das hidras; a exsudação das células de diferentes
órgãos corporais, que reproduziam órgãos similares e cresciam numa réplica em miniatura
do progenitor; a postura de ovos, dentro dos quais se desenvolvia o feto humano. Estes
eram hermafroditas e gradualmente predominou um dos sexos, porém nunca o suficiente
para representar um macho e uma fêmea definidos.
Quando a raça passou ao Globo E (Mercúrio) houve na totalidade uma decidida
melhora. Apareceu muito mais afeto e os homens evidenciaram claros rasgos de
desinteresse, compartilhando sua comida em vez de lançar-se sobre ela egoisticamente
como ocorria em épocas primitivas.
A presença dos Homens Lunares (corpos causais plenamente formados) dera um
grande impulso ao progresso, e embora o grosso da humanidade fosse ainda muito animal
ou pouco desenvolvida, já começava a aparecer vestígios de cooperação e civilização
rudimentar.
Nada se sabe das condições do Globo F (astral) nem do Globo G (mental inferior).
129
Capítulo XXX
A QUARTA RONDA: OS GLOBOS A, B e C
A quarta ronda é chamada de a ronda humana, porque em seu início todos os
arquétipos para cada Raça-Raiz desceram no Globo A. Mediante um exame destes
arquétipos é possível ver como se parecerão os homens do futuro. Terão veículos mais sutis
em todos os sentidos, e de aparência mais bela, expressando em suas formas as forças
espirituais.
O estudante recordará também que na quarta ronda o mineral está destinado a
alcançar a perfeição, isto é, o ponto de máxima dureza e densidade.
Num rápido olhar à quarta ronda percebemos três características importantes que a
diferenciam das rondas precedentes:
1. A mudança das condições da essência elemental.
2. O fechamento da porta para o reino animal, e a abertura do portal para a Senda.
3. A recapitulação das três primeiras rondas no quarto globo (D, a Terra).
Neste capítulo trataremos da primeira destas características; as outras duas, em
capítulos posteriores.
No Globo A, na quarta ronda, a mente se definiu no nível mental inferior, de modo que
podemos dizer que nesta ronda o homem começou realmente a pensar. A princípio o
resultado não foi nada bom. Nas rondas anteriores não se havia desenvolvido o suficiente
para originar formas-pensamento e, consequentemente, a essência elemental dos globos
havia sido afetada apenas pelos pensamentos dos devas, que deixaram tudo em harmonia e
paz. Agora que o homem principiou a interpor seus pensamentos egoístas e grosseiros, este
estado confortável foi perturbado e muito alterado. Foram introduzidos a disputa, o
desassossego e a desarmonia; os elementais passaram a mostrar hostilidade ao homem,
pois, do ponto de vista deles, o homem já não era mais um animal entre animais, mas uma
entidade independente e dominadora, com probabilidade de ser hostil e agressiva.
Ademais, o reino animal se afastou decisivamente do homem e passou a sentir medo e
ódio dele.
Quando a onda vital chegou ao Globo C (Marte), encontrou no planeta, além da
humanidade-semente corrente, outra raça muito desagradável, que na Doutrina Secreta é
mencionada como a dos "homens aquáticos, terríveis e maus". Havia cestarias de índole
muito pobre, algumas das quais se individualizaram através do medo e do ódio.
Encarnaram como indivíduos do mesmo tipo que haviam deixado na ronda anterior
como ineptos para progredir, e desde então se dedicaram ao desenvolvimento do lado mau
de sua natureza.
Eram criaturas anfíbias, semirreptiloides, semissimiescas e escamosas, com a horrível
aparência de tarântula em torno dos olhos, e um diabólico deleite na crueldade e no mal.
Parece que também tinham certa dose de poder mesmérico de classe baixa, e eram uma
espécie de edição primitiva dos malakurumbas descritos por H. P. Blavatsky em seu relato
sobre as tribos montanhesas dos nilgíris.
130
Quando a onda vital retornou, a humanidade que ingressava logo se tornou
suficientemente forte para liberar-se do medo destes selvagens monstruosos. Para resistir
aos possíveis ataques destes, o homem erigiu as primeiras fortificações; para poder
derrotar sua malignidade, os homens começaram primeiro a construir cidades primitivas e a
viver juntos em consideráveis quantidades. A princípio construíram primordialmente com
madeira e barro, e às vezes com pedras toscas.
Neste período, o da quarta raça, alguns Senhores da Lua encarnaram entre os homens
e ensinaram-lhes muitas coisas, entre as quais o uso do fogo. Entretanto, ainda não sabiam
produzi-lo eles mesmos. Os Seres maiores lhes acenderam os fogos e os conservaram
acesos. No início se ditou uma lei severa no sentido de que um fogo público deveria ser
mantido ardendo sempre em um edifício que estaria especialmente consagrado para isso, e
as donzelas que, naquele tempo, não podiam trabalhar nem combater, ficaram
encarregadas de custodiá-lo.
Sem dúvida, disto surgiu a primeira ideia de um fogo sagrado, que deveria manter-se
sempre aceso como dever religioso, e da designação das virgens vestais para cuidá-lo.
No entanto, às vezes sucedia que, por uma grande inundação, tempestade ou grande
catástrofe, todo um distrito ficava por um tempo sem fogo; então o povo tinha que viajar
longas distâncias para obter e transportar de volta a seus lares esta necessidade primária.
Algum Espírito audaz concebeu a ideia de obter fogo nessa emergência da cratera de um
vulcão; nessa empreitada muitas vidas se perderam.
Também foram os Senhores da Lua (Barhishads do Globo E da Cadeia Lunar) que
projetaram o sistema de canais, devido à escassez de água; a obra foi executada pelas
cestarias sob a direção d’Aqueles. Os mares marcianos não são salgados, e as calotas
polares, ao derreter-se, forneceram a água necessária para a irrigação; desse modo
permitem que o solo seja cultivado e se obtenham as colheitas.
A quinta Raça-Raiz era branca e progrediu consideravelmente; as cestarias
desenvolveram um corpo causal completo. Eram bem intencionados e bondosos, apesar de
incapazes de grandes ideias, de sentimentos afetivos vastos ou de autossacrifício. Em uma
etapa muito prístina começaram a dividir a comida em lugar de lutar por ela,
desenvolvendo o sentimento social até certo ponto.
Por ser comparativamente adiantados, construíram suas casas com pedra lavrada,
embora sem argamassa. Eram orgulhosos e belicosos, porém tinham algumas ideias
curiosas. Parece que não tinham iniciativa alguma e consideravam algo novo com horror,
como excessivamente imoral e repulsivo.
Não tinham perseverança, e contavam com capacidade de raciocínio muito escassa.
Tudo se realizava por impulso, e nada estava sob controle em nenhum sentido, de modo
que não havia nada novo. Entretanto, em muitos sentidos, poderiam comparar-se
favoravelmente com algumas raças que existem atualmente na Terra.
O povo da sexta raça era um conjunto muito mais poderoso, com uma dose volitiva e
determinativa considerável. Logo dominou a quinta raça, assumindo sua civilização e
levando-a muito mais adiante. Conseguiu submeter todo o planeta, colocando-o sob sua
autoridade, apesar de a enorme maioria de seus habitantes pertencerem à quinta raça.
131
Estas pessoas tinham muito mais mentalidade que as outras, e possuíam algum gênio
inventivo, mas sua tendência era a de fazer tudo intermitentemente, sem encarar um
trabalho total e levá-lo adiante até o fim.
Entre eles havia algum desenvolvimento psíquico, mas usualmente incontrolado. De
fato, a falta de controle era uma característica permanente desta civilização marciana. Tudo
era errático, embora o povo fosse capaz em certo sentido.
A população da sétima raça tomou a seu tempo o poder em suas mãos, não pela força
mas mediante o desenvolvimento mental superior e a astúcia. Não era tão belicosa como a
sexta raça; sempre foi menos numerosa, mas em muitos sentidos sabia mais que aquela.
Aproximava-se mais das ideias modernas; tinha um sentido mais definido do certo e
do errado; era menos feroz e mais respeitosa da lei; tinha uma política definida e vivia de
acordo com ela.
Sua supremacia era inteiramente intelectual e possuía, em um grau elevado, a arte da
combinação. Sua comunidade social parece ter sido algo similar à das formigas ou das
abelhas, e em algum sentido poderão comparar-se favoravelmente com muitas raças da
atualidade.
Nesta raça a escrita se revelou pela primeira vez como um fato medianamente
comum. Sabiam algo de arte, pois contavam com estátuas e quadros, embora totalmente
diferente dos nossos em todos os sentidos. Também foi a primeira raça que se deu ao
trabalho de construir caminhos.
132
Capítulo XXXI
A TERRA: A PRIMEIRA RAÇA-RAIZ
Chegamos agora à ocupação da Terra na quarta ronda, e neste capítulo trataremos da
primeira Raça-Raiz.
Como se mencionou no capítulo precedente, a característica especial e peculiar das
primeiras raças da Terra nesta quarta ronda é que as raças primitivas recapitulam a
primeira, a segunda e a terceira rondas. Isto é feito em benefício das entidades que, apesar
de consideravelmente atrasadas, poderiam, mediante um esforço especial como esse, ser
auxiliadas a alcançar os que se encontram no nível normal de evolução.
A primeira raça foi etérica, repetindo a primeira ronda; a segunda raça foi do tipo
"saco de pudim", repetindo a segunda ronda; a terceira raça repetiu a terceira ronda. A
quarta raça pode-se considerar como a mais típica da quarta ronda no total. Estes princípios
gerais serão detalhados e explicados melhor quando chegarmos a considerar cada raça de
forma individual.
A Terra, no início da quarta ronda, está em um estado de terrível confusão; há
gigantescas convulsões da natureza, estrondos de montanhas que caem, rugidos de
vulcões, arremetidas de enormes ondas carregadas de rochas, erupções de lava, quase
montanhas, que se lançam pelo ar como se brincassem. Por todo lado brotam fogo,
tormenta, redemoinhos e tornados. Isto recorda a primeira ronda em miniatura, salvo que a
maior densidade da matéria torna muito maior o choque e o tumulto do que quando os
globos eram de composição mais sutil.
Durante 200 milhões de anos seguem-se estas convulsões "sem interrupção, depois
dos quais passam a ocorrer periodicamente e a grandes intervalos" (Comentário, citado na
Doutrina Secreta, II, 236).
Durante 300 milhões de anos os Espíritos da natureza se ocuparam do trabalho de
formação dos minerais, vegetais e dos animais das classes inferiores. Dos restos das três
rondas precedentes tomaram as conchas vazias das formas, procurando modelá-las em
novos organismos vivos. Os resultados são monstros estranhos e híbridos de todas as
classes mistas de gerações, metade humanas, metade animais. Aparecem formas de répteis
de toda espécie. Pode-se dizer que foram produzidos pela "mão aprendiz da natureza",
sendo obra dos Devas inferiores, dos Espíritos da natureza, sem a ajuda dos Senhores da
Lua.
Quando a confusão incessante está a ponto de terminar, alguns Senhores da Lua, ou
Barhishads, chegam para ver se a Terra está pronta para a criação do homem. Todas estas
formas inferiores são então extintas, presumivelmente a fim de abrir caminho para o
homem e as formas de vida em geral.
Em determinado ponto, surge gradualmente a primeira terra sobre o vasto oceano de
água agitada e tíbia; é o cimo do Monte Meru. Em certa literatura primitiva foi descrito
como a calota do Polo Norte. Entende-se que não se trata do polo geográfico terrestre, mas
do polo espiritual. É esta a Terra Sagrada imperecível, agora no deserto de Gobi. Também
133
foi chamada de Terra dos Devas, Shvetadvipa, Ilha Branca, Terra Central e, às vezes, de
Jambudvipa, nome dado à Terra em conjunto.
Os parsis a chamam de Airyana Vaejo e afirmam justamente que seu grande profeta
Zaratustra nasceu ali.
A partir do Monte Meru, o centro dessa Terra, aparecem sete grandes promontórios,
cujos bordos receberam o nome de Pushkara, embora essa denominação pertença mais
precisamente ao sétimo continente, que ainda tem que aparecer quando chegar o tempo
da sétima raça. Toda a raça humana nasceu nesta terra, não importando para onde seja
conduzida depois de nascer. O clima é descrito como de uma primavera delicada.
A etapa seguinte do processo é assim descrita no Livro da Sabedoria ("Book of
Wisdom"): a Ordem emanou: "Os grandes Chohans chamaram os Senhores da Lua, dos
corpos aéreos: 'Dai a luz aos homens, homens de vossa natureza; dai-lhes suas formas
interiores. Ela construirá envoltórios exteriores. Serão Macho-Fêmeas. Senhores da Chama
também'. Cada um se dirigiu à sua terra designada; sete deles, cada um em seu lote, os sete
Anfitriões, os Senhores Nascidos da Vontade, impulsionados pelo Espírito Doador da Vida.
‘Separai os homens deles, cada um em sua própria zona. Sete vezes sete sombras de
homens futuros nasceram, cada um da sua própria cor e gênero, cada um inferior ao seu
pai. Os pais, os sem-ossos, não puderam dar vida a seres com ossos. Sua progênie foram os
Bhuta, sem forma e sem mente. Por isso são chamados de chhaya’.
O significado disto é que os Senhores da Lua, os Barhishad Pitris, ao descer à Terra
Imperecível, separaram de seus próprios corpos etéricos uma chhaya, ou sombra, uma
semente de vida que continha dentro de si as potencialidades evolutivas da forma humana.
Mediante um esforço volitivo, duplicam seus próprios corpos etéricos, materializando,
de fato, um duplo etérico adicional, tornando-o permanente e depois saindo dele.
As formas são enormes, filamentosas, assexuadas, carentes de bhutas, flutuando na
densa atmosfera e nos mares ferventes. A nós pareceriam fantasmas gigantescos. Oscilam e
se amontoam na matéria etérica como enormes, indefinidas protistas, com perfis variáveis
que contêm as sementes de todas as formas, reunidas pelos Barhishads durante as
evoluções precedentes, de uma cor quase lunar, branco-amarelado de matizes mutáveis.
Dentro da classe de Barhishads que empreenderam esta tarefa, havia sete subclasses
distintas e cada uma delas povoa um dos sete promontórios mencionados.
Além disso, cada uma das sete subclasses, que representam os sete graus da evolução,
continha membros de cada um dos sete tipos, ou raios; daí a frase "sete vezes sete" na
passagem citada.
As 49 variedades assim produzidas proporcionaram às entidades que vinham à
manifestação os veículos apropriados, adequados às diversas etapas de crescimento e tipo.
Estas formas protistas fluíram dos corpos etéricos dos Barhishads, tal como se vê
quando o duplo etérico emana do costado de um médium (veja "O Duplo Etérico", pág. 89),
e formaram os corpos da primeira raça humana.
As formas não eram humanas, mas, apesar disso, nelas ingressaram entidades que
evoluíram como seres humanos.
Estas formas enormes, como se disse, se amontoavam insensíveis e passivas. A
consciência das entidades que chegavam, por estar no nível átmico, apenas podia afetar
134
muito pouco os torpes corpos. Estes revelavam vagamente o sentido da audição, e uma
tênue consciência do fogo.
As Mônadas se hospedavam nas formas, seus Raios as estimularam, pondo-as em
atividade, e as modelaram em órgãos de comunicação com o mundo exterior. Daí que,
devido à elevada consciência que entrou em contato com elas, às vezes são mencionadas
como a raça dos Deuses; também como filhos do Yoga, posto que os Barhishads projetaram
suas chhayas ao entrar em meditação yogue. Também foram chamadas autonascidas,
porque não nasciam de pais humanos. São o segundo Adão das escrituras judaicas.
Depois de projetar suas chhayas, os Barhishads as animaram com sua própria energia,
galvanizaram-nas, por assim dizer, na atividade. O Sol também ajudou, enviando-lhes seu
fogo vivificante em resposta ao pedido de auxílio do Dirigente dos Espíritos da natureza
(podemos supor que isto signifique que absorveram o prana, ou a vitalidade do sol). Estes
três - os Barhishads, o Sol e os Espíritos da natureza - "produziram, com seus esforços
conjuntos, uma boa rupa (forma). Esta podia ficar de pé, caminhar, correr, reclinar-se ou
voar. (A.E.P.) Entretanto não era senão uma chhaya, uma sombra sem sentido". (A Doutrina
Secreta, II, 18.)
O planeta que dominava a primeira raça era o Sol, ou melhor, Urano, o planeta místico
que ele representa.
A multiplicação destes seres era mediante fissão ou broto, únicos métodos possíveis
de reprodução para eles, como ocorre até hoje em dia com os protistas, sua semelhança
física mais próxima. Expandiam-se em tamanho, e depois se dividiam, a princípio em
metades, e em etapas posteriores em porções desiguais, fazendo brotar assim uma
progênie de tamanho menor que o deles, progênie que crescia por sua vez e novamente
fazia brotar seu rebento.
Nesta raça não se pode falar de sub-raças definidas, embora houvesse sete etapas de
crescimento, ou etapas evolutivas.
Tampouco morrem: "Nem o fogo nem a água poderia destruí-los" (A Doutrina Secreta,
II, 18); de fato, o fogo era o seu elemento, e eram inconscientes a respeito da água.
Já mencionamos que estavam desenvolvendo o sentido da audição.
135
Capítulo XXXII
A TERRA: A SEGUNDA RAÇA-RAIZ
Durante as eras de extensão desconhecida através das quais viveu a primeira raça, a
Terra se firmava em condições mais tranquilas, e os cataclismos eram locais, deixando de
ser gerais. Lentamente apareceu mais Terra sobre a superfície do deserto aquoso,
estendendo-se desde os promontórios do primeiro continente, e formou uma vasta
ferradura, o segundo continente, chamado de Hiperbóreo, ou Plaksha.
Ocupava a região que agora é o norte da Ásia, unindo a Groenlândia e Kamschatka, e
estava unida ao sul pelo mar que se estendia por onde agora o deserto de Gobi expande
seus arenosos ermos.
Spitzbergen, junto com a Suécia e a Noruega, fazia parte dessa região que se estendia
para o Sudoeste sobre as Ilhas Britânicas. Então, a Baía de Baffin era terra, incluindo as ilhas
que agora ali existem.
O clima era tropical e a vegetação exuberante revestia as ensolaradas planícies. Não
devemos conectar o nome Hiperbóreo às associações que agora lhe são feitas, pois era uma
Terra prazenteira, cheia de vitalidade, exuberante. O nome Hiperbóreo assumiu suas
tétricas associações em tempos posteriores, quando a Terra teve seus habitantes “varridos”
por uma mudança do clima, e arrasada por muitos cataclismos.
Algumas antiquíssimas regiões conhecidas da Terra são restos do continente
Hiperbóreo: a Groenlândia, a Islândia, Spitzbergen, os setores mais ao norte da Noruega e
da Suécia, e o cabo no extremo norte da Sibéria.
Quando o tempo propiciou a aparição da segunda raça, os Espíritos da natureza
agregaram em torno das chhayas partículas mais densas de matéria, formando uma espécie
de concha mais rígida no exterior, e "o externo da primeira raça se converteu no interno da
segunda" (A Doutrina Secreta, II, 18).
Assim, a primeira raça imperceptivelmente se desvaneceu, convertendo-se na
segunda, e a chhaya, que era todo o corpo da primeira, se tornou o duplo etérico da
segunda.
A segunda raça mostra dois tipos marcados que respondem ligeiramente à consciência
búdica. Esta revela a dualidade, que é característica dessa consciência, que surge em suas
alterações físicas, como em seus dois sentidos de audição e tato, pois o sentido do tato se
somou ao da audição da primeira raça.
Quando a Mônada entrou na segunda raça, adicionou o sentido do tato à consciência
do seu plano físico e passou a responder ao impacto da água e do ar, assim como ao do
fogo.
Das formas que representavam a humanidade saíram sons débeis, como de cântico,
sons abertos como vozes inarticuladas que indicavam palidamente a agitação emotiva
emanada de fontes ocultas.
Essa consciência, tal como existia, pertencia mais ao plano superior do que ao de
baixo. Havia um gozo vagamente sossegado, que surgia do interior, porém um escasso
senso de prazer ou dor, estimulado de fora. Tratava-se da consciência monádica, desperta
136
nos planos superiores, mas não nos inferiores, e as formas só eram levemente responsivas,
ainda que insensíveis, embora mais responsivas que as da primeira raça.
Esta raça se chamou Kimpurushas, filhos do Sol e da Lua, “do Pai amarelo e da Mãe
branca” (A Doutrina Secreta, II, 19) e, portanto, do fogo e da água; e nasceu sob o planeta
Brihaspati ou Júpiter.
Sua cor era amarelo dourado, que às vezes quase refulgia com matizes alaranjados, às
vezes com tonalidades limão mais pálido, e estas formas de tons fulgurantes, filamentosas,
muitas vezes de contornos arbóreos, algumas próximas dos tipos animais, outras de perfis
semi-humanos, de aparência muito heterogênea, que flutuavam, boiavam, deslizavam,
ascendiam e gritavam umas às outras com notas aflautadas através dos esplêndidos
bosques tropicais, verdejantes à luz do sol; com fetos florescentes estrelados com brotos
deslumbrantes, em conjunto criam um quadro de matizes coruscantes, com o esplendor da
natureza em sua juventude exuberante, cheia de vida, movimento, cor, perfis desenhados
pela mão de um gigante, cores lançadas de uma paleta transbordante.
Dos dois tipos mencionados, o primeiro não evidenciava vestígios de sexo;
multiplicava-se por expansão e broto como a primeira raça.
Quando as formas se endureceram mais, cobriram-se com uma concha mais grossa de
partículas terrestres; então esta forma de reprodução se tornou impossível e os pequenos
corpos foram expulsos daquelas, figuradamente chamadas “gotas de suor”, já que
manavam como o suor da pele humana, viscoso, opalescente; gradualmente se
endureciam, cresciam e assumiam formas diversas.
Há muitos rastros deste tipo de reprodução nos relatos purânicos, onde se afirma que
todas as raças nasceram dos poros da pele dos seus antepassados.
No curso do tempo começaram a aparecer leves sinais de sexualidade nestes "nascidos
do suor" da segunda raça, e mostravam dentro de si anúncios dos dois sexos, e esta é a
razão de serem mencionados como andróginos.
O estudo dos reinos inferiores revela hoje em dia todas estas etapas que ainda
persistem, e compreendemos como os Espíritos da natureza seguiram adiante com um só
plano, modificado interminavelmente nos detalhes, mas sempre o mesmo nos princípios.
De os gérmenes expelidos por estes “homens” da segunda raça se desenvolveu
gradualmente o reino dos mamíferos em toda sua imensa variedade de formas.
Os animais abaixo dos mamíferos foram formados pelos Espíritos da natureza dos tipos
elaborados na terceira ronda, às vezes auxiliados pelas emanações humanas.
Recordemos que, em seu conjunto, a segunda raça era uma recapitulação da segunda
ronda, e que as formas da segunda ronda eram as conhecidas como "sacos de pudim".
Também a segunda Raça-Raiz tinha esta curiosa aparência amorfa de saco de pudim.
A primeira e a segunda Raças-Raiz evoluíram na Terra antes que Marte se tornasse
deserto; nestas condições primitivas da Terra ficavam disponíveis algumas entidades para
as quais Marte, em suas etapas posteriores, era demasiado avançado para acomodá-las.
Dentro destas raças, os Barhishads do Globo D da Cadeia Lunar introduziram uma
quantidade de entidades atrasadas que serviram de mentores aos atrasados; muitos
retribuíram o especial cuidado que lhes foi dispensado, ingressando na primeira sub-raça da
137
terceira Raça-Raiz como seu tipo mais baixo. Foram conhecidos como “cabeças ovoides”.
Deles falaremos novamente quando tratarmos da terceira Raça-Raiz, no próximo capítulo.
Durante a primeira e a segunda Raças-Raiz a população da Terra era muito limitada, e
o auxílio especial antes mencionado parece ter sido destinado a possibilitar que a maior
parte possível dos animais fosse impulsionada para passar para o reino humano antes que
"se cerrasse a porta" na metade da quarta Raça-Raiz.
Ademais, foi feito todo o possível para adiantar todos aqueles pelos quais se podia
realizar algo, antes da chegada dos Senhores de Vênus na metade da terceira Raça-Raiz.
138
Capítulo XXXIII
A TERRA: A TERCEIRA RAÇA-RAIZ (LEMURIANA)
Durante a terceira raça, a lemuriana, conhecida na literatura hindu como os Danavas,
teve prosseguimento o processo de recapitular as três primeiras rondas: tudo o que
sucedeu na metade da terceira ronda repetiu-se nesta terceira raça. Isto implicou na
materialização dos homens no plano físico e sua separação em sexos. Antes de estudar o
processo em detalhes, consideraremos primeiro as condições físicas da Terra.
A Terra estivera mudando lentamente. "A grande Mãe trabalhou sob as ondas...
trabalhou mais duramente para a terceira Raça, e sua cintura e umbigo apareceram sobre a
água. Era o Cinturão, o Himavat sagrado, que se estende em torno do mundo" (A Doutrina
Secreta, II, 419) .
O mar ao sul de Plaksha cobria o deserto de Gobi, o Tibete e a Mongólia, e a cadeia do
Himalaia emergiu das águas ao sul daquele mar.
Lentamente apareceu a terra, do sopé do Himalaia, até o Ceilão, Sumatra, Austrália,
Tasmânia e Ilha da Páscoa; para o Oeste até Madagascar e parte da América; também a
Noruega, Suécia, Sibéria Oriental e Ocidental, e Kamschatka. Este vasto continente era a
Lemúria – o berço da raça em que apareceria a inteligência humana. Seu antigo nome é
Shalmali.
O continente equatorial da Lemúria, na época de sua máxima expansão, quase
circundava o globo, estendendo-se desde as atuais Ilhas de Cabo Verde a umas poucas
milhas da costa de Serra Leoa, em direção sudeste através da América, Austrália, ilhas
Sociedade e todos os mares intermediários, até um ponto que distava poucos quilômetros
de um grande continente insular - de tamanho aproximado ao da atual América do Sul - que
se estendia sobre o resto do Oceano Pacífico e incluía o Cabo Horn e parte da Patagônia.
No curso das eras o vasto continente experimenta muitos desmembramentos e se
divide em grandes ilhas. A Noruega desapareceu sob as águas. 700.000 anos antes que
começasse o eoceno do terciário houve uma grande explosão de fogo vulcânico, abriram-se
abismos no leito oceânico e a Lemúria desapareceu como continente, deixando apenas
fragmentos tais como a Austrália e Madagascar, a Ilha da Páscoa, que submergiu e depois
voltou a surgir.
A destruição da Lemúria se fez principalmente pelo fogo, por ação vulcânica. Foi
varrida por cinzas ardentes e poeira inflamada de inumeráveis vulcões; estes, junto com
uma grande quantidade de lagos e pântanos, eram característicos da superfície terrestre.
Os lemurianos foram principalmente destruídos por fogo e asfixia, diferentemente da raça
seguinte, a da Atlântida, que pereceu em sua maioria afogada. Outro contraste entre a
destruição da Lemúria e a da Atlântida consiste em que enquanto as quatro grandes
catástrofes concluíram a destruição da Atlântida, a Lemúria foi devorada por fogos internos,
e a ação vulcânica foi incessante.
Até a metade da vida da Lemúria teve lugar a grande mudança climática que matou os
remanescentes da segunda raça, junto com sua progênie, a terceira raça primitiva. "O eixo
da roda inclinou-se. O Sol e a Lua não brilharam mais sobre as cabeças dessa porção de
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nascidos do suor; surgiu a neve, o gelo, o congelamento, e os homens, plantas e animais
minguaram em seu crescimento" (A Doutrina Secreta, II, 343-344).
Os brilhantes matizes do trópico se desvaneceram antes da respiração do rei da neve;
começaram os dias e noites polares de seis meses, e durante um lapso os restos de Plaksha
apenas evidenciaram uma escassa população. Entretanto, a Terra Sagrada Imperecível
continuou existindo como antes.
Voltando agora à raça, com suas sete sub-raças distintas, veremos que os muitos
esquemas de reprodução, característicos da terceira ronda, reaparecem nesta terceira raça
e de fato seguem simultaneamente em diversas partes da Terra. O grosso da população
atravessou as sucessivas etapas e se converteu em ovíparo. Parece que os diversos
esquemas de reprodução eram adequados para os egos em diferentes etapas da evolução;
os primeiros se mantiveram em atividade para os egos atrasados, depois que a maioria das
pessoas se adiantou.
Estas mudanças começaram uns 16 milhões e meio de anos atrás, e levaram 5½ a 6
milhões de anos; os corpos físicos se modificavam muito lentamente, ocorrendo com
frequência a reversão. Ademais, a quantidade original era pequena e necessitava de tempo
para se multiplicar.
A separação dos sexos teve lugar no Período Secundário, havendo existido então a
terceira raça durante 18 milhões de anos, talvez muito mais; pois começou no período
jurássico do Secundário, ou idade mesozoica, o Período dos Répteis, como é chamado.
Quando o tipo ovíparo se estabilizou, o ovo foi preservado dentro do corpo feminino, e
a reprodução assumiu a forma que ainda persiste.
Enquanto os corpos lemurianos eram compostos por gases, líquidos e sólidos, a
princípio predominavam os líquidos e os sólidos, pois sua estrutura vertebrada não havia
ainda se solidificado em ossos como os nossos e, portanto, não podiam ficar de pé. De fato
seus ossos se dobravam, como ocorre hoje em dia com os ossos das crianças pequenas. Por
volta da metade do período lemuriano o homem desenvolveu uma sólida estrutura óssea.
A primeira sub-raça
Na primeira sub-raça o método de reprodução era por expulsão de corpos suaves e
viscosos - o "suor" - de onde deriva seu nome de "nascidos do suor". Escassamente se
revelavam os sexos dentro do corpo. A consciência da primeira sub-raça evidenciava
unidade, por estar em contato apenas com o Atma.
Como se mencionou no capítulo anterior, os Barhishads do Globo D da Cadeia Lunar
introduziram na primeira e na segunda Raças-Raiz certas entidades atrasadas que serviram
de mentores das entidades ainda mais atrasadas daquelas duas raças.
Algumas delas se beneficiaram com essa atividade e foram introduzidas na primeira
sub-raça da terceira Raça-Raiz como seus tipos mais baixos.
Tinham cabeças ovoides (com um olho na parte superior), um rolo, que parecia uma
salsicha, representando a testa, e mandíbulas proeminentes.
O tipo de cabeça ovoide persistiu durante muito tempo, mas modificou-se muito nas
sub-raças posteriores. Traços disto foram encontrados até na sétima sub-raça.
140
Depois deles, nesta sub-raça ou um pouco depois (o ponto exato é obscuro), uma
quantidade considerável de egos que havia desenvolvido em Marte seus corpos causais de
cestaria em corpos causais completos, começou a preparar o caminho para os egos mais
avançados que logo chegariam da Cadeia Lunar. Foi o grupo que lutou em Marte contra os
"homens aquáticos, terríveis e maus".
O Diagrama XL ilustra a terceira Raça-Raiz e numerosos grupos de entidades que
encarnaram nela.
A segunda sub-raça
Na segunda sub-raça, os corpos exsudados se endureceram: "as gotas se endureceram
e se arredondaram. O Sol as aqueceu; a Lua as esfriou e modelou; o vento as alimentou até
a madureza" (A Doutrina Secreta, II, 20). Assim os corpos brandos endureceram-se
gradualmente, endureceu-se a cobertura externa da envoltura, e assumiu a forma do ovo,
do óvulo que desde então é o lar natal do germe. Dentro do ovo as formas evoluíram
gradualmente em criaturas definidamente andróginas, claramente humanas quanto ao tipo.
Estas se chamam filhos do Yoga passivo, porque parecem tão abstraídos das coisas
externas.
A consciência da segunda sub-raça exibiu uma dualidade, por estar em contato com o
Atma-Budi. Em O Pedigree do Homem se fala coletivamente das primeiras duas sub-raças
como da "terceira primitiva"; nasceram sob Shukra, ou Vênus, e evoluíram em
hermafroditas por esta influência. As raças se separaram sob Lohitanga, ou Marte, que é a
corporificação de Kama, a natureza passional.
141
A terceira sub-raça
Na terceira sub-raça a criatura se desenvolveu dentro da envoltura, que agora era uma
concha, e que se tornou cada vez mais grossa, e fez evoluir os órgãos sexuais duplos. Ao
nascer, após romper a envoltura, estava plenamente desenvolvido como acontece a um
pinto na atualidade. É capaz de caminhar e correr. Eram hermafroditas; depois,
hermafroditas com um sexo predominante. Muito depois se desenvolveram em seres
unissexuais.
Da mesma forma que a quarta sub-raça, foram chamados de “os Senhores da
Sabedoria”, nome que, entretanto, pertence propriamente a certa classe de Barhishads
que, como veremos agora, entraram neles e os utilizaram como veículos a fim de fazer
evoluir (partindo da melhor sub-raça) corpos adequados para a quarta sub-raça, na qual os
sexos afinal se separariam .
Como todas as formas existentes então na Terra, o homem da terceira sub-raça era
gigantesco, comparado com seu tamanho atual. Foi contemporâneo do pterodáctilo, do
megalossauro e de outros animais gigantes, e devia impor-se a eles.
Na terceira Raça-Raiz evoluíram os órgãos da visão; a princípio existia apenas um olho
na metade da testa (que mais tarde passou a ser chamado de terceiro olho) e depois um
par de olhos. Porém ambos os olhos eram pouco usados pelos homens da terceira Raça-
Raiz até a sétima sub-raça; e não se converteram nos órgãos normais da visão até a próxima
Raça-Raiz, a quarta.
Este “terceiro olho”, desenvolvido sob a influência da Mônada, tinha poderes de visão
muito maiores que os outros dois olhos ou, mais precisamente, oferecia menos obstrução
ao poder perceptivo da Mônada. Porém, como a Mônada se retirou ante o intelecto,
triunfou o físico, e os dois débeis órgãos de visão, que chamamos olhos, se desenvolveram
gradualmente, sendo um obstáculo maior para o poder perceptivo da Mônada. Mas como
davam uma definição mais aguda dos objetos, conduziam a uma visão mais clara que antes.
O “terceiro olho” dava as impressões do físico em conjunto, sem detalhes, e o seu
fechamento temporário era o modo de obter uma visão mais clara.
Os homens da terceira raça, que possuíam o "terceiro olho”, embora aparentemente
selvagens na forma, não eram menos intuitivos, respondendo prontamente aos impulsos
enviados pelos Reis Divinos (que serão descritos agora).
O resto atrofiado do terceiro olho é conhecido agora como a glândula pineal, que
agora é apenas um centro da visão astral, mas para os lemurianos era o centro principal não
só da visão astral como também da visão física. Esta visão psíquica continuou sendo um
atributo da raça, não apenas ao longo de todo o período lemuriano, mas também nos
tempos da Atlântida, da quarta Raça-Raiz.
A primeira e a segunda Raças-Raiz, não sendo físicas, não tinham necessidade de
produzir uma série de sons a fim de transmitir seus pensamentos; porém quando o homem
se converteu na terceira raça física, não pôde permanecer mudo por longo tempo. Os sons
que os homens primitivos produziam para expressar seus pensamentos se compunham, a
princípio, inteiramente de vogais. Nas primeiras duas sub-raças isto consistia em meros
gritos de prazer e dor, de amor e ira; na terceira sub-raça se tornou monossilábico e, de
fato, na Lemúria jamais chegou a esta etapa. Os sons consoantes entraram em uso
142
gradualmente. O chinês atual é o único grande componente linear da linguagem lemuriana,
pois "toda a raça humana era então de um único idioma” (A Doutrina Secreta, II, 208).
A quarta sub-raça
Deve-se entender que o desenvolvimento de uma sub-raça em relação à precedente é
um processo muito gradual, que se estende durante um longo período, de modo que é
muito difícil traçar uma linha divisória precisa entre uma determinada sub-raça e a
seguinte.
A terceira sub-raça fora levada até uma etapa em que se punham ovos; esta é uma
etapa em todo o processo da completa separação dos sexos, processo que, como já se
disse, levou de 5½ a 6 milhões de anos.
A alguns ovos se aplicava um tratamento muito especial. Eram separados pelos
Senhores da Lua, magnetizados cuidadosamente e conservados em uma temperatura
equilibrada, até que surgiam as formas humanas (hermafroditas nesta etapa, como já foi
dito). Então lhes era fornecida alimentação especial e cuidados para o seu
desenvolvimento; quando estavam prontas, cada uma passava a pertencer a um dos
Senhores da Lua. Muitos destes Barhishads encarnaram assim, a fim de trabalhar no plano
físico, e durante um longo lapso utilizaram estes corpos cuidadosamente preparados.
Parece que isto sucedeu apenas uns poucos séculos antes da separação dos sexos.
Ao final da quarta sub-raça, a jovem criatura que emergia do ovo já não podia
caminhar e cada vez se evidenciava mais seu desamparo ao nascer.
O embrião humano ainda reproduzia as etapas descritas: revelava a forma tipo ameba
da primeira raça, a forma filamentosa da segunda raça, a assexualidade das primeiras
etapas. Ingressa no estado andrógino e depois predomina lentamente o macho ou a fêmea,
determinando o sexo, como na terceira raça. Do mesmo modo deverá notar-se que os
rastros de dualidade sexual jamais desaparecem, nem mesmo na maturidade, retendo o
macho os órgãos rudimentares da fêmea, e esta os do macho.
Estes modos variados de reprodução se preservam em alguns ritos hindus; assim, no
relato do sacrifício de Daksha, se apresentam diversos modos: "Do ovo, do vapor, da
vegetação, dos poros da pele e, finalmente, só do ventre" (A Doutrina Secreta, II, 193,
citando o Vayu Purana).
Uma vez que se estabeleceram os últimos nascidos de ovos (como foram chamados),
ingressavam os melhores das cestarias - provavelmente os dos Globos A e B da Cadeia
Lunar. Estes foram seguidos rapidamente pelos mais baixos dos que haviam conseguido os
corpos causais completos na Lua (Homens Lunares de Primeira Ordem). Havia pouca
diferença entre os melhores das cestarias e os mais baixos daqueles com corpos causais
completos.
Daqueles com corpos causais completos, podemos distinguir 5 camadas ou
embarques:
1. Os dos Globos G, F e E da Cadeia Lunar; a maioria era do Globo G, o menos
evoluído dos três conjuntos.
2. Uma grande quantidade do Globo G, uma parte baixa do Globo F, e uma parte
mais baixa ainda do Globo E.
143
3. Os melhores do Globo G, alguns medianamente bons do Globo F, alguns bons do
Globo E.
4. Os melhores do Globo F, e todos os ótimos do Globo E.
5. Os melhores do Globo E, com uns poucos do Globo D (a Lua).
Uma classificação por etapa de crescimento é melhor do que uma por tipo, pois de
fato eram de todos os tipos. Entre eles se observou um que se individualizara pelo medo.
Em conjunto eram centenas de milhares destes egos que encarnavam entre os nascidos de
ovos.
Mencionou-se antes que alguns Barhishads chegaram a encarnar na Terra. Para esta
finalidade tomaram as melhores formas disponíveis do que, em O Pedigree do Homem, se
chama "terceira" metade, isto é, a terceira e a quarta sub-raças. Estes Barhishads
encarnados se denominaram Andróginos Divinos, ou Hermafroditas Divinos. Modelaram
suas formas na beleza mais divina; eram gigantescos, de forma e traços esplêndidos. Com
sua chegada e a subsequente separação dos sexos, terminou o Satya Yuga da Terra.
Estes Andróginos Divinos eram de um esplendoroso matiz vermelho-ouro,
indescritivelmente brilhantes e magníficos; seu majestoso aspecto geral se acentuava com o
único olho que fulgurava como uma joia em seu deslumbrante engaste. O vermelho terroso
das formas toscas e torpes dos primeiros homens e mulheres, depois da separação dos
sexos, se comparava muito desfavoravelmente com as formas dos Andróginos Divinos.
De altura gigantesca e robustez correspondente, dão a impressão de um tremendo
poder, que muito excede ao dos homens da nossa própria geração como os Anoplatéridas e
Paleotéridas, seus contemporâneos nos últimos dias, além dos bois, cervos, porcos, e dos
cavalos, tapires e rinocerontes que descenderam deles.
Os homens que os sucederam, com testas tímidas, com o olho escuro, que brilhava
avermelhado sobre o nariz achatado e pesadas queixadas salientes oferecem uma
aparência repulsiva, de acordo com os gostos modernos.
A lembrança do "terceiro" olho persistiu no relato grego de Ulisses, um homem da
quarta Raça-Raiz, matador de um ciclope da terceira Raça-Raiz, que tinha um único olho
central.
Guiados pelos Andróginos Divinos que governavam como Reis Divinos, esta sub-raça
construiu poderosas cidades, enormes templos ciclópicos, poderosos e maciços, edificados
de modo tal que os fragmentos ainda subsistem. Construíram até mesmo Shamballa, a
Cidade Santa, a Morada Sagrada, que ainda permanece incólume, testemunha da arte que a
planificou e da força que a construiu.
Há uns 10 ou 11 milhões de anos, como vimos, estabeleceu-se plenamente a
separação dos sexos, obtendo-se uma razoável continuidade formal. Foi realizada uma
quantidade de esforços especiais por parte das autoridades encarregadas, para consolidar a
humanidade e fixá-la em seu rumo para o avanço espiritual superior que estava diante dela
no arco ascendente da cadeia. Recorde-se que o ponto médio preciso de toda a cadeia será
a metade da próxima raça, a quarta; assim é que agora descobrimos os preparativos para a
segunda metade, ou metade ascendente da cadeia, que se realiza ligeiramente antes do
ponto médio exato.
144
O primeiro passo nestes preparativos foi uma repetição, por parte dos Senhores da
Lua, do episódio da chhaya, descrito no capítulo que trata da primeira raça. Depois de dar
suas chhayas para a primeira raça, os Barhishads abandonaram a Terra, ascendendo ao
Mahaloka por um lapso.
“Havendo projetado suas sombras e feito os homens de um só elemento, os
Progenitores reascendem ao Mahaloka; dali descem periodicamente quando o mundo se
renova, para dar nascimento a novos homens” (A Doutrina Secreta, II, 16).
Como antes, houve sete deles, “cada um em sua própria parcela”, a fim de fornecer os
veículos aos sete grandes tipos ou raios humanos.
As outras entidades da raça inferior, que há pouco se fizera descer ao nível físico,
apoderaram-se avidamente destas "sombras" (ou veículos etéricos), entraram nelas e
procuraram utilizá-las. Por não se adaptarem plenamente a elas, acharam difícil manter a
posição, abandonando seu lugar constantemente. Tão logo sucedia isto, alguma outra
entidade se apoderava do corpo etérico, deslizando-se nele como se fosse um sobretudo,
apenas para deixá-lo por sua vez e ver como o ocupava algum outro.
A cena recorda a ideia grega de que os Deuses criaram o mundo às gargalhadas, pois
decididamente tinha seu elemento cômico, já que os egos lutavam pelas formas sem poder
manejá-las quando as obtinham. É uma das "descidas na matéria", a materialização final do
corpo humano, a conclusão da “queda do homem”.
Muitos destes duplos etéricos e gradualmente as pessoas menos desenvolvidas, se
acostumaram com os seus novos “sacos de pele”, aprenderam como habitá-los
permanentemente, de modo que pudesse empreender-se outro processo de
materialização.
Deste modo foram produzidos gradualmente corpos que serviram para expressar os
sete grandes tipos e seus subtipos, e as pessoas se puseram a reproduzi-los firmemente.
Em várias partes do mundo continuaram outros meios de reprodução durante
prolongados lapsos; as etapas sucessivas se entremesclaram muito, devido às grandes
diferenças evolutivas.
As tribos que seguiram os métodos reprodutivos primitivos se tornaram gradualmente
estéreis, enquanto os homens e mulheres verdadeiros se multiplicaram em grande número,
até que a humanidade, como agora a conhecemos, se estabeleceu definitivamente por todo
o mundo.
Outras classes de egos continuaram encarnando: os de outras rondas, que não haviam
estado na primeira nem na segunda Raças-Raiz, correspondentes à Terra.
Nesta etapa havia 5 classes humanas que disputavam reciprocamente para obter
formas humanas melhores. Começando com as muito primitivas, eram as seguintes:
1. As que só agora ascendiam do reino animal.
2. As dotadas de corpos causais lineares, que haviam estado na Terra durante um
tempo.
3. As cestarias de Marte.
4. As melhores cestarias do Nirvana da Inter-cadeia.
5. As 5 classes previamente enumeradas, que tinham corpos causais completos,
tendo chegado dos Globos G, F e E da Cadeia Lunar.
145
As formas projetadas pelos Senhores da Lua eram de belo aspecto, porém por ser
etéricas se modificavam com facilidade, e os egos que nelas ingressavam as distorciam. Os
corpos dos filhos destas entidades de nenhum modo igualavam aos de seus pais, eram
definidamente feios; provavelmente quem os utilizava costumava pensar na cabeça ovoide
e a testa como um rolo de salsicha, e daí que reapareceram estas formas. Não obstante, se
estabeleceram certos tipos e, por mais que as formas se deteriorassem, todavia eram
habitáveis.
Depois de evoluir muitas gerações de seres humanos bem estabelecidos,
descendentes das formas etéricas materializadas, baixaram os Barhishads tomando posse
dos corpos assim modelados, dos egos individualizados nos Globos A, B e C da Cadeia Lunar.
Destes havia três camadas:
1) Mais de 2 milhões do grupo alaranjado do Globo A;
2) Um pouco menos de 3 milhões do grupo amarelo do Globo B;
3) Um pouco mais de 3 milhões do grupo rosado do Globo C.
Digamos uns 9 milhões no total. Foram guiados por diferentes regiões da superfície do
mundo, com o fim de formarem tribos.
Logo sucedeu algo curioso. "Um terço se recusa; dois terços obedecem." O grupo
alaranjado de egos, ao ser-lhes oferecidos os corpos, recusaram entrar, não por maldade,
mas por puro orgulho, desdenhando as formas não atrativas, e talvez também por sua
antiga aversão às uniões sexuais.
Entretanto, os grupos amarelo e rosado foram dóceis e obedeceram, melhorando
gradualmente os corpos que habitaram. Assim foi criada a quarta sub-raça lemuriana. Esta
foi a primeira humana, em todos os sentidos, exceto a embriônica; e pode remontar-se à
recepção das formas de parte dos Barhishads.
Em A Doutrina Secreta, H. P. Blavatsky fala desta quarta sub-raça como "amarela",
aparentemente pela cor dos egos amarelos chegados do Globo B da Cadeia Lunar. A sub-
raça era negra; esta cor persistiu durante algum tempo em sub-raças posteriores, como
agora veremos.
Os descendentes destes monstros, após reduzir seu tamanho e tornarem-se
fisicamente mais densos ao longo dos séculos, culminaram em uma raça de monos no
período mioceno, do qual descenderam os pitecoides atuais. Com estes monos os atlantes
(quarta raça) renovaram o "pecado de imentalidade", desta vez com plena
responsabilidade; o resultado foram os monos que conhecemos como antropoides (veja "A
Doutrina Secreta", II, 728).
Parece que estes antropoides obterão a encarnação humana na sexta Raça-Raiz
vindoura, sem dúvida nos corpos das raças mais baixas existentes à época na Terra.
Assim a região destinada ao grupo alaranjado permaneceu vazia. Os corpos que
deviam ter sido usados foram ocupados por entidades recém-chegadas do reino animal, o
tipo humano mais baixo. A consequência disto foi que, em vez de manter o avanço que
havia sido obtido com tanto esforço, permitiu-se que as formas retrocedessem para um
estado pior do que antes. Os humanos primitivos que habitavam as formas até se
misturaram com algumas formas animais, com toda naturalidade, sentindo pouca diferença
entre eles e o nível dos que acabavam de emergir.
146
Foi isto que H. P. Blavatsky chamou de "pecado da imentalidade", e o resultado foram
os diversos tipos de monos antropoides.
O livro de Dzyan descreve assim, graficamente, o episódio recém-mencionado:
"Durante a Terceira, os animais sem ossos cresceram e se transformaram; se
converteram em animais com ossos, solidificando suas Chhayas.
"Os primeiros a se separarem foram os animais. Começaram a reproduzir-se. Também
se separou o homem duplo. Este disse: 'Façamos como eles, unamo-nos e façamos
criaturas.” E o fizeram.
"E os que não tinham Chispa se uniram a enormes animais fêmeas.
Estes engendraram raças mudas. Eles mesmos eram mudos. Mas suas línguas se
desataram. A língua da sua progênie permaneceu calada. Engendraram monstros. Por todos
os lados continuou uma raça de monstros disformes cobertos de pelo vermelho. Uma raça
muda que manteria uma vergonha indizível.
"Ao ver isto, os Lhas que não haviam construído homens, choraram dizendo:
‘Os Amanasa (imentais, os sem-mente) mancharam nossas moradas futuras. Isto é
Carma. Moremos em outros. Ensinemos-lhes melhor, para que não ocorra pior. ' E assim
fizeram.
"Logo todos os homens foram dotados de Manas. Veio o pecado da imentalidade."
O carma pela recusa do grupo alaranjado de egos a ocupar seu lugar na tarefa de
povoar o mundo consistiu em que depois foram forçados a encarnar ocupando corpos
ainda mais baixos e toscos, enquanto por esse tempo os Senhores da Lua se dedicavam a
outro trabalho. Assim se converteram em uma raça retrógrada, hábil, porém não boa,
atravessando muitas experiências desagradáveis. Diminuíram em número ao entrar em
choque constantemente com a ordem comum e ser encaixados, mediante sofrimento, em
corpos de pessoas comuns.
Uns poucos, fortes, cruéis e inescrupulosos, se converteram nos Senhores da Face
Escura na Atlântida (como veremos quando tratarmos da quarta raça). Foram vistos alguns
entre os índios americanos, com rostos refinados, porém duros; uns poucos persistem ainda
em nossos dias; são por natureza "turbulentos e agressivos, independentes e separatistas,
propensos ao descontentamento e ávidos por mudanças". São os inescrupulosos entre os
reis das finanças, os estadistas como Bismarck, os conquistadores como Napoleão. Porém
estão desaparecendo gradualmente, pois aprenderam muitas lições amargas.
Os que não têm coração lutam sempre, se opõem sempre a tudo e em toda parte; por
regra geral devem, em última instância, ser “postos na forma”; pouquíssimos talvez acabem
na magia negra, mas a pressão firme é demasiado grande para a maioria.
A quinta sub-raça
Os Barhishads dos Globos A, B e C da Cadeia Lunar chegaram a encarnar agora, para
ajudar o Manu na fundação da quinta, sexta e sétima sub-raças. Nestas sub-raças
posteriores os Barhishads se converteram em Reis - os Iniciados Reais dos mitos - que
muitas vezes são mais verdadeiros que a história.
147
Um Iniciado-Real devia reunir uma quantidade de pessoas ao seu redor, formando um
clã, e depois ensinar a este clã algumas artes da civilização, dirigi-las e ajudá-las na
construção de uma cidade.
Foi construída uma grande cidade sob essa direção onde agora se conhece como a ilha
de Madagascar, e muitas outras foram construídas de modo similar em outras partes do
continente lemuriano. O estilo arquitetônico era ciclópico, impressionante por sua
enormidade.
Durante o longo período assim ocupado, foi mudando a aparência física dos
lemurianos. O olho central na parte superior da cabeça foi-se retirando (pois cessou de
funcionar) para o interior da cabeça, para formar a glândula pineal, enquanto os dois olhos -
a princípio um de cada lado dela – ativaram-se. A lenda grega dos ciclopes, como se
mencionou antes, é evidentemente uma tradição da primitiva época lemuriana.
Houve alguma domesticação de animais; alguns destes eram escamosos, quase tão
sem atrativos como seus amos.
Animais de toda classe eram comidos crus; algumas tribos nem sequer desprezavam a
carne humana. Lesmas, caracóis e gusanos, muito maiores que seus atuais descendentes,
eram considerados saborosos quitutes.
De um modo geral, a descrição de um homem da terceira ronda se adaptaria bastante
à do homem desta quinta sub-raça lemuriana. Muitas vezes foram mencionados como
pessoas de cabeça ovoide, pela semelhança dos crânios com um ovo com sua parte menor
para cima. Tinham a testa pequena, e os olhos, como se disse, ficavam próximos da ponta
desse ovo.
Eram negros ou cor de cobre.
A quinta, sexta e sétima sub-raças da raça Lemuriana eram muito mais do que agora
chamaríamos humanas em relação às suas antecessoras.
A descrição abreviada de um lemuriano de uma das sub-raças posteriores
(provavelmente a quinta) é a seguinte:
"Sua estatura era gigantesca, entre 3½ e 4½ m. Sua pele era muito escura, de um
marrom amarelado. Tinha uma enorme mandíbula inferior, um rosto estranhamente
achatado, os olhos pequenos porém penetrantes e curiosamente muito separados, de
modo que podia ver tanto para os lados como à frente, enquanto o olho da parte posterior
da cabeça lhe permitia ver também nessa direção. Em vez de testa tinha um rolo de carne; a
cabeça era curta, para trás e para cima. Os braços e as pernas, especialmente os braços,
eram proporcionalmente mais longos que os nossos, e não podiam se estirar perfeitamente
nos cotovelos nem nos joelhos. As mãos e os pés eram enormes; os calcanhares se
projetavam para trás. O corpo era coberto por um manto frouxo de pele, algo similar ao
couro do rinoceronte, porém mais escamoso. Em volta da cabeça, em que os cabelos eram
curtos, enroscava-se outro pedaço de pele a que se agregavam adornos de cores vermelho
brilhante, azul e outros. Na mão esquerda brandia uma vara de uns 3½ a 4½ m de
comprimento. Na direita tinha enroscada a ponta de uma longa e grossa corda feita com
uma planta rasteira, com a qual conduzia um réptil enorme e horrível, parecido com o
plesiossauro. A aparência do homem dava uma sensação desagradável, porém não estava
148
inteiramente incivilizado, sendo um espécime comum do seu tempo". Muitos eram menos
humanos ainda que o indivíduo aqui descrito.
A sexta sub-raça
Os homens da sexta sub-raça se destacavam principalmente pela cor. Já não eram
negros nem cor de cobre como a quinta sub-raça, mas azul-escuros, e o matiz variou, para o
fim da raça, em um azul definido, porém mais lívido.
Ainda mostravam vestígios de cabeça ovoide, devido à testa curta.
Enquanto se desenvolvia a sexta sub-raça, uma grande quantidade de Iniciados e seus
discípulos foram enviados do Nirvana da Intercadeia para a Terra, para ajudar o Manu da
quarta Raça-Raiz encarnando nos melhores corpos que Aquele fizera evoluir até então. Os
que haviam esgotado o seu carma receberam os melhores corpos e foram capazes de
melhorá-los e de tirar deles tudo aquilo que pudessem produzir. Estes Arhats e seus
discípulos trabalhavam sob o controle dos Barhishads e os Manus da terceira e quarta
Raças-Raiz; a sétima sub-raça evoluiu com a ajuda deles.
A sétima sub-raça
A sétima sub-raça, que começou como cinzento azulado, tornou-se, através de
diversas tonalidades de cinzas, em uma espécie de cinza-branco. Pode-se ter uma clara
ideia do tipo de seus rostos pelas estátuas que erigiram; algumas destas subsistem na Ilha
da Páscoa. Estas estátuas, a maioria de uns 8½ m de altura e 2½ m de largura, pretenderam
provavelmente representar os traços e a altura de quem as talhou, ou então dos
antepassados, pois é provável que as estátuas foram erigidas em épocas posteriores à dos
lemuriano-atlânticos.
Os rostos eram compridos e equinos; a ponta do nariz estava a princípio acima do
centro (e no fim da raça exatamente no centro) de uma linha traçada da parte superior da
testa até o queixo.
A testa era ainda um mero rolo de osso, embora tenha se desenvolvido um pouco mais
para cima até o fim da sub-raça.
Como a sexta sub-raça, ainda evidenciavam traços de cabeça ovoide, devido à testa
curta.
Tinham lábios grossos e toscos, nariz largo e chato, características que sobreviveram,
de forma menos agravada, entre os negros, que são talvez seus representantes mais
próximos na atualidade.
A estatura decresceu perceptivelmente, e a aparência de mãos, pés e membros se
assemelhou mais à dos negros de hoje em dia.
Os homens das sub-raças posteriores, sexta e sétima, foram grandes construtores em
um tosco estilo ciclópico, e também tiveram certa ideia artística. Desenvolveram uma
civilização importante e de longa duração, e durante milhares de anos dominaram a maioria
das outras tribos que habitavam o vasto continente lemuriano; quando a decadência racial
os atingiu, asseguraram outro meio de vida e poder mediante matrimônios mistos com os
Ramoahals, a primeira sub-raça atlântica. A progênie, apesar de reter muitas características
da terceira raça, na realidade pertenceu à quarta raça, e assim adquiriu novo poder de
149
desenvolvimento. A aparência chegou agora a não diferir da de alguns índios americanos,
salvo que a pele tinha um curioso tom azulado que agora não se vê.
As primeiras cidades foram construídas nessa extensa e montanhosa região que incluía
a atual Ilha de Madagascar. Outra grande cidade é descrita em A Doutrina Secreta, II, 331,
como erigida inteiramente com blocos de lava. Estava a uns 18½ km a Oeste da atual Ilha da
Páscoa e foi destruída por uma série de erupções vulcânicas.
Atualmente não existe raça alguma de puro sangue lemuriano; os pigmeus da África
Central parecem representar um fragmento isolado da quarta sub-raça, reduzido até à atual
estatura durante milhões de anos, de acordo com essa curiosa lei que parece impor a
diminuição de tamanho às últimas relíquias de uma raça moribunda.
A maioria das tribos negras tem uma considerável mescla de sangue atlântico, ou da
quarta raça; no caso dos zulus, por exemplo, temos em sua aparência e porte gerais um
representante aproximado da segunda sub-raça dos atlantes, os Tlavatli, embora a cor e
alguns rostos sejam lemurianos.
Os restos degradados da terceira raça podem também ser reconhecidos nos aborígines
da Austrália, os ilhéus de Andaman, algumas tribos montanhesas da Índia, as da Terra do
Fogo, os bosquímanos da África e algumas outras tribos selvagens. As entidades que agora
habitam esses corpos devem ter pertencido ao reino animal desta cadeia.
Na Lemúria existiu uma Loja Iniciática, mas primariamente não era para benefício dos
lemurianos. Como estavam suficientemente adiantados, foram ensinados pelos Adeptos
Gurus, mas a instrução que requeriam se limitava à explicação de uns poucos fenômenos
físicos como o movimento da Terra em torno do sol ou a razão da aparência diferente que
assumiam os objetos físicos ao ser observados alternadamente com a visão física e a visão
astral.
Entretanto, a Loja era destinada primariamente àquelas entidades chegadas de Vênus
e que, enquanto ajudavam à direta evolução da Terra, prosseguiam ao mesmo tempo seu
próprio desenvolvimento evolutivo.
150
Capítulo XXXIV
A CHEGADA DOS SENHORES DE VÊNUS
Descreveremos agora o momento mais emocionante da história da Terra: a chegada
dos Senhores da Chama, acontecimento que requereu uma prolongada preparação.
Os Barhishads e o Manu da Terceira raça fizeram todo o possível para fazer ascender
as entidades até o ponto em que se acelerasse o germe mental, possibilitando o descenso
do ego. Todos os que estavam atrasados foram impulsionados; no reino animal não havia
mais nenhum que pudesse elevar-se até o reino humano. A "porta" iria "cerrar-se" aos que
imigravam do reino animal para o reino humano somente quando não houvesse mais à
vista candidatos capazes de chegar ao nível humano, sem uma repetição do tremendo
impulso dado uma só vez na evolução de um Esquema, em seu ponto mais central.
Foi escolhido como momento um grande acontecimento astrológico, quando se
produziu uma especialíssima disposição de planetas e foi muito favorável o estado
magnético da Terra. Isto ocorreu há 16½ milhões de anos. Nada ficou por fazer, salvo o que
só Eles podiam fazer.
Então, "com o poderoso rugido do veloz descenso de incalculáveis alturas, rodeados
por ígneas massas flamígeras que encheram os céus com fugazes línguas chamejantes,
brilhou através dos espaços aéreos a carruagem dos Filhos do Fogo, os Senhores da Chama
chegados de Vênus; deteve-se sobre a Ilha Branca, situada no mar de Gobi; era verde e
radiante com massas de flores fragrantes; a Terra oferecia o melhor e mais belo para dar as
boas-vindas ao seu Rei que chegava", o grande Ser conhecido como o Rei do Mundo, Sanat
Kumara, com seus três Ajudantes e o resto de Sua corte de auxiliares.
No Capítulo XIX já foi descrita esta corte e também a maior parte do que se conhece
do Rei e Seu trabalho neste mundo. Portanto, é necessário somente recapitular e ampliar o
que foi dito com referência especial à época da história do mundo de que agora tratamos.
A Doutrina Secreta, como vimos, falava d’Eles como projetando a chispa mental dentro
dos homens imentais, despertando dentro deles o intelecto. O significado disto é que Eles
atuaram como um estímulo magnético. Brilharam sobre as pessoas como o sol sobre as
flores, e as alçaram até Eles, permitindo-lhes desenvolver a chispa latente e individualizar-
se.
H. P. Blavatsky mencionou alguns dos “filhos da mente” como encarnando entre as
pessoas a quem procuravam ajudar. Os Senhores da Chama não encarnaram entre os
homens de modo corrente; H. P. Blavatsky se refere aqui aos Barhishads que ingressaram
nos corpos humanos correntes e que, desse modo, se converteram, por um tempo, em
parte da raça.
Mas se não fosse pela ajuda que generosamente nos brindaram estes grandes Líderes,
o mundo seria um lugar muito diferente hoje em dia. Sem Eles não só estariam milhões
ainda no reino animal (que se humanizaram sob o impulso que Eles deram), mas todo o
resto da humanidade se encontraria muito atrás da posição que agora ocupa.
Como a quarta ronda está especialmente destinada ao desenvolvimento do princípio
do desejo no homem, só na próxima ronda, a quinta, o homem tenderá a consagrar-se ao
151
desenvolvimento do intelecto. Entretanto, devido ao estímulo dado pelos Senhores da
Chama, o intelecto já se desenvolveu consideravelmente e, portanto, estamos uma ronda
completa adiantados de onde deveríamos estar, mercê da ajuda d’Aqueles.
Antes também vimos que Eles trouxeram abelhas, formigas e trigo à Terra.
Até a Chegada dos Senhores da Chama, as camadas ou embarques do Nirvana da
Intercadeia vinham separadamente; mas agora a fecundidade cresceu rapidamente, como
tudo o mais, e foram necessárias grandes frotas para trazer os egos para que habitassem os
corpos. Estes fluíram enquanto outros de tipos inferiores tomaram posse de todos os
animais com os germes mentais individualizados com a Chegada, e assim os Senhores da
Chama fizeram em um momento e por milhões o que agora nós fazemos, com muito
cuidado, por unidades.
Os Senhores da Chama chegaram à Terra na metade da terceira Raça-Raiz, depois da
separação dos sexos. O Diagrama XL ilustra a Chegada em sua relação com os outros
acontecimentos.
Parte do plano do Logos consiste em que, em certa etapa de sua evolução, a
humanidade deve iniciar sua própria guia, em vez de depender de entidades de outras
evoluções. Portanto, todos os Budas, Manus e Adeptos futuros serão membros da nossa
humanidade, os Senhores de Vênus marchando para outros mundos.
Pode-se notar aqui que a quantidade de Adeptos ou Mestres que retêm os corpos
físicos a fim de ajudar a evolução do mundo é, na atualidade, talvez de uns 50 ou 60 no
total.
152
Capítulo XXXV
A QUARTA RAÇA-RAIZ (ATLANTE)
Existe uma grande quantidade de informações disponíveis relativas à Quarta Raça-Raiz,
a Atlântica; o livro clássico sobre a questão, para nossos fins, é The Story of Atlantis and Lost
Lemuria, de W. Scott-Elliott. Esta obra contém também quatro mapas, que cobrem em geral
os seguintes períodos:
Mapa I, de cerca de 1.000.000 a 800.000 anos atrás.
Mapa II, de cerca de 800.000 a 200.000 anos atrás.
Mapa III, de cerca de 200.000 a 80.000 anos atrás.
Mapa IV, de cerca de 80.000 a 9.564 a.C.
Durante o período do primeiro mapa, a Atlântida se estendia uns poucos graus a Leste
da Islândia até próximo de onde agora é o Rio de Janeiro; abarcava o Texas, o Golfo do
México, os Estados do Sul e do Leste da América, Labrador, e daí até a Irlanda, Escócia e
uma pequena porção do norte da Inglaterra. Também ia do Brasil até a Costa do Ouro na
África.
O período do segundo mapa mostra a distribuição da Terra depois da primeira grande
catástrofe há uns 800.000 anos, na Idade Miocena. Grande parte do Norte do continente
submergiu, e o resto se dividiu muito. O crescente continente americano foi separado por
um abismo do resto da Atlântida, que então ocupava a grande parte da bacia atlântica,
desde uns 50° Lat. N. até uns poucos graus ao Sul do equador. Também tiveram lugar
consideráveis afundamentos e cataclismos em outras partes do mundo; as Ilhas Britânicas,
por exemplo, faziam parte de uma ilha enorme, que abarcava a península escandinava, o
Norte da França, todos os mares intermediários e alguns dos que as rodeavam.
O período do terceiro mapa mostra a superfície terrestre depois da segunda
catástrofe, há uns 200.000 anos; esta catástrofe, entretanto, foi relativamente muito menor
que a primeira. A Atlântida propriamente dita dividiu-se em uma ilha ao norte chamada
Ruta, e uma ilha ao sul chamada Daitya. Separaram-se as futuras Américas do Norte e do
Sul, o Egito submergiu, e a ilha escandinava se uniu à futura Europa.
O período do Quarto mapa mostra a superfície terrestre depois da estupenda
convulsão que ocorreu no ano 75.025 a.C. Daitya desapareceu quase inteiramente, Ruta se
reduziu à comparativamente pequena ilha de Posseidon, no centro do oceano Atlântico. De
um modo geral, a superfície terrestre era à época como hoje em dia, embora as Ilhas
Britânicas ainda estivessem unidas à Europa; não existia o Mar Báltico e o deserto do Saara
era um oceano.
Posseidon submergiu finalmente no ano 9.564 a.C. O manuscrito Troano, que parece
escrito há uns 3.500 anos, entre os Maias do Yucatã, traduzido por Le Plongeon, dá a
seguinte descrição do afundamento de Posseidon:
"No ano 6 Kan, ou 119 Muluc do mês Zac, ocorreram terríveis terremotos, que
continuaram sem interrupção até o 139 Chuen. O país das colinas de barro, a Terra de Um,
foi sacrificada: duas vezes se elevou e de repente desapareceu durante a noite enquanto
era continuamente sacudida por forças vulcânicas. Estas, unidas, fizeram com que a Terra
153
afundasse e se elevasse várias vezes e em distintos lugares. Por fim a superfície cedeu e dez
países se partiram e dispersaram. Incapazes de resistir à força das convulsões, afundaram,
com seus 64.000.000 de habitantes, 8.060 anos antes que fosse escrito este livro."
Além das quatro grandes catástrofes mencionadas, houve muitas outras catástrofes
menores. Os reis e sacerdotes iniciados, seguidores da "boa lei", estavam a par das
calamidades pendentes. Portanto, cada um se converteu em centro de advertência
profética e, em última instância, em líder de um conjunto de colonos.
Os nomes das 7 sub-raças são os seguintes:
1. Ramoahal.
2. Tlavatli.
3. Tolteca.
4. Turânia.
5. Semitas originais.
6. Acadiana.
7. Mongólica.
Com exceção das duas primeiras, os nomes escolhidos foram os que os etnólogos
deram aos vestígios destas sub-raças, ou partes delas, que eles encontraram. As duas
primeiras receberam os nomes com que se autodenominaram.
155
Entretanto, no caso da quarta Raça-Raiz, parece que não foi até o tempo da sétima
sub-raça lemuriana que a humanidade esteve suficientemente desenvolvida para garantir a
escolha final dos indivíduos aptos para se converter nos pais da nova Raça-Raiz.
A raça ramoahal veio à existência entre 4 e 5 milhões de anos atrás. Ainda existia
muito da Lemúria e a Atlântida não havia ainda atingido o tamanho que a esse tempo
possuía. A raça ramoahal nasceu na Lat. 7° N e Long. 5° O, em um lugar que agora é a Costa
de Ashanti. Era um país quente e úmido, onde viviam enormes animais antediluvianos, em
pântanos com canaviais e bosques úmidos; os restos fósseis dessas plantas se encontram
agora nas veias carboníferas.
A raça era a princípio de cor negra ou acaju. Tinham de 3 a 3½ m de altura, diminuindo
gradualmente sua estatura através dos séculos.
Afinal emigraram para as costas superpovoadas da Atlântida, onde lutaram contra as
sub-raças lemurianas sexta e sétima. Alguns deles se radicaram, casando-se com os
lemurianos negros. Outros chegaram aos promontórios do extremo Nordeste contíguos à
Islândia; ali clarearam gradualmente sua cor e há um milhão de anos eram plausivelmente
ruivos.
A ocupação destas terras sofreu interrupções, porque a intervalos foram compelidos a
se deslocar para o Sul pelas épocas glaciais. A cada 30.000 anos ocorre uma época glacial
menor; ademais, há épocas maiores, uma das quais esteve em processo há uns 3 milhões
de anos.
Os Ramoahals, por serem os filhos da nova raça, eram incapazes de desenvolver plano
algum de governo fixo, e tampouco chegaram a um ponto tão elevado de civilização como a
sexta e a sétima sub-raças lemurianas. Portanto, foram regidos pelo próprio Manu ou por
outros Adeptos ou Governantes Divinos.
O braquicéfalo, o espécime de cabeça redonda, conhecido como o homem Furzooz,
pode ser tomado como um termo médio excelente do tipo desta raça em sua decadência.
Os lapões modernos, com alguma infusão de outro sangue, são descendentes dos
restos dispersos e degradados dos ramoahals.
Tendo sido o governo dos ramoahals como foi descrito, preservou-se a lembrança de
seu Governador Divino, e a seu devido tempo Ele foi considerado como um deus. Sendo até
certo ponto psíquico, este povo adotou uma religião que, embora não fosse profundamente
filosófica, estava longe de ser insignificante. Em tempos posteriores esta fase da crença
religiosa entrou em uma espécie de culto dos antepassados.
Entre os ramoahals as artes e as ciências eram imperfeitas ao extremo.
156
Capítulo XXXVI
A SEGUNDA SUB-RAÇA ATLANTE: A TLAVATLI
Esta sub-raça surgiu em uma ilha situada a Oeste da costa da Atlântida, de onde se
estendeu pelo continente, tendendo gradualmente para o Norte até a costa que encontra a
Groenlândia.
Os indivíduos eram de cor vermelho-marrom, poderosos e robustos, mas não tão altos
como os ramoahals, a quem levaram mais ao Norte. Radicaram-se principalmente em
distritos montanhosos aproximadamente no setor que depois se converteu na ilha de
Posseidon.
Suas tribos ou nações eram governadas por chefes ou reis aclamados pelo povo por
serem os indivíduos mais poderosos ou os maiores guerreiros. Um considerável império
estabeleceu-se entre eles; seu rei era o chefe nominal, embora fosse mais um titular
honorário do que uma autoridade real.
Suas colônias se estenderam em todas as direções.
Uma mescla desta sub-raça e com a terceira - a tolteca - habitou as ilhas ocidentais
que depois fizeram parte do continente americano; também chegaram às costas do
extremo Sul, onde agora é o Rio de Janeiro. Outros ocuparam as costas orientais da ilha
escandinava, enquanto muitos outros chegaram à Índia, onde se mesclaram com os
lemurianos indígenas e formaram a raça dravídica.
Num período posterior ocuparam o Sul da América do Sul, de modo que os patagões
provavelmente tenham remotos antepassados tlavatlis.
Os restos desta sub-raça, como dos ramoahals, foram encontrados nos estratos
quaternários da Europa Central, e o homem "Cro-Magnon" dolicocéfalo pode ser tomado
como um espécime mediano da raça em sua decadência, enquanto os "Habitantes do Lago"
da Suíça formaram uma progênie mais primitiva e não cabalmente pura. Os únicos
espécimes de puro sangue da raça agora existente são alguns dos índios pardos da América
do Sul. Os nurmeses e siameses são uma mescla dos tlavatlis com uma das sub-raças da
Quinta Raça-Raiz (a ariana).
Os tlavatlis herdaram a tradicional reverência e culto ao Manu, mas seus instrutores
Adeptos lhes ensinaram a reconhecer um ser supremo cujo símbolo era o Sol. Assim
desenvolveram uma forma de culto solar, usando para esse fim os cimos das colinas, onde
construíram círculos de monólitos eretos. Estes simbolizavam o curso anual do sol e
também serviam a fins astronômicos, posicionados de modo tal que, para quem estivesse
no altar elevado, o sol se elevaria no solstício de inverno atrás de um dos monolitos, no
equinócio da primavera atrás de outro, e assim ao longo de todo o ano. Os círculos de pedra
eram utilizados também para observações astronômicas mais complicadas das constelações
mais distantes.
O Manu introduziu na sub-raça tlavatli algumas entidades do Globo D (a Lua) da Cadeia
Lunar, que se individualizaram na quarta e na quinta rondas lunares.
As artes e as ciências entre os tlavatlis eram extremamente imperfeitas.
157
Capítulo XXXVII
A TERCEIRA SUB-RAÇA ATLANTE: A TOLTECA
Esta sub-raça surgiu perto da costa ocidental da Atlântida em torno da Lat. 30° N. Todo
o país circundante e a maior parte da costa Oeste eram ocupados por ela. Os toltecas
depois se estenderam por todo o continente; seus imperadores reinavam quase
mundialmente desde a capital na costa oriental.
O povo era de uma bela cor marrom-avermelhado, mais vermelho ou acobreado que
os tlavatlis. Das primeiras três sub-raças se falou como sendo as raças "vermelhas", e das
quatro últimas como as raças "amarelas".
Os toltecas eram altos, com uma média de uns 2 ½ m durante sua ascensão, mas
depois decresceram até às dimensões usuais entre nós hoje em dia. O tipo era uma melhora
das duas sub-raças anteriores; os traços eram retos e bem definidos, e não se
diferenciavam dos gregos.
Esta sub-raça era um desenvolvimento magnífico, o mais esplêndido e imperial dos
povos atlânticos, e regeu toda a Atlântida durante milhares de anos com grande poder
material e glória. Eram tão dominantes e vitais que os produtos dos matrimônios com sub-
raças posteriores permaneceram toltecas em essência. De fato, até centenas de milhares de
anos depois os encontramos governando magnificamente no México e no Peru, muito antes
que seus degenerados descendentes fossem conquistados pelos mais ferozes astecas do
Norte.
A princípio estavam divididos em uma quantidade de pequenos reinos independentes
em guerra recíproca e com os lemuriano-ramoahals do Sul. Há cerca de um milhão de anos,
depois de grandes guerras, os reinos separados se uniram em uma grande federação
governada por um imperador.
O segundo destes imperadores foi o Manu que fundou a Cidade das Portas de Ouro, a
primeira de muitas cidades com esse nome. Também promoveu a encarnação, nessa época,
de uma quantidade de egos com corpos causais completos do Globo D (a Lua) da Cadeia
Lunar, que se individualizaram na quarta e na quinta rondas lunares.
Os toltecas, em virtude de sua grande superioridade, constituíram para este tempo a
raça governante, submetendo o resto do mundo. Entretanto, as classes inferiores não eram
de sangue tolteca puro.
Até mesmo na Cidade das Portas de Ouro só a aristocracia e a classe média eram
toltecas; as classes inferiores eram de ascendência mista, compostas em grande parte por
homens e mulheres feitos cativos nas guerras e reduzidos à servidão pelos toltecas.
Por esta época também chegou um grupo de “Servidores” (veja cap. XXV) que continha
certas características conhecidas nas Vidas de Alción, tais como Sírio, Orion e Leo. Alguns
destes foram de imediato reservados pelo Manu da Quinta Raça-Raiz, o Vaivasvata Manu,
como parte de Seus futuros colaboradores.
Daí porque H. P. Blavatsky fale da fundação da Quinta Raça-Raiz há um milhão de anos,
embora na realidade fosse conduzida fora da Atlântida somente no ano 79.997 a.C.
158
O grupo de Servidores, mencionado acima, formou depois o grupo com uma média de
1.200 a 1.000 anos de intervalo entre as encarnações.
No grupo de 1.200 anos estavam incluídos os egos que depois se converteram em
Mestres com corpos ingleses: Sir Thomas Moore e Philalethes ou Thomas Vaughan.
Outro grupo, de 700 anos, chegou à Terra apenas 400.000 anos depois.
Durante milhares de anos a dinastia divina governou a Atlântida, as ilhas do Oeste e a
porção sul da Terra localizada no Leste. Usualmente o poder passava de pai para filho, e a
dinastia, quando era necessário, recrutava elementos das Lojas de Iniciados.
Esta foi a era dourada dos toltecas, em que os governantes atuavam em harmonia com
a Hierarquia Oculta. O governo era justo e bom; eram cultivadas as artes e as ciências e,
com a ajuda do conhecimento oculto, excelentes resultados eram alcançados; a crença
religiosa e o ritual eram comparativamente puros; de fato, a civilização atlântica estava em
seu apogeu.
Depois de uns 100.000 anos desta era dourada, começou a degeneração. Muitos reis
tributários, bem como muitos sacerdotes e pessoas, começaram a usar suas faculdades e
poderes para engrandecimento pessoal, obtenção de riqueza e autoridade, humilhação e
ruína de seus inimigos e, em geral, para toda classe de finalidades egoístas e malévolas. Isto
conduziu à feitiçaria e à interrupção de sua conexão com a Hierarquia Oculta.
Esta profanação das faculdades psíquicas e dos conhecimentos científicos para fins
egoístas constitui a feitiçaria e esta, a "magia negra", que se estende rapidamente. Ao
retirar-se a guia espiritual superior, o principio do Kama (Desejo), que no curso natural das
coisas alcançará seu zênite nesta quarta raça, se afirma cada vez mais.
A luxúria, a brutalidade e a ferocidade cresceram e a natureza animal se aproximou da
sua expressão mais degradada.
Em determinado momento os seguidores das "artes negras" se lançaram numa
rebelião e impuseram um imperador rival que, depois de muitas lutas, afastou o imperador
branco de sua capital - a Cidade das Portas de Ouro - e se estabeleceu em seu trono.
O imperador branco transferiu-se para o Norte e se estabeleceu em uma cidade, sede
de um rei tolteca tributário, no Sul do distrito montanhoso. Os seguidores do imperador
branco se afastaram gradualmente dele; as facções hostis lutavam continuamente uma com
outra, e os poderes destrutivos dos exércitos se complementavam com o uso da feitiçaria.
Isto nos leva a uns 850.000 anos atrás; nesse tempo cada vez mais pessoas haviam
adquirido e praticavam as "artes negras". A Cidade das Portas de Ouro havia-se convertido
em antro da iniquidade, e as coisas iam de mal a pior.
O imperador do Norte, da mesma forma que os sacerdotes Iniciados de todo o
continente, estava plenamente consciente das catástrofes que se avizinhavam. Portanto,
cada um se converteu em centro de advertência profética e, em última instância, conduziu
uma emigração.
Em tempos posteriores os governantes do país se agravaram por estas emigrações
dirigidas por sacerdotes, como tendentes a empobrecer e despovoar seus reinos, e resultou
ser necessário embarcar-se secretamente à noite.
Há uns 800.000 anos ocorreu a primeira grande catástrofe; todo o continente se
desgarrou de forma terrível; todas as províncias foram convertidas pela maré em desolados
159
pântanos, e a Cidade das Portas de Ouro foi destruída. Assim caíram o imperador negro e
sua dinastia para sempre.
A terrível advertência foi levada muito em conta e por um tempo a feitiçaria arrefeceu;
mas a tendência para a sua prática voltou e prevaleceu cada vez mais.
Durante este período, Corona, que seria conhecido depois como Julio César, chegou da
Cidade das Portas de Ouro e conquistou a tribo tlavatli em que encarnaram alguns
membros dos grupos mencionados. Tratou benevolamente a tribo e ajudou-a,
incorporando-a ao império tolteca.
Continuaram chegando camadas de egos; a causa principal da separação das camadas
parecia ser o método de individualização (veja "O Corpo Causal", pág. 82) que causa
diferentes intervalos entre as encarnações.
As diversas classes de Homens Lunares e Homens-animal também se mantiveram
separadas uma da outra, como ocorreu com as cestarias.
Como se afirmou antes, a primeira camada do grupo de 700 anos chegou até o ano
600.000 a.C., nascendo entre os tlavatlis, incluindo: Surya, o chefe da tribo; Mercúrio, sua
esposa; Marte, o filho maior; e Heracles, uma filha. Marte depois se converteu em chefe da
tribo, tendo assim sua primeira experiência de caráter terreno.
Também por esse tempo, em torno de 600.000 a.C., o Chefe da Hierarquia promoveu a
encarnação de um grupo especial de 150 egos que em Vênus haviam sido animais favoritos
dos senhores da Chama, e fortemente ligados a Eles pelo afeto.
Individualizaram-se em Vênus e foram colocados no primeiro ou no segundo Raios.
Outro pequeno grupo, da terceira ronda, foi enviado a Mercúrio para uma especial
preparação para a primeira Raça-Raiz, e dali chegou à Terra neste tempo; assim se
computou os mencionados por H. P. Blavatsky, como chegando à Terra vindos de Mercúrio.
Deste tempo em diante, os grupos dos 1200 e 700 anos formaram o denominado “Clã”
e usualmente se mantiveram juntos. Todo o Clã encarnou junto na Cidade das Portas de
Ouro quando Marte era rei, no Peru quando era Imperador, no continente próximo à Ilha
Branca sob o Manu, e na segunda e terceira sub-raças nos começos e migrações, para citar
alguns dos muitos exemplos.
A Sociedade Teosófica é outro centro de reunião do Clã na atualidade.
Até o ano 220.000 a.C. Marte era o Imperador da Cidade das Portas de Ouro, com o
título de “Governante Divino”, transmitido pelos Iniciados dos tempos prístinos. Mercúrio
era o Sacerdote principal. Estes dois desceram juntos durante as eras, um sempre como o
Governante, o outro como o Mestre e o Sacerdote. Marte parecia sempre homem,
enquanto Mercúrio era às vezes mulher.
Foi nesta vida que Ulisses, à custa de sua própria vida, salvou a de Vajra, filho de
Marte. Como Ulisses morria, Marte disse-lhe: “Pelo sangue derramado por mim e pelos
meus, o vínculo entre nós jamais se romperá. Parte em paz, fiel servo e amigo”. O vínculo se
converteu no de Mestre e discípulo, indestrutível para sempre.
Quando os toltecas estavam em seu auge, o continente da Atlântida estava
provavelmente tão densamente povoado quanto a Inglaterra e a Bélgica está nos dias de
hoje, sendo então a população do mundo de uns 2.000 bilhões, em vez de, digamos,
1.200.000 a 1.500.000 como é na atualidade.
160
Depois que os toltecas emigraram principalmente para o Oeste, se espalharam e
floresceram onde agora é o continente americano. O império do Peru, sob seus soberanos
Incas, há uns 14.000 anos, pode ser considerado como um ego tradicional (embora débil) da
era dourada dos toltecas no continente-mãe da Atlântida.
O melhor representante dos toltecas é, hoje em dia, os índios peles-vermelhas norte-
americanos, embora não guardem comparação com o tolteca em seu apogeu.
Os toltecas forneceram a princípio um grande contingente de emigrantes que se
mesclaram com os habitantes do Egito, dominando-os.
Há uns 400.000 anos, estando então o Egito isolado e pouco povoado, uma Loja de
Iniciados, devido à dispersão das “artes negras” em seu próprio país, emigrou para o Egito,
e durante quase 200.000 anos realizou ali o seu trabalho.
Há cerca de uns 210.000 anos, a Loja Oculta fundou a primeira Dinastia Divina do Egito
e um império com a finalidade de criar o primeiro grande corpo de colonos.
Entre então e 200.000 anos antes foram construídas as duas grandes Pirâmides de
Gizeh, em parte para proporcionar salas permanentes de Iniciação, e em parte para que
atuassem como tesouro e santuário de algum grande talismã de poder durante a
submersão que os Iniciados sabiam que estava iminente.
É legítimo supor que o poder oculto era empregado para facilitar o deslocamento e
elevação de enormes pedras pesadas na Grande Pirâmide. Muitos milhares de anos depois
Cheops pôs seu nome em uma das Pirâmides.
Há uns 200.000 anos o Egito foi coberto pelas águas e permaneceu assim durante um
período considerável. Quando emergiu novamente, povoou-se uma vez mais com os
descendentes de seus antigos habitantes, que haviam encontrado refúgio nas montanhas
abissínias, e com novos grupos de colonos atlânticos de diversas partes do mundo. Uma
considerável imigração da sexta sub-raça (a acadiana) ajudou a modificar o tipo egípcio.
Esta foi a era da segunda Dinastia Divina do Egito, e outra vez os governantes foram
Adeptos Iniciados.
A expansão da magia negra levou à segunda catástrofe, no ano 200.000 a.C., quando o
grande continente se reduziu às duas ilhas de Ruta e Daitya.
Durante os seguintes 100.000 anos floresceu o povo da Atlântida, construindo uma
civilização poderosa e super luxuosa. A capital foi uma vez mais a Cidade das Portas de
Ouro: uma dinastia tolteca subiu novamente ao poder, na ilha de Ruta, e governou uma
grande parte da ilha. A ilha também era dedicada à magia negra.
No entanto, deve-se ter presente que até o fim, quando Posseidon foi destruída no
ano 9.546 a.C., um imperador Iniciado ou rei, ou ao menos alguém que reconhecia a "boa
lei", reinou em alguma parte do continente-ilha, instruindo a minoria "branca" e
controlando, o quanto fosse possível, os feiticeiros do mal. Em tempos posteriores o rei
"branco" era escolhido, como regra geral, pelos sacerdotes.
Os membros do Clã às vezes nasciam em famílias praticantes da arte negra, às vezes
aderindo e outras repudiando tal prática.
Um incidente de particular interesse pode ser resumido aqui.
Há uns 100.00 anos, Corona era Imperador Branco da grande cidade, Marte um de
seus generais, Heracles a esposa de Marte. Foi tramada uma grande rebelião encabeçada
161
por Oduarpa, homem de conhecimentos estranhos e maus, "Senhor da Face Escura", aliado
ao “Reino de Pan” com criaturas semi-humanas, semianimais, origem dos sátiros gregos.
Oduarpa reuniu em torno de si, como Imperador do Sol da Meia-noite, um enorme exército.
Estabeleceu um culto, em que ele era o ídolo central, que era sensual, dissoluto e reunia os
homens por satisfação animal. Frente à Cova Branca da Iniciação, na Cidade das Portas de
Ouro, criou-se a Cova Escura dos Mistérios de Pan, o Deus da Terra, em cavernas nas
profundidades da Terra.
Oduarpa, astuto e ambicioso, estava à frente da Federação dos reinos circundantes, a
qual se formou contra o Imperador Branco. Mediante seu pacto com os habitantes do
inferno, estendeu anormalmente sua vida, e materializou uma capa metálica à volta de seu
corpo, que o tornava imune às lanças e aos golpes de espada.
Alción, que instintivamente evitava as práticas negras e suas orgias, foi seduzido a
tomar parte delas mediante os encantos de uma donzela, Cygno. Seguiu-se uma onda de
selvagerismo e ebriedade. Da Terra emergiu um selvagem bando de bípedes peludos, de
longos braços, pés com garras, com cabeças de animais, horripilantes em sua semelhança
humana. Deram aos participantes da orgia bebida e unguentos que os fizeram cair ao solo
drogados e sem sentidos.
Formas animais, materializações astrais surgiram ferozes e inconscientes como os
animais, cruéis e astutas como os homens, ingressando no mundo exterior cheias de
luxúria, grunhindo e devorando, para retornar às formas humanas novamente quando a
orgia terminava.
Por meio desses ritos Oduarpa obteve firme domínio sobre o povo e ganhou grande
poder também sobre o reino subumano. Ele tinha uma guarda pessoal integrada por seus
animais mágicos, formas do desejo, materializadas em corpos físicos, que liberaria diante de
seus inimigos na batalha: lutavam com garras e dentes, espalhavam o pânico entre as
hostes confusas e engoliam os cadáveres massacrados.
A batalha decisiva foi travada contra as forças Brancas na Cidade das Portas de Ouro;
Marte foi morto pelo próprio Oduarpa, Heracles foi capturado e esquartejado por horríveis
animais. Oduarpa se converteu no Imperador da Cidade das Portas de Ouro, mas não por
muito tempo. Veio contra ele o Vaivasvata Manu com um grande exército, destruiu os
animais de Pan criados artificialmente, dispersou o exército de Oduarpa e o matou.
Outra vez se estabeleceu na Cidade, agora purificada, o governo do Imperador Branco,
porém o mal recuperou poder de novo, lentamente, até que Oduarpa, agora reencarnado,
lutou contra as forças Brancas, as derrotou e assumiu o trono. Por isso o Chefe da
Hierarquia pronunciou a sentença, como expressa o Comentário Oculto: o "Grande Rei da
Face Ofuscante" - o Imperador Branco - enviou a seus Chees irmãos: "Preparai-os. Levantai-
os, oh homens da Boa Lei, e cruzai a Terra enquanto está seca." Elevou-se o "Cetro dos
Quatro" - os Kumaras. "Soou a hora; a negra noite está pronta."
Os "serventes dos Quatro Grandes" avisaram a seu povo, e muitos escaparam. Seus
Reis os alcançaram em seus Virnánas (aeroplano) e os levaram às terras do fogo e do metal
(ao Leste e ao Norte).
Explosões de gás, inundações e terremotos destruíram Ruta e Daitya, e só subsistiu
Posseidon. Esta foi a catástrofe do ano 75.025 a.C.
162
Nesta catástrofe o Egito submergiu outra vez, porém nesta ocasião foi apenas uma
onda temporária. O povo subiu nas Pirâmides em busca de segurança, mas não conseguiu
devido à lisura de suas faces. Quando a inundação se retirou, passou a governar a Terceira
Dinastia Divina, a mencionada por Manetho, e sob seus primeiros reis foram construídos o
Templo de Karnak e muitos antigos edifícios que ainda existem no Egito. Com exceção das
duas Pirâmides, nenhum edifício do Egito tem mais de 80.000 anos.
Nesta catástrofe os Himalayas se elevaram um pouco mais, submergiu a Terra ao Sul
da Índia, o Egito foi inundado e só ficaram de pé as Pirâmides. Desapareceu a língua de
terra que se estendia do Egito até o que agora são Marrocos e Argélia, e ambos os países
ficaram como uma ilha, banhada pelo Mediterrâneo e o Mar do Sahara. O Mar de Gobi se
tornou circular, elevou-se a terra que agora é a Sibéria, ficando separada do Oceano Ártico;
surgiu a Ásia Central, e muitas torrentes, provocadas por chuvas sem precedentes, abriram
profundos sulcos na Terra.
Outra grande maré varreu o Egito quando Posseidon submergiu no ano 9.564 a. C. Isto
foi também temporário, mas pôs fim à Dinastia Divina do Egito, pois a Loja dos Iniciados
transferiu seus quartéis para outras terras.
Em Posseidon a população estava mesclada; dois reinos e uma pequena república, no
Oeste, dividiam a ilha entre eles; a parte do Norte era governada por um rei Iniciado. No Sul
também o princípio hereditário havia cedido lugar à eleição popular. Num extremo havia
dinastias raciais exclusivas, porém ocasionalmente subiam ao poder reis de sangue tolteca
no Norte e no Sul, embora o Norte constantemente perdesse território para o Sul.
163
CAPÍTULO XXXVIII
A CIVILIZAÇÃO DA ATLÂNTIDA
O estudante entenderá prontamente que a história da Raça Atlante, como a da Raça
Ária, foi salpicada de períodos de progresso e decadência. As eras de cultura foram seguidas
por tempos sem lei, durante os quais se perdeu todo o desenvolvimento científico e
artístico; por sua vez, estes períodos foram seguidos por civilizações que alcançaram níveis
ainda mais altos.
Portanto, a descrição seguinte se aplica evidentemente aos períodos de cultura; e
embora isto de não se aplique exclusivamente a qualquer sub-raça, pode se aplicar
principalmente à grande civilização tolteca, a principal de todas as civilizações atlânticas.
O governo era autocrático e, sob os Reis Divinos, nenhum sistema poderia ter sido
mais feliz para o povo. Era planificado pelos sábios para beneficio de todos, e não por
classes especiais para seu próprio proveito. Daí que a comodidade geral fosse imensamente
superior à de civilizações modernas. Os governadores eram responsáveis pelo bem-estar e
felicidade de suas províncias; o crime e a fome eram imputados à sua negligência e
incapacidade. Os governantes eram extraídos principalmente das classes superiores, mas a
qualificação necessária era considerada mais pela atitude do que pela classe. O gênero não
desqualificava para ofício algum no Estado.
Praticava-se a música, porém era tosca, e os instrumentos, muito primitivos. Todos os
atlantes eram afeitos à cor. Suas casas eram decoradas com muito brilho, tanto nas partes
internas como nas externas.
Entretanto, jamais se estabeleceu a arte pictórica, embora houvesse algum gênero de
desenho e pintura. Era amplamente praticada a escultura, alcançando grande excelência.
Era costume que todos os homens que pudessem colocassem uma imagem sua em um
dos templos. As imagens eram talhadas em madeira ou pedra negra dura como basalto, ou
mesmo em auricalco, ouro ou prata. O resultado era uma bela semelhança com o indivíduo,
às vezes notável.
A arquitetura era a arte mais vastamente praticada; os edifícios eram maciços e de
proporções gigantescas. As casas eram construídas separadas, mesmo nas cidades; às vezes
quatro blocos rodeavam um pátio central, no meio do qual havia uma fonte.
Um traço característico das casas toltecas era a torre que surgia de um dos rincões ou
do centro de um dos blocos. Uma escada externa em espiral conduzia aos andares
superiores, e uma cúpula acuminada rematava a torre, que às vezes se empregava como
observatório. Algumas casas eram adornadas com esculturas, afrescos e pinturas. As janelas
eram providas de um material similar ao vidro, porém menos transparente. Os interiores
eram mobiliados sem excessos de esmero; não obstante, a vida era altamente civilizada em
seu gênero.
Os templos eram enormes salas, até mais estupendos que os do Egito. Os pilares que
sustentavam o teto eram quadrados ou, às vezes, redondos. Na época da decadência as alas
eram rodeadas de inumeráveis capelas que continham estátuas dos habitantes mais
importantes; o culto cerimonial das imagens era realizado por sacerdotes dedicados a essa
164
finalidade. Os templos também tinham suas torres e cúpulas, que eram utilizadas para o
culto solar e como observatórios.
O interior dos templos era incrustado, ou mesmo folheado a ouro e outros metais
preciosos; estes metais eram obtidos por transmutação; esta era uma empresa industrial
privada com a qual os alquimistas ganhavam a vida. O ouro, por ser mais admirado que a
prata, era produzido em quantidade muito maior.
O ouro, a prata e o auricalco eram os metais mais utilizados na decoração e nos
utensílios domésticos. As armaduras eram vistosamente incrustadas com estes metais e
eram utilizadas somente em desfiles e cerimônias, amiúde confeccionadas inteiramente
com metais preciosos; em tais ocasiões se usavam capacetes, couraças e grevas sobre as
túnicas, além de meias de cores brilhantes: escarlate, alaranjado e púrpura.
O comércio era feito em local reservado, salvo quando aconteciam grandes feiras
públicas nos espaços abertos das cidades.
Há uns 800.000 anos o tolteca era o idioma universal, embora em distritos remotos
subsistissem restos das línguas ramoahal e tlavatli. Todos os idiomas eram aglutinativos. Em
todas as eras o idioma tolteca permaneceu puro e sobreviveu, com leves alterações,
milhares de anos depois no México e no Peru.
Todas as escolas eram mantidas pelo Estado; a educação primária era obrigatória, mas
ler e escrever não era considerado necessário para os trabalhadores dos campos ou
artesãos. As crianças com aptidão eram recrutadas aos 12 anos de idade em escolas
superiores, onde se ensinava agricultura, mecânica, caça e pesca, etc., de acordo com o
mais indicado para cada criança. Um importante ramo de estudos eram as propriedades
dos planetas e suas qualidades curativas; não havia médicos oficiais, porém cada homem
sabia um pouco de medicina, bem como de cura magnética.
Também se ensinava química, matemática e astronomia; o objetivo era desenvolver as
faculdades psíquicas e a instrução do estudante nas forças naturais ocultas.
Nesta categoria estavam incluídas as propriedades ocultas das plantas, os metais e as
pedras preciosas, como também a transmutação alquímica. Com o transcurso do tempo se
ocuparam principalmente em desenvolver o poder pessoal, que Bulwer Lytton chamou vril,
e a operação do que com grande minuciosidade descreveu em The Coming Race.
Com o advento da decadência, as classes dominantes monopolizaram as faculdades
educacionais, sem considerar a aptidão natural.
Por carecer do sentido do abstrato, os atlantes eram incapazes de generalizar; por
exemplo, não tinham tabuada de multiplicação; para eles a aritmética era um sistema
mágico em que uma criança devia aprender regras detalhadas sem saber jamais a razão
delas. Assim deviam ser memorizados quatro conjuntos de regras de magia matemática
para cada combinação de números de 1 a 10, para somar, subtrair, multiplicar e dividir. No
entanto, a maioria dos cálculos eram realizados com ábaco, de modo parecido ao usado
atualmente pelos chineses e japoneses.
Os atlantes eram inteligentes na acumulação de fatos e sua memória era prodigiosa. O
uso habitual da clarividência lhes permitia observar os processos da natureza, ora invisíveis
para a maioria, de modo que a ciência adiantava muito, e suas aplicações às artes e ao
artesanato eram também numerosas e úteis.
165
Tinham o conhecimento das forças, que hoje em dia se perdeu. Uma destas forças se
empregava para impulsionar naves aéreas e aquáticas; outra para mudar a força atrativa da
gravidade em força repulsiva, de modo que era facílimo elevar pedras gigantescas a
elevadas alturas. A mais sutil destas forças não se aplicava à maquinaria, mas se controlava
mediante o poder volitivo, utilizando o mecanismo cabalmente compreendido e
desenvolvido do corpo humano.
A agricultura recebia muita atenção; realizavam-se experimentos de cruzamento de
animais e plantas. Por exemplo, o trigo era cruzado com ervas indígenas da terra e produzia
aveia e outros de nossos cereais. Menos satisfatórias foram as tentativas de produzir vespas
a partir de abelhas, e formigas brancas a partir de formigas. De um melão alongado, com
polpa muito escassa, e cheio de sementes, produziram a banana.
Entre os animais domesticados tinham criaturas parecidas a tapires muito pequenos,
que se alimentavam de raízes ou ervas, ou com o que estivesse ao seu alcance, como o
porco moderno. Também tinham grandes animais felinos e antepassados do cão.
Seus carros eram arrastados por criaturas similares aos camelos; as lhamas do Peru
provavelmente descenderam delas. Os ancestrais do alce irlandês vagavam pelas colinas,
algo selvagens, porém sob o controle humano.
Utilizava-se o calor artificial e as luzes coloridas no cruzamento e inter-reprodução de
diferentes classes de animais a fim de facilitar o processo.
Trabalhavam especialmente com formas anfíbias e reptiloides que, ao final do
processo, estavam aptas para assumir o tipo mais avançado de ave ou mamífero. Atuando
em cooperação com o Manu, de Quem se originaram todas as melhoras quanto ao tipo,
criaram os animais domésticos como o cavalo. Mas quando surgiu a guerra e a discórdia, ao
fim da Era Dourada, os homens passaram a devorarem-se uns aos outros, e os animais,
deixados a si mesmos, seguiram o exemplo, devorando-se também uns aos outros. De fato,
os homens haviam treinado alguns para a caça; assim, do gato semidoméstico descendeu o
leopardo e o jaguar. Parece que o leão deveria ser mais manso e servir nos trabalhos de
tração, se os homens houvessem cumprido a tarefa que o Manu lhes confiara.
Se os homens tivessem cumprido o seu dever, é muito admissível que não tivéssemos
mamíferos carnívoros.
A Cidade das Portas de Ouro situava-se na costa Leste, a uns 15° Norte do Equador, e
era rodeada de bosques, como um parque, no qual se achavam dispersas as residências das
classes mais ricas. A Oeste havia uma cordilheira, de onde provinha o abastecimento de
água. A cidade foi construída nas encostas de uma colina a uns 150 metros de altura. No
cimo da colina ficava o palácio do imperador e seus jardins, no centro dos quais manava
uma corrente de água que servia ao palácio e às fontes dos jardins, e depois fluía nas quatro
direções, caindo em cascatas dentro de um fosso que rodeava os terrenos. Deste fosso,
quatro canais levavam a água, através dos quatro bairros da cidade, a cascatas que, por sua
vez, serviam a outro canal circular. Havia três desses canais concêntricos; o mais baixo
ficava ainda acima do nível da planície. No nível mais baixo, um quarto canal, em um plano
retangular, recebia as águas e as descarregava no mar (veja o Diagrama XLII).
A cidade se estendia até a borda do canal mais exterior, que era de uns 20 por 16
quilômetros.
166
A parte mais alta dos três cinturões, em que se dividia a cidade, continha: uma pista de
corridas circular, jardins públicos, a maioria das casas dos dignitários da corte, e a "Casa dos
Estrangeiros". Esta última era um palácio onde ficavam os estrangeiros, como hóspedes do
governo, durante o lapso que devessem permanecer.
Os outros dois cinturões eram ocupados pelas casas dos habitantes e os diversos
templos.
Nos tempos da grandeza tolteca não havia pobreza, até os escravos eram alimentados
e vestidos. No entanto havia algumas casas comparativamente pobres no cinturão mais
baixo para o Norte, como também fora dos canais mais exteriores, até o mar, onde os
habitantes se dedicavam principalmente à navegação, e suas casas eram todas muito
juntas. Por essa época, a Cidade das Portas de Ouro abrigava mais de dois milhões de
habitantes.
Também era conhecida como a Cidade das Águas, devido ao seu magnífico sistema de
abastecimento; era a mais delicada de todas que até então existiram em qualquer época. A
água vinha de um lago a Oeste, numa elevação de uns 792 metros. O principal aqueduto, de
corte oval, de uns 15 por 9 m, levava sob a terra até um enorme depósito em forma de
coração, bem debaixo do palácio. Do depósito, um poço perpendicular de uns 153 m, que
atravessava a rocha, dava passagem à água que manava nos terrenos do palácio. Do
depósito central também corria canalização para diferentes partes da cidade, que distribuía
a água potável e alimentava as fontes. Havia válvulas para controlar as diversas partes do
abastecimento. A pressão hidrostática era muito alta e, consequentemente, a resistência do
material utilizado nos aquedutos devia ser enorme.
Outras cidades, nas planícies, eram protegidas por imensos taludes, recobertos no
exterior com grossas placas de metal, que formavam dessa maneira uma barreira
praticamente intransponível contra lanças ou flechas.
As classes mais poderosas utilizavam naves aéreas que levavam seis ou oito pessoas.
Em tempos posteriores, de guerra e luta, construíram naves aéreas gigantescas que
substituíram os navios de guerra, e que transportavam 50 ou até 100 combatentes.
As primeiras foram construídas com madeira muito fina, fortalecidas pela injeção de
alguma substância que não aumentava o peso, mas incrementava grandemente a dureza.
Depois utilizaram dois metais brancos e um vermelho que resultava em uma liga branca
como o alumínio, porém mais leve. Esta liga metálica se modelava em matrizes e se soldava
onde fosse necessário, produzindo-se uma superfície sem costura e perfeitamente polida
que brilhava no escuro como se estivesse coberta por uma pintura luminosa. Tinham
formas similares a botes, com pisos e mecanismos de propulsão e direção em cada
extremo. Das naves deixavam cair bombas cheias de um pesado gás venenoso; a isto se faz
alusão nas grandes epopeias e nos Puranas dos hindus.
A princípio as naves eram propelidas com vril, o poder pessoal; este foi substituído por
uma força, gerada de maneira desconhecida, que operava através de um mecanismo. A
força era etérica e o gerador ficava em uma pesada caixa metálica no centro da nave. A
força fluía através de dois grandes tubos flexíveis em cada extremo da nave, e também
através de oito tubos subsidiários fixados antes e depois dos baluartes com aberturas que
apontavam para cima e para baixo.
167
Para elevar a nave, a força era projetada para baixo através das aberturas dos tubos,
impactando sobre a terra com força suficiente para conduzir a nave para cima; o ar atuava
como apoio. Para conduzir a nave para frente, a força era projetada para baixo a 45°,
mantendo-se assim a elevação e impelindo a nave.
O manejo também se fazia por meio da força projetada pelos tubos. A velocidade
máxima era de uns 160 km por hora, e o curso era o de longas ondas num plano vertical.
Viajavam a apenas poucas centenas de pés do solo, pois o ar rarefeito das alturas maiores
era insuficiente para proporcionar o ponto de apoio necessário; contudo podiam cruzar
colinas que superavam 305 m de altura.
Lutavam contra outras naves inimigas utilizando a força para alterar seu equilíbrio e
derrubá-las. Também tinham naves marinhas impulsionadas por algum poder análogo, mas
a força corrente mais efetiva tinha uma aparência mais densa que a usada nas naves aéreas.
Possuíam uma boa quantidade de maquinarias complicadas, embora devêssemos
considerá-las desajeitadas em sua maioria. Um traço curioso de suas limitações aparece na
religião que os egípcios herdaram deles. Tinham nomes para a maioria dos tipos de essência
elemental e espíritos da natureza, e feitiços especiais para cada um, pelos que podiam ser
controlados. Aprendiam isto em detalhe, sem compreender jamais que a força
sustentadora dos feitiços era em cada caso a vontade humana, que teria sido igualmente
efetiva sem feitiço algum. O Livro dos Mortos contém muitos feitiços e só a parte que se
pensava que cada defunto necessitaria ter mantida junto ao seu cadáver na tumba.
Em diversas épocas a poligamia era praticada por todas as sub-raças; a lei autorizava
duas esposas aos toltecas, mas era muito habitual a monogamia. Em todo sentido se
considerava que as mulheres eram iguais aos homens; muitas delas eram superiores aos
homens no uso do poder do vril. Praticava-se a coeducação, e as mulheres participavam do
governo, representando às vezes o imperador Adepto como soberanas locais.
A escrita era efetuada sobre delgadas lâminas de metal com uma superfície branca que
parecia porcelana. Obteve-se a reprodução da escrita submergindo ouras folhas de metal
em um líquido, colocando-as depois sobre o escrito original.
Os atlantes comiam carne, mas desdenhavam as partes que usualmente comemos,
consumindo as porções que descartamos, como as entranhas. Também bebiam o sangue
dos animais, ainda quente, e também preparavam pratos com ele.
Também se consumia pescado, com frequência em avançado estado de
decomposição. Comiam pão e pastéis de cereais, leite, frutas e legumes. Como bebida, se
utilizava muito o suco de frutas. Entretanto, os reis Adeptos e imperadores, assim como os
sacerdotes iniciados, eram inteiramente vegetarianos, enquanto que alguns dos dignitários
da corte comiam carne furtivamente.
Em uma época esteve muito em voga um líquido fermentado muito potente, mas
depois foi proibido por lei.
Os ramoahals e os tlavatlis usavam espadas, lanças, arcos e flechas, com que caçavam
mamutes com longa pelagem de lã, elefantes e hipopótamos. Também abundavam os
marsupiais, bem como criaturas metade répteis, metade mamíferas, outras metade répteis
e metade aves.
168
Em tempos posteriores se aperfeiçoaram grandemente os explosivos. Alguns
explodiam por choque, outros pelo que agora chamamos detonador, porém a morte não
era resultado do impacto de balas, mas da liberação de algum gás venenoso. Tão poderosos
eram os meios de destruição que companhias inteiras de homens eram mortas com gás
venenoso, liberado por bombas que explodiam acima de suas cabeças, lançadas por uma
espécie de palanca.
Também tinham armas que lançavam feixes de flechas com pontas ígneas, e muitas
outras, construídas por homens versados nos ramos superiores do conhecimento científico.
Muitas destas coisas estão descritas nos antigos livros dos hindus e afirma-se que foram
recebidas de algum Ser superior. O conhecimento requerido para a sua construção nunca se
vulgarizou.
Durante as primeiras três sub-raças, se desconhecia a moeda do estado, mas se
utilizavam peças de metal ou couro estampadas como moeda, perfuradas no centro, e
costumava-se levá-las enfiadas num fio como uma grinalda. Cada homem confeccionava
seus próprios discos e os utilizava como usamos as promissórias, sendo permitido fabricar
somente a quantidade que pudesse ressarcir mediante a transferência de bens em seu
poder. As fichas não circulavam como moeda, se bem que quem as possuía podia, mediante
a clarividência (que todos possuíam até certo ponto), estimar com precisão os recursos de
alguém de quem receberam fichas. Mais tarde Posseidon usava um sistema algo parecido à
nossa moeda, estampando no dinheiro a gravura de uma tríplice montanha visível desde a
grande capital do Sul.
Os ramoahals e os tlavatlis, que viviam principalmente da caça e da pesca, não
necessitavam de um sistema agrário, embora os tlavatlis tivessem um sistema de cultivo
comarcão.
O incremento demográfico e de civilização nos primeiros tempos toltecas tornou
necessário um sistema de possessão agrária; mas, em grande parte devido à excelência
deste sistema, eram inexistentes a pobreza e a necessidade. A totalidade da terra e sua
produção, assim como a fazenda, eram consideradas pertencentes ao imperador. O rei ou
vice-rei de cada distrito era responsável, em seu próprio distrito, pelas experiências de
cultivo, colheita, pastoreio e agricultura. Seus conselheiros agrícolas eram versados em
astronomia, e aproveitavam plenamente as influências ocultas sobre a vida vegetal e
animal. Podiam produzir chuvas à vontade e até neutralizar os efeitos de uma época glacial.
Aqui podemos mencionar, entre parêntesis, que há uns 50.000 anos, durante a
ascendência tolteca, houve uma época glacial que desolou a maior parte da Atlântida.
Durante o inverno, os habitantes do Norte foram forçados a emigrar para o distante Sul do
cinturão de gelo, regressando aos seus acampamentos a fim de casar durante o verão.
Voltando à agricultura, calculava-se devidamente o dia correto para cada atividade,
supervisionando-se cada detalhe. Cada distrito consumia usualmente sua própria produção,
embora às vezes ocorresse um intercâmbio com outros distritos.
Após separar uma pequena quota para o imperador e o governo central, a produção
de todo o distrito era dividida entre os habitantes; o vice-rei local e seus funcionários
recebiam uma porção maior, mas cada um recebia o suficiente para assegurar a
manutenção de sua incumbência e a satisfação de suas próprias necessidades.
169
Do aumento da produção, agrícola ou mineral, participavam todos,
proporcionalmente. Depois de um longo período de exitoso funcionamento, este sistema
declinou, aparecendo a negligência, o egoísmo e o luxo desmedido.
Uma causa particular de descontentamento foi que a classe superior, cujas faculdades
físicas estavam devidamente desenvolvidas, delegou aos seus subordinados menos
treinados a tarefa de selecionar as crianças para a educação técnica superior. Assim se
cometeram muitos erros, e as pessoas se viram atadas por toda a vida a ocupações
inapropriadas e incompatíveis.
Nos tempos posteriores de Posseidon, o sistema original de possessão agrícola cedeu
lugar ao da propriedade individual como o dos dias de hoje.
Sobreviveu um resto do sistema rural original até a época dos Incas do Peru, há uns
14.000 anos. Toda a terra foi conferida ao Inca, e a metade dela, designada a quem a
cultivava; a outra metade, em proporções iguais, ao Inca e aos sacerdotes que adoravam o
sol.
Com sua parte, o Inca mantinha o exército, as estradas e toda a máquina
governamental que estava em mãos de uma classe especial, representante de uma cultura
e civilização muito mais adiantada que a grande massa do povo.
Com sua quarta parte, o produto das "terras do sol", os sacerdotes mantinham, junto
com o culto público, toda a educação popular em escolas e colégios, como também todos
os enfermos e inválidos, concedendo pensão a todos os maiores de 45 anos, quando se
considerava apropriado o ócio e o desfrute.
No tempo dos toltecas, quando governava um imperador Adepto, havia um sacerdócio
que constituía uma imensa fraternidade oculta, e começou a progredir na Senda oculta.
Certamente estes eram poucos, pois as massas estavam muito atrasadas no
desenvolvimento espiritual. Foi adotado o culto do sol; os de mentalidade espiritual
consideravam o sol como um símbolo; os ignorantes não podiam ver nada além de um
símbolo externo. Em toda a Atlântida foram erigidos magníficos templos para o sol e o culto
do fogo, especialmente na Cidade das Portas de Ouro.
Não se permitia imagem alguma da Deidade, e o disco solar era considerado o único
emblema apropriado; era costume se colocar um disco dourado para receber os primeiros
raios do sol nascente no equinócio de primavera ou no solstício de verão.
Este sistema religioso sobrevive no culto Shinto no Japão, embora haja diferença entre
as magníficas decorações dos templos da Atlântida e os templos Shinto delicadamente
terminados em madeira lisa, sem tauxia, pintura ou outra decoração.
Mais tarde foi colocada nos templos a imagem arquetípica de um homem para ser
adorado como a suprema representação do divino.
Entretanto, chegaram os tempos do mal, quando a raça foi aniquilada no abismo do
egoísmo. Decaiu a ideia ética e isso conduziu à perversão do espiritual. Cada homem lutava
por si e usava seu conhecimento com fins egoístas. O Livro de Dzyan descreve graficamente
a cena: "Então a Quarta se expandiu em seu orgulho. Disseram: Somos os reis; somos os
Deuses.” Construíram cidades enormes. Construíram com raras terras e metais, e
vomitaram fogo; da pedra branca das montanhas e da pedra negra cortaram suas próprias
170
imagens segundo seu tamanho e semelhança, e as adoraram... A apoteose do eu não podia
prosseguir.
Além do sol, os sacerdotes conheciam e custodiavam outros símbolos; um destes era o
conceito de uma Trindade na Unidade.
As Trindades de significado muito sacro jamais foram divulgadas ao povo, mas a
Trindade personificadora dos poderes cósmicos do universo como Criador, Preservador e
Destruidor, foi conhecida do público, de maneira irregular, nos tempos turanianos. Esta
ideia foi mais materializada e degradada ainda pelos semitas em uma Trindade
estritamente antropomórfica constituída pelo pai, a mãe e o filho.
Na época turaniana teve lugar outro desenvolvimento. Com a prática da feitiçaria,
muitos conheceram a existência de elementais poderosos, convocados ou animados por
suas próprias vontades poderosas. Os homens haviam se degradado tanto que em
realidade passaram a adorar estas criaturas semiconscientes de seu próprio pensamento
maligno.
O ritual estava manchado de sangue desde o começo; cada sacrifício dava vitalidade a
estas criações vampirescas; algumas delas se tornaram com isso tão poderosas que
persistem até hoje e continuam exigindo seu tributo de comunidades inocentes. Este ritual
manchado com sangue não se expandiu além dos turanianos, embora o sacrifício humano
não fosse estranho para alguns semitas.
No grande império tolteca do México o culto do sol era a religião nacional; as únicas
oferendas à sua Divindade benfeitora, Quetzalcoatl, eram flores e frutos. Com a chegada
dos selvagens astecas, foram introduzidos os sacrifícios humanos ao seu deus da guerra,
Huitzilopochtli. Arrancar o coração de suas vítimas no alto do Teocali pode ser considerado
como uma sobrevivência do culto dos elementais, correspondente aos seus antepassados
turanianos da Atlântida.
Entre os atlantes o coração era um símbolo destacado, que representava, entre outras
coisas, o átomo que tem uma pulsação similar ao batimento cardíaco humano, e também o
sol, o qual consideravam que tinha um movimento semelhante, conectado com o período
de manchas solares.
Também pensavam que a própria terra respirava e se movia; recentemente os
cientistas descobriram que há um deslocamento diário regular da superfície terrestre, que
pode ser considerado como correspondente, de certo modo, à respiração.
O estudante já sabe que a Raça atlante, a quarta Raça-Raiz, representa o ponto médio
ou ponto de retorno do ciclo de descida do espírito na matéria; e também que Kama, o
desejo, alcança sua culminação nesta Quarta Raça. Daí descobrirmos que a intensificação
de Kama resultou em propensões animais degradadas e paixões brutais, enquanto o leve
desenvolvimento da mente, ou Manas, servia somente para adicionar sabor à complacência
sensual.
Ademais, sua sensibilidade para as coisas superiores ainda não havia submergido nem
se afogado pela descida na matéria, de modo que, junto com as insípidas características
mencionadas, descobrimos que tinham consideráveis faculdades psíquicas e intuição divina.
Salvo os poucos mais avançados, ninguém havia alcançado os poderes do pensamento
abstrato, porém a mente concreta poderá funcionar vigorosamente; consequentemente os
171
vemos bem avançados nas questões práticas da vida cotidiana, em especial quando suas
faculdades psíquicas eram dirigidas para os mesmos objetivos.
Por certo, gradualmente perderam suas faculdades psíquicas e desceram a fundo no
egoísmo e no materialismo.
Embora as primeiras raças tenham lutado entre si, foram os atlantes que
desenvolveram primeiro a guerra organizada.
De fato, o princípio da luta era a característica fundamental da quarta Raça-Raiz, e em
todo o período atlante esteve na ordem do dia a guerra em terra e no mar. O princípio da
luta se enraizou tão profundamente na natureza humana que até os mais intelectualmente
desenvolvidos da quinta Raça-Raiz (ariana) estavam prontos para guerrear entre si.
O fato de reis e imperadores considerarem necessário ou apropriado, em ocasiões de
Estado, aparecer com o uniforme de uma das armas, é um sinal significativo da apoteose
alcançada pelas qualidades combativas no homem.
A palavra sagrada da Raça Atlante era Tau, assim como a da quinta Raça, a Ariana, é
Om. Diz-se que as palavras sagradas dadas às Raças-Raiz sucessivamente são sílabas
consecutivas de uma grande palavra que é o verdadeiro Nome sagrado.
Ainda hoje em dia existe uma Loja oculta dedicada ao estudo oculto preliminar à
Iniciação, fundada na Atlântida por Adeptos; observa o mesmo ritual antiquíssimo,
ensinando inclusive, como idioma sagrado e oculto, a mesma língua atlântica usada há
tantos milhares de anos. Os chefes desta Loja fundaram o moderno movimento
espiritualista. Para um relato disto, o estudante deverá consultar O Plano Astral, pág. 100,
ou O Corpo Astral, pág. 191.
172
Capítulo XXXIX
O ANTIGO PERU, REMANESCENTTE TOLTECA: 12.000 A.C.
A civilização do Peru por volta do ano 12.000 a.C. se parecia muito com a do Império
tolteca no seu auge. De fato, era uma tentativa de reviver, embora em escala muito menor,
a civilização tolteca original. Portanto, podemos descrever certos traços do sistema peruano
como exemplo da civilização atlante. Este relato está muito condensado e corresponde a
Man, Whence, How and Whither, págs. 141-200.
O governo era autocrático, pois o Governante - o próprio Manu, um Seu lugar-tenente
ou algum Adepto de evolução muito mais elevada - era a única pessoa que realmente
conhecia algo, de modo que devia controlar tudo. A nota-chave do sistema era a
responsabilidade; um mal evitável, como a incapacidade de um homem para encontrar um
trabalho apropriado, ou a enfermidade de uma criança e a ausência de atenção adequada,
era considerado como uma mancha na administração, um borrão sobre o reino, um
opróbrio sobre a honra pessoal do rei.
O Império era dividido em províncias; estas se subdividiam em cidades ou distritos
menores, estes em grupos de 100 famílias e estas, por sua vez, em grupos de dez famílias.
Funcionários responsáveis e adequados eram encarregados de cada unidade, e a honra de
um funcionário implicava a satisfação e o bem-estar perfeitos de todos dentro de sua
jurisdição. A vigilância e o cumprimento do dever estavam assegurados não só pela lei
externa, mas também pelo sentimento universal entre a classe governante, sentimento
afim com a honra de um nobre. Quem descuidasse do seu dever era visto como incivilizado
e considerado com horror e piedade, tal como na Europa medieval se considerava um
excomungado.
Com a vida sob tais condições, as leis eram quase desnecessárias e não havia prisões.
Cada cidadão considerava sua vida no Império como a única vida digna de se viver. Se um
homem infringia seu dever, o oficial encarregado repreendia-o; a negligência contumaz
gerava um único castigo: o exílio.
Os funcionários eram como "Pais"; na prática não tinham que administrar lei alguma,
mas arbitravam em caso de disputas. Era fácil o acesso aos funcionários e estes realizavam
giros periódicos por seus domínios para apreciar por si mesmos se tudo estava bem, e para
que qualquer um os consultasse ou apelasse a eles, se assim desejasse.
Os nascimentos, matrimônios e mortes eram registrados com escrupulosa precisão, e
se recopilavam estatísticas a respeito. Cada Centurião registrava em uma tabuleta -
antepassado do moderno sistema de "fichas" - o nome de cada pessoa a seu cargo, e os
principais acontecimentos de sua vida.
A terra não só era cuidadosamente supervisionada e parcelada, como também a
composição era analisada, para destinar a ela o melhor uso possível.
O sistema de terras era praticamente o descrito no Capítulo XXXVIII. A cada cidade ou
vila era designada uma quantidade de terra proporcional ao número de habitantes. A
metade da produção destinava-se aos colonos e seus familiares (em proporção ao número
173
de bocas a alimentar), e a outra metade à comunidade. O governo sempre comprava o
excedente e o armazenava em enormes silos, para o caso de fome ou outra emergência.
A metade da parte pertencente à comunidade, isto é, um quarto do total, era
considerada a Terra do Sol, e devia ser cultivada primeiro. Depois os homens ficavam livres
para cultivar a própria terra; em último lugar vinha o quarto pertencente ao Rei. A mesma
ordem de precedência se aplicava à irrigação.
Uma divisão similar da produção se efetuava no caso de manufaturas e produtos
minerais.
Com a sua parte, o Rei mantinha todo o governo, pagando os salários e as despesas.
Também construía e mantinha todas as obras públicas como estradas, pontes, aquedutos e
os silos que armazenavam alimento suficiente para dois anos para toda a população, e
ainda mantinha o exército.
Com o produto da Terra do Sol os sacerdotes mantinham os esplêndidos templos do
Sol em todo o território, com uma magnificência jamais alcançada em nenhum outro lugar
do mundo. Proporcionavam educação grátis a toda a juventude do império, incluindo a
instrução técnica até aos vinte anos de idade ou mais.
Eram também responsáveis pelos cuidados com todos os enfermos, que assim se
convertiam em "hóspedes do Sol". Se o enfermo fosse um trabalhador, quem dele dependia
também era tratado como "hóspede do Sol" até que o homem se recobrasse. Por último, os
sacerdotes proporcionavam manutenção completa a todos os maiores de quarenta e cinco
anos, exceto a classe oficial.
Os dignitários e sacerdotes não se aposentavam aos quarenta e cinco anos de idade,
salvo em caso de enfermidade. Considerava-se que sua sabedoria e experiência eram
demasiado valiosas para não utilizá-las; assim era que, na maioria dos casos, morriam em
serviço.
Agora fica evidente a razão por que a Terra do Sol tinha precedência no cultivo e
irrigação, pois do produto dessa terra dependiam a religião, a educação e o cuidado dos
enfermos e anciãos.
Todo o sistema funcionava tão admiravelmente que a pobreza não se conhecia, a
destituição era impossível, o delito era praticamente inexistente. O exílio era o pior castigo;
as tribos bárbaras do exterior foram absorvidas pelo sistema assim que o entenderam.
Adoravam o Sol, mas consideravam o sol físico como um símbolo daquele do qual tudo
derivava.
Não pareciam ter uma ideia clara sobre a reencarnação, mas tinham a certeza de que o
homem era imortal e que retornava ao Espírito do Sol. Sua religião era essencialmente
alegre; o pesar ou a dor eram considerados maus e desagradáveis.
Consideravam a morte como uma ocasião de júbilo solene e reverente. Observavam o
suicídio com sumo horror, como um ato de grossa presunção e era quase desconhecido.
Em seus serviços públicos dirigiam louvores diariamente, mas nunca orações, ao
Espírito do Sol. Os frutos e as flores eram oferecidos como prendas devidas ao Espírito do
Sol. Os sermões eram simples, utilizando-se muito de figuras e parábolas. Era ensinado às
pessoas que aquilo que o Sol fazia por seus corpos era igualmente feito por suas almas, e
que ambas as ações eram contínuas. Os homens deviam aspirar a ser perfeitamente sadios
174
física e moralmente, convertendo-se assim em sóis menores que irradiavam força, vida e
felicidade. Tinham um conhecimento preciso da radiação da vitalidade supérflua de um
homem de boa saúde.
Ensinava-se a leitura, escrita e uma espécie de aritmética, como também um
conhecimento tosco, mas eficaz, de todas as regras gerais e interesses comuns da vida, de
modo que cada criança de dez ou onze anos tinha uma ideia de como se obtinha o
necessário à vida e como se realizava qualquer trabalho comum. Entre Mestres e crianças
prevaleciam a bondade e o afeto supremos.
As horas passadas na escola eram muitas, porém as ocupações eram tão variadas que
não havia fadiga excessiva. Ensinava-se a toda criança como cozinhar, como distinguir os
frutos venenosos dos comestíveis, como encontrar comida e refúgio em um bosque, como
usar as ferramentas para trabalhar a madeira, na construção ou na agricultura, como se
orientar através do sol e das estrelas, como manejar uma canoa, assim como nadar, escalar
e saltar com assombrosa destreza.
Recebiam instrução de primeiros socorros e do uso de remédios feitos com ervas. Toda
instrução era prática, de modo que as crianças se tornavam cabalmente hábeis e
competentes.
Era-lhes ensinada a constituição do seu país e as razões dos seus costumes e
regulamentações. Não conheciam outro idioma além do seu e o falavam com grande
precisão e pureza, mais por prática do que por regras gramaticais. Nada sabiam de álgebra,
geometria, história, geografia (salvo a do próprio país), nem de química, mas sabiam, e
muito, de higiene prática.
Aos doze anos escolhia-se uma carreira definida para cada um, matriculando-se em
uma escola técnica, onde a permanência era de nove ou dez anos. Ali também aprendiam
muito mais na prática do que na teoria.
Todos tinham a oportunidade de se instruir para unir-se às classes governantes, mas a
instrução era severa e as exigências tão grandes que o número de candidatos nunca era
excessivo.
A ocupação principal era a agricultura científica, mas também havia manufaturas,
metalurgia, fabricação de máquinas e arquitetura.
O Departamento de Agricultura realizava investigações extensas e exaustivas, e tinha
cuidadosos registros de todos os resultados, resumindo-os em breves conceitos de uso
popular. O Governo recompensava bem os inventos e descobrimentos, além de financiar e
efetuar quaisquer testes que fossem requeridos. Seus sistemas de esgoto eram tão
eficientes como os que temos hoje em dia.
As máquinas eram toscas e simples, menos precisas que as nossas, porém eficazes,
sem tendências a falhas. Muitas eram acionadas por pressão hidráulica, em especial as
usadas na irrigação. Muitas terras dos montes eram utilizadas com fins de cultivo.
Seu conhecimento de botânica era extenso, porém estritamente prático; buscavam
conhecer somente os usos das plantas na medicina, na alimentação, ou no preparo de
tinturas. O mesmo ocorria com a química: nada sabiam de átomos nem moléculas, mas
sabiam muito do uso prático das substâncias para produção de fertilizantes do solo,
processos de manufatura e similares.
175
A astronomia era considerada mais como uma questão religiosa do que científica. Seu
conhecimento a esse respeito não era grande, mas sim preciso dentro do seu alcance.
Conheciam a diferença entre planetas e estrelas, a forma da Terra, sua rotação e a causa
das estações.
Consideravam os cometas como mensageiros de outros grandes Seres ante seu
Senhor, o Sol.
Podiam predizer os eclipses do sol e da Lua com precisão por meio de uma fórmula
tradicional. Certificavam o momento exato do meio-dia mediante a observação das
sombras e, por esse mesmo método, descobriram a data dos solstícios de verão e de
inverno, em conexão com os quais celebravam serviços religiosos especiais.
Sua arquitetura era colossal, porém simples, projetada mais para uso do que para
exibição; seus edifícios eram o que consideraríamos desproporcionados. Os pilares que
utilizavam eram maciços, quase sempre monolíticos.
Parece que não usavam a abóbada propriamente dita, embora construíssem aberturas
com topos semicirculares, erigidas sobre pesadas lâminas metálicas semicirculares;
entretanto, quanto à força, dependiam principalmente do seu poderoso cimento adesivo.
Este era vertido quente e se solidificava como rocha, sendo mais forte que a própria pedra.
Cortavam e adequavam enormes blocos de pedra com máxima precisão, de modo que mal
se percebia a juntura; mesmo assim se esmeravam para cobri-las com cimento.
A maioria das casas era construída com grandes blocos de argila tratados
quimicamente de modo que se tornavam quase como pedras.
As paredes eram de enorme espessura, e as casas eram construídas em torno de um
pátio central. Utilizava-se muito pouca ornamentação exterior. A entrada era sempre em
um dos cantos; a porta era uma enorme laje de pedra, às vezes lavrada em detalhes,
elevada e baixada por meio de contrapesos, como uma moderna janela-guilhotina. Depois
se utilizaram pranchas metálicas em lugar das lajes de pedra. Em poucos casos se
habilitaram pesadas portas que giravam sobre gonzos.
As casas maiores eram mais ornamentadas, mediante relevos e o uso de largas bandas
metálicas. Eram tão maciças que resultavam praticamente eternas.
Os tetos eram, em sua maioria, pesados e quase chatos, de pedra ou pranchas
metálicas. Raramente usavam madeira em suas casas, devido ao perigo do fogo.
Não se empregavam andaimes: amontoavam a terra até o nível das paredes,
estendiam as pedras do teto sobre a terra, vertiam o cimento deixando-o consolidar-se,
depois do que se retirava a terra, deixando um edifício que era praticamente monolítico.
Quase todas as casas eram de um só piso, embora às vezes se efetuasse uma curiosa
construção em fileiras que começava com uma plataforma, digamos, de 304 metros
quadrados, e diminuía até que a décima fileira ficasse com 30 metros quadrados; nesta
plataforma final se construía um pequeno templo dedicado ao Sol. Assim o efeito era o de
uma pirâmide chata que se elevava mediante degraus pouco profundos.
As habitações eram escavadas em cada terraço, e um túnel no centro da fileira mais
baixa conduzia às câmaras subterrâneas utilizadas para armazenar grãos e outras
necessidades.
176
Os templos do Sol eram grandes e maciços; porém, segundo as normas modernas,
demasiado baixos para o seu comprimento. Os interiores, em muitos casos, eram
literalmente guarnecidos de ouro e prata; as pranchas metálicas tinham até um quarto de
polegada de espessura e, não obstante, moldadas sobre delicados relevos na pedra.
Todas as casas, exceto as muito pobres, eram guarnecidas em seu interior com
pranchas metálicas, tal como agora revestimos nossas casas.
Os palácios do Rei e principais Governadores, assim como os templos, eram revestidos
de ouro puro; quanto aos demais, utilizavam ligas, obtendo finos efeitos a baixo custo.
Ao longo das fronteiras do império foi construída uma cadeia de fortalezas, em que a
altura e a espessura dos muros eram enormes. Dentro dos espessos muros havia câmaras e
passagens secretas, plenamente abastecidas para suportar um assédio prolongado sem
privações.
As estradas eram construídas em escala colossal, desdenhando-se cabalmente as
dificuldades naturais. Todo o caminho era pavimentado com lajes chatas; as margens eram
guarnecidas de árvores e arbustos odoríferos. As pontes eram construídas de acordo com o
princípio do contrapeso, isto é, fazendo com que cada fiada de alvenaria se projetasse além
da fiada inferior. Como nada sabiam de diques nem de lagos artificiais, tinham que desviar
um rio ou construir quebra-mares, a fim de construir as pontes. Por isso preferiam construir
molhes a pontes.
Tinham um sistema de irrigação maravilhosamente perfeito; as estradas e aquedutos
foram talvez as máximas façanhas de engenharia que o mundo já conheceu. Todo o
trabalho era realizado pelos camponeses assalariados ou pelo exército.
Como as armas eram simples, requerendo pouca prática, o exército era empregado em
obras e serviços públicos, fornecia todos os mensageiros para os despachos e cartas (oficiais
e privados), mantinha todas as obras públicas, mas empregava mão de obra adicional para
novas obras.
Nas raras guerras com tribos menos civilizadas seu lema era: "Jamais deverás ser cruel
com teu inimigo, porque amanhã será teu amigo." Matavam o menos possível e se
esforçavam para que as demais tribos ingressassem no Império.
Usavam a lança, a espada e o arco, como também as boleadeiras, que consistiam em
duas bolas de pedra ou metal unidas por uma corda; e as lançavam de tal modo que
enredava as pernas de homens ou cavalgaduras, derrubando-os. Seus fortes eram dispostos
de modo que pudessem fazer rolar grandes rochas contra os assaltantes.
Usavam o ferro, mas não sabiam como fabricar aço. Eram-lhes mais valiosos o cobre e
o bronze, porque podiam endurecê-los satisfatoriamente em combinações com seu
excepcional cimento; assim tratado, até o cobre mais puro tinha um fio tão fino como nosso
melhor aço, enquanto algumas das ligas eram mais duras que qualquer metal com que
agora contamos. O ferro não se dobrava tão perfeitamente com o cimento e, por
conseguinte, não era tão útil.
Os trabalhos em metal eram muito finos e delicados; algumas filigranas eram tão finas
que limpá-las só era possível soprando-as, pois esfregar ou escovar podia destruí-las.
Algumas das gravações eram tão finas que mal podiam ser vistas a olho nu.
177
A cerâmica era confeccionada com argila tratada quimicamente, de modo que adquiria
uma bela cor carmesim; depois a incrustavam com ouro e prata, em uma linha
delicadíssima. Também obtinham outras finas cores e, mesclando a argila com cimento,
conseguiam uma transparência quase igual à do nosso vidro mais claro, e muito menos
quebradiço. Faziam fina porcelana que se dobrava sem se quebrar.
Os trabalhos em metal e em argila substituíam em grande parte a madeira, que
utilizavam muito pouco.
Praticava-se a pintura até um grau considerável, mas isso se efetuava sobre pranchas
de material silicioso, com uma superfície delicada e cremosa. As pranchas podiam ser
dobradas, e a espessura variava desde a de um papel de cartas até a de um cartão forte.
Os pincéis eram feitos com partes de uma planta fibrosa, com a extremidade colada e
cortada em um triângulo agudo, de modo que pudessem ser usados tanto para linhas muito
finas como muito grossas.
Comumente as cores eram obtidas com pós mesclados com algum produto que secava
instantaneamente, de maneira que uma vez efetuado um traço este não podia ser alterado.
As cores excediam em delicadeza e pureza qualquer coisa agora empregada. Obtinham um
belo efeito utilizando o pó dos metais, embora talvez para o nosso gosto esse efeito fosse
algo bárbaro.
A perspectiva era boa e o desenho preciso. O quadro completo era coberto com um
verniz de secagem rápida que o tornava indelével e impermeável por longo tempo.
Os livros eram escritos, ou antes, decorados com iluminuras, com o mesmo material e
do mesmo modo que os quadros. Consistiam em uma quantidade de folhas delgadas, em
geral de 45 por 15 cm, presas com arame e conservadas em uma caixa de 7 a 12 cm de
profundidade. As caixas em geral eram confeccionadas com um metal parecido com a
platina, ornamentadas mais ou menos ricamente.
Parece que não se conhecia a impressão, ainda que se utilizasse uma espécie de
"estêncil" para a reprodução múltipla de notícias oficiais e demais. Sua atitude para com os
livros se parecia muito com a do monge medieval, e realizar a cópia de um livro era trabalho
meritório.
O alcance da literatura era limitado. Havia poucos tratados religiosos ou éticos e alguns
místicos; porém os favoritos eram os mais diretamente práticos. Havia um livro místico
muito semelhante ao Clássico da Pureza chinês.
Havia tratados ou manuais oficiais para cada ofício, ocupação ou arte, que se
mantinham atualizados com apêndices. Assim a monografia peruana sobre qualquer tema
era um compêndio de conhecimentos úteis que dava, de forma condensada, tudo o que se
conhecia sobre a questão.
Havia também uma classe de anedotário com finalidade moral que usualmente
descrevia como um Rei ou outro dignitário atuou em uma emergência. Muitos destes eram
clássicos e citados constantemente. Eram considerados como certos, apesar de que alguns
deles possivelmente fossem ficção.
Alguns dos relatos transbordavam de aventuras selvagens, mas não havia histórias de
amor. Algumas narrações continham humor, embora ainda não houvesse sido criada a
178
literatura declaradamente cômica. Tampouco havia poesia, mas eram amplamente
conhecidas e citadas máximas recamadas de linguagem rítmica e sonora.
Em sua música usavam uma flauta e uma espécie de harpa, mas o seu favorito era algo
parecido com um harmônio. O teclado era similar ao de uma máquina de escrever; um
engenhoso dispositivo mecânico forçava o ar contra uma língua metálica vibrátil para
produzir sons.
A escala musical peruana era a dos atlantes, muito diferente da nossa. Não tinham
peças fixas e cada executante improvisava por si mesmo.
A escultura era audaz, mais envolvente e efetiva que graciosa.
As rugosas estátuas eram de tamanho colossal. Realizavam-se delicados trabalhos em
baixo-relevo, comumente cobertos de metal.
Não se permitia o casamento de menores, porém esperava-se que os adultos
contraíssem matrimônio, a não ser que houvesse uma boa razão em contrário. Todos os
casamentos eram realizados no mesmo dia do ano; o Governador, depois de formular
algumas perguntas, celebrava um simples formalismo e declarava os casais marido e
mulher. Depois se efetuava uma nova designação de terras para adequá-las às novas
circunstâncias.
Não comiam carne de animais; consumiam papa, inhame, milho, arroz e leite. Seu
alimento principal se compunha de farinha de milho adicionada a outros compostos
químicos e reduzida por enorme pressão a um pastel altamente concentrado. Seus
componentes eram tais que constituíam em si mesmos uma refeição completa. Por isso um
homem podia levar seu sustento para uma prolongada viagem sem inconvenientes.
Esse alimento se chupava lentamente como uma pastilha ou era cozido e preparado de
diversos modos. Como tinha pouco sabor, era temperado com romã, baunilha, laranja,
goiaba, etc. Produzido em quantidades enormes, era muito barato. Muitas pessoas não
comiam outra coisa, embora houvesse muitos outros alimentos.
Eram afeiçoados aos animais; os macacos e os gatos eram os favoritos, sendo criados
em muitas variedades fantásticas. Com os gatos, foram especialistas quanto ao colorido,
produzindo, por cruzamento, uma espécie de cor azul muito brilhante.
Também muitos eram afeiçoados aos pássaros, e é possível que lhes devamos algumas
espécies brilhantemente coloridas dos bosques amazônicos. Algumas das damas mais ricas
tinham enormes viveiros feitos com arames dourados, consagrando muito tempo a cultivar
o carinho e a inteligência das suas aves.
O traje nacional era um vestido folgado, simples e exíguo, comumente de cor
brilhante. Uma multidão peruana em ocasião festiva era um espetáculo brilhante. As
mulheres geralmente preferiam os vestidos azuis, na maioria das vezes no formato
atribuído ao da Virgem Maria pelos pintores medievais. O material era comumente algodão,
embora também se usasse a fina lã da lhama e da vicunha. Com as fibras da pita se
confeccionava uma tela muito forte, tratada quimicamente.
Para calcular utilizavam um ábaco, ou um bastidor de calcular, como os japoneses
modernos. Um substituto mais barato era uma corda com vários nós, possivelmente o
original de onde se derivou o quipo descoberto pelos espanhóis, milhares de anos depois.
179
De um modo geral, seu modo de vida era indubitavelmente melhor do que qualquer
outro conhecido desde então. Talvez jamais tenham sido superadas as oportunidades de
trabalho desinteressado e devoção ao dever, oferecidas à classe governante. Porém para as
classes menos inteligentes não era necessária a luta nem o esforço mental, ainda que
qualquer expressão deste último fosse ricamente recompensada.
O consenso popular era superior e o sentido do dever mais forte do que são
atualmente. Porém devemos recordar que a raça que estivemos examinando era um ramo
de outra raça que há tempos havia existido. Somos ainda uma raça comparativamente
jovem e a seu devido tempo atingiremos um nível mais alto ainda que o dos atlantes.
Os atlantes não tinham nada que pudesse chamar-se Ocultismo, nem compreensão
alguma do grande esquema do universo como o que hoje em dia nos apresenta a Teosofia
moderna. Daí que quando a nossa Quinta Raça-Raiz alcançar a mesma etapa de sua vida,
nossas condições físicas deverão ser tão boas como as dos atlantes, e nosso
desenvolvimento intelectual e espiritual deverá ser superior ao que foi possível para a
relíquia peruana da Atlântida, há 14.000 anos.
180
Capítulo XL
A QUARTA SUB-RAÇA ATLANTE: A TURÂNIA
A quarta sub-raça, a Turânia, surgiu na costa oriental do continente, ao Sul das
montanhas habitadas pelos tlavatlis. Em sua maioria viviam no centro da Atlântida, a Oeste
e ao Sul do setor tlavatli, mas compartilhavam estas terras com os toltecas.
Jamais foram uma raça cabalmente dominadora do continente-mãe, embora algumas
das tribos e raças familiares se tornassem medianamente poderosas. Sempre foram
colonos, emigrando muitos para o Leste.
No período de 800.000 a 200.000 anos atrás, viviam mais ao Sul, ocupando a região
onde agora é o Marrocos e a Argélia.
Também ocupavam as costas Leste e Oeste do mar da Ásia Central. Alguns se
deslocaram mais ainda para o Leste, e o que mais se parece com eles é o atual chinês do
interior. Um pequeno ramo deles se converteu nos brutais astecas (que conquistaram e
substituíram o último grande império que alçaram os toltecas.
Desenvolveram uma espécie de sistema feudal; cada chefe era supremo em seu
próprio território e o rei era meramente primus inter pares. Às vezes o conselho assassinava
o rei e o substituía por um de seus integrantes.
Eram turbulentos, revoltosos, brutais e cruéis. Em alguns períodos, regimentos
femininos participaram de suas guerras.
Como foram constantemente derrotados na guerra pelos toltecas (que os superavam
grandemente em número) e desejavam aumentar a população, cada homem foi
desobrigado, por lei, da manutenção de sua família: o estado considerava todas as crianças
como propriedade sua, e as mantinha. Isto levou a um incremento da taxa de natalidade em
detrimento do matrimônio. Foram destruídos os vínculos da vida familiar e do amor
paternal; esse esquema foi então abandonado ao demonstrar o seu fracasso. Também
tentaram e desistiram de outras soluções socialistas dos problemas econômicos.
Os turânios foram a primeira das quatro sub-raças “amarelas” posteriores.
Basicamente utilizavam a língua tlavatli, porém tão modificada que se converteu em
um idioma inteiramente diferente.
Num determinado período experimentaram a democracia e a levaram muito mais
longe do que teriam sugerido seus mais exaltados defensores de hoje em dia. Os resultados
foram tão intoleráveis que toda a raça se dissolveu na anarquia e no caos. Até na atualidade
a China conserva os vestígios da violenta reação do governo aristocrático que se seguiu.
Os turânios desenvolveram as paixões animais muito vigorosamente, e em muitos
sentidos não eram pessoas agradáveis.
181
CAPÍTULO XLI
UMA RELÍQUIA TURÂNIA: CALDEIA, 19.000 a. C.
Uma nação da estirpe turânia viveu na Caldeia até o ano 30.000 a.C., em tribos
pequenas e briguentas, dedicadas à agricultura primitiva, e com escasso conhecimento de
arquitetura ou cultura de qualquer índole.
Tiveram um governador, Teodoro, enviado pelo Manu. De Teodoro descendia a
linhagem real da antiga Caldeia, cuja aparência diferia muito da de seus súditos por
apresentar face vigorosa, pele bronzeada, olhos brilhantes e profundos. Pode-se obter uma
clara ideia deste tipo real através das últimas esculturas babilônicas, embora o sangue
ariano tivesse impregnado quase toda a raça.
A civilização resultante foi tão notável como a do Peru no ano 14.000 a.C., apesar de
ser inteiramente diferente. Na Caldeia o sistema de governo nada tinha de excepcional;
enfatizava a religião que impregnava e dominava a vida do povo até um ponto igualado
talvez somente entre os brâmanes da Índia.
A fé dos caldeus era rigorosa e mística, com um complicado ritual para o culto dos
grandes Anjos Estelares, ou Logos Planetários como os chamaríamos, incluindo um vasto e
cuidadosamente detalhado sistema astrológico.
Sua ideia da astrologia era praticamente idêntica à ensinada na Teosofia moderna,
baseada nos princípios brevemente indicados no Capítulo XVI deste livro. A teoria dada aos
sacerdotes provavelmente chegou-lhes através da ininterrupta tradição dos Mestres que
tinham um conhecimento amplo dos grandes fatos da natureza, conhecimento detalhado e
matemático.
Consideravam o sistema solar como um grande Ser, e todos os seus componentes
físicos eram Sua expressão física, seus componentes astrais coletivamente eram a
expressão astral, e assim sucessivamente.
Cada classe de matéria era composta de material pertencente aos sete grandes tipos
ou Raios, como se explicou no Capítulo XVI.
Os caldeus sustentavam que toda a massa do que agora chamamos essência Elemental
de qualquer desses sete tipos constituía, até certo ponto, um veículo separado, quase uma
entidade separada. Posto que cada homem tem dentro de si matéria de todos os sete tipos,
se depreendia que qualquer modificação (ou ação) em qualquer um dos grandes centros
que controlavam a matéria desse tipo particular o afetaria, até um grau que dependia da
quantidade de matéria desse tipo que possuísse.
Cada um dos sete grandes centros do sistema solar tem sua própria e enorme esfera
de influência; também têm certas mudanças próprias ordenadamente periódicas, como as
batidas do coração.
Tais mudanças periódicas, como são de velocidades diferentes, produziam uma série
complicada de efeitos, observando-se que os movimentos dos planetas físicos dão uma dica
sobre a disposição da grande esfera de influência em qualquer momento dado. Os caldeus
acreditavam que a interseção destas esferas de influência formava vórtices que
determinavam o posicionamento dos planetas físicos.
182
Apesar de reconhecerem que estas diversas influências afetavam profundamente os
homens, os sacerdotes caldeus estavam longe de ser fatalistas. Sustentavam que as
influências não podiam, em mínimo grau, dominar a vontade do homem, e que só podiam
facilitar ou dificultar mais sua atuação, conforme o caso, seguindo certas linhas. Um homem
realmente forte tinha pouca necessidade de curvar-se ante as influências que ocorressem
no ascendente, mas as pessoas comuns fariam bem em considerar em que momento esta
ou aquela influência poderia ser aplicada com vantagem.
As influências em si mesmas não são melhores nem piores que a eletricidade, porém
um sábio tem em conta em seu trabalho sobre eletricidade a condição elétrica da
atmosfera e escolhe o tempo em que esta seja muito favorável para o que deseja fazer.
Assim, para dar um exemplo simples: diz-se que a influência de Marte afetava a matéria
astral na direção da paixão, de modo que quando as influências marcianas eram
especialmente fortes, o homem teria mais probabilidades de que nele se acelerasse ou
intensificasse a paixão. Outra influência intensificaria a excitação nervosa, e em tais
ocasiões seria mais que usualmente provável que se suscitassem disputas, e as pessoas
estariam mais propensas a irritar-se ante uma mímia provocação.
Os sacerdotes calculavam a posição e a ação das esferas de influência, como guia para
a vida prática. Não se ocupavam em fazer previsões. Para cada ano preparavam uma
espécie de almanaque oficial, pelo que em grande medida se regulava toda a vida da raça.
Decidiam os melhores momentos para as atividades agrícolas, para a reprodução de plantas
ou animais, para a administração de medicamentos, etc.
Seus seguidores se dividiam em classes, segundo o que os astrólogos modernos
chamam seu "planeta regente". Os calendários continham advertências como estas: "No
sétimo dia, quem adora Marte deverá prevenir-se especialmente contra a irritação"; ou:
"Desde o duodécimo dia até o décimo - quinto existe perigo incomum de irreflexão em
assuntos relacionados aos afetos, em especial para os adoradores de Vênus", etc.
Todos observavam certas horas diárias de oração, reguladas pelos movimentos
aparentes do sol. Ao nascer do sol, ao meio-dia e no ocaso, os sacerdotes entoavam nos
templos certos hinos ou versos; quem podia fazê-lo acudia aos templos nessas horas;
outros recitavam umas poucas frases de oração ou louvor.
Além destas observações, comuns a todos, cada pessoa tinha suas preces especiais
para a Deidade particular à qual correspondia por nascimento. O tempo apropriado para
elas variava com o movimento do planeta; o mais favorável era quando o planeta cruzava o
meridiano, e em torno disso estavam os momentos do seu surgimento e ocaso. Contudo
podia ser invocado a qualquer momento em que estivesse acima do horizonte e, em caso
de emergência, até quando estava abaixo do horizonte, embora mediante um cerimonial
inteiramente diferente.
Para cada planeta se publicava o que podia chamar-se de calendários especiais ou
livros de preces periódicas e toda pessoa se preocupava em possuir o apropriado para ela.
Considerava-se também que estes calendários possuíam diversas propriedades
talismânicas, de modo que o povo os levava consigo.
A qualquer hora em que caísse o momento para a meditação ou exercício religioso,
por mais inconveniente que fosse, cada devoto a observava fielmente, considerando que,
183
nessa hora, seria uma necessidade e uma ingratidão não aproveitar a bênção especial que
então distribuía sua Deidade particular.
Também se celebravam esplêndidas cerimônias públicas; cada planeta tinha, pelo
menos, duas grandes festividades no ano; o Sol e a Lua, muito mais que duas. Cada Espírito
planetário tinha seus templos em cada parte do país, aos quais acudiam os devotos desse
planeta; mas para as festividades maiores se reuniam vastas multidões no único grupo de
magníficos templos próximos à sua capital.
Estes templos estavam dispostos para representar, em escalas apropriadas, os
tamanhos proporcionais dos planetas e suas distâncias do sol. Os templos diferiam em
formato e cada variação tinha presumivelmente seu significado especial. Entretanto, cada
um deles possuía uma cúpula hemisférica, brilhantemente colorida, com diâmetro
proporcional ao tamanho do planeta em questão.
O lugar no esquema em que deveria estar representada a Terra era ocupado pelo
templo da Lua. Próximo havia uma cúpula isolada de mármore negro, sustentada por
pilares, que tipificava a Terra, porém sem santuário.
No espaço, corretamente calculado, entre Marte e Júpiter, não havia templo e em seu
lugar havia uma quantidade de colunas; cada uma terminava em uma pequena cúpula
hemisférica; estas cúpulas representavam presumivelmente os asteroides. Os satélites
eram indicados por cúpulas subsidiárias corretamente proporcionadas e também se
exibiam claramente os anéis de Saturno.
Nas principais festividades de qualquer planeta dado, os devotos desse planeta
levavam mantos ou capas pluviais, de cores brilhantes. A cor era a consagrada ao planeta,
de acordo com esta lista:
O Sol: delicado material de seda, entretecido com áureas fibras, como tela de ouro, tão
flexível como a musselina.
Vulcano: cor de fogo, muito chamativo e brilhante.
Mercúrio: alaranjado brilhante, matizado com a cor do limão.
Vênus: azul-céu puro, com uma linha subjacente de cor verde suave, que dava um
trêmulo efeito iridescente.
Lua: branco, entretecido com fios de prata, que sob certas luzes evidenciava pálidas
sombras violáceas.
Marte: escarlate, com um forte matiz carmesim que, sob certas luzes, revelava-se
como a cor predominante.
Júpiter: azul-violeta brilhante, salpicado de pontos prateados.
Saturno: verde esmaecido, com sombras cinza-pérola por baixo.
Urano: azul muito escuro, a cor do Atlântico Sul.
Netuno: índigo escuro, inesperadamente vívido sob luzes fortes.
Os devotos, assim ataviados, desfilavam em procissão até os templos, ornamentados
com guirlandas e flores, levando estandartes e cajados dourados, cantando intensamente.
As festas do Deus-Sol revelavam a máxima pompa; toda a multidão (cada pessoa
ataviada com a cor de seu planeta) efetuava o solene circundamento do Templo Solar; os
seguidores de cada planeta formavam um anel concêntrico em seu local apropriado com
relação ao templo do Sol no centro.
184
O templo do Sol era construído de acordo com o Diagrama XLIII, que na prática se
explica por si. O imenso espelho côncavo atrás do altar principal era de metal,
provavelmente de prata, muito polido.
Sobre a linha marcada SS havia uma estreita fenda no teto, considerando-se um dever
religioso mantê-lo brilhante e livre de pó, de modo que a luz de uma estrela caísse
exatamente no meridiano sobre o espelho, enfocando-se no local onde ficava o braseiro. Ao
se lançar incenso no braseiro, a imagem da estrela brilhava ante a luz cinzenta esfumada.
Os fiéis inclinavam a cabeça e os sacerdotes cantavam, como ocorre no momento da
elevação da Hóstia nas igrejas católicas.
Às vezes um espelho plano, suspenso acima do braseiro, era descido até um ponto
focal do espelho côncavo, de modo que captasse a imagem do planeta e a refletisse sobre
um ponto no piso do templo. Nesse ponto se colocavam os enfermos, para quem essa
influência particular era considerada benéfica. O Diagrama XLIV esboça a disposição.
No altar ocidental ardia sempre o que se chamava de “o sagrado fogo lunar", que só se
permitia apagar na noite anterior ao equinócio da primavera. Na manhã seguinte os raios
do Sol, atravessando um orifício acima do altar oriental, atingiam um globo de vidro cheio
de água; a concentração dos raios através do vidro fazia com que o próprio Sol reacendesse
o sagrado fogo lunar, que se mantinha ardendo durante outro ano.
O interior da cúpula era pintado para que representasse o céu noturno; um
mecanismo complicado fazia com que as principais constelações se deslocassem nele
exatamente como se movem as estrelas. Os planetas eram representados por corpos
luminosos que originariamente foram materializações produzidas pelos Mestres Adeptos, e
que se moviam livremente no ar. Depois foram substituídos por engenhosos artifícios
mecânicos.
A parte externa da cúpula era finamente folheada a ouro, com um peculiar efeito
mosqueado que evidentemente pretendia representar as “folhas de salgueiro” ou os “grãos
de arroz” do Sol.
Sob o templo havia uma cripta, usada exclusivamente pelos sacerdotes para a
meditação e o autodesenvolvimento. A luz, refletida quando era necessário, se filtrava
somente através de grossas lâminas de substância cristalina, de diversas cores, e dirigida
aos distintos chacras ou centros corporais; dessa maneira se ajudava no desenvolvimento
do poder de adivinhação, clarividência e intuição.
Também se usava aqui, como nos Mistérios Gregos, uma vara oca ou tirso, carregada
de eletricidade ou fogo vital.
Para os caldeus, o título de "Espírito de um planeta" incluía três conceitos diferentes.
Primeiro, o que podemos chamar de o "elemento planetário", uma entidade não
desenvolvida, semi-inteligente, porém excessivamente potente, consistente na essência
elemental coletiva do planeta, considerada como uma criatura enorme, correspondente ao
que no corpo astral do homem chamamos de elemental do desejo. O que eles procuravam
enfocar sobre uma pessoa enferma, ou reter em um talismã, era a influência, o magnetismo
do elemental planetário.
Segundo, o Espírito de um planeta representava um dos dez tipos de essência que
emanavam através desse planeta, considerado como centro no corpo do próprio Logos.
185
Neste sentido, o Espírito do planeta era onipresente em todo o sistema solar, trabalhando
em cada homem, através de certas plantas, minerais, etc., dando-lhes suas propriedades
distintivas. Suas advertências astrológicas se referiam a este Espírito do planeta no homem.
Terceiro, consideravam o Espírito de um planeta como Chefe de toda a hierarquia de
espíritos. Que era preeminentemente o espírito do planeta, ou o Anjo Estelar. Em grande
medida o consideravam tal como os cristãos consideram os grandes Arcanjos, os "sete
Espíritos ante o trono de Deus", como um ministro poderoso do poder divino do Logos.
Dizia-se que quando a imagem de uma Estrela se refletia na fumaça do incenso, os
clarividentes podiam ver a forma do Anjo Estelar, a imagem da estrela brilhando sobre Sua
testa.
Um de seus dogmas consistia em que em raras ocasiões era possível que um homem,
mediante meditação e devoção, assegurasse um próximo nascimento no planeta do Anjo
Estelar que ele adorava, e os registros do templo continham relatos de que isto se havia
realizado. Diziam que uma ou duas vezes se havia realizado o mesmo na história com uma
ordem ainda maior de Deidades estelares, pertencentes às estrelas fixas localizadas fora do
sistema solar.
O termo "adoração" talvez seja incorreto quando se fala dos caldeus. O sentimento era
mais o de profundo afeto, veneração e lealdade, como hoje em dia sentimos pelos Mestres
de Sabedoria.
Evidentemente, a religião significava muitíssimo para os caldeus. Os sacerdotes tinham
grande erudição, segundo suas próprias orientações. Estudavam história e astronomia em
profundidade, fundindo ambas as ciências numa só.
Eram muito versados em química e utilizavam alguns de seus efeitos em suas
cerimônias. Por exemplo, um sacerdote podia fazer surgir o signo astrológico de um planeta
com uma substância fosforescente sobre o pavimento à sua frente.
Alguns sacerdotes se especializavam em medicina, estudando as propriedades das
drogas quando eram preparadas sob certas influências estelares; outros estudavam
agricultura, a composição do solo e seu melhoramento, o uso de luzes coloridas para as
plantas, etc. Outros, por sua vez, constituíam um conselho meteorológico, prevendo com
precisão as tormentas, os ciclones e a nebulosidade. Depois isto se converteu em um
Departamento Governamental, e os sacerdotes que faziam previsões imprecisas eram
exonerados.
Atribuía-se muita importância às influências pré-natais: era exigido das mães levar uma
vida semimonacal antes e depois do nascimento do filho.
Os sacerdotes não eram responsáveis pela educação, mas indicavam, através de
cálculos ou, às vezes, pela clarividência, a que planeta pertencia a criança. Cada planeta
tinha sua própria escola para alunos e mestres; a instrução para cada tipo diferia
consideravelmente; a intenção consistia, em cada uma, em desenvolver as boas qualidades
e sufocar as debilidades características de cada tipo.
Distribuir conhecimento era totalmente secundário; o objetivo primordial era a
formação do caráter. Ensinava-se a todos os meninos a escrita hieroglífica e os cálculos
elementares, mas nada mais podemos reconhecer como matéria escolar. Os preceitos
religiosos ou éticos se aprendiam de memória, indicando a conduta esperada de um "filho
186
de Marte", de uma "filha de Vênus", etc.; a única literatura era um comentário interminável
sobre isto; aos meninos se ensinava a criticar as ações dos heróis nos relatos.
Assim se passaram muitos séculos, familiarizando-se teórica e praticamente com as
doutrinas deste difícil Livro do Dever, como era chamado; esperava-se que os meninos
representassem os diversos personagens dos relatos, atuando como num teatro.
Do índice escolar de matérias não constava história, matemática, agricultura, química
nem medicina, embora qualquer jovem, ao abandonar a escola, podia tornar-se aprendiz de
um sacerdote, que o especializava em qualquer uma dessas disciplinas.
A literatura não era extensa. Os registros oficiais se conservavam com grande cuidado,
documentavam-se as transferências de terras, arquivando-se como referência os decretos
dos reis. Porém não se recopilava uma história conexa. Ensinava-se oralmente, e os
episódios eram resumidos em catálogos, relacionando-os com os ciclos astronômicos.
A poesia, transmitida oralmente, era representada por uma série de livros sagrados
que ofereciam um relato altamente simbólico da origem dos mundos e da humanidade, e
também por baladas que celebravam as ações de heróis lendários.
Depois de um longo período de esplendor e prosperidade, o poderoso Império da
Caldeia declinou e decaiu lentamente, até que foi totalmente destruído por hordas de
bárbaros fanáticos que, com fervor puritano, destruíram completamente os templos. Os
depredadores foram por sua vez desalojados pelos acadianos, membros da sexta sub-raça,
procedentes do Norte. Estes, ao se unir com os remanescentes da velha raça e outras tribos
turânias, criaram a nação sumero-acadiana da qual se desenvolveu o Império Babilônico.
Este foi afetado, cada vez mais, pela mistura de sangue ariano, primeiro da sub-raça
árabe, ou semita, e depois da sub-raça iraniana, até que, no que chamamos tempos
históricos, muito pouco de turânio restou na face das esculturas e mosaicos da Assíria.
Esta última raça se esforçou para reproduzir o culto do passado, do qual guardava a
tradição, mas só conseguiu produzir uma pálida e distorcida cópia do magnífico culto
original dos Anjos Estelares.
Ao observar civilizações como as da Caldeia e do Peru, em que as nações viviam uma
vida feliz e religiosa, livre da intemperança e da opressiva pobreza, poder-se-ia pensar que a
humanidade desde então não evoluiu, mas que retrocedeu. Entretanto, o progresso está
sujeito a uma lei de mudança cíclica, e sob essa lei as personalidades, raças, impérios e
mundos desaparecem e perecem todas as formas, por mais belas que sejam, a fim de que a
vida que está dentro delas cresça e se expanda.
A Quinta Raça, quando atingir o apogeu do seu crescimento, deverá alcançar uma
altura mais elevada ainda que a obtida pela Raça Atlante.
Para mais detalhes sobre a civilização caldeia, o estudante deverá consultar Man,
Whence, How and Whither, págs. 201-238, de onde foi condensado o presente capítulo.
187
CAPÍTULO XLII
A QUINTA SUB-RAÇA ATLANTE: OS SEMITAS ORIGINAIS
A quinta sub-raça (os Semitas Originais) surgiu na região montanhosa agora
representada pela Escócia, Irlanda e alguns dos mares circundantes. Nesta mínima porção
cobiçada da Atlântida cresceu e floresceu, mantendo sua independência contra os
agressivos reinos meridionais, até que chegou a época em que se expandiu e passou a ser
colonizadora.
Era um povo turbulento e ambicioso, sempre em guerra com seus vizinhos,
especialmente contra o poder crescente da sub-raça que o seguia, a acadiana. Inclinou-se
por uma forma patriarcal de governo; seus colonos, nômades em sua maioria, adotaram
quase exclusivamente esta forma. Não obstante, no período entre 800.000 a 200.000 anos
atrás, desenvolveu um império considerável e chegou a possuir a Cidade das Portas de
Ouro. Por fim, teve que ceder passagem aos acadianos; a última subversão ocorreu há cerca
de 100.000 anos.
Durante o período de 800.000 a 200.000 anos atrás se expandiu: para o Oeste, até
onde agora estão os Estados Unidos, aportando dessa maneira o tipo semita encontrado
em algumas raças índias; e para o Leste, até as costas do norte do continente, que eram
então da Europa, África e Ásia. Os antigos egípcios e outras nações vizinhas foram
modificados, até certo ponto, pelo sangue semita.
Com exceção dos judeus, os únicos representantes de sangue relativamente puro são,
na atualidade, os cabilas de cor clara das montanhas da Argélia.
Além dessas emigrações normais, o Manu dispôs uma emigração especial; esta foi a
quinta sub-raça e, portanto, se associou especialmente com o desenvolvimento de manas,
ou mente; dela foi escolhido o núcleo do qual viria formar-se a Quinta Raça-Raiz. As tribos
resultantes da segregação viajaram para as costas meridionais do mar asiático central, onde
se estabeleceu o primeiro grande reino ariano.
Os semitas, apesar de ocuparem o segundo lugar entre as quatro sub-raças "amarelas"
posteriores, eram de tez relativamente branca.
Em sua fala adotaram uma infraestrutura tolteca, porém modificaram-na em uma
língua própria.
188
CAPÍTULO XLIII
A SEXTA SUB-RAÇA ATLANTE: A ACADIANA
A sexta sub-raça, a Acadiana, surgiu após a grande catástrofe de 800.000 anos atrás,
na região Leste da Atlântida, próximo de onde hoje é a Sardenha. Entretanto, logo dominou
o então minguado continente da Atlântida. Lutou contra os semitas em terra e no mar,
utilizando em ambos os casos consideráveis frotas. Há uns 100.000 anos venceu finalmente
os semitas, estabeleceu uma dinastia na antiga capital semita e governou o país com
sabedoria durante muitos séculos. Foi um povo de grande tendência comercial, marinheira
e colonizadora.
Todos respeitavam a lei, viviam em pequenas comunidades e sustentavam uma forma
oligárquica de governo. Como Esparta, nos tempos modernos, tinham um sistema dual com
dois reis que reinavam numa mesma cidade. Fizeram grandes avanços em astronomia e
astrologia.
Ao expandir-se para o Leste ocuparam o que depois passou a chamar-se costas do
Levante, chegaram até à Arábia e à Pérsia, ajudando a povoar o Egito. Os etruscos e os
fenícios primitivos, inclusive os cartagineses e sumero-acadianos, eram partes deste ramo,
enquanto que os atuais bascos provavelmente sejam, de modo principal, de origem
acadiana.
Nos primeiros tempos acadianos, há uns 100.000 anos, uma colônia de Iniciados
fundou Stonehenge, onde então era a parte escandinava da Europa. Os sacerdotes e seus
seguidores pertenciam a uma primitiva linhagem de acadianos, e eram mais altos, mais
louros e com cabeças mais volumosas que as dos aborígines do país (de origem mista,
porém em sua maioria descendentes degenerados dos ramoahals). A rude simplicidade de
Stonehenge implicava um protesto contra o extravagante ornamento e excessiva decoração
dos templos atlantes dessa época, onde os habitantes adoravam suas próprias imagens.
Os acadianos, a terceira das quatro sub-raças “amarelas” posteriores eram, como os
semitas, de cor relativamente branca.
Ao adotar a infraestrutura tolteca, modificaram a linguagem até produzir a sua própria.
Todos os idiomas atlantes eram aglutinativos. Na Quinta Sub-raça os descendentes dos
semitas e os acadianos desenvolveram a linguagem inflexiva.
189
CAPÍTULO XLIV
A SÉTIMA SUB-RAÇA ATLANTE: A MONGÓLICA
A sub-raça mongólica, a sétima, parece ter sido a única que não teve contato com o
continente-mãe. Surgiu nas planícies da Tartária na Sibéria Oriental, próximo dos 63° de
latitude N e 140° de longitude E. Descendia diretamente da sub-raça turânia, à qual
suplantou gradualmente na maior parte da Ásia. Multiplicou-se em excesso, de modo que
até na atualidade a maioria dos habitantes da terra pertence tecnicamente a ela, embora
muitas de suas divisões tenham fortes matizes de sangue de raças primitivas, de modo que
muito dificilmente se distinguem delas.
Era um povo nômade, melhor que seus antepassados da brutal estirpe turânia, pois
eram mais religiosos e mais psíquicos que os turânios. O governo que adotaram requeria
um soberano que deveria ser supremo, como governante territorial e como sumo
sacerdote.
Extensas como são as planícies tártaras, as tribos mongóis mais de uma vez se
expandiram desde o Norte da Ásia pela América, atravessando o Estreito de Behring.
A última dessas emigrações, a do povo khitan, há uns 1.300 anos, deixou vestígios
seguidos pelos etnólogos, como em algumas tribos de índios norte-americanos.
Os húngaros são frutos desta sub-raça, enobrecidos por uma estirpe de sangue ariano,
enquanto os malaios são outro rebento, apesar de degradado pela mistura com os
esgotados lemurianos.
A mongólica é a última sub-raça atlante, atualmente em plena força, e de fato ainda
não alcançou o seu auge; a nação japonesa ainda tem uma história para dar ao mundo. Os
mongóis, como os turânios, eram de cor amarela.
190
CAPÍTULO XLV
INÍCIO DA QUINTA RAÇA (ARIANA)
No Capítulo XXXVII foi mencionado que o Manu da Quinta Raça-Raiz, o Senhor
Vaivasvata, selecionou um grupo de egos (incluindo o grupo de 1.200 anos), ao qual ajudou,
para formar Sua Raça; com ele, portanto, manteve uma conexão. Isto ocorreu há cerca de
1.000.000 de anos. 400.000 anos depois efetuou outra seleção de candidatos prováveis.
No entanto, o primeiro passo decisivo para a fundação da Raça foi dado há uns
100.000 anos, quando uma tribo da quinta sub-raça atlante, os semitas, de cor branca, foi
isolada nas montanhas ao Norte de Ruta. Esta sub-raça era afeita às montanhas, e os cabilas
das Montanhas Atlas são seus melhores representantes modernos.
Sua religião era diferente da dos toltecas que viviam nas planícies, fato do qual o Manu
tirou partido para obter o isolamento.
Depois o Bodhisattva, o futuro Senhor Buda, fundou uma nova religião; aos que se
juntaram a ela foi recomendado que se mantivessem distantes e evitassem contrair
matrimônio com integrantes de outras tribos.
Foi-lhes anunciado que se achavam sob a proteção de um Rei e Senhor, fisicamente
desconhecido para eles, e que seriam levados para uma “terra prometida”. É provável que
uma parte da história hebreia tenha sido derivada destes fatos.
Devido à pendente sujeição da quinta sub-raça por parte do Governante Negro, o
Manu, no ano 79.797 a.C., embarcou o Seu povo através do Mar do Saara e depois, por
terra, a Arábia. Para essa finalidade foi disposta uma frota de trinta barcos. Não excediam
as 500 toneladas; eram pesados, rápidos com vento a favor, difíceis de manobrar: incluíam
o emprego de remos. Efetuaram-se três viagens, transportando-se umas 9.000 pessoas
junto com alguns animais que eram uma espécie de mistura de búfalo, elefante e porco,
algo semelhante ao tapir. Das 9.000 pessoas, 7.500 correspondiam à quinta sub-raça, 750
aos acadianos, e 750 aos toltecas; cada grupo representava o melhor de sua progênie.
Por esta época havia no Egito uma esplêndida civilização tolteca e, como os emigrantes
atravessavam esse país, os egípcios procuravam suborná-los para que ficassem. Poucos
sucumbiram à tentação, desafiando a determinação do Manu, convertendo-se depois em
escravos dos toltecas. Os demais, conduzidos pelo Manu, chegaram aos altiplanos árabes,
pelo que agora se conhece como a rota do canal de Suez. Os vales eram férteis quando
irrigados; o país estava pouco povoado por uma raça negroide.
Em um dos vales estabeleceu-se uma grande quantidade de Servidores dos grupos de
1.200 e 700 anos, que estavam fanaticamente consagrados ao Manu; atraíram para si a ira
dos egípcios, a quem combateram e expulsaram sob o comando do Manu.
Depois disto os colonos viveram em paz durante algum tempo, cultivando a terra e
usando diversas sementes trazidas da Atlântida. Em cerca de 2.000 anos somavam vários
milhões; estavam isolados do mundo por um cinturão de areia, e o único caminho que
permitia transpô-lo, em que havia pastos e água, era por onde atualmente se encontra a
cidade de Meca. Os indivíduos indesejáveis foram banidos: uma parte foi para o Sul da
191
Palestina, outra para o Sul do Egito. Numa das colônias evoluiu o cavalo. Ocasionalmente, a
fim de melhorar o tipo humano, encarnou o próprio Manu.
O povo era pastoril e agrícola, tão numeroso que produziu uma superpopulação. Por
isso foi enviado à África um grupo muito grande para fundar uma colônia, que foi depois
exterminada.
Poucos anos antes da catástrofe de 75.025 a.C., por instruções do Chefe da Hierarquia,
o Manu selecionou uns 700 de Seus próprios descendentes, converteu-os a uma seita
inortodoxa e estrita, enviando-os em caravana para o Norte (veja Diagrama XLV). Obteve
permissão para passar através dos domínios do Governante do Império Sumero-Acadiano,
que abarcava o que agora é a Turquia, além da Pérsia e dos países próximos. No Turquestão
solicitou permissão à Confederação dos Estados Turânios feudatários, que incluía o que é
agora o Tibete, foi-lhe permitido passar. Após alguns anos a caravana chegou ao Mar de
Gobi, dirigindo-se para as colinas ao Norte, de onde um grande mar pouco profundo se
estendia até o Polo Norte. Nesta época a Estrela Lemuriana havia-se rompido, e seu ponto
mais próximo estava a umas 1.000 milhas ao Norte.
O Manu deixou alguns dos Seus seguidores em um promontório orientado para o
Noroeste, e estabeleceu a maioria em uma depressão fértil e semelhante a uma cratera. A
Ilha Branca ficava a Sudoeste e fora do alcance da vista, até ser coberta de elevados
templos, quando se tornou visível.
A população permaneceu ali mesmo depois da catástrofe, que naquele tempo estava
muito próxima. A formação geológica era tal que, a não ser que se quebrasse toda a terra,
pouco dano poderiam causar todos os terremotos. Quando ocorreram as alterações
sísmicas, a comunidade não foi perturbada por rachaduras absolutas nem por modificações
na superfície, embora fosse aterrorizada pelos reiterados terremotos, e quase paralisada
pelo medo de que o sol, invisível devido às nuvens de fino pó, desaparecesse para sempre.
Caíram chuvas incessantes e terríveis, enquanto massas de vapor e nuvens de poeira
escureciam o ar. Nada podia crescer apropriadamente, e o povo estava exposto a severas
privações. Dos 700 originais, que aumentaram para 1.000, só 300 dos mais fortes
sobreviveram.
Ao fim de cinco anos se firmaram novamente; o tempo se tornou cálido, surgiu muito
solo virgem que puderam cultivar.
O Manu, nessa época um ancião, recebeu ordens de levar Seu povo para a Ilha Branca,
onde lhe foi mostrado o plano, que se estendia por dezenas de milhares de anos. Seu povo
viveria nas costas do Mar de Gobi, aumentaria e se fortaleceria. A nova raça seria fundada
na Ilha Branca, e se construiria uma grande cidade na costa oposta, apresentando-se o
plano para isso.
Havia uma cordilheira que corria ao longo das costas do Mar de Gobi, a uns 32 km de
distância, e baixas colinas se estendiam dessa cordilheira até a costa. Quatro vales,
inteiramente separados um do outro, corriam para baixo, até o mar. O Manu foi instruído
para fixar nesses vales algumas famílias escolhidas, e nestes vales e delas desenvolvesse
quatro sub-raças separadas, que depois seriam enviadas a diferentes partes do mundo.
Alguns descendentes do Seu povo nasceriam no mundo exterior, regressariam para se casar
192
com membros da Sua família a fim de melhorar o tipo racial. O próprio Manu encarnaria
depois e fixaria o tipo melhorado.
Assim se formariam cinco tipos: o tipo principal original e quatro subtipos.
No ano 70.000 a.C. o Manu instruiu Seu povo para se fixar e povoar o continente, onde
viveriam e se multiplicariam por milhares de anos. Ele, o Rei reconhecido, residia em
Shamballa.
Anos depois o Manu instruiu Júpiter, Corona (que mais tarde seria Julio César), Marte e
Vajra (que viria a ser H. P. Blavatsky) para que escolhessem alguns dos melhores meninos,
enviando-os a Shamballa. Estas crianças eram Urano, Netuno, Surya, Brihaspati, Saturno,
Vulcano e Vênus, os quais se converteram desde então em Mestres.
Pouco depois disso os turânios atacaram a comunidade, horda após horda,
aniquilando-a.
Os descendentes das crianças salvas fundaram, a seu tempo, outra civilização populosa
e florescente, em um nível superior à anterior. Foram incluídos muitos servidores que,
apesar de pouco dotados de inteligência, cometendo muitos erros, eram estreitamente
ligados a quem serviam por lealdade e sinceridade.
Construíram casas de grande tamanho, muito fortificadas, da mesma forma que seus
povoados e aldeotas, contra os selvagens turânios que continuamente as arrasavam.
Outra vez se converteram numa pequena nação, apenas para ser uma vez mais
massacrados pelos turânios; uns poucos meninos com suas amas foram salvos e
introduzidos em Shamballa. Deste modo se preservou o tipo racial, no qual o Manu e Seus
lugares-tenente encarnaram logo que foi possível, a fim de aproximá-lo do nível requerido.
Merece registro que mesmo os turanianos, sedentos de sangre, tinham profunda
veneração pela Ilha Branca e se abstinham de atacá-la. Voltando por um momento ao povo
que permaneceu na Arábia quando o Manu levou seus 700 escolhidos para a Ásia Central,
podemos notar que dele descenderam os judeus; em um capítulo posterior retornaremos à
historia dos judeus.
193
CAPÍTULO XLVI
A CIDADE DA PONTE
Após a segunda destruição, descrita ao final do capítulo anterior, o Manu enviou
Marte para encarnar em uma das melhores famílias toltecas de Posseidon. Aos vinte e cinco
anos de idade Marte se casou com a filha do Manu, introduzindo assim uma estirpe
adicional ao sangue tolteca, que era necessária à Raça. Desde esta data, 60.000 a.C., pode-
se dizer que surgiu a Raça-Raiz ariana propriamente dita, já que depois disso jamais foi
destruída novamente.
Os descendentes do Manu permaneceram na Ilha até que somaram 100; depois se
dirigiram ao continente onde deram início à construção da Cidade que o Manu planejara
como futura capital de Sua Raça.
A cidade se estendia, em leque, ao longo da costa, elevando-se para as colinas, a uns
32 km de distância; as ruas, que eram muito largas, convergiam todas para a Ilha Branca.
Toda a Cidade foi planejada assim, cuidadosamente, com 1.000 anos de antecedência com
relação à população que ali viveria. Das colinas obtinham metais e pedras de diversas cores
- brancas, cinzas, vermelhas e verdes – bem como pórfiro de púrpura esplêndida. Os
construtores trabalhavam contentes, como uma irmandade, sabendo que realizavam os
desejos de Quem, ao mesmo tempo, era seu Pai e seu Rei. Utilizaram pedras maiores que as
de Karnac; transportaram sobre rolos, com a ajuda de máquinas; algumas mediam uns 49 m
de comprimento. O Manu e Seus auxiliares aliviavam as pedras mediante o poder oculto,
para que pudessem ser içadas até os seus respectivos lugares. Os edifícios tinham as
proporções egípcias, porém eram de aparência mais leve. Isto ocorria especialmente na Ilha
Branca, onde as cúpulas volumosas na base e rematadas em uma ponta, como o cerrado
broto de um loto, no qual as folhas dobradas para dentro dão uma espécie de giro, como se
fossem duas hélices, à direita e à esquerda, eram superpostas de modo tal que as linhas se
cruzavam umas com as outras. As partes inferiores dos enormes edifícios eram
imensamente sólidas; seguia-se uma coroa de minaretes e arcos com uma curva graciosa, e
por último o feérico broto de loto, a cúpula, no cimo.
O trabalho de edificação durava vários séculos; a Ilha Branca, ao completar-se, foi de
uma beleza maravilhosa. A Ilha ascendia até um ponto em que foram construídos templos
estupendos, todos de mármore branco incrustado em ouro. Cobriam toda a Ilha,
convertendo-a numa singular Cidade sagrada, com um enorme Templo central. A cúpula
ficava sobre a grande Sala, onde apareciam os Quatro Kumaras em ocasiões especiais.
As ruas estavam dispostas como quatro raios, convergindo para o Templo central; o
panorama desde o extremo de uma das ruas da cidade, digamos, ao longo de 16 km, era
belo e impressionante em excesso. Vista do Noroeste, toda a cidade parecia o Grande Olho
do simbolismo maçônico, traçado de modo que as curvas se tornavam cilíndricas, e as
linhas da cidade, sobre o continente, formavam a íris.
Dentro e fora os Templos eram adornados com muitas esculturas; grande parte
continha símbolos maçônicos. Havia uma série de gravuras que ilustravam os átomos físicos
194
e químicos. Outros átomos e partículas, como os da vitalidade, estavam modelados em alto
relevo.
Esta capital foi construída durante 1.000 anos para uma população destinada a ser
imperial. Usou-se muito ouro, especialmente sobre o mármore branco. Também se usaram
muitas gemas na decoração, assim como lajes de calcedônia e uma pedra parecida com o
ônix mexicano. Um artifício favorito consistia numa combinação de jade com pórfiro
púrpura.
Não se utilizavam pinturas, tampouco desenhos sobre superfície plana, nem
perspectiva. Os frisos eram em alto relevo, muito bem confeccionados, com figuras
frequentemente pintadas.
Uma ponte maciça e esplêndida ligava a Ilha Branca ao continente; a Cidade era
conhecida como a Cidade da Ponte. Era uma construção de contrapeso, muito graciosa, e
decorada com grandes grupos de estátuas. As pedras da calçada eram de 49m de
comprimento e proporcionalmente largas.
No ano 45.000 a.C. a Cidade estava no seu apogeu, e era a capital de um imenso
Império que incluía todo o Leste e a Ásia Central, desde o Tibete até a costa e desde a
Manchúria até Sião, além de proclamar a soberania sobre todas as ilhas desde o Japão até a
Austrália.
O traço inconfundível do sangue ariano pode ainda encontrar-se até em raças tão
primitivas como os ainos peludos do Japão e os aborígines australianos.
Os edifícios ciclópicos foram terminados com grande delicadeza e polidos até um alto
nível. Diz-se que suas ruínas colossais são a maravilha de quem as viram atualmente em
Shamballa. A Ponte ainda está de pé, apesar de agora só fluírem sob ela as movediças areias
do deserto.
Essa foi a poderosa Cidade planejada por Vaivasvata Manu e construída por Seus
filhos. Muitas e grandes foram as cidades da Ásia, mas a Cidade da Ponte a todas eclipsou. E
nela sempre se hospedaram as poderosas Presenças que tiveram, e ainda têm, Sua morada
terrena na sagrada Ilha Branca, brindando a esta, à parte de todas as cidades da Terra, com
a benção sempiterna de Sua proximidade imediata.
195
CAPÍTULO XLVII
A PRIMEIRA SUB-RAÇA ARIANA, A HINDU: 60.000 a.C.
A partir de um começo no ano 60.000 a.C., cresceu um reino densamente povoado,
que ocupou as margens do Mar de Gobi e gradualmente obteve o domínio de muitas
nações vizinhas, incluindo a Turaniana, que tão cruelmente massacrara seus antepassados.
Esta foi a estirpe fundamental da Raça-Raiz original, da qual surgiram todos os ramos e
sub-ramos como emigrações. A estirpe fundamental é comumente chamada de a primeira
sub-raça, a qual é conhecida como a sub-raça hindu ou hindu-ariana, para descrever mais
particularmente os emigrantes que invadiram a Índia, pois muitos grupos enormes de
emigrantes conquistadores marcharam sobre a Índia e se apoderaram dela. Os
remanescentes da estirpe fundamental abandonaram seu lar e se uniram aos precursores
na Índia pouco antes do afundamento de Posseidon no ano 9.564 a.C. De fato, foram
enviados para escapar da ruína produzida por esse tremendo cataclismo.
Como agora veremos, a raça original enviou não menos de quatro migrações para o
Oeste: a primeira destas formou a segunda sub-raça, a segunda formou a terceira sub-raça,
e assim sucessivamente.
Do ano 60.000 a.C. até o 40.000 a.C., a raça original cresceu e floresceu em excesso,
alcançando seu apogeu em torno do ano 45.000 a.C. Conquistou a China e o Japão,
povoados principalmente por mongóis, a sétima sub-raça atlante, deslocando-se para o
Norte e para o Leste, até que foram barrados pelo frio. Também incorporou ao seu império
Formosa e Sião, povoados por turânios e tlavatlis, a quarta e a segunda sub-raças atlânticas.
Também colonizou Sumatra, Java e as ilhas adjacentes, que então não estavam tão
dispersas como agora. Em sua maioria foram bem recebidos pelo povo dessas regiões, que
contemplava como deuses os louros estrangeiros, sentindo-se mais inclinados a adorá-los
do que a combatê-los.
Em Celebes, uma ilha a Leste de Bornéu, permaneceu uma tribo montanhesa chamada
Toala, que é reminiscência de uma destas colônias.
Também se expandiram por toda a península malaia, as Filipinas, as ilhas Liu-Kiu, o
Arquipélago Oriental, Papua, as ilhas no rumo da Austrália, e a própria Austrália, na época
ainda densamente povoada por lemurianos.
O Manu era soberano de todo o enorme Império, com seus múltiplos reinos. Estando
Ele encarnado ou não, os Reis governavam em Seu nome e, de tempos em tempos, dava
orientações para a realização de um trabalho determinado.
É bastante compreensível que se estude as características gerais da Raça e sua
civilização. Tendo surgido após centenas de milhares de anos de civilização atlântica e
tendo passado milhares de anos subordinada ao seu próprio Manu na Arábia e no Norte da
Ásia, de forma alguma era primitiva.
Toda a população sabia ler e escrever; todo trabalho era considerado honrado, sem
importar de que se tratava, sendo realizado para o Manu. O sentimento de fraternidade da
Raça era especialmente cultivado, bem como uma maravilhosa igualdade fundamental e
uma cortesia mútua. Embora o mérito pessoal fosse reconhecido plenamente, havia
196
respeito e gratidão para com os superiores, e ausência completa de autoimposição. Tinham
confiança entre si, acreditavam na boa fé dos demais e, por isso, não havia disputas. Isto
diferia muito da elaborada e opulenta civilização atlântica, na qual cada um buscava sua
própria comodidade e reconhecimento para si, e todos desconfiavam uns dos outros,
pondo-se mutuamente na defensiva. Entre os arianos bastava a palavra do homem, já que
descumpri-la seria impensável.
Todos pareciam conhecer muitas pessoas; de fato, o conhecimento de uma grande
quantidade de pessoas era um dos requisitos para que um homem se tornasse um
dignitário.
No entanto, o sentimento de irmandade não se estendia além da Raça ariana, como,
por exemplo, para com os turânios, que eram de uma estirpe diferente, de cultura
diferente, astuciosos e indignos de confiança. Para eles os arianos demonstravam uma
reserva marcada e digna. Embora não fossem hostis com os estrangeiros, nem os
desdenhassem, só permitiam a eles acesso aos pátios externos das casas; para o alojamento
dos estrangeiros, que eram poucos, havia casas especiais e pátios separados.
No governo das nações conquistadas, não eram cruéis nem opressores, mas eram
severos e duros.
Um homem ariano era um "nobre", e este fato impunha-lhe certo código de conduta.
Os filhos do Manu eram aristocratas, no verdadeiro sentido da palavra, orgulhosos de sua
alta progênie, e reconheciam plenamente o que lhes era exigido. Para eles, noblesse oblige
não era uma frase vazia.
A civilização era alegre e feliz, com muita música, bailes e diversões; a religião consistia
em oração e ação de graças. Cantavam constantemente hinos de louvor e reconheciam os
Devas nas forças da natureza. A cada manhã entoavam cânticos jubilosos às Donzelas do
Amanhecer, e o Espírito do Sol era o principal objeto do culto.
Os quatro Kumaras eram considerados Deuses, e o povo evidentemente sentia Sua
Presença tão próxima à natureza que eram sensitivos e psíquicos. O planeta Vênus também
era objeto de culto, talvez devido à tradição de terem vindo de Vênus os Senhores da
Chama. O próprio céu era adorado, e até os átomos como a origem de todas as coisas e
manifestação da Deidade em miniatura.
Uma cerimônia anual pode servir de exemplo de uma de suas maiores festividades
religiosas.
Celebrava-se o Dia do Solstício Estival na Cidade da Ponte, o Festival do Fogo Sagrado.
Multidões de homens, mulheres e crianças marchavam em procissão, bem cedo, pelas ruas
que convergiam na meia lua diante da Ponte. Bandeiras eram içadas nos edifícios, as ruas
eram enfeitadas com flores, incenso era queimado, o povo se vestia de seda de diversas
cores, ostentando muitas joias, esplêndidos ornamentos de coral, coroas e grinaldas
floridas. Marchavam ao repique de lâminas metálicas e ao som de trombetas.
Cruzavam a Ponte em silêncio e ingressavam na Sala central. Ali ficava o grande trono
lavrado na rocha, incrustado de ouro, ricamente adornado, coberto de símbolos áureos.
Diante dele havia um altar, sobre o qual se empilhavam madeiras fragrantes. Acima dele,
um imenso Sol de ouro, uma semiesfera, se projetava da parede. O planeta Vênus pendia
da abóbada.
197
Após o ingresso do povo, entravam os três Manus, com seus mantos de oficiantes: o
Mahaguru (o futuro Gautama Buda), seguido pelo Senhor Vaivasvata e, atrás dele, Surya (o
futuro Senhor Maitreya). Muito próximos ao trono, os três Kumaras. Acima, formando um
semicírculo no ar, pairavam os Devas de cor púrpura e prata brilhantes, atentos e vigilantes.
Os que se achavam em torno do trono entoavam suavemente uma invocação para que
o Rei viesse até eles. Soava uma única nota argentina, chamejava o Sol de ouro e, debaixo
deste, precisamente sobre o trono, cintilava uma estrela. Aparecia o Senhor supremo da
Hierarquia, sentado no trono, e todos baixavam a cabeça, ocultando seus olhos do
esplendor ofuscante de Sua Presença.
O Rei suavizava seu resplendor de modo que todos pudessem ver Quem era Sanat
Kumara, o "Virgem Eterno" em toda a beleza de Sua juventude imutável, e ao mesmo
tempo o "Ancião dos Dias" (deve-se notar que o termo sânscrito que se traduz como
Virgem tem terminação masculina).
Estendia Suas mãos para o altar, e o fogo chamejava sobre este.
Depois Ele desaparecia; desvanecia-se a Estrela, o Sol de ouro brilhava tenuemente, só
ardia o fogo. Então os sacerdotes reservavam tições acesos para os altares dos diversos
templos, entregando-os em vasos protegidos com tampas aos responsáveis pelos templos e
aos pais de família.
Voltavam a se formar as procissões que saíam para a Cidade com grande regozijo. O
fogo sagrado era colocado nos altares familiares, sendo mantido aceso até o ano seguinte.
Destes fogos do altar se tiravam tições para quem não havia assistido à cerimônia.
Algumas pessoas estudavam com profundidade e alcançavam grande eficiência nas
ciências ocultas, a fim de consagrar-se a certos ramos do serviço público. Convertiam-se em
clarividentes e conseguiam controlar diversas forças naturais, aprendiam a criar formas-
pensamento e a abandonar seus corpos à vontade. Recordando os males da Atlântida, os
instrutores escolhiam seus discípulos com grande cuidado, e um dos lugares-tenente do
Manu supervisionava as classes.
Em lugar dos jornais, os clarividentes conseguiam qualquer notícia que deles se
requeresse, de qualquer parte do Império, como nos tempos modernos o conseguimos
através da telegrafia sem fio ou de outro tipo.
Ocasionalmente, se o Manu não pudesse transmitir Suas instruções a um dos Seus
remotos governantes, permitia que um dos estudantes treinados abandonasse seu corpo
físico, viajasse astralmente até o governante, se materializasse ao chegar e entregasse a
mensagem. Deste modo o Manu permanecia no governo de todo o Império.
A escrita se fazia sobre diversas substâncias como, por exemplo, com um instrumento
aguçado sobre uma superfície de cera; depois o escrito era preenchido com um líquido que
endurecia.
As máquinas eram mais simples do que na Atlântida, e havia mais trabalho manual.
Evidentemente, o Manu desejava evitar o luxo extremo da Atlântida.
Por volta do ano 40.000 a.C. o Império começou a declinar; as ilhas e as províncias
exteriores alcançaram a independência. O Manu ainda encarnava ocasionalmente, mas, em
geral, dirigia desde os planos superiores. No entanto, o reino central permaneceu
198
esplêndido quanto à civilização durante outros 25.000 anos ou mais, enquanto as sub-raças
posteriores se expandiam em todas as direções.
199
CAPÍTULO XLVIII
A SEGUNDA SUB-RAÇA ARIANA, A ÁRABE: 40.000 a. C.
O trabalho de desenvolver as quatro sub-raças nos quatro vales tinha que começar
agora. O Manu selecionou, do grupo de Servidores que se desenvolveram na grande
civilização ariana, algumas famílias desejosas de atuar como precursoras, de abandonar a
Cidade da Ponte e internar-se no deserto para fundar Sua nova colônia. Os escolhidos, em
sua maioria, estão ou estiveram na Sociedade Teosófica, sendo utilizados constantemente
deste modo como pioneiros; esse trabalho pode ser ingrato, porém é necessário; para
muitos é atraente.
Na terceira geração Marte e Mercúrio nasceram entre os descendentes daqueles, e
alguns do grande povo encarnaram para especializar o tipo. Quando encarnam os egos
altamente desenvolvidos, o tipo se vê como sua melhor expressão, e a raça tem sua Idade
Dourada.
Depois chegam egos mais jovens, mas, certamente, não podem manter esse mesmo
nível elevado.
Os que ficaram para trás na Cidade da Ponte pensaram que as pessoas que se dirigiram
ao vale eram muito néscias, pois a civilização existente era finíssima, e parecia insensato
marchar para criar uma nova em um vale estéril. Ademais, a nova religião seguida por quem
morava no vale parecia cabalmente desnecessária e inferior à religião existente.
Durante alguns séculos a população do vale se multiplicou, seguindo a cuidadosa
especialização, até que no ano 40.000 a.C. o Manu decidiu enviá-la ao mundo (veja
Diagrama XLV).
Sob a liderança de Marte, seguiram os passos de seus predecessores até a Arábia, com
a intenção de arianizar os árabes que, de todos os atlantes, eram os mais próximos de
possuir as novas características.
Depois o Manu em pessoa assumiu o comando de Suas forças, e obteve permissão de
um poder forte e amistoso, que à época dominava onde agora estão a Pérsia e a
Mesopotâmia, para levar Suas hostes por uma rota cuidadosamente custodiada.
Nesta migração foram levados uns 150.000 homens em idade de lutar, junto com
umas 100.000 mulheres e crianças.
Dois anos antes o Manu havia preparado os árabes para Sua chegada com o envio de
mensageiros. Depois de uma pequena oposição e perturbação, o Chefe árabe permitiu que
os visitantes se radicassem num grande vale desolado nas fronteiras de seu território.
Em pouco tempo irrigaram todo o vale, com uma corrente que fluía para seu centro.
Em um ano foi cultivada a terra, obtendo-se boas colheitas. Em três anos eram prósperos,
autoabastecendo-se.
O chefe árabe tentou convencer o Manu a unir-se a ele para atacar um inimigo vizinho,
mas o Manu recusou; o árabe então se uniu ao seu outrora inimigo e tentou exterminar os
recém-chegados. Entretanto, o Manu os derrotou e matou a ambos, assumindo o governo
dos três estados combinados. Os povos derrotados logo melhoraram sob o Manu, que
200
prontamente passou a arianizá-los. Seu reino prosperou e se fortaleceu mais, pois absorveu
uma tribo depois da outra, usualmente sem derramar sangue, com o consentimento delas.
Ao morrer, quarenta anos depois, o Manu governava a metade superior da Arábia. A
metade do Sul se manteve isolada devido a um fanático religioso (chamado Alastor em As
Vidas), que se ateve às diretivas do Manu, impostas na antiguidade, proibindo-lhes o
matrimônio com estrangeiros. De maneira que as tribos do Sul se uniram para opor-se ao
seu próprio Líder, agora reencarnado, convertendo Sua ordem original quanto à pureza
racial em seu grito de união contra Ele.
O Manu pretendia arianizar estes descendentes de Seus antigos seguidores, porém
eles sustentavam com tanto vigor a ideia de ser um povo escolhido que rechaçou suas
propostas. Recorde-se que os judeus descenderam deste povo, como agora se verá mais
detalhadamente.
Enquanto prosseguia esta longa luta, o Mahaguru (o futuro Gautama Buda) chegou à
segunda sub-raça para dar-lhe a nova religião que Ele ensinara no Egito, como reforma da
antiga fé ali prevalecente.
Nesse tempo, por volta do ano 40.000 a.C., no Egito dominava um Império atlante que
havia alcançado um estado elevadíssimo de civilização; tinha templos imensos, um florido
ritual e uma elaborada doutrina religiosa. Os egípcios eram profundamente religiosos, e
também psíquicos.
Tinham esplêndidas procissões religiosas, e cerimônias de palpitante realidade; todas
as multidões se arrebatavam de apaixonada emoção quando choravam a morte de Osíris e
lhe pediam que regressasse.
O Mahaguru chegou a este povo como Tehuti ou Thoth, a quem os gregos depois
chamaram de Hermes. Sua doutrina era a da Luz Interior. “A Luz que ilumina todo homem
que vem a este mundo” foi uma frase sua, repetida no quarto Evangelho. “Eu sou essa Luz”,
ordenou-lhes que repetissem “essa Luz sou Eu”, “Essa Luz é o verdadeiro homem... a Luz se
oculta em toda parte; está em cada rocha e em cada pedra... A Luz é a vida dos homens.
Para todo homem - embora haja esplêndidas cerimônias, embora haja muitos deveres que
o sacerdote deve cumprir, e muitos modos de ajudar os homens - essa Luz está mais
próxima que tudo mais, dentro de seu próprio coração. Para todo homem a Realidade está
mais perto que qualquer cerimônia, pois só tem que voltar-se para dentro, e então verá a
Luz. Esse é o objeto de toda cerimônia, e as cerimônias não devem ser desprezadas, pois
não vim para destruir, mas para realizar.
Quando alguém sabe, vai além da cerimônia, vai até Osíris, vai até a Luz, a Luz Amun-
Ra, da qual surgiu tudo, e à qual tudo retornará."
E também dizia: “Osíris está nos céus, mas também está no coração dos homens.
Quando o Osíris do coração conhece o Osíris dos céus, então o homem se converte em
Deus, e Osíris, outrora reduzido a fragmentos, novamente se unifica”.
O Faraó, o Monarca, deu esta divisa: “Busca a Luz”, pois só poderá governar bem o Rei
que veja a Luz no coração de cada um.
Ao povo deu este lema: “Tu és a Luz. Que a Luz brilhe”. Este lema foi inscrito em um
bebedouro, nas portas das casas, e em reproduções do bebedouro confeccionadas em
metais preciosos ou argila. Outro lema favorito era “Segue a Luz”, e este se converteu
201
depois em: “Segue o Rei”, expandindo-se para o Oeste e convertendo-se no Lema da Távola
Redonda. O povo dizia de seus mortos: “Foi-se para a Luz”.
Como se disse, do Egito o Mahaguru se dirigiu à Arábia para ensinar Sua doutrina à
segunda sub-raça.
Voltando à história da segunda sub-raça, após alguns séculos subiu ao trono um
governante mais ambicioso que marchou até o oceano e se proclamou Imperador da
Arábia.
Entretanto, uma parte fanática dos sulistas, sob um profeta de eloquência rude e
inflamada, protestou contra o que considerava o triunfo do mal, abandonou sua pátria e
radicou-se na costa oposta da Somália. Ali viveram e aumentaram em número durante
alguns séculos até que ocorreu uma grave ruptura. O profeta governante, enamorado de
uma jovem negra, declarou audaciosamente que isto não constituía infração à rígida ordem
que proibia o matrimônio com outras raças, sendo os negros mouros escravos e, portanto,
mais mercadorias e utensílios de que consortes.
Um grupo considerável se rebelou contra este desmando de um sacerdote licencioso,
constituiu uma caravana, circundou o Golfo de Aden, subiu pela costa do Mar Vermelho e
se internou em território egípcio. O Faraó sensibilizou-se ante o que lhe narraram e deu-
lhes um distrito remoto para que se estabelecessem.
Um Faraó posterior impôs um tributo adicional, obrigando-os a trabalhar mais.
Ofendidos por isto, emigraram novamente, desta vez para a Palestina, de onde os
conhecemos como os judeus, que ainda mantêm a teoria de ser um povo escolhido.
O carma do repúdio deixou desde então os judeus como una raça à parte; os mesmos
egos encarnavam uma e outra vez nessa estirpe em lugar de passar de uma raça a outra do
modo usual. É possível que uma percepção inconsciente desta diferença tenha incidido no
tratamento que os judeus receberam de outras raças; isso talvez também se deva, em
parte, ao fato de que, devido à tradição dessa seleção original por parte do Manu, sempre
tiveram um sentimento similar ao dos brâmanes, no sentido de que eram superiores ao
resto do mundo.
Originalmente eram uma tribo nômade como os beduínos árabes, em grande medida
viviam do roubo; sua deidade era declaradamente tribal e combatia os deuses das outras
nações, jactando-se sempre de ser superior a eles. Sua exigência de sacrifícios de sangue dá
a medida do seu caráter.
Para muitos desses povos turbulentos, a melhor coisa que podia ter acontecido foi ter
sido levados cativos para a Babilônia, pois então entraram em contato com uma raça
altamente civilizada, e tiveram notícias de um Deus supremo. Procuraram identificar sua
própria deidade tribal com este Ser Supremo, e assim causaram muita confusão. Quando
regressaram do cativeiro, reescreveram suas escrituras, introduzindo nelas certa mescla de
ideias superiores acerca de uma deidade suprema.
Devido a que o Fundador do Cristianismo tomou posse de um corpo judeu, e como
todos os primeiros mestres dessa religião também foram judeus, no Cristianismo se
introduziu um conceito muito mesclado de um deus cheio de características irreconciliáveis.
Se os cristãos se tivessem despojado dos conceitos judeus primitivos, tomando os
202
ensinamentos do Cristo, que falava da Deidade como o Pai que está nos Céus, teriam
evitado muitos transtornos à Igreja Cristã.
A maioria, que ficou para trás na Somália, foi arrasada por caçadores de escravos e
depois de perder milhares de vidas, abandonou seus lares e emigrou cruzando o Golfo de
regresso à Arábia.
Foram recebidos amistosamente e absorvidos prontamente pela população geral.
Chamavam-se os “verdadeiros árabes”, apesar de merecerem esse título menos que
ninguém. Ainda hoje em dia existe uma tradição de que os verdadeiros árabes
desembarcaram em Aden e se expandiram para o Norte. E entre os árabes hamiaríticos da
Arábia do Sul pode-se ver ainda rastros da mescla de sangue negroide de há tantos milhares
de anos. Também há uma lenda de que os árabes nostareb da Arábia do Norte se afastaram
durante longo tempo, internando-se na Ásia, muito além da Pérsia, e regressaram trazendo
consigo muitos indícios de sua estada em terras estrangeiras.
A segunda sub-raça cresceu e aumentou durante muitos milhares de anos, estendendo
seu domínio sobre quase toda a África, exceto a parte em poder do Egito. Depois invadiu o
Egito, e por breve lapso governou como os Reis hicsos; porém seus dias florescentes foram
quando governaram a grande ilha da Argélia, e fundaram um reino que incluía
Matabeleland, ou Transvaal e o distrito de Lourenço Marques.
Os Servidores, depois de vários nascimentos na Arábia, tomaram parte na construção
do Império Sul-africano. Marte foi ali o Monarca. Foram construídas cidades do tipo
imponente, como preferiam, e enormes templos; tinham uma notável civilização. Porém o
abismo entre os nativos africanos e os conquistadores árabes era demasiado largo para uni-
los, e os africanos seguiram sendo os obreiros e serventes, mantidos inteiramente sob
sujeição.
Os árabes também estabeleceram colônias na Costa Ocidental da África, porém
entraram em colisão com homens de Posseidon, e a seu tempo foram rechaçados por
completo.
Madagascar foi invadida, o Império do Sul procurou ocupá-la, mas só conseguiu
manter por algum tempo colônias em parte da costa.
Quando o grande Império Sumero-acadiano da Pérsia, Mesopotâmia e Turquestão se
desagregou finalmente em pequenos Estados e em desordem, um monarca árabe o
combateu durante vinte anos, constituindo-se em amo das planícies da Mesopotâmia e de
quase toda a Pérsia, até o lago de Khorasan, onde agora é o deserto. Porém não conseguiu
conquistar o Curdistão nem as tribos montanhesas.
Ao morrer, seu filho consolidou seu Império em lugar de estendê-lo. Manteve-se unido
durante alguns séculos, mas os problemas dinásticos surgiram na própria Arábia, e o
governador da Pérsia, primo do Rei árabe, proclamou-se independente. A dinastia árabe
por ele fundada durou 200 anos, porém em meio a guerras incessantes. Novamente
transcorreu um período de agitação e de pequenas tribos, e de frequentes ataques dos
selvagens nômades da Ásia Central.
Um rei árabe, tentado pela fabulosa riqueza da Índia, enviou uma frota para atacá-la,
mas sua frota foi destruída e seus homens mortos ou feitos prisioneiros.
203
Após o colapso do Império árabe da Pérsia e da Caldeia, houve séculos de anarquia e
derramamento de sangue, despovoaram-se os países e o Manu decidiu resgatá-los,
enviando Sua terceira sub-raça que estabeleceu o grande império persa dos iranianos. A
sub-raça árabe às vezes é chamada de semita, nome que originariamente pertenceu à
quinta sub-raça dos atlantes.
204
CAPÍTULO XLIX
A TERCEIRA SUB-RAÇA ARIANA, A IRANIANA: 30.000 a. C.
Transcorreu um intervalo de 10.000 anos após o envio da segunda sub-raça antes que
o Manu remetesse a terceira. Isto nos leva para o ano 30.000 a. C. Nesta época a Cidade da
Ponte ainda era grande, embora seu esplendor fosse decrescente.
As pessoas da terceira sub-raça haviam sido preparadas durante muitos séculos,
separadas em um dos quatro vales até que evidenciaram um tipo bem distinto. Em Sua
seleção original da Atlântida, o Manu havia incluído uma pequena porção dos melhores da
sexta sub-raça atlante, os acadianos, e agora utilizava as famílias que mais preservavam
esse sangue acadiano, enviando para encarnar nelas Seu grupo de pioneiros. Um ou dois
destes foram enviados muito mais tarde para que trouxessem uma mostra de sangue
acadiano de sua região natal, nos países mais ocidentais.
Os membros da jovem terceira sub-raça, ao se multiplicar, eram mais pastoris que
agricultores, cuidando de grandes rebanhos de ovelhas, gado vacum e cavalos.
O Manu, que nesta ocasião modificara consideravelmente Sua aparência, entrou na
sub-raça em sua quinta geração, e permitiu que o povo se multiplicasse durante cerca de
2.000 anos, até que dispusesse de um exército de 300.000 guerreiros. Depois fez encarnar
Marte, Corona e outros aptos capitães da Sua força, e Ele mesmo dirigiu o exército,
deixando as mulheres e as crianças atrás, no vale.
A rota (veja Diagrama XLVI) atravessava um país difícil, algumas das passagens da
cordilheira Tian-shan, onde faz uma curva no distrito de Kashgar, sendo de 1.745 m de
altura. Parte do caminho seguiram o curso de um rio que atravessava desfiladeiros e vales.
O Manu introduziu seu excelente exército em Kashgar, derrotando com facilidade as hordas
nômades que se atreviam a atacá-lo quando cruzava seus desertos. As armas utilizadas
eram lanças e dardos longos e curtos, espadas curtas e fortes, fundas e arcos. Muitos povos
arrasados e saqueados, amiúde espoliados e massacrados, deram as boas-vindas a um
poder que restauraria e manteria a ordem. Em dois anos a Pérsia foi invadida sem
dificuldade e logo depois a Mesopotâmia foi submetida. Foram estabelecidos postos
militares em intervalos frequentes, e o país se dividiu entre Seus chefes. Construíram-se
fortes, primeiro de terra, depois de pedra, até que se criou sobre a Pérsia una rede
defensiva para impedir os ataques pelas montanhas. Não foi feita nenhuma tentativa para
conquistar as tribos belicosas, mas praticamente foram mantidas dentro do seu território e
impedidas de saquear os pacíficos habitantes das planícies.
A terra foi conquistada até o deserto ao Sul e até as montanhas curdas, ao Norte.
Quando o país se consolidou e se manteve em paz durante alguns anos, o Manu convocou a
vasta caravana de esposas e filhos deixados atrás, no vale.
Durante os cinquenta anos seguintes, o Manu manteve o novo império sob Seu
governo direto, visitando-o diversas vezes, e designando como seus governadores os
membros de Sua família. Foi sucedido por Marte, e Corona foi o rei independente da Pérsia.
205
Desde esta época, a terceira sub-raça cresceu rapidamente em poder até que, em
poucos séculos, dominou toda a Ásia ocidental, desde o Mediterrâneo até Pamirs, e desde o
Golfo Pérsico até o mar de Aral.
A terceira sub-raça, quando se estabeleceu na Pérsia e Mesopotâmia, somava cerca de
um milhão de pessoas, e estas se multiplicaram rapidamente, incorporando à sua nação a
dispersa população existente no país quando a ele chegaram.
Com algumas modificações, seu império durou até perto do ano 2.200 a. C., embora
nestes 28.000 anos houve naturalmente muitas flutuações.
Na maior parte do tempo, Pérsia e Mesopotâmia tiveram governantes separados, os
quais se alternavam na função nominal de dominador. A certa altura, os países se dividiam
em estados menores, devido a uma espécie de frouxa obediência feudal ao rei central. Em
toda sua história tiveram dificuldades constantemente reiteradas com os nômades mongóis
por um lado, e os montanheses do Curdistão pelo outro. Às vezes os iranianos rechaçavam
os selvagens, mas em outras ocasiões tinham que retroceder ante eles.
Por um período bom governaram a maior parte da Ásia Menor e se estabeleceram
temporariamente em diversos países que bordejavam o Mediterrâneo, incluindo Chipre,
Rodes e Creta; porém, em conjunto, nessa parte do mundo o poder atlante era demasiado
forte, e assim evitavam o conflito com ele.
No Oeste, em diversas épocas, entraram em conflito com as poderosas confederações
escita e hitita. Pelo menos em uma ocasião conquistaram a Síria, mas a abandonaram como
inútil. Em duas oportunidades entraram em luta com o Egito, porém pouco conseguiram
contra este.
Durante a maior parte deste longo período mantiveram um alto nível de civilização e
muitas relíquias de sua grande arquitetura jazem sob as areias do deserto. Entre eles
surgiram várias dinastias e em sua variada história prevaleceram vários idiomas diferentes.
Evitaram as hostilidades com a Índia, estando separadas dela por um território
selvagem, uma espécie de terra de ninguém. A Arábia perturbou-os pouco, pois ali mediava
novamente um útil cinturão desértico.
Eram grandes mercadores, comerciantes, manufatureiros, mais dedicados que a
segunda sub-raça, e com ideias religiosas mais claras. As melhores amostras de parsis da
atualidade dão uma excelente ideia de sua aparência. Os atuais habitantes da Pérsia têm
ainda muito sangue deles, embora em grande medida mesclada com a de seus
conquistadores árabes. Os curdos, os afegãos e os baluchis também descendem
principalmente deles, embora com muita mistura.
No ano 29.700 a. C., o Mahaguru (o futuro Gautama Buda) chegou à terceira sub-raça
como o primeiro Zaratustra, fundando a Religião do Fogo. O segundo filho de Marte, o
décimo dos reis sucessores de Corona, foi escolhido como veículo para o Mestre Supremo,
o Bodhisattva. Surya (o futuro Senhor Maitreya) era o Sacerdote Principal nessa época, à
frente da religião do Estado, que era uma mescla de culto da natureza e da estrela,
exercendo imensa autoridade, em parte devido ao seu oficio, e em parte devido a que era
de sangue real. Mercúrio havia sido treinado desde a infância para o seu grande destino.
O Mahaguru veio de Shamballa em seu corpo sutil e tomou posse do corpo de
Mercúrio. Uma grande procissão se iniciou desde o palácio real até o templo principal da
206
cidade; o rei caminhava pela direita, sob um dossel dourado; o Alto Sacerdote, sob um
dossel adornado de joias, pela esquerda; entre eles, levado à altura dos ombros, sentado
em um trono de ouro, seguia o Príncipe. Depois de fazer alto junto às grades, frente à porta
do templo, as três figuras centrais subiram os degraus, enquanto o Príncipe, que agora era o
Mahaguru, se achava no centro.
Surya anunciou que quem estava ali não era o Príncipe, mas o Mensageiro do Altíssimo
e dos filhos do fogo que moravam no distante oriente, de onde saíram seus antepassados.
Como chefe de sua fé, deu-Lhe as boas-vindas humildemente.
Então o Mahaguru falou da missão que Lhe foi confiada pelos Senhores do Fogo, e
anunciou-lhes que havia trazido um símbolo que deveriam conservar sempre em suas
mentes. Disse que o fogo era o mais puro dos elementos e o purificador de todas as coisas,
e que dali em diante deveria ser para eles o símbolo do Santíssimo. Estava presente no Sol e
ardia, embora escondido, no coração do homem. Era calor, luz, saúde e fortaleza, e nele e
por ele todas as coisas tinham vida e movimento. Ensinou-lhes como deviam ver em todas
as coisas a oculta presença do fogo.
Elevando Sua mão direita, brilhou nela um cetro que vertia centelhas para todos os
lados; apontou-o para o Leste, pronunciou algumas palavras num idioma desconhecido, e
os céus se converteram numa cortina de fogo. O fogo caiu sobre o altar, onde foram postos
lenha, resina e incenso, e sobre Sua cabeça brilhou uma Estrela. Todos se inclinaram,
reverentes.
Depois a procissão regressou ao palácio. O povo levou para casa as flores que
choveram do céu quando cessou o fogo, e as conservaram como herança para seus
descendentes.
O Mahaguru permaneceu na cidade durante um tempo considerável, dirigindo-se
diariamente ao templo para instruir os sacerdotes.
Ensinou-lhes que o fogo e a água eram os purificadores de tudo o mais, e jamais
deviam ser contaminados; e que a água era purificada até para o fogo, que eles eram os
dois Espíritos, sendo o fogo a vida, e a água a forma, e muito mais.
É possível que disto tenha surgido a doutrina posterior de Ormuz e Arimã. Há
passagens que mostram que o duplo de Ormuz não era originalmente um poder maligno,
senão matéria, enquanto Ormuz era Espírito.
Em torno do Mahaguru havia uma augusta assembleia de Mestres e outros menos
avançados. Ao partir, deixou a estes a missão de continuar sua doutrina.
Sua partida foi tão comovente como Sua primeira prédica. Falando da grande
plataforma pela última vez (embora o povo não soubesse disso), inculcou o dever de obter
o conhecimento e de praticar o amor; pediu-lhes que seguissem e obedecessem a Surya, a
quem deixou em Seu lugar como Mestre. Depois disse que partiria, abençoou-os e,
"elevando os braços aos céus, na direção do oriente, deu um grito; veio uma nuvem, um
redemoinho chamejante, que O envolveu e depois, girando, O projetou para cima e para o
Leste, desaparecendo.
Mercúrio, que em Seu corpo sutil sempre permanecera próximo d’Ele, a Seu serviço,
regressou com Ele, e descansou em paz durante um tempo.
207
O culto da Estrela não desapareceu de imediato, pois o povo considerou Sua doutrina
como uma reforma, não como uma substituição, e ainda adorou a Lua, Vênus, as
constelações e os planetas. Mas o fogo era tido por sagrado, como emblema do Sol, e a
nova religião mais envolvia do que substituía a antiga. Gradualmente a fé pelo fogo se
fortaleceu mais; o culto da Estrela se transferiu da Pérsia para a Mesopotâmia, onde se
firmou como a fé dominante, assumindo uma forma muito científica.
Ali a astrologia chegou ao seu auge e guiou cientificamente os assuntos humanos,
públicos e privados. Seus sacerdotes possuíam muito conhecimento oculto e a sabedoria
dos magos se tornou famosa em todo o oriente.
Na Pérsia a religião do fogo triunfou, e depois os profetas continuaram a obra do
grande Zaratustra e construíram a fé zoroastriana e sua literatura, que perduram até hoje.
208
CAPÍTULO L
A QUARTA SUB-RAÇA ARIANA, A CELTA: 20.000 a. C.
Por esta época a grande Raça Central distava muito de sua decadência, e o Manu havia
cuidado de preservar a dignidade, o poder e o vigor na semente da quarta e da quinta sub-
raças, às quais dera muita instrução especial. Ele havia separado, em um dos quatro vales,
algumas das famílias mais refinadas da cidade, e surgiu na colônia uma divisão de classes,
pois o Manu então pugnou por desenvolver certas características novas, por despertar a
imaginação e a sensibilidade artística, por animar a poesia, a oratória, a pintura e a música,
e quem respondia a isto não podia realizar trabalhos agrícolas nem nenhum outro trabalho
manual pesado.
Os que demonstrassem talento artístico eram recrutados para essa atividade,
recebendo uma cultura especial. Também eram orientados para ser entusiastas, e a
consagrar-se aos seus líderes. O trabalho foi eficiente, continuado durante muitos séculos, e
as marcas especiais deixadas pelos celtas persistem até agora.
O vale era mantido praticamente como um Estado separado, e era dotado, de diversos
modos, de todo gênero de artes.
Com o transcurso do tempo a sub-raça se tornou vaidosa, considerando o resto do
reino como o que agora chamaríamos de "incultos". Sua vaidade era justificada, pois eram
extraordinariamente belos, cultos e refinados em seus gostos, e com muito talento
artístico.
Os Servidores não participaram da fundação da quarta e da quinta sub-raças.
Trabalhavam em muitos países, e podem ser encontrados em Vidas de Alcyone.
Dez mil anos depois da saída da terceira sub-raça, isto é, no ano 20.000 a. C., instruiu-
se a quarta sub-raça para que seguisse pela fronteira norte do reino persa (veja Diagrama
XL VI), e que dominasse a região onde agora estão as montanhas do Cáucaso, que então
eram ocupadas por tribos selvagens e depredadoras.
O Manu convenceu o monarca persa a permitir a livre passagem e a alimentação para
a enorme multidão, e também enviou com ela um forte exército para combater os
montanheses. Nem por isso esta foi uma tarefa fácil, pois embora as tribos pudessem ser
derrotadas sem problemas numa batalha campal, na guerra de guerrilhas eram
antagonistas muito mais formidáveis.
Estabeleceram-se no distrito de Erevan, às margens do lago Sevanga. Aumentando
grandemente em número, exterminaram as tribos ou as submeteram, até que, a seu
tempo, toda a Geórgia e a Mingrelia estavam sob seu domínio. Em 2.000 anos ocuparam a
Armênia e o Curdistão; depois, a Frígia, de modo que dominaram quase toda a Ásia Menor,
assim como o Cáucaso. Em seu lar montanhês floresceram e se converteram em uma
poderosa nação.
Seu país estava tão desagregado que era impossível a livre comunicação; por isso
formaram mais uma federação de tribos que um Império. Mesmo depois de começarem a
colonizar a costa mediterrânea, consideravam o Cáucaso o seu lar e na realidade era um
segundo centro desde o qual a sub-raça saiu em busca do seu grande destino.
209
No ano 10.000 a. C., retomaram a marcha para o Oeste, viajando como tribos, de
modo que finalmente chegaram à Europa, seu destino final, em ondas relativamente
pequenas.
As tribos deixaram para trás muitos dos seus membros para que continuassem sua
obra expansiva. Casaram-se com pessoas de outras raças, e seus descendentes, com alguma
mescla de sangue semita, são os georgianos atuais. Mas em ambos os casos toda a tribo
emigrou para o novo lar.
A primeira leva, que cruzou a Europa desde a Ásia Menor, era constituída pelos antigos
gregos, não os gregos da nossa “História Antiga”, mas seus antepassados, às vezes
chamados de pelasgos. Platão menciona, em Timeo e Crítias, que os sacerdotes egípcios
falavam de um grego posterior da esplêndida raça que precedeu seu próprio povo em sua
terra. Embora tivessem rechaçado uma invasão da poderosa nação do Oeste que até então
os dominara, tremeram frente a estes gregos. Em comparação com estes, os gregos de
nossa história pareciam pigmeus. Deles surgiram os troianos que combateram os gregos
modernos, e a cidade de Agadé, na Ásia Menor, foi povoada por seus descendentes.
Durante longo tempo dominaram as costas da Ásia Menor e as ilhas de Chipre e Creta;
todo o comércio dessa parte do mundo era transportado em seus barcos. Em Creta surgiu
uma delicada civilização que durou milhares de anos e ainda florescia no ano 2.800 a.C. Seu
principal fundador foi Minos, um desses gregos prístinos, antes do ano 10.000 a.C.
A principal causa de sua entrada definida na Europa foi um agressivo movimento do
Imperador de Posseidon. Durante muitos séculos as costas e as ilhas do Mediterrâneo
estiveram em mãos de várias pequenas nações, a maioria delas etrúrias e acadianas, além
de algumas semitas, que usualmente eram pacíficos mercadores. O Imperador de
Posseidon, decidido a anexá-las, atacou com um grande exército e frota. Invadiu a grande
ilha da Argélia e forçou os povos a render-se. O Egito estava a ponto de submeter-se, por
carecer de uma forte armada com a qual pudesse defender-se.
Entretanto, os marinheiros gregos do Levante o desafiaram; embora tivesse apenas a
metade de sua frota à mão, atacou-os e perdeu seus barcos, de modo semelhante como a
Armada espanhola perdeu quando atacou a inglesa. Os navios gregos eram menores, mais
velozes, de menor calado, e mais fáceis de manejar que os pesados barcos atlantes. O
tempo também foi favorável aos gregos, de modo que a derrota foi completa.
Depois os atlantes atacaram com a outra metade de sua frota, e foram derrotados
novamente, mas desta vez com graves perdas para os gregos. O monarca atlante escapou e
desembarcou na Sicília onde se estabeleceram algumas de suas tropas. As notícias sobre a
destruição da frota animou as conquistadas populações a rebelar-se contra ele, que teve de
abrir caminho lutando até sua terra, atravessando toda a extensão da Itália. Retirando suas
guarnições ao deslocar-se, alcançou seu próprio reino em um navio mercante.
Apesar de prometer vingar-se dos gregos, rebelaram-se as tribos descontentes em sua
própria ilha, e jamais pode empreender nova agressão aos estrangeiros.
O triunfo dos gregos fortaleceu imensamente sua posição no Mediterrâneo, e no
século seguinte estabeleceram suas comunidades ao longo da costa.
No ano 9.564 a.C. a terrível onda criada por o afundamento de Posseidon destruiu a
maioria das comunidades gregas, prejudicando gravemente as remanescentes. O Mar de
210
Gobi e o deserto do Saara se converteram em terra seca, e ocorreram as mais espantosas
convulsões.
Foram enviados urgentes pedidos de socorro ao país continental no Cáucaso, que
apenas fora afetado ligeiramente. Em tempo se organizou o socorro em grande escala.
Todas as comunidades gregas se localizavam na costa, e as populações do interior, apesar
do temor pelos gregos, nem sempre haviam sido amistosas. Quando a maioria dos gregos
foi destruída pelo cataclismo, os poucos sobreviventes foram perseguidos e até
escravizados pelas raças do interior.
Quando o fundo do Saara se elevou, suas águas transbordaram através do abismo
existente entre o Egito e a Tunísia, onde agora é Trípoli; o interior sofreu pouco, enquanto
as costas, onde se estabeleceram os gregos, foram destruídas. O Saara afundou outra vez
gradualmente, e surgiu a linha de uma nova costa; assumindo a configuração que
conhecemos ao longo da costa africana, a grande ilha da Argélia uniu-se ao continente, e
formou com a nova terra a costa Norte da África.
Quase toda a frota foi destruída, mas a energia dos gregos era tão grande que em
poucos anos todos os portos da Ásia Menor trabalhavam em ordem e novas frotas saíam
para restabelecer as colônias e livrar os gregos do jugo estrangeiro. Os gregos anexaram
todos os melhores portos da nova linha costeira, e desde então a maioria do comércio do
Egito esteve também em suas mãos; o Mediterrâneo permaneceu durante séculos,
praticamente um mar grego. Transportavam suas mercadorias também para o Leste, e uma
expedição chegou a Java, onde fundaram uma colônia, com a qual se manteve uma
prolongada conexão.
Mais tarde os fenícios e os cartagineses dividiram o comércio do Mediterrâneo com os
gregos. Os fenícios eram um povo da quarta Raça, derivado dos semitas e os acadianos
(quinta e sexta sub-raças atlantes); os cartagineses eram também acadianos, mesclados
com árabes, e com umas gotas de sangue negro.
A emigração da quarta sub-raça na Europa era quase contínua, de modo que não é
fácil dividi-la em ondas distintas. Se contarmos os gregos como a primeira onda, os
albaneses podem ser considerados a segunda, e a raça italiana a terceira, marchando estes
dois aos países onde agora se encontram.
Depois de um intervalo levou uma quarta onda de vitalidade assombrosa à qual os
etnólogos modernos aplicam restritamente o nome de "célticos". Esta passou a ser a raça
predominante no Norte da Itália, toda a França, Bélgica e ilhas Britânicas, parte Ocidental
da Suíça, e Alemanha a Oeste do Reno.
Os gregos da nossa "História Antiga" eram uma mescla, derivados da primeira onda
com os membros da segunda, terceira e quarta, e com uma infusão da quinta sub-raça, que
desceram do Norte e se assentaram na Grécia. Estes foram os que produziram os raros e
muito admirados olhos azuis e cabelos dourados, que são encontrados ocasionalmente
entre os gregos.
A quinta onda se perdeu praticamente no Norte da África e atualmente só podem ser
encontrados vestígios daquela, muito misturada com a semita (quinta sub-raça atlante) e a
árabe, entre os berberes, os mouros, os cabilas, e até os guanches das ilhas Canárias, neste
último caso mesclados com os tlavatlis.
211
A quinta onda se mesclou com a quarta na península espanhola, e numa etapa
posterior, há apenas uns 2.000 anos, contribuiu com os muitos elementos que iriam
constituir os irlandeses, pois a ela pertenceram os invasores milesianos que foram da
Espanha para a Irlanda (alguns deles fundaram uma dinastia de reis milesianos na França), e
a ligaram com curiosas fórmulas mágicas, como se explicará agora.
Porém um elemento muito mais fino havia ingressado anteriormente na Irlanda desde
a sexta onda, que abandonou a Ásia Menor, deslocando-se para o noroeste até alcançar a
Escandinávia, onde se misturou até certo ponto com a quinta sub-raça, a teutônica. Chegou
à Irlanda desde o Norte, e na história é conhecido como o Tuatha-de-Danaan, e seus
membros são mais mencionados como deuses do que como homens.
Os Tuatha-de-Danaan eram belos, de rostos ovalados, tez clara, em sua maioria de
cabelos escuros e olhos de um azul profundo, quase violeta. Às vezes o cabelo era mais
claro e os olhos cinzentos, mas o outro tipo era mais comum, e pode ser visto exatamente
reproduzido entre os camponeses irlandeses de hoje em dia.
Os Tuatha-de-Danaan eram intelectual e espiritualmente mais adiantados que a raça
mista que encontraram na Irlanda, e o período em que dominaram foi uma espécie de “era
de ouro”, tal como corretamente testemunha a tradição. A Irlanda era inquestionavelmente
a sede de uma elevada civilização e um centro da filosofia, enquanto a Inglaterra estava
coberta por densas florestas e num estado de relativa selvageria.
Os milesianos procedentes da Espanha, que venceram os Tuatha-de-Danaan, eram
uma raça inferior, mas tinham a rudeza da força física da juventude e muito conhecimento
de magia elemental. Suas cabeças tinham forma de bala, eram enrugados e efetivamente
feios, com cabelos ruivos claros ou muito vivo; o tipo pode ainda ser encontrado entre os
camponeses do Sul da Irlanda, quase em sua pureza original.
Há uma diferença radical de tipos entre o estólido e prosaico anglo-saxão e o irlandês
imaginativo e poético. O camponês inglês corrente vive quase inteiramente no plano físico.
O camponês irlandês corrente, do Sul e do Oeste, vive muito no plano astral. Seus
pensamentos estão usualmente muito distantes, ocupados com lendas do passado, ou com
histórias de santos, anjos e fadas.
Muito à parte das desagradáveis questões políticas, há outra causa da pobreza e
carência geral de bens por parte dos irlandeses. Os milesianos enfeitiçaram a raça,
submetendo-a ao encanto de uma grande ilusão. Seus sacerdotes cobriram o país com uma
rede de centros fortemente magnetizados, que até agora irradiam uma vigorosa influência.
Multidões de espíritos da natureza, de certo tipo, são ainda irresistivelmente atraídos
para estes centros, impregnados por sua influência, e inconscientemente se convertem em
seus ministros, expandindo-a por todo o país, onde quer que vão. O feitiço era duplo:
maldições de desunião e letargia, de modo que nunca deverão efetivamente combinar, mas
sempre disputariam entre si, submetendo-se apaticamente ao domínio de quem quer que
exercesse ou herdasse esse poder magnético. Consciente ou inconscientemente, a Igreja
Católica Romana entrou nesta herança e aproveita-se do que ainda resta desse antigo
feitiço, de modo que sua autoridade não é questionada em todos os distritos de referência.
Em conjunto, a quarta sub-raça tinha cabelos e olhos castanhos ou negros, cabeças
redondas, e usualmente não eram altos. Seu caráter revelava claramente o resultado dos
212
esforços do Manu, milhares de anos antes, pois eram imaginativos, eloquentes, poéticos,
musicais, capazes de entusiasta devoção a um líder, e esplendidamente valentes, embora
propensos a uma rápida depressão em caso de fracasso. Pareciam carecer do que
chamamos qualidades comerciais, e prestavam escassa consideração à realidade.
Depois da catástrofe do ano 9.564 a. C., alguns dos antigos gregos se estabeleceram na
Hélade e ocuparam o país. A primeira cidade na área da moderna Atenas foi construída no
ano 8.000 a.C. A Atenas de nossa história teve seu início no ano 1.000 a.C., e o Parthenon
foi construído em 480 a. C.
Aqui o Mahaguru veio até eles como Orfeu, o Fundador dos Mistérios Órficos, dos
quais derivaram os posteriores Mistérios da Grécia. Chegou por volta do ano 7.000 a.C.,
vivendo principalmente nos bosques, onde reuniu Seus discípulos. Veio como um cantor,
amante da vida na Natureza, avesso às cidades e às aglomerações humanas.
Ensinou com cantos, com música vocalizada e com instrumentos, portando um
instrumento de cinco cordas, provavelmente a origem da lira de Apolo, e usando uma
escala pentatônica. Através do som trabalhava sobre os corpos astrais e mentais de Seus
discípulos, purificando e expandindo-os; separava os corpos sutis dos físicos e os liberava
nos mundos superiores.
Sua música era muito diferente das sequências, repetidas várias vezes, das quais se
produzira o mesmo resultado na origem da Raça, e a qual foi levada para a Índia. Orfeu
utilizava a melodia de cada centro etérico ou chacra para pô-lo em atividade.
Mostrava a Seus discípulos quadros vivos, criados pela música, e isso era introduzido
nos Mistérios Gregos do mesmo modo, derivando d’Ele a tradição. Ensinava que o som
estava em todas as coisas, e que se o homem se harmonizasse, a Harmonia Divina se
manifestaria através dele, contentando toda a natureza. As tradições a Seu respeito se
difundiram em todas as direções.
Converteu-se no Deus do Sol, em Febo-Apolo, e no Norte, em Balder, o Belo.
Assim o Mahaguru apareceu às sub-raças sucessivamente como Vyasa, Hermes,
Zaratustra e Orfeu, e transmitiu a doutrina do Sol, da Luz, do Fogo e do Som
respectivamente que, no total, davam a mensagem única da Vida Única, do Amor Único.
Da Hélade alguns discípulos se dirigiram ao Egito e confraternizaram com os mestres
da Luz Interior, e alguns chegaram até Java.
Unos 7.000 anos depois o Mahaguru chegou ao Seu antigo povo pela última vez,
alcançou a Iluminação final e se converteu em um Buda.
213
CAPÍTULO LI
A QUINTA SUB-RAÇA ARIANA, A TEUTÔNICA: 20.000 a. C.
Voltando ao ano 20.000 a. C., encontramos a quinta sub-raça sendo preparada
simultaneamente com a quarta, embora de um modo diferente. Estava separada em um
vale distante da Cidade da Ponte, no Norte do Mar de Gobi. Dentro dela o Manu introduziu
alguns dos melhores espécimes da terceira sub-raça, agora plenamente especializada na
Pérsia, e também alguns semitas da Arábia.
Escolheu especialmente homens altos e louros e, quando Ele mesmo encarnou,
revelou em Seu corpo essas características de modo destacado. Recordemos que o Manu
inicia cada sub-raça tal como o faz com a Raça-Raiz, encarnando nela; e a forma que escolhe
determina em grande medida a aparência da sub-raça.
A quinta sub-raça era forte e vigorosa, muito maior que a quarta, alta, loura, de
cabeças avantajadas, com cabelos claros e olhos azuis. Seu caráter era também muito
diferente dos celtas; eram obstinados e perseverantes, com muito pouco da quarta sub-
raça. Suas virtudes não eram do tipo artístico, mas sim do tipo comercial e objetivo, franco,
veraz, direto, cuidando mais do concreto que do poético.
A quarta e a quinta sub-raças abandonaram juntas seus respectivos vales no ano
20.000 a. C., e juntas atravessaram a Pérsia (veja Diagrama XLVII), embora seus destinos
fossem muito diferentes.
A quinta sub-raça, pequena em número, se deslocou pelas costas do Mar Cáspio, e se
estabeleceu no Daguestão. Ali cresceu lentamente durante milhares de anos, estendendo-
se ao longo da Cordilheira Caucasiana, e ocupando os distritos de Terek e Kuban.
Diferenciou-se em diversos tipos distintos, e iniciou a sua grande marcha para o domínio do
mundo cerca de 1.000 anos depois do cataclismo de 9.564 a. C.
Como os pântanos da Europa Central nesta época tornaram-se habitáveis, os
emigrantes se deslocaram para o Noroeste até onde agora é a Cracóvia, na Polônia. Ali
permaneceram durante alguns séculos, enquanto as enfermidades diminuíam suas fileiras,
pois os pântanos não estavam bastante secos para se viver salubremente.
Foi principalmente da Cracóvia que saíram as radiações finais. A primeira foi a eslava:
uma parte foi para o Leste e para o Norte, e desta derivaram em grande medida os russos
modernos; a outra parte se dirigiu para o Sul e é agora representada pelos croatas, os
sérvios e os bósnios.
A segunda onda foi a letã, que não foi muito longe. Deu-nos os letões, os lituanos e os
prussianos.
A terceira foi a germânica: os chamados teutões se expandiram pelo Sul da Alemanha,
outros marcharam para o Norte e se converteram nos godos e escandinavos.
Na história moderna encontramos a descendência dos escandinavos na Normandia, a
dos godos no Sul da Europa, e a expansão da quinta sub-raça na Austrália, América do
Norte e Sul, da África, e seu domínio na Índia, onde se estabeleceu a estirpe fundamental
de seu povo.
214
A quinta sub-raça ainda tem que construir, como suas predecessoras, o seu império
mundial, e isto já teve início. O erro do século XVIII que separou as colônias norte-
americanas da Grã-Bretanha pode ser remediado mediante uma reunião, de uma forma ou
de outra, das metades separadas. Também parece possível que uma aliança similar com a
Alemanha, a grande porção restante da sub-raça teutônica, possa soldar o suficiente essa
totalidade em uma só para constituir um império federado, pois parte do "Plano" que se
realizará em muito curto prazo é a união dos diversos ramos da sub-raça teutônica.
Acontecimentos posteriores demonstram o surgimento da Índia em seu próprio lugar neste
império emergente, destinado a ser tão poderoso no Oriente como no Ocidente.
Quando este império mundial atingir o seu auge nos séculos vindouros, o grupo
composto por homens de grande gênio, mencionado no capítulo XXV, será enviado para
encarnar nele, elevando-o ao pináculo da glória literária e científica, para que sobrepuje os
desvanecidos impérios dos árabes, dos persas, dos romanos, da segunda, da terceira e da
quarta sub-raças da estirpe ariana, e se eleve a uma altura maior ainda que a alcançada pela
Atlântida em seus tempos de maior prosperidade.
Atualmente uma magnífica oportunidade está sendo oferecida à raça anglo-saxônica e
a toda a sub-raça teutônica, se apenas deixarem de lado suas rivalidades e ciúmes para
aproveitá-la. Se infelizmente fracassarem, já existe outra nação escolhida para assumir o
cetro que em tal caso cairia de suas mãos. Tal fracasso causaria uma leve demora, enquanto
a nova nação fosse impulsionada rapidamente para adiante até o nível necessário; porém,
ao término de alguns séculos se obteria exatamente o mesmo resultado. O fim proposto
será alcançado; através de que meio isto se fará, interessa muitíssimo aos atores, mas nada
em absoluto ao progresso total do mundo.
Como se mencionou ao falar da raça atlântica, a palavra sagrada da raça-raiz ariana (a
quinta) é Om, e a da raça atlântica é Tau. As palavras das raças-raiz tomadas em sucessão se
diz que são sílabas de uma só palavra, que é o verdadeiro nome sagrado.
Cada raça-raiz tem sua própria qualidade especial que deverá desenvolver. A da quinta
raça-raiz é manas ou mente, o tipo de intelecto que discrimina, que nota as diferenças entre
as coisas. Quando se desenvolver perfeitamente, as diferenças serão percebidas com
facilidade, unicamente para fins de sua compreensão, julgando a que for melhor. Na etapa
de semidesenvolvimento em que agora estamos, a maioria busca as diferenças não tanto
para entender, mas para opor, inclusive, com frequência, para perseguir quem tem opiniões
diferentes das suas. Certamente, esta etapa primordial terminará a seu devido tempo.
A raça ariana está menos dominada pelas paixões dos sentidos, está mais aberta à
influência de manas e, dessa maneira, obtém uma captação mais firme do conhecimento,
um alcance intelectual mais vasto.
Esta quinta raça-raiz está desenvolvendo esse aspecto da natureza divina, conhecido
pelos hindus como Chit, ou Inteligência.
215
CAPÍTULO LII
A ORIGEM DA QUINTA RAÇA-RAIZ E SEU NASCIMENTO NA ÍNDIA:
18.800 a. C.
De 40.000 a. C. até 20.000 a. C. o grande império declinou. Durante este período o
Manu e Seu grupo imediato haviam trabalhado principalmente com as sub-raças, nas quais
encarnaram. O reino que se centrava na Cidade da Ponte estava reduzido; as raças
mongólica e turaniana haviam estabelecido sua independência. Não se construía mais, e o
povo vivia nas ruínas do que fora criado pelos seus antepassados. Os egos mais evoluídos
encarnavam nas sub-raças, de modo que no estado-mãe o nível de erudição baixou
enormemente. O comércio havia caído quase a zero, e o povo tornava-se apenas agricultor
e pastoril.
No ano 18.800 a. C., estabelecidas as sub-raças, o Manu desejou levar a Raça-Raiz para
a Índia, a terra escolhida para sua ulterior evolução. A civilização da Índia era atlante,
porém então superluxuosa e esgotada, enquanto as classes superiores toltecas eram
indolentes e egocêntricas. Entretanto, restava muito de uma nobre literatura, havia uma
grande tradição do conhecimento oculto, sendo necessário conservá-las para o futuro.
A riqueza do país fora dilapidada e o espírito guerreiro havia morrido.
A remoção total da Raça da Ásia Central foi necessária por três razões:
1) para que Shamballa ficasse isolada;
2) para que a Índia se arianizasse;
3) para que a raça não se visse envolta no cataclismo previsto, que alteraria
grandemente a Ásia Central.
Ocorreu um cisma na raça-raiz, em razão de alguns dos seus representantes terem
contraído matrimônio com tártaros; estes separatistas foram rechaçados para as colinas do
norte onde Marte era rei. Informado em um sonho sobre certos planos do Manu, Marte,
em 18.875 a. C., levou seu povo para fora da Índia (veja Diagrama XLVII) com um pouco de
luta durante o trajeto, pois apesar de jamais atacar, sofreu frequentes ataques. Durante
algum tempo gozou da hospitalidade de Viraj, que como rei Podishpar governava a maior
parte do Norte da Índia, consolidando a aliança mediante o matrimônio da filha de Marte
com o filho de Podishpar.
Nesse tempo o Sul da Índia era um grande Reino sob o domínio de Saturno, que
governava como Rei Huyaranda ou Lahira. Surya era o Sumo Sacerdote com o nome de
Byarsha e sabia de antemão da chegada dessa gente. Eles foram bem recebidos pelo rei que
os assentou em sua terra. Surya também declarou que "os estrangeiros de nariz alto,
procedentes do Norte" eram capacitados para serem sacerdotes e deviam exercer o ofício
de forma hereditária. Os que concordaram assumiram as funções sacerdotais, e foram os
antepassados dos Brâmanes do Sul da Índia, vivendo como uma classe separada.
Outros contraíram matrimônio com a aristocracia tolteca, arianizando gradualmente
todas as classes superiores do país, de modo que o Sul da Índia passou a orientar-se
pacificamente sob o poder ariano, e o segundo filho de Marte foi escolhido para ocupar o
trono, quando este ficou vago.
216
Desta migração em diante todos os imigrantes que chegaram à Índia são considerados
da primeira sub-raça, posto que toda a raça-raiz, a antiga estirpe, passou para a Índia. Por
volta do ano 13.500 a. C. uma missão passou do Reino do Sul da Índia ao Egito, e a ordem
veio do Chefe da Hierarquia através do Manu. A expedição, sob o comando de Marte,
navegou através do Ceilão até o Mar Vermelho e, pelo estuário de um rio entrou no Egito,
que então estava altamente civilizado. Surya era, no Egito, um Alto Sacerdote, e aconselhou
o faraó a dar as boas-vindas aos imigrantes, e depois que casasse sua filha com Marte,
nomeando-o seu sucessor. Isto foi cumprido, de modo que ao morrer o faraó, estabeleceu-
se uma dinastia ariana. Esta reinou gloriosamente durante muitos milhares de anos, até o
afundamento de Posseidon, quando o povo egípcio foi levado para as colinas ao inundar-se
o Egito. Entretanto, a inundação durou um tempo relativamente curto e o país se recuperou
com rapidez.
A história de Manetho trata aparentemente dessa dinastia ariana; ele dá a época de
Unas, o último rei da quinta dinastia, como 3.900 a. C., mas a investigação oculta a converte
em 4.030 a. C. Sob os faraós arianos as Escolas do Egito tornaram-se ainda mais famosas, e
por longo tempo dirigiram a erudição do mundo. A partir do Egito o sangue ariano foi
introduzido em diversas tribos do Leste da África.
O Manu também enviou colonos do Reino do Sul da Índia até Java, Austrália e ilhas da
Polinésia, o que fez com que a estirpe ariana seja observada até os dias atuais nos pardos
polinésios, em contradição com os melanésios.
Enquanto isso, outra emigração da raça-raiz se estabeleceu no Punjab. Outra se
estabeleceu em Assuam e no Norte de Bengala. Uma expedição ocorreu em 17.520 a. C.;
uma parte chegou ao seu destino a salvo pela rota seguida por Marte no ano 18.875,
enquanto uma parte menor foi aniquilada ao tentar penetrar no Passo de Khyber.
Em 17.455 Marte dirigiu outra, integrada pelos homens mais fortes e vigorosos que
pode encontrar. Deixando as mulheres e crianças num campo fortemente entrincheirado
entre Jammu e Gujranwala, Marte seguiu até Delhi com seu exército e construiu a primeira
cidade nesse lugar imperial, denominando-a Radipur, Cidade do Sol. Quando a cidade ficou
pronta, foram levados para elas as mulheres, as crianças e seu guardiães, começando a vida
de Delhi como capital.
Em 15.950 a. C. iniciou-se uma das maiores emigrações; formaram-se três exércitos
tendo Marte como comandante em chefe. A ala esquerda cruzou o Tibete até o Butão e dali
passou para Bengala, que era o destino de toda a expedição. A ala central, sob o comando
de Marte, tendo Mercúrio como segundo comandante, cruzou o Tibete e o Nepal, até
Bengala. A ala direita, comandada por Corona, atravessou a Caxemira, o Punjab e o que
agora chamamos Províncias Unidas; Corona levou quarenta anos para construir um reino e
não chegou a Bengala antes que Marte, que governava, fosse um ancião. Marte, com a
ajuda de Vulcano, que se estabelecera em Assuan, dominou Bengala e fixou sua capital em
Bengala Central. Nesta emigração de longo alcance participaram dez que agora são
Mestres: Marte, Mercúrio, Vulcano, Júpiter, Brihaspati, Osíris, Urano, Saturno, Netuno e
Viraj. Com eles estiveram muitos outros dos Servidores.
Daí em diante houve constantes descensos na Índia procedentes da Ásia Central, às
vezes meros grupos, outras vezes grandes exércitos; frequentemente os antigos residentes
217
resistiam aos recém-chegados, e estes saqueavam uns aos outros. Durante milhares de
anos a Índia recebeu uma onda após outra de imigrantes.
Alguns arianos estudaram a filosofia dos toltecas, a quem às vezes chamavam de
Nagas. Às classes inferiores dos atlantes, em sua maioria os morenos tlavatlis, chamavam
de Dasyas, enquanto aos negros lemurianos, a quem consideravam com horror, chamavam
de daityas e takshaks.
Por volta do ano 9.700 a. C. o Reino da Ásia Central ficou sem habitantes. As
convulsões de 9.564 a. C. reduziram a ruínas a Cidade da Ponte, destruindo a maior parte
dos Templos da Ilha Branca.
Os últimos grupos de emigrantes não chegaram facilmente à Índia; demoraram-se no
Afeganistão e Baluquistão durante uns 2.000 anos, e muitos foram massacrados pelos
mongóis. Os restantes encontraram lentamente seu rumo para as planícies, já densamente
povoadas.
A fim de impedir que o sangue ariano se perdesse na enorme maioria dos atlantes e
atlante-lemurianos, o Manu ordenou novamente o matrimônio misto, e para este fim
instituiu o sistema de castas, por volta de 8.000 a. C. A princípio formou apenas três castas:
brâmane ou arianos puros, brancos; rajana ou ariana e tolteca, vermelha; e visch ou ariana
e mongol, amarela. Isso explica porque as castas se chamassem Varnas ou coloridas.
Depois, todos os que não eram arianos foram chamados shudras, porém mesmo aqui por
vezes apareceu uma pequena quantidade de sangue ariano.
Muitas tribos montanhesas são em parte arianas; algumas são arianas em sua
totalidade, como os siaposh e as tribos gitanas.
Na construção do sistema de castas o Manu foi ajudado por membros das quatro
classes de Barhishad Pitris:
1) Os filhos de Bhrigu, do Globo A da Cadeia Lunar, que têm o corpo causal ativo, são
os Somapâs, os Kavyas e os Saumyas; eles deram suas chhâyas ou formas etéricas para o
Sûkshma Sharîra típico (corpo sutil) dos egos mais avançados, então prontos para encarnar
na casta Brâmane;
2) Os filhos de Angiras, os Havishmats, com o corpo mental ativo, do Globo B, que
deram suas chhâyas para os Kshattriyas, a casta guerreira;
3) Os filhos de Pulastya, os Ajapâs, com o corpo astral ativo, do Globo C, que deram
suas chhâyas para os Vaisyas ou casta de mercadores;
4) Os filhos de Vashishta, às vezes chamados de os filhos de Daksha, os sukâlines,
com o corpo etérico ativo, do Globo D, que deram suas chhâyas para os Shudras. Para o
olho clarividente se dizia que o Sûkshma Sharira de cada casta era prontamente
reconhecível por sua cor dominante, devido à densidade relativa de seus materiais.
Voltando aos movimentos da origem: uma tribo saiu por conta própria para um vale
no distrito de Susamir, onde viveu esquecida do resto do mundo, levando uma vida pastoril
primitiva durante muitos séculos.
Por volta do ano 2.200 a. C. surgiu entre as tribos mongóis um grande líder militar, que
devastou tudo o que pode alcançar na Ásia, destruindo completamente, entre outros
lugares, os restos do Império persa. Por último, o líder tártaro foi derrotado e as suas
hordas dispersadas, porém deixou desolação atrás de si.
218
Nesse lapso de uns cem anos, os arianos do vale emigraram para a Pérsia. Estes foram
os arautos de Zend; sua chegada tardia explicava o estado curiosamente inseguro do país,
mesmo na época do último Zoroastro. Alguns pertencentes da terceira sub-raça, que
escaparam ao massacre geral, retornaram e se uniram a essa tribo; partindo desse início,
desenvolveu-se o último Império Persa.
219
CAPÍTULO LIII
A SEXTA SUB-RAÇA ARIANA
222
CAPÍTULO LIV
A SEXTA E A SÉTIMA RAÇAS-RAIZ
De acordo com o plano geral, a sexta Raça-Raiz será criada a partir da sexta sub-raça
da Quinta Raça-Raiz. A seu tempo tomará posse de um continente, que começa a surgir
lentamente, fragmento após fragmento, no Pacífico. Daqui a muitos milhares de anos a
América do Norte se desmembrará, e a faixa ocidental, na qual será fundada a Sexta Raça-
Raiz, se converterá então na faixa oriental do novo continente.
Enquanto está sendo formada a pequena colônia, que será o germe da nova Raça, a
Quinta Raça estará no seu auge e ali se concentrará toda a pompa e a glória do mundo. A
colônia será desprezível aos olhos do mundo, um conjunto de loucos consagrados
servilmente aos seus líderes.
Marte (atualmente o Chohan Morya) será o Manu da Sexta Raça, e Mercúrio (o
Chohan Koot Hoomi) será o Bodhisattva.
Além do seu objetivo primordial de expandir a verdade oculta por todo o mundo, a
Sociedade Teosófica tem o objetivo secundário de atuar como uma rede para conectar as
pessoas que estão suficientemente interessadas no ocultismo, e possuem as qualificações
necessárias para ajudar o Manu na fundação da Sua nova raça. Será necessária uma
rigorosa autopreparação, que implicará em suprema renúncia e autoanulação, e também
total confiança na sabedoria dos Líderes.
Os estudantes do ocultismo sabem que às vezes é possível, por meio de um alto tipo
de clarividência, ver o futuro, ocasionalmente com consideráveis detalhes. O bispo C. W.
Leadbeater afirma que por meio desta faculdade pode ver grande quantidade de
circunstâncias da fundação da Colônia da Sexta Raça-Raiz. Em Homem, de Onde, Como e
Para Onde oferece um relato sumamente interessante e completo do que viu, e este
capítulo foi compilado desse livro. A descrição aqui exposta está muito condensada, de
modo que quem desejar mais detalhes deverá consultar o texto original.
A colônia ou comunidade será fundada no Sul da Califórnia, dentro de uns 700 anos.
Será comprado um prédio grande e belo, construindo-se, sob a supervisão do Manu e dos
Seus lugares-tenente, um magnífico grupo de edifícios que compreenderão um Templo
central ou catedral, vastos edifícios dispostos como bibliotecas, museus e conselhos
municipais, com talvez 400 moradias ao seu redor. Será instalada uma maquinaria muito
complicada; os colonos logo aprenderão a criar e reparar tudo o que necessitem, tornando-
se independentes dessa maneira do mundo externo. No entanto, a comunidade se manterá
em contato com o resto do mundo, familiarizando-se com todos os novos descobrimentos,
inventos e aperfeiçoamentos relativos às máquinas.
O próprio Manu encarnará, a fim de fixar o tipo físico da Raça e alinhá-la com o
pensamento-forma do Logos para a Sexta Raça. Depois de uns 150 anos a comunidade
contará com cerca de 100.000 seres, todos eles, com poucas exceções, descendentes
diretos do Manu. O Manu terá doze filhos, cada um nascido sob um signo diferente do
Zodíaco. Como regra geral, as famílias serão grandes e não haverá mortalidade infantil.
223
A comunidade paga uma taxa nominal ao governo geral do país, e em troca é deixada
quase inteiramente só, já que logo se torna autossuficiente. É considerada popularmente
com grande respeito; a vida de seus membros é bela e interessante, porém não
necessariamente ascética e, de certa forma, curiosa. Visitantes são bem recebidos, mas
nenhum membro da colônia pode se casar com quem não a integre.
Os membros da comunidade são a seleção dentro de uma seleção; são perfeitamente
conscientes da obra de seu líder, o Manu, e estão cabalmente consagrados a ela, que é a
fundação da nova Raça. Têm a mais completa confiança possível no Manu, entregando-se
integralmente para cumprir os Seus desejos com total fidelidade, deixando de lado suas
próprias personalidades.
O poder do Manu é indiscutível; é auxiliado por um Conselho formado por uma dúzia
de discípulos altamente desenvolvidos, alguns já Adeptos Asekha. Constantemente são
realizados novos experimentos a fim de aumentar o bem-estar e a eficiência da Raça. Todos
os membros do Conselho podem funcionar livremente nos planos inferiores, pelo menos
até o corpo causal. Portanto, estão em sessão perpétua, tratando inclusive dos atos
administrativos. Não existem tribunais nem polícia, pois não ocorrem delitos ou violência. O
único castigo seria a expulsão da comunidade, e ninguém correria o mínimo risco de
incorrer em tal pena. Como todos têm ao menos algum grau de desenvolvimento psíquico,
todos podem ver por si mesmos o acionamento das forças com que têm que tratar e o
avanço muito maior do Manu e dos demais líderes.
A opinião religiosa corrente é o que agora chamamos Teosofia, e grande parte do
nosso atual conhecimento rudimentar se entende agora cabalmente em detalhes. Os fatos
da vida após a morte e a natureza dos mundos superiores são questões de conhecimento
experimental para quase todos. Alguns seguem filosofia e metafísica superiores, mas a
maioria prefere expressar seus sentimentos religiosos nos diferentes Templos, que agora
serão descritos. As pessoas são essencialmente práticas; sua ciência e sua religião estão em
perfeito acordo, inclinando-se ao único objetivo de servir ao Estado. Muitos saúdam o Sol
nascente, considerando-o um centro no corpo da Deidade.
Os Devas participam da sua vida religiosa e habitualmente chegam até o povo, que
extrai muitos benefícios do constante intercâmbio e instrução que proporcionam os Devas.
De fato, os Devas trabalham regularmente sob o comando do Sumo Sacerdote (o atual
Chohan Koot Hoomi), que é o supremo responsável pela religião e pela educação. Há quatro
tipos de serviços no Templo e seu manejo é função especial dos Devas.
A nota-chave dos serviços religiosos consiste em proporcionar a cada homem a via de
expressão através da qual ele possa chegar mais facilmente à Divindade, e ser alcançado
mais facilmente pela influência divina. As quatro classes de Templos trabalham através de
afeto, devoção, simpatia e intelecto, respectivamente.
O objetivo é por a qualidade proeminente do homem em relação ativa e consciente
com a qualidade correspondente do Logos, do qual é uma manifestação. Cada serviço tende
a ter um efeito definido e calculado sobre o homem; os serviços para um ano ou uma série
de anos estão ordenados cuidadosamente a respeito do desenvolvimento médio da
congregação, e com a ideia de elevar seus membros até certo ponto.
224
O Templo Carmesim, o do afeto, trabalha principalmente mediante a cor e exerce
efeitos primordialmente sobre os corpos astrais e búdicos dos fiéis. É circular e, em uma
grande extensão, ao ar livre. Os fiéis se sentam no chão, com os olhos cerrados, e o que se
pretende é acalmar o homem, recolher seus pensamentos e sintonizá-los com a atmosfera
circundante. Quando começa o serviço, o Deva se materializa em uma esplêndida forma
humana, usando ricas vestimentas carmesins, sobre o ápice de uma pirâmide ou uma
estrutura cônica filigranada no centro da construção.
Depois o Deva faz fulgurar sobre sua cabeça um conjunto de brilhantes cores que são
um pensamento na colorida linguagem dos Devas e que servem como texto ou nota-chave
para esse serviço em particular.
Isto é tão inteligível como fisicamente visível para a congregação.
Agora cada pessoa imita o conjunto de cores do Deva, criando uma cópia reduzida no
ar, frente a si mesma. Então o Deva distribui sua influência através de sua própria forma
colorida, que chega a cada fiel e o eleva através da sua própria cópia da forma colorida
menor. Desta forma, através do Deva oficiante é aplicada uma energia proveniente de um
círculo de Devas superiores. Um mar de luz carmesim recobre a vasta aura do Deva, se
esparge sobre a congregação, tornando mais ativas as emoções, evocando o supremo afeto
de que são capazes. Então o Deva inverte a corrente de sua força, recolhe em si mesmo
todas as correntes ígneas e as faz passar, como uma vasta fonte, ao círculo dos Devas que
esperam, e que, por sua vez passam-na ao Deva regente do seu Raio.
O Deva regente recolhe correntes similares de todas as partes do mundo, e as combina
em um grande rio que flui em torno dos pés da Deidade. O Logos responde
instantaneamente, enviando ao povo uma torrente de energia através do Deva regente,
como uma bênção.
Esta é, muito brevemente, a prática religiosa diária, que afeta beneficamente não só os
fiéis, como também o distrito circundante.
Às vezes o Deva dá uma espécie de sermão cromático, em sua maior parte sem
palavras pronunciadas, com as cores que atravessam uma série de mutações, mostrando o
efeito do amor sobre outras pessoas.
Em todo o serviço se usa incenso de diversos tipos, que atuam principalmente sobre os
corpos etéricos.
Os Templos Azuis, ou Devocionais, trabalham principalmente com o som, e o
procedimento geral é muito semelhante ao do Templo Carmesim, com música em lugar de
cor como elemento predominante. Cada pessoa traz seu próprio instrumento
especialmente magnetizado, similar a uma harpa circular, com cordas de metal brilhante,
sobre o qual toca e, através dele, recebe a influência espiritual.
Toda a atmosfera é sobrecarregada pelos Gandharvas ou Devas músicos, de modo que
todos os sons se multiplicam, e para cada tom é criada uma grande corda de tons altos e
baixos, todos de beleza e doçura que não são desta terra. Os serviços do Templo Azul
afetam principalmente os corpos astrais e búdicos das pessoas.
Nos Templos Amarelos ou Intelectuais cumpre-se um serviço de idêntica estrutura,
construído sobre a criação de formas ou imagens mentais; os efeitos são produzidos
principalmente nos corpos mentais e causais dos fiéis, que se rendem diante do branco
225
calor da intelectualidade elevado ao seu poder supremo. Mediante a intensidade da
atividade intelectual os fiéis primeiro alcançam a compreensão mental e depois, mediante
intensa pressão, conseguem introduzir-se no mundo da intuição, enquanto alguns
abandonam realmente o corpo e outros entram em uma espécie de Samadhi. Em todos os
Templos se faz muito empenho na preparação da vontade, e se demonstra destacadamente
seu efeito com o intenso resplendor dos corpos causais; a vontade reage também sobre os
corpos mentais e até o cérebro físico, que parece ser claramente maior que o dos homens
da Quinta Raça.
O Templo Verde, o da Simpatia, pode ser considerado como o do Karma-Yoga, como o
Azul e o Carmesim representam o Bhakti-Yoga, e o Amarelo o Jnana-Yoga. O serviço do
Templo Verde se relaciona com a atividade prática; os fiéis trabalham com os planos para
ajudar o mundo de numerosos modos, e estão sob a orientação da linhagem dos Devas
Curadores.
Como se disse, cada homem trabalha através do Templo que em particular mais o
atrai, sem que haja diferença de avanço entre os que seguem uma linha e quem faz o
mesmo com outra. Ademais, quem habitualmente assiste em um Templo, por vezes visita
os outros. Poucas pessoas não assistem a nenhum dos Templos, mas nem por isso são
discriminadas ou consideradas inferiores às que assistem regularmente. Trata-se de uma
questão de temperamento, e há completa liberdade e tolerância.
O Chohan Koot Hoomi que, como se disse, está encarregado de toda a vida religiosa e
educativa da comunidade, visita todos os Templos por turno, e ocupa o lugar do Deva
oficiante.
A educação é considerada sumamente importante na comunidade. Emprega-se toda
classe de acessórios como cor, luz, perfume, som, forma, eletricidade, e os Devas, que
participam com tanto empenho nessa tarefa, usam exércitos de espíritos da natureza.
Todos os instrutores devem ser clarividentes, e são homens e mulheres
indiscriminadamente. Os devas se materializam com frequência para dar certas lições, mas
não parecem estar somente encarregados de uma escola.
Como todas as pessoas são reencarnações imediatas, em sua maioria têm alguma
memória de suas vidas passadas, de modo que até as crianças estão plenamente a par da
finalidade da comunidade, esforçando-se por controlar seus novos veículos o mais breve
possível.
Presta-se grande atenção à instrução da imaginação, e pratica-se integralmente a
visualização. A aritmética está muito simplificada; emprega-se universalmente o sistema
decimal; praticamente todos os cálculos se realizam com livros de tabelas ou com máquinas
de calcular. O alfabeto é fonético e a escrita é parecida com a taquigrafia, que pode ser feita
tão rápido como a fala corrente de uma pessoa. O idioma é o inglês, ainda que muito
modificado.
Ninguém aprende história, a não ser isolados relatos interessantes, mas em todas as
casas há um resumo de toda a história. Aprende-se geografia até um ponto limitado,
principalmente com referência às Raças e suas características. Em geral ninguém se
preocupa em aprender o que em um instante pode converter-se em um catálogo, de
maneira que o esquema é estritamente utilitário.
226
Habitualmente uma criança de doze anos tem em seu cérebro a recordação integral do
que aprendeu em suas vidas anteriores; usam-se talismãs para ajudar a criança a recobrar
sua memória de vidas passadas.
Nos Templos há serviços para crianças, em que cantam e tocam instrumentos
enquanto realizam graciosas evoluções.
Também se realiza em um lugar aberto uma representação do movimento dos
planetas ao redor do sol. Embora se entretenham cabalmente com isso, reconhecem que se
trata de uma função religiosa. Outra dança indica a transferência da vida da Cadeia Lunar
para a Cadeia Terrestre. Às crianças se brinda deste modo toda sorte de instrução, metade
como jogo e metade como cerimônia religiosa. Estas crianças, vestidas com tonalidades
delicadas e brilhantes, efetuam complicadas evoluções que requerem muita instrução
prática, e se entusiasmam muito com isso. Assim a educação e a religião estão intimamente
ligadas, de modo que é difícil diferenciar com clareza uma da outra.
A paternidade é uma questão de conivência entre as partes, e habitualmente a morte
é voluntária. A enfermidade foi praticamente eliminada, de maneira que, salvo raros
acidentes, ninguém morre senão por velhice, e não abandona o corpo enquanto for útil.
Ninguém parece velho, pelo menos até os oitenta anos, e muitos superam um século de
vida.
Quando o homem sente que seus poderes mínguam, escolhe um pai e uma mãe a
quem julga apropriados para si; se estão de acordo, entrega-lhes seu talismã pessoal e
comunica-lhes alguns efeitos pessoais que deseja levar na sua próxima vida. O talismã
pessoal em geral é uma gema, plenamente impregnada com o magnetismo do homem, e
correspondente ao seu nome como um ego, um nome usado em muitos casos na vida
corrente. Quando o homem deseja cessar de viver, simplesmente perde a vontade de viver,
em geral falece de forma pacífica em um breve lapso enquanto dorme. Em muitos casos se
estabelece com seus futuros pais e morre na casa deles.
Não há cerimônia funerária de nenhuma espécie, tampouco se reúnem os amigos. O
cadáver é colocado em uma retorta, onde é reduzido a um fino pó cinzento por meio de um
ácido e de uma energia parecida com a eletricidade.
Em geral as pessoas estão carmicamente em liberdade de escolher seu próximo
nascimento, embora em raras ocasiões o Manu possa alterar o plano, se este não conta
com a Sua aprovação.
Habitualmente os pais concordam em ter dez ou doze filhos, em geral um número
igual de meninos e meninas; há um intervalo de dois ou três anos entre os filhos sucessivos,
e não são raros os gêmeos e até trigêmeos. Não se encontram pessoas inválidas nem
deformadas; não ocorre mortalidade infantil; o esforço do parto quase desapareceu por
completo.
As pessoas se enamoram e se casam para toda a vida, como agora, embora até nessas
questões o dever para com a comunidade seja mais forte que a preferência pessoal. Foram
dominadas as paixões sensuais correntes; a criação de corpos sãos para os filhos é
considerada como um ato religioso e mágico, e o matrimônio como uma oportunidade para
esse fim.
227
O matrimônio só acontece com a sanção do Manu e é considerado quase por inteiro
desde o ponto de vista do futuro filho. É comum que um casal que deseja casar tenha dois
ou três egos esperando encarnar em seus futuros filhos. O matrimônio é monogâmico, não
existe divórcio, embora o contrato sempre possa ser rompido por acordo mútuo. Na
maioria dos casos permanece por toda a vida, mas, se ocorrer a separação, as duas partes
ficam livres para formar outra aliança. Os vínculos mais fortes são provavelmente entre pais
e filhos. As pessoas do mesmo tipo em geral não se casam, a não ser que se deseje produzir
filhos que sejam instruídos pelos Devas para um determinado Templo.
A maior honra consiste em nascer na família do Manu, mas certamente Ele escolhe
Seus filhos.
O Conselho é composto só de homens e, sob a direção do Manu, seus membros
efetuam experimentos na criação de corpos nascidos da mente.
A Raça é de cor branca, apesar de alguns terem cabelos e olhos mais escuros e uma
compleição espanhola ou italiana.
Nenhum homem mede menos de 1,28 m, e as mulheres são quase iguais em altura.
Todos são musculosos e bem proporcionados, e preservam um porte desenvolto e gracioso
até a senectude.
As comunidades, cada qual com seus Templos, edifícios públicos e escolas, consistem
em grupos de vilas espalhados em meio de parques e jardins.
As casas e demais edifícios quase sempre estão inteiramente ao ar livre, embora os
espaços entre os pilares que sustentam o teto podem ser fechados empregando-se uma
substância que pode tornar-se transparente à vontade. Um traço destacado são as cúpulas
de muitas formas e tamanhos.
Em nenhuma parte se formam ângulos: todas as casas são circulares ou ovais e cheias
de flores e estátuas, e há água em abundância por toda parte. À noite brilham as cúpulas
das casas em uma massa luminosa, cuja cor pode modificar-se à vontade.
Os móveis são poucos; as pessoas sentam-se e dormem em almofadões sobre o piso,
que é de mármore ou de outra pedra polida.
As roupas são simples e graciosas, algo similar à da Índia ou da antiga Grécia, feita
exclusivamente de algodão; ambos os sexos usam por igual cores brilhantes e delicadas. Em
geral nada se usa na cabeça nem nos pés.
A comunidade é inteiramente vegetariana, e a maioria come em restaurantes ao ar
livre. As frutas, cultivadas extensamente, são consumidas em abundância; preparam-se
comidas que podem ser de muitas cores e sabores.
São destiladas enormes quantidades de água do mar que são distribuídas
liberalmente. Para que a água destilada seja fresca, espumosa e potável, ela recebe os
aditivos químicos necessários.
Um acessório permanente de cada casa é uma vasta enciclopédia que contém
praticamente um resumo de tudo o que se conhece, expresso claramente e com muitos
detalhes. Nas bibliotecas de cada distrito, adstritas a cada Templo, há uma enciclopédia
ainda mais completa, que contém um resumo de todos os livros escritos sobre cada
matéria. Na biblioteca central, cuja escala corresponderia em dimensões ao Museu
228
Britânico, pode-se encontrar os livros originais em idiomas antigos, como também
traduções inglesas nos abreviados caracteres da época.
O jornal diário é substituído por uma máquina que é uma combinação de telefone e
gravador. A cada casa são enviadas notícias importantes, porém resumidas, e cada qual
pode obter a informações completas sobre qualquer questão, chamando o escritório
central; então é enviado por cabo todo o material disponível, que se pode imprimir em
casa. O mesmo instrumento se emprega para agregar complementos informativos às
enciclopédias que se tem em cada casa.
Às vezes o Manu promulga éditos ou informações falando no Templo central. Suas
palavras são reproduzidas em todos os demais Templos simultaneamente.
O estudo dos animais e plantas nunca é realizado por meio de destruição, mas
mediante clarividência. Nos museus há estátuas de tamanho natural de todas as raças
humanas que existiram na Terra, e também das que houve em outros planetas desta
cadeia. Para cada estatua há uma descrição completa com diagramas, que demonstra de
que modo diferem os veículos superiores. Também revela com modelos grande parte do
futuro.
Como não há enfermidades, o departamento médico não existe, apenas cirurgias para
os raros casos de acidentes são realizadas.
Um imenso museu abriga toda classe de artes existentes, com modelos de todos os
tipos de máquinas, incluindo muitos correspondentes à época atlante.
A história se escreve diretamente dos Registros Akáshicos, e se ilustra mediante uma
precipitação de importantes cenas destes Registros. Há uma máquina que reproduz audível
e visivelmente qualquer cena da história que se requeira.
Existem observatórios astronômicos e também instrumentos indicadores de posições
em qualquer momento dos corpos celestes. Os Devas proporcionaram muita informação
astronômica, embora esta se mantenha diferenciada da obtida mediante observação direta.
A química adiantou-se enormemente e inclui a essência elemental; isso conduz ao
departamento dos espíritos da natureza e dos Devas.
No departamento de talismãs qualquer pessoa sensitiva pode, mediante psicometria,
transcender os modelos e ver as coisas em si mesmas.
As dissertações são substituídas, em grande medida, por informações impressas. A
pintura se realiza apenas como recreação. Toda a vida está impregnada de arte, até os
objetos mais simples são confeccionados com esmero artístico. Não há teatros: a arte
histriônica é considerada arcaica e infantil. As danças com coros e as procissões são
consideradas como exercícios religiosos.
Tanto os homens como as mulheres praticam muito os jogos, o atletismo e a ginástica.
Muitas coisas se realizam mediante o direto poder da vontade, e os espíritos da
natureza participam destacadamente da vida da comunidade. As mensagens são enviadas
telepaticamente, em especial através de crianças, que em geral são mais eficientes nessa
arte que os adultos.
Como já se disse, a comunidade é praticamente autossuficiente, importando somente
antigos manuscritos, livros e objetos artísticos; estes são pagos com o dinheiro introduzido
na comunidade por turistas estrangeiros e visitantes, pois a comunidade não usa dinheiro
229
para seus fins internos. As gemas e o ouro se fabricam mediante alquimia, e às vezes são
utilizados também para pagar os artigos importados.
Todos podem escolher livremente o trabalho que realizarão para a comunidade. A
educação é grátis, mas a instrução universitária só é ministrada àqueles que dela
necessitam para o trabalho que se propõem a empreender.
Cada pessoa recebe uma quantidade de fichas que dão direito à alimentação e ao
vestuário. As máquinas são tão perfeitas que, nas indústrias têxteis, por exemplo, são quase
silenciosas, manejadas principalmente por moças.
Nesta época todo o mundo já renunciou ao uso do calor para gerar eletricidade. A
princípio se utilizou toda a energia hidráulica para gerar eletricidade, que logo se transferia
a enormes distâncias sem perdas. Depois isto foi substituído por um método de utilização
da força dos átomos físicos (a força que Keely chamou de dinasférica) que é distribuída de
graça e em quantidades ilimitadas a todos em todo o mundo, para todos os fins possíveis. A
sujeira foi praticamente eliminada, de modo que as fábricas são tão belas e limpas como as
casas particulares.
Considera-se que três horas são um bom período médio de trabalho diário; as
máquinas são, na maior parte, automáticas. Nos restaurantes há um sistema de relés que é
acionado pelos funcionários. Até a cozinha é automatizada, resumindo-se o seu
funcionamento a uma questão de apertar botões.
Já não existe mais o trabalho braçal nem sujo; nenhum trabalho é considerado inferior
a outro. Foi descartada a mineração, pois quase tudo se obtém mediante alquimia. Foram
criadas muitas ligas metálicas.
Todo o trabalho agrícola é realizado com máquinas, em sua maioria automáticas; até
as máquinas são fabricadas por outras máquinas. Em lugar do esgoto, cada casa tem um
conversor químico que reduz tudo a um pó cinzento, algo parecido a cinzas. Não existem
serventes, pois na prática não teriam nada para fazer. Quando é necessário, as pessoas se
ajudam entre si.
As propriedades privadas são poucas; o princípio da comunidade consiste em usufruir
das coisas sem possuí-las. Mas se alguém deseja algo para si, pode adquiri-lo trabalhando
para a comunidade.
As vias públicas não chegam a ser ruas, mas atravessam o parque. A pista é de uma só
peça, a superfície é de pedras polidas, de um material parecido com o granito e uma
superfície semelhante ao mármore. Algumas vias são de cor rosa pálido, outras verde
pálido. Todas as manhãs são lavadas com água e assim são mantidas muito asseadas.
Como não há nada além de pedra polida e grama, as pessoas andam descalças; na
entrada de cada edifício há um canalete de água corrente para limpar e refrescar os pés.
Cada casa tem vários veículos de metal leve filigranado, algo assim como uma cadeira
de rodas que correm a grande velocidade, com perfeita suavidade, e certamente utilizam a
energia universal obtida mediante carga em tomadas energéticas. Existe pouco transporte
pesado. Embora o resto do mundo use máquinas voadoras, a comunidade desdenha a
locomoção aérea, já que podem viajar em seus corpos astrais: na escola recebem lições
sobre a projeção do corpo astral.
230
O clima é quase ideal; na realidade não há inverno. As flores são cultivadas
universalmente; todo o país é irrigado até onde não se cultiva. As plantas que requerem
calor adicional são envoltas por suaves jatos de energia em sua forma calorífera.
O resto do mundo também realizou enormes avanços. A Europa passou a ser uma
Confederação, com um corpo central de representantes que ajusta as questões; os reis dos
diversos países são seus Presidentes rotativos. Estas mudanças foram provocadas, em
algum momento do século XX, por uma reencarnação de Julio César, cuja obra em grande
medida coincidiu com a do Mestre do Mundo. César persuade todos os países a renunciar à
guerra e a gastar o dinheiro, antes invertido em armamentos, em melhoras sociais que
incluem a abolição das favelas e a introdução de grandes melhoras em todas as cidades.
Ele conta com a ajuda de um grupo notável de pessoas, reencarnações de Napoleão,
Cipião Africano, Akbar e outros. Para a reunião preliminar da Confederação, constrói uma
sala circular com muitas portas, de modo que todos entrem ao mesmo tempo, sem que
Potentado algum preceda a outro.
Tudo isso se torna possível devido à nova era iniciada com a chegada e prédica do
Mestre do Mundo. Agora a religião do mundo se baseia em Sua doutrina, embora ainda
existam alguns restos de religiões antigas, consideradas em geral como fora de época.
Melhora muito o estado geral das coisas; há uma força reduzida que se utiliza apenas para
fins policiais; desapareceu praticamente a pobreza; as favelas são substituídas por parques
e jardins.
O inglês alterado, escrito em uma espécie de taquigrafia, é a linguagem universal,
comercial e literária, e rapidamente substitui os idiomas dos diferentes países. Os livros, por
exemplo, estão impressos em sua maioria em inglês, incluindo traduções de todos os bons
livros editados em outras línguas. Na comunidade os livros são impressos em papel verde-
mar pálido e tinta azul escuro, mais suave para os olhos do que preto e branco, e o mesmo
plano é adotado em todo o mundo. As regras de civilização se espalharam por todo o
mundo, de modo que na realidade não se veem mais selvagens.
Cada nação ainda mantém seu orgulho, porém não existe mais o temor às demais; não
existe suspeita e por isso prevalece uma fraternidade muito maior. O delito é reduzido,
porque as pessoas sabem mais e, principalmente, porque estão muito mais contentes.
A nova religião expandiu-se muito, e sua influência é vigorosa; é inteiramente
científica, de modo que religião e ciência, apesar de separadas, já não se enfrentam. As
pessoas discutem sobre as diferentes classes de comunidade espiritual e sobre o risco de se
dar ouvidos ao que se diz, exceto aos autorizados e garantidos pelas autoridades ortodoxas
da época. .
Existem escolas por toda parte, mas não estão sob o controle da Igreja, salvo as
destinadas à formação de pregadores. Não havendo pobreza, não há necessidade de
filantropia. Os hospitais são instituições do Governo. Estão controladas todas as
necessidades da vida, de modo que não há graves flutuações nos preços. Os artigos de luxo,
os objetos de arte e coisas assim, ainda estão nas mãos do comércio privado.
Grande parte da terra corresponde nominalmente ao rei; pode passar de pai para
filho, mas depende do consentimento das autoridades. A mineração está muito reduzida;
muitas velhas minas do Norte da Europa são usadas como sanatórios para tuberculose,
231
afecções bronquiais etc., devido à sua temperatura equilibrada. Os metais são extraídos de
grandes profundidades; quase todo o trabalho é feito por máquinas. O ferro se obtém com
muito menos transtornos que antes.
Na Inglaterra todo o poder real está nas mãos do rei; não há parlamento, mas há uma
espécie de referendo. Todos têm direito a fazer petições que recebem pronta atenção. A
monarquia ainda é hereditária; o Império Britânico reconhece um único rei. Alguns
governadores coloniais retêm seus cargos por herança e se assemelham a monarcas
tributários.
Em todo o planeta foram abolidos os fogos e o fumo. A maioria das coisas parece ser
suprida partindo do princípio de girar uma chave graças à introdução da energia universal.
As cidades, embora maiores, não estão tão desordenadas, e contam com mais parques e
jardins. O sistema irrigatório da Holanda foi muito melhorado; toda a água é trocada
diariamente e lançada ao mar. Tinturas, comestíveis e outros artigos são obtidos pela
destilação da água do mar. As árvores tropicais crescem nas ruas; são mantidas aquecidas
por um fluxo de energia em seu aspecto calorífero.
A princípio as ruas estavam cobertas e aquecidas, mas ao ser introduzida a energia
ilimitada foram abolidos os tetos. A China não parece haver modificado muito a sua
civilização, apesar de apresentar muitas mudanças superficiais.
A Índia tampouco mudou muito fundamentalmente; as imemoráveis aldeias
permanecem as mesmas, mas não há fome. O país está agrupado em dois ou três grandes
reinos, mas ainda é parte do Império Britânico. Ocorrem muitos matrimônios mistos com
raças brancas e o sistema de castas em grande medida sofreu colapso.
O Tibete abriu-se para o mundo, e é acessível pelo ar, embora os aviões às vezes
enfrentem dificuldades devido à rarefação do ar a grandes altitudes. A África Central se
converteu numa espécie de Suíça com muitos grandes hotéis.
A Sociedade Teosófica ainda existe e se consagra principalmente aos seus objetivos
segundo e terceiro; o primeiro foi alcançado. Tem uma grande Universidade central, com
centros subsidiários em diversas partes do mundo. O atual edifício sede é substituído por
um esplêndido palácio com uma cúpula enorme, a parte central imitando o Taj Mahal,
porém muito maior. Há um departamento especial para a química oculta, com belos
modelos. Ainda existe A Doutrina Secreta, transcrita no idioma universal.
A Sociedade é um departamento distinto na ciência do mundo, com uma longa lista de
especialidades que ninguém mais parece ensinar. Produz uma grande quantidade de
literatura, e mantém vivo o interesse pelas religiões antigas e as coisas esquecidas,
incluindo uma vasta série de livros de texto parecidos com os "Livros Sagrados do Oriente"
de nossa época. O departamento literário é enorme, e é o centro de uma organização de
alcance mundial. Adyar é ainda o centro de trabalho e lugar de peregrinação. O coronel
Olcott, lugar-tenente do Manu, que trabalha na Califórnia, é ainda o Presidente da
Sociedade, e visita a sede pelo menos uma vez a cada dois anos. Apesar de praticamente a
totalidade dos 100.000 membros da Comunidade ter passado pela Sociedade Teosófica,
ainda resta um enorme grupo para realizar a obra em Adyar e em outros centros de todo o
mundo.
232
Na vida da Comunidade haverá espaço para as inteligências mais agudas, para os
maiores gênios e capacidades em todos os sentidos. Porém tudo isso será inútil sem a
capacidade de obediência instantânea e cabal confiança nos Mestres, os quais ordenam
todo o plano e guiam tudo com o máximo cuidado.
Quem se une à Comunidade terá que encarnar várias vezes em rápida sucessão,
procurando em cada ocasião aproximar mais seus corpos do modelo fixado diante deles
pelo Manu. Esta é uma parte fatigante e árdua do trabalho, porém absolutamente
necessária para o estabelecimento do novo tipo de humanidade requerida pela Raça.
A oportunidade de cooperar nesta tarefa está franqueada a todos.
O que foi dito é apenas um relato dos inícios da sexta Raça-Raiz; guarda quase a
mesma proporção com a vida de toda a Raça, como o grupo de uns poucos milhares sobre a
costa do mar que banhava a parte Sudeste de Ruta guardava com a quinta Raça-Raiz que
agora dirige o mundo. Não se sabe quanto tempo levará até que a América seja
desmembrada por terremotos e erupções vulcânicas, e surja um novo continente no
Pacífico para ser o abrigo da Sexta Raça. Gradualmente se elevará o novo continente, e a
terra, que uma vez já foi a Lemúria, surgirá de seu prolongado repouso e uma vez mais
estará sob os raios do sol, pois o continente da Sexta Raça-Raiz ocupará, em grande parte, o
lugar da Lemúria.
Certamente, a sexta Raça-Raiz terá suas sete sub-raças, e da sétima delas serão
escolhidos os germes que serão utilizados na criação da sétima Raça-Raiz, o que será o
trabalho do Manu da sétima Raça-Raiz, e Ele também fará os arranjos para as sete sub-raças
usuais em Sua Raça-Raiz. Porém desse trabalho nada se sabe ainda.
A sétima Raça-Raiz se preocupará especialmente com o desenvolvimento do Sat, ou
existência pura, aspecto da Vida Divina, conhecido também como o Pai, o Criador e o
Destruidor, e pelos hindus como o Matâdeva.
Uma vez que a sétima Raça tenha cumprido seu ciclo, a Terra ficará vazia (salvo para o
núcleo usual que fica para trás) e a principal corrente vital passará para Mercúrio. Ali a vida
será algo menos material que a da Terra, e o nível médio da consciência pode estender-se
mais, posto que então a humanidade corrente possuirá o que agora se chama de visão
etérica.
De Mercúrio a corrente vital passará, no curso habitual, aos Globos F e G. Depois disso
iniciará a quinta ronda, que a seu devido tempo será seguida pela sexta e pela sétima
rondas, depois do que nossa cadeia terrestre se desvanecerá, para ser sucedida por outra
cadeia: a quinta da série.
233
CAPÍTULO LV
A VIDA EM MARTE E EM MERCÚRIO
Na atualidade o estado de Marte de nenhum modo é desagradável. Por ser menor que
a Terra, como planeta vive sua vida mais rapidamente. Quando a humanidade o ocupou na
terceira ronda, havia muito mais água que terra em sua superfície.
Agora, em sua velhice relativa, há muito menos superfície aquática que terrestre.
Existem grandes regiões desérticas, cobertas de brilhante areia alaranjada que dá ao
planeta sua cor peculiar. Se fossem irrigados, esses desertos provavelmente seriam
bastante férteis.
A pequena população atual consiste praticamente de membros da ronda interior, que
vive nas terras equatoriais, onde a temperatura é muito elevada e existe muita água. Se
bem, como vimos, muitos dos mais avançados membros de nossa humanidade atual não
estiveram em Marte quando a corrente vital última passou por ali, a grande massa da raça
humana atravessou uma série de encarnações no planeta, deixando muitos vestígios de sua
ocupação, dos quais os habitantes atuais se servem em abundância.
O sistema de canais foi construído pela segunda ordem de homens lunares quando
ocuparam o planeta, e traz a água do degelo anual da franja das calotas polares. A linha
dupla, que às vezes os astrônomos veem, se deve a um segundo canal paralelo construído
para receber um possível transbordamento do canal principal. Os canais mesmos não são
visíveis da Terra: o que se vê é o cinturão de verdor a cada lado dos canais.
Nas partes habitadas do planeta o clima é ameno; a temperatura durante o dia é
habitualmente de uns 21° C, embora em geral seja um pouco fresca à noite. As nuvens são
quase inexistentes, de modo que ocorre pouca chuva e neve.
Os marcianos não diferem de nós em aparência, embora os homens, em sua maioria,
tenham cerca de 1,45 m de altura.
São corpulentos, com grande capacidade peitoral. São louros e morenos; alguns têm
pele suavemente amarelada e cabelos pretos, enquanto a maioria tem cabelos louros e
olhos de cor azul ou violeta.
A maioria se veste de cores brilhantes; os pés estão habitualmente descalços, por
vezes cobertos com uma sandália ou sapatilha de metal. São muito afeitos às flores, suas
cidades são verdadeiros jardins; as casas são de um único andar. As paredes são construídas
com algo parecido a vidros coloridos e estriados de tal forma que as pessoas de dentro
podem ver claramente as de fora, mas estas não podem ver dentro das casas.
As casas são construídas com um material que é despejado em um molde onde
permanece até que se solidifique. As portas se deslocam dentro das paredes, a cada lado, e
são de metal, como todos os móveis e acessórios.
Têm um único idioma, simplificado ao máximo possível. Falam dentro de uma caixa,
parecida com um telefone; o mecanismo registra o que foi dito em uma lâmina metálica
que pode ser lida por quem entende os caracteres. Escrever à mão é muito mais difícil; a
escrita é uma espécie de taquigrafia. Os livros são impressos com essa taquigrafia, sobre
234
rolos metálicos flexíveis, em tipos pequenos que são lidos com o emprego de uma lupa; o
rolo se desenrola automaticamente até onde se deseje.
A eletricidade é a única energia motriz, e se empregam universalmente máquinas de
todo tipo que economizam trabalho. Em conjunto as pessoas são claramente indolentes;
muito trabalho é executado por animais domésticos muito bem treinados.
Um governante autocrático rege todo o planeta, mas a monarquia não é hereditária.
Pratica-se a poligamia, mas todas as crianças são entregues ao Estado para sua criação e
educação, e a maioria não sabe quem são seus pais. As crianças são classificadas e
instruídas cuidadosamente segundo suas aptidões; os mais capazes são preparados para
converter-se em membros da classe dirigente. Desta classe o rei escolhe todos os
funcionários e nomeia o seu sucessor.
Foi eliminada a enfermidade, e é muito difícil que cheguem a se sentir velhos. O
homem morre quando desaparece o desejo de viver. Às vezes, a pedido, a eutanásia é
praticada sem dor.
Não existe religião, igrejas, templos, sacerdotes nem poder eclesiástico. Nada se
considera verdadeiro, salvo o que pode ser demonstrado cientificamente, e acreditar no
que não pode assim demonstrar-se é não apenas tolice, mas delito positivo, por tratar-se de
um perigo para a paz pública. No passado os marcianos, como nós, sofreram perseguições
religiosas e decidiram que essas coisas não ocorreriam nunca mais. Por isso agora a ciência
física e a razão reinam de forma soberana.
Não obstante existiu em Marte, durante muitos séculos, uma irmandade secreta que
não só crê nos mundos superfísicos, mas também conhece praticamente sua existência,
pois seus membros encararam o estudo direto do mesmerismo e do espiritualismo, e
muitos deles desenvolveram muito poder. O chefe da sociedade secreta é discípulo de um
dos nossos Mestres. A existência da sociedade, que agora está vastamente estendida, não é
reconhecida oficialmente pelas autoridades, embora suspeitem de sua existência e a
temam, pois quando qualquer pessoa suspeita foi ferida ou condenada à morte
injustamente, foi difundida a advertência de que as pessoas envolvidas na obtenção da
sentença morriam prematura ou misteriosamente. Consequentemente ficou entendido que
é mais seguro não interferir com as pessoas suspeitas, enquanto estas não professem
abertamente algo que poderia ser considerado subversivo a respeito da boa moralidade do
materialismo.
Alguns membros da sociedade secreta aprenderam a cruzar o espaço que separa
Marte da Terra, e procuraram manifestar-se em sessões espíritas, ou puderam inculcar suas
ideias em poetas e escritores.
Dentro de bosques inóspitos e impenetráveis ainda existem restos dos selvagens
descendentes dos que ficaram quando a corrente vital abandonou Marte em busca da
Terra. Em evolução são inferiores a todos os que vivem atualmente na superfície da Terra,
embora parecidos com uma de nossas evoluções anteriores.
Voltando a Mercúrio, até aqui se efetuou escassa investigação, de modo que é pouco o
que se sabe. Embora o sol apareça pelo menos sete vezes maior do que aqui, o calor não é
demasiado intenso, porque existe um estrato de gás que impede que penetre em sua maior
parte. Se por um momento uma tormenta perturba a envoltura gasosa, a luz solar direta a
235
atravessa, destrói toda a vida que encontre à sua passagem e incendeia tudo que seja
combustível.
Os habitantes são muito parecidos conosco, apesar de menores. As portas das casas
estão a considerável altura do solo, mas devido à influência da gravidade que é a metade da
daqui, para alcançá-las basta um leve salto. Todos os habitantes possuem visão etérica
desde que nascem.
236
CAPÍTULO LVI
CONCLUSÃO
Este livro põe um ponto final na série de cinco obras, cujas primeiras quatro foram “O
Duplo Etérico”, “O Corpo Astral”, “O Corpo Mental” e “O Corpo Causal”, tendentes a ser
quase uma enciclopédia do que podemos chamar de o aspecto técnico da Teosofia
moderna. Em toda a série o plano foi o mesmo, ou seja, apresentar ao estudante uma
compilação das informações contidas nos livros dos escritores mais conhecidos e
acreditados da atualidade, entre os quais se destacam a doutora Annie Besant e o Bispo C.
W. Leadbeater. Os cinco livros foram compilados, muito francamente, em princípio para os
membros da Sociedade Teosófica, e outros, que reconhecem e aceitam a ambos os
escritores ocultistas como autoridades confiáveis nestas questões. Suas afirmações foram
tomadas, deliberadamente, em seu valor declarado, como precisas e confiáveis, sem
efetuar-se tentativa alguma para justificar nem provar nenhuma delas.
Como se menciona em um dos outros tomos, aos escritos de H.P. Blavatsky se faz
referência apenas ocasionalmente; isso, antes de desmerecer seu valor, como uma
confissão da debilidade por parte do compilador que não tem tempo nem conhecimento
para estudar e examinar seus tomos monumentais, extraindo deles a imensa quantidade
informativa que contêm. Essa obra deve ser deixada para outros melhor qualificados.
Como se disse, os cinco livros são essencialmente compilações, tendo-se dado em
todas elas referências marginais, de modo que o estudante possa utilizar as que escolher.
Somente em muito raras ocasiões o compilador se animou a introduzir alguma reflexão ou
opinião pessoal sobre as questões em consideração, embora sentisse, certamente, e com
frequência, a tentação de fazê-lo. Neste capítulo final da série talvez seja desculpado por
acrescentar umas pouquíssimas reflexões próprias, a modo de supervisão da obra que
manteve o autor ocupado durante mais de cinco anos.
Ao considerar o conjunto de detalhes relativos ao mecanismo material da entidade
espiritual que conhecemos como homem, a mente é impressionada naturalmente pela
imensidade do plano da evolução, pela inexorável e majestosa marcha pela qual a Natureza
alcança seus fins divinos, aparentemente sem considerar as imensidades de esforço e
tempo que deixam sem fôlego nossas imaginações ainda humanas, maravilhando-as e
atemorizando-as. Na medida da grandeza com que a Natureza encara sua obra, assim é
divino o destino que planejou para os filhos que fará nascer. Por mais volumosa que pareça
o conjunto detalhado de informação que acumulamos a respeito da natureza do homem e
do mundo em que ele vive, não se trata (como todos os estudantes sabem muito bem)
senão de uns poucos grãos amontoados correspondentes às areias das praias do oceano
ilimitável da verdade. Na realidade parecem tão pequenos e fracionários que às vezes nos
sentimos tentados a duvidar se vale a pena gastar tempo e forças para reunir um punhado
de fragmentos da quantidade virtualmente infinita de conhecimento possível.
Porém talvez seja melhor para nós tomar como prova de valor tanto a mera
quantidade de conhecimento que possamos reunir, isto é, admitidamente insignificante,
como sua qualidade. É o gênero de conhecimento, sua natureza essencial, o que pode
237
afetar tão profundamente nossas vidas, e pode inspirar-nos alguma noção do futuro
incrivelmente magnífico que nos aguarda, se quisermos, e que deverá urgir-nos a viver
como os Deuses que somos em essência. O valor de estudar o passado, por mais remoto
que seja, embora seja remoto e por menor que pareça seu significado "prático" na
atualidade, é admiravelmente expresso por Hilaire Bolloc em sua obra The Old Road,
quando escreve: "Estudar algo muito antigo, até familiarizar-se com ele e quase viver em
sua época, não consiste meramente em satisfazer uma curiosidade nem em estabelecer
verdades sem objetivo; consiste mais em cumprir uma função cujo apetite converteu
sempre a História em uma necessidade. Com a recuperação do passado somamos matéria e
essência; nossas vidas que, vividas só no presente, são uma película ou uma superfície,
investem num corpo, são elevadas até uma outra dimensão. Alimenta a alma. A reverência,
o conhecimento, a segurança e o amor a uma boa terra são incrementados ou brindados ao
se perseguir este gênero de erudição. Confirmam-se as visões ou intuições. É excelente ver
os crimes que sabemos jazer sob as lentas rodas cujo notável avanço dificilmente podemos
notar durante o fulgor de uma só vida humana. Podemos dizer que a erudição histórica
concede aos homens lampejos de vida plena e total; e essa visão haverá de ser o principal
estímulo do que é mortal e imperfeitamente isolado da realização".
Quanto ao futuro, a Sociedade Teosófica talvez não serviu ao mundo de maneira
melhor que proporcionando o conhecimento dos Homens mais evoluídos que conhecemos
como Mestres. Certamente, hoje em dia são muitos, sem dúvida, dentro e fora da
Sociedade Teosófica, os que podem confirmar por experiência própria o que foi expresso
por eminentes ocultistas a respeito da natureza destes grandes e amorosos Seres, e a obra
que realizam para o mundo. Do mesmo modo, alguns se capacitam cada vez mais para
participar dessa obra, convertendo-se em "aprendizes" dos Mestres-trabalhadores. A obra
que estão realizando os Mestres, escreve C.W. Leadbeater (The Inner Life, I, 540): "esta
obra da evolução da humanidade é o mais fascinante de todo o mundo.
Às vezes os que puderam desenvolver as faculdades dos planos superiores foram
autorizados a observar dentro desse poderoso esquema, sendo testemunhas de como se
levantou uma pequena ponta do véu. Não conheço nada mais comovedor, mais
interessante. O esplendor e a magnitude colossal dos planos tiram o alento, porém mais
impressionante ainda é a calma dignidade, a cabal certeza de seu conjunto total. Não só os
indivíduos, mas também as nações são as peças deste jogo; mas nem a nação nem o
indivíduo estão obrigados a desempenhar nenhum dado papel. A oportunidade de
desempenhar esse papel é concedida à nação ou ao indivíduo; se a nação ou o indivíduo
não a aproveitam, invariavelmente há um retardatário pronto para dar o passo e preencher
o vazio.
O estudante não deverá se desorientar pelo âmbito necessariamente fragmentário e
limitado das investigações ocultas efetuadas até agora, imaginando que os poucos grupos
mencionados, como os Servidores, sejam em algum sentido os mais importantes ou
significativos em nossa evolução. Estes poucos grupos são introduzidos no relato apenas
porque são aqueles com os quais guardam relação em primeiro termo as relativamente
poucas pessoas que na atualidade se interessam por estas questões, pertencendo elas
mesmas a tais grupos. Pode ou deve haver muitos outros grupos iguais ou até mais
238
significativos que os Servidores e os outros poucos mencionados. O Caminho do Serviço é
um dos muitos caminhos. Quem se atreve a dizer que qualquer caminho é preferível a
outro? Todos os caminhos conduzem à meta única, e as Mônadas têm sem dúvida suas
razões suficientes para escolher qualquer caminho em particular para este ciclo de sua
evolução.
Há alguns que devem viver para ajudar e servir aos demais, pois essa é a sua natureza,
essa é a linha que, como as Mônadas, escolheram para si. Outros vivem para conhecer, para
aprender todas as maravilhas, toda a magia e o mistério deste universo incrivelmente
prodigioso. Essa é também a sua natureza. Então o Deus do Conhecimento deverá reputar-
se menos que o Deus do Serviço? Outros, por sua vez, não tomam o serviço como sua meta
principal, nem se limitam a adquirir e utilizar o conhecimento. Talvez busquem viver
perfeitamente, expressar na perfeição a Deus como a Vida. Outros modelam suas vidas
sobre um antigo lema: “a natureza do Eu é a bem-aventurança”. Estes buscam ajudar ao
Deus da Felicidade para que realize Seu propósito divino de criar, manter e prover a
felicidade de todos os seres. E depois vem o Caminho do Amor. Que diremos dele? É o
maior de todos os Caminhos, em todos os tempos e para todas as pessoas? Poderia ser
criado o universo, desenvolvido em toda sua soberba complexidade e conduzido até um
gozo pleno, mediante o Amor e só o Amor? Estas são questões difíceis, e até os sábios
talvez se abstenham aqui de dogmatizar para não cair em erros por uma apreciação que
ainda não abarca tudo.
Se as possibilidades da Vida são infinitas quanto à majestade, poder, amor, ação e
felicidade, com certeza há uma perspectiva ampla (e até uma necessidade) para que alguns
busquem aperfeiçoar a Vida, converter-se na Vida, cumprir o plano da Vida, mediante estes
ou qualquer outro dos ilimitados e infinitamente versáteis aspectos da Vida.
Uma última palavra de desculpa. Em uma obra desta natureza, que implica em
detalhes muito minuciosos e, ao mesmo tempo, na cobertura de um campo imenso,
empreendida só, sem ajuda, deve ter-se produzido inevitavelmente erros de ação e
omissão. Se algum estudante os detectar, tenha a bondade de informar ao compilador para
que, em caso de futuras edições, tais erros possam ser corrigidos.
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