João Cruz Oeiras de Portugal adesão a [email protected]

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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Para que conste

As histórias, estorinhas, memórias, contos, descontos e demais palavreado deste blogo de notas, é na sua grande maioria saído da minha imaginação ou falta dela. Os retratos descritos, as descrições retratadas, não reflectem o meu estado de humor, a minha identidade, a minha entidade como ser vivente e ou pensante, o meu modus operandi/vivendi.

Há talvez textos que são páginas da minha condição emocional momentânea, ou do meu estado psiquico, mas há quem veja neles, um reflexo de mim, ao estilo de florbela espanca, ou devaneios ao estilo do W.S. Burroughs. Esses são as excepções. A regra, é não haver regra. Qualquer semelhança com a realidade é pura surrealidade.

Estado sentimental: Feliz
Emocional: Contente
Social: Alegre

Saúde: Regular

Colesterol: 181

Diabetes: 73

Pressão sanguinea: 128/68

Pulsações: 73

Local: Saldanha

Temperatura: Ambiente( cerca de 20º)
Pressão atmosférica: humm devem estar um 1o15 milibares


Para mais informações consulte o meu médico ou farmacéutico

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Fuligem da memória futura



Sai da Hibernação.


Num tempo indeterminado.


Um local qualquer


e numa memória infinita


Tinha dentro dele as sensações de todos os seres.


Arauto do pensamento universal.


Era transmissor da história da vida, dum catálogo de tudo o que foi e aconteceu, fosse na terra nos mares ou nos céus, desde o primeiro estromatólito ao último primata.
Abriu a porta estanque, mas antes...Inspirou derradeiramente o ar primevo.
saiu.

A rua deserta.


A praça consumida.


A cidade perdida.
As arvores queimadas.


Os montes infectos.
A planície estagnada
A fauna e flora carbonizada.
Caminhava pela estrada de alcatrão derretido, colava-se aos pés em cada passada. A borracha da sola confundia-se com o crude. Descalço pela matéria em ebulição, prosseguia vagarosamente, os ossos pesavam-lhe, a carne cremada junto à pele.
O sol tudo infectava, a intempérie a tudo chegava, o frio gélido tudo assolava. Congela.
Sentou-se fumando o cachimbo de cana entupido com ópio.


Tolhava-se-lhe a visão.


O cinzento da paisagem confundia-se com o acimentar da ilusão.


As alucinações vinham em sequencia e repetidas eternamente.


Voava por cima de tudo, mesmo acima do zénite.
transportava nele os sentimentos e emoções do Mundo.
trazia com ele as recordações dos sorrisos e das cores dos desenhos infantis.

Era o último.


Era único.


A lembrança do passado era vaga e apagada pelo horizonte em decomposição.
Abrandou a velocidade.
Aterrou.
Combustão espontânea.
Apagou-se.
Tudo terminava
.


O vazio.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ocupado

Veja as diferenças. Repare na indiferença. Anote a referência.

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ligue o 705 123 213 (chamada de valor acrescentado 0.75 c + IVA)
por cada 100 chamadas habilite-se!

Completamente bué

Conversa num restaurante:
" e os gajos estão sempre numa daquela merda dos Macdonalds e KfC e cenas assim! Fo**-se, até já mete nojo, por isso não tenho saído muito com eles. Bom, mas que t´apetece comer? Eu ia numa dum bacalhau assado, ou uma carninha grelhada que achas?!" "Por mim é na boa!" (Depois de consultar a lista): "Então são dois hamburguers se fizer favor e duas colas..."(...) " Pois é temos de fazer umas viagens a sitios fixes. Para nao morrermos estupidos. Ao nepal? Aí nao! Eles cheiram mal e nunca tomam banho, ias fazer o que? Andar de lama? Podíamos é tipo ir à inglaterra. É fixe, o pessoal ao menos percebe a lingua, e os gajos sao bacanos, barcelona também é fixe ir ver as cenas do gaudi, aquele jardim, é um espectaculo. E aquelas avenidas, ele tinha uma visao! E ja foi ha bue!"

É a malta jovem...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Incerteza com certeza


Hoje duvidei do que vi. As pessoas no comboio. A cor do céu. O cão que me ladrava. O vento que me tocava. O café que bebia. As horas que batiam. O transito que me rodeava. A temperatura que baixava. O cigarro que fumava. Seria tudo real. Estaria eu vivo? Seria um sonho de um argumentista? A vida resume-se aos sentidos? A nossa essência reduz-se aos pensamentos? Serei um sub-produto da imaginação de alguém? Serei eu o desenhador de tudo o que me envolve, rodeia, preenche e observo neste meu mundo?

Estória de z para b, no interregno do Apontamentes Versão 2


Era uma vez 3 viajantes que percorriam o mundo em buscas de respostas? A quê?! Perguntam vocês e muito bem. A questões fulcrais deste nosso mundo. A Grandes mistérios da humanidade. Uma demanda pela verdade, pelos caminhos que deverão ser percorridos! Pelos meios e fins que nos determinam e classificam como espécie. Verdade esta que será mentira para muitos. Cada um opina. Cada outro Uma realidade que rodeia esta esfera que é maleável, não a esfera mas a verdade, ou as duas. Uma sofre a tectónica outra é distorcida conforme a vontade de quem a vê ou sente, ou apenas é deformada por requinte dum ser petulante ou apenas estúpido. Verdade que não é nada, é uma visão, uma ilusão, uma coisa que ninguém vê, mas adora filosofar sobre isso. DEmasiado tempo livre, como na antiga grécia, enfim resultado da revoluçao industrial e agora evolução da mecanização e automatização. Da necessidade de afirmação, de integração, de participação...Seja na humanidade, na comunidade, ou no seio familiar. Verdade que é demonstrada quando o "chefe" de família bate na mulher. Ou se entristece quando o Benfica perde, e se embebeda, ou o filho mais velho dá na prata porque a mãe morreu. Apesar da mãe ter morrido durante o parte. São momentos desta nova sociedade, o climax desta nossa civilização! Pura, límpida, perfeita e eficaz. Que potencia os recursos, que aproveita os excessos, que transforma os excedentes e os distribui de maneira justa e com ética social. Mas voltando à história, o s3 viajantes queriam conhecer o mundo, em busca das tais repostas, calcorrearam a terra durante décadas, esforçaram-se por falar com as diferentes ideologias, as diversificadas religiões, as díspares classe sociais. Classificaram e catalogaram tudo e todos. Pesaram e mediram bem as opiniões e razões de qualquer ser, desde o mais pequeno ao mais influente. No final sentiram-se satisfeitos pois compilaram o mundo, conseguiram obter respostas ás questões mais prementes, soluções para os problemas mais exigentes. Por fim descansaram, reflectiram e decidiram acabar com o Mundo. Tudo resolvido. Um sossego. Uma verdade, um fim...

Sabem que mais?


Hoje acordei dentro dum frasco. Estava certo que tinha adormecido noutro lado. Uma amnésia impedia-me de olhar para trás. Via o futuro. Via-me embalado. Via-me enroscado qual lâmpada. Senti-me selado. Constatei-me enviado por mail. Emitido via satélite. Reflectido num espelho. Pendurado numa parede. Afinal estava morto. Inanimado. Estático. Preso num fundo preto. Não estava como uma estrela a salvo dum qualquer pensamento num planeta. O que via era o futuro como um carril. Mas não se prolongava para o infinito mas sim torcia-se e perdia-se em si. Numa espiral colorida. Afinal era mais que isso. Era um dia. Um instante talvez. Era eu. Mas quem. O fio parte-se e caio. O fim aproxima-se. Um sol nasce. Sou o criador e invento. Estou ciente, sou um doutor mais que paciente. Espero, a minha vez. Salto, sonho e dou uma cambalhota num espaço amplo, silencioso e vazio. Toca a campainha. Desligo-me e sigo um um ideal numa recta sou um ponto transladado e uma linha.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

2semi em Lisboa e Porto




este Ultimo Em lisboa no Lounge pelas 23 horas de dia 25/10

Ps: Porque sim

As perguntas anteriores eram direccionadas.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Porquê?

Porque será que quando estamos no Inverno desejamos o Verão?
Porque será que quando estamos quase no Natal esperamos que a época passe rápido?
Porque será que quando estamos atrasados perdemos sempre o transporte?
Porque será que quando estamos desapaixonados dizemos mal do sexo oposto? e das relações?
Porque será que é quando não temos dinheiro que jogamos no euromilhões?
Porque será que dizemos mal dos governos mas votamos sempre neles?
Porque será que é quando acendemos o cigarro que chega o comboio, autocarro, táxi, etc?



porque será que quando nada questiono é que me lembro de colocar este post?

Estas e outras respostas, nos vossos comentários, na revista Lux e Prof. Bambo

Formatação


"haverá um tempo em que nos vamos recordar que fomos humanos"
Kayam Sonedra

O Bicho, o micro-ondas e a vontade de cismar


A principio não via nada, estava escuro, a chuva caia a potes, a estrada escorregadia. Encostou na berma. As palavras não saiam e demoravam a passar-lhe pela cabeça. Não que tivesse dificuldades de dicção, apenas não possuía boca. Saiu e vagueava pela beira rio. Os peixes saltavam e brilhavam à luz fosca da fosforescência natural do dia. Não pescava nada. Os anzóis rombos prendiam-se na calçada. Pesavam-lhe. Demoravam-lhe a caminhada. Descansava à sombra, a árvore tapava-lhe os horizontes verticais. Tremia de frio e de medo. De falhar, de não conseguir. Atirou a primeira pedra, saltou na água até ao infinito, Tentou segui~la com a vista, mas perdeu-se na densa floresta. a humidade era tremenda, cheia de mosquitos e ruídos estranhos. Receava encontrar algo medonho.Trancou-se por dentro da mente. Não conseguia sair mais tarde e chegou atrasado. Já o comboio tinha partido assim como o serviço de chá, tomou apenas um café, seguiu de metro para casa e ligou-se na TVI e passava a novela Filhos do Firmamento, história que conta a passagem de dois irmãos gémeos que separados à nascença vieram a saber mais tarde que eram siameses e sempre estiveram juntos, fez zapping e vegetou.Um dia assim se passou.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Zitu


Encontrei-o no alto de uma rua,

plena e rica

como quando eu divago na lua.

Tão suave como uma brisa quente

e estimulante vinda do mar.
Linda de se ver, que me põe de pernas para o ar.

Um céu tão quente e azul,

como o calor vindo dum oasis no meio do deserto, a sul.
Terna tal qual um gatinho,

um cachorro ou algo que aos meus olhos sinto-a assim.
Bela e cheia de luz e cor, seja em amarelo, azul ou vermelho carmim.

Fogo como o sol que nos aquece e acalenta.
Misteriosa como a noite escura,

mas que alegra até a névoa mais cinzenta.

Preciosa qual rubi, topázio ou esmeralda.

Sem preço, Joia rara, de valor incalculável!
Doce destilando a seiva qual uma floresta,

ou o cheiro selvagem da erva,

e frágil e potente como a abelha sorvendo o nectár e todo o mel.

Palavras estas sem sentido, conversa sem qualquer direcção, fico parvo e tonto... como enrolado por uma vaga do oceano, que me envolve, aperta, consome e me leva com ela.

Não remo contra a maré, vou firme pelo o meu próprio pé!

A minha inspiração, o meu fulgor, o meu coração! E... e fico pasmo, de tanto reflectir esta sensação e qualquer outra emoção.

Descrição esta insuficiente para definir o que tenho,
ou o que sinto e
ou o que passei a ser.

Uma felicidade alcançada, um caminho percorrido, uma ambição almejada, a minha alma mais que amada!

Termino com um suspiro, um grito, uma poesia tola, e esta declaração.

Ilhas


Estreou ontem pelo Teatro do Vestido, Ilhas. 4 actores, com várias ideias e ideais em Palco, Actuações a solo, em dueto e a quarteto. Cada um actua para si, para os outros e para nós. Constroi-se a peça em palco, dialogos trocados, monologos variados e trabalha-se no sentido de criar um cenário conjunto. Uma Peça cativante, hilariante e tremendamente acutilante. Recomendo!

4ªs a sábados as 21.30 no novo espaço da ZdB, no Inicio da Rua do Século

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

dois ponto nove por cento

2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%2.9%

terça-feira, 14 de outubro de 2008

!


O meu amor apaixona-me.

Maldição!


Sai daqui levanta-te e parte!

Não te quero ouvir!
Não quero saber de ti! Nem sequer se existes!

Desaparece! Vai e leva-os contigo!
A todos!
Arde!
Extingue-te!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Entre o Céu e a cave.

Era noite escura. dormiam no rés-do-chão. acordam com um estranho grito inumano. Entretanto um corpo disforme, arrasta-se sobre as suas cabeças. Ouve-se o estilhaçar dos vidros e o ceder das grades metálicas ao romperem-se para deixar passar tal criatura. A estrutura de betão salta da parede e desmancha-se como papel. Cá fora respira todo o ar. Preenche a noite escura, abafa o piar das corujas, silencia o latido dos cães, faz tremer os gatos que estancam, os roedores recolhem-se em qualquer canto. Os insectos incautos petrificam-se. Os morcegos incapazes de voar. Cala-se o vento. As árvores param e secam, as plantas ao redor morrem.
Abre as suas asas, escurecendo a própria noite e absorvendo toda a luz eléctrica criando um breu jamais visto.As ruas cobrem-se dum denso, espesso e compacto nevoeiro composto de finas partículas de um fumo pestilento que enlouquece qualquer ser vivo que o toque. Segue-se um guincho inaudível que se sente dentro peito e da alma de todos os habitantes de Paço D`Arcos, um frio gélido, um torpor doloroso que percorre as espinhas de qualquer vertebrado ou de qualquer coisa viva que esteja à escuta, uma dor surda atinge a população. Contorcem-se pelo chão.
Finalmente do cimo da sua torre, salta para o abismo recém criado, eleva-se nos céus, voa neste mundo e reina sobre o submundo. O silêncio é intenso, partiu...não se vê, não se ouve, nem se sente.
No rés-do-chão respiram fundo, a senhoria saiu mais uma vez...


(Baseada em factos verídicos)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Interludio #2


Caros amiguinhos, leitores, curiosos, ou simplesmente pessoas:



não tenho estado por cá.

agradeço os comentários.
tentarei responder quando me for possivel

Há 15 dias fui vitima de abducção na zona de alcoitão.

obrigado e até à proxima

Ps: não ando bem.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Interlúdio


Responda ao questionário sobre ãs grandes questões do século no final da página

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

De religião em região - Capitulo I

"Pela boca morreu o peixe" terminou assim um pescador a sua profecia. Um pecador na sua heresia. (Fade Out) Juntaram-se nas margens do Tigre, milhares de infiéis à facção Fonita, que apregoava o regresso à terra dos deuses-mineiros. Tinham erguido uma estátua ao seu avatar Jangó e Biné seu profeta. A reunião acabou mal, pois vieram do sul seguindo a estrela da Manhã, os 5 apóstatas e seus milhares de seguidores que abriram caminho através do mar morto abrindo as suas águas e mais um arbusto em chamas( mas isso é outra história..).
Próxima reunião na Rua de São Paulo, nº28 s/cv Esq da igreja Reino dos seus e dos primeiros dias santos e feriados. Pelas 13 h de domingo! Comparece e apedreja alguém!

Nas imagens Jango e Bné ou vice-versa

Grito


Acordei de gosto seco na boca e lábios gretados. As pálpebras coladas. A luz magoa. O corpo e membros dormentes. Ausentes? Tento levantar a cabeça para me ver. Não tenho força, ou está presa. O tecto branco, olho para os lados e passa uma multidão, estou na rua por baixo duma varanda agarrado a uma maca. Chamo por alguém, ninguém parece ouvir. Pára uma senhora e depois outra, conversam as duas a meio metro de mim. peço que me soltem que me tirem dali, nem sequer olham, ou não querem ouvir. tento mexer o braço para lhes tocar. Não o sinto, será que não se mexe? Estarei paralisado? Porque me ignoram? As senhoras partem, e continuam a passar por mim dezenas ou mesmo centenas de pessoas. Nem um olhar, uma única expressão, ou qualquer sentimento pela minha presença. Grito! Agito a cabeça! Tento espernear! Apesar de não saber se tenho pernas. Ninguém me acode? Porquê? Mais gente pára perto de mim. Este olha para mim. Sorriu-me! baixa-se para me falar, e eu sorrio para ele e quase choro de alegria! Mas não! de repente baixa-se mais que a minha cabeça e pega ao colo um cachorro e parte! Não pertenço ali , não existo para aquela gente! sou uma ilusão? ou sou eu que imagino tudo isto? A rua apinhada de gente que não sabe da minha presença, que não imagina o meu sofrimento. Chega a noite, e estou esgotado por tanto gritar e debater-me para me soltar dali e daquele lugar. A rua deserta e o meu apelo ecoa pelas paredes, oiço o barulho da cidade a adormecer. Fico ali, tudo a sentir, tudo a desaparecer, definha a minha imagem, o meu ser, consumo-me e desapareço, desfaço-me em mil estilhaços com uma lágrima que bate no chão.

Receita para um Raticida ideal num genocidio radical( sem corantes nem conservantes)

Um mundo à parte decerto. E Deserto.
Ocupe-se pois claro!
A gazela pasma,
a chita pára.
O abutre aterra.
O elefante ocupa o charco.
O crocodilo boquiaberto.
(Aparenta asma)

Os bufalos em desespero.
Uns chamam-na de Terra
A pastagem que desaparece.
Os insectos reagem e propagam-se
No ar viajam as partículas primordiais.
Um ecossistema com certeza que cresce.
e um meio para a nossa existência.
Espécies que se multiplicam para a extinção.
Mas´ inda não!
esperem pela ciência

Um segundo cósmico depois e fez-se luz.
Adão e Eva.
Caim e Abel.
O Neil Armstrong
Oppenheimer.
Um gajo chamado Manel.
E um senhor com uma Cruz
uma Hiroshima.
E roda o Carrossel
Aparecemos portanto.
Vindos do pó e das estrelas que brilham.
Reclamamos tudo para nós! E apontamos para cima

Configurar.
Adaptar.
Terraplanar.( palavra curiosa)
Transformar,
Rconstruir
Dividir, reinar. ( Uma chegada aparatosa)
Idealizar. DEstruir

Chega à Terra a espécie que sente e que pensa.
Tem de tudo até A emoção e a razão !
Que se arrepende e repete o erro.
Deja vu? estava a ver que não!

Que domina, e que é ultrapassado por Gaia.
Predisposta a reformular o ideal
Um novo Protocolo ou decisão
reonfigurando o banal
Sempre pronto para a extinção
Pois se antes chegou que agora saia.

Se num instante e extingue.
Como lhe apraz.
Uma Matança por cardápio.
VoCês nem sabem do que é capaz

Sem piedade ou misericórdia.ou comtemplação também
Mas com muita Fé!
Na diáspora proclama o bem.
E daqui não tira o pé!

Conquista e reclama em nome duma religião
A destruição do mal como sua criação
Passa o tempo, os dias a divagar.
e EM TUDO METE A MÃO
Essa espécie racional desaparece,
Esta Terra já não tem vagar.

Um fim e um início.
fez-se história e fez-se um balanço,
Daí tanto equilibrio e à beira do precipicio

A Terra com estes talentos
para isto ja não tem idade
diz que tudo isto foi insano
E com pouca humanidade.

Pede-se um mundo mais humano,
ou nova mentalidade
e uma nova era, com menos metano
que a esta, já só resta a Fatalidade.

Kraftwerk



este trans-europeu serviu-me de banda sonora e inspiração para o texto anterior, salvaguardadas as devidas diferenças de qualidade e perfeição

Ratos



Passam o dia dentro do escritório enegrecido pela sua própria silhueta. Os prédios em volta crescem, para eles como cogumelos. Plenos de alucinações, inundam-nos com o pó do asfalto que entorpece os movimentos mas também os fascina e fá-los trabalhar maquinalmente. O objectivo cumprido, os números batem certo e excedem expectativas. A alegria contagiante de mais um dia de imensa produtividade ineficaz e ineficiente. Tocam algumas badaladas, e a toque de caixa a saída é anunciada. Todos se dirigem para fora, o exterior, seguem os indicadores digitais, pré-programados e pré-fabricados que lhes indicam os destinos predestinados em frisada redundância. Destinos esses sempre fugazes, gentes que amanhã partem e se apagam como o semáforo que se acende na plataforma que cresce de pessoas em ebulição. Que se amontoam nos percursos. Aumentam à velocidade da partida enquanto outros encontram a chegada. Movimentos inconstantes e constantes. Caminhos conhecidos plenos de aglomerados desconhecidos. Gente adormecida circula na rua. Outros acordam e gritam, e falam do regresso do absurdo da vontade própria. Em vão.


e foram.



são esquecidos.



Passa-se por eles




e o semáforo verde.


As portas abrem e os carris seguem o seu caminho pelo tubo incolor e vazio de sentimento. Indolor. Pára mais uma vez e sobem as escadas.

A multidão expectante observa os painéis. O tempo não lhes obedece e continua. leva-os para longe, para um lar por instantes, para algo familiar por momentos, esfuma-se num cruzamento. O comboio arranca-os do espaço.

Sai-se novamente, espera-se pela sirene. arrancam! trocam olhares a medo, estranha-se o lugar reconhecido, segue-se em frente. As pálpebras fecham. Os carris em recta, comunicações em todos os sentidos diálogos perdidos e escutados em todas as direcções. pensamentos cruzados.


Tanta vida junta,


Pulsam com a energia electrica que os alimenta. Vivem viciados na roda do amanhã. Como o roedor, imunes à dor, em mentes pesadas. Dormentes pelo peso da carruagem que os conduz. Paragem à frente. sente-se a mágoa e o riso. Misturam-se num batido e mais um café servido de demência e rasgos de sanidade entre cortados por loucura calculada e à distância de um banco e de mais um lugar que vaga. Assim como uma mente.


passa mais um dia,




o indicador luminoso aponta,




e a sirene assinala.