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domingo, 4 de junho de 2023

OLHARES


 Tardes de domingo.

 Nos  anos de 70/80 António Gedeão dedicava as suas tardes de domingo a percorrer a velha Lisboa onde nasceu e viveu todo o seu tempo de andar por aqui. 

Gostava muito de fotografar e esse trabalho encontra-se em Memória de Lisboa.

É comovente ter jacarandás  perto do sítio onde moro.

E hoje, tarde de domingo, fui fotografar os 12 jacarandás que estão na Rotunda das Olaias, perto da Escola António Arroio.

O jacarandá é uma árvore exótica que chegou vinda do Brasil, da Argentina, da Bolívia ou do Paraguai

 Nos primeiros dias de Maio os jacararandás começam a florir pela cidade.

 Em outros tempos, fotografei (ver etiqueta jacarandás) os jacarandás do Largo do Rato, da Avenida D. Carlos I. E sempre, sempre os do Parque Eduardo VII, em tempo de Feira do Livro, numa lembrança nostálgica para o Jorge Silva Melo:

 «Não me tirem a rua dos livros ao sol, não me fechem a Feira do Livro, deixem-me, uma vez por ano, passear pelo Parque Eduardo VII de todos os jacarandás, ao cair da noite, pela fresca, deixem-me encontrar os amigos, são cada vez menos!, deixem-me queixar-me de já não ter dinheiro, nem espaço em casa para mais papelada, deixem-me voltar a casa com quilos de sacos, deixem-me a minha Feira do Livro onde ela é, é onde todos os anos eu respiro um mundo que talvez fosse maior, com mais gente, mais livros, histórias, poesias, gente a subir e a descer aos sábados à tarde, com tanto calor. E um dia gostava de filmar, porque não filmar a descoberta do amor entre um rapaz de uma barraquinha de livros em segunda mão e uma jovem escritora neurasténica, rapariga loira com as suas singularidades. Ou vice-versa, em Maio, no Parque Eduardo VII.»


Pegue-se também no livro  A Linguagem dos Pássaros da Ana Teresa Pereira:

 «Foi num mês de Abril, há muitos anos, éramos ainda crianças. Estamos de novo em Abril, o mês mais doce, aquele de que Miguel mais gosta, o mês azul, a nossa casa fica mergulhada em lilases, que escorrem pelo jardim, sobem as árvores, por vezes chegam ao muro que dá para as rochas. É também o mês dos jacarandás, os jacarandás ao longo da rua estão cobertos de flores violetas, que vemos da janela do nosso quarto, da varanda da torre, de um lado do mar até ao infinito, do outro o mar de flores. E o sim dos pássaros, desde Fevereiro que acordo a meio da noite com os pássaros, e deixo-me ficar imóvel, ouvindo-os até adormecer de novo e despertar de manhã, para mais pássaros, e para ele.»

 E não irei embora sem trazer o Eugénio de Andrade:

«São eles que anunciam o verão.
Não sei doutra glória, doutro
paraíso: à sua entrada os jacarandás
estão em flor, um de cada lado.
E um sorriso, tranquila morada,
à minha espera.
O espaço a toda a roda
multiplica os seus espelhos, abre
varandas para o mar.
É como nos sonhos mais pueris:
posso voar quase rente
às nuvens altas – irmão dos pássaros –,
perder-me no ar.»

Também Maria João Avilez:

«Sempre tive ânsia de viver, de experimentar as surpresas maravilhosas que a vida encerra, uma grande alegria de viver. Às vezes, a luminosidade de certas tardes em Lisboa, uma árvore em flor, como esses belos jacarandás do Parque Eduardo VII, um quadro, uma pessoa que observo e que, por qualquer razão, me desperta a atenção, bastam-me».

terça-feira, 10 de maio de 2022

FEIRA DO LIVRO 2022


A APEL informou, «com entusiasmo», que a Feira do Livro deste ano realiza-se de 25 de Agosto a 11 de Setembro no Parque Eduardo VII.

A Feira do Livro, para mim, é sempre uma festa, mas gostava mais dela quando acontecia em finais de Maio, princípios de Junho.

Porque, por esses dias, os jacarandás estão lindíssimos.

O Jorge Sila Melo também só gostava da Feira do Livro em Maio:

«Eu só gosto do Parque Eduardo VII em Maio, nunca lá vou noutra altura. Mas gosto de subir e de descer, sobretudo ao sábado e ao domingo, com gente que nunca vi nas livrarias, gente que mexe em livros, dicionários tantas vezes, livros do dia, livros mais baratos, gente, tanta gente, fico sempre com a sensação que há pessoas, que os livros servem as pessoas, que os editores são gente honesta que quer um mundo melhor, gosto de coleccionar os catálogos, de marcar com cruzinha os livros a comprar, de nem sequer comprar esses mas outros que me aparecem, esquecidos, de encontrar livros insuspeitos que nem sabia estarem editados, gosto de pedir autógrafos, há muitos anos foi lá que falei com a Maria Judite de Carvalho e lhe disse quanto a admirava, gosto de ver escritores sentados, gosto dos altifalantes a anunciarem escritores e descontos, gosto das farturas que ainda o ano passado engorduraram um livro de poesia acabadinho de comprar e até carote, não me tirem a rua dos livros ao sol, não me fechem a Feira do Livro, deixem-me, uma vez por ano, passear pelo Parque Eduardo VII de todos os jacarandás, ao cair da noite, pela fresca, deixem-me encontrar os amigos, são cada vez menos!, deixem-me queixar-me de já não ter dinheiro, nem espaço em casa para mais papelada, deixem-me voltar a casa com quilos de sacos, deixem-me a minha Feira do Livro onde ela é, é onde todos os anos eu respiro um mundo que talvez fosse maior, com mais gente, mais livros, histórias, poesias, gente a subir e a descer aos sábados à tarde, com tanto calor. E um dia gostava de filmar, porque não filmar a descoberta do amor entre um rapaz de uma barraquinha de livros em segunda mão e uma jovem escritora neurasténica, rapariga loira com as suas singularidades. Ou vice-versa, em Maio, no Parque Eduardo VII.»

domingo, 20 de março de 2022

E SE A PRIMAVERA FOSSE O TAL MOTIVO A INVENTAR?


Como disse o poeta Ruy Belo:

E eu chego e sento-me ao lado da primavera.

E seria o tempo do Jorge Silva Melo começar a falar dos jacarandás nas ruas de Lisboa.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

IREI POR SETEMBRO, NUNCA EM AGOSTO!


A 92.ª edição da Feira do Livro de Lisboa vai realizar-se entre 26 de Agosto e 12 de Setembro, no Parque Eduardo VII.

Sempre me lembro da Feira por Maio e Junho.

Mas, a exemplo do ano passado, a pandemia manda-nos o evento para Agosto e Setembro.

O único problema que a nova data tem, é que esse não é o tempo dos jacarandás.

Livros e jacarandás é um gosto de muita gente.

Jorge Silva Melo, por exemplo:

Eu só gosto do Parque Eduardo VII em Maio, nunca lá vou noutra altura. Mas gosto de subir e de descer, sobretudo ao sábado e ao domingo, com gente que nunca vi nas livrarias, gente que mexe em livros, dicionários tantas vezes, livros do dia, livros mais baratos, gente, tanta gente, fico sempre com a sensação que há pessoas, que os livros servem as pessoas, que os editores são gente honesta que quer um mundo melhor, gosto de coleccionar os catálogos, de marcar com cruzinha os livros a comprar, de nem sequer comprar esses mas outros que me aparecem, esquecidos, de encontrar livros insuspeitos que nem sabia estarem editados, gosto de pedir autógrafos, há muitos anos foi lá que falei com a Maria Judite de Carvalho e lhe disse quanto a admirava, gosto de ver escritores sentados, gosto dos altifalantes a anunciarem escritores e descontos, gosto das farturas que ainda o ano passado engorduraram um livro de poesia acabadinho de comprar e até carote, não me tirem a ruados livros ao sol, não me fechem a Feira do Livro, deixem-me, uma vez por ano, passear pelo Parque Eduardo VII de todos os jacarandás, ao cair da noite, pela fresca, deixem-me encontrar os amigos, são cada vez menos!, deixem-me queixar-me de já não ter dinheiro, nem espaço em casa para mais papelada, deixem-me voltar a casa com quilos de sacos, deixem-me a minha Feira do Livro onde ela é, é onde todos os anos eu respiro um mundo que talvez fosse maior, com mais gente, mais livros, histórias, poesias, gente a subir e a descer aos sábados à tarde, com tanto calor. E um dia gostava de filmar, porque não filmar a descoberta do amor entre um rapaz de uma barraquinha de livros em segunda mão e uma jovem escritora neurasténica, rapariga loira com as suas singularidades. Ou vice-versa, em Maio, no Parque Eduardo VII." 

terça-feira, 1 de junho de 2021

DOS REBOTALHOS E COISAS ASSIM...

 


Os jacarandás já florescem em Lisboa.

Na rotunda das Olaias, há uns tímidos jacarandás, mas gosto de os olhar.

Os melhores locais para, em Lisboa, olhar a beleza dos jacarandás são:

o Largo do Rato, a Avenida D. Carlos I,  a Avenida da Torre de Belém, o Parque Eduardo VII,  e o melhor que havia era visitar a Feira do Livro e olhar a beleza dos jacarandás, mas este ano a Feira só abre portas em Agosto.

Ou este poema do Eugénio de Andrade:

«São eles que anunciam o verão.
Não sei doutra glória, doutro
paraíso: à sua entrada os jacarandás
estão em flor, um de cada lado.
E um sorriso, tranquila morada,
à minha espera.
O espaço a toda a roda
multiplica os seus espelhos, abre
varandas para o mar.
É como nos sonhos mais pueris:
posso voar quase rente
às nuvens altas – irmão dos pássaros –,
perder-me no ar.»

1.

Vivemos em pandemia.

A todo o instante dizem-nos que estamos a melhorar, logo a seguir há quem diga que não é bem assim.

 Já há muito sei que não voltarei à vida que tinha.

2.

O governo, faça o que fizer, leva porrada.

Na esmagadora maioria põe-se a jeito…

Há ali gente que nem um clube de bairro saberia dirigir.

O lobby futebolístico uefeiro & Cª Lda,  impôs que a final da «champions» deveria realizar-se no Porto. O papa azul-dragão disse que iriam dar uma lição à malta de capital que, com festa de campeão do Sporting, provocaram um caos. 

Afinal não aprenderam nada com o que acontecera em lisboa.

Marcelo não conseguiu resistir, também alfinetou o governo quando no ano passado era um sorriso aberto de regozijo pela final da da Champions se realizar em Lisboa e até tirou fotografia.

Há quem diga que o crime organizado há muito invadiu o futebol.

3.

Santos Populares.

No Porto, diz-se que vão acontecer festejos sanjoaninos.

Rui Rio não concorda.

Em Lisboa, diz-se que não existirão festejos santaantoninos.

Carlos Moedas não concorda.

Apenas 90 mil quilómetros quadrados.

O mesmo país?

4.

Com o dinheiro ganho com o pontapé na bola, Cristiano Ronaldo comprou, em Lisboa, o mais caro andar da cidade e arredores. 

O dinheiro é dele, faz o que muito bem  quiser.

A coisa embaraça-se quando no topo, sem autorização camarária, sem consulta aos restantes inquilinos do prédio, manda construir uma marquise.

O arquitecto do edifício sente-se chocado, Tomás Taveira, célebre arquitecto do burgo, considera que o espaço da marquise é vital para a profissão de Ronaldo.

Ainda não se sabe se a marquise será, ou não, demolida.

Revoltadas com as críticas à marquise, as irmãs de Cristiano, disseram aos jornas: «palhaçada de país!»

Será que já chegámos à Madeira?

5.

Como não há contabilidades para estas coisas, admite-se que ainda existam em Portugal cerca de 900 lares ilegais e isso manda-nos para uma população residente de 18 a 27 mil pessoas.

6.

Os lucros da Jerónimo Martins no 1.º trimestre de 2021 foram de 61 milhões de euros, mais 24 milhões do que o período homólogo de 2020.

7.

 A administração do Novo Banco vai receber um bónus de 1,86 milhões de euros, referente a um ano em que o banco deu prejuízos de 1.329 milhões.

A Assembleia da República proibiu o governo, no final de 2020, de emprestar mais dinheiro dos contribuintes ao Novo Banco. Para contornar o obstáculo, o executivo aprovou agora, em Conselho de Ministros, uma resolução que vai permitir ao Novo Banco receber uma nova injeção, desta vez de 429 milhões de euros, por parte do Fundo de Resolução.

8.

O número de imigrantes em Portugal é agora de cerca de 660 mil, mais setenta mil do que antes da pandemia. No primeiro trimestre deste ano, nasceram quase menos três mil bebés e temos que atentar no facto de uma boa parte destes nascimentos se verificarem entre a população migrante.

9.  

Até Março deste ano os consumidores portugueses gastaram mais 125 milhões de euros em supermercados, um aumento de 5,5% em relação a igual período do ano passado e as bebidas foram o sector com o maior crescimento, de 20,7%.

10.

Porque o saber mão ocupa lugar, li num texto do Manuel S. Fonseca que Rudyard Kipling pintava de vermelho as bolas de golfe para poder jogar nos dias de neve. 

domingo, 28 de junho de 2020

ANTOLOGIA DO CAIS


Para assinalar os 10 anos do CAIS DO OLHAR, os fins-de-semana estão guardados para lembrar alguns textos que por aqui foram sendo publicados.

DOMINGO NO PARQUE

Sempre entendi a Feira do Livro como uma festa.

Também oportunidade para encontrar, a bons preços, livros que já temos dificuldade em encontrar nas livrarias, por motivos que só estão ao alcance do oportunismo de editores e livreiros.

Chamam-lhes fundos de catálogo, ou lá o que é.

Neste aspecto a Relógio d’Agua, mais uma vez, dá uma banhada à concorrência.

Facilmente manuseados em caixas que mostram os respectivos preços, estão ali grandes livros, grandes autores, por preços que vão dos 3 aos 10 euros.

Sou rapaz de livros e petiscos.


Este ano a mistura é abrangente e espalhada ao longo de todo o recinto: farturas, churros, bifanas, cachorros, caracóis, gelados, cafés, ginjinha.

Espanto-me como ainda não chegaram as roulottes de sandes de coiratos.

Dêem-lhes tempo…

Como dizia: o poeta: primeiro estranha-se, depois entranha-se.

Feira do Livro.

Um encontro de cheiros, sejam eles dos petiscos, dos próprios livros – sempre gostei de cheirar os livros – das flores e árvores do parque, a despedida, por este ano, dos jacarandás, um deles apanhado em pleno gozo de sol e que encima o texto.



Experimente comprar um livro e vá folheá-lo para uma das esplanadas que a feira oferece e que, resumidamente, se espraiam por aqui.

Neste ano, a Feira regista a presença de 480 editores espalhados por 240 pavilhões.

Milhares e milhares de livros que, em grande parte, não sei a que públicos se destinam, mas editam-se.

Nada melhor para encerrar o dia, que reler um velho texto que, suponho seja do Fernando Assis Pacheco:


Feira do Livro.

Pratique então você, sozinho e em segredo, a sua subversão. Faça uso do seu tempo, respire fundo, atenda aos seus sentidos, deixe-se apaixonar, ao toque, ao cheiro, por algum livro antigo, manchado por bolores de anónimos invernos. Oculto, disfarçado como um tesouro celta, enigmático e no entanto familiar, está aquele livro que você sempre quis ler ou perdeu em criança e vai encontrar por escolha sua.

Vá-o abrindo devagar, desfrute-o como um ser único que lentamente se desvenda e oferece sucessivas camadas de beleza. Confunda-se com ele, risque, comente, assinale-lhe no corpo o seu percurso. Use-o, gaste-o, comece-o outra vez. Será este um prazer de nossos avoengos a quem a vista de um tornozelo de mulher proporcionava excitações inconcebíveis e a posse de um livro, só por si, legitimava orgulhos genealógicos.

Boa Feira e bons encontros.

Texto publicado em 2 de Junho de 2017

sábado, 8 de dezembro de 2018

OLHAR AS CAPAS


A Linguagem dos Pássaros

Ana Teresa Pereira
Capa: Fernando Mateus sobre quadro de Mark Rothko
Colecção Crime Perfeito nº 14
Relógio D’Água, Lisboa, Novembro de 2001

Foi num mês de Abril, há muitos anos, éramos ainda crianças. Estamos de novo em Abril, o mês mais doce, aquele de que Miguel mais gosta, o mês azul, a nossa casa fica mergulhada em lilases, que escorrem pelo jardim, sobem as árvores, por vezes chegam ao muro que dá para as rochas. É também o mês dos jacarandás, os jacarandás ao longo da rua estão cobertos de flores violetas, que vemos da janela do nosso quarto, da varanda da torre, de um lado do mar até ao infinito, do outro o mar de flores. E o sim dos pássaros, desde Fevereiro que acordo a meio da noite com os pássaros, e deixo-me ficar imóvel, ouvindo-os até adormecer de novo e despertar de manhã, para mais pássaros, e para ele,

quinta-feira, 22 de junho de 2017

OLHARES




Ainda a Feira do Livro.
Um jacarandá ainda em flor, o Tejo lá ao fundo e, para que nada falte. um fraldário.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

AINDA A FEIRA DO LIVRO


Chega-se a esta minha idade e existem na biblioteca livros comprados e ainda não lidos.

E há sempre o suave ímpeto de comprar mais livros.

A Feira do Livro é, acima de tudo, a lembrança daquela noite, em redor das taças de água do Rossio, em que o meu avô me comprar o primeiro livro de Emílio salgari. Curiosamente não me inclinei para qualquer Sandokan, ou o Pirata Vermelho, antes Os Pescadores de Pérolas, sei lá bem porquê.

Depois, a pouco e pouco é que vieram os restantes salgaris que, continuo a considerar, na devida idade, um dos melhores estímulos para hábitos de leitura.

Penso que já disse, mas um dia emprestei a um primo meu – santa ingenuidade!... - - toda a minha Colecção Salgari.

Passados uns tempos, quando os quis de volta, fiquei a saber que tinham sido vendidos para angariar tostões para rebuçados da bola e idas às matinés do Cine-Oriente.

Tenho por aí dois ou três exemplares adquiridos em alfarrabistas a preço baixo.

Um dia, num daqueles alfarrabistas que estacionam, nas tardes de sábado, na Rua Anchieta, ao Chiado, pediram-me uma exorbitância por Os Pescadores de Pérolas.

Fiquei a olhar assim um tanto para o surpreendido, mas o livreiro logo atalhou: «É pegar ou largar!».

Não gostei do preço e da fanfarronice e… «larguei.»

A Feira é um gosto muito meu.

Os jacarandás, o Tejo muito lá ao fundo.

Este ano, nos dezoito dias de Feira, venderam-se 400 mil livros e concluíram que quatro em cada cinco visitantes compraram um.

Olhei o que quis olhar, mas o que me ocupa mais tempo são os stands da Relógio d’Água com os seus caixotes com livros dos fundos do catálogo, a bom preço.

Depois o tirar a fotografia ao stand da & etc. onde sei que nunca mais encontrarei o Vitor Silva Tavares.

E as saudades que me saltam aos molhos enquanto caminho para casa.

terça-feira, 23 de maio de 2017

OLHARES




Rotunda das Olaias.
Todos os anos, por Maio, o espectáculo dos jacarandás floridos na cidade.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

OLHARES


Começam as despedidas dos jacarandás.

domingo, 15 de junho de 2014

segunda-feira, 8 de julho de 2013

OLHARES


Lisboa, Parque Eduardo VII.

terça-feira, 4 de junho de 2013

OLHARES


Jacarandá na Rua Pinheiro Chagas em Lisboa.

domingo, 2 de junho de 2013

DOMINGO NO PARQUE


Sempre entendi a Feira do Livro como uma festa.


Também oportunidade para encontrar, a bons preços, livros que já temos dificuldade em encontrar nas livrarias, por motivos que só estão ao alcance do oportunismo de editores e livreiros.

Chamam-lhes fundos de catálogo, ou lá o que é.

Neste aspecto a Relógio d’Agua, mais uma vez, dá uma banhada à concorrência.

Facilmente manuseados em caixas que mostram os respectivos preços, estão ali grandes livros, grandes autores, por preços que vão dos 3 aos 10 euros.

Sou rapaz de livros e petiscos
.

Este ano a mistura é abrangente e espalhada ao longo de todo o recinto: farturas, churros, bifanas, cachorros, caracóis, gelados, cafés, ginjinha.



Espanto-me como ainda não chegaram as roulottes de sandes de coiratos.

Dêem-lhes tempo…

Como dizia: o poeta: primeiro estranha-se, depois entranha-se.

Feira do Livro.

Um encontro de cheiros, sejam eles dos petiscos, dos próprios livros – sempre gostei de cheirar os livros – das flores e árvores do parque, a despedida, por este ano, dos jacarandás, um deles apanhado em pleno gozo de sol e que encima o texto.


Experimente comprar um livro e vá folheá-lo para uma das esplanadas que a feira oferece e que, resumidamente, se espraiam por aqui.


Neste ano, a Feira regista a presença de 480 editores espalhados por 240 pavilhões. Milhares e milhares de livros que, em grande parte, não sei a que públicos se destinam, mas editam-se.

Nada melhor para encerrar o dia, que reler um velho texto que, suponho seja do Fernando Assis Pacheco:


Feira do Livro.

Pratique então você, sozinho e em segredo, a sua subversão. Faça uso do seu tempo, respire fundo, atenda aos seus sentidos, deixe-se apaixonar, ao toque, ao cheiro, por algum livro antigo, manchado por bolores de anónimos invernos. Oculto, disfarçado como um tesouro celta, enigmático e no entanto familiar, está aquele livro que você sempre quis ler ou perdeu em criança e vai encontrar por escolha sua.

Vá-o abrindo devagar, desfrute-o como um ser único que lentamente se desvenda e oferece sucessivas camadas de beleza. Confunda-se com ele, risque, comente, assinale-lhe no corpo o seu percurso. Use-o, gaste-o, comece-o outra vez. Será este um prazer de nossos avoengos a quem a vista de um tornozelo de mulher proporcionava excitações inconcebíveis e a posse de um livro, só por si, legitimava orgulhos genealógicos.

Boa Feira e bons encontros.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

POSTAIS SEM SELO



Abril é o mês mais doce, pensou. Tinha a impressão de que escrevera a frase numa das suas novelas, Abril é um mês azul, os lilases, os jacarandás, os lírios. E o mar, que se estendia à sua frente, o mar no qual podiam surgir monstros de olhos verdes. Fechou o livro e pousou-o no muro, estendeu as pernas para o lado das rochas.

Ana Teresa Pereira, de uma crónica no Público s/d

sexta-feira, 20 de maio de 2011

OLHARES







Jacarandás, hoje, no Jardim Constantino.

terça-feira, 17 de maio de 2011

OLHARES










Jacarandás, hoje, na Praça de Londres.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O PARQUE DE TODOS OS JACARANDÁS


Meses antes da Feira do Livro de 2004, os mentores, para justificarem ordenado ou subsídio, começaram a estudar a mudança da Feira do Parque Eduardo VII. Não sabiam bem para onde, mas isso para eles nunca é importante. Pensam em mudar e mudarm depois logo se verá. Por norma sai sempre disparate.
Um coro de protestos levantou-se.
Na feira desse ano um grupo de editoras, editoras que gostam mesmo de livros (Afrontamento, Antígona, Assírio & Alvim, Climepsi, Cotovia, Gótica, Meribérica-Liber, Relógio d’Água, Teorema) fizeram um livrinho que reunia textos de autores diversos , “Os Livros no Parque”, em defesa da localização da Feira do Livro de Lisboa no parque Eduardo VII.
“É para nós evidente que a feira neste local pode e deve ser melhorada; mas só parque Eduardo VII ela mantém as características de festa cultural da ciddae de Lisboa, num local central e aprazível, ao ar livre.”
Este é o texto que o Jorge Silva Melo escreveu para este livrinho:
"Eu só gosto do Parque Eduardo VII em Maio, nunca lá vou noutra altura. Mas gosto de subir e de descer, sobretudo ao sábado e ao domingo, com gente que nunca vi nas livrarias, gente que mexe em livros, dicionários tantas vezes, livros do dia, livros mais baratos, gente, tanta gente, fico sempre com a sensação que há pessoas, que os livros servem as pessoas, que os editores são gente honesta que quer um mundo melhor, gosto de coleccionar os catálogos, de marcar com cruzinha os livros a comprar, de nem sequer comprar esses mas outros que me aparecem, esquecidos, de encontrar livros insuspeitos que nem sabia estarem editados, gosto de pedir autógrafos, há muitos anos foi lá que falei com a Maria Judite de Carvalho e lhe disse quanto a admirava, gosto de ver escritores sentados, gosto dos altifalantes a anunciarem escritores e descontos, gosto das farturas que ainda o ano passado engorduraram um livro de poesia acabadinho de comprar e até carote, não me tirem a rua


dos livros ao sol, não me fechem a Feira do Livro, deixem-me, uma vez por ano, passear pelo Parque Eduardo VII de todos os jacarandás, ao cair da noite, pela fresca, deixem-me encontrar os amigos, são cada vez menos!, deixem-me queixar-me de já não ter dinheiro, nem espaço em casa para mais papelada, deixem-me voltar a casa com quilos de sacos, deixem-me a minha Feira do Livro onde ela é, é onde todos os anos eu respiro um mundo que talvez fosse maior, com mais gente, mais livros, histórias, poesias, gente a subir e a descer aos sábados à tarde, com tanto calor. E um dia gostava de filmar, porque não filmar a descoberta do amor entre um rapaz de uma barraquinha de livros em segunda mão e uma jovem escritora neurasténica, rapariga loira com as suas singularidades. Ou vice-versa, em Maio, no Parque Eduardo VII."

quinta-feira, 29 de julho de 2010

AINDA OS JACARANDÁS



Quando fiz a pequena viagem pelos jacarandás de Lisboa, andei à procura de um poema que um dia encontrara num blogue.
Com bastante pena minha não encontrei o apontamento onde escrevi o nome do blogue.
Hoje, como muitas vezes acontece, à procura de uma outra coisa, fui encontrar o tal apontamento.
O poema tinha-o lido no blogue “Sorumbático” de Carlos Medina Carreira.
É um poema inédito, oferecido por Manuel Magro, a Carlos Medina Carreira.
Como entendo que todo o tempo é tempo de jacarandás, aqui vai o poema:

"Na cidade de Lisboa
plantei mil jacarandás,
de azul floriram em Junho
e em Outubro de lilás.

Disto dei nova a el-rei,
quando ainda era rapaz,
o rei me mandou de volta
quatro mil jacarandás.

Por toda a parte os plantei:
em beco, rua, avenida,
Lisboa toda se ufana
de se ver assim florida.

Garrida de azul-lilás
já passada a primavera,
ai, só eu era capaz
de fazer o que fizera.

Quando me for deste mundo,
em descanso e boa-paz,
plantem sobre a minha campa
quatro mil jacarandás,
aqueles que o rei me deu
quando ainda era rapaz,
e mandem forrar Lisboa
toda de azul e lilás. "