Chaves Secretas Dos Livros de Dzyan, LAWS
Chaves Secretas Dos Livros de Dzyan, LAWS
Chaves Secretas Dos Livros de Dzyan, LAWS
Salvi
(Dzopa Gyatso)
Chaves Secretas
dos Livros de
DZYAN
1
Editorial Agartha
Conheça também
Canal Agartha wTV
2
Leia também
Volume I. Cosmosíntese
Volume II. Hierarquias Espirituais
Volume III. Antroposíntese
Volume IV. Sociosíntese
Volume V. Filosofia Oculta
Volume VI. Simbolismo Universal
3
“No Homem celestial dois grandes
aspectos da divindade -Amor e Inteligência-
estão equitativamente misturados, e durante
o Mahamanvantara os Deuses imperfeitos se
tornam perfeitos. Se destacam estas
diferenças amplas e gerais porque projetam
luz sobre a relação entre o Homem e os
devas.” (Alice A. Bailey, “Tratado sobre
Fogo Cósmico”)
4
Índice Digital
LIVRO I: COSMOLOGIA
5
LIVRO II: ANTROPOLOGIA
6
LIVRO III. HIERAQUIAS
7
Diagramas
8
Apresentação
9
no dizer a Doutrina Secreta “a fórmula algébrica abstrata dessa
evolução”, cuja aparente singeleza pouco tem a dizer para todo
aquele que não possua uma intuição desenvolvida. Existem
também nas antigas Fraternidades textos de Comentários destes
manuscritos, tal como obras exotéricas de divulgação para uso
do vulgo, também nos mesmos padrões.
Não obstante o registro em folha de palmeira era um formato
de livro comum na Índia da época, chamado pothi e conhecido
como dPe-cha no Tibet, podendo ser elaborado em forma
retangular ou em discos (parece que às vezes a impressão ou
registro era feito diretamente em madeira), tendo as suas folhas
devidamente furadas para serem reunidas por cordas -ver imagem
abaixo.
10
Naturalmente as abordagens populares estão eivadas de
superstições e distorções piedosas, como Blavatsky mesma ob-
servou. As próprias formulações teosóficas da evolução,
amparadas nestes comentários e amiúde também nos textos
exotéricos, soam muitas vezes como verdadeiras abstrações
misturando de forma mais ou menos experimental Física,
Astronomia e Astrologia.
Há indícios ademais da obra haver sofrido influências
importantes de outras fontes, segundo atestam os investigadores.
Tal coisa não significa necessariamente uma corrupção dos
conteúdos, podendo dever-se à própria reconstrução de um
conhecimento enriquecida pela linguagem e estilo de literaturas
paralelas presentes na memória da redatora.1
Ademais o texto apresenta certo sincretismo, posto que HPB
teria empregados fragmentos de Comentários antigos vertidos
das línguas sânscrita, tibetana e chinesa, línguas pelas quais o
cânone tibetano realmente passou (e para as quais Blavatsky
deve ter tido um bom tradutor), o que pode ajudar a explicar a
1
Na prática a questão das viagens de Blavatsky ao Tibet é assunto
controverso -simplesmente não há provas nesta direção. Permanece
pois o mistério de como um Tantra tão importante chegou às suas
mãos, ou se foi realmente acessado por vidência interior como se
afirma por vezes. Estudos demonstram que entre as anotações de
Blavatsky havia compilações sobre os termos tibetanos empregados
em suas obras, extraídos de um antigo dicionário tibetano mimeo-
grafado da época intitulado “Dicionário tibetano e inglês romani-
zado” (1866) composto pelo missionário morávio Heinrich August
Jäschke.Fonte Voltaremos todavia à estas questão ao analisar as Estân-
cias do “Tratado Sobre o Fogo Cósmico” na ”Introdução 1”.
11
mistura de termos e de simbologia multiétnicos existentes em
certas passagens. No mais, haveria que investigar a influência
Bön da mesma forma, pelo menos na construção de um
sincretismo tardio -ver mais sobre isto na sequência.
É evidente que nos tempos de Blavatsky estes manuscritos
ainda eram pouco conhecidos do Ocidente e causavam muita
admiração. Hoje em dia porém depois da hégira tibetana tudo
isto se encontra bem mais divulgado, e ainda assim o teor das
Estâncias de Dzyan seguem inusuais e misteriosos. Não
obstante, se existe algum lugar no cânone tibetano para elas
estarem, seria justamente entre os Tantras do Tanjur.
Os Tantras e as Estâncias
2
A grafia de Blavatsky é anterior à padronização da transcrição
do tibetano para os alfabetos ocidentais, e a Tibetologia uma ciência
todavia infante na sua pópria época. A palavra tantra (rgyud) significa
literalmente um continuum eterno. Os Tantras estimulam a conti-
nuidade da consciência (em três níveis) e sua evolução. Para isto
também existe o significado informal de “combinar, misturar, tecer”,
alusivo pois combinação de técnicas e de recursos propiciatórios, em
especial entre os Sutras (ou “o caminho das causas”, mais
relacionado à Sabedoria), e os próprios Tantras (ou “o caminho dos
resultados”, mais relacionado ao Método ou às técnicas espirituais).
12
“(...) esses livros públicos de Kiu-te permaneceram,
por todos os propósitos práticos, secretos até 1981, quando
foram finalmente identificados. Embora os livros sejam
‘públicos’, pois são encontrados na coleção impressa de
escrituras budistas tibetanas, eles continuam a ser
considerados pela tradição tibetana como ensinamentos
secretos do Buda e, portanto, de acesso restrito. Mesmo
agora, apenas uma pequena fração deles foi traduzida para
o inglês.” (David Reigle, “O que são os Livros de Kiu-
te?”, High Country Theosophist 9.2, Fevereiro de 1994)
Infelizmente a forma como os Tantras sempre foram
apresentados no Ocidente foram corrompidos por preconceitos e
fetiches, sem tolerância com seu simbolismo. Tantras significa
“tecer” (um paralelo com o termo Sutras, “cordão”), significan-
do ademais método, doutrina regra e sistema. Associa-se
ademais à ideia da “difusão do conhecimento” e “à maneira
correta de realizar algo”, tal como “autoridade”, “multiplicação”
e “continuidade”. O termo tem sido comentado em muitas
escrituras e definido por diferente filósofos de maneira plural,
também como “Essência” (Samaveda), “Ciência” (Arthasastra),
“Práticas e rituais” (Vishnu Purana), “Profundo entendimento
ou domínio de um tópico” (poeta Kalidasa), “Conjunto de
doutrinas ou práticas” (cânone budista chinês), “Amplo
conhecimento dos princípios da realidade” (Kāmikāgama),
“conjunto de doutrinas ou práticas” (Bhāskararāya, filósofo),
“principal, regras estruturais” (Patanjali, filósofo), etc.
13
Os Rgyud-sde integram a divisão-Tantra (Rgyud) do Cânone
Tibetano Tanjur, que complementa a divisão-Sutra (Mdo). Acre-
dita-se que algumas partes de Tanjur remontem ao século VII,
embora a maior parte tenha sido composta mais tarde. Conside-
ra-se que o Tanjur foi fielmente traduzido do sânscrito e em
muitos casos representa o único registro que resta destes conhe-
cimentos -como no caso da antiga Alquimia indiana, ou Rasaya-
na. Os precoces vínculos Sakya com a questão do Estado terá in-
centivado reunir também uma literatura mais eclética, como é pró-
pria do Tanjur, como base para a própria formação do Estado tibetano.
O Tanjur representa apenas uma divisão do cânone tibetano
completo que integra também o Kanjur, termo que significa
“traduções (estritamente) budistas”, representando assim o
principal acervo realmente canônico, consistindo em 108
volumes. Já a divisão Tanjur ou “traduções de ensinamentos
(gerais)”, assoma o dobro ou 224 volumes, reunindo textos mais
ou menos diversos e não apenas proferidos pelo Buda, por vezes
sequer de teor budista, sendo por isto considerado semi-
canônico. De todo modo abarcam conteúdos autorizados,
envolvendo História, Artes, Ciências, Filosofia, Gramática e,
claro, comentários sobre o cânone budista. Citemos também:
“(...) os Livros de Kiu-te fazem parte do Kanjur, ao
passo que os seus comentários se encontram no Tanjur.
Juntos, constituem o Cânone sagrado budista tibetano. As
traduções tibetanas foram reunidas em duas grandes
coleções: Kanjur, que contém a palavra do Buddha e
Tanjur, que contém a sua explicação. Este último conta
com as obras de grandes autores indianos como Nagarjuna
14
e Arya Asanga.” (David Reigle, “Um Resumo de ‘Os
Livros de Kiu-te’ e os Tantras Budistas Tibetanos”)
15
Langdarma3 chegou a restaurar temporariamente o Bön –hoje
reconhecido pelo Dalai Lama como a Quinta Escola oficial do
Budismo Tibetano- como religião oficial do país.
Neste sentido o Budismo pode ter herdado conhecimentos
nativos, juntamente com parte do panteão local que sabidamente
foi incorporado. A reorganização do Tibet de forma
contemporânea à expansão do Islã não é casual, pois as invasões
muçulmanas da Índia foram tão ou mais cruéis que as recentes
protagonizadas pela China. Na ocasião centenas de sábios
oriundos das grandes universidades budistas dispersaram-se pelo
mundo levando os seus altos conhecimentos, entre os mais
afortunados dos que sofreram os ataques muçulmanos.
Consta ser o Rgyud-sde um Tantra Mahayoga (ou “Grande
Yoga") de grande antiguidade, verdadeira terma (tesouro
espiritual) revelado por Vajrasattva (um Bodhisatwa,
“renunciante”) e por Vajrapani (um Dharmapala, “protetor”) ao
Dharmaraja (“rei-do-Dharma”) Jah (que é um nome com
importantes inferências cabalísticas) do Reino de Zahor, dois
séculos depois do Buda. Zahor é uma região mítica do Budismo,
que alguns identificam a diferentes localidades, como o Estado
indiano himalaico de Himachal Pradesh (significa “Província da
Montanha Nevada”, também conhecido como Dev Bhoomi que
3
O nome Langdarma significa “Lei do Touro”, animal que é um
dos arquétipos da iniciação, como o touro sobre o qual Lao Tsé
realizou o seu retiro final, além de um possível vínculo xamanista
através do Elemento Terra que rege este signo. O signo de Touro está
muito relacionado ao Buda, e para Alice A. Bailey o “olho do Touro”
(ou “olho de Dangma”?) –que é a estrela Aldebarãn- relaciona-se ao
Centro espiritual supremo de Shambhala.
16
quer dizer "Terra dos Deuses" –ver também imagem abaixo),
onde Padmasambhava realizou alguns milagres, mas destaca-se
também a sua possível relação com o Estado de Bengala em
função dos centros locais de atividade tântrica.4
Estes conhecimentos também foram praticados na tradição
Dzongpa ligada à grande linhagem Sakya que é uma das quatro
grandes Escolas Tibetanas, cujos líderes atuaram ativamente na
organização do Estado feudal tibetano. Os Sakyas ascenderam
irresistivelmente por serem então apoiados pelos mongóis, nas
disputas políticas comuns do período. O Monastério Sakya
também fica situado na região de Shigatse, de modo que aqui
poderia caber uma primeira retificação, posto que estes Tantras
estariam na verdade sob o custódio deste Monastério e não de
Tashilumpo como se chegou a pensar.
4
Já se sugeriu tratar-se ademais de uma corruptela da palavra
persa Sahor que significa “Cidade”, e porque não investigar a palavra
grega Saros, do famoso ciclo caldeu, e que viria da palavra babilônica
sāru que significa o número 3600?, considerando que ao fim e ao
cabo o tema central das Estâncias é mesmo o da Astrologia Esotérica.
17
Acima temos um exemplo dos tantras Mahayoga,
comumente relacionado aos Sakyas como se lê na página de
apresentação do centro –ver adiante notícias sobre as recentes
descobertas da grande Biblioteca oculta do Monastério Sakya,
contendo referências à páginas desconhecidas da História
humana.
Nos tempos antigos havia um consórcio sinárquico muito
elevado entre os reis e os sábios, pois os Estados podiam
preservar os Textos sagrados e apoiar os monges numa parceria
tradicional -consta que foi inclusive desta forma que tais Tantras
chegaram até as mãos de Padmasambhava.
Em função disto o Mahayoga também foi cedo incorporado a
tradição Nyingma, que inclui regularmente como o primeiro dos
seus três Tantras internos ou mais avançados. Segundo Tulku
Thondup o foco do Mahayoga está em “ver o universo como
uma manifestação das divindades budistas”, tal como uma
ênfase na auto-visualização como um Buda, destinando-se a
remover a agressividade, merecendo destaque a mandala dos
Oito Herukas (“deidades iradas”). Estas “formas iradas” dos
Bodhisatwas retratam também o aspecto secreto da sua
autoridade espiritual e a “energia de poder” espiritual que
exercem junto à humanidade.
Cm efeito, os tais símbolos-raízes das Estâncias de Dzyan
(em linguagem Senzar criptográfica) realmente podem existir.
Ainda assim faz muito que os tibetanos possuem recursos mais
eficientes para simbolizar e transmitir conhecimentos
astrológicos do teor destas Estâncias, como são as próprias
mandalas, desenvolvidas da tradição tântrica hindu, como
18
veremos melhor na continuação. Citemos pois a Enciclopédia
Budista Tibetana:
“Os tantras Mahayoga apareceram neste mundo quando
revelados por Vajrasattva e o Senhor dos Segredos
(Guhyapati, um dos nomes de Vajrapani) ao Rei Jah, o
governante de Zahor, que nasceu 112 anos após o nirvana
de Buda. Alguns dos detentores da linhagem
contemporânea foram Uparaja, Kukuraja, Vimalakirti e
Jnanamitra. Os mestres subsequentes foram Shakputri, o
regente e filho do rei Jah, a filha do rei Jah, Gomadevi,
Singaraja, Lilavajra, Buddhaguhya e Vajrahasya. A
geração seguinte de detentores da linhagem foi Bhashita,
Prabhahasti e Padmasambhava, o último dos quais
também recebeu os tantras diretamente do rei Jah.”
E com efeito todas estas vinculações sinárquicas conspiram
para legitimar a realidade das Estâncias de Dzyan, cujo contexto
está efetivamente relacionado à esfera tântrica (ou esotérica) das
profecias de Shambhala e do poder espiritual, dos ciclos sociais
ou da evolução coletiva, e não às questões sapienciais subjetivas
dos Sutras tradicionais.
Tem-se aqui inclusive os ecos ancestrais de um Tibet
Profundo que remonta às linhagens dos Dharmarajas budistas
relacionados aos mitos de Akdorje e Rigden Jyepo, também
vinculados às profecias do Rei do Mundo da Mongólia, e que
por fim se associam às profecias do Kalki Avatar aguardado e
seus êmulos mais ocidentais. E será com efeito a partir destas
mesmas referências, que as nossas pistas poderão começar
realmente a esquentar, na sequência.
19
“O Livro do Tempo”
20
representasse “apenas” 20 mil anos, com a devida conversão
deste tempo simbólico, já seria demasiado...
Contudo esta seria apenas uma linha interpretativa adotada
por Blavatsky, quem tendia a realizar uma hermenêutica
temporalista dos Mistérios. Ou seja, considerava que o registro
destes conhecimentos é tão antigo quanto a própria cronologia
daquilo tudo que buscam registrar, sendo obtidos daí in loco aos
próprios acontecimentos, e dotados assim de muitos e muitos
milhares de anos -provocando tal opinião contudo uma série de
contestações da parte dos cientistas, e que pode ser mesmo
contestado, como veremos adiante.
Deste modo, para HPB estas informações remontam aos
mesmos longínquos tempos daqueles acontecimentos que
buscam registrar, passando de mão em mão por muitos milhares
de anos, e empregando para isto diferentes recursos, inclusive os
tais fólios supostamente “indestrutíveis”. Nada impede com
efeito que a obra tenha sido organizada ao longo dos tempos,
como uma espécie de “Livro do Tempo” escrita a muitas mãos.
Nós sabemos o quão diligentes os Antigos eram na captação e
transmissão dos saberes. A herança ancestral de conhecimentos
primitivos e de sabedoria antiga é algo que jamais deixará de
surpreender o homem moderno. E uma das grandes causas disto
é justamente porque os trabalhos eram realizados em equipes e
por escolas de sábios dedicados, cujos saberes eram zelosamente
registrados tanto na memória dos sacerdotes como em arquivos
secretos, comumente as próprias cavernas transformadas em
Templos do Saber, com seus Murais Sagrados onde se
estampavam em linguagem ideográfica a súmula dos
conhecimentos acumulados -e a isto o homem moderno muitas
21
vezes chama simploriamente de “arte rupestre”. Muito mais
tarde o mesmo ocorreria no recôndito das tumbas dos faraós
egípcios com uma linguagem já mais elaborada.
A certa altura porém estes conhecimentos também começam
a ser inscritos em materiais leves e portáteis para facilitar o
transporte, a proteção e a própria difusão, tal como sucedeu na
Arca da Aliança de Moisés contendo as Tábuas da Lei, e como é
o caso dos fólios originais destas Estâncias inscritas de forma
especial em folhas de palmeiras tratadas com material
aparentemente imperecível. Com efeito é perfeitamente possível
rastrear uma linha ininterrupta de informações canônicas sobre
os grandes ciclos planetários, vindas à luz ao menos desde a
aurora da Atlântida no período Mesolítico (ou Lemuriano-
tardio) -os templos de Gobekli Tepe já representavam há 11 mil
anos um testemunho precoce e eloquente do conhecimento do
Grande Ano de Platão, com ênfase nos grandes Arcos de
Manvantara e Pralaya, que na época estavam em transição-,
alcançando as grandes Civilizações da Suméria e seguindo até
tempos recentes para alcançar finalmente os nossos dias já como
uma herança ancestral da humanidade.
Abaixo temos uma antiga tábua de argila encontrada em Uruk
(Warka), no sul do Iraque, com escrita cuneiforme e três círculos
contendo “cálculos astronômicos”, datada do antigo período
babilônico (2004-1595 a.C.), do acervo do Museu do Iraque.
Considerado um importante Centro do Mundo por milênios, as
Civilizações da Mesopotâmia –Sumérios, Acadianos,
Babilônicos, Assírios, Caldeus- se estenderam por milênios em
todas as direções –política, econômica e culturalmente. Deles
herdamos diretamente muitos traços culturais, com destaque
22
para as Ciências do Tempo (escala sexagesimal, etc.), a
Astrologia (signos, etc.), a Mitologia (Dilúvio, etc.) entre outros.
5
O cuneiforme foi a primeira forma de escrita a ser inventada;
tendo sido criado pelos sumérios cerca de 3.500 a.C. (anterior aos
hieróglifos egípcios), foi usado durante três mil anos por várias
sociedades da Mesopotâmia. Sua ampla aceitação deve-se quiçá à
própria durabilidade do meio em que foi registrada que é a tábua de
23
a antiga Civilização do Hindus mantinha contatos regulares com
a Mesopotâmia, região considerada às vezes como “o berço da
Astrologia”.
24
a. Círculo superior menor (com o “Olho de Dangma”
inscrito): a Grande Idade do Diamante (Mahavajrayuga) da
transição do Sistema Solar esotérico (ou Grande Ano de Platão).
b. Círculo Médio com quatro anéis concêntricos: os Quatro
Yugas (Idades) do Pralaya (ou arco lunar do Grande Ano).
c. Círculo Inferior com cinco anéis concêntricos: os Quatro
Yugas do Manvantara (ou arco solar do Grande Ano)
centralizados pela pequena Idade do Diamante desta Ronda.
Estas formas concêntricas de apresentar os Yugas -lembrando
órbitas planetárias-, representaria na verdade espécies de proto-
mandalas, tal como u’a maneira original de demonstrar a
proporcionalidade existente entre os Yugas, segundo a
conhecida fórmula 4-3-2-1. Este tipo de concepção talvez fosse
até comum na Antiguidade -quiçá desde a própria pré-história?!-
, e não podemos deixar de dizer o quanto isto lembra o desenho
da capital da Atlântida segundo Platão -embora muitas outras
Cidades-em-anéis também fossem criadas depois através dos
tempos. Naturalmente os zigurats mesoptâmicos tampouco
fugiriam a um simbolismo de padrão escalonar semelhante.
Colocando o Olho-que-tudo-Vê desta Tábua no lugar certo
que é ao centro, teremos uma imagem evocativa do símbolo tân-
trico do Vajra (tib. Dorge) ou mesmo da Vesica Piscis, abaixo.
25
Note-se então que a ideia do Olho divino (ou lâmina ou
barco) surge naturalmente do simbolismo vesiciano (como um
fractal de transição das esferas), ali mesmo onde se costuma
representar o Logo encarnado ou no centro de ambas as esferas
polarizadas de evolução (ver mais sobre este símbolo do
Volume VI -“Simbolismo Universal”- da “Doutrina Secreta
Revelada”. No decurso deste estudo veremos um pouco como o
simbolismo do Chakra Ajna também personifica este papel
central dentro da evolução cósmica da nossa humanidade.
Poderia representar este Tantra mesmo assim um documento
ainda mais antigo?! Pelos achados arqueológicos a ocupação
pré-histórica do Planalto Tibetano pode chegar a remontar até a
40 mil anos, permitindo imaginar a possibilidade de que uma
tradição oral pudesse alcançar milhares de anos, especialmente
neste rico contexto cultural da Ásia Central. Seriam neste caso
as Estâncias de Dzyan uma forma de testemunho direto de uma
longa história ancestral e, mais ainda, até mesmo um auto-
testemunho sobre eventos capitais das grandes transições
mundiais, em especial a da última Ronda, centralizada nesta
mesma região a crer nos mitos tradicionais? Muita coisa apoia
afinal a ideia de uma Lemúria solar e mesmo de uma Shambhala
naquela região, a partir das próprias lendas tradicionais.
Por outro lado -e para lançar mão de certos recursos
epistemológicos- é preciso considerar que uma cronologia antiga
não é sinônimo de uma documentação antiga –é a diferença pois
entre algo “antigo” e outro algo “antiguista”. A idade de uma
informação não depende necessariamente de um registro formal
contínuo. Até mesmo quando um conhecimento é construído
com o tempo e sido acumulado por muitas gerações, ele ainda
26
pode ter surgido em data muito mais recente do que aquilo que
os seus próprios conteúdos alcançam conhecer. Alguém pode
me informar de algo do passado sem que nenhum de nós tenha
vivido pessoalmente neste passado. Associar automaticamente
cronologia e antiguidade é um erro ao qual as pessoas amiúde
incorrem, e por uma ou por outra razão. Adiante voltaremos a
esta questão com mais elementos.
De modo que a realidade pode até não nem ser exatamente
esta, embora tal visão possa ser a que mais impacte os nossos
sentidos e imaginário temporalista, pois somos inclinados a
imaginar que uma informação seja mais fidedigna caso tenha
sido obtida de forma direta; e ainda assim a verdade pode ser
algo tão ou ainda mais profundo que isto.
Vimos mais acima os vínculos dos Livros de Kiu-te com o
Mahayoga. Não obstante, sob todas as luzes, existe um Tantra
que surge como altamente possível de estar relacionado aos Li-
vros de Kiu-te. Tais “luzes” se resumem não obstante a: origem
e natureza -o que já não é dizer pouco. Trata-se pois do Tantra
Kalachakra -e o nome “A Roda do Tempo” já é praticamente
auto-explicativo à luz dos conteúdos das Estâncias. Acomp-
anhemos pois uma vez mais as investigações do teósofo Reigle:
“Dado o fato de que os livros de Kiu-te são os tantras
budistas tibetanos, a questão permanece especificamente
sobre qual dos muitos tantras budistas é a fonte das
Estâncias de Dzyan. Entre os tantras existentes, aquele
cujo assunto inclui a cosmogonia é o Kalachakra
Tantra. (...) Apenas o Kalachakra inclui uma descrição da
cosmogonia, que pode ser aplicada externamente, ao
cosmos, ou internamente, no sadhana (práticas).
27
Com efeito a mandala Kalachakra ostenta uma estrutura com
muitos elementos afins às descrições das Estâncias de Dzyan,
como 12 animais (meses do Ano, etc.), 12 Bodhisatwas (Eras
Astrológicas), 7 Animais Sagrados, 5 Budas (raças), entre outros
elementos comuns às Estâncias. Sigamos porém:
“O termo Kalachakra siginifica a Roda (chakra) do
Tempo (Kala), ou o Círculo Infinito da Duração, por isso é
adequado que o primeiro tema a ser tratado no Kalachakra
Tantra seja a cosmologia, assim como na Doutrina Secreta
de Blavatsky. Dado que a doutrina fundamental do Kala-
chakra é a correspondência entre macrocosmo e microcos-
mo, a seção posterior trata do cosmos dentro do ser humano.
Estas duas seções resultaram nos sistemas de astrologia e
medicina esotéricas. A terceira seção é sobre a Iniciação,
incluindo a Yoga Kalachakra de seis ramos. Logo após, há
uma seção intitulada ‘Sadhana’, uma espécie de prática
religiosa comum aos Tantras, à qual Blavatsky alude no
artigo ‘Ocultismo Prático’ com o nome tibetano de
Dubjed. O livro termina com uma seção chamada ‘Jnana’
que significa ‘conhecimento [não-dual]’ ou “sabedoria”.
Tal coisa nos fornece pois a questão da natureza deste Tantra,
envolvendo fortemente a Cosmologia, que é a base com efeito
das Estâncias de Dzyan, em especial o Livro I conforme o
entendimento corrente. Em seguida devemos tratar da questão
das origens deste tantra, e é aí que o mistério pode ficar quiçá
ainda mais interessante...
“O Kalachakra Tantra também se destaca entre os
outros tantras por causa de sua conexão com a terra sagra-
da de Shambhala. A tradição afirma que o rei de Sham-
28
bhala solicitou os ensinamentos de Kalachakra de Gauta-
ma Buda e depois voltou com eles para Shambhala, onde
se tornaram a Religião-de-Estado. É de Shambhala que o
Kalachakra Tantra resumido veio para a Índia e o Tibete.
“Conforme diz A Doutrina Secreta, o Kalachakra
Tantra é a obra mais importante na divisão Gyut (rGyud)
do Kanjur, a do conhecimento místico. Um dos grandes
Mestres do Kalachakra é Dolpopa. Dentre os Livros de
Kiu-te, somente o Kalachakra veio de Shambala, no Norte.
Por isso é conhecido principalmente como o Ensinamento
de Shambala.” (David Reigle, “O que são os Livros de
Kiu-te?”, High Country Theosophist 9.2, 2/1994: 2-9)
Resulta quase uma curiosidade saber que o Dalai Lama
elegeu o Tantra Kalachakara como o mais importante rito para
ser divulgado no Ocidente. Com efeito ele tem realizado
iniciações regulares especialmente destinadas ao homem
moderno. Há muito que aprendemos a levar muito em conta
tudo aquilo que diz respeito ao Tibet para o nosso planeta como
algo sempre muito simbólico. Certamente este fato vem somar
com os esforços de Blavatsky antecipando este momento de
abertura tibetana
Assim, pouco a pouco as “areias do tempo” vão permitindo
entrever a realidade nua dos Mistérios de Dzyan. Acontece daí
que novas informações importantes tem surgido em tempos
recentes capazes de lançar luzes sobre os mistérios que cercam
as Estâncias de Dzyan. A recente descoberta de uma antiga e
imensa biblioteca secreta tibetana promete trazer muitas luzes
em torno da questão, como de fato já começa mesmo a fazer.
29
Uma Biblioteca Secreta
7
Este número não seria casual pois é cultuado pelos tibetanos
(havendo quem mencione porém 40 mil volumes, mas talvez estes
30
que incluem a história da humanidade durante mais de 10.000
anos. Este monastério budista fica situado 25 km à sudeste de
uma ponte distante cerca de 127 km à oeste de Shigatse, na
estrada para Tingri, região que é autônoma da China.
“Esta talvez seja a maior biblioteca do mundo sobre as
histórias mais antigas e distantes da vida humana. De
acordo com informações, os livros que se encontram nela
estariam escritos em várias línguas como o Sânscrito,
chinês, tibetano e algumas línguas mortas que estão sendo
decodificadas somente agora pelos pesquisadores.
31
Esta grande biblioteca foi descoberta no ano de 2003, pois
estava oculta há muito tempo por detrás de uma parede fechada
aos olhos do mundo. Provavelmente tal ocultação ocorreu em
função dos primeiros anos de ataques do Governo da China, e
foi dada a conhecer agora que os ânimos finalmente se
arrefeceram, já que faz algo tempo os chineses têm amenizado a
sua política com os templos.
De qualquer forma, quando os Mestres informavam sobre as
suas grandes bibliotecas secretas nas montanhas, parece que as
coisas não estavam mesmo assim tão longe da realidade...8
Prossegue o texto:
“O mais incrível é que ela fica atrás de uma parede
enorme que tem 60 metros de comprimento e 10 de
altura.9 A expectativa é que a maioria deles sejam
escrituras budistas, apesar de que possam também incluir
trabalhos de literatura, história, filosofia, astronomia,
matemática e arte. Acredita-se que eles permaneceram
intocados por centenas de anos. Eles estão sendo
8
Tais mensagens incluíam incentivos de difusão e até mêsmo
advertências contra a destruição, como nos Ensinamentos da Agni
Ioga de Helena Roerich, transmitido por Morya: “Por séculos Temos
estado ampliando Nossas bibliotecas e seria prudente protegê-las do
fogo.(...) Vossos livros estão em Nossas bibliotecas. Estariam os
Nossos nas vossas? Nós podemos falar de seus libros. Tens lído os
Nossos?” (“Comunidade”, #204 e 266, 1926)
9
Na internet existem filmagens desta impressionante parede de
livros da dimensão do terreno de uma casa ampla, existente no
Monastério Sakya, como é possível observar neste link.
32
examinados pela Tibetan Academy of Social
Sciences.”Fonte Fonte
Não tardou porém para o caso provocar uma série de
polêmicas e de mal-entendidos na internet. Logo apareceram
postagems contestando a publicação, atordoadas com o teor da
notícia e confundindo uma vez mais as coisas, julgando que se
afirmava que as próprias obras tinham dez mil anos de idade e
não as histórias relatadas, ou que não poderia haver regisrtros de
período tão arcaico.Fonte
Não obstante este tipo de confusão pode se revelar deveras
didática para os nossos presentes propósitos. Acaso os teósofos
não teriam também alimentado uma ideia equivocada
confundindo também as cronologias dos registros com a própria
antiguidade dos mesmos?! Mais que equívoco, nós
classificamos pois este quadro confusionista como uma
hermenêutica ingênua e impressionista, algo mistificadora e
própria dos espíritos jovens.
Muito provavelmente as Estâncias representam um antigo
tratado de cosmologia Tântrica. De acordo com o famoso
orientalista Georg Feuerstein, "o escopo dos tópicos discutidos
nos Tantras é considerável e incluem lidar ‘com a criação e a
história do mundo’.” Os Tantras também influenciaram muito o
Jainismo, onde se pode observar um culto especial a
cosmologias. Por esta razão as mandalas representam um dos
grandes alicerces da cultura tântrica, como apoio visual para as
suas cosmologias. As Estâncias de Dzyan seriam pois
seguramente um tratado simbólico e complementar de algumas
destas mandalas –ver a Introdução 1 intitulada “A hermenêutica
das Estâncias” adiante.
33
Os textos teriam sido trazidos em algum momento do
primeiro milênio de era atual, desde a região de Bengala na
Índia, onde a cultura Tântrica (mágica, aristocrática e intelec-
tual) era bastante desenvolvida; tibetanos costumavam ir para lá
em busca de conhecimentos, ou então sábios da região também
subiam ao Tibet. Muitas grandes escolas tibetanas foram
formadas desta maneira, quando os tratados tântricos
costumavam ser vendidos então a um elevado valor -não sendo
de duvidar que muitos até buscassem exagerar a antiguidade do
manuscrito ou do conhecimento, tal como a sua origem mais ou
menos mítica, a fim de valorizar o seu comércio.
O caráter mais intelectual do tantrismo pode ficar patente nos
seus mitos de origem. Consta que as primeiras práticas tântricas
indianas foram atribuídas aos kapalikas, termo que significa
"homens do crânio", também chamados Somasiddhatins ou
Mahavartins –com efeito existe como etimologia alternativa
para “Dzyan” o termo Jnana, “conhecimento” -o que permite
também denominar mui apropriadamente a estas Estâncias como
“O Livro dos Videntes” (como o Chilam Balam maia portanto).
Considerando que o movimento tântrico medieval se desenvol-
veu em paralelo ao movimento vaishnava da Índia, este
contraste com tal seita devocional ou “de coração” fica bastante
evidente10 -sem ignorar que também Shankaracharya pode ter
10
A Escola Kagyu do Budismo Tibetano é conhecida por reunir
grandes eruditos e iogues, desde o mahasiddha Tilopa (Mestre de
Mahamudra ou Dzogchen) e seu discípulo Naropa (codificador das
“Seis Yogas”), ambos indianos, e depois Marpa (grande tradutor dos
Tantras indianos) e seu discípulo Milarepa (grande iogue e
mahasiddha), ambos tibetanos. Kagyu significa “a linhagem das
34
tido o seu aparecimento no período, com sua doutrina sapiencial
de Advaita Vedânta. A cultura tântrica teria começado a se
desenvolver a partir do Século V d.C., quando começaram a
aparecer traduções budistas de textos indianos na China. No
Século X já existia um extenso corpus doutrinal. Nesta época os
textos tântricos inclusive começaram a ser compostos
principalmente na Caxemira e no Nepal, nas vizinhanças
portanto da Zahor de Himachal Pradesh.
Os Tantras adquiram a partir desta época tal notoriedade que
influenciaram praticamente todas as correntes filosóficas da
Índia e no Tibet teriam afetado também a corrente Bön.11 As
Estâncias seriam pois um destes Tantras que os tibetanos
consideraram suficientemente sérios e úteis para merecerem ser
aceites dentro dos seus cânones universais. Sob tais luzes, já não
soa tão estranho que a Teosofia tenha sido inicialmete conside-
35
rada como um “Budismo Esotérico”, ou que A. P. Sinnet tenha
assim nomeado uma obra sua de Doutrina Teosófica, apesar dos
protestos de Blavatsky e certos pandits ou brahmanes.
Contudo, agora que estamos neste contexto indiano,
queremos invocar uma outra possível importante fonte de
influência sobre os Tantras de Dzyan. Trata-se pois do
Brahmanismo, a antiga filosofia hindu de extração arya que
sucedeu o antigo vedismo mais associado aos drávidas -ver
adiante nossa tese sobre uma “Restauração Áurea” pretendida
pela Filosofia Tântrica. Com efeito existe um grande número de
termos e situações evocativas do nome de Brahma nas ideias
transmitidas pelas Estâncias de Dzyan, nem que seja de maneira
indireta mediante escolas derivadas ou a elas de algum modo
associadas.
Vamos pois a uma relação que certamente não seria
exaustiva, mas suficientemente representativa no macro, no
meso e no microcosmo:
1. Via de regra a Cosmologia está associada a Brahma, o
Deus Criador; os grandes ciclos são sempre relacionados aos
tempos de Brahma -ano, vida, etc.
2. As grandes Rondas mundiais alternadas são o Dia e a
Noite de Brahma, ou Manvantara e Pralaya.
3. As Idades que “densificam” no Manvantara são os Yugas
ou divisões desta mesma doutrina.
4. Os ciclos das Raças são equivalentes às “Rodas do Tempo”
dos Brahma Kumaris da Índia.
36
5. O verdadeiro nome de Shamballah é Brahmapur a morada
de Brahma (existe a variação Purushapur, a morada do Homem
Celeste).
6. O Manu e os Kumaras (tratados nos Puranas) são avatares
ou filhos de Brahma.
7. Há possíveis alusões às castas (varnas, ou partes do
Purusha) como um ideal social ao longo das narrativas (e a
última casta chama-se “Brahmane”, um Filho de Brahma).
8. Há evidências dos ashramas12 (bases educativas/iniciáticas
das castas) como um traço dos Yugas do Pralaya (relacionados
por Blavtsky a “raças”) nas narrativas destas Estâncias;
9. O primeiro grau dos ashramas chama-se Brahmacharya ou
“devotado a Brahma”, que é aquele do estudante casto.
10. A iniciação mais enfatizada é a terceira ou Hansa, o
Cisne (expressamente nomeado nas Estâncias), dito “o veículo
de Brahma”, na forma dos Manasaputras, Agnishwatas, etc.
11. Manas, o princípio mental tão exaltado ali, se relaciona
ao anterior e à palavra Manu.
12. Blavatsky também define a força Fohat como “Vida
energizadora, o terceiro Logos ou Brahma”.
Provavelmente estes seriam apenas alguns exemplos pois
tudo indica haver muito mais. No entanto nesta relação já se
12
Cabe saber diferenciar aqui entre AshraMS = colônias espi-
rituais, e ashraMAS = estágios espirituais –na verdade existe até uma
boa relação entre ambos, na medida em que vários ashramas são
vivenciados em ashrams –especialmente se ampliamos o conceito
destes úlltimos para o plano doméstico e o puramente espiritual.
37
consegue expressar boa parte das questões tratadas nas
Estâncias. Com tudo isto já permite realizar uma grande viagem
ao Oriente Profundo e a conhecer a evolução da humanidade em
termos espirituais de longuíssima data, permitindo acompanhar
melhor a formação superior da espécie humana até alcançar os
nossos dias. O certo é que a Cultura Tântrica representou uma
manifestação dourada de uma Índia Medieval saudosa da sua
brilhante Antiguidade Arya.
Retornando então às nossas digressões epistemológicas, um
conhecimento que comporta uma cronologia antiga não implica
que a sua fonte de revelação tenha a mesma idade. Tratar de um
assunto antigo não implica em haver testemunhado diretamente
um fato, o que tampouco implica necessariamente em falta de
crédito ou de veracidade deste registro tardio.
O próprio homem moderno conhece hoje o passado remoto
dos seus ancestrais sem ter vivido ele próprio lá. Para isto
muitas vezes sequer terá contado com um registro histórico
formal escrito, antes lançando mão de uma série de recursos
investigativos para alcançar as suas próprias conclusões. E neste
caso, aqueles que compuseram esta História Antiga registrada
nas Estâncias de Dzyan também podem ter empregado
ferramentas especiais para chegar em data mais recente às
informações necessárias, mesmo que tais fontes possam
envolver recursos diferentes daqueles modernos, e ainda assim
ambos podem ter chegado em certos casos até mesmo às
mesmas conclusões.
Alguns destes recursos tradicionais são a Astrologia, a
experiência e a própria intuição. A Astrologia se ampara num
sistema simbólico para conhecer a estrutura universal da
38
evolução das coisas. A experiência pode partir da mesma base
para projetar situações análogas àquelas vividas em outras
escalas de tempo. E a intuição, apoiada pelo raciocínio, pode
outorgar os detalhes necessários. Em muitos casos, este tripé de
recursos pode chegar a fornecer dados até mais completos e
avançados do que aqueles alcançados pelas Ciências modernas.
E falando grosso modo, esta é a diferença entre a Astrologia e a
História, enquanto recursos para a obtenção do conhecimento. E
apesar de que ambas as correntes alimentarem certa
desconfiança uma em relação à outra, nada impede alguém de
buscar hoje a ambas e assim alcançar resultados ainda melhores.
Alguns poderiam questionar sobre como é que se pode saber
afinal de tantos detalhes sobre acontecimentos supostamente
ocorridos a partir de cerca de 20 mil anos atrás. Uma das formas
de conhecimento tradicional se dá mediante a analogia, ou seja:
aquilo que ocorre no macro se espelha no micro e vice-versa
naturalmente. A Evolução do indivíduo é análoga à evolução das
sociedades nas nações e também das raças humanas no planeta.
Existem ademais muitas evidências históricas em favor destes
mitos tradicionais (devidamente compreendidos), ao menos
pelos efeitos alcançados. De quebra este mito pode também estar
velando um símbolo ou uma profecia face o caráter cíclico das
coisas.
É importante compreender portanto, que nada disso
desmerece o valor e a autoridade do conhecimento, que pode ser
inclusive fruto dos trabalhos de um grande Adepto, já que
muitos Tantras eram provenientes de rishis ou videntes famosos.
Muita coisa pode ser obtida de maneira dedutiva através do
conhecimento das estruturas dos ciclos da evolução humana. E o
39
conhecimento pode ser preservado não apenas na matéria mas
também nos planos sutis. Os Mestres possuem acesso direto e
regular aos chamados Registros Akáshicos. Analisemos então
este termo. “Akasha” é expressão que designa o Espaço e se
relaciona também ao Quinto Elemento da Astrologia oriental,
também chamado de Éter. Tal energia se associa naturalmente à
Quinta Iniciação que é aquela dos Adeptos, cuja natureza é a da
vidência superior. Daí podemos dizer que se obtém ali
informações diretamente do “Espaço”, ou mediante a própria
intuição, sendo que o Espaço está diretamente ligado à ideia de
Deus na Doutrina Secreta.
O fato de que as Estâncias de Dzyan sejam uma criação de
Hierarquias é uma realidade auto-evidente pelo próprio ângulo
como as coisas se encontram ali colocadas -mesmo quando são
transmitida através de seres humanos sensitivos. Ser humano
alguém seria capaz de formular histórias e sabedorias tão
complexas e profundas, pois sequer é da natureza refletir sobre
coisas grandes e generosas com maior fôlego ou de longo prazo
e de maior entendimento de causa. Axiológica e epistemolo-
gicamente este é um conhecimento formulado pois a partir da
evolução e do ponto-de-vista das Hierarquias, não obstante tratar
também de dois tipos de co-evoluções humanas -tal como nos
instruem as Estâncias de Dzyan: uma “anarquizada” no Pralaya
sob Hierarquias ocultas e outra “hierarquizada” no Manvantara
sob Hierarquias manifestas.
Com efeito, aquilo que não falta na Doutrina Secreta são
apologias da importância e do valor inestimável dos supostos
longevos documentos antigos da humanidade e suas civilizações
perdidas com bibliotecas imensas desenterradas às areias, mal
40
dando-se conta de que todo o gelo do iceberg não está contido
na pequena parte que ele oferece à vista. Não deixa de ser algo
paradoxal que, apesar de estar se comunicando com os Adeptos
(sobre o que em nenhum momento questionamos), Blavatsky
termina como que não compreendendo tudo o que pode
significar a capacidade de um grande Mestre, o que mostra
quanta diferença pode fazer entre “conversar com um Adepto” e
“ser um Adepto”…
Não obstante tudo indica pois que ao fim e ao cabo, e
considerando o complexo rol de erros e acertos dos teósofos,
existe sim uma agulha no meio deste palheiro, uma agulha
preciosa que pode até ser usada como bússola para nortear
grandes conhecimentos. Atualmente os esforços de tradução dos
antigos textos ainda seguem em curso. Os conteúdos estão sendo
digitalizados e o tempo certamente promete surpresas dentro
destes antigos mananciais de informações esotéricas.
Quando a Doutrina Secreta foi publicada os orientalistas
permaneceram céticos. Consta que Max Müller disse que, “nessa
questão, ou Blavatsky era uma falsificadora notável ou ela deu o
presente mais valioso para a pesquisa arqueológica no Oriente.”
(Alvin Boyd Kuhn; “Theosophy: A Modern Revival of Ancient
Wisdom”)
Por ora ficamos todavia no aguardo para conhecer o veredito
final. Ainda assim, o valor das Estâncias de Dzyan é inestimável
para além de qualquer outra coisa. Sua importância independe
de corroborações e sobretudo das hermenêuticas que se possam
sobre elas tecer. A raiz deste conhecimento é universal, e cada
um pode fazer dele o uso que lhe parecer mais interessante.
41
Com a presente “tradução” -isto é: interpretação- das
Estâncias de Dzyan, um ciclo também se fecha. Muito mais
aguarda o futuro à medida em que os livros tibetanos venham a
ser realmente traduzidos pois, como vimos, segundo Blavatsky
estas Estâncias são apenas alguns fragmentos selecionados do
primeiro de Catorze Volumes de Comentários dos Livros de
Kiu-te. Passados já mais de meio século desde o começo da
hégira tibetana, a tradução das obras segue todavia em ritmo
lento, prometendo da seus primeiros frutos para depois de 2030.
Que seja esta então pelo menos uma data profética.
Aguardemos pois por maiores novidades.
42
Prólogo
O Canto do Cisne
por O Tibetano
Uma das coisas mais belas nas Estâncias de Dzyan, está no raro
trato da evolução da humanidade em suas escalas cósmicas, nos
termos das grandes Rondas de evolução, associadas aos ciclos
da nossa espécie como Homo sapiens. Isto transcende
naturalmente todas as Astrologias comuns da Personalidade,
qual uma seção dos conhecimentos iniciatórios do Oriente,
trazendo um significado maior e unificador para a existência
humana, ao deter um poder de mandala na organização da
mente iniciática. Ou seja: da mesma forma como tais saberes
“afloram” quase naturalmente na mente dos Adeptos, os mes-
mos conhecimentos detém o poder de organizar e de iluminar a
43
mente dos estudantes –trata-se daquilo que conhecemos pois por
Jnana Yoga, ou Ioga do Conhecimento, e que é um dos signi-
ficados da palavra “Dzyan”.13 É a contraparte das astrologias
mais pessoais e imediatas, servindo como contrapeso ao excesso
de pragmatismo do homem comum.14
Obviamente existem também “versões” mais periféricas
destes saberes, as quais são apresentadas aos leigos para
produzir uma noção vaga das coisas através de véus. Até agora
as Estâncias têm estado mais sujeitas a este tipo de misticismo;
no entanto a hora é chegada para que os seus últimos véus
comecem a ser retirados, uma vez que soa o momento em que as
grandes Questões que elas vêm trazer também já se tornam
13
“(…) esta (é) via de conhecimento -também chamada de Jnana
Yoga no Oriente, posto que também ali ‘conhecimento’ não é apenas
estudos mas inclui as práticas ou técnicas espirituais (…) Aquilo que
transforma o conhecimento em poder espiritual é justamente o
recurso da técnica, daí a Escola Vajrayana hindu-budista ser também
conhecida como um ‘caminho de poder’, simbolizado pelo próprio
Vajra enquanto cetro espiritual.” (“A Doutrina Secreta Revelada”,
Volume I -“Cosmosintese”, LAWS)
14
A Astrologia soa hoje como uma prática comum ou vulgar, em
função das tantas adaptações que tem sofrido através dos séculos. E
no entanto, seja a sua compreensão profunda como a sua práxis
superior (especialmente social e planetária) está a cargo dos Grandes
Iniciados, que manejam o conhecimento exato dos ciclos como forma
de trabalhar a evolução planetária. Até por isto a verdadeira
Astrologia é tão mal compreendida e sujeita a véus, fora das versões
populares. E neste sentido, a importância de uma revelação ampla,
transparente e generosa dos grandes temas como faz o Autor não
poderia em nenhuma hipótese ser minimizada.
44
realidades. Afinal, as realidades da evolução humana já são por
si só desafiadoras o suficiente para ainda se colocar dificuldades
adicionais...
De modo que tudo isto é importante também para conhecer a
verdadeira situação da evolução humana e ter melhor idéia da
natureza do seu plano evolutivo.15 É apenas isto que explica as
grandes diferenças existentes entre a condição humana e a das
Hierarquias, pois num futuro ainda distante o quadro deverá ser
bem diferente, quando haverá muito mais Mestres e Iniciados e
menos massas humanas inconscientes, e com isto certamente o
planeta também estará mais estabilizado, sem necessitar entrar
em crises e ciclos tão contrastantes. Como “símbolo” disto o
próprio ser humano viverá num estado intermediário entre o
sono e a vigília, ou de terá poder sobre os seus sonhos noturnos
15
“Considerando a questão dos Sete Sistemas Solares de evolução
(ou até catorze Rondas evolutivas), atravessando agora este Portal da
Quinta Ronda podemos dizer que a espécie humana tem superado a
sua infância e adolescência e começa a alcançar a maioridade. A rigor
isto tampouco significa dizer muito, caso o ser humano não tome
neste momento um rumo certo na vida. A partir dalí o tempo começa
a contar contra ele ou a seu favor, a depender apenas das suas
próprias decisões -e é importante dizer que na vida do indivíduo este
é o momento para começar um verdadeiro caminho espiritual. Para
chegar à sua maioridade espiritual, que corresponde aos trinta anos
da vida do indivíduo, a espécie deverá conseguir evoluir até a Sétima
Ronda -ou concluir a Sexta Ronda com louvores. Somente então é
que esta espécie poderá realmente começar a caminhar regular-
mente na companhia dos deuses.” (Salvi, “A Doutrina Secreta
Revelada”, Volume I, “Cosmosíntese”) -ver também o Livro I, Estância
IV, 2, no Capítulo 6 da presente Obra.
45
e também sobre a sua condição de vigília diurna, reduzindo
assim as diferenças entre as suas condições -ou aquilo que no
Oriente denominamos como Turya, o quarto estado (caturtha)
da consciência, de auto-identificação com o Todo.
Existem outras razões para as Estâncias de Dzyan serem um
texto desafiador, além daquelas todas que o próprio Autor lista.
Ao lado destes Tantras usarem véus e símbolos especiais como
de hábito, a própria matéria de que são feitas -como ciclos e
Hierarquias- tampouco costuma ser considerado um assunto
fluente. Ainda assim alguém que nunca se interessou por Astro-
logia poderia querer acessar parte deste conhecimento, e neste
caso também convém ter as coisas claras e “científicas” já sem
véus. Com efeito, os temas em pauta são raros, e os únicos que
os dominam realmente são os Adeptos e aquelas Hierarquias
ainda maiores. Certas informações também foram dadas para
algumas insígnes sibilas ou Videntes modernas; mesmo assim
os esforços interpretativos têm sido por regra falhos ou vagos.
Para tratar o conhecimento tradicional com isenção, um
iniciado deve ser emancipado de vínculos ideológicos e
pessoais. De que forma o místico comum busca afinal uma
aproximação com a Ciência -apenas para exemplificar?! Ele
finca pé nas suas próprias crenças -baseadas em supostas
autoridades incensadas-, e começa a revolver as ideias
científicas vigentes em busca daquelas que possam confirmar as
suas próprias questões. Mas com isto ele já predetermina o
resultado do jogo! Onde alguém poderia chegar afinal com este
comportamento parcial? É preciso pois que hajam pensadores
isentos e independentes, capazes de buscar a Verdade sem
entraves ou comprometimentos.
46
A Ciência é portanto apenas uma das correntes que merecem
o devido desagravo face o nosso campo de atuação no mundo,
cabendo reconhecer a grande contribuição que as Ciências tem
dado –independentemente das suas naturais limitações- para a
correta aferição da coisas. “Ciência” não obsstante é um termo
muito amplo e consideramos útil discernir -com certo renomado
sábio- entre a Ciência e a Indústria. E como costuma dizer o
nosso Autor, as Ciências podem ser importantes para o
conhecimento, mesmo limitando-se à forma das coisas. Já à
Filosofia toca outorgar os seus conteúdos, não raramente a sua
motivação original e também a sua razão última de ser.
Por tudo isto, é sempre uma grande responsabilidade solicitar
a Alguém uma interpretação das Estâncias de Dzyan, mesmo
com toda a assistência que a Hierarquia possa dar, pois ainda
assim pode não ser suficiente. Tal coisa foi permitida a
Blavatsky porque o tema era novidade e o balanço final
prometia ser positivo, pois apesar de todas as suas falhas e
imperfeições, a Doutrina Secreta ainda resultou uma obra dotada
de grandes virtudes. Nos tempos de Bailey tampouco voltamos a
incentivar uma nova interpretação aberta das Estâncias de Dzyan
-apesar da grande clarividência e capacidade interpretativa
daquela amanuense-, limitando-nos a fornecer então uma versão
mais completa destas Estâncias, a ser registrada num dos gran-
des trabalhos iniciais da Autora que foi o “Tratado sobre o Fogo
Cósmico”, o qual representa uma importante Obra de hermenêu-
tica ocultista em torno da própria Doutrina Secreta de Blavasky.
Nosso intuito era aguardar uma boa oportunidade para voltar
a este importante tema de uma forma mais objetiva, uma vez que
a Hierarquia tinha nesta altura o compromisso de oferecer uma
47
abordagem mais idônea das coisas, mesmo porque os tempos
avançam e a própria Ciência já pode contribuir muito para
corroborar alguns dos elevados postulados deste antigo
Documento dos nossos Templos. Tal matéria não deveria mais
ser tratada portanto de forma tão “intuiva” como ocorrera até
então, com todos os seus erros e acertos, antes que um estudo
criterioso das suas bases tradicionais pudesse ser realmente
realizado. Por isto aguardamos a oporunidade certa, investindo
também de forma criteriosa para preparar os caminhos.
Passou-se assim todo um século, até que aparecesse um
candidato adequado. Começamos a trabalhar ativamente com
Luís A. W. Salvi ainda nos Anos 80, quando já era um iogue
experimentado e estudioso de Teosofia -discípulo dos nossos
Ashrams portanto-,16 entre outras Escolas afins, vindo a tornar-
se na sequência ativamente um estudioso do budismo também.
Tudo isto já nos permitiria empregar uma metodologia diferente.
A presente abordagem “especializada” do Autor deve-se pois
a toda esta experiência plural acumulada –foram 40 anos de
buscas, de práticas e de pesquisas, se formos contar as coisas
realmente do princípio, até chegar aqui. Nossa sugestão para que
regressasse a este importante material se daria apenas depois de
toda uma vida dedicada ao estudo investigativo, tal como à
16
Após viver em ashrams espirituais na juventude, LAWS apri-
morou-se também em Agni Yoga e outras técnicas avançadas -a
autobiografia do Autor intitula-se em função disto “Uma Vida com o
Yoga”. Antes disto tivera passagens significativas pelo Xamanismo e
pela Religião -o que também significa reproduzir a própria evolução
espiritual das Raças na Ronda atual; e que o levaria a interessar-se
naturalmente pela grande Síntese Tibetana...
48
espiritualidade e à própria escrita “inspirada” -na prática, tal
coisa ocorreu na ocasião da organização final da sua “Doutrina
Secreta Revelada” e de sua vasta Obra em geral, a qual também
contou com a nossa orientação desde o princípio –tudo como um
verdadeiro “canto de cisne” portanto, para evocar um símbolo
também central nas Estâncias de Dzyan.17 Com efeito, era
preciso também poder embasar esta “nova” Doutrina Secreta
sobre as próprias Estâncias de Dzyan, mas para isto seria preciso
também uma reinterpretação desta famosa Cosmologia tântrica,
e os caminhos para isto vinham sendo aberto há tempos já pelo
Autor.
Um bom intérprete das Estâncias de Dzyan necessita ser em
primeiro lugar um Cosmologista experimentado,18 por assim
dizer, face a diversidade dos ciclos profusamente descritos
nestas Obras antigas, além de conhecer o simbolismo comple-
mentar quanto às narrativas internas em termos de Hierarquias,
Iniciações e outros. A ampla Obra Astrológica de LAWS -
incluindo Calendários, Mandalas, Cosmologias e Estudos
Étnicos gerais- talvez represente o traço mais notável do seu
trabalho, considerando também que embasa outras matérias em
17
O uso desta metáfora é na verdade rico no contexto; o trabalho
do Autor se insere no trabalho da Sétima Sub-raça Árya (ou Latino-
Americana) de síntese e conclusão da Raça atual.
18
Sem conhecer detidamente todos estes ciclos -e também os
seus véus-, simplesmente não há como compreender a realidade em
torno do Kali Yuga, para exemplificar, uma vez que mais de um ciclo
emprega este tipo de denominação no Oriente. Existe assim um
verdadeiro labirinto de informações em torno da questão...
49
que também se debruçou como a Antropologia esotérica, a
Geografia sagrada e a Sociologia holística.19
O comum em nossos tempos é que alguém se interesse por
uma única forma de astrologia, e no geral tal coisa também lhe
serve para algum respaldo imediato, seja comercial ou
filosófico. Este quadro vem realmente de há muito já, e no
entanto, as próprias mandalas budistas certamente abarcam
vários ciclos conjugado. Esperamos então que as portas que
estão sendo agora abertas possam inaugurar um novo momento
de pesquisas em torno destas prolíferas questões, abrindo assim
uma Nova Era dos conhecimentos sagrados e uma restauração
dos Saberes tradicionais.
Existe uma crença comum de que os videntes são apenas
seres contemplativos e sem maior ilustração, alcançando os seus
saberes através da conexão direta com os mundos espirituais
através da oração e da meditação. Quando na verdade o quadro
ideal passa exatamente pela combinação entre intuição e estudo.
Um “mediador” menos ilustrado nem sempre terá plena certeza
19
É interessante saber que o Autor era inicialmente um cético da
Astrologia, mas que ao entrever certas evidências deu início a uma
apaixonada jornada de conhecimento visando compreender os seus
mecanismos, inicialmente buscando os traços mais científicos desta
doutrina, para logo, após consolidar a iniciação, alcançar realizar as
devidas sínteses -graças à uma nova capacidade de pensamento
abstrato então obtida-, ampliando a partir de então os seus estudos
para um amplo arco de tradições e práticas na área. Tudo isto
permite entrever que a verdadeira compreensão da natureza da
Astrologia -a exemplo das restantes Ciências Herméticas-, pode
depender muito realmente da conquista de um pensamento mais
refinado.
50
de tudo aquilo que reflete (esta é uma palavra bastante exata), e
até por isto as primeiras etapas do nosso Plano de preparação da
humanidade para a Nova Era foram datadas -não para serem
abandonadas, mas sim oportunamente complementadas e
ajustadas. Por esta razão uma parte importante da nossa
orientação passa por direcionar o estudante para boas obras, e
ainda ajudar no entendimento das mesmas sempre que possível.
Por tudo isto é que também conferimos conhecimentos, não
apenas para ornamentar as mentes, mas sobretudo como base
para a prática cotidiana e para o alinhamento das consciências.
Eis que o conhecimento adquiriu realmente muita impor-
tância a partir deste ciclo áryo da evolução humana. O Plano da
Hierarquia está por isto muito baseado em Manas, a Mente, e
num certo sentido as suas três etapas previstas (e hoje
praticamente consolidadas) também corresponde ao Triplo
Manas -concreto, abstrato e criativo (donde o nome
Trismegisto). Daí também a importância para Nós dos Livros de
Dzyan como Ioga de Conhecimento.
As Estâncias de Dzyan são obras basicamente criptografadas
ou simbólicas. E a primeira coisa necessária para compreender
um símbolo -caso seja este realmente o propósito-, é possuir
referências íntimas sobre os seus possíveis significados. No
presente Volume poderemos observar inclusive que estes textos
arcaicos não são exatamente únicos -senão talvez no seu próprio
detalhamento esotérico-, havendo similares como no caso do Popol
Vuh maia (inclusive nos termos dos períodos raciais -ver o
Capítulo 10 ou “O nascimento das Raças”), atestando assim a
verdadeira estatura dos antigos saberes atlantes, o que tampouco
51
surpreende sabendo-se do domínio que aquelas sociedades
possuíam das Ciências do Tempo.
Salvi organizou ademais uma “revisão” (e ampliação) da
Doutrina Secreta -tal como era previsto e anunciado por
Blavatsky mesma no primeiro Volume da Obra citada-, na
forma de uma nova “Doutrina Secreta Revelada”, entre outros
tantos Tratados complementares, ajustando os conceitos aos
termos mais científicos e tradicionais possíveis.20 Reunidos aos
trabalhos de Blavatsky e Bailey, temos aqui um substancial
acervo de novos Comentários ocidentais que somam-se aos
Comentários orientais já organizados no entorno das Estâncias
de Dzyan.
Aqueles que são verdadeiramente discípulos das nossas Lojas
sabem exatamente como a “magia” acontece. O aspirante é
cuidadosamente guiado e isto apenas se acrescenta à medida em
que avançam os degraus. O estudante sincero será acompanhado
por Nossos Instrutores internos, também no sentido de acres-
centar clareza, compreensão e entendimento às informações.
Nós trabalhamos continuamente de uma forma dialética dentro
da Lei de Causa-e-Efeito. Auxiliamos o aluno a focar a sua
atenção e a compreender e captar corretamente as ideias mais
abstratas. Com o treinamento cada vez ele necessitará menos da
informação exterior, bastando alguns indícios -mesmo porque
raramente existe muito mais do que isto nos graus avançados-,
20
No final desta Obra o leitor poderá conhecer estas Doze
poderosas Falanges, todas compostas apenas por guerreiros robustos
e valorosos.
52
para desencadear já bastante intuição e entendimento, muitas
vezes com a ajuda dos mundos espirituais ainda.
Os símbolos tradicionais não pertencem à esfera da mente
concreta: para que um símbolo chegue a fazer sentido, ele
precisa antes ressoar na alma do indivíduo. E ainda assim, uma
base de informação também é necessária para chegar a resultar
numa boa interpretação. Muitas podem ser as chaves necessárias
para alcançar uma plena compreensão dos conteúdos das
Estâncias de Dzyan. Porém uma vez que as conexões corretas
são realizadas, os seus versos se tornam praticamente auto-
explicativos -mesmo quando pareça haver mais de uma forma de
interpretá-los.
Esta tem sido uma forma de trabalho desde os mundos
internos, que não descarta porém uma participação do aspirante
em escolas manifestadas, especialmente agora que começa a
ocorrer a manifestação da Hierarquia (por Nós preparada). Se é
verdade que o nosso Plano tem reaberto os caminhos para a
verdadeira Iniciação, o estudante deveria prestar muita atenção
para as propostas civilizatórias trazidas pelas Hierarquias ao
longo das Estâncias de Dzyan, e também para as novas
Proposições que o Autor apresenta ao longo dos Posfácios da
Obra -quase a título de um “Livro IV” das Estâncias de Dzyan,
para tratar apenas das coisas vindouras...
O teor sociológico superior da obra de LAWS, faz juz aos
verdadeiros conteúdos das Estâncias de Dzyan, afinal esta seria
outra importante questão a respeito da qual a Hierarquia também
merecia receber o seu desagravo; convenhamos que as histórias
contadas em certos meios sobre a função dos Manus podem ser
tudo menos tradição e oportunidade. O leitor deve saber então
53
que os novos Livros que contém este Volume avançam progres-
sivamente no tempo. As primeiras Estâncias, desprendidas da
“Doutrina Secreta” (assignadas aqui como “Livros I.
Cosmologia” e “II. Antropologia”), abarcam um período
delimitado que mal alcançariam os nossos dias, salvo em
grandes generalidades. Diferentemente as disto, as Estâncias do
“Tratado sobre o Fogo Cósmico” (assignadas aqui como “Livro
III. Hierarquias”) detalham melhor toda uma série de questões.
Todos os Livros são porém rigorosamente multitemáticos,
destacando-se apenas nos itens pelos quais são aqui nomeados.
Os Véus do Templo
54
apenas em nome do Bem Comum, sempre sob as diretrizes dos
próprios Adeptos, como poderia ser o caso de certos Reis
Antigos realmente devotos do Altíssimo aconselhados pelos
sábios.
Talvez uma boa forma de ilustrar a questão seja através do
episódio dos Três Reis Magos, pelas consequências da sua
inserção naquele conturbado contexto histórico da Palestina.
Habituados aparentemente a ambientes sociais mais afáveis para
o Sagrado, mas intervindo então de uma forma ingênua num
mundo denso ao qual não estariam habituados, demonstraram-se
simplesmente imprudentes ao trazer a público suas intenções e
comunicar ao Rei Herodes a verdadeira razão da sua chegada à
região. A consequência imediata todos conhecemos: sentindo a
sua coroa ou dinastia ameaçada pelas revelações, o Rei ordena
um decreto de matança de todos os meninos com menos de dois
anos de idade. Felizmente a família de Jesus teve condições para
fugir e refugiar-se no Egito, terra dos seus ancestrais.
Atitudes como estas são como rasgar os Véus do Templo aos
olhos profanos, expondo aquilo que existe de mais sagrado não
apenas neste mundo -como era o “Santo dos Santos” do Templo
de Israel, acessível somente ao Sumo Sacerdote-, mas também
em todos os mundos, por assim dizer. Nenhum iniciado prudente
sente-se autorizado a realizar uma tal profanação daquilo que
existe de mais santo no mundo. Regra geral as forças espirituais
cuidam para que os conhecimentos sagrados sejam adminis-
trados com cautela, apondo véus a temas que possam ser
sensíveis por esta ou por aquela razão. A própria morte não é
considerada pena demasiada para tal profanação. Os grandes
iniciados têm suas vidas altamente atreladas aos mundos
55
espirituais e na sua dependência, em caso de algum desvio mais
sério os fios podem ser simplesmente cortados e sua própria
vida pode ser neste caso retirada -o que somente pode ser feito a
partir dos superiores planos dos Senhores do Carma.
Tecnicamente, a profanação apenas pode ser realizada
quando um conhecimento é “usurpado” –ou seja, obtido exter-
namente-, o que somente é possível acontecer antes da condição
de Adepto, uma vez que estes não apenas acessam internamente
o sagrado Saber, como sabem exatamente como empregá-lo.
Porém, quando o carma permite com que os Altos Saberes
possam ser expostos sem véus, todas as atenções dos Mundos
Espirituais se voltam para este acontecimento, seja as da luz ou
as das sombras, na expectativa daquilo tudo que pode estar para
acontecer no planeta...
A proposta para que o Autor regressasse a este grande
“clássico” do esoterismo, tinha por objeto central promover o
resgate do verdadeiro espírito dos Nossos saberes tradicionais,
retirando assim tais Fórmulas Arcanas do verdadeiro breu em
que se ainda achavam então. Nada mais existe senão que
celebrar, ao perceber que todas as importantes “reformulações”
que LAWS vinha organizando já para a Doutrina Secreta,
acham-se perfeitamente corroboradas também no corpo destas
Estâncias, através das ricas doutrinas astrológicas a ela
subjacente, alcançando assim se estabelecer com tudo isto um
Cânone definitivo da Astrologia Esotérica. Com efeito este já
não é um trabalho que pede a fé do leitor, ou uma crença na
capacidade inspirada do Autor, baseada em alguma suposta
Autoridade Oculta –não obstante tudo isto também existir:
muito daquilo que se afirma aqui é possível demonstrar de
56
maneira científica e ecumênica porque também se apoia pari
passu na própria Ciência e na Tradição universal.
Um dos requisitos para compreender textos-base de qualquer
teor, é conhecer também os seus comentários e as doutrinas nele
baseados. No caso, somente um bom conhecedor das Obras de
Blavatsky e de Bailey -além é claro da literatura clássica
oriental-, poderia pensar em penetrar no intrincado símbolismo
das Estâncias. O Plano da Hierarquia é basicamente didático e
continuado, ou seja: tal como Bailey foi a melhor aluna de
Blavatsky, Salvi também foi o melhor aluno de Bailey - à parte
todo aquele adicional da sua própria Obra já organizada, e
amplamente baseada nestes e em outros Ensinamentos. Ainda
que Blavatsky traga um sem-número de elementos do
Ocultismo, em termos práticos o seu trabalho (ou sua própria
cosmovisão) ressoa melhor na esfera do Misticismo. Tem-se em
HPB uma clara ênfase nos fatores ética, consciência, ontologia e
Vedanta, distintamente de Alice A. Bailey onde prevalece
técnica, vontade, cosmologia e Yoga. Em última análise é certo
que ambos se completam, da mesma forma como no Budismo
Tibetano método e sabedoria (ou Yab-Yum) também estariam
unificados. É neste plano que acontece já a obra de Luís A. W.
Salvi, para o qual usamos a palavra “Tradição”, como síntese
unificada das coisas.
Ora, as Estâncias de Dzyan representam não apenas a
“essência da Doutrina Secreta” (como escreveu Arya Asanga),
mas também a sua síntese mesma -e tanto mais, quanto a sua
verdadeira compreensão for acessível, como agora acontece.
Mais ainda que uma rica Cosmologia de vários níveis reunidos
de Hierarquias em evolução, as Estâncias de Dzyan, nas suas
57
duas matrizes até agora divulgadas -a saber; a “Doutrina
Secreta” de HPB e o “Tratado sobre o Fogo Cósmico” de AAB-,
representam nada menos do que uma Síntese Magistral dos Mais
Altos Conhecimentos reunidos pela humanidade, como uma
verdadeira Súmula dos melhores Saberes organizados pelo
Oriente (a Índia em especial), em termos de Alquimia,
Sociologia, Antropologia, Metafísica, História, Teologia,
Filologia, Astrologia, Filosofia e, claro, de Cosmologia também.
Podemos então reunir aqui objetivamente algumas das
doutrinas em questão:
- Os Ashramas do Pralaya
- Os Yugas do Manvantara
- As Eras solares (“Raças”)
- As Eras Zodiacais, etc.
Estas são porém apenas “estruturas” evolutivas, dentro das
quais sucedem então várias dinâmicas espirituais que -de certa
forma- também determinam a natureza destes ciclos. Dada a
importância histórica adquirida por este documento, tal como
seu próprio valor inerente, além de tudo aquilo que cabe debater
no seu entorno, justificam-se perfeitamente todos os entornos e
complementos trazidos pelo Autor, conferindo um arcabouço
completo para o assunto.
Enfim, a difícil tarefa foi encarada com bravura mas muito
ainda resta a fazer. Fica pois o convite para os intessados nestes
Nobres Mistérios darem continuidade às investigações, sobre as
pegadas já lançadas pelos grandes trabalhadores do Plano da
Hierarquia. Com efeito os caminhos para isto também estão
apontados, nas antigas e nas novas histórias sagradas do mundo.
58
Eis que as Estâncias nos situam hoje num novo grande momento
de realizações, onde os novos aspirantes à Iniciação são
convidados a assumir os seus próprios postos para dar início a
um novo ciclo da evolução do planeta, certamente com grandes
desafios mas também com muitas glórias asseguradas...
Para finalizar, queremos fazer um convite para que as pessoas
se preocupem menos com as questões protocolares que possam
cercar estes antigos “documentos”, a fim de buscar aproveitar
isto sim os seus preciosos conteúdos, tão vitais como soam para
a própria humanidade, especialmente agora que tais coisas
finalmente vêm a luz de maneira tão transparente.
O caminho espiritual nunca é feito de certezas absolutas,
porque no fundo nem está na própria natureza humana -amante
da liberdade- acatar tais coisas. A vida espiritual é feita muito
mais de indícios, onde cada qual colhe unicamente aquilo que
semeia e deseja, segundo a linha das suas próprias aspirações. O
espaço para a criação está sempre assegurado para que cada qual
possa ser sempre mais que um simples coadjuvante mas sim um
protagonista ativo –para Bem ou para Mal- da sua própria
história e mesmo a do próprio planeta.
59
Introdução 1
60
Cosmologia stá em conferir um sentido maior às coisas, tratando
a evolução sob um ângulo teleológico perceptível, ao mesmo
tempo em que metafísico e espiritual.
Tudo isto é útil como conhecimento e agrega espiritualmente,
na medida em que integra a consciência ao fluxo maior das
coisas, fornecendo cultura e poder interior, conforme a premissa
“assim como é em cima também é em baixo”. Concede
informação sobre a evolução e experiência da construção das
coisas, permitindo acompanhar melhor o fluxo evolutivo no qual
estamos inseridos, e permitindo-nos eventualmente também
contribuir com ele. Mesmo intuitivamente a pessoa já pode se
beneficiar, ou seja: através da sua linguagem simbólica, ainda
sem ter acesso aos “detalhes” que suas alegorias velam. Quando
estamos num quarto escuro e vemos algumas frestas de luz, já
sabemos que o dia chegou. Mesmo uma janela baça permite
entrever a natureza de uma paisagem, e pode valer mais que uma
parede escura -quem não gosta de viajar afinal na janela de uma
condução, mesmo com chuva?!
Não obstante, é claro que as pessoas querem compreender os
significados das coisas, e aqui entram outras questões que
justificam as razões do sigilo, basicamente como uma proteção
ao próprio documento que se “abrisse” totalmente os seus
conteúdos poderia ser ou destruído para não ameaçar certos
interesses, ou senão ser apropriado de forma egoísta por alguns
visando alguma forma de poder.21
21
A simples ocultação já representa uma forma de controle e de
poder; alguns acusam o Vaticano de haver exercido este tipo de
61
A partir disto surgem também as interpretações mais ou
menos livres, ricas em novos simbolismos e em especulações
Este é o caso dos Puranas e, até certo ponto, também da
Doutrina Secreta de HPB mesma.
Posto isto, é preciso dizer que existe na Cultura universal
padrões bastante regulares e conhecidos em torno das grandes
estruturas da evolução humana, para além dos mitos e dos
sigilos tradicionais, mas dotados de importantes bases
científicas, como é o caso de certas visões da Doutrina do
Manvantara na sua relação com o ciclo do movimento de
Nutação da Terra em torno ao seu próprio eixo, na forma pois do
Grande Ano de Platão -sempre de grande importância nos
estudos da evolução espiritual humana –como vimos na
Apresentação da Obra, em relação à Tábua de argila proto-
babilônica contendo as Rondas do Grande Ano.
O mesmo quanto a ciclos mais específicos da cultura e das
sociedades, que poderiam ser associados a “raças” num sentido
simbólico, social e cultural (como Fabre d’Olivet em sua “A
história filosófica do gênero humano”, de 1824) na medida em
que tais civilizações costumam ter realmente uma marca racial
por detrás, e apenas isto.
Em oposição a tudo isto, também existem doutrinas onde a
questão da temporalidade soa pouco científica, mas que ainda
assim podem ter relações simbólicas com os grupos científicos
mencionados. É o caso de outras visões da própria Doutrina do
Manvantara destinada a leigos e sobtetudo a religiosos
62
(vaishnavas), como forma de oferecer o conhecimento de uma
forma mais “impactante”, além de colocar véus sobre questões
sensíveis acerca da evolução das energias no planeta.
Ao se estudar então as Estâncias de Dzyan pelo ângulo da
Doutrina Secreta de Blavatsky, é importante ter em mente o
peso que estas abordagens simbólicas também possuem ali. A
Doutrina Secreta representa um manancial muito grande e
também precioso de informações, porém cabe ter em mente
aquilo que sugere o seu nome: trata-se de material todavia
“secreto” ainda. As informações recebidas das suas Fontes
espirituais foram tratadas pelo crivo dos ciclos simbólicos e até
de formas míticas de evolução -como seriam as “raças etéreas”
de HPB –entre muita outra interpretação livre misturando
elementos de Ciência, Religião, História e Astrologia.
A obra de Blavatsky não é exatamente portanto uma
“revelação” no sentido da retirada dos véus (ou uma
“desvelação”), mas sim uma pré-revelação de mistérios
tradicionais. A rigor HPB não vai muito além de fornecer um
léxico aproximado da linguagem dos Mistérios, um certo
vocabulário enfim, sem alcançar organizar uma linguagem
propriamente dita, ou uma sintaxe realmente orgânica que
permita trazer luz e dar sentido ao conjunto das coisas -tudo
muito típico enfim do estilo “erudito” e especulativo do seu
próprio século.
63
Esoterismo e Exoterismo
64
verdadeiros iniciados -quiçá sob o reforço interpretativo de uma
tradição oral “de boca a ouvido”. A hermenêutica de Obras
exotéricas ou “re-veladas” como as citadas, e mais o conheci-
mento profundo de certas Astrologias tradicionais, representam
já uma base sólida para a compreensão das Estâncias de Dzyan.
Agregue-se uma boa formação científica e livre em áreas
Humanas -abrangendo tanto as “humanidades” como as
“ciências sociais”- e o caminho estará praticamente aberto.
Cabe então definir as seguintes classificações:
Esoterismo: simbolismo espiritual e ocultista
Exoterismo: simbolismo místico e devocional
Assim, é um fato que os “comentaristas” das Estâncias em
geral, tem transformado o esotérico em exotérico -outra coisa
faz o ocultista, que trabalha com a informação de maneira
científica ou com pleno conhecimento-de-causa.22 Não obstante,
o trabalho dos “comentaristas” também pode enriquecer a
hermenêutica, na medida em que traria não apenas especulação
mas também reflexões e desdobramentos, pois geralmente
reúnem textos de muitas mãos ou escolas através dos tempos,
donde também o grande volume que comumente concentram.
Por mais que alguns espíritos generosos se esforcem para
disseminar o verdadeiro conhecimento, o fato é que cada estado-
de-consciência determina limites para a apreensão das coisas,
servindo como lentes através das quais alguém enxerga o mundo
e, no caso, alcança interpretar os próprios Mistérios. Diante
22
Assim, enquanto HPB transita mais entre o esoterismo e o
exoterismo, AAB já avança para uma relação mais próxima entre
esoterismo e o verdadeiro ocultismo.
65
disto, existe até o risco de que uma informação esotérica seja
transformada em exotérica em função disto, ou que uma
informação ocultista seja lida de forma também exotérica. Em
função disto, criaram-se consensos de que os Mistérios não
deveriam ser objeto de estudos fora das verdadeiras Escolas
Iniciáticas. Uma solução seria pois como a da Escola Pitagórica,
onde o estudante aceita estudar os Mistérios sem realizar juízos
por alguns anos a fio até treinar devidamente a mente ou alcance
os estados de consciência refinados necessários
Soaria apenas lógico que o primeiro recurso para analisar as
Cosmologias das Estâncias de Dzyan seria o conhecimento das
Astrologias da Índia mesma e em especial. Pois com efeito ali se
encontram referidos alguns destes importantes calendários, nem
sempre muito conhecidos na atualidade, é verdade, naquelas
versões dadas pelas próprias Estâncias. Em complemento a isto,
a exegese de um texto esotérico deste teor deveria ser
complementada pelo conhecimento dos mitos orientais e do
simbolismo dos sistemas espirituais (incluindo os sociais) locais,
pois tudo isto também está presente nestes Tantras.
Na verdade existem muitos outros relatos em que o simbólico
é empregado -e Blavatsky nunca nega que também navegava
num ambiente de símbolos e que muita coisa segue velada-
ressoando a coisas fantásticas, e certamente sempre houve quem
apreciasse tais história e até as considerassem literalmente
verídicas, não fosse assim a Doutrina Secreta não teria recebido
toda a acolhida que teve. Em culturas pré-científicas ou de
“pensamento mágico” tal coisa era comum acontecer, não muito
diferente a como as crianças se deleitam com histórias infantis.
É interessante como este tipo de mentalidade está muito mais
66
arraigada na condição humana do que se costuma imaginar em
nossos supostos “tempos científicos”. De certa forma, tal coisa é
até positiva na medida em que preenche a Alma com um
imaginário criativo. Já culturas muito racionais e científicas
podem facilmente produzir comportamentos mórbidos, e até
colocar muita coisa sob ameaça em pouco tempo, pior ainda
quando a técnica é colocada a serviço das correntes religiosas.
Na Tradição Sapiencial se considera que existe um momento
certo para que as verdades maiores -com seu devido peso de
realismo ou cientificismo-, venham a ser apresentadas ao
aspirante. De modo que o estudante atual da Doutrina Secreta
acha-se literalmente perdido num labirinto de informações que
ele dificilmente conseguirá encontrar a saída. A Doutrina
Secreta não é seguramente apenas uma hermenêutica das
Estâncias de Dzyan e tampouco do Vishnu Purana, que também
se baseia muito nestas Estâncias. O conhecimento teosófico
inclui e vai além disto. Por que tal coisa acontece? Já o
respondemos acima: existem aqui várias fontes literárias e
espirituais idôneas, confluindo com interpretações pessoais o
tempo todo. É bem pois como um rio que recebe tributários de
diferente teor no seu curso para alcançar a sua foz com águas
turvas e misturadas…
Não cabe porém aqui nenhuma crítica ácida a tais correntes,
cujo papel histórico para bem e para mal é evidente. Do trabalho
de Blavatsky se pode dizer que foi o que se pedia para o seu
momento, com todas as suas virtudes e falhas, por se estar
tratando por vezes de conteúdos sensíveis, a ponto de soar
visíveis passagens truncadas nas narrativas, especialmente
quando alcança as “atualidades”. Felizmente a versão de Bailey
67
(ver abaixo) contribui para preencher várias lacunas.23 Fato é
que, no Ocultismo (Gupta Vidya) o verdadeiro conhecimento
somente é alcançado por aquele que realmente o prática, senão
se fica sujeito à teoria vaga, à distorção segura ou, em última
análise ao simples desprezo. O verdadeiro conhecimento nunca
é apenas teoria e sim a experiência (práxis, matese) em si.
Toca apenas então indagar ao estudante se é isto realmente o
que ele ainda está buscando, ou se já deseja beber de águas mais
puras a fim de galgar novos degraus de entendimento e de
iluminação, porque aquilo que as Estâncias de Dzyan
representam em alto grau é mesmo Jnana Yoga, ou Ioga de
Conhecimento, e vimos que Jnana vem a ser a outra das
possíveis raízes da palavra Dzyan. Através do trabalho dos
primeiros teosofistas um certo grau deste Jnana já foi alcançado,
porém a um nível que se diria mais para principiantes ainda. Na
sequência viriam nomes mais independentes como o de Alice A.
Bailey que avançou substancialmente na hermenêutica dos
Mistérios, mas cuja grande contribuição talvez seja mesmo na
própria ordenação interna do corpo de informações trazidos
pelos teósofos -e o seu “Tratado sobre o Fogo Cósmico” é o
melhor exemplo disto, contendo inclusive uma nova “versão”
23
No Tantrismo conhecimento e sabedoria recebem (em tese)
valores equidistantes. Blavatsky sempre insistiu na prática de Atma-
Vidya como base para as Artes Ocultas. Em Bailey a técnica da
iniciação solar (Agni Yoga, Fohat, etc.) é colocada acima do Eu
Superior ou da “consciência”. O quadro geral é justamente este:
3º Raio/1ª iniciação: conhecimento
2º Raio/2ª Iniciação: sabedoria
1º Raio/3ª Iniciação: vontade (síntese de ambos)
68
das Estâncias de Dzyan, que também serão analisadas na
presente Obra na forma de um terceiro livro das Estâncias.
E agora, até na linha daquilo que Blavatsky mesma anunciara
(e Bailey também), um novo esforço é realizado visando avançar
de uma forma decisiva nisto tudo e ainda trazer as novas
contribuições que os tempos pedem.
69
preservação, tradução, interpretação e transcrição –além dos
eventuais desafios da pseudepígrafe e da própria fraude. Talvez
ainda se poderia incluir os tabus e proteções contra uma
revelação antes que a sua verdadeira hora seja chegada.
Com tudo isto seria de esperar que alguém que se aventure
neste “campo minado” não seja muito bem-sucedido. E daí
tampouco surpreender que muitos raros são aqueles que têm
ousado penetrar nesta mata quase virginal …
Um dos propósitos da Sociedade Teosófica era “encorajar o
estudo de Religião comparada, Filosofia e Ciência”. Contudo,
para se esperar qualquer aproximação legítima entre Filosofia e
Ciência, é preciso dominar minimamente a Filosofia da Ciência
-que é a Epistemologia-, e tanto quanto a Ciência da Filosofia -
que é o Ocultismo. Inegável porém é que quase toda esta cultura
desenvolvida em torno do teosofismo tem sido até então
basicamente experimentalista –pese também os seus inegáveis
méritos.
De modo que, ao tratar em nossos dias desta obra tão
simbólica e capital que são as Estâncias de Dzyan, não seria
possível ignorar certas questões epistemológicas que cercam o
teor da hermenêutica anteriormente realizada em torno dos seus
conteúdos, sobretudo a partir de Blavatsky mesma, quem
estabeleceu as linhas pelas quais se acostumou a olhar as coisas
que cercam estes misteriosos textos orientais.
Fato é que o conteúdo das Estâncias resulta também relativa-
mente sumário e altamente simbólico. De sorte que o trabalho de
Blavatsky foi também considerável, mesmo sofrendo desvios
reais ou aparentes neste ou naquele ponto, e dificilmente teria
70
chegado a resultados tão avançados sem o apoio tanto de uma
orientação interna poderosa, quanto de uma literatura
complementar adequada, especialmente daquele tipo que
oferecem os Puranas.
É importante entender porém que em nenhum momento
Blavatsky empregou palavras como “assim eu ouvi” quanto à
sua própria hermenêutica, para apoiar o seu entendimento sobre
alguma linha tradicional (salvo a dos seus Mestres internos
naturalmente), pelo contrário, deixa claro que a sua base é a
própria opinião partindo de estudos livres, com destaque para o
Vishnu Purana hindu.24 A bem da verdade, as abordagens de
Blavatsky eram ainda bastante “experimentais”, pese todo o
recurso literário que de algum modo achava-se à sua disposição.
Tais Estâncias demandam hoje porém uma exegese mais técnica
e profissional, seja à luz do próprio Budismo como também
dentro da Cultura Universal e da própria Tradição Iniciática e
geral –afinal o setor do cânone tibetano, ou Tanjur, que
24
Não obstante, os Puranas e os Agamas (dentro dos quais se
costuma reunir os Tantras) acham-se dentro da mesma categoria
Smriti (significa “aquilo que é lembrado”) da classificação da
literatura religiosa da Índia, sendo geralmente tida como secundária
em relação à literatura Shruti ou “aquilo que é ouvido", isto é:
revelado, como são os Vedas e os Upanishads. Portanto, apesar das
Estâncias de Dzyan terem este nome que sugere algo “revelado”, elas
também se enquadram em Smriti enquanto Tantras. Havendo porém
setores do Smriti que são considerados por alguns como Shruti, como
é o caso do Bhagavad Gita ou mesmo o próprio Mahabharata com-
pleto -e que também poderia ser então o caso das Estâncias de
Dzyan.
71
supostamente vela as Estâncias de Dzyan não retrata exatamente
“obras budistas”.
Comparativamente, os tempos de HPB eram mais verdes no
campo das Ciências e até da Filosofia, que dizer então da própria
Epistemologia? A Ciência hoje tem muito a dizer sobre as coisas
da evolução humana também nestes seus períodos mais recentes.
Realidades como mudanças climáticas, glaciações e gargalos-
de-evolução eram questões ainda de estudo recente naqueles
tempos. Poderíamos dizer também que a própria hermenêutica
era todavia incipiente, oferecendo traduções muito primárias e
distorcidas dos textos sagrados e tradicionais. As fronteiras das
disciplinas não estavam tão delineadas como hoje estão -o que
não significa que tampouco existam na atualidade importantes
correntes transversalistas e multidisciplinares, refletindo indu-
bitavelmente o próprio avanço das coisas.
Certamente não nos custa ser “receptivos” às colocações não
raro genais de HPB, e “caridosos” na avaliação dos seus tantos
trabalhos –como pede na Introdução da Doutrina Secreta
(Volume I) citando Shakespeare-, a quem afinal tanto devemos
por seus esforços, e oferecer assim à esta grande amanuense o
respeito e a paciência que por vezes também lhe faltou. Ainda
assim, não seria lícito a esta altura deixar de esclarecer que, sim,
certas críticas (“retificações” ou mesmo “observações” se se
preferir), já não poderiam mesmo ser negligenciadas,
especialmente quanto àquelas polêmicas interpretações iniciais
das Estâncias, comumente vistas como ”mistificações” já em sua
própria época.
Cabe dizer então “entre Colunas” que, mesmo que as maiores
realidades fossem proferidas sobre tais conteúdos (e algumas
72
certamente pretendemos trazer nas apreciações que fazemos),
ainda assim os tempos modernos as receberiam elogiosamente
como “idealismo”, ”romantismo”, “obscurantismo”, “elitismo”
e, é claro, a própria “mistificação”. Contudo teríamos já
adversários bem mais políticos aqui (e esta é seguramente uma
das razões do sigilo tradicional), e não propriamente filosóficos
ou epistemológicos. Até antes pelo contrário: a razão, até então
adversa da hermenêutica trazida, de súbito como que passará
para o nosso lado ameaçando abandonar o opositor!
Considerando então a necessidade de aparar algumas das
arestas que a Sabedoria Tradicional ainda encontra em relação à
mentalidade moderna, importa depurar a visão das Estâncias a
fim de avançar no entendimento dos seus verdadeiros e lapidares
conteúdos. Urge investir pois numa interpretação mais serena e
pragmática, sem tanta mitologia e simbolismo, para quem aspira
pelo verdadeiro entendimento dos Mistérios Tradicionais.
E tudo isto nos leva a uma importante questão epistemo-
lógica, ou seja: questionar sobre as raízes dos conhecimentos
que realmente embasam as abordagens ocidentais realizadas em
torno das Estâncias de Dzyan. Há muita epistemologia a
desenvolver afinal em toda esta área mística e oculta, onde o
justo entendimento ainda representa amiúde um desafio.
73
de obras como o Gênesis bíblico. Contudo, sabemos também o
quanto os tradicionais Mitos de Criação confrontam com a
Ciência objetiva, e com razão.
A grande realidade é que nunca foi o papel da Filosofia -e
menos ainda da Religião- tratar da “evolução” no sentido
material do termo. Para haver um Criador é preciso haver
também uma Criação. Contudo o único de que os Mitos
realmente tratam é de um Poder reordenador do Caos intrínseco
da existência, ou como saída do labirinto dos sentidos materiais.
Por isto há apenas a celebrar sínteses como as elaboradas por
um Teilhard de Chardin, que soube acatar as premissas da
Ciência sem tentar contrapor visões “alternativas” supostamente
inspiradas nos Mitos antigos, compreendendo então que o
verdadeiro local do Sagrado está isto sim é na Ponta da
Evolução, e não tanto nas suas raízes...
Ora, da mesma forma como a Alquimia emprega a Química
como um véu e símbolo, a Metafísica também faz uso da Física
enquanto alegoria. E nesse caso, tergiversar em torno das
próprias Leis Naturais (Físicas ou Químicas) não representa
revelação espiritual nenhuma. A elaboração de uma evolução de
base física poderia fugir ao verdadeiro escopo de uma
Metafísica tradicional, razão pela qual as interpretações
oferecidas pela Doutrina Secreta resultam num emaranhado de
conceitos contrastantes, tal como astronômicos e astrológicos,
biológicos e espirituais, etc., de difícil compreensão objetiva.
Deste modo, podemos dizer que as Estâncias têm permane-
cido até então como um livro secreto ainda, considerando a
forma obscura como tem sido até aqui interpretadas. E a
74
inclusão na presente Obra de novos grupos de Estâncias também
contribui para tratar estes conteúdos como “secretos”, conside-
rando que muita coisa tampouco tem recebido até aqui uma
exegese mais iluminadora -apesar da relativa difusão que tem
merecido já o “Tratado sobre o Fogo Cósmico” de Alice A.
Bailey.
Blavatsky decidiu contrapor abertamente a Ciência frágil e
(ainda assim) positivista da sua época com a Mitologia vista
como uma forma de Meta-realismo, ao buscar nos mitos uma
suposta “explicação” para as alegorias contidas nestas Estâncias.
Porém hoje não interessa mais propostas “experimentalistas”
como estes, e sim a Síntese ou a revelação dos verdadeiros
conteúdos ocultos nos símbolos. Tampouco haveria necessidade
de se aportar maior parecer “hermético” a tudo, já que grande
parte das narrativas se dá mesmo no plano de uma Sociologia
tradicional, mais ou menos como se observa na própria Bíblia.
Atuar de outra forma seria investir meramente no especulativo e
na fantasia.
Para compreender as abordagens de Blavatsky, é preciso
conhecer o contexto histórico no qual ela viveu. Os grandes
desafios de então estavam implantados pela Revolução
Industrial e pelo materialismo positivista -e nem falemos de
todas as distorções que o Colonialismo impunha em relação aos
chamados “povos exóticos” do mundo. A poluição ainda era
considerada um simples problema localizado das cidades e o
Espiritismo era visto como uma resposta eficiente ao problema
material. A própria Ciência era relativamente incipiente, dando
margem para alguns sequer levá-la tão a sério ainda. Não
haviam acontecido todavia as Duas Grandes Guerras, de modo
75
que comparativamente eram aqueles tempos bem mais inóquos e
inocentes.
Ainda no ano de 1888, Blavatsky escrevia o que segue para a
Convenção Anual de Teosofistas Americanos:
"Deve ser observado que a Sociedade não foi fundada
como um berçário para amadurecimento prematuro de um
suprimento de ocultistas — como uma fábrica para
manufatura de Adeptos. Ela foi planejada para deter a
corrente do materialismo, e também a corrente do
espiritismo fenomenalista e o culto aos mortos."
Já Alice A. Bailey, em sua época de pragmatismo e
conhecimentos científicos mais sólidos, começa a abandonar a
linguagem mitológica que Blavatsky reputara “tradicional”,
apesar de conservar ainda o simbolismo dos grandes ciclos
simbólicos, não obstante conferir aqui e ali chaves importantes
noutras direções. Tal coisa já era parte da “reforma” que a
Hierarquia decidira realizar nos conhcimentos teosóficos,
visando conferir bases ocultistas mais sólidas, a partir do próprio
aprimoramento dos seus canais de transmissão, tal como fica
sugerido pelas infomações sobre o “Plano da Hierarquia de
preparação da humanidade para a Nova Era” por Bailey mesma
divulgado.
A forma como esta tratou os mistérios foi deveras mais sutil e
sofisticada que HPB, pois não forçou intepretações inseguras
dos símbolos, trabalhando antes com simples sugestões. Alice
A. Bailey foi uma grande Ocultista, alguém com habilidades
especiais para a linguagem simbólica, que jamais poderia ser
acusada de imprudência ou de “profanar” sigilo algum. Já de
76
nossa parte restam poucos receios nesta direção, porque ao nossa
ver o tempo dos segredos terminou, por assim dizer, com o
próprio amadurecimento da transição planetária.
Existe inclusive uma frase do comunicólogo Marshall
McLuhan que cabe muito bem aos Mistérios, onde reza: "Só
os pequenos segredos precisam ser protegidos. Os grandes são
mantidos secretos pela própria incredulidade pública." E a bem
da verdade, nos Mistérios há coisas ainda mais desafiadoras do
que a própria informação, porque demanda da mesma forma o
fator motivacional. Talvez pouca gente creria ao se dizer que um
dos grandes trabalhos da Hierarquia está em criar motivação ou
estímulo na humanidade para dedicar-se à luz. Contudo, isto não
pode ser feito com muita gente, razão pela qual as coisas devem
também se institucionalizar, ou senão tenderão a necessitar dos
mecanismos do carma para acontecer.
Como não concordar afinal com aqueles que afirmam que a
Teosofia é uma escola para principiantes, quando sequer se sabe
amiúde discernir entre o símbolo e a realidade? O quadro remete
pois a situações presentes nas estâncias de Dzyan sobre as
dificuldades dos Mestres para encontrar indivíduos com Manas,
Mente ativa, nas duas primeiras Raças, as quais correspondem
também às duas primeiras iniciações. Blavatsky ainda vivia esta
condição (Upasika ou discípula, como se autodenominava),
sendo esta uma das razões das “queixas” dos Mestres quanto a
sua personalidade ou, no caso, suas reais capacidades
interpretativas –e ainda assim, não se pode negar os seus tantos
traços geniais e também a sua generosidade.
É certo porém que a própria informação também pode ser
motivacional, especialmente para aqueles que são realmente
77
buscadores. De modo que mistificações já não encontram lugar
em nosso próprio trabalho, com seu triplo respaldo acadêmico
(graças ao substancial desenvolvimento das próprias Ciências
naturalmente), tradicional (mediante a prática das Tradições
Comparadas) e espiritual (não limitada às antigas “canalizações”
de informações). Por isto não imagine o leitor encontrar aqui
criaturas fantásticas saltando das páginas do livro, pois tais
coisas deixaremos para as obras de ficção ou para os contos
juvenis de aventuras.
Não deixa de surpreender que até hoje nunca tenha havido
ninguém capaz de ousar uma leitura mais técnica destas
Estâncias (salvo Alice A. Bailey em certa medida), pois
certamente há pontos que eruditos e estudiosos poderiam
contribuir muito -ainda que certas categorias -como eruditos e
esotéricos- não cheguem mesmo a se misturar tanto assim na
prática. Além disto as próprias Estâncias de Dzyan não soam
exatamente confiáveis para muita gente em função de tudo que
as envolve ou ainda deixa de fazer.25
Para nós, mais importante do que a natureza do teatro que se
monte para qualquer finalidade, é o próprio teor da mensagem
que se busca por seu intermédio transmitir. Aos que
25
Não seria possível deixar de notar aqui que o próprio Rene
Guenon, “paladino da Tradição”, tendo escrito uma obra crítica de
considerável porte como é o seu “O Teosofismo - História de uma
Pseudo-Religião”, limitou-se praticamente a tratar de questões
“protocolares” e já muito públicas a respeito desse movimento, sem
se aprofundar nesse tipo de problemática epistemológica que afeta
de fato a ótica do conhecimento tradicional, incluindo as vertentes
vedantinas de que o próprio Guenon tratou.
78
argumentam que a figura de Jesus nunca existiu -apenas para
exemplificar-, em função da exiguidade das provas históricas,
respondemos que o elevado teor dos Ensinamentos cristãos não
permitiria chegar a conclusões tão simplistas. Então a melhor
forma de aquilatar o valor de uma doutrina seria pelas suas obras
raízes, e ainda assim seria possível separar o “joio do trigo” -
dentro do Novo Testamento, para manter-nos no exemplo dado,
há setores (ou autores) que contrastam visivelmente entre si.
Acreditamos pois que ao menos parte dos conhecimentos de
certos teósofos-raízes tenham sido inspirados pelos Mestres.
Por outro lado, todo este conhecimento –se visto na sua
pureza- foi até agora poupado de cair em mãos erradas, como
doravante também deverá acontecer. É importante notar porém
que os Trevosos são estéreis, eles apenas copiam e adaptam as
coisas aos seus próprios interesses. Por isto é importante ter
atenção para às origens das informações, porque nelas costuma
estar a verdadeira pureza das coisas. O problema é que as
pessoas parecem tratar as Estâncias de Dzyan ora como vestais
impolutas a quem ninguém é digno de lançar olhar, ora como
prostituta igualmente imeritória de merecer as atenções dos
espíritos nobres -quando na verdade não se trata nem de uma
coisa ou de outra. A informação sobre os Mestres trouxe um
impacto fenomenal na época, outorgando aos escritos dos
teósofos uma autoridade que muitas vezes não possuíam...
O certo mesmo é que a humanidade apenas tem a ganhar
investigando estas vetustas páginas da Sabedoria ancestral.
Certamente as pessoas ainda sentem-se pouco a vontade diante
de temas tão inescrutáveis, mas esperamos que este quadro
possa começar a mudar uma vez descerrados os últimos véus.
79
Reconhecemos à possibilidade -como até praticamos nesta
exegese- de haver diferentes camadas de intepretação; e ainda
assim todas devem ser lógicas e coerentes. Claro que não
devemos esperar do materialista qualquer compreensão do
espiritual, mas isto não significa que a espiritualidade seja
destituída de razão, especialmente dentro do próprio universo
tântrico onde a técnica é sempre valorizada.
De modo que tampouco pretendemos descartar as possibi-
lidades das analogias, o que realmente tem muito a ver com
Tradição, mas para isto cabe ater-se ao próprio campo do
simbolismo.
Qual a razão do simbolismo afinal? Talvez nestas fórmulas
encontrem-se indicações de coisas sagradas e importantes
demais para serem reveladas ao vulgo, além de poderem velar
questões consideradas às vezes “subversivas” demais para a
Ordem comum… A realidade é que nunca foi da intenção da
Filosofia contribuir com a Ciência no conhecimento deste
Universo objetivo, senão incidentalmente, através de analogias
ou naqueles setores que contribuam no entendimento da própria
evolução espiritual. Neste sentido, a pesquisa científica apenas
tem a ganhar empregando os saberes tradicionais para abrir
novas linhas de investigação sobre as energias que estão por
detrás das aparências das coisas. As analogias são afinal muitas
vezes gritantes. Apenas não cabe é ao Filósofo fazer o caminho
inverso desviando-se do seu verdadeiro propósito. Quando
Platão afirma que o único mundo perfeito está no plano das
Ideias, isto não significa uma dualidade e sim que a Filosofia
deve ditar os rumos das coisas.
80
De sorte que não existe nada, e absolutamente nada, que
escape aqui à própria dimensão humana, o que é uma forma de
falar também do espiritual. Dificilmente o estudante estima o
quanto o simbolismo tradicional diz respeito a categorias
ontológicas e não a naturalistas, empregando símbolos naturais
para tratar das camadas da consciência e suas transformações.
E nisto até poderia se abarcar a humanidade material através
dos Tempo Humano, porém deixa-se aberta a porta para a
participação de um Tempo Divino (mais adiante analisaremos
estes conceitos tradicionais) para que a humanidade também
possa experienciar uma condição superior, inclusive de maneira
quase mágica ou providencial, na medida em que certos desafios
inerentes à atual condição humana estarão neutralizados ou pelo
menos bastante minimizados. Tratar da evolução material do
Universo até pode ser muito interessante e instrutivo, porém tal
atividade não deveria merecer um papel maior que o de hobbie
ou curiosidade, ainda que muitos senhores sérios julguem
importante compreender aquilo que em última análise sempre
será incompreensível -algo contra o qual a mente concreta
insiste porém em se rebelar, como um filho rebelde que se
recusa a aceitar as regras da casa-; afinal interesses muito
pragmáticos também costumam estar atrelados a tais
investigações.
Ao fim e ao cabo, por envolver um período evolutivo mais
delimitado, as Estâncias de Dzyan seriam até mais fáceis de
compreender -uma vez decodificados os seus símbolos- do que a
própria Doutrina Secreta; o que não depõe necessariamente
contra esta. Porém Blavatsky também teria buscado forjar
sínteses entre o “tempo divino” e o “tempo humano” do
81
Manvantara -com toda a carga especulativa que este último traz
da mística oriental-, engrossada por uma interpretação pseudo-
científica (“simbólica”?) dos ciclos raciais (em particular
aqueles mais antigos), em torno de questões que poderiam ser
solucionadas dentro do próprio simbolismo tradicional das
Filosofias do Tempo e da Evolução.
Deste modo, a hermenêutica das Estâncias acha-se hoje natu-
ralmente vinculada à da própria Doutrina Secreta, pelo trabalho
já realizado por Blavatsky, e ademais por Alice A. Bailey. Pois
muito embora se diga que os livros exotéricos das Estâncias são
uma interpretação dos outros esotéricos e secretos, a realidade
também é recíproca em certa medida. Por isto tanto os chamados
“Comentários” -e as “Estâncias de Dzyan” por ora conhecidas
mal poderiam ser assim realmente consideradas- como os livros
populares de histórias sagradas e a própria “Doutrina Secreta”
como um “elemento” intermediário, são importantes. Então tem-
se duas esferas a ser conjuntamente trabalhadas que, de uma
forma simplificada, envolveria a seguinte hermenêutica para fins
de uma intepretação básica dos conteúdos:
82
Trataremos não obstante a questão dos ciclos em Capítulo
separado, mais na sequência.
83
desenvolveu como um esforço de hermenêutica em torno das
Estâncias de Dzyan, grande parte da obra de Alice A. Bailey
representou um esforço didático para desenvolver temas centrais
mencionados pelas mesma Estâncias, como é a questão das
técnicas de Fohat a partir do emprego de Manas ou Mahat -a
Mente em toda a sua amplitude-, e também a temática dos Sete
Sendeiros de Evolução Superior dos Mestres. Podemos mencio-
nar ainda a questão das Lojas raciais, ou núcleos hierárquicos
destinados a gerir a evolução das Raças-raízes, como aquelas
estruturas paralelas do “Governo Oculto” do Mundo, envol-
vendo da mesma forma a superior evolução espiritual da
Hierarquia. Tais questões centralizam em boa parte as primeiras
obras de Alice A. Bailey, servindo ademais para desenvolver e
esclarecer assuntos sobre os quais os primeiros teósofos haviam
se debruçado com maior ou menor desenvoltura.
Nós mesmos temos seguido muito nesta linha, tendo já
Bailey como referência, especialmente em nossa primeira
grande etapa de trabalhos, onde desenvolvemos a questão da
meditação criativa e também a das Raças-raízes com base nas
Ciências Humanas, entre outras questões, não obstante a nossa
segunda etapa de trabalhos voltada especialmente para a
Sociologia Holística, e alcançando também a temática das
Rondas e do Manvantara, ache-se da mesma forma diretamente
voltada para outras importantes questões das Estâncias de
Dzyan. Tudo isto integra pois o grande núcleo do Plano da
Hierarquia de preparação da humanidade para a Nova Era,
revelado por Bailey mesma em obras como “Os Raios e as
Iniciações”, também como veículo para expressar as profecias
84
ocultas e manifestas nestas Estâncias, como buscaremos colocar
a claro no decurso dos presentes estudos.
O fato de Bailey haver “intuído” este documento telepática-
mente (ou pela via da clariaudiência que era o seu grande dom)
também sugere que o processo de Blavatsky possa ter sido
semelhante -mas neste caso seria mais pela clarividência como
se sabe sobre os dons de HPB.26
Soa um tanto paradoxal falar em termos de “Estâncias
esotéricas”, considerando que todas claramente o são. Porém
dentro do quadro geral, também as Estâncias do “Tratado Sobre
Fogo Cósmico” soam como mais esotéricas que aquelas da
“Doutrina Secreta” em função da ênfase que empresta ao tema
da Palavra sagrada, soando quase como um Evangelho de São
João e, em outras passagens, também como o seu Apocalipse...
Na verdade estes textos são apresentados no seu original do
“Tratado sobre o Fogo Cósmico” de uma maneira bastante
informal, por assim dizer. As Estâncias estão meramente
numeradas ali, sem títulos e sem subdivisões de versículos
(slokas). Tudo isto seria por nós acrescentado no presente
Volume visando uma homogeneidade formal e uma melhor
didática.
26
Após havermos nos debruçado sobre estes conteúdos com um
olhar mais especializado, toda dúvida passou a perder relevância,
tornando tal Documento auto-explicativo por si só. Insistimos daí que
contra uma eventual “teoria da fraude”, nem se teria um texto tão
maravilhoso e Blavatsky ainda teria conseguido ser mais habilidosa
no entendimento dos seus conteúdos tradicionais.
85
Como seria de esperar, as Estâncias do “Tratado sobre Fogo
Cósmico” trazem muitas informações complementares. Bailey
faz também alusão a certas fontes secretas muito antigas destas
Estâncias que são intraduzíveis e acham-se mesmo corrompidas.
Na verdade, o simbolismo destas outras “Estâncias” pode chegar
a soar ainda mais complexo que as da Doutrina Secreta,
apresentando sofisticadas referências a cores que velam também
energias e ciclos da mesma forma.
Além disto avança mais no tempo apresentando uma versão
completa da presente Ronda, que não acontece da Doutrina
Secreta. E o que também é muito importante, inclui verdadeiras
atualidades, permitindo entrever questões de importância Maior
que por si sós quase poderiam dar todo o sentido da existência
das Estâncias, como é o caso de profecias sobre a chegada da
Hierarquia, que, sob todas as luzes, seria um quadro em curso.
Nos referiremos aqui a este terceiro Grupo de Estâncias do
“Tratado sobre o Fogo Cósmico” como o “Livro III”, e sob o
rótulo geral de “Hierarquias”. Acontece que, além do termo
integrar uma das grandes temáticas da Doutrina Secreta, não é
menos verdade que todas estas Estâncias tenham tanta relação com
Cosmologia como com Antropologia e com Hierarquias. De modo
que através desta justa homenagem poderemos nomear a este outro
nobre grupo de Estâncias “privilegiadas” que não somente
resumem as anteriores como ainda as completa ao avançar em
temas importantes. No Capítulo 25 ou “Introdução ao Livro III”
fornecemos mais detalhes sobre o mesmo.
Certamente a Hierarquia viu a necessidade de instruir os
aspirantes com material mais ocultista, por assim dizer,
empregando para isto Bailey visando transmitir tais conteúdos
86
avançados, comuns de resto em outros trabalhos da Autora. A
certa altura a amanuense lança ao leitor o seguinte “desafio”
neste “Tratado”:
“O estudante deve ter em conta as palavras de H.P.B.,
quando diz aos leitores da Doutrina Secreta que as
Estâncias e seus comentários tratam principalmente de
nosso particular Logos planetário. Isto se esquece com
frequência.”
Tal coisa se refere ao Logos de um Sistema Solar, no caso, à
evolução do presente Sistema, que seria o período ao qual as
Estâncias estariam circunscritas, segundo as conclusões
alcançadas.
Assim, apesar das “analogias” comuns aos Mistérios, se
tratou de oferecer aqui outras abordagens esotéricas para as
evoluções também do Micro e do Mesocosmo, por assim dizer,
ou para a Humanidade e para a Hierarquia em seus próprios
níveis, considerando que, objetivamente falando, as Estâncias de
Dzyan tratariam informações mais voltadas para a própria e
suprema esfera de Shambhala, isto é: dos Budas ou da
Divindade, relatando meramente en passant aquelas questões
mais relacionadas aos outros dois Reinos de Evolução
consciente.
Não obstante seria impossível dizer que estas Estâncias do
Fogo Cósmico poderiam “substituir” aquelas da Doutrina
Secreta, pois há também diferenças importantes inclusive de
temáticas e de abordagens, de modo que a única forma de
encarar a questão é mesmo vendo todas como complementares.
87
Há também diferenças que são positivas. Se por um lado o
estudante pode chegar a se ressentir das abordagens por vezes
vagas e genéricas nas Estâncias de Dzyan, já nestas Estâncias do
Fogo Cósmico aquilo que não falta são uma profusão de
detalhes, como se um investigador estivesse olhando o mesmo
material agora com uma lente de aumento. Comparar os dois
documentos pode se assemelhar por vezes aos registros que vem
sendo obtidos do céu profundo através de dois grandes
telescópios espaciais: o do já fantástico Hubble e atualmente
mediante o ainda mais preciso James Webb.
Soa notório pois que o conteúdo das Estâncias existentes na
obra de Bailey recebeu um tratamento compatível com toda a
capacidade de análise, detalhamento e sistematização presente
na Autora, permitindo com isto maior segurança interpretativa,
uma vez que se tenha acesso às chaves dos textos.
Bailey possui algumas obras importantes de “hermenêutica
criativa” teosófica, onde desenvolve ideias a partir de premissas
da Doutrina Secreta, destacando-se o “Tratado Sobre Fogo
Cósmico” para temas da Alquimia Espiritual e “Astrologia
Esotérica” que é auto-explicativa, resultando muitas vezes obras
bastante complementares. Seus estudos sobre os “Sete Sendeiros
de Evolução Superior”, distribuídos dentro de algumas obras
suas, também partem de uma base Teosófica singela.
88
Introdução 2
89
sintéticas, como ainda abarcariam um período maior e inclusive
futuro -ver também comentários na sequência.27
Certas “atualidades” repetidas nas Estâncias dificultam o
entendimento sobre ciclos sucessivos em seus dois Livros,
levando a concluir se tratar de eventos relativos tão somente ao
último Sistema Solar, isto é: os últimos 24 mil anos da evolução
humana, e mais especialmente a última Ronda (e Manvantara)
mundial, desde 12 mil anos portanto, cuja transição as Estâncias
dão sempre muita ênfase, tratando assim e muito naturalmente
de um dado plano geral de “atualidades”, sendo possível
observar que a dada altura as referências tornam-se
expressamente recentes e até mesmo proféticas, quer dizer:
precognitivas. As notícias recentes sobre descobertas de antigas
bibliotecas (ver Apresentação da presente Obra), contendo
textos sobre a História humana datada de mais de dez mil anos,
confirmaria esta apreciação.
Cabe lembrar então que o simbolismo dos fólios originais
representa um modelo gráfico único e universal, por assim dizer,
capaz de ser empregado em diferentes escalas da evolução,
como nos termos usuais de Macrocosmo e Microcosmo, com
todas as outras instâncias intermediárias. Seguramente este
“tempo-padrão” corresponde então ao de um Sistema Solar,
ligada ao cânone de evolução setenária que Blavatsky definiu
27
Com efeito, um dos grandes desafios na interpretação das
Estâncias é o de discernir para qual tema ou esfera o texto está
jogando o seu foco (mesmo podendo haver analogias em questão),
até porque nem sempre existe uma sequência lógica -Blavatsky já
declarara se tratar em parte de uma reunião de “fragmentos”.
90
como a “escala da Natureza”, representando também o “Grande
Ano de Platão” ao qual André Barbault classificaria como “o
dogma máximo da Astrologia”. Os temas são observados neste
caso em termos de “Anos Divinos” dentro da Doutrina do
Manvantara, termo que expressa meramente um tempo
espiritualmente aproveitado, em oposição ao tempo natural, e
corresponde na prática ao último Grande no de Platão que
encerra nesta Nova Era de Aquário.
28
A imagem reproduz temas semelhantes da nossa “A Doutrina
Secreta Revelada”, Volume I (“Cosmosíntese”), resultando porém
aqui apenas ilustrativa em função da Doutrina Secreta de Blavatsky
enfatizar o Setenário, quando na verdade certas menções do gênero
91
“divulgado” no mundo tibetano em forma de mandalas (ver
adiante) de significados desconhecidos senão para aqueles
destinados a serem iniciados dentro de alguma linhagem de
transmissão esotérica, sendo até hoje muito raro encontrar
interpretações dos seus conteúdos, o que revela por si só quanto
conhecimento permanece secreto ou até já se terá perdido -
independentemente do poder dos sábios e videntes de resgatá-lo
periodicamente...
E isto é tanto mais assustador quando percebemos que
existem “miríades” de mandalas sendo ainda produzidas pelos
tibetanos. O que representa afinal isto?! Haveria Escolas vivas
detentoras destes conhecimentos na sua integra?! Estarão estes
reduzidos a certos cultos mais ou menos contemplativos? Ou
serão mais obra de artistas diletantes que se profissionalizaram
nesta atividade? O mais provável é que seja tudo isto ao mesmo
tempo.
Mandalas são temas habituais para o exercício da meditação,
e Blavatsky comunicou estes textos sob o nome de “Estâncias de
Dzyan”, palavra que representa uma corruptela tibetana do
sânscrito Dhyana, “meditação”, remetendo também ao chinês
zen. Não obstante, este conceito ainda poderia ser “flexibi-
lizado”, a saber:
“Em suma, ‘Dzyan’ é uma corrupção tibetana de uma
palavra sânscrita que é ‘dhyana’ (meditação) ou ‘jnana’
92
(conhecimento, sabedoria), visto que ambos os termos são
aplicáveis.” (David Reigle, “Um Resumo de ‘Os Livros de
Kiu-te’ e os Tantras Budistas Tibetanos”)
Com efeito, os Tantras estão muito relacionados também a
Jnana Yoga, posto que amiúde envolvem saberes técnicos e
intelectuais. Ao passo que “estâncias” designa um grupo de
versos ou slokas (estrofes), portadoras no caso de conteúdos
esotéricos e ocultistas. O título retrata assim, em primeiro lugar,
um trabalho que seria fruto da meditação, da reflexão e da
inspiração dos Adeptos (Rishis, Videntes), quiçá como nos
famosos “Registros de Akasha”, nome do Quinto Elemento que
também designa o Espaço, o qual é tido na Doutrina Secreta
como “a única expressão sensível da Divindade”. Assim como
de experiências e do conhecimento vivo, pois “meditação”
também é atividade criadora e transformadora.
No entanto pode ser necessário ir além. O termo remete
também a certas Hierarquias, e se tomarmos o Budismo teremos
a elevada categoria dos Dhyâni-Buddhas, que representa uma
hierarquia efetivamente relacionadas a Cosmologias, como
demonstram as famosas mandalas usadas para representá-los.
Temos tal Hierarquia como solar e ocupando a décima evolução
planetária, o que faz destes Budas verdadeiros Adeptos
cósmicos. Haveria ainda outra Hierarquia (ou designação
hierárquica) na forma dos Dhyân-Chohans, que representa um
nome genérico empregado na Doutrina Secreta para fazer alusão
93
a diferentes categorias de videntes superiores, e que Blavatsky
também traduz como “Os Senhores da Luz”.29
Eis que o cânone setenário sempre impactou fortemente os
místicos modernos. Porém, este poderia se revelar até uma ideia
mais ocidental do que se costuma imaginar. No Budismo,
cultura muito marcada pelas mandalas, se usa bastante o padrão-
Cinco e o padrão-Nove (incluindo o chamado “Oitavo Raio do
Buda”), para exemplificar. Apenas para ilustrar os nossos temas,
vamos demonstrar formas como os ciclos trabalhados na
Astrologia Esotérica poderiam ser inseridos nas mandalas
tradicionais, abaixo.
29
Estas e outras Hierarquias são estudadas no Volume II
(“Hierarquias Espirituais”) da Série “A Doutrina Secreta Revelada”.
94
O tema ilustra pois a célebre ideia das “rodas dentro de
rodas” de Ezequiel, com Budas de diferentes categorias, nos
seguintes termos:
Círculo Externo (“Cosmologia’): 2 Sistemas Solares
Círculo Interno (“Antropologia”): 1 Sistema Solar
O núcleo central indicado como “5ª Ronda” já representaria uma
transição para o Terceiro Sistema Solar (ora em curso), na forma
de uma Apoteose evolutiva sempre almejada pelas Hierarquias.
Juntamente com os Budas das outras Quatro Rondas (no círculo
externo da mandala), teríamos aqui uma típica mandala de
Dhyani Budas (equiparando assim tal Hierarquia à de Kumaras).
Trata-se porém de uma mandala de 13 Budas, e com efeito o
Budismo também trabalha com uma Hierarquia de treze
escalões. Até por isto a ideia poderia ser até melhor entrevista na
“Pedra do Sol” asteca, onde as particularidades de cada ciclo
acham-se melhor delineadas, em especial das próprias transições
das Rondas, geralmente mostradas no alto e na base dos diagramas
como abaixo, além de enfatizar uma estrutura “singela” de cinco
raças.
95
As grandes transições das Rondas costumam pois ser
representadas de uma forma sutil nas mandalas orientais. Ainda
assim, é possível observar o caráter duplo excepcional dos
Budas (isto é, em parelhas Yab-Yum) ao longo desta linha axial
(ver abaixo), em função da acumulação de energias nestes
momentos de transição, o que no Hinduísmo está representado
pelos Avatares-de-múltipla-face, tal como teremos a
oportunidade de observar no decurso destas apreciações. Esta
duplicidade também está presente astrologicamente nestas
posições através da presença geminada do Sol-e-Lua na parte
superior (são os “olhos da mandala”) para reger Leão e Câncer
em torno da “Porta dos Homens” (ou Solstício de Verão) e do
duplo-Saturno (ou Janus) na sua base (ou “os pés da mandala”)
para reger Aquário e Capricórnio na “Porta dos Deuses” (ou
Solstício de Inverno).
30
São estas então as seções pelas quais organizamos as divisões
destas Estâncias na presente obra e os Volumes de nossa “Doutrina
Secreta Revelada”, existindo não obstante outros círculos maiores e
menores de evolução, dai incluirmos na citada Série o Volume
intitulado “Sociosíntese”, à parte do Volume “Filosofia Oculta”
destinado ao “Microcosmo” individual.
97
Naturalmente Divindade, Hierarquia e Humanidade devem
atuar juntas o tempo todo, aquilo que se pretende aqui são
apenas ênfases específica (sob uma dada conceitualização das
coisas), mas também progressivas na direção de uma
individualização ou manifestação da luz. Podemos inclusive
avançar no entendimento de que o tema das raças apenas se
delineou com maior clareza no decurso do presente Sistema
Solar, dentro de um processo de crescente individualização da
nossa espécie, e que no Sistema Solar seguinte a verdadeira
ênfase poderá se dar então, senão no próprio indivíduo ainda, ao
menos em grupos menores de teor social, como etnias ou nações
gravitando em torno das energias dos Raios místicos e coisas do
gênero.
A cada novo Sistema Solar este processo deve se aperfeiçoar,
até o grande Dia em que “Sê Conosco” lá no alvorecer da
“Sétima Eternidade”, onde Deus e Homem não apenas sentarão
na mesma mesa como também ocuparão uma única forma e
essência. Atualmente a espécie humana está atravessando o seu
Umbral de Fogo para começar o arco ascendente final desta
evolução, onde novas programações estarão em curso, e para as
quais também outros calendários evolutivos poderão vir a ser
empregados.
De sorte que o calendário das Estâncias de Dzyan trata deste
segundo Grande Ano de Platão que vive o Homo sapiens desde
a sua Revolução Cognitiva ocorrida há 50 mil anos atrás. Este
fato por si só já diz muito sobre a natureza e a origem deste
conhecimento –e com isto passamos a oferecer um breve resumo
das Estâncias de Dzyan já conhecidas.
98
Resumo das narrativas
99
participação das Hierarquias Maiores dentro de um complexo
contexto de interferência nos rumos da última Raça do Pralaya
(a Lemuriana) onde os melhores diretamente são convocados
atuar como proto-Hierarquia e convidados a seguir no planeta a
fim de ajudar na evolução de uma nova humanidade no
Manvantara, enquanto uma parte destes convocados se recusa a
tal optando por entrar em Nirvana assim que possível, por julgar
ser aquilo de seu direito então. Aceitariam voltar a encarnar
apenas no final do Manvantara quando as coisas estariam
preparando o regresso ao Pralaya; querem evitar assim o
compromisso de criar uma humanidade, para se ocuparem
unicamente da própria evolução.
As Hierarquias Maiores contudo não viram com bons olhos
tal atitude. Sabiam que no fundo estes iniciados também eram
tributários dos esforços ocultos das Hierarquias, coisa que não
estava porém muito clara para aqueles iniciados pelo fato da
evolução espiritual do Pralaya ser aparentemente mais
autodidata, experimental e voluntarista, e por se tratar de um
período do mundo em que novas coisas estão sendo preparadas e
descobertas, sem a presença aparente de Pitris ou Ah-Hi, Pais ou
Construtores. Contudo nada seria realmente alcançado sem uma
discreta proteção e orientação interna das Hierarquias internas,
como bem sabiam os melhores e mais bem sucedidos entre eles.
Seria daí com estes que as Hierarquias Maiores iriam poder de
fato poder contar para dar início a um novo projeto de
humanidade no Manvantara. Quanto aos outros seriam
castigados com uma permanência muito mais longa sem
poderem encarnar. E ainda assim estas raças ainda iriam
interferir nos esforços das Hierarquias Maiores tentando sabotar
100
os seus esforços durante toda a transição da Ronda, seja ainda na
própria Lemúria como também durante a organização da
Atlântida, produzindo assim guerras e conflitos, tal como
migrações e êxodos.
São testemunhos destes dinâmicas o surgimento dos
primeiros grandes complexos templares do mundo no sul da
Turquia, coração da região por onde se distribuiu toda a Terceira
Ronda evolutiva, associada que está também à terceira grande
migração dos Homo sapiens destinada a se difundir entre a
Europa e a Ásia Setentrional, tal como se estuda em nossa “A
Doutrina Secreta Revelada”, Volume I (“Cosmosíntese”), e
conforme os ensinamentos da Teosofia Científica.
Este movimento perdura então por dois mil anos (segundo as
pesquisas arqueológicas), testemunhando o sucesso desta
iniciativa, cobrindo assim todo o período da transição para o
Manvantara e servindo de base para o período Mesolítico da
transição. Com isto também se coloca as bases para a Quarta
Ronda através da organização da Quarta Raça-raiz, que é a
Atlante, considerada também como a primeira verdadeira Raça
desta Ronda, posto que a Lemuriana era mais de transição e
integrava completamente a Ronda anterior, apesar da sua
segunda metade haver sido envolvida nos esforços de renovação
mundial, através de um grande upgrade a ser dado nos padrões
espirituais de então, ao se transformar a iniciação xamânica
nagualista -ligada portanto ao Reino Animal- numa autêntica
iniciação solar de base mental superior -já associada pois ao
Reino Humano, ou mesmo como uma transição para o próprio
Reino da Hierarquia.
101
A Atlântida em si ja representaria com efeito um passo além,
onde depois de Gobekli Tepe as coisas prosseguiram através do
druidismo e do sufismo, tal como do próprio xamanismo
siberiano, para mencionar apenas algumas correntes mais
conhecidas ainda da região da Terceira Ronda, vindo também a
se disseminar pelo mundo na sequência através de migração
pelo mundo, para formar as civilizações da Polinésia e das
Américas.31
As razões para tais migrações podem ter sido naturalmente
muitas, de qualquer forma atesta o sucesso da civilização
atlante, posto que através disso também se foram formando as
suas diferenças Sub-raças. Por qualquer razão as crônicas de
Dzyan não vão muito além disso, ao menos na versão da
“Doutrina Secreta”; apenas se anuncia a Raça Arya seguinte
como um tempo de bem-aventurança regido por Reis divinos.
Para ir além já é preciso recorrer à versão do “Tratado sobre o
Fogo Cósmico”, que avança para as crises dessa raça indo
inclusive até a seguinte para tratar da transição da nova Ronda,
isto é: o Pralaya Futuro. E com isto encerramos esta sinopse das
Estâncias.
Assim, as Estância de Dzyan cubririam “apenas” o espaço-
tempo do último Sistema Solar de evolução, isto é: as suas duas
Rondas formadas pelo Pralaya anterior e pelo atual
Manvantara, contendo as suas Sete Raças-raízes (que é a
medida de tempo com que trabalham propriamente as
31
O tema é melhor estudado em nossa Série “Antropologia
Geral”, Volume l (“Lemúria - a Civilização Terreal”) e Volume II
(“Atlântida - a Civilização Lunar”).
102
Hierarquias raciais), e onde cada período “racial” ocupa duas
Eras ou um total de 4.320 anos (padrão caldeu), tratando-se
assim de raças culturais (ou ciclos civilizatórios) e não
precipuamente racial, apesar da base étnica específica sempre
algo presente ali. Ao mesmo tempo em que é possível considerar
a perfeita circularidade das energias, sugerida pelos próprios 50
versos (7x7) em média de ambos os grupos de Estâncias,
análogos às duas pétalas do chakra Ajna naturalmente, símbolo
da Vidência e da Meditação (Dhyana), conectando assim as
pequenas esferas com as grandes -sempre observando porém que
as “pétalas” de Ajna não são o verdadeiro Olho Único, e sim
energias “periféricas”. As sugestivas analogias anagramáticas
entre Ajna, Jnana e Naja (ou Naga) -devidamente sintetizado
pelo Uraeus egípcio-, permitem associar a visão interna com o
conhecimento e com a iniciação.
Ao menos tem sido esta a leitura realizada pelos intérpretes
daqueles fólios originais que resultaram nestes Comentários
esotéricos das Estâncias de Dzyan. E neste sentido, os
Ensinamentos teosóficos idôneos, naquilo que realmente
importa, podem abarcar por vezes prazos até mais dilatados,
como são as Quatro Rondas de evolução (acumuladas desde a
Revolução Cognitiva). Lê-se daí nas “Cartas dos Mahatmas”:
“A humanidade atual encontra-se em sua quarta ronda
do ciclo evolutivo pós-pralaya; e assim como as suas
diferentes raças, também as entidades individuais em cada
raça cumprem inconscientemente os seus ciclos terrestres
setenários locais; daí a enorme diferença em seus graus de
inteligência, energia e assim por diante. ” (Vol. I, pg. 204,
Carta 44)
103
Sempre é importante observar que as escrituras antigas estão
sujeitas a receber abordagens algo distintas na sua elaboração
em função das várias mãos que as compõe ao longo dos tempos,
e por vezes estas interpolações contribuem e completam os
textos, outras vezes podem até gerar algum conflito e
contradição. O resultado final é que, numa abordagem mais
tradicional, teremos menos a visão de uma Cosmogênese que de
um Macrocosmos, tal como menos a imagem de uma
Antropogênese do que a evolução de um Microcosmo. Ainda
assim, as Estâncias trabalham com várias escalas de evolução,
perfeitamente integradas como engrenagens de um relógio,
abrindo inclusive caminhos entre o maior e o menor,
especialmente sob aquelas condições especiais que os grandes
ciclos também trazem na sua transição.
Com tudo isto imaginamos já ser possível entrever um
aspecto de verosimilhança nos conteúdos das Estâncias de
Dzyan, especialmente quando entendidas em termos realmente
tradicionais -o que é diferente de mitologia porquanto esta ainda
preserva o simbolismo.
104
Contudo também é sabido que tais medidas de tempo são
exotéricas e podem representar véus para os ciclos reais da
evolução humana. A Grande Chave de conversão dos ciclos
teosoficos é portanto a mesma da Doutrina do Manvantara, que
é o valor 360 -a questão é divulgada pela própria literatura
teosófica central: ver “Glossário Teosófico”, de H. P. Blavatsky,
verbete “Yugas”. Trata-se pois da fórmula tradicional de
conversão do tempo profano material em tempo sagrado
espiritual.
Neste caso, os ciclos amplos são descritos como “Anos
Humanos” e os ciclos reduzidos são chamados de “Anos
Divinos”. Ora, o “Tempo Humano” (como preferimos classi-
ficar) é apenas uma forma de temporalidade experimentada de
forma profana ou sob uma consciência materialista (ou
“periférica”), cujo teor de evolução é então muito mais lenta por
estar agarrada às formas e à matéria. Ao passo que o “Tempo
Divino” representa em contraparte uma temporalidade espiritual
(ou “axial”) que, por ser mais refinada e receber o benefício de
forças superiores, alcança abreviar significativamente a própria
evolução.
Modo geral todas as operações realizadas por este fator são
bastante exatas; tal como demonstramos ao longo da “Doutrina
Secreta Revelada”. Até mesmo o grande número de
311.040.000.000.000 anos que define um período da Criação
(ou uma “Onda de Vida”) na Doutrina Secreta, entraria neste
cálculo. Trata-se da duração de 100 "Anos de Brahman" que
forma uma “Vida de Brahman”, também chamado de
Mahamanvantara. No caso apenas restam muitos zeros neste
105
grande valor, zeros estes que Rene Guenon considerou como
véus em “Formas Tradicionais e Ciclos Cósmicos”.
Vamos então a um resumo dos ciclos mais importantes
tratados na Doutrina Secreta, devidamente “traduzidos” para o
“Tempo espiritual”, que é também a cronologia real a se
considerar:32
32
A linguagem dos ciclos que empregamos pode as vezes soar
algo distinta e mais simplificada que a dos teósofos. Contudo tudo
está perfeitamente baseado tanto em Ciência como em Tradição. O
importante para nós aqui não é tanto a forma e sim o conteúdo.
Longe de nós o exercício especulativo vazio, independentemente da
suposta autoridade de que provenha.
33
Embora o quadro enfatize a “Escala Setenária” para simples
efeitos de analogias, a nível de Raças trataremos antes com uma
Escala Pentagonal como se fraz presente nas Estâncias.
106
lembrar então este caráter binário ou dual de alguns destes
ciclos, com destaque para:
1 Sistema Solar = 2 Rondas Mundiais: Pralaya (Noite de
Brahma) e Manvantara (Dia de Brahma)
1 Raça-raiz = 2 Eras Astrológicas: Solar (Positiva) e Lunar
(Negativa)
Naturalmente também se pode tratar de uma “Dupla-Onda de
Vida”, com Sistemas Solares e não com Rondas, como na
imagem teosófica abaixo; por isto as Doutrinas do Tempo
também podem variar quanto à totalidade da Evolução Divina
envolver sete ou quatorze Rondas de evolução. Cada ciclo
completo pode trazer em si mesmo uma perfeição relativa, e o
ciclo duplo traz para alguns reinos a perfeição completa.
107
1. O Maha pralaya e Maha manvantara (ou pralaya e
manvantara universais).
2. O pralaya solar e o manvantara solar.
3. O pequeno pralaya e o pequeno manvantara.
“Os pequenos pralayas, mencionados sob o nº 3, dizem
respeito apenas à nossa pequena cadeia de globos (…)”34
(Carta N. 67, volume 1, Página 289)
Estes últimos diriam respeito pois aos próprios ciclos raciais
ou ao “Pequeno Manvantara”. Como avaliar historicamente
estas duas metades das Raças?! A princípio o seu começo
“solar” é como um Pralaya (relacionado grosso modo às Eras
Astrológicas Positivas), onde a espiritualidade acontece com
naturalidade -por assim dizer. E a segunda metade “lunar” é
como um pequeno Manvantara (relacionado grosso modo às
Eras Astrológicas Negativas) onde a Hierarquia necessita
intervir mais para deter o materialismo, produzindo assim a sua
Idade Média, até que no final as coisas saem de controle durante
a Idade Negra racial...
34
“(…) globos carregados ou não de humanidades. A nossa Terra
pertence a uma destas cadeias”; completa o texto. Afirmações
“naturalistas” deste teor (de que os ciclos possam “não ter
humanidades”) colocam em xeque a integridade das doutrinas
teosóficas. Como Bailey já advertira, as Estâncias de Dzyan não
tratam de astronomia mas sim de astrologia; seus ciclos tem base
puramente ontológica. A afirmação final “A nossa Terra pertence a
uma destas cadeias” ressoa à mesma toada especulativa, pois a Terra
não integra os sistemas astrológicos regulares por representar a base
de onde se regula os diferentes modelos da evolução humana.
108
Vale notar ainda que o famoso ciclo de Sírio (observado
especialmente no Antigo Egito) com 1.460 anos abarca duas
sub-raças com precisão, sendo bastante útil para medir os ciclos
intermediários da História (incluindo o próprio Egito).
Tudo isto resulta então, regra geral, num pequeno “compên-
dio” de ciclos bastante conhecidos e tradicionais. Os Sistemas
solares são os famosos Grandes Anos de Platão, as Rondas são
como os grandes Anos Persas, e as Raças são os próprios ciclos
solares caldeus (havendo porém registros raciais paralelos
importantes maias e hindus com cinco mil anos). Até mesmo as
Sub-raças estão relacionadas ao ritmo das revelações religio-
sas.35 Sempre lembrando por fim que o sétimo ciclo representa
muitas vezes tão somente um fractal de energias que se sobrepõe
aos verdadeiros ciclos da transição.36 Com efeito a Dourina dos
Ciclos está repleta de relativismos e variáveis destes teores,
razão pela qual costuma ser tema para especialistas.
Mas com tudo isto descobrimos, inadvertidamente, que a
Astrologia Esotérica dos Livros de Dzyan representa também
uma grande síntese de conhecimentos perdidos da humanidade,
uma recensão de diversas formas de Astrologias, como um fio
dourado que atravessa as Idades do Mundo pelas diferentes
zonas culturais do planeta. Um fato simbólico enfim, para uma
35
O Islã acha-se positivamente sob tal ordem cíclica, mas ter-
minou movimentando indiretamente o Tibet para emergir como uma
co-sub-raça histórica, como vimos na “Apresentação” mais acima.
36
À luz desta colocação, alguns ciclos poderiam ser “reformados”,
como a própria grande “Onda de Vida” reduzida então a 72 mil anos.
109
região tão central do mundo, diretamente vinculada aos mitos
mais profundos e ancestrais da Geografia sagrada.37
37
Ver mais sobre as Cronologias das Estâncias de Dzyan no
Capítulo 5 (“A Hierarquia e o Manvantara”), adiante.
110
Introdução 3
Um Olhar de Síntese
É com o mais alto júbilo que trazemos à luz esta obra composta
a várias mãos, por assim dizer, mas tendo por detrás de si
impensáveis gerações de Mentes iluminadas que, se não
trabalharam ativamente na sua composição, ao menos vibraram
em uníssono por tempos talvez incontáveis em aprovação das
suas sábias transcrições e seus nobres propósitos.
As “mãos” citadas incluem algumas das mais renomadas
pitonisas já surgidas, não apenas nos tempos modernos, mas de
toda a rebuscada História (conhecida ou oculta) da humanidade.
Quanto a nós mesmos como intérpretes atuais destes venerandos
alfarrábios, nada mais aspiramos que submergir sob o fulgor da
Verdade cristalina que iluminou desde sempre os caminhos
escarpados da Sabedoria das Idades.
A presente obra foi realizada dentro dos esforços para trazer à
luz uma “revisão” mais ou menos ampla das Doutrina Secreta de
111
Helena P. Blavasty, após mais de um século de publicada, e
considerando que a própria Autora havia previsto a necessidade
desta medida então -ver “Doutrina Secreta”, Capitulo I,
Introdução. Várias questões assinalam a preemência disto, entre
elas o próprio estágio da Cultura geral e o aporte que podem dar
para a hermenêutica dos Mistérios, incluindo maior consciência
do momento de transição planetária que vivemos, que o próprio
trabalho de Blavatsky ajudou a implementar, ela que divulgou o
Tibet numa época em que o País das Neves ainda era um
baluarte razoavelmente estável. seguro e inexpugnável da
Tradição Sapiencial…
Naturalmente o avanço das crises mundiais se refletem na
demanda por uma espiritualidade mais consciente e avançada
para contrarrestar os desafios em curso. Isto implica pois num
entendimento mais claro da natureza dos Mistérios, o que inclui
seguramente aqueles importantes conteúdos trazidos pelos
teósofos, tendo de certa forma as Estâncias de Dzyan como o
seu “Eixo gravitacional” ou “Pedra de fundação”.
É possível que a própria “incipiência” da Ciência na época
tenha contribuído para que as abordagens teosóficas também
fossem vagas então e resultassem muitas vezes ainda simbólicas
ou experimentais, sem alcançar emprestar ao conteúdo mítico
daqueles antigos registros o seu real significado oculto, tal como
seguramente era realizado dentro das tradicionais Escolas de
Mistérios aos quais estavam destinados.
Nada disto jamais impediu porém que estes textos fossem
interpretados, resultando em obras populares e também repletas
de símbolos e mitos ao estilo dos Puranas da Índia, aos quais
112
Blavatsky também recorreu muitas vezes em busca de maior
entendimento.
Sabemos que são vários os motivos para o sigilo nos
Mistérios e certos asssuntos são particularmente sensíveis. O
tema dos ciclos da evolução humana acha-se entre eles em
função da gravidade dos processos em questão. As forças
espirituais julgam ser arriscado e desnecessário antecipar certas
informações. Considera-se ademais que nada impedirá a quem
realmente o conhecimento estiver destinado de ter acesso a ele.
As Ciências dos Ciclos estão relacionadas aos conhecimentos
da evolução humana e aos mecanismos do seu desenca-
deamento –certamente as Estâncias de Dzyan são um
Documento onde tudo isto acha-se fartamente ilustrado em
todos os níveis. Mais do que falta de conhecimento, existe pois
discrição e cautela quanto à divulgação das suas verdades
maiores, por isto uma eventual revelação mais plena poderá
estar sinalizando também que a Hora aguardada para os grandes
acontecimentos terá chegado...
Com efeito, num momento em que a própria Ciência já tem
tanto a aportar para a contribuição e até na corroboração de boa
parte dos Mistérios apresentados nos Antigos Cânones, já não
seria mais hora de limitar-nos tanto a símbolos, mitos e
alegorias, sob risco de –atentemos para isto- sermos atropelados
pela própria dinâmica geral das coisas.
Não está nos Propósitos afinal da própria Sociedade
Teosófica uma confluência crescente entre Religião, Ciência e
Filosofia?! Pode ser hora de lembrar então que a Espiritualidade
também pode ser uma Ciência, e que na menor das hipóteses as
113
analogias aí estão para poder instruir sobre as coisas em
múltiplas direções.
Assim, o Livro de Dzyan, que representa um dos mais
importantes Arquivos da Sabedoria Ancestral da humanidade e
base da Doutrina Secreta de Blavatsky, abre agora as suas portas
ao entendimento do homem moderno, para contribuir na
compreensão das mudanças dos grandes ciclos da humanidade
que agora também volta a acontecer. Esta pode ser portanto uma
das raras oportunidades para conhecer tudo aquilo que realmente
se encontra por detrás da tão em voga expressão “transição
planetária”.
E a nós só resta por fim emprestar a frase de Isaac Newton e
repetir: “Se eu enxerguei mais longe, foi apenas por estar sobre
os ombros de gigantes.”
A presente análise
114
Se aprendemos algo novo com esse trabalho? Certamente! As
Estâncias de Dzyan são riquíssimas em informações, até mesmo
surpreendentes. Adenais ninguém se dedica a um estudo sem
adqurir algo novo, mesmo porque são tarefas que exigem
investigações complementares –além de receber é claro novas
inspirações. As Estâncias de Dzyan seguem como um mistério
aqui ou ali, trazendo sempre novidades ao pesquisador.
Nosso compromisso nesta Obra é buscar desvelar em termos
claros -e na medida do possível- as Estâncias de Dzyan da
“Doutrina Secreta” e do “Tratado sobre o Fogo Cósmico” que
complementa as anteriores. Para estes fins um dos principais
instrumentos de análise foi a Sociologia Holística, que pode ser
tratada também como uma nova Chave da Doutrina Secreta,
relacionada ao Departamento do Manu. Esta Sociologia
tradicional consiste com efeito num dos volumes da nova
“Doutrina Secreta Revelada” (Volume IV. “Sociosíntese”),
destinada a revisar e a reafirmar os postulados da Sabedoria das
Idades.
Muito embora “banida” geralmente das considerações dos
místicos modernos, o fato é que a Sociologia tradicional
representa uma das grandes premissas das Escrituras e das boas
práticas espirituais, bastando para isso estudar qualquer das
Escrituras centrais das Sociedades tradicionais -onde certamente
as Estâncias de Dzyan não representam nenhuma exceção.
A Doutrina Secreta insiste bastante na ideia da dualidade dos
ciclos, como o Dia e a Noite do Brahma, pois as Estâncias de
Dzyan também tem este fato na sua base, tendo um foco central
na transição do Manvantara, isto é, nas forças que organizaram
esta passagem cósmica. Não obstante as Estâncias são elípticas,
115
sumárias, e Blavatsky colheu elementos complementares nos
comentários existentes, a começar pelos próprios Puranas. A
versão ampliada trazida por Bailey sugere um resgate do
desenho original ou um aprimoramento, incluindo também
certas “profecias”.
Ao contrário da nossa “A Doutrina Secreta Revelada”
(Volume I, “Cosmosíntese”), na presente Obra não incluímos
estudos envolvendo as versões ampliadas do Manvantara,
caracterizado também como o “tempo humano” (ou material),
capaz de contemplar o evolucionismo biológico relativo à
evolução dos hominídeos e do nosso Homo sapiens. Limitamo-
nos pois à evolução espiritual e cultural da própria humanidade
atual pós-Revolução Cognitiva (ou há 50 mil anos atrás, quando
a nossa espécie adquiriu um comportamento semelhante ao
atual), dentro da classificação dos “tempo divino” (ou espiritual)
que é o tema do verdadeiro esoterismo hierárquico, como
transparece com frequência nos próprios informes teosóficos
mais objetivos sobre as Rondas de evolução da humanidade.
A presente reinterpretação das Estâncias de Dzyan representa
o último segmento importante a ser incorporado à nossa
hermenêutica teosófica, como uma espécie de uroboros
simbólico, ao retomarmos tais estudos mais de quarenta anos
após darmos início às nossas investigações da Doutrina Secreta,
e quiçá mais como uma indicação dos Mentores internos para
encetar um esforço final e encerrar com “Chave de Ouro” a
nossa revisão da Doutrina Secreta -na forma de uma “nova
versão” da mesma inclusive.
De sorte que cada uma destas pequenas estrofes das Estâncias
representou um instigante desafio, capaz de ser respondido
116
satisfatoriamente, ao fim e ao cabo, em função de havermos
desenvolvido estudos exaustivos sobre as Ciências dos Ciclos e
assuntos afins, e após estabelecermos vínculos sólidos com as
Hierarquias décadas antes; pesem as respostas sumárias aqui
trazidas -salvo alguns Capítulos especialmente inseridos para
apurar o sentido geral dos textos-; posto que o propósito era
meramente indicar linhas idôneas de leituras e de investigação,
também desenvolvidas em outros trabalhos nossos e
oportunamente também por novos investigadores.
Apesar da obscuridade de algumas passagens e a possível
corrupção de certas expressões ou frases, o contexto geral não é
difícil de ser compreendido à luz destes recursos, que ajuda
também no entendimento dos “detalhes”. Contribui para esta
finalidade contar com interpretação de texto, capacidade poética,
lógica e dialética, conhecimento simbólico e intuição, tal como
uma formação sociológica consistente -considerando que boa
parte dos relatos decorrem em torno de dinâmicas sociais-,
assim como em relação aos próprios mecanismos da iniciação
espiritual naturalmente.
Por fim facilita bastante um olhar perenialista dos textos
sagrados, quer dizer, simpático aos fundamentos espirituais de
cada religião e aberto a uma leitura ecumênica ou interreligiosa,
além de comprometido com alguma linha espiritual, se possível
de maneira inquiridora e investigativa. Conhecer a fundo uma
religião sempre ajuda a compreender outras tantas.
Dentro do rol da literatura, pergunta-se qual tipo de texto
mais se aproximaria das Estâncias? Estamos seguros que se trata
da poesia. Ora, qualquer tradutor sabe que não existe gênero
mais desafiador ao seu trabalho do que o poético, por se tratar
117
sempre de tema subjetivo. Por regra, um tradutor deve ter
familiaridade e compreender o material com que está lidando.
De todo modo é sabido que neste tipo de tradução é onde mais
abunda a “liberdade poética” –do próprio versor. Há também
quem não se sinta seguro e prefira uma tradução literal, ciente de
que as idiossincrasias poderão se perder no caminho. E quando a
questão envolve textos antigos, a dosagem do problema ainda
multiplic.
Ora, a grande realidade é que os chamados “Textos
Sagrados” terminam recebendo comumente as mais sofríveis
traduções. Se observarmos as diferenças entre uma Bíblia do
começo Século passado e outra do seu final –quando grupos de
especialistas começaram a reunir-se para realizar um trabalho
profissional- veremos diferenças gritantes! Às vezes é como um
espesso véu fosse retirado de sobre textos arcaicos até então
incompreensíveis. E isto que tais doutores sequer seriam
verdadeiros iniciados, apenas linguistas, eruditos, hermeneutas e
historiadores. Então por aqui podemos ter uma noção do
tamanho do desafio que pode existir em relação à textos como
os das Estâncias de Dzyan, pese os grandes esforços que os
verdadeiros especialistas, que costumam ser os redatores
originais, reúnem para fazer o melhor que podem, como sabem
os estudiosos dos próprios Tantras budistas vertidos ao tibetano
do sânscrito ou do chinês.
E ainda assim pode surpreender o resultado a que se pode
alcançar, considerando as condições adversas a que o texto
possa ter chegado até aqui, mas que poderia comprovar
eventualmente o seu razoável grau de preservação. O sucesso
alcançado nesta empresa o próprio estudante é que poderá em
118
última análise aquilatar, já que tudo depende mesmo do seu
próprio aproveitamento.
Seja de que forma Blavatsky tenha tido acesso a estas
Estâncias, uma questão será sempre saber até que ponto o
veículo da informação pode adulterar a fonte primária,
especialmente no caso de conteúdos mnemônicos.
Qual o sentido afinal de tais metáforas? Seriam redigidas para
ocultar do vulgo registros impróprios ao mundo, ou se
destinariam a servir de charada nos mosteiros para os monges
meditar e buscar extrair o que fosse possível dos seus conteúdos
(por árdua que soasse a tarefa), como uma espécie de mandala
textual complementar?! A realidade porém é que os Textos
Sagrados muitas vezes devem ser estudados em contexto ritual e
de preferência por iniciados, sob pena do conteúdo não chegar a
fazer qualquer sentido. É importante saber que tais conteúdos
estão protegidos por egrégoras, as quais podem eventualmente
beneficiar alguns e barrar outros. Nas recomendações de HPB
“deve-se deixar à intuição e às faculdades superiores do leitor
assimilar, na medida do possível, o significado das frases
alegóricas usadas. Na verdade, deve ser lembrado que todas
estas Estâncias invocam as capacidades internas e não a capa-
cidade comum do cérebro físico.” (Doutrina Secreta, Vol. I).
Após tantas camadas de exegese, tradução e resignificação,
restam apenas os esforços para realizar uma nova reinterpretação
destas Estâncias. Algumas passagens poderão resultar todavia
obscuras ou paradoxais, e a isto pode-se talvez dividir as
responsabilidades. Apesar disto, acreditamos ter sido possível
nos desincumbir do desafio de forma satisfatória, o que também
119
poderia ser um testemunho de que os originais não estariam
assim tão corrompidos como já indicado.
Para o olhar treinado –de um cosmologista, por exemplo-,
aquilo que apresentamos aqui se afigurará de grande simplici-
dade; para um sociólogo experiente, nossas leituras se mostrarão
óbvias e tradicionais; o desafio portanto –e como tantas vezes
acontece-, poderá não ir muito além de se encontrar meramente
os amantes da lógica, da Tradição e da singeleza das coisas...
De resto a presente abordagem atende amplamente a um
padrão e a uma linguagem facilmente acessível a qualquer
acadêmico; afinal ela também se baseia amplamente nas
próprias Ciências Humanas.38 Para o leitor habituado com a
linguagem meta-realista da Doutrina Secreta, a nossa
hermenêutica poderá soar ora social, ora espiritual, pois
certamente também levamos em conta todas estas coisas. Ao
mesmo tempo em que este leitor irá se deparar com toda uma
38
O Ocultismo pode não ser mais complexo que outras áreas,
porém a diferença é que não costuma atender as demandas pessoais
e se o faz pode estar sendo desviado dos seus reais propósitos.
Qualquer conhecimento superior demanda uma cota de sacrifícios,
mas neste caso a “carga” de renúncias seria mais elevada para
compreender as suas dinâmicas mais nobres. De resto, a dificuldade
estaria mais no inusitado da linguagem e na própria temática, pois no
fundo tudo pode ser muito simples como a própria luz é singela,
ainda que nisto esteja um dos grandes desafios da humanidade –de
todo modo, a simplicidade seria apenas mais um dos motivos para o
sigilo e a própria mistificação.
120
série de termos familiares à Doutrina Secreta, por vezes também
devidamente ressignificados como cabe.
Não seria exagero dizer que as Estâncias de Dzyan
representam uma obra destinada a testemunhar os elevados
Propósitos das Hierarquias e dos grandes Budas ou Kumaras.
Sabidamente o Manu representa uma forma de “Profeta social”,
no caso de uma Sociologia Holística e iniciática. Neste caso, o
estudante pode aceitar as leituras ora apresentadas como natural
ao contexto.
Além disto, o valor informativo destas Estâncias é por vezes
simbólico tão somente, não possuindo tais registros maiores
informações sobre as próprias raças -salvo a sua capacitação
para atender ou não aos Elevados Propósitos das Hierarquias,
por exemplo-, servindo antes para destacar questões que a
Tradição julga meritório relevar, como o convívio entre os
Reinos superiores em evolução, os desafios das grandes
transições e o empenho e dificuldades das Hierarquias em
orientar a humanidade.
As Estâncias são mais importantes pelo que velam do que
pelo que revelam, pois como um iceberg que navega em águas
profundas elas são, na sua riqueza de conteúdos ocultos,
testemunhos vívidos do papel que sempre toca às Hierarquias na
evolução superior da humanidade. Embora a sua cronologia
possa não cobrir toda a evolução humana, e menos ainda das
várias humanidades que já existiram (como se pretende às vezes
imaginar), as suas singelas estrofes ilustram um dado Plano de
ação que pode ser considerado mais ou menos padrão e modelo
para outros tantos mais.
121
De certa forma tudo se resume à criação de uma humanidade
capaz de abrigar em seu seio as forças da luz e manifestá-las
com certa plenitude, o que pode chegar a tardar todo um éon e
ainda se limitar na prática a uma colheita superior de algumas
poucas Almas, ainda que neste caminho um amplo trabalho
educativo também seja realizado com as próprias massas
humanas.
Grosso modo, as Estâncias de Dyzan tratam de três forças
centrais sob dinâmica interação: os Grandes Pais (relacionados à
Shambhala), os Senhores da Luz (relacionados à Hierarquia) e
as Raças-raízes (relacionadas à Humanidade). E nisto, estas
forças reunidas encontram uma dinâmica especial nas transições
das Rondas, quando os três Centros alinham-se através dos
ciclos que regem suas manifestações, momento este que recebe
então bastante notoriedade nestas Crônicas espirituais.
Não obstante, a grande realidade é que o contexto geral das
Estâncias seguia até hoje como de teor basicamente
misteriosófico, em todos os seus ciclos de organização -desde os
primitivos fólios secretos até os trabalhos de Blavatsky,
passando pelos ciclos de Comentários esotéricos e exotéricos ao
modo dos Puranas.
Já o presente trabalho é de pura hermenêutica com viés
acadêmico, pese envolver amiúde temáticas esotéricas e outras
derivadas de mitos ancestrais. De teor igualmente não-canônico,
representa um Comentário destinado a superar em definitivo
todo e qualquer simbolismo, por assim dizer, empregando nisto
Ciências modernas reconhecidas como a Astronomia, a
Antropologia e a Sociologia, entre outras -literalmente-
tradicionais como a Astrologia pitagórica ou estrutural.
122
Ao fim e ao cabo, e considerando o tamanho do desafio, nós
mesmos também nos vemos na contingência de repetir o pedido
shakespeariano e dizer: “Sê amável no ouvir, bondoso no
julgar”. Não esperamos enfim chegar a cem por cento de
aproveitamento no trabalho, seja pelas condições do texto ou por
nossas próprias limitações. De qualquer modo estamos seguros
que a missão pode ser cumprida a contento, e que no seu final
também recebemos o aval da Hierarquia nessa direção, ela que
desde o começo confiou ainda mais do que nós mesmos na
capacidade de levar a cabo tal tarefa. O principal da mensagem
certamente pode ser passada e as devidas conexões também
puderam ser realizadas.
Estamos seguros enfim de elevar consideravelmente o nível
do entendimento das Estâncias de Dzyan, pese o sumário das
interpretações. E apesar de se tratar esta de uma “releitura”, em
nenhum momento pretendemos desprezar os esforços daqueles
que nos precederam nesta causa. Que o leitor saiba assim
realizar a sua própria síntese.
Por vezes é necessário preparar-se toda uma vida para conse-
guir ao final abrir uma Grande Porta, porém uma vez realizada a
tarefa as coisas já ficam facilitadas para quem deseja aurir dos
seus tesouros e até descobrir novas portas semelhantes.
Porque o estudante que tiver a grandeza de se debruçar sobre
o imenso material produzido pelos três principais arautos do
Plano da Hierarquia, terá um conteúdo impressionante também
em termos qualitativos, capaz de oferecer um panorama muito
claro e positivo daquilo que será realmente a Nova Era.
123
Não temos dúvidas afinal que muito mais ainda pode ser
extraído destas Estâncias, ficando assim uma tarefa para as
novas gerações, e se pudermos ao menos apontar o caminho já
teremos cumprido com o nosso papel.
39
Pseudônimo de A. J. Hamerster (1883-1951) em “Two Books of
the Stanzas of Dzyan”, com duas edições em português como “O
124
A fim de facilitar o acompanhamento dos temas, nesta Obra
adotamos certa metodologia de citar as Estâncias no começo dos
seus Capítulos, seguido por breves introduções para depois
repetir os segmentos numerados para comentar. O método pode
ajudar -sobretudo nas mídias digitais- a estudar um texto sempre
desafiador como este.
Os Capítulos que pertencem propriamente às Estâncias de
Dzyan encontram-se assinalados com uma referência quanto ao
Livro e à Estância segunda a sua classificação original. Nestes,
intercalamos alguns Capítulos inteiramente de lavra própria em
locais oportunos, visando apresentar Comentários Gerais sobre
as grandes temáticas em curso, sempre meritórias de aprofun-
damentos como são as questões misteriosas do Pralaya, das
Hierarquias e das próprias Raças-raizes, assim como sobre o
mistério das Raças Futuras, nem sempre inclusas nas Estâncias,
mas que frequentam da mesma forma o ideário teosófico (e
quiçá de outras tradições) e objeto de comentários especiais na
Doutrina Secreta.
Os padrões adotados para a numeração da presente Obra são
os seguintes:
- Livros: Numerais Romanos maiúsculos (Ex.: “I”)
- Estrofes (=Estâncias): Numerais Romanos em Versalete
minúsculo (Ex.: “I”)
- Versos (=slokas): Numerais Arábicos (Ex.: “1”).
125
Observação: as Estâncias do Livro III receberam aqui
numeração nos seus versos, diferente da forma original do
“Tratado sobre o Fogo Cósmico”, a fim de facilitar o
estudo dos seus conteúdos.
126
LIVRO I
Cosmologia
127
Capítulo 1
O Pralaya
128
ronda, e esta é realmente a “conta redonda” pela qual se
calculam os ciclos cósmicos -a antiga expressão chinesa “as dez
mil coisas”, para se referir à totalidade da Existência, certamente
diz respeito também a isto.
Sobre o teor deste Primeiro Livro das Estâncias de Dzyan,
podemos citar:
“A esse respeito, é de real interesse ler o que a literatura
teosófica posterior disse sobre o Livro de Dzyan: ‘...há
rumores de que a parte anterior (consistindo nas seis
primeiras estrofes) tem uma origem totalmente anterior a
este mundo, e mesmo que não seja uma história, mas uma
série de direções - antes uma fórmula para a criação do
que um relato dele’.” (David Reigle, “O que são os Livros
de Kiu-te?”, High Country Theosophist 9.2, 2/1994: 2-9)
Assim se referiram pois as reflexões de alguns teósofos sobre
o Pralaya, de maneira mais ou menos vaga, para sugerir que a
verdadeira evolução atual lhe é posterior.
Aquele que ele estuda mistérios muito profundos, deve saber
que a todo momento está sujeito a se deparar com meias-
verdades e com interpretações falhas das coisas - na melhor das
hipóteses com textos intencionalmente construídos de forma
mais ou menos velada. Por essa razão ele também deve saber
que está antes de tudo em busca de indícios, e não exatamente
de coisas prontas.
Muito se sabe sobre o atual Manvantara, não apenas por ser o
ciclo atual, mas também por representar um período de
exteriorização das coisas, de civilização e tecnologias
complexas, de alteração formal na Natureza e na cultura, tal
129
como de História e de registros formais enfim. Por outro lado,
raramente algum texto trata das questões do Pralaya, a Ciência
mesma alcança conhecer pouco da chamada pré-História
humana, de modo que a crônica da evolução da nossa própria
espécie ainda está recém sendo escrita.
Os próprios livros esotéricos poucas informações trazem do
assunto, e muitas dúvidas pairam até mesmo sobre as evoluções
que ali se desenvolveram, assim como a estrutura evolutiva
deste período mundial chamado “Noite de Brahma”. Por isto
cabe valorizar as raras referências existentes sobre tal fase da
evolução das coisas, mesmo de forma mais ou menos genérica,
como existe nos começos deste Livro I das Estâncias de Dzyan,
cujo Capítulo inicial foi intitulado por HPB precisamente “A
Noite do Universo”.
Os Mistérios da “Noite”
130
aparente e manifestado, podendo também incluir as próprias
Hierarquias espirituais em ação neste mundo.
De forma semelhante ao dia solar ou cotidiano, o Dia do
Criador é o momento em que as potencialidades externas do ser
humano são liberadas, e isto também exige uma resposta das
forças espirituais para fins de coordenação superior, daí a ideia
das Hierarquias tutelares. Já na Noite do Criador a espécie
humana desenvolve mais as suas faculdades internas e para isto
trata de escutar e de auscultar a Criação para conhecer as forças
misteriosas das quais está formada. Portanto quando Deus
descansa no sétimo dia ou Era do Manvantara (que é Aquário)
ele também permanece em repouso por todo este eón
denominado Pralaya, o qual tem entre seus símbolos a imagem
de Vishnu Narayana adormecido em sua cama cósmica
Sesanaga ou de Sete serpentes, que são as Sete Eras do Pralaya.
Deste modo, outra forma importante para compreender estas
ideias, é aquela de Samsara e Nirvana, como paralelos entre
Manvantara e Pralaya, também como sinônimos –por assim
dizer- de Existência e de Essência. Naturalmente estas são
apenas generalizações, como o estudante já deverá ter
compreendido nesta altura. De todo modo podemos dizer, ao
estilo do texto dado que, no Pralaya a Existência se recolhe na
Essência, ao passo que no Manvantara a Essência fica absorvida
pela Existência. O Pralaya representa pois um grande reset dado
sobre a ação humana no planeta, é a oportunidade da Terra se
recuperar das incessantes atividades humanas realizadas no
decurso do Manvantara.
Todo aquele que já padeceu de alguma enfermidade -e raros
são aqueles que nunca o fizeram-, sabe perfeitamente o valor do
131
silêncio, do recolhimento, do repouso e até da escuridão para os
processos de convalescença e recuperação do doente. Na
espiritualidade a pessoa também pode atravessar variados
processos enfermiços e as coisas terminam muitas vezes se
misturando. O Pralaya representa um período em que o planeta
está se recuperando de uma grande crise ocasionada pelas idades
materialistas do Manvantara, e a humanidade naturalmente
participa da situação, inclusive como geradora de muitos dos
carmas desta sofrida transição.
De forma menos dramática, e aproveitando o próprio
simbolismo tradicional, podemos comparar o Pralaya a um
período de sono quando o mundo deve repousar para recuperar
as suas energias, donde a ideia da Noite de Brahma ou do sono
de Vishnu. O quadro inicia porém realmente mais trágico em
função dos traumas da transição, mas então as coisas vão se
ajustando e se vai criando toda uma nova cultura dentro de uma
mentalidade distinta daquela do Manvantara, porque mais
recolhida ao interior ou ao espiritual, tal como mais íntimo da
própria Natureza com certeza. Seguramente a Mitologia adquire
um papel muito grande nestas culturas, para dar a conhecer os
grandes antepassados e honrar os deuses, tal como as próprias
Epopéias visando enaltecer os seus heróis populares, e tudo isto
fornecer exemplo e orientação para as sociedades.
Tratemos ainda de evocar certo “senso comum” difuso para
classificar culturalmente “luz” e “trevas”, que resulta em
expressões como “Idade das Trevas” e “Iluminismo”, para a
Idade Média e a Modernidade respectivamente. Aos apologistas
da Civilização certamente o período Paleolítico representou uma
grande treva da cultura, mesmo sabendo-se que as grandes bases
132
da cultura humana já estão assentadas no Homo sapiens atual há
cerca de 50 mil anos.
Este tipo de concepção pode se mostrar por vezes de forte
relativismo, especialmente numa visão mais espiritualizada das
coisas. A própria concepção de Civilização se torna cada vez
mais difícil de sustentar, em função da complexidade das
variações culturais existentes. Muitas vezes a verdadeira
escuridão está mesmo em nossa própria capacidade de penetrar e
de compreender os períodos da evolução humana diferentes
daqueles em que nós mesmos vivemos. Da mesma forma como
a “luz” que amamos pode ocultar muita ilusão e apego, tal como
ingenuidade, soberba e pretensão.
Ao mesmo tempo em que é necessário reconhecer, sobretudo
dentro dos meios esotéricos e ocultistas que, apesar da
Humanidade ou do Homo sapiens haver começado já a sua
jornada superior há muitos milhares de anos, ainda assim
pairava até então uma grande Noite espiritual no Mundo, prenhe
como é de uma forte herança de magia cinza e negra que a
humanidade vela de sua própria e longa formação espiritual
experimental, com todo um pesado resíduo cármico, e ao qual
apenas poderia realmente começar a levantar quando “o homem
encontrasse consigo mesmo”, isto é: sob o despontar da Quarta
Ronda de evolução, na qual então os processos espirituais
avançados poderiam ser acelerados pelos trabalhos abnegados
das Hierarquias emergentes, as quais estavam ávidas então de
servir e trabalhar por um Novo Tempo para a Humanidade, por
árdua que fosse tal tarefa e por menor que fosse o
reconhecimento humano por tais estrênues esforços, da mesma
forma vomo uma ciança não sabe ver o quanto os seus amorosos
133
pais se esforçam para dela cuidar. Este tema será tratado em
especial no o Livro II destas Estâncias, acerca das Raças-raízes.
Um dos véus mais tênues emprestados a estas Estâncias por
Blavatsky diz respeito à sua suposta cronologia, do que até se
poderia dizer um véu mais tradicional, mas cujo teor também
pode conduzir a especulações sobre grandes acontecimentos
temporais que fugiriam ao seu verdadeiro escopo. São “tênues”
no sentido de poderem ser solucionados com a aplicação de
Chaves conhecidas, e neste sentido um intérprete deveria ater-se
apenas ao essencial e não enveredar pela especulação, e na pior
das hipóteses a preservação de uma linguagem simbólica
“consciente” será essencial.
Posto isto, reiteramos então a verdadeira cronologia destas
evoluções, para além das generalidades purânicas e do
simbolismo tesosófico corrente, e que poderá especialmente para
os autênticos buscadores da Verdade e da própria Iniciação.
Manvantara e Pralaya (ou o Dia e a Noite de Brahma) são
ciclos de 12 mil anos cada compondo os arcos do Ano Cósmico
(ou as “Rondas” do “Sistema Solar de evolução”). Neste caso, o
último Pralaya aconteceu entre 22 e 10 mil anos atrás, entre as
Eras de Capricórnio e de Leão, ocupando especialmente o
período das duas primeiras raças raízes, podendo-se também
incluir a raça Lemuriana como uma espécie de “raça
crepuscular” da transição do Manvantara, e que termina sendo
dividida (como declara textualmente as Estâncias) pelo evento
do aparecimento dos Kumaras.
Naturalmente estamos empregando aqui a fórmula dos
chamados “Anos Divinos”, que por qualquer razão certas
134
correntes místicas (como os orientais vaishnavas, seguidos de
perto pelos teósofos) optam geralmente por não empregar.
Parece que, impressionados pela extensão astronômica dos
“Anos Humanos”, tais correntes preferem imaginar que os
“Anos Divinos” sim é que seriam simbólicos, e qualquer que
fosse a sua natureza, deveriam ser ainda maiores e inacessíveis.
Ledo engano! Pois aqui sim é que existe o tempo real e
científico, por assim dizer. O Tempo Divino nada mais é do que
a evolução realizada sob um tempo espiritualizado pelo rito e
pelo culto. Enquanto o profano poderia sim se pautar então pelo
Tempo Humano ou material. Podemos sem maior hesitação
chamar o tempo humano de “o tempo do sonho” em função da
maya que nele impera, ao passo que o tempo divino seria “o
tempo do despertar” por tratar da realidade objetiva das coisas,
por assim dizer. Acontece que para a Tradição Sapiencial, o
Mundo todo evolui a princípio sob o ritmo do Tempo Divino,
desde a chamada Revolução Cognitiva ocorrida há 50 mil anos
atrás, quer dizer: na abertura das atuais Rondas humanas de
evolução...
Assim, no geral os textos destas primeiras Estâncias tratam
com aquelas questões mais genéricas das próprias Rondas e das
poderosas energias da transição, achando-se mais propriamente
associadas ao último Pralaya do mundo que corresponde ao
período das três primeiras Raças-raízes, também conhecidas
como “Raças Ocultas” em função disto, sem permitir contudo
maiores detalhamentos em relação à própria questão racial (um
pouco da Lemúria tão somente). De modo que para o tema
propriamente racial, remetemos o estudante para o Livro II
destas Estâncias.
135
Capítulo 2
136
8. A Forma Una de Existência, sem limites, infinita, sem
causa, permanecia sozinha, em um Sono sem Sonhos; e a Vida
pulsava inconsciente no Espaço Universal, em toda a extensão
daquela Onipresença que o Olho Aberto de Dangma percebe.
9. Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do Universo
se encontrava em Paramârtha, e a Grande Roda era
Anupâdaka?”
LIVRO I. ESTÂNCIA I
137
espacial mais contida ou delimitada por parte da humanidade,
dentro de uma cultura mais introspectiva, misteriosófica e
naturalista, dentro de territórios circunscritos como na ideia
da Terra Sagrada (que está nas raízes dos mitos da “Terra
Plana”). Da mesma forma como a própria Matéria não é
amplamente empregada então, e nem mesmo a materialidade
é cultuada, antes o contrário, é o Universo interior o grande
Objeto de exploração desta Ronda inaugural dos Sistema
Solares.
As Sete Eras do Pralaya são apresentadas então como
“Sete Eternidades”, em função da sua cultura especificamente
espiritual ou Atemporal. Em contraparte a isto, as Sete Eras
do Manvantara poderiam ser classificadas como as “Sete
Transitoriedades”.
138
Este Não-tempo tampouco significa pois uma inexistência
absoluta das coisas, mas sim um senso comum direcionado
aos estados-de-consciência interiorizados, como quando se
cultiva o Presente e a própria Presença divina em nós.
139
3ª Ronda: Formação das Loja = Hierarquia
4ª Ronda: Formação das Raças = Humanidade
5ª Ronda: Formação das Mônadas - Individualidade
Atualmente a evolução da espécie se acha às portas de
começar a organizar esta última e Quinta Ronda mundial,
onde se terá por foco portanto a evolução das Mônadas
individualizadas. Os assuntos da Quinta Ronda também
podem ser estudados em nossa “A Doutrina Secreta
Revelada”, Volume I (“Cosmosíntese”); sobre as profecias da
Quinta Idade ver “A Idade do Diamante”, tratando também
da transição planetária, também desenvolvida em nossa obra
“As Tábuas de Zyon”.
140
Contudo, um melhor entendimento destes “Sete Caminhos
da Felicidade” já diria respeito aos Sendeiros Nirvânicos
próprios das Hierarquias, isto é, os Sete Sendeiros de
Evolução Superior destinados aos Mestres, em especial o
Primeiro Sendeiro de Evolução Superior, que é aquele do
Serviço Terreno, o qual também resulta no final das contas
como sendo “de felicidade”, apesar das penas que costuma
sujeitar o iniciado para encarnar sob os rigores da Lei de
Evolução, uma vez que o destino Final deste Sendeiro é
também dos mais altos e gloriosos. Através deste Primeiro
Sendeiro se organiza a Loja Branca, em torno dos Sete Raios
divinos de energias (que são energias análogas às dos Sete
Sendeiros de Evolução Superior). Não obstante, este tipo de
Hierarquia manifestada não se faz presente no Pralaya,
porque o serviço deste Primero Sendero terreno é então
desnecessário e nem se encontra disponível, como veremos
melhor no decurso das próximas estrofes. O tema dos Sete
Sendeiros de Evolução Superior chegou a ser esboçado por
alguns teósofos, mas foi realmente desenvolvido nas obras de
Alice A. Bailey, com mais alguma contribuição nossa -ver a
nossa Série “Tratado de Ascensão Espiritual”.
Vale lembrar ademáis, que as Sete Estâncias Esotéricas
(ou “Fórmulas Arcaicas”) do “Tratado Sobre Fogo Cósmico”
de Alice A. Bailey, estão diretamente relacionadas a estes
Sete Sendeiros de Evolução Superior. E sobre aquele
Primeiro Sendeiro destinado ao Serviço na Terra, rezam por
exemplo estas Estâncias Arcaicas então:
“Este caminho é acessado através de um portão
quádruplo. As frases sagradas dos Filhos da Luz o
141
definem assim: ‘O portal de luz luminosa que conduz
da cor verde ao coração da cor índigo, por meio
daquele raro fogo e daquela chama de cores vivas, para
as quais ainda não foi encontrado na terra um nome que
o descreva.’ Seu tom é mantido oculto.” (“Fórmulas
Arcaicas”, I.1)
As conexões entre o Coração e a Coroa são bem
conhecidas nas yogas, e aqui mais algumas indicações são
dadas.
142
6. “Os Sete Senhores Sublimes e as Sete Verdades haviam
cessado de ser; e o Universo, filho da Necessidade, estava
mergulhado em Paranishpanna, para ser expirado por aquele
que é e todavia não é. Nada existia.”
Comentário: Este sloka trata pois da ausência aparente de
Hierarquias intermediárias nesta ronda oculta. Ocorre que,
como sempre acontece na transição do Pralaya, tais
Hierarquias haviam sido liberadas então (ou “ascendido”,
como se costuma dizer), através da tomada do Nirvana ou, no
texto, o Paranishpanna que é a “Suprema bem-aventurança”,
de modo que a imensa maioria dos Mestres tomaram os
Caminhos de Evolução superior relacionados à uma atuação
para além deste Sistema solar de evolução.
Simplesmente não existia então a necessidade de uma
atuação mais próxima da Humanidade, porque tampouco
havia um universo em evolução, como diz a estrofe, uma vez
que o próprio fluxo da temporalidade ou da transformação
das coisas estava sob controle. A Lei do Carma (ou “da
Necessidade”) simplesmente não era um imperativo, naquele
universo onde a humanidade praticamente não deixava a sua
pegada sobre o planeta: sem ação (no sentido de ação
voluntária, caótica e desarmoniosa) tampouco existe reação.
143
Comentário: Este sloka apenas reforça a anterior,
atestando o teor subjetivo das energias. Numa colocação
quase paradoxal, o próprio “Invisível”, que é a Essência,
“repousa no Não-Ser”, como a caramucho recolhido em sua
concha. Já não havia densas ilusões, e o próprio sentido de
matéria era sutil e o de encarnação era refinado. Estar
encarnado ou desencarnado pouca diferença fazia, e com
efeito poucos decidiam ou necesitavam encarnar então, pois o
mundo físico não representava uma grande vantagem para a
evolução –até pelas próprias condições do planeta então-, e
os seres humanos mesmos da Terra não estavam preparados
para grandes evoluções.
Aqueles poucos Mestres que porventura tomavam o
Sendeiro de Serviço na Terra (ou o Caminho dos
Bodhisatwas) tampouco tinham muito trabalho então, pois
boa parte dos esforços podia ser realizado de forma mágica
ou diretamente na própria atmosfera límpida do planeta
através do poder do pensamento dos Grandes Espíritos. Estes
Bodhisatwas tampouco necessitavam percorrer ainda os Seis
Mundos do samsara para redimir os seres nas suas diferentes
situações de conflito e de ilusão.
144
vigília, sonhos, sono sem sonho e autoconsciência (ou
Turya). Assim já representa um estado elevado de ser, num
adormecimento simbólico para as ilusões.
A estrofe reforça o poder dominante da Alma Universal
sobre a manifestação das Hierarquias, antes atuando deste o
próprio Espaço ignoto da evolução superior, capaz de ser
percebidas pela intuição e pela clarividência.
O termo Dangma não é muito comum na língua tibetana
mas se conhece ao menos um lama lendário do Século XI
ligado à tradição Dzogchen assim nomeado. Certamente o
termo está associado a uma visão superior. Blavatsky como
de hábito oferece algumas interpretações que podem ser
dúbias mas lança questões importantes:
“Dangma significa uma alma purificada, alguém que
se tornou um Jivanmukta, o adepto mais elevado, ou
melhor, o chamado Mahatma. Seu ‘olho aberto’ é o
olho espiritual interior do vidente, e a faculdade que se
manifesta através dele não é a clarividência como
normalmente entendida, isto é, o poder de ver à
distância, mas sim a faculdade da intuição espiritual,
através da qual a visão direta e certo conhecimento é
obtido.” (“A Doutrina Secreta”, Vol. I)
A questão do Olho espiritual está presente dos numa série
de tradições e símbolos, do Egito à Maçonaria, passando pela
yoga e pelo judaísmo. Na senda espiritual se diz que a
Terceira iniciação, de teor mental, já daria acesso à
clarividência. Porém se trata aqui de uma vidência -que
também pode ser clariaudiência- relacionada a energias sutis,
145
como ver e ouvir as forças da Natureza. Isto é certamente
diferente da vidência superior dos Adeptos e Profetas como
os Rishis da Índia Antiga, onde já entraria “a faculdade da
intuição espiritual, através da qual a visão direta e certo
conhecimento é obtido.” A Quinta Iniciação, de Adepto ou
Asekha (“não-discípulo”) é denominado “Revelação” (cf.
Bailey) por dar acesso ao Akasha ou Éter, à Quintessência
onde estariam depositados os saberes universais.40 Citemos
novamente:
“O ‘olho aberto’ (conhecido na Índia como o ‘olho
de Shiva’) pode ser usado pelo Iniciado para “sentir" as
realidades últimas. O Iniciado, rico com o
conhecimento adquirido por inúmeras gerações de seus
predecessores, direciona o ‘Olho de Dangma’ para a
essência das coisas nas quais nenhum Maya pode ter
qualquer influência.” (Blavatsky, Op. cit.)
No simbolismo maçônico o Olho do GADU costuma estar
num triângulo, mas isto até pode remeter pelo menos a uma
tríade superior e à própria Onisciência divina ou “o Olho-
40
O símbolo tibetano reproduzido na capa desta edição ilustra o
caráter iluminado desta Visão superior. Apresentado pela primeira
vez no Ocidente na obra W. Y. Evans Wentz “O Livro Tibetano da
Grande Liberação (ou O Método de Alcançar o Nirvana pelo
Conhecimento da Mente)”, de 1954, com Comentários de C. G. Jung,
contendo “ensinamentos extremamente importantes de ilustres
gurus do Tibete e da Índia”, este símbolo -que desde o princípio
tomamos como um símbolo de Shambhala- nos acompanha desde a
sua publicação no Brasil (no ano de 1995, pela Editora Pensamento)
tendo servido de base para o logotipo estilizado do Editorial Agartha.
146
que-tudo-Vê”. Talvez fosse mais interessante aqui o símbolo
judaico Hamsa, da palma da mão com olho. Neste caso
teríamos uma base de cinco elementos para dar vazão a esta
visão superior. Não deixa de ser curioso não obstante a
semelhança do termo com o Hansa hindu, que significa cisne
e nomeia a Terceira Iniciação mais acima mencionada. Não
obstante, a Quintessência também pode ser uma forma de
tríade superior quando vista no topo do setenário.
Talvez aqui possamos ver então os dois olhos de Hórus, o
direito associado ao Sol (razão) e o esquerdo à Lua (intuição).
Na sua luta com Set perde o olho lunar, indicando uma
fragilização, mas que Horus compensou abrindo uma terceira
visão serpentina. Cada olho pode ser uma tríade da Árvore
Sefirotica e o desfalque de Hórus pode representar a fragili-
zação material do iniciado sob as provações da senda supe-
rior, como já ocorrera ao seu pai Osíris vitimado pelo mesmo
Set. Seria também como as Duas Quintessências (suásticas,
pentagramas) do Nome Divino IHVH onde “He” vale 5,
ainda que a soma de ambas se sintetize no Iod logoico de
valor 10.
Citemos pois a nossa obra “Símbolos, Mitos e Dogmas
Budismo”:
“Os Olhos do Buda estão também ornados de
simbolismo especial, entre ambos. Na parte superior
temos o clássico urna, chamado de “terceiro olho”,
comumente representado como uma espiritual, o que
por si só sugere certo dualismo, similar ao do
Anushwara ou Sol-Lua que comumente também
coroam os stupas. E na parte inferior tem-se outro
147
símbolo, também com forma de espiral, mas com a
ponta estendida para baixo, tratando-se neste caso o
símbolo do numeral hindu ”1” (o Um).
“Com isto tem-se duas espirais - que também se po-
deria simbolizar por suásticas de direções opostas-, uma
inferior e outra superior. E não seria o caso de recordar
aqui os famosos Olhos de Horus, os Udjats, sempre
envoltos em dramas e façanhas, também ornados por
terminações espirais, ao lado das lágrimas que deles
também pendem?!” (Capítulo “Olhos do Buda”)
Com isto Osiris, embora parcialmente curado por Ísis e
Néftis, passa a atuar apenas nos mundos superiores. Podemos
talvez comparar este quadro às provações de Jesus, cujo
desfalque espiritual se traduz em suas palavras de abandono
na cruz. Depois da ressurreição Jesus tampouco retornou de
todo ao mundo, realizando apenas breves aparições
episódicas antes de desaparecer em definitivo. Tudo isto
remete pois à aquisição de uma vidência realmente superior,
às custas porém de sacrifícios nos mundos materiais.
Tais tríades são também denominadas como alinhamentos
de chakras. E pudemos notar então que tais enlaçamentos de
energias -e são as três energias de Kundalini ou colunas da
Árvore Sefirotica- proporcionam um certo grau de visão
especial das coisas, por esta razão também são chamadas de
alinhamentos de consciência.
Este Olho-que-tudo-Vê pode ser portanto diferentes
tríades, como o seu triângulo também pode ser o símbolo do
Elemento Fogo da Alquimia. A Visão Superior é aquela que
148
existe idealmente a partir da iniciação real e sobretudo da
iluminação real, especialmente desde o grau de Adepto ou da
Quinta Iniciação.
A rigor o terceiro olho ou Ajna, enquanto sexto chakra, se
relaciona também à sexta iniciação, capturando as energias da
Criação e projetando-as na direção do infinito - e este sim
podemos dizer se tratar do “Olho de Dangma”, por
representar também um Olho-Vajra, como o poderoso olho
único de Shiva que fulmina as ilusões, a visão todo-
penetrante que paira acima das falsidades como faz o cisne de
Brahma. O seu núcleo é com efeito a Quintessência, mas
desde ali ele coordena e integra os conjuntos de forças
terrestres e celestiais -o que é também, em última análise,
uma descrição do próprio sistema budista de chakras.
149
9. “Onde, porém, estava Dangma quando o Alaya do
Universo se encontrava em Paramârtha (“Realidade Absoluta”)
e a Grande Roda era Anupâdaka (“não-originada”)?”
Comentário: Como se realizava daí a coordenação
espiritual no Pralaya, considerando não haver então
Hierarquias formais?! Esta é a importante pergunta inaugural
do sloka. Em termos práticos, os Grandes Comandos
Espirituais eram prontamente captados pelos discípulos e
iniciados sensitivos e o trabalho necessário era então
realizado. Podemos ver na atuação dos grandes Patriarcas
traços deste tipo de comando social. Aqui jaz as raízes das
lendas dos gigantes antigos de que fala a Bíblia na ocasião do
Dilúvio, destacando se tratar então de gigantes espirituais e
morais. Na primeira raça eles despontaram como Aspirantes,
na segunda raça emergiram como discípulos e na terceira raça
já apareceram como iniciados reais, criando assim as bases
para à organização de um nova Hierarquia às portas da
transição mundial para o Manvantara.
Nós compreendemos que esta afirmação pode até soar
como irreal e utópica, quiçá como meramente especulativa.
Contudo, quando compreendemos que mesmo num mundo
altamente poluído como o atual e com vários bilhões de seres
humanos, um único iluminado verdadeiro ainda pode ter um
impacto considerável no saneamento da atmosfera do planeta,
que dizer então num período de pureza em que a humanidade
mal se conta na casa dos milhões ou até dos milhares de pes-
soas?! Muitas vezes aquilo que as pessoas necessitam não é
de orientação direta e sim de clareza mental, até porque existe
150
sempre alguma orientação espiritual interna que captamos na
forma de pensamentos nobres e de inspiração superior.
Ademais, esta é uma estrofe de transição, indagando sobre
a condição vigente de Anupadaka (literalmente “sem pai nem
mãe”). E a resposta foi nada já nos Comentários anteriores,
ao se mencionar a ação sutil e “superior” das Hierarquias de
então, devidamente dispensadas de seguir o Sendeiro de
Serviço Terreno em função da liberação da Lei da
Necessidade ou do Carma. A Hierarquia Anupâdaka é
também autodidata e experimental, porque o Pralaya é o
tempo dos pioneiros que abrem caminho para as novas
evoluções possíveis de um Sistema Solar “através da
violência” (nas palavras de Jesus), quer dizer, com ousadia e
temeridade. Podemos observar tal coisa pelo papel que teve o
xamanismo no decurso do último Pralaya.
A Roda do Pralaya é não-originada porque independe do
patrocínio dos Pais espirituais ou Pitris visíveis e presentes
para acontecer. Uma das características marcantes do Pralaya
é a pouca necessidade de ação das Hierarquias, resultando
mais como uma espécie de Anarquia sagrada, sob a égide de
um atavismo cultural espiritual e a própria proteção da
Natureza, e eventualmente também orientando pelo simples
exemplo. Numa época em que a tecnologia era tão simples e
o conhecimento tão escasso, não era tão difícil
“impressionar” os espíritos através dos grandes Saberes a que
os Adeptos têm acesso.
Com efeito, aquilo que temos no decurso deste grande
Arco de Tempo é a formação de uma nova humanidade sob
uma atuação discreta das Hierarquias, já que sequer existem
151
sociedades de massa, e quando tal ameaça começa a
acontecer, medidas são tomadas para serem desfeitas sob a
força do atavismo reinante e pela iniciativa de alguns divinos
Emissários e seus discípulos.
Esotericamente o olho é um símbolo da consciência e da
percepção, da mesma forma que a palavra representa o poder
e a cultura. Não obstante tal coisa não é exatamente exclusiva
das Forças da Luz, porque do lado das Trevas também
existem consciências poderosas (tal como sensitivos
poderosos), porque houve já muito cultivo da consciência de
forma equivocada na humanidade, em função do antigo temor
da morte e da extinção da parte de humanidades mais
primitivas, então são consciências obsedadas geradas pelo
próprio poder pessoal ampliado e não mediante à iluminação
como é o caminho natural, mas antes através de todo um
repertório longamente desenvolvido de vampirismo
especializado e sistemático.
A Irmandade Negra se interessa pelos conhecimentos da
Loja Branca porque sua própria capacidade criativa e
evolutiva é limitada, então busca aprender novas coisas como
forma de ampliar o seu poder e para manipular técnicas e
informações depois que elas caem no gosto popular -o que
faz inclusive com que os grandes focos da luz e das trevas
costumem não estar muito distantes um do outro. É apenas
esta contínua emulação que sugere ainda alguma semelhança
entre as duas Lojas, porque senão pouca similitude restaria. A
Loja Negra também se caracteriza por um sincretismo de
baixa qualidade, e o que traz este teor não é a origem dos
conhecimentos e sim a própria escolha dos conteúdos; de
152
resto ela também tem aprendido a copiar aquilo que sugere às
pessoas ser mais refinado e espiritual para ampliar o seu
poder de convencimento. Então se equiparar as Lojas Branca
e Negra já é tão difícil, mais ainda seria complicado falar de
uma ”Shambhala Negra”, mais menos como também se fala
às vezes do “Sol Negro”, mesmo sendo sempre possível
identificar alguns destes antigos focos de grande poder da
Loja Negra.
Alice A. Bailey discorreu com desenvoltura (e como um
autêntica Iniciada) na informação e na “denúncia” das
atividades ocultas ostensivas da Loja Negra, como uma
autêntica Rede Planetária de obscurecimento da humanidade.
Ao passo que Blavatsky ainda se limitaria a mencionar as
práticas nocivas realizadas por certos grupos étnicos isolados
relativamente conhecidos aqui e ali.
Até mesmo doutrinas teoricamente próximas do problema
se mostram bastante alheias todavia como é o caso do
Espiritismo e do Budismo tibetano, as quais se limitam a
tratar do assunto em termos de “reinos primitivos em
evolução”, e não como uma questão de saneamento espiritual
geral, demandando cuidados e proteção. Não casualmente são
justamente certas doutrinas reformadas as que alcançam
encarar mais objetivamente a questão, como é o caso do
xamanismo Bön do Tibet, cujos conhecimentos de cura e
depuração espiritual se mostram deveras mais pragmáticos
que aqueles do Budismo local, ao tratar de questões que este
simplesmente não concebe como é a possibilidade do
adoecimento da Alma e outros tantos males que lhe podem
ser afligidos.
153
Capítulo 3
154
LIVRO I. ESTÂNCIA II
155
Hierarquias), que juntamente com Devamâtri (a “mãe dos
deuses” e a “substância-raiz”) permaneciam todavia no
sagrado “Caos” do Imanifesto, fonte de felicidade e bem-
aventurança eterna.
Tais Hierarquias de Pitris ou Construtores ”da Aurora do
Manvantara” integrarão aquilo que se chama às vezes de Loja
Branca, que é um termo genérico para tratar das Lojas ou
Ashrams raciais abertos por Shambhala nos tempos da
Lemúria, tema ao qual Alice A. Bailey daria um bom
desenvolvimento. Citemos porém a nossa “A Doutrina
Secreta Revelada”:
“Aquilo que fora Raça no Pralaya se torna Ashram
espiritual no Manvantara, através da ascensão ou
colheita dos melhores espíritos, especialmente entre
aqueles que não entraram no Nirvana ou que não
fracassaram ao final da sua própria Ronda evolutiva,
optando assim por seguir servindo ou evoluindo no
próprio planeta, ainda que não de forma exatamente
cármica ou material, mas antes espiritual e empregando
ou não a forma física para tal.” (DSR, Vol. II -
“Hierarquia Espiritual”-, LAWS)
O Dia do Mundo ainda não despontara, não havia História
e nem “progresso”, na verdade sequer religião, política ou
economia, tal como se entende hoje tais coisas enquanto
ciências e instituições. Havia isto sim uma proto-sociedade e
uma espiritualidade em formação, sob a orientação remota
dos xamãs e dos próprios Espíritos tutelares aos quais todos
podiam acessar a princípio.
156
2. “Onde estava o Silêncio? Onde os ouvidos para percebê-
lo? Não; não havia Silêncio nem Som: nada, a não ser o
Incessante Alento Eterno, para si mesmo ignoto.”
Comentário: O “silêncio” reflete aqui a ausência de
atividade exterior. O tema do silêncio está muito relacionado
à morte, como na célebre obra “Hamlet” de Shakeaspeare,
onde o personagem central encerra a sua última frase com as
palavras “O resto é silêncio”. Outro poeta conhecido, T. S.
Eliot, conclui o seu poema “Os homens ocos” com uma frase
também famosa: “É assim que o mundo termina, não com um
estrondo, mas com um gemido.”
Assim, a cessação da atividade e da “vida” está
intimamente relacionada ao silêncio. No simbolismo místico,
se trata da morte da atividade humana e do próprio exercício
do livre-arbítrio, por assim dizer, para dar lugar a uma
harmonia com o cosmos e a natureza. Mas como não passa de
simbolismo, tampouco o silêncio é de todo real aqui. Dir-se-
ia antes que prevalece o silêncio interior, da aniquilação da
vontade humana ou, quiçá, sub-humana de confrontar a
ordem cósmica e natural que também é uma expressão da
anterior.
São estes os últimos estertores do período Paleolítico do
mundo, onde a ordem estática e natural ainda podia ser
preservada. Não havendo ruído tampouco se procura o
silêncio; ou como já colocamos, antes do pecado tampouco se
necessitava de religião. Reinava soberano pois o “Alento
Eterno”, que é como o Sopro divino que pairava sobre as
157
Águas Primordiais do Livro do Genesis, ou como o Princípio
Vital que anima Alaya ou a Alma do Mundo, através da ação
superior e sutil das forças espirituais.
158
Comentário: “Raio Único” relaciona-se ao Grande
Alinhamento da transição dos ciclos, quando Era, Raça e
Ronda se reúnem para assinalar a Fenda cósmica do Tempo
que permite a descida do Raio Divino. Sabemos que a
fórmula do Diâmetro é o PI: 3,1415... sendo portanto também
Ternária. Com efeito estamos aqui no ambiente da Terceira
Raça-raiz, onde se organiza a própria Transição planetária do
Manvantara. O Triângulo assim gerado automaticamente irá
gerar o Quaternário, porque estamos falando de uma
transição de ciclos, seja na direção da Quarta Ronda como da
Quarta Raça que a inaugura.
Com isto o mecanismo da transição também avança dentro
da própria Terceira Raça, não tardando para aflorar na
seguinte: a Montanha (triângulo) é um convite para ser
habitada (núcleo da Tríade). Note-se então que o texto
anuncia claramente que as consequências disto são a caída
das energias “no regaço de Mâyâ”, mas é também onde
ocorre a Grande Síntese entre matéria e espírito que
possibilita a Iluminação...
159
permaneciam no seu Paranishpanna nirvânico –juntamente
com a Substância-raiz (Svabhâvat) da Manifestação, ou
mesmo o Espaço-Tempo estava enrustido na potencialidade
da Criação, como um germe dentro de um ovo (ver Estrofe
seguinte).
Havia contudo um Plano de Evolução em curso que era
comunicado aos aspirantes, com novos potenciais de
evolução e técnicas especificas para perseguí-los, e os
buscadores se esforçavam então para atingir estas metas e
ampliar os seus caminhos cada vez mais.
160
viva dessa lei universal e da sua ação. Sabemos que
todo e qualquer movimento exterior, ação, gesto,
voluntário ou mecânico, orgânico ou mental, é
produzido e precedido pelo sentimento interior ou
emoção, vontade ou volição, pensamento ou mente. Do
mesmo modo que nenhum movimento ou mudança
exterior, quando normal, pode ocorrer no corpo externo
do homem a menos que tenha sido provocado por um
impulso interior transmitido por uma das três funções
citadas, o mesmo se dá com o universo externo ou
manifestado.” (A Doutrina Secreta, Volume III)
Todas as energias necessárias estavam planejadas para
serem desencadeadas através das Hierarquias auxiliares.
Sigamos para isto ainda a citação:
“Todo o cosmos o é dirigido, controlado e animado
por séries quase infinitas de hierarquias de seres
sencientes, cada uma delas encarregada de executar
uma missão, e as quais – qualquer que seja o nome que
lhes dermos, quer as chamemos de Inteligências
Espirituais ou Anjos – são ‘mensageiras’ no sentido de
serem apenas agentes das leis kármicas e cósmicas.
Variam infinitamente nos respectivos graus de
consciências e inteligência, e chamá-la apenas de
espíritos puros, livres de todo e qualquer amálgama
terrestre ‘que o tempo costuma atacar’, equivale a
entregar-se a uma fantasia poética.” (Op. cit)
161
Capítulo 4
162
mais: sumiram-se em sua própria Essência, o Corpo de Fogo e
Água, do Pai e da Mãe.
7. Vê, ó Lanu! o Radiante Filho dos Dois, a Glória refulgente
e sem par: o Espaço Luminoso, Filho do Negro Espaço, que
surge das Profundezas das Grandes Águas Sombrias. É
Oeaohoo, o mais Jovem, o***. Ele brilha como o Sol. É o
Resplandecente Dragão Divino da Sabedoria. O Eka é Chatur, e
Chatur toma para si Tri, e a união produz Sapta, no qual estão
os Sete, que se tornam o Tridasha, as Hostes e as Multidões.
Contempla-o levantando o Véu e desdobrando-o de Oriente a
Ocidente. Ele oculta o Acima, e deixa ver o Abaixo como a
Grande Ilusão. Assinala os lugares para os Resplandecentes, e
converte o Acima num Oceano de Fogo sem praias, e o Uno
Manifestado nas Grandes Águas.
8. Onde estava o Germe, onde então se encontravam as
Trevas? Onde está o Espírito da Chama que arde em tua
Lâmpada, ó Lanu? O Germe é Aquilo, e Aquilo é a Luz, o Alvo
e Refulgente Filho do Pai Obscuro e Oculto.
9. A Luz é a Chama Fria, e a Chama é o Fogo, e o Fogo
produz o Calor, que dá a Água — a Água da Vida na Grande
Mãe.
10. O Pai-Mãe urde uma Tela, cujo extremo superior está
unido ao Espírito, Luz da Obscuridade Única, e o inferior à
Matéria, sua Sombra. A Tela é o Universo, tecido com as Duas
Substâncias combinadas em Uma, que é Svabhâvat.
11. A Tela se distende quando o Sopro do Fogo a envolve; e
se contrai quando tocada pelo Sopro da Mãe. Então os Filhos se
separam, dispersando-se, para voltar ao Seio de sua Mãe no fim
do Grande Dia, tornando-se de novo uno com ela. Quando
esfria, a Tela fica radiante. Seus Filhos se dilatam e se retraem
163
dentro de Si mesmos e em seus Corações; elas abrangem o
Infinito.
12. Então Svabhâvat envia Fohat para endurecer os Átomos.
Cada qual é uma parte da Tela. Refletindo o ‘Senhor Existente
por Si Mesmo’ como um Espelho, cada um vem a ser, por sua
vez, um Mundo.”
164
amplamente baseadas na magia! A atmosfera psíquica é a base
de tudo, porque determina o teor da consciência e a própria
disposição psíquica das pessoas. Não é difícil alguém se instruir
sobre a questão do bem-estar psíquico através de uma simples
mudança de ambientes, especialmente quando contrastantes,
ainda que a experiência costume exigir um período de adaptação
para que as impressões possam realmente se sedimentar.
Uma atmosfera psíquica saturada de angústia e negatividade
torna-se opressiva, e tal coisa não é difícil de ocorrer nas
grandes cidades. Os matadouros obviamente contribuem muito
para isto. A união entre as forças mágicas tenebrosas com o
poder político opressor, que não era raro nos tempos primitivos,
podia chegar a produzir um “clima” verdadeiramente infernal
para sociedades inteiras, e era necessária muita coragem e
ousadia para enfrentar tais coisas, poque significava muitas
vezes literalmente desafiar o Desconhecido...
As sociedades primitivas tinham muita sensibilidade psíquica
porque este era mesmo o seu próprio metier -a mediunidade era
uma religião comum desde tempos imemoriais. A sensitividade
era nornal e a telepatia também. Muitas outras faculdades sutis
(como a clarividência) hoje raras, eram então “moeda corrente”,
em função de uma soma poderosa entre ambiente natural,
atavismo cultural e conhecimento de causa, entre outras.
Quando a situação psíquica e institucional alcançava porém
um clímax de saturação e ficava fora do controle, as lideranças
espirituais independentes declaravam então um “Estado de
Dilúvio”, como aconteceu nos tempos da Atlântida e nos dias de
Noé. E como já não era mais possível “mudar o sistema”, as
pessoas eram convocadas a migrar e a se reorganizar novamente
165
em novos locais. A mudança representava sempre um desafio,
mas era também um consenso e uma tradição consolidada que o
êxodo e a evasão representavam uma das formas mais eficazes
para uma renovação das coisas. Afinal, não foi sobre outra base
que a verdadeira evolução sempre aconteceu, inicialmente
dentro da própria África e depois para fora dela.41
41
Para maiores informações sobre este importante momento da
última transição planetária (anterior à atual), ver os três primeiros
Volumes da nossa “Doutrina Secreta Revelada”, assim como a nossa
Série “Antropologia Geral”, Volumes I e II (“Lemúria - a Civilização
Terreal” e “Atlântida - a Civilização Lunar”).
166
recém em transição. Com efeito, as próprias energias do
Espaço oculto são transformadas, triangulizando-se então sob
o Raio divino em ação (ver adiante). Este é o momento do
Período Mesolítico, uma síntese entre o antigo e o novo em
formação.
167
em transformação, mas que agora despertam não obstante sob
os influxos deste Chamamento divino. As Hierarquias de
então perceberem que a situação da humanidade tornara-se
crítica por uma série de razões como:
- deterioração do ambiente natural
- crescimento da população humana
- aperfeiçoamento da feitiçaria e do terror astral
- incremento das tecnologias de guerra
- crescimento dos poderes políticos
Tudo isto prometia pois um clima explosivo que não raro
se acometia sobre as sociedades gerando muita dor e
sofrimento. Guerras endêmicas estavam em curso e o
fanatismo religioso tampouco era incomum.
Os desafios para as mudanças eram também muito grandes
e a forma mais viável de renovação dar-se-ia novamente
através do êxodo e da deserção, porém desta vez amplas rotas
deveriam ser procuradas por causa da grande disseminação
das velhas culturas, o que se incluía daí no conceito
simbólico do “Dilúvio Universal”, quer dizer: o Mundo
conhecido estava simplesmente tomado pela ilusão e o
atavismo vazio...
168
Comentário: O texto começa a retomar aqui alguns temas
do Segundo Comentário, além de reforçar questões antes
colocadas. A nova “Luz” que nasce das antigas “Trevas” do
mundo, para tratar então do tíbio nascimento da Civilização,
irradia o grande Raio Axial (Verbo Oculto e Manifesto) que
determina o Diâmetro cósmico que encerra o Pralaya. Com
isto emerge também a ideia do Ovo Mundi na forma do Ano
Cósmico, uma vez que a sua segunda metade manifesta (que
é o Manvantara) começa a se insinuar, virgem todavia
porque representa recém uma ideia ou Projeto de evolução na
mente dos grandes Mentores da evolução. A imagem
representa pois um verdadeiro conúbio cósmico, uma
hierogamia universal. O Ovo é também o próprio planeta, que
estremece sob os Ditames cósmicos do Manu, para levar a
nova ideia de Civilização a todos os seus quadrantes. O
“Germe não Eterno” indica porém a transitoriedade das
coisas e a fatalidade da materialização das próprias ideias
divinas no Manvantara, sempre mais ou menos imerso em
Maya.
Este é um momento de epifania, termo que se baseia no
mito de Phanes na mitologia órfica, aquele que nasce do Ovo
Primodial quando se divide o tempo entre Éon e Ananque, ou
a Eternidade e a Necessidade, quer dizer: Pralaya e
Manvantara. Porta daí nas mãos a tocha e o cetro, indicando
a natureza destes dois arcos do tempo, enquanto iluminação e
organização. Além de enrolado numa serpente, Phanes está
169
devidamente dotado de fogo na cabeça e nos pés para indicar
as crises mundiais dos “Solstícios cósmicos”.42
170
embora de certa forma a Astrologia pouco peso tivesse
também naquela Noite dos Tempos, já que seria realmente
codificada na própria ocasião da transição para gerar os
códigos simbólicos da evolução interior –ver também a
respeito na cultura de Gobelki Tepe. E na outra acepção se
trata das duas formas de atuação das Hierarquias Setenárias, a
interna na forma dos Sete Sendeiros Nirvânicos e a externa
na modalidade dos Sete Raios da Loja Branca. Nas Estâncias
do “Tratado Sobre Fogo Cósmico” lê-se daí:
“A grande Roda girou sobre si mesma. As sete rodas
menores precipitadamente vieram a existir. Eles
giraram como sua mãe, sobre si mesmas, internamente
e para a frente. Tudo o que existe foi.
“As quatro rodas conjuntamente com a maior traba-
lharam na Pedra, até que todos os Filhos de Deus acla-
maram, dizendo: ‘O trabalho foi feito’.” (Livro III, II:3)
No Hinduísmo o mito da coagulação do leite do Oceano
Primordial envolve um complexo concerto de forças que tem
o Avatar Kurma no centro, num contexto semelhante ao
presente, porque cercado de uma plêiade de forças luminosas
e obscuras por cada lado. Um dos significados ocultos desta
“coagulação” é, pois, a organização da própria espiritualidade
no mundo das formas, inclusive nas relações hierárquicas,
espirituais e sociais. Também reflete nisto a própria
organização das Mônadas espirituais. Outro aspecto do
processo de “coagulação” no Manvantara é a ampliação
territorial do mundo através das glaciações localizadas que
rebaixam o nível dos Oceanos. O Pralaya pelo contrário
171
conhece uma redução territorial, com maior insularidade (por
assim dizer) pela elevação do nível das águas.43
5. “A Raiz permanece, a Luz permanece, os Coágulos
permanecem; e, não obstante, Oeaohoo é Uno.”
Comentário: Nada muda e tudo muda -esta é a mensagem
da estrofe. O verso e reverso das coisas se apresentam
ciclicamente, mas Pai-Mãe dos Deuses (“Oeaohoo”) segue
impoluto na sua insondável unidade de Espírito-Matéria,
como imagem vivente do Absoluto. Enquanto isto a tarefa da
manifestação das Mônadas, ou do fermento da Nova Raça,
também se cumpre, sempre em Unidade com as
determinações do Manu.
Este Oeaohoo, também grafado como Oi-Ha-Hou nas
Estâncias da “Doutrina Secreta”, é apresentado pois como o
“Pai-Mãe dos deuses” (o que pode ser visto como “o Mestre
dos mestres”). No Budismo existe um conceito aproximado
na forma de Yab-Yum, a parelha tântrica “Pai-Mãe” que
simboliza Método-Sabedoria. Significaria pois que para a
Escola Vajrayana a origem dos Budas (“deuses”) está na
conjugação devida da Técnica e da Sabedoria na Iniciação44 –
43
Quando consideramos nestes termos que no Manvantara as
águas descem e as terras emergem, a questão física do dilúvio passa
a adquirir inclusive uma outra conotação. O “desaparecimento” das
ilhas atlantes pode ter sido então pelo processo oposto da
submersão, porquanto na verdade como que “emergiram” terras
desaparecendo assim as suas antigas ilhas.
44
A bem da verdade, Método & Sabedoria transcenderiam a
abordagem regular do Budismo Tibetano atual, onde o “Método”
também foi dominado pela “Sabedoria” que caracteriza o próprio
172
e uma saudação Om Yab-Yum praticada dentro da Iniciação
tântrica se aproximaria do som Oi-Ha-Hou. Cabe lembrar que
Blavatsky transcreveu termos e expressões tibetanas
anteriormente às atuais convenções internacionais de
transposição latina da língua tibetana.
Ainda, a tríplice expressão Oi-Ha-Hou das Estâncias
poderia remeter à conhecida saudação budista Om Ah Hum,
relativo à mente, à fala e ao corpo dos Budas, e que alguém
pode ter escutado nos ritos tibetanos que presenciou. Tem-se
aqui uma referência ao Sagrado Trikaya, os Três Veículos
dos Budas -e este argumento também reforçaria recipro-
camente o anterior, quanto a “Om Yab-Yum” como “Pai-Mãe
dos deuses” como gerador dos Veículos dos Budas.
O citado Yab-Yum poderia fornecer algumas chaves aqui,
pois “Método e Sabedoria” se aproximam de alguns destes
veículos, especialmente aqueles mais básicos, a saber:
173
1. Nirmāṇakāya (“veículo de manifestação”) = Método
(“Pai” ou Yab); 1ª Roda do Dharma.ou Hinayana, a Via dos
Arhats (Lohan em tibetano).
2. Saṃbhogakāya (“veículo de bem-aventurança”) = Sabe-
doria (“Mãe” ou Yum); 2ª Roda do Dharma ou Mahayana, a
Via dos Bodhisatwas (Tulku em tibetano).
Faltaria o Dharmakāya (“veículo da realidade última”),
porém a 3ª Roda do Dharma ou Vajrayana, a Via dos
Buddhas (Song gyay em tibetano). Contudo a Escola tântrica
sempre se pretendeu algo além, tendo em vista a verdadeira
Iniciação. Os Tantras fazem uso de Yab-Yum na intenção de
alcançar sempre Algo mais, especialmente pela inclusão de
Prajna, termo geralmente também traduzido como “Sabedo-
ria” (no comum Sabedoria-Yum é visto no Tibet como Sunya,
o Vazio), mas que o “Glossário Teosófico” oferece várias
outras acepções, como “Suprema Inteligência” por exemplo,
o que vai na linha manásica e intelectual dos Tantras.
De teor ainda semelhante a tais mantras, mas de forma
mais específica, tem-se o famoso mantra tibetano OM Mani
Padma Hum Hri. Tudo isto pode ser perfeitamente relacio-
nado, mesmo foneticamente, ao mantra gnóstico IAO, tal
como ao conhecido Nome divino hebreu Iah, versão de Iod-
He-Vau-He da Cabala, o famoso “Nome Divino Inefável” -
ver também outros elementos sobre toda esta questão na
Estância IV (Capítulo 6) adiante.
174
e Movimento. As Trevas se desvaneceram, e não existiram mais:
sumiram-se em sua própria Essência, o Corpo de Fogo e Água,
do Pai e da Mãe.”
Comentário: Este sloka descreve pois o “milagre” da
disseminação da cultura espiritual no mundo, sob a guia das
Hierarquias. Os decretos cósmicos do Manu são ouvidos e a
esperança renasce na humanidade em movimento, com a
promessa da chegada de um Novo Dia –e com efeito este será
chamado de “o Dia de Brahma”...
As massas humanas, que de outra forma seriam simples
massas amorfas, são então reorganizadas e vivificadas pela
sabedoria, dotadas de movimento, individuação (veja-se
sobre as Doze Tribos de Iaveh durante o Êxodo) e evolução
graças às superiores determinações das Forças espirituais. É
pois como a dádiva de Prometeu da entrega do Fogo divino
para a humanidade, arcando devidamente com o carma deste
nobre serviço ao mundo.
175
deixa ver o Abaixo como a Grande Ilusão. Assinala os lugares
para os Resplandecentes e converte o Acima num Oceano de
Fogo sem praias, e o Uno Manifestado nas Grandes Águas.”
Comentário: Nesta ampla estrofe repleta de simbolismo, a
transição planetária anuncia a chegada do mundo Material, o
Manvantara, para o qual se prepara novamente uma
Hierarquia tutelar sob a coordenação do Manu Oeaohoo.
Retratado por vezes como Caduceu ou Globo-alado-
serpentino (tal como a força Kundalini do Yoga), encontra da
mesma forma versões totêmicas primitivas de bases
astrológica como é a própria Esfinge ou, em outras versões, a
imagem do “Dragão da Sabedoria” que também reúne os
Elementos ou sintetiza os Seres.
A partir desta Fonte prepara-se a coordenação do mundo
Material simbolizado pelo “Quatro” que, reunido à Tríade
gerada no Pralaya, resulta no Setenário de energias (raças)
do Sistema Solar completo. Daí se habilita também uma
organização do Todo simbolizado pelo Trinta, valor
especialmente precioso para a cultura árya, cujas civilizações
se estabeleceram especialmente em torno da latitude de 30
graus no planeta, em função dos seus próprios cânones
matemáticos e raciais –ainda que esta região, também
chamada de “Mesosfério”, se relaciona também à Shambhala,
que é um mistério que se associou da mesma forma
precocemente à própria Lemúria, e onde os cânones mentais
(ou da Iniciação solar) anteciparam aqueles da raça árya.
A nova raça se alastra então “de Oriente à Ocidente”, pelo
Decreto Manúsico da migração. As Terras Altas são ademais
escolhidas para abrigar os Templos sagrados das Hierarquias,
176
para desde ali coordenar as “Grandes Águas” ou as massas
humanas em expansão, distribuídas pelas planícies onde reina
a “Grande Ilusão”. O símbolo das “águas” também se presta à
ideia do Dilúvio, contemplado nesta fase de transição
planetária, e correspondendo muito de próximo às datas da
destruição final da Atlântida de Platão, tal como à ideia persa
do dilúvio universal da “Porta dos Homens” na transição da
Era de Câncer.
177
Comentário: Nesta breve cosmologia espiritual, temos
uma coordenação dos Três Centros conscienciais humanos.
Shambhala emana a luz aparentemente fria do Poder
espiritual, o qual desperta via iniciação o Amor (Compaixão)
na Hierarquia, a qual transmite então a sua luz sagrada às
águas que simbolizam a Humanidade, agora convertida em
“Águas vivas” ou espirituais, tal como “Mãe divina”
enquanto Igreja ou Sangha espiritual. Esta era enfim a grande
Alquimia em vista, colocando a Roda do Dharma novamente
em movimento. Com isto se completa pois a Tríade de
Shambhala, organizada através da Sinarquia reunindo os
representantes dos Três Centros de evolução.
178
Matéria e o Espírito como nas Origens (com Svabhâvat ou
“Substância-raiz”), Deus e a Humanidade, para pouco a
pouco produzir a ideia da Civilização e seus ciclos,
inicialmente apenas materialmente latente na Lemúria, logo
religiosa na Atlântida, depois aristocrática na Aryavartha -e
por fim espiritual na Telúria, que ainda virá todavia, para
além dos próprios relatos destas Estâncias aparentemente.
179
cósmico que é a colheita final dos Adeptos da Grande
Fraternidade Branca.
180
são contempladas. “Átomo” é uma expressão da fisicalidade
grega adotada pela Ciência moderna, ao passo que nestas
matérias convém dar preferência à Metafísica ou pelo menos
ao próprio simbolismo. Para os nossos propósitos trataremos
de substituir o termo por Mônada, a partícula divina do
indivíduo, refletindo assim ao “Senhor Existente por Si
Mesmo”, como na tradicional contraparte ou complemento
entre Microcosmo e Macrocosmo. No Livro III das Estâncias
(“Tratado Sobre Fogo Cósmico”) também se lê:
“A roda da vida gira dentro da roda da forma
exterior. Circula a matéria de Fohat, seu fogo endurece
todas as formas. A roda invisível gira em rápidas
revoluções, dentro do lento invólucro externo, até que a
forma se desgaste.” (Estância XI:1, Capítulo 37)
Há sempre muita especulação em torno de Fohat,
inclusive numa direção materialista, como se o “endureci-
mento das formas” fosse algo físico. Os teósofos simples-
mente acreditaram que Fohat tem as chaves da criação do
Universo, ainda que -curiosamente-, através do próprio ser
humano, o que deveria ao menos sugerir o teor subjetivo da
matéria. A questão de Fohat mobilizou de tal forma os
espíritos, que chegou-se até a produzir obras sobre “Química
Oculta”. O “Glossário Teosófico” traz uma definição ampla e
complexa, a dada altura dizendo: “É o princípio animador
que eletrifica cada átomo fazendo-o entrar na vida”.
Ocorre que nas Estâncias de Dzyan os “átomos” são as
Mônadas individuais que são recompostas (“endurecidas”)
através da meditação e do incremento de energias no seu
entorno, empoderndo-a no mundo desta forma ou trazendo a
181
sua luz à esfera da manifestação (e não o inverso),
proporcionando uma elevação da vibração pessoal e até a
própria iluminação espiritual. De modo que a forma correta
de enteder este “endurecimento” das formas (ou das forças)
promovido por Fohat, não seria mesmo outra que a da
própria concentração de energias. Fohat é portanto a Chave
da Iniciação Solar (ou da Iniciação Arya neste Manvantara),
atuando na concentração da energia e na sutilização da
matéria -o que já é falar de “solve et coagula” como um
processo único e simultâneo.
Tal “endurecimento” da energia está simbolizado pelos
“Caminhos de Diamante” ao modo da Escola Vajrayana
esotérica hindu-budista, sendo que o cristal costuma ser visto
simbolicamente como “luz condensada”. O próprio
simbolismo da Ilha, como um Centro emerso nas águas, tal
como o simbolismo Hyperbóreo de uma terra onde não chove
porque a água congela, sinalizam nesta mesma direção. E
sabidamente tudo isto tem relação com a Lemúria e
Shambhala.45
Através de Fohat realiza-se a travessia dos elementos
densos para os elementos sutis. Qual a importância
cosmológica disto? Se trata da mesma ação criadora do
Gênesis de separar as “águas de cima” das “águas de baixo”,
definindo assim hierarquias sociais capazes de servir de
degraus entre o céu e a terra… A importância de tal Iniciação
45
Ver também sobre o simbolismo tradicional da “Pedra” no
Livro III, Estância III (Capítulo 28) e Estância IV (Capítulo 29),
adiante.
182
é tal, que Shambhala se anuncia ao verdadeiro Buscador
através de Sinais (sinos, perfumes, etc.) e o Discípulo Aceite
pode até privar com o próprio Rei do Mundo, uma deferência
que o coloca pois entre os raros Eleitos de Deus…
A partir da iluminação o Iniciado passa a tratar das
energias como uma realidade extremamente vívida e palpável
(já mesmo na sua própria forma física), com grande
“concreção” se isto é possível dizer, porque este é afinal o
mundo no qual ele passa a ter a sua vida, a sua consciência e
o seu ser. Infelizmente as pessoas não sabem tomar as
analogias corretas; analogias costumam ser úteis, sempre e
quando sejam as adequadas. Assim, ao invés de imaginar a
criação de um planeta, estes pesquisadores teriam chegado a
melhores resultados caso imaginassem a formação de uma
estrela –afinal, os sinais de que Fohat representa uma força
sutil, ígnea e criadora também são amplamente dados. Fohat
é “apenas” um instrumento mental de magia espiritual e não
uma força para criar coisas materiais. Tampouco se entende
por vezes a diferença entre Fohat e Kundalini, quando na
verdade um é o maçarico e o outro é a fogueira. Pouco se
pode conhecer de Kundalini portanto sem o emprego de
Fohat, especialmente nas etapas superiores da sua ascensão.
E assim temos a individualização superior das Mônadas
alcançada pela Terceira raça-raiz através da Iniciação solar. O
tema será não obstante aprofundado no próximo segmento
das “Estâncias de Dzyan”.
183
Capítulo 5
A Hierarquia e o Manvantara
184
Estes Mestres e Iniciados formaram então a Grande
Fraternidade Branca no planeta, pontificando na cúpula da
cultura mundial ao determinar os rumos da cultura superior do
mundo. Talvez por esta razão, o presente segmento ainda
descreve a atividade criativa das Hierarquias através da força de
Fohat, o “turbilhão de fogo” (ou o “condensador de energia”),
gerador de vida e instrumento primordial de iluminação. Este é
um “detalhe” muito importante porque tal informação será
pouco desenvolvida na própria literatura teosófica, ainda que
Alice A. Bailey já venha a tratar da questão com certa
desenvoltura dentro do seu próprio ciclo de Ensinamentos.
Apesar da Humanidade ser desta forma tutelada, a verdadeira
questão aqui estaria isto sim na especialização das tarefas, ou
numa colaboração prática onde a Humanidade deve se organizar
para acolher as Hierarquias sob diferentes formas, enquanto
passa a ser por esta orientada. Certamente seria algo muito
relativo dizer que os alunos são “servos” dos seus professores,
ou que os filhos são “escravos” dos seus país -quase se poderia
dizer então antes o contrário, considerando o quão abnegado e
sofrido resulta o trabalho destas Hierarquias.
O grande problema da “falsa autonomia” humana, retratada
no Pecado Original bíblico da desobediência, está que a
humanidade conhece pouco dos verdadeiros desafios que subjaz
à sua própria condição, que são também questões sutis e muitas
vezes subjetivas. Antes do Mal se manifestar expressamente no
mundo, ele terá necessariamente sido acolhido nos corações das
pessoas, daí ser este o verdadeiro campo de trabalho das
Hierarquias, ou seja: na educação com tudo o que isto implica na
185
prática, incluindo a própria educação espiritual (moral,
simbólica, técnica, etc.).
Por mais céticos que seja alguém, honestamente falando ele
não poderia furtar-se de admitir que o passado da humanidade
vela muita coisa assombrosa, inclusive no sentido positivo.
Obviamente existe também muito que as pessoas não
compreendem, porque as lacunas culturais que se abriram desde
então são profundas.
Por outro lado, necessitamos advertir seriamente aqui, sobre
quão grande revolução espiritual tem representado a presente
Ronda de evolução, apesar de se tratar de um Manvantara ou,
desde o ponto de vista das Hierarquias por esta razão mesma.
Ora, a humanidade hoje já pode celebrar Dez mil anos da
presença da atual Hierarquia trabalhando para gerar luz sobre o
mundo, um Número redondo e perfeito para sinalizar que a
Tarefa da Ronda encontra-se praticamente cumprida já, restando
agora somente organizar as novas Forças da Transição, como
soer mesmo acontecer no “Sétimo Dia da Criação”, que é o Dia
do repouso divino, no caso a Sétima Era Astrológica da Ronda
atual que é a Era de Aquário (análoga à de Leão na Ronda
anterior). Tais esforços tem sido pois realizados não raro a um
alto custo para reenquilibrar o carma da Terra pois, além dos
miasmas que a própria humanidade continuamente produz,
também existem egrégoras e energias poderosas herdadas do
passado longínquo do planeta e que até hoje seguem muito
ativas e poderosas. Mesmo assim a Hierarquia ansiava pela
chegada deste Momento cósmico porque a “Seara do mundo
estava madura para realizar a sua colheita”, desde o ângulo da
186
espiritualidade real humana, que é aquela do coração ou da
verdadeira iluminação espiritual.
A ideia geral sugere que a Criação (ou Manvantara, o “Dia
de Brahma”) representa um alvorecer a ser celebrado no mundo,
quando na verdade apenas de uma forma relativa tal coisa pode
ser praticada. Sempre existe sim um avanço, afinal tem-se as
Hierarquias presentes, e ainda assim sempre resta também o
caráter dramático inerente à manifestação das coisas. Não
obstante, uma visão da evolução desde o ângulo da Hierarquia
como apresentam as Estâncias, certamente tem apenas a celebrar
a grandiosidade do seu próprio abnegado trabalho de redenção
planetária.
Afinal não seria possível dizer que o Dia de Brahma
representa apenas um ciclo “humano”, uma vez que a Hierarquia
acompanha e supervisiona os passos da humanidade e, mais
ainda, determina também muitas das suas pautas. É graças e este
trabalho conjunto que o progresso das coisas é possível. As
Hierarquias conferem visão e poder de síntese, e a Humanidade
age como executiva e aprendiz da evolução. Por outro lado,
podemos sim afirmar que a Humanidade é que determina as
grandes pautas, e que a Hierarquia trabalha para disciplinar tais
tendências e extrair o seu melhor.
Graças a isto a energia do planeta tem podido se elevar cada
vez mais, trazendo maior liberação das consciências e o
crescimento do alento vital na sua atmosfera. Com efeito, a
Quarta Ronda viu o nascimento da verdadeira cultura solar,
inicialmente a nível de Personalidade na Lemúria, logo a nível
de Alma na Atlântida e finamente a nível de Espírito na
187
Aryavartha, até a chegada do glorioso “Dia que Sê Conosco”
das Hierarquias de Luz na chamada Telúria emergente.
A verdadeira luz espiritual é “acesa” no começo da Quarta
Ronda na Atlântida, quando se instaura a cultura da iluminação
espiritual plena. Desde então a Hierarquia tem buscado
perpetuar a presença dos iluminados sobre a Terra, a fim de
manter acesa a luz espiritual na humanidade. Aqui é muito
importante refletir esotericamente nas palavras do Cristo quando
diz, pontualmente: “Enquanto eu estiver no mundo Eu Sou a luz
do mundo” (João 9:5).
Certamente a luz dos Mestres não se apaga quando eles
abandonam o mundo, porém atenua-se bastante a sua influência
direta, sendo necessário haver daí uma sucessão de Portadores
da Chama ao modo de uma corrida de bastões. Não fosse assim
quase não haveria a necessidade de haver uma Loja Branca
durante o Manvantara, afinal o poder de ação pessoal direta no
mundo da Hierarquia é sempre muito tênue e depende da
aceitação das pessoas para replicar e multiplicar as virtudes dos
Mestres, coisa que na prática apenas se alcanca em certos
períodos e determinadas condições da humanidade.
Ainda assim, se existe um Dia de Brahma é apenas porque
também existe esta Luz espiritual para iluminar o mundo -
porque esta é a única verdadeira “luz que nasce para todos” (Mt
5:45)-, do contrário as trevas deste período seriam até bem mais
densas que aquelas do Pralaya, quando o mundo meramente
repousa fatigado das pressões sofridas durante o próprio
Manvantara, sob a proteção dos seus próprios Anjos Guardiães.
188
A manutenção da liberdade e da consciência é realizada pela
Hierarquia no decurso de todo o Manvantara. Mesmo com todo
o esforço da Hierarquia chega um momento final em que o caos
inevitavelmente se instaura e a destruição vem a tona. Se não
fosse a intervenção da Hierarquia haveria apenas a
inconsciência, a escravidão e o Caos mais completo sobre a
Terra e está já não sobreviveria.
Dito isto, tampouco cabe imaginar que tudo são flores,
porque este tour du force que a Hierarquia realiza neste ciclo
mundial tampouco é suficiente para cumprir todo o necessário.
Contudo um Dia Maior já se anuncia, que é a Quinta Ronda
quando as energias ascendentes realmente emergirão no mundo.
Na nova Ronda que se aproxima, que será um Pralaya, o mundo
regressará ao seu Repouso cíclico, e ali sim as coisas deverão
começar a se harmonizar em definitivo, mesmo sem uma
assistência hierárquica tão direta como a Humanidade recebe no
decurso do Manvantara. Porque apenas então, e somente ali, e
apesar de todas as dores passadas, poderemos dizer haver
chegado por fim “o Dia em que Deus será conosco” -
Emmanuel.46
46
Ver sobre isto também no Capítulo intitulado “A importância da
Ronda atual” no Volume I (“Cosmosíntese”) da nossa “A Doutrina
Secreta Revelada”.
189
A Cronologia
190
As sociedades antigas costumavam manter calendários
paralelos, especialmente um voltado para as questões religiosas
e outro direcionado para as coisas temporais como as colheitas.
Comumente se tratava de calendários solar e lunar respecti-
vamente. Depois que a questão espiritual perdeu importância no
mundo, sobretudo a partir do Helenismo (na emergência de uma
Era Negativa, a de Peixes), tais calendários começaram a ser
fundidos num só, com propósitos estritamente pragmáticos.
Resgatar a tradição é repensar também na importância de
recuperar estas variedades de tempo, que na própria Grécia
tinham as suas diferentes designações como nas formas de
Kairos e Kronos para os tempos espirituais e material
respectivamente (também retratados nas regências de Saturno
em Aquário e Capricórnio). Realizar opções nesta área de
estudos históricos ou metafísicos do Manvantara, certamente
contribui nesta direção e na própria organização mental correta e
alinhada do estudante com a verdadeira evolução das coisas.
Diante disto restam os desafios com a dita “cronologia
esotérica”, da qual apenas podemos esperar um misto quase
inextrincável de segredos com imprecisões. Vale por isto citar
aqui novamente Blavatsky, que é talvez a grande fonte de
difusão deste tipo de “cronologia” do esoterismo moderno:
“A Doutrina Secreta dá de quatro a cinco milhões de
anos para o período ocorrido entre o início e a evolução
final da quarta raça-raiz, no continente Lêmuro-
Atlantiano; um milhão de anos para a quinta, ou raça-raiz
ariana, da sua fundação até nossos dias; e cerca de 850.000
anos desde a submersão da última grande península da
grande Atlântida. A cronologia esotérica não deve
191
amedrontar a quem quer que seja; isso porque, no tocante
aos números, as grandes autoridades (científicas)
modernas são tão instáveis e incertas como as ondas do
Mediterrâneo. E só no tocante à duração dos períodos
geológicos, os sábios da Royal Society estão inteiramente
à deriva, saltando com a maior facilidade de um milhão
até quinhentos milhões de anos.” (Doutrina Secreta,
Volume III)
A conclusão da frase deixa claro pois que as supostas
imprecisões da Ciência da época daria margem para a aceitação
dos “ciclos esotéricos” ao menos como “hipótese de trabalho”.
O que podemos porém tentar tirar de proveito deste
conturbado texto? Empregando a tradicional Chave Védica de
conversão dos ciclos do Manvantata (ver a respeito no Prefácio
da presente obra, intitulado “A hermenêutica das Estâncias”),
que é o valor 360, teremos dados como:
A CRONOLOGIA DILUVIANA
4 milhões de anos / 360 = 11.111 anos
Ou seja, a data corresponde muito bem ao dilúvio atlante de
Platão, e se aproxima do começo da Atlântida na Era de Câncer
há 10.600 anos. Porém nada mais do que isto –a menos que com
a expressão “Lêmuro-Atlantiano” dada, haja a intenção de
incluir estas duas Raças... Às vezes nós também costumamos
designar a presente Ronda como “A Grande Atlântida”, e neste
caso o ciclo mencionado por HPB até abarcaria também a isto.
Os cálculos que Blavatsky oferece em seguida para a Raça
Árya completa, que é de cerca de 1.500.000 anos (ou 210.000
anos cada Sub-raça) -à parte a grande assimetria com o ciclo
192
atlante dado, o que apenas conspira a favor das outras hipóteses
dadas-, também resulta interessante sob tais luzes.
Um dos conceitos mais tradicionais de Raça-raiz é o caldeu
de duplo-signo, ou seja: 4.320 anos, e que permite encerrar até
seis Raças contíguas dentro do Sistema Solar. Apliquemos pois
o mesmo fator às inversas agora:
CRONOLOGIA RACIAL I
4.320 anos x 360 = 1.555.200 anos
Não obstante, as Doutrinas do Tempo podem nem sempre ser
são algo simples, havendo divisões do tempo paralelas como é
aquela das raças de cinco mil anos que ainda hoje coexistem na
própria Índia. Com efeito, aqui e ali também se acham cálculos
“esotéricos” sugestivos em Blavatsky e em Bailey nesta direção,
mas acima de tudo é nas próprias Estâncias de Dzyan que tal
estrutura emerge com toda a eloquência através dos seus
símbolos herméticos e riqueza de descrição astrológica, como
tratamos de demonstrar ao longo dos estudos das mesmas no
presente Volume.
E assim, chegaremos a um resultado final através do seguinte
cômputo:
CRONOLOGIA RACIAL II
5.000 anos x 360 = 1.800.000 anos
Naturalmente, estaremos trabalhando a princípio apenas com
o primeiro valor. Devemos notar que os Maias também tinham
uma cosmologia muito semelhante à das Estâncias de Dzyan,
como poderemos observar melhor no nosso Capítulo 10
intitulado “O nascimento das Raças” (na Abertura do Livro II
193
deste Volume), e seus ciclos “raciais” também comportam
medidas desse teor como é sabido. Não é de surpreender
portanto que as doutrinas de Eras solares revelem-se assim como
apenas mais um setor da mesma Filosofia do Tempo do
Manvantara, elas que usam as mesmos terminologias comuns,
revelando-se daí apenas como “rodas dentro de rodas”.
Uma das provas da pertinência deste ciclo é justamente por
analogia. Em um “ensaio inconcluso” de Blavatsky intitulado
“Sobre Ciclos Cósmicos, Manvantara e Rondas”, publicado
originalmente no The Theosophist, Vol. LXXIX, (Março de
1958, pp. 367-72), a Autora escreveu:
“A Doutrina Secreta nos diz que: — O número de anos
passados, desde o Dhyan Chohan, conhecido na Índia
como Manu Vaivasvata, inauguraram o Manvantara
humano em nosso planeta D, na Ronda presente — é igual
a 18.618.725 anos.
CRONOLOGIA DO KALPA ATUAL
18.618.725 anos / 360 = 51.718,6
Como é comum as atribuições destes grandes ciclos resulta
vaga ou confusa, no caso em relaçã ao Manu Vaivasvata, que
seria neste caso como o Adi-Kumara original. O certo porém é
que neste ciclo, devidamente racionalizado, temos a exata conta
dos Dois Sistema Solares já percorridas pela nossa espécie em
seu curso superior de evolução, em termos perfeitamente
científicos portanto.
Com efeito, Blavatsky mesma concorda que os grandes
números são véus ou “exotéricos”. Duz ela no mesmo ensaio
acerca destes “cálculos exotéricos de los Brahmanes”:
194
“E temos explicado estes processos porque sabemos
que nenhum dos números exactos serão dados jamais, já
que eles pertenecem aos Mistérios das Iniciações e os
Secredos da oculta influência dos Números.”
Seja como for, com tudo isto, acreditamos já ser possível
encerrar as coisas com uma nota positiva quanto ao emprego
destas Chaves de conversão dos ciclos exotéricos da Doutrina
Secreta.
195
Capítulo 6
196
5. O Oi-Ha-Hou — as Trevas, o Sem Limites, ou o Não-
Número, Âdi-Nidâna, Svabhâvat.
I. O Âdi-Sanat, o Número; porque ele é Um.
II. A Voz da Palavra, Svabhâvat, os Números; porque ele é
Um e Nove.
III. O "Quadrado sem Forma".
E estes Três, encerrados no***, são o Quatro Sagrado; e os
Dez são o Universo Arûpa. Depois vêm os Filhos, os Sete
Combatentes, o Um, o Oitavo excluído, e seu Sopro, que é o
Artífice da Luz.
6. ...Em seguida, os Segundos Sete, que são os Lipika,
produzidos pelos Três. O Filho excluído é Um. Os "Filhos-
Sóis" são inumeráveis.”
LIVRO I. ESTÂNCIA IV
197
nascentes, que é aquele de fomentar a Cultura Solar a nível de
Alma ou de iluminação verdadeira sob a “Cruz de Bodhi” de
que fala “A Voz do Silêncio”.
Trata-se pois da fundação da Segunda Loja da Hierarquia
intitulada Ibez, onde os Arhats (Iniciados de Quarto Grau)
tratam de orientar a raça Atlante na sua Segunda Iniciação no
decurso do período do Neolítico. Apenas então é que tal
conquista começa a se tornar uma realidade contínua na
humanidade, começando assim a afastar as antigas trevas
espirituais que acompanhavam longamente a humanidade e
trazendo muitas novas esperanças para a nossa espécie, entre
elas a da verdadeira imortalidade da Alma, fazendo tudo isto que
a nova Luz de Brahma seja uma realidade também espiritual.
198
De resto o verso declara a absoluta Unidade das coisas,
para além das aparências de mudanças. É muito antigo o
embate existente entre “Criacionismo versus
Evolucionismo”, o qual volta e meio produz grandes
rebuliços nas sociedades, quando na verdade não passa de
uma falsa questão. A sensação de que Ciência e Religião
competem pela descrição das Origens das coisas representa
uma ilusão docemente acalentada de parte a parte. Jamais e
em parte alguma as Teologias e os Gênesis das religiões
antigas tiveram a pretensão de descrever o surgimento ou a
evolução do mundo material, simplesmente porque nada está
mais longe do seu interesse que dar créditos à materialidade
das coisas, capaz de reduzir o poder de Deus ou do próprio
homem enquanto entidade dotada de livre arbítrio.
É lamentável que os próprios religiosos não compreendam
questão tão primária (talvez com medo de serem acusados de
“obscurantismo”?!), alimentando a ignorância daqueles que
criticam as narrativas criacionistas sobre origens do mundo
de seis mil anos como “simples contos infantis reminiscentes
de mentalidades pré-científicas” -problema para o qual a
“Filosofia de Salão” (infectada pela velha hybris que costuma
afastar a humanidade da “justa medida das coisas”) muitas
vezes pretende falsamente solucionar ostentando ciclos
materiais infinitos e indeterminados. As imensidões dos
ciclos orientais, sempre celebrados pelos teósofos como uma
tese de grande vocação científica, se enquadram apenas neste
limbo especulativo movido por matemáticos influenciados
pela visão objetivista do mundo, sendo tão somente
extrapolações dos conhecimentos regulares sobre a Evolução
199
espiritual da humanidade. Quando se diz que a existência
“não tem começo nem fim” isto não é nenhuma afirmação
cronológica absurda como os pseudo-místicos querem
acreditar, e sim uma condição ontológica atemporal. Por isto
vamos até citar Herman Hesse, um escritor da mística
popular, reforçando as nossas colocações:
“Não há outra realidade exceto aquela contida dentro
de nós. É por isso que a maioria das pessoas vivem
vidas irreais. Elas veem as imagens fora delas como
sendo ‘a realidade’. Assim nunca permitem ao mundo
interno afirmar a si mesmo.”
A própria Ciência volta e meio ensaia produzir alguma
teoria nesta direção, mas é severamente controlada por
aqueles para quem tal coisa é tabu por alimentar as visões
religiosas. A realidade porém é que aquilo tudo que os
chamados “mitos criadores” descrevem são também pura e
simplesmente coisas subjetivas empregando linguagem
simbólica, e o entendimento desta questão transcende o
“platonismo” para configurar a base de toda a cosmovisão
antiga e tradicional, incluindo boa parte dos pré-socráticos até
a chegada de Aristoteles. As únicas sínteses possíveis
passariam não tanto por visões evolucionistas como as de
Teilhard de Chardin -com sua indefinição prática do que se
possa pretender entender como um alfa-ômega absoluto das
coisas-, mas sim pela adoção da visão criacionista delimitada
à dimensão cultural -para a qual a própria Ciência pode
contribuir e à Religião realmente fundamentar-, na qual as
“Criações” religiosas não passariam mesmo de epifanias
transformadoras das coisas, não raro de efeito cíclico e
200
regular, sob intervenções divinas ou avatáricas capazes de
reconduzir as coisas para fora justamente das ilusões da
materialidade -mesmo que tal coisa também demande na
prática uns tantos éons para suceder, e que no final das contas
os Objetivos finais até possam incluir uma existência serena,
estável e equilibrada num Universo estabelecido “entre o céu
e a terra”.
201
imortalizada. Grandes são os Ensinamentos que os Mestres
receberam dos Divinos Manus, para orientar assim a
Humanidade pelos melhores caminhos possíveis de evolução
terrena e espiritual, afastando-se das ilusões e trapaças que as
Trevas colocam a cada passo no caminho dos homens.
Caberia notar aqui que o termo “Pais” (Pitris em sânscrito)
é tecnicamente muito preciso neste contexto em função do
próprio estágio evolutivo atual da humanidade. Citemos
então a nossa “A Doutrina Secreta Revelada”, Vol. I,
“Cosmosíntese”:
“Este quadro mais crítico da evolução humana segue
pois somente até o final do Terceiro Sistema Solar,
porque no Quarto já existe apenas um “acompa-
nhamento diante do Trono”, e depois o Iniciado já se
torna em definitivo “Mestre de si mesmo”; por assim
dizer. Isto significa pois que a Hierarquia ainda tem
pelo menos duas Rondas de trabalho dedicado fazendo
esta ponte entre céu e terra, ou entre Deus e a
humanidade -ao longo deste próximo Terceiro Sistema
Solar portanto, na consolidação do ‘tijolo’ tríplice da
evolução do nosso universo-, antes que chegue o
verdadeiro ‘Dia em que Será Conosco’…
“Este seria pois o papel das Hierarquias nos Quatro
Sistemas Solares de evolução, segundo as etapas da
evolução humana (note que cada etapa humana é dupla
–tipo “duas infâncias”- da mesma forma como cada
Sistema solar tem Pralaya e Manvantara):
1º Sistema (“infâncias”): Genitores (Yab-Yum)
202
2º Sistema (“adolescências”): Pais (Pitris)
3º Sistema (“adultez”): Mestres (Chohans)
4º Sistema (“maturidade”): Padrinhos (Dharmapitas)”47
47
Ver também a Nota inicial do Prólogo “O Canto do Cisne”,
acima.
203
suspeitaram disto. Por outro lado, em nada surpreende que os
Orientais possuam várias grafias (mais ou menos secretas)
para fazer alusão a símbolos tão universalmente difundidos, à
parte a sua conhecida imagem de Kundalini e outras ainda -
ver também a Estância III.7.
Ato seguinte, uma sequência numérica descreve
praticamente o valor de PI. Como já afirmamos o 3,1415 traz
o raio do Diâmetro cósmico que fecunda o Ovo do universo,
ao trazer a Semente do Logos através da Grande Fenda
gerada pelo Supremo Alinhamento dos ciclos. É o Dia da
Oportunidade para o mundo, a ocasião das grandes
revelações e também para a ascensão das energias para todos
aqueles que almejam a própria evolução. Ao dividir ou
alinhar assim o universo temporal, o PI espelha as coisas
num kosmos potencial -o “duas vezes sete, a soma total”, pela
geração das energias a serem trabalhadas nas Eras zodiacais
(o Sétimo estágio sendo sempre o próprio Fractal da
transição) –tal como se reflete no simbolismo duplicado de
Ajna Chakra.
Como sabem os estudantes da Doutrina Secreta, o
simbolismo do diâmetro é caro à cosmologia de Blavatsky,
retratando em particular a função “feminina” cósmica ou do
Segundo Logos. Citemos porém:
“O primeiro Logos é o não manifestado 'Pai', o
segundo Logos é a semi-manifestada 'Mãe', e o
Universo é o terceiro Logos da nossa filosofia ou
Brahmâ. Estes três Logoi podem ser vistos como os
símbolos personificados das três fases espirituais da
Evolução. No entanto, todos os três Logoi são um.
204
“Não há diferenciação com o Primeiro Logos; a
diferenciação só começa no Pensamento no Mundo
latente, do Segundo Logos, e recebe sua expressão
completa -isto é, torna-se a ‘Palavra’ feita carne- com o
Terceiro.
“O ponto dentro do círculo que não tem nem limites,
não pode ter qualquer nome ou atributo. Este primeiro
Logos não-manifestado é simultâneo com a linha
traçada através do diâmetro do Círculo. A primeira
linha ou diâmetro é a Mãe-Pai; dela procede o Segundo
Logos, que contém em si a Terceira Palavra
Manifestada.
“Parece haver uma grande confusão e mal-entendido
em relação ao primeiro e segundo logos. A primeira é a
potencialidade já presente mas ainda não manifestada
no peito de Pai-Mãe; a segunda é a coletividade
abstrata de criadores chamados "Demiurgo" pelos
gregos ou pelos construtores do Universo. O terceiro
logos é a diferenciação final do Segundo e a
individualização das Forças Cósmicas, das quais Fohat
é o chefe; pois Fohat é a síntese dos Sete Raios
Criativos ou Dhyan Chohans que procedem do terceiro
Logos.”
A conclusão do texto elucida pois ricamente quanto ao
Fohat que é ativado nas Raças mentais de final da Ronda (ver
Estância seguinte ou Livro I.V), como sucedeu na Terceira. A
sequência 3->1->4->1->5 da Estância aponta para os
procedimentos iniciáticos padrões com que a atual Hierarquia
está envolvida nas três escalas da Evolução. No Microcosmo
205
representa as unificações da Tríade da Personalidade e do
Quaternário do Espírito (numa aparente “inversão” praticada
também por Alice A. Bailey) na esfera da Alma, capaz de
remeter então ao processo do Adeptado pela sequência das
iniciações Terceira, Quarta e Quinta. No Mesocosmo
significou a transição da Terceira Raça para a Quarta via
iniciação e desta para a atual Quinta Raça da mesma maneira,
completando assim o ciclo da Civilização. E no Macrocosmo
representa as transições das Rondas diretamente envolvidas
hoje em processos evolutivos. A Humanidade da Terceira
ascendeu para a Hierarquia atual na transição da Quarta
Ronda, e a Humanidade atual fará o mesmo na transição da
Quinta Ronda -a qual com efeito já se anuncia, porque o
momento atual é propício e equivale àquele no qual tiverem
início os grandes preparativos na Ronda anterior pela teofania
dos Kumaras, como teremos a oportunidade de observar no
decurso dos presentes estudos.
Certamente existe uma valorização especial destas três
Rondas de evolução, não apenas por serem mais atuais, mas
porque existe uma premissa cósmica segunda a qual o
terceiro momento é aquele no qual as coisas começam
realmente a vir à manifestação, como uma forma de síntese
portanto. O Triângulo de Pitágoras 3-4-5 vela chaves
fundamentais para tudo aquilo que evolui dentro deste
contexto cósmico.
Não obstante, aqui também existe a indicação por vezes
feita pelos teósofos de que a primeira raça verdadeira da
Ronda atual (que é a Quarta) é a dita Quarta Raça-raiz (a
Atlante) e a segunda raça é a Quinta Raça-raiz (a Árya), que
206
são fatos com implicações maiores do que usualmente se
imagina -ver também a respeito deste simbolismo na Estância
V.6 na sequência.
207
campo da espiritualidade, a qual muita gente não estava
preparada para encarar dado o grande atavismo e poder
acumulado em torno da questão. As novas tecnologias
espirituais ainda não estavam acessíveis a muitos, e tal
situação demandou então uma grande evasão para novas
áreas para que outras formas de culto também pudessem se
desenvolver.
Mesmo porque questões econômicas também estavam
nisto implicadas, pelo decreto das pessoas começarem a criar
animais ao invés de caçar e a plantar ao invés de apenas
colher, já que o mundo tampouco suportava mais a demanda
humana. Tudo isto confrontava porém costumes milenares e
para os filósofos primitivos tal coisa soava muitas vezes
sacrílego. O resultado é que as maiores migrações até então
conhecidas seriam empreendidas, tamanho era a revolução
cultural em curso, e especialmente na direção de terras tão
longínquas como as Américas e as Ilhas do Pacífico, já que
todos os antigos Continentes conhecidos estavam dominados
pelas velhas culturas. Aos poucos algumas regiões também
foram sendo conquistadas no próprio coração do Velho
Mundo, ainda que Gobekli Tepe também revele apenas uma
cultura de transição e, notavelmente foi sofrendo
modificações até se extingor dois mil anos após (ver mais em
nossa obra “Atlântida – a Civilização Lunar”).
Por fim se anuncia a vinda dos “Mensageiros dos
Sagrados Pais”, os divinos Arcanjos e Kumaras que surgem
na ocasião da transição da Ronda para apoiar o trabalho do
novo Manu. Pôde-se ler a passagem também como o Sagrado
208
Quatérnio que surge através da Quarta Ronda nascente -
adiante voltaremos ao assunto.
209
Origens “sem Pai nem Mãe”. Pelo auto sacrifício perfeito tem
início uma linhagem sagrada de Luz renovada na Terra
210
é o Dez, o Número Solar ou do Logos, a semente dentro do
círculo, o Circumponto. Numa dada projeção, trata-se
também de uma alusão ao Número Maior 10 mil, símbolo do
ciclo consumado do Manvantara, pois a chegada do Kumara
acontece exatamente sob este marco da evolução da Terceira
Ronda, isto é: no final da Era de Virgem -e sempre
recordamos a perfeita simetria disto com os nossos tempos
atuais.48
O "Quadrado sem Forma" seria uma alusão genérica ao
princípio da Tétrade Superior ou Imaterial, composta
unicamente por Éteres ou Hiperelementos, como ocorre na
“transubstanciação” dos Elementos realizada pelos Arhats
emergentes na nova Raça e Ronda. Anuncia basicamente a
chegada da Quarta Ronda de evolução, com todos os avanços
que tal coisa representa na conformação da verdadeira ideia
de Humanidade. Deste modo se declara a Grande Missão do
Kumara, simbolizada pela Presença dos Quatro Kumaras na
ocasião, e mais especialmente de um Adi Buda de Quarta
Iniciação que é o próprio Sanat Kumara.
No encerramento tem-se a declaração redundante em
torno da conclusão do Grande Ciclo do Pralaya – atemporal
(“Ilimitado”) e sem forma (“Arupa”). E declara que na
48
Muito provavelmente, uma forma útil para compreender a
verdadeira dimensão do fractal das rondas (com seus dois mil anos),
está em se ter por base o período de todo um Sistema solar,
provocando os tais “signos duplos (sobrepostos) de transição”. A tese
é que a origem das divisões astrológicas em geral resida justamente
na Ciência dos Fractais - ver também a nossa obra “A Ciência do
Manvantara”.
211
sequência surgem “os Filhos, os Sete Combatentes, o Um”,
na forma da Loja Branca a ser organizada então, simbolizada
pela própria Chegada do Manvantara ou Dia de Brahma.
O Livro III das Estâncias (Capítulo 31) assim coloca as
circunstâncias de então:
“Chegou o momento manvantárico, a hora que
marcou o solene ponto de conjunção esperado por todas
as Tríades; chegou no prazo estipulado. Eis que o
trabalho foi feito.
“A hora que os sete grupos ‘purúshicos’ esperaram,
por milênios, cada um vibrando ao som da Palavra e
tentando adquirir mais poder, passou em um instante;
eis que a obra estava feita.” (Estância V:1)
O “Oitavo excluído” é a Missão oculta do Oitavo Buda,
Pratyeka, determinando os limites da atividade da Loja
Branca em manifestação. E por fim, trata do “Sopro” ou
manifestação desta Hierarquia, como a grande “Artífice da
Luz” do ciclo que chega então...
212
Menores regentes das Eras astrológicas, emanados pelo
Terceiro Logos (Shiva ou Espírito Santo). Novamente se trata
de Bodhisatwas, não alcançando a Oitava Hierarquia dos
Pratyekas, declarados como “excluídos” desta evolução por
não se manifestarem ativamente no mundo como é sabido.
Diz também a Doutrina Secreta:
“Os sete seres que existem no Sol são os sete Santos,
autogerados do poder inerente à matriz da substância
mãe. São eles que enviam as sete forças principais,
chamadas raios, que no princípio da dissolução serão
centralizadas em sete sóis destinados à próxima
evolução. A energia que infundem na existência
consciente de cada sol é o que algumas pessoas
chamam de Vishnu, que é o alento da
INCONDICIONALIDADE. Nós o chamamos de vida
manifestada una – que é, em si mesma, um reflexo do
Absoluto...” (Volume III: “Antropogênese”)
Por fim, os "Filhos-Sóis" são os Iniciados solares que, se
na Lemúria ainda eram poucos, agora na Nova Ronda se
tornarão “multidão”, e cada vez, já a partir da Quarta Raça-
raiz, a Atlante, que abre oficialmente a Quarta Ronda.
213
Capítulo 7
214
5. Fohat dá cinco passos, e constrói uma roda alada em cada
um dos ângulos do quadrado para os Quatro Santos... e seus
Exércitos.
6. Os Lipika circunscrevem o Triângulo, o Primeiro Um, o
Cubo, o Segundo Um e o Pentágono dentro do Ovo. É o Anel
chamado ‘Não Pássaras’, para os que descem e sobem; para os
que, durante o Kalpa, estão marchando para o Grande Dia ‘Sê
Conosco’... Assim foram formados os Arûpa e os Rûpa: da Luz
Única, Sete Luzes; de cada uma das Sete, sete vezes Sete Luzes.
As Rodas velam pelo Anel...”
LIVRO I. ESTÂNCIA V
49
Na verdade HPB partiu antes da análise dos ciclos maiores ou
“humanos” do Manvantara e sua inspiração foram os hominídeos,
215
vínculo possível entre Fohat e o materialismo do Manvantara, é
que a posse da técnica-Fohat habilita o ser humano a fazer
frente aos próprios desafios do materialismo, ao abrir as portas
para a verdadeira Iniciação e logo para a Iluminação mesma.
Fatos deste teor também alimentaram em alguns a teoria de
que o avanço dos Yugas poderia beneficiar a capacidade
iniciática da humanidade, no sentido de Fohat poder melhor
condensar as energias, conforme a premissa esotérica de
“sutilizar a matéria e densificar o espírito”. O simbolismo
oriental da coagulação do Oceano cósmico de leite (batido por
uma combinação de forças positivas e negativas) no contexto do
avatar Kurma segue nesta direção. Kurma aparece logo após
Matsya, o avatar-peixe que guia a arca do Manu na abertura do
Manvantara, quando as energias começar a adquirir maior
“densidade”.
A fim de bem compreender afirmações ocultistas como as das
Estâncias de Dzyan, sem confundir com uma geração de
processos mais densos (ou físico-materiais), cabe obervar pois
certas colocações de Alice A. Bailey comuns no “Tratado sobre
Fogo Cósmico”, a saber:
“Os sete planos principais de nosso sistema solar
constituem os sete subplanos do plano físico cósmico, e aí
reside a razão pela qual HPB (D.S., Vol.1) deu tanta
ênfase ao fato de que matéria e éter são termos sinônimos,
que o dito éter é encontrado em um ou mais o outro se
216
forma em todos os planos e é apenas uma graduação da
matéria atômica cósmica, chamada, quando
indiferenciada, mulaprakriti ou substância primordial pré-
genética, e quando diferenciada por Fohat (Vida
energizadora, o terceiro Logos ou Brahma) é conhecido
como prakriti ou matéria.”
Com isto queremos dizer pois que, desde um ponto-de-vista
cósmico, todos os planos a que temos acesso neste sistema solar
são formas de matéria, incluindo o próprio pensamento, ao
memso tempo em que este Sub-Plano Físico denso que
chamamos de “corpo físico” ou de “matéria densa” tampouco se
considera um princípio espiritual, entrando no seu lugar os
segmentos étericos mais sutis do próprio físico denso.
Trata-se portanto de setores basicamente iniciáticos, ainda
que fazendo menção em alguns momentos a processos cósmicos
ou hierárquicos da mesma forma, em especial no começo e no
final do segmento. Com isto se fornece as instruções básicas da
Iniciação solar, que é a evolução da Raça Árya como humanidade.
Estamos pois aqui no contexto da fundação da Terceira Loja
da Hierarquia intitulada Asgard, onde os Asekhas (Iniciados de
Quinto Grau) tratam de orientar a raça Arya na sua Terceira
Iniciação no período do Metalítico (vulgo “Idade do Metais”).
217
aqui já receberam diferentes acepções. Seguramente o verso
também pode indicar os Sete Chakras do corpo sutil. “Dragão
de Sabedoria”, não obstante, é um título que Alice A. Bailey
confere muito apropriadamente aos Adeptos de Quinta
Iniciação, pois o Dragão simboliza tradicionalmente a energia
da Quintessência, representado os Hierarcas da Quinta Raça-
raiz. Tal energia é classificada na culturas meso-americanas
como “movimento”, no sentido da integração e sublimação
das forças estáticas materiais, o que simbolicamente pode ser
relacionado ao “turbilhão de fogo” da iniciação superior.
218
A rigor estamos aqui no campo da Iniciação Solar, também
inspirada e orientada por Hierarquias internas da classe dos
Agnishwattas ou Anjos Solares, o Eu Superior ou Ego
Causal. Alice Bailey é uma ocultista que explana com
desenvoltura sobre a teoria e a prática da Iniciação Solar.
Citemos pois:
“Para o recebimento da terceira Iniciação, vários
requisitos são necessários, sendo o principal e mais
importante o uso intenso e um bom domínio da mente
ou manas. É óbvio que um caráter sólido e uma forte
disposição para servir à humanidade são condições
prévias. Na terceira Iniciação a Alma funde-se
plenamente com a personalidade. Ora, a Alma é
essencialmente mental. Ela é o resultado da ação da
Mônada em três átomos mentais, estando pois
localizada no plano mental superior ou causal. Para
ocorrer a fusão Alma-personalidade, o que significa o
domínio da Alma sobre a personalidade, é necessária
uma grande capacidade de usar a mente em suas duas
partes: a inferior ou concreta e a superior ou abstrata,
uma vez que, como já vimos, a Alma está situada no
mental abstrato.
“Na primeira Iniciação, que requer o domínio do
corpo físico e na segunda, que requer o domínio do
corpo emocional ou astral, o Iniciado ainda não
ingressou na Hierarquia Planetária, propriamente
falando, uma vez que ainda pode haver desvio para a
linha do mal. Mas na terceira, sendo impossível esse
desvio, o Iniciado consolida seu avanço para a
219
Hierarquia Planetária, passando a ser um auxiliar de
grande utilidade para Ela. Para a terceira Iniciação, o
Iniciado já tem de ter transmutado o desejo em
aspiração e a aspiração em vontade, não sendo
suficiente a devoção sozinha. Além disso, o
Antakarana, a ponte entre a Unidade Mental
Permanente e o Átomo Mental Permanente, já tem de
estar em fase final de construção, faltando apenas os
retoques finais, para o período entre as terceira e quarta
Iniciações, sendo que esta última normalmente é
recebida na encarnação seguinte àquela em que recebeu
a terceira. Ora, o Antakarana só pode ser construído
pelo uso intenso da mente, pela visualização e pelo
conhecimento da técnica para tal, a partir do cérebro
físico. Para a terceira Iniciação, a vontade e auto-
domínio têm de estar consolidados. O controle do corpo
emocional só pode ser conseguido a partir do corpo
mental. Na terceira Iniciação, a Mônada já está
fortemente aferrada à Alma e ao Loto Egoico, que é
feito de matéria mental superior, e assim Ela já está
enviando intensamente seu fogo elétrico para a Alma e
os veículos inferiores. Ora, fogo elétrico é vontade e a
vontade se expressa pela mente.” (“Tratado Sobre o
Fogo Cosmico”, pg. 392)
O texto transmite das Estâncias então uma chave de Magia
solar, ao declarar que o pensamento deve aprender a cavalgar
o fogo –ver também sobre Kriyâshakti no Livro II, VII.4
(Capítulo 18), adiante. Com isto a consciência atravessa
incólume as trevas astrais por adquirir uma frequência mais
220
alta. O texto avança ainda afirmando que assim se supera os
três e os cinco mundos, tal como, ao modo da Tábua de
Esmeraldas de Hermes, a mente permite subir e descer, ou
atuar livremente no mundo espiritual e no mundo material,
para tudo se estabilizar por fim num Estado médio liberto.
Conclui com uma frase que, como é comum, pode ter
muitos sentidos. Ocultamente, como estamos analisando,
“Ergue a sua Voz” se trata da elevação da frequência do
mantra solar, reunindo assim as energias acumuladas em prol
da iluminação. Com efeito, a frase liga-se diretamente à
seguinte em torno do tema das “Centelhas”, que podem
simbolizar tanto o Prana solar (trabalho alquímico) como as
Mônadas em evolução (trabalho social).
221
E uma distribuição bastante interessante é fornecida então
pelo texto, inspirada nas Direções Cardeais (ou, antes, ao
modo de um Sistema Solar), tal como se observa realmente
em algumas representações dos centros de energias (chakras).
Aqui jaz também o mistério da Pedra Cúbica da Maçonaria,
elevando o iniciado até a condição da sua ascensão espiritual,
na Sexta Iniciação de Chohan ou Ishwara, o Soberano. O
tema pode se associar ainda à distribuição das raças pelas
“Seis Terras” tratada no Livro II das Estâncias. Diz ademais o
Livro III (“Tratado Sobre Fogo Cósmico”), Capítulo 39:
“Muitos são os fogos circulantes, e muitos são os
círculos giratórios, mas somente quando as cores
complementares reconhecerem sua fonte de origem e
tudo for moldado aos sete, a culminação será
contemplada. Então se observará cada cor corretamente
adaptada e cessará a rotação.” (Estância XIII:4)
Antes da síntese é preciso haver a diferenciação. Os fogos
brotam do Caos pelo trabalho criador, e no final se fundem
novamente na Luz Una cessando assim toda a atividade
exterior, ainda que Maya permaneça como aparência.
222
Comentário: Após organizar deste modo o Microcosmo, o
Fogo da iluminação funde finalmente os últimos Centros
superiores (“o sexto ao sétimo - a coroa”). Os átomos vibram
em todos os chakras, e a energia da Sétima Hierarquia
(Lipika) desperta na coroa. O iniciado recebe a aprovação dos
Divinos Seres, os Registradores do Carma, que assim anotam
a sua libertação dos mundos cármicos. Com isto se cumpre a
primeira grande divinização do homem, e uma nova escala de
evolução é acessada. Surge o Nirmanakaya, a vestimenta de
Manifestação dos Budas, como uma forma ilusória de ser, ou
forma mayávica, sob os esforços de auto-geração das
Hierarquias Maiores. A partir daqui existe apenas a própria
evolução cósmica gloriosa dos Budas.
223
Poder-se-ia até incluir aqui o quadro completo da
avatarição planetária, onde os cinco passos em questão
seriam as cinco Hierarquias divinas que, nos termos budistas
são: Pratyeka, Manushi, Dhyani, Adi e Vajradhara. Este
último, como portador do Visvavajra (Duplo-Vajra ou Vajra-
Mandala) integraria a manifestação perfeita do Vajrakaya, o
“Veículo do Raio” que já expressa também os movimentos
atuais da transição planetária, agora que vivemos o
crepúsculo da Ronda onde se começa a vislumbrar também a
aurora da futura gloriosa Quinta Ronda de Evolução Mundial.
224
Hierarquia que vem evoluindo sem solução de continuidade
no Sistema Solar completo, tratando-se assim de uma à
humanidade anterior que na ocasião da transição das Rondas
assumiu o papel de Hierarquia ao tomar o Sendeiro Superior
de Serviço na Terra -ver também a respeito no Livro III desta
Obra, Capítulo 30 intitulado “A Transição do Quarto Globo”.
E este será pois o grande Campo das novas evoluções
raciais, dentro dos Dez mil anos que determina os limites
reais do Manvantara, para além do qual já alvorece o novo
Grande Momento da revelação divina, de forma semelhante à
como ocorrera na Ronda anterior nos tempos dos Kumaras.
Podemos entrever aqui o símbolo do Grande Arcano, com
sua base na transição Lemuriana e seu cume na nova
transição Teluriana, a raça que já hoje desponta nos
horizontes da evolução.
O texto afirma então que o mesmo processo acontece no
Pralaya (Arupa ou “sem forma”) e no Manvantara (Rupa ou
“com forma”): de uma Luz original emanada pelo Manu, Sete
Eras são emanadas com seus Avatares Lipikas, e dentro de
cada Raça formada também sete Sub-raças despontam. O
texto reafirma então que, nesta altura, os Construtores
entrevem os limites da sua evolução, e preparam-se para uma
nova transição cósmica.
225
Capítulo 8
226
naquela. Elas estão frias, ele as aquece. Estão secas, ele as
umedece. Brilham, ele as ventila e refresca. Assim procede
Fohat, de um a outro Crepúsculo, durante Sete Eternidades.
5. Na Quarta, os Filhos recebem ordem de criar suas Imagens.
Um Terço recusa-se Dois Terços obedecem. A Maldição é
proferida. Nascerão na Quarta; sofrerão e causarão sofrimento.
É a Primeira Guerra.
6. As Rodas mais antigas giravam para baixo e para cima...
Os frutos da Mãe enchiam o Todo. Houve combates renhidos
entre os Criadores e os Destruidores, e Combates renhidos pelo
Espaço; aparecendo e reaparecendo a Semente continuamente.
7. Faze os teus cálculos, ó Lanu, se queres saber a idade exata
da Pequena Roda. Seu Quarto Raio ‘é’ nossa Mãe. Alcança o
Quarto Fruto da Quarta Senda do Conhecimento que conduz ao
Nirvana, e tu compreenderás, porque verás...”
LIVRO I. ESTÂNCIA VI
227
Esotericamente falando, a ideia dos “Quatro Fogos” está
diretamente relacionada aos Quatro Elementos alquímicos. Um
dos significados ocultos dos “Elementos” está justamente nesta
evolução das energias, onde paradoxalmente “Terra” representa
a energia mais densa, lenta e fragmentária, e “Ar” a energia mais
refinada, veloz e unificada, quase um Éter portanto. Note-se
então que uma Idade de Ouro estaria associada ao noviciado
espiritual simbolizado pelo Elemento Terra. Neste aspecto, a
Idade de Ouro seria a mais espiritual sobretudo do ponto de vista
das formas, tal como das aparências, como uma espécie de
infância espiritual das raças, o que certamente tem alguma
relação com as suas eras mais primitivas também.
Na evolução racial haveria pois o paradoxo de que quanto
mais denso o período do mundo mais favoreceria também para a
cristalização da energia no sentido esotérico do termo, de
formação de “turbilhões” de energias destinados a formar as
dimensões superiores do Espírito. Por analogia na evolução
espiritual são as fases mais críticas que melhor podem induzir às
Altas Iniciações -contudo tais coisas se referem apenas aos
processos realmente iniciáticos e às vocações a eles
relacionados.
A descrição do Quarto Fogo -que tampouco é muito claramente
entrevisto ainda em HPB e mesmo em AAB- é porém dramatizada
nestas estânias dentro do contexto da Grande Guerra, anunciando
assim um final de ciclo maior. O contexto poderia à primeira vista
sugerir a Atlântida, mas na verdade se trata isto sim da “Nova
Atlântida” que é a Sexta Raça ora emergente, denominada Telúria,
destinada racialmente à sua Quarta Iniciação, de modo que nos
achamos aqui já também em pleno campo das profecias...
228
Trata-se pois da fundação da Quarta Loja da Hierarquia
intitulada Albion, onde os Chohans (Iniciados de Sexto Grau)
tratam de orientar a Raça Teluriana em sua própria Quarta
Iniciação (que é o elevado grau de Arhat) no período agora
entrante do Cristalítico (ou a “Idade dos Cristais”). Estas
informações não são abertamente dadas sequer no Livro II
destinado às Raças-raízes, limitando-se unicamente a metáforas
e a alegorias.
229
Comentário: Este sloka descreve então a formação dos
Sete Chakras, mas serve também para as instâncias maiores
do Mesocosmo e do Macrocosmo. Diz Blavatsky: “Isso
significa que, para fins formadores ou criativos, a Grande Lei
contém, ou melhor, modifica o perpétuo movimento universal
em sete pontos invisíveis dentro da área do Universo
manifestado. No Laya, apesar de tudo, há vida, assim como
existe no homem que está em estado de morte aparente (ver
D.S., I, 279).” (G.T, “Ponto Laya”)
Com isto a matéria-prima (“Elementais”), que pode ser as
classes sociais humanas, é organizada para servir aos
Propósitos da luz. Esta situação está destinada a perdurar pois
até o momento da iluminação do iogue ou da conclusão da
ronda no Manvantara, quando então um grande “eclipse” de
energias funde a tudo uma vez mais, para alavancar um novo
grande mommentum transformador do mundo.
230
“Criação” do mundo em “Sete dias” simbólicos e
correspondentes às Eras astrológicas.
Sobre a base do “Sete oculto”, passo a passo as coisas vão
se revelando ou exteriorizando e eclipsando as forças ocultas,
até que aparecem as “Sete Pequenas Rodas”, uma brotando
da outra num processo de construção ou acumulação de
energias –o que naturalmente corresponde ao mesmo antes
descrito em termos “matemáticos”. No esoterismo este
processo é também denominado como “Transferência de
Energias”, ocorrendo ora no sentido da manifestação no
Manvantara ou na direção do Imanifesto durante o Pralaya
(origem dos “centros Laya” portanto). No Pósfacio 2 (“O
Novo Pralaya”) desta Obra tomaremos a ideia no sentido
inverso, em prol das coisas da Quinta Ronda.
231
chakras sob a ação da força criadora. Tudo começa pois pela
reunião da “Poeira de Fogo”, que são as partículas do Prana
solar (que antes vimos como “Centelhas”), sob a ação da
“Energia Frictiva”. Segue naturalmente o movimento circular
da energia em acumulação, na atividade da “Energia
Magnética”, e já direcionando cada energia numa direção ou
extrato natural.
Através dos instrumentos do alquimista estas energias são
então retificadas ou aperfeiçoadas. O sopro do operador é o
Mantra que vibraciona, a lanterna do agente é a Luz que
refina, e a caldeira do executor é o Amor que aquece. É por
esta razão que, ao fim e ao cabo, Fohat é trino e procede das
virtudes do próprio Logos. Este trabalho de ajustes finais já
almeja alcançar o nível da “Energia Elétrica” irradiatória
relacionada à condição da Iniciação Solar que caracteriza a
humanidade árya (pois a própria Hierarquia sempre situa-se
num plano de trabalhos sempre dois degraus mais elevados,
ou uma Evolução-de-Ronda). O Livro III das Estâncias
(Capítulo 38) assim expõe o quadro:
“O núcleo interno do Fogo se oculta a si mesmo e só
é conhecido por meio da irradiação e daquilo que
irradia. Somente depois de consumir-se a fogueira e
quando já sinta o seu calor, o fogo pode ser conhecido.”
(Estância XII:2)
No verso seguinte trataremos melhor também da Quarta
Energia, chamado “o Plasma”. O sloka encerra belamente
então afirmando: “Assim procede Fohat, de um a outro
Crepúsculo, durante Sete Eternidades.” Percebe-se aí que o
trabalho de (com) Fohat é contínuo, mas também mereceria
232
destaque o seu papel nas grandes transições (“Crepúsculos”).
Considerando que a obra dos Construtores tinha em vista a
preparação para a chegada do Manvantara, soa evidente pois
que Fohat representa o próprio instrumento místico criador
capaz de desencadear com sucesso toda uma transição
planetária -e assim como ocorreu então também sucederá
agora, como veremos melhor no Posfácio 1 (“A Grande
Profecia”).
233
Estância VII retormaremos ao assunto. O cálculo porém é
simples: dentro de cada “Raça” (5.200 anos em dados exatos -
ver Capítulo 5 (“A Hierarquia e o Manvantara” neste
Volume) cabem 2,4 Eras astrológicas (cada Era com 2.160 anos
como se sabe). E no Livro III, IX (Capítulo 35) também se lê:
“Os rebeldes regozijaram-se internamente e
buscaram a paz praláyaca, até o sétimo aeon. Os
obedientes Filhos da Mente fizeram contato com os
Filhos do Coração e a evolução continuou seu caminho
em espiral.” (Estância IX:2)
Assim, muitos recurasam-se a servir no Manvantara
(palavra que significa “período entre dois Manus”), seja
encarnando, seja obedecendo as Determinações do Manu
para migrar ou mesmo para adotar culturalmente a Nova
Ordem de coisas, de teor sacerdotal.
Uma das provas que cerca este grau reside na própria
novidade da Quarta Raça em ascensão. Até agora esta
iniciação tem sido uma conquista da Hierarquia, e para
chegar a se tornar uma realidade social doravante, ela deverá
ser alcançada antes por um número substancial de aspirantes.
Este fato diz respeito ao Dharma cósmico da Quarta
Ronda, assumido já pela Quarta Raça antiga que é a Atlante,
tendo como ponta de lança os Arhats da sua Hierarquia
tutelar (que são os Primeiros Filhos da Ronda, a verdadeira
raiz da Hierarquia nascente), qual semeadura da evolução
racial até a chegada do “Dia em que Sê Conosco” no
crepúsculo da Ronda na colheita “cósmica” a ser realizada
pela raça Teluriana, que é a Quarta Raça desta Quarta Ronda,
234
quando todas as crises e glórias jamais possíveis à esta
humanidade despontarão seguramente, na conclusão da
Ronda atual e transição para a seguinte -ver certos detalhes
no Livro III, Estância XIII (Capítulo 39) da presente Obra.
Não obstante, ainda na Atlântida, as propostas desta
grande revolução de amor e sacrifício encontraram resistência
da parte do atavismo profundo, onde a terça parte dos
iniciados de então se sublevaram contra as novas
determinações do Manu. Assim tem início a Grande Guerra
mágica, registrada pelos orientais na forma do Ramayana, a
guerra do Avatar Rama, resultando também nos Decretos do
Manu Vaisvavata de migrar para disseminar a nova cultura.
As migrações americanas e a Queda da Atlântida (conforme
Platão) também integram o mesmo contexto, e que agora se
repetem de algum modo na transição da Quinta Ronda.
É apenas de esperar batalhas mágicas na esfera da Quarta
Iniciação! No mundo dos Arhats a concorrência pelo poder
espiritual costuma ser acirrada, não entre os próprios
iniciados, mas sim da parte daqueles que almejam desviar a
Hierarquia de cumprir os seus elevados propósitos de
salvação da humanidade, e em cuja cabeça encontra-se a
própria Loja Negra Planetária.
Este é o pois o verdadeiro sentido da Guerra Espiritual, e
também a razão pela qual os Arhats costumam perecer
quando recebem a sua iniciação (como bem sabem os
budistas), de modo que a ideia do auto-sacrifício na Cruz
Espiritual alcança um significado bastante literal. Aqueles
que sobrevivem geralmente estão destinados a avançar ainda
mais, mas isto não significa que deixem de ficar marcados de
235
muitas formas pela experiência capital da Cruz. Este quadro
acompanhou com efeito todo o curso do Manvantara, como
uma sombra a qual a Loja Branca tem se esforçado todo o
tempo por mitigar, com a poderosa ajuda de Shambhala, e
onde a atuação da Humanidade não deixa de ter também a
sua importância, especialmente na compreensão da
necessidade de colaborar ativamente com as próprias
Hierarquias de Luz.
A sentença destinada aos recalcitrantes “Nascerão na
Quarta” também pode sugerir que a Quarta Raça da presente
Ronda (ou Sexta Raça-raiz do sistema completo) chamada
Teluriana, será a última oportunidade para os rebeldes se
ajustarem ao Dharma. Ainda hoje vemos com efeito muita
gente excessivamente agarrada às primitivas práticas
xamanistas “pré-humanas”, quando deveriam dedicar-se à
Religião do Coração, da renúncia e do sacerdócio, ensinada
pelos Mestres de Compaixão, e que é a verdadeira marca
desta Ronda...
Esta quarta Raça terá acesso à poderosa Quarta Energia,
chamado “o Plasma”, gerará um quadro devera mais
complexo descrito nas estrofes que seguem. Não obstante, as
Estâncias do Tratado sobre o Fogo Cósmico apresentam uma
súmula do trabalho superior do mantra na iniciação, dentro
do avançado processo evocatório da “Terra Ardente”, nestes
termos:
“A trombeta da destruição soou. Enceguecedor era
o poder da chama que se aproximava. O tremor místico
sacudiu a caverna; as Chamas ígneas desintegram
Maya, e eis que o trabalho está feito.
236
“Se desvanecem as trevas e as penumbras; fendido
ficou o teto da caverna. Penetra a luz da vida; o calor
inspira. Os Senhores que observam, veem como o
trabalho começa. O quádruplo torna-se sete. A canção
das chamas se eleva para toda a criação. Chegou a hora
da realização.
“Prossegue novamente o trabalho. A criação
continua seu caminho enquanto aumenta a luz dentro da
caverna.” (Estância VI)
Até aqui o aspirante diligente organizou todos os
elementos da Senda que lhe permite posicionar-se ereto
diante do próprio Portal da Iniciação. No entanto ele descobre
que as Portas Eternas estão guardadas por poderosos
Guadiães que lhe pedirão o seu dízimo espiritual para
permitir a passagem, na cota no saldo do carma coletivo
ancestral que todo o verdadeiro Iniciado necessita pagar para
ter o direito de perfilar-se juntamente aos Espíritos Livres na
Eternidade. Não obstante, passaremos para isto a descrever
todo um cenário mítico e históricos de “Guerra dos Mundos”
-sempre lembrando que esta é apenas uma dentre várias
outras linhas possíveis de interpretação de um texto que se
pretende simbólico e genérico, quiçá com sete níveis de
leitura segundo algumas premissas da Doutrina Secreta.
237
Comentário: As “rodas antigas” -numa dada interpretação-
são as Raças Primordiais as quais a Hierarquia representa,
capacitando-se a orientar a humanidade da nova Ronda.
“Centros imperecíveis” são os locais sagrados da Tradição, os
Templos e Ashrams criados sob a orientação dos Mestres, e
nos quais todo o aspirante sério deve lançar as bases sólidas
da sua própria iniciação.
Neste sloka os relatos dramáticos da Grande Guerra se
ampliam. Como numa grande comoção cósmica, os círculos
de iniciados das Velhas Ordens (“rodas antigas”) se moviam
por todo lado e por diferentes planos, entrando em conflito
com as Novas Ordens. Ainda assim a Dispensação da Luz
(“Mãe”) alcançou se disseminar por toda parte seguindo o
Decreto Manúsico. O texto descreve conflitos generalizados
em todos os grupos, incluindo naturalmente pela posse dos
espaços, colocando continuamente em risco as vidas
(“Semente”) e a própria capacidade da criação de uma Nova
Ordem. Esta é pois é uma das razões para as migrações
decretadas, em função da grande ocupação humana então dos
territórios afro-euro-asiáticos ou do “Velho Mundo”.
O Livro III, Estância X (Capítulo 36) demonstra que
também haveria uma conciliação, através da chegada de um
Divino Mediador –ver adiante. O mundo estava em
transformações então, em parte do carma do próprio ser
humano, onde certamente muitos pereceram também, ou
foram declarados inaptos para seguir na evolução atual.
Consta que uma madição também foi declarada então -ver
Livro III, Estância IX:3 (Capítulo 35). E assim os rebeldes são
punidos por abusarem da sua própria liberdade, ao
238
pretenderem descumprir a sua parte no Plano ao qual havia
de início decidido pactuar.
239
Capítulo 9
240
Primeiro, e é um Metal e uma Pedra; passa ao Segundo, e eis
uma Planta; a Planta gira através de sete mutações, e vem a ser
um Animal Sagrado. Dos atributos combinados de todos esses,
forma-se Manu, o Pensador. Quem o forma? As Sete Vidas e a
Vida Una. Quem o completa? O Quíntuplo Lha. E quem
aperfeiçoa o último Corpo? O Peixe, o Pecado e Soma...
6. Desde o Primeiro Nascido, o Fio que une o Vigilante
Silencioso à sua Sombra torna-se mais e mais forte e radiante a
cada Mutação. A Luz do Sol da manhã se transformou no
esplendor do meio-dia...
7. ‘Eis a tua Roda atual’ — diz a Chama à Centelha. ‘Tu és eu
mesma, minha imagem e minha sombra. Eu me revesti de ti, e
tu és o Meu Vâham até o dia Sê Conosco, quando voltarás a ser
eu mesma, e os outros tu mesma e eu.’
Então os Construtores, metidos em sua primeira Vestimenta,
descem à radiante Terra, e reinam sobre os homens — que são
eles mesmos...”
241
Da mesma forma como na Estância III o tema da “Sétima
Eternidade”, relacionada ao “Despertar do Cosmos”, estava
associada à transição cósmica realizada na Era de Leão (ou a
sétima Era do Pralaya), agora podemos dizer que, numa outra
conclusão de coisas, esta Sétima Estância retrata uma nova
transição maior que incide especificamente sobre a Era de
Aquário (ou a sétima Era do Manvantara).
242
demanda racial e humana pela geração de Hansas (terceira
iniciação) e de Arhats (quarta iniciação), visando cumprir os
propósitos da transição e atender às demandas espirituais dos
ciclos de então –porém agora num “sentido descendente”,
como afirma textualmente a Estância, em relação ao
Manvantara portanto.
Declara então a unidade tácita da Hierarquia com esta
Humanidade em evolução, agora que os reinos conscientes
voltam a se fundir uma vez, na medida em que a atual
Hierarquia ascende ou se libera dos seus compromissos, e
que os iniciados desta Humanidade em evolução se assumem
como os rebentos de uma nova Hierarquia que, não obstante,
terá um destino mais interno ou oculto a cumprir no Pralaya
que se anuncia. E conclui afirmando então que estes Filhos da
Terra devem zelar pelo próprio planeta (“Bhumi”).
243
“Rodas dentro de rodas, esferas dentro de esferas, cada
uma segue seu curso e atrai ou rechaça a seu irmão,
ainda que não pode escapar dos brazos envolventes da
mãe.” (“O Antigo Comentário”)
Nunca será demais o entendimento dos significados do
trabalho oculto das Hierarquias, reflexo também da
importância da vida interior para a própria espécie humana.
Tais questões são tão pungentes que, à parte suas habituais
renúncias, os Mestres também sujeitam-se amiúde a enormes
restrições a fim de poder direcionar as suas próprias energias
com exclusividade para as coisas superiores, incluindo aqui
aquelas grandes energias que devem cultivar através das
muitas iniciações que alcançam, mesmo para sobreviver às
àrduas condições a que são para isto submetidos, tal como
reportam com frequência os mitos tradicionais, de modo a
convir se reavaliar também certas ideias que cercam as visões
correntes sobre um eventual trabalho “externo” ou mais
mundano destas Altas Hierarquias. Na prática, a ligação entre
os Mestres e a Humanidade deve ser realizada idealmente
pelos aspirantes e buscadores da luz, como na famosa “busca
pelo Santo Graal” ou a procura pelos Tulkus tibetanos
reencarnados, também presente na atuação dos Reis Magos
bíblicos, e desta forma os buscadores também tornam-se
discípulos e iniciados, relegando assim o verdadeiro
protagonismo a quem realmente cabe que é a própria
Humanidade.
Jamais se deveria exigir porém que o Graal se exponha e
nem tal coisa esperar, pois a sua verdadeira função é a da
Presença (Kundum em tibetano, um título espiritual dos
244
Dalais Lamas), ou da atividade “solar” espiritual capaz de
irradiar não apenas luz espiritual na atmosfera psíquica do
planeta como também Sabedoria segura para a humanidade.
Por tudo isto o sloka diz que “a vida precede a forma”, e
inclusive a ela sobrevive. Certamente deve haver uma
reciprocidade antes da Manifestação final. O Manu traz a
síntese suprema e atua como o elo de ligação entre todas as
coisas em evolução. Está além das castas e ao mesmo tempo
define e legítima a ordem social sob a luz das boas práticas
tradicionais.
245
Chama — Raios de Luz e Centelhas de uma Lua que se reflete
nas Ondas moventes de todos os Rios da Terra.”
Comentário: Esta estrofe faz uma apologia à unidade dos
Três Centros supracitados, destinados a atuar harmoni-
camente pelo bem da evolução do todo. A partir disto é
possível organizar uma nova evolução humana desde as suas
bases materiais, preenchendo assim toda a Terra com uma
nova onda de vida e de consciência superior. Certamente um
novo Decreto cósmico de dispersão e reforma de Civilização
é realizado sobre todo o planeta.
Mesmo quando todos os Continentes de encontrem
densamente povoados, sempre existem espaços vagos onde se
possa começar a semear coisas novas, afinal os verdadeiros
Filhos da Luz nunca necessitam muito para sobreviver.
Comumente a renovação ocorre em locais apartados, e na
verdade resulta uma Regra que a mudança comece mesmo de
maneira remota, antes que se fortaleça o suficiente para ser
capaz de afetar positivamente os velhos ambientes que
demandam uma intervenção compassiva e orientadora.
246
Comentário: Neste quinto sloka temos uma descrição da
evolução ou da formação dos reinos naturais através dos
“Sete mundos”. É neste tipo de simbolismo que devemos ser
mais cuidadosos na sua compreensão. Mineral, vegetal e
animal são etapas pretéritas à humana, porém tudo aqui é
apenas simbólico, inclusive o “humano” por extensão. Trata-
se antes de consciências física, emocional, mental e
espiritual, ou seja: a própria base quaternária ou Elemental da
evolução das Raças e mesmo dos planos ou chakras
individais. Sobre ela é que surge o Homem verdadeiro como
Pensador, o Adepto de quintessência, tal como o próprio
Manu na coroação desta evolução completa, e também “a
meio caminho” nas transições das Rondas pois, como ensina
a Teosofia, cada Sistema Solar possui dois Manus, o Manu-
Semente e o Manu-Raiz, destinados a “gerir” o Manvantara e
o Pralaya naturalmente.
A estrofe finaliza com alusões simbólicas ao ritual
tântrico conhecido como Panchamakara (ou Panchatattva),
também referido como as “Cinco Ms”, alusivo ao emprego
das “cinco substâncias transgressoras”, que são: madya
(álcool), māṃsa (carne), matsya (peixe), mudrā (grão de
libra) e maithuna (relação sexual).
Trata-se pois de tema esotérico que o tantrismo busca
encobrir com analogias. Este seria então um dos momentos
em que as Estâncias de Dzyan deixam a sua verdadeira
assinatura tântrica tradicional. O Panchamakara retrata
seguramente o ambiente de abundância da nobreza que
domimava o meio em que os Tantras nasceram e foram
desenvolvidos na região de Bengala, Índia, considerado
247
importante para a provisão das bases de uma cultura superior.
Citemos ademais:
“Talvez a diferença mais importante entre os tantras
hindus e budistas esteja na motivação para seu estudo e
prática. O propósito claramente declarado e reiterado
diariamente na tradição tibetana para empreender a
prática tântrica budista é libertar os seres vivos do
sofrimento. Essas práticas são feitas para produzir em si
mesmo as capacidades de um Buda para uso em
benefício do mundo. Isso é chamado de ideal do
Bodhisattva, pelo qual a pessoa sacrifica sua própria
liberação conquistada para ficar para trás e ajudar
outros seres em luta. Nos tantras hindus não há
preocupação em beneficiar ninguém além do
praticante.” (David Reigle, “O que são os Livros de
Kiu-te?”, High Country Theosophist 9.2, Fevereiro de
1994: 2-9)
248
melhor do Hinduísmo também penetrou no Budismo sem as
mazelas sociais que cedo maculou a este sistema social.
De todo modo, a questão envolve o processo do “Sendeiro
de Retorno” destinado à completação da evolução dos Budas,
previsto na etapa final do processo hermético onde diz:
“(...) desce novamente à Terra e recolhe a força das coisas
superiores e inferiores; pois desse modo obterás a glória do
mundo, e se afastarão de ti todas as trevas” (“Tábua de
Esmeraldas”). Para mais ver em nossa obra “Símbolos, Mitos
& Dogmas do Budismo”.
249
e tu és o Meu Vâham (“Veículo”) até o dia 'Sê Conosco', quando
voltarás a ser eu mesma, e os outros tu mesma e eu. Então os
Construtores, metidos em sua primeira Vestimenta, descem à
radiante Terra, e reinam sobre os homens — que são eles
mesmos...”
Comentário: Tal como na conclusão da estrofe anterior
(Estância VI.7), o verso declara na abertura a “atualidade”
destas últimas colocações deste Livro I das Estâncias de
Dzyan. Aqui a forma e a essência já se tornam um só, e cada
vez mais, em função das harmonias conquistadas no mundo.
Como acontece na Idade de Ouro, “os deuses” andarão
novamente entre os homens, posto haver uma proximidade e
identificação entre todos os reinos conscientes.
Esta é essência da magia do Pralaya, onde a ilusão nunca
é profunda e a ambição jamais é abissal. Não obstante, tal
referência sobre a descida dos Construtores para reinar sobre
os homens nesta “terra radiante”, faria alusão em primeiro
lugar à própria Raça Árya pois o texto concorda com os
termos como encerra o Livro II da sequência onde, na sua
Estância final (ou XIIa), a Quinta Raça é mostrada como
regida por verdadeiros “Reis Divinos” e na qual as Serpentes
de Sabedoria descem para “ensinar e instruir”. De modo que
seria preciso considerar ainda um grau bastante relativo de
redenção planetária; comparativamente ao passado do
planeta, a presença regular dos Adeptos no planeta representa
já um positivo avanço, mas ainda assim muitas mazelas
todavia persistem, e mesmo a Raça Árya terminou
sucumbindo às Idades materialistas, como hoje o vemos (e
vivemos) claramente, trazendo por sua vez um grau de
250
perigos para o planeta e à própria humanidade jamais vistos,
considerando que muitos problemas aos quais a Hierarquia e
os sábios sempre se esforçaram por ajudar a humanidade a
superar agora retornam com grande força e temeraridade…
Com isto, é possível pensar que o texto das Estâncias foi
escrito (redigido, interpretado) à luz de um período mais
otimista, anterior ao momento realmente atual de final de
Quinta Raça, quando grandes incertezas voltam a pairar sobre
o futuro da espécie humana. De qualquer forma esta estrofe
anuncia que, a partir de então, as Hierarquias e a Humanidade
permanecerão mais próximas até o grande Dia em que “Sê
Conosco”, quando todos Centros conscientes realmente se
reunirão sob a Síntese cósmica da transição planetária, o que
acontece já a partir da chamada Sexta Raça-Raiz, a qual não
chega porém a ser objeto destas Estâncias (diferente do
“Livro III”, adiante, ou Estâncias do “Tratado sobre o Fogo
Cósmico”), ao menos na aparência, como esclarecemos
melhor no Capítulo 24 final do Livro II por nós inserido e
intitulado “As Raça Futuras”.
251
LIVRO II
Antropologia
252
Capítulo 10
254
ainda não tinham personalidade. Tinham Mónadas –
‘Sopros’ do Alento Único, tão impessoais como a fonte de
onde procediam. Tinham corpos, ou antes, sombras de
corpos, que, não conhecendo o pecado, eram sem Karma.
“Assim, como não havia Kâma-Loka -e muito menos
Nirvâna, nem Devachan-, pois as ‘Almas’ dos homens não
possuíam Egos pessoais, não podia haver períodos
intermediários entre as encarnações. Semelhante à Fênix,
o homem primordial ressuscitava passando do seu corpo
velho para um novo. De geração em geração tornava-se
cada vez mais sólido, mais perfeito fisicamente, em
harmonia com a lei da evolução, que é a Lei da Natureza.
A morte surgiu com o organismo físico já completo, e com
ela a decadênda moral.
“Esta explicação mostra, uma vez mais, como a religião
antiga, em seu simbolismo, está de acordo com a Doutrina
Universal.” (D.S., Vol. 4, Página 180)
Prevalece em nossos dias o chamado “mito civilizatório”,
levando as pessoas a quererem ver “avançadas civilizações” nas
raças antigas, como se a evolução espiritual não pudesse ocorrer
sem tais recursos. A Civilização nada mais é do que uma
ferramenta para enfrentar o materialismo do Manvantara e para
se tentar disseminar a luz nas culturas-de-massa ali
desenvolvidas.
No Pralaya do Mundo não existem sociedades-de-massa e as
Hierarquias se esforçam apenas para manter as coisas assim.
Digamos que a própria Natureza é uma aliada na espiritualidade
nesta altura. Imaginemos uma criança. Ela não pode ser entregue
255
às grandes batalhas da vida, seu lugar é no “sagrado recinto do
lar” ou da família. O “lar” das raças infantes é a própria
Natureza.
Contudo o homem civilizado também impõe uma ruptura
radical entre a infância e a madurez. Existe com efeito toda uma
“outra metade” da vida que esta cultura moderna procura
descartar, e nela estão a espiritualidade, o imaginário, o sensível,
o frágil, o lúdico e a magia. Costuma-se classificar os períodos
receptivos a estas coisas como “lunar” ou “matriarcal”. O
Pralaya é definitivamente um ciclo maior “matricial” do mundo.
Ali são gestadas as novas raças e é onde nascem novas
humanidades. A transição do Pralaya representa o grande parto
do mundo, ao passo que o seu oposto no Manvantara seria mais
como um despertar para a verdadeira maturidade, quiçá mesmo
num sentido mais espiritual e avançado do termo, se
considerarmos os resultados em termos raciais.
256
Comunidade”), falando em termos gerais. Com efeito, os textos
truncados e tardios que constituiem o Popol Vuh (quiçá já com
“influência cristã” como se costuma dizer), representam
exegeses “vivas” de certos calendários constantes em códices
pré-colombianos, da mesma forma como as Estâncias de Dzyan
vem a ser uma interpretação enriquecida de certas mandalas
tradicionais.
O livro maia também estaria dividido em dois segmentos
cosmológicos à maneira das Estâcias de Dzyan, um para as
primeiras Raças (“extintas”) e outro para as Raças atuais. A
primeira narrativa do Popol Vuh menciona de início a condição
anterior do mundo como um estado de silêncio e imobilidade,
onde havia apenas o o céu e o mar como no Gênesis cristão que
descreve as origens como águas primordiais sobre a quais
pairava o espírito de Deus. Primeiro foram criados os animais
mas foram destruídos por não saberem falar. Logo trata dos
esforços para a criação da humanidade da parte dos Divinos
Progenitores, que são sempre um par de Deuses, como um casal
dir-se-ia. Segue-se daí uma série de três tentativas de criar a
humanidade.
De início se tentou fazer o homem do barro e não deu certo
por falta de higidez e de capacidade para adorar aos deuses,
então tudo foi destruído. Logo segue-se um segundo esforço
orientado por um par de oráculos para criar o ser humano da
madeira, que até se dispersam pela terra mas terminam
fracassando por novamente não saberem invocar aos seus
criadores e tornando-se macacos -o que já pode até representar a
formação da terceira raça, pois o macaco costuma estar
associado com a mente inferior. No terceiro momento surge um
257
novo par de deuses que despertam a ira dos Senhores do Xibalba
(Inframundo) que tranformam os seres humanos em peixes
enquanto os deuses entram numa fogueira tornando-se o Sol e a
Lua. Num quarto e último esforço os deuses criam a
humanidade com a ajuda de quatro animais conhecedores do
milho, e assim a criação humana é por fim bem-sucedida. Esta
criação adquire consciência de si e finalmente dá graças aos seus
criadores, dando início assim à humanidade atual.
O Grande Silêncio original do mundo é o seu Pralaya ou a
Noite de Brahma. Nas culturas meso-americanas os deuses
supremos costumam ser duplicados, entre outros motivos para
contemplar o paralelismo dos ciclos. No Hinduísmo isto também
acontece através das duas categorias principais de avatares ditos
dasa para as 5 Raças (2x5 no caso) e rasa para as 12 Eras
Astrológicas que evoluem conjuntamente.
O que velaria o simbolismo da destruição dos animais
mudos?! Vemos que “animais” referem-se muitas vezes a
humanos imperfeitos, quiçá os próprios humanos do primeiro
Sistema Solar ou ainda anterior – há versões em que se tratam
de gigantes antigos e mudos. Raramente se fala do nosso
Primeiro Sistema Solar porque era muito primitivo. A estrutura
4-3-2-1 do Manvantara da atual Quarta Ronda atual seria apenas
uma síntese da evolução humana completa até agora.
Visivelmente, a estrutura da Terceira Ronda era de três raças, e a
da presente Quarta é de quatro raças. É fácil reduzir portanto que
a Primeira Ronda teria uma única raça e a Segunda Ronda teria
duas raças.
Os primeiros esforços de criação da humanidade dar-se-iam
então ali mesmo no Pralaya, e talvez justamente por não ter
258
dado certo é que o período se manteria assim mais tranquilo. As
humanidades que os divinos Progenitores tentaram então criar
obedecem a um simbolismo Elemental e de Reinos mais ou
menos combinados, envolvendo inicialmente humanos-minerais
(“lodo”), logo humanos-vegetais (“madeira”) e por fim
humanos-animais (“macaco”). Por detrás deste simbolismo
podem estar também alusões xamanistas em torno dos Reinos
com que a mística de cada raça travou relações mais íntimas.
De qualquer forma demonstra a forma pejorativa como as
Hierarquias encararam aquelas raças incapazes de louvar os seus
Criadores, o que traz um paralelo com as Estâncias onde as
Hierarquias não conseguem encontrar nas primeiras raças uma
capacidade para manifestar a energia de Manas.
Quando um texto sagrado afirma que os Senhores da Luz se
arrependeram de criar u’a humanidade ou decidiram destruí-la,
isto significa apenas que ele se esforçarm para salvar uma raça e
no final dela desistiram, permitindo com que ela mesma se auto-
destruíssse sob as influências das forças infernais que todavia
grassam no planeta. As Hierarquias encontram limites na sua
ação exatamente no plano do livre-arbítrio humano. A
transformação da última Raça do Pralaya em “peixes” por parte
dos Senhores do Inframundo representaria pois algo nesta
direção, relacionado quiçá ao dilúvio que comumente se
apresenta neste período de transição do mundo (na verdade cada
transição das raças e mundos está marcada por dilúvios no
Popol Vuh).
Enfim, todas as raças parecem ter sido ingratas com seus
criadores. Acontece que no Pralaya a humanidade não possui
uma relação muito próxima com os deuses, prevalecendo antes
259
um certo anarquismo espiritual. Além disto também haveria
poderosos setores de mentalidade radical e conservadora,
contrária aos desejos humanos de “progresso material”, quiçá
tão perigosos quanto os seus maliciosos opostos progressistas. O
episódio da Queda do Paraíso encontra aqui pois muitas
referências. É muito possível que os xamãs primitivos
empregassem então os seus grandes poderes para conter a
rebeldia humana, e em contraparte os homens não eram gratos
aos deuses. Segundo Bailey mesmo na Atlântida a Hierarquia se
valeria de métodos que hoje não seriam aceitos –ver o “Tratado
de Magia Branca”. Em Castaneda os místicos toltecas retificam
esta ideia declarando ainda que tais feiticeiros se aliavam aos
reis poderosos para criar terror na população.
260
No Popul Vuh, o último par de deuses alcança então disputar
em um jogo de bola os senhores de Xibalba que não queriam o
sucesso da humanidade, foram sacrificados mas ressuscitaram
nas formas do Sol e na Lua, o que confirmaria a chegada do
“Solstício cósmico de Verão” entre as Eras de Leão e de Câncer
na transição para o Manvantara. Neste exato momento os
Gêmeos disseram então: “Chegou o tempo de amanhecer, de
terminar a obra.” Aqui acha-se pois uma clara alusão à chegada
do Dia de Brahma, o Manvantara. Citemos:
“Este novo amanhecer é caracterizado pela colocação
de ‘três pedras no céu e pelo cultivo do milho como
fonte alimentar central, trazendo-nos de volta à quarta
etapa da história da criação do Popol Vuh e ao início da
era que caracteriza a atual expressão da humanidade.”Fonte
Vimos que o tema das “Pedras” é recorrente nas Estâncias,
podendo fazer alusão aos Três centros conscientes devidamente
harmonizados na transição planetária, a saber: a Humanidade, a
Hierarquia e Shambhala -ver Livro III. Estância IV:5 adiante
(Capítulo 29).
Os quatro animais que ajudam na criação do “homem de
milho” podem simbolizar raças ou até sub-raças -como as
últimas quatro sub-raças lemurianas que acataram as orientações
dos deuses para prosseguir atuando no Manvantara ao invés de
aproveitarem a oportunidade da transição para entrar no
Nirvana. Ora o milho é o grande símbolo da Civilização
neolítica ou atlante das Américas. Parece então que a
humanidade apenas se mostrou grata aos deuses quando a
Civilização foi “liberada” para finalmente acontecer, certamente
porque a própria Hierarquia também estava capacitada agora
261
para fornecer uma orientação “à altura” dos desafios de então. A
Segunda narrativa do Popol Vuh inicia então justamente neste
ponto e vai até o surgimento dos Maias-Quichés, tratando pois
da Quarta Ronda atual ou deste Manvantara, tendo neste caso
uma narrativa interrupta desde a Atlântida original até a
Atlântida das Américas.
Sobre a questão das Raças, cabe notar também as seguintes
linhas de Blavatsky:
“Elas são em número de sete e estão intimamente
relacionados com a doutrina da Cadeia planetária.
Admitida a natureza sétupla do homem, cada um de seus
princípios está relacionado a um plano, um planeta e uma
raça. As raças humanas nascem umas das outras, crescem,
desenvolvem-se, envelhecem e morrem. As sub-raças
seguem a mesma regra. Cada Raça-mãe, com suas
correspondentes sub-raças e inúmeras subdivisões em
famílias e tribos, é inteiramente diferente da Raça que a
precede e da que a segue. Cada uma das sete Raças, assim
como a menor divisão delas, é dividida em quatro idades:
ouro, prata, bronze e ferro.” (D. S., Volume 3)
Nesta breve descrição do Plano básico de evolução humana,
do protótipo das suas evoluções fundamentais, podemos
encontrar com efeito um relatório quase tão amplo como aquele
da Pedra do Sol asteca –abaixo apresentada com todos os seus
ricos detalhes-, a qual comporta realmente o Projeto evolutivo
de um completo Sistema Solar, com seus dois grandes arcos de
Manvantara e Pralaya estendendo-se por suas bordas como
duas grandes serpentes, e com as Cinco Grandes Eras Solares
(que são as Raças-raizes) no seu centro, achando-se a Quinta
262
Raça no coração de tudo na figura do deus-Sol -e note-se que as
presentes Estâncias também concluíram neste caso com a Quinta
Raça-raiz.
263
Civilizações específicas dentro das Raças, reunindo a formação
dos grupos sociais. O tema é especialmente tratado no Volume
IV (intitu-lado “Sociosíntese”) da nossa “Doutrina Secreta
Revelada”, como uma “nova verdadeira Chave” da Doutrina
Secreta...
264
Capítulo 11
265
4. Após grande sofrimento, ela descartou suas antigas Três
Peles, colocou as novas Sete Peles e se estabeleceu na
primeira.”
LIVRO II. ESTÂNCIA I
266
De modo que existe um estrito alinhamento entre todos
estes valores em especial, compartilhando de dinâmicas
semelhantes e ativando conjuntos de forças análogos.
Ademais, nas operações cabalísticas todos os valores que
evoluem ao ritmo ternário (como 4, 7, 10, 13, etc.) tem a sua
soma secreta final na Unidade.
A Unidade são as Fundações, Shambhala (“Olho Único”)
e o Manu, o Setenário é a completação ou perfeição do ciclo,
tal como sua transição abraçando a Unidade e a ela
retornando. Contudo, percebe-se ser comum nas Estâncias de
Dzyan a tendência de enfatizar a importância do quatro -as
pessoas estão mais acostumadas a valorizar o significado
culminante do sete, que aqui também se menciona em alusão
às Eras Astrológicas das Rondas. Acontece que a nossa
presente evolução se encontra realmente muito marcada pelo
quaternário, em função de estarmos na Quarta Ronda
Planetária, a Terra ser o Quarto Globo, e agora também
estarmos começando a Quarta Raça da Ronda atual. A
Teosofia costuma falar das “ondas de vida” que tem a sua
virada na quarta evolução, onde a onda alcança o seu estágio
mais material, depois voltando a ascender para as suas
origens espirituais, e tal coisa representa uma situação muito
atual. Tudo isto indica pois que após as complexas transições
que o planeta deverá viver nos tempos próximos, as coisas
deverão começar a melhorar em termos espirituais para a
Terra.
267
seus Sete Filhos ao Senhor da Sabedoria. Sete vezes ele te vê
mais perto de si, mais sete vezes ele te sente. Você proibiu seus
servos, os pequenos anéis, de coletar sua luz e sua cor, de
interceptar sua grande recompensa em seu caminho. Agora
envie o mesmo para o seu servidor’.”
Comentário: A Astrologia Esotérica convencionou
associar a Terra ao Quarto Globo de evolução e à Quarta
Ronda também. No começo deste Manvantara (que é
também a Quarta Ronda mundial), sentiu-se que não seria
possível fazer frente às suas densas coisas sem uma
assistência espiritual condizente de Hierarquias compassivas
e experientes. Somente forças assim superiores poderiam
barrar, disciplinar e equilibrar a onda de materialismo vindo
naturalmente com o Dia de Brahma. Na transição do
Manvantara apareceram então o Manu (“Senhor de Face
Resplandecente”) ou os Kumaras para permitir uma
alavancagem na espiritualidade da Terceira Ronda pela
iniciação solar, capacitando assim um grupo considerável de
aspirantes para ascender aos quadros hierárquicos num tempo
razoavelmente curto de evolução.
Não obstante, o sloka também revela a semente de um
conflito ligado à legitimação da espiritualidade nesta ronda,
inerente a própria organização da Hierarquia. Os “pequenos
anéis” são as Eras Astrológicas que também evoluem
concomitantemente com as Raças, dotadas de suas próprias
Ordens de Iniciados comumente ligados à religiões.
Acontece então que Ordens estritamente humanas não
foram autorizados a serem porta-vozes diretas das coisas do
Manu, uma vez que somente os verdadeiros iluminados é que
268
poderiam outorgar a grande elevação de conhecimentos
necessários para contrarrestar o grau de materialismo do Dia
de Brahma. Esta era pois uma das determinações capitais do
próprio Manu para o Manvantara (palavra que significa
“período entre Dois Manus”), quer dizer: uma Hierarquia
superiormente autorizada deveria haver doravante, instituindo
assim a Unificação Vicária Universal. E estas seriam pois
regras próprias para o próprio Manvantara, posto que o
Pralaya ainda permitiria condições menos rigorosas em
função de não haver tanto materialismo e poder concentrado,
por tampouco existir então uma cultura de massas. Mas nem
todos estavam preparados então para entender tais diferenças.
269
O Grande Manu atesta então a soberania espiritual sob a
qual a raça estava determinada pela Hierarquia, dotada como
está esta pelo dom seguro da imortalidade, a qual representa a
grande Meta a ser perseguida pela raça e em toda a ronda,
porém de uma forma correta e nova e não mais sob os erros
do passado.
Ao dirigir-se aos “filhos da Lua” (Soma) o sloka faz
alusão à humanidade atlante, regida pela Era de Câncer e
destinada a desenvolver o discipulado, que é um grau
secundário capaz de ser simbolizado também por este
luminar. Trata-se porém de uma condição mortal, dotada de
“sete peles” ou de materialidade intrínseca. A raça deve pois
esforçar-se por evoluir espiritualmente, e para isto novos
caminhos também são dados: não mais o anarquismo e o
experimentalismo, e sim o serviço ao próximo e à Escola
Iniciática dotada de pleno conhecimento-de-causa.
270
Atlântida, ela tinha por detrás o apoio de Shambhala e ainda
o amparo dos Seis Ocultos que são as Hierarquias nirvânicas
que, apesar de não atuarem encarnadas no planeta, ainda
davam o seu auxílio aos Mestres encarnados por detrás da
cena aparente das coisas.
E esta foi uma das bases sobre as quais humanidade
começou a deixar de se organizar como tribos mais ou menos
isoladas para viver como uma Civilização, mais centralizada
em torno dos templos sagrados com todo o seu simbolismo
unificador inerente. O sedentarismo e a agricultura já se
tornavam tendências da época em função do crescimento
populacional, de modo que a Hierarquia apenas tratou de
equilibrar as coisas com uma espiritualidade e cultura mais
elevada e melhor organizada –ver também sobre o
simbolismo da Cruz no Capítulo 7 (“A evolução das Raças
no Manvantara”). Além disto cabia superar o xamanismo em
favor da verdadeira religião sacerdotal de base solar ou
espiritual com foco no (chakra do) coração.
271
Capítulo 12
272
quatro faces. Eles lutaram com os homens-bode, com os
homens com cabeça de cachorro e com os homens com corpos
de peixe.
5. A Mãe Água, o Grande Mar, chorou. Ela se levantou,
desapareceu na Lua, que a criou, que a deu à luz.
5. Quando eles foram destruídos, a Mãe Terra ficou vazia. Ela
pediu para ser secada.”
273
“traduzido” (dividido em 360) em valores reais um crore
resulta em 27,7 mil, ou seja: o Grande Ano de Platão. Isto por
si só é importante, porém 30 vezes seria tempo demasiado
para esta evolução superior humana atual, já que recém
estamos encerrando dois ciclos desta natureza.
“Pedras que endureceram” seriam os corações que
perderam a sutileza, materializaram-se por assim dizer.
“Plantas duras que amoleceram” refere-se à perda da
disiciplina natural até então havida entre os iniciados. A
formação simbólica dos reinos ou dos Elementos descrita
vale para todos os ciclos. Mas quando o texto afirma que a
roda deitou de lado, isto é: girou o seu eixo até o seu oposto,
isto indica o translado de uma Ronda mundial.
Nota-se que a problemática descrita na sequência é
semelhante à apresentada na Estância anterior, do embate
entre os Eternos celestes e os Perecíveis lunares, aqui
chamados de “homens d’água”, que é o elemento da Raça
atlante e a razão do seu dilúvio. De modo que tem-se aqui
uma retomada “redundante” das narrativas, e en passant
desde o início do próprio Sistema Solar no Pralaya ao falar
do giro ou do deitamento do Eixo Polar (Vernal). Conclui-se
assim que a “cifra” de trinta crores indique simbolicamente
três rondas completas de evolução até os acontecimentos
narrados.
274
olharam... os Dhyânis vindos do resplandecente Pai-Mãe,
vieram das Regiões Brancas, das Mansões dos Mortais-
Imortais.”
Comentário: A estrofe sugere que o ciclo novo deu lugar à
raça psíquica (“de água”) atlante, afeita à magia e à
sensualidade, como produto físico e cultural das três raças do
Pralaya. Ao mesmo tempo anuncia a chegada dos Homens
Superiores, dotados de “inteligência espiritual”, oriundos dos
lugares elevados simbolizado como regiões Polares, também
conhecidas como “Morada dos mortais-imortais”, que é uma
expressão bem interessante, capaz de evocar a ideia grega dos
heróis ou dos semideuses, e mesmo algo sofisticado e realista
como o conceito de imortalidade espiritual…
275
coisas, por esta razão um procedimento de purificação é
determinado destinado a “secar” ou sanear o ambiente
psíquico todavia existente -de modo que surge aqui um
decreto ou procedimento de “anti-dilúvio”
Outro sentido inerente ao simbolismo do dilúvio era a
própria superpopulação do período, certamente muito menor
do que aquilo que hoje entendemos como tal, mas certamente
já capaz de impactar seriamente um mundo ainda acostumado
a contar apenas com os recursos espontaneamente oferecidos
pela Natureza, e que agora se via na contingência de
questionar hábitos arraigados pela simples falta de condições
para a subsistência. Eis que o mundo começava a se tornar
pequeno, e havia necessidade de pesquisar a possibilidade de
haver terras todavia desconhecida alhures, a fim de reduzir as
pressões que as novas urgências planetárias traziam, e
permitir assim uma harmonização das coisas antigas e novas,
dando “tempo ao tempo” para que as coisas fossem então se
acomodando.
276
que já estavam a serviço do Manu, com as hostes das Ordens
religiosas do novo Manvantara (“fogos”, “fogos do dia”,
“espíritos do alto”), e assim atuando tanto militar como
espiritualmente começaram a combater o velho atavismo
simbolizado no texto por seres evocativos dos reinos
elementos anteriores, mas todavia híbridos para a verdadeira
condição humana que de almejava implementar nesta Quarta
Ronda.
277
As grandes migrações da época certamente têm relação
com tudo isto. Almejava-se então purificar a Terra de todo o
seu longínquo passado de feitiçaria e da própria
superpopulação acumulada, então foi ordenada uma Grande
Dispersão (“pediu para ser secada”) a fim de que uma Nova
Ordem pudesse nascer sem os vícios da concorrência
religiosa e da disputa territorial. As notícias sobre a
existência das Américas trazidas pelos emissários do Manu
representaram a grande Senha para dar início ao processo.
Tudo que alguns podiam desejar agora era engrossar as
fileiras das grandes levas de migrantes que se dirigiam para
esta verdadeira Terra Prometida à qual inclusive muitos
seguidores do próprio Manu almejavam conhecer, entre
outros tantos que também foram compelidos a migrar nos
grandes conflitos ocorridos então.
278
Capítulo 13
279
Comentário: O “Senhor dos senhores” é o Manu, o Divino
Mentor. O tema das águas todavia persiste, lembrando a
cosmologia do Gênesis sobre as águas de cima e de baixo,
referente à necessidade de uma nova organização social
devidamente (leia-se: legitimamente) hierarquizada. Na
mitologia védica as castas formam o corpo do Purusha, o
Homem Celestial. O Manu certamente cerca-se então dos
homens mais puros e valorosos na esperança de alcançar os
seus superiores Objetivos.
Apesar da importância que o tema das castas possui no
Hinduísmo -de base ontológica ou espiritual, como
demonstra os vínculos diretos com os ashramas como graus
espirituais sociais-, a Doutrina Secreta passou ao largo deste
tipo de interpretação. Não é difícil ver razões para certas
correntes evitarem tratar de Sociologia Tradicional de uma
forma mais ostensiva, posto que o assunto amiúde desperta
polêmicas -afinal os tempos trouxeram realmente grandes
deturpações ao sistema- e nem sempre se conhece os
verdadeiros fundamentos. Não obstante a questão racial
também logo se tornaria algo tão sensível nos anos seguintes
à explosão da cultura Teosófica no mundo, que suas
consequências levam os cientistas hoje a tentarem negar a
realidade das raças. De todo modo no verdadeiro esoterismo
o foco sempre foi simbólico, espiritual ou iniciático. “Raças”
e “castas” são designações para extratos sociais espirituais de
diferentes magnitudes. A própria base das raças,
teosoficamente entendidas, é também social. As raças
possuem ou “são” iniciações grupais diretamente ligadas a
alguma casta em especial. O exemplo mais conhecido é o
280
fundamento aristocrático da Raça Árya, por ser a terceira
Raça-raiz da série atual (ou desta Ronda).
281
3. “Eles foram cada um para sua Terra destinada; Sete deles,
cada um para o seu Lote. Os Senhores da Chama ficaram para
trás. Eles não queriam ir; eles não quiseram criar.”
Comentário: A última estrofe da série indica que uma
Cosmocracia estava em pauta determinando sete regiões para
as raças ou etnias ou, pelo menos, para as Ordens que
estavam sendo assim geradas.
Informa porém que os Senhores da Chama não
participariam desta ordenação, permaneceriam antes nas
velhas terras como custódios locais a fim de administrar as
conquistas territoriais do Manu, eles que foram os primeiros a
conhecer as determinações manúsicas ainda na transição da
ronda. Arraigados há muito em suas terras, a herança dos
lemurianos preferiu cuidar do próprio território ancestral, ao
qual tinha direito moral frente a todos os movimentos
emergentes então, incluindo o próprio Manu que os protegeu
em nome dos bons serviços prestados em prol da transição
planetária.
Entre estes haveriam porém os rebedes da mesma forma,
falsos iniciados ou magos antigos que não aceitavam as
Novas Ordenações dadas.
282
Capítulo 14
283
‘Tem!’ disse o Exaustor de Águas. Mas a Respiração precisava
de uma Mente para abranger o Universo; ‘Não podemos dar
isso!" disseram os pais. ‘Eu nunca tive isso!’ disse o Espírito da
Terra. ‘A Forma seria consumida se eu desse a minha!’ -disse o
grande Fogo... O homem permaneceu um Bhûta vazio e sem
sentido... Assim o Desossado deu Vida àqueles que se tornaram
Homens com Ossos no Terceiro.”
284
física graças ao seu “poder” espiritual. A passagem oferece
ademais muita relação com o mito de Platão sobre os Divinos
Arcontes (ou “Pastores”) que cuidam das humanidades nos
Sete Continentes da Terra.
Muitas culturas antigas mencionam suas origens em certas
regiões setenárias, o fato está presente nos mitos orientais de
Shambhala (visível nas tradicionais mandalas tibetanas de
Shambhala) e nos meso-americanos de Aztlan através de
locais como aquele denominado Chicomóztoc ou “lugar das
sete covas”.
285
comparativamente estas novas raças eram como simples
sombras ou fantasmas daquelas primeiras.
286
os sete cegos, ou presente na recusa do Buda em fornecer
respostas simplistas para os questionamentos das pessoas
sobre a vida espiritual- traduz de forma bastante realista o
desnível existente entre as Hierarquias e a Humanidade. Há
que cuidar ademais contra os diferentes vícios e atrofias do
pensamento nos ambientes humanos.
287
os atributos graças aos deuses, mas não havia quem pudesse
dotar o homem de uma verdadeira inteligência, porque as
bases culturais para tal ainda não haviam sido formadas.
Paradoxalmente, este quadro perduraria por boa parte da
Terceira Ronda. Somente na Terceira Raça é que os
Patriarcas conseguiriam começar a colher os frutos dos seus
esforços, com o auxílio todavia do Manu cheada em meados
da Raça.
Vejamos porém um pouco daquilo que afirma o
“Glossário Teosófico”, sobre esta primeira Raça:
“Primeira Raça.- Surgiu sob a proteção do Sol (ou
melhor, de Urano, que a representa misticamente).
Como a consciência reside no plano átmico, essas
formas foram chamadas de Raça dos Deuses, filhos do
Yoga, (porque os Pitris emanaram suas sombras
(chhâyâs) enquanto eram entregues à meditação) e
nasceram de si mesmos, por não havê-los procriados
pais humanos.” (Blavaytsky)
Inicialmete o surgimemto “sob Urano” indica a Era de
Aquário (“regida” por Urano) a qual “abre” na prática a Sexta
raça-Raiz, a qual correspinde de fato à Raça-Original da
Ronda seguinte. A afirmação seguinte quanto à consciência
desta Raça residir no “Plano Átmico” (que equivale à Quinta
Iniciação) já traria certos problemas. Esta Sexta Raça-Raiz,
que é também a Quarta da Ronda atual, traz portanto a
Iniciação quaternária para a humanidade e a Iniciação
sêxtuple para a Hierarquia –entre ambos existe o
“Apostolado” que este sim terá a Quinta Iniciação.
288
De todo modo é preciso ter em vista se tratar do começo
de um novo Sistema Solar (“Ano de Platão”), a iniciar no
Solstício cósmico de inverno” ou na “Porta dos Deuses” de
Capricórnio, o que já contribui para a ideia de um ciclo
mundial iniciáti co. Pois se o Manvantara está relacionado à
humanidade, o Pralaya se relaciona melhor à Hierarquia, por
se tratar este do período mundial de formação de Hierarquias
solares. Como existem novas evoluções em vista, já não
ocorre uma tutela hierárquica, antes um amplo processo
experimental, donde prevalevecer os procesos autodidatas,
coisa que se simboliza então pela ideia anupadaka ou sem
genealogia espiritual (ou aparampara).
Passando por alto as descrições da curiosa “biologia”
imaginada por Blavatsky para estas raças, chegamos à outras
interessantes colocações quanto à tempo-espaço, a saber:
“Esta Raça residia no primeiro continente que
apareceu no globo, o pico do Monte Meru, a extre-
midade do Pólo Norte, o começo da imperecível Terra
Sagrada, a terra dos devas, também chamada
Swetadvîpa, a Ilha Branca ou Terra central, cujo clima
era como o de uma deliciosa primavera. Esta terra será
sucessivamente o berço de toda Raça humana sob o
Império de Dhruva, o Senhor da Estrela Polar, qualquer
que seja o ponto para o qual ele possa voltar após seu
nascimento.” (Blavatsky, Op. cit)
Bem entendido, a Terra Primordial não é de modo algum o
primeiro Continente físico do planeta, e sim aquele no qual
despota a Primeira Raça de um novo Ano cósmico, que no
caso é o próprio Continente Americano –e Blavatsky mesma
289
costumava associar Meru às Américas. Então, nesta acepção
a Hyperbórea realmente tocaria às Américas em primei-
ríssimo lugar...
A cor branca –simbolizada pelo gelo circumpolar- está
associada às questões primordiais, ou às sínteses originais. E
quanto a “esta terra ser sucessivamente o berço de toda Raça
humana”, isto já representa um erro textual, pois se trata isto
sim do surgimento de uma nova subespécie humana, sob o
arco das mudanças de Rondas. E sim, tudo isto acontece sob
a égide de Dhruva (ou Polaris), a Estrela Alfa da Constelação
da Ursa Menor, que despontará positivamente dentro de uns
200 anos -ou seja: quando realmemte iniciar a Era de
Aquário-, como a Estrela Polar desta Antiga Sexta Raça &
Nova Primeira Raça na Nova Ronda em ascensão.50
50
Como já foi dito aqui, um texto pode receber diversas formas
de distorções. Blavatsky coletou muita filosofia exótica e antiga pelo
mundo, portanto muito material sensível que, além de tudo, recebe o
crivo de uma interpretação pessoal nem sempre especializada.
Mesmo assim, é possível observar ainda muitas pérolas ocultas em
todas estas ponderações.
290
Capítulo 15
291
conhecidas doutrinas sociais hindus podem estar nas raízes
mesmas da espiritualidade destas primeiras Raças em evolução,
na visão dos Livros de Dzyan.
292
evolução se dá desde o setenário raiz refinando-se dentro do
imanifesto até a Unidade divina como fruto da evolução. Ao
passo que no Manvantara as coisas seguem um curso
inverso, iniciando as coisas sob o “guarda-chuva” do Sagrado
Uno para seguir evoluindo dentro da manifestação até
retornar ao setenário da completa materialidade.
Nos slokas seguintes todo este assunto ficará ainda mais
evidenciado.
293
a exsudação seria o Bakty Yoga (atividade devocional) da
Segunda Raça de discípulos. À luz de certas ideologias
orientais estas ideias não soam tão esdrúxulas como podem
parecer -e certamente muitíssimo menos que as visões meta-
realísticas de HPB sobre as raças. Lembremos pois que
estamos tratando com um Tantra que teve a sua origem na
Índia Medieval, onde era muito forte o espírito de revival em
relação à sua antiguidade árya em particular, e os Tantras
representam um dos mais luminosos frutos deste período.
Ora, se é verdade que existe um vínculo entre raças e
castas -quer dizer: cada Raça está diretamente ligada a uma
casta em especial-, também deverá haver necessariamente um
vínculo com os ashramas ou etapas espirituais de vida que
eram (e são) espécies de iniciações culturais da sociedade
hindu no Brahmanismo. Com isto corre-se até certo risco de
confundir raças com yugas -os quais são com efeito como os
ashramas da evolução mundial-, como ocorreu a Blavatsky,
porém a informação que se tem nas Estâncias são
basicamente deste mesmo teor. O importante mesmo aqui é
buscar a compreensão do simbolismo espiritual em tela.
Acontece então que o varnashranadharma, o “sistema das
castas cíclicas”, representa uma das mais avançadas e geniais
formulações sociais jamais realizadas pela humanidade,
representando uma autêntica projeção social da Sabedoria das
antigas Escolas Iniciáticas, e certamente muito afim ao
tantrismo. É claro que algo assim tão avançado teria
dificuldades para preservar a sua pureza e desde então é
quase um milagre que reste tanto ainda deste primoroso
modelo social, que certamente a Índia também dividiu com
294
muitas outras nações antigas, e apesar de encontrar-se hoje
quase em estado de ruínas.
Assim, esta identificação dos ashramas para estruturar o
Pralaya -e certamente também o Manvantara na sequência,
cujos Yugas também são perceptíveis nas Estâncias de
Dzyan-, pode ser uma prova a mais de que a estrutura destes
Yugas também pode ser usada analogamente para organizar
os próprios ashramas das castas -à maneira da Iniciação
Pitágorica baseada na Tetraktys portanto-, tal como propomos
em nossa obra “O Brahmanismo Social”.
Abaixo dispomos pois uma relação entre as duas
realidades:
1. Sudra (servidor): Brahmacharya (estudante casto)
2. Vaishya (agricultor): Grihastha (casado)
3. Kshatrya (guerreiro): Vanaprastha (instrutor)
4. Brahmane (sacerdote): Sannyasin (renunciante)
O tema pode ser perfeitamente extendido então às Raças
nas Rondas mediante analogias. Podemos dizer pois com
bastante segurança que os Tantras de Dzyan tomariam os
ashramas como modelos da espiritualidade racial -ao menos
durante o Pralaya deste Sistema Solar. Nós já vínhamos
trabalhando há tempos com a ideia do Manvantara como um
protótipo para os ashramas das castas hindus (ver a Obra
acima citada). As Estância de Dzyan apontam porém que a
relação direta seria antes com o Pralaya, mantendo dúbia a
hipótese anterior.
É preciso notar que a Terceira Ronda possui propensões
intelectuais por ativar ou “construir” (ou aperfeiçoar) o
295
terceiro plano que é o Mental. Existe pois uma analogia direta
com a cultura da Terceira Raça, tanto a própria Lemuriana
como a Árya melhor conhecida (e que é a terceira Raça da
Ronda atual). Naturalmente as coisas lá na Terceira Ronda
eram muito diferentes, e a idea de um Brahmacharya tinha
outro formato (cultura oral, etc.) mas a essência era
semelhante. Mesmo a etapa de Grihastha tinha conotações
intelectuais de orientação e organização doméstica como
atividades de transição, até chegar no Vanaprastha com sua
capacitação docente e política. Trata-se enfim da formação
dos três sub planos da Mente (donde o nome Trismegisto).
Mesmo assim os Senhores necessitaram aguardar até a
chegada da Terceira Raça para poderem orientar num sentido
espiritual ou iniciático maior, pois até chegar na verdadeira
Mente Criativa foi preciso formar antes a Mente Concreta e a
Mente Abstrata.
Outra questão importante neste caso, é que naquela
Terceira Ronda nem haveriam propriamente castas e apenas
ashramas mesmos. Da mesma forma como estes ashramas
estavam base das castas do Brahmanismo (e provavelmente
já do vedismo), estes mesmos ashramas teriam sido criados
no éon (ou Ronda) anterior para dar sustentação espiritual
para as castas no éon atual. Por conclusão, aquelas tampouco
eram raças nos termos como de entende nos termos atuais de
haver uma hierarquia social, porque com efeito nas culturas
xamanistas não haviam classes (ou castas) propriamente
ditas.
Talvez esta possibilidade até possa parecer utópica ou muito
avançada, considerando a extensão e a importância do
296
xamanismo nesta pré-história da humanidade. Contudo devemos
ser capazes de imaginar que fora justamente através de um
xamanismo cada vez mais evoluído, que estas conquistas
puderam ser alcançadas então.
297
Isto significa então que no Sistema Solar anterior houve
apenas três raças, uma na primeira ronda e duas na segunda,
de sorte que ao cabo do presente Sistema Solar se totalizara
um montante de 10 raças. Durante os tres longos períodos das
três Rondas anteriores foram sendo organizados pois as bases
da cultura humana ou do Homo sapiens sapiens, como
linguagem, estrutura familiar e uma estrutura social
elementar, entre outros elementos essenciais como uma
economia de subsistência, ao lado dos conhecimentos
espirituais naturalmente. Podemos dizer então que
“estrutural” e iniciaticamente a primeira Ronda foi mais
relacionada às organizações físicas material e espiritual
(economia e saúde -e tudo sendo trabalhado mais ou menos
ao mesmo tempo), a segunda à esfera emocional (família
material e espiritual -já sendo organizado em duas grandes
etapas principiais), a terceira à questão social (política e
justiça -tratadas por sua vez em três ciclos de organização), e
a presente quarta às realidades mais espirituais mesmas
(educação e religião -devidamente organizadas pelas quatro
raças da Ronda), tudo sempre em todas as dimensões dos
termos.
298
Comentário: Talvez a grande importância deste sloka
esteja na demonstração cabal do tradicional simbolismo das
“águas” para fazer uma alusão às gentes, tal como o Livro do
Apocalipse de João também confirma a certa altura ao dizer:
“As águas que viste, sobre as quais se assenta a prostituta, são
os povos, multidões, nações e línguas de toda a terra.”
(17:15) No mito de Criação do Genesis existe a separação das
águas (que Moisés também repete depois diante do Mar
Vermelho), de modo que a presente mistura de águas também
resulta como uma certa imaem de regresso ao Caos original.
À primeira vista, ou seguindo a exegese teosófica corrente,
o verso descreveria uma miscigenação no final da Primeira
raça, até ser absorvida pela Segunda. As cores raciais devem
ser vistas sobretudo em função do teor contrastante da
espiritualidade destas raças. Contudo sugeriria que os hábitos
positivos da primeira raça também foram assimilados pela
segunda. Contudo “asas” já podem indicar a Terceira Raça,
pois o Ar é um elemento terciário.
Não obstante, a questão das águas também pode significar
alterações da própria ordem social, onde a mistura das castas,
por exemplo, sempre foi considerada um grande mal para a
verdadeira Ordem tradicional, no sentido de prejudicar a
integridade das estruturas sociais. Esta pode ser considerada
pois uma questão capital para a hermenêutica tradicional –ver
também o Capítulo 40 “Fohat na Quarta Ronda”.
Por outro lado, o Budismo não endossa uma ênfase nas
castas, quase até pelo contrário, embora o Buda tamém
respeitasse as legítimas vocações.
299
Capítulo 16
300
ficaram duras e redondas. O sol a aquecia; a Lua o esfriou e o
formou; a respiração a alimentou até sua maturidade. Da Câmara
Estrelada, o Cisne Branco abrigou a grande Gota. O Ovo da
Raça futura, o Homem-Cisne da Terceira subseqüente. Primeiro
macho-fêmea, depois Homem e Mulher.”
Comentário: A presente estrofe apresenta uma clara
descrição alquímica contando com uma harmonização entre o
material e o espiritual para anunciar a chegada da Terceira
Raça a partir da Segunda Raça. A Terceira é descrita então
como Hansa (“Cisne”) que é a forma como a Terceira
Iniciação é conhecida na Índia. É sugerida então uma
evolução de consciência, posto que se na raça anterior os
humanos eram mais como macho e fêmea, ou de
comportamento animalesco, agora eles alcançam se
apresentar como verdadeiramente humanos enquanto homens
e mulheres.
Esotericamente a descrição sugere o trabalho de apuração
da energia causal. Os termos “Sol”, “Lua” e a “respiração”
denotam claramente as Hipóstases sagradas de Luz, Amor e
Som que fundamentam as tríades do trabalho espiritual ativo.
Desde o ângulo espiritual, o simbolismo do ovo está
presente na segunda iniciação (ovo virgem) e na terceira
iniciação (ovo galado), como na ideia do Ovo Causal da
Alma da Alquimia tradicional, que abriga o Pimandro ou o
Eu Superior, e que na evolução do mundo se relaciona ao
amadurecimento da Iniciação solar na conclusão da Terceira
Ronda, e mesmo da própria maturação do planeta na
transição da Ronda.
301
Simbolicamente, o PI (ou Diâmetro) também está
relacionado ao Cetro cósmico de Sanat Kumara, o Avatar que
surge para revolucionar o mundo. Consta que a Iniciação
solar (ou terciária) é ativada em definitivo pela aposição do
Cetro do Rei do Mundo, uma vez que o discípulo comumente
necessita de uma ajuda para conseguir fazer avançar a sua
própria energía ao grau necessário. A manifestação do
Kumara na época foi capaz de beneficiar a humanidade em
transformação e gerar uma nova elite de iniciados dentro da
própria Raça Lemuriana, com o apoio dos Agnishwatas ou a
Hierarquia dos Egos solares. A questão é sugerida nos
seguintes termos no Livro III das Estâncias (Capítulo 33):
“Os Senhores da Chama assistem e cantam em voz
alta: ‘Chegou a hora, a hora esperada. Deixe a Chama
se transformar em Fogo e deixe a luz brilhar’.”
“O esforço da Chama, dentro da caverna de cristal,
aumenta. O pedido de ajuda surge para outras almas
flamejantes. A resposta chega.
“O Senhor da Chama, o Ancião, o Poderoso Senhor
do Fogo, o Ponto Azul dentro do diamante oculto, o
Jovem dos Éons Eternos ajuda no trabalho. A ígnea luz
interna e o fogo externo expectante -junto com o
CETRO- encontram-se na esfera de cristal; eis que a
obra está feita. O vidro racha e vibra.” (Estância 2:7)
A partir de então, Sanat Kumara também aparece com sua
forma humana, ou se revela pessoalmente no campo áurico
de todo o aspirante à Iniciação solar, para sinalizar a condição
de Discípulo Aceito do aspirante, e também sugerir a
302
atividade do seu poderoso Cetro na vida espiritual do
discípulo.
303
Seria somente na Segunda Metade “reformada” da Raça
Lemuriana que haveria um contato com a Tríade Superior,
através de Manas Superior, e já sob a intervenção das
Hierarquias. Ademais, resta realmente apenas a questão
“Elementar” descrita – “fogo, ar e água”.
Esta divisão da Raça Lemuriana é semelhante pois à
divisão do plano mental entre concreto e abstrato, intercedido
pela presença do Anjo Solar para ativar as faculdades
superiores da Mente.
304
Capítulo 17
305
dentro e fora das instituições, e como tal também dependentes
de um vínculo direto com a Hierarquia para ter sucesso –e tal
coisa vale especialmente para a densa evolução do Manvantara.
No simbolismo dos chakras, o quaternário corresponde ao
coração, e em termos de tempo também representa o Presente,
que media Passado e Futuro. Aquele que cultiva o Presente pode
chegar a abrir as portas da Eternidade, nisto estando uma das
chaves das revelações que acontecem nestas circunstâncias no
micro e no macrocosmo.
Uma das razões desta ênfase pode ser justamente de teor
ilustrativo pelas analogias que comporta com o momento atual
da humanidade, e a menção final à atualidades é recorrente e
retorna textualmente nos últimos Capítulos deste Segundo Livro
das Estâncias -por menos que as narrativas possam as vezes soar
assim tão atuais quando descemos aos detalhes.
A importância que os Livros de Dzyan dão a este momento
Central contrasta não obstante com as lacunas raciais presentes
no começo e sobretudo no final do Sistema Solar, onde sequer
as últimas raças são mencionadas -o que já não ocorre porém
nas Estâncias do Tratado sobre o Fogo Cósmico onde a Sexta
Raça é devidamente contemplada. Alguém poderia dizer aqui
que, mais do que tratar abertamente de previsões ou de
profecias, os Sábios de Dzyan optaram por ilustrar sobre o
futuro através do passado, tendo em vista a natureza cíclica das
coisas -ver também a respeito no Capítulo 24 ao final deste
Livro II intitulado “As Raças Futuras”.
Este é com efeito um período da evolução marcado por
importantes acontecimentos históricos e por registros não menos
306
notáveis no campo do simbólico e da mitologia, orbitando em
torno de um período de 12 mil anos atrás -uma exata ronda de
evolução portanto-, e aquilo que surpreende é notar o quanto as
transformações da época passaram também por uma dimensão
espiritual complexa, e não apenas por mudanças econômicas
como a Ciência costuma imaginar -apesar do golpe que tal
ilusão sofreu desde as descobertas da cultura mesolítica de
Gobekli Tepe. Vejamos pois a seguinte relação de
acontecimentos ocorridos naquela altura, entre míticos e
históricos:
- chegada de Shambhala
- grandes migrações americanas
- Civilização de Gobekli Tepe
- Dilúvio atlante segundo Platão
A isto poder-se-ia agregar ainda provavelmente uma série de
narrativa miticas escriturais como os dilúvios do Manu
Vaisvavata e do Patriarca bíblico Noé, tal como, quiçá em data
um pouco mais recente, a célebre guerra mágica do Ramayana
hindu.
Representa uma situação rara ao homem moderno, de
pendores liberais e até materialistas, compreender a ideia do
conflito espiritual em qualquer nível que seja, até mesmo
particular. Que dizer então sobre embates culturais e religiosos
de grande escala, quiçá além mesmo das costumeiras guerras
tribais antigas, para ter que se enfrentar agora toda uma ampla
mundovisão em transformação?!
307
Esta é uma situação que talvez ele não alcance vislumbrar
sequer em suas melhores obras de ficção, e à qual
provavelmente os próprios épicos antigos não tenham sido
capazes de oferecer, senão numa pálida ideia de tudo aquilo que
realmente estava implicado na dimensão cósmica dos
acontecimentos em curso...
A grande transformação que estava em vista sob o
protagonismo do Manu da Quarta Ronda, poderia ser descrita
como uma grande “Revolução de Consciência”, tal a
abrangência das mudanças que se propunha então nas coisas.
Não era apenas uma modificação nos padrões culturais, na
direção de cultos mais hominizados e interiorizados; era também
uma autêntica cultura transcendental de iluminação, onde uma
nova potência de espiritualidade e de energia estaria em vista.
Tal energia já não estaria tão à vista porém, tratando-se antes de
uma força sutil gerada ao custo de uma grande criatividade
interior e, não raro, também de limitação da capacidade da
atividade externa -e símbolos como o da Cruz, da crucificação e
da mumificação, sempre tão valorizados a partir desta Quarta
Ronda, acham-se diretamente relacionados a isto. Cientes dos
mecanismos da evolução espiritual, as Hierarquias almejavam
começar a transferir ao conjunto da evolução humana os grandes
princípios da iniciação, e as medidas tomadas no começo da
ronda seriam apenas uma semeadura para a sua verdadeira
colheita maior, a acontecer não obstante somente no seu final.
Daí a importância de se começar a investir então num
simbolismo mais potente e impactante de teor arquitetônico,
aproveitando que a cultura começaria também a se tornar mais
sedentária -que é um outro traço ligado à questão da imobilidade
308
externa simbolizada pela cruz, sinalizando um vigoroso
movimento histórico universal de introspecção. Ocorre ademais
de se tratar de empregar as Leis da Geografia sagrada de uma
forma mais profunda, na criação de Centros associados a locais
ligados aos próprios cânones evolutivos da humanidade, além de
um novo simbolismo subjetivo destinado a forjar as Artes da
Astrologia. Tudo isto acha-se pois intimamente ligado às raízes
profundas e espirituais da Civilização.
Ademais tem-se a velha questão “geológica” que ainda
confunde a muitos, e que nos tempos de HPB tampouco seriam
ainda bem compreendidas. O texto que segue da Doutrina
Secreta traz muitos acertos e alguns erros nas colocações da
própria Blavatsky, que não viveu num tempo de Ciência muito
sólida ou não fez questão de assim considerar:
“Vemos, deste modo, que a ciência oficial a existência
de continentes desaparecidos. A doutrina de que os
mundos e as raças são periodicamente destruídos, ora pela
água, ora pelo fogo (vulcões e terremotos), renovando-se
depois, é tão velha quanto o homem.
“Manu, Hermes, os Caldeus, a antiguidade toda, assim
acreditavam. A superficie do Globo (Terra) já foi mudada
duas vezes pelo fogo e duas vezes pela água, desde que o
homem aqui apareceu. Assim como a terra necessita de
repouso e de renovação, de forças novas e de mudança do
solo, assim também sucede com os oceanos.
“Daí resulta uma redistribuição periódica da terra e da
água, mudança de climas, etc., tudo provocado por
revoluções geológicas, e seguido finalmente de um
309
deslocamento do eixo da Terra. Podem os astrônomos
encolher os ombros à idéia de uma mudança periódica na
inclinação do eixo de Terra, e sorrir da conversa, que se lê
no Livro de Enoch, entre Noé e o seu ‘avô’ Enoch; a
alegoria não deixa, por isso, de ser um fato geológico e
astronômico.
“Ocorre uma mudança secular na inclinação do eixo da
Terra, e a sua época fixa está registrada em um dos
grandes Ciclos Secretos. Tal como se verifica em muitas
outras questões, a Ciência aproxima-se gradualmente do
nosso modo de pensar.” (Blavatsky, “A Doutrina Secreta”,
Vol. 4, pg 295)
Está correto tratar da doutrina da destruição cíclica das coisas
“ora pela água, ora pelo fogo”, tradição esta que vinha desde os
persas ou senão dos egípcios mesmos, quiçá dos velhos atlantes
mesmos. Também é bastante excepcional dizer que “a superficie
do Globo (Terra) já foi mudada duas vezes pelo fogo e duas
vezes pela água, desde que o homem aqui apareceu”, porque
nisto se resume a idade da evolução superior humana com seus
dois Sistema Solares, o único equívoco estaria pensar que isto
envolve a espécie humana de uma forma geral porque esta
acumula, digamos, cerca de vinte Sistema Solares já, ou uns 500
mil anos.
Ademais, todos estes acontecimentos cíclicos, inclusive
voltas do eixo polar, atividades vulcânicas e até mesmo dilúvios
cíclicos, ocorreram também depois da estabilização dos grandes
movimentos geológicos que -e isto também é importante-
antecederam a própria existência humana. Ou seja: a espécie
humana surgiu sobre um planeta relativamente estável já.
310
Contudo, a aparência dos Continentes ainda pode modificar-
se consideravelmente com tudo isto, especialmente em função
dos ciclos das águas através das Rondas, mas pouco ou nada
significa em termos de mudanças geológicas propriamente ditas.
Blavatsky afirma ainda que “a mudança secular na inclinação
do eixo da Terra, e a sua época fixa está registrada em um dos
grandes Ciclos Secretos”. A colocação mostra quão oculto
soavam certas informações então. Hoje muitos já sabem
perfeitamente qual ciclo seria esse: o movimento de Nutação da
Terra ou a circunvolução do seu eixo.
E para rematar, cabe uma crítica pontual à sua conclusão de
que “a Ciência aproxima-se gradualmente do nosso modo de
pensar”. A “Ciência” dificilmente endossará ou irá incorporar a
própria Filosofia, e nem toca a esta querer substituir ou
concorrer com as questões científicas materiais –cada coisa
ocupa o seu próprio lugar, ainda que também possa haver
Ciência na Filosofia (chama-se Ocultismo) e Filosofia na
Ciência (chama-se Epistemologia). De modo que o único ponto
de encontro entre ambos sempre será a meio-caminho.
311
Capítulo 18
312
4. A Terceira Raça tornou-se o Vâhan dos Senhores da
Sabedoria. Ele criou os ‘Filhos da Vontade e Yoga’, por
Kriyâshakti ele os criou, os Santos Padres. Ancestrais dos
Arhats.”
313
escolher as raças (ou locais) nas quais poderiam encarnar.
Como Senhores de Sabedoria, como diz o texto, eles têm
plena liberdade para encarnar (“participar das sombras”) a bel
prazer sem implicações cármicas neste processo. Outra visão
mais espiritual trata apenas de se eleger dentro da
humanidade os canais para assumir a tarefa em vista, atuando
ainda espiritualmente (“lançar a centelha”), como fontes de
impressão ou de inspiração.
Alguns Espíritos julgaram a Terceira Sub-Raça muito
despreparada e preferiram adiar até a seguinte, onde era mais
fácil tornar-se um Arhat imortal. Citemos:
“Arahat (Sânscrito). Também é pronunciado e escrito:
Arhat, Arhan, Rahat, etc., ‘o digno’, literalmente: ‘quem
merece honras divinas’. Este foi o nome dado primeiro
aos santos jainistas e depois aos santos budistas iniciados
nos mistérios esotéricos. O Arhat é aquele que entrou no
melhor e mais elevado caminho, libertando-se assim do
renascimento. (O Arhat é o iniciado do grau superior; isto
é, aquele que alcançou a quarta e última iniciação; aquele
que passa por ela torna-se um Adepto. - consulte ‘A Voz
do Silêncio’),” (Blavatsky, “Glossário Teosófico”)
Mesmo na Terceira Raça a Mônada espiritual (“centelha”)
ainda não conseguia se distinguir. Foi determinado então que
a mudança seria realizada a partir da Quarta Sub-Raça
lemuriana, seccionando-se assim as Sub-raças anteriores das
seguintes para se começar a definir o Plano Evolutivo da
Transição. E com isto os Agnishwattas e os Chohans do
Pralaya aceitaram as condições raciais para começar os
trabalhos, num processo que determinou o início do período
314
Mesolítico, às portas da Era de Leão (cerca de 11 Mil anos a.
C.).
2. “Como funcionavam os Mânasa, os Filhos da Sabedoria?
Eles rejeitaram o auto-nascido. Eles não estão prontos. Eles
rejeitaram o Nascidos–do-Suor. Eles não estão totalmente
preparados. Eles não queriam começar no primeiro Nascido-do-
Ovo.”
Comentário: A estrofe reitera meramente a recusa dos
Manasaputras em atuar através das raças mais primitivas,
apesar dos vínculos destas com os Antigos Senhores do
Crepúsculo, até que uma grande reforma pudesse ser
realizada na Terceira Raça.
O humano da Primeira Raça é o “Auto-Nascido” em
função das suas atividades espirituais autodidatas, pois ainda
não está preparado para o discipulado e nem os Mestres
atuam abertamente no Pralaya. O humano da Segunda Raça
é o “Nascido–do-Suor” por seu simbolismo com o desejo e o
psiquismo. Nenhum deles está preparado para a evolução de
Manas, a Mente superior, onde começa a verdadeira
iniciação. Cabe considerar que no esoterismo, os dois
primeiros ciclos são considerados mais como preparatórios
para a verdadeira iniciação que é de natureza terciária. Então
a escolhida seria também a Terceira raça-raiz, simbolizada
pelo humano do “Nascido-do-Ovo”, pelo seu simbolismo de
Hansa ou Cisne.
Ainda assim, parte desta Terceira Raça também seria
inapta para a Iniciação. Vale notar que boa parte da Lemúria
aconteceu sob a Era de Virgem que, como Era Negativa que
315
é, não ajuda na manifestação de uma espiritualidade mais
ostensiva. Foi somente no final desta Era que as coisas
começariam a mudar, pela chegada de energias espirituais
mais potentes, como foi a chegada dos Kumaras (palavra esta
ligada a “Virgem”) e a manifestação de Shambhala, às portas
da Era de Leão portanto.
Em certos registros a Raça Lemuriana até nasceu sob uma
Era positiva, que é a de Libra, mas logo veio Virgem que,
apesar da sua regência mercurial tampouco favoreceu muito
face seu caráter negativo,51 até que surgiu a Era de Leão
quando a influência Solar já permitir os desenvolvimentos
espirituais necessários para os efeitos em vista pelos
Senhores.
316
para ‘criar’, quer dizer: para promover as Artes da Iniciação
que buscavam disseminar então entre os encarnados na Terra.
Ainda assim, segundo vimos, tal coisa ainda não ocorreria
nas primeiras Sub-raças da Terceira Raça, porque estas
achavam-se ademais sob uma direta influência das Raças
anteriores, tratando-se ainda de um período de transição para
a manifestação da verdadeira Raça Terciária.
Também devemos considerar que as Hierarquias
almejavam determinar ali um upgroud especial, em função da
transição cósmica ou de Ronda em vista. Já não seria pois
apenas mais uma energia xamanista que se teria em vista. Do
ponto de vista da Terceira Ronda as coisas até andavam bem,
o nagualismo evoluía poderosamente e o domínio do Animal
Interior humano (ou do Elemental Animal) estava em curso
em muitas partes. Não obstante, os Senhores da Noite tinham
em vista uma revolução Maior neste quadro, pois
necessitavam ativar ali também a Mente Criativa com o
auxílio dos Agnishwatas, para se poder chegar na Quarta
Ronda com uma energia capaz de abrigar a Manifestação da
Hierarquia e a verdadeira cultura hominal da religião do
coração.
317
demonstrando aquilo que os Senhores realmente almejavam
quando buscavam semear a “Mente” na humanidade, que é a
própria Iniciação, começada assim na segunda metade da
Raça Lemuriana. Ali foi preparada a grande evolução
seguinte na Atlântida pela chegada dos Arhats, verdadeira
expressão da imago homini da Nova Ronda quaternária, no
estabelecimento das bases da manifestação de uma
Hierarquia, quando então a Ronda também estaria sendo
aberta “oficialmente” e com todas as sus honras devidas.
No “Glossário Teosófico” Kriyâshakti é defindo como “o
poder do pensamento; uma das sete forças da Natureza. O
poder criativo dos Siddhis (poderes) dos iogues perfeitos.” O
verso acima também afirma que atravé disto veio à luz os
“Filhos da Vontade e Yoga”. Sigamos pois para isto em nossa
própria citação:
“Kriyâshakti é aquele poder misterioso e divino
latente na vontade de cada homem, e que, se não for
chamado à vida, avivado e desenvolvido pela prática do
yoga, permanece inerte nos 999.999 de cada milhão de
homens, razão pela qual torna-se atrofiado. É aquele
poder misterioso do pensamento que, em virtude de sua
própria energia inerente, lhe permite produzir
resultados fenomenais externos e perceptíveis. Os
antigos sustentavam que qualquer ideia se manifestará
externamente se a atenção (e a vontade de alguém)
estiver profundamente concentrada nele. Da mesma
forma, uma volição intensa será seguida pelo resultado
desejado. Por meio deste poder e daquele de
Ichchhâzakti (poder da vontade) é como o yogi
318
geralmente realiza seus prodígios. (Doctr. sec., I, 313 e
II, 182).”
E suma, funde-se aqui o pensamento e a vontade numa
atividade criativa interna. Os inspirados Ensinamentos do
Agni Ioga de Helena Roerich, tal como as transmissões
hierárquicas de Alice A. Bailey, reiteram a importância de
cultivar a “intenção interna” ou a manutenção da “tensão
espiritual” para alcançar os efeitos superiores necessários na
aura do praticante. A atividade da Mente Criativa envolve o
trato da Luz da Mente (Agnimanas) como preparação para a
Iniciação solar e a conquista da condição Hansa.
No remoto período em questão esta ainda era uma prática
inovadora e alcançada apenas por uma rara elite, os
chamados Manasaputras, que na prática resultavam como os
polos espirituais da época; na raça seguinte este quadro pode
se ampliar para dar lugar ao surgimento dos Arhats na cabeça
da Hierarquia, até que na Raça Árya (a atual, uma raça que
também é a Terceira nesta Quarta Ronda, como é importante
notar) a própria Humanidade já foi capaz de exercitar estes
dons, especialmente na sua Era Positiva de Áries, quando
toda uma grande aristocracia espiritual pode ter lugar, tal
como agora também volta a ocorrer na transição da Era de
Aquário (também positiva) pela divulgação dos Caminhos do
Fogo, como provam os Ensinamentos acima citados, entre
outros.
319
Capítulo 19
320
LIVRO II. ESTÂNCIA VIIII
321
nagualismo (ou xamanismo animal) próprio da Terceira
Ronda e, em especial, da Terceira Raça, ainda que outras
Raças e Sub-raças também tenham feito o mesmo com os
Elementais dos restantes Reinos, o Mineral e o Vegetal. Estas
não foram medidas “arbitrárias” porque na verdade tal prática
apenas focaliza a síntese do trabalho xamanistas e captura a
sua verdadeira essência, depurando-a de procedimentos mais
ou menos aleatórios, negativos e, de resto, ultrapassados. Os
resultados destes esforços puderam ser então demonstrados
pela ascensão da cultura de Gobekli Tepe, com seus templos
ditos “astronômicos” pelos cientistas, quando todos sabem
que eram na realidade basicamente astrológicos.
322
evolução e refinamento das coisas, na direção Terra->Água-
>Ar portanto, como essência da evolução cosmológica
natural (e racial), preparando assim para a revelação final do
Fogo na Quarta Raça.
323
Comentário: Temos aqui o anúncio do começo de uma
rebelião, começada pela espécie humana como ocorreu no
paraíso de Adão. O ser humano quis se afastar da Ordem
cósmica para experimentar o sabor do livre-arbítrio
desobedecendo a Hierarquia. Abandonada, esta perdeu
também a sua razão de ser e o próprio rumo, afastando-se por
sua vez da própria Divindade...
O texto também poderia estar querendo dizer de início que
os gêneros foram separados para não procriarem. E em
seguida (pese o paradoxo do anterior) que os seres Elevados
quiseram imitar os humanos também “tomando mulheres”,
como diz a Bíblia quanto aos “gigantes” pré-diluvianos
caídos.
324
as coisas retomarem a ser um pouco mais a como eram antes
da Intervenção Divina.
Os paradoxos denunciam o simbolismo: mudos que falam.
Falam sem nada dizer justamente porque não possuem a
mente refinada. O texto busca exagerar as suas deficiências
físicas para denunciar as suas faltas morais e intelectuais, ou
mesmo sua decdência física provocada pela própria
degeneração moral. Em última análise a mudez é um reflexo
da impotência, pois nada tem a dizer ao mundo, como
tampouco se importam com nada senão em usufruir o
momento.
325
Capítulo 20
326
1. “Vendo isso, os Lhas que não construíram homens,
choraram, dizendo:”
Comentário: Aqueles Espíritos Superiores que haviam se
recusado a encarnar ou a trabalhar com as raças primitivas,
também lamentaram-se profundamente vendo toda esta
situação, na qual pelo menos não investiram malogradamente
como alguns dentre os seus pares o intentaram fazer.
Não são poucos os Iniciados céticos a respeito da humana
condição, que optam não por ignorar ou dar de ombris, mas a
trabalhar de forma mais puramente espiritual, seja reclusos
em mosteiros ou isolados em celas em cavernas quando
encarnados, ou mantendo-se em atividades mais genéricas ao
modo dos chamados anjos que, vale notar, também foram
seres humanos um dia, como afirma HPB com bastante
autoridade:
“Porque cada um desses seres (angelicais) ou já foi,
ou prepara-se para vir a ser um homem, se não no
presente, pelo menos num ciclo (evolutivo) passado ou
futuro. São homens aperfeiçoados, quando não
incipientes, e diferem moralmente dos seres humanos
terrestres, nas suas esferas superiores (menos
materiais), somente porque se acham despidos do
sentimento da personalidade e da natureza emocional
humana - duas características puramente terrenas.” (“A
Doutrina Secreta”, Vol. III)
As hostes superiores destes Anjos estão regidas pelos Sete
Sendeiros de Evolução Superior –ver também as “Sete
327
Estâncias Esotéricas” no Livro I I:4 (Capítulo 2) do presente
Volume.
328
muitas vezes se faz inóqua já que tratam de corromper a alma
das pessoas. Por isto a deserção pode se fazer então
necessária, sob a Guia de alguém superiormente inspirado, e
como de fato sempre aconteceu uma e outra vezes ditando o
ritmo da própria evolução da nosssa espécie.
Para muita gente a realidade da Loja Negra resulta algo
difícil de compreender, e até mesmo estudar o assunto resulta
desafiador, e os verdadeiros ocultistas deveriam prestar maior
atenção ao assunto. Nisto está um dos valores do trabalho de
Alice A. Bailey, que –como já mencionado em outra parte-
com frequência regressava ao assunto de maneira bastante
eloquente e sempre reveladora.
Porém existem outras manifestações importantes do “Mal
Absoluto” que são familiares da Ciência mesma, como aquela
dos psicopatas; ademais o conhecimento da História, da
Sociologia e das próprias Religiões corrobora sobre a
verdadeira dimensão dos desafios a que a humanidade
encontra-se comumente sujeita.
329
Deus lhe pedira, depois que percebeu o quanto ela estava
despreparada para enfrentar os desafios que o futuro lhe
esperava, em função dos maus hábitos cultivados no Egito.
Foi somente após todo este tempo, após toda uma nova
geração ter surgido e se educado nas coisas de Deus, que foi
possível dar andamento aos seus planos. Pois foi neste
momento que o povo no deserto, já devidamente organizado
em suas Doze Tribos, conseguiu entender os erros dos sem-
mente e compreender a natureza da ignorância.
Com efeito, existe até mesmo neste contexto um elemento
que reforça bastante estas ideias das Estâncias, que é o
alimento milagroso do deserto chamado Manah. Aqui vale
notar também que Moisés foi uma classe de Manu (significa
“Mentor” ou “Pensador”, outra palavra relacionada a Manas)
ou Patriarca, dotado não apenas de autoridade como também
de inteligência ativa, ou um “Profeta Social” no dizer de
Morya. Era pois ele portador de um Projeto racial recebido
dos céus, após ter a sua revelação da sarça ardente, que não
deixa de ser uma forma de iluminação semelhante à do Buda
sob a Árvore Bo -ou Bodhi, de Budhi, plano da quarta
iniciação de Arhat.
330
expressar coisas significativas. Na verdade o sentido oculto
desta “fala” pode ser até muito elevado, referindo-se a uma
comunicação com os próprios Mestres, ou desde o Plano em
que as Estâncias são redigidas. Estamos pois no plano da
manifestação do Verbo, o dom dos Mistérios Maiores.
O Verbo é um símbolo solar e na Atlântida teve início a
cultura solar da humanidade, ainda que num plano mais
espiritual ou subjetivo. Diz Blavatsky:
“Voltaire, o eterno zombador, estava certo ao
afirmar que ‘os atlantes (nossa quarta raça mãe)
apareceram no Egito? Na Síria e na Frígia, assim como
no Egito, eles estabeleceram o culto ao Sol’.”
Tais situações foram antecedidas pela Quarta Sub-raça
lemuriana, onde o Dharma do Manu já pode começar a ser
finalmente implementado, em função de se tratar da Sub-raça
semente da Raça seguinte. Caso a mudança não pudesse ser
realizada a tempo, as coisas poderiam ficar comprometidas de
uma forma até impensável.
331
A conclusão do texto é um apelo poético ou uma possível
inserção posterior ao texto. De todo modo ocorre uma
manifestação no Manvantara, gerando uma duplicidade em
todos os seres. Os arquétipos humanos são organizados no
Pralaya (Paleolítico) e se manifestam no Manvantara
(Neolítico, etc.), sendo devidamente codificados em símbolos
subjetivos na transição (ou o chamado Mesolítico) das
rondas.
332
Capítulo 21
333
LIVRO II. ESTÂNCIA X
334
Blavatsky, que descreve três povos que coabitam estas
montanhas, entre eles os Badagas que afirmam provir da
Algéria, África, em data mais recente corridos pelos
muçulmanos. Os Kurumbas são uma tribo pigmeu de
feiticeiros que nutrem um grande respeito pelos Todas, os
quais praticam certas danças com indumentárias muito
semelhantes às dos povos xinguanos do Brasil Central, mas
também realizam um antigo culto com os laticínios dos seus
búfalos sagrados em seus templos misteriosos, nos quais é
preciso entrar agachado dada a pequena abertura de porta de
90 cm, como nas fotos abaixo.
335
Arte drávida da Civilização do Indus
Certamente aqui encontramos as raizes mesmas da
sacralização da vaca na Índia, onde é praticada a um grau
muito mais elevado do que em todo o restante subcontinente.
Estudos recentes afirmam que os Todas subiram estas
montanhas há 3.500 anos. A simbologia e a cultura taurina
dos templos sugere vínculos com a antiga Civilização do
Indus, cuja extinção se deu aproximadamente no mesmo
período em que os Todas chegaram ao Nilguiri. Segundo a
teoria clássica os drávidas foram empurrados para o Sul pela
chegada dos arianos ao Norte da Índia, e neste caso podem
ter feito o mesmo com os atlantes da Civilização dos Indus à
qual, segundo alguns, também teriam dado fim.
Este tampouco seria um caso único de resiliência cultural
em que uma sociedade deixou a Civilização para retornar a
modelos anteriores de cultura, como também sucedeu aos
maias que abandonaram as suas cidades para regressar às
florestas. A Civilização do Indus nasceu praticamente junto
com a egípcia e logo após a Sumeriana que deve haver
336
influenciado as restantes. Porém todas traziam fortes
componentes atlantes de religião e de arquitetura.
337
3. “Então o Terceiro e o Quarto cresceram em orgulho. ‘Nós
somos os reis; nós somos os deuses’.”
Comentário: Um dos reflexos desta mistura foi o
crescimento do orgulho e da soberba, pois retrata a falta de
um verdadeiro crescimento espiritual e o próprio afastamento
das Hierarquias. A proposta então era da organização de uma
Sinarquia tendo os Senhores como Mentores permanentes,
tendo as as lideranças políticas e religiosas como seus porta-
vozes; porém estas, na sua iludida humanidade, começaram a
se arvorar como realmente soberanas e poderosas diante do
próprio poder alcançado, ignorando que fora somente com o
auxílio dos Senhores da Noite que os seus antepassados
haviam um dia emergido das sombras...
O poder representa uma das mais poderosas “drogas” da
humanidade, achando-se sempre muito próximo de outros
tantos vícios morais e físicos. Imaginar que tal coisa seja
apenas um reflexo do materialismo representa porém uma
simplificação das coisas: muitas vezes o poder se afirma
também sobre bases religiosas, até como estratégia de poder,
de modo que um olhar mais arguto também poderá permitir
esta religiosidade que o sustenta de uma forma ou de outra. O
fato é que os profetas sempre trabalharam para evitar que o
ser humano concentrasse muito poder, e a existência nômade
ou tribal represetou uma das grandes bases sobre as quais tais
medidas puderam ser sustentadas. A partir da organização da
Civilização, medidas mais pronfundas e complexas
começaram a ter que ser então adotadas em diferentes níveis.
338
4. “Eles tomaram esposas de bela aparência. Esposas dos
estúpidos, dos cabeças-duras. Eles engendraram monstros,
demônios perversos, masculinos e femininos, também Khado
(dâkinî), com mentes limitadas.”
Comentário: Desta feita temos uma situação inversa à
anteriormente descrita, onde agora são as próprias Raças ditas
avançadas que lançam mão de mulheres das primitivas raças
sem-mente, isto é: sem sabedoria. Com isto nos aproximamos
ainda mais do quadro pré-diluviano da “queda dos antigos
gigantes”. Pela Doutrina Secreta os seres destas Raças antigas
seriam sempre fisicamente gigantescos. Contudo, a
hermenêutica avançada compreende se tratar isto sim de
antigos colossos morais e espirituais, agora corrompidos
porém e impedidos de manter a Ordem superior do mundo.
Pode ser importante notar que esta foi a situação
determinante para Deus desencadear então o dilúvio nos
tempos de Noé, destinado a extinguir a humanidade de então.
O dilúvio é um símbolo do Caos, o retorno do Caos original,
demandando assim uma recriação das coisas. Daí que a arca
de Noé contém sete personagens para simbolizar as sete sub-
raças, além dos animais que simbolizam a humanidade
comum. A rigor o dilúvio já estava estipulado, apenas se
alastrou a consciência dele e a necessidade de libertação,
convocando assim um povo que aspirasse pela liberdade
superior para recomeçar as coisas alhures. Trata-se portanto
do modelo e de uma antecipação da tática mosaica do êxodo.
339
5. “Eles construíram templos para o corpo humano. Eles
adoravam macho e fêmea. Então o Terceiro Olho deixou de
funcionar.”
Comentário: Esta é uma passagem que o imaginário da
Doutrina Secreta vê os cíclopes gigantes famosos das lendas
de Ulisses e outras, afirmando que a Terceira Raça possuía
inicialmente um olho único ou três olhos. Diz o “Glossário
Teosófico”:
“Nesta Raça foi desenvolvido o órgão da visão; a
princípio era um único olho no meio da testa (mais
tarde chamado de terceiro olho), que brilhava como
uma joia em sua órbita; mais tarde houve dois olhos,
mas estes não tiveram pleno uso até a terceira sub-raça
da terceira Raça, e somente na quarta (sub-) Raça o
terceiro olho recuou para dentro, tornando-se uma
glândula pineal (...).”
Literalmente tomadas, tais afirmações são totalmente
absurdas e fantasiosas. No entanto, não soa difícil
compreender que a própria decadência espiritual da raça e o
cultivo do apego levou à perda dos dons espirituais
longamente cultivados. Em função disto aquilo tudo que as
Hierarquias mais temiam aconteceu -a sensualidade esperada
da Era de Câncer promoveu uma religião lúbrica e
degenerada. Com isto os seus poderes espirituais,
concentrados basicamente no dom da clarividência próprio da
iniciação terciária Lemuriana, também foram perdidos, na
medida em que o cultivo e a sublimação das energias
deixaram de ser praticados.
340
Capítulo 22
341
capacidade e de valor dos próprios membros e lideranças das
mesmas.
342
uma transformação significativa no profundo atavismo
cultural de então.
A Estância declara também que construíram estátuas de si
próprios, como uma forma de auto-idolatria. Talvez a
icnografia tenha começado então pela representação dos
deuses e depois avançado para a iconização de Reis e
sacerdotes, à maneira de como também se praticou no Egito,
considerado por Blavatsky como uma reminiscência atlante.
343
simbolismo de guerras e de fanatismo religioso, tal como
superpopulação, magia, etc.
344
O que ocorria na realidade é que, conhecedores dos
símbolos e dos mitos, os egípcios viam o “dilúvio” como a
chegada da cultura de massas (que não respeitam as
Tradições) ou ainda como possíveis invasões de outros povos
bárbaros. E por isto trataram de proteger aquilo que lhes era
mais sagrado em sólidas pirâmides ou tumbas secretas
profundamente enterradas nas montanhas.
345
libertando-se assim do renascimento." (“Glossário
Teosófico”).
Com efeito, o Monte Ararat integra a grande região atlante
de Gobekli Tepe, cultura que perdurou até meados da Era de
Câncer avançando assim na Quarta Raça
O ser humano não teria nenhum futuro não fosse o poder
transcendental dos Mestres para determinar saídas para as
situações mais desafiadoras. Até mesmo as Forças Trevosas
admitem que somente as Forças da Luz é que tem verdadeiro
poder criativo e capacidade de renovar as coisas e fazer
mover a roda da evolução para diante.
346
Capítulo 23
347
1. “Restaram poucos. Alguns amarelos, alguns escuros e
pretos e alguns vermelhos permaneceram. Os da cor da lua se
foram para sempre.”
Comentário: O sloka confirma que várias etnias atlantes
lograram todavia sobreviver, sorte esta que não alcançam
compartilhar as raças mais antigas -“cor da Lua” pode indicar
energia lunar ou psíquica ou apenas raças do Pralaya. As
cores em tela realmente descrevem bem as etnias atlantes:
mongóis, americanos e egípcios. Atlantes brancos, quem sabe
turcos, tampouco sobreviveram.
A cultura atlante hoje agonizante sobreviveu basicamente
misturada com a arya e às vezes com a lemuriana e raças
mais antigas. Alguns dos traços mais marcantes destas
reminiscências estão no culto Solar, na Astrologia, nos ritos
ctônicos e no culto à imortalidade da Alma, remetendo
também à mumificação.
348
bem definida e organizada, onde os Iniciados atuam junto aos
sacerdotes e aos próprios Mestres em prol de uma regência
social sábia.
O tema reporta-se assim ao Livro I, Estância VII.7
(Capítulo 9), onde também se menciona a “roda atual” e a
descida dos Construtores para reinar (espiritualmente
sobretudo) sobre a Humanidade, até o Dia em que “Sê
Conosco” da transição plaanetária –ver também Volume II
(“Hierarquias Espirituais”) da Série “A Doutrina Secreta
Revelada”.
349
A Hierarquia de Adeptos ostentava uma visão ampla e
universal da vida, além disto aquela condição mental buscada
com dificuldades pelos Senhores da Noite na ronda anterior
nas mais elevadas elites espirituais, a fim de disemnar o dom
de Manas, agora estava disponível mesmo ao nível da própria
raça arya, o que certamente facilitaria bastante as coisas.
Tudo isto terminou por produzir a Civilização mais
esplendorosa jamais existente neste planeta, que foi a Civi-
lização Arya, hoje infelizmente também agonizando nos seus
estortores, embra muitos ainda acreditem que ela siga vigo-
rosa e que deva durar muito tempo mais. Contudo, os pró-
prios Cientistas não estão assim tão otimistas, até porque pelos
calendários raciais os seus dias realmente estão terminando.
Por alguma razão o texto encerra aqui sob estes ares de
otimismo, sem completar ao menos a Ronda como seria de
esperar, de modo que a princípio fragmentos podem haver
sido suprimidos. Esta abordagem apenas esboçada da Raça
Arya quase confere às Estâncias da Doutrina Secreta um
caráter historiológico, porquanto uma abordagem astrológica
do tema permitiria avançar um pouco mais nas coisas, como
ocorre nas Estâncias do Tratado sobre o Fogo Cósmico (ver o
“Livro III” do presente Volume), onde não apenas se
agregam acontecimentos sobre toda a Raça Arya, como ainda
se faz menção geral a todo o complexo da transição, sem
narrativas porém senão o texto viraria também uma
profecia.52
52
Acaso este caráter “truncado” da Quinta Raça nas Estâncias
da Doutrina Secreta teria sugerido à Blavatsky que tal raça teria
350
De todo modo o contexto é importante porque já anuncia e
prepara a chegada da Quinta Ronda Mundial, a qual
representa a Meta Suprema das Hierarquias da Luz em
função das harmonias seguras a serem então alcançadas.
Provavelmente podemos ter uma boa noção daquilo que será
a Quinta Ronda futura através desta Quinta Raça atual,
especialmente aquele seu começo “idílico”...
351
Capítulo 24
As Raças Futuras
352
As abordagens das raças nas Estâncias são bastante gerais e
apenas se detém melhor na própria transição central da Ronda
dadas as complexidades do momento –e talvez por mais alguns
motivos especiais. Se quisermos podemos ver já aqui mesmo
indicações suficientes para aquilo que importa, sem nos
preocupar demais com aquilo que se poderia considerar como
“lacuna”. Ou seja: no fato de que os relatos da transição
lemuriana da Quarta Ronda resultam ilustrativos também do
futuro, um futuro que se revela já presente a bem da verdade,
uma vez retiradas todas as capas de símbolos e de alegorias, as
quais, não obstante o teor das “interpretações” dadas.
Aqui podemos evocar portanto a indicação -precisa e nada
casual- dada neste Livro II (Estância X.1) sobre as afinidades
naturais entre os estágios 1, 4 e 7 dos ciclos setenários, e onde a
ênfase ilustrativa no estágio “4” dada nas Estâncias foi por nós
advertida na Abertura deste mesmo Livro, no Capitulo 7
intitulado “A evolução das Raças no Manvantara”, onde
havíamos sugerido quanto ao eventual papel pedagógico e
profético daquelas narrativas.
Para deixar bem claro então, o que queremos dizer, mais que
enveredar pela profecia ou arriscar predições, os Sábios de
Dzyan optaram por usar o próprio mito embasado na História
Antiga para ilustrar os acontecimentos futuros dentro de uma
ótica cíclica das coisas. Certamente Manvantara e Pralaya
nunca são o mesmo, mas ainda assim os dramas das transições
repetem-se sob muitos aspectos, e neste sentido os
acontecimentos passados servem também para ilustrar a uns e a
outros.
353
Poderia haver mais alguma razão para esta aparente lacuna?!
Naturalmente em paralelo a tais padrões de grandes mudanças
também existem as diferenças sutis que trazem a marca da
evolução das coisas, aquela evolução maior que traz agilidade à
vida. Mesmo o começo e o final dos ciclos nunca é idêntico, e
talvez a razão das Estâncias destacarem melhor a fase central do
Sistema Solar não se limite ao registro histórico recente, para
indicar também que o verdadeiro Final das coisas estaria mesmo
mais relacionado ao… silêncio. Com efeito, todo o simbolismo
da grande transição da morte e renascimento acha-se presente no
contexto do Pralaya emergente, sob os ditames da “Porta dos
Deuses” de Capricórnio, envolvendo o simbolismo do Inverno e
da hibernação, tal como Morte mesma representada por Saturno,
ainda que a gadanha também possa simbolizar uma colheita
final. Este quadro reaparece na chegada do Manvantara, porém
melhor como uma semeadura interior, por maior que seja o
impacto na cultura. Já no Pralaya as circunstâncias da
transformação soariam mais amplas e definitivas.
O que seria capaz de provocar afinal uma tal contração da
atividade humana -após uma frenética expansão no final do
Manvantara-, senão uma grave crise Planetária?! Certamente a
simples aquisição voluntária de consciência é que não será. As
pessoas podem até perguntar daí por que razão as Forças
Trevosas, sendo assim tão poderosas, não fomentaram a
civilização durante o Pralaya. Acontece que simplesmente não
havia condições gerais para tal, tanto subjetivas quanto
objetivas. A civilização representa uma construção sofisticada
com muitos nuances, especialmente de teor estrutural e
intelectual. Além disto também demanda um quantum humano
354
dificilmente disponível então. Os Mestres e os próprios xamãs
controlam as coisas então simplesmente evitando o surgimento
das sociedades-de-massas, pois é em torno delas que o mal e a
opressão de todo tipo pode realmente florescer, incluindo em
termos subjetivos. Migração, êxodo e nomadismo são então
regras políticas e sociais, tal como caça e coleta são princípios
econômicos. Disto ninguém pode duvidar, tal como tampouco
poderia questionar que tais condições não favorecem de nenhum
modo qualquer tipo de cultura de massas.
Ademais certamente o próprio xamanismo ancestral foi se
organizando progressivamente para combater as más correntes
ocultistas, especialmente a partir da Grande Reforma que foi a
Revolução Cognitiva de 50 mil anos atrás. O termo “xamã”
significa "aquele que enxerga no escuro" no dialeto tungus
siberiano. Mas que escuridão seria esta? Naturalmente a
escuridão da Alma humana, eventualmente também alguém que
luta contra trevas ainda mais espessas.
A pré-história humana foi altamente forjada numa
mentalidade tribal e muito trabalho foi feito lata afeiçoar o ser
humano à Natureza. Por fim existe a citada condição ambiental
crítica do período que perdurou por muito tempo contribuindo
de maneira aguda para induzir uma contrária a tudo que possa
mexer com a Natureza. Mesmo que não houvesse Civilização no
Manvantara anterior, certamente o ser humano terá praticado
em larga escala muitas outras formas de alterar o meio ambiente,
a partir do próprio uso indiscriminado do fogo.
Acontece então que nem todos os registros raciais comportam
realmente mais de cinco raças, e a reiterada menção da divisão
das raças em três partes por Blavatsky também aponta nesta
direção. Há muitas mandalas importantes que são realmente
355
pentagramáticas, por assim dizer, dotadas de apenas Cinco
Raças ou Eras Solares -bastaria mencionar aqui as mandalas dos
Dhyani-Budas (provavelmente um tema bastante caro à
Filosofia das Estâncias de Dzyan) e a Pedra do Sol asteca, tal
como as cinco chagas do Cristo. A mandala Kalachakra dá
bastante ênfase aos quadrantes como é praxe, porém tal mandala
é especial por ser também tridimensional. Então podemos
compará-la igualmente a um templo (Vimana) e mesmo a uma
pirâmide.
Citemos pois novamente Blavatsky: “Admitida a natureza
sétupla do homem, cada um de seus princípios está relacionado
a um plano, um planeta e uma raça.” (“Doutrina Secreta”). No
entanto tal “natureza” poderia nem ser assim tão consensual, a
observar por exemplo pela estrutura quíntuple dos chakras no
próprio Budismo (a depender do sistema, por vezes podem ser
quatro ou seis como no Kalachakra). Costumamos dizer que este
sistema representa uma adaptação realista às situações da
evolução atual da humanidade -para não dizer das Hierarquias
mesmas, o que em última análise pode atingir inclusive os Mais
Altos escalões do planeta -eis que o Cinco indica a Meta
imediata na evolução de várias Hierarquias. Citemos:
“É possível relacionar as famílias místicas dos cinco
Dhyani-Buddhas e Vajradhara com os sete raios aludidos
na literatura oculta moderna. T. Subba Row diz que: ‘Na
hierarquia de Adeptos existem sempre sete classes que
correspondem aos sete raios do Logos. Duas das classes
destes Adeptos são tão misteriosas e os seus representantes
na terra tão raros, que raramente são mencionadas.’ Isto
poderia explicar porque se representam somente 5 Dhyani
356
Buddhas em lugar de sete.” (David Reigle, “Um Resumo
de Os Livros de Kiu-te e os Tantras Budistas Tibetanos”)
O nosso universo (cultural neste caso –entenda-se bem) está
em evolução, e estamos “recém” nos preparando para a Quinta
Ronda mundial. A espécie humana é muito jovem ainda, em
termos da sua evolução superior (se podemos dizer isto). Assim,
de uma forma rigorosa que, se o “Sete” é o Ideal, o “Cinco”
ainda é a nossa realidade (em evolução). Tal como o “Seis”
ainda é uma alternativa, especialmente diante da possibilidade
do registro racial caldeu das duplas-Eras zodiacais polarizadas.
357
Os setenários abundantemente citados nas Estâncias e que
Blavatsky atribuiu às Raças teriam então aparentemente a ver
antes com outros ciclos, especialmente as próprias Eras astro-
lógicas das Rondas. E este fato resultaria se tratar não de uma
simples contingência mas de uma condição final e geral da
evolução das coisas. Há estudiosos para quem a ideia de um
“Sexto Sol” soe como artificial ou sincretista; a data maia de
transição até existe mas não a menção do Sexto Sol. Este fato
apenas reforça pois a ideia de uma transição maior nesta
ocasião, de recomeço pois de Ronda e mesmo de Sistema Solar.
A imagem acima ilustra pois a questão.
Em nossos estudos temos demonstrado a verdadeira
importância do Pentagrama em todas as escalas da Evolução
Cósmica e humana, sem esquecer que a própria estrutura física
no homem também está por ele da mesma forma bastante
constituída. Que fique claro porém que com isto tampouco
estamos pretendendo “cravar” que não existe uma Sexta Raça,
até mesmo uma Sétima, e sim que existem coisas dentro das
Filosofias do Tempo que dependem um pouco do nosso próprio
olhar, podendo haver inclusive “ciclos sobrepostos” –por
exótica que possa soar tal ideia.
Costumamos exemplificar pelas diferentes formas de dividir
certos numerais, porque em última análise é simplesmente disto
que se trata. Não é tão simples dizer que 3x4 é mais “nobre” do
que 2x6, e devemos aprender a conviver com ambas as
realidades. No caso das raças ou antes, dentro do tempo total do
Sistema Solar de 26 mil anos, as contas paralelas são 6x4 mil
anos e 5x5 mil anos -e onde as próprias margens de transição
dos ciclos permitem este tipo de flexibilização. E tudo isto é
358
algo tão presente e inelutável nas Filosofias Tradicionais, que
não raro as informações também resultam algo misturadas.
Esperamos com isto porém que as coisas fiquem um pouco mais
claras.
Ademais disto tudo consta que os próprios conceitos de raças
finais podem chegar a ser tão polêmicos como aqueles das raças
iniciais ou das raças de transição acima mencionadas. Raças
formativas e raças conclusivas são sempre “especiais”, por
assim dizer. A própria ideia da raça setenária soer ser bastante
abstrata, pois na prática o setenário resulta um tanto simbólico,
mais como uma energia acumulada pela própria transição que se
sobrepõe aos momentos de mudança dos ciclos (daí as aparentes
irregularidades presente no simbolismo astrológico destes
momentos de transição). Alice A. Bailey já havia identificado
que a Sexta Raça-raiz não seria concluída na presente Ronda,
fato este que se evidencia sob certas visões do assunto como é a
ótica Maia das “raças” humanas. As profecias persas anunciam o
Dilúvio de Fogo para a “Porta dos Deuses” em Capricórnio, no bojo
da Sexta raça-raiz. Daí que ao Livro III das Estâncias (Capítulo 36)
também declaram nesta direção:
“O fogo destruiu as terras na época do Sexto menor.
Quando apareceu o Sexto a terra havia mudado. A superfí-
cie do globo circulou através de outro ciclo.” (Estância X:4)
Assim temos nesta simples frase uma súmula da situação de
transição da Sexta Raça-Raiz, sem dar qualquer margem já a
uma Sétima Raça real. De resto não nos cabe debater as coisas
nos termos muitas vezes colocados por alguns, e que para nós
passam bastante ao largo do verdadeiro pensamento tradicional,
capaz de fazer jus àquilo que os Mestres realmente pretendem.
359
Confrontar a Ciência não é solução para nada, aceitar a oposição
tampouco é. Religião e Ciência não devem ser antagônicos
justamente porque são diferentes, uma trata das formas e a
outras das essências; contudo ambas erram quando não compre-
endem o seu verdadeiro metier para invade a seara alheia. É
tarefa da Filosofia -palavra que a rigor remete à sabedoria-,
realizar a ponte entre ambas, tal como à Epistemologia.
O verdadeiro sábio busca soluções para os erros ao invés de
contrapor um erro com outro. As críticas da Ciência são ingê-
nuas no sentido de ignorarem o rico simbolismo tradicional, porém
quando um “crente” responde a isto tentando impor a literalidade
de um símbolo, aí temos a ameaça de obscurantismo e de funda-
mentalismo indignos do verdadeiro Pensamento Tradicional.
De resto, muito mais importante do que tecer elogios vagos
às “raças futuras” cabe isto sim trabalhar com calendários
honestos e realistas capazes de corroborar as evidências de que a
hora deste Novo Mundo também já chegou.
Posto isto, é importante dizer, e a título de conclusão que,
num certo sentido, os acontecimentos atuais são sim
perfeitamente análogos aos da transição do Manvantara, e
podemos afirmar ser certo que novamente os Construtores
andarão em busca de humanos capazes de abrigar a Chama da
Mente superior para poderem receber a verdadeira iniciação, a
fim de que entre estes alguns também possam se capacitar por
ascender aos quadros da Hierarquia. Conhecer as realidades
existentes para além dos símbolos e dos mitos é algo que
interessa especialmente para aqueles que desejam assumir um
compromisso maior com a própria vida universal, tendo a
verdadeira iniciação como o átrio de acesso a ela.
360
LIVRO III
Hierarquias
361
Capítulo 25
362
Em termos de conteúdos, estas Treze Estâncias representam
uma espécie de síntese dos dois Livros das Estâncias de Dzyan
(classificados por HPB como “Cosmogênese” e “Antropogêne-
se”), enriquecidas ainda de informações esotéricas e sendo de
certa forma também mais completas -algo que justificaria pois a
sua divulgação na sequência das Estâncias da Doutrina Secreta.
A base das abordagens são as Rondas, havendo alusões
eventuais aos Sistema Solares, e referências frequentes as Raças,
tal como às próprias Eras Astrológicas, e eventualmente também
às Sub-raças.
Um dos aspectos mais peculiares destas Estâncias representa
a questão profética, por assim dizer, ou da transição ao novo
Pralaya, de modo que na prática desenvolvem ou dão
continuidade às “Estâncias de Dzyan” da Doutrina Secreta sob
este e outros aspectos. Mais que isto, avançam no tempo para
oferecer uma visão inédita e relativamente detalhada das coisas
do Pralaya, suas dinâmicas espirituais específicas em contraste
com a ordem vigente no Manvantara. Assim, enquanto no
Pralaya existe um Plano Geral a ser alcançado por etapas pela
nova Humanidade em formação, no Manvantara este Plano se
encontra antes sob o custódio das Hierarquias, e entre outras
razões pelas próprias dificuldades humanas para seguir qualquer
Plano de longo prazo neste período mais denso do mundo. Por
isto afirmamos n’“A Doutrina Secreta Revelada”:
“Quando insistimos em palavras como providência,
estratégia e universalismo, estamos querendo dizer que o
Governo Interno é o arquiteto da evolução das
civilizações.” (Vol. II -“Hierarquias Espirituais”)
363
Em função disto será importante ter em paralelo as
informações contidas num diagrama como o de abaixo do
Segundo (atual) Sistema Solar, onde as Raças acham-se
devidamente relacionada às Eras Astrológicas, tal como
delineadas dentro do Ano Cósmico (“Sistema Solar”) e suas
Rondas (Pralaya e Manvantara). O detalhe principal aquí é o
teor específico das Raças de 5,2 mil anos, já que as Estâncias
muitas vezes tratam as Raças desde um ângulo trino (à exceção
da Primeira -ou Sexta- que tem até quatro divisões/signos).
364
Neste tipo de estudo é importante compreender então que a
Hierarquia representa uma evolução predecessora à Humana
atual no decurso do presente Sistema Solar, por isto aquela
evolui mais e pode auxiliar a esta última. Abaixo temos também
então uma Tabela dos graus de evolução que toca a estes dois
Reinos, semelhantes àquelas que apresentamos em nossa
Doutrina Secreta Revelada:
365
De resto confiamos que o estudante diligente, além de poder
estudar os próprios textos de Bailey -posto que alguns dos seus
trabalhos mais esotéricos estariam embasados sobre estas
Estâncias-, e de posse de sua própria intuição, tal como o auxílio
dos Instrutores internos possa alcançar os resultados necessários
na teoria e na prática -não obstante Bailey mesma declarar que
de certa forma os seus conteúdos estariam datados como válidos
somente até o ano de 2025, face a manifestação das novas e
esperadas realidades espirituais no planeta, para as quais ela
também contribuiu diligentemente para preparar. De modo que
será especialmente na direção destas novas energias que o
aspirante da Nova Era deverá buscar olhar, e nas quais o teor da
presente hermenêutica se enquadra para todos os propósitos,
uma vez que os conhecimentos que a embasa foram obtidos
dentro da próprias dinâmicas de renovação das coisas na
conclusão do Plano da Hierarquia de preparação da humanidade
para a Nova Era.
Como advertimos da Introdução 1 da presente Obra, a
estrutura original destas Estâncias do “Tratado sobre Fogo
Cósmico” difere pela ausência de nomeação geral e até de
numeração nos versos ou slokas, de modo que insermos por
conta estes “detalhes” em prol de uma melhor didática e da
homogeneidade do conjunto da Obra.
366
Capítulo 26
367
Donde o grande paradoxo de tratar as presentes Estâncias
como “exotéricas”, considerando que o trabalho com o Som
pode representar o aspecto mais esotérico que há no Ocultismo;
ainda que, no contexto das Três Energias, ele seja também o
mais denso, por isto mesmo servindo de base para todo o resto...
368
Não obstante, também no “Tratado sobre Fogo Cósmico”
existe uma descrição de cada uma das letras da Palabra
Sagrada enquanto atributos da “eletricidade”, a saber:
1ª Letra = Eletricidade como vibração
2ª Letra = Eletricidade como luz
3ª Letra = Eletricidade como som
Haveria ainda uma quarta expressão desta “força elétrica
manifesta como cor no quarto plano” –o que sugere que se
está tratando então com planos. Esta última energia de quarto
Plano acha-se todavia em construção na humanidade.
Podemos trazer então a descriçao completa do item
segundo que nos interessa:
“Eletricidade como luz. Causa a objetividade
esferoidal. É o nascimento do Filho. Abrange a
enunciação da segunda letra da Palavra Sagrada.”
Estamos pois aqui diante da Energia do Amor, relacionado
à energia magnética de natureza esferóide ou ondular e à
Segunda Pessoa da Trindade, “O Filho”.
Tudo nesta Estância se volta para o Segundo Aspecto: “O
mistério da vida está escondido no coração.” A própria
“fusão final dos dois triângulos”, o superior e o inferior,
remetem àquele quadridimensional “única chama, que
consome tudo.”
“Eletricidade” é uma das três formas do Fogo Cósmico
descritas por HPB e desenvolvidas por Bailey. Pela ordem
dos Fogos dada no próprio “Tratado sobre Fogo Cósmico”,
começa pelo Fogo Frictivo, segue o Fogo Magnético (ou
369
“Solar”) e culmina no Fogo Elétrico -havendo ainda um
Quarto Fogo descrito então como “Quadridimensional”, mas
que corresponde ao Plasma.
Em nossas proprias análises das Três Hipóstases sagradas,
base de todo o trabalho espiritual consciente, temos o
seguinte quadro de correspondências com os Três Fogos
Cósmicos iniciais:
a. Fogo Frictivo = Som
b. Fogo Magnético = Amor
c. Fogo Elétrico = Luz
Possivelmente a forma de compreender isto é que a
Segunda Letra na verdade é a Terceira, ou seja: o produto
harmônico final das duas outras, estando disposta no meio de
ambas apenas de forma de grafia simbólica triangular, e não
linear e fonética como poderia parecer. De qualquer forma,
aquilo que a Estância almeja passar com tudo isto quase se
resume em dois fatores: Amor e Eletricidade ligada à Luz de
uma forma particular.
Na obra de Bailey existem muitas indicações importantes
sobre o emprego do OM, a Palavra mística da Iniciação
Solar. Citemos:
“O OM emitido, escudado no pensamento dirigido,
age como um perturbador (ou “vibrador”), um
afrouxador da matéria grosseira do corpo do
pensamento, da emoção e do corpo físico. Quando
emitido com intensa aspiração espiritual, age como um
meio atrativo e reúne partículas de matéria pura para
370
preencher os espaços daquelas previamente expelidas.
Os estudantes deveriam esforçar-se para ter estas duas
atividades em suas mentes ao usar a Palavra em sua
meditação. Esta utilização da Palavra é de valor prático
e resulta na construção de bons corpos para o uso da
alma.
“O uso do OM serve também para indicar aos
trabalhadores nos planos universais e aos que, no
mundo exterior, são dotados com a percepção
espiritual, que um discípulo está disponível para o
trabalho e pode ser utilizado ativamente nos lugares da
Terra onde sejam necessários. Isto deve ser conservado
na mente por todos os aspirantes e deve servir como um
incentivo para fazer a vida fenomênica exterior
coincidir com o impulso espiritual.” (“Um Tratado
sobre Magia Branca”, pág. 80)
371
Capítulo 27
As Idades (II)
372
cósmica foi ouvida abaixo do som do sistema. O fogo interno e
o fogo externo encontraram o fogo ascendente. Os guardiões do
fogo cósmico e os devas do calor fohático vigiavam as formas
que permaneciam amorfas, esperando por um ponto no tempo.
Os construtores de grau inferior, devas que trabalharam com a
matéria, moldaram as formas. Estes foram divididos em quatro
grupos. Eles permaneceram absolutamente silenciosos nos
níveis triplos. Eles vibraram, responderam ao tônico, mas
permaneceram estéreis e vazias.
4. ‘AUM’, disse o Poderoso, ‘que as águas também fluam.’
Os construtores da esfera aquosa, que vivem na umidade,
produziram as formas que se movem no reino de Varuna. Eles
cresceram e se multiplicaram. Eles oscilavam em fluxo
constante. Cada vazante no movimento cósmico aumentava o
fluxo sem fim. As ondulações das formas foram observadas.
5. ‘AUM’, disse o Poderoso, ‘deixe os Construtores lidarem
com a matéria.’ O que estava em estado líquido tornou-se
sólido. As formas sólidas foram construídas. A crosta esfriou.
As rochas endureceram. Os construtores criaram a confusão
para produzir as várias formas de Maya. Quando os estratos
rochosos foram concluídos, o trabalho foi feito. Os construtores
de nível inferior anunciaram que a obra havia chegado ao fim.
Do estrato rochoso surgiu o outro estrato. Os construtores do
segundo concordaram que o trabalho já estava feito. A primeira
e a segunda, no caminho ascendente, permaneceram em forma
quádrupla. Aqueles cuja visão era penetrante perceberam
parcialmente os cinco internos.
6. ‘AUM’ disse o Poderoso, e prendeu a respiração. A
centelha que existia nos habitantes do terceiro deu impulso a um
maior crescimento. Os construtores das formas inferiores
manipularam o Maya mais denso, fundiram seu produto com as
373
formas construídas pelos seres aquosos. Matéria e água
fundidas produziram, no devido tempo, o terceiro. Assim
continuou a ascensão. Os construtores trabalharam juntos.
Chamaram os guardiões da zona ígnea. Matéria e água se
misturaram com o fogo, e junto com a centelha interna, dentro
da forma, se fundiram.
7. O Poderoso olhou para baixo. Ele aprovou os formulários.
A demanda por mais luz surgiu. Ele pegou o som novamente.
Ele elevou a fraca centelha de luz a níveis mais altos. Outro tom
foi ouvido, o som do fogo cósmico, oculto nos Filhos de Manas,
que se dirigiam a seus Primários. Os quatro inferiores, os três
superiores e os cinco cósmicos reunidos na grande inalação.
Uma nova envoltura foi formada.”
374
dele fazem nas suas práticas. Blavatsky afirmou que “o som é o
veículo (vaham) da energia”. Aquele que for capaz de
compreender esta questão já estará a meio caminho de assimilar
os conteúdos da presente Estância.
Um observador leigo até poderia estranhar a repetição do
“mesmo mantra” tantas vezes, já que –apenas para exemplificar-
cada chakra comporta também o seu próprio bija. Acontece que
devemos ter em conta também a própria “evolução do mantra”
que, para dizer o mínimo, pode ser recitado ao longo de toda a
escala musical.
Em última análise, AUM simboliza também aquí o processo
criador, a intervenção do Logos na renovação das coisas, sempre
num sentido espiritual de favorecer um Novo ciclo evolutivo
para a humanidade, uma vez que esta chega a uma condição
crítica de impasse e acredita que todas as coisas terminaram para
ela. De modo que tem-se um resumo com isto da evolução de
toda um Sistema completo de evolução.
375
Comentário: O texto começa com as generalidades do
Pralaya e avança para o Manvantara na Terceira Raça dando
início à ordem elemental que, esotéricamente, representa a
ativação do terceiro plano de iniciação, seja no micro (Plano
Mental) ou no macrocosmo (Terceira Ronda).
O processo em questão sugere realmente uma densificação
das coisas, ou seja: Ar->Fogo->Água->Terra, para então tudo
se refundir no Éter para tratar da transição. Tal coisa pode ter
contribuído para a visão de Blavatsky sobre a densificação
das formas raciais, que começariam etéreas ou sutis, para
depois irem se materializando fisicamente. Não obstante, este
tipo de doutrina “densificante” é própria sobretudo da
Filosofia do Manvantara e seus sub-ciclos internos, os yugas
-ver também o Capítulo 8 “Os Quatro Fogos (I.6)” no
presente Volume. A recorrente presença do AUM em cada
ciclos destes –que são as Quatro “Idades Metálicas” do
Manvantara-, indica que, e apesar de tudo, eles também são
geridos e ativados mediante a Iniciação e recebem a devida
assistência das Hierarquias. Este texto representa pois –e
apesar da sua natureza críptica- um dos raros testemunhos da
existência de uma Quinta Idade (“Metálica”), presente
também no Sonho de Nabucodonosor e na descrição das
Idades Metálicas por Hesíodo. E também traz citações
importantes sobre as Eras astrológicas que sugerimos ao
estudante acompanhar através do diagrama das Raças
existente no Capítulo 25 intitulado “Introdução ao Livro III”
no começo deste segmento.
Assim, no primeiro AUM tem-se o advento da Grande
Dissolução, que é o sentido do Pralaya (o sânscrito laya
376
significa “dissolver”). Com isto a velha ordem espiritual
setenária do Manvantara se decompõe (“as ondas sétuplas de
matéria se dissolveram”), para dar lugar a um novo modelo
cósmico de evolução individualizada (“uma variedade de
formas apareceu”). Esta Ordem era regida todavia pelo
conhecimento e tinha um Plano divino por detrás, no qual
havia um papel determinado para todos (“cada um tomou seu
lugar em sua esfera designada), onde cada qual já deveria
buscar realizar de forma independente o seu contato com os
céus (“esperaram que a corrente sagrada entrasse e os
preenchesse”-frase esta de sentido pentecostal).
A própria inexistência de castas no Pralaya, senão as
eventuais figuras ímpares de reis e de xamãs tribais, é um
reflexo direto da ausência de uma Ordem mais universal
neste tipo de “ronda oculta” do mundo, tal como a própria
inexistência de uma sociedade-de-massas. Note-se que os
Profetas e Patriarcas sempre visaram preservar este tipo de
modelo mesmo durante o Manvantara, na medida do
possível.
Atentemos pois para as seguintes importantes colocações
existentes nas “Cartas dos Mahatmas”:
“A humanidade atual encontra-se em sua quarta
ronda, do ciclo evolutivo pós-pralaya; e assim como as
suas diferentes raças, também as entidades individuais
em cada raça cumprem inconscientemente seus ciclos
terrestres setenários locais; daí a enorme diferença em
seus graus de inteligência, energia e assim por diante.
377
“Agora (no Manvantara), cada individualidade será
seguida no seu arco ascendente pela lei da retribuição
— carma e morte, do modo apropriado. O homem
perfeito ou a entidade que alcançou a perfeição plena
(por haver amadurecido cada um dos seus sete
princípios) não renascerá aqui. Seu ciclo terrestre local
se completou, e tem que seguir adiante, ou — ser
aniquilado como individualidade. (As entidades
incompletas têm que renascer, reencarnar). Este
portanto é a regra. Os Budas e os Avatares formam a
exceção e, de fato, temos, ainda, alguns Avatares que
ficaram conosco na Terra.
“Em sua quinta ronda, depois de um Nirvana parcial
quando se alcança o zênite do grande ciclo, as
individualidades assumem a responsabilidade dali em
diante em sua descida de esfera em esfera, já que
deverão aparecer sobre esta Terra como uma raça ainda
mais perfeita e intelectual. Este curso descendente
ainda não começou, mas começará logo. Mas quantos e
quantos serão destruídos no caminho!” (Volume 1, pgs.
204-205, Carta 44)
Realçamos pois este o parágrafo onde se afirma que “as
individualidades assumem a responsabilidade dali em diante
em sua descida de esfera em esfera”, porém não apenas em
função das caraterísticas específicas da quinta ronda
(intelectual, etc.), mas também por se tratar de um Pralaya.
Naturalmente, o tema se presta também a uma dada visão
cosmológica, onde a estrutura setenária das Raças perde
importância para dar lugar à outra Ordem cósmica, no caso
378
aquela das Eras Astrológicas -afinal, a questão destas Eras
astrológicas (mais ligadas tanto ao “individualismo” como às
evoluções primárias que caracterizam o Pralaya) será
também uma constante nas alusões aos “Elementos” tratados
nesta Estância.
O Pralaya é uma espécie de ciclo de “Experimentalismo”
coordenado, regido por uma planificação espiritual geral. E
tudo começa pela Invocação, o “clamor dos santos”, a qual os
Construtores respondem para colaborar então nos trabalhos.
O texto mostra ademais que toda a verdadeira construção
apenas começa na sua terceira etapa, diz este primeiro sloka;
tudo o que existe antes resulta apenas uma preparação das
bases. Ao mesmo tempo em que, uma vez determinada esta
tríade, uma nova unidade operativa aparece a a própria tríade
se torna a nova escala de evolução, que é a “evolução por
terças de frequência”... Assim o plano material que logo é
sutilizado e qualificado, permitindo aos Construtores elaborar
o “envelope atômico” da energia interior.
379
Comentário: Neste segundo AUM o trabalho prossegue
através do Elemento Ar, que é o Terceiro Elemento (presente
na Era de Gêmeos, terceira do Zodíaco e integrando a Raça
Atlante), conformado o caráter ternário do trabalho em vista.
Estanos aquí na transição da Ronda ou na verdadeira entrada
do Manvantara. Atentemos pois para a seguinte frase da
Estância:
“O plano sagrado da conjunção, o quarto grande
plano, tornou-se a esfera, dentro do círculo maior, que
marcava a meta do homem.
A raça quarta Atlante fez a transição da Ronda, atuando na
“conjunção” dos grandes ciclos e portanto intermediando os
Reinos de Evolução –Divindade, Hierarquia e Humanidade.
Esta raça tornou-se simbólica do ciclo maior, a quarta Ronda
de evolução, pois indicava realmente a grande Meta da
evolução humana da Ronda, representada pela figura então
seminal dos Arhats, quer dizer: Pontífices na Raça Atlante,
Apóstolos na Raça Árya, e Homens na Raça
Teluriana…através da difusão da Quarta Iniciação. É pois o
Elemento AR em ação, o intelecto, ativado na Idade de Ouro
inicial, a “Era dos Sábios”.
380
“Os construtores de grau inferior, devas que trabalharam com
a matéria, moldaram as formas. Estes foram divididos em quatro
grupos. Eles permaneceram absolutamente silenciosos nos
níveis triplos. Eles vibraram, responderam ao tônico, mas
permaneceram estéreis e vazias.”
Comentário: O terceiro AUM estava destinado à Quinta
Raça (“exalando no quinto”), a Árya, onde encontrou os
planos de terra e fogo (as Eras de Touro e de Áries, regidas
por tais Elementos, integram os setores maiores da Raça
Árya) a serem organizados por Fohat.
Esta Quinta Raça do Sistema Solar trazia também a
terceira Raça ou Humanidade do Manvantara, capacitada
pois a receber a semente monádica na iniciciação solar no
tempo oportuno -ou seja: “as formas que todavia
permaneciam amorfas”, “esperando por um ponto no tempo”
porque afinal “tudo tem o seu tempo sob o Sol” (Salomão).
Começa então uma organização Elemental no Corpo causal:
assistida de início pelos “devas que trabalham com a
matéria”, na busca da combustão da “terra ígnea”. É pois o
Elemento FOGO em ação, a criatividade, ativado na Idade de
Prata subsequente, a “Era dos Heróis”.
381
Comentário: No quarto AUM apareceram os “construtores
da esfera aquosa”, apresentando as suas características
ondulações -ou oscilações-, dotadas do dom da mutiplicação.
A Sexta Raça do Sistema Solar (Quarta do Manvantara)
inicia na Era de Peixes, promovendo grande movimentação
planetária a partir dos Oceanos, integrando os Continentes e
multiplicando as suas populações. É pois o Elemento ÁGUA
em ação, o psiquismo, ativado na Idade de Bronze seguinte, a
“Era dos Burgueses”.
382
Capricórnio que segue (“do estrato rochoso surgiu o outro
estrato”). Tratando-se então do final da Ronda, “os
construtores do segundo (que é Capricórnio) concordaram
que o trabalho já estava feito.” É pois o Elemento TERRA
em ação, o pragmatismo, ativado na Idade de Ferro final, a
“Era dos Proletários”.
Tem-se aqui novamente a questão do “endurecimento” das
coisas. A ideia da “densificação” (leia-se: concentração) da
energia –pelo emprego de Fohat- também poderia ser vista
dentro do processo alquímico de “solve et coagula”, uma
dialética comum no universo e ao qual a própria transição
para o Manvantara poderia ativar por ser este um ciclo
“positivo”. Nesta mesma linha também temos atribuído o
mesmo às próprias polaridades dos chakras ou das iniciações:
chakras pares (passivos ou negativos) “solve” e chakras
ímpares (ativos ou positivos) “coagula”, semelhantes
respectivamente pois aos processos de desprendimento e de
uso da vontade -este último seria o caso da iniciação de
Manas e Fohat próprio da Terceira Raça, como é de fato
também a Raça Árya ou mesmo a Teluriana do final do ciclo.
Aquilo que segue representa uma espécie de apêndice,
complemento ou corolário da evolução dada. “A primeira e a
segunda, no caminho ascendente” são as duas novas Raças do
arco ascendente do novo Sistema Solar, que é o “refinado”
Pralaya, as quais não obstante “permaneceram em forma
quádrupla” por atuar ainda ao nível da Personalidade,
trabalhando os primeiros graus da iniciação coletiva da Nova
Dispensação cósmica. Ainda assim, os dotados de visão
interior “perceberam parcialmente os cinco internos” porque
383
a sua intuição era elevada o suficente para entrever os planos
mais elevados e suas Hierarquias ocultas.
384
Comentário: Neste ultimo sloka observamos ainda um
“remate” dos trabalhos, na forma de uma síntese de
aperfeiçoamentos. “O Poderoso olhou para baixo” indicaria a
ação estimuladora do Cetro de Sanat Kumara sobre a aura do
discípulo –na Estância VII adiante o tema é explicitado-,
porta-voz também do “o som do fogo cósmico”, até que pelo
apefeiçoamento e reunião de tudo uma nova envoltura é
formada”, ou seja: um veículo perfeito para receber uma
luz… ainda Maior. É pois o Elemento ÉTER em ação, a Luz,
ativado na Quinta Raça na Idade do Diamante da transição,
que é a verdadeira “Era dos Deuses”.
Assim, grosso modo, o Dia de Brahma é apenas um
grande ciclo de transformações sociais de base econômica
que vai da religiosidade até o materialismo, sob uma
velocidade e uma noção de temporalidade cada vez mais
densa, se desdobrando também em ciclos análogos dentro das
sociedades e das nações, compondo aquilo que se chama de
História, ainda que no começo não se tenha um registo formal
senão através das próprias obras que o ser humano começa
realmente a exteriorizar. Este quadro não existe no Pralaya e
também é neutralizado nas Idades Médias onde prevalece
uma autêntica espiritualidade.
385
Capítulo 28
Os Sete (III)
386
foi feito melhor e o produto ficou mais perfeito. Na sétima volta
a terceira roda retornou a Pedra. Tripla a forma, luz rosa e sete
vezes o princípio eterno.
5. Emergindo da grande Roda, da abóbada celeste, surgiu a
roda menor, que se tornou a quarta. Os Lhas eternos olharam
para baixo e os Filhos de Deus surgiram. Eles lançaram a pedra
sagrada nas profundezas da morte. Aplausos surgiram dos
Chohans. O trabalho atingiu um ponto de viragem. Do abismo
da escuridão exterior eles tiraram a Pedra, que agora era
transparente, pura, de cor rosa e azul.
6. As revoluções da quinta roda e sua atividade na Pedra a
tornaram ainda mais adequada. O corante de fusão era amarelo,
o fogo interno laranja, até que amarelo, rosa e azul misturassem
seus tons sutis. As quatro rodas junto com a maior trabalharam
na Pedra, até que todos os Filhos de Deus aclamaram, dizendo:
‘O trabalho foi feito’.”
387
1. “A grande Roda girou sobre si mesma. As sete rodas
menores passaram a existir. Elas giraram como sua mãe, sobre si
mesmas, internamente e para a frente. Tudo o que existe se
tornou.”
Comentário: Inicia pela transição da Ronda, onde “as sete
rodas menores (que) passaram a existir” são as Sete Eras
Astrológicas do Pralaya, fundamento para o conceito
tradicional da “Criação” em Sete Dias simbólicos.
388
Comentário: Os parágrafos seguintes tratam então das
duas primeiras raças, como assistidas internamente e
provadas para observar os seus avanços, alcançando sempre
inovações e resultados signficativos, mas tidas todavía como
inadequadas ainda para Manas. O fogo representa o grande
elemento transformador e regenerador das formas.
389
sagrada nas profundezas da morte. Aplausos surgiram dos
Chohans. O trabalho atingiu um ponto de viragem. Do abismo
da escuridão exterior eles tiraram a Pedra, que agora era
transparente, pura, de cor rosa e azul.”
Comentário: Logo começa o novo Grande Ciclo, o
Manvantara (“Emergindo da grande Roda”), dando lugar à
Quarta Raça. A Hierarquia pode ali imprimir a sua luz sobre
a Raça, e desafiaram a própria Morte através da Iniciação ou,
antes, da Iluminação dos Arhats. Os esforços foram
reconhecidos pelos Senhores (“Chohans”, que podem ser
aquí as Hierarquias Nirvânicas), porque tal conquista
representava o grande “ponto de viragem” em toda a
evolução da espécie humana. A Hierarquia representa o
Reino Intermediário na evolução consciente da Terra, e
quando este Reino alcança a Quarta Iniciação tudo o mais
começa também a se modificar.
390
humanidade, quer dizer, foi uma Raça de Iniciados também, a
Raça Hansa.
391
Capítulo 29
A Ponte (IV)
392
menores. A quarta, quinta e sexta misturadas, fundidas e
mescladas.
O aeon terminou, o trabalho foi feito, as estrelas se detiveram.
O Eterno Um exclamou ao mais alto céu: ‘Exponha a obra.
Apresente as pedras. E eis que as Pedras eram uma’.”
393
da meditação, com a densificação da consciência (que é
ignorância) no Manvantara -pois a energia grosseira funciona
realmente como uma nuvem ou carapaça, semelhante aos
complexos psicológicos obstaculizadores. O leigo também pode
achar paradoxal o processo de laya (dissolução, relativo à
sutilização da consciência) que acontece em larga escala no
Pralaya, com a ação cristalizadora de Fohat sobre a energia sutil
na iniciação. Muita coisa aqui reflete enfim o mecanismo de
solve et coagula dos alquimistas, em parte porém apenas de
maneira incidental ou fatalística. Sutilização (laya) é um
processo místico da consciência pautado em sabedoria,
enquanto que intensificação (Fohat) é um mecanismo ocultista
envolvendo um método. Ambos devem andar juntos -a estrutura
das mandalas (e para citar uma “dialética” verdadeira) contém
os lótus de consciência e os mantras de empoderamento- mas
também os relacionamos às próprias polaridades dos chakras e
das iniciações enquanto ênfases de cada ciclo evolutivo.
Comparativamente, a primeira Raça do Pralaya era mais mística
e a terceira já era mais ocultista, por uma simples questão de
evolução, mesmo sendo ambas positivas, já que a última estava
melhor capacitada para processar mentalmente as energias.
394
aspectos importantes desta Raça é que se começa a projetar
por afinidades a Quinta Ronda seguinte, de modo que em
seguida já pode começar a transição maior (“entrou em paz”),
especialmente a partir da Quinta Sub-Raça (“roda menor”).
Pois tudo isto relaciona-se à entrada no Nirvana da Quinta
Hierarquia Criadora. Citemos:
“As Doze Hierarquias criadoras representam um
testemunho eloquente sobre as Doze Iniciações
planetárias, já alcançadas por alguns Budas na
atualidade. Cinco delas acham-se em ‘Nirvana’ porque
a Quinta iniciação também representa uma conquista
assegurada ao nível de Hierarquia espiritual.
Certamente o mesmo vale para o nível cósmico ou das
Rondas -valendo aqui portanto mais para a evolução
dos próprios Kumaras-, onde estamos atualmente
entrando na Quinta Ronda mundial sem solução de
continuidade, e das quais se diz serem catorze mas na
prática seriam mesmo Doze, num sentido propriamente
cronológico da sua evolução. Simbolicamente falando,
podemos dizer que a hora do crepúsculo é ‘dupla’ por
pertencer tanto ao dia quanto à noite.” (Salvi, “A
Doutrina Secreta Revelada”, Vol. II, “Hierarquias
Espirituais”)
395
externa não atendeu à necessidade até que a sexta e a sétima
rodas passaram por seus fogos.”
Comentário: O “recolhimento das faíscas” pode indicar
uma grande mortandade humana sob as crises mundiais,
assim como uma ascensão de Espíritos liberados que
esforçam por se iluminar e assim regressam “à Casa do Pai” -
e no final de contas as duas coisas podem confluir em certa
medida. Não obstante, a Pedra, que é o Manu (ou se
representante terreal, o Adepto Asekha), começou a reunir os
iniciados, mas tal coisa apenas pode ser realmente alcançada
sob as energias “ocultas” da Sexta e da Sétima Raças, geradas
e provadas já pelos próprios fogos da transição –não obstante
tudo isto começa a ser antecipado já pelas sub-raças sexta e
sétima aryas.
396
Raça acham-se envolvidas as Eras Quinta (Peixes), Sexta
(Aquário) do Manvantara e a Sétima (Capricórnio) que
também já é a Primeira do Pralaya.
Em seguida tem-se o fenômeno peculiar da transição do
Pralaya que é envolver (em certos calendários) duas Raças
neste processo (ou até três, como veremos), donde “a grande
Roda girou com dupla volta”. A Hierarquia religiosa dos
Doze novamente é rechaçada como inábil para gerir a
transição, em favor da Sétuple iniciática, a qual estimula
então que a Raça participe ativamente dos esforços da
transição.
397
“O aeon terminou, o trabalho foi feito, as estrelas se
detiveram. O Eterno Um exclamou ao mais alto céu: ‘Exponha a
obra. Apresente as pedras. E eis que as Pedras eram uma’.”
Comentário: Por fim teremos a cena da fusão entre as
Hierarquias quarta, quinta e sexta numa grande unidade
operacional, para dar assim encerramento ao eón ou ao
Manvantara. As Mônadas individuais se reunem na Unidade
cósmica do Logos. O tempo então se detém às portas do
Pralaya, designado como “a Grande Eternidade”.
O simbolismo da Pedra é tradicional tanto para a
Humanidade em evolução –ao fazer contato gradual com a
Mônada-, como para a Hierarquia -como em São Pedro como
Pedra de Alicerce da Igreja-, como também para o próprio
Logos ou Shambhala: como é sabido a espada ou o punhal
são símbolos do Logos, que comumente são colocados na sua
boca como sinal da autoridade da Palavra. Numa análise mais
esotérica, temos o punhal-de-pedra (ou pederneira) no caso
da Pedra do Sol asteca, e a espada metálica no Apocalipse
19:15, onde pedra ou metal refletem energias centrais
criadoras ligadas aos grandes bijas-mantras como o sagrado
OM e outros -ver também sobre as “Três Pedras” no Popol
Vuh maia no Capítulo 10, “O nascimento das Raças” acima.
398
Capítulo 30
399
onde a Astrologia é tratada como um mistério colocado sob
véus, ou seja: símbolos sobre símbolos! Lamentavelmente este
plano do saber teosófico quase não representa uma realidade
viva, antes um tema de fé e de especulação, uma tese somente
sobre a criação e evolução da vida.
Aparentemente a Astrologia Esotérica teosófica é uma teoria
com base na realidade mas que se desenvolveu excessivamente
numa direção especulativa, na medida em que as conexões com
os fatos não puderam ser satisfatoriamente realizadas, em parte
devido à própria incipiência da Ciência da época. Pouca gente
consegue ver praticidade na Astrologia Esotérica dos teósofos, a
qual basicamente aceitam como um sistema de crenças, apoiado
em outros corpos de conhecimentos algo mais objetivos ou
aplicáveis. Tal coisa se deve basicamente ao caráter altamente
simbólico desta Astrologia, tornando este conhecimento
duplamente abstrato, já que por natureza ele também já diz
respeito a saberes espirituais especializados. A verdade porém é
que tudo isto poderia pelo menos ser também altamente
compreensível, deixando a cada qual depois a decisão de
dedicar-se a isto ou não. Pois na forma atual, isto praticamente
sequer é uma opção, já que impera praticamente como um
simples dogma sem margem a críticas e a avaliações.
Não obstante, todo este trato misteriosófico do conhecimento
também possui o seu valor. Muitos sábios não apreciam tratar
abertamente saberes tão graves e importantes. Ocorre também
do profano abordar o conhecimento de forma vulgar e começar a
distorcer as coisas. Por fim tal abordagem serve como um
recurso didático para fazer o estudante valorizar a informação e
400
fazer o uso mais responsável dela, inclusive dentro de uma
seleta Fraternidade de Iniciados.
A linguagem
401
raças dadas por Blavatsky quando se emprega certa Chave de
conversão cronológica dada na literatura teosófica.
Lembremos então que no ensinamento teosófico o Quarto
globo está na base de uma “onda de vida”, ou no auge de um
ciclo de criação, seguido por outro ciclo de absorção cósmica.
Existe também uma outra leitura da questão, que não
casualmente encaixa perfeitamente também na anterior, na
medida em que uma coisa leva à outra. Sabemos estar agora no
final da Quarta ronda mundial, o que nos coloca igualmente na
metade de uma “onda de vida” completa. Na ronda seguinte as
energias começarão a se espiritualizar no planeta. No jargão
teosófico vivemos atualmente no quarto sistema solar, que é o
mesmo da quarta ronda. Ora, os globos deste sistema são pois as
Eras conjugadas que compõe este sistema solar astrológico.
Seja como for, ambas as situações nos colocam numa
poderosa transição mundial, que vai além até mesmo de uma
simples mudança de rondas para alcançar uma realidade ultra
cósmica de evolução. Até agora temos cerca de 50 mil anos de
evolução “superior”, seja pela ciência como pelo esoterismo. Se
formos tratar de um ciclo completo de sete rondas de 12 mil
anos cada, teremos no final um ciclo completo de 84 mil anos, o
que é uma analogia com o ciclo (revolução orbital) de Urano de
84 anos, uma das grandes deidades originais do panteão grego
associada ao Céu…
402
Capítulo 31
O Quinto (V)
403
A esfera tremendo ouviu que o Terceiro estava pegando e
enviando a nota; um acorde completo atingiu os ouvidos dos
Guardiões da Chama.
4. Os Senhores da Chama se levantaram e se prepararam. Era
a hora decisiva. Os sete Senhores das sete esferas aguardavam o
resultado, prendendo a respiração. O grande Senhor da quarta
esfera esperava o que estava por vir.
O inferior foi preparado. O superior submisso. Os Grandes
Cinco esperaram pelo ponto de fusão equidistante. A nota
fundamental ascendeu. O profundo respondeu ao oculto. O
acorde quíntuplo aguardava a resposta Daqueles cuja hora havia
chegado.
5. O espaço entre as esferas escureceu. Dois deles brilharam.
O triplo trinta e cinco considerou a distância exata; eles
brilharam como chamas intermitentes; eis que a obra estava
feita. Os Cinco Grandes encontraram os Três e os Quatro. O
Ponto intermediário foi alcançado. Era a hora do sacrifício, o
sacrifício da Chama que perdurou por eons. Os eternos Unos
entraram no tempo. Os Guardiões começaram Sua tarefa; eis
que a obra continua.”
404
evolução humana que chega igualmente à sua condição de
Arhat. Notoriamente temos aqui um crescendo no poder da
emissão da Palavra sagrada, com destaque para o três, o quatro e
o cinco, como tantas vezes se repete nestas Estâncias.
405
constitui o homem e constituirá o super-homem,
ligando o que foi com o que será.”
406
“A esfera tremendo ouviu que o Terceiro estava pegando e
enviando a nota; um acorde completo atingiu os ouvidos dos
Guardiões da Chama.”
Comentário: “Repetir o som em nota quádrupla” pode
significar uma dada nota musical ou vibração, despertando a
reação da Hierarquia por simpatia vibratória. As Hierarquias
atuam por vibração e ressoam por frequências. É tarefa do
discípulo elevar a sua frequencia “em alto e bom som” para
se fazer ser ouvido e assim despertar a resposta dos
“Guardiões da Chama”, a fim de que deste modo a corremte
seja fechada e a iniciação se realize. No presente quadro
temos pois o envolvimento da Quarta Hierarquia e da Raça
quaternária.
Tudo conspira aquí para montar um cenário cósmico de
grandes proporções e consequencias, sob a convocação das
Sete Hierarquias Nirvânicas e do próprio Sanat Kumara
(“grande Senhor da quarta”), onde os grandes espectadores
são os “Grandes Cinco”, que representam uma Hierarquia até
aquí inédita na evolução do planeta, reflexo da aproximação
da Quinta Ronda, que é a chegada do Quinto Kumara.
Não obstante haver ao mesmo tempo um simbolismo em
relação à iniciação do indivíduo, as coisas acham-se na
atualidade já num processo de precipitação tal de energías,
que logo se fará necessário atuar de forma efetivamente
coletiva a fim de que os resultados necessários possam ser
alcançados. O fato é que grandes energias estarão sendo
mobilizadas também pelas próprias Hierarquias.
407
4. “Os Senhores da Chama se levantaram e se prepararam.
Era a hora decisiva. Os sete Senhores das sete esferas
aguardavam o resultado, prendendo a respiração. O grande
Senhor da quarta esfera esperava o que estava por vir.
“O inferior foi preparado. O superior submisso. Os Grandes
Cinco esperaram pelo ponto de fusão equidistante. A nota
fundamental ascendeu. O profundo respondeu ao oculto. O
acorde quíntuplo aguardava a resposta Daqueles cuja hora havia
chegado.”
Comentário: O “acorde quíntuplo” novamente evoca
questão da frequência ou vibração gerado pelo Mantra, não
obstante nas esferas nirvânicas tudo isto resultar muito mais
complexo e profundo, interno mesmo e eventualmente
universal. De todo modo tem-se uma alusão à quinta nota ou
“Sol”, como chave para ativar as novas esferas, sendo esta
uma nota diretamente relacionada ao Raio do Poder. No
comentário seguinte tratemos mellor da questão da
“equidistância”.
408
Comentário: O “escurecimento” do espaço intermediário
entre as esferas representa a entrada em Nirvana das Eras
Setenárias. “O triplo trinta e cinco” são as Sete sub-raças das
cinco Raças então acumuladas na Ronda, sugerindo o
comprometimento de todas as energías da presente evolução.
“A distância exata” é o espaço-tempo correto para a ação, tal
como “O Ponto intermediário”, que é também o PI. O quadro
sugere enfim uma nova organização simbólica do todo da
Ronda para sinalizar a sua transição, no local predestinada da
Transição planetária.
O grande encontro “do Cinco, do Três e do Quatro”
corresponde ao Triângulo Pitagórico, de modo que um
Alinhamento cósmico é então estabelecido, onde a Mente
superior quíntuple coordena a Forma quaternária e a Essência
triangular (por vezes Bailey inverte esta última matemática).
Uma coordenação se faz entre o Som, a Luz e o Amor para
produzir a Grande Chama.
O “sacrifício da Chama” é o processo da Terra Ardente,
visto também como a grande Iluminação Coletiva que
determinará não apenas a Abertura da Nova Raça, como será
a grande Senha cósmica para o começo da Transição
planetária que tem na atualidade uma verdadeira dimensão
mundial, em tudo semelhante pois aos grandiosos dias de
Sanat Kumara, ainda que matizada por uma Nova Nota e sob
as características específicas do Pralaya do mundo.
409
Capítulo 32
A Fênix (VI)
410
que observam, veem como o trabalho começa. O quádruplo
torna-se sete. A canção das chamas sobe para toda a criação.
Chegou a hora da realização.
Prossegue o trabalho novamente. A criação continua seu
caminho enquanto a luz dentro da caverna aumenta.”
411
Kurukshetra. Para o homem, o 4º plano, o búdico, é o
lugar de triunfo e a meta de seus esforços, mas para o
Homem celestial, o Logos planetário, é o campo de
batalha e para o Logos solar o solo ardente.” (“Tratado
Sobre o Fogo Cosmico”)
Assim tudo isto vale também para os acontecimentos finais
do Dia de Brahma, especialmente em se tratando da Quarta
Ronda de evolução...
412
próprio coração. Em suma temos aquí uma reprodução do
quadro em que Jesus, do alto da sua cruz afima: “Pai, porque
me abadonaste?!”
413
3. “Os triplos guardiões sabem e observam. O quádruplo já
está preparado; a densidade completa sua tarefa; o veículo
também está preparado.
“A trombeta da destruição soou. Enceguecedor era o poder da
chama que se aproximava. O tremor místico sacudiu a caverna;
as Chamas ígneas desintegram Maya, e eis que o trabalho está
feito.”
Comentário: Mas nisto ele também é obsevado pelos
sagrados guardiões, enquanto “a densidade completa sua
tarefa” de terror e opressão. O iniciado é assim jogado na
fornalha ardente como os três sábios do Livro de Daniel
(simbolizando a Tríade Inferior em provação), e dela deve
sair vivo ou perecer amargamente. Tudo está porém
preparado para uma reação.
E esta realmente acontece então, a partir do toque da
“trombeta da destruição”, acionando assim os fogos da
regeneração, porque como diz São Paulo “o nosso Deus é
fogo consumidor!” (Hebreus 12:29). Reverência e subli-
mação completam o trabalho.
414
Comentário: Tudo é automaticamente iluminado e as
trevas são afastadas. Vida e calor regressam na caverna agora
aberta no seu alto, que é o sétimo chakra (o “sete”) acessado
a partir do coração (o “quatro”). Merece destaque então o
belo verso que diz: “A canção das chamas sobe para toda a
criação”. Tudo se torna automaticamente iluminado também
(na forma como o mundo pode receber esta luz), um novo
odia começa a despertar para toda a Terra.
Com isto o trabalho continua, porque o iniciado é vitorioso
da sua prova, e a própria Natureza e o Mundo seguem o seu
curso enquanto “a luz” apenas “aumenta” dentro do iniciado
expandindo-se para toda parte, ao que corresponde o axioma
oculto que traduz este momento: “Deus é o coração e
expandindo no espaço…”
415
Capítulo 33
O Cetro (VII)
416
5. ‘Sete vezes o trabalho é realizado. Sete vezes os esforços
são feitos. Sete vezes o Cetro é aplicado, segurado por um dos
Senhores da Chama. Três são os pequenos toques; quatro ajuda
divina. No final da sala, o trabalho está feito e a caverna
desmorona. A chama interna e ígnea infiltra-se pelas paredes
fissuradas. Ascende à sua Fonte de origem. Ele se funde com
outro fogo; outro ponto azul encontra seu lugar dentro do
diadema logóico’.”
417
circundante não satisfaz a necessidade. O calor interno é
suficiente apenas para alimentar o anseio de obter o Fogo.”
Comentário: No interior da “caverna” acha-se a Mônada,
no Quinto Plano (“círculo abobadado”), sempre expansivo e
direcionado para a luz e a síntese, conectando (via
alinhamentos) o Sexto e o Sétimo Planos. O iniciado apenas
se satisfaz com suas conquistas aqui, ele certamente almeja
mais e se esforça para tal.
418
Comentário: Nisto surge o Senhor do Raio para dar o seu
Toque final e fundir as energias pela aplicação do seu Cetro
cristalino. É muito difícil chegar a Algo a partir do nada.
Mesmo que a pessoa tenha conhecimento da técnica, o
esforço ainda pode ser estenuante. Daí a importância do
Toque do Guru, que tem relação simbólica com o Toque-de-
Midas e seguramente com a Pedra-de-Toque da Alquimia.
Tais Toques de aura também atuam como estímulos ou
sinais energéticos que o aspirante pode captar e se inspirar
para vibrar em consonância (através das sagradas
Hipóstases), abrindo assim “de dentro para fora” um caminho
para encontrar Aquele que também desbrava o Caminho “de
fora para dentro”. Esta representa uma forma diferente de
falar do Antahkarana, o qual significa não obstante “canal
interior”.
419
almejada acontece, as paredes do Corpo Causal são rompidas
e a Forma se funde com a Essência. O Raio e o Sol são um
novamente, Mônada e Logos estão conectados. A Obra está
então terminada, naquilo que se refere à sua etapa mais
crítica, e o Iniciado é um vitorioso.
O símbolo do Cetro também se presta para a transição do
Manvantara, ou para o Alinhamento tríplice do Portal
Cósmico dos Três Centros conscientes (Shambhala,
Hierarquia e Humanidade), donde também a sua sétuple
disposição, como ocorre notoriamente sobre as Eras
seretenárias do final do Manvantara. Cada sub-ciclo seria
então ativado por Shambhala, havendo uma “ajuda divina”
especial no seu quarto momento a fim de se poder enfrentar
aquele momento crítico de mudança das tríades no Setenário.
420
Capítulo 34
421
imutável. Amarelo e vermelho, roxo e fundamental
correspondem à vibração do sétimo, ajustada à do Primário.
5. Cada um dos sete Senhores, dentro de Seus sete esquemas,
moldados ao segundo círculo cármico, fundem Suas esferas
migratórias e misturam Suas miríades de átomos.
As formas através das quais Eles trabalham, o milhão de
esferas menores e a causa da separação e da maldição dos
Asuras, se desintegram quando a Palavra Sagrada é emitida de
um ponto no tempo.
6. A vida logoica surge. As correntes de cor se fundem umas
com as outras. As formas são deixadas para trás e Parabrahma
aparece em toda a Sua plenitude. O Senhor do Terceiro cósmico
pronuncia uma Palavra desconhecida. A palavra sétupla menor
faz parte do acorde maior.
7. O Agora torna-se o tempo que foi. O aeon se dissolve no
espaço. A Palavra de Ação é ouvida. A Palavra de Amor o
precede, o Passado controla a forma. O Agora faz a vida
evoluir. No Dia que será, pronuncie a Palavra de Poder.
A forma perfeita e a vida em evolução contêm o terceiro
segredo da grande Roda. É o mistério oculto da ação viva.
Mistério perdido no Agora, mas conhecido pelo Senhor da
Vontade cósmica.”
422
1. “Os Três Maiores, cada um dentro de suas próprias sete
rodas menores, na espiral evolutiva, giram dentro do Eterno
Agora. Eles se movem como um. Os Senhores cósmicos, de seu
alto posto, observam o passado, controlam o Agora e refletem
sobre o ‘Dia que estará conosco.’”
Comentário: O sloka começa anunciando a Unidade das
Raças do Pralaya, cuja evolução os Grandes Senhores
supersivionam à espera de que possam intervir no seu final,
onde também se unirão os Três Centros conscientes –
Humanidade, Hierarquia e Shambhala, no grande “Dia que
estará conosco.”
423
proporção exata, e a chama interior revela-se com luz
aumentada.
Comentário: Assim harmonizados, segue a evolução das
Eras, cada qual emitindo a sua própria Nota e impulsionando
a evolução das Raças (“formas”) com suas iniciações devidas
(“luz aumentada”).
424
5. “Cada um dos sete Senhores, dentro de Seus sete
esquemas, moldados ao segundo círculo cármico, fundem Suas
esferas migratórias e misturam Suas miríades de átomos.
“As formas através das quais Eles trabalham, o milhão de
esferas menores e a causa da separação e da maldição dos
Asuras, se desintegram quando a Palavra Sagrada é emitida de
um ponto no tempo.”
Comentário: Em seguida descreve-se através de cores as
combinações de energias da transição do Manvantara
(“segundo círculo cármico”), em termos de Eras, Raças e
Rondas. As Raças se aproximam para escutar a Palavra de
Comando do Manu. Diante disto as velhas desavenças e
energias involutivas (“maldição dos Asuras”) caem por terra.
425
7. “O Agora torna-se o tempo que foi. O aeon se dissolve no
espaço. A Palavra de Ação é ouvida. A Palavra de Amor o
precede, o Passado controla a forma. O Agora faz a vida evoluir.
No Dia que será, pronuncie a Palavra de Poder.
“A forma perfeita e a vida em evolução contêm o terceiro
segredo da grande Roda. É o mistério oculto da ação viva.
Mistério perdido no Agora, mas conhecido pelo Senhor da
Vontade cósmica.”
Comentário: Uma grande energia de Eternidade vem à
luz, o tempo se dissolve no Akasha, o Éter. Um Decreto
Mental ou Terciário (“Palavra de Ação”) é emitido sob as
Eras de Saturno. A energia da Quarta Ronda segue
reverberando, atraves das suas Raças. Contudo o Não-Tempo
acontece no Pralaya, e a nova revelação Divina (“Dia que
será”) trás a Energia do Poder (espiritual) no bojo da Quinta
Ronda.
Com isto por fim se alcança a Forma perfeita das coisas
sob a energia da Quintessência! Começa assim a verdadeira
Evolução Superior, que é o segredo do Terceiro Sistema
Solar (“grande Roda”). É o verdadeiro poder da síntese
espírito-matéria (“ação viva”), misteriosamente fundido ao
Eterno, mas conhecido pelo Quinto Kumara (“Senhor da
Vontade cósmica”) agora em ação.
426
Capítulo 35
Os Rebeldes (IX)
427
Filhos da Vontade, durante a manifestação manvantárica. Três
vezes a roda vai girar.
6. No centro estão os Budas da Atividade, auxiliados pelos
Senhores do Amor, e seguindo seu trabalho dual virão os
Senhores Radiantes do Poder.
Os Budas da criação emergiram do passado. Os Budas do
amor já estão se reunindo. Os Budas da Vontade, no final da
última volta da terceira roda maior, surgirão em chamas. Então
o fim será consumado.”
428
quais tem-se um exemplo clássico na própria Índia em função
dos dilemas de Arjuna (retratados no Bhagavad Gita) para
encarar a sua verdadeira missão (dever ou dharma) enquanto
kshatrya ou guerreiro, traduzindo em última análise a
presunção humana de independência e auto-gestão espiritual
(e ao fim e ao cabo tudo é espiritual) –no sloka seguinte
voltaremos ao tema. Citemos pois a nossa “A Doutrina
Secreta Revelada”:
“A humanidade somente chega a ser assim tão
soberba, porque ainda é muito ignorante das coisas
espirituais no geral, nada sabendo sobre a natureza
interna do mundo -ainda fervilhante de camadas
infernais dada a precariedade da evolução espiritual do
planeta- e dos limites da sua própria condição
existencial, que é ‘naturalmente’ aquela da extinção ou
do sofrimento no Além -salvo quando desenvolva
muitas virtudes e dê as suas mãos aos Iluminados, e
sobretudo quando a própria pessoa alcança a sua
iluminação, atravessando provações bárbaras e
realmente transcendentais para as quais muito poucos
ainda estão preparados, mas que leva o indivíduo a
perder por fim as suas ilusões e a ganhar em
decorrência um verdadeiro coração -ou Alma enfim...”
(DSR, Vol. II –“Hierarquias Espirituais”-, LAWS)
429
Comentário: Eles queriam permanecer alheios à evolução
das coisas, no estado anárquico conhecido como “crianças
divinas”, como se os humanos tivessem já o direito ao
Nirvana e de não encarnar ou atuar por vontade própria,
como se fossem Hierarquias Nirvânicas, quando na verdade
são muitas vezes acima de tudo criaturas confusas e
pretenciosas, indisciplinadas e preconceituosas, à maneira
dos “anjos caídos” das Escrituras. Arrogam-se facilmente
serem criaturas de uma Nova Era, quando na verdade vivem
em bolhas e pouco fazem pelo todo, ao mesmo tempo em que
pouco fazem por si próprios ao não levarem a sério a
Iniciação. À maneira dos “gigantes caídos” dos tempos do
dilúvio bíblico, eles também são os grandes responsáveis pelo
caos do mundo por faltarem com o seu importantíssimo papel
de intermediários entre o mundo terreno e a divindade em
seu próprio nível...
Eis que as próprias Hierarquias Dévicas (ou Nirvanis) não
conhecem exatamente um repouso, pois também seguem
atuando pela evolução do Todo. Da mesma forma como
todos os rios correm para o mar, todos os caminhos da
Hierarquia também se destinam a auxiliar a evolução do
mundo em suas diferentes instâncias de organização.
As palavras de Jesus “ninguém vem ao Pai se não por
mim" e “quem não está comigo está contra mim”, simboliza a
necessária intermediação profissional das Hierarquias
espirituais entre a humanidade e o mundo espiritual, pois há
barreiras internas que os humanos mal imaginam para tal
evolução. Aqueles que mais se esforçam podem aplainar o
caminho para outros não precisarem se esforçar tanto (até
430
porque estes tampouco o fariam mesmo), como uma espécie
de herança espiritual análogo à herança material que as
famílias abastadas outorgam para ajudar os filhos a terem um
padrão mais elevado de vida.
É claro que justamente aqui existe um importante divisor
de águas -e usando mais uma vez as “águas” para expressar a
organização humana. Aquele que for renitente em aceitar tal
mediação automaticamente será afastado da evolução por
orgulho e estará numa zona perigosa onde poderá ser cada
vez mais atraído para e pelas forças do Mal.
431
designado, embora o carma cósmico tenha forçado um punhado
deles a se juntar aos Filhos do Coração.
Comentário: Nisto os Manasaputras -que é a proto-
Hierarquia lemuriana-, vieram prestar os seus serviços aos
Senhores da Hierarquia e reunir-se aos Arhats emergentes
para dar início à nova grande evolução do Manvantara. Os
recalcitrantes porém permaneceram isolados, mesmo que
alguns tenham decidido servir sob a ameaça de ter a sua
evolução detida por eóns.
432
Comentário: As últimas Estrofes concluem com uma nota
sobre o papel dos Budas dos três Sistemas Solares que estão de
algum modo envolvidas na evolução atual, a saber:
1º Sistema (passado): “Budas da Atividade” (Emanações do 3º
Raio)
2º Sistema (atual): “Budas do Amor” (Emanações do 2º Raio)
3º Sistema (futuro): “Budas da Vontade” (Emanações do 1º
Raio)
433
Capítulo 36
As Sombras (X)
434
O período de destruição se estendeu por toda parte.
Infelizmente, a obra foi danificada. Os Chohans do plano
superior observaram silenciosamente o trabalho. Os Asuras e os
Chaitanes, os Filhos do Mal Cósmico e os Rishis das
constelações escuras reuniram suas hostes menores, crias
escuras do inferno. Eles escureceram todo o espaço.
*****
2. Com o advento do Enviado do céu, a paz reinou na
tempestade. O planeta oscilou e cuspiu fogo. Uma parte
aumentou. Outro caiu. A forma foi transformada. Milhões
assumiram outras formas ou ascenderam ao local de espera
designado. Eles esperaram até que chegasse a hora de progredir
novamente.
*****
3. Os Três Primitivos criaram os monstros, as grandes bestas e
as formas malignas. Eles espreitavam na superfície da esfera.
O Quatro aquoso criou dentro da esfera aquosa répteis e crias
de renome maligno, o produto de seu carma. As águas
chegaram e destruíram os progenitores da monstruosidade
líquida.
Os Cinco divisivos construíram na esfera de ‘rupa’ as formas-
pensamento concretas. Eles os expulsaram, povoaram os quatro
inferiores e como a nuvem negra e maligna, obscureceram a luz
do dia, escondendo os três superiores.
*****
4. A guerra desencadeada no planeta foi travada. Ambos os
competidores desceram ao inferno. Então veio o Conquistador
da forma. Ele atraiu o Fogo Sagrado e purificou os níveis do
corpo.
435
O fogo destruiu as terras no tempo da Sexta Menor. Quando o
sexto apareceu, a terra havia mudado. A superfície do globo
circulou por outro ciclo. Os homens no quinto lugar dominaram
os três últimos. A obra foi transferida para o plano onde
permanecia o Peregrino. O triângulo menor, dentro do ovo
áurico inferior, tornou-se o centro da dissonância cósmica.”
436
Representa ademais este o setor das Estância onde as
referências às Forças Sombrias se mostram da forma mais clara
e, quiçá, atual, com todas as suas conhecidas implicações
socioculturais no planeta.
437
Chaitanes, os Filhos do Mal Cósmico e os Rishis das
constelações escuras reuniram suas hostes menores, crias
escuras do inferno. Eles escureceram todo o espaço.”
Comentário: O Primeiro Segmento é o maior e também o
mais complexo. Regra geral as Estâncias iniciam tratando das
Rondas; por isto mesmo tais numerações seguem amiúde sem
atributos (do tipo “menor”, “cósmico”, etc.). Então ao
começar falando do “Quinto” ciclo, sugere se tratar da Quinta
Ronda, a qual representa todavia hoje um terreno profético,
especialmente considerando que as estrofes avançariam por
toda a Cadeira Planetária em questão, o que faria pouco
sentido porém, a menos que se trate de conteúdo alegórico,
para tratar na verdade das questões da Quinta Raça atual,
muitas delas bastante enigmáticas e ocultas. Representa com
efeito uma tradição empregar as realidades do macrocosmo
para tratar das questões do meso e do microcosmo.
Muito embora se possa querer imaginar que a evolução do
planeta deverá ser uma realidade totalmente luminosa a partir
da Quinta Ronda, quando o curso evolutivo das coisas
transitará pelas energias superiores, não se sabe ao certo
acerca da real situação então vigente, já que as coisas não
mudam completamente de uma hora para outra; e para isto é
possível que as questões da Quinta Raça também lhe possam
ser de algum modo ilustrativos. É possível que o Mal fique
cada vez mais controlado mas na medida em que haja carma
e livre-arbítrio mal direcionado ele também é naturalmente
acionado.
É perfeitamente compreensível que esta nova Ronda (hoje
em começo de formação) se desenvolva “a partir dos restos
438
do Quarta” (Ronda), inclusive porque existe um amplo
campo comum de espaço-tempo para a transição entre a
Quarta e a Quinta Rondas –até mesmo toda uma Raça
poderia estar nisto arrolada.
Na sequência lê-se então que “as águas subiram” (sem
esquecer que o simbolismo também pode estar indicando
uma multiplicação populacional), o que representa com
efeito uma previsão pacífica da Ciência atual quanto aos
rumos futuros do planeta sob o incremento do aquecimento
global, com o degelo das geleiras e dos polos do planeta. É
possível inclusive que esta “Nova Terra” represente a
“imagem oficial” do planeta no decurso de todo o Pralaya,
possivelmente ligando-se a outros eventos maiores como as
glaciações.
E com isto a face da Terra se transformará uma vez mais,
mas ficamos sabendo pelos versos que subsistirão certos
“restos sagrados”, em seu “lugar designado”, referente
certamente a populações “escolhidas”, devidamente
estabelecidas em alguma “zona de segurança” -e também já
na condição de “terras emersas”.
Numa analogia com a Quinta Raça, processos semelhantes
de adaptações naturalmente também sucederam, até hoje
existem raças ou culturas atlantes altamente combinadas com
a cultura Arya. Até mesmo mitos diluvianos estariam em
pauta, especialmente considerando todo o simbolismo nisto
envolvido. Nas Estâncias de Dzyan temos relatos sobre a
organização setenárias das raças em sub-raças, incluindo a
atlante –ver Livro II (“Antropologia”), Parte IV.1 (Capítulo
14) na presente Obra.
439
Logo na sequência, o texto afirma que “as águas
baixaram” -quase como se tal coisa não necessitasse
demandar um longo período para voltar a acontecer: a
narrativa tem pressa para chegar naquilo que é o seu
verdadeiro foco. Considerando literalmente o tema, autores
como Blavatsky estenderam o ciclo das raças para períodos
também muito longos.
E então algumas terras voltaram a aparecer nos “lugares
predestinados”, diz o texto. E ao afirmar que a “Quinta
ultrapassou a Terra Sagrada”, sugere inclusive que uma
população expandiu-se para além daqueles seus territórios
inicialmente destinados.
O texto segue dizendo então que “em seus grupos
quíntuplos, desenvolveu-se a Quinta inferior”. Ora, esta é
uma colocação muito familiar acerca da formação das “etnias
sagradas”! “Grupos quíntuplos” poderia se referir às Escolas
Iniciáticas, com sua evolução natural na direção das
Sociedades Iniciáticas, que é um fenômeno muito mais
comum na História espiritual humana do que se costuma
conceber. Como tem sido dito, termos que mais tarde
passaram a designar etnias e até civilizações –como
“Caldeus”, “Hindus” e “Incas”-, começaram com pequenos
grupos de iniciados, em torno dos quais as pessoas foram se
reunindo em função da sua superior Sabedoria. Mesmo na
Idade Média aldeias foram se formando em torno das Igrejas,
em função da religião e da cultura que os padres ilustrados
podiam oferecer.
No caso em tela, Grupos de elevado teor teriam formado a
“Quinta Menor” que, a depender do ângulo de visão
440
escolhido seria uma Quinta (Sub) Raça. A partir daqui,
começa um daqueles “célebres” conflitos envolvendo as
forças do Bem e do Mal, tal como do Céu e da Terra, o que
não é mesmo de estranhar quando a evolução começa a
desenvolver Forças maiores que ameacem o velho
“equilibrio” das coisas...
Eis que as Forças Trevosas –afirma textualmente o sloka-,
simplesmente se reebelaram contra a “perfeição” que estava
sendo alcançada pela Raça em meados da sua própria
evolução, depois que as suas quatro Sub-raças haviam
inclusive “povoado a terra”. Algumas destas sub-raças –
dotadas com muitos tipos nobres, intelectuais, valentes,
sóbrios, solidários, etc.- seriam inclusive “muito semelhantes
ao arquetipo”, isto é, àquele Modelo ideal de humanidade
representado pelos próprios Adeptos.
O sloka assinala em particular “as formas e os ‘rupas’ do
terceiro e quarto dentro de seu correspondente Quinto”. Num
Esquema de sete sub-ciclos (como parece sugerir o verso)53
as sub-raças terceira e quarta correponderia aos períodos de
1.800 a 400 a.C., abarcando Egípcios, Babilônicos, Hindus
Chineses e Hebreus (entre outros) no Oriente, e nas Américas
53
Contudo, como a Sétima Sub-raça não chega a ser explicitada
neste detalhado relatório, podemos estimar a possibilidade prática
de haver apenas seis Sub-raças reais, o que representa com efeito
uma certa regra também -há Seis Eras em cada Ronda ou Arco do
Grande Ano, para exemplificar-, o que permite prazos algo mais
dilatados. Vale lembrar aqui Rene Guenon quando afirma que há
rigor existem apenas seis cores no arco-íris.
441
era o período de Tiwanaku e dos Olmecas que deu início às
Civilizações locais.
E com isto toda uma grande comoção cósmica tem lugar,
sob uma poderosa evocação das Sete Forças infernais que,
após pedirem um “fogo cósmico” destruidor (Magia Negra,
guerras, etc.), “vomitaram sombras alegres” destinada a
substituir estas Sub-raças e suas coisas, alcançando assim a
todas elas descritas como “o branco, o preto, o vermelho e o
marrom”.
Os encarregados disto foram “os sétuplos”, em possível
alusão ao Sétimo Raio ligado à Ordem (“trouxeram ordem”,
diz o texto, que também poderia ser tirânica) e à Economia
(“sombras alegres”, isto é: burgueses, etc.). Ademais disto, a
expressão “sombras alegres” é muito evocativa das
referências trazidas pela sabedoria tolteca, segundo Carlos
Castañeda, pela qual a humanidade tem sido invadida por
hordas de espíritos obsessores semelhantes ao temperamento
burguês, entidades estas que inclusive são ali denominadas
como “alienígenas”, porém tal coisa não faria alusão a
criaturas vindas de outros planetas.
Tais espíritos costumam ser operados pelas Forças das
Trevas para confundir e acomodar a humanidade, de modo
que os poderes da pressão e da alienação, presentes em todas
as ideologias sociais umas mais que outras, tem naqueles fiéis
aliados. Tais considerações nos permitem pensar sobre a
dimensão oculta das Estâncias de Dzyan, Envolvendo a
dinâmica da Loja Branca e da Loja Negra. O Ramayana é
uma saga atlante que acontece basicamente nessa esfera
442
mágica. De qualquer forma as coisas também sempre se
plasmam a nível físico e social.
A destruição foi então global e generalizada, empregando
para isto os seus encostos e agentes do Mal (“hostes menores,
crias escuras do inferno”), danificando daí toda a Obra da
Hierarquia. E foi assim que a escuridão desceu sobre o
mundo. No terceiro segmento, adiante, poderemos associar
estes “Senhores da Intenção Trevosa” a forças históricas mais
materialistas.
54
Uma eventual dilatação dos prazos sub-raciais (ver Nota
anterior) permitiria chegar aqui até a época de Jesus, ainda que este
Bodhisatwa estivesse mais afastado do olhar histórico dos Orientais.
443
outros Mestres importantes na Ásia e mesmo em outras
regiões.
Mesmo assim “a paz reinou na tempestade”, parece que as
crises apenas amainaram porque o “planeta oscilou e cuspiu
fogo”. Após Buda teve-se Alexandre, o Grande e as reformas
culturais do helenismo, que foram um passo importante na
direção do Ocidentalização do mundo e na modernização das
coisas, trazendo as decorrências mencionadas na Estância:
“milhões assumiram outras formas”.
As sentenças seguintes seguem dramáticas e suspensivas:
“ascenderam ao local de espera designado. Eles esperaram
até que chegasse a hora de progredir novamente.” Sugere que
houve uma grande mortandade, mas onde as pessoas também
foram destinadas a lugares a elas predestinados até que
chegasse a hora de retornarem ao mundo, já que nesta era de
materialismo os antigos espíritos avançados não desejariam
encarnar. Este é o abismo que acontece em meados das
Raças, quando as Idades espirituais cedem lugar para as
Idades materiais.
444
quatro inferiores e como a nuvem negra e maligna,
obscureceram a luz do dia, escondendo os três superiores.”
Comentário: Neste Terceiro Segmento tem-se uma
descrição das raças adulteradas (ou antes sub-raças, no
contexto dado), muito semelhantes aos relatos das Estâncias
de Dzyan sobre o destino das Primeiras Raças da Terceira
Ronda. Uma das diferenças aqui está na ordem das raças,
onde em especial se fica a saber que até a Quinta (Sub-raça?)
também foi envolvida na substituição projetada pelos
Senhores das Trevas por “sombras alegres”, provocando ela
mesma uma expulsão generalizada e o próprio
obscurecimento coompleto do mundo. Nos relatos da
Doutrina Secreta a degeneração vai somente até a Quarta
Raça, e à Quinta resta apenas elogios e enaltecimentos -tal
como também ocorre aqui antes da intervenção das Trevas.
O grande agente da crise foram “os Cinco divisivos” que
investiram no materialismo –“esfera de ‘rupa’”, “formas-
pensamento concretas”-, e exerceram um imperialismo
generalizado (“expulsaram, povoaram”). Nos cálculos antes
dados a Quinta sub-raça seguinte abarca a chamada “Cultura
Clássica” (Grécia e Roma), que parece se enquadrar nesta
descrição. No ítem seguinte o tema ainda se repetirá.
445
“O fogo destruiu as terras no tempo da Sexta Menor. Quando
o sexto apareceu, a terra havia mudado. A superfície do globo
circulou por outro ciclo. Os homens no quinto lugar dominaram
os três últimos. A obra foi transferida para o plano onde
permanecia o Peregrino. O triângulo menor, dentro do ovo
áurico inferior, tornou-se o centro da dissonância cósmica.”
Comentário: E então o Quarto e último Segmento inicia
falando de guerras mundiais ou de grandes batalhas, capaz de
levar todos aos infernos, como guerras malditas ou pagãs.
Descreve pois o cenário final, que é de fogo nos tempos da
Sexta (Sub-) Raça. Fala-se então do “Conquistador da
forma”, numa alusão a Maomé, que “atraiu o Fogo Sagrado e
purificou os níveis do corpo”. A frase seguinte tem também
grande signficado histórico: “O fogo destruiu as terras no
tempo da Sexta Menor. Quando o sexto apareceu, a terra
havia mudado. A superfície do globo circulou por outro
ciclo.”
Foi no tempo da Sexta Menor (Séculos V a XII
aproximadamente) que a face do mundo começou a mudar
para preparar a Sexta Maior a decorrer já nas Américas. Para
o olhar oriental o próprio Islã representaria já um abalo
considerável nas coisas, acostumados como se estava de
longa data com a tolerância religiosa na região; foi quase
como receber o impacto de uma horda bárbara, não fosse a
vocação muçulmana para a Civilização, inclusive as práticas
comerciais. Contudo a destruição das grandes universidades
budistas foi cruel e muitos sábios tiveram que se espalhar
pelo mundo. A organização do Estado tibetano está muito
ligado a este quadro, provavelmente fomentado pelos
446
budistas desejosos de terem uma sociedade segura contra este
tipo de avanço.
Com efeito, no íntimo do Budismo Tibetano existe uma
ideologia guerreira libertária e profética associada ao mito de
Raudra Kalki voltada especialmente contra o Islã, e que
transparece de forma especial na sadhana do Tantra
Kalachakra, remontando seguramente ao período medieval
quando ocorreram as invasões muçulmanas, e que também
viu nos mongóis aliados naturais para libertar a região do
jugo do Islã.
Que mal fazem afinal os budistas?! Seriam eles idólatras,
devassos, fanáticos? Acaso seus monges incomodam?
Baseados no Alcorão, alguns muçulmanos acreditam que
“todo mau caráter vem como resultado da recusa de
casamento” (Sheikh Nazim Qibris). Contudo, isto se aplica
aos libertinos e não aos monges. Quem pode interpretar afinal
o Corão?! Quem pode entrar na mente de Alah?! Somente os
profetas e talvez os seus verdadeiros filhos espirituais. Daí a
importância de buscar os polos espirituais para ter a verdade
da Palavra porque o vulgo não tem a real compreensão.
O Islã cedo desenvolveu a ideia da jihad ou guerra santa.
A luta espiritual é uma realidade, mas nada tem a ver com a
grosseira “guerra cultural” fascistóide, andando antes pelas
refinadas Artes do Caminho-do-Meio que evita tanto o
confronto direto quanto a alienação-em-si. Para as coisas
chegarem às “vias de fato” uma série de pré-condições
necessitariam ser estabelecidas, como a autorização expressa
de uma Hierarquia encarnada, como foi na retomada
territorial hebraica sob Moisés, reivindicando o Pacto
447
Territorial entre Abrahão e Melquisedec (daí ser uma “Terra
Prometida”) -ainda que os próprios profetas não desejassem a
constituição de um Estado hebreu. Ou senão lutas de
livramento e batalhas meramente defensivas, sempre com a
segurança de se estar protegendo uma ordem realmente
determinada pelos céus...
Como sugere o sloka, a função do Islã seria disciplinar as
formas e organizar a matéria, combatendo o fetichismo e a
idolatria, tal como atenuar as injustiças sociais e o
preconceito racial, e nisto certamente muita coisa saiu do
controle, ao avançar intempestivamente sobre religiões e
sociedades todavia menos sujeitas a tais idiosincracias.
O zelo pela pureza doutrinal e o combate à idolatria está
na raiz mesmo das religiões Abrahamicas, havendo recebido
também influências do zoroastrismo dualista. Contudo, as
coisas tocariam numa outra toada lá pelas bandas do Oriente.
É certo porém, que representa uma grande preocupação dos
profetas restaurar e preservar a pureza das verdadeiras
doutrinas de Deus -e isso também inclui aquilo que se
conhece como ciências herméticas.
Cientes das dificuldades naturais que encontra o vulgo
para assimilar os Altos Princípios na sua pureza, em função
da condição de consciência do homem comum -e pior ainda,
correndo o risco de distorcer e conspurcar as coisas mais
sagradas-, a regra seria manter os Mistérios devidamente
velados e tratados unicamente no foro das sociedades
secretas.
448
Este sloka inclui pois às transformações globais ocorridas
no tempo dos Mongóis e também sob as Cruzadas. Além dos
grandes “Descobrimentos” marítimos europeus, modificando
a percepção que o ser humano tinha até então do planeta.
Seguramente os tempos coloniais também foram hostis ao
Brahmanismo, da mesma forma como a Modernidade
combateu a Idade Media ocidental de todas as formas que
pode. Como resultado o Brahmanismo foi se encolhendo a
ponto de restar hoje um único templo dedicado a Brahma em
toda a Índia. Prevaleceu desde então o vaishnava -que está
sempre muito associado à própria burguesia-, tal como um
sistema de castas cada vez mais distorcido e amigável dos
ricos e poderosos -o que também poderia evetualmente
apontar na direção das “sombras alegres” que caracteriza a
devoção hindu. Na Idade Média surgiu uma certa rivalidade
entre os tântricos e os vaishnavas, e não existem há dúvidas
afinal que estes últimos foram mais beneficiados pelas
mudanças trazidas pelo colonizador.
O “outro ciclo” iniciado seriam as preparações da
Modernidade pelo Mercantilismo. Com efeito, o próprio
Colonialismo europeu afetou sobremodo o Oriente, alterando
significativamente a idílica ordem medieval então existente,
estabelecendo a miséria e criar as grandes cidades pela
expulsão da população rural dos campos. Em nossos estudos
astrosociológicos o chamado Apogeu da Idade Média
(marcado pelas fracassadas Cruzadas orientais) assinala o
começo da Idade de Ferro arya, iniciando desde então um
declínio na direção do materialismo.
449
As forças da Quinta (Sub-raça da Quinta maior) buscavam
desta forma ainda dominar as restantes depois que estas
foram conspurcadas, tornando-se assim o grande pivô das
crises planetárias. Era a “herança clássica” rediviva no
período pós-medieval, combatendo no campo do
materialismo através da colonialismo até chegar a
Modernidade. Como se sabe, a Teosofia designa a Quinta
Sub-raça como germânica, mas podemos falar dos europeus
de modo geral, e de certo modo também da América do Norte
pois o vínculo entre ambos os segmentos é bastante próximo.
Então as Forças espirituais passaram a investir na região
(“a obra foi transferida”) onde estava refugiado o “Peregrino”
-que é uma forma como o Profeta aguardado é conhecido no
Islã-, já no seio da Sétima sub-raça ou nas Américas.
450
Capítulo 37
451
aparecem as formas. Por causa de sua diversidade, parece
impossível compreendê-las ou entendê-las.
5. A maioria circula. As formas são construídas, tornam-se
muito sólidas, são quebradas pela vida e então circulam
novamente. Poucos são os que giram mantendo a maioria no
calor do movimento. O um abrange tudo e conduz tudo o que
está em atividade tensa, ao coração da paz cósmica.”
452
“Devemos ter em mente que os sete planos
principais de nosso sistema solar são os sete subplanos
do físico cósmico ou o plano cósmico inferior.”
(“Tratado Sobre Fogo Cósmico”)
Assim, tudo o que é acessível ao trabalho mágico é
material, ao passo que o denso não é diretamente acessível
senão “por dentro”. Citemos ainda:
“Devemos nos lembrar sempre disso, recordando que,
para o ocultista, não existe tal coisa como substância, mas
unicamente Força em distintos graus, Energia de
qualidade diferenciada, Vidas que emanam de diferentes
fontes, cada uma distinta e separada e Consciência que
produz um efeito inteligente por intermédio do espaço.
Procuremos entender o significado de espaço neste
contexto. Como as matérias dos planos se interpenetram,
fica evidente que espaço aqui tem também o significado
de tipo de matéria. Explicando melhor, envolvendo o
planeta Terra temos a matéria física em seus 3 estados
inferiores (sólido, líquido e gasoso) e nos 4 sub-planos
etéricos, mais a matéria astral em seus 7 sub-planos,mais
a matéria mental em seus 7 sub-planos, prosseguindo para
os outros tipos de matéria. Dentro desse raciocínio, temos
espaços dentro de espaço, ou seja, espaço como tipo de
matéria e espaço como localização. Assim, dentro do
esquema do nosso Logos planetário (o espaço
relativamente maior, no sentido de localização) temos
Entidades animando as matérias na mesma localização
pelo fato de se interpenetrarem.” (“Tratado Sobre o Fogo
Cosmico”)
453
2. “Os quarenta e nove fogos queimam no centro interno. Os
trinta e cinco vórtices ígneos circulantes estendem-se ao longo
da periferia do círculo. Entre os dois passam, em sequência
ordenada, as chamas de várias cores.”
Comentário: Informa-se então que a Roda Interna está
constuituída por “quarenta e nove fogos”, ao passo que a
Roda Externa é formada por “trinta e cinco vórtices ígneos”.
“Chamas de várias cores” também intermediam a ambos os
grupos.
O número 49 remete de imediato ao conjunto das
Hierarquias em formação, reflexos de Hierarquias ocultas
(“Roda Interna”), que na prática são todavia apenas 35
manifestadas (a “Roda Externa circulante”) até o momento.
Cada uma destas Hierarquias rege uma sub-raça do Sistema
Solar Planetária. Considerando que a Quinta Raça está ora
em conclusão, tem-se o montante de 35 Hierarquias
manifestadas. Os setores que faltam para completar a Ronda
são setenários, portanto como “chamas de várias cores”.
Caberia pensar aquí em termos de circunstâncias?! Vimos
que as narrativas das Estâncias de Dzyan da Doutrina Secreta
encerraram na Quinta Raça, o que corresponde a fórmula 5x7
sub-raças = 35 sub-raças. Se aceitamos que a Primeira Ronda
teve uma evolução racial análoga à atual ela teria completado
as suas 49 sub-raças, permancendo como um “centro interno”
ou oculto.
Comparativamente temos hoje as novas 35 Hierarquias
“circulantes” ou em formação -no Budismo Tibetano existem
ritos dedicados aos 35 Budas “Confessionais” capaz de
454
purificar até “dezenas de milhares de éons de carma
negativo” segundo a “Tradição” -ainda que não se tratariam
aqui de “Budas” no sentido estrito do termo e portanto
tampouco de “éons”. Esta é uma das passagens das Estâncias
de Dzyan que constam apenas no “Tratado sobre o Fogo
Cósmico”.
De todo modo, estes fatos demonstram que a Quinta Raça
realmente está concluída na atualidade, como temos
demonstrado em nossos estudos, sob o respaldo de diferentes
Calendários tradicionais; ao invés de faltar todavia “centenas
de milhares de anos” como afirma literalmente a Doutrina
Teosófica.
Também poderíamos falar dos chakras em evolução até
agora. Considerando a Quinta Raça temos cinco chakras
ativados ou 48 pétalas (“Roda Interna”) em cinco planos com
35 sub-planos (“Roda Externa”). Os chakras superiores
também ostentam energias de “arco-iris”. Porém o Ajna
Chakra comporta duas grandes pétalas com 48 pétalas
menores cada (totalizando 96), certamente um reflexo das
energias acumuladas pelos Dois Sistemas Solares de
evolução, ademais de fornecer as chaves do Plano Astral
Cósmico. Esta estrutura de chakras não é exatamente a
budista, porém os Tantras são oriundos da Índia ou do
“Hinduísmo” e foram acatados pelo “Budismo liberal” no seu
“Cânone geral” ou Tanjur.
Naturalmente outra forma interessante de ver a
importância deste momento é pelo alcance das 7x7 Eras
Astrológicas. Ou para ser mais exato 48 Eras ao cabo da
Quarta Ronda, valor com que trabalha então os sistemas de
455
chakras orientais, projetando outro tanto para o futuro
“cósmico” ou superior da humanidade…
Já temos sugerido que as narrativas das Estâncias de
Dzyan representam situações que podem ser experimentadas
em diferentes escalas de evolução. Assim nos Três Centros
conscientes este 7+7 (que na verdade são 7x7) correspondem
a:
a. Microcosmo: 48 Pétalas acumuladas no Quarto Chakra
b. Mesocosmo: 48 Raios acumulados na Quarta Raça
c. Macrocosmo: 48 Eras acumuladas na Quarta Ronda
456
Pela segunda e única vez estas Estâncias mencionam
“hostes”, na anterior acerca das “hostes menores” da Loja
Negra, e agora para se referir à “terceira esfera circundante”,
a qual liga-se também as “três inferiores”...
457
um Todo. Apesar da sua materialidade, separatividade e peso,
esforços são realizados para evoluir sob a força evocativa da
Tríade superior. A compreensão da coisas ainda é prejudicada
nestas esferas, o conflito e a dúvida são quase permanentes, e
somente alguns alcançam gerar o calor da vida. Não obstante,
o Raio de Comando coordena tais formas na direção da sua
harmonização para que assim alcancem a “paz cósmica” na
esfera do coração, onde as coisas são harmonizadas então.
458
Capítulo 38
Os Budas (XII)
459
Comentário: A nossa estrofe começa mencionando os
“Abençoados”, que é uma forma corrente de se referir aos
grandes Budas, os quais seriam dotados de uma “tríplice
natureza”. O veículo tríplice tradicional dos Budas é o
Trikaya, os três Veículos (kayas) de Manifestação
(Nirmanakaya), de Compaixão (Sambhogakaya) e de
Sabedoria (Dharmakaya). Por vezes se faz também menção a
um quarto Veículo denominado como Vajrakaya, o Veículo
do Raio (ou do Poder). O tema remete seguramente na Cabala
aos Quatro Mundos nos quais a Árvore Sefirótica pode ser
replicada.
Cada Árvore representa um grau budico ou uma esfera
sétuple (“escala cósmica”) de evolução, ocupando também
um período mínimo proporcional de dez anos de esforços
cada uma, quando tratam de desenvolver então Ensinamentos
relacionados a tais níveis de expressão, ou seja: Nirmana,
Sambhoka, Dharma e Vajra. No Veículo Nirmanakaya
(associado aos Budas Pratyekas) o Buda trata das Artes da
Iniciação e da própria Iluminação, como uma espécie de
Ensinamento fundamental; no Veículo Sambhogakaya
(associado aos Budas Manushi) existe uma tendência a
incluir os temas das religiões e das sendas mais esotéricas; no
Veículo Dharmakaya (associado aos Budas Dhyani) o Buda
busca avançar então para as grandes Leis espirituais, pois se
trata esta também de uma categoria de Manu racial; e no
avançado Veículo Vajrakaya (associado aos Adi Budas) tem-
se a expressão dos Kumaras ou os Manus de Rondas, quando
os Ensinamentos já abarcam poderosas sínteses planetárias.
460
2. “O núcleo interno do Fogo se esconde e só é conhecido por
meio da radiação e do que ele irradia. Somente depois que a
fogueira é consumida e quando seu calor não é mais sentido, o
fogo pode ser conhecido.”
Comentário: Certamente toda esta natureza superior
resulta no entanto ainda bastante oculta (“ocultam a Sua
tríplice natureza”), antes manifestando-se através dos
alinhamentos-de-consciência tríplices (“revelam a Sua
tríplice essência”) já mencionados na Estância anterior. De
que forma tais tríades adquirem então uma expressão
setenária?! Basta calcular o valor secreto da tríade (vs3=6),
que é também como as combinações internas entre todos os
seus princípios. Os “três grandes grupos de átomos” –todos
ligados ao Corpo Causal de iniciação (“tripla é a radiação”),
como demonstra o “Tratado sobre o Fogo Cósmico”- conecta
estes alinhamentos e estão representados pelos três nós de
kundalini que a yoga assinala na coluna.
A síntese final destas energias todas conduz à iluminação
no plano central Budhi, do coraçãou ou da “Árvore sagrada
Bodhi”. Seu fogo é todavia oculto, invisível e pouco
perceptível, porque é altamente intermo e visa preencher as
condições críticas de uma Iniciação Maior. Ainda assim, esta
luz pode ser conhecida “por meio da radiação e do que ele
irradia”, diz o sloka. Esta pode ser uma boa oportunidade
pois para se praticar a máxima crística “pelos frutos
conhecereis a árvore”.
461
Bailey com frequência afirma que depois da consumação
do Corpo Causal (ou iluminação) “a Alma desaparece” (por
assim dizer), restando a dualidade Personalidade-Espírito, ou
Forma-Essência se se preferir. Ou seja: a “radiação” e aquilo
que é “irradiado”.
A “radiação’ em si pode ser percebida por clarividentes,
ou senão por seus efeitos no planeta clareando a consciência
coletiva global a afastando as trevas do mundo de uma forma
como apenas os iluminados podem realmente fazer, e até
mesmo aferida in loco através de aparelhos sensíveis
aplicados diretamente ao sistema nervoso do iluminado, já
que o seu fluxo neurológico acelera-se de maneira
incomensurável então, produzindo uma revolução no ritmo
de interação dos neurônios e das próprias sinapses para
resultar no surgimento de um Gênio planetário.
Quanto ao que é “irradiado”, e em consonância a todo o já
colocado, talvez a melhor tradução destes “frutos” seja
mesmo o teor do Corpo de Conhecimentos então oferecido,
com seu grande poder de síntese, profundidade e
pragmatismo, destinado a abrir os caminhos para o futuro da
humanidade. Tal coisa faz parte tanto do conceito de Buda
como do Manu, o “Mentor” ou “Pensador”. Os Dharmas ou
Leis espirituais são uma expressão direta do divino, como as
Tábuas da Lei de Moisés e a própria Torá. Servem de fio
condutor para as gerações e se destinam a orientar as grandes
buscas pela luz.
O verso encerra ainda com uma afirmação misteriosa,
dizendo que “o fogo pode ser conhecido” somente após o
“seu calor não (ser) mais sentido”. Numa acepção mística, a
462
ideia da “extinção” budista refere-se à perda completa das
ilusões. Com efeito o processo da iluminação em si ainda é
apenas a Quarta Iniciação, ligada ao Quarto Elemento
portanto, e tida como altamente crítica e restritiva, de modo
que os seus verdadeiros frutos apenas começam a surgir na
sequência pela tomada da condição de Adepto, cuja iniciação
é denominada “A Revelação” porque ali o Iniciado torna-se
um vidente superior com pleno acesso dos chamados
“Registros Akáshicos”. Como já foi colocado, este grau é o
do Quinto Elemento, Éter ou Akasha, relacionado às sínteses
e sublimação das energias em manifestação.
Numa última visão se trataria da própria morte física, e
neste caso o “fogo” apenas poderia ser conhecido pelos
“frutos” citados, ou senão pela própria ausência do mesmo,
da mesma forma como às vezes lembramos com nostalgia da
presença do Sol.
463
Capítulo 39
O Sexto (XIII)
464
LIVRO III. ESTÂNCIA XIII
465
Afirma então que tal globo é “enfeitiçado pela cor azul”,
quer dizer, ele se torna também a Primeira Raça da Ronda
seguinte por integrar uma tal transição –e por isto a ideia de
uma Sexta Raça resulta uma certa abstração no final das
contas como tem sido sugerido, e como Bailey mesma
também o expressara textualmente.
466
excepcional-, até quatro Eras astrológicas, a saber: (final de)
Peixes, Aquário, Capricórnio e (começo de) Sagitário. E que
poderiam ser chamados neste caso de “quartos” da Raça, em
paralelo aos “terços” como Blavatsky (baseada nas Estâncias)
denomina às divisões ternárias das restantes Raças.
Tal coisa apenas confirma que o ciclo racial empregado na
Estâncias é mesmo a Era Solar de cinco mil anos, presente no
Calendário Maia (sob o nome de “Conta Larga”) e em
algunas escolas orientais brahmanistas como a dos Brahma
Kumaris (sob o nome de ‘Drama do Mundo”) -e é importante
dizer também que tal escola de Raja Yoga representa uma das
poucas que trabalham com Fohat na meditação de maneira
mais adeqada.
Tudo isto é confirmado então na frase seguinte: “É
circundado até o ponto médio e um pouco além.” Ou seja: a
ruptura do ciclo (Ronda) acontece exatamente no meio desta
nova “Raça”. Algumas novas cores são ainda acrescentadas
para representar as Eras seguintes, incluindo sob a “nuvem”
do Pralaya nascente, quando surge a Nova Ronda com toda a
sua promessa de renovação espiritual humana. “No entanto,
ainda não chegou a hora”, conclui a frase, já que existe toda a
Nova Era para se percorrer antes que desponte efetivamente o
Pralaya -ainda que a sua transição e preparação já comece
positivamente nos tempos atuais com a chegada da nova
Sexta Raça-raiz, na qual “pequenos grupos serão intuitivos”
(“Tratado Sobre Fogo Cósmico”).55
55
Para aqueles que imaginam que a Sexta raça deverá tardar nos
cálculos de Bailey, eis um texto que pode chegar a ser revelador:
467
4. “Muitos são os fogos circulantes, e muitos são os círculos
que giram, mas somente quando as cores complementares
reconhecerem sua fonte de origem e o todo estiver em
conformidade com os sete, a culminação será contemplada.
Então se observará cada cor corretamente combinada, e cessará
a rotação.”
Comentário: O encerramento da nossa décima terceira
Estância é simplesmente apoteótica. Ao dizer “Muitos são os
fogos circulantes, e muitos são os círculos que giram”, tem-se
a reprodução da idéia das “rodas dentro de rodas” de
Ezequiel. Há inclusive aquí evoluções ainda em curso na
atualidade. Não obstante, existe então a missão de cada cor
(ou energia) complementar buscar reconhecer a “sua fonte de
origem”, o seu Raio Sétuple de Evolução (“conformidade
com os sete”), para desta forma se chegar à verdadeira
“culminação” das coisas –afinal, este é o Cânone espiritual da
Era de Aquário e também da própria Sexta Raça-raiz. Alice
A. Bailey trata da questão dos signos complementares em sua
obra “Astrologia Esotérica”, tema que também foi um dos
grandes motes da astróloga esotérica Emma C. de
Mascheville, inspirada em Bailey.
468
E a Estrofe assim conclui sobre o “final dos tempos” -
literalmente falando até, porque o Pralaya representa com
efeito um verdadeiro Nirvana cósmico, numa mensagem
sublime de alcance na verdade universal, não limitando-se a
questões raciais ou astrológicas mais ou menos abstratas, mas
também na vida de cada ser humano que afinal também tem a
sua existência regida pelas mesmas energias:
“Então se observará cada cor corretamente
combinada, e cessará a rotação.”
469
Capítulo 40
470
Acontece então que a Terceira Raça desta Quarta Ronda (a
atual) seria a Quinta Raça ora em conclusão - ainda que tal coisa
não seja pacificamente estabelecido, na medida em que a
Doutrina Secreta também afirma –e de forma algo desajeitada-
que a verdadeira humanidade (atual ou da Quarta Ronda,
enfatize-se então) começa na Atlântida -mas sendo assim, a
Terceira Raça verdadeira da ronda atual já sequer seria a Arya e
sim aquele que a sucede que é a Teluriana (Américas).
Deixando porém de lado este último “detalhe” (e que pode ter
até mais importância do que se possa imaginar), acontece que as
Estâncias da Doutrina Secreta pouco falam da Quinta Raça,
limitando-se a lhe tecer alguns elogios, especialmente quanto ao
fato de que a Humanidade finalmente conseguiu ser feliz porque
as Hierarquias também conseguiram por fim reger
(espiritualmente falando) a Humanidade como “Reis divinos” -
ver Livro II, Estância XII.2-3 (Capítulo 23).
Não obstante, investigar esta questão teria a sua importância,
porquanto este “Livro III” das Estâncias já afirma que também
houve situações críticas e complexas nesta Raça, como que
reproduzindo as dinâmicas daquela Terceira anterior, e o tema
das Dinastias também pode ter certa relação com tais
problemáticas.
O conceito dos “Reis divinos” foi de fato muito conhecido na
História Antiga -na medida é claro em que conhecemos ou
compreendemos esta História, pois na verdade muito também
resulta confuso e não raro sujeito à mistificação. Seria muito
interessante um estudo exaustivo da questão para saber
exatamente como e quando este tipo de regência sagrada
aconteceu e onde a questão já foi mais simbólica e atávica. Por
471
princípio a Hierarquia não atua com poder temporal, embora
sempre possa atuar nos bastidores –o chamado “Governo
Interno do Mundo”-, não obstante o regime tribal dos Patriarcas
sempre permitir uma exceção.
Seres superiores seguramente advieram para intervir sobre as
coisas e criar dinastias espirituais (ou que seja universais ou
sinárquicas) embasadas na virtude e na lealdade, para a certa
altura à hereditariedade ser então adotada, situação esta que
sinalizaria já uma importante mudança no quadro espiritual. A
força com que a hereditariedade monárquica chega aos nossos
dias é tão avassaladora, que quase não se recorda que tal coisa
sequer representa uma regra absoluta da Monarquia,
especialmente no começo destas dinastias e sobretudo lá nos
próprios inícios da Monarquia.
Este fato pode ser um dos traços que traduz a degeneração da
Raça denunciada pelos Senhores a dada altura destas Estâncias.
Na Índia fala-se também da “mistura de castas” como um dos
fatores de impureza racial ou civilizatória –a própria palavra
“casta” ressoa à pureza, donde “casto” e, claro, “castiço”. Com
efeito o tema tampouco soaria estranho aos relatos das
Estâncias, pese a interpretação corrente ver ali misturas de sub-
raças -ver Livro II, Estância V.4 (Capítulo 15).
Lembremos então que na Índia as castas estão definidas pelo
termo “varna” que significa “cor”. Rene Guenon sugere que tal
coisa seja simbólica, ao menos nas suas raizes, indicando na
verdade condições espirituais como acontece na Alquimia. Se
tomamos o verdadeiro significado de certos mitos de Criação,
teremos que a famosa “separação das águas” significa –senão
um êxodo social- não outra coisa que a devida organização
472
social hierarquizada. Certamente se trata de assunto tabu para a
mentalidade moderna, a depender sobretudo de como se enxerga
a questão. A ideia de “classes superiores” causa arrepios no
espírito materialista, ainda que na prática nunca tenha havido
uma divisão social mais radical na humanidade que esta dos
tempos modernos, e simplesmente porque tal estrutura possui
bases econômicas e não mais culturais como sucedia nas
sociedades antigas ou tradicionais.
A implementação das castas fixas ou de nascimento teve
várias motivações, entre as mais positivas fixar uma condição
cultural para fomentar assim uma certa “consciência de classe”.
A perda da legitimidade e a usurpação de funções representa o
verdadeiro caos na esfera social. Na Idade Média o clero tornou-
se impuro ao fazer papas corruptos, gananciosos e guerreiros, e
isto já foi o começo da decadência de civilização cristã que
segue até os nossos dias. Seguiram-se Reis burgueses e
presidentes industrialistas, sempre projetando as coisas cada vez
mais na matéria. O “fundo-do-poço” são os anarco-socialistas,
mas a partir daí as coisas apenas podem melhorar.
Retomando porém o nosso raciocínio, teremos que tal ordem
social -de base sim cultural ou espiritual- seria abalada em
muitos momentos da evolução humana, a ponto de se chegar na
Modernidade onde já não aceita bem ou recusa diretamente as
instituições tradicionais. E o grande agente deste quadro é a
burguesia, sob a qual o Manifesto Comunista declarou que “tudo
o que é sólido (leia-se: tradicional) se desmancha no ar”. As
presentes Estâncias assinalam que a dada altura a Quinta raça
começa a ser substituída por “sombras alegres”, numa clara
alusão à espíritos pueris ou alienados, uma vez que foram
473
trazidos na intenção de substituir os membros de uma raça
superior e semelhante aos próprios Mestres –ver Livro III,
Estância X (Capítulo 36).
Diferentemente da Doutrina Secreta, as Estâncias do Tratado
sobre o Fogo Cósmico não terminam porém sumária e
abruptamente na Quinta Raça com generalidades. Soa bastante
evidente pois que os grandes dramas sociais e espirituais da
Quarta Ronda se concentram no contexto desta Quinta Raça,
mais exatamente a partir de meados da Raça.
E neste caso a situação fica crítica até que acontece uma nova
Intervenção na Humanidade pela chegada de um “Enviado do
céu” -tudo muito semelhante pois aos relatos sobre a Terceira
Raça nas Estâncias da Doutrina Secreta. A partir daí o que se
tem no plano social são conflitos, e as Estâncias seguintes já
concluem com outros temas, passando para planos mais gerais
ou simbólicos.
Assim, as Estâncias do Fogo Cósmico atualizam
positivamente os dramas comuns da Evolução humana em seus
estágios mais avançados, onde forças amadurecidas embatem-se
pelo poder na Terra num momento sensível de preparação para a
transição das grandes Rondas.
Nada disto fica muito claro na leitura das Estâncias sob a
ótica teosófica, em função dos tantos véus apostos nas suas
interpretações, a começar pelas próprias “cronologias”
praticadas. Sob todas as luzes, contudo, boa parte deste texto
simbólico está tratando então de atualidades, talvez para além
daquilo que Bailey alcançava fazer em seus escritos fluentes ou
aberto.
474
Acontece que existem realidades que transcendem as divisões
raciais. A chegada dos Kumaras é uma delas, diretamente
vinculada à transição das Rondas. Tem-se daí que uma das
implicações deste fato -com tudo o que isto pode significar- é a
necessidade do fomento da Iniciação superior na Humanidade.
Quais ensinamentos podemos dizer então que trabalham
ativamente com Fohat nos tempos atuais?! Antes de tudo
definamos em linguagem simples o que é Fohat, como uma
expressão do poder espiritual criador diretamente ligado ao
plano de Manas ou à Mente. O “Fogo de Manas” (ativado pela
Hierarquia dos Agnishwattas) indica ainda melhor a ideia de
uma Mente Criativa, diretamente vinculado ao trabalho com a
luz, sem esquecer os seus “complementos” nas formas do som e
do amor (leia-se: a tríade do Fogo), como expressão da Tríade
espiritual Atma-Budhi-Manas -simbolizada nas Estâncias
também pelos números “pitagóricos” 3-4-5.
Certas imagens egípcias antigas
encontradas na famosa Tumba de
Tutankamon retratam bem estas técnicas
“perdidas” de meditação envolvendo o
trabalho com Fohat através das Três
Hipóstases do Ocultismo na forma de
Luz-Som-Amor (como ao lado), como
uma autêntica expressão esotérica do
famoso culto Solar do pai daquele faraó,
o faraó “herege” Akenaton. Tais registros
assinalam toda uma sequência de técnicas
afins que culminam na ascensão de
Kundalini, também devidamente
475
retratada -ver a respeito em nossa obra “Iniciação Solar”.
Certamente se fez ali um esforço de resgatar todo um corpo já
então ancestral de conhecimentos espirituais, muito mais
profundos e esotéricos do que se costuma imaginar.
Talvez a primeira menção moderna e ocidental à Fohat com
tudo o que significa, tenha surgido mesmo através da Doutrina
Secreta de HPB, a partir das Estâncias de Dzyan. Notoriamente
porém os próprios teósofos jamais desenvolveram o conceito na
prática. Em 1922 porém Alice Ann Bailey dá início a uma série
de publicações ligadas também às Hierarquias, e cujas três obras
inaugurais já estão bastante relacionadas ao tema. Seus títulos
são “Iniciação, humana e solar” e “Cartas sobre Meditação
Ocultista”, ambas de 1922, e logo o grandioso “Tratado sobre o
Fogo Cósmico” de 1925, contendo inclusive uma versão mais
completa das Estâncias de Dzyan. As indicações sobre o
trabalho com a Mente superior & criativa se estende porém por
outras obras da amanuense, ainda que não raro de forma algo
velada. As indicações de Bailey são no geral bastante técnicas e
por vezes simbólicas e elípticas.
A sua contemporânea russa, Helena Roerich, igualmente
ligada às Hierarquias, dá início à publicações nos mesmos Anos
20, contendo variantes de apologia da Ioga Solar –ética viva,
iman cósmico, luz do coração, etc. Comumente este
Ensinamento é visto como “complementar” ao anterior, e
atribuído também em essência ao novo Buda Maitreya.
Em 1936 o indiano Dada Lekrhaj funda a A Universidade
Espiritual Mundial Brahma Kumaris, tendo como os dois
importantes pilares um Raja Ioga com ênfase na atividade do
Ajna Chakra, e uma Astrologia que trabalha com ciclos de cinco
476
mil anos (divididos por Idades Metálicas), muito semelhante às
descrições da Raças em outras tradições (como a Maia) e
inclusive nos próprios Puranas (uma vez aplicadas as devidas
chaves), e em decorrência na Doutrina Secreta mesma a partir
das descrições que oferecem os Livros de Dzyan.
Não muito depois o macedônio Mikael Aivanhov, radicado
na França, começa a publicar uma obra esotérica também muito
luminosa baseada numa forma de “meditação solar”. E em data
mais recente o também indiano Hira Ratan Manek começa a
divulgar o Sungazing ou “Contemplar o Sol”, uma técnica não
obstante já mais física, passiva e polêmica.
A verdadeira ioga Solar resulta um procedimento mental
positivo e criativo, onde toda a Tríade espiritual Atma-Budhi-
Manas trabalha de forma unificada para produzir as sínteses de
energias necessárias, tal como retrata ademais o simbolismo
trino de kundalini.
477
Posfácio 1
A Grande Profecia
478
das Estâncias (como faria Bailey), e sim apresentar uma
compreensão -esta sim- mais refinada e (verdadeiramente)
tradicional dos seus conteúdos, para além daquilo tudo que já
tem sido proporcionado, oferecendo assim uma interpretação do
assunto em termos mais elucidativos e também concludentes.
No entanto, as Estâncias de Dzyan não teriam maior
significado, caso não servissem ou se destinassem para instrução
também da humanidade sobre o seu futuro e os desafios que a
aguardam tal como para as próprias Hierarquias. Os conheci-
mentos transmitidos pela “Doutrina Secreta” vão bem além do
período contemplado pelas Estâncias de Dzyan até agora
divulgadas, já que inclui os ciclos dos Puranas e outros. Na
prática a questão remontaria ao início da Revolução Cognitiva
que deu origem à nossa humanidade culturalmente superior, lá
no início do Sistema Solar anterior, que é aquilo que realmemte
importa objetivamente. A nossa “Doutrina Secreta Revelada”
abarca também a completa evolução dos hominídeos até chegar
à nossa própria espécie - avançar ademais no tempo ao tratar
ostensivamente sobre a futura Quinta Ronda Mundial hoje em
preparação.
Mesmo nos termos das Estâncias de Dzyan as coisas
avançariam hoje no tempo, seja pelo mito ou pela própria
profecia, como se observa especialmente pelas verdadeiras e
desafiadoras “atualidades” do Livro III do “Tratado sobre o
Fogo Cósmico”. Chegado a este ponto, muitos “véus sagrados”
são derrubados e o “Santo dos Santos” é colocado a nu, com
todo o esplendor irradiado pelas Tábuas da Lei. Eis que a
revelação dos tempos testemunha a Hora Chegada da grande
479
Transição! O passado revela o futuro e o futuro revela o passado
dentro da rigorosa Simetria cíclica das coisas...
Diante disto faz-se necessário também oferecer uma
contribuição original às demandas dos tempos, como forma de
acrescentar algo de realmente significativo, buscando avançar as
coisas num sentido mais propriamente histórico -tudo dentro da
própria “Programação” que oferecem pois o Plano Geral das
Estâncias de Dzyan...
Eis que as Estâncias se Dzyan nos situam a dada altura no
correto contexto espaço-temporal da nossa evolução (chegando
mencionar textualmente a “roda atual”), que é aquele da
transição planetária (com tudo o que realmente acha-se
envolvido nesta expressão), e de esforços para mobilizar aqueles
que almejam recriar a vida para um novo ciclo de evolução do
mundo, sendo por isto chamados também de “Construtores” -
origens remotas da expressão Maçom. Acontece que as
narrativas mais pontuais destas Estâncias assinalam esta mesma
realidade, de modo que estudar as Estâncias hoje, é olhar para
um espelho que nos olha de volta, num convite para assumirmos
o nosso próprio protagonismo nesta História Viva que é a
evolução planetária.
Certamente a situação histórica hoje é muito semelhante
àquela da Segunda Lemúria há 12 mil anos atrás, quando os
grandes Construtores buscavam Mônadas habilitadas para a
Iniciação solar através do emprego de Fohat, a fim de que tais
espíritos possam se sobressair para realizar a Superior Obra
Social então necessária…
480
Infelizmente as pessoas apreciam muito a linguagem mítica e
onírica, algo bastante próprio da Era de Peixes.56 E nisto elas se
agarram ademais a pseudo-autoridades históricas; porém é muito
importante lembrar todos os anúncios de renovação e das
próprias profecias. Aos recalcitrantes ante as novas informações
da Hierarquia -e dizemos da Hierarquia porque apenas esta
Fonte pode realmente trazer informações sem erros- nós
perguntamos então:
- Como é possível alguém avançar espiritualmente sem
conhecer os verdadeiros recursos espirituais da raça atual, que a
Hierarquia hoje se esforça por restaurar para que o novo e
necessário passo da evolução possa ser dado?!
- Como alguém poderia realmente contribuir na evolução
maior se ele não conhece e não compreende corretamente os
verdadeiros códigos de espaço-tempo da evolução (ou seja: Eras
e Raças), permanecendo antes atado a fórmulas vagas e oníricas
das coisas?!
Sem uma presteza intelectual e espiritual à altura, sequer as
medidas mais elementares de evolução -como são aquelas da
reencarnação- podem ser atendidas a contento. As profecias se
56
É possível que os véus tenham até muitas funções. Geralmente
a cultura mística (devocional, etc.) tem o seu período histórico. O
final dos ciclos porém organiza o pensamento científico, em meio ao
qual acham-se os Tantras, descritos como uma doutrina especial-
mente destinada ao Kali Yuga. Podemos até dizer que os Tantras
anteciparam o Kali Yuga racial, mas certamente auxiliaram a
organizá-lo na sequência. Os Puranas são uma das doutrinas hindus
influenciadas pelos Tantras, e na melhor das hipóteses lhe serviria
como introdução.
481
tornam inóquas e sem sentido quando ignoramos os verdadeiros
ciclos. E as próprias fórmulas avançadas da evolução
permanecem da mesma forma ociosas quando as pessoas deixam
de investigar os verdadeiros saberes da iniciação, limitando-se
apenas ao que é dado exotericamente pelo senso comum.
As diferenças também são grandes no sentido de que tais
esforços já têm sido realizados nas próprias fundações da
presente Raça Arya -possibilitando com isto realizar o novo
Dharma social da Civilização solar-, cabendo agora ”apenas”
um esforço de Restauração dos Altos Saberes Iniciáticos, sob os
estertores caóticos se um mundo que naufraga irremedia-
velmente sem saber mais por onde prosseguir. Assim, quilo que
o mundo mais necessita hoje para realizar a transição planetária
é -e à maneira dos antigos dias da Shambhala lemuriana- da
Iniciação Real (ou Solar terciária), que é o grau da Raça Árya,
através da restauração do dharma espiritual racial.
Podemos estimar que o leitor que chega até aqui nos estudos
destas Estâncias, onde se trata já unicamente das coisas atuais,
representa também não apenas um estudante das grandes
Verdades nuas da existência, como também almeja mergulhar
no verdadeiro espírito das coisas e assumir o seu próprio lugar
na construção da História Cósmica da Terra.
Para observar verdadeiramente tais “atualidades”, porém, não
bastaria conhecer apenas os conteúdos das Estâncias da
“Doutrina Secreta”. No Livro I (“Cosmologia”), as coisas de
“finalização” e “atualidades” (Estâncias VI.7 e VII.7) acontecem
num certo clima otimista de “final de festa”, rumando todos para
a Eternidade felizes, na conclusão de textos que tratam muitas
vezes também de “generalidades”. Enquanto que no Livro II
482
(“Antropologia”), a parte conclusiva ou Estância XII.2-3
(Capítulo 23) trata da mesma forma as coisas da Quinta Raça
atual de maneira muito vaga, avaliando aparentemente mais as
suas origens, quando uma Idade do Ouro permitia uma ideia
mais benévola das coisas, sem avançar para os seus períodos
críticos finais -e tampouco concluindo a análise das Raças
seguintes da presente Ronda -e isto justamente nesta Série de
Estâncias as quais H. P. Blavatsky classificou como sndo uma
“Antropogênese”. Tais “lacunas” tem consequências, conside-
rando a importância dos acontecimentos das etapas finais desta
Quinta Raça.
Contudo, as Estâncias do “Tratado sobre o Fogo Cósmico” já
oferecem um panorama bastante diferente, reunidas na forma do
Livro III do presente Volume. As realidades atuais estão ali
presentes nas últimas Estâncias da Série (especialmente aquela
numerada como “X”, designadas por nós como “As Sombras”),
onde não apenas as suas glórias iniciais, como também as crises
posteriores desta Quinta Raça, achar-se-iam fartamente
detalhadas, incluindo a chegada de uma sucessão de Profetas
destinados a administrar a situação.
Demonstra assim as crises que também vivemos hoje, da
parte final desta Raça, assinalando a sua natureza conturbada,
sobretudo as usurpações então ocorridas, até que as Hierarquias
se reorganizam para começar a a transição Maior do planeta a
partir de suas novas bases históricas. Modo geral, observa-se
que, ao lado do seu rico simbolismo estrutural, o teor das
Estâncias é enriquecido por fatores históricos (mais atuais) e
mitológicos (virada da Quarta Ronda). E ao lado disto, também
seria possível assimilar questões importantes através de um
483
processo de espelhamento ou analogia entre acontecimentos nos
ciclos, ou seja: certas ocorrências do Pralaya também se
refletiriam agora no Manvantara, como é o caso da chegada dos
Kumaras na Lemúria em circunstâncias análogas às atuais.
As tensões, as expectativas e os esforços jamais terminam nas
narrativas das Estâncias, porém é notória a existência de um
arco especial de conflitos em torno da transição planetária -ou a
partir da aproximação da Quarta Ronda no caso (envolvendo
assim a chamada “Idade do Diamante” da transição dos ciclos)-,
ocupando vários milênios, sendo ocasionada pelos esforços dos
Senhores em intervir no curso “natural” das coisas em prol de
uma evolução superior. Isto não significa que não existam
conflitos normalmente, porém eles são mais humanos e portanto
menos dignos de nota. As Estâncias da Doutrina Secreta quase
parecem dizer que na Raça Arya as coisas finalmente se
harmonizam, o que denunciaria o quanto são baixas as
expectativas das Hierarquias para estes tempos do mundo. E
após esta “pausa” de relativa harmonia, as Estâncias do Fogo
Cósmico já denunciam um recomeço das crises mais para o final
da Raça Arya, o que não deveria surpreender a ninguém, uma
vez que tem-se aqui novamente um momento cósmico
semelhante àquele no qual se instalou Shambhala na Ronda
anterior.
Acontece que os acontecimentos espirituais da atual Quinta
Raça são realmente análogos ou semelhantes aos da Terceira por
ser esta Quinta Raça também a Terceira da Ronda atual, ao
mesmo tempo e que é a Quinta dentro do Sistema Solar
completo que é o registro da evolução da própria Hierarquia.
484
Ao tratar desta profecia devemos trazer à luz também a
grande época de profecias que representam os tempos atuais,
quando tantas profecias também convergem sobre as presentes
gerações, e talvez com destaque também para a questão do
Plano da Hierarquia de preparação da Humanidade para a Nova
Era de que fala Alice A. Bailey, iniciado com os trabalhos de
Blavatsky, passando pelos de Bailey e agora encerrando com os
presentes esforços de ensinamentos espirituais. Tal Plano como
é sabido se destina também a manifestar a Hierarquia no planeta,
com tudo o que tal coisa possa significar. É preciso considerar
portanto os vínculos internos entre as revelações das Estâncias
de Dzyan com o Plano da Hierarquia. Num certo sentido este
ciclo de profecias atual foi aberto por uma previsão de Bailey
(para 1980) e poderá encerrar com outra também emanada pela
própria (para 2025).
485
Eis que o momento histórico atual reúne nada casualmente as
profecias do mundo de uma forma única e execepcional.
Podemos observar importantes profecias se desenrolarem numa
única geração como contas de um colar -Tibetanas, Hopis,
Nostradamus, Maias, Hebreus, Hindus… entre outras tantas
quiçá mais afins aos contextos locais das próprias profecias, mas
nem por isto menos significativas -ver para isto a nossa obra “O
Livro dos Portais” (ou a videoserie “O Livro das Profecias”).
Geralmente associamos as profecias à chegada de uma Nova
Era, no caso a de Aquário. Contudo a profecia Maia também
mostrou a atualidade de outros ciclos importantes, que também
integram a cosmologia das Estâncias de Dzyan (como ficou
demonstrado na presente Obra), e que na verdade seria o próprio
ciclo racial devidamente entendido, chamado às vezes de Era
solar e também praticado ainda por algumas correntes orientais.
Por fim existem os grandes ciclos todavia mais impactantes hoje
em transição que é aquele da mudança de Ronda Mundial e
mesmo de Sistema Solar (“Ano Cósmico”), cuja renovação pode
também estar começando nos tempos atuais, e cujo maior
testemunho desde o ângulo astrológico confere justamente as
Estâncias de Dzyan, onde o tema das Rondas é particularmente
contemplado. Tudo isto reunido é que confere pois o verdadeiro
significado profundo (ou “cósmico”) da expressão “Transição
Planetária”…
Esta Suprema Profecia mundial é que explicaria pois o poder
da egrégora de obras como as Estâncias de Dzyan, justificando
em boa parte o alto prestígio alcançado pela Sociedade
Teosófica pela virada do século passado. Mesmo que na prática
o teor exato destes ciclos ainda pouco fosse compreendido por
486
seus modernos divulgadores, nada disto impediu que o
Movimento Teosófico pudesse despontar como um marco
central (ou mesmo inicial) desta mesma transição. Nada
casualmente, a única outra fonte “ocidental” de informação
sobre este Grande Alinhamento também integra o Plano da
Hierarquia de Preparação da humanidade para a Nova Era
iniciado com Blavatsky, que é a própria Alice A. Bailey (quem
também informa sobre a existência deste Plano), que aqui e ali
oferece informações relevantes como a que segue:
"...deve-se ter em conta que estamos entrando em uma
ronda maior do zodíaco e isto coincide com a atividade
zodiacal menor, porque Aquário rege o ciclo imediato
maior de 25.000 anos, e é também o signo em que entrará
o sol para um período de 2.300 anos...
Assim, já temos arroladas nesta frase o Sistema Solar (“ciclo
maior”) e uma Era Zodiacal (“ciclo menor”), o qual “regeria” o
anterior em algum sentido, como veremos melhor adiante.
Prossigamos porém:
"...o ciclo no qual estamos entrando com a Era de
Aquário representa um evento muito extraordinário e
pleno de importância, porque é onde pela primeira vez os
três centros planetários maiores –Shamballa, a Hierarquia
e a Humanidade– estão em relação direta e ininterrupta..."
(“A Exteriorização da Hierarquia”)
Por “pela primeira vez” entenda-se dentro da atual Ronda
mundial. Note-se então que por qualquer razão não foi citado o
terceiro ciclo, senão idiretamente como “três centros planetários
maiores”. Provavelmente Bailey sentia-se insegura a respeito
487
(embora em algum momento também mencione a “Era solar”
das Raças). Daí também ser raro em Bailey as referências a este
Grande Alinhamento, apesar da sua enorme importância e
atualidade.57
Tal Alinhamento é possível hoje justamente em função dos
períodos de transição dos ciclos, através de fractais
(sandya/sandyana) das suas energias, computadas num
montante de 20% do período total de cada ciclo, segundo
tradicionais Filosofias do Tempo como a do Manvantara, da
mesma forma como o Sol se anuncia horas antes através da
aurora, à qual provavelmente também cabe a proporção de
tempo praticada pela Doutrina do Manvantara: a beleza trágica
dos crepúsculos trazendo as incertezas da Noite… (ver mais
sobre este tema em nossa obra “A Idade do Diamante - Crônicas
da Transição Planetária”)
Já da nossa parte viemos há décadas já buscando chamar a
atenção para este grande momentum.58 Contudo, para tratar
57
De qualquer forma a afirmação já representa uma indicação
importante, servindo eventualmente inclusive como uma primeira
senha-de-ativação de energias maiores para certos intuitivos,
representando assim verdadeiras janelas-para-o-futuro, diretamente
com o coração do cosmos ou além, em função também à menção de
certos Zodíacos (“25.000 anos””) maiores reunindo toda uma escala
Cósmica de evoluções.
58
Ver “O Livro dos Portais” (Ibrasa, SP, 1ª Edição, 1999), onde
anunciamos ousadamente a breve “despedida” de Sanat Kumara do
seu posto atual, muito antes de conhecermos mais a fundo as
questões astrológicas envolvidas. Ver também “A Doutrina Secreta
Revelada”, Violume I (“Cosmosíntese”).
488
agora do assunto, vamos escolher um mito não muito conhecido
no Ocidente, porém diretamente relacionado à questão, e a
respeito do qual também tratamos em nossa obra “Vaikuntha – o
Paraíso Astrológico”.
O Mito de Vaikuntha
489
inclusive mencionado no encerramento das Estâncias de Dzyan
do “Tratado sobre o Fogo Cósmico”:
“Muitos são os fogos circulantes, e muitos são os
círculos que giram, mas somente quando as cores
complementares reconhecerem sua fonte de origem e o
todo estiver em conformidade com os sete, a culminação
será contemplada. Então se observará cada cor
corretamente combinada, e cessará a rotação.”
Seguramente tal coisa teria um sentido especialmente
simbólico e abrangente neste mesmo contexto da transição das
Rondas deste sloka, e onde vê-se que o espelhamento dos
arquétipos fica mais frontal e evidente, como ocorre “no alto” do
Esquema entre Leão e Câncer (ou Sol-Lua) e “na base” entre
Aquário e Capricórnio (o duplo-Saturno ou Janus).
Pode significar algo então que Javali seja o último signo do
horóscopo chinês, sendo assim equivalente a Peixes -a mitologia
hindu parece as vezes se combinar com a chinesa, mais ainda no
contexto tibetano de transição; ou de Jesus nascer da “Virgem”
como Sanat Kumara (surgido na Era de Virgem). Da mesma
forma como não podemos descartar que o signo de Peixes
influencie reciprocamente os mitos diluvianos do período
lemurio-atlante. De modo que algo semelhante também valeria
para o seu contexto cósmico oposto, no caso para esta “Nova
Lemúria” da Quarta Ronda que é a própria Raça Árya.
A astróloga Emma C. de Mascheville, de renome local e
estudiosa de Alice A. Bailey, também informou sobre uma Lei
pela qual um avatar nasce sob o signo oposto ao da Era à qual
vem abrir e representar -um exemplo bem conhecido seria Jesus,
490
nascido sob o signo de Virgem (oposto a Peixes), o que seria o
verdadeiro significado dele “haver nascido de uma Virgem”.
Tais fatos serviriam pois para harmonizar as coisas e,
eventualmente também simbolizar uma transição hemisférica
dos códigos astrológicos quando necessário.
491
(ou o fractal de 10% do período do Sistema Solar neste
“quadrante), numa exata simetria “ou espelhamento”) portanto
com os tempos atuais.
Releve-se enfim que as aparentes lacunas deixadas pela
misteriosa ausência de maiores atualidades nas Estâncias da
“Doutrina Secreta”, não permitem confrontar ideias com as
considerações melhor desenvolvidas pelas Estâncias do “Tratado
sobre Fogo Cósmico”. Ademais, as analogias permitem sempre
se tentar preencher este tipo de lacuna, como temos insistido
aqui. De modo que, para nós, o tema da Grande Profecia está
duplamente assegurado, seja pelo mito lemuriano espelhado na
atualidade, seja pela própria menção profética do Fogo Cósmico
–para limitar-nos naturalmente a tais questões “formais” sobre a
questão.
492
ser direcionada para a transição planetária, ou seja preparando as
coisas para o retorno ao Pralaya do mundo.
Aquele que conhece a evolução das raças, sua espiritualidade
e civilizações, não tem muitas dificuldades para compreender o
passado futuro da evolução da humanidade imediato.
Praticamente a última metade no nosso trabalho tem sido
dedicado às coisas do futuro, em especial a questão desta Sexta
Raça-Raiz. A Sociologia Holística representou pois esta última
grande linha de trabalhos por nós realizada, após avançarmos
nos trabalhos de esoterismo, astrologia e geografia sagrada,
tratando-se então de uma verdadeira síntese de energias, na linha
da conquista do “caminho do meio” tradicional, ou como a
Terceira Grande Chave da Filosofia Hermética, aquela da
Perfeição e Liberação dos males a que se refere Hermes
Trismegisto na sua “Tábua de Esmeraldas”, quando prescreve
iniciar pelo ascetismo no Macrocosmo e depois buscar reunir
com o pragmatismo no Microcosmo de modo ao iniciado
alcançar se estabelecer firmemente nas harmonias do Meso-
cosmo. Em nossa “A Doutrina Secreta Revelada” inserimos daí
um ”inédito” Volume sobre Sociologia intitulado “Sociosíntese”
(Volume IV da Série), e para mais ver em especial o nosso
“Tratado sobre Sociologia Holística” em oito Volumes.
Cada Civilização se ergue sobre a base de uma casta e de
uma iniciação progressiva. A nova Raça será espiritual,
sacerdotal e terá como meta o grau de Arhat. Será também uma
Civilização Cósmica ou inspirada nos “códigos estelares”. Seu
símbolo serão as constelações -não mais o Sol como na Era
Árya anterior, mas muitos sóis enfim. Na sequência explicamos
pois em que consiste na prática tal concepção.
493
Certamente a ideia das Constelações já remete ao conceito de
Pralaya enquanto Noite de Brahma. O importante é saber que se
trata de uma proposta de transição, buscando reunir daí “o
melhor de ambos os mundos” -no caso o Manvantara e o
Pralaya que, em termos gerais, podemos também caracterizar
como Civilização e Natureza respectivamente. A dimensão
cósmica em questão, afim com as Iniciações dos Chohans ou
Mestres da nova Hierarquia racial, já representa ou simboliza o
ângulo ou prisma principal pela qual a Nova Raça tratará o
quesito “Natureza” -diferente portanto das últimas Raças
matriarcais do passado ou mesmo de outros Pralayas anteriores.
A ideia da Civilização Solar se estribava na realidade do
Adepto de Quintessência, também conhecido como “Polo
Espiritual”, direta ou indiretamente atuante através daquelas
Civilizações da aurora da Quinta Raça. Como doravante todas as
energias avançam, o nosso próprio Sol já não basta para
simbolizar a nova gloriosa Coroa cósmica da Hierarquia, ao
mesmo tempo em que tampouco haverá apenas um Adepto mas
alguns e também muitos Arhats e inúmeros Iniciados Hansa. De
modo que a Nova Era poderá ter muitas expressões solares
coordenadas sob uma única Iminência Cósmica, tal como pelo
Projeto da Manu de fazer avançar as instituições áureas
restaurando-as e aperfeiçoando-as como cabe.
Não mais Cidades-Estados que tudo centralizam, portanto,
mas muitas Cidades solares organizadas de forma rururbana
harmonizando Civilização e Natureza. A tecnologia já avançou
o suficiente para permitir um elevado grau de integração das
pessoas através do “virtual”, cabe porém fomentar ainda bases
sociais reais e orgânicas para os seres humanos, não mais mega-
494
cidades que anulam as pessoas, mas muitas pequenas cidades
onde também se poderá priorizar tendências caras aos diferente
grupos humanos, seja religiões, comportamentos ou o que mais
se queira. O nome disto é Cosmocracia, o governo da
organização das coisas, oposto ao caos da indiferenciação
portanto.
O ideal é o correto porém é que haja uma ordem social
tradicional e também se implemente a Sinarquia, ou a
cooperação entre as forças materiais e espirituais dentro das
sociedades, a começar pela participação solene das próprias
Hierarquias manifestadas por detrás das coisas.
Pois as lutas das Hierarquias hoje não são tão diferentes
daquelas ocorridas em outros tempos, simplesmente porque os
problemas são fundamentalmente os mesmos em todos os níveis
-seja no próprio espírito humano ou na sociedade. São lutas para
que o ser humano não se aliene do seu destino maior e que não
se congregue para além do bom senso ambiental. Lutas para o
ser humano consciente capilarizar o planeta, viver de forma
orgânica e soberana. E para que não faça da tecnologia senão
uma ferramenta essencial e que esta nunca venha a substituir os
bons dons do imaginário e do exercício saudável.
Esta cultura rururbana será muito voltada para a Natureza.,
experimentando-se então em formas de vida mais naturais como
a aldeã, a tribal e até mesmo o próprio nomadismo. As cidades
serão como chakras sociais temáticos, porém a ocupação com a
Natureza também deverá ser estensiva e com vários propósitos,
sejam educacionais, espirituais, sociais, terapêuticos, econômi-
cos ou ecológicos. O propósito central será realmente restau-
rador, porque o Pralaya é o respeito à própria Natureza original,
495
sua grandeza, pureza e transcendência inata. Eis que a partir
destes grandes polos de luz e de sustentabilidade, o ser humano
será reintroduzido passo a passo na Natureza, até se tornar não
um selvagem, mas um autêntico Ser cósmico emancipado...
A experiência também tem demonstrado poder ser pouco
produtivo incorporar cidades já estabelecidas para estes fins,
mesmo em se tratando de cidades pequenas, em função dos
atavismos reinantes, a menos que o afluxo de novas populações
seja realmente importante, ou seja: dominante, e que estes
chegantes também atuem em uníssono. O ideal mesmo é
começar as coisas “do zero”, dentro de antigas fazendas mesmo
que este início seja modesto. Com isto é possível até mesmo
fazer o desenho ou o planejamento de uma nova cidade, que
deve neste caso preferencialmente atender a um simbolismo
cósmico, tal como se fez na Antiguidade em certas cidades
circulares persas e outras.
É muito importante resgatar a compreensão de que toda a
criação de Civilizações significa um processo espiritual coletivo.
No assumir uma missão grupal é que crescemos espiritualmente.
A Civilização solar esteve muito relacionada à conquista da
Iniciação solar ou terciária, sob a batuta de um Mestre de
Quintessência. Doravante tudo isto sobe um novo degrau, mas
os métodos grupais não modificam muito, senão que deverão ser
menos centralizados aparentemente para permitir a realização de
muitas Missões solares de evolução coletiva.
Além das implicações sociais e ambientais tem-se sensíveis
questões conjugais nisto tudo implicadas, capazes de fomentar o
encontro único e transcendental das Almas-gêmeas, que é uma
das realidades avançadas inerentes à própria Iniciação. E fica da
496
mesma forma implícito que uma das estratégias políticas
centrais será a prática do Êxodo das grandes cidades, as quais
acham-se mesmo condenadas em face das transformações pelas
quais o mundo começará a atravessar muito em breve. A busca
de pequenas cidades orgânicas é uma forma de sobrevivência
diante do futuro caótico do planeta, como uma espécie de neo-
medievalismo ilustrado –afinal “Idade Média” também significa
um período de transição.
Tais configurações culturais representam pois tanto o Projeto
da Transição Planetária como os Decretos do Manu para a Nova
Raça nascente (ver para isto a nossa obra “Tábuas de Zyon”), e
que deve também evoluir e ir se transformando à medida em que
avance Pralaya adentro para se tornar a humanidade cada mais
absorvida pela Natureza Cósmica. No segmento seguinte damos
continuidade a esta questão.
Conclusões
497
iniciáticos ensinados nas Estâncias tampouco encontrarem lugar
nas práticas orientadas pelos teosofistas.
Em função disto tudo novos esforços foram realizados pela
Hierarquia em busca de canais mais apurados, encontrando em
Bailey -conectada então à uma loja teosófica californiana- um
veículo mais sensível e sintonizado. E com efeito desta vez
aquelas informações mais esotéricas puderam ser expressas de
forma mais adequada, dada a capacidade de percepção e de
sistematização desta amanuense -quando o discurso da “Nova
Era” também passa a ser assumido influenciando na criação de
toda uma nova mentalidade planetária, e para o quê seria útil o
acesso que teve a uma “versão” mais completa e esotérica das
Estâncias de Dzyan.
Ainda assim muita coisa ficaria faltando em diversas frentes
do conhecimento esotérico, servindo Bailey -que todavia empre-
gava muitos véus nas suas informações- bem mais como uma
transição para um novo momento de real esclarecimento sobre a
natureza dos Mistérios Arcanos contidos neste formoso Tantra -
razão pela qual o Plano de preparação da humanidade para a
Nova Era por ela revelado contaria ainda com uma terceira etapa
culminante,59 a cargo de uma próxima geração, e já num contex-
59
Em função disto, Bailey mesma declara que a sua própria obra
teria validade somente até o ano de 2025. Não obstante, com toda a
autoridade que Nos é outorgada dentro do Plano da Hierarquia,
afirmamos peremptoriamente que os ciclos de Ensinamentos
trazidos por HPB e AAB não podem ser revogados em data estimada,
salvo ajustes a serem realizados neste ou naquele ponto. Blavatsky
trouxe muitas questões importantes e criou um novo estilo, apesar
da forma amadora como encarou muitas vezes o esoterismo, levando
498
to fortemente carregado pelas próprias energias da transição
planetária, estimulando assim a devida leitura também profética
das Estâncias se Dzyan, tal como uma clara exposição dos
Mistérios Tradicionais.
499
Posfácio 2
O Novo Pralaya
60
Referência ao “Solstício Cósmico” da Era de Capricórnio,
simbolizando um momento de Iniciação mundial ou de recomeço de
Sistema solar de evolução.
500
Certamente muita coisa começa a mudar a partir do Terceiro
Sistema Solar ora em preparação. Muito provavelmente Fohat –
leia-se a Iniciação solar- poderá ser finalmente implementado já
desde o começo deste Sistema ou na sua Quinta Ronda mundial.
Podemos dizer que este será o patamar evolutivo de toda a
humanidade ao término deste Terceiro Sistema Solar, da mesma
forma como a segunda iniciação (o Discipulado) deve se tornar a
base universal ao cabo do presente Segundo Sistema Solar.
Uma vez que estamos vivendo o final da Quarta Ronda, as
coisas começarão a evoluir doravante numa direção cada vez
mais sutis e refinadas na ascensão desta Onda de Vida e na
direção às suas Origens superiores. Com efeito, a chegada do
Grande Dia em que ”Sê Conosco” será ali uma realidade, e não
mais transitória como nas revelações e transições mundiais, mas
sim como aquilo tudo ao qual a Criação está destinada na forma
da Unidade universal de todas as coisas.
Para mais sobre esta questão das Raças da transição do
Pralaya, remetemos o estudante ao Livro III das Estâncias, da
qual citamos abaixo o sloka da conclusão (Capítulo 29):
“Terminou o eón, o trabalho foi feito. Se detiveram as
estrelas. O Eterno exclamou ao mais alto céu: ‘Exponha a
obra. Apresente as Pedras. E eis que as Pedras eram
uma’.” (Estância IV.5)
A palavra Pralaya, enfatiza a ideia da dissolução (laya) das
formas. A idéia do êxodo está intimamente ligada à questão da
dissolução das estruturas “consolidadas” e à conquista de uma
emancipação integral: aqueles que almejam “mudar o sistema”
jamais poderiam encontrar uma forma melhor do que a própria
501
deserção; preteder apenas reformar as coisas não corresponde ao
Caminhos sagrados.
Ainda que as “rupturas” podem nem chegar a serem assim
tão radicais como se costuma imaginar. O povo hebreu apenas
precisou passar quarenta anos no deserto por uma simples razão
moral, porque caso estivesse preparado para uma nova vida
realmente soberana, sem idolatria e egoísmo, rapidamente teria
cruzado o Sheol no rumo da Palestina. O fato porém é que uns
queriam regressar e outros desejavam chegar cedo demais
apenas para voltar a usufruir de certos “confortos” da
Civilização, mesmo na condição de servos uma vez mais,
tirando assim todo o sentido da saída do Egito.
Esta requerida fidelidade a Deus –afirmada no Primeiro
Mandamento de Moisés-, se mostra basicamente pela obediência
às determinações dos Patriarcas escolhidos por Deus. De modo
que enquanto o povo optasse por errar no egoísmo próprio e na
falta de humildade perante o Altíssimo, o seu destino sempre
seria pífio e lastimável.
Cabe pois investigar aqui as “chaves” do Novo Pralaya que,
à parte deter características comuns a todos os Pralayas –entre
eles o fato de serem ciclos ímpares ou “masculinos” na abertura
dos Sistemas Solares, possuem também caractísticas próprias
em função da posição de cada novo ciclo dentro daquele todo da
Evolução Cósmica –estamos falando, pois, da Quinta Ronda
mundial, tema ao qual dedicamos todo um setor no Volume I
(“Cosmosíntese”) de nossa “A Doutrina Secreta Revelada”.
A raça Árya é sempre muito celebrada nas Estâncias de
Dzyan, especialmente naquelas da Doutrina Secreta. Haveria
502
muitas formas de apresentar esta raça como um verdadeiro
ponto de virada na evolução da humanidade. Já falamos da
questão do ciclo-semente, considerando que esta Quinta Raça
representa uma semeadura para a Quinta Ronda. Ou seja, assim
como os Arhats atlantes eram o modelo humano desta Quarta
Ronda atual, os Adeptos Áryos são o modelo humano da Quinta
Ronda futura. Talvez ainda mais importante do que isto, seja
observar que a raça área significa simplesmente o ponto de
inflexão dentro das sete ondas de evolução da humanidade -ou
seja: o começo do segundo ciclo de 3,5 Rondas, e como
sabemos 3,5 representa um valor sagrado justamente por ser a
metade do setenário, sendo considerado o número de Kundalini
(que dá três voltas e meia sobre si mesma na ocasião da
iluminação) e também uma das formas em que o Apocalipse
joanino apresena o período de provações de Deus.
Por tudo isso é natural que as Estâncias celebrem de tal forma
a chegada da Raça Árya, ainda que o Livro III também
demonstre que coisas graves ali começaram a acontecer, tal
como hoje podemos perceber a clara luz. A Tradição Oriental
fala porém dos 7 e dos 14 Manus planetários (não se trata dos
Manus raciais aqui). Uma das formas de ver isto é como
Mahamanvantaras de Sete Rondas e de Sete Sistemas Solares -
ou de Quatorze Rondas que incluem todas as polaridades de
Manvantara e Pralaya. É apenas na primeira que podemos
considerar a nossa evolução razoavelmente avançada já.
Enfim aquilo que as Estâncias afirmam sobre a Quinta Raça
vale ainda muito mais para a Quinta Ronda: todas as Hierarquias
aspiram pelo Quinto Mundo! Nele acham-se afinal as
verdadeiras esperanças da humanidade, e portanto deste planeta.
503
Sabidamente muitas Civilizações têm soçobrado já ao longo da
História. Precisamos aprender a pensar que a Civilização tem
resultado quase uma anomalia na ordem natural das coisas
(ainda que esforços realmente tem sido feitos desde tempos
imemoriais para evitar o seu surgimento antecipado), e que
poderia desaparecer ou perder importância em algum momento
da nossa evolução, como de fato aconteceu durante a Idade
Média também.
Considerando porém se tratar esta da Quinta Ronda é muito
possível que, em função do próprio poder superior de síntese
deste arquétipo, certos traços de Civilização jamais sejam de
todo abandonados. Como a Civilização representa uma
conquista da Quinta Raça, faz sentido pensar que na Quinta
Ronda que se anuncia ela venha a ser preservada e que até
evolua mais. As origens solares áryas da Civilização até
poderiam ser uma boa referência, porém as coisas certamente
podem ir além, como sucede na proposta da Civilização
Cósmica por nós hoje esboçada.
O caminho gradual
504
digamos assim, e a humanidade pode se manter “natural” em
função das magias que os xamãs continuamente realizavam,
sobretudo dentro dos próprios Mistérios da Natureza.
Agora porém, o campo a ser explorado seria ainda mais
amplo, buscando se focalizar as coisas a partir de uma dimensão
cósmica maior... A partir disto, a tese experimental do “neo-
xamanismo” pode passar inclusive a receber uma feição melhor
definida na forma de um xamanismo cósmico. O xamanismo é a
cultura natural do Pralaya do mundo, porém agora as energias
que buscaria tratar seriam cósmicas –anjos, arcanjos, serafins,
querubins, etc.
Com isto podemos até projetar um Plano progressivo para a
evolução do aprofundamento das coisas do Pralaya em termos
setenário, quiçá análogo mas oposto à ideia bíblica da “Criação”
-um Plano para a “dissolução” das coisas portanto. E para isto
poderemos até nos inspirar nas Estâncias de Dzyan, Livro I, VI:3
(Capítulo 8), onde diz:
“Dos Sete — primeiro Um manifestado, Seis ocultos,
Dois manifestados, Cinco ocultos; Três manifestados,
Quatro ocultos; Quatro produzidos, Três ocultos; Quatro e
Um Tsan revelados, Dois e Meio ocultos; Seis para serem
manifestados, Um deixado à parte.”
Bastaria pois inverter as equações priorizando de forma
progressiva o espiritual/informal em detrimento do
material/formal a cada Nova Era astrológica do Pralaya, numa
verdadeira “descriação” ou desconstrução das coisas -e neste
sentido a Nova Era de Aquário certamente será o momento para
se começar a colocar “o pé no freio” na expansão do mate-
505
rialismo planetário, por bem ou por mal. Alice A.Bailey
forneceu muitos elementos sobre a Doutrina dos Sete Raios
(incluindo a ideia do equilíbrio dos eixos astrológicos
desevolvida por Ema de Mascheville), que pode enriquecer as
bases de um projeto cósmico deste teor.
Aqui estamos tratando apenas de abstrações matemáticas, as
quais naturalmente deverão estar embasadas sobre ações
concretas dentro de um grande Projeto dinâmico de
implementação do Pralaya sobre as bases objetivas, que deverão
contar entre elas naturalmente com uma progressiva
incorporação das massas humanas dentro dos novos paradigmas
culturais do Pralaya. Naturalmente uma forma pragmática de
realizar isto seria pela incorporação paulatina dos Sete
Continentes ao dharma cósmico da Noite de Brahma -e não é
exatamente assim que as coisas sempre acontecem?! E a própria
História demonstra que tal coisa nem sempre precisa suceder
pela violência, mesmo com doutrinas proselitistas como foi o
caso de certa forma no Budismo. Até doutrinas mais circuns-
pectas (as chamadas “religiões étnicas”) como aquelas da
Antiguidade alcançaram se disseminar e produzir consensos
importantes então.
Assim, quando Jesus anunciou que regressaria quando o seu
Evangelho fosse pregado em todas as partes do mundo, ele
apenas estava assumindo o seu papel na consumação das coisas
do Pralaya. A interação completa do dharma do Manvantara
ocorre no final da Ronda e traz naturalmente a vinda de um novo
Manu para determinar um novo dharma cósmica de orientação
oposta, por assim dizer.
506
No caso da relação Manvantara/Pralaya se trata mais que
“apenas” uma religião mas sim de todo um estilo de vida,
afetando sempre mais ou menos as circunvizinhanças. Daí a
importância dos movimentos serem amplos e atuarem sobre
regiões também algo vastas. O exemplo que temos ocorreu no
sentido inverso ao que agora se delineia, iniciando na chamada
égira atlante há mais de 12 mil anos e ganhando o mundo
irresistivelmente, apesar das eventuais resistências encontradas
aqui e ali. Hoje não existem Continentes humanamente “vazios”
-como de fato nunca houve muito, senão talvez a remota
Austrália em data muito precoce-, o que apenas aumenta a
importância do pensamento estratégico e a atuação coletiva. O
principal recurso atual seria mesmo investir em áreas com baixa
densidade demográfica, onde o impacto de pequenos grupos
ainda possa resultar importantes sob diferentes ângulos de visão.
Num certo sentido o afastamento ajuda a necessária ideia de
“destruir pontes atrás de si”. Sem dúvidas as coisas necessitam
dobrar as gerações para começarem realmente a acontecer. O
idealismo é sempre necessário mas somente quando as pessoas
começam a nascer em novos ambientes é que uma outra
mentalidade começa realmente a se consolidar, já sem as
memórias viciosas deixadas por antigas experiências -sendo isto
que explica em última análise a necessidade dos hebreus terem
passado 40 anos no deserto.
Nada implica que as coisas sejam 100% algo no final das
contas, e provavelmente isto nem seria desejável –e a citação
das Estâncias de Dzyan acima mostra exatamente isto, ou seja:
507
1 -> 6
2 -> 5
3 -> 4
4 -> 3
5 -> 2
6 -> 1
Assim, é possível que o atual Manvantara termine ainda com
algumas populações selvagens com culturas vindas de outras
Rondas e mesmo de outros Pralayas do mundo. Da mesma
forma é possível que a Quinta Ronda também conclua com
algum pequeno percentual de cidades (pequenas e racionais
naturalmente), até porque a energia de Quintessência que a
domina é favorável às sínteses.
Ao lado deste movimento quantitativo de renovação também
toca pensar pois a questão qualitativa, através da questão das
Raças e também das Idades, posto que se pode projetar da
mesma forma como o acréscimo se 1/4 de dharma a cada nova
Idade do Pralaya, em oposição a como acontece no Manvantara
onde existe um decréscimo de dharma nestas mesmas
proporções. Afinal se havia 100% de Dharma na longa Idade de
Ouro do Manvantara, e apenas porque o mundo estava em
condições de proporcionar em função dos esforços realizados no
Pralaya anterior.
Uma das formas de atender este aspecto qualitativo seria
trabalhando com a alternância do modus vivendi das sociedades,
segundo a tabela abaixo -que alguns também poderão considerar
“idealizada”, porém veremos adiante que o tema também é
didático:
508
a. Urbanismo = Idade de Ferro
b. Aldeísmo = Idade de Bronze
c. Tribalismo = Idade de Prata
d. Nomadismo = Idade de Ouro
Certamente pode ser difícil compreender tal quadro à luz dos
valores civilizatórios atuais, porém ele também comporta a sua
lógica própria. O aumento da urbanização está ligado à densifi-
cação das energias mesmo no próprio Manvantara, cujas origens
lá na Lemúria (ou no Período Mesolítico) ainda eram nômades
como é sabido.
É importante neste caso ver tal organização também como
uma forma de currículo evolutivo para os indivíduos, nos termos
dos ashramas do Brahmanismo por exemplo, que são as etapas
educacionais das castas, começando pelo estudo, seguido pelo
casamento, logo a etapa docente até culminar na fase do
renunciante, ao qual a vida nômade já é natural. Com isto se
estaria propondo então que cada vez mais gente se capacite a ter
esta experiência completa de vida, até chegar na Idade de Ouro
com uma população massivamente capaz de assumir o
sannyasin ou a renúncia final. Com efeito a análise criteriosa das
Estâncias de Dzyan mostram que este tipo de situação prevalecia
realmente nas raças do Pralaya -ver Livro II, Estância V
(Capítulo 15)-, de modo que nada mais estaríamos fazendo aqui
do que recolocar uma questão “clássica”.
Esta seria pois a via natural para se implementar solidamente
um processo de Pralaya, ou seja: trabalhando os valores e a
evolução espiritual da humanidade em termos raciais ou
coletivos. Tal proposta tampouco representa pois nenhum
exotismo porquanto foi implementada em várias sociedades
509
antigas no próprio Manvantara especialmente na Índia. É
verdade que o sistema sofreu muitas degenerações desde então,
a começar pela adoção das castas de nascimento (jativarna).
Para efeitos do Pralaya, contudo, este tipo de cristalização
(próprio do crescente materialismo do Manvantara) já não pode
acontecer, devendo as castas permanecer fluidas e subordinadas
aos próprios estágios espirituais (ashramas) que as fundamenta.
Não há dúvidas que tais procedimentos sempre encontraram
obstáculos, demandando daí muita consciência e determinação.
Daí que a premência e a necessidade ajudam nesta hora.
Segundo a Ciência muitas antigas migrações tiveram por base
mudanças ambientais, embora tal coisa não costume ser
suficiente para justificar tais ousados procedimentos. Os mitos
antigos descrevem fenômenos naturais como dilúvios na época
das migrações atlantes (que na verdade também seriam lêmuro-
atlantes), mas estes podem ser até certo ponto simbólicos. O
certo porém é que hoje vivemos já na expectativa destes
acontecimentos a nível planetário e as perspectivas para as
próximas décadas são dramáticas. Daí a importância de
organizar as coisas com critério e previdência a fim de minorar
os males de então.
O mundo já entrou em mudanças na virada do Milênio e
desde então as crises apenas se somaram -com efeito é como se
os Quatro Cavaleiros do Apocalipse estivessem já andando por
aí (todos os Quatro sim). Dificilmente as economias que estão
hoje em crise conseguirão se erguer. Esforços tem sido feitos
para sustentar a situação cada vez mais artificialmente, mas
pouco a pouco a percepção da inevitabilidade das mudanças se
imporá. Restará aos “poderosos” refugiarem-se em “ilhas” cada
510
vez mais delimitadas enquanto o mundo se revolve no caos da
fome e do sofrimento. Porém as mudanças seguirão avançado e
penetrando pelos poros do sistema como fez de certa forma o
movimento hippie do século passado. Certamente as nossas
próprias referências não são tão pueris, daí mencionarmos outros
grandes movimentos ou mitos conhecidos. A disciplina é sem
dúvidas o primeiro requisito, partindo do exemplo das suas
lideranças naturalmente.
Com tudo isto poderíamos até mesmo refletir na
possibilidade de uma radicalização desta ideia da Civilização
Cósmica num sentido verdadeiramente espacial -porém em
termos espirituais e não astrofísicos como acontece na teoria
ufológica-, de modo que o ser humano da Quinta Ronda poderia
incluir os estudos do Grande Universo (simbólica e material-
mente falando) no rol dos seus Altos Conhecimentos. Com
efeito tem-se já várias Ciências Ascensionais em vista na
história mundial, entre eles os Caminhos de Evolução Superior
dos Chohans tratados pela neo-teosofia, tal como a tradição pré-
cabalista da Merkabah. Mesmo Castaneda teria algo a oferecer
aqui uma vez separado ”o joio do trigo”, posto que ele trabalhou
com uma categoria de “Novos Videntes” com foco na ideia da
“liberdade total” -o tema é desenvolvido em nossa obra “A
Tradição Tolteca”, onde comparamos estes conhecimentos com
outros ensinamentos incluindo Bailey.
Diante de tão gloriosas perspectivas o ser humano poderá
comecar a se reposicionar diante do Universo e face sua própria
situação no planeta. Simbolicamente as Noites passaram a ser
revalorizadas por lembrarem melhor a extensão das
possibilidades humanas neste infinito universo. O que nos faz
511
pensar que se o Manvantara é profundo, o Pralaya pode ser
extenso -as quais representam as duas categorias positivas da
existência segundo o Budismo.
Com isto, encerramos esta matéria com uma singela
“revelação” alcançada num destes locais mágicos como são os
ashrams e comunidades espirituais naturalistas, capturando o
sentimento de um espírito amadurecido, a saber:
“É fácil ser feliz sob as estrelas...”
512
Posfácio 3
O Olho de Dangma
513
processo individual, e o estudo correto das raças também denota
um envolvimento com suas dinâmicas criativas. Raros são
aqueles que realmente se ocupam das realidades de longo prazo
-coisa não obstante comum para as próprias Hierarquias, para
quem o tempo é apenas mais um instrumento da Eternidade. E
ainda assim, a Humanidade necessita aprender a olhar também a
longa distância, sob pena de ter o seu próprio futuro seriamente
comprometido.
A abordagem que trazemos aqui é realista e portanto,
destina-se aos aspirantes à verdadeira Iniciação, isto é: para os
Servidores do Mundo. Numa breve síntese dos destaques dados
por estas Estâncias podemos então mencionar:
1. A humanidade acha-se ainda num grau primário de
evolução e necessita muito por isto de “salvação” e de
orientação superior.
2. A criteriosa dedicação das Hierarquias na orientação da
humanidade em todos os seus momentos evolutivos.
3. Uma vigorosa apologia técnica à meditação ativa e
criadora.
4. Uma grave advertência espiritual aos místicos acomodados
e indiferentes.
5. Uma denúncia social contra a opressão dos povos e à
alienação moral e espiritual da humanidade.
6. Um testemunho calendárico de que a Nova Era e a Nova
Terra são uma realidade atual e não remota.
Temos certeza não ser necessário insistir que essas estrofes
podem ser interpretadas do ponto de vista do Microcosmo,
porque afinal esta é mesmo a tendência do aspirante ou noviço,
condição na qual se encontra a maior parte da humanidade.
514
Contudo, para os discípulos e especialmente os discípulos
aceites em vias de receber a iniciação, é importante compreender
que a visão do Mesocosmo (ou da evolução grupal) pode ser
inclusive a mais comum e corrente dentro dos conhecimentos
tântricos das mandalas. As cosmologias tântricas medievais, a
exemplo de representações afins existentes em outras partes do
mundo no período, buscavam representar o Rei no centro da
mandala geográfica -ainda que para os próprios iniciados tal
coisa pudesse retratar também o próprio Rei do Mundo...
Uma das grandes tarefas do verdadeiro Iniciado é contribuir
para a organização de uma Ordem cósmica, através dos recursos
que possa ter em mãos, juntamente aos seus pares tal como
também fazem os Maiores, para que assim o exemplo da
fraternidade universal possa ser afirmado na alma coletiva da
humanidade. As Hierarquias sabem portanto o que deve ser
feito. Cabe também a cada um fazer então a sua parte para que
as coisas possam enfim acontecer. Do contrário tudo o que
teremos são perdas sobre perdas, e ainda assim o Destino deve
acontecer pela via mais dolorosa.
Quando Jesus declara que “o seu reino não é deste mundo”,
as pessoas se apressam a tirar conclusões equivocadas. É quase
consternador ver que, mesmo quando a tradução acerta, a
interpretação ainda pode errar, e muitas vezes por causa da
própria mentalidade humana. É diferente dizer “não é deste
mundo” (como consta nas Escrituras) de dizer “não é do mundo”
(como as pessoas querem entender). Pode até parecer sutil mas
também é muito grande. “Deste mundo” é uma referência
simbólica e política, e “do mundo” já seria uma alusão
fenomênica e negacionista. O Paraíso de Deus não fica fora do
515
mundo, e sim fora deste mundo corruptível criado pelas forças
cegas e decadentes que ainda atuam com desenvoltura no
planeta. Significa apenas que as coisas do céu não podem ser
cooptadas pelas da Terra, mas estas podem ser elevadas até as
esferas celestiais -daí a oração dada pelo mesmo Jesus pedir que
a Vontade de Deus também seja feita na Terra. A grande
realidade é que os livros da Bíblia merecem uma hermenêutica
tão profunda quanto aquela que demanda as Estâncias de Dzyan
-e neste aspecto, é evidente que nenhum outro carece de uma
exegese quase similar do que os grandes Livros Proféticos,
como Isaías, Ezequiel e Apocalipse, entre outros.
O Poder da Visão
516
orientais. Deve-se almejar portanto apenas terreno seguro, para
que o passado possa servir de esteio para o futuro.
Nada mais pode ou nem deve ser exigido das Hierarquias do
que oferecer uma visão clara e adequada das coisas. Aqueles
que menosprezam o supremo valor da Visão perfeita enquanto
expressão do Logos, soçobram na mais profunda ignorância.
Para estes se deveria sugerir que subissem numa embarcação em
plena noite para enfrentar uma tempestade ao largo de uma costa
cravejada de recifes e sem um farol para lhes guiar. Porque não
é outra a situação de risco que corre aquele que caminha sobre a
Terra sem a Guia certeira da Hierarquia -à diferença de que a
consciência humana representa um “mar” ainda muito mais
perigoso onde prevalece amiúde a ilusão e a inexperiência.
Já os verdadeiros iniciados, sabedores dos desafios que
acarretam o verdadeiro conhecimento (que nunca é apenas
teoria), saberão valorizar a isso. Os iniciados são aqueles que
tem capacidade de amar a realidade como ela é, ajustando-se às
suas reais demandas. O iniciado é aquele que tem capacidade de
enxergar o tamanho da hipocrisia e da ignorância da
humanidade, e ainda assim se dispor a fazer a sua parte para
remover o que for possível da cegueira do seu irmão e buscar
retirar os entraves que estão no seu caminho.
Pode ser uma coisa difícil de compreender ou de admitir, que
várias situações impedem a humanidade de andar sozinha
retamente, e o resultado disto -ou desta não-admissão dos
próprios limites- é invariavelmente o sofrimento. O problema
começa justamente pela ignorância, ignorância de compreender
que o mundo não é um lugar qualquer, e que nele existem forças
ocultas complexas de luz e de trevas à espreita das brechas que
517
se dê a elas, que a humanidade é como um campo de batalha ou
como um jogo no qual o juiz em última análise é o próprio ser
humano, porém ele precisa ter consciência de que existe um
jogo para poder ser um juiz e não virar um simples peão no jogo
de outros.
Com efeito, a ilusão começa já quando a pessoa julga que este
mundo é real e se destina ao seu próprio deleite. Neste momento
ele já se torna um joguete nas mais daqueles -e são multidões- nos
mundos ocultos que querem usar as energias alheias para angariar
poder e delas nutrir-se. Existem hostes de vampiros astrais que
alimentam-se das ilusões humanas e que apenas subsistem desta
forma, havendo entre elas hierarquias trevosas de grande poder.
Não se trata de dizer que a atmosfera do planeta seja toda ela tão
densa, porém a depender da egrégora em que cada um esteja
inserida está atmosfera pode ser mais carregada. Digamos que a
Terra como efeito não é dos planetas mais evoluídos, por isso
prevalece esse estado de provações onde a Hierarquia ainda
necessita fazer a sua parte, e a humanidade reconhecer a
situação existente, informando-se devidamente de como as
coisas funcionam no universo.
Por regra porém vários véus podem estar colocadas sobre as
coisas, e aquele que eleva abusa vibração também pode se tornar
alvo, de modo que a coragem pedida ao aspirante é dupla, senão
tripla mesmo. Para uma comparação, a Mente do Adepto é como
um farol-de-milha capaz de varar uma densa névoa, porque a
visão do Adepto possui luz própria, quer dizer: tem poder.
Apenas os iluminados é que podem realmente fazer frente às
forças das trevas por deterem tamanha energia interior -o que
não lhes permite porém exercer um poder no mundo, por
518
paradoxal que tal coisa possa parecer, em função do próprio
contexto probatório e de sobrevivência em que existem os
Grandes Iniciados no planeta -diferentemente dos Irmãos das
Trevas que através de pactos mórbidos alcançam simular uma
iniciação, trazendo mais uma tentação para a humanidade…
As Hierarquias da Luz tampouco almejam carregar a
humanidade no colo como criança, pois não foi para isto que
elas foram criadas. A sua única tarefa é aquela de iluminar o
caminho da humanidade como um farol, sem qualquer forma de
“paternalismo”. Por que as coisas são assim? Acontece que a sua
ação nunca pode ir muito além de buscar compensar àquilo que
faz a Loja Negra no sentido de obscurecer os caminhos
humanos. A Hierarquia compartilha afinal deste carma ancestral
pela busca do conhecimento superior, e sabe que se não agir a
contento estará tudo acabado neste planeta em função do grande
poder que as Forças das Sombras são capazes de exercer sobre a
humanidade. Por isto foi dito n’“A Doutrina Secreta Revelada”:
“O Estado-Maior do Governo Interno (da Hierarquia)
se declara em guerra permanente contra a ignorância e
afirma a sua postura de atuação tática regular também
contra o Mal e suas Forças organizadas em todos os
mundos.” (Vol. II -“Hierarquias Espirituais”)
Pois na verdade o ser humano nem é tão mau como pode
parecer muitas vezes -acontece que ele também está sujeito
comumente à muita pressão. Acreditamos que o mito do Paraíso
seja educativo nesse sentido. Lá estavam o homem e a mulher
no Jardim do Éden -que na vedade já seria uma organização
espiritual-, até que a serpente tentadora começou a desviar as
519
coisas. Essa serpente simboliza entre outras coisas um sistema
social opressor, que desvia o caráter e condiciona a maus atos.
E com tudo isto muitas vezes a senda se torna ainda mais
solitária. Por isto é que Helena P. Blavatsky afirmou:
“Prepara-te! Porque terás de seguir sozinho.
“O mestre só pode apontar a direção.
“O Caminho é um para Todos, o meio de chegar à meta deve
variar de peregrino para peregrino!
“É do botão da Renúncia da sua própria personalidade
“Que nasce o fruto doce da libertação final!
“Se vieste preparado, então não tens nada a temer.”
E caso alguém pretenda esperar mais dos Mestres, já deve
saber exatamente o que deve esperar. Os Mestres muitas vezes
não têm coisas bonitas para dizer, porque eles enxergam clara-
mente a dimensão das mazelas do mundo a necessitam
enfrentadas. Um Mestre não tem uma casa bonita para oferecer
porque muitas vezes ele sequer tem um teto para si. Não raro
eles tampouco possuem coisas atraentes para mostrar, porque
pouca gente acharia agradável contemplar um Cristo na sua
cruz.
As pessoas apreciam muito assistir grandes shows e
apresentações, desejam ser impactadas nos seus sentidos e sentir
o deleite das grandes performances. No entanto o único “show”
que o Mestre têm a oferecer é o próprio espetáculo das ideias e a
apoteose do Espírito -estais preparados para tal? Acaso vossas
mentes têm silêncio suficiente para ouvir, acolher, receber?! E
vossas almas possuem paz e amor o bastante para assimilar tais
excelsos valores e dimensões?!
520
Se quereis ter entre vós Mestres verdadeiros -porque de fato
deles necessitais-, sabei em primeiro lugar como recebê-Los. Se
quereis realmente empoderar estes Mestres para vos guiardes na
direção de um Luminoso Futuro, colocai-Os no coração da
Causas mais nobres e universais, porque certamente Eles
conhecem as Artes da Unidade capazes de pactuar os
contendentes e sabem ademais como transmutar o comum no
incomum, o vulgar no invulgar e o banal no maravilhoso.
Não esperem que os Mestres venham a ocupar o espaço dos
vossos salões ociosos, mas podeis sim sempre esperar deles
comandos certeiros para as grandes Ações coletivas. Tampouco
imagineis um Mestre verdadeiro à cabeça de alguma instituição
formal. Experientes e sábios, Eles não investem ali onde sabem
que não pode frutificar. Por outro lado, podeis sim visualizar um
Mestre encabeçando um grande movimento de reformas sociais
profundas ou de iluminação coletiva. Este é pois o segredo dos
grandes Patriarcas, pois eles atuam apenas onde tudo é vivo e
pulsante, como apenas Deus mesmo o faria.
Pois o que acham que representa afinal o Mestre para vós?!
Vamos responder a isto com uma história muito antiga mas que
ainda é contada de geração a geração em certos lugares remotos
do Oriente, pois está intimamente ligada à criação de algumas
das grandes Escolas de Mistérios da Índia.
Como todos sabem, naquele país existem muitos locais de
peregrinação, e várias festividades também são realizadas
anualmente. Num destes lugares famosos situado num vale das
montanhas, comunicou-se durante um mela (ou festa) que um
grande Ser iria se manifestar para trazer uma mensagem
importante para a humanidade. As pessoas acorreram em grande
521
número para o local acertado ao pé de uma colina onde o Mestre
deveria estar. Todos fizeram então um grande arco em torno da
base da colina onde o Mestre deveria aparecer. E na hora
combinada, tendo a Lua alcançado certa posição no céu, lá
estava ele segundo se esperava. Uns dizem que ele simplesmente
se materializou, outros que desceu do céu. Uma clara auréola o
cercava, e vendo tudo isto as pessoas já se colocaram em
posição reverente para ouvir a sublime Mensagem que este Ser
teria a dizer. Havia porém expectativas porque nestas ocasiões
em havia milhares de pessoas a audição costuma ser um tanto
mais difícil, por mais que alguns destes vales profundos
ajudassem a criar uma acústica razoável.
A primeira palavra do Mestre -como já era de esperar-, foi
um OM. Porém um poderoso OM que estranhamente chegava a
todos vívido e a bom som. Alguns começaram a recitar
conjuntamente, e o som foi assim aumentando e aumentando até
alcançar um volume espetacular que fez quase trepidar todo o
vale! Todas aquelas pessoas já haviam praticado o OM em
grupos, mas desta vez as coisas tinham chegado a grau como
ninguém jamais havia visto -e na verdade sequer imaginava ser
possível. Naquela impactante recitação, ninguém sabia mais o
que era a voz do mestre e o que era a voz das massas...
A certa altura o Mestre abriu os braços para deter aquilo. As
pessoas entenderam que ele logo iria falar e se calaram então.
Uma grande energia pairava no ar. E após uma pausa, ele
finalmente disse: “-Todos me ouvem?!” E como todos o ouviam
realmente, de forma até surpreendente, tal como sucedera antes
com o OM do Mestre. Alguns então lhe responderam “Sim”;
porém as suas próprias vozes é que eram fracas demais e mal
522
chegavam até o Mestre. Então este lhes disse: “-Eu porém não
os estou ouvindo.” E repetiu a sua pergunta: “-Todos me
ouvem??” E a isto mais pessoas responderam e com voz mais
exaltada, para tentarem se fazer por fim ouvir. Não obstante, o
Mestre respondeu: “-Acho que vou mesmo precisar com que
todos respondam à minha pergunta.” E aí indagou então pela
terceira vez: “-Acaso todos me ouvem?” E em resposta toda a
multidão respondeu em uníssono à sua pergunta, em estrondosa
voz que foi ouvida não apenas neste como em outros vales das
vizinhanças...
Muitos se espantaram novamente e alguns até caíram em
grandes gargalhadas, inclusive o próprio Mestre sorriu. Então
ele esperou alguns minutos para que a multidão se acalmasse
novamente. Quem sabe alguns até começassem a refletir naquilo
que estava ali acontecendo. Mas então o Mestre levantou os
braços uma vez mais, para que prestassem atenção às suas
palavras. E então ele falou simplesmente: “-Saibam que agora
sim eu pude ouví-los. Muito obrigado. E acho que hoje vocês
também aprenderam a vossa primeira grande lição.”
E dizendo isto o Mestre desapareceu, para surpresa geral, de
forma tão misteriosa como havia surgido. E as pessoas
começaram a refletir sobre o sentido enigmático daquelas
palavras finais. Este Mestre era mesmo conhecido pelo poder da
sua voz, e consta que a desenvolvera praticando Mantras por
muitos anos. Aquela singular “conferência” ficou então
conhecida por todos como “O Sermão do OM”.
Dizem que uma das consequências deste acontecimento foi a
criação de uma importante Escola de Mantras na região, que
levaria o nome da colina a cujos pés o tal Mestre se manifestou.
523
Desde então grandes descobertas foram realizadas nesta ciência,
inclusive em termos de recitação grupal, cujo poder e coerência
as pessoas começaram também a descobrir melhor, graças a um
trabalho mais profissional empregando escalas, diapasões, etc.,
alcançado assim inéditas conquistas na promoção de verdadeiras
iniciações coletivas…
E isto ainda não é tudo. As pessoas que ali estiveram também
forjaram uma máxima que desde então se alastrou até muito
longe, muito além da região destes acontecimentos, porque
contava-se que continha uma mensagem muito importante para a
humanidade, e que seria então a verdadeira lição que aquele
Mestre estava afinal buscando ali transmitir na ocasião. Esta
máxima dizia simplemetne assim: “-A Voz de Deus é a voz de
todos.”
Definitivamente, as Estâncias de Dzyan não são apenas
algumas historietas para divertir as almas diletantes com
histórias exóticas, e nem mesmo meras instruções secretas para
quem almeja iniciações apenas para si próprio. Elas são acima
de tudo comandos emanados do Departamento do Manu ou do
Rei do Mundo, tal como um grande Chamamento para a nova e
última grande Guerra dos Mundos, antes da Virada final do
nosso planeta na direção do seu derradeiro horizonte de Luz.
A Batalha de Shambhala há muito anunciada aguarda por
seus guerreiros.
524
AUM
AUR
AIN
AHÔ
AMÉM
525
AS DOZE SÉRIES DE LUÍS A. W. SALVI (LAWS)
Editorial Agartha (51) 998615178
A TRADIÇÃO PERENE
Volume I. Os Mistérios Antigos
Volume II. O Primado de Sophia
Volume III. As Filosofias do Tempo
Volume IV. A Sagrada Geosofia
Volume V. Tradição & Transmissão
A TRADIÇÃO ÁRYA
Volume I. À Sombra de Areté
Volume II. O Brahmanismo Social
Volume III. A Iniciação Solar
Volume IV. Yantra Mantra Tantra
Volume V. A Ciência do Manvantara
OS MISTÉRIOS CELESTES
Volume I. A Astrologia Natural
Volume II. A Astrologia Social
Volume III. A Astrologia Oculta
Volume IV. A Astrologia Sideral
526
ANTROPOLOGIA ESOTÉRICA
Volume I. Lemúria - a Civilização Terreal
Volume II. Atlântida - a Civilização Lunar
Volume III. Aryavartha - A Civilização Solar
Volume IV. Telúria - A Civilização Cósmica
Volume V. A Sexta Raça-Raiz
Volume VI. O País dos Ventos
FILOSOFIA ESOTÉRICA
Volume I. Chaves Secretas dos Livros de Dzyan
Volume II. Alquimia Espiritual
Volume III. A Pedagogia Áurea
Volume IV. O Plano da Hierarquia
Volume V. O Espectro das Sombras
Volume VI. Glossário Holístico
Volume VII. Uma Vida com o Yoga
DOUTRINAS TRADICIONAIS
Volume I. A Teosofia Científica
Volume II. Símbolos, Mitos & Dogmas do Budismo
Volume III. A Volta dos Templários
Volume IV. O Regresso de Hiram
Volume V. A Tradição Tolteca
Volume VI. O Livro dos Códices
527
TRATADO DE ASCENSÃO ESPIRITUAL
Volume I. O Livro dos Chohans
Volume II. Merkabah – A Cúpula de Cristal
Volume IIII. Vimanas – Quando as Naves são Luz
Volume IV. Profetismo & Estratégia Social
Volume V. Unificação Mundial
TRATADO DE SOCIOLOGIA HOLÍSTICA
Volume I. Sociologia Universalista
Volume II. Sociologia do Novo Mundo
Volume III. O Urbanismo Sagrado
Volume IV. As Cosmópolis da Nova Era
Volume V. Comunitarismo - a Refundação do Mundo
Volume VI. O Livro do Tempo
Volume VII. O Livro Auri-Verde
Volume VIII. Rumo ao País Profundo
PSICOLOGIA E SAÚDE HOLÍSTICA
Volume I. A Reconstrução do Éden
Volume II. Matriarcado & Nova Era
Volume III. Almas-Gêmeas
Volume IV. O Evangelho da Natureza
Volume V. Frugivorismo e Nutrição Etérica
Volume VI. A Cura Espiritual
O TEMPO DAS PROFECIAS
Volume I. A Idade do Diamante
Volume II. O Livro dos Portais
Volume III. Tushita - o Reino da Felicidade
Volume IV. Vaikuntha - o Calendário Profético
Volume V. A Religião da Vida
Volume VI. O Batismo da Luz
Volume VII. Maitreya – a Luz do Novo Mundo
528