Psicologia Da Religiao: Filipe Rhuan Vieira de Cruz

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Psicologia da Religiao

Filipe Rhuan Vieira de Sa


Cruz
Defini ao
Psicologia da religiao e o estudo do fenomeno
religioso do ponto de vista psico16gico, ou seja, a
aplica ao dos principios e metodos da psicologia ao
estudo cientifico do comportamento religioso do
homem, quer coma individuo, quer coma membro de
uma comunidade religiosa. Nessa defini ao,
"comportamento religioso" refere-se a qualquer ato
ou atitude, individuaI ou coletiva, publ ica ou
privada,
que tenha especifica referencia ao divino ou
sobrenatural. Obviamente, esse divino ou sobrenatural
e definido em termos da fe pessoal de cada individuo.
Hist6ria da Psicol0gia da Religiao

Apesar do esfor o de alguns de


enquadrar a psicologia da religiao no campo
cientffica, ainda existem certas barreiras que
geral da psicologia
impedem tal rela ao fntima. Na propor
mais
porem, em que melhores ao,metodos de pesquisa
forem introduzidos no estudo psico16gico do a
fen6meno religioso, psicologia da religiao
desfrutara status academico mais favoravel.
O Fenomeno Religioso
Ao psic61ogo da religiao interessa nao somente o
fato de que em todas essas culturas se encontram
formas de comportamento religioso, mas tambem o
fato singular de que, apesar das grandes diferen as
quanta as cren as e praticas dos varios povos, ha
muitas similaridades entre elas, o que sugere a
existencia de um fator comum a experiencia religiosa
de todos os homens.
Defini ao de Religiao
A

Para Emile Durkheim, religiao e um fato


essencialmente coletivo. Diz ele: ''Religiao
e
um sistema
relativas unificado
a coisas de crenisto,
sagradas, as e apraticas
coisas
separadas e proibidas - cren as e praticas que
unem, numa comunidade moral chamada
igreja, a todos aqueles que a elas aderem.
Origem da Religiao
Os estudos de antropologia cultura. parecem
indicar que express6es religi6es existem
praticamente em todos os nfveis de civiliza ao. A
religiao, portanto, nasceu com o pr6prio homem pre­
hist6rico.
A Experiencia
Religiosa
Ha varios tipos de experiencias e todas elas
podem ser conceituadas coma resposta a diversos
estfmulos. A psicologia encarrega-se de determinar o
limiar da consciencia de determinadas realidades, ou
seja, o ponto e m q u e o organismo se torna sensfvel a
essa realidade.
Comportamento Religioso

Comportamento e
religioso qualquer
ato
ou atitude que tern referencia especffica ao
divino ou sobrenatural.
lnterpreta ao Psicol6gica
do Fenomeno Religioso
Varias teorias, desde entao, tern surgido coma
tentativa de interpreta ao do fen6meno religioso.
Apresentaremos, a seguir, algumas das teorias que
consideramos mais representativas. Entre as muitas
interpreta oes psico16gicas do fen6meno religioso,
salientamos as que nos parecem mais importantes:
lnterpreta ao Psicol6gica
do Fenomeno
a) Para Freud, a religiao nada mais e do que a proje ao
Religioso
infantil da imagem paterna. Ela e uma ilusao, nao porque
seja ma em si, mas porque tende a levar o homem a fugir
de sua realidade e contingencia humanas.

c) Para Jung, a experiencia religiosa resulta do inconsciente


coletivo, que par sua vez, e composto de energias
dinamicas e de sfmbolos de significa ao universal. A
experiencia religiosa e fundamental ao funcionamento
harmonioso do psiquismo e ajuda o homem a
compreender realidades do universo que nao podem ser
conhecidas de outras maneiras.
Interpreta ao Psicol6gica
do Fenomeno
a) Religioso
Para Allport, a experiencia religiosa e alga essencialmente
pessoal, sujeito as leis de evolu ao psicol6gica, e seu
aspecto intelectual e mais importante do que emocional.
A religiao e fator importantfssimo na integra ao da
personalidade. Ele diz que religiao e o esfor o do homem
para unir-se a cria ao e ao Criador com o fim de ampliar e
completar sua pr6pria personalidade.

d) Para Anton Boisen, e experiencia religiosa tern


basicamente a mesma dinamica da esquizofrenia. Diz ele
que tanto a esquizofrenia coma. a experiencia religiosa
profunda sao tentativas a integra ao do "eu". Quando a
personalidade se ve amea ada ao ponto de sua
desintegra ao, recorre ao metodo mais eficaz para evitar
a catastrofe.
Evolu ao da Experiencia
Religiosa
A evolu ao da experiencia religiosa esta sujeita
aos mesmos princfpios gerais da evolu ao psico16gica
do homem, vista que religiao nao e mero apendice
a
vida, porem parte integrante e vital da
personaIidade;
Em cada fase da vida do homem, a religiao tern
caracterfsticas tfpicas e cumpre determinadas
finalidades ou prop6sitos.
Fee Duvida

0 psic61ogo, enquanto psic61ogo, nao discute a


16gica da fe, sua ou sua veracidade. Cabe- lhe apenas
a tarefa de estudar coma se forma, coma se
desenvolve e que fun oes desempenha na vida do
indivfduo.
Fe Religiosa
O estudo psico16gico da fe religiosa e,
entretanto, extremamente complexo, porque
muito diffcil verificar se determinado indivfduo
e tern
ou nao fe religiosa. A maneira mais 6bvia de saber se
um indivfduo tern fe religiosa, apesar de todos os
seus defeitos coma metodo de pesquisa, e perguntar
ao pr6prio indivfduo.
A Duvida Religiosa
lntimamente ligado ao problema da fe esta o
problema da duvida religiosa. A duvida e parte
integral do desenvolvimento religioso do homem,
bem coma de todo o processo evolutivo de sua
personalidade. A duvida, coma atitude resistente,
pode levar o homem a
que constituem
indiferen a e ao obstaculos a
desespero, qualquer a ao
construtiva e tornam impossfvel os
empreendimentos criadores.
Conversao Religiosa
Estudo psico16gico da conversao religiosa
e, de
fato, o marco inicial dos estudos de psicologia
da religiao em sua versao moderna e contemporanea.
Ha
pelo menos duasrazoes para que assim acontecesse.
Em primeiro lugar, o infcio dos estudos dos fenomenos
religiosos, em bases mais empfricas, coincide
historicamente com os grandes movimentos de
avivamento religioso ea grande enfase na mudan a
de vida causada pelo poder do evangelho.
0 Processo de Conversao
Religiosa
0 processo da conversao religiosa parece ter
certas caracterfsticas comuns. Nao importa qual seja a
religiao do homem, sua conversao e, ordinariamente,
marcada par certos estagios bem definidos. Quase
todos os autores que estudam o fenomeno
conversao da religiosa reconhecem pelo menos tres
estagios fundamenta is: o perfodo de inquieta ao,
a crise propriamente dita e o perfodo de paz quesegue
a
" solu ao" do problema espiritu , al . .Drake, ford
acrescenta a esse um quarto estag10 1sto e, a
expressao concreta dessa experiencia atraves da vida
e do comportamento do indivfduo.
0 perfodo de inquieta ao
Nesse perfodo o indivfduo reconhece que alga
lhe esta faltando e ele mesmo toma a iniciativa em
procurar a solu ao para o seu problema.
A Grise Propriamente
Dita
Descrevendo essa fase, Clark diz que, sem a
interferencia de um estimulo exterior, de repente, alga
extraordinario acontece - uma grande iluminac;ao, um
sentimento de que os problemas da vida foram todos
resolvidos. Par exemplo, Agostinho le um texto biblico
e, de repente, sente-se uma nova criatura. Tagore, ao
ouvir a interpretac;ao de um antigo Upanisbad, sente o
balsamo divino cair sabre si.
Estagio de Paz e Harmonia
Interior
Clark diz que, na propor ao em que a emo ao do
momenta climatico se desvanece, o individuo come a
a experimentar alivio, paz e harmonia interiores. As
duvidas cessam momentaneamente. 0 homem nota
que tern fe; sente que esta unido a Deus, que seus
pecados foram perdoados, seus problemas foram
resolvidos, que esta salvo.
Maturidade Religiosa

Maturidade religiosa implica na convic ao da


existencia de um Ser Supremo e de ideias
sabre a vida e o universo. Essa convic ao da suficiente
basicas
sentido a vida do homem e leva-o a
um
comportamento moral consistente com sua filosofia de
vida e suas cren as religiosas.
Maturidade Religiosa

Finalmente, a maturidade religiosa caracteriza-se


pela capacidade de amar o pr6ximo, de ser humilde,
de ser criativo, de ajustar-se socialmente e de ser
consagrado aos objetivos supremos da vida coma
concebidos pelo indiv1duo.
Ora ao e Adora ao

A ora ao e uma das experiencias religiosas mais


comuns entre os homens. Heiler afirma que a ora ao e
o fenomeno central da religiao e a perda fundamental
de toda piedade. Ele cita Lutero, quando diz que a fe
nada mis e do que ora ao. A ora ao e, de fato, o
elemento central do comportamento religioso. A
pratica da ora ao e, talvez, o fndice mais seguro da
religiosidade de uma pessoa.
Ora ao

Falando sabre o conteudo da ora ao primitiva,


Heiler diz que sao estes os seus elementos
, .
const1tut1vos:
lnvoca ao
A invoca ao do name do ser divino e seus
atributos pessoaise o primeiro elemento de toda
ora ao. A pessoa que ora ordinariamente invoca a
presen a de seu Deus com frases exclamativas, coma
"Ouve-me!", "Ouve-nos!", "Ouve a nossa voz!", Ouve
a nossa suplica!" ou outras frases semelhantes.
Queixa ou IPergunta
Muitas vezes a ora ao primitiva e uma
especie de protesto ou uma perguntaque revela a
insatisfa ao do homem com a divindade a quern
ora.
Peti<;ao

Peti aoe o elemento central da ora ao. O


homem primitivo ora quase exclusivamente por coisas
uteis ou
que contribuam para a sua felicidade pessoal.
lntercessao
A preocupa ao com o bem-estar dos demais
membros da tribo leva o homem primitivo a
e
interceder por eles. Esse estagio da ora ao
realmente elevado e
nao muito frequente entre o
chamado homem
primitivo.
Meio de persuasao

0 homem primitivo tenta, par meio da ora


ao, convencer a divindade de que deve favorece-lo.
Uma
alegando
das a sua pr6pria
maneiras par perfei
que ao tenta
moral. "Tern
miseric6rdia
persuadir de
a mim!" e e
divindade uma forma comum de
persuasa~o na
prece.
A ao de Gra as

E o conhecimento nao apenas verbal, mas


tambem expresso de varios modos, de que tudo
provem das maos de Deus.
Motivo da ora ao

Seja qual for o motivo por que a pessoa ora e


sejam quais forem as reais possibilidades de uma
rela ao com o transcendente atraves da ora ao, o
fato e que ela produz grandes efeitos psico16gicos
sabre a pessoa que ora.
Adora<;ao

Adora ao e a expressao, quer espontanea,


quer formal, daquilo que o homem sente e faz
quando na
presen a do Sagrado. No dizer de Stolz, a essencia da
adora ao consiste em criar ou intensificar uma
atitude de reverencia.
Adorac;ao
A procissao tern por objetivo a aproxima ao de
Deus. A invoca ao tern por objetivo o reconhecimento
e estabelecimento de uma rela ao pessoal mais
intima. Nao pode haver adora ao sem que o homem
reconhe a que o objeto a ser adorado esta ao alcance
de sua voz e que com ele deseja dialogar.
Adorac;ao
M usicareligiosa e outra maneira interpessoal
no ato daadora ao. Atraves do hino e da poesia, a
alma
eleva-se a Deus. A musicae a poesia presta m-se
admiravelmente bem a expressao de a ao de gra as e
de louvor.
Adorac;ao
Cada ato de adora ao tern significado
especial
paraa pessoa que adora. Este significado,muitas
vezes, naoe percebido pelo indivfduo "de fora". Se
alguem quiser compreenderum ato de adora ao,
tera que tomar-se participante, pois de outra
maneira jamais podera compreende-lo.
Confissao e Rurifica ao

Atraves da confissao, coma parte do ato de


adora ao, o homem consegue a purifica ao de seu
espirito e a renova ao de sua vida. 0 rito de
purifica ao e muito usado pelos japoneses, egipcios,
gregos, hindus e outros. Entre os celtas, romanos e
persas, o fogo era uma energia purificadora. 0 rito
batismal entre os cristaos e uma forma de purifica ao.
Misticismo Religioso

A experiencia mfstica e um dos elementos centrais


da vida religiosa. Podemos dizer que em toda
experiencia religiosa profunda ha um elemento
misticismo. Adotamos de aqui a definic;ao de misticismo
dada por Pratt, que diz: "Misticismo e a senso­
percepc;ao de um ser ou de uma realidade atraves de
meios que sao os processos cognitivos ordinarios ou o
USO da razao.
Misticismo Religioso

Ha dais tipos basicos de misticismo: o ativo e o


responsivo. No primeiro, o homem procura, atraves de
dan as, musicas, jejuns, drogas, etc., atingir o lnfinito;
no segundo tipo, o homem simplesmente se dispoe a
receber a visita ao divina. Ordinalmente, o mistico e
uma mistura dos dais tipos, havendo apenas a
predominancia de um dos elementos.
Voca ao Religiosa
A voca ao religiosa e um dos aspectos mais
pessoais da experiencia espiritual do homem.
Geralmente a maneira coma o individuo se dedica
asua voca ao religiosa reflete a intensidade de sua
experiencia com Deus. Num sentido muito geral,
podemos dizer que todo individuo que professa uma fe
pessoal tern uma voca ao religiosa, pois a fe e o modo
pelo qual o homem responde ao estimulo do
transcendente.
Religiao e Saude
A rela ao cada vez mais estreita entre o psiquiatra
e o ministro religioso e um atestado do
reconhecimento de que a religiao desempenha
importante papel no
desenvolvimento da
personalidade e pode constituir-se fator primordial no
equilfbrio de suasfun oes psfquicas. 0 ministro
de religiaoe hoje parte integrante da equipe de
saude,
nos grandes hospitais e elfnicas, especia lmente nos
Estados Unidosonde o movimento foi iniciado, gra
as ao extraordinario trabalho de Anton Boisen.

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