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29 de março de 2007

um dia não são dias


Restavam poucos dias de vida ao meu cão. Como já nem queria comer, a veterinária quis pô-lo a soro. Mas porquê soro? Porquê ficar internado? Depois de me ver lavada em lágrimas, a Dra. decidiu deixar-me levar o Dunga. "Vamos para casa. Vamos."
Ele cambaleava à chuva, cheirou os carros um por um e parou ao pé do nosso. Cheguei a ter de carregá-lo ao colo, pesava 30 kg.
Já que nos restava pouco tempo, achei que não "faria mal" à educação do Dunga deixá-lo dormir comigo e subir para o sofá...
Morreu tal como eu queria, na minha cama, o lugar mais cobiçado e onde adorava dar cambalhotas. O meu cão mau. Coberto de beijos, de olhos postos em mim.

vira do minho



A barriga do Dunga era cor-de-rosa. No últimos dias eu faltei uma semana à faculdade e vimos muita televisão. Dava-lhe muitos beijinhos na barriga e chamava-lhe cancruzi. A minha mãe achava horrível mas o Dunga ria-se.
O Dunga e eu adorávamos dançar o vira de lenço na cabeça.
Na verdade, eu punha-lhe o lenço, dançava e cantava e ele só ficava sentado a olhar para mim e a rir-se muito. Acho que tinha um bocadinho de vergonha...

28 de março de 2007

dunga e os morangos

O Dunga era aquilo a que se chama um cão traiçoeiro. Ele mordia.
Encontrámo-lo a morrer no meio do lixo, com sarna e febre, cheio de fome e sede. Depois de muito amor, fisioterapia e medicação, o Dunga ficou bem mas não ficou bom. Ele apaixonou-se perdidamente por mim e eu por ele. Isso não o impediu de me fazer uma tatuagem no braço e duas nas pernas.
Dentro do Dunga havia um cancro que crescia e o devorava. O Dunga não sabia, nem nós. Mas às vezes ele sentia ódio do mundo e da vida e eu acho que era por causa do cancro. Atacava as pessoas na rua, mesmo com o açaime. Eu não passeava um cão, passeava um corta-relva descontrolado.
Felizmente nunca arranjei solução (o que fazer com o Dunga, já que ninguém o queria, para além de mim) para o nosso problema, o cancro tratou do resto. Assim, foi a morte que nos uniu e que nos separou.


O Dunga adorava morangos. Chegava-se aos vasos, metia um morango na boca e começava a puxar, a puxar, até que tuc, o arrancava e mastigava. Também adorava meter-se dentro da minha mala de ir para o Porto. Não suportava ficar sem mim. Dormíamos de mão dada, para que ele não subisse para a cama. Acordava sempre com ele a olhar para mim, calado e concentradíssimo nos meus olhos. Assim que os abria ele dava início ao seu espectáculo de cambalhotas em cima da cama.

Depois faço mais desenhos. Tenho demasiados na minha cabeça. O Dunga a dormir, o Dunga vestido de minhota, o Dunga a fugir-me na hora de entrar no carro... todos disparatados. Também tenho outros muito tristes.

14 de janeiro de 2007

Casa vazia


O Dunga era o meu cão. Apaixonou-se perdidamente por mim e eu fui a mãe dele. Morreu na minha cama com ajuda, enquanto olhava para mim e deixou-me marcas profundas. Algumas bem feias...