Eutanasia 3
Eutanasia 3
Eutanasia 3
Centro Universitário
Bacharelado em Medicina Veterinária
Paripiranga
2021
DANIELY SANTOS SANTANA
Paripiranga
2021
DANIELY SANTOS SANTANA
BANCA EXAMINADORA
Cora Coralina
RESUMO
Animal euthanasia in Brazil is still a very difficult issue and one that leads to several
questions. In addition, there are ethical and moral issues involved in this practice, as
there is a legislation involved and clinical criteria to be considered. Thus, this study
had as general objective to determine the parameters used by veterinarians in order
to perform euthanasia in small and large animals. This way, the specific objectives of
this integrative review were: to emphasize the ethical aspects of the profession when
choosing euthanasia; to analyze the animal well-being parameters that imply this
choice in view of the five freedoms; to discuss current legislation aimed at euthanasia
in companion animals; and to expose what the legislation about euthanasia in
production animals says; to point out the main clinical criteria adopted by
veterinarians to perform euthanasia; to elucidate psychological aspects in relation to
the veterinarian and the animal’s guardian before this decision; to describe the main
techniques for performing euthanasia according to the law. Through this work, it was
concluded that euthanasia is basically based on the animal’s well-being and on the
pathology presented by it. To collect such information, the methodological procedure
used was the integrative review of several scientific and informative sources.
1 INTRODUÇÃO 13
2 METODOLOGIA 16
2.1 Tipo de Estudo 16
2.2 Descrição do Estudo 16
2.3 Critérios de Inclusão e Exclusão 17
2.4 Análise dos Dados 18
2.5 Aspectos Éticos 23
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 24
3.1 Conceitos Gerais e suas Aplicações 24
3.2 Aspectos Éticos e Morais do Médico Veterinário Responsável pela
Eutanásia Animal 25
3.3 Níveis de Bem-Estar Animal 26
3.3.1 Mensuração do grau de bem-estar em animais de companhia e de
produção considerando as cinco liberdades 27
3.4 Legislações Vigentes acerca do Bem-Estar, Eutanásia Animal, seus
Aspectos Legais e/ou Ilegais de Maneira Geral 29
3.5 Critérios Clínicos na Escolha da Eutanásia 30
3.6 Enfermidades mais Relevantes 32
3.6.1 Cinomose 32
3.6.2 Doença renal crônica 33
3.6.3 Anemia infecciosa equina (AIE) 34
3.6.4 Atropelamento 35
3.7 Zoonoses 36
3.7.1 Leishmaniose 36
3.7.2 Brucelose 37
3.7.3 Febre aftosa 38
3.7.4 Tuberculose 39
3.7.5 Clostridiose (botulismo e tétano) 40
3.7.6 Raiva 41
3.7.7 Mormo 41
3.8 Problemas Éticos e Psicológicos para o Tutor e Médico Veterinário 43
3.9 Métodos Aceitáveis perante a Legislação 44
3.9.1 Métodos químicos 47
3.9.2 Métodos físicos 49
3.10 Confirmação do Óbito e Destino 50
4 CONCLUSÃO 52
13
1 INTRODUÇÃO
A globalização vem cada dia mais aproximando o ser humano dos animais,
sejam eles de companhia ou de produção. Os animais de companhia suprem
necessidades humanas de afeto, respeito e amor, por esse motivo, muitos destes
são tratados como membros da família por alguns tutores, sendo assim, o tutor, ao
se deparar com a necessidade de eutanásia, tem uma sensação de perda muito
grande. Desta forma, para se tomar essa decisão, vários fatores devem ser levados
em consideração.
No caso de animais de produção, o assunto é ainda mais complexo, já que a
ética, muitas vezes, não é levada em consideração, e coisas simples, como o
tratamento de uma determinada patologia, por exemplo, é considerada prejuízo para
o produtor, não sendo viável financeiramente, portanto, opta-se pelo sacrifício do
animal.
Como consequência do conhecimento sobre a senciência dos animais, é que,
nos últimos anos, a sociedade vem a se preocupar cada vez mais com o conceito de
bem-estar animal. Este se resume em proporcionar ao animal todos os aspectos
possíveis para que ele tenha uma boa qualidade de vida e longevidade (AZEVEDO
et al., 2015).
Para analisar o grau de bem-estar de um animal, se utiliza a análise das cinco
liberdades, a qual se aplica a animais de pequeno e grande porte. As cinco
liberdades descritas por Autran, Alencar e Viana (2017) e Azevedo et al. (2020) são
basicamente: Livre de fome e sede (Liberdade nutricional), Livre de dor e doença
(Liberdade sanitária), Livre de desconforto (Liberdade ambiental), Livre para
expressar seu comportamento natural (Liberdade comportamental) e Livre de
estresse, medo e ansiedade (Liberdade psicológica). É de fundamental importância
que o médico veterinário conheça esse conceito e saiba usá-lo na avaliação.
Em animais de companhia, geralmente, essa análise de bem-estar é realizada
para identificar casos de maus tratos, e, para grandes animais, além disso, é muito
usado com o intuito de melhorar a produtividade. Estando presentes em conjunto, as
cinco liberdades são uma forma de garantir ao animal um grau de bem-estar
14
significativo, caso maior parte delas não seja atendida, pode ser um fator que leve a
optar-se pela eutanásia do animal.
O termo eutanásia teve origem há séculos, o qual pode ser dividido como
“eu”, boa, e “thanatos”, morte, ou seja, é a interrupção ou cessação da vida. De uma
forma geral, é possível dizer que a eutanásia é indicada quando o animal se
encontra em sofrimento, ou em uma situação que ponha em risco a saúde pública,
como na presença de zoonoses. Além dessas indicações, existem diversas outras a
serem enfatizadas durante este trabalho (SANTOS; MONTANHA, 2017).
No caso de algumas patologias, o tratamento é complexo e cabe ao tutor
escolher realizá-lo ou não. Porém, tanto na produção animal como em animais de
companhia, há outros fatores específicos relacionados à eutanásia que não podem
ser questionados, dentre eles, um de grande relevância é a presença de zoonoses.
A presença de zoonose, em um só animal ou no rebanho, pode pôr em risco a
saúde do animal, e já que estas podem ser transmitidas para os seres humanos,
também é um risco à saúde pública.
Antes de todo e qualquer procedimento, é preciso que o médico veterinário
saiba lidar de forma cuidadosa, principalmente, com o tutor. É necessário entender
os aspectos psicológicos envolvidos nessa situação, não somente do tutor, como
também do profissional que opta por realizar o procedimento.
Tanto a eutanásia, como a distanásia, detém uma grande responsabilidade ao
veterinário, pois, cessar a vida do animal é uma escolha difícil, mas permitir que o
animal passe o restante da vida em sofrimento constante não é uma atitude ética.
Por este motivo, existe um protocolo a ser seguido para que não se tenham
possíveis complicações jurídicas após o procedimento, ou caso o tutor opte por não
autorizar.
Quando se trata de animais de companhia, a eutanásia ainda é muito temida
devido a questões sentimentais. É muito difícil para um tutor, que pratique a guarda
responsável e tenha uma relação sentimental com seu animal, aceitar essa situação,
porém, é dever de o médico veterinário tirar todas suas dúvidas e o guiar até a
escolha que será mais benéfica para seu animal.
Existem técnicas e métodos aceitáveis e não aceitáveis, quando se trata de
eutanásia animal. Estes são descritos pelo Conselho Federal de Medicina
Veterinária (CFMV, 2012), na legislação. Para que os métodos sejam aceitáveis, é
necessário que atendam aos princípios de bem-estar animal, que sejam métodos
15
comprovados cientificamente, e ainda que seja seguro para quem o for executar. O
método de escolha depende de algumas variáveis como espécie animal, estado de
saúde e idade.
Dentre os principais métodos de eutanásia aceitos pela legislação em
pequenos e grandes animais, estão os métodos físicos e químicos. Os métodos
químicos aceitáveis são o uso de medicamentos, e os físicos envolvem a produção
de um trauma. Vale ressaltar que alguns métodos físicos são restritos a algumas
espécies de animais e outros são totalmente proibidos (CFMV, 2012).
A escolha do método depende da viabilidade do método em relação ao local e
ao manejo deste animal, para que haja o mínimo de estresse e dor antes e durante o
procedimento, e cabe ao médico veterinário escolher qual se encaixa a sua
realidade no momento. É de extrema importância que o método escolhido não cause
dor e/ou outros danos que possam vir a ser incompatíveis com o bem-estar físico e
psicológico do animal.
O presente estudo buscou avaliar os aspectos éticos, morais e legais
envolvidos na eutanásia animal, bem como apresentar toda a rotina presente no
procedimento, desde os critérios de escolha até a confirmação do óbito, todos estes
considerando os aspectos de bem-estar descritos previamente, a fim de garantir um
ambiente adequado para a realização da eutanásia em grandes animais e em
animais de companhia.
16
2 METODOLOGIA
A revisão integrativa foi realizada diante das informações obtivas através das
seguintes bases de dados: Google Acadêmico, SciELO, Conselho Federal de
Medicina Veterinária (CFMV), e Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS), com publicações entre os anos de 2011 e 2021,
exceto em legislações e livros. O processo de realização desta revisão integrativa de
literatura teve como metodologia a forma proposta por Souza, Silva & Carvalho
(2010), com a divisão em seis etapas:
1ª Fase: elaboração da pergunta norteadora. Nesta etapa, foi determinada a
pergunta norteadora, a qual a pesquisa buscou contestar: “Como os aspectos éticos,
psicológicos, legais e clínicos influenciam a realização da eutanásia de pequenos e
grandes animais?” Assim, através dela, foram selecionados os trabalhos e as fontes
para coleta de informações necessárias.
2ª Fase: busca ou amostragem na literatura. Nesta etapa, objetivou-se
encontrar os possíveis estudos e pesquisas nas bases de dados escolhidas
17
equinos.
Análise dos casos de
leishmaniose humana e sua Revista Brasileira
ANDRE, W.P.P. et relação com a eutanásia de 2013 de Higiene e
3
al. animais recolhidos pelo Sanidade Animal
centro de controle de
zoonoses de Mossoró - RN.
AUTRAN, A.;
4 ALENCAR, R.; Cinco Liberdades 2017 PETVet Radar
VIANA, R.B.
Avaliação do bem-estar de
animais de companhia na
AZEVEDO, C.F. et 2015 Archives of
5 comunidade da Vila
al. Veterinary Science
Florestal em Lagoa
Seca/PB.
Bem-estar e suas
AZEVEDO, H.H.F.
6 perspectivas na produção 2020 PUBVET
et al.
animal.
Revista científica
BORTOT, D.C.; Febre aftosa: Revisão de eletrônica de
7 2013
ZAPPA, V. literatura. Medicina
Veterinária.
Lei Federal nº 9.605, de 12 Diário Oficial da
8 BRASIL 1998
de fevereiro de 1998. União
BRASIL. Ministério
da Agricultura, Instrução Normativa nº 6, de Diário Oficial na
9 2018
Pecuária e 16 de janeiro de 2018. União
Abastecimento.
Instrução normativa nº 10, Diário oficial da
10 BRASIL. MAPA 2017
de 03 de março de 2017. união
Ministério da
Manual de Legislação:
BRASIL. MAPA Agricultura,
11 programas nacionais de 2009
Pecuária e
saúde animal do Brasil.
Abastecimento.
Ministério da
Saúde, Secretaria
Manual de vigilância, de Vigilância em
BRASIL. Ministério prevenção e controle de Saúde,
12 2016
da Saúde. zoonoses: normas técnicas Departamento de
e operacionais. Vigilância das
Doenças
Transmissíveis.
13 BRASIL. Ministério Manual de normas técnicas 2017 Ministério da
20
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Liberdade Objetivo
Liberdade nutricional Livre de fome e sede
Liberdade sanitária Livre de dor e doenças
Livre de desconforto no ambiente em
Liberdade ambiental
que se insere
Livre para expressar seu
Liberdade comportamental
comportamento natural
Liberdade psicológica Livre de estresse, medo e ansiedade.
Quadro 2: As cinco liberdades necessárias para o bem-estar animal e o que elas recomendam.
Fonte: AZEVEDO et al. (2020).
medicação
Animal gravemente Liberdade
Doenças terminais Todas
ferido sanitária
Animais idosos e em Liberdade Animais usados em
Todas
sofrimento sanitária pesquisa
Ausência de
Cães e gatos usados
Todas reflexos Todas
em pesquisas
neurológicos
Liberdade Incontinência Liberdade
Traumatismo
sanitária urinária e/ou fecal comportamental
Ausência de reflexos
Todas - -
neurológicos
Incontinência urinária Liberdade
- -
e fecal comportamental
Quadro 3: Critérios clínicos para eutanásia nos últimos anos.
Fonte: SANTOS (2017).
Outras patologias podem debilitar o animal ao ponto de que este não consiga
expressar seu comportamento natural, nem alcançar os níveis de bem-estar
adequados. Uma dessas doenças é a cinomose.
3.6.1 Cinomose
Animais que apresentam doença renal crônica precisam que o tutor tenha
total comprometimento com seu tratamento, pois, de acordo com Queiroz (2013),
com a falta de comprometimento do proprietário, o tratamento não surte bons
resultados, o que acarreta desconforto e dores intensas no animal, e,
consequentemente, pode haver a necessidade de realização da eutanásia.
A doença renal crônica (DRC) é uma doença degenerativa presente
principalmente em animais idosos. Nessa doença, os rins não exercem totalmente
sua função e, com isso, ocorre uma cascata de problemas e alterações fisiológicas
no corpo do animal que fica cada vez mais enfermo (QUEIROZ, 2013).
Queiroz (2013) mostra que é possível fazer tratamento nutricional, hidratação,
correção de distúrbios eletrolíticos e desequilíbrio ácido-base, tratamento da
hipertensão arterial sistêmica, proteinúria, hiperfosfatemia, anemia, hipovitaminose
D, anormalidades gastrintestinais, infecções concomitantes (se houver), para manter
e proporcionar qualidade de vida ao animal.
Os tratamentos mais avançados como a hemodiálise, a diálise Peritoneal e o
transplante renal, são necessários em casos mais graves, ou em pacientes
considerados em estado terminal (QUEIROZ, 2013).
Animais que apresentam DRC podem viver por anos com o tratamento
adequado, e outros podem vir a óbito em alguns meses. E quando não há resposta a
nenhum desses tratamentos a única alternativa coerente é a eutanásia (QUEIROZ,
2013).
Um dos motivos pelos quais leva essa doença a ser de notificação obrigatória
é que não existe tratamento nem vacina, além disso, o animal, uma vez
contaminado, permanece sendo portador do vírus e o disseminando para o resto da
vida. Apenas em alguns casos pode haver a possibilidade de o animal ser colocado
em isolamento, a escolha disso cabe à CECAIE (Comissão Estadual de Controle da
Anemia Infecciosa Equina) (MAIA et al., 2011).
Os animais com a AIE podem ser assintomáticos e outros que desenvolvem
sinais clínicos, como febre intermitente, de 40,5º a 41ºC, anemia leve à moderada,
icterícia, fraqueza, anorexia, edema e petéquias nas mucosas (MAIA et al., 2011).
De acordo com Maia et al. (2011), o trânsito interestadual de equinos no
Brasil só é permitido com a apresentação do Guia de Trânsito Animal (GTA) e do
resultado negativo do exame de AIE. Moraes et al. (2017) mostram que é importante
submeter os equinos a exames periódicos e a intensificação das atividades de
vigilância.
3.6.4 Atropelamento
ALTERAÇÕES
ENFERMIDADES TRATAMENTO EUTANÁSIA
FISIOLÓGICAS
Em casos graves que
Metástases em Cirúrgico,
o cuidado paliativo já
diversos órgãos e quimioterapia,
Neoplasias não minimiza as
sinais clínicos cuidados
dores e outros sinais
locais. paliativos.
clínicos.
Administração de Quando o tratamento
antibióticos e não é o suficiente e
Peritonite Sepse
outros há sofrimento do
medicamentos. animal.
Quando há
Convulsões, complicações
paralisia parcial ou Terapia de neurológicas que
Cinomose
total, cegueira, suporte afetem
tremores. irreversivelmente o
bem-estar do animal.
Tratamento de
Quando há ineficácia
Doença Renal Sinais de uremia suporte,
do tratamento de
Crônica hemodiálise,
suporte ou cirúrgico.
transplante.
Febre intermitente,
Anemia
petéquias, edema, Não há Obrigatória
Infecciosa Equina
icterícia.
Traumatismo, Tratamento Sinais clínicos de
Atropelamento fraturas, sintomático, incompatibilidade
lacerações. cirúrgico. com a vida
Quadro 4: Enfermidade, alterações fisiológicas, tratamento e a necessidade de eutanásia.
Fonte: SOUZA et al. (2019).
3.7 Zoonoses
3.7.1 Leishmaniose
medicações disponíveis não sejam totalmente eficazes para o seu tratamento, elas
conseguem garantir uma qualidade de vida melhor ao animal (ANDRE et al., 2013).
3.7.2 Brucelose
3.7.4 Tuberculose
3.7.6 Raiva
3.7.7 Mormo
O mormo é outra patologia que afeta muito a saúde dos equídeos em geral, e
que, devido a alguns fatores, também entra para a lista de patologias, as quais a
notificação e eutanásia são obrigatórias. É uma zoonose infectocontagiosa causada
pela bactéria Burkholderia mallei (DITTMANN et al., 2015).
Os sinais clínicos podem ser agudos que causam a morte do animal de 4 a 7
dias, dentre eles, estão: hipertermia, descarga nasal, dispneia, caquexia, abscessos
prostáticos, encefalomielite paralítica e formação de abscessos intra-abdominal,
lesões cutâneas, que evoluem para úlceras no septo nasal, e presença de descarga
mucopurulenta que evolui para hemorrágica, nódulos na pele e extremidades dos
membros e abdômen, além de anemia severa (DITTMANN et al., 2015).
Se houver infecção pulmonar crônica, o animal apresenta sinais como tosse,
epistaxe, dispneia, pústulas, abcessos, aumento dos gânglios linfáticos, e nódulos
no fígado e no baço. Os nódulos na pele geralmente drenam uma secreção
purulenta e amarelada. Enquanto as úlceras têm a região central acinzentada, com
as bordas irregulares e avermelhadas, o centro caseoso ou calcificado com tecido
fibroso (DITTMANN et al., 2015).
De acordo com Dittmann et al. (2015), para o diagnóstico dessa doença, são
feitos o isolamento e a identificação bacteriana, PCR ou ELISA.
Grande maioria das patologias e enfermidades descritas anteriormente, nesse
tópico (3.7) e no quadro (Quadro 4), pode ser evitada através da vacinação, tanto
dos animais de companhia, como também dos animais de produção ou rebanho.
SINAIS CLÍNICOS
PATOLOGIA TRATAMENTO EUTANÁSIA
GRAVES
Leishmaniose Lesões graves na Alopurinol + Quando não há
43
Aceitos com
Animais Métodos Aceitáveis Inaceitáveis
restrição
Anestésicos gerais, Embolia gasosa,
Eletrocussão, CO2
anestésicos incineração in
com anestésico
inalatórios vivo, clorofórmio
local por via
associados a outro ou éter sulfúrico,
Cães intratecal, N2
procedimento, descompressão,
argônio
barbitúricos, cloreto afogamento;
(Insensibilização
de potássio, imersão em
prévia).
bloqueador formol,
46
neuromuscular eletrocussão ou
associado ao cloreto exsanguinação,
de potássio hidrato de cloral.
(Insensibilização
prévia).
Anestésicos gerais,
anestésicos Embolia gasosa,
inalatórios incineração in
associados a outro Eletrocussão, CO2 vivo, clorofórmio
procedimento, com anestésico ou éter sulfúrico,
barbitúricos, cloreto local por via descompressão,
Gatos de potássio, intratecal, N2 afogamento;
bloqueador argônio imersão em
neuromuscular (Insensibilização formol,
associado ao cloreto prévia). eletrocussão ou
de potássio exsanguinação,
(Insensibilização hidrato de cloral.
prévia).
Quadro 6: Métodos de eutanásia aceitáveis e não acetáveis para pequenos animais de companhia.
Fonte: CFMV (2012).
Aceitos com
Animais Métodos Aceitáveis Inaceitáveis
restrição
Anestésicos gerais
Embolia gasosa,
injetáveis,
incineração in
anestésicos Arma de fogo,
vivo, clorofórmio
inalatórios eletrocussão com
ou éter sulfúrico,
associados a outro anestesia prévia,
descompressão,
procedimento, pistola de ar
afogamento;
barbitúricos, cloreto comprimido
Equinos imersão em
de potássio, associado à
formol,
bloqueador exsanguinação,
eletrocussão ou
neuromuscular aplicação de
exsanguinação
associado ao cloreto anestésico local
sem
de potássio por via intratecal.
insensibilização
(Insensibilização
prévia.
prévia).
Anestésicos gerais Arma de fogo, Embolia gasosa,
injetáveis, podendo eletrocussão com incineração in
Grandes e ser associados à anestesia prévia, vivo, clorofórmio
pequenos guaifenesina, pistola de ar ou éter sulfúrico,
ruminantes anestésicos comprimido descompressão,
inalatórios associado à afogamento;
associados a outro exsanguinação, imersão em
47
Antes do uso medicamento, é necessário fazer uma sedação, já que ele sozinho não
consegue este efeito e, provavelmente, pode causar um sofrimento ao animal
(COSTA; JACOBINA, 2019).
O T-61 pode ser administrado por via intravenosa de forma lenta e na dose de
0,3 mg/kg para cães e gatos, enquanto se utiliza a dosagem de 0,08 mg/kg para
animais de grande porte (VIANA, 2019).
Segundo Viana (2019), a cetamina é um agente anestésico dissociativo com
ação hipnótica e analgésica e usada em procedimentos cirúrgicos invasivos ou não.
A cetamina é um antagonista de receptores responsáveis pela sinalização da dor
para o sistema nervoso central.
Na eutanásia, a cetamina é uma opção para auxiliar na contenção e,
consequentemente, minimizar a dor e o sofrimento do animal. Quando utilizada para
eutanásia de cães, a dosagem de cetamina é de 10 mg/kg, porém, a superdosagem,
no geral, pode levar à morte do animal (COSTA; JACOBINA, 2019).
Outro método de eutanásia bastante utilizado é através do cloreto de
potássio. Segundo Costa & Jacobina (2019), o cloreto de potássio é uma substância
considerada tóxica para o coração, portanto pode, além da via intravenosa ser
utilizado por via diretamente intracardíaca (1-2mL/kg). Esse método não pode
ocorrer sem associação a outros medicamentos, já que não provoca insensibilização
prévia.
De acordo com Amaral et al. (2011), o uso de lidocaína pela via intratecal
pode ser eficaz para equinos, quando é associada a algum pré-anestésico para
minimizar a dor e o desconforto do animal. O mesmo autor mostra ainda que esse
protocolo pode levar à perda rápida de consciência, tendo poucas reações adversas,
além de não causar lesões no sistema nervoso central.
A administração desse tipo de medicamento deve ser realizada com o
máximo de cautela, pois é extremamente desconfortável, principalmente, por via
intravenosa. Por este motivo, a administração de cloreto de potássio ou cloreto de
magnésio só é um método aceitável de eutanásia quando o animal já está
totalmente insensibilizado e/ou totalmente anestesiado (CFMV, 2012).
do animal até sua morte por hipovolemia, embora demande um tempo, é um método
eficaz e, se feito da forma correta, é indolor.
De acordo com Costa e Jacobina (2019), em cães e gatos, o único método
físico aceito sob restrição é a eletrocussão, sendo os outros citados anteriormente
aceitos somente para animais de produção e alguns sob restrição.
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
AMARAL, L.A.; RABASSA, V.; MARCHIORI, M.; MEIRELLES, M.G.; AMADO, M.;
NOGUEIRA, C.E.W. Utilização de lidocaína 2% por via intratecal associado à
anestesia prévia com tiopental sódico como método de eutanásia em equinos. ARS
Veterinária, Jaboticabal-SP, v.27, n.1, 2011.
AUTRAN, A.; ALENCAR, R.; VIANA, R.B. Cinco Liberdades. Amazônia, UFRA,
PETVet Radar, a.1, n.3, 2017.
AZEVEDO, H.H.F.; PACHECO, A.; PIRES, A.P.; NETO, J.S.N.M.; PENA, D.A.G.;
GALVÃO, A.T.; FERRARI, E.D.M.; ALMEIDA, B.V.B.F.; BATISTA, T.V.L.O.;
ARAÚJO, C.F.; BATISTA, W.L.O. Bem-estar e suas perspectivas na produção
animal. PUBVET, v.14, n.1, p.1-5, 2020.
DIAS, F.G.G.; DIAS, L.G.G.G.; PEREIRA, L.F.; CABRINI, T.M.; ROCHA, J.R.
Neoplasias orais nos animais de companhia – Revisão de literatura. Revista
científica eletrônica de medicina veterinária. n.20, Janeiro de 2013.
DITTMANN, L.R.; CARDOSO, T.O.; ROMÃO, F.G.; BARROS, L.D. Aspectos clínico
patológicos do mormo em equinos - revisão de literatura. Alm. Med. Vet. Zoo. v.1,
n.1, p.1-5, 2015.
FELIX, Z.C.; COSTA, S.F.G.; ALVES, A.M.P.M.; ANDRADE, C.G.; DUARTE, M.C.S.;
BRITO, F.M. Eutanásia, distanásia e ortotanásia: revisão integrativa da literatura.
Ciência & Saúde Coletiva. v.18, n.9, p.2733-2746, 2013.
FRANK, A. C.; MARTINS, C. M.; BIONDO, A. W.; DIAS, R. A. Quando cuidar dos
animais cansa. Clínica Veterinária. a.21, n.123, julho/agosto, 2016.
GOMES, I.A.; SILVA, C.C.P.; MILANI, R.G.; PAVANELLI, G.C. Eutanásia em cães
com patologias graves: Impactos emocionais e percepção dos riscos e benefícios.
João Pessoa, Temas em saúde, v.19, n.4, 2019.
JERICÓ, M.M.; KOGIKA, M.M.; NETO, A.J.P. Tratado de medicina interna de cães
e gatos. Rio de Janeiro, Brasil: Guanabara Koogan, 2015.
MAIA, C.A.; GARCIA, C.A.; ROSSI, D.A.; MELO, R.T.; MENDONÇA, E.P.; COELHO,
L.R.; MONTEIRO, G.P.; NELEVAIKO, P.C. Anemia Infecciosa Equina – Revisão de
literatura. PUBVET, Londrina, v.5, n.11, 2011.
SANTOS, D.A.; ALMEIDA, E.R.P.; SILVA, F.F.; ANDRADE, L.H.C.; AZEVÊDO, L.A.;
NEVES, N.M.B.C. Reflexões bioéticas sobre a eutanásia a partir de caso
paradigmático. Rev. bioét. v.22, n.2, p. 367-72, 2014.
SILVA, C.L.; TOSATO, G.B.S.; GARCIA, J.N.N.; PITA, M.C.G. Reabilitação por
implantação de cadeira em cão com secção medular torácica como alternativa à
eutanásia: relato de caso. PUBVET, Londrina, v. 7, n. 26, 2013.
SOLA, M.C.; FREITAS, F.A.; SENA, E.L.S.; MESQUITA, A.J. Brucelose Bovina:
Revisão. Enciclopédia Biosfera, centro científico conhecer – Goiânia, v.10, n.18,
2014.
VIANA, F.A.B. Guia Terapêutico Veterinário. 4ª ed. Gráfica e editora CEM, 2019.
60
61
62