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A mostrar mensagens de maio 29, 2011

NADA

A Sofreguidão de um Instante Tudo renegarei menos o afecto, e trago um ceptro e uma coroa, o primeiro de ferro, a segunda de urze, para ser o rei efémero desse amor único e breve que se dilui em partidas e se fragmenta em perguntas iguais às das amantes que a claridade atordoa e converte. Deixa-me reinar em ti o tempo apenas de um relâmpago a incendiar a erva seca dos cumes. E se tiver que montar guarda, que seja em redor do teu sono, num êxtase de lábios sobre a relva, num delírio de beijos sobre o ventre, num assombro de dedos sob a roupa. Eu estava morto e não sabia, sabes, que há um tempo dentro deste tempo para renascermos com os corais e sermos eternos na sofreguidão de um instante. José Jorge Letria, in "Variantes do Oiro" O meu comentário??? Sei como é banal afirmar-se isso... Um instante, uma eternidade.... Sei como o tempo escorrega por entre os dedos... E como há perguntas que não devem ser feitas... Para que não apaguem depois memórias feli...

ESCURIDÃO

O Amor Tudo Mata quando Morre Eu morro dia a dia, sabendo-o, sentindo-o, com a morte do amor em mim. Esvaiu-se, ensandeceu, partiu, espécie de sol sepultado por mãos ímpias, numa cratera de lua, algures, ou na tristeza de um retrato emudecido pela ausência de vozes em redor. Sem ele, a casa ficou deserta de risos, acenos e afectos, de tudo, as mãos ficaram ásperas, secas, a pele do rosto gretada, fria, e o sangue tornou-se lento e espesso, incapaz de dar vida às pequenas folhas orvalhadas da imaginação das noites. A erva cresce em redor de mim, os limões ficaram ressequidos sobre a toalha bordada, num canto da mesa. O amor tudo mata quando morre, detendo no seu movimento elementar, a máquina que ilumina o coração do dia. José Jorge Letria, in "Quem com Ferro Ama" O meu comentário??? Porque não te tenho... Já não existo em ti... As noites são apenas isso: o acabar do dia... O acabar de sonhos e de afagos reais... Desejos concretos e beijos sem fim.... Fico...

DIGNIDADE

8ªSOMBRA Quem és tu, quem és tu, vulto gracioso, Que te elevas da noite na orvalhada? Tens a face nas sombras mergulhada... Sobre as névoas te libras vaporoso ... Baixas do céu num vôo harmonioso!... Quem és tu, bela e branca desposada? Da laranjeira em flor a flor nevada Cerca-te a fronte, ó ser misterioso! ... Onde nos vimos nós? És doutra esfera ? És o ser que eu busquei do sul ao norte. . . Por quem meu peito em sonhos desespera? Quem és tu? Quem és tu? - És minha sorte! És talvez o ideal que est'alma espera! És a glória talvez! Talvez a morte! (Castro Alves - 1847 - 1871) O meu comentário??? Ou simplesmente o amor.... O desejo ou a paixão.... O que sempre rejeitei.... Por medo??? Por egoísmo???? Tanta coisa pode ter sido.... Tanta coisa eu podia ter sido.... Talvez devesse ter olhado para o lado, mais vezes.... Escutado quem precisava que o ouvisse.... O que devo fazer agora??? Se não é a sorte nem a glória.... Aceitar a morte com dignidade???