Historia maritima

O presente livro – O Mar no Futuro de Portugal: Ciência e Visão Estratégica – é um
dos resultados do projecto de investigação “A Extensão da Plataforma Continental
Portuguesa: Implicações Estratégicas para a Tomada de Decisão”, realizado no quadro do
Centro de Administração e Políticas Públicas do Instituto Superior de Ciências Sociais e
Políticas da Universidade de Lisboa, em parceria com a Marinha Portuguesa e a Esri-
Portugal, Sistemas de Informação Geográfica, S.A., financiado pela Fundação para a Ciência
e Tecnologia.

O Mar configurou Portugal. Na nossa História manteve presença constante como factor
de desenvolvimento nacional, como via de acesso a novas terras, novas gentes, novos produtos, novos negócios. Há quarenta anos, o 25 de Abril causou uma mudança estrutural na
posição geopolítica de Portugal e consequentemente no nosso conceito estratégico nacional.
Este conceito, desestruturado e indefinido durante cerca de uma geração, tem vindo a reconfigurar-se desde os anos 90 do século passado no sentido de uma reorientação nacional para o Mar, tendo a Expo 98 sido um marco desse movimento.

Hoje há ainda muito mais discurso que acção, mais palavras que realizações. Mas
estamos a ser convocados, desafiados para uma resposta digna da nossa História de nove
séculos e do nosso extraordinário feito dos Descobrimentos.

O processo de extensão da plataforma continental portuguesa, submetido formalmente
em 11 de Maio de 2009 à Comissão de Limites da Plataforma Continental das Nações
Unidas, veio de certo modo agitar a consciência marítima dos portugueses, e a Universidade
não deixou de ser alvo dessa agitação na interacção quotidiana que congrega professores e
estudantes preocupados com o presente e futuro de Portugal.

O Mar no Futuro de Portugal: Ciência e Visão Estratégica é pois um trabalho multidisciplinar
em que se cruzam história, economia, geografia, ecologia, biologia, gestão, relações internacionais, intelligence, prospectiva, sistemas de informação geográfica, cibersegurança, estudos estratégicos e robótica subaquática, numa composição de tempo tríbio: o
futuro de Portugal vislumbrado e projectado no presente em função do passado e da conjuntura.

É bem conhecido o impulso dado por D. Dinis ao desenvolvimento naval do reino português. A contratação do Almirante Manuel Pessanha trouxe para Lisboa um homem experiente na guerra marítima, que se revelou indispensável na composição da marinha portuguesa. Além dos homens também outras estruturas, muito menos conhecidas, foram essenciais para o referido desenvolvimento naval. As tercenas régias de Lisboa, erguidas no século XIII, foram uma das mais importantes bases navais do reino até ao final do século XV, momento em que a sua funcionalidade se alterou definitivamente, deixando a construção naval para funcionarem a partir dessa época como um grande armazém da propriedade régia.
Este estudo pretende trazer à luz novo conhecimento sobre as tercenas régias de Lisboa, e a sua história e evolução entre os reinados de D. Dinis e D. Fernando, momentos em que esta estrutura de apoio à construção naval teve um papel fundamental na construção de galés. Nesta comunicação iremos abordar a evolução desta estrutura, tentando reconstituir a sua forma arquitectónica até aqui desconhecida, a partir do nosso conhecimento de estruturas semelhantes de outras cidades portuárias, e também a partir dos resultados arqueológicos das escavações efectuadas no local onde existiram as tercenas régias, no quarteirão do Banco de Portugal. A par do tratamento destes dados, a análise da documentação medieval permite-nos conhecer a evolução desta estrutura e também perceber melhor a sua importância efectiva na história naval do reino português.

Abstract

The impulse given by D. Dinis to the naval development of the Portuguese kingdom is well known. The hiring of Admiral Manuel Pessanha brought to Lisbon a man experienced in the maritime war, who proved indispensable in the composition of the Portuguese navy. In addition to men, other, much less well-known structures were essential for such naval development. The arsenal of Lisbon, built in the thirteenth century, was one of the kingdom's most important naval bases until the late fifteenth century, at a time when its functionality definitely changed, leaving shipbuilding to function from that time on as a major regal property warehouse.
This study aims to bring to light new knowledge about the royal arsenal of Lisbon their history and evolution between the reigns of D. Dinis and D. Fernando, moments in which it played a key role in the construction of galleys. In this paper we will discuss the evolution of this structure, trying to reconstitute its hitherto unknown architectural form, from our knowledge of similar structures from other port cities, and also from the archaeological results of the excavations at the site of the royal arsenal, in the block of Banco de Portugal. Alongside the treatment of these data, the analysis of the medieval documentation allows us to know the evolution of this structure and also to better understand its effective importance in the naval history of the Portuguese kingdom.

1. Los motivos de las expediciones · 2. Las técnicas de navegación · 3. La continuidad con las exploraciones del siglo XV · 4. La apertura de nuevos espacios · 5. Las expediciones científicas · 6. Las grandes expediciones · 7. La relación entre conocimiento y expansión colonial · 8. Los avances en la ciencia: la nueva historia natura · 9. La literatura de viajes y la imagen del otro · 10. El impacto en las sociedades locales.

The aim of this panel will be to expose our analysis about the expansion of the forms of the medieval urban  government and forms of political and social organization from the centers of power to the peripheries of the
Peninsula, located in the townports of the maritime borders of the kingdom of Castile. The relationship between the center and the peripheries was based, on the one hand, on the transfer of given models, such as the charters of Logroño, Sahagún and Estella, but also, on the other hand, on the constant modifications and adaptations to local needs and conditions during the Late Middle Ages, which represented a new urban governance model of a "polycentric nature". These processes led to the formation of new forms of urban governance in the Peninsula peripheries, in which the ports were a model at local and regional level. We will expose the similarities and differences in the development of the governance of the medieval town-ports in the peripheral regions of Northern Peninsula in relation to those of the interior and if they were the result not only of common models, but also of the similarities between local political, social and economic conditions between the town ports of the European Atlantic facade in the Middle Ages from a political, economic and legal perspective.

Chair: Jesús Ángel Solórzano Telechea
Discussant: Iñaki Bazán Díaz

• Jesús Ángel Solórzano-Telechea (University
of Cantabria) – Politics and governance in the
town-ports of Northern Peninsula in the Middle
Ages
• José Damián González Arce (University of
Murcia) – Naval Commerce Institutions in the
Biscayan Gulf: the familial companies at the end
of the Middle Ages
• María Álvarez Fernández (University of Oviedo)
– Legal instrumentation in Asturian town-ports at
the end of the Middle Ages

Session: Global commercial networks in the early modern era

• Inazio Conde (Universidad de Cantabria) – The
Basques and the route to Flanders from the
Mediterranean peninsular ports of the Crown of
Aragon (1470-1500)
• Luisa Piccinno/Andrea Zanini (University of
Genoa) – Maritime trade business for Genoa’s
based merchants in Early Modern age
• Daya Wijaya (CITCEM, University of Porto,
Portugal & History Department, State University
of Malang, Indonesia) – The Malacca-Okinawa
Trading Networks during the Portuguese Period
• Aasim Khwaja (Jawaharlal Nehru University) -
Maritime Supplies of Horses and the Exercise
of State Power in the Mughal Empire during the
Seventeenth Century

+ info: https://imha2020.com/programme/

These sessions are part of the collective Research Project: “BARMER: From the ship to the market. Economic activity, social relations and armed conflicts in the town-ports of Atlantic Europe in the late Middle Ages” (PID2020- 118105GBI00) funded by the Ministry of Science and Innovation  of the Government of Spain.

L a primera circunnavegación fue identificada rápidamente por sus contemporáneos como una gesta sin precedentes. Así, Maximiliano Transilvano (secretario de Carlos V) o Giovanni Battista Ramusio (erudito y compilador de viajes) dejaron por escrito el juicio que la posteridad les reservó a aquellos hombres intrépidos: al rodear la Tierra, la navegación de la Victoria había superado todas las hazañas náuticas del pasado, ofreciendo una imagen de nuestro planeta que ningún héroe o argonauta de la Antigüedad podía siquiera haber rozado. Dar la vuelta al mundo era un hecho insólito, algo que probaba la superioridad sobre los antiguos y que afirmaba la noción de progreso, aunque también, por otra parte, la gran conquista había sido en buena medida azarosa, algo casual, es decir, imprevista, no planeada: una vez alcanzadas las Molucas por la nueva ruta, aquellos hombres desesperados solo buscaban huir hacia delante, seguir en pos del sol, efectuar un nostos (un regreso) improbable y circular. Más que demostrar empíricamente la redondez de la Tierra, algo sabido y que a nadie le preocupaba demostrar, la primera circunnavegación puso sobre la mesa algunos hechos geográficos trascendentes y problemáticos, ese tipo de hechos que exigen décadas para ser asimilados e incorporados al pensamiento y la ciencia del momento, como la emergencia del Nuevo Mundo, sin ir más lejos.