segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

CONVERSAS COM QUEM GOSTA DE ESCREVER - Carlos Ceia

UM APARTE: com esta postagem estou homenageando o MÁRCIO JR do blog Abismo das Vaidades.  Hoje é dia de seu aniversário e não vejo, daqui de longe, uma melhor forma de abraçá-lo, de desejar-lhe muita saúde e alegrias senão através daquilo que é substância vital para ele: a leitura e a escrita. Claro que gostaria de lhe dar o abraço, de tomar com ele um café e cantar-lhe os parabéns. Mas isso aqui fica sendo oferecido com festa, pois bem sei que ele vai apreciar. PARABÉNS, meu amigo Márcio! De todo o meu coração e com todas as letras possíveis. 
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Da importância de ler e escrever
   LER
1.   “ Acredita-se que a leitura é uma aprendizagem desde os primeiros dias de vida. Ler a uma criança por ser, ainda no útero, pode ser benéfico, mesmo que a ciência não consiga provar que espécie de benefício possa ser esse. Sabemos, isso sim, que em qualquer dos casos ler é um alimento do espírito sem o qual ficamos incompletos. 
2.    Ler às crianças durante os seus primeiros anos de vida, ajuda-as a crescer não só intelectualmente como do ponto de vista da compreensão do mundo. A medida da imaginação de cada um na vida adulta, a meta que cada um de nós consegue atingir no exercício da mais espantosa e complexa das nossas capacidades — o ser capaz de pensar — é determinada pela forma como nos moldaram a nossa imaginação durante os primeiros anos de vida. Somos o que lemos. Quem nunca leu ou quem leu muito pouco, não conhece nem o mundo em que vive nem os mundos que podemos sonhar.
3.    Quem lê, vê mais; quem lê, sonha mais; quem lê, decide melhor; quem lê, governa melhor; quem lê, escreve melhor. Poucos são os atos que valorizamos e que praticamos que não possam ser melhorados com mais leitura.
4.    Recomendar a leitura de livros é tão importante e tão inútil como recomendar que se beba muita água. É bom leitor quem transformou o ato de ler numa necessidade e num instinto primários.
5.    Ler é um remédio santo para a mais complexa das doenças que é a solidão. Ninguém está só, havendo um livro para ler. E se tivermos um livro para escrever, então somos muitos. “
 
   ESCREVER
1.   “ Um escritor não tem/não deve ter nada para ensinar sobre os seus livros. Muitos podem pensar que sim, por isso dão muitas entrevistas, onde explicam e interpretam aquilo que escreveram, como se os livros estivessem incompletos ou como se receassem que uma leitura alheia os possa desvirtuar. Um livro publicado não pertence mais ao escritor. E de certeza que a interpretação da obra de arte não passa por quem a criou ou não depende de quem a criou. O que é histórico ou sempiterno já ultrapassou o seu criador.
2.    É possível falar das motivações da escrita. Porque escrevemos? Como escrevemos? É tudo o que de interesse público deve um escritor revelar. O resto é um espetáculo que não merece ser aplaudido.
3.    “O que é mais difícil não é escrever muito; é dizer tudo, escrevendo pouco” (Júlio Dantas); hoje escreve-se pouco, com o pretexto de que se diz muito. A sociedade da informação na qual somos obrigados a viver não tolera o muito que podemos dizer quando escrevemos mais do que esperam de nós. Continuamos a fazer o elogio do minimalismo literário. Quanto mais aforístico for o nosso pensamento, maiores serão as probabilidades de sermos ouvidos ou lidos. Ninguém se importa hoje com o fato de que aprendemos a escrever pelo esforço, pela repetição, pelo treino desta alta competição que é a de ser escritor.
4.    Escrever é um desporto único de alta competição: pratica-se ao longo da vida, exige um treino intensivo diário, e tem a grande vantagem de ser arbitrado pelo público.
5.    Quando Harold Bloom publicou How To Read And Why (2000), uma obra escrita para elogiar o poder da leitura literária contra o impoder de certos fenômenos juvenis como Harry Potter, acreditou que era possível trocar precisamente o Harry Potter por Shakespeare, Cervantes, Oscar Wilde ou José Saramago. E disse numa entrevista: ''Para pensar melhor, precisamos da memória do que foi ensinado, lido e escrito. E isso só se encontra nos grandes livros.'' A questão que se coloca é: se não temos muito tempo para ler, o que devemos ler? J. K. Rowling ou William Shakespeare? Consta que na primeira semana em que o livro de Bloom esteve à venda, recebeu mais de 400 cartas protestando contra a crítica aos milhões de leitores de Harry Potter.
6.    Bloom não gosta de Harry Potter, porque, diz, é uma colecção de lugares comuns que em nada enriquece os jovens. Recomenda como alternativa o clássico Alice no País das Maravilhas (1865), de Lewis Carroll, e o excelente Contos de Shakespeare (1807), de Charles Lamb. Ora, eu aprendi a ler através da literatura oral e popular e devorando todos os livros de banda desenhada que o meu pai colecionava. Aprendi a ler através dos lugares mais comuns da própria literatura. Aprendi que ler tudo é o melhor remédio para saber hoje o que é que vale a pena ler. A pergunta J. K. Rowling ou William Shakespeare? nunca devia ser ser colocada perante ninguém. O importante é o compromisso que cada um de nós estabelece com aquilo que sente que deve ler. Errado é pensar que J. K. Rowling é suficiente. Harry Potter é apenas um cantinho do mundo. As tragédias de Shakespeare estarão certamente do outro lado do mundo, mas a nossa imaginação, se estiver predisposta a isso, pode viajar para todo o lado e não deixar ninguém de fora.”

In: Carlos Ceia, O professor Sentado: Um Romance Acadêmico. Ed. Duarte Reis, Lisboa, 2004

domingo, 30 de janeiro de 2011

BRINCADEIRAS COM PALAVRAS *

Gosto de brincar com o significado das palavras. Escolho umas que “soam” meio esquisito aos ouvidos ou mesmo que tenham uma grafia engraçada. Aí dou a elas o significado  que  poderiam ter se acompanhassem exatamente o som que fazem aos nossos ouvidos ao serem lidas ou pronunciadas. Estão abertas novas possibilidades para você também, leitor(a).
OBS: ao final de cada brincadeira está a definição correta da palavra.


ANTIPIRÉTICO: É um remédio para não deixar a gente pirar
(medicamento para combate à febre)

BISCOITO: Uma relação sexual tão boa que pede repetição.
(Bolinho de farinha de trigo, de maisena, queijo, etc)

CORNUCÓPIA: Clone de alguém que levou um chifre
(símbolo mitológico, atributo da abundância, símbolo da agricultura e do comércio).

DIACRÍTICO: Aquele dia terrível! Pode ter sido tenso, limite para algum prazo, estressante, etc.
(Diz-se de sinal e/ou sintoma tido como característico de uma doença).

EXPANSÃO: Um cara sarado, que já teve uma pança muito grande.
(difusão espontânea)

FLATULAR: O Cebolinha queblar algum osso do corpo
( o mesmo que soltar pum)

GLOSSA: “Áspela”,  “ignolante”
(Projeção mediana dos lábios dos insetos)

HAGIOTERAPIA: Tratamento clínico para agiotas
(Cura de doentes por intervenção de santos ou por ocorrência de milagres)

ISQUIAGRA: Remédio estimulante que criaram para excitar a pessoa que pretende esquiar
(Dor fixa nos quadris, dor ciática)

JENIPAPADA: Essa é mais uma daquelas maldades típicas do ser humano. Na minha terra havia uma mulher chamada Jenivalda (isso mesmo, com “J”). Era naquela época em que o sal de cozinha ainda não vinha adicionado de iodo. Então era muito comum as mulheres sofrerem de bócio. Ela foi acometida e seu pescoço ficou com um papo enorme. Daí, o apelido de Jenipapada.
(doce feito com jenipapo cortado em pedacinhos e misturado com açúcar)

LEUQUEMIA:  Descobriu a onomatopéia do gato através da leitura.
(o mesmo que leucemia)

MOSSAMEDINO: Uma moça (mineira) tirando as medidas de alguma coisa.
(natural ou habitante de Mossâmedes, GO)

NOÉTICA: Código de conduta que foi estabelecido na arca de Noé
(Estudo das leis gerais do pensamento)

OVISSACO: Dois componentes  do órgão genital masculino
(formação serosa do ovário, que contém o óvulo)

PADECENTE:  Um instrumento de trabalho do pedreiro em boas condições de uso. Uma boa pá.
(que padece, que sofre)

QUEROMANA: Desejo de ter uma irmã.
(Antigo bailado campestre – espécie de fandango)

RITARDANDO: Demorando a rir (Dizem que  quem ri por último é ritardado)
(Atrasando pouco a pouco o andamento do ritmo musical; trecho musical executado lentamente)

SUSTENTAR Ficar na fila do Sistema Único de Saúde a fim de conseguir algum procedimento médico.
(suportar, manter)

TURCOMANO: Um brother turco
(indivíduo natural ou pertencente  ao povo turco que vive na Rússia, Usbequistão, Afeganistão e Irã)

UFANISTA: Aquele que vive dizendo Ufa!, exprimindo alívio, ironia, admiração ou cansaço.
(aquele que se orgulha de algo, que se jacta, que honra)

VOLUTA: Uma avó que batalha
(arquitetura - ornato espiralado de um capitel de coluna)

XAINXÁ: Muito comum (dizem) na Academia Brasileira de Letras, todos os dias às 17 horas - o famoso chá das cinco -, os imortais vão provando, na mesa do lanche, de chá em chá.
(o soberano dos soberanos, no Irã)

ZOOTAXIAR: Um avião taxiando (manobrando) em meio a animais na pista do aeroporto
(ato de classificar metodicamente o reino animal)

* Fazem parte de meu livro As coisas do Avesso.

sábado, 29 de janeiro de 2011

PLANO FUNERÁRIO

Bem diz o Zé Simão que “esse é o país da piada pronta.” Ligaram-me  de um serviço funerário vendendo um plano para garantir segurança a mim e à minha família. Depois da inevitável gargalhada eu resolvi ouvir, já que agora estou dando o troco aos telemarketings baseado num vídeo gravado pelo Benvindo Siqueira (assista abaixo, é hilário). Não podia perder a oportunidade de colher uma matéria prima para uma crônica, já que eles vão colher a mim como matéria prima para o  pó depois que eu partir desta para uma outra dimensão. Por menos de 1 real por dia, segundo a moça, eu poderia garantir este conforto na hora do desconforto
- Mas, minha filha, eu não vou me preocupar com isso, é coisa para os outros que vão ficar...
- O senhor sabe como é, nos momentos mais difíceis ninguém tem “cabeça” para essas providências, é um constrangimento... E a gente cuida de tudo, basta uma ligação e daí pra frente é tudo por nossa conta.
- Mas, minha filha, se alguém tiver que ligar pra vocês, o desconforto já estará estabelecido. Ou a própria partida já não é um desconforto? (Pra vocês deve ser um conforto, né? Pensei mas não disse). 

- Como seria? - Alô, é da funerária? Olha, pessoal, o fulano de tal, contrato número tal acaba de ser agraciado com seus serviços de segurança contra constrangimentos. Faleceu em tal lugar. Podem ir lá e tomar todas as providências. Isso eu disse.

- A gente precisa pagar antecipado para isso? E tem mais: eu vou ter que ficar me lembrando todos os meses que tenho uma prestação do meu enterro para pagar até o dia que eu não precisar mais me lembrar e alguém fazer isso por mim? Isso também eu disse.

- Sei que é uma situação delicada, senhor, mas, pense bem, o senhor ou qualquer membro da família que for contratado terá direito ao caixão, uma coroa de flores com nossas “homenagens”, suporte, um par de castiçais com velas, o transporte e o sepultamento sem que algum familiar tenha que desembolsar mais nada além desses 29,90 por mês.
- Tá bem, já anotei o nome de sua empresa aqui. Vou avisar pra todo mundo que conheço que não quero as suas “homenagens.” Não quero nem de graça! Pelo menos nos próximos 40 anos!



sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

INOCENTES ÚTEIS

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Aqui na cidade dizem que há a proporção de um ônibus para cada 548 passageiros, de acordo com a demanda atual. Vem a prefeitura e diz que vai dar um jeito de remanejar os horários das linhas mais problemáticas. Mandar os donos comprarem mais ônibus, nem pensar! Afinal, isso oneraria os custos das empresas e aumento nas passagens. E quem pagaria a conta? Melhor continuarmos pagando com atrasos, ira e “ensardinhamento”, porque a grana é curta para quem precisa de transporte público.
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Vivemos um permanente processo de “refenização” por esse Brasil afora. Veja o que acontece com a TV a cabo: a gente paga para ter canais de programação exclusiva e já enfiaram propaganda comercial como na TV aberta. E isso quer dizer que agora a gente além de ter que engolir mais esse sapo, ainda pagamos por ele. Segundo a desculpa que deram aos Procons, se não fizerem isso, a TV a cabo fica inviável no Brasil, devido ao baixo número de adesões. E nós com isso? No capitalismo não vale a máxima “quem não tem competência não se estabeleça?” 
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Veja o que está acontecendo com os aeroportos. Todos os dias ao ouvir ou ler notícias há um destaque para atrasos de voos. As empresas alegam sempre problemas meteorológicos. O que a gente bem sabe é que há uma venda de passagens maior do que a capacidade que os aviões (overbooking). E eles não aumentam a frota, porque senão vai aumentar custos e repassar aos consumidores.

Quem tem uma curiosidade meio de economista e lê resultados de balanços dessas empresas vê que os lucros estão subindo na mesma proporção da indignação geral. 
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Não saímos do cativeiro econômico. Afinal, os empresários financiam as campanhas dos políticos para que eles venham até os mais longínquos e pobres lugares, obtenham os votos da maioria e mantenham uma forma de não trazer aborrecimentos para eles (empresários).
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CANDIDATO: Pessoa que obtém dinheiro dos ricos e votos dos pobres para proteger um do outro depois de eleito. (Do Anedotário Popular)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

VIVER O PRESENTE

Passando o passado num presente sem futuro (frase e imagem: akiazero.blogspot.com)

Muitos afirmam que o importante é viver o presente. Concordo. Mas ele tem que ser vivido de forma a se construir algo. Senão, quando chegarmos à vida madura, sem nenhum passado digno de registro, a tristeza, a depressão e a angústia vão nos devorar. Muito mais que nos devoram a louca vida de competições, a pressa e  o egoísmo.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

TERRORISMOS DOMÉSTICOS

Já houve uma época em que se exercia um terrorismo doméstico com apoio ou pelo menos cumplicidade estatal estadual, municipal e federal de toda espécie. Criança desobediente virava potencial vítima do bicho papão, da mula sem cabeça, do boi da cara preta. A este último concedam perdão para Dorival Caymmi. Dizem que a belíssima canção Acalanto* ele fez em homenagem à sua filha Nana, a quem ajudava a fazer dormir de vez em quando. Eu a cantei muitíssimas vezes ninando as minhas duas filhas. A letra e a melodia toda são muito lindas e só peca no momento de invocar o ser medonho para a menina. Se bem que um bebê de colo sequer associa as palavras com imagens. O que conta para eles é a melodia. Se o cantador que estiver ninando a criança for muito desafinado, creio que assusta muito mais do que um boi da cara preta propriamente, que a criança nem sabe o que seja.

Eram as formas de que se dispunha antigamente, através do mistério e da intimidação para manter as crianças sob obediência cega. Diante do mistério, se a gente não possui conhecimento ou defesa, o jeito é enfiar a coragem entre as pernas e ir dormir calado ou chorando sob as cobertas. Não deixando apagar a luz do quarto, por vias das dúvidas. Hoje em dia a letra seria diferente por exigência de um movimento de purificação que ronda a educação dos filhos por ai afora.

Há ainda outros terrorismos e me prendo aqui às aulas particulares que costumamos arranjar para os filhos que estão com dificuldade escolar em alguma matéria. Alguns pais normalmente antes de procurarem uma terapia de casal, de questionar a metodologia da escola, o temperamento do professor, já imputam aos filhos a culpa pelo “fracasso” e lhe matriculam em uma aula particular. Desconheço um adulto que foi vítima desse terror na infância a passou a gostar da matéria em que foi obrigado a fazer aulas de reforço.

Eu, ex-terrorista doméstico, um dia dei um jogo eletrônico de Sudoku para a minha filha que já era refém das aulas de Kumon. A menina abriu o brinquedo com um sorriso mais amarelo que se pode imaginar, com aquele olhar de subtração e o encostou em um canto para não me fazer desfeita. Nunca mais brincou com o troço e até hoje tem horror à matemática. A sensação que tenho do que ela sentiu à época é como se eu desse a um preso injustamente numa cela um par de algemas prendendo seus braços para ele ir brincando de aprender a abri-la durante a sua pena.


*ACALANTO
Dorival Caymmi


É tão tarde, a manhã já vem
Todos dormem, a noite também
Só eu velo por você, meu bem
Dorme anjo, o boi pega neném


Lá no céu deixam de cantar
Os anjinhos foram se deitar
Mamãezinha precisa descansar
Dorme anjo, papai vai lhe ninar
Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega essa menina
Que tem medo de careta

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

CONVERSAS COM QUEM GOSTA DE ESCREVER - Willian Blake

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“Tudo que escrevemos é fruto da memória ou do desconhecido. Se tiver uma sugestão a dar, respeite o desconhecido, e busque nele sua fonte de inspiração. As histórias e os fatos permanecem os mesmos, mas quando você abre uma porta no seu inconsciente e deixa-se guiar pela inspiração, verá que a maneira de descrever o que viveu ou sonhou é sempre muito mais rica quando o seu inconsciente está guiando a caneta.”

Willian Blake,  poeta ingles

domingo, 23 de janeiro de 2011

O MEU JARDIM

Nasceu um girassol, é lindo!
Onde plantei sementes de pimentão
E tem gente que ainda diz
Que passarinho só serve para fazer cagada.


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Embora o vento ajude a polinizar muitos tipos de árvores e gramíneas, plantas floríferas que não existem em grande quantidade perto de outras da mesma espécie precisam de um método mais eficiente. Como o pólen dessas plantas chega a outras da mesma espécie que vivem a quilômetros de distância? Por meio de um serviço de entrega muito eficiente realizado por morcegos, pássaros e insetos.
(Fonte: http://toni-deolhonasplantas.blogspot.com/2010_05_01_archive.html)

sábado, 22 de janeiro de 2011

O ESPÍRITO (DE PORCO) DAS LEIS

As leis têm o propósito de igualar os desiguais. 

Quando desconsideram as circunstâncias, o seu maniqueísmo é implacável.

O código penal e o civil dizem: isso está certo, isso está errado, sob pena de.... Não importa sua condição sócio-econômica. 

Porém, a sua aplicação é circunstancial. Há uma atribuição de valor aos cidadãos. Uns acabam sendo melhores que os outros. Inclusive aqueles que são  designados para julgar.
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PS:  a propósito das aposentadorias para ex governadores, ex isso , ex- aquilo dos três poderes no Brasil. Leia aqui e indigne-se,  leia aqui e fique revoltado, leia aqui e me chame para ir para as ruas, já  que só denunciar e protestar não tem adiantado absolutamente nada!.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ENCHENTES

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"Do rio que tudo arrasta se diz violento. Mas não se dizem violentas as margens que o oprimem." (B. Brecht)






O que mais atraiu o homem para a vida em comunidade, fazendo-o deixar de ser nômade caçador foram as terras férteis nos vales dos rios, depois que eles passavam por um processo de cheias e transbordavam. Os primeiros registros históricos nesse sentido vem do Egito, nos vales alagados do rio Nilo.

Um dia, algum espertinho passava por ali, jogou fora umas sementinhas de frutas que estava comendo e continuou sua caminhada. Algum tempo depois, voltando para procurar mais alimentos viu que elas haviam germinado e se transformado em plantas viçosas. Cansado de tanto andar para poder comer, resolveu chamar a sua turma para uma reunião e mostrou seu grande feito. Estava criada a agricultura de subsistência. Ali mesmo fincaram barraca. Começaram a domesticar animais e a plantar outras coisas. Vendo que o negócio era mesmo bom, construíram em volta as primeiras casas, daí se transformaram em vilas. Outros nômades, vendo a próspera aglomeração foram chegando, chegando e eis a história das cidades começando a engatinhar.

A natureza continuou suas peripécias maravilhosas para manter o seu equilíbrio, mandando ver com sol, chuva, ventos, frio e as demais coisas das quatro estações, inclusive flores na primavera para enfeitarem os romances que iam surgindo no meio daquela gente toda ali reunida. As enchentes continuaram e de vez em quando alagavam algumas casas mais próximas do leito do rio. Como não havia poder público ainda, nem para resolver nem para atrapalhar, cada um dava seu jeito, arredando mais para diante. Alguns incautos acabavam levando a pior, afinal nem tudo era bem pensado. Assim foi se sucedendo e o homem tão logo saturava aquele lugar depois que exauria os nutrientes do solo, ia em busca de outros vales férteis.
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Isso eu acho que acabou se transformando num costume; mais pela necessidade e falta de outros recursos tecnológicos do que por insensatez. Também há que se levar em conta que naqueles tempos havia muito pouca gente no mundo e espaço não faltava. Nem rios, nem lagos nem terras férteis. As águas, depois que o homem aprendeu a encaná-las e a fazer reservatórios deveriam ter ensinado ao homem que ele não mais precisava construir tão próximo desses locais, pois enquanto elas não secarem de vez e a natureza continuar buscando seu equilíbrio, vai haver chuvas abundantes e as enchentes vão tomar proporções cada vez mais catastróficas. No entanto, hoje, se olharmos para a maior parte das cidades do mundo inteiro, veremos que elas estão às margens de um rio, ou melhor, elas agora engoliram os rios, que ficaram prisioneiros em seus leitos canalizados, oprimidos pelo concreto para dar lugar a mais e mais pessoas, casas, ruas e automóveis.

É verdade que nesse meio tempo a desigualdade sócio-econômica foi se acirrando e os mais pobres ficaram sem muita opção de locais para morar. Quem tem mais posses afastou-se das margens, encanou e levou a água para lugares mais altos e com a desvalorização ou o desprezo pelas áreas ribeirinhas, é quase natural que estas camadas de populações fossem se alojar por ali e ficar à mercê do rio que tudo arrasta quando a chuva é torrencial. Ou então procurarem as encostas mais altas, sem, entretanto disporem de um serviço de engenharia que os auxilie na montagem segura de suas residências que desabam como papel, já que as chuvas caem lá em primeiro lugar.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

CONVERSAS COM QUEM GOSTA DE ESCREVER - Moacyr Scliar

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- Você tem algum método para escrever?

- Trabalho muito. Tenho de conciliar minha atividade de escritor com a de médico de saúde pública, e, além disso, meu método de trabalho é complicado. Parto de uma idéia qualquer – originária de uma figura real ou imaginada, de um incidente, de um fato histórico, de uma notícia de jornal – e sobre ela começo a escrever, ao acaso, trechos que podem ser o começo de uma história, ou o meio, ou o fim.  Quando estas anotações chegam a um certo volume, redijo a primeira versão da narrativa. Sempre à mão. Acredito ser a mão um instrumento mais sensível para a palavra escrita. Depois é que datilografo (sic), uma, duas, três ou mais vezes, até que o texto me pareça razoavelmente bom. Sou um perfeccionista que busca a palavra certa no ritmo exato.”
(Moacyr Scliar, escritor gaúcho)
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In: Escrever Sem Doer -  Ronald Claver, ed. UFMG, 2006.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

FELICIDADE É UMA CONSTRUÇÃO QUE NÃO PODE TER FIM


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A respeito da felicidade, eu não descobri ainda como defini-la em termos de uma vida plenamente feliz. Na minha definição essa plenitude não existe, para o bem da nossa mobilidade em sua busca. É como se quiséssemos alcançar um fim quando estamos voando para o infinito do universo. Estando felizes, haverá uma sensação de saciedade com o vôo, mas o espaço aéreo continuará a oferecer outros lugares muito bons de se ver e outros inatingíveis. Haverá também turbulências durante o vôo. Quedas também poderão acontecer. Mas enquanto estivermos voando, a sensação de alegria que não se explica fica fazendo-nos companhia. Em alguns momentos, os obstáculos e as quedas são para tomarmos partido: queremos mesmo felicidade? Então é hora de resolvermos enfrentar os problemas ou desistirmos de vez. Nessas horas contamos com as nossas forças próprias e com as que se juntam a nós indispensavelmente através do rol de amigos e de familiares, gente que quer o nosso bem, que caminha conosco e ajuda a preparar nossas asas. Então, eu acredito que essa definição provisória é o máximo a que consigo chegar para explicar a alegria que sinto com a vida quando se realiza algum sonho, se materializa algum desejo interior, quando se está ladeado pelas pessoas que gostam da gente e de quem a gente quer bem. E aquelas que não estando de corpo presente, estão de alma e coração fazendo parte de uma corrente imaginária de bem querer. Quando a família está ao lado de onde nunca deve sair, quando a fome e a sede se tornam apenas um detalhe sem importância vital. A gente se sente alimentado por toda substância protéica e vitaminada em que se transforma aquela alegria. É quando se pensa assim: Deus, o Senhor tem toda razão de fazer de nós seres que precisam buscar continuamente as coisas que nos fazem bem em vez de sentarmos à beira de caminho ora pedindo, ora lamentando os infortúnios. Porque você mostra que a tal da felicidade sempre pode estar em algum lugar ou alguma coisa depois que fizermos a nossa parte para que cheguemos ao final de uma reta, de alguma curva do caminho, depois de subir alguma montanha íngreme. Se um dia eu declarar que sou completamente feliz por tudo que a vida proporciona e oferece, é porque a minha vida terá chegado ao fim também. O infinito está sempre à disposição.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

DEPOIS DE UM PASSEIO NO ZOO


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Não sou criacionista nem evolucionista. Mas creio em Deus bem como na ciência.
Agora, uma pergunta que não quer calar: Será que o elo perdido de Darwin não poderia ser o próprio macaco? Se não, alguém pode me responder por que há macacos até hoje?

sábado, 15 de janeiro de 2011

CONVERSAS COM QUEM GOSTA DE ESCREVER*

* CONVERSAS COM QUEM GOSTA DE ESCREVER foi uma forma que encontrei de reunir escritores para um colóquio sem ter que proceder diante do impossível, no entanto muitíssimo desejável. Ah, quem dera! Tê-los todos presentes num só lugar para falarem pra gente sobre o que significa escrever e o que sentem diante do ato.  Então saí por ai, vasculhando livros, revistas, jornais, blogs, sites e onde mais encontrei depoimentos e juntei bastantes. Vou publicando aqui através dessa série. Comecei comigo mesmo para que provem o gosto ruim antes de se deliciarem com o bom dos grandes mestres.




Escrever, às vezes, é o que me incide. O que “dá na telha”, como se diz por ai. Ocorre que às vezes escrevo o que dá na telha e não é o que penso. Ai penso e reescrevo. E nem sempre foi o que deu na telha. Entre pensar e ocorrer fico com o que está escrito. Já escorreu. Meço  as palavras? Quase! Se é texto, reconstruo, reescrevo, refaço, repenso. Se é poema, deixo ao vento, ao sol, ao relento. É puro sentimento. Quem gostar que sinta. Quem não gostar que apague da memória. (Cacá- 2009)


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

POEMA

O simbolizando as cinzas, a ema, simbolizando a fenix. E eis que a junção de ambos em “poema” nos faz renascer para a vida.


Lá no Recanto das Letras , onde postei este fragmento certa vez, existe uma divisão dos textos em categorias. Coloquei em teoria literária e pedi para não me levarem a sério. Se não era algo  de validade nem uma definição etimológica, continua a minha dúvida, já que aqui no blog a minha chance de definir é nenhuma. Peço que continuem aceitando como uma descompromissada e bem humorada definição.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

PRESSÁGIO

            Coceira nas mãos: dinheiro; coceira no dedão do pé: chuva; coração apertado: mau presságio; uma orelha quente: alguém falando mal; duas orelhas quentes: alguém falando mal e outro alguém defendendo (ou então pode ser febre mesmo). Esses conhecimentos   antigos vão  sobrevivendo no tempo das adivinhações modernas e continuam a ter seus adeptos. A tecnologia não acabou ainda com o folclore, graças a Deus.
             O que não perde espaço por nada desse mundo é o presságio. Tem pessoas que se sentem avisadas por algum mensageiro do além ou por uma força extra-sensorial de que realizar determinada tarefa ou praticar um ato qualquer deve ser evitado quando sentem um aperto no peito, indicando que algo pode dar errado. O contrário também faz parte desse contrato informal com o subconsciente. Em ambos os casos, não é raro haver algum interesse escondido por trás do pressentimento. Uma desculpa para se ver livre de alguém ou de alguma situação desagradável cai bem com uma saída diplomática dessas. Afinal quem será capaz de ir contra um mau presságio? E se der errado mesmo? O remorso, o sentimento de culpa... É o tipo do argumento no qual ao mesmo tempo se descarta logo de cara qualquer possibilidade de se fazer aquilo que não se tem vontade, sem desagradar a quem quer que seja. E de quebra, ainda sair agraciado com a fama de predestinado, caso ocorra alguma coincidência com o que foi pressentido. Do contrário,  se nada de ruim ocorrer ganha-se pelo menos o respeito e a garantia da continuidade das relações, a velha política da boa vizinhança. Desde tragédia com avião até ganhar prêmio de loteria, todo mundo já ouviu algum caso de que alguém foi avisado antes. Se não conseguiu evitar ou tirar a sorte grande foi por não terem lhe dado ouvidos ou deixado de apostar. De vez em quando ocorrem problemas de interpretação que, como se fazem com os sonhos, a coisa se dá ao contrario do pressentimento ou não tão bem à maneira decifrada pelo pressagiante.




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Já estava com tudo preparado para aquela viagem de férias que me consumiu ansiedade de um ano e me fez reduzir gastos até onde não mais poder para que não tivesse que fazer essa redução durante o descanso na praia. Uma vez por ano, pelo menos dava para dar uma esbanjadazinha. Passei o dia inteiro entre uma tarefa e outra no trabalho trocando idéias com os colegas sobre a viagem, minha expectativa, o aluguel da casa para quinze dias, e nas rodas, o Waldemilson, só observava a tudo calado e com reticências no olhar a cada frase que ouvia. Disse no final de expediente que precisava falar em particular comigo e propus após o trabalho. Não deu as caras até a manhã seguinte, quando bem cedo arrumava as coisas no carro, que bagagem de pobre tem que começar a ser arrumada é com muita antecedência para caber tudo direitinho. Aí ele aparece antes do sol. Até assustei e achei que pudesse ser algo grave mesmo a ponto de ter que  interromper ou adiar o passeio.
-Rapaz, você tem mesmo a certeza de que precisa fazer esta viagem?
- Ô Waldemilson, precisar, assim de necessidade urgente, não, mas, cê sabe, férias são só trinta dias... Por que a pergunta?
-Desde o primeiro dia que te ouvi falando dessa praia que tem uma coisa me incomodando...
- O quê, quer ir também? Já fui logo de gozação.
- Falo sério, é um sentimento esquisito, umas coisas querendo e não querendo me dizer ao mesmo tempo, um aperto danado, um sufoco.
Pensei logo, agora vai minha viagem pro ano que vem. Deve estar precisando de algum emprestado, recebi as férias...
-Tá precisando de algum para emergência?
- Que isso, cara, graças a Deus, tá tudo em ordem. É sobre a sua viagem mesmo. Melhor você não ir...
-Tá doido, sô, se eu falar isso aqui em casa vão me internar e arranjar outro motorista. Tá todo mundo esperando isso faz tempo!
- É que eu gosto muito de você e de sua família e fico com medo de acontecer alguma coisa ruim...
- Só se for chuva os dias todos, vira essa boca pra lá.
Nisso já estava todo mundo acomodado e minha filha começa a se impacientar
 -Ô pai, anda logo, que eu quero pegar uma onda hoje ainda!
Despedimos ali não sem seus conselhos premonitórios de: vá devagar, cuidado com as crianças no mar, não exagere na bebida e pá, pá, pá. Fui tentando não pensar naquilo, mas com uma pulga atrás da orelha e com a vigilância redobrada, porque independente do receio,  o cuidado é que nem canja de galinha...

Foi um dos melhores passeios que já tinha feito e  por cima, sucedido de um achado. Lá pelo terceiro dia, voltando da praia para a casa num fim de tarde, vi uma sacola esquecida na areia com uma linda máquina fotográfica dessas profissionais, com uma objetiva do tamanho de luneta. Como não havia mais ninguém por ali, levei-a comigo e tornei a trazê-la durante o resto da permanência para ver se aparecia o dono reclamando sua falta. Não acorreu e acabei tendo que ficar com ela sob o risco de dar a algum esperto que se proclamasse proprietário, como quase sempre ocorre com os objetos encontrados à mercê da sorte. Tirava fotos com uma nitidez de dispensar fotógrafo profissional, a não ser para um melhor ângulo.

De retorno à cidade, nem esperei pela volta ao trabalho para lhe contar as novidades. Como fez comigo, fui até sua casa – não tão cedo como ele – relatei a calma viagem e mostrei o achado. Espantado com minha integridade morena, sem um arranhão sequer, foi logo dizendo ao olhar a bela máquina:
- Eu sabia! (Com cara pensativa e procurando uma saída honrosa).
- Sabia o que Waldemilson?
- Uai, vai ver, então, que o que eu senti foi o dono dela se afogando.

domingo, 9 de janeiro de 2011

MINIMALISMO

imagem wikipédia



Com tantos movimentos artísticos surgidos no mundo moderno o minimalismo pode ser considerado como uma dissidência de algo com que não houve um rompimento para um recomeçar do novo. É próprio dos movimentos artísticos fazerem brotar ondas ou tendências, creio que por causa do estro criativo humano e da inquietação do criador, que quer enquadrar a obra em sua própria intimidade, no seu estilo e para a sua originalidade. Começou nas artes plásticas e foi encontrando adeptos e adaptadores. Passa para a música, para a arquitetura, para o cinema - com os curtas metragens - e para a literatura, fundamentalmente.

O minimalismo literário não escapa dessa tendência. E me chama a atenção o fato de ganhar mais e mais adeptos, com a poesia minimalista, os mini e micro contos, o poetrix, a incorporação do hai cai, numa espécie de reprodução sintética da sociedade rápida e sem profundidade da descrição do olhar e do pensamento. Já não temos tido muito tempo para a observação contemplativa de quase nada. A contemplação é amiga íntima da paciência e isto reflete tanto no leitor quanto no escritor.

Mesmo assim o olhar não foge da raia. Ele apenas orbita por muitas coisas e muitos lugares ao mesmo tempo captando e reproduzindo as impressões de quem é o dono desse olhar. Provoca mais a perspicácia do leitor ou pode também demonstrar uma falta de recursos lingüísticos do autor. Na leitura atenta e naquilo que é omitido propositalmente é que a gente viaja, com conforto ou aos solavancos.

Com o advento da leitura eletrônica e da celeridade do mundo sem freio, creio ser um caminho cada vez mais a ser perseguido. Há textos que correspondem a uma fotografia e a gente cria a história através da imagem que as poucas palavras nos indicam mentalmente. Se é uma boa ou má aventura literária na formação de novos leitores ainda não se sabe. Prometo que se tiver pistas, rapidinho eu faço uma mini crônica sobre o assunto.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

NA TRAVE!!!

imagem google
Ganhar a quina da mega-sena quando ela está acumulada em quase 200 milhões pode ser uma tragédia. Ainda mais se você é daquelas pessoas que quando chega o dia do bolão da virada de ano aposta todas as economias que havia feito para uma viagem ou uma emergência qualquer. Aconteceu com um morador daqui do meu bairro que está hospitalizado depois de um infarto agudo do miocárdio. Ele fez uma aposta de 50 cartões, cada um com dez números. Isso somou uma bagatela de 21.000 reais.

Um cara metido a matemático, (mal)feitor das probabilidades, estatísticas e promessas de felicidade garantida lhe assegurou que com a combinação indicada, seria batata! Ele hesitou, escondeu o feito de toda a família e aguardava para fazer uma surpresa de ano novo. Chegar ruidosamente para anunciar a sorte grande. Quem sabe um cruzeiro marítimo às ilhas gregas, quem sabe uma aventura em Machu Pichu ou uma inesquecível viagem ao Caribe? Qualquer lugar, afinal, o dinheiro daria para ir com sobra e soberba.

A quina que ele acertou pagou a ninharia de R$ 17.722,09. O prejuízo de três mil e poucos reais não foi o motivo do ataque segundo me contou o seu irmão. Ele ia sofrer de qualquer forma, pois segundo o relato, na hora de conferir os jogos, ele passou mal no último dos cartões e quando estava acertando o quarto dos cinco números do total. Sorte ou azar? Espero que se recupere rápido pra voltar ao trabalho e repor o dinheiro das economias familiares. Estão todos acompanhando os boletins médicos que garantem alta para breve e a coisa vai ficar feia quando voltar para casa.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O SONO R O M (ronc)

Sono Rem-imagem google

Os especialistas depois de seu último congresso internacional vêm nos acordar para nos deixar ligados nas novas descobertas que têm feito acerca do sono. A quantidade, a qualidade, as causas e os efeitos das boas e péssimas noites de nossa pausa para o corpo descansar.

Descansar na nossa idéia, pois, segundo eles, a gente está, na verdade é com uma parte relaxando e outra continuando o seu trabalho de revitalização, realimentando as células e renovando o corpo e a mente para o dia seguinte. Entendi popularmente que é como dormir com um olho fechado e outro aberto, próprio das pessoas desconfiadas ou de rabo preso com algum mal feito. Xi! O mundo só deve dormir pela metade e olhe lá!

Descobri que existem basicamente na ciência sonológica, os sonos REM e não-REM. O primeiro, profundo, relaxante, com a guarda totalmente aberta e o outro, o tal de não-REM, é o vigilante.
Sono ROM - imagem google

Entre eles, incluo o ROM, que é o ruído meu e de muita gente boa que costuma não deixar ninguém ter o seu REM e às vezes acordar-se com o próprio barulho do ROM, de tão alto.

Tenho guardada até hoje comigo (nem sei para quê), uma fita cassete com a gravação de um ronco de um colega de quarto nos meus tempos de estagiário. Ele não acreditava que fosse possível emitir um urro tão leonino e eu não acreditava que iria ter que passar os próximos seis meses sem conseguir dormir. A casa só tinha um quarto e o chão da cozinha era gelado demais para colocar o meu colchão. O banheiro só me cabia em pé. Posição que não é lá muito agradável de se dormir. A gravação foi uma prova contra a sua descrença e  uma vingança ao mesmo tempo, já que o esperava adormecer e ligava o toca-fitas. Ele acordava para me xingar que o barulho o estava  incomodando. Não ficamos inimigos por isso. Passei a beber algo forte antes de deitar e aí um ronco passou a combater o outro. Assim dormíamos.  Se bem ou mal, não sei até hoje, mas continuo roncando.

Tive uma tia  a quem admirava muito e, quando criança mais ainda, na hora em que ela dormia. A diversão em casa era ir ao quarto quando ela pegava no sono para curtirmos a sinfonia. Ela dava um assobio antes do gutural groaarrrrrr (vou ver se descubro uma onomatopéia melhor), essas dos quadrinhos (ronc, ronc, ronc,), não estão com nada em termos de representação de ruído de sono.

Consegui com os especialistas (ah! os especialistas, sempre eles) um alento para minha autopunição por gostar de dormir durante o dia. Sempre achei uma justificativa de que o hábito veio de anos trabalhando em regime de revezamento de turnos, não querendo nunca admitir que fosse preguiça mesmo e eles, de novo, dizem que há certa hereditariedade nos sucessos e transtornos do sono. Há dorminhocos e insones por culpa exclusiva de seus ancestrais. Quer ver meu pai dormindo? Coloque-o sentado em frente a uma televisão. Antes achava que dormia por enfado da programação. Mas não, dorme até em jogo do Flamengo, seu único time do coração. Se estiver em uma mesa ou numa roda qualquer e a conversa parar, não resiste a cinco minutos do silêncio. Não chega a roncar sentado, mas dorme com a boca aberta até os cantos das orelhas. Eu também já dormi até em cadeira de dentista, em túnel de tomografia e em mesa de bar. Nesse último caso houve ajuda externa ao metabolismo basal.

E, por último – palavra dos especialistas – a morte é igualmente inevitável para quem dorme mais ou menos. Não vive mais quem dorme muito e vice-versa. O que importa é a qualidade que o sono tem. Só  ofereço o meu lamento a quem vive com um(a) companheiro(a) com sono ROM. Esses não dormem nem bem nem mal.
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