Mensagens

A mostrar mensagens de junho 19, 2011

SEM SONHAR

Não o Sonho Talvez sejas a breve recordação de um sonho de que alguém (talvez tu) acordou (não o sonho, mas a recordação dele), um sonho parado de que restam apenas imagens desfeitas, pressentimentos. Também eu não me lembro, também eu estou preso nos meus sentidos sem poder sair. Se pudesses ouvir, aqui dentro, o barulho que fazem os meus sentidos, animais acossados e perdidos tacteando! Os meus sentidos expulsaram-me de mim, desamarraram-me de mim e agora só me lembro pelo lado de fora. Manuel António Pina, in "Atropelamento e Fuga" O meu comentário??? E expulso de mim.... o que vejo e o que sinto???   Quem sou eu e porque deixei de sonhar??? Não consigo olhar para dentro... Para dentro de mim e sei que o tempo parou algures....   Nesse dia em que deixei de te sonhar e de te ouvir... Deixei de me amar.... Não mergulho mais na profundidade das coisas... Da vida, de mim.....

ABENÇOAR

Agora é tarde para novo rumo Dar ao sequioso espírito; outra via Não terei de mostrar-lhe e à fantasia Além desta em que peno e me consumo. Aí, de sol nascente a sol a prumo, Deste ao declínio e ao desmaiar do dia, Tenho ido empós do ideal que me alumia, A lidar com o que é vão, é sonho, é fumo. Aí me hei de ficar até cansado Cair, inda abençoando o doce e amigo Instrumento em que canto e a alma me encerra; Abençoando-o por sempre andar comigo E bem ou mal, aos versos me haver dado Um raio do esplendor de minha terra. ALBERTO DE OLIVEIRA (Poeta Brasileiro 1857-1937) O meu comentário??? Não creio que seja tarde... Nem para sonhar ... Nem para dar um novo rumo à vida... Abrir a alma a novos prazeres... Abençoando o tempo.... Por aquilo que nunca se teve tempo para se olhar verdadeiramente.. A terra onde nascemos....

ESTRANHAMENTE

Acreditei no mar Percorri a umbria de um eclipse que nas vagas não reflectia Apaguei os olhos e sorri com uma lágrima Ao abrir, fitei o azul o azul do céu ,do mar e da lua Ouvi então estremecerem as ondas e a areia lacrimar. Voltaram os raios lunares, voltei ao luar da noite húmida e fria em que me movo e te deito. Minha gárgula de vida, meu eterno mar. Nuno Travanca O meu comentário??? Em ti, encontro a minha paz... Tudo o que escondi de mim próprio... Liberta-se e encaixa-se na razão... Da minha vida.... Posso chorar e sei que não te importas.... Porque estás a chorar comigo??? Porque te levo na alma e te abraço sempre que me sinto sozinha? Devolves-me esse abraço, essa paz.... Nada mais dizes.... Porque, estranhamente, eu já sei o que tenho a fazer.....