Somente depois de receber o segundo email com o mesmo
assunto, de ter investigado e
confirmado é que acreditei. Um artista expôs um cão vadio numa galeria, sem água nem comida. O cão morreu. Artistas destes há tantos. E sinceramente, pensando nos horrores que tenho visto, não me surpreendem. O que me surpreende é a reacção do público.
Consigo imaginar a vergonha dos que pensaram que aquilo era a fingir, que com certeza o cão estava a ser alimentado, que fica mal questionar a Arte, que se está numa galeria é porque é bom... levamos tudo tão a sério. O que não me cabe na cabeça é que nenhuma (uma!) das pessoas que viu a exposição tenha ido a casa buscar um alicate bem grande, que não só cortasse a corda ou o arame que prendiam o cão, mas também rachasse a testa de quem tentasse impedir o roubo da obra. E os funcionários? Alguém que tenha apagado a luz e fechado a galeria, deixando o bicho para trás, não terá pensado em levá-lo? O mundo é feito de maiorias. E a maioria que hoje assina contra um homem é a mesma que ficou (e fica) a ver um (um???) animal ser torturado. A mesma maioria que ignora os pedintes mas que se comove com filmes hollywoodescos. Às vezes o mundo dá-me vómitos.
Onde está a petição contra a indiferença? É que assino já.
Decidi pôr aqui esta foto (copiada
daqui) em resposta ao comentário da Ana Ponte (olá!).
Este acontecimento parece-me uma cena de apanhados ou um teste. Se um determinado grupo de pessoas vir um cão neste estado e solto, como reagirá? E se o vir na rua, mas preso? E no quintal duma casa? E numa galeria de arte? Somos condicionados pela nossa cultura, sim. Mas somos muito mais condicionados pelo olhar dos outros. E acredito que é disso que se trata.
Imaginemos que isto se passava num país de 1º mundo, à porta dum grande teatro, e que o público chegava com as suas melhores roupas e nos melhores carros. Para um cão moribundo passar por instalação artística, basta ter um espaço limpo à volta, luz e um qualquer par de letras a fazer de título. Eu imagino a maioria a passar, indiferente, pensando que aquilo não deve ser verdade.
Quando falo de maiorias, falo de coisas práticas. Falo de um artista que não quer libertar o cão e de pelo menos sete pessoas (que a esta hora já assinaram a petição) que podiam fazer-lhe frente para acabar com este delírio.