Mostrar mensagens com a etiqueta Símbolos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Símbolos. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Chaves de Uma Comemoração

Pareceria impossível de explicar a razão pela qual uma França orgulhosa faz de uma insubordinação e arruaça em que partes de si se combateram a Festa Nacional. Esta costuma ser, nos países mais sãos, reservada a data de afirmação da independência contra ameaças estrangeiras, não assente e lutas intestinas; mas há um pormenor esquecido que pode explicar. A populaça que tomou a Bastilha, desejosa de substituir um cárcere com sete prisioneiros por masmorras em que milhares transitassem, a caminho da lâmina e do cesto, ofertou ao seu agitador-mor, Santerre, as chaves da famosa prisão, de que a família conservou a posse por quase dois séculos, até que as doou a museu conectado. O contemplado era apenas empregável em excitar ânimos já de si exarcebados, como reafirmaria no tristemente célebre massacre dos Suíços, em que novamente incitou à matança. Feito general, portou-se muito mal na Vendeia e foi acusado por Robespierre de... Monárquico, ele a quem tinha sido confiado o cargo de carcereiro do Rei condenado.
É neste episódio que encontro a simbologia maior do êxito da Revolução e da continuidade do seu festejo, guindada a gigantesca parada de feriado - os motins como pressa de se dar a quem aprisione, desde que seja novidade. E a institucionalização da desgraça cíclica substitutiva, como tentativa de fazer perdurar em sistema a ilusão do novo. Esta é que é a verdadeira servidão voluntária.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Guerra das Rosas

Rosa Branca de Ryno SwartUma notícia realmente importante: o Glorioso Sport Lisboa e Benfica acompanha as tendências da Estação na generalidade do País, mostra-se farto da cor Rosa. E se a flor é importante, também as há brancas, com a vantagem de terem muito menos máculas. Nada como voltar ao cromatismo de sempre da segunda camisola e não deixar que a respectiva coloração seja influenciada pela designação "alternativa" a qual, aplicada a sexualidades deixa muito entusiasta absolutamente... rosado.
A vitória está prometida.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Cada Cor, Seu Paladar?

Uuuuf! Queridos Leitores, foi um dia que não desejo a quem quer que seja. Mas ficaria mal com a minha consciência se não viesse ainda cá comentar a estranha descoberta científica que dá Marte como terreno aceitável para o cultivo de espargos. Na minha ignorância pensava que não bastaria a qualidade do solo, que a pressão derivada das dimensões do planeta também influiria. Mas uma vez que não é assim, estou já a imaginar a exploração propagandística de quem queira comer no mais in que possa, através da promoção de Espargos de Marte, os únicos que os atentados anti-ecológicos não estragaram.Mas há mais, ganha uma nova plausibilidade a conexão dos homenzinhos verdes aos extra-terrestres sintetizados no termo Marcianos. Simplesmente, o look passará a ser mais literalmente cultivado, quem sabe se motivo para uma nova estação da Moda, colhendo na popularidade crescente do vegetarianismo. A sede de novo a exibir está bem expressa na insatisfação que, afinal, é de si, como se tira de Mestre Drummond, nesta belíssima lembrança da Marília.
O que me deixa angustiado é a significação clubística de um verde insuspeitável no que até agora se conhecia como Planeta Vermelho. Cruzo os dedos para que se não trate de uma preparação psicológica para tomadas de posição leoninas no que ao Glorioso Sport Lisboa e Benfica pareça pertencer. Além de notar o péssimo gosto de pintar das cores da bandeira republicana um astro indefeso.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Para Onde Vamos

Já a medida de pôr pulseiras electrónicas de localização nos bebés não me choca tanto, por eles não estarem em idade de se traumatizarem com esse forçado adorno e poderem vir a ser evitados males maiores na sequência de raptos que vêm sobressaindo dos noticiários.
Não deixa no entanto de ser material apetecível para analisar a decadência de uma Sociedade que chegou ao ponto de tratar de forma idêntica a total inocência e culpas mais ou menos graves. A terrível superstição de recear ver as coisas a preto e branco, pretendendo tratar com imerecido excesso de humanidade infractores criminais, levou a dá-los como não tão maus como isso e a substituir regimes de privação de liberdade com encarceramento, já de si pouco duros, pela pulseirinha que apenas restringe, muito limitadamente, a privacidade.
Com a aplicação dela a estrelas do Espectáculo, Lindsay Lohan e Michelle Rodriguez à cabeça, a parcialidade dos fãs fez apagar a própria reprobabilidade (sem ligações ao autor) das condutas, ao ponto de Karl Lagerfeld ter transformado em complemento de moda o acessoriozito penal.
Simbolicamente chegamos agora ao extremo de estender à indisputada ausência de pecado o que deveria ser insígnia dele. Cada vez gosto menos de uma colectividade que não separa as águas.

domingo, 15 de junho de 2008

Recuperação do Dia

Mas reparo que ando a falar de fraudes, votações e outros Mugabes, tudo coisas que me enojam, qundo estamos no Dia do Senhor, de uma Estação prestigiada, em que se espera ver felicidades várias coroadas por ganda joga dos seleccionados a acrescer às alegrias. Pensemos pois em coisas apropriadas, propícias e propiciatórias: Com a razão-extra de ter uma Amiga do nome, Mãe de uma Menina, fica a exortação a que vasculhemos os nossos arquivos da cachimónia, de modo a encontrar uma imagem de e da Felicidade feita sob medida e não adquirida em qualquer pronto-a-vestir mediático:

LE DIMANCHE DE PRINTEMPS

C’était un dimanche, un dimanche de printemps,
Il faisait beau, il faisait chaud.
Je me suis promenée le long de la rivière
Et c’est ainsi que je l’ai aperçue.

Elle était assise là sur ce banc fait de bois
Avec sa jaquette brune sur les épaules,
Elle s’était arrêtée, lorsque sa fille s’est baignée,
Pour lui essuyer les pieds
Avec sa jupe.

Tout son être brillait d’un éclat inexprimable,
Je suis restée clouée là, sur la rive sur le sable.
Une scène qui ne sera jamais photographiée
Un tableau qu’aucun peintre ne peindra jamais,
Mais qui existe au fond de ma mémoire.

J’ai écrit cette mélodie simplement pour te dire merci
Et aussi pour me réjouir d’un peu de piment
Que tu as su mettre dans ma vie

C’était un dimanche, un dimanche de printemps,
Il faisait beau, il faisait chaud.
Je me suis promenée le long de la rivière
Et c’est ici que je t’ai rencontrée

Tu étais assise là sur ce banc fait de bois
Avec ta jaquette brune sur les épaules,
Tu t’étais arrêtée, lorsque ta fille s’est baignée
Pour lui essuyer les pieds
Avec ta jupe.

Depuis ce jour-là, tu est devenue pour moi
Une personne de confiance que j’aime malgré moi.
Tu me parles de Dieu de son règne, de sa bonté.
Une amie qui se trouve toujours à mes côtés,
Quand ça va bien, quand ça va mal.

Catherine, ton nom va si bien sur cette mélodie, sur ce refrain
Catherine, je n’ai retenu dans cette chanson
Qu’un bref instant de nos vies.

C’était un dimanche, un dimanche de printemps,
Il faisait beau, il faisait chaud.
Je me suis promenée le long de la rivière
Et c’est ici que ma vie a changé.

C’était un dimanche, un dimanche de printemps,
Il faisait beau, il faisait chaud.

Il faisait beau.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Macacos de Imitação?

O Macaco Escultor de Watteau

O velho Aristóteles bem tentou, com a explicação do animal político, de cuja hierarquia derivou o social. As formigas, abelhas e térmitas deram cabo da distinção. Outros disseram que era o animal que ria; as hienas, de forma reflexa, mas os gatos, exprimindo contentamento, reduziram a cacos a teoria. Com o entendimento e utilização de símbolos pelos macacos, são Cassirer e o seu animal simbólico que morrem. Há que achar uma especificidade incontestável da nossa Essência. Eu proponho a de sermos o único animal a que obceca o dilema de, para não ser absolutamente repulsivo, ter de viver assombrado pela insatisfação com o que vai sendo.

domingo, 25 de maio de 2008

Ir ao Fundo da Questão

A Cristina deu aqui o mote para tanger outra cítara: a do enraizamento no nosso inconsciente, tantas vezes confirmado na História Política, do preconceito de que uma renovação só se consegue com o sacrifício do pescoço de alguém. Nas inaugurações minhotas é o galináceo o sacrificado, decerto porque tendencialmente universal símbolo da sobrevivência e da ressurreição, que se quer estimular com esse corte radical...Mas já Alexandre Magno, segundo a lenda, teria recorrido aos poderes sobrenaturais da associação. Escapado pelos 11 anos à vigilância de Aristóteles, fora mergulhado numa gaiola precursora dos batiscafos no Oceano Índico, de que queria conhecer os habitantes das profundezas. Os marinheiros encarregados de o puxar de volta à superfície foram dispersos por uma tempestade. Mas o desembaraçado Príncipe não se atrapalhou; e matou ali mesmo um galo que consigo levara, pois era pacífico à época que o mar não suportava sangue fresco no seu interior, daí resultando que o mergulhador e seu receptáculo fossem por ele cuspidos de volta.
Tendo perdido de vista as razões primeiras do relato, é bem possível que o desfecho, perdurando na memória do Ocidente, tenha estado na base de aspergir os cascos de algumas das primeiras barcas da nossa Expansão com sangue de galicoque, antes de serem deitadas às ondas...
Parafraseando muito livremente Pascal, se o bico do galo se abrisse mais tarde para cantar, a sorte do Mundo - e a dele - poderia ter sido bem diversa.

domingo, 11 de maio de 2008

Vândalos Sem Arrojo

Lendo sobre a restauração no respectivo pedestal da estátua do Infante D. Henrique, em Cabo Verde, não posso deixar de meditar na mediocridade impotente de todos os que tentam destruir as representações plásticas do que não gostam. Toda a iconoclastia é desprezível, mas a da estatuária só apequena quem faz e engrandece quem a sofre. Sem precisar de ter em mente esta prevenção, nunca me passaria pela cabeça apear ou decepar a homenagem republicana da Rotunda a Pombal, apesar de a simples menção deste nome me causar uma platónica urticária...
É bom ver arrependimento pelo mal feito à monumentalidade contra a qual se atentou; e na benevolência para com a iniciativa reparadora se faz igualmente repousar uma exortação a igual receptividade para com queimas de efígies outrora empreendidas por influência religiosa, as quais não tinham a agravante de atentar contra a Arte.No caso do Infante houve a sorte de ter sido perpetuado em medalha de boa factura o seu contributo ao engrandecimento do País e ao conhecimento do Mundo. E sou obrigado a reparar no facto de o tamanho do instrumento celebrativo ter resistido melhor, quando a sua subtracção pareceria mais fácil. A dimensão da tiragem não explica tudo, há que levar em conta que os frustrados que atentam postumamente contra os Fautores da História tentam sugar alguma vida da espectacularidade de um acto que uma sonegação no campo da medalhística não faculta.
Foi O Navegador filho de D. João I muito bem servido na escultura portátil e circulante. A concepção coube a João da Silva, o maior talento da disciplina em Portugal e, nas anedotas da sua vida, uma encarnação lusa e tranquila da figura do Génio Distraído. Tendo falecido antes de ultimá-la, foi o acabamento confiado a Vasco da Conceição, uma digna escolha para o efeito.


Como tudo está ligado, as velas do meu pensamento dirigem-se a velocidade de cruzeiro para Outro Vulto que, como o Criador da Escola de Sagres, sacrificou a constituição de uma família, com as inerentes compensações, para assegurar o Império à Lusitaneidade. Também Ele viu a pequenez recalcada estragar as imortalizações que O honravam, como se o acto não atestasse que, se a cópia ficou sem cabeça, os autores da façanha confessaram serem dela desprovidos os seus originais.

domingo, 4 de maio de 2008

Dar Bandeira

Como se sabe, Guerra Junqueiro, um fanático fustigador do Constitucionalismo Monárquico, defendia que se mantivessem as cores Azul e Branca mais tradicionais na Bandeira Nacional. Com a imaginação justificativa que se pode ler aqui, em que, para os entusiastas da ruptura, as cinco estrelas poderiam ser tidas como evocação da data revolucionária, mas susceptíveis de cativar os mais dados à abrangência, que nelas quisessem ver os cinco continentes em que Portugal se espraiava. A República, contudo, haveria de encarregar uma comissão liquidatária, atiçada por João Chagas, com Afonso Pala e Abel Botelho a reboque e o prestígio de Columbano a cobrir, de inventar uma outra, que contrariasse as ameaças sentidas no Tempo e na Geografia. Optou-se pelo Verde e Encarnado. As cores anteriores por não querer lembrar o que vinha de antes foram excluídas; mas o mais engraçado foi a justificação de exclusão do Amarelo. Que não se cedesse à simbologia Espanhola, onde ele desempenhava papel destacado, dizia-se. Claro que ninguém se importou com a coloração rubra, como se sabe ausente do pavilhão de Nuestros Hermanos... E a Esfera Armilar ficou em, sei lá, negro, reconhecidamente.
O Daltonismo seleccionado dos revolucionários apatetados galgou fronteiras, até chegar a um grande estudioso da Simbólica, Michel Pastoureau, o qual, em «Dicionário das Cores do Nosso Tempo», não só evidencia o erro heráldico, raro na Europa, de juntar Verde (Sinople) e Vermelho (Goles), como desqualifica as posteriores construções, de exaltação esverdeada da Marinha, pelo papel revolucionário e da Liberdade, como do do sangue, assim como uma legitimação tradicionalizante remissiva para as Ordens de Avis e Cristo, a fazer lembrar as genealogias de Vingança Templária com que a Maçonaria se gostava de adornar.
Mas claro que uma panorâmica mais terra-a-terra levaria a restringir a necessidade de se inscrever numa linhagem de heróis em circunstâncias menos gloriosas mas mais partidárias, as do cromatismo do Centro Republicano Positivista do Porto, do fracassado mas para eles empolgante 31 de Janeiro.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Leonardo Sem Códigos

Muito do terreno que se preparou para as ficções esotéricas de Leonardo Da Vinci se deve às cumulativas qualidades da Genialidade multifacetada e da abstenção de participar na vida social do tempo. A nossa tendência para recriar o que é admirável sob uma multitude de pontos de vista poderia compreender, sem mais, um homem dos sete ofícios, como Bemjamin Franklin, desde que lhe conhece os apoios de as fraquezas comuns à maior parte dos seres humanos. Com o Renascentista, a 15 de Abril nascido, é diferente, a reserva de si, a recusa de se aplicar nas distracções e relaçoes da vida, ao contrário do que fizeram Rafael e até Miguel Ângelo exarcebariam forçosamente a já natural mitificação de um sobredotado em muitos domínios, fazendo sonhar os admiradores sobre o ou um segredo que o moveria.
Para mim, nada mais apto a simbolizar a globalidade do seu esforço do que o projecto do helicóptero. O desenho desta máquina, que retomava o princípio das engenhocas de penas giratórias dos Chineses da Era Antiga, proclama o próprio princípio que mais facilmente associamos ao Génio, o daquele que se consegue elevar sem necessidade de exibir o balanço tomado.
Não sei se terá sido em intento de homenagem, mas calhou o primeiro helicóptero moderno a subir coisa que se visse, o de Enrico Forlanini, à direita, a triunfar dessa experiência no dia de 1877 em que se comemorava o aniversário do Autor da Última Ceia. Na concepção que ambos partilharam um outro indício há de que o invento encerra um simbolismo acrescido - e não menos feliz - do legado davinciano: o de que os dons invulgares, quando portadores de uma dimensão esmagadora e pretextos de secretismo, não param de fazer a cabeça do comum dos mortais andar à roda.

terça-feira, 25 de março de 2008

Pobres Caravelas...


Satisfação por ver arredada da representação nacional de Futebol a combinação de uma bandeira verde-rubra de memória histórica lamentável e opção heráldica arrevesada. Além de que a nova opção de vermelho parece mais quente e, estendendo-se à totalidade do equipamento, poderá levar os rapazes a darem o litro, para aquecer o coração dos adeptos.
O que de todo me pareceu indescritível foi o embaraço com que o reporter da TVI se referiu ao Emblema: pode ser vista a Cruz... aah... de Portugal. (Pausa). A Cruz de Cristo. Como se o Nome mordesse. Nem creio que estivessem por detrás sentimentos anti-religiosos próprios, senão o empenho em não desagradar à fúria laicista que inunda o País. Lá lhe devem ter feito sinal de que não faria grande mossa nomear o Símbolo, o que aliviou o rapaz.
Até porque o triângulo e o compasso só alastram pelos orgãos dirigentes, não consta que hajam contagiado o escudo federativo...

domingo, 13 de janeiro de 2008

Contradição Nos Termos

Castelos em Espanha de Alexander HarrisonA versão espanhola da mudança do nome da Ponte Salazar achava-se, até agora, muito claramente sintetizada na eliminação da letra do Hino Nacional que vinha do Regime anterior. Mas ao menos não a tinham substituído por uma falácia. Com as melhores intenções, ou sem elas, é o que as palavras propostas para acompanhar a Marcha Real impingem:
¡Viva España!
Cantemos todos juntos
con distinta voz
y un solo corazón.

¡Viva España!
Desde los verdes valles
al inmenso mar,
un himno de hermandad.

Ama a la Patria
pues sabe abrazar,
bajo su cielo azul,
pueblos en libertad.

Gloria a los hijos
que a la Historia dan
justicia y grandeza
democracia y paz.
Devo dizer que nem me parecia muito mal até ao último verso. Agora, como pode alguém acreditar que coexistam "democracia e paz"? A democracia é a guerra civil em estado latente, disse, com génio, Alfredo Pimenta. Acrescento eu o que muitos outros notaram e os próprios adeptos assumem: a sua essência é o conflito, que os defensores acreditam salutar, desde que contido em certos limites, contestando alguns dos opositores a possibilidade de estabelecer essa represa e outros a própria desejabilidade da tensão, ainda que refreada.
Uma coisa se retira de ambos os lados: oferecer a um tempo a tranquilidade e a luta é a impossibilidade de concretização que dissolve o sentido. Pobre Espanha, a Tua História não merecia destas!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Da Intervenção Pessoal

Leitura do escrito capital de Almada «Ver e a Personalidade de Homero», contido neste volume da Arcádia. Trata-se de texto mitógrafo de nível superior, que procura especulativamente - no sentido radical de reeflexo da imagem - transmitir a visão do Equilíbrio Grego como concepção fundamental da excelência do Homem, apreendido a partir da via média que disciplinasse a percepção humana da ocupação das dimensões espaciais, expressa nos princípios do Universal e do Individual, bem como da intuição da superação da temporalidade sem cair no atrevimento de pretender a Eternidade dos Deuses.
É na Totalidade que englobe as visões simétrica e transcendental que se digladiam e, triunfando uma ou ou outra, fazem decair, que pode residir a criatividade, numa balanceada ansiedade de contenção do Excesso e da Norma, cujos momentos Helénicos culminantes se encontrariam, por um lado, na vitória de Atena sobre Poseidon ao ver a sua concepção da melhor coisa, a Paz, emblematizada na Oliveira, superar a fugacidade da rendição incondicional ao predomínio da Estética, encontrado no Pégaso gerado pelo Deus dos Oceanos; e pelo outro na restauração por Aristóteles da magnitude cultural da Poesia, a herança Homérica genealogicamente continuada por Ésquilo, que fora posta em xeque por Platão.
Não se afunda esta simbólica no Esoterismo, embora manipule um discurso que refere o Hermético, pois o concreto das formas vistas desempenha sempre uma função imediata incompatível com as remissões socorridas de chaves do Oculto. Na plasticidade se oferece a prioridade que o número pode fazer equivaler, embora não substituir, fazendo da cegueira de um Homero considerado para além da biografia um achado expressivo das forças mutuamente contidas da Imaginação e da Memória, que não permita a emergência arrasadora de uma ou de outra, na herança insinuada pelas formas, antes da consagração escrita, a que leva o conceito essencial de Antegrafia.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Onde está o Willy?

A uma Menina que gosta de puxar duplamente por certos assuntos, deixo a interrogação sobre se o Willy, o brinquedo anexo, estará proibido pelas apertadas normas de segurança da União Europeia...

domingo, 23 de dezembro de 2007

L´Important C´est La Rose

A Árvore de Natal por Elena KhmelevaSabe-se que a origem da Árvore de Natal remonta a cultos pré-Cristãos e foi transposta para o Cristianismo pelos Povos do Norte da Europa, enquanto que os do Sul se exprimiam melhor, a partir de S. Francisco, através da armação do presépio.
Todavia, se aprofundarmos a pesquisa, vemos que raras formas de culto se apresentam tão felizmente como a capacidade de a Igreja absorver os instintos da religiosidade humana de antes da Revelação, conferindo-lhes simbologia conforme à Mensagem Evangélica, numa concórdia sempre execrada a partir de dentro pelos puristas, como também o foi pelos Protestantes do tempo das cisões. É que a luminosidade dos enfeites, para esses, não participa da Luz que ilumina, mas da que cega.
Assim, a própria árvore surgiu como representação da Árvore da Vida, A Qual, após a ter estado no centro das atenções aquando do episódio da expulsão do casal adâmico do Eden, teria atingido a imortalidade, numa lenda medieval: Sentindo-se Adão morrer, teria dito a Seth, seu filho, para ir buscar o óleo da Misericórdia prometido por Deus, no decurso do que um anjo o mandou colher três grãos destinados à boca do Pai Primevo antes de expirar. Obedecido, nasceram três varinhas, uma das quais fora a usada por Moisés para fazer jorrar a água das rochas do deserto, após o que a plantou, originando um tronco que teria resistido miraculosamente aos lenhadores e carpinteiros de Salomão, sido lançado ao Cedro, onde matava quem lhe tocasse, e finalmente desaguado numa Lagoa de Betsaida, em que passara a curar os enfermos, antes de, ter sido usado na confecção da Cruz onde Cristo foi pregado.
Mas não se esgota no próprio vegetal a simbólica ligada à Morte e Ressurreição. A Estrela que encima, de cinco pontas, ao contrário da Judaica de David, foi assimilada ao Homem, com a cabeça e membros respectivos. E os enfeites luminosos que hoje colocamos não passam das actualizações electrificadas dos primeiros ornamentos permitidos: velas brancas e vermelhas que simbolizavam as rosas cor de sangue que teriam, como mensagem de Esperança, brotado dos pinheiros no momento do nascimento do Menino Jesus, substituindo a neve que derretera.
Aliás, a Rosa permaneceu na Iconografia da Salvação, com o triplo Significado de Alma/Coração, Amor e Taça em que o Sangue do Crucificado fora recolhido. Dos Esotéricos da Rosa Cruz, a Dante, ou aos Autores do «Roman de la Rose», na Vertente de Rosa Cândida acabou prefigurar o Próprio Salvador, enquanto que sob a Designação de Rosa Mística aludia à Virgem, a patenteação de regeneração amorosa perceptível individualmente em qualquer maternidade e, universalmente, Na que importa a 25 de Drzembro, próxima da presença transcendental pressentida noutras civilizações na força do Lotus.
Cantemos com Bécaud,
L´Important, l´important c´est la Rose, l´important c´est la Rose, l´important c´est la Rose, crois-moi.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Ho Ho Ho Ho!

Sempre a mesma dança! E, no entanto, não se pode dizer que este seja um postal com barbas...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Ao Colo de Sócrates

Percebe-se por que profunda causa a Menina falou em lagartas, sempre associadas a comboios, no dia em que se inauguraram os túneis subterrâneos de mais uns tantos. E escuso de lembrar que a combinação de composições e buracos onde se introduzem é um símbolo fálico...
Dr. Fraude

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

E Ela a Dar-lhe!

Essa já não pega

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Cinzas do Passado


Lamento Dona T, mas não posso aprovar uma seguradora sem garantia. E foi preciso esperar pelo século seguinte para a ver chegar. Além de que é muito suspeita uma companhia que se autodenomina "Fenix": em vez de dizer que, com ela, os bens segurados seriam como uma dessas míticas aves... Transmite a ideia de um sempre em pé, sem grande escrúpulo, mesmo que arda tudo cuja perda eventual se comprometeu a amenizar...
Será que uma Moça tão progressista como a Minha Amiga se atemorizou com o serviço da Nação escarrapachado?

Indo à mitologia sabemos que esse animal incrível, no Deserto Arábico residente, pressentindo o momento da morte, construiria com ramos e ervas mágicos o ninho que os raios solares transformariam em pira assasssina, dando ligar às transformações da medula dos seus ossos em verme e deste num pássaro mais belo ainda. Mito de grande sabedoria se interpretado no sentido de conformação com os ciclos vitais, transmissão hereditária e placidez na cedência do lugar a quem o ocupe melhor. Mas perigosíssimo por poder instilar nos mais ingénuos a falsa noção de que basta uma morte aparatosa para o asssegurar. O modo como Rodrigues Coelho viu este ser fantástico diz-me muito.

O Juízo DUNS Loucos

Em 12 de Novembro de 1381 terá sido criada a Ordem dos Loucos, em torno do Conde de Cleves, cujo símbolo era o Bobo. Tratava-se de coisa séria, como acesso restrito a Cavaleiros da mais pura Nobreza de Sangue e de Espírito, com o objectivo de lutar pela Caridade e Justiça no Mundo. Durou três séculos essa Santa Loucura. E mesmo que o Autor da obra abaixo dada tenha razão, sobre a identidade do Destino, infelicidades e Morte com um gracejo cósmico, a tentativa de remar contra a maré, de não rir dessa palhaçada, com a correlata comoção perante o pranto e o trágico, é coisa mais do que grave: a que não se pode dissociar da Integridade.O Bobo Cósmico de Boo Ehrsam