A Doutrina Secreta 2

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Grande Onente Mistico
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ArteFoik
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A Doutrina
Secreta
1
Volume 2 - Simbolismo
Arcaico Universal

H.P.Blavatsky
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H. P. BLAVATSKY

fl QOUTRINn
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sintese da ciencia, da religiao e da filosofia

Volume II
SIMBOLISMO ARCAICO
UNIVERSAL

'

PENSAMENTO
HELENA PETROVNA BLAVATSKY

A DOUTRINA SECRETA
Smtese de Ciencia, Filosofia e Religiao

Tradu ao de
^
RAYMUNDO MENDES SOBRAL

VOLUME II

SIMBOLISMO ARCAICO UNIVERSAL

a
EDITORA PENSAMENTO
SAO PAULO
Escola do Grande Oriente Mistico

Tradu$ao do original ingls


The Secret Doctrine
The Synthesis of Science, Religion and Philosophy
Edi ao Adyar
^
Theosophical Publishing House , 1938
Copyright 1973 by Sodedade Teosdfica no Brasil

BdigSia An
9876543

Direitos reservados.
EDITORA PENSAMENTO LTDA .
Rua Or . M rio Vtcente, 374 , tone 63- 3141 ,
04270 Sic Paulo, SP

Impresso am nossa &


oflcina grlficas
*
Escola do Grande Oriente Mistico

UJ
o
jr\
*5
*

Esta obra
dedicada aos verdadeiros Teosofos
de todos os paises ,
seja qual for a raga a que perten$am .
Eles a solidtaram e para eles foi escrita .
HELENA PETROVNA BLAVATSKY

S UMAR I O
Parte If

A EVOLUQAO DO SIMBOLISMO

Se o I
^ SIMBOLISMO E IDEOGRAFIA

9


As MitologiaS e as Tradi oes contem verdades historicas Ha uma diferen a
^ ^
etitre Emblema e Stobolo
expjicadas alegoncamente
A Pot&ncia Migica do Som
bolismo.
*
O primeifo c uma seric de Pinturas Gralicas


A Historia Esoterica esti oculta peJos Simbolos
A linguagem do Misterio chama-se hoje Sim -
Se ao II
^ A LINGUAGEM DO MISTERIO E SUAS CHAVES

Amigos escritos em Linguagem Universal



Os Sabtos ji usaram uma vcz a cbave da Antiga Linguagem Universal

Ana is
Os Rituals e Dogmas Eglpcios
16
Escola do Grande Oriente Mistico

conservam os Ensina memos Principals da DOUTRINA SECRETA Os Sdbios



descobrem o Sistema Geom6trico e Numkico das Medidas da Grande PirSmide
A Quadrarura do Cfrculo
e a Area de Junco copiados de Sargao
Angulares das Cosmogonies Esotericas

A Verdade deve prevalecer no final


Moists
Os Numeros Ocultos sao Pedras
A idenddade dos Simbolos Antigos

A criagao de varios Adaos
As Ragas Satanicas ,
Segao III
A SUBSTANCIA PRIMORDIAL E O PENSAMENTO DIVINO
Os Metaflsicos ocidentais est3o longe da Verdade

O pensamento Divino
32

nao pode ser definido, exceto pelas inumeraveis Manifestoes da Substancia


Cosmica A Ideagio Cosmica e inextstente durante Pralaya Universal
Todo o Uni verso e uma Ilusao
Que e a Substancia Primordial? O -ALther
6 o Fogo Universal
Denses do Gfriese
Vivente

A Cosmognese de Manas



Os Sete Prakritis
Do Trfplice Uno emanou todo o Cosmos
Os
O Fogo
O ter da CiSncia Todo o Cosmos surgiu do Pensamento Divino
A Ciencta Oculta ainda conserva a chave de todos OB Problemas do Mundo.

Segao IV
CHAOS, THEOS, KOSMOS
O Espago , Recipiente e Corpo do Universo era seus Sele Prinripios O

49

.
Caos se converteu na Alma do Mundo O Primeiro Triangulo O Nascb


memo da Mente
Cosmolatria


O Inefivel Nome Os Quatro Elementos Primfaios

Segao V
Prajapatts e Patriarcas

SOBRE A DIVINDADE OCULTA, SEUS SIMBOLOS E SIGNOS
O Macroposopo e o Microposopo
Secret*$ de que se compoe o Nome de Deus
As Sete Letras

A Alraa Universal era
considerada a Mente do Cnador Demiutgo Significado dos Animals e

56

Plant as Sagrados
Construtores
Simbolos dos Poderes Ativos Os Sete e os Dez
Houve uma Revelagao Universal Primordial ?
como Slmbolo do Espfrito Simbologia Antiga.

O Cisne
Segao VI O OVO DO MUNDO
O Ovo o Slmbolo do Universo e sens Corpos Esfericos O Ovo e a
66
Area Dez , o Numero Sagrado do Universe Simbolismo das Divindades
Solares e Lunares Os Quatro Animals Sagrados sao os Simbolos dos
Quatro Principles Infer lores do Homem
Globe Alado

As Serpentes de Fogo
O Ovo && nascimento aos Quatro Elementos - Todos os
0

Deuses Egipcios eram Duais
A Cosmogoma Escandinava
do Eden cstao simbolizados pelo Cubo.
Os Quatro Rios
Segao VII OS DIAS E NOITES DE BRAHMA 76

e Menores

O Presente Kalpa o Var&ha ( Boar )
TrSs Pralayas Principals
Os Avatares indicam Ciclos Maiores
Uma Chave Cabalistica Qua-

torze Manus no Final de um Maha-Yuga

A Chegada da Noite Cosmica
O Satya-Yuga e a Primeira das Quatro Idades, e Kali a Ultima
Volta de Morn e Devapi,
A -
Segao VIII
O LOTUS COMO S1MBOLO UNIVERSAL
O L6tus 6 o Slmbolo da Ctiagao e da Geragao

A Ideagao Divina passa
86

do Abstrato ao Concreto
O Deus Criador e Pensamento tornado Vislvel
Antropomorfismo Hebreu O Significado Esoterico do Pecado e da Queda,
no G nese
O Significado Sagrado da Letra M ,
Segao IX
A LUA: DEUS LUNUS, PHOEBE
Personificagao da Lua

Deuses Solares e Lunares, Ragas e Dinastias
94

A Chave Fisioldgica do Sunbolo da Lua


O Numero Dual, Masculino e
Escola do Grande Oriente Mistico

Feminino
sua Chave Fisiologica
Uma Alegoria do Zobar

O Aspecto Dual da Lua

A Complex!dade do Slmbolo Lunar:
Ritos do Culto Lunar ,
baseados no Conhecimento da Fisiologia
Masculinas-Femininas, frutificam a Terra
Pagas

O Culto da Lua 6 tao amigo quanto o Mundo
aceito de todas as Deusas Virgens-Maes.

0 Sol e a Lua , como Divindades
A Virgem- Mae Imaculada e Deusas
A Lua, Slmbolo

Secao X
O CULTO DA ARVORE, DA SERPENTE E DO CROCODILO 111

O Fruto da Arvore do Conhecimento
Slmbolo da Initiagao
Arvore da Vida e da Cruz

Serpen tes e Dragoes cT2tn Names que
os Adeptos Iniciados dos Tempos Antigos davam aos Sabios

A Serpen te,
Os Ocultistas conhecem os Significados Primitivos da
A Arvore da Vida tem suas Raizes no Ceu
As Serpentes e Dragoes de Sete Cabe as da Antiguidade simbolizam os

^
Sete Principles da Natureza e do Homem O Crocodile 6 o Dragao Eglpcio
O Significado dos Sete Fogos, das Sete Vogais, etc.* representados pelas
Sete Cabe as da Serpen te da Eternidade
^ .
Se?ao XI
DEMON EST DEUS INVERSUS
O Bern e o Mai: podem existir dois Absolutos E femes? Como SatS*
119

foi antropomorfizado
Nao hi Vida sem Morte
as Duas Faces de Uma S6 e Mesma Coisa
O Bern e o Mai sao

O Mai denota a Polaridade da
Materia e do Espirito A Queda
ficado da Rebel!ao e Queda dos Anjos
o desejo de Conhecer

^ O Signi
Adeptos da Mao Direita e da Mao
Esquerda A Guerra dos Deuses Dais Aspectos de Vishnu As Formas
-
Criadoras sao Entidades Viventes e Consciences
Piriimide Branca.
A Piramide Negra e a
SegSo XII
A TEOGONIA DOS DEUSES CRIADORES
A Hierarquia das Formas
O Artifice do Universe mo e o Dens mais
132

Elevado
O Ponto a Unidade que da infeio ao Sistema Inteiro

Criacocs na Cosmogonia Hindu O Logos 6 o Verhum Sin&nimos do Logos
As

Poderes Feminmos da Natureza O Mist rio do Som
e o Numero sao os tres Fatores da Criagao
A Luz, o Som
^
A Doutrina Pitagdrica dos
Numeros A Mae dos Deuses
A Antiguidade das Piramides Anjos,
Arcanjos, Principados, Vi etudes, Dominances, Tronos, Querubins e Serafins



Os Deuses Cosmicos Graus de Manifestable O Nome Impronunciavel
A Cosmogonia de Conftido Os Sete e os Quatorze Ciclos de ExistSnda
Os Simbolos do Mistdrio das Trevas
Divino e Deus.

O Eu Supremo a Unico que


Se$ao XIII AS SETE CRIAQOES
As Sete Criagoes Putinas A Ogdoada O Primeiro Homem Pensador e
153

os Sons de Uma, Trs e Sete Vogais


Mahat 6 a Mente Divina em Opera ao Ativa
As Criajoes Primaries e Secundarias
^
Muitas Versdes da Verdade
Unica Os Dhyan Chohans sao o Agregado Coletivo <k Mente Primordial

*

As Sete Cria oes ( 1 ) Mahat-tattva, a Evolu ao Primordial em si; ( 2 ) Prin-


^ ^
cipios Rudimentares ou Tanmatras; ( 3 ) Ahamkira ou o Conceito do EU ; ( 4 )
as Series de Quatro Reinos Rudimentares ou Elemental*, Bases dos Sentidos;
( 7 ) o Homem

Quem sao os Kumaras
a criar o Homem Material
( 5 ) Criflfao dos Animais Mu dos; ( 6 ) Protdtipos da Primeira Raja ( humana );
Os Ascetas Virgens que se negaram
A Imported a do Numero Sete ,
SecaoXIV

OS QUATRO ELEMENTOS
Os Elementos sao a Vestimenta Vislvel dos Deuses Cdsmicos Elementos
169

Cotpdreos e Espirituais das Formas da Natureza Os Atlantes compreendiam

Escola do Grande Orients Mistico

-
o Fenomeno dos Quatro Elementos
micos
Jeov^ , Deus
dos Elementos
Hlemento 6 Dual em sua Natureza
Se ao XV SOBRB KWAN-SHI -YIN E KWAN-YIN

>
Sao Paulo acreditava nos Deuses 05s-
- Astarteia e a Virgera Maria Cada
As Formas
Fisicas dos Elementos.

^ O Alfa e o Omega da Natureza Manifestada Os Mantras originam um 179


EEeito Magico

Kwan-shi-ym uma Forma do S timo Prindpio Universal ou , ^
imstxcamente, o Logos

Kwan-yin 6 o Prindpio Femintno da Natureza ,

Parle III

APENDICE

SOB RJE
'

A ClENCIA OCULTA E MODERNA


Segao I
RAZOES PARA ESTE APENDICE 187
Nao pode haver conflito entre a Ci6ncia Oculta e a Ciencia Exata quando as
conclusdes da ultima se baseiam no Fato Irrecusivel
genies e sao Devas e Genios
As Formas sao Inteli

O Sol 6 Materia e o Sol 6 Espirito O Sol
e o Dtspensador de Vida do Mundo FIsico: o Sol Espiritual Oeulto e o dispen-
-
Se ao II
^
sador de Vida e Luz nos reinos Espirituais e Psiquicos.
Os FISICOS MODERNOS ESTAO JOGANDO A CABRA-CEGA 192

fiter e a For a
^
A Cignria teti que aprender o que na realidade sao a Materia, o Atomo, o
a Luz um Corpo ou nao?
Conceitos sobre a Constitui ao do Eter
Autor da Natureza 6 a prdpria Natureza .
Hip<5teses con tradttdrtas
Os Ocultistas dizem que o
^
$e?ao III

fi A GRAVITAQAO UMA LEI ?
Conceitos rientlficos sobre a Gravidade Opinioes de Pitagoras e Platao
200

sobre os Regen tes Planet rios
^
Fohat , a Inteligenda Animadora e o Fluido
Universal Eletrico e Vital As Formas da Natureza sao Individualidades Inte -
-
ligentes

Teoria de Newton sobre o Vacuo Universal
Magneti sroo Cdsmico
Causa da Rotacao,
Movimento Perpduo
Ideias de Kepler sobre Formas Cosmicas A
Secao IV
AS TEORIAS CIENTIFICAS DA ROTAQAO

211

da Cifcncia

HLp<5tese quanto k Origem da Rota ac, dos Planet as e dos Cometas
^
As Formas sao Realidades .
Paradoxo


Seeao V AS MASCARAS DA CIENCIA F'tsica ou Metafisica? 219
Doutrina e Prindpio Ocultos em Spiller
For a e Substancia no Ocultismo
^
Definifdes dentificas da For$a
Que a Forga ? Os Ocultistas dizem
que a Causa da Luz > do Calor, do Som , da Coesao, do Magnetisrao, etc., 6


uma Substancia
Que e um Atomo ?
c FIsicas^

Os Setc Raios Mistico s do Sol Causas e sens Efeitos
Os Quarenta e Nove Fogos Originais personificados:
sua rela ao com as Faculdades Psiquicas Humanas e as Potenctas Quitnicas
O Trincfpio Indiviso do Sistema Filosdfico Vishisbtadvaita.

Secao VI
ATAQUE DE UM HOMEM DE CIENCIA A TEORIA
CIENTXFICA DA FORQA
Varies homens de ciencia ingleses chegam quase a etisinat Doutrinas Ocuhas
236

O Espirito e a Alma do Cosmos ,


Escola do Grande Orients Mistico

Segao VII VIDA , FORQA OU GRAVIDADE 241


A Atragao por si s6 nao 6 sufideate para esplicor o Movimento Planetario
Os fluidos ou Emanagoes do Sol imprimem todo o movimento e despertam
rods a Vida no Sistema Solar
O SoJ c o Deposito de Forga Vital Pan-
trismo ou Monoteismo?
Os Sete Sentidos Fisicos A Arvore da Vida
Que e o Eter Nervoso ? Uma verdadeira Escala Setenaria .

Segao VIII
A TEORIA SOLAR 253
Breve andlise dos element os compotics e simples da cUncia em oposqao as
doutrinas ocullas At 6 que ponto e cienttfica esta teoria, tal como aceita geral-
>

mente. O Sol i o Coragao do Sistema Solar


cenios nao sao os Elementos Primordial

Os Elementos que ora conbe-

A Qufmica se aproxima , mais que
outras ciencias , do Reino do Oculto na Natureza
fessor Crookes justificam os Ensinamentos Ocultos
As descobertas do Pro-
Termos Qufmicos e a

Genese dos Deuses O Poder que dlrige o Atomo O Sigmficado do
Caduceu de Mercurio
O Estado Lava e o Ponto Zero O Ocultismo
afirma que a Materia 6 Eterna, somente se tornando atdmica periodicamente

As Atomiridades dominantes
Mdnadas e Atomos ,

As Mentes Inteligentes e Regentes de

Segao IX
A FORQA FUTURA
Suas possibilidades e impossibilidades . Causa e Efeitos da Eletrictdade C6smica
O Som um Poder Oculto
Keely , urn Oeultista Inconsciente O Signi -
266

ficado Oculto de um Centro Laya


A Humanidade esta relacionada psiquica-

raente com os Grupos de Dhyan-Chohans Por que nao pdde Keely levar
suas Descobertas ao seu desfecho idgico Nao se permit!ra que a Forga
El&rica sirva para fins mercantis
bertas prematuras de Keely .

" Vrii e uma Forga Real As desco- '

Segao X SOBRE OS ELEMENTOS E OS ATOMOS 27


Quando empregado em sentido metattsico , o termo Elemento signifies o Homem
Divino Incipiente
Atomos-Almas sao Difereneiagoes do Uno A Alegoria
da Terra Prometida
A Monad a , segundo os Ensinamentos dos Antigos
Iniciados
O Peregrino Etecno
Buddhas dos Trcs Mundos Dhy&ni-
-Buddhas e os Sete Filhos da Lu2
Person alidade e Individualidade M6-
nadas Angelicas, Mdnadas Humanas e Estrelas-Pais O lugar de Urano
e Netuno
A Origem Planetaria da M 6nada fot etisinada pelos Gndsticos
A Queda Cfclica dos Deuses
A Natureza de Jeova .

Segao XI
O PENSAMENTO ANTIGO COM VESTUARIO MODERNO
A Quimica e a Ciencia Oculta Rogerio Bacon tinha a Cbave da verdadeira
significagao da Magia e da Alquimia
O Atomo e inseparavel do Espirito
290


A Trindade em Unidade
dade Real

A Gnese dos Elememos Pur Anas versus Socie-
Segao XII EVIDENCIA CIENTIF1CA E ESOTERICA DA TEORIA
NEBULAR MODERNA, E OBJEQOES A MESMA 299
A Teoria Nebular 6 errdnea
O Sol e os Planetas sao Irmaos Co Uterinos *

O Dever do Oeultista se refere k Alma e Espirito do Espago Cdsmico


A necessidade de estudar todo o Sistema Cosmogenico Esot rico As
^
Forgas sao Aspectos de Vida Una Universal A opiniao de um Mestre

sobre Teorias Cientificas Que d a Nebulosa ? A Teoria Nebular e a DOU-
TRINA SECRETA
O nosso Universo visivel e o SthuJa Sharira do Setuplo
Escola do Grande Oriente Mistico

Cosmos

Que 6 a Materia Primitiva ?
Oriental da Evolugao.
A Sele ao Natural e a Doutrina
^
Se ao XIII AS FORQAS: MODOS DE MOVIMENTO OU INTELIGENCIA ? 312
^ Os Efeitos da Materia Primitiva sentidos atrav6s de Inteligencias denominadas
Dhyan-Chohans

Estas Inteligencias devem ser admitidas pela Ciencia
Mente Universal e a Luz Divina ( Fohat ) que emana do Logos
A
Os Feno-
menos Terrestres sao Aspectos da Natureza Dual dos Dhyan-Chohans Cdsmicos
A Lei de Analogia e a Primeira Chave para o Problems do Mundo
rentes classes de Humanidades

Distintos Sentidos em outcos Mundos
Tudo tem seu perlodo de Vida : a Terra , a Humanidade, o Sol, a Lua, os
Planetas, as Ragas , etc,
Dife-

Soqrao XIV

DEUSES, MONADAS E ATOMOS
O Cosmos esta cheio de Existences Invisfveis e Inteligentes So os mais
322

*

elevados Iniciados e Adeptos sao capazes de apreender o Pleno Conhecimento


dos Misterios da Natureza
Terra dominara todos os deniais

Aquele que dominar os Misterios de nossa prdpria
O Ponto Matem tico
Absolutamente Ideal e o Cosmos Invisivel por m Manifestado
o Apice do Triangulo Equildtero Manifestado, o Pai
Real Os Dez Pontos Pitagoricos
^
O Universo
A M6nada 6
O Espago 6 o Mundo
O Triangulo Ideal A Monada e
^
a Diada Almas Atomicas e sua Peregrina ao Individual
Ascensao da Monada Individualizada
A Quimka do Futuro ^ A Descida e a
A Clencia
Bsot rica abrange todo o Plano de Evolu ao, desde o Espfrito k Materia
^
Niimero do Oxigenio, Hidroggnio e Nitrog nio ^
As Teorias de Leibnitz
O
Natureza da Mdnada

Os Deuses sao as Radiates da Natureza Primordial
Os Atomos sao o Movimcnto que mant m em perpdtua marcha as Rodas
da Vida.


^ Carma e a EVOLUgAO
Se ao XV


C1CLICA E CARMA
Lei Una que govema o Mundo do Ser

Os Ocultistas tro igual
respeito a Vida Animal Externa do Homem e k sua Natureza Espiritual Interna
A influencia Esoterica dos Ciclos Carmicos sobre a tica Universal
Ninguem pode escapar ao seu Destino Dominant* Carma , a Lei de Com-
346

pensate)
As Grandes Mudan as Geoldgicas nao sao mais que instrumentos
^
que atuam periodicatnente para alcan ar certos fins
e os Ciclos Menores

Carma- Nfrnesis
Astrologia, uma Ciencia .
^ Os Grandes Ciclos
Profecias Antigas e Modernas A



360
^ O Zodiaco Ona ZODIACO
Se ao XVI E SUA ANTIGUIDADE
Btblta A Antiguidade do Zodiaco Messias Avatares e os

Signos do Zodiaco Deuses Caldeu-Judeus e Ciclos
Zodiaco dos Hindus Condusao Cientifica
Metodos Astronomicos Hindus e sua verificagao.
A Antiguidade do

O principio do Kali Yugs Os

Seijio XVII
RESUMO DA SITUAgAO
Que i liter , Materia , Energia ?

Quao pouco se conhece do Universo Material
379

Os Eftsinamentos Esot6ficos eram identicos no Egito e na India


fronteiras do Sistema Solar ha outros S6is e o Misterioso Sol Central
A16n das
Fohat
as Mitologias
Notes Adicionm

Fohat sob muitos Nome*

e, no Ocultismo, a Chave que abre e decifra os Simbolos e Alegorias de todas
A Lenda e a Histdria.
389
Bibiiografia 391
Escola do Grande Oriente Mistico

SE
^ AO I
SIMBOLISMO E IDEOGRAFIA
* N3o sempre o simbolismo, para quern o sabe decifrar , uma

revelagao mais on menos data , mais on menos confusa, do que
seja Deus? ... .
Attav s de tod as as coisas . . brilha debilmente
^
algo da Ideia Divina . Mais aioda: o prdprio emblems ante o qual
se reuniram e se congrats ram os homens, a cruz , nSo possui senao
uma significa$ao extrinseea e acidental /1
CARLYLE ( Sartor Resartus )

A MAJOR PARTE da vida de quem escreve estas linhas foi ocupada


com o estudo da significa ao oculta das lendas rellgiosas e prof anas de
^
varios paises , grandes ou pequenos, e especialmente das tradi oes do Ori-
^
ente. Alista-se a autora entre os que $e acham convencidos de que nenhuxaa
narrativa mitoldgica , nenhum acontecimento traditional das lendas de urn
povo, em qualquer epoca , representou simples fic ao , mas possui , cada
^
qual , um fundo histdrico verdadeiro. Diverge , assim , daqueles mitdlogos
^
per maior que seja a sua reputa ao que nao veem, em cada mito.
senao uma prova da tendencia supersticiosa dos antigos, e julgam que todas
as mi tol o#ias tiveram origem e se basesram em mitos solares . O poeta e
egiptdlogo Geraldo Massey , em uma conferencia sobre Luniolatria Antiga
e Modema , situou , em traces admiraveis, esses pensadores superficial no
seu devido lugar . Os termos incisivos de sua crftica merecem ser aqui
reproduzidos , por serem um eco fiel de nossos proprios seutimentos, mani-
'

fest ados abertamente desde 1875, quando escrevemos Isis sent VSu\
Hi trinta anos vein o Professor Max Muller ensiimndo, em seus livros e confe-
rences, no Times , na Saturday Review e em varias revistas, na tribuna da Royal Insti-
,

tution, no pulpito da Abadia de Westminster e na catedra de Oxford, que a mitologia


uma enfermidade da linguagera , e que o simbolismo aacigo era o resuliado de uma
esp&ie de aberra ao mental primitiva .
Sabemos ^ diz Renouf , repetindo Max Muller , em suas conferences de Hibbert
sabemos que a mitoJogia e enfermidade que se desenvolve em urn estigioexplicafSes
da cultura human a / Esta e a explica ao trivial dos nao evolution istas; t
particular
^
que tais sao ainda aceitas pelo publico ingls, que pensa pelos c&ebros de outro3. O
Professor Max Muller, Cox, Gubertiatls e outros tratadUtas de mitos solar es, descre*
veram-nos o primitive inventor de mitos como uma especie de metafi6ieo indogerma-
ni2ado a projetar sua prdpria sombra, e a falai ingenuamente de futno ou , pelo tnenos,

^
de nuvetts, fazendo do c u sobre sua cab &ca a abbbada do pais do sonho, na qual se

9
Escola do Grande Oriente Mistico

dcsenham as imagens confusas dos pesadelos de sens habitantes . Imaginam o homem


primitivo i sua prdpria semelbanca , supondo- o capaz de se deixar lament avelmente
mistificar , ou, como disse Fontenelle, sujeiia a ver corns que nao existem ! Eles
apresentam o homem primitivo ou arcaico sob um aspecto falso, retratando- o desde o
inlcio como o joguete estupido de uma imagina ao fertil e desorientada, a crer em toda
^
sorte de falsidades, que erara imediata e constantememe desmentidas por sua prdpria
experiSncia diaria ; como um n scio fantistico no meio daquelas fcias realidades, em
^
cujo a trite as suas experiences se deformavam, maneira das rochas submarinas que
se desgastam pela a ao dos icebergs. Resta-me dizer, e algum dia se ha de reconhecer
^
esta verdade, que aqueles mestres, como tais considerados , nao chegaram mais perto das
origens da mitologia e da linguagem que de Pegaso o poeta Willie de Burns . Eis minha
resposta : S6 a imaginacao do metafisico teorico 6 que faz da mitologia uma doen a da
^
Iinguagem ou de quaJquer outra coisa que nao seja o seu prdprio c rebro. Esses trafi-
^
cantes de nutos sola res perderam completamente de vista a origem e o significado da
mitologia ! A Mitologia era um modo primitivo de objetivar o pensamento antigo.
Raseava -se em fatos naturais , e ainda hoje se verifies nos fenomenos. Nada tem de
insano nem de irrational , se considerada d luz da evolucao e quando de todo compre -
endido o seu modo de expressar por meio de signos. O insensato esta em querer toma -
-la por histdria humana ou como Revelacao Divina 1 . A Mitologia e o repositdrio da
mais antiga cLSncia do homem , e o que principalmente nos mteressa 6 o seguinte :
quando vier de novo a set corrctamemc interpretada , deveri dar o golpe de morte em
todas aquelas falsa s teologias , a que involuntariamente deu origem 2
Na frascologia moderna se diz algumas ve2es que determinada afirmacao 6 mltica
em razao de sua falsidade; mas a mitologia antiga nao era um sistema ou processo de
falsifica ao nesse sentido. Suas fibulas erain um meio de apresentar fatos ; nao eram
^
fraudes nem ficcoes . , . Por exemplo, quando os Egfpdos representavam a Luft como
um gato , nao eram tao ignorantes pata supor que a Lua fosse um gato; netn a sua
fantasia divagava ao ponto de ver semelhanca entre a Lua e um gato; nem tampouco
era o mito gato simples desenvoivimento de me/ a fora verbal ; nem havk por pane
deles a intencao de propor enigmas . . * Haviam simplesmente observado que o gato
enxergava no escuro, e que os seus olhos aumentavam e se tornavam mais brilhantes
durante a noite. A Lua , & noite, era o vidente dos ecus , e o gato o seu equivalente
na terra; e assim foi o gato adotado como um signo natural e representative , uma
pintura viva do globo lunar . . . E dal resultou que o Sol , que olhava o mundo embaixo
durante a noite , podia- igualmente ser chamado gato, como sucedeu , porque tantbem
via nas trevas . Em egipeio gato e mauy nome que significa vidente , de matt , ver . Um
tratadista de mitologia afirma que os eglpcios imaginavam urn enorme gato atras do
Sol , que era a pupila do olho do mesmo gato1'. Mas isto e uma invencao inteiramente
moderna , que faz parte do fundo de comereio de Max Muller. A Lua , como gato, era
o olho do Sol , porque refletia a luz solar, e porque o olho reflete a imaged em sua
retina . Sob a forma da deusa Pasht , o gato vela pelo Sol , segurando e esmagando
com suas patas a cabe?a da serpente das trevas, considerada o seu etemo iniinigo ! "

Eis ai uma exposi ao bastante correta do mito lunar, sob o seu aspecto
astronomico . Contudo^, a Selenografia e a menos esoterica das divisoes da
simbologia lunar . Para dominar a Selenognose se nos permitem o neolo-
gismo ha mister conhecer a fundo algo mais que o seu significado astro-
no mico. A Lua esta intimamente relacionada com a Terra , como se mostrou

( 1 ) No que se refere a Revclacao Divina *', estamos de acordo. Nao assim,


por m, quanto a histdria humana. Porque ha "histdria na maioria dos mitos e
^
alegorias da India , e por tras deles se acham ocultos accmtecimentos indubitavelmente
verdadeiros ,
( 2 ) Quando as 4' falsas teologias desaparecerem , encontrar-se-ao inconteskveis
1

realidades pr -historicas , sobretudo na mitologia dos arios e dos antigos hindus, e at


^
mesmo na dos helenos pre-homericos . ^
10
Escola do Grande Orients Mistico

nas Estancias; e mais diretamente ainda com todos os misterios do nosso


-
Globo do que mesmo Wnus Lucifer, irmSo oculto e alter ego da Terra 3.
As infatigaveis investiga oes dos mitdlogos ocidentais , notadamente dos
^ e no atual 4, fizeram ver a todas as pessoas
alemaes , durante o ultimo seculo
livres de preconceiros, inclusive obviamente os ocultistas, que setn o auxflio
da simbologia ( com suas sete divisoes, de todo desconhecidas dos moder
nos ) nenhuraa das antigas escritufas sagradas pode ser entendida no seu
-
exato sentido. Importa que o simbolismo seja estudado em cada um de
seus aspectos, porque cada povo tinha o seu metodo peculiar de expressao.
Numa palavra, nenhum papiro egipcio, ola 6 indiana , tijolo assirio ou manus
crito hebreu deve ser lido e aceito literalmente.
-
Hoje cm dia todo erudito sabe disso. As s bias confercncias de Geraldo
^
Massey, por si sos, bastam para con veneer um cristao de espfrito indepen -
dente de que o aceitar a letra morta da Riblia vale por incidir em um erro
mais grosseiro e supersticioso que os ja produzidos pelo cerebro de um
selvagem das ilhas dos mares do Sul. Mas hi um ponto em que parece
que continuam cegos os orientalistas, sejam eles arianistas ou epiptologos,
mesmo aqueles que amam e buscam sinceramente a verdade: 6 que cada
simbolo cons tan te de um papiro ou ola e um diamante de facetas multiplas,
cada uma das quais nao somente comport a virias interpretagoes, mas tam-
bem se relaciona com diversas ciencias . Disso temos um exemplo na inter -
pretagao que ha pouco citamos
-
a da Lua simbolizada pelo gato, exemplo
de uma imagem sidero terrestre * pois a Lua encerra muitos outros signify
cados alm desse, em outras nagoes,
Conforme o demonstrou o sabio magao e tedsofo Kenneth Mackenzie,
em sua Royal Masonic Cyclopaedia , hi uma grande diferenga entre emblema
e stmbolor O primeiro "compreende uma serie de pensamentos maiot que
a do simbolo, o qual se deve antes considerar como destinado a esdarecer

por exemplo
^
uma s6 id&a especial . Dai resulta que os simbolos lunares ou solares,
de varios paises, compreendendo cada qual uma ideia ou
s rie de idias especials, for mam coletivamente um emblema esoterico. Este
ultimo e "uma pintura ou signo concreto \nsivel, que representa principios
ou uma srie de prindpios, compreensiveis para aqueles que receberam
certas mstrugoes ( Iniciados ) . Para dizer ainda com maior clareza , um
emblema se compoe geralmente de uma serie de pinturns grdficas, conside-
radas e explicadas alegoricamente e que desenvolvem uma id<*ia em vistas
panor&micas, ap resen tadas umas depois das outras. Assim , os Purlin as sao
emblemas escritos. Igualmente o sao os dois Testamentos, o Antigo ou
Mosaico e o Novo ou Cristao, ou a Riblia, e todas as demais Escrituras
exotdricas .
Diz ainda a mesma autoridade:


Todas as sociedades esotrica$ fizeram uso de emblemas e simbolos como a
Soriedade Pitagdtica, a dos Ekusinos, as Ccnfrarias Herm&icas do Egito, os Rosa-
(3) Veja se a Se ao IX: A Lua , Deus Lunus, Phoebe*.
(4 )
*

^
O s culo XIX.
^
(3) Do tamil olai , folha de palmeira,

li
Escola do Grande Orients Mistico

cxuzes e os Francoma oes. Muitos desses emblemas nao convem que sejam dlvulgados ;
^
e urna diferen a muito pequena pode modificar consideravelmente a significacao do
^
emblema . Os selos magicos, fundados em certos principios dos numeros, incluem-se
entre eles, e, ainda que pare$am monstruosos e ridfeuios aos olhos dos ignorantes, trans
mitem todo um corpo de doutrina aos que souberem reconbec los.- -
As sociedades acima enumeradas sao todas rektivamente modernas;
nenhuma deks remonta akm da Idade Mdia. Tamb&n muito natural
que os estudantes das escolas arcaicas mais vetustas se abstenham de divul
gar segredos de uma itnportanda muito maior para a humanidade ( por
-
serem perigosos em maos ignorantes ) que os chamados segredos ma o-
nicos , os qua is, como dizem os franceses, passaram a ser segredos de ^
Polichinelo!
^ -
Mas tal restri ao deve entender se tao- s6 quanto ao significado psico-
Idgico, ou , mais propriamente, psico-fisiologico e cosmico de um sfmbolo
ou de um emblema , e, ainda assim, s6 parcialmente, Porque, embora o
Adepto nao deva comunicar as condi$6es e os meios que conduzem a uma
correla ao de element os ( sejam estes fisicos ou psiquicos ) , estari, contudo,
^
serapre disposto a transmitir ao estudante serio o segredo do pensamento
antigo em tudo o que coneeme A histdria oculta sob o simbolismo mitold -
gico, abrindo assim um Horizonte maior a visao retrospectiva do passado e
propercionando informa oes titeis relacionadas com a origem do homem, a
-
^
evolu?ao das Ra?as e a geognosia. E no entanto esta 6 a queixa de nossos
dias, nao s6 entre os tedsof os, mas tambm entre os raros profanos que se
interessam pelo assunto : Por que os Adeptos nao revelam o que sabem ?
A isto se poderia responder: Por que haveriam de fazeJo, sabendo de ante-
mao que nenbum homem de ciencia aceitaria , nem mesmo como hipotese,
e muito menos , por tanto, como teorias ou axiomas , os fatos que Ihe dessem
a conhecer? Porventura acei tastes o ABC da Filosofia Oculta, contido
em The Theosophist, no Budismo Esot rico e em outras obras e revistas,
e acred!tastes no que eks diziam ? O pouco que vos foi oferecido nao
chegou a ser ridicularizado e posto em confronto, de um lado, com a teoria
animal* e do simio de Haeckel e de Huxley, e, de outto, com a historia
da cos tela de Adao e da ma a ? Apesar de tao pouco desejiveis perspectivas,
^
muitas coisas sao expostas na presente obra, e a autora se ocupa, da maneira
mais completa que lhe possivel, das questoes referentes A origem do
homem, a evolugao do Globe e das Ra as , humanas e animals .
^
As provas que sao apresentadas, confirmando os antigos ensinamentos,
se encontram disseminadas em todas as escrituras das civiliza oes da Anti-
^
guidade. Os Puranas , o Zend Avesta e os clissicos antigos estao repletos
de fatos que tais ; mas ninguem se deu ao trabalho de os recompilar e os
*

comparar entre si. A razao 6 que todos estes fatos foram registrados simbo
licamente; e os espfritos mais penetrantes e perspicazes entre os nossos
-
arianistas e egiptdlogos s6 mui raramente aprofundaram suas investigates,
obscurecidos que estavam por suas ideias preconcebidas, e, ainda com mais
freqiiSncia, pelos pontes de vista parciais do significado secreto . No entan
to, ate uma parabola e um simbolo falado : uma fic ao ou uma ftfbula, dizem
-
^
alguns; uma representaa alegorica de realidades da vida, de aconteci
-
12
Escola do Grande Orients Mistico

mentos e de fatos, dizemos n6s. E assim como de uma parabola se deduz


um preceito moral, sendo esta moral um fate real da vida humana , do
mesmo modo se seduzia um fato histdrico e verdadeiro ( para aqueles que
eram versados nas ciencias hieraticas ) de certos emblemas e sfmbolos regis-
trados nos antigos anais dos templos. A historia religiosa e esot rica de
eada povo se achava entranhada nos sfmbolos; nunca era expressa literal- ^
mente em muitas palavras .Todos os pensamentos e emocdes , todo o
conheeimento e saber , adquiridos pelas primeiras ra as ou a elas revelados ,
^
encontravam sua expressao pictdrica na alegoria e na parabola Por que? .
Porque a palavra articulada tem um poder que os " sabios modernos nao
so desconhecem, mas nem sequer suspeitam , e por isso nele nao acreditam.
Porque o som e o ritmo estao estreitamente associados aos quatro Elementos
dos antigos; e porque tal ou tal vibrato no ar deve inevitavelmente des
pertax os Poderes correspondent s, e a uniao com. eles produz resultados
-
'
bons ou mans, conforme o caso. Nunca foi permit!do a nenhum estudante
recitar narrativas de fatos kistdticos, religiosos, ou reals, com palavras que
claramente os determinassem , para evitar que de novo fossem evocados os
Poderes relacionados com tais acontecimentos. Estes s6 eram contados
durante a Iniciaqao, e cada estudante devia verte-los para sfmbolos apro-
priados, elaborados em sua prdptia mente e mais tarde submetidos ao exame
do Mestre, antes de aceitos em definitivo. Foi assim que pouco a pouco
se criou o Alfabeto Chines, do mesmo modo que anteriormente se haviam
detenninado os simbolos hieraticos do antigo Egito. Na lingua chinesa ,
cujos caracteres podem ser lidos em qualquer outto idioma 8, e sao, como
acabamos de dizer , um pouco menos antigos que o alfabeto egipcio de
Thotfi, cada palavra tem o seu stmbolo correspondente, em forma pict<5rica .
Possui a mesma lingua milhares de letras-sfmbolos, ou logogramas, cada um
dos quais significa uma palavra inteira; pois letras propriametue, ou um
alfabeto como nos o entendemos, nao existem no idioma chines, como tam-
b6m nao existiam no egtpcio at uma epoca mais proxima .
Tentaremos agora explicar os principals sfmbolos e emblemas, uma
'

vez que os Volumes III e IV , que tratam da Antropogenese, seriam de


compreensao muito diffcil sem um conheeimento preparat6rio, pelo menos ,
dos simbolos metafisicos.
Nao seria justo, porem , iniciar a interpreta ao esoterica do simbolistno
^
sem tributar a devida homenagem a quem prestou assinalados services no
campo destes estudos, durante o seculo atual, deseobrindo a chave mestra
da antiga simbologia hebtaica , tao intimamente ligada mitologia, uma das
chaves da Linguagem dos Misterios, outrora universal, Referimo-nos ao
Sr. Ralston Skinner, de Cincinnati, autor de The Key to the Hebrew-Egyp-
tian Mystery in the Source of Measures. Mistico e cabalista por natureza,
ele trabalhou durante muitos anos naquele sentido, e os seus esfor os foram
coroados efetivamente de grande exito, segundo suas proprias expressoes: ^
-
( 6 ) Deste modo, um japoues que nao saiba uma s6 palavra de chines, encon
trando se com um chines que nunca ten ha ouvido a lingua do pfimeiro, pode comuni
--
car se com ele por escrito, e assim os dois se entenderao perfeitamente, visto ser simbd-
^

lica a maneira pela qual amhos escrevem.

13
Escola do Grande Oriente Mistico

O autor esti plenamente convenrido de que existiu uma linguagem antiga, que
parece haver desaparecido para os tempos modernos, ate o presente, mas de que restaur
.
ainda numerosos vestigios , , O autor descobriu que aquela razao geometrica |a razao
integral numerica do di &metro para a cireunferenda do cfrculo| era a origem bem
antiga e provavelmente divina , . . das medidas lineares ... Parece mais ou menos
provado que o mesmo sistema de geometria, de numeros, de razao e de medidas era
conhecido e usado no continente da America do Norte, antes ainda de que o conhecesse
a posteridade semfta . , .
A singularidade dessa linguagem era que podia estar contida dentro da outra,
por um process o oculto, nao sendo percebida senao com a ajuda de certas instrufoes ;
as letras e os signos silabicos possuiam , ao mesmo tempo, os poderes ou as significasoes
dos numeros , das figuras geom& ricas, das pinturas ou ideografias, e dos slmbolos, cujo
objetivo era deterroinado e especificado por meio de parabolas, sob a forma de narracoes
completes ou parciais, mas que tamtam podia ser exposto separada ou icdependente
mecte, e de varies modos, por meio de pinturas , obras de pedra e construes de cerra .
-
Para esclarecer o que pode haver de ambfguo no termo linguagem, direi ; primeiro,
que esta pa lavra signifies a expressao falada das ideias; e segundo, que pode significar
a expressao das ideias por qualquer outro meio , Aquela antiga linguagem era de tal
modo infiltrada no texto hebraico que, empregandose os caracteits escruosr cuja pro-
nunria forma a linguagem definida em primeiro lugar, se podia intencionaliuente cornu-
nicar uma s rie de ideias muito diferentes das que se exprescam com a leitura dos
^
signos foneticos, A segunda linguagem exprimia veladamente series de ideias, cdpias
mentals de coisas sensiveis, que pod!am ser desenbadas, e de coisas que, nao sendo
seosfveis, podiam classificar -se como reais; do mesmo mode, por exemplo, que o numero
9 pode ser tornado como uma realidade, embora nao tenha exist ncia sensivel, e que
uma revolu ao da lua, considerada como algo a parte dessa mesma lua que fez a re vo-
lume , ^
pode ser havida como a origem e a causa de uma ideia real, apesar de nao
possuir tal revolu io nenhuma substand a , Esta linguagem de ideias pode consistir em
^
slmbolos que se achem concredzados em termos e signos arbitrarios, que tenham urn
campo muito limitado de conceitos sem impottancia, ou pode ser uma leitura da Natu-
res, era alguma de suas manifestoes, de um valor quase incomensur vel para a dvi-
^
lizaijao huraana. A imagem de uma coisa natural pode dar nascimento a ideias de
assuntos coordenados, que se irradiem em sentidos diferentes e atd opostos, como os
raios de uma roda, dando higar a realidades naturais que per tenham a um gnero de
Ld4ias muito distinto da tendenda apaiente apresentada na primeira leitura, Uma
iddia pode dar origem a outra ideia conexa ; mas, assim acontecendo, todas as ideias
resultantes, por mais incongtuentes que paregam, guardam o liame com a imagem ^ ori -
ginal e devem estar harmonicamente reladonadas entre si , Desse modo, de uma id ia
suficientemente fundamental, que se tenha formado, pode-se chegar b concep ao do
^
^
prdprio Cosmos e ate a de todos os por me nores de sua constru ao, Semelhante aplicaqfo
^
da linguagem comum uu em desuso ; mas o autor destas linhas pergunta se em alguma
dpoca remota nao foi essa lingua, ou outra semelhante, univemlmente adotada, pas
sando a ser o apanagio de uma classe ou casta selecionada , & medida que se revestia
-
de formas cada vez mais veladas, Quero com is so dizer que a linguagem popular ou
nativa serviu, ela mesma , originarkmente, como vefculo deste raodo especial de comu-
nicacao das ideias. Existem a esse respeito sdrtas provas , e parece realmente que houve
na histdria da ra a humana, em conseqii&ncia de fatores que cos escapam, pelo menos
^
o presente, o desaparecimento ou a perda de uma lingua primitiva perfeita , assim
como de um sistema perfeito de ci ncia , Deveraos dizer que eram perfeitos por causa
^
de sua origem e importancia divinas? T
Origem divina ** nao quer significar aqui uma revela;
< ao de um Deus
antropomdrfico, no alto de uma montanha , no meio de rellmpagos e trovoes;
mas , segundo entendemos , uma linguagem e um sistema de ciencia trailsmi-
tidos primeira humanidade por homens de uma ra$a mais adiantada, tao

(7) De um manuscrito.

14
elevada que aparecia como divina aos olhos daquela humanidade infantil;
em uma palavra , par. uma humanidade proveniente de outras esferas ,
Esta idcia nada encerra de sobrenatural , e o aceita -la ou recusa -la depende
do grau de vaidade e presunfao da pessoa a quern seja exposta. Porque,
se os professores da Ciencia estivessem dispostos a confessar que, ernbora
eles nada saibam ou antes, nada queiram saber sobre o destino do
homem desencarnado, esse futuro pode, contudo, encerrar um mundo de
surpresas e revela oes inesperadas, quando os seus Egos se acharem libertos
^
do corpo material, entao o cepticismo materialista nao teria o mesmo 6xito
que hoje tem . Quem , dentre eles , sabe ou pode dizer o que sucedera
quando o Ciclo de Vida deste Globo chegar ao seu fim , e a nossa mae Terra

passam a outras esferas


entrar em scu derradeiro sono ? Quern ousar 6 afirmar que os Egos divines
de nossa humanidade pelo menos os eleitos de entre as multid5es que
nao virao a ser, por sua vez, os instmtores
divinos de outra humanidade, por eles gerada, em um novo Globo,
chamado i vida e S atividade pelos prindpios desencarnados de nossa
Terra ?
Tudo isso pode constar da experiencia do Passado, e estes estranhos
anais permanecem ocultos na Linguagem do Mist rio das idades prd -
-histdricas , a linguagem a que hoje se da o nome de SIMBOLISMO.

25
Escola do Grande Orients Mistico

SE II
^ AO

A LINGUAGEM DO MISTERIO E SUAS CHAVES

DESCOBERTAS recentes , feitas por matematicos e cabalistas eminentes,


provam , sem haver lugar para duvidas, que todas as teologias, da primeira
ate a ultima , provieram nao so de uma fonte comum de cren as abstratas,
^
mas de uma linguagem esotlrica universal ou Linguagem do Misterio .
Estando aqueles sabios de posse da chave da antiga lingua universal ,
usaram-na com xito ainda que s6 uma vex , paxa abrir a porta hermetica-
?

mente fechada, que conduz ao Vestfbulo dos Mist rios. O grande sistema
^
arcaico, conhecido desde o$ tempos pre-hist6ricos como a Ciencia Sagrada
da Sabedoria , sistema que existe em todas as religioes, assim antigas como
possui a sua linguagem universal
entrevista pelo ma ao Ragon
^
modernas, onde os seus tra os podem ser acompanhados, possuia e ainda
^ -
a lin
gua dos Hierofantes , que compreende sete dialetos , por assim - dizer ,
cada um dos quais trata de um dos sete miseries da Natureza, a que
especialmente apropriado. Cada dialeto tinha o seu simbolismo peculiar.
Podia-se, desse modo, decifrar a Natureza em sua plenitude ou em um de
seus aspectos particulares.
A prova esta em que, ate o presente, os orientalistas em geral, e os
xndianistas e egiptologos em especial, experiment am grande dificuldade para
interpreter os escritos alegoricos dos arios e os anais hieraticos do Egito.
Assim acontece porque eles se obstinam em nao admitir que todos os anais
antigos foram escritos em uma lingua que era universal e conhecida igual-
mente por todas as nagoes nos dias da antigiiidade, mas que hoje so
inteligivel para uma pequena minoria . Assim como os numeros atibicos ,
que todos os homens entendem, seja qual for a sua nacionalidade; ou assim
como a palavra inglesa and , que se transmuda em et para os franceses, und
para os alemaes , y para os espanh6is, e assim por diante, mas que pode
ser express* em todas as na oes civilizadas pelo signo &; da mesma forma
^
todas as palavras da Lingua do Misterio possufam igual significacao para
todo o mundo. Alguns homens notaveis tentaram revigorar uma lingua
-
desse genero, universal e filosdfica: Delgarme, Wilkins, Leibnitz ; mas Denial
mieux , em sua Pasigrapbte, foi o unico que conseguiu demonstrar a possi-
bilidade disso. O m&odo de Valentim , chamado Cabala Grega , baseado
na combina ao de caracteres gregos , pode servir de modelo.
^
16
Escola do Grande Oriente Mistico

Os diversos aspectos da Lingua do Mistdrio conduziram & ado ao de


uma grande variedade de ritos e dogmas, na parte exottica do ritualismo ^
das Igrejas. A esses aspectos remonta a origem da maior parte dos dogmas
da Igreja Crista , como, por exemplo, os Sete Sacramentos , a Trindade, a
Ressurrei ao, os sete Pecados Capitals e as sete Virtudes. Entretanto,
^
havendo estado as Sete Chaves da Lingua do Mist rio sempre sob a custddia
dos mats altos Hierofantes Iniciados da antiguidade, &6 o uso parcial de
algumas delas passou as maos da nova seita dos nazarenos, por traicao de
alguns dos Primeiros Padres da Igreja , ex- iniciados dos Templos , Alguns
dos primeiros Papas foram Iniciados; mas os uitimos ftagmentos do seu
saber cairam em poder dos Jesuitas , que os transformaram em um sistema
de femgaria .
Afirma-se que a India , nao a dos limites atuais , mas compreendendo
suas antigas fronteiras, 6 o tinieo pais do mundo que ainda conta , entre seus
filhos , Adeptos que possuem o conhecimento de todos os sete subsistemas,
e a chave do sistema completo. Desde a queda de Menfis , o Egito come$ou
a perder as suas chaves, uma ap6s outra , e a Cald&a nao possula mais de
tres na epoca de Berose . Quanto aos hebreus , nao demons tram em todos
os seus escritos senao um conhecimento completo dos sistemas astronomico ,
geomtrico e num&ico, que utilizavam para simbolizar as fun oes humanas
e especialmente as fisioldgicas . Nunca possuiram as chaves superiores. ^
Gaston Maspero, o grande egiptdlogo ( ranees , sucessor de Marietta,
escreve :
uSempre que oujo falat da religiao do Egito, sinto- me tentado a perguntar a que
religilo egipda se referera. a religiao da quarta diuastk, ou a do periodo dos Ptolo-
meus? A relxgiao do povo, ou k dos sibios ? Aquela que se ensinava nas escolas de
Heli6po1is, ou aquela outra que estava nas raentes e eoncepcoes da classe sacerdotal de
-
Tebas? Porque entre a primeira turaba de Menfis, que leva a inscri ao de um ret da
^
terceira dinastia , e as ultimas pedras gravadas em Esneh, sob Felip e-CIs ar , o Arabe,
hi urn intervalo de cinco mil anos pelo menos. Deixando de lado a invasao dos Pas-
tores, a dotninagao etfope e a dos Assirios, a conquista persa , a coloniza ao dos gregos
^
e as mil revolugoes de sua vida politics, o Egito passou, durante aqueles cinco mil anos,
por muitas vicissitudes morais e intelectuak. O capttulo XVII do Uvro dos Marios }

que parece con ter a descrigao do sistema do mundo , tat como o en tend lam em Heli<$ *

polis na poca das primeiras dinastias, so veio ao nosso conhecimento por interm6dio
de algumas raras copies da und&ima e duodecimo dinastias. Cada um dos verslculos
que o compdem era ja interpret ado de Ires ou quatro maneiras diferentes; tao dife
rentes que, segundo esta ou aquela esqola , o Demiurgo se convertia ora no fogo solar,
-
Ra-sbu, ora na agua primordial . Quinze seculos mais tarde, o numero das interpre
ta oes havia aumentado consideravelinente. * O tempo, em seu transcurso, havia modi
--
^
ficado as ideias sobre o Universo e as formas que o regem. Durante os cuttos dezoito
seculos de eristencia do Cristianismo, a maioria de seus dogmas foram elaborados, desen- .
volvidos e transformados; quantas vezes, pois, nao teriam os sacerdotes eglpcios aiterado
os seus dogmas no decor rer daqueles cinquenta seculos, que separam Teoddsio dos Reis
Consttutores da Pirlmides? 1

Temos para n6s que o ilustre egiptdlogo aqui foi demasiado longe ,

possivel que os dogmas exotericos tenham sido muitas vezes aiterado,

( 1 ) Guide ai4 Musie de Boulaq , pp. 148-149.

17
Escola do Grande Orients Mistico

mas nunca os esotericos , Nao levou cm conta a imutabilidade sagrada das


verdades primitivas, reveladas somente durante os mistrios da Iniciagao,
Os sacerdotes egipcios haviam esquecido mutt a coisa, mas nada alteraram.
A perda de grande parte dos ensinamentos primitivos foi motivada pch
morte subita de grandes Hierof antes, que faleceram sem que tivessem tempo
de revelar tudo aos seus sucessores , e sobretudo por fait a de herdeiros
dig nos do conhecimento. Todavia, em seus rituais e dogmas corner varam
os principals ensinamentos da Doutrina Secreta ,
E assim que nos deparamos, no capitulo do Livro dos Morios a que
se refere Maspero: l. Osiris dizendo que e Turn' ( a for$a criadora da
Natureza , que da forma a todos os seres , espiritos e homens ; gerado por
si mesmo e por si mesmo existente ) , saido de Nunn, o rio celeste, chamado
Pai-Mae dos Deuses, a divindade primordial, que 6 o Caos ou o Abismo,
impregnado pelo Espirito invisivel; 2. Osiris encontrando Shu, a for a solar,
na Escada da Cidade dos Oito ( os dois quadrados do Bern e do Mai, e ^
aniquilando os prindpios maus de Num ( o Caos ), os Filhos da Rebeliao;

Deuses de seus prdprios membros



3. Osiris como o Fogo e a Agua , hto 6 Num, o Pai Primordial , criando os
}

quatorze Deuses ( duas vezes sete ) ,


sete de Luz e sete de Trevas ( os sete Espirito da Presen a dos CristSos,
^
e os sete Espiritos Maus ) ; 4 . Osiris como a Lei da Existencia e do Ser ,

sucede ao Dia e o Dia a Noite



o Betinu ou Fenix, a Ave da Ressurrei ao na Eternidade, onde a Noite
^
alusao aos ciclos periddicos de ressurrei ao
cdsmica e de reencarnagao humana ( pois que outra significagao poderia ter ? )
O Viajante que atravessa milhoes de anos e o nome de urn ; e o Grande
^
Verde ( Agua Primordial ou Caos ) 6 o nome do outro : um produrindo
milhoes de anos em sucessao, e o outro absorvendo-os para aze-los reapa
recer; Ele, o Viajante, fala dos Sete Seres de Luz que seguem o seu
-
senhor, Osiris, que confere a justi a , em Amenti.
^
Est hoje demonstrado que tudo isso foi a fonte e a origem dos dogmas
cristaos . O que os judeus receberam do Egito, por intermddio de Moisds
e de outros Iniciados, ficou bastante confuse e desfigutado etn 6pocas poste
riores; mas o que a Igreja tomou a ambos 6 interpretado de maneira
-
ainda pior.

-
O seu sistema , no entanto, provou se atualmente que e identico, nesta
parte especial da simbologia

principalmente a chave dos mistdrios da
astronomia relacionados com os da gera ao e da concept ao
^ aquelas ideias
das anrigas religioes, cuja teologia desenvolveu o elemento filico. O sistema
judeu de medidas sagradas, aplicado aos stmbolos religiosos, 6 o mesmo
da Gracia , da Caldfia e do Egito, no que se refere is combina oes geom
^
tricas e numericas, porquanto foi adotado pelos israelitas durante os seculos
-
de escravidao e cativeiro naquelas duas ultimas na oes 2, Que sistema era
^
-
( 2 ) Conforme dissemos em Isis sent Veu ( volume II, pp. 458 439 ): "At agora,
apesar de todas as investigasoes e controversial a Histdria e a G nda permanecem na
mesma ignorancia de sempre acerca da origem dos Judeus. Eles tanto podem ser os
Chand las desterrados da India antiga , os pedreiros menrionados por Veda-Vyasa e
^
Manu, como os Fenlcios de Herddoto, os Hicsos de Josef o, descendentes dos pas tores

IS
Escola do Grande Oriente Mistico

esse? O autor de The Source of Measures acredita que 'os Livros Mosaicos
tinham per objetivo, usando uma linguagem artificial , estabeleeer um sis-
tema geometrico e numerico de ciencia exata , que devia servir como origem
das medidas . Piazzi Smyth 6 da mesma opiniao . Alguns emditos julgam
que esse sis tema e essas medidas sao identicos aos empregados na construct)
da Grande Piramide , o que s6 em parte i verdade . A base de tais medidas
era a razao de Parker diz Ralston Skinner em The Source of Measures .
O autor de tao extraordindrio livro conta que fez essa descoberta com
o uso da razao integral do diametro para a circunferencia, revelada por
John A , Parker, de New York . A razao 6 de 6 561 para o diametro, e de
20 612 para a circunferencia . Diz ainda que esta razao geomdtrica foi a
origem antiqufssima, e provavelmente divina , do que veio a ser, por mani-
pula oes exotericas e aplicaqoes pr ticas, as medidas lineares britunicas,
^ ^
cuja unidade fundamental, isto 6 , a polegada, era tambdm a base de um
dos edvados reals egfpcios c do pe romano .
Descobriu ainda que existiu uma forma modificada da razao, a saber , 113 a
355, e que, ao mesmo tempo em que esta ultima mdicava , por sua origem , o valor exato
de ( pi ), ou 6 561 para 20 612, servla tambem como base para calculos astronomicos.
O autor descobriu que um sistema de ciencia exata , geom trlca, num riea e astrono-
^
^
mica, baseado sobre essas relafoes, e cuja aplica ao pratica se observa na Grande Pira -
^
mide egfpcia , era em parte o conteudo daquela linguagem que se acha oculta na letra
do texto hebreu da Bthlia . A polegada e a medida de dois ps de 24 polegadas, posta
assim em uso por meio dos elementos do cfrculo e das razoes mendonadas, viu-se que
forraavam a base ou fundamento daquele sistema central de ciencia egfpdo e hebreu ,
enquanto que, por outra parte, pareceu que o sistema era, em si mesmo, considerado
como de origem divina ou proveniente de revelagao divina.

Vejamos , porm , o que dizem os adversaries das medidas que o Pro-


fessor Piazzi Smyth da & pirfimide .
O Sr . Petrie parece negi-las e destruir por completo os cdlculos de
Piazzi Smyth em suas rek oes com a Biblia. Outro tanto vem fazendo o
^
Sr . Proctor , o campeao das coincid&tcias , desde muitos anos, em todas
as questoes de ciencia e arte antiga . Falando do 'grande numero de relagoes
independentes da Piramide , que vieratn & luz quando os piramicUlistas se
esfor avam por associar a Pir&mide com o sistema solar , eis o que ele diz:
^ Estas coincidSncias ( as que existiriam ainda
quando nao cxistisse a Pirtaide )
,

sao bem mals curiosas do que qualquer das existentes entre a Piramide C os numeros
astronotnicos. As primeiras sao tao exatas e not veis quanto reais; as segundas, que
sao apenas imagindrios { ? ) , s6 tiveram curso por aquele processo que os meninos de
escola chamam de cola ; e novas medidas, recentemente tomadas, farao com que todo
o trabaiho seja tefeito. *
pairs, on ainda um misto de todos esses. A Biblia fala dos Tfrios como um povo da
mesma rafa dos i&raelitas , atribuindo a estes a supremacia sobre aqueles . . . Nao obstan-
te, seja qual for a origem dos Judeus, deve ter sido um povo da ta a hibrida, ja que a
^
Biblia no-Ios mostra consorciandose livremente, nao so com os Cananeus, mas com
gente de todas as nagoes e ra as que se punham em contato.
^
( 3 ) Knowledge , vol. I, veja-se tamb&n a correspond&icia de Petrie a The Aca-
demy , 17 de dezembro de 1881.
( 4 ) The Origin and Signification of the Great Pyramid , p. 8.

19
Escola do Grande Oriente Mistico

A isso observa com razao o Sr. C. Staniland Wake :


Sem embargo, devem ter sido roais do que simples coincuUnciasy se os coostru-
torcs da piramide possuiam conhecunentos astrondmieos, como se depreende da orieft-
tac3o perfeita da mesma piramide e de suas outras caractemticas daramente astrong
micas .
,,
Certamente que os possuiam ; e era nestes ^conhecimentos que se
baseava todo o programs dos Misterios e da sdrie de Iniciacoes. Da! a
construfao da Piramide, registro permanente e simbolo indestrutivel dos
Misterios e das Inicia oes da Terra , como o 6 nos Cdus a trajetdria das
^
estrelas. O ciclo da Iniciacao era uma reproduce em miniatura daquela
grande sdrie de transform a oes cosmicas, a que os astrdnomos deram o
^
nome de ano tropical ou sideral. Assim como, no fim do ciclo do ano
sideral ( 25 868 anos ) , voltam os corpos celestes mesmas posi oes rela
tivas que ocupavam no inlcio, da mesma forma, ao terminar o ciclo da ^ -
Inicia ao, o homem interior readquire o primitivo estado de pureza e
^
conhecimenta divino, de onde partiu ao empreender o seu ciclo de encar -
na oes terrestres.
^ Moises, Iniciado na Mistagogia eglpcia , baseou os misterios religiosos -
da nova na?ao, que fundou , sobre a mesma formula abstrata derivada daquele
ciclo sideral , que simbolizou sob a forma e as medidas do Taberndculo,
por - ele construldo no deserto, conforme se supoe. Com esses dados prepa -
-

raram os Grao sacerdotes judeus, posteriotmente, a alegoria do Templo de
Salomao 1 constru ao esta que nunca teve existencia real, como tambem
o prdprio rei Salomao, que nao ^ senao um mito solar, identico ao de
Hiram Abif dos ma$6es consoante bem o demonstrou Ragon. Se, portanto,
}

as medidas desse templo alegdrico, simbolo do ciclo da Inkiatfio, coincidem


com as da Grande Piramide, e porque derivaram destas tiltimas, por inter-
mddio do Taberniculo de Moists.
Que o nosso autor tenha efetivamente descoberto uma ou tnesmo duas
das chaves, ficou plenamente demonstrado na mencionada obra . 5 Basta a
sua leitura para nos convencer de que o sentido oculto das alegorias e
parabolas de ambos os Testamentos se acha agora esclarecido. Nao 6
menos verdade , pordm , que o autor deve semelhante descoberta mais ao
seu prcSprio gnio que a Parker e a Piazzi Smyth. Porque , conforme
expusemos, nao pode haver tanta certeza de que as medidas da Grande
PtrSmide, tomadas e adotadas pelos piramidalistas bfblicos, sejam estremes
de qualquer duvida. A prova disso, vamos encontra -la na obra The Pyra -
mids and Temples of Gizeh, de F. Petrie , e tambdra em outros livros mais
recentes e cujos autores, contrariando aqueles calculos, os qualificam de
"tendenciosos > \ Podemos ver que quase todas as medidas de Piazzi diver-
gem das que for am posteriormente tomadas, com mais cuidado, pelo Sr.
Petrie, o qual concluiu a Introducao de sua obra com estas palavras:

(5) Ref ere-sc , aparentemente , ao livro de C. Staniland Wake, )& citido.

20
Escola do Grande Oriente Mistico

Quanto ao cesultado final das investigates, rauitos tedricos eorapaniiao da opi-


niao de um araerlcano que era ura partiddrio entusiasta das teorias da Pir&nide, quando
foi a Gizeh. Tive a samfa ao de passar all dois dias em sua companhla ; e a ultima vez
^ -
em que fizemos a refei ao juntos ele me declarou, com ar repassado de tristeza : Sinto
^
-me como se bouvesse assistido a um enterro. Seja como for, falamos com que as
velhas teorias tenhara um funeral decente; devemos, porem, ter o cuidado de nao enter
rar vivos, em nossa pressa, os que estiverem apenas feridos'.
-
Com relafao aos calculos, em geral, feitos por J . A , Parker, e princi
palmente no tocante a sua terceira Proposi ao, tivemos oportunidade de
-
^
consultar alguns matematicos eminentes, e eis o resumo do que nos disseram:
O argumento de Parker funda-se mais em considera$oe$ sentimentais
que em consideragoes matematicas, e carece de toda logica.
A Proposi ao III , segundo a qual
^
O circulo 6 a base ou prinripio natural de toda superfide, sendo artificial e
arbitr rio, na ciencia tnatemitica, fazer do quadrado essa base ,
^
6 um exemplo de proposi ao arbitrdria , sobre a qual nao se pode alicergar
^
um taciocinio matematico. Cabe igual observasao, com mais for a ainda ,
^
S Proposi ao VII, quando estabelece que,
^
Sendo o circulo a forma primaria da Natureza , e consequentemente a base da
superflcie, e porque o circulo 6 medido pelo quadrado e igual a este so na razao entte
a metade de sua drcunfer ncia e o raio, segue-se que a circunferencia e o raio, e nao
^
o quadrado do d/ametro, sao os unicos elementos natural s e legitimos da superffcie,
por meio dos quais todas as formas regulates podem ser levadas ao quadrado e ao
drculo.

A Proposigao IX e um exemplo notavel de raciodnio vicioso; apesar


disso, constitui o fundamento principal da quadratura de Parker. Afirma que
O circulo e 0 tri&ngulo equilitero sao opostos um ao outro em lodos os elementos
de sua construfao, donde results que o diametro de um circulo, que seja igual ao
diametro fracionlrio de um quadrado, 6 inversamente proporcional ao dobro do diametro
de um tri ngulo equilitero, cuja superfide seja a unidade , etc., etc.
^
Admitindo, por amor do argumento, que se possa dar ao tri&ngulo um
raio no sentido que atribuimos ao raio de um circulo
pois o que Parker
chama raio de um triangulo 6 o raio de um circulo inscrito no tri&ngulo,
e nao o raio mesmo do tri& ngulo
e admitindo por um momento as outras
proposi oes matematicas e imaginarias que ele faz entrar em suas premissas ,
^
por que haverlamos de concluir que, se o tri &ngulo equilitero e o circulo
se opoem em todos os elementos de sua constru ao, o diametro de um
^
circulo qualquer hd de estar na razao inversa do dobro do di&metro de um
triangulo equivalents? Qual a relasao necessdria entre as premissas e a
conclusao? Racioclnio desta esp&rie 6 desconhecido em geometria, e nao
seria aceito por verdadeiros matematicos.
Que o sis tern a atcaico esoterico haja ou nao dado origem & polegada
inglesa, 6 questao de menos import&ncia para o metafisico propriamente
dito. E a interpretafao esoterica da Btblta do Sr. Ralston Skinner nao deixa
21
Escola do Grande Oriente Mistico

de ser correta so porque as medidas da Piriimide possam ou nao concordar


com as do Templo de Salomao, as da Area de Noe, etc., ou porque os mate-
maricos se neguem a reconhecer a quadratura do circulo de Parker. Pois
a interpretaao do Sr. Skinner se apoia , antes de tudo, nos metodos caba
Usticos e no valor que os rabinos davam as letras do alfabeto hebreu. Mas
-
6 da maior importancia apurar se as medidas usa das na evolucao da religiao
simbblica dos irios, na constru ao de seus templos, nas alegorias dos Pur&nas
^
e principalmente na sua cronologia , nos seus slmbolos astronomicos, na
dura$ao dos cielos e em outras computa des eram ou n5o idfinticas medi-
^
que os judeus

das empregadas nos calculos e signos da Btblia , O fato provatia, realmente,
a menos que houvessem copiado as suas medidas e o seu
covado sagrado dos eglpeios ( cujos Sacerdotes tinham iniciado Moises )
devem ter adquirido tais no oes na India . Em todo caso, transmitiram-
- nas aos primeiros cristaos. ^
Sao, portanto, os ocultistas e os cabalistas os verdadeiros herdeiros do
Conhecimento ou Sabedoria Secreta que se encontra na Btblia , porquamo
hoje s6 eles compreendem o seu real significado, ao passo que os judeus e
cristaos profanos se atem ao sentido exterior e a letra morta .
Esta agora demonstrado pelo autor de The Source of Measures que foi
a esse sistema de medidas que sc deveu a inven ao dos nomes de Elobim
^
e Jeova atribuidos a Deus, e sua adaptacao ao falicismo; e que Jeova
uma cdpia, nao muito lisonjeira, de Osiris. Mas tanto esse autor como
Piazzi Emyth parecem estar sob a impressao de que: { a ) a prioridade do
sistema pertence aos israelitas, sendo o hebraico a lingua divina ; ( b ) esta
lingua universal tem por origem a revela ao direta.
^
A liltima hipotese s6 correta no sentido indicado no parigrafo final
da Se ao precedents ; com a ressalva de que nao estamos ainda de acordo
^
quanto & natureza e o carater do divino Revelador .A procedncia da
primeira hipbtese sobre a questao da prioridade dependera, sem duvida ,
para os profanos : ( a ) das provas internas e externas da revela o, e ( fr )
.
das idtias preconcebidas de cada um O que, alias, nao pode irapedir ^
que o cabalista deista ou o ocultista pantelsta tenba a sua convic ao, cada
^
qual sua maneira, sem que nenhum dos dois convene o outro, Os dados
que a historia subministra sao por demais escassos e pouco satisfatbrios,
para que um deles consiga provar ao c ptico com quem est a razao
^ .
Por outro lado, as provas que a tradi ao proportion sao rejeitadas
^
sistematicamente, de modo que nao e possivel esperat solucao para o pro -
blema na poca atual, E a riSncia materialists continuari fazendo tabu a
^
rasa tanto dos ocultistas como dos cabalistas. Mas, uma vez dirimida a
importante questao da prioridade, a ci nck , em seus ramos da filosofia e
da religiao com parad a , tendo afinal que se manifestar , versed obrigada a
admitir a asserfao comum.
Um a um vao sendo aceitos os postulados, k medida que os homens
de ciencia, um apbs outro, se veem na contigencia de reconbecer os fatos
antecipados pela Doutrina Secreta , ainda que s6 raratnente o fa?am. Por
exemplo, ao tempo em que a opiniao de Piazzi Smyth pesava corao autori -
22
dade na questao da Piramide de Gizeh, sustentava ele a teoria de que o
sarcdfago do p6riiro da Camara do Rei, que era *' a utttdade de ntedida de
duas das mais ilustradas nagoes da Terra, a Inglaterra e a America , nao
passava de um depdsito de trigo . Tal coisa oi por nos peremptoria-
mente contestada em Isis sem Veu , que acabavamos de publicar. A impren -
sa de Nova York ( principalmente os jor rials Sun e World ) entao se mobi-
lizou contra n6s, a simples ideia de que tivessemos a pretensao de dar
quinau a um astro da cincia . Haviatnos dito que Her6doto, quando se
referiu aquela Piramide,
... podia ter acrescciitado que, exteriormente, ela simbolizava o prindpio criador
da Natureza, e tambkm projeuva Iuz sobre os prtndpios da geometric das tnatemdtkas ,
da astroiogia e da astronomia. interiormente, era um templo majestoso, em cujos som *

brios redntos se celebravam os Mistdrios, e cujos muros haviam tantas vezes testemu
nhado as cerimdoias da iniriagao de raembros da fatnflia real. O $arc<5fago de ptfrfiro,
-
que o Professor Piazzi Smyth, Astrdnomo Real de EsaSeia, rebaixa ao nlvel de um
celeiro de trigo, era a fonte batismdy de onde o necSfito safa nascido de novo , converter
dose em um Adcpto. ** 7

-
Riram se do que dissemos. Fomos acusados de haver plagiado nossas
id ias do visionirio Shaw, escritor ingles que sustentara ter sido o sarcd-
^
fago usado para a celebragao dos Mist rios de Osiris ; quando nem sequer
^
conheciamos a existencia desse autor. E agora, seis ou sete anos depots
( 1882 ) , eis o que esereve Staniland Wake:
-
A ehamada Camara do Rei
sobre a qual escreveu um pit&mtdist& entusiasta;
* As paredes
dominante falam com eloquSncia de futuras gldrias'

polidas, os materials selectonados, as imponentes proposes e a situagao
se nao era a clmara das per
feigoes' do tumulo de Cheops, era , provavelmente, o recinto onde ttnha admtssao o
ncSfito depots de atravessar a estreita passagem do alto e a grande galeria com a extre
midade pouco eievada, que graduaimente o preparavam para a fuse final dos Mtstbios 7 .
-
-

Se Staniland Weke fosse tedsofo, poderia acrescentar que a estreita


passagem de acesso a Camara do Rei, ao alto, tinha realmente uma porta 4

estreita ; essa mesma entrada estreita que conduz a vida ou ao renas


cimento espiritual a que alude Jesus em Mateus e que era a essa porta
-
do Templo da Iniciagao a que se referia o escritor quando registrou as pala
vras que se supSem pronunciadas por um Iniciado.
-
Entao, os grandes homens de cincia em vez de encolher os ombros
?

ante o que eles chamam Uum amontoado de fantasias e superstigoes absur-


das , qualificativo geralmente atribuido & literatura braminica , tratarao de
aprender a linguagem simbdlica universal, com suas chaves num ricas e
geom tricas. Mas ainda aqui nao serao bem sucedidos , se imaginarem que
^
^
o sistema cabaKstico judeu contem a chave de todo o misterio; porque
assim nao S . Nem ela se encontra tampouco em nenhuma Escritura atual-
mente; os prdprios Vedas nao sao completes . Cada religiao antiga nao 6

.
( 6 ) Op cit.t I, 519.
( 7 ) The Origin and Significance of the Great Pyramid, p. 93 ( 1882 ).
( 8 ) VII, 13 e seguintes.

23
Escola do Grande Orients Mistico

mais que urn ou dots capitulos do volume completo dos primitivos mist-
rios arcaicos ; so o Ocultismo oriental pode vangloriar-se de estar na posse
integral do segredo, com suas sets chaves.
Na presente obra serao feitas comparasoes e apresentadas as explica-
tes que forem possfveis; quanto ao resto, sera deixado k intui ao pessoal
^
do estudante. Ao dizer que o Ocultismo oriental detlm o segredo, nao
pretende a autora significar que ela possua o conhecimento completo , nem
mesmo aproximado, porque seria absurdo. O que sabemos, n <5s o expo-
-
mos ; o que nao podemos explicar , cumpre ao estudante descobri lo por si
mesmo.
Mas, embora tudo leve a crer que todo o ciclo da Linguagem uni
versal nao seja ainda conhecido durante vdrios s culos, basta o que ji foi
-
^
descoberto na Biblia por alguns sabios para comprovar matematicamente a
existencia dessa linguagem. Como o judaismo se urilizava de duas das
sete chaves, e estas duas foram agora descobertas, )& nao se trata mais de
especulacoes ou de hipdteses individuais, e muito menos de coincidfcncias ,
senao de uma interpretagao correta dos text os da Biblia, do mesmo modo
que uma pessoa versada em aritm tica le e verifies uma adi$ao. Em
^
suma, tudo o que dissemos em Isis sem Veu esta hoje confirmado no livro
Egyptian Mystery or The Source of Measures, com as interpreta$oe$ da
Biblia por meio das chaves numericas e geometricas.
Mats alguns anos e este sistema eliminar a interpreta ao literal da
^ ^
Biblia, assim como a de todas as demais crengas exotericas, mostrando os
dogmas k sua verdadeira luz. Entao, aquele ineg vel significado, por mais
^
incompleto que esteja, desvendara o Misterio do Ser, e ao mesmo tempo
mudari totalmente os modernos sistemas cienrificos de Antropologia , Etno -
logia e
sobretudo Cronologia. O elemento filico que se encontra
em todos os nomes de Deus e nas narra oes do Anti go Testamento, e em
^
parte no Novo Testament o , podera tambem, com o tempo, modificar muito
as modernas teorias materialistas da Biologia e da Fisiologia,
Livres da crueza rude com que hoje sao apresentados, os quadros da
Natureza e do ho mem , pela autoridade dos corpos celestes e de seus mis-
teri os, retirarao o veu que encobre as evolucoes da mente hum ana , e deixa-
rao ver quao natural era semelhante curso do pensamento. Os chamados
sfmbolos falicos so pareeem repulsivos por causa do elemento material e
animal que neles se introduziu , De infcio, tais simbolos eram perfeita-
mente naturais, pois river am sua origem entre as ra as arcaicas, que, saben
^
dose descendentes de antepassados androginos, faziam assim representar
-
as primeiras manifestacoes dos fen6menos da separate dos sexos e do
subseqiiente misterio pelo qual elas, por sua vez, criavam , Se as ragas
posteriores, e notadamente o povo eleito , degradaram os mesmos sim -
bolos, isto em nada altera a origem deles. A pequena tribo semita
das menores ramificagoes dos cruzamentos da quarta e quinta sub ragas,
-
uma

Continente

as chamadas mongol turania e indo-europeia , depots da submersSo do grande
s6 podia aceitar aquele simbolismo com o sentido que lhe
davam as nafoes de onde procedia * provavel que, no comedo do periodo
24
Escola do Grande Orients Mistico

mosaico, as slmbolos nao fossem tao grosseiros como vieram a ser mais
tarde, quando Ezra refundiu todo o Pentatettco. Para dar um exemplo,
o mito da filha do Farao ( a mulher ), do Nile ( o Grande Abismo e a
Agua ) e do menino encontrado a flutuar dentro de uma cesta de junco, nao
havia sido originariamente compos to para Moises , nem por ele; descobriu-se
que era muito mais antigo, pois figura nos tijolos babildnicos, na lenda do
tei Sargao, que viveu muito antes de Moises .
O Sr . George Smith , em sua obra Assyrian Antiquities, diz o seguinte:
*

No palacio de Sennacherib, em Kuyunjik, encontrei outro fragmento da


curiosa histdria de Sargao . . . que traduzi e publiquei em Transactions of
the Society of Biblical Archaeology A capital de Sargao, o Moises babi-
lonico, era a grande cidade de Agade, chamada Accad pelos semitas e men
cionada no Genese 10 como a capital de Nenrod . .. Accad situava-se nao
-
longe da cidade de Sippara , & margem do Eufrates e ao none de Babilo
nia n. Outra coincid6ncia estranha e que o nome Sippara , a cidade
-
vizinha, 4 o mesmo da mulher de Moists, Zipporah . 12 E obvio que a lenda
e uma hibil interpolaqao feita por Ezra, que nao devia ignorar o original.
A curiosa historia consta de fragmentos de ladrilhos de Kuyunjik, e
assim reza:
1. Eu sou Sargita , o rei poderoso, o rei de Accad ,
2 . Minha rnae era uma princesa , meu pai nao o conheci ; um irmao de meu pai
govema o pais .
3. Na cidade de Azupiran , situada perto do rio Eufrates.
4. Minha mae, a princesa, me concebeuj com sofrimento me deu k luz.
5. Ela me pas numa cesta de junco, revestifldb o fundo com betume.
6. Deixou -me sobre as ondas do rio, que nao me afogou.
7 . O rio me levou a Akki , o carregador de agua , que me retirou.
8 . Akki, o carregador de igua , com a ternura de seii cora ao, me adotou. 13
^
Compare-se agora com a narrative da Biblia, no Bxodo :
UE quando eia [ a mae de Moises| nao pdde escond-lo por mais tempo, tomou
uma cesta de junco e a untou de argila e betume, pos o menino dentro dela e a deixou
a flutuar entre os coni os k beira do rio 14
^
Continua dizendo George Smith:
Supoe- se que o fato ocorreu cerca de 1600 anos antes de Cristo, um pouco antes
da dpoca assicalada por Mois&; e como sabemos que a i&iaa de Sargao cbegou ao Egito,
muito provavel que ess a historia tenha alguma rela ao com os acontedmentos mencio-
^
nados no livro II do Bxodo , porque toda agao, uma vez executada> tende a repetir-se .
( 9 ) Assyrian Antiquities , p. 224; Transactions of the Society of Biblical Archceo-
logy volume I , Parte I, 46,
}

( 10 ) Transactions, etc,, X , 10.


( 11 ) Veja-se Isis sent Veu , II, 442 443
( 12 ) Bxodo, II, 21 . - .
( 13 ) George Smith, Chaldean Account of Genesis , pp. 299-300
,
.
i 14 ) II, y

25
Escola do Grande Oriente Mistico

Mas agora, que o Professor Sayce teve & coragem de fazer recuar de
2 000 anos as pocas atribufdas aos reis caldeus, ve-se que Sargao deve ter
^
precedido Moises em 2 000 anos pelo menos . A confissao 6 bem signifi-
cative, faltando, porem, um ou dois zeros as quantidades.
Ora , qual e a dedu ao logica ? Certamente a que nos autoriza a dizer
^
que a versao de Esdras, a respeito de Moises, fora por ele ouvida quando
esteve na Babilonia , haven do Esdras aplicado ao legislador judeu a alegoria
concemente a Sargao. Numa palavra : que o Exodo nunca foi escrito por
Moises, e sim recopUado por Esdras de amigos materials.
Sendo assim , por que outros simbolos e mi cos muito mais grosseiros
em seu elemento filico nao podiam ter sido acrescentados por Esdras, ver -
sado que era no ultimo culto falico da Caldeia ? Diz-se que a primitiva
cren a dos israelitas era muito diferente da que veio a ser, v5rios s<fculos
^
depois, adotada pelos talmudistas e, anteriormente a estes, por David e
Ezequiel .
Tudo isso, a despeito do elemento exoterico, tal como hoje se v dos
dois T e stamentos , e mais que suficiente para classifies! a Biblia entre as
obras esotericas, e associar o seu sistema secreto ao simbolismo indiano,
caldeu e egipcio Todos os simbolos e numeros biblicos, sugeridots por obser-

vafoes astronomicas pois a Astronomia e a Teologia sao estreitamente


relacionadas , se encontram nos sistemas indianos, tanto exotericos como
-

tas, seus aspect os e seus nodos
botanica modema )
esotericos. Esses numeros e seus simbolos , os signos do Zodfaco, os plane
( tendo este ultimo termo passado para a
, sao conhecidos em Astronomia como sext is, quartis,
etc., e foram usados pelos povos arcaicos durante sdculos e seculos; em
certo sentido, sua significa ao 6 a mesma dos algarismos hebreus. As
primeiras formas da Geometria ^ elementar foram, sem duvida, sugeridas pela
observacao dos corpos celestes e de seus agrupamentos. por isso que os
simbolos mais antigos do esoterismo oriental sao o circulo, o ponto, o trian-
gulo, o quadrado, o pentagono, o hex gono e outras figuras planas de
varies lados e angulos ^
o que mostra serem o conhecimento e o uso da
simbologia geometrica tao antigos quanto o mundo.
Partindo desta base, facil e compreender como a Natureza, mesmo sem
o auxflio de instrutores divinos, pode ensinar & bumanidade primitiva os
primeiros principios de uraa linguagem de simbolos, numerica e geom-
trica 15. Da! o vermos o emprego de numeros e figuras para exprimir e
registrar o pensamento em todas as Escrituras simbdlicas arcaicas. Os
simbolos sao sempre os mesmos, salvo eertas varia oes resultantes das
^
primeiras figuras. Assiin, a evolu?ao e a correlate dos misterios da Natu -
reza e do Cosmos, do seu crescimento e desenvolvimento

espiritual e

-
( 15 ) Para recordar como a teligtao esatirica de Moists foi vdri&s vezes abando
oada e substituida pelo culto de Jeovi, tal como instituldcr por David, do que 6
-
cxeroplo o caso de Ezequiel, leiam se as p ginas do vol. II de his sem Veit . Certo,
^
devia haver boas razoes para que os saduceus, que deram quase todos os grandes
Sacerdotes da Judeia, aceitassem as Leis de Moisds, mas desprezassem os chamados
Livros de Moists : o Pentateuco da Sinagoga e o Talmud ( ? ).

26
Escola do Grande Orients Mistico


ftsico, abstfato e concreto , fotam a prinapio regis trades por modificagdes
da forma geometries. Cada Cosmogonia come ou por um rfrculo, um
^
ponto, um tridngulo e um quadrado, ate o numero 9, tudo sintetizado
depois pela primeira linha e o drculo, a Ddcada mistica de Pitigoras, a
soma total que continha c exprimia os misterios de todo o Cosmos ; misterios
registrados no sistema indiano com uma exatidao cem ve2es maior que em
outro qualquer sistema , para todo aquele que pode entender a linguagem
mfsrica . Os numeros 3 e 4, com a sua soma de 7, assim como os ntimeros
5, 6, 9 e 10, sao as pedxas angulares das Cosmogonias Ocultas. A Decada,
com suas mil combina oes, se encontra em todas as partes do Globo.
^
Pode ser identificada nas grutas e nos templos cavados na rocha do Indostao
e da Asia Central; nas pir Amides e nos monolitos do Egito e da America ;
nas catacumbas de Ozimandyas; nos baluartes das fortalezas coroadas de
neve do Ciucaso; nas rufnas de Palenque; na ilha da Piscoa; em toda a
parte onde o homem da antiguidade pos os pes. O 3 e o 4, o triangulo
e o quadrado, ou os signos universal masculino e feminino, que indicam
o primeiro aspecto da evolu ao da divindade, estao representados perpetua
^
mente nos Cus pelo Cruzeiro do Sul, como o estao na Cruz Atisata egipda,
-
conforme muito bem o expos o autor de The Source of Measures:
"O desdobramcDto do Cubo d a Cruz com a forma egfpcia, o Tau, ou a cruz
crista . . . Uoindo um circulo & primeira, temos a Cruz Ansata . . . Os numeros 3 e 4
coat ados sobre a cruz mostram uma forma do candelabro | hebreu| de ouro | no Sanctum
Sanctorum f , e o s 3 + 4 = 7 e 6 + J - 7 dao os dias no ctrculo da semana> como as
sete luzes do sol , Da mesma forma que a semana de sete luzes deu origem ao mis e ao
ano assim t&mbdm indica o tempo do nascimento , . . A forma da cruz 6 , assim , deter-
minada pelo uso simultatieo da formula 113 : 355, e o slrobolo se completa pelo homem
pregado na cruz 15 . Esta esp6cie de medida estava associada k idia da origem da vida
humana, e dal a forma fdlica

As Estanrias mostram a cruz e aqueles numeros como representando


um papel muito important^ na Cosmogonh arcaica. Por outra parte, pode-
mos valer-nos dos testemunhos reunidos pelo mesmo autor , na se ao que
tern o titulo mui pertinente de Vestfgios Primordiais dos Sfmbolos^*, para
mostrar a identidade dos simbolos e de seu significado esotdrico em todo
o mundo.
'Depois de Ian ada uma vista geral sobre a natureza da forma dos numeros . , .
^
sobremodo interessante investigar onde e quando eles surgiram e foram usados pek
primeira vez. Teriam resuftado de alguma reveia o nos ebamados tempos histdricos,
^
tempos relativamervte modernos se considerarmos a idade da ra<;a humana ? Parece ,
efetivamente, que o etnprego dos ndmeros pelo homem remonta a uma poca muito mats
distant iada dos antigos egipcios do que estes o estao de n6s <
As iUbas da Pascoa , no 'meto do Poctfico*\ aparentam ser os plcos qtie restafn
das montanhas de um continents submerso por existirem ali inumeras estdtuas dcldpicas ,
1
vestfgios de um povo numeroso e inteligente, que devia , neeessariamente, ter ocupado
uma irea muito extensa . Sobre o ombro das imagetis , ve-se a " cruz <msatd\ e esta

( 16 ) Recorde-se tatnb m o Witboba indiano crucificado no espago; a signifi-


^
ca ao do sigr*Q sagrado , a Suastica ; o Homem de Platao, pos to em forma de cruz no
^^
espa o, etc.

27
Escola do Grande Oriente Mistico

mesma cruz roodificada segundo os contomos do corpo humano. No numero He Janeiro


de 1870 do London Builder hi uma descxi ao minuciosa , acotopanhada de gravuras ,
^
que mostram a regiao coberta por uma florasta dc estituas, e uma reprodufao das
imagens . ..
Num dos primeiros numeros ( o 36. ) , do Naturalist , que se publics em Salem,
'

Massachusetts , encontta-se a describe de algutnas figuras muito antigas e curios&s,


esculpidas sobre a rocha nas cristas das tnontanhas da America do Sul, e seguramente
muito anteriores as ra as hoje existentes O que ha de estranho nessas esculturas e
^ ,

que elas apresentam os con tor nos de um homem estendido sobre uma cruz 17, em uma
serie de desenhos nos quais a forma de um homem acaba por $e converter na de uma
cruz, mas feitos de tal modo que a cruz pode ser tomada pelo homem e o homem
pela cruz , ..
Sabe-se que entre os Aztecas foi conservada a tradi o de uma narrativa completa
^
do dtiuvio . . . O Barao de Humboldt diz que devemos procurar o pais de Aztalan,
que e o pais de origem dos Aztecas, na altura do paralelo 42 de latitude Norte, pelo
menos , de onde, viajando, chegaram por fim ao vale do Mexico. Neste vale, as peque-
nas elevates de terra do extremo Norte se conver tern em elegantes pimnides de paira
e em outras estrututas, cujos restos estao sendo agora descobettos. A relagao que existe
entre as reliquias astecas e as egipcias 6 bastante conhecida . . . Atwater, depois de ter
examinado centenas delas, esti convencido de que esses povos conhecjaro Astronomia.
Uma das mais perfeitas con $ ttuoes em forma de piramide, deixadas pelos Aztecas, e
assim descrita por Humboldt :
A forma desta piramide ( de Papantla ) , que tem sete andares, mais ina e
alongada que a de qualquer outro monumemo do mesmo gnero at hoje descoberto;
mas sua altura nada tem de extraordinaria , pois e de apenas 57 ps, e sua , base mede
25 ps de cada lado, Ha nela , pordm , uma particukridade digna de nota ; foi toda
const!uida com enormes pedras talhadas , e sua forma e muito pur a. Tres escadas ,
cujos degraus sao ornados com liieroglifos esculpidos e pequenos nichos dispostos com
bastante simetria, conduzem ao alto. Q numero dos nichos parece ter rekfao com os
318 stgnos simples e compostos dos dias do seu calenddrio civil *
318 o valor Gndstico de Cristo, assim como o numero famoso dos disciplinados
e circuociados servidores de Abraao. Se considerarmos que 318 um valor abstrato
e universal , que exprime o valor da circunferGncia cujo dumetro c a untdade, a razao
-
de seu uso na composigao de um calendaxio civil toma se evidente. **

Identicos sign os, numeros e simbolos esotericos sao encontrados no



Egito, Peru, Mexico, Ilha da Piseoa, India, Caldeia, Asia Central
^
homens
crucificados e simbolos da evolti ao de ragas descendentes dos Deuses ;
e, no entanto, vemos a Cincia repudiando a iddia de uma ra$a humana que
-
nao seja feita a nossa imagem, a Teologia aferrando se aos seus 6 000 anos

desde a Cria ao, a Antropologia ensinando que somos descendentes do
^
macaco, e o clero pretendendo que o somos de Adao, 4 004 anas antes
de Cristo!!
Devemos nos, pelo temor de incorrer na pecha de tolos e supersti
ciosos, e ate na de mentirosos , abster-nos de apresentar provas, tao boas
-
como outras quaisquer, s6 porque ainda nao despontou o dia em que se
darao todas as Sete Chaves a Ci&ncia, ou melhor , aos homens de saber que
invest!gam o ramo da simbologia ? Diante das esmagadoras descobertas da

( 17 ) Veja-se mais adiante a descri ao da primeira


^ Iniciacao ariana: Vishvakar
man crutificando o Sol, Vikarttana, privado de seus raios, sobre uma prancha em
- *

forma de cruz.

4
( 18) Skinner , The Source of Measures, ed, de 1875, SesSo II, $ 24, pp. 54 59 - -
28
Escola do Grande Orients Mistico

Geologia e da Antropologia , no que respeita h antiguidade do homem, deve


mos circunscrever-nos aos 6 000 anos e a criagao especial , ou aceitar com
-
submissa admiragao a genealogia que nos faz descender!tes do macaco, para
evitar o dissabor que sofre todo aquele que se afasta das trilhas batidas,
tan to da Teologia como do Materialismo ? Nao, pelo menos enquanto sou-
bermos que os anais secretes guardam as Sete Chaves do misterio da genese
do homem. Por deficientes , materialistas e eivadas de preconceitos que
sejam as teorias da Ciencia , estao elas muito mais per to da verdade que as
divagagoes da Teologia. Estas se acham hoje nos seus ultimos estertores,
exceto para os que sao beatos ou fanaticos. Custa a crer que alguns de
seus defensores nao hajarri perdido a tazao. Com efeito ; que se pode pen
sar quando vemos continuarem a ser publicamente defendidos, e com o
-
mesmo calor de sempre, os absurdos da letra mom da Bibliay e quando
deparamos com os teologos a sustentarem que, embora as escrituras se
abstenham cautelosamente ( ? ) de contribuir de modo direto para o conhe-
cimento cientffico, nunca emitiram eles qualquer opiniao que nao fosse
capaz de suportar a luz da Cinda e do seu progressed !!
S6 hi, portanto, esta alternativa : ou aceitamos cegamente as deduces
-
da Ciencia, ou com ela rompemos, enfrentando a resolutamente , procla
mando o que a Doutrina Secreta nos ensina e dispondo-nos inteiramente a
-
sofrer as consequ ncias.
^
Mas vejamos se a Ciencia , com as suas especulagoes materialistas, e
mesmo a Teologia, cm seus ultimos e supremos esforgos para conciliar os
6 000 anos a partir de Adao com as Geological Evidences of the Antiquity
of Man ( Provas Geol6gicas da Antiguidade do Homem ) , de Sir Charles
Lyell , nao vem inconscientemente ao nosiso encontro. A Etnologia , segundo
confissao de alguns de seus mais eruditos cultores, reconhece que 6
impossivel explicar as variedades da raga humana, se nao se admitir a
hipdtese da criaqdo de varios Addos. Fakm de um Adao branco e de
outro negro, de um Adao vermelho e de outro a m a r e l o' O s fundus,
$e enumerassem os renascimentos de Vam &deva , a que alude o Linga Purina,
nao poderiam dizer mais. Pois , ao rela tar os sucessivos nascimentos de
Shiva , diz aquela escritura que em um Kalpa era branco , em outro negro,
e no seguinte vermelho, transformando-se o Kumara , depois, em quatro
jovens de tez amarela* \ Essa estranha coincidencia, como diria Proctor,
depoe em favor da intuigao cientffica ; pois Shiva -Kumara nao e senao a
representagao aleg orica das tagas humanas durante a genese do homem . E
conduz tambem a outro fenomcno de intuigao nas fileims dos te6 ] ogos
desta vez. O autor inedgnito de Primeval Man> em um desesperado esforgo
}

para proteger a Revelagao Divina contra as inexoriveis e doqiientes desco-


bertas da Geologia e da Antropologia , observa que sen a uma desgraga que
os defensores da Biblia se vissem reduzidos h alternativa de abandonar a
inspiragao da Sagrada Escritura ou negar as conclusoes dos geologos , e

( 19 ) Primeval Man Unveiled , or the Anthropology of the Bible , pelo autor


( desconbecido ) de The Stan and the Angels , 1870, p. 14.
( 20 ) Op. cii.y p. 195 ,

29
Escola do Grande Oriente Mistico

busca cncontrar uma fdrrmila de meio ter mo. Chega ate a dedicar todo
urn volume a demonstrate* de que Adao nao foi o primeiro homem 21
criado sobre a terra 5. As rellquias do homem pr adamita , ja exumadas ,
^
em vez de quebrantar nossa fe na Sagrada Escritura , acrescentam mais
proves em favor de sua veracidade 22. Como ? Da maneira mats simples
do mundo; pois o autor declara que, de ora em diante, nos ( o clero }
podemos deixar os homens de cidncia prosseguir em seus estudos, sem
-
procurar dete los com o temor da heresia , Nao ha duvida que \i um
console para os senhores T. H. Huxley, Tyndall e Sit Charles Lyell!
A narra?ao da Biblia nao prittcipia pela criaqao, como geralmente se supoe, mas
pela formajao de Adao e Eva, mlhoes de anos depots de haver side criado o nosso
.
planets Sua hist6ria anterior, no que conceme Escritura, ainda nao foi escrita..
E possivel que tivesse havido, nao uma , mas vinte racas diferentes sobre a terra antes
.
da epoca de Adao, como talvez haja vbte ra as diferentes em outros mundos. 23
^
Que ou quais eram entao essas raas, )i que o autor insiste em sus-
tentar que Adao foi o primeiro homem de nossa raqa? Eram a ra a e as
ra$as Sat&nicas! Sata nunca ( esteve ) no cu , ( sendo ) os anjos e os ^
homens uma especie . A ra a pr&adamita de Anjos foi a que pecou .
^
Lemos que Sata foi o primeito Principe deste tnundo , Tendo side morto
em conseqiiencia de sua rebeliao, permaneceu na Terra como Espirito desen-
carnado , e tentou Adao e Eva.
As primeiras idades da rafa satsbica, e principalmeftte durante a vida do mesmo
Sata |!!!|, podetn ter sido um periodo de civilizagao patriarcal e de relativa tranqiiili-
dade ( epoca dos Tubal-Cains e dos Jubais, quando as riSntias e as artes tentaram
implant ax suas raizes naquele solo maldito )
- ..
Que assunto para um poema dpicoi
DeveJn ter ocorrido incidentes Inevit veis. Vemos diante de nds , , , o alegre amante
.-
^
primitivo fazendo a corte & sua enrubecida bem-amada, ao cair o rocio da noite, sob
.
a fronde dos carvalhos, que eQtao cresciam , 1i onde agora \& nao medra o carvalho. . ;
.
e o velho patriarca de amanho .. com a inocente prole primitiva saltitando alegremente
ao seu lado. .. Mil quadros semelhantes se desdobram aos nossos olhos! ' 1

A evocajao retrospectiva daquela satanica noiva ruborizada , nos dias


da inocencia de Sata, nao perde em poesia o que ganha em originalidade.
Bem pelo contrario. A noiva crista moderna
mente com a present de seu galante bem-amado
que ja nao enrubece facil-

poderia ate aptender
uma li ao de moral com aquela filha de Sata , criada pela exuberante fantasia
^
do seu primeiro bidgrafo humano.
Os aludidos quadros
que fossem examinados no proprio livro

para cuja exata aprecia ao seria necessario
^
foram todos imaginados com o
objetivo de conciliar a infalibilidade da Escritura revelada com a Antiquity
of Man de Sir Charles Lyell e com outras obras cientfficas perigosas. Mas
isso nao impede a conclusao de que tais divagates, que o autor preferiu

( 21 ) Sobretudo ante o testemunho da pr6pria Biblia , no capftulo IV do Genesis


( IV, 16 e 17 ), em que se fak da ids de Caim ao pals de Nod, onde tomou esposa ,
. .
( 22 ) Op city p 1194 .
( 23 ) Ibidemy p, 55 .
30
Escola do Grande Oriente Mistico

nao assinar, nem mesmo com um pseudonimo, tern um certo fundo de ver -
dade, Porque as rafas prf -adamitas ( nao sa tunicas, mas simplesmente at]an-
tes > bem como as hermafroditas que as precederam ) se acham mencionadas
na Btblia ( quando lida esotericameme ) , da mesma forma que o estlo na
Doutrina Secreta. As Sete Chaves descobrem os mistfrios, passados e futu
ros, das sete grandes Ra as-Rafzes e dos sete Kalpas. Certamente que
-
^
a gfinese do homem e a geologia segundo o esoterismo serao rejeitadas pela
Cidncia ( tanto quanto as ra$as satSnicas e pr6-adamitas ) ; nao obstante, se
os cientistas, por nao terem outro caminho para sair das dificuldades, se
virem na contingencia de escolher entre as duas versoes, estamos conven-

ddos de que
parte, a Linguagem do Misterio

apesar da Escritura, e uma vez entendida, ainda que cm
hi de prevalecer o ensinamento arcaico.

( 24 ) Ibid ., pp . 206-207*

n
Escola do Grande Oriente Mistico

SE
^AO III
A SUBSTANCIA PRIMORDIAL E O
PENSAMENTO DIVINO

'Como seria irrational afirmar que conhecemos ja todas as


causas existentes, deve-se admitir a posslbilidade de um agente
inieiramentt novo., se tal se fizer necessfcio.
Supondo que ft bipdtese omhilatdria explique todos os fatos, o
que nao e perftitameote certo, res tara decidir se a exist &ncia do
ter ondulatdrio fica assim provada. Nao podemos garantir de
modo positivo que haja outra hipdtese capaz de exphcar os fatos.
-
Admite se que a hip6tese corpuscular de Newton foi suplantada
pela teoria da ondulagao, que nao encontra rival atualmente. Con ^

tudo, seria de todo desejvel, em hipdtese semelhante, que se


descobrisse alguma confirmafao colateral, alguma evld&ida aliunde
.
do suposto ter Certas bipdteses consisted em suposi oes quanto
^
a estrutura diminuta dos corpos e suas operates. Dada a natureza
do caso, mis presundoes nunca podetc set provadas por meios
diretos. Seu dnico mmo est em sua adapta$do para explkar or
fenomenos, Sao f redoes r epresent ativasE
ALEXANDER BAIN LL.D., L6 gica> parte II, p. 133.

O TER
( esse Proteu hipotetico, uma das ficqoes representativas
da cinria moderns, e que, nao obstante, foi admitido desde hi muito tempo )
e um dos principles" inferiores do que chamamos Substancia Primor-
dial ( Akasha em sanscrito ) , um dos sonhos da antiguidade, que ora se
converteu no sonho da cienck de nossos dias . a maior e a mais ousada
das especulacoes que sobrevivem dos antigos filosofos. Para os ocultistas,
porem, o Eter e a Substantia Primordial sao ambos realidades , Mais data
mente, o Eter 6 a luz Astral, e a Substancia Primordial 6 o AkSsha, o
-
Upadhi do Pensamento Divino.
Em Unguagem modema, poderia este ultimo ser chamado Ideaqao
Cdsmica, Esplrito; e o primeiro, Substancia Cdsmica, Materia. Os dots
( o Alfa e o Omega do Ser ) sao as duas facetas da Existencia Absoluta.
Os antigos jamais se dirigiram a esta ultima, nem Ihe deram nome algum ,
exceto alegoricamente. Na mais ajitiga das rasas arianas, a ra$a bimdu,
o culto das classes intelectuais nao consistiu nunca , como entre os gregos,

32
Escola do Grande Orients Mistico

em uma fervorosa adora ao das maravilhas da forma e da arte, adora ao


^
que depois chegou ao antropomorfismo. Mas, enquanto o filosofo grego ^
adorava a forma , e s6 o sdbio hindu percebia a verdadeira relag ao entre
a beleza terrena e a verdade eterna , as pessoas incult as de todas as
na oes jamais compreenderam nem uma nem outra coisa .
^ Nao as compreendem mesmo em nossos dias , A evolu ao da id ia
^
de Deus segue a par e passo com a prdpria evolugao intelectual do homem . ^
Tan to is to verdade que o mais nobre dos ideais, que pode set alcangado
pelo espirito religioso de uma dpoca , ha de parecer sempre uma caricatura
.
grosseira a mente filosofica de uma epoca posterior Os proprios fildsofos
tinham que ser iniciados etn certos misfirios perceptivos, antes de que
pudessem apreender o verdadeiro pensamento dos antigos sobre este as sun-
-
gao

to, o mais metaffsico de todos , De outro modo is to sem essa inick
a capacidade intelectual de cada pensador clamara: at6 aqui che-
gartts, mas nao itis alem , tragado assim um limite claro e inelut vel,
como o que a Lei do Carma impoe ao progresso de cada raga ou nagao, ^
.
no seu respectivo ciclo Sem a iniciagao, os ideais do pensamento religioso
contemporaneo terao sempre as asas cortadas, incapazes de levantar voo ;
pois tanto os pensadores idealistas como os realistas, e atd os livres pensa -
dores, nao sao mais que a expresao e o produto natural de sua epoca e do
seu ambiente. O ideal de cada um deles nao c senao o resultado inevitivel
do seu temperamento e a raanifestagao daquela fase de progresso intelectual
.
que uma nagao alcangou, em sua coletividade E e por isso, conforme j4
houve oportunidade de observatmos, que os mais altos arroubos da meta -
fisica ocidental moderna tem permanecido muito longe da verdade. A maio -
ria das
nao passam de materialismo velado

especulagoes agndsticas correntes sobre a Causa Primeira quase
so a etiqueta e que varia. Ate um
pensador tao eminente como o Sr. Herbert Spencer fala por vezes do
Incognosclvel em termos que demonstram a influencia pemiciosa do
materialismo, que tem secado e esterilizado, qual o mortal siroco, todas as
fontes de especulagao ontologies ,
Por exemplo, quando ele diz que a Causa Primeira ( o Incognos
cfve1 } 6 uma forga que se manifest* por meio do fen &meno e uma
-
energia infinita e eterna , esta claro que nao aprendeu senao o aspecto
fisico do Mist&io do Ser, ou seja , tao somentc o das Energias da Substan-
.
cia Cosmica O aspecto coetemo da Realidade Una, a Ideagao Cdsmica ,
absolutamente nao 6 objeto de cogitagao ; e , quanto ao seu Numero, parece
nao existir na mente do grande pensador. Sem dtivida alguma , esse modo
unilateral de tratar o problema deve-se, em larga escala , ao babito deplo-
ravel seguido no Ocidente de subordinar a Conscincia k Matdria, ou de
considerar aquela como um subproduto do movimento molecular.
Desde os primeiros tempos da Quarta Rag a ( quando so ao Espirito
se rendia culto, e o Misterio se achava manifesto ), at os tiltimos dias de
esplendor da arte grega, na aurora do Cristianismo , so os Helenos se haviam
atrevido a etguer publicamente um altar ao Deus Desconhecido . Fosse
qual fosse o prof undo pensamento que inspirou Sao Paulo quando declarou
aos atenienses que esse Desconhecido , a quem assim adoravam , era o

33
Escola do Grande Oriente Mistico

verdadeiro Deus por ele anundado, urns coisa 6 cert a : tal Divindade nao
era Jeovd, nem tampouco o criador do mundo e de tudo o que nele
.
existe Porque nao se tratava do Deus de Israel, mas do Desconheddo
dos pantefstas, antigos e modernos, que nao mora em templos construidos
pala mao do homem" 1.
O Pensamento Divino nao pode ser definido, nem sua significafao
explicada, exceto pelas inumer veis manifestagdes da Substanda Cdsmica,
^
na qual aquele Pensamento 6 sentido espiritualmente pelos que tfem capa -
cidade para tanto. Dizer isto, depois de enunciado que a Divindade Desco-
nbedda 6 abstrata, impessoal e assexa , devendo estar na raiz de toda Cos
mogonia e de sua subseqiiente evolusao, equivale a nao dizer absolutamente
-
nada . como se tentassemos resolver uma equa ao transcendente sem
^
dispormos, para determinar o valor real de seus terruos, senao de certo
ndmero de quantidades desconhecidas,
Nas primitivas cartas simbdlicas da antiguidade, o Pensamento Divino
aparece representado por uma obscuridade sem limites, em cujo fundo,
conforme mostram os, surge o primeiro ponto central em branco
-
lizando deste modo o Espfrito Materk coevo e coeterno, que faz o seu
aparecimento no mundo fenomenal, antes de sua primeira diferencia ao.

simbo-

-
Quando o Uno se converte em Dois , pode-se entao nome4 lo como Espf ^ -
rito-Materia. Ao Espirito " podem ser atribuidas todas as manifesta oes
^
'

da consci&icia , direta on ref lexa , e da inten ao inconsciente ' ( adotando


5

^
uma express ao moderna , em uso na chamada filosofta ocidental ) , como se
evidenda no Princfpio Vital e na submissao da Natureza h ordem majes
tosa da Lei imutivel. A Materia deve ser considerada como o objetivo
-
em sua mais pura abstra ao, a base existente por si mesma, cujas manvan
^
taricas diferencia oes setenarias constituem a realidade objetiva , subjacente
-
^
aos fen6menos de cada fase da existencia consciente. Durante o perfodo
do Pralaya Universal , a Idea ao Cdsmica e inexistenle, e os diversos estados
^
diferenciados da Substanda Cdsmica se resolvem novamente no estado pri-
mitivo de obvidade abstrata potenciala.
O impulso manvantario principia com o redespertar da Idea ao Cds
^ --
gir da Substanda Cdsmica
primeira
mica , a Mente Universal, simultanea e paralelamente com o primeiro emer
sendo esta tiltima o velculo manvantarico da
de seu estado pralaico nao diferendado. A Sabedoria Absoluta
entao se reflete em sua Ideagao, a qual , por um processo transcendente,
superior e incompreensivel a consdenda Humana , se transforma em Ener-
gia Cdsmica : Fohat. Vibrando no seio da Subst&ncia inerte, Fohat a impul
sions A atividade e guia suas primeiras diferencia oes em todos os Sete
-
^
( 1) XVII, 23-24.
( 2 ) O tetmo Protilo deve-se ao eminente qufmico Professor Crookes, que deu
esse nome & prMatrk , se se pode assim chamar a substAucta primordial e absoluta-
mente homogen ea , suspeitada
se nao ainda efeUvamente descoberta pela ciencia
na composigao ultima do a tamo. Mas a segregate* indpiente da materia primordial em
Itomos vena a dar-se subsequentemente a evolucao de nossos Sete Prdtilos. o ultimo

destes que o Professor Crookes esta pesquisando, bavendo recentemente aeusado a
possibilidade de sua existfincia em ROSSO piano.

34
Escola do Grande Oriente Mistico

pianos da Conscincia Cdsmica . Deste modo, hi Sete Prdtilos ( como sao


chamados atualmente, ao passo que para a antiguidade dria eram os Sete
Prakritis ou Naturezas ) , servindo cada um de base relativamente homo-
genea, que se vai diferenciando, no curso da crescente heterogeneidade,
durante a evolufao do Universo, na maravilhosa coraplexidade dos feno
meaos que se apresentam nos pianos de percepcao. O termo relative-
-
mente 6 empregado de propbsito, porque, a prdpria existncia resultando
de semelhante processo de segrega oes prim arias da Substancia Cos mica
^
nao diferenciada , dentro de suas bases setenarias de evolugao, somos lcva-
dos a considerar o Prdtilo de cada piano como sendo so uraa fase inter
mediary por que passa a Substancia na $ua trajetdria desde o abstrato at6
-
a objetividade completa.
-
Diz se que a Ideagao Cdsmica 6 nao existente durante os periodos
pralaicos, peLa simples razao de que nao hi nada nem ninguem para lhe
perceber os efeitos. Nao pode haver manifestagao de conscincia, de semi-
conscincia ou mesmo de in tensao inconsciente , senao por meio do vei
culo da Materia; vale dizer que, no piano em que vivemos, onde a cons-
-
ciencia humana, em seu estado normal , nao pode elevar-se acima da chamada
metaffsica transcedente, so por meio de uma agregagao ou construgao mole-
cular que o Espirito surge como corrente de subjetividade individual ou
subconsciente. E como a Materia, separada da percepgao, mera abstragao,
os dois aspectos do Absolute, Substancia Cdsmica e Ideagao Cosmica, sao
interdependentes. Para dizer com toda a exatidao, evitando confusoes e
interpretagoes err&neas, a palavra Materia *' deveria ser aplicada ao agre-
gado de objetos cuja percepgao possivel, e a palavra Substancia * * aos
que percebe

Nuraeros. Porque, se os fendmenos do nosso piano sao criagoes do Ego
modificagoes de sua prdpria subjetividade , todos os
estados de materia que representam o agregado dos objetos percebidos *
nao podem ter, para os filhos do nosso piano, senao uma existencia relativa
'

e puramente fenomenal. Como diriam os idealistas modemos, a coope


ragao do Sujeito com o Objeto tem como resultado o objeto de sensagao
-
ou fenSmeno.
Mas dai nao se segue necessariamente que o mesmo se verifique em
todos os outros pianos ; que a cooperagao dos dois, nos estados de sua dife-
rendagao seteniria, tenha como resultado um agregado setenario de feno
menos, igualmente nao existentes per se > ainda que sejam realidades con-
-
cretas para as Entidades de cuja experi&icia patticipem ; do mesmo modo
que os rochedos e os rios que nos cercam sao reais aos olhos do fisico,
mas nao passam de Husoes dos sentidos para o metafisico. Seria um erro
dizer ou sequer imaginar semelhante coisa. Do ponto de vista da meta-
ffsica mais elevada, todo o Universo, inclusive os Deuses , 6 uma Ilusao
( MUya ) , Mas a ilusao daquele que em si mesmo e uma ilusao difere em
cada piano de con$cincia; e n<$s nao temos mais direito de dogmatizar
sobre a possivel natureza das faculdades perceptivas de um Ego do sexto
piano, por exemplo, que de identificar nossas percepgoes com as de uma
formiga , ou toma-las como paradigma do modo de conscicncia desta ultima .
A Ideagao GSsmica, concentrada em um prinefpio, ou UpSdhi ( base ), tem

35
como resultado a conscincia do Ego individual. Sua manifestafao varia
com o grau do Upadhi. Por exemplo; com o princfpio conhecido poi
Manas, surge como conseincia mental; e com a constru ao mais sutilmente
^
diferenciada de Budhi, sexto estado da materia, e tendo por Base a expe-
rience da Manas, como uma corrente de Intuigao Espiritual.
O Objeto puro, separado da cons tie ncia , nos e desconbecido enquanto
vivemos no piano do nosso Mundo de trs dimens5es; pois so conhecemos
os estados mentals que ele suscita no Ego que o percebe. E, enquanto
durar o contraste entre o Sujeito e o Objeto, isto 6 , enquanto apenas dispu
sermos dos nossos cinco sentidos, e nao soubermos como liber tar o nosso
-
Ego, que e todo percep ao, da escravidao dos mesmos sentidos , seri impos
^
slvel ao Eu pessoal romper a barreira que o separa do conhecimento das
-
coisas em si* ou da substantia.
Aquele Ego , progredindo em um atco de subfetivrdade ascendente,
deve esgotar as experineias de todos os pianos. Antes, porm , que a
Unidade seja absorvida no Todo, neste ou em outro piano, e antes que
Nirvanico

tanto o Sujeito como o Objeto desapare am na nega ao absoluta do Estado
^ ^
nega ao, repetimos, so em relagao ao nosso piano
^
pode escalar o pirkeulo da Onisciencia , o Conhecimento das Coisas em si
mesmas , e chegar proximo a solu ao do enigma ainda mais txanscendente,
nao se

^ - -
ciosos e ignorantes
de Parabrahman.
diante do qual ate os mais elevados Dby&n Chohans se prostemam silen
o Inefavel Misterio a que os vedantinos dao o nome

aspecto fertomenal

mente degrada-lo. E at mesmo falar da Idea ao Cosmica
^
Mas, assim sendo, dar um nome ao Princfpio Incognoscfvel e simples-
-
salvo em seu
equivale a querer armazenar o Caos primordial, ou
aplicar um rdtulo a Eternidade,
Que 6 , pois, a Substantia Primordial , essa coisa misteriosa a que
sempre se referiu a Alquimia , e que serviu de tema s especuk oes fUo-
^
soficas de todos os tempos ? Que pode ser, finalmente, inclusive em sua
-
pre diferencia ao fenomenal ? Ela mesma o Todo da Nature2a tnanifestada,
^
e ttada para os nossos sentidos. mencionada sob nomes diferentes em
todas as cosmogonias; todas as filosofias se referem a ela, e atd os nossos
dias continua sendo o Proteu sempre fugidio e sempre presente na Natu-
reza. Nos a tocamos , sem a sentir ; nos a olhamos, e nao a vemos ; nos a
respiramos, e nao a percebemos; nos a ouvimos e a inalamos, sem ter a
menor nofao de sua exisi ntia ; porque ela esta em cada mokcula daquilo
que em nossa ilusao e ignoranda chamamos de Materia , em qualquer de
seus estados, ou no que concebemos como uma sensa ao, um pensamento,
^
uma emo ao. Numa palavra , 6 o Updhi, ou o vefculo de todos os fen6
^ -
menos possiveis, sejam fisicos , psiquicos ou mentais . Nas primeiras frases
do GS nests , como na Cosmogonia caldtia; nos Pur Anas da India e no Livro
dos Mottos do Egito; por toda a parte, ela abre o ciclo da manifesta ao,
chamada o Caos e a Face das Aguas incubadas pelo Espfrito proce- ^
dente do Desconhecido, seja qual for o nome que se de a e$se Esplrito,
( Veja-se a Sejao IV ) .

36
Escola do Grande Orients Mistico

Os autores das Sagradas Escrituras da India penetram mais a fundo


a otigem e evolu ao das coisas do que Thales ou Job, quando dizem ;
^
Da intelig Dcia [chamada Mahat nos Pur anas ] em associate com a Ignorincia
^
( Ishvara como divindadc pessoal ) , acompanbada de seu poder projettvo, no qual prcdo-
mina a qualidade da torpeza [ tamos, inscnsibilidade], precede o Eter
do ter , o
ar ; do ar, o calor ; do calor , a agua; e da agua , a terra, com tudo o que nela esiste.w. s

Disto, deste mesmo Eu, foi produzido o Eter



diz o Veda 4.
E, pois, evidente que nao este Eter ( originado do quarto grau de
uma emana ao da Inteligencia assodada com a Ignotancia ) o prinetpio
^
elevado, a Entidade deijica a que rendiam culto os gregos e os latinos, sob
-
os nomes de Pater Omnipotens Ether e Magnus -/Ether , em seus agre
gados coletivos * A grada ao setenaria e as inumer veis subdivides e classes
-
^ ^
estabelecidas pelos antigos entre os podercs coletlvos do Eter desde o
limite exterior de seus efeitos, que 6 tao familiar & nossa Cincia , at6 a
Subst&ncia Imponderavel , que ja se admitiu como Eter do espa o e
que agora esta prestes a ser posta de lado

sempre constituiram um
inquietante enigma para todos os ramos do conhecimento.
^
Os mitdlogos e os simbologistas de nossa epoca, confundidos por essa
incompreensfvel glorifica ao, de um lado, e degrada ao, de outro, da mesma
^ ^
Entidade deificada, e nos mesmos sistemas religiosos, incorrem freqiiente -
mente em equlvocos os mais ridiculos, A Igreja, que se mantdm firme
como a rocha em cada um de seus primeiros erros de interpreta ao, fez
do Eter a morada de suas legioes satanicas . Toda hierarquia dos Anjos ^
Cafdos ali est : os Cosmocratas ou Portadores do Mundo , segundo
Bossuet ; Mundi Tenentes ou Sustentadores do Mundo , como os deno-
mina Tertuliano; Mundi Domini, Dominances do Mundo , ou melhor, os
.
Dominadores; os Curbati ou Encurvados , etc ; transformados desse modo
as estrelas e os orbes celestes em Dem&nios!
Foi assim que a Igreja interpretou este versiculo: Pois nao lutamos
contra a carne e o sangue, mas contra os principados, contra as potestades,
contra os principes das trevas deste mundo 5. Em seguida menciona Sao
Paulo as mallcias espirituais ( wickedness nos textos ingleses ) dissemi-
nadas pelo ar
spirttudis nequttae coele$tibu$\ dando os textos latinos
varios nomes a essas mallcias , que sao os inocentes Elementais Neste .
ponto a Igreja tem razao, equivocando-se, porm, no qualificar tais enti
dades como dem &nios. A Luz Astral ou Eter inferior esta apinhada de
-
emidades conscicntes , semiconscientes e inconscientes; $6 que a Igreja tem
menos poder sobre elas que sobre os microbios invisiveis ou os mosquitos .
A distineao entre os sete estados do Eter que 6 um dos sete Prindpios
Cdsmicos, ao passo que o Ether dos antigos e o Fogo Universal
ver-se nos mandamentos de Zoroastro e de Pselo, respectivamente. Diz o
pode
primeiro: Nao o consultes senao quando ele esteja sem forma ou figura

( 3 ) Compare-se com o Sankhya Karika , volume III, e coment rios


( 4 ) Taittiriyaka Upantsbad , Segundo Valli, Primeiro Acuv&ka, ^ *

( 5) Efisiot , VI, 12 .
}7
Escola do Grande Oriente Mistico

{ absque forma ei figura ) , o que signifies ; sem


Quando revestido de uma forma, ( he dis atencao
-
ensina Pselo
mas, quando nao tenha forma , obedece lhe, porque entao e o fogo sagrado,
e tudo o que te revele 6 verdade" 6. Isso mostta que o Eter, que 6 em

chamas ou brasas ardentes.

si um aspecto do Akasha, tem, por sua vez, diversos aspectos ou prin-


dpios .
Todos os povos antigos deificavam o Eter pelo seu aspecto e for$a
impoderdveis. A Jupiter Virgflio chama Pater Omnipotent /Ether e Gran
de Eter 7. Os hindus tambem induem o Akasha, a sintese do Eter, entre
-
as suas divindades. E o autor do sistema homeomeriano de filosofia, Ana
xdgoras de Clasomene, acreditava firmemente que os prototipos espirituais
-
de todas as coisas, assim como os seus elementos, se encontravam no
/Ether sem limites, onde eram gerados, de onde evolution avam e para
onde retomavam: um ensinamento oculto.
Claro 6 , portanto, que do iEther, em seu aspecto mais elevado, e uma
ve2 antropomorfizado, e que surgiu a ideia primeira de uma divindade
pessoal criadora. Entre os fildsofos hindus, os Elementos sao tctmasa, is to
e, nao iluminados pelo int decto , que eles obscurecem .
Cumpre agora solucionar a questao do significado mistico do Caos
Primordial e do Principio Raiz, e mostrar como estavam associados, nas
antigas filosofias, ao Akasha ( traduzido erroneamente por Eter ) e tambem
a Maya, a Ilusao, de que Ishvara 6 o aspecto masculino. Mais adiante
falaremos do Principio Inteligente, ou melhor, das propriedades imateriais
e invisiveis dos elementos materiais e visiveis, que brotaram do Caos
Primordial .
Pois, que e o Caos Primordial, senao o ^
ther ?
indagamos em
Isis sem V u, Nao o Eter modemo ; nao o que hoje se admire como tal,
mas como era conhecido dos fildsofos antigos, muito antes do tempo de
Moises; o Ether com todas as suas propriedades misteriosas e ocultas,
^
contendo em si os germes da cria$ao universal. O dEther Superior ou
Akasha e a Virgem Celestial, Mae de todas as formas e de todos os seres
existente, e de cujo seio, incubado pelo Espirito Divino, surgiram a
Materia e a Vida, a For?a e a A ao. ifcther 6 ao mesmo tempo o Additi
^
e o Akasha dos hindus. A eletricidade, o magnetismo, o calor, a luz e a
a?ao qulmica sao, ainda hoje, tao pouco compreendidos, que novos fatos
vem cada dia ampliar o horizonte de nossos conhecimentos. Quem sabe
onde termina o poder desse Proteu gigante, o ./Ether, ou qual a sua
misteriosa origem ? Quem, dizemos nds, pode negar o espirito que nele
atua e dele faz evolurionar todas as formas visiveis?
Seria &cil tareia demonstrat que as lendas cosmog&nicas de todos os
povos estao baseadas no conhecimenro, que os antigos possuiam, daquelas
ciencias que se aliaram em nossos dias para apoiar a doutrina da evolu ao.
E uma investiga ao mais profunda faria ver que os antigos conheciam muito^
^
( 6) Orfaulos de Zoroostro, Effatum , XVI ,

(7) Ge6 rgica , Livro II, 325.

38
f

Escola do Grande Oriente Mistico

melhot a evolugao do que n6s , tanto em seu aspecto fisico como no espi-
rituaL
Tata os fildsolos antigos, a evolugao era um tcorema -universal, uma douttina
que abiangia iudof e HID prinefpio estabelecido; ao passo que os nossos wodemos evolu -
cionistas nao nos podem oferecer seoao meras teorias especulativas, com teoremas
pardais> quando nao inteiramente negatives. instil que os representantes dc nossa
tinda moderna encerrem o debate e pretendem que a questao se acha resolvida, s6
.
porque a obscura fraseologia da narragao mosaica . . contradiz as explicagoes definidas
da 'd &ncia exata\ 9

Se atentarmos para o Livro das Leis de Manu , at encontraremos o


protdtipo de todas essas ideias Apesar de em grande parte se terem per-
,

dido na sua forma original , para o mundo do Ocidente, e de se acharem


desfiguradas por interpolagSes e acrcscimos, essas Leis conservam ainda o
bastante de seu antigo espfrito para dar-nos uma indicacao do seu carter.
Dissipando as trevas , o Senhor existente por Si Mesmo ( Vishnu ,
NarSyana , etc . ) se manifestou; e , querendo produzir seres de sua Essencia ,
criou, no prindpio, somente a gua . Na gua lancou a sememe. A semente
se converteu em um Ovo de Ouro. ^
De onde provem este Senhor existente por Si Mesmo? chamado
ISTO, e a ele se alude como sendo Trevas Imperceptfveis, sem qualidades
definidas; indiscernivel ; incognosdvel; e como imerso em profundo sono .
Havendo morado naquele Ovo durante todo um Ano Divino, esse a quem
o mundo chama Brahma ' quebra o mesmo Ovo em dois , e da parte superior
5

forma o c u, da inferior a terra , e do centro o firmamento e o lugar per-


^
p6 tuo das 6guas *
Mas, imediatamente depois destes versfculos, hi algo mais impor-
tante para n<5s, visto corroborar plenamente os nossos ensinainentos esot-
ricos. Os versfculos 14 a 36 apresentam a evolugao na mesma ordem
descrita pela Filosofia Esoterica. Isso nao pode ser facilmente contestado.
At6 Medhatihi, o filho de Virasvamin e autor do Comentario M.anu Bhdsya,
que data , segundo os orientalistas ocidentais, do ano 1000 de nossa era ,
nos ajuda com sims observagoes ao esclarecimento da verdade . Nao quis
ser mais expHcito, porque sabia que devia guardar reserva perante os pro-
fanos, ou entao estava realmente embaragado. Mas o que disse mostra
claratnente o prinefpio seten rio do homem e da Natureza .
^
Comecemos pelo capftulo I das Ordenan$as ou Leis , depois que o
Senhor existente por Si Mesmo, o Logos Nao-Manifestado das Trevas
Desconhecidas , se manifestam no Ovo de Ouro.
Desse Ovo,
.
"11 . DaqueJe que 6 a Causa Indistinta ( nao difenenciada ) etern, que e n3t> ,
saiu o prindpio masculino, que no mundo chamado Brahma .

(8) Isis sem VSu.


(9 ) .
Op, : it , I, 6, 9, trad de Burnell,
,

39
Escola do Grande Oriente Mistico

Aqui deparamos, como em todos os verdadeiros sistemas filosdficos,


o mesmo Ovo , o Ctrculo ou Zero, a Infinidade sem limites, que se design
nou com a pa lavra ELE 10, e Brahma , que nao 6 senao a primeira unidade,
mencionada como o Deus masculino, isto e , o Principle frutificador. 0
ou 10 ( dez ) , a Decada. Sememe no piano do Setenirio, ou seja, em
nosso mundo, chamado Brahma , No mundo da Decada Unificada, no
reino da Realidade, o Brahma masculine uma ilusao .
14. Do Eu Supremo ( Atmanah ) ele criou a Mente ( Manas ) que 6 e nao 6;
}

t da Mente, o Ego-ismo ( a Consciencia de si mesmo ) ( </ ) , o dono ( b ) , o Senhor /'

[ a ) A Mente 6 Manas. Medhatithi, o comentador, observa com


razao que e justamente o contrdrio do que se diz aqui, ficando assim pro-
vada a exist&nria de interpolagoes e alteragoes no texto; pois e Manas que
brota de Ahamkara ou Consciencia Propria ( Universal ) , da mesma forma
que Manas, no microcosmo, prov m de Mahat ou Maha -Buddhi ( Buddhi
^
no homem ) , Manas e dual. Conforme Colebrooke mostra em sua tradugao,
a Mente, servmdo tanto para o intelecto como para a a ao , 6 um drgao
de afinidade, que se acha em estreita uniao como o resto 11. Com o ^
resto : quer di2er que Manas, nosso Quinto Prindpio ( quinto, porque o
corpo era considerado o primeiro, con trari amente a verdadeira ordem filo-
-
s6fica ) , esti em afinidade tanto com Atml Buddhi como com os quatro
Princfpios inferiores. Dai o nosso ensinamento, a saber: que Manas segue
Atm& Buddhi ao Devachan ; e que a Manas inferior, isto , o reslduo ou
-
a escoria de Manas permanece com o Kama Rupa no Limbo ou Kama-Loka,
que a morada dos cascoes .
{ {? ) Eis a tradugao de MedhStithi ; a consciencia una do Eu ou
o Ego. E nao o dono , como traduzem os oriemalistas,
assim que estes ultimas tamb m traduzem a sloka seguinte:
^
* 16 . Havendo dado ainda Eks partes sutis daqueles seis |o grande Eu e os clnco
drgaos dos sentidos| um brilho desmesurado, para entrar nos clementos do Eu ( dtmd
,
maerAsu ) criou ele todos os seres / '
-

Entretanto, segundo Medh&tithi, devia Ier-se matrabih 12, em vez de


atmam&trastiy sendo a seguinte a tradugao ;
<
kDepois de ter feito impregnar as partes sutk daqueles sets com um brilho inco
mensuravel, pelos Elementos do Eu , criou ele todos os seres.

Esta ultima deve ser a interpretagao correta , pois que Ele, o Eu , e o


que chamamos Atma, e portanto o Setimo Prindpio, a sfntese dos seis.
Tal tambm a opiniao do editor do Manava Dharma Shdstra, que, com
sua intuigao, parece haver penetrado mais a fundo no espirito da filasofia

O v rtice ideal do Triangulo Pitagdrico.


( 10 )
( 11 ) ^
Veja-se a tradugao de A. Coke Burnell, editada por Ed. W. Hopkins, Ph. D.
( 12 ) Medir.

40
f

Escola do Grande Orients Mistico

que o tradutor Dr , Burnell, uma vez que nao hesita entre o texto de
Kulluka Bhatta e o comentArio de Medhatithi. Rejeitando os tanm&tras,
ou elementos sutis, e o dttnam&tra de Kulluka Bhatta, diz ele, aplicando os
principles do Eu Cosmico:
Os
agua e terra
3eis
.
parecem antes set o Manas7 mais os cinco prindpios
ter, ar, fogo,
Havendo unido cinco destas seis partes com o elemento espiritual |o
.-
ele criou ( assim ) todas as coisas que existem . Atmam&tra 6 , pois, o atomo
espiritual, por oposi ao aos seus proprios atomos elementais, nao reflexives .
^
Medh&tithi assim corrige a tradugao do versiculo imediato;
17. Como os elementos sutis das formas corporals do IJno dependem daqueles
eeis, os sabios chamatn & sua forma Sbarira.

E acrescenta que a palavra elementos aqui signifies porgoes ou par


tes ( ou principle* ) , interpretagao que e confirmada pelo versiculo 19 :
-
19. Este ( Universo ) nao eterno surge, pois, do Eterno, por meio dos elementos
sutis das formas daqueles sets gloriosissimos principle* ( Purusha ).

Comentando esta retificagao de Mehddtithl, o editor observa que se


ttata , provavelmente, dos cinco elementos mats a Mente ( Manas ) e a
Consdencia Prdpria ( Ahamkara ) 13; 'os elementos suds ( sfgnificando ) ,
como antes, delicadas porgoes de forma ( ou prindpios ) \ Assim o demons-
tra o versiculo 20, quando Sz que estes cinco elementos ou delicadas
porgoes de forma ( RUpa com a adigao de Manas e da Consdencia Propria )
sao os Sete Purusha ou Principles, que nos Pur&nas sao chamados os
Sete Prakritis ,
Alem disso, os cinco elementos ou as cinco partes estao mcncio-
nados no versiculo 27 como as chamadas porgoes atdmicas destrutlveis ,
sendo, portanto, distintos dos atomos do Nyaya .
O Brahma eriador, que surge do Ovo do Mundo, reune em si ambos
os prindpios ; masculine e feminine. , em suma , como todos os Protb-
logos criadores . De Brahma , tod a via , nao se poderia dizer , como de Dioniso,
TtpWTjyJvov 6upvi] Tpcyovov BaxxEt6v Avaxxa Aypiov apprjov xpu<pt>ov
SixspuvTa 5qiip<pov ( que 6 o primognito, e de dois sexos, o de trlplice
aspecto, o Senhor das Bacanais, o Sagrado, cujo nome nao deve ser pronun-
ciado abertamente, o de dois cornos, o de dupla figura )
lunar, Baco verdadeiramente, com David bailando desnudo ante o sen slm-
bolo na Area

um Jeova
por que nunca foram instituidas festas dionisfacas licencio-
sas em seu nome e em sua honra. Todos os cultos publicos desse getiero
eram exotdicos, e os grandes sfmbolos universais for am de$virtuados por
( 13 ) Ahamkara , como Conscincia Prdpria Universal, tern um aspecto trfplice,
da mesma forma que Manas. Porque este conceito do Eu ou do Ego ou 6 s&ttva ,
pura quietude, ou aparece como rajas , arividade, ou entao peimanece cotoo tamas ,
.
Inatividade, nas trevas Pertence ao Qu e & Terra, e assume as propriedades de ambos .
41
Escola do Grande Orients Mistico

toda a parte, como o sao hoje os de Krishna pelos VallabScharyas de Bom-


baim, sect rios do Deus menino
^ .
Mas sao esses deuses populares a verdadeira Divindade? Sao eles a
ultima palavra e a sintese da setupla criagao, inclusive o homem ? Impos-
sivel! Cada um e todos sejam pagaos ou cristaos, sao urn dos degraus dess a
escada seteniria da Consciencia Divina, De Ain-Soph se diz que tambem
se manifests por meio das Sete Letras do none de Jeov, a quem, tendo
usurpado o lugar do Desconhecido Sem Limit es, lhe deram seus adoradores
os Sete Anjos da Presen a
^ em yerdade, seus Sete Prindpios. Efetiva -
mente, em quase todas as escolas sao eles mencionados. Na fflosofia
Sankhaya genuina, Mabat, Ahamkara e os cinco Tanmatras sao chain a dos
os Sete Prakritis, ou Naturezas , sendo contados desde Maha Buddhi ou
Mahat a Terra 14.
-
Contudo, por mais desfigurada que tenha sido por Esdras a versao
original eloista ; por mais repugnante que talvez seja , as vezes, a propria
significagao esotSrica dos pergaminhos hebreus
ser o seu veu ou vestimenta exterior mais ainda do que possa
; uma vez eliminadas as partes
que versam sobre Jeov, observa -se que os Livros Mosaicos estao reple-
tos de conhecimentos ocultos de inestimivel valor, notadamente os seis
primeiros capftulos.
Lidos com a ajuda da Cabala, deparamo-nos com um templo sem par
de verdades ocult as, uma fonte de belezas profundamente encobertas sob
um edificio cuja estrutura visivel , apesar da aparente simetria , nao pode
resistir a crltica da razao fria , nem revelar sua idade, porque pertence a
todas as epocas. Ha mais sabedoria oculta sob as fdbulas ex ot ericas dos
Purdnas e da Btblta que em toda a ciencia e em todos os fat os exot ricos
da literatura universal ; e mais veidadeira CiSncia Oculta que no conheci- ^
mento exato de todas as academia s . Ou , para falar de um modo mais claro
e incisivo: hi tanta sabedoria esot rica em alguns trechos dos Purdttas e
^
do Pentateuco exotericos , como ha de contra-senso, fantasia e infanrilidade
intencional, quando se ve apenas o a spec to da letra morta e as interpre-
ta oes vazias das religioes dogma ticas, e principal men te as de suas seitas.
^ Que se leiam os primeiros capltulos do GSttese e se reflit a no que
eles dizem . Ali Deus ordena a outro Deus , que lhe ohedece a ordetn.
E o que se le atd mesmo na cut dadosa tradu ao dos protestantes ingleses,
autorizada pelo rei Jaime I. ^
No princfpio ( a lingua hebraica nao dispoe de palavra para exprimir
a id4ia de Eternidade ) 15 Deus fez o Cu e a Terra; e a Terra "estava

( 14 ) Veja se o Sdnkhya Kdrikd , III, e Coment&ios.


-
( 15 )
"por sempre e sempre', nao exists na lingua hebraica. Oulam
nao implies senao um tempo
^
diz Le Clerc
, em que nera< o come?o nem o firo sao conhecidos. Nao
signifies Jdra 2o infinita \ e o tertno para sempre , no Antigo Testamento , quer
4

dizer apenas um perfodo de longa dura ao. Nos Purdnas tambem nao 6 em pregada a

A palavra eternidfide , pela qual os te<51ogo$ cristaos interpretam o termo

palavra eternidade no sentido cristao^. Porque no Vishnu Purdna se diz daramente


1

42
Escola do Grande Oriente Mistico

vazia e sem forma, &o passo que o primeiro mo era propriamente o Cdu,
mas o Abismo , o Caos , com as trevas sobre a sua face 16 .
E o Espirito de Deus se movia sobre a face das Aguas 17, isto e,
sobre o Grande Abismo do Espafo Infinito. E este Espirito e Narayana
ou Vishnu .
E Deus disse: Faga-se o firmamento ..
18
e Deus , o segundo,
obedeceu, e fez o firmamento' * 16
.
E Deus disse: Fa$a-se a luz , houve
a luz 20. Mas esta ultima nao significa absolutameme a luz fisica , mas,
cotno na Cabala, o Adao Kadmon andr6gino, ou Sephira ( a Luz Espiritual )
os dois sendo urn s6 ; ou , segundo o Livro dos Numeros caldeu, os Anjos
secunddrios sendo os primeiros os Elohim, que sao o agregado daquele
Dtus que faz . Pois a quem sao dirigidas aquelas palavras de comando?
E quem e o que ordena ? O que ordena e a Lei Eterna, e quem obedece
sao os Elohim , a quantidade conhecida operando em x e com x , ou o coefi
ciente da quantidade desconhecida , as Formas da For a Una. Tudo isso 6
-
^
Ocultismo, se encontra nas Estlncias arcaicas. Nao tem nenhuma impor -
tance dar a essas Forjas o nome de Dhyan-Chohans ou o de Auphanim,
como o faz Ezequiel .

existente

A Luz Una Universal, que sao Trevas para o homem, 6 sempre
estd escrito no Livro dos Numeros caldeu. Dela procede
periodicamente a Energia, a qual se reflete no Abismo ou Caos, este dep6
sito dos mundos futures; e que, uma vez desperta, agita e fecunda as
-


Entao, acordam novamente os Brahmas e os Buddhas
nas e um novo Universo vem a existenda.
No Sepher Yetzlreb, o Livro Cabalistico da Criao, 6 evidente que

Formas latentes, que constituem suas potencialidades eternamente presentes.
as Forgas coeter-

o autor repetiu as palavras de Manu. Ali se representa a Substancia Divina


como sendo a unica existente desde a etemidade absoluta e ilimitada, e que
de si mesma fez emanar o EspiritoS1. Uno 6 o Espirito do Deus vivo;
que por etemidade e imortalidade se entende s<5 "a exist &ncia &t6 o fim do Kalpa
( Livro II, cap. VIII ).
( 16 ) A Teogonia de Orfeu c purainente oriental e indiana em seu espirito. As
transformafoes sucessivas por que passou distanciam-na minto, hoje, do espirito da
-
antiga Cosmogonia, como se pode ver comparando a com a propria Tcogonia de Hesiodo.
0 verdadeiro espirito indo ariauo traosparece, no entaoto, por toda a parte, assim nc
*

.
sistema dc Hesiodo como no de Orfeu ( Veja-se o notdvel trabalho de James Danner
leter, Cosmogonies Aiyennes , em seus Essais Orientaux. ) Assim , o concrito original
grego do Caos 6 o da Religiao-Sabedoria Seereta . Em Hesiodo , pois, o Caos 6 infinito.
sem limites, sem comedo e sem fim no tempo; uma abstra ao e uma present visivel a
^
um td tempo ; o Espa o cheio de trevas, que 6 a materia primordial em seu estado pr -
^
<6smica . Porque , no seu sentido etimoldgico, Caos 6 Espa o , segundo Aristoteles, e o
^
Espafo d a Divindade sempre Invislvel e Incognoscivel de nossa Filosofia ,
( 17 ) G$nese> I, 2.
.
( 18 ) Ibid , I, 6.
.
( 19 ) Ibid. I, 7.
( 2 0 ) Ibid, I, X
( 21 ) O Espirito manif estado: o Espirito Divino, Absolute, i uno com a Subst & n
cia Divina absoluta ; Parabrahman e Mdlaprakrki sao unos em e$$6ntia. Portacto, a
Idea ao Cdsmica e a Substancia Cdsmica, em seu car ter primordial, sao tamb m unas
^ ^ ^
43
Escola do Grande Oriente Mistico

bendito seja o Seu nome, que vive por todo o sempre! Voz, Espirito e
Verbo, eis o que e o Espirito Santo5 22. E esta 6 a Trindade abstrata
cabalista, antropomorfoada com tanta sem-cerimdnia pelos Padres cristaos.
Dessa triplice unidade surgiu todo o Cosmos. Primeiro, do Uno emanqu
o mimero Dois ou o Ar ( o Pai ) , o Elemento criador ; depots, o mimero
Tres, a Agua ( a Mae ) , procedeu do Ar ; o liter ou o Fogo completa o
Quatro mistico, o Arbo- al 23. Quando o Culto dos Ocultos quis teve-
-
lar se, comegoti por fazer um ponto ( o Ponto Primordial ou o Primeiro
Sephira , o Ar ou o Espirito Santo ) , figurado em uma Forma sagrada ( os
Dez Sephiroth ou o Homem Celeste ) , e o cobriii com uma Vestimenta rica
e esplendida: que e o Mundo 2*.
Ele fez do Verno o seu Mensageiro, do Fogo flamifero o seu Ser-
vidor 1
diz o Yetztrehy mostrandb o cardter cosmico destes uldmos Ele-
mentos evemerizados ( bumanizados ) 25 e que o Espirito repassa cada itomo
do Universo.
Paulo cbama Elementos aos Seres Cdstnicos invisiveis. Mas hoje
3

os Elementos foram degradados e reduzidos a categoria de atotnos, sobre


os quais ainda nada se sabe, e que nao sao mats que os filbos da necessi-
dade , como tambem o e o proprio liter . Conforme dissemos em Isis
sent Veu :

Os pobres Elementos primordiais ior m de ba ftiuito desterrados, e os nossos


ambiciosos ffsicos rivalizam entre si quern ^sera o primeiro a acrescentar tnais uma
substancia simples as sessenta e tantas que \i possuknos .

Enquanto isso, ocorrem os mais acesos debate? na quimica moderns


sobre a questao dos termos . Negam-nos o direito de chamar elementos
quimicos dquelas subs t and as, por nao setem os princfpios primordiais
das essencias por si mesmas existentes , de que foi formado o Universo ,
segundo Platao. Tais idiias assodadas a palavra elemento eram boas
para a antiga filosofia grega , mas a ci&ncia moderna nao as aceita ; por que ,
como disse o Professor Crookes, sao termos infelizes , e a ciencia experi-
mental nada quer com ess&nda de espdcie alguma , a nao ser aquelas que
se podem ver , respirar ou provar . Quanto a outras, deixa-as aos metaff -
sicos . . . Devemos ainda mostrar- nos agradecidos por esta pequena con
cessao !
-
A Substancia Primordial 6 designada por alguns como o Cans .
Plat a o e os Pitagdricos chamam- na a Alma do Mundo, impregnada pelo
nela
dizem os cabalistas

Espirito daquele que fecunda as Aguas Primitivas ou Caos, Refletindo-se

.
o Principio incubador criou a fantasma-

( 22 ) Sepber Yetzireh , cap i , Mishna IX .


.
( 23 ) Ibid Abraham deriva de Axbo
( 24 ) Sepber Yetzireh, Mishna IX, 10.
( 25 ) Evemerismo ( e seus derivados )
sistema geral de interpreta ao defen-
^
dido por Evfcmero, que nega a exist &nda de sere? dlvinos e considers os deuses da
antigmdade comos eres bumanos divinizados pelo bomem. Max Muller, em Science of
Language .
44
f

Escola do Grande Oriente Mistico

goria de um Universo visfvel manifestado. O Caos antes, e o liter depois


desse reflcxo , 6 sempre a Divindade que penetra o Espa o e rodas as
^
coisas. o Espfrito invislvel e impondcrave! das coisas, e o fluido invi -
sfvel, ainda que bem tangivel , que brota dos dcdos vigorosos do magne-
rizador; porquc 6 a Eletricidade Vital, a propria Vida. DavaJhe o Mar -
ques de Mirville, com certa ironia, o nome de Todo-Poderoso nebuloso ,
teurgistas c ocultistas o chamam ainda hoje o Fogo Vivo ; e nao ha
*umos hindu , que pratique certa classe de meditagao ao amanhecer, que Ihe
n2o conhe$a os efeitos. o Espirito de Luz e Magnes. Como bem
o disse um adversirio nosso, Magus e Magnes sao dois ramos que saem do
mesmo tronco e que produzem os mesmos frutos. E naquela denomina ao
de Fogo Vivo podemos descobrir tamb m o significado da enigmitica ^
^
sentenfa do Zend Avesta: de que ha um Fogo que d o conhedmento do
future, a ciencia e a fadlidade da clocugao , isto e, que desenvolve uma
extraordinark eloqiiencia na sibila, no sensitivo e at mesmo em alguns
oradores. Sobre este assunto escrevemos em Isis sem Via:
"O Caos dos antigos, o Fogo Sagrado de Zoroastro, ou o Atash-Behram dos par-
ses: o Fogo de Hermes; o Fogo de Elmes dos antigos germanos; o Raio de Cibele;
o Archote Flamejante de Apolo; a Chama do altar de Pan; o Fogo perene dos templos
de Acrdpole e de Vesta; a Chama de Fogo do capacete de Plutao; as Centelhas bri-
Ihantes das toucas das Didscuras , da cabega da Gdrgoca , do elmo de Palas e do
caduceu de Merciirio; O Ptah-Ra dos egfpcios; o Zeus Cataibates grego ( o que
desce ) de Pauslnias; as Llngoas de Fogo do Pentecostes; a Saiga ardente de Moists;
a Cohina de Fogo do Exodo e a Laimpada incandescente de Abraao; o Fogo Etemo
do abisrno setn fundo ; os vapores do oraculo de Delfos; a Luz Sideral dos Rosacmzes;
5

o Akasha dos Adeptos hindus ; a Luz Astral de Ltiri ; a Aura nervosa e o Fluido dos
Magnetizadores; o Od de Reichenbach; o Psychod e a Forga Ectenica de Thury; a
Forga Psiquica* de Sergeant Cox e o magnetismo atmosf &ico de alguns fisicos ; o galva -
m'smo; e, finalmente, a eletricidade; todos estes nao passam. de nomes diferentes para
as multiplas manifestagoes ou efeitos da mesma Causa misteriosa que anima e penetra
todas as coisas, o Arqueu dos gregos.

Podemos agora acrescentar : 6 tudo isso e muito mais ainda.


Esse Fogo 6 mencionado em todos os livros sagrados hindus, assim
como nas obras caballsticas . O Zohar o descreve como o Fogo Branco
Oculto no Risha Havurah , a Cabe a Branca, cuja Vontade faz circular o
Fluido Igneo por 370 correntes em ^todas as diregoes do Universo. Identi-
-
fica se com a Serpente que corre dando 370 saltos , do Siphra Dzeniou-
tha**> Serpente que, ao ser criado o Homem Perfeito , ou seja , quando
o Homem Divino habita no homem animal, se converte em tris Espfritos;
AtmS-Buddhi-Manas, segundo a nomenclatuta teosofica 27.
Assim, o Esplrito, ou Idea ao Cbsnxica, e a Substantia C<$smica
um de cujos prinefpios 6 o ter ^
nao fazem mais que um , e compreen-
dem os Elementos no sentido que Ihes da Sao Paulo. Estes Elementos

sao a Sfntese velada que represents os Dhyin Chohans, os Devas, os Sephi -
( 26 ) Ver Notas Adidonais no tomo IV desta obra.
( 27 ) Veja*se o Vol . IV, Parte II , Segao IVt As Muitas Significa oes da Guerra
no Cu \ ^
4?
Escola do Grande Oriente Mistico

roth, os AmshaspencU , os Arcanjos, etc. O liter da cincia$


de Berose ou o Protilo da qufmica
o Hus
constitui, por assim dizer, o material
relativamente tosco de que se utilizam os Construtores \i mencionados para
format os Sistemas do Cosmos, segundo 0 piano que Ihes foi etemamente
tra?ado no Pensamento Divino. Dizem que se trata de mites'*. Nao sao
mitos mais do que o liter e os Atomos, respondents nos* Correspondem
estes ultimos a necessidades absolutas da Cienria FIsica ; os Construtores
sao tambm uma necessidade absoluta da Metafisica. Nunca os vistes
e a obje ao que nos lan am em rosto. Perguntamos aos materialistas :
Acaso vistes^ alguma vez o ^liter ou os vossos Atomos, ou ainda a vossa
For a ? Demais a mais, um dos maiores evolucionistas ocidentais dos
^ dias cujas descobertas foram feitas ao mesmo tempo que as

nossos

de Darwin , o Sr. A. R. Wallace , ao mostrar a insuficincia da Sele$ao
Natural para explicar, por si so, a forma fisica do Homem , admite a a?ao
diretiva de "inteligencias superiores como parte ttecessdria das grandes
leis regem o Universe material 29.
Essas inteligencias superiores sao os DhySn-Chobans dos ocultistas.
A verdade 6 que ha poucos mitos, em qualquer dos sistemas teligiosos


dignos deste nome, que nao tenha um fundament o histdrico, e tambdm
cientifico. Os mitos *' diz com muita razao Pococke

esta provado
que nao sao fibulas senao na justa medida em que os deixamos de entender;
e eram verdades na medida em que eram antes entendidos
A iddia dominante mais precisa que se encontra em todos os ensina -
mentos antigos, a respeito da Evolu ao Cosmica e da primeira criavao
^

do nosso Globo com todos os seus produtos organicos e inorgdnicos
palavra estranha na pena de um ocultista! e que todo o Cosmos surgiu
do Pensamento Divino . Este Pensamento impregna a Matdria , que coe-
-
terna com a Realidade Unica ; e tudo o que vive e respira e produto das
emana oes do Uno Imutavel , Parabrahman
^
Mulaprakriti, a Raiz Una
Etema. O primeiro destes dois aspect os o do Ponto Central dentro, por
3

assim dizer, de regioes completamente inacessiveis i. inteligncia humana,


a Abstra ao Absoluta; ao passo que, em seu aspecto de Mulaprakriti, a
^
Eterna Raiz de Tudo nos da , pelo menos uma vaga iddia do Mistdrio do Ser.
?

-
Ensinava -se, portanto, nos tempios inter nos, que este Universo vislvel de Espl
rito e Matdria nlo 6 senao a Imagem conereta da Abstra ao Ideal; que foi plasmado
^
segundo o modelo da primeira Id ia Divina. Assim , o nosso Universo existia em
estado latente desde toda a Etetnidade . A Alma que anima este Universo 6 o Sol
Central puramente espifitual ou a Divindade suprema. N3o foi o Uno quetn plasmou
a sua id&a, dando-lbe a forma conereta , mas o seu Primogenito; e como ela foi cons
trulda sobre a figura geomdtrica do d o d e c a e d r o o Primog&iito bouve por bem
-
empregar 12 000 anos em sua cria <7ao \ Esse numero esti indicado na cronologia tir-
rena 3, segundo a qual o homem foi criado no sexto milenio. Concord* isso com a

( 28 ) Contributions to the Theory of Natural Selection,


( 29 ) Platao, Tmen
( 30 ) Suidas , sub voc. Tyrrhenian Veja-se Ancient Fragments, de Cory,
p , 309, 2. edi ao.
^
46
Escola do Grande Oriente Mistico

teoria eglpcia dos 6 000 ADOS 31 c com o compute hebreu . Mas 6 isso a forma
1

exot6rica. O c&mputo sccrero explica que os 12 000 e os 6 000 anos sao Anos de
Brahma, equivalendo um Dia de Brahma a 4 320 000 000 de anos. Sanchuniaton 32
declara em sua Comogania que, quando o Vento ( Espirito ) se enamorou de seas
prdprios principles ( o Caos ) , uma uniSo Intima se estabeleeeu entire eles , uniao que
foi chamada Pothos ( TtiOoj l e da qua] a semente de tudo proveio. O Caos nao tinha
conseiencia de sua propria produgao, pois era insensivel; mas de seu enlace com o
Vento nasceu M6t , ou o Ilus ( limo ) w. E deste procederam os Esporos da criagao
e a existencia objetiva do Universo 34.
, ..Zeus-Zen ( /Ether ), com suas esposas ChthonLa ( a Terra Cadtica ) e Metis
( a Agua ); Osiris
^
que tamb m representa o /Ether , a primeira emansgao da
Divindade Suprema, Amun, origem primitiva da Luz, com Isis-Latona, a Deusa Terra
e tamb m a Agua; Mithras 55, o Deus nascido da rocha, slmbolo do Fogo do Mundo
^
masculino, ou a Luz Primordial personificada; e Mithra, sua mae e esposa ao mesmo
tempo o elemento puro do Fogo, o principio ativo ou masculine, considerado como

passive da geragao Cdsmica


dos persas
luz e calor, conjungao com a Terra e a Agua, ou a materia , o elemento feminino ou
; Mithras, que 6 filho de Bordj, a Montanha do Mundo
da qual ele brotou como um raio de luz brilliance; Brahma, o Deus do
Fogo, e sua prollfica esposa, e o Agni hindu , a divindade refulgence, de cujo corpo
efluem mil correntes de gldria e re/e llnguas de fogo, e cm cuja honra os br &manes
ainda hoje mantfim um fogo perp6tuo; Shiva , personificado por Meru, a Montanha do
Mundo dos hindus, o terrlvel Deus do Fogo, que, segundo a lenda, desceu do c6u , tal
como o JeovA judeu, em uma coluna de fogo ; e uma dteia de outras divindades
arcaicas, de ambos os sexos: todos proclamam claramente seu significado oculto . E
que outra corsa poderiam significar esses mitos duals, senao o principle pskoqultnica
da criagao primordial; a Primeira Evolugao cm sua tripike manifestagao de Espirito,
Forga e Materia ; a correla ao divina cm seu ponto dc partida , simbolizada pda alegoria
^
do casamento do Fogo com a Agua , produtos do Espirito eletrizador ( a uniao do
prtarfpio ativo masculino com o elemento passivo feminino ) , que se tornam os pais
sombra i. a Luz Astral ? 37 . -
do filho telurico, a Materia Cosmica, a Matdria Prima, cuja Alma 6 o /Ether e cuja

Mas os fragmentos dos sistemas cosmogonicos, que chegaram at n6s,


sao agora desprezados como fibulas absurdas . Nao obstante, a Ciencia
Oculta , que sobreviveu ate mesmo a Grande Inundagao que submergiu
os gigantes antediluvianos, e com eles suas propria lembranga ( salvo os
registros conservados na Doutrina Secret a , na Btblia e em outras Escn-
turas ) , detem ainda a Chave de todos os problemas do mundo,
Apliquemos , pois, essa Chave a os raros fragmentos de Cosmogonias
ha tanto tempo esquecidas, e , por maio de suas parcelas esparsas, procure-
mos restaurar o que em tempos foi a Cosmogonia Universal da Doutrina
Secret**.

( 31 ) O leitor comprecndersi que por anos sc quer signifies idades , e uao


simples periodos de treze meses lunares.
( 32 ) Veja-se a tradugao grega de Filon de Biblos ,
( 33 ) Cory; op. citp. 3.
( 34 ) tsis sem Viu, I, 342.
( 35 ) Mithras era considerado ettre os Persas como o Theos eh Petras: o Deus
da rocha.
( 36 ) Chama-se Bordj a uma montanha de fogo; cont m, portanto, fogo, rocha ,
terra e 4gua ( um vulcao ); isto 6, elementos masculinos ou ativos, e elementos femininos
ou passivos , O mito 6 sugestivo.
( 37 ) Op . cjf ,t I, 156 .

Hi
Escola do Grande Orients Mistico

A Chave serve para todas. Ningum pode estudar seriamente as


filosofias antigas sem perceber a surpreendente semelhan a de conceitos
^
que hi em todas elas; e que tal semeUian a , muito frequente em sua forma
^
exot&ica, e invariivel em seu sentido oculto, o resultado, nao de mera
coincidencia, mas de uma inten ao predetcrminadaf Nao deixarA tambem
^
de perceber que , durante a juventude da humanidade, houve uma sA lin-
guagem, uxn conhedmento e uma religiao universal , quando nao havia
igrejas, nem credos, nem seitas, mas quando cada homem era seu prdprio
sacerdote.
E, se ficar demonstrado que \& naqueles tempos, ocultos A nossa vista
pelo exuberante crescimento da tradi ao, o pensamento religioso do homem
se desenvolvia em simpatia tmiforme^ pot toda a parte do Globo, entao se
tomarA evidente que

no frigido Norte ou no ardente MtioDia

nao imports. em que latitude tenha nasddo, fosse
no Oriente ou no Ocidente
esse pensamento foi inspirado pel as mesmas revelagoes, e o homem for
criado A sombra protetora da mesma Arvore do Conhedmento,

48
Escola do Grande Oriente Mistico

SECXO IV
CHAOS, THEOS , KOSMOS

CHAOS, THEOS, KOSMOS, eis que contem o Espa o ou , como definiu


^
um s4bio caballs ta : O Espa o, que a tudo contain , sem ser contido, e a
^ ..
corporificagao pritnaria da Unidade simples . a extensao sem limites b
Mas, pergunta em seguida, extensao sem limites, de qu&? E da ele
mesmo a resposta correta: O Continente Desconhecido de Tudo, a Causa
Prmeira Desconhecida'\ A defini ao e a resposta nao podiam ser mais
^
exatas, mais esotericas e mais verdadeiras , sob todos os aspectos do Ensi -
namento Oculto.
O Espa Oj que os sibios modernos, em sua ignor ncla e em sua ten-
dSncia para ^destruir todas as concepfdes filosoficas da ^antiguidade, preten-
dem ser uma idia abstrata e um vazio , 6 , na realidade, o Continente
e o Corpo do Universo com seus Sete Principios. um Corpo de extensao


ilimitada, cujos Prinrfpios, segundo a fraseologia ocultista

cada um
deles constituindo, por sua vez, um setenario , s6 matiifestam em nosso
mundo fenomenal a estrutura mais densa de suas subdivi$6es, Ningudm
jamais viu os Elementos em sua plenitude , reza a Doutrina. Devemos
buscar a nossa Sabedoria nas express5es originais e sin6nimos dos povos
primitives . At o ultimo deles, o povo judaico, apresenta a mesma idda
em seus ensinamentos cabalistas , quando fala da Serpente de sete cabe as
do Espa o, chamado o Grande Mar . ^
^
No prindpio os Alhim criaram os C6us e a Terra ; os aeis jSephiroth| . .
- Eles
criarara Sris, e nestes estao baseadas todas as coisas. E estes [Sets! dependem das
sete formas do cr&nio, inclusive a Dignidade de todas as Dignidades / *

Vento, Ar e Espfrito sempre foram sinbnimos em todos os povos.


Pneuma ( Espirito ) e Anemos ( Vento ) entre os gregos, Spiritus e Ventus
entre os latinos, eram terroos intermutiveis, at mesmo quando nao esta
vam associados com a ideia original do Sopro de Vida. Nas Formas da
-
cieneia nao vein os senao o efeito material do efeito e spiritual de um ou
outro dos quatro Elementos Primordiais, que a Quarts Ra a nos transmi-
^
( 1 ) Henry Pratt M. D., New Aspects of Life .
( 2 ) Siphra Dzenioutha, I, 16,

49
Escola do Grande Oriente Mistico

tiu, assim como n<5s transmitiremos o JEihet , ou melhor, a subdivisao


dens a do itEther, em sua plenitude, a Sexta Ra a Raiz.
^-
Os antigas diziam que o Caos era inconsciente porque representava
e conttnha em si Caos e Espa o sendo sinonimos
^
todos os Elementos
em seu estado rudimentar, nao diferenciado. Faziam da JEther o quinto
-
Elemento, a sintese dos outros quatro, pois o ther dos filosofos gregos
nao era o fiter , seu residuo, que certamente conheciam melhor que a Ci ncia
de boje, reslduo ou fiter que se consider*, a justo tftulo, como o agente
operador de muitas Formas que se manifestam na Terra . O Aether daqueles
era o Akasha dos hindus; o liter dos fisicos nao e mais que uma de suas
subdivisdes, em nosso piano: a Luz Astral dos cabaJistas, com todos os
seus efeitos, bons e tnaus.
A E$ s ncia do .ffither , ou o Espa o Invisivel , era tida como divina ,
^
porque se supunha ser o veu da Divindade, e imaginava se que fosse o -
as Intelig ncias ativas dirigentes
os Deuses
^
Interm dio entre esta vida e a outra. Acreditavam os antigos que, quando
^ se retiravam de alguma
parte do JEthet , fosse qual fosse, cm nosso Espa o, ou dos quatro rexnos
que elas govemam , entao aquela regiao especial fieava submetida ao tntd,
assim chamado cm razao da auscncia do bem .
A existencia do Espirito no Mediador comum, o liter, e negada pelo materia
listuo, ao passo que a Teologia dde faz um Dens pessoal , Mas os cabalistas sustentam
-
que ambos se equivocam, e dizem que, no ter, os elementos representam somente a

---
materia, as formas cdsmicas cegas da Natureza; e que o Espirito represent* a inteli
gSncia que as dirige. As doutrbas cosmogdnicas Arias, hermgticas, drficas e pita
gdricas, assim como as de Sanchuniaton e de Berose, se baseiam no postulado irrefn
tAvel de que o JEthcs e o Caos, ou, em linguagem platdnica, a Mente e a Matdria,
eram os dois principios primordial e coeternos do Universe, indfependcctes por com
pleto de tudo o mais. O primeiro era o prindpio intelcctual que a tudo vivifica; e o
-
Caos, um prindpio fluidico, "sem forma e inconsciente Da uniao dos dois nasceu
o Uaiverso, ou melhor, o Mundo Universal, a pnmeira Divindade andrdgina sendo
a Materia Cadtica o seu Corpo, e o Eter a sua Alma . No expressar de um Eragmento
de Hermias , o Caos, adquirindo a eonsetfnek cm virtude desta uniiio com o Espirito,
ficou radiante de alegria; e assim nasceu o Prot6gonos, a Luz ( o PrimogSnito 3 Tal
6 a Trindade Universal, segundo o conceito metaflsico dos antigos, que, radodnando
por analogia, fizeram do homem, composto de Inteligdncia e Materia, o Microcosmo
do Macrocosmo , ou do Grande Universo. 4

A Natureza tem horror ao Vacuo , diziam os peripat ricos, os quais


conquanto materialistas a seu modo, corapreendiam talvez por que Dem6^ -
crito e seu xoestre Leucipo ensinavam que os primeiros principios de todas
as coisas contidas no Universe eram dtomos e um Vazio. O ultimo signifies
simpiesmelite a For$a latente ou Divindade, que, antes da primeira mani-
festa ao
^
impulso aos tomos
^
quando se converteu em Von tad e, comuni cando seu primeiro
, era o grande Nada , o Ain-Soph ou Nao^Coisa, e
portanto, em tcxlos os sentidos, um Vazio ou o Caos .
( 3 ) DamAsdo, em sua Teogonia , o chama Dis , 'aquele que dispoe de todas as
coisas , Cory, Ancient Fragments3 p. 314.
( 4 ) his sent Vht , I, 341,

J50
Escola do Grande Oriente Mistico

O Caos, no entente, segundo Platao os pitagdricos, tomou-se a


Alma do Mundo . De acordo com o ensinamento hindu, a Divindade,
em forma do ./Ether ou Akasha, penetra todas as coisas . Eis por quc os
teurgistas a chamavam o "Togo Vivo , o Espirito da Luz c, algumas
vezes, Magnes . Platao dlzia que foi a propria Divindade suprema quem
construiu o Universo na forma geomdtrica do dodecaedro; e que o seu
Primogenito nasceu do Caos e da Luz Primordial, o Sol Central. Esse
"Primogenito nao era , contudo, senao o agregado da Legiao dos Constru-
tores, as primeiras Formas Construtoras, que as teogonias antigas chamavam
de Antepassados, nascidos do Abismo ou Caos e do Primeiro Ponto. E
o Tetragrammaton, k frente dos Sete Sephiroth inferiores, Esta era tam-
biax a cren a dos caldeus Fiion, o Judeu , discorrendo superficialmente sobre
^
os primeiros i nstru tores de sens antepassados, escreveu o seguinte:
Estes caldeus eram de opiniao que o Cosmos, entre as coisas que existem [ ? L
um simples Ponto, sendo ele prdprio Deus [Theos ], ou encerrando Deus em si e
contendo a Alma de todas as coisas/ &

Chaos, Theos e Kosmos sao apenas os tres simbolos de sua sintese ; o


Espa$o. Ningudm espere poder jamais resolver o mistfrio desta Tetraktys
-
atendo se a letra morta, ate mesmo das velhas filosofias, tais como sao
hoje conhecidas. Porque, nestas inclusive, Chaos, Theos, Kosmos e Espa o
estao identificados por toda a Etemidade como o Espa o Uno Desconhe- ^
cido ^
e a ultima palavra nao vir talvez antes de nossa Stima Honda.
Conrudo, as alegorias e os simbolos metafisicos a respeito do cubo priori-
tivo e perfetto sao dignos de aten ao, mesmo nos Purdnas exotdricos,
^
Ali tambem , Brahma 6 Theos, que sc desenvolve do Caos ou Grande
"Mar , as Aguas, sobre as quais o Espfrito ou o Espa o, que se perso -

nifica por ayanas ( periodos ) ^
o Esplrito movendo-se sobre a face do
Cosmos futuro e ilinritado plana silenciosamente na primeira hora do
redespertar. ainda Vishnu , que repousa sobre Ananta-Shesha, a grande
Serpente da Etemidade, que a teologia ocidental, ignorante da Cabala,
unica chave que abre os segredos da Biblia, transformou no Diabo. E o
primeiro Tri&ngulo ou Triads pitagdrica, o Deus dos iris Aspectos ,
antes de se converter, por meio da quadratura perfeita do Clrculo Infinite,
no Brahml de quatro faces . Daquele que 6 , e contudo nao d, do Nao-

-Ser, a Causa Etema, nasceu o Ser, Purusha " diz Manu, o Legislador .
Kneph, o Deus Eterno nao revelado , representado por
Na mitologia eglpeia ,
uma serpente, emblema da Etemidade , enroscada em tomo de um vaso com 4gua , a
cabe a suspensa sobre a agua, que ela fecunda com o seu sopro. Neste caso a serpente
^
6 o Agathodaimon, o Bom Esplrito; em seu aspecto oposto, o Kakodaimon, o Espl-
tlto Mau . Dizem os Eddas cscandinavos que, durante a noite , quando o ar esti impreg-
nado de umidade, cai o rocio de mel, alimento dos deuscs e das abelhaa criadoras
Iggdrasil . E urn slmbolo do prindpio passivo da cm ao do Universo, saldo das Aguas .
^
Esse rocio de md 6 a Luz Astral em uma de suas combhaloes , com proprieaades
criadoras e destmidoras. Na lenda cald U de Berose , Cannes ou Dagon, o bomem-
^
-peixe, instruindo o povo, lbe mostra o mundo em sua intend , recdm-saldo da
*
( 5 ) Emigracio de Abraio , 32.

51
Escola do Grande Oriente Mistico

Agua , com todos os seres ormndos desta Matria-Prima . Moises ensina que somente
a Terra c a Agua podem produzir uma Alow Vivente; e nas Escrituras lemos que a
erva nao pdde crescer antes que o Etemo finesse cbover sobre a Terra . No Popoi
Vuh mexKdfto , o bomera e criado do barro ou argil*. ( terra giaise ) , retirada do fundo
das iguas, Brahma, sentado em seu ldtus, cria o grande Muni, o pximeiro hornem, mas
somente depois de haver chamado & exist ncia os espiritos, que assim tiveram priori-
dade sobre os mortals; e o criou da Agua, do Ar e da Terta. Sustentam os alquimistas
que a Terra primordial ou pre-edamita, quando reduzida a sua primeira substanda, era,
em seu segundo perfodo de transformafao, semeibante a Agua clara , sendo que no
primeiro era, propriamente, o Alkahest 6. Esta substanda primordial contain em si
a ess nda de todos os elementos constitutivos do homem; nao so os de sua estrutura
^
flsica como o prdprio sopro de Vida" em estado latente e pronto para ser despertado,
Aguas

Este sopro de vida ptovem da incubacao do Espirito de Deus sobre a face das
o Caos, que deste modo se identifica com a substanda primeria. Era desta
\Sldma que Paracelso pretendia fazer o seu Homunculo; e dai tambem a razao por
que Tales, o grande filosofo da Natureza, dizia que a Agua era o princlpio de todas
as coisas na Natureza 7 . . . Job afirma que as coisas mortas se formam debaixo das
Sguas, e dos habitantes que nek existem 8. No texto original, em lugar de coisas
raortas" esta escrito: "Rephraim mortos , os Gigantes ou homens primitivos poderosos,
dos quais a Evolu ao talvez venha a mostrar , alguro dia, que a nossa ra a arual des^
cende. 6 ^ ^
No perfodo primordial da cria ao di2 a Mytbologie des Indous,
de Polier ^ , submergido na iSgua, repousava no
o Universo rudimentar
seio de Vishnu . Brahma , o Arquiteto do Mundo, saindo desse Caos e dessas
Trevas, flutuava ( moviase ) sobre as aguas, mantendo-se em cima de uma
folha de I<5tus, sem poder distinguir nada mais aldm de agua e trevas .
Analisando tao angustioso estado de coisas, Brahma , consternado, disse
consigo mesmo: Quem sou eu ? De onde venho? * ' Ouviu entao uma
vozl 0: Dirige os teus pensamentos a Bhagavat * . Brahma, deixando a
posicao em que estava , sent a-se sobre a folha de lotus em atitude contem-
plativa, e reflexiona sobre o Eterno, que, satisfeito com essa prova de
piedade, Ihe abre o entendimento, dissipando a obscuridade primitiva . Em
seguidai Brahma sai do Ovo Universal ( o Caos Infinito ) sob a forma de
LU2, pois sua inteligncia agora est4 desperta, e comega a trabalhar. ^ Ele
se move sobre as Aguas Etemas, trazendo em si o Esplrito de Deus ; e,
em sua capacidade de Agitador das Aguas, e Vishnu ou NSr&yana ,
evidente que tudo isso e esot rico; mas , nao obstante , em sua id&a
^
principal guarda certa identida.de com a cosmogonia egipcia, cuja exposi ao
se inicia com Athtor 11 ou a Mae-Noite
representando a Obscuridade^
( 6 ) Termo criado por Paracelso pm significar o dissolveme de todas as
substlncias .
( 7 ) Entre os gregos, os Deuses-Rios, todos eles Filbos do Oceano Primitivo
ou o Caos cm seu aspecto masculine
, cram os respectivos antepassados das xa as
^
hel nlcas. Para eles, os gregos, o Oceano era o pai dos Deuses ; de modo que, sob
^
este aspecto, haviam antecipado as teorias de Tales, como muito bem observou Aris-
tdteles ( Metaph., I, 4 5 ).
*

( 8 ) XXVI, 5.
( 9 ) Isis sem V f u , I, 1334.
( 10 ) O Esplrito ou voz oculta dos Mantras ; a manifestable ativa da forga
latente ou potenda oculta.
( 11 ) Ortografia do Archaic Dictionary.

52
Escola do Grande Oriente Mistico

Uimitada

como o Elemento Primitivo que cobria o Abismo Inf ini to, ani
mack pela Agua e pelo Espfrito Universal do Eterno, e o unico habitantc
do Caos. De modo semelhante principia a histdria da cria rao ms Escri
-
-
turas judaicas, com o Espfrito de Deus e sua Emanacao criadora: outra ^
Divindade 12.
Ensina o Zohar que sao os eletnentos primordiais

a trindade de
Fogo, At e Agua , os Quatro Pontos Cardiais e todas as Formas da Natu -
reza , que formam coletivamente a Voz da Vontade, Memrab, ou o Verbo,
Logos do TODO absoluto e Silencioso , O Potito Indivisfvel, Illmitado e
Desconhecido" se estende sobre o Espa o e forma assim urn Vdu, o Mfila-
^
prakriti de Parabrahman, que oculta esse Ponto Absoluto,
Mas cosmogonias de todas as nafdes, os Arquitetos, sintetizados pelo
Demiurgo ( na Btbliaf os Elohim ou Albim ) , sao os que, do Caos , formam
o Cosmos; e sao o Theos coletivo andrdgino, Espirito e Materia. Por
meio de uma sdrie ( y o m ) de fundamentos ( hasolb ) t os Alhim fizeram
surgir o cu e a terra ' ia. No Genesis> primeiramente sao os Alhim , depois
-
Jahva Alhim, e, por ijltimo, Jeov, ap6s a separate dos sexos no capitulo
IV. E de notar que cm parte alguma das cosmogonias de nossa Quinta
Ra a, a nao ser na mats revente , a da Btblia, se v o ine&vel e impronun-
^
MIST6RIOS

cidvel NOME 14 simbolo da Divindade Desconherida, que so se usava nos
relacionado diretamente com a Criacao" do Universo. Sao
os Agitadores, os Corredores, os Theoi ( de 0etv, correr ) que procedem a
obra da formacao; os Mensageiros da Lei Manvant rica, que no Cristia -
^
nismo de hoje passaram a simples 'Mensageiros" ( Malachim ). A mesma
coisa ocorre tamb m no Hinduismo ou Brahmanismo primitivo: no Rig
^
Veda, nao BrahmS quem cria, mas os PrajSpatis , os Senhores do Ser *1,
que sao tamb m os Rishis; estando o termo Rishi, segundo o Professor
Mahadeo Kunte, associado k palavra correr ( conduzir ), que a eles se aplica
em seu cara ter terrestre, quando, como Patriarcas, conduzem suas Iegi5es
para os Sete Rios.
Demais, a mesma palavra Deus", no singular que abrange todos os
deuses, ou Yheoi, veio at6 as na$oes de civiliza ao superior" aitstvSs de
^
uma estranha fonte, tao completa e eminentemente f lica como o Lingam ,
de que a India se fala com tSo rude franqueza. A id6ia de que a palavra
Deus ( God ) seja derived a do anglo-saxao Good ( Bom ) esta fora de cogi-
ta$ao, porque em nenhuma outra lingua , desde o KboJa persa at o Deus
latino, se encontrou exemplo de que um nome de Deus derivasse do atri
buto de Bondade ( Good-mss ) , Aos latinos, veio do ariano Dyaus ( Dia );
-
-
aos eslaves, do grego Baccho [ Bagh Bog ) ; e aos de ra a sax6nia , direta
mente do hebreu Yod ou Jod. Este ultimo 6\ a letra numeral 10, macho^ -
( 12 ) N5o nos referimos &qui k Btblia cot rente ou aceita , mss k verdadeira
Escritura judaica, que hoje se explica k luz da Cabala.
( 13) GGnest, II, A .
( 14 ) ImpromindiveT, pela
simples raz&o de ser inodstente. Nunca foi um
nome nem palavra atgunia , mas uma idSta impossfvel de exprimir. Em seu lugar foi
criado um substitute no aiSculo que precedeu a nossa era.
Escola do Grande Orients Mistico

e tSmea, e Yod i o gancho filico. Dai o Godh saxonio, o Gott alemao e o


God ingles. Pode-se dizer que esse tcrmo simbolico represents o Criador
da Humanidade fisica no piano terrestre; mas seguramente nada tem a ver
com a Forma rao ou Criagao do Espirito, dos Deuses ou do Cosmos.
- ^ -
Chaos Theos Kosmos, a Divindade Trina, tudo em tudo. Dai o
dizer-se que e masculino e feminino, bom e mau, positivo e negativo, toda
a sdrie de qualidades opostas. Quando se acha em estado latente, em Pta -
laya , nao se pode conhec-lo; 6 entao a Divindade IncognosciveL S6 pode
-
set conhecido em suas fungoes ativas: como Materia Forga e Espirito viven
te , correlagoes e manifestagao, ou express ao, no piano visivel, da Unidade
-
ultima sempre dcsconhecida.
Por sua vez , essa Tripike Unidade e a produtora dos Quatro Elemen-
tos Primitivos 15, que sao conhecidos , em nossa Natureza terrestre visivel ,
-
renta e nove
sete vezes sete

como os sete Elementos ( cinco at o presente ) , cada um divisivel em qua
subelementos, dos quais a quimica conhece
tins setenta . Todos os Elementos Cosmioos, tais como o Fogo, a Agua , o
Ar e a Terra, participam das qualidades e defeitos de seus Primirios, e sao,
por sua natureza, o Bem e o Mai, a Forga ou Espirito e a Materia, etc.; e
cada um deles, portanto, 6 ao mesmo tempo Vida e Morte, Saude e Enfer-
midade, Agao e Reagao. Estao constantemente formando Materia, sob o
impulso incessante do Elemento Uno, o Incognoscivel, representado no
mundo dos fenomenos pelo ./Ether, Sao os Dcuses imortais que dao
nascimento k vida e a todas as coisas .
Nos Escritos Filosdficos de Salomao Ben Yehudah I bn Gebiroly l-se
a respeito da formagao do Universo:
Esti escrito que R. Yehudah comegou assim: Elohim dlsse; Faga-se um firm*-
mento no melo das Sguas.' Vinde verl Quando o Santo , . . criou o Mundo, criou 7
cus em Cima . Criou 7 terras em Baixo, 7 mares, 7 dias, 7 rios, 7 semanas, 7 anos, 7
pocas, e 7 000 anos durante os quais existiu o Mundo. O Santo estd no settrno de
tudo " 1

Isso nao so apresenta uma estranha semelhanga com a cosmogonia dos


Purdnas 17, mas corrobora todos os nossos ensinamentos no tocante ao
numero sete, tais como foram resumidamente expostos no Esoteric Buddhism.
Os bindus tem uma interminavel serie de alegorias para expressar a
dr a iB ou Sete Oceanos

mesma id 6ia . No Caos Primordial, antes de se converter nos Sapta Saman
emblema dos Sete Gunas ou Qualidades condi-

cionadas compostas de Trigunas ( Sattva , Rajas e Tamas ) , estao latentes

( 15 ) O Tabernaculo Cosmico de Moises, erigido pot ole no deserto, era qua-


-

drado e represent ava os Quatro Pontos Cardeais e os Quatro Elementos , confortne ft


explicagao de Josefo ( Antiq 1, VIII, cap. XXII ). A id ia foi tomada das Piramides
^
do Egito e tamb&n de Tiro, onde as pir&mides se convertiam em pilares . Os GAnios
ou Anjos t&n suas respectivas moradas nesses quatro pontos.
( 16 ) Qabbalaby de Isaac Meyer, publicado em 1888, p. 415.
( 17 ) Como, por exemplo, no Vishnu Burdnay Livro I.
( l g ) Ver No( as Adicionais, no fire do tocno IV desta obra.

54
Escola do Grande Orients Mistico

Amrita, ou a Imortalidade, e Visba, ou o Veneno, a Morte, o MaL Ve se ^

isso tamb m no alegdrico malaxar do Oceano pelos Deuses. Amrita se


^
acha fora de todos os Gunas , porque 6 incondicionado per se\ mas, uma
vez caindo na cria ao fenomenal, se misturou com o Mai, o Caos, guar-
^
dando latente o Theos, at6 que o Cosmos estcja evolucionado. Eis pot que
vemos a Vishnu, personificacao da Lei Etema , chamando periodicamente o
Cosmos a atividade, ou, segundo a fraseologia alegdrica, produzindo, por
meio do malaxar do Oceano Primitivo ou Caos sem limites, o Amrita da
Etemidade, reservado unicamente aos Deuses e Devas ; tendo que utilisar
nessa tarefa os Nagas e os Asuras, ou os demonios do hinduismo exot&ico.
Toda a alegoria 6 altamente filosdfica; e nos a encontramos reproduzida
em todos os sistemas amigos de Fiiosofia. Vemo-Ia , por exemplo, em
PJatao, que , tendo esposado por complete as id ias trazidas da ftidia por
^
Pitagoras, as compilou e publiccu em forma bem mais inteligivel que a do
misterioso sistema numerico original do filosofo de Samos, Assim, para
Pktao o Cosmos 6 o Filhc , que tem como Pai e Mae, respectivamente,
o Pensamento Divino e a Materia
Os egipcios , diz Dunlap, faziam distingao entre um Homs velbo
e outro jovem; o primeiro era o irmao de Osiris, e o segundo o filho de
Osiris e Isis * O primeiro a Idia do Mundo permanecendo na Mente
do Demiurgo, nascida nas Trevas antes da Criagao do Mundo . O segundo
6 esta Ideia surgindo do Logos, revestindo-se de materia e assumindo uma
existncia real 21.
Os Or&culos Caldeus faJam do Deus do Mundo, eterno, sem limites,
jovem e velho, de forma sinuosa 22. Esta forma sinuosa e uma meta-
fora para exprimir o movimento vibratdrio da Luz Astral, que os atiti-
gos sacerdotes conheciam perfeitamente, se bem que a denomina?ao Luz
Astral seja de autoria dos martinistas.
A Cinda moderna assinala com desprezo as supersti oes da Cosmo
^
latria. Seria melhor, porm, que a Ci&ncia, antes de rir, seguisse o conselho
-
ca ao cosmo pneumatoldgico
^
de um sibio f ranees: reformar por completo seu prdprio sistema de edu
- Satis eloquentix , sapientix parum! A
Cosmolatria, do mesmo modo que o Panteismo em sua ultima expressao,
pode ser definida com as mesmas palavras com que o Purina descreve
Vishnu:
-

"Ele nao 6 senao a causa ideal das potencies que devem ser produzidas na obra
da criagao; e dele procedem as potendas que hao de ser criadas depots que se tornarem
a causa real. A}ora aquela causa ideal, nao hi nenhuma outta a que se possa relacionar
o mundo ... Pelo poder daquela causa, todas as eoisas criadas chegatn a manifestar-se
.
por sua prdpria natureza 23

( 19 ) Plutarco, De hide et Ostride , LVL


( 20 ) Vestiges of the Spirit History of Man , de S F , Dunlap, p. 189 ( 1858 ).
( 21 ) Movers: Pboinizer, p , 268.
( 2 2 ) Cory: Ancient Fragments , p. 240,
,
( 23 ) Vishnu Purana Livro I, p. 66 .
55
Escola do Grande Oriente Mistico

SECAO V
SOBRE A DIVIiNDADE OCUETA ,
SEUS SIMBOLOS E SIGNOS

PARA TRATAR do Logos ou Divindade Criadora, o Verbo feito Cat*


ne de todas as religioes, necessario e remontar a sua fonte c essencia
primordial. Na India, um Proteu com 1 008 nomes e aspectos divinos
em cada uma de suas transformagoes pessoais, desde Brahma Purusha , pas
-
sando pelos Sete Rishis Divinos e os Dez Prajapatis ( tamb&n Rishis ) Semi-
-
-
divinosy at os Avatares divtno hutnanas. O mesmo diffcil problema do
Um em Muitos e da Multidao em Um reaparece em outros Pantedes:
no egfpcio, no grego e no caldeu judaico. Este ultimo ainda aumentou a
confusao ao apresentar os seus Deuses como evemerizagoes, sob a forma
de Patriarcas, E estes Patriarcas sao hoje cousiderados e aceitos como
Entidades histdricas viventes, por aqueles mesmos que tStn Rdmulo em
conta de mito! Verbum satis sapienti!
No Zobar , Ain-Soph 6 tamb m. o Uno, a Unidade Infinite . Alguns
^
dos mais erudites Padres da Igreja o sabiam , e sabiam igualmente que
Jeova nao era o Deus supremo , mas uma Potencia de terceira ordem .
No entanto, Irineu , queixando-se amargamente dos gndsticos e dizendo:
Nossos herejes sustentam . . . que o Propator so 6 conhecido pelo tfnico
Filho concebtdo 1 ( e que e Brahma ) , isto e, pela mente ( Nous ) * , esque-
ceu-se de mencionar que os judeus faziam o mesmo em seus livros real
mente secretos . Valentim , o doutor mais profundamente versado na
-
Gnose , era de opiniao que havia existido, antes de Bythos ( o primeiro
Pai da insondivel Natureza , que 6 o segundo Logos ) , um ( Aion ) perfeito,
.
chamado Propator este AtdN que surge com um Raio de Ain Soph, -
o qual nao cria; c 6 o AION que cria, ou melhor, 6 por seu intermedia que
tudo criado ou evoluciona . Porque, segundo ensinavam os basilidianos,
havia um Deus supremo, Abrasax, por quern foi criada a Mente ( Mahat,
em sanscrito; Nous, em grego ). Da Mente procedeu o Verbo, o Logos;
do Verbo, a Provid&ncia ( ou antes, a Luz Divina ); depois desta, a Virtude
.
e a Sabedoria, nos Principados, Potestades, Anjos, etc Por estes Anjos

( 1 ) Do mesmo modo que MiilaprakHti s6 6 conhecido por Ishvara , o Logos ,


como o chama o Sr. T. Subba Row .

56
Escola do Grande Orients Mistico

foram criados os 365 /Eons. Entre os mesmos elevados e entte aqueles


que fizeram este mundo, elc ( Basilides ) classifies em ultimo lugar o Dcus
dos judeus, e se recusa ( com toda a razao ) a identifica-lo como um Deus,
afirmando que 6 um dos Anjos .
Vemos aqui, portanto, o mesmo sistema dos Purdtiast em que o Incom
preensfvel deixa cair ama semente, que se converte no Ovo de Ouro, de
-
onde sai Brahma . Brahma produz a Mahat, etc. Entretanto, a genuina
Filosofia Esoterics nao se ref ere nem a criacao nem a evolu ao , no
^
sentido em que o fazem as religioes exotEricas . Todos esses Poderes perso-
nificados mo sao evolu oes uns dos outros , e sim outros tantos aspectos
da mesma e unica manUesta ^ ao do Todo Absoluto.
^
Sistema id ntico ao das Emana oes gndsticas prevaJece nos aspectos
^
sefirdticos de Ains-Soph ; e como tais aspectos estao no Espa o e no Tempo,
mant m-se certa ordem em seus sucessivos apareeimentos . ^ impossfvel,
^
portanto deixar de notar as grandes altera oes introduzidas no Zohar ,
^
com as manipulagoes que sofrem por patte de muitas gera oes de mfsticos
cristaos Ate a metaffsica do Talmud , a 'Face Inferior^ , o Semblante
.
Menor ou Microposopo, nao podia jamais ser colocada no mesmo piano de
iddias abstratas que a Face Maior ou Superior , o Macroposopo. Este ultimo
6 , na Cabala cald&a , uma abstta?ao pura, o Verbo, o Logos, ou Dabar em
hebreu; Verbo que, embora se convert a de fato em um numero plural, ou
em Verbos, D( a ) B( a ) R ( i ) M, quando se reflete ou toma o aspect de uma
Legiao de Anjos ou Sephiroth
UM, e, no piano ideal, O -
, Nao
o Numero *
.
coisa
5

, e ainda, coletivamente,
Nao tem forma ou existencia ,
O prdprio Filon chama ao
nem semelhan a com nenhuma outra c o i s a
^
Criador o Logos que vem imediatamente depois de Deus, o Segundo
Deus quando se ref ere ao Segundo Deus , que 6 uma SABEDORIA ( a do
Deus Supremo ) *. Nao Deus a Divindade. Nao-Coisa e Trevas. Nao
tem nome, e, portanto, 6 chama da AimPoph, a palavra Ayin significando
nada 4.
A maior parte dos sistemas gndsticos que chegaram at6 n6s, mutilados
que foram pelos Padres da Igreja , nao passam de meros cascoes adulterados
das especula oes originais. Est as, alias, nunca foram franqueadas ao pdblico
^
ou ao leitor comum : se o seu significado oculto ou esot rico houvesse sido
^
revelado, o ensinamento teria deixado de ser esoteric, e isto nao podia
acontecer.
Marcos, o chefe dos marcosianos, que viveu no meado do segundo
seculo e ensinava que a Divindade devia ser estudada sob o slmbolo de
quatro silabas, revelou ao publico mais verdades esot ricas que nenhum
^
outro gndstico. Mas at ele nunca foi bem compreendido, pois nao senao
na superflcie ou letra morta de suz Revelaqao que Deus aparece como um

( 2 ) Franck, Die Kabbda , p. 126.


( 3 ) Filon, Qucest, et Soiut.
. .
( 4 ) Franck, Op. cit > p. 133 Ver Umbm a Se ao
^ XII, "A Teogonia e 03
Devises Criadores .

57
f

Escola do Grande Oriente Mistico

Quatemario, a saber : O Inefavel , o Silencio, o Pai e a Verdade , o que


na realidade e inteiramente erroneo, nao representando senao mais um
enigma esot&ico. Esse ensinamento de Marcos foi o dos primeiros caba-
listas, e e tambem o nosso ; porque faz da Divindade o Numero 30 , em
quatro sflabas, o que, traduzido esotericamente, signifies uma Triade ou
Triangulo e um Quatern4rio ou Quadrado, sete ao todo, correspondendo,
no piano inferior, as Sete Letras divinas ou secretas de que se comp5e o
nome de Deus. Is to requer uma demonstragao . Em sua Revela$ao , ao
falar dos mist rios divinos expresses por meio de letras e numeros, Marcos
^
ref ere como a Tetrada Suprema desceu " ate ele da regiao que nao pode
ser vista nem nomeada , sob uma forma feminina, porque o mundo nao
poderia suportar o seu aparecimento numa figura masculinae como lhe
revelou ela a gera ao do Universo, qua jamais havia sido comunicada antes
^
nem aos Deuses nem aos homens .
A primeira frase encerra um duplo sentido. Por que uma apari ao
feminina havia de ser mais facilmente suportada ou escutada pelo mundo ^
que uma figura masculina ? A primeira vista, parece um absurdo. Mas,
para quern conhece a linguagem do Misterio, d muito claro e simples. A
Filosofia Esoterica ou Sabedoria Secreta era simbolizada por uma imagem
feminina, a<f passo que a masculina era o simbolo do Misterio sem v6i.
Eis por que, nao estando o Mundo preparado para recebe lo, nao podia - .
-
suporta lo, devendo a Revela$ao de Marcos ser dada alegoricamente Escre-
veu ele:
Quando, no prindpio, o seu Pai \ sc . da Tetrode ] .. , o Inconcebivel, o Sem-
,

-ExistSncia e Sem Sexo |o Ain-Sopb cabalfstico ) , desejou que o seu Inefavel |o Primeito
Logos ou .iEoa| nascesse, e que o seu Invisivel se revestisse de uma forma , sua boca
se abriu e pronunriou o Verbo, semelhante a Ele mesmo, Este Verbo ( Logos ), como
permanecesse proximo, manifestou-se sob a forma do Uno Invisivel, demonstrando
assim o que era. O Nome |Inefavei| foi articulado |por meio do Verbo| da seguinte
maneira. Ele \ o Supremo Logos ] pronunciou a primeira Palavra de seu Nome . . . que
era uma combina ao |silaba| de quatro elementos |letras ] , Depois foi acrescentada a
^
segunda combina ao, tambem composta de quatro elementos , Em seguida, a terceira,
^
de dez elementos, que foi sucedida pela quarts, com doze elementos. A pronuncia de
todo o nome compreende, portanto, trinta elementos e quatro combinacoes, Cada
elemento tern suas proprias letras, seu carater, pronuncia, agrupamento e semelhan as
peculiars; mas nenhum deles percebe a forma daquilo de que e o elemento, nem ^
entende a voz do seu vizinbo; contudo, o som que cada um emite diz tudo |o possivel ]
quanto ele julga ser bom chamar ao todo. . , E sao estes sons que manifested na
forma o /Eon Sem Existencia e Nao-Geravel; e sao estas formas que se chamara os
Anjos que perpetuamente contemplam a Face do Pai 5 |o Logos, o Segundo Deus ,
que permanece proximo a Deus, o Inconcebivel , segundo Filionj. 8

tao claro quanto o permitla o antigo segredo esoterico. tambem


cabalistico, conquanto menos velado que o Zohary no qual os nomes oil
atributos mlstxcos sao, igualmente, de quatro silabas, tendo combina oes
de doze, de quarenta e duas e ate de setenta e duas silabas! A Tetrada ^
( 5) Os Sete Anjos da Face dos Cristaos.
(6 ) Pbilosophumena, VI, 42,

58
f

Escola do Grande Oriente Mistico

mostra a Marcos a Verdade sob a forma de uma mulhet desnuda, e designa


por letras todos os membros da figura: AH a cabe a, ao pesco o, TX
^
aos ombros e as maos, etc. Aqui se reconhece facilmente ^
a Sephira : a
cabe a on Coroa recebendo o numero 1; o c rebro ou Chochmah, 2 ; o cora -
^ ^
$ao ou Inteligencia , Binah , 3; e os outros sete Sephiroth representando os
membros do corpo. A Arvore Sephirothal e o Universo, e Adao Kadmon
o personifica no Ocidente, como Brahma o rep resen ta na fndia .
Em tudo isso, figuram os Dez Sephiroth como divididos em Tres Supe-
riors, ou a Triade ^spiritual, e um Setentfrio inferior. A verdadeira signi-
ficant) esoterica do numero sagrado Sete, apesar de habilmente velada no
Zohart se denuncia pela maneira dupla com que e eserita a expressao No
- .
Prindpio , ou Berasheeth e Be raiskath , correspondendo este ultimo termo
a Sabedoria Elevada ou Superior ' Conforme deraonstrado por S L Mac . . -
Gregor Mathers 7 e Isaac Myer 8, com apoio em opitiioes antigas as mais
autorizadas, aquelas palavras t&m um duplo significado secreto. Braisbeetb
barah Elohim significa que os sets , acima dos quais esta o setimo Sephira ,
pertencem a classe inferior e material, ou, como diz o autor : Sete . . .
-
ocupam se da Criagao Inferior , e Tr s do Ho mem Espiritual, o Prototipo
Celeste ou Primeiro Adao .
Quando os teosofos e os ocultistas dizem que Deus nao e nenhum
Ser, porque 6 Nada, Nao-Coisa, demonstram mais reverencia, religiosidade
e respeito para com a Divindade do que os que chamam a Deus Etc , con -
-
vertendo o deste modo em um Varao gigante.
Quem estudar a Cabala descobrir logo a mesma id&a no pensa -
^
mento ultimo de seus autores, os primeiros e grandes Iniriados hebreus ,
que adquiriram esta Sabedoria Secrete na Babilonia, dos Hierofantes cal -
deus, assim como Moists adquiriu a dele no Egito. O sistema do Zobar
nao pode ser julgado por suas tradugoes latinas e outras , }& que todas as
suas id&as foram alteradas para se adaptar as conveniencias e ao sistema
particular de seus manipuladores cristaos. As id&as originais sao id n-
ticas as de todos os demais sistemas religiosos. As diferentes cosmogonias
mostram que a Alma Universal era considerada por todas as na oes arcaicas
como a Mente do Demiurgo Criador; e que era chamada a Mae, Sofia ou ^
a Sabedoria feminina , pelos gnosticos; Sephira pelos judeus ; e Sarasvati ou
Vach pelos hindus ; sendo tambem o Esplrito Santo um prindpio feminino.
por isso que o Kudos ou Logos, dela nascido, era para os gregos
.
o Deus, a Mente ( Nous ). Koros ( Kudos ) . . significa a nature2a pura
-
e sem mescla da Inteligencia Sabedoria
-
diz Platao no Cratylus *; e
Kurios 6 Mercutio ( Mercurius , Mar Kurios ) , a Sabedoria Divina, e Mer -
curic e Sol ( o Sol ) 10, de quem Thot -Hermes recebeu esta Sabedoria
.
Divina Assim , embora os Logos de todos os parses e religioes sejant corre -
(8 ) Qabbalab 235, ,
.
( 7 ) The Kabbalah Unveiled 47 .

( 9 ) P 79 . .
.( ID ) Arndbw, VI, XII .
59
Escola do Grande Orients Mistico

lativos, em seus aspectos sexuais , com a Alma feminina do Mundo on o


Grande Abismo, a Divindade , da qual promanam estes Dois em Um , esta
sempre oculta e chamada o Uno Oculto, so indiretamente relacionado
com a Criagao' 11 ; porque nao pode atuar senao por meio da Forga Dual
que emana da Essencia Etema ,
O proprio Esculipio , cognonunado o Salvador de todos", e identko,
segundo os classicos antigos , ao Phta egfpcio, a Inteligencia Criadora ou
Sabedoria Divina , e a Apolo, Baal , Adonis e Hercules 12 ; e Phta, em um de
seus aspectos, a Anima Mundi Universal de Platao, o Espirito Divino
dos eglpcios , o Espirito Santo" dos primeiros cristaos e gnosticos, o Akasha
dos hindus e at , em seu aspecto inferior, a Luz Astral Porque Phta era
originariamente o Deus dos Mortos , aquele em cujo seio eram estes rece -
bidos ; donde o Limbo dos cristaos gregos ou a Luz Astral Foi muito
mais tarde que Phta foi elassificado entre os Deuses do Sol ; significando
o seu nome "aquele que abre", por ser representado como o primeiro que
lira o v u do rosto da mumia , e a chamar a alma para ir viver cm seu seio.13
Kneph , o Eterno Nio Revelado, representado pela serpente, emblema da
eternidade, enroscada em torno de um vaso cheio de agua , com a cabega
movendo-se por cima das "Agua $ \ que ela fecunda com o seu sopro :
outra forma da mesma ideia original das "Trevas , com o seu Raio a
-
mover se sob re as Aguas , etc. Como Logos- Alma, esta pcrmuta do e
chamada Phta ; como Logos-Criador, converte-se em Imhotep, seu Filho, ^
o Deus de rosto formoso". Em seus caracteres primitives, esses dois
foram a primeira Dualidade Cosmica : Nut , o Espago ou " Firmamento ,
e Nun , as " Aguas Primordiais , a Unidade Androgina , sobre a qual estava
o Sopro Oculto de Kneph . E a todos eles eram consagrados os animais e
plantas aqudtieas , o Ibis , o cisne , o ganso, o crocodilo e o lotus,
Voltando k Divindade caballstica , esta Unidade Oculta , pois , Ain-
-SopM 'Hb tK TO TOV , TO ditetpov ) , Sem Fim , Sem Limites, Nao Existente
/

( qiK ) enquanto o Absoluto se ache dentro de Oulom 14, o Tempo Ilimi-


-
tado e Sem Fim ; como tal , Ain Soph nao pode ser o Criador nem sequer o
modelador do Universo, nem tampouco Aur ( a Luz ) . Por conseguinte ,
Ain -Soph e tambem as Trevas. O Infinito imutavel , o Ilimitado absoluto ,
nao pode querer , pensar ou atuar. Para faze-lo, deve converter-se em
Finito ; e o faz por meio de seu Raio, que penetra no Ovo do Mundo ou
Espago Infinito e dele sai como Deus Finito. Mas isto e fungao do Raio,
que est 4 latente no Uno. Quando chega o momeato, a Vontade Absoluta
dilata naturalmente a Forga que nela estd , de conformidade com a Lei,

lanto
( 11 )
de mais facil compreensao para o kitor.
-
Usamos cste termo porque 6 o geralmente aceito e consagrado, sendo por
( 12 ) Veja-se Dunlap, Sod: the Mysteries of Adoni, p. 23.
-
( 13 ) Veja sc Buiaq Museum , de Maspero.
( 14 ) Entre os antigos iudeus, conforme provou Le Cletc, a palavra Oulom
significava tao s6 um periodo de tempo cujo principio e fim nao cram conhccidos.
A palavra "Etemid.ade , propriamente dita , nao extstia na lingua hchraica com o
significado, por exemplo, que os ved ant Luos atribuem a Parabrahman.

60
Escola do Grande Orients Mistico

da qual c a Esscncia interna e ultima, Os hebreus nao adot&ram o Ovo


como simbolo, mas o substituiram pelos Ceus Duplicados ; pois, tradu-
zida corretamente, a frase Deus criou os c6us e a terra seria : Dentro e
33

fora de sua propria essenria , Deus criou os dois cus, como uma Mattiz
( o Ovo do Mundo ) . Os Cristaos, por&n, elegeram como slmbolo de
seu Espirito Santo a pomba, o ptfssaro, nao o ovo.
Quem quer que chegue a conhecer o Hud , ( ) a Mercabah e o
Lahgash ( linguagem secreta ou encantamemo ) , aprenderi o segredo dos
segredos . A significaqao de Lahgash e quase identica k de Vach , o poder
' 3

oculto dos Mantras.


Ao chegar o periodo de atividade, Sephira , o Poder ativo, chamado o
Ponto Primordial e a Coroa > Kether surge de dentro da Ess ncia Etema
-
de Ain Soph. So por seu intermedio podia a Sabedoria Ilimitada dar
uma forma concreta ao Pensamento Abstrato. Dois lados do Triangulo
Superior, o lado direito e a base, que simbolizam a Esstecia Inefivel e seu
corpo manifestado, o Universo, sao compostos de linhas nao interrom-
pidas; o terceiro lado, o esquerdo, e uma linha pontilhada . por meio
desta ultima que emerge o Sephira. Estendendo-se cm todas as diregoes,
rodeia finalmente todo o Triangulo. Nest a emana ao se forma a triplice
^
deixando somente 7 Sephirotk

Trlade. Do Rocio invUfvel que cai da Uni-Trfade, a Cabe a 33
por outras palavras, o Caos toma forma. o pritneiro passo para a solid!
fica o do Espirito que depois de tnodifica oes diversas, produz a Terra .
^ ^
Ha necessidade de Agua e Terra para fazer uma Alma Vivente 33, diz Moi-
assim
, Sephira cria as Aguas Primordial s, ou , ^
-
-
sts , Faz se mister a imagem de uma ave aquatica para associa-la com a
Agua, o elemento feminino da procria ao, com o ovo e a ave que o fecunda .
^
Quando Sephira surge como um poder ativo de dentro da Divindade
Latente, 6 feminino; quando assume o papel de Criador, 6 masculino; e
dai o seu carater andrdgino. c < o Pai e a Mae Aditi13 da Cosmogonia Hindu
e da Doutrina Secreta. Se se houvessem conservado os mais antigos perga -
minhos hebreus, os que hoje rendem culto a Jeov veriam que os sfmbo
los do Deus Criador 33 eram multiples e grosseiros. A ra na lua , embletna
-
do seu cariter gerador, era o mais freqiiente, Todas as aves e animais, que
a Btblia classifica de impuros , foram simbolos da Divindade naqueles
tempos vetustos. Porque fossem demasiado sagrados, punha se-lhes a mis-
cara de impuros a fim de protege-los da destrui ao. Nao e a serpente de
-
^
bronze mais po tica que o cisne ou o ganso, se temos que tomar 4 letra os
simbolos. ^
Conforme as pakvras do Zobar\
"O Ponto Indivbfvd, que tao tem Incites e que nao pode ser compreendido
por causa de sua pureza e do seu resplendor, dilatou- $e extertormcnte> produzindo um
fulmar que lhe servia de Vu; mas tambdm Jeste
ultimo| nao podia ser contempUdo por
causa de sua Luz incomensurivel. H (o Veu ( igualmente se dllatou exleriormente, e
esta expansao formou a sua vestiraenta , Asstm, por meio de uma constante palpitagao
movimento|, o muado vcio finalmente a ter existncia. 15 T

( 15 ) Zahar , parte I , foL 20 a

61
Escola do Grande Orients Mistico

A Substancia Espiritual langada pela Luz Infinita 6 o Primciro Sephira


ou Shckinah. Exotericamente, Sephira cont m em si todos os outros nove
^
Sephiroth ; esotericamente, so contem dois , Chokmah ou Sabedoria , poten-
da masculina ativa , cujo nomc divino 6 Jah ( JP ) , e potencia feminina
passiva, representada pelo nome divino de Jeovd ( J11JV ) Estas duas
potfcncias formam som Sephira a terceira, a Trindade judaica ou a Coroa,
-
Kether .
Os dois Sephiroth , chamados Abba , Pai , e Amona , Mae, sao a
Dualidade ou o Logos bissexual , de que sairam os outros sete Sephiroth ,
De igual modo, a primeira Triade judaica, Sephira , Chokmah e Binah , 6
a Trimurti Hindu ,16 Posto que veladas no Zobar, e mais ainda no Panteao
Hindu, todas as particularidades relacionadas com um se encontram no
outro. Os Prajapatis sao os Sephiroth . Sendo dez em Brahma , ficatn redu -
zidos a sete quando a Trimurti , ou Triade cabalistica , se separa do resto.
Os sete Construtores ou Criadores se convertem nos sete Prajapatis , ou
sete Rishis, na mesma ordem em que os Sephiroth se convertem nos Cria-
dores, depois nos Patriarcas , etc. Em ambos os Sistemas Secretos , a
Essncia Una Universal 6 incompreensiVel e inativa em seu Estado Abso
Iuto, e nio pode ser associada a Construgao do Universo senao de modo
-
-
gino, e suas dez e suas sete Emanagdes

indireto. Em ambos, o Principio primordial masculino feminino ou andr<5
Brahma- Vi raj e Aditi - Vach, de
um lado , e Elohim-Jehovah ou Adao-Adami ( Adao Kadmon ) e Sephira-Eva,
de outro lado, com os seus Prajapatis e Sephiroth
represent am em sua
totalidade, em primeiro lugar, o Homem Arqueripo, o Protdlogo; e so
em seu a spec to secundario e que se convertem em poderes cosmicps e em
corpus astronomicos ou siderais, Se Aditi e a mae dos Deuses , Deva- Matri,
Eva a mae de tudo o que vive ; ambas sao o Shakri ou Poder Gerador,
em seu aspecto feminino, do Homem Celeste, e ambas sao criadoras com
plexas. Diz um Gupta Vidya Sutra:
-
No Principio , um Raio , saindo de Paramarthika ( a Existencia Verda
deira, uma e unica ) i manijestou- se em Vyavaharika \ a Existencia con diet o
--
nal |, que joi usada cotno Vdbana para descer na Mae Universal e faze la -
-
dilatar se ( cricher- se).
E tst escrito no Zobar :
A Unidade Infinita , sent forma e sem simile , depois que foi criada a Forma do
Homem Celeste , dela se utiliSou. A Luz Desconhecida ^ jTrevasj usou a Fottna
^
Celeste ( HK y BIX , Adao Oilah ) como um Carro ( TlBD'IB Mercabah ) , para descer ;
e desejou ser chamada pelo nome dessa Forma, que e o nome sagtado de jeova \

( 16 ) No Panteao hindu , o Logos de dois sexos e Brahma , o Criador, cujos sete


Filhos, nascidos da Mente , sao os Rishis primitives, os Construtores,
( 17 ) Rabbi Simeon diz : Oh , companheiros, companheiros , o homem, como etna-
naS*Oj Sr?, aQ mesmo tempo homem e mud her , tanto pelo lado do Pai** como pelo lado
da Mae . E este i o sentido das palavras: ' E Elohim disse: faga-se a luz , e a luz
1

foi feitfl *.. . e este o homem dual ' ( Auszvge aus dem Sohar , pp. 13 15 ) , Ass'un ,
9

no Genesis a Luz representava o Raio Androgino ou o Homem Celeste*, -


62
Escola do Grande Orients Mistico

E ainda :
.
No prindpio, havia a Vontadc do Rei, anterior a qualquer outra existdncia . .
Ela |a Vontade| esbo ou as formas de todas as coisas que haviam estado ocultas, mas
^ -
que agora apareciam . E, como um segredo escondido, saiu da cabega de Am Soph uma
centelha nebulosa de matdria, sem contomos nem forma . . . A Vida 6 atralda de
baixo, e a feme sc renova em cima; o mar esti sempre cheio, e estende suas iguas
por toda a parte / *

A Divindade e, assim , comparada a um mar sem praias, a Agua, que


e a fonte da Vida 18. O stimo palicio, a fante da vida, e a primeiro
na ordem , a con tar de cima 19. Da! o primeiro cabal!stico que vemos
enunciado pel a boca do cabalista Salomao, quando diz nos Proverbios:
A Sabedoria edificou a sua casa, lavrou as suas sets colunas 20 r

De onde teria provitido toda essa identidade de pensamento, se nao


houvesse uma Revela ao Primordial e Universal? Os pontos at aqui assina-
^
lados represent am muito pouca coisa em compaxa So com o que se vera
na continuacao desta obra ; nao passam de algumas ^palhas retiradas de uma
grande meda.
Se nos reportamos a mais obscura de tcxlas as cosmogonias, a chinesa ,
1i encontramos tambm a mesma ideia , Tsi-Tsai, o Existente por Si
-
Mesmo, sao as Trevas Desconhecidas, a Raiz do Wuliang sheu ; a Tdade Ilimi
tada. Amitabba e Tien, o Ceu, vem depois. O Grande Exttemo de
-
Confiicio sugere a mesma idia , apesar de suas inconsistency . Estas
ultimas sao motivo de grande divertimento para os missionaries, que zom
bam de todas as religioes pagas , ao mesmo tempo que menosprezam
-
e detestam as cren as de seus irmaos cristaos que pertencem a outros ritos,
^
muito embora todos aceitem , ao pe da letra> o mesmo Genese .
Se consideramos a cosmogonia caldia, nela vemos Anu , a Divindade
Oculta, o Uno, cujo nomc, al&n do mais, indica sua origem s& nscrita ; pois
Anu quer dizer Atomo em sanscrito, e ADIYAIR samaniyasam ( o menor dos
menores ) e um nome de Parabrabman na filosofia vedantina , em que se
descreve Parabrabman como me nor que o mais diminuto dos atomos, e
maior que a maior das esferas ou universos: Anagraniyas e Mabatoruvat.
Nos primeiros versiculos do Genese acadiano , tal como foi descoberto nos
textos cuneiformes sobre os ladrilhos babilonicos , ou Lac teres Coc tiles, e
segundo foi traduzido pot George Smith , vemos a Anu , a Divindade Pas-
siva ou Ain-Soph; Bel o Criador, o Espfrito de Deus ou Sephira, raoven
do-se na Face das Aguas, e, port an to, a propria Agua ; e a Hea , a Alma
-
Universal ou a Sabedoria dos Tres reunidos ,
Eis como estao expresses os oito primeiros versiculos:
1. Quando em cima ainda nao exisuam os
2, e embaixo, na terra, nenhuma planta bavia cresrido;

( 18 ) Zoar, III, 290 .


( 19 ) Op. eft , II, 261.
( 20 ) IX, I .
63
Escola do Grande Oriente Mistico

3 . o abismo nao havia transposto seus limi tes.


4. O Gaos |ou a Agual Tkmat ( o mar ) era a mae produtora de todos eles.
|Sao o Aditi e o Sephira CosmicosJ
5 As dguas foram , no prindpio, ordenadas; mas
*

6. nett utua arvore havia crescido, nem \ima flor havia desabrochado,
7 . Quando nenhum dos Deuses havia surgido,
8 nenhutna planta erescia, e nao existia a ordem 21.
*

Era a fase caotica ou antegen sica ; o duplo Cisne, e o Cisne Negro,


^
que se torna branco quando 6 eriada a Luz 23.
O simbolo escolhido para o majestoso Ideal do Principle* Universal
parecera talvez pouco adequado para cor responder ao seu cara ter sagrado,
Um ganso, ou mesmo um cisne, podera sem duvida ser considerado como
nao estando h alrnra de represen tar a grandeza do Espirito Nao obstante,
*

deve ter alguma significa ao profunda e oculta, pois nao so figura em todas
^
as cosmogonias e religioes do mundo, mas foi tambem escolhido pelos
cristaos da Idade M dia , os Cruzados, como Vefculo do Espirito Santo,
^
que, segundo a cren a, conduzia o exercito 4 Palestina para libertar o
^
tilmulo do Salvador das maos dos sarracenos, Se devemos acreditar no que
diz o Professor Draper em seu Intelectudl Development of Europe, os
Cru2ados que Pedro o Eremita comandava eram precedidos, & frente do
exercito, pelo Espfrito Santo sob a forma de um ganso em companhia de
nma cabra . Seb, o Deus egfpcio do Tempo, traz um ganso sobre a cabe$a ;
Jupiter toma a forma de um. cisne, como tambem o faz Brahma; e a raiz
de tudo isso e aquele mist&io dos misterios, o Ovo do Mundo *

Hi mister conhecer a razao de um simbolo antes de o malsinar. O


duplo elemento de Ar e Agua e o do ibis, do cisne, do ganso e do pelicano;
.
o do crocodile e da ra; o da flor do 16tus e do nenufar, etc Dal a elei ao
^
de simbolos aparentemente os mais improprios, pelos mlsticos de todos os
tempos, antigos e modernos. Pan, o grande Deus da Natureza, era geral-
mente representado em companhia de aves aquaticas, especialmente de
gansos, e o mesmo sucedia com outros Deuses Se mais tarde, com a
*

gradual degenerescencia da religiao, os Deuses, a quem se consagravam os


gansos, foram transformados em divindades priapicas, nao isso razao para
que as aves aquiticas fossem dedicadas a Pan e outros deuses filicos, como
pretenderam sustentar alguns espiritos mordazes, inclusive da antiguidade **,
significando tao somente que o poder abstrato e divino da Natureza Pro-
criadora se havia antropomorfizado grosseiramente, Nem tampouco repre
senta o cisne de Leda ccatos priapicos com os quais ela se regozijava ,
-
como castamente o inculca o Sr , Hargrave Jennings; pois esse mito nao 6
senao outra versao de mesma ideia filosdfica da Cosmogonia. Vemos com

( 21 ) Chaldean Account of Genesis , 62-63.


( 22 ) Os Sete Cisne s, que se acrcdita desceram do C u no Lago Mlnsarovara,
representam, m, imagica ao popular, os Sete Rishis da Ursa Maior, que tomam aquela
^
forma para visitar os sttios em que foraro escritos os Vedas.
( 23 ) Veja-se Petrflnio, Satyricon, CXXXVI.

64
Escola do Grande Orients Mistico

frequencia os cisnes assodados a Apolo, por serem os emblemas da Agua


e do Fogo? e tambm da Luz do Sol , antes da separa ao dos Elementos.
^
Os simbologistas modernos teriam muito a ganhar se atentassem para
algumas observances feitas por uma escritora bast ante eonbecida , a Sra <

Lydia Maria Child , que di2 ;


Hi no Industao um emblem* a que se rende culto, desde tempos imemoriais,
como o tipo da cria ao ou origem da vida . Shiva , on o Mahadeva , nao somente 6
^ * *

o reprodutor das formas hum anas, mas tambem o prindpio frutificador, o poder
gerador que penetra o Universo. O emblema maternal e igualmente um distfndvo
religiose. Foi esse respeito a produ ao da vida , que introduziu no culto de Osiris
^
os emblemas sexuais , Seri de estranhar que considerassem com reverSncia o grande
misterio do nascimento humano? Seri am cles, impuros porque assim pensavam , ou
rtds que o somos por pensar de maneira diferente ? Mas nenbum homem inteligente
e pura poderia julga-los daqueie modo. * . Teroos caminhada muito, e pot setid&s
bastante impuras, desde o tempo cm que aqueles antigos anacoretas falaram pela pri-
meira vez de Deus e da alma nas prolutididades soleoes de seus primitivos santuarios .
Nao devemos sorrir do seu modo de buscar a causa infinita e incomp reensivel atrav s
^
de todos os mist rios da Natureza, pois, assim fazendo , estaremos projetando a sombra
^
de nossfl propria grosseria sobre a sua simplicidade pfrtriarcwl.

( 24 ) .
Progress of Religions Ideas , I, 17 e seguintes

65
Escola do Grande Oriente Mistico

SECAO VI
O OVO DO MUNDO

DE ONDE provm este simbolo Universal ?


O Ovo figurou como signo sagrado nas Cosmogonias de todos os
povos da terra , e foi venerado tanto por causa de sua forma como pelo
mis ter io que encerra. Desde as primeiras concepgoes mentais do homem ,
foi considerado o simbolo que melhor rep resentava a origem e o segredo
do Ser. O desenvolvimento imperceptivel do germe dentro da casca, o
trabalho interno que, sem a intervengao de nenhuma forga externa aparente,
de um nada produz algo ativo, sem para tanto necessitar de outra coisa
alem de calor ; algo que, depois de evolucionar gradualmente em uma cria-
tura viva e concreta, rompe a casca e aparece aos sentidos extemos de
todos como um ser gerado por si mesmo e por si mesmo criado; tudo isso
tinha que ser, desde o comedo, um milagre permanente,
O Ensinamemo Secreto explica a razao daquela veneragao pelo simbo-
lismo das ragas pr-hist6rica $, No principio, a Causa Primeira nao tinha
Home. Mais tarde, a fantasia dos pensadores a representou como uma ave,
sempre invisfvel e misteriosa, que deixou cair um Ovo no Caos, Ovo que
se converteu no Uni verso. Eis que Brahma foi chamado Kalahamsa, o
Cisne no ( Espago e ) no Tempo . Tornando-se o Cisne da Etemidade,
Brahma pos , no infcio de cada MaMmanvantara , um Ovo de Ouro, que
simboliza o grande Circulo , ou O , que pot sua vez 6 o simbolo do Uni
verso e de seus corpos esfericos . -
A segunda razao pela qual foi o Ovo escolhido como a representagao
simbdlica do Universe e de nossa Terra est na sua forma. E um Circulo
e uma Esfera ; e a forma ovoide do nosso Globo ja devia ser conhecida desde
quando surgiu o simbolismo, para que o signo do Ovo fosse, como foi,
tao universalmente adotado. A primeira manifestagao do Cosmos sob a
forma de um Ovo era a crenga mais difundida da antiguidade. Conforme
nos mostra Bryant *, era um simbolo usado entre os gregos, os sfrios, os
persas e os egipdos . No Ritual egipdo, menciona-se que Seb, o Deus do

( 1) .
An Analysis of Ancient Mythology , volume III , p , 165

66
Escola do Grande Oriente Mistico

Tempo e da Terra , pos um Ovo, concebido h bora do Grande Uno da


For a Dual 2.
^Ra , tal como Brahma, e represen tado em gesta ao no Ovo do Uni -
^
verso. O Defunto resplandece no Ovo do Pals dos Miseries 5, porque
6 o Ovo a que se da a Vida entre os Deuses 4. j o Ovo da Grande
Galinha choca, o Ovo de Seb, que dele sai sob o aspecto de um falcao 5.
Entre os gregos, o Ovo Orfico e descrito por Aristdfanes, e fazia parte
dos Mist rios Dionisiacos e de outros, durante os quais era consagrado o
^
Ovo do Mundo e explica a sua significapio. Porfftio tambem no-lo mostra
como uma representa ao do mundo: EppTyveuEL Si 'to wov TQV krpov \
^ demonstrar que o Ovo simboliza a Area de
Faber e Bryant tentaram
Noe, o que seria uma cren a extravagante, a menos que esta Area fosse
^
tambem aceita como puramente simbolica e alegorica. So como sinonimo,
da Lua , o Argha que leva a semente universal da vida, podia o Ovo repre-
sentar a Area ; mas cert amen te nao tinba rela ao alguma com a Area da
^
Biblia. Seja como for , era geral a cren a de que o Universo exisria, no
prinefpio, sob a forma de um Ovo. E, como diz Wilson, ^
Todos os Purdnas referem uma versao semelhante, quanto & primeira agrega ao
dos Elementos em formaM de . uni Ovo, com o epfteto usual de Haima ou Hiranya de ^
ouro*, v no Mattu , 1, 9 <h

Hiranya , por&n , quer dizer resplandecente , brilhante , e nao de


ouro , conforme provou o insigne letrado Hindu Swami Dayanand Saras-
vati, em suas pole micas, indditas, com o Professor Max Muller. Est 4 escrito
no Vishnu Purina:
.
A Inteligcncia | Mahat | . ., inclusive os Elemenios grosseiros jnao manifestados ] ,
4

.
formou ura Ovo. . e o Senhor do Universo, ele pr6prio, habilltou sob o aspecto de
Brahma . Neste Ovo, 6 BrUmane, estavam os continents, os mares e as montanhas,
os plan etas c as divisoes dos planetas , os dcuses, os demdnios e a humanidade 7.

Na Gracia , como na India, o primeiro Set masculino visivel , que reu


nia em si mesmo a natureza dos dois sexes, habitou o Ovo e dele saiu. O
-
Primognito do Mundo , segundo alguns gregos, foi Dioniso, o Deus que
surgiu do Ovo do Mundo e de que provem os Mortals e os Imottais. O
Deus Ra , no Livro dos Mortos, aparece resplandecente em seu Ovo ( o
Sol ) , e empreende a sua marcha logo que o Deus Shu ( a En.ergia Solar )
o desperta e lfee di impulse 8. Ele est no Ovo Solar , o Ovo a que se
da a Vida entre os Deuses 9. O Deus Solar exclama : "Eu sou a Alma

( 2) Book of the Dead , cap. lVt 3.


( 3) .
Op tit ., cap . XXII, 1.
(4) Ibid., cap. XLII, 13.
( 5) Cap. LIV, I, 2; cap. LXXVII, 1.
(6 ) Vishnu Purina, l , 39 ( nota ).
(7 ) Op. tit., p. 39-40.
( 8) Livro dos Mortos , cap. XVII, 30-51.
(9) Op. tit ., cap. XLII, 13.

67
Escola do Grande Oriente Mistico

Criadora do Abismo Celeste. Ningudm ve o meu Ninho, ningu6m pode


romper o meu Ovo; eu sou o Senhorl 10
Considerando essa forma circular, o saindo do O ou Ovo, ou o
macho da femea no androgino, estranho que um erudito venha dizer, sob
o fundamento de nao existir nenhum vestigio nos manuscritos Hindus de
maior vetustez, que os antigos arianos desconheciam a nota ao decimal.
^
O 10, sendo o mimero sagrado do Universo, era secreto e esot&ico, tanto
em relate & unidade quanto ao zero, o Circulo.
Diz o Professor Max Muller que as duas palavras cipher e zero , que
sao a mesma coisa , bastam para provar que os nossos algarismos vieram
.
sSnscrito sunyan, nada

dos arabes" u Cipher e o cifron arabe, e significa vazio12
, tradu ao do
acrescenta o citado Professor . Os arabes
tomaram seus numeros do Indostao, e nunca pretenderam have-los inven-
.
tado Quanto aos pitagdricos , s6 nos cabe reportar-nos aos antigos manus-
^
critos do tratado de Boecio, De Arithmettca, composto no sdculo VI, para
vermos entre os numeros pitagdricos o l * e o 0 como primeiro e
ultimo algarismos 13, E Porfirio, citando o pitagorico Moderatus 14, diz
que a numerate de Pitagoras consistia em simbolos hierogltficos, por
meio dos quais ele explicava as ideias concementes k natureza das coisas
ou a origem do Universo.
Ora , se, por um lado, os manuscritos mais antigos da India nao mos-
tram tra o algum de notacao decimal, e Max Muller afirma categorica
^
mente que ate agora so encontrou nove letras, iniciais dos numeros sans-
-
critos; por outro lado, dispomos n6s de anais , tao antigos como aqueles,
.
que podem fornecer as provas reckmadas Queremos referir-nos Ss escul-
turas e imagens sagradas que se encontram nos templos mais antigos do
longmquo Oriente. Da India foi que Pitagoras adquiriu o seu conheci-
mento; e vemos que o Professor Max Muller endossa esta afirma ao, pelo
menos ate o ponto de admitir que os neopitagoricos foram os primeiros a ^
ensinar a arte do cdlculo entre os gregos e os romanos, que, em Alexan
dria ou na Stria, eles tomaram conhecimento dos algarismos indianos, e os
-
adaptaram ao Abaco pitagdrico. Nessa cautelosa admissao esti implicito
.
que Pitagoras so conhecia nove algarismos Poderiamos, assim , responder
que, ainda quando nos faltassem provas exot ricas de que Pitagoras
que viveu nos ultimos anos da idade arcaica 13 ^
estava a par da notagao
decimal , temos suficientes testemunhos de que a srie completa dos alga-

rismos, tal como no-la deu Boecio, ja era conhecida de Pitagoras antes da

, .
( 10 ) Ibid , cap LXXX, 9 .
( 11 ) Veja-se Our Figures , de Max Muller ,
( 12 ) Para um cabalista seria muito mais plausfvel que, assim como o cifron
arabe tem sua raiz no sunyan htndu, do mesmo modo os Sephiroth cabalfsticos dos
,
judeus ( Sephrim ) provieram da palavra cipher nao no sentido de va2io, mas no de
.
criacao por meio do numero e dos graus de evoIu?ao E os Sephirotb sao 10 ou 0 .
, .
( 13 ) Veja-se: Gnostics and their Remains 370 ( 2 * edi ao ) , de King
^
( 14 ) De Vita Pytbag.
.
( 13 ) Adraite-se que a data do seu nasrimento 6 o ano de 60S antes de Cristo

68
f

Escola do Grande Oriente Mistico

fnndagao de Alexandria 16 . Vemos essas provas em Aristdteles, quando


diz quc us&g\ms filbsofos entendern que as idbias e os niimeros rm a mesma
natureza, e que sao dez ao todo 17. Cremos que isso basta para demonstrar
que a nota ap decimal j & era conhecida desses filosofos, pelo menos quatto
^
seculos antes de Cristo, pois Aristoteles nao parece tratar o assunto como
uma iftova ao dos neopitagdricos.
^
Mas n6s ainda sabemos mais ; sabemos que a humanidade dos primei-
ros tempos arcaicos deve ter usado o sistema decimal, pois que toda a
parte astrondmica e geombtrica da lingua sacerdotal secreta estava baseada
no ndmero 10 , ou a combina ao dos prindpios masculino e feminine; e
^
que a chamada piramide de "Cheops foi constrmda de acordo com medi-
das pertencentes a essa notate decimal, ou melhor, baseada nos dfgitos e
suas combina oes com o zero. A esse tespeilo jd nos estendemos bastante
^
em his sem Veu > sendo intitil a repetipao.
O simbolismo das Divindades lunares e solares se acha de tal mode
entrelagado que 6 quase impossivel separar os signos de umas e outras,
como o Ovo, o Lotus e os Animais "Sagrados h A Ibis, por exemplo, era
objeto de grande venera?ao no Egito. Estava consagrada a Isis, represen
tada muitas vezes com a cabega desse passaro; e tambem o estava a Mer-
-
Tifon * Havia duas espcies de Ibis no Egito

curio ou Thoth , que se diz haver tornado sua forma quando escapou de
conta Herbdoto 18 :
uma inteiramente negra, e a outra preta e branca . Dizia se que a primeira
-
combatia e exterminava as serpentes aladas que vinham da Arabia na prima-

vera e infestavam o pais . A outra estava consagrada a Lua, porque este
astro d branco e brilhante em sen lado ex ter no, e negro e escuro do lado
que nunca mostra h Terra . Demais, a Ibis mata as serpentes da terra e
destroi quantidades imensas de ovos de crocodilo, salvando assim o Egito
do petigo de ter o Nilo completamente infestado por esses hoxrlveis siurios.
-
Pretende se que o passaro executa sua tarefa sob a claridade da Lua, sendo
assim ajudado por Isis , cujo simbolo sideral 6 a Lua. Mas a verdade
esot erica , que se esconde por tras desses mitos populares, 6 que Hermes,
conforme a explica ao de Abenepbius 19 , velava sobre os egfpcios sob a
^
forma daquele passaro , e lhes ensinava as artes e ciencias ocultas. Quer
isso dizer que a Ibis religiosa tinha, e tem, ptopriedades m gicas, como
^
muitas outras aves, sobretudo o albatroz e o cisne branco simbolico, o
Cisne da Eternidade ou do Tempo, o Kllahansa ,
Se assim nao fosse, por que aquele temor supersticiaso dos antigos,
que nao eram mais tolos do que nbs, de matar certas aves?
No Egito, quern matasse um Ibis, ou urn falcao dourado, simbolo do
Sol e de Osiris, arriscava se I morte e dificilmente podia escapar. A
-
venera ao de alguns povos para com as aves era tal que Zoroastro, em sens
^
preceitos, proibe a destrui ao delas, que considera um crime hediondo.
^
( 16 ) Ou seja , 332 anew antes de Crista
( 17 ) Metafteica , VII , F.
( 18 ) Euterpe, 75 76.
( 19 ) De Cultu Egypt .
-

69
Escola do Grande Oriente Mistico

Hoje, toda especie de adivinhagao nos causa riso. No entanto, houve


geratfSes e geraoe$ que acreditavam na adivinha$ao por meio das aves,
e atb na Zoomancia, introduzida, ao que diz Suidas, por Orfeu , que ensi
nou a ler, sob certas conduces, na gema e na data de um ovo, o que a
-
ave por nascer iria presenciar cm sua cum existencia , Essa arte oculta,
que ha 3 000 anos exigia o mais profundo saber e os mais complexos
cilculos matem ticos, caiu agora no abismo da degrada ao ; e hoje em dia
^ ^
sao as velhas cozinheiras e as profissionais da buena-dkha que lem o
futuro, para as empregadas que procuram marido, na clara de um ovo
dentro de um copo.
Mas os proprios cristaos tem, ainda hoje, as suas aves sagradas; por
exemplo, a Pomba, simbolo do Espfrito Santo. Nem tampouco esqueceram
os animais sagrados; e a zoolatria evangelica, com o seu Touro, a sua
Aguia, o seu Leao, o seu An jo ( que nao senao o Querubim ou Serafim ,
a Serpente de Fogo alada ) , e tao paga como a dos egipcios ou a dos
caldeus. Esses quatro animais, em verdade, sao os simbolos dos quatro
elementos e dos quatro principios inferiores do homem. Correspondem
tamb6n, fisica ou materialmente, is quatro constelagoes que formam , por
assim dizer, o sequito ou cortejo do Deus Solar, e que, durante o solsticio
de invemo, ocupam os quatro pontos cardiais do drculo zodiacal. Podem se
ver os quatro animais ** em muitas edi oes do Novo Testamento dos cato-
-
^
licos romanos, nas quais hi os retratos dos Evangelistas. Sao os animais
do Mercabah de Ezequiel. Como bem o diz Ragon:
Os antigos Hierofantes combinararo t5o habilmente os dogmas e simbolos de
suas filosoflas religiosas, que cio posslvel explica-los de maneira cabal e satisfatbria
senao mediante o emprego e o conhecimento de todas as chaves .

S6 aproximadamente podem ser interpretados, ainda quando che-


guem a descobrir trSs dos sete sistemas, a saber: o antropologico, o psiquico
e o astron&mico. As duas principals interpretagoes, a mais elevada e a
inferior, a espiritual e a fisiologica, foram conservadas no maior sigilo, at6
que a ultima caiu no dominio dos profan os. Aludimos aos Hierofantes
prb-histdricos, para os quais aquilo que hoje se converteu em puramente
( ou impuramente ) falico era uma cincia tao profunda e tao misteriosa
quanto a fisiologia e a biologia de nossos dias. Era propriedade exclusiva
deles, o fruto de seus estudos e de suas descobertas. As duas outras inter
preta des cram as que tratavam dos Deuses Criadores, ou da Teogonia,
-
^
e do homem criadorj isto 6 t dos Misterios ideais e prbticos. Tais inter -
preta$6es foram tao engenhosamente vekdas e combinadas entre si, que
numerosos eram os que, tendo descoberto um dos significados, nao conse
gulram decifrar os outros ou compreendS-los o suficiente para que pudes-
-
sem cometer indiscricoes perigosas, As mais elevadas, a primeira e a
quam a Teogonia em suas rela oes com a Antropologia
^
, eram de
quase impossivel penetra ao. Disso temos a prova na Escritura Sagrada
dos judeus. ^
Por ser ovipara 6 que a Serpente se tornou o simbolo da Sabedoria
e o emblema do Logos ou dos Nascidos por Si Mesmos. No templo de

70
Escola do Grande Oriente Mistico

-
Philae , no alto Egito, preparava se urn ovo, artificialmente, de argila mistti
rada com incensos diversos. Era o ovo incubado por um processo especial,
-
dele saindo uma cerasta ou vibora de chifres . Outrotanto se fazia antiga
mente nos templos da India , cm rclagao % cobra - O Deus Criador emerge
-
do ovo que sai da boca de Kneph , sob a forma de uma Serpente alada;
pois a Serpente o simbolo da Sabedoria Integral . Entre os hebreus, a
mesma Divindade e simbolizada pelas Serpentes de Fogo on Voadoras
de Moises, no deserto; e entre os misticos de Alexandria vem a ser o
Orphio-Christos , o Logos dos gndsticos Os protestantes tentam provar
,

que a alegoria da Serpente de Bronze e das Serpentes de Fogo tern relagao


direta com o misterio do Cristo e da Crueificagao, quando, em verdade , tem
muito mais relagao com o misterio da geratfo , se nao associada ao Ovo
com o Germe Central ou ao Circulo com o seu Ponto Central . Os teologos
protestantes querem que aceitemos a sua interpretagao so porque a Ser-
pente de Bronze estava igada em um mastro! Mas isto se referia antes
ao Ovo egipcio de pe sobre o sagrado Tau , porquanto o Ovo e a Serpente
sao inseparaveis no culto e na simbologia antiga do Egito , e tanto as Ser
pentes de Bronze como as Serpentes de Fogo eram Seraphs, os Mensageiros
-
Igneos ou os Deuses-Serpentes, os Nagas da India . Sem o Ovo, a ale-
goria tinha um sentido puramente falico ; mas, com a Serpente asso-
ciada ao Ovo, o simbolo referia -se a criagao cosmica. A Serpente de
Bronze nao possuia a significagao sagrada que os protestantes Ihe querem
emprestar ; nem era realmente glorificada com preferencia as Serpentes de
Fogo, para cuja mordedura ndo passava de um remedio natural
o sentido simbdlico da palavra Bronze" o principio feminino, e o de

sendo
Fogo ou Ouro o principio masculino.
O Bronze era um metal que simbolLzava o mundo inferior , o da matriz em
, ,

que se devia produzjr a vida . . . A palavra em hehreu para a serpente era Nachash ,
mas esta significa tambem bronze

Esta dito no Livro dos Numeros que os judeus se queixavam do


deserto, onde ndo havia dgua 20 ; pelo que mandou o Senhor serpentes de
fogo para que os mordessem , e, em seguida , querendo agradar a Moists ,
lhe deu como remedio a Serpente de Bronze sobre um mastro, a fim de
que a contemplassem ; e entao todo aquele que olhasse a serpente de
bronze . . . viveria { ? ) . Depois, o Senhor , reunindo o povo junto ao
pogo de Beer, Ihe deu agua , e o povo de Israel, agradecido, entoou esta
cangao: Sobe, 6 pogo! 21
Quando o leitor cristao, depois de estudar o simbolismo, comegar a
entender o significado interno destes tres simbolos, a Agua , o Bronze e
a Serpente, e de alguns mais, no sentido que Ihes da a Santa B'tblia , nao
lhe aprazera relacionar o nome sagrado de seu Calvador com o incidente
.
da Serpente de Bronze Os Serafins ( tMBW ) ou Serpentes de Fogo aladas
estao sem diivida inseparavelmente associados i idda da Serpente da

( 20 ) XXI , 5 e segs .
( 21 ) .
Ibid , , 16-17

72
Escola do Grande Oriente Mistico

Etemidade, Deus , como o explica o Apocalipse de Kenealy ; mas a palavra


Querube significa tamb m Serpente cm certo sentido,. embora fosse dife
^
rente o seu sentido corrente, pois os Querubins 8 e os Grifos Alados dos
-
persas ( rpimef ) , os guardiaes da Montanha de Ouro, sao uma e a vnesma
coisa ; e a composi ao do nome dos primeiros explica o seu carater, for-
^
mado que 6 de Kr {*' ) , drculo, e aub ou ob ( 3K ), serpente, significando ,
portanto, uma "serpente mim drculo . Mostra isso o carater falico da
Scrpcntc de Bronze, e justifica que Ezequiel a tivesse destruido .23 Verbum
satis sapienti!
No Livro dos Mortos > como ja dissemos , alude-se freqiientemente ao
Ovo .24 Ra , o Poderoso , permanece etn seu Ovo durante a luta entre os
Filhos da Rebeliao e Shu , a Energia Solas e o Dragao das Trevas , O
Defunto resplandece em seu Ovo quando no Pais do Mistdrio. o Ovo
de Seb. O Ovo era o simbolo da Vida na Imortalidade e na Eternidade,
e tambem o signo da matriz geradora ; ao passo que o Tau, que lhe estava
associado, era so o simbolo da vida e do nascimento na geragdo. O Ovo
do Mundo estava colocado em Khum , a Agua do Espago ou o Prindpio
feminino abstralo\ convertendo-se Khum , com a queda da humanidade
na geragao e no falicismo, em Ammon, o Deus Criador. Quando Ptah , o
Deus Flamigero , leva na mae o Ovo do Mundo , entao o simbolismo
vem a ser inteiramente terrestre e concreto em sua significant*. Com o
^ -
Falcao, signo de Osiris-Sol, o simbolo e dual , referindo se a ambas as
Vidas: a mortal e a imortal. A gravura de um papiro no CEdipus Egyp-
,

tidcus 25 de Kircher mostra um ovo flutuando sobre a mumia , o simbolo


da esperanga e a promessa de um Segundo Nascimento para o Morto Osiri-
ficado ; sua Alma , apos a devida purificagao no Amenti , cumprira seu periodo
de gestagao nesse Ovo da Imortalidade , para dele renascer em uma nova
vida sobre a terra . Esse Ovo 6 segundo a Doutrina Esoterica , o Deva-
t

chan , a mansao da FeUcidade. O Escaravelho alado e outro simbolo de


identica significagao. O Globo Alado nao d senao uma forma do Ovo, com
o mesmo significado do Escaravelho, o Khopiru
da raiz kbopru , vir a
ser , renascer s que se relaciona com o renascimento do homem e com sua
regenerate espiritual.
Na Teogonia de Mocbus , vemos primeiramente o JEthzx , depois o
Ar , os dois principles segundo os quais Ulom , a Divindade Inteligivel
( No71^ 6 / ) t o Universo vislvel da Materia , nasceu do Ovo do Mundo.2
Nos Hinos Orficos , Eros-Phanes surge do Ovo Divino , que se impreg-
nam dos Ventos /Eth reos, sendo o Vento o "Esplrito de Deus \ ou melhor ,
^
o "Espirito das Trevas Desconhecidas
a Ideia Divina de Platao
* ,
que se diz mover-se no fiter.27

( 22 ) Kerubim .
( 23 ) II Reis, XVIII, 4.
( 24 ) Supra, p . 120-1.
( 25 ) VoL III , 124.
( 26 ) Movers, Pboinizer , 282.
( 27 ) .
Veja se Isis stm Vtu , p 56 do VoL I.

72
Escola do Grande Oriente Mistico

No Katba Upanishad hindu , Purusha, o Espfrito Divino, ja est 4 pre-


sent e ante a Materia Original, e dessa utiiao surge a Grande Alma do
Mundo , Maha -Atma, Brahma , .
Espfrito de Vida 28, etc ; estes ultimos
nomes sao todos identicos S Anima Mundi ou "'Alma Universal , a Luz
Astral dos cabalistas e dos oculistas, ou o Ovo das Trevas Ha ainda .
muitas alegorias encantadoras sobre o mesmo assunt o, esparsas nos Livros
Sagrados dos bramanes. Em uma delas, o criador feminino e primeiro um
gexme, depots uma gota de orvalho celeste, uma p rola e finalmente um
^
ovo. Em tais casos, demasiado numerosos para que possam ser cspecifi-
cados separadamente, o Ovo da nascimento aos quatro elementos dentro
do quin to, o /Ether, e esta coberto por sete envoltorios, que mais tatde se
convertem em sete mundos superiores e sete inferiores. A casca partin-
do-se em duas, forma o Ceu, e o conteudo a Terra, sendo a clara as Aguas
Terrestres. Entao Vishnu sat do Ovo, com um 16tus na mao. Vinatl,
filha de Daksha e esposa de Kashyapa, o nascido de si inesmo, que surgiu
do Tempo'* , um dos sete "Criadores do nosso Mundo, produz um Ovo,
.
e deste nasce Garuda, o Veiculo de Vishnu A ultima alegoria refere-se i
nossa Terra, pois Garuda 6 o Grande Ciclo.
O Ovo era consagrado a Isis, e por isto os sacerdotes do Egito jamais
comiam ovos.
Isis quase sempre representada com um Lotus numa das maos, e na
outra um Circulo e uma Cruz { crux ansata ) .
Deodoro de Sicilia d&z que Osiris nasceu de um Ovo, da mesma forma
que Brahma . Do Ovo de Leda n a seeram Apolo e Latona , e tambdm Castor
e Polux , os Gemeos resplandecentes . E, embora os budistas nao atribuam
a mesma origem ao seu fundador , tamb m eles, tal como os antigos egfpcios
^
e os niodernos bramanes , nao comem ovos , para nao destruir o germe de
vick que neles se acha jatente, evitmdo assim cometer um pecado. Os
Chineses acreditam que o seu Primeiro homem nasceu de um Ovo , que
Tien deixou cair do C6u nas iguas da T e r r a E s t e ovo-sunbolo 6 ainda
considerado por alguns como representando a ideia da origem da vida, o
que uma verdade cientifica , se bem que o ovum humano seja invisfvel
a simples vista. Dai a razao por que, desde os tempos mais remotos,
era o simbolo reverenciado pelos gregos, fenicios , romanos , japoneses e Sia
meses, assim como pelas tribos da America do Norte e do Sul, e at pelos
-
selvagens das ilhas mais longfnquas.


Entre os egipcios, o Deus oculto era Amon, ou Mon, o Oculto , o
Esp/ rito Supremo. Todos os seus Deuses eram duais a Realidade den-
tlfica para o santujrio; seu duplo, a Entidade fabulosa e mitica , para as
massas. Por exemplo, como ja assinalamos na Se$ao Chaos, Theos, Kos -
mos , H6rus o Maior era a Id6ia do Mundo ainda na mente do Demiurgo,

( 28 ) Weber, Akad-Varles , 213 e seg*.


( 29 ) Os Chineses parece, assim , que se anteciparam & teoria de Sir William
Thomson , de que o primeiro germe de vida sobre a Terra havia caido de algum com eta
errante. Uma peigunta: por que considerar cienttfica a ideia europ6ia , e supersticiosa
e tola a idlia chinesa?

73
Escola do Grande Oriente Mistico

nascido nas trcvas antes da Cria So do Mundo ; o Segundo H6rus repre


^
sen tava a mesma Ideia saindo do Logos , revestindose de materia e assu -
-
uo
mindo existncia realao. H6rus, Maior , ou Haroiri, 6 um aspccto antigo
do Deus Solar, contemporSneo de Ra e de Shu . Confunde se frequente -
mente Haroiri com Hor ( Horsusi ) , Filho de Osfris e de Isis, Os egfpcios
-
representam muitas vezes o Sol nascente sob a figura de Hor, o Maior,
saindo de um I6tus inteiramente desabrochado, o Universe; vendo-se sem-
pre o disco solar sobre a cabe a de falcao daquele Deus, Haroiri Khnum ,
^
O mesmo sucede com Khnum e Anon ; ambos sao repxesentados com cabe a
de carneiro, e amiude se confundem, conquanto sejam diferentes os seus ^
atributos. Khnum 6 o ^ modelador de homens , formando os homens e
as coisas do Ovo do Mundo em uma roda de oleiro ; Amon Ra , o Gerador,
6 o Aspecto secund rio da Divindade Oculta. Khnum era adorado em
^
Elefantina e Philas 31, e Amon em Tebas, Mas e Emepht, o Princfpio Uno
Supremo Planetitio que faz brotar o Ovo de sua boca, sendo, portanto,
Brahma. A Sombra da Divindade Cosmica e Universal, daquele que incuba
o Ovo e o impregna com o seu Espfrito Vivificador, at que o germe nele
contido esteja maduro, era o Deus do Misterio, cujo nome nao se podia
pronunciar. Entretanto, Ptah aquele que abre a Vida e a Morte 32,
o que emerge do Ovo do Mundo para corner ar sua dupla tarefa 33.
Segundo os gregos, a forma espectral dos Chemis ( Chemi, e Egito
antigo ), que flutua sobre as Ondas Etereas da Esfera Empfrea, foi cha-
mada k existencia por Hdrus-Apolo, o Sol-Deus, que a fez surgir do Ovo
do Mundo,
O Brabminda Purina coffl&n todo o misterio sobre o Ovo Aureo de
Brahma ; e e por isso talvez que esse Purina nao 6 acessivel aos orientalistas,
segundo os quais < fja nao se pode obt-los em seu corpo coletivo , mas
esta representado por uma variedade de Khandas e MlhJtmyas que se
pretende derivarem dele . Do Brabminda Purina se diz que descreve
em 12 200 versos a magnificntia do Ovo de Brahma, e contim uma rela -
fao dos Kalpas futuros, revelada por Brahma 34. Assiin e, e mais ainda
talvez.
Na Cosmogonia escandinava, que o Professor Max Muller considera
muito anterior aos Vedas , no poema de Woluspa, o Canto da Profedsa,
voltamos a encontrar o Ovo do Mundo no Germe-Fantasma do Udiverso,
que 6 represen tado como jacente ao Giimungagap, a Ta a da Ilusao, My3,
^
o Abismo Ilimitado e Vazio, Nesta Matriz do Mundo, antes regiao de
trevas e desolagao, Nefelheim, o lugar da Ndvoa ( a Nebulosa, como hoje

Veja-se Pboimzer , de Movers, p. 26&,


( 30 )
Suas Deusas triadicas sao Sati e Atiouki ,
( 31 )
Ptah era originariamente o Deus da Morte, da Destrui ao, como Shiva.
( 32 )
^
E i um Deus Solar tSo somente em virtude do fogo do Sol, que ao mesmo tempo
mata e vivifica. Era o Deus national de Mentis, o Deus radiante e de imaculada
.
face * ( Vejam-se os Bronzes de Saqquarah, da poca Salta. )
( 33 ) Livro dos Numeros.
.
( 34 ) Wilson, Vishnu Purina , I, Pref , pp. LXXXnMT

74
Escola do Grande Oriente Mistico

se diz ) , na Luz Astral , caiu am Raio de Lux Ftia, que fez transbordar a
e af se congelou. O Invxsivd fez soprar um Vento ardente, que
fundiu as Aguas congeladas e dissipou a Nvoa. As Aguas ( o Caos ),
chamadas as Correntes de Eliwagar , destilando em gota vivificantes, calram
e criaram a Terra e o Gigante Ymir, que s6 tinha a apar&icia de homem
( o Homem Celeste ) , e a Vaca Audumla ( a Mae'', a Luz Astral ou Alma
Cosmica ) , de cujas tetas flulram quatro torrentes de leite os quatro
pontos cardiais, os quatro mananciais dos quatro rios do Eden, etc,; qua-
tro que estao simbolizados pelo Cubo eir todos os seus multiples signi-
ficados mlsticos.
Os cristaos ( espedalmente os das Igrejas latina e grega ) perfUharam
integralmente o simbolo, e veem nele uma evocagao da vida eterna, da
salva ao e da ressurrei ao, Ha uma confirma ao disso no costume tradi
^ ^ ^
cional de se presentearem Ovos da Pascoa * Desde o Anguinum, o Ovo
-
do Druida Pagao, cujo nome por si &6 fazh Roma tremer de medo, atd o
Ovo da Pascoa vermelho do campones eslavo, transcorreu todo um cido.
-
E, no entanto, seja na Europa dvilizada , seja entre os selvagens mais atra
sados da America Central, encontramos sempre o mesmo pensamento arcai -
co primitivo, se nos damos ao trabalho de pesquisa-lo e se, em consequencia
do orgulho de nossa pretensa superioridade intelectual e flsica, nao desfi
guramos a idda original do simbolo.
-

75
Escola do Grande Oriente Mistico

SE
^AO VII
OS DIAS E NOITES DE BRAHMA

TAIS SXO OS nomes que se dao aos periodos do Manvantara ( Manu-


antara ou cntre Manus ) e do Pralaya ( ou Dissolugao ): o primeiro corres-
ponds aos Periodos ativos da Universo; o outro aos tempos de Repouso
relativo e Repouso completo, que devem ocorrer ao terminar inn Dia, ou
uma Idade ou Vida de Brahma . Esses Periodos, que se sucedem com regu-
latidade uns aos outros , sao tambm chamados Pequenos Kalpas e Grandes
Kalpas, o Kalpa Menor e o Maha-Kalpa , se bem que o Maha - Kalpa nao
seja propriamente urn Dia , mas toda uma Vida ou Idade de Brahm8; pois ,
como esta dito no BrahmA Vaivarta : Os Cron61ogos contam um Kalpa
pela Vida de Brahma . Os kalpas Menores , como Samvarta e os demais,
sao nutnerosos . Em verdade, o seu ntimero e infinito, porquanto nunca
tiveram prlncipio; ou, por outras palavras , nunca houve um primeiro Kalpa ,
e nunca haver i um ultimo, na Etemidade ,
Um Prandha , ou a metade da exfstencia de Brahma, na acep ao ordi-
n&ia desta medida de tempo , jfi escoou no M8ha Kalpa atual; o Kalpa ante- ^
rior foi o Padma ou o do L6tus de Ouro; o pre sente e Varaha 1, a Encar-
nagao ou Avatar do Javaii .

( 1) Ha uma informal bem curiosa na 3 tradu< joes esotineas budistas. A bio-


grafia alegorica exoterica de Gautama Buddha nos mostra haver o grande Sabio morrido
de uma indigestao de porco e arroz^; desfecha prosaico, em verdade, e mui poueo
-
solene! Exp liea se a lenda como uma referenda alegdrica ao seu nascimento ocorrido
no Kalpa do Javaii ou Vai &ha, quando Vishnu tomou a forma deste animal para tirar
*Brahma ^ .
Terra das " Aguas do Espa o Ora, como os bramanes descendem dlretamente de
, e estao; por assim dizer, com ele identificados; e como sao, ao mesmo tempo
inimigos mortals de Buddha e do Budismo, teraos af o verdadeiro sentido dessa curiosa
combimcao alegdrica . O Bramanisrao do Kalpa do Javaii, ou Varilba, destruiu a religiao
-
de Buddha na India, expulsando a do pais. Assim se explica por que Buddha , identi-
Jficado que com a sua rilosofia, passa por ter morrido depois de comer came de porco
selvagem . A id &a de que aquele que instituiu o vegetarianismo e o mais rigoroso
respeito & vida animal ( ao ponto de se recusar a comer ovos por .serem vdculos de
vida latente ), em si mesma contraditdria e sumamente absurda , e tem conf undido mais
de um orientalista. Mas a e x p l i c a q u e agora mencionamos levanta o vu da alegoria,
e tudo esclarece . Contudo, o Varaha nao 6 simplesmente o Javaiij mas, de infeio,
segundo parece, deve ter significado algum animal lacustre antediluviano, 4 que se com
.
*

prazia em brincar dentio d'6gua* ( Vishnu PurAna )

76
Escola do Grande Orients Mistico

H uma COLSa que se deve levar especialmente em oonta no estudo da


religiao hindu nos PurAnas. Conv&n nunca interpretar literalmente, nem
em um s<5 sentido, as senten$as que ali se encontram ; e sobretudo as que
se referem aos Manvantaras ou Kalpas devem ser entendidas em suas dife-
rentes significances. Esses termos servem ao mesmo tempo para designar
tamo os grandes como os pequeno perlodos, os M3h3. Kalpas como os
Ciclos Menores. O Matsya , ou Avatar do Peixe, ocorreu antes do Variha,
on Avatar do Javali; as alegorias devem, portanto, aplicar-se tamo ao
Padma Manvantara como ao presente Manvantara, e tamb&n aos Ciclos
Menores que se seguiram ao reaparecimento de nossa Cadeia de Mundos
com a Terra. E, como o Matsya Avatar de Vishnu e o Diluvio de Vaivas-
vata estao certamen te relacionados com um acontecimento que se deu em
nossa Terra , durante a presente Ronda, evidente que, podendo embora
referir-se a sucessos pr -cdsmicos ( pr -cdsmicos no sentido de nosso Cosmo
^ ^
ou Sistema Solar ) , tudo se relaciona, em nosso caso, com um periodo geo -
ldgico remoto.
A prdpria Filosofia Esoterica nlo pode ter a pretensao de conhecer,
salvo por deduces analogicas, o que se passou antes do reaparecimento do
nosso Sistema Solar e antes do ultimo Maha-Pralaya. Mas ela ensina clara-
mente que, apds a primeira perturba ao geologica do eixo da Terra, pertur
^
ba$ao que terminou pela submersao, no fundo do oceano, de todo o
-
Segundo Continente, com suas ra as primitivas ( tendo sido a AtUntida
^
o quarto dos sucessivos Continentes ou terras ) outra perturbacao ocor
f -
reu, com a volta do eixo ao seu anterior grau de inclinagao, de modo tao
rapido quanto o da primeira modifica?ao. E entao foi efetivamente a Terra
de novo tirada das guas ( embaixo como em cima e vice-versa ) . Naqueles
tempos existiam Deuses sobre a terra; Deuses e nao homens, como os de
hoje, di2 a tracheae.
Conforme se mostrara no volume III , o computo dos perlodos, no
hinduismo exot rico, se ref ere tanto aos grandes acontecimentos c6smicos
^
como aos pequenos sucessos e cataclismos terrestres; e i facil provar que
o mesmo se da com relagao aos names. Por exemplo, o noire Yudishthira
( o primeiro rei dos Sacas ou Shakas, que abre a era do Kali Yuga , cuja
dura ao deve ser de 432 000 a nos, rei que de fa to viveu 3 102 anos antes
^ -
de Cristo ) aplica se tambem ao Grande Diluvio, quando da primeira sub-
merslo ck Atlantida. fi o " Yudishtbira 2 nascido na montanba dos cem
picos, na extremidade do mundo, alem da qud ninguem pode ir\ e imedia
tamente ap6s o diltivio 3, Nao conhecemos nenbum Dildvio 3 102 anos
5
-
antes de Cristo, nem mesmo o de Noe, que, de acordo com a cronologia
judeu-crxsta, ocorreu 2 349 anos antes de Cristo,
-
O fato relaciona se com uma divisao esoterica do tempo e com um
mist rio que ser explicado em outra parte, podendo, portanto, ser deixado
^
( 2 ) Seguedo o Coronel Wilford , a condusao da Grande Guerra ' se deu no
a no 1370 antes de Cristo ( Asiatic Researches , IX, pp, 8&~9 ); segundo Bentley , em
.
575 a.C ( 11 ). Ainda podemos esperar ver, antes do fim deste sftculo, a epopeia do
Mihibhlrata ser proclamada idntica as guerras do grande Napoleao,
- .
f 3 ) Vqa K Royal Asia* SocIX, 364 .
77
Escola do Grande Oriente Mistico

de lado por enquanto. Bastara dizer, sobre este ponto, que todos os
esfor os de imagina ao dos Wilfords, do Bentleys e de outros Edipos da
^ ^
Cronologia Indiana Esoterica se tem lamentavelmente malogrado. Os nos-
sos eminentes sbios orientalistas nao conseguiram ainda esclarecer a ques-
tao dos computes , seja o dos Manvantaras , seja o das Quatro Idades;
resolveram entao cortar o No Gdrdio, proclamando que tudo nao passa de
uma inven ao do cerebro bramantico . Amem! e que descansem em paz
^
os grandes-sabios. Essa invencao* ser expknada no final dos Comen-
tirios a Estancia II da Antropognese, no volume III, com o acr&cimo
de algumas informa oes esot&icas,
^
Vejamos, no entanto, quais eram as tres esp&ies de Pralaya e qual a
crenga popular a esse respeito. Neste ponto ela se acha de acordo com
o Esoterismo.
Acerca do Prdaya > que e precedido por quatorze Manvantaras, presi-
didos por outros tantos Manus, e que termina com a Dissolu ao Incidental
ou de Brahma, diz o Vishnu Purina, em parifrases condensadas: ^
Ao fim de mil Periodos de Quatro Idade, que* perfazem um dia de Brama ,
a Terra esta quase exausta. O eterno ( avyaya ) Vishnu assume entao o corlter de
Rudra, o Destruidor ( Shiva ) , e volta a reunir todas as crlaturas em si mesmo. Entra
nos Sete Raios do Sol, e absorve todas as Aguas do Globo; faz evaporar a umidade,
secando assim toda a Terra . Os oceanos e os rios, as torrentes e os arroios, todos se
evaporam. AJimentados deste modo com abundante umidade. os Sete Raios Solares se
convertem, por dilata$ao, em Sete S6is, e finalmente bcendeiam o Mundo, Hari, o
destruidor de todas as coisas, que 4 a Chama do Tempo, Kaligni, acaba por consumir
a Terra . Entao Rudra , convertendose em Jumtrdana , exala nuvens e chuva, 4

Ha varias esp&ies de Pralaya; mas nos antigos livros hindus trs perio-
dos principals sao mencionados especialmente, O primeiro indicado por
Wilson, chama-se Naimittika 5, "Ocasional ou Incidental , e 4 causado
pelos intervales entre os Dias de Brahma; e a destrui ao das criaturas e de
^
tudo o que tem vida e forma , mas nao da substdneia , que permanece em
statu quo atA a nova Aurora que sucede aquela Noite. O segundo chama-se
Prakritika , e ocorre no fim da Idade ou Vida de Brahma , quando tudo o
que existe se resolve no Elemento Primario, para ser de novo modelado
no final dessa Noite mais longa. O terceiro, Atyantika , nao diz respeito
aos Mundos nem ao Universo, mas tao somente a certa classe de individua
lidades. E , pois , o Pralaya individual ou Nirvana ; uma vez alcan ado, \k
-
nao ha existncia ulterior possfvel, deixa de haver renasdmento, a nao ^
ser apds o Maha Pralaya. Esta ultima Noite

que tem a dura ao de
311 040 000 000 000 a nos , com a possibilidade de ser quase dobrada pelo ^
.
( 4 ) Veja-se o volume V, pp. 190-3
( 5 ) No Vedanta e no Nyaya, Nimitta de que proven Naimittika
apresentado como a Causa Eficiente, quando em oposi ao a Upadana , a Causa f is tea

^
Ou material . No Sankhya , Pradhana 6 uma causa inferior a Brahma ou melhor : Brahma,
sendo em si mesmo uma causa , e superior a Pradhana. Incidental A portanto, uina
tradu ao erronea , devendo ser substituido, conforme pensam alguns eruditos, por Causa
^
Ideal . Causa Real ainda seria melhor.

78
Escola do Grande Oriente Mistico

venturoso Jivanmukta que a tinge o Nirvana no


comedo de um Manvantara
fim Obastante longa para ser consider a da como eterna, embqra nao sem
Bhag vad Parana alude a uma6
esp cie de Pralaya, o Nitya ,
. & quarta
^
ou Dissolucao Costante, e o explica como a transformagao incessante que
se opera imperceptivelmente em todas as coisas deste Uni verso, desde o
globo ate o atomo. o crescimento e a decad ncia , a vida e a morte.
Quando chega ao Mab 3 Pralaya , os habitantes de Svar -loka , a Espera *

-Superior , perturbados pek conflagragao, buscam refugio com os Pitris,


seus Progenitores, os Manus, os Sete Rishis, as diferentes ordem de Espf -
ritbs Celestes e os Deuses , em Mahar-loka . Quando este ultimo e alcan-
9ado, todos os seres que acabamos de enumerar emigrant , por sua vez, de
Maharlcka para Janaloka , em suas formas sutis , destinadas a tomar novos
corpos em estados semelhantes aos anteriores, ao renovar-se o Mundo no
principio do Kalpa seguinte

Nuvens gigantescas e enormes trovoadas povoam todo o Espago |Nabha $tala|.


Jorrara torrentes de gua das nuvens, apagando aqueles terrlvcis fogos.. e entao
^
ehove sem cessar durante cem Anos ( Divinosl , e 6 um diluvio sobre o Mundo btriro
.
| o Si sterna Solar | * Cab do em gotas do tamanho de dados, as chuvas bvadetn a Terra ,
- .
cobrem a Regi5o Mdia ( Bhuvo Loka ), t inundam o C6u Entao o Mundo fica envolto
cm trevas * e, tendo pefeddo todas as coisas animadas e inanmiadas , continuam as
mtvens a verter suas Aguas.. . e a Noite de Brahma reba suprema no eenario de
desola ao / *
^
o que , na Doutrina Esot&ica, se chama um Pralaya Solar Quando ,

as Aguas alcan am a regiao dos Sete Rishis , e o Mundo, nosso Sistema


^ num Oceano, elas se detm. O Sopro de Vishnu se
Solar, se converte
transforma em um Yen to tempestuoso, que sopra outros cem Anos Divinos,
at<* que todas as nuvens se dispersam . Entao o vento reabsorvido, e
Aquele que e a origem de todas as coisas, o Senbor pot quern tudo exJste,
Aquele que e inconcebfvef , sem principio, que e o principio do Universo, entra em
repocso e dorme em Shesba | a Serpente do Infinito| no meio do Abismo, O Cfiador
| Adikrit| Hari dorme sobre o Oceano |do Espago| sob a forma de Brahma glori-


ficado por Sanaka 9 e os Santos |Siddnas [ de Jana-Loka , e contemplado pelos santos
habitantes de Btabmli-Loka, desejosos da libertagao final , imerso em um sono
mistico, personifica ao celeste de suas prdprias Husoes , . , Esta a Dissolugao |( ? )
^
Pratisaucbara ] chamada Incidental, porque Hari 6 a sua Causa Incidental |Ideal | 10.
Quando o Espirito Universal despera, o Mundo retorna & vida ; quando fecha os
olbos, todas as coisas caem num sono mistico. Assim como mil Grandes ldades per
fazcm um Dia de Brabml |no original 6 Padmayoni, o mesmo que Abjayoni, nascido
-
do Ldtus , e nao Brahma|, assim tambdm a sua Noite se compoe de igual periodo . ..
Despertando ao fim de sua Noite, o Nao Nascido. . , cria de novo o Uni verso. 21

( 6 ) XII , IV, p, 35. ( The ISh&gavafa Purina de Pumendu Narsiyan Sinba,


Skanda XII, cap. IV, menciona os quatro Praiayas assim: Nitya, Nimittika, Prakritika ,
Atyantika ).
( 7 ) Vdyu Vut&M .
( 8 ) Wilson , Vishnu Purina, V, p. 194.
( 9 ) O Chefe dos Kumaras , ou Deus- Vitgem, um Dhyan Cbohan que se recusa
a criar. Um prototipo de Sao Miguel, que tambem se negou a faz6-lo .
( 10 ) Vejam-se as ultimas linhas da Se?ao Chaos, Theos , Kosmos
.
( 11 ) Vol. V, pp 195 6 -.
79
Escola do Grande Orients Mistico

Tal e o Pralaya Incidental . Que a Dissolu ao Elemental ( Prafcri-


tia ) ? Parashara a descreve a Maitreya como segue : ^
Quando pela dessecagao e pelo fogo todos os Mundos e Patalas [ Infernos ] sao
u j

destrufdos 13... tem comedo o progress da Dissolu ao Elemental. Entao, primeira-


tnente as Aguas absorvem a propriedade da Terra ( que ^ 6 o rudimento do Olfato ), e
a Terra, pfivada desra propriedade, prlncipia a ser destruida .. , e acaba por se con-
fundit com a Agua . .. Quando o Universe e assim invadido pelas ondas do Elemento
Aquoso, o Elemento do Fogo consome o seu sabor rudimentar, e as prdprtas Aguas
sao destrufdas . .. e entao se identificam com o Fogo ; e o Universe se enebe, portanto,
com a Chama |eterea | , que pouco a pouco se estende sobre todo o Mundo Quando
,

o EspflfO nao 6 mais que |uma| Chama, o Elemento do Vento se apodera da proprie-
dade rudimentar ou forma que a Causa da Luz, e, tendo esta desapareddo ( pralifla ),
tudo passa. a ser da natureza do At , Estando destruida o rudimento da forma, e
privado o Fogo | ? Vibhavasu ] de seu rudimento, o Ar extingue o Fogo e se estende . . .
sobre o Espago , que 6 privado de Luz, quando o Fogo se submerge no Ar. Entao o
Ar, acompanhado do Som , que 6 a fonte do ter, se estende por toda a parte nas
-
dez tegioes . . . ate que o ter se apodera do Contato ?$parsha, Coesao Tato?|, sua
propriedade rudimentar, cuja per da traz a destnii ao do \r , e o ter I ? Khaf pertna -
^
nece sem modificagao; privado de Forma , Gosto, Tato Sparsha e Olfato, existe |in|
corporeo |murtiraat| e vasto, e penetra todo o Espafo. 0 ter AkishaJ, cuja proprie
dade caracteristica e rudimentar o Som |o Verbo|, 6 $6 o que existe , ocupando todo
-
o Numero ?| dos Elementos ( Bhut nt A .-
&di s) devora
t
o Som
^
.
o vezio do Espapo ( ou antes , formando todo o conteddo do Espa$o ) Entao a Origem
J
/ A i
os 0emiurgos coletivos e as
i

legides de Dhyan Cbohans ], e todos os ekmentos jexistentes| 13 sao, por sua vezf sub-
mergidos no Elemento original. Este Elemento Primirio 6 a Consci&iria combinada
com a Propriedade das Trevas | Tamasa, ou melhor: Trevas Espirituais ] e 6 ele prdprio
absorvido |desintegrado| por Mahat la Intelig ncia Universal , cuja propriedade caracte-
ristica 6 a harmonia |Buddhi|, e a Terra e Mahat sao os limites interiores e exteriores
.
do Universo De modo que, assim como ( no Princfpio ) foram contadas as sete Formas
da Natureza |Prakriti|, dasde Mahat l Terra , assim ... -
estas sete voltam a entrar suces
siva mente uma na outra u .
O Ovo de BrahmS ISarva - mandalal , se dissolve nas Aguas que o todeiam , com
suas sete zonas [ dvipas f , seus sete oceanos , suas sete regioes e suas montanhas . A
camada de Agua e tragada pelo Fogo; o JcLnto [ de Fogo 6 absorvido pelo do Ar; o
-
Ar mistura se com o Eter |Akasha|; o Elemento Primirio |Bh&t&di, a origem, ou
melhor , a causa do Elemento Primiriol devora o ter , e | ele mesmo] destruido pelo
Intelecto (Mahat, a Grande Mente, a Mente Universal |, o qual, juntamente com todos
esses, 6 arrebatado pela Natureza |Prakriti| e desflparece . Este Prakriti 6 essencial
mente o mesmo, quer se componha de partes distintas , quer seja compacto: mas o
-
que 6 separado finalmente se perde ou e absomdo no coropacto. 0 esplrito [ Pums |
tatnb&n, que uno, puro, eterno, impereclvel que em tudo penetra, uraa parte
^
daquele Esplrito Supremo que est 4 em todas as^ coisas . Esse Esplrito | Servesha [, que

( 12 ) Esta perspectiva nao seria do agrado da teologia crista, que prefere um


Inferno permanente e eterno para os seus partidarios.
( 13 ) Pelo termo Elemento* deve entender-se nao sd os elementos vislveis e
flskos, mas tambem aquilo que Sao Paulo chama Elementos

Inteligentes , Anjos e Demonios em suas formas manvant ricas.
as Potencias Espifituais
^
( 14 ) Quando esta descripio for cor feta mente entendlda pelos orientalistas em
^
seu significado esot rico, entao se ver i que aquela correlacao cosmica dos Elementos
^
do Mundo pode explicar a das formas flsicas melhor do que as correlafoes atualmente
conhecidas . Em todo caso, observarao os teosofistas que Prakriti tem sete formas ou
principles, contados desde Mahat at a Terra . As Aguas aqui significam a Mae
mlstica ; a Matrix da Natureza Abstrata , onde concebido o Universo Manifestado.
As sete zotias se referem as Sete Divisoes deste Universo, ou ao Numero das Formas
.
que Ihe dao exist&nria Tudo alegorico.

80
Escola do Grande Orients Mistico

nao i o mesmo Espirito [encarnado|, e no qual nao ha atributos de nome, nem de


especie, nem de nada conforme o estllo | naman e jati ou rupa ; portanto tnais corpo
que espcie| . . . |permanece | como a juiuca ] Existencia |Sattl [ , A Natureza |Piftkriti|
e 0 Espfrito Purusha se resolvem jfinalmente ) , uma e outio, no Espirito Supremo,

o Pralaya final 16, a Morte do Cosmos, apos a qual seu Espfrito


repousa no Nirvana , ou no seio de Aquele para quem nao hi nem Dia
nem Noite , Todos os outros Pralayas sao periddicos e sucedem com regu
laridade aos Manvantaras, como a noite sucede ao dia para todas as criaturas
-
humanas, animais e plantas , O Ciclo de Cria ao das Vidas do Cosmos
^
se esgota; porque a energia do Verbo Manifestado tem seu crescimento,
seu apogeu e seu declinio, como todas as coisas temporals, por mais longa
que seja a sua dura ao. A For a Criadora e eterna como numeno; como
^ ^
manifestafao fenomenai, em seus diversos aspectos, tem um princfpio e
deve, portanto, ter um fim. Durante esse intervalo, passa por Periodos
de Atividade e Perfodo de Repouso, que sao os Dias e as Noite de Brahma .
Mas Brahman , o Numeno, jamais repousa ; pois ele nunca muda , mas sem-
pre S , embora n3o se possa dizer que esteja em alguma parte.
Os cabalistas judeus sentiram a necessidade dess a imutabilidade de
uma Divindade eterna , infinita , e por isso aplicaram o mesmo pensamento
ao Deus antropomorfico. A id ia e po tica e bastante apropriada em sua
aplicadio. No Zohar lemos o seguinte: ^ ^
"Quando Moists jejuava no Monte Sinai, em companhia da Divindade, que estava
oculta & sua vista por uma nuvefn , sentiu um grande temor , e repentinamente per
guntou: Senhor , cede estas? . , , Dormes, Senhot ? . . . E o Espirito Ihe respondeu :
-
Eu nao durrao jamais; se eu chegasse a adonnecer um $d instante, antes da wtnba
bora toda a cria ao entxaria logo em dissolufao.
^
Antes da tninha hora *: 6 muito significativo. Indica que o Deus de
Moists e so um substituto temporario, da raesma forma que Brahma,
masculine, um substituto e um aspecto de AQUELE que 6 imut vel e que,
portanto , nao pode participar dos Dias e das Noites, nem ocupar-.se, seja
^
como for , de rea ao ou dissolu ao.
^ ^
Enquanto os ocultistas orientais possuem sete modes de interpreta ao,
os judeus so tem quatro, a saber: a interpreta ao mistica yerdadeira, a ^
^
alegorica , a moral e a literal ou Pahut , Esta ultima e a chave das Igrejas
exotericas , e nao merece ser analisada. Ha algumas senten as que, lidas
por meio da ptimeira chave, ou chave mfstica , mostram a identidade de ^
base em que assentam todas as Escrituras Sagradas. Constam do excelente
livro de Isaac Myer sobre as obras cabalfsticas, que ele parece haver estu
dado muito bem. Eis verbatim:
-

-
( 15 ) Vishnu Purina , voh V, pp . 198 200. Os erros de Wilson loram corrigidos,
e os termos originals postos entre pa rentes es.
( 16 ) Como o que aqui se descreve e o Mana on Grande Prakya, chamado
Final, tudo reabsorvido no Elemento Uno original ; '" os proprios Deuses, Brahma
e tudo o tnais dcsaparecem durante esta longa Noite
e o que se diz.

81
Escola do Grande Orients Mistico

,
B raisheetb barah elohim atb hasbama* yem v' aih baa retz ou seja: No prill*
dpio ( os ) Deus ( Deuses ) criou ( criaram ) os ecus e a terra, ( o que signifies: ) os seis
( Sephiroth de Constnjfao 1?, acima dos quais esta Braisheeth , pertencem todos ao
Ahaixo. Ele criou sets ( e ) sobre estes estao ( existem ) todas as Coisas
dependem das sete formas do Cranio , inclusive a Digmdade de todas as Dignidades.
. E este$
E a segunda Terra nao entra nos calculos, e e por isso que estd dito: E dela ( dessa
44 4

Terra ) , que sofreu a maldi ao , saiu . . . Ela ( a Terra ) estava sem forma e vazia;
^
e as trevas reinavam sobre a face do Abismo, e o Espirito de Elohim , , . soprava
{ me racba phetb, isto planava , cobria, agitava -se... ) sobre as aguas \ Treze depen-
dent de treze ( formas ) da mais elevada dignidade. Sets mil anos pendem ( referemse )
nas ( is ) seis primeiras palavras. O S6timo { milhar , o milenio ) sobre ela ( a Terra
raaldita ) i o que 6 forte por si mesmo , E foi completamente devastada durante doze
..
horas ( u m . d i a ...
) , Na d &ima terceira , ela ( a Divindade ) restabdecera . ..
e tudo
seri renovado como antes, e todos aqueies seis continqarao. 18

^^ ^-
Os Sephiroth de Constru ao sao os seis Dhy n Chohans, ou Manus,
ou Prajapatis , sintetizados pelo s timo "B raisheeth , a Primeira Emana ao
ou Logos, e que, port an to, sao chamados os Con strutores do Universo ^
Inferior ou Fisico, todos pertencentes ao Abaixo. Estes seis agentes, simbo -
lizados pelo duplo triangulo entrela ado:
^
& 6

cuja essencia pertence ao Set into, sao os Upadhi, a Base ou Pedra Funda -
mental sobre a qual esta edificado o Universo objetivo; os Numenos de
todas as coisas. Sao, pois, ao mesmo tempo, as Formas da Natureza , os
Sete Anjos da Present ; o Sexto e o Setimo Principios do Homem ; as
-
Esferas espiritual psico-fisicas da Cadeia Setendria ; as Ra as-Raizes, etc.,
etc. Todos "dependem das Sete Formas do Cranio , inclusive o mais ^
Elevado.
A Segunda Terra nao entra nos calculos , porque nao i Terra alga
ma , senao o Caos ou Abismo do Espa o em que repousava o Universe-
-
^
-Paradigma ou Modelo, na Idea?ao da Super-Alma, incubando-o. O termo
"Maldisao induz em erro, porque significa simplesmente Determinagao
ou Destine, ou aquela fatalidade que levou a Terra ao estado objetivo.
Isto se coniirma por se achar a "Terra , submetida & "Maldigao , descrita
como "sem forma e vazia , e em cujas profundezas abissais o "Sopro dos
Elohim , ou Logos coletivos, produziu ou, por assim dizer, fotografou a
primeira Idea ao Divina das coisas que deviant ser. Este processo se
^
repete depois de cada Pralaya , antes de iniciar-se um novo Manvantara,
ou Perlodo de Exist&ncia senciente individual.
"Treze dependem de treze Formas : refere-se aos treze Perfodos perso-
nificados nos treze Manus, com SvSyambhuva, o d6eimo quarto ( o numero

( 17 ) ' Os "Construtores das Estfnrias .


.
( 18 ) Do Sipbra Dtzenioutha * cap I, S 16 c segs,;. citato da Qabbalab, de
-
Myer, 232 33.

82
Escola do Grande Oriente Mistico

de 13, em vez de 14, e mais ura veu ) ; esses quatorze Manus que reinam
duiante o periodo de um Maha Yuga, urn Dia de Brahma. Os treze-qua-
-
torze do Universe objetivo dependem das treze quatorze Formas-Paradigmas
Ideais ,
O significado dos seis mil Anos que " pendem das seis primeiras
Palavras ", hi que busci-lo tambem na Sabedoria hindu , Trata-se dos seis
( sete ) Reis de Edom primitivos, que simbolizam os Mundos ou Esferas
de nossa Cadeia , durante a Primeira Ronda , assim como os homens ptimor-
diais desta Ronda . Sao a Primeita Ra a-Raiz pr-adamita setendria, ou os que
^
existiram antes da Terceira Raga separada . Como eram sombras ou espec *

tros sem o enten dimen to, pois ainda nao haviam comido o fruto da Arvore
do Conherimento, e nao podiam ver o Parzuphin, ou a Face nao podia
ver a Face ; quer dizer, os homens primitivos eram Inconscientes , "E
por isso os ( sete ) Reis primordiais morreram , isto e, foram destrufdos 19.
Mas quem sao esses Reis? Sao os " Sete Rishis, certas divindades ( secun-
darias ) , Indra ( Shakra ) , Manu e os Reis sem Filhos, ( os quais ) sao criados
e perecem durante um periodo , como nos diz o Vishnu Purdna 20. Pois
o s6timo milhar , que nao e o milenio da Cristandade exotrica , mas o da
Antropogenese, representa, segundo o Vishnu Purdna, tan to o Stimo
Periodo da Cria ao , o do homem fisico, como o Setimo Prindpio, macro-
^
cdsmico e microcdsmico, e tamb m o Pralaya que sucede ao Setimo Periodo,
a Noite de Brahma , que tem a mesma duragao do Dia.
Foi completamente devastada durante doze horn * , na Dcima-
-Terceira ( duas vezes seis mais a sintese ) que tudo sera restabelecido, e
os seis continuarao \
Assim observa o autor da Qabbalah, com muita razao :
Muito antes de sua epoca |a de Ibn
Gebiroif . . . muitos seculos antes da Era
Crista, ha via na Asia Central uma Religiao-Sabedoria , da qual depois subsistiram
.
fragmentos entre os sibios do Egito arcaico, entre os antigos Chineses, hindus, etc. .
|E| a Qabbalah tcm sua origem, seguramente, em fontes ananas da Asia . Central,
Persia , India e Mesopotamia ; porque de Ur e de Haran vieram Abralo e muitos
outros, para a Palestine 21

Essa era tambem a fir me convic ao de C , W , King , autor de The Gnos


tics and Their Remains. ^ -
Vamadeva Modelyar descreve em termos bem poeticos a aproximagao
da Noite. Embora ja o tenhamos citado em Isis sem Veu , vale a pena
repetir aqui as suas palavras :

-
uOuvem se rufdos cstranhos de todos os lados . .. Sao os ruidos precursors
da Noite de Brahma ; o crepusculo desponta no horizonte , e o Sol se oculta detras do
trig6simo grau de Makara |o d cimo signo do Zoctiaco ] , e nao mais akangiri o signo
de Mina |o signo zodiacal de Piscis , on Peixe|, Os Gurus dos Pagodes, encarregados
( 19 ) Compare-se com o Stphra Dtzcnioutha .
( 20 ) Vol , I, p. 50,
( 2 1 ) PP . 219-221 .

83
Escola do Grande Orients Mistico

de observar o Rashichakrara [ Zodfacoj, podetn agora romper o seu circulo e os seus


instrumentos, que dai era dknte serao inuteis.
A luz empalidece pouco a poueo, o calor diminui, as regioes despovoadas se
multiplicam sobre a terra, o ar cada vex mais se rarefaz; as fontes sec&m, os grandes
rios veetn enfraquecer as suas ondas, o Oceano mostra o seu fundo arenoso, e as
plantas tnotretn . Os homens e os animais mlnguam de tamanho diariamente. A
vida e o movmento perdem sua foxpa; os pkneras gravitam com dificuldade cm suas
6rbitas; extinguem- se urn ap6s outro, como uma lampada que a mao do Chokra
|servidor | se esqueccu de encher . SCLrya |o Sol| vaeila e se apaga , a materia entra
em Dissolute ( Pralaya|, e Brahma e reabsoryido em Dhyaus, o Deus nao revelado,
e, estando aimprida sua terefa, adoftnece . Outro Dia acaba de escoar-se, a Noite
comega , e cootinua ate a prdxima Aurora .
E entao os getmes de tudo o que existe voltaro mais uma vex para dentro do
Ovo tfureo do Seu Pensamento, como nos diz o divino Maou. Durante Seu pUddo
Repouso, 05 seres animados , dorados dos prinefpios da agao, cessam as suas ( ungoes ,
e todo sentimento |Manas | adormece. Quando todos sao absorvidos na Alma Suprema ,
esta Alma de todos os seres dorme em completo repouso , ati o novo Dia em que
retoma sua forma e novaroente desperta de sua primitive escuridao 22

Assim como o Satya Yuga 6 sempte o primeiro na s6 tic das Quatro


Idades ou Yugas, o Kali Yuga e sempre o ultimo *

O Kali reina agora na India , e patece que coincide com o da Idade


do Ocidente. De qualquer modo , e curioso observar quao profetico foi
em quase todas as coisas o autor do Vishnu Purdna> quando predisse a
Maitreya alguns dos pecados e influncia$ sombrias deste Kali Yuga .
Depois de dizer que os birbaros seriam senhores das margens do Indus ,
de Chandtabbagi e de Kashmir, acrescentou ele :
Haver monarcas contemporaneos reinando sobre a terra, reis de espirito mau
^
e carter violento, votados a mentira e perversidade. Farao matai mulheres, criangas
e vacas ; apoderar-se-ao dos bens de seus suditos |ou, segundo outra tradugao, cobi-
farao as mulheres dos outros j ; terao um poder limitado . . . suas vidas serao cjrtas,
seus desejos insaciveis . . . Gentes de virios pafees, unindo-se a eles, seguirao o seu
exemplo; e> sendo poderosos os barbaros |na India ) , sob a protegao dos prlncipes, e
afastadas as tilbos puras, perecer& o povo | ou, como diz o Comentador: Os Mlechchbas
estarao no centro, e os Arios na ponta I 2A. A riqueza e a piedade dlminuirao dia a-dia ,
at que o raundo se depravari por completo . . . A dasse ser conferida unicamente
^ ^
pelos haveres ; a riquexa $er a unica fonte de devo$o; a paixao o tinko la o de umao
^
entre os stxos ; a falsidade o ucico fa tor de exito nos litigios; e as muJheres serao
usadas como objeto de satisfagao puramente sensual . . . A aparencia externa sera o
unico distintivo das diversas ordens de vida\ a falta de honestidade | anyaya| o meio
universal de subsistencia; a ftaqueza a causa da dependence; a liberalidade valer como
devoso; o homem que for rico sera reputado puro; o coDsemimento mutuo substi-
tuir o casamentoj os ricos trajes constituixao a dignidade . . . Reinari o que for mais
fotte . * . o povo, nao podendo suportar os pesados 6nus |Kbarabhra, o peso dos
imposros| , buscard refugio nos vales . . . Assim, na Idade Kali a decadncia prosse -

guinf sem detenga , atd que a raga Humana se aproxime de seu aniquilamento jpra-
laya|. Quando . . * o fim da Idade Kali estiver perto, descera sobre a Terra uma parte
daquele Ser divino que exisie por sua prdprta natureza espirttrual |Kalki Avatar| . . .
dotado das oito faculdades sobre-humanas . . . Ele restabeleceri a Justiga sobre a terra;
* as mentes dos que viverem atd o fim do Kail Yuga serao despertadas, e serao tao
-
( 22 ) Veja se: Les Fils de Dieu el VInde des Brabmanes , de
( 23 ) Se no & profeda, que ser entao ?
Jacolliot, p. 230,

84
Escola do Grande Oriente Mistico

^ .
di fanas como o cristal Os homens assim transfonuados. serao cocao sementes de
seres humanos , e darao nascimento a uraa xaga quc seguiii as eis da Idade Krita
lou Idade de Pureza ] , Como esti dito: Quando o Sol e a Lua e o \sterismo Lunar ]
Tishya e o placeta Jupites estiverem na mesma casa, a Idadc Kri :a ou Satya| reapa-
recerf - . . ** 24

Duas pessoas , Dev&pi , da ra?a de Kuru, e Maru ( Mom ) , da famflia


de Ikashvaku . . . continuam vivendo durante as Quatro Idades , e resident
em Kalapa 25 . Aqui retomarao no comedo da Idade Krita 28 . . . Maru
( Moru ) , o filho de ShAra , vive ainda pelo poder da devo ao ( Ioga ) . -
27

e sera o restaurador da rasa Kshattriya da Dinastia Solar 28. ^ *

Certa ou nao a ultima profecia , as predigoes sobre o Kali Yuga se


acham bem descritas, e se casam admiravelmente ao que vemos e ouvimos
na Europa e em outras terras civilizadas e cristas , em pleno seculo XIX e
na aurora do seculo XX de nossa grande era de Luz .

.
( 24 ) Wilson, Vishnu Purfatat IV, pp 224 9. -
( 25 ) O Manya Purina mention Kat&pa
* .
( 26 ) Vishnu Pur fata, ibid
( 27 ) Max Muller traduz o nome por Morya, da dinastia Morya , qual per-
-
tencia Chandragupta ( veja se; History of Ancient Sanskrit Literature ) .
No Matsya
.
Purana , cap CCLXXII , 6 mentioned a uma dinastia de dez Motyas ou Maureyas. No
mesmo capftulo se diz que os Morya s urn dia reinarao na India, depois de restaurar
a ra a Kshattriya, dentro de varios miltitios .Mas esse reino sera puramente espi -
^
ritual, e nao deste mundo . .
Seri o reino do proximo Avatar O Coronel Tod
acredita quc o nome Morya , ou Maurya, 6 uma corruptda de Mori, uma tribo Rajput;
e o comentador do Mahdvanso pens* que alguns prfncipes rcccberam o nome Maurya
de sua cidade chamada Mori, ou, segundo o Professor Max Muller , de Morya N3gara,-
.
o que e mais correto, de acordo com o Mahdvanso original A enciclopedia sanscrita

esdarece o nosso irmao Devan Badhadur R. Ragoonath Rao, de


Vdchaspattya
Madras situa Katapa ( Kalapa ) no lado norte dos Himaliais, e, portanto, no Tibet.
tambera o que se v no Bhdgavata Pur&na, Skanda XII .
( 28 ) Ibid.t vol , . III, p. 325. O Vayu Purdm declare que Morn re$tabelecer
os Kshattriyas no proximo d6cimo nono Yuga . ( Vela-se Five Years of Theosophy,
p. 482, artigo The Puranas on the Dynasty of the Motyas and on Koothootni ).

S3
Escola do Grande Oriente Mistico

SECAO VIII
O LOTUS COMO SlMBOLO UNIVERSAL

NAO HA simbolo da antiguidade a que nao esteja associada uma signi


fica ao profunda e filosofica; e, quanto mais antigo, tan to maiot a impor-
-
^
tance do significado. Estc c o caso do L6tus. a flor consagrada &
Natureza aos seus Deuses; represen ta o Universo tanto bstrato como
^
concreto, e e o emblema dos poderes criadores da Natureza Espiritual e
Fisica. Desde os tempos mais remotos que era tido como sagrado pelos
arianos da India , pelos egipcios e, mais tarde, pelos budistas. Era vene-
rado na China e no Japao, e foi tambem adotado como emblema cristao
pelas Igrejas grega e latina, que fizeram dele um memageiro, como agora
-
o fazem os cristaos, substituinda o pel a a ucena.
^
Em todas as cenas da Anunciagao, na religiao crista, o Arcanjo Gabriel
aparece a Virgem Maria com um ramo de nenufares ( ou de afucenas ) na
mao. Como emblema do Fogo e da Agua, ou da idia da cria ao e da
^
gerafao, esse ramo simboliza precisamente a mesma ideia que o Lotus na
mao do Bodhisattva , ao anunciar a Maha-M3ya, mae de Gautama, o nasci-
mento de Buddha , o Salvador do Mundo. Os egipcios tambem represen
tavam frequentemente Osiris e Horns com a flor do L6tus, sendo ambos
-
Deuses do Sol e do Fogo; da mesma forma que o Espirito Santo 6 simbo-
lizado por llnguas de fogo nos Atos dos Apdstolos.
O Lotus tinha, e tem ainda , o seu significado mistico, que e o mesmo
em todas as religioes do mundo, Consul te o leitor a obra Dissertations
Relating to India, de Sir William Jones , Entre os Hindus, o Lotus 6 o
emblema do poder criador da Natureza. que tem como agentes o Fogo e a
Agua, ou o Espirito e a Materia. O Tu, Etemo! Eu vejo Brahma , o
Criador, entronizado em Ti sob re o Lotus! diz um versiculo do
Bbagavad GitA. E Sir W. Jones assinala , conforme ja fizernes observar
nas Estancias, que a semente do Ldtus traz consigo, antes mesmo de ger-
minar , folhas perfeitamente formadas, miniatura da planta em que se deve
transformar um dia. O L6tus e, na India, o simbolo da terra prolifica, e,
o que mais, do Monte Meru . . Os Quatro Anjos ou Gnios dos quatro
quadrantes do Ceu, ou Maharajahs das Estancias, permanecem, cada um,
sobre um Ldtus. O Ldtus 6 o simbolo dual do Hermafrodita Divino e do
Humano, tendo, por assim dizer, dois sexos.

86
f

Escola do Grande Orients Mistico

Para os hindus, o Espirito do Fogo ou do Calot



que anima, forti-


fica e desenvolve em forma concrete , de seu protdtipo ideal, tudo o que
nasce da Agua ou da Terra Primordial fez evolucionar a Brahma. A
flor do Lbtus, que na edegoria btota do umbigo de Vishnu ( o Deus que,
nas Aguas do Espago, repousa sobre a Serpente do Infinito ) , 6 o sfmbolo
mais exprcssivo que ja se imaginou. o Universo que se desenvolve do
Sol Central, o Ponto, o Germe sempre oculto , Lakshmi, que e o aspecto
feminino de Vishnu, e e tambem chain a do Padma , o Lotus, figura no
R&may&na flutuando igualmente sobre utna flor de Ldtus, na Criagao
e durante o malaxar do Oceano do Espago, como tambem surgindo do
Mar de Leite V, do mesmo modo que Venus Afrodite da Espuma do
Oceano.
. . . Entao, sentado sobre um l<$ tus,
A Fulva Deusa da Beleza,
A Shri sem par .
Exsurge do seio das ondas . ..

assim canta o poeta e orientalista ingles Sir Monier Williams.


A ideia fundamental deste shnbolo possui um grande encanto, e deixa
transparecer uma origem comum em todos os sistemas religiosos. Quer seja
como Lotus, nenufar ou agucena, o pensamento filosofico e um so: o Obje-
tivo emanando do Subjetivo, a Ideagao Divina passando do abstrato ao
concreto ou visiveL Pois, assim que as Trevas ( ou antes, o que sao
Trevas para a ignoritacia ) desaperecem em seu prdprio reino de Eterna
Luz, detxando atras de si unicamente a sua Ideagao Divina Manifestada ,
abre-se o entendimento dos Logos Criadores , que vfeem no Mundo Ideal,
ate entao oculto no Pensamento Divino, as formas-arqudtipos de tudo, e,
copiando estes modelos, se poem a construir figuras earneras e transpa -
rentes.
Nessa fase da Agao, o Demiurgo ainda nao e o Arquiteto. Nascido
do crepusculo da Agao, deve ele, primeixo que tudo, apreender o Plano,
para tornar efetivas as Formas Ideais que estao latentes no Seio da Ideagao
Eterna; exatemente como as futuras folbas do L6tus, pd talas imaculadas,
se acham ocultas na semente da planta 2.
Em um capftulo do Livro dos Mortos, sob o titulo * A Transformagao
no Ldtus , o Deus, que est represen tado como surgindo desta flor,
exdama ; ^
( 1 ) Na Filosofia Esoterica, o Demiurgo ou Logos, considerado coico o Criador ,
e simplesmente um t$tmo abstrato, uma ideia, como a palavra ex&cito . Da mesma
forma que esta ultima palavra um termo gendrico para dc tgcar uma corporagao de
^
forgas ativas on de unidades operadoras ( os soldados ) , assim tambdm o Demiurgo
o compos to qualitativo de uma multidao de Criadores ou Con sttu tores. Burnouf , o
grande orientalists, teve a exata percepgao da ideia ao dizer que Brahma n5o cm a
Terra nem tampouco o res to do Universo. Escreveu ele:
Tendo emergido da Alma do Mundo, ele ( Brahma ) , uma vez sepatado da Causa
Primeira , faz de si mesmo emanar toda a Natureza , e com efa se funde , Nao paira
sobre ela , mas lhe e imanente; Brahma e o Universo formam um unico Ser, do qual
cada particula 6 y em sua essenck, o prbprio Brahma, que de si mesmo proveio /

87
Escola do Grande Oriente Mistico

Eu sou o Ldtus puro que emerge dos Luminosos . , .


Eu trago as mensagens de Hdrus . Eu sou o L6tus puro que vem dos Campos
do Sol 2

Conforme dissemos cm Isis sem VSu a iddia do Ldtus pode tambem


}

set encontrada no capitulo elolsta do Genese dentro desse pensamento


,

que devemos buscat d otigem e a explicagao do seguinte versfculo da Cosmo-


gonia Judaica : E Deus disse: Que a terra produza . . . arvore frutffera que
d fruto segundo a sua esp cie , cuja semente estd nela mesmo ' 3, Em
^
5

todas as religioes primirivas, o Deus Criador 6 o Filho do Pai , isto 6,


o seu Pensamento tornado vislvel ; e antes da Era crista , desde a Trimurti
dos hindus atd as ties cabegas cabalisticas das Escrituras , segundo as expli -
cam os judeus , o conceito da Trindade Divina estava perfeitamente defi-
nido e substanciado em todas as nagoes, em suas respect ivas alegorias.
Tal e a significagao cosmica e ideal deste grande simbolo entre os
povos orientals . Mas, quando aplicado ao culto pritico e exoterico, que
tambm tinha sua simbologia esoterica , o Lotus se converteu, com o passar
do tempo , em velculo e recept culo de uma idfia mais terrestre. Nao ha
^
nenhuma religiao dogma tica que tenha escapado a influencia do elemento
sexual ; e ate em nossos dias ele inquina a beleza moral da idfia-mater da
simbologia . O trecho que se segue foi extraido do mesmo manusetito caba-
Ifstico a que \i nos temos refetido vdrias vezes :
Identica significagao tinha o L6tus que crescia nas aguas do Nilo. Seu fnodo
de crescimento fazia-o particularmente adequado para servir de simbolo das atividades
geradoras . A flor do Ldtus, que 6 portadora da semente destinada a reproduce,
como resultado de stia maturidade, esti relarionada , por sua aderSncia , semelhante &
da placenta , com a mae- terra ou matriz de Isis, mediante o seu comprido talo parerido
com urn cordao, o cordao umbilical , attav s da agua da matriz, que 6 o rio Nilo.
^
Nada mais claro do que cstc s/mboJo e, para torn&-lo ainda mais perfeito, algumas
*

vezes o apresentam com uma crianga sentada na flor, ou dela surgindo *. assim
que Osiris e Isis , os filhos de Cronos, ou do Tempo sem fimr no desenvolvimento
de suas for gas naturals , vieram a ser, naquela cena , os pais do homera , sob o nome
de Hdrus
Nao seri demais insbtirmos sobre o uso da fungao geradora como base de uma
linguagem simbdlica e de uma arte cientifica da palavra , A id&a nos condu2 imedia*
tamente a refletir sobre o tema da causa criadora . Observa-se que a Natureza , em
sua obra, construiu urn maravilhoso raecanismo vivo, governado por uma alma vivente
que A ela se uniu; e conhecer o seu processo de desenvolvimento, saber de onde vem ,
qual o seu presente e para onde vai , e coisa que ultrapass a toda a capaddade da mteli-
gncia humana 9 .

( 2 ) Cap. LXXXI ,
( 3 ) Gbtcse , I, 11.
( 4 ) Nos Purfnas hindus, Vishnu, o Primeiro Logos, e Brahml , o Segundo,
ou o Criador Ideal e o Criador Pratico, sao os que se achara represent ados: um
manifestando o L6tus, o outro dele surgindo,
( 5 ) Veja-se a Segao IX, A Lua; Deus Lucus, Phoebe l
( 6 ) Nao, porm , a capaddade das faculdades psfquicas educadas de um Ini
dado na Metafisic* oriental e nos Mistdiios da Natureza Criadora . Foi o Profano
-
das eras passadas que degradou o ideal puro da Criagao Cdsmica, com um emblema

88
Escola do Grande Oriente Mistico

O rec6m-nasddo 6 um milagre constitute, urn testemunho de que na ofidna da


matri2 interim um poder inteligcnte e criador, para unit uraa alma vivente a um
organismo flsico. A assombrosa maravilha deste fato confers um carater especial de
santidade a tudo o que sc telaciona coin os drgaos de reprodufao, como Jugar e sede
da e'vidente intervenpio construtora da divindade. 7

Eis al uma interpretacao correta das ideias fundamentals antigas, dos


conceitos puramente panteistas , tmpessoais e teverentes , do filosofos arcai-
cos das idades pre -historicas . o mesmo nao sucede quando sao elas apli-
Ja
cadas humanidade pecadora ; converte-se em idtias grosseiras, associadas
'^
a persondtdade .
Nenlium fildsofo pantefsta deixaria , portanto, de considerar perigosas
as observances feitas
apds o que vimos de transcrever ( e que representam
o antropomorfismo da simbologia judaica ) , para a santidade da verdadeira
religiao, sendo prdprias tao somente de nossa dpoca materialists , que 6
o produto e o resultado direto daquele cardter antropomdrfico, Porque
esta 6 a tonica de todo o espirito e essentia do Antigo Testamento, como
se ve do manuscrito quando trata do simbolismo e dos attiflcios de lingua-
gem da Btblta :
Por isso, o lugar em que se aeba a matriz deve ser encarado como o Sltio
Mais Sagrado, o Sanctum Sanctorum, e o verdadeiro Teraplo do Deus Vivo 8. Para
o homem, a posse da mulher foi sempre considerada como uma parte essential dele
mesmo, dando-se a fusao de dois seres em um s6; e dal o carater sagtado da mulher,
que ele guardeva com tanto zelo. Ate a parte da casa ou do lax, reserved* k esposa,
era chamada penetralia, o recinto secreto ou sagrado; e foi isso que deu origetn i
metdfora do Sanctum Sanctorum e s construes sagradas, inspiradas na idia de
santidade dos drgaos da geragao. Essa parte da casa , levada a sua descricao ao
extremo * pda metifora, figura nos livros sagtados como situada entre as coxas da
casa , e aJgumas vezes a idem se manifests, quanto ao aspecto arquitetonico, na grande
portada interior das igrejas, sustentada de ambos os lados pot pilares

de reproducao e de fun oes sexuais meramente humanas. Acs Ensinamentos Esot-


^
ricos e aos lniciados do Futuro cabetd a missao de redimir e nobilitar , cada vez mais,
o primitivo conceito, tao tristemente profan ado por sua efua e gro 3$eira aplicafao
aos dogmas e personificafSes exotericas por tedlogos e eclesisbtlcos, O culto silen
doso da Natureza abstraU ou numenica, a verdadeira manifestacao divina, 6 a uniea
-
teligiao que eftobrece e dignifies a humanidade,
( 7 ) The Source of Measures , MS, pp , 15-16.
( 8 ) Certamente que as pakvtas do antigo Iniciado nos Mist rios primitivos
^
do Cristianismo: < cNao sabeis que sois o templo de Deus? ( I Corttitios , III , 16 )
nao podium aplicar -se aos homerts com aqttele significado , embora fosse esse, toega-
velmente, o senttdo que estava na mente dos compiladores hebreus do Aniigo Testa-
mento. E aqui estd o abismo que exiate entre o simbolismo do Novo Testamento e
o Cinon dos judeus. Tal abismo nao teria desaparecido, e antes se alargaria , se o
Cristianismo, e en> particular e mais nororiamenre a Igreja latina , nao houvesse
lan ado uma ponte entre os dois. O Papado moderno suprimiu-a por completo com
^
o seu dogma das duas imaculadas concepgoes e com o carater antropomdrfico, e ao
mesmo tempo idblatra , que atnbuju a Mae de Deus.
( 9 ) Ao extremo s6 na Btbtia dos hebreus,
gia crista.
-
* era sua cdpia servil pela teolo
.
( 10 ) The Source of Measures , MS, pp 16-17.

89
Escola do Grande Oriente Mistico

Entre os antigos e primitivos arios jamais ocorreu semelhante pensa-


men to levado ao extreme/ *. A prova tsti em que, no perfodo vedico, as
mulheres nao eram separadas dos homens em penetralia ou Zenanas, Essa

-
reclusao come ou quando os maometanos herdeiros diretos do simbo
^
lismo hebreu, depois do dero cristao conquistaram o pais e impuseram,
pouco a pouco, suas maneiras e costumes ao povo hindu. A mulher, antes
e depois das Vedas, era tao livre quanto o homem ; e nenhum pcnsamento
impuro terrene jamais se interpds no simbolismo religioso dos primeiros
arianos . Sao puramente semiticas a idda e sua aplicatjao. Confirma-o o
autor da mencionada revel a ao cabalistica, repleta de profunda erudifao,
^
quando conclui as passagens a que acima nos referimos:
"Se a estes orgaos, como simbolos de agentes criadores cosmicos, se pode asso-
ciar a id&a da oilgem da 3 medidas, assim como a dos periodos de tempo,' entao,
efetivamente, nos Templos construfdos como Moradas da Divindade, aquela parte
designada como Sanctum Sanctorum, on o Recinto Mais Sagrado, deveria tomar o
seu nome da reconhecida santidade dos drgaos geradores, considerados como simbolos
tan to das medidas como da causa criadora. Entre os antigos sdbios nao havia netn
name, netn ideia, netn stmbolo , para a Causa Primeirfl. 11

Certamente que nao havia , preferfvel nunca pensar na Causa Pri


-
meira , deixando a para sempre inominada, como faziam os antigos panteis
--
tas, a degradar a santidade desse Ideal dos Ideais, rebaixando os seus sim-
bolos a tais formas antropomorficas . Ainda aqui se observa o abismo que
existe entre o pensamento religioso Irio e o semitico, os dois p61os opostos,
a Sinceridade e o Subterfugio. Para os bramanes, que nunca assotiaram
as fun oes naturals procriadoras com urn elemento de pecado original ,
^
6 urn dever religioso ter um filho. O bramane, nos tempos antigos, depois
de haver cumprido sua missao de erkdor humano, retirava-se para os bos-
ques e passava o resto de seus dias entregue h medita ao religiosa , Havia
^
cumprido seu dever para com a Natureza, como homem mortal e cola -
borador dela ; e dai por diante consagrava todos os seus pensamentos i
parte espiritual e imortal de seu proprio ser , considerando a parte terrena
como simples ilusao, um sonho efemero, que na verdade 6 .
.
Para os semitas, a coisa era diferente Inventaram uma tenta ao da
^

Tentador e o Regente da Natureza

came no jardim do fiden e apresentaram o seu Deus
^
esotericamente o
lan ando a maldi ao eterna sobre
^
um ato que fazia parte do piano ldgico da mesma Natureza 13. Isso tanto
exotericamente como na vestimenta e na letra morta do GSnesis e do resto .
Ao mesmo tempo, esotericamente, consideravam o suposto pecado ou queda
como um ato tao sagrado que escolheram o orgao, responsavel pelo pecado
original, como o simbolo mais apropriado e mais digno para representar

,
( 11 ) Ibid. p 17, .
( 12 ) A mesraa id ia tszi represented* exotericamente nos incidentes do 6xodo
do Egito. O Senhor Deus tenta o Farad de nwneira impiedosa , e o "atormenta com
grandes flagelos , para que o Rei nao escape ao castigo e de assim pretexts para
mais um triunfo do "povo eleito . ^

90
Escola do Grande Orients Mistico

aquele Dens , o Deus que eles nos mostram anatematizando o exercicio de


tais f undoes como uma desobedifcncia c um pecado eterno!
Quem poderd jamais sondar os abismos paradoxais da imagina ao $emi-
^
ts ? E tais elementos paradoxais, exduida sua signifiescao mrima e secrera ,
for am agora transferidos intciramcnte para a teologia e o dogma ctistao!
Cabe k posteridade apurar se os primeiros Padres da Igreja tinham
conhecimento do sentido esotrico do Testamento hebreu, ou se apenas
alguns deles o conheciam , enquanto os demais ignoravam o segredo. Em
todo caso, uma coisa e certa. Como o Esoterismo do Novo Testamento se
harmoniza perfeitamente com o dos Livros hebreus mosaicos, e como,

pagaos em geral
a Trindade , per exemplo

ao mesmo passo, certo numero de simbolos puramen te egipcios e de dogmas
foram reproduzidos e
incorpora dos nos Sinoticos e no Evangelho de Sao Joao, e evidente que a
identidade desses simbolos era conhecida dos autores do Novo Testamento,
quem quer que tenham sido. Devi am tambem conbecer a prioridade do
Esoterismo egfpcio, vis to que adotaram alguns simbolos que sao tipos de
conceitos e cren as puramente egipcias, em seu significado externo e interno,
^
e que nao se encontram no Canon judaico. Um destes simbolos e o
nenufar ( ou a ucena ) , que aparece nas maos do Arcanjo nas primeiras cenas
^
de sua apari ao a Virgem Maria ; e tais imagens simbolicas foram conser-
^
vadas at os nossos dias na iconografia das Igrejas grega e romana , Assim,
a Agua , o Fogo e a Cruz, assim como a Pomba , o Corcjeiro e outros animais
s&grados, com todas as suas combina oes, possuem esotericamente um signi
^
ficado identico, e devem ter sido adotados a guisa de aperfei oamento do
-
judaismo puro e simples . ^
O Lotus e a Agua figuram entre os mais an tig os simbolos, e sua ori
gem essencialmente ariana, embora passassem depois a propriedade comum
-
ao subdividir-se a Quinta Ra a. Vejamos um exemplo. As letras , como
^
tamWm os numeros, eram todos misticos, quer em combinacao, quer sepa-
radamente. A mais sagrada de todas 6 a letra M , E a um s6 tempo
masculina e feminina , e foi criada para simbolizar a Agua em sua origem,
o Grande Oceano. Tern career mfstico em todos os idiomas, orientals e
ocidentais, 6 um signo que representa as ondas da dgua, assim: ft /\ .
\ No
esoterismo aria no, como no semita , esta letra foi sempre o simbolo das
aguas. Por exemplo, em sanscrito Makara, o d cimo signo do Zodiaco,
^
quer dizer um crocodilo, ou melhor, um monstro aquatico: sempre a asso-
ciate com a agua , A letra Ma equivale e corresponde ao mimero 5,
que se compoe de um Bindrio, simbolo dos dois sexos separados, e do
Ternario, simbolo da Terceira Vida, a progenie do Bindrio. Isto ainda
frequen temente simbolizado por um Penrigono, que 6 um signo sagrado,
um Monogtama divino. Maitreya e o nome secreto do Quin to Buddha e
do Kalki-Avat&ra dos bramanes, o ultimo Messias que vira no fim do
Grande Ciclo. M e tambem a letra inicial da palavra grega Metis ou
Sabedoria Divina; de Mirora, o Verbo ou Logos; e de Mithras, Mithr, o
.
Mistdrio da Monada Todos esses elementos provieram do Grande Abismo
e nele nasceram , e sao os filhos de Maya, a Mae , Mut no Egito, Minerva,
a Sabedoria Divina, na Grecia; de Maria ou Miriam ou Myrrha, etc , a .
91
Escola do Grande Oriente Mistico

Mae do L<$gos Cristao; c de MayS, a Mae de Buddha. Madhava e MSdhavi


sao os titulos dos Deuses e Deusas mais importantes do Panteao hindu.
Por ultimo, Mandala em sanscrito, um Circulo ou um Orbe, e designs
tambem as dez divisoes do Rig Veda. Na India, os nomes mais sagrados
principiam geralmente com esta letra, desde Mahat, a primeira Inteligncia
manifestada , e Mandara , a grande montanha de que se utilizaram os Deuses
para malaxar o Oceano, ate Manddkimi, o GangH celeste ou Ganges, Manu ,
etc., etc.
Dir-se- a que 6 uma coincidncia ? Ser entao uma coincidSnria bem
^
estranha, em verdade, quando vemos que o proprio Moises, encontrado nas
Aguas do Nilo, traz em seu nome a consoante sirobdlica. E a filha do
Farad Ihe deu o nome de Moists , dizendo : Porque o retirei das aguas 13.
Al&n disso, em hebraico o nome sagrado de Deus, aplicado h letra M ,
6 Meborach, o Santo ou o Bendito , e o nome da Agua do Diluvio
Mbul. Para terminar esta serie de exemplos, podemos ainda lembrar as
Tres Marias' na Crudfica ao, e a sua rela ao com Mare, o Mar ou a
5

^ ^
Agua. Esta e a razao por que, no Judafsmo e no Cristianismo, o Messias
,

est sempre associado com a Agua , o Batismo; e tambem com os Peixes ,

( Peixe )

o signo do Zodfaco, chamado Miham em sHnscrito, e &t com Matsya
Avatara , e o Lotus, simbolo da matriz, ou o nenufar, que tem
igual significado.
Entre as reliquias do Egito antigo, quanto maior e a antiguidade dos
sfmbolos e emblemas votivos dos objetos desenterrados, mais a flor do
Ldtus e a Agua aparecem relacionados com os Deuses Solares. O Deus
Khnum, o Poder Onico, ou a Agua, sendo, como ensinava Tales, o princf -
pio de todas as coisas, senta-se em um trono colocado no centra de um
Lotus. O Deus Bes acha se sobte um Lotus, pronto para devorar seus
-
filhos. Thot, o Deus do Mist&io e da Sabedoria, o Escriba sagrado do
Amend, usando o disco solar como capacete e tendo uma cabe a de touro
o touro sagrado de Mendes e uma das formas de Thot ^
e um corpo
humano, esti sentado em um L6tus completamente aberto. Finalmente, a
Deusa Hiquit , sob a forma de uma ra , aparece repousando sobre um Ldtus,
o que mostra sua rela ao com a Agua . E 4. pela figura nada poetica deste
^
simbolo da ra, incontest a velmente a signo da mais antiga das Divindades
eglpcias, que os egiptdlogos em vao tem tentado descobrir o mistdrio e as
fun oes da Deusa. Sua ado ao na Igreja, pelos primeiros cristaos, demons-
^ ^
tra que estes o conheciam melhor do que os nossos modern os orientalists.
-
A Deusa Ra ou Sapo era uma das principals Divindades cosmicas rela-
cionadas com a Criagao, por causa da natureza anffbia desse animal, e
principalmente de sua aparente ressurrei$ao depois de longos perfodos de
vida solitaria, entocado em velhos muros, rochedos, etc. Nao so havia ela

( 13 ) Exodo , II, 10. Veia-se tambem o episodic* das sete filhas do sacerdote
de Madian, que vieram tirar agua e a quem Moises ajudou a dar de beber ao rebanho
de seu pai; por cujo servi o o Madia oita deu a Moises sua filha Zipporah , ou Sippara,
^
a Onda brilhartle, por esposa. ( xodo , II, 16-21 ) . Tudo isso tem o mesmo signifi-
cado oculto.

92
Escola do Grande Orients Mistico

participado da organizagao do Mundo, juntamente com Khnum, como estava


tamlxfm associada ao dogma da ressurrei ao 14. Devia haver alguma signi
^
fica ao bem profunda e sagrack neste simbolo , para que o adotassem os
-
^
primeiros cristaos egfpcios em suas Igrejas , apesar do risco de serem acusa -
dos da pratica de uma forma repugnante de zooktria , Uma ra ou um sapo
encerrado numa flor de Lotus, ou mesmo sem este ultimo emblema, foi a
forma escolbida para as Idmpadas das Igrejas, etn que estavam gravadas as
palavras Eyw
-
1) AvaffTacnJ Eu sou a ressurrei ao 15. Estas
Deusas Ras se encontram tambm em todas as mumias. ^

( 14 ) Entre os egfpcios era a ressurreifao pelo renascimento, ap6s 3 000 anos


de purificafao, fosse no DevachSn ou oos Campos da Felicidade'*.
( 15 ) Podem se ver as Deusas -R $ em Bulaq, no Museu do Cairo, Quanto
referenda sobre as lampadas das Igre/as e a sua inseti ao, a (onte respoesavei 6
Gaston Maspero, o erudito ex'diretor do Museu de Bulaq ( ^ver o seu Guide au MusSe
de Boulaq , p, 146 ) ,

93
Escola do Grande Oriente Mistico

SEQAO IX

A LUA: DEUS LUNUS, PHCEBE

ESTE sfMBOLO arcaico e o mais portico de todos os sfmbolos, e ao


mesmo tempo o mais filosrifico. Os antigos gregos lhe assinaram um lugat
preeminente, e e perene fonte de inspiragao dos poetas modernos. A Rainha
da Noite, percorrendo o Cu com a majestade de sua lu2 sem igual, dei-
xando tudo imerso na sombra , inclusive Hspero, e estendendo seu manto
prateado sobre todo o Mundo Sideral, foi sempre o tema predileto de
todos os poetas da Cristandade, desde Milton e Shakespeare ate os nossos
mais recentes vates. Mas a refulgente lampada da noite, com o seu sequito
de estrelas inumeraveis, nao falava senao a imagina ao do prof a no. At6
^
hi pouco tempo, a Religiao e a Ciencia nao se ocupavam deste mito tao
cheio de beleza. No entanto, a fria e casta Lua, aquela que, segundo os
versos de Shelley,
. . . faz lindo tudo o que o seu sorriso toca ,
Santu rio errante de chama suave e fria
^
Que muda sempre, e con tudo 6 sempre a mesma ,
..
E nao aquece, mas a tudo ilumina . l,

tem com a Terra rela oes mais estreitas que outro qualquer globo sideral.
^
O Sol 6 a Fonte de Vida de todo o Sistema Planetario; a Lua da Vida ao
nosso Globo; e as primeiras ra as o sabiam e compreendiam, desde a sua
^
infancia. Ela e a Rainha, e 6 tambem o Rei. Era o Rei Soma antes de se
transformar em Febo e na casta Diana , acima de tudo, a Divindade
dos cristaos, que lhes veio por intermedio dos judeus mosaicos e cabalis-
tas, embora tal coisa fosse ignorada pelo mundo civilizado, durante muito
tempo, precisamente desde que morreu o ultimo Padre da Igreja que era
Iniciado, levando consigo para o tumulo os segredos dos Templos pagaos .
Para alguns Padres , coma Origenes e Clemente de Alexandria, a Lua era
o simbolo vivente de Jeov; era o Dispensador da Vida e da Morte,
o que dispoe da Existencia ( em nosso Mundo ). Pois, se Artemis era
Luna no C6i, e, entre os gregos, era Diana na Terra, presidindo ao nascL

(1 ) De Epipsycbidion.

94
Escola do Grande Orients Mistico

mento e & vida da crianfa, entre os egfprios era Hekat ( Hecate ) no Inferno,
a Deusa da Morte, que mandava sobre a magia e os encantamentos Mais .
ainda: como personifica oes da Lua , cujos fenomenos sao triadicos, Diana
^ -
-Hecate-Luna e o Tres em Urn ; porqne ela Diva triformis, tergemina, tri
- -
ceps, tres cabegas num s6 pesco o *, como Brahma Vishnu Shiva. Portanto,
-
^
e o protdtipo de nossa Trindade, a qual nao foi sempre inteiramente mas-
culina . O numero 7, tao frequente na Btblia e tao sagrado durante o
setimo dla ou Sdbado, veio da antiguidade aos jucfeus, e tern sua origem no
quidruplo 7 contido nos 28 dias do mes lunar, do qual cada parte sete
ndria representada por um quarto da Lua.
-
Nao seri demais apresentarmos aqui uma vista panorsimica sobre a
origem e evolu ao do mito e do culto lunar, na antiguidade histdrica do
^
nosso lado do globo A origem primeira nao pode ser averiguada pela
*

Ciencia exat a , que rejeita a tradicao; por sua vez, a his toria arcaica do
mito um livro fechado para a Teologia , que, sob a hibil dire ao dos
Papas , lan ou a interdi?ao sobre todo f ragmen to de literatura que nao ^
^
leva o imprimatur da Igreja de Roma.
Que seja mais antiga a filosofia religiosa egfpcia ou a indoariana ( a
Doutrina Secreta afirma que 6 a ultima ) , pouco importa ao caso, uma vez
que os "cultos Lunar e Solar sao os mais antigos do mundo. Ambos
sobreviveram e perduram ainda em nossos dias; para uns, abertamente;
para outros
como, por exemplo, na simbologia crista
secretamente.
O gato, sfmbolo lunar , estava consagrado a Isis, que, em certo sen -
tido, era a Lua, assim como Osiris era o Sol, conforme se v& freqiiente-
mente na parte superior do Sistro, que a Deusa tem na mao Esse animal .
era objeto de grande venera ao na cidade de Burbaste, que conservava
^
rigoroso luto por ocasiao da morte dos gatos sagrados; pois que fsis,
como Lua, era particularmente adorada naquela cidade dos mistdrios. Do
simbolismo astrondmico relacionado com o gate ja dissemos na Sevao I,
e ningu m o descreveu melhor que Gerald Massey em suas Lectures e em
^ -
The Natural Genesis. Diz se que os olhos do gato parecem seguir as fases
lunares em seu crescimento e diminui ao; e que suas drbitas brilham como
^
duas estrelas na escuridao da noite. Dai provdm a alegoria mitologica
que mostra Diana ocultando-se na Lua , sob a forma de um gato, quando,
em companhla de outras Deusas, procurava escapar i perseguigao de Tifon,
segundo referem as Metamorfoses de Ovidio. No Egito, a Lua era, ao
mesmo tempo, o Olho de Osiris , o Sol.
O mesmo sucedia com o Cinocefalo. O macaco com cabe$a de c5o
era o signo que simbolizava ora o Sol , ora a Lua , se bem que o Cinocefalo
fosse mais um simbolo hermitico que reUgioso. fi, com efeito, o hierd-
glifo do plane ta Mercurio, e do Mercuric dos filosofos alquimistas, os quais
diziam que
Mercurio deve estar sempre perto de Isis, como seu ministry -, porque, sem
Mercdfio, nem Isis uem Osiris podem teaiizar seja o que for na Grande Obra 1* ,

(2 ) A Deuse Tpipop
^ oJ no sactuario de Alcamenes,

95
Escola do Grande Orients Mistico

Quando o Cinocefalo 6 represen tado com o caduceu , o crescente ou


o lotus, 6 um signo de Mercurio filosofico ; mas , quando aparece com
urn cameo ou com um rolo de pergaminho, representa Hermes, o secre-
tdrio e conselheiro de fsis, como Hanumana, que desempenhava iguais
fun oes junto a Rslma.
^Muito embora sejam pouco numerosos os verdadeiros adoradores do
Sol, os parses, certo e que nao so a maior parte da mitologk e da histork
hindu estd baseada nesses dois cultos e com eles entrela ada, mas tambm
^
o raesmo se da com a propria religiao crista . Desde a origem do Cristia-
nismo at os nossos dias, tais ocultos tem matizado as teologias das Igrejas
.
Catolica Romana e Protestante Em verdade, a diferenga entre as cren as
^
indo-arianas e as 4rio-europeias 6 muito pequena , se levarmos em conta
somente as ideias fundamentals de ambos os grupos. Os Hindus orgu -
lham-se de indtular-se Suryavanshas e Chandravanshas, das Dinastias Solar
e Lunar. Querem os cristaos que isto seja idolatria ; no entanto, sua reli-
giao se funda por complete no culto Solar e Lunar . E em vao que os
protestantes clamam contra os catdlicos romanos por causa de sua Rlario-
latria , inspira no antigo culto das Deusas lunares ; pois aqueles tamb m
adoram Jeova, que e por excelncia um Deus, lunar , e as duas Igrejas ^
aceitam em suas teologias o Cristo solar e a Trindade lunar.
Muito pouco se sabe a respeito do culto lunar caldeu, e do Deus babi
lonico Sin , que os gregos chamavam Deus Lunus ; este pouco se presta a
-
induzir em erro o estudante profano, que nao pode apreender o significado
profanes da antigiiidade
dar silencio

esoterico dos simbolos . Era cren a geral entre os filcSsofos e escritores
^
pois os que eram iniciados haviam jurado guar
que os caldeus rendiam culto A Lua sob seus diferentes
nomes femininos e masculines, como tambem o fizeram posteriormente os
-
judeus.
No manuscrito inedito sobre a Linguagem artificial, de que nos
ccupamos, e que da uma chave da forma ao da antiga lingua simbolica ,
^
e indicada uma razao logica para explicar esse duplo culto. A obra foi
escrita por um douto, mistico profundamente versado na materia , e que
expoe a razao sob a forma de uma hipotese de facil compreensao, Esta
hipOtese, por&n, passa necessariamente a eategoria de fato comprovado da
historia da evolu;ao religiosa do pensamento humano, para todo aquele
que haja entrevisto algo do segredo da simbologia antiga. Eis o que diz
o autor:
Uma das prime Las ocupa oes do homem , das que sao realmente necessarias,
^
deveria ser a observa ao dos perlodos de tempo 3, m area dos na abdbada celeste que
^
se ergue sobre o piano do horizonte ou sobre a superffeie das gua$ tranquilas. Tais
periodos seriam determinados pelo dia e pels noite, pel as fases da Lua , por $uas

( 3 ) A Mitologia antiga inclui tanto a Astronomia arcaica coma a Astrologia .


Os planetas eram os ponteiros que marcavam , no quadrante do nosso Sistem a Solar ,
as 6 pocas de certos acontecimentos histoiicos. Deste modo, Mercurio era o menSfr
geiro que devia Indicar o tempo durante os fundmenos cotidianos , sofates e lunares,
estando, por outra parte, relacionado com o Deus e a Deus a da Luz .
96
Escola do Grande Oriente Mistico

revolu des estelares e sinodicas, e pela durapio do ano solar com a volta das estates,
^
aplicandose aos tnesmos perfodos a medida natural do dia e da noite, on seja , do
dia dividido em luz e sombra. Descobrir-se-ia tamb6n que havia , no mesmo perfodo
do ano solar , utn dia solar tnais comprido e outro mais curto que todos os demais,
assim como dois dias solaxes em que o dia e a noite tinham igual duragao; podendo
as pocas do ano correspondentes a esses dias ser assinalada com a maior precisao
nos grupos de estrelas dos ceus , ou nas corsstelafoes, sob reserva de seu movimento
retr6grado, que com o tempo necessitaria de corre ao por intercala ao, como sucedeu
^ ^
na histdria do Diluvio, em que se fez uma corre ao de 150 dias em utn perfodo
^
de 600 anos, durante o qual a confusao dos signos indicadores do tempo havia aumen-
tado . . . Isso tern naturalmente que ocorrer com todas as ra$as e em todas as pocas;
e queremos crer que semelhante conhecimento tenha sido inerente a esp de Humana , ^
antes do chamado perfodo historico como durante o mesmo /' 4 ^
Sobre esta base, procura o autor alguma fun ao ffsica natural , que a
^
especie hum ana possufsse em comum e que se relacionasse com as mam-
festagoes periodicas, de tal modo que a rela ao entte as duas classes de
. ^
fenomenos , . se chegue a determinar no uso popular", Esta fun ao ela
a encontra em : ^
<9 ( a ) O fenomeno fisiologico feminino, que ocorre em cada m $ de 28 dias , o
mes lunar, ou 4 semanas de 7 dias, de maneira que se produzam 13 repeti?oes do
perfodo em 364 dias , que constituent o ano solar de 52 semanas de 7 dias; ( b ) a
gesta ao do feto, que 6 assinalada por um perfodo de 126 dias , ou 18 semanas de 7
^
dias; ( c ) o chamado perfodo de viabilidade , que e de 210 dias , ou 30 semanas
de 7 dias; { d ) a perfodo do parto, que se complete em 280 dias , ou 40 semanas de
7 dias, ou 10 meses lunares de 28 dias , ou ainda 9 meses do calendario de 31 dias,
contando-se sobre o arco real dos ceus a medida do tempo da passagem da escuridao
da matriz k luz e gloria da existSncia consciente, este mistdrto e milagre scmpitemo
e inesctutdvd . . . Assim , os perfodos de tempo observados , que marcam os trabalbos
da obra do nascimento, vlriam a ser uma base natural para os calculos astronomicos . * *
Podemos quase asscgurar , , , que este era o modo de calculate empregado em rodas as
na oes, seia espontaneamente , seja por via indireta e em virtude de ensmamento.
^
Era o m todo seguido entre os hebreus, pais ate hoje eles cakulam o calendario na
^
base dos 354 e 355 dies do ano lunar; e dispomos de eleraentos que nos autorizam a
dizer que era taiubem o metodo dos antigos egipcios, conforme provamos em seguida ,
A idda fundamental que estava na raiz da filosofia religiosa dos hebreus era
que Deus continha todas as coisas em si mesmo 5, e que o bomem era feito a sua
imagem ; o homem compreendendo a mulher O lugar do bomem e da mulher entre
os bebreus correspond ia , entre os egipcios, ao do touro e da vaca , consagrados a
Osfris e a Isis , que eram representados respectivemen te por um homcm com cabe a
de touro e uma mulber com cabeqa de vaca , sfmbolos que eram objeto de culto. ^
Sabia -se que Osfris person if icava o Sol e o rio Nilo, o ano tropical de 365 dias,
numero que e o valor da palavra Neilos , e o touro, sendo tambem o prinefpio do
logo e da fot<;a produtora da vida ; ao passo que Tsts era a Lua , o leito do rio Nilo,
ou a Mae-Terra , para cujas energias parturientes a agua era indispensivel ; o ano lunar
de 354 -364 dias ; a reguladora dos perfodos de gesta<;ao; e a vaca, indicada pda lua
crescentc . . .

(4) Pagrnas 7 - 8 .
(5) NCM;5O vedantina desfigurada e rebaixada do concetto de Parabrabman,
que cont m em s i mesmo todo o Universe, porque ele prdprio 6 0 Uni verso ilimltado
^
e nada existe fora dele .
( 6 ) Predsamente como sucede ainda em nossos dias , na India , com o touro
de Shiva e a vaca que representa virias Sbakis ou Deusas ,

97
Escola do Grande Oriente Mistico

Mas a circunstancia de os egipcios reservarem a vaca o papel que a mulher


desempeohflva entre os hebreus cao implies va uma diferenca substantial de signifiesdo,
mas antes uma identidade de ensinatoento , com a substituigao tao somente de um
simbolo que exprimia a mesma coisa, pels que se acreditava ser o peifodo de gesta ao
da vaca igual ao da mulhet , isto 6, de 280 dias ou 10 meses lunares de 4 semanaa , ^
E na dura ao desse perfodo e que tesidia o valor essential daquele simbolo animal ,
^
cujo signo era o da lua crescente . . . Pode-se ver que estes periodos naturais de
gesta ao forani objeto de simbolismo no mundo inteiro . Eram utilhados pelos
^
hindus , e tambem pelos americanos primitives, confoime se observa daramente nas
pranebas de Richardson e de Gest, na Cruz de Palenque e alhures, e serviram ine-
quivocamente de base para a formafao dos calendirios dos maias do lucata, dos
Hindus , dos assirios e babi!6nios antigos , assim como dos antigos egipcios e hebreus.
Os slmbolos naturais consist!am sempte no falo ou no falo com o yoni & A repre-
senta o dos erablemas falicos , por 51 so , indicaria unicamente os drgaos genitais do
^
corpo humano, mas , levando-se em conta as suas fundoes e o desenvolvimento das
sementes que produzem, poder-se-ia detenu mar um mtodo para a medi$ao dos
periodos lunares e , por via destes , dos periodos solares . 9

Eis al a ebave fisiol6gica ou antropoldgica do simbolo da Lua . A


chave que descobre o misterio da Teogonia ou evolu$2o dos Deuses man-
vantaticos e mais complicada, e nao tem nada de fdlico. Nela tudo e
mistico e divino Mas os judeus, alem de criar uma rela ao direta entre
,

Jeova e a Lua, como Deus gerador , preferiram ignorar as Hierarquias ^


superiores , e converteram em Patriarcas seus, algumas constela$oes zodia -
cais e 0$ Deuses planetdrios, evemetizando assim a id ia puramente teosd-
fica rebaixando-a ao nlvel da humanidade pecadora .
O manuscrito de onde extraimos os trechos \i transcritos explica , de
modo muito claro , a que Hierarquia de Deus pertenda Jeova, e o que
era este Deus judeu; pois demonstra , em linguagem precisa , aquilo em
que a autora desta obra sempte insistiu , a saber: que o Deus aceito pelos
cristaos nao era mais que o simbolo lunar da faculdade reprodutora ou
geradora da Natureza . E ate ignoraram o secrete Deus hebreu a que se
referem os cabalistas , Ain-Soph , que era , nas primitivas iddas mlsticas dos
cabalistas , uma concepcao tao elevada quanto a de Parabrahman .
Nao d , pordm , a Kabalab de Rosenroth que pode dar os verdadeiros
ensinamentos originais de Simeao Ben Yochai , tao metaflsicos e filosdficos
como outro qualquer . E, entre os estud antes da Kabalab > quantos havera
que saibam algo de tais ensinamentos, a nao ser por intermedio de suas
incorretas tradugoes latinas ? Examinemos por um instante a iddia que
levou os judeus a adotarem um substitute do Sempre Incognosdvel , ao
ponto de confundir os cristaos e faz -los tomar o substituto pelo verda-
deiro.
Se a estes orgaos Jfalo e 'yoni l , considerados como slmbolos de agentes cria ^

dores cdsmicos , pode ser associada a idtia d e . . periodos de tempo, entao, e efetiva-
*

mente , na constru o dos Templos como Casas do Senhor ou de JehovS , aquela parte
^
(7 ) Dd o culto votado a Lua pelos hebreu3 ,
(8) Macho ou f #mea os criou.
P ginas 1 M 5 .
(9)
^
98
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designada como o Sanctum Sanctorum , ou o Red n to Mais Sagrado, devia ter tin*cfo
seu noine da reconhecida santidade dos 6rgaos ge tad ores, encarados como sfmbolos
tan to de medidas quanto da causa criadora.
Entrc os Srfbios antigos n3o ha via nem nome netn idda nem sfmbolo para a
.
Causa Primeira w Para os hebreus, o conceito indireto desta Causa se apoiava em
-
um termo de compreensao negativa , isio 6, Ain Soph ou O Sem Limites. Mis o
stmbolo de sua primeira manifesta ao compreensivei era a concepgao de um ritculo
^
com o diametro, para represen tar uma idei a ao mesmo tempo geometries, fdlica e
..
astronomica , porque a unrdade nasce do O ou circulo , sem o qual nao poderia
ex is tir ; e do 1, ou unidade primordial , saem os nove digitos e, geome tries mente,
.
todas as formas plana s Assim , na Cabala , o circulo com o diametro 6 a figura dos
10 Sephiroth , ou emanagoes, que compdem o Adlo Kadmon , ou Homem Arqu6 tipo,
origem criadora de todas as coisas ...
A idlia de relacionar a figura do drculo e
seu diametro, ou seja , o numero 10, com a sigtiificagao dos 6rgaos reprodu tores e
com o Recinto Mais Sagrado . . . foi aplicada a construgao da Camara do Rei ou
Sanctum Sanctorum da Grande Piramide, a do Tabern culo de Moists e a do
Sanctum Sanctorum do Templo de Saloraao ... ^
a figura de uma dupla matrix,
pois em hebreu a Ietra He ( H ) representa o ndmero 5 e simboliza ao mesmo tempo
a matrix; e duas vezes 5 fazem 10, isto 6, o numero f 41ico/' U

Essa dupla matriz indica tamWm a dualidadc da ida transportada


do piano superior ou espiritual ao piano inferior ou terrestre ; limitada
a este ultimo pelos judeus . Mas, nao obstante , deram eles ao numero
sete o lugar mais importante em sua religiao exoterica , culto de formas
extemas e de rituais sem sentido ; e disso 6 exemplo o seu S bado , o s timo
dia consagrado a sua Divindade , a Lua , sfmbolo do Jeova gerador . Para ^
outros povos , o sete representava a evolu?ao teogAnica , os Ciclos , os Pianos
Cosmicos , as Sete Formas e Poderes Ocultos do Cosmos , considerado como
um Todo Sem Limites e cujo TriSnguIo superior era inacessfvel & mente
finita do homem.
Quando , portanto , outros povos, em sua limitagao forgosa do Cosmos
no Espa o e no Tempo, so se ocupavam do piano setenario manifest ado,
^
os judeus reconcentraram este numero unicamente na Lua , baseando nela
todos os seus calculos sagrados. Dal a razao por que vemos o inteligente
autor do citado manuscrito observar , a respeito da metrologia dos
judeus que,
"Se raultiplicarmos 20 612 por 4/3, o produto dard uma base para a determi-
ftafdo da revolugao mldia da Lua ; e se este produto for novamente multi plicado por
4 /3, o resultado dara uma base para fixarmos o period exato do ano solar m6dio. . .
esta formula . . . sendo de muirissima utilidade para encontrarmos os periodos astro-
ndmicos do tempo . **
Esse numero duplo macho e femea
alguns idolos bastante conhecidos; por exemplo:

tambdm simbolizado por

( 10 ) Porque era por demais sagrada. Os Vedas a mencionam como AQUILO.


a "Causa Etema ', e portanto nao pode ser considcrada "Causa Priiueira ', termo
1

que implies ao mesmo tempo ausfincia de Causa ,


.
( 1 1 ) MS , pp. 13 20. -
( 12 ) Ibid , , pp 21-22 . .
99
Escola do Grande Orients Mistico

"ArdHanlrl-Ishvara , a Isis dos Hindus, EricUnus ou Ardan , ou o Jurcfao hebreu ,


ou fonte de desenvolxnmento. apresentada sobre uma folha de locus que flutua
nas iguas. Mas a significa ao e que ela e andrbgina ou hermafrodita, ou seja , o
^
falo e o ' yoni corabinados, o numero 10, a letra hebraica Yod ], o tonteudo de
Jeovd. Ela, ou melhor , ela-ele , marca os minutos do mesmo drcuio de 360 grans /'13
Jeova \ sob o melhor de seiis aspectos , e Binah , a Mae media-
dora Superior, o Grande Mar ou Espirito Santo* ; e, portanto, mais um
sindnimo de Maria , a Mae de Jesus , que de seu PaL Esta Mae , que 6
a palavra latina Mare * , aqui tambem signifies Venus , a Stella Maris ou
Estrela do Mar .
Os antepassados dos misteriosos acadianos os Chandravanshas e
Indovanshas , os Reis Lunares que a tradi ao aponta como tendo reinado
^
cm PraySga ( Allahabad ) nrmito tempo antes da Era Crista eram proce-
dentes da India e haviam trazido consigo o culto de seus ascendentes ( de
Soma e de seu filho Budha ) , culto que depois veio a set o dos caldeus .
Este culto, porem , k parte da Astrolatria e da Heliolatria populares, nada
tinha de comum com a idolatria. Nao era mais , em todo caso, que o simbo-
lismo catolico rommo modemo, que relaciona a Virgem Maria a Magna
Mater dos slrios e dos gregos
com a Lua .
Os catdlicos romanos mais fervorosos sentem- se orgulhosos desse culto,
e o proclamam abertarnente . Em sua MSmotre dirigida a Academia Fran-
ces*, diz o Marques de Mirville ;
" de todo natural que, qua! profecia inconsciente , Atnmon-Ra seja o esposo
de sua mae, pois a Magna Mater dos crista os e precisamente a esposa daquele filho
que ela cottcebe . . . Nds |os cristaosj podemos agora compreender par que Netth
projeta luz sobre o Sol , emhora permanecendo como Lua\ pois a Virgem , que 6 a
Rainha dos Ceus, como o era Netthf veste o Cristo-Sol , como o fazia Neith , e e por
de vestida : *Tu vestis solem et te sol vestif |como cantam os catdlicos romanos
durante os seus oficios| .
Nos |os cristaos| compreendcmos tambem por que a famosa inscricao de Sals
declarava que "ninguem iamais levantou o meu veu |peplum [ , porquanto esta frase ,
traduzida literalmente, e o resumo do que se canta na Igreja no Dia da Imoculada
Concetgao. 14

Certamente que nao pode haver maior sinceridade do que essa ! . Justi-
fica inteiramente o que disse Gerald Massek em sua conferencia sobre o
Culto da Lua, Antigo e Moderno :

O homem na Lua |Osiris Sut , Jehova Sata , Cristo Judas e outros


GSmeos Lunares ] 6 frequentemente acusado de mau comportamento . , Nos feno
me no* lunares, a Lua era una , como Lua de dupio sexo, e de carater triplke , como
-
mae , filho e varao adu / to. Deste modo, o filho da Lua era o esposo de sua propria
mae ! Nao se podia eviti-lo , se e que dev la haver reprodu ao. Era ele obrigado a
ser o seu propcio pail Estes parentescos foram reprovados ^pela sociologia posterior,
e a ideia do homem primtivo da I ua foi abandons da . Contudo, em sua ultima e

( 13 )
( 14 )
-
Ibid . , pp. 23 24 ,
Pneumatologie; Des Esprits , t . Ill, p. 117, Arch&logie de la Vier
ge Mere .

100
Escola do Grande Oriente Mistico

mais inexplicivel fase, eta sc converteu na doutrina fundamental da mals grosscira


supersti ao que o mundo ja conheccu , pois estes fenfimenos lunarcs c seus paren
^
tescos incestuosos sao a base mesma da Trindade na Unidade dos cristaos .
Por
ignorancia do simbolismo, a simples representagao dos primeiros tempos se transfor -
mou no mais prof undo misterio do modemo culto lunar. A Igreja Romana, sera
detnonstrar o menor constrangimento, apresenta a figure da Virgetn Maria adomada
com o Sol , ten do aos p6 s a Lua crescents e nos bragos o menino lunar , como filbo
e esposo da mae Lua ! A mae, o filbo e o varao adulto sao fundamentals ,
Deste modo se pode provar que & nossa Cristologia nao e senao mitologia tnumi-
ficada e tradl ao legendiria , que de urn modo equivoco nos foram impostos no Antigo
^
e no Novo Tcstamento, como uma revela ao divina ditada pela pr6pria voz de Deus. 15
^
Ha no Zohar uma belissima alegoria que revela perfeitamente o verda *

deiro cardter de Jehovah ou Y H V H , segundo a primitiva concept dos


cabalistas hebreus. Pode ver-se na Filosofia da Cabala, de Ibn Gebirol , tra-
duzida por Isaac Myer :
Na
introducao escrita por R . Hizqeeyah, que e bem antiga e faz parte de
nossa edifao Brody' do Zohar ( I, 5 b e segs.) , consta *a narrativa de uma viagem empre-
endida por R . El azar , filho de R , Shom-on b. Yo hai, e R. Abbah ... Encontxarain
um homem que conduzia uma carga pesada ... Falaram com ele... e as explica oes
dadas pelo homem da carga sobre o Thorah foram tao maravilhosas que Ihe perguntam ^
o seu nome; e ele respondeu : Nao me petgunteis quern eu sou, mas prossigamos na
explica ao do Thorah |a Lei|*. Perguntaram entao : Quem te obrigou a caminhar
^
desse modo, levando uma carga tao pesada ? Ao que respondeu: A letra ( Yod, que
6 igual a 10 e que 6 a letra simbolica de Kether , bem como a essencia e o germe do
Nome Sagrado ftlfp , ou YHVH ) fez a guerra , etc.. , , Disseram -lhe: Se consentes
em dizer o nome de teu pai, nds beijaremos a poeira de teus p6 s\ Ele replicou:
. . . M e u pai morava no Grande Mar , e era ali um peixe | tal como Vishnu Dagon ou
.
Oanne$| que |antes de mais nada| destruiu o Grande Mar. . e era grande e poderoso
c o Anciao dos Dias*, ate que tragou todos os demais peixes do ( Grande ) Mar .. /
.
R Elazar escutou estas palavras e Ihe disse : Tu es o Filho da Chama Sagrada, 6s o
Filho de Rab*Ham-/ fSabah ( o velho ) |peixe em araraaico ou caldeu nun\ t tu
es o Filho da Luz do Thorah |Dharmah|, etc. 1

Explica entao o autor que o Sephira feminine , Binah , e chamado o


Grande Mar pelos cabalistas ; portanto, Binah , cujos nomes divinos sao
Jeovd, Yan e Elohim , outro nao e senao o Tiamat caldeu , o Poder Femi-
nino, o Thalath de Berose, que preside ao Caos, e que mais tarde veio a
ser , a Serpente e o Diabo na teologia crista , Ek-ele ( Yan-hovah ) 6 o He
celeste e Eva . Estes Yah-hovah ou Jehovah 6, pois, identico ao nosso
Caos Pai , Mae , Filho no piano material e no Mundo puramente
fisico ; Deus e Demonio ao mesmo tempo; o Sol e a Lua ; o Bem e o Mai.
O magnetismo lunar gera a vida , conserva-a e a destr6ip tanto psfquica
como fisicaineme , E, se do ponto de vista astron &mico , a Lua e um dos
sete plan etas do Mundo Antigo, na Teogonia e um de seus Regentes ,
tanto entre os cristaos de hoje como entre os pagaos ; para os primeitos
com o nome de um de seus Arcanjos, e para o$ ultimos como um de seus
Deuses.

( 15 ) P. 23 .
( 16 ) Qabbalah, de Myet , 335-6.

101
Escola do Grande Oriente Mistico

, por is so, fdcil de compreender a significagao daquele conto de


fadas que Chwolsohn tr&duziu da versao drabe de um velho manuscrito
caldeu, em que Qutamy 6 instrufdo pelo idolo da Lua. Seldenus nos diz
o segredo, e o mesmo faz Maimonides em seu Guia dos Perplexos 17. Os
adoradores dos Teraphim, ou Oraculos judeus, esculpiam imagens, e
pretendiam que, sendo inteiramente imptegnada pela luz das estrelas prin-
cipals ( planetas ) , por seu intermedio as Virtudes angelicas ( ou os Regentes
dos planetas e estrelas ) conversavam com eles, ensinando-lhes a arte e mui-
tas coisas uteis . E Seldenus explica que os Teraphim foram construidos
e compostos de ocordo com a posi ao de certos planetas, que os gregos
^
chamavam VTQIXUOL , e com as figuras que se achavam np firmamento, cha -
raadas dXt T)Tifjptoi ou Deuses Tutelares. Os que assinalavam os crroix&iar
cTTOLXEia
^.
eram denominados <rroi,XEitona/ri.koi, ou adivinhadores por meio do
1R

Foram , porem , frases semelhantes do Nabathean Agriculture que assus


taram os homens de ciencia e os levaram a proclamar que se tratava de
-
uma obra apocrifa ou de um conto de carochinha, indigno da aten ao de
um acadSmico . Ao mesmo tempo, como vimos, catdlicos romanos e pro ^ -
testantes zelosos fizeram-na em pedagos, metaforicamente; os primeiros,
porque all se descrevia o culto dos demonios , e os ultimos, porque o
livro era Impio . Ainda uma vez, todos laboram em erro. Nao e um
conto de carochinha ; e quanto aos piedosos sacerdotes, pode se mostrar--
-lhes o mesmo culto em suas escrituras sagradas, por mais que o tenha
deturpado a tradu ao. O culto Solar e o Lunar, assim como tambm o
^
culto das Estrelas e dos Elementos, figuram e podem ser vistos na Teologia
Crista . Os papistas Ihes fa 2em a defesa; e se os protestantes os negam de
piano, is to corre por sua conta e risco. Podemos citar dois exemplos .
Amiano Marcelino ensina que as antigas adivinhagoes se realizavam
sempre com a ajuda dos Espfritos dos Elementos { Spiritus Elementorum
e , em grego, Ttveupurra TWV OTOIX WV 19.
^
Mas agora se descobriu que os Planetas, os Elementos e o Zodfaco nao
somente figuravam em Heliopolis como as doze pedras chamadas Miste -
rios dos Elementos ( Elementorum Arcana ) senao tambem no Temple
y

de Salomao; e, como assinalado por varios escritores, em algumas igrejas


italianas, e ate em Notre Dame de Paris > onde ainda podem set vistos.
Nenfcum sfmbolo, sem excetuar o do Sol, foi, em suas diversas signi -
ficances, mais complexo que o sfmbolo lunar. O sexo era, naturalmente,
duplo. Para uns era varao, como, por exemplo, o Rei Soma indiano e
o Sin caldeu; para outros povos era feminino, como as formosas Deusas
- -
Diana Luna , Ilitiia , Luciana . Entre os tauros, sacrificavam se vitimas huma -
nas a Artemis, um dos aspectos da Deusa lunar; os cretenses a dhamavam

( 17 ) Moreb Nebbucbhn , III, XXX .


( 18 ) Veja-se -D Diis Syriis, Teraph, II, Synt , p. 31.
( 19 ) I, I , 21 . ^

102
Escola do Grande Orients Mistico

Dictvnna, e os medos e os persas, Anaitis, como se pode vet de uma inscri -


^
ao de Coloe: ApT piSi Mas agora nos referimos prindpalmente
-
a mais casta e pura das Deusas virgens, Luna Artemis, a quem Panfos foi
o primeito a dar o sobrenome de KaXXtonr), e de quem Hip6lito escreveu :
KaXXurta TO XU nap0EVajv 20. Esta Artemis Lochia, a Deusa que presidia
& concep ao e ao parto, e, em stias funfoes e como triplice Hecate, a Divin
^ -
dade drfica, predecessora do Deus dos rabinos e dos cabalistas pr -cristaos,
e o seu tipo lunar. A Deusa Tpqw> p oJ era a personifica ao simbdlica dos ^
^
sucessivos e diferentes aspectos apresentados pela Lua em cada uma de
suas tres fases ; e esta interpretacao ja era a dos estoicos 21, enquanto que
os orficos explicavam o epiteto Tpipop oJ pelos trs reinos da Natureza
^
sobre os quais ela reinava . Ciumenta, vida de sangue, vingativa e exi -
gente, Hecate Luna e o digno duplicado do 'Deus ciutnento 1 dos profetas
judeus.
Todo o enigma do culto Solar e Lunar, tal como e hoje apresentado
nas Igrejas, gira em tor no daquele antigo mist rio universal dos fen6menos
^
lunares , As formas correlativas da Rainha da Noite , que estao ainda
latentes para a ciencia modema, mas que se acham em plena atividade
para o saber dos Adeptos orientals , explicam bem as mil e uma imagens
sob as quais era a Lua representada pelos antigos. Mostra isso tamb6n
quanto estavam os antigos niais profundamente versados nos Mist&ios
selenitas que os nossos astrfinomos modernos.
Todo o Panteao dos Deuses e Deusas lunares, Nephtys ou Neith,
Proserpina, Melita , Cibele, Isis, Astarteia , Venus e Hecate, de um lado,
provam , com seus nomes e titulos
"Maes

e Apolo, Dioniso, Addnis, Baco, Osfris, Atis, Tamuz, etc., de outro, todos
de Filhos e Esposos de suas
a sua identidade com a Trindade crista. Em todos os sistemas
religiosos os Deuses fundiam em uma so as suas fundoes de Filho, Pai e
Esposo; e as Deusas eram identificadas como Esposas, Maes e Irmas. Os
primeiros sintetizavam os atributos humanos no "Sol, o Dispensador da
Vida ; as ultimas fundiam todos os sens titulos na grande slntese conhe -
cida como Maia, Maya , Maria, etc, , nomes genericos. Maia chegou a signi
ficar "mae entre os gregos, por deriva So for ada da raiz ma ( nutriz ) ,
-
^ ^
e deu o seu none ao mes de Maio, que era consagrado a todas aquelas
Deusas , antes de o ser a Maria 22, Sua origem primitiva, no entanto, era
Maya, Dufga, que os orientalistas traduziram por inacessivel , mas que
na verdade significa o imposslvel de alcan ar , no sen tide de ilusao e
^
nao-realidade, fonte e causa dos encantamentos, personifica ao da ilusao.
^
Nos ritos religiosos, a Lua servia a um duplo objedvo. Era personi
ficada como uma Deusa feminina para fins exotericos, ou como um Deus
-
( 20 ) Veja-se Pausanias , VIII , 35-38.
( 2 1 ) Cornutus , De Natura Deorum, XXXIV, I.
( 22 ) ao pagao Plutarco que os catdlicos romanos devem a id ia de coasagrar
^
o mes de maio a Virgem, pois ele mostra que maio consagrado a Maia ( Maia ) on
.
Vesta ( Aulus Gellius, sub voc Maia ) , personifica ao dc nossa mae Terra , aquela que
nos afimenta . ^
103
Escola do Grande Orients Mistico

varao nas alcgorias e nos simbolos; e na Filosofia Esoterica era o nosso


satelite considerado como uma Potfencia stm sexo, que devia scr bcm
estudada, pelo temor que inspirava. Para os Inlciados irios, caldeus, gregos
e romanos, Soma, Sin, Artemis, Soteita ( o Apolo hermafrodita, que tem
a lira por atributo, e a Diana de barba, com o arco c a flecha ) , Deus
-
Lunus, e especialmente Oslris Lunus e Thot-Lunus 23, cram potestades ocul
tas da Lua. Mas, varao ou femea , Thot ou Minerva , Soma ou Astoreth,
-
a Lua o Mist rio dos Misterios ocultos , e mais simbolo do mal que do
^
bem , Suas sete fases, na divisao original esoterica, compoem -se de trs
fendmenos astronomicos e quatro fases puramen te psiquicas. Nem sempre
a Lua foi venerada , como o provam os Misterios , em que a morte do
Deus-Lunar
isto 6, as ties fases minguantes e de final desaparecimento
era alegorizada pda Lua como simbolo do Gnio do Mal, que, por urn
instante, triunfa sobre o Deus produtor da Luz e da Vida, o Sol; sendo
necessaria toda a habilidade e sabedoria dos antigos Hierof antes em Magi a
para converter esse triunfo em derrota .
No culto mais antigo de todos , o dos Hermafroditas da Terceira Ra$a
de nossa Ronda , a Lua macho se fez sagrada, quando, depois da chainada
Queda , houve a separa ao dos sexos. Deus-Lunus passou entao a ser
^
Androgino, alternadamente macho e femea , e acabou sendo invocado nas
praticas de fettigaria , como Potencia Dual, pela Quarta Ra a-Raiz, a dos
^-
^
Atlantes . Com o advento da Quinta Ra a Raiz, que e a nossa , o cultp
Lunar-Solar dividiu as na oes em dois campos antag&nicos bem definidos,
^
e deu causa aos sucessos descritos, evos mais tarde, na epopeia do Mahabha -
rata , a guerra entre os Suryavanshas e os Indovanshas, que os europeus
consideram como fabulosa , mas que e historica para os indianos e os ocul
tistas. O culto dos principios macho e femea teve origem no aspecto
-
dual da Lua, e acabou dividindo- se em dois cultos distintos, o do Sol
e o da Lua . \
Entre as ra$as semfticas, o Sol foi, durante muito tempo, feminino,
e a Lua masculina , sendo esta ultima no ao proccdente das tradi Ses atlan-
^
tes. Cbamavam a Lua o Senhor do Sol , Bel -Shemesh, anteriormente ao ^
culto de Shemesh . A ignorancia das razoes iniciais de semelhante distin-
?aoe dos principios ocultos conduziu os povos ao culto antropomorfico dos
idolos. Durante esse perfodo, de que nao fazem men ao os livros mosaicos,
^
ou seja , desde o exflio do Eden at o Diluvio alegorico, os judeus, como os
demais semitas, adoraram a Dayanisi 24, o Soberano dos Homens ,
o Juiz , cu Sol Muito embora o Canon judaico e o Cristianismo hou
o Sol no "Senhor Deus e no - Jeovi da Btblia, esta
vessem convertido
*
-
a mesma Biblia cheia de alusdes indiscretas h Divindade andrdgina, que
outra nao era senao Jeova , o Sol, e Astoreth , a Lua , em seu aspecto
feminino, e livre inteiramente do elemento metafdtico que atualmente Ihe
emprestam. Deus e um fogo que consome , aparece no fogo e esti
rodeado pelo fogo. Nao foi apenas em suas visoes que Ezequiel viu os

( 23 ) Thot-Lunus 6 o Budha -Soma da India, ou Mercurio e a Lua.


( 24 ) Dayaneesh.

104
Escola do Grande Oriente Mistico

judeus adorando o Sol 2 B. O Baal dos israelitas


moabitas e o Moloch dos amonitas
o Shemesh dos
era o mesmo Jeova-Sol , e
ainda hoje o Rei das Legioes do Cu o Sol, assim como Astoreth era a
f

Rainha do Ceu ou a Lua. O Sol de Justiga so agora 6 que .passou a


set uma expressao metafdrica.
As religioes de todas as nagoes antigas estavam , de infcio, baseadas nas
manifestagoes ocultas de uma Forga ou Prindpio puramente abstrato, a
que hoje se da o norae de Deus . A propria instituigao de tais cultos
mostra , nos seus pormenores e ritos > que os fiI6sofos que estaheleceram
semelhantes sistemas da Natureza , subjetiva e objetiva, eram detentores
de um prof undo saber, e conheciam muitos fatos de cunho cienrifico. Pois
os ritos do cuito lunar , & parte o seu lado estritamente oculto, eram , como

nos inteiramente moderna

acabamos de ver, baseados no conhecimento da Fisiologia ciencia para
, da Psicologia, das Matemdticas Sagradas ,
da Geometria e da Metrologia, em sua correta aplicagao aos sfmbolos e
figuras , que nao passam de signos para registrar os fatos naturais e cientf -
ficos observados. Como dissemos, o magnetismo lunar gera a vida , con-
serva -a e a destroi, e Soma encarna o triplice poder da Trimurti, embora
tal nao seja atd agora reconhecido pelos profanos.
A alegoria que apresenta Soma , a Lua , como produzida pelo malaxar
do Oceano da Vida ( Espago ) pelos Deuses em outto Manvantara, isto ,
no dia pre-genetico de nosso Sistema Planetario, e o mito em que figuram
os Rishis ordenhando a Terra , cujo bezerro era Soma, a Lua , tm uma
profunda significagao cosmografica; pois nem e nossa Terra que e orde-
nhada , nem e nossa conhedda Lua que e o bezerro 26. Se os nossos homens
de ciencia soubessem acerca dos misterios da Natureza tanto quanto sabiam
os antigos arios, cemmente que jamais Ihes passaria pela imaginagao que
a Lua foi projetada da Terra. Mais uma vez repetimos que, para compre-
ender a linguagem simbdliea dos antigos, eumpre ter presentes e levar em
conta as mais antigas permutagdes da Teogonia: o Filho que se converte
em seu proprio Pai , e a Mae que gerada pelo Filho. De outro modo, a
^
mitologia aparecera sempre aos orientalistas simplesmente como uma enfer-
midade que surge em certo estado peculiar da cultura humana! , segundo
a grave advertncia de Renouf ,
Os antigos ensinavam , digamos assim , a autogeragao dos Deuses ; a
Essencia Divina Una, nao manifestada, gerando perpetuamente um Segun-
-
do- Eu manifestado , Segundo Eu que, andrdgino por natureza, da nasci-
mento, de maneira imaculaday a todas as coisas macrocdsmicas e microcds-
micas deste Universo. Foi o que explanamos algumas paginas atras, a
proposito do Circulo e do Diametro, ou o Dez ( 1 0 ) Sagrado.

( 25 )Ezequiel , VIII , 16.


( 26 )Na alegoria, a Terra busca salvar a vida pela fuga, sendo perseguida por
Pritbu. Toma a forma de uma vaca e, tremula de pavor, corre para se ocultar nas
regioes de Brahma. Nao se trata, pois, de nossa Terra,. A Jem dfsso, em todos os
Purdnas o bezerro mu da de tiome. Nurn deles e Manu Svayambhuva , em outro Indta,
num terceho o proprio- Himavat ( Himalaya ) ; e eta Meru quem ordenhava. Esta e
uma alegoria mais profunda do que se poderia supor .
105
Escola do Grande Oriente Mistico

Mas os nossos orientalistas, em que pese ao seu grande desejo de


descobrir um Elemento homogeneo na Natureza, nao o verao. Limitados
em sua investigate por tal ignor &ncia, os arianistas e os egiptologos se
extraviam constantemente em suas especulasoes. Por exemplo: De Rouge
nao pode compreender, no texto que traduz, o significado do que Ammon-
-Ra diz ao rei Amenofis, que se supoe ser Memnon : Tu es meu filho, eu
te gerei . E, encontrando a mesma coisa em muitos textos e sob formas
diferentes, esse mesmo orientalist a cristao se ve, fin a I mente, obrigado a
dizer:
Para que essa ideia pudesse ter passado pela mente de um hierografo, era preciso
que houvesse em sua religfao uma doutrina mais ou. menos definida indicando como
fato possivel utna encamaqao divirta e imaculada, sob uma forma humane
Exatamente. Mas por que buscar a explicato em uma profecia impos-
sivel, quando o segredo se esclarece pel a religiao mais recente que copia
a antiga ?
Semelhante doutrina era universal, e nao foi na mente de nenhum
hierdgrafo que ela se desenvolveu ; pois os Avatares indianos sao a prova
.
do contrario De Rouge, depois de compreender mais claramente 27 o
que signifiesvam o Pai Divino e o Filho entre os eglpeios, nao pode,
entretanto, explicar e perceber quais eram as fundoes atribuidas ao Prin-
ciple femintno naquela gera ao primordial. Nao o v na Deusa Neith, de
^
Sals. Cita, porem , as palavras do Chefe e Cambises , ao dar entrada a este
Rei no templo salt a\ Fa$o conhecer a V. M. a dxgnidade de Sais, que e
a morada de Neith, a grande produtora ( feminina ) , a Mac do Sol, que e
o PrimogSnito e que nao foi engendrado, mas somente dado & luz51
portanto, fruto de Mae Imaculada.
e,

Como e mais grandioso, filosofico e poetico


capaz de compreender e julgar para aquele que 6
o verdadeiro concetto dos antigos pagaos
sobre a Virgem Imaculada, quando se compara com o conceito papal de
hoje ! No primeiro, a Mae Natureza, sempre jovem, o antftipo de seus pro-
-
tdtipos o Sol e a Lua , gcra e da d luz o seu Filho nascido da mente , o
-
Universo. O Sol e a Lua , como divindades masculino femininas, frutificam
a Terra microcosmica, e esta ultima concebe e da a luz, por sua vez. Para
os cristaos , no entanto, o Primeiro Nascido ( primogenitus ) e gerado
de verdade, is to e, engendrado ( geml us , non factus ) , e posit ivamente conce-
bido e dado d luz: ' ' Virgo parte? J


explica a Igreja Latina. Deste modo,
a Igreja rebaixa ao nivel terreno o ideal nobre e espiritual da Virgem Maria ,
e a faz descer a categoria inferior das Deusas antropomdrficas das multidoes.

se de
Certamente que Neith
Isis, Diana, etc, , seja qual for o nome que
era uma Deusa demiurgica, a um tempo visivel e invisfvel, que

( 27 ) Sua data compreensao e que os egfpcios projetizaram Jeova ( 1 ) c seu


Reden tor eucamado ( a boa serpente ) , etc ,, e vai ao ponto de identificar Tifon com o
.
dragao per verso do den E isso passa como ciittcia $ria e sensata )

106
Escola do Grande Oriente Mistico

tinha o seu lugar no C6u e que asststia a geraqao das especies*'



numa
palavra, a Lua. Seus aspectos e poderes ocultos sao inumeraveis ; e sob um
desses aspectos a Lua era , para os egipcios, Hathor , outra forma de Isis 28,
e ambas as Deusas sao representadas amamentando Homs. Ver se-a , no
Salao Egipcio do Museu BritS nico, Hathor adorada pelo Farad Thutm s,
-
que esttf de pe entre ela e o Senhor do Ceu. Trata se de um monolito que
*
^
foi trazido de Karnac. Hd a seguinre legenda inscrita sobre o trono da
Deusa; A Divina Mae e Senhora, ou Rainha do Ceu * ; e mais estas outras:
l
' Estrela da Manhd e Luz do Mar [ Stella Matutina e Lux Maris ) , Todas
as Deusas Lunares t inham um aspecto dual: divino e infernal . Todas eram
as Virgens-Maes de um Filho nascido de modo imaculado 3 o Sol. Raoul
Rochette mostra que a Deusa Lunar dos atenienses, Palas ou Cibele, Miner-
va ou tambem Diana , invocada em suas festas como MovoyevhJ 0 EOI>, a
Mae Cnica de Deus", aparecia sentada sobre um leao e rodeada por doze
personagens, tendo ao colo o seu pequenino filho, Nesses doze os ocultistas
reconhecem os Doze Grandes Deuses, e o piedoso orientalista cristao os
Apdsrolos, ou melhor, a profecia paga dos gregos sobre os Ap6& tolas.
Estao uns e outro com a razao, pois a Deusa Imaculada da Igreja
Latina uma c6pia fiel da Deusa paga mais antiga ; o numero dos apdstolos
e o das doze Tribos, e estas personifleam os doze grandes Deuses c os doze
signos do Zodiaco . Quase todas as minucias do dogma cristao foram toma -
das dos pagaos . Semele, esposa de Jupiter e mae de Baco, o Sol , e tarn
him , segundo Nonnus, conduzida ao C6n depois de sua morte ( ascensao ),
-
e ali se acha presidindo, entre Marte e Venus , sob o nome de Rainha do
Mundo ou do Universo, icavJlcwtXeux; e ao seu nome", assim como aos
de Hathor, Hecate e outras Deusas infernals, todos os demonios tremem 29 .
T enflcnv Tpipoim SaipovgJ / Esta inscrigao grega de um pequeno
^
templo, reproduzida sobre uma pedra que Berger encontrou, e copiada por
Montfaucon, nos rev ala , segundo conta De Mirville, o surpreendente fato
de que a Magna Mater do mundo antigo foi um impudente plagio da
Imaculada Virgem Maria da Igreja Catolica , perpetrado, pelo Demonio,
Que seja assim ou vice- versa, nao tem a menor importancia , O que inte-
ressa observar a perfeita identidade entre a cdpia arcaica e o original
modtrno.
Se nos permitisse o espago de que dispomos , poderiamos mostrar a
inconcebtvel frieza e indiferenga com que $e comport am alguns partidarios
da Igreja Catolica Roman a quando postos f rente a f rente com as revelagoes
do passado , Ante a observagao de Maury de que a Virgem se apoderou
de todos os Santuarios de Ceres e de Vnus e de que os ritos pagaos,
proclamados e celebrados em honra daquelas Deusas, foram em grande

Mundo Inferior .
.
( 28 ) Harthor e a Isis infernal, a Deusa por excelencia do Oddente ou do

( 29 ) De Mirville quern o refere , confessando com orgulho a semdhanga , que


-
ele devta conhecer. Veja se Archeoldgie de la Vierge Mtrc" em seu Des Esprits,
pp. 111-113.

107
Escola do Grande Oriente Mistico

parte transferidos para a Mae de Cristo 30, o advogado de Roma responde


que foi assim mesmo e que tudo isso e jus to e perfeitamente natural.
Como o dogma , a llturgia e os ritos professados pela Igreja Apostoiica Romana
em 1862 se encontram gravados em monumentos, papiios e rolos que datum de ipocas
nao muito posteriores ao Diluvio, imposslvel negar a exist ncia de um primetro e
^
prt -bistorico Catolicismo ( Romanoj do quai o nosso e uma cotitinuagao )iel . . . |Mas
iy

enqnanto o primeiro era o cumulo , o suramum da impmdencia dos demonios e da


.
necromancia goeticd . . , o segundo 6 divitto\. Se em nossa Revelagao |crista| ( o
ApQcaiipse ) Maria , revest id a torn o Sol e tendo a Lua sob os pes, ja nao possui nada
de comum corn a bumdde servidora do Nazareno |sic|, e porque se tornou agora no
major dos poderes teologicos e cosmologtcos do nos so Universe / ' 31

E claro, uma vez que Pindaro assim eanta a assun ao : < cEla esta sen
^
tada d diretta de seu Pal ( Jupiter ) . . . e e mats poderosa que todos os
*

demais ( Anjos ou ) Deuses 3,2


hino que e igualmente aplicavel a Virgem .
Tambem Sao Bernardot citado por Cornelio a Lapide, se dirige a Virgem
-
Maria nestes termos : 0 Cristo Sol vive em Ti , e tu vives tiele 33.
(

O mesiiio santo homem , que nada tem de sofista, admite ainda que a
Virgem e a Lua . Sendo ela a Luciana da Igreja , aplicamJhe ao parto este
verso de Virgilio: " Casta fave Lutina, tuns jam regnat Apollo ( Se gra -
ciosa , 6 casta Lucina , o teu querido Apolo agora e rei ) 34. E acrescenta
aquele inocente santo: Como a Lua , a Virgem e a Rainha do Ceu 3&.
Isso decide a questao, Segundo os escritores do genero de De Mirville,
quanto mats semelbanga hi etitre as concepts pagas e os dogmas cristaos,
mais a religiao de Cristo se afirma como divina , e mais se comprova que
e a unica verdadeiramente inspirada, sobretudo em sua forma catolica roma-
na . Os incredulos homens de ciencia e academicos , que julgam ver na
Igreja Latina precisamente o contrario de uma inspiragao divina , e que se
obstinam em nao aceitar os maliciosos plagios antecipados de Sa tanas , sao
severamente chamados a capitulo. Mas entao eles nao creera em nada ,
e ate recha am o Nabathean Agriculture , como uma novela e uma cole ao
^
de absurdos e supers tiroes queixa-se o memorialista , uEm sua perver- ^
-
tida opiniao, o ddolo da Lua de Qu tamy e a estatua da Madona sao uma
e a mesma coisal Faz vinte e cinco anos que um nobre Marques escreveu
seis grandes volumes , ou , como ele os chama , Memorias a Academia Fran-
cesa , com o iinico objetivo de provar que o Catolicismo Romano 6 uma
crenga inspirada e revelada. A guisa de documenta ao, apresenta inumeros
^
fatos, tendentes a mostrar que todo o Mundo Antigo, acolitado pelo Demo-
tiio, desde o Diluvio , esteve plagiando sistematicamente os ritos, cerimo-
niais e dogmas da futura Santa Igreja , que so iria surgir muitos s culos
depots. Que teria dito esse fiel discipulo de Roma se chegasse a ouvir o ^
( 30 ) Magic , p , 133.
( 31 ) De Mirville , Ibid . , pp. 116 e 1.19 .
( 32 ) Hinos a Minerva, p, 19.
( 33 ) Sermao sobre a Santa Virgem , de Pindaro ,
( 34 ) Virg., HeIV , 10 .
.
( 34 ) Apocalipse , cap. XII

105

Escola do Grande Oriente Mistico

seu correligionario Renouf , o era men te egiptologo do Museu Bridlnico ,


declarar , em uma de suas eruditas conferncias, que " nem os hebreus nem
os gregos haviam importado do Egito uma s6 de suas idias ? 33
Mas talvez Renouf quisesse dizer que foram os egfpcios , os gregos e
os arianos que tomaram suas ideias da Igreja Latina ? Se assim e, por
que, em nome da logica , rejeitam os papistas os novos elementos que os
ocuhistas podem propordonar- lhes sobre o culto da Lua , elementos que


tendem todos a provar que o culto da Igreja Catdlica Romana e tao antigo
quanto o Mundo no que se ref ere ao Sabeismo e a Astrolatria?
A razao da Astrolatria dos primitives cristaos e dos catolicos roma -
nos que lhes sucederam , ou do culto simbolico do Sol e da Lua , culto
identico ao dos gnosticos , ainda que menos filosdfico e puro que o "culto
do Sol dos masdeistas , e a consequencia natural do nascimento e origeru
do Cristianismo. A adoqao, pda Igreja Latina , dc sfmbolos como a Agua,
o Fogo , o Sol , a Lua e as Estrelas, e muitos outros, e simplesmente a conti-
nuant* do antigo culto das naoes pelos primeiros cristaos.
Por exemplo , Odin obteve sua sabedoria , poder e conhecimentos sen-
tando-se aos pes de Minur , o Jotun tres vezes sibio, que passou a vida
junto a fonte da Sabedoria Primordial , cujas Aguas cristalinas Ihe aumen-
tavam o saber diariamente. Mimir abeberou -se , na fonte , do conhecimento
superior , porcjue o Mundo ha via nascido da Agua ; sendo esta a razao por
que a Sabedoria Primordial se encontrava naquele misterioso elemento .
O olho que Odin tinha de sacrificar para adquirir esse conhecimento pode
ser o " Sol que ilumina e penetra todas as coisas ; sendo o outro olho a Lua ,
cujo reflexo olha do fufido das aguas e finalmente se some no Oceano
quando el a desapareee 37. Mas e algo mais que isto . Loki , o Deus do
Fogo, con tarn que se ocultou nas Aguas , e tambem tia Lua , a distribuidora
de luz , cuja imagem ele viu ali. Esta cren$a de que o Fogo encontra refugio
na Agua nao se limitava aos amigos escandinavos. Era partilhada por todos
os povos , e foi, por ultimo, adotada pelos primeiros cristaos, que simbofi-
zaram o Espirito Santo sob a forma do Fogo , "linguas fendid as semelhantes
ao Fogo o sopro do Sol-Pab Este Fogo desce tambem na Agua ou
no Mar Mare, Maria . A Pomba era, em algumas nagoes, o slmbolo da
Alma ; estava consagrada a Venus , a Deusa nascida da espuma do mar , e
totnou -se mais tarde o stmbolo da Anima Mundi crista , o Espirito Santo.
Um dos capftulos de mais carater oculto, no Livro dos Martos, e o
intitulado A transforma ao no Deus que da Luz na Senda das Trevas ,
^
onde a Mulher-Luz da Sonibra serve a Thot no re tiro da Lua . Thot-
-Hermes ali se esconde , porque e o representante da Sabedoria Secreta .
Ele e o Logos manifestado na face luminosa da Lua ; e a Divindade Oculta
ou Sabedoria Obscura quando se retira pata o hcmisferio oposto. A
Lua, como alusao ao seu poder > da-se freqiientemente o nome de : A Luz
-
que brilha nas Trevas \ ou A Mulher -Luz . Tomou se, por isso, o sfmbolo

f i b ) CiUck > G . Massey .


F? 7 } Waynes c McDowell , As ru ttfd Gods . p . 86.
^
109
Escola do Grande Oriente Mistico

aceito de todas as Deusas Virgens-Maes. Do mesmo modo que os Espl~


ritos do mal lutaram contra a Lua nos tempos antigos, supoe se que
ainda o fa$am hoje, sem conseguirem, no entanto, levar vantagem sobre
-
a atual Rainha do Ceu, Maria, a Lua. Eis ai por que a Lua era tao intima
mente assoeiada , em todas as teogonias pagas, ao Dragao, seu etemo inimigo .
-
A Virgem, ou a Madona , aparece sobre o Sata imtico assim representado,
que jaz vencido e impotente aos seus pes. E isso porque a cabe a e a
cauda do Dragao, que na astronomia oriental simbolizam , ainda hoje, os ^
nodos ascendentes e descendentes da Lua, tinham por slmbolos duas set-
pentes na Grecia antiga . No dia do seu nasdmento Hermes as extermina ,
e o mesmo faz o Menino nos bravos de sua Virgem-Mae. Como judiciosa-
roente observa o Sr. Gerald Massey,

Todos estes sfmbolos lepresentavam , desde o prindpio, seus prdprios fates, e


nao outros que signifkassem coisas bteiramente diversas. A iconografia Je os dogmas
tamb tn| liavia sobrevivido em Roma desde epoca muito anterior ao Cristianismo.
^
Nao houve nem falsifica ao nem interpolaQao de tipos; rutda que nao fosse uma conti-
^
nuldade de imagens com a significa aa deturpada "
^

110
Escola do Grande Oriente Mistico

SE X
^ AO

O GULTO DA ARVORE, DA SERPENTE


E DO GROCODILO
Objeto de honor ou de adora ao, os homens votam a ser-
pente ^
urn 6dio implacivel, ou se prosternam ante o seu gfcnio,
A Mentira a bvoca , a Prudenda a reclama, a Inveja a conduz an
seu coragao, e a Eloqii&icia em seu caduceu . No Inferno* ela
arma o chicote das Furias; no Cu , a Eternidade faz dela o seu
simbolo.
CHATEAUBRIAND

Os OFITAS afirmavam que havia v rias classes de G6nios, desde Deus


ate o ^
homem ; que a relativa superioridade de cada um dependla do grau
de lux que lhe era concedido; e diziam mais que devlamos sempre render
gramas a Serpente pelo assinalado servigo que prestara a humanidade. Por-
que foi ela que ensinou a Adao que, se comesse do fruto da Arvore do
Conhecimento do bem e do mal , sublimaria o seu Ser pelo conbetimento
e a sabedoria assim adquiridos ,

facil ver donde provdm a iddia primitiva do carater duplo ( seme-


lhante ao de Jano ) da Serpente

o bem e o mal. Este simbolo um
dos mais antigos, porque o t ptil antecedeu & ave, e esta ao maimfero, Dai
^
se originou a cren a , ou antes a supers ti ao, das tribos selvagens, segundo
^ ^
a qual as almas de seus antepassados vivem sob a forma daquele reptil ; e
tambdm a generalizada associa ao entre a Serpente e a Arvore,
^
Sac em grande numero as lendas sobre os v rios significados que a
^
Serpente represents; mas, sendo alegdricas em sua maioria, passaram boje
a ser classificadas na categoria de fabulas baseadas na ignorlncia e na
supersti ao. Quando, por exemplo, Filostrato contava que os naturals da
^
India e da Arabia se alimentavam com o flgado e o cora ao da Serpente,
^
a fim de ap render em a lingua gem de todos os animais, porque se dizia que
a Serpente gozava de semelbante faculdade, certamente nunca pensou que
as suas palavras fossem tomadas ao pd da letral . Como se vera mais
de uma vez no curso desta obra, a Serpente e o Dragao eram nomes que

(1) Veja-se De Vita Apollomiy I, XIV .


Ill
Escola do Grande Orients Mistico

se davam aos Sabios, os Adeptos Iniciados da antiguidadc . Seus conheci-


mentos e sua sabedoria eram absorvidos e assimilados pelos discipulos;
dal a razao da alegoria. Identico e o significado da fabula escandinava, em
que Sigurd fez assar o cora io de Fafnir, o Dragao, a que havia matado,
- ^
convertendo se por isso no mais sbio dos homens. Sigurd aprendera as
rimas e os encantamentos magicos; havia recebido a ^ Palavra de um
Iniciado de nome Fafnir , ou de um feiticeiro, apos o que este ultimo foi
motto, como sucede a tantos outros depois de terem ' passado a pa lavra .
Epif &nio revela um segredo dos gndsticos ao tentar expor as heresias
destes. Segundo ele diz, os gnosticos of it as tinham uma razao para honrar
a Serpente: foi esta que ensinou os MistMos aos homens primitives 2 .
Certamente ; mas , ptoclamando este dogma , eles nao tinham em mente Adao
e Eva no Jardim , senao, e tao somente, o que acabamos de expor , Os
Nagas dos Adeptos hindus e tibetanos eram Nagas humanos ( Serpentes ) ,
e nao r pteis , Demais, a Serpente foi sempre o simbolo da renova$ao
^
sucessiva ou periodica , da Imortalidade e do Tempo.
As numerosas e em extremo interessantes declara oes, interpreta oes
^
e exposi?oes de fatos, a respeito do culto da Serpente, que se veem em ^
Natural Genesis, de Gerald Massey , sao muito engenhosas e cientificamente
cor ret as; mas estao muito longe de abr anger todos os significados que o
mesmo culto encerra. So divulgam os miseries astronomicos e fisiolo
gicos , com a adi ao de alguns fendmenos cdsmicos. No piano inferior
-
^
da materia , a Serpente era, sem duvida, o grande emblem a do Mist6rio
dos Miseries , e mui provavelmente foi "adotada como simbolo da puber-
dade feminina por causa de sua mudan a de pele ou camisa , e de sua auto-
^
-renovagao . Assim era, porem, so no que .se refere aos misterios da vida
terrestre animal ; pois, como simbolo do revestir -se de novo e renascer nos
mistirios ( universal ) , sua "fase final ( ou diremos antes suas fases inci-
piente e culminante ) , nao era deste piano 3. Tais fases foram geradas no
reino puro da Luz Ideal , e, apos haver dado a volta complete do ciclo de
adapta oes e simbolismos, os Misterios retornaram ao ponto de onde haviam
^
partido, a essencia da causalidade itnaieriai . Perteneiam eles & Gnose supe-
rior. E , seguramente, nao teria este simbolo alcangado o nome e a fama
que alcan ou , se a razao disto fosse tao somente a sua interferencia nas
^
fundoes fisiologicas, e especialmente nas femininas!
Como simbolo, a Serpente possuia tantos aspectos e significados ocul
tos quanto a prdpria Arvore, a Arvore da Vida , & qual estava associada
-
quase indissoluvelmente e no mesmo emblem a . Quer sejam consideradas
como simbolos metafisicos ou fisicos , a Arvore e a Serpente, juntas ou
separadas, nunca foram degradadas na antiguidade como hoje o sao, nesta
nossa epoca, em que se desttoem os idolos, nao pelo amor da verdade, senao
para maior gloria da materia grosseira.

(2) Adv. Haerts , XXXVIT.


(2) Adv . Uaeres , XXXVII.
( 3) G . Massey , The Nattird Genesis , I , 340.

112
Escola do Grande Orients Mistico

As revela oes e interpretagoes do livro Rivers of Life, do General


^
Forlong, teriam assombrado os adoradores da Arvore e da Serpente nos
dias da sabedoria arcaica dos caldeus e dos egipcios ; e ate os primitives
shivaistas teriam recuado de horror ante as teorias e suposig5es do autor
dessa obra. A idia de Payne Knight e de Inman, de que a Cruz ou Tau
nao passa de copra dos orgaos masculinos em forma triadica , e radtcal-
mente falsa escreve G. Massey , que da a prova desta afirmativa. Mas
com igual procedencia se poderia aplicar o mesmo conceito a quase todas
as interpretagdes modernas dos slmbolos antigos . The Natural Genesis,
obra monumental de investigagao e de pensamento, a mais completa que
ja se publicou sobte este assunto, abrangendo um campo mais vasto e dando
mais explicagocs que todos os simbologistas anteriores , nao vaf , contudo ,
-
alem do a specto psico teista do pensamento antigo.
Payne Knight e Inman nao estavam , porem , de todo equivocados,
salvo em nao terem percebido que o sentido de cruz e de falo, que atri-
buiram a Arvore da Vida , nao se ajustava a este simbolo senao nas ultimas
e inferi ores fases do desenvolvimento evolucionario da iddia de Dispensador
de Vida. Era a ultima e a mais grosseira iransformagao fisica da Natureza ,
no animal, no inseto, na ave e at mesmo na planta ; pois o magnetismo
criador dual , sob a forma de atragao dos opostos, ou polarizag&o sexual,
atua na constituigao de r ptil e do passaro da mesma forma que na do
homem. ^
Alem disso, os simbologistas e orientalistas hodiemos, do primeiro
ao ultimo, ignorando os verdadeircs Misterios revelados pelo Ocultismo,
so podem ver , necessariamente, aquela derradeira fase. Se Ihes dissessem
que semelhante modo de procriagao, que e comum, na terra, univcm-
lidade dos seres, nao e senao um estagio passageiro, um meio fisico de
proporcionar as condigoes necessarias para produzir os fendmenos da vida ,
e que se modificara ainda na presente Raga, desaparecendo na proxima

Eis , porem , que os ocultistas mais sabios o a firm am



Raga -Raiz, rir-se-iam de uma id ia tao supersticiosa e tao pouco cientifica .
^ porque o sabem.
O Universo dos seres vivos , de todos os que procriam suas espedes,
e o testemunho vivo da existencia de varies modos de procriagao na evolugao
das espedes e ragas animais e humanas ; e o naturalista devia sentir intuiti-
vamente esta verdade, sendo embora incapaz de demonstra-la ate agora .
Como poderia faz-lo, em verdade , com o modo de pensar hoje dominante ?
Os pontos de referenda da historia arcaica do Passado sao pouco nume
rosos e taros ; e aqueles que se deparam aos homens de cincia sao erronea-
-
mente tornados como postes indicadores de nossa pequena Era . Ate a
chamada 'historia universal ( ? ) nao abarca senao um campo muito dimi-
nuto no espago quase ilimitado das regioes inexploradas de nossa Quinta
e atual Raga- Raiz , Por isso, cada novo poste indicador , cada novo simbolo
que do remoto passado se descobre, 6 somado ao velho acervo de infor-
magoes para ser interpretado na mesma linha de conceitos preexistentes ,
nao se levando absolutamente em conta o ciclo especial de pensamento a
que possa pertencer esse simbolo particular , Como podera a Verdade surgir
a luz do dia , se o metodo nunca varia ?

113
Escola do Grande Orients Mistico

No prin cipio, quando a uniao dos dois constituia um simbolo do Ser


Imortal, a Arvore e a Serpente cram , portanto, imagens verdadeiramente
divinas. A Arvore estava invertida , e suas raizes nasciam no Ciu , brotando
da Raiz do Ser Integral. Seu tronco cresceu e desenvolveu-se ; atravessando
os pianos do Pleroma , projetou transversalmente sens ramos exuberantes,
primeiro no piano da materia quase mo d /ferendada , e depots no sentido
de baixo, Hi chegarem ao piano terrestre. Esta a razao por que se diz,
no Bhagavad Gita, que a Arvore da Vida e da Existencia, Ashvattha , sem
cuja destrui ao nao i posslvel a imortalidade, cresce com suas raizes para
^
cima G seus ramos para baixo 4. As raizes representam o Supremo Ser cu
a Causa Primeira, o Logos; mas e preciso ir alem destas raizes para realizar
a uniao com Krishna, que, no dizer de Arjuna , 6 maior que Brahma e que
a Causa Primeira . . . ; o indestrutivel, o que e, o que nao e, e o que esta
alem deles" 5. Seus ramos principals sao o Hiraniiagarbha ( Brahma ou
Brahman, em suas manifestagoes mais elevadas, Shrldhari Sw&min e Madhu
sudhana ) , os mais altos Dhyan Chohans ou Devas. Os Vedas sao as suas
-
folhas. S6 aquele que for alem das raizes nao mais voltara, isto i , nao
se reencarnara durante esta Idade de Brahma .
Foi s<5 quando os seus ramos puros tocaram o lodo terrestre do Jardim
do Eden de nossa Ra a Adamita que a Arvore se maculou com o contato,
perdendo sua pristina ^ pureza ; e que a Serpente da Etemidade, o Logos
Nascido do Ceu , finalmente se degradou , Nos tempos remotes, Da era das
Dinasrias Divinas sobre a Terra, este r ptil hoje temido era considerado
^
como o primeiro raio de Iuz surgido do abismo do Misterio Divine . Varias
as formas que lhe deram , numerosos os simbolos que lhe atribuiram, no
perpassar dos evos; e do Tempo Infinite ( Kak ) caiu no espa o e no tempo
^
da especula ao hum ana , As formas eram c6smicas e astronomicas, deistas
^
e panteistas, abstrat& s e concretes. Converteram-se ora no Dragao Polar,
ora no Cruzeiro do Sul, o Alfa Draconts da Piramide e o Dragao indo-
budista , que sempre ameaga o Sol em seus eclipses, sem jamais o devorar.
Ati entao a Arvore permaneceu sempre verde, pois era regada pelas Aguas
da Vida; o Grande Dragao continuou sempre divino, enquanto se manteve
dentro dos limites siderais. Mas a Arvore cresceu , e seus ramos inferiores
tocaram por fim as Regioes Infernais
Serpente Nidhogg nossa Terra. Entao a Grande
aquela que devora os cadaveres dos pecadores na
Regiao da Desdita" ( a vida humana ) , ao serein mergulhados no Hwer -
gelmir, o caldeirao ardente ( de paixoes humanas ) come ou a roer a
^
Arvore do Mundo, Os vermes da materialidade cobriram as raizes, antes
sadias e cheias de vitalidade, e agora vao subindo cada vez mais pelo
tronco; enquanto que a Cobra Midgard, enroscada no fundo dos Mares,
circunda a Terra e, com o seu halito venenoso, a torna incapaz de se
defender.
Os Dragoes e as Serpentes da antiguidade possuem todos sete cabegas,
uma para cada Raga , e cada cabe a carrega sete cabelos", segundo reza
^
( 4 ) Cap . XV, v. 1-2.
( 5 ) Cap . XI , v . 37.

114
Escola do Grande Oriente Mistico

a alegoria. Sempre assim , desde Ananta , a Serpente da Eternidade , que


conduz a Vishnu durante todo o Manvantara ; desde o primeiro Shesha , o
original , cujas sete cabe as se transformam em mil cabe as na fantasia
^
puranica ; at a Serpente^acadiana de sete cabe as. Isto simboliza os Sete
Principios em toda a Natureza e no homem ; ^e a cab&ja mats alta , ou a
do meio, a setima .
Filon nao se refere ao Sabado judeu, quando , em sua Criagdo do Mundo ,
diz que o mundo foi completado de acordo com a natureza perfeita do
numero 6 ; porque :
' * Quando aquela Razao [ Now ] , que Sagrada consoante o numero 7 , entrou na
alma [<w melhor, no corpo vivo|, o numero 6 fieou desre modo aprisionado, assim
como todas as coisas mortals que o mesmo numero
forma.'*

E ainda:
O numero 7 o dia fcstivo de toda a terra , o dia do nascimento do mundo.
Hu nao set se haver* alguem que possa celebrar como e devldo o numero 7. 9

O autor de The Natural Genesis pensa que:


O grupo de sete estrelas que 6 visivel na Ursa Maior |a Saptarshk | e o Dragao
de sete cabe as proporcionaram , evidentemente, rnna base para a divisao simbolica do
^
tempo por sete, acima mencionada. A Deusa das sete estrelas era a mae do tempo, da
tnesma forma que Kep, e daf as palavras Kepti e Sebti para designar o tempo e o
numero 7. Ela e, por isso, chamada a estrela do Sete. Sevekb ( Kronus ) , filbo da
Deusa , denominado o Sete ou o Setimo Tambem o e Sefekh Abu , que constrdi
,

sua casa no alto, assim como a Sabedoria ( Sophia ) construiu a sua com sete pi!ares...
Os tipoa primitivos de Kronos erom sete, e assim o prindpio do tempo no eeu esta
baseado sobre o numero e o nome de sete, por causa da indica ao das estrelas. As
^ dizer, o Index da
sete estrelas, durante a sua revolu ?ao anual , tnantinham , por assim
mao direita estendida , e descreviam am drculo no ceil superior e no C< u inferior
O numero 7 sugerlu , natural men te , a Ideia de uma medida por sete, que conduziu ao
que se poderia chamar numera ao setenal , e a que se tra asse o mapa do drculo divi
^
dindo-o em sete seines, correspondente ^
as sete grandes constelafoes. E foi assim que
-
se formou no cu o Heptanomis celeste do Egito.
-
Quando o Heptanomis se rompeu , dividindo se em quatro partes, fez-se a sua
multipiicacao por quatro , e os vinte e oho signos tomaram o lugar das sete eonste-
la oes primitivas; o zodiaco lunar de vinte e oito signos foi o resnltado que se obteve,
^
dando-se vinte e oito dias Lua ou ao mes lunar Na disposj ao chinesa, os quatro
^
setes sao atribuidos a quatro Gnios , que presidem aos quatro pontos cardiais ou
melhor : as sete constela oes do Norte constituem o Guerreiro Negro; as sete do
^
Oriente { outono chines ) formam o Tigre Branco; as sete do Sul sao o Pissaro Ver-
melho; e as sete do Oddente ( chamadas primaveris ) sao o Dragao Azul. Cada um

( 6) De Mund O p i f P a r., pp. 30 e 419.


(7 ) pela mesma razao que se enumera de modo Igual a divtslo dos prinefpios
do bomem em sete, pois desetevem eles o mesmo drculo na natureza humana superior
e inferior .
( 8 ) A$simt & divisao setenirta a mais antiga e precedes a divisao quadruple .
a fonte da classificafao arcaica.
( 9 ) No budismo e no Esoterismo chinas, os G nios estao representados pot
quatro dragoes, os Maharajahs das Est &ncias. ^
115
Escola do Grande Orients Mistico

destes quatro espiritos preside ao seu Heptanomis durante uma semana lunar , 0
geradot do primeiro Heptanomis { Tifon, o de sete estrelas ) assume entao urn carlter
lunar . ,. Nesta fase vemos que a deusa Sefekh, cujo nome signiiica o numero 7,
e o Verbo feminmo, ou Logos , no lugar da mae do tempo, que era o primeiro Verbo
como deusa das Sete Estrelas / 10

O autor mostra que era a Deusa da Ursa Maior e Mae do Tempo que
representava no Egito, desde as eras mais remotas, o Verbo Vivo, e que
Sevekh-Kronus, cujo simbolo era o Crocodilo-Dragao, a forma pre-plane-
taria de Saturno, foi chamado seu filho e esposod era o seti Verbo-Logos 11.
Tudo isso e muito claro, mas nao foi somente o conhecitnento da
astronomia que levou os amigos a adotarem a numeraqao setetud . A causa
primeira tem um sentido muito mais profundo, que sera explicado oportu-
namente.
As cita oes acima nao significant digressoes. Fizemo-las para mostrar :
( a) a ^
razao por que um Iniciado complete era ebamado Dragao, Serpen te
Naga ; e ( b ) que a nossa divisao setendria era usada pelos sacerdotes das
primeiras dinastias do Egito por motivo identico ao nosso e com o mesmo
fundamento. Ha necessidade, porm, de um esckrecimento complementer.
Conforme jd dissemos, os Quatro Genios dos quatro pontos cardiais, de
Gerald Massey, e o Guerreiro Negro, o Tigre Branco, o Passaro Vermelho
e o Dragao Azul, dos Chineses , chamam-se nos Livros Sagrados os Quatro
Dragoes Ocultos da Sabedoria e os Nagas Celestes * Ora , vemos que
o Dragao-Logos , de sete cabe as ou setenario, foi fracionado, por assim dker
^
no decorrer dos seculos, em quatro partes heptanomicas ou vinte e oito
por oes , Cada semana, no m s lunar , tem um cara ter oculto diferente; cada
^
dia dos vinte e oito tem suas caracteristicas especiais; porquanto cada uma
das doze constela oes, quer seja con sider a da separadamente ou em combi
^
na ao com outros signos, exerce uma influencia oculta , para o bem ou
-
^
para o mal .
Corresponde isso a soma de cotibecimentos que o homem pode adqui
rir na terra; contudo, sao mui poucos os que chegam a adquiri-los, e ainda
-
mais raros os sabios que atingem a faiz do conhecimento simbolizado pelo
grande Dragao-Raiz, o Logos Espiritual daqueles signos visfveis . Mas os
que o alcangam recebem o nome de Dragoes , e sao os Arhats das Quatro
Verdades ou das Vinte-e-oito Faculdades ou atributos, e sempre foram
chamados assim .
Os neoplat6nicos de Alexandria afirmam que para se tornar um caldeu
ou mago verdadeiro, devfa o homem dominar a ciencia ou o conhecimento
dos perlodos dos Sete Regentes do Mundo, com quem esta a Sabedoria
integral . E a Jamblico se atribui outra versao, que nao implies altera 5a o
,

de significado:

( 10 ) . . -
Op at , II * 312 13 .
(1 1 ) Ibid., I, p. 321.

116
Escola do Grande Oriente Mistico

Os assirios nao so ccmservam os anais de vinte e sete miriades de anos , como


o asscgura Hiparco, mas ainda os de todos os apocatastases e de todos os periodos dos
Sete Governadores do Mundo ** .
As lendas de todas as na oes e tribos, selvagens ou civilizadas, refe-
rem a crenga, outrora universal,^ na grande sabedoria e astucia das serpentes.
Sao encantadoras . Hignotizam o passaro com os seus olhos, e muitas
vezes o proprio homem nao consegue escapar & sua influencia fascinadora ,
O simbolo e, portanto, dos mais adequados.
O Crocodilo 6 o Dragao egipcio. Era o simbolo dual do Cu e da
Terra, do Sol e da Lua , e foi consagrado a Osiris e a Isis em razao de sua
natureza anfibia. Segundo Euz bio, os egipcios representavam o Sol como
^
um piloto em seu barco; este era arrastado por um crocodilo, para mostrar
o movimento do Sol no ( Espa o ) tJmido 1S. O Crocodilo era mesmo o
^
simbolo do Baixo Egito, sendo esta a mais pantanosa das duas regi5es. Os
alquimistas dao outra interpreta?ao. Dizem eles que o simbolo do Sol no
Barco sobre o fiter do Espa o significava que a Materia Hermetica e o
^
principio ou a base do Ouro, e tambm o Sol filos6 fico\ a Agua, em que
nada o crocodilo, e aquela Agua , ou Materia liquidificada; e o Barco, final-
mente, representava o Barco da Natureza , em que o Sol, ou o principio
sulfurico igneo, desempenha a fun ao de piloto, porque o Sol e quern dirige
^
o trabalho, por sua a ao sobre a Umidade, on Merctiria. Is to s6 para os
alquimistas. ^
Foi na Idade Mdia que a Serpente passou a ser o simbolo do mal e
do Demonio. Os primeiros cristaos, assim como os gnosticos ofitas , tinham
o seu Logos dual; a Boa e a MJ Serpente, o Agatbodeemon , Provam no os
escritos de Marcos, Valentino e muitos outros, e sobretudo o Pistis Sophia,
-
documentos que data , seguramente, dos primeiros seculos do Cristianismo.
Sobre o sarcofago de marmore de um tumulo, descoberto em 1852 perto
da Porta Pia , v-se a cena da adora ao dos Magos, ou meUior *
C, W. King em The Gnostics and^ their Remains

observa
o prot6tipo dessa
cena , o Nasdmento do Novo Sol . O chao de mosaico exibia um curioso
desenho, que podia representar tanto a Isis amamentando Harpoctates como
a Madona ao menino Jesus. Nos pequenos sarc6fagos que rodeavam o
maior, foram encontradas varias placas de chumbo enroladas como se
fossem pergaminbos, onze das quais con tinham textos que ainda nao foi
possivel decifrar , O conteudo destas devia ser a solufao final de uma
quest ao sobremodo embara?osa , por evidenciar ou que os primitivos cris-
taos, ate o seculo VI , eram pagaos bona fide , ou que o Cristiamismo dogtn -
tico nao foi senao uma c6pia, que passou integralmente para a Igreja Crista ; ^
Sol, Arvore, Serpente, Crocodilo e tudo o mais.
Na primeira dessas piacas ve-se Andbis . . . com um rolo na tnSo ; a seus pd$
,

estaodots bustos de inulher; na parte de baixo ha duas serpentes entrelacadas sobre . . .


um cadaver enfaixado como uma mumia . Na segunda placa . . . Anubis esta segurando

( 12 ) Proclus, Timceus , I .
( 13) Prep Evang . , 1 III , 3.

117
Escola do Grande Oriente Mistico

uma cruz, o Signo da Vida . Aos seus p$ ja2 o cadaver, envolto pelos multtplos
anis de enorme serpente, o Agathodsemon , guardiao dos defuntos. .. Na terceira . ..
o tnesmo Antibis catrega sob o bra o um objeto oblongo , .. preso de tal modo que da
^
aos contornos da figuta a forma de uma cruz latma completa . . . Aos ps do deus ha
um rombdide, o Ovo do Mundo dos egipdos, para o qual se airasta uma serpente
enroscada em drculo.. . Sob os.. . bustos ... ve-se a letra w, repetida sete vezes
numa linha, fazendo lembrar os Notnes ... Bern notivel tamb&n a linha de
caracteres, aparentemente palmirianos, que se vdem sobre as pcrnas do priraeiro Anubis.
Quando d figura da serpente supondo-se que esses talismas se originera, nao do culto
de Isis, mas do culto posterior dos ofitas, bem pode representar aquda Serpente
perfeita e verdadeira que leva para fora do Egito, isto , do corpo, todos os que
tem confianca nela , e os conduz, atraves do Mar Vermelho da Morte, k Terra de
-
Promissao, protegendo os durante a viagem contra as Serpentes do deserto, isto ,
contra os Regentes das Estrelas. 14

A Serpente perfeita e verdadeira 6 o Deus de sete letras que 6 na ,


crenga atual , Jeova e Jesus uno com ele . No Pistis Sophia, obra anterior
ao Apocalipse de Sao Joao, e evidentemente da mesma escola, o candidate
a Iniciagao 6 encaminhado a esse Deus de Sete Vogais. A ( Serpente ) dos
Sete Trovoes pronuncia as Sete Sflabas , mas tu, sela as coisas que os
.
Sete Trovoes falaram, e nao as escrevas * , diz o Apocalipse 15 Buscais
estes miseries ?

pergunta Jesus no Pistis Sophia. Nao hi nenhurn
misterio melhor do que elas ( as sete vogais ) , porque conduzirao vossas
almas k Luz das Luzes , ou seja, a verdadeira Sabedoria. Nada hi mais
excelente que os misterios que buscais, exceto as Sete Vogais e seus qua
renta e nove Poderes, bem como os seus respectivos numeros .
-
Na India era este o misterio dos sete fogos e seus quarenta e nove fogos
ou aspectos ou de numeros \
Entre os < * budistas > > esotericos da India , no Egito, na Caldiia, etc.,
e entre os Iniciados de todos os parses, as Sete Vogais estao representadas
pelos signos da Suastica sobre as coroas das sete cabegas da Serpente da
Eternidade. Sao as Sete Zonas da ascensao post mortem dos escritos her
meticos, em cada uma das quais o Mortal deixa uma de suas Almas ou
-
Principios, at que, chegando ao piano que domina todas as Zonas, ele
al permanece como grande Serpente Sem Forma da Sabedoria Absoluta ,
ou a pr 6pria Divindade.
A Serpente de sete cabegas tem mais de um significado nos ensina-
mentos arcaicos . o Dragao de sete cabegas, cada uma das quais 6 uma
estrela da Utsa Menor; mas 6 tambdm , acima de tudo, a Serpente das Trevas,
inconcebivel e incompreenslvel, cujas Sete cabegas sao os Sete Logos, os
reflexos da Luz Una manifestada anteriormente a todas as coisas, o Logos
Universal.

( 14 ) .
Op. cit.t pp 366-8 ,
( 15 ) Apoc . } X, 4.

118
Escola do Grande Oriente Mistico

SE?AO XI

DEMON EST DEUS INVERSUS

ESTA FRASE simbolica , em seus multiplos aspectos, 6 certamentc muito


petigosa e iconoclasta aos olhos de todas as religioes dualistas, ou melhor,
de todas as teologias modemas, e especialmente do Cristianismo. Entre -
tanto, nao seria justo nem correto dizer que foi o Cristianismo que conce -
beu e deu a luz a Sata ,
Sata sempre existiu como o Adversario , o Poder oposto exigido
pelo equilibrio e a harmonia das coisas no Universo, assim como 6 neces -
siria a sombra para fazer ressaltar a Luz, a Noite para dar relevo ao Dia ,
e o Frio para que tnelhor possamos apreciar o conchego do Calor ,
A Homogen eidade e una e indivislvel, Mas se o Homogeneo Uno e
Absolute nao 6 uma simples figura de retorica , e se o Heterogeneo, em seu
aspecto dual, e o produto daquele, sua sombra ou reflexo bifutcado, entao
a Heterogeneidade Divina deve encerrar em si mesma tanto a essencia do
bem como a do mal, Se Deus e Absoluto, Infinite e a Raiz Universal
de tudo o que existe na Natureza e no Universo de onde provem o
Mal ou o Demonio, senao da pr<5pria matrix urea do Absoluto? Assim ,
ou temos que aceitar o bem e o mal, Agatbodaemon e Kakodaemon, como
ramos do mesmo tronco da Arvore da Existencia , ou temos que nos resignar
ao absurdo de crer em dois Absolutos eternos.
Sendo necessario perquirir a origem da ideia remontando aos primdr-
^ ^ -
dios da forma ao da mente humana, 6 de justi a conceder se ao Diabo
proverbial o que Ihe pertence, A antiguidade nao conhecia nenhum Deus
do Mal isolado
que fosse completa e absolutamente mau. O pensa
mento pagao representava o bem e o mal como irmaos gemeos, nascidos
da mesma mae, a Natureza ; tao logo esse pensamento dersou de prevalecer,
-
tomando-se arcaico, a Sabedoria se converteu em Filosofia. No principio,
os sfmbolos do bem e do mal eram meras abstragoes, como a Luz e as
Trevas; mais tarde, foram eles eseoJbidos entre os fen6menos c6 smicos
mais naturais e mais constantes ou periddicos, como o Dia e a Noite, o
Sol e a Lua. Depois, passaram a representa-los pelas Legides do Sol e da
-
Lua, contrapondo se o Dragao das Trevas ao Dragao da Luz,
A Legiao de Sata se compoe de Filhos de Deus, assim como a Legiao
de B ne Alhim, os Filhos de Deus que foram apresentar-se perante o

119
Escola do Grande Oriente Mistico

Senhot , seu Pai 1. Os "Filhos de Deus so se tornaram Anjos Caldos


depois de haverem percebido que as filhas dos homens eram belas 2. Na
filosofia indiana, os Suras estavam classificados entre os primeiros e mais
resplandecentes dos Deuses, e somente passaram a Asuras quando destro
nados pel a imagiaa ao bramanica. Sata nunca revestiu forma antropo-
-
mdrfica ^
e individualizada senao a partir do momento em que o homem criou
c,
um Deus pessoal vivente
o que foi entao uma necessidade inelutavel.
Era preciso inventar um responsavel, um bode expiatorio , para explicar
a crueldade, os erros e a injusti a pot denials evidentes daquele a quem se
^
atribuia a perfei ao, a lmsericordia e a bondade absolutas. Foi esta a pri-
^
meira consequncia cdrmica de haver-se abandonado um Panteismo filo-
sofico e Idgico, para , em seu lugar , e a guisa de justificativa da pregui a
humana, construir-se a figura de ' um Pai misericordioso no C6 u\ cujas '
^
agoes de cada dia , de cada hora , como Natura Naturans , a Mae formosa,
por m fria qual o mirmore , desmentem o conceito. Dai surgiu a idia
^
dos gemeos primordiais: Osfris-Tifon, Ormazd-Ahriman e, por ultimo, Caim-
-Abel e tutti quanti dos opostos,

Deus , o Criador, considersdo a princfpio como sin6nimo de Natu


reza , acabou por transformar-se no autor dela. Pascal resolve habilmente
-
a dificuldade, dizendo:
A Natureza tem perfeigoes, para mostrar que e a imagem de Deus; e defeitos,
para indicar que e somente a sua imagem

Quando mais nos aprofundames na obscuridade dos tempos prd-bistcS-


ricos, tanto mais exsurge filosofica a figura prototipica do ultimo Sata. O
literatura puranica , e um de seus maiores Rishis e logues
o Promotor de contendas .
primeiro Adversario , em forma individual Humana, que se ve na antiga
Narad a , chamado

Ele um Brahmaputra , um filho de Brahma masculine. A seu respeito


falaremos mais adiante. Para saber o que realmente e o grande Impostor ,
basta investigar o assunto, com os olhos abertos e a mente livre de precon-
ceitos , em todas as Cosmogonias e Escrituras da antiguidade.
o Demiurgo antropomorfizado, o Criador do Ceu e da Terra, quando
separado da Legiao de seus Companheiros Criadores, que ele represents
e sintetiza, digamos assim . Agora e o Deus das Teologias. O desejo 6
pai do pensamemo . Aeontece que um simbolo filosdfico cedeu a perver
tida imagina9ao humana; e logo tomou a forma de um Deus diabdlico,
-
enganador, astucioso e ciumenro.
Como em outras partes desta obra nos ocupamos dos Dragoes e dos
demais Anjos Cafdos, basta m aqui algumas palavras acerca do tao malsinado
Sata. Deve o estudante ter presente que em todo o mundo, exceto nos
paises cristaos, o Diabo ainda hoje nao 6 mais que o aspecto oposto, na

( 1) Job , I I , 1.
( 2) Genesis , VI, 2.

120
Escola do Grande Orients Mistico

Natureza dual, do chamado Criador. Nada mais natural. Nao se pode


entender que Deus seja a smtese de todo o Universo, que seja Onipresente,
Onisciente e Infinite , e que, ao mesmo tempo, nada tenha a ver com o
Mai. Sendo a quota do Mai muito maior que a do Bern no mundo, segue-se,
logicamente , que Deus ou deve abranger o Mai e ser-lhe a causa direta,
ou tem que renunciar a toda pretensao de ser Absoluto. Os antigos tao
bem o compreendiam , que os seus filosofos, boje secundados pelos caba-
Iistas, definiam o Mai como o reverso ' de Deus ou do Bem, . Demon e$t
7

Deus inversus 6 um dos mais velhos adagios. Em verdade, o Mai nao


e senao uma for?a cega e competidota na Natureza; e a rea ao, a oposi ao
e o contraste; mal para uns ? bem para outros, Nao existe^ malum in se; ^
o que ha e a sombra da Luz, sombra sem a qual a Luz nao poderia existir,
inclusive para a nossa percepgao. Se o Mai desaparecesse, com ele desapa
receria o Bern da face da Terra. O antigo Dragao era Esplrito puro antes
-
de se converter em Materia ; era passive antes de ser ativo Na Magia sirio-
,

-caldeia. Of is e Ofiomorfo se juntam , no Zodiaco, no signo Androgino Vir-


go-Scorpio. Antes de sua queda na terra, a Serpente era Ophis-Christos;
e apos a queda passou ser Ophiomorphos-Christos,
Em toda parte as especula oes dos cabalistas conceituam o Mai como
^
uma Forqa que e contra ria, mas ao mesmo tempo necessaria e essencial ao
Bem, dando- Ihe existencia e vitalidade, que de outro modo nao poderia ter.
Nao haveria Vida posstvel ( no sentido may vico ) sem a Morte ; regene~
^
ragao e recon stru ao sem a destrui ao. As pi ant as pareceriam sob uma luz
^
solar eterna, e o mesmo aconteceria ^ ao hometn, convertido em aut6mato,
privado de seu livre arbftrio e de sua aspira ao para a luz, o que )& nao
^
teria razao de ser nem merito algum se, para ele, existisse unicamente a luz.
O Bem s6 e inf ini to e eterno naquilo que para nos se acha eternamente
oculto ; e por isso que o imaginamos eterno. Nos pianos manifestados,
um equilibra o outro. Mui poucos sao os deistas crentes em um Deus
pessoal que nao fazem de Sata a sombra de Deus, ou que, confundindo um
com o outro , nao julguem ter o direito de invocar o seu Idolo para lhe pedir
ajuda e prote ao visando a impunidade de suas mas e crueis a oes. c Nao
^ ^
nos deixes cair em tenta ao 6 a ora ao que milhoes de almas cristas
^ ^
dirigem todos os dias ao Pai nosso que estais no Cu , e nao ao Diabo.
E o fazem repetindo as mesmas palavras que atribuem ao seu Salvador, sem
atentar um instante sequer em que Sao Tiago, o irmao do Senhor , con-
denou formalmente semelhante maneira de se expressarem:
Que flingucm diga ao sen tit tentacao: Sou tentado pot Deus; porque Deus nao
pode ser tentado pelo mal , e a ninguem tenta .7 * 8

Como dizer que e o Diabo que nos tenta, quando a Igreja nos ensina ,
invocando a autoridade de Cristo , que e Deus quem o faz ? Abri um livro
piedoso, nao importa qual seja , em que se defina a palavra 'tenta ao em
seu sentido teoldgico, e vereis logo duas defini oes: ^
^
( 3) .
Sao Tiago, I, 13

121
f

Escola do Grande Oriente Mistico

1.* Aquelas afligoes c penas com as quais Deus prova o seu povo.
2. Aqueles meios e sedu oes de que se serve o Demdnio para iludir e alucicar
a human idade 4. ^
Os ensinanientos de Cristo e os de Sao Tiago se contradizem, se acei-
tos literalmente; e qual o dogma que os pode conciliar, se se rejeita a inter-
pretaao oculta ?
Em face desses preceitos divergentes , bem avisado sera o filosofo que
puder decidir qual o momento em que Deus desaparece para dar lugar ao
Diabo! Quando lemos , portanto, que Mo Demonic e um mentiroso e o
pai da mentira , que 6 a menlira encarnaJa , e ao mesmo tempo nos dizem
que Sat a, o Demdnio, era um filho de Deus e o mais belo de seus Arcanjos ,
em vez de acreditar que o Pai e o Filho sejam a personifica rao de uma gigan -
tesca e eterna Mentira , nos preferimos buscar esdarecimentos junto ao ^
panteismo e a filosofia paga.
Uma vez que estamos de posse da chave do Genesis , a Cabala cien-
tifica e simbdlica nos ha de revelar o segredo, A Grande Serpen te do
Jardim do Eden e o Senhor Deus sao identicos; e o tnesmo sucede com
Jeova e Cairn ( aquele Caim a quem a Teologia se refere como um assas-
sino e renegado de Deus ) . Jeovd manda o Rei de Israel recensear
o seu povo ; taxnbem Sata o induz a fazer a mesma coisa Jeova se trans-

forma em Serpentes de Fogo, que mordem os que o contrariam ; e e Jeova


quem anima a Serpente de Bronze, que os cura.
Esses episodios aparentemente contraditorios do Antigo Testamento
contraditorios porque os dois Poderes estao separados, em lugar de
serem considerados como dois aspectos de uma so e mesma coisa sao os
ecos, adulterados pelo exoterismo e pela teologia , ao ponto de ficarem irre
conheciveis, dos prmdpios universais e filosoficos da Natureza, que os
-
S bios da antiguidade tao bem compreendiam . Encontramos os mesmos
^
fundamentos em varias personifica?5es dos Pur mas , onde se apresentam ,
por m , com muito mais amplitude e expressividade filosdfica.
^Assim , Pulastya , um Filho de Deus da primeira prog&nie, all figura
como o Pai dos Demonios, os Rakshasas , tentadores e devoradores dos
homens. PishiicM , um demdnio f mea , e filha de Daksha , que e tambem
*

Filho de Deus e um Deus, sendo ela mae de todos os PishScMs 5. Os


que sao chamados Demdnios nos Puranas sao diabos realmente extraordi-
narios , se julgados do ponto de vista das id&as europdias e ortodoxas, pois
que tcdos eles, Danavas , Daityas , Pish I ch Is e Rakshasas, sao extremamente
piedosos e seguidores dos preceitos dos Vedas , e alguns at grandes Iogues.
Mas fazem oposi ao ao clero e ao ritualismo, aos sacrificios e as formulas ,
corao tambem o ^fazem ainda hoje os principals Iogues na India , sem que
por isso sejam menos respeitados, embora nao se Dies permitindo pertencer
nem a uma casta nem a um rito; e aqui esta por que todos aqueles Gigantes
e Titas purlnicos sao chamados Diabos.

( 4) Sao Tiago, I, 2, 12, e Sao Mateus, VI , 13. Veja se Cruden , sub voc.

( 5) Padma Purdm.

122
Escola do Grande Oriente Mistico

Os missionaries , sempre a espreita de uma oportunidade para demons-


trar que as tradigoes indianas nao passam de um reflexo da Biblia judaica ,
arquitetaram toda uma novel a sobre a pretendida ldentidade de Pulastya
com Caim , e dos Rakshasas com os Cainitas, os Malditos que foram a
causa do Diluvio de Noe ( veja-se a obra do Abade Gorresio, que atribui
ao nome de Pulastya o sentido etimologico de renegado , ou seja, de
Caim, se o preferem ) . Pulastya , diz o nosso Abade, mora em Kedara ,
palavra que significa um sftio cavalo , uma mina , e a tradigao e a Biblia
ensinam que Caim foi o primeiro trabalhador era metais, is to e, um mineiro!
Se 6 bem provavel que os Gibborim , ou Gigantes da Biblia, sejam os
Raksbasas dos hindus , a verdade e que uns e outros sao os Atlantes e per
tenceram as ragas submergidas. Seja como for , nenhum Sata teria posto
-
mais empenho em maltratar os inimigos, nem mais constancia em seu
6dio , do que os tedlogos cristaos quando o maldizem como o causador de
todos os males. Comparem-se os vitup rios e as opinioes dos teologos sobre
^
o Demonio com os conceitos filosoficos dos Sabios puranicos e com a sua
mansuetude , semelhante a de Cristo. Quando Par&shara, cujo pai foi
devorado por um Rakshasa , se preparava para destruir, por artes magicas,
a rag a inteira , o seu av6 Vasishtha, depois de mostrar ao irritado Sabio,
com a propria confissao deste, que existem o Mai e o Carma , mas nao
Esplritos maus , pronuncia as sugestivas palavras que se seguem:
Acalma a tua ira : os Rakshasas nao sao culpados; a morte de teu pai foi obra
do Destino |Carma | . A colera e a paixao dos insensatos , e nao fica bem ao Sbio.
Quern e que mata? pode-se perguntat . Cada homem recolhe as consequential do
sous propria atos . A ediera , 6 lho meu , e a destrui ao de tudo o que o bomem con -

^
segue . , , e o impede de alcangar . , a emancipaqao . Os . . sabios evitam a c6lera; nao
,

te deixes , filho meu , dominar por ela . Nao permitas que esses inafensivos espiritos
das trevas sejam molestados; que o ten sacrificio cesse . A miseriedrdia e o poder dos
jusios . 6

Todo sacrificio desse genero, ou oragao a Deus para obter -lhe a


assistencia , nao e outra coisa senao um ato de Magia Negra. O que Para -
sbara pedia era a destruigao dos Espiritos das Trevas , por vinganga pessoal.
Chamam-no pagao , e como tal e condenado pel os cristaos ao Inferno por
roda a Eternidade. Mas , serao porventura melhores as oragoes que os reis
e os generais fazem antes de uma batalha , rogando o aniquilamento do ini-
migo ? Oragdes que tais constituent sempre atos de Magia Negra da pior
espdete, dissimulando-se o demonio Mr Hyde sob a capa de santidade
,

.
do "Dr JekylT.
Na natureza Humana , o mal nao indica senao a polaridade da Materia
e do Espirito, a "luta pela vida entre os dois prinerpios manifestados no
Espago e no Tempo, principles que sao identicos per se , por terem suas
raizes no Absolute. No Cosmos , deve o equilibria ser mantido As opera- .
goes dos dois contraries produzem a harmonia, como as forgas centrfpeta
e centrifuga , que, sendo interdependen tes , sao necessaries uma a outra , a

( 6 ) Vishnu Purdihi , I , pp , 7-8 .

123
Escola do Grande Orients Mistico

fim de que ambas possam subsistir . Se umas sc detivesse, a agao da outra.


imediatamente se converteria em destruidota de si mesma ,
Como a personificagao chamada Sata foi ampkmente analisada, sob
o triplice aspecto com que se apresenta no Antigo Testamento, na Teologia
e no modo de pensar dos antigos genrios, os que desejarem saber mais
-
sobre este assunto deverao dirigir se a Isis sem V &u 7 e segunda parte do
volume IV desta obra , Nao foi sem boas razoes que aqui tocamos neste
ponto para dar algumas explicagoes novas.
Antes de podermos chegar a evolugao do Homem Fisico e Divine,
importa que tenhamos, preliminarmente , uma ideia bem nitida da Evolugao
Ciclica ; que nos ponhamos ao corrente das filosofias e das crengas das
quatro Ragas que precederam a nossa ; e que saibamos em que consistiam
as ideias daqueles Titas e Gigantes ( Gigantes , em verdade, tanto mental
como fisicamente ) , Toda a antiguidade estava impregnada com aquela
filosofia que ensina a involugao do Esplrito na Materia, a descida progres-
siva e ciclica ou a evolugao ativa e consciente. Os gndsticos de Alexandria
divulgaram bast ante os segredos da Iniciagao, e os seus anais se referem
frequentemente a queda dos Eoes , em seu duplo sentidc de Seres Ange-
.
licos e de Periodos ; sendo uns a evolugao natural dos outros Por outra
parte, as tradigoes orientals em ambos os lados da Agua Negra , o Oceano
que separa os dois Orientes, estao igualmente repletos de alegorias sobre a
queda do Pleroma ou a dos Deuses e Devas Em tod as el as a Que da figura

,

como alegoria do desejo de a premier e de adquirir conhedmento do


desejo de saber. Esta 6 a consequnria natural da evolugao mental : o
Espiritual se transmuda em Material ou Fisico. A mesma lei de descida na
materialidade e de reascensao a espiritualidade se afirmou durante a Era
crista, e a reagao nao lhe pos fim senao agora , em nossa Sub-raga especial ,
O que foi outrora uma alegoria , de triplice interpretagao, em Pyman-
dro , hi dez mil anos talvez, destinada a registrar um fato astronomico,
antropologico e mesmo quimico, ou seja , a alegoria dos Sete Reitores atra-
vessando os Sete Cfrculos de Fcgo, ficou reduzido a uma interpretagao
material e antropomorfica: a Rebeliao e a Queda dos Anjos. A multivoca
narragao, tao filosofica em sua forma po tiea , do Casa men to do Cu com
^
a Terra , do amor da Natureza para com a Forma Divina , e do Homem
Celeste enamorado de sua prdpria beleza refletida na Natureza, is to e , da
atragao do Espltito pel a Materia , converteu -se hoje, pela mao dos tedlogos,
na histdria dos Sete Reitores desobedientes a Jeova , e cuja vaidade fez
despettar neles o orgulho satanko, logo seguido de sua Queda , porque
Jeova nao admitia outro culto senao o que lhe fosse dedicado. Numa
palavta, os formosos Anjos Planetarios, os gloriosos Edes ciclicos, foram,
em sua forma mais ortodoxa , sintetizados em Samael , o Chefe dos Demo
nios no Talmud , essa grande Serpente de Doze Asas, que arrasta constgo,
-
na Queda , o Sistema Solar ou os Titas * Mas Schemal ( alter
,
'

,
ego e tipo
sabeu de Samael ) significa , esoterica e filosoficamente, o Ano em seu
mau aspecto asrrologico, com seus doze meses ou Asas * * de males inevi -
( 7) Vo!, II, cap, X,

124
Escola do Grande Orients Mistico

tiveis, na Natureza. Na Teogonia Esoterica , tanto Schemal coma Samael


representavam uma divindade particular 8, Para os cabalistas, sao o Espi-
rito da Terra , o Deus Pessoal que a governa; e, portanto, de facto, iden
ticos a Jeova , Os prdprios talmudist as admitem que Samuel e um nome
-
divino de um dos sete Elohim. Os cabalistas, alias, mostram a ambos,
Schemal e Samael, como uma forma simbblica de Saturno-Cronos ; as "Doze
Asas significando os doze meses, e o simbolo em seu conjunto indicando
um ciclo de raga. Jeovd e Saturno sao tambem identicos em seus sfmbolos -
Isso conduz, por sua vez, a uma dedugao bast ante curiosa de um dogma
catolico romano, Muitos escri tores de nomead a , pertencentes a Igreja Lati-
na , admitem que hi uma diferenga , que cumpre ter em conta , entre os
Titas de Urano, os Gigantes antediiuvianos ( que eram tambem Titas ) e
aqueles Gigantes pds-diluvianos que os catdlicos romanos persistem em
supor desdendentes do Cam mitico. Mais claramente: ha que estabelecer
uma diferenga entre as Formas opostas cosmicas primordiais , guiadas pela
Lei Cfclica, os Gigantes atl antes hum a nos e os Grandes Adeptos pos-dilu-
vianos, sejam os da Mao Direita, sejam 05 da Mao Esquerda. Ao mesmo
tempo, mostram aqueles autores que Miguel, o generalissimo da Legiao
Celeste de combatentes , guarda de corpo de Jeova\ e tambem, ao que
9

parece ( segundo De Mirville ) , um Tita , mas com o adjetivo "Divino


antes do nome . Assim , aqueles " Uranidas , que em toda parte sao chama -
dos "Titas Divinos e que , tendo-se rebelado contra Cronos , ou Saturno,
sao portanto igualmente representados como inimigos de Samael, que
tambem um dos Elohim e sinonimo de Jeova em sua coletividade
identicos a Miguel e sua Legiao. Em suma , todos os papeis estao trocados ,

sao

-
confundem se todos os combatentes , e o estudante ja nao pode distingui-los
claramente, uns dos outros . A explicagao esoterica pode, contudo, levar
um pouco de ordem a essa confusao, em que Jeova se converte em
Saturno, e Miguel com o seu ex&cito em Sata com os Anjos Rebeldes ,
por obra dos esforgos indiscriminados de fieis excessivamente zelosos , que
veem o Diabo em cada um dos Deuses pagaos. O verdadeiro signifieado
muito mais filosofico, e a legenda da primeira Queda dos Anjos adqulre
um matiz rientffico quando interpretada corretamente .
Cronos representa a Duragao ilimitada e, portanto, imut vel, sem prin-
^
ciple* e sem fim que transcende a divisao do Tempo e do Espago. Os Anjos,
Devas ou Gnios, que nasceram para atuar dentro do espago e do tempo,
is to e, para abrir caminho at raves dos Sete Circulos dos pianos superes-
pirituais e at regioes supraterrSneas , fenomenais e circunscritas, diz-se
alegoricamente que se rebelaram contra Cronos e lutaram contra o Leao,
que era entao o Deus vivente e supremo Quando a alegoria mostra Cronos ,
,

por sua vez, mutilando a Urano, seu pai , o sentido e muito simples , O
Templo Absolute se converteu em fini to e condition ado ; uma parte e
subtraida do todo, indicando assim que Saturno, pal dos Deuses , foi trans-
formado de Duragao Eterna em Periodo limitado. Cronos , com sua foice,
corta ate mesmo os ciclos mais longos, que para nos sao como se nao

(8 ) Veia- se Nuthat bean Agriculture. He Chwolsohn , II 217.


7

125
Escola do Grande Oriente Mistico

tivessem fim, mas que , nao obstante, sao limitados na Eternidade ; e com
.
a mesma foice destrdi os rebeldes mais aguerridos Sim ; nao ha um so que
escape a foice do Temple ! Podeis orar a Deus ou aos Deuses, podeis zombar
daquele ou destes, a foice nao se deteri a milionesima parte de um segundo
em seu curso ascendente e descendente.
Os Titas da Teogonia de Heslodo foram copiados , na Grecia, dos Suras
e Asuras da India Esses Titas de Hesiodo, os Uranidas, figuravam a prin
,

cfpio como sendo em numero de seis ; mas recentemente se descobriu , em


-
um velho fragmento de manuscrito que se ocupava da mitologia grega , que
eram sete , chamando-se o setimo Phoreg. Ficou assim plenamente eviden-
ciada sua identidade como os Sete Reitores .
A origem da Guerra nos Ceus e da Queda , segundo acreditamos, deve
certamente buscar-se na India , e remontat talvez a periodo muito anterior
as narrativas que sobre o assunto fazem o.s Puranas. Pois a T3rakamaya foi
de uma epoca muito posterior ; e em quase todas as Cosmogonias hi refe-
renda a tres Guerras distmtas.
A primeira Guerra ocorreu na noite dos tempos, entre os Deuses e os
( A ) suras, e durou um Ano Divine 9. As Divindades for am entao vencidas
pelos Daily as, comandados por Hr&da . Mas em seguida, gramas a um ardil
de Vishnu , a quem pediram socorro os Deuses vencidos, estes ultimos leva -
ram finalmente os Asuras a derrota . No Vishnu Pur ana nao se VQ intervalo
entre as duas guerras. Segundo a Doutrina Seereta , houve, porem , uma
guerra antes da forma ao do Sistema Solar; outra, na Terra , quando da
^
criasao do homem ; e uma terceira Guerra no fim da Quarta Ra a, entre
os seus Adeptos e os da Quinta Ra a , is to 6 entre os Iniciados da Ilha ^
^ y

( 91 Um Dia de Brahma dura 4 320 000 000 de anos



muitiplique- se esta
cifra por 360! Os Asuras ( Nao-deuses ou demdnios ) , aqui, sao ainda Suras, Deuses
superiores em hierarquia a certos deuses secundririos, que nem sequer sao mencio-
riados nos Vedas. A dura ao da Guerra mostra a sua significant , indieando tambem
^
)

que os cornbatentes sao apenas os Poderes Cdsmicos personificados. evidentc que


foi com objetivos sectaries e por odium tbeologicum que se atribuiu a Buddha e aos
Dairyas , em reproduces ulteriores dos velho textos, a forma ilusoria de Mavamoha,
assuraida por Vishnu como se v no Vishnu Pur ana , a menos que se trate de uma
fantasia do prdprio Wilson. Acreditou-se tambem haver uma alusao ao budismo no
Bbagavad Gild * quando o que se fez foi confundir os budistas com os anttgos materia-
listas Chari'akas, conforme ficou provado por K , T. Telang. A versao nao se encontra
absolutamente em nenhum dos outros Purdnas, se que existe a alusao, como pretende
o Professor Wilson , no Vishnu Purdna, cuja tradugao ^
notadamente a do Livro III ,
capitulo XVIII, em que o reverando orientalista introduz arbitrariamente Buddha e o
apresenta ensmando o budismo aos Daityas
provocou outra grande guerra entre
de e o CoroneJ Vans Kennedy , Este ultimo o acusou em publico de falsear proposi-
Bombaira no ano de 1840 ^

tadamente a interpreta ao dos textos pur nicos , Afirmo
^
escrevia o Coronel em
que nao ha nos Purdnas o que o Professor Wilson pre-
tende all existir ... ; at que me provem o contdrio, tenho o direito de insistir em
minhas primeiras conclusoes, a saber: que a opiniao do Professor Wilson, segundo a
qual os Purdnas , tais como hoje aparecem , nao passam de compliances feitas entre os
seculos VIII e XVII fdepois de Cristo ) ) , assenta tao somente em suposi oes gratuitas
e em assertos sent fundamento ; e que os raciodnios de sua argumenta ao ^ fdteis,
- ^ desaoWilson
softs ticos, contraditdrios e tnverossimeis . ( Veja se Vishnu Purdna, traducao ,
editado por Fitzedward Hall, vol , V , pf 373, Apendice. )

126
Escola do Grande Orients Mistico

Sagrada e os Feiticeiros da Atlantida. Falaremos da primeira luta, tai


como a descreve Par shara, c cuidaremos de separar as duas versocs, que
^
se tem procurado intencionalmente confundir.
Conta-se ali que, cumpritido os Daityas e os Asuras como os devotes
de suas respectivas Ordens ( Varnas ) , seguindo a via prescrita pela Sagrada
Escritufa e impondo-se ate mesmo penitencias religiosas ( singular procedi-
mento de Demonios, se eram identicos aos nossos Diabos > como se preten -
-
de ) , nao podiam os Deuses destrui los, As ora des dos Deuses a Vishnu
^
sao curiosas, deixando ressaltar as ideias que itnplicitamente decorrem de
uma Divindade antropomorfica . Tendo-se refugiado, apos a derrota, nas
costas que ficam ao Norte do Oceano de Leite ( Oceano Atlintico ) 10, os
Deuses vencidos dirigiram mu it as suplicas ao primeiro dos Seres, o divino
Vishnu *', e entre outras a seguinte:
Gloria a Ti, que es uno com os Santos, que tens a natureza perfeita e que
atravessas sena obstaculo todos os elementos permeaveis. Gloria a Ti, que is uno com
^-
a Ra a Serpente de duas Itnguas, impetuosa , cruel , tnsaciavel de ptdteres e possuidora
de riquezas . . . Gloria a Ti, 6 Senhor ! que nao tens nem cor , nem extensdo , nem corpo
( gbana ), nem qualidade alguma universal , e cuja essencia ( rupa ) , a mais pura entre
as pur as, nao pode ser apreciada senao pelos sautes Paramarshis |os maiores Sabios
ou Ri$hk | . Diante de Ti nos inclitiamos na natureza de Brahma , incriado, incorrupdvel
( avyaya ) ; diante de Ti , que estas em nossos corpos e em todos os demais corpos, e
em todas as criaturas vivas , e fora de quern nada existe. Glorificamos esse Vasudeva ,
Senhor ( de tudo ) , que nao tern mancha, que e a semente de todas as coisas, imune a
dissolu ao, nao nascido , eterno; que, em essnria , e Paramapadatmavat j transcendente
^
da condicao do Espintoj, e, em substancia ( rupa ) , todo este ( Universo ) ." 11

Damos esta transcri ao como um exemplo do vasto campo que os


^
Purdnas oferecem as crfticas hostil e err6neas de todos os fanaticos euro -
peus , que formam opiniao sobre outras religioes que nao a sua, com base
unicamente nas aparencias exteriores. Todo homem inteligente, habituado
a submeter o que Id a detida anlise, vera desde logo a impropriedade
daquela invoca ao ao Incognoscfvel , ao Absoluto sem forma e sem atri
^
butos, tal como os vedantinos definem a Brahman, invoca$5o em termos
-
de uno com a Ra a-Serpente, de duas Itnguas, cruel e insadivel , associ-
^
ando o abstrato com o concreto , e conferindo qualificativos ao que est
livre de qualquer limita ao e condicionamento. Ate mesmo o Professor
^
Wilson, que, tendo vivido durante tantos anos na India rodeado de brSma-
nes e de pandits , devia conhecer bem estas coisas , esse proprio erudito nao
perdeu ocasiao para criticar as Escrituras hindus neste particular Eis como*

ele se expressa:
Os Purdnas ensinam sempre doutrinas incompadveis! Segundo esta passagem
o Ser Supremo nao 6 somente a causa inerte da cria ao, mas exetee tamWin as (undoes
^
( 10 ) Esta narrativa se entende com a terceira Guerra , visto que ali hi referenda
a continentes terrestres, mares e rios.
( 1 1 ) Vishnu Purina, Wilson, vol . III, pp. 203-5.
( 12 ) Vishnu Purina , Wilson , vol , II, 36, na histdria de PrahlSda, o filho de


Hicanyakashipu , o Sata purSnico , o grande inimigo de Vishnu, e o Rei dos Tr&
Mundos em cujo cora ao Vishnu penetroru.
^
127
Escola do Grande Orients Mistico

.
de uma providSncia ativa 0 Comentador cita um tearto do Veda cm apoio dcsta
opiniao: ' A Alma Universal, peaetrando nos homens, govema o seu comportamento*.
As incongruencias sao, aliis, tao frequentes nos Vedas como nos Purdttas.

A verdade e que sao menos frequentes que na Biblia mosaica. Mas


os preconceitos avultam nos eoragoes dos nossos orientalistas, principal-
men te dos doutos reverendos . A Alma Universal nao 6 a Causa inerte
da Criagao, ou ( Para ) Brahman, mas simplesmente o que nos chamamos o
Sexto Principio do Cosmos Intelectual , no piano manifestado do ser. fi
Mahat ou Mahabuddhi, a Grande Alma , o Vefculo do Espirito, o primeiro
reflexo primordial da CAUSA sem forma, e aquilo que esta ainda dent do
Espirito. Eis ai, no que respeita a intempestiva censura feita aos Purdnas
-

pelo Professor Wilson. Enquanto ao apelo, aparentemente descabido, que


os Deuses venddos dirigem a Vishnu, a explicagao seria encontrada no texto
do Vishnu Purdna, se os nossos orientalistas quisessem darrse a pena de
procura-la , A filosofia ensina que ha um Vishnu como Brahma e um Vishnu
em seus dots aspect os. Mas s6 ha um Brahman, essencialmente Prabriti
e Espfrito" .
Essa ignorancia esti expressa, de um modo verdadeiro e admiravel,
nos louvores com que os Yogins se dirigem a Brahma, o suports da Terra : 5

Aquele que nao praticam a devogao fazem uma id ia errdnea da natureza do


mundo. Os ignorantes, que nao cotnprcendeju que este Universo tem a Natureza da
Sabcdoria, c o juigam somente como um objeto de petcepgao, estao perdidos no Occano
da ignorancia cspiritual. Mas aqudes que conhecem a verdadeira SabedoHa, e ctijas
mentes sao puxas, contemplam todo este mundo como uno com o Conhectmento Dtvirto,
uno contigo, oh Deusf S favocavd, oh Espirito Universal!" 13

Vishnu nao e, portanto, a causa inerte da criagao , que exerce as


fungoes de uma Providencia Attva ; mas a Alma Universal, o que Eliphas
L6vi chama, em seu aspecto material, a Luz Astral. E esta Alma, em seu
aspecto dual de Espirito e Materia , e o verdadeiro Deus antropomorfico
dos deistas; pois este Deus e uma personifica ao daquele Agente Criador
^
Universal, puro e impuro ao mesmo tempo, por forga de sua condigao
manifestada e de sua diferenciagao neste mundo MSySvico: Deus e D:ahot
em verdade. O Professor Wilson nao soube, porem , vet como Vishnu , sob
esse aspecto, se parece com o Senhor Deus de Israel, especialmente em seu
papel de enganador, tentador e astucioso .
Tudo isso estd indicado do modo mats clato possivel no Vishnu Purdtta,
onde se diz que: 4

No final de suas oragoes { stotra ) , os Deuses viracn a Divindade Suprema Hari


< Vishnu ) armada de cotiraga , escudo e maga, cavafgando sobm Garuda. 14

Ora, Garuda e o Ciclo Manvantarico, como se vera oportunamente .


Vishnu portanto, a Divindade no Espa$o e no Tempo y o Deus particular
f

( 13 ) ibid., Wilson , voi. I, 64.


( 14 ) Ibid , vol. Ill, 20?.
128
Escola do Grande Orients Mistico

dos Vaishnavas. Tais Deuses sao denominados de tribo ou &e raq& isto 6 , }

sao os varies Dhyanis, ou Elohim, dos quais um era geralraente escolhido,


por alguma razao especial * por uma na ao ou uma tribo, e deste modo se
^
convertia gradualmente em um Deus acima de todos os Deuses 15, o
Deus supremo * \ eomo Jeovi , Osiris, Bel ou outro qualquer dos Sete
Regen tes .
E pelo fruto que se conhece a drvore ; a namreza de um Deus se
^ .
conhece por suas a oes Temos que julgar estas aqoes , ou tomando ao pe
da letra os textos que as descrevem ou aceitando-os em sentido alegorico.
Se compararmos os dois, Vishnu, como defensor e caxnpeao ,
dos deuses
vencidos e jeova , como campeao e defensor do povo < eleiton ( assim
chamado, sem duvida , por anti f rase, pois foram os judeus que elegeram
esse Deus ciumento ) , veremos que ambos recorrem ao ardil e a astucia.
.O seu procedlmento e ditado pelo prindpio de que o fim justifica os
meios ' , a fim de poderem triunfar de seus inimigos , os Dem&nios . Assim,
5

enquanto, de um lado, segundo os cabalistas, Jeova assume a forma da


Serpente tentadora no Jardim do Eden , envia Sata com a missao especial de
tentar Job, cansa e aborrece o Farao com Sara!, a mulher de Abraao, e
endurece o cora ao de outro Farad contra Moises, a fim de nao perder
^
a oportunidade de infiigir as maiores pragas a suas vilimas 16; de outro
lado, Vishnu aparece, em seu Pur Ana , langando mao de uma estratagema
nao menos indigno de um Deus respeitaveh
Os Deuses vencidos invocam a Vishnu :
Tem picdade de n6sp oh Senhor! e protege-nos, a nos que viemos implorar-te
.
o socorro contra os Daityas ( Demdnios ) Eles se apoderaram dos trs mundos e das
oferendas que nos pertenciain, tendo a cautela de nao transgredir os preceitos do Veda.
.
Apesar de, tanto quanto eles , jazermos parte de ti ntesmo... *7 , andando ( como
andam ) . . . nos caminhos prescritos pela sagrada escritura . . . , e-nos icnpossivel destruf -
- .
los Tu, cuja Sabedoria imensurivel ( Ameyatman ) , indica-nos dlgum ardil por
meio do qua! possamos exterminar os inimigos dos Deuses!
Quando o poderoso Vishnu ouviu esta stiplica , fez brotar de seu corpo uma forma
ilusdria ( Mayamoha., wo que engana e Uude* ), que entregou aos Deuses, dizendo-Ihes:
1

Este Mayamoha seduzird por completo os Daityas, de modo que, afastandose da


.
Senda dos Vedas , poderao ser destruidos , , . Ide, pois, sem receio Que esta visao
enganadora vos preceda Ela vos sera de grande utilidade neste dia, 6 Densest *
,

Em seguida, a grande Ilusao ( Mayamoha ) , tendo-se transportado ( a Terra ) , viu


os Daityas ocupados em perutendas asceticas; e, aproximando-se deles, sob a figura
de um Digambara ( mendigo desnudo ) de catena raspada . .. , assim Dies falou em voz
suave: Senhores da ra a Daitya, por que pcaticais estes atos de penitnda ? etc 18
^ .
Finalmente, os Daityas foram seduzidos pelas astuciosas palavras de
MahSmoha , assim como Eva o foi pelos conselhos da Serpente E rene-
.
garam os Vedas O Dr. Muir assim traduz esta passagem:
-
( 15 ) II CrdnicaSy II, 5 .
( 16 ) Genesis , XII , 17 ; Exodo , VIII a XL
( 17 ) E um dia em que os Filhos de Deus vieram peratite o Senhor, veio tarn-
hem Sata, com seus irmaos, apfesentar-se ao Senhor * ( Job , II, Abyss., texto etiopioo.
.
Veja-se Job, II, 1 )
,
( 18 ) Vishnu Purdnay Wilson , III 205 7
-.
129
Escola do Grande Oriente Mistico

O grande Enganador, empregando a ilusao* seduziu depois outros Daityas me-


diante varias especies de heresia . Dentro de pouco tempo, estes Asuras ( Daityas )
for am ilaqueados pelo Engatiador e abandonaram todo o sistema baseado nos manda-
mentos do triplice Veda. Alguns difamaram o$ Vedas ; outros, as cerimonias do sacri-
ficio; e ainda outros, aos bmmanes , Esta ( exdamaram ) e ma doutrina que nao resiste
k menor discussao ; a matan a ( dos animals nos sacrificios ) nao pode conduzir a mdritos
^
religiosos, ( Dizer que ) as oblafoes de manteiga, consumida pelo logo, produzem
recompensas futuras, nao passa de con versa de crian a , . , Se e verdade que urn
^
animal mono no sacrificio e exaltado nos ceus, por que entao o devoto nao mata seu
proprio pai ? . . . Erases infant is , Grandes A suras , nao caem do cu ; so as sentengas
construidas sobre o raciodnto devo eu aceitar e devem aceitar as pessoas |inteligentes|
como vos! Desta maneira , e de varias outras , foram os Daityas conturbados pelo
grande Enganador | a Razao ] . . . Logo que os Daityas ingressaram m send* do erro,
as Divindades concent raram to das as suas formas e se aproximaram para o combate.
Travou-se entao a batalba entre os Deuses e os Asuras; e estes ultimo?, que $e baviam
desviado do caminho reto, foram derrotados peios primeiros. Haviam sido, no passado,
protegidos pela anuadura da justiga , que traziam; mas, quando a destruiram, tambm
eles pereceram .

Seja qual for a opiniao que se faga a respeito dos hindus, nem mesmo
seus inimigos podem t- lo em conta de n scios. Povo cujos santos e sdbios
^
leg a ram ao raundo as maiores e mats sublimes filosofias, devem saber como
discemir a diferenga entre o justo e o in justo. At o selvagem pode dis-
tinguir o branco do preto, o bem do mal, a sinceridade e a veracidade do
engano e da falsidade. Os que relataram aquele episddio na biografia do
seu Deus nao podiam deixar de perceber que, no caso, esse Deus que era
-
o Arqui Enganador; tocando aos Daityas, que nunca haviam transgredido
os preceitos dos Vedas > o lado honroso na bistdria, e sendo eles os verda-
deiros Deuses L Devi a, portanto, haver e ha realmente, urn significado
sec reto por tris desta alegoria. Em nenhuma classe da sociedade, em
nenhuma nagao, a a stud a e o embus te sao considerados virtudes divinas
salvo talvez nos meios clericals dos tedlogos e jesuitas modernos .
^
O Vishnu Purdna como todas as demais obras do gnero, caiu mais
tarde em maos dos brSmanes dos templos, e os antigos manuscritos foram,
sem duvida , adulterados peios scctirios. Em tempos idos, porm , eram os
Puranas obras esot ricas, e o sao ainda para os Iniciados que os podem ler
^
com a chave que possuem.
Quanto a saber se os brfonanes Iniciados darao a conbecer algum dia
o significado de todas as alegorias, 6 questao que nao diz respeito a autora
deste livro. O objetivo que se propoe demonstrar que nenhum fildsofo ,
hon rando os Poderes Criadores, poderia aceitar
e jamais aceitou
face exterior da alegoria como seu verdadeiro esplrito, com a possfvel exee
gao de
a

, alguns filosofos pertencentes as ragas cristas superiores e civili-


-
zadas do nosso tempo, Pois , conforme vimos, Jeovd em nada superior
J

a Vishnu no piano moral. por isso que os ocultistas, e at alguns caba-


listas, considerem ou nao aquelas Forgas Criadoras como Entidades vivas ^
( 19 )Jourml .of the Royal Asiatic Society , XIX, 502.
( 20 )A opiniao de Wilson , de que o Vishnu Purdm & urn produto de nossa
Era, nao datando, em sua forma atual, de periodo anterior ao compreendido entre os
seculos VIII e XVII ( M ) , e de tal modo absutda que nao merece a minima atenfao.

ISO
Escola do Grande Oriente Mistico

e canscientes
e nao vemos pot que nao possam ser aceitas como tais
jamais haverao de confundir a Causa com o Efeito, nem tomat o Esplrito ,

-
da Terra por Parabrahman ou Ain SopK De qualquer modo, eles conhe
cem bem a verdadeira natureza do que os gregos chamavam Pai iEther,
-
Jupitcr-Tita , etc - Sabem que a Alma da Luz Astral e divina, e que o seu
corpo
as ondas de luz nos pianos inferiores
e infernal. Esta Luz foi
simbolizada no Zohar pela "Cabe a Magica , a Dupla Face sobre a Dupla
^
Piramide; erguendo-se a Piramide negra sobre urn campo de alvura ima -
cu)ada > com uma cabe$a e uma Fare brancas dentro do seu Trmngulo negro;
a Piramide Branca , invertida

reflexo da primeira nas Aguas escuras ,
mostrando a imagem negra da Face branca,
Tal e a Luz Astral , ou Demon est Deus inversus.

in
Escola do Grande Oriente Mistico

SECXO XII
A TEOGONUA DOS DEUSES CRIADORES

PARA a exata compreensao da idfia que constitui a base de todas as


Cosmogonias antigas, faz-se necessario o estudo e a analise comparativa
de todas as giandes religioes da antiguidade. S6 per esse metodo pode
evidenciar-se a ideia fundament ah
A ciencia modern a , se Ihe fosse possivel elevar-se a tais alturas, remon-
tando a fonte primeira e original das operates da NatuTeza, daria a essa
ideia o nome de Hierarquia das Formas . A concep ao original transcendente
e filosdfica, era urn a s6. Mas como, no decorrer^ das idades, passa ram os
sistemas a refletir , cada vez mais , as idiossincrasias dos povos, e como estes,
separandose, vieram a formar grupos distintos, cada qual evolucionando
segundo a tendenda particular de sua naqao ou tribo, a exuberancia da
imaginagao humana acabou por lan ar , pouco a pouco, um v u sobre a
^
ideia fundamental. Enquanto em alguns paises as Formas, ou melbor , aos ^
Poderes inteligentes da Natureza eram tributadas honras divinas, nem
sempre pertinentes , em outros como na Europa de nossos dias e nos
demais paises civilizados a s6 iddia de que tais Formas sejam dotadas de
inteligencia e tida por absurda e declarada anticienttfica. Assim , com
certo sentimento de alivio que vemos as refereneias contidas na introdugao
de Asgard and the Gods , "Contos e tradi<;6es de nossos Antepassados Seten -
trionais , editado por W . S . W . Anson , em que se diz:
Se bem que na Asia Central ou nas margens do Indus, no pais das Piramides,
.
nas peninsulas grega e itatica , e at mesmo no Norte, onde o celtas, teutoes e eslavos
viveram err antes , as concepts religiosas do povo assumissem formas distintas, sua
origem comum e , nao obstante, ainda reconhecivel. Chamamos a aten ao para esta
^
relafiio entre as histdrias dos Deuses e o pensamento profundo que das encerram e
para sua import ancia, a fim de que o leitor possa ver que nao se trata de um mundo
.
magico , criado pela fantasia e a divaga$ao , que diante dele se descerra, mas q u e , , .
a Vida e a Natureza formavara a base da exi$t ncia e a a$ao dessas Divindades. 1

E, embora seja imposslvel a um ocultista, on a um estudante de esote-


rismo oriental, admitir a estranha ideia de que "as concep oes religiosas das
^
(1) P. 3.

132
Escola do Grande Oriente Mistico

nagoes mais c lebres da antiguidade estao relacionadas com os primordios


^
da civilizagao eatre as ragas germanicas 2, nao deixa de set agradivel ver
expressas verdades como esta: Estes contos de fadas nao sao histdrias sem
sentxdo, escritas para ' divertfr os ociosos; porque eles encerram no seu
amago a religiao de nossos antepassados 3.
-
toric. Porque um mito em grego pu 0oj,

Exatamente. Nao apenas a Religiao deles, senao tamWm a sua His
significa tradigao oral ,
transmitida de boca em boca, geragao it geragao; e ate na etimologia modema
a palavra envolve a ideia de historia ou afirmagao fabulosa, que contem
alguma verdade importante; a histdria de algum personagem exiraordinario,
a cuja biografia a fecunda imaginagao popular emprestou um exagerado
desenvolvimento, por efeito de uma veneragao ao longo de $ucessivas gera
gdes; mas que nao totdmente uma fdbula. Como nossos antepassados,
-
os primitives arios , cremos firmemente na personalidade e inteligencia de
mais de uma Forga produtora dos fenomenos da Natureza.
Com o passar do tempo, o ensinamento arcaico se foi tornando menos
claro; e as nagoes perderam mais ou menos de vista o Prindpio Superior
e unico de todas as coisas , e comegaram a transferit os atributos abstratos
da Causa sem Causa aos efeitos produzidos, os quais por sua vez se conver-
teram em causa tivos , ou seja , nos Poderes Criadores do Universo; as grandes
nagoes , pelo temor de profanarem a Ideia ; as menores, ou porque nao pude-
ram compreende-la , ou porque nao possuiam o grau de concepgao filosdfica
necessario para conservada em toda a sua pureza imaculada. Mas todas
elas, com excegao dos ultimos arianos , que vieram a ser os eu rope us e os
cristaos de hoje, testemunham aquela veneragao em sues cosmogonias.
Conforme o assinala Thomas Taylor 4, o mais intuitivo de todos os
tradutores dos fragmentos gregos, nenhuma nagao concebeu jamais o Prim
cipio iJnico como criador imediato do Universo visivel ; pois nenhum homem
de juizo sao, ao admirar um ediffcio, pensara que foi construido pelas
prdprias maos do arquiteto que o projetouT Segundo o testemunho de
Damascio, em sua obra Sobre os Principios ( Ilepi IIpu)Twv Apxwv ) , quando
aludiam aquele Principio chamavamno As Trevas Desconhecidas . Os
babilonios guardaram silencio a seu respeito. A esse Deus , diz Porf trio,
em seu tratado Sobre a Abstinincia ( Ilepl A^ ox jJ TWV
^ que
esta acima de todas as coisas, nao se devem dirigir nem palavras articuladas
nem pensamentos infernos . Hesfodo principle sua Teogonia com estas
palavras: O Caos foi criado antes de todas as coisas 6, dando assim a
entender que a sua Causa ou o seu Criador deve ser deixado em respeitoso
silencio. Homero, em seus poemas, nao rementa al m da Noite, que e
^
(2) Ibid., p . 2.
( 3) Ibid., p. 21.
( 4 ) Veja -se The Monthly Magazine , de abril de 1797.
( 5 ) Com relagao k abstinencia das coisas vivas.
( 6 ) HTOI piv icpcbTiotft XdoJ Y$vsr ( I , 166 ) ; sendo yivuo considerado na
antiguidade como significando foi gerado" , e n3o simplesmente foi91. ( Veja se a

Introdugao de Taylor ao Parmenides de Platao, p. 260. )

133
Escola do Grande Orients Mistico

reverenciada por Zeus Todas as teologias da antiguidade, assim como as


,

doutrinas de Pitigoras e Platao, dizem que Zeus, ou o Artifice imediato


do Universe , nao e o Deus supremo ; do mesmo mode que Sir Christophen
Wren , em seu aspecto fisico e humano, nao e a Mente que nele reside e
que produziu as suas grandes obras de arte. Por tudo isso, Homero guarda
silencio, nao $<5 a respeito do Principio Primeiro , mas tambem quando
Iqueles dois Prindpios que vem imediatamente depois , o TEther e o Caos
de Orfeu e de Hesiodo, o Finito e o Infinito de Pitagoras e de Platao 7.
Sobre o Principio Superior, diz Proclo que . . a Unidade das Unidades,
que est alem do primeiro A f y t a . . , mais inefavel que o Silencio absoluto,
,

e mais oculto que a Essencia absoluta . . , oculta entre os Deuses inte-


ligfveis 8 .

Algo mais poderia acrescentar-se ao que escreveu Thomas Taylor em


1797 , a saber: que os judeus nao parece terem ido alem d o . . . artifice
imediato do Universo , pois que Moises se referia as trevas que cobriam
a face do abismo, nao insinuando sequer que a sua existences tivesse uma
causa " d. Em sua Biblia
obra puramente esoterica e simbolica nunca
os judeus degradaram a sua divindade metaf orica tao profundamente quanto
o fizeram os cristaos, aceitando Jeova como sen Deus unico , vivente e ,
no entanto, pessoal .
O Principio Primeiro, ou melhor, o Principio Unico , era chamado o
Circulo do Ceu e simbolizado por urn hierograma de um Ponto dentro
de um Circulo, ou de um Triangulo equilateral , o Ponto representando o
Logos . Assim , no Big Veda, onde Brahma nao e sequer nomeado, a Cosmo-
gonia come a com Hiranyagar bba , o * ' Ovo Aureo , e Prajapati ( mais tarde
^
Brahma ) , de quem emanam todas as Hierarquias de Criadores . A Mona-
da , ou Ponto, a origem e a Unidade de onde decorre todo o sistema num6-
rico. Este Ponto 6 a Causa Primeira; mas AQUILO, de que emana, ou antes,
de que e a expressao ou o Logos , e deixado em silencio. Por sua vez , o
sfmbolo universal o Ponto dentro do Circulo nao era ainda o Arqui-
teto, mas a Causa do Arquiteto ; e o ultimo estava para com essa Causa
precisamente na mesma relafao que o Ponto para com a Circunfer nria do
Circulo, rela ao que, segundo Hermes Trismegisto, nao pode ser definida . ^
^
Porfirio mostra que a Monada e a Dfada de Pitagoras sao identicas ao
Inf inito e ao Finito de Platao no Philebus ou ao que Platao chama ineipov
}

e 7xipaj . So a ultima , a Mae , 6 que 6 substancial , sendo a primeira a Causa


de toda Unidade e a medida de todas as coisas" I 0; mostrando-se assim que
a Diada , Mulaprakriti , o VEU de Parabrahman , a Mae do Logos e, ao
^
mesmo tempo, sua Filha ( isto e, o objeto de sua percep ao ) , o produtor
^
pxoduzido e a causa secundiria do mesmo. Segundo Pitigoras, a Monada

( 7 ) a confusao entre o ^Finito** e o Infinito" que foi objeto dos sarcasmos


de Kapila , em suas discussoes com os Iogues bramanes, que preteodem ver o Set
Supremo em su& s vlsoes misticas.
( 8) Ibid.
(9 ) Veja -se o artigo de
Thomas Taylor em sen Monthly Magazine , citado no
^ .
PUtonist de fevereiro de 1887 , edi ao de T M , Johnson , M. S T., Osceola , Missouri,
*

( 10 ) Vit. Pythag , p. 47.

134
Escola do Grande Oriente Mistico

retorna ao Silencio e as Trevas , tao logo ela desenvolve a Triade , da qual


emanam os sete numeros restantes dos dez que sao a base do Uni verso
manifestado.
A mesma coisa se v na Cosmogonia escandinava :
No prindpio fcayia um grande Abismo ( o Caos ) ; nem o Dia nem a Noite
ex is tram ; o Abismo era Ginoungagap, o oceano hiante, sem prinefpio nem fim, O
Pai de Tudo, o Incrlado, o Invisivel, moiava nas ptofundezas do Abismo ( o Espa o );
ele manifestou a sua vontade , e tudo o que ele quis veio & existencia , 11 ^
Como na cosmogonia hindu, a evolu ao do Universe se divide em dois
atos, que corresponded as ^
chamadas cria Ses Prakriti e Padma, na India.
^
Antes que os calidos raios emanados da Mansao da Resplendor despertem
a vida nas Grandes Aguas do Espa?o, surgem os Elementos da primeira
cria ao, e com eles se forma o Gigante Ymir , ou Orgelmir ( literalmente:
^
barro ardente ) , a Materia Primordial difetenciada do Caos . Vem depois
a Vaca Audumla, a Nutriz 12 , da qual nasce Buri, o Produtor , cujo filho
Bor ( Born , ou o Nascido ) tern tres filhos com Bestla, a filha dos Gigantes
de Gelo ( filhos de Ymii ) , a saber: Odin, Willi e We, ou o Espfrito, a
Vontade e a Santidade n.
Tudo isso ocorreu quando ainda reinavam as Trevas no Espa o; quando
^
nao haviam ainda surgidos os Ases, os Poderes Criadores ., ou Dhyan Chohans ,
e quando Yggdrasil, a Arvore do Universo, do Tempio e da Vida, ainda
tinha crescido, e nao existia entao nenhum Walhalla , ou Recinto dos Herois .
As lendas escandinavas acerca da Cria ao da nossa Terra e do Mundo come-
^
$am com o Tempo e a Vida humana , Para elas , tudo o que a precede sao
as Trevas, em que habita o Pai de Tudo, a Causa de Tudo. Conforme
observa o editor de Asgard and the Gods, embora essas lendas encerrem
a ideia do Pai de Tudo, causa original de tudo, os poemas quase nao o
mencionam , nao pelo motivo que ele supoe, de que a iddia fosse incapaz
de elevar se a uma concep ap clara do Eterno , anteriormente aos ensina -
^
mentos do Evangelho, e sim por causa do seu cara ter profun damente eso
^
t rico .
E por isso que todos os Deuses Criadores, ou Divindades Pessoais ,
so aparecem na fase secundaria da Evolufao Cdsmica .
Zeus nasce em
.
Cronos, ou de Cronos, o Templo Igualmente, Brahma e o produto da
emanapao de Kala, a Eternidade e o Templo , sendo Kala um dos nomes
de Vishnu . Pela mesma razao vemos Odin como o Pai dos Deuses e dos
Ases, do mesrao modo que Brahma 6 o Pai dos Deuses e dos A suras; e
dai tamb m o cara ter andrdgino de todos os principals Deuses Criadores,
^
desde a segunda Monada dos gregos at o Sephira Adao Kadmon, o Brahma

( 11 ) Asgard and the Gods , p . 22.


( 12 ) Vach, a "vaca melodiosa > que produz o alimento e a Agua , que nos
proporciona o alimento e a subsistence , como se diz no Rig Veda.
( 13 )
^ ^ .
Compare-se com a "Cria ao das Primeiras Ra as , no vol III desta obra,
coirenttfrio Estancia IV da Antropogenese ( Parte I ).

135
Escola do Grande Oriente Mistico

ou Prajslpati -Vach dos Vedas, e o Androgino dc Platao, que niio passa de


outra versao do simbolo hindu .
A melhor definigao metafisica da Teogonia primitiva , segundo as iddias
dos vedaminos, encontra- se nas Notas sobre o Bhagavad -Gita , de T.
Subba Row Parabrahman , o Desconhecido e o Incognoscivel, como expoe
,

o conferencista a seus ouvintes ,


"Nao & o Ego, nao c 0 Nao-Eu, nem tampouco a consckncia . . e nao 6 Atnoa
,

sequer. . mas, nao sendo em si mesmo um objeto de consciSncia, , todavia, capaz de


*

dar lugar e apoio a todas as coisas e a toda esp cie de exist ncia que possa ser objeto
^
de conhecimento , . . |E| a ess nria uua , da qual vem exist ncia um centro de ener-
gia . . . |que ele chama Logos| , 14

Este Logos 6 o Shabda Brahman dos hindus, a que o autor nao quer
dar nem sequer o nome de Ishvara ( o Senhor Deus ) , pelo receio de que
o termo possa criar confusao na mente do publico . o Avalokiteshvara
dos budistas , o Verbum dos cristaos em seu sentido esoterico vercUdeiro ,
e nao em sua alteragao teoldgica .

E o primetro India, ou o Ego no Cosmos, e todos os demais Egos , , . sao apenas


o sen refkxo e manifestagao. ..
Existe em estado latente no seio de Parabrahman
durante o Pralaya ... [ Durante o Manvantara| possui uma consckncia e uma Individual
lidade prdprias ... |fi um centro de energia, mas|
'

...
semelhantes centros de energia
sao quase inumeraveis no seio de Parabrahman. Nao se deve super que |mesmo| este
Logos seja |o Criador, ou que nao seja | mais que um centro unico de energia , , .
O numero deles 6 quase infinito... |Este| c o prtmeiro Ego que aparece no Cosmos,
e o fim de toda a evolugao. | o Ego abstrato|. . . Esta a prttneira manifestagao
|ou aspecco da Parabrahman ... Quando comega a ter existencia como ser consci-
ence... Parabrahman Jhe aparece, do ponto de vista objetivo, como Mtilaprakriti
Tende isso em mente. , porque af esta a origem de toda dificuldade em rdagao a
.
Purusha e Prakriti, com que tropegam os virios escritores que se tm ocupado da filo-
sofla. vedantina , , . Mtilaprakriti 6 material para ele |o Logosf , da mesma forma que
um objeto material para n6s. Este Mdlaprakriti nao Parabrahman, como os caractc
res que ornam uma coluna nao sao a pr6pria coluna; Parabrahman e uma realidade
-
incondicionada e absoluta, e Mdlaprakriti uma especte de v6u langado sobre ela.
Parabrahman nao pode ser visto tal como 6 em si mesmo. visto pelo Logos com
um vu que o encobre, e este veu 6 a poderosa extensao da Materia Cdsmica ...
Parabrahman, apos haver aparecido como o Ego, por um lado, e como Mdlaprakriti, por
outro, atua como energia unica por interned io do Logos . 15

E o orador, por meio de uma belissima comparagao , explica o que ele


entend
. e por essa atividade de Algo que e Nada , e e TUDO ao mesmo tempo .
Assemelha o Logos ao Sol , que irradia a luz e o calor, mas cuja energia
a luz e o calor
existe sob uma forma desconhecida no Espago , e nele

se difunde somente como luz e calor visiveis , nao passando o Sol de seu
agente. Esta e a primeira hipdstase triadica . Forma - se o Quaternario
com a luz vivificante, vertida pelo Logos.
Os cabalistas hebreus apresentam a ideia de um modo que , esoterica-
mente, e id ntico ao vedantino . Ensinam que Ain-Sopb, sendo embora a
^
( 14 ) The Theosophist, fevereiro de 1887, pp. 302~3.
( 13 ) Ibid., pp. 3034,

136
Escola do Grande Orients Mistico

Causa sem Causa de tudo, nao podc ser compreendido nem localizado nem
nom e a do, E dai o seu nome A in-Soph, que e uni ter mo de nega ao: o
Inescrutavel, o Incognoscivel e o I nominiver Fazem dele, port an to, um ^
Circulo Ilimitado, uma Esfera , da qual a inteligencia humana , cm seu maior
alcance, nao pode perceber senao a curvatura. Eis o que escreve algu m
que j & decifrou grande parte das dificuldades do sistema cabalistico, ao tratar ^
de um dos significados do seu esoterismo geom trico e numerico:

^
Cerrai os olhos e , usando vossa faculdade de pcrcep ao conscicnte, tentai pro-
^
jetar o pensamento externamente , em todas as diregoes , at6 o extreme limite. Vereis
que linhas ou raios de perce p?ao iguais se estendem uniformemente em todas os
sentidos, de tal modo que o vosso supremo esforgo de petccpgao iri tcrmlnsr na
abobada de uma esfera. O limite desta esfera seri , for osamente , um Circulo maximo,
^ ^
e os raios diretos do pensamento, ero toda e qualquer dire ao, devem ser linhas retas ,
raios do circulo. Serd esse, por canto , em termos humanos, o limite extreme do con-
ceito compreensivo do Ain- Soph mantfestado, conceito que se represents coma uma
figura geomdtrica, ou seja , um drculo, com seus elementos de circunfer ncia ( a curva )
^
e diametro ( a linha reta ) , dividido em raios . Assim , uma forma geometries e o
primeiro meio cognosdvel da relafao de Ain-Soph c a inteligencia do homem .

Este Circulo Maximo, que o Esoterismo Oriental reduz ao Ponto no


Circulo Ilimitado, 6 Avalokiteshvara, o Logos ou Verbum a que se refere
T. Subba Row , Mas esse Circulo ou Deus manifestado 6 tao desconhecido
para nos, salvo por meio de seu Universe manifestado , quanto o e o UNO,
embora seja mais ticil , ou antes, menos diffcil concebe-lo em nossos tnais
elevados pensamentos , Esse Logos, que jaz adormecido no seio de Para-
brahman durante o Pralaya , assim como o nosso Ego esta latente em
nos durante o Sushupti , ou sono ; que nao pode conhecer a Parabrahman
senao como Mulaprakriti ( que e um veu cdsmico formado pela potente
expamao da Materia Cdsmica ) ; e, por conseguinte, so um orgSo da Criasao
Cosmica, atravs do qual se irradiam a Energia e a Sabedoria de Para-
brahman , desconhecido para o Logos cOmo e para nos. E sendo o Logos
tao desconhecido pata nos quanto Parabrahman o e para ele, tan to o Esote-
rismo Oriental como a Cabala , a fim de porem o Logos ao alcance de nossas
concep oes, resolveram a sintese abstrata em imagens concretas, isto e,
^
nos reflex os ou aspectos multi pi os do Logos, ou Avalokiteshvara, Brahma ,
Ormazd , Osiris, Adao Kadmon , ou outro nome que se queira dax-lhe;
aspectos ou emana oes manvantiricas que sao os Dhyan Chohans, os Elo
^
him, os Devas, os Amshaspends, ere. Os metzttsicos explicant a raiz e o
-
germe destes ultimos, segundo T, Subba Row, como a prbneira manifes-
tagao de Parabrahman, a Trindade mais elevada que somos capazes de
,
compreender > 7 a saber : Mulaprakriti ( o Veu ) , o Logos e a Energia Consci-
ente deste ultimo ( ou o seu Poder e Luz , chamados no Bkagavad GitA
Daiviprakriti ) ; ou a Materia , a For a e o Ego, a raiz dnica do Eu , de
^
que todas as demais esp cies de eu sao apenas manifesta oes ou reflexos .
^ ^
Port an to, somente 4 luz desta Conscincia de percep ao mental e fisica e
^
que o Ocultisifio pratico pode to mar o Logos visivel por meio de figuras

( 16 ) The Masonic Review , junho de 1856 .

V7
geom& ricas, que, estudadas com atengao, nao s6 proporcionam utna expli-
cagao cientifica da existencia real , objetiva 17, dos Sete Filhos da Divina
Sophia ' , que e esta Lux de Logos, mas tambem. mostram, com o auxilio
1

de outras chaves ainda nao descobertas, que, em relagao a Humanidade,


os Sete Filhos e suas inumeraveis emanagoes, centros de energia personi-
fieados , sao uma necessidade absoluta , Suprimam -se, e o Misterio do Ser
e da Humanidade jamais sera decijrado, tiem sequer entrevisto.
Por meio desta Luz foram criadas todas as coisas. Esta Raiz do Eu
mental e tambem a Raiz do Eu fisico, porque esta Luz e a expressao em
nosso mundo manifestado, de Mulaprakriti, o Aditi dos Vedas. Em seu
terceiro aspecto ela vem a ser Vach ie , a Filha e a Mae do Logos, do mesmo
modo que Isis 6 a Filha e a Mae de Osiris, que e Horus, e Moot , a Filha,
Esposa e Mae de Amon, no mito lunar egipcio. Na Cabala, Sephira igual
a Shekinah, e e

outra sintese
a Esposa , Filha e Mae do Homem
Celeste, Adao Kadmon , com o qual tambem se identifica, como sucede
com Vach em relagao a Brahma , sendo chamado o Logos feminino, Nos
Rig Veda, VMi 6 a Linguagem Mistica , por meio da qual o Conheei
mento Oculto e a Sabedoria sao transmitidos ao homem dizendo-se, por
*
-
isso, que V &ch penetrou nos Rishis . Ela 6 gerada pel os Deuses ; 6 a
Divina Vach, a Rainha dos Deuses , estando associada aos Prajilpaiis em
sua obra de criagao, como Sephira o esta aos Sephiroth. ainda chamada
a Mae dos Vedas * , pois foi gragas ao seu poder ( como Linguagem Mis-
tica ) que Brahma os revelou, e foi tambem pelo poder que Brahma criou
o 110176150', isto e, por meio da Linguagem e das palavras, sintetizadas pelo
Verbo e pelos numeros 19,
Mas, quando se alude a Veh como filha de Daksha, o Deus que vive
em todos os Kalpas , enuncia-se o seu carater Mayavico; ela desaparece
durante o Pralaya, absorvida no Raio Unico, que a tudo consomz.
Ha, no entanto, dois aspectos distintos no Esoterismo universal , orien-
tal e ocidental, em todas essas personificagoes do Poder feminino na Natu-
reza: a Natureza numenica e a fenomenal. Um e o seu aspecto puramente
metaflsico, conforme o descreve o ilustre orador em suas Notas sobre o
Bkagavad Gita ; o outro 6 terrestre e fisico , e ao mesmo tempo divino,
f

do ponto de vista da concepgao pratica humana e do Ocultismo. Sao todos


simbolos e personificagoes do Caos, o Grande Abismo ou as Aguas
Primordiais do Espago, o Veu impenetrfivel entre o INCOGNOSCIVEL e o
Logos da Criagao, Pondo-se em relagao com Vach por meio de sua mente ,
Brahma ( o Logos ) criou as Aguas Primordiais . O Katba Upanisbad se
expressa ainda mais claramente:

( 17 )
o somos.
Objetiva
no mundo de Maya , naturalmente; mas tao real quanto nos
( 18 ) No curso da manifestsgao cosmlca, esta Daiviprakriti , em lugar de ser
a Mae do Logos, deveria, estrttamente falando, ser chamada sua Filha , { The Theoso-
pbistt fevereiro de 1887, Notas sobre o Bhagavad Gita , p. 305. )
( 19 ) Os sabios que, como Stanley Jevons entre o$ modernos , inventaram um
metodo para fazer o incompreensivel assumir forma tanglvel, so o puderam conseguir
recorrendo o cumero e figuras geotnetricas .

m
Escola do Grande Oriente Mistico

Prajapaii era esce Universo. Vach estava era segundo piano . Ele se uoiu a
ela produziu estas criaturas e voltou a fundir -se em Prajapati.

Isso relaciona VSch e Sephira com a Deusa Kwan Yin, a Mae Mise-
ricordiosa , a Voz Divina da Alma , ate rnesmo no Budismo exot rico; com
-
-
o a spec to feminino de Kwan-Shai Yin , o Logos , o Verbo da Cria ao , e ^
ao mesmo tempo com a Voz que e audivel ao Iniciado , segundo o Budismo ^
Esotdirico; Bath Kol , a Filia Vocis, a Filha da Voz Divina dos hebreus, que
responde do Propiciatorio no Veu do Teraplo, e um resultado .
Neste ponto, cabe-nos assinalar, bidden temente, uma das muitas calu-
nias que os bons e piedosos * ' missionaries tem lan ado, na India , contra
^
a religiao do pais. A alegoria do Shatapatha V> rahmana de que Brahma, }

como Pal dos bomens , consumou a obra da cria ao mediante uma ligagao
^
incestuosa com a propria fliha Vach , tambem chamada Sandhya, o Crepus-
culo, e Shatarupa , a de cem formas, e constantemente atirada em rosto aos
bramanes , como condena ao de $ua detestavel e falsa religiao \ A parte
^
a circunstancia, esquecida propositadamente, de que o Patriarca Lot incor-
reu em crime igual, sob a forma humana, ao passo que Brahma , ou melhor ,
Prajapati, cometeu o incesto sob a forma de um gamo com sua filha, que
tinha a de uma cor a ( rohit ) , a leitura esoterica do terceiro capitulo do
Genesis mostra a mesma coisa . Alem disso, hi eertamente um significado
cosmico , e nao fisiologico , associado a alegoria hindu , pois Vach 6 uma
permuta ao de Aditi e de Mulaprakriti, ou o Caos, e Brahma uma permu
^
ta ao de Narayana , o Espirito de Deus que penetra na Natureza e a fecunda ;
-
e ^portanto nada tem de filico o conceito,
Como ji dissemos Aditi -V 3ch o Logos feminino, ou o Verbo, a Pala
^
vra ; e na Cabala Sephira tambem o e, Os Logos femininos sao todos corre-
-
lagoes, em seu aspeeto numdnico , de Luz, Som e liter, o que denota como
os antigos estavam bem informados, tanto em Ciencia Fisica , tal qual hoje
conhecida dos modernos, quanto no tocante origem desta Ciencia nas ^
esferas Espiritual e Astral ,
Os nossos escritores da antiguidade diziam que Vach se divide em quatro espe-
cies , charaadas Par& , Pashyanti , MadbyaroS, VatkhacL Esta informagao se encontra
no prdprio Rig Veda e em varies XJpanhhads, Vaikhari Vach e a nossa linguagem
articulada ,

E o Som, a Palavra, aquilo que se faz compreensfvel e objetivo para


um de nossos sentidos fisicos e pode submeter-se as leis da percep ao.
Portanto : ^
^ .
Cada espfeie de Vaikhari V ch existe em Madhyama .. Pshyaoti, e finalraente
cm sua forma Parch , . A razao pda qual este Pranava 20 chamado Vach consiste em

( 20 )Praoava, Om , 6 um termo mLstico que os logues pronunciam durante a


meditacao; de todas as palavras chamadas Vyakrit is, segundo os comentadores exotfricos,
isto 6, Aum , Bhuh , Bhuvah , Svah ( Om , Terra, Firmamento, C6u ) ,
Prana va 6
talvez a mats sagrada , Pronuncia-sc retendo a respiracao. Veja^se Manu II , 76-81, e o
por6m, vai muito mais ionge,
-
comentario de Mitakshara sobre 0 Ydjnavalkya Smriti > 1, 23, A explica ao esoterica ,
^
139
Escola do Grande Oriente Mistico

que os quatro princfpios do grande Cosmos correspondent aquelas quatro formas de


Vach , . . O Cosmos inteico, em sua. forma objetiva , e Vakhati Vach; a Luz do Logos
e a forma Madhyam 3, e o ptoprio Logos a forma Pshyanti; ao passo que Parabrahman
e o aspecto Para | aldtn do Numeno de todos os Numenos| de Vach, 21

Assim , Vach, Shekinah ou a Musica das Esferas" de Pitagoras, sao


uma e a mesma coisa , se considerarm os os exemplos que se encontram nas
tres filosofias religiosas que ( aparentemente ) mais se diferenciam entre si :
a fndia , a grega e a caldeu-hebraica . Tais personifica oes e alegorias podem
^
set estudadas sob quatro aspectos principals e tris secundarios , ou sete ao
todo, como no Esoterismo . A forma Pari a Luz e o Som , sempre subje-
tivos e latentes, que existem etemamente no seio do LNCOGNOSCIVEL ;
quando considerada como a idea ao do Logos, ou sua Luz latente , chama -se
^
Pashyanti ; e quando vem a ser essa Luz express a 6 Madhyama .
A Cabala nos da esta definigao :
Ha tr s especies de Luz , e mais aquela |a quarta| que interpenetra as outras:
L a Luz clara e penetrante, a Luz objetiva\ 2 * a Luz reflexa; 3. a Luz abslrata "

Os Dez Sephiroth os Tres e os Sete sao chamados, na Cabala,


as Dez Palavras DBRIM ( Debarim ) , os numeros e as Emana oes da Luz
Celeste , que e ao mesmo tempo Adao Kadmon e Sephira, Prajapati-Vach ^
ou Brahma . Na Cabala , a Luz , o Som e o Numero sao tres fatores da
Ctiaao. Nao e possivel conhecer a Parabrahman senao por meio do ponto
luminoso, o Logos, que nao conhece a Parabrahman , mas somente Mula-
'

prakriti . De igual modo, Adao Kadmon so conhece a Shekinah , embora


seja este o Vefculo de A in-Soph. E Adao Kadmon nesta qualidade , o
Numero total Dez , os Sephiroth; sendo ele proprio uma Trindade, ou os
tres atributos da Divindade Incognoscivel em Um 32 . ' Quando o Homem
Celeste ( o Logos ) assumiu , no printfpio, a forma da Coroa ( Kether ) , e se
identificou com Sephira , fez emanar ( da Coroa ) Sete esplendidas Luzes 23,
formando assim o total de Dez; do mesmo modo, Brahma- Prajapati , quando
se separou de Vach , sendo contudo identico a ela, fez brotar da Coroa os
sete Rishis e os sete Manus ou Prajipatis . No exoterismo , encontraremos
sempre 10 e 7 , quer se trate de Sephira ou de Prajapati; na versao esot rica ,
sempre 3 e 7 , que perfazem 10 . Somente quando se dividem em 3 e 7 , ^
na esfera manifestada, fotmam 0 , o andrdgino , e O ; ou a figura X mani-
festada e diferenciada ,
Isso ajudar o estudante a compreender por que a Divindade , o Logos,
era , para Pitigoras , o Centro da Unidade e a Fonte da Harmoni 3 . Dizemos

( 21 ) The Tbeosopbhtt fevereiro de 1887, p. 307.


( 22 ) Esta Trindade e representada alegoricamente como os TfSs Passos de
Vishnu**, significando ( pots o exoterismo considera Vishnu como o Infinito ) que de
Parabrahman emanaram Miilaprakrm , Purusha ( o Logos ) e Ptakriti: as quatro formas
de Vach ( indumdo a propria Vach como sintese ). E na Cabala Ain-Soph, Shekinah,
Adao Kadmon e Sephira , as quatro ou as tres emanates, sao dfetintas, e contudo Unas .
( 23 ) Livro dos Ntfmero* caldeu. Na Cabala corrente, o nome Jeovd substitui
o de Adao Kadmon.

140
Escola do Grande Orients Mistico

que esta Divindade era o Logos, e nao a M6nada que habita na Solidao e
no Silencio , porque Pitagoras ensinava que a Unidade, sendo indivisivel,
nao 6 um numero. Esta e tamb m a razao por que se exigia do candid a to
^
a admissao na escola piiagorica a condi ao de ja haver estudado como
^
prepara ao preliminar , Aritmdtica , Astronomia, Geometria e Musica, consi-
^
deradas as quatro divisoes da Matematica 24. Explica-se igualmente por
que afitmavam os pitagdricos que a doutrina dos Numeros , a mais impor-
tante do Esoterismo , fora revelada ao homem pelas Divindades Celestes;
que o Mundo fora lirado por Caos por ineio do Scm e da Harmonia , e
construidos de acordo com os principios da escala musical; que os sete
planetas, que regem o destino dos mortals , tem um movimento harmonioso
e, como diz Censorino,
Intervalos que correspondent aos diastemas musicais, produzindo varies sons
tao perfeitamente acordes , que deles result a a mais suave melodia , para n6s inaudivel
exclusivamente devido a magnitude do som , que o nosso ouvido e incapaz de perceber /

Na Teogonia pitagdrica, eram contadas, e tambdm expressas numerica-


mente, as Hierarquias das Legioes Celestes e dos Deuses. Pitagoras havia
estudado a Ciencia Esotdrica na fndia ; e e por isso que vemos os seus
discipulos dizerexn:
A Mdnada |o Uno manifestado| 6 o principio de todas as coisas. Da Monada
e da Dfada indeterminada ( o Caos ) , os Numeros; dos Numeros, os Pontos ; dos Pon *

tos as Linhas; das Linhas , as Superficies; das Superficies , os Solidos ; destes, os Corpos
Sdlidos , cujos elementos sao quatro, o Fogo, a Agua , o Ar e a Terra; com os quais,
depois de sua transformagao |corrdagao| e total aheracao, foi construido o Mundo/ 25

Se isso nao resolve o mist rio por completo, pode lev an tar, pelo menos,
^
uma potita do vu daquelas maravilhosas alegorias , que ocultam Vach, a
diosa que produz alimento e Agua

mais misteriosa de todas as Deusas bramSnicas, chamada "a Vaca melo-
a Terra , com todos os seus poderes
misticos ; e tambem aquela que nos proporciona alimento e subsistSncia
a Terra fisica. Isis e igualmente a Natureza mistica e a Terra; e os
seus chifres de vaca a identificam com Vach, que, depois de reconhecida
como Para em seu aspecto mars elevado, se converte, no extreme inferior
e material da cria ao, em Vaikhari . , portanto a Natureza mistica , embora
^
fisica , com todas as suas formas e ptopriedades magicas .
Como Deusa da Linguagem e do Sam , e como permuta ao de Aditi ,
Vach ainda 6 o Caos , em certo sentido, Em todo caso, 6 a Mae dos Deu ^ -
ses ; e de Brahma, Ishvara ( ou o Logos ) e VSch, bem como de Adao
Kadmon e Sephita, ha de partir a verdadeira Teogonia manifeslada. Mais
.
al&n, tudo sSo Trevas e especulacoes abstracts Com os Dhyan Chohans
ou Deuses, os Videntes , os Prof etas e os Adeptos em geral se acham em

( 24 ) Conta Justino o Mdrtlr que, devido d. sua ignor ncia destaa quatro den
^
cias, teve recusada a sua admissao como candidato h Escola dos Pitagdricos.
-
.
( 25 ) Diogenes Laercio , era Vit . Pytbag

141
Escola do Grande Oriente Mistico

terrenofirmc. Seja como Aditi ou seja como a Sophia Divina dos gn<5s ~
ticos gregos, ela e a Mae dos Sete Filhos * dos Anjos da Face do Abismo.
His o que diz o JJvro de Dzyan , isto d, o Verdadeiro Conhecimento,
obtido pda meditagao:
A Grande Mae tem no seu seio o A , a j, o , a segunda [ e
e esta prestes a dados a luz , os valentes Filhos de A | | { ou 4 320 000 , o
Ciclo ) , cujos dots Antecessores sao o O ( Circulo ) e o { Ponto ) . 9

No comedo de cada Ciclo de 4 320 000* os Sete ou , como pretendem


algumas na oes * os Oho Grandes Deuses desceram para estabelecer a nova
^
ordem de coisas e dar impulso ao novo ciclo. O Oitavo Deus era o Circulo
unificador , ou Logos, separado e posto & parte de sua Legiao no dogma
exoterico, exatamente como as tres hipostases dos antigos gregos sao hoje
consideradas pelas Igrejas como trs pesscas distintas.
Conforme consta de um Coment rio:
^
Os Poderosos, cada vex que penetram em ttosso viu Maydvtco \ a
atmosfera\ , executam as sttas grandes obrast e deixam airas de si Monu-
ment os impereciveiss que sao marcos de sua visit*?7
Assim , ficamos sabendo, foi com a direita supervisao deles que se
edificaram as grandes piramides , "quando Dhruva ( entao a Estrela Polar )
estava em sua culminacao inferior , e as Krittikas ( as Pleiades ) pairavam
sobre ela ( isto e, achavam-se no mesmo meridiano, mas em cima ) , vigiando
o rrabalho dos Gigantes . Segue-se, portanto, que, tendo sido construidas
as primeiras piramides no princlpio de um Ano Sideral , sob Dhruva ( Alpha
Polaris ) , deve isso ter acontecido hi mais de 31 000 anos ( 31 105 ) . Bun
sen estava com a razao quando admit!a para o Egito uma antiguidade supe
-
^

rior a 21 000 anos ; mas semelhante concessao ainda nao corresponde de


todo a verdade e os fatos concernentes a esta questao.
Como diz Gerald Massey:
As histdrias contadas pelos sacerdotes egipcios e outros, a respeito do compute
do tempo no Egito, come am agora a parecer menos fantasiosas aos olhos de todos
^
os que se libertaram da sujei ao biblica . Foram encontradas recentetnente em Sakkarah
^
insexi oes que mencionam dois ciclos sotiacos . . , registrados naquela 6poca , hi cerca
^
de 6 000 anos. Assiro, quando Herodes esteve no Egito, havtam os eglpetos observado,
como agora se sabe, pelo menos cinco diferentes ciclos sotiacos de 1 461 anos.
Os sacerdotes disseram ao historiador grego que seus registros do tempo abran *

glam uma poca tao remota que durante esse perfodo o Sol se levantara duas vezes
onde entao se punba , e se pusera duas ve2es onde ent 2o se levantava .. .
Isso . . . sd se
pode corapreender como um fa to natural por efeito de dois dclos de precessao, ou um
periodo de 51 736 anos/' 29

( 2 6 ) 3,1415 ou IT a sintese , ou a Legiao untficada no Logos, e o Ponto, cha


, *

mado no Catolicismo Romano o "Anjo da Face ", em em hebraico Miguel 310^0 ,


' que 6 ( igual a, ou o mesmo que ) Deus , a representa ao manifestada.
^ ^
^
( 27 ) Eles surgem no inido dos Ciclos, como tamb m de cada Ano Sideral de
25 868 anos, Foi por isso que os Kablera ou Kabarim receberam este Home em caldeu,
pois significa as Medidas do C6u , de Kob , medida de ', e Urim , C6us ,
1

( 28) Tbe Natural Genesis , II, p. 316.

142
f

Escola do Grande Oriente Mistico

Mor Isaac 29 nos mostra que os antigos sfrios definiam o seu Mundo
de Regentes e Deuses Ativos do mesmo modo que os caldeus. O
mundo inferior era o Sublunar ( o nosso ) , supervisionado pelos Anjos da
primeira ordem ou da ordem inferior; o mundo que vinha imediatamente
depois era Mercuric, regido pelos Arcanjos ; o seguinte era Venus, cujos
Deuses eram os Frincipados ; o quarto era o Sol, dominio e morada dos
Deuses mais elevados e poderosos do nosso sistem a , os Deuses sol a res de
todas as na oes; o quin to era Marte, governado pelas Virt tides ; o sexto,
^
Bel ou Jupiter, regido pelas Dominates ] e o setimo, o mundo de Saturno,
pelos Tronos,
Esses sao os Mundos da Forma. Alem deles estao os Quatro Mundos
superiores; mas o numero dos superiores 6 igualmente sete, sendo que os
Tres mais eievados nao se podem mencionar nem pronunciar \
O oitavo Mundo, compos to de 1 122 estrelas, era o dominio dos
Querubins ; o nono, pertencente as estrelas move is ou errantes, incontaveis
em razao de sua distand a, tinbam os Sera fins ; quando ao d ciino, diz Kir-
^
cher , citando Mor Isaac, que era constitufdo por estrelas invisiveis que se
poderiam tomar por nuvens, tao aglutinadas se acham na regiao que chama-
mos de Via Straminis , a Via Lactea ; e ele se apressa em explicar que
estas sao as estrelas de Lucifer , submersas juntamente com este em seu
terrivel naufragio .
O que vem depois e alem dos Dez Mundos ( nosso Quaternario ) , ou o
-
Mundo Arupa , nao podiam descrever os sirios. Tudo o que sabiam que
ali comecava o vasto e incompteenslvel Oceano do Infinito, a mansao da
Verdadeira Divindade, sem limite nem fim ,
Champollion demonstra que a mesma cren a existia entre os egipcios.
^
Hermes , depois de falar do Pai-Mae-e-Filho , cujo Espirito coletivamente
o Fiat Divino formou o Universo, diz: Sete Agentes ( M dios ) foram
tambem formados para conter os Mundos Materials ( ou manifestados ) ^
dentro de seus circulos respectivos, e a a ao de tais Agentes recebeu o
^
nome de Destino . Enumera a seguir sete, dez e doze ordens, cuja expli -
caao aqui exigiria demasiado tempo.
Como o Rig Vidhdna, e tambem o Brahm&nda Purdna e todas as obras
do mesmo genero, quer descrevam a eficacia magica dos Mantras do Rig
Veda, ou os Kalpas futures , representam , con forme declara ao do Dr.
^
Webster e de outros, compila oes modernas pertencentes, como e provi-
^
vel , so a epoca dos Pur Anas'\ 6 inutil referir ao leitor as suas explica oes
^
misticas ; sendo preferfvel citar apenas os livros arcaicos, que os orienta-
ils tas desconhecem por complete. Estas obras esclarecem o que tan to intriga
os estudantes, a saber ; que os Saptarshis, os Filhos nascidos da Mente
de Brahma , sao mencionados no Shatapatha Brdhmana por uma serie de
nomes, e no Mahdbhdrata por outros ; e que o Vdyu Purdna enumera nove
Rishis em vez de sete, acrescentando a Iista os nomes de Bhrigu e Daksha.
Mas o mesmo sucede em todas as Escrituras exotericas . A Doutrina Secreta

( 29 ) GEdipus /Egyptians , II, 423, de Kircher.

143
Escola do Grande Oriente Mistico

apresenta uma longa genealogia de Rishis, separando-os, por m , em vfoias


classes. Assim como os Deuses egfpcios estavam divididos em sete e ate^
em doze classes , tambem o estao os Rishis hindus em suas bierarquias . Os
tr s primeiros Grupos sao : o Divino, o Cdsmico e o Sublunar. Em seguida

e os puramente Human os
Mas por enquanto s6

vem os Deuses Solaces de nosso Sistem a , os Planetarios , os Submundanos

nos
os Herois e os Manushi.
-
ocupamos dos Deuses Prd Cosmicos Divinos,
os Prajapatis ou os Sete Construtores. Este Grupo consta infalivelmente
de todas as Cosmogonias. Em razao da perda dos documentos arcaicos
egipcios, pois , segundo Maspero, os materials e os dados historicos de
que dispomos, para o estudo da histdria da evolu ao religiosa no Egito,
^
nao sao completos, nem inteligiveis muitas vezes , temos que recorrer aos
antigos hinos e inscricoes tumulares para corroborar em parte, e indireta-
mente, as afirmagdes da Doutrina Secreta . Uma dessas inscri oes mostra
que Osiris como Brahm&-Praj&pati , Adao Kadmon , Ormazd e muitos ^
outros Logos
era o chefe e a sintese do Grupo de Criadores ou Cons-
trutores Ames que Osiris se tornasse o Deus Uno e supremo do Egito,
,

era adorado em Abydos como o Chefe ou Guia da Legiao Celestial dos


Construtores penencentes a mais elevada das trs ordens. O hino gravado
sobre a estrela votiva de um tumulo de Abydos ( terceiro registro ) faz invo-
ca ao a Osiris nos seguintes term os:
^
ilEu te saudo, Osiris, filho primognito de Seb ; tu , o maior dos seis Deuses
nascidos da Deusa Nu | a Agua Primordial \ ; tu , o grande favorito de teu pat Ra ; Pai
dos Pais, Rei da Duracao, Senhor da Eternidade ...
que, tao logo aqueles sal ram do
Seio de tua Mae, reuniste todas as Coroas e cingiste o Uraeus |serpente ou mja\ 30 em
tua cabe a ; Deus multiforme, cujo norne e desconhecido, e que tem muitos nomcs nas
^
cidades e nas provlncias.

Saindo da Agua Primordial coroado com o LJraeus, que 6 o emblem a


serpentino do Fogo Celeste , e sendo o s&timo dos Deuses Primirios ema -
nados do Pai-Mae, Nu e Nut, o Ceu, quern pode ser Osiris, senao o pri-
meiro Praj& pati, o primeiro Sephira , o primeiro Amshaspend, Ormazd !
fora de duvida que este ultimo Deus solar e cdsmico ocupava , no inicio
da evolu ao religiosa , a mesma posi ao que o Arcanjo , cujo nome era
^ ^
secreto . O Arcanjo era Miguel, o representante na Terra do Deus Oculto
dos judeus; numa palavra , a sua Face* , que precedia os judeus sob a
5

forma de uma "Coluna de Fogo , como se afirmava . Diz Burnouf : Os


sete Amshaspends, que sao certamente os nossos Arcanjos , significam tam-
hm as personificaeoes das Virtudes Divinas 3l. E esses Arcanjos, por
tanto , sao tambem , seguramente, os Saptarshis dos hindus , embora . seja
-
quase impossfvel classificar cada um deles segundo o seu prototipo e equi-
valence pagao, por isso que, como no caso de Osiris, todos possuem mui -
( 30 ) Esta palavra egfpcia Naja muito cos faz lembrar a Naga indiana , o Deus
de sete e outra de dez ; 5 os Sephiroth metaflsicos , ou perifrases de Jeova: os tres
de cariter ddico ou cdsmico.
( 31 ) Comment , on the Yeshna , p, 274 .
144
f

Escola do Grande Oriente Mistico

tos nomes nas cidades e nas provfncias . Mencionaremos, contudo, a ]guns


dos mais importantes, na devida ordem.
Uma coisa fica, assim, demonstrada de maneira insofismavel Quanto .
mais estudamos as hierarquias desses Deuses, e apuratnos a sua identidade,
mais provas obtemos de que nao exist e, entre os Deuses pessoah, passados
ou presentes, conhecidos desde os primciros dia$. da his tori a , um so que
.
k

nao per ten fa ao primeiro periodo da manifestagao cosmica Em todas as


religioes encontramos a Divindade Oculta, formando a base fundamental ;
depois, o Raio que, dela emanado, cai na Materia Cdsmica Primordial, a
primeira manifestagao ; em seguida , o produto andrdgino, a forga dual
abstrata , Macho e Femea , personificada , a segunda fase; finalmente, esta
Forga Dual se separa , na terceira fase , em Sete Forgas , denoxninadas os
Poderes Criadores em todas as antigas religioes , e as Virtudes de Deus no
Cristianismo. Esta qualificagoes * metafisieas abstratas, tais como explicadas,
nao impediram a Igreja romana e a Igreja grega de renderem culto a essa
-
'Virtudes' , personificando as sob os diferentes nomes dos Sete Arcanjos .
O Livro de Druschima21 no Talmud , fa2, entre esses grupos , uma distingao
que e a verdadeira explicagao cabalista . Ali se diz:
Ha tt $ Grupos ( ou or<Jens ) de Sephiroth : l. os Sephiroth chanwdos Atri-
p

butes Divines jabstratosj; 2 os Sephiroth fisicos ou siderais jpessoaisj ; uma classe


**
de sete e outra de dez; 3 os Sephiroth metafisicos , ou per if rases de jeova : os tr8s
primeiros |Kethcr , Chokmah e Binah | e os sete ultimos que formam os sete Esplritos
| pessoais| da Presenga ( e tamb m dos planetas ) .
^
Deve-se aplicar a mesma divisao a evolugao primaria , secundaria e
terciiria dos Deuses , em cad a teogonia, se se quiser traduzir eso ter teamen te
a significagao deles. Cumpre nao confundir asr personificagdes puramente
metafisicas dos a tributes abstratos da Divindade com o seu reflexo: os
Deuses Siderais. Este reflexo , contudo, e na realidade a expressao objetiva
da abstragao ; Entidades viventef e os modelos formados segundo aquele
Protdtipo Divino. A Jem disso , os tres Sephiroth metafisicos, ou a peri-
frase de Jeova , nao sao Jeova ; este ultimo, com os titulos adicionais
de Adonai, Elobim , Sabbaoth e os numerosos nomes que Jhe emprestam ,
e que e a perifrase de Shaddai ( TO ) o Onipotente. O nome e, sem
y

duvida , um circunldquio, uma exagerada figura de retdrica dos judeus,


conforme foi sempre assinalado pelos ocultistas .
Para os cabalistas judeus, e para os alquimistas cristaos e rosacruzes,
Jeova era um bimbo conveniente, unificado pela superposigao de seus
diversos paineis ou faces , e que se adotou coma sucedaneo; o nome de um
Sephira individual, tao bom quanto outro qualquer , para aqueles que esta-
vam na posse do segredo. O Tetragrammaton , o Inefavel , a Soma Total
sideral, nao foi inventado com outro propdsito que o de iludir o profane,
simbolizando a vida e a geragao O nome secreto e verdadeiro, que nao
( 32 ) Primeiro Tratado, p , 59,
( 33 ) Diz o tradu tor da Qabbalab de Avicebnon , referindo-se k Soma Total";
A letra de Kether 6 ( Yod ) , a de Binah ( Heh ) , compondo juntas o nome femi-
nino YaH; a terceira letra , a de Hokhmah , e ( Vau ) ; todas juntas, formaua

14>
pode ser pronunciado , a "Palavra que nao 6 Palavra , hi que procuri-lo
entre os Sete nomes das Sete primeiras Emana oes , ou Filhos do Fogo ,
^
nas Escrituras secretas de todas as grande s na oes, inclusive no Zohar, a
^
doutrina cabalistica da raenor de todas elas , a na ao judaica. Essa Palavra ,
^
composta de sete letras em todas as linguas , acha - se oculta nas ruinas arqui-
tetonicas de todas as grandes constru oes sagradas do inundo, desde as
^
ruinas cicldpicas da ilha da Pascoa ( resto de um continente submergido nos
mares , nao ha 20 000 anos, mas ha cerca de 4 OpO 000 de anos ) 54, at6 as
primeiras piramides egipcias.
Mais adiante trataremos mais a fundo desta questao, e daremos exem-
plos pridcos para provar as afirmagoes contidas no texto.
Por enquanto bast a demonstrar , com algumas indica oes , a veracidade
^
do que afirmamos no inicio desta obra , ou seja , de que nenhuma Cosmo-
gonia , em todo o mundo , excetuada unicamente a dos cristaos , atribuiu
jamais a Causa Onica Suprema , ao Principio Universal Divino, a cria ao
imediata de nossa Terra , do homem ou de algo relacionado com utn e outra . ^
Tal asserto se aplica tanto a Cabala hebraica ou cald6ia como ao GSnesis,
se e que este foi algum dia inteiramente compreendido e, o que e ainda
mais importante , corretamente traduzido .15 Em toda parte ou hi um Logos

YHV, de Him t YHVH, o Tetragrammaton, e sao, cm verdade, os sfmbolos completos


de sua cficicia . A ultima lctra fl' ( Heh ) deste Nome Inefivel se aplica sempre aos
Seis Infertores e ao ultimo, ou seta, aos Sete Sephiroth restantes ( Qabbdab, de
Myer , p 263 ). Assim, o Tetragrammaton nao 6 sagrado senao em sua slntesc abstrata.
Como Quaterndrio, contendo os Sete Sephiroth inferiores, fdlico.
( 34 ) Esta afirmacao seri , nacuralmente, tachada de falsa e absurds, e muita
gente a recebcra com um sorriso de mofa . Mas, se acred irarmos que a submersao
final da Atlantida tenha ocorrido hi 850 000 anos , conforme diz o livro Buddbismo
Esolbico
o primeiro dos abaixamentos graduals tendo- se iniclado no periodo Eoceno
devemos aceitar tamWm a informa ao no que concerne a chamada Lemuna. o conti
^
nente da Terceira Rfi a- Raiz , que comecou por ser quase destruido pelo fogo, e foi
-
^
mais tarde submerso. Conforme ensina o Comentfcio: Havendo sido a primeira Terra
purificada pelos Quarenta e Nove Togo?, seus habitantes, nascidos do Togo e da Agua,
nao podiam morrer . . . A segunda Terra, com sua Ra$at desapareceu da mesma forma
como o vapor se desvanece no or : . . A terceira Terra via, ap6 s a Separa$ao , cornu
.
mtr- se tudo o que nela existia, e mergulbou no Abismo inferior ( o Oceano ) Tudo is/ o
-
se passou ha duas vexes oitenta t dots Anos Csclicos" . Ora, um Ano Clclico corrcs-
ponde ao que chamamos , um Ano Sideral, e tem por base a precessao dos EquiixScios.
A dura to do Ano SideraJ 6 de 25 868 anos; e, por tan to, o periodo mencionado no
^
Comen tirio alcanna o total de 4 242 352 anos. No volume III daremos outras minucias.
Esta doutrina foi , entretanto , incorporada a dos Reis de Edon .
( 35 ) Observa-sc idfcntica rcserva no Talmud e em todo sistema nadooal de
reiigiao, seja monotelsta ou exotericamente polltelsta. Do admirivel poema religioso
do cabalista Sabbi Salomao Ben Yehudah I bn Gebirol, no Kether Makhuth , extraf-
mos algumas definitfes contidas nas ori oes de Kippur: Tu 6s Um , o prinefpio de
todoa os numeros e a base de todos os^ edificios. Tu 6s Um, e no segredo de tua
Unidude se perdem os mais slbios dos homem, porque nao a conhecem. Tu 6s Um,
e Tua Unidade jamais diminuiu e jamais aumenta , ncm pode ser alterada. Tu H
Um, mas nao como um elemento de numerated , porque a Tua Unidade n2o ad mite
multiplicaqao, permata ou forma. Tu h Existenlt: mas a compreensao e a visao dos
mortals nao pode alcanyar a tua existencia, nem determiner, em relacao a Ti, o Onde,
o Como e o Porqufi . Tu 6s Existente, mas sd em Ti mesmn, nSo havendo nenhum
outro que possa existir contigo. Tu es Existente, antes de todo o tempo e setn htgar.

146
Escola do Grande Oriente Mistico

urn
"
Mundos
a Luz quc brilha nas Trevas , cm verdade
ou o Arquite to dos
esta , esotericamente, no plural. A Igreja latina, paradoxal como
sempre , com reservar exclusivamente a Jeova o epfteto de Ctiador, adota
toda uma ladainha de nomes para as Formas atwas deste Criador, nomes
. que traem o segredo. Realmente ; se tais Formas nao tm nenhuma relagao
-
com a chamada CriagSo , por que dar lhes os nomes de Elohim ( Alhim ) ,
palavra plural, Obreiros e Energia Divinas ( EvepYrtat ), Pedras Celestials
Incandescentes ( lapides igniti coelowm ) , e, principalmente, os de Susten-
tadores do Mundo ( Ko<rpekpdTopeJ ) , Governadores ou Regentes do Mundo
( Rectores Mundi ) , Rodas do Mundo ( Rotae, Auphanim ) , Chamas e Pode-
res, Filbos de Deus ( Bne Alhim ) , Conselheiros Vigilantes, etc.? 36
Tem-se afirmado muitas vezes , e como sempre injustamente, que a
China, pais quase tao antigo quando a India, nao tinha Cosmogonia. Dizem
que tal coisa era desconhecida de Confucio, e que os budistas levaram para
ali a sua Cosmogonia, sem introduzir nela um Deus pessoal 37. O Yi-King ,
"a essencia mesma do pensamento antigo e a obra comum dos mais vene-
rados s bios , nao chega a expor uma Cosmogonia definida. Contudo,
^
' 5

ha via uma e bem clara. Apenas, como Confucio nao admitia uma vida
futura 3g, e os budistas Chineses rejeitam a idia de Um Criador , limitan -
do-se a aceitar uma Causa unica com seus inumeraveis efeitos, tem sido um
e outros mal compreendidos pelos que acred!tam num Deus pessoal. O
"Grande Extreme , como principle "das mudangas ( transmigragSes ) , e a
mais curta ( e talvez a mais sugestiva ) de todas as Cosmogonies, para aque
les que como os sectarios de Confucio, amam a virtude por si mesma e
-
procuram fazer o bem desinteressadamente, sem pensar no resultado ou
em recompensa. O Grande Extremo de Confucio produz "Duas Figuras .
Estas duas produzem, por seu turno, as "Quatro Imagens , as quais dao
nascimento aos "Oito Simbolos . Alega-se que, se os discipulos de Confucio
at veem "o c u , a terra e o homem em miniatura , n<5s podemos ver tudo
3

o que quisermos. Sem diivida, mas o mesmo se da com muitos simbolos,


especialmente com os das religioes mais recentes. Os que possuem algumas
nogdes de numeragao oculta veem naquelas Figuras o simbolo, ainda
que tosco, de uma Evolugao progressiva e hartnoniosa do Cosmos e de seus
Seres , tan to Celestes como Terrestres , E quern quer que haja estudado a
evolugao numerica na cosmogonia primordial de Pitdgoras ( contempor&ieo

Tu ds Ex is rente , e tao profunda e secrets e a Tua ExistSncia que ningu m pode pene-
^
trar e descobrir o teu segredo. Tu Vives , mas cao dentro de qualquer limite de tempo
que se possa fixar e conhecer ; Tu Vives, mas nao em fungao de um espirito on alma,
porque Tu es Tu mesmo , a Alma de todas as Almas . Grande 6 a dist nda entre esta
^
Divindade caballstica e o Jeova biblico, o Deus impiedoso e vingativo de Abraao,
Isaac e Jacob, o Deus que tenton o primeiro e lutou com o ultimo. Nenhum vedan-
tino ddxaria de repudiar semelhante Parabrabman !
-
( 36 ) Veja se De Mirville, Des Esprits Vol. II , p. 294.
( 37 ) Edkin, Chinese Buddhismt capit , XX, p , 294. E procederam com rcuita
sabedoria .
( 38 ) Se a nao admit * a, era com fundamento no que ele chamava as mudangas *
ou, em outros termos, os renasdmentos do homem e suas constantes transformagoes.
Negava imortalidade a per&onalidade do homem , cocno nds o negamos, nao ao Homem.

247
de Confucio ) hi de ver sempre a mesma ideia cm sua Tirade, em seu
Tetraktys e em sua Decada, que surgem da Monada Onica e solitdria. O
bidgrafo cristao de Confucio leva a ridiculo o filosofo chines por falar de
adivinhaqao , antes e depois desta passagem ; e o apresenta como tendo dito:
Os oito simbolos determinant a boa e a mi fortuna, e conduzem is grandes
a oes. Nao hi imagens que se possam imitar e que sejam maiores que o ceu e a terra .
^
Nao hi mudan as maiores que as quatro estates Jele queria fakr de Norte, Sul , Leste
^
e Oste, etc. | . Nao hi imagens suspertsas mais brilhantes que o sol e a lua. Para
preparar as coisas com vistas ao seu uso, nenhuma existe maior que o sabio. Para
determinar a boa e a mi fortuna, tiao existe nada maior que as palhas divimtiri&s e a
tartaruga. 39

Assim, as palhas divinatdrias e a tartaruga , o grupo de inhas


simbolicas e o grande sabio que as observa, quando se convertem em utn
e em dois, e os dots se convertem em quatro, e os quatro em oito, e os
outros grupos se convertem em tres e seis , sao ridicularizados unica
mente porque esses luminosos simbolos nao sao compreendidos.
-
Do mesmo modo, o autor que acabamos de citar e os -seus coleg as hao
de ridiculatizar, sem sombra de duvida , as Estancias dadas em nosso texto,
porque elas represen tam precisamente a mesma ideia. O antigo mapa
arcaico de Cosmogonia est 4 referto de linhas no estilo das de Confucio, de
circulos concentricos e pontos . No entanto, todas estas coisas representam
os conceitos mais abstratos e filosoficos da Cosmogonia do nosso Universo.
Ainda assim, talvez possam elas corresponds melhor as necessidades e obje-
tivos cientfficos de nossa 6poca do que os ensaios cosmogdnicos de Santo
Agostinho e do Veneravel Beda, embora estes ha jam sido publicados mais
de mil anos depois dos de Confucio,
Confucio, um dos maiores sabios do mundo antigo, acreditava na magia
primitiva, e a praticava ele mesmo, se admitirmos como verdadeira a afir-
^ -
ma ao de Kid yu : e ele a exaltou no I Ching'\ diz o seu respeitdvel crltico.
Nao e mesmo verdade que, em sua epoca, 600 anos antes de Cristo, Con-
fiicio e sua escola ji ensinavam a esfericidade da Terra, e at 6 mesmo o sis-
tema heliocnttico ; enquanto que, cerca de tres vezes 600 anos apds o filo-
sofo chines, os Papas de Roma amea avam e atd queimavam os hereges
por afirmarem a mesma coisa . ^
Riem -se dele porque fala da Tartaruga Sagi acla . Ningu6m , sem
'

parti- pris , pode ver grande diferen a entre uma Tartaruga e um Cordeiro
^
como aspirantes ao ritulo de sagrado, visto que ambos nao passam de
simbolos e nada mais . O Touro, a Aguia, o Lean e as vezes a Pomba sao
os animal's sagrados da Biblia do Ocidente 40; os tres primeiros veem-se

( 39 ) Podem rir os protestantes; mas os catolicos romanos nao tern o direito


dc faze-lo, sem que se tornem culpados de blasfemia e sacrilegio: Porque ha main
de 200 anos que foi canonizado Confucio como Santo na China pelos catolicos roma -
.
tLOs, que por esse tneio conseguiram muitas conversoes entre os confudonistas ignorantes
( 4 ) Nao sao poucos os animais que a Biblia considers como sagrados; como,
- -
pox exemplo, o Bode , o Azaz el on Deus da Vitoria. Como diz Aben Ezra: Se 6s
capaz de compreender o mistdrio de Azazel, aprenderas o mistdrio de Seu node ( o de

148
Escola do Grande Oriente Mistico

agrupados em derredor dos Evangelistas; e o quarto, associado a estes sob


uma forma humana, e urn Seraph , is to e, um a serpen te de fogo h e prova -
velmente o Agathoda?mon dos gndsticos,
A escolha e curiosa , e most ra claramente como eram paradoxais os
primeiros cristaos em suas preferendas. Assim , pqr que elegeram aqueles
simbolos do paganismo egipcio, quando nao a Aguia menrionada senao
uma unica vez no Novo Testamento > ao referir-se Jesus a ela como uma ave
comedora de codaveres 41 , e no Antigo Testamento 6 qualificada de impura;
quando o Leao 6 comparado a Sata, porque ambos soltam rugidos e pro-
curam os h omens para devorddos; e quando os bois sao expulsos do Templo ?
Por outra parte, a Serpente, ali apresentada como exemplo de sabedoria, e
-
hoje considerada o simbolo do Demonio. Pode se realmente dizer que a
plrola esot rica da religiao de Cristo, degradada na teologia crista, elegeu
^
uma concha estranha e imprdpria onde nascer e desenvolver-se,
Conforme j explicamos, 05 Animais Sagrados, e as Chamas ou Cen
telhas, dentro do Santo Quatro , se referem aos Protdtipos de todas as
-
coisas do Universe no Pensamento Divino, na Raiz, que 6 o Cubo perfeito
ou o fundamento do Cosmos, coletiva e individualmente, Guardam todos
eles uma rela ao oculta com as Formas Cdsmicas primordiais , e com as
^
primeiras concretes, obra e evolu ao do Cosmos.
^
Nas primeiras cosmogonias exot ricas hind us, nao 6 sequer o Demiurgo
-
quem cria . Le se em um dos Purdnas: ^
O Grande Arquiteto do Mundo da 0 primeiro itnpulso ao movimento rotatdxio
do nosso sistema planet rio , movimento que passa sucessivamente a cada pluneta e a
cada corpo. ^
esta a ao que faz girar cada uma das esferas sobre si mesma , e todas
ao redor do ^Sol" . Em seguida, sao os Brahmandika , os Pitris Sol a res e
Lunares , os Dhyan-Chohans, que se encarregam de suas respectivas esferas
{ terras e planetas ) , at o fim do Kalpa . Os Criadores sao os Rishis, consi
,

der ados em sua maioria como os autores do Mantras ou Hinos do Rig Veda.
-
Eles sao ora sete , ora dez , at que se convertem em Prajdpati, o Senhor dos
Seres; e depois passa m a ser os sete e os quatorze Manus, como represen-
tantes dos sete e dos quatorze Ciclos de Existencia,. ou Dias de Brahma,

Deus ) , porque ele possui equivalent s e semelli antes nas Escrituras . Vou dizer-te , por
meio de alusoes , uma parte do mistdrio ' ; quando tiveres irinta e trs anos de idade ,
tu me compreenderas . Assim sucede com o mistrio da Tartaruga . Divertindo-se
com a poesia das metaforas biblicas , que associam o nome de Jeovd com "pedras
heandescentes , atiiimis sagrados , etc . , e dtacdo a Biblia de Vettce ( XIX, p. 318 ),
escreve um piedoso escritor francos ; Certamente , todos eles sao Elobim , como seu
Deus" ; pois esses Anjos 'assumem , por meio de uma santa usurpaqao , o prdprio nome
divino de Jeova , toda vez que o representam . ( De Mirville , Des Esprits, vol . II ,
p . 294 ) . Ningudm jamais duvidou que o Nome deve ter sido assumido quando, sob
a aparnda do Inftnito, do Uno Incognoscfvel , os Ma /achtm ou Mensageiros desciaiii
para comer e beber com os homens . Mas , se os Elobim , e at Seres Inferiores , que
assument o nome de Deus , eram e sao arnda adorados, por que chamar Demdnios a
esses mesmos Elobim , quando aparecem sob os nome de outros Deuses?
( 4 1 ) Mateus , XXIV, 28 .
*

149
f

Escola do Grande Oriente Mistico

correspondendo assim aos sete Aions, at que, no fim do primeiro periodo


da Evolu ao, se transformam nos sete Rishis estelares, os Saptarshis ; enquan
^
to os seus Duplos humanos aparecem em nossa terra como Her6is, Reis e
-
Slbios.
Deste modo, tendo a Doutrina Esoterica do Oriente fcito vibrar a nota
fundamental , que, sob sua forma alegdrica, como se pode ver , e tao cientf -
fica quanto filosdfica e podtica, todas as na oes seguiram o mesmo caminho.
^
Antes de nos abeirarmos das verdades esot ericas, devemos pesquisar a iddia
fundamental que jaz no fundo das religioes exotdricas, se desejamos evitar
quc sejam rejeitadas as primeiras . Demais, todos os sfmbolos, em todas as
religioes nacionais, podem ser interpretados esotericamente; e a prova de
sua correta interpreta ao estd na exttaordiniria concordincia que se observa
^
em todos eles, quando traduzidos em seus numeros e formas geomdtricas
correspondentes, per mais que os signos e os slmbolos possam variar exte-
riormente entre si . Porque, em sua origem, todos esses sfmbolos eram
-
identicos. Vejam se, por exemplo, as frases que dao inicio as diversas Cos -
-
mogonias: em todos os casos, rencontra sc ali urn Ctrculo, um Ovo ou uma
Cabeqa. As Trevas estao sempre associadas a esse primeiro simbolo e o
envoivem, como se ve nos sis tern as hindu , cgipcio, caldeu, hebreu e escan-
dinavo. Dai os corvos negTos, as pombas negras, as aguas negras e ate as
-
chamas negras; a setima lingua de Agni, o Deus Fogo, chamado Kali o
Negro porque era uma chama negra vacilante. Duas pombas negras
-
fugiram do Egito e foram empoleirar se nos carvalhos de Dodona, dando
seus nomes aos Deuses gregos. Nod solta um corvo negro ap6s o Diluvio,
que 6 um sfmbolo do Pralaya cdsmico, depois do qual principia a verdadeira
criafao e evolu ao de nossa terra e da humanidade. Os corvos negros
^
de Odin esvoa avam ao redor da Deusa Saga, e murmuravam no seu ouvido
^
o pass ado e o future .
Qual d , pois, a significa ao oculta de todos esses p&saros negros?
^
que todos eles estao relacionados com a primitiva Sabedoria, que dimana da
Fonte prd-c<5smica de Tudo, simbolizada pela Cabe a, o Cfrculo ou o Ovo;
^
todos tern significado identico e se referem ao Homem Primordial Arqud -
tipo, Adao Kadmon, a origem criadora de todas as coisas, que se compoe
da Legiao dos Poderes Cosmicos, os Dbyan-Chohans Criadores, aldm dos
quais tudo sao Trevas.
Interroguemos a sabedoria da Cabala> por muito que esteja Velada e
falseada hoje em dia, para que nos explique, em sua linguagem numdiica ,
uma significa ao, mesmo aproximada, da palavra corvo . Eis aqui o seu
^
valor numdrico, tal como vem exposto cm The Source of Measures:

-
A palavra Corvo i empregada soraente uma vez, e tomada no sentido de Eth h *
orebv aijNTnx
= 678, ou 113 X 6,335enquanto
vezes. Seu valor 6 71, e 71 x 5
que a Pomba d mencionada dneo
. Seis diametros, ou o Corvo, cruzandose,
=
dividinam a circunsferncia de um cfmilo de 355 em 12 partes ou compartimentos:
e 355 subdividido para cada unidade por 6 igualarLa 213-0, ou a Cabcga p 'priudpio^ j
do primeiro versiculo do (Sinesis , Este, dividido ou subdividido do mesmo modo por
-
2, ou o 355 por 12, daria 213 2, ou a palavra Brish, pgya , ou a primeira palavra

130
do Genesis , com o seu prefixo pte-positivo, significando, astronomicamente, a mesma
forma geral concreta que aqui se determines. 43

Ora , como a explicagao secreta do primeiro versiculo do Ginesfs :


'Em Rash ( Brash ) ou Cabegas desenvolveram-se os Deuses, os Ceus e a
Terra' , torna-se fdcil compreender o significado csot&ico do Corvo, a par-
1

tir do ins tan te em que houvermos determinado a significa ao identica da


Inundaqao, ou Diluvio de Noe Quaisquer que possam ser os outros muitos
,
^
significados dessa alegoria emblematica , o sentido principal 6 o de um novo
Ciclo e uma nova Ronda, a nossa Quarta Ronda 48. O Corvo ou o Eth *

horebv admite o mesmo valor numerico que a Cabega, e nao voltou para
a Area, ao nasso que a Pomba regressou, trazendo o ramo de oliveira .
Quando Noe, o novo homem da nova Raga ( cujo prototipo e o Vaivasvata
Manu ) , se preparava para deixar a Area ( a Matriz ou Argha da Natureza
terrest re ) , e o simbolo do homem puramente espi ritual, sem sexo e andro-
gino, das trs primeiras Ragas, que desapareceram da Terra para sempre.
Numericamente, na Cabala , Jeova , Adao e Noe sao um so, Quando muito,
represent am , port an to, a Divindade que desce no monte Ararat e, depois,
-
no Sinai, para encamar se no homem, sua imagenty pelo processo natural,
a mat riz da mae, cujos simbolos no GSnesis sao a Area , o Monte ( Sinai ) ,
etc. A alegoria judaica e mais astronomica e fisiologica que antropomorfica.
Tal e o abismo que separa o sistema drio do semitico, embora assente
a mhos sobre a mesma b&se. Diz um expositor da Cabala:
"A id i& fundamental na filosofia dos hebreus era a de que Deus eneerrava em
si mesmo tod as as coisas, sendo o homem a sua imagern , o homem incluindo a mulher
( como andrdgino; e que ) a geometria ( e os numeros e medidas aplicaveis a astronomia )
estao contidos nos termos homem e mulher . Aparente incoftgruencia de semelhante
mtodo desaparecia mostrandose a relagao do homem e da mulher com um sistema
especial de ntimeros, de medidas e de geometria, pelos perfodos de gestagao, que
proporctonavatn o lago de uniao entre os termos usados e os fatos apresentados, e
aperfeigoavam o m&odo adotado. 44

Argument a se que, sendo a causa primeira absolutamente incognosclvel,


o simbolo de sua primeira manifestagao comprcensivel era o conceito de
um drculo com o seu di&metro, de modo que ao mesmo tempo apresen-
tasse a ideia de geometria , de falicismo e de astronomia ; e que isto serviu
mais tarde para "design ar tao somente os drgaos geradores humanos . Dai

( 42 ) Chave para o Mis ter io Hebreu-Eglpcio em The Source of Measures , Ap.


4, p, 249 ( edigao impress^ em 1875 ) . Ver Notes Adicionais no tomo 4 desta obta.
,
( 43 ) Brwant tem razao quando escreve : sO bardismo druid tco diz, a propdsito
de No, que, ao sair da area ( nascimento de um novo ciclo ) , depois de ai permanecer
-
um ano e um dia , ou seja , 364 4 1 365 dias, foi de felicitado, cm virtude de haver
nascido das iguas do Diltivio, por Netutio, que lhe desejou um Felix Ano Novo .
O Ano ou ciclo, esotericamente , era a nova raga de homens, mscidos de mulher,
apos a Separagao dos Sexos, o que constitui o significado secund 4rio da alegoria, pois
a signifieflcao primfoia era o inicio da Quarta Ronda, ou a nova Criagao.
-
( 44 ) De um matiuscrito itlddito, pp. 11 e 12. Veja sc tamWm The Source of
Measures.

151
Escola do Grande Oriente Mistico

-
o ter se aplicado o ciclo inteiro dos aconterimentos, desde Adao e os
Patriarcas
. -
Noi 7 a objetivos lilicos e astron&micos, regendo se uns pelos
outros, como, por exemplo, os periodos lunares Dai tambem o iniciar-se
a Genese dos hebreus apds a satda da Area , no fim do Diltivio, isto e, na
Quarta Raga.
Com o povo ariano nao foi assim,
O Esoterismo Oriental jamais rebaixou a Divindade Una e Infinita ,
que contem todas as coisas, a nsos semelhantes; e isso se demonstra pela
ausencia de Brahma no Rig Veda e pelas modestas posigoes que neste
ocupam Rudra e Vishnu , os quais, muitos sdculos depois, se converteram
.
nos grandes e poderosos Deuses , os Infinitos dos credos exotericos Mas
eles mesmos , apesar de serem Cri adores" os trs, nao sao os Criadores
e antecessores diretos dos homens , Vemos ali que tais antecessores
ocupam uma posigao ainda menos elevada na escala, e sao chamados Praj&
.
patis, Pitris, nossos Antepassados Lunares, etc , mas nunca o Deus Uno e
-
Infinito. A Filosofia Esot rica apresenta somente o homem flsico como
^
criado a imagem da Divindade; Divindade esta, alias, que nao represent a
mais que os Deuses Menoresy\ O Eu Superior, o EGO verdadeiro, o
unico que e divino, que e Deus .

152
Escola do Grande Oriente Mistico

SE XIII
^ AO

AS SETE CRIAgOES
Nao havia dia nem noite, nem ceu nem terra, nem escuridao
nem luz, Gem o que quer que fosse , com exce ao do Uno, incom-
^
pteensfvel para a Intel igertcia , ou Aquilo , que e Brahma e Puma
( Espirito ) e Pradhana ( Materia |grosseira| ) l .
Vishnu Purina ( I, II )

No Vishnu Purina, diz Parashara a Maitreya, seu disdpulo:


Assim eu vcw expliquei, excelente Miini, seis cria oes. . . a cria ao dos seres
Arv&ksrota foi a stima , e foi a do homem . 2 ^ ^
Em seguida poe-se ele a falar de duas ctfa oes adicionais sobremodo
^
misteriosas, que sao diversamente interpretadas pelos comentaristas.
Qrigenes, comentando os livros escritos pot Celso, seu adversaries gnos-
tico ( livros que foram todos desttuidos pelos precavidos Padres da Igreja ) ,
responde evidentemente is objeoes de seu antagonista e ao mesmo tempo
revela o seu sistema. Este era claramente seienario. Mas a teogonia de
Celso, a g&nese das estrelas e dos planetas, do som e da cor , nao mereceu ,
a guisa de resposta, senao satiras e nada mais , Celso, atente-se, desejoso
de fa2er gala de sua emdi ao , alude a uma escala da cria ao compreen-
^
dendo sete portas e, no alto, a oitava , sempre fechada . Os mist rios do^ ^
Mithras persa sao explicados , e tamb&n se acrescentam razoes musicals .
A estas razoes ele ainda se esforqa por adicionar uma segunda explica ao,
tambm baseada em conside razoes musicais 3
isto 6 t sohre as sete notas ^
da escala, os Sete Esplritos das Estrelas, etc.
Valent im insiste quanto ao poder dos grandes Sete> que foram incum-
bidos de produzir este Uni verso, depots que Ar ( r )-hetos, ou o Inefivel,
cujo nome se compoe de sete letras, houvesse representado a primeira
Hebdomads . Este nome ( Ar ( r ) hetos ) indica a natureza setenSria do Uno,

( 1) Ou Iiteralmeote: Uni Espfrito Pr &dhanika Brahman: 0 que eta . O


Esplrito Pradhanika Brahma e MAlapfakriti e Parabrahman.
( 2 ) Wilson , Wisbnu Purina , I, 73-75.
( 3 ) Orfgenes, Contra Celsutn, VI, Cap. XXII

153
Escola do Grande Oriente Mistico

o Logos. A deusa Rhea


diz Proclo
i uma M6nada, uma Dfada
e uma Heptada , reunindo em si mesma todos os Titanidas, que sao sete 4 ,
Em quase todos os Purdnas se encontram as Sete Cria oes. Sao todas
precedidas por aquilo que Wilson traduz como o Prindpio Contmuo , o ^
Espfrito Absolute independente de tod a rela ao com os objetos dos sentidos.
. ^
Sao elas: l Mahat -tattva , a Alma Universal, a Intelig&ieia Infinita
ou Mente Divina ; 2. Tanmatras, Bhuta ou Bhtitasarga, a Cria ao Elemen-
tal, a primeira diferenciagao da Subst&ncia Continua Universal; 3. Indriya ^
ou Aindriyaka , a Evolu ao Organica. Estas tres foram as Cria oes Pra-
^
krita , os desenvolvimentos da natureza continua , precedidos pelo Principio ^
Continuo. 4.c Mukhya, a Cria ao Fundamental ( das coisas perceptfveis )
^
foi a dos corpos inanimados 5; 55 Tairyagyonya ou Tiryaksrotas foi a dos
animais; 6 , Urdhvasrotas, ou a das divindades ( ? ) 6; 7. Atvaksrotas foi
a do homem 7 .
Tal a ordem apresentada nos textos exotiricos.
^
Segundo a doutrina esoterica , ha sete Criasoes Primarias e sete
Secundarias ; as primeiras sao as das Formas que evolucionam por si mesmass
procedentes da FOR A Una sem causa; as ultimas nos m os tram o Universo
^
manifestado emanando dos Elementos divinos jd diferenciados.
Tanto esoterica como exotericamente, todas as Criagoes acima enume
radas representam os sete perfodos da Evolu ao, seja depois de uma Idade,
-
^
seja depois de um Dia de Brahma . Este e por excelencia o ensinamento da
, entarito, jamais emprega o termo Cris ao , nera
Filosofia Oculta, que, no
mesmo o de Evolu$ao ? quando se ref ere b Criafao Prim ria; mas deno
^ ^ -
3

mina todas essas Formas como os aspectos da Forga Sem Causa .


Na Biblia , os sete periodos sao reduzidos aos sets dias da Criagao,
com o setimo Dia de Repouso; e os ocidentais se atem & letra. Na filo-
sofia indiana , quando o Criador ativo produziu o Mundo dos Deuses, os
Germes de todos os Elementos nao diferenciados e os Rudimentos do*
Sentidos futuros
em uma palavra , o Mundo dos Numenos
permanece inalterado durante um Dia de Brahma , ou um periodo d e . . .

, o Universe

4 320 000 000 de anos. Este e o setimo Periodo, o Periodo passivo ou o


6
Sabbath da Filosofia Oriental , que sucede aos seis periodos de evolugao
ativa . Na Satapatha Brdhmana, Brahma ( neutro ) , a Causa Absoluta de
-
todas as Causas, irradia os Deuses. E, tendo os irradiado por meio de sua

(4) Timoeus ,
(5) E a quarta cria ao e aqui a prijnaria , pois as coisas imoveis sao, antes
^
de tudo, cenhecidns como primarias 7

Fitzedward Hall ao editar a versao de Wilson.,



seguedo a tradugoo de um coment&rio por

( 6 ) Como e posslvel que as ' divindades 71 tenham sido criadas depois dos ani-
mals ? A significa ao esoterica da expressao animate7 6 : os germes de toda trida ani
^
mal , inclusive o homem . O homem 4 chamado um animal sacrificial , isto 6 , o rinico
-
da criagao animal que oferece sacrificios aos Deuses. Muitas vezes tambtn; quando
se fa la nos textos sagtados de animate sagrados 77, quef -se fazer alusao aos doze signos
do Zodiaco, como ja tivemos oportunidade de mendonar.
( 7 ) Wilson , Vishnu Purdna , pp . 74-75.

154
tiatureza inerente , a obra se interrompe. Eis o que se diz no Primciro Livto
de Manu :
"' No fim de cada Doite ( Pralaya ), Brahma , que esUvfl fidormecido, desperta , e
pela s6 energia do movimento faz emanar de si mesmo o Espirito | ou a Mentc|, quc
em sua essfricia, e e contudo cao C > s

No Yetzirah, o Livro da Criafao eabalistico, e evidente que


o autor se faz eco das palavras de Manu . Ali se faz cons tar que a Subst&n-
cia Divina existiu, sd, ilimitada e absoluta, desde a eternidade , e que fez
emanar de si mesma o Espirito.
Uno 6 o Espirito do Deus vivo, bendito seja o seu Nome, que vive etema -
mente! Voz, Espirito e Verbo: eis o Espirito Santo,

Esta e a Trindade cabalistica abstrata , com tao pouco respeito antro-


pomorfizada pelos Padres . Dessa trlplice Unidade emanou o Cosmos por
inteiro. Do Uno emanou, primeiro, o numero Dois, ou o Ar, o elemento
ciiador ; em seguida , o numero Tres, a Agua , procedeu do Ar ; o liter ou
Fogo completa o Quatro mfstico, o Arba-il . Na doutrina oriental , o Fogo
6 o primeiro Elemento
o fiter sintetka todos , pois a todos contem .
O Vishnu Purana d os sete penodos completos , e mostra a Evolu ao
progressiva da Alma - Espirito" e das sete Formas da Matdria, ou Principios . ^
E impossivel enumera -los nesta obra. Recomendamos ao leitor que con-
suite com aten ao um dos Puranas.
^
4 ,
meuto no meio

esta escrito: Elohim disse: Que haja um firma-
R . Yehudah assim ptincipiou
das aguas \ Vinde vet! Na epoca em que o Santo
criou o mundo,
Elc |eles| criou 7 ceus Em Cima . Criou 7 terras Em Baixo, 7 mares, 7 dias, 7 rios,
7 semaoas, 7 anos, 7 epacas e 7 000 anos durante bs quais o mundo existiu ... o
setimo de todos ( os milenarios ) Assim, ha 7 terras Em Baixo; elas sao todas habi-
tadas, exceto aquelas que estao em Cima, e aquelas que estao em Baixo. E entre cada
terra se estende um ceu ( firmamento ) que separs uraa da o u t r a . , . E ha neks as
terras| criaturas que parecem diferentes umas das outras , , , Mas, se objetais dizendo
que todos os filhos deste mimdo descendem de Adao, assim nao e . .. E as terras
inferiores, de onde vem ? Pertencem a cadeia da terray e aos Ceus que estao Em
Cima . 10

Irineu tambem atesta ( muito a seu pesar ) que os gnosticos ensinavam


o mesmo sis tern a, velando mui cuickdosamente o verdadeiro significado eso-
tdrico. Esse veu , entre ran to, 6 identico ao do Vishnu Purana e de outras
escrituras. Eis o que Irineu escreve a respeito dos marciontstas :
l
Sustentavam que os quatro elementos , fogoF dgua terra e ar, foram os primeiros
a ser criados, a imagem da Tetrada primaria superior ; e que, se adicionarmos as suas
operacoes, a saber , o calor, o frio, a utnidade e a secura , teremos uma representa ao
exata da Ogd6ada , 11 ^
( 8) .
Veja-se The Ordinances of Manu I, v, 74, p 10. ,

( 9) Op. ciL , I, IX.


( 10 ) Qabbalah , de Myer, pp. 415-16 .
( 11 ) Contra Hceer > I , XVII , 1. The Writings of Irincevs, 1, p 73.
*

155
Escola do Grande Oriente Mistico

Acontece que essa represen taao e a prdpria 0gd6ada sao vus, exa
tamente como nas sete cria oes do Vishnu Pur Ana , as quais se acrescentam
-
^
mais duas, sendo que a oitava, ch&mada Anugraha, possui ao mesmo tempo
os atributos de bondade e obscuridade , o que 6 mais lima ideia sankhiana
que puranica , Pois Irineu dk tambcm que:
Eles |os gn6sticos [ tinham utna oitava criagao seicelhante, que era, a um tempo,
boa e ma , divina e buiuana . Afirtnavam que o homem foi form ado no oitava dia.
Diziam vezes que o homem foi feito no sexto dia, e outras vezes que o fora no
oitavo ; a nao ser que quisessem signtftcar que a parte terrestre foi formada no sexto
,

dia, e a parte carnal | ? | no oitavo, estabelecendo uma distingao entre essas duas
partes.* 12

A distinsao existia, nao, porem , no sentido a que se refere Irineu.


Os gndsticos tinham uma Hebdomada superior e uma inferior, no Ceu ;
e uma terceira Hebdomada , terrestre, no piano da materia . Iao, o Deus
misterioso, Regente da Lua , conforme o apresenta Origenes em seu Quadro,
era o chefe daqueles * Sete Cdus superiotes 13, e, por tamo, identico ao
4 1

chefe dos sete Pitris Lunares , nome que eles davam aos Dhyan -Chohans
lu nates. Afirtnavam ~ escreve o mesmo Irineu
c
que esses sete c6us
sao inteligentes, e a elcs aludiam como se fosscm anjos ; e acrescenta que,
por esse motivo, chamavam Hebdomas a Ia6, enquanto que & mae deste
davam o nome de Ogdoas, porque, segundo explica , ela conservava o
numero da Ogddada primoginita e primdria do Plerotnd u.
Esta Ogdoada Primogenita era , na Teogonia , o Segundo Logos, o
Manifestado, porque havia nascido do Primeiro Logos Setuplo ; de modo
que 6 a oitava neste piano manifestado; e em Astrolatria era o Sol, Mart
tanda , o oitavo filho de Aditi, que el a repud iou , conservando os Sete Filhos,
-
os planet as. Porque os an tigos jamais consideraram o Sol eomo um planeta ,
e sim como estrela central e fixa . Esta e, assim , a segunda Hebdomada
nascida do Uno de Sete Raios , Agni, o Sol e muitos outros ; mas nao os
sete planet as, que sao Jrmaos de Surya , e nao seus Filhos. Entre os gnds-
ticos, esses Deuses Astra is eram os filhos de Ildabaoth 15 ( de tlda, criangra ,
e baoth , ovo ) , o Filho de Sophia Achamoth , a filha de Sophia ou Sabedoria ,
euja regiao e o Pleroma. Ildabaoth faz nascer de si mesmo esses Seis
Espiritos Estrelares ; Jove ( Iao ) ( Jehova ) , Sahaoth, Adonai, ( Adoneus ) ,
El6i ( Eloxus ) , Osraios ( Oreus ), Astaphaios ( Astaphaeus ) 16, e sao eles
que constituent a Hebdomada segunda ou inferior. Quanto a terceira,
compoe-se dos sete homens primordiais, as sombras dos Deuses Lunares,
projetadas pela priiueira Hebdomada .
Ve-se, portanto, que os/ gnosticos nao se distanciavam muito da Dou-
trina Esot rica , mas apenas a vekvam . Em relagao is censuras que lhes
^
( 12 ) Ibid., I, XXX.
( 13 ) Superiores tao so aos Espiritos ou C6us da Terra.
( 14 ) .
Ibid , I, V , 2
( 15 ) Veja-se Isis sens V 6u , II, p, 183.
( 16 ) Veja-se tambem: Gnostics and their Remains , de King, p. 97. Outras
seitas consideravam Jeova como o proprio Ildabaoth. King o identifies com Saturno.

156
Escola do Grande Oriente Mistico

faz Irineu, o qual evidentemente ignorava as verdadeiras doutrinas dos


Herejes a respeito da criagao do homem no sexto dia , e de sua cria ao
no oitavo dia , e assunto que conceme aos misterios do homem interno. ^
Este ponto s6 se tornara inteligivel para o leitor depots de haver lido os
volumes III e IV e compreendido bem a Antropogenese da Doutrina
Esoterics ,
Ildabaoth e uma c6pia de Manu, do Manu que exclama com orgulho:
0 tu, o melhor dos homeas dues vezes nascidosj Fica sabendo que eu ( Manu )
sou o criador de todo este mundo, eu, a quem aquele Viraj masculino. .. espontanea -
tnente fez nascer. 17

Primeiro ele cria os dez senhores do Ser , os Prajapatis, que, conforme


nos diz o verslculo 36, produzem sete outros Manus . Ildabaoth tambm
0

se vangloria do mesmo mode : Eu sou Pai e Deus, e nao ha ninguem supe-


rior a mim . Por esse motivo, sua Mae o repreende e lhe diz com frieza:
Nao mintas, Ildabaoth , porque o Pai de tudo, o Primeiro Homem ( Anthro-

uma boa prova da exist6ncia de tres Logos


Primeiro
pos ) e superior a ti, e por isso e Anthropos, o filho de Anthropos 18.
alem dos Sete nascidos do
, um dos quais e o Logos Solar. Quern, portanto, era esse
Anthropos, tao superior a Ildabaoth ? So os anais gndsticos podem resolver
esse enigma . Em Pistis Sophia o nome Ieou , composto de quatro vogais,
e geralmente seguido pelo epiteto o Homem Primordial, ou o Primeiro
Homem . Mostra isso tamb m que a Gnose nao era senao um eco de
0

^
nossa Doutrina Arcaica. Os nomes que correspondem a Parabrahman, a
Brahma e a Manu , o primeiro Homem pensador, sao compostos de sons de
uma, trs ou sete vogais , Marcos, cuja filosofia era certamente mais pita
gorica que outra coisa , fala de uma revelafao que lhe fora feita acerca dos
-
sete C us, que emitiam, cada um , o som de uma vogal, ao pronunciar os
^
sete nomes das sete hierarquias Angelicas ,
Depois que o Espirito impregnou ate o mais fnfimo dos dtomos dos
Sete Principios do Cosmos, come a entao a Segunda Criaqao, que sucede
ao perlodo de repouso ja mencionado ^ acima .
Os Criadores ( Elohim ) esbo am durante a segunda Hora a forma
^
do Homem , diz o rabino Simeao no Nuchthemeron dos Hebreus. Ha
doze horas no dia , reza a Mishna e durante elas se processa a cria -
ao . As doze horas no dia sao tambem uma copia enfraquecida da
Sabedoria primiriva, um eco tenue mas fiel. Sao com os 12 000 Anas
Divines dos Deuses, um veu cidico. Cada Dia de Brahma corresponde a
14 Manus, que os cabalistas hebreus, seguindo, atis, o exemplo dos cal-
deus, alteraram intencionalmente para 12 H o r a s O Nucbthemeron
de Apolonio da Tiana e a mesma coisa. O Dodecaedro estd oculto no
Cubo perfeito , dizem os cabalistas. O sentido mistico desta frase e que as

( 17 ) Ordinances of Manu , I, 33.


( 18 ) Irenosus, op. ck.t I, XXX, 6.
( 19 ) Em outra passagem, eontudo, a identidade se revela.
a citato de I bn Gabirol a respeito dos 7 cus, 7 terras , etc .
-
Veja se mais acima

157
Escola do Grande Oriente Mistico

doze grandes transformagoes do Espirito na Materia


os 12 000 Anos
Divines
oeorrem durante as quatro grandes Idades, ou o primeiro Ma ~
bayuga . Principiam com o metafisico e o supra-humano, e acabam pela
natureza fisica e a pur a men te hum ana do Cosmos e do Homem. Se a
Ciencia Ocidental e incapaz de faz-lo, em compensagao a Filosofia Orien-
tal pode dar o numero dos anos bumanos que se sucedem na linha das
evolugoes espirituais e flsicas do visivel e do invislvel .
A Criagao Primaria e chamada a Criagao da Luz ( Espirito ) ; e a
Criagao Secundaria, a das Trevas ( Materia ) 20 , Ambas podem ser vistas
no Genesis 21, A primeira e a emanagao dos Deuses ( Elohim ) nascidos por
si mesmos ; a segunda a da natureza fisica.
Eis por que est3 escrito no Zohar :
O compaoheiros, companheiros! o homem, corao emacagao, era ao mesmo tempo
homem e mulher ; ele tinha tan to de Pal quanto de Mae, E este e o sentido das
palavras: E Elohim disses Faga-se a Luz ! e a Luz se fez . , . ' E este e o Homem dual /
1

Entretanto, o que e Luz em nosso piano sao trevas nas esferas supe-
rior
^.O
homem e a muJher. . . do hdo do PAI ( Espirito ) se referem a
Criagao Primaria ; e do la do da Mae, k Criagao Secundaria . O Homem
Dual 6 Adao Kadmon , o prototipo abstrato masculino e feminino, e o
Elohim diferenciado . O Homem procede do Dhyan-Chohan , e 6 um Anjo
Cafdo , um Deus exilado, como se mostrara.
Na India, as Criagoes eram descritas do seguinte modo 22 :
-
I . A Primeira Criagao i Criagao Mahat tattva , assim denominada por-
que foi a auto-evolugao primordial do que se devia converter em Mahat, a
Mente Divina , consciente e inteligente ; esotericamente, o Espirito da
Alma Universal .
O mais digno dos ascetas, por tneio do seu poder ( o poder daguela causa ) :
toda causa produzida surge por sua propria natureza.
E por outra partq:
Pois que os poderes de todos os seres nao sao compreendidos senao por meio
do coohecimento de Aquilo ( Brahma ) que est alero do raciocinio, da criagao e de
todas as coisas semelhantes, tais poderes dizem respeito a Brahma.

AQUILO precede, portanto, a manifestagao. O primeiro foi Mahat ,


diz o Linga Purina, porque o Uno ( Aquilo ) nao e primeiro nem ultimo,
mas o todo. Esotericamente, contudo, a manifestagao e a obra do Uno
Supremo ( ou antes , um efeito natural de uma Causa Eterna ) ; ou, como
diz o Comentador, e possivel que tenha havido a intengao de dizer que
Brahma foi entao criado ( ? ) , porque era identificado com Mahar, a inteli-

( 20 )Nao confundir com as TREVAS pr -c6smicas, o TODO Divino.


( 21 )Cap , I, 2 ; e tarnb&n no comego do Cap II . .
( 22 )As transcrigoes que se seguem, com referenda as sete Criagoes, foram
. -
todas extraidas do Vishnu Purdna , Wilson, vol I, Cap. I V, salvo outras indicagoes .
15 B
Escola do Grande Orients Mistico

gSncia ativa, ou a vontade em agao do Supremo. A Filosofia Esoterica o


interprets como 'a Lei que atua .
a compreensao exata dessa doutrina nos Brdhmanas e nos Pur Anas
que constitui o pomo de disc<5rdia que separa as tres seitas dos vedantinos :
a Advaita , a Dvaita e a Visishthafvaita. A primeira argumenta logica-
mente que Parabrahman, nao tendo, como TODO absolute, tela ao com o
Mundo manifestado, pois o Infinito nao tem relagao com o Finito, nao ^
pode querer nem criar\ que, em conseqiiencia , Brahma, Mahat, Ishvara,
ou seja qual for o nome atribuldo ao Poder Criador, aos Deuses Criadores
e a todos os outros, nao passam simplesmente de um aspecto ilusorio de
Parabrahman na mente de quem os concebe. As outras seitas, pelo con
trario, identificam a Causa Impessoal com o Criador ou Ishvara .
-
Mahat ou Maha-Buddhi e, no entanto, para os Vaishnavas, a Mente
Divina em operagao ativa, ou, segundo a expressao de Anaxagoras, "uina
Mente que ordena e organiza , e que foi a causa de todas as coisas
NoOj & Stako<7pwv TS kat irdtvtoiv ACTIOJ.

Wilson reconheceu, ao primeiro reknee, a sugestiva rela ao existente
entre Mahat e a Mat fenicia , ou Mut, que era femea para os eglpeios, a ^
Deusa Mut , a Mae, "que, como Mahat , diz ele, foi o primeiro resultado
da mescla ( ? ) do Espirito com a Materia, e o primeiro rudimento da
Cm ao . *Ex connexione autem ejus Spiritus prodidit M6t . . . Hinc. . .
^
seminium omnis creatures et Omnium rerum creatw\ diz Bracket 43, dando
ao caso uma cor ainda mais materialist* e antropomdrfica.
Nao obstante, na prdpria superfide dos antigos textos Sanscritos que
tratam da Criacao primordial, descobre-.se, atravds de cada senten a exote-
rica , o sentido esoterico da doutrina. ^
A Alma Supreme, a Substantia do Mundo que a ludo penetra ( Sarvaga ) , tendo
entrado |ou tendo sido atraida | na Materia |Prakriti| e no Espirito |Purusha | , agitou
os prinetpios mutaveh e os imutdveis, porque era cnegada a epoca da Cria ao |Man-
vantara| . ^
O Nous dos gregos, que e a Mente { espiritual ou divina ) , Mens ou
Mahat, atua sob re a Materia do mesmo modo; ele a penetra e a agita .
Spiritus intus alit, totamque infusa per artu,si Mens agital molem , et magno se
corpore miscet .

, Na Cosmogonia Fenicia tambem , o Espirito, envoivendo se em seus -


proprios principles , di lugax k cria ao 24 ; a Triade 6rfica oferece uma
^
doutrina identica , pois ali Phanes, ou Eros, o Caos, contendo a Materia
Cdsmica bruta , ndo diferenciada, e Chronos, o Tempo, sao os tres princlpios
cooperadores, em an a ndo o Ponto Oculto e Incognoscivel, que produzem a
obra da Criacao . E sao eles os indianos Purusba ( Phanes ) , Pradhana
( Caos ) e Kala ( Chronos ) . A ideia nao agrada ao bom Professor Wilson ,

( 23 ) I, 240.
( 24 ) Bnickcr, ibid.

159
Escola do Grande Orients Mistico

como tampoueo haveria de agradar a nenhum sacerdote cristao, por mais


liberal que fosse. Observe Wilson que; a mescla ( do Espirito Supremo
ou Alma , com seiis proprios principios ) nao e mecdnka; e uma influ&ncia,
ou um efeito, exercido $ fibre agentes intermediaries , e que produz efeitos."
Esta frase do Vishnu rurdna : assim como o aroma vai ate k mente so
por sua proximidade, e nao em virtude de dguma agao imediata sobre a
propria mente, do mesmo modo o Ser Supremo influiu nos elementos da
cria ao
^ d assim explicada , com acerto, pelo respeitavel e erudite sans-
critista : 'assim como os perfumes nao deleitam a mente por contato efetivo ,
mas pela impressao que produzem no sentido do olfato, que a transmite a
mente ; e ele acrescenta: "a entrada do Supremo . . no Espfrito, assim
*

como na Materia , e menos inteligivel que o aspecto em outra parte consi-


derado, quanto a esse ponto, da inf usdo do Esplrito, identificado com o
Supremo, em Prakriti, ou na Materia , exdusivamente . E da preferencia
a este verslculo do Padma Purdna : Aquele que chamado o macho ( espi-
rito ) de Prakriti . . esse mesmo Vishnu divino entrou em Prakriti*'. Tal
-
id6ia estd certamente mais conforms ao carter pldstico de alguns versiculos
da Btblia que se referem aos Patriarcas, como Lot e mesmo Adao 25, e
ainda outros de natureza bem mais antropomdrfica. Mas foi isso justa-
mente que conduziu a Humanidade ao Palkismo , de que se acha impreg
nada a religiao crista , desde o primeiro capitulo do Genesis at6 o Apocalipse.
-
-
Ensina a Doutrina Esoterica que os Dhyn Chohans representam a
expressao coletiva da Inteligenda Divina ou Mente Primordial; e que os
primeiros Manus , as sete Inteligencias Espirituais, nascidas da mente", sao
-
identicos aqueles, Assim , o Kwan Shi-Yin , o Dragao aureo no qud estdo
os sete , da Estancia III, e o Logos Primordial ou Brahma , o Primeiro
Poder Criador manifestado; e as Energias Dhyanicas sao os Manus, ou, cole-
tivamente, Manu Svayambhuva . A relagao direta entre os Manus e Mahat
e, alias, facil de verificar. Manu deriva da raiz man, pensar; e o pensa-
mento procede da mente. E, na Consmogonia, o Perlodo Pr&nebular.
II . A Segunda Criagao , ou Bhuta, foi a dos Principios Rudimen-
tares ou Tanmdtras; por isso 6 chamada a Cria$ao Elementar ou Bhdta
sarga. E o perlodo do primeiro sopio de diferenck ao dos elementos Pre-
-
^
-cosmicos, ou a Materia. Bhtitadi signifies "a origem dos Elementos , e
precede a Bhfttasarga, a Criagao , ou diferencia o desses Elementos no
^ -
Akasha Primordial, o Caos ou Vdcuo 26. No Vishnu Purdna se diz que
precede do trfplice aspecto de Ahamkara, a que per tence, sendo traduzida
esta palavra por Egoismo, mas significando antes este termo intraduzivel
o sentimento do Eu Sou" 27, que primeiramente advdm de Mahat, ou
Mente Divina , o primeiro e vago esbogo da personalidade, pois o Aham
kSra puro se torna apaixonado e finalmente "nidimentar ou initial
-
- , -
( 25 ) Compaiem se, no Genesis XIX, 34 8, e IV .
( 26 ) Vishnu 6, ao mesmo tempo, BhGiesha, Scnhor dos Elementos e de
todas as coisas, e Vishvarftprf , Substditcia Universal ou Alma.
-
( 27 ) I-am ness.
, . .
( 28 ) Vishnu Purina Wilson, voL I, p 33

160
ele a origem de todo set , tanto comciente como tnconscienle", se bem
que a escola esoterica rejeite a ideia de existir algo que seja inconsciente,
salvo em nosso piano de ilusao e ignorancia .
Durante este perlodo da Segunda Criagao, aparece a Segunda Hierar-
quia dos Manus , os Dhyan-Chohans ou Dev as, que sao a origem da Forma
( Rupa ) , os Chitrashikhandinas, os de Brilhante Coroa , ou Rikshas;
esses Rishis que se converteram nas Almas animadoras das Sete Estrelas
{ da Ursa Maior ) Em linguagem astronomica e cdsmica, esta Criagao se
ref ere ao periodo da Nvoa de Fogo, a primeira fase da Vida Cosmica depois
de seu estado Caotico 30, quando os Atomos saem de Lava.
III . A Terceira Criagao: A Terceira Criagao ou Criagao Indriya foi
uma forma modificada de Ahamkara, a sensagao do EU ( de Aham , EU ) ,
chamada a Criagao Organica ou Criagao dos Sentidos , Aindriyaka. Estas
tres foram a Criagao Pakrita, os desenvolvimentos ( distintos ) da Natureza
indistinta , precedidos do Prindpio indistinto 31. A expressao prece
cfidos d e . . . devia ser aqui s ubstituida por comegando por Buddhi ,
-
pois este ultimo nao 6 uma quantidade distint a nem indistinta, mas
participa de ambos os aspectos, no homem como no Cosmos . Unidade
ou Monada humana no piano da ilusao, Budhi , uma vez livre das tres
formas de Ahamkara e de seu Manas terrestre, passa verdadeixamente a ser
uma quantidade distinta, assim em duragao como cm extensao, porque
eterno e imortal.
Dissemos atras que a Terceira Criagao, abundantemente provida do
atributo de bondade , e chamada Urdhvasrotas; e, uma ou duas piginas
adiante, a Criagao Urdhvasrotas foi mencionada como sendo a sexta cria-
gao . .
ou a das divindades 22 Isso tnostra daramente que os Manvan-
taras anteriores, bem como os posteriory , foram intencionalmente confun-
didos , com o objetivo de impedir que os profanos percebessem a verdade.
fi o que os orientalistas chamam de incongruencias e contradigoes . As

( 29 ) Compare- se, quanto a seus tipos posteriores*, com o Tratado escrito no


sculo XVI por Tritfinuo, mestre de Agripa, concernente ils Sete Inteligendas Secun
d&rias ou Espirituris que, depois de Deus, aaimani o Universe ; Tratado que, aldm
-
do rid os secretos e de varias profedas, explica certos fatos e certas crengas a respeito
dos Gnios, ou Elohim, que presidem e ditigera os periodos setenarios do Cutso do
Mundo.
( 30 ) Desde o primeiro momento, viram -se os orientalistas sobremodo embata -
cados para estabelecer uma ordem nas Criacoes Puranicas* '. Wilson confunde frequen
,

.
tetnente Brahman com Btahma, o que tnereceu reparo de seus sqcessores Os Text os
-
originals Sanscrit os sao preferidos por Fit zed ward Hall, na tradugao do Vishnu PurJtta ,
aos textos de que se utilizou Wilson. Se o Professor Wilson houvesse usufruldo das
que se teria exptessado de manetia diferente

vantagens que hoje se acharo ao alcance do cstudante da filosofla bindu, setn duvfda
.
diz o editor de sua obra Isso faz
letnbrar a resposta dada por urn dos admiradores de Thomas Taylor aos eruditos que
eriticaram suas tradugoes de Platao: Taylor pode nao ter sabido gtego tanto quanto
.
os seus ctfttcos, mas conhecia Platao melhor do que eles Os nosscw orientalistas atuais
desfiguram o sentido mlstico dos textos sanscritos muito mais do que o fez Wilson,
cmbota cstc liltimo certamente fosse responsdvel por erros bem grosseiros.
.
( } l ) Op, cit .7 p 74 .
. .
( 32 ) ? 75

261
Escola do Grande Oriente Mistico

tres Criagoes que comefam com a Inteligenda sao elemental ; mas as seis
cria oes que procedem das series a cuja frente vem o Intelecto sao obra de
^
Brahma 33. Criagoes aqui significant sempre periodos de evolugdo. Mahat ,
o Intelecto ou a Mente, que corresponde a Manas , situando-se o primeiro
no piano cdsmico e o segundo no piano humane, taxnbem se encontram aqui
abaixo de Buddhi, ou Inteligncia supradivina , Por conseguinte, quando
lemos no Linga Parana que '"a primeira Cria ao foi a de Mahat, sendo o
^
Intelecto o primeiro a manifestar-se , devemos aplicar essa cria ao ( especi -
ficada ) a primeira evolu ao do nosso Sistema e ate mesmo a nossa Terra, ^
^
vis to que nenhuma das cria oes precedents foi examineda nos Purdms,
^
em que apenas se Ihes fez referenda acidental, uma que outra vez .
Esta Cria ao dos primeiros Imortais, ou Devasatga, foi a ultima da
^
serie, e tem uma signifiea ao universal; refere-se, nao especialmente ao
^
nosso Manvantara, mas a evolu ao em geral, que principia sempre da mesma
^
maneira, mostrando assim que diz respeito a v rios e distintos Kalpas.
^
Pois se diz que: no fim do ultimo Kalpa ( Padma ) Brahma despertou
apds sua noite de sono, e viu o Universo vazio* \ Acrescenta-se que
Brahma , recomegando de novo as Sete Cria oes , no perlodo secundario
da evolucao, repete as trs primeiras no piano objetivo . ^
IV . A Quarta Criaqdo: A Cria$ao Mukhya ou Primaria , porque e
a primeira da s rie de quatro. Nem a exprexsao corpos in anim ados*, nem
^
a de coisas imoveis , que Wilson emprega em sua tradu ao, dao uma
'
1

ideia correta dos termos sanscritos usados. Nao d somente a Filosofra ^


Esoterica que repele a id&a de atomos inorganicos ; tambem o faz o
hinduismo ortodoxo. E o prdprio Wilson escreve: Todos os sistemas
hindus consideram os corpos vegeta is dotados de vida 34. Charachara 25,
ou o sinonimo Sthavara, e Jangama estao, port an to, incorreta mente tradu
zidos por seres animados e inanimados , seres sencientes e inconsdentes
-
ou conscientes e inconscientes , etc. Moveis e fixes seria melhor tra
du ao, pois que se atribui alma as drvores .
-
^ Mukhya e a criacio , ou mais propriamente, a evolugao orginica do
reino vegetal, Nesse perlodo secundario, os tres graus dos reinos elementais
ou rudimentares sao desenvolvidos neste Mundo e correspondem , em ordem
invena, tres Cria oes Prakriticas, durante o periodo primario da ativi-
^
dade de Brahma , Assim como naquele periodo, segundo as palavras do
Vishnu Purdna, a primeira Criacao foi a de Mahat , ou o Intelecto, .. . a
.
segunda foi a dos Principios Rudimentares ( Tanmatras ) . . a terceira . . .
a cria ao dos sentidos ( A indriyaka ) 35, assim durante este periodo a ordem
^
das Forfas Elemental e: L os Centros de Formas nascentes, intelectuais e
fisicas; 2 . os Principios Rudimenta res, a forga nervosa, por assim dizer;
3.c a Percep ao nascente do conhecimento interior, que e o Mahat dos
^
reinos inferiores e est 4 especialmente desenvolvida na terceira ordem dos

( 33 ) Vayu Purdna. ( Veja- se Wilson. Vishnu Purdna, vol. I , p . 77. )


.
( 34 ) Collected Works, vol Ill , p 381. .
-
( 35 ) Charashara compoe se de chara , mdvel , e achat a, imoveP
( 36 ) VoL I, p. 74.

162
Escola do Grande Oriente Mistico

Elemental ; e estcs sucede o reino objetivo dos minerals, no qual essa


percep ao esta de todo latente, para vir novamente a desen volvet se nas
plantas. ^ -
A Criagao Mukhya e, pois, o ponto central entre os tres reinos infe -
riores e os tres superiors, o que representa os sete reinos esot ricos do
Cosmos e da Terra , ^
V . A Quinta Cria ao : A Cria ao 37 Tiryaksrotas oil Tairyagyonya,
^ ^
dos animais ( sagrados ) , que na Terra corresponde exclusivamente a cria-
ao dos animais mudos. O que se entende por animais' na Cria ao pri-
maria e o germe da consciencia de desperta, ou da percep ao do conhe-
^
^
cimento interior , que se pode observar vagamente era algumas plantas sen
sitivas da terra e mais distintamente na Monera protista 38 . -
Em nosso Globo, durante a Primeira Ronda , a criacao animal pre
cede a do homem , ao passo que, em nossa Quarta Ronda, os mamiferos
-
evolucionam do homem, no piano fisico. Na Primeira Ronda, os itomos
animais sao atraidos pels coesao e tom am a forma humana fisica ; mas na
^
Quarta Ronda ocorre o contr rio, de acordo com as condigoes magneticas
desen volvidas durante a vida. E is to e a Metempsicose 39.
Esta quinta Fase da Evolu ao, chamada exotericamente Criasao ,
pode considerar-se tanto no Periodo ^ Primario como no Secundario, eomo
sendo, num, espiritual e c6smico, e, no outro, material e terrestre. a
arquibiose, ou origem da vida; origem , bem entendido, tao s6 no que
concerne h manifesta<;do da vida, em todos os sete pianos. durante este
periodo da evolu ao que o movimento absolutamente eterno e universal,
^
ou vibrato, aquilo que na linguagem esoterica se chama o Grande Sopro ,
se diferenria para tornar-se o Atomo primordial, o primeiro manifestado.
A medida que as cincias qulmicas e ffsicas progridem , este axioma oculto
encontra cada vez mais confirma ao no mundo do saber ; a hipdtese cien
^
tifica, segundo a qual os elementos mais simples da materia sao identicos
-
em sua natureza, e $6 diferem uns dos outros em virtude de variar a distri -
bui ao dos atomos na molecula ou particula de substancia, ou por causa
dos^ modos de suas vibrates atomicas, vai ganbando terreno todos os dias.
Assim , da mesma forma que a diferencia ao do germe primordial da
^
vida deve preceder a evolu ao do Dhyan-Chohan do Terceiro Grupo ou
^^
Hierarquia dos Seres na Cria ao Prim aria, antes que estes Deuses possam
revestir sua primeira forma cterea ( rupa ) , tambem, e pela mesma razao, a

( 37 ) O Professor Wilson traduz como se os animais fossem mais elevados na


escalfl da criatao que as divindades ou os atijos, embora a verdade no tocante aos
Devas seja revelada mais adiante Esta Ctiaao
^
,

-
diz o texto 6 ao mesmo tempo
Prim ria ( Prakrita ) e Secundaria ( Vaikrlta ). Secundaria no que respeita a origem
dos Deuses nascidos de Brahma , o criador pessoal antropomorfico de nosso Universo
materia!; e Primaria em rela ao a Rudra , que 6 o produto imediato do Primeiro
^
Principio. O termo Rudra nao e apenas um titulo de Shiva, mas compreende tambem
os agentes da cria ao, os anjos e os homeus, como mais adiante veremos.
^
( 38 ) Nem planta nem animal, mas uma exist nda que participa dos dois.
^
( 39 ) Five Years of Theosophy , p . 276, art , "M6nada Mineral .

163
Escola do Grande Orients Mistico

criagao animal deve preceder o homem divino sobre a Terra . Eis af a


razao por que vemos nos Purdnas que a quinta Criagao, ou Tairyagyonya,
foi a das animais .
VI . A Sexta Criagao: A Criagao Dfdhvasrotas, ou a das Divindacks.
Mas estas Divindades sao apenas os Protbtipos da Primeira Raga , os Pais
.
de sua progenie de ossos brandos , nascida da mente Sao aqueles dos
quais evolveram os Nascidos do Suor , expressao que stti explicada nos
volumes III c IV.
Os Seres Criados , esclarece o Vishnu Purdna , embora venham a
ser destruidos ( em suas formas individuals ) nos perfodos de dissolugao,
sendo influenciados pelos atos bons ou maus de suas existencias anteriores,
jamais ficam isentos de suas consequncias. E quando Brahma reproduz o
mundo, sao eles os filho de sua Vontade.
ieConcetttrando a mente em si mesmo ( pela Vontade do Ioga ) ,
Brahma cria as quatro Ordens de Seres denominados Deuses, Dem6nios,
Progenitores e Homens ; Progenitors significa os Protdtipos e os Evolu-
cionadores da Primeira Raga-Raiz de homens.
Tais Progenitores sao os Pitris , e estao divididos em Sete Classes . Na
mitologia exoteric* figurant como nascidos do "flanco de Brahma , como
Eva da costela de Adao ,
Apds a Sexta Criagao, e para encerrar a Criagao geral > vem final
mente:
-
.
VII A S&tima Criagao: A evolugao dos Seres Arvaksrotas, que
foi . , . a do homem .
A Oitava Criagao , a que se tem feita referenda, nao e absoluta-
mente uma Criagao; e um veu , pois diz respeito a um processo pura
mente mental , ao conhecimento da Nona Criagao , que, por sua vez, e
-
um efeito, que se manifest a durante a Criagao Secundaria, do que foi uma
Criagao durante a Criagao Primaria 40 ( Prakrita ) , Assim, a Oitava, cha-
in a da Anugraba , a Criagao Pratyayasarga ou Intelectual dos S&nkhyasil ,
6 a criagao da qual temos uma noqdo ( em seu aspecto esoterico ) , ou &
qua! damos um consentimento intelectual ( Anugraba ) , por oposigao k
criagao orgdnicaE a percepgao correta de nbssas relagoes com toda a
serie de Deuses , e prmcipalmente das que temos com os Kumaras, a
suposta Nona Criagao, que na realidade e um aspecto, ou reflexo, da Sexta
em nosso Manvantara ( o Vaivasvata ) , uma nona ( criagao ) , a Criagao
Kum&ra, que ao mesmo tempo primaria e secundaria , diz o Vishnu

( 40 ) Estas nogoes , observa o Professor Wilson , sobre o nascimento de


Rudra e dos santos, parecem ter sido iviportadas dos Shaivas, e ineptamente enxer-
tadas no sistetna Vaishnava . Antes de aventurar semelhante hipdtese, teria sido conve-
niente consul tar o significado esoterico.
.
( 41 ) Veja-se Sdnkhya Kdrikd , voi 46, p. 146.
( 42 ) Parfishara , o Rishi vddico, que recebeu o Vishnu Purdna de Pulastya, e
.
o ensiaou a Maitreya, e situado pelos orientalistas em diversas pocas Observa judi
ciosamecte o Hindu Classical Dictionary que: 'As especulag5ea a respeito da Era em
-
que ele viveu divergem muito, de 675 aiaos antes de Cristo a 1391 anas antes de

164
Escola do Grande Oriente Mistico

PurAna, o mais antigo das textos do genero 4* Segundo explica um texto


esotdrico :
Os KumAras sao os DhyAnis, imedtatamente derivados . do Prindpio
Supremof que reaparecem durante o period de Vaivasvata Manu, para o
progresso da humanidade
O tradutot do Vishnu PurAna o confirms, observando que "esses
s bios . . vivem tanto tempo quanto Brahma , e somente sao criados per ele
^ *

no Primeiro Kalpa , conquanto o seu tmcimento seja muitas vezes situado,


erroneamente, no Kalpa Varaha ( Secundario ) ou Padma Os Kumaras .
sao, assim, esotericamente, a cria ao de Rudra ou Nilalohita ( uma das
^
formas de Shiva ) por Brahma . . . e de certos outros filhos nascidos da
mente de BrahmS . No ensinamento esotdrico, por m, sao os Progeni-
^
tores do verdadeiro Eu espiritual no homem ffsico, os Prajapatis superiores,
enquanto que os Pitris ou Prajapatis inferiores nao sao mais que os Pais do
modelo, ou tipo de sua forma ffsica, feito imagem deles , Quatro ( e
ils vezes cinco ) sao livremente mendonados nos textos esot ricos, sendo
secretes tres dos Kumaras . ^
Os quatro Kumaras ( sao ) os Filhos nascidos da mente de Brahma.
Hi quern indique sete Todos estes sete VaidMtm, nome patronfmico
dos Kumaras, os Filhos do Fazedor , sao mencionados e descritos no
SAnkhyA KArika de Ishvara Krishna e no Comentario de Gaudapacharya
( Paraguru de Shankaracharya ) que lhe anexo. Ali se discute a natureza
dos Kumaras, embora evitando mendonar por sens nomes todos os sete
Kumaras, chamando-os apenas os sete filhos de Brahma'

o que efetiva-
mente sao, pois foram criados por Brahma em Rudra. A lista de nomes
que se faz constar 6 a seguinte: Sanaka , Sanandana , Sand tana, Kapila , Ribhu
e Panchashikha 459 Mas todos estes sao tambem mascaras .
Os quatro exotericos sao; Samatkum&ra , Sananda, Sanaka e Sanatana;
e os trs esot ricos ; Sana, Kapila e SanatsujSta . Chamamos especialmente
^
a atencao para esta classe de Dhyan-Chohans, por ser aqui que se encontra
o misterio da geragao e da hereditariedade, de que demos um resumo no
comentario a Estanda VII , ao tratar das quatro Ordens de Seres Angelicos.
Os volumes III e IV explicarao sua posi ao na Hierarquia Divina. Veja
^
mos, porem, o que dizem sobre eles os textos esotericos.
-
Dizem muito pouco ; e para quem nao consegue ler nas entrelinhas,
nada. E necessario recorrer a outros PurAnas para que se tenha a expli -
,
Cristo, e nao podem tnerecer confianga\ Perfeitaraente; mas essas datas nao sao
menos dignas de fe que qualquer das outras indfcadas pelos sancritistas, tao faraosos
pela sua imagina ao fantasiesa e arbitriria.
^
( 43 ) Podem , sera dtivida, assinalar uma cm<jaon especial ou extra, pois
sao eles que, encarnaado-se nos invdlucros nSo-conscientes das duas primdras Ra$a$-
-Rai2es e em uma grandepensadores
parte da Terteira Ra a- Raiz, criam, por assim dixer , uma
^
nova raga: a dos homens , divinos , conscientes de si mesmos .
( 44 ) Hindu Classical Dictionary .
( 45 ) A lista atual 6 ; Sanaka , Sanandana , Sabatana , Asuri , Kapila, Borhu e Pan-
chashika . Veja-se o Comentario de Gaudapdda no vol . I ,

165
Escola do Grande Oriente Mistico

ca ao do termo , observa Wilson , que nem por um instante suspcita encon-


^
trar-se em presenga dos Anjos das Trevas , o grande inimigo mltico
-
de sua Igreja . Limita se, por tan to, a esclarecer que aquelas ( Divin
dades ) , neg&ndo-se a procriar ( e rebelando-se deste modo contra Brahma ) ,
-
permaneceram , como est implfcito no nome da primeira delas ( Sanatku-
mara ) , sempre adolescentes, Kumaras, isto e, puras e inocentes, o que
levou a dar-se o nome de Kaum& ra h sua Criagao . Os Puranas, contudo,
podem trazer-nos mais um pouco de luz. 4 4 Perm a necend o sempre tal como
nasceu , ele e pot isso chamado adolescente, sendo seu nome conhecido como
Sanatkumara 46. Nos Shaiva Pur Anas os Kumaras sao descritos sempre
-
como Yogins. O Kurtna PurAna , depois de enumera los, diz: Aqueles cinco
6 Bramanes , que lograram imunidade completa contra as paixoes, era tc
Yogins , Sao cinco , porque dois dos Kumaras sucumbem.
Tao pouco fieis sao algumas tradugoes dos orientalistas, que na tradu-
gao francesa do Harivamsha se Id: Os sete Prajapatis, Rudra , Skanda ( seu
- .
filho ) e Sanatkumara puseram se a criar seres O original, pordm, segundo
mostra Wilson , reza : Estes sete , .. criaram progdnie ; e assim o fez Rudra ;
mas Skanda e Sanatkumara , refreando o seu poder, absliveram-se ( de criar ) ,
As quatro ordens de seres sao por vezes consideradas, como referindo se
a Ambhamsi , palavra que Wilson traduz por Aguas , literalmente , e acre-
-
-
dita que 6 um termo mistico , Setn duvida que o 6; v se, pordm , que
ele nao pode compteender o verdadeiro sentido esoterico. As Aguas e
a Agua sao o simbolo do Akasha, o Oceano Primordial do Espago ,
sobre o qual Nirayana, o Esplrito nascido de si mesmo, se move, apoian
.
-
-
do se no que e a sua progenie 47 A Agua e o corpo de Nara, foi assim
que ouvimos explicar o nome da Agua Porque Brahma repousa sobre a
,

Agua , e e chamado Narayana 48. O puro, Purusha, criou as Aguas


puras . A Agua e, ao mesmo tempo, o Terceiro Principio do Cosmos mate
rial e o terceiro do reino do Espiritual; o Espirito do Fogo, da Chama , do
-
AkSsha, do fiter, da Agua , do Ar, da Terra , sao os prindpios cdsmicos,
siderais, psiquicos, espirituais e misticos, eminentemente ocultosy em cada
piano do ser , Deuses, Demdnios, Pitris e Homens sao as quatro ordens
de seres a que se aplica o termo Ambhamsi, por serein todos o produto das
Aguas ( misticamente ) , do Oceano Akashico e do Terceiro Principio da
Natureza. Nos Vedas 6 um smonimo de Deuses. Os Pitris e os Homens
na Terra sao as transformagoes ou renasctmentos de Deuses e Dem &nios
( Spiritus ) de um piano superior, A Agua, em outro sentido, e o prindpio
feminino . V nus Afrodite 6 a personificagao do mar c a Mae do Deus do
Amor, a Geradora de todos os Deuses , do mesmo modo que a Virgem Maria
dos cristaos 6 Mare, o Mar, a Mae do Deus ocidental do Amor, da Com
paixao e da Caridade . Se o estudante da Filosofia Esoterica refletir madu-
-
ramente sobre este assunto, vera sem duvida quao sugestivo 6 o termo
Ambhamsi em suas multiplas relagoes com a Virgem do Ceu, com a Virgem

( 46 ) Linga PurAna , Segao Anterior, LXX, 174.


-
( 47 ) Veja se Manu, I, 10,
( 48 ) Vejam-se os Linga, VSyu e MArkandeya PurAnas, Wilson, voL I, pp. 56-57 .

166
Escola do Grande Oriente Mistico

Celestial dos alquimistas e at com as Aguas da Gra$a das batistas


modernos.
Entre todas as sete grandes divisoes dos Dhyln-Chohans, nao ha
nenhuma que se relacione mais com a humanidade do que a dos Kumaras
-
Mal-avisados sao os teologos crist a os no rebaixarem nos h categoria de Anjos
Caidos, chatnando-os hoje Sata e Demonios ; pois, entre esses moradores
celestes que se recusam a criar , ocupa urn lugar dos mais preeminentes o
Arcanjo Miguel, o maior Santo e patrono das Igrejas orientals e ocidentais,
quer sob o seu nomc de Sao Miguel, quer sob o de seu sdsia terrestre , o
Sao Jorge que vence o Dragao 4.
Os Kumaras, os Filhos nascidos da Mente de Brahm*URudra, ou Shiva,
em linguagem mistica o ternvel e implacavel deslruidor das paixoes buma-
nas e dos sentidos fisicos , que sempre entravam o desenvolvimento das
percep oes espirituals superiores e o crescimento do homem interno e eter-
^
no, sao a prognie de Shiva, o Mahdyogi, o grande patrono de todos os
iogues e misticos da India.
-
Shiva Rudra o Desttuidor, como Vishnu & o Conservador; ambos
saos os Regenetadores, tanto da natureza espiritual como da natureza flsica.
Para viver como planta , deve morrer a semente . Para o homem viver como
entidade consciente na Eternidade, suas paixbes e sentidos devem perecer
antes do seu corpo. A senten a viver e morrer , e morrer viver tem
^
sido muito mal compreendida no ocidente. Shiva , o Destruidor, 6 o Cria -
dor e Salvador do Homem Espiritual, e o bom jardineiro da Natureza.
Procede a monda das plantas humanas e cos micas, e mata as paLxoes do
homem fisico para fazer com que vivam as percepcoes do homem espiritual
. .
Os Kumaras sao, pois, os ascetas virgens , que se negam a criar o
ser material Homem. facil imaginar como se relacionam diretamente
com o Arcanjo cristao Miguel, o adversario virgem do Drag a o Apophis,
do qual sao vitimas todas as almas que se acham muito debilmente uni das
ao seu Espirito imortal; o Anjo que, como o indicam os gnosticos, se recusou
a criar, tal qual o fizeram os Kumaras , Porventura esse Anjo, protetor dos
judeus, nao preside a Saturno ( Shiva ou Rudra ) e ao Sabbath , o dia de
Saturno ? Nao o descrevem como sendo da mesma essncia que o seu
Pai ( Saturno ) , e nao o chamam Filho do Tempo, Cronos ou Kala, uma
das formas de Brahma ( Vishnu e Shiva ) ? E o Velho Templo dos Gregos ,
com sua foice e sua ampulheta , nao e por acaso identico ao Anciao dos
Dias dos cabalistas, aquele Anciao que se identifica com o Anciao dos
Dias Hindu, Brahma, em sua forma trina , que tambem tem o nome de Sanat,
o Velho? Todos os Kumiras trazem o prefixo de Sanat ou Sana E
Shanaisbchara e Saturno, o planeta Shani, o Rri Saturno, cujo Secret rio ^
no Egito era Thot-Hermes , o primeiro. Sao eles, portanto, identificados
com o Deus ( Shiva ) e com o planeta, os quais, por sua vez, sao os prot6-
tipos de Saturno, que outre nao senao Bell , Baal, Shiva e Jehovah Sabbaoth,

Veja-se o Vol. HI , Parte I , Est nda IX , Comentirios .


( 49 )
( 50 ) Sanat, uin eplteto de Brahma. ^
167
Escola do Grande Oriente Mistico

ca ao do termo , observa Wilson, que nem por urn instante suspeita encon
^
trar-se em present dos Anjos das Trevas , o "grande inimigo mitico
-
-
de sua Igreja. Liroita se, portanto, a esdarecer que aquelas ( Divin
dades ) , negando -se a procriar ( e rebelando-se deste modo contra Brahma ) ,
-
permaneceram, como esta implicito no nome da primeira delas ( Sanatku
mara ) , sempre adolescentes , Kumaras, is to e, puras e inocentes, o que
-
levou a dar-se o nome de KaumSra a sua Criagao . Os Puranas, contudo,
.
podem trazer-nos mais um pouco de luz Permanecendo sempre tal como
nasceu, ele e por isso chamado adolescente, sendo seu nome conhecido como
Sanatkumara 46. Nos Sbaiva Pur anas os Kumaras sao descritos sempre
como Yogins , O Kurrna Pur Ana, depots de enumera-los, diz: Aqueles cinco
6 Bramanes, que lograram imunidade completa contra as paixoes, erann
Yogins . Sao cinco , porque dois dos Kumaras sucumbem.
Tao pouco fteis sao algumas tradu$6es dos orientalistas, que na tradu-
ao francesa do Harivarnsha se 1: Os sete Prajfipatis , Rudra, Skanda ( seu
filho ) e Sanatkumara puseram-se a criar seres *. O original, porem, segundc-
mostra Wilson, reza : Estes sete . . . criaram prog&ue ; e assim o fez Rudra;
-
mas Skanda e Sanatkumara , refreando o seu poder , ahstiveram se ( de criar ) .
As quatro ordens de seres sao por vezes consideradas, como referindo-se
a Ambhamsi, palavra que Wilson traduz por Aguas , literalmente , e acre-
dita que e um termo mistico . Sem duvida que o \ v -se, por&n, que
ele nao p6de compreender o verdadeiro sentido esoterico. As Aguas e
a Agua sao o simbolo do Akasha, o Oceano Primordial do Espago ,
sobre o qual Narayana , o Espirito nascido de si mesmo, se move, apoian-
do-se no que e a sua progenie *1 . A Agua 6 o corpo de Nara, foi assim
que ouvimos explicar o nome da Agua. Porque Brahma repousa sobre a
Agua , e 6 chamado Narayana 46. O puro, Purusha, criou as Aguas
puras . A Agua e, ao mesmo tempo, o Terceiro Prindpio do Cosmos mate
rial e o terceiro do reino do Espiritual: o Espirito do Fogo, da Chama, do
-
Akslsha, do liter, da Agua , do Ar, da Terra, sao os prindpios cosmicos,
siderais, psfquicos, espirituais e mfsticos, eminentemente ocultos, em cada
piano do ser. Deuses , Demdnios, Pitris e Homens sao as quatro ordens
de seres a que se aplica o termo Ambhimsi, por serem todos o produto das
Agues ( misticamente ) , do Oceano AHshico e do Terceiro Principio da
Natureza. Nos Vedas 6 um sinonimo de Deuses. Os Pitris e os Homens
na Terra sao as transforma oes ou remscimentos de Denses e Demonios
^
( Spiritus ) de um piano superior . A Agua, em outro sentido, e o principio
feminino. Venus Afrodite e a personifica ao do mar e a Mae do Deus do
^
Amor , a Geradora de todos os Deuses , do mesmo modo que a Viigem Maria
dos cristaos e Mare, o Mar, a Mae do Deus ocidental do Amor, da Com
paixao e da Caridade. Se o estudante da Filosofia Esoterica refletir madu-
-
ramente sobre este assunto, vera sem duvida quao sugestivo 6 o termo
Ambhamsi em suas multiplas relagoes com a Virgem do Ceu, com a Virgem

( 46 ) Ltnga Pur Ana , Se ao Anterior, LXX, 174.


( 47 ) - ^
Veja se Manu , I, 10.
( AS ) - .
Vejam se os Ltnga, Vdyu e Mdrkandeya Pur Anas Wilson, vol. I, pp. 56-57.

166
Escola do Grande Oriente Mistico

o Anjo da Face, de quem Miguel e 'ixw , aqu&le ( que ) 6 como Deus .


Ele, Miguel , e o protetor e Anjo da Guarda dos judeus , como nos diz
Daniel 51 ; e, antes que os Kumaras fossem degradados, por aqueles que ate
Ihes ignoravam o nome, a categoria de Demonios e Anjos Caidos, os ofitas
gregos, os predecessores e precursors, com tendencias ocultas, da Igreja
Catolica Romans, depois da cisao e separa ao da Igreja grega primitiva, ja
^
haviam tdentificado Miguel com o seu Ophiomorphos, o esplrito rebelde
e adversario. Isso nao signifies outra coisa senao o aspecto inverso, simbo
licamente, de Ophis, a Sabedoria Divina ou Christos. No Talmud , Miguel
e o Principe da Agua e o Chefe dos Sete Espiritos , pela mesma razao
que um de seus numetosos protdtipos , Sanateujata , o chefe dos Kumaras ,
e cbamado Ambhamsi, as Aguas , segundo o from en tario do Vishnu Pur&na.
Por que? Porque as Aguas representam outro nome do Grande Abismo,
as Aguas Primordiais do Espa o, ou o Caos , . e tambem signifies a Mae,
^
Amba , que quer dizer Aditi e A kasha , a Virgem -Mae Celestial do Universo
visivel. Alias, as Aguas do Diluvio sao ainda chamadas o Grande Dra
gao ou Ophis, Ophiomorphos *
-
No volume III trataremos dos Rudras em seu carater setenario de
Espi'ritos do Fogo , no Simbolismo relacionado com as Est&cias. Ali
tambem examinaremos a Cruz { 3 + 4 ) sob suas formas primitivas e ulte
riores , e empregaremos , como meio de compara ao, os numeros pitagdricos
-
^
juntamente com a metrologia hebraica. A imensa importancia do numero
sete sera , desse modo, posta em evidencia , como numero fundamental da
Natureza , Considera- lo-emos do ponto de vista dos Vedas e das Escrituras
caldeias ; tal como existiu no Egito milhares de anos antes de Jesus Cristo,
e segundo se acha interpretado nos anais gnosticos; mostraremos que sua
importancia como numero fundamental foi reconhecida pda ciencia fisica;
e nos esforgaremos em provar que a importancia atribufda ao numero sete
durante toda a antiguidade nao se devia a imagina ao fantasiosa de sacer
^
dotes incultos, mas a um profundo conhecimento da Lei Natural,
-

( 51 ) -
Veja se Cap. XU , L
168
Escola do Grande Oriente Mistico

SE XIV
^ AO

OS QUATRO ELEMENTOS

METAF/SICA e esotericameme nao existe senao Vm Elemento na Natu


reza; e em sua raiz esta a Divindade. Os chamados sete Elementos , dos
-
quais cinco ja se manifestaram e afirmaram sua existncia, nao passam de
vestimenta, de veu da Divindade, de caja essencia o homem proveto direta-
mente, quer sej-a considerado do ponto de vista ffsieo., psiquico, mental ou
espiritual. Em tempos nao muito remotes, so se aludia geralmente a quatro
Elementos, enquanio que em filosofia so se admitem cinco. O corpo do
Eter nao se acha ainda inteiramente manifestado, e sen numero e ainda o
Pai Aither Onipotente , a sintese dos outros. Mas, que sao esses Ele-
mentos, cujos corpos compostos concern, segundo a descoberta da Flsica
e da Quimica, inumeros subelementos, que ja se nao podem limitar aos
sessenta ou setenta que se haviam calculado? 1. Acompanhemos sua evolu-
ao, pelo menos desde os seu$ primdrdios histSricos.
Os quatro Elementos foram plenamente caracterizados por Platao ao
dizer que eram aquilo que compoe e decompoe os corpos compostos ' . A
1

Cosmo]atria, portanto, mesmo em seu pior aspecto, nunca foi o fetichismo


que adora a forma passiva externa de qualquer objeto e o seu conteudo
material: mas sempre contemplava o Numero neles existente. Fogo, Ar,
Agua e Terra eram somente o revestimento visxvel, os sfmbolos das Almas
ou Esplritos invisiveis que a mdo animavam; os Deuses Cdsmicos, aos
quais o homem ignorante prestava culto e o sabio um simples mas respei-
toso reconhedmento. As subdivisoes fenomenais dos Elementos nutninicos
eram , por seu turno , animadas pelos chamados Elementais, os "Espfritos
da Natureza de grau inferior.
Na Teogonia de M6chus, vemos primeiro o Eter, e depois o Ar

os dois prinefpios dos quais nasce Ulom , o Deus Inteligivel ( votjxoj ) , o
Universo visivel da Materia 2.
Nos hinos orficos , o Etos-Phanes se desenvolve do Ovo Espiritual ,
que os Ventos Et reos impregnam, sendo o Vento o Espirito de Deus
que se admite mover-se no Aether , < cincumbando o Caos , a Idda Divina ,

(1) Veja-se o Apendice , Se des XI e XII .


(2) ?
^
Movers, Phoinizer p . 282.

169
Escola do Grande Oriente Mistico

No Katha Upanisbad Hindu, Pumsha , o Espirito Divino, j sc encontra


ante a Materia Original , e da uniao dos dois surge a Grande Alma do Mundo,
Maha-Atma , Brahman , o Espirito de Vida 3; denominagdes estas que sao
tambem identicas a da Alma Universal ou Anima Mundi, constituindo a Luz
Astral dos Teurgistas e dos Cabalistas sua ultima e inferior divisao.
Os Elementos ( OTOIXSUJC ) de Platao e Aristoteles eram, pois, os prin-
ctptos incorporeos associados as quatro grandes divisoes do nosso Mundo
Cdsmico; e tern ra2ao Creuzer quando define essas crengas primitivas como
uma especie de magismo, um paganismo psiquico e uma deificaqao de
poderes; uma espiritualizagao que punha os creates em estreita comunicagao
com esses poderes 4. Tao estreita , realmente, que as Hierarquias desses
Poderes ou Formas foram classificadas em uma escala graduada de sete, desde
o ponderavel ao imponderavel, Sao setenarios, nao como um meio artificial
de facilitar a sua com preensao, mas por sua verdadeira gradagao cdsmica,
desde a composite quimica ou fisica at a composigao espiritual . Deuses
para as massas ignorantes ; Deuses independentes e supremos; Demdnios
para os fanaticos, que, por intelectuais que sejam , sao incapazes de compre-
ender o espirito da sentenga filosdfica in pluribus unum. Para os fildsofos
hermeticos, sao Forgas relativamente cegas ou inteligentes , conforaie
se trate de um ou outro de seus principios , Transcorridos milhares de
anos, vemo-las reduzidas, em nosso culto seculo, a condigao de simples
elementos quimicos.
Mas, seja como for, deveriam os bons cristao, e esperialmente os
protestantes biblicos, tributar maior veneragao aos Quatro Elementos, se e
que desejam conservar alguma por Moists. Porque a Biblia da testemunho,
em cada pdgina do Pentateucoy da consideragao que a eles votava o Legis-
-

lador Hebreu, e do significado mlstico que lhes atribuia . A tenda que


continha o Sanctum Sanctorum era um Simbolo Cosmico, consagrado, em
uma de suas significagoes, aos Elementos, aos quatro pontos cardiais e
ao Eter. Segundo a descrigao de Josefo, era de cor branca , a cor do liter.
E isso tambem explica por que, nos templos egipcios e hebreus, conforme
nos diz Clemente de Alexandria 5, uma cortina gigantesca , sustentada por
cinco pikres, separava o Sanctum Sanctorum ( hoje representado pelo altar
nas lgrejas cristas ) , onde so aos sacerdotes era permitido penetrar, da parte
a que tinham a<?esso os prof anos. Com suas quatro cores, a cortina simbo
lizava os quatro Elementos principals, e com os cinco pilares significava o
-
conhecimento do que divino, ao alcance do homem por meio dos cinco
sentidos com a ajuda dos quatro Elementos.
Em Ancient Fragments de Cory, um dos Oraculos caldeus exprime
ideias acerca dos Elementos e do Eter, numa linguagem que se assemelha
de mode estranho a do livro The Unseen Universe, escrito por dois emi-
nentes sibios de nossa poca . Afirma ele que todas as coisas provm do
Eter, e ao Eter voltarao; que as imagens de todas as coisas ali se acham
( 3 ) Weber, Akad. Vorles, pp . 2134, etc ,
( 4 ) Livro IV, p. 850.
( 5 ) Stromata, I, V, 6 .

270
Escola do Grande Oriente Mistico

impressas de maneira indelevel; e que o liter 6 o deposito dos germes ou


dos restos de todas as formas vislveis, e at6 de todas as id&as. Parece que
temos aqui urn a surpreendente confirma ao daquela nossa afirmativa de
^
que, sejam quais forem as descobertas que se possam fazer em nossos dias,
acabaremos verificando que elas ja foram feitas ha milhares de anos pelos
nossos simpldrios antepassados e.
De onde vieram os Quatto Elementos e os Malachim dos hebreus ?
Foram eles fundidos em Jeova gramas a um passe de magica teologico dos
rabinos e dos Padres da Igreja ; mas a sua origem e precisamente a mesma
que a dos Deuses Cosmicos de todas as na$oes . Os slmbolos que os tepre-
sentam , tenham nascidos nas margens do Oxus , nas areias ardentes do Alto
Egito, nas misteriosas e selvagens florestas glaciais que cobrem as faldas e
os cumes nevados das montanhas sagradas da Tessalia, ou ainda nos pampas
da America , esses sfmbolos, repetimos, quando remontamos k sua origem,
sao sempre os mesmos. Fosse egfpcio ou pelasgico, ariano ou semitico, o
Genius Loci , o Deus local , abrangia em sua unidade toda a Natureza ; nao
se restringia aos Quatro Elementos e tampouco a qualquer uma de suas
cria<;6es, como as arvores, os rios, as montanhas ou as estrelas. O Genius
Loci , fruro de uma ideia que surgiu mais tarde nas ultimas sub-ragas da
Quinta Ra a -Raiz, quando o significado primitivo e grandioso se perdera
^
quase por completo, representava sempre, sob os diversos titulos que acumu -
lou , todos os seus colegas , Era o Deus do Fogo, simbolizado pelo raio,
como Jupiter ou Agni ; o Deus da Agua, simbolizado pelo touro fluvial ,
por um rio ou fonte sagrada , como Varuna, Netuno, etc., o Deus do Ar,
que se manifesta no furacao e na tempestade, como Vayu e Indra ; e o
Deus ou Esplrito da Terra, que aparece nos terremotos, como Plutao, Yama ;
e tantos outros.
Tais eram os Deuses Cosmicos, que se fundiam todos em um so, como
se observa em todas as mitologias ou cosmogonias. Assim, os gregos
tinham o seu Jupiter de Dodona , que incluia em si mesmo os Quatro Ele-
mentos e os quatro pontos cardiais, sendo, por esse motive, reconhecido
na Roma antiga sob o titulo panteistico de Jupiter Mundos; agora, na
Roma moderna, ele se converteu em Deus Mundus, o unico Deus do
Mundo, que a teologia recente, por decisao arbitraria de seus ministros
especiais, faz absorver todos os demais Deuses ,
Como Deuses do Fogo, do Ar e da Agua , eram Deuses Celestes;
como Deuses da Regiao Inferior , eram Divindades Infernais mas este Ultimo
}

adjetivo aplicava -se exclusivamente k Terra. Estes eram os Espfritos da


Terra , com os nomes respectivos de Yama , Plutao, Osiris, o Senhor do
Reino Inferior , etc., e o seu career telurico o demonstra suficientemente.
Os antigos nao tinham conhecimento de nenhum lugar que , depois da morte,
fosse pior que o Kama Loka , o Limbo da Terra 7.

(6) Veja -se Isis sem Veu , I, p. 395.


(7) A Geena da Bibiia era um vale nas cercanias de Jerusalem , onde os judeus
Jeremifls. A Mansao escandinava de Hel on Hela era uma regiao glacial

monoteistas imolavam seus filhos a Moloch , se acreditarmos nas palavras do profeta
tambdm

171
Se se objetar que o Jupiter de Dodona era identificado cam Dis, ou
o Plutao romano com o Dionisio Ct6nio, o Subterraneo, e com Aidoneus,
o Rei do Mundo Subterraneo, onde, segundo Creuzer 8, eram proferidos os
orsiculos , entao os ocultistas terao a satisfa ao de provat que tanto Aidoneus
^
como Dioniso sao as bases de Adonai, ou lurbo - Adonai, como e chamado
Jeov no Codex Nazarceus. * Nao adorar s o Sol, que se chama Adonai
^
e que tambem tem os nomes de Kadush e EIEIM e ainda o de Senhor
Baco \ O Baal-Adonis dos Sods, ou Misterios dos judeus pr -babilomcos,
transformou - se em Adonai pela Massorah , e depois em Jeova com vogais ,^
Tem razao, pois os catdJicos romanos . Todos esses Jupi teres pertencem a
mesma familia ; mas nela e preciso incluir Jeov para torna-la completa .
O Jupiter Aerius ou Pan, o Jupiter-Amon e o Jupiter-BebMoIoch sao todos
correlates de lurbo- Adonai , porque possuem todos a mesma natureza
cbsmica , E essa Natureza e esse Poder que criam o sfmbolo especifico
terrestre, cuja estmtura fisica e material demonstra que a Energia se mani-
festa por seu intermddio como extrinseca.
Porque a religiao primitiva era algo mais e melhor que uma simples
preocupa ao quanto aos fendmenos ftsicos, como observou Schelling ; e
^
principios mais elevados que os conbecidos por nos , saduceus modemos,
estavam ocultos sob o transparente vu de divindades puramente naturals,
como o raio, o vento e a chuva b Os antigos conheciam e podiam distin-
guir os EJemenfos cor p6 reos dos espirituais, nas Formas da Natureza .
O Jupiter quadruplo, da mesma forma que o Brahma de quatro faces,
o Deus aereo, o fulgurante, o terrestre e o marinho, a dono e senhor dos
Quatro Elementos , pode comiderar-se como representante dos grandes Deu-
ses C6smicos de todas as na oes . Embora delegando o poder sobre o fogo
^
a Hefesto-Vulcano, sobre o mar a Posseidon-Netuno, e sobre a Terra a Plu-
-
tao Aidoneus, o Jupiter Aereo a todos englobava , porque o ./Ether tinha,
desde o comedo, predominio sobre todos os Elementos, dos quais era a
sfatese.
A tradi ao fala de uma gruta , vasto subterraneo nos desertos da Asia
^
Central , em que a luz penetra por quatro aberturas ou fendas, que parecem
naturals e cruzam os quatro pontos cardiais. Desde o meio dia ate uma -
hora antes do p6r do sol, a luz passa por el as , em quatro cores diferentes ,
que, segundo se diz, sao o vertnelho, o azul, o laranja-dourado e o branco,
por efeito de condit;oes, naturals ou artificials, da vegeta ao e do solo. A
^
luz converge no centro, ao tedor de uma coluna de mtonore branco, que
-
suporta um globo representante a Terra. Chamam se a "Gruta de Zara
tustra .
-
A Quarta Ra?a , a dos Atlantes , incluia entre as suas drtes e ciencias a
manifesta ao fenomenal dos Quatro Elementos, que assumia assim um cari
^ -
o Kama Loka
II , 11 ). e o Amend egfptio era um lugar de puriflcagao ( Ver Isis sent VSu,
( 8 ) I, VI, 1 .
.
( 9 ) Cod . Naz t I, 47 ; vejan>3e tambem os Vsdmos LXXXIX, IS
^
.
172
Escola do Grande Oriente Mistico

ter cientffico, sendo com razao atribufda *L intervengao inteligente dos Deu -
ses Cosmicos. A Magi a dos antigos sacerdotes comistia , naqueles tempos,
em invocar os Deuses na propria lingua gem destes.
A linguagem dos homens da Terra nao pode alcangar os Senbores. A
cada um destes prectso falar na linguagem de seu respective Elemento.
Assim diz o Livro das Lets , em uma sentenga que, como se verd,
encerta um sentido profundo; e acrescenta a seguinte explicate quanto a
natureza da linguagem dos elementos :
Ela se compoe de SONS, nao de palavras; de sons, numeros e formas.
Aquele que souber combin ar os ires atraira a respasta do Voder dirigente
|o Deus- Regente do Elemento espectfico a que se recorre ).
Essa c 'linguagem e, portanto, a dos encantamentos ou dos mantras;
como se ebama na India, sendo o som o agente mdgico mais poderoso e
eficaz, e a primeira das chaves que abrem as port as de comunicaqdo entre
os Mortals e os I mortals. Quem cr nas palavras e nos ensinamentos de
Sao Paulo nao tern o direito de escolber ai unicaiuente as sentengas que Ihe
apraz aceitar, excluindo as demais; e Sao Paulo ensina , incontestavelmente,
a existencia de Deuses Cosmicos e a presenga deles entre n6s. O Paga-
nismo pregava uma evolugao dupla e simultanea , uma criagao ' spiritualem
ac mundanum, no dizer da Igreja Romana, muitos seculos antes do advento
desta mesma Igreja . A fraseologia exoterica introduziu poucas modifica
goes no que concerne as Hierarquias Divinas, desde os dias mais gloriosos
-
do Paganismo, ou da Idolatm . S6 mudaram os nomes, unidos a preten
soes que hoje se converteram em falsos pretextos. Pois, quando Pktao
-
poe na boca do Principio Superior ( o Pai .dither ou Jupiter ) as palavras :
Os Deuses dos Deuses , dos quais eu sou o criadory assim como sou o pai
de tod as as suas obras * , dava ao espirito da frase um sentido tao completo
'

quanto Sao Paulo ao dizer : Porque, ainda que haja tambem alguns que se
chamem Deuses , quer no Ceu, quer na Terra, como hi muitos Deuses
e muitos Senbores .. l0. Ambos conheciam o sentido e o significado do
}y

que manifestavam em ter mos tao comedidos.


Gs protestantes nao nos podem invectivar por havermos assim inters
pretado o versfculo dos Corintios , porque, se a tradugao inglesa da Blblia
i ambfgua , o mesmo nao sucede nos textos originals, e a Igreja Catdlica
Romana aceita as palavras do Apostolo em seu verdadeiro sentido, Veja -se,
como ptova, o que diz Sao Diomsio Areopagita , que foi diretamente inspi
rado pelo Apostolo e escreveu sob o seu ditado , segundo afitma o Mar
-
-
ques de Mirville, cujas obras estao aprovadas por Roma e que, cotnen
iando aquele versiculo especial, declara; E ainda que haja ( efetivamente )
-
os chamados Deusse , porque parece que realmente hi varios Deuses , ainda
assim, e apesar de tudo, o Deus Principio ou Deus Superior nao deixa de
ser essendalmente uno e indivisivel 11. Assim (alaram tambem os antigos

( 10 ) I Cor . , VIII, 5.
( 11 ) Concerning Divine Names , p. 364. ( Citado em Des Esprtts, voL II, p.
322. )

m
Escola do Grande Oriente Mistico

Iniciados, sabendo que o culto dos Deuses menores jamais poderia preju-
dicar o ilDeus Prindpio 12.
Sir W , Grove, F . R . S . , referindose a correlagao das formas , escreve:
"Quando as antigos se achavam era presents de urn fenomeno natural que se
afastava das analogies ordinarias, nao sendo explicavel pot nenbuma das a$6es raeca-
nicas entao conhecidas, atribuiam-no a uma alma, a um poder espiritual ou sobrena-
tural. .. O ar e os gases tarabem foram, de imrio, considerados espirituais, mas depois
se lhes deu um carter mais material, e as mesmas palavras, itV U [iat espfrito, etc.,
foram empregadas para significar a alma ou urn gas. A propria palavra gas, de
getst, fantasma ou espfrito, nos oferece ura exemplo da transfotma ao gradual de um
conceito espiritual em um conceito fisico. is ^
O eminente cientista , no prefacio da sexta edi ao de sua obra, entende
^
que s6 estes fenomenos devem interessat a Gencia exata, que nao tem por
que se ocupar das causas,

Causa e efeito sao, por conseguinte, em sua rela ao abstrata com essas forgis,
^
simples pa lavras conventional . Descon hecemos totalmente o poder gerador ultimo
de cada uma delas , e provivel que seja sempre assim. Nao podemos senao verificar
a norma de suas a;oes. Cab e-nos, humildemente, atribuir sua origem a uma influencia
onipresente, e contentarmos com cstudar-lhcs os efeitos e observar , acraves
de experi-
ences, suas relates mutuas. 14
Uma vez aceita essa atitude, e adroitido virtualmente o sistema tal
como descrito nas pakvras que acabamos de transcrever, e principalmente
a espiritualidade do poder gerador ultimo , seria mais do que lldgico dei
xar de reconhecer esta qualidade ( que e inerenle aos elementos materials,
-
ou melhor, aos seus compostos ) como presente no fogo, no ar , na gua ou
na terra. Tao bem conheciam os Antigos esses poderes que, ocultando sua
verdadeira natureza sob alegorias diver sas, em beneffcio ou detrimento das
massas ignorantes, jamais se afastavam do objetivo multiplo que tinham
em mente quando os confundiam intencionalmente. Resolveram lan ar um
espesso veu sobre o nucleo da verdade oculto pelo simbolo; mas procura ^ -
ram sempre eonservar este sfmbolo como um sinal para as futuras gerafoes,
com suficiente transparency para permitir aos seus sab i os discernirem a
verdade por trs da aparencia fabulosa do mito ou da alegoria . Esses sbios
da antiguidade sao acusados de supersti ao e credulidade ; e isto pelas mes-
^
mas nagoes que , embora instruidas em todas as artes e ciencias modernas,
cultas e sabias em sua geraplo, aceitam ainda em nossos dias, como seu
unico Deus, vivo e infinito, o antropomorfieo Jeovi dos judeus !
Mas vejamos em que consistiam algumas dessas supostas supersticoes .
Hesiodo, , por exemplo, acreditava que os ventos eram filhos do
Gig ante Tifeu ? e que Eolo os prendia e desencadeava a vontade; e os
5

gregos politelstas pensavam como Hesiodo. E por que nao se os judeus

( 12 ) Veja-se De Mimlle, Des Esprit*, vol. II, p, 322.


( 13 ) .
The Correlation of Physical Forces, p. 89
.,
( 14 ) Ibid XIV.

174
monoteistas alimentavam as mesmas crengas, com outros nomes para suas
dramatis personae , e seos cristaos ainda hoje o fazem ? O olo, o Boreas ,
etc., de Heslodo, eram chamados Kedem , Tzephum , Derum e Ruach Hayum ,
pelo povo eleito de Israel . Qual e, port an to, a diferen a fundamental?
^
Enquanto era ensinado aos helenos que Eolo atava e desatava os ventos,
tambm os judeus criam piamente que o seu Senhor Deus, soprando fumo
pelas nannas, e fogo pela boca.. . montava sobre um querubtm e voava,
'

e era visto sobre as asas do vento 15. As expressoes usadas pelos dois
povos sao on figuras de retdrica ou superstiroes. Acreditamos que nao
sejam nem uma coisa nem outra , mas que brotaram de um sentimento pro
fundo de unidade com a Natureza , e de uma percepcao do que ha de miste-
-
rioso e inteligente por tris de todo fenomeno natural, percepcao que os
modernos ja nao possuem. *

Nada havia tambdm de < fsuper$tiao15 por parte dos gregos pagaos no
-
escutarem o oraculo de Delfos, quando este, ao aproximar se a esquadra
de Xerxes , Ihes aconselhou que sacrificassem aos ventos se ato idn-
tico deve ser considerado como culto divino em se tratando dos israelitas,
que com tanta freqiiencia sacrificavam ao vento, e mais ainda ao fogo. Nao
dizem eles que o seu Deus ue utn fogo abrasador 16, e que geralmente
aparece sob o aspecto de fogo e rodeado de fogo ? E nao procutou Elias
aos Senhor na furia do vento e no tremor de terra ? E os cristaos ,
posteriormente, nao repetem a mesma coisa ? Nao sacrificam, ainda hoje,
ao mesmo ' Deus do Vento e da Agua ? Sim ; porque atualmente existem
ora oes especiais para a chuva, o tempo seco, os ventos propicios e o
^
apaziguamento das tempestades no mar, nos devocionarios das trs igrejas
cristas; e as centenas de seitas da religiao protestante oferecem tais ora oes
ao seu Deus sempre que surge amea a de calamidade. O nao serem elas ^
"atendidas por ^
Jeova mais do que o eram provavelmente por Jupiter
Pluvius em nada altera o fa to de que essas ora 5es se dirigem ao Poder ou
^
aos Poderes que se supoe governarem os Elementos, nem o fato de que
esses Poderes sao idnticos no paganismo e no cristianismo. Ou devemos
crer que semelhantes ora oes sao uma idolatria grosseira e uma supers ti-
^
gao absurda somente quando as dirige um pagao ao seu Idolo , supers -
ti ao que se transforma repentinamente em ato de louvavel piedade e de
^
religiao quarido muda o nome do destinat rio celeste ? Mas a dtvore
^
se conheee por .seu fruto ; e, nao sendo melhor o fruto da 4rvore crista
que o da tvore do paganismo, por que haveria o primeiro de inspirar
maior respeito que o ultimo?
Assim , quando o cavaleiro Drach , um judeu convertido, e o Marqufes
de Mirville, um fanatico da Igreja Catolica Romana, pertencente a aristo
cracia francesa , nos dizem que em hebreu "relampago sindnimo de ira ,
-
e que e sempre manejado pelo Espirito maligno ; que Jupiter Fulgur ou
Fulgutante 6 tambdm chamado Elicio pelos cristaos, e declaradb a alma

( 15 )
( 16 )
II Samuel , XXII , 9 11-
Deuterondmio\ IV, 24.
-
175
f

Escola do Grande Oriente Mistico

do relampago*', o seu Demonio 17; 5-nos Kcito estender a mesma explicagao


e as mesmas definigoes ao Senhor Deus de Israel , em identical citcuns
t and as ; ou devemos renundar ao direito de atacar os Deuses e as crengas
-
dos outros povos,
Como as afirmagoes ora citadas partem de dois ardorosos e ilustres
catdlicos romance, sao, pelo menus, perigosas , em face da Biblta e de seu 5
profetas. Com efeito, se Jupiter, o demonio-chefe dos gregos pagaos ,
langava seus raios e relampagos mortiferos sobre os que lhe provocavam
a colera, assim tambdm fazia o Senhor Deus de Abraao e Jacob; pois nos
lemos que;
Trovejou cos cus o Senhor ; e o Altissimo fez soar a sua voz. E disparou
flechas |raios|, e os dispersou |aos ex rcitos de Saul|; e, ielampagueando, os derrotou. *8
^
Increpam aos atenientes o terem feito sacrifirio a Bdreas; e este
Derndnio 6 acusado de haver submergido e destrufdo 400 navios da
frota persa nos rochedos do Monte Pelion , e desencadeado uma furia tal
que todos os magos da Persia dificilmente puderam contdo, oferecendo
-
contra sacriffcios a Tetis 19. Felizmente, nao ha exemplo nenhum, auten-
tico, nos anais das guerras cristas, de cat strofe semelhante que sucedesse
^
a uma esquadra crista em virtude de oraches * de outra nagao crista ini-
miga. Nao porque hoovesse faita de zelo, pois cada qual reza tao fervoro-
samente a Jeova , rogandodhe a destruigao da outra, quanto o faziam os
atenienses a Bdrcas , Vns e outros recorriam, con amore, a um simples
e edificante a to de magia negra *

E como nao se pode atribuir tal ausencia da intervengao divlna a falta


de oragoes, dirigidas a um Deus comum, Todo- Poderoso, para a destruigao
mutua , onde, pois, tragar a linha divisoria entre pagao e cristao? E quern
pode duvidar de que a protestante Inglaterra se regozijaria em massa , e
renderia gramas ao Senhor , se durante alguma guerra futura 400 navios da
frota inimiga viessem a naufragar por merc de santas oragoes daquele
genero ? Qua! e, pois, perguntamos mais uma vez, a diferenga entre um
Jupiter , um B6reas e um Jeov ? Nenhuma, a nao ser esta: o crime de
um parente proximo, o de nosso pai, por exemplo, sempre encontra justi
ficativa , e s vezes 6 atd louvado, ao passo que o crime cometido pelo
-
parente de vosso vizinho costuma ser punido com satisfagao, inclusive com
a forga . E no cntanto o crime e o mesmo,
*

A esse respeko, os beneficios do Cristianismo nao parecem haver


conseguido um progresso apreciavel sobre a moral dos pagaos convertidos.
Nao se veja no que acabamos de escrever nem um paneglrico dos Deu-
ses pagaos nem um ataque ao Deus cristao; nem tampouco ( 6 ou crenga
em qualquer deles . A autora e de todo impartial, e rejeita o testemunho
em favor de uns ou de outro, porque nao faz oragoes a nenhum Deus

( 17 ) Op. tit . , Ill, 41


( IS ) *
II Samuel , XXII, 14-15 .
( 19 ) Her6doto, Polymnm, 190, 191 .

176
Escola do Grande Oriente Mistico

pessoal e antropomdrfico daquela espdcie, nao ere em nenhum deles *


nem os teme. Tra$a simplesmente o paralelo como urn a curiosa mostra do
cego e ildgico fanarismo do tedlogo civilizado . Porque, ate agora, nao se
observa grande diferenga entre as duas cren as; e nao ha nenhuma em sens
^
respective^ efeitos sobre * moratidade , ou sobre a natureza espiritual . A
"luz de Cristo resplandece hoje sobre os mesmos repugnantes aspectos do
homem animal, como o fa2ia na antiguidade a luz de Lucifer , Diz o
missionario Lavoisier no Journal des Colonies:
" Aqueles desgra ados pagaos consideiam, em sua super sticao, ac mestno os ele-
^ de icteligSncia.. , Ainda tem it em seu idolo V & yu , o
ments como coisa dotada
Deus, ou melhor, o Derobnio do Vento e do Ar. , Creem piamente na eficcia de
%

suas ora$5es e nos poderes de sens bramanes sobre os ventos e as tempestades,"

Como respostas * podemos citar uma passagem de Lucas : E ele ( Jesus ) ,


levantando-se, repreendeu o vento e a furia da dgua, que logo cessaram, e
jez-se bonanza 20, E eis aqui outra passagem de um Livro de Ota oes;
Oh ! Virgem do Mar, bendita Mae e Rainha das Aguas, acalma as tuas ^
ondas! Esta ora ao dos msxrujos napoli Canos e proven ais e cdpxa textual
^ ^
da que os marinheiros fenlcios dirigiam h sua Deusa -Virgem Astart&a *

A conclusao 16gica e inevitivel, que decor re do paralelo que apresen -


tamos e do que revela o missionario, e que, se nao sao "ineficazes as ordens
dos brSmanes aos seus Deuses-Elementos, o poder dos bramanes fica deste
modo situado no mesmo nivel do de Jesus. Demais, o * poder de Astart&a
em n&da cedia ao da Virgem do Mar*' dos marinheiros eristaos. Nao basin
dizer que um cao esti danado, e enforca-lo depoxs; e preciso comprovar
que o est & realmente. Pode ser que B6reas e Astartdia sejam "Diabos na
imagma ao teologica ; mas , como acabamos de observar , 6 pelo fruto que
^
se deve julgar a irvore, E, a partir do momento em que se demonstra
nao serem os eristaos menos imorais e perversos que os pagaos, que bene-
ffeio houve para a Humanidade em trocar de Deuses e de fdolos ?
Aquilo que Deus e os Santos eristaos t m justificadamente o direito
de fazet, passa a ser um crime em se tratando de simples mortals, se estes
tambem o conseguem. A feiticaria e os encantamentos sao hoje havidos
Inglaterra e da America contra a feiti aria
mas que at o presente nao foram revogadas ^
como fibulas; no entanto, desde as Institutas de Justiniano ate as leis da
leis que cairam em desuso,
tais praticas, ainda quando
nao houvesse senao meras suspeitas de sua existencia, eram punidas como
crimes . Por que punir uma quimera ? Lemos, nao obstante, que o Impe-
rador Constantino condenou a morte o fildsofo Sapatro porque este "desen
cadeara os ventos , impedindo assim que navios carregados de trigo chegas-
-
sem a tempo para acabar com a fome. Pausanias 6 objeto de mofa quando
afirma ter visto com seus prdprio olbos "homens que, por meio de simples
ora oes e encantamentos , detiveram uma violenta tempestade de granizo.
^
Mas isso nao impede os modernos escri tores eristaos de recomendarem a
ora ao nos momentos de tempestade e de perigo, acreditando em sua efici
^ -
( 20 ) VIII, 24.

177
Escola do Grande Oriente Mistico

cia. Hoppo e Stadlein, dais magioos e feiticeiros, for am sentenciados a


morte, faz apenas um sculo, pot haverem posto sortilgio em frutas
e transportado, por artes magicas , a colheita de urn campo para outro, a
darm os credito ao celebre escritor Springer, que o afirma: Qui fruges
excantassent segetem pellicentes incantwidc.
Para terminar, lembramos ao lei tor que se pode, sem a menor membra
de superstigao, acreditar na natureza dual de todos os objetos existentes
sobre a Terra, na Natureza espiritual e material, visivel e invisivel; e que
a propria Ciencia o comprova virtualmente, contradizendo suas afirmagoes.
Pois que, se, corno diz Sir William Grove, a eletricidade que manejamos
nao e senao o resultado da atuagao, sobre a materia ordiniria , de algo
invisivel

onipresente
o "poder gerador ultimo de toda Forga, a influencia unica
, nada mais natural que compartir a ctenga dos antigos, a
saber: que todo Elemento e dual em sua natureza. 0 Fogo Etreo 6 a
Emanagao do propria Kabir; o Fogo Aereo e tao somente a uniao ( corre-
lagao ) do primeiro com o Fogo Terrestre, e sua diregao e aplicagao sobre
o piano terrestre sabem a urn Kabir de menor iraportancia , talvez a um
Elemental, como o chamaria um ocultista ; e o mesmo se pode dizer de todo
Elemento Cosmico.
Ningu&n negari que o ser humano est de posse de varias forgas,
magneticas, simpaticas, antipaticas, nervosas, dinamicas, ocultas, mecani
cas, mentais; numa palavra , de todas as esp cies de forgas; e que as forgas
-
^
fisicas sao todas bioldgicas em sua essencia, pois que elas se entremesclam
e se funderu frequentemente com as forgas que denominamos intelectuais
e rnorais , sendo as primeiras, por assim dizer, os veiculos, os upadhis, das
segundas.
Ninguem , entre os que nao recusam a existncia de uma alma no
homem, hesitara em dizer que a presenga e a combinagao dessas forgas
constituem a essencia mesma do nosso ser; que sao, efetivamente, o Ego
no homem * Esses poderes ou potencias tem seus fenomenos fisiologicos,
fisicos, mec& nicos, bem como nervosos, extdticos, clariauditivos e clarivi-
dentes, considerados e reconhecidos hoje como perfeitamente naturals, inclu-
sive pela Ciencia. Por que haveria de ser o homem a unica excegao da
Natureza , e por que nao podem os Elementos ter os seus Veiculos, os seus
Vahanas, naquilo que nos chamamos de forgas fisicas ? E, sobretudo, por
que acoimar de superstigao tais crengas, assim como as religioes do
pass ado?

178
Escola do Grande Oriente Mistico

SEAO XV
SOBRE KWAN SHI -YIN E KWAN-YIN

TAL COMO Avalokiteshvara , por vdrias transformagoes tem passado


- -
Kwan Shi Yin; 6 um erro, por m, dizer que se trata de uma inven ao mo
derna dos budistas do Norte, pois que era conhecido sob outro nome ^ desde
*

os mais remotos tempos. Ensina a Doutrina Secreta que: Aquele que 6


o primeiro a parecer na Renovaqao , sera o ultimo a chegar antes da Reab-
sorgdo \ Pralaya\\ Assim, os Logos de todas as nafoes, desde o Vishva-
karman Vedico dos Misterios at o Salvador das atuais na oes civilizadas,
^ dos Poderes
sao o Verbo que existia no Principio , ou o novo despertar
vivificadores da Natureza, com o ABSOLUTO tJnlco. Nascido do Fogo e da
Agua, antes que estes se convertessem cm Elementos distintos, foi ele o
Artifice , o formador ou modelador de todas as coisas. Sem ele, nada
do que foi feito serk fefto. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos
-
homens ; e, finalmente, pode-se chama lo o que ele sempre foi: o Alfa e
o Omega da Natureza Manifestada . O grande Dragao de Sabedoria nasceu
do Fogo e da Agua, e no Fogo e na Agua tudo sera reabsorvido como ele L
Diz-se que este Bodhisattva assume a forma que lhe apraz , desde o
prindpio de urn Manvanlara ate o seu termino. Embora o seu aniversirio
particular oh dia comemorativo seja celebrado, segundo o Kin-kwang-tning *

-segundo
King ou Sutra Lurainoso da Luz Dourada , no decimo-nono dia do
mes, e o de Maitreya Buddha no primeiro dia do primeiro mes ,
os dois sao, nao obstante, um so Ele apareceri na Setima Ra9a como Mai-
treya Buddha , o ultimo dos Avatares e dos Buddhas. Esta crania e esta
expectativa sao universais em todo o Oriente. Mas nao sera durante o
Kali Yuga, esta nossa 6poca atual de Obscuridade. terrivelmente materia-
list a, a Idade Negra , que podera vir um novo Salvador da Humanidade.
O Kali Yuga nao 6 a Idade de Ouro ( ! ) senao nos escritos mlsticos de
-
alguns pseudo ocultistas franceses *.
O ritual do culto exoterico desta Divindade foi, por isso, baseado na
magi a . Os Mantras sao todos extrafdos de livros especiais, mantidos em
segredo pelos sacerdotes; e se diz que cada um deles produz um efeito

(1) Fa- hwa-kirtg .


( 2) Veja-se La Mission des Juifs.

179
Escola do Grande Orients Mistico

mtfgico: aguele que os fecit a ou le da origem , so cm cantl-los, a causas


secretas que se -
traduzem em efeitos imediatos . Kwan Shi-Yin e Avaloki
teshvara, e ambos sao formas do Setimo Principio Universal; enquanto que,
-
em sell carater metafisico mais elevado, esta Divindade 6 a agrega ao sin-
t tica de todos os Espiritos Planet rios , os Dhyan-Chohans. Ele 4 o ^
^ ^
Mamfestado por Si Mesmo ; numa palavra, o Filho do Pai \ Coroado
por sete dragoes, v-se no alto de sua estatua a inscri ao: Pu-tsi-kium-ling,
o Salvador universal de todos os seres vivos . ^
E claro que o nome constante do volume arcaico das EstSncias 4 intei
ramente diverse; mas o nome Kwan -Yin e um equivalente perfeito. Em
-
um templo de Pu-to, a ilha sagrada dos budistas da China, est represen-
-
tado Kwan Shi-Yin flutuando sobre uma ave aquatica negra ( Kalahamsa ) ,
e vertendo sobre as cabe as dos mortais o elixir da vida, que, ao fluir , se
^
transforma em um dos principais Dhyan-Buddhas, o Regente de uma estrek
chamada a Estrela da Salvagao . Em sua terceira transforma ao, Kwan
^ -
-Yin e o Espirito vivificador ou Genio da Agua. Cre se na China que o-
Dalai- Lama e uma encarna ao de Kwan-Shi-Yin, que em sua terceira apa-
^ -
ri$ao terrestre foi um Bodhisattva; sendo o Teshu Lama uma encarna$5o
de Amitdvha Buddha ou Gautama.
Seja registrado, de passagem , que so a imagina ao doentia de um
^
escritor pode vislumbrar por toda parte um culto falico, como o fazem
McClatchey e Hargrave Jennings. O primeiro descobre os antigos deuses
fdlicos, representados em dois sfmbolos evidences , o Kheen ou Yang, que
e o membrum virile> e o Kw-an ou Yin, o pudendum muliebre 3 Tal inter- 99
.
pretagao se nos afigura tanto mais estranha quanto Kwan-Shi-Yin ( Avalo-
-
kitesvara ) e Kwan Yin, alm de serem atualmente as Divindades prote
toras dos ascetas budistas, os Iogues do Tibet , sao os Deuses da castidade,
-
e em seu significado esoterico nao chegam sequer a ser o que se supoe na
versao do Buddhism do Sr. Rhys David: 0 nome Avalokiteshvara . . . signi
.
fies o Senhor que observa do alto' 4 Nem tampouco Kwan-Shi-Yin 6 o
-
Espirito dos Buddhas presentes na Igreja , mas, interpret ado Kteralmente,
quer dizer o Senhor que 4 visto , e, em certo sentido, o Eu Divino
percebido pelo Eu ( o Eu humano ) , isto e, Atman ou o Setimo Principio,
irfierso no Universal, percebido por Buddhi , ou objeto de percep ao de
Buddhi, o Sexto Principio ou Alma Divina do homem. Em sentido ainda ^
mais elevado, Avalokiteshvara =
Kwan-Shi-Yin, referido como o Sdtimo
Principio Universal , e o Logos percebido por Buddhi ou Alma Universal
como o agregado sintetico dos Dhyanis Buddhas ; nao e o Espirito de
Buddha presente na Igreja , mas o Espirito Universal Onipresente, mani
festado no templo do Cosmos ou da Natureza .
-
Essa etimologia orientailsta de Kwan e de Yin e comparavel a de
Yogini, que, no dizer de Hargrave Jennings, e uma palavra sSnscrita, pronun-
-
ciando se Jogi ou Zogee ( ! ) nos dialetos . . . equivalente a Sena e de todo

( 3 ) China Revealed , segundo cltagao no Phdlicism de Hargrave Jennings, p. 273.


( 4 ) P. 202,

180
f

Escola do Grande Oriente Mistico

identica a Duti ou Dutica , ou seja, uma prostituta sagrada do templo, e


objeto de culto como Yoni ou Sakti * * Os livros de moral ( na India )

recomendam que uma mulher fid evite a sociedade das Yogtni ou mulberes
adoradas como Sakti 6.. Nada mais tios poderia surpreender depois disso.
Deixemos apenas escapar um sorriso ao ver outro descomunal absurdo, a
respeito de Budh , interpretado como um name que signifies nao somen-
te o sol como fonte da gera ao, mas tamb&n o orgao masculino L Diz
^
Max Muller* ao tratar das Falsas Analogias , que o sinologo mais cdlebre
de seu tempo, Abel Remusat . , . , sustentava que as tres stlabas I, Hi, Wei
( no capitulo XIV do Tao-te-king ) se referiam a Je ho-va 8; e tambm o

Padre Amyot estava convencido de que as tres pessoas da Trindade podiara


ser reconhecidas na mesma obra \ E se assim se manifestou Able Remusat,
por que nao haveria de dizer outrotanto Hargrave Jennings? Todo sabio
versado na materia hd de reconhecer quanto 6 absurdo ver em Budh ( o
iluminado e o desperto ) um slmbolo falico ,
-
Kwan -Shi Yin 6 > pois, misticamente, o Filho idfintico ao Pai ou o
Logos, o Verbo. Na Estanda III , 6 chamado o Dragao de Sabedoria ,
porque os Logos de todos os antigos sistemas religiosos estao associados
as serpen tes e simbolizados pox elas.
No antigo Egito, o Deus Nahbkun, aquele que une os duplos , era
represent ado como uma serpen te sobre pemas humanas, e com bragos ou
sem eles. Era a Luz Astral, reunindo, por meio de sua potncia dual, fisio-
logica e espiritual, a Mdnada Humano-Divina k sua M6nada putamente
Divina , o Protdtipo no Ceu^ ou a Natureza. Era o emblema da ressurrei ao
na Natureza ; de Cristo para os of it as; e de Jeov4 sob a forma da serpen te ^
de bronze, que curava aqueles que a olhavam ,
A serpen te foi tatnbem um emblema de Cristo entre os Templarios,
con forme o indica o grau templario na Ma onaria.
^
diz Champollion

O simbolo de Knuph ( e tamb m de Khum ) , ou da Alma do Mundo
^
e representado, entre outras formas, sob a de uma
enorme serpen te sobre pernas humanas; sendo que este reptil, emblema do
Bom Gnio e do verdadeiro Agathodaemon , 6 algumas vezes barbudo
Este animal sagrado e, pois, identico as serpentes dos ofitas, e aparece em
um grande numeto de pedras gravadas, chamadas joias gndsticas ou basi -
-
lidianas, Vemo lo com varias cabe9as , de homem ou de animal, mas tais
pedras sempre trazem inscrito o notne XNOTBI ( Chnoubis ) . O simbolo
identico a outro que, segundo Jamblico e Champollion , era chamado o Pri-
meiro dos Deuses Celestes ', o Deus Hermes , ou Mercurio entre os gregos,
1

Deus a quern Hermes Trismegisto atribui a invengao da Magia e a primeira

(5 ) Op. tit., p. 60.


(6) Ibid .
(7 ) Round Towers of Ireland , de OBrien, p. 61 , citado por Hargrave Jennings
em seu Phallicistn, p. 246,
( 8 ) Introduction to the Science of Religion, p. 332.
( 9 ) Pantheon, texto 3,

181

Escola do Grande Orients Mistico

iniciaflio do homem nesta ciencia . E Mercurio 6 Budh, a Sabedoria, a


Ilumina ao ou o Novo Despertar na Ciencia Divina,
^ -
Concluindo: Kwan Shi-Yin e Kwan-Yin sao os dois aspectos, masculine
e feimruno, do mesmo principio, no Cosmos, na Naturea e no Homem,
da Sabedoria e Inteligencia Divinas. Sao o Christos-Sophia dos mfsticos
gnosticos, o Logos e sua ShaktL No afa de que a expressao de alguns
misterios jamais viesse a ser inteiranoente compreendida pelos profanos, os
antigos, sabendo que nada podia ser conservado na memoria humana sem a
ajuda de um simbolo extemo, opt a ram pelas imagens, que com frequ ncia
-
nos parecem ridiculas, dos Kwans Yins, a fim de evocarem na mente do ^
homem sua origem e sua natureza interna. Nao obstante, as Virgens ou
Madonas de saia-balao e os Cristos de luvas de pelica branca devem parecer,
a quem julga com imparcialidade, rnuito mais absurdos que os Kwans-
- -
Shi Yins e Kwans Yins vestidos como dragoes. O subjetivo dificil mente
pode ser lexpresso pelo objetivo. Por isso, como a forma simbdlica procura
earacterizar aquilo que esta acima do raeiocfnio cientifico, e o que tantas
vezes transcende em muito os nossos intelectos, necess rio se faz rir alm
^
do intelecto, de uma ou de outra maneira, porque do contrario se apagara
da mem6m humana.

182
Escola do Grande Oriente Mistico

PARTE III

APfcNDICE

SOBRE CIENCIA OCULTA E MODERNA


Escola do Grande Oriente Mistico

O saber deste mundo inferior ,


Dize tu, amigo; e falso ou verdadeiro ?
Falso, que mortal o desejaria conhecer ?
Verdadeiro, quc mortal jamais o conheceu ?
Escola do Grande Oriente Mistico

SE?XO I
RAZOES PARA ESTE APENDICE

MUITAS das doutrinas contidas nas sete Estancias que acabamos de


mencionar e nos respectivos Comentirios foram estudadas pot alguns teo
sofos ocidentais e submetidas ao seu exame crltfco, julgando eles que certos
-
ensinamentos ocultistas se apresentavam deficientes, se considerados do
ponto de vista geral da cultura cientifica moderna . Sua aceita ao parece
^
que tropeya com dificuldades insuperaveis, exigindo urn novo exame em face
.
da crltica cientifica Alguns amigos quase cbegaram a lamentar a neces-
sidade de pot em duvida, tao freqiiememente, as afirma oes da ciencia
moderna. Pareceu-Ihes - ^
e aqui me limito a repetir seus argumentos
que ir de encontro aos ensinamentos dos mais eminentes represen tan tes
da ciencia seria, aos oilios do mundo ocidental, correr ao encontro de uma
derrota prematura .
Convem , pois, definir, de uma ve2 por todas, a atitude que a autora ,
.
neste ponto em desacordo com os seus amigos, pretende defender Enquanto
a Ciencia permanecer o que a saber , o senso comum organizado , segundo
a definite do Professor Huxley ; enquanto suas dedugoes estiverem baseadas
em premissas exatas, e suas generalizapoes assentarem sobre uma base
puramente indutiva , todos os teosofos e ocultistas acolherao, com o res-
peito e a admira ao devida , sua contribuicao no dommio da lei cosmoldgica .
^
Nao pode haver conflito possivel entre os ensinamentos da Ciencia Oculta
e os da chamada Cidncia exata, sempre que as conclusoes desta ultima este
jam alicer adas em fatos irrecusaveis. So quando os seus mais ardentes
-
^
defensores, uhrapassando os limites dos fenomenos observados, no objetivo
de penetrar os arcanos do Ser , pretendem arrebatar ao Esplrito a formagao
do Cosmos e de suas Formas vivas, tudo atribuindo a Matdria cega, 6 que
.
os ocultistas teclamam o direito de discutir e analisar suas teotias A Cien
cia nao pode, em razao da pr6pria natureza das coisas, desvendar o mist rio
. ^
do Universo que nos rodeia Pode, 6 verdade, colecionar , classificar e gene-
ralizar os fen6menos ; mas o ocultista , fundando seu raciocinio em principios
metafisicos admitidos, declara que o explorador audaz, que deseje sondar
os mais recbnditos segredos da Natureza, deve transpor os estreitos limites
dos sentidos e transfer!r sua consciencia a regiao dos Numeros e k esfera
-
das Causas-Primeiras . Para eonsegui Io, cumpre-lhe desenvolver faculdades

187
que, salvo alguns casos raros e excepcionais, se acham completamente ador
mecidas na constitui ao dos ramos de nossa atual Quinta Raga -Raiz, na
^
Huropa e na America . De outro modo nao lhe serd possivel reunir os fatos
que sao necessarios para fundamentar suas especulacoes. Nao 6 is so evi-
dente, segundo os prindpios da L<5gica Indutiva e da Metafisica ?
Por outra parte , fa $a o que fizer a autora , nao podera jamais satis
fazer ao mesmo tempo a Verdade e a Ci&ncia, Qferecer ao leitor uma versao
-
sistematica e ininterrupta das Estlncias Arcaicas coisa impossfveL Mister
se faz omitir 43 versiculos ou ' slokas ' que se encontram entre a 7.a, j
5

publicada , e a 51 *, pela qual se iniria a materia dos volumes III e IV,


embora nestes as Estancias sejatn numeradas a partir de 1, seguindo- se a
srie, para facilitar a leitura e as references. S6 o aparecimento do homem
sobre a Terra ocupa um numero igual de Estancias, que descrevem minu-
ciosamente sua evolugao primordial desde os Dhyan-Chohans humanos , o
estado do Globo naquele tempo, etc., etc. Um grande numero de nomes
referentes a substancias quimicas e outros compos tos, que agora ja nao se
combinam entre si, sendo assim desconhecidas dos ultimos descendentes de
nossa Quinta Ra a , ocupam um espa o considered. Como sejam de todo
^ ^
inttaduziveis, e ficariam deste modo inexplicaveis, resolvemos omiti-los,
juntamente com os trechos que nao podemos tornar publicos* A despeito
dlsso, o pouco que oferecemos sera bastante para irritar aqueles partidarios
e defensores da cincia materialista dogmatica que o lerem,
Diante da critica susdtada, propomo-nos, antes de passat as Estancias
seguintes, defender as que ja foram publicadas. Que nao se acham em
perfeita consonancia ou harmonia com a Cienria moderna, todos o sabemos.
Mas, ainda quando se ajustassem as ideias da cultura moderna , tanto quanto
uma conferencia de Sir William Thomson, ainda assim nao seriam menos
rejeitadas. Pois das ensinam a crenpi em Poderes e Entidades Espirituais
conscientes, em Formas terrestres semi - tnteligentes e em Formas altamente
intelectuais de outros p i a n o s a s s i m como em seres que vivem ao redor
de nos, em esferas que nem o telescopic nem o microscopio seriam capazes
de revelar. Dai a necessidade de examinarmos as cren as da cincia mate
^
rialista , de compararmos suas opinioes acerca dos Elementos com as dos
-
antigas, e de analisarmos as Formas fisicas em seu conceito moderno, antes
de podermos apontar os erros em que a mesma ciencia labora ,
Diremos algumas pa lavras sobre a constitute do Sol e dos planet as,

e sobre as caracterfsticas ocultas dos chamados Devas e Genios , que a


Ci&ncia atualmente denomina Formas e modos de movimento , e vere-
.
mos se a cren?a esoterics e ou nao defensavel Sejam quais forem os esfor-
gos despendidos para afirmar o contr rio, um espfrjto livre de preconceiros
^
ha de perceber que no agente material ou imaterial de Newton 2, no
agente que produz a gravidadey e em seu Deus pessoal ativo, ha prerisa -
( 1 ) Sendo, natuialmente, o seu intelecto de
rente da que podemos conceber na Terra ,
-
uma natureza imeiramente dife
-
{ 2 } Ve/ a se a sua Terceira Carta a Bentley

188
Escola do Grande Orients Mistico

mente tanto dos Dev as e Genios metaftsicos quanto no Angelus Rector de


Kepler , que dirige cada um dos planet as, e na species immateriata, pela
qual os corpos celestes eram levados em sen curso, segundo aquele astro-
nomo.
Nos volumes III e IV teremos que nos defrontar abertamente com
assuntos perigosos. Texemos que enfrentar corajosamen te a Ciencia, e decla-
-
rar, a face do saber materialism, do Idealismo, do Hilo Idealismo, do Positi
vismo e da Psicologia moderns, que o verdadeiro ocultista ere nos ' rSenhi>
-
res de Luz e ere em um Sol que , longe de ser apenas uma llmpada do
dia a mover-se de acordo com a lei ffsica , e longe de ser tao-so um daqueles
S<5is que, segundo Richter, sao os heliantos de uma luz superior , 6 t como
milhoes de outros Sois, a morada ou o veiculo de um Dens , e de uma legiao
de Deuses ,
Nesse debate, a parte pior tocaril, por certo, aos ocultistas. Serao consi-
derados ignorantes prima facie queestionis , e o alvo de mais de um dos habi-
tuais epitetos que o publico, em seu julgamento superficial, desconhecendo
as grandes verdades fundamentals da Natureza, prodigaliza aos que sao
acusados de acreditar em super stigoes medievais. Seja. Submetendo-se de
antemao a todas as criticas a fim de poder continuar a sua obra , os ocultistas
nao vindicam senao o privilegio de demonstrar que existe tao pouco acordo
entre os fisicos, no tocante ks suas especula oes , como o ha entre estas e os
ensinamentos do ocultismo. ^
O Sol 6 Materia, e o Sol 6 Espirito Nossos antepassados pagaos ,
*

como seus sucessores modernos, os parses, eram e sao bastante s bios em


^
sua geragao para ver nele o simbolo da Divindade, e ao mesmo tempo sentir
internamente, oculto sob o simbolo fisico , o Deus radiante da Luz Espiritual
e Terrestre. Tal crenga so pode ser tachada de superstigao pelo materia-
lismo extremado, que nega a Divindade, o Espirito e a Alma, e nao admire
que possa haver inteligencia fora da mente humana * Mas, se o exagero
da supersti ao, que tem origem no Eclesiasticismo", segundo a expressao
^
de Laurence Oliphant , < cfaz do homem um tolo , um cepticismo demasiado
o converte em louco. N6s preferimos ser acusados de insensatez por acre -
ditarmos denials, a incorrer na peeha de loucura por tudo negramos , como
sucede com o Materialismo e o Hilo-Idealismo. Os ocultistas acham-se,
por tanto, devidamente preparados para receber o que lhes reserva o mate-
rialismo, e arrostar os percal os da crltica hostil , que a aurora desta obra
^
vai sofrer , nao por have-la escrito, mas por acreditar no que aqui expoe.
Devemos, assim, antecipat e apresentar as descobertas, as hipdteses e
as obje oes inevitaveis, em que se apoiarao os criticos cientificos, Devemos
^
tambdfm mostrar at que ponto as Doutrinas Ocultistas se afastam da ciencia
hodiema, e se as teorias antigas ou as modernas sao Iogica e filosoficamente
corretas. A unidade e as rela oes mutuas de todas as partes do Cosmos ja
^
eram conhecidas dos antigos antes de se tornarem evidentes aos olhos dos
astronomos e filosofos modernos. E ainda que as partes extemas e visiveis
do Universo , bem como suas mutuas refa$6es, nao possam ser explicadas
pela Ciencia fisica em outros termos que os usados pelos partidarios da
teoria mecanica do Univer so, nao se conclua dai que o materialists, que

189
f

Escola do Grande Oriente Mistico

nega a existfcncia da Alma do Cosmos ( materia da Filosofia Mctafisica ) ,


tenha direito a invadir esse domlnio metafisico. Que a ciencia ffsica se
esforce por usurp-lo, e efetivamente o faga, 6 apenas uma prova a mais
de que a forga prevalece sobre o direito ; mas nao justifica a intrusao,
Outra boa tazao para este Apndice 6 a seguinte. J 4 que s6 deter-
minada parte dos Ensinamentos Secretos pode set dada a publico na epoca
atual , as doutrinas jamais seriam compreendkks, inclusive pelos prdprios
teosofos , se fossem apresentadas seb explicagoes ou comentados, Importa,
assim, que sejam postas em confronto com as teorias da ciencia moderna.
Os axiomas arcaicos devem ser colocados em p&ralelo com as hipdteses mo
demas, e a comparagao do respectivo mrito deixada 3 inteligencia e argiicia
do leitor.
No que concerne a questao dos Sete Governadores ( como Hermes
chama os Sete Construtores , os Espfritos que didgem as operagoes da
Natureza e cujos 4tomos animados sao, em seu prdprio mtindo, as sombras
-
de seus Primaries nos Reinos Astrais ) , esta obra tera contra si, natutal-
cnente, todos os materialistas, assim como os homens de ciencia. Todavia,
essa oposigao sera apenas, e quando muito, tempor ria. Tudo aquilo que
^
foge ao estalao habitual sempre foi objeto de zombaria , e as ideias nao
populares sempre foram rejeitadas de initio, para depois acabarem sendo
aceitas. O materialismo e o cepticismo s3o males que hao de subsistir no
mundo en quanto o homem nao deixar a sua gfosseira forma atual para
revestir a que tinha durante a Primeira e a Segunda Ragas desta Ronda.
A menos que o cepticismo e a nossa ignor&ncia natural de hoje sejam equili
brados pela intuigao e por uma espiritualidade natural, todo ser angustiado
-
por sentimentos dessa ordem nao enxergar em si mesmo senao um agio
^
merado de came, ossos e musculos, com um compartimento vazio no interior,
-
que serve para armazenar os seus sentimentos e sensagoes . Sir Humphrey
Davy foi um grande sabio, tao profundamente versado em ftsica como quah
quer tedrico de nossos dias; e no entanto abominava o materialismo.
Disse ele:
Eu Ouvia com tristeza , MS salas de dissecaglo, a teorja do fisidlogo sobre a
secregao gradual da mat &ia, e como chega a ser dotada de irritabilidade , que se con-
vene em sensibOidade, desetivolvendo os drgaos necessiirios por meio de forgas que
Ibe sao inerentes, e finalmente dando origem 3 exincia intelectual.

Contudo, nao sao os fisiologos os mais passfveis de cernura por falarem


daquilo que eles so podem ver com os seus senddos fxsicos e julgar segundo
a evidencia destes , Consideramos muito mais ildgicos os astr6nomos e fisb
cos, em suas opinions materialstas, do que os proprios fisiologos, conforme
sera demonstrado. A
. . . Luz Ettiea
Primeira das coisas,
QuintessSncia pura,

de Milton, para os materialistas nao . e mais que


190
Escola do Grande Oriente Mistico

. . . Fator principal de afcgria , a luz,


De todos os seres materials,
Aquele que e o primeiro, o fnelhor

Para os ocultistas , e ao mesmo tempo Espuito e Materia. Por tras do


' mode de movimento , considerado agora como uma propriedade da
materia e nada mais , percebem eles o Numeno radioso. o Espfrito de
Luz , o primogenito do Elemento eterno e puro, cuja energia ou emanagao
esta concentrada no Sol, o Grande Distribuidor de Vida do Mundo Fisico,
assim como o oculto Sol Espiritual 6 o Distribuidor de Luz e de Vida
dos reinos Espiritual e Psfquico. Bacuo foi um dos primeiros a dar a nota
de matemlismo, nao so por seu m todo indutivo
teles mal eempreendido ^
renovagao de Arist6
como pelo sentido geral de suas obras. Ele
-
inverte a ordem da Evolugao mental quando diz:
A primeira criagao de Deus foi a lu 2 dos sentidos; a ultima foi a luz da razao;
e sua obra do Sabbath ftcou sendo, desde entao e para sempre , a ilumioagao do EspL
rito. *

precisamente o contr rio. A Luz do Espirito e o eterno Sabbath do


^
mistico e do ocultista , e eles pouco se preccupam com a dos sentidos. O
alegorico Fiat Lux signifies, esotericamente interpretado, Que os Filhos
da Luz sejam , isto e, os Numenos de todos os fenomenos. Os catolicos
mm a nos dao a interpretagao ccrreta, quando dizem que as palavras se refe -
rem aos anjos ; mas erram quando lhes atribuem o sentido de Poderes cria -
dos por um Deus antropomorfico, que personificam no Jeova do trovao
e da pena eterna.
Tais seres sao os Filhos da Luz , porque emanam e se originam daquele
Oceano Infinito de Luz, de que um dos polos d o Espirito puro, perdido
no absoluto do Nao-Ser, e o outro polo e a Materia , na qual ele se condensa ,
cristalizando-se em tipos cada vez mais grosseiros, a medida que desce na
manifestagao. Assim sendo, a Materia , embora nao seja, em certo sentido,
outra coisa senao o sedimento ilus6rio dessa Luz , cujos Raios sao as Forgas
Criadoras, encerra em si mesma, nao obstante, a presenga total de sua
Alma , daquele Prindpio que ningu m
surgidos de sua OBSCURIDADE ABSOLUTA

nem sequer os Filhos da Luz
conhecera jamais. A id ia foi
expressa por Milton, em term os onde a beleza da forma se casa com a
verdade do conceito, quando sauda a Luz santa que e o
. . , Filho primogSuito do Cu ,
Ou o coetemo raio do Eterno;

Deus, se e Luz , em Luz inacessfvel


Vive desde toda a Eternidade,
Vive tamb&n em ti, emanagao
Radiosa da essentia pura incriada 5.

(3) O Paraisa Perdido, Canto VII ,


(4) Francis Bacon , Essay an Truth.
(5 ) O Paraisa Perdido , Canto III.

191
Escola do Grande Orients Mistico

SE
^AO II
OS FlSICOS MODERNOS ESTAO JOGANDO A
C'ABRA-CEGA

O OCULTISMO propoe agora i Ciencia a seguinte questao: a luz


um corpo, ou nao? Seja qual for a tesposta , esti o primeiro apto a de mons-
ter que, at o presente, os fisicos mais eminentes nao possuem verdadeiro
conhecimento a respeito deste assunto . Para saber o que 6 a luz , e se 6 uma
substUncia real ou uma simples ondula ao do meio etereo , e preciso que
^
a Ciencia saiba , primeiramente , o que sao , na realidade , a Materia , o Atomo ,
o liter e a For9a Ora , a verdade e que ela nada sabe acerca de tudo isso ,
*

e reconhece a propria ignorancia . Nem mesmo se p6s ainda de aeordo


quanto ao que deve acreditar, pots que hipdteses as duzias , sobre o mesmo
assunto , elaboradas por v rios e ilustres cientistas > $e opoem umas as outras
^
e frequentemente se contradizem. Suas doutas especulagoes podem , com
um esfor o de boa vontade , ser aceitas como campos de hipdteses \ numa
^
'

acep ao secundaria , como diz Stallo. Mas , sendo radicalmente incompa*


^
tiveis entre si , acabarao por se destruir mutuamente . Conforme declara o
autor de Concepts of Modern Physics :
Cnmpre nao esquecer que os diversos ramos da Ciencia nao passam de divis5es
arbttfirxas da Cietiria era geral. Nesses diversos tamos , o mesmo objeto fisico pode
ser considerado sob diferentes aspectos . Pode o fisico estudar suas relates mole-
culares, e o qulmico dcterminar sua cotistituicao atomica. Mas, quando ambos se
ocupam do mesmo eleniento ou agente, nao e admissive! que este possua uma sdrie
de propriedades em fisica e outra srie de propriedades opostas em quimica, Se o
fisico e o qulmico pressupoem , ambos, a existenria de atomos piimordiais absoluta *

tnente invariaveis em volume e peso, nao pode o atomo ser um cubo ou um esferoide
achatado para as oecessidades da fisica , e uma esfera para as necessidades da quitnka.
Um gfupo de atomos constantes nao pode ser um agregado de massas continues absolu-
tamente inertes e impenetraveis em um cadinho ou em uma retorta, e utu si sterna de
metos centros de forgas como parte de um Ima ou de uma pilha de Clamotid . O eter
universal nao pode ser plastico e move! para agradar ao qulmico, e rigido-eiastico para
satisfazer o fisico ; nao pode ser continue sob o comando de Sir William Thomson, e
descontfnuo em vittude das ideias de Cauchw e de Fresnel. * 1

Podemos citar igualmente o eminente fisico G . A , Him, que diz a


mesma coisa no volume 43 das Memoires de V Academic Royale de Belgique ,
que txaduzimos do francos, a saber:

(1) Concepts of Modern Physics, Introdu ao segunda edi ao, pp. XI, XII
^ ^ .
192
Escola do Grande Oriente Mistico

"Quando vemos a seguram;a com que hofe se expoem doutrinas que atribuem a
coletividade, a universalidade dos fendmenos exclusivamente aos movimentos do tomo,
temos o direito de esperar que a meseia unanimidade se verifique no tocante as quali-
dades atribuidas a este ser unico, base e fundamento de tudo o que existe. Ora, desde
o primeiro exame dos sistemas especiais que sao propostos , experimentaraos a mais
estranha, decepcao, vendo que o dtomo do quCmico, o totno do flsico, o do meta-
^
flsico e o do materndtico . , . absolutamente nada tra de comum, exceto o come! O
resultado inevitdvel a subdivisao atual de nossas cienrias, cada uma das quais constroi
em sua estreita concha urn tomo que satisfaz as necessidades dos feo6menos que
estuda, sem se preocupar , cem de leve, com as necessidades dos fenftmenos que se
passam na concha vizinha. O metafisico repudia , como ilusdrios, os principles da
a cranio e da repulsao; o mateniatico, que analisa as leis da elasticidade e as da
^ -
propaga ao da luz , aceita os implkitamente, sem notne -los sequer . . . O quimico nao
^
pode explicar o agrupamento dos dtomos em mol& ulas , frequentemente complicadas,
seen atribuir queles qualidades especificas distindvas ; para o flsico e o metafisico ,
^
partidanos das doutrbtas modernas, o atomo e, pelo contrdrto, sempre e em toda parte ,
o mesmo. Que digo? Nem sequer existe acordo em uma mesma ti6 ncia quanto as
propriedades do atomo , Cada qual fabrica o atomo que convm $ua fantasia , para
explicar o fendmeno que lhe interessa particuJarmente. 2

O que precede 6 o retrato fiel , qual imagem fotografica , da cincia e


da fisica modemas. O requisite previo desse incessant e labor da imagi -
na ao ciendfica , que tao amiude deparamos nos oloqtientes discursos do
^
Professor Tyndall , e decerto impressionante, con forme o mostra Stallo; e ,
no que respeita a variedade contradit6ria , deixa muito para tras todas as
fantasias ' do Ocultismo. Como quer que seja , se se admite que as teorias
fisicas sao meros artificios explicativos, diditicos , e se , para nos servimos
das palavras de um dos criticos de Satallo, tlo atomismo nao e senao um
sistema grafico-simbdlico 3, entao dificilmente se poder arguir que o
Ocultismo vai demasiado longe quando ele coloca , ao la do desses artificios
5

e sistemas simbdlicos , os simbolos e os artificios dos ensinamentos arcaicos .

AN LUMEN STT CORPUS, NEC NON ? -


a Luz um Corpo , ou ndo?

Dizem -nos, em termos peremptdrios , que a luz nao 6 um corpo. As


ciencias fisicas afirmam que a luz uma for a , uma vibrato, a ondula ao
do fiter propriedade ou qualidade da materia ^ , ou atd mesmo um aci ^-

,

dente desta jamah um corpo!


Assim 6 . Esta descoberta , seja qual seja o seu merito , isto e , o saber- se
que a luz ou o calorico nao e um movimento de particular materials , a
Ciencia a deve principalmente , senao por completo , a Sir William Grove.
Foi ele o primeiro a demonstrar , em uma conferncia no Institute de Lon-
dres em 1842, que o calor e a luz 4 podem ser considerados como afechoes
( 2 ) Recherches experiment ales sur k relation qui existe entre la resistance
de lair et sa temperature5 ", p. 68 traduzido da cita ao de Stallo, Introdu ao, p. 12.
( 3 ) Da critica de Concepts of Modern Physics^ em Nature. Veja-se^ a obra de
*

Stallo, p. XVI da Introducao. ( Nota da Edi ao de Adyar de 1938: A crftica aiudida


^
consta do Nation, de New York , e nlo do Nature. )
( 4 ) O Sr. Robert Ward , discutindo as questoes do Calor e da Luz no Journal
of Science de novembro de 1881, mostra ate onde vai a igcot & ncia da CiSncia sobre;

193
Escola do Grande Orients Mistico

da propria materia , e mo como um fluido distinto, etereo e imponderavel


{ hoje , um estado da materia ) , que a penetrasse 5 . possivel, contudo,
que para alguns ffsicos ( como Oersted , home ns de ciencia dos mais emi-
nenres ) a For a e as Formas fosse m , tacitamcntc, "o Espfrito ( e por ran to
^
Espiritos ) da Natureza . O que varios cientistas algo mfsticos ensinavam
era que a luz, o calor, o magnetisroo , a eletricidade, a gravidade, etc ., nao
constituiam as Causas finais dos fendmenos vislveis, inclusive do movi-
mento planetario, mas os efeitos secund rios de outras Causas, a respeito
^
das quais tnui pouco se preocupa a Ciencia de nossos dias, nelas acreditando,
poiem , o Ocultismo; pois os ocultistas em todas as pocas deram provas da
.
validez de suas teses E qual a epoca em que nao houve ocultistas e
Adeptos ?
Sir Isaac Newton sustentava a teoria corpuscular dos pitagoricos, e
tambem propendia para admitir-lhe as conseqiiencias , o que, em certo me-
mento, fez o Conde De Maistre esperar que Newton haveria finalmente de
conduzir a Ciencia a reconhecer que as forgas e os Corpos Celestes eram
impulsionados e dirigidos por InteliginciasMas De Maistre nao contava
com a sua legiao. As ideias e os pensamentos mais fntimos de Newton
foram deturpados, e de sua profunda ciencia matematica aproveitou-se ape-
nas a crosta flsica.
Segundo um idealist a ateu , o Dr- Lewins,
Quando, em 1687, Sir Isaac... mostrou que a massa e o atomo sao postos
em a$ao ... por uma for a que lhes 6 ioereute. .. deixou efetivamente de lado o
^
Espirito, a Alma ou a Divindade , como coisas que sobrara ,

Se o pobre Sir Isaac houvesse previsto o uso que seus sucessores e


disdpulos iam dar a sua gravidade , aquele homem piedoso e crente teria
certamente preferido comer tranquilamente a maga, sem jamais dizer palavra
sobre as idias mecanicas sugeridas pela sua queda.
Manifestam os homens de ciencia um grande desprezo pela metafisica
em geral, e pela metafisica ontoldgica em particular. Mas, sempre que os

um dos fatos mais comuns da Natureza : o calor do Sol. Diz ele: A questao da
'

temperatura do sol tem side objeto de investiga ao por muitos tientmas; Newton,
^ -
um dos primeiros investigadores deste problema , procurou resolvS lo, e, depois dele,
todos os tientlstas que se ocuparam de calorimetria lhe seguiram 0 exemplo. Cada
qual acreditou haver encontrado a solucao, tendo exposto com toda a oonfian$a os
respect!vos resultados. Eis aqui, seguindo a ordem cronoI6gica da divulga ao de tais
^
resuJtados, as temperaturas ( em graus centlgrados ) que cada um deles apresentou;
Newton, 1 699 300; Pouillet, 11 461; ToJJner, 102 200; Seccbi, 5 344 840; Ericsson,
2 726 700; Fizeau , 7 500; Waterston , 9 000 000 q; Spoeren , 27 000 ; DeviJIe, 9 500;
B

Soret, 3 801 846; Vicaire , 1500; Rosetti , 20 000 . Os calculos variam entre 1 400
e 9 000 000; ou seja, com uma diferenca que chega a elevar-se a 8 998 600q! ! Prova
velmente nao existe, na ciencia, contfadicao mais pasmosa que a revelada por esses
-
algarismos . No entanto, se algum ocultista ousasse formular uma estimativa, todos
aqueles senhores, sem duvida alguma, teriam protestado enetgicamcnte, em nome da
CiSntia exata , pela nao admtssao desse resultado particular .
- .
( 5 ) Veja se: Correlation of the Physical Forces , Prefacio, p XIII.
( 6 ) SoirieSy vol. II ( p, 317 t nota da p. 355 ).

194
Escola do Grande Orients Mistico

ocultistas se mostram bastante corajosos para altear a voz, observamos que


a ciencia ffsica materialist a esta saturada de Metaflsica 7, e que os seus mats
fundamentals princfpios, embora inseparavelmente ligados ao transcenden-
talismo, sao torturados e muitas vezes ignorados no labirinto das teorias e
hipdteses contraditorias, no afa de mostrar que a Ciencia moderna nada
tem em comum com semelhantes sonhos , Disso temos uma excel ente
confirmaqao no ver-se obrigada a Ciencia a aceitar, como aceita , o hipo-
-
tetico ter e a ten tar explica lo sem sair do terreno materialists das leis
atomo-mec&nicas. Essa tentativa tem direramen te conduzido as mais fatais
contradi oes e as mais radicals inconsequencias entre a suposta natureza do
^
fker e seu comport a mento fisico . Outra prova n6s a deparamos nas multi-
plas afirma oes antinomicas concetnentes ao Atomo, o mais metaflsico dos
^ ^
objetos da cria ao,
Que sabe a Fisica moderna sobre o liter , cuja primeira concept ao per-
tence, in contes tavelmente, aos fildsofos antigos, sendo que os gregos foram
-
busca la junto aos arianos, encontrando-se a origem do liter mode mo no
Akasha desfigurado ? Pretende-se que esta desfigura ao e uma modifica ao
^
e um aperfeigoamento da ideia de Lucrecio. Examinemos , pois, o conceito ^
modemo, extraido de v rias obras cientificas que encerram as opinioes dos
proprios fisicos. ^
Demons tra Stallo que a existencia do ter e aceita pels Astronomia
Fisica , pela Fisica comum e pela Quimica .
( 7 ) A obra de Stalio que citamos mais acima, Concepts of Modern Physics ,
livro que susdtou criticas e protestos os mais veementes , recomendada a todos quam
tos venham a duvidar desta afitmativa. O antagonismo declarado da dead a para
com a especuJacao metaflsica
escreve ele induziu a maioria dos dentistas a
supor que os m todos e os resultados das investigates empfricas sejam de todo inde-
^
pendentes do domfnio das leis do pensamento . Ou eles ignoram e pass am em silncio
as mais comezinhas regras da Irfgica, inclusive as ids de niio-contradiqao, on as sepudi&m
abertamente; e . . , mostram-se profundametite agastados coda vez que alguem aplica a
lei de consequncias a suas hipoteses e teorias . . . cujo exame & lu2 dessas leis consi-
deram uma impertmente intrusao de principios e mltodos a priori* no dorauiio da
ciencia empfrica . As pessoas com essa formagao mental nao sentem o menor embarajo
em sustentar que os atomos sao absolutamente inertes, e afirtmr ao mesmo tempo que
sao perfeitamente elasticos; ou em pretender que o universo fisico , em ultima anilise,
se resolve em materia morta e em tnovimento, negando, por6n, que toda energia
fisica seja , na realidade , cin&ica ; ou em proclamar que todas as diferencas fenomenais
no mundo obejtivo sao, finalmenre, devidas aos virios movimentos de unidades mate-
reais absolutamente simples ; nao admitindo , apesar disso, a ptoposi ao de que tais
^
unidades sejam iguais ( P. XIX ) . A cegueira de certos ffsicos eminentes, no que
tanger a algumas das consequentias mais dbvias de suas proprias teorias, e de causar
pasmo . Quando o Professor Tait, secundando o Professor Stewart , enuncia que a
materia e meramente passiva ( The Unseen Universe , secao 104 ) , e a seguir declara ,
concordando com Sir William Thomson , que a materia tem um poder , que lhe 6
inerente , paca resistir as influencias externas ( Treat on Nat Phil vol . I , se ao 216 ) ,
. .y

^
nao sera impertinente perguntar-lhe como e possivel conciliar essas afirma oes * Quando
^
o Professot Du Bois Reymond . . . instste sobre a necessidade de deduzif todos os
processos da Natureza aos movimentos de um substancial e indiferente substratum deS

provido inteiramenie de qualidade ( Ueher die Grenzen des Naturerkennens, p 5 ) , ,

bavendo declarado pouco antes , na mesma conferencia , que < s & resolu ao de todas as
^
transforma oes , que se produzem no mundo material , em movimentos de sUomos ,
^
ocasionados por suas formas centrals constancies , serin o complemeito da ciencia natural ,
nos nos vemos imersos em perplexidade , da qua! temos o direito de nos libertar
( Pref . XLII-III ) .

195
Escola do Grande Oriente Mistico

"Os astxonomos consideravatn o ter, a principio, como urn fluido de tenuldade


e mobilidade extremas, que nao ofereda resistencia sensivel aos movimentos dos corpos
celestes, e a questao de sua continuidade ou descontinuidade nao era encarada seria
lseft re. Sua principal fun$ao na asttonomia moderns, tem sido a de servir de base as
-
teorias hid rodina micas da gravitagao . Em flsica, esse flu \ do esteve por algum tempo
desempenhando varios apeis , relacionados com os im pondersve is [ tao cruelmente
^
destruidos por Sir William Grovel , chegando alguns fisicos ao ponto de identifica-lo
com um ou varios dentre eles *.

Observe depois Stallo as modificagoes causadas pelas teorias cin 6ticas;


e como, a partir da teoria dinamica, foi o fiter adotado em otica como
substratum das ondulagoes luminosas. Depois , a fim de explicar a dispersao
e a polarizagao da luz, tiveram os fisicos, uraa vez mais, que recorrer a
imaginagao cientlfica , e dotaram o ter , sucessivamente: ( a ) de uma estru-
tura at &mica ou molecular; e ( b ) de uma elasticidade enorme, de modo que
sua resistencia a deformagao excedesse em muito a dos corpos rigidos mais
elasticos . Isso fez necessaria a teoria da descontinuidade essencial da
Materia e, por conseguinte, do liter . Apo$ haverem aceito a descontinui
dade para explicar a dispersao e a polarizagao, descobriram impossibilidades
-
tedricas nessa dispersao. A imaginagao cientifica de Cauchy viu nos
atom os pontos materials sem extensao , Propos ele, com o fim de obviar
os mais t remen dos obstaculos que se opunhara a teoria ondulatoria ( entre
outros, alguns teoremas de me c ante a bem conhecidos , que barravam o cami-
nho ) , admitir-se que o meio et 6reo de propagagao, em vez de ser contlnuo,
consistisse em particulas separadas por distancias consideraveis. Fresnel
prestou o mesmo servigo aos fen6menos da polarizagao. Mas E. B. Hunt
derrubou as teorias de a m b o s A t u a l m e n t e ha homens de ciencia que
as proclamam materialmente ilusorias , enquarito outros, os mecano atomi
cist as, a elas se aferram com desesperada tenacidade. A suposigao de uma
- -
comtituigao atStnica ou molecular do liter e, alis, destruida pela termodi
namica , pois Clerk Maxwell demonstrou que semelhante meio seria simples-
-
mente um g &stn . Ficou , assim , provado que a hipotese dos intervalos
finitos nao serve como suplemento a teoria ondulatoria. Demais, os
eclipses nao revel am nenhuma das variagoes de cor imaginadas por Cauchy,
na presungao de que os raios cromaticos se propagam com velocidades dife-
rentes . A Astronomia p6s em evidencia mais de um fenomeno em completo
desacordo com essa douttina ,
Desse modo, enquanto em um dos ram os da Fxsica se admite a consti
tuigao atomo-molecular do ter, com o fim de explicar certa ordem de
-
fenomenos, em outro ramo se ve que semelhante constituigao est4 em com
pleta eontradigao com mimerosos fatos bem comprovados, o que justifica
-
as objegoes levantadas por Hirn. A Quimica considera
impossivel aceitar a elastitidade enorme do ter , sem priva-lo daquelas proprie-
dades de que dependia, sobretudo quanto a sua urilidade na elaboragao das teorias

(8 ) Stallo, loc. tit . , p. IX.


(9 ) Sillinian s Journal , vol. VIII, pp. 364 e s.
( 10 ) Veja-se Treatise on Electricity de Clerk Maxwell, e -
eotnpare se com Mi -
moire sur la Dispersion de la Larmier e de Cauchy ,

196
Escola do Grande Oriente Mistico

quimicas ,

Com isso, operou-se uma transform a$ao radical do ter .


As exigSncias da teoria itomo-cnecanica tem conduzido matematicos e ftsicos de
nomeada a tentarem substituir os &tomos tradicionais de matdria por modes peculiares
de moVJ memo vertiginoso em uin meio material universal, homogneo, incompressivel
e conttnuo ( o fiter ) *!
*

A autora desta obra



que nao tem a veleidade de possuir grande
cultura cientifica , mas apenas uma ideia geral das teorias modernas, e um
conhecimento melhor das ciencias ocultas
recolhe suas armas, contra
os detratores da Doutrina Esotdrica, no prdprio arsenal da Ciencia Moderna.
As contradi oes manifestas, as hipoteses que se destroem reciprocamente,
^
formuladas por cientistas que gozam de renome universal, suas disputas,
suas acusa oes e denuncias mutuas, demonstram claramente que as teorias
^
ocultas , sejam ou nao aceitas, tem o direito de ser ouvidas e estudadas ,
ran to quanto qualquer das hipdreses ricks como cicntiiicas e academics.
Pouco importa , conseqiientemente, que os discipulos da Sociedade Real
admitiatn o liter como um fluido continuo ou descontinuo : isto e indife-
-
rente para o nosso objetivo atual . Prova tao somente que uma coisa e certai
a Ciencia oficial nada sake , ate o presente, sobre a constit uiqao do Eter.
Que a Ciencia o chame materia , se Ihe apraz ; mas nem como Atlsba , nem
como o /Ether sagrado dos gregos , pode ser encontrado em nenhum dos
estados da materia conhecidos pela Fisica moderna. Materia de outro
piano, inteiramente diferente , da percep ao e do Ser , e nao pode ser anali-
sado por nenhum aparelho cientlfico, nem ^ apreciado ou sequer concebido
pela imaginacao cientifica , a menos que os possuidores desta imaginagao
estudetn as ciencias ocultas. O que se segue comprova esta afirmativa *

Esti claramente demonstrado por Stallo, no que conceme aos princi-


pals problemas da Fisica moderna , como igualmente o foi por De Quatre-
fages e outros em relacao aos Antropologia , da Biologia , etc , que, esfor-
*

andose por defender suas hipoteses e sistemas individuals, a maior parte


^
dos eminentes e sdbios materialistas proelamam , com muita freqiiencia , os
rejeita a actio in distant
/Ether ou AfcSsha no Ocultismo

mais clamorosos erros . Vejamos este caso por exemplo . A maiorla deles
um dos princfpios fundamentals na questao do

; e no entanto, segundo observa judicio-
samente Stallo, nao existe a ao fisica quo, examinada atentamente, nao se
^
resolva em actio in distant ; e ele o prova.
Ora , segundo o Professor Lodge, os argumentos metaflsicos sao ape
los inconscientes a experiencia ; acrescentando de que, se tal experiencia
-
nao coneebivel, entao nao existe. Eis suas palavras textuais:
Se uma inteligencia ou um grupo de inteligencias altamente desenvolvidas entende
ser absolutamente inconcebivel uma doutrina que versa materia relatlvamente simples
e fundamental, prova isso . . . que esse estado de eoisas inconcebivel nao existe. 12

( 11 ) Stallo, loc. at , p. X.
( 12 ) Nature , vol. XXVII, p. 304.

197
Escola do Grande Orients Mistico

renciado 16 e naodifcrendivel visivelmente utna ressurreigao Involuntiria do antigo


conceito ontologico da essfrtcia purat a teoria cm discussao poSsui todas as aparencias
de um fanmma metaflsico intangfvel

Um fantasma realmen te, que nao pode ser tocudo senao com o
auxilio do Ocultismo. Entrc semelhante metafisica e o Ocultismo, nao ha
mais que um passo. Os ffeicos que julgam a const!tui ao atomica da Mate-
^
ria compativel com sua permeabilidade nao precisam afastar-se muito de
sua rota para ter a explicate dos maiores fenomenos do Ocultismo, tao
am hide ridicukrizado pelos fisicos e materials tas de hoje. Os pontos
materials sem extensao de Cauchy sao as monadas de Leibnitz, e sao ao
mesmo tempo os materials com que os Deuses' e outros Poderes invisfveis
formam o& seus corpos. A desintegra ao e a reintegrate de partlculas
^
materials sem extensao, como fatores principals nas manifestagoes de fen6-
menos, deveriam revelar-se fadlmente como uma clara possibilidade, pelo
menos &queles poucos espiritos cientfficos que aceitam as opinioes de Cau
chy. Parque, dispondo daquela propriedade da Materia que se chasna
-
impenetrabilidade, e considerando os tomos simplesmentte como pontes
materiais que exercem uns sobre os outros atra oes e repulsoes variaveis
^
segundo as distances que os separam , explica o tedrico francos :
-
Dai se segue que, se aprouvesse ao autor da Natureza modi fie ar tao somente as
leis segundo as quais os atoinos se atraem ou se repelem uns aos outros, poderiamos
iraediatamente ver os corpos mais duros penetrfindo se enrre si, as mecores particulas
^

de materia ocupando espa os imensos, ou as maiores massas teduzindo-se a volumes


^
lnfimos, o LJniverso inteiro concentrando-se, por assim dizet, cm um so ponto . 18

E esse ponto , invistvel em nosso piano de percepqdo e de materia,


6 perfeitamente visivel para o olho do Adepto, que pode segui -lo e verifi-
car-lhe a presenfa em outros pianos.
Assim, para os ocultistas, que dizem ser o autor da Natureza a prdpria
Natureza, algo Indistinto e inseparavel da Divindade, esta 6 a conclusao:
aqueles que estao versados nas leis ocultas da Natureza, e sabem como
mudar e provocar condigoes novas no tet , podem, nao modificar as leis,
mas obter os mesmos result a dos operando em harmonia com essas lets
imutaveis.

( 16 ) Muito diferenciado *, pelo contrfoio, desde o dia em que salu de sua


5

conditio laya,
( 17 ) Op. at. , pp. XXIV a XXVI.
.
( 18 ) Sept Lemons de Physique Genrdev pp 38 e s., edigao Moigno.

199
Escola do Grande Oriente Mistico

SEgAO III

A GRAVITAgAO UMA LEI ?

A TEORIA corpuscular foi posta de lado, sem mais cerim &nia; mas a
gravitagao a prindpio em virtude do qual todos os corpos se atraem
entre si, na razao direta das massas e na inversa do quadrado das distancias
que os separam subsis te ainda hoje e reina, soberana , nas supostas ondas
eteteas do Espago. Como hipotese , esteve ameagada de morte porque nao
lograva abnmger todos os fatos que se apresentavam; como lei fisica, e a
Rainha dos antigos Imponder veis , que for am antes todo-poderosos. '*
^
quase uma blasfemia , . . e um insulto a respeitosa memoria de Newton o
po-la em duvida ! exclama um critieo americano de Isis sem Veu. Muito
bem ; mas, que > afinal de contas, esse Deus invisivel e intangivel, em que
devemos crer com uma i6 cega ?
Os Astronomos, que veem na gravitagao uma solugao facil e comoda
para tantas coisas , e uma forga universal que lhes permite calcular movi-
mentos planetarios , preocupam - se muito pouco com a Causa da Atragao.
Dizem que a Gravidade e uma lei, uma causa em si mesma , N6s qualifi-
camos de efeitos as forgas que atuam sob esse nome, e ate de efeitos bem
secundarios. Algum dia se veri que a hipotese cientifica , apesar de tudo,
nao e satisfatdria ; e tera entao a mesma sorte da teoria corpuscular da luz,
passando a figurar nos catalogos cientificos como especulagoes abandonadas
e obsoletas.
Acaso nao manifestou o proprio Newton sdrias diividas quanto
natureza da Forga e a corporeidade dos Agentes , como eram entao cha ^

mados ? O mesmo sucedeu a Cuvier , este outro farol cientifico que brilha
nas ttevas das investigagoes. Em sua Revolution du Globe , ele chama a
atengao dos leitores sobre a natureza duvidosa das supostas Forgas , dizendo
que; afinal de contas, nao ha certeza de que esses agentes nao sejam Pode-
res Espirituais ( Jes Agents Spirituels ) . Ao comegar os seus Priticipia,
Sir Isaac Newton teve o maior cuidado em esclarecer a sua escola que nao
empregava a palavra atragao em um sentido ftsico, relativamente a agao
que os corpos exercem uns sobre os outros , Disse que, no seu entender,
era um conceito puramen te matem tico, que nao implicava consideragao
^ .
alguma de causas fisicas, reais e primaries Em certo trecho de seus

200
Escola do Grande Oriente Mistico

PrincwiaL diz claramente que, consideradas do ponto de vista fisico, as


atragoes sao antesimpulses. Na Segao XI ( Introdugao ) , expressa a opi-
niao de que existe aigum espirito sutil, cuja forga e agao dererminam todos
os movimentos da materia 2; e em sua Third Letter a Bentley assim se
manifests:
Nao 6 concebivel que a materia bruta inanimada possa , sem a intervengao de
algo diferente que nao S material, atuar sobte outra materia e influeneia-la sem eon -
tato rnuruo , como serf a o caso da gtwitagao se, no sen tide de Epicuro, fosse essenciai
e merente a materia . .. Que a gravita ao seja inata , Lnerenre e essential a materia ,
^
de modo que urn corpo possa atuar sobre outro a dis t anti a , atraves do vacuo, sem a
mediagao de algo distinto que determine a retiproca influencia de ambos , e pata mim
uraa ideia de tal modo absurda que nlo crelo haja nenbum pensador , versado em
materias filosoficas, que nela possa inridir alguma vex, A gravitagao deve originar - se
de aigum agente que interv m de modo cotistante, segundo certas lels; mas , que esse
^
agente seja material 00 imaterial , e questao que deixo ao discernimento de meus
leitotes .

0$ proprios contemporaneos de Newton ficaram surpresos com esse


aparente ressurgimento das Cansas Ocult as no dominio da Fisica. Ao sen
principio de atragao Leibnitz chamava "um poder incorpdreo e inexplica-
vel \ A suposigao de uma faculdade atrativa e de urn vacuo absoluto foi
acoimada de repulsiva por Bernouilli, e o principio da actio in distans nao
mereceu mais acolhida que nos dias de hoje, Por outra parte, Euler pensou
que a agao da gravidade fosse devida a um Espirito ou a aigum agente sutil.
E tatnbem Newton conheda o liter dos Amigos , se 4 que nao o aceitava.
Entendia que o espago intermedio entre os corpos siderais era o vacuo.
Cria, por conseguinte , como nos, que a chamada atragao e dirigida por
Espiritos ou um Espirito Sutil . As palavras do grande homem , acima
transcritas, produziram escassos resultados. O absurdo converteu-se agora
em um dogma para o materialismo puro, que segue repetindo: Nao ha
Materia sem Forga, nao ha Forga sem Materia ; Materia e Forga sao insepa-
raveis, eternas e indestrutlveis ( certo ) ; nao pode haver Forga independente,
pois que toda Forga 6 uma propriedade inerente e necessaria da Materia
.
{ ( also ) ; em consequencia, nao existe Poder Criador material Oh ! Pobre
Sir Isaac!
Se, deixando de lado todos os demais homens de ciencia eminentes
que comungavam na opiniao de Euler e Leibnitz, os ocultistas invocassem
-
o testemunho e a autoridade, tao somente, de Sir Isaac Newton e de Cuvier,
no sentido a que hi pouco nos referimos, teriam eles muito pouco a temer
por parte da Ciencia moderna , e poderiam proclamar em voz alta e com
altivez as suas convicgoes. Mas as vacilagoes e as duvidas daquelas duas
autoridades, e tambem de outras muitas que poder lamos nomear , em nada
impediram que a especulagao cientlfica seguisse, ventura , pelo campo da
materia bruta , exatamente como dantes. Primeiro, era a materia e um
fluido imponderavel, distinto dela , que Grove tanto criticou ; depots, veio

(1) Defin . 8 , Livro I , Prop , 69 , Scholium ,


(2) Veja-se Modern Materialism , pelo Rev. W , F. WilkinsoD.

201
Escola do Grande Oriente Mistico

o ter , que, a prinrfpio descontinuo, mais tarde se converteu em contfnuo;


e, apos o fiter , surgiram as Formas Mecanicas . Estas ultimas receberam ,
em nossos dias, carta de naturaliza ao como modos de movimento , e o
^
liter passou a ser mais misterioso e problematico que nunca .
Mais de um homem de ciencia se opoe a tais opinioes grosseiramente
materialistas. Nao obstante, desde o tempo de Platao, que nao cessava de
exortar os discipulos a que nao confundissem os Elementos incorp6 reos com
seus Principios , os Elementos transcendentes ou espirituais; desde aquela
epoca dos grandes alquimistas , que, como Paracelso, viam grande diferenga
entre um fenomeno e sua causa ou Numeno; ate Grove, que , embora nao
vendo razao alguma para privar a materia universal men te difundida das
f undoes comuns a toda materia' , emprega o ter mo Formas all onde os seus
crfticos, que nao associam % palavra idia alguma de a?ao especifica , dizem
Forga; desde aqueles dias ate o presente nada se tem feito para conter a
mar montante do materialismo brutal. A gravita ao e a causa unica , o
^
Deus ativo, e a Materia e o seu profeta, diziam os homens de ciencia ha
alguns a nos apenas.
Desde entao, mudaram de opiniao vdrias vezes. Mas porventura com
preendem os dentist as hoje, melhor do que outrora, o pens ament o Intimo
-
de Newton , que foi um dos homens de tendencias mais espirituais e religiosas
de sua epoca ? Tem os, certamente, o dire i to de duvidar.
Atribui-se a Newton haver dado o golpe de misericordia nos Vertices

Elementais de Descartes
Anaxagoras, seja dito incidentemente

que nao passam de ressurretyao das ideias de
embora os modemos e recentes
atomos-vortices de Sir William Tromson nao difiram muito, em verdade,
dos primeiros , Nao obstante, quando o seu discipulo Forbes escreveu ,
, no
Prefacio da obra capital do seu mestre, uma frase declarando que La atra ao
era a causa do sistema , Newton foi o primeiro a protestar solenemente . O ^
que na mente do grande matematico assumia a imagem vaga, mas firmemente
arraigada , de Deus, como Numero de todas as coisas 3, era chamado mais
filosoficamente pelos ocultistas e filosofos da antiguidade ; * ' Deuses , ou os
Poderes criadores forma tivos. Os modos de expressar podiam ser diferen
tes , e as ideias mais ou men os filosoficamente enunciadas por toda a anti-
-
guidade sagrada e profana ; mas o pensamento fundamental era o mesmo 4.

( 3 ) Escreve o materialise Le Couturier: A atra ao se tornoa agora para o


^
publico o que era para o pr<5prio Newton : uma simples palavra, uma Ideia { Panorama
,
des Mondes ) porque sua causa desconhecida. Herschel diz virtualmette a mesma
coisa, quando observa que, ao estudar o movimento dos corpos celestes e os fen 6menos
da atragao, sempre se sentia, em cada instante, penetrado pela ideia da exist &iria de
causas que para n6 s atuam por tras de um vu, que lhes encobre a a ao direta "
{ Mutie des Sciences, agosto de 1856 ) . ^
( 4 ) Aos que nos censuram a cren a em Deuses e EspLritos ativos, quando xejei-
^
tamos a ideia de um Deus pessoal , eis a nossa resposta, que se dixige tanto aos telstas
como aos monoteistas: Se admitirdes que Jeov um dos Elobim, estaremos prontos
a reconhec lo. Fazei dele o Deus Eterno, Infinite e UNICO, como sucede, e jamais o
^
aceitaremos nesse cariter, Deuses de tribo, sempre os houve muitos; a Divindade TJna
e Universal 6 um prindpio, uma Id ia fundamental abstrata, que nada tem a ver com
^
a obra iropura da Forma finita , Nao adoramos os Deuses; somente os honramos como

202
Escola do Grande Oriente Mistico

Para Pit goras, as Formas eram Entidades Espirituais, Deuses, independent


^
tes dos planetas e da Materia que vemas e conhecemos na Terra ; Entidades
que sao os governadores do C 6 u Sideral. Platao representava os planetas
como guiados per um Reitor interno, tal eomo um bateleiro em seu barco .
E Arist6teles chamava aqueles governadores subst &ncias imateriais' * 6, se
bem que, nao sendo iniciado, se recusasse a ver os Deuses como Entidades 6
o que nao o impediu de reconbecer que as estrelas e os planetas nao
eram massas inertes, mas verdadeiros corpos ativos e viventes , Apesar de
tudo, os esplritos siderais eram as partes mais divinas de seus fendmenos
4

(TOC 0ElOTpa TWV <pV&p&v) 7.


Se desejamos confirma ao em poca$ mais recentes e cientfficas, vemos
^
que Tycho -Brahe reconbecia nas estrelas uma forga , triplice: divina , espiritual
e vital . Kepler, associando a sentenga pitagdrica 4o Sol, guardiao de Jupiter ',
5

aos versiculos de David Ele colocou seu trono no Sol , o Senhor e o Sol ,
etc . , dizia compreender perfeitamente que os pitagoricos pudessem acreditar
que todos os Globos dissemin a dos pelo Espa o eram Inteligncias racionais
^
( ftzcultates ratiocinativce ) girando ao redor do Sol . no qual reside um
puro espirito de fogo , a fonte da harmonia geral s.
Quando uha ocultista se refere a Fohat , a Inteligencia animadora e
.
diretora do Fluido Universal Eldtrico e Vital , desperta risos Entretanto,
como ja vimos, permanece ate hoje desconhecida a natureza da eletricidade,
assim como a da vida e ate mesmo a da luz. Na manifesta ao de cada uma
das formas da Natureza ve o ocultista a agao da qualidade ou^ a caracteristiea
especial de seu Numeno; Numeno que 6 uma Indtvidualidade dis tin ta e
inteligente, do outro lado do Universo martifestado e meednko. Ora, o
ocultista nao nega ( e , pelo contr rio, est 4 pronto a defender esta opiniao )
^
que a luz, o calor , a eletricidade, etc, , sejam afeccoes , e nao propriedades
e qualidades, da Materia. Com mais dareza: a Materia e a condifao, a
base ou veiculo necessario, o sine qua non , da manifesta ao dessas Formas
ou Agentes em nosso piano. Mas, para fixar bem este ponto , devem os ^
ocultistas examinar as credenciais da lei de gravidade e, sobretudo, da Gravi -
seres superiors a nos . Com isso obedecemos ao mandamento mosaico, ao passo que
os cristaos desobedecem a sua Qtbliar e os missionaries ainda mais que todos. Nao
ofenderds os Deuses , recomenda um deles, Jeova , no Bxodo, XXII , 28; mas , ao
mesmo tempo , no versiculo 20 , ordena: Aquele que sacrificar aos Deuses , exceto

mas Elohim e desafiamos content a ao ,


^
unicamente ao Senbor, sera motto . Ora , os textos originais nao mendonam Dens,
sendo Jeova um dos Elohim , como
se ve de suas proprias palavras no Genese , III , 22, quando disse o Senbor Deusi
Eis que o homem como um de n6 sy\ Pot conseguinte, Unto os que adotam os
Elobim, os Anjos e Jeova , e Ihes fazem sacrifidos , como aqueles que ofendem os
Deuses de seus semelhantes , cotfietem um pecacfo muito maior que os ocultistas ou
qualquer tedsofo. Preferem estes ultimos crer em um Senhor ou em outro , sendo
perfeitamente livres de fazer o que lhes apraz.
( 5 ) Comparar as especies 3 materials a ferro lenhoso", e rir de Spiller porque
alude a elas como materia mcorpdrea , em nada contribuem para resolver o mist rio
( Vejfl-se Concepts of Modern Physics , p , 165, et infra. ) ^ .
( 6 ) Veja-se Vossius , vol. II, p, 528.
( 7 ) De Carlo > I, 9.
( 8 ) De Motibus Planetarum Harmonicis p. 248. }

20 }
Escola do Grande Orients Mistico

ta ao, a Soberana e Diretora da Materia em todas as suas formas. Para


^
consegui-lo de maneira eficaz, hi que relembrar a hipdtese quando surgiu
pela primeira vez, Antes de mais nada , tera sido Newton o primeiro que
a descobriu ? O numero de 26 de Janeiro de 1867 do Athenaeum nos
ministra curiosas informaqoes a esse respeito. Ali se le:
* Pode-se provar de modo positive que Newton deveu a Boehme tudo quanto
sabia a respeito da Gravita ao e suas leis. Para Bcehme, a Gravita ao ou Atra ao era
^ ^
a primeira propriedade da Natureza , . Seu sistenia [o de Boehme] nos ensina a pane
, ^
interna das coisas , enquanto que a cLencia modema se contents em considerar o lado
externo .
E mats adiante :
"A cincia da eletriddade, que ainda nao existia quando de [ Boehme ] escreveu ,
foi ali anteripada [em seus escritos ] ; e Boshme nao s6 descreve todos os fenomenos
hoje conheddos dess a forga, mas tambm nos da a sua origem , isto 6 , a genese e o
nascimento da propria ektricidade.

Assim e que Newton , cuja mente profunda lia facilmente nas entre
linhas, e assimilava o pensamento espiritual do grande Vidente em sua ver-
-
sao tmstica, deve a sua descoberta a Jacob Bcehme, aquele que foi criado
pelos Gnios , os Nirmanakayas , que velavam por ele e o guiavam , e de
quem o autor do actigo diz com tanta justeza:
Cada novo descobriinento denttfico vem provar a sua profunda e tntuitiva
penetra ao nos mais secretos processos da Natureza .
^
E, havendo descoberto a gravidade, Newton, a fim de tornar possfvel
o fen6meno da atra ao no espa o, teve que anular , por assim dizer, todos
^ ^
os obstaculos fisicos capazes de impedir -lhe a livre a;< ao, entre outros o
fiter , etnbora tivesse ele mais que um pressentimento de sua existencia.
Para defender a teoria corpuscular, estabeleceu um vacuo absolute entre os
corpos celestes, Quaisquer que tenham sido as suas suspeitas e convicqoes
fntimas a respeito do liter , por numerosos que fossein os amigos a quem
houvesse confiado seus pensamentos ( como em sua correspondence com
Bentley ) , jamais os seus ensinamentos revel a ram que tivesse partilhado
daquela cren a , Se estava persuadido de que o poder da atra ao nao era
^
suscetfvel de ser exercido pela materia atraves do vacuo 9 , como se explica ^

que at6 o ano de 1860 astronomos franceses Le Couturier por exemplo


eombatessem os resultados desastrosos da teoria do vicao esposada pelo
grande ho mem ? Disse Le Couturier:
J nao possfvel hoje sustentar , com Newton, que os corpos celestes se movem
no meio do vaculo imenso dos espa os , .. Entre as conseqiiencias da teoria do vcuo
^
estabelecida por Newton, s6 palavra atra$ao permanece de pd . . . Veretnos chegar
o dia em que a palavra atragao desaparecera do vocabuJario cientlfico. 10

( 9 ) World Life , do Professor Winchell, LL . D. , p. 50.


-
,
( 10 ) Panorama de.r Mondes pp. 47 e 53.

204
Escola do Grande Oriente Mistico

Escreve o Professor Winchell;


Essas passagens [da carta a Bentley ] mostram quais eram suas iddias etn rela?ao
& natureza do meio de corounicagao interplanet ria . Apesar de deciarat que os c6u&
sao desprovidos de materia sensivel , admitia a possfrel excegao de "alguns vapores ,
gases e efluvios mui sutis , evolados das atmosferas da terra, dos plan etas e dos cometas ,
e de algum meio extraordinariamente etereo e rarefeito, como o que jd tivemos ocasiao
de descrever em outra parte/111

Prova isso, tao somente, que at homens eminentes como Newton nem
^

sempre tiveram a coragem de suas opinioes . O Doutor T. S. Hunt


"chamou a atengao sobre algumas passagens , durante mui to tempo esquecidas ,
das obtras de Newton , indicativas de que a crenga em semelhante meio universal inter-
cos mico se enraizou gradualmente em seu pensamento ^ ,

Mas nunca se havia prestado atengao iquelas passagens ate o dia 28


de novembro de 1881, quando o Dr . Hunt fez publicar sua Qulmica
Celeste, desde a dpoca de Newton . Conforme disse Le Couturier:
Ate entao, a idek universalmtnte difundida , Inclusive entre os homens de
ciencia , era que Newton, quando defen dia a teoria corpuscular , sustentava a exist ncia
do vacuo ^
Se tais passagens foram durante mui to tempo esquecidas , e porque,
sem duvida alguma, estavam em contradigao e conflito com as teorias precon-
cebfdas entao remantes, ate que a present de um meio etereo" se fez
imperativamente necessiria para explicat a teoria ondulatdria , Eis ai todo
o segredo.
De qualquer modo, foi a partir da teoria do vacuo universal que
Newton ensinou , embora talvez nao acreditasse nela , que data o imenso des-
de m que a ftsica moderna demonstra pela fisica antiga. Os sibios da anti
guidade haviam sustentado que a Natureza tem horror ao vacuo ; e os
-
maiores matematicos do mundo ou mais exatamente, das ragas oci -
dentais
tinham descobeTto e posto em evidencia esse antiquado "erro".
E agora a cincia moderna , ainda que a seu malgrado, faz justiga ao conhe
cimento arcaico e se v, ademais , na obrigagao de defender , tao serodia-
-
mente, o cariter e o poder de observagao de Newton , apds haver-se esque-
cido, durante s culo e meio, de prestar atengao a passagens tao sumamente
importantes
^
muito provavelmente porque era mais prudente que passas
sem despercebidas. Antes tarde do que nunca!
-
Hoje o Pai ^Ether recebido de novo com os bragos abertos , e o
associam a gravitagao, com a qual permanecera unido na boa ou mi sorte, "

at o dia em que um dos dois ou ambos forem substituidos por outra coisa.
Hi trezentos anos , reinava o plenum por toda a parte; depots, foi convertido
em um lugubre vazfo ; e mais tarde os oceanos siderais, que a Ciencia havia

( 11 ) Newton , Optics, III , QuesrionsSrio 28 , 1704 ; citado em World - Life , p . 50.


( 12 ) Ibid., pp . 49-50 .

205
Escola do Grande Oriente Mistico

dissecado, voltaram novamente a encher-se de ondas et reas , Recebe ui


^
procedas deve ser a divisa da deada exata ; exata , sobretudo, em se
reconhecer inexata cada a no bissexto,
Nao questionemos, porem, com os grandes homens. Foi preciso que
retornassem aos primitives Deuses de Pitagoras e ao velho Kanada
para dar com o osso e a medula das correlacoes e descobertas mais recen -
tes ; e isto bem pode acenar com uma boa csperan a aos ocultistas, no
^
tocante aos seus deuses menores, Porque acreditamos na profecia de Le
Couturier acerca da gravitacao. Sabemos que se aproxima o dia em que os
prdprios homens de ciencia , como ') o fez Sir William Grove, F. R . S . ,
exigirao uma reforma completa dos processos atuais da Ciencia . Ate esse
dia nada ha que fazer, Porque, se a gravita ao fosse amanha destronada,
^
no dia seguinte os homens de cincia descobririam outro modo novo de
movimento m e c a n i c o R u d e e alcantilado o caminho da verdadeira
Ciencia , e os seus dias estao cheios de contrariedades para o esplrito. Con -
rudo, em face de suas " mil hipoteses contraditorias , propost as para expli-
car os fendmenos ffsicos , nao houve nenhuma hipotese melhor que a do
movimento por mais paradoxal que seja a interpreta ao que Ihe da o
materialismo. Como se pode ver nas primeiras p ginas deste volume, nada
^ ^
tern os ocultistas que dizer contra o Movimento 14 o Grande Sopro do
incognoscivel de Herbert Spencer * Mas, crendo que tudo quanto existe
na Terra e o reflexo de algo que existe no Espaqo, creem em Sopros
menores, vivos, inteligentes e independentes de tudo, salvo da Lei , e que
atuam em todas as dire$6es durante os perfodos manvantaricos. A Ciencia
nao lhes admitira a existencia ; mas , seja o que for que se ponha no lugar
da atra ao, alias gravita ao, o resultado sera o mesmo. A Ciencia estar
^ ^
tao longe da solu$ao das dificuldades como agora, a menos que entre em
^
rela oes com o Ocultismo e atd com a Alquimia
^
suposi ao que sera
considerada como impertinencia, mas que nao deixard de ser um fato, ] ^
o disse Faye:

Aos geologos falta algo para f &zerem a geologia da Lua: serem astrdnomos.
Tambem aos astronomos , em verdade, falta aLgo para se dedicarem eficazmente & esse
estudo: serem geologos .** 15

113 ) Quaodo se Mem as obras de Sir Isaac Newton com espfrito impardal e
livre de preconceitos, verifica-sc desde logo quanto ele hesitava entre a gr & vita ao e a
aira o, a impulsao e alguma outra causa desconheciday para explicar o curso regular^
^
dos movimeritos planetarios. Veja-se o seu Treatise on Colour , ( Volume III, questao
31 ). Herschel tios assegura que Newton deixou a seus sucessores o encargo de tirar
de suas descobertas todas as conclusdes rientificas Para se ter ideia de como a ci &ncia
,

moderns abusou do privilegio de fundar suas teorias na lei da gravita$ao, basta ter
presente quao profund amente religiose era aquele grande homem.
( 14 ) A nogao materialists de que, sen do tmpossfveJ em flsica o movimento
real ou sensivel no espa o puro ou vcuo, pottanto uma fiegao o movimento eterno
^
do Cosmos e no Cosmos ( considerados como Espa o infintto ) , simplesmente prova ,
^
uma vez mais, que as expressoes da metaflsica oriental, tais como Espafo puro ,
Ser puro'*, o Absoluto , etc., jamais foram compreendidbs no Ocidente,
1

-
( 13 ) De World Life, de Winchell , p, 379.

206
f

Escola do Grande Oriente Mistico

Poderia complementar o seu conceito com mais exatidao ainda:


O que falta a uns e outros c a intuigao do mistico.

Recordemos as sabias observances finais de Sir William Grove sobre


a estrutura ultima de Materia ou sobre as minucias das agoes moleculares,
que, segundo ele acreditava, o homem jamais vira a conhecer .

Muito mal j se fez procurando dissecar hipoteticamente a mat6ia e discutir a


forma , tamanho e tnimero dos dtomos, e suas atmosferas de calor , ter ou eletricidade.
Que seja ou nao admissive! considerar a eletricidade, a luz , o magnetismo, etc , , como
certo que todas as teorias passadas redu-
simples movimentos da materia ordiniria ,
^
ziram e tod as as teorias atuais reduzem a agao dessas forgas ao movimento. Seja
-
porque, sendo nos mais familiar o movimento, scunos naturalraente inclinados a atri
buir-Ihe a causa dos outros fendmenos, como uma linguagem que, elaborada com maior
-
facilidade, e mais capaz de explica-los ; seja porque realmente e a unica maneira pela
qual a nossa inteligencia , contrapondo-se aos nossos sentidos , pode conceber os agentes
materials; certo e que, desde D tempo cm que as nogoes misticas de poderes espirituais
ou sobrenaturais eram empregadas para explicar os fenotaenos fisicos, todas as hipd
teses aventadas com este objetivo os tern reduzido ao movimento /*
-
E o mesmo sibio expoe, em seguida, uma doutrina puramente oculta :
A expressao movimento perpetuo*, que eu tenho frequeutecnente usado rtestas
p ginas, nao deixa de ser equivoca. Se as doutrinas aqtii expostas sao bem funda -
mentadas, todo movimento e perpltuo, de certo ponto de vista , Nas massas cujo
movimento detido por um cboquc mutuo, gera-se calor ou o movimento das parti-
culas; e assim o movimento continue, de modo que, se ousssemo$ estender a mesma
ordem de pensamemos ao Universo, terlamos de supor que uma soma igual de movi-
mento influencia sempre uma soma igual de materia / 16

[ precisameme o que afirma o Ocultismo, baseando se no princfpio


de que
-
quando uma forga e oposta a outra forga , produzindo-se um equilibrio estatico, a
balanga do equilibrio preexistente fica altetada, originando-se um novo movimento,
equivalente ao que foi desviado para um estado de suspensao.

Esse processo comporta intervalos no Pralaya , mas etemo e inces-


sante como o Alento , ainda quando o Cosmos manifestado se encontre em
estado de repouso. 1

^
sage a considers r o Sol como um gigantesco fma
por alguns fisicos
^

Supondo, pois, que se abandonasse a atra ao ou gravita ao e se pas-
^
teoria esta ja aceita
, ima que atuaria sobre os planetas tal como hoje se
imagina que a atra ao atua, isso porventura faria mudar os astronomos da
posigao em que se encontram atualmente? Nem uma polegada sequer.
Kepler chegou a formular esta "curiosa hipdtese h ^i cerca de 300 anos.
Nao foi por ele descoberta a teoria da atra ao e repulsao no Cosmos, por-
^
quanto ji era conhecida desde os tempos de Empedocles, que duas
formas opostas deu os nomes de famor e 6dio , palavras que implicam

( 16 ) Correl. of Pbys . Forces , pp. 170 3. -


I 207
Escola do Grande Oriente Mistico

a mesma ideia. Mas Kepler fez uma descrigao bastante exata do magnetismo
cdsmico. tao certo que esse magnetismo existe na Natureza como 6
certo que nao existe a gravitagao, pelo menos tal qual e ensinada pel a
Cincia , que jamais levou em consideragio os diferentes modos por que
atua esta dupla Forga , que o Ocultismo chama de atragao e repulsao, em
ftosso Sistema Solar, na atmosfera da Terra e, aldm , no Cosmos .
[ Segundo escreve o grande Humboldt :
"O espago trans-solar nao revelou , agora, aenhum fen6roeno an Jogo ao nosso
sistema solar . Uma peculiar idade do nosso sistema ^
que a materia, se tenha conden-
-
sado, dentro dele, em an is nebulosos, cujos nucleos, condensando se, formaram as ter
ras e as luas. Insisto: ate agora nada de semelhante jot jamais observado alfat* do
-
nosso stsiema planetartod117

verdade que depois de 1860 apareceu a Teoria Nebular, e que,


mais bem conhecida , fez super que haviam sido observados fendmenos
idnticos alem do Sistema Solar. Apesar disso, esta com inteira razao
aquele grande homem , e nao se podem encontrar terras ou luas, salvo na
a parineta y fora do nosso Sistema , ou que sejam form a das com a mesma
espdeie de Materia que neste existe, Tal e a Doutrina Oculta. ]
O propria Newton o provou; puis ha ert> nosso Sistema Solar muitos
fenomenos que ele se confessava incapaz de explicar por tneio da lei de
gravitagao, tais , por exemplo, a uniformidade de diregao dos movimentos
planetarios, a forma quase circular das orbitas, e sua singular conformidade
a um piano 18. Ora , existisse uma s6 excegao e nao se poderia falar da
gravitagao como lei universal. Dizem- nos que ' Newton , em seu Scholium
geral, declara que esses a just amen tos sao obra de um Ser inteligente e todo-
-poderoso . Que seja inteligente esse Ser, admite-se ; mas, quanto a todo-
^poderoso , h& toda uma serie de razoes para p6-lo em duvida. Fob re
Deus seria aquele que se ocupasse de pequenas minucias e deixasse as
mais importantes a formas secundarias ! A pobreza dessa argumeritagao e
dessa logica so e ultrapassada por Laplace, que, procurando mui justamente
substituir pelo Movimento o Ser todo-poderoso de Newton , e ignorando
a verdadeira natureza desse Movimento E ter no, nao viu nele mais que
uma lei ffsica cega . Nao poderiam aqueles ajustes ser um efeito das leis
do movimento ? pergunta, esquecendo, como todos os nossos homens
de cieneia modernos, que essa lei e esse movimento formam um circulo
vicioso, enquanto a natureza de ambos permanecer inexplicada. Sua famosa
resposta a Napoleao: Vieu est devenu une hypotbise inutile , &6 poderia
daJa corretamente quern aderisse a filosofia vedantina. Nao pass* de puro
sofisma , se exclufmos a intervengao de Seres ativos, inteligentes e pode *

rosos ( nunca todo-poderosos ) , que sao ch am ados Deuses .


Mas desejarlamos perguntar aos criticos dos astronomos da Idade Me-
dia: Por que acusar Kepler de ser tao anticientifico, quando ele oferece

( 17 ) Veja-se a Revue Germamque , de 31 de dezembro de 1860, artigo Lettres


et Conversations d*Alexandre Humboldt .
( 18 ) Winchell , World- Life , p. 607.

208
Escola do Grande Oriente Mistico

-
exatamente a mesma solugao de Newton , mostrando se ate mais sincero,
mais conseqiiente e logico do que este ? Onde esta a diferenga entre o
Ser todo-poderoso de Newton e os Reitores de Kepler, suas Forgas Side-
rais e Cdsmicas, ou Anjos ? Kepler tambm 6 criticado por sua curiosa
hipotese em que intervem um movimento vertiginoso dentro do Sistema
Solar ", por suas reorias em geral, e por comungar nas idcias de Empe-
docles sobre a atragao e repulsao, e em particular sobre o magnetismo
solar . No entanto, v rios homens de ciencia modemos
^

R . Hunt , se
devemos excluir Metcalfe, o Dr. B. W . Richardson , etc. , como se vera ,
sao decididamente favorsveis ks mesmas ideias. Em todo caso, a Kepler
se desculpa pel a metade, sob a escusa de que:
At a poca de Kepler nao se ha via ainda reccmheddo claiamente ititeragao
nenhuma entre massas de matdria , que diferisse genericamente do magnetismo. ^

E acaso esta hoje claramente reconhecido ? Pretender o Professor


^
eletricidade ou do magnetismo

Winchell atribuir a Ciencia algum conhecimemo sdrio sobre a natureza da
exceto que ess as duas forgas parecem ser
os efeitos de algo produzido per uma causa nao determinada ?
As ideias de Kepler, escoimadas de suas tendencias teologicas, sao
puramente Ocultas . Observou ele que:
I . O sol e um grande ima 20, o que tambem crSem alguns emi-
nentes homens de ciencia modernos, assim como os ocultistas.
II . A substancia solar e imaterialS1. No sentido de Materia existente
em estados desconhecidos da Ciencia, e obvio.
III . Atribuiu a um ou mais Espiritos a perp tua vigillncia sobre o
movimento dos planetas e sobre a restauragao constante da energia do Sol.
Toda a antiguidade compartia dessa crenga , Os ocultistas nao usam a pala
vra Espirito, referindo-se a Forgas Criadoras dotadas de intelig&ncia; mas
-
podemos tambem chami-las Espfritos Seremos aeusados de contradigao.
,

[ Dirao que, negando Deus , admitimos Almas e Esplritos atuantes, e que


citamos escritores catolicos romanos fanaticos em apoio de nossos argumen
tos. Eis a resposta: Negamos o Deus antropomorfico dos monoteistas, mas
-
nunca o Princfpio Divino na Natureza . Combatemos os protestantes e os
catolicos romanos no tocante a certo numero de crengas dogm ticas teo!6-
gicas de origem hum ana e sectaria. Es tamos de acordo com eles quando ^
creem em Poderes e Esplritos ativos inteligentes, apesar de nao rendermos
culto aois Anjos como o fazem os catdlicos da Igreja latina . ]
Tal doutrina e condenada muito mais por causa do Espfrito , que
nela tern lugar , do que por outra razao qualquer. Herschel { pai ) tambdm
acreditava nela , e outro tan to sucede com varios homens de ciencia moder-
nos. O que nao impediu o Professor Winchell de dizer que nunca houve

( 19 ) Winchell, World- Life, p. 553.


( 20 ) Veja -se Astronomie du Mown Age, de Delambre.
( 21 ) - . -
Veja se Isis sem Veu, pp 270 1.

209

Escola do Grande Oriente Mistico

nos tempos antigos e modern os uma hipdtese mais ilusdria e menos con-
sen tanea ds exigencias dos principios fisicos 22.
]d se disse a mesma cousa , tempos atras, do fiter universal, e hoje ele
nao somente e aceito, de bom ou mau grado, mas ainda considerado como
a unica explicavao possivel para certos misterios.
As ideias de Grove, quando as expos pela primeira vez em Londres,
no ano de 1840, foram declaradas anticientificas ; nao obstante, sua teoria
da Correlagao das Formas e hoje universalmente admitida. Haveria mister,
cemmente, de algu m mais versado em ciencia que a autora, para combater
^
com mais prcbabilidade de vitoria as ideias que hoje predominam com
respeito & gravitate e a outras solugoes similares dos miseries c6smi
cos . Lembramos , contudo, algumas objesoes apresentadas por sdbios de
-
renome, por astrdnomos e ffsicos eminentes, que refugaram a teoria da
rotagao, bem como a da gravita ao. Le-se, por exemplo, na Enciclopddia
^
Franeesa que a Ciencia admite, segundo a opiniao unzuiime dos seus repre -
sentantes , que e im possivel explicar a origem fisica do movimento rota-
torio do sisterna solar * .
1

Se perguntamos: Qual e a causa da rotagao?


respondem-nos:

rota ao
^
a for a cemrlfuga . E esia for a, que e que a produz? 4 <A for a da
^
dizem-nos com toda a seriedade 23. ^ ^
Conveniente sera examinar ate que potxto essas duas teorias se acham
relacionadas entre si, direta ou indiretamente.

( 22 ) World - Life, p , 554.


( 23 ) Godefroy, Cosmogonie de la RevHalion.

210
Escola do Grande Oriente Mistico

SECAO IV
AS TEORIAS CIENTJFICAS DA ROTAQAO

CONSIDERANDO que a causa final e julgada uma quimera, c que a


Grande Causa Primeira e releg a da k esfera do Desconhecido , o numero
das hipdteses que t m sido formuladas e extraordinario, uma verdadeira
nuvero, conforme deplete com justa rstzao um venerando senhor. O esru -
dante profano fica perplexo, e nao sabe em qual das teorias da ci6ncia exata
deve acreditar , Damos em seguida uma serie de hipoteses suficiente para
sattsfazer todos os gostes e capacidades intelectuais, Todas elas foram reco
Hildas de obras cientificas.

HIP6TESES CORRENTES PARA EXPLICAR A ORIGEM DA ROTACXO


A rota ao deve sua origem :
^
( a ) a uma colisao de massas nebulosas que erram pelo Espa o, sem
dire ao; ou k atracao, em casos em que nao ocorre nenhum contato efetivo ; ^
^ a ao tangencial de correntes de materia nebulosa ( no caso de
^
uma nebulosa amorfa ) que descem de niveis supetiores a nfveis inferiores
ou simplesmente a a ao do centro de gravidade da massa 2.
^
Existe um principio fundamental em FIsica, segundo o qual nenbum
- -
movimento de rotaqdo poderia origimr se em semelhantes massa pela aqdo
de suas prdprtas partes. Seria o mesmo que tentar mudar a rota de um
navio mediante tiros da prdpria xripuhqao sobre sua amurada
a esse respeito o Professor Winchell em sua World- Life 3.
observa

( 1 ) Os termos "superiores e inferiores , sendo apenas relativos a posifao do


observador no Espa o, o sea uso com o objetivo de dar a impressao de que tepresentam
realidades abstratas ^e necessariameate enganoso,
( 2 ) Jacob Ennis , The Origin of ( he Stars.
( 3 ) P. 99, nota.

211
Escola do Grande Oriente Mistico

HIP6TESE$ SOBRE A ORIGEM DOS PLANETAS E DOS COMETAS


( a ) Devemos o nascimento dos planetas : l . 9 a uma explosao do Sol ,
um parto de sua massa central 4; ou : 2 * a uma especie de ruptura dos
aneis nebulosos ,
{ b ) Os cometas sao estranhos ao sistema planetrio 5, incon-
testavel que os cometas sao gerados em nosso sistema solar
( c ) 'As estrelas fixas carecem de movimento , di2 uma autoridade.
Todas as estrelas estao realmente em movimento , responde outra. voz auto-
rizada . fora de duvida que todas as estrelas se movem 7 .
(d) Desde h i uns 350 000 000 de anos jamais cessou por um instan-
te sequer o lento e majestoso movimento do Sol em redor do seu eixo 8 ,
( e ) Cre Midler q u e . * , o nosso sol tem Alcione, nas Pleiades,
como centro de sua 6rbita , e que sao necessarios 180 000 000 de anos para
chegar ao fim uma so de suas revolugdes s .
( / ) O sol come ou a existir ha 15 000 000 de anos, e so emitira
^
calor por mais 10 000 000 de anos ' 10 ,
Nao faz muito tempo, este mesmo cientista eminente, que assim se
manifests, dizia ao mundo que o tempo que oi necessario para o resfria-
mento de Terra , desde o itiicio da formulae de sua crosta ate o seu estado
atual , nao podia exceder de 80 000 000 de anos n . Se a idade da Terra a
partir da crosta solida e de 40 000 000 de anos , ou metade daquela dura ao ,
e a idade do Sol nao vai al&n de 15 000 000 , devemos entao concluir que ^
em certa epoca a Terra foi independente do Sol ?
Como as idades do Sol , dos planetas e da Terra , segundo as diferentes
hipoteses cientificas dos astronomos e dos fisicos, sao mencionadas em outro
lugar , julgamos haver dito o bast ante para mostrar o desacordo que reina
entre os corifeus da ciencia modern a . Quer aceitemos os quinze milhoes de
anos de Sir William Thomson , ou os mil milhSes do Sr , Huxley , para a
evolugao rotatoria do nosso Sistema Solar, o resultado seH sempre o seguin-
te : admitir aquela suposi ao da Ciencia , isto e , a rota ao gerada por si
^ ^
mesma , para os corpos celestes, compostos de Materia inerte e , nao obstante,

( 4 ) Se ta! e o caso, como expiica a Ciencia o tamanho comparativamente peque-


no dos planetas mais prdximos do Sol ? A teoria da agregagao metedrica 6 tao-somente
um passo mais distante da verdade que a concepcao das nebulosas , e nem sequer oferece
a vantagem desta Ultima, o seu elemento metaflsico.
( 5 ) Laplace, System? du Monde , p. 414, ed. de 1824,
( 6 ) Faye, Complex Rendus , t . XC, pp. 640-2.
( 7 ) Wolf .
( 8 ) Le Couturier , Panorama des Mondes.
-
( 9 ) Winchell , World Lifey p, 140 ,
( 10 ) Conferencia de Sir William Thomson sobre A teoria dinamica latente,
no que respeita i origem provavd, i soma total de calor e i dura$3o do Sol **, 1887.
( 11 ) Thomson e Tait, Natural Philosophy. Bischof discords de Thomson quan-
to a estas cifras, e calcula que seriam necesslrios 350 000 000 de anos & Terra para se
respriar de uma temperatura de 20 000 a 200 centfgrades, Esta tamb m a opiniao
de Helmholtz. ^
212
Escola do Grande Orients Mistico

animados por seu prdprio movimento intcmo, durante milboes de anos,


equivale;
( a ) a uma negagao evidente da lei flsica fundamental que declara
que um corpo tende peipetuamente para a in rcia, ou seja, para continuar
^
no mesmo estado de movimento ou de repouso, a metios que intervenha
uma forga externa adva e superior, que o impulsione a outro estado ;
( b ) a admitir um impulso original, que culminaria em um movi-
mento inalteravel, dentro de um fiter resistente, que Newton declarou mcom *

pativel com esse movimento;


( c ) a reconhecer a gravidade universal, que, segundo nos ensinam ,
sempre tende para um centro em queda retillnea
causa unica da revo
lugao de todo o Sistema Solar, que executa eternamente uma dupla rotagao,
girando cada corpo ao redor do seu eixo e percorrendo a sua orbita. Ou,
conforme outra versao que por vezes deparamos:
( d ) a aceitar que o Sol seja utn ima, ou que aquela revolugao se deva
a uma forga magnetica que atua exatamente como a gravitagao, em linha
reta , e varia na razao inversa do quadrado das distancias 1 2 ;
{ e ) a dizer que tudo obedece a leis invariaveis e imutaveis, que,
todavia, vemos modificarem-se muitas vezes, como sucede, por exemplo,
quando alguns planetas ou outros corpos se dao a cert os caprichos bem
conhecidos, ou quando os cometas se aproximam ou se afastam do Sol ;
{ / ) a sustentar que existe uma Forga Motrix sempre proporcional
a massa sobre que atua , mas independente da natureza especifica desta
massa; o que significa di2er, como o fax Le Couturier, que:
<4$em essa forga independente da massa de que se trata, e de natureza complex
Satumo, ou tao pequena
tatnente diversa, esta massa , ainda que fosse tao enorme quanto
quanto Ceres, cairia sempre com a raesma veloddade." *3

Massa que, ademais, obtfon o seu peso do corpo sobre o qual pesa .
De modo que nem as concepgoes de Laplace sobre um fluido solar
atmosferico que se estenderia alem das orbitas dos planetas , nem a eletrici-
dade de Le Couturier, nem o calor de Foucault 14, nem isto, nem aquilo,
pode jamais servir de ajuda a qualquer das numerosas hipoteses a respeito
da origem e permannria da rotagao, para escapar & roda desse drculo
vicioso; como tampouco pode faze-lo a pr<5pria teoria da gravitagao Este .
misteho o leito de Procusto da ciencia flsica. Se a Materia passiva ,
como nos ensinam agora , o mais simples movimento nao pode ser uma
propriedade essencial da Materia , pois esta considerada apenas uma massa
inerte. Como, pois, um movimento tao complicado, composto e multiplo,
harmonioso e equilibrado, que persiste durante etemidades, por milhoes e
milhoes de anos, pode simplesmente ser atribuldo h sua propria forga ine~

( 12 ) Lei de Coulomb.
( 13 ) Musee des Sciencesy 1? de agosto, 1857 .
( 14 ) Panorama des Mondest p, 35,

213
Escola do Grande Orients Mistico

rente, sc esta nao 6 uma Inteligncia ? Uma vontade flsica e colsa inteira
mente nova: urn conceito que certamentc jamais teria ocorrido aos antigosl
-
.
'A Forga

[ Faz mais de um sculo que sc aboliu toda distingao entre corpo e forga
dizem os fisicos
6 taoso a propriedade de um corpo em
movimento ; '" a vida , propriedade de nossos orgaos animals, nao c senao
o result a do de sua disposigao molecular 1
*
respondem os fisidlogos. Se-
gundo ensina Littre:
No seio desse agregado a que se da o nome de planeta, desenvolvem se todas -
as forgas imanentes da materia . , . vale dizer que a materia possui em si mesma e por
si mesma as forgas que Lhe sao pnSprias . . , forgas que sao primaries, e nao secundarias.
Tais forgas $ao: a propriedade da gtavidade, a da eletricidade, a do magnetisms, a
da vida .. . Todo planeta pode deseuvolver a vida . .. como a Terra, por exemplo,
que nao fot secnpre habitada por uma raga humana e que agora produz honiens. *5]

Diz um astronotno:
Nds falamos da gravidade dos eorpos celestes ; mas, como se reconhece que o
peso decresce proporcionalmente a distancia do centre, torna-se evidente que, a certa
distenda, o peso deve forgosamente reduzir-$e a 2ero, Se ali bouvesse alguma atraqao,
haveria equilibrio
E como a escola moderna nao admite acima nem abaixo no
espago universal, e de indagar -se o que provaria a queda da Terra , se DBO existisse
gravitagao, nem atragao.

Quero crer que o Conde De Maistre estava com a razao ao resolver


& questao segundo suas proprias ideias tcol<5gicas. Ele corta o no gordio,
dizendo: Os astros giram porque ha quem os faz girar . , e o sistema .
ffsico moderno do universo 6 uma impossibilkkde fisica 17. Nao disse
Herschel a mesma coisa , quando observou que e necessaria uma Vontade
para imprimir um movimento circular, e outra Vontade para desvi Io? 19
Isso mostra e explica como um planeta que se atrasa e bastante habil
-
para calcular o seu tempo com precisao tal que lhe permite chegar no
minuto fixo exato. Pois, se certo que a Ciencia consegue por vezes, a
forga de muito engenho, explicar alguns desses atrasos, movimentos retro-
grados, angulos fora das drbitas , etc., como aparncias que result am da
desigualdade entre a sua e a nossa mareha no percurso de nossas respectivas
orbitas, nao 6 menos certo que ha outros desvios bem reais e conside-
rsveis , segundo Herschel, que nao podem ser explicados senao pela agao
mutua e irregular daqueles planet as e pela influencia perturbadora do soP \
Entendemos , porem , que, alem dessas pequenas e acidentais pertur
bagoes, existem outras perturbagoes contmuas, ditas seculares ( por causa
-
da extrema lentidao com que se acentua a irregularidade e influi nas rela -
Desde Newton

goes do movimento eliptico ) , e que essas perturbagoes podem ser corrigidas.
para que este mundo necessitava de reparagoes freqiien -
( 15 ) Revue des Deux Mondes, 15 de julho, 1860,
( 16 ) Cosmographie.
( 17 ) Soiries de Saint -Petersbourg , notas da palestra XI, pp , 562-3.
( 18 ) Discours, p. 165.

214
Escola do Grande Oriente Mistico

tcs ate Reynaud , todos dizem 3 mesma coisa. Em sen del et Terre; diz
este ultimo:
As orbitas descritas pelos planetas estao longe de ser itnutaveis, e estao, pelo
contrario, sujeitas a perptuas altera oes em suas posi oes e formas "
^ ^
Admitiu ele que a gravita ao e as leis da translate se mostram tao
^ .
negligentes quanto prestes em corrigir seus erros A censura, tal como
est4 formulada, 6 a dc que :
Essas drbitas se alargam e se contraetn altemativamec te; o seu grande eixo
se alonga e se encurta, ou oseik, ao mesmo tempo, da direita para a esquerda, ao redor
do Sol, enquanto o propria piano em que estao situadas se eleva e se abaixa periodica-
mente, girando sobre si mesmo com uma esp6cie de esuemecimento.


gentes

ao
A isso, De Mirville
dirigem invisivelmente o Sistem a Solar

que, como nos, acredita que obreiros inteli -
observa com muito espirito:
Eis ai, certamente, uma viagern que leva consigo pouca preeisao mecanica ; quanto
mais, poder-se-ia compar4-la de um vapor, atirado de um lado para octro, sacudido
pclas ondas, retardado ou acelerado, podendo cada urn estes embara os adiar indefinida-
mebte ^
a chegada , se nao fosse a imeiigSncia de um piloto e dos maquinistas para recupe-
rar o tempo perdido e reparar as avarras. 20

A lei da gravidade parece converters, por outro lado, em uma lei


caduca no ceu estrelado. Pelo menos , esses Primitivos sidcrais de longa
cabeleira, que chamamos cometas , parece que respeitam muito pouco a ma-
jestade dessa lei, desafiando-a impudentemente. Contudo, e embora apre -
sentem em quase todos os aspect os fen6menos ainda nao perfeitamente
esclarecidos , creem os partidanos da ciencia modema que os comet as e os
meteoros obedeeem mesmas leis e sao constituidos pela mesma Materia
" que os sois, as estreks e as nebulosas e, at , que a Terra e os seus
habitantes ai.
o que poderlamos dizer : admitir as coisas em confian a, mais ainda ,
^ rejeitassem
com i6 cega. Mas nao se pode discutir a ciencia exata , e os que
as hipdteses imaginadas por seus discfpulos ( a gravka ao, por exemplo )
seriam tidos como ignorantes e insensatos. Nao obstante ^ , o autor que
acabamos de citar nos conta uma curiosa lenda recolhida dos anais cien
7 -
tificos.
0 cometa de 1811 poasuk uma cauda que media 120 milhoes de milhas de
comprimento e 25 milhoes de milhas de dilmetro em sua parte mais Iarga, enquanto
o diametro do nucleo era aproximadamente de 127 000 milhas, ou seja , mais de dez
vezes o da Terra .

E ele nos diz que:

( 19 ) Pflgina 28.
( 20 )
( 21 )
-
Des Esprits, tomo IV, pp. 155 6, Deuxifcme M rooire , III.
Modem Science and Modem Thought, de Laing, ^
215
Escola do Grande Oriente Mistico

Para que corpos de tamatiha magnitude passem per to da Terra sem influir no
movimento desta ou alterar de urn segundo sequer a dnra ao do ano, seria oecessario
^
que a substanria deles fosse rarefeita a um grau inconcebivel /*

Assim deve ser efetivamente; ademais:


"A extrema tenuidade da mass a de um cometa e tamWm demonstrada pelo fen&
meno que apresenta a sua cauda , a qual, & medida que o cometa se aproxtma do sol,
se pro/e ea por vexes cm uma extensile de 90 milhoes de fflilhas, em poucas horas. O
que ha de notivel 6 que a cauda se projeta em sentido cotitrario \ gravidade, por
alguma for a impulsiva , provavelmente eletrica ; tanto assim que a cauda sempre se
^
afasta do Sol [!!! ] . . . E, no entanto, por mais tenue que deva ser a materia dos
cometas, obedece a Let comum da gravidade [ ! ? ], e, seja porque o cometa gire em
uma orbita compreendida na dos planetas ex ter tores, seja porque se lance nos abismos
do espaqo, para so regressar ap6s centenas de anos, o seu curso esta regulado a cada
instante pela mestna for a que provoca a queda de uma ma$a sobre o solo/ 28
^
A Ciencia e como a mu1her de C sar, nao deve ser objeto de suspeita ;
^
e evidente . Mas e permitido criticaJa respeitosamente ; e , em todo case,
pode-se recordar-lhe que a ma a uma fruta perigosa . Pela segunda ve2
^
na historic da humanidade, pode tornar-se a causa da Queda
e , ja
agora , da queda da Cienria exata . Um cometa , cuja cauda desafia a lei
da gravidade nas barbas do proprio Sol , dificilmente pode ser considerado
submisso a essa lei ,

Em uma s6rie de obras eienrificas sobre Astronomia e a teoria nebular ,


escritas entre 1865 e 1866 , a autora deste livro, modesta aprendiz em dAn-
cias, anotou, no espa o de algumas horas, nao menos de trinta e nove hipd-
^
teses contraditorias , oferecidas para explicar o movimento rotatorio original ,
gerado por si mesmo, dos corpus celestes. A autora nao 6 astronoma , nem
matematica , nem rientista ; sentiu-se , porem , na obrigayao de estudar tais
divergences, a fim de defender o Ocultismo em geral , e coisa ainda mais
importante, de expender argumentos em prol dos ensinamentos ocultos
concementes k Astronomia e & Cosmologia . Os ocultistas viraimse sob a
amea a de terriveis penas por se permitirem p6r em duvida as verdades
^
cientfficas, mas agora readquirem ,, a
coragem . A Ciencia estd menos segura
em sua posi ao inexpugnavel do que se poderia imaginar, e muitas de
^
suas fortalezas foram construidas sobre areia bastante movedi a .
^
Esse modes to estudo, e pouco cientlfico , que entao fizemos, foi pot-
tanto util e certamente muito esclarecedor . Aprendemos , com efeito , uma
por ao de coisas , entregando-os sobretudo ao exame a tento daqueles dados
^
astron6micos que mais provavelmente deviam entrar em conflito com as
nossas cren$as heterodoxas e supersticiosas .
Descobrimos, por exemplo, no que concerne a gravita ao, aos movL
mentos em redor do eixo e na tfrbita , que, uma vez dominado o movi-^
mento sfnerono nas fases primitivas , isso foi suficiente para originar um
movimento rotatorio atd o fim do Manvantara . Tambem chegamos a conhe-
cer, em todas as ja mencionadas combina oes de possibilidadcs que dizem
^
( 22 ) Ibid ., p. 17 .

216
Escola do Grande Oriente Mistico

respeito a indpiente rotagao { complicadissimas em todos os casos ) , algu -


mas das causas a que pode ser atribufda, bcm como outras que deviam
origina-la, assim nao acontecendo por uma razao qualquer.
Entre outras coisas, ficamos sabendo que a rotagao original pode ser
provocada com a mesma facilidade numa massa em estado de fusao ignea
como em outra que esteja caracterizada por uma opacidade glacial 23. Que
a gravitagao e uma lei a que nada pode sobrelevar , mas que, nao obstante,

ou terrestres mais ordinarios



se deixa veneer , no tempo devido ou fora de tempo, pelos corpos celestes
como, por exemplo, as caudas de cometas
impertinentes. Que devemos o Universo a Santa Trindade Criadora : Materia
Inerte, Forga Inconsdente Acaso Cego. Da verdadeira essencia e natureza
de qualquer um destes trs fatores , nada sabe a Ciencia ; mas isto e um
pormenor insignificante .
Aprendemos , assim, que, quando uma massa de materia cos mica ou
nebular
cuja natureza e absolutamente desconhecida, e que se pode
encontrar em estado de fusao ( Laplace ) , ou obscura e fria ( Thomson ) ,
pois esta mesma intervengao de calor e pura hipdtese ( Faye ) se decide
3

a dar prova de sua energia mecanica sob a forma de rotagao, essa massa
proeede do seguinte modo: ou desata em uma conflagragao espontanea, ou
permanece inerte, obscura e fria, sendo ambos esses estados capazes de
faze-la rodar atrav s do Espago, sem causa razoavel, durante milhoes de
^
anos. Seus movimentos podem ser retrdgrados ou diretos, pois se apre -
sentam umas cem razoes diferentes para ambos os movimentos, fundadas
em outras tantas hipdteses , Como quer que seja, ela se confunde com o
labirinto de estrelas cuja origem pertence ao mesmo geneto espontaneo e
milagroso; porquanto ;
* 4 teoria nebular nao se propoe descobrir a ORIGEM das coisas, mas aperns uma
fase da histSria da ntatirta . 24

Esses milhoes de sois , planetas e satelites , compostos de materia inerte,


giram, pois, no firmamento, em imponente e majestosa simetria, movidos
e guiados tao-somente, apesar de sua inercia, " por seu prdprio movimento
intemo .
de estrahhar , depois de tudo isso, que misticos ilustres, catblicos
romanos piedosos e ate astr&nomos cultos, como Chaubard e Godefroy 25,
tenham preferido a Cabala e os antigos sistemas a triste e contraditdria
interpretagao modema do Universo? O Zohary pelo menos , distingue entre
"as Hajaschar ( as Forgas de Luz ) , as Rachoser ( as Luzes Reflexas ) e a
simples exterioridade fenomenal de seus tipos espirituais

( 23 ) Heaven and Earth.


( 24 ) Winchell, World- Life, p , 196.
( 23 ) UUnivers explique par la Revelation e Cosmogonte de la Revelation .
Veja-se, potem , a Deuxieme Memoire de De Mirville . O autor, inimigo fidagai do
Ooilusmo, escrevetij nao obstante, grandes verdad.es.
( 26 ) Veja-se Kabbala Denudada , II , p . 67 .

217
Escola do Grande Oriente Mistico

Podemos agora abandonar a questao da gravidade , e examinar outras


hipdteses . Claro esta que a Cienda ffsica nada sabe a respeito das Formas *

Toda via, para rematar os nossos argumentos, recorremos ainda a outro


homem de cienda , o Professor Jaumes , membro da Academia de Medicina
de Montpellier . Eis o que diz este sibio com referenda as Formas:
Causa 6 aquilo que atua essencialtnente na genealogia dos feuftmenos, assim em
todas as produces como em todas as mod ificanoes. Disse eu que a atividade ( ou
for a ) 6 invisivel , , , Sup6-la corporea e manente as propriedades das matSr id seria
uma^ hipdtese gratuita . . . Remontar a Deus todas as causas , . equiValeria a sustentar
*

ama hipdtese contrtai a muitas verdades. Mas falar de uma plurtdidade 4e formas
procedentes da Divindade e dotadas de poderes prdprios, que lhes sao inerentes, nao
e contrdrio razao... e estou disposto a admitir a existencia de fenbmenos produzidos
por agentes intermediirios chamados Formas ou Agentes Secunddrios. A di$tin$ao das
reais e separadas, outras
Formas e o prindpio da divLsao das ci tcias ; untas Formassupostgoes
tantas cienciasfundamentais . . . Nao; as Formas tao sao nem abstratpoes,
senao realktedes ativas, cujos atrlburos podem ser determ in ados com o auxilio da obser-
va ao direta e da indueao. 27
^

( 27 ) Sur la Distinction des Forces, publicado nas Memoires de VAcademie des


Sciences de Montpellier voL II, fac. I , 1854.
}

218
Escola do Grande Oriente Mistico

SE
^AO V
AS MASCARAS DA CI &NCIA

Fisica
ou Metafisica ?

SE NA TERRA existe algo parecido com o progresso, dia viri em que


a Ciencia tera que renunciar, nolens volens, a ldeias tao monstruosas como
as de suas leis fisicas que se govemam a si mesmas, vazias de Alma e de
Esplrito; e haverd entao de voltar se para as Doutrinas Ocultas. Ja o
-
tern feito, sejam quais forem as alteragoes dos tltulos e as edigoes corrigidas
-
no catecismo cientifico. Faz agora mais de meio seculo, verificou se, compa
rando o pensamento modemo com o antigo, que a nossa filosofia , apesar
-
de sua aparente divergence com a de nossos antepassados, se compoe tao-so
de somas e restos tornados da filosofia an tig a e transmi tides gota a gota
atrav s do filtro dos antecedents.
^Esse fato era bem conhecido de Faraday e de outros cientistas eminen-
tes . Os Atomos, o Eter, a prdpria Evolugao, todas estas nogoes vieram
at a Ciencia modern a procedentes de conceitos antigos ; todas sao baseadas
em ideias de povos arcaicos. Conceitos que para o profano revestem a
forma de alegorias, mas que eram claras verdades ensinadas a os Eleitos
durante as Iniriagoes ; verdades que, parcialmente divulgadas pelos escri-
tores gregos , chegaram ate os nossos dias.
Nao quer isso dizer que o Ocultismo houvesse algum dia esposado,
sobre a Materia , os Atomos e o Erer, as mesmas opinioes que se encontram
no exoterismo dos esetitores cldssicos gregos, Alids, Faraday ( se devemos
crer no que diz o Sr. John Tyndall ) pertencia a escola aristotelica, e era
mais agndstico que materialista . Em seu Faraday , as a Discoverer 1, Tyndall
nos diz que o grande fisico adotava as velhas reflexoes de Aristdteles ,
que < cse encontram de forma cotisisa em algumas de suas obras \ Mas
Faraday , Boscovitch e todos os mais que vem nos atomos e nas moleculas
"centros de forga , e no elemento correspondente 4 Forga . uma Entidade

(1) Pagina 123.

219
Escola do Grande Oriente Mistico

autonoma , talvez estejam bem mais perto da verdade do que aqueles que,
atacando-os, atacam ao mesmo tempo a antiga teoria corpuscular de Pit -
goras
teoria que, seja dito de passagem , nunca passou a posteridade
tal como realmente a ensinou o grande fildsofo sob a alega ao de que
^
ela se baseia na ilusao de que os elementos fundamentals da materia
podem ser tornados como entidades . distintas e reals .
O principal e o mais fatal dos erros cometidos pela Ciencia , ao ver
dos ocultistas, consiste na id&a de que se possa admitir na Natureza algo
que seja materia morta ou inorginica. Pergunta o Ocultismo: H algo
morto ou inorganico que seja capaz de transform ar-sey ou alterar-se? E
acaso existe sob o sol alguma coisa que permane a imutavel ou constante?
^
[ Para que alguma coisa esteja morta, e preciso que tenha estado viva
em um momento qualquer. Quando, em que periodo da Cosmogonia ? Diz
o Ocultismo que nunca a Materia se acha mais ativa do que quando parece
morta. Um bloco de madeira ou de pedra esta im 6vel e 6 impenetr vel em
^
todos os sentidos . Nao obstante, e de facto , suas parttculas estao animadas
de um movimento vibratdrio incessante, eterno, tao rapido que, para o
olho fisico, o objeto parece em absolute desprovido de movimento; e a
distancia daquelas partfculas entre si , no seu movimento vibratdrio , 6 tao
grande ( visa de outro piano de existencia e percepgao ) como a que separa
f locos de neve ou got as de chuva. Mas, para a ci6ncia fisica, isto sera
um absurdo.]
Em parte alguma se acha mais bem evidenciado esse falso raciocinio
que na obra cienti'fica de um sdbio alemao, o Professor Philip Spiller . Em
seu Tratado de Cosmologia busca o autor demonstrar que:
Nenhum dos constituintes materials de um corpo , nenhum tomo 6 origina
riamente dotado de for a por si mesmo; mas cada um desses dtomos 6 absolutamentc
-
^
morto e nao tern poder algum inerente para atuar a distancia. 2

Tal asserts, contudo, nao impede Spiller de enunciar uma doutrina e


um prinefpio ocultos , Afirma ele a substancialidade independent? da Fotqa,
e a define como uma materia incorpdrea ou substancia ( unkorperlicber
.
S t o f f ) Ora , em metafisica Substdncia nao 6 Materia; pode-se admitir, no
interesse da discussao, que a expressao foi mal escolhida ; mas tal se deve
a pobreza dos idiomas europeus e, sob re tu do, a escassez dos termos cientl-
ficos. Spiller identified, entao, essa mat&ia com o jEther. Expressa
em linguagem oculta , poder -se-ia dizer mais corretamente que aquela Subs-
tSncia-Forga ^ e o fiter positive fenomenal sempre ativo, Prakriti; ao passo
que o /Ether onipresente , que a tudo impregna , e o Numetio do primeiro,
a base de tudo, ou Akasha ,
Stallo, porem , situa-se abaixo de Spiller e de todos os materialistas .
acusado de desconhecer por completo a correlate fundamental entre
Forga e Materia , a respeito das quais a Ciencia nada ; sabe de positivo .
Porque, na opiniao de todos os demais flsicos, este semiconeeito hipos-

(2) Der Weltcetber als Kosmische Kraft , p. 4.

220
Escola do Grande Orients Mistico

tatico nao somente imponderdvet mas desprovido de for gas coesivas,


qufmicas, tfrmicas, el&ricas e magn ticas, de todas as quais o /Ether ,
5eg undo o Ocultismo, 6 a Foote e a Causa.

Eis porque Spiller, a despeito de todos os sens erros, revela mais


intuigao que outro qualquer homem de ciencia moderno, com excegao,
talvez , do Dr. Richardson, o tedrico da Forga do Nervo ou ter Nervoso,
e da Forga Solar e Forga Terrestre Porque o jEther, em Esoterismo,
e a quintessence mesma de toda energia possivd; e 6 certamente a esse
Agente Universal { composto de numerosos agentes ) que se devem todas
as manifestagdes da energia nos mundos ffsicos, psfquico e espiritual.
Que sao, na realidade, a luz e a eletricidade ? Como pode a Ciencia
saber que uma e um modo de movimento e a outra um fluido ? Por que
nao se explica a razao de estabelecet -se uma diferenga entre elas, ]& que
ambas sao consideradas correlagoes de forgas ? A eletricidade, dizem-nos,
um fluido imaterial e nao molecular, embora Helmholtz seja de opiniao
diferente; e a prova estd em que a podemos engarrafar, acumular e con
servar como reserva. Logo, deve simplesmente ser materia , e nao um
-
fluido especial. Nao tampouco um modo de movimento , pois que
dificilmente se poderla armazenar movimento em um garrafa de Leyden.
Quanto & luz, seria um modo de movimento ainda mais extraordin tio,
visto que, par maravilhoso que parega, a luz pode ( tamb m ) armazenar se ^-
realmentc para utilizagdo oporluna , conforme o denjonstrou Grove hd
cerca de meio s&ulo.
Tomai uma gravura que teuha sido conservada na escuridao durante alguns dias;
deixai-a expos ta a plena luz solar, is to e, submetei-a b influ&icia do sol por uns
quinze minutos; aplicai-a depots sobre papel sensivel, em uma caraaia escuta, Ao
cabo de vinte e quatio horas, ter se-a a sua impressao sobre o papel, os brancos apare-
.
*

cendo em preto . . . Nao parece que existam limites para a reprodugao de gravuras 4

Que e que aparece fixado, colocado, por assim dizer, no papel ? Cetta-
mente, o que fixa a coisa uma Forga ; mas esta coisa, cujo residuo perma
nece sobre o papel, que i?
-
Os nossos homens de cicncia sair-se -ao do embarago por meio de alguns
eruditos termos tecnicos; mas, que e que e interceptado daquele modo
para deixar aprisionada uma pequena parcela de si mesmo sobre cristal,
papel ou madeira ? um movimento ou 6 uma forga ? Ou nos
dirao que o que permanece nao e senao o efeito da Forga ou do Movi-
mento ? A Forga ou Energia 6 uma qualidade, mas toda qualidade deve
.
pertencer a alguma coisa ou a algudrn Em Flsica , define s a Forga como
aquilo que modifica ou tende a modificar toda relagao flsica entre os
.
corpos, seja mecSnica, tdrmica , qulmica, eletrica , magnetic*, etc Nao 6
essa Forga ou esse Movimento o que fica no papel, quando cessa de atuar
a Forga ou o Movimento; e, no entanto, algo, que escapa 4 percepgao dos

( 3) Veja -se Popular Science Review , vol. V, pp. 329-334.


( 4) - .
Veja se Correlation of Physical Forces , p 110 .

221
Escola do Grande Oriente Mistico

nossos sen lidos fisicos, foi ali deixado para se tornar, por sua vez, urn a
causa e produzir efeitos. Que 6? Nao 6 Materia, tal como a define a
Cifincia , isto e, Materia em um de seus estados conhecidos. Diria um
alquimista que 6 uma secre ao espititual, e rir-se-iam dele. Mas quando o
^
fisico dizia que a eletrieidade armazenada 6 um fluido, ou que a luz fixada
sobre o papel 6 ainda a luz solar, isto era cienda, [ Verdade 6 que autori -
dades mais reeentes repudiaram tais explicates como teorias desacre
ditadas , e passam agora a divinizar o Movimento como seu unico fdolo.
-
Mas nao 6 menos verdade que tan to eles como o seu ldolo compartirao
um dia sorte igual a de seus antecessores!]
O ocultista experiente, que baja comprovado toda a s6rie de Nidanas,
-
de causas e efeitos, que finalmente projetam o seu derradeiro efeito sobre
este nosso piano de manifestato; aquele que tenha investigado a Materia
at o seu Numeno, dir& que a explicate do fisico equivale a chamar & ira ,
ou seus efeitos ( as exclama oes por ela provocadas ) , uma secreto ou
^
fluido, e ao homem , que a causa da ira , seu condutor material. Mas, tal
como profeticamente observou Grove, aproxima -se rapidamente o dia em
que se confessard que as Formas por n6s conhecidas nao passam de manifes-
tates fenomenais de Realidade a respeito das quais nada sabemos, enquanto
que os antigos as discerniam e veneravam.
Fez ele outra observa ao ainda mais significativa , que devia consti
^ -
-
tuir se em divisa da Gencia , ao contrdrio do que sucede. Sir William Grove
disse que:
A Ciinria nao deverta alimcntar desejos nem prevents , A Verdade deveria
ser o seu unico objetivo

O que se v, em nossos dias, 6 que os homens de ciencia sao mais


obstinados e fanaticos que o proprio clero, Porque, se realm ente nao
adoram a Forca -Matdria , que 6 o seu Deus Igttoto , oficiam em seu altar.
-
E quao desconhecida ela e, pode se inferir das numerosas confissoes dos
fisicos e bidlogos mais eminentes, com Faraday em primeiio piano. Nao
so disse ele que jamais se atreveria a declarer se a For ?a e uma propriedade
ou uma funto da Materia, mas ainda que nao sabia, em verdade, o que
se devia entender pela palavra Materia.
Tempo houve, acrescentou , em que acreditava saber algo sobre a
Materia. Mas, quanto mais se adiantava na vida, quanto mais estudava com
afinco, tan to mais se convencia de sua completa ignorancia quanto & n&tu
reza da Materia 5.
-
[ Essa confissao de incapacidade foi feita , cremos nos, durante um
.
congresso cientifico reunido em Swansea Faraday partilhava da opiniao de
Tyndall, que declara:
'A parte a sua for a , que sabemos a respeito do tomo? Imaginais um mkleo
^
a que se pode chamar a, e o rodeais de formas a que se pode dar o come de m\ para

(5) Veja -se Electric Science , de Buckwell .

222
Escola do Grande Orients Mistico

a minha mente, o a ou nucleo se desvanece, e a subst&ncia cons is te nos poderes m.


E, efetivamente, que ideia podemos format do nucleo independente dc sens poderes?
Que pensamento subsiste para fixar a no ao de um a independente das formas admi-
tidas? ] ^
Os ocultistas sao amiude mal compreendidos porque, na falta de
melhores termos, dao 1 Essncia da Forja, considerada sob certos aspectos,
.
o epfteto descritivo de Subst&ncia Ora, os nomes das variedades da Subs-
t&ncia, nos diferentes pianos de percep ao e existfadft, constituent legiao. O
^
Ocultismo oriental possui uma denomina ao especial para cada classe; mas
a Cincia tem um so nome para todas ^
Substdncia, como ocorre na Tngla
terra, que , segundo um (ranees espirituoso, foi favorecida com trinta e
-
seis religioes, mas dispoe $6 de um molho para o pescado. Demais, nem
os ffsicos ortodoxos, nem os seus criticos, parecem estar muito seguros de
suas premissas, e confundem tao facilmente os efeitos como as causas . j
inexato dizer, como o faz St alio, por exemplo, que nao se pode compre
ender melhor a Materia , nem conceber lhe a presenja positiva no espa o,
-
senao como uma concre ao de formas , ou que a Forga nada 6 sem a ^
^
massa, e a massa nada 6 sem a For a , porquanto uma 6 o Ntimeno, e a
^
outra o fen6meno. Tambdm, quando Schelling disse que:
Nao pflssa de mera rlusao da mente admitir que algo, nao sabemos a que,
subsists depois de ha vermes despojado um objeto de todos os seus atributos

jamais lhe passou pela iddia aplicar essa observagao ao do minio da meta
fisica transcendental, verdade que a For a pura nao e nada no mundo
-
fisico, sendo Tudo no reino do Espirito Stallo diz que: . ^
Se reduzirmos a zero uma massa sobre a qual atua uma for a dada , por pequena
^
que seja, ou, usando termos matemiticos, se a reduzirmos a iufinitamente peqoena , a
consequencia sera que a velocidade do movimento resultan te passa a ser infinitatoente
grande, e que o objeto . . . nao estara , em qualquer momento dado, nem aqui nem all,
mas em toda a parte; que nao baverd presenga real. , portanto, impossivel construir
materia por meio de uma slntese de formas. 7

Pode estar certo no mundo fenomenal, tanto mais quanto o reflexo


da Realidade Una do mundo supra-sensfvel apare a como real a estreiteza
^
dos conceitos materialist as. absolutamente inexato quando se aplica o
argument a coisas pertencentes iquelas esferas que os cabalistas chamam
de supramundanas. A suposta Inercia e uma For a , segundo Newton 3;
^
e para o estudante das cincias esotEricas 6 a maior das formas ocultas, So
-
neste piano de ilusao pode conceber se um corpo divorciado de suas redoes
com outros corpos, as que, segundo a fisica e a mec&nica, dao lugar aos
seus atributos. Tal separa ao realmente nunca pode existir, sendo a propria
^
morte incapaz de isolar o corpo de suas relagoes com as Formas Universal,
cuja sintese a Forga tfnica, a Vida ; as rela oes simplesmente continuam
^
(6 ) Sehelling, Ideen, etc., p. 18.
(7 ) .
Op. cit .t p . 161
(8 ) Princ., Def . III.

22 }
Escola do Grande Oriente Mistico

em outro piano. Mas , se Stallo tern razao, que pretende dizer o Dr. James
Cfoll qu&ndo, ao falar da Transformagao da Gravidade , expoe as mesmas
id ias sustentadas por Faraday, Waters ton e outros? Porque ele diz com
^
muita clareza que a Gravidade
e uma forga que do Espflgo exterior penetra nos corpos, e que nao auraenta
quando os corpos se aproximam uns dos outros, coino geralmente se supoe; o que
sucede 6 que os corpos passam a um meio onde a forga rein* com. maior intensidade. 9

Ningu m negara que uma Forga , seja a gravidade, a eletricidade ou


^

qualquer outra, que exista fora dos corpos e no Espago livre quer se
trate do fiter ou do vacuo , deve ser dguma coisa, e nao mcra abstra$ao,
quatido a concebemos independente da massa. De outro modo, difidlmente
poderia existir com intensidade" maior em um lugar e menor em outro.

Ji o que tambm diz G , A . Hirn em sua Thiorte MScanique de VUfibers,
tentando demonstrar:
Que o iitomo dos quimicos nao e uma entidade purament? conventional , ou
um simples recurso explicativo, mas que realmente existe; que o seu volume imlte *

rivel, c que, por conseguinte, nao 6 el&tko ( !! ) A Forga, portanto, nao est$ no
itomo; esta no espaco que separa os faomos entre si

As opinioes que acabamos de citar, expendidas por dois homens de


ciencia dos mais eminentes em seus respectivos paises, revelam que de
nenbum modo e antzcientifico falar da substandard a de das chamadas Formas,
Sujeita a receber no futuro um name especifico qualquer, esta Forga d uma
Substancia de alguma classe; e nao pode ser outra coisa. E quem sabe se
a Ciencia nao seri algum dia a primeira a novamente adotar o nome ridi
cularizado de flogisto . Seja qual for o nome que venha a prevalecer,
-
sustentar que a Forga nao reside nos Atomos, mas no espago que os separa ,
pode ser muito cientifico; contudo, nao e verdade. Para a mente da
ocultista, seria o mesmo que dizer que a agua nao esta nas gotas que corn
poem o oceano, mas no espago existente entre elas.
-
A objegSo de que h4 duas escolas distintas de ffsicos, uma das quais
"encara essa forga coino uma entidade substantial independente, que nao uma
propriedade da materia, nem estA essencialmentc assodada a materia"

dificilmente ajudara o profano a ver com mais clareza. Pelo contrario, a


objegao teria antes o efeito de tornar a quest ao mais confusa do que nunca ;
porque entao a Forga nao seria nem isto nem aquilo. Considerando a como
uma entidade substantial independente , a teoria se aproxima do Ocultis-
-
mo, mas a idia estranha e contraditdria de que a Forga nao esta associada
4 materia senao pelo poder que tem de atuar sobre ela 11 conduz a ciSncia
flsica a hipdtese antindmicas das mais absurdas. Quer se trate de Forga

( 9 ) Philosophical Magazine , vol. II, p. 252.


( 10 ) Concepts of Modern Physics, p. XXXI, Introdugao i 2 edigao.
.
( 11 ) Loc, clt

224
f

Escola do Grande Oriente Mistico

ou do Movimento ( o Ocultismo, nao vendo nenhuma diferenga entre os


dois terraos, jamais procura separa-los ) , nao pode isso operar cm um sentido
-
para os partiddrios da teoria itomo mecSnica , e em outro para os da escola
rival, Tambem nao e possivel que, num ca$o, os Atomos sejam absoluta-
mente uniformes cm tamanho e peso, e, no outro, tenham peso dife rente
( lei de Avogadro ) , Porque, consoante as palavras do mesmo ilustre cHtico;
Ao passo que a igualdade absoluta das unidades pritnordials da massa constitui
assim uma parte essendal das bases mesmas da teoria mecanica , toda a quimica mt>
dema esta fundada em um principle completamente oposto; principio do qual se disse
recentemente que ocupa em quimica o mesrno lugar que a lei de giravitagao na astro-
oomiVlz Esse prinefpio e conbecido sob o nome de lei de Avogadro ou de Ampere /'

Mostra isso que tanto a Quimica como a Fisica modernas laboram total
mente em erro nos seus principles fundamentals respectivos. Porque, se se
-
declara absurda a suposigao da existencia de .atomos de gravidades especl
ficas diferentes, com base na teoria afemica da ffsica, e se, nao obstante,
-
a quimica , fundando-se nessa mesma suposigao, obtdm uma comprovagao
experimental infaltvel na formagao e transfer magao dos compos tos quimi-
cos, 6 entao evidente que a teoria dtomo-mecimica nao pode subsistir. A
explicagao desta ultima , de que as diferengas de peso nao sao mais que dife
rengas de densidade, e as diferengas de densidade se devem $ diferengas de
-
distancia entre as particulas compreendidas em um espago dado , carece
realmente dc validade, porquanto, antes de poder o fisico sustentd-la com
o argumen to de que, nao ha vendo no itomo multiplicidade de particulas
nem espago vazio, sao, por conseguinte, imposslveis as diferengas de densi
dade ou de peso no caso dos atomos , e preciso que ele saiba, etn primeiro
-
lugar, o que na realidade 6 um tomo, e 6 isto precisamente o que ele nao
pode saber. Teria que subroete-lo a observagao de um de seus sentidos fisi
-
cos, pelo menos ; nao pode faz lo, pela simples razao de que ningu m
-
jamais viu , cheirou, ouviu, tocou ou degustou um a to mo. O a to mo per- ^
tence totalmente ao dominio da Metafisica. li uma abstragao convertida em
realidade ( ao menos para a ciencia fisica ) ; e, estritamente falando, nada
tem a ver com a Ffsica, pois nunca se pode submet -lo a prova da retorta
^
ou da balanga. A concepgao mecanica passa a set, por tanto, um conglome -
tado confuso de teorias e dilemas os mais opostos, para a mente dos nume-
rosos homens de ciencia que estao em desacordo tanto neste ponto como

( 12 ) J . P. Cooke, The New Chemistry , p . 5.


( 13 ) Pressupde que volumes iguais de todas as substancias, quando se acham
em estado gasoso, e sob as mesmas conduces de pressao e de temperatura, contm o
mesmo numero de moleculas; donde re sulta que o f >eso das moleculas e proportional
a gravidade especifica dos gases; que, em consequ6ncia, diferindo esta gravidade espe-
cifica, tambem varia o peso da mol&ula; e, como as mokculas de certas substantia s
elementares sao monat&micas ( ou de um so dtomo ) , enquanto que as moleculas de
outras substancias se compoem dc varios Atomos, dal se segue que os Atomos destas
ultimas substancias tm peso diferente [ Concepts of Modem Physics , p, 34 ) Con -
forme demoustra mais adiante a mesma obra , esse principio cardeal da quimica tcdrica
-
moderna nao se pode absolutamente conciliar com a primeira proposi ao da teoria dto-
mcMnecamca, ^
a saber: a igualdade absoluta das imidaaes pximordiais da massa .
225
Escola do Grande Oriente Mistico

em outros ; e os ocultistas orientals, que acompanham essa luta cientifica ,


contemplam com o maior pasmo a sua evolufao .
Cheguemos a utna conclusao no tocante 4 questao da gravidade. Como
pode a CiSncia crer que sabe algo de positivo sobre ela ? Como pode sus-
tentar sua posi ao e suas hipdteses contra as dos ocultistas, que nao vem
^
na gravidade senao simpatia e antipatia, ou atra ao e repulsao, causadas
^
pela polaridade fisica em nosso piano terrestre, e por fatores espirituais que
escapam a sua jnfluencia ? Como podem os homens de ci&ncia discord&r
dos ocultistas, antes de se porem eles mesmos de acordo entie si? Ouve-se
falar, vetdade, da Conserva ao da Energia , e, simultaneamente, da dureza
^
e da falta de elasticidade dos Atomos; da teoria cin&ica dos gases, idn-
tica chamada "energia potential ; e, ao mesmo tempo, das unidades
elemen tares de massa, absolutamente rigidas e sem clasticidade, O ocultista
abre urn livro cientffico e 1 o que se segue:
todks as
O atomismo tlsico quer detivar das formas do roov/ tnento atcmico eletftentos
propriedfldes qualitativas da materia. Os prdprios atotnos jicam como
completamente desprovides de qualidade ** 14
,

E logo adiantc:
A quimica em sua forma ultima deve ser - .
Itonjo mec& nica 1

-
Pouco depois, dizem lhe que:
,
lOs gases sao compostos de jftoraos que se comportam como esferas sdlidas,
perfeitamettte el&sticas 1

Finalmente, e para tudo coroar, vemos Sir William Thomson deda-


rando que:
A teoria moderns da conserva ao da energia nao nos permite adtnitir a falta de
^
elastitidade, ou algo que nao seja a perfeita elasticidade das mol&ulas ultimas, tanto
da materia ultramundane como da materia mundane, 17

Que dizem a tudo isso os homens verdadeiramente s bios? Por


"homens verdadeiramente sabios entendemos aqueles que ligam demasiado ^
apre$o Verdade e pouqufssimo vaidade pessoal, para dogmatizar sobre
o que quer que seja, como o faz a maioria. Existem varios entre elts
e talvez sejam mais numerosos do que os que evitam confessar abertamente

as suas conclusoes secretas, ante o temor de ouvirem gritar : "Apedrejem-no
ate que mortal *
5


homens a quem a intui ao permitiu transporem o abistno
^
que se interpoe entre o aspecto terrestre da Materia e o aspecto que, para
nos, em nosso piano de ilusao, a Substantia subjetiva, isto 6 , transcen -
( 14 ) Wundt, Die Tbeorie der Mztierie, p. 381 .
( 15 ) Nazesmann, Tbermocbemie, p. 150.
.
( 16 ) Kroenig, Clausius, Maxwell, etc. Philosophical Magazine , vol. XIX , p. 18.
( 17 ) Philosophical Magazine , vol. XIV, p, 321 .
226
Escola do Grande Oriente Mistico

dentalmente objetiva, e foram assim levados a prociamar a existencia desta


-
Ultima Tenha se presente que, para o ocultista , a Materia aquela totali-

dade de existencia, no Cosmos, que entra em algum dos pianos de percepcao


possfvel.
Sabemos perfeiramente que as teorias orrodoxas a respeito do son,
do calor e da luz contrariam as doutrinas ocultistas. Mas nao basta que
os homens de ciencia, ou seus defensores, digam que nao negam a potencia
din arnica da luz e do calor , e apresentem como prova a circunstancia de
que o radi&metro de Crookes nao lhes modificou as opinioes. Se querem
aprofundar a natureza ultima dessas formas, tem que admitir primeiramente a
-
sua natureza substantial , por supra sensivel que seja essa natureza. Tam
pouco negam os ocultistas a exatidSo da teoria vibra tdria 18. Mas Jimitam
*

as suas (undoes k nossa Terra, declarando-a inoperante em. outros pianos


alem do nosso; pois es Mestres em ciencias ocultas percebem as Causas que
^
produzem vibra$6e$ et reas. Se tudo isso nao passasse de ficoes dos alqui
mist as, ou de sonhos dos misticos, entao homens como Paracelso, Filaleto,
*

Van Helmont e tantos outros deveriam ser considerados abaixo de visio


naries; seriam impostores e mistificadores deliberados.
-
Os ocultistas sao censurados por darem o nome de Substancia a Causa
da luz, do calor , do som, da coesao, do magnetismo, e t c. C l e r k Maxwell
dedaron que a pressao da luz forte do sol sobre uma milha quadrada d,
aproximadamente, de 3 1/ 4 libras. Diz-se que ua energia das mirlades de
ondas et&eas; e, quando aqueles a chamam uma substantia que pesa sobre
a referida area, proclama se que tal explicacao e anticiemifica .
*

Nada justifica semelhante acusa ao. Conforme )& esclarecemos mais


^
de uma vez , os ocultistas nao se furtam de modo algum a admitir que as
explicates da ciencia oferecem a solu ao dos agentes objetivos imediatos
^
em atividade. A Ciencia nao se eng&na senao quando acredita que, por
haver descoberto nas ondas vibratdrias a causa itnediata de tais fenomenos ,
revelou, por isso mesmo, tudo o que se encontra al6n do umbral dos sen-
tidos. Ela nao faz mais que acompanhar a sucessao dos fen6menos em
um piano de efeitos, que sao proje oes ilusorias de uma regiao em que o
^
Ocultismo penetrou hi muito tempo. E o Ocultismo afirma que aqueles
estremecimentos etericos nao sao postos em a So , como pretende a Ciencia,
^
pelas vibrates das mol culas dos corpos conhecidos, da Materia de nossa
^
consciencia terrestre, mas que devemos buscar as Causas ultimas da luz,
do calor, etc., na Matdria existente em estados supra -senslveis, estados que
sao, nao obstante, tao plenamente objetivos para a visao espiritual do homem
como o 6 um cavalo ou uma arvore para o mortal ordinirio. A luz e o

( 18 ) Referindo-se ao Aura , diz um dos Mesttes em The Occult World ;


Como poderfeis fazer-vos entender e, conseqiientemente , fazer-vos obedecer pot essas
Formas semi-inteligentes, cujos meios de comuni eafSo conosco nao consistem cm palavras
arricukdas , mas sim em sons e cores em corfek So com as vibra oes de am bos . E csta
^
correla ao * o que a Ciencia Moderna deseonhece , apesar de ^explicada muitas vczes
pdos ^
alcfuimistas .
( 19 ) A Substancia do ocultista, eontudo, esta para a mais refinada Substancia
do flsico como a Materia Radiante esti para o couro dos sapatos do quhnico.

227
Escola do Grande Orients Mistico

calor sao fantasmas ou sombras da Materia em movimento. Esses estados


podem ser percebidos pelo Vidente ou pelo Adepto durante as horns de
extase, sob o Raio SushumnS ( o primeiro dos Sete Raios Mlsticos do Sol ) ao.
Devemos, portanto, reportar-nos ao ensinamento oculto que sustenta
a realidade de uma ess6ncia supra-substancial e supra-sensivel daquele AkSsha
( nao do fiter , que e somente urn de seus aspectos ) , cuja natureza nao se
pode deduzir de suas manifesta oes mats distantes, da sdrie meramente feno-
^
menal de sens efeitos , neste piano terrestre. A Ciencia , pelo contrario, nos
declara que o calor jamais pode ser considerado como Materia cm qualquer
estado concebivel , Para recordar aos dogmatizadores ocidentais que a ques
tao de modo algum se pode dar como soluctonada, citaretnos urn crftico
-
sumamente imparcial e cuja autoridade ninguem pora em duvida:
Nao hd diferenca fundamental entre a luz e o calor . . . cada urn 6 simples
J

meumorfose do outro. Calor luz em complete repouso, Luz calor em movimento


rdpido . Quando a luz se combina com um corpo, converte-se em calor ; mas , se dele
se separa, volta a ser luz novamente.

Nao podemos dizer se o enunciado corresponde ou nao a verdade; e


muitos anos, talvez limit as gera oes, hao de se passar antes que sejamos
^
capazes de o dizer 22 Tambetn se afirma que os dois grandes obstdculos
a teoria do fluido ( ? ) do calor sao incontestavelmente;
LD A produce do calor pelo atrito, pela excita ao do movimento
molecular. ^
.
2 A transformable do calor em movimento medlnico.
A resposta e: ha fluidos de vdrias especies. Diz-se que a eletricidade
6 um fluido, e ao mesmo se dizia do calor ainda recentemente; mas isto
porque se supunha que o calor fosse alguma substSncia imponderavel Tal .
ocorria durante o reinado supremo e autoera tico da Materia , Quando se
destronou a Materia e se proclamou o Movimento como o unico , soberano
do Universo, o calor passou a ser um modo de movimento> Nao deses
peremos: 6 possivel que ele se transforme em outra coisa no dia de amanha
-
.
Como o Universo, a Ciencia esta sempre evolucionando, e nunca pode dizer:
Eu sou o que sou". Por outra parte, a Ciencia Oculta tem suas tradi oes ^
imutaveis, que datam dos tempos pre-histdricos. Pode errar nos porme-

( 20 ) Os nomes dos Sete Raios que sao $ushumn, Harikesha, Vishvakarman,


Vishvatryarches, Sannadha , Sarvlvasu e Svarfij sao todos mlsticos, e cada qual tem
sua peculiar aplica ao em um estado distinto de consci&tcia para fins ocultos. 0
^
Sushumnl , que, segundo estd dito no Nirkuta ( II, 6 ) , serve unicamente para iluminax
a Lua . 6 , contudo, o Raio a que s3o afeigoados os Iogues inidados . A totalidade dos
Sete Raios difundidos atravs do Si sterna Solar cotistitui, por assim dizer, o Upldhi
( Base ) do liter da Ciencia; Upadhi em que a luz , o calor, a eletricidade, etc., isto ,
as Formas da Ciencia ortodoxa, se correlacionam para produzir seus efeitos terrestres .
Como efeitos pslquicos e espirituais tais Formas emanam do Upldbi supra-solar, em
que tem origem , no 2Etber dos ocultistas , ou Akasha,
( 21 ) Leslie , Fluid Theory of Light and Heat .
( 22 ) Buckle , History of Civilizationt vol . Ill , p. 384.

22 &
Escola do Grande Oriente Mistico

norcs ; mas mmca incorrerd em equlvoco no tocante a questoes da Lei Uni


versal, simplesmente porque esta Ciencia, com justa razao qualificada como
-
divina pela Filosofia, nasceu cm pianos superiores e foi trazida a Terra pox
Seres mais sabios do que sera o homem , inclusive na Setima Raga de sua
S tima Ronda. E esta CiSncia afirma que as Formas nao sao o que o ensi-
^
namento modemo pretende que sejam, isto e, afirma que o magnetismo nao
urn modo de movimento ; e pelo menos quanto a este caso particular,
3

a ciencia exata moderns sofrera algum dia, com certeza, uma decepgao.
A primeira vista, nada pode parecer mais ridicule, mais afrontosamente
absurdo, que dizer, por exemplo: O logue hindu iniciado sabe realmente dez
vezes mais que o fisico europeu mais ilustre, sobre a natureza e a consti
tuigao ultima da 1uz , tamo solar como lunar. E pot que e, entao, quo ele
-
acredita que o Raio Sushumn& 6 o que proporciona h Lua a luz que ela
reflete ? Por que o Raio querido do logue iniciado ? Por que consideram
esses Iogues a Lua como a divindade da Mente? E porque, respondemos
n6s, a luz, ou melhor, todas as suas propriedades ocultas , todas as suas
combinagoes e cor rdadoes com outras forgas mentals, pslquicas e espiri
tuais, eram conhecidas perfeitamente dos antigos Adeptos.
-
Por conseguinte, ainda que a Ciencia oculta possa nao estar tao bem
informada quanto a Quimica de hoje sobre o comportamento dos elementos
compos tos cm varies casos de correlagao fisica, 6 contudo incomensurdvel-
mente superior, em seu conhecimento dos estados ocultos ultimos da materia
e da verdadeira natureza desta, a todos os qulmicos e fisicos juntos de
nossa poca.
Ora, sc dissermos a verdade com toda a franqueza e sinceridade, isto
6 , que os antigos Iniciados tinham um conhecimento da fisica, como ciencia
da Natureza, muito mais amplo que o de nossas Academias de Ciencias ,
todas juntas, o asserto sera tachado de impertinentes e absurdo; porque se
julga que as cifincias fisicas alcangaram em nossa epoca o summum da per
feigao, Daf a pergunta em que transparece o desd6n: Podem os ocultistas
-
conciliar satisfatoriamente os dois pontos seguintes: ( a ) a produgao do
magao do calor em forga mecanica

calor pelo attiro, pela exci tagao do movimenro molecular; e ( b ) a transfor-
jd que se atem & velha e desacreditada
teoria de que o calor e uma substancia ou um fluido?
Para responder, cumpre inicialmente observar que as ciencias ocultas
nao * consideram a eletricidade, nem qualquer das forgas que se sup5e origi
nadas por ela , como Materia em nenhum dos estados conhecidos pela ciencia
-
fisica. Ou mais claramente: nenhuma dessas chamadas Forgas 6 um solido,
um gds ou um fluido. Nao fosse o receio de parecer pedantismo, o ocultista
chegaria mesmo a opor-se a que se chamasse de fluido a eletricidade, por ser
esta um efeito e nao uma causa. Diria , pordm , que o seu Numeno 6 uma
Causa Consciente. O mesmo se dd com a Forga e com o Atomo . Veja -
mos o que um ilustre acaddmico, o qulmico Butlerof , pensa acerca dessas
duas abstragoes. Eis como se expressa o eminente homem de ciencia:
Que e Forga ? Que 6> do ponto dc vista estritamente cicntffico e segundo
a
confumado pela lei de coasemgao da energia ? Os nossos conceitos de forga resu-
229
mem-se nas ideias que fazemos de tal ou tal modo de movimento. Forga 6 , pois, sim-
pltsmente a passagem de um estado de movitnento a out to; da eletricidade ao calor
e & luz, do calor ao som ou a alguma fungao mecanica, e assim por diante 23. Deve
ter sido pelo atrito que o botnem pels priroelra vez conseguiu produzir o fluido eldtrico;
i porta mo o calor que o gera, conforms se sabe, ao alterar o equillbrio de seu estado
zero 24, e a eletticidade per se nao existe sobre a terra mais que o calor, a luz ou outra
forga qualquer. Como diz a Ci ccia , todas elas
^ correlagoes. Quando certa quanti
dade de calor se transform a , por meio de uraa maquina a vapor, em trabdlho mecSnico,
-
falamos da potencia do vapor ( ou forga ). Quando urn corpo que cai encontra um
obstaculo no caminho, origins ado assim calor e som , chamamos a isso forga de colisao.
Quando a eletricidade decompoe a gua ou aquece um fio de platina, dizeinos a forga
do fluido eletrico, Quando os raios do sol sao interceptados por um termftmetro, dila
tando-se o mercurio que este cont m , falamos da energia calorlfica do sol Em uma
-
^ ,

palavra, quando cessa o estado de raovimento de uma intensidade determinada, outro


estado de movimento, equivalente ao anterior , toma o seu lugar ; e o resultado de seme
lhante transformagao ou correlate 6 a Forga. Em todos os casos em que nao existe
-
tal transformagao, ou passagem de um estado de movimento a outro, cao hi Forga
possiveL Admitamos por um instante um estado do Universo absolutamente homo-
g&neo, e o nosso conceito de Forga fica reduzido a zero,
Toma-se, pois, evidente que a forga, que o materialismo considera como a causa
da diversidade que nos rodeia , em verdade nao pass* de um efeito, um resultado dessa
diversidade. Vista por esse Sngulo, a Forga nao e a causa do movimento, mas um
resultado, e a causa da Forfa , ou das forgas, nao 4 a Substancia ou Matlria, senao o
prdprio movimento. Assim, hi que p6r de lado a Materia, e com ela o prindplo
fundamental do materialismo, que passou a ser inutil, uma vez que a Forgo, reduzida
a um estado de movimento, nao pode dar nenhuma id ia de Substinck Se a Forga
4 o resultado do movimento, entao nao se compreende por que esse movimento haveria
de testificar a Materia , e nao o Esplrito ou uma essenda Espiritual. cferto que a
nossa razao nao pode cocceber um movimento sem algo que se mova ( e a nossa razao
esti com a verdade ) ; mas a natureza ou a manelra de ser desse algo que se move per
manece completamente desconbecida para a Cienda; e, neste caso, tem tanto direito o
-
espiritualista de atribuMa a um " Esplrlto quanto o materialists de atribui-la & Materia
criadora e onipotente. O materialist nao goza aqui de privil gio especial, nem pode
^
reclamiS-lo. Vista sob esse prisma , a lei de conservagao da energia formula para o caso
pretensocs e redamos que nao sao legteroos. O grande dogma"; nao ha for a sew
malaria e nao hd materia sem forga cai por terra e perde inteiramente O significado^
-
solene que o Materialismo se obstinou em conferir lhe. O conceito de Forga nio
implies, aliis, a iddia de Materia , e nao nos obriga, de modo algum, a ver nesta a
'origem de todas as origensV ' **

Informara-nos que a Ciencia Moderna nao i materialista ; e nossa


prdpria convicgao nos diz que nSo pode s do, quando o seu saber 6 real,
Ha boas razoes para isso, apresentadas, inclusive, por alguns qiumicos e
ftsicos. As ciSncias naturals nao podem marchar de maos dadas com o
materialismo. Para estar a altura de sua missao, devem os homens de
ciencia repelir atd mesmo a possibilidade de que as doutrinas materialistas
tenham algo em comum com a teoria atomica; e vemos que Lange, Butlerof ,
Du Bois Reymond
este ultimo talvez inconsdentemente e muitos
outros o tem comprovado. Ha ainda, pata demonstra-lo, a circunstancia de
que Kanada, na India, Leucipo e Demdcrito, na Grdda, e, ap<Ss estes, Epb

( 23 ) Pode ser assim no piano da manifestagao e da materia ilusdria ; n3o que
oio seja nada mais, porque e muidssimo mais.
( 2 4 ) Neutro, ou u\ \
^
( 25 ) Prof . A. Butlerof , Scientific Letters.

230

.
L
Escola do Grande Oriente Mistico

euro, ou seja , os primeiros atomistas conhecidos na Europa , ao mesmo tempo


em que propagavam sua doutrina das propor$oes definidas, criam em Deuses
ou Entidades supra-sensfveis . Suas id&as sobre a Materia diferiam , portanto,
das que hoje tem curso .
Seja -nos permitido tornar mais clara a tiossa exposi$ao por meio de
um breve exame sindptico das teorias filosoficas antigas e modernas acerca
dos atomos, e provar assim que a Teoria Atomica elimina o Materialismo.
Do ponto de vista do Materialismo, que situa na Materia a origem de
todas as coisas, o Universo em sua plenitude 6 composto de atomos e de
vacuo. Deixando mesmo de lado o axioma ensinado pelos antigos, e ja
agora absolutamente demonstrado pelo telescdpio e pelo microscopio, de
que a Natureza tem horror ao vacuo , que vem a ser o atomo? Escreve o
Professor Butlerof :
4i
, tesponde a ciSncia , a divisao limitada da Substantia, a par ticula indivisivel
da Materia, Admitir a divisibilidade do atomo equivale a admitir um divisibilidade
infinita da Subst &ncia, o que importa em reduzir a Substantia a nihil , ou a nada. O
Materialismo, por uma quest ao simplesmente de instinto de conservagao, nao pode acei -
tar a divisibilidade infinite; de outro modo, teria que apartar se para sempre de seu
*

prindpio fundamental, e assinar sua propria sentenga de morte, 28

Buchner, por exemplo , como verdadeiro dogmatico do Materialismo,


declara que:
Aceitar a divisibilidade infinita 6 um absurdo, e equivale a por em duvida a
existencia mesma da Matltia.

O Atomo d, portanto , indivisivel diz o Materialismo. Perfeitamente.


Eis o que responde Butlerof :
-
"Observe se a que Curiosa contradigao esse prindpio fundamental dos materia
Jistas os coftduz, O atomo e indivisivel{ e sabemos ao mesmo tempo que elastico .
-
Nao se pode pensar, um inslante sequer, em priva Io dessa elasticidade; seria urn
absurdo. Atomos absolutamente nao-elasticos jamais poderiam manifestat um s6 daque -
les numerosos fenomenos que sao atribufdos a suas cotrelagoes. Sem elasticidade, nao
poderiam os dtomos manifestar sua energia , e a Substantia dos materialisms ficaria
desprovida de toda forga. Consequentemente, se o Universo 6 composto de atomos,
devem estes ser elasticos. Ai e que se nos depara um obstaculo in transport vet Quais
sao, efetivamente, as condigoes requeridas para a manifestagao da elasticidade? Uma
bala elistica, ao chocar -se com um obstaculo, se achara e se contra!, o que seria impos-
sfvel se essa bala nao fosse composta de partfcnlas cuja posigao relativa sofre uma
alteragao temporaria no memento do cboque. Pode-se dizer o mesmo da elasticidade
em geral ; nao ha elasticidade possivel sem mudanga na posigao das particular que
-
cotnpoem um corpo elastico. Quer dizer : o corpo elastico 6 variavel, e compoe se de
particular ; ou , em outras palavras, a elasticidade so e propria dos corpos que sao
.
divisiveis E o atomo elastico. 27

o bastante para mostrar quanto 6 absurda a admissao , simultanea-


mente, da nao diviaibilidade e da elasticidade do atomo. Se o atomo 6

( 26 ) Ibid .
( 27 ) Ibid .
231
Escola do Grande Oriente Mistico

elfctico, ergo o atomo e divisivel e deve compor-se de particulas ou subto-


mos. E estes subatomos ? Ou nao sao elasticos, e neste caso carecem de
qualquer importancia dinamica , ou tambem sao elasticos, e entao se acham,
pot sua vez , sujeitos & divisibilidade. E assim ad infinitum. Mas a divisi-
bilidade infinita dos atomos reduz a Materia a simples centros de For a ,
-
isto e, exclui a possibilidade de conceber se a Materia como uma substancia ^
objetiva.
Este drculo vicioso e fatal ao Materialismo, que se v apanhado em
suas proprias redes, sem ver como escapar ao diletna. Se diz que o 6 tomo
e indivisfvel, ter a entao que se haver com a Mecanica , que lhe formula a
seguinte e embarafosa questao:
"Nesse caso, como se move o Universo, e como se relacionam entre si as suas
formas?Um mundo construido de atomos absolutamente nao-elasticos 6 semelhante a
uma maquina sem vapor : esta condenado d eterna inrda. 28

Admitam -se as explicates e os ensinamentos do Ocultismo, e, substi


tuida a inercia cega da dencia fisica pelos Poderes ativos e inteligentes que
-
se acham por detras do via da materia, o movimento e a inercia se con -
vertem em subordinados daqueles Poderes . A Ciencia do Ocultismo e toda
baseada na doutrina da natureza ilusdria da materia e na divisibilidade
infinita do atomo. Ela abre horizontes sem limites a Substancia auimada
pelo Sopro Divino de sua Alma em todos os estados sutis possfveis, estados
ainda nao sonhado3 sequer pelos quimicos e fisicos mais espiritualmente
predispostos.
As ideias que precedem foram enunciadas por um academico que
Europa

o mais eminente qufmico da Rdssia, autoridade reconhecida em toda a
o Professor Butlerof . certo que ele defendia os fenomenos
dos espiritistas, as cbamadas materializa oes, em que acreditava, como tam
^
bem os Professores Zollner e Hare, e ainda hoje os Srs. A. Russell Wallace,
-
W. Crookes e muitos outros, membros da Sociedade Real, aberta ou secre
tamente. Mas o sen argumento quanto & natureza da Essencia que opera
-
por tras dos fenomenos fisicos da luz, do calor, da eletricidade, etc., nao
deixa , por isso, de ser menos cientifico, nem se reveste de menos autoridade,
e quadra admiravelmetite ao caso de que nos ocupamos. A Cidncia nao tern
o direito de negar aos oculdstas a sua pretensao de um conhecimento mais
prof undo das cbamadas Formas, as quais, dizem eles, sao unicamente os
efeitos das causas postas em a ao por Poderes substanciais, ainda que supra
^ -
-senslveis, e situadas muito alem de toda esp6cit de Materia ate agora conhe-
cida pelos homens de ciSncia. O mais que a CiSncia pode fazer 6 assumir
e manter uma atitude de Agnosticismo. Podera entao dizer: o vosso caso
nao estl mais provado que o nosso; mas confessamos que em verdade nada
sabemos sobre a For a e a Materia, ou sobre aquilo que ha no fundo da
^
chamada correla ao de Formas. Conseqiientemente, s6 o tempo pode decidir
^
quern tem ou nao tem razao. Aguardemos com padencia ; no entretempo,

( 28 ) Ibid.

232
Escola do Grande Oriente Mistico

fa amos prova de mutua cortesia , em vez de nos ridicularizarmos uns aos


^ .
outros
Mas para tanto e de mister um amor ilimitado a verdade, e a renuncia
quele faJso prestfgio de infalibilidade, adquirido peJos homens de cincia
.
junto S massa dos profanos ignorantes e superficiais A fusao das duas
Ciencias, a arcaica e a moderna , requer antes de tudo o abandono dos atuais
rumos materialistas. Exige uma esp cie de misticismo religiose , e at mesmo
^
o estudo da an tig a Magi a , estudo que os nossos academicos jamais se dispo-
rao a empreender . Essa necessidade explica-se facilmente. Assim como o
verdadeiro signifieado das Substancias e dos Elementos mencionados nas
antigas obras de Alquimia se acha oculto sob a forma de met foras, as mais
^
ridiculas , do mesmo modo as naturezas fisica , psfquica e espiritual dos Ele-
mentos ( o logo , poi exemplo ) estao ocultas nos Vedas, e sobretudo nos
Purdnas, sob alegorias que so os Iniciados sao capazes de entender. Se
nao tivessem nenhum signifieado, entao todas aquelas extensas lendas a

Nove Fogos originals



alegorias acerca do c a rater sagrado dos trs tipos de Fogo e dos Quarenta e
personificados pelos Filhos das Filhas de Daksha e

seus tres descendentes, constituem os Quarenta e Nove Fogos



por seus Esposos os Rishis, os quais, com o primeiro Filho de Brahma e os
nao seriam
mais que um palavreado nescio. Mas nao e assim. Cada Fogo tern uma
fun ao e um signifieado diferente no mundo fisico e no mundo espiritual;
^
e possui, ademais, em sua natureza essencial, uma relagao que corresponde
a uma das faculdades psiquicas do homem, sem falar de suas virtualidades
quimicas e fisicas bem determinadas, quando entra em contato com a Mate-
ria diferenciada terrestre. A Ciencia nao tem nenhuma teoria para oferecer
a respeito do Fogo per se\ o Ocultismo e a antiga ciencia religiosa o tem.
Pode-se averigud-lo at mesmo na fraseologia escassa e intencionalmente
velada dos Purdnas, onde , como no Vdyu Purdna, se veem explicadas muitas
das qualidades dos Fogos personificados. Assim, P3vaka 6 o Fogo El trico
ou Vaidyuta : Pavamana , o Fogo produzido pelo atrito ou Nirmathya ; e ^

Shuchi, o Fogo Solar ou Saura * ; e os trs sao filhos de Abhimanin, o
Agni ( Fogo ) , o filho mais velho de Brahma e Svaha , Alem disso, Pavaka
aparece como parente de Kavyavahana , o Fogo dos Pitris; Shuchi, de Havya
vahana , o Fogo dos Deuses ; e Pavamana, de Saharaksha, o Fogo dos Asuras,
-
Tudo isso mostra que os autores dos Purdnas estavam perfeitamente
familiarizados com as Formas da Ciencia e suas correla oes, e tamb m com
^
as diferentes qualidades destas ultimas em sua relacao com os fen6menos ^
psiquicos e fisicos, agora desconhecidos da Ciencia ffsica , que nao lhes di
crdito.
Naturalmente, quando o orientalista , e especialmente um daqueles de
tendencias materialistas, nao ve ali mais do que denominacoes do Fogo,
usadas nas invocacoes e nos rituais, dhi que se trata de superstiroes e
mistificagoes Tantrika ; e pora maior empenho em evitar um erro de orto
grafia que em dar aten ao ao signifieado oculto daquelas personifica oes,
-
^ ^
( 29 ) Cbamado o bebedor das 6guas , o calor solar que faz evaporar a agua.

233
Escola do Grande Orients Mistico

-
elistico, ergo o atomo divisfvel e deve compor se de partfculas ou sub to-
mos. E estes subatom os ? Ou nao sao elasticos, e neste caso carecem de
qualquer impordncia dinSmica, ou tamtam sao elasticos, e entao se acham ,
por sua vez , sujeitos a divisibilidade. E assim ad infinitum. Mas a divisi -
bilidade infinita dos itomos reduz a Matdria a simples centros de For a,
isto e, exclui a possibilidade de conceber -se a Materia como uma substanda ^
objetiva .
Este cfrculo vicioso e fatal ao Materialismo, que se ve apanbado em
suas proprias redes , sem ver como escapar ao dilema. Se diz que o 4 tomo
e indivisivel, tera entao que se haver com a Mecanica, que lhe formula a
seguinte e embara osa questao:
^
Nesse caso, como se move o Universo , e como se relaciomm entre si as suas
formas? Um mundo construfdo de itomos absolutamente nao -el4sticos 4 semelhante a
uma maquina sem vapor: esd condenado & eterna indcia . 28

Admitam-se as explicagdes e os ensinamentos do Ocultismo, e, substi


rnfda a inertia cega da ci ncia flsica pelos Poderes ativos e inteligentes que
-
se acham por detras do vu da materia , o movimento e a in rcia se con
^
vertem em subordinados daqueles Poderes . A Ciencia do Ocultismo 6 toda
-
baseada na doutrina da natureza ilusoria da materia e na divisibilidade
infinita do atomo. Ek abre horizontes sem limites i Subst&ncia animada
pelo Sopro Divino de sua Alma em todos os estados sutis possiveis, estados
ainda nao sonhados sequer pelos qufmicos e ffsicos mais espiritualmente
predispostos.
As id&as que precedem foram enunciadas por um acaddnico que 6
o mais eminente qufmico da Russia, autoridade reconhecida em toda a
Europa o Professor Butlerof. E certo que ele defendia os fendmenos
dos espiritistas, as chamadas materializagoes, em que acreditava , como tarn -
bem os Professores Zollner e Hare, e ainda hoje os Srs. A. Russell Wallace,
W. Crookes e muitos outros, membros da Sociedade Real , aberta ou secre
tamente, Mas o seu argumento quanto a natureza da Essenria que opera
-
por tras dos fenomenos ffsicos da luz, do calor, da eletricidade, etc., nao
deixa , por isso, de ser menos cientifico, nem se reveste de menos autoridade,
e quadra admiravelmente ao caso de que nos ocupamos. A Ciencia nao tern
o direito de negar aos ocultistas a sua pretensao de um conhecimento mais
prof undo das chamadas Formas, as quais, dizem eles, sao unicamente os
efeitos das causas post as em agao por Poderes substantial, ainda que supra -
-sensfveis, e situadas muito al&n de toda esp&ie de Materia at agora conhe-
dda pelos homens de ciencia. O mais que a Ciencia pode fazer 6 assumir
e manter uma atitude de Agnosticismo. Poder6 entao di2er: o vosso caso
nao e$t mais provado que o nosso; mas confessamos que em verdade nada
sabemos sobre a Forga e a Materia , ou sobre aquilo que hi no fundo da
chamada correlate de Formas. Conseqiientemente, $6 o tempo pode deddir
quern tem ou nao tem razao. Aguardemos com paci ncia ; no entretempo,

( 28 ) Ibid,

232
Escola do Grande Oriente Mistico

falamos prova de mutua cortesia , em vez de nos ridicularizarmos uns aos


outros.
Mas para tan to e de mister um amor ilimitado a verdade, e a renuncia
iquele falso prestfgio de infalibilidade, adquirido pelos homens de cifencia
junto & massa dos profanos ignorantes e superficial. A fusao das duas
Gencias, a arcaica e a moderna, requer antes de tudo o abandonc dos atuais
rumos materialistas. Exige uma esp&ie de misticismo religiose, e at mesmo
o estudo da antiga Magia, estudo que os nossos academicos jamais se dispo-
rao a empreender. Essa necessidade explica-se facilmente. Assim como o
verdadeiro significado das Subst Intiss e dos Elementos mention ados nas
antigas obras de Alquimia se acha oculto sob a forma de metaforas, as mais
ridlculas, do mesmo mode as naturezas fisica, psfquica e espiritual dos Ele
mentos ( o fogo, por exemplo ) estao ocultas nos Vedas, e sobretudo nos
-
Purina:, sob alegorias que so os Iniciados sao capazes de entender. Se
nao tivessem nenhum significado, entao tod as aquelas extensas lendas a

Nove Fogos originals



alegorias acerca do carater sagrado dos trs tipos de Fogo e dos Quarenta e
personificados pelos Filhos das Filhas de Daksha e
por sens Esposos os Rishis, os quais, com o primeiro Filho de Brahma e os
seus tres descendentes , constituem os Quarenta e Nove Fogos
mais que um palavreado nescio . Mas nao e assim , Cada Fogo tem uma
nao seriam
fun ao e um significado diferente no mundo ffsico e no mundo espiritual;
^
e possui, ademais, em sua natureza essential, uma rela ao que corresponde
^
a uma das faculdades psiquicas do homem , sem falar de suas virtualidades
quimicas e fisicas bem determinadas, quando entra em contato com a Mate-
ria diferenciada terrestre, A Ciencia nao tem nenhuma teoria para oferecer
a respeito do Fogo per se; o Ocultismo e a antiga ciencia religiosa o tem,
Pode- se averigud-lo at mesmo na fraseologia escassa e intencionalmente
vekda dos Purinas, onde, como no Viyu Purina , se veem explicadas muitas
das qualidades dos Fogos personificados, Assim , Plvaka 6 o Fogo Eletrico
ou Vaidyuta : Pavamana, o Fogo produzido pelo atrito ou Nirmathya ; e
Sbuchi, o Fogo Solar ou Saura 26 ; e os trs sao filhos de Abhimlnin, o
Agni ( Fogo ) , o filho mais velho de Brahma e Svaha . Alem disso, Pavaka
aparece como parente de Kavyavahana, o Fogo dos Pitris; Shuchi, de Havya
vahana , o Fogo dos Deuses ; e Pavamana , de Saharaksha , o Fogo dos Asuras,
-
Tudo isso mostra que os autores dos Purinas estavam perfeitamente
familiarizados com as Formas da Ciencia e suas correlates, e tambem com
as diferentes qualidades destas ultimas em sua rela ao com os fendmenos
^
psiquicos e fisicos, agora desconheeidos da Ciencia ffsica, que nao Ihes
ct dito,
Naturalmente, quando o orientalista , e especialmente um daqueles de
tendSncias materialistas, nao ve ali mais do que denominates do Fogo,
usadas nas invocat ^s e nos rituais, dira que se trata de supers tildes e
mistifica oes Tantrika ; e pota maior empenho em evitar um erro de orto
^
grafia que em dar aten ao ao significado oculto daquelas personifica oes,
-
^ ^
( 29 ) Chains do o bebedor das jguas , o ctior solar que faz evaporar a agua .

2})
Escola do Grande Oriente Mistico

ou em buscar-lhes a explicagao nas correlagoes fisicas das uma vez Formas,


-
estas conhecidas. Tem se, realmente, cm cao pequena conta o saber dos
antigos arianos, que at 6 passagens sobremodo esclarecedoras, como ado
Vishnu Purina que cranscrevemos adiante, pass am inteiramente desperce
bidas. Que podem significar, por&n, estas palavras ?
-
"Entao, o ter, o ar , a luz, a tfgua e a terra , unidos individualmente as proprie-
dades do som e outras, existiam e podiam ser distinguidas seguudo as suas qualidades. . .
mas, possuindo muitas e variadas energias, e nao estando relacionados entre si, nao
podiam , sem combinar-se, criat seres viventes, por nao se terem f undido uns nos outros.
Eis que, havendose combinado entre si, assumi ram, por meio de sua mutua assodagao,
o cardter de uma massa de completa unidade e sob a diregao do Espirito, etc. *0

Significam , sem duvida, que os seus autores conheciam perfeitamente


a correlagao , e estavam bem informados sobre a origem do Cosmos, cma-
nado do Principio Indiviso , Avyaktanugrahena, aplicados conjuntamente
a Parabrahman e Prakrni

e nao a "Avyakta, ou seja , a Causa Primeira
ou Materia , na tradugao de Wilson. Os antigos Iniciados nao conheciam
nenhuma Criagao Miraculosa , mas ensinavam a evolugSo dos Itomos cm
nosso piano ffsico, e sua primeira diferenciagao do estado Laya ao Protilo,
nome expressivo que William Crookes deu & Materia ou Substantia Pri-
mordial dim da linha zero
ali onde nos situamos Mulaprakriti, o Princf
pio-Raiz do Material do Mundo e de tudo o que no Mundo existe.
A demonstragao e facil. Tomai, por exemplo, o catecismo dos vedan-
-
tinos Vishishthadvaita, recentemente publicado, sistema ortodoxo e exot-
rico que ja era livremente exposto e ensinado no s&ulo XI 31, numa 6poca
em. que a dencm europ6ia ainda acreditava na Terra quadrada e chata
de Cosmas Indicopleustes, do seculo VI. Ensina aquele sistema que, antes
de ter inicio a Evo]ug5o, Prakriti, a Natureza , se encontrava em estado de
Laya ou de homogeneidade absoluta; pois a 'Materia existe em duas con -
didoes; Sukshma , ou condigao latente e indiferenciada , e Stbtila, ou condigao
diferenciada . Depois, converteu se em Anu, atfimica . O mesmo sistema
-
nos fala de Suddasattva , uma substSncia nao sujeita is qualidades da Mate-
ria, da qual difere por completo ; e acrescenta que e desta Substanda que
sao formados os corpos dos Deuses, habitants do Vaikunthaloka, o Cu
de Vishnu. Diz que cada partfcida ou atomo de Prakrit! contm um Jiva
( a vida divina ) , constitui o Sharira ( corpo ) desse Jiva; e que cada Jiva i ,
por sua vez, o Sharira do Espfrito Supremo, visto que Parabrahman
impregna todos os Jivas, assun como todas as particulas de Matria .
Por dualistica e antropomdrfica que seja a filosofia dos VishishthSd -
-
vaitas, quando comparada i dos Advaittas ( os nao dualistas ) , > contudo,
imensamente superior em ldgica h cosmogonia aceita pelo Cristianismo ou
por seu grande adversario, a Ciencia Moderna. Os disclpulos de uma das
maiores inteligencias que ja tern surgido na lace da Terra, os vedaminos
advaitas, sao chamados a reus porque consideram tudo como uma ilusao,

( 30 ) Vishnu Purdna, Wilson, I, 38*


( 31 ) Ramitoiuj&Haryft, seu fimdadot, nasceu no ano de 1017

234
Escola do Grande Orients Mistico

exceto Parabrahman , o Sem Par, ou a Realidade Absoluta. No entanto,


de suas fileiras sairam os mais sbios Iniciados e tamb m os maiores Iogucs.
^
Os Upanishads mostram que o seu saber nao era, seguramente, limitado ao
conhecimento da subst&ncia causal nos efeitos do atrito, e que seus anteces-
sores conheciam nao somente a transforma ao do calor em for?a mecSnica,
^
mas ainda o Numero de todos os fenfimenos, tanto espirituals como c6smicos.
Em verdade, o jovem bramane, que se gradua nos col gios e urtiver-
^
sidades da fndia com as melhores notas, que entra na vida como M . A .3*
e LL . B .33, com uma s rie de iniciais, desde o alfa at o 6mega, em seguida
ao seu nome, e com um desprezo pelos seus Deuses nadonais na razao
direta dos titulos conquistados em seus estudos de cincias flsicas em ver
dade, esse bramane nao precisa senao ler, a luz destas ultimas, e sem perder
*
-
de vista a correla<;ao das Formas ffsicas, certas passagens de seus Purdnas,
se deseja eonhecer quanto os seus antepassados sabiam a respeito daquilo
que a ele jamais serd dado saber, a men os que venha a tornar-se um ocul-
tlsta. Que estude a alegoria dos Pururavas e do Gandbarva celeste que
entregou aos primeiros um ca$o cheio do fogo celeste. O metodo primitivo
de obter fogo pelo atrito tem sua explica ao cientifica nos Vedas , e esta
^
explicate & bem significativa para quern sabe ler nas entrclinhas, A
Tretagni ( triade sagrada de fogo ), obrida por meio da fricfao de paus
cortados da madeira da arvore Ashvattba, a arvore Bo da Sabedoria e do
Conhecimento, paus que tinham por comprimento tantas vezes a grossura
de um dedo quantas silabas ha em Cayatri , deve ter um significado secreto,
pois de outto modo os autores dos Vedas e dos Purdnas nao scriam escri-
tores sacros, senao tnistificadores. Os ocultistas Hindus dao a prova da
existencia de tal significado, e so eles sao capazes de esdarecer a Cifencia
sobre o potque e o como de haver-se convertido o Fogo, que era uno
primitlvamente, em triplice ( tridha ) , durante o nosso Manvantara atual,
pelo Filho de IIS ( Vach ) , a Mulher Primitiva depois do Diluvio, esposa e
filha de Vaivasvata Manu. A alegoria e sugestlva, seja qtial for o Purdna
em que se leia e estude.

( 32 ) Mestre em Artes.
( 33 ) Bachard em Leis ,
( 34 ) O Gandharva dos Vedas 6 a divind&de que conhece e revel* aos mortals os
segredos do C u e as verdades divinas, Cosmicamente, os Gandharvas sao os Poderes
-
agregados do Fogo Solar , e constituent suas Formas; psiquicamente, representam a Inteli
gSncia que reside no SushumnS, o Raio Solar mais elevado dos Sete Raios ; misticamente,
sao a For$a Oculta do Soma , a Lua , ou a planta lunar e a bebida que dela se extrai;
fisicamente, sao as causas fenomenais ; e, espiritualmente, as causas mimcica$ do Som
e a "Voz da Natureza , por isso que sao chamados os 6 333 cantores celestes e musi
cos do Loka de Indra, que personificam , inclusive em ntiroero, os virios e mtiltiplos
-
sons da Naturcza , tanto em cima como embaixo. Nas alegorias posteriores, di2-se que
exercem um poder mistico sobre as rauJheres , e que as amam . O sentido esot&ico
obvio. Sao uma das formas, senao os prot6tipo$, dos Anjos de Enoch, o$ FiJhos de
Deus que, vendo que eram belas as filhas dos homens { Gittese , VI, 2 ) , com elas se
casaram, c ensinaram s filhas da Terra os segredos do Cu
^ .
235
Escola do Grande Oriente Mistico

SESAO VI
ATAQUE DE UM HOMEAf DE CIENGIA A TEORIA
CIENTlFICA DA FORCA

OPORTUNO citarmos agora, em favor de nossos pontos de vista , as


judiciosas palavras de varios homens de ciencia ingleses . Se algutis as
condenam por uma questao de princlpio , outros, a maioria , lhes dao tacita
aprovagao. Um deles quase vai ao ponto de pregar doutrinas ocultas, valen-
do as suas ideias , em certos casos, e com freqiiencia , por um reconheci*
mento publico do nosso "Fohat com os seus sete Filhos , o Gandharva
oculto dos Vedas , conforme poderao observar todos os ocultistas e ate mes-
mo alguns leitores profanes.
Se esses leitores se dispuserem a abrir o volume V da Popular Science
Review \ ali encontrarao um artigo sobre A Forga Solar e a Forga Terres-
tre , escrito pelo Dr B. W . Richardson , F . R . S . , que diz o seguinte :
,

Neste momento, quando a teorla do movimento como origem de todas as varie *

dades de forga volt a a ser o pensamento domtnante, seria quase uma heresia reabrir
um debate que parece estar virtualmente encerrado no consetiso unatiime, ha ia algum
tempo; mas aceito o risco e vou , portanto, declarar qual era a opintao exata daquele
imortal herege, cujo nome eu munuuro aos ouvidos do lehor ( Samuel Metcalfe ) , a
respeito da Forga Solar
'
.
todos os fisicos, de que existem na Natures a dois agentes

-
Partindo do prindpio, sobre o qual estao de acordo quase
a materia, que

influenda sobre a materia , sustenta Metcalfe que o agente imponderdvel e ativo,


ponde-
ravel, visivel e tangi vel, e algo que e imponderavel, invisivel e so apredavel por sua
que cle denomina calorico , ndo e um simples rnodo de movimentot nao uma vibra-
gao entre as particulas da materia ponder4vel , mas, em JI mesmo, uma substdneia que
dim ana do sol atrav s do espagoenchendo os vazios entre as particulas dos corpos
^ .
sdlidos e fazendo gerar, por sensagao , a propriedade chamada calor A natureza do
caldrico ou Forga Solar, ele a examina tomando pot base as seguintes razoes:
I , Pode o caldrico ser acrescentado a outros corpos ou deles extrafdo, c tam-
b&n medido com precisao matemtoa,
II. Aument a o volume dos corpos, que volt am a reduzir-se de tamanho quando
extraido.
( 1) Pfeinas 329-334.
(2) Nao s6 atraves do espago , mas enchendo todos os pontos do nosso Sis -
tema Solar, pois quo 6 , de certa forma, reslduo fisico do Ster, seu "veu ( envoltura )
em nosso piano; devendo o Eter impregnar outros objetos cdsmicos e terrestres , alm
de ser o agente para a transmissao da luz. ele o Fluido ou a Luz Astral dos
-
cabalistas, e tambm os Sete Rains do Sol Vishnu ,

236
Escola do Grande Oriente Mistico

III . Modifica as formas, propriedadcs c condi9Ses de codos os outros corpos.


IV . Passa, par irradia ao, airaves do mats perfeito v&cuo * que seja posslvel
formar, e os seus efeitos sobre ^o termometro sao, no vacuo, os mesmos que na atmosfera .
V . Poe em a ao foras mecanicas e qufmicas que nada 6 capaz de deter, como
os vulcoes, a explosao ^ da pblvora e de outros compostos fulminantes.
VI . Atua de modo sensivel sobre o sistema nervoso, provocando dor intensa e,
quando a a ao muito forte, a desorganiza ao dos tecidos.
^ ^
Contrariando a teoria vibratoria , Metcalfe observa que, se o caldrico fosse mera
propriedade ou qualidade ( da materia ) , nao poderia aumentar o volume de outros
corpos: para tal fora mister que ele prdprio tivesse volume, ocupasse urn lugar no
espa o e fosse, consequentemenie, um agente material. Se o caldrico nao passasse
^
unicamente de um efetto do movimento vibratorio entre as parriculas da materia ponde -
-
ravel nao poderia irradiar se dos corpos quentes sem a tnmsmissao simultanea das par-
riculas vibratdrias ; mas os fatos provam que o calor pode ser irradiado da subst &ncia
material pooderavel sem que esta dimiuua de peso. .. Alicer ando esta opiniao sobre
^ ^
a natureza material do caldrico ou for a solar com a firme convic ao, arraigada em sua
mente, de que tudo na Natureza se ^compoe de duas espScies de matdria , uma essen-
cialmente ativa e et rea, a outra passiva c imovd 4", Metcalfe estabeleceu a hipdtese
^
de que a for?a solar ou caldrico um prindpio arivo por si mesmo. Observa clc que
esta Fot a tem repul sao por suas prdprias parriculas, e aftnidade para com as parti-
ctdas de^toda mat&ia ponderivel; e que atrai as parriculas de materia ponderdvcl com
uma intensidade que varia na razao in versa do quadrado da distancia . Atua , assim ,
atravis da materia ponderdvel. $e o espa o universal estivesse cheio somente de cald-
^
rico, de energia solar ( sem materia ponderavel ), seria tambdm inativo o caldrico, const!-
tuindo um oceano ilimitado de 6ter impotentc ou em rcpouso, porque nao teria nada
sobre que atuar ; ao passo que a materia ponderavel, apesar de itxativa por si naesma,
possui certas propriedadcs por meio das quats modifica e reprime a a ao do caldrico;
sendo ambos regidos por lets imutaveis que tem sua origem nas mutuas^ rela oes e nas
propriedadcs especificas de cada umV ^
E ele formula uma lei, que considers absoluta , expressando - a nos
seguintes termos :
Em vlrtude da sira ao do caldrico pels materia ponderavel, ele une e maut m
^
juntas todas as coisas; em virtu de de sua propria energia repulsiva, sepata e dispersa ^
.
todas as coisas

Ve-se, desde logo, que e quase a explicate oculta da coesao. Pros-


segue o Dr . Richardson:
-
Como eu dlsse, a tendincia da doutrina moderna t apoiar se na hipotese de
que o calor 6 movimento, ou, talvez melhor, uma forfa especific* ou uma forma de
...
movimento 8

( 3 ) Que neecssidade ha , pois, de ondas etereas para a transmissao da luz, do


.
calor, etc , se esta substSnria pode atravessar o vacuo?
( 4 ) E como poderia ser de outro modo ? A materia grosseira ponderavel o
corpo, a concha, da Materia ou Substancia , o prindpio feminino passivo; e aquela

em nosso globo, 6 o segundo prinetpio do Elemento Setendrio



Fore a Fohitica 6 o segundo prindpio, Prana , o masculino e ativo. Tal Substand a.
a Terra ; na atmos
fera, e o Ar , que e o corpo cosmico grosseiro; no Sol, vem a ser o Corpo Solar e o dos
Sete Raios; no Espa o Sideral corresponde a outro prindpio, e assim sucessivamente,
-
^
O todo forma uma so Unidade homogenea; as partes sao diferencia oes.
^ , do que 6 um
( 3 ) Ou a reverbera ao, pela repercussao do Som em nos so piano
^
movimento perpetuo daquela Substancia em pianos superiores. O nosso mundo e os
nossos sentidos sao incessantemente vitimas de M ya
^ .
2 )7
f

Escola do Grande Oriente Mistico

Mas c$sa bipdtese, popular que seja, nSo devia set aceita com exdusao da teoria
maw simpler da jwtareza material da forga solar e da jnflutaria que este exerce ca
mudanga dos estados de materia , Ainda nao sabemas o bastante para ser dogm&ticos
A hipdtese de Metcalfe sobre a forga solar e a forga terrestre nao so mais
simples, znais sobremodo fascina & re. . . Ha dois elemen tos da Universo: um a matdria
ponderavel . - - o segundo elemento e o eter que a tudo impregna: o logo solar. Nao
tern peso, nem substantia, nem forma, nem cor; e a materia infinitamente divistvel,
e suas particulas sc repelem utnas as outras ; sua sutileza e tal que nao disporaos, para
express4-la , de outna palavra aletn de ter 7 . Penetra e enebe o espago; mas, isolado,
iuerte, o ter que se repele a si mesmo ( ? )

ficaria tainbdm em estado de quietude, morto Juntemos os dois elementos: a materia


e eis que a matdria ponderivel taorta ( ? )

^
se vivi/ica [ A matiria ponderdvd pode estar inert?, mas nunca morta 4 uma Lei
ocuita H . P. B. ] . . . Mo ter [ o segundo principio do ter H . P . B. ] penetra
atrav s das parriculas da substancia ponder vel e , assim penetrando, cotnbba se com
as particular ponder vei$ e as retine em uma massa, mantendo-as unidas enire si :
-
ficam elas dissolvidas no ter
Essa distribuigao da materia solida pondera vel atrav s do eter se estendc, segundo
^
a teoria que estamos examinando, a tudo quanto atualmente cxiste. O ter penetra
tudo. O prdprio corpo humano tsxi impregnado de ter [ou rnelhor, de Luz Astral
H P . B . ]; *e cste que mantem a coesao das menofes partlculas daquele. A planta
-
se encontra nas mesmas condigoes, e outto unto sucede com a terra uoais dura , a rocha ,
o diamante, o crista!r os metais. Mas exist em diferencas nas capacidades das diferentes

classes de mattria ponderavel para receberem a energia solart e e ditto que dependent
os diversos estados cambiantes da matSria: os estados sdlido, Itquido e gasaso. Os cot-
pos sdlidos fltralram mais caldrico que os corpus fluidos, e dal advdm sua firme coesao;
quando se deita uma quantidade ae zinco fundido em um prato de zinco sdlido, o
primeiro se torna tambm solido, porque o caldrico aflui da liquido ao sdlido, ep
estabelecido o equilfbrio, as partlculas anteriormente sol t as ou liquidas ficam mais estfei-
- -
tamente unidas entre s;.. , O mesmo Metcalfe, derendo se no exame dos fen6menos
actma, e atribuindo os & ucidade do prindpio de a?ao> que j & foi explicado, conclui
sua argumenta ao, em terraos bem daros, coin um comentlrio sobre as densidades
^
dos diversos corpos. * A dureza e a moleza 1, | < iz ele, ea solidez e a fluidez nao sao
estados essenciais dos corpos, mas dependem das propor roes relatjvas da materia et rea
e da materia ponderavel de que sao compostos. Os gas mais dristico pode ser redu ^ *

zido ao estado liquido pela subtra ao de caldrico, e ainda converter-se em um sdlido,


^
cujas particular aderirao umas b outras com uma for a proporcional ao crescimento de
^
sua afinidade pelo calorico. De outra parte, adicionando-se uma quantidade suficiente
do mesmo principio aos metais mats densos, dimLnui a atra ao destes para com aquele,
^
ao dilatarera -se no eseado gasoso, ficando destrulda a sua coesaoV

Depois de haver assim expos to com minucia as opinioes heterodoxas


,
do grande rhetege '
ligeiras altera oes de
5


opinioes que , para serem corretas, so precisam de
termos , aqui e all o Doutor Richardson , que e
^
Aqui est um confbsao honesta.
(6)
^
Nao e, por m, o Eter, mas so um dos principles do Eter, sendo este,
(7)
^
por sua vez, um dos principles do Akssha ,
( 8 ) E assim penetra Prana ( Jiva ) todo o corpo vivo do homem; mas , isolado,
sem ter um tomo sobre que atuar, ficaria em estado de quietude, morto; ou seja,
em estado de Laya , ou, segundo a expressao do Sr . Crookes, ^encerrado em Protilo\
E a agao de Fohat sobre um corpo composto, ou ate sobre um corpo simples, que pro^
duz a vida. Quando um corpo morre, adquire a mesma polaridade de sua energia mas-
culina, e, em conseqliencia, repele o agente ativo, o qual , perdendo seu poder sobre o
^
Vishnu, o Coiiservfldor, transform a-se em Rudra Shiva , o Destruidor
a Ci ncia parece desconhecer.
^
todo, se concentra nas partes ou mol culas, o que constitui a ebamada agao qu/mica,
- correlagao que

238
Escola do Grande Oriente Mistico

incontestavelmente um pensador original e liberal , passa a fazer um resumo


delas e depois continua :
Nao insistirei por mais tempo sobre esta unidade da energia solar e da for a
terrestre, que semelhaote teoria implies. Mas posso acrescentar que dela, ou da hipd ^-
tese do simples movimento como for a e da propriedade sem substlnria, podemos
^
deduzir as seguintes conclosoes, como a maioi aproxima ao passive! da verdade neste
assunto, o mais prof undo e complexo de todos: ^
( d ) O Espafo inteestelar , interplanetirio, intermaterial , interorginico, nao o
vdcuo, mas esti cheio de um fluido ou gds sutll, que, por falta de melhor terrao 9,
podemos ainda chamat , a semelhanpi dos antigos, Ait bur

Fofo Solar ou jEther ,
Este fluido, invariavel cm composi ao, indi &trutfvel, invisivelI 0, penetra tod as as coisas
^
e toda a materia ponderdvel o seixo do rio qne corre, a arvore que
da sombra , o homem que a contempla, estao impregnados do eter em graus diversos :
o seixo menos que a Arvore, a arvore menos que o homem . Tudo no planeta est
do mesmo modo impregnado pelo eter! Um mundo se acha construido em fluido et reo
e se move no meio de um oceano de eter . ^
( b ) O ter , seja qual for a sua natureza , provsEm do Sol e dos Sdis 12; os sdis
o geram, o armazenam e o difundem l3 .
( c ) Sem o &er nao podefia haver movimento; sem ele nao poderiam as parti-
cular de materia pondera vel deslizar umas sobre as outeas; sem ele deixaria de haver
impulse para fazer entrar em agao as partlculas.
{ d ) O 6 ttr determina a constitui ao dos corpos. Se n3o existisse o ter, nao
^
poderia haver mudan$a de constitute na subs t and a ; a gua , por exemplo, s6 existiria
como uma substancia compact a e insoluvel, em um grau para nos inconcebivel. Nunca
poderia ser nem mesmo gelo, nem fluido, nem vapor, se nao fosse o 6ter .
( e ) O 6ter poe o Sol em reIa$ao como o planeta , o planeta com o planeta, o
homem com o planeta e o homem com o homem . Sem o tci nao poderia haver corau-
nica ao alguma no Universe; nem luz, nem calor, nem fen6meno algum de movimento, "
^
Assim , vemos que o eter e os atomos el sticos sao, na pretensa con-
^
cep ao mecanica do Universo , o espirito e a alma do Cosmos; e que a
^
teoria ( seja qual for a maneira de expd-la e a mascara com que se oculte )
sempre deixa aos homens de cienda uma area de especuk oes, fora dos
^
( 9 ) Certo, a menos que se adotem os termos ocultos dos cabalistas.
( 10 ) Invariavd S durante os periodos manvant ricos , depots dos quais ele
^
se funde mais uma vez em M&laprakriti; invisfver eternamente era sua prdpria essen
ciflj mas visivel em seus reflexos brilhantes, chamados de Luz Astral pelos cabalistas
modernos. Entretanto, Seres elevados e consrientes, revestidos dess a raesma Ess&icia,
nela se movem.
( 11 ) Conv m acreseen tar a pa lavra ponder dvelt para distinguUa daquele Eter
^
que, embora sendo um substratum, ainda Matdria.
( 12 ) As ci ncias ocultas invertem a proposl ao, e dizem que e o Sol c todos
^ ^
os Sdis que provdn do ter, sendo este uma emana ao do Sol Central na aurora do
Manvantara . ^ ^
( 13 ) Aqul comefa a nossa divergencia com a opiniao do ilustte cientista. Tenha --

mos ero mente que o Eter quer se aplique o termo ao Akasha ou ao seu prin
cipio inferior, o eter e seten rio. Na alegoria , Akasha 6 Aditi e a mie de
^
Martanda , o Sol; e Devamatri, a Mae dos Deuses. No Sistema Solar, o Sol o seu
Buddhi e o seu Vahana, Veiculo , e porta nto o sexto prinefpio; no Cosmo*, todos os
Sdis sBo o Kama Rupa do Akasha, e assim o nos so . Sd quando o consideramos
cno uma Entidade individual em seu ptoprio Domlnio, e que Surya, o Sol, o
s& imo prindpio do grande corpo da Materia ,

239
Escola do Grande Orients Mistico

rumos trayados pelo Materialismo modemo l4, muito mais ampla do que
a utilizada pela maioria , Quer se trate de Atomos, do liter ou de ambos,
nao pode a especulacao moderna ttanspor o cfrculo do pensamento antigo;
e este ultimo estava impregnado do Ocultismo arcaico. Teoria corpuscular
ou teoria ondulatdria, tudo a mesma coisa. Sao especula oes derivadas
dos aspectos dos fen6menos, nao do conhecimento da natureza essential ^
da causa e das causas, Quando a ciencia moderna explicou ao seu auditdrio
as ultimas experiSncias de Bunsen e Kirchoff; quando mostrou as sete cores
primirias de um raio que se decompoe, ern determinada ordem, sobre uma
tela; e quando descreveu os comprimentos respectivos das ondas luminosas;
que provou ela ? Justificou sua reputa ao da exatidao no calculo matema-
^
tico, medindo at a amplitude de uma onda luminosa "que varia desde
aproximadamente setecentos e sessenta milionesimos de millmeUro, no extre -
mo vermelho do espectro, at< cerca de trezentos e noventa e trs milion
.
simos de milimetro, no extreme) violeta Enquanto a ptecisao do calculo
-
-
v se, contudo, obrigada a admitir que a Forga

assim alcan ada no tocante ao efeito sobre as ondas lutninosas, a Ciencia
^ a suposta causa
duz, segundo se cri , "ondula oes inconcebivelmente diminutas51 em algum
meio
^
"geralmente identificado com o meio etffreo115 ; meio este que
ainda ftao passa de um "agentc hipotltico .
pro
*

O pessimismo de Augusto Comte, quanto possibilidade de se conhe-


cer algum dia a composicao qufmica do Sol, nao foi, como se tem affrmado,
desmentido trinta anos mais tarde por Kircboff . O espectroscdpio nos
permitiu verificar que os element os familiares ao quimico modemo devem,
segundo todas as probabilidades, estar presentes nos "envoltdrios externos
do Sol, e nao no Sol em si mesmo\ e os fisicos, tomando estes envoltarios \
o vdu solar cdsmico, pelo proprio Sol, tem declarado que a sua luminosidade
se deve h combustao e &s chamas, e, confundindo o principio vital desse
brilho com uma coisa puramen te material, chamaram~no "ctonosfera
At6 agora , nao temos senao hipcSteses e teorias, mas leis
de modo algum .

( 14 ) Para sermos mais corretos, diremos antes Agnosticismo. O Materialismo


brutal, mas franco, mais honesto que o Agnosticismo, este Jano de dupla face dos
nossos dias. 0 chamado Monismo ocidental e o Pecksniff da filosofia moderna, que
volta uma face farisaica para a Psicologia e o IdeaJismo, e a sua face natural de
Augure romano, inflando a bochecha com a lingua, para o Materialismo. Semelbantes
monistas sic piores que oj materialism ; porque, embora ambos considerem o Universo
e o homem psicoespiritual do mesmo ponto de vista negativo, os tiltimos expoem o
seu caso de um modo muito menos plauslvel do que o fazem os c6pticos do tipo do
Sr. Tyndall ou mesmo do Sr. Huxley. Herbert Spencer , Bain e Lewes sao mais peri-
gosos para as verdades universal do que Buchner.
.
( 15 ) World-Life, pelo Prof. A Winchcll.
-
( 16 ) Sobre a verdadelta doutrina oculta, veja se Five Years of Theosophy , pp.
245-262, artigos : Negam os Adeptos a Teoria Nebular ? e o Sol tao somente uma
massa que se resfria?

240
Escola do Grande Orients Mistico

SECAO VII
VIDA, FORgA OU GR AVI DADE

Os FLUIDOS imponderveis tiveram o seu tempo; fala -se menos das


Forgas mecanicas; a Ciencia mudou de face neste ultimo quarto de sdculo;
mas a gravitagao sobrevive, gragas a novas combinagoes, depois de haver
sido quase destrufda pelas antigas , Pode ela responder perfeitamente is
hipoteses cientificas, mas a questao estd em saber se corresponde igualmente
i verdade, e se representa um fato da Natureza , A atragao, por si $6 t
nao e suficiente para explicar nem sequer o movimento planetario; como
se pode supor que explique o movimento .de totagao nos infinitos do Espago ?
A atragao, ela so, jamais preencherd todos os vazios, a menos que se admits
um impulso especial para cada corpo sideral e se demonstre que a rofagao
dos planetas e de seus satelites seja devida a alguma causa combinada com
a atragao. Ainda assim
essa causa .
diz um astronomo 1 caberia i Ciencia explicar
/

Ha muitos seculos que o Ocultismo a nomeou, como tambenx o fize


ram os fildsofos antigos; mas agora todas essas crengas sao consideradas
-
como superstigoes ultrapassadas. O Deus extracosmico eliminou toda possi-
bilidade de crenga em Forgas inteligentes intracdsmicas. Mas quern,, ou
que, e o impulsor original daquele movimento ? Diz Francceur 2:
Quando conhecermos a causa, unica e especial , que inicia o movimento, esta *

remos em condigoes de combing -la com a que atrai,

E ainda :
A atragao enttc os corpos nao 6 senao repulsao; 6 o Sol que os arrasta sem
cessar; porquc de outro modo o sen movimento teria fim.

Se algum dia for aceita essa teom, de que a Forga Solar e a causa
primeira de toda vida sobre a Terra, e de todo movimento no cdu, e tambdm
a quel a outra teoria, ainda que como hipotese provisoria , fotmulada muito
mais ousadamente por Herschel, a respeite da existencia de certos orga-

( 1) Philosophic Natutelle, art. 142.


( 2) Astronomic , p. 342 .
241
Escola do Grande Oriente Mistico

nismos no Sol, entao as nossas doutrinas estarao justificadas, e ficarS demons


trado que a alegoria esoterica se antecipou provavelmente em milhoes de
-
anos a Ciencia Moderna , pois tais sao os Ensinamentos Arcaicos Mirtanda , .
o Sol, vigia c amea a seus sete irmaos, os planet as, sem abandonar a posi ao
^
central em que sua Mae, Aditi, o confinou. Diz o Coment rios: ^
Ele os persegue, girando lentamente sobre si mesmo.. . seguindo de
^
suas casas
^
longe a dire ao em que se movem seus irmaos, no caminho que rodeia as
isto e, a drbita .
Sao os fluidos ou emanates do Sol que dao origem a todo movimento
e chamam h vida todas as coisas no Sistema Solar. B atragao e repulsao,
nao como o entende a FIsica moderna ou con forme a lei de gravidade,
mas em harmonia com as leis do movimento manvantdrico , trafadas desde
o primitive Sandhya, a Aurora da reconstrugao e reforma superior do Sis -
tetna , Essas leis sao imutaveis; mas o movimento de todos os corpos
movimento que varia e se altera em Kalpa menor

e regulado pelos
Poderes Motores, as InteligSncia gue tern sede na Alma Cosmica. Estaremos

porventura incorrendo em grave erre por acreditar em tudo isso ? Pois
eis aqui um eminente sbio de nossos dias que, falando da eletricidade
vital, emprega uma linguagem que se assemelha muito inais h do Ocultismo
que do materialismo modemo, Encaminhamos o leitor c ptico a um artigo
^
sobre A Origem do Calor no Sol , de Robert Hunt, F. R . S . 4, que, refe --
rindo-se a envoi tura luminosa do Sol e & sua apar& jcia peculiar de co4
gulos , diz;
4
CArago prop6s que essa envoi tura fosse rbamada Fotosfera , nome boje adotado
geralmente. Seu antecessor Herschel havia comparado a superficie dessa fotosfeta
do nacar. . . Ela se parece com o Oceano em um dia calmo de verao, quando a super -
ffcle liquida se acha ligeiramente encrespada por uma suave brisa . . . Nasmyth descobriu
'

uma conditio mats notavel que ouffa qualquer ate entao suspeita . . . objetos com A
forma curiosa de um disco . . . como folhas de salgueiro* . . . de tamanhos diferentes . . .
dispostos sem uma ordem determinada . . . cruzando-se uns aos outros em todas as
dittoes . . . com um movimento por irregular entre si . . . V ero -se aproximar-se e afas -
tar- se uns tlos outros , e assumir vezes novas posigoes angulares; tanto assim que
a sua fipareticia foi comparada a um espesso cardume de peixes , que a sua forma real-
.

mente lembra . . . O tamanho desses objetos da uma perfeita id ia da gigantesca escala


em que sao conduzidas as operagoes fisicas ( ? ) no sol. Nao devem des medir menos
de mil tnilhas de comprimento por duzentas a trezentas de largura. A suposi ao mais
plausfvel a respeito desses objetos em forma de folha ou disco 6 a de que a fotos - ^
fera. 5 contitui um imenso oceano dc materia gasosa [que esp tie de materia 5 ?]. . . cm
^
um estado de incandescfcnria [ aparente ] intensa, e que sao as perspectivas de proje -
cts dos len ois dc chamas .
^
As chamas solares, vistas por meio dos telescdpios, sao reflexos
diz o Ocultismo. Mas o leitor j& se inteirou do que a esse respeito tem a

dizer os ocultistas .

( 3 ) Coment rio l Estancia IV, 5, Vol. I, p. 162 .


*
( 4 ) Popular Science Review , volume IV, p , 148 .
( 5 ) E tambSm a mass# central , como se vera; ou melhor , o centre da reflexao ,

242
Escola do Grande Oriente Mistico

fO que quer que sc jam ( aqueles lengois de cbamas ), e evidente que sao as
4

foates imediatas do calor e da luz solar . Temos aqui uma envoltura de materia foto-
genica 6 que oscila com poderosa energia , e que, comunicando seu movimento ao meio
et reo do espaco interestelar , produz o calor e a luz em remotos mnndos. Dissemos
^
que aquelas formas foram comparadas a cerros organismos, e Herschel djz: Muito
embora seja por demais onsado falar de scmelhantes organismos como participantes
da vida [ por que nlo? ] nao sabemos se cssa agao vital e susceti'vel de desenvolvcr
o calor , a luz e a eletricidade . , / Encerrara este belo pensametito uma verdadei*
Sera porverttura a puha ao da materia vital no sol central do nosso sistema a fonte
^
de toda esta vida que enche a Terra, e que sem duvida se estende aos outros planetas,
para os quais o sol e o poderoso ministro ?

A tais perguntas responde afirmativamente o Ocultismo; e urn dia a


Ciencia hi de reconhecer que assim
Hunt escreve ainda:
Se considers rmos a Vida a For$a Vital como urn poder muito mais ele-
vado que a luz, o calor e a eletricidade, e capaz de exercer tuna af 3o diretora sobre eles
[ isto 6 absolutatnente ocullo ] , . . estaremos certamente dispostos a aceitar com agrado
essa especula ao que supoe seja a fotosfera a sede originaria do poder vital , e a ver
^
com poetica satisfa ao essa hip6te$e que atribui as energia s solares Vida. 8
^
Assim, texnos uma importante confirma ao cientifica para um de nossos
^
principios fundamentals, a saber: ( tf ) que o Sol e o reservatorio da For$a
Vital, que e o Numeno da Eletricidade; e ( b ) que 6 de suas profundezas
misteriosas e para sempre insondaveis que brotam essas cor rentes de vida
que pulsam atraves do Espa o, assim como atraves de tudo quanto vive
^
sobre a Terra. Veja-se, entao, o que diz outro fisico eminente, que da a
este nosso fluido vital o nome de M ter Nervoso Modifiquem-se algumas .
frases do artigo de que vamos transcrever alguns trechos, e ter-se-4 outro
tratado quase oculto sobre a For$a Vital. ainda o Dr. B. W Richardson , .
F . R . S . , que expoe sua opiniao sobre o liter Nervoso \ como ja o fizera
quanto a For a Solar e a For a Terrestre; a saber:
^ ^
A ideia que a teoria procure incutir 6 a de que, entre as moleculas da matdria,
sdlida ou fluida , de que se compoem os organismos nervosos e, a bem dizer , todas as
partes org nicas de um corpo, existe um meio sutil refinado, vaporoso ou gasoso, que
^
mant m as moleculas em uma condi ao propicia ao movimento de uraas sobre as out*as,
^ ^
e a orgaciza ao e reorganiza ao da forma; meio que serve para transmitir todo movi
^ ^ -
mento; gramas ao qual ura orgao ou uma parte do corpo sao postos em comunhao com
todas as demais partes; pelo qual e atraves do qual o mundo vivo exterior se comunica
com o homem vivente; meio que, por sua presen a , petmxte por em evidencia os
^
fen6menos da vida, e que, se universalmente ausente, deixa o corpo efetivamente
morto.

E todo o Sistema Solar entra em Pralaya


o autor. Mas continuemos a leitura: poderia ter acrescentado

( 6 ) Esta materia 6 exatamcntc semelbante ao reflexo produzido sobre um


espelbo pela chama de uma candcia "fotog nica .
^
11

( 7 ) Veja-se em Five Years of Theosophy, p , 258 ( 1885 ) , uma resposta a esta


especula ao de Herscbel,
^
( 8 ) Popular Science Review, p. 156.

243
Escola do Grande Oriente Mistico

"Emprego a palavra 6tcr cm scu scntido geral , significando raat&ia muito leve,

-
vaporosa on gasosa ; emprego a, enfim , do mcsmo modo quc o faz o astronomo quando

- ^ ^ -
fait do Eter do Espa o, querendo significar um mcio sutil, por tn material Ao refe
rir me ao &er nervosot nao tenho cm mente que o dter s6 exista na cstrutura nervosa ;
-
creio, cm verdade, que 6 uma parte especial da organiza ao nervosa ; mas, como os
^
nervos atravessara todos os tecidos que sao capazes de movimento e sensibilidade, da
mcsma forma o eter nervoso se acha em todos eles; e, sen do o 6 ttx nervoso, a men
ver, um produto direto do sangue, podemos considerido como fazendo parte da atmos-
-
fera do sangue . . As provas de que existe um meio eldstico, que impregna a materia
nervosa, e que e suscetivel de scr influenriada por uma simples pressao, mostram-se
de todo em todo con Vincentes . , . Existe indubitavelmente na estrutura nervosa um
verdadeiro fluido nervoso, como ensinaram os nossos predecessors A exata eompo-
si ao qufmica ( ? ) 10 desse fluido nao ainda bem conbecida ; os seus caractercs
^
flsicos foram pouco estudados. Ignoramos se ele se move em correntes; se rircula , se
se forma nos centros, passando destes para os nervos, on se se forma em todas as partes
em quc o sangue penetra nos nervos. Ignoramos , portanto, a verdadeira fun ao desse
.
fluido Ocorre-me, todavia , que o verdadeiro fluido de matdria nervosa nao basta, por ^
si s<$, para atuar a guisa de meio sutil que poe o universe exterior em rela ao com o
mundo interno do homem e do animal. Pen so ( e esta e a altera ao que sugiro na ^
^
antiga teoria ) que deve haver outra forma de materia presente na vida ; uma matdria
que existe cm estado de vapor ou gas, invadindo todo o sistema nervoso, envolvendo
como uma atmosfera 11 cada molecula de tecido nervoso, t servindo de meio para todo
movimento comunicado aos centres nervosos ou por estes transmitidos . . , Quando se

acumula em algumas partes



de matiria sutilmente difundtda , um vapor que o impregna todo

adquire a clara compreensao de quc durante a vida existe no corpo animal uma forma
e que ate se
matdria constantemente renovada pek quimica vital, e
que se expele com a mesma fadlidade que o ar inspirado, depois de haver cumprido
sua finalidade, ent3o um novo raio de luz penetra na inteligencia. 13

Um novo raio de luz , que certamente revela a sabedoria do Ocultismo


antigo e medieval , e de seus partiddrios . Porque Paracelso escreveu a mes -
uia coisa ha mais de trezentos anos , no sculo XVI , a saber :

voso
Microcosmo inteiro se concern potencialmente no Liquor Vitat, fluido ner
"O
.. ,
que encerra a natufeza , a qualidade, o career e a essentia dos seres
-
O Arqueu 6 uma essfincia que se acha distiibuida por igual em todas as partes
. .
do corpo humane.. 0 Spiritus Vitse tern sua origem no Spiritus Mundi Sendo uma
emana ao deste Ultimo, contain os elementos de todas as influences cdsmicas, e 6 ,
^
portanto, a causa que podc cxplicar a agao das estrelas [ as formas cdsmicas] sobre o
corpo invisfvel do homem* [ seu Linga Sharira vital ] 14 .

Se o Dr . Richardson houvesse estudado todas as obras secretas de Para-


celso, nao se teria visto obrigado a repetir tantas vezes: nao sabemos*' ,
nao 6 de nosso conhecimento , etc . Tambem jamais teria esciito o seguinte
trecho, em que se desdiz da parte mais important* de sua nova e indepen-
dente descoberta :
Entre outros, Paracelso, que o chamava Liquor Vit e Archarus
(9) .
- -
( 10 ) Composx ao alquimica , dir se ia melhor
^ .
.
( 11 ) "Esta for a vital . . se ao redor do homem como uma esfera luminosa ,
^
diz Paracelso DO Paragranum.
, . .
( 12 ) Popular Science Retriew vol X, pp 380-383 .
( 13 ) De Generationc Horninis .
( 14 ) De Viribus Memhr orum Veia se Life of Paracelsust de Franz Hartmann,
-
M . D., M . $. T.

244
Escola do Grande Oriente Mistico

Pode-se arguments que esta nova corrente de idcias nao t afinal . outra coisa
senao a teoria da existSncia do ter . . , que se supoe disseminado QO e3p*90. . . Pode-se
dizer que este ter universal impregna todo o organismo do corpo animal, vindo do
exterior e fazendo parte de toda organiza ao. Tal opiniao, se estivesse ceria [ It ],
equiValeria & descoberta fisica do Panteismo ^ . Nao pode ser verdadeira , porque des-
tmiria a individualidade de cada um dos sentidos. 15

Nao vemos dessa maneira, e sabemos que assim nao d. O Panteismo


pode ser rcdescoberto fisicamente . Foi conhecido, visto e sentido pot
toda a antiguidade. O Panteismo se manifest a na vasta extensao dos cdus
estrelados , na agitato dos mares e oceanos , no pulsar de vida da mais insig-
nificante etva , A Filosofia repugna um Deus finito e imperfeito no Uni
verso , a divindade antropomdrfica do monoteista , tal como a representam
-
seus adoradores. Ela repudia, em virtude do seu nome de Philo theo sophia^
a ideia grotesca de que a Divindade Infinita , Absoluta, tenha, ou melhor ,
- -
possa ter alguma rela ao, direta ou indireta, com a evolu ao finita e ilusdria
^ ^
da Materia ; e, por conseguinte , nao pode imaginar um universe fora daquela
Divindade, ou a ausencia , na mesraa Divindade, da mais minima parricula de
Substancia animada ou inanimada. [ Nao quer isso dizer que cada mator
cada irvore ou cada pedra seja Deus ou um Deus; senao que cada fragmento
da materia manifestada do Cosmos pertence a Deus, e a substancia de
Deus, por mais baixo que tenha caido em sua rota ao dclica atrav s das
- ^
Eternidades do Sempre Vir-a Ser ; e tambm que cada uma das particulas, ^
individualtnente, e o Cosmos, coletivamente, representam um aspecto e uma
evocagao daquela Alma Universal Una, que a Filosofia se recusa a chamar
Deus, para nao limitar assim a Raiz e Essencia Eterna sempre presente, ]
A quern esta familiarizado com a real natureza desse fiter Nervoso
sob seu nome sanscrito ou melhor , esoterico e caballstico, nao 6 posslvel
compreender por que o liter do Espa o ou fiter Nervoso haveria de
^
destruir a individualidade de cada um dos sentidos , O Dr , Richardson
reconhece que:
Se nao produzfssemos individualmente o mdo de comunica ao entre Ms e o
^
raundo exterior , se esse meio fosse criado externamente e adaptado a uma s<$ esp&ie de
vibra oes , seriam uecessirios caenos sentidos que os que possulmos; pois
^
nas dois exemplos ritando ape-
o dter da luz nao esti adaptado para o sotn, e no entaato ouvt-
mos tlo bem quanto vemos; e o ar, que 6 o meio de movimento do som, nao d o
meio da luz , e, nao obstante , vemos e ouvimos.

Nao 6 assim , A opiniao de que o Panteismo nao pode ser verdade


porque destruiria a individualidade de cada um dos sentidos demonstra 1

que todas as condusoes do ilustre doutor se baseiam nas teorias fisicas moder
nas, por maior que fosse o seu desejo de reforma-las. Vera , porem, que 6
-
impossfvel faze-lo, a nao ser admitindo a existencia de sentidos espirituais,
que preencham o vazio dos sentidos fisicos gradualmente atrofiados.
Vemos e ouvimos , de acordo ( na opiniao, 6 claro, do Dr. Richardson )
com a explica ao dos fen6menos da vista e do ouvido, oferecida por aquela
^
( 15 ) Popular Science Review , p . 384 .

245
Escola do Grande Orients Mistico

mesma Cicncia Materialist# que pretende nao ser possivel vermos nem ouvir
mos de outra maneira. Os ocultistas e os mfsticos sabem mais. Os arianos
vedicos estavam tao familiarizados com os misterios do som e da cor no
piano fisico quanto o estao os nossos fisidlogos ; mas haviam tamb m dcci-
frado os segredos de ambos em pianos inacessiveis ao materialista. Tinham ^
conhecimento de uma srie dupla de sentidos: espirituais e materials . Em
um homem privado de urn ou de varios sentidos, os que permanecem em
uso se desenvolvem mais ; por exemplo, o cego pode recuperar a visao por
meio dos sentidos do tato, do ouvido , etc.; e o surdo poderi ouvir por meio
da vista, percebendo inteligivelmente as palavras pronunciadas pelos Wbios
e a boca do interlocutor. Mas estes sao casos que pertencem ainda ao mundo
da Materia. A Fisiologia nega a priori os sentidos espirituais, aqueles que
operam num piano superior da consciSncia , porque ignora a Ciencia Sagrada.
Limit a a a$ao do Eter a vibra oes, e, separando-o do at
^
passe o ar de Eter diferenciado e composto

embora nao
, fi-lo assumir fun oes que
^
se adaptem as teorias especiais do fisiologo. Existe, porem, mais verdadeira
cicncia nos ensinamemos dos Upantshads , quando bem compreendidos, do
que se dispoem a admitir os orientalistas, que nao os compreendem nem

tidos
sete no piano fisico e sete no piano mental

pouco nem muito. As correlagoes tan to mentais como fisicas dos sete sen-
estao claramente
explicadas e definidas nos Vedas, e particularmente no Upanishad chamado
AMU git A:
O indestrutlvel e o destrut (vel , tal 6 a dupla manifesta ao do Eu . Dos dois,
^
o indestrutlvel o que existe [ a verdadeira ess ncia ou natureza do Eu, os prindpios
fundamental ]; a manifestacao como bdividuo ( entidade ) 6 charaada o destrutfvel. lfl

Assim fala o Asceta no AnngitA\ e actescenta:


[ Todo aquele que 6 nascido duas vezes ( inidado ) sake que tal e a doutrina
dos antigos ] . . . O Espa o 6 a primeira entidade . . . Ora, o Espafo [o Akasha ou
^
Numeno do Eter ] possui uma qualidade . . . e esta se declara que o som unicamente . . .
[ e as ] qualidades do som [ sao] Shadja , Rishabha , juntamente com Gandhara , Madhya -
ma, Pancharoa , e alem destas [ deve entender-se que existem ] Nisbada e Dhaivata [ a
garoa bindu ]. 17

Estas sete notas da escala sao os principios do som. As qualidades de


cada Elemento, assim como de cada sentido, sao em numero de sete ; e
de todo arbitrario emitir juizos e dogmatizar sobre elas por sua manifes-
ta ao no piano material ou objetivo, que em si 6 tarnbdm sdtuplo. Porque
^
so pela efnancipa ao do Eu destas sete causas da ilusao e que podemos adqui-
^
rir o conhecimento ( a Sabedoria Secreta ) das qualidades dos objetos que
impressionam os sentidos em seu piano dual de manifesta ao, o vislvel e
o invisivel. Assim, e$ t escrito: ^
Ouve-se . . . expor este admir vel mist rio . . . Escuta ainda a classificagao com-
^ ^
pleta das causas . O nariz , e a lingua , e os olhos, e a pele , e o ouvido como o qutoto

( 16 ) The Sacred Books of the East , vol . VIII , cap. XIII , tradufao de K . T.
Telang, p . 292.
( 17 ) IM . cap . XXXV, pp . 384-5.
f

246
Escola do Grande Oriente Mistico

[orgao dos sentidos] , e a mente , e entendimentolft, estes sete [ sentidos ] devem consi-
derate como as causas ( do conhecimento ) das qualidades. O olfato e o gosto, e a
cor, e o som, e o tato como o quin to, e a obje to da operafao mental, e o ofyeto do
entendimento [ a petxepfao espiritual ou o sentido mais elevado], estes sete sao as
causa 9 da a$ao. O que cheira, que come, que v, que fala, que ouve em quitito lugar,
que pensa e que compreende, estes sete sao as causas dos agentes. Estes [ os agentes ],
possuindo qualidades ( sattva, rajas, tomas ) , gozam de suas pr6prias qualidades, agra
daveis e desagradaveis. ^
-
[ Os cotnentadores modernos , nao compreendendo o significado sutii
da linguagem dos amigos escoliastas , interpretam a frase "causas dos agentes
como querendo dizer "que os poderes do olfato , etc . , quando attibuidos ao
Eu, o faz em aparecer como urn agente, um principio ativo ( I ! ) , o que nao
-

passa de rematada fantasia . Entende-se que aqueles "sete sao as causas


dos agentes porque "os objetos sao causas toda vez que o seu gozo produz
uma impressao . Isso significa , esoterica mente , que os sete sentidos sao
causados pelos agentes , as divindades ; pois, de outro modo, que signifi -

caria ou poderia significar a frase seguinte? "Assim diz- se


estes sete
( sentidos ) sao as causas da emandpa ao , ou seja , quando tais causas se
fazem ineficazes , E esta outra frase "^para os sabios ( Inidados ) que tudo
compreendem , as qualidades que estao na posigao ( ou melhor , na natureza )
das divindadeSy cada qual em seu lugar , etc. , quer simplesmente dizer que
os "sabios compreendem a natureza dos Numenos dos diversos fenomenos ;
e que por "qualidades , neste caso , se entendem as qualidades dos Deuses
ou Inteligencias superiores Planet arias ou Elementais , que governam os

elementos e seus produtos e nao os "sentidos como supoe o comentador
-

moderno. Porque os sabios nao pensam que os seus sentidos tenham alguma
rela ao com elas, nem tampouco com o seu Eu . ] Vemos no Bhagavad
Git ^A que a Divindade diz :
S6 alguns me conhecem verdadeiiamente. A terra, a gua, o fogo, o ar, O
espa o, [ou o
^
cepfao
Akthha , o /Ether ], a mente, o entendimento e o egolsmo [ou a per
de todos os anteriores no piano ilusorio] tudo isso represents uma forma
-
inferior da minha natureza . Sabe ( que existe ) outra ( forma da minha ) natureza supe
rior a esta , que est animada, 6 tu que tens poderosos bravos! e pela qual 6 sustentado
-
este Universo. . . Tudo isso se acha entrelafado em mim , como numerosas p rolas
reunidas por urn io 20. Sou o gosto na 6 gua , <5 filho de Kunti! Sou a luz do sol e^
da In a . Sou . . . o sora ( isto e, a ess end a oculta que 6 a base de todas essas e das

( 18 ) A divisao dos sentidos em cinco vem da mais remota antiguidade. Mas,


aceitando esse numero, nenhum fi!6sofo moderno se perguntou como podiam existir tais
sentido, isto 6 , set percebidos e utilizados conscientcmente, senao pela exlstencia de
sitimo

um sexto sentido, a percep?ao mental, para tegistrd-los e recordd-los; e de ainda o
este para os metafisicos e os ocultistas
a fim de conservardhes o fruto
espiritual e a recordacao, como em um Livro de Vida pertencente ao Carina . Os
antigos dividiam os sentidos em cinco simplesmente porque seus mestres, os Iniciados,
se detinham no do ouvtdo, por set o sentido que se desenvolveu no piano fisico, ou
'

melhor, que se reduziu e se limitou a este piano somente no princlpio da Quinta Ra a .


A Quarta Ra a havia comefado a perder a condifao espiritual , tao consideravelmente ^
^
desenvolvida na Tercelra Rapa.
( 19 ) Ibid . y cap. X, pp. 277-8
( 20 ) Mutidakopanisbadt p. 298.

247
Escola do Grande Orients Mistico

outras qualidades das diversas coisas menrionadas


.
Tradutof ) no cspago - . . o
perfume recente na terra, o resplendor no fogo... , etc " 21

Deveriamos, realmente, estudar a Filosofia Oculta antes de nos aventu


rarmos a investigar e verificar os misterios da Natureza apenas em sua super-
-
ffcie, porquanto s6 aquele que conhece a verdade sobre as qualidades da
Natureza, que compreende a cria ao de todas as entidades. , esta emanci-
pado do erro, Diz o Preceptor: ^
quando o homem compreende exatamente a grande ( arvore ) ., da qual o nfio-
-percebido [ aNatureza Oculta , a raiz de tudo ] e o rebento que sai da semente [ Para-
brahman ], que consiste na intelig ncia [ Mabat ou a Alma Universal Inteligente ] como
^
o seu tronco, cujos ramos sao o grande egcusrao -
^, em cujos ocos se encontram os
renovos, isto 6 , os sentidos, sendo os grandes elementos [ ocultos ou invisivek ] seus
ramos de flores 23 e os elementos grosseiios [ a materia objetiva grosseira ], os ramos
menores que setnpre estao cobertos de folhas e de flores . . , arvore que 6 eterna e cuja
semeute e o Brahman [ a Divindade ]; 6 quando a corta com aquele excelente gladio,
o conbecimento [Sabedoria Secreta ], que o homem alcanna a imortalidade e se liberta
do nascimento e da morte. 24

a Arvore da Vida, a arvore Ashvattha , e so depois de hav-la cor-


tado pode o Homem, o escravo da vida e da morte, emancipar-se.
Mas os homens de cincia nada sabem quanto ao 'Gladio da Sabe-
doriaM usado pclos Adeptos e Ascetas, nem dele querem ouvir falar. Daf
as observances eivadas de parti pris que fazem atd os menos dogmaticos
dentre eles , e que tem por origem e fundamento a injustificada import ncia
atribuida h classificagao e as divisoes arbitrarias da ciencia fisica , A elas ^
pouca aten ao o Ocultismo, e a Natureza ainda menos. A s&ie completa
^ -
dos fenflmenos fisicos deriva do Primario do .Sther Akasha, assim como o
A kasha de natureza dual provem do chamado Caos nao-diferenciado, que 6 ,
-
por sua vez, o aspecto primario de Mulaprakriti, a Materia Raiz e a primeira
Idia abstrata que se pode fazer de Parabrahman,
Pode a cifencia modema dividir o seu liter hipotetico da maneira que
Ihe aprouver : o verdadeiro /Ether do Espa o sexnpre contimmra sendo o
^
que 6 . Possui ele seus sete principios , como tudo na Natureza; e, se
nao existisse o /Ether, nao haveria som , pois o /Ether a vibrante
caixa sonora da Natureza em todas as suas sete diferencia oes. Este foi o
primeiro misterio que os Iniciados da antiguidade aprenderam. ^
Os nossos sentidos fisicos normals de hoje cram, do ponto de vista
em que nos situamos atualmente, anormais naqueles dias de evolu ao descen
dente e de queda lenta e progressiva na Materia. E tempo houve em que ^ -
tudo aquilo que em nossa dpoca presente se considera como exceptional;

( 21 )Bbagavad Gild , capfmlo VII, pp. 73-4.


( 22 )AhamkHr* , suponho, aqueZe Egotismo que conduz & todos os erros.
( 23 )Os Elementos saos os dnco Tanmatras de terra, igua, fogo, ar e 6ter, os
produtores dos elementos roais gross*, ir os .
( 24 ) Anugitd , cap. XX; ibid , p . 313.
24S
Escola do Grande Oriente Mistico

todos esses fen6menos que constituent urn enigma para os fisidlogos, tornados
que sao a admiti-los
como a ttansmissao do pensamento, a clarividencia,
a clariaudincia , etc., tudo o que, cm suma, passa por maravilhoso c

anormal ; tempo houve em que tudo isso, e muita coisa mais, estava
sob o domfnio de faculdades c sentidos comuns a toda a humanidade, Suce-
de, porem , que percorremos ciclos que nos levam para tras e para diante;
vale dizer que, tendo perdido em espmtuaJidade o que ganhamos em desen-
volvimento fisico ate quase o fim da Quarta Raga , estamos agora, do mesmo
modo, perdendo no fisico, gradual e imperceptivelmentc, quanto voltamos
a ganbar em re-evoiu ao espirituaL Este processo deve continuar ate a
^
poca em que a Sexta Ra aRaiz se encontre no mesmo nlvel espiritual da
^
Segunda Ra$a , represent a da por uma human!dade hi muito desaparecida .
Mas estas coisas dificilmente serao compreendidas no momento, Deve-
mos retornar & promissora , se bem que algo incorreta, hipotese do Dr .
Richardson a respeito do liter Nervoso . Sob a errftnea tradu ao da pala-
^
vra Akasha por Espaco , vimos que era ele considerado, no antigo sistema
hindu, como o primogenito do Uno, e com uma s6 qualidade, o "SomM,
.
que e setenario Em linguagem esoterica, este Uno e a Divindade-Pai, sendo
o Som sinonimo de Logos , Verbo ou Filho, Seja de modo consciente ou
.
nao, deve ser o ultimo; e o Dr Richardson , ao expor uma doutrina oculta,
^
elege a forma inferior da natureza seten ria deste Som , e sobre ela especula ,
acrescentando :
A tcoria que proponbo 6 que o &er c um produto animal . . . Em difcrentes
classes de animais pode ele variar quanto ds suas qualidades fisicas, de modo que se
adapte is necessidades especiais do animal; mas desempenha essencialracnte o mesmo
papel em todos os animais, e 6 produzjdo da mestna mandra cm todos eles.

ai que esta o cerne do erro de onde partem todas as dedu oes falsas
subsequences. Esse ter Nervoso** o princfpio inferior da Essencia ^
Primordial , que constitui a Vida , a Vitalidade Animal difundida em toda
a Natureza, - e que opera de acordo com as condi oes que encontra para
^
sua atividade. Nao e um produto animal , mas o animal, a flor e a planta
segundo o seu estado mais ou menos sao ou mdrbido

viventes sao os seus produtos . Os tecidos animais apenas o obsorvem,
como o fazem

os materials e as estruturas fisicas ( em sua condi ao primordial, nota bene )


^
e, desde o instante do nascimento da Entidade, sao por ele vitalizados,
regulados e alimentados. Os vegetais o recebem em maior quantidade no
Raio-Solar SushumnS, que ilumina e alimenta a Lua ; e por interm dio
^
dos raios desta ultima que verte sua luz sobre o homem e o animal, e os
impregnam, mais enquanto dormem e descansam do que quando se ackam
. .
em plena atividade Eis porque o Dr Richardson novamente se equivoca
ao dizer;
"O dter nervoso, segundo a id ia que dele fagOi nao ativo em si mesmo , new

--
um excitante do movimento animal no senlido de formas ; mas 6 essential para propor
ciocar AS condifdes que ternatn possfvei o movimento/ ' [li precisamente o contra
* ..
] * Mfio condutor de todas as vibtafoes do calor, da luz , do som , da a So elltricg,
^
249
f

Escola do Grande Oriente Mistico

do atrito mecamco 28. Mantem todo o si sterna nervoso em uma tensao perfeita, duiante
os estados de vida [certo]. consumido pelo exercicio [ou antes, gerado ] e...
quando a necessidade e maior que a quantidade suprida, tal defickncia se manifesta
pels depressao ou esgotamento nervoso Acumula-se nos centres nervesos durante
o sono, levando-os, se me posso assim exprimir, ao seu diapasao normal , e preparando
desse modo os musculos para uma vida ativa e renovada.

Assim c precisamente; isso 6 exato e compreenslvel . E port anto :


O corpo, completamente renovado por ele, oferece capaddade para o movimento,
a plenitude da forma , a vida. Dele privado, o corpo fica inerte, toma o aspecto con-
trato da morte e mostra haver perdido algo fmeo que encerrava quando vivia.

A cincia moderna nega a existncia de um prindpio vital . A trans-


ctigao acima e uma prova clara do seu grande erro. Mas aquele algo
ffsico , que chamamos fluido vital , o Liquor Vitas de Paracelso, nao aban-
donou o corpo , como pensa o Dr , Richardson. Simplesmente passou do
estado ativo ao estado passivo, tornando-se latente, devido its condigoes
demasiado morbidas dos tecidos , sobre os quais ja nao pode atuar . Uma
vez que o rigor mortis e absolute, o Liquor Vitae volta a entrar em agao e
da imcio i sua obra , quimicamente , sobre os atomos . BrahmS-Vishnu , o
Criador e Conservador da Vida , transforma-se em Shiva , o Destruidor.
Por ultimo, escrevc o Dr . Richardson :
O eter nervoso pode estar envenenado; quero dizer que ele pode confer em
dissolugao, em virtude de uma simples difusao gasosa, outros gases ou vapores vindos
de fora; pode impregnate de produtos ou substlnrias absorvidas ou ingeridas, ou de
gases dc decomposigao, gerados no prdprio corpo durante uma enfermidade. 27

E o eminente doutor podia ter acrescentado, conforme o mesmo prin-


cfpio oculto: que o Eter Nervoso'" de uma pessoa pode ser envenenado pelo
Eter Nervoso de outra , ou por suas emanagoes auricas , Vejamos,
porm, o que a respeito desse ter Nervoso disse Paracelso:
O Arqueu possui natureza roagndica, e atrai ou repele outras formas simpsfticas
ou antiplticas pertencentes ao mesmo piano. Quanto menos poder de resistenda tiver
uma pessoa para com as infhkccias astrais, tanto mais lhes ficara sujeita . A forga
vital nao csli encerrada dentro do horaem, mas se irradia [ para dentro e ] ao redor
-
dele, como uma esfera luminosa [aura ], e pode se faz-la atuar a distancie.. . Pode
envenenar a essSncia da vida [o sanguel e produzir enfermidades, ou pode pur if id-la,
quando se tornou impura, e restabekeer a saude. 28

( 25 ) Condmor, no sentido de Upadhi, uma base material ou fisica ; mas, como


segundo principio da Alma Universal e da Forga Vital da Natureza, obedece & diregao
inteligente de seu quinto prindpio.
( 26 ) Sua excessive abundlncia no sistema nervoso conduz com a mesroa fre-
qiknria a enfermidade e a morte. Se fosse o sistema animal que o produzisse, tal
coisa certamente nao poderia suceder. Esta ultima circunst&ncia demonstra, portanto,
sua independence do sistema e sua relagio com a Forga Solar, conforme o explicam
Metcalfe e Hunt .
( 27 ) Popular Science Review , Vol. X, p. 387.
.
( 2$ ) Paragranum ; Life of Paracelsus, pelo Dr F. Hartmann.

250
Escola do Grande Orients Mistico

A identidade cntre o Arqueu e o "liter Nervoso e posta em evi-


dencia pelo sabio ingles, ao dizer que gerdmente a tensao do "fiter Ner-
voso ' pode ser demasiado alta ou demasiado baixa , o que se verifica.
1

* Por causa de alteragoes locais na materia nervosa que ele envolve ...
Sob a
influence de uma excitagao aguda, pode vibrar tempestuosamente, por assim dizer , e
impelii cada musculo dependente do crebro e da medula a urn moviraento sem freio,
a convulsoes inconscientes.**

& o que se chama excitagao nervosa; mas ninguem, exceto o ocultista,


conhece a razao dessas perturbagoes nervosas , nem Ihes explica a causa
original . O prindpio vital pode matar quando e excessive), como quando
6 defieiente . Mas este prindpio no piano manifestado, is to d, em nosso
piano, nao e senao o efeito e o resuhado da agao inteligente da "Legiao ,
ou Prindpio Coletivo , a Vida e a Luz em manifestagao . Acha-se ele subor-
dinado a Vida Una Absoluta , sempre invisivel e eterna , da qual emana ,
em uma escala descendente e reascendente de graus hierirquicos, uma verda -
deira escala setenaria , com o Som ou o Logos no extreme superior, e os
Vidy&dharas 2y ou Pitris inferiores na base.
Os ocultistas, 6 obvio, sabem muito bem que o sofisma vttalista ,
tao ridicularizado por Vogt e Huxley , ainda encontra acolhida em meios
cientfficos dos mais esclarecidos; e se congratulam com este fato, sentindo
que nao estao sds. Eis o que escreve o Professor De Quatrefages ;

( 2 9 ) Em tuna obra recent e sobre o SimboJismo no Budismo e no Cristianismo


ou melhor, no Budismo e no Catolicismo romano, pois muitos dos dltimos rituais e
Igreja Latina

dogmas do Budismo do Norte, em sua forma popular exotrica, sao id nticos aos <la
.
encontram.se fatos curiosos O autor desse livro, com mais pretensdes
que erudigao, englobou em sua obra , sem discernimento algum, doutrinas budistas anti
gas e modernas, e confundiu lamentavelmente Lamaismo com Budismo. Na pagina
-
404, sob o i (tulo Buddhism in Christendom, or Jesus the Essene, nosso pseudo orien-
-
talista ocupa-se em criticar os Sete Principles dos budistas esot&icos , e procura
ridiculariza-los. Na piigina 405, que a ultima , fala com entusiasmo dos Vidyadharas,
as sete grandes legioes de homens mortos convertidos em sdbios . Ora, esses VidyS*

dharas, que algous orientalistas chamam de "semideuses , sao reairaente, do ponto de


vista exotrico, uma classe de Siddhas, plenos de devogao , e, esotericamente, sao
identicos ds sete classes de Pitris, uma das quais conferc ao homem conscincia prdpxia ,
- .
na Terceira Raga, eccarnando se nas conchas ou cascas htimaxtas O Hina ao Sol ,
que se ve no fim desse estranho volume de rniscelanea , imputando ao Budismo a crenga
em m Deus pessoal ( H ) , urn golpe infeliz assestado provas tao laboriosamente
jeujiidas pelo desastrado autor.
Os teosofos sabem petfeitamente que o Sr. Rhys Davids eroitiu iglial opiniao a
respeito das ideias teosoficas. Disse que as teorias expos las pelo autor do Esoteric
Bvdbifttt "nao eraro Budismo nem eram esotericas , Tal observagao 6 o resultado:
( a ) do lamentivel erro de se escrever "Buddhismo em vez de uBudhism >' ou Bu-
dhaisni , associado ass cm o sistema a religiao de Gautama, em vez de o associar &
Sabedoria Secrefca ensinada por Krishna , Shankarfcharya e muitos outros, inclusive por
Buddha ; e ( & ) da impossibilidade de que o Sr. Rhys Davids saiba alguma eoisa sobre
as verdadeiras Doutrinas Esotericas. Apesar disso, sendo ele atualmente o orientalista
mais versado em literatura pale e budista, tern o direito de ser ouvido com respeito.
.
Mas, quando alguem sem saber de Budismo exotrico, do ponto de vista cientlfico e
materialists, mais do que sabe de Filosofia Esoterica , vem difamar aqueles a quern
distingue com o seu rancor, e quer aparecer aos teosofos com ares de profunda erudigao,
nao nos cabe fazer outra coisa senao sorrir, ou desatar nuraa risada sonora e franca.

m
Escola do Grande Oriente Mistico

verdade que nao sabemos o que i a vida; e nao e menos verdade que igoo-
ramos o que e a for a que imprime movimento 5s e& trelas . . . Os seres vivos sao
^
pesados e, coosequenteinente, sujeitos 5 lei de gravidade; sao a sede de feoomenos
-
ftsieo qulmicos, numerosos e vaiiados, indispenslveis a sua existenda, e que devem
ser atribufdos 5 a ao da eterodin&mka [eletriddade, calor, etc, ]. Mas tais fenoioenos
^
se manifestam aqui sob a influfriria de outra forca ... A vida nao esti em antagonismo
com as formas inanimadas , mas lhes goveraa e dinge a a ao por meio de suns leis, 30
^

( 30 ) 77 Human Species , pp. 1041.


*
252
Escola do Grande Oriente Mistico

SESAO VIII
A TEORIA SOLAR

Breve andlise dos element os com post os e simples da ciinciaetn oposigao


Doutrinas Ocultas . At4 que ponto e cientifica es / a teoria, tal como
aceita geralmente .

Em sua replica ao ataque dirigido pelo Dr . Gull contra a teoria do


Vitalismo, que esti inseparavelmente ligada aos Eletnentos dos antigos na
Filosofia Oculta , o grande fisiologo Professor Beale Ian$a mao de algumas
expressoes tao belas quanto significativas :
Exists urn misterio na vida, mistdrio que jamais foi sondado e que se amplia
centros vivos

i medida que se estudatn e se obseivam mais a fundo os fen&nenos bioidgicos . Nos


muito mais cent:ais que os centros observados com os mais pode
rosos instrument os de amplia ao , nos centros da matlria viva at onde a vista nlo
pode penetrar, mas para onde
-
^ pode a inteligfincia dirigir se, ocorrem transfonna Ses
- ^
sobre cuja natureza os flsicos e os qtilmicos mais adiantados se mostram incapazes de
nos dar uma no ao; e mo hi ices mo razao alguma que nos leve a pensar que a
^
natureza dessas mutates possa algum dia set determinada por mdo da investigate
ffsica, tanto mais quanto das certamente depended de uma ordem ou natureza total-
men tc diferentes daquelas a que se pode assoriar qualquer outro fenoraeno cochecido,"

Esse mist&io , ou a origem da Essfincia da Vida , o Ocultismo o


situa no Mesmo Centro que o nucleo da materia- prima do nosso Sistema
Solar, pois que sao uma e a mesma coisa .
Como diz o Comentario:
O Sol e o coragdo do Mundo Solar [ Sistema ] , e o seu cerebro estd
oculto por tris do Sol ( visivel ] . Dali, a sensagao 4 irradiada para cad a
centro nervoso do grande corpo , e as ondas da essencta da vida fluem para
dentro de cada artiria e de cada veia , . Os planetas sao os seus membros
4

e as suas pulsagoes .

Ja se disse alhures 1 que a Filosofia Oculta nega seja o Sol um globo


em combustao, definindo-o simplesmente como um mundo, uma esfera res-

( 1 ) The Theosopbist -
Escola do Grande Oriente Mistico

plandecente* atras da qual se acha oculto o Sol verdadeiro, de que o Sol


vislvel 6 apenas o reflexo, a concha , As folhas de salgueiro de Nasmyth,
que Sir Jihn Herschell toraou por "habitantes solares , sao os depositor da
energia vital do Sol ; ua eletricidade vital que alimenta todo o Sistema; o Sol
in abscondito e, assim , o resetvatorio de nosso pequeno Cosmos, gerando
ele mesmo o seu fluido vital e recebendo sempre tanto como da e o Sol 7

visivel e uma simples janela aberta no verdadeiro paldcio solar, cujo labor
inter no ele revela setn alteracao.
Desse modo, durante o perfodo ou vida solar manvantarica ha uma
circula ao regular do fluido vital de um extremo ao outro do nosso Sistema,
^
de que o Sol e o cora ao, como a circula o do sangue no corpo humano;
.
^ ^
contraindo-$e o Sol com um ritmo semelhante ao do cora ao humano depois
^
que o sangue regressa So que, em vez de realizar o circuito em um segundo
aproximadamente, requer o sangue solar de2 anos para circular em um ano
inteiro para atravessar suas auriculas e seus ventriculos antes de ir depurar
os pulmoes e de voltar ks grandes artrias e veias do Sistema.
Isso nao contestara a Ciencia, pois que a Astronomia conhece o ciclo
fixo de onze anos, ao cabo do qual aumenta o ntimero das manchas solares 2;
sendo o aumento motivado pela contra ao do Cora$ao Solar, O Universo,
^
neste caso o nosso Mundo, respira , como o faz na Terra o homem e toda
criatura viva, a planta e at mesmo o mineral, e como respita o nosso
prdprio Globo em cada vinte e quatro boras, A regiao obscura nao
devida k 'absor ao exercida pelos vapores que emergem do seio do sol e se
^
interpoem entre o observador e a fotosfera , como pretende o Padre Secchi 3;
nem as manchas sao formadas pela propria matSria ( materia gasosa ardente )
que a erupfao projeta sobre o disco solar , O fenomeno semelha k pulsa ao
sadia e regular do coraqao ao passar o lfquido vital pelos orificios de seus ^
musculos , Se se pudesse dar luminosidade ao cora ao humano e tomar
^
visfvel este 6rgao vivo e palpitante, de modo que permitisse sua projecao
sobre uma tela, a exemplo do que fazem os professores de Astronomia para
mostrar a Lua, todo o mundo veria entao repetir-se o fendmeno das man-
chas solares a cada segundo, verificando serem devidas a contra ao e ao
fmpeto do sangue, ^
Lemos em uma obra de geologia que o sonho da ciencia consiste em que:
Todos os corpos simples catalogs dos hao de set um dia reconhecidos como
apenas modifica oes de um so elemento material. 4
^
( 2 ) Nao so a ciencia nao nega o fato, embora o atribua a uma causa erronea ,
e suas teorias, como sempre, estejam em contradi ao tunas com as outras ( vejam-se as
^
teorias de SeccM, de Faye e de Young ) , fazendo depender as manchas da acumulagao
superficial de vapores jnais frios que a fotosfera ( ? ) , etc., etc., senao que hi tamb&n
homens de ciencia que fazem astrologia com as manchas. O Professor Jevocs imputa
k influencia das manchas solares todas as grandes crises comerdals, em cada ciclo de
onze anos ( veja-se o seu llvro Investigations into Currency and Finance ). Segura
mente Isso 6 digno de elogio, e merece estimdo.
-
( 3 ) Le SoleU , II, 184.
( 4 ) World Life, p, 48.
-
254
Escola do Grande Oriente Mistico

o que tern ensinado a Filosofia Oculta desde que existe a linguagem


human a , acrescentando, porm, de acordo com aquele princfpio imutivel
na analogia, o que esta em cima e como o que esta embaixo , este outro
de seus axiomas: nao existe, em verdade, nem Espfrito nem Matdria, mas
tao somente inumeraveis aspectos do etexnamento oculto ou Sat , O
^

Elemento homogeneo primordial 6 simples e unico, exclusivamente no piano


terrestre de conscienria e sensagao, por isso que a Materia, afinal de comas,
nao 6 senao a srie de nossos prdprios estados de consciencia, e o Espfrito
uma ideia de intui ao psiquica. Mesmo no piano imediatamente superior,
^
esse elemento simples , que a cincia corrente de nossa Terra define como o
ultimo constituinte indecomponivel de qualquer espccie de Materia, no
mundo de uma petcepao espiritual mais elevada seria considerado, certa *

mente, como uma coisa sobremodo complexa. Ver-se-ia que a nossa igua
mais pura , em vez de seus dois elementos simples admitidos, o oxig nio e
o hidrogenio, apresenta muitos outros constituintes , nem sequer sonhados ^
pela nossa quimica terrestre moderns.
No reino do Esplrito as coisas se passam como no da Materia; a som -
bra do que 6 conhecido no piano da objetividade existe no da subjetividade
pura , O ponto da substancia perf eit amen te homogene a, o sareddio da Monera
de Haeckel, 6 considerado agora com a arquebiose da existdneia terrestre ( o
protoplasma do Sr, Huxley ) B ; e o Bathybius Hseckelii tem que remontar &
sua arquebiose pre terrestre. Esta so comega a ser percebida pelos astro-
-
nomos em seu terceiro estagio de evolugao e durante a chamada criagfo
secundiria Mas os estudan tes de Filosofia Esoterica compreendem bem o
signifies do secreto da Estancia:
"Brahma . . . tem essendalmente o aspecto de Prakriti , assim evoludonado como
nao evoludonado . . . O Espfrito, 6 Duas Vezes Nasddo [ Iairiado]! , I o aspecto prin-
cipal de Brahma . O que vem depois 6 um aspecto duplo ( Prakriti e Punish* ] . . .
assim evolucionado como nao evoludonado; e o Tempo 6 o ultimo. * $

Anu e um dos nomes de Brahma, que se distingue de Brahman, e


signifies itomo ; anlyamsam aniyas&n, uo mais atbmico do at6mico > 4o i

imutivel e imperecfvel ( achyuta ) Purushottama .


certo, pois, que os elementos atualmente admit idos

for o seu numero , e tais como sao entendidos e descritos at o presente,
nao sao e nao podem ser os elementos print ordiais. Estes foram formados

seja qual

pelos coagulos da fria e radiante Maeri e pela " sentente Ignea do ardente
Pat" , os quais nao constituent senao um , ou, para usar a linguagem mais
clara da dencia moderna, a genese daqueles elementos se processou nas
profundezas da Ndvoa de Fogo primiriva, nas massas de vapor incandes
cente das nebulosas irresoluveis; pois , como ensina o Professor Newcomb 7,
-
( 5 ) Infelizmente, na hora em que escrevemos estas p'igmas , a "arquebiose da
existncia terrestre** passou a scr, por efeito de uma anilise qufiuica algo mais ngo
rosa, um simples precipitado de sulfato de cdlcio; ou seja, do ponto de vista cientifico,
nem sequer uma substancia orginical Sic transit gloria mundi!
( 6 ) Vishnu Purdna , Wilson, I , 18 , tradugao de Fitzedward Hall .
( 7 ) Popular Astronomy, p. 444.

255.
Escola do Grande Oriente Mistico

as nebulosas resoluveis nao formam uma dasse de nebulosas propriamentc


ditas . Segundo ele acredita , mais de metade de tudo o que a princfpio se
toanou por nebulosas sao apenas cache* de estrelas , c o m o assim cbamou.
Os corpos simples que hoje se conhecem alcangaram seu esta perma-
neftte nesta Quarta Ronda e nesta Quinta Ra a , Passam eles por um breve
^
periodo de repouso antes de serem lan ados novamente na corrente de sua
^
evolu ao espiritual ascendente, quando o fogo vivo de Qrus dissociata
^
os mais irresoluveis e far com que voltem a se dispersar no Uno Primordial.
Mas o ocultista vai mais longe, conforme se mostrou nos Comentirios
sobre as Sete Estandas. E por isso difidlmente pode esperar apoio por
parte da Ciencia , que rejeitara tanto o seu aniyamsam amyasam , o Atomo
absolutamente espiritual , como os seus MSnasaputras ou Homens Nasddos
da Mente. Ao resolver o elemento material unico" em um Elemento
absolute irresoluvel , Espfrito ou Materia-Raiz, deixando-o assim, desde logo,
fora do alcance e do campo da Filosofia Fisica, tem o ocultista , natural*
mente, muito pouco em comum com os homens da cincia ortodoxa . Sus -
tenta ele que o Espfrito e a Materia sao duas facetas da unidade incognosci-
vel , e que a diversidade aparente de seus aspectos depende : [ a ) dos virios
graus de diferencia ao da materia; e ( b ) dos graus de consciencia alcan-
^
qados pelo prdprio homem. Mas isto e Metafisica, e tem pouco a ver com
a Rsica por mais elevada que &e;a agora esta Filosofia fisica em sua
limitacao terrestre .
Nao obstante , desde o momento em que a ciencia admite, senao a
existenda real , a possibilidade pelo menos de um Universo com suas inume*
r veis formas, condiyoes e aspectos, formandos de uma SubstSncia unica a,
^
-
( 8 ) Em seu World -Life ( pp. 48 9 ) , nas notas que acompanham o texto, diz o
Professor Winchell: Admite-se geralmente que em temperaturas excessivamente eleva *

das a materia exista em estado de dissoda ao, isto e, num estado em que nao pode
^
haver nenhuma combiiu Io qulmica ; para provar a unidade da materia, seria. pretiso
^
recotrer ao espeetro, que em todos os casos de homogeneidade revelariam uma linha
brilhanie , ao passo que no caso de exislitem vatias combinagSes moleculares
m nebulosa ou em uma estrela fosse
comportaria o espectro duas ou fres Jmbas brilhan
tes ! Em ambos os casos, isso nao seria uma prova para o ffsico ocultista , susteniando
este que alem de certo lirnlte da materia vislvel nenhum espectroscdpio nem tdesedpio
-
nem microscdpio tem qualquef apIica 3o. A unidade da Matdria, daquilo que para o
cabalistas

^
alquimista e a verdadeira Matdria cdstnica ou ^Terra de Adao*
^ como a chamam os
difirilmente pode ser provada ou refutada, nem pelo s bio francos Dumas,
que sugere a "natureza composta dos "'corpos1* tendo em corn a "certas relates e litre
os pesos atomieos , nem sequer pelo Sr. Crookes com a sua materia radiante , embora
as experiencias deste ultimo possam parccer 4 ' mais compreensiveis se admitida a hip6*
tese da bomogeneidade dos elementos da matdria e da continuidade de seus estados1*.
Porque tudo isso nao transcende a materia material , dtgamos assim, nem mesmo naquilo
que o espectro nos revela , esse Olho de Shiva 5 > moderno das experi&ncias fisicas. S6
no locante a essa tn&tiria podia H. Sr. Claire DevilJe dizer que, 4quando os corpos
t

considerados simples se combinam uns com oulros, desaparccem, ficam individualmente


aniqullados * ', simplesmente porque a ele nao era possivel acompanhar tais corpos em
sua transforma ao ulterior no mundo da materia cdsmica spiritual . A vetdade i que a
^
ri&oda moderna nunca serj capaz de profundar todas as^ formacoes cosmologicas, e de
eocontrar as Raizes da Substlncia do Mundo ou Matdria, a menos que trab&ihe na
mesma ordem de id# as que o alquimista da Idade Media.

256
Escola do Grande Oriente Mistico

devc aquela ir mais al6m. A nao ser que tambem admita a possibilidade
dc Um Elemento, ou da Vida Una dos ocultistas, teri que manter suspensa
no ar aquela substancia unica , sobretudo se a limita as nebulosas solares,
ccmo o ataude de Mafoma, mas sem o poderoso tma que sustinha este
atatide. Felizmente para os fisicos especulativos , se nao estamos em con
di oes de indicar com alguma precisao o que a teoria nebular implica, pos-
-
^
sfvd nos foi aprender, gragas ao Professor Wincbell e a varios astronomer
dissidentes, o que ela nao implica .
Mas, por outro lado, infelizmente isso esta longe de esclarecer ate os
mais simples dos problemas que tem preocupado e ainda preocupam os
homens de ciencia em sua investigate da verdade. Devemos prosseguir
em nosso inqu rito partindo das primeiras hiptfteses aventadas pela cifcncia
^
moderns , se queremos descobrir ortde e por que ela erra. Veremos talvez
que Stallo tem razao afinal de contas, e que os erros, contradi oes e equl-
^
vocos em que incidem os homens de ciencia mais eminentes sao devidos
tao-somente a sua atitude anormal. Sao materialisms, e querem permanecer
como tais quand meme , apesar de que os principios gerais da teoria atomo -
-mecanica base da flsica modema sao substancialmente idSnticos &s
doutrinas cardeais da met a flsica ontolog ica . Por isso, os erros funda -
mentals da ontologia se tornam aparentes a medida que progride a ciencia
f i s i c a A Ciencia esta impregnada de conceitos metaffsicos, mas os
s$bios se negam a reconhece-lo, e lutam desesperadamente para colocar
mascaras tomos- mecanicas nas leis incorporeas e espirituais da Natureza
em nosso piano, nao querendo admitir sua substancialidade nem mesmo em
outros pianos, cuja existncia contestam a priori.
F4cil e mostrar, todavia, como os sibios, aferrados a suas opinioes
materialistas , tem procurado, desde os tempos de Newton , encobrir e mas
carar os fatos e a verdade. Mas a sua tarefa se az cada vez mais dificil; e
-
cada ano a Quimica, na vanguarda de todas as outras ciSncias, mais e mais
se aproxima do lado oculto da Natureza. Esta em via de aprender aqudas
verdades ensinadas durante sculo$ pela Ciencia Oculta, e que ate agora
tem sido tratadas com desprezo e zombatia. A Materia e eterna , diz a
Boutrina Esot rica. Mas a Materia em seu estado laya ou zero , tal como
^
a concebem os ocultistas, nao 6 a materia da ciencia moderna , nem mesmo
em seus estados mais rarefeitos. A materia radiante do Sr . Crookes
apareceria como materia da especie mais grosseira no reino dos ptimordios,
uma vez que ela ai se converte em puro Espirito antes de sequer rctornar
ao seu primeiro ponto de diferendacao. Quando, portanto, o Adepto ou
o Alquimista acrescenta que, embora sendo eterna a materia ( porque
Pradhana ) , os Atomos nascem em cada novo Manvantara ou reconstru ao
do Universo, isto nao e uma contradicao, como poderia pensar o materia ^ -
lista, que nao ere cm coisa alguma fora do dtomo. Hi uma diferen a entre
^
a materia manifestada e a nao-tmmifestada ; entre Pradhana , a causa sem
comedo e sem fim , e Prakriri ou o efeito manifestado. Diz o sloka:

( 9 ) Concepts of Modern Physics , p. VI.

2S7
Escola do Grande Oriente Mistico

Aquilo que a causa nao evolucionada, os stfbios mais ilustres cbamanwio enfa -
ticaxnente Pradlktia , base original , que 6 Prakrit! sutil, ou seja , o que 6 etcmo e o que
ao mesmo tempo e nao , ou simples pricesso ." 10

Aquilo a que se ref ere a fraseologia moderna como Espirito e Materia


e UNO na externidade como Causa Perp tua, e nao e nem Espirito nem
Materia: 6 AQUILO ^
expresso em s&nscrito por TAD
tudo o que foi,
ou seri, tudo o que a imagina ao do homem e capaz de conceber Ate
^ .
o panteismo exot&rico do Hindulsmo o descreve como jamais o fez nenhuma
filosofia monoteista; pois a sua Cosmogonia, com admiravel eloqiiencia,
come$a por estas palavras bastante conhecidas:
Nao havia dk nem noite, nao havia Q6VL nem terra, nao havia trevas nem luz.
Nada existia que fosse perceptive! pelos sentidos ou pelas faculdades da mente . Havia,
porm, um Brahma , essencialmentc Prakrit! [ Natureza ] e Espirito. Porque, 6 BrStnane!
os dois aspectos de Vishnu , distintos do seu aspecto supremo cssencial , sao Prakrid. e
Espirito . Quando esses dois aspectos outros ji nlo subsist em , porque sc dissclveram,
entao aquele aspector de onde precede de novo a forma, e tudo o mais, ou seja , a
cm ao, e denominada tempo, 6 duas vezes nascidot
^
O que st dissolve esse aspecto dual ilusdrio de AQUILO cuja essencia
eternamente Una, o que chamamos Materia Etema, ou Sub$t 3ncia , sem
forma, sem sexo , inconcebfvel, at mesmo para o nosso sexto sentido ou
mente 12; e em que, portanto, nos negamos a ver o que os monotelstas
chamam um Deus pessoal, antropomdrfico.
Como serao consideradas pela ciencia exata estas duas ^ proposi oes:
a Mat6ria eterna* c o itomo periddico e nao-eterno ? O fisico ^
materialism as critics rtf , rindo-se com soberano desprezo. Mas o cientista
liberal e progressista , o verdadeiro e devotado investigador da ciencia, como
o eminente quimico Sr. Crookes, confinnara a possibilidade das duas asser -
0es. Com efeito. Ainda nao se havia apagado o eco de sua conferencia
sobre a Genese das Elementos
proferida perante a Segao de Qufoiica
da Associate Britlnica na reuniao de Birmingham em 1887, e que tanto
surpreendeu os evolucionistas que a ouviram ou leram

e outra foi por
ele pronunciada em 1888. Uma vez mais o presidente da Sodedade de
Qufmica apresentou ao mundo da ciencia e ao publico os result ados de
algumas descobertas novas no dominio dos tftomos, e estas descobertas
justificavam em toda a linha os ensinamentos ocultos. Sao elas ainda mais
surpreendentes que as afirma oes de sua primeira conferencia, e bem mere
^
cem a atent ao de todo ocultista, tedsofo ou metaftsico. Eis o que ele diz
-
^ -
a respeito dos Elementos e Afete Elementos * , justificando assim as aspi
5
*

rafSes e as previsoes de Stallo, com o valor de um espirito cientffico que


ama a Ciencia no interesse da verdade, sem cuidar das conseqiiencjas quanto
a sua prdpria gldria e reputa ao. Transcrevemos suas palavras:
^
( 10 ) Wilson, Vishnu Purdna, volume I, p. 20.
( 11 ) Ibid . , vol. I , p . 23 trad . de Fitzedward Hall .
- ^
( 12 ) Veja se na Se o anterior ( VII ) : "Vida, For$a e Gravidade , dtagao do
Anugitd .

258
s
-
I

Escola do Grande Oriente Mistico

-
Permiti me, setihores, chamar agora a vossa atetigao por urn momento sobre urn
assunto que intere&sa aos prinelpios fundamentals da quimica, sobre um assunto que
nos pode levar a admitir a possivel existencia de corpos que , nao sendo oompostos
nem misturas, tambetn n3o sao corpos simples no sentido mais estrito desta palavra ;
de corpos que eu me atrevo a chamar meta -simples . Para tornar claro o men pensa-
mento, 6 necessrio voltar ao conceito que n <5s faxemos de um corpo simples. Qual
e o crit rio referente a um elemento? Oode devemos tragar a linha demarcflt6ria entre
^
a existencia distinta e a identidade? Ninguem poe em duvida que o oxig&nio, o sddio,
o cloro e o enxofre sejam elementos distintos; e, quando tratamos de grupos como o
cloro, o bromo, o iodo, etc., ainda que fossem admissfveis graus de simplicidade
( e quern sabe se futuramente nao chegarem at esse ponto ) , concordatlamos em admitir
que o cloro se aproxima muito mais do bromo que do oxig nio, do sddio ou do
^
enxofre. Tamb m o niquel e o cobalto muito se aproximatn um do outro, etnbora
^
ningudm divide que ambos tem o direito de ser classtficados como corpos simples
dlferentes. Nao posso, gontudo, deixar de perguntar que opinio tern prevalecido
entre os qulmieos, se as respectives solutes desses corpos e de seus compostos apre
sentassem cores idSnticas, em vez de cores que sao aproximadamente complementares
-
entre si. Tcr-seda, ainda assim , admitido a natureza distinta de cada um ? Quando
vamos mais longc e chegsmos as chatnadas terras raras , menos iinne 6 o terreno sob
nosSos p6 s . Podemos admitir o eseandio, o it rbio e outros da mesena classe como cor-
^
pos simples; mas que dizer no caso do neodimio e do praseodfmio, se ectrc eles
podemos considerar que nao existe nenbuma diferenga quimica bem determinada , se
-
tuadas ? Mas tambem aqui podemos super que o animo da maioria dos qultnicos

o seu principal titulo de individualidadc se apdia simplesmente sobre diferengas mini
mas em suas qualidades bisicas e em suas facukladcs de crisralizagao ainda que
suas diferengas fi sicas, observadas atravds do espectco, sejam mui fortemente acen-
pender ia para o la do da indulgence, de modo que 6 prov vel viessem a admitir esses
^
dois corpos deutro do drculo migfco. Em quanto a saber se, assim procedendo, pode-
riam invocar algum prindpio de ordem geral, questio duvidosa. Se admitimos tais
candidate*, como poderemos , em sa justiga , excluir as series de corpos simples ou
-
meta simples que Kruss e Wilson nos deram a conhecer? Aqui as diferengas espectrais
sao bem marcantes, enquanto que as minhas prdprias investlgagoes sobre o didlmio
tambem mostram uma Iigeira diferenga b sica , pelo menos entre alguns desses corpos
^
dix comumente
-^
duvidosos. Devem induir-se na mesma categoria os nmnerosos corpos distintos, nos
qiiais 6 prov vel que o dbio, o Itrio, o samdrio e outros 'elementos
^
l

rentes agrupamentos se fundent rao imperceptivdmente uns nos outros que 6 impos

como se
tm sido e sao agrupados. Onde, pois, tra ar a linha? Os dife-
-
sivel estabelecer uma separata definida entre dois corpos adjacentes, e dizer que o
corpo deste lado da linha simples, e que nao o o situado do outro lado ou nao
passa de algo parecido a um corpo simples ou que dele se aproxima. Onde quer
que se possa tragar uma linha com aparente raaao, n3o hi ddvida que seri ficil assinar
i maioria dos corpos o lugar que Ihes compete, pois que em todos os casos a verdadeira
dificuldade de classificagao comega quando nos acercamos da linha divisdria . Adml-
tem-se, naturalmcnte, ligeiras diferengas qulmicas, c, at certo ponto, a mesraa coisa
^
se faz com diferengas flsicas bastante acentuadas. Quer dizer, pordm , quando a tinica

diferenga quimica consiste em uma tendSncia quase imperceptlvel de um dos corpos


de um par ou de um grupo a precipitar -se antes que o outro? Hd casos ainda
em que as diferengas qulmicas mal se pcrcebem, apesar de persist!rem diferengas flsicas
bem pronundadas. Aqui tropegamos com uma nova dificuldade: em meio a obscuri
dades que tais , como distinguir o que 6 qulmico do que 6 flsico? Scr3 que temos o
-
direito de qualificar como diferenga ffsica a iigeira tendncia que tem um precipitado
amorfo nascente de se format antes que outro? Ser3 que podemos chamar dife
rengas qulmicas is rcagoes coloridas dependentes da quantidade de algum icido parti
--
cular presente, e que vanam segundo o grau de concentragao da solugao e segundo o
^
solventc empregado? Nao vejo como podemos negar o car ter dc simples a um corpo
que difere de outro por uma cor bem definida ou pelas reagoes espectrals, quando o
concedemos a outro corpo cujo unico direito consiste numa insignificante diferenga
nas faculdades basicas. Agora, que j& deixamos a porta suficientemente aberta para
admitir algumas diferengas espectrais, devemos perguntar: qual 6 a diferenga minima

259
Escola do Grande Oriente Mistico

que autoriza o candid ato a passar ? Apresentarei algtms exemplos, recolbidos de minhas
experiencias pessoais, com rcla$ao a certos candidates duvidosos.

Aqui o grande quimico mostra varies cases do comportamento singu-


larissimo de mol6culas e minerals que, aparentemente idnticos ofereceram ,
3

contlido, examinados mais atentamente , diferen as que , apesar de pequenas,


^
provaram nao se tratar de corpos simples - sendo que os 60 ou 70 aceitos
como tais pela quimica ] & nao correspondem as necessidades atuais. Ao
que parece , seu numero constitui legiao ; mas, como a chamada teoria
periddica se opoe a uma ilimitada multiplicacao de corpos simples, o Sr.
Crookes se ve obrigado a buscar algum meio de conciliar a nova descoberta
com a antiga teorfa . "Esta teork", diz ele:
Foi tao plenamente confirmada que nao podemos accitat facilmente uma inter -
preta?3o dos fen6menos que nao esteja de acordo com ela .Mas, se supusermos os
corpos simples reforcados por um grande numero de corpos que pouco diferem uns
dos outros em suas propriedades, e formando, se assim me posso exprimir , agrega des
de nebulosas ali onde a prindpio nao vlamos ou n3o julg vamos ver senao estrelas
^ ^
sepatadas, a combinagao periodica ja nao sc pode compreender claramente por mais
tempo , Isto e: por mais tempo, se continuamos mantendo o nosso habitual conceito
de corpo simples. Modifiquemos, pois, este conceito. Em lugar de corpo simples ,
leia-se grupo simples
teoria periddica substituindo estes grupos simples aos antigos corpos na
e a dificuldade desaparece. Ao definir um corpo simples, nao tome-
mos um llmite exterior, mas um limite interno. Digaroos, por exemplo, que a menor
quuntidade ponderavel de itrio e um conjunto de 6tomos ultimos, quase infinitamente
mais parecidos entre si que os Itomos de qualqucr outro elemento aproximado Nao .
se segue, necessariamente, que os dtoraos devem ser todos absolutatnente semelhantes
entre si. O peso atdmlco que atribulmos ao Itrio represent*, porcanto, apenas um
valor medio, ao redor do qual os pesos reais dos dtomos individuals do corpo sim
ples figurant dentro de certos limites. Mas, se a minha suposi ao 6 admissive I ,
-
^
veriamos, no caso cm que puddssemos separar os dtomos uns dos outros, que eles
variam dentro de estreitos limites aqu 6 m e al6m do termo m6dio. O processo mesmo
do fracionamento implies a existencia de tais diferen as em certos corpos /
^
Assim , mais uma ve2 os fatos c a verdade se impuseiam k cienda
exata , obrigandoa a ampliar suas opinioes e a transferir-lhes os limites ,
que , ocultando a multiplicidade, reduziam esta a um s6 corpo
Elohim Setendrio e suas legioes, transformados em um Jeova

como os
por mate-
-
rialistas religiosos. * Substituam se os termos quimicos moldcula^, itomo ,
partfcula , etc ., pelas palavras Legioes , Mdnadas , Devas , etc. , e
- - >
poder se ia crer que se faz a deseti ao da gSnese dos I euses, da evolu ao
primordial das Formas manvantaricas ^inteiigentes. Mas o sabio conferencista
^
acrescenta a suas observances descritivas algo mais significativo ainda ; se
consciente ou inconscientemente, quem o sabe? Pois ele diz:
Ate recentemente atnda, esses corpos figuravam na list* dos corpos simples.
Tinham propriedades quitakas e flsicas definidas; tinham pesos at6micos reconheddos.
Se tomarmos uma solu ao pura dilulda de um desses corpos, o Itrio por exemplo, e
^ de amomaco concent!ado, obteremos um precipitado que
lhe addonarmos utn excesso
parece per/eitamente hompg neo, Mas, se, em ver disso, adicionarxnos amonkco
^
muito diluido, sd em quantidade suficiente para precipitar metade da base presente,
nao obteremos nenhum precipitado imediato. Se agitarmos tudo cuidadosamente, de
modo que se obtenha uma mistura uniforme da solu ao e do amonlaco, e deixarmos
^
o recipiente em repouso durante uma bora, evitando completamente a poeira , ainda

260
Escola do Grande Orients Mistico

teremos o liquido claro e transparent ^, sem vestlgio algum de opacidade . No encanto,


depots de tres ou quarto hofas se produziri uma opalescencia , e na rnanha seguinte
teri apareddo um precipitado. Agora perguntamos. que poJe significar esie feno-
meno? A quantidade do reativo ad icionado niio dava para precipitsr mais que meude
do itrio presente ; assim , durante algumas horas devc ter se verificado um processu
parecido ao da sele ao. Evtdcntcmcme a precipita ao rtao sc operuu ao acaso\ o que
^ ^
houve foi a decomposi ao daqudas moleculas da base que entravam cm cumato com
^
uena molecula correspondente dc amomaco, pois tivemos o cuidado de misturar hem os
Iiquidos, a fim de evitar que uma molecula do sal original pudesse ficar exposta a
decomposifao mais do que outra. Sc, alem disso, levarmos cm conta o tempo trans-
corrtdo antes de aparecer um precipitado, nao poderemos \ugtr a conclusao de que a
acuo produztda durante as pnmeiras boras tinba caratcr sdeiivo . O problem* nao
consiste em dcscobrir por que sc produz um precipitado, mas cm saber o que e que
determina ou impele certos atomos a sc depositarem e outros a percanecerem cm
solu ao. Entre a mulcidao de atomos presentes, qual c o poder que jaz cada atomo
^
escolber o seu caminho? Poderiantos representar- nos alguma jor a diretora passando
^
em re visla os Atomos, um por um, e escolbendo este para a precipitado e aquele para
a solufio, ate que todos tivessem o seu destino "

Os grifos sao nossos , Ao homem de ciencia e licito perguntar : Qual


e o poder que dirige cada atomo , e qual o significado de seu carater seletivo?
Os delstas resglveriam a questao respondendo; Deus ; mas com isso nada
teriam resolvido filo oHcamente. O Ocultismo responde em seu proprto
^
terreno pantefsta , e ensina ao estudante que sao Deuses, Monadas e Atomos ,
O sabio confereneista ve ali o que interessa principalmente: os sinais indi-
catives de um caminho que pode conduzir ao descobrimento e plena e
completa demonstraqao da existencia de um elemento homogeneo na Natu- ^
reza. Observa ele:
Para que semelhante selegao possa operar-sc, e evidente que deve haver algu-
mas Iigeiras diferen as entre as quais seja possivel escolher , sendo quase certo que
^
tais ciiferenvas hao de ser bas teas e tao pequenas que sc cornem imperceptiveis dentro
dos meios de experimentaqao ate agora conhccidos, mas suscedveis de set estimuladas
ate um ponto em que possam ser apreciadas pelos meios ordinarios . *

O Ocultismo, que conhece a existencia e a pre-


sent , na Natureza , do Elemento Eterno Unico,
em cuja primeira diferencia ao se implantam perk>
^
dicamente as raizes da Arvore da Vida , nao necessita
de provas cienttficas. Diz ele: A Sabedoria Antiga
resolveu o problema ha seculos. Sim , lei tor serio
ou sarcastico: a Ciencia se aproxima , lenta mas segu -
ramente , de nossos dommios do Oculto. Ve-se ela
obrigada por suas proprias descobertas a adotar ,
nolens volens , nossa fraseologia e nossos simbolos .
A Qu /mica foi agora compeJida , pela for a mesma
^
das drcunstancias, a aceitar ate a nossa explicable)
da evolubao dos Deuses e dos Atomos, tao significa -
tive e admiravelmente represemada no Cadoceu de
Mercurio, o Deus da Sabedoria, e na Hnguagem
alegorica dos Siibios Arcaicos. Eis o que diz um
Comentirio da Doutrina Esoterica:

261
Escola do Grande Oriente Mistico

O tronco do ASVATTHA ( a Arvore da Vida e do Ser , a VARA do Cadu


ceu ) nasce e desce em cada comedo ( em coda novo Monvantara ) das duas
-
asas escuras do Cisne ( HANSA ) da Vida. As duas Serpentes, o etemamente
vivo e sua ilusao ( Es pinto e Materia ) , cujas duas cabe gas procedem da cabega
entre as asas, descent ao longo do tronco, entrelagadas ttum estreito abrago.
As duas caudas juntam se na terra ( o Universo ntanifestado ) , formando uma
s6, e esta S a grande ilusao, 6 Lanuf

pelos gregos . O simbolo original



Todo mundo sabe o que e o Caduceu, consideravclmente modificado
com a triplice cabega da Serpente
sofreu uma alteragao, convertendo-se em uma vara com um remate, e sendo
separadas AS duas cabegas inferiores, o que de alguiu modo desfigurou o

significado primitive. Contudo, essa vara laya rodeada por duas serpentes
6 ainda uma boa ilustragao para o que estamos expondo. Em verdade, os
poderes maravilhosos do Caduceu mag ICQ for am cantados por todos os poe-
tas antigos, e isso com justa razao para aqueles que lhe compreendiam o
significado secreto.
Ora, que diz o douto Presidente da Sociedade de Quimica da Gra -
-Bretanha , naquela mesma conferencia , que possa ter alguma relaglo com a
nossa doutrina acima mendonada ? Mui pouca coisa ; s6 o que se segue,
e nada mais :
Na conferenda dc Birmingham , a que ja Hz referenda, pedi ao raeu auditdrio
que figurasse a agio de duas forgas sobre o protiio original : duas forgas, uma das quais
seria o tempo, acompanhada de uma baixa de temperarura , e a outra uma osdlagio
semelhante & de um poderoso pndulo, com ddos periddicos de fluxo e refluxo, de
repouso e atividade , achando-$e intimamente relacionado com a materia impondefivel,
ess6 ncia ou fonte de energin que chamamos eletriddade. Pois been: um sfmil como
este alcanga o seu objetivo se chega a fixat a meute sobre o fato particular que se
propde demonstrar; mas nao se deve esperar que se ajuste necessariamente a todos os
fatos. Al&n do abaixamento da temperature com o fluxo e o refluxo periddicos da
^
eletricidade, necessaries para conferir nos elementos rec m-nascidos a sua atomicidade
particular, 6 evidente que um terceiro fa tor deve ser levado em conta. A Naturesca
nao opera sobre uma superffcie plana ; requer espago para SUBS atividades cosmogenlcas.
E se intioduzirmos o espago como terceiro fator, tudo aparece daro. Em vez de um
p&ndulo, que, sendo at certo ponto um bom meio de comparagao, 6 na realidade
impossfvel, busquetnos um exemplo mais satisfatdrio para representar o que, a meu
ver , se deve ter passado . Suponhamos um diagrams em ziguezague que nao esteja
,

tragado sobre um piano, mas projetado no espago de tres ditnensoes. Que melhor
flgura poderfamos escolher, capaz de preencher todas as condigoes requeridas ? Muitos
fatos podem ser perfeitamente explicados, s upon dose que a projegao, no espago, da
curva em ziguezague do Professor Emerson Reynolds seja uma espiral. Esta figure.
6 , no eutanto, inadmisslvel, tanto mais que a curva deve passer duas vezes em cada
deb por um ponto neutro, quanto & eletricidade e d energia quimica. Curopre- nos,
portanto, adotar outra figuta , A curva em forma de oho ( 8 ), ou lemniscata, resu-
ra irl um ziguezague assim como urn espiral, e satisfaz todas as condigoes do problem*,

Uma lemniscata para a evolugao descendente, desde o Espirito at a


Materia; outra forma de espiral, talvez, para o caminho evolutivo ascen-
dente, desde a Matiria ao Espirito; e a necessiria reabsorgao gradual e final
no estado laya, aquilo que a Citecia chama , tm sua tertninologia, Mo ponto
neutro referente k eletricidade , ou o ponto zero. Tais sac os fatos e as

262
Escola do Grande Orients Mistico

afirma oes ocultas , Tudo isso vira a ser algum dia confirmado pela Cincia ;
assim ^esperamos e confiamos . Ou amos, pordm , algo mais acerca daquele
tipo genetico primordial do Caduceu ^ simbolico.
Semelhante figure resultari de trs movimentos simultiineos muito simples.
^ -
Prime, uma simples osdla ao para tras e para diante ( figuremos que seja de Este para
Oeste ) ; secundo , uma simples oscila ao em aogulos retos com a primeira ( suponha-
^
mos de Norte para o Sul ), reduzida a metade a dura ao periddica , ou seja, com uma
^
rapidez duas ve2es maior ; e tertio, um movimento em ingulos retos com aqueles dois
{ de cima para baixo, por exemplo ) , que em sua forma mais simples teria uma veloci-
-
dade uniforms. Se pro/ e tamos essa figura no espafo, observamos, ao exam ini la, que
as pontas das curvas em que se farmam o cloro, o bromo e o iodo se aproximam uma
de outra ; qUe o mesmo sucede com o enxofre, o selfcnto e o telurio; igualmente com
o fdsforo, o arsenico e o antimdnio, e de modo idntico com outras s&ies de corpos
-
analogos. Poder se-i pergumar se esta teoria explica por que e cocao aparecem os
elementos naquda ordem , hnoginemos um movimeoto de rracsJa o cfdico no csp& o,
^
em que cada evolu ao presidisse b genes c do grupo de elementos que anteriormente
^
representei como produzidos durante uma vibragao completa do p ndulo. Suponhamos
^
que se tenha assim cumprido um ciclo, e que o centro da for a criadora desconhecida,
primitives
- ^
em sua grande Jornada pclo espa o, semeasse ao Jongo do seu caminho os dtomos
^
as sememes, sc me permitem a expressao itomos que entao se juntariam
para convert er se nos grupo $ hoje conhetidos como o litio, o berllo, o boro, o carbono,
o nittogfcnio, o oxigfcnio, o fluor, o sddio, o magn&io, o aluinfaio, o silicic , o ffoforo,
.
o enxofre e o cloro Qual 6 , segundo todas as probabilidades, a forma do caminho
agora seguido? Se se limitasse estritamente ao mesmo piano de temperatura e de
tempo, os grupamentos elementais que apateceriam em seguida seriam abda os do
Jftio, e o ciclo primitive se repeteria eternamente, produzindo uma e outra vez os
mesmos 14 corpos simples. As condiedes, por&n, nao so mteiramente as mesmas.
O espa o e a eletriridade nao sof re ram alteragao ; mas a temperatuta se modificou, e
^
assim, em vez de serem refor ados os atomos de Ktio por & tomos anilogos em todos
^
os concertos, os grupos atomicos que aparecem quando prindpia o segundo dclo n2o
fotmam o lit JO, mas o pot ssio, seu desccndente em linha reta. Suponhamos, pois, que
^
a vis generatrix executa um movimento de varvdm em ciclos, sobre um caminho em

desce e o tempo se escoa



forma de lemniscata , como sugeri aerma , enquanto que simultaneamente a temperatura
varia oes que tenter representar no movimento para baixo
^
, ctuzando cada curva do caminho da lemniscata a mesma linha vertical em pontos
cada vez mais baixos. Projetada no espa o, a curva reveta uma linha central neutra no
^
que se refere & eletriddade e &s propriedades qucfrmcas: eletricidade positiva ao Norte,
negativa ao Sul. As atomicidades dominantes sao regidas pela distancia a Este e a
Oeste da linha central neutra , encontrando-se os elementos monoatomicos na primeira
.
unidade de distancia , os diatotnicos na segunda , e assim por diante Prcvalece a
mesma lei em cada uma das voltes succssivas.*'

E, como para demons trat a afirma ao da Gncia Oculta e da Filosofia


^ aspectos da Divindade Incognos-
hindu , de que , na hora do Pralaya , os dois
dvel o Cisne nas trevas

. Prakriti e Purusha , a Natureza ou Materia
( em todas as suas formas ) e o Espfrito , ] & nao subsistem , mas se acham
entao totalmente dissolvidos eis a opiniao cientffica conclusiva do grande
3

qulmico ingles , que coroa os seus argumentos dizendo :


' Indlcamos aqui a formafao dos elementos quimicos procedentes de nodes e de
vacuos em um fluido primicivo informe. Mostramos a possibilidade, mats ainda, a
probabilidade de que os atomos nao sejam eternos em sua existencia , senao que par
tilha , com todos os seres da cria ao, os atributos de decad nria e xnorte/
-
^ ^
263
Escola do Grande Orients Mistico

Amen, responded os ocultistas, para quern a possibilidade c a


ptobabilidade cientificas sao fatos demonstrados, que dispensam, por
inutil, outra prova ulterior ou alguma evidenda fisica extrinseca . Nao
obstante, repete o Ocultismo com a mesma seguran?a de sempre: A MATE
RIA E ETERNA, e s<5 periodicamente e que se faz atomic a ( seu aspecto ) .
-
Isso 6 tao certo quanto 6 ert6nea outra proposi So, tal como a fonnulam
^
os homens de ciencia , aceita pela quase unanimidade dos astronomos e dos
fisicos, a saber: que o corpo do TJniverso se consome gradualmente com o
uso e a deteriora ao, que por fim hao de conduzir a extin ao dos fogos
^
solares e i destrui ao do Universe, Haver, como sempre houve, no tempo ^
^
e na eternidade, dissolugoes periodicas do Universe manifest ado, como as

Pralaya Universal

-
o Maha Pralaya- -
que produzem os Pralayas parciais, depois de cada Dia de Brahma , e um
, que somente ocorre no fim de
cada Idade de Brahma. Mas as causas cientificas de semelhantes dissolu oes,
tais como as apresenta a Ciencia exata , nada tem a ver com as verdadeiras
causas. Seja como for, mais uma vez foi o Ocultismo confirmado pela Cien-
^
.
cia, pois diz o Sr Crookes:
Demonstramos, com argumentos recolhidos do laboratdrio quimico, que na
ria que passou por todas as ptovas de um corpo simples existed ligeirfssimos
tndt
^
matizes de diferenca que tornam admissfvel a selegao. Vimos que a distin ao tradi
^ -
donal entre corpos simples e compostos \A nao se concilia com o progress da ciencia
qufmica, devendo o criterio ser modificado a fim de que possa abranger um grande
numero de corpos intermedios, os meta-eIementos* \ Demon &tramos que as objegdes
de Clerfc-Maxwell, por tnais ponderiveis que sejam, podem ser contestadas; e, final
mente, expendemos razees que levam a cter que a materia primitiva foi formada pela
-
a ao de uma forca geradora , lan ando, a intervales de tempo, if tom os dot ados de
^ ^
quanddades variaveis de formas primitives de energia. Se nos for pefmitido a venturer
conjeturas quanto & origan da energia enterrada em um totno quimico, poderemos,
^
creio eu , supor que as radiates de calor que da materia ponderavel do Universo se
propagam externamente, atravds do eter, sao, por algum processo natural que aioda


desconhecetcos, transformadas nos confins do Universo em movimentos primirios
os essenciais dos tomos qulmicos, que, desde o momento de sua formafao, gravitam
para o centro, devolvendo assim ao Universo a energia que, de outio modo, estaria

para ele perdida, por efeito do calor radiantc. Se esta suposipio estiver bem fundada,
a chocante predigao de Sir Willi&ra Thomson quanto i decrepitude final do Universo,
em virtude do esgotamento de sua energia , cair por terra. E desta maneira, sentores,
que se pode, segundo penso, tratar provisoriamente a questao dos corpos simples. O
nosso escasso conhecimento ace tea destes primeiros mist rios vai-se ampliando de forma
metddica , ainda que Icntamente. ^
Por uma estranha e curiosa coincidencia, ate mesmo a nossa doutrina
setenria parece estar se impondo i Ciencia. Se bem compreendemos, a
Quimica fala de quatorze grupos de atomos primitives

o lftio, o berilo,
o boro, o carbono, o nitrogenio, axignio, o fluor , o sddio, o magn sio,
.
o alumlnio, o silicic, o fdsforo, o enxofre e o cloro; e o Sr Crookes, refe- ^
rindo-se is atomicidades dominantes , delas enumera sete grupos, pots diz:
A medida que o poderoso foco de energia criadora da a volta, vetno lo disse
minar, durante sucessivos ciclos, em uma regiao do espao, sementes de If do, potissio,
- -
rubfdio e c sio; em outra regiao, de cloro, bromo e iodo; em uma terceira, de sddio,
^
cobre, prata e ouro; em uma quarta , de enxofre, seJ&iio c telurio; em uma quinta,
de berilo, cikto, estrdncio e Wrio; em uma sexta, de magn sio, zinco, c dmio e mer
^ ^ -
264
Escola do Grande Orients Mistico

cuftO; e cm uma sdtima regiao, de f 6sforo, ars nico , antimorno e bismuto [o que per
^ .
fa2 $ete grupos pot uro Iado. E depois de mostrar ] .. cm outras regioes os detoais
-
elementos , a saber ; o aluminio, o galio , o mdio e o tallo; o silicio, o germanio e o
estanho; 0 rarbono, o titanio e o zirconio . . , [ acrescenta ] 6 encomrada uma posiglo

Professor Mondcleeff a uma espccie de Hospital de Incuraveis



natural perto do cixo neutro para os tres grupos de corpus 6imples relegados pelo
sua oitava famUia

Seria realmente interessante comparaf $ssas sete familias e a oitava


famllia de incuraveis com as alegorias concernentes aos sete filhos primi-
tivos da Mae, o Espa o Infinite ou Adiri, e ao oitavo filho por ela repu-
^
diado. Muitas coincidencias -
estranhas poderiam encontrar se entre esses
elos intermediirios . chamados metaelementos ou element 6id.es, e aqueles
,
que sao os seus Numenos para a Ciencia Oculta, os Espiritos e Reitores
inteligentes desses grupos de Monadas e Atomos. Mas isto nos levaria
demasiado longe, Contentenio-nos cm encoutrar a confissao de que
Esse desvio da homogeneidade absolute deveria marcar a constituigao de tais
mol culas ou agrupamentos de materia qua nomeamos como corpos simples, e tudo
^
ficaria mais claro, talvez, se nos transportdssetnos era pensamento a primeira aurora
do nosso Universo material, e, face a face com o Grande Segredo, tratissemos de exa
minar o ptocesso da evolugao demental.
-
Assim, a Ciencia , na pessoa de um de seus mais autornados represen-
tantes, finalmente adota, para se fazer compreender melhor dos profanes,
a maneira de falar de antigos Adeptos, como Rogerio Bacon, e tegressa ao
.
protilo Tudo isso da esperanga e constitui um significative sinal dos
tempos'* .
A verdade e que tais sinais sao numerosos e se multiplicam diaria-
mente; mas nenhum deles 6 mais importante que os j& citados. Porque
agora se construiu uma ponte sobre o abismo que separava as doutrinas
ocultas, superstidosas e anticientlficas , dos ensinamentos da Ciencia exa
ta ; e um, pelo menos, entre os poucos quimicos eminentes de nossos dias,
-
vem de penetrar nos dominios das infinitas possibilidades de Ocultismo.
Cada novo passo que ele der para a frente se aproximarrf , cada vez mais,
daquele misterioso centro, de onde se irradiam os inumeriveis caminhos
que conduzem o Espfrito para a Materia, e que transformant os Deuses e
as Monadas vivente no homem e na Natureza senciente.
Temos, porem, algo mais que dizer em relagao a este assunto, e e o que
faremos na Secao seguinte.

26?
Escola do Grande Oriente Mistico

SEfAO IX
A FORgA FUTURA

Suas possibilidades e impossibilidades


,,
DIREMOS que For a e Materia agitada ou Materia em Inovimento
^
e uma manifestable da Energia , ou que Matdria e Forga sao os aspectos
fenomenais diferenciados da Substancia Cosmica prim&ia e nao-diferenciada ?
Esta questao e relacionada com a Estancia que trata de FOHAT e seus
Sete
tricidade Cosmica. Em linguagem oculta, os Irmaos ou Filbos sao as sete
-
Irmaos ou Filhos ; em outras palavras, da causa e dos efeitos da Ele

formas prim rias da Eletricidade, cujos efeitos puramente fenomenais, e


^
portanto os mais grosseiros, sao os unicos que os fisicos eonheccm no piano
cdsmico, e sobretudo no piano terrestre . Tais efeitos compreendem , entre
outras coisas, o Som, a Luz, a Cor , etc. Ora, que nos diz a Ciencia Ftsica
a respeito destas Formas ? O SOM, di2 ela , uma sensa ao produzida pelo
^
contato das moleculas atmosfericas com o timpano, o que provoca certas
trepida oes delicadas no aparelho auditivo e assim comunica as vibra oes
^
daquelas moleculas ao cerebro. A LUZ 6 a sensa ao causada pelo contato,^
^
com a retina, de vibragoes do 6 ttt inconcebivelmeme minusculas.
E o que tamb&n dizemos, Mas estes sao simplesmente os efeitos pro
duzidos em nossa atmosfera e nos meios imediatos; na realidade, em tudo
-
o que se acha no campo de nossa conscincia terrestre. Jupiter Pluvius deu
o seu slmbolo em gotas de chuva , em gotas de agua, composta, conforme
se admite, de dois corpos simples'*, que a Qulmica separa e combina nova
men te. As moleculas compostas estao sob o seu domlnio, mas os atomos
-
ainda lbe escapam. O Ocultismo ve em todas estas Formas e manifesta oes
uma escada cujos degraus inferiores pertencem a FIsica exoterica, e os ^
superiores conduzem a um Poder vivo, inteligente e invislvel, que 6 > por
via de regra, a causa indiferente, ainda que excepcionalmente consciente,
dos fendmenos que impressionam os sentidos e que se atribuem Ss leis da
Natureza.
N6s dizemos e reafirmamos que o SOM, por exemplo, 6 uma terrivel
for$a oculta; uma for a tremenda , cuja potencialidade menor, quando mane-
^
jada como conbecimento do Oculto, nao poderia ser detida pela eletricidade
gerada por um milhao de Niagaras. possfvel produzir um som de tal

266
Escola do Grande Oriente Mistico

natureza que scria capaz de erguer nos ares a piramide de Cheops, ou de


-
fazer reviver um moribundo, restituindo lhe o vigor e a energia , e art urn
homem que houvesse exalado o seu ultimo alento,
*

Porque o som engendra, ou melhor, aglutina os elementos que produ-


zem o ozdnio , cuja fabrica ao transcende as faculdades da Quimica, estando,
^
porem, dentro da esfera da Alquimia. Pode ate ressuscitar um homem ou
um animal cujo "corpo vital'" astral nao esteja ainda iireparavelmente sepa-
rado de seu corpo fisico pela ruptura do cordao 6dico ou magnetico. Por
haver sido salva, tres vezes da morte > em virtude daquela for a, e natural
que se julguc at autora pessoalmente conhecedora de algo a esse^ respeito.
E se tudo isso parece demasiado anticientifico , para ser levado em
considerable, que explique a Ciencia a que leis mecanicas e fisicas , dentre
as por ela conhecidas, se devem os recentes fenbmenos produzidos pelo
.
chamado motor Keely Que e o que atua como formidavel gerador de
for a invisivel, mas tremenda, que nao somente se mostrou capaz de p6r
em^ movimento uma maquina de 25 cavalos , como foi empregada ainda para
levantar a prdpria maquina ? E, no entanto, tudo isso se obtdm s6 com
passar um arco de violino por um diapasao , conforme ficou provado inume
ras vezes. Porque a Forga Etrea descoberta por John Worrell Keely, de
-
Filadelfia , bast ante conhecido na America e na Europa , nao 6 uma alucinaqao .
Conquanto nao fosse ele bem sucedido em seus esforsos para utiliza la
rev s este prognostic a do e afirmado desde o comedo por alguns ocultistas
os fendmenos apresentados pelo inventor nestes ultirnos anos tem sido
surpreendentes, quase milagrosos nao no sentido do sobrenaturais 1, mas
}

-
no de sobre-humanos. Se a Keely fosse permitido faze lo, poderia ele redu-
zir a atomos todo um ex rcito no espago de alguns segundos, tao facilmente
^
como reduziu aquele estado o corpo de um boi morto.
Pedimos agora ao leitor que dispense sdria atengao a esta for a recem
-descoberta , & qual o seu inventor deu o nome de Forqa ou Formas Intere- ^ -
tericas.
Segundo a humiide opiniao dos ocultistas, e a de seus amigos mtimos ,
Keely estava e esta ainda no limiar de um dos maiores segtedos do Universo ;
daquele, principalmente, sobre o qual repousa todo o mistrio das Formas
1sicas e o significado esoterico do simbolismo do Ovo do Mundo , A
Filosofia Oculta, considerando o Cosmos, manifestado e nao manifestado,
como ufna UNIDADE, simboliza o conceito ideal do primeiro em um "Ovo
-
( 1 ) A palavra sobrenaiur&l quer dizer acima ou fora da Natureza . A Natu- I
reza e o Espa o sao a mesma coisa Ora, para o metafisico, o Espa o existe fora de !
^ *

^
todo ato de sensa ao, sendo uma representa?ao puramente subjetiva , apesar da oposigao
t

^
do Materialism, que desejaria associa-lo necessariamente a uma sensa ao qualquer ,
^
Para os nossos sentldos, o Espafo e realmente subjetivo quando considered independen-
temente de seu conteudo. Como, pois, e possfvel que um fenomeno, ou seja que outra i
coisa for, se produza fora ou alem daquilo que nao tem limites ? Ainda quanto a
extensao do espa o se converts em me to conceito, e seja considerada como uma id ia
^
rdacionada com certas agoes, como pensam os materiaUstas e os ftsicos , nem assim
i

cabe a estes o direito de definir e afiirnat o que pode ou oao pode ser produzido por
formas geradas dentro ainda de espagos limitados, visto que nao- fazem eles nenhuma
id ia, sequer aproximada , do que sao essas Formas,
i
^
267
Escola do Grande Orients Mistico

de Ouro com seus dois p61os. O polo positive c o que atua no mundo
manifestado da Materia , ao passo que o j>51o negativo se perde no incognos-
dvel Absoluto de SAT a Asseidade 2. Nao podemos dizer se isso esti de
acordo com a filosofia do Sr Keely , o que alias nao tem muita impott&ncia
,

no caso . Contudo , suas ideias acerca da constru ao eteromaterial do Uni-


^
verso se aproximam estranhamente das nossas, e neste particular sao quase
identicas . Eis o que se le em um interessante folheto escrito pela Sra . Bloom-
field-Moore , dama norte- americana de eabedal e posfcao, cujos esforqos inces-
sant es em prol da verdade nunca serao louvados em demasia :

O Sr Keely assim explica o funcionamento de sua maquina: Ao secern proje-


*

tadas as mlquraas ate hoje construfcfo, nunca se encontrou o rneio de produzir um centro
neutro. Se se houvesse conseguido, teriam cbegado ao fim as dificuldades daqueles
que procucam o movimento continue , e este problema passaria a sex coisa resolvida.
So haverte necessidade do impulso initial de algumas libras sobre tal mecanismo para
- ^
faze lo funrionar durante s culos. No projeto de minha mdquina vibratdria nao cogitei
de obter o movimento contlnuo ; mas se forma um circuito que tem realmente um
centro neutro, o qual pode ser vivificado pelo meu 6ter vibrattfrio e, uma vez sob a
aco desta substantia , passa a ser uma miquina virtualmente independente da massa
( ou globe ) 3, c isto devido a velotidadc assombrosa do circuito vibratdrio , Entrc-
tanto, apesar de toda a sua perfei ao , necessita a miquina de ser alimentada com 6ter
^
vibratdrio para constituir um motor independence . . . Todas as construgocs requerem
funda ocs com uma resist ncia proporcional ao peso da massa que devem suportar,
^
mas as fundagoes do Universo assentam era um ponto do vacuo infinitamente menor
que uma mol&ula ; era uma palavra, e para expressar com exatidao esta verdade, em
um ponto interet&nco, que s6 uma mente infinita 6 capaz de corapreendet. Sondar
as profundezas de um centro etdrico e exatamente o raesmo que buscar os conflns
do vasto espa o do dter dos c u$, com a diferen a de que um o campo pOBttivo,
^
e o outro 6 o campo negativo. ^
Esta d precisamente , como e f cil ver, a Doutrina Oriental . Q ponto
intereterico do Sr. Keely 6 o ponto laya dos ocultistas; todavia , n5o e
necessaria 'uma mente infinita para compreende-lo', bastatido apenas uma
4

intui ao e utna habilidade especial para descobrir o lug at em que se oculta


^
neste Mundo de Matdria . Nao se pode , e certo, produzir um centro <laya ,
(

mas sim um vazio intereterico , conforme se tem comprovado com a produ-


ce de sons de campainba no espaqo. O Sr. Keely fala , no entanto, como um
ocultista inconsciente , quando expoe a sua teoria da suspensao planetaria :
No que respeita ao volume dos planetas, perguntariamos, de um ponto de vista
cientlfico, como pode existLr a imensa diferenga de volume dos planetss sem prejufzo
da a$ao harmonica que os caracteriza ? Nao posso responder com propriedade a esta
pergunta senao procedendo a uma analise progressiva , a partir dos centros ettiricos
rotativos que foram fix ados pelo Criador 4 com o seu poder de atragao ou acumula ao .
Se me perguntarem qual e o poder que confere a cad a 3tomo ettiLco a sua inconce ^ -
( 2 ) Nao e correto, quando se fala de Idealismo, apresent Io como baseado na
^
antiga proposi ao ontoldgica segundo a qual as coisas existem independentemente UIMS
^
das outras , e nao como simples termos de relacao" ( Stallo ) . Em todo caso, e incorreto
dizer isso do Idealismo da Filosofia Oriental e de seu conhecimento, porque e justa *

mente o contrario .
( 3 ) Independents em certo sentido; mas nao sem conexao com ela .
( 4 ) Por Fobat , mais provavelmente responderia um ocultista .
268
Escola do Grande Orients Mistico

blvel velocidade de rot&gao ( ou inicial ) , responderci que nao hi mente finita capaz de
o untender. A filosofia da acumulagao c a dnica prova dc que aemelbante poder ( ol
.
conferido A rea dc um desses ieotnos, se assim me posso exprimir, apresenta a
^
forga atrativa ou magn tica, cletiva ou propulsora , toda a forga receptiva e toda a forga
^
antagdnica que caracterizam um planeta da maior dimcnsao; c assim, continuando a
acumukgao, permatiece perfeita a equagao. Uma vez fixado este centro dimimito, a
-
forga que seria necessiria para desvii Io de sua posigao teria que set de potencia tama
nha como a que fosse capaz de deslocar o maior dos planetas existentes. Quando
*

-
esce centra atdmlco neutro varia de Iugar, deve o plan eta segui fo O centro neutro
leva consigo a plena carga de toda e quaJquer acumulagio desde o ponto de partida,
permanecendo o mesmo, em pcrpetuo equillbrio no espago eterno.

O Sr. Keely esclarece a sua id&a de um "centro neutro"' com o seguinte


exemplo:
Vamos supor que, ap6s a acumulagao de um planeta de um di&metro qual
quer, por exemplo, de 20 000 milhas, aproximadamente, pois o tamanho nao tem
-
tn lun.ck no case, vamos supor, dizfamos, que se verifique? um deslocamento de toda
a materia, com excegao dc uma crosta de 5 000 milhas de espessura, deixando um
.
vazio entre da e um centro do tamanho de uma bola de bilhar comum Seria pteciso,
para mover esta pequena massa central, um poder tao grande como o que fosse
neccssario para deslocar aquela crosta de 5 000 milhas de espessura. Ademais , a
pequena massa central arrastaria consigo sernpre o peso da crosta , mantendo- a eqiiidis
tante, e nao haveria nenhuma forga contraria, por maior que fosse, que pudesse juntar
-
.
uma e outra A imaginagao se perturba ao considerar a imensa carga suportada por
este ponto central, onde o peso cessa . . . E isto o que entendemos por um centro
neutro .
E e o que os ocultistas denominam um centro laya ' \
Murta gente afirma que tudo isso e anticientffico. Mas o mesmo sucede
com tudo o que nao foi sancionado ou estatmdo pelas vias estritamente
ortodoxas da Cincia flsica . A menos que seja aceita a explicagao oferecida
pelo proprio inventor, que pode responder a Ciencia no tocante a fatos ja
presenciados, e que ja ninguem podera negar ? Em quanto a n6s, como
aquela explicagao 6 completamente ortodoxa, do ponto- de vista Espiiitual e
Oculto, ainda que nao o seja do ponto de vista da Ciencia materialists
-
especulativa, soi disant exata , n6s a adotamos neste caso particular.
A Filosofia Oculta nao divulga senao um pequeno numero de seus -
mist rios vitais mais importantes. Deixa- os cair, um por um, quais prolas
^
preciosas, a grandes intervalos; e so o faz, assim mesmo, quando a tal se
v compelida pela corrente evolutiva que conduz a humanidade, lentamente,
silenciosamente, mas sem interrupgao, para a aurora da Sexta Raga Humana.
Porque, uma vez fora da. custddia feel de seus legitimos herdeiros e guardfaes,
tais misterios deixam de ser ocultos, caem no dominio publico e correm
muita vez o risco, de se converterem mais em maleficios do que em bene-
ficios, se em maos dos egoistas, dos Cains da raga humana . Apesar disso,
quando surgem individuos como o descobridor da Forga Et rica , homens
dotados de faculdade^ especiais, psiquicas e mentais 5, sao ties em geral ^
e mais frequentemente coadjuvados, nao se consentindo que sigam as tontas

( 51 A razao de tais facutdades psiquicas sera exposta mais adiante.

269
Escola do Grande Oriente Mistico

o seu caminho ; se abandonados hs prbprns formas , nao tardariam a findar


no martirio ou a tornar-se vtamas de especuladores sem escrupulos Mas .
somente sao ajudados sob a condigao de que nao representem , consciente
ou inconscientemente, um novo perigo para a sua dpoca : um perigo para os
pobresy oferecidos diariamente em holocausto pelos menos ricos aos mais
ricos 6. Isto exige uma breve digtessao e um esclarecimento.
Ha uns doze anos, quando se realizava a Exposigao do Centenario de
Filaddfia, a autora do presente livro, respondendo a insistentes perguntas
.
de um tecSsofo, que era um dos principals admiradores do Sr Keely, repro-
-
duziu lhe as informagdes que ouvira de uma fonte que ela considerava estre
me de qualquer duvida .
-
Fora-lhe dito que o inventor do Automotor era o que em linguagem
cabalista se chama um mago de nascen a. Que ele ignorava e continuaria
^
ignorando todo o alcance de seus poderes, e nao utilizaria senao os que havia
descoberto e vetificado em sua prdpria natureza
primo, porque lhes
atribma uma origem erronea , e por isso nao podia desenvolvS-los totalmente;
secundo , porque nao possufa a faculdade de comunicar a outrem o que era
so uma capacidade inerente a sua propria natureza especial. E assim nao
poderia transferir a ningu m o segredo de modo permanente, para uses
praticos v. ^
Nao sao raros os individuos que v m ao mundo com faculdades seme-
lhantes. Se nao ouvimos falar neles com mais freqiiencia, e porque, em
quase todos os casos, vivem e morrem na mais completa ignoranck das
faculdades anormais que possuem . O . Sr. Keely e dotado de poderes que se
qualificam de anormais precisamente porque sao tao pouco conhecidos em
nossos dias como o era, antes da epoca de Harvey, a cireulagao do sangue.
Este existia e se eomportava , no primeiro homem nascido de mulher, do
mesmo modo que hoje; e, identicamente, existe e sempre existiu no homem
aquele principio que pode dominar e guiar a Forga et rica vibratdria. Existe,
^
pelo menos, em todo mortal cujo Eu interno esta, desde o inicio, em raiao
de sua descendSncia direta, relacionado com aquele Grupo de Dby&n Cbohans,
chamados os primogenitos do /Ether . A Esp cie humana, considerada
-
^
do ponto de vista psiquico, estd dividida em varios grupos, cada um dos
quais relacionado com um dos Grupos Dhyanicos que formaram, no prin -
ciple, o homem psiquico ( vejam -se os paragrafos 1, 2, 3, 4 e 5 do Comen -
(6) As linhfts acima foratn escrit &s em 1886, quando as esperaegas de &dto
do motor Keely estavara em seu apogeu . O que a autora entao escreveu corresponds,
textualmeute, a verdade; e agora cabe apenas acrescentar aJgumas observances quanto
ao insucesso das esperan as de Keely , insucesso que hoje p prdprio Inventor reconhece
^ .
-
Contudo, embora se use aqui a palavra insucesso , deve o leitor entend la em um sem
tido relativo, por isso que, conforme explica a Sra. Bloomfield-Moore: O que
" O Sr.
Keely admite e que, nao tendo conseguido a aplica o da forga vibratdria & mec &nica ,
^
em suas duas primeiras tentativas de investigagao experimental, se via obrlgado a
confessar inn insucesso comerdal , ou a fazer uma terceira tentativa, em que, partindo
do principio ou da base, buscaria o xito por outro caminho. E este "caminho
se encontra no piano ftsico.
( 7 ) Dizem que estas observances nao se aplicam ultima descoberta do Sr.
Keely. S6 o tempo poder deddir quanto ao limite exato de suas experi ncias.
^ ^
270
Escola do Grande Oriente Mistico

t rio k Estincia VII ) , O Sr . Keely ( muito favoreddo neste particular, e


que, alm de seu temperamento psfquico, e um gnio em meclnica ) p6de
obter os mais surpreendentes result ados. E os obteve, decerto, cm escala
maior que outro qualquer mortal do nosso tempo , nao iniciado nos Mistirios
finals . O que realizou , conforms dizem com razao os seus amigos , 6 sufi-
ciente para demolir com o mattelo da Ciencia os idolos cientificos , os
idolos de materia com pes de barro. Quern escreve estas linhas nao tem
como contradizer, no nunimo que fosse, a Sra. Bloomfxeld-Moore , quando,
em seu opusculo A For$a Pslquica e a For a Etdrica , declara que o Sr.
Keely, como filosofo, ^
Tem uma alma bastante grande, um espfrito bastante esdarecido e um animo
bastante elevado para sobrepor-se a todas as dificuldades, e aparecer perante o mundo
como o maior dos descobridores e inventory

E quando tamb m diz que


^
O Sr. Keely granjemria fama imortal ainda quese limitasse a guiar os humus
de ciencia desde as regioes desoladas em que tateiam at o campo aberto da for a
elemental, onde a coesao e a gravidade sao surpreendldas em seus recantos e convo ^-
cadas para o uso; onde a unidade de origem fa ^ brotar a energia infinita sob variadas
formas. Se ele demonstrasse, em detritnento do matemlismo, que o Universo esti
animado por um pringfpio misterioso, ao qual a materia, ainda a mais perfeitamente
organizada , se acba submetida de um modo absoluto, setia um benfeitor espiritual de
nossa ra a, maior do que qualquer outro porventura conbecido no mundo moderno.
^
Se ele chegasse a conseguir que, no tratamento das enfermidades, as formas mais sutis
da Natureza substituissem os agentes material e grosseiros, que tem levado ao turoulo
mais seres humanos que a guerra, a peste e a fome combinadas , tornat Se-ia credor da
'

gratidao de toda a humanidade. Far tudo isso, e mais ainda , se ele e os que hi
anos lhe vem acompanhando os progressos nao levarem demasiado longe as suas espe-
ran$as.

A mesma Senhora , em seu folheto Keely s Secrets * , dta o seguinte


paragrafo de um artigo que a autora desta obra escreveu em The Theo-
sophist , hi alguns anos :
O autor do caderno n. 5, What is Matter and What is Farce, da serie editada
pela Sodedade de Publicafoes Teosoficas, ali declara que: Os cientistas acabam de
descobrir um quarto estado da materia; os ocultistas, porem, desde hi muito que ] i
toram alm do sexto, e, portanto, nao e por dedugao que sabem da existencia do
s timo e ultimo, mas em virtude de conhecimento diceto , Este conhecimento inclui
o^ charaado segredo complexo de Keely , Muitas pessoas ja sabem que tal segredo
.

consiste no aumento da energia , no isolamemo do ter e na adaptagao da forga


dtnasf rica i medfaucft.
^
Precisamente parque a descoberta de Keely conduziria ao conhed-
mento de um dos mais ocultos segredos, de um segredo que jamais se permit
tira venha a cair em poder das massas , cr em os ocultistas que nao vingarao
^
os seus esfor os para levar o invento ate o seu desfecho ldgico. Voltaremos,
^
porem , a falar sobre isso. Nao obstante , tal descoberta , mesmo dentio de
suas limita oes , pode ser de maxima utilidade, pois :
^
(8) . .
Theosophical Siftings , vol. 1, ndmero 9, p 13

271
Escola do Grande Orients Mistico

Passo a passo, com pactencia e petsevejranga, que um dia o mundo hi de


homermgear, este hotnem perseguiu o sen objetivo , vencendo as imensas difieuldades
que se anrepunbai no camlnho de suas invesrigagdes e que parecisw set ( para todo
mundo, me nos para ele ) barreiras intransponfveis a vedarem todo progresso ulterior .
Mas nunca o dedo do destine assinalou de modo tao expressive a hoxa proplda para
o advenco da nova forga que a humanidade espera . A Natureza, serapre refratiria k
enttega de seus segredos, da ouvidos is reclamardes do seu senhor, a necessidade. As
minas de carvao nao poder ao satisfazer por muito tempo os pedidos, sempre crescentes,
que lhes sao feitos. O vapor chegou ao ultimo limite de sua pot nda , e ja nao cones-
.
ponde is exigenci &s da epoca. Sabe que os seus diaa estao contados A eletricidade
permanece estacionana, detido o seu impulso, esperando a aproximagao de sua compa-
nheira , As naves a reas estao, por assira dizer , ancoradas , aguarcUodo a forga que
^
hi de converter a navegagao a rea em algo raais do que um sonho. Os habkantes dos
^
diversos continentes falarao uns com os outros atrav6s dos oceanos com a mesma faci -
Jidade com que os homens hoje se com unicam de seus escritdrios com suas casas por
meio do telefone. A imaginagao como que fica em suspenso ao tentar prever as conse-
quncias desta grande e maravilhosa descoberta, quando aplicada &s artes e k medtaica .
Ao ocupar o trono que o vapor se veri obrigado a deixar, a forga dinasferica hi de
governor o muado com um poder de taJ magnitude, em beneffdo da civilizagao, que
-
nao ha mente finita capaz de prefigurer lhe os resultados , Diz Laurence Oliphant em
seu prefido a Scientific Religion: Uma nova moral principia a despontar sobre a
raga humana , que certamente dela muito necessita \ Essa nova moral nao poderia de
modo afgum ser inaugurada em termos mais amplos e universa is do que utitizando a
forga dinasferica em beneffcio das necessidades da vida ,

Os ocuJtistas juntam-se de bom grado k eloquent^ escricora no admirir


todas essas coisas . A vibtagao molecular , sem duvida , o legftima campo
de investigates de Keely , e as descobertas que fez trarao resultados mara-
vilhosos , ainda que somente em suas maos e por seu prdprio intermddio.
O mutido nao obtera senSo aquilo que lhe pode ser confiado sem perigo ,
A verdade deste asserto talvez ainda nao haja tocado o prdprio descobridor ,
que escreve estar absolutamente seguro de que realizara tudo o que pro *

meteu, transmitindo entao ao mundo o seu invento ; mas essa verdade lhe
sal tar a aos olhos dentro em pouco tempo. Vemos uma boa prova disso
no que ele expoe a respeito de sua obra:
uQuem examinar a minha raaquina , se quiser ter uma no ao, mesmo aptoxi
- ^
mada, do seu modus operandiy deveri descartar-sc de toda td&ia de tn& quinas que fun
*

cionam em virtude do principio de pressdo e aspi/ a ao, pela expans&o do vapor ou


^
oulro g(i% an&logo que se choque contra uma resistenciat ial como o pistao de uma
mdquina a vapor. Minba miquina nao admite pistao nem excentricos, c nao existe
a minima pressao exercida sobre o mecanismo, qualquer que seja o seu tamanho ou
capacidade Meu $htemay em todas as suas partes e mimicias, assim no desertvol~
vimento da potencia como em suas diversas aplicagoes, estd baseado na vibraqao simpd
tica , E>e nenhum outro modo seria possfvel despertar e desen volver a forga, e igual
-
-
mente impossfvel seria que a minha maquina funcionasse de acordo com algum outro
prinefpio . . . Af esti o verdadeiro sistema, e eis porque rodas as minhas opera oes
-
devem encaminhar se ncsse sentido ; vale dizer que a minha forga sera getada, a ^
minha maquina posta em funcionamcnto e o meu canhao em atividade, por tneio de
um fio condutor. S6 depots de virios anos de incessante labor, e de experiendas
quase inumeraveis, que me obrigaram 2 construgao de muitos aparelhos espedais; so
depois de investigar e estudar minuciosamente as propriedades fenomenais da subst n*
eta "et&ea * produzida per set 6 que eu pude chegar a prescindit de mecanismo compli ^ *

(9) Ibid ., pp. 16-17 .

272
Escola do Grande Orients Mistico

eados, e a obter , como presume* haver obtido , dontinio sobre a for$a sutil e estranha
que estou manejando.

Os pontos grifadD& por nds sao os que se relacionam diretamente com


o lado oculto da aplicagao da Forfa vibrat6ria , que o Sr , Keely chama
vibrafao simpatica . O fato condutor 6 j& um passo retrdgrado, do
piano puramente Eterico ao piano Terrestre. O inventor conseguiu realgar
maravilhas { a palavra milagre nao 6 bastante expressiva ) quando operava
56 por meio da Forfa intereterica, o quinto e o sexto prindpios do Akasha .
Tcndo comefado com um gerador de seis p&s de comprimento, passou depois
a usar um do tamanho dos antigos relogios de prata , fato que por si so
representa um milagre de gSnio mec&nico , mas nao de gnio spiritual.
Conforme disse muito bem sua grande defensora, a Sra . Bloomfield ^ Moore: -
<
rOs dois generos de forga que empregou em suas experiences , e os en6menos
que daf resultaram , sao, cada um , a antftese do outro.

Uma das forgas era por ele mesmo gerado , e operava por seu intermedio.
Outra pessoa que repetisse o que ele fazia nao produziria o mesmo resul-
tado. O que funcionava era, em verdade, o fiter de Keely; o liter de
Smith ou de Brown nao surtiria nenhum efeito . Porque a dificuldade de
Keely, atd agora, consistin em construir uma mquina capaz de desenvolver
e de regular a forfa sem a intervenfao da vontade ou influencia pessoal
do operador, seja consciente ou inconscientemente. Este foi o ponto em que
se malogrou o seu intento; a utiltzafao da maquina por outrem ; ningu m
senao ele podia faze-la funcionar. Do ponto de vista oculto foi? por&n, ^
um resultado muito mais importante que o sucesso por ele esperado com
o seu fio condutor ; sucede, no entanto , que jamais se permitird que resul
tados obtidos com a Forfa Eterica ou Astral ptocedente do quinto e do sexto
-
prindpios tenkam aplicaqao a fins mereantis. A seguinte declarafao de uma
personalidade que conhece intimamente o Sr , Keely prova que o organismo
deste se acha diretamente relacionado com a produgao de seus maravilhosos
resultados:
' Em certa ocasiao os adorn stas da Keely Motor Company puseram em suas ofi-
clnas um homem com o expresso objetivo de descobrir o segredo. Apds seis meses de
cuidadosa observagao, disse ele um dia ao Sr, J , W. Keely ; Sei agora como se procede'.
Ha vi am os dois acabado de montar uma tn quim , e Keely entao mane java a chave que
^
servia para fazer passar ou inter romper a forga, 'Pois experimented respondeu ele.
O homem deu volta & chave, c nada aconteceu , Mostte-me de novo como se faz, disse
o homem a Keely. Este asseat iu , e a mdquina funcionou imediatameote , O outro
repetiu a tentaciva , mas sem xito. Entao Keely Jhe p6s a mao sobte o ombro, e o
coavidou a experimental* mais uma vez. Ele o fez, e o efeito foi a produgao instantanea
da corrente.

O faro , se verdadeiro, encerra a questao.


-
Dizem nos que o Sr. Keely define a eletricidade como uma forma par-
ticular de vibrafao atomica . Est certo, mas 6 a eletricidade no piano
terrestre e por meio de correl goes terrestres , Keely calcula as vibrafoes :
^
( 10 ) Ibid . , p. 18.

27 }
Escola do Grande Oriente Mistico

moleculares em 100.000 000 . per segundo


in ter moleculares 300.000 , 000 "
at&micas 900.000 , 000
interatdmica 2.700 . 000.000
etericas 8 , 100.000 , 000
interetericas 24 , 300.000 000 . "

Isro prova a nossa afirmativa. Nao hi vibragoes que possam ser con-
tadas , nem sequer estimadas aproximadamente, alem do reino do quarto
Filho de Fohat , para nos servirmos de uma expressao oculta, ou seja, al m
daquele movimento que corresponde a fermagao da materia radiante do Sr.
Crookes, que ha alguns anos se ebamou, com certa simplicidade, o quarto
estado da materia neste nosso piano.
Se se perguntar por que nao foi permitido a Keely ir aldm de deter -
minado limite, seri ficil a resposta: porque a sua descoberta , alias incons-
ciente, e a terrivel Forga sideral conhecida pelos Atlantes, que a chamaram
Mash-mak , e a qual os Rishis arianos dao, em seu Astra Vidya, um nome
.
que nao desejamos divulgar o Vril da R/i$a Futura de Bulwer Lytton e
das futuras Ragas de nossa humanidade . O nome Vril pode ser uma fiegao;
mas a Forga em si e um fato que na India nao se poe em duvida, como
nao se duvida da existencia dos Rishis, em face das referSncias contidas em
todos os livros secretos.
Essa Forga vibratdria aquek que, dirigida de um Agniratha 11, mon
tado em um barco voador ou em um balao, segundo as instrugoes que se
-
encontram no Astra Vidy, poderia reduzir a cinzas um exercito de 100.000
ho mens com os seus elef antes, com a mesma fadlidade com que o faria a
um rato morto. No Visbnu- Purdna, no R&m&yana e em outras escrituras
-
se menciona alegoricamente a mesma Forga , na fabula que se refere ao sabio
Kapila , cujo olhar converteu em um monte de cinzas os 60.000 filbos do
Rei Sagara , e se encontra explicada nos Livros Esot ricos, que aludem a
ela com o nome de Kapilaksha , o Olho de Kapila.
E haveria de permitir-se que as nossas geragoes acrescentassem esta
Forga SatSnica i colegao de brinquedos anarquistas conhecidos pelos nomes
de relogio mecanico de melanita, laranjas explosivas, cestas de flores' 7 e
outros apelativos semelhantes ? Deveria essa Forga tornar- se propriedade
comum de todos os homens, indis tint amen te, essa Forga que, uma vez em
maos de algum Atila moderno, algum anarquista sedento de sangue , redu-
ziria a Europa em poucos dias a seu estado cadtico primitivo, sem deixar
um s6 homem vivo para conli lo? -
O que o Sr. Keely realizou ja e extremamente grande e maravilhoso;
tern ele, com a demonstragao de seu sistema , uma tarefa suficiente para
abater o orgulho daqueles materialistas dentlficos, revelando mistdrios que
se encontram aldm do mundo da materia , sem precisar, nolens volens, de

274
( 11 ) De Agni
fogo e ratha = caffo.
Escola do Grande Orients Mistico

os revelar a todo o raundo . Os psiquicos e os espiritistas, das quais um


grande ntftnero se corn a nos exercitos europeus, seriam os primeiros, com
certeza , a experimenter pessoalmente os frutos da revela ao de tais miste-
^
rios. Milbares deles nao tardariam em estar no meio do JSter azul , fazen -
-
do lhes companhia talvez os habitantes de regi6es inteiras, se tal for a viesse
a ser totahnente descoberta > e assim que se tornasse publicamente conhecida . ^
-
A revelapao integral 6 demasiado prematura, e ter se-ia antecipado milhares
de anos ou mesmo algumas centenas de miletiios. Somente se fartf oportuna
quando houver refluldo a grande e tempestuosa onda de fome, misdria e
trabalho mal retribuido, como devera suceder quando forem satisfeitos os
justos reclamos das multidoes; quando o proletariado nao existir senao
como um nome, e se houver extinguido o pungente clamor dos que neces-
sitam de pao, clamor que at hoje ressoa, sem ser ouvido, pelos quatro
cantos do mundo. Esse advento pode ser apressado pela difusao da educa-
q&o e por novas facilidades para o trabalho e a emigra ao, com perspectivas
^
tnais amplas que as existentes atualmente, e em um novo continents que
pode surgir. S6 entao a forqa e o motor de Keely, tais como ele e seus
amigos os idealizaram originariamente , terao generalizada aplicagao, porque
entao a sua utilidade beneficiara mats o pobre que o rico .
Enquanto isso, a forga que descobriu funcionara por meio de flos con
dutores; o que, uma vez conseguido, sera suficiente para fazer dele o maior
-
inventor da poca presente.
O que diz o Sr. Keely sobre o Som e a Cor igualmente exato do
ponto de vista oculto , Atentai no que ele diz , como se fosse um Filho dos
Deuses Reveladores e como em toda a sua vida houvesse contemplado
as profundezas do Pai-Mae ./Ether ,
Comparando a tenuidade da atmosfera com a das ondas et reas obti-
das por seu invento , para romper as moleculas do ar por meio da vibraqao, ^
ei$ como se expressa Keely:
E como a rela so entre a platina e o gas hidrogenio. A separacao molecular
^
do ar nos conduz s6 a primeira subdivisao; a inter molecular , a segunda ; a atomica , &
terceira ; a interatomica , a quarta ; a et &ica, a quinta ; e a intereterica a sexta subdi-
visao ou associa ao positiva com o etet luminoso 12. Em meu primeiro argumento
^
sustentei que esta e a envoltura vibrato tia de todos os a tomos. Em mtnha def initio
de atomo nao me limito a sexta subdrvfsao, onde aquele eter luminoso se desenvolve
em sua forma imperfeita , como o provatn minhas investigaqoes 13 Creio que os ffsicos
de hoje verao nesta ideia um capricho da imaginagao. E possivel que com o tempo se
fa a luz sobre esta teoria , pondo a sua simplicidade em evidneia para as pesquisas
^
cientificas. Por enquanto s6 posso comparada a um pjaneta na escuridao do espaco,
onde nao tenha atnda chegado a luz do sol da ciencia Eu afirmo que o som, da
mesma forma que o odor, 6 uma subst &ncia real, de tenuidade maravilhosa e desco-
nheclda, que emana de um corpo, no qual se produztu por percussao, e que proieta
verdadeiros corpusculos de materia, particulas interatOmicas, dotadas de uma velociaade
de 1120 ps por segundo 14; no vdcuo, de 20 000 pesI5. A substlnda assim dissemi-
cada faz parte da massa agitada ; e esta, se fosse cominuamente mantida em estado
de agita ao, acabaria, no fitn de certo ciclo de tempo, por ser completamente absoryida
^
pela atmosfera ; ou , para falar com mais exatidao, atravessaria a atmosfera at alcari ar
^
( 12 ) E tarnbim a divisao adotada pelos ocultistas, sob outro norce.

275
Escola do Grande Orients Mistico

urn ponto alto de tenuidade correspondente a classe de subdivisao que ihe permite
-
desprender se do coxpo de onde se originou . Os sons provenientes de diapasoes
* *

vibratbrios, dispostos de modo que produzam acordes etericos, ao mesma tempo que
difundem seus tons ( compos tos ) , penetram em todas as substancias que se acham dentro
do raio de agao do sen bombardeio atomico. O soar de uma campainha no vacuo poe
em liberdade esses atomos, com a mesma veloddade e o mesmo volume que no ar
Kvre; se a agitagao da campainha se mantivesse itdnterrupta durante alguns milhoes
de anos, a materia de que e formada se desintegraria por completo em seus elementos
primitives ; e se o recinto estivesse hermeticamente fechado, e fosse bastante resistente,
o espago va2io ao redor da campainha ficaria submetido a uma pressao de milhares e
milhafes de libras por polegada quadrada, em virtude da subst& ncia sutil desprendida ,
Em meu entender , a definigao exata do som e a perturbagao do equilibrio atbmico,
quc liberta verdadeiros corpusculos atdmicos ; e a subststocia que deste modo se des-
prendc deve ccrtamentc pertencer a determinada classe de fluxo et6rico. Em tats
condigoes, nao seta razoavet supor que, se esse fluxo continuasse subtraindo elementos
do corpo de que se trata, este acabaria por desaparecer completamente com o passat
do tempo? Todos os corpos , assim animais como vegetais e minerals, sao original!a-
mente constituidos por esse eter tao sutil, e so retornam a mesma condigao quando
levados a utn estado de equilibrio difere tidal .. No que se refere ao odor, so podemos
*

formar uma idem aproximada de sua extrema e maravilhosa tenuidade considerando que
se pode impregnar uma grande extensao da atmosfera , por espago de muitos anos,
com apetias um grao de almiscar , o qual, sendo pesado no im desse enorme intervalo,
nao acusara nenhuma diminuigao apreciavel. O grande paradoxo referente ao fluxo
de particulas odoriferas esta em que podemos aprision-Ias em um reciplente de cris *

tal ( ! ) . Tctnos aqui uma substancia muito mais sutil que o vidro onde foi confinada;
e no entanto ela nao pode escapar . como se fosse um crivo com criffcios sufiedente-
raente grandes para deixarem passar bolas de bilhar , retendo, por6m, a areia fina,
cujos graos nao poderiam atravessa-los; em suma , um recipiente molecular que encerra
uma substancia atbmica , Ek um enigma que confundiria to do aquele que se detivesse
em medita-lo. Mas, por infinitamente tenue que seja o odor , 6 ainda muito grosselro
quando comparado com a substancia correspondente k subdivkao a que pertence um
fluido magn 6tico ( correme de simpatia, se assim quiserem cham&io ) , Esta subdivkao
6 imediara a do som , mas Ihe 6 superior. A agao do fluxo de um fml e, de certo
modo , idntiea k da parte receptora e distributiva do c6rebro humano, que sempre
,

retransmite em escala decrescente a quantidade que recebe. E um bom exemplo do


dominio da mente sobre a materia: a parte ffsica vai diminuindo graduaJmente, ate
que a dksolugao se opera . O hna perde pouco a pouco a sua forga, na mesma pro-
porgao, e finalmente fica inerte, Se a relagao entre a mente e a materia pudesse
estadonar , permanecendo ambas no mesmo nfvel, viveriamos eternamente em nosso
estado ffsico, porque nao ficaria este sujeito k deterioragao. Mas a decadenda ftsica,
chegando a completer-se , conduz ao comedo de um desenvolvimento muito mais elevado,
a saber, a Itberagao do ter puro de sua associagao com o molecular grosseiro, o que,
a meu ver , e muito desejdvel. 16

de notar que , salvo diferen as de pequena monta , nenhum Adepto


nein ^
alquimista teria explicado mellior essas teorias , h luz da cicncia moderna ,
a despeito de todos os protestos desta ultima contra tais novidades.
Ocultismo puro simples, senao quanto as minurias , pelo menos no que
diz respeito aos principios fundamentals ; e , alem disso, e tambdm Filosofia
Natural moderna .

( 13 ) Certo, pais existe mats a setima, alm da qua! recomega a mesma nume-
ragao, da primeira k Ultima , em outro piano mais elevado
( 14 ) 340 metros ,
.
( 15 ) 6 666 ,66 m .
( 16 J Do folheto The New Philosophy , da Sra . BIootnbield-Moore.

276
Escola do Grande Oriente Mistico

Que 6 esta nova For a , ou o que quet que a Cincia Ihe chame , esta
^
For a cujos efeitos sao inegiveis , como o admitiram vinos naturalises e
^
fisicos que tm visitado o laboratdrio do Sr. Keely e presentiado suas
notiveis experiSncias ? Serd tambm nm modo de movimento no vacuo ,
onde nao ha materia que o ptoduza , mas tao-somente o som outro
modo de movimento , sem ddvida , uma sensagdo causada por vibra oes ,
a semelhanga da cor ? Gonvencidos , como estamos , de que tais vibrates ^
sao a causa imediata dessas sensa oes, rejeitamos em absoluto a teoria cien-
^
tffica unilateral de que fora das vibra oes et&icas ou atmosfdricas nao exista
^
nenhum fator que $e possa considerar exterior a nos 17 .
HA uma s rie transcendental de causas postas em movimento, por assim
^
dizer, na realizagao desses fen6menos; causas que , nao estando em reiagao
com os estreilos limites da nossa faculdade de conbecer, s6 podem ser
compreendidas e estudadas , em sua origem e natureza , pelas faculdades espi-
rituais do Adepto. Sao, como disse Ascl pio ao Rei , corpos incorpdreo ,
^
quais os que aparecem no espelho , e formas abstratas , que vemos ,
ouvimos e sentimos em nossos sonhos e visoes , Que t m a ver com elas
os modos de movimento , a luz e o ter ? Sem embargo, nos as vemos ,
ouvimos , tocamos, e sentimos o seu odor ; ergo , sao tao reals para nos ,
em nossos sonhos , quanto outra coisa qualquer neste piano de M4y(L

( 17 ) Em tal caso, os substancialistas americanos , conquanio as suas id& as sejam


demasiado antropomdrficas e materials para que possam aceili-Ias os ocultistas, nao $e
.
distanriam da verdade quando argumectam, pela palavra da Sra. M. S , Organ, M D,, que:
Deve haver nos objetos propriedades essenciais positivas que guardetn uma rela-
gao constitutional com os nervos da seQsagao animal, pois de outro modo nao haveria
percepfgo. Nao se poderia produzir impressao de esp&ie alguma no c&ebro, nos
nervos ou ca toente, nao poderia haver estimulo para a agao, se nao eristisse uma
comunicagao efetiva e direta de uma forga substancial ( "Substantial na apardneia ,
e jSbvio; no sentido que se dd d palavra neste Universo de Ilusao ou de Miy&

mas
nao na realidade ). Essa forga pode ser a Entidade material mais refinada e Sublime ( ? ) .
Deve, por6m, existir; pois nenhum sentido, eJemento ou faculdade do ser humano pode
experimental uma pereepgao, ou set estimulado a agio, sem que alguma forga substantial
se ponba em contato com ela . Esta 6 a lei fundamental que rege todo o mundo orga *

nico e mental . Na acepgao verdadeiramente filosdfica , nao existe agio independente:


toda forga ou substantia esti em correiagao com outra forga ou substanda. Podetnos
certamentte afirmar que nenbuma substantia possui qualquer propriedade odonfera ou
gust&tiva que Ihe seja in erente; senao que o sabor e o odor sao apenas fenomenos
sensoriais causados por vibragoes e, portanto, meras ilusoes de percepgoes animals.'

277
Escola do Grande Oriente Mistico

SE AO X
^
SOBRE OS ELEMENTOS E OS ATOMOS

QUANDO O ocultista fala dos Elementos e dos Seres humanos que


viveram naquelas idades geoldgicas cuja dura ao tem sido impossfvel deter-
minar ^
segundo a opinlao de um dos maiores gedlogos ingleses 1 ,
assim como da natureza da Materia , sabe o que esti dizendo . Quando
raenciona Homem e Elementos, nao quer signiftcar o homem em $ua atual

forma antropoldgica e fisioldgica , nem os Atomos elementais desses ' con
ceitos hipoteticos que hoje povoam as mentes cientificas, entidades abstra -
-
tas da Materia em seu esrado mais sutil ; nao quer tambdm significar os
Elementos compostos da antiguidade. Em Ocultismo, a palavra Elemento
e sempre sin6nimo de Rudimento. Quando dizemos Homem Elemental ,
significamos: ou o esboqo primitivo, incipiente, do homem em seu estado
incompleto e por desenvolver, e, portanto, esta forma que se acha latente
^
no homem ffsico de hoje durante a sua exist ncia, e que so se manifests
eventualmente e sob certas condi oes; ou aquela forma que sobrevive ao
^
corpo material por algum tempo, e mais conhecida pelo nome de Elemen-
tar 2. E Elemento , quando se emprega a palavra em sentido metafisico,
significa o Homem Divino incipiente, distinto do homem mortal; em seu
sentido flsico, quer dizer Materia caotica no estado primeiro, nao diferen
ciado, ou estado laya , o estado e ter no e normal da Substancia , que s6
- -
se diferencia periodicamente; durante essa diferencia ao, a Substflncia esti
realmente numa condi ao anormal
^
ilusao transitdria dos sentidos. ^ , nao e senao uma
em outras palavras

Quanto aos chamados Atomos Elemental, os ocultistas dao a este


nome um significado analogo ao que os hindus atribuem a Brahma quando
o chamam Anu , o Atomo. Cada Atomo Elemental , em cuja busca mais de
um qulmico tem seguido o caminho indicado pelos alquimistas, e de acordo
com a firme cren a dos ocultistas, senao pelo seu prdprio conhecimento ,
^
( 1 ) Respondendo a um amigo, escreve o eminente gedlogo: Tudo o que posso
dizer, em resposta a vossa carta , e que atualmente impossivel, e talvez o seja sempre,
traduzir em anos, ou ainda em milhares de anos, nem sequer apfoximadamentej o
tempo geoJ 6gico' \ ( William Pengelly, F. R .S . )
( 2 ) Platao, ao falar dos Elementos turbulentos, irradocais, compostos de fogo,
ar, 2gua e terra**, quer dizer Demftnios elementais ( veja-se o Timoeut ) .

278
Escola do Grande Oriente Mistico

uma Alma ; nao uma Alma necessariamente desencamada, mas urn Jiva,
coma dizem os hindus, urn centro de Vitalidade Potencial, com uma inteli-
gencia latente; e, no caso de Almas complexes, uma Existntia inteligente
e ativa , desde a ordem mais elevada ate a mais inferior; uma forma compost a
-
fisico oriental
-
de mais ou menos diferenciagoes, preciso ser metaffcico e um meta
para compreender o nosso significado, Todos esses Ato-
mos almas sao diferenciagoes do Uno, e estao para ele como a Alma Divina ,
Buddhi , esta para seu Esplrito Animador, Atma, que lhe e inseparavel .
Os fisicos modemos , ao adotarem a Teoria Atomica dos antigos, esque-
ceram uni ponto, que o mais importante da doutrina; e por isso nao
foram al m da casca, sendo incapazes de retirar a amendoa. Admitincfo os
atomos ^
fisicos, omitiram o fato significative de que, desde Anaxagoras a
Epicuro, ao romano Lucrecio, e ate mesmo a Galileu, todos estes fildsofos
criam em tomos anmadQS > nao em partfculas invisiveis da chamada mate
.
ria bruta Segundo eles, o movimento rotatdrio foi gerado por atomos
-
maiores ( leia-se : mais puros e divinos ) , que impeliam outros itomos para
baixo, ao mesmo tempo em que os mais leves eram impulsionados de baixo
para cima. A significagao esot&ica disso 6 a constante curva ciclica de
Elementos diferenciados, para cima e para baixo, atraves de fases inter-
dclicas de extst&icia, at que cada urn alcance o seu ponto de partida ou de
origem. A idia era tanto metafisica como flsica, e sua lnterpretagao oculta
abrangia os Denses ou Almas, em forma de dtomos , como as causas de todos
os efeitos prodmddos na Terra pel as secretes dos corpos divinos 3.
Nenhum fildsofo anti go, nem mesmo os cabalistas judeus, dissociou
jamais o Espfrito da Materia, e a Materia do Espirito. Todas as coisas
tinham sua origem no Uno, e, procedentes do Uno, a ele deviam voltar
finalmente.
A luz se convene em caJotr, e se consolida em partlculas fgneas, as quais, ap6s
A ignigao, se convertem em particulas frias, duras, redotidas c lisas. E a isto se chama
a Alma aprisionada em esu envolt6rio de materia . *

Atomos e Almas eram sindnimos na linguagem dos Iniciados. A


doutrina das Alvas vertiginosas , Gilgoolem, em que tanto acreditaram os
s bios judeusB, nao tinha outra significance esot&ica. Os sdbios Iniciados
judeus nunca pretenderam significar com o nome de Terra Prometida exdu-
rnanes e dos s bios budistas
^
sivaniente a Palestina ; mas assim designavam o proprio Nirvana dos bra-
o seio do UNO eterno, simbolizado pelo seio
de Abraao e, como sucedaneo na Terra , pela Palestina.
Certamente que nenhum judeu culto jamais tomou ao p da letra a
alegoria de que os corpos dos judeus contem um principle de Alma que
nao pode obter o repouso se inumados em terra estrangeira e enquanto as
partfculas imortais nao alcancem de novo o solo sagrado da 4Terra Prome -
( 3) Platao emprega no Timceus a palavra secregoes dos Elementos turbuientos.
(4 ) Valentino, Esoteric Treatise on the Doctrine of GilguL
(5 ) Veja-se Royal Masonic Cyclopaedia , de Mackenzie, pp. 2504 .

279
Escola do Grande Oriente Mistico

tida 8, mediante um processo denominado "o torvelinho da Alma . Para


-
o ocultista, o significado 6 dbvio. Supunha se que o processo consistia em
uma especie de metempsicose, que fazia a centelha pslquica passar atravds
-
do passaro, da (era , do peixe e do minusculo inseto 7 . A alegoria refere se
aos Atomos do corpo, cada um dos quais tern de passar atraves de todas as
formas antes de alcan ar o estado final, que outro nao 6 senao o ponto de
^
partida ou o seu estado * Iaya " primitive). Mas o sentido original do Gilgoo-
lem, ou Revolu ao das Almas , era a iddia de Almas ou Egos reencarnantes .
^
* Todas as almas vao ao Gilgoolah ", seguem um processo ciclico ou de

revolugao; quer dizer, todas passam pela via cldica do renascimento. Alguns
-
cabalistas julgam que esta doutrina se refere tao so a uma especie de purga
torio para as almas dos maus. Mas nao e assim.
-
-
A passagem da Alma Atomo pelas sete Camaras Planetarias * tinha
o mesmo significado fisico e metaffsico. Fisico, quando se dizia que a
Alma se dissolvia no fiter. O prdprio Epicuro, que serve de modelo aos
conhecimento, chegando a ensinar que a Alma
esta em toda particula atdmica
-
ateus e materialist as , acred!tava na antiga Sabedoria , de que tinha algum
em tudo distinta do
Espirito imortal, achando se este nela encerrado de modo latente, como o

era composta de uma essdneia sutil e
delicada , extra!da dos Homos mais puros, mats redoftdos e mats finosz .
-
V se, par tan to, que os antigos Iniciados, seguidos mais ou menos de
perto por toda a antiguidade profana, usavam a palavra Atomo para signi
ficar uma Alma, um G&nio ou um Anjo, o primogenito da Causa, sempre
-
oculta, de todas as causes e nesta acep ao os seus ensinamentos se fa2em
^
compreensiveis . Afirmavam eles, como afirmam seus sucessores, a exis *

tencia de Deuses e Genios, Anjos ou Demdnios, nao fora nem indepen -


dentes da Plenitude Universal, mas integrados nela. Admitiam e ensina *

vara grande parte do que hoje ensina a ciencia. modern a, a saber : a exis ten-
cia de uma Materia ou Substantia Cd&mica primordial do Mundo, eterna
mente homogenea, exceto durante suas fases periddicas; entao, universal-
-
mente difundida no espafo infinito, ela se diferencia e forma gradualmente,
de si mesma , corpos siderais. Ensinavam a revolucao dos Cdus, a rota ao
da Terra, o sistema heliocentrico e os vertices atflmicos

na realidade, Almas e Inteligencias. Esses atomistas eram fildsofos pan
teistas altamente espirituais .
^
sendo os Atomos,
-
Jamais Ihes tetia passado pela mente, nem
mesmo em sonhos, esta progenie oposta, monstruosa, que e o pesadelo de
nossa ra a moderna e civilizada : por uma parte, Atomos materials inani-
^
mados que se dirigem a si proprios, e, pela outra, um Deus extracdsmico.
Talvez seja dtil explicar o que era a M6nada, e qual a sua origem, seg undo
os ensinamentos dos antigos Iniciados,
A ciencia exata moderna, assim que comecou a sair de sua inf &ncia,
percebeu o grande axioma, ate entao esotdrico para ela, de que coisa alguma ,
seja no dominio espiritual , psiquico ou fisico do Ser, pode nascer do Nada.

-
( 6 ) Veja se Isis sem Viu , I, p. 152,
( 7 ) Veja-se Mackenzie , ibid ., sub voc .
( 8 ) fsts sem Veu , I , p. 317 .

280
Escola do Grande Orients Mistico

Nao hi causa, no Universo manifestado, que nao tenha seus efeitos adequa -
dos, no Espafo ou no Tempo; nem pode haver efeito sem uma causa ante -
-
rior, devendo se esta, pot sua vez, h outra aitida mais elevada, e tendo que
permanecer a Causa final e absoluta como Causa sem Causa, etemament
incompreenslvel para o homem. Mas nem isto e ainda uma soluble; e, ^
se queremos de algum modo deter-nos em seu exame, ha de seJo do ponto
de vista filos6fico e metafisico o mais elevado; nao sendo assim , e melhor
nao tocar no problema , E uma abstra ao, a cujo contato a razao humana
^
vacila e amea a sogobrar , por mais habimada que esteja as sutilezas meta-
^
ffsicas. Pode-se demonstrado a qualquer europeu que se disponha a esfor -
9ar-$e para resolver o problema da existncia pelos artigos de f 6 dos
?

verdadeiros vedantinos, por exemplo. Que lei a e estude os sublimes ensi-


namentos de Shankar&ch&rya a respeito da Alma e do Esplrito, e terd a
confirma ao do que dizemos 9 .
^ aos crist aos se ensina que a Alma humana e um sopro de
Enquanto
Deus, e que foi por Ele criada para uma existencia sempiterna, tendo um
comedo mas nao um fim

e portanto nao se podendo dizer que 6 eterna
, o Ensinamento Oculto declare : Nada foi criado, tudo e apenas transfor-
mable. Nada se pode manifestar neste Universo, desde um globo ate um
vago e fugaz pensamento, sem que ja existisse no Universo; tudo no piano
subjetivo um etemo assim como tudo no piano objetivo e um eterno
vir -Q-ser, porque todas as coisas sSo transitorias.
A Monada
que, na definite de Good , e uma coisa verdadeira-
mente indivisfvel , embora nao desse ele palavra o sentido que hoje lhe
atribuiroos designa aqui o Atrna em conjungao com Buddhi e o Manas
Superior. Essa trindade 6 una e eterna; e, ao terminar a vida condicionada
e dusoria, os dots ultimos sao absorvidos no primeiro. Somente a partir da
fase preliminar do Universo manifestado que se pode seguir a M6nada no
curso de sua peregrinasao e de suas mudan?a$ de velculos transitdrios .
Durante o Pralaya, periodo intermediirio que separa dois Manvantaras,
ela perde o seu Home, como igualmente o perde quando o Eu Unico e real
do homem se submerge em Brahman no caso de um elevado Samadhi ( o
estado Turiya ) ou no Nirvana final. Segundo as palavras de Shankara :
Quando o dise/ pulo alcanna sguele estado de conscience primordial , a beati-
tude absolute , cuja natureza 6 a verdade, e que nao tern forma nem a ao, abandons
^ abandons )
este corpo ilusorio de que se revest iu o Atmdi a semelbanca do ator [ que
a roupa ( que vestira ) .

Porque Buddhi , o Envoltdrio Anandamaya , nao e senao o espelho que


reflete a beatitude absoluta; e, ademais, essa mesma reflexao nao esta livre
da ignorancia , e nao o Esplrito Supremo, por estar ainda sujeita a condi-
oes. fi uma modifica ao espiritual de Prakriti e um efeito ; so Atma e a
^
unica base, real e terna , de tudo, a Essncia e o Conhecimento Absolute,
o Kshetrajna ,
( 9 ) Viveka Cbdddmani , que na uadufso de Mobini M . QmUetji quer dizer :
A Jdia na crista da Sabedoria , Veja-se The Tbeosophtstf outubro de 1885 a agosto
de 1886.

281
Escola do Grande Oriente Mistico

[ Agora, que se publicou a Versao Revista dos Evangelhos, corrigin -


-
do-se os erros mais flagrantes das versoes antigas , pode se compreender
melhor a sentensa de Sao Joao > I, vers. 6 : O Espirito di testemunho, por-
que o Espirito e a Verdade . As palavras que vem depois, na versao
erronea, a respeito dos tres testemunhos , e que ate entao eram traduzidas
como o Pal, o Verbo e o Espirito Santo ] , deixam ver com toda a clareza
o verdadeiro pensamento do escritor, e identificam com mais vigor ainda os
seus ensinamentos sobre este ponto com os de ShankarIchlrya Pois a frase ,

41
h trs testemunhos . o Espirito, a Agua e o Sangue nao teria sentido
se nao tivesse nenhuma relate ou conexao com o enunciado mats filosd-
fico do grande mestre vedantino, que, no falar dos Envoltorios, dos prin -
cipios do homem , de Jiva , Vijnanamaya , etc,, os quais sao Agua e Sangue
ou Vida em sua manifesta ao fisica , acrescenta que so Atma, o Espirito, e
^
o que permanece ap6s a retirada dos envoltorios, sendo o Cnico Teste-
munho, ou unidade sintetizada . A outra escola , menos espiritual e menos
filosofica, fixando-se apenas na Trindade, fz trs testemunhos do "unico
testemunho , relacionando-o assim mais com a Terra do que com o Cdu ,

[ Na Filosofia Esoterica, o nome e Testemunho Unico ; e, quando repousa


no Davachan , 6 mencionado como os Tres Testemunhos do Carina .]
Sendo Atma, que e o nosso setimo principio, identico ao Espirito Uni
versal, e sendo o homem uno com ele em sua essncia , que vem a ser ,
-
entao , a Monad a propriamente dita ? E aquela centelha homogenea que se
irradia em milhoes de raios procedentes dos Sete Raios Primordiais, de que
falaremos mais adiante, E a CENTELHA QUE EMANA DO RAIO INCRIADO:
um mist&io. No Budistno esoterico do Norte, e ax6 mesmo no exoterico,
AdiBuddha { Chogi Dangpoi Sangye ) , o Uno desconhecido, sem principio
nem fim, idSntico a Parabrahman e a Ain Soph, emite um Raio brilhante
do seio de suas Trevas.
E o Logos, o Primeiro, ou Vajradhara , o Buddha Supremo, tambdm
chamado Dorjechang 10. Como o Senhor de todos os Mist&ios nao pode
manifestar-se, envia ao mundo da manifesta ao o seu Cora ao, o Cora ao
^
de Diamante , Vajrasattva ou Dorjesempa n. Este 6 o Segundo Logos da ^ ^
Cria ao, do qual emanam os sete Dhyani Buddhas
^
-
exotericament e cinco
chamados os Anupadaka, os Sem Pais . Esses Buddhas sao as Monadas
primordiais do Mundo do Ser Incorporeo, o Mundo Arupa, onde as Inte-
ligSncias ( nesse piano somente ) nao tm forma nem nome, no sistema exo *

terico, mas possuem sete nomes distintos na Filosofia Esoterica . Os


Dhy& ni-Buddhas criam ou fazem emanar de si mesmos, pelo poder de
Dhyana , Egos celestiais -
os Bodhisattvas super humanos. Estes, encar-
nando-$e sobre a Terra, no principio de cada ciclo hum a no, como homens
mortals , tornam -se por vezes, gramas a seus mdritos pessoais, Bodhisattvas
entre os Filhos da Humanidade, podendo depots reaparecer como Manushi
ou Buddhas humanos. Os Anup&daka ou Dhy &ni-Buddhas sao, portanto,

( 10 ) Em tibetano, rdo . rje.hdsin = vajra -dbara ( sanscrito ), portador do raio.


( 11 ) Em tibetano, rd i rje. sems dpah = vajra-sattva ( sanscrito ) Aqui vajra
'
, , ,

signifies diamante, a sattva natoreza, essSncia ou principio, etc.

282
Escola do Grande Orients Mistico

cddnticos aos Manasautras bramanicos


Filhos Nascidos da Mcntc
seja de Brahma ou de qualquer das outras duas Hipostases da Trimurti;
,
e sao tainbcm identicos aos Rishis e Prajapatis. Assim, ve^se no Anugitd
uma passagem que, lida esotericamente, mostra com toda a clareza a mesma
id ia e o mesmo sistema , embora sob imagens diversas. Vejamos:
^
Sejam quais foretn as entidades que se achem neste tnundo, moveis ou imdveis,
sao elas as prlmeiras a dissolver-se [ no Ptalaya ]; seguindo-se a estas os desenvolvi-
tnentos que se produzem dos elementos [ os de que 6 form ado todo o universe visivel ];
e depots desses desenvolvimemos [ emidades evolucionadas ] todos os elementos. Tal
6 a gradualao ascendente entre as entidades. Deuses, Ho mens , Gandharvas, Pishachas,
Asuras , Rlkshasas , todos foram criados pela Natureza [ Svabb&va ou Prakriti; a Natu-
reza pustica], nao pdas a$oes nem por uma causa [ nao por uma causa ffsica]. Estes
Br&hmanas [ os Rishis Prajapatis? ], os criadores do mundo, nascem aqui [na Terra ]
v rias vezes; e tudo o que deles se produz dissolve-se em seu devido tempo nesses
^
mesmos cinco grandes elementos [os cinco, ou melhor, sete Dhyani-Buddhas , tamb m
^
chamados Elementos da Humanidade], assim como as ondas se dissolvem no oceano.
Esses grandes elementos se acham em todos os sentidos ( acima ) dos elementos que
constituent o mundo [ os elementos grosseiros ], E aquele que se liberta desses cinco
elementos [os TanmStras ] * 2 alcanna a meta mais elevada . O Scnhor Prajapati [ Brahma ]
criou tudo isso s6 com a mente [ por meio de Dhyana, ou medita o abstrata e poderes
mfsticos, como os Dhyani-Buddhas ]. 13 ^
fi evident e, pois, que esses BrShmanas se identificam com os Bodhi
sattvas terrestres dos Dhyani-Buddhas celestes* Uns e outros, como Ble
-
mentos prjmordiais, inteligentes , se convertem nos Criadores das M&nadas
-
que devem tornar se humanas neste ciclo. Depois, eles mesmos evolucionam
ou, por assim dizer, se abrem em seus prdprios Eus como Bodhisattvas ou
BrShmanas, no ciu e na terra, para finalmente se converterem em simples
homens. Em verdade, os Criadores do mundo nascem aqui na Terra virias
vezes . No sistema budista do Norte, ou religiao popular exoterica, ensi
na -se que cada Buddha, ao mesmo tempo em que prega a Boa Lei na Terra,
-
se manifests em tres Mundos : no Mundo Sem Forma como um Dhyini -
-Buddha , no Mundo das Formas como um Bodhisattva , e no Mundo dos

Desejos, inferior a todos, ou seja, o nosso Mundo, como um homem.


-
Esotericamente, o ensinamento difere . A Monada Divina , puramente Adi-
- -
Buddhica, manifesta se como o Buddhi Universal, o Maha -Buddhi ou Mahat ,
das filosofias hindus, a Raiz espiritual, onisciente e onipotente, da Inteli-
g ncia divina, a Anima Mundi mais elevada ou o Logo. Este desce como
^ -
uma chama , difundindo se desde o eterno Fogo, imutavel sem aumento nem
diminui ao, sempre o mesmo ate o fim do ciclo de existfencia , e converte-se
^
em Vida Universal no Plano do Mundo. Deste Plano de Vida consciente
brotam , como sete lfnguas de fogo, os Filhos da Luz, os Logos de Vida;
em seguida, os DhyanLBuddhas de con tempia?ao, as formas concretas de

( 12 ) representam, literalmente, o tipo ou rudimento de um eie-


Os Tanmltras
mento desprovido de qualidades; mas, esotericamente, sao o Numeno primitivo do que,
no curso do progresso da evolu ao, se convene num Elemento Cosmico, na acep ao que
^ ^
se dava a este termo na antjguidade, e nSo na da Ffsfca. Sao o$ Logos, as sete emana-
?oes ou raios do Logos .
( 1> ) Cap. XXXVI , trad de Telang, Sacred Books of the East , pp. 387-8.
,

283
Escola do Grande Oriente Mistico

seus Pais sem forma , os Sete Filhos da Luz, ainda eles mestnos, a quern se
pode aplicar a frase mlstica bramanica: Tu 6$ AQUILO > 5

Brahman. Des-
tes Dhyani-Buddhas emanatn seus ChMyas ou Sombras, os Bodhisattvas dos
reinos celestials, os prototipos dos Bodhisattvas super terrestres e dos Bud-
dhas terrestres ; e, finalmente, dos homens. Os sete Filhos da Luz sao
chamados tambem estrelas.


A estrela sob cuja influencia nasce uma Entidade humana
Ensinamento Oculto
reza o
permanece para sempre como a sua estrela durante
todo o cido de suas encarnagoes em urn Manvantara . Mas esta nao & a sua

estrela astrologica. A ultima diz respeito e se relaciona tao somente a
Personalidade ; a primeira, a IndividualidaJe. O Anjo desta Estrela, ou o
-
DhySni-Buddha com ela relacionado, serd o Anjo que guia, ou simples
mente o que preside, por assim dizer, cada novo renascimento da Mdnada ,
-
que e parte de sua prdpria ess ncta> ainda que o seu vefculo, o homem ,
- ^
possa ignora lo sempre. Cada um dos Adeptos tem o seu Dhyani-Buddha , a
-
sua Alma Gmea mais velha, que ele conhece, chamando a Alma Pai -
-
e Fogo Pai . Mas e sd na ultima e suprema Iniciagao que ele se ve face
a face com a sua brilhante Imagem" e aprende a reconhec Ja . Que conhe-
^
cia Bulwer Lytton sobre esse fato mistico, quando, em um de seus mottien -
tos de mais elevada inspiracao, descteveu Zanoni em presen ga de seu
Augoeides ?
O Logos, ou o Verbo, assim nao-manifestado como manifestado, 6
chamado Ishvara, o Senhor, pelos hindus; os ocultistas, porem, lhe dao
outro nome, Ishvara , dizem os vedantinos, e a consciencia mais elevada
na Natureza . < Esta consciencia , respondem os ocultistas, 6 s6 uma uni-
f

dade sintdtica no Mundo do Logos manifestado ou no piano da ilusao;


pois 6 a soma total da consciencia DhySn ChoMnica . 0 sbio! abandona
o conceito de que Nao-Espirito 6 Esptrito!
- diz ShankarScMya. Atm3
e Nao Espirito em seu estado final Parabrahmanico; Ishvara, o Logos, e
Espfrito, ou, segundo a explica ao do Ocultismo, e uma unidade composta
^
de Espiritos viventes manifestados, a fonte e a sementeira de todas as Mona-
das terrestres e mundanas, mats os seus Reflexos divines, que emanam do
Logos e a ele retornam , quando cada uma chega ao ponto culminante do
seu percurso. Ha sete Grupos prindpais desses Dhyan Chohans, Grupos
que se podem ver e identificar em todas as religioes, porque sao os Sete
Raios primordial. Ensina o Ocultismo que a Humanidade tsti dividida
em sete Grupos distintos, com suas subdivisoes mentais, espirituais e ffsicas.
[ E pot isso ha sete planetas prindpais, as esferas dos sete Esplritos resi
dentes; cada Grupo humano nasce sob a egide de um deles, que o guia e o
-
influencia.
Ha somente sete planetas especialmente relacionados com a Terra, e
doze casas; mas as combinagdes possiveis de seus aspectos sao imimerivcis.
Como cada plane ta pode assumir doze aspectos diferentes em rela ao a cada
um dos outros, o ntimero de suas combina oes deve ser quase infinito; como^
^
infinitas sao, realmente , as capacidades espirituais, pslquicas, mentais e fisi -
cas das incontiveis variedades do genus homo , cada uma das quais formad a

284
Escola do Grande Oriente Mistico

sob a influ ncia de um dos scte planetas e de uma das mencionadas e inu-
meraveis combinafoes planetarias 14 ]
Consequentemente, a MonacLa, considerada como Unidade, esta acixna
do sdtitno principle* no Cosmos e no homem; e, como Triade, 6 a progSnie
direta e radiante daquela Unidade complexa , nao o Sopro de Deus , nome
este que se da a mesma Unidade * nem uma cria ao ex-mbil , porquanto seme-
^
Ihante id ia 6 de todo antifilosdfica e degrada a Divindade, rebaixando a
^ -
a uma condigao finita e com atributos , Como muito bem disse o tradutor
de Crest-Jewel of Wisdom , ainda que Ishvara seja . Deus ,
Imutavel nos mais profundos abismos dos Pralayas e [ tamb&n ] durante os
mais intensos pedodos de atividade do Manvantaras, alem [ dele] estd ATMA, ao redor
de cujo pavilhao reinam as trevas do eterno MXYMK W

As Triades nascidas sob a influencia do mesmo planeta, ou melhor,


as Radiacoes de um mesmo Espfrito Planet^ rio ou Dhyln-Buddha, sao, em
todas as suas vidas e renascimentos posteriores, almas irmas ou gemeas
>
nesta Terra. [ A idia e id&ntica a da Trindade Crista, os Trs em Um ,
-
apenas 6 mais metafisica: o Super Espirito , Universal, manifestando-se
nos dois pianos superiores, os de Buddhi e de Mabat. Sao as trs Hipdstases
metafisicas , mas nunca pessoais . ]
Sabiam no todas os altos Iniciados de todas as epocas e paises. Eu
-
e meu Pai somos urn "'
dizia Jesus 10. Quando o fazem dizer em outra
ocasiao : Subo para meu Pai e vosso Pai 17, a significance e precisamente
.
a que vimos de expor [ A identidade, ao mesmo tempo que a diferencia ao
^
ilusdria , entre a M6nada-v4gd/ rc<* e a M6nad^ - Humana, ressai das seguintes
frases; Meu Pai e maior do que eu lft. Glorificai a vosso Pal, que esta
no Ciu 19, Entao brilharao os justos como o sol no reino de seu Pai
( e nao de nosso Pai ) 20. Sao Paulo tambem pergunta : Nao sabeis que
v6$ sois o templo de Deus , e que o Espirtto de Deus habita em v6 s? 21 ]
Tudo isso era simplesmente para indicar que o grupo de discipulos e de
fi&s atraldos por ele pertenciam ao mesmo DhySni-Buddba, Estrela ou Pai,
e que este, por sua vez, tambem pertencia ao mesmo reino e a mesma divisao

,
( 14 } Vejase The Tbeosopbisl agosto de 1886, p. 729.
( 15 ) O etto, hoje universal, de se atribuir aos antigos o conhecimento de apetias
sete planet as, simplesmente porque nao menctonavam outros, tern sua origem na
tnesma ignorancm geral de suas doutrinas ocultas , A questao nao e se conheciam ou
nao a exist nda dos planetas ultitnamente descobertos ; mas se a veneragao que tinbam
pelos quatro Grandes Deuses exotericos e pelos tres secretos, os Anjos Estelares , nao
se baseava em afguma raaao especial. A autora ousa aflrmar que semelhante razao
exlstia, e e a seguinte: Aiuda boje coohecemos ( e esta questao nao pode atualmente
ser diritnida em um ou outto sentido ) , eles teriam assodado s6 os sete ao seu culto
religloso p>orque estes sete se acbam direta e cspedalmente relacionados com a nossa
Tern , ou , usando a fraseologta esoterica , com o nosso anel seten rio de Esferas.
( 16 ) S2o ]oao , X, 30
.
^
( 17 ) Ibid . , XX, 17 .
( 18 ) Ibid . , XIV4 28 .
( 19 ) S&o Matus, V , 16.
( 20 ) Ibid . , XIII , 43.
( 21 ) I Cor . , Ill , 16 .

285
Escola do Grande Oriente Mistico

planetaria que ele. Foi o conhecimento dessa Doutrina Oculu que encontrou
exptessao na revista The Idyll of the White Lotus> quando T. Subba Row
escreveu o seguinte:
Cada Buddha encontra, em sua riltima Iniciapao, todos os grandes Adeptos que
.
alcan aram o estado Buddhico nas idades precedentes . . ; os Adeptos de cada classe
^
tem o seu proprio la o de comunhao espiritual, que os une a todos entre si . , , O
^ .
unico meio possivel e eficaz de entrar em semelhante irmandade. . consiste em ficax
sob a influencia da Luz Espiritual que se irradia do prdprio Logos do candidate. Posso
ainda acrescentar . . . que sctndhame comunhao s6 6 possivel entre pessoas cujas almas
derivam sua vida 7 e sua forga do mesmo Raio divino ; e que, assim como do Sol
Central EspirituaF emanam sete Raios distintos, assim tambdm todos os Adeptos e
Dbyau Chohaus sao divisiveis em sete classes, cada uma das quais 6 dirigida, governada
e protegida por uma das sete formas on macJfestates da Sabedork Divlna 22

Os Sete Filhos da Luz


chamados pelos nomes de seus planetas, e
com estes identificados muitas vezes pela massa ignorante, a saber : Saturno,
Jupiter, Mercurio, Marte, V&nus e, presumivelmente, o Sol e a Lua, para
os criticos modernos, que nao vao alem da superficie quando estudam as
religioes antigas 25
o$ Sete Filhos da Luz, dizemos, 6 que, segundo os
Ensinamentos Ocultos , sao os nossos Pais celestials ou, sinteticamente, o
nosso Pai . Dai por que, como \i se fez cbservar , e o Politelsmo real-
mente mais filosofico e mais correto que o Monoteismo antropomorfico .
Saturno, Jupiter , Mercurio e Venus, os quatro planetas exotricos, e
tres outros que nao devem ser nomeados, eram os corpos celestes que se
achavam em comunica ao direta, astral e psiquica, moral e fisicamente, com
^
a nossa Terra; seus Guias e Vigilantes , Os orbes visiveis proporcionavam
a nossa hutnildade as caracterSsticas externas e internas; e seus Regentes ou
Reitores as nossas Mdnadas e as nossas faculdades espirituais. A fim de
evitar novas interpreta oes err6neas, diremos que entre os trs Globos secre-
^
tes, ou Anjos Estekres , nao se incluem Urano e Netuno; nao so porque
os sabios antigos nao os conheciam sob esses acmes, como porque, da
mesma forma que todos os outros planetas , por numerosos que sejam , repre
sen tam eles os Deuses e Guardies de outras Cadeias de Globos seten rios ,
-
deruro do nosso sistema , ^
Al6m disso, os dois grandes planetas descobertos por riltimo nao depen-
dent inteiramente do Sol, como sucede com os demais planetas. De outro
modo, como podemos explicar o fa to de que Urano nao receba senao
1/ 390 da luz recebida pela nossa Tem, e Netuno apenas 1/ 900 ; e o de
The Theosophist , agosto de 1886, p, 706.
( 22 )
Estes sao planetas tao-somente aceitos para fins de Astrologia judickria.
( 23 )
.
A divisao astro- teoldgica difere da que mentionamos acima O Sol, que 6 uma estrelu
central e nao um planeta , tem, como os seus sete planetas, uma relacao mais oculta
e iuisteriosa com o nosso globo que a geralmente conhedda . O Sol era , portanto,
considerado o Grande Pai de todos os sete Pais , o que explica as variates observadas
entre os Sete e os Otto Grandes Deuses da Cald6ia e os de outros pafses. A Terra
e seu sat 61ite , a Lua , e at mesmo as estrelas por outra razao, nao cram mats que
substitutes adota& os para fins esotiricos . Nao obstante, ainda excluindo do cdlculo
.
o . Sol e a Lua , parece que os antigos conheciam sete planetas Quantos deles nds conhe-
cemos o momentof se nao levarmos em conta a Tem e a Lua? Sete, e nao mais;
Sete planetas primordiais ou principais ; OS outros sao antes planetdides que planetas .
286
Escola do Grande Oriente Mistico

apresentarem seus s a twites a particularidade de uma rotatfio inversa & que


ocorre em todos os demais planetas do Si sterna Solar ? Em todo caso, o
que dissemos se aplica a Ur a no, se betn que o fato tenha sido objeto de
recentes discussoes.
Tudo isso serd, naturalmente, considerado como simples fantasia por
todos os que confundem a ordem universal do Ser com seus proprios siste
mas de classificagao, Aqui, porem, nos limitamos a expor meros fatos
-
oferecidos pelos Ensinamentos O cult os, para que sejam aceitos ou rejei
tados, conforme o caso. Eastern pormenores em que nao e possivel entrar,
-
.
em razao de seu alto grau de abstra ao metafisica Basta , pois, dizer que sao
^
apenas sete os planetas intimamente relacionados com o nosso globo, da
mesma forma que o Sol o e com todos os corpos a ele sujeitos no seu
Sistema. Pobre e mesquinho, em verdade, 6 o numero dos corpos que a
Astronomia conhece como planetas de primeira e de segunda ordem 24 .
razoavel, portanto, admitir-se que ha um grande numero de planetas, peque -
nos e grandes, que ainda nao foram descobertos, mas cuja existencia devia
certamente ser conhecida pelos amigos astr&nomos , todos eles Adeptos
Iniciados . Mas, por serem sagradas as relagoes entre estes e os Deuses, devia
isso permanecer em segredo, como tambm os nomes de vdrios outros pla -
netas e estrelas.
Por outra parte, a propria Teologia Catolica Rotnana fak de " setenta
planetas que presidem aos destinos das na oes deste globo* ; e , salvo a apli-
^
ca ao erronea , ha mais verdade nesta tradi ao que na modema Astronomia
^ ^
exata. Os setenta planetas estao relacionados com os setenta anciaos do
povo de Israel e a alusao se entende com os Regentes desses planetas e
nao com os globos propriamente; a palavra setenta e uma fic$ao e um vAi,
postos sobre o 7 X 7 das subdivisoes. Cada povo, cada nagao, como ja
dissemos, tern o seu Vigilante direto, Guardiao e Pal no Cu
um Espfrito
Planet rio. Dispostos estamos a deixar aos descendentes de Israel, adora -
^
dores de Sabaoth ou Saturno, o seu prdprio Deus nacional, Jeova; pois
as M6nadas do povo escolhido por ele sao efetivamente suas, e a Biblia
nunca fez segredo disso. Sucede que a Btblia protestante inglesa est, como
de costume, em desacordo com a dos Setenta e a Vulgata. Assim, enquanto
se le na primeira ;
Quando o Altfssimo [ nao Jeova ] dividiu sua heran a entre as na oes . . , dis-
^
p6s os limitcs dos povos em confotmidade com o ndmcro dos filhos de Israel^
( 24 ) Quando se pensa que, com o seu poderoso telcsc6pio, o emmente astr 6-
nomo Sir William Herschell , perscrutando apenas a parte do ciu situada no piano
,

equatorial, cujo centro aproximado esfcS ocupado pela nossa Terra, viu desfilarem 16 000
estrelas em um quarto de hora ; e que, aplicando este calculo a totalidade da Via
Lactea , encontrou nela nada menos que dezoito milhSes de Sdis; nao 6 de admirar que
Laplace, conversando com Napoleao I, dissesse que Deus e uma hipdtese, sobre a qual
e de todo em todo mu til especular a ciencia fisica exata. So a Metafisica Oculta e a
Filosofia transcendents sao capazes de levantar uma. pequenina ponta do v6u impe-
netrdvel que se antepoe ao eonhecimento deste assunto,
( 25 ) Ntimeros , XI, 16.
( 26 ) Deuteron6 mioi XXXII, 8.

287
Escola do Grande Orients Mistico

no texto da versao dos Setenta consta: segundo o mimero de Anjos ,


Anjos Planetarios, versao esta que concorda mais com a verdade e com os
fatos. Demais, todos os textos sao un&nimes em que "a parte do Senhor
[ a de Jeova ] e o seu povo ; Jacob e o lote de sua herana 2T, e isto
decide a questSo. O Senhor Jeova tomou Israel como a sua parte.
31

Que tm a ver, port an to, outras na oes com aquela Divindade nacional par-
^
ticular ? Deixemos, pois, que o Anjo Gabriel vele sobre o Iran, e
Miguel-
Jehovi sobre os hebreus . Esses nao sao os Deuses de outras
nagoes, e diffcil e compreender por que os cristaos escolheram um Deus
contra cujos mandamentos Jesus foi o primeiro a insurgir-se.
A origem planetaria da Monada, ou Alma , bem como de suas facul
dades, foi ensinada pelos Gnosticos. No curso de sua descida para a Terra
-
e de seu regresso da mesma , cada Alma , nascida da Luz Infinita 26, tinha
que passar pelas sete regioes planetarias em ambas as vias. Os Dhyani
e os Devas puros das mais antigas religides converteram-se, no decorrer
do tempo, entre os masdefstas , no Sete Devas, os ministros de Ahriman ,
cada qual encadeado ao seu planeta 28; entre os br&nanes, nos Asuras e
em alguns dos Rishis, bons , maus e indiferentes. Entre os Gnosticos egfpcios,
Thoth ou Hermes era o chefe dos Sete, cujos nomes foram mencionados
por Origenes como: Adonai, genio do Sol; Tao, da Lua ; Eloi, de Jupiter;
Sabaoth, de Marte ; Orai, de Venus; Astaphai, de Mercuric; e Ildabaoth
( Jeova ) , de Saturno. Finalmente, o Pistis-Sophia, que a maior auto
.
ridade moderna sobre crengas gnosticas exotericas, C, W King, considera
-
monumento precioso do Gnosticismo , faz -se eco das cren as arcaicas,
embora deformando-as para adapta-las a fins sectaries . Os Regentes Astrais^
das Esferas ( planetas ) criaram as M6 nadas, ou Almas, de sua propria subs-
tncia, com as lagrimas de seus olhos e o suor de suas afli?oes , dotan -
-
do as com uma centelba de sua substSncia, que 6 a Luz Divina. Nos
volumes III e IV explicaremos porque estes Senhores do Zodiaco e das
Esferas foram transformados pela teologia sectaria nos Anjos Rebeldes dos
11

cristaos, que os foram buscar nos Sete Devas dos Magos, sem compreender
o significado da alegoria 30.

espiritual em sua unidade primitiva , converteu se



Como de costume, aquilo que <?, e era, desde a origem, divino, puro e
-
por causa de sua dife-
rencia ao atrav s do deformante prisma dos conceitos do bomem
^ ^
humano e impuro, refletindo a natureza pecadora pr<5pria do ho mem. Deste
modo, o planet a Saturno foi, com o tempo, aviltado pelos adoradores de
em
outros Deuses . As na oes que nasceram sob a influ ncia de Saturno
^
a na ao judia, por exemplo, para a qual de se converteu em Jeov , depois

^
( 27 ) Ibid . , 9 ,
( 28 ) C, W. King, em The Gnostics and their Remains ( p. 354 ) , a identifies
com aquele sumtmtm bemum das aspirates orientals, o Nirvana budista, repouso per-
feito, a Indolentia epicurea ; ponto de vista que parece algo petulante em sua express ao,
embora nao seja de todo falso. .
-
( 29 ) Veja se a cdpia, feita por Origenes, da Carta on Diagrams dos Ofitas .
-
( 30 ) Veja se tamb6m a SefSo XIV *

288
Escola do Grande Oriente Mistico

de haver sido este considerado coma filho de Satumo, ou Ilda-Baoth, pelos


ofitas, e no Livro de Jasher
estavam em constante luta com as nascidas
sob a influencia de Jupiter, de Mercurio ou de qualquer outro planeta que
'

fecias, Jesus, o Iniciado ( ou Jehoshua )


Jesus historico
nao fosse Saturno-Jeovd; apesar do que dizem as genealogies e as pro-
o tipo de que foi copiado o
nao era de pufo sangue judeu, e por isso nao reco
tiheek a Jeova, nem adorava a nenhum outro Deus planetdrio alem do
-
seu proprio uPai ', a quem conhecia e com quem se comunicava, como o
fazem todos os grandes Initiados, Esplrito com Espirito e Alma com Alma .
Isso dificilmente pode ser contestado, a menos que a critica explique satis-
fatoriamente todas as estranhas frases que o autor do Quarto Evangelho
atribui a Jesus, em suas discussoes com os fariseus:
Bern set que sols a descendencia de Abraao . . . 31 Eu alo do que vi junto de
meu Pai , e vos fazeis o que tambem vistes junto de vosso Pal . . . Vos fazeis as obras
de vosso PaL V6s tendes como Pai o Demotiio . . . ele foi homicida. desde o prin -
ciple , e nao permaueceu na verdade, porque nao ha vefdade nele. Quando diz una a
mentita, fa ]a do que Ihe e proprio, porque e um menriroso e o pai da mentira. 32

Esse "Pai dos fariseus era Jeov3> que era idntico a Caim, a Satur
no, a Vulcano, etc.; o planeta sob cuja influencia haviam nascido e o Deus
-
que adoravam. evidente que naquelas palavras e admoesta oes deve haver
um significado oeulto, apesar de mal traduzidas, pois que foram pronun^ -
ciadas por quem amea ou com o fogo do inferno a todo aquele que simples-
^
mente chamasse Raca, n scio, ao seu irmao 33.
^
tamb m evidente que os planet as nao sao meras esferas que brilham
^
sem objetivo no Espa o, mas sao os dominios de varies Seres , desconhecidos
^
at agora dos nao-iniciados, e que, no entanto, nao deixam de manter uma
rela9ao misteriosa, ininterrupta e de grande influencia com os homens e os
globos. Cada corpo celeste 6 c templo de um Deus, e estes Deuses sao,
por sua vez, os templos de DEUS, o Desconhecido NaoEspirito . Nada
h profano no Universo . Toda a Natureza e um lugar^ consagrado, pois ,
como disse Young,
Cada uma destas estrelas 6 um templo ,

Pode-se , assim, demonstrar que todas as religioes exot ricas sao copias
^
deformadas dos Ensinamen tos Esot ricos. O clero 6 responsavel pela rea ao
^ ^

contemporanea em favor do Materialismo. Adorando as conchas vazias dos

ideais pagaos personificados para fins alegoricos , e obrigando as
massas a renderJhes culto, as ultimas religioes exoteiicas converteram os
pafses oddentais em um PandemSnio, em que as classes superiores adora -
ram o bezerro de ouro, e as massas inferiores e ignorantes foram induzidas
a adorar um fdolo com pes de barro .

( 31 ) Abraao e Saturno sao idfenticos em astrossimbologia, e Abraao o ante -


passado dos judeus partiddrios de Jeovi.
( 32 ) SZo Joao , VIII , 37 , 38, 41 e 44 ,
( 33 ) Sao Maleus , V, 22.

289
Escola do Grande Orients Mistico

SECAO XI
O PENSAMENTO ANTIGO COM VESTUARIO
MODERNO

A Ciencia Moderna rtao e mats que o Pens&mento Antigo deformado.


Vim os, nao obstante, como pensam e em que se ocupam os homens de
ciencia dot ados de inrui ao; e agora daremos ao leitor algumas novas evi
^
dences de que mais de um academico se aproxima inconscientemente das
-
tao ridicularizadas Ciendas Secretas.
No que respeita st Cosmogonia e a materia primordial, e inegavel que
as especulagoes modemas reproduzem o pensamento da antiguidade, "aper-
feigoado pelas teorias contraditorias de origem recente. Todo o funda
mznto pertence Astronomia e a Flsica arcaicas, gregas e indianas, & s quais
-
se dava outrcra o nome de Filosofia . Em todas as especulagoes arianas e
gregas encontramos o coneeito de uma Materia nao organizada, homognea,
ou Caos, que a tudo penetra , e que os dentist as rdbatizaram com o nome
de condigao nebular da materia universal. O que Anaxagoras chamou
Caos em seu Homoiomeria e boje chamado fluido primitive1 por Sir

William Thomson . Os atomistas hindus e gregos - Kanada , Leucipo,
Democrito, Epicuro, Lucrecio , e outros
agora se refletem , como em um
espelho cristalino, nos que defendem a Teoria Atomica de nossa epoca, a
comegar pelas Monadas de Leibnitz e a terminar com os Atomos Vertigi-
nosos de Sir William Thomson 1. verdade que a antiga teoria corpus
cular foi rejeitada , sendo substituida pela teoria ondulatdriaa . Mas o que
-
e importante e saber se a ultima esta realmente consolidada, sem correr o
risco de ser destronada como sua predecessor. A questao da Luz em seu
aspecto metafisico foi largamente examinada em Isis sem Veui
A Luz 6 o primogemto e a emanagao primeira do Supremo; e a Luz 6 a Vida,
Muodi
dizem o evangelista e o cabalista . Ambas sao eleiricidade o prindpio vital , a Anima
que impregna o Uni verso, o vivificador el&rico de todas as coisas . A Luz

( 1 ) Os Vertices Elemental s inaugurados pela "Meate nao progtcdir&m em sua


transfonnagao moderns,
( 2 ) A CiSncia hoje considers a Luz tanto corpuscular como ondulatdria . ( Nota
da Ed . Adyar. )

2.90
Escola do Grande Oriente Mistico

e o grande Proteu migico, e, sob o impuJso da vontadc dtvina do Arquiteto 3 ou


meJhor , dos Arquitetos, os Construtores chamados coletivamente Utto, suas ondas
multlplas e onipotentes deram nascimento a todas as formas, assim como a to dos os
seres vivemes. De sen seio eJerrico infJado brotam a Materia e o Esplrito. Em suas
radu des jazem os prindpios de to da a?ao fisica e qulmtca , e de todos os fendmenos
^
cosmieos e espirituais; ela vitaliza e desorganiza ; da a vida e produz a morte; e de
seu Ponto Primordial sutgiram gradualmente k exist6ncia as midades de mundos. de
corpos celestes vtslveis e invislveis. Foi tium raio desta Mae Primordial, una em tr s,
que, segundo Platao, Deus acendeu um Fogo qoe agora chamamos Sol 4 e que nao
e a causa da luz e do calor , mas simplesmetite o foco ou , como poderiamos dizer , a
lenre por meio da qual a Luz Primordial materializa os seus Raios, concentran do-os
sobre o nosso Sistema Solar e produzindo todas as correla oes de formas 5
^ ,

o liter , como acaba de ser explicado nas teorias de Metcalfe, repe -


tidas pelo Dr. Richardson, ressalvado que o primeiro admite certas parti *

cuiaridades da nioderna teoria ondulatoria. Nao pretendemos opor nos a ^

esta teoria ; a penas afirmamos que ela necessita de ser completada e refun-
dida . Longe estao, porem, os ocultistas de ser os unicos hereges neste
particular; pois o Sr, Robert Hunt, F . R . S . , diz que:
A reoria ondulatoria nao explica os resultados destas experience as 9. Sir David
Brewster, em seu Treatise on Optics , depois de mostrar que as cores da vida vegetal
provetn... de utna atragao especiiica que. as particular destes corpos exetcctn sobre os
raios solares de cores diferentes*, e que e por meio da luz do sol que se elaboram os
sucos coloridos das pi ant as, que se txansformam as cores dos corpos , etc /, observa nao
sec facil aceitar que tais efeitos possam ser produzidos pela simples vibrafao de urn
meio etericob Diz ele que se v for$ado, por esta classe de fatos, a radoduar como
.
se a luz fosse material 9 [ ? ] O Professor Tosiah P , Cooke , da Universidade de Harvard ,
declara que fnao pode concordar com os que con si deram a teoria ondulatoria da luz
.
como um prinripio cientffico estabelecido ' 7 A doutrina de Herschell de que a inten -
sidade da luz, quanto ao efeito de cada ondulagao, inversamente proportional ao qua -
drado da dist ncia do corpo luminoso, se 6 correta , prejudice em muito a teoria ondu-
^
latdria , se 6 que nao a destrdi mesmo , Que ele est com a razao 6 fato que ficou
comprovado repetidas vezes por meio de experincias com fotomctro; mas a teoria ondu
latdria , se bem que comece a ser objeto de s&ias dtividas, permanece ainda de p. 8
-
Aquela observa ao de Sir David Brewster de que $e ve < forado ;

^
a raciocinar como se a luz fosse material
ha muito que replicar A luz, >

em certo sen tide, certamente tao material quanto o e a propria eletrici, ,-


dade. Se a eletricidade nao e material , se 6 so um ^ modo de movimento J

como se explica que possa ser armazenada nos acumul'adores de Faure ?


Helmholtz diz que a eletricidade deve ser tao atdmica quanto a materia ;
e o Sr . W. Crookes , F. R . 3 . , apoiou essa opiniao em sua mensagein de

( 3 ) Sou muitas vezes censurada por empregat em Isis expressoes que dcnotam
crenga etn um Deus pessoal e antropotnorfico. Nao foi a minba inten ao . Na lingua-
^
gem cabalistica, Arquiteto15 e o nome generico dos Sephiroth, os Construtores do
Universo, da mesma forma que a Mente Universal ^ representa a coletividade das
Mentes Dhyan Cbohanicas.
( 4 ) Timceeus.
( 3 J his sem Veu , vol. I , p. 258.
( 6 ) Researches on Light in its Chemical Relations .
( 7 ) Modern Chemistry.
.
( 8 ) Isis sem Veu, vol , I , p > 137

291
f

Escola do Grande Oriente Mistico

Birmingham & Se ao de Quimica da Sociedade Britanica, de que era Fresh


^
dente, em 1886. Eis o que diz Helmholtz:
Se aceitamos a hipotese de que as Substancias elements ts sao composes de a to
raos, nao podemos evitar a conclusao de qu.e tamb m a eletriddade, tanto negativa
-
^
como positiva , se divide em frames elementais definidas, que se comportara como atomos
de elemcidade / 1

*
Aqui devemos repetir o que dissemos na Sefao VIII, a saber, que so
ha uma ciencia capaz de prosseguir nas itxvestiga oes modernas pelo camh
nho unico que ha de conduzir a descobma da verdade, M6 agora oculta , ^
e essa d a mais jovem de todas, a Quimica, tal como atualmente se apre
senta reformulada. Qutra nao ha , sem mesmo excluir a Astronomia, que
-
possa orientar com tanta seguranqa a intuigao cientffica , como pode faze-lo
a Quimica , Temos duas provas disso no mundo da Ciencia: dois grandes
quimicos dos mais eminentes em seus respectivos paises, Crookes e o Pro
fessor Butlerof ; um acredita sinceramente nos fen6menos anormais, e o
-
outro era um espiritista tao entusiasta quanto famoso por seus conhecimen
tos de ciencias naturais.
-
E daro que a mente cientificamente educada do quimico, ao mesmo
tempo que reflexiona sobre a divisibilidade final da Materia e sobre a pes-
quisa , ate agora infrutifera , do elemento de peso atomico negative, deve
sentir-se irresistivelmente atraida para aqueles mundos sempre encobertos,
para aquele misterioso AJem , cujos insondaveis abismos parecem fechar-se
a aproxima ao de mao demasiado materialista que Ihes procura descerrar o
^
veu . o desconhecido e o sempre incognoscivel
agnostico. Nao e verdade '
responde o quimico perseverance
mos na pista , e nao queremos desanimar; e voluntariamente franquearemos

adverte o monista
Esta -
o limiar da misteriosa regiao em que a ignorancia poe a etiqueta de desco-
nhecida.
[ Em sua alociicao presidencial de Birmingham , disse o Sr . Crookes:
S6 ha um desconhecido: a essenria ultima do Esplrito [o Espflfo]. Aquilo que
nao e o Absolute nem o Uno 6 , em vlrtude mesmo dessa difetendapio, e por tnais
di statue que sa ache nos sentidos ffskos, sempre acessivel a mente espiritual humana ,
que e um resplendor do Integral nSo-diferendado / ]
J

Dots ou ttes paragrafos, ja no final de sua conferencia sobre a Genese


dos Elementos, mostram que o eminente cientista trilha a estrada que leva
a impertajites descobertas. Durante algum tempo esteve estudando a ques
tao do protilo original , e chegou & conclusao de que ^ aquele que obtiver
-
a Chave podera descobrir alguns dos mais profundos mist rios da Criagao*.
Protilo, como esckrece o grande quimico, ^
. .e uma palaxtfa analoga a protoplasma , para exprimir a idia da mat& ia prink
uva antes da evolu ao dos elementos qtumicos. O termo que me permito adotar para
-
^
( 9 ) Faraday Lectures , 1881. ( As particulas positivas e negatives de eletricidade
do Professor Crookes correspondent aos nossos positrons e neutrons de hoje. Nota
da Ed. Adyae ).
292
Escola do Grande Oriente Mistico

esse fim composto de Tpfc ( anterior a ) e UXTJ ( a sobstSncia de que estio fdtas as
.
coisas ) A palavra nao 6 uma novidade, pois que hi 600 anos Roger Bacon escreveu
em sua Arte Chymice que uos elementos sao feitos de UXT] e cada elemento se trans-
forma em outro elemento .
O conhecitnento de Roger Bacon nao veio por inspira ao a esse mara-
^
vilhoso mago dos tempos passados 10 , senao que o adquiriu no estudo de
antigas obras de Maria e Alquimia , possuindo- a chave da verdadeira signi-
fica ao de sua Iinguagem . Vejamos, porem , o que diz o Sr. Crookes acerca
^
do Protilo , este vizinho proximo do inconsciente Mulaprakriti dos ocultistas :
Vatnos partir do momento em que surgiu o primeiro elemeato. Antes disso,
a materia, qual a conhecemos, nao existia. igualmente itnpossivel conceber a materia
sem energia , e a energia sem materia; de certo ponto de vista , ambos sao termos con-
versed s. Antes do nascimento dos atomos, todas ess as formas de energia, que se
manifestam quando a materia atua sobre a materia, nao podiam ter existido 11; estavam
encerradas no pr6tilo como meras potencialidades latentes. Coincidindo com a criafao
dos dtomos, todos estes atributos e propriedades , que penniteoi distinguir um elemento
quimico de outro, surgem a existencia )& compietamente dotados de energia /' 12

Com todo o respeito devido ao grande saber do autor da conerncia,


o ocultista se expressaria de maneira diferente. Diria que jamais foi criado
um Atomo, pois os Atomos sao eternos no seio do Atomo Uno
dos Atomos considerado durante o Manvantara como o Jagad-Yoni ,

o Atomo

a matriz material do Mimdo. Pradhana , a Materia nao modificada , aquilo


que e a primeira forma de Prakriti , ou Natureza material , tanto vislvel como
invisfvel, e Purusha , o Espfrito, sao oternamente um ; e eles sao Niru-
padhi , sem qualidades acidentais ou atributos , so durante o Pralaya, e
quando se acham alem dos pianos de conscience a do Ser , O Atomo, tal
como o conhece a Ci ncia moderna , e inseparavel de Purusha , que e Espi-
rito, mas que a Cifencia da agora o nome de energia . O Atomo-Pr6tilo
nao foi fragmentado nem sutilizado : passou simplesmente aquele piano ,
que nao e propriamente um piano , mas o estado eterno de todas as coisas
fora dos pianos da ilusao. Purusha e Prakriti sao ambos imutaveis e incon-

( 10 ) Assim , o que a autora desta obra dizia ha dez anos ( em 1877 ) , em tsis
sem Veu , tem o sabor de profecia . Eis as proprias palavras :
Muitos desses mfsticos, segubdo os ensinamentos recolhidos de tratados que foram
secretamente consent dos e transmitidos de gera ao em gera ao, levaram a cabo desco-
^ ^
bertas que nao seriam para desprezar mesmo em nossa 6poca de ciSncias exatas. Roger
Bacon, o monge, foi ridicularizado como charlatao, sendo geralmente classificado, nos
dias atuais, entre os que "pretendianv possuir a arte mgica; mas as suas descobertas
nao foram, por isso, tnenos aceitas, e sao hoje utilizadas pelos que mais o ridicularizam.
Roger Bacon partencia de direito, senao de fato, a ess a Confraria que Inclui todos OS
que estudam as Ciendas Ocuftas. Vivendo no seculo XIII, e sendo, portanto, quase
contemporaneo de Alberto Magno e de Tomas de Aquino, suas descobertas, tais como
a pdlvora e os vidros dticos, e seus trabalhos em mecanica eratn por todos considerados
como outro s tantos rnilagres. Acusaram -no de haver feito um pacto com o Diabo.
( VI. I, pp. 64-65. )
( 11 ) Assiln 6; < fessas formas de energia , , que se fazem evidentes . .
, n o labo
ratdrio do quimico e do fisico; mas existem outras formas de energia associadas a outras
-
formas de materia , que sao supra- senstvets , rnas conhecidas dos Adeptos.
( 12 ) Presidential Address, p , 16.

295
Escola do Grande Oriente Mistico

sumlveis, ou Aparin&min e Avyaya, na eternidade, e podem set chamados,


durante os periodos Mayavicos, Vyaya e Parinamin, ou o que pode expan-
<iir-se, ocuhar-.se e desaparecer, e o que e modificavel . Neste sentido,
Purnsha deve, obviamente, distinguuyse Parabrahman em nossos conceitos.
Sem embargo, o que a Ciencia chama de "energia ou forca , e que
Metcalfe descreve como for a binaria, nao 6 apenas energia, nem pode
^
se-lo nunca ; pois e a Substantia do Mundo, a sua Alma, Sarvaga, que a
tudo impregna , em conjungao com KSla , o Tempo. Os tres sao a Trindade
em Um , durante o Manvantara , a Unidade todo-poderosa, que atua como
trs coisas distintas sobre Maya, o piano da ilusao, Na filosofia 6rfica da
Gracia antiga, eram chamados Phanes , Caos e Cronos: a Triade dos fil6
sofos ocultistas daquele tempo.
-
E de ver , porm, como o Sr. Crookes $e aproxima do "Incognoscivel ,
e que probabilidades existem para a aceita ao das verdades Ocultas em suas
^
descobertas. Falando da evolu ao dos Atomos, prossegue ele nestes termos:
^
Detenhamo-nos no fim da primeira vibrato complete, e examinemos o resultado.
Encontramos ja os elementos da ago a, do amoidaco, do atido carbduico, da atmosfera,
da planta e da vida animal; fosforo para o cerebro, sal para os mares, argila para a
terra soli da . , , fosfatos e silicates sufkjentes para um mundo e uns habitants que
.
nao diferissem muito dos atuais certo que os habitantes humanos teriam que viver
-
em um estado de siiuplicidade mats que arcadian a, e que a aus ncia de fosfato cilrico
^ .
seria de dificil compreensao no que respeita existencia dos ossos . . 13. No outro
..
extremo da nossa curva . vemos um grande Mato . ..
Este osis e os vazios que o
precedem e sucedem podem atribuir-se, segundo todas as probabilidades, ao mo do parti
cular em que se desenvolveu a nossa Terra a fim de se tornar um membro do nosso
-
.
sistema solar Se assim 6 pode ser que s6 em nossa Terra ocorram tais vazios, e que
}

nao se generalizem por todo o Universo/ *

Econfirma ao de vririos assertos constantes das obras Ocultas.


a
^
Primo , que nem as estrelas nem o Sol se pode dizer que sejam consti *

tuldos dos elementos terrestres familiares a Quimica, apesar de se acharem


presentes nos envoi tdrios externos do Sol, juntamente com muitos outros
elementos ate agora desconhecidos da Ciencia .
Secundo, que o nosso Globo tern seu laboratorio especial nos confins
de nossa atmosfera; ao cruz-los, todo dtomo e toda mol&ula se modificam
e se diferendam de sua natureza primordial .
Tertio, que, finalmente, embora nenhunx dos elementos presentes na
Terra possa faltar no Sol, ha neste muito outros que nao existem ou nao
foram ainda descobertos em nosso Globo ,
"Alguns podem faltar em certas estrelas e corpos celestes em curso de forma$ao;
ou , ainda que presentes ali, tais elementos, cm virtude de sua condi ao atual, podem
nao se revelar ainda &s provas cientfficas usuais,1 14 ^
( 13 ) Precisamente a existencia de tais mundos em outros pianos de eonsciencia
e ty .
que afitma o ocultista A Ciencia Seereta ensiiu. qne a raga primxtiva nao tinha
ossos , e que existem mundos mvisfveis aos nossos olhos, mundos povoados como o
nosso, a fora as popuUgoes de Dhyin Chohans.
( 14 ) Five Years of Theosophy , pp. 258 e segs.

294
Escola do Grande Orients Mistico

O Sr . Crookes refere-se ao hUiocorpo de peso atdmico inferior


ainda ao do Hdrogenio; corpo simples puramente bipotStico em nossa
Terra , mas que existe em abundancia na eromosfera do Sol , A Ciencia
Oculta acrescenta que nenhum dos corpos considerados como simples pela
Qufmica merece realmente esse nome.
Mais adiante o Sr . Crookes fala em termos aprovativos so fare

dos
o
cofpos
forte*
Arguments do Dr , Camelly em abono da natureza composta dos chama
simples, pot sua analogia com as radfculas compostas
-
Ate o presente , so a Alquimia , em seu periodo histdrico e nos cbama-
dos paises civilizados, logrou obter um verdadeiro corpo simples ou uma
partfcula de Materia homogenea , o Mysterium Magnum de Paracelso , Mas
isso foi ante s da poca de Lord Bacon 18.
. . Volcemos agora k pane superior do esquema. Com o hidrogenio de peso
atdmico = 1, nao hi lugar para outros corpos simples , a nao ser talvez para o hipo-
tdtico hiiio . Mas se consegutssemos passar atraves do espelho e cruzar a linha zero
em busca de novos princlpios, que encontrariamos do outro lado do zero? O Dr ,
Carnelly pede um corpo simples de peso at&nico negative, aqui hd amplo espa o e
mafgetn suficiente para uma serie espectral de nao-substancialidades que tais. ^ -
Helm
-
holtz diz que a eletrlcidade e provavelmente tao atomica quanto a materia ; sera a eletri
cidade um dos corpos simples negatives ? E o eter lutninoso outro? A materia , - qual
a conhecemos hoje, nao existe aqui ; as formas de energia , que sao apareutes nos movi-
mentos da materia , nao passam ainda de possibilidades latentes. Uma subst&ncia de
peso negativo nao e incortcebbel 17. Mas podemos format um couedto claro de um
corpo que se combine com outros corpos em proposes que se expressem por quanti
dades negativas? 19
-
Uma genese dos corpos simples, tal como a que delineatnos, nao se confinaria ao
nosso pequeno si sterna solar, mas seguiria provavelmente a mestna $6rie de sucessos em
todos os centros de energia visiveis atualtnente sob a forma de estrelas .
Antes de surgirem os dtomos para gravitar uns em torno dos outros, nao podia
-

exercer se pressao alguma; mas, nos confins da esfera de nevoa ignea, em que tudo
protilo, e em cujo nucleo as formas colossais que indicam o nasdmento de um
elemento qufmico exeteem toda a sue afao
o violento caJor iria acompanbado por

( 15 ) O hdlio foi obtido em 1895 por Sir William Ramsay. ( Nota da Ed . de


Adyar. )
( 16 ) Diz o Sr . Crookes no mesmo discurso: l40 primeiro enigma que a Qub
mica nos depara e este: Que sao corpos simples ? De todas as tentativas feitas atd
-
agora para defini los ou explica-Ios, nenhuma satisfaz o intelecto humano. Os com-
pendios tios dizem que corpo simples e um corpo que cao pode ser decomposto ;
que e uma coisa a que podemos acrescentar , mas da qual nada podemos subtrail ; ou
um corpo que flume nta de peso a cada modifica ao qufmica , Tais definifoes sao
^
pouco satisfatdrias, por dois motives: primeiro, porque sao provisdrias e podem amauha
derxflr de ter aplica ao em dada circunstanria; e segundo, porque se baseiaiu , nao em
^
algum atrfbuto da coisa a definir , mas na limita ao da capacidade humaiia: sao con -
fissoes de impotencia intelectual. ^
( 17 ) E o conferencista dta Sir George Airy, que diz ( em ' Faraday' s Life and
Letters, vol. II, p. 354 ) ; "Posso facilmente conceber que haja ao nosso redor muitos
corpos nao sujeitos a esta apio mutua , e que, por conseguinte, nao se acham submeridos
a lei de gravitagao .
( 18 ) A filosofia vedaniina o admite; mas ja nao se trata de ffsica , senao de
.
metatfsica , que o Sr . Tyndall qualifica de poesia e ficyao
Escola do Grande Oriente Mistico

uma graviugao sufidente para impedii que os elementos rec m-formados se lanptssem
^
no espago , A medida que aumenta o calor , aumentam a expansao e o moviiuento mole-
cular ; as moleculas tendem a separar-se, e suas aftoidades qufmicas amortecem; mas a
enorme pressao causada. pda gravitacao da mass a, na parte externa daquilo que, por
amor da brevidade, chamarei a crosta nascente, contrabalanfaria a a ao do calor
^ .
Alem da crosta nascente haverk um espa o era que nao se poderia dar nenhuma
^
a$ao quimica, porque all a temperatuta ultrapassark o que se deaomina ponto de
dissock &o dos compostos. Nesse espafo, o leao e o cordeiro repousariam lado a lado;
^
o fosforo e o oxigenio mjstuxax-s^iam sem unir-se; o bidrog&iio e o cloro nao mos-
trariam tendnria a lagos mais estreitos; e at o floor, este gds endrgico que os quimicos
^
so conseguiram isolar hi um ou dois roeses, flutuaria livre e sem se combiner.
Fora desse espago de materia atomica em liberdade, ex is titk outra capa cm que
os elementos quimicos formados teriam esfriado ate atingir o ponto de combinagao;
e a serie de fenomenos, tao claramente descritos pelo Sr . Mattieu Williams era The
Fuel of the Sun , dai-se-k entao, culmmando na terra solida e no comedo do tempo
geoldgico. ( P. 19 ) .

Eis ai , em linguagem estritamente cientifica , mas em tennos sugestivos,


a descrigao da evolugao do Universo diferenciado, segundo os Ensinamentos
Secretos . 0 sabio termina sua conferencia com periodos em que cada frase
como um raio de luz atrav s do negro vdu materialista que
^ entao
vinha cobrindo as ciencias exatas; e significa um passo frente ein diregao
ao Sanctum Sanctorum do Oculto. Diz ele ainda :
Vimos como 6 diffcil definir um corpo simples : observamos tamWm que muitos
flsicos e quimicos se insurgem contra a acepyao usual da palavra elemento; ponderamos
a improbabilidade de sua existed a eterna ou de sua fortnagao pelo acaso , Como
derradeira alternativa, pen samos que a sua origem fosse devida a um processo evolutivo
semelbante ao dos corpos celestes, segundo Laplace, e ao das plantas e smimais do
nosso globo, segundo Lamarck , Dauvin e W a l l a c e N a serie dos corpos simples, tais
como os conhecemos, enconttamos uma analogia flagrante com a do mundo organico 21.
Na falta de uma prova direta da decomposigao de quaiquer corpo simples, procuramos e
descobrimos uma prova indueta . . . Consideramcs depots o aspecto da gnese dos
elementos ; e finalmente passamos em revista um esquema de sua origem sugerido pelo
mltodo do Professor Reynolds para iiustrar a classificagao periddica . . . 22 Resumindo

( 19 ) Em sua forma atual, quer-nos parecer .


( 20 )
( 21 )
E segundo Kapila e Manu sobretudo e cm primeiro lugar.
Eis aqui uma confirmag5o dentlfica da lei eterna de correspondence e
analogia.
( 22 ) Este metodo de ilustragao da lei periddica na dassificagao dos elementos
foi, segundo diz o Sr. Crookes, proposto pelo Professor Emerson Reynolds, da Univer-
sidade de Dublin, o qual . . . observa que, em cada periodo, as propriedades gerais
dos corpos simples variam de um a outro com aproximada regularidade, at chegar a
um seiimo membro, que apresenta um coctraste mais ou menos acentuado com o ^
primeiro elemento do mesmo periodo, e tambm com o primeiro do periodo seguinte.
Assim, o doro, s timo membro do terceiro periodo de Mendeleef , contras ta fortemente
com o sodio, primeiro elemento da mesma s rie , e com o potassio, primeiro membro
^
da serie imediata; enquanto, por outro lado, o sddio e o potass io tem entre si muita
analogia. Os seis corpos simples, cujos pesos at6micos estao compreendidos entre o do
s6dio e o do pot&sio, variam em propriedades passo a passo, aid que se chega ao cloro,
contraste do sddio. Mas do cloro ao potassio, analogo do sddio, a mudan a de proprie -
^
dades se efetua per saltum . . . Se reconhecemos deste inodo um contraste de propriedades,
mais ou menos marcante , entre o primeiro e o ultimo membro de cada sdrie, nao pode-
mos deixar de admitir a existncia de um ponto de varia ao mddia dentro de cada
^
sistema. Em geral, o quarto elemento de cada srie tem as propriedades que seriam de

296
Escola do Grande Orients Mistico

todas as consider agoes precedentes, nao podemos, cm verdade, aventurar-nos a afirmar,


de modo categdrico, que os nossos chamados corpus simples se tenham desenvohido
de urna materia primordial unica; mas podemos sustentar que a bdlanga das provas se
inciina jrancamenle em favor desla tese. a xninha opiniao.

Assitn, a Ci&ncia indutiva , em seus tamos de Astronomia , Fisica e


Qufmica , ao tempo que avanga timidamente para a conquista dos segredos
da Natureza em seus efeitos ultimos sobre o nosso piano terrestre , retro-
cede aos dias de Anaxagoras e dos Caldeus, ao descobrir: ( a ) a origem do
nosso mundo fenoraenal; e ( b ) os modes de formagao dos corpos que
compoem o Universe. E, como suas hipdteses cosmogdnicas fazem-na
volver as crengas dos filosofos primitives e aos seus sistemas , todos estes
baseados nos emimm entos de uma Doutrina Secreta universal acerca da
Materia primordial , suas propriedades, fungoes e leis, nao temos o direito
de esperar que nao esteja longe o dia em que a Ciencia apreciard a Sabe-
doria dos Antigos melhor do que o tem feito at agora ?
A Cincia Exata moderna pode certamente ensinar muita coisa a Filo-
sofia Oculta; mas, por outro lado, teria muitissimo que spreader em mais
de um tamo da Sabedoria Antiga , e sobretudo em Cosmogonia . Poderia
aprender, por exemplo, a significagao mlstica, alquimica e transcendente das

exemplo

consider a o Professor Reynolds que o quarto membro de um perfodo

esperar em um corpo de transigao . . , Assim, para efeito de uma ttadugao grdfica,
o sillcio por
pode ser colocado no alto de uma curva simetrica , que representara, em
relagao queles periodo particular, a diregao em que variam as propriedades das series
de corpos simples com os crescentes pesos atomicos.
A autora confessa humildemente sua completa ignorinria da Qufmica moderna
e de seus misterios. Mas, de outra parte, tem suficiente conhecimento da Boutrina
Oculta a respeito da correspottdincia dos tipos e antitipos na Natureza , e da analogia
como lei fundamental em Oculrtsmo. Ousa, por rsso, formular uma observagao, que
ser acolhida por todos os ocultistas, embora provoque um sort iso de tnofa por parte
do cientista ortodoxo. O metodo de ilustrar a lei periodica no comportamento dos
corpos simples, seja ou nao ainda uma hipotese na Qufmica, e uma lei em Ciettcias
Ocultas. Todo ocultista culto sabe que o setimo e o quarto membros
cadeia setenaria de mundos como na hierarquia setenaria de anjos, na constitmgao do
em uma
homem, do animal e da planta como na do atomo mineral -
que o setimo e o quarto
membros, repetimos, desempenham sempre um papel definido e especifico no sistema
senetario das manifestagoes geometrica e matematicamente uniformes das imutaveis leis
da Natureza. Desde as estrelas, que lucilatn no alto dos ceus, ate as chlspas que se des-
prendem do fogo que o selvagem acende por processo primitive no interior de sua
floresta: desde as hierarquias e a constituigao essencial dos Dhy n Chohans
poderia sonhar o major de todos os psicologos ocidentals

^
para percepgoes mais divinas e para uma ordem de conceitos tao elevada como jamais feita
ate a cldssificagao natural
das especies, incluindo a dos mais hum tides insetos; era suma, desde os Orbes aos
Atomos, tudo no TJniverso, desde o infinitamecte grande ao infinitamente pequeno,
segue em sua evolugao espiritual e fisica uma ordem dclica e setenaria, em que o
setimo e o quarto numeros ( sendo este ultimo o ponto de retorno ) se comportara de
modo identic ao que nos mostra aquela lei periodica dos Atomos. A Natureza jamais
.
procede per saltum . Assim, quando o Sr Crookes observa, a esse respeito, que nao
deseja concluir que os vazios da tabua de Mendeleef , era sua representagao grdffca ( o
diagrama que indica a evolugao dos Atomos ) , signifiquem necessariamente a existencia de
-
corpos simples para preench los; que um vazio pode simplesmente signifies r que, ao

que devesse ocupar esse lugar ;



uascerem os elementos, ha via uma potencialidade propfeia h formagao de um demen to
um ocultista lhe faria respeilosamente pouderar que

297
Escola do Grande Oriente Mistico

numerosas substancias zmponderaveis que enchem os espagos interplane-


tarios, e que, impregnando os mundos, sao a causa direta , no extremo
inferior, da produgao dos fenfimenos naturais que se manifest am pelas
chamadas vibragoes , O conhecimento da natureza teal , nao a hipot tica,
do Eter, ou melhor, do Ak sha, e de outros misterios, em uma pakvra , so
^
pode conduzir ao conhecimento das Formas. E, no entanto, e contra essa
Substancia que a escola materialista dos ffsicos se insurge com inusitada
fiiria , principalmente na Franca 23; essa Substancia que a Ciencia Exata
precis a defender. Nao podem os ho mens de ciencia abandon4-la sem correr
o risco de langar por terra as colunas do Templo da Ciencia , e, quais
novos Sansoes, ficarem sepultados sob .os seus escombros ,
-
Vimos que as teorias baseadas sobre a nao aceitagao do conceito de
Forga como exterior 4 Materia pura e simples, e independente dela , sao
todas falsas. Nao abrangem nem podem abranger o problema, verifican-
do-se que muitas das hipoteses cientfficas carecem , afinal, de base cientffica.
O Eter produz o Som est4 escrito nos Pur&nas; e riram desta afirma
gao, O Som e o resultado das vibragoes do ary respondem -nos 4 guisa de
-
corregao , Mas, que o ar > Poderia o ar existir sem que houvesse, no
Espago, um meio etereo que sustentasse as suas moleculas ? Eis o que se
passa : O Materialismo nao pode admitir a exist ncia de seja o que for
alem da Materia, por que, com a aceitagao de uma Forga imponder vel
fonte e origem de todas as Forgas ffsicas teria que virtuahnente admitir^
outras Forgas, inteligentes, o que levaria a Ciencia demasiado Ionge. Por-
que, como coroldrio, teria que aceitar a presenga , no homem, de um poder
ainda mais espiritual, ja agora por completo independente de toda esp cie
de Materia de que os ffsicos tenham conhecimento. E assim, 4 parte um ^
Eter hipotetico do Espago e dos coipos ffsicos grosseiros, todo o Espago
sideral desconhecido 6 , para os materialist as, um vazio sem limites na Natu-
-
reza: cego, nao inteligente, inutil.
Outra questao 6 a seguinte : Que e essa Substancia Cosmica , e
- -
onde podemos ir para sondar lhe a natureza e arrancar lhe os segredos , a
fim de nos sentirmos au tornados a dar-lhe um nome ? Ate onde, principal-
mente, tera ido a Ciencia moderna na rota destes segredos, e que faz ela
para descobri-los ? O ultimo favorito da Ciencia , a Teoria Nebular, pode ser
que nos oferega uma resposta a pergunta. Examinemos, pois, as credenciais
da Teoria Nebular.

a ultima hip6tese so poderia subsistir se nao infiuisse no csquema setendrio dos Atomos,
Esta a lei una, e um m todo infalivel que hd de sempre conduzir ao fed to aquele
que o observe.
( 23 ) Um grupo de eletricistas acaba de protestar contra a nova teoria de Clau-
sius, o famoso professor da Universidade de Bonn . O car iter do protesto nos 6 reve-
lado pela assinatura que traz: *Jules Bourdin, em nome do grupo de eletridstas que
tiveram a honra de ser apresentados ao Professor Clausius em 1881, e cujo grito de
guerra ( cri de railiement ) A has VEtber'\ abaixo o Eter! Como se vS, reclamam o
Vacuo Universal!

298
Escola do Grande Orients Mistico

SECAO XII
EVIDENCIA CIENTfFICA E ESOTERICA DA TEORIA
NEBULAR MODERNA , E OBJEgOES A MESMA

-
ULTIMAMENTE, e com cefta freqiiencia , tem se procurado opor a
Cosmogonia Esot rica o faatasma desta teoria e as hipdteses que dela dccor-
^
rem. Podem os vossos Adeptos negar esta teoria tao cientifica ?
gunta-se. Nao de tod o'
respondemos , mas o que os prdprios
4

homens de ciencia admitem nao a deixa subsistir, nada ficando para ser
per
-
contestado pelos Adeptos ,
-
Para constituir se a Ciencia em um todo , em um corpo integral de
conhecimentos, e realmente necessario o estudo da natureza espiritual e
psiquica, tanto quanto da natureza fisica. De outro modo, o resultado sera
idntico ao que sucedeu com a anatomia do homem , que os profanos anti-
gamente estudavam de cm ponto de vista superficial , ignorando a estmtura
interna do corpo humano. Ate mesmo Platao, o maior dos fildsofos de
seu pafs> cometeu, antes de sua Iniciagao, erros tais como o de afirmar que
os Hquidos passam ao estdmago atraves dos pulmoes. Sem a Metaflsica ,
como diz o Sr. H. J , Slack , a verdadeira Ciencia e inadmisslvel .
As nebulosas existem ; a teoria nebular, por &n , 6 erronea . Uma nebu-
losa existe num estado de completa dissociagao elemental gasosa ( e *

algo mais, que nao se pode relacionar com os gases, tais como os conhece
a Ciencia fisica ) ; e e luminosa por si mesma. Eis tudo. As sessenta e
duas coinddencias , que o Professor Stephen Alexander enumera para con-
firmar a Teoria Nebular \ podem ser todas explicadas pda Ciencia Esote
rica ; todavia , como nao estamos escrevendo uma obra sobre Astronomic ,
-
nao vamos agora refuta-ks. Laplace e Faye, mais que todos os outros,
chegam a aproximar-se da teoria certa ; na teoria atual, por m , sobra muito
pouco das ideks de Laplace, fora de suas linhas gerais . ^
No entanto, diz John Stuart Mill:
"Nada hi de hipotetico na teoria de Laplace; 6 um exemplo de Jegitbio racio-
cimo, que parte do efeito presente para xemontar a causa passada; s<5 pressupoe que os

(1 ) Smithsonian Contributions, XXI, .


art l.#, pp. 79-97*

299
Escola do Grande Oriente Mistico

objetos realmente existentes obedecem ls lets a que se sabe estarem sujeitas todas as
^
coisas terrestres que se the assemelham. 2

Em se ttatando de um 16gico tao eminente como Stuart Mill, tal racio


cinio seria muito valioso se se pudesse verificar que as coisas terrestres
-
que se assemelham celestes , na distSncia em que se acham as nebulo&as,
sao semelbantes redmente a esses objetos, e nao apenas na aparenct'a.
Outra erronia que, do ponto de vista oculto, se iticorporou a teoria
moderna, tal como hoje se apresenta, e a hipotese de que todos os planetas
se tenham desprendido do Sol , sendo osso de seus ossos e carne de sua
carne; pois o Sol e os planetas sao apenas irmaos uterinos, que tem a
jnesma origem nebular, mas em virtude de um processo diferente do admi-

tido pela Astronomic moderna.


As inumeras objegdes adimdas por alguns adversdrios da moderns
Teoria Nebular contra a homogeneidade da Materia original difusa, baseada
na uniformidade da composigao das Estreks fixes , nao abalam de modo
algum a questao dessa homogeneidade, senao apenas a teoria em si niesma.
Nossa nebulosa solar pode nao ser completamente homog&nea , ou melhor ,
e possfvel que nao se revele como tal aos astronomos, e seja , contudo, de
facto , homogenea. As Estrelas diferem em seus materiais constiturntes, e
atd ap resen tam element os de todo desconhecidos na Terra; nao obstante ,
isso em nada altera o ponto de que a Materia Primordial
a Materia tal
como apareceu justamente em sua primeira diferenciagao apos o estado
laya *
seja ainda hoje homogenea , a incomensuraveis distancias, nas
profundezas do infinito, e tambem em sftios nao muito afastados dos
confins do nosso Sistema Solar .
Finalmente, nao ha um s6 dos fatos trazidcs a colagao pelos adversa-
rios da Teoria Nebular ( sendo embora falsa , como e, e portanto fatal,
bastante ilogicamente, a hipotese da homogeneidade da Mat 6ria ) que possa
resistir a critica. Uma falsa premissa conduzira naturalmente a uma falsa
conclusao, se bem que uma dedugao inadmissivel nao deva necessariamente
invalidar a proposigao principal do silogismo. Um erro leva a outro erro .
Assim , podemos deixar de lado todos os aspectos e inferncias secund&rias
das provas do espectro e das linhas , como simplesmente provisorias por
enquanto , a abandonsr a ciencia toda questao de pormenor . O dever do
ocultista se entende com a Ahna e o Bspirito do Espago Cosmico, e nao
apenas com a aparencia e o modo de ser ilusdrios deste Espago. O da
ciencia fisica consiste em estudar e analisar a sua casca
Universe e do Homem , na opiniao dos materialistas.
a Ultima Tule do

Com estes ultimos nada tem que ver o Ocultismo. So com as teorias
de ho mens do saber de um Kepler, de um Kant, de um Oersted e de um
Sir William Herschel , que acreditavam em um Mundo Espiritual, pode a
Cosmogonia Oculta entender-se e chegar a um acordo satisfatdrio. Mas

(2) System of Logic, p. 229.


(3 ) Alem da linha zero de agao.

300
Escola do Grande Oriente Mistico

as ideias dos citados ffsicos sao bem diferentes das ultimas especulagoes
modernas. Kant e Herschel especulavam sobre a origem e o destino final
do Universo, assim como sobre o seu aspecto presente, de um ponto de
vista muito mars filosofico e psiquico; ao passo que a Astronomia e a
Cosmologia modemas repudiam tudo o que se refira a invest iga ao dos
^
misterios do Ser. O resultado e o que se poderia esperar : completo malogto
e contradiqdes inextricaveis nas mil e uma variedades das chamadas teorias
ciendfieas , inclusive a de que ora nos ocupamos.
A hipdtese nebular, que implica a teoria da existencia de uma Materia
Primordial, difundida em estado nebuloso, nao e de data recente na Astro-
nomia , como todos sabem . Anaximenes, da escola jonica, ha via \i ensinado
que os corpos siderais se formavam pela condensaqao progressiva de uma
-
Materia Primordial pre genetied , cujo peso era quase negative e que se
encontrava difundida pelo Espa o em um estado extremamente sutil .
^
Tycho Brahe, que considerava a Via L ctea uma substilneia et 6rea,
^
acreditou que a estrela nova, surgida na constelaqao de Cassiopeia em 1572,
fora formada com aquela Materia 4. Kepler julgava que a estrela de 1606
tambem se tinha formado com a substaneia eterea que enche o Universo 5.
Atribula a esse mesmo eter o aparecimento de um anel luminoso ao redor
da Lua, durante o eclipse total do Sol observado na cidade de Napoles em
1605 Mais tarde ainda , em 1714 , a existencia de uma Materia luminosa
por si mesma foi admit id a por Halley, no Philosophical Transactions. Final
men te, o periodico com este nome publicava em 1811 a famosa hipdtese do
-
eminente astronomo Sir William Herschel sobre a transformacao das nebu-
losas em Estrelas 7, sendo depois aceita a Teoria Nebular pelas Reais Aca-
demias*
.
Em Five Years of Theosophy ( p 245 ) pode-se ler um artigo sob o
tttulo : Negam os Adeptos a Teoria Nebular ? A resposta que all se da
e a seguinte:
Nao; eles nao tie gam stias proposiQoes gerazs , netn as verdades aproxi
.
madas das verdades cientzficas Somente negam que as presentes teorias
-
este jam completas, e tambem que sejam totalmente erradas muitas daque
las antigas teorias que hoje sao tidas como superad as , e quet durante o
-
tiltinto seculo, se segtiiram umas as outras com tanta Zapidez.
Alegou-se entao que era uma resposta evasiva . Argumentou-se que
semelhante fait a de respeito para com a Ciencia oficial, para ter justificativa ,
deve acompanhar-se da substituiqao da teoria ortodoxa por outra mais com -
pleta e com base mais sdlida . A isso cabe apenas responder : fi inutil for
mular teorias isoladas em relaqao a mat6rias que fazem parte de um sistema
consecutivo integral ; pois que, ao serem separadas do corpo principal de
ensinamentos, perperiam necessariamente sua coerencia vital , e seria de

( 4) Progym nasmafa, p. 795 ,


(5) De Stella Nova in Pede Seypentarii , p. 115 .
.
( 6 ) Hypotheses Cosmogoniques, C. Wolf, p 2, 1886.
( 7 ) Veja-se Philosophical Transactions, pp 269 e segs.
#

301
Escola do Grande Oriente Mistico

nenhum proveito o seu estudo independence. Para que seja possivel a pre-
el ar e aceitar as ideias ocultas sobre a Teoria Nebular , far-se-a mister o
estudo de todo o sistema cosmog onico esoterico. E ainda nao soou a bora
em que se possa conclamar os astr6nomos a admitirem Fohat e os Di vinos
Cons tru tores. As suposigoes inegavelmente cor ret as de Sir William Herschel,
que nada tinham de sobrenatural em si mesmas, quanto a chamar o Sol,
talvez metaforicamente, de um Globo de Fogo , e as suas primeiras espe-
culagoes sobre a natureza do que hoje se denomina a Teoria da Folha de
Salgueiro de Nasmyth, so tiveram como resultado que o mais eminente
de todos os astrbnomos fosse ridicularizado por colegas seus muito menos
ilustres, que nao viam e ainda nao veem em suas ideias senao teorias gera-
das por uma imaginagao fantasiosa .
Antes que se pudesse revelar aos astrdnomos todo o Sistema Esot
rico, e que pudessem aprectado, teriam eles que regressar , nao so as anti-
-
quadas ideias de Herschel, mas tambem aos sonhos dos mais antigos astrd-
nomos hind us , e abandon ar assim suas prdprias teorias, as quais, com terem
surgido oitenta anos depois que as primeiras, e varies milnios mais tarde
que as outras, nao sao por isso menos fantasiosas . Teriam principalmente
que se desfazer de suas ideias sobre a solidez e a incandescncia do Sol;
pois, se e verdade que o Sol resplandece , nem por isso arde \ Por

Ciobjetos assim os chama Sir William Herschel



outro lado, dizem os ocultistas , quanto as folbas de salgueiro , que estes
sao as fontes imedia -
tas do calor e da luz solar. E, embora os Ensinamentos Esot ricos nao os
vejam sob o mesmo prisma
^
isto e, como organismos que participam


da natureza da vida, pois os Seres solares nao ficam cert a men te dentro
4

do foco telescopico , afirmam , nao obstante, que todo o Universo esta


cheio de tais organismos conscientes e ativos, conforme a proximidade ou
a distancia de seus pianos em relagao ao nosso piano de consciencia; e
acrescentam, finalmente, que o grande astr6nomo estava com a razao, quan-
do, especulando sobre os supostos organismos , dizia que nao sabemos
se a agao vital 6 incapaz de, ao mesmo tempo, desenvolver o calor, a lu2
-
e a eletricidade . Pois os ocultistas, expondo se ao risco de serein ridicula -
rizados pelo mundo dos fisicos, sustentam que todas as Forgas dos cien-
tistas tem sua origem no Prindpio Vital , a Vida Una coletiva do nosso
Sistema Solar sendo esta Vida uma parte, ou mais propriamente, urn
dos aspectos da Vida Una Universal.
Podemos, por tan to, como o fizemos no artigo a que ] & nos referimos


e onde, com apoio na opinlao dos Adeptos, dissemos que e suficiente
fazer um resumo do que os fisicos ignoram a respeito do Sol
definir a nossa posigao em face da Teoria Nebular moderna, e de seus
, podemos
evidentes erros, limitando-nos a assinalar fatos que estao em diametral
oposigao a ela em sua forma atual. E, para principiar , perguntamos ; Que e
o que ensina essa Teoria ?
Resumindo as hipoteses meticionadas, vemos que a teoria de Laplace,
que alias esta hoje irreconhecivel, nao foi muito feliz. Em primeiro lugar ,
pressupoe a existencia da Materia Cosmica em um estado de nebulosidade
difusa , tao sutil que sua presenga mal poderia ser suspeitada , e exclui
302
Escola do Grande Oriente Mistico

qualqucr tentativa para penetrar o Arcana da Ser, salvo no que se refere


imcdiata evolu ao do nosso pequeno Sistema Solar.
^
Em conseqiintia , a aceita ao ou a rejeigao de sua teoria , relativamente
^
aos problemas cosmologicos, que se procura solucionar, nao tem outro
result ado senao o de fazer recuar um pouco mais longe o misterio. Quanto
&s etemas perguntas: De onde vem a Materia ? De onde provem o impulso
evolutivo que lhe determina as agregacoes e dissocia oes riclicas ? De onde
^
a maravilhosa ordem e simetria com que se agrupam os Atomos ptimor-
diais ?
nao oferece Laplace nenhuma resposta. Tudo o que nos apre-
senta se reduz a um esbo o dos prindpios ger&is provaveh em que se supoe
^
-
basear se o processo atual , Mas qual e a explicagao, sobre que hoje tan to
se fala , desse processo? Que nos expos de, de tao maravilhosamente novo
e original , que pudesse servir, pelo menos em suas linhas gerais, de base
para a Teoria Nebular modems ? Eis aqui as informa oes que pudemos
collier em diver sas obras de astronomia. ^
Laplace pensava que, devido h condensa o dos Atomos da nebulosa
^^
primitiva , e de acardo com a lei de gravite ao, a massa entao gasosa , ou
ralvez parcialmente Kquida, adquirisse um movimento de rota ao. A medida
^
que airmen t a va a velocidade desse movimenta > a massa ia tomando a forma
de um disco delgado; depois, a forqa centrifuga , dominando a de coesao,
fez desprender grandes andis das bordas vertiginosas e incandescentes, e
estes aneis se contrairam necessammente, por for$a da gravita ao, conver-
tendo-se em corpos esfericos ( segundo se admite ) , os quais, tambem neces- ^
sariamente, conservaram a mesma orbita ocupada antes pel a zona externa
de que foram separados 9 . A velocidade da parte exterior de cada planeta
nascente

diz Laplace , excedendo a da parte interior, deu lugar a um
movimento de rota ao em tomo do eixo. Os corpos mais densos eram proje-
^
tados por ultimo; e final mente, durante a fase preliminar de sua forma ao,
os globos rec m-destacados projetaram , por sua vez, um ou mais satflites. ^
^
Descrevendo a historia da ruptura dos aneis e de sua transform a ao em
planet as, escreve Laplace : ^
Quase sempre cada um desses aneis de vapores teve que se fragments r em
numerosas massas, as quais, movendo-se com uma velocidade mais ou menos uniforme,
foram tambem levadas a circular & igual distends em redor do Sol .Tais massas
tiveram que tomar uma forma esterica , com um movimento de rotagao no mesmo sen-
rido do de revolugao, pois que as moleculas intemas ( as mais proximos do Sol ) deviam
ter uma velocidade real inferior a das moleculas externas. As massas passaram entao
a format outros tantos planetas em estado de vapor ; mas , quando um deles teve
sufkiente for a de atra ao para unir sucessivamente todos os denials ao tedor do seu
^ ^
centre, o anel de vapores deve ter se transformado em uma so massa eskrica de vapo -

res, girando em torno do Sol e animada de um movimento de rotagao no mesmo


sentido que o de revolu ao . Esre ultimo caso foi o mais comum, mas o Sistema Solar
^
( 8 ) Laplace imaginava que as zotias externas e intemas do anel girariam com
a mesma velocidade angular que haveria no caso de um anel sdlido; mas o prindpio
de areas iguais exige que as zonas interoas girem mais rapidamente que as 2onas exter
-
nas ( World Life, p. 121 ) . O Professor Winchell salienta muitos equfvocos cometidos
-
por Laplace ; mas , como gedlogo, tambem ele nao e infalfvel em suas especulacoes
astrocdmicas ,

m
Escola do Grande Oriente Mistico

nos oferece exemplos do priineiro nos quatro pequenos planetas que se movera entrc
Jupiter e Matte.*
1

Apesar de haver poucas pessoas que neguem a magnifica audacia desta


hipdtese , 6 irnposslve] deixar de reconhecer as dificuldades insuperaveis
que a cercam. Por que razao, por exemplo, vemos que os sa Elites de Netuno
e de Urano sao dorados de um xnovimemo rerrogrado? Por que Venus,
a despeito de sua maior proximidade do Sol, e menos denso que a TERRAJ
POR que tambern Urano, estando mais dlstante, e mais denso que Satumo?
Como se explica que haja tanta varied ade na inclina ao dos eixos e das
^
<5rbitas da suposta progenie do Globo central ? Por que essas diferen as
tao flagrantes no tamanho dos planetas ? Por que os sat lites de Jupiter ^
sao 228 vezes mais densos que este planeta ? E, finalxnente, por que ainda
permanecem inexpJiciveis os fenomenos dos meteoros e dos cometas ? Ou a-
mos as palavras de urn Mestre: ^
Eles [ os Adept os ] entendem que a teoria centrifuga de origem oci-
dental e incapaz de abranger todos os problemas. Que , por si so , ndo pode
expltcar o porque do achatamento de cada esferdide, nem resolver as evi
dentes dificuldades que apresenta a densidade relativa de certos planetas
-
,

Efetivamente, conio pode algum cdlculo de forqa centrifuga explicar-nos,


por exemplo, a razdo por que biercurio, cuja velocidade de rotagdo, segundo
se diz , 6 aproxitnad amente tgual a uni ter go da da Terra, e cuja densidade
1

e somente cerca de urn quarto maior que a da Terra' , tem uma compressao
'

polar mais de dez vezes superior & desta ultima? Por que tambern Jupiter,
cuja rotaqdo equatorial se diz que e t vinte e sete vezes maior que a da
(

Terra, enquanto a sua densidade apenas uma quinta parte da do nosso


Globo , bd de ter a sua compressao polar dezessete vezes maior? Ou amda,
por que Satumo, com uma velocidade equatorial , para fazer face & forga
centrifuga, cinquenta e cinco vezes superior a de bAercurio, tem uma depres-
sao polar so tris vezes maior que a deste ultimo planeta? Para coroar
-
todas essas contradiqdes , querem fazer nos acred itar nas For gas Centrals ,
con for me ensina a ciencia moderna, amda quando nos declarant que a mate -
ria equatorial do Sol , com uma velocidade centrifuga quatro vezes maior
que a da superficie equatorial da Terra, e sd com a quarta parte da gravi-
taqdo da materia equatorial , ndo manifestou a menor tendencia para a glome
rar-se no equador solar , nem mostrou nenhum achatamento nos pdlos do
-
eixo solar. Em termos mais claros: o Sol , apenas como uma quart a parte
da densidade terrestre para opor aos efeitos da forga centrifuga, nao tem
nenbuma depressao polar! Vemos que esta objegao tem sido levantada por
mais de um astrdnomo, mas >nunca deu tugar a uma s6 explicagdo satisfa-
toria, que seja do conhecimento dos Adeptos.
Eis por que dizem eles [ os Adeptos ] que os grandes bomens de din-
cm do Oddente, ndo sabendo .. . nada ou quase nada sobre a materia come
tdria\ nem das for gas centrifuga e centripeta, nem sobre a natureza das
3
-
nebulosas, nem da constituigdo fisica do Sol, das Estrelas ou mesmo da Lua,
cometem uma imprudencia ao falar com tanta seguranqa , como o fazem, da
tnassa central do Sol" a langur no espago planetas, cometas e nao sei mais
304
Escola do Grande Orients Mistico

o que , . . NSs dizemos que o que ele [ o Sol ] desprende de si s6 o


Principio de Vida, a Alma daqueles corpos, principio que distribui e recolhe
em nosso pequeno Sistema Solar, como o Dispensador Universal de
.
Vida , / ' no Infinito e na Eternidade ; que o Shtema Solar o Microcosmo
do Macrocosmo Uno , da mestna maneira que o botnem o Microcosmo em
relaqSo ao seu pequeno Cosmos Solar
O poder essencial que tem todos os Elementos Cdsmicos e terrestres
de gerar dentro de si mesmos uma serie regular e harmonica de resultados ,
um encadeamento de causa s e efeitos, uma prova irrefutavel de que eles
ou se acham aniraados por uma Inteligencia ab extra ou ab intray ou entSo a
ocultam dentro ou por tris do v u manifestado . O Ocultismo nao elude
a certeza da origem mecaruca do Universo; mas somente prodama a neces-
sidade absoluta de existirem mecanicos de alguma especie dentro ou por
tr s daqueles Elementos: um dogma entre nos . Nao foi o concurso fortuito
dos Atomos de Lucrecio, como ele bem o sabia , que construiu o Cosmos
e tudo quanto nele se cont 6m . A prdpria Natureza desmente semelhante
teoria. Ao Espaco Celeste, ocupado por uma Materia tao sutil como o
liter , nao se pode pedir que explique, corn ou sem atra ao, o movimento
comum das legi6es siderais, Ainda que a perfeita harmonia de suas inter- ^
-revolufoes indique claramente a present de uma causa mecSnica no Uni-
verso, Newton , que mais do que outro tinha o direito de confiar em suas
prbprias dedu oes, viu-se, nao obstante, obrigado a abandonar a idia de
^
chegar a explicar o impulso original dado aos milhoes de orbes somente
pelas leis conhectdas da Natureza e suas Formas materials Reconheeeu ele,,

de modo inequivoco, os limites que separam a a ao das Formas naturais


^
da a ao das Inteligdncias que ordenam e poem em execu ao as leis imutdveis.
^ ^
E se um Newton teve que renunciar a semelhante esperanga , qual dos
pigmeus materialistas serd capaz de dizer: Eu sei mais ? 1

Para que uma teoria cosmogonies seja completa e compteenslvel , tem


que partir de uma Substancia Primordial difundida em todo o Espago sem
limites, e de natureza intelectual e divina. Esta Substancia deve ser a um
tempo a Alma e o Espirito, a Sfntese e o Setimo Principio do Cosmos
manifestado; e, para servir de Upadhi espiritual a este , deve existir o sexto
principio, seu veiculo, a Materia Fisica Primordial, por assim dizer, embora
a sua natureza tenha que escapar sempre aos nossos sentidos normals limi-
tados.
facil a um astrbnomo, se dotado de algum poder de imaginayao,
idear uma teoria sobre o nascimento do Universo do seios do Caos, mediante
a simples aplicagao dos principios da mecanica. Mas semelhante Universo
nunca passaria de um monstro de Frankenstein perante o seu criador humano?
que seria por ele arrastado a perplexidades sem fim. A so aplica ao das
leis mecanicas nao pode levar b te6rico al m do mundo objetivo; nem
^ ^
desvendar ao homem a origem e o destino do Cosmos Eis aonde a Teoria
,

Nebular conduz a Ciencia. A bem dizer , essa Teoria e irma gemea da do

( 9 ) Five Years of Theosophy, pp. 249-50, artigo Do the Adepts deny the 'Nebu
lar Theory? ( Negain os Adepios a Teoria Nebular ? ),
-
303
f

Escola do Grande Oriente Mistico

Eter, e ambas sao filhas da necessickde: uma e tao indispensavel para


explicar a transmissao da luz como a outra o 6 para demonstrar a origem
dos Sistemas Solares. A questao, para a Ciencia , esta em saber como pode
a mesma materia homogenea l <>, obedecendo as leis de New ton, dar nasci -
mentos a corpos o Sol, os Planetas e seus satelites
sujeitos a condi-
goes de movi men to id&itico e formados de elementos tao heterogeneos.
Tem servido a Teona Nebular para resolver o problems, ainck que
limitada a sua aplicagao a corpos tidos como inanimados e materials? Deci
didamente nao. Qual o seu progresso desde 1811, quando a comunicagao
-
de Sir William Herschel , com faros baseados em suas observagoes, fez
irromper exclamagoes de jubilo por parte dos metnbtas da Sociedade
Real ? A par dr de entao, uma descoberta ainda mais importante* por meio
da analise espectral, permitiu a verificagao e confirmagao da conjetura de
Sir William Herschel. Laplace pedia uma especie de Materia prima *' ori
"

ginal para comprovar a ideia da progressiva evolugao e desenvolvimento do


- -
Uni verso. Ei-k aqui, tal como se propos ha dois mil anos.
A "materk-prima , que hoje tem o nome de nebulosa, foi conhecida
desde a mais remora antiguidade. Anaxagoras ensinava que, na diferen
ciagao , a mistura resultante das substancias heterogeneas permaneceu imovel
-
e sem organizagao, ate que a ' Mente
Chohans, dizetnos nos
a corporagao coletiva dos Dhyin
comegou a atuar sobre ela e a comunicar lhe -
movimento e ordem ll Essa teoria e atualmente aceita no que tange a
sua primeita parte; sendo rejeitada a outra, a que se refere k intetvengao
de uma Mente . A anilise espectral revela a existenria de nebulosas for -
madas inteiramente de gases e vapores luminosos. Sera a Materia nebular
primitiva ? O espectro, dizem, mostra as condigoes fisicas da Materia que
emite a luz cdsmica . Demons trou-se que os espectros das nebulosas reso-
ld veis e os das irresoluveis sao absolutamente diferentes, indicando os des-
tas ultimas que o seu esta do fisico e o de urn g s ou vapor luminoso. As
linhas brilhantes de uma nebulosa significant a existfincia de hidrognio e
de outras substancias materials , conhecidas e desconheeidas. O mesmo
sucede com as atmosferas do Sol e das E$ treks. Isto leva diretamente a
conclusao de que uma Estrela se forma pel a condensagao de uma nebulosa ;
e portanto, que ate mesmo os metais se formaram na Terra pela conden-
sagao do hidrogenio ou de outra materia primitiva talvez algum parente
ancestral do hllio ou algum material ainda desconhecido. To! conclusao
ndo colide com os Ensinamentos Qcultos. E este o problems que a
Qutmica esta procurando resolver; e cedo ou tarde ha de consegui lo, acei-
tando, entao, nolens volens, o Ensinamento Esotdrico. Mas, quando isso
,
-
( 10 ) Se os astronomos , no estado atual de sua ciencia , se houvessem limit ado a
hipotese de Laplace, que tratava simplesmente da formagao do Sis tenia Planetario, com
o tempo poderiam aproxtmat-se da verdade . Mas as duas partes do problema geral
a da formagap do Universo, ou dos Sois e Estrelas da Materia Primitiva , e a do
desenvolvimento dos Planetas ao redor do Sol se baseiam ecn leis bem distintas da
Natureza, e a prdpria Ciencia assitn o reconhece. Ocupam os polos opostos do Sen
( 11 ) Fisiea de AristxSteles, VIII, L

m
Escola do Grande Orients Mistico

acontecer, ser3 a sentenga de morte da Teoria Nebular tal como hoje


prevalece. .
At Id, nao pode a Astronomia, se quer ser considerada ciencia exata,
aceitar de modo algum a teoria atual da filiagao das Estrelas

ainda que
o Ocultismo a aceita sua maneira, explicando de outra forma essa filiagao
porquanto nao dispoe a Astronomia de urn so dado fisico para compro-
va-la. A Astronomia poderia, antecipando-se a Quimic*, demonstrar a exis-
tencia do fato , se lhe fosse possivel mostrar uma nebulosa planetaria que
exibisse um espeetro de trs ou quatro linhas brilhantes, condensando-se
gradualmente para se transformar em uma Estrela, com um espeetro todo
coberto de um certo numero de linhas obscuro. Mas:
A questao da variedade das nebulosas, e at mestno de sua forma , e alnda um
misterio em Astronomia, As observances ati agora feiras sao demasiado receotes e
.
incertas para que nos autorizem uma afirmagao 12

Desde que foi descoberto, o espectro$c6pio, com o seu poder m gico,


nao nos revelou senao uma transformagao daquela especie em uma Estrela. ^
E essa transformagao indicou justamente o contrdrio do que serf a preciso
para servir de ptova em favor da Teoria Nebular ; pois revelou uma Estrela
que se transmutava em uma nebulosa planet Aria. Segundo relatou The
Observatory 13, a Estrela temporaria descoberta por J. F. J. Schmidt na
constelagao do Cisne , em novembro de 1876, acusava um espeetro inter
rompido por linhas muito brilhantes. Gradualmente desapareceram o espec-
-
tro continue e a maior parte das linhas, deixando finalmente s6 uma linha
brilhante, que parecia coincidir com a linha verde da nebulosa ,
Embora nao seja essa metamorfose inconciliavel com a hipotese da
origem nebular das Estrelas, este caso isolado nao se ap6ia em observagao
alguma , e muito menos em observagao direta . Tal ocorrencia podia ser
devida a vdrias outra s causas, Se os astrSnomos se inclinam a crer que os
-
nossos planetas tendem a precipitar se no Sol, por que nao poderia aquek
Estrela ter se inllamado em conseqiiencia de uma colisao com Planetas assim
precipitados , ou com algum cometa, como supoe muitos ? Fosse como
fosse, o unico exemplo conhecido de transformagao de uma estrela , desde
1811, nao e favoravel a Teoria Nebular, Denials, no tocante a essa teoria,
como em relagao a muitas outras, nao se acham de acordo os astrbnomos.
Em nosso proprio s&ulo, e antes que Laplace houvesse sequer pensado
nisso, Buff on , muito impressionado com a identidade de movimento dos
planetas, foi o primeiro a formular a hipdtese de que eles e os seus satelites
haviam tido origem no seio do Sol. E, com esse ponto de vista, imaginou
um Cometa especial que tern arrancado do Sol, por meio .de um poderoso
sopro obliquo, a quantidade de materia necessaria para a formagao daqueles.
Laplace situou nos devidos termos a questao desse Cometa, em sua Expo -

( 12 ) Hypotheses Cosmogoniques > p. 3, Wolf .


( 13 ) . .
Vol I , p. 185, citado por Wolf , p 3 O argumento de Wolf foi aqui
resumido.

307
Escola do Grande Oriente Mistico

sition du Systbme du Monde 14. Mas a ideia foi aproveitada e ate aperfei-
foada com um conceito da evolufao alternada , desde a massa central do
Sol, de planet as aparentemente sem peso ou influencia sobre o movimento
dos planetas visfveis
imagem de Moises na Lua.
e, evidcntemente, sem mais existncia que a da <

Entretamo, a teoria modern a nao e mais do que utna variants dos


sis tern as elaborados por Kant e Laplace. O pensamento de am bos era que,
na origem das coisas , toda essa Materia que agora entra na composigao dos
corpos planetarios se achava disseminada em todo o espa$o compreendido
-
no Sistema Solar e mesmo A6m dele. Era uma nebulosa de densidade
extremamente fraca, e cuja condensagao gradual deu lugar, por um meca-
nismo que ate boje nunca foi explicado, ao nascimento dos diversos corpos
-
do nosso Sistema Esta 6 a Teoria Nebular original, repetiqdo incompleta ,
mas fiel, dos ensinamentos da Douttina Secrera: um cur to capltulo do gran-
de volume da Cosmogonia Esoterica universal. E ambos os sistemas, o de
Kant e o de Laplace, diferem comideravelmente da teoria modema , que
-
abunda em Jw teorias contraditorias e em hipoteses fantasiosas ,
Dizem os Mestres :
A essentia da materia cometaria [ e tambem da que comp5e as Estre-
las ] . . . totdmente diferente de qudquer dos caracteres qutmicos e ftsi-
cos com que estao famUiarizados os grandes quimicos e fisicos da Terra . . .
Se o espectroscopio mostrou a similitude provavel [ devida agao qulmica
da luz terrestre sobre os raios interceptados ] da substantia sideral e terres -
tre , nao puderam ser descobertas as a$oes quimicas peculiares aos orbes do
espa o diversamente evolutionados, nem se pode provar sua identidade com
^
as observadas em nosso prdprio planeta 15.
O Sr , Crookes disse quase a mesma coisa no citado trecho de sua con-
ferncia sobre Os Elementos e os Meta-elementos. C. Wolf , membro do
Institute e astidnomo do Observa torio de Paris, observa:
A hipotese nuclear pode , quando muito, segundo W. Herschel, apoiar-se na
existencia de nebulosas planetarias em varios graus de condensagao, e na de nebulosas
em espiral com nucleo de condensagao nos ramos e no centro lc. Mas a verdade
que o conhecitnento do la 90 que une as nebulosas com as estrelas nao estd ainda ao
nosso alcance; e , ptivados de observa goes diretas, como es tamos, nem sequer podemos
basei- lo sobre a analog!a da composigao qultmca . 17

Ainda que os bomens de cientia


deixando de parte a dificuldade
que se origins de tal inegfoel variedade e heterogeneidade de materia na
constituigao das nebulosas
admitissem , como os antigos, que a origem
de todos os corpos celestes, visfveis e invislveis, deve buscar-se em uma

( 14 )Nora VII . Extraido de Wolf , p, 6,


( 13 )Five Years of Theosophy, pp. 239 , 241 e 242.
( 16 )Mas os espectros destas nebulosas ainda nao foram determinados. S6
quando eles revelarem linhas hrilhatJtes que se podera diaer algo a esse respeito.
( 17 ) Hypotheses Costnogoniques, p . 3.

308
Escola do Grande Orients Mistico

materia primordial homogenea, uma especie de Pre Pr6tiloia , 6 evidente


*

que isso nao poria tcrmo H suas perplexidades . A nao scr que tamb m
admitam que o nosso Universe visfvel atual simplesmente o Sthula Sharira , ^
o corpo grosseiro do Cosmos setuplo, eles se verao em face de outro pro-
blema ; sobretudo se se abalangarem a sustentar que os coipos ora visiveis
sao o resultado da condensagao daquela Materia Primordial unica . Pois
a simples observagao mostra que as operagoes que produziram o Universo
atual sao demasiadamente complexas para que esta teoria possa abrange-
las todas .
,
Em primeiro lugar > ha duas classes distintas de nebulosas irresoltivei $ > ,
conforme ensina a propria Ciencia .
O telescopio nao e capaz de distinguir entre essas duas classes , mas
pode faze-lo o espectroscdpio, e este assinala uma di eren9a essencial entre
as suas constituigoes fisicas .
** Esta questao da resolubilidade das nebulosas lem
sido com freqiiSncia apresen-
tada de maneira demasiado afirmativa e de todo contr ria id#as expos Us pelo Sr.
^
Huggins, o ilustre experxmentador que estudou o espectro de tais constelagoes. Toda
nebulosa cujo espectro s6 contain linhas brilhantes diz-se que gasosa e, portacto,
irresoluvel; toda nebulosa que tem um espectro contlnuo afinal se resolve em estrelas
.
observe com um instrumento de sufieiente poder Esta suposigao contraria ao
laesmo tempo os resultados ob lidos e a teoria espectroscopica .A nebulosa Lira, a
nebulosa Haltere e a regiao central da nebulosa de Orion aparecem cotno resoluveis,
e dao um espectro de liuhas brilhantes; a nebulosa dc Canes Venatici nao 6 resoluvel,
e acusa um espectro eontiouo. Porque, se efetivamente o espectrosedpio nos revela o
estado flsico da materia constituteva das estrelas, nao nos da nogao alguma dos seus
modos de agregagao. Uma nebulosa formada de globos gasosos ( ou mesmo de nticleos
ligeiramente iuminosos, rodeados de uma atmosfera poderosa ) daria um espectro de
.
linhas, e, nao obstante, serf a resoldvel; tal parece ser o estado da regiao de Huggins
na nebulosa de Orion. Uma nebulosa formada de partfculas sdlidas ou fluidas em
estado incandescente, uma verdadeira nuvem, dari um espectro cocrinuo, e nao seri
resoltivd /

Algumas destas nebulosas, diz Wolf ,


tem um espectro de tres ou quatro linhas brilhantes; outras, um espectro con-
tfnuo ,As primeiras sao gasosas, as outras sao formadas de uma materia pulverulenta .
Aquetas devem constituir uma verdadeira atmosfera ; entre elas deve dassificar-se a
neoulosa solar de Laplace. As ultimas formam um con jut?to de particulas que pode-
mos considerar Lndependentes, e cuja rotagao obedece as Ieis da gravjtagao interna; tais
sao as nebulosas adotadas por Kant e Faye . A observagao nos permite situar umas e
outras na origem mesma do mundo planetario . Mas, quando tentamos ir mats longe
e remontar ao caos primitivo de que saiu a totalidade dos corpos celestes, temos que
preliminarmente explicar a existSncia dessas duas classes de nebulosas . Se o caos priroi-

( 18 ) O Protilo do Sr. Crookes nao deve ser considerado como a materia pri-
mordial com que os DhySn Chohans, de acordo com as imutiveis leis da Natureza ,
construfram o nosso Sistema Solar. O protilo nao pode sequer scr a Mat&ia-Prima de
Kant, que, na concepgao do grande fildsofo, serviu para a formagao dos mundos ; e
que, porta Qto, \& nao exist!a em estado difuso. O Protilo represent a uma fase mediata
na progressiva diferenciagao da Subst &ncia C6smica, a partir do seu estado normal nao
.
diferenciado E, pois, o aspecto que a Materia assume a meio-caminho para a objeti-
vidade oompleta.

}09
Escola do Grande Oriente Mistico

- -
- -
tivo fosse utn gds frio e Jti /ninosoM, cocopreender sc is que a contra ao resultante da
^
atra ao pode aquece lo e dar lhe luminosidade. Resta explicarmos a condetisapio desse
^ -
gas do estado de particulas incandescentes , cuja presents etc certas nebulosas o espectros
copio nos revela, Se o caos original era compos tos de setnelhantes partlecdas, como
se explica que parte delas passasse ao estado gasoso, cnquanto a outra parte conservou
seu estado primitivo?

Tal e a sinopse das obje oes e dificuldades que se opoem a aceitaqao


da Teoria Nebular, objcedes ^formuladas pelo s bio frances, que concluiu
sua interessante argumentagao declarando que: ^
<(
A primeira parte do problems eosmogonico, a saber: que e a materia primitiva
do caos? e como produziu o Sol e as estrelas ? permanece deste modo, ate o presente,
no domlnio da fiepao e da fantasia / 20

Se esta 6 a ultima palavra da Ciencia sobre o assunto, a quem nos


devemos dirigir para saber o que 6 que ensina a Teoria Nebular? Que
e , na realidade , essa teoria ? Q que e, ningudm parece estar seguro de saber.
O que nao 6 sabemo-lo atrav s da li ao do erudito autor de World-Life.
Ele nos ensina que ; ^ ^
1. Nao e uma teoria <& evolufao do Universo. antes uma explicate da
origem dos fendmenos do sistema solir ; e, acessoriamente, a coordena ao, em um
^
conceito comurn, dos fendmenos que ocorrem no firmamento estelar e nebular , onde
a vista Humana nao pode penetrar.
II . Nao considera os Cometas abrangidos nessa evolu$ao especial que produziu
o Sistema Solar . [ Mas a Doutrina Seereta os inclui, pois ela reconhece tamb$m os
Cometas como formas de existence cdsmica, relacionados com fases mais primitives da
evolufio nebular , e a eles realmente atribui sobretudo a formafao de todos or mundosJ
III. Nao nega que houvesse um pertodo anterior a nivoa de fogo luminoso
[ a fase secundaria da evolugao na Doutrina Secreta ] [e ] , .. nao pretende haver chegado
a um principio absoluto. ] E ate faz a concessao de que essa ] .. , nevoa de fogo pode
ter existido anteriormente em um estado invi&fvd, frio e nao luminoso.
-
IV . [ Finalmente ] nao pretende descobrir a ORIGEM das coisas, mas tSo somettte
..
um estagto da bistoria material . [ deixando] o fildsofo e o teologo tao livres como
sempre o forain para especular sobre a origem dos modos do ser.'J 12

Mas nao 6 tudo. At o maior filosofo da Ingla terra , Herbert Spencer ,


tambem investe contra esta fant stica teoria , dizendo: ( a ) Que nao resolve
^
o problems da existencia ; ( b ) Que a hipdtese nebular nao projeta luz
alguma sobre a origem da materia difusa ; e ( c ) Que a hipdtese nebular
( tal como atualmente se apresenta ) implica uma Causa Primeira 22.
Receamos que esta tiltima parte va alem do que os fisicos modemos
pediram. De modo que a pobre hipitese dificilmente pode esperar apoio
ou confirmagao, at<? mesmo pot parte dos metafisicos.

se explica que a Mae



( L9 ) Ver a Estancia III , Comentfoio 9, sobre a Luz ou Chanrn Fm , onde
o Caos
i Fogo Frio, uma Radiagao fria, iucolor, sem
forma, desprovida de qualidade. Diz-se que o Movimento , como o Eterno Uno.
(

e coniim potential** ente todos as qualidades dos Mundos ManvantdricosP


}

( 20 ) Hypotheses Cosmogoniques, p. 4 e 5 .
( 21 ) World- Life, de Winchel, p. 1%.
( 22 ) Westminister Review , XX , 27 de julho de 1868.

310
Escola do Grande Orients Mistico

Diante de tudo isso, creem os ocultistas que Ibes assiste o direito de


apresentar a sua filosofia , por mais incompreendida e relegada que se
encontre no moment o, E eles sustentam que a incapacidade dos homens
de ciencia para descobrir a verdade se deve inteiramente ao seu rnatem
lismo e ao desprezo que votam as cienrias transcendentes. Apesar de tudo,
-
e ainda que as mentes cientificas de nossa dpoca se achem mais do que
nunca distanciadas da verdadeira e correta doutrina da Evolu ao, resta
ainda um pouco de esperan a no futuro; e agora mesmo vemos um indfcio
^
^
promissor nos termos em que outro sabio se manifesta sobre a questao.
Em um artigo na Popular Science Review sobre Investiga oes recen-
^
tes acerca da Intimidade da Vida , eis o que diz o Sr. H. J . Slack , F. C. S.,
Sec. R. M. S.:
ME evidente que todas as ciencias, desde a fisica e a qulmica &t6 a fisiologia ,
couvergem para urns doutrina de evolufao e de desen voivimento, na qml estarao com-
preendidos os fatos do danvinismo; mas, quanto ao aspeeto final qiie essa doutrina
vira assumir, nao se pode ainda formar uma ideia, e talvei nao o consiga a mente
humana enquanto as investigators metaffsicas e fisieas nao estivenem muito mais adian-
tadas. 23

Eis em verdade uma boa profecia . Assim, pode cbegar o dia em que
a Sele ao Natural3 * , conforme a ensinaram Darwin e Herbert Spencer,
^
represente, em sua ultima modifica ao, s6 uma parte de nossa doutrina
^
oriental da Evolu ao , que sera a de Manu e KapUa, explicada esoterica -
mettle. ^

( 23 ) Vol. XIV, p. 252.

311
Escola do Grande Oriente Mistico

SEQAO XIII

AS FORMAS : MODOS DE MOVIMENTO OU


INTELIGENCIAS?

ESTA e a ultima palavra da Cientia FIsica, ate o ano corrente de


1888. As leis mecanicas nunca serao capazes de provar a homogeneidade
da Materia Primordial, a nao ser por via de inferenda e como desesperada
necessidade, quando mo haja outro recurso, como no caso do fiter. A
Ciencia moderns nao esta segura de si mesma senao em seu prdprio terreno
e dominio, dentro dos limites fisicos do nosso Sistema Solar, alm do qual
tudo, inclusive a menor particula de Materia, e diferente da Materia que
ela conhece, e onde a Materia existe em estados de que nao pode formar
ideias. Esta Materia, verdadeiramente homogenea, esta muito alm da
percepcao humana , se limita apenas aos nossos cinco sentidos, N6s lhe
sentimos os efeitos por interm <edio das INTELIGENCIAS que sao os resul-
tados de sua diferencia ao primordial, Inteligencias a que damos o nome de
^
Dhyan Chohans e que sao chamadas os Sete Governadores nas obras
hemeticas ; aqueles que Pimandro, o Pensamento Divino", menciona como
os Poderes Construtores", e Asclepio como os 'Deuses Celestes".
Esta Materia, a Substancia primordial verdadeira, o Numeno de toda
a materia * que conbecemos, alguns de nossos astronomos tiveram que
4

admiti-la , porque ja nao esperam seja posslvel explicar a rotagao, a gravi-


dade e a origem das leis mecanicas fisicas sem que a Ciencia aceite aquelas
INTELIGENCIAS. Em sua obra, ja citada, sobre Astronomia, Wolf 1 adota
inteiramente a teoria de Kant, teoria que, senao em seu aspecto geral, pelo
menps em alguns de seus tragos, lembra tnuitlssimo certos ensinamentos
esotricos. Ali vemos o sistema do mundo, que renasce de suas cinzas
por meio de uma nebulosa
a emana ao dos corpos mottos e dissolvidos
^
no Espa o, em virtu de da incandescfencia do Centro Solar -
, reanimar se
^
pela materia combust ivel dos Planetas.
Nessa teoria, que surgiu e tomou forma no cerebro de um jovem de
apenas vinte e cinco anos de idade, e que nunca safra de sua terra natal,

( 1)
^
Hypotheses Cosmogoniques.

Konigsberg, pequena cidade do norte da Prussia, nao podemos deixar de
reconhecer a presen a de um poder inspirador externo ou uma prova da

312
Escola do Grande Oriente Mistico

reencamaqao, coma pensam o ocultistas. Preenche ela uma lacuna , que nem
o prdptio Newton com todo o seu g nio p6de suprir.
certamente a nossa Materia Primordial, Akasha, que Kant se referia ,
quando pressup s uma Substancia primordial difundida per todo o Uni-
^
verso, a im de evadir a dificuldade de Newton e sua falta de exito em expli-
car s6 pelas forgas naturais o impulso primitive transmitido aos Planetas.
Porque, conforme observa ele no Capitulo VIII de sua obra , se se
admite que a perfeita harmonia das Estrelas e dos Planetas e a coincidence
dos pianos de suas drbitas ptovam a exist ncia de uma Causa natural, que
seria portanto a Causa Primordial, essa causa nao pode realmente ser a
materia que ocupa hoje os espa os celestes". Deve ser a que enchia o Espa$o
a que era o Espa$o
^
originariamente, e cujo movimento como Materia
diferenciada foi a origem dos movimentos atuais dos corpos siderais; e que,
transformando-se por condensate nesses mesmos corpos , abandonou assim
o espapo que hoje se encontra vaziof \
Em outras palavras, os Planetas, os Cometas e o proprio Sol se com *

poem dessa mesma Materia, a qual, tendo-se originariamente condensado


nesses corpos, conservou a qualidade de movimento que lhe era inerente,
qualidade que, estando agora concentrada nos nucleos de tais corpos, dirige
todo o movimento. Uma ligeira ahera ao de palavras e alguns acrescimos
^
bastariam para que isto se convertesse em nossa Doutrina Secreta .
-
Esta ultima ensina que a Materia prima original, divina e inteligeme,
direta emana ao da Mente Universal , Daiviprahriti
emana do Logos^ a Luz Divina 2 que
formou os nucleos de todos os orbes que se movem
no Cosmos. o poder de movimento e o princlpio de vida informador,
sempre presente; a Alma Vital dos Sois, Luas e Planetas, inclusive de nossa
Terra ; latente o primeiro, ativo o segundo o Soberano e Guia invisfvel
do corpo grosseiro unido e associado a sua Alma, que e, em suma, a ema-
na ao espiritual dos respective* Espfritos Pknetirios
^ ,

Outra id&a completamente Oculta e aquela teoria de Kant segundo a


qual a Materia de que sao formados os habitantes e os animais dos outros
Planetas de natareza mats leve e mats sutil , e de conformaqao mats per-
feita, a medida que aumenta a distantia do Sol. Este se acha demasiado
provido de Eletricidade Vital , do princlpio flsico produtor da vida. Assim,
os homens de Marte sao mais etereos que n6 s ; ao passo que os de Venus
sao mais densos , e muito mais inteligentes, embora menos espirituais.
A ultima doutrina nao e de todo a nossa ; nao obstante, essas teorias
de Kant sao tao metafrsicas e transcendental como qualquer Doutrina Ocul-
ta ; e mais de um homem de ciencia , se tivesse a coragem de dizer o que
sente * as aceitaria , como o fez Wolf . Da Mente e da Alma dos Sdis e
Estrelas, de Kant , ao Mahat ( a mente ) e ao Prakrit! dos Vurdnas, nao
ha mais que um passo. Reconhecendo-o, a Ciencia, afinal, nao estaria senao
admitindo uma causa natural, elevasse ou nao suas crengas a tais alturas
metafisicas . Mas em nosso caso Mahat, a Mente, um Dcus , e a Fisio

(2) Luz a que nos chamamos Fobat.

313
Escola do Grande Oriente Mistico

logia so admite a mente como fungao temporaria do cerebro material , e


nada mais.
O Satanas do Materialismo de tudo igualmente escarnece, e nega tanto
o visivel como o invisfvel. Nao vendo na luz, no calor, na eletricidade , e
ate no fenomeno da vida , senao propriedades inercntes X Materia, ri se
quando chamamos a vida de Principle Vital , desprezando a idem de que
seja independente e distinta do organismo.
Mas , neste ponto como em tudo, tamb m divergem as opinioes cien-
^
rificas, e hi homens de ciencia que esposam conceitos semelhantes aos nossos.
Veja-se, por exemplo, o que diz o Dr. Richardson , F. R . S. ( ja tao citado
em outra parte ) , quanto a esse Prindpio Vital * , por ele chamado liter
Nervoso ;
- -
Refiro me tao so a am agente material verdadeiro, refinado, talvez, para o mundo
em geral, mas efelivo e substantial ; um agente com atributos de peso e volume; um
agente suscedvel de combina des quimicas e, portanto, de alterar o seu estado fisieo;
^
um agente passivo em sua agao, vale dizer, que s sempre impulsionado por atores
e s t r a n h o s q u e obedece a outras influent Las; um agente que carece do poder de ini-
ciativa, que nao tern vis ou energia naturae *, mas que desempenba um papel importan -
tlssimo, senao primario, na produ ao dos fenomenos resultantes da agao da energia
sobre a materia visivel/ 5 ^
Como a Biologia e a Fisiologia hoje negam in toto a existncia de um
Prindpio Vital , esta opiniao, juntamente com o ddmitido por Quatre-
fages, vale por uma confirmagao clara de que existem homens de ciencia
que tm, sobre as coisas Ocultas , as mesmas ideias dos teosofos e dos
ocultistas. Estes reconhecem um Prindpio Vital distinto e independente
do organismo material, sem duvida , porque a }or$a fisica nao pode ser
divorciada da materia

mas constituldo por uma substanch que existe em
um estado nao conhecido da Ciencia. A vidaf para eles , e dguma coisa
.
mats que a interafoo de dtomos e moUculas Existe um Prindpio Vital sem
o qual nenhuma combinagao molecular jamais poderia produzir um orga
nismo vivo, e muito menos a chamada Materia inorg&nica do nosso piano
-
de consciencia ,
Por combinagoes moleculares entendemos , i claro, as da materia de
nossas atuais percepgoes ilusdrhs , materia que s6 transmite energia no piano
em que nos encontramos
e este e o ponto principal que esta em debate 6 ,

( 3 ) Is to e um erro, por implicar um agente material, distinto das influencias


que o movem, ou seja , a materia cega e, possivelmente, Deus tamb m , quando ess a
Vida UNA , em si mestna , Deus e os Deuses. ^
( 4 ) O mesmo erro .
( 5 ) Popular Science Review, vol. X.
( 6 ) o Jiva um mito, como diz a Ciencia, ou nao o 67 perguntam alguns
cetfsofos, que vacilam entre a ciSncia materialists e a idealists. A dificuldade que
sentimos para bem compreendef os problemss esotericos que dizem com o estado
ultimo * da Materia reedita aquele velho quebra-cabega do objetivo e do subjetivo. Que
Materia ? a Materia de nossa presente consciencia objetiva outra coisa alem de
nossas sensaqoes? verdade que as sensagoes que experimentamos vem de fora; mas
podemos realmente
exceto no tocante aos fenomenos
falar da materia grosseira
*

314

Escola do Grande Orients Mistico

Ve-se, pois, que os ocultistas nao cstao em posigao singular quanto as


suas crengas. Nem sao assim tao n&cios, afinal de contas, quc rejeitem a
"gravidade da ciencia modema , juntamente com outras leis ftsicas , e acei
tem em seu lugar a atra do e a re pulsao. Para eles, estas duas formas con-
-
^
traries sao simples men te dois aspect os da Unidade Universal, chamada Mente
Manifestada, aspectos em que o Ocultismo, por meio de seus grandes Viden
tes, percebe uma Legiao inumeravel de Seres atuantes: os Dhyan Chohans
-
Cosmicos, Entidades cuja essencia, em sua natureza dual, 6 a Causa de todos
os fenomenos tertestres. Porque essa essencia e consubstancial com o

Oceano Eltrico universal, que 6 a Vida ; e sendo, como ja dissemos, dual



positiva e negative , sao as eflueneias dessa dualidade que ora atuam
sobre a Terra com o nome de modos de movimento . Atualmente, a
propria palavra Forga tem dado motivo a objegoes, pelo receio de que
possa alguem set induzido a separada da Materia , ainda que s6 em pensa -
mento! Segundo o Ocultismo, e a os efeitos daquela essencia dual que
chamamos ora formas centripeta e centrffuga, ora pdlos positivo e negative,
ou polaridade, frio e calor , luz e t rev as, etc.
E de acrescentar que os cristaos das Igrejas grega e catolica romana ,
acreditando, como acreditam, em Anjos, Arcanjos, Axcontes, Serafins e Estre-
las Matutinas, em suma, em todas aquelas delicice bumant generis teoldgicas,
que regem os Elementos Cosmicos
mente, a urn Deus antropomorfico embora relacionem tudo isso, cega-
, demonstram mais sabedoria que a
Ciencia quando os nega de modo absoluto e advoga suas forgas mecanicas.
Porque estas se comportam frequentemente com inteligencia e precisao mais
que human as. A despeito disso, tal inteligencia e negada, atribuindo se
tudo a um cego acaso. Mas, assim como t>e Maistre estava com a razao
-
ao dizer que a lei de gravitagao nao era senao uma palavra destinada a substi
tuir a 'coisa desconhecida , tamb6m nos teraos o direito de aplicar a mesma
-
observagao a todas as outras Forgas da Geneia. E se nos objetarem que
o Conde era um catolico romano apaixonado, poderemos citar Le Couturier,
materialista nao menos apaixonado , que disse a mesma coisa, como ainda
Herschel e muitos outros 7.
Dos Deuses aos homens, dos tmrndos aos itomos, da estrela ao vaga-
lume, do Sol ao calor vital do mais humilde ser organico, o reino da Forma
e da Exist encia e uma imensa cadeia, cujos elos se acham todos interligados.
A lei de Analogia e a chave mestra para o problem a do mundo, e os diversos
elos da cadeia devem ser estudados coordenadamente em suas mutuas rela-
goes ocultas.
Por isso, quando a Doutrina Secreta pressupoe que o espago condi
cionado ou limitado ( o espago de posigao } so tetn existeticia real neste
-
deste piano como de uma coisa a parte e independente de nds ? A todos esses argu-
mentos, response o Ocultismo : A Materia , na reedidade, nao independente de nossas
percepgoes, nem existe fora delas. O bomecn e uma ilusao: de acordo. Mas a efetiva
existencia de outras etitidades ainda tnab ilusotiast embora nao menos rads do que
fids, nem por isso deixa de afirmar-se, -antes se robustece com aquela doutrina do idea-
lismo vedantino ou rnesmo a do idealismo de Kant,
( 7 ) Veja-se Muses des Scienses , de agosto de 1856.

31?
Escola do Grande Orients Mistico

mundo de ilusao ou , cm outras palavras , cin nossas faculdades de percepcao,


quer significar que todos os mundos, os superiores como os inferiores, inter
penetram o nosso prbprio mundo objetivo; que milhoes de coisas e de seres
-
se achafn , quanto a localizacao, ao nosso redor e dentro de n6 s , assim como
n6s estamos ao redor deles, com eles e neles. E isso nao 6 uma simples
figura de retdrica metafisica, mas sim a expressao de mn fato real da Natu -
reza , pot mais incom preensivel que seja para os nossos sentidos .
Cumpre en tender , pordm , a lingua gem do Ocultismo, antes de criticar

^
a Cieneia em certo sentido

suas afirma oes . Por exemplo, a Doutrina se nega - como tambcm o faz
a empregar os termos em cima e embaixo15,
superior e inferior , com re]a 9ao as esferas invisiveis, uma vez que neste
*
particular tais expressoes carecem de sentido. Da mesma forma , as palavras
Oriente e Ocidente sao meramente convencionais, e necessdrias tao-s6
para ajudar as nossas percepcdes hum anas ; pois, embora tenha a Terra os
seus dois pontos fixos nos polos Norte e Sul, o Este e o Oeste variant
segundo a posi ao que ocupamos na superficie da Terra e em virtude de
^
sua rota ao de Ocidente para Oriente,
^
Assim , quando se mencionam outras mundos melhores ou pio-
casos

res, mais espirituais ou ainda mais materiais, invisiveis em qualquer dos
o ocultista nao situa essas esferas nem fora nem dentro de nossa
Terra , como o fazem os teblogos e os poetas; porque elas nao se localizam
em nenhuma parte do espa o conhecido ou concebido pelo profano. Fun-
^
dem-se, por assim dizer, com o nosso mundo ; interpenetram-no e sao por
ele interpenetrados.
Hi milhoes e milhoes de mundos que nos sao visfveis; rnuito maior 6
o numero dos que se acham fora do alcance dos telescopios, e grande parte
destes ultimos nao pertencem ao nosso piano objetivo de existncia. Ainda
que tao invisiveis como se estivessem situados a milhoes de milhas do nosso
Si sterna Solar, coexistent conosco, junto de n6s, dentro de nosso proprio
mundo, e sao tao objetivos e materiais , para seus respectivos habitantes,
quanto o e o nossd mundo para nos . Mas a rela ao entre esses mundos
^
e o nosso nao e como a de uma serie de caixas ovais encerradas umas nas
outras, a maneira de cert os brinquedos Chineses; cad a mundo esti sujeito
a suas proprias leis e condi oes especiais, sem ter relac&o direta com a
nossa esfera . ^
Os habitantes desses mundos , ji o dissemos, podem , sem o sabermos
ou sentirmos, estar passando atravSs de nos ou ao nosso ado como num
}

espa$o vazio ; suas moradas e suas regioes interpenetram as nossas, sem


perturbar com isso a nossa visao, porque ainda nao possuimos as faculdades
necessarias a sua percepgao. No entanto, gramas k sua visao espiritual, os
Adeptos , e atd alguns videntes e sensitivos, podem distinguir , em maior
ou menor grau , a presen a entre n6s e a proximidade de Seres que pertencem
^
a outras esferas de vida. Os que viveoi nos mundos espiritualmente supe
riores so se com unicam com os mor tais terrestres que, por seus esior os indi-
viduals , se elevain atd o piano mais elevado que aqueles ccupam. ^
Os filhos de Bbum [ a Terra ] consideram os filhos dos Devalokas
[ as Esferas Angelicas ] como seus Deuses: e os Filhos dos reinos inferiores

316
f

Escola do Grande Oriente Mistico

olkam os homens de Bbdmi como seus Devos [ Daises] ; os homens mo


lem consciencia disso por causa de sua cegueira . . . Eles [os homens ]
tremem diante daqueles, ao mesmo tempo que os utilitam [ para fins mdgi-
cos] . A primeira Ra$a de Homens era a dos Filbos Hascidos da Mente
dos primeiros . Eles [ os Pirns e os Devas ] sdo os nossos progenitoresfi.
As chamadas "pessoas cultas ' ridicularizam a ideia de Sflfides, Sala-
5

mandras , Ondinas e Gnomos ; os homens de ci6nria consideram como um


insulto a simples mengao de semelhantes supersedes; e, pondo de lado a
16gica e o senso comum, com esse desprezo que tao amiude e o apanagio
da autoridade reconbecida , deixam que aqueles a quern Ibes cumpre iustruir
fiquem sob a impressao absurda de que em todo o Cosmos, ou pelo menos
em nossa propria atmosfera, nao existem outros seres inteligentes e consci-
etites alem de nos mesmos 9. Qualquer outra humanidade ( composta de
seres bumonos diferentes ) nao sera chamada hutnana se os seus componentes
nao tiverem duas pernas, dois bragos e uma cabega com feigoes de homem,
se bem que a etlmologia da palavra nao parega ter muita relagao com o
aspecto geral da criatura. Assim, enquanto a Cincia rejeita e menospreza
ate a simples possibilidade da existencia de tais seres invisfveis ( invislveis
para nos ) , a Sociedade, apes a r de no intimo acreditar neles, troga aber ta -
me nte da ideia . E acolhe com risos obras tais como O Conde de Gabalis ,
sem a ten tar que a sdtira franca a mats segura das mascaras.
No entanto, esses mundos invisiveis existem. Tao densamen te povoa-
-
dos quanto o nosso, acham se disseminados no espago aparente em numero
incontavel ; alguns sao muito mais materials que o nosso proprlo mundo ;
outros vao se tornando cada vez mais etereos, ate que perdem a forma e
ficam como sopros . O nao serem vistos pelos nossos sem id os fisicos nao
e razao para que se descreia de sua existenciaOs fisicos nao podem ver
os seus atomos , o seu eter , os sens modos de movimento ou forgas ; e
contudo os aceitam, e os incluem entre os seus ensinamentos.
Se vemos que a materia , mesmo no mundo natural que conhecemos,
nos proporciona uma analogia parcial para a diffcil concepgao de seme-
lhantes mundos invisiveis , parece facil admitir a possibilidade de sua exis
tencia . A cauda de um com eta , que, a train do a nossa atengao com o seu
-
resplendor, nao perturba nem impede a nossa visao, uni a vez que atraves
dela vemos os objetos situados do outro lado, yk nos oferece um comego de
prova quanto aquela existencia . A cauda de um cometa passa rapidaniente
atraves do nosso horizon te, e nao a sentimos , nem nos damos conta de sua
passagem , senao por causa da luminosidade que ela projeta, luminosidade
que muitas vezes so 6 percebida por um pequeno numero de pessoas a quem
o fenomeno interessa, conrinuando as demais a ignorar-lbe a presenga acima
ou atraves de uma regiao do nosso Globo. Essa cauda pode ou nao ser

(8) Livro II do Contentbrio do Livro de Dzyan.


( 9) A questao da plursdtdade de mundos habrtados por criatufas dotadas de
o que disse o grande astrdnomo trances Camille Flammarion em seu livro La Plurality
,

d &s Mondes Habites.

317
Escola do Grande Oriente Mistico

parte in teg tame do comet a ; a sua tenuidade , poflm, nos bast a como
exemplo.
Sim, porque nao e uma questao de supersti ao, mas simplesmente de
^
Ci ncia transcendente, e mais ainda de ldgica , admitir a existencia de mun-
dos constituldos por Materia muito mais tenue que a da cauda de mn
cometa . Negando tal possibilidade, a Cincia nao caiu , durante o sculo
passado, em maos da filosofia nem da verdadeira religiao, mas tao somente
nas da teologia. Para melhor contestar a pluralidade at mesmo dos mundos
-
materials, cren ?as que muitos homens da Igreja entendem ser incompativel
com os ensinamentos e as doutrinas da Biblia 10 , Maxwell cbegou a caluniar
a memoria de Newton , tentando convencer os seus leitores de que os prin -
clpios consubstanciados m filosofia newtoniana sao os que existem "no
fundo de todos os sistemas ateus 11.
O Dr. Whewell negava a pluralidade dos mundos, apelando para as
provas cientificas
escreve o Professor Winchell 12. E se a habilidade
dos mundos fisicos, dos planetas e das longmquas estrelas que brilham por
miriades arima de nossas cabe as , e tao discutida , que probabilidades pode
- ^
haver de aceitar se a existencia de mundos invisiveis no espa o, apa rente -
men te transparente, que nos rodeia!? ^
Se, porem , pu derm os conceber um mundo form ado de materia ainda
mais tenue, em relacao aos nossos sentidos, que a da cauda de um cometa ,
e, consequentemente , imaginar habitantes que sejam tao etereos, em com -
paragao com o seu globo, quanto o somos em rela$ao a nossa Terra de
crosta dura e rochosa, nada haver de estranho que nao os vejamos e nem
sequer tenhamos consciencia de que existam e estejam ali presentes. Em
que sera essa ideia contraria a Ciencia ? Nao se poder super que os
homens e os animals, as plan tas e as rochas , seriam ali dotados de sentidos
completamente diferentes dos que possuimos ? Nao poderiam os seus orga -
nismos nascer, desenvolver-se e existir sob o imp rio de leis outras que
^
nao as que regem o nosso pequeno mundo ? Sera absolutamente necessario
que todo ser corpdreo seja revestido de um "envoi tdrio cutaneoM identico aos
que foram proporcionados a Adao e Eva , segundo a lenda do Genesis? A
corporeidade, assim nos diz mais de um homem de ciencia, "pode existir
sob as mais diversas condi oes".
^
[O Professor Winchell, discutindo a pluralidade dos mundos, tece as
seguintes considera oes :
, ^
lNada tem de improvavel que substancias de natureza refratdria possaro estar
tao mesciadas com outras, conhecidas ou desconhecidas , ao ponto de suportarem varia -
nces de ftio e de calor mmtissimo superlores &s suportiveis pelos organismos terrestres.
( 10 ) Nao obstante, pode-se demonstrate com o testetmmho da prdpria Biblia
e o de tao bons tedlogos cristaos como o Cardeal Wiseman, que esta pluralidade vem
ensinada assim no Antigo como no Novo Testamento.
( 11 ) Veja-se Plurality of Worlds, vol, II .
( 12 ) Consulte-se a esse respeito La Plurality des Mondes Habitfs, de C. Flatn-
manon, onde consta a lista dos nutnerosos homens de ctetvcta que escrevetam pata
demon strar os bons fundamentos da teoria .

318
Escola do Grande Orients Mistico

Os tecidos do* animais teirestres sao apropri ados tlo-somente iis condicoes terrestres.
Aqui mesmo vemos diferentes tJpos e especies de animals, organizados para viverem
sob concludes ambientes iateiramente dispares . . . Que nra animal seja quadrupede
ou bipede, e coisa que nao depcnde das necessidades da organizacao, do ins tin to ou
da intelig ncia. Nao e uma neccsstdade da existencia perceptiva que urn animal deva
possuir exatamente cinco sentidos. Podem existir na Terra animals sem olfato nem
paladar . Podem existir seres em outros mundos, e ate neste, que sejam dotados de
sentidos em numero superior ao que possuunos. Semelhante possibilidade transparece
se considerarmos como deve ser provavel que outras propriedades e outros modos de
existencia fa am parte dos recursos do Cosmos, inclusive os da materia terrestre. Ha
^
animais que vivem ali onde o bomem pereceria : no solo, nos rios , no mar . [E
neste caso por que nao pode suceder o mesmo com seres humanos de organiza ao
^
diferente? ] . . . "A existencia corpdrea racional nao est condicionada ao sangue quente
ou a uma temperatura qualquer, se esta nao modifies a dasse de materia de que se
compoe o organismo. Podem existir inteligencias em corpos de tal natureza que nao
requeiram o processo de ingestao , assimilacao e reprodu ao. Tais corpos nao teriam
^
necessidade de alimento diario nem de calor. Poderiam estar sumidos nos abismos
insondaveis do Oceano, viver em um aicantilado rochedo expostos &s tormentas do
inverno artico, ou ainda submergidos durante cem anos nas entranhas de um vulcao,
sem contudo perderem a consriencia e a faculdade de pensar . Isso conceblvel.
Por que nao poderiam existir naturezas psiquicas encerradas no interior do sllex e da
platina indestrutiveis ? Estas substancias nao estao ciais distanciadas da natuxeza da
intelig ncia do que o estao o carbono, o hidrog nio, o oxigSnio e o clrio. Mas, sem
^
deixar ir tao longe ( ? ) o pensamento, nao poderiam intelig&ncias elevadas estar incor -
poradas em formas tao indiferentes as condi oes externas, como a silvia das planfcies
^
ocidentais, o liquen do Lavrador , os rotiferos, que resistem seca. durante anos,
ou as bacterias, que permanecem vivas em agua fervente ? ... Estas sugestoes tem
stmplesmente o objetivo de lembrar ao lei tor quao pouco estamos d altura de deter
miner as conduces necess rias para a vida inteligente e organizada, com base nos
-
padroes de existencia corpdtea sobre a Terra. A inteligenaa e, por sua prdpria
natureza , tao universal e uniforme como as leis do Universo. Os corpos representam
apenas a adequacao local da Inteligncia a modificacoes particulars da materia universal
ou cU Forca." 13]

Nao sabemos, gramas as descobertas dessa mesma Ciencia que tudo


nega , que nos achamos rodeados por mirfades de vidas invisiveis? Se os
mierdbios, as bacterias e os tutti quantt do infinitamente pequeno sao invi -
siveis aos nossos olhos em razao de suas Infimas dimensoes, nao poderiam
acaso existir, no polo oposto , seres igualmente invisiveis em razao da con -
textura de sua materia, ou, numa palavra, de sua tenuidade ? O raio de sol
que penetra em nosso aposento revela , em seu percurso, uma infiniclade de
seres minusculos, cuja vida fugaz se passa e chega ao fim na mais completa
indiferenga de que sejam ou nao percebidos pelos nossos sentidos mais
grosseiros. E o mesmo sucede com os mierdbios, as bacterias e outros
'

organismos semelhantes, tambem invisiveis , que povoam elementos diversos .


Os bomens viveram sem a no ao da existencia daqueles seres durante
^
os longos seculos de; triste obscurantismo, depois que o facho do saber dos
sistemas altamente filosdficos dos pagaos deixou de projetar sua luz resplan-
decente sobre as epocas de intolerSncia e fynatismo do Cristianismo primi-
tivo. E agora parece que os homens como que desejam ainda passar por alto.
E, contudo, essas vitks nos rodeavam endoy como hoje nos rodeiam.
E trabalharam, obedientes a suas proprias leis; e so quando nos foram
( 13 ) .
Worte-Ltfe, pp 497-500 e segs .

319
f

Escola do Grande Orients Mistico

pouco a pouco revel a das pela Cincia e que comegamos a travar conheci-
mento com eks e com os efeitos que produzem .
Quanto tempo foi oecessario ao mundo para se torn a r o que hoje e ?
Se se pode admitir que atualmente ainda chega ao nosso Globo poeira
cosmica que antes nunca havia pertencido a Terra u, nao sera muito mais
plausivel acreditar, com os ocultistas, que, durante os milhoes e milhoes
de a nos transcorridos depois que aquela poeira se aglomerou para fonnar o
gente, multas humanidades

nosso GJobo em torn o de seu nucleo central de Substancia Primitive tnteli-
que diferiam da atual como desta vao dderir
as que se desenvolverao daqui a milhoes de anos

tm povoado a Terra e
desaparecido era seguida , como ha de desaparecer a nossa ? Nega se que -
tenham existido essas humanidades primitivas tao remotas , porque, segundo
creem os geologos, elas nao nos deixaram nenhuma reliquia tangtveh Desa -
No entanto, tais reliquias
e verdade que rarissimas

pareceram todos os traqos de sua passagem , e portanto nunca existiram.
podem ser encon-
tradas, e algum dia virao a luz do sol nas investigagoes geoldgicas. Mas,
ainda quando assim nao acontega, razao nao haver a para se afirmar que
nao podia m ter existido homens nos periodos geoldgicos que os ocultistas
atribuem aquelas ragas. Porque o organismo desses homens nao precisava
nem de sangue quente, nem de ar, nem de alimento; o autor de World -
- Lifc tem razao, e nao e nenhuma extravagancia acreditar, como acreditamos,
que, se podem existir , consoante hipoteses ciendficas, naturezas psiquicas
encerradas no seixo e na platina indestrutiveis , terao exlstido, do mesmo
modo, naturezas psiquicas encerradas em formas de Materia Primitiva igual -
mente indestrutivel : os verdadeiros progenitores de nossa Quinta Raga .
Por isso, quando nos volumes Til e IV falamos de homens que ha
18 000 000 de anos habitarain este Globo, nao tivemos em mentes nem
os homens de nossas ragas atuais, nem as leis atmosfericas, condigoes t&roi -
cas, etc., do nosso tempo. A Terra e a Humanidade, como o Sol, a Lua
e os plane tas, tem todos as suas fases de crescimento, transformagoes ,
desenvolvimento e evolugao gradual, durante a sua existencia ; nascem , tor ^

nam-se criangas, adoleseen tes , chegam a idade madura, depois envelhecem


e finalmente mortem. Pot que nao estaria a Huinanidade tambem su/eita a
essa lei universal ? Dizia Uriel a Enoch:
"ELS que te ciostrei todas as coisas, 6 Enoch!. . . Ves o Sol , a Lua e os que
conduzem as estrelas do c6u e produzem todas as suas operagoes, estagoes e revolugoes.
No tempo dos pecadores os anos serao encurados, cudo o que se fizer na Terra sera
subvertido . . , a Lua mudara suas Ids . . . 15

O tempo dos pecadores signifka o tempo em que a Matdria alcan-


garia o seu apogeu na Terra, e o homem o maximo de desenvolvimento
ffsico em estatura e animalidade . Ocorreu isso durante o perfodo dos
Athntes, quando esta Raga estava em seu ponto medio, perecendo ela afo-

-
( 14 ) World Life.
( 15 ) O Livro de Enoch > tradugao do Arcebispo Laurence, capltulo LXX1X.

320
Escola do Grande Oriente Mistico

gacU , conformc profetizou Uriel. Desde entao foi o horoem decrescendo


em estatura ffsica, em forga e em anos de vida, como se mostrara nos
volumes III e IV, Mas, como ja estamos no ponto m dio da idade da
nossa sub- raga da Quinta Raga -Raiz ^
epoca do apogeu da materialidade
, as propensoes animals, ainda que mais requintadas, nem por isso tem
menor desenvoltura, o que se observa prindpalmente nos paises civilizados.

321
Escola do Grande Orients Mistico

SECAO XIV
DEUSES, MONADAS E ATOMOS

HA alguns anos fizemos a seguinte observa ao:


^ ,,
A Doutrina Esot rica poderia rauito bcm chamar-se , , , a ' <Doutrina-Fio > visto
^
que, como o Sutrltma [ da FUosofia Vedanta ] ela passa atravls de todos os sistemas
- - ..
filosdfko religiosos da antiguidade, unindo os . e os concilia e explica *

Agora diremos que fa 2 ainda mais. Nao somente concilia os diversos


sistemas aparentemente contraditdrios, mas tambem examina as descobertas
da Cincia exata moderna , mostrando que algumas delas sao necessarian
mente cotretas , porque confirmadas pelos Anais Antigos . Tudo isso, nao
ha duvida, sera considerado o cumulo da impeftinencia e da falta de respeito,
verdadeiro crime de lesa-ciencia; mas o fa to que assim 6 .
A Ciencia atual , nao ha por que negar, e ultramaterialista ; mas, em
certo sentido, tem sua justificativa. A Natureza precede sempre esoterica-
mente in actu, e esta, como dizem os cabalistas, in ab$condito\ por isso,
so por sua aparenria pode o profano julg -la, e essa aparncia e sempre
^
enganosa no piano fisico. Por outro lado, os naturalistas se recusam a esta-
belecer rela ao entre a fisica e a metafisica , entre o Corpo e a Alma-Espirito
^
que o anima. Preferem ignorar estes dois ultimos. uma questao de
gosto, para alguns; mas ha uma minoria que se esforfa, com just a razao,
por ampliar o dominio da Ci ncia Fisica, penetrando no terreno proibido
da Metafisica, que tanto desagrada aos materialistas. Sao sabios, em sua
gera ao, esses homens de ciencia; todavia, as suas maravilhosas descobertas
^
nada significarao, e nao passarao sempre de corpos sem cabe a, se nao levan-
^
tarem eles o veu da Materia e nao exercitarem a vista para ver mah attm ,
E agora, que estudaram a contextura fisica da Natureza, em sua longitude,
largura e espessura, e tempo de relegarem o esqueleto ao segundo piano,

a substdneia

e de buscarem nas profundezas do desconhecido a entidade vivente e real,
o Numeno da Materia efemera .
( 1 ) O Atma, ou Espirito, o Eu Espiritual, que passa como urn fio atraves dos
cinco Corpos Sutis ou Printfpios, K.oshfis; chamado Alma-Fio na Filosofi* Vedantina .
( 2 ) O Prindpio Setenario , Five Years of Theosophy, p. 197,

322
Escola do Grande Oriente Mistico

So por esse caminho conseguirao eles descobrir que algumas verdades,


batizadas hoje com o nome de superstiroes ultrapassadas , podem ser
identificadas como fatos e como reliquias do antigo conhecimento e sabe
doria.

que tudo nega



Uma de tais crengas degradantes"
degradante na opiniao do c ptico
seria a ideia de que o Cosmos, alem de seus habitantes
planet a rios objetivos, suas humanidades de outros mundos habit ados, esteja
povoado de Existences invisiveis e inteligentes. Os chamados Arcanjos,
^
Anjos e Espiritos do Ocidente, codias de seus protdtipos os Dhy n Chohans ,
os Devas e os Pitris do Oriente, nao sao Seres reals, mas apenas ficoes. ^
Neste ponto a ciencia materialist* 6 implac vel. Para sustentar sua posh
Cao, ela subverte os seus prdprios axiomas
^as leis de continuidade e de
uniform:da de na Natureza, e toda a serie Idgica e sucessiva de analogias na
evolu ao do Ser. Pedem que a massa prof ana creia , e fazem-na crer , que o
^
testemunho acumulado da Historia

testemunho que inclui at os Ateus
da antiguidade, homens como Epicuro e Demdcrito, entre os que acredi-
tavam nos Deuses

e falso, e que filosofos como Socrates e Platao, que
afirmavam a existencia dos Deuses , nao passavam de uns fan ticos iludidos
ou loucos. ^
Ainda quando as nossas opinides s6 estivessem baseadas em funda -
mentos historicos, na autoridade daquelas legides de grandes Sabios , como
os neopUtdnicos e os mtsticos de todos os tempos, desde Pitigoras ate os
eminentes professores e cientistas deste seculo, que, embora nao admi
tindo os Deuses , creem nos Espiritos"', deveriamos considerar tais auto-
-
rtdades tao pobres de inteligencia e tao ingenuos como qualquer aldeao
catolico romano que ere em seus santos humanos ou no x4rcanjo Sao Miguel,
e faz ora des a eles ? Sera que nao ha nenhuma diferen a entre a cren a
^ ^
do aldeao e a dos herdeiros ocidentais dos Rosacruzes e alquimistas da ^
Idade Media ? Sera que os Van Helmonts, os Khunraths, os Paracel sos
e os Agripas , desde Rog rio Bacon at Saint-Germain , for am todos cegos
^
fandticos, historicos e impostores ? Ou e este punbado de cepticos modernos
os raestres do pensamen to"
que se acha atacado pela cegueira da
negagao ? Opinamos pelo segundo termo da altemativa. Seria realmente
um milagre , um fato de todo em todo anormal no dominio das probabi-
lidades e da logica , que uns poucos negativistas representassem os unicos

Anjos e Espiritos

guardiaes da verdade, e os mil hoes de pessoas que acreditam em Deuses,
por falar somente na Europa e na America
, a saber:
cristaos gregos e latinos , teosofos , espiritas , misticos , etc., nao fossem outra
coisa senao gente fanatica e iludida , mediuns alucinados, quase sempre vfti-
tnas de charlataes e impostores!
Por mais que vatiern as formas externas e os dogmas, as crenels em
Legioes de Inteligencias invisiveis de graus di versos tem todas o mesmo

exato a profundidade, a amplitude e a extensao



fundamento. Hi em todas elas um misto de verdade e de erro. O total
dos misterios da
Natureza s6 se encontra na Ciencia Esot rica Oriental. Tao vastos e pro
^
fundos sao, que apenas um numero mui resttito dentre os mais altos Ini-

32 }
Escola do Grande Oriente Mistico

ciados -
aqueles cuja existencia mesma so e conhecida de tms poticos Adep
tos sao capazes de apreender tais conhecimentos . Tudo, porem , ali esta;
e os fa tos e processes do laboratorio da Natureza podem, uni por um , abrir
caminho na Ciencia exata , quando uma assistend a misteriosa 6 proporcio-
nada a uns poucos indivfduos em sens esforgos para desvendar os arcanos.
E no fim dos grandes Ciclos, telacionados com o desenvolvimento das ragas,
que geralmente se produzem esses acontecimentos . Estamos chegando preci-
samente ao termo do ciclo de 5 000 anos do presente Kali Yuga Ariano;
e ate o ano de 1897 dar-se-a um grande rasgao no Veu da Natureza , e a
Ciencia materialista recebera um golpe mortal.
Sem a intengao de langar o me nor descredito sobre as crengas que o
tempo consagrou , vemo-nos obrigados a tragar uma linha divisoria entre a
fe cega, alimentada pelas teologias , e os conhecimentos devidos as investi -
gagoes de longas geragoes de Adeptos; numa palavra, entre a fe e a filo-
sofia, E inegavel que em todos os tempos houve homens sabics e bons ,
que , tendo sido educados em crengas sectarias, morreram com as suas
convicgoes cristalizadas. Para os pro testantes, o jardim do Eden e o primeiro
ponto de partida no drama da Humanidade, e a solene tragedia que teve
por teatro o cume do Calvario e o preludio do esperado Milnio. Para os
catdlicos romanos , Sata esta na base do Cosmos, Cristo no centro e o
Anticristo no apice , Para uns e outros, a Hierarquia dos Seres principia e
termina nos limites estreitos de suas respectivas teologias: um Deus pessoal
que se criou a si mesmo, e um empires no qual ressoam as aleluias de
Anjos criados ; o resto, falsos Deuses, Sata e demonios.
A Teofilosofia se move em um campo muito mais amplo. Desde o
initio dos seculos no tempo e no espago, em nossa Ronda e em nosso
Globo os misterios da Natureza ( pelo menos os que as nossas Ragas
permitido conhecer ) foram classificados e inscritos pelos discipuJos daqueles
Homens Celestes ( agora invisiveis ) em figuras geometricas e simbolos.
As chaves que podiam decifra -los foram transmitidas de uma a outra geragao
de Sabios . Alguns simbolos passaram assim do Oriente para o Ocidente,
trazidos por Pit goras, que nao foi o inventor do famoso Tri ngulo que
^ ^
tem o seu nome. Esta figura geometrica, o quadrado e o circulo repre -
sentam descrigoes da ordem em que se processou a evolugao do Universo,
espiritual, psiquica e fisicamente, descrigoes que sao muito mais eloqiientes
e cientificas que volumes inteiros de Cosmogonia descritiva e de Geneses
4

teveladas. Os dez Pontos inscritos no Triangulo Pitagbrico valem por


tod as as teogonias e angeologias jd concebidas pelos cerebros teologicos.
Aquele que souber interpretar os dezessete pontos ( inclusive os sete Pontos
Matemdticos ocultos ) tais como ali estao e na ordem indicada encon-
trara neles a serie ininterrupta das genealogias , desde o primeiro Homem
Celeste at o bomem terrestre. E, assim como eles dao a ordem dos Seres ,
revelam tambem. a ordem em que se desenvolveram o Cosmos , a nossa Terra
e os Elementos Primordiais de que se originou esta ultima. Engendrada nos
Abismos invisiveis e na Matriz da mesma Mae, como seus companheiros,
quem dominar os misterios da nossa Terra tera dominado os de todos os
demais Globos ,

324
Escola do Grande Oriente Mistico

Seja o que for a ignor &ncia , o orgulho e o fanatismo possam argiiir


em contrario, nao 6 diftcil demons trar que a Cosmogonia Esot rica est
.
inseparavelmente ligada tanto . filosofia como a Ciencia moderna Os ^ . ^
Deuses e as Monadas dos antigos
de Pitagoras a Leibnitz

e os Atomos
das escolas materialistas de hoje ( que os foram buscar nas teorias dos anti-
gos atomistas gregos ) sao apenas unidades compostas ou form am uma
unidade graduada , como a estrutura humana , que prindpia com o corpo e
termina com o Esplrito. Nas Ciencias Ocultas podem -se estudar separada-
mente ; mas nunca sera possivel aprofundar esse estudo, a nao ser conside -
rando-os em sms mutuas correlators, durante o seu ciclo de vida , e como
uma Unidade Universal durante os Pralayas.
La Pluche revela sinceridade, mas d uma pobre fdeia de sua capa
cidade filosdfiea ao expor suas opinioes pessoais sob re a M6nada ou o
-
Ponto Matematico, Diz ele:
Basta um ponto para ater fogo a todas as escolas do mundo. Mas que neces-
sidade tem o homem de corhecer esse ponto, se a cria ao de um ser assim tao pequeno
^
estfl fora de seu alcance ? A forttori , vai a filosofia de cncontro a toda proba bifida de
quando tent a passar desse ponto, que absorve e desconcerta todas as suas especulacoes,
a geracao do mundo,

A Filosofia, no entanto, nunca poderia format o conceito de uma


Divindade logica, universal e absoluta, se nao houvesse, no interior do
Circulo, nenhum Ponto Matematico em que basear suas especula oes.
Somente o Ponto manifestado, perdido para os nossos sentidos apos ^
torna possivel a conciliate da Filosofia com a Teologia

o seu apatecimento pre-genetico no infinite e no incognosdvel do Circulo,
sob a condi ao
de que esta ultima abandone seus grosseixos dogmas materialistas. E foi
precisamente pot haver a Teologia crista renegado tao imprudentemente a
^
Monada Pitagorica e as figures geometricas , que ela teve de recorrer aquele
seu Deus bum a no e pessoal criado por si mesmo, a Catena monstruosa de
onde fluetn, era duas correntes, os dogmas da Salva ao e da Condenagio ,
^
Tanto isso e verdade que ate os saeerdotes que, sendo masons , desejariam
ser filosofos atribulram, em suas interpreta oes arbitrarias , aos sdbics anti-
gos a patemidade da estranha iddia de que ^
A Monada representava [ para eles ] o trono da Divindade onipotente, colocado
no centro do Empfreo para in dicar T.G . A O . T . U. [ leia-se the Great Architect of
the Universe , o Grande Arquiteto do Universo]. s

E uma curiosa explica ao, mais de car & ter ma Amco que estrltamente
pitagdrico. ^ ^
O Hierograma em um Circulo, ou Triangulo eqiiilatero , nunca signi-
ficou tampouco o simbolo da unidade da Es$ncia divina , pois que esta
era simbolizada pelo piano do Circulo ilimitado. O que realmente signi-
ficava aquele Tri &ngulo era a Natureza trina co-igual da primeira Subst ncia
diferenciada, ou & consubstandalidade do Esplrito ( manifestado ) , da Mate- ^
( 3) Pythagorean Triangle , pelo Rev. G . Oliver, p, 36.

325
f

Escola do Grande Oriente Mistico

ria e do Universo
Filho dos dois

que procede do Ponto, o
Logos esoterico real ou Monada Pitagorica. A palavra grega Monas signi-
fies Unidade , em seu sentido primirio

Unidade Universal e as Monadas



Os que sao incapazes de discernir a diferenga entre a M&nada
Unidade manifestada
tambem a que existe entre o Logos sempre oculto e o Logos revelado, ou
, como
Verbo, nunca deviam ocupar-se de filosofia, e muito menos de ciencias eso-
tdricas. Nao 6 necessario recordar ao leitor culto a tese desenvolvida por
Kant para demonstrar a sua segunda Antinomia 4. Os que a tiverem lido
e compreendido verao claramente a linha divisdria que tragamos entre o
Uni verso absolutamente ideal e o Cosmos invisivel, porem manifestado.
Nem a Filosofia Esoterica, nem Kant , para nada dizer de Leibnitz, admiti-
-
riam jamais que a extensao possa compor se de partes simples ou inexten-
sas. Mas os fildsofos da teologia nao querem compreender isso. O Qrculo

f

e o Ponto este ultimo afastando-se dentro do primeiro e com ele se


fundindo depois de produzir os tres primeiros Pont os e de uni-los com
linhas , formando assim a primeira base numenica do Segundo Triangulo
no Mundo Manifestado cons titulram sempre um obstdculo insuperdvel
aos vdos telogicos nos empireos dogmaticos. Com base na autoridade deste
simbolo arcaico, um Deus masculino, pessoal, Criador e Pai de todas as
coisas , converte-se em uma emanagao de terceira ordem, o Sephira , que
ocupa o quarto lugar, de cima para baixo e & esquerda de Ain Soph, na
Arvore da Vida cabalistica. Fica assim a Monada rebaixada a condigao de
um Veiculo um Trono !
A Monada emanagao e reflexo tao-somente do Ponto, ou Logos,
no Mundo fenomenal torna-se, como apice do Triangulo equilatero,
manifestado, o '"Pai . A linha ou lado esquerdo t a Dfada, a Mae *', consi -
derada como o principio mau, oposto 5; o lado direito representa o Filho ,
Esposo de sua Mae , uno com o pice, em todas as cosmogonias; a base
e o piano material da Natureza produtora , que unifica , no piano feno
menal, Pai-Mae-Filho, assim como estes se acham unificados pelo dpice no
-
Mundo supra-sensivel . Por t ran smutagao mistica , eles se converteram no
Quatern rio: o Tri&ngulo passou a ser o Tetraktys.
^
Essa aplicagao transcendental da geometria & teogonia c6smica e divina
o Alta e o Omega da concepgao mfstica
foi depreciada por Aristoteles,

( 4 ) Kant , Crlttca da Kazao Pura, tradugao de Barni, II , 54 , ( Nota da Bd .


Adyar: Veja-se tambem a tradugao de J , M . D. Meiklejohn , p , 271; Toda substS&cia
composta , neste mundo, consiste em partes simples; e nao existe coisa alguma que
nao seja ou simples ou composta de partes simples . )
( 5 ) Plutarco, De Placitis PkUosopbortm.

sacramentos

( 6 ) Nas igrejas grega e ktina que consideram o raatrimdnio como um dos
, o sacerdote que oficia na cerimdnia nuptial representa o v&tice do
triangulo ; a noiva, o lado esquerdo ou feminino; e o noivo, o lado direito; sendo a
linha de base simbolizada pela fila de testemunhas e convidados. Mais atr s do sacer
dote esta o Sanctum Sanctorum , com seu misterioso conteudo e sua significagao simb6
-
*

lica, e no qual s6 os sacerdotes consagrados devem entrar. Nos pritneiros tempos do


Cristianismo a cerimdnia matrimonial constitula um mist rio e um verdadeiro simbolo
^ .
Hoje , as prdprias Igrejas perderara o verdadeiro significado deste stmbolismo.

326
Escola do Grande Oriente Mistico

depois de Pitigoras. Omitindo o Ponto e o Circulo, e nao levando cm conta


o apice, reduziu ele o valor met a fIs ico da idia , limitando assim a doutrina
da extensao a uma simples Triads: a linba, a superficie e o corpo. Seus
herdeiros modernos , que brincam de Idealismo, interpretaram estas tres
figuras geom tricas como Espafo, Forga e Materia: as pot&ncias de uma
^
percebe a linha-base do Triangulo manifestado

Unidade que atua sobre todas as coisas . A ci&ncia materialists, que s6
o piano da Materia
as interpreta praticamente como ( Pai ) Katina, ( Mae ) Materia e ( Filho )
MatSria , e teoricamente como Materia, For a e Correla?ao.

^
Mas para a generalidade dos flsicos, conforme obsetvou um cabalista ,
O Espafo, a Forfa e a Materia tem o mesmo valor que os signos algebricos para
o matemattco: sao simbolos meramente convencionais; [ou ] a Forfa , como Forfa, e a
Materia , como Materia, sao tao absolutamente incognoscfveis quanto o e o suposto
espafo vazio era que tambem supostameute atuam . 7

Os simbolos representam abstra oes, e sobre estas


^
hip6teses, racionais acerca da origem das coisas... e v tres
Baseia o flsico
necessidades para o que de chama cm ao: Um lugar onde criar . Um meio para poder
^
criar. Um material com que criar. E dando express ao ltfgica a esta hipdtese , com os
termos Espaco, Forfa e MatSria , acredita haver provado a exist ncia do que repre-
sent cada uma dessas palavras, tal como ele o amoebe. * ^
O fisico que considera o Espa o como simples representa ao de nossa
^
mente, ou como extensao sem nenhuma relagao com as coisas nele contidas, ^
e que Locke define como incapaz de resistencia e de movimento; e o mate-
rialista paradoxal que desejaria ter o v&cuo ali onde ele nao pode ver mate -
ria repudiariam com superior desprezo a proposifao de que o Espafo seja
Uma Entidade substancial vivente, ainda que [ aparente e absolutamente ] incog *

nosdvel.

Tal contudo, o ensinamento cabalfstico e tambem o da Filosofia


ty
Arcaica , O Espa o e o mundo real , ao passo que o nosso e um mundo
^
artificial. a Unidade iJnica em toda a sua extensao infinita; cm seus
abismos sem fundo, como em sua superfide ilusoria, superflcie pontilhada
de inumeraveis Uni versos fenomenais, de Sistemas e de Mundos a seme -
lhanca de miragem. Mas , para o ocultista oriental, que no fundo e um

idealists objetivo, existe no Mundo real , que e uma Unidade de Formas,


uma conexao de toda a Materia no Plenum , como diria Leibnitz. E isto
se acha simbolizado no Triangulo Pitagorico.
Consiste ele em Dez Pontos inscritos em forma de piramide ( de um
a quatro ) nos seus tr &s lados, e simboliza o Universo na famosa Decada

(7) New Aspects of Life and Religion , pot Henry Pratt, M . D , , p. 7, Ed. 1886.
(8 ) .
Ibid , pp. 7 e 8.
(9 ) Ibid p. 8.

327
Escola do Grande Oriente Mistico
i

Pitagorica. O ponto isolado de cima e uma Mona da, e represen ta o Ponto


- Unidade, que 6 a Unidade de onde tudo procede. Tudo 6 da mesma essen-
cia que ele. Ao passo que os dez pontos dentro do Triangulo equilatero
represen tam o mundo fenomenal, os tres lados que encerram a piramide
sao as barreiras da materia nutnenica, ou Substancia, que a separam do
mundo do Pensamento.
* Pittfgoras considersv a que o ponto corresponde em propor ao a unidade ; a
1

^
Unha, ao 2; a superftcie , ao 3; o solido, ao 4; e definia o ponto como uma tadnada que
toma uma posi ao , sendo o principio de todas as coisas; uma Iinha equivalia & duali
^
dade, porque produzida pelo primeiro movimento da natureza indivislvel, forraando a

uniao c mre dois pontos. Uma superfltie era comparada ao aumero tres, por ser a
primeira de todas as causas que se encontram nas formas; pois um circulo, que 6 a
principal de todas as bguras redondas, comprecndc uma triade, composta de centro,
espafo e circunferencia . Mas o triangulo, que 6 a primeira de todas as figuras reti-
llneas, se inclui no ternario, recebendo sua forma de acordo com este numero; era
considerado peios pitagdricos como o produto de todas as coisas subfuftares, Os
quatro pontos da base do triangulo pitagdrico correspondiam a um sdlido ou cubo,
que combina os principle de compritnento, largura e espessura ; pois nenhum solido
pode ter menos de quatro pontos-limites extremos /* lc

Alega-se que a inteligncia humana nao pode conceber unidade indi


vislvel, porque seria a aniquila ao da ideia com o seu sujeito \ um
-
^
erro, con forme provaram os pitagoricos e, antes deles, certo numero de
Videntes , embora se fa$a necessaria uma educa?ao especial para esta com-
^-
preensao, sendo diffcil que a mente prof ana possa alcan d la. Mas existe
o que chamaremos Meta-matematica * e Meta-geometria ' . A propria
ciencia matemdtica , pura e simples, procede do universal para o particular ,
desde o ponto matematico indivisivel as figuras solidas . A doutrina teve
um v u sobre o Circulo e o Ponto

origem na India, e foi ensinada na Europa por Pitagoras, que, lanfando
os quais nenhum ser tumano vivo
pode definir senao como abstra oes incompreensiveis
^
, situou na base do
Triingulo a origem da Materia cosmica diferenciada. Tomou-se assim o
Triangulo a primeira das figuras geomdtricas , O autor de New Aspects of
Life opoe-se, quando se refere aos Misterios cabalisticos, a objetiva ao, se
assim podemos dizer, do conceito pitagdrico e a esse uso do triangulo ^
equilatero, classificando tudo isso como um erro 11. Seu argumento de
que um corpo solido equilitero,
cuja base e cada um de cujos lados formam triangulos iguais, deve ter quatro faces
ou superficies coiguais, ao passo que um piano triangular possuira necessarians ente
cinco n A ,
'

*
demonstra , pelo contrario, a grandeza do conceito, em toda sua aplica ao
esoterica a iddia da pre-genese e da gnese do Cosmos. Concedemos que ^
um Triangulo ideal, definido por linhas matematicas imaginarias,

( 10 ) . .
Pythagorean Triangle , pelo Rev G Oliver, pp. 18-19.
( 11 ) Neu> Aspects of Life, p 387.
,

( 11-A ) ibid.

)2 S
f

Escola do Grande Orients Mistico

nao pode ter lados de especie alguma , sendo apenas um fantasma da mente; os
lados que Ibe fossem atribindos seria /n os do objefo que semeJh nte imagem repre-
sents 12 ^

Mas, nesse caso, a maior parte das fupdteses cientificas nao sao mais
que f antasm as da mente ; nao podem ser demons tradas , a nao ser por
via de infer ncia , e foram adotadas simplesmente para atender a necessi-
dades cientificas. Demais , o Tri&ngulo ideal
^ como id# a abstrata de
um corpo triangular , e, portauto, como tipo de uma ideia abstrata
realizou e expressou perfei ao o duplo simbolismo que se tinha em mira,
^
Como emblem a aplicavel a ideia objetiva, o triangulo simples converteu - se
em um sdlido. Quando reproduzido em pedra, dando frente para os quatro
pontes cardeats, assumiu a forma de pframide, sfmbolo do Universe feno-
menal que se funde com o Universo numnico do pensamento, no vertice
dos quatro triangulos; e, como figura imaginaria construida com tres
linhas matemiticas , simbolizou as esferas subjetivas, encerrando as linhas
um espa o matematico, o que igual a nada dentro de nada \ E assim
^
e, porque, para os sentidos e a consri ncia nao educada do profano e do

homem de ciencia, tudo o que esta alem da linha da Materia diferenciada


is to e, fora e alm do reino da Subst&ncta mais Espi ritual
sempre permanecer igual a nada. o Ain Soph, NaoCoisa.
deve para

Todavia, esses fantasmas da mente nao sao, em verdade, abstra oes


maiores que as ideias abstratas em geral quanto a evolu ao e o desenvol- ^
^
vimento fisico, como a Gravidade, a For a , a Materia , etc., em que se
^
baseiam as ciendas exatas Os nossos quimicos e ffsicos mais eminentes
,

se esforgam com tenacidade em tentativas, ali s promissoras, para remon-


^
tar ate a origem oculta do Protilo ou da linha bdsica do Triangulo Pita-
gdrico. Este ultimo e, como dissemos, o mais grandioso conceito que se
possa imaginar, pois simboliza a um tempo o Universo ideal e o Universo
visivel 13. Efetivamente, se
A unidade posstvei e s6 uma possibilidade como realidade da natureza, como
um indivtduo de qualquer espaet [ c se] todo objeto natural individual e suscetivel de
divisao, e com a divisao perde sua unidade ou cessa de ser uni a unidade *

isso nao e verdade senao no dominio da CiSncia exata, em um mundo tao


falaz quanto ilusorio. No domfnio da Cincia Esotrica, a Unidade dividida
ad infinitum, em vez de perdet sua unidade, aproxima-se, a cada divisao,
dos pianos da REALIDADE unica e eterna. O olho do Vidente pode segui-la
e contempU-la em toda a sua gloria pre-genetica. Esta mesma ideia da
realidade do Universo subjetivo e da nao-realidade do Universo objetivo
se encontra no fundo dos ensinamentos de Pitagoras e de Platao que eram
reservados aos Eleitos ; assim , Porfiro, referindo-se A M6nada e a Dfada ,

( 12 ) Ibid.
( 13 ) No Mundo da Forma, o simbolisiuo quo
encontra expressao nas piranrides,
tendo nelas ao mtsmo tempo o triangulo e o quaarado, quatro triaogulos ou superficies
co-iguais, quatro pontos na base e o quin to ponto no vertice,
( 14 ) New Aspects of Life, pp , 383 e 386,

} 29
Escola do Grande Oriente Mistico

menciona que &6 a primeira era considerada como substancial e real, o


Ser mais simples , a causa de toda unidade e a medida de todas as coisas .
A Diada, porem, cmbora sendo a crigem do Mai , ou da Materia
por eonseguinte irreal em Filosofia e tamb m Substancia durante o Man-
^
vantara , e recebe muitas vezes, em Ocultismo , o nome de Terceira Monada ,

a linha de uniao entre dois Pontos , ou Numeros, que procedem de AQUILO
que existia antes de todos os Numeros * , como se expressou o Rabi Bara-
hiel . Dessa Diada sairam todas as Centelhas dos tres Mundo ou Pianos
superiores e os quatro inferiores
que estao em constante intera ao e
correspondence. este um ensinamento que a Cabala tem em comum ^
com o Ocultismo , oriental , pois na Filosofia Oculta ha a HCausa UNA e
a '"Causa Primeira ' de modo que a ultima se converte paradoxalmente na
J

Segunda , tal como o esclarece o autor de Qabbalah from the Philosophical


Writings of I bn Gebirol , quando diz:
4*
Ao tratar-se da Causa Primaria , duas coisas devcm ser consideradas : a Causa
Primaria per ser e sua rela ao e conexao com o Universo visivel e invisivel. 15
^
Mostra ele assim que os hebreus primitivos , assim como os arabes
posteriores , seguiram os passos da Filosofia oriental , representada pela dos
caldeus , a dos persas , a dos hindus, etc. A Causa Primaria daqueles era ,
no princfpio, designada
PcJo *7P
maton MIII I
Sha ddai triad ico, o [ triun/o ] Todo poderoso; depois pelo Tegragram
YHVH , simbolo do Passado, do Presente e do Fitturo > M6,
-
e, devemos acrescentar , do eterno ou EU SOU. Ademais, na Cabala o
nome YHVH ( ou Jeova ) exprime um Ele e uma Ela", macho e
femea ; dois em um , ou Chokmah e Binah , e o Shekinah dele , ou melhor,
o Shekinah ou Espirito Sintetizador ( ou Gra$a ) deles , que ainda tr a nsforma
a Diada em Trfade, Confirmam - no a liturgia judaica do Pentecostes e a
seguinte ora ao:
^
Em nome da Unidade, do Santo e Bendiio Hu [ Ele ] e do Seu Shekinah, o
Oculto e Escondido HO., bendiio seja YHVH to Quatexn rio ] por todo o sempre ,
Hu e considerado masculine, e YaH feminino; juntos fazem ^ HTTP ou
seja , um YHVH Um so, mas de natureza macho-femea , o She ' kinah foi sempre consi-
,

derado na Cabala como feminino. 17

nao 6 mais que Shakti



Assim tamb6m nos PurUnas esot ricos , porque Shekinah , neste caso,
^
o duplo feminino de qualquer Deus , O mesmo se
dava quanto aos primeiros cristaos , cujo Espirito Santo era feminino, como
o era Sophia entre os gndsticos . Contudo, na Cabala cald&a transcendente,
ou Livro dos Numeros , Shekinah nao tem sexo, e represents a mais pura
abstra ao , um estado como o do Nirvana, nera subjetivo nem objetivo nem
^
nada , exceto a absoluta PRESEN A.
^
( 15 ) Op. cit ., de Isaac Myer , p. 174.
( 16 ) M , p. 175.
( 17 ) Ibid ., p. 175.
Escola do Grande Oriente Mistico

Desse modo, so nos sistemas antropomorfizados


parte passou a ser a Cabala de hoje
como cm grande
6 que Shekinah-Shakti tem aspecto
fenrinino, Como tal , converte-se na Diada de Pilagoras , as duas linhas ret as
que nao podem formar nenbuma figura geom Ulrica e sao o sfmbolo da
Materia , Dessa Diada , quando unida a linba -base do TriUngulo sobre o
piano inferior { o Tri& ngulo superior da Arvore Sephirotal ) , surgem os
Elohim , ou a Divindade na Natureza Cosmica , a designagao inferior para
o verdadeiro cabalista , traduzida na Biblia por Deus 18. Deste ( os Elohim )
f

procedem as Centelhas.
As Centelhas sao as Almas , e estas Almas aparecem sob a trfplice
forma de M&nadas ( Unidades ) , Atomos e Deuses, segundo a nossa Dou-
trina. Como diz o Catecismo Esoterico :
Cada Atomo se converte em uma unidade visivel com piexa [ molecula ] ,
ef uma vez atratda d esfera da atividade terrestre , a essentia Monadica, pas-
sando atraves dos reinos mineral, vegetal e animal, se converte em homem.
E mais:
Deus, Mdnada e Atomo sao as correspondendas de Espirito, Mente e
Corpo [ Atma , Manas e Sthilla Sharira ] no homem .
Em sua agregagao seteniria , formam o Homem Celeste , no sentido
cabalistico; de mo do que o homem terrestre e o reflexo provlsdrio do
Celeste. Ou ainda :
As Mdnadas [ JivasJ sao as Almas dos Atomos; aquelas e estes sao
a estrutura com que se revestem os Chohans [ Dhy & nis, Deuses ] quando
uma forma .se faz necessdria.
-
Refere se isso s Monadas cdsmicas e subplanet arias; nao ao Monas
supracdsmico, a MAnada Pitagorica, conforme e chamado, etn seu cariter
sint tico, pelos peripateticos panteistas. As MAnadas objeto de nossa disser-
^
tagao, e do ponto de vista de sua individualidade , sao consideradas como
Almas Atomicas, antes de descerem os Atomos as formas puramente terres-
tres . Porque esta descida na Materia concreta marca o ponto mddio de
sua propria peregrinagao individual. Aqui, perdendo sua individualidade
no reino mineral, comegam elas a subir , atraves dos sete estados de evolugao
terrestre, para aquele ponto em que se estabelece firmemente uma corres-
pondence entre a consciencia Humana e a consciencia Deva ( divina ). Por
enquanto, por m, nao nos vamos ocupar de suas metamorfoses e atribu
^
lagoes tertestres, mas sim de sua vida e atitude no Espago, em pianos at
-
( 18 ) A designagao inferior, ou a Divindade na Natureza , o ter mo mais geral
Elohim, foi traduzida por Deus ( p. 175 ). Obras recentes, como a Qabbolab de
Isaac Myer e de S. L. MacGregor Mathers , justifkam plenamente nossa atitude em
reJagao k Divindade jeovista , Nao 6 a abstragao transcendental, filosdfica e altamente
-
metaffsica do pensamen to original eabalfstico - AinSopb-Shekinah-Adao Kadmon e
todos os demais nao 6 essa abstragao que combatemos, mas a cristalizagao de tudo
isso no Jeova antropomdrfico , extremamente antifilosofico e inaccit vel , a divindade
finite e andrdgina, para a qua] se prpetende a eternidade, a onipotencia e a onisdfcncia .
Nao nos opomos a Realtdade Ideal , e sim k sua horrivel Sombra teologica.

m
Escola do Grande Oriente Mistico

ondc a visao do mais intuitivo dos quimicos c dos ftsicos nao pode alcangar,
a nao ser que haja desenvolvido em si faculdades de darividencia superior.
-
bem sabido que Leibnitz muito se aproximou da verdade varks
vezes ; mas definiu a Evolugao Mon4dica ineorrctamente, o que nao deve
surpreender , pois nao era um Iniciado, nem sequer um mistico, sendo ape -
nas um filosofo dot ado de bastante intuigao. Apesar disso, nenhum psico *

-fisico chegou , como ele, tao perto do esbogo geral esoterico da Evolugao.
Esta Evolugao ( considerada em seus diver sos angulos, isto e, como
a Monada Universal e a Individudizada, e sob os aspectos principals da
Energia que se desenvolve apos a diferenriagao, o a spec to puramente Espi
ritual, o Intelectual, o Psiquico e o Fisico ) esta Evolugao, diziamos, pode
-
formular-se , como lei invariavel, deste modo: uma descida do Espirito na
Materia , equivalente a um periodo ascendente da evolugao fisica ; uma reas-
censao desde as profundezas da materialidade ate o statu quo ante, com
um correspondente esvaecer da forma concreta e da substancia, ate o estado
Laya , ou o que a Ciencia cbama de ponto zero ', e ainda alem.
1

Tais esta dos


Filosofia Esoterica
uma vez que se tenha bem apreendido o espirito da
se fazem absolutamenie necessaries, por simples
consideragdes ]<5gicas e anaMgicas. A Ciencia fisica , que j chegou a deter
minar , gragas ao ramo da quimica, a lei invariavel dessa evolugao dos
-
Atom os desde a sua condigao de Prorilo ate a de particulas fisicas e

depots quimicas ( ou moleculas )
geral. E , uma vez obrigada por seu inimigos

nao pode rejeitar esses estados como lei
a Metafkica e a Psicologia 1&
a sair de suas fortalezas supostamente inexpugnaveis, haverd de reco-
nhecer mais dificil, do que hoje parece, recusar um lugar nos Espagos do
ESPAgo aos Espiritos Planetarios ( Deuses ) , aos Elemental e at mesmo
aos Espectres ou Fantasmas Element ares, e outros. Ja Figuier e Paul
D Assier, positivist as e materialist as ambos, se renderam diante dessa neces-
sidade logica . Outros bomens de cincia ainda mais eminentes os seguirao
nessa Queda intelectual. Serao eles desalojados de suas posigoes, nao
por fen6menos espiritistas ou teosoficos , nem por outro fendmeno fisico ou
mental , mas tao-somente pelas enormes fendas e abismos que se abrem
todos os dias e continuarao a abrir-se aos seus pes, a medida que se suce
dem as descobertas, ate que finalmente sejam todos langados k terra pela
-
simples vaga do sen so comum .
Podemos citar como exemplo a ultima descoberta do Sr. W. Crookes,
a que ele deu o nome de Pr6tilo. Em Notes on the Bhagavad Gitd , de auto
ria de um dos mais eminentes metafisicos e eruditos vedantinos da India ,
-
vemos uma observagao tao significativa quanto rigorosamente exata , a
proposito das coisas Ocultas* que se contem naquela grande obra esotd-
rica hindu:

( 19 ) Que a pa lavra Psicologia nao induza o leitor, por uma associagao de


ideias , a pensar nos chamados psicdlogos modernos , cujo Idealismo nao passa de
outro nome dado ao materialismo intransigente , e eujo pretenso monismo nao mais
que uma mdscara destinada a ocultar o vazio do aniquilamento final , inclusive o da
propria con$cincia, Quereraos aqui referir-nos k Psicologia espirttuai .

332
f

Escola do Grande Oriente Mistico

desnecessrio descer 4s mifiucias da evolugao do sistema solar . Podeis format


uma idfia do modo como vem 4 existSncia cada utn dos clementos procedentes destes
tres princlpios cm que se difetencia Mdlaprakriti" [o Triitogulo Pitagorico ] estudando
a conferncia pronundada peio Professor Crookes , ha pouco tempo, sobre os chamados
corpos simples da cidncia modern*. Essa conferncia vos data uma no ao de como
esses chamados corpos simples surgem de VishvSnara ^
o mais objetivo dos tres prin-
dpios, que parece ocupar o lugar do prdtilo mencionado naquela conference. Salvo
em certos pormenores, a mesma confer ncia parece apresentar as grandes linhas da teoria
de evolu ao fisica no piano de Visbv4nara, e represent*, que en saiba, a major aproxi-
^
ma5ao da verdadeira teoria oculta , que jd alcanparam os investigadores modecnos sobre
tal assunto. 21

Todos os ocultistas orientals aprovarao e repetirao as palavras acima .


Na Se ao XI tivemos oportunicUde de citar muitos trechos da conferencia
^
do Sf , Crookes. Proferiu ele uma segunda conferencia .sobre a Genese
dos Corpos Simples 22, e ainda uma terceira , ambas tao not veis como a
primeira . Aqui tetnos quase uma confirma ao dos ensinamento da Filesofia ^
^
Esoterica quanto ao processo seguido pela evolu ao primordial - real-
^
mente a maior aptoxima ao da Doutrina Secreta a que podia chegar um
^
grande cientkta especializado em qulmica a parte a aplicagao das Mdnadas
e Atomos aos dogmas da metafisica puramente transcendente , assim como
a sua correla ao e conexao com os Deuses e Monadas conscientes e inteli-
^
gen tes . Mas a quknica se aeba agora em seu piano ascendente, gramas a
um de sens mais insignes represent antes na Europa . nao lbe seria pos-
sivel retroceder aos dias em que os seus subelemcnto eram considerados
como corpos absolutamente simples e homog&ieos , quando o Materialismo,
em sua cegueira , os havia promovido a categoria de elementos. A mascara
foi arrancada pot mao demasiado habil , para que possa haver o temor de
um novo equivoco. E depois de anos de muita faUcia , de mol culas bas-
tardas apresentadas pomposamente com o rotulo de Corpos Simples , por ^
tras e alem dos quais nao podia haver senao o vacuo , pergunta mais uma
vez um eminente professor de quimica:
Que sao esses Corpos Simples , de onde veto, qual a sua significacao? . . .
Esses elementos nos enchem de perpfexidade em nossas investiga oes, confudem as nossas
teorias s nos obsidiam em nossos prdprios sonhos. Estendem^-se a nossa frente como
um mar descouhecido, zombando, mistificando e sussurrando estranbas revelagoes e
possibilidades.*' 24

( 20 ) Vishv4nara nao e apenas o mundo objetivo manifestado, mas tambm


a base ffsica una ( a linha horizontal do tri& nguJo ) de onde surge 4 existSncia todo o
mundo objetivo." o Diada Cosmic a , a Substancia Andrdgina. Mais alem desta s6
hi o verdadeiro Pr<StiIo.
( 21 ) T Subba Row . Veja-se The Tbeosophht , de feverdro de 1887, p. 308.

( 22 ) Por W . Crookes, F. R . S . , V . P . C . S. , conferencia na Royal Institution


de Londres, em 18 de fevereiro de 1887.
( 23 ) A verdade deste asserto s6 estari plenamente demonscrada no die em
que 9 descoberta da materia radiance do Sr. Crookes conduzir a um estudo mais
complete sobre a verdadeira origem da lu2, revoltidonando todas as teorias atuais,
Contribuir para evidenciar aquela verdade um conhecimemo maior das flSmulas da
auroru borealis do Norte.
.
( 24 ) Genesis of the Elements , p 1.

333
Escola do Grande Oriente Mistico

Os herdeiros das revela oes primitivas ensinaram essas possibilidades


^ .
no curso dos seculos , mas nunca foram ouvidos As verdades inspiradas
a Kepler , Leibnitz, Gassendi, Swedenborg, etc., foram sempre mescladas com
suas proprias especula$oes em um ou outre sentido predeterminado; e dal
o deformarem-se. Hoje, porm, uma das grander verdades come ou a
brilhar ante os olhos de um eminence professor da ciencia ex at a, e ele pro- ^
clama sem receio, como um axioma fundamental, que atd o presente nao
chegou a Ciencia a conhecer os corptis realmente simples, Disse o Sr.
Crookes ao seu auditbrio:
"Se me aventuro a declarar que os corpos geralmecte aceitos como simples nao
sao simples nem primarios, que nao surgiram por acaso, nao foram criados de maneira
mecdnica e irregular, senao que se descnvolveram de matrias mais simples
mesmo, possivelmente, de uma unica esp cie de materia
^ ou
; se eu o declaro, nao
fa o mais que dar forma a uma ideia que tem estado, por assim dizer , "oo at" da
^
ciencia desde ja algum tempo. Quimicos, fisicos , fildsofos do mais alto mdrilo, afir-
mam de modo expllcito a sua convic ao de que os setenta ( ou coisa aproximada )
^
corpos simples mencionados em nossos compndios nao representam colunas de Her

*

cules que nao possamos algum dia transpor . . . Filosofos de hoje e de ontem hotnens
que certain ente nunca trabaiharam em laboratories chegaram a mesma conclusao por
caminho diferente. O Sr . Herbert Spencer, por exemplo, manifesta sua crenga de
que os atomos quimicos sao ptoduzidos pelos atomos verdadeiros ou fisicos, mediante
processes evolutivos, sob condigoes que a quimica nao pode ainda reproduzir . . .91 E o
poeta se antecipou ao fildsofo Milton ( O Paralso Perdido, Canto V ) poe na boca
,

do Arcanjo Rafael palavras inspiradas na id&a evolucion ria e o faz dizer a Ad&o que
o Todo-Poderoso criou . ^
. . . Uma so materia-prima, dotada
De formas varias, e de graus diversos
De substancia . .

Contudo, a ideia teria permanecido cristalizada no ar da Ciencia * ,


1 5

sem descer a densa atmosfera do Materialismo e dos mortals profanos, tal


vez por muito tempo ainda, se o Sr. Crookes, decidida e corajosamente,
-
nao a houvesse reduzido a sua verdadeira expressao, e a impusesse publi-
camente & atengao da Ciencia. Conforme disse Plutarco,
Uma id ia um Ser incorpbreo, que nao subsiste por si mesmo , mas que 6 &
^
forma e figura & materia cadtica e se convene em causa da manifestacao. 25

A revolu ao levada a efeito por Avogadro na velha Qufmica foi a


^
primeira pagina do volume da 'Nova Qufmica . O Sr. Crookes acaba de
virar a segunda pagina, e valorosamente aponta a que pode ser a ultima.
Por que, uma vez aceito e reconhecido o Prdtilo como o foi o Bter

invlsfvel, sendo ambos necessidades logicas e cientlficas , a Qufmica tera
virtualmente cessado de existir, para reaparecer , em sua reencarna ao, como
Nova Alquimia ou Metaqufmica . O descobridor da materia radiante ^
terd feito justiga Ss antigas obras arianas sobre o Ocultismo, inclusive aos
Vedas e aos Pur&nas. Pois , que sao a Mae manifestada , o Pai Filho-
-Esposo ( Aditi e Daksha, uma forma de Brabma, tiSmo Criadores ) e o
-
<

( 25 ) De PUtcit. Philos.

} )4
Escola do Grande Oriente Mistico

Filho

os tr s Primog nitos
^ ^
senao simplesmente o Hidrognio,
o Oxigenio e o que, em sua manifesta ao terrestre, e chamado Nitrogenio?
Ati mesmo as describees exotericas da Trfade Primogenita dao todas as
carac teristicas desses tres gases, E dizemos que Priestley foi o descobridor
do oxigSnio, que era conhecido na mais remota antiguidade!
Vemos , alem disso, que ate nos livros exotericos hindus todos os poe-
tas e fildsofos, antigos e modernos, inclusive os medicvais, tern sido ante-
cipados quanto aos Vertices Elementais post os em a ao pela Mente Uni-
^
versal: o Plenum de Materia diferenciada em particulas, de Descartes;
o fluido etdreo de Leibnitz e o fluido primitive de Kant, dissociado
em seus elementos; o torvelinho solar e os vortices sistemSticos de Kepler ;
em suma, desde Anaxagoras ate Galileu, Torricelli e Swedenborg, e, depots
deles, atd as ultimas especula oes dos mfsticos europeus, tudo isso se
^
encontra nos hinos on Mantras hindus, dedicados aos Deuses, Monadas e
Atomos em scu con junto
porque sao inseparaveis. Nos Ensinamentos
Esotericos, conciliam -se as concepgoes mais transcendentes do Universo e
seus mistcrios, assim como as especulaoes mais aparentemente materialistas,
pois as Cincias Ocultas abrangem todo o campo da evolu ao, desde o
Espirito a Materia. Como declarou um tedsofo americano, ^
As Mdnadas [ de Leibnitz ] podeia , de urn certo ponto de vista, ser chamadas
formas , proeedentes de outra mattria. Para a Ciencia Oculta, forga e matirut nao sao
mais que dois aspect os da mesma substaucia. 28

Recorde o leitor aquelas M&nadas de Leibnitz, cada uma das quais


um espelho vivo do Universo, em que se refletem todas as outras, e
compare este conceit o e esta defitugao com certos slokas s nscritos , tradu
^
zidos por Sir William Jones, nos quais se diz que a fonte criadora da
-
Mente Divina ,
Oculta atrrfs de um v u de densas trevas, forraou espelhos com os dtomos do
mundo, e projetou o reflexo de sua prdpria face sob re cada a tomo .

Assim , quando o Sr . Crookes declara que,


Se pudessemos mostrar como foram gerados os chamados corpos simples da
quimka, teriamos preenebido uma enorme lacuna em nosso conhecimento do Universo ,

a resposta de pronto se apresenta . O conhecimento tedrico se acha no


significado esotdrico de todas as cosmogonias Hindus, nos Pur&nas; a
demons tragao pratica est em maos de homens que nao serao reconhecidos
neste sculo, a nao ser por muito poucos. As possibilidades cientfficas de
varias descobertas , que devem inevitavelmente conduzir a Cincia acei
ta ao das teorias ocultas do Oriente, teorias que contem tudo o de que se
-
^
necessita para preencher as lacunas , tem estado at o momento ao dispor
do materialismo intransigente dos nossos dias , So trilhando o caminho

( 26 ) The Patby janeiro de 1887, p , 297.

335
Escola do Grande Orients Mistico

seguido pelo Sr William Crookes 6 que pode haver alguma esperan a de


,

que se venha a reconhecer ccrtas verdades, atd agora ocultas. ^


Neste meio tempo, todo aquele que aspire a oh ter , mediante um dia -
grama pratico, algum vislumbre da evolu ao da Materia primordial
^ que,
separando-se e diferenciando-sC sob o impulso da lei ciclica, se divide, em

termos gerais, em uma gradagao setenaria de Subst&ncia
o melhor que
pode fazer 6 examinar os grificos que acompanham a confer ncia do Sr.
Crookes sobre a Gt?ese dos Elementosi e pondetar bem certas passagens ^
do texto. Ali se diz:
"Ampltaram-se as no oes que tlnhamos do elemento quimico. Ate aqui a mole-
cula era considerada cotno^ um agregado de dois ou mats Atomos, nao se levando em
conta o piano arquitetonico a que obedece a uniao destes atomos , Podemos conjeturar
que a estrutura de um corpo simples bera mais complexa do que se supunha at6
.
agora Entre as moleculas que estamos habituados a tratar nas xeagdes quimicas e os
atomos prirairios, tais qua is foram criados, surgem moleculas menores ou agregados
de itomos ffsicos; na constru ao do ftrio estas submol&ulas diferem entre si con-
forme a posigao que ocupam. ^
Talvcz simplifiquemos essa hipdtese imaginando o Itrio representado por uma
-
moeda de titico xelins. Por meio do fracionamento quimico chego a dividi la em dnco
xelins separados, e observo que estes xelins nao sao partes cxatamente iguais, mas,
como os dtomos de carbono no and de benzol, trazem a marca de suas posigoes, 1, 2, 3,
4, 5 , estampada sobre eles . . . Se jogo os meus xelins no cadinho ou os dissolve
quimicamente, o cunho desaparece, e todos eles se transformam em prata. 27

fi o que sucederd com todos os Atomos e moldculas quando forem


separados de suas formas e corpos compostos, ao comeqar o Pralaya. Inver-
-
ta -se o caso, e imagine se a aurora de um novo Manvantara. A prat a
pura do material absorvido se convertera mais uma vez na SUBSTANCIA, a
qual produzira Essncias Divinas , cujos Principles 28 sao os Elementos
Primaries, os Subelementos , as Energias Flsicas e a Materia subjetiva e
cbjetiva, ou, abreviando, DEUSES, MONADAS e ATOMOS. Se deixarmos por
um ins tan te o aspecto metafisico ou transcendental da questao nao
levando em conta os Seres e Entidades supra-sensfveis e inteligentes, em que
os cabalistas e os cristaos acreditam

para nos cingirmos a teoria da
evolu ao atomica , veremos que as Doutrinas Ocultas se acham tamb&n con -
^ pela Gencia exata em .seus postulados , ao menos no que se refere
firmadas
aos supostos corpos simples , agora rebaixados & categoria de parentes
pobres e afastados, nem sequer primos segundos, dos que devem ostentar
aquele tltulo. O Sr. Crookes realmente nos diz que:
tlA\i eutlo prevalecia a crenga de que, se o peso atdmico de um metal, deter -
ra inado por varlos experiment adores a partir de compostos diferentes, se mostrava sem -
pre constante , , , , era por que esse metal devia entrar na categoria dos corpos simples
ou elementais. Agora sabemos ... .
que nao 6 assim Ainda aqui nos vemos em face
de rodas dentro de rodas. O gadolfnio nao 6 um corpo simples, mas um composto ...
( 27 ) Ginesis of the Elements , p. 11 .
( 28 ) Correspondentes na escala cosmica a Espirito, Alma , Mente, Vida e os
ttSs velculos: Corpo Astral, Corpo May vico e Corpo Ffsico ( da Humanidade ) , seja
qual for a divisio adotad a. ^
336
Escola do Grande Orients Mistico

Mostramos que o fcrio 6 urn corpo compos to de cinco ou mais elementos , E quem
ousarS afirmar que cada um destes elementos consutuintes, se atacado de mancira
diferente, e submet ido o resultado a uma prova mais delicada e miriuciosa que a da
materia radiante , nao chegaria , por sua vez, a tornar-se divisivel ? Onde, pois , se acha
o verdaddro oorpo simples primirio? A rccdida que avaccamos , ele recua, ootno aq tie-
las miragens de bosques e lagos que aparecem no descrto aos olhos do viajante
cansado e sequioso. Devemos assim deixar-nos iludir e decepciooar em nossa pesquisa
da verdade? A id6ia mesma de um corpo simples, como algo absolutanacnte primirio
e final, corona a tomarse cada ve2 menos precisa ." 2

Dissemos em Isis sem Viu que:


Este mist6rio da ptimeira criacSo, que sempre constituiu o desespero da Ciencia,
e insondive A nao set que aceitemos a doutrina de Hermes , Se ele [ Darwin ] pudesse
^
tiansferir suas investigafoes do Uni verso visivel para o invisivel, encontrar-se-io na
verdadeira senda. Mas estaria entao seguindo os passos dos hermetistas. M

Come a a cumprir-se a nossa profecia


^ .
Entre Hermes e Huxley hi , porftn ., um ponto intermedio. Que os
hotnens de cienda estendam uma pome so ate a metade da distancia , e que
reorias acerca da evolu ao dos A tamos
^
meditem seriamente nas teorks de Leibnitz . Mostramos que as nossas
cuja ultima transformacao em
mol6culas qulmicas compostas se processa nos laborat6rios terrestres, na
atmosfera da Terra, e nao em outro lugar coincide de xnodo surpreen-
dente com a evolu?ao dos Atomos apresentada nos grficos do Sr. Crookes.
Foi mencionado varias vezes neste volume que Martanda, o Sol, se ha via
forntado e desenvolvido, junta men te com os seus sete Irmaos menores, no
meio de sua Mae Aditi, seio este que nao e senao a materia prima , o -
Prdtilo do conferencista. A Doutrina Secreta ensina a existencia de
Uma forma atitecedente de energia que passa por ctclos periddicos de fluxo e
de refluxo, de repouso e de atividade. 31

Eis que um dos luminares da Cincia pede agora ao mundo que aceite
isso como um de seus postulados!
Mostramos como a Mae , ignea e calida , se tornava gradualmente
fria e radiante; e d esse mesmo homem de ciencia quem reclama como
segundo postulado ( uma necessidade cienttfica ao que parece )
Uma acao interna, semelhante ao esfriamecto, operando lentamente sobfe o
prdtilo .

A Ciencia Qculta ensina que a Mae permanece difundida no Infi


nito, durante o Pralaya, como o Grande Abismo, as Aguas secas do Espa o ,
-
na cuiiosa expressao do Catecismo, e se converte em umida somente apos ^
a separa ao e a passagem, sobre a sua face , de Natayana ,
^
( 29 ) Genesis of the Elements , p . 16.
( 30 ) Vol I , p. 429.
(31 ) Genesis of the Elements, p . 21 .

137
Escola do Grande Oriente Mistico

o Espirito que & a Chama invisivel que nunca arde mas inf lama tudo
}

aquilo em que toea, e the da a vida e o poder de geragao 32.


E a Ciencia nos diz que o primogenito dos corpos simples . * mais .
prdximo do protilo deve ser Ho hidrogenio . . . que durante algum tempo
tera sido a unica forma existente de materia no Universe. Que diz a

gicas e ate pre-genetica 5


4
Mae '
e Numeno ao Hidrogenio ( e ao Oxig&nio ) que

Ciencia Antiga ? Responde : fi exato; mas nos preferimos chamar Espirito
nas idades pre geolo
insufla, por incuba ao, o sopro de vida na
^
o Espirito e o Numeno do que se converte, em sua forma mais
- -
grosseira sobre a nossa Terra, em Hidrogenio, Oxigenio e Nitrog nio
nao sendo este ultimo de natureza divina , mas unicamente um cimento

terrestre para unir outros gases e fluidos, e servir como uma esponja para
.
levar consigo o sopro de vida, o ar puro 38 Os gases e fluidos, antes de
se tornarem no que sao em nossa atmosfera , foram liter interestelar; ante-
riormente a isto, e em urn piano mais prof undo , outra coisa; e assim suces
sivamente in infinitum.
-
O sibio e eminente Professor perdoari ao ocultista o haveJo citado
tantas vezes; tal e o castigo reservado a um membro da Sociedade Real que
se aproxima tanto do recinto do Adi to sagrado dos Mist rios Ocultos, ao
ponto de transpor virtualmente cs limites proibidos . ^
Mas e tempo de deixar a ciencia flsica moderna para tratar do aspecto
psicologico e metaflsico da questao.
Desejamos apenas observar que, aos dois postulados bem tazoaveis ,
requeridos pelo ilustre conferencista , para obter-se um vislumbre de alguns
dos segredos tao profundamente ocultos , atras da porta do Desconhe-
cido , cumpre acrescentar um terCeiro 34, a fim de nao se bater em vao
para abrida; o postulado de que Leibnitz ha via baseado suas teorias no
terreno firme da verdade e dos fates. A sinopse admir vel e meditada
^
seu Leibnitz

dessas especula$oes tais como expost as por John Theodore Mertz em
prova quanto este fil6sofo chegou perto dos segredos ocul-
tos da Teogonia Esoterica em sua Monadologia. E no entanto ele, em suas
especula oes, apenas se elevou acima dos primeiros pianos , dos principles
^
inferiores do Grande Corpo Cosmico. Sua teoria nao vai a alturas mais
sublimes que as da vida manifestada, as da consciencia e da inteligencia,
deixando intangiveis os mistlrios pos-geneticos anteriores, pois que o seu
-
fluido etdreo 6 pds planetjSrio.
Mas esse terceiro postulado dificilmente seri aceito pelos homens de
ciencia modemos; como Descartes, hao de preferir ater-se as coisas exter-
nas, que sao incapazes , como a ex tens ao por exemplo, de explicar os fen6 -
( 32 ) O Senhor e um fago devorador , Nele estava a vida, e a vida era
a luz dos homens .
( 33 ) Que, decomposto alquimicamente , nos daria o Espirito de Vida e seu Elixir.
( 34 ) Sobretudo , o postulado de que na Natureza nao ha substandas ou corpos
morganicos. As pedras, os minerals, as rochas e at os itomos qulmicos nao passant
de unidades orginicas em letargia profunda , Seu estado de coma tem um fim, e sua
inercia se converte em atividade.

338
Escola do Grande Oriente Mistico

menos do fnovimento, a admltir que este ultimo seja uma Forga indepen-
dente . Jamaisse tornarao anticartesianos na presente geragao, e tampouco
aceitarao que
A propriedade da in rcia nao 6 uma propriedade puramente geometrica, senao
^
que indica a existfcncia de algo nos corpos extemos que nao 6 simplesmente extensao /

o pensamento de Leibnitz , tal como o analisou Mertz3 o qual acres-


cent a que a esse algo" dava ele o nome de Forga , sustentando que as coisas
externas sao dot a das de Forga , e que , sendo portadoras de Forga, devem ter
uma SubstSncia ; pois nao sao massas inertes e $em vida , mas centros e
veiculos da Forma proposigao de card ter puramente esot tico, uma vez
^

que a Forma era para Leibnitz um principio ativo ; desaparecendo com
esta conclusao a separagao entre a Mente e a Matdria .

As uivestigafoes materaaticas e din arnicas de Leibnitz nao ten am couduzido ao


mesmo resultado Da mente de um investigador puramente cientffico. Mas Leibnitz nao
era um homem de dencia na acepgao moderns do termo. Se o houvesse sido, term
desen volvido o conceito da energia ; definido matematicamente as id das de forga e
trabalho medimeo; e chegado conclusao de que, at mesmo para tins rigorosamente
cientlficos, conv m consider ar a for9a, nao como uma quantidade primaria, mas como
^
uma quantidade derivada de outra .

Mas, felizmente para a verdade,


"Leibnitz era um fildsofo; e, como tal, adotava certos priticlpios fundamental,
que o mdinavam em favor de determinadas conclusoes ; e a sua descoberta de que as
coisas externas eram substand as dotadas de forga desde logo foi empregada para fins
de aplicagao daqueles principles. Um deles consist!a na lei de conrinuidade, na con-
viegao de que 0 tnundo tinfia todas as suas par res relactonadas umas com as outras,
nao existindo fendas ou vazios que nao pudessem ser transpostos, Era- lhe insuportdvel
o contraste de substancias pensantes extensas. A definigao das substancias extensas ja
se bavia tornado insustentavel ; era natural que se fteesse uma investigagao semelhante
a respeito da definigao da mente, a subst & ncia pensante.

As divisoes adotadas por Leibnitz, ainda que incompletas e defei-


tuosas do porno de vista do Ocultismo , revelam um espirito de intuigao
metafisica que nenhum homem de ci6ncia , nem Descartes , nem o proprio
Kant, jamais alcangou * Para de existe uma gradagao infinita de pensamento .
Dizia que s6 uma pequena parte do conteudo de nosso pensamento se eleva
ao nivel da apercepgao dara , do conhecimento interno; a luz da consci-
6ncia perfeita ,Muitos permanecem em um estado confuse ou obscuro ,
no estado de percepgSes ; mas ali estao . Descartes negava a alma aos
animals ; Leibnitz , como os ocultistas , dotava toda a criagao de vida mental ,
sendo esta , segundo ele, capaz de gradagoes infinitas L E isso, como judicio
sa mente observa Mertz : .

Ampliou o reino da vtda mental, eliminando o contraste entre a mafiria mam -


rnada e a anlmada\ mais ainda , teagiu sobre o conceito de materia , de substincia
extensa. Porque evidenciou que as coisas externas ou materials so para os nossos
sentidos apresentavam a propriedade de extensao, e nao para as nossas faculdades pen-
santes. O matemitico, para poder calcular figuras geom tricas , teve que dividi- las em
^
339
Escola do Grande Oriente Mistico

um numcro inf ini to dc partes infimtamente pequenas, e o fisico nao viu limites &
divisibilidade da tnatlria cm dtomos. O volume com que as coisas externas parecem
encher o espago e uma propriedade que elas adquirem unicamente em razao da con
ditio grosseira dos nossos sentidos . . . Leibnitz seguiu ate certo ponto o radodnio
-
destes argumentos, mas nao podia contentar-se com admitir que a materia fosse com -
pos ta de urn numero limits do de partes minusculas. Seu espfrito matematico o obrigou
a extender o racioclnio in infinitum. Que sucedeu entao com os atomos? Pcrderam
sua extensao, e so conservaram a sua propriedade de resistenck ; eram centros de
Foram reduzidos a pontos matematicos
Imaginando que a existencia interna, como
a da mente humana , seja uma nova dimensao, nao uma dimensao geom trica , mas
^
metaffsica, . . e reduztndo a nada a extensao geom6triea dos atomos, Ldbnitz Ihes
,

conferiu uma extensao infinita no sentido de sua dimensao metaHsica . Depois de


-
hav los perdido de vista no mundo do espago, deve a mente penetraf , por assim
dizer, no mundo metaffsico, para de & cobrir e compreender a ess neia verdadeira do
^
que aparece no espaco tao-somente como um ponto matematico. . . Como um cone que
sc mant &n sobre o seu vdrtice, ou como uma linha reta perpendicular que corta um
piano horizontal so cm um ponto matematico, mas pode estender-se ao infinito em
altura e profundidade, assim as essencias das coisas reais tem , neste mundo fisico do
espago, uma existencia representada apenas por um ponto, mas possuem uma infinita
profundidade de vida interna no mundo meraffsico do pensamento. 38

Af estd o espirito, a raiz mesma da doutrina e do pensamento ocultos .


O Esplrito-Materia e a Materia-Espfrito se estendem infinitamente em
profundidade\ e , como a ess &ncia das coisas de Leibnitz, a nossa essncia
das coisas reais esta na setima profundidade ; ao passo que a materia gros-
seira e irreal da Ciencia e do mundo exterior se encontra no extremo infe-
rior de nossos sentidos perceptivos. O ocultista conhece o valor ou a
ausencia de valor desta ultima .
Devemos agora explicar ao estudante a diferenga fundamental entre o
sistema de Leibnitz e o da Filosofia Oculta, na questao das Mo-nadas , o
que se pode fazer tendo presente a sua Monadologia. Podemos dizer, em
verdade , que , nos pontos em que se conciliam os sisteraas de Leibnitz 38
e de Spinoza , a essencia e o esplrito da Filosofia E$ot6rica aparecem . Do
encontro entre os dois como opostos ao sistema cartesiano
as verdades da Doutrina Arcaica . Ambos sao contrdrios a metafisica de

surgem

Descartes . A ideia cartesiana do contraste de duas Subst &ncias


e Pensamento

Extensao
, diferindo radicalmente uma da outra , e sendo mutua-
mente irredutiveis , demasiado arbitriria e antifilosdfica para aqueles .
Assim , Leibnitz fez das duas Substancias cartesianas dois atributos de uma
Unidade universal , em que via Deus . Spinoza so reconhecia uma Substan-
cia Universal indivisfvel , um TODO absoluto, como Parabrahman . Ao con-
trario, Leibnit 2 percebia a existencia de uma pluralidade de Substancias .
Para Spinoza nao havia mais que o UNO; para Lebnitz ha via uma infinidade
de Seres procedentes do Uno ou no Uno. De modo que , embora ambos
nao admitissem mais que Uma Entidade Real , Spinoza a considerava impes-

Ibid., p. 144.
( 35 )
( 36 ) A ortografLa do nome, segunda ele proprio escrevia, 6 Leibnitz. Era de
.
origem esluva , embora nascido na Alemanha Seu Dome completo: Gottfried Wilhelm
Leibnitz.

340
f

Escola do Grande Oriente Mistico

soal e indivislvcl, enquanto Leibnitz dividia a sua Divindade pessoal em


numerosos Seres divinos e semidivinos. Spinoza era um panteista subjetivo,
e Leibnitz um panteista objetivo\ mas ambos eram grandes filosofos em
suas percep oes intuitivas.
^ -

Ora, se as duas doutrinas se fundissem em uma s6, corrigindo se
mutuamente e, sobretudo, sendo a Realidade Una libertada de sua perso-
nalidade , nelas ficaria como resultado um verdadeiro espirito de Filo
sofia Esotdrica: a Essncia Divina absoluta, impessoal, sem atributos, que
-
ja nao e Ser , mas a raiz de todos os Seres. Tra?ai em pensamento uma
profunda linba divisoria entre a sempre incognoscfvel Essencia e a Pre-
sen?a invisivel, mas compreensivd , Mulaprakriti ou Shekinah , desde alem
da qual e at rave5 da qual vibra o Som do Verbo, e de onde se desenvolvem
as inmneriveis Hierarquias de Seres, conscientes e inconseientes, de per
cep?ao externa e de percep?ao interna , cuja Essencia e For?a Espkitual,
-
cuja Substand a sao os Elementos, e cujos Corpos ( quando necessaries )
sao os Atomos
e tereis aqui a nossa Doutrina. Porque diz Leibnitz:
Sendo a for a o elemento primitivo de todo corpo material, e nao tendo nenhu-
^
ma das caracter /sticas da materia, pode set coocebids, was nunca ser obfeto de inn a
representa?ao da imaginatao/

O que para e!e constitufa o elemento primordial e ultimo em todo


corpo ou objeto naoeram, pois, os atomos materials ou as moldculas, neces
sariamente mais ou menos extensos, como os de Epicuro e Gassendi; e
-
sim, como o demonstra Mertz, Atomos imateriais e metafisicos, pontos
matematicos ou almas verdadeiras, conforme explica?ao de Henri Lachelier
( Professor Adjunto de Filosofia ) , seu bidgrafo franees:
wO que existe fora de nos, de modo absolute , sao Almas, cuja essencia a

Assim , a realidade no mundo manifestado se compoe de uma unidade


de unidades , de certo modo imaterial
do nosso ponto de vista e infi-
nita. Leibnitz chama a estas unidades Mdnadas; a Filosofia Oriental, Jivas;

enquanto o Ocultismo, como sucede tambem com os cabalistas e os cris-



taos, Dies da uma variedade de Homes. Para nos, como para Leibnitz, elas
sao a expressao do Universe? 38 e cada ponto fisico nao e senao a expres-
J
sao fenomenal do Ponto metaflsico numSnico. Sua distin?ao entre a per-
cep?ao ( externa ) e a a- percep?ao ( percep?ao interna ) 6 a expressao
filos6fica , posto que obscurecida, dos Ensinamentos Esotericos. Seus uni
versos reduzidos , que sao tao numerosos quanto as monadas , constituent
-
a representa?ao cadtica do nosso Sistema Setenario com suas . divisoes e
subdivisoes.

Monadoiogut , inttodusio
( 37 )

,

( 38 )A dinimica de Leibnitz
* diz o Professor Lachelier "oferecerk
pouca dificuldade se a motiada fosse, para ele, nm simples tomo de for a cega.
Mas . .. Compteende-se perfeitamente a perplexidade do roaterialisrao modernol ^
341
Escola do Grande Orients Mistico

Quanto a relagao que podem ter as suas Monadas com os nossos


Dbyan Chohans , Espfritos Cosmicos , Devas e Elementais, julgamos opor-
tuno reproduzir a opiniao de um erudito pensador teosofo, o Sr . C. H A . ,

Bjerregaard . Em seu excelente trabalho Sobre os Elementos, os Espfritos


Elementares e sua Relagio com os Seres Humanos , lido perante a Socie-
dade Teosofica Aria de Nova York , ele a expos com muita dareza nos
seguintes termos :
' Tara Spinoza , a substSncia 6 morta e inativa ; mas para o espirito penetrante
.
de Leibnitz tudo atividade vivente e energia ativa Sustentando esta opiniao, ele se
aproxima infinitamente mais do Oriente que outro pensador contempor &neo ou pos-
terior . Sua descoberta de que uma energia ativa forma a essentia da substantia repre
sents um prindpio que o associa diretamente as Videntes do Oriente,
-
Mostra depois o conferencista que para Leibnitz os Atomos e os Ele-
mentos sao Centros de Forga , ou melhor , seres espirituais cuja natureza
mesma a a ao , pois
^
as particulas elemental sao formas vitais, que nao atuam medinicamente, senao em
virtude de um prindpio* interno. Sao unidades incorpdreas, espirituais ['substanciais ',
por m, e nao imateriais, no sentido que damos a esta palavraj, inacessiveis a toda
mudanga externa ... [e ] indestrutlveis por qualquer forga do exterior . As mdnadas
de Leibnitz diferem dos itomos pel as seguintes particulartdades, que devemos sempre
ter em mente, pois de outro modo nao estaremos em condigoes de ver a diferenga
entre os Elemental c a materia ordindria . Os atomos nao se distinguera uns dos
outros, sao qualitativamente iguais, mas cada monada difere qualitativamente de todas
as demais, e cada qual constitui um mundo peculiar, um mundo que Jhe e prdprio.
Nao sucede o mesmo com os atomos ; sao absolutamente iguais, qualitativa e quanti-
tativamente , carecem de individualidade prdpria 40, A16m disso, os tomos [ou antes,

--
as moleculasj da filosofia materialista podem ser considerados como extensos e divi
sfveis, ao passo que as mflnadas sao meros pontos metaftacos e indivisfveis. Final
mente, e eis aqui um ponto em que as monadas de Leibnitz muito se parecem com
os Elemental* da filosofia mfstica , essas monadas sao seres rep resen tativos. Cada mdnada
reflete todas as outras , Cada monada e um espelbo vivo do Universo, em sua pr6pria
esfera. E
atentai bem nisto, de que depende o poder destas monadas, assim como
a tarefa que podem realizar por nos ao refletirem o mundo, as m6tiadas nao sao
meros agentes refletores passivos, mas sao espontaneamente ativas por si mesmas ; repre-
sentam imagens de modo espontaneo, como a alma que produz um. sonbo. Por isso,
em cada m&nada pode o Adepto Ier ludo inclusive o future. Cada Mouada
Elemental
6 um espelho que pode falar .
- ou

( 39 ) The Fath > I, janeiro de 1887, p. 297.


( 40 ) Leibnitz revela-se um idealista absoluto ao sustentar que tomos mate
.
rials sao contririos razao ( Syst&me Nouveau , Erdmann , p. 126, col, 2 ) Para ele,
-
a Materia era uma simples representagao da Mon ada at6mica ou bumano. Pensava
;
que as Mdnadas ( como tambem r6s pensamos ) se acham em toda a parte. Assim, a
Alma humana e uma Mdnada, e cada clula do corpo bumano tern sua M6nada, do
mesmo modo que cada clltila do animal, do vegetal e at6 mesmo dos corpos ditos
inorg& nicos. Sens Atomos sao as mol culas da Cienria modernat e suas M6nadas os
^
atomos simples que a cincia materialista aeeita pels e, muito embora jamais possa
e.ntrar em contato com eles, a nSo ser em imaginagao. Todavia , Leibnitz cai em
contra digao consigo mesmo em suas opinioes sobre as M6nadas , Fala de seus "Pontos
Metafisicos e de seus Atomos formais ora como realidades que ocupam o espago*
ora como td&ias puramente espirituais, ora dotando-os novamente de objetividade, de
agregaglo e de posigoes em suas correlagoes.

342
Escola do Grande Orients Mistico

fi ponto que claudica a filosofia de Leibnitz. Ela nada prev,


tiesse
nem az distincao alguma
entre a Monada Elemental e a de um elevado
Espirito Planetario, ou mesmo a M6nada Humana ou Alma , E Us vezes
vai tao longe ao ponto de pergimtar se
Deus fez porventura outra coisa alem de Monadas ou substancias sem extensao. 41

Leibnitz traga uma diferenga entre Monad as e Atomos 42 , porque ,


como repetidamente declara :
'os corpus, com todas as suas qualidades, nao passam de fendmenos, como o arco-iris,
Corpora omnia cum , omnibus quailtat thus suis non sunt aliud quam phenomena bene
fundata, ut 7r;>. 43 ?

Mas logo depois ele salva a dificuldade, estabelecendo uma correspon-


dence substantial, certo lago metafisico, entre as Monadas
vinculum
substantiate. A Filosofia Esoterica , ao ensinar um Idealismo objetivo
( embora considere o Universo objetivo e tudo o que nele se contain como
M4y3, Ilusao temporaria ) faz uma distin ao prdtica entre a Ilusao Coletiva ,
^
MaHamaya , do ponto de vista puramente metafisico, e as relates objetivas,
que ela comporta , entre diversos Egos conscientes , enquanto dura essa
Ilusao. O Adepto pcde , consequent entente, ler o futuro em uma M6nada
Elemental; mas lbe 6 necessirio, para isso, rerunir um grande numero delas ,
pois cada Monada represen ta so uma pa reel a do reino a que pertence.

As monadas sao limitadas, nao ao objeto, mas as modificacoes da cogni ao do


^
objeto; todas eks tendem ( confusaroente ) ao inf ini to, ao todo, mas estao limitadas
e se diferenciam pelo gran de dareza de sua percegao." 44

E, segundo explica Leibnitz,


Todas as partes do Uni verso estao dlstlntamente represen tadas nas mdnadas;
mas algumas se refletetn em uma monada , algumas em outra.

Uma colegao de monadas poderia representar simultaneamente os pensa-


meatos de dois milh5es de habit antes de Paris.
Que dizem sobre isso as Cincias Ocultas , e que tm a acrescentar ?

Dizem que o que Leibnitz chama de Monadas Coletivas
gerais, e deixando de lado, por enquanto, todas as subdivides

em termos
pode divi -
( 41 ) Examen des Erincipes du P, Maiebrancbe.
( 42 ) Os Atomos de Leibnitz, em verdade, nada tem de comum, a nao set o
nome, com os atomos dos materialises gregos, nem sequer com as moleculas da Ci ncia
moderns Ele os chama Atomos Formais , e os compara as Formas Substanciais
,

de Aristdteies ( vet Systems Nouveau , $ 3. ) .


D

( 43 ) Carta ao Padre Desbosses, Correspondence, XVIII.


( 44 ) Monadologia , par grafo 60. Como Aristoteles, Leibnitz as chama M6nadas
^
criadas on emanadas ( os Elemetitais procedentes de Esplritos Cosmicos ou Deuses ) ,
.
Entel quias, EvJjXi euxi, e automates incorporeos . ( Monadologia, par. 18 )
^ ^
343
Escola do Grande Oriente Mistico

dir-sc em trs Grupos distintos que, contados a partir dos pianos mais
elevados , sao, em primeiro lugar , os "Deuses ou Egos espirituais conscien-
tes , os Arquitetos inteligentes que trabalham segundo o piano tragado na
Mente Divina; vindo em seguida os Elementais ou MAnadas , que consti
tuent, coletiva e inconsdentemente, os grandes Espelhos Universais de tudo
-
o que se refere aos seus respectivos reinos; e por ultimo os "Atomos
ou mol 6culas materials, animados, a seu tumo, por suas Monadas persepti -
vas , exatamente como o 6 cada uma das clulas do corpo humano. Exis
tem multidoes desses Atomos animados, que por sua vez animam as mold-
-
culas; uma infinidade de MAnadas , ou de Elementais propriameme ditos,
e de Formas espirituais inumeraveis
sem Monada, por serem puras incur -
poreidades ^ salvo sob o imperio de certas leis, quando tomam uma forma,
y

nao necessariamente Humana. De onde vem a substancia que as revcste


o organismo aparente que elas desenvolvem ao redor de seus centres?
As Radiagoes Sem Forma ( Arupa ) , que existem na Harmonia da Vontade

Universal, e constituent o que chamamos o conjunto ou agregado da Von-
tade Cdsmica no piano do Universe subjetivo, reiinem uma infinidade de
Monadas cada qual o espelho de seu prdprio Universo

e individuali
zam assitn , em dado momento, uma Mente independente, onisciente e uni-
-
versal ; e, por identico processo de agregagao magti6tica, criam para si mes-
mas corpos objetivos visiveis, com os Atomos mterestelares. Porque Ato-
mos e Mdnadas, associados ou dissociados, simples ou complexos, nao sao,
desde o momento da primeira diferenciagao, senao os "prinefpios corp<5-
reos, pslquicos e espirituais dos "Deuses
goes da Natureza Primordial.

estes, por sua vez , as Radia -
Desse modo, os Poderes Planet rios superiores aparecem, aos olhos do
^
Vidente, sob dois aspectos: o subjetivo, como influSncias, e o objetivo,
como formas mlsticas que, em virtude da lei Cdrmica, se convert em em
uma Presenga, unificandose o Espfrito e a Materia, como dissemos repe -
tidas vezes. O Espirito 6 Materia no setimo piano; a Materia 6 Espirito
no piano inferior de sua atividade dclica ; e ambos sao M3y3.
( 45 ) Estas ttes divisfles sumirias eorrespondem a Espirito, Mente ( ou Alma )
e Corpo, na constitukao Humana.
( 46 ) O irmlo G H, A . Bjerregaard , em sua citada confer ncia , adverte aos
^
seus ouvintes que nao sc deve considerar demasiado os Sephiroth como individualidades,
verdade
-

dtz ele
.
evitando se ao mesmo tempo ver neks somente abstrides Jamais alcan areraos a
^
e muito menos a faculdade de nos assockrmos a essas entidades
celestials, enquanto nao retorn armos b simplicldade e a mtrepidez das eras primitivas,
quando os homens convivkm livremente com os deuses e os deuses desciam entre os
.
homens para guk-Ios no caminho da verdade e da santidade ( p. 296 ) Hi na Btblia
virus refer&icias aos Anjos que indicam claramente tratar-se de seres como os ele-
mentais da Cabala e as m&nadas de Leibnitz, devendo ser esta a significagao daquele
termo, e nao a que comumente se lhe atribui . Eles sao chamados Estrelas da Martha ' \
Fogos Ardentes , Ernes Poderosos ; e Sao Paulo os v, em sua visSo cosmog6nica,
.
como Prindpados e Potfcncias Nonaes como estes exduem a idria de personalidade,
e somos levados a consider4-los como existfincias impessoais . . . cc piO uma tnflvincfa ,
^
uma substancia espiritual, ou uma for$a consciente** ( The Path, janeiro de 1887,
.
pp 331, 332. )
>

M4
Escola do Grande Oriente Mistico

Em Ocultismo, os Atomos sao chamados vibragoes, e tambero, coleti-


vamente, Som , Nada tern isto a ver com a dcscoberta cientifica do Sr.
Tyndall. Descreveu ele, nos graus inferiores da escala da existenda mon~
dica , a sucessao completa das vibragoes atmosfiricas
o que represent a
*

a parte objetiva do processo da Natureza. Descobriu e registrou a veloci-


dade de seu movimento e de sua transmissao; a forga de seu choque; sua
- .
repercussao vibratdria no timpano e a transmissao aos otolitos, etc , ate que
se inicia a vibragao do nervo auditivo, dando lugar a um novo fen&meno:
o lado subjetivo do processo da sensaqao do som. Sera que ele o ve ou
percebe? Nao, porque sua especialidade consiste em descobrir o modo de
ser da Matdria. Mas , por que nao o haveria de ver um Psiquico, ou um
Vidente espiritual, cujo Olho interno estivesse aberto, algudm que pudesse
ver atraves do vdu da Materia ? As ondas e ondulagoes da Ciencia sao todas
produzidas por Atomos que, de dentro, impulsionam suas moldculas a ati-
vidade.
Os Atomos enchem a imensidao do Espago e, por sua vibrato con-
tlnua , constituent aquele MOVIMENTO que mantem em perpetua march a as
rodas da Vida. H a essa obra interna que se deve o fenomeno natural
chamado correlagao das forgas . S<5 que na origem de cada uma dessas
Forgas se encontra o Ndmeno consciente que a dirige
Espirito ou Demonio, poderes dirigentes, em suma.

Anjo ou Deus,

Segundo a descrigao dos Videntes - aqueles que podem ver o move-


evolugao

ment o das multidoes in terestelares, e segui-las clarividentemente em sua
, sao elas deslumbrantes como flocos de neve virgem a luz
xadiante do sol. Sua velocidade mais ripida que o pensamento, dema-
-
siado rapida para que possa acompanha la o olho fisico de um mortal ; e,
tanto quanto a rapidez vertiginosa permita ajuizar, o movimento circular.
Para quem esteja em um campo aberto, e principalmente no alto de uma
montanha , e fixe o olhar na imensa abdbada e nos infinitos espagos em
derredor , toda a atmosfera se apresenta iluminada por aqueles Atomos, e
repassa da de rdslmpagos ofuscantes . As vezes a intensidade do seu movi-
mento produz respletidores como as Luxes do Norte nas Auroras Boreais.
O espetlculo 6 tao maravilhoso que o Vidente, ao contemplar este mundo
interior e sentir o petpassar celere dos pontos cintilantes , se deixa possuir
de um temor respeitoso ante o pensamento de outros mistdrios ainda maio-
re$, que existem dentro e alem desse radioso Oceano .
Incomplcta e imperfeita que seja esta explicagao a respeito dos Deu-
ses, Monadas e Atomos , esperamos que pelo menos alguns estudantes e
tedsofos vejam que pode verdadeiramente existir uma estreita relagao entre
a Ciencia Materialists e o Ocultismo, que 6 o complemento e a alma que
faltam & primeira.

345
Escola do Grande Oriente Mistico

SEgAO XV

EVOLUQAO CICLICA E CARMA

A EVOLU AO espi ritual do Homem interno e imortal cons titux a dou-


^
trina fundamental das Cie-ncias Ocultas .
Para ter uma compreensao, ainda que imperfcita, de semelhante pro -
cessor deve o estudante crer: ( a ) na Vida Universal Una, independente da
Materia ( ou do que a Ciencia entende por Materia ) ; e ( b ) nas Intelign
cias individuais que animam as diferentes manifestagoes desse principio.
-
O Sr , Huxley nao acredita na Forga Vital ; outros homens de ciencia acre
ditam. O livro do Dr. J. H. Hutchinson Stirling As Regards Protoplasm
-
ocasionou algum dano a essa dogma tica negativa . Tamb m o Professor
^
Beale se decidiu em favor de um Principio Vital, e as conferences do Dr.
B. W, Richardson sobre o Etet Nervoso tm sido citadas frequentemente.
As opinioes se acham, portanto, divididas,
A Vida Una esta intimamente reladonada com a Lei Una que govema
o Mundo do Ser: o CARMA. Em seu sentido exoterico e literal, esta palavra
quer dizer simplesmente agio , ou melhor, uma causa que produz seu
efeito . Esotericamente, o Carma e uma coisa inteiramente diversas em
seus efeitos morais de grande alcance. E a infallvel LEI DE RETRIBUI AO,
^
Falar aos ignorantes sobre a verdadeira significagao, as caracterlsticas e a
sum a importanria desta Lei eterna e imutdvel; dizer que nenhuma defi
nigao teologica de uma Divindade Pessoal pode dar uma iddia deste Prin-
-
cipio impessoal, mas sempre ativo e presente, 6 falar em vao. Nao se pode

teistas

tampouco dar-lhe o Home de Providencia. Porque a Provid&icia, para os
ao menos para os cristaos protestantes recai em um criador
pessoal masculine, enquanto que para os catolicos romanos uma potencia

-
feminina. A Divina Providencia tempera suas gragas para melhor assegu
rar os sens eftitos , diz Wogan , fEla as tempera, o que o Carma

principio scm sexo nao faz.


Nas duas primeiras partes desta obra mostramos que, ao primeiro pal -
pitar da vida renascente, Svabhavat , ila Radiaqao Cambiante das Trevas
Imut&veis e inconscientes na Eternidade , passa , em cada novo renasci
mento do Cosmos, de um estado inativo a outro de atividade intensa ; que
-
ele se diferencia, e entao comega a sua obra atravds desta difetenciagao .
Essa obra e o CARMA,
346
Escola do Grande Oriente Mistico

Os Ciclos sao tambm dependents dos efeitos produ2idos pela mesma


atividade,
0 Atomo C6 smico Uno se converte em sete Atomos no piano da Mate-
ria, e coda unt se transforma em urn centro de energia; aquele mestno Atomo
se com>erte em Sete Raios no plana do Espirito ; e as sete Formas crtadoras
da Natureza, irradiando-se da Essencta- Raiz . . . , seguem, umas a via da
direita, outras a via da esquerda, separadas at a fim do Kalpa, e , sem
Embargo, estreitamente enla$adas. Que e que as une? O Carma.
Os Atomos emanados do Ponto Central irradiam, por sua vez, novos
centros de energia, que, sob a influencia do sopro poteticial de Fohat, ini
ciam a sua obra de dentro para fora , e multiplicand outros centros menores .
-
Estes , no curso da evolu ao e involute, for mam por sua vez as raizes ou
^
causas geradoras de novos efeitos, desde os mundos e globos habitados
pelo homem ate os generos , especies e classes de todos os sete reinos, dos
quais s6 conhecemos quatro. Pois, como diz o Livro dos Aforismos de
- -
Tsong kha pa,
6s benditos artifices recebcram o Thyamkam na eteriudade ,

Thyan- kam 6 o poder ou conhecimento que per mite dirigir o impulso


da Energia Cosmica no sentido conveniente.
O verdadeiro budista, que nao reconhece nenbum Deus pessoal ,
nenhum. Pai ou Criador do C6u e da Terra , ere, no entanto, em uma
Consciincia Absolute Adi-Buddhi ; e o filosofo budista sabe que ha Espi-
3

ritos Planet rios, os Dhyan Chohans. Mas, apesar de admitir Vidas Espi-
^
rituais , mesmo estas, sendo transitdrias na eternidade, nao deixam de
ser, conforme a sua filosofia, MSy& do Dia , a Ilusao de urn Dia de
Brahma *, um curto Manvantara de 4 320 000 000 de anos. O YimSin
nao e para servir -&s especula oes do homem , pois o Senhor Buddha proibiu
^
todas as indaga oes desse genero. Se os Dhyan Chohans e todos os Seres
^
de Energia

Invislveis os Sete Centros e suas Emana oes diretas, os centros menores
- ^
sao o reflexo direto da Luz Una, os homens estao ainda
muito distanciados deles, por isso que todo o Cosmos visivel se eompoe
de " seres produzidos por si mesmos, as criaturas do Carmo . Considerando,
assim , que um Deus pessoal nao passa de uma sombra gigantesca proje -
tada no vazio do espa o pela imaginable do homem ignorante \ ensinam
^
os budistas que s6 duas coisas sao eternas ( objetivamente ) , a saber - o
AkSsha e o Nirvana , e que ambas se identificam em uma s6, nao passando
de Maya quando estao separadas.
Todas as coisas sairam de Akasha [ ou Svabhavat , em nossa Terra ], em obedl-
&ncia a uma lei de movimento que Ihe e merente, e desaparecem apos uma certa
existencia . Do nada jamais salu alguma coisa , Nao cremos em mllagres; e por is so
negamos a criagao e nao podemos conceber um criador . 2

( 1) Catecismo Budista , Questao 122, por H. S, Olcott, Presidedte da Sociedade


Teosdfica .
( 2 ) Ibid ., Questao 123 .
147
Escola do Grande Oriente Mistico

Se se perguntasse a um bramane da Seita Advaita sc clc ere na exis-


tencia de Deus , a resposta seria provavelmente igual & que recebeu Jacob
liot : Eu prdprio sou Deus ; ao passo que um budista ( sobretudo um
cingales ) se limitaria a sorrir, dizendo: Nao hi Deus, nao hi Cria ao .
Contudo, a filosofia fundamental dos eruditos advaitas e identica a dos ^
budistas; c uns e outros tim igual respeito a vida animal, acreditando que
toda criatura da Terra, por pequena e humilde que seja , 6 uma parcela
imortal da Materia imortal a Materia tendo para eles um significado
muito diferente do que tern para os cristaos e os materialistas
todas as criaturas estao sujeitas ao Carma .
e que

A resposta do bramane teria ocorrido a todo fildsofo antigo, caba-


lista ou gnostico dos primeiros tempos. Ela encerra o esptrito mesmo dos
mandamentos delficos e cabalisticos ; pois a Filosofia Esotirica resolveu,
desde ha seculos , o problema do que o homem foit e e sera\ sua origem ,
seu ciclo de vida
mentos sucessivos


interminavel na dura ao das encarna oes e renasci-
^ ^
e sua absor ao final na Fonte de onde proveio.
^
Nao , porim , a Ciencia Fisica que poderemos algum dia pedir a
decifra ao do homem , como enigma do Passado ou do Future, pois que
^
nenhum filosofo nos pode dizer o que 6 o homem, nem mesmo o homem
tal como o conhecem a Fisiologia e a Psicologia. Nao sabendo se o homem
era um Deus ou uma best a , a Ciencia decidiu-se hoje por associd-lo com a
ultima , fazendo-o descender de um animal. Certamen te, a tarefa de analisar
e class if icar o set humano como animal terrest re pode ser deixada i Ciencia ,
que os ocultistas, mais que ninguim , consideram com venera ao e respeito
^
Reconhecem o seu campo de investigagao, assim como a obra magnifies
-
por ela realizada , por progressos alcan ados em Fisiologia e, ati certo ponto,
^
em Biologia . Mas a natureza interna do homem, espiritual, psiquica e ainda
moral , nao pode ser deixada a merce de um materialismo iconoclasta. Pois
nem sequer a filosofia psicoldgica mais elevada do Ocidente, por sua imper
fei ao atual e sua tendencia ao agnosticismo, pode fazer justiga ao homem
-
^
interno, e principalmente a suas capacidades e percep oes superiores , hem
^
como aqueles estados de consctencia em cujo caminho autoridades como
Mill tra ?aram uma forte linha divisdria, dizendo: Ate aqui chegaris , mas
nao iris alem ,
Nenhum ocultista negaria que o homem da mesma forma que o
elefante e o mier6bio, o crocodilo e o lagarto, a folha de erva e o cristal
seja, em sua constitui ao fisica, o simples produto das formas evolutivas
^
da Natureza , atrav s de uma serie inumeravel de transformagoes; mas ele
^
apresenta um aspecto diferente.
Nao e contra as descobertas antropoldgicas e zoologicas, baseadas sobre
os rest os fosseis do homem e do animal, que se insurgem todos os misticos
e quant os creem em uma Alma Divina; mas tao so contra as conclusoes
-

intempestivas que resultam de teorias preconcebidas e elaboradas para se


ajustarem a certos preconceitos. As premissas dos homens de ciencia podem
ser ou nao sempre verdadeiras; e como algumas dessas teorias tm vida
efemera , as dedu oes serao sempre parciais, como o evolucionismo materia-
^
list a. E, no entanto, 6 sob a ( 6 de autoridades assim transitorias que se

348
Escola do Grande Oriente Mistico

cumulam honras i maioria dos homens de ci&ncia , pot aquilo em que


mcnos a merecem 3.
Para
origem
que a
obra do Carma nas renova oes periodicas do Universe
^ , quando este chegar k
se tome mais evidente e inteligivel ao estudante
e evolu ao do homem , e mister que ele nos acompanhe agora no
^
exame da influncia oculta dos Ciclos Cdrmicos sobre a Etica Universal .
A questao 6 a seguinte : exercem alguma influ&ncia sobre a vida humana ,
ou tem rela ao direta com ela , essas misteriosas divisoes do tempo, chamadas
^
Yugas e Kalpas pelos hindus, e s quais os gregos deram o nome tao
expressivo de ( kukXoi ) , ciclos, aneis ou drculos ? A prdpria Filosofia Eso-
trica esclarece que esses ciclos perp tuos do tempo recome am cons tan te-
^
mente, de modo periodico e inteligente , no Espa o e na Etemidade. Ha ^
^
'Ciclos de Materia 4 e hi Ciclos de Evolu ao Espiritual , e hi tambdm
^
ciclos de rasas, de na oes e de invididuos , Permitira a Doutrina Esoterica
^
que cheguemos a um conhecimento mais profundo da a ao dos Ciclos?
Esta ideia foi admitavelmente expressa em uma importante obra cien-^
ttfica ;

-
"A possibilidade de elevar se at a compreensao de um si sterna coordenado que
venba a tal ponto superar, no tempo e no espa o, o campo das observances humanas,
^
uma circunstjfnda que assinala o poder que tem o homem para transcender as limitafdes

( 3 ) Aos que eonsiderem as nossas palavras como uma impettinencia ou irreve-


rencia para com a Cfencia oficiaf , pedimos que se reportem & obra do Dr , James
Prindpio Vital contra os molecularistas

Hutchinson Stirling sob o titulo As Regards Protoplasm , que contem a defesa do
Huxley , Tyndall , Vogt & Cia .
e julguem
se 6 ou nao verdade que, apesar de nem sejupre estarem corretas as premissas cienti
ficas , sao elas, contudo, aceitas para preencbei um vazio ou lacuna em algum tema
-
favorito dos materialist as. Falando do protopUsma e dos orglos humanos, do ponto
de vista do Sr. Huxley*', diz aquele autor: Ass/ m , e provivel que, relativamefcre
coutinuidade da for a , da forma e da substancia no protoplasms, tenhamos deparado
^
com varias lacunas. Alias, o prdprio Sr . Huxley pode set citado como testemunha a
esse respetto . Nao e raro encontrarmos em seus trabalhos a admissao de probabilidades
onde somente a certeza devia ter lugar. Afitma ele por exemplo: E mais que provavel
que, quando o mundo vegetal e stiver totalmente explorado, verificaremos que tod as
AS plantas sao dotadas dos mesmos poderes * . Quando se enuncia de modo definitivo
uma conclusao , e sobremodo decepcionante ver , como neste caso , que as premissas
estao ainda por estabelecer ( I ! ) , . . Eis outra passagem em que vemos fenderem-se os
allcerces sob nossos proprios p6s . Apos dizer-nos que todas as formas de protoplasma
se compoem de carbono, hidrogenio , oxigenio e nitrogen io ' em uniao multo complexa,
%

continua : A esta combitia ao complexa, cuja natureza nunca foi detertninada cam exa-
iidao { !! ) , deuse o norue^ de proteind' . Signifies isso, em tertnos inequivocos, que o
Sr , Huxley identifies o protoplasma com a protetna\ e devendo o que afirma de um
-
set necessariamente verdadeiro quanto a outra, segue se que ele reconhece nunca ter
sido determinada com exatidao a natureza do protoplasma, e que, para ele inclusive,
a causa esta ainda sub judice. Tal admissao e tambem reformada por estas palavras:
lSe usamos este ter mo ( protefna ) com a cautela naturalmente aconselhada pela nossa
ignordneia relative das coisas que representa . , . etc. ( Paginas 33 e 34, edi ao de
1872, replica de Huxley no Yeast ) . ^
E e esse o eminence Huxley , o rei da Fisiologta e da Biologia, que vamos sur
preender no jogo da cabra cega com premissas e fates! Depots disso, de que entao
*
-
nao sera capaz o ' peixemiudo da Ciencial
^

( 4 ) Os Ciclos da Materia , titulo de um Ensaio escrito pelo Professor Wim


chell em i860

349
f

Escola do Grande Oriente Mistico

da materia cambiant* e varidvel; e que afirma sua superioridade sobre as formas insen-
siveis e perecedoiras do ser . Ha, na sucessao dos acontedmentos, e em sua rcia ao
com as coisfls coexistentes, um m todo de que a mente humana se apodera e que usa
^ ^
como baliza , marchando para diante ou para tras ao longo de s&mlos de hist6ria mate
rial , que a experience do homem nao pode jamais cerrificar . Os acomecimentos germi
--
nam e se desenvolvem . Tern um passado que est& relacionado com o presente, e sen
tittios, com justificada confianpa, que ha tambem um futuro que, de modo semelhante,
-
se achaxa relacionado com o presente e o passado. Essa contimiidade e essa unidade
da historia se repetem diante de nos em todas as fases conceblveis do progresses Os
fenomenos nos proporcionam os fundamentos para a generalizafao de duas leis, que
constituem verdadeiros prindpios de adivinba$ao cientifica, os quais, e s6 eles, perml
tem a mente humana penetrar nos anais selados do pret rito e nas paginas por abttt
-
^
do futuro. A primeira destas leis e a da evohiao, ou , para defini-ia em termos adapta -
dos a nossa explicagao, a lei de sueessao correlaeicmada ou de histdria organizeda no
individual , ilustrada nas fases cambiantes de cada sistema separado que faz amadurecer
resultados ..
, Estes pensamentos evocam o passado sem Jimite e surpreendem o
futuro imensuravel da historia material ; como que abrem horizcmtes infinitos e confe
rem a inteligenda humana uma existencia e uma visao isentas das limita oes do tempo,
-
^
do espafo e da causalidade finita, elevando-a a uma sublime concepgao da InteUgencia
Suprema, cuja morada e a Eternidade, 5

Segundo os ensinamentos, May3.


de acomecimentos e a oes sobre esta Terra
^

a aparencia ilu soria da ordenaqao
muda e varia com as nagoes
e os lugares. Mas os traqos dominantes da vida de cada homem estao


sempre em harmonia com a Constelaqao sob a qual nasceu , ou pode-
3

rfamos dizer com as caracteristicas do princfpio que o anima, ou da


Divindade que Ihe preside a existencia , chame-se Dhyan Chohan, como na
Asia , ou Arcanjo , como nas Igrejas grega e latina. No simbolismo antigo,
era sempre o Sol

mas o Sol espiritual, e nao o fisico
,

que se acreditava
enviar os principals Salvadores e Avatares Dai o lago de uniao entre os
Buddhas, os Avatares e tantas outras encarna oes dos Sete Supremo.
^
para o mortal cuja personalldade foi eleita
pessoal ( o Setimo Principle )

Quanto mais se aproxime do seu Protdtipo no C&i , tanto melhor
por sua prdpria Divindade
para sua mansao terrestre. Porque, a
cada esforqo de vontade no sentido da purifica ao e da uniao com esse
^
"Deus Prdprio , um dos Raios inferiores se interrompe, e a entidade espi-
ritual do homem 6 atraida cada vez mais para o alto, para o Raio que sucede
ao primeiro> ate que, de Raio em Raio, o Homem Intemo absorvido no
Raio Uno, o mais elevado do Sol-Pai,
Assim , pois, os sucessos da humanidade estao em coordena ao com
as formas num&icas , uma vex que as unidades simples dessa humanidade ^
promanam todas da mesma fonte

o Sol Central e sua sombra o Sol
visivel. Porque os equindcios e os solstfcios, os periodos e as diversas
fases do curso solar, astronomica e numericamente expressos, sao somente
7

os simbolos concretos da verdade eternamente viva, ainda que paregam


ideias abstrains aos olhos dos mortais nao iniciados. E isto explica as
extraordinarias coincidencias numericas com as relates geometricas, como
assinalado por diversos au tores.

(5) -
World -Life , pp, 534 5 e 548 .
350
Escola do Grande Oriente Mistico

Sim, o nosso destino estd escrito nas estrelasl Dc ver, pordm , que,
quanto mais estreita a unilo entre o rcflcxo mortal, que o Homem , e

reencamasoes subsequentes ^
seu Prot<5tipo Celeste, tan to menos perigosas as condi oes extemas e as
^
is quais nem os Buddhas nem os Cristos
podem escapar. Nao 6 supersti ao, e muito menos fatalismo. Este ultimo
parece implfcar a?ao cega de uma for a ainda mais cega; o homem, porm,
^
um agente livre durante a sua estada na Terra. Nao pode fugir ao sen
Destino dominantey mas pode escolher entre dois caminhos que conduzem

vada

&quel a dire ao, e chegar i meta da desgraga
^ se 6 a que lhe esti reser-
ou com as niveas vestes do martir ou com a roupa tisnada de um
voluntfcio da senda do mal: por que hi condi oes extemas e inter nas que
^
podem exercer influencia sobre o uso de nossa vontade no conduzirmos
as nossas a oes, e est 6 em nosso alvedrio cleger um ou outro dos dois
caminhos . ^
Os que crem no Carma nao podem deixar de crer no Destino que
cada homem, do bero ao tumulo, tece ao redor de si mesmo, io por fio,
como a aranha a sua teia ; e esse Destino 6 dirigido, ou pela voz celeste
do invislvel Protdtipo exterior a n<5s, ou pelo nosso mais mtirno astral , ou
homem intemo, que mui frequentemente 6 o gnio do mal da entidade
encamada . Am bos influenciam o homem ex ter no, mas um deles tern que
prevalecer ; e, desde o prindpio desse conflito invislvel , a austera e impla-
c vel Lei de Compensagdo intervem , e segue o seu curso, acompanhando
lance por lance as flutua oes da luta. Quando o ultimo fio se acha tecido,
^ -
e o homem se deixou enredar na malha de seus prdprios atos, ve se ele sob
o imp rio absoluto desse Destino, que ele mesmo elaborou, Este entao o
^
imobiliza , qual concha inerte presa ao firme rochedo, ou o arrasta, como
uma pena , no torvelinho levantado por sua prdprias a$oes; e isto 6 o
CARMA ,
Um materialist a , tratando das cria oes periodicas do nosso globo, a$$im
as expressou em uma so frase: ^
Todo o passado da Terra nao i senao um presente nao desenvolvido

* 0 autor era Buchner, que nem de longe suspeitava estar repetindo


um axioma dos ocultistas. tamtam verdade, como observa Burmeister, que
4
'As pesquisas histdricas sobre o dcsenvolvimento da terra demons traram. que o
boje c o ontern assentaxn na mesma base; que o passado se desenvolveu do mesmo
modo por que se desenvolve o presente; e que as formas em aqao permanecem sempre
as mesmas, 6

As Formas

ou melhor, os seus Numenos

sao certamente as mes
mas; portanto, as Formas fenomenais devem ser tambem as mesmas. Mas
quern pode assegurar que o$ atributos da Materia nao se tenham modifi
-
-
cado sob a a$ao da Evolu ao Proteica ? Como pode o materialista afirmar,
^
com a confianga com o que faz ftossmassler, que

( 6 ) Citado em Torga e Mathia, de Buchner.

351
Escola do Grande Oriente Mistico

Esta conform idade eterna a a ess&nda dos feQ6menos da a certeza de que o


fogo e a gua possuiram em todos os tempos as mesma s propriedades e as possuirao
sempre ? 7

Quem sao os que obscurecem o segredo com palavras sem sabedoria ,


e onde estavam os Huxleys e os Buchners quando as fundagoes da Terra
foram langadas pela Grande Lei? Esta mesma homogeneidade da Materia
e esta mesma imutabilidade das leis naturals, em que tanto insiste o Mate-
rialismo, constituent um prmcipio fundamental da Filosofia Oculta ; mas
tal unidade se base i a na inseparabilidade de Espirito e Matbria: se por
acaso os dois se divorciassem , todo o Cosmos cairk no Caos e no Nao-Ser .
Por tanto, e absolutamente fdsOy e uroa demonstragao a mais da grande
presunqao da nossa epoca , que todas as grandes transformagoes geoldgicas
e as terrlveis convulsoes do passa do tenham sido produzidas por Formas
fisicas ordinarias e conbecidas 3 como afirmam os homens de eiencia . Porque
essas Formas nao foram mais que os instrumentos e os meios finais para o
cumprimento de certos designios , atuando periodicamente e, na aparencia ,
de modo mecanico , em obedknck a um impulso interne incorporado $ua
natureza material , mas independente dela . Hi um objetivo em cada ato ^
importante da Natureza; e todos os seus atos sao ciclicos e periodicos.
Devido, porem , S confusao generalizada entre formas espirituais e formas
puramente fisicas , sao as primeiras negadas pela Ciencia , que, por nao as
haver examinado, continuara ignorando-as 8. Diz Hegel:
A histbria do Mundo principia com o seu propbsito geral, a realizagao da Id&a
,
do Espirito , somente de um modo mplicito [ an sicb ) isto , como Natureza; um
instinto j neons ciente e oculto , bem profundamente oculto; e todo o processo da
..
hist<5ria .


desse modo em forma de simples existencia natural , a vontade natural
chamou o lado subjetivo
privados , assim como a opinio e o conceit subjetivo, aparecem espontilneamcnte

tendc a converter eili consdente esse impulso mconsciente. Manifestando Se
o que se
'

, os apetites fisicos, o instinto, as paixoes, os interesses


desde o comedo. Esse vasto con / unto de voligdes, inreresses e atividades consrirui os
instrumentos e os meios de que se vale o Mundo do Espirito para realizar os seus
fins, levando-o a adqutrir consdenria de si mesmo * E tais fins outros nao sao que
os de enconttar-se a si mesma , alcanna* a si mesmo e eontemplar-se a si mesmo como
-
realidade concreta . Pode se contudo discutir , e tern sido mesmo discutido, que essas
manifestagoes de vitalidade por parte de individuos e de povos, mediante as quais
buscacn eles atingir seus proprios fins, sejam ao mesmo tempo os meios e os instru -
sabem

mentos para a consecuqiio de um objetivo mais vasto e mais elevado, de que nada
e que realizam inconsrientemente . . , Sobte este ponto expressei a minha
opiniao desde o inicio, c defendi a nossa hipotese . . , e a nossa crenga de que a Razao
governa o Mundo, e tem, por conseguinte, govern ado a histbria , Com relagao a
esta existSncia substancial, independente e universad, tudo lhe est subordinado e dela
depende, servindo de meios para o seu desenvolvimento/

( 7 ) Ibid .
( 8 ). Dirao os homens de denck : Negamos, porque no campo de nossas expe-
riencias jamais se apresenrou algo parecido >. Observe, porem , o fisiologo Charles
Richet: Sejaf Mas, pelo menos , ja demonstrates o contrario? fNao negueis, pois ,
f *

a priori. A cienda atual ainda nao progrediu o suficiente para vos conterir esse direito *'.
La Suggestion mentaie el le Calcul des Probabilitfc .
( 9 ) Lectures on the Philosophy of History , p. 26, tradugao inglesa de Sfbree.

152
Escola do Grande Oriente Mistico

Nenhum metafisico on tedsofo poderia objetar a estas verckdes, que


se acham todas incorporadas aos Ensmamentos Esot&icos. Hd uma predes-
tinagao no que se refere k vida geoldgica do nosso globo , assim como na
historia, passada e futura , das ragas e das nagdcs . Tem isso estreita relagao
com o que chamamos Carma, e os panteistas ocidentais chamam Nemesis
e Ciclos. A lei de evolugao nos esta levando agora ao longo do arco
ascendente de nosso ciclo, atd que os efeitos mais uma vez se fundirao
com as causas , hoje neutralizadas, identificando-se com elas, e tudo o que
haja sofrido a influencia dos efeitos tera recuperado sua harmonia original*
Este sexk o ciclo de nossa Ronda particular, urn simples instante na duragao
do Grande Ciclo, ou MaMyuga.
Os belos conceitos de Hegel encontram aplicagao nos ensinamentos da
Ciencia Oculta , que nos mostram a Natureza obrando sempre com um
proposito determinado, cujcs resultados apresentam sempre dois aspectos.
Ji o assinalamos em nossos primeiros livros de Ocultismo com as seguintes
palavras:
Assim como o nosso planeta efetua anualmente uma revolugao ao redor do
Sol, e ao mesmo tempo glra sobre o seu eixo em cad a vinte e quatro horas, cumprindo
deste modo dclos menores deutro de um ciclo maior , asstm a obra dos perfodos deli-
cos menores se realfza e recomega no curso do Grande Saros. A revolugao do mundo
fisico, segundo a doutrina antiga, e acompanhada de uma revolugao similar no mundo
do mtelecto, pois a evolugao espiritual do mundo precede por dclos, tal como a
evolugao ffsica . Assim e que observamos na historia uma alternagao regular de fluxo
e refluxo na mare do progresso humano. Os grandes xeinos e imperios' deste mundo,
depois de atingirem o ponto culmknte de sen desenvolvirnento, passam a descer, de
acordo com a mesma lei que os fez subir, ate que, tendo chegado ao ponto inferior,
a Humanidade novamente se afirma e sobe outta vez, para entao alcangar, gragas a
essa lei de progressao ascendente, uma altura algo maior que a do ponto de onde
ha via anteriormente descklo, *0

Mas estes dclos


rodas que se engrenam em outras rodas, simbo-
lizadas de modo tao compreensivel quanto engenhoso pelos varios Rishis e
Manus da India e pelos Cabiros do Ocidente 11
nao incluem de uma s6
vex e ao mesmo tempo toda a Humanidade. Dai a dificuldade em identi-
fica-los e distingui-los uns dos outros, em seus efeitos fisicos e espirituais,
$em que haja uma compreensao nitida de suas relates com as tmgoes e as
ragas, e de sua influencia sobre elas , quanto ao respectivo destino e evo-

( 10 ) Isis sew Veu, I , p. 119.


( 11 ) Este simbolismo nao impede que tais personagens, que hoje parecem
mitos, hajam govemado a Terra em dado momenta , sob a forma Humana de seres
tealmente vivos, embora fossem homens verdadeiramente divinos e scmelbantes a deu-
ses. A opmiao do Coronel Valla ncey
os
e tambetn a do Conde de Gebelin
de que
nomes dos Cabiros patecem ser todos alegoncos, sem outra significagao que a de
um almanaque com as mudangas das estagoes
calculadas para os misteres da agri-
cultural { Collect , de Keb. Hiberttn.* 13, Pr^ef . Sect. 3 ) , 6 tao absurda como a sua
afirmagao de que on, Cronos, Satumo e Dagon nao teptesentam senao uma s<5 pessoa,
^
que seria o Patriarca Adao . Os Cabiros foram os mstrutores da Humanidade em
agricultura, por serem. os Regentes das estagoes e dos Gclos Cdsmicos. Dal a razao
'

por que foram eles que regularam, como Esplritos Planetirios ou Anjos ( Mensageiros ),
os mistiness da arte da agricultura .

353
Escola do Grande Orients Mistico

lugao . E este sistema nao pode ser compreendido se a agao espiritual de


tais periodos
de certo modo prefixados pela lei Cirmica
for separada1
de seu curso fisico. Os calculos dos melhores astrologos serao inuteis, ou
pelo menos imperfeitos, a menos que se leve em conta essa agao dual,
entendida naquele exato sentido. Ora , tal entendimento so pode ser alcan
gado por meio da INICIA<;XO.
-
O Grande Ciclo abrange o progresso da Humanidade desde o apareci-
mento do homem primordial de formas eforeas. Ele rircula atraves dos
Ciclos internos da evolugao progressiva do homem, desde o homem eforeo
ao semi-etereo e ao puramente fisico, ate a libertagao do homem de sua
veste de pele e de materia; e depois prossegue seu curso descendente, e
passa de novo ao ascendente, para recolher -se ao atingir o ponto culminante
da Ronda, quando a Serpen te Man van t Sirica engole a propria cauda , e
sao decorridos sete Ciclos Menores. Estes sao os Grandes Ciclos de Raga ,
que incltiem por igual todas as nagoes e tribos pertencentes aquela Raga
especial; mas , dentro deles , hi Ciclos menores ou naclonais, como tambm
Ciclos de tribos, que seguem seu proprio curso, sem dependerem uns dos
outros. O Esoterismo Oriental lhes di o nome de Ciclos Carmicos . No
Ocidente, onde a Sabedoria Paga foi repudiada como obra das Potencies
Tenebrosas, que se supunha estarem em guerra permanente contra o Deus
de uma pequena tribo, Jeova, toda a plena e solene significagao da
Nemesis grega, ou Carma, foi totalmente esquecida. Se nao fosse isso, os
cristaos teriam compreendido melhor a profunda verdade de que Nemesis

Princlpios, somos nos



nao possui atributos; e que , se a temida Deusa e absoluta e lmutivel como
as nagoes e os indivlduos que a pomos em
agao e lhe tragamos o rumo. Carma-Nemesis e quem cria as nagoes e os
mortals ; mas, uma vez criados, sao estes que a convertem em uma Furia ou
em um An jo que recompensa . Sim;
Sabios sao os que rendem culto a Nemesis 12,
como di* o Coro a Prometeu. E pouco sabios aqueles que acreditam poder
propiciar a Deusa por meio de sacriflcios e oragoes, ou fazer desviar a sua
roda do caminho que tomou. As tres Parcas e as Furies sempre atentas
so na Terra sao os seus atributos, e n6s mesmos os criamos. Nao ha
retorno posslvel dos caminhos trilhados por seus ciclos, conquanto sejam
esses caminhos obra nossa, porque somos n6s , individual ou coletivamente,
que os preparamos ,

Carma-Nemesis e um sinonimo de Providencia, menos o motivo, a


bondade e todos os demais atributos e qualificativos firntos , atribufdos i
ultima de maneira tao pouco filosofica. Um ocultista ou um filosofo nao
falari de bondade ou de crueldade da Providencia ; mas, identificando-a com
Carma -Nemesis, nao deixara de ensinar que ela protege os bons e vela
agoes sim, ate o seu setimo renascimento

( 12 )

sobre eles, nesta vida cotno nas futuras, e que pune os que' praticam mis
por tanto tempo, na verdade,

Seria mais acertacb dizer: os que temem Carma- N


^ mesia *

}54
Escola do Grande Oriente Mistico

quanto dure o efeito da perturba ao que tenham causado, ainda que do mais
^
decreto eterno e imutivel

insignificante atomo, no Mundo Infinito da Harmonia. Porque - o unico
decreto do Carma 6 a Harmonia completa
no Mundo da Mat6ria, como o e no Mundo do Esplrito. Nao e, portanto,
o Carma que pune ou recompensa , mas somos n6s mesmos que nos recom-
pensamos ou punimos , segundo trabalhemos com a Natureza, pela Natureza
-
e de aoprdo com a Natureza, obedecendo lhe s ]eis de que depende essa
Harmonia, ou transgredindo-as.
As vias do Carma nao serao impenetrdveis , se os homens deixarem
que a uniao e a harmonia presidam aos seus atos, em vez de os nortearem
pela desuniao e a luta. Nossa ignorlncia desses processor
que uma parte
da Humanidade chama de caminhos sombrios e inextricaveis da Providencia ,
enquanto outra parte ve neles a a ao de um cego fatalismo, e uma terceira
^
a obra de um simples acaso, sem que haja Deus ou Demdnio a guia -la -
nossa ignorincia , diziamos, certamente que desapareceria, se nos dispuses
semos a atribuHos a suas verdadeiras causas. Com o conhecimento real,
ou pelo menos com uma convic ao fir me de que os nossos prdximos nao
^
procurariam causar-nos dano maior do que o que nos pensassemos em
-
fazer lhes, dois tercos do mal que hi no mundo se desvaneceriam . Se
nenhum homem prejudicasse o seu hemelhame, Carma-Nemesis nao teria
motive para intervir . nem armas com que executar o seu oficio. a
present constante, entre nos, dos elementos de luta e de oposi ao, a
^
divisao das ra as, na oes, tribos, sodedades e indivlduos em Cains e Abeis,
^ ^
lobos e cordeiros, que constituem a causa principal dos caminhos da Provi-
d ncia . Com as nossas prdprias maos, tracamos diariamente o curso
sinuoso dos nossos destinos, crendo estar seguindo em linha reta no caminho
real da respeitabilidade e do dever, e nos queixamos depois de que sejam
-
tao sombrias e inextricaveis essas curvas sinuosas. Quedamo nos estupe-
fatos diante do mist rio que nos proprios fabricamos, e dos enigmas da
^
vida que nao queremos resolver, e depois acusamos a grande Esfinge de
nos devorar. Era verdade, nao hi um acidente em nossa vida, nao hi um
dia mau ou uma desgra a, cuja causa nao possa ser encontrada em nossas
^
prdprias a oes, nesta ou em outra existncia . Se alguem infringe as leis
^
da harmonia ou, conforme a expressao de um tedsofo, as leis da vida",
deve estar preparado para cair no caos que ele mesmo produziu. Porque,
segundo as palavras desse escritor,
A tinica conclusao a que podemos chegar 6 que sao as prdprias leis da vida
-
que se vmgam; e, portanto , que todo anjo vingador nao e senao a representa?ao sim
bblica da rea$ao dess as leis / *

Consequentemente, se algudm ha desarmado em present de tais leis


imut veis, nao somos nos, os artifices de nossos destinos ; mas antes aqueles
^
Anjos guardiaes da Harmonia . Carma- Nemeis outra coisa nao 6 senao o
efeito espiritual dinamico de causas produzidas e formas post as em a$ao
.
pel as nossas proptias obras E uma lei da din&mica oculta que uma quanti -
dade de energia desenvolvida no piano espiritual produz efeitos multo maio -
res que a mesma quantidade aplicada no piano fisico da existencia objetiva .
,
Escola do Grande Orients Mistico

Semelhante estado de coisas deve perdurar ate que a intui aa espiri-


^ ^
tual do homem esteja completamente desperta, e is to nao acontecer antes
que tenhamos conseguido liber tar-nos de nossas grosseiras vestes de materia,
antes que principiemos a pautar os nossos atos de acordo com a voz interior ,
em vez de seguirmos sempre os impulsos externos, impulsos que sao devi-
dos aos nossos sentidos ffsicos e ao nosso corpo egoista e grosseiro. Ate
esse momento, os unicos paliativos para os males da vida consistem na
uniao e na harmonia , em uma Fratemidade in actu e no Altrufsmo nao
apenas em nome, A supressao de uma so causa nociva eliminaria nao um ,
mas numerosos efeitos maldficos. E se uma Fraternidade, ou ainda varias
Fraternidades nao bastam para impedir que as na oes por vezes se dego-
^
lem mutuamente, a unidade de pensamento e de a ao e as investigagoes
^
filosoficas nos mistdrios do ser impeditiam sempre algumas pessoas, que se
esforgam por compreender o que atd entao lhes pared am um enigma , de
gerar causas adkionais de infortunio em um mundo tao cheio de males e
de dor. O conhecimento do Carma da a convicgao de que, se
. . . a angusttfi da virtude e o triunfo do vicio
Torn am a Human idade ateia 13,

e tao-sometite porque a Humanidade teve sempre os olhos fechados a esta


grande verdade: O homem e o seu proprio Salvador e o $eu proprio des-
truidor. Ele nao precisa acusar o Cdu e os Deuses, o Destino e a Provi-
dencia , de serem os autores da aparente injustiga que impera na Huma-
nidade. Mas deve ter presente e repent aquele fragmento de sabedoria
gtega , que recomenda ao homem abster-se de acusar Aquele que,

Justo, in da que misterioso,


Nos conduz, jnfaUvel,
Por cajninhos ignotos,
Do pecado ao castigo.

E sao estes atualmente os caminhos por onde seguem os grandes palses


europeus. Todas as nag5es e tribos dos Arianos ocidentais, assim como os
seus irmaos orientals da Quinta Raga , tiveram sua Idade de Ouro e sua
Idade de Ferro, seu periodo de relativa irresponsabilidade, ou sua Idade
Satya de pureza , e agora varias delas estao em sua Idade de Ferro ou
Kali Yuga , uma idade de trevas e de horrores .
Por outro lado , e verdade que os Ciclos exotdricos de cada nagao se
derivaram diretamente dos movimentos siderais, e deles sao dependentes ,
conforme se demonstrou . Tais movimentos se acham inseparavelmente liga-
dos aos destinos das na oes e dos homem . Mas , no sentido puramente flsico,
^
a Europa nao conhece outros Ciclos aldm dos astronomicos, e nestes baseia
todos os seus calculos ; nem tampouco quer ouvir falar senao de circulos
ou circuitos imaginarios que cingem os cdus estrelados;

( 13 ) Dtyden.

356
Escola do Grande Oriente Mistico

Grculos centricos e excentricos,


Orbitas dentro de drbitas ,
Gdos c cpidelos,14

o
No entanto, para os pagaos
de quem Coleridge disse com razao que
tempo, o tempo dclico , era a sua abstra ao da Divindade , divindade
^
esta que se manifestava em correla ao com o Carina , e somente por meio
do Carma , sendo o proprio Carma - Nmesis ^
os Ciclos significavam algo
mais que uma simples sucessao de acontec/ mentos, ou que um espa o peri<5
dico de tempo mais ou menos longo. Porque eram eles geralmente assina - ^ -
lados pela repeti;ao de ocorr&icias de carater mais variado e mais inte-
lectual que os manifestados pela volta periodica das estafoes e de certas
constela oes. Contenta -se a sabedoria modema com predi oes e computes
^
astronomicos baseados em leis matematicas infaliveis. A sabedoria antiga ^
alma e do seu espirito

acrescentava & casca fria da Astronomia os elementos vivificames de sua
a Astrologia. E, como os movimentos siderais
regem e determinant , realmente , sobre a Terra , outros fatos alem dos que

se referem a colheita de batatas e doen as periddicas deste util tubrctilo


^
afirmativa que, por nao ser passivel de demonstrate cientffica, 6 ridi

cularizada , embora nem por isso menos aeeita , tais acontecimentos t m
que sujeitaT'se a predetenninacao P r meio de simples computos astrond
-
-

micos. Os que creem em Astrologia compreenderao o que queremos dizer ;
os cepticos rir-se-ao da cren a e zombarao da ideia , fechando os olhos, a
^
maneira do avesrruz, para nao ver o seu prSprio destino
Isso ocorre porque o seu pequeno periodo, dito historico, nao lbes
^
deixa margem para comparacao. O ceu estrelado esta diante deles; e,
embora a sua vista espiritual ainda nao se ache ativa, e a poeira atmos-
ferica de origem terrestre Hies tolde a visao, circunscrevendo-a nos limites
do sistema ffsico, nao deixam eles de perceber os movimentos dos meteoros
e dos cometas, e de observar o modo por que se comportam estes viajantes
siderais. Registram o aparecimento periodico dos errantes e flamfgeros

( 14 ) Milton , Paratso Perdido, Canto VIII.


( 15 ) Nao todos, visto que hi homens de riencia que estao despertando para a
verdade, Eis o que lemos: Para onde quer que voltemos as nossas vistas, deparamos
com um mtstdrio . .. tudo na Natureza nos 6 desconherido. . . Apesar disso, sao em
grande numero os esplritos superficiais para quem as formas naturais nada podem
produzir fora dos fatos ji observados ha tempo, consagrados em livros e agrupados
mais ou menos engenhosamenre com apoio em teorias, cuja dura ao efemera deyexia
^
ter demonstrado sua insuficiencia , . Nao pretendo discutir a possibilidade de seres
s

invislveis, de natureza diferente da nossa e capazcs de atuar sobre a matdria. Grandes


filbsofos o admitiram em todas as pocas , como corol rio da magna lei de continuidade
^
que rege o Uni verso. Rssa vida imelectual , que veraos , por assim dizer, surgir do
nao-ser ( neant ) e gradualtnente chegar ao homed, pode neste parar bniscamente, para
so reaparecer no infinito, no soberano regulador do mundo? E pouco provavel. Por

Investigates
^
sempre explicar certos fatos sem me vaJer desta hipdtese > .
isso, nao nego a exist ncia dos espfritos, como nao nego a da alma , embora procure
As Formas nao dejinidas,
J

.
Historicas e Experimental , p. 3, Paris, 1877 O autor e A. de Rochas,
homem de cienda bast ante conhecido na Pran a, e a sua obra 6 um dos sinais dos
tempos. ^
117
f

Escola do Grande Oriente Mistico

mensageiros , e profetizam > em consequencia, os terremotos, as chuvas


.
meteoricas, a passagem de certas estrelas ou cometas, etc Sao adivinhos,
por isso? Nao; sao astrdnomos e cientistas.
Por que, pois, nao hao de merecer cr dito os ocultistas e os astrdlogos,
^
tao s bios quanto os astrdnomos , quando profetizam a volta de algum acon-
^
tecimento dclico, baseando-se nos mesmos principles matemdticos ? Por
que devem ser ridicularizados quando afirmam saber que tal volta ha de
ocorrer ? Havendo os seus antepassados e predecessors anotado o retomo
de semelhantes acontecimentos, cada qual no seu devido tempo, em um
periodo que abrange centenas de milhares de anos, a conjungao das mesmas
constelagoes deve necessariamente produzir, senao o mesmo efeito, pelo
menos um efeito similar.
Devem ser levadas a ridicule essas profecias por causa da afirmativa
referente centenas de milhares de anos de observances c aos milhoes de
anos atribuldos &s Ragas humanas ? Nao 6 a cidncia, por sua vez, escarne
cida por aqueles que se atm h cronologia bfblica, em razao de seus alga-
-
rismos geologicos e antropologicos, muito mais modestos? Deste modo,
o Carma promove o equilibrio ate mesmo do riso da humanidade, e expen -
sas mutuas das seitas , das associag5es cientificas e dos individuos, Entre
tanto, a predigao de acontecimentos futuros que tats, com base na autori-
-
dade da repetigao dos ciclos, nao pressupoe nenhum fenomeno de ordem
psfquica. Nem previsdo ou profecia e, como nao o o anunciar um cometa
ou ulna estrela vatios anos antes de seu aparecimento. tao-s6 o conheci-
memo, que resulta de calculos matenkticos exatos, o que permite aos
Sdbios do Oriente prognosticarem , por exemplo, que a Inglaterra se acha
em vesperas de sofrer tal ou tal catdstrofe; que a Franca se aproxima de
tal ou tal ponto de seu ciclo; e que a Europa em geral esta ameagada, ou
melhor, em vesperas de um cataclismo, ao qual a vein conduzindo o seu
proprio Ciclo Carmico de Raga . Naturalmente que a nossa opiniao sobre
a credibilidade dos informes varia conforme aceitemos ou repudiemos a
afirmativa de que se baseiam em um grande periodo de observagoes his-
toricas .
Os Iniciados do Oriente asseguram haver conservado anais do desen-
volvimento das ragas e dos sucessos de import ncia universal desde o inlcio
^
da Quarta Raga , e que conhecem pela tradigao os sucessos anteriores a
essa poca . Alem disso, os que acreditam em Clarividdncia e em Poderes
Ocultos nao sentirao dificuldade em admitir o car a ter geral da informagao,
ainda que seja apenas tradicional, sempre que se possa corroborar esta tra-
digao pela Clarividencia e o Conhecimento Esot rico. Mas no presente caso
^
de maneira equivalente, para o ocultista, evidncia cientifica
anais preservados por meio do Zodfaco durante tempos incalculaveis,
Esta hoje demons trado amplamente que os hordscopos e a pr6pria

nao se reclama crenga metafisica dessa especie, pois a prova nos e dada
nos

Astrologia judickria nao se baseiam inteiramente em fiegoes, e, conse


qiientemente, que as Estrelas e as Constelagoes exercem uma infludneia
-
358

Escola do Grande Orients Mistico

oculta e misteriosa sobre os indivlduos, e se acham com eles rekcionadas,


E se o estao com os individuos, por que tatnbem nao havia de acontecet
a mesma coisa com as na oes , as ra as e a Humanidade como um todo?
^ ^
Semelhante afirma ao ainda encontra fundamento nos anais do Zodiaco .
^
Vamos agora examinar ate que ponto os Antigos conheciam o Zodiaco,
c at6 que ponto o esqueceram os Modernos.

359
Escola do Grande Oriente Mistico

SE?XO XVI

O ZODlACO E SUA ANTIGUIDADE

, TODOS OS homens sao propensos a ter em aha conta a propria inteli -

gencia e a obstiaar-sc nas opinioes que professatn diz com razao Jor
dano, e acrescenta: E, no entanto, quase todos os homens sao guiados pela
-
inteligncia dos outros, e nao pela prdpria; pode-se, em verdade, dizer que
as suas opinioes sao antes adotadas que criadas por eles .
Isso e duplamente verdadeiro no que se refere As opinioes cientificas
em torno das hipdteses que surgem: sao muitas vezes os preconceit os e o
parti pris das chamadas autoridades* 5 que decidem sobre questoes da maior
importancia vital para a histdria. Existem vArias dessas opinioes precon
cebidas, a que se atem os nossos sabios orientalistas, e poucas sao tao
-
ildgicas e injustas como o erro generalizado acerca da antiguidade do Zodfa
.
co Devido a tese favorita de certos orientalistss alemas, alguns sanscritistas
-
ingleses e americanos acolheram a opiniao do Professor Weber de que os
povos da fndia nao trnham no ao alguma do Zodiaeo anteriormente A inva-
^
sao maceddnia , e de que os antigos hindus a imports ram dos gregos para
o seu pals. Varias outras autoridades ^ querem ainda fazer-nos acreditar
que nenhuma na ao oriental tinha conhecimento do Zodiaeo antes que os
^
helenos houvessem por bem comunicar amavelmente sua inventso aos vizi-
nhcxs. E fazem tal afirmagao a despeito do Livro de Job , que eles prdprios
reconhecem ser o mais antigo dos canones hebreus, e anterior certamente
a Moists ; a despeito desse livro, que se refere A criaqao de Arcturo, de

Escorpiao e de Mazaruth

Orion, das Pleiades ( Osh, Kesil e Kimah ) e das recamaras do Sul 5 1, do
os dozes signos 2 ; palavras que, a significarem
algo, implica o conhecimento do Zodiaeo ate entre as tribos de arabes
nomades. Afirma-se que o Livro de Job precedeu a Homero e a Hesiodo
pelo menos mil anos, e que os dois poetas gregos floresceram cerca de oito
sdculos antes da era crista ( !!). Sem falar, diga-se de passagem, nos que
preferem acreditar em Platao
o tempo de Homero
que aponta como sendo muito anterior
e poderiam assinalar um certo numero de signos
do Zodiaeo na lltada e na Odisseia, nos poemas orficos e em outros escritos

(1 ) Job , IX,9.
(2) Ibid , XXXVIII , 31 , 32 .

360
Escola do Grande Orients Mistico

da antiguidade. Como, porem, segundo a absurda hipotese de alguns crfticos


modemos, nao $6 Orfeu mas tamWm Homero e Hesiodo nunca existiram,
seria perder tempo invocar estes au tores arcaicos. Bastard o Job arabe;
a nao ser que o seu livro de kmenta oes, juntamente com os poemas dos
^
dois gregos, seja atribuido a uma falsifica ao patriotica do juiz Aristdbulo;
podendo acrescentar se os poemas de Lino^, Mas, se o Zodiaco era conhe-
cido nos dias de Job, como poderiam ignora-lo os civilizados e filosdficos


hindus?
Arriscando se aos dardos da critica moderna
' algo embotados por
causa do mau uso
BaiJly sobre o assunto.
bem pode o leitor inteirar-se da sabia opini3o de

F posslvel demonsttar o erro de teorias formuladas com base em dedu-


ces; mas os calculos matematicos oferecem bases mais seguras.
Tomando como ponto de par tick diversas referencias astronomicas de
] ob Bailly imaginou um meio sobremodo engenhoso de provar que os
}

primeiros fundadores da cincia do Zodiaco pertenciatn a um povo primi-


tivo da era antediluviana. A circunstslnria de ele patecet inclinado a ver
eoi Thoth, Seth e no Fo-hi chines alguns dos patriarcas bfblicos em nada
infirma a validade de suas provas sobre a antiguidade do Zodiaco 3. Admi-
tindo mesmo, para argumentar, a sua prudente cifra de 3 700 anos antes
de Cristo como a era exata da Cienck Zodiacal, essa data mostra , de
maneira incontest a vel, que nao foram os gregos os inven tores do Zodiaco,
pela simples razao de que nao existiam como na ao trinta e sete seculos
antes de Cristo, peJo menos como raga historic#^ admitida pel os crfticos ,

Bailly calculou depois o periodo em que as constek oes deviam ter mani-
festado as influences atmosfEricas chamadas por Job^ as doces influ ndas
das Pleiades 4 ( Kimah em hdbreu ) ; a de Orion ( Kesil ) ; e as das chuvas
do deserto, relacionada com Escorpiao, a oitava constelacao. E chegou &
conclusao de que, diante da invariavel conformidade dessas divisoes do
Zodiaco com os nomes dos planetas, enumerados sempre e em toda a parte
e a * fcoincidncias

na mesma ordem, e dada a impossibiUdade de atribuix tudo isso ao acaso
que jamais criam semelhancas que tais
impunha , em verdade, conceder ao Zodiaco uma antiguidade muito remota 5.
, se

Igualmente, se se admite a Btblia como autoridade em qualquer assun-



to

e ainda ha muita gente que assim a considera , seja em virtude de
razoes cristas ou cabalisticas , vemos entao que o Zodiaco se acha clata-
mente mencionado no Segundo Livro dos Reis, XXIII, 5 , Antes que o
livro da lei fosse descoberto pelo sumo-sacerdote Hilkiah, eram ja
conhecidos e adorados os signos do Zodiaco. Rendia se a eles o mesmo
-
culto que ao Sol e I Lua , por isso que

(3) Badly, Astrortomie Antique , dt. em De Espritsy tomo IV.


( 4)
*
As Pleiades, como e sabido, sao as sete estrelas situadas fdm do Touro,
que aparecem no infdo da ptimavera . Tem um significado muito oculto na Filosofk
Esotdrica htndu, e estao teladonadas com o Sam e outros prlncipios misticos da Natureza .
(5 ) Astronomie Antique, pp. 63 a 68.
Escola do Grande Oriente Mistico

os sacerdotes, a quem os reis de Israel haviam ordenado queimar inccnso . .. a Baal,


ao SoJ , 4 Lua , aos planetas e a todo o ex rcito do c&i",
^
is to e, aois doze signos ou constelasoes , segundo explicate em nota

marginal constante da Btblia inglesa , cumpriram a ordem durante sfculos.
So em 624 antes de Ciisto e que o rei Josias pos termo a essa idolatria.
O Antigo Testamento esta repleto de alusoes aos doze signos zodiacais,
e todo o seu esquema neles se baseia: herois, personagens e acontecimentos.
Assim , o sonho de Josd , que viu onze Estrelas inclinando-se ante a duo-
decima, que era a $ua Estrela , refere-se ao Zodiaco, Os catdlicos romanos
viram ali uma profecia da vinda de Cristo, que estaria representado por
aquela duodecima Estrela , sendo os Apdstolos as outras onze ; a ausencia
do ddcimo segundo Apdstolo seria uma lndicagao profetica da trai ao de
Judas . Tambem os doze filbos de Jacob significam uma alusao ao Zodiaco, ^
como acertadamente observa VillapandusB, Sir James Malcolm, em sua
History of Persia **, mostra que o Dabistan se faz eco de todas essas tradi-
oes concernentes ao Zodiaco. A invenqao deste 6 por ele atribulda aos
dias florescentes da Idade de Ouro do Iran; e observa que, segundo uma
das tradiqSes, os G6nios dos Planetas estao representados sob as mesmas
formas e aspectos que haviam tornado quando apareceram a varios dos
santos profetas, o que deu lugar & mstituifao dos ritos baseados no Zodfaco,
Pitagoras e, posteriormente, Filon o Judeu consideravam sagrado o
numero 12.
4<Este numero doze perfeito. o dos signos do Zodiaco, que o sol visita cada
doze meses ; e foi para honrar este nrimero que Moisds dividiu a sua na ao em doze
^
tribos, instituiu os doze paes da proposigSo e colocou doze pedras preciosas no peitoral
dos Pontffices. 8

Segundo Seneca , Berose profetizava os acontecimentos e os cataclismos


futuros por meio do Zodiaco ; e observa se que as dpocas por ele fixadas
para a conflagra ao do Mundo
^
Pralaya

e para um diluvio correspon
dent as indicadas num velho papiro egfpcio, Semelhante cat strofe ooorre
^
-
a cada renova ao do ciclo do Ano Sideral de 25 868 anos . Os nomes dos
^
meses acadianos eram derivados dos nomes dos signos do Zodiaco, e os
acadianos sao muito anteriores aos caldeus. O Sr. Proctor nos mostra, em
seu Myths and Marvels of Astronomy, que os astronomos antigos possulam ,
2 400 anos antes de Cristo, um sistema de astronomia dos mais exatos;
os hindus datam o infrio de seu Kali Yuga de uma grande conjun ao perid -
dica dos Plaetas, que se verificou trinta e um sdculos antes de Cristo; mas, ^
apesar disso, pretende-se que os gregos participantes da expedi ao de Ale
xandre o Mag no foram os i nstrutores dos hindus arianos em Astronomia! ^ -
( 6 ) Templo de Jerusalem, vol. II, parte II, cap. XXX ( Des Esprits , tomo
IV , p. 58 ) .
( 7 ) Cap. VII { Des Espritst IV, p. 55 ) .
( 8 ) Gtado por De Mirville, Des Esprtts , tomo IV, pp. 58-9.

362
Escola do Grande Oriente Mistico

Cei (o e que a origem do Zodlaco, quer seja &ria ou egfpcia , remonta


a uma imensa antiguidade. Simplicio, no seculo VI de nossa era , escreveu
que sempre ouvira dizer que os eg I pries haviam conservado observances
.
e anais astronfimicos durante um periodo de 630 000 anos Esta declaragao
parece assustar o Sr. Gerald Massey, que a tal respeito observat
Se interpretarmos os anos desse mimero como significatido meses, que os
egipcios, segundo diz Euxodo, chamavam de anos, Is to e, periodos de tempo, ainda
assim ternmos uma duragao igual a dois cidos de precessao [ 51 736 anos ]."
Didgenes Ladrcio faz retroceder os cilculos astron &micos dos egipcios
.
a 48 863 anos antes de Alexandre o Magno 10 Marciano Capela corrobora
ess a afirmativa , dizendo a posteridade que os egipcios haviam secret amen te
estudado a astronomia por mais de 40 000 anos, antes de comunicarem
seus conhecimentos ao mundo 11,
Em Natural Genesis se fazem algumas valiosas citagoes com o fim
de justificar as teorias do autor; mas elas confirmam muito mais o ensina -
mento da Doutrina Seer eta . Por exemplo, ha a citagiio de um trecho da
Vida de Sulla de Plutarco, em que este diz:
Uni dia , em que o ceu estava seieno e claro, ouviu -se o som de uma trombeta,
.
tao estridente, agudo e triste, que encheu o mundo de espanto e assombro Os sbios
da Toscana disseram que era o press glo de uma nova raga de homens e de uma
^
renovagao do mundo; pois afirmavam que ha via oito classes distintas de boraens, dife-
rtodo todas por sua vida e seus costumes ; e que o cdu assinara a cada classe um
periodo de tempo limitado pela duragao do grande ano [25 868 anas]- 1*

Tais palavras fazem lembrar as nossas Sete Ragas humanas, e a oitava,


o homem-animal * , descendente da iSltima Terceira Raga , assim como as
sucessivas submersoes e destruigoes dos continenles, que fizeram desapa -
recer quase por completo esta Raga . Diz Jambilo ;
Os assirios nao somente conservaram os anais de suas vinte e sete mirlades de
anos [ 270 000 anos ], conforme certifica Hiparo, mas tamb6 m os de todas as apocatis
tase3 e periodos dos Sete Regentes do Mundo." *3
-
O que corresponde, quando possivel, aos calculos da Doutrina Esot-
rica. Atribui-se, efetivamente, & nossa atual Raga- Raiz ( a Quinta ) a duragao
ultima grande ilha

de 1 000 000 de anos, ja se tendo escoado 850 000 desde a submersao da
que fazia parte do continente da Atlantida

, a Ruta
da Quarta Raga , a raga Atlante; enquanto que Daitya, pequena ilha habitada
por uma raga mista, foi destrmda ha uns 270 000 anos , durante o Periodo
Glacilrio ou em sua proximidade. Mas os Sete Regentes, ou as sete
grandes Dinastias dos Reis Divinos, pertencem &s tradigoes de todos os

,
( 9 ) Natural Genesis vol. II, p. 318.
,
( 10 ) Prom. 2.
( 11 ) Astronomy of the Ancients, Lewis, p. 264.
,
( 12 ) Natural Genesis vol. II, p. 319.
( 23 ) Proclus, Irt Timceum, vol. I.

363
Escola do Grande Oriente Mistico

grandes povos da antiguidade . Onde quer quc se mencione o numero doze,


-
trata se invanavelmente dos daze signos do Zodiaco.

notadamente os ultramontanos da Franca



Esse fato e de tal modo evidente que os escritores catdlicos romanos
concordam tacitamente em
associar os doze Patriarcas judeus aos signos do Zodiaco. Fazem-no de
modo um tanto profMco-mistico, que ,soa aos ouvidos piedosos e igno -
rantes como uma prodigiosa prova, um reconhecimento ticito divino do
povo eleito de Deus , cujo dedo tragou intencionalmente nos cus, desde
o comego da criagao, o numero daqueles patriarcas , Por exemplo, e bem
curioso que esses escritores, entre eles De Mirville, reconhegam todas as
caracteristicas dos doze signos do Zodiaco nas palavras que Jacob, ao morrer ,
dirigiu aos seus filhos e, no quadro por ele descrito sobre o futuro de cada
tribo 14. Ainda: diz-se que as bandeiras dessas tribos ostentavam, respecti-
vamente, os mesmos simbolos e os mesmos nomes dos signos , simbolo que
eram reproduzidos nas doze pedras de Urim e de Thummim, e nas doze
asas dos dois Querubins. Deixando a cargo daqueles misticos a prova da
suposta correspondence, limitamo-nos a tnenciona-la , a saber : O Homem,
ou Aquirio, - esta na esfera de Rubem, que se dedara tao instivel como
a agua ( a Vulgata dis impetuoso como a agua ) ; Geminis ( os Gemeos ) ,
na de Simeao e Levi, por causa de sua estreita associagao fraternal; Leo,
na de Juda , o leao forte de sua tribo'h o filhote de leao ; Pisds ( Peixe ) ,
na de Zabulon , que habitar o porto do mar ; Tauro ( Touro ) , na de
Issachai, qoe e um asno forte deitado , etc,, e portanto associado aos
estibulos; ( Virgo ) , Escorpiao, na de Dan, que e descrito como uma
serpente, uma cobra que morde na estrada , etc.; Capricdrnio, na de Naph-
tali, porque e uma corga ( ou cervo ) em liberdade ; Cancer, na de Benja-
min , porque e voraz ; Libra , a Balanga , na de Asher , cujo pao sera
nutritivo ; Sagit rio, na de Jos , cujo arco signifies forga 15. Finalmente,
^
como duodecimo simbolo, a Virgem ( Virgo ) separada do Escorpiao, temos
Dinah , a filha unica de Jacob , Re2a a tradigao que as soi-disant tribos
traziam os doze signos em seus estandartes, Mas, alem disso tudo, a
B'thlta se aeba efetivamente referta de alusoes teocosmoldgicas, assim como
de simbolos e personificagoes astronomicas.
Resta indagar e perquixir; se o destino dos verdadeiros Patriarcas
vivos estava assim tao indissoluvelmente ligado ao Zodiaco, como se explica
que , apos a perda das dez tribos , nao. hajam tambem desaparecido milagro
samente de2 dos doze signos dos campos siderais ? Mas isso tem impor-
-
tance secundaria ; mats vale que nos ocupemos da historic mesma do
Zodiaco.
Nao seri ocioso lembrar ao leitor algumas das opinioes maniiestadas
sobre o Zodiaco por varias autoridades cientificas das mais eminentes.
Newton acreditava que a invengao do Zodiaco podia ser recuada atd
a epoca da expedigao dos Argonatuas; e Dulaure fixou a sua origem em

( 14 ) Genese, XLIX.
( 15 ) Omitido: Aries , na de Gad , contra quem "vira uma tropa ; mas ele a
venceri por fim . ( Nota da Edigao de Adyai\ )

364
Escola do Grande Orients Mistico

6 500 anos antes de Cristo , precisamente 2 496 anos antes da criafio do


mundo segundo a cronologia biblica.
Creuzer pensava que era mui facil demons trar que a maior parte das
Teogonias estavam intimamente relacionadas com os calendsirios religiosos
e, em sua origem , com o Zodiaco; se nao com o Zodiaco que boje conhe-
cemos, pelo menos com algo que lhe era mui to semelhante. Estava ele
certo de que o Zodiaco e suas implicagoes misticas se acham no fundo de
todas as mitologias, sob uma ou outra forma , e que durante sdados o
Zodiaco existiu em sua antiga forma , antes de ser apresentado com o aspecto
astronomico definido que hoje tern , por motivo de alguma singular coorde-
na ao de certos acontecimentos 1 .
^
supramundanas

Quer os gnios dos planetas

nossos Dhyan Chohans das esferas
se mostrassem ou nao a os santos profetas , como se
pretende no Dabistan, patece que grandes guerreiros e seculares for am con-
5

templados com esse privilegio nos antigos tempos da Caldia, quando a


Magia astrondmica e a Teofania caminhavam de maos dadas .

"Xenofonte, que nao era um hornem comum, falando de Ciro , conta . . . que no
tantas vexes sobre os siguos do c6u , oupavCotJ CTIHE{OIJ\ 17
-
momento de sua morte ele agradeceu aos Deuses e aos herois por haveretn no instruido

A nao ser admitindo que a cienda do Zodiaco vem da mats remota


antiguidade, como se poderia explicar a universidade de seus signos, que
se encontram nas mais antigas Teogonias ? Conta-se que Laplace foi tornado
de assombro ao ter conhecimento de que os dias de Mercurio ( Miercoles ) ,
Venus ( Viernes ) , Jupiter ( Jueves ) , de Satumo ( Sbado ) e outros se
relacionavam com os dias da semana, na India, com os mesmos nomes e na
mesma ordem que no Norte da Europa .

Tentai, se possfvel, com o atual sistema de civil iza<;oes autdctones, tao em voga
nos nos $os dias, expLicar como nancies sem linhagem , tradioes ou origem comuns ,
chegaram a inventar uma espgcie de fantasmagoria celeste, um verdadeiro imbroglio de
denomina oes siderais, sem ordem nem objetivo, sem nenhuma relagao figurativa com
^
as consreJa oes que repxeseniam, e , ao que parece, ainda menos com as fases de nossa
^
vida terrestre, cuja significacao se lhe & atribui. '18

Nao haveria, no fundo de tudo isso, uma intenqao geral, assim como
uma causa e uma cren a universais? Dupuis expressou a mesma verdade,
quando afirmou: ^
impossivel descobrir o menor tra$o de semelhanca entre as divisoes do c6i
e as figuras que os astronomos ali representaram de modo tao arbltrario; mas, por
outco lade, o acaso impassively 19

( 16 ) Creuzer, vol. Ill, p. 930.


(17 ) Cyropidie VIII, p. 7; tal como dtado em Des Esprit*, tomo IV, p. 55,
}

(18 ) .
Des Esprits , IV, pp. 59, 60
( 19 ) .
Origine des Cultes, Zodiaque , p. 61

365
Escola do Grande Oriente Mistico

Estd certo; o acaso impossivel , Nada existe por acaso na Natu *

reza , onde todas as coisas estao matematicamente coordenadas c inter-rela -


cionadas em suas unidades. Diz Coleridge:
O caso nao senao urn pseudonimo de Deus [on da Natureza ] para aqueles
casos particulars em que Ele nao deseja assinar abertamente com a sua propria finua
manual
Substitua se a palavra Deu 5 por Carma, e ter-se-a um axioma orien-
^

tal . Por isso, as proferias siderais do Zodfaeo, assim chamadas pelos


cristaos mlsticos, nunca se referem a um acontecimento particular por
mais sagrado e solene que seja para uma parte da humanidade, mas a leis
periodicas, aue se repetem sempre na Natureza e sao comprcendidas somente
pelos Iniciados dos prdprios Deuses Siderais .
Nenhum ocultista ou astrologo do Oriente estaria jamais de acordo
com os misticos cristaos, nem mesmo com a astronomia mistica de Kepler,
a despeito de sua profunda ciencia e erudigao; e isso porque, se as suas
premissas estao de todo corretas, as suas dedugoes sao apenas parciais e
se apresentam torddas pelos preconceitos cristaos. Onde Kepler ve uma
profecia diretamente relarionada com o Salvador, outros veem o stmbolo
de uma lei eterna, decretada para o Manvantara atual. Por que ver em
Piscis uma referenda direta a Cristo
que 6 um dos varios reformadores
do mundo, e um Salvador para os seus partidarios, mas somente um glorioso
e grande Iniciado para muitos outros
, quando essa constelagao brilha
como um simbolo de todos os Salvadores Espirituais passados , presentes e
futuros, que esparzem a luz e dissipam as trevas mentais ? Os simbologistas
cristaos tern procurado provar que o signo pertenda a Efraim, filho de
Jose, o eleito de Jacob, e que, portanto, era no momento da entrada do
Sol no signo de Piscis que devia nascer o Messias Eleito , o Tx0oj dos
primeiros cristaos . Mas, se Jesus de Nazare foi o Messias, teria ele real-
men te nascido naquele momento , ou foi a hora do seu nascimento assim
fixada pelos teologos , que simplesmente cuidavam de a jus tar suas idias
preconcebidas aos fatos siderais e & crenga popular ? Todo mundo sabe que
a hora e a data do nasdmento de Jesus sao completamente desconhecidas.
E os judeus cujos antepassados deram k palavra Dag o duplo significado
de Peixe e de Messias , durante o desenvolvimento forgado de sua
lingua rabfnica sao os primeiros a impugnar aquela pretensao dos cris-
taos * E que diremos da circunstancia de associarem os bramanes o seu
Me&sias , o eterno Vishnu-Avatar, a um Peixe e ao Diluvio, e de fazerem
os babilonios tambem um Peixe e um Messias do seu Dag-On, o Homem -
-Peixe e Profeta ? ,
Entre os egiptdlogos ha sabios iconoclastas que dizem que,
Quando os fariseus pediratn um sinal do ceu , Jesus respondent Nenhum sinal
sera dado. . , exceto o sinal do profeta Jonas ( Mateus , XVI, 4 ) ... 0 sinal de Jonas
*
1

6 o de Gan ou Homem Peixe de Ninive. . . Seguramente, nao havia outro signo alm
deste, o do Sol que voltava a nascer em Piscis. A voz da Sabedoria Secrets dlz
que os que pedem sinais nao podem ter outro senao o da volta do Homera Peixe, -
Ichtys, O&nnes ou Jonas
que nao podia ser feito came.

366
Escola do Grande Orients Mistico

Parece que Kepler sustentava como fato positivo que , no momento da


wencama ao ,todos os planetas estavam em conjungao no signo dc Pisces,
^
chamado pelos cabalistas judeus a constelagao do Messias . Kepler asseve-
rava que
nesta constelagao que se encontra a cstrda dos Magos

Semelhante afirmagao , citada por De Mirville , que a transladou do


Dr , Sepp 20 , animou o primeiro a fazer a seguinte observagao;
Todas as tradi oes judias, enquanto anunciavam essa estrela , que inuitas nagSes
^
destino de virias nafdes do globo 22, " Em virtude dessas profecias oaturais*
.
Dr Sepp
virara [ ! ] 21, acrescentavam que ela absorveria os setenta planetas que presidem ao
diz o
estava escrito nas estrelas do firmamento que o Messias nasceria no ano
lunar do mundo 4320; naquele ano memorivel em que todo o coro dos planetas cele-
braria o seu jubileuV' 24

No comedo deste s culo ( XIX ) , reclaroava-se, com verdadeiro furor ,


^
a devolugao pelos hindus do suposto roubo que teiiam cometido contra os
judeus , tomando- lhes os seus Deuses , os seus Patriarcas e a sua crono-
logia . Wilford reconheceu Noe em Prithu e em Satyavrata , Enos em Dhruva ,
e at Asur em Ishvara Depois de terem residido tantos anos na India ,
,

alguns orientalistas deviam , pelo menos, saber que os bramanes nao eram
os unicos que possuiam aquelas figuras ou que haviatn dividido sua Grande
Idade em quatro idades menores . Nao obstante, alguns escritores, em
Asiatic Researches , se entregaram as mais extravagantes especulagoes. S. A *

Mackey, o filbsofo, astronomo e sapateiro de Norwich , observa mui


judiciosamente:
Os tedlogos cristaos juigam de seu dever escrever contra os longos perlodos da
cronologia Indiana , o que, por parte deles, ainda. seria perdoavel; mas, quando um
honaem de saber crucifies os pomes e os ndmeros dos antigos, e os retorce e falseia
para amold los a uni sentido por complete estranho k intengao dos antigos autores,
^
de modo que, assini mutilados, se ajustem ao nascimento de algum mito preexistente
no seu propiio cerebro, com tanta exatidao que ele se hnagina maravifbado com a
descoberta , entao ja nao creio que seja tao perdoavel 24

Essas pakvras eram enderegadas ao Capitao ( mais tarde Coronel )


Wilford , mas podem aplicar-se a mais de um de nossos modernos orienta-

. .
( 20 ) Vie de noire Seigneur Jesus Christ, I , p 9
( 21 ) Seja ou nao verdade que muitas nagdes ha jam visto essa mesma estrela ,
todos n<5s sabemos que os ttiraulos dos tres Magos dos qua is dois se chamavam
Gaspar e Melchior , nomes puramente teutdnicos, soando mui to pouco a caldeus, e sendo
Baltazar a tinica excegao sao apontados pelos sacerdotes na famosa catedral de
Col6nia , onde nao apenas se supoe, mas se afirma que estao enterrados os corpos
dos Magos ,
( 22 ) Esta tradigao dos setenta planetas que presidem o destine das nagoes
1

e baseada no ensinamento cosmogonico oculto, segundo o qual, afem de nossa prdprn


cadeia setenaria de Mundos-Planetas, muitos outros existent no Sistema Solar,
( 23 ) Des Esprifs , tomo IV , p. 67.
( 24 ) The Mythological Astronomy of the Ancients Demonstrated , parte segunda
( The Key of Urania ) , pp. 23-24, ed. 1823.

367
f

Escola do Grande Orients Mistico

listas. O Coronel Wilford foi o primeiro a Ievar a extremes suas infelizes .


"

especulafoes sobre a cronologia hindu e os Purdnas, estabelecendo uma


rela ao entre os 4 320 000 000 anos e a cronologia biblica, mediante o
^
simples processo de reduzir aquelas cifras a 4 320 anos
* -
o suposto a no
lunar da Natividade. O Dr Sepp limitou se a plagiar a ideia daquele bravo
oficial; e, ademais, incidiu em considerar as cifras como propriedade dos
judeus e como profecia crista , acusando assim os Arianos de se haverem
apropriado da revel a ao semftica , quando se deu precisamente o contririo.
^
Os judeus, per outra parte, nao devem ser acusados de copiar dxretamente
os Hindus, cujos algarismos provavelmente Ezra nem conhecia. fi evidente
e inegave) que os haviam tornado dos caldeus, jumamente com os Deuses
destes. Converts ram os 432 000 anos das Dinasdas Divinas calddias 25
em 4 320 anos lutiares desde a criagao do mundo ate a Era Crista; e,
quanto aos- Deuses babilonicos e egipcios , eles os transformatam, modest a
e tranquilamente, em Patriarcas, Todas as nagoes foram mais ou menos

outrora comum a todas elas

responslveis por semelhante transformafao e adapta ao de um Panteao
^
de Deuses e Herois universais em Deuses e
Herdis nacionais e de tribos. A veste nova que Ihe deu o Pentateuco era
propriedade exclusiva dos judeus, que jamais procuraram imp6-la a outra
e muito menos aos europeus.
Setn nos determos mais que o necess rio no exame dessa cronologia
^
tao pouco cientifica , podemos, contudo, aduzir algumas observacoes, que

& Biblid adota os anos solares



sem duvida hao de parecer pertinentes. Os 4 320 anos lunares do mundo
nao sao, como tais, imaginarios, ainda
que haja completo erro em sua aplica ao; porque sao o eco deformado da
^
doutrina esotfrica primitiva, e da doutrina bramanica , menos antiga, a res -
peito dos Yugas. Um dia de Brahma equivale a 4 320 000 de anos,
como tambem uma Noite de Brahma, ou seja , a dura ao de um Pralaya,
^ sobre um novo
depois do qual um novo sol se levanta triunfalmente

( 25 ) Tod os os eruditos sabem , sem duvida , que os caldeus reivindicavam, para


suas Dinastias Divinas, os mestnos numeros digitos ( 432 ) ou 432 000 que os Hindus
ass jo am ao seu Mahlyuga, ou seja , 4 320 000. Dai a razao por que o Dr. Sepp, de
Munich, empreendeu a tarefa de secundar Kepler e Wilford na acusa ao de que os
^
hindus os haviam tornado dos cristaos , os caldeus dos judeus , sendo que os ultimos,
segundo se pretende, esperavam o seu Messias no ano do mundo 4320 ( i l l ) , Como
tais algarismos , de acordo com os antigos escritores, foram base ados por Berose nos
120 Saros
cad a divisao representando seis Neros de 600 anos cada um , perfazendo
um total de 432 000 anos , parecem ser decisivos, observa De Mirville ( Des ESPRITJ,
- -
III, p. 24 ) Assim , o piedoso professor de Munich intentou explica los no sentido correto,
Pretende haver encontrado a solu ao do enigma mostrando que o Saros se compunha ,
^
segundo Plfriio , de 222 meses sinddicos, ou seja 18 anos e 6/ 10 ; e que o cakulador
se reportou naturalmente &s cifras apresentadas por Suidas , o qual afirmava que
os 120 Saros correspondiam a 2 222 anos sacerdotais e ddicos, sendo estes equivalentes
a 1 656 anos solares { Vide de Notre Seigneur Jesus Christ , II, p. 417 ; citato de
De Mirville ) ,
Sufdas , porem, nao disse tal coisa; e, supondo que o tivesse dico, pouco ou
nada provaria a* sua afitma ao. Os Neros e os Saros eram um espinho no flanco dos
^
antigos escritotes nao inictados , da mesma forma que o 666 da Grande Besta do
nados Newtons; como sucedeu com os ultimos.
-
Apocalipse oe no dos ttiodernos ; e os primeiros algarismos tiveram os seus mal afortu *

368
f

Escola do Grande Oriente Mistico

Manvantara, para a Cadeia Scten ria que ele ilumina , A doutrina ha via
^
penetrado na Palestina e na Europa, seculos antes da Era Crista e nela
se inspirou o pequeno Ciclo dos judeus mosaicos, embora este Cido s6
viesse a ter sua expressao completa com os cronologos crist aos da Biblia,
que o adotaram, jtintamente com o 25 de. dezembro, dia em que se dizia
haverem encarnado todos os Deuses sola res. Que hi, pois, de admirar
que se fizesse nascer o Messias no ano lunar do mundo 4 320 ? O Sol
de justi a e de Salva ao erguera -se mais uma vez e dissipara as trevas pra
laycas ^do Caos e ^do Nao Ser sobre o piano de nosso pequeno Globo
*

-
objetivo e de nossa Cadeia. Uma vez determinado o objeto da adora ao,
facil era fazer com que os supostos fatos do seu nascimento, vida e morte ^
se ajustassem is necessidades zodiacais e as antigas tradigoes, ainda que
estas houvcssem que ser algo afeigoadas ao case.
Compreende se, deste modo, o que disse Kepler, como grande astrd-
nomo. Reconheceu ele a grande e universal importancia de todas as conjun-
does pknetirias, cada uma das quais
e um ano dimaterico da Humanidade

como muito bem declarou
A rara conjungao de Saturno,

Jupiter e Marte tem seu significado e importancia, por causa das especiais
repercussoes que provoca na fndia e na China, como tambem na Europa,
para os misticos desses paises. Quanto a sustentar que a Natureza nao
tinha em mira senao o Cristo, quando construiu suas constelagoes fantas
ticas e sem significagao ( para os profanos ) , isso agora nao passa de uma
-
simples suposigao. Se se pretender que nao foi o acaso que levou os antigos
arquitetos do Zodiaco, ha milhares de anos, a marcar a figura do Touro
com a letra a, dizendo apenas, para provar que era uma alusao profetica ao
Verbo de Cristo, que o alepb do Touro significa o UNO e o PRIMEIRO ,
--
e que o Cristo .era tambdm o alfa ou o UNO , poder se d entao demonstrar
que semelhante prova se invalida estranhamente por mais de uma mancira.
Em primeiro lugar, o Zodiaco \& existia antes da Era Crista ; demais , todos
os Deuses sol a res Osiris por exemplo
haviam sido associados mistica-
mente a constelagao do Touro, sendo cada um deles chamado o Primeiro
pot seus adoradores. Al6m disso, os compiladores dos epitetos misticos
acrescentados ao nome do Salvador cristao estavam todos mais ou menos
familiarizados com a significagao dos signos do Zodiaco; e e mais 4dl
supor que as suas afirmagoes tivessem sido ajustadas para concordar com
os signos misticos, que admitir houvessem estes resplandecido durante
milhoes de anos como uma profecia para uma parcela da Humanidade,

( 26 ) Veja-se his sem Veu , II , p . 132.


( 27 ) O leitor deve ter presente que a expressao ano climaterico tem outro
sentido alem do usual , quando usada por ocultistas e misticos. Nao e apenas uma fase
critica , durante a qual se deve esperar uma grande transformafao periodica na consti-
tuigao hum ana ou na cos mica, mas tambem se refere a mudangas espirituais de carater
universal. Os europeus chamavam a cada ano 63 o grande climaterico , e supunham,
talvez com razao, que esses anos eram obtidos com a multi pKcagao de 7 pelos numeros
impares, 3, 5, 7 e 9. Mas 7 e a verdadeira escala da Natureza , em Ocultismo, e o
7 deve ser multiplicado segundo um metodo todo diferente do atualmente conhecido
pelas nagoes europdas .

369
Escola do Grande Orients Mistico

sem levar em conta as inumeraveis gerafoes precedentes nem as que deviam


nascer depois.
Dizcm- nos :
Nao foi o simples acaso que, em ceras esferas, coJocou sobre um tronco a
cabe a desse touro [Taurus ] para afugentar o dragao com a cruz ansata - devemos saber
^
que esta constel &gio de Taurus foi chamada a grande cidade de Deus e a mae das
revela des* , e tambem a interprete da voz diving , o Apis Pads de Hermontis no Egito,
que [ ^como os sacerdotes patristicos qui seram afirmar ao mundo] ten a proferido oraculos
que se refetiam ao nascimento do Salvador .

Pode-se responder de virios modos a essa suposi ao teoldgica . Pri


^
meiro, a cruz ansata egipcia ou Tau > a cruz Jaina ou Svastica , e a cruz
-
crista, tm todas o mesmo significado. Segundo, nenhum povo ou napao,
excetuando-se os cristaos , deu ao Dragao o significado que hoje se Ihe
atribtii. A Serpente era o simbolo da Sabedoria, e o Touro o da geracao
fisica ou terrestre. De sorte que o Touro recha ando o Dragao ( ou Sabe-
doria Divina espiritual ) com o Tau ou a Cruz
camente. a base e os andaimes de toda construsao

^

que represent esoteri
teria um sentido
inteiramente falico ou fisioldgico, se nao tivesse outra significaqao que
^ -
desconhecida de nossos sabios bfblicos e simbologistas. Seja como for, nao
ha nenhuma relagao especial com o Verbo de Sao Joao, salvo, talvez, em um
sentido geral. O Taurus
mas um touro

que diga-se de passagem , nao e um cordeiro,
era sagrado em todas as cosmogonias, tanto para os
hindus como para os zoroastrianos , os caldeus e os egipcios. Todos os cole-
giais sabem disso.
Aos tedsofos seria talvez util refrescar a mem6ria, lendo o que se diz
a respeito da Virgem Maria e do Dragao, assim como da universalidade dos
nascimentos e renaseimentos periodicos de Salvadores do Mundo

Solares , em Isis sem Vtu 29 , a proposito de certas passagens do Apoi
calipse.
Deuses -
-
Em 1853, o .sdbio de nome Erard Mollien leu perante o Institute de
Franga um trabalho em que se propunha provar a antiguidade do Zodiaco
indiano, em cujos signos se encontrava a origem e a filosofia de todas as
mais importantes festas religiosas dos hindus ; o conferences ta mostrou que
a origem dessas cerimonias religiosas se perde na noite dos tempos, ou pelo
menos remonta a 3 000 anos antes de Cristo. Acreditava ele que o Zodiaco
dos hindus era muito anterior ao dos gregos, diferindo deste em algumas
minurias. Ve-se alt o Dragao sobre uma arvore, ao pe da qual se acha a
Virgem Kanka-Durg:!, uma das mais antigas Deusas, coloeada sobre um
Leao, que puxa a catruagem solar, Disse o referido sabio:
Esta 6 a razao por que a Vixgetn Durg& nao e o simples memento de uro fato
<4

-
astronomico, mas realmente a mais antiga divindade do Olimpico indiano. Evidente


mente ela a mesma cuja volta era anunciada em todos os livros sibilinos
da inspira$ao de Vergflio
fonte
, uma poca de tenovagao universal .. . E cotno os -
( 28 ) Des Espritsy IV, p. 61 ,
( 29 ) Vol. II, p . 490.

370
Escola do Grande Orients Mistico

names dos meses sao ainda hoje tirades desse Zodiaco solar indiano pela populagao
que fala o roalaiala [ na India meridional ], pot que este mesrno povo teria abandonado
o seu Zodfaco para tomar o dos gregos ? Tudo demonslra , pelo coutrario, que tais
figuras 2odiacais for am transmmdas aos gregos pelos caldeus , que as obtiveram dos
brimanes / 3

Mas tudo isso e um testcmunho bem precario. Lembremo-nos , con-


tudo, do que diziam e aceitavam os contemporaneos de Volney; observa
este que , achandose Aries no seu decimo segundo grau 1 447 anos antes
de Cristo, dai se segue que o primeiro grau da Balan$a nao poderia ter
coincidido com o equinocio da primavera posteriormente a 15 194 anos
antes de Cristo; se acrescentarmos , continua ele , os 1 790 anos que nos
separam do nascimento de Cristo, temos que 16 984 anos devem ter de cor-
rida desde a otigem do Zodiaco
Por outra parte, o Dr ; Schlegel , em sua Urattographie Chinoise , registra
para a Esfera Astronomica Chinesa uma antiguidade de 18 000 anos 32.
Nao obstante , como valem pouco as opinioes desacompanhadas de
provas idoneas, ser4 preferfvel reoorrermos a evidencia cientlfica . Bailly ,
o fatnoso astr6nomo francos do s6culo passado , membro da Academia , etc . ,
afirma que os sistemas astrondmicos dos Hindus sao os mais antigos, e que
foi neles que os gregos , os romanos e ate os judeus beberam os seus conheci *

cimentos. Etn abono dessa opiniao, diz ele :


"Os astronomos anteriores a 1491 sao; primeiramente, os gregos de Alexandria
Hiparco, que flocesceu 125 anos antes de nossa era , e Ptolomeu , 260 anos depois
de Hiparco; seguem-se os arabes, que fizeram reviver a astronomia durante o secvlo IX;
depois , os persas e os tlrtaros, a quem devemos as tabuas de Nassireddin em 1269,
e as de Ulug-beg etn 1437 . Tal 6 a sucessao, na Asia, dos acontecimentos conheddos
anteriormente 6poca Indiana de 1491 , Que 6, pois , uma 6poca? a observagao da
longitude de uma estrela mim dado memento , do lugar em que foi vista no c6u,
observagao que serve de ponto de referenda, de ponto de part Ida para o cakulo das
posigoes , passadas e futuras , da estrela , segundo o estudo dos seus movimentos. Mas
uma epoca s<5 pode ter utilidade se o movimento da estrela houver sido determinado.
Qualquer povo que esteja ioLciando os primeiros passos na cienria , sendo obrigado a
importar uma astronomia do estrangeiro, nao encontiara dificuldade em fixar uma
dpoea , pois que a tinica observagao necess ria pode ser feita seja em que momento for.
^
Ter , por6m, que pedir alhures aqueles elementos que dependem de uma observagao
exata e que requerem observances contbuadas, sobretudo os movimentos que dependem do
tempo e que $6 podem ser obtidos com precis5o apds sdculos de observagao. Ha que
buscar, portanto, a indicagao desses movimentos em outras nagoes que tenham feito
tais observagoes e conte, no seu pass ado, seculos de labor . Chegamos, assim, & con -
clusao de que um povo novo nao recorrefa &s 6pocas de outto povo antigo sem totnar
tambdm , para elas , os 'movimentos m6dios Partindo deste prindpio, veremos que

as 6pocas hindus de 1491 e 3102 nao podiam ter sido derivadas das de Ptolomeu ou
.
de IJlug-beg
Rest a a suposlgao de que os hindus, comparando suas observagoes de 1491 com
as feitas anteriormente por Ulugbeg e Ptolomeu , usassem os intervalos entre essas obser-
vagoes para deterrain ar os movimentos raedios. A data de Ulug-Beg e demasiado recente

( 30 ) Veja-se Rccueil de VAcademic des Inscriptions , 1S53; citado em Der


Esprits, IV, p 62.
,

( 31 ) Ruins of Empire , p 360 .


,

( 32 ) P ginas 54, 196 e seguintes


^ .
371
( /A i j

Escola do Grande Oriente Mistico

para semdhante determinagao, enquanto que as datas de Ptolomeu e Hipaico apenas


erara sufidentes para isso, Mas, se os movimentos. dos hindus houvessem sido deter
min ados por tais comparagoes , as 6pocas estariam relacioQadas entre si. Partiado das
-
ipoczs de Ulug-geg e de Ptolomeu, chegarianaos a todas as dos hindus. Donde se v
que as dpocas estrange!ras ou nao eram conhecidas dos hindus ou lhes foram intiteis 33,
A isso podemos acrescentar outra consideragao importante. Quando uma nagao
se v obrigada a pedir a seus vizinbos os mdtodos ou os movimentos roddios de suas
tabuas astronomicas, muito mats necessidade texi de lhes pedir, alm disso, o conbe
cimento das desigualdades dos movimentos dos cotpos celestes, os movimentos dos
-
apogeus, dos nodos e da inclinagao da eclitica; em sum a, todos os elementos cuja deter
minagao requer a arte de observar , o emprego de certos instrumentos e uma grande
-
habilidade. Todos esses elementos astrondmicos, que diferem mats ou menos entre os
gregos de Alexandria, os irabes, os persas e os tit taros, nao apresentam semelhanga
alguma cotn os dos hindus. Estes ul times, por conseguinte, nada importaram de sees
vizinhos.
Se os todianos nao obtiveram de outros a sua epoca , deviam ter uma dpoca
prdpria e verdadeira , baseada em suas observances diretas; e serk ou a poca do ano
de 1491 de nossa era ou do ano de 3102 antes de Cristo, precedendo esta ultima era
4 592 anos a de 1491. Temos que escolher entre as duas 6pocas e deddir qual delas
esti baseada na observagao. Mas, antes de expor os argumentos que podem. e devem
soludonar a questao, permitimo-nos tecer algumas consideragocs para os que estejam
indinados a crer que foram as observances e os cilculos modemos que pertnitiram aos
hindus deterroinarem as posigoes passadas dos corpos celestes. Nada tem de f ril a
determinagao dos movimentos celestes com prectsao sufitiente que possibilite retroceder
no curso do tempo durante 4 592 anos e descrever os fendmenos que devem ter ocor-
rido ao longo desse periodo. Possulraos hoje excelentes instruments; durante dois ou
trs s&ulos, fherara-se observagoes exatas que ji nos permitem calcular com notivel
pretisao os movimentos m&iios dos planetas; dispomos das observagoes dos caldeus,
de Hiparco e de Ptolomeu , as quais , dada a poca recuada a que se refetem, nos
facilitam a fixagao desses movimentos com maior certeza, Apesar disso, nao podemos
apresentar com exatidao invarifivel as observagoes referentes ao largo perlodo transcor
rido dcsde os caldeus atd nbs; e ainda menos determiner com predsao os aconteri-
-
mentos que se passaram hS 4 592 anos. Cassini e Maier determinaram, separadamente,
o movimeiito secular da lua, havendo uma diferenga de 3 43 entre os seus resultados.
Tal diferenga daria lugat, no fim de quarenta e seis s culos, a uma inexatidSo de
tres graus na posigao da lna . Um dos dots ciLculos ^
sem diivida , mais exato que o
outro, e &s observagdes de maior antiguidade cabe decidir entre eles. Em se tratando,
por ra , de perlodos muito remotos, em que faltam observagoes, 6 de ver que perma-
necemos na inccrteza quanto aos fendmenos. Como, pois , teria sido possfvel aos hindus
fazerem recuar Os seus dSlculos desde o ano 1941 de nossa era at o ano 3102 antes
de Cristo, se fossem meros principantes no estudo da Astronomia ? ^
Os orientals nunca foram o que nos somos , Por mais elevado que seja o con
ceito que possamos fa2er de seus conhecimentos pelo exame de sua Astronomia , jamais
-
pudemos imaginar que bouvessem possuldo os numerosos instrumentos que caracterizam
os nossos modemos observatdrios, frutos do progresso simultSneo em v irias anes; nem
^
que fossem dotados deste g nio das descobertas e invengoes, que pareciam , ate agora,
^
pertencer exclusivamente & Europa , e que, suprimindo o tempo, produz o rapido desen-
volvimento da ci ncia e da inteltg ncia hum ana. Se os asi ticos sc tem mostrado fortes,
^ ^
instruldos e sibios, c ao poder e ao tempo que devem os seus mdritos e exitos de toda
espdcie. O poder fundou ou descreiu os seus imp rios; ora levactou ediffdos impo-
^
llentes por sua massa , ora os converteu cm rulnas veneriveis ; e, enquanto se sucediam

^ .
estas altemativas, a pad nda h acumulando o conbecimento, e a expeti ncia contmuatk
^
produzia a sabedoria. Foi a antiguidade das nagoes do Oriente que edificou a sua
reputagao cientlfica .
-
( 33 ) Para uma prova minuciosa e dentlfica desta conclusao, veja se a p. 121
da obra de BaiJly, onde a questao e tecnicameute exaininada.

372
Escola do Grande Oriente Mistico

Se os hindus dispunham em 1491 de um conhecimento dos moviiuentos celestes


sufidentemente exato que Ikes permiti$$e rcmoatar os scus cilculos a 4 592 anos acites
de nossa era , s6 podiain tS-lo obtido por raeio de observances muito antigas. Reco
-
nhecei Ihes tal conhedmentOj negaitdo as observances de que ele results, enunciar
uma impossibilidade; equivaleiia a supor que, ao inicio de sua trajetdria, haviam ja
colhido o$ frutos do tempo e da experidncia, Por outra parte, se for tida como real
a sua dpoca de 3102, teremos entao que os hindus acompanharam pari passu os suces
sivos s&ulos at6 o ano de 1491 de nossa era. Deste modo, o seu mestre ter & sido o
-
prdprio Tempo: des conheceram os movimentos celestes durante aqueles perfodos,
porquc os haviam observado; e a anijguidade do povo hindu sobre a terra 6 a razao
da fidelidade dos seus anais e da exatidao dos seus cilculos.
Pode parecer que o problema sobre qual das duas poca$ 6 a verdadeira , 3102
on 1491, devia resolvet-se por uma considera?ao, a saber: a dc que os antigos em
geral e os hindus em particular , como se pode ver pda ordena$ao de suas tibuas, tao-
-somente calculavam, e por couseguinte observavam, os eclipses , Ora, nao houve eclipse
algum do SoJ no moment da poca de 1941, e tampouco eclipse algum da Lua nos
quatorze dias antes ou depois daquele momento. Portanto, a poca de 1491 nao estaria
baseada em nenhnma observa ao.
^
Quaudo a epoca de 3102, os brfcmanes de Tirvalur a situam no momento em
qpe o Sol nasceu no dia IS de fevereiro. O Sol estava entao nq primeiro ponto do
Zodiaco, de acordo com a sua verdadeira longitude. As outfits ! t buas mostram que
na meia-noite precedente a Lua ocupava o mesrno lugar, mas de acordo com a sua
longitude media. Tambdm dizem os brimanes que esse primeiro ponto, origem do seu

origem
o primeiro ponto do seu Zodiaco
^
Zodiaco, estava, no ano 3102, 54 graus atrds do equindcio. Donde se conchii que a
se achava no sexto grau de Aquario.
Ocorreu, assim, nessa ocasiao e nesse lugar, uma conjunyao media , que esta
efetivamente indicada em nossas melhores t buas: as de La Caille para o Sol, e as
de Maier para a Lua. Nao houve eclipse do Sob porque a Lua estava demasiado longe
do seu nodo; mas, quatorze dias depois, tendo a Lua se aproximado do nodo, deve
ter bavido eclipse. As tibuas de Maier, usadas sem a corre?ao por motivo da acele-
ra?ao, acusam esse eclipse, mas durante o dia, quando ele nao podia ser observado na
India. As tabuas de Cassini o apresentam durante a nolle, demonstrando isto que os
movimentos de Maier sao demasiado rapidos para $eulos longinquos, em que nao se
^
leva em conta a aceleragao, e provando tamb m que, apesar do progtesso dos nossos
conhecimentos, podemos ainda ficar em incerteza quanto ao real aspect dos cdus em
tempos passados.
Cremos, por isso, que das duas pocas hindus a verdadeira 6 a do ano 3102,
porque foi acompanhada de um eclipse que p6de ser observado, e que deve ter servido
para deter mini-la. Esta 6 uma primeira prova da exatidao da longitude atribufda pelos
hindus ao Sol e ! Lua nesse instante; e tal prova seria talvcz suidente se aquela
antiga determina?ao nao se revestisse da mais alta iraportancia para a verifica?ao dos
movimentos desses corpos, devendo, portanto, ter a sua autentiddade comprovada por
todos os meios powfveis.
Observamos: 1* Que os hindus parece terem juntado e combinado duas 6pocas
dentro do ano 3102. Os brimanes de Tirvalur contam a origem desdc o primeiro
momento do Kali Yuga ; mas ttm uma segunda dpoca, que situam 2 dias, 3 horas,
32 30 mais tarde, Esta ultima 6 a verdadeira dpoca astrondmfca, ao passo que a
.
outra parece ser uma era civil Mas , se aquela Ipoca do Kali Yuga nao tivessc reali -
dade, e nao passasse de mero result ado de um cilculo, por que haveria de estar divi-
dida desse modo? A poca astronomies calculada eatark convert tda na de Kali Yuga,
-
colocando se esta na conjunslo do Sol e da Lua, como sucede com a poca das outras
'

tres tibuas. Deve ter havido algum motivo para que eles fizessem uma distin?!o entre
as duas, e esta razao $6 pode ser atribufda is dreunstancias e ao tempo da Ipoca :
.
nao podia ser o resultado de um cilculo Nao 6 tudo. Se tomarmos como ponto de
partida a poca solar determinada pelo nascimento do Sol a 18 de fevereiro dc 3102,
e retrocedermos de 2 dias, 3 boras, 32 minutos e 30 segundos os acontedmentos,
chegaremos is 2 boras, 27 minutos e 30 segundos da manha de 16 de fevereiro, que
o instante em que principiou o Kali Yuga. curioso que nao se tenha feito come?ar

37 }
A
G73
1

Escola do Grande Oriente Mistico

o .
cido em uma das quatro grandes divisoes do dia Poder-se-ia supor quo a 6poca
-
houvesse sido determinada pelo instante da meia noite, e quo as 2 horas 2T 30 repre
sentassem uma corregao meridians , Mas, qualquer que fosse a razao por que se fixou
-
este momento , daro e que, se a epoca resultasse de um cftculo, teria sido igualmente
facil situs- la a meia- noite, de maneira que correspondesse a uma das principals divi
soes do dla, em vez de o fazer no momento fixado pela fragao de um dia ,
-
27 Os Hindus afirmara que ha via no prime!ro momento do Kali Yuga uma
conjungao de todos os planetas ; e $ uas tdbuas indicam essas conjungao, ao passo que
as nossas mostram que da reabnente podia ter ocorrido. Jupiter e Mercurio se acha-
vam exatamente no mesmo grau da ecllptica, enquanto Marte estava k dist ncia de
^
8 ", c Saturno i de 17 . , Donde se deduz que, por esse tempo, ou uns quinze dias
apds o comedo do Kali Yuga , & medida que o Sol se adiantava no Zodiaco, os hindus
viram surgir quatro planetas sucessivamente dos raios solares: primeiro Saturno, segu in-
dose Marte , depois Jupiter e Mercurio; e estes planetas apareciam como que reunidos
em um espago ba & tante reduzido, Embora Venus nao estivesse entre eles, a incli
nagao para o maravilhoso fez com que se dissesse que era uma conjungao de todos os
-
planetas. Aqui o testemunho dos btimanes coincide com o de nossas tdbuas ; e esta
evidencia , fruto de uma tradiglo, deve estar baseada em observances reais.
3. Tal fen6meno, podemos, acrescentar, foi visfvel mais ou menos quinze dias
antes e depots da epoca , e exatamente no momento em que devia ter-se observado o
eclipse da Lua que serviu para fixa-la. As duas observagoes se confirmam militia
men te, e quern fez utna deve tambem ter feito a outra ,
-
47 Temos ainda razoes para crer que os hindus determinaram ao mesmo tempo
o Iugar do node da Lua ; e o que parecem indicar os seus calculos. Dao eles a longi-
tude desse ponto da orbita lunar no momento da sua 6poca , e a ela acrescentam uma
constante de 40 *, que corresponde ao movimento do nodo em 12 dias e 14 horas .
como se dedarassem que esta determinagao ha via sido feita tteze dias depois de sua
epoca , e que, a fim de ajusta-la com esta, temos que acrescentar os 40 em que o
uodo retrogradou no intervalo. Tem esta observagao, portanto, a mesma data que a
do eclipse lunar
mente.
o que nos proporciona tres observances que se confirmam mutua -
3. Pela descrigao do Zodiaco hindu feita por M . C. Gentil, as posig5es que ali
ocupam as estrelas chamadas o Olho do Touro, e a Espiga da Virgem parece que
podem ser determinadas pelo infeio do Kali Yuga. Ora, comparand ess as posigdes
com as atuais, reduzidas por nossa precessao dos equindcios ao momento de que se
trata , vemos que o ponto de origem do Zodiaco Hindu deve situar-se entre o quinto
e o sexto grau do Aquirio, Os bramanes tiuham, portanto, razao em colocar esse
ponto no sexto grau do citado stgno, tanto mais que esta pequena diferenga pode ser
devida ao movimento prdprio das estrelasf que e desconheddo, De mode que foi
tambdm outra observagao que permitiu aos hindus determinar com tao satisfataria exa-
tidao o primeiro ponto do seu Zodiaco mdvel.
Nao parece possfvel du vidas da existencia , na antigiiidade, de observances dessa
data. Dizem os persas que quatro beKssbnas estrelas foram colocadas como guardias
nos quatro cantos do mundo. Ora, acontece que, ao iniciar-se o Kali Yuga , 3000 ou
3100 anos antes de nossa era , o Olho do Touro e o Coragao do Escorpiao se achavam
exatamente nos pontos equinociais, enquanto que o Coragao do Leao e o Peixe Austral
estavam bem proximos dos pontos solsriciais. Tambem pertence ao ano 3000 antes de
nossa era a observagao referente ao nascimento das Pleiades pela tarde, sete dias antes
do equindcio outonal. Esta e outras observagdes semelhantes se acham reunidas nos
calendirios de Ptolomeu, erabora sem nomear os seus autores; e, sendo mais antigas
que as dos caldeus, bem que podem ser obra dos hindus. Conhecem 1 estes perfeita-
mente a coostelagao das Pleiades , que chamamos vulgarmente de Gaiola * e eles deno
^ f .
minam Pill lu ^ kodi 4 a Galinha e seus pititinhos Este nome passou de um a
outro povo, e veio das mais antigas nagoes da Asia. Vemos que os hindus devem ter
-
observado a saida das Pleiades, utilizando a para regular os seus anos e os seus meses,

( 34 ) Termo tamil.

374
Escola do Grande Orients Mistico

.
pois estfl. constelagao 6 tamb6m chamada Krittik2 Igual nome tem , efctivamente, um
dc scus meses , c semelbante coincidenda nao pode set atribulde senso & chennstaneia
dc quc esse ms era anunciado pelo nascer ou o pdr da aludida constelagao.
Mas o que demonstra de modo ainda mais decisivo que os hindus observavam
as estrelas, tal como fids boje o fazemos , indicando-lhe a posigao por sua longitude, e o
fato, assinalado por Augustinus Riccius, de que, segundo observagoes atribuidas a Her -
mes e feitas 1985 anos antes de Ptolomeu, a estrela bfilhante da Lira e a do Coragao da
Hidra estavam, ambas, sete graus adistnte das respect iv as posigoes assinadas por Ptolo-
meu . Estfl observagao tem muito de extraordinirio. As estrelas adiantam-se regular -
mente em relagao aos equinocios, e Ptolomeu deve ter encontrado longitudes superiores
em 28 graus is que ha via 1985 anos antes do seu tempo, Por outro lado, existe uma
particuhrtdade noravel: o mestno etto ou diferenga se observe na posigao das duas
estrelas ; o erro foi , portanto, devido a uma causa que interferiu igualmente em ambas
as estrelas. Para explicar tal particularidade , imaginou o arabe Tbebith que as estrelas
possuiam um movimento oscilatdrio, que as fazia avangar e retroceder alternativa -
mente. A improcedeticia da hipotese foi logo factlmente evidenciada ; mas as observagoes
atribuidas a Hermes f tea ram sem explicafao. Nao obstante, a explicagao se encontra
na Astronomia hindu. Na data a que se referem essas observagoes, 1985 anos antes
de Ptolomeu , o primeiro ponto do Zodiaco hindu estava 35 graus adiante do equi-
ndcio; e portanto as longitudes computadas para este ponto eram superiores em 35
graus as computadas para o equinocio. Mas , depois de um periodo de 1985 anos ,
rendo as estrelas avangado 28 graus, nao devia restar senao uma diferenga de 7 graus
entre as longitudes de Hermes e as de Ptolomeu ; e a diferenga seria a mestna para
as duas estrelas, por ser devida a diferenga entre o ponto de partida do Zodiaco hindu
e o de Ptolomeu , que comegou a contar do equin6cio. A explicagao e tao simples e
natural, que nao pode deixar de ser verdadeira .
Nao sabemos se Hermes, tao celebrado na antiguidade, era indiano; mas vemos
que as observagoes a ele atribuidas estao computadas a maneira indiana , e por isso
deduzimos que foram feitas pelos hindus, a quern , portanto, nao faltava capacidade para
levar a efelto todas as observagoes a que nos temos referido e que encontramos ano-
tadas em suas tibuas.
62 A observagao do ano 3102, que psrece ter fixado a 6poca dos hindus, nao
era dificil. Vemos que eles, depois de determinarem o movimento diario da Lua de
13* 10 35", o empregaram para dividir o Zodfaeo em 27 constelagoes, relaciouadas com
o periodo da Lua , pois este astro leva vLnte e sete dias para percorre-Io.
Com esse metodo, determinaram as posigoes das estrelas no Zodiaco ; e assim

descobriram que ccrta estrela da Lira estava em 8* 24*, e o Coragao da Lira em 4* 7


longitudes 35 que se atribuem a Hermes, mas que estao calculadas sobre o Zodiaco
hindu . Descobtiram tambdm que a Espiga da Yirgem forma o eomego de sua d&ima
quinta constelac o, e o Olho do Touro o final da quarta; estando uma dess as estrelas
^
em 6' 6* 40*, e a outra em 1* 23 20 do Zodiaco hindu . Sendo assim , o eclipse da Lua ,

que se deu quinze dias depois da epoca do Kali Yoga, ocorreu em um ponto situ ado
entre a Espira da Virgem e a estrela 0 da mesma constelagao. Essas estrelas formam
quase uma constelagao distinta , ptincipiando uma a decima quinta , e a outra a ddcima
sexta. Nao era , portanto, dificil determinar a posigao da Lua, medindo a distincia
que a separava de uma dessas estrelas ; desta posigao, deduzir a do Sol, oposta a da
Lua; e depots, conhecendo seus movimentos medios, calcular que a Lua se achava no
primeiro ponto do Zodiaco, segundo a sua longitude media , a meia-noite de 17 -18 de
fevereiro do ano 3102 antes de nossa era, e que o Sol ocupava o tnesmo lugar sets
boras mais tarde , segundo a sua verdadeira longitude ; aeon ted men to que fixa o infrio
do ano hindu.
7 Dizem os hindus que 20 400 anos antes da idade do Kali Yuga o primeiro
ponto do seu Zodiaco coinddia com o equinodo da primavera, e que o Sol e a Lua

( 35 ) Isto 6, a estrela da Lira no 242 do 82 signo do Zodiaco ( o Escorpiao ) ,


ou a 2642 de longitude; e a estrela da Hidra no 72 gtau do 42 signo ( o Ctacer ) , ou
a 127 graus de longitude, a partir do ponto vernal .
375
Escola do Grande Orients Mistico

se achavam ali cm confungao. Hssa poca evidentemcnte


^ fictfcia ^; mas podemos
perguntar: de que ponto, de que poca partiram os Hindus para estabelecet o seu
^
Zomaco? Totnando os valores hindus para a revolugao do Sol e da Lua, isto
365 dias, 6 horas 12* 30 *, e 27 dias, 7 horas 43' 13 , temos:

=
20.400 revolugoes do Sol * 7.451,277d 2b
272724 revolugoes da Lua = 7.451.277d 2h

Tal e o resultado que se obtta partindo da epoca do Kali Yuga; e a afirmagSo


dos hindus, de que houve uma conjungao naquela ocasiao, esti baseada em suas tabuas;
mas se, usando os mesmos elementos, tomarmos como ponto de partida a era do ano
1491, ou outra situada no ano 1282 , da qual trataremos mais adiante, haver4 sempre
uma diferenga de um ou dais dias. ao mesrao tempo justo e natural que na verifi
cagao dos cakulos hindus se tomem aqueles dos seus elementos que dao D rne&noo resul-
-
tado por eles obtido, e que se adote como ponto de partida aquela de suas pocas que
permita chegar-se a epoca fktlcia fa mencionada , Coosequentemente; uma vez que
para fazer esse calculo devem ter partido de sua poca real, a que se baseava na
observagao, e nao era algutna outra derivada da primeira por ineio desse mesmo calculo,
conclui-se que a sua epoca real foi a do ano 3102 antes de nossa era,
8. Os brimanes de Tirvalur dao o movimento da Lua como de T 2 0 7 no
Zodiaco mdvel, c de 9 T 45' 1 em relagao ao equindcio durante um grande periodo
de 1 600 000 984 dias ou 4 386 anos e 94 dias. Cremos que este movimento foi deter-
miuado pela observagao, e devemos desde logo declarar que tal pedodo tem uma extcn
sao que o faz pouco apropriado para o calculo dos movimentos mddios.
-
Em seus calculus astroabmicos, ulilizam os hindus perfodos de 248, 3 031 e 12 372
dias ; mas estes periodos, apesar de muito curtos, nao oferecem os luconvenientes do
primeiro, e corresponded a um numero exato de revolugoes da Lua , relacionadas ao
.
seu apogeu Sao, na realidade, movimentos nkdios. O grande periodo de 1 600 984
dias nao represent a a soma de um certo numero de revolugoes; nao ha razao para que
se tomem 1 600 984 dias de prefer & nda a 1 600 985. Parece que so a observagao deve
ter inflmdo para fixar o numero de dias e marcar o comego e o im do periodo. Este
periodo. termina a 21 de maio de 1282 de nossa era, as 5 horas, 15 minutos e 30 segun-
dos de Benares. A Lua estava entao era seu apogeu, e sua longitude era, segimdo
o$ hindus :
de T 13 45* 1
Maier di a longitude como de T 13* 535 48
e situa o apogeu em 7* 14* 6r 54
A determinagao da posigao da Lua pelos bramanes, como se v, s6 difere da
nossa por nove minutos, e a do apogeu por vinte e dois minutos; e 6 evideitte que s6
pela observagao ter km chegado a um resultado tao conforme ao registrado em nossas
melhores tabuas, e obtido essa exatidao nas posigoes celestes. Se foi, portanto, a obser
-
vagao que fixou o termo do periodo, tudo faz crer que tambem lhe determinou o
comegq. Mas entao esse movimento, determinado diretamente, e tornado da Natureza,
deveria neeessatkmente guardar inteira conforraidade com os verdadeiros movimentos
dos corpos celestes.
E, com efeito ,o movimento Hindu durante esse longo periodo de 4 883 ones nao
difere nem um minuto do de Cassini , e est4 igualmente de acordo com o de Maier.
Assim, dois povos, os indknos e os europeus, localizados nos dois extremes do mundo,
e talvez distanciados tambem por suas instituigoes, obtiveram precisa mente os mesmos
resultados no tocante aos movimentos da Lua , acordo que seria inconcebfvel se os seus
dQculos nao estivessem baseados na observagao e na imitagao mdtua da Natureza.
Devemos observax que as tibuas Hindus, em numero de quatro, sao todas cdpias de

( 36 ) Os homens de cienda europeus nunca puderam expliear por que seria


fictlcia essa dpoca.

176
Escola do Grande Orients Mistico

uma so e mesfna Asttonotnia. Nao se pode negar que as tjfouas siamesas existiam em
1687 > quando as ttouxe da India o Sr De La Loubere.
, Naquele tempo nao ha via as
tdbuas de Cassini e de Maier, de modo que os hindus estavam ja deposse do movi-
jDento exato que neks veio a figurar, enquanto que n6s aiudi nao o tfnhamos 37 ,
Impoe-se, portanto, admitir que a exatidao do movimento hindu resultado da obser
va ao. fi elfe exato em todo aquele penodo de 4 383 anos, porque foi tornado do
-
^
proprio firtnamento; e se, a observa ao detetminou o seu termo, tambeui lhe deve ter
. ^
Etxsdo o iftjcio o penodo mais )ongo jd observudo e de que hi memdria cos anais
da Astronomia . Sua origem data da epoca do ano 3102 antes de Cristo, e temos a
uma significativa ptova da realidade dessa epoca.'

Detivemos-nos em tao extensa transcri ao de Bailly, por se ttatar de


^
urn dos raros homens de ciencia que procuraram fazer justi?a a Astronomia
dos drios. Desde John Bentley at o S&rya-Siddh&nta de Burgess, nenhum
astronomo se mostrou tao justo para com o povo mais sabio da antiguidade,
Por desfigurada e incompreendida que possa estar a Simbologia Hindu, nao
ha urn ocultista que deixe de reconhecer as verdades nela subjacentes, se
realmente sabe algo <hs Ci&ntias Secretsts ; nem que despreze a interpre-
ta ao metafisica e mistica dos hindus sobre o Zodiaco, ainda quando todas
^
( 37 ) O que se segue e uma resposta a os bomens de ri8ncia que porventura
acreditem haver sido a nossa Astronomia levad a para a India e transmitida aos hindus
.
pelos missionlrios: l A Astronomia hindu tem suas formas peculiares, caracterizadas
por sua ortginalidade; para ser a tradu o de nossa Astronomia, haverk de mister tun
^
conhedmcnto apurado e uma habiiidade extrema no dissimula o pligio, 2 * Ao adotar
o movimento medio da Lua, teriam eles tambdm adotado a inclinagSo da eclitica, a
equa ao do centro do Sol e a dura$ao do ano; estes elementos diferem por completo
^
dos nossos, e sao de uma precisao notivel sc relacionados i dpoca de 3102, ao passo
que estariam totalmente errados se houvessem sido calculados para o ultimo secqlo .
3 Finalmente , os nossos missioikrios nao poderiam ter comunicado aos hindus, em
1687 , as kbuas de Cassini , que entao nao existiam ; e s6 poderiam conhecer os movi
mentos m6dios de Tycho, Riccioli, Copernico, Bouillaud, Kepler, Longomontanus, e os
-
das tbuas de Alfonso, Aprcsentaiemos agora um quadro dos movimentos m6dios para
4 383 anos e 94 dias ( Ricdoli : Alwagy I , p. 253 ):
TABUA Movimento Difercnga
medio do hindu
a . hi m. h, m. s .
Alfonso
Cqp6rnico
9 7 2 47
9 6 2 13 0 42 14
1 42 48
Tycho .
Kepler
Longomontanus
Bouillaud
9 7 54 40
9 6 57 35
9 7 2 13
9 6 48 8

4* 0 9 39
0 47 26
0 42 48
0 58 55
Riccioli
Cassini
Hindus
9 1 53 57
9 7 44 11
9 7 45 1 + 0 8 56
0 0 50

Nenbum destes movimentos mddios, exceto o de Cassini, concorda com o dos


hindus. Estes, portanto, nao tomaram a ningudm os seus movimentos m6dios, pois
os seus numeros s<5 combinara com os de Cassini, cujas tlbuas nao existkm em 1887.
Assim, este movimento ra dio da Lua pertence aos hindus, que s<S o puderam obter por
^. .
via da observation ( Ibid , nota , pp XXXVI e XXXVII , )
( 38 ) Trait de VAstronomie Indiennt et Oriental* , de Bailly, pp. XX e s.,
edi$ao de 1787.
)77
Escola do Grande Oriente Mistico

as pl&'ades das Sociedades Reais de Astronomia se levantem em armas contra


a demonstragao matematica que eles apresentam.
A descida e a ascensao da Monada ou Alma nao pode ser separada
dos signos zodiacais, e parece mais natural, no senlido da propriedade das
coisas, crer na existencia de uma misteriosa simpatia entre a Alma meta
fislca e as brilhantes constela oes, e na influencia destas sobre aquela, do
-
^
que na absurda idfia de que os criadores do Ceu e da Terra hajam colocado
nos ceus os tipos de doze judeus viciosos. E se, como afirtna o autor de
The Gnostics and their Remains , o objetivo de todas as escolas gnosticas
e das escolas platonicas poster lores
"era conciJiar a fe antiga com a influencia da teosofia budista, cuja essencia mfsma
consistia cm nao considerar os numerosos deuses da mitologia hindu sen So como nomes
dados &S Energias da Primeira Triade, em seus sucessivos Avatares ou cianifestafoes
para o homem ,

onde mellior poderiamos investigar os tra os dessas ideias teosdficas, inclu-


^
sive a sua origem , senao reeorrendo & antiga sabedoria hindu ? Repetimos:
o Ocultismo arcaico permaneceria incompreensivel para todo o mundo, se
cuidassemos de exprimi-lo por outro modo que nao pelos mdtodos mais
familiares do Budismo e do Indulsmo. Porque o primeiro e a emanate
do ultimo ; e ambos sao filhos da mesma mae : a Antiga Sabedoria Lemuro
-Atlante.
-

)78
Escola do Grande Orients Mistico

SECAO XVII
RESUMO DA SITUAgAO

TENDO SIDO apresentados ao leitor os dois aspectos da questao, a ele


cabe decidir se o con junto se most ra ou nao favoravel aos nossos pontos
de vista , Se existe na Natureza algo que se possa chamar um vacuo, deve
-
este encontrar se ( segundo a lei fisica ) nas mentes dos incautos admira-
dores daqueles lumi nates ' da Ciencia que passam o tempo destruindo os
5

ensinamentos uns dos outros. Se alguma vez teve aplicagao a teoria de que
duas luzes produzem obscuridade , te4o-a sido neste caso, em que uma
metade dos luminares impoe suas formas e "modos de movimento


crenga dos fids , e a outra metade Ihes ignora ate mesmo a existencia .
liter, Materia e Energia eis a sagrada trindade hipostatica, os tres
principios do Deus verdadeiramente desconbeado da Ciencia , que Ihe da
o name de NATUREZA pfsiCA .
A Teologia e criticada e ridicularizada por crer na uniao de tres pessoas
em uma Divindade superior
um so Deus quanto a substancia, tres
pessoas quanto a individualidade. E riem de nds por aereditarmos em dou-
trinas nao provadas e improvaveis, em Anjos e Demonics, em Deuses e
Espiritos. Com efeito, o que deu a vitdria a Ciencia sobre a Teologia no
grande Conflito entre a Aeligiao e a Ciencia foi precisamente o argumento
de que nem a identidade daquela substancia nem a triplice personalidade
proclamada depois de concebidas, inventsdas e ekboradas nas profun-
dezas da consriencia teologica

podiam ser comprovadas por qualquer

dos nossos sentidos. A Religiao tem que pereeer


( dizem

processo indutivo de radocinio cientffico, e ainda menos pelo testemunho
porque ensb
na misterios , < 0 misterio e a negagao do sense comum , e a Ciencia o
55

repele. Segundo o Sr . Tyndall , a metaftsica e uma fiegao5 *, tal qual a


poesia , O homem de ciencia nada aceita em confianga , e rejeita tudo
o que nao se prova , ao passo que o tedlogo tudo admite pela f6 cega .
O te6sofo e o ocultista , que em cada confiam, nem mesmo na Ciencia
exatat o espiritista , que nega os dogmas, mas cr em espiritos e em injluSn
cias invisweis e poderasas , sao todos englobados no mesmo desprezo. Pois
-
bem ; o que nos resta a fazer examinar pela ultima vez se a Ci&nria exata
nao se comporta precisamente do mesmo modo que a Teosofia, o Espiri-
tismo e a Teologia.

379
Escola do Grande Oriente Mistico

Em um livro do Sr. S. Laing, Modern Science and Modern Thought ,


considersdo como obra mestra em ciencia, e cujo autor, segundo ardgo elo
gioso do Times^ expoe em termos incisivos e admirdveis as imensas desco-
bertas no campo da Ciencia, e suas grandes vitorias sobre as opinioes anti
gas, sempre que estas ousaram desafiardhe as conclusoes , lemos o seguinte:
-
De que e composto o universo material ? De Eter , Materia c Energia.

Aqui interrompemos para perguntar: Que 6 o fiter ? E o Sr . Laing


responde em nome da Ciencia:
O Eter, ainda nao o conhecemos por nenhuma experi6ncia que esteja ao alcance
dos nossos sentidos ; mas 6 uma especie de subst &ncia maternaltica que temos neces
sidade de admitii a fim de podermos explicit os fen&nenos da luz e do c o l o r 1
-
E que e a Materia ? Tcndes, a seu respeito, melhor informagao que
sobre aquele hipot& ico agente, o Eter ?
Estritamente falando, e verdade que as pesquisas quf micas nada nos podem
dizer diretamente sobre a composigao da materia viva , e . . . e igualmente verdade que
nada sabemos a respeito da composigao de nenhuna corpo - [ material ] , qualquer que
ja.M 2

E a Energia ?Com certeza podeis definir a terceira pessoa da Trin


dade do nosso Uni verso Material ? Podemosencontrar a resposta em quab
-
quer corm>endio de Fisica :
A Energia e uma coisa que so conbecemos pelos seus efeitos.

Sol ici tamos melbor explicacao, porque isso 6 bast ante vago,
"[ Em mecanica ba a energia atual e a energia potential : o trabalho que se
executa , e a capacidade de executa-lo. Quanto a natureza da Energia molecular ou das
Formas], os varies fenomenos apresent dos pelos cotpos mostram que suas mol eulas
^
sofrem a influ6 ncia de duas formas contrarias : uma que tende a uni-las, e outra^ a
separi-las , , , A prime!ra forga chama-se atra ao molecular . . . a segnnda e devida a
vis viva ou forga irapulsiva .
3 ^
Precisamente: 6 a natureza desta for$a impulsive, deSta vis viva, o
que desejamos conhecer, Qqe 6 ?

da minha imaginacao

NAO o SABEMOS"' tal 6 a resposta invatiavel . E uma sombra vazia
explica o Sr . Huxley em sua Physical Basis of Life.
De modo que todo o edifido da Ciencia Moderna esta construido sobre
uma especie de abstra ao matemitica , sobre uma Substancia prot&ca
^
que elude os sentfdos ( Dubois Reymond ) , e sobre efeitos, o fogo fatuo -
opaco e ilusdrio de algo com pie tamente desconhecido e fora do alcance da
Ciencia . AtomOs que se movem por si mesmos!" Sois, Planetas e Estre -
( 1) Cap. Ill , 'On Matter , p . 51,
(2) Lecture on Protoplasm, pelo Sr. Huxley
(3) Physics , de Ganot, p 73, tradugao de Atkinson .
,
"

380
Escola do Grande Orients Mistico

las do tados de automovimentof Mas, afinal , quem ou o que sao eles, para
se moverem assim por conta propria ? E por que, entao, vos , os fisicos,
haveis de rir do nosso Arqueu de movimenro pzoprio ? A Cidnria xcpugna
o mistcrio * que despreza , mas, como disse com muita verdade o Padre F lix,
^
"Ela cao pode escapar dele , O mist&io 6 a fat&tidade da Gfincia,

Subscrevemos as palavras do pregador francos , que foram por nds


citadas em Isis sem V &u .
Quem de v6s, horaens de ciencia
pergunta ele

-
foi capaz de penetrar o
segredo da formapio de um corpo, da gerapio de om so Homo? Que 6 que ha, ji
TIRO dire! no centre? de um sol, mas no centre de um atotno? Quem sondou as profun-
dezas do abismo de um grao de areia? O grao de areia, senhores, foi estudado pela
ciencia durante fnilhares de anos ; ela o virou e revirou; ela o divide e subdivide; ela
o atormenta com suas expetiencias, e o can &a com suas perguntas, para lhe arrancar a
.
ultima palavra acerca de sua const!tui ao seereta e o jQterfoga com insaci vel curiosi
^ ^ -
dade: -
Seri predso dividir te at6 ao infinito? E logo, suspensa sobte esse abismo,
-
a Ciencia vacila , tropega, sente se ofuscada, preta de vertigem, e em seu desespero
exdama: NXO SEI.
Se sois assim completamente Jgnorantes quanto & genese e & natureza ocuJta de
um grao de areia , como vos ser possivel ter a intuicao da origem de um unico ser
vivo ? De onde procede a vida deste ser ? Onde come a ? Que 6 o principle da
vida ? 4 ^
Negam os homens de ciencia o fundamento desta critica? Decerto
que nao; eis uma confissao de Tyndall , que prova quao impotente 6 a
Ciencia, inclusive no mundo da Materia:
A primeira combinacSo dos tomos, da qual depende toda a ao subseqiiente,
^
desafia um poder mais penetrante que o do microsodpio. , , Em tazao mesmo de sua
complexidade excessiva, e muito antes que a observa ao possa ter voto na materia ,
^
a inteligenda mais aguda, a imagina ao mais sutil e disciplinada , retrocedem , confusas,
^
ante a contempla ao do problema . Um assombro, que nenbum microscopio d capaz
^
de impedir, nos faz emudecer ; e nao so duviciamos do poder de nossos instmmentos,
mas flinda nos perguti tamos se nos proprios dispomos de elementos intelectuats que
nos permitam chegar um dia a compreensao das ultimas energias estruturais da Natureza .

Htf muitos anos , realmente , que ja se vem observando quao pouco se


conhece o Universo material , conforme o confessam estes mesmos homens
de ciencia , E alguns materialistas vao hoje ao ponto de suprimir o fiter

- ou como quer que a Ciencia nomeie a Substancia infinita , cujo Numeno


os budistas chamam Scabhavat
e tambem o atomo , ambos perigosos em
demasia , por causa de suas antigas implicates filosdficas e das atuais
cristas e teoldgicas , Desde 05 primeiro filosofos, cujas . tradi oes passaratn
a posteridade , atd a nossa epoca presente
a qual , negando embora a^
existencia de seres invisfveis no espa o, nao chega ate a ins nia de negar
a de um 'Plenum qualquer ^
a Plenitude do Universo foi sempre uma ^
( 4 ) Veja o voi. I, pp 538-339, cite ao de Le Mysttre et la Science , Conferen-
,

cias do Padre Felix de Notre-Dame. ^


381
f

Escola do Grande Oriente Mistico

crenga aceita. E quanto ao que nele se contem, eis o que nos ensina Hermes
Trismegisto ( segundo a hdbil interpretagao da Dra . Anna Kingsford ) :
No que respeita ao vacuo . . . considero que nao existe, nunca existiu , nem
jamais existira ; pois todas as diferentes partes ao Universo estao cheias, da mesraa
forma que tambem a Terra esta completa e cheia de corpos, com as suas diferengas
qualitativas e morfoldgicas; corpas que t m as suas espddes e os seus t&raanbos ; uns
maiores, outros menores, uns sdlidos, outros tenues. Os maiores . . . sao percebidos
com farilidade; os meDores . . . sao diflceis de perceber ou de todo invisiveis Sd
sabemos de sua existenda pelas sensagoes que nos causam, e por isso muitas pessoas
.
negam que tais entidades sejam corpos, considerando-o$ como meros espagos 5; mas 6
impossivel que baja tais espagos , Porque se efetivamente houvesse algo fora do
Universo. , . seria entao um espago ocupado por seres inteJigentes, semdhantes sua
divbdade [a do Universo] ... Quero referir-me aos genios, pois afirmo que moram
conosco, e os herois, que moram arima de nds, entre a terra e a atmosfera superior,
ali onde nao ha nuvens nem ha tempestades. 6

E tambdm n6s o afirmamos . Apenas, como ja tivemos ocasiao de


observar , nenhum Iniciado oriental falaria de esferas acima de n6s entre 3

a terra e a atmosfera , nem ainda de esferas mais altas , pois a ILnguagem


ocultista nao comporta semelhante divisao on medida , nao havendo nenhum
acima ou abaixo , senao um eterno dentro, dentro de outros dots de dentro,
ou os pianos da subjetividade f undindo-se gradualmente no da objetividade
terrestre, que para o homem e o ultimo, o seu prdprio piano. Podemos
concluir esta explicagao necessdria expondo, com as palavras de Hermes,
a crenga de todos os mfs ticos do mundo reJativamente a este ponto par-
ticular :
"Ha muitas ordens de Deuses, e em todas existe uma parte inteligfvel , Nao se
deve supor que eles nao este jam ao alcance dos nossos sentidos ; pdo contrario, n6s os
..
percebcmos ainda meihor do que as coisas chamadas visfveis. Hi, pois, Dcuses supe-
rior es a todas as aparencias ; depots deles vm os Deuses cujo prindpio <5 espMtual;
sendo scnsiveis estes Deuses, consoante a sua origem dupla, manifestam todas as coisas
de um modo sensfvel, cada um deles iluminando suas obras umas pelas outras 7.
O Ser supremo do cdu , ou de tudo o que se compteende por este nome, 6 Zeus, pois
6 por meio do cdu que Zeus da vida a todas as coisas. O Ser supremo do sol 6 a luz,
pots e por meio do disco solar que recebemos o beneflcio da luz. Os trinta e sets
hotoscopos das estrelas fixas tm por Ser supremo ou Principe aquele cujo nome 6
Pantomorpbos , o que possui todas as formas, porque da formas divinas a tipos diversos.
Os sete planetas ou esferas ernntes t m por E spirit os supremos a Fortuna c o Destino,
que mantem a eterna esubilidade das Ids da Natureza atrav s da transformagao inces-
^
( 5 ) Vemos aqui a obra dos Ciclos e o seu periodico retomo! Os que negavam
<
que tais "Entidades Forga$ ) fossem corpos , e os chamavam "Espagos , eram os prot6
tipos do nosso publico moderno hipootizado pela ciencia , e de seus mestres ofldais,
-
que falam das Forgas da Natureza como energia imponderaveJ da Matfria e modos de
movimento, e. sem embargo, constderam a eletricidade tao atdmica quanto a propria
Materia ( Helmholtz ) , A inconsequncia e a contradi c reinam tanto na cifinda
oflcial como na heterodoxa . ^
( 6 ) The Virgin of the Worldy de Hermes Mercxirio Trismegisto, tradugao inglesa
da Dra , Anna Kingsford e Dr. Edward Maitland , pp. 83 e 84 .
( 7 ) "Hermes inclui aqui, entre os Deuses, as Forgas sensiveis da Natureza , os
elementos e os fendmenos do Untverso , observa mui corretamente a Dra . Anna Kings-
0

ford em uma nota esclarecedora. O mesmo faz a Filosofia Oriental .


182
Escola do Grande Oriente Mistico

saute e da perp tua agitagao. O 6ter 6 o instnuaenro ou meio pdo qual tudo sc
.
produz ^
Sao conceitos puramente filosoficos e que se hamonizam com o cspi-
rito do Esoterismo oriental, uma vez que todas as Forgas, como a buz ,
o Calor, a Eletricidade, etc., sao chamadas Deuses
esotericamerire. :
Assim deve ser realmente, pois os Ensinamentos Esotericos eram iden-
ticos na India e no Egito. Dai por que a personificagao de Fohat, sinte
tizando todas as Forgas que se manifest am na Natureza, e um consectdrio
-
legftimo. Demais, como adiante mostraremos, as verdadeiras Forgas Ocul
tas da Natureza so agora comegam a ser conhecidas, ainda assim pela cien-
-
cia heterodoxa, nao pela ortodoxa ^, muito embora sua existfencia, em um
caso pelo menos, seja corroborada e atestada por um numero consideravel
de pessoas cultas, e at por alguns ciemistas oficiais.
Al6m disso, a declaragao contida na Estancia VI
de que Fohat poe
em movimento os Germes primordiais do Mundo, ou o agregado dos
Atomos Cosmicos e da Materia, uns nesta diregao, outros naquela , a
diregao oposta
tal declaragao parece bastante ortodoxa e cientifica. H ,
em todo caso, para apoiar esta opiniao, um fa to perfei lamente reconhecido
pela Genoa, e o seguinte: as chuvas de meteoros, periodicas em novem-
^
bro e agosto, fazem parte de um sistema que se move ao redor do Sol
segundo uma 6rbita eliptica. O af 61io deste anel se acha a 11 732 milhoes
de milhas alem da drbita de Netuno, o $eu piano 6 inclinado sobre a
drbita da Terra em um angulo de 64 V e a diregao do enxame de meteoros,
3

que se move ao redor dessa drbita, e contraria a da revolugao da Terra.


Tal fato, so reconhecido em 1833, representa como que a redescoberta
moderna do que j 5 era sabido nos tempos antigos. Fohat faz girar com
suas duas maos, em scntidos opostos, a semente e os ^ coigulos*', ou
Materia Cdsmica; mais claramente, faz girar particulas de extrema tenuidade,
e nebulosas .
Alem dos limites do Sistema Solar, ha outros S6is, e espedalmente
o misterioso Sol Central
por vezes o tern chamado

a Mansao da Divindade Invisivel , como
, que determinam o movimento e a diregao
dos corpos. Esse movimento serve ainda para diferenciar a Matdria homo-
genea, ao redor dos diversos corpos e entre eles, em Elementos e Subele-
mentos desconhecidos em nossa Terra, sendo estes consider a dos pela Cincia
moderna como Elementos distintos individuals, quando nao passam de
aparencias tempordrias, que mudam em cada pequeno ciclo dentro o Man
vantara e que as obras esotericas denominam Mascaras Kalpicas'\
-
Fohat, em Ocultismo, a chave que abre e decifra os sfmbolos e
alegorias multiformes da chamada mitologia de cada nagao; que demonstra
a maravilhosa Filosofia e o profundo conhecimento dos misterios da Natu-
reza , que encerram as religioes dos egipcios e dos caideuft, assim como a
dos arianos . Fohat , visto sob o seu verdadeiro aspecto, mostra como todas

( 8) Ibid., pp. 64 e 65.


(9) Veja-se tambem a SegSo IX, a forga futuraM.
38 }
f

Escola do Grande Orients Mistico

essas na oes pr-hist6ricas eratn sumamente versadas em cada mna das


^
Cienrias da Natureza , que agora correspondent aos ramos de ffsica e
qufmica da Filosofia Natural. Na India, Fohat 6 o aspecto cientffico de
Vishnu e de Indra, sendo este riltimo mats aotigo e mais importance no
Rig Veda que o seu sucesscr sectdrio; enquanto que , no Egito, Fohat era
conhecido pelo nome de Turn , natsddo de Nut 10, ou Osiris em seu cariter
de Deus primordial , criador dos cus e dos seres 11. Porque se fala de
Turn corno um Deus Proteico que gera outrot Deuses e assume a forma
que lhe apraz ; o Senhor da Vida'* , que confere aos Deuses o seu vigor 12.
E o dirigente dos Deuses, e o que cria os esplritos e lhes di a forma e a
vida ; 6 o "Vento do Norte' e o Esplrito do Ocidente ; e, finalmente,
7

o Sol Poente da Vida'7, ou a forya el trica vital que abandona o corpo


^
por ocasiao da morte ; razao por que o Defunto pede a Turn que lhe de
o sopro de sua narina diretta ( eletricidade positiva ) , para poder viver em
sua segurtda forma . Tanto o desenho como o texto do capltulo XLII do
Livro dos Mortos revelam a idenridade de Turn com Fohat. O primeiro
representa um homem de pe , com o hieroglifo dos sopros nas maos. Diz
o texto:
Eu me abro ao chefe de An ( Heliopolis ) , Eu cru2o a gua derramada por
- ^
Thot Hapi, o senbor do homonte, e sou o que divide a Terra '" [Fohat divide o Espa o,
e, com seus Filhos, a Terra em sete zonas] , . . ^
Eu cruzo os c us; sou os dois Leoes. Eu sou Ra, sou Aam; eu devoro o meu
berdeito 13 . . . Eu deslizo sobre o solo do campo de Aanru 14, que me foi dado pelo
senbor da temidade sem limites. Eu sou um germe da eternidade. Sou Turn, a quem
a eternidade foi concedida.

Sao as mesmas paiavras usadas por Fohat no Livro XI , e os mesmos


titulos que lhe deram. Nos Papiros egipcios toda a DOUTRINA SECRETA

( 10 ) Turn, 6 Turn! nascido da grande [ f mea] que est DO seio das guas
[o grande Oceano on Espa oJ , luroinoso atrav s dos dois Ledes", a For a dual on
^, ^ ^ -
poder dos dois olhos solares ou as formas eletro-positiva e eletco- negativa. Veja se o
Livro dos Mortos, III>
( 11 ) Veja-se o Livro dos Mortos> XVII.
( 12 ) Cap. LXXIX.
( 13 ) Imagem que expiime a sucessao das fun oes divinas, a transmuta ao de
^ ^
uma for$a em. outra , on a correlacao das foi as. Aam e a forma eletro-positiva, que
devor todas as outras, como Saturno devorou ^ sua progenie.
( 14 ) Aaniu , no dominio de Osiris, e um campo divldido em quatorze se oes,
rodeado por uma cerca de }errot e dentro do qual cresce o grao da vida com sete ^
covados de altura , o Kama-Loka dos egipcios. Entre os mottos, s6 aqueles que
conhecem os nomes dos sete portdros dos sets vestibulos serao admitidos no
Amend para serffpre ; is to e, os que passaram peJas Sete Ragas de cada Ronda
outro modo ficariam nos campos inferiores ) isso tamb m represents os sete sucessivos
^
Devachatis ou Lokas. No Amentl o homem se confer te em espirito pure para a eter-
de

nidade ( XXX, 4 ), ao passo que no Aamu a alma do espirito "', ou o Defunto, e a


todo instan te devorada por Uweus
a Serpen te, Filba da Terra ( em outro seotido,
os princlpios vitais primordiais do Sol ), ou seja, o Corpo Astral do Defunto, ou o
Elementirio , se dissolve e desaparece no Filho da Terra "', o tempo Vmitado. A
alma abandona os campos do Aanru e vai para a Terra sob alguma forma que deseje
assutnir ( veja-se o Livro dos Mortos, XCIX ).

384
Escola do Grande Oriente Mistico

se encontra esparsa em sentengas isoladas, inclusive no Livro dos Mortos.


Vi - se ali o numero sete tao amiude e com tanta enfase como no LIVRO DE
DZYAN. "A Grande Agua ( o Abismo ou Caos ) diz-se que tem sete c&vados
de profundidade
a palavra 'covados devendo aqui significar divisoes,
zonas e principios. Ali, ' na Grande Mae, nascem todos os Deuses e os
Sete Seres das Sete Formas Magicas que venceram a Serpente Apap ou
a Matdria 15 <

Nenhum estudante de Ocultismo, porem , deve set induzido em erro


quanto as expressoes habitualmente usadas nas tradugoes dos Livros Her
m ticos, e crer que os amigos egipcios ou gregos fizessem alusao, a todo
-
^
momento , em sua conversagao, como o fazem os monges, a um Ser Supremo,
Deus, o " Pal iJnico e Criador de todas as coisas , etc., conforme se li em
cada uma das paginas daquelas tradugoes. Nada ha via de parecido, em
verdade; e esses textos riao sao os textos originals egipcios Sao compi-
lagoes gregas , a mais antiga das quais nao remonta alm do primeiro

como se pode ver pelo Livro dos Mortos



perfodo do Neo-Platonismo, Nenhum livro hermetico escrito por egipcios
falaria de um Deus unico
universal como o dos sistemas monotelstas; a unica Causa Absoluta de
tudo era tao inominavel e impronunci vel na mente do antigo fil6sofo do
^
Egito quanto e para sempre Incognoscivel no conceito do Sr. Herbert
Spencer Quanto aos egipcios em geral, como bem observa o Sr. Maspero,
desde que
alcangavam a nogSo da Unidade divina , o Deus Unico nunca era simplesmente 'Deus* .
O Sr. Lepage-Renouf explicou mui acertadamente que o termo Noutir Noun, 'Deus\
jamais deixou de ser um nome gen&rico para set um nome pessoal

Para eles , cack Deus era um Deus unico e vivente . O seu


era geogr tico . Se o egfpcio de Menfis proclamava a Unidade
'monoteismo puramente
^
de Phtah com exclusao de Ammon., o egipdo de Tebas proclama a Unidade de Amnion
com exclusao de Phtah [ tal como agora ocorre na India no caso dos Shaivas e dos
Vaishnavas ]. Ra , o ' Deus Unico de Heliopolis, nao Osiris, o 'Deus Unico* de
Abidos , e pode ser adorado juntamecte com este, sem que seja por ele absorvido. O
Deus Unico nao 6 senao o Deus do nomo ou da ddade , Noutir Nouti , e nao exclui
a exist ncia do Deus Unico do nomo ou cidade vizinha . Em suma , sempre que fala-
mos do Monotdsmo egipcio, devemos falar dos Deuses Unicos do Egito, e nao do
Deus Unico . *6

Por essa caracterfstica , eminentemente egipcia , e que se deve testar


da autenticidade dos chamados Livros Hermeticos; e ela se acha ausente
por complete nos fragmentos gregos conhecidos sob este nome. Prova de
que a edigao dess as obras sofreu nao pequenas influencia dos neo-plat<>
essncia ali est , e em muitos lugares

nicos gregos e talvez dos cristaos . Sem ddvida que a Filosofia em sua
intacta. Mas o estilo foi alterado
e ajustado a um sentido monotelsta, tamo, senao mais, quanto o texto
hebreu do Genesis em suas tradug5es grega e latina, possfvel que sejam

( 15 ) -
Veja se o Livro dos Mortos , CVIII , 4.
( 16 ) Maspero, Guide au Musie de Boulag , p . 152 ( 18S3 ) .

}85
Escola do Grande Orients Mistico

obras hermeticas, mas nao obras escritas por utn dos dois Hermes
melhor, por Tboi Hermes, a Inteligencia diretora do Universo 17 ou por
Thot , sua encarna ao terrena chamada Trismegisto, da pedra de Roseta.
ou

Tudo, porem ,^ e duvida, nega$ap, iconoclastia e brutal indiferenca, em
nossa dpoca, que conta Lima centena de i&mos c nehuma religiao. Todos
os idolos sao destruidos, exceto o Bezerro de Ouro,
Infelizmente, as na oes, como os individuos, nao podem escapar ao
seu destino. A prdpria^ Histdria tratada pelos chamados historiadores
com t5o pouco escrupulo como a ttadi ao legeadaria. Por esse motivo,
Augustin Thierry fez amende honorable ^( se podemos crer em seus bidgra -
fos ) Deplorava os principles erroneos que levaram todos os soi-disant
historiadores a se extraviarem, fazendo com que cada pretendesse estar
corrigindo a tradipao, esta vox- populi que em nove casos sobre dez e a
%
vox-Def ' , e finalmente reconhecia que 6 na lenda que re encontra a histdria
verdadeira
*


pois acrescenta ele ;
/'A lenda e a tradi ao
o que chamamos histdria, ^ viva,
ld
e ti & vezes sob re quatro mms verdadeira do que

Enquanto os materialist as negam tudo no Universe, menos a Maidria,


os arquedlogos tratam de amesquinhar a antiguidade e destruir todas as
afirma$5es da Antiga Sabedoria, falseando a cronologia. Os nossos atuais
orientalistas e historiadores sao, para a Histdria antiga, o que as formigas
brancas sao para as construes na India. Mais perigosos ainda que as
tdrmites , os arquedlogos modernos
respeita a Histdria Universal

as autoridades do future no que
querem dat a histdria das na oes passadas
o mesmo destino de certos ediftcios nos paises tropicais. Como disse
Michelet,
^
A Histdria ruira por terra e ficari reduzida a p6 no correr do sdculo XX , devo
rada atd os seus alicerces pelos que lhe escrevem os aoais.
-
Muito cedo, cm verdade, por obra dos esforgos conjugados desses
historiadores, partilhara o destino daquelas cidades em ruinas das duas
Americas, que jazem profundament* soterradas sob mtransitrfveis matas
virgens , Os fatos historicos ficarao ocultos a vista pel as selvas impene -
tr veis das hipoteses modemas, do negativismo e do cepricismo. Mas, por
^
felidckde, a Histdria real se repete, uma vez que precede por ciclos; e fatos
-
mortos e acontecimentos deliberadamente afogados no mar do cepticismo
de nossos dias voltarao a ton a e reaparecerao mais uma vez.
Nos volumes III e IV, a circuastancia mesma de que uma obra com
pretensoes de filosofica , e que ao mesmo tempo uma exposi ao de pro
blemas os mais abstrusos, deva come ar por descrever a evolu ao da huma- ^ -
^
nidade a partir dos que sao considerados como seres sobrenaturais ^

Espiritos > iri provocar as mais violentas criticas. Mas as crentes e os

( 17 ) Veja-se o Uvro dos Mortos, XCIV.


( 18 ) Revue des Deux Mondes , 1865, pp. 157 e 158.

386
Escola do Grande Oriente Mistico

defensores da DOUTRINA SECRETA terao de sapor tar a acusa ao de serem


^
Ioucos e de eoisa ainda pior > tao filosoficamente como ja o fez a autora
por longos anos. Toda vez que uni teosofista seja tackado de louco, deve
responder citando as Cartas Persas de Montesquieu:
Os homcns , ao abrir com tanta facilidadc os seus manic mios aos supostos Jou-
^
cos , nao cuidam senao de dar uns aos outros a seguran a de que eles pr prios nao
estejam Ioucos ^ ^

387
f

Escola do Grande Oriente Mistico

NOTAS ADICIONAIS

Sipbra Dzenioutha, p. 58.


On Siphra Dtzenioutha, ou Spra Dtzniovtha, o Livro do Mist&io Oculto
ou do equilibria da balan a , Na Kabbala Denudata, ou A Kabbalah Sem
^
Viuj de S. L. MacGregor Mathers, constam os livros do Zohar : l . o Livro
do Misterio Oculto; 2 , a Santa Assembl&a Maior ; 3. a Santa Assembl&a
Menor ; traduzidos para o ingles da versao latina de Knorr von Rosenroth ,
e comparados com o texto original caldeu e hebreu. Veja-se a A DOUTRINA
SECRETA, vol. I, p. I l l , e voL II, p. 138.

Sapta Samudra, p 72. .


Estes sete oceanos correspondem aos sete Prdtilos mencionados alhures
em A DOUTRINA SECRETA. Sao o Mahat homogeneo, AhajtnkSra e cinco
Tanm tras ou rudimentos.
^
Pradhdna e uma Causa de ordem inferior a Brahma, p. 109, nota 5.
Veja-se a p. 233. Onde se diz: Brahma foi entao criado ( ? ) , por
que era identificado com Mahat .
Este ultimo esta confotme o ensina -
-
mento hindu ,
VySkritis, p. 204 , nota 20.
A palavra devia ser Vyihritis, que signifies elocuyao . As tres pala-
vras Bhuh , Bhuvah e Svah { ou Suvah ) sao repetidas pelos brSmanes quando
cumprem o sandhyi, o culto e as or agoes ditfrias.
O Valor do termo Corvo, p. 221.
Sendo de 355/113 o valor atribufdo a iz , o da circunferencia e 355 e
o do diametro 113. Ora, se o drculo for dividido em seis partes, e cada
uma destas por seis, o drculo conteri 355 X 6 ou 2 130 partes, ou seja:
213 / 0. Ainda , se o drculo for dividido por seis diametros, ou em doze
partes como acima , e estas divididas por seis, teremos 355 X 12 , ou 4 260
partes, ou 426 /0, ou 213 X 2 .
a Luz um corpo ou ndo?\ p. 9.y

Os rientistas agora respondetn que a luz e ambas as coisas.

389
Escola do Grande Oriente Mistico

Sir Isaac Newton , p. 29, etc.


Hoje se da pleno credito a Sir Isaac Newton, por suas inspiradas
suposi oes .
^
Se$ao TV , p. 38 .
A maioria parte das reorias dentificas examinadas nesta Se ao passaram
hoje a ser obsoletas. ^
Segdo TV , p. 38.
As ideias modernas expastas em The New Conceptions of Matter por
C. G. Darwin respondent a esta Se ao,
^
A . . . Luz , da qual um polo 4 Espirito puro , . . e o outro p61o . ..
Materia , em que aquele se condensa, cristalizando-se em tipos cada vez

mais grosseiros , k medida que desse na manifestacao
tambem a substancialidade das chamadas Formas
p, 58,
p. 7. Veja-se

Exprcssoes como essas sao muitos significativas, k vista das idias


modernas sobre a permutabilidade dos quanta de luz ou energia, e sobre
a unidade da materia ,
-
Compare se com The New Conceptions of Matter de C, G. Darwin.

As Qudidades do Sam , p. 94.


A ordem devia ser: Shadja , 2. Rishaba , 3. Gandhara , 4. Madhya-
ma, 5, Panchama, 6. Dhaivata , 7. Nishada. A escala indiana 4: Sa,-
- Re, -Ga , -Ma, -Pa , -Dha, -Ni que, com exce ao de
^
Sa, sao as letras iniciais das palavras acima. Em sstnscrito, Sa ( etc. ) 4 uma
letra, assim:
A Lei Periddica, p. 120.
O diagrams mais comumente usado nao apresenta nem pndulo nem
lemniscata , Ha , porem , uma forma conhecida como a espiral logaritmica
de JohnsomStoney forma que foi adotada pelo Sr. C. Jinarajadasa em
sua nova edi ao ( a de 1938 ) de First Principles of Theosophy ( Funda -
^
ment os de TeoSofia ' ) .

^
Diz ela , por exemplo

A defini ao de 6 tomos da Sra. Blavatsky deve Hear bem esdarecida ,
p. 148 : Atomos e Almas eram sinonimos . ,
Compare se com o novo livro do Dr. Arundale, Symbolic Yoga.
-
.
--
A Quimica reencamar se d como a Nova Alqutmia ou Metaquimica , p. 231.
Veja-se The Newer Alchemy , de Sir E. Rutheford.

OBSERVA AO: AS notas acima foram proporcionadas por estudantes assim


^
do Oriente como do Oddente. ( Da Edi ao de Adyar. )
^
390
f

Escola do Grande Oriente Mistico

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A Sr. Blavatsky se refere freqiientemente a Des Esprits ( 6 Tomos ) ,
do Marques de Mirville; e induiu em A DOUTRINA SECRETA , em muitos casos,
refer ncias e transcrigoes que se encontram naquela obra. No presente volu-
-
me, podem se ver as seguintes:
Terre et del , Reynaud, Des Esprits , tomo II, p. XXIII; Achaica, Pausanias,
III , 284 5 ; Astronomie Ancienne , IV, p. 41; Astronomie Antique, IV,
-
p . 53; History Persia, Malcolm, IV, p. 54; Egypte Moderne , Cham
pollion , IV, p. 11; Kabbala Denudata, IV, p. 154; Origine des Cubes,
-
Dupuis, IV, p. 61 ; Stromata, Clemens Alexandrinus, IV, p. 28; Tem
ple de Jerusalem, IV, p. 58; Vie de Noire Seigneur, IV, p. 67.
-
Outras referencias de Des E sprits foram tambem incluidas em A DOU-
TRINA SECRETA, mas sem a indicagao das respectivas citagoes a saber:
Des Esprits , Tomo II.
Revue des Deux Monies; Panorama des Mondes, Le Couturier; De Prin -
cipiis , citado por Herschel; Philosophic Naturelle; Musee des Sciences;
Estrabao; Maury; De Mysteriis /Egypt. JSmbltco ; Introduction des
Mysteres ; Creuzer ; Zobar; Kabbala; Franck ; Nahathean Agriculture;
Anndes de Philosophie Chretienne ,
Des Esprits , Tomo III.
Eusebius; Odyssey; VHistoire Phenicienne ; Sancboniaton; Journal des
Savants; Phoenizer, Movers ; Histoire de la Hagie , tradugao de
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