Mostrando postagens com marcador trabalho. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador trabalho. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

TRABALHAR E COMER

Os glutões, nossos ancestrais tinham uma relação voraz com o alimento. Não importava muito qual fosse ele. Saciar a fome era garantia de mais um dia vivo. Portanto não primavam muito pela seleção. É verdade também que não havia muitas opções. Temperos então, o que dizer? Mas também não havia culpa com relação à quantidade  nem com estética corporal. Sendo o suficiente para repor energia estava bom demais. Afinal, depois iriam precisar sair à caça novamente. E era também esse o seu trabalho. Os aperfeiçoamentos que vieram com o tempo foram no sentido de melhorar seus métodos e diminuir os esforços para adquirir seu produto alimentar.
            O trabalho, na medida do desenvolvimento relacional com a natureza foi ganhando gosto  e especialização. Com isso o prazer ia aumentando. O homem descobrindo que com um instrumento novo, conseguia obter com mais facilidade os meios necessários para a sua subsistência.
            Os preguiçosos (que devem ter gerado os invejosos)  passaram a disputar o produto tecnológico que o outro inventou e a disputa ferrenha entre os homens passou a ser não só pela comida, mas também pelos meios mais fáceis de consegui-la.
            Bom, de lá para cá, muita coisa se passou e muita gente conhece essa história de como chegamos à mesa com toda a sofisticação moderna, com as culpas que vieram junto do ato de comer e do tédio provocado pelo trabalho. Desde que o homem deixou de fazer para si, com gosto  e teve que se sujeitar ao outro e ficar apenas com uma parcela de sua produção, trabalhar e comer não tem mais o mesmo charme lá das cavernas.
O que botamos para dentro e o que botamos para fora?
As angústias decorrentes desse processo histórico, antropológico e sociológico resvalam no estômago e nas crises decorrentes da insatisfação com o trabalho. Para dentro, enviamos alimentos que nos causam prazer momentâneo e culpa imediata. Alguns colocam outros  agentes, menos alimentares e mais tóxicos em sinal de rebeldia. Mas é opcional. Para fora, botamos ruminâncias verbais. Alguns colocam balas e outras formas de agressão. Opção ou doença?
 _____________________________________________________________________
 Inspirado na crônica PATOLOGIA ASSUMIDA, de Milena Romariz (do  Recanto das letras).


Web Statistics