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A mostrar mensagens de julho 13, 2008

Á CHUVA E AO VENTO

A concha A minha casa é concha. Como os bichos Segreguei-a de mim com paciência: Fechada de marés, a sonhos e a lixos, O horto e os muros só areia e ausência. Minha casa sou eu e os meus caprichos. O orgulho carregado de inocência Se às vezes dá uma varanda, vence-a O sal que os santos esboroou nos nichos. E telhadosa de vidro, e escadarias Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso! Lareira aberta pelo vento, as salas frias. A minha casa... Mas é outra a história: Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço, Sentado numa pedra de memória. Vitorino Nemésio O meu comentário??? Fala-se em memórias.... Fala-se em vazio....e em fragilidade.... De infelicidade.... Da casa que se deixa ao abandono... Como que culpada dessa infelicidade... A amargura está sempre enterrada na alma... Segue-nos.... Bem podemos ficar sentados à chuva e ao vento.... Se não admitirmos isso....

SER SIMPLEMENTE

A minha história A minha história é simples A tua, meu Amor, É bem mais simples ainda: "Era uma vez uma flor. Nasceu à beira de um Poeta..." Vês como é simples e linda? (O resto conto depois; Mas tão a sós, tão de manso, Que só escutemos os dois.) Sebastião da Gama, Cabo da Boa Esperança O meu comentário??? Histórias que partilho apenas contigo... Simples segredos... nem chegam a ser segredos... O beijo desejado e dado com sentimento nos lábios... O riso cúmplice e feliz.... Dizer tudo e nada.... Porque tudo faz sentido......

PASSAR

O SONHO Pelo sonho é que vamos, Comovidos e mudos. Chegamos? Não chegamos? Haja ou não frutos, Pelo Sonho é que vamos. Basta a fé no que temos. Basta a esperança naquilo Que talvez não teremos. Basta que a alma demos, Com a mesma alegria, ao que é do dia-a-dia. Chegamos? Não chegamos? -Partimos. Vamos. Somos. Sebastião da Gama, Pelo Sonho é que Vamos O meu comentário??? Chegar ou partir...em sonhos... É diferente no dia a dia.... Em sonhos, chegamos a qualquer lado.... No dia a dia.......nem sempre.... Embatemos numa muralha.... Em sonhos, ultrapassamos essa muralha facilmente.... No dia a dia...agarramo-nos à fé e à esperança.. Às vezes, a dita muralha ri-se... Acha que é uma perda de tempo... Ter fé e esperança.... Nunca é perda de tempo.... Eu sei...já por lá passei.... Nunca o esquecerei............

SUAVE

Crespúsculo É quando um espelho, no quarto, se enfastia; Quando a noite se destaca da cortina; Quando a carne tem o travo da saliva, e a saliva sabe a carne dissolvida; Quando a força de vontade ressuscita; Quando o pé sobre o sapato se equilibra... E quando às sete da tarde morre o dia - que dentro de nossas almas se ilumina, com luz lívida, a palavra despedida. David Mourão Ferreira O meu comentário??? Despedida...porquê??? Menos um dia na vida... Talvez...mas talvez tenha sido rico... Naquilo que a nossa alma saboreia... A beleza, a riqueza contida nesse equilibrio.... A vida em si... A noite.... A cortina com quem a brisa brinca.... Quebra a monotonia.... Torna a despedida mais suave....

MAIS TEMPO

As últimas vontades Deixa ficar a flor, a morte na gaveta, o tempo no degrau. Conheces o degrau: o sétimo degrau depois do patamar; o que range ao passares; o que foi esconderijo do maço de cigarros fumado às escondidas... Deixa ficar a flor. E nem murmures.Deixa o tempo no degrau, a morte na gaveta. Conheces a gaveta: a primeira da esquerda, que se mantém fechada. Quem atirou a chave pela janela fora? Na batalha do ódio, destruam-se,fechados, sem tréguas,os retratos! Deixa ficar a flor. A flor? Não a conheces. Bem sei.Nem eu.Ninguém. Deixa ficar a flor. Não digas nada.Ouve. Não ouves o degrau? Quem sobe agora a escada? Como vem devagar! Tão devagar que sobe... Não digas nada.Ouve: é com certeza alguém, alguém que traz a chave. Deixa ficar a flor. David Mourão Ferreira O meu comentário??? Quem sobe a escada??? Como se a nossa vida fosse subir e descer patamares.... No cimo de tudo, o segredo que não se domina totalmente........ Ou é realmente de Morte que aqui se fala?? Haja realmente ...