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quinta-feira, 13 de abril de 2017

O "Calamento"


Em 1950 a editorial Minerva edita o "Calamento", que na nossa opinião é a maior incursão de Romeu Correia pela corrente neo-realista, tão em voga na época.

Esta obra tem várias singularidades atrás de si. A maior de todas o facto de Romeu ter vivido  parte do Verão de 1949 na Costa de Caparica, com uma família de pescadores (na casa da Tia Adelaide Capote), para interiorizar o dia a dia difícil de quem vivia do mar, da melhor forma possível, para que o seu relato estivesse muito próximo da realidade (era quase uma exigência do neo-realismo...).

Podemos acrescentar que há uma riqueza de linguagem única nesta obra de Romeu Correia, com muitas palavras que hoje já estarão em desuso pelas gentes do mar, com que o autor descreveu os seus costumes e retratou todo o ambiente social, histórico e psicológico, que se vivia na Costa de Caparica, como a rivalidade entre os pescadores que vieram do Sul e os que tinham chegado do Norte...

segunda-feira, 10 de abril de 2017

O "Trapo Azul"


A publicação do "Trapo Azul", o primeiro romance de Romeu Correia, apenas um ano depois da sua estreia literária, com o livro de contos, "Sábado sem Sol", explica-se sobretudo pela vontade de uma das histórias (Mestra) querer ir mais longe e explicar ao pormenor a vida difícil das costureiras em Almada, exploradas até ao tutano pelas "mestras"...

Mas nada melhor que a explicação de Romeu, na terceira edição do romance, publicada em 1978, trinta anos depois da edição de estreia, para sabermos qual foi o "motor" de toda a história...

«Na pacata vila de Almada, que por esses tempos não ia além de trinta mil almas, passei ao papel uma longa história das pobres costureiras dos fatos de ganga para os operários, profissão-último recurso, sujeita à mais desenfreada exploração das mestras, que nalguns casos (por paradoxo que pareça!) eram mulheres ou filhas de… operários.
A falta de consciência de classe tem sido uma constante anti-revolucionária do povo português; a mentalidade pequeno-burguesa uma alienação, uma nódoa imperceptível, que alastra, traiçoeira, por todos os lados - A fome e o frio sofridos na carne não são vistos como uma flagrante e intolerável injustiça social a que devemos pôr fim.»