Eutanasia 3

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UniAGES

Centro Universitário
Bacharelado em Medicina Veterinária

DANIELY SANTOS SANTANA

PARÂMETROS DE BEM-ESTAR E FATORES


DECISIVOS PARA EUTANÁSIA DE ANIMAIS
DE PEQUENO E GRANDE PORTE

Paripiranga
2021
DANIELY SANTOS SANTANA

PARÂMETROS DE BEM-ESTAR E FATORES


DECISIVOS PARA EUTANÁSIA DE ANIMAIS
DE PEQUENO E GRANDE PORTE

Monografia apresentada no curso de


graduação do Centro Universitário AGES,
como um dos pré-requisitos para a obtenção do
título de bacharel em Medicina Veterinária.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Daiane Novaes Eiras

Paripiranga
2021
DANIELY SANTOS SANTANA

PARÂMETROS DE BEM-ESTAR E FATORES


DECISIVOS PARA EUTANÁSIA DE ANIMAIS
DE PEQUENO E GRANDE PORTE

Monografia apresentada como exigência


parcial para obtenção do título de bacharel em
Medicina Veterinária à Comissão Julgadora
designada pela Coordenação de Trabalhos de
Conclusão de Curso do UniAGES.

Paripiranga, 22 de junho de 2021.

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Daiane Novaes Eiras


UniAGES

Prof. Dr. Carlos Emanuel Eiras


UniAGES
Dedico este trabalho a Deus, por ter me dado forças quando tudo parecia perdido; e
à minha mãe, por ser o meu porto seguro em todos os momentos difíceis desta
jornada.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus, que me abençoou com todas as suas graças e


bênçãos em minha vida, e não somente nos anos da graduação como também em
todos os momentos.
À minha mãe, Nivalda Maria de Andrade, que me apoiou e incentivou em
todos os momentos, principalmente, nos mais difíceis. Ao meu esposo, Rafael Matos
Oliveira, que me apoiou diante de todas as dificuldades, e que, para mim, foi muito
importante. Obrigada por nunca pouparem esforços para minha formação e
confiarem em meu potencial. Palavras não são suficientes para descrever toda a
minha gratidão e espero ser capaz de um dia recompensá-los.
À minha filha, Allana Santos Matos, o amor da minha vida, porque, mesmo
passando várias noites sem mim, desde os 3 meses de vida, continuou me amando
e tendo orgulho do que faço, e todo o sacrifício desses 5 anos de graduação é por
ela.
À minha sogra, Maria do Carmo Matos Oliveira, e à minha tia, Ana Paula
Santana, que se esforçaram muito para ajudar a cuidar da minha filha, juntamente a
minha mãe, enquanto eu estava na faculdade, sem elas, isso não seria possível.
A todos os docentes da instituição que fizeram parte desta trajetória e
contribuíram para eu estar onde estou. Em especial, ao Prof. Dr. Carlos Emanuel
Eiras, à Prof.ª Dr.ª Daiane Novais Eiras e ao Prof. Marcos Vinicius Ferreira
Magalhães, por toda dedicação, paciência, e todos os conhecimentos transmitidos
todos esses anos.
Ao meu colega de curso, Igo Santos Gabriel, obrigada pelas trocas de
conhecimento, e que, apesar da distância, quero levar para a vida, principalmente, a
partir de agora, como colegas de profissão, tenho certeza da sua torcida para o meu
sucesso, que é recíproca.
Agradeço, também, a todas as pessoas que, de alguma forma, me motivaram
e torceram para que eu chegasse até aqui.
O saber a gente aprende com os mestres e
livros, a sabedoria se aprende é com a vida e
com os humildes.

Cora Coralina
RESUMO

A eutanásia animal no Brasil ainda é um assunto complexo e que leva a diversos


questionamentos. Além disso, há questões éticas e morais envolvidas nessa prática,
já que há uma legislação envolvida e critérios clínicos a serem considerados. Desse
modo, o presente trabalho teve como objetivo geral determinar os parâmetros
utilizados pelos médicos veterinários para se realizar a eutanásia em animais de
pequeno e grande porte. Assim, os objetivos específicos desta revisão integrativa
foram: enfatizar os aspectos éticos da profissão no momento de escolha da
eutanásia; analisar os parâmetros de bem-estar animal que implicam nessa escolha
diante das cinco liberdades; discorrer sobre a legislação vigente voltada à eutanásia
em animais de companhia; e expor o que diz a legislação sobre a eutanásia em
animais de produção, pontuar os principais critérios clínicos adotados por médicos
veterinários para a realização da eutanásia; elucidar aspectos psicológicos em
relação ao médico veterinário e ao tutor do animal perante esta decisão; descrever
as principais técnicas para realização da eutanásia de acordo com a legislação.
Através deste trabalho, concluiu-se que a eutanásia se baseia basicamente no bem-
estar do animal e na patologia apresentada por ele. Para coletar tais informações, o
procedimento metodológico utilizado foi a revisão integrativa de diversas fontes
científicas e informativas.

PALAVRAS-CHAVE: Eutanásia. Bem-estar animal. Ética profissional. Animais de


companhia. Animais de produção.
ABSTRACT

Animal euthanasia in Brazil is still a very difficult issue and one that leads to several
questions. In addition, there are ethical and moral issues involved in this practice, as
there is a legislation involved and clinical criteria to be considered. Thus, this study
had as general objective to determine the parameters used by veterinarians in order
to perform euthanasia in small and large animals. This way, the specific objectives of
this integrative review were: to emphasize the ethical aspects of the profession when
choosing euthanasia; to analyze the animal well-being parameters that imply this
choice in view of the five freedoms; to discuss current legislation aimed at euthanasia
in companion animals; and to expose what the legislation about euthanasia in
production animals says; to point out the main clinical criteria adopted by
veterinarians to perform euthanasia; to elucidate psychological aspects in relation to
the veterinarian and the animal’s guardian before this decision; to describe the main
techniques for performing euthanasia according to the law. Through this work, it was
concluded that euthanasia is basically based on the animal’s well-being and on the
pathology presented by it. To collect such information, the methodological procedure
used was the integrative review of several scientific and informative sources.

KEYWORDS: Euthanasia. Animal well-being. Professional ethics. Companion


animals. Production animals.
LISTA DE QUADROS

1: Características dos estudos selecionados de acordo com o autor, o título do


trabalho, o ano de publicação, e o responsável pela publicação ou plataforma
em que se encontra disponível 18
2: As cinco liberdades necessárias para o bem-estar animal e o que elas
recomendam 28
3: Critérios clínicos para eutanásia nos últimos anos 31
4: Enfermidade, alterações fisiológicas, tratamento e a necessidade de eutanásia 35
5: Patologias, seus sinais clínicos mais graves, o tratamento e a necessidade de
eutanásia 42
6: Métodos de eutanásia aceitáveis e não acetáveis para pequenos animais de
companhia 45
7: Métodos de eutanásia aceitáveis e não acetáveis para animais de grande porte
e produção 46
LISTA DE SIGLAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária


BA Bahia
CFMV Conselho Federal de Medicina Veterinária
DPP Dual Path Plataform
ELISA Ensaio de Imunoabsorção enzimática
IN Instrução Normativa
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
PCR Reação de Cadeia de Polimerase
PNCEBT Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e
Tuberculose bovina e bubalina
PNEFA Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa
PNSE Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos
RIISPOA Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem
Animal
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13

2 METODOLOGIA 16
2.1 Tipo de Estudo 16
2.2 Descrição do Estudo 16
2.3 Critérios de Inclusão e Exclusão 17
2.4 Análise dos Dados 18
2.5 Aspectos Éticos 23

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 24
3.1 Conceitos Gerais e suas Aplicações 24
3.2 Aspectos Éticos e Morais do Médico Veterinário Responsável pela
Eutanásia Animal 25
3.3 Níveis de Bem-Estar Animal 26
3.3.1 Mensuração do grau de bem-estar em animais de companhia e de
produção considerando as cinco liberdades 27
3.4 Legislações Vigentes acerca do Bem-Estar, Eutanásia Animal, seus
Aspectos Legais e/ou Ilegais de Maneira Geral 29
3.5 Critérios Clínicos na Escolha da Eutanásia 30
3.6 Enfermidades mais Relevantes 32
3.6.1 Cinomose 32
3.6.2 Doença renal crônica 33
3.6.3 Anemia infecciosa equina (AIE) 34
3.6.4 Atropelamento 35
3.7 Zoonoses 36
3.7.1 Leishmaniose 36
3.7.2 Brucelose 37
3.7.3 Febre aftosa 38
3.7.4 Tuberculose 39
3.7.5 Clostridiose (botulismo e tétano) 40
3.7.6 Raiva 41
3.7.7 Mormo 41
3.8 Problemas Éticos e Psicológicos para o Tutor e Médico Veterinário 43
3.9 Métodos Aceitáveis perante a Legislação 44
3.9.1 Métodos químicos 47
3.9.2 Métodos físicos 49
3.10 Confirmação do Óbito e Destino 50

4 CONCLUSÃO 52
13

1 INTRODUÇÃO

A globalização vem cada dia mais aproximando o ser humano dos animais,
sejam eles de companhia ou de produção. Os animais de companhia suprem
necessidades humanas de afeto, respeito e amor, por esse motivo, muitos destes
são tratados como membros da família por alguns tutores, sendo assim, o tutor, ao
se deparar com a necessidade de eutanásia, tem uma sensação de perda muito
grande. Desta forma, para se tomar essa decisão, vários fatores devem ser levados
em consideração.
No caso de animais de produção, o assunto é ainda mais complexo, já que a
ética, muitas vezes, não é levada em consideração, e coisas simples, como o
tratamento de uma determinada patologia, por exemplo, é considerada prejuízo para
o produtor, não sendo viável financeiramente, portanto, opta-se pelo sacrifício do
animal.
Como consequência do conhecimento sobre a senciência dos animais, é que,
nos últimos anos, a sociedade vem a se preocupar cada vez mais com o conceito de
bem-estar animal. Este se resume em proporcionar ao animal todos os aspectos
possíveis para que ele tenha uma boa qualidade de vida e longevidade (AZEVEDO
et al., 2015).
Para analisar o grau de bem-estar de um animal, se utiliza a análise das cinco
liberdades, a qual se aplica a animais de pequeno e grande porte. As cinco
liberdades descritas por Autran, Alencar e Viana (2017) e Azevedo et al. (2020) são
basicamente: Livre de fome e sede (Liberdade nutricional), Livre de dor e doença
(Liberdade sanitária), Livre de desconforto (Liberdade ambiental), Livre para
expressar seu comportamento natural (Liberdade comportamental) e Livre de
estresse, medo e ansiedade (Liberdade psicológica). É de fundamental importância
que o médico veterinário conheça esse conceito e saiba usá-lo na avaliação.
Em animais de companhia, geralmente, essa análise de bem-estar é realizada
para identificar casos de maus tratos, e, para grandes animais, além disso, é muito
usado com o intuito de melhorar a produtividade. Estando presentes em conjunto, as
cinco liberdades são uma forma de garantir ao animal um grau de bem-estar
14

significativo, caso maior parte delas não seja atendida, pode ser um fator que leve a
optar-se pela eutanásia do animal.
O termo eutanásia teve origem há séculos, o qual pode ser dividido como
“eu”, boa, e “thanatos”, morte, ou seja, é a interrupção ou cessação da vida. De uma
forma geral, é possível dizer que a eutanásia é indicada quando o animal se
encontra em sofrimento, ou em uma situação que ponha em risco a saúde pública,
como na presença de zoonoses. Além dessas indicações, existem diversas outras a
serem enfatizadas durante este trabalho (SANTOS; MONTANHA, 2017).
No caso de algumas patologias, o tratamento é complexo e cabe ao tutor
escolher realizá-lo ou não. Porém, tanto na produção animal como em animais de
companhia, há outros fatores específicos relacionados à eutanásia que não podem
ser questionados, dentre eles, um de grande relevância é a presença de zoonoses.
A presença de zoonose, em um só animal ou no rebanho, pode pôr em risco a
saúde do animal, e já que estas podem ser transmitidas para os seres humanos,
também é um risco à saúde pública.
Antes de todo e qualquer procedimento, é preciso que o médico veterinário
saiba lidar de forma cuidadosa, principalmente, com o tutor. É necessário entender
os aspectos psicológicos envolvidos nessa situação, não somente do tutor, como
também do profissional que opta por realizar o procedimento.
Tanto a eutanásia, como a distanásia, detém uma grande responsabilidade ao
veterinário, pois, cessar a vida do animal é uma escolha difícil, mas permitir que o
animal passe o restante da vida em sofrimento constante não é uma atitude ética.
Por este motivo, existe um protocolo a ser seguido para que não se tenham
possíveis complicações jurídicas após o procedimento, ou caso o tutor opte por não
autorizar.
Quando se trata de animais de companhia, a eutanásia ainda é muito temida
devido a questões sentimentais. É muito difícil para um tutor, que pratique a guarda
responsável e tenha uma relação sentimental com seu animal, aceitar essa situação,
porém, é dever de o médico veterinário tirar todas suas dúvidas e o guiar até a
escolha que será mais benéfica para seu animal.
Existem técnicas e métodos aceitáveis e não aceitáveis, quando se trata de
eutanásia animal. Estes são descritos pelo Conselho Federal de Medicina
Veterinária (CFMV, 2012), na legislação. Para que os métodos sejam aceitáveis, é
necessário que atendam aos princípios de bem-estar animal, que sejam métodos
15

comprovados cientificamente, e ainda que seja seguro para quem o for executar. O
método de escolha depende de algumas variáveis como espécie animal, estado de
saúde e idade.
Dentre os principais métodos de eutanásia aceitos pela legislação em
pequenos e grandes animais, estão os métodos físicos e químicos. Os métodos
químicos aceitáveis são o uso de medicamentos, e os físicos envolvem a produção
de um trauma. Vale ressaltar que alguns métodos físicos são restritos a algumas
espécies de animais e outros são totalmente proibidos (CFMV, 2012).
A escolha do método depende da viabilidade do método em relação ao local e
ao manejo deste animal, para que haja o mínimo de estresse e dor antes e durante o
procedimento, e cabe ao médico veterinário escolher qual se encaixa a sua
realidade no momento. É de extrema importância que o método escolhido não cause
dor e/ou outros danos que possam vir a ser incompatíveis com o bem-estar físico e
psicológico do animal.
O presente estudo buscou avaliar os aspectos éticos, morais e legais
envolvidos na eutanásia animal, bem como apresentar toda a rotina presente no
procedimento, desde os critérios de escolha até a confirmação do óbito, todos estes
considerando os aspectos de bem-estar descritos previamente, a fim de garantir um
ambiente adequado para a realização da eutanásia em grandes animais e em
animais de companhia.
16

2 METODOLOGIA

2.1 Tipo de Estudo

O presente trabalho refere-se a uma revisão integrativa de literatura,


utilizando-se da análise e interpretação de diferentes pesquisas sobre o assunto a
fim de alcançar o objetivo proposto inicialmente, que se trata da tentativa de
resolução de uma questão em específico, contribuindo, assim, para promover
conhecimento diante de um problema atrelado à profissão e corroborando para que
haja maior atenção na realização de práticas que precisam de reflexão sobre fatores
éticos e morais.

2.2 Descrição do Estudo

A revisão integrativa foi realizada diante das informações obtivas através das
seguintes bases de dados: Google Acadêmico, SciELO, Conselho Federal de
Medicina Veterinária (CFMV), e Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS), com publicações entre os anos de 2011 e 2021,
exceto em legislações e livros. O processo de realização desta revisão integrativa de
literatura teve como metodologia a forma proposta por Souza, Silva & Carvalho
(2010), com a divisão em seis etapas:
1ª Fase: elaboração da pergunta norteadora. Nesta etapa, foi determinada a
pergunta norteadora, a qual a pesquisa buscou contestar: “Como os aspectos éticos,
psicológicos, legais e clínicos influenciam a realização da eutanásia de pequenos e
grandes animais?” Assim, através dela, foram selecionados os trabalhos e as fontes
para coleta de informações necessárias.
2ª Fase: busca ou amostragem na literatura. Nesta etapa, objetivou-se
encontrar os possíveis estudos e pesquisas nas bases de dados escolhidas
17

anteriormente, levando em consideração a pergunta norteadora e os aspectos


relevantes do assunto.
3ª Fase: coleta de dados. Nesta etapa, coletaram-se os dados dos trabalhos
selecionados para posterior realização da análise.
4ª Fase: análise crítica dos estudos incluídos. Nesta etapa, fez-se a análise
dos dados selecionados e o levantamento das características de um dos estudos
selecionados.
5ª Fase: discussão dos resultados. Nesta etapa, aconteceu o confronto das
informações e dos dados analisados de acordo com o referencial teórico; buscou-se
detectar possíveis brechas ou falhas acerca do tema, identificando, assim, a
preeminência das informações.
6ª Fase: apresentação da revisão integrativa. Esta fase é basicamente de
apresentação dos resultados e da discussão do tema proposto através da análise da
literatura e da legislação disponível sobre a eutanásia de pequenos animais e
animais de produção.
Utilizou-se a questão norteadora de pesquisa: “Como os aspectos éticos,
psicológicos, legais e clínicos influenciam a realização da eutanásia de pequenos e
grandes animais?”. A busca e a escolha dos estudos ocorreram entre o período de
março a abril de 2021, através do acesso on-line aos conteúdos. Na base de dados
do Google Acadêmico, do SCIELO, CFMV e LILACS, foram usados os seguintes
critérios de inclusão: artigos completos e disponíveis na língua portuguesa,
publicados nos últimos 10 anos, exceto em legislações e livros, que não houve data
limite. De início, a seleção foi através da visualização do título e posterior leitura dos
resumos e da introdução dos trabalhos; os eleitos foram aqueles que se encaixavam
a temática proposta na questão norteadora. Após essa simples seleção, os trabalhos
foram integralmente analisados e criteriosamente incluídos. O instrumento de coleta
de dados foi basicamente a observação e leitura dos materiais selecionados com
informações como o autor, ano de publicação, título do trabalho, tipo de estudo, a
discussão do tema e a conclusão.

2.3 Critérios de Inclusão e Exclusão


18

Os critérios de inclusão utilizados foram: artigos que tinham relação com a


pergunta norteadora, publicados entre 2011 e 2021, disponíveis em base de dados
online ou não, que sejam completos e disponíveis na língua portuguesa. Os critérios
de exclusão foram artigos publicados antes de 2011 (exceto legislações e livros),
que não condiziam com o tema descrito na pergunta norteadora e com as palavras-
chave, e artigos que não faziam parte das bases de dados confiáveis e
selecionadas.

2.4 Análise dos Dados

Na busca dos trabalhos nas bases de dados, foram encontrados apenas 73


trabalhos que se encaixavam às palavras-chave e aos critérios de inclusão iniciais.
Com aplicação dos filtros de ano de publicação e da língua portuguesa e analisando
os resumos de acordo com a pergunta norteadora, restando apenas 58 trabalhos
com mérito de inclusão, sendo assim, a totalidade de trabalhos utilizados de 58,
sendo estes constituídos de artigos, livros, legislações, instruções normativas e
outros.
No Quadro 1, são expostas as características de cada um dos 58 artigos
selecionados para esta revisão integrativa, as quais foram: autor, título do trabalho,
ano de publicação, responsável pela publicação ou plataforma em que se encontra
disponível. A organização do quadro se deu através da colocação dos trabalhos em
ordem alfabética dos autores.

Autor Título Ano Publicado


Eutanásia animal sob o
ponto de vista de
ALMEIDA, J.F. 2014 Enciclopédia
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Biosfera
Veterinária da Universidade
Federal Fluminense – UFF.
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Análise dos casos de
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Práticas em Eutanásia em Conselho Federal
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MONTANHA, F.P. Humanitária. Medicina
Veterinária
Desenvolvimento de Manuel Universidade
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eutanásia de cães (Canis Londrina


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estudo de caso.
Reabilitação por
implantação de cadeira em
53 SILVA, C.L. et al. cão com secção medular 2013 PUBVET
torácica como alternativa à
eutanásia: relato de caso.
Universidade
Politraumatismo em cães e
Federal do
54 SILVA, G.M.L. gatos como causa de morte 2019
Recôncavo da
ou razão para eutanásia.
Bahia
SILVA, M.C.;
Tuberculose – Revisão de
55 MOURA, M.S.; 2011 PUBVET
literatura.
REIS, D.O.
Enciclopédia
56 SOLA, M.C. et al. Brucelose Bovina: Revisão. 2014
Biosfera
Levantamento de dados e
causas de eutanásia em
57 SOUZA, M.V. et al. 2019 PUBVET
cães e gatos: avaliação
ética-moral.
Guia Terapêutico
58 VIANA, F.A.B. 2019 Editora CEM
Veterinário.
Quadro 1: Características dos estudos selecionados de acordo com o autor, o título do trabalho, o
ano de publicação, e o responsável pela publicação ou plataforma em que se encontra disponível.
Fonte: Elaboração da autora (criado em 2021).

2.5 Aspectos Éticos


24

Foram respeitados os aspectos éticos relacionados à autenticidade das


informações e dos autores dos trabalhos selecionados para a presente revisão
integrativa de literatura.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Conceitos Gerais e suas Aplicações

A eutanásia é o ato de interromper a vida do animal por métodos específicos


de escolha do médico veterinário, e já que esse termo em grego carrega como
significado eu (boa) e thanatos (morte), o processo não deve ocasionar o sofrimento
do animal (COSTA, 2019).
A eutanásia é uma forma de possibilitar uma morte humanitária a animais
para livrá-los da dor e do sofrimento psicológico ou físico. É uma escolha colocada
como última alternativa, apenas quando nenhum outro método consiga resolver o
problema, seja ele uma patologia ou não (COSTA, 2019).
O médico veterinário tem o dever de avaliar o animal, considerando seu grau
de bem-estar e a condição de sobrevida em que se encontra o animal. A distanásia
é um termo que descreve o prolongamento desnecessário da vida, através de
medicamentos ou procedimentos que não diminuem, nem tratam o sofrimento do
animal. É uma prática considerada antiética, pois se não há nenhuma possibilidade
de qualidade de vida para o animal, a melhor escolha é a eutanásia (COSTA, 2019).
Já a ortotanásia é o termo que define a prática de cuidados paliativos para
minimizar o sofrimento do indivíduo por métodos naturais, sem presença de meios
artificiais ou substâncias químicas. Essa prática busca proporcionar qualidade de
vida ao animal que está com doença terminal, com sintomas considerados graves
e/ou sem tratamento relevante (COSTA, 2019).
A eutanásia ativa é considerada como o ato de provocar a morte sem
sofrimento do paciente, feita apenas por fins humanitários e aceitos pela legislação.
A eutanásia passiva é o nome dado quando a morte acontece por omissão de
25

socorro ou de realização do tratamento médico que, provavelmente, poderia garantir


uma sobrevida ao animal. Um exemplo disso é quando o tutor não tem condições de
custear o tratamento de determinada patologia (FELIX et al., 2013).
A eutanásia de duplo efeito ocorre quando a morte é acelerada através de
uma ação feita pelo médico veterinário que visava apenas diminuição do sofrimento,
mas que ocasionou a morte; pode, algumas vezes, ser considerado erro médico
(FELIX et al., 2013).
Na eutanásia em humanos, existem outras maneiras de se classificar a
eutanásia. A eutanásia voluntária diz respeito a uma escolha do próprio paciente,
pode ser facilmente comparada ao suicídio. A eutanásia não voluntária é quando o
paciente não pode ou se encontra impossibilitado de opinar (FELIX et al., 2013).
Por último, em humanos, existe a eutanásia involuntária que ocorre se ela foi
realizada totalmente contra a vontade do paciente, esta pode ser comparada a um
homicídio em humanos, o que não é o caso dos animais, já que a escolha cabe ao
tutor (FELIX et al., 2013).
Atualmente, há necessidade de disseminação de informações sobre este
tema, que é de suma importância aos tutores e proprietários de animais de
produção, para que este tema seja esclarecido, deixando, assim, de ser um tabu na
sociedade.

3.2 Aspectos Éticos e Morais do Médico Veterinário Responsável pela


Eutanásia Animal

Há muitos séculos, os animais começaram a ser utilizados de forma


sistemática como companhia ou alimento. Porém, uma parte da população não
consegue proporcionar os cuidados mínimos aceitáveis para seus animais, seja por
falta de informação, dificuldade financeira ou negligência (AZEVEDO et al., 2015).
É muito comum se deparar com animais errantes que todos os dias são
abandonados nas ruas vivendo em condições precárias, sem o mínimo de bem-estar
alcançado, além de ocasionar, á longo prazo, uma superpopulação de animais
errantes e a intensa disseminação de zoonoses.
26

O Código de Ética do Médico Veterinário (CFMV, 2016) determina a


obrigatoriedade de este profissional realizar a denúncia de maus-tratos a animais
para as autoridades responsáveis, além disso, ele deve sempre tentar estabilizar e,
consequentemente, melhorar a condição de saúde animal, utilizando procedimentos
de forma humanizada e respeitando a senciência dos animais.
Segundo o CFMV (2012), a eutanásia é a indução da morte do animal por
métodos aceitáveis e que considerem os princípios éticos. É importante enfatizar a
responsabilidade ética do médico veterinário no ato da escolha da eutanásia,
esclarecendo sobre sua recomendação, o porquê desta opção e como é realizada.
Primeiramente, é necessário entender que, de uma forma geral, a eutanásia deve
ser recomendada apenas quando o animal estiver em situação incompatível com a
vida.
O CRMV (2013) afirma que a exposição do profissional de medicina
veterinária a consequentes procedimentos de eutanásia pode afetar profundamente
o estado psicológico desses profissionais.
O Código de Ética do Médico Veterinário (2016) mostra que este profissional
precisa conhecer todas as legislações e normas relacionadas à sua profissão, sendo
fundamental entender sobre as boas práticas de eutanásia e quando há
necessidade da execução desse procedimento.

3.3 Níveis de Bem-Estar Animal

Os animais são seres sencientes, a partir dessa afirmação, é possível deduzir


que eles são capazes de ter sentimentos bons e ruins, de sentirem dor e sofrimento.
Com essa descoberta, as pessoas vêm tendo uma maior preocupação com o estado
físico e psicológico, tanto de animais de estimação, como também os de produção.
Segundo Cunningham e Klein (2014), a dor é gerada por estímulos dolorosos
que agem em receptores nervosos periféricos que levam o estímulo para o córtex
cerebral e a reação chamada dor. A senciência dos animais é possível de ser
esclarecida observando que, ao se deparar com estímulos dolorosos, os animais,
assim como os humanos, tentam escapar ou evitá-los.
27

Corroborando com a assertiva acima, Azevedo et al. (2015) relatam que o


bem-estar animal é definido como um estado em que o animal se encontra em
equilíbrio físico e psicológico, para isso, não existe uma regra, pois, existem vários
níveis de bem-estar a serem avaliados a partir do momento em que os animais são
expostos a determinadas mudanças.
Para a eutanásia ser realizada, é imprescindível que se observem os fatores
cruciais para haver uma morte que respeite o bem-estar e as liberdades do animal.
E caso os fatores não sejam aceitos e o animal seja exposto a situações que
comprometam seu bem-estar, não se deve continuar o processo, já que a eutanásia
também deve considerar o bem-estar.
Um estudo realizado por Azevedo et al. (2015) mostra que a maioria de sua
amostra de pessoas de uma determinada comunidade desconhece aspectos sobre a
guarda responsável e o manejo dos animais, e que, devido ao poder aquisitivo, não
há busca por serviços veterinários, como a vacinação. E isso expõe a necessidade
da disseminação de informações e da presença de serviço público veterinário para
evitar que animais vivam com bem-estar afetado.

3.3.1 Mensuração do grau de bem-estar em animais de companhia e de


produção considerando as cinco liberdades

O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV, 2012) expõe alguns dos


objetivos a serem considerados ao escolher um método de eutanásia: reduzir o
desconforto, o medo, a ansiedade e a dor durante o procedimento, e estes estão
diretamente ligados às cinco liberdades dos animais.
As cinco liberdades são um instrumento conhecido cientificamente para
identificar o grau de bem-estar em que o animal se encontra. Estas liberdades são
descritas por Autran, Alencar e Viana (2017) e Azevedo et al. (2020), como sendo:
Livre de fome e sede (Liberdade nutricional), Livre de dor e doença (Liberdade
sanitária), Livre de desconforto (Liberdade ambiental), Livre para expressar seu
comportamento natural (Liberdade comportamental) e Livre de estresse, medo e
ansiedade (Liberdade psicológica).
28

A Liberdade nutricional baseia-se na disponibilidade de alimento e água de


qualidade e em quantidades que possam saciar a fome e sede do animal. A
Liberdade sanitária é basicamente a ausência de patologias e/ou ferimentos. A
Liberdade ambiental se refere ao ambiente em que o animal se encontra, as
instalações no caso de animais de produção, e ao espaço que devem ser
adequados à espécie e ao tamanho do animal (AZEVEDO et al., 2020).
A Liberdade comportamental compara o comportamento do animal no seu
ambiente natural em relação ao seu comportamento no ambiente em que foi
inserido. E, por fim, a Liberdade psicológica se refere à consequência de todas
outras liberdades descritas anteriormente, caso não estejam sendo alcançadas irão
afetar diretamente na Liberdade psicológica do animal (AZEVEDO et al., 2020).
Alguns sentimentos desagradáveis, como o tédio ou estresse, podem afetar a
liberdade psicológica e ainda causar estereotipias, que se resumem a ações
repetitivas que, á longo prazo, podem ocasionar problemas ao animal, como as
estereotipias.
De uma forma geral, quando uma liberdade é afetada, ela também pode
afetar outras. Quando a Liberdade nutricional é afetada, o animal pode se tornar
caquético e apático, sendo difícil praticar atividades simples. Já a Liberdade de dor e
doença leva o animal a apresentar sinais clínicos diversos, afetando também outras
liberdades, como a liberdade de fome e sede, já que o animal pode não querer se
alimentar adequadamente (AZEVEDO et al., 2020).
A Liberdade de dor e doença pode, ainda, afetar a Liberdade comportamental,
pois, o animal não consegue expressar seu comportamento normalmente, quando
apresenta alguma patologia, e acaba se tornando menos ativo que o esperado para
alcançar essa liberdade (AZEVEDO et al., 2020).
A Liberdade ambiental está atrelada à Liberdade comportamental, já que, na
ausência do seu ambiente natural, o animal não consegue expressar seu
comportamento. Por fim, a Liberdade psicológica pode afetar todas as outras
(AZEVEDO et al., 2020).
É de suma importância para pequenos e grandes animais, que haja
insensibilização prévia, enquanto a técnica deve preconizar tanto a insensibilização
como também a morte sem dor, estresse ou outro sentimento que vá de encontro ao
que se busca na liberdade psicológica (AZEVEDO et al., 2020).
29

Liberdade Objetivo
Liberdade nutricional Livre de fome e sede
Liberdade sanitária Livre de dor e doenças
Livre de desconforto no ambiente em
Liberdade ambiental
que se insere
Livre para expressar seu
Liberdade comportamental
comportamento natural
Liberdade psicológica Livre de estresse, medo e ansiedade.
Quadro 2: As cinco liberdades necessárias para o bem-estar animal e o que elas recomendam.
Fonte: AZEVEDO et al. (2020).

3.4 Legislações Vigentes acerca do Bem-Estar, Eutanásia Animal, seus


Aspectos Legais e/ou Ilegais de Maneira Geral

As legislações disponíveis atualmente e relacionadas à eutanásia animal são:


a Resolução nº. 1000, de 11 de maio de 2012 (CMFV, 2012), que expõe os
procedimentos e os métodos aceitáveis e não aceitáveis de eutanásia em animais. A
Resolução nº 1236, de 26 de outubro de 2018, que separa e define o conceito de
crueldade, abuso e de maus-tratos contra os animais, além de mostrar a conduta
correta nesses casos.
A Resolução nº. 1138, de dezembro de 2016 (CFMV, 2016), se refere ao
Código de Ética do Médico Veterinário. E a Lei Federal nº. 9.605, de 12 de fevereiro
de 1998, que estabelece as penas e sanções perante as condutas ou atividades que
possam ser prejudiciais ao meio ambiente.
Constituição Federal do Brasil (BRASIL, 1988), que, apesar de antiga, foi uma
das primeiras a mostrar o dever do estado de proteger a sua fauna e a flora,
consequentemente, sendo inaceitáveis alguns tipos de práticas que não contribuam
para isso, levando, assim, à extinção de espécies ou crueldade contra os animais.
Segundo a Lei Federal de Crimes Ambientais (1998), os maus-tratos vindos de
atos como abandonar ou ferir animais são crime, e têm pena prevista de detenção por
um período de três meses, podendo chegar a um ano, e, dependendo da gravidade,
pode haver multa. Mais atual, o CFMV (2018) determina uma pena e multa para atos de
abuso e maus-tratos aos animais, sendo a pena elevada, caso o animal venha a óbito.
30

De acordo com o CFMV (2012), é necessário que o médico veterinário esteja


presente supervisionando ou executando a eutanásia. Existem ainda outras
exigências durante a execução da eutanásia preconizadas pelo CFMV (2012), como
o grau de respeito aos animais, a ausência de desconforto e dor, a inconsciência
imediata seguida de morte, ausência de medo e ansiedade e, por fim, a segurança
durante todo o procedimento e a garantia de irreversibilidade.
Através da Instrução Normativa nº. 10, de 3 de março de 2017, o MAPA
(2017) determina o Regulamento Técnico do Programa Nacional de Controle e
Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal – PNCEBT e realiza a
classificação de locais de acordo com o grau de risco para as doenças brucelose e
tuberculose. Além disso, ainda define os procedimentos a serem adotados na
presença destas patologias.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa (BRASIL,
2009), através do Manual de Legislação, lança os programas nacionais de saúde
animal do Brasil. Nesse manual, discute-se sobre as patologias zoonóticas de maior
relevância, principalmente nos animais de produção e discorre-se sobre as ações
dos agentes de saúde animal como os médicos veterinários.
O Manual de Vigilância, Prevenção e Controle de Zoonoses (BRASIL, 2016)
legaliza as normas para os profissionais de vigilância sanitária e epidemiológica de
doenças que podem ser transmissíveis por animais.
Em 2014, foram publicadas normas técnicas sobre os serviços públicos de
saúde, incluindo a vigilância epidemiológica e o controle de zoonoses, como visto na
Portaria MS/GM nº. 1.138, de 23 de maio de 2014. Esta portaria tem o objetivo de
melhorar a vigilância de zoonoses através da atividade de órgãos de saúde pública
responsáveis, principalmente por seu controle e sua prevenção (BRASIL, 2014).
A Resolução nº. 1178, de outubro de 2017, determina quais são as
responsabilidades dos locais em que são utilizados animais para pesquisas e
estudos científicos. O CFMV (2017) discorre sobre a responsabilidade dos
estabelecimentos que utilizam animais para realização de pesquisas, e, assim,
garante a possibilidade de uma melhor qualidade de vida e sobrevida a estes
animais.
31

3.5 Critérios Clínicos na Escolha da Eutanásia

De acordo com o CRMV (2013), para poder cessar a vida de um animal, é


necessário que ele esteja em condições que não condizem com a vida nem com seu
bem-estar. É importante ressaltar que não existe uma fórmula para escolha da
eutanásia, e isso varia muito de acordo com o profissional.
O CRMV (2012) discorre sobre algumas das indicações aceitas para
eutanásia, as quais são: taxas de crescimento populacional acelerada de animais de
rua, em casos de animais de pesquisas e experimentos, já que, geralmente, estes
experimentos podem levar a mudanças na fisiologia do animal, impedindo-o de viver
normalmente.
Aspectos clínicos também influenciam na indicação da eutanásia em animais
portadores de zoonoses, doenças que levam a deficiências graves, presença de
ferimentos extensos, doenças em estágio terminal e sem tratamento, animais de
produção que apresentem patologias, mas que o custo do tratamento não é viável
de acordo com seu valor estimado, ou ainda quando o tutor não tem condições
financeiras para arcar com os devidos cuidados ao animal (PAIVA, 2016).

Sinais clínicos em Princípio de Sinais clínicos em Princípio de


animais de bem-estar animais de bem-estar
companhia afetado produção afetado
Incapacidade de se Liberdade Incapacidade de se Liberdade
alimentar sem auxílio nutricional alimentar nutricional
Incapacidade de se Liberdade Incapacidade de Liberdade
locomover comportamental produção comportamental
Ausência de Liberdade Impossibilidade de
Todas
expectativa de vida psicológica tratamento
Dor constante e Ocorrência de
Liberdade Liberdade
resistente à abortos
sanitária sanitária
medicação espontâneos
Presença de zoonose Liberdade Presença de Liberdade
sem tratamento sanitária zoonose sanitária
Tratamento
Animal gravemente Liberdade Liberdade
financeiramente
ferido sanitária sanitária
inviável
Impossibilidade de Liberdade Dor constante e Liberdade
tratamento sanitária resistente à sanitária
32

medicação
Animal gravemente Liberdade
Doenças terminais Todas
ferido sanitária
Animais idosos e em Liberdade Animais usados em
Todas
sofrimento sanitária pesquisa
Ausência de
Cães e gatos usados
Todas reflexos Todas
em pesquisas
neurológicos
Liberdade Incontinência Liberdade
Traumatismo
sanitária urinária e/ou fecal comportamental
Ausência de reflexos
Todas - -
neurológicos
Incontinência urinária Liberdade
- -
e fecal comportamental
Quadro 3: Critérios clínicos para eutanásia nos últimos anos.
Fonte: SANTOS (2017).

3.6 Enfermidades mais Relevantes

Algumas doenças podem debilitar o animal e prejudicar o seu bem-estar,


sendo necessária a realização da eutanásia. Um dos grandes motivos para o médico
veterinário optar por realizar a eutanásia é quando o animal apresenta algum tipo de
neoplasia ou patologias degenerativas (SOUZA, 2019).
Neoplasias nas glândulas mamárias devido ao uso de anticoncepcionais em
fêmeas são muito comuns na clínica médica e cirúrgica de pequenos animais. Se
tratadas tardiamente, podem formar metástase e, consequentemente, se espalhar
por outros órgãos, e, dependendo do órgão afetado, esse tumor vai produzir
diferentes sinais clínicos, que, em sua maioria, afeta, significativamente, o bem-estar
destes animais (SOUZA, 2019).
Além de neoplasias, existem doenças infecciosas que podem levar a sinais
clínicos críticos, como a presença de peritonite ou ascite, que é uma afecção que
ocorre secundariamente a uma infecção da cavidade abdominal, que pode ser
associada à ruptura uterina por piometra, aos procedimentos cirúrgicos invasivos, ou
ainda à presença de abcessos. É uma patologia que deixa o animal muito debilitado,
apático e pode evoluir para uma sepse (SOUZA, 2019).
33

Outras patologias podem debilitar o animal ao ponto de que este não consiga
expressar seu comportamento natural, nem alcançar os níveis de bem-estar
adequados. Uma dessas doenças é a cinomose.

3.6.1 Cinomose

A cinomose é uma patologia muito comum na clínica de pequenos animais e


é causada por um vírus do gênero Morbillivirus. De acordo com Jericó, Kogika e
Neto (2015), os animais acometidos podem ter danos no sistema nervoso central
que são irreversíveis, apresentando sinais clínicos, como: inclinações da cabeça,
convulsões, andar compulsivo, nistagmo e mioclonia, tremores, hiperestesia,
paralisia parcial ou total e cegueira.
Devido à evolução da doença, o vírus pode acometer a substância cinzenta
presente no cérebro e causar a polioencefalomielite ou ainda pode acometer a
substância branca e levar à leucoencefalomielite desmielinizante. Freire & Moraes
(2019) relatam que o diagnóstico pode ser realizado com a técnica de PCR devido à
sua especificidade ou à imunofluorescência.
Para iniciar o tratamento, primeiramente, é feito isolamento do animal,
evitando contaminação de contactantes, e a terapia de suporte que é feita com uso
de fluidoterapia, antibioticoterapia, vitaminas, imunoestimulantes, anticonvulsivantes,
antieméticos e analgésicos; a escolha de quais medicamentos a serem
administrados vai depender dos sinais clínicos apresentados pelo animal (FREIRE;
MORAES, 2019).
Se existirem sinais respiratórios, é possível fazer uso de antimicrobianos de
amplo espectro. De acordo com Freire & Moraes (2019), o uso de glicocorticoides
não é indicado nas infecções aguda, devido aos seus efeitos colaterais e à
imunossupressão que pode causar.
Quando o animal apresenta sinais neurológicos deve ser realizada terapia de
suporte e se, em qualquer momento do tratamento houver piora clínica irreversível, a
eutanásia deve ser a escolha para evitar o sofrimento prolongado do animal, já que
a doença não tem cura (FREIRE; MORAES, 2019).
34

3.6.2 Doença renal crônica

Animais que apresentam doença renal crônica precisam que o tutor tenha
total comprometimento com seu tratamento, pois, de acordo com Queiroz (2013),
com a falta de comprometimento do proprietário, o tratamento não surte bons
resultados, o que acarreta desconforto e dores intensas no animal, e,
consequentemente, pode haver a necessidade de realização da eutanásia.
A doença renal crônica (DRC) é uma doença degenerativa presente
principalmente em animais idosos. Nessa doença, os rins não exercem totalmente
sua função e, com isso, ocorre uma cascata de problemas e alterações fisiológicas
no corpo do animal que fica cada vez mais enfermo (QUEIROZ, 2013).
Queiroz (2013) mostra que é possível fazer tratamento nutricional, hidratação,
correção de distúrbios eletrolíticos e desequilíbrio ácido-base, tratamento da
hipertensão arterial sistêmica, proteinúria, hiperfosfatemia, anemia, hipovitaminose
D, anormalidades gastrintestinais, infecções concomitantes (se houver), para manter
e proporcionar qualidade de vida ao animal.
Os tratamentos mais avançados como a hemodiálise, a diálise Peritoneal e o
transplante renal, são necessários em casos mais graves, ou em pacientes
considerados em estado terminal (QUEIROZ, 2013).
Animais que apresentam DRC podem viver por anos com o tratamento
adequado, e outros podem vir a óbito em alguns meses. E quando não há resposta a
nenhum desses tratamentos a única alternativa coerente é a eutanásia (QUEIROZ,
2013).

3.6.3 Anemia infecciosa equina (AIE)

A Anemia infecciosa equina (AIE) é uma doença que afeta,


consideravelmente, a criação de equinos, por ser considerada de grande
disseminação. É causada por um vírus do gênero Lentivirus, e se trata de uma
doença em que a notificação e a eutanásia são obrigatórias (MAIA et al., 2011).
35

Um dos motivos pelos quais leva essa doença a ser de notificação obrigatória
é que não existe tratamento nem vacina, além disso, o animal, uma vez
contaminado, permanece sendo portador do vírus e o disseminando para o resto da
vida. Apenas em alguns casos pode haver a possibilidade de o animal ser colocado
em isolamento, a escolha disso cabe à CECAIE (Comissão Estadual de Controle da
Anemia Infecciosa Equina) (MAIA et al., 2011).
Os animais com a AIE podem ser assintomáticos e outros que desenvolvem
sinais clínicos, como febre intermitente, de 40,5º a 41ºC, anemia leve à moderada,
icterícia, fraqueza, anorexia, edema e petéquias nas mucosas (MAIA et al., 2011).
De acordo com Maia et al. (2011), o trânsito interestadual de equinos no
Brasil só é permitido com a apresentação do Guia de Trânsito Animal (GTA) e do
resultado negativo do exame de AIE. Moraes et al. (2017) mostram que é importante
submeter os equinos a exames periódicos e a intensificação das atividades de
vigilância.

3.6.4 Atropelamento

Os atropelamentos não são considerados patologias, mas estão entre os


principais motivos de realização de eutanásia em pequenos animais devido aos
traumatismos (SILVA, 2019).
Em um estudo realizado por Silva (2019), é possível observar que a principal
razão para eutanásia dos animais do estudo foi por atropelamento (≈47,22%). Esses
animais apresentavam sinais clínicos característicos de choque, como mucosas
pálidas, taquicardia, taquipneia, apneia, dispneia, incontinência urinária e fecal,
mucosas cianóticas.
Os animais do estudo descrito por Silva (2019) apresentaram, posteriormente,
sangramento nasal, ausência dos reflexos neurológicos, efusão pleural, além de
paralisia ou ausência de reflexos de alguns membros, postura de Shiff-Sherrington,
que é caracterizada por rigidez extensora. Sendo estes sinais clínicos graves e de
relevância para realização de eutanásia (SILVA, 2019).
36

ALTERAÇÕES
ENFERMIDADES TRATAMENTO EUTANÁSIA
FISIOLÓGICAS
Em casos graves que
Metástases em Cirúrgico,
o cuidado paliativo já
diversos órgãos e quimioterapia,
Neoplasias não minimiza as
sinais clínicos cuidados
dores e outros sinais
locais. paliativos.
clínicos.
Administração de Quando o tratamento
antibióticos e não é o suficiente e
Peritonite Sepse
outros há sofrimento do
medicamentos. animal.
Quando há
Convulsões, complicações
paralisia parcial ou Terapia de neurológicas que
Cinomose
total, cegueira, suporte afetem
tremores. irreversivelmente o
bem-estar do animal.
Tratamento de
Quando há ineficácia
Doença Renal Sinais de uremia suporte,
do tratamento de
Crônica hemodiálise,
suporte ou cirúrgico.
transplante.
Febre intermitente,
Anemia
petéquias, edema, Não há Obrigatória
Infecciosa Equina
icterícia.
Traumatismo, Tratamento Sinais clínicos de
Atropelamento fraturas, sintomático, incompatibilidade
lacerações. cirúrgico. com a vida
Quadro 4: Enfermidade, alterações fisiológicas, tratamento e a necessidade de eutanásia.
Fonte: SOUZA et al. (2019).

3.7 Zoonoses

Doenças e infecções que podem ser transmitidas entre animais e humanos


são chamadas de zoonoses. Elas podem ser transmitidas por contato direto com
animais ou pela ingestão de alimentos de origem animal que estejam contaminados.
Isso representa um grave risco, uma vez que pode causar prejuízos irreversíveis à
saúde dos animais e dos humanos (SILVA; BRANDESPIM; JUNIOR, 2017).
De acordo com Carvalho e Mayorga (2016), um dos fatores que ocasionam o
aumento dos casos de zoonoses é o aumento do número de animais de estimação
37

que propiciam a exposição a doenças, como as zoonoses. Outro fator relevante é a


irregularidade de serviços públicos de inspeção sanitária dos produtos que são de
origem animal, como a carne e o leite.
Quando se trata de animais de produção, existem diversas patologias que
afetam muito o bem-estar dos animais e que o médico veterinário pode optar por
realizar a eutanásia. A brucelose, tuberculose, febre aftosa e raiva são algumas
delas (BRASIL, 2017).

3.7.1 Leishmaniose

A leishmaniose é uma doença importante na medicina veterinária de


pequenos animais, por ser uma zoonose; e, pelo fato de não ter tratamento
específico, ela é considerada um problema de saúde pública, principalmente, para
animais em situação de rua (ANDRE et al., 2013).
A leishmaniose é causada por protozoários do gênero Leishmania spp e
transmitida pelo mosquito palha. De acordo com Crivellenti e Borin-Crivellenti (2015),
esta patologia pode se manifestar na forma cutânea e visceral e provoca sinais
clínicos, como apatia, lesões cutâneas, linfadenomegalia, alterações renais,
gastrointestinais e neurológicas, ou ainda ser assintomática.
O diagnóstico é feito através de triagem com teste rápido DPP (Dual Path
Platform), e, para a confirmação do diagnóstico, se faz necessário uso de provas
sorológicas como ELISA (Ensaio de imunoabsorção enzimática), RIFI
(Imunofluorescência indireta), ou PCR (Reação em cadeia de polimerase), que,
segundo Crivellenti e Borin-Crivellenti (2015), detectam formas do protozoário.
Após o diagnóstico, é necessário, primeiramente, realizar a notificação aos
órgãos públicos de saúde responsáveis da cidade de ocorrência, para, após isso, o
veterinário junto ao tutor decidirem entre o tratamento ou a eutanásia. Os custos
elevados do tratamento fazem com que alguns tutores optem pela eutanásia
(MACHADO; SILVA; VILANI, 2016).
Até anos atrás, a Leishmaniose tinha como único tratamento legal a
eutanásia, mas, com a disponibilidade atual de alguns tipos de tratamento, a prática
da eutanásia em casos de leishmaniose diminuiu significativamente. Embora as
38

medicações disponíveis não sejam totalmente eficazes para o seu tratamento, elas
conseguem garantir uma qualidade de vida melhor ao animal (ANDRE et al., 2013).

3.7.2 Brucelose

A brucelose é uma patologia contagiosa que afeta cães, mas, principalmente,


animais de produção, como os bovinos. É transmitida por uma bactéria chamada
Brucella abortus, e, além de afetar muito a produtividade dos animais, pode também
afetar os humanos, ou seja, é uma zoonose (SOLA et al., 2014).
A patogenia dessa enfermidade é alta e provoca sinais clínicos, como aborto,
as más formações e afeta diretamente o sistema reprodutor e vida reprodutora das
fêmeas e dos machos, podendo levar infertilidade ou incapacidade de reprodução
(SOLA et al., 2014).
Segundo Sola et al. (2014), os órgãos de predileção da bactéria Brucella
bovis, são aqueles que fornecem elementos para seu metabolismo, como, por
exemplo, o útero gravídico, os tecidos mamários, osteoarticulares e órgãos do
sistema reprodutor masculino. A bactéria pode ser encontrada através do teste do
Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) e o Teste de Anel em Leite (TAL).
Para os produtores, ela é prejudicial, pois pode ser transmitida para grande
parte do rebanho por contato direto entre secreções nas mucosas. Por não ter um
tratamento específico e totalmente eficaz, recomenda-se a eutanásia dos animais
afetados, principalmente, por não ser viável financeiramente para os produtores
manterem o animal no rebanho (SOLA et al., 2014).
Como estratégia para se conter a brucelose, é preciso que haja controle do
trânsito de animais de reprodução, sacrifício dos animais que sejam positivos e a
adoção de medidas sanitárias. Após acabar com os focos e a brucelose, a
propriedade pode receber o certificado de propriedade livre (SOLA et al., 2014).
De acordo com Sola et al. (2014), as fêmeas com brucelose podem sofrer
aborto ou também ter bezerros com malformações. Algumas delas podem ser
consideradas como incompatíveis com a vida, portanto, o médico veterinário
responsável pode optar pela eutanásia desses bezerros o mais rápido possível para
evitar sofrimento.
39

3.7.3 Febre aftosa

A febre aftosa é outra patologia contagiosa e zoonótica que afeta os animais


de produção, principalmente, os biungulados, como bovinos, ovinos e caprinos. Ela
é de origem viral (Aphthovirus, família Picornaviridae) (BORTOT; ZAPPA, 2013).
Os principais sinais clínicos são febre alta, anorexia e depressão, presença
intensa de aftas e bolhas que evoluem para erosões na boca e nos cascos, podendo
causar sinais, como claudicação e sialorreia. Em animais jovens, a doença pode
levar a problemas cardíacos e morte (BORTOT; ZAPPA, 2013).
O vírus da febre aftosa pode sobreviver na pele, no músculo, trato
respiratório, ou na saliva, na urina, nas fezes e em algumas outras secreções, como
no sêmen de animais infectados. A febre aftosa pode não levar à morte, mas os
animais ficam muito debilitados, e, mesmo após recuperação, continuam sendo
portadores do vírus e podem transmiti-lo para outros animais (BORTOT; ZAPPA,
2013).
As aftas ou vesículas causam dor intensa nas mucosas orais e nos cascos
dos animais, que, para se adaptarem, mudam totalmente seu comportamento
normal, sendo este um dos motivos para se optar pela eutanásia; o outro é por ser
uma zoonose e provocar risco à saúde pública, sendo necessário o abate sanitário
(BORTOT; ZAPPA, 2013).
O Programa Nacional de Erradicação e Prevenção de Febre Aftosa (PNEFA)
tem objetivo de conseguir que as propriedades possam ser consideradas como
pertencentes à zona livre da doença. Enquanto as diretrizes e estratégias propostas
pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) tem objetivo de diminuir cada vez
mais a incidência dessa doença em várias regiões (BORTOT; ZAPPA, 2013).

3.7.4 Tuberculose

A tuberculose bovina, que é também uma zoonose, é transmitida pela


bactéria Mycobacterium bovis e é muito prejudicial à produção animal. No início da
infecção, os bovinos podem ser assintomáticos. No geral, o animal pode apresentar
40

sinais clínicos inespecíficos e quase imperceptíveis, como emagrecimento


progressivo, tosse seca, aumento nos linfonodos, dispneia, febre e apatia (SILVA;
MOURA; REIS, 2011).
Os sinais clínicos da tuberculose bovina evoluem cronicamente, sendo de
difícil diagnóstico, e, quando o animal apresenta sinais respiratórios, pode-se optar
pela realização do teste de tuberculina, o qual é de aplicação intradérmica, se o
animal for positivo, segundo Silva, Moura, e Reis (2011), a área de aplicação forma
um infiltrado celular de mononucleares e aumento de volume.
De acordo com Silva, Moura e Reis (2011), as lesões no exame post-mortem
de animais recém-infectados podem ser de difícil identificação, mas as lesões mais
crônicas são facilmente identificadas na inspeção de carcaça, dentre esses achados,
estão: necrose central dos linfonodos do tipo caseosa, que pode estar envolta por
uma cápsula fibrosa.
O tratamento desta patologia não é recomendado pelo PNCEBT (Programa
Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose), devido ao fato de
não haver eficácia comprovada e por não ser compatível financeiramente com a
produção animal (BRASIL, 2017).
Atualmente, não existe vacina contra a tuberculose, sendo este um dos
principais motivos para a escolha da eutanásia nesses casos, pelo risco à saúde
pública, sendo o tratamento de escolha o abate sanitário (SILVA; MOURA; REIS,
2011).
O PNCEBT (Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e
Tuberculose) preconiza o teste de tuberculina e o descarte daqueles animais com
tuberculose, como forma de diminuir os riscos de infecção de humanos através da
carne e do leite desses animais. A adoção de medidas sanitárias e a inspeção
sanitária de produtos de origem animal também são extremamente importantes
(BRASIL, 2017).

3.7.5 Clostridiose (botulismo e tétano)

As clostridioses são zoonoses que afetam o trato gastrointestinal dos animais


infectados, causadas por toxinas de bactérias do gênero Clostridium. Existe a
41

Clostridum botulinum, que causa o botulismo, e a Clostridium tetani, que causa o


tétano (QUEVEDO, 2015).
O botulismo é uma patologia zoonótica que causa paralisia flácida aguda,
simétrica e descendente dos músculos de locomoção, de mastigação e deglutição,
evoluindo para morte por paralisia respiratória. Enquanto o tétano é outra patologia
zoonótica que ocasiona paralisia dos membros, espasmos musculares, prolapso da
terceira pálpebra e tetania, trismo mandibular, marcha trôpega, orelhas eretas,
timpanismo e rigidez muscular (QUEVEDO, 2015).
Para ambas as patologias descritas anteriormente e denominadas
clostridioses, o tratamento visa neutralizar a toxina, impedir a sua produção, e ainda
promover o relaxamento muscular do animal, através de antitoxinas, antibióticos e
outros medicamentos. Porém, em casos avançados, o animal fica totalmente
debilitado, com fortes dores e impossibilitado de se locomover, sendo este um
possível motivo de escolha da eutanásia (QUEVEDO, 2015).

3.7.6 Raiva

A raiva animal é uma das zoonoses mais conhecidas e que afeta,


significativamente, a produção animal. É transmitida por um vírus do
gênero Lyssavirus, e tem como principal hospedeiro o morcego. O animal que for
infectado se torna totalmente sensível a fatores externos que levam à mudança
brusca de comportamento (QUEVEDO et al., 2020).
De acordo com Quevedo (2015), a raiva causa lesões neurológicas e a
principal considerada patognomônica é a menigoencefalite não-supurativa, junto a
corpúsculos de negri. Alguns dos sinais mais comuns da raiva animal em animais de
companhia são: a sialorreia, vocalização, agressividade e espumação.
Em animais de produção, de acordo com Quevedo et al. (2020), a doença se
manifesta por sinais como: mugido rouco, sialorreia, apatia ou inquietação, mudança
no comportamento, incoordenação motora e andar cambaleante, paresia e paralisia
inicial dos membros pélvicos, decúbito, depressão, midríase, fezes secas e escuras,
movimentos de pedalagem e morte.
42

Tanto em pequenos como em grandes animais, a patologia evolui para morte,


desta forma, a eutanásia desses animais apenas antecipa o prognóstico da doença,
evitando sofrimento futuro para o animal e contaminação de humanos, que também
é fatal e não há tratamento (QUEVEDO et al., 2020).

3.7.7 Mormo

O mormo é outra patologia que afeta muito a saúde dos equídeos em geral, e
que, devido a alguns fatores, também entra para a lista de patologias, as quais a
notificação e eutanásia são obrigatórias. É uma zoonose infectocontagiosa causada
pela bactéria Burkholderia mallei (DITTMANN et al., 2015).
Os sinais clínicos podem ser agudos que causam a morte do animal de 4 a 7
dias, dentre eles, estão: hipertermia, descarga nasal, dispneia, caquexia, abscessos
prostáticos, encefalomielite paralítica e formação de abscessos intra-abdominal,
lesões cutâneas, que evoluem para úlceras no septo nasal, e presença de descarga
mucopurulenta que evolui para hemorrágica, nódulos na pele e extremidades dos
membros e abdômen, além de anemia severa (DITTMANN et al., 2015).
Se houver infecção pulmonar crônica, o animal apresenta sinais como tosse,
epistaxe, dispneia, pústulas, abcessos, aumento dos gânglios linfáticos, e nódulos
no fígado e no baço. Os nódulos na pele geralmente drenam uma secreção
purulenta e amarelada. Enquanto as úlceras têm a região central acinzentada, com
as bordas irregulares e avermelhadas, o centro caseoso ou calcificado com tecido
fibroso (DITTMANN et al., 2015).
De acordo com Dittmann et al. (2015), para o diagnóstico dessa doença, são
feitos o isolamento e a identificação bacteriana, PCR ou ELISA.
Grande maioria das patologias e enfermidades descritas anteriormente, nesse
tópico (3.7) e no quadro (Quadro 4), pode ser evitada através da vacinação, tanto
dos animais de companhia, como também dos animais de produção ou rebanho.

SINAIS CLÍNICOS
PATOLOGIA TRATAMENTO EUTANÁSIA
GRAVES
Leishmaniose Lesões graves na Alopurinol + Quando não há
43

pele, ascite. antimoniato de possibilidade de


meglumina custeio do
tratamento,
animais em
situação de rua.
Em todos os casos
Aborto, má
Brucelose bovina Suporte é indicado o abate
formação fetal.
sanitário.
Aftas, erosões e Em todos os casos
Recuperação
Febre aftosa vesículas nas é indicado o abate
natural
mucosas e cascos. sanitário.
Em todos os casos
Tuberculose Tosse severa,
Não há é indicado o abate
bovina dispneia.
sanitário.
Em casos
Paralisia flácida
avançados em que
dos músculos,
Botulismo Antitoxina a antitoxina não
paralisia
pode ser
respiratória.
empregada.
Paralisia rígida dos Em casos
músculos, avançados onde a
Tétano espasmos, Antitoxina antitoxina não
prolapso da pode ser
terceira pálpebra. empregada.
Sialorreia, Em todos os casos
incoordenação é indicada
Raiva animal Não há
motora, eutanásia ou
meningoencefalite. morte espontânea.
Descarga nasal
mucopurulenta ou
hemorrágica,
Mormo Não há Obrigatória
lesões cutâneas,
nódulos e anemia
severa.
Quadro 5: Patologias, seus sinais clínicos mais graves, o tratamento e a necessidade de eutanásia.
Fonte: CRIVELLENTI, L.Z.; BORIN-CRIVELLENTI (2015); SOLA et al. (2014); QUEVEDO (2015);
QUEVEDO (2020); BRASIL (2016); BRASIL (2017).

3.8 Problemas Éticos e Psicológicos para o Tutor e Médico Veterinário


44

Existem, ainda, diversas legislações a partir do ano de 2008 que proíbem


estados brasileiros da prática de eutanásia de cães e gatos que tenham como
motivo principal o controle populacional de animais de rua. A declaração universal
dos direitos dos animais (CFMV, 2017) afirma que uma atitude que leva o animal a
óbito sem necessidade é um crime contra a vida, resumidamente, um biocídio.
Nesse contexto, tem-se, ainda, a questão dos proprietários de animais de
produção que possuem patologias tratáveis, porém, o tratamento pode não ser viável
financeiramente para eles, que preferem optar pelo abate do animal ao invés do curá-lo.
Gomes et al. (2019) relatam que a eutanásia é uma forma de controle muito
usada em casos de risco à saúde pública, mas que é considerada marcante
emocionalmente para os envolvidos, podendo ser até mais traumatizante que deixar
o animal ter o que é considerado como uma morte natural.
Em relação ao sacrifício de animais de produção, também pode haver
consequências psicológicas ao executor da morte. E a eutanásia de uma quantidade
alta de animais repetitivamente também pode causar efeitos psicológicos no
executor da prática (GOMES et al., 2019).
Tem-se tornado cada vez mais comum o reconhecimento por parte da
população, acerca da importância dos animais domésticos para a saúde psicológica
dos tutores. A perda do animal de companhia provoca uma grande comoção ao
tutor, e uma sensação de impotência ao médico veterinário que realiza o
procedimento. Ambos os sentimentos afetam a saúde mental e a vida psicoafetiva
destes envolvidos (GOMES et al., 2019).
A prática de eutanásia afeta tanto o tutor como o médico veterinário. Desse
modo, é fundamental para os profissionais da área da saúde que cuidem da saúde
mental, pois o ato de lidar diariamente com vidas é um grande motivo, este que pode
levar a distúrbios psicológicos graves (GOMES et al., 2019).
Os danos psicológicos causados a longo prazo podem ser muito graves,
inclusive, alguns estudos comprovam a relação de médicos veterinários como um
dos profissionais descritos, tendo as maiores taxas de suicídio do mundo (FRANK et
al., 2016).
45

3.9 Métodos Aceitáveis perante a Legislação

Os métodos de eutanásia a serem escolhidos são aqueles que levam em


consideração que seja um procedimento humanitário sem causar desconforto ao
animal. Os métodos considerados como mais aceitáveis são aqueles que provocam
parada cardíaca e parada respiratória, concomitantemente.
Um bom método de eutanásia deve ter como mecanismo a depressão de
neurônios, a ausência de oxigenação (hipóxia), ou a ruptura da atividade no cérebro
por trauma. A dosagem e escolha do medicamento vão depender da situação de
maneira geral, em que o animal e o ambiente se encontram (CFMV, 2012).
Existem métodos aceitáveis, inaceitáveis e aceitáveis com restrição. Os
métodos inaceitáveis são incompatíveis com o bem-estar e são proibidos. Os
métodos aceitáveis e inaceitáveis para pequenos animais estão dispostos
posteriormente (Quadro 6), e os métodos de eutanásia aceitáveis e inaceitáveis para
animais de produção (Quadro 7).
Os métodos inaceitáveis geralmente promovem dor e sofrimento, como, por
exemplo, os que provocam embolia por gases, o hidrato de cloral, imersão em
formol, e o afogamento (CFMV, 2012).
Os métodos aceitáveis são divididos entre os métodos físicos e os métodos
químicos. Os métodos físicos geralmente causam um trauma, sendo assim
considerado um risco ao animal e a quem irá executar (CFMV, 2012).
De acordo com o CFMV (2012), os métodos químicos podem ser por
substâncias injetáveis, inalatórias ou de imersão e, muitas vezes, estes são usados
também antes dos métodos físicos.

Aceitos com
Animais Métodos Aceitáveis Inaceitáveis
restrição
Anestésicos gerais, Embolia gasosa,
Eletrocussão, CO2
anestésicos incineração in
com anestésico
inalatórios vivo, clorofórmio
local por via
associados a outro ou éter sulfúrico,
Cães intratecal, N2
procedimento, descompressão,
argônio
barbitúricos, cloreto afogamento;
(Insensibilização
de potássio, imersão em
prévia).
bloqueador formol,
46

neuromuscular eletrocussão ou
associado ao cloreto exsanguinação,
de potássio hidrato de cloral.
(Insensibilização
prévia).
Anestésicos gerais,
anestésicos Embolia gasosa,
inalatórios incineração in
associados a outro Eletrocussão, CO2 vivo, clorofórmio
procedimento, com anestésico ou éter sulfúrico,
barbitúricos, cloreto local por via descompressão,
Gatos de potássio, intratecal, N2 afogamento;
bloqueador argônio imersão em
neuromuscular (Insensibilização formol,
associado ao cloreto prévia). eletrocussão ou
de potássio exsanguinação,
(Insensibilização hidrato de cloral.
prévia).
Quadro 6: Métodos de eutanásia aceitáveis e não acetáveis para pequenos animais de companhia.
Fonte: CFMV (2012).

Aceitos com
Animais Métodos Aceitáveis Inaceitáveis
restrição
Anestésicos gerais
Embolia gasosa,
injetáveis,
incineração in
anestésicos Arma de fogo,
vivo, clorofórmio
inalatórios eletrocussão com
ou éter sulfúrico,
associados a outro anestesia prévia,
descompressão,
procedimento, pistola de ar
afogamento;
barbitúricos, cloreto comprimido
Equinos imersão em
de potássio, associado à
formol,
bloqueador exsanguinação,
eletrocussão ou
neuromuscular aplicação de
exsanguinação
associado ao cloreto anestésico local
sem
de potássio por via intratecal.
insensibilização
(Insensibilização
prévia.
prévia).
Anestésicos gerais Arma de fogo, Embolia gasosa,
injetáveis, podendo eletrocussão com incineração in
Grandes e ser associados à anestesia prévia, vivo, clorofórmio
pequenos guaifenesina, pistola de ar ou éter sulfúrico,
ruminantes anestésicos comprimido descompressão,
inalatórios associado à afogamento;
associados a outro exsanguinação, imersão em
47

procedimento, insensibilização formol,


barbitúricos, cloreto elétrica associada eletrocussão ou
de potássio, à exsanguinação. exsanguinação
bloqueador sem
neuromuscular insensibilização
associado ao cloreto prévia.
de potássio
(Insensibilização
prévia).
Anestésicos Embolia gasosa,
injetáveis gerais, Arma de fogo, incineração in
CO2, cloreto de eletrocussão, vivo, clorofórmio
potássio, bloqueador pistola de ar ou éter sulfúrico,
neuromuscular, comprimido descompressão,
anestésico inalatório seguido da afogamento;
Suínos com superdosagem, exsanguinação, imersão em
causando overdose insensibilização formol,
junto a outro elétrica seguida de eletrocussão ou
procedimento que exsanguinação exsanguinação
cause a morte em si (Insensibilização sem
(Insensibilização prévia). insensibilização
prévia). prévia.
Embolia gasosa,
Barbitúricos ou incineração in
outros anestésicos Deslocamento vivo, clorofórmio
injetáveis, anestesia cervical, ou éter sulfúrico,
Aves
inalatória seguida de decapitação, N2 descompressão,
outro procedimento argônio. afogamento;
que garanta a morte, imersão em
formol.
Quadro 7: Métodos de eutanásia aceitáveis e não acetáveis para animais de grande porte e
produção.
Fonte: CFMV (2012).

3.9.1 Métodos químicos

Os métodos químicos injetáveis são os barbitúricos, como o pentobarbital e


tiopental; já os anestésicos injetáveis aceitos restritamente são a cetamina e T61.
Outros métodos aceitos sob restrição são os bloqueadores neuromusculares e
cloreto de potássio que podem ser usados em associação a outros métodos. Os
48

métodos com substâncias inalatórias são: o dióxido de carbono, nitrogênio, argônio,


e hidrocarbonos fluorados (CFMV, 2012).
Os barbitúricos são substâncias que agem como depressoras do sistema
nervoso central. Eles geralmente são usados como sedativos, antiepiléticos,
anestésicos e hipnóticos. Ao deprimir determinadas áreas do cérebro, ele causa
efeitos como sonolência e relaxamento (VIANA, 2019).
Como todos os fármacos existentes atualmente, os barbitúricos possuem
efeitos adversos e indesejáveis. De acordo com Viana (2019), alguns dos efeitos
adversos são: incoordenação motora, redução da pressão arterial, espasmos,
náuseas, vômito, e podem provocar uma dependência química, por este motivo são
drogas que têm acesso dificultado.
Quando usado para eutanásia de animais de pequeno porte, como os cães e
gatos, os barbitúricos, como o pentobarbital, por exemplo, são administrados na
dose de 120 mg/kg para 4,5 kg de peso corporal, caso o animal tenha mais que esse
peso, são acrescentadas 60mg/kg para cada 4,5 kg. Para os animais de grande
porte e de produção, a dosagem indicada é de 10 a 15 ml para cada 45 kg de peso.
O pentobarbital ainda pode ser utilizado como medicação de indução antes da
eutanásia na dose de 60 mg/kg (VIANA, 2019).
Viana (2019) discorre sobre o período de latência do pentobarbital, que é de,
aproximadamente, uma hora após administração, e seu uso não é recomendado
para eutanásia de animais de produção que serão destinados à alimentação
humana, sendo necessário que a carcaça do animal eutanasiado com pentobarbital
seja descartada para evitar consumo por outros animais.
O T-61 é um medicamento à base de iodeto de mebezônio, embutramida e
cloridrato de tetracaína e é destinado à eutanásia de animais domésticos. A
embutramida leva à inconsciência e provoca depressão respiratória devido à
depressão da porção do SNC responsável pelo controle da respiração (COSTA;
JACOBINA, 2019).
O mebozônio, por sua vez, provoca uma paralisia no diafragma e outros
músculos, auxiliando, assim, em uma posterior parada respiratória. E, por fim, a
tetracaína é considerada um anestésico local que propicia a diminuição do
desconforto provocado pela aplicação do medicamento (COSTA; JACOBINA, 2019).
De uma forma geral, o T-61 provoca paralisação dos músculos esqueléticos
e, inclusive, os músculos respiratórios, causando, assim, uma parada respiratória.
49

Antes do uso medicamento, é necessário fazer uma sedação, já que ele sozinho não
consegue este efeito e, provavelmente, pode causar um sofrimento ao animal
(COSTA; JACOBINA, 2019).
O T-61 pode ser administrado por via intravenosa de forma lenta e na dose de
0,3 mg/kg para cães e gatos, enquanto se utiliza a dosagem de 0,08 mg/kg para
animais de grande porte (VIANA, 2019).
Segundo Viana (2019), a cetamina é um agente anestésico dissociativo com
ação hipnótica e analgésica e usada em procedimentos cirúrgicos invasivos ou não.
A cetamina é um antagonista de receptores responsáveis pela sinalização da dor
para o sistema nervoso central.
Na eutanásia, a cetamina é uma opção para auxiliar na contenção e,
consequentemente, minimizar a dor e o sofrimento do animal. Quando utilizada para
eutanásia de cães, a dosagem de cetamina é de 10 mg/kg, porém, a superdosagem,
no geral, pode levar à morte do animal (COSTA; JACOBINA, 2019).
Outro método de eutanásia bastante utilizado é através do cloreto de
potássio. Segundo Costa & Jacobina (2019), o cloreto de potássio é uma substância
considerada tóxica para o coração, portanto pode, além da via intravenosa ser
utilizado por via diretamente intracardíaca (1-2mL/kg). Esse método não pode
ocorrer sem associação a outros medicamentos, já que não provoca insensibilização
prévia.
De acordo com Amaral et al. (2011), o uso de lidocaína pela via intratecal
pode ser eficaz para equinos, quando é associada a algum pré-anestésico para
minimizar a dor e o desconforto do animal. O mesmo autor mostra ainda que esse
protocolo pode levar à perda rápida de consciência, tendo poucas reações adversas,
além de não causar lesões no sistema nervoso central.
A administração desse tipo de medicamento deve ser realizada com o
máximo de cautela, pois é extremamente desconfortável, principalmente, por via
intravenosa. Por este motivo, a administração de cloreto de potássio ou cloreto de
magnésio só é um método aceitável de eutanásia quando o animal já está
totalmente insensibilizado e/ou totalmente anestesiado (CFMV, 2012).

3.9.2 Métodos físicos


50

O método físico de escolha deve ter o critério de provocar impacto no sistema


nervoso central de uma forma que haja a insensibilização por dano tecidual. Este
procedimento é chamado de atordoamento, seja por impacto ou insensibilização por
choque elétrico. É fundamental que esse tipo de método seja sempre associado a
outro procedimento, como a exsanguinação, métodos químicos e até decapitação,
pois, ele sozinho não garante a morte do animal (CFMV, 2012).
O uso da pistola de ar comprimido e dardo cativo é um método físico usado
para causar atordoamento prévio na eutanásia de grandes animais como bovinos e
equinos. Este método causa uma concussão cerebral, trauma encefálico e,
consequentemente, a insensibilização do animal ou perda de consciência (CFMV,
2012).
De acordo com o CFMV (2012), importante que o dardo cativo seja usado
corretamente e por profissionais qualificados para que não haja erro, e,
principalmente, para que o dardo cativo atravesse o crânio e possa provocar o
trauma com impacto significativo, caso isso não ocorra, o animal sentirá dor intensa
e total quebra de bem-estar, sendo assim ainda mais difícil continuar o
procedimento.
O uso de arma de fogo, embora não seja muito comum em algumas espécies,
pode ocorrer em determinadas situações. De forma geral, tem semelhança com a
pistola de ar comprimido, porém, a arma de fogo provoca trauma direto e invasivo ao
encéfalo do animal (CFMV, 2012).
Neste método, o manejador deve prezar por uma contenção adequada do
animal, já que o risco de acidentes é alto tanto para quem efetua como para quem
está presente no momento. No entanto, quando manejada corretamente, pode levar
à morte imediata do animal (COSTA; JACOBINA, 2019).
A eletrocussão é um método de eutanásia usado em bovinos, equinos e
outros animas de produção, e seu uso é questionável, já que este pode causar
sofrimento no animal antes mesmo da insensibilização. Resumidamente, sua ação
se baseia em administrar uma carga elétrica no animal, causando contrações
rápidas e desordenadas no coração e levando o animal à perda de oxigenação no
cérebro, o que evolui para morte (CFMV, 2012).
A exsanguinação geralmente é usada após insensibilização prévia e, segundo
CFMV (2012), consiste na incisão de grandes vasos que vão liberar todo o sangue
51

do animal até sua morte por hipovolemia, embora demande um tempo, é um método
eficaz e, se feito da forma correta, é indolor.
De acordo com Costa e Jacobina (2019), em cães e gatos, o único método
físico aceito sob restrição é a eletrocussão, sendo os outros citados anteriormente
aceitos somente para animais de produção e alguns sob restrição.

3.10 Confirmação do Óbito e Destino

O tutor é legalmente e financeiramente responsável pelos cuidados e pelo


tratamento do paciente, assim como é responsável pela tomada de decisões sobre
quaisquer circunstâncias (PAIVA, 2016).
Ao aceitar a realização da eutanásia, o tutor é submetido à assinatura de
documentos legais, afirmando conhecimento sobre sua escolha e o consentimento
dela. Quando o tutor afirma, por escrito, que está ciente sobre o procedimento de
eutanásia e os seus riscos, o médico veterinário não corre risco de ser questionado
judicialmente após o ato (PAIVA, 2016).
A confirmação da morte do animal na eutanásia se dá através da observação
de sinais que podem ser observados pelo profissional responsável. Dentre estes
sinais, estão: a ausência de frequência respiratória e cardíaca, ausência de pulso
arterial, mucosas hipocoradas ou até cianóticas associadas ao elevado tempo de
preenchimento capilar, a ausência de reflexos palpebrais e presença de midríase
(PAIVA, 2016).
Antes disso, é importante entender a diferença de nomenclatura entre os
animais mortos. O termo carcaça é mais utilizado para animais que passam por um
processo para consumo humano. Enquanto o termo cadáver é utilizado para se
referir a animais mortos por causas naturais ou não, por exemplo, em casos de
eutanásia (MAURO; SILVA, 2019).
Dentre os principais destinos descritos por Mauro & Silva (2019), estão: o
enterro, a disposição no ambiente, incineração, o processamento do animal morto, a
compostagem, digestão anaeróbica, hidrólise alcalina, disposição no oceano, ou a
alimentação de espécies não suscetíveis.
52

Santos (2017) relata sobre algumas das formas de descarte de cadáveres


atualmente como sendo o enterro em cemitério de animais, o aterro sanitário, a
incineração, a cremação, ou até a taxidermia, que consiste no empalhamento do
animal. Cabe ao tutor ou proprietário escolher qual destino deseja dar ao animal.
Vale ressaltar a importância do descarte correto do cadáver após a morte pelo
uso de determinados medicamentos, para evitar contaminação no ambiente e, no
caso de grandes animais, é importante que a carne não seja disponibilizada para o
consumo (SANTOS, 2017).
53

4 CONCLUSÃO

A eutanásia e os seus diferentes métodos possuem como principal objetivo


pôr fim à dor e ao sofrimento do animal. A escolha ou indicação da eutanásia é
dever do médico veterinário, que irá, primeiramente, avaliar a sobrevida e o
prognóstico do animal através da análise do seu bem-estar. O nível de bem-estar de
animas de produção ou de companhia é avaliado através das cinco liberdades.
Sendo assim, é importante entender que a ausência de uma liberdade pode afetar
diretamente outras, deste modo, pode ser muito prejudicial ao bem-estar dos
animais.
Órgãos federais, como o Conselho Federal de Medicina Veterinária, são
responsáveis por preconizar os critérios de escolha da eutanásia, bem como os
métodos mais aceitos, através de legislações, manuais e instruções normativas. O
Conselho Federal de Medicina Veterinária, por meio de suas resoluções, elege
alguns dos critérios básicos considerados para a escolha da eutanásia, que é
indicada quando o bem-estar do animal estiver comprometido ou quando o animal
representa um risco à saúde pública, como na presença de zoonoses. Essas
condições devem ser analisadas, exclusivamente, por um médico veterinário.
É imprescindível que o profissional de medicina veterinária entenda a
importância de seguir a legislação e suas recomendações com intuito de evitar
sofrimento por prática inadequada, uso de método inaceitável e, principalmente,
morte desnecessária. Há grande necessidade da disseminação de informações
sobre a prática da eutanásia e também da presença de órgãos públicos de apoio
veterinário para a população carente e animais errantes. A disseminação de
informação para a população age auxiliando a descontruir mitos e promove o
conhecimento adequado acerca da realização da eutanásia em animais que
possuem uma expectativa de vida quase nula, evitando, assim, o sofrimento destes
animais.
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