Eleição presidencial no Brasil em 1906
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Eleição presidencial no Brasil em 1906 | ||||
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1º de março | ||||
Candidato | Afonso Pena | Lauro Sodré | ||
Partido | PRM | PR Federal | ||
Natural de | Santa Bárbara, Minas Gerais | Belém, Pará | ||
Votos | 288 285 | 4 865 | ||
Porcentagem | 97,92% | 1,65% | ||
Votação por estado. | ||||
Titular Eleito | ||||
A eleição presidencial brasileira de 1906 foi a quinta eleição presidencial e a quarta eleição presidencial direta. Foi realizada em 1º de março nos vinte estados da época e no Distrito Federal.
Contexto Histórico
[editar | editar código-fonte]Rodrigues Alves chegou ao cargo presidencial graças ao bem articulado funcionamento dos mecanismos políticos das oligarquias que tomavam conta do poder. Apoiado pelos partidos de Minas e São Paulo, o presidente aproveitou o bom momento da economia nacional para empreender uma série de obras públicas que pretendiam modernizar os grandes centros urbanos e prédios públicos do país.
Em seu governo ocorreu a campanha de vacinação obrigatória contra a varíola, promovida pelo médico sanitarista e ministro da Saúde Osvaldo Cruz. A obrigatoriedade de vacinação provocou uma revolta popular que ficou conhecida como Revolta da Vacina, movimento ocorrido em 1904, com a adesão também dos alunos da Escola Militar da Praia Vermelha, que acabou sendo fechada. Rodrigues Alves promoveu a reforma urbana da então capital federal, a cidade do Rio de Janeiro, realizada sob os planos do seu prefeito, o engenheiro Pereira Passos, que incluiu, além do remodelamento da cidade, a melhoria de estradas de ferro e a construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Sua administração financeira foi muito bem sucedida. O presidente dispunha de muito dinheiro, já que seu governo coincidiu com o auge do ciclo da borracha no Brasil, cabendo ao país 97% da produção mundial. Em 1903, Rodrigues Alves comprou a região do Acre da Bolívia, pelo Tratado de Petrópolis - processo conduzido pelo então diplomata José Maria da Silva Paranhos Júnior (barão do Rio Branco), assim encerrando a Guerra do Acre. A Questão foi resolvida com diplomacia e não pelas armas, como esperava o então jovem sargento Getúlio Vargas [1]. Com a patente de sargento, Getúlio participou da Coluna Expedicionária do Sul, que se deslocou para Corumbá, em 1902, durante a disputa entre a Bolívia e o Brasil pela posse do Acre.
Deixou a presidência com grande prestígio, sendo chamado "o grande presidente". Apoiou para a sua sucessão presidencial seu vice-presidente: Afonso Pena.
Processo eleitoral da República Velha (1889-1930)
[editar | editar código-fonte]De acordo com a Constituição de 1891 que vigorou durante toda a República Velha (1889-1930), o direito ao voto foi determinado a todos os homens com mais de 21 anos que não fossem analfabetos, religiosos e militares.[2] Mesmo tendo o direito de voto estendido a mais pessoas, pouca parcela da população participava das eleições.[3] A Constituição de 1891 também declarou que todas as eleições presidenciais seriam realizadas em 1º de março.[4] A eleição para presidente e vice eram realizadas individualmente, e o mesmo poderia se candidatar para presidente e vice.
Durante a República Velha, o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM) fizeram alianças para fazer prevalecer seus interesses e se revezarem na Presidência da República, assim, esses partidos na maioria das vezes estiveram a frente do governo, até que essas alianças se quebrassem em 1930. Essas alianças são chamadas de política do café com leite.[5]
Nessa época, o voto não era secreto, e existia grande influência dos coronéis - pessoas que detinham o Poder Executivo municipal, e principalmente o poder militar da região. Os coronéis praticavam a fraude eleitoral e obrigavam as pessoas a votarem em determinado candidato. Com isso, é impossível determinar exatamente os resultados corretos.[6]
Candidaturas
[editar | editar código-fonte]Para presidente, cento e dois (102) nomes foram sufragados, destacando-se o advogado mineiro Afonso Pena pela situação, sendo este um ex-membro do Partido Conservador do período monárquico que somente se filiou a um partido republicano (o Partido Republicano Paulista) após a proclamação da república, e o senador maçônico Lauro Sodré, um republicano histórico que era o principal candidato da oposição. Para vice-presidente, duzentos e cinco (205) nomes foram sufragados, entre eles o advogado maçônico Nilo Peçanha e o diplomata Alfredo Varela.
Resultados
[editar | editar código-fonte]O candidato Afonso Pena ganhou o pleito após seu adversário Lauro Sodré abandonar a disputa antes da votação. Mesmo assim, Sodré obteve 4.865 votos (1,65% dos votos). A princesa Isabel do período monárquico recebeu seis (6) votos para presidente e um (1) voto para vice-presidente. Seis (6) eleitores votaram em José Cândido Rodrigues, e humoristicamente lhe conferiram os títulos de bispo, rei, czar, marechal, barão e papa na cédula de votação. A população aproximada em 1906 era de vinte milhões de pessoas (20.000.000), sendo um milhão e trezentos e cinquenta e sete (1.357.000) eleitores, dos quais compareceram trezentos mil (300.000), representando 1,5% da população e 22,1% dos eleitores.
Eleição para presidente do Brasil em 1906 | Eleição para vice-presidente do Brasil em 1906 | ||||
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Candidato | Votos | Porcentagem | Candidato | Votos | Porcentagem |
Afonso Pena | 288.285 | 97,92% | Nilo Peçanha | 272.529 | 92,96% |
Lauro Sodré | 4.865 | 1,65% | Alfredo Varela | 618 | 0,21% |
Rui Barbosa | 207 | 0,07% | Rui Barbosa | 211 | 0,07% |
Outros | 1.044 | 0,35% | Outros | 19.812 | 6,76% |
Votos nominais | 294.401 | Votos nominais | 293.170 | ||
Votos brancos/nulos | 5.599 | Votos brancos/nulos | 6.830 | ||
Total | 300.000 | Total | 300.000 | ||
Fonte:[7] |
Nota geral: os valores são incertos (ver processo eleitoral).
Referências
- ↑ «Getúlio Vargas». Atlas Histórico do Brasil. Fundação Getúlio Vargas. Consultado em 9 de março de 2018
- ↑ Constituição de 1891. Cola da Web. Acessado em 14/10/2011
- ↑ Cidadania no Brasil: o longo caminho. José Murilo de Carvalho. Página 40. Google Books. Acessado em 14/10/2011.
- ↑ Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1891. Art. 47. Wikisource. Acessado em 14/10/2011.
- ↑ Política do café com leite. História do Brasil - UOL Educação. Acessado em 14/10/2011.
- ↑ Coronelismo. História do Brasil - UOL Educação. Acessado em 14/10/2011.
- ↑ Eleição presidencial - 1º de março de 1906 (Quinta-feira). Arquivado em 26 de abril de 2012, no Wayback Machine. (Pós 1945) Acessado em 18/10/2011
Bibliografia
- PIRES, Aloildo Gomes. ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NA PRIMEIRA REPÚBLICA - UMA ABORDAGEM ESTATÍSTICA. Salvador: Autor (Tipografia São Judas Tadeu), 1995.
- DEPARTAMENTO DE PESQUISA DA UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ. PRESIDENTES DO BRASIL (DE DEODORO A FHC). São Paulo: Cultura, 2002.