sábado, 29 de abril de 2017

Romeu Apostou a Sério no Teatro quando «Vestiu» o "Casaco de Fogo"


Não vamos fazer nenhuma ponte entre a forma como o "Desporto-Rei" foi recebido pela crítica e a sua aposta mais a sério no teatro. Até porque viu o seu "Casaco de Fogo" ser representado em 1953, no Teatro D. Maria II, ou seja dois anos antes da edição do romance.

O que sabemos é que o êxito desta peça fez com que não mais parasse de escrever dramas e de ser representado, em Lisboa, no Porto e também na Província, pelos grupos de teatro amadores.

Além do teatro ser uma experiência muito mais enriquecedora para ele, enquanto autor, Romeu também foi reconhecido em pouco tempo como um dos melhores dramaturgos portugueses contemporâneos.

Numa das muitas entrevistas que lhe fizeram fez a distinção entre os textos romanceados e dramáticos:

«São géneros diferentes e distintos.
Quanto ao teatro pode haver paragens e interrupções, a história dramática, dividida por cenas não se perde facilmente...»

As palavras de Romeu explicam em parte esta opção pelo teatro, uma escrita mais simples, que permite paragens e interrupções, o ideal para quem só escreve nas horas vagas... 

terça-feira, 25 de abril de 2017

Um Manuscrito Cheio de Simbolismo


(Esta folha manuscrita por Romeu Correia faz parte de um texto de apoio que ele escreveu para o espectáculo "Almada Antes e Depois de Abril", idealizado e encenado por Orlando Laranjeiro em 1984... com o 25 de Abril bem presente, e que nos cedeu uma cópia do documento)

sexta-feira, 21 de abril de 2017

O "Desporto-Rei"


Romeu Correia em 1955 fez algo completamente inédito para a época: escreveu um romance sobre o futebol, que dava os primeiros passos como espectáculo com uma grande carga emocional, carga essa que tem sido utilizada de uma forma crescente e cada vez mais alienante, até à actualidade.

O "Desporto-Rei" foi editado pela Livraria Clássica Editora.

Romeu nesta sua obra de ficção aborda toda a problemática que continua tão presente  nos estádios nos nossos dias, e que tem tão pouco de desporto. Romeu fala com clareza dos dirigentes sem escrúpulos, que já nesse tempo tentavam comprar os árbitros e contratavam jogadores estrangeiros que afastavam os portugueses das nossas principais equipas.

Curiosamente este livro foi mal recebido pela crítica especializada (jornalistas desportivos). Algo que desgostou o autor almadense (como nos confidenciaria muitos anos depois...) e que contribuiu para que não se tivesse feito uma segunda edição.

terça-feira, 18 de abril de 2017

A "Gandaia"


Em 1952 Romeu Correia publicou mais um romance, desta vez na Guimarães & C.ª Editores, a "Gandaia", que o levou de regresso ao Ginjal,  à infância e a tudo aquilo que presenciou diariamente. Nesta obra Romeu realça de uma forma muito viva a vida difícil dos tanoeiros, que decidem em boa hora criar uma cooperativa, que acabaria por ser boicotada pelos donos dos armazéns de vinho da Margem Sul... 

O neo-realismo continua muito presente neste livro, com Romeu a falar do povo e de todos os seus problemas, mas também da sua ligação ao associativismo, essa marca almadense, neste caso particular, à Incrível Almadense.

Em 1976 a "Gandaia" foi refundida  e passou a ter o título inicial (que não foi permitido pela Censura...), "Os Tanoeiros".

A capa desta primeira edição voltou a ser realizada pelo pintor Manuel Ribeiro de Pavia (tal como acontecera com o "Calamento").

quinta-feira, 13 de abril de 2017

O "Calamento"


Em 1950 a editorial Minerva edita o "Calamento", que na nossa opinião é a maior incursão de Romeu Correia pela corrente neo-realista, tão em voga na época.

Esta obra tem várias singularidades atrás de si. A maior de todas o facto de Romeu ter vivido  parte do Verão de 1949 na Costa de Caparica, com uma família de pescadores (na casa da Tia Adelaide Capote), para interiorizar o dia a dia difícil de quem vivia do mar, da melhor forma possível, para que o seu relato estivesse muito próximo da realidade (era quase uma exigência do neo-realismo...).

Podemos acrescentar que há uma riqueza de linguagem única nesta obra de Romeu Correia, com muitas palavras que hoje já estarão em desuso pelas gentes do mar, com que o autor descreveu os seus costumes e retratou todo o ambiente social, histórico e psicológico, que se vivia na Costa de Caparica, como a rivalidade entre os pescadores que vieram do Sul e os que tinham chegado do Norte...

segunda-feira, 10 de abril de 2017

O "Trapo Azul"


A publicação do "Trapo Azul", o primeiro romance de Romeu Correia, apenas um ano depois da sua estreia literária, com o livro de contos, "Sábado sem Sol", explica-se sobretudo pela vontade de uma das histórias (Mestra) querer ir mais longe e explicar ao pormenor a vida difícil das costureiras em Almada, exploradas até ao tutano pelas "mestras"...

Mas nada melhor que a explicação de Romeu, na terceira edição do romance, publicada em 1978, trinta anos depois da edição de estreia, para sabermos qual foi o "motor" de toda a história...

«Na pacata vila de Almada, que por esses tempos não ia além de trinta mil almas, passei ao papel uma longa história das pobres costureiras dos fatos de ganga para os operários, profissão-último recurso, sujeita à mais desenfreada exploração das mestras, que nalguns casos (por paradoxo que pareça!) eram mulheres ou filhas de… operários.
A falta de consciência de classe tem sido uma constante anti-revolucionária do povo português; a mentalidade pequeno-burguesa uma alienação, uma nódoa imperceptível, que alastra, traiçoeira, por todos os lados - A fome e o frio sofridos na carne não são vistos como uma flagrante e intolerável injustiça social a que devemos pôr fim.»

sábado, 8 de abril de 2017

"Um Homem Chamado Romeu Correia"


Aguardava com alguma expectativa a inauguração da exposição, "Um Homem Chamado Romeu Correia", no Museu da Cidade, na Cova da Piedade.

Não tinha ideia do que iria ver, embora soubesse que seria uma exposição diferente, pelos "ecos" de vozes amigas do Museu.


E realmente o que vi hoje à tarde, foi uma viagem pela vida do Romeu, muito diferente do habitual, graças ao excelente trabalho de José Manuel Castanheira, um dos grandes cenógrafos do nosso país.



Além do simbolismo, há também muita originalidade, recreação e imaginação, desde as pequenas maquetas sobre as suas obras mais emblemáticas, às muitas folhas de papel escritas por Romeu espalhadas pela sala... aos livros suspensos, e claro os "quartos" com fotografias, cartazes e recortes de jornais.


Como a exposição vai estar até ao fim do ano, quero passar por lá, mais vezes, até Dezembro...

(Fotografias de Luís Eme)

terça-feira, 4 de abril de 2017

A Grande Exposição sobre Romeu Correia


O Museu da Cidade acolhe a grande exposição sobre Romeu Correia, o Grande Escritor de Almada.

Gosto da simplicidade do título: "Um Homem Chamado Romeu Correia".

A inauguração é já no próximo sábado, dia 8 de Abril às 16 horas.

É um evento que todos aqueles que gostam de Romeu Correia não podem perder.