No lusco-fusco da perceção,
a vida humana,
de crentes, ateus ou agnósticos,
subsiste na dúvida branda.
Incertos do que queremos,
ainda que certos nas mortes da guerra
que só a execramos quando a pólvora
perturba o nosso sossego azul
com um erro
cujo ângulo balístico desconhecemos,
somos marionetas que nos interlúdios
dançam músicas de encantar natais.
Por vezes, através das janelas,
pressentimos a luz,
mas tudo é indeterminado
como os ruídos noturnos.
E nem o Natal nos aclara,
a menos que o Menino Jesus
nascesse de novo no litoral da Rússia,
da Ucrânia, de Israel, da Síria,
da Faixa de Gaza, da Palestina,
de Moçambique, da Etiópia,
do Afeganistão, do Irão, do Iémen
e em todos os litorais dos continentes
dos senhores da guerra.
© Jaime Portela, Dezembro de 2024
PS: poema
inspirado na iniciativa da Rosélia em https://www.idade-espiritual.com.br/2024/12/xv-interacao-fraterna-de-natal-menino.html