Declaração Profissional Adinelma 2

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O Bullying é visto como um conjunto de atitudes que podem ser de violência

física e/ou psicológica, de cunho intencional e repetitivo, exercido por um


agressor contra uma ou mais vítimas que não conseguem se defender. Um
jogo psicológico e subjetivo de poder.

Ele não é apenas um problema relacionado ao âmbito escolar, sua extensão se


tornou um problema de saúde pública, expandindo-se aos estudos de
psicologia e a área médica.

Suas ações são provocações de formas degradantes e ofensivas, ocorrendo de


maneira intencional, envolvendo: humilhação, agressão, palavrões, ameaças,
isolamento, exclusão, chantagem, entre outras situações. Geralmente ocorre
por meio de “brincadeiras”, usam isso como desculpa, pois na verdade o
verdadeiro propósito é de maltratar e intimidar o outro.

Para que o bullying ocorra algumas pessoas tem que estar envolvidas, e
quando esse fenômeno ocorre cada uma dessas pessoas é conhecido por uma
nomenclatura especifica as quais serão explicadas a seguir: O agressor, a
pessoa que provoca o bullying, responsável pelas atitudes agressivas é
chamado de bully; o coletivo desses agressores, que é o grupo de pessoas
que provocam esse fenômeno, são chamadas de bullies e por fim, tem a
vítima, aquela pessoa que está sofrendo com isso.

O perfil das vítimas pode ser dividido em três categorias: a primeira categoria
são as vítimas típicas, normalmente são crianças retraídas, tímidas,
introvertidas e com repertório de habilidades sociais fracas, além disso,
características físicas também complementam esse perfil, como altura, peso,
uso de óculos e/ou aparelho, espinhas deficiência física e qualquer outro
aspecto que possa fugir “do padrão de beleza”, além disso apresentam pouca
habilidade social.

A segunda são as vítimas provadoras, aquelas capazes de provocar em seus


colegas reações agressivas contra si mesmas, mas não conseguem responder
aos revides de forma aceitável, ou seja, até conseguem se defender e brigar
quando se sentem ameaçadas ou são atacadas, mas suas respostas são
insuficientes para afastar o agressor.

A terceira e última é a vítima agressora, são crianças ou adolescentes que em


algum momento sofreram com esse fenômeno e tornam-se agressores de
outras crianças que lhes aparentam ser mais fracas. Ela sofreu constantemente
sendo agredida, ameaçada e isolada por um agressor mais fortes ou mais
populares que ela, e para ela a forma de compensar seu sofrimento, é
buscando fazer com outras crianças aquilo que já lhe aconteceu.

Há também os Espectadores, que são crianças que testemunham o bullying,


mas não costumam denunciar o que acontece nas escolas e acaba não
contando para os pais, professores a questão da agressão ocorrida, pois não
querem ser considerados dedos-duros. E os agressores (bully) geralmente são
líderes de uma turma que sentem um prazer de colocar apelidos nos colegas
de sala, geralmente os que são considerados frágeis, com isso, acaba por
exclui-los, intimida-los, etc.

O Bullying pode ser feito de forma: verbal, psicológica, física e virtual


(cyberbullying), esses serão explicados a seguir:

O Bullying Verbal é o mais comum do fenômeno, ele é um tipo de ação que


costuma envolver difamações, fofocas, gozações, críticas e apelidos
pejorativos. É a forma mais constante e persistente de bullying, pois pode ser
feito escondido do professor, por meio de sussurros, bilhetinhos e apelidos
pejorativos considerados normais.

O Bullying Psicológico ocorre através do isolamento e exclusão escolar,


quando uma criança é humilhada na frente de outras. Nele não ocorrem
necessariamente agressões físicas e justamente por isso pode ser muito
perigoso, visto que se pode ridicularizar uma pessoa sem ofendê-la de forma
direta, apenas excluindo, isolando, marginalizando, ignorando e virando as
costas. É muito prejudicial à autoestima e às habilidades sociais e
interpessoais da vítima.
O Bullying Físico é o mais visível e por isso o mais percebido entre professores
e pais de alunos, aqui, todas as agressões físicas são possíveis de ocorrer
entre as crianças, envolvem não apenas chutes e murros como também
objetos perfurantes, como estiletes e até armas de fogo.

O Cyberbullying, também conhecido como bullying virtual, ocorre quando um


agressor se utiliza dos recursos tecnológicos para constranger, humilhar,
maltratar e ofender suas vítimas. Neste caso as vítimas muitas vezes não
sabem quem são seus agressores pois estão em anônimo.

É muito importante que identifique se esse fenômeno vem ocorrendo com a


criança, pois isso pode levar ao bullycídio, isto é, ao ato de tentar tirar a própria
vida motivada pelo sofrimento causado por atitudes violentas que são
cometidas por outras pessoas contra si mesmo; o suicídio provocado pelo
bullying.

Para identificarmos se a criança vem sofrendo algum desses tipos de bullying é


necessário ficar atento a algumas questões, como o perfil comportamental da
criança- se ela tinha um rendimento legal e passou a ter baixo rendimento
escolar; justificativas para não comparecer às aulas- chegar mais tarde ou
inventar que está doente e por fim, observar se ela não tem muitos amigos e
como anda seu ciclo social.

Os professores também devem estar atentos a esses tipos de práticas


existentes na escola entre os alunos, mas também devem estar atentos para
não acabarem entrando nesse jogo e serem os fomentadores do ato, ou seja,
não passarem a realizar algum tipo de bullying com seu (s) aluno (s). Eles
assumem um papel importante na prevenção e combate desse fenômeno, já
que suas ações podem ou não gerar situações propícias a essa prática, visto
que a maioria dos casos ocorrem até mesmo na presença do professor. Suas
atitudes serviram de exemplo para os outros alunos, já que ele é a referência
presente ali na sala, exemplo esse que pode ser positivo ou negativo.

Ao surgir uma situação em sala de aula o professor imediatamente deve intervir


e tomar as medidas necessárias, pois se ele se omite perante isso, da uma
risada com a situação, ou até mesmo faz um comentário desnecessário, ele vai
por um caminho errado, pois direta ou indiretamente está incentivando o ato.

Um professor que inventa apelidos, não trata os alunos com igualdade/respeito


acaba criando um ambiente propício para a prática do bullying.

O bullying praticado por professores é definido como um padrão de conduta,


com um diferencial de poder que ameaça, fere, humilha, induz medo ou
provoca um nível alto de stress emocional nos alunos. Esses professores
muitas vezes justificam seus atos alegando provocação por seus alvos,
disfarçando seu ato como alguma forma de motivação ou que faz parte do
ensino. Dizem também que é uma forma apropriada de resposta disciplinar a
um comportamento que é inaceitável que o aluno tenha realizado, quando na
verdade esta forma de “intervenção” não auxilia em nada na educação do
aluno, muito pelo contrário, só prejudica.

Este tipo de ameaça, realizadas pelos professores não tende a ser física,
porém é invasivo e muito poderoso, afinal ele é a figura de poder/autoridade
presente na sala, o adulto a quem o aluno “deve respeitar”, e já que o adulto
está falando tal coisa, ou fazendo algo com ele é porque “ele merece”,
pensamento esse que muitas crianças que passam por situações como essas
acabam acreditando serem culpadas e merecedoras de tais ataques.

Atos como imitar a voz do aluno em tom alto, rebaixando-o perante a classe e
ofendendo sua autoestima, manipular a classe contra um único aluno, o
expondo a humilhação, questionar alguns assuntos somente com ele,
principalmente quando percebe que o mesmo não tem domínio sobre o
assunto, rigidez na correção das provas e atividades são alguns exemplos de
bullying realizados do professor contra o aluno.

O professor deve ser o primeiro a mostrar respeito e com isso dar o exemplo,
ele pode ser a autoridade da sala, mas essa autoridade só é realmente
reconhecida entre os alunos de uma boa forma quando há uma relação de
respeito mútuo entre eles, não minimizando a importância dos acontecimentos
e dando atenção a criança quando ela chega com alguma queixa, ou até
mesmo prestando atenção na dinâmica da sala.

É necessário trabalhar com os alunos os conceitos e a prática do respeito


mútuo, diálogo, solidariedade, empatia, ou seja, que a criança aprenda a se
colocar no lugar do outro, conquistando um ambiente seguro, favorável ao
aprendizado e convívio social.

Como a realidade do bullying está muito presente nas escolas, surgiu em nós
uma grande preocupação, e por isso a criação deste projeto como meio de
estratégia para lidar com esse fenômeno. Será aplicado em turmas de ensino
fundamental, de escolas particulares.

Até pouco tempo, o que hoje é chamado de Bullying, era visto com outro olhar,
outra perspectiva, “briguinhas de criança”, e normalmente família e escola não
tomavam atitude nenhuma a respeito desse fator. Desse modo, no Brasil, o
tema tem despertado uma atenção crescente, mas os governos ainda não
foram sensibilizados para a necessidade do desenvolvimento de políticas
públicas específicas, além disso, há discussões sobre a prática do bullying nas
escolas brasileiras.

Atualmente o Bullying é reconhecido como problema crônico nas escolas, com


consequências sérias, tanto para vítimas, quanto para os agressores.

Aproximadamente um em cada dez estudantes no Brasil é vítima frequente


de bullying nas escolas. Normalmente são adolescentes que sofrem agressões
físicas ou mesmo psicológicas, que são alvo de piadas e boatos maldosos e
muitas vezes excluídos propositalmente pelos colegas, não sendo chamados
para festas ou qualquer coisa que seja.

"O bullying tem sérias consequências tanto para o agressor quanto para a
vítima. Tanto aqueles que praticam o bullying quanto as vítimas são mais
propensas a faltar às aulas, abandonar os estudos e ter piores desempenhos
acadêmicos que aqueles que não têm relações conflituosas com os colegas",
diz o estudo, que acrescenta que nesses adolescentes estão também mais
presentes sintomas de depressão, ansiedade, baixa autoestima e perda de
interesse por qualquer atividade.

Esse dado faz parte do terceiro volume do Programa Internacional de


Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015, dedicado ao bem-estar dos estudantes.
Com base nos relatos dos estudantes, 9% foram classificados no estudo como
vítimas frequentes de bullying, ou seja, estão no topo do indicador de
agressões e mais expostos a essa situação.

Além do Pisa, outras pesquisas foram feitas para identificar o fator Bullying nas
escolas brasileiras, como por exemplo, uma pesquisa do IBGE realizada
também em 2015 com estudantes do nono ano do Ensino Fundamental de
escolas públicas ou privadas das capitais dos estados e do Distrito Federal,
onde acendeu a luz de alerta para o problema do bullying nas escolas
brasileiras.

O número de casos de jovens submetidos a situações de humilhação vem


crescendo, de acordo com essa pesquisa sobre a saúde escolar do estudante
brasileiro. Revela ainda que dois em cada dez adolescentes assumem já ter
praticado bullying contra colegas e as agressões são quase sempre focadas na
aparência do corpo ou do rosto da vítima, o que acaba atingindo inúmeros
distúrbios psicológicos, em uma fase de auto reconhecimento e
amadurecimento do aluno.

Segundo o estudo, 35,6% dos estudantes entrevistados disseram serem


vítimas constantes da agressão. O maior número de casos ocorreu nas escolas
particulares com 35,9%. Enquanto que nas escolas públicas o índice foi de
26,2% dos estudantes. A pesquisa constatou ainda que o bullying é mais
frequente entre os estudantes do sexo masculino.

Embora feito essas pesquisas, o Brasil ainda não tem um diagrama sobre a
dimensão desse tipo de violência dentro das escolas. Não há estudos intensos
sobre essa questão e isso acaba dificultando uma intervenção adequada para
o problema.
Muitas vezes essa temática acaba gerando um problema ainda maior, como
por exemplo, uma publicação feita pela Folha de São Paulo onde relata que um
estudante de 14 anos do 8º ano atirou contra colegas de sala em uma escola
particular de Goiânia. Ele deu 11 tiros mais uma pessoa especifica era seu
alvo.

Dois morreram e quatro ficaram feridos. Isso ocorreu em 20 de outubro de


2017. O menino disse à polícia que era vítima de bullying e relatou ter
planejado o ataque por três meses. Os colegas de sala relataram que o
estudante com personalidade calma, tímido, retraído, era vítima de gozações
constantes e era xingado de "fedorento". Já o pai disse que o filho havia
passado por tratamento psicológico.

Outro exemplo disso é a série "13 ReasonsWhy" que ficou muito popular entre
os jovens, a série conta sobre a história de uma menina que se suicidou por
vários motivos, e um dos principais motivos foi o bullying que sofria na escola
com bastante frequência.

2.2 Bullying nas escolas de Salvador

Trazendo para o contexto de Salvador, é perceptível que ações de bullying


ainda são entendidas por muitos alunos e professores de escolas como uma
simples brincadeira, natural do ambiente de ensino. Muitas vezes, as
consequências negativas que a prática pode causar e que afetam toda a
comunidade escolar não são percebidas.

Em pesquisa realizada na cidade de Salvador, por exemplo, constatou-se que


os “casos de violência dentro das salas de aula alcançaram média de uma
ocorrência por dia registrada em Salvador desde março pela Delegacia para o
Adolescente Infrator (DAI). (..) Do total, 98% ocorrem dentro de colégios
públicos” (SOMBRA, 2009:01).

Como o tema está sendo debatido cada vez mais, foram criadas medidas para
atuar de maneira efetiva contra esse mal que se difunde nas escolas de
Salvador, como por exemplo, em 2007, a coordenadora Marilena Ristum,
professora do Instituto de Psicologia da UFBA iniciou uma pesquisa nas
escolas de Salvador sobre “Bullying Escolar: práticas e significações de alunos
e professores de escolas públicas e particulares”. Por meio dessa pesquisa
pôde-se perceber que nas escolas públicas e privadas de Salvador a violência
física foi à forma de bullying mais apontada. Nas escolas públicas as principais
causas indicadas pelos professores foram à falta de limites e problemas na
estrutura familiar. Já nas escolas privadas o tipo de bullying avaliada como
menos grave foi à violência verbal, entretanto tendo também como violência
física a mais comum. Foi possível verificar também, por meio desse estudo,
que a maior parte dos entrevistados não conhecia o termo bullying, nem o seu
significado.

Em 2009, O Ministério Público da Bahia iniciou campanhas sobre esse tema


que tem como objetivo promover um esforço para erradicar ou minimizar a
violência escolar produzida pelo bullying, sensibilizando e conscientizando o
profissional da educação bem como os professores, diretores e funcionários
como também os próprios alunos e pais.

Além disso, em 2015, A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da


Assembleia Legislativa da Bahia aprovou o projeto de lei nº 21.259/2015, de
autoria do ilustre deputado Sidelvan Nóbrega, que “dispõe sobre a inclusão de
medidas de conscientização, prevenção e combate ao assédio escolar
“bullying”, no projeto pedagógico elaborado pelas escolas públicas de
educação básica do estado da Bahia e dá outras providências”. Ainda nesse
ano, essa comissão permitiu o parecer que inclui a rede privada de ensino no
Projeto dessa Lei.

Já no ano de 2016, segundo o artigo 5º, da lei nº 13.185, “é dever do


estabelecimento de ensino, dos clubes e das agremiações recreativas
assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate à
violência e a intimidação sistemática (bullying)”.

Essa lei é conhecida como “lei antibullying”. Foi sancionada pela ex-presidente
Dilma Roussef em novembro de 2015 e entrou em vigor a partir do dia 06 de
fevereiro de 2016. A mesma, determina que seja feita a capacitação de
docentes e equipes pedagógicas para implementar ações de prevenção e
solução do problema, assim como a orientação de pais e familiares, para
identificar vítimas e agressores. Também estabelece que sejam realizadas
campanhas educativas e fornecida assistência psicológica, social e jurídica às
vítimas e aos agressores.

Além dessa lei, foi realizada em 2016, uma pesquisa Pelo Ministério Da
Educação em parceria com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais
(Flacso) e Organização dos Estados Interamericanos (OEI). Essa pesquisa
apontou Salvador como sendo a 3ª capital brasileira com maior índice de
violência em escolas públicas. Esses Dados afirmam que 40% dos alunos já
sofreram algum tipo de violação, como discriminação social, racial, por
orientação sexual, cyberbullying e ainda roubo/furto.

Para mais, ainda neste ano, foi instituído no calendário oficial de eventos do
município de Salvador o "março laranja", mês de prevenção e combate ao
bullying escolar. O prefeito de Salvador sancionou a lei nº 8996/2016 que deixa
claro no artigo 1º que o "Mês de Prevenção e Combate ao Bullying Escolar"
deve ser celebrado anualmente no mês de março. E no artigo 2º traz o objetivo
dessa lei, que “visa promover, no âmbito escolar e na sociedade, o debate
sobre o bullying nas escolas, estimulando campanhas educativas e
informativas, bem como a sensibilização, o diagnóstico e a prevenção desse
tipo de violência, envolvendo a comunidade, os pais, professores e outros
profissionais que atuam nas áreas de educação e de proteção à criança e ao
adolescente”.

Em junho de 2013, um aluno de 13 anos de uma escola particular de Salvador


sofreu Bullying de um professor. Este professor foi acionado pela Defensoria
Pública do Estado. De acordo com a responsável pelo caso, o professor tinha
envergonhado esse aluno várias vezes e por causa dos constrangimentos
acabou deixando de frequentar as aulas e perdeu de ano.

Em 2018, em uma escola também particular de Salvador, foi encontrada na


mochila de uma aluna uma faca do tipo peixeira. A garota afirmou que sofre
bullying dos colegas e teve a ideia de ir armada para o colégio a fim de "se
defender" das brincadeiras de mau gosto.
Já no ano de 2016 uma aluna de 10 de idade, da 5ª série do ensino
fundamental, de uma escola localizada no Costa Azul foi agredida por um aluno
da mesma idade. Segundo a mãe da criança agredida a menina sofreu
‘bullying’ após trocar de short para participar da aula de educação física.

Algumas escolas de Salvador já adotaram medidas para combater o bullying,


entretanto esses projetos ainda não contemplam todas as escolas.

No Colégio da Polícia Militar, foi proposto pela professora de ciências que seus
alunos do 6º ano do ensino fundamental pesquisassem sobre o bullying.
Através disso, uma aluna relatou já ter sido vítima de bullying e sentiu na pele
que se a brincadeira não diverte a todos, não deve ser feita por ninguém.

No Colégio Adventista um aluno do 8º ano do ensino fundamental II, disse que


o tema bullying é debatido constantemente entre os alunos. O Colégio faz
questão de alertar as turmas sobre as complicações que o bullying pode
causar. O estudante disse ainda, que periodicamente a instituição reúne alunos
de diversas series no auditório da escola e promove encontro com
especialistas e pessoas que já foram vítimas do bullying. Além disso, cartazes
com histórias de quem já sofreu o problema fica exposto nas paredes para que
os alunos tenham acesso.

Já a RSB-Escolas foi criada uma cartilha que tem o intuito de ajudar as escolas
na prevenção e no combate ao bullying. Essa cartilha procura responder as
questões mais oportunas sobre o tema e ajudar na construção e na
preservação de um ambiente escolar permeado pela cultura do respeito, da
alegria e da paz.

Uma lei avançada para combater o Bullying é o Estatuto da Criança e do


Adolescente, Lei 8.069/90, que dispõe de medidas eficazes para enfrentar o
bullying e trata a criança e adolescente como sujeito de direitos, e não somente
como um ser em situação irregular perante a sociedade. Além disso, “pela
proteção integral, criança e adolescente devem receber atenção prioritária da
família, sociedade e do Estado, sendo tratados com absoluta prioridade, a fim
de se desenvolverem adequadamente, livres de qualquer tipo de agressão (art.
227 da CF, art. 3º e 4º do ECA).

Para Olweus (1993) o bullying é uma subcategoria do comportamento


agressivo que ocorre entre os pares. Constitui-se num relacionamento
interpessoal caracterizado por um desequilíbrio de forças, o que pode ocorrer
de várias maneiras: o alvo da agressão pode ser fisicamente mais fraco, ou
pode perceber-se como sendo física ou mentalmente mais fraco que o
perpetrador. Pode ainda existir uma diferença numérica, em que vários
estudantes agem contra uma única vítima.

Olweus traz ainda que no bullying existe a intenção de prejudicar, humilhar, e


tal comportamento persiste por certo tempo, sendo mantido pelo poder
exercido sobre a vítima, seja pela diferença de idade, força, ou gênero e ele
define ainda o bullying em três termos essenciais: O comportamento é
agressivo e negativo; o comportamento executado repetidamente e, o
comportamento ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder
e entre as partes envolvidas. Ele foi o primeiro a relacionar a palavra a um
fenômeno, na década de 1970.

Ao estudar as tendências suicidas entre adolescentes, o autor descobriu que a


maioria desses jovens tinha sofrido algum tipo de ameaça e que, portanto, o
bullying era um mal a combater.

O bullying tem sido classificado em diferentes tipos que incluem o físico, verbal,
relacional e eletrônico (Berger, 2007). O tipo físico envolve socos, chutes,
pontapés, empurrões, bem como roubo de lanche ou material. A tendência é
que este tipo de ataque diminua com a idade. O tipo verbal inclui práticas que
consistem em insultar e atribuir apelidos vergonhosos ou humilhantes (Berger,
2007; Rolim, 2008). Esta forma é mais comum do que o tipo físico,
principalmente com o avanço da idade. O tipo relacional é aquele que afeta o
relacionamento social da vítima com seus colegas. Ocorre quando um
adolescente ignora a tentativa de aproximação de um colega deliberadamente.
Este tipo se torna mais prevalente e prejudicial a partir da puberdade, uma vez
que as crianças aprimoram mais suas habilidades sociais e a aprovação dos
pares se torna essencial (Berger, 2007). O tipo eletrônico, ou cyberbullying,
ocorre quando os ataques são feitos por vias eletrônicas. Esta forma inclui
bullying através de e-mail, mensagens instantâneas, salas de bate-papo, web
site ou através de mensagens digitais ou imagens enviadas pelo celular
(Berger, 2007).

Em relação à frequência e tipos de bullying, Berger (2007) afirma que existem


grandes variações entre as nações, entre as regiões de uma mesma nação e
entre as escolas de uma mesma região. Para esta autora, a cultura pode ser
um fator que sustenta tais variações. Outra possibilidade é que as crianças se
comportam similarmente ao redor do mundo, mas a linguagem encobre o que
há de comum entre elas, uma vez que o significado e conotações da palavra
bullying varia amplamente através do mundo. Outra complicação é a falta de
uma definição operacional comum dos três elementos que caracterizam o
bullying, que são a repetição, o prejuízo e a desigualdade de poder. A referida
autora aponta para um estudo realizado pela United Nation (UN) no qual o
termo bullying foi definido antes da aplicação das questões do estudo. A
definição foi cuidadosamente produzida e traduzida para a linguagem local,
com a escolha de palavras que pudessem auxiliar as crianças a interpretar
bullying da mesma forma, independente do seu conhecimento linguístico.

A escola desempenha um papel de grande importância no desenvolvimento


social de crianças e adolescentes. Constitui-se em um espaço de convivência e
aprendizagem (Cantini, 2004), oportunizando a socialização de jovens na
cultura ocidental moderna (Lisboa & Koller, 2003). A escola proporciona a
experiência de relações de hierarquia, vivências de igualdade e convívio com
as diferenças, que, dentre outras, terão influência estruturante na formação do
indivíduo (Cantini, 2004). Dessa forma, não pode ser considerada apenas
como um espaço destinado à aprendizagem formal ou ao desenvolvimento
cognitivo (Lisboa & Koller, 2003).

Conforme Lisboa (2005), as interações que ocorrem no contexto escolar são


caracterizadas pela forte atividade social. É nesse ambiente que as crianças e
os adolescentes têm a oportunidade de expandir sua rede de interações e
relações para além da família, desenvolvendo autonomia, independência e
aumentando sua percepção de pertencer ao contexto social. As habilidades
sociais, juntamente com as características de personalidade, contribuem para
determinar a forma com que o indivíduo se relaciona com seus pares e tal
aprendizagem serve como um treinamento para o convívio em sociedade
(Cantini, 2004).

Alguns comportamentos agressivos são esperados durante a adolescência e


podem até mesmo ter benefícios adaptativos (Hawley, 1999). Entretanto, a
agressão entre os pares não deve ser negligenciada ou tratada como parte do
desenvolvimento. O bullying é um problema sério e pode trazer consequências
graves aos envolvidos. Pesquisas têm associado à experiência de vitimização
à baixa autoestima, sintomas físicos e emocionais, ansiedade, medo, cefaleia,
enurese, evitação escolar, depressão, ideias suicidas e suicídio, entre outros
(Bandeira, 2009; Berger, 2007; Cantini, 2004; Lopes, 2005; Olweus, 1993). Os
efeitos do envolvimento em bullying podem persistir por toda a vida escolar e
durante a vida adulta (Rigby, 1998; Olweus, 1993). A adolescência é
identificada na literatura como sendo o período de maior ocorrência de bullying
(Kenny, Mceachern, & Aluede, 2005). Estudos apontam que o momento de
maior incidência dos episódios de bullying e violência escolar ocorrem entre os
nove e os quinze anos de idade (Rolim, 2008).

É importante dizer que a popularidade do fenômeno cresceu com a influência


dos meios eletrônicos, como a internet e as reportagens na televisão, pois os
apelidos pejorativos e as brincadeiras ofensivas foram tomando proporções
maiores, como ditas acima.

“O fato de ter consequências trágicas – como mortes e suicídios – e a


impunidade proporcionaram a necessidade de se discutir de forma mais séria o
tema”, aponta Guilherme Schelb, procurador da República e autor do livro
Violência e Criminalidade Infanto-Juvenil.
Para Cléo Fante, o bullying “é uma das formas de violência que mais cresce no
mundo”, afirma ela, educadora e autora do livro Fenômeno Bullying: Como
Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz.

Segundo a especialista, o bullying pode ocorrer em qualquer contexto


social, como escolas, universidades, famílias, vizinhança e locais de trabalho.
O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode
afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Além de um possível
isolamento ou queda do rendimento escolar, crianças e adolescentes que
foram vítimas de bullying podem apresentar doenças psicossomáticas e sofrer
de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade. Em alguns
casos extremos, o bullying chega a afetar o estado emocional do jovem de tal
maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.

Já segundo Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora da


Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
para ser definido como bullying, a agressão física ou moral deve apresentar
quatro características: a intenção do autor em ferir o alvo, a repetição da
agressão, a presença de um público espectador e a concordância do alvo com
relação à ofensa.

”Quando o alvo supera o motivo da agressão, ele reage ou ignora,


desmotivando a ação do autor”, explica a especialista. O alvo do bullying
costuma ser uma criança ou um jovem com baixa autoestima e retraído tanto
na escola quanto no lar e por isso dificilmente conseguem reagir.

Aí é que entra a questão da repetição no bullying, pois se o aluno procura


ajuda, a tendência é que a provocação cesse. Além dos traços psicológicos, os
alvos desse tipo de violência costumam apresentar particularidades físicas. As
agressões podem ainda abordar aspectos culturais, étnicos e religiosos.

Uma pesquisa da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância


e Adolescência (Abrapia) revela que 41,6% das vítimas nunca procuraram
ajuda ou falaram sobre o problema, nem mesmo com os colegas. As vítimas
chegam até a concordar com a agressão.
Até pouco tempo, quando os casos de bullying chegavam à justiça, eles eram
enquadrados em infrações previstas no Código Penal como injúria, difamação
e lesão corporal. Entretanto, em 06 de novembro de 2015 foi sancionada a Lei
n.º 13.185, denominada "Programa de Combate à Intimidação Sistemática
(Bullying)". Segundo esse documento: "Considera-se intimidação sistemática
(bullying) todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que
ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma
ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e
angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de puder entre as partes
envolvidas." Porém, muitas das escolas brasileiras ainda não punem os
agressores.

Dada à importância de abordar o tema, o "Dia Mundial de Combate ao Bullying"


é comemorado em todo o mundo no dia 20 de outubro. No Brasil, em 2016 foi
instituído por meio da Lei nº 13.277, o "Dia Nacional de Combate ao Bullying e
à Violência na Escola", comemorado em 7 de abril.

A escolha da data faz referência ao episódio que aconteceu em 7 de abril de


2011 no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro. Onde um rapaz de 23 anos
invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira disparando nos alunos. O
resultado do "Massacre do Realengo", como ficou conhecido o ataque, foi à
morte de 12 alunos e do próprio atirador, que se suicidou. Muitos conhecidos e
familiares de Wellington afirmaram que ele sofria de bullying.

As ações de prevenção contra o bullying devem incluir em primeiro lugar o


conhecimento, por parte de toda a comunidade escolar, acerca do fenômeno.
Devem ser instituídas políticas públicas que priorizem a redução e prevenção
do bullying nas escolas de todo o país. É necessário investimento e
treinamento de profissionais da área da educação para elaboração e execução
de programas de prevenção ao bullying. Torna-se necessária a tomada de
consciência das graves consequências desse fenômeno que merece a atenção
de pesquisadores, professores e profissionais que atuam nas escolas, pais e
comunidade em geral.
Esse fenômeno escolar demorou a ser estudada no Brasil e apenas na década
de 1990 pesquisas sobre o assunto passaram a ter algum tipo de destaque.
Em 2001 a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à
Adolescência (Abrapia) começou a estudar e pesquisar sobre o assunto.

A prática do bullying tornou-se algo comum nos espaços educacionais,


provocando cada vez mais atitudes violentas, tantos dos agressores, como das
vítimas. Por isso, discutir as questões ligadas ao bullying com a escola é
importante, pois, proporciona a reflexão e evita que novos casos de bullying
ocorram nas escolas. Além disso, a principal justificativa para se criar um
projeto com esse tema, é que a escola tem por missão preparar seus alunos
para Cidadania, e para isso, é preciso buscar alternativas que desenvolvam o
conhecimento a respeito desse fator. Esse é o papel da escola, e segundo os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's) “cabe à escola empenhar-se na
formação moral de seus alunos...” (p. 32).

É importante, também, o estímulo à pesquisa, ao diálogo e à troca de ideias, a


fim de desenvolver a capacidade de reflexão das pessoas e principalmente
orientação e atenção a respeito do problema.

Criar um programa para conscientização de alunos e professores aos


problemas deflagrados pelo bullying nas escolas particulares de Salvador.

Para o projeto acontecer é necessário o apoio da diretora da escola, adesão


dos alunos, dos professores e dos pais. Além disso, é fundamental que os
profissionais da escola bem como os alunos reconheçam a existência do
bullying e a dimensão do problema e não subestime o cyberbullying, pois
muitos acreditam que não passa de uma brincadeira de crianças e
adolescentes e que isso não pode acarretar em nada na vida da vítima.

Para a efetividade do projeto também é importante e necessário funcionários


que auxilie na organização dos espaços da realização do projeto, isto é, o
auditório onde serão realizadas palestras entre outros espaços. Requer
também que estes estejam capacitados para a manutenção e preparação dos
equipamentos que serão utilizados, tais como Datashow, microfone, caixa de
som, computador etc.

No que diz respeito à restrição é possível à limitação dos alunos, a falta de


materiais e recursos necessários para a realização do projeto, omissão do fator
bullying na escola. Além de alguns alunos se sentirem intimidados com o tema
do projeto.

Não adesão dos componentes citados a cima, isto é, diretores, professores,


pais e alunos, a falta de interesse e insatisfação destes. Outro risco possível é
o cancelamento do projeto caso este tenha sido aderido pela diretoria, ou seja,
por questões financeiras e tempo pode ser cancelada a realização do projeto.

Sensibilizar os alunos da escola e professores a necessidade da realização do


projeto, assegurar os alunos vítimas do bullying, capacitar os professores para
conhecer e lidar com esse fenômeno. Adequação do calendário escolar com o
evento. A lei antibullying determina que seja feita a capacitação de docentes e
equipes pedagógicas para ações de prevenção e solução do problema e a
realizadas de campanhas educativas

O bullying é a forma de violência que está mais presente no dia a dia da vida
estudantil. Esse fator é visto como um mal aparentemente invisível que em
geral só é identificado quando se está atento aos seus sinais. Trata-se de um
tema crescente, porém ainda pouco explorado.

As escolas identificam apenas algumas possíveis características do bullying e


dos personagens nele envolvidos, pelo fato do mesmo ser muito mais
complexo do que se possa imaginar, tendo características diversas, pois se
trata de uma violência repetitiva e intencional, que às vezes aparece escondida
em pequenos atos, comprometendo o desenvolvimento do aluno, queda de
rendimento escolar e um possível isolamento.

Além disso, crianças e adolescentes que passam por humilhações podem


apresentar doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que
influencie traços da personalidade. Em alguns casos extremos, o bullying
chega a afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por
soluções trágicas, como o suicídio.

A dificuldade em reconhecer o bullying pode ocorrer, também, porque as


vítimas normalmente sofrem caladas, com medo de se expor à situação de
repreensão e acabam ficando presas a tal violência. Essa atitude ocorre porque
muitos professores não conseguem identificar as manifestações do bullying,
por não saberem reagir às situações referentes ao mesmo, então as vitimas do
bullying acabam guardando pra si por entenderem que os professores nada
podem fazer para ajudá-los.

Entretanto, não adianta pensar que o bullying só é problema dos educadores


quando ocorre do portão para dentro. É papel de a escola construir uma
comunidade na qual todas as relações são respeitosas. É necessário destacar
também a importância da participação da família já que esta acompanha seu
filho por muito mais tempo, o papel da sociedade em geral para alcançar a
solução desse problema que atinge a cada dia proporções maior e a
importância da participação de psicólogos, Concelho Tutelares, profissionais da
justiça e outros, a fim de atuar com essa problemática. No caso da escola,
algumas atitudes simples como a inserção e discussão de temas transversais
de forma continuada podem ajudar a solucionar o problema, como por
exemplo, o projeto proposto.

Já em relação à importância do psicólogo, nós, enquanto psicólogos devemos


transmitir á escola que é importante que ensinem a seus alunos a lidarem com
suas emoções, dar espaço nas aulas para a expressão de afeto, para que não
se envolvam em comportamentos violentos, transformando-os em pessoas de
uma cultura de paz que se estenda aos seus demais contextos de vida.

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