1.º DE DEZEMBRO
Neste saudoso dia,
De Restauração da Monarquia,
Porque falta,
De novo,
Cumprir-se Portugal,
Ocorre-me perguntar:
-- Para quando a V Dinastia?
Neste saudoso dia,
De Restauração da Monarquia,
Porque falta,
De novo,
Cumprir-se Portugal,
Ocorre-me perguntar:
-- Para quando a V Dinastia?
Gosto de pensar que a minha obra fotográfica reflecte o espírito de alguém que está sentado na esplanada a observar a vida e a participar nela mas que de repente se levanta para ir construir sequências de imagens ficcionais e acrescentá-las à realidade.
Certa vez, vai para trinta anos, numa turma contaminada pelas americanadas das salas multiplex dos centros comerciais e pelo lixo televisivo, perguntei se alguém gostava de cinema francês.
Uma aluna, fora do baralho, pôs a mão no ar e, perante o espanto e a admiração geral, respondeu:
- Eu gosto, porque nos filmes franceses as pessoas falam como nós falamos.
Esta resposta vale por várias teses sobre a matéria.
Porque sei que aqui vêm dar muitos pessoas (historiadores, genealogistas profissionais e amadores, parentes mais ou menos próximos, etc.) à procura dos estudos genealógicos que vou fazendo nos tempos livres por carolice, mas também com algum espírito de missão, indico de seguida o blogue onde publico os resultados dos referidos hercúleos trabalhos: Da Genealogia.
«Ao fazer-se aparecer auto-retratado e segurando My Private Peep-Show (2004) em Luzitânia, Eu e Caixa-de-Luz na Biblioteca Lusíada (2013), João Marchante quer dizer que a partir deste momento será influenciado artisticamente apenas por si próprio e pelo conjunto da sua obra videográfica e fotográfica.»
Nota: Ilustre especialista em arte contemporânea disse isto e tenho de confessar que, embora esteja muito bem visto e melhor apanhado ainda, não me tinha passado, a mim próprio, pela cabeça.
O coração da bela aristobeta oscilava entre dois pretendentes: o simples agrobeto e o complexo artistobeto.
Dizem-me as estatísticas do Eternas Saudades do Futuro que entre as 10 mensagens mais visualizadas de sempre 4 têm como tema a genealogia e outras 4 são sobre o meu trabalho como artista visual. Assim sendo indico aos leitores interessados no primeiro assunto o blog Da Genealogia e aos segundos o site João Marchante | Arte | Vídeo | Fotografia.
Todas as Estações do Ano têm qualquer coisa de mágico-simbólico. São, portanto, reveladoras, se convenientemente sentidas e compreendidas. No caso do Outono, reconduz à Primavera. Por consequência, no mês de Outubro — supra-sumo, cá para mim, do Outono — sinto-me sempre com renovados vinte anos.
Entrámos no meu querido mês de Outubro. Chegou doce e morno (não tanto como em anteriores anos, é verdade). As outonais flores do cabeçalho do Eternas Saudades do Futuro devem portanto estar quase a aparecer ao vivo e a cores nas árvores de certas artérias históricas de Lisboa. Momento ideal para dar diletantes passeios contemplativos em jardins secretos com pessoas iniciadas nestas matérias estéticas. Tempos de luz dourada. Coisas do espírito e da alma.
Delicio-me com o cheiro que a terra ainda quente do Sol do Verão liberta depois de molhada pelas primeiras águas da chuva do Outono.
Hoje começa o Outono.
Saibamos saborear a nova luz, as novas cores, os novos sons, os novos cheiros e as novas sensações que esta Estação nos traz.
Exponho em casas desabitadas para poder habitá-las com personagens femininas por mim construídas e fotografadas.
Estou no Blogger há 17 anos e uso o blogue como um caderno de apontamentos. Também o uso como uma ferramenta nos processos criativos que conduzem aos meus projectos e consequentes exposições de artes visuais. Mas isso é mais subliminar...
A mais credível e popular fonte mundial sobre Cinema e Televisão - IMDb (Internet Movie Database) - colocou-me na sua base de dados com entrada própria: João Marchante. Foi uma surpresa e é uma honra e um prazer.
Iniciei Setembro - mês de reencontros e recomeços - da seguinte deliciosa forma: durante o dia, aproveitando a boa luz solar de Lisboa, a reler O Amor nos Tempos de Cólera, de Gabriel García Marquez (do qual adquiri nestas férias na Ericeira um exemplar numa simpática edição); e, após o crepúsculo, a ver na televisão em directo de Nova Iorque pela noite dentro as partidas de Ténis das sessões nocturnas do US Open em Flushing Meadows, Queens (bairro consagrado à nossa Catarina de Bragança).
Ambas as actividades, e respectivas temáticas e problemáticas, têm mais em comum do que se possa, à primeira impressão, pensar.
Como habitualmente (e já sabem os meus caros leitores que gosto de viver habitualmente, como aconselhava o estadista português, mas também perigosamente, como fazia o estadista italiano), o meu primeiro prazer de Setembro consistiu em pôr o carimbo de posse nos livros adquiridos nos secretos lugares com alfarrábios que fui descobrindo ao longo de dezoito devotas (o lugar onde veraneio não tem banhistas, tem devotos) temporadas estivais passadas na histórica vila piscatória da Ericeira e de seguida colocar cada um no núcleo da biblioteca correspondente ao seu género literário ou na secção consagrada ao respectivo autor.
Sabem bem os meus leitores, começando pelos da primeira hora, que optei há muito por vir para férias sem livros. Conhecem também a razão: neste lugar, onde, segundo Ramalho Ortigão escreveu com espanto, no seu maravilhoso livro As Praias de Portugal, «olhando-se para dentro das casas, até para as do povo, avistavam-se livros em estantes» (citei de cor), existem vários sítios, mais ou menos secretos, onde se podem adquirir livros de qualidade, em segunda-mão, por módico pecúnio. Calhou pois este Verão saltar-me à vista e vir ao meu encontro o tão sensual quão existencial romance Mulheres, de Charles Bukowski, num simpático volume. Nunca tendo eu lido a referida obra, nem nesta edição nem noutra qualquer, senti um misterioso déjà vu ao devorá-la, quase de um só fôlego, na barraca da praia durante o dia e depois em casa pela noite dentro. E bem me lembro que mesmo em plenos acelerados anos 80 e 90 do século passado, onde se liam muitos livros e viam muitos filmes, num ritmo en passant, com muitas e desvairadas gentes, fiquei-me pelo livro A Sul de Nenhum Norte, do referido autor, e pelo filme Barfly, sobre o mesmo escritor. Recordo-me até que à época senti claramente que não era chegada a hora de mergulhar na sua obra toda. Há, de facto, um tempo para tudo. É agora.
Já se sabe que a Ericeira é uma vila com especial ligação às belas-letras (e às belas-artes também). Porém, há apenas um grande romance português - de um dos maiores escritores portugueses, por sinal - cuja acção decorre integralmente nesta mística terra: Tristezas à Beira-Mar, de Manuel Pinheiro Chagas. Leia-se, pois.
Já aqui atrás em tempos referi a sábia observação de cariz sociológico do grande escritor e dandy Ramalho Ortigão a propósito do lugar onde veraneio; e, na sequência disso, não posso deixar de recordar, e de confessar até, que é a seguinte certeira frase (a qual pode ser lida na badana da capa do livro Ericeira - uma fotobiografia, de José Constantino Costa, com esquissos de Rui Pinheiro, Mar de Letras Editora, Ericeira, 2004) que melhor traduz o meu mais íntimo sentimento em relação a esta mística terra: «A Ericeira não tem banhistas, tem devotos». O grande historiador e comunicador José Hermano Saraiva dixit.
Veraneio num lugar onde se sucedem as quatro Estações do ano num só dia. Um sítio assim faz com que se vivam quatro estados de Alma em vinte e quatro horas. Experiência só aconselhável a pessoas com Espírito forte.
Quando os blogues apareceram, no início do Século XXI, o Verão correspondia a um deserto de leitores. Agora, na era dos smartphones com acesso à net, estes meses de estio afirmam-se, por estranho que possa parecer, como os que nos trazem mais visitantes.
14 de Agosto de 1385 — Derrotámos os Castelhanos em Aljubarrota, reafirmando a Independência Nacional.
21 de Agosto de 1415 — Conquistámos Ceuta aos Muçulmanos, iniciando a Expansão Nacional.
Portugal sempre!
Existe um texto com 25 anos de idade que permanece ainda hoje como fonte principal de iniciação teórica ao trabalho artístico de João Marchante. Aqui o tendes, à distância de um clique:
Imediatamente antes, por Leonor Nazaré.