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8 de março de 2007

mulher

Isto de nascer depois do 25 de Abril tem que se lhe diga. Nunca me senti realmente ameaçada por ser mulher, nunca senti a minha liberdade comprometida, muito por inconsciência, diga-se. Excepto agora, por causa do aborto. Fiquei tão abalada com as coisas que li e ouvi que, pela primeira vez na vida me senti realmente discriminada por ser mulher. De todas as outras vezes em que fui posta de parte ou olhada de lado (por machismo ou outros motivos), este meu narizinho empinado pôs-se a trabalhar e então nunca fiquei traumatizada. Excepto agora, por causa do aborto. A questão do nosso referendo, na minha opinião, trata de Liberdade. Liberdade de escolha, liberdade de expressão, até. Ainda hoje a revolta me percorre as veias ao pensar nas palavras do professor Marcelo. Ainda hoje penso nas pessoas que ouvi dizer os seus argumentos e que tenho de respeitar, mesmo não me cabendo na cabeça o que me disseram. Acordei para a vida quando vi que algumas pessoas que votaram não, estavam a querer dizer-me a mim, como mulher citada na questão do referendo, isto:

Olha, tu não sabes, mas dentro de ti está um ser humano. Dentro de ti está um bebé que é teu filho. Olha, tu não estás a ver bem as coisas. Senta-te aqui e ouve as minhas sábias palavras. Tu vais desejar este filho, vais querer vê-lo crescer cada vez mais, dentro e fora de ti. Vais gostar de o parir, de o amamentar, de lhe mudar as fraldas. Tu não sabes mas vais gostar de acordar de madrugada com o seu choro incessante e indecifrável. Vais saber o que é ser mãe. Vais afeiçoar-te a ele porque é esse o teu papel. Olha, tu não sabes mas, apesar de não desejares tê-lo agora, ele vai encher a tua vida de luz, mesmo que sejas pobre, mesmo que não saibas ser mãe, mesmo que tenhas outros projectos para a tua vida. A vida dele é mais importante, porque o teu bebé é frágil neste momento. Mesmo que não o queiras, ele quer-te a ti. Sabes, este teu filho não é só teu, também é do mundo, da vida. Ele tem direitos próprios e, se tu não o quiseres, podes dá-lo para adopção. Assim ele será feliz e tu também. Pensa bem, não é por mal que eu voto não. É porque sou pelo direito à vida, sou pelos direitos humanos. Entendes? Eu voto não, para o caso de não teres percebido ou concordado com os meus argumentos. Eu voto não porque um dia vais perceber que eu tenho mais razão que tu.

Hoje, como mulher, ainda guardo mágoa das pessoas que quiseram apoderar-se do meu útero e da minha vida. Pessoalmente, pouco me afecta se me quiserem proibir de abortar. Com esta teimosia que não me larga, com esta auto-estima e com alguns tostões que consiga juntar, vou a Espanha e vou onde quiser. Filho meu, há-de ser muito amado e desejado, não há-de ser filho do NÃO.
Mas isso sou eu. E as outras? As outras Mulheres?

Feliz dia a todas!

12 de fevereiro de 2007

grandes portuguesas

Eu e a Dona Celeste.
11h da manhã e lá fomos nós, eu de socas (ideia inteligente) e a minha querida vizinha de chapéu impermeável, as duas de gabardina e guarda-chuva, de mão dada a saltar pocinhas, em direcção às urnas.
Que duas mulheres de coragem, que saíram à chuva por uma razão tão insignificante... Ou então, que duas mulheres levianas, que anseiam fazer um aborto, mesmo tendo uma delas 62 anos e a outra nem sequer estando grávida.

translate

9 de fevereiro de 2007

meu querido Sérgio Godinho

Ainda bem que respondeste... já estava a ficar preocupada.

8 de fevereiro de 2007

último post antes do referendo

De tudo o que tenho lido, as razões da Rosa, da Elsa e da Rita, são as melhores. Complementam-se e deixam tudo tão claro, na minha opinião...

Também o contributo de Júlio Machado Vaz e a importância do humor dos Gato Fedorento.
E como o professor Marcelo me desiludiu!!!!... com aquele "aborta porque sim"...

inquérito

Sugiro que todos passem por aqui e respondam a algumas questões simples sobre o aborto, para que possamos fazer parte das estatísticas!

5 de fevereiro de 2007

Vermelho locomotiva (e não devagarinho)

Às vezes gostava de ter um outro blog, onde pudesse dizer as barbaridades que digo diariamente e que só quem me conhece bem, não leva a sério.
Isto do referendo mexe comigo. Penso em muitas coisas, mas digo poucas. Às vezes parece-me que não vejo as coisas como a maioria das pessoas e isso faz-me sentir só e que se calhar estarei enganada. Mas há coisas que me parecem tão claras.
Isto da vida, do sim à vida, parece-me tão hipócrita. Este amor desmesurado por fetos de 10 semanas... e amor nenhum, mobilização nenhuma, atenção nenhuma a crianças já nascidas, a mulheres e homens, a velhos, todos eles vivos! Todos eles vidas humanas!... Não entendo. Desta vez não estou a ser irónica, estou triste. Triste com um mundo que me ridiculariza por dar tanto valor à vida dos animais. Esse mesmo mundo, de repente, é incondicionalmente a favor de uma vida que está ainda em gestação e despreza tantas outras formas de vida, também tão valiosas.
Os seres humanos vivem num planeta que não é a Terra, é um outro planeta só deles, um satélite da Terra, talvez.

O meu Sim vai para a liberdade de escolha, a tolerância, a educação. Também é um sim à vida. Por ser pela vida desejada, plena e digna, é que tenho também um Sim guardado para a eutanásia.

30 de janeiro de 2007

Vou mesmo falar outra vez do aborto?!

Não. Agora vou só fazer uma das minhas super-ironias-a-que-só-eu-acho-graça.
Ontem no Prós e Contras da RTP1, no lado do NÃO, disse-se tantas vezes que a despenalização do aborto é sinónimo de "aborto livre" (e aborto livre e aborto livre livre LIVRE!) que, de repente pareceu-me que para essas pessoas, assim que se despenalizar o aborto e ele se tornar LIVRE LIVRE LIVRE até às 10 semanas, todas as mulheres deste país (incluindo as que são contra o aborto) vão sair à rua de língua-de-sogra em punho para festejar. Até fiquei confusa. Se calhar, ao tornar-se livre, o aborto passa a ser bom! Será?...

27 de janeiro de 2007

SIM



The Safety Pin Org

Que todos os bebés sejam muito desejados, muito amados, muito bem educados.
Que ninguém aponte o dedo a quem não se sentiu capaz de desejar, amar e educar um filho.

translate

25 de janeiro de 2007

Nem acredito que vou falar do aborto...

Para mim a questão do aborto nem merece discussão... às vezes acho tudo tão disparatado. Enfim. Mas foi por este referendo que me recenseei!
Porquê tanta preocupação com o feto e nenhuma com a mãe?
A vida de um bebé que ainda não nasceu tem mais valor que a vida dos pais (da mãe, pelo menos), que vai ser alterada e orientada em função de um filho inesperado?
O que importa aqui é estar vivo, ou viver dignamente? As pessoas que dizem incondicionalmente SIM à vida, dizem sim a qualquer vida? Vida digna e plena, ou vida "não importa como"? E quando passam por um sem-abrigo, têm-lhe esse amor todo, de quem ama todos os seres humanos vivinhos?
Tudo o que é proibido acaba por ser feito às escondidas. Ou em Espanha...

Eu sou pelo aborto até às 10 semanas. Também sou pela educação sexual. Sou pela eutanásia. Não sou pela pena de morte.