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terça-feira, 27 de março de 2007

A Chancela da Asneira




Acostumados estamos às gaffes da classe política portuguesa, especialmente no partido do desgoverno, com cimeiras línguas soltas ao estilo de Milu, Lino e outros Pinhos. Neste panorama carnavalesco costuma, por ter um olho, fazer figura de rei o Dr. António Vitorino, tido geralmente por mais vivo e certinho do que os camaradas em redor. É, então, desolador que, para tentar contrabalançar os números da audiência do entertainer-mor que é o Prof. Marcelo, se veja obrigado a soltar notas em estilo mais rápido e convicto do que o seu falar habitual, com a inerente paralisação do raciocínio que leva direitinho ao disparate.
Foi desta forma que, na sessão de ontem, se referiu ao actual titular das Finanças do Reino Unido, previsível sucessor de Blair na liderança Trabalhista, como "o provável futuro chanceler". Momento quântico, entre todos, confundindo inconscientemente alemães e britânicos. Dos primeiros é que o Chefe de governo é o Chanceler. Na Albion o título é hoje açambarcado pelo responsável do tesouro, Chancellor of the Exchequer, dado o progressivo esvaziamento das atribuições do Lord Chancellor e a vagueza das funções do Chanceler do Ducado de Lencastre, uma reminiscência Mooriana a que, sem pasta, costuma incumbir a coordenação interministerial da reforma que seja a menina dos olhos do Primeiro-Ministro da altura, com o prometido destino da paixão educativa do Eng. Guterres. Brown, portanto, não será chanceler, salvo na vitorinesca mente que o dá como a pescada, visto que já o é.
Reflexão mais séria seria a de pesar a justeza comparativa da designação nesses dois Estados, como no Brasil, onde indica o Ministro dos Negócios Estrangeiros, ou do equivalente francês Garde des Sceaux, o da Justiça. A reserva do nome à chefia da administração sobrevive, nos países germânicos, como uma reminiscência dos tempos em que era um coadjutor da Coroa. Na tradição inglesa a prioridade do material revela-se na ligação dos Selos Reais com que mais concerne aos súbditos, o uso dos impostos recolhidos. Não rejeitando a ideia que se retira da escolha do País-Irmão, associando o conceito ao que vincula a Nação perante as outras, parece imperioso reconhecer que os que deram no vinte foram, por uma vez, os franceses, aplicando a noção à actividade pública de regulação da vida do comum dos mortais.