Anais 2016
Anais 2016
Anais 2016
Textualidades e
Trânsitos
Contemporâneos
ANAIS ELETRÔNICOS
V SEMANA DE LETRAS DA FACULDADE PIO DÉCIMO
REALIZAÇÃO:
JACKSON FRANCISCO DE SANTANA
LUCIANA NOVAIS MACIEL
Organização
Textualidades e
Trânsitos
Contemporâneos
ANAIS ELETRÔNICOS
V SEMANA DE LETRAS DA FACULDADE PIO DÉCIMO
Pio Décimo
Aracaju, 2016
COPYRIGHT 2016© JACKSON FRANCISCO DE SANTANA
E LUCIANA NOVAIS MACIEL (ORGS). É proibida a
reprodução total ou parcial desta obra sem autorização
expressa dos autores e organizadores. Por tratar-se de uma
publicação do tipo ANAIS, a comissão organizadora da V
SLFPD, isenta-se de qualquer responsabilidade autoral e
gramatical de conteúdo, ficando a cargo do autor de cada
artigo/resumo tal responsabilidade.
Organização Editorial
JACKSON FRANCISCO DE SANTANA
LUCIANA NOVAIS MACIEL
Pio Décimo
ARACAJU, 2016
Realização:
Faculdade Pio Décimo
www.piodecimo.edu.br/faculdade
Grupos de Pesquisa:
Núcleo de Estudos Literários do Curso de Letras
Grupo de Estudos em Língua e Cultura Hispânica
Organização Editorial
Jackson Francisco de Santana
Luciana Novais Maciel
A Comissão Organizadora da V
Semana de Letras da Faculdade
Pio Décimo
V SEMANA DE LETRAS DA FACULDADE PIO DÉCIMO: Textualidades e Trânsitos Contemporâneos – 2016 (ISSN 2359 – 1250)
ÍNDICE GERAL
CONFERÊNCIA DE ABERTURA
MINICURSOS
RESUMO
O minicurso em questão objetiva reflexionar sobre as questões culturais que envolvem
o processo de formação do idioma espanhol e as influências culturais que respingam
esse percurso histórico, assim como, proporcionar uma mirada panorâmica da
inserção do idioma e, por conseguinte, da cultura espanhola nas Américas Central e
Sul. Objetiva ainda despertar o olhar sobre como vemos a cultura e qual a influência
de comportamentos no processo de ensino e aprendizagem da língua espanhola,
abordando conteúdos culturais da língua meta e o ensino desse idioma com base no
que e como tratar conteúdos culturais envolvendo, nesse contexto, cinema, teatro,
literatura, folclore, religião, sociedade e todo a diversidade que abrange os conceitos
e as relações entre língua e cultura.
RESUMO
El presente mini curso objetiva reflejar acerca del proceso lector en clases de español
como lengua extranjera (E/LE) discutiendo cuestiones teóricas y prácticas de
estrategias de lectura El acto de leer constituye un procesamiento del lenguaje que
ocurre de forma compleja y de diferentes modos a depender del lector. En ese sentido,
el desarrollo de la habilidad lectora de textos escritos en español no puede ser
reducido a la práctica de la traducción literal, sino pasar por diferentes fases y niveles
de comprensión. Para tanto, se propone debatir aspectos teóricos sobre la pre-lectura,
lectura y pos-lectura, y realizar prácticas que ilustren tales fases en el proceso lector.
El mini curso aquí propuesto está dirigido a alumnos y profesionales del área de
español que desean ampliar las posibilidades de prácticas con lectura de textos en
ese idioma.
RESUMO
RESUMO
O Exame Nacional do Ensino Médio consagrou-se como uma política pública de
avaliação do ensino. É também, nos dias de hoje, a principal forma de ingresso no
ensino superior no Brasil. Contudo, é evidente que os pressupostos teórico-
metodológicos trazidos à tona pelo ENEM através de sua matriz de avaliação dos
textos entram em confronto com um modelo de ensino tradicionalmente gramatiqueiro
cristalizado nas escolas brasileiras. Sendo assim, o exame em questão traz à tona a
necessidade de repensar o ensino de língua nas escolas brasileiras à luz dos mais
recentes estudos linguísticos. O mini curso pretende fazer uma reflexão acerca dessas
questões através da análise da matriz de avaliação do ENEM e seus desdobramentos
como, por exemplo, os direitos humanos e a conclusão-solução da competência V. É
uma proposta teórico-prática de trabalho com o Exame Nacional do Ensino Médio.
RESUMO
O objetivo do minicurso é proporcionar a reflexão a partir da exposição dos elementos
configuradores das dimensões da ética na contemporaneidade, ante as dificuldades
de construção e manutenção das relações humanas. Uma análise, ainda que breve,
sobre a “nova” ética ajustada pela redescoberta de espaços públicos, a exemplo da
escola, como lugares de permutas, capazes de admitir, através da observância da
experiência do outro, reconhecido enquanto sujeito de direitos, a reconfiguração dos
laços sociais.
RESUMO
Este minicurso propõe uma análise da crise dos laços de afeto na pós-modernidade a
partir da crônica literária de Paulo Mendes Campos. Em tempos pautados pelo
consumismo, efemeridade das coisas e fragilidade das relações humanas, o amor
verdadeiro se encontra em linha tênue de extinção. Neste contexto, todos estamos
em solidão mesmo vivendo em multidão. As referidas crônicas, escritas em prosa e
convertidas em experiência lírica, relatam distintas formas de desamor característicos
do momento atual, logo, tange à condição humana. Questionaremos a construção de
uma nova ordem social para as relações humanas, uma visão crítica aos
relacionamentos amorosos e afetos em geral. As discussões serão construídas sob
pressupostos em Z. Bauman, mediante as transformações sociais registradas no
século XX com reflexos para sociedade globalizada, além das possíveis ameaças que
colocam em risco a existência do amor verdadeiro propostas por A. Badiou & N.
Truong, principalmente.
APRESENTAÇÃO DE PÔSTERS
POSTER 1
FONÉTICA E FONOLOGIA: ESTUDO COMPARATIVO DE IDIOLETOS
BRASILEIROS
Brendo Douglas Santos de Lima1
Crislayne Rodriguez Santos2
Diogo Daniel Menezes dos Santos3
Geudo Carlos dos Santos4
Joyce Rocha dos Santos5
Juliana Pinto Santos6
Bruna Lopes Silva de Souza7
RESUMO
POSTER 2
FONÉTICA E FONOLOGIA: ESTUDO COMPARATIVO DE IDIOLETOS
BRASILEIROS
RESUMO
POSTER 3
FONÉTICA E FONOLOGIA: ESTUDO COMPARATIVO DE IDIOLETOS
BRASILEIROS
RESUMO
A variedade linguística está presente em todos os cantos do nosso país, que por sua
vez, são completas e perfeitas entre si. O que vai diferenciá-las são os valores sociais
que seus membros têm na sociedade. De acordo com SILVA (2003, p.11) “a linguística
é a ciência que investiga os fenômenos relacionados à linguagem e que busca
determinar os princípios e características que regulam as estruturas da língua”. A
pesquisa tem por objetivo apresentar um estudo da pronúncia do /r/ em falantes do
português brasileiro. Foram entrevistadas quatorze pessoas que residem na cidade
de Aracaju. Trata-se de um estudo de caráter exploratório. A técnica utilizada para a
coleta de dados foi entrevista, por meio de aparelho celular. Foi uma pesquisa
quantitativa em que foram observadas também questões como idade, nível de
escolaridade, gênero e classe social.
POSTER 4
A MEDIAÇÃO DE LEITURA A PARTIR DO RECURSO MIDIÁTICO
MÚSICA
RESUMO
As práticas docentes realizadas na sala de aula devem contemplar as realidades dos
jovens, que, constantemente, estão imersos em ambientes interativos do mundo
cibernético. Ou seja, eles estão expostos a novas linguagens que circulam
socialmente através das tecnologias de informação e comunicação (TICs), em um
conjunto de textos híbridos de diferentes letramentos, conforme ressalta Canclini
(2008). Nesse contexto altamente tecnológico, onde as transformações sociais são
bastante dinâmicas e rápidas, a escola necessita acompanhar as novas realidades
que representam diferentes formas de pensar e agir no mundo. Assim, as atividades
docentes nas aulas de português devem ultrapassar as fronteiras de práticas
tradicionais de ensino, nas quais os alunos apenas memorizam regras gramaticais de
forma descontextualizadas, distantes do seu universo linguístico e social. Nessa
perspectiva, esse trabalho tem por objetivo discutir e apresentar uma sequência
didática digital, um planejamento de uma sequência didática, utilizando o recurso
digital áudio/ música, que tem como meta levar, alunos de uma turma do ensino médio
de uma escola pública de Aracaju, a desenvolver o gosto pela leitura, através de
áudios e textos de músicas de forma lúdica e significativa. Acreditamos que as
músicas têm sua importância na aprendizagem da língua portuguesa, e também nos
primeiros passos na aprendizagem de uma língua estrangeira. A escolha dessa
temática se deu a partir de uma ação da disciplina Práticas Pedagógicas VII – Técnica
Aplicada ao Ensino de Língua Portuguesa do Curso de Licenciatura em Letras
Português/Espanhol. O referencial teórico pautou-se em Bakhtin (1992), Bittencourt
(2005) e Freire (2002). Nossa expectativa é que nosso trabalho possa contribuir para
fomentar a discussão sobre esse objeto de estudo.
POSTER 5
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar as características da terceira geração do modernismo,
também conhecida como a geração de 45, no poema Morte e vida Severina de João Cabral de Melo
Neto. Para dá início a análise do poema, fez-se necessário o estudo das gerações antecedentes a
geração de 45 seguido dos seus principais autores, a influência das vanguardas europeias e da semana
da arte moderna. Na análise do poema foi estudado alguns aspectos estruturais que João Cabral
utilizou para a construção do poema, qual foi objetivo deste autor, o que o levou a criar este poema e
a participar desta geração. Como o período de 1945 a 1960 foi uma época de grandes acontecimentos,
é de suma importância que sejam citadas algumas manifestações históricas que contribuíram para a
formação do país e concretização para a terceira geração modernista. É fundamental estudar estes
aspectos pois, é um marco muito importante para a literatura modernista no Brasil, o que fundamenta
no crescimento da cultura brasileira. Portanto, nas considerações finais pudemos notar que em Morte
e vida Severina, foi encontrado várias características modernistas em que algumas serão citadas no
decorrer do texto, como também, foi possível notar o intuito de João Cabral de Melo Neto ao criar uma
obra tão intensa, tanto em tamanho como em profundidade de expressões e sentimentos.
Resumen
Este estudio pretende analizar las características de la tercera generación del modernismo, también
conocido como la generación del 45, en el poema muerte y vida Severina de João Cabral de Melo Neto.
Para comenzar el análisis del poema, hace necesario el estudio de fondo de generaciones generación
45 seguido a sus principales autores, la influencia de la semana de arte moderno y vanguardista
europeo. Análisis del poema se estudiaron algunos aspectos estructurales que João Cabral utilizado
para la construcción del poema, que era el objetivo de este autor, lo que llevó a crear este poema y a
participar en esta generación. Como el período de 1945 a 1960 fue una época de grandes
acontecimientos, es de suma importancia que resuenan algunos acontecimientos históricos que
INTRODUÇÃO
O Modernismo foi divido em três fases. A primeira foi de 1922 a 1930, esta era
chamada de Heroica, a que apresenta o desejo de liberdade. Os principais autores
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A segunda fase foi de 1930 a 1945, esta foi dividida em poesia e prosa. Na
poesia os principais autores foram Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles,
Vinicius de Moraes e Murilo Mendes. Na prosa, que tem como característica principal
o regionalismo, teve como principais representantes Raquel de Queirós, Graciliano
Ramos, Jorge Amado e José Lins do Rego. Estes autores se dedicaram, basicamente,
no Nordeste, em que prevalecia a seca e a miséria.
E por fim, João Cabral de Melo Neto que, assim como João Guimarães Rosa
ele, também fala do sertão, mas o sertão mineiro e não o do Nordeste. É escritor de
poemas, considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa, tinha em suas
obras uma linguagem muito inventiva, buscava seus temas nos problemas sociais,
sem a presença da lírica, mas havia o regionalismo que ainda se encontra da segunda
geração, utilizava-se da metalinguagem e analisava a realidade de forma crítica.
Portanto, este autor se preocupava com a questão formal dos seus poemas, e estas
características confirmam o quanto este poeta era rígido em suas criações. Sua obra
mais importante é Morte e vida Severina, um auto de natal pernambucano, escrito
entre 1954 e 1955 que foi adaptado para uma peça teatral no ano de 1969 em São
Paulo. João Cabral de Melo Neto conta a história de um retirante pernambucano
chamado Severino que deixa a sua terra, a qual tinha sido atingida por uma grande
seca, em busca de uma vida melhor. Porém, sua trajetória não foi nada fácil, durante
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Desse modo, Bem (2006), afirma que os movimentos sociais acontecem para
que a haja uma mudança na sociedade e como ele mesmo diz são “uma bussola para
ação social”, ou seja, são os movimentos sociais que fazem com que um país possa
ter um progresso e que assim problemas sejam resolvidos, quando o movimento se
tratar de um problema, como a seca no Nordeste, por exemplo.
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construção formal dos seus poemas, por isso o poema é marcado por uma linguagem
direta e, por isto, passou a ser conhecido como o “engenheiro das palavras”,
mostrando-se sempre preocupado com as questões sociais, principalmente com o
povo da sua terra natal, Recife.
Em Morte e visa Severina, o poema traz imagens do que se passa pela cidade,
e Severino percebe que as cidades e as vilas, pelas quais caminha, são como um
rosário, o caminho margeado pelas aguas do rio Capibaribe são como se fosse a linha
do rosário, e as cidades e as vilas são como as contas do rosário. No entanto, mesmo
assim, ele encontra dificuldades em seu caminho, e se pergunta: como me orientar
neste rosário se as vilas estão vazias, sem ninguém e como me orientar se as linhas
que é o rio Capibaribe está seco e não oferece orientação suficiente? Vejamos uma
parte desta estrofe.
Considerações finais
Conclui-se que João Cabral de Melo Neto, assim como outros modernistas da
Geração de 45, retrata em seu poema fatos que aconteceram no cotidiano e
expressaram suas ideias através de suas obras. Ele mostrou, exatamente, em Morte
e vida Severina, a vida triste que as pessoas viviam naquela época, a falta de
oportunidades de emprego, de comida para sobreviver e agua para saciar a sede,
além de o país está vivendo uma grande crise econômica. João Cabral utilizou-se de
suas ideias críticas para a criação deste poema como um desabafo e não para
satisfazer a vontade dos leitores acostumados com a poesia romântica. Desse modo,
Afrânio Coutinho (1975, p. 293), relata que a poesia moderna “valoriza a livre
associação de ideias”. Portanto, João Cabral sentiu a necessidade de expressar essas
ideias no seu poema, podemos perceber isto, até porque ele escreve um pouco
diferente dos outros autores de outras gerações no sentido de que, ao invés de fazer
um poema lírico com rimas e versos ou até um soneto, ele preocupou-se em mostrar
a sua preocupação com o sertão nordestino, com o povo da sua terra natal,
Pernambuco. Ele retratou este problema social em que a população enfrentava de
uma forma que chamou atenção do público leitor, o que tornou o texto mais popular
deste autor e o poema ganhou até adaptação para uma peça de teatro e para uma
série de TV.
REFERÊNCIAS
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MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida Severina e outros poemas para vozes.
34. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
Jose de Lima1
RESUMO
Este artigo reporta-se a uma pesquisa cujo objetivo é retratar a unificação de culturas que ocorrem com
o tempo, onde há cruzamentos que influenciam constantemente a sociedade. O objeto da pesquisa
como exemplo de hibridismo cultural, temos a quadrilha junina, pois essa manifestação cultural popular
é fortemente influenciada por povoadores e imigrantes europeus. A metodologia usada para essa
análise foi por meio de revisão bibliográfica e documentação direta. Com intuito de apresentar a
importância desses aspectos nos espaços atuais do meio junino da região do Nordeste. Consistindo
na compreensão dos processos de transformação que essa cultura popular sofreu desde quando
começou a fazer parte das manifestações culturais do Brasil. Nesse movimento globalizado de
influência e adaptações, é perceptível que a quadrilha junina vem adotando novas características e
tradições, se atualizando com temáticas atuais. Apresentando como a sociedade sofre transformações
do ambiente externo e readapta a sua cultura popular em relação aos dados culturais construídos
através do tempo.
RESUMEN
En este artículo se hace referencia a un estudio realizado para representar la unificación de las culturas
que se producen con el tiempo, donde hay cruces que influyen constantemente la sociedad. El objeto
de la investigación como un ejemplo de la hibridación cultural, que Junina banda debido a este
acontecimiento cultural muy popular está fuertemente influenciada por los colonos y los inmigrantes
europeos. La metodología utilizada para este análisis fue a través de revisión de la bibliografía y
documentación directa. Con el fin de presentar la importancia de estos aspectos en los espacios
actuales junino a través de la región Nordeste. Que consiste en la comprensión de los procesos de
transformación que la cultura popular, que ha sufrido desde que se convirtió en parte de las
manifestaciones culturales de Brasil. En este movimiento globalizado de influencia y adaptaciones, se
nota que la banda de Junio ha adoptado nuevas características y tradiciones, ponerse al día con temas
de actualidad. La introducción de cómo la sociedad sufre cambios en el ambiente externo y reajustar
su cultura popular en relación a los datos culturales construidas con el tiempo.
1 Graduando licenciatura em Letras - Inglês pela UNIT, Graduando bacharelado em Museologia pela
UFS. Bolsista de Iniciação Científica, pela FAPITEC-SE/CNPq – Bolsa PIBIC/UNIT. E-mail:
[email protected]
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1 INTRODUÇÃO
caso da quadrilha que foi trazida pela Corte Real Portuguesa, porém com influências
de danças folclóricas da Inglaterra, e com origem francesa. Ou seja, há um laço forte
existente na intervenção do processo híbrido cultural em nossa região nordestina.
2. O LIMIAR DA QUADRILHA
A transferência cultural entre os países Inglaterra e França envolta dos séculos XIII E
XIV na guerra dos Cem Anos, serviu para que a França adotasse a quadrilha
tornando-a uma dança aristocrata, onde os nobres dançavam em seus palácios. Mas
essa dança de origem francesa (quadrille), trouxe junto algumas influências de danças
folclóricas antigas da Inglaterra (adaptações do country dance, por exemplo), onde ela
já era dançada, no século XVIII. Assim, dos salões das cortes da França, essa dança
que continha pouquíssimos passos se espalhou pelo continente europeu. Chegando
ao Brasil no século XIX com os portugueses, também introduzida primeiramente nos
salões brasileiros, na sede da corte que era no Rio de Janeiro. Quando essa dança
chegou em solo brasileiro, ela ainda estava com traços nobres da realeza, mas
rapidamente foi adaptada com características animadas do povo. Ressaltando que
essas características advém de costumes caipiras, que modificou suas evoluções
simples e sua música. Nesse pequeno contexto histórico citado, já percebemos que o
cruzamento cultural envolvido é bem visível, em que uma dança típica da nobreza
teve uma mudança radical por conta do contato trazido de outro continente. Com o
explicar de Morigi (2002, p. 261) o processo híbrido: “[...] na festa junina, forma-se
através da junção de coisas diversas, de elementos heterogêneos pertencentes a
universos [...] diferenciados o que faz ela ser um produto cultural resultante de coisas
misturadas. ” Por sua vez, as práticas aperfeiçoadas nas quadrilhas juninas, são
através da sua fonte raiz com aspectos nacionais, havendo uma junção do tradicional
com temáticas atuais que englobam contextos urbanos. Por exemplo, a quadrilha nos
festejos aristocratas era a parte da festa mais alta quando os noivos eram os
dançarinos principais, mas com a popularização a quadrilha ganhou noivos falsos,
para a representação de um casamento caipira, onde o marcador tem o papel de
ordenar as mudanças e evoluções dos passos com comandos ainda no francês ou
aportuguesados. Ou seja, o processo híbrido cultural permanece vívido ainda nesse
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cruzamento de uma cultura nobre para uma estilizada do povo, em que a sua
perspectiva é acompanhar o desenvolvimento urbano da sociedade.
por colheitas fartas veio da cultura pagã, onde esses festivais ou cultos são
denominados como Sabaths, que são ligados “A Roda do Ano”, uma representação
do ciclo de nascimento, vida, morte e renascimento. Sendo dividido por 4 (quatro)
sabaths de colheita e 4 (quatro) sabaths de passagem das estações do ano, quando
se celebrava aos solstícios e os equinócios na Europa e no Ocidente Médio que são
festividades solares, onde a dança e a música também estavam presentes nesses
cultos e festividades. Assim, essa prática de agradecimento pagão pelas colheitas foi
apropriada pelos cristãos, sendo conhecida como o ciclo junino. Trazendo a dança
quadrilha em homenagem aos santos juninos (Santo Antônio, São João e São Pedro),
agradecendo as boas colheitas da roça. Dessa forma, podemos dizer que as
comemorações do ciclo junino é uma cultura pagã cristianizada. Havendo uma mistura
cultural transferida de vários lugares e costumes.
A presença de festas de cunho religioso está por toda parte do Brasil. Mas no
estado de Sergipe, como também acontece em outros estados, principalmente do
Nordeste brasileiro, começaram a incrementar campeonatos de quadrilhas juninas,
onde essa belíssima dança passou de passos nobres, para danças comemorativas, e
por fim, da brincadeira para algo mais formal. As quadrilhas juninas criaram aspectos
próprios, deixando logo de lado o estilo Europeu da nobreza, para uma dança mais
animada e movimentada. Deixando bem claro que essas novas características a
tornaram algo novo, não havendo mais muitos detalhes de sua origem, ou seja, uma
cultura nova legitimada. Temos as palavras do Bahbha para complementar essa ideia
sobre uma cultura que é autêntica e transferida para outro local que se renova de
acordo com as necessidades atuais: As diferenças sociais não são simplesmente
dadas a experiência através de uma tradição cultural já autenticada; elas são os
signos da emergência da comunidade concebida como projeto – ao mesmo tempo
uma visão e uma construção - que leva alguém para “além" de si para poder retornar,
com um espirito de revisão e reconstrução, às condições políticas do presente. (1998,
p. 22). Assim, ao presenciar uma performance de algum grupo dançando em
campeonatos estaduais ou em eventos culturais, percebemos o estilo de marcação e
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5. CONCLUSÃO
de festividade dos palácios reais para uma nova tradição da parte baixa da sociedade.
Em que há séculos atrás esse divertimento palaciano começou a fazer parte do nosso
folclore, e entrando no esquecimento de sua origem. Portanto, a quadrilha junina como
manifestação cultural popular foi marcada por misturas colonizadas, tais como pode
ser diferenciada por traços da nova formação cultural. Sempre se aperfeiçoando por
meios urbanos da sociedade. Onde o seu processo ao passar pelo Brasil obteve
melhorias, apresentado as suas novas características e conquistando o seu espaço
no meio junino.
6. REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Alencar Maynard. Folclore nacional II: danças, recreação e música. 3ª ed.
– São Paulo: Martins Fontes, 2004. – (Coleção raízes).
Sergipe. SEC. FUNDESC. São João dormiu, São Pedro acordou. Fontes de
Alencar, Aglaé D’Ávila/Coord. Aracaju, Sergipe, SEC. FUNDESC, J. Andrade, 1994.
160 p. llust. (Série Memória Volume III).
RANGEL, Lúcia Helena Vitalli. Festas juninas, festas de São João, tradições e
história. São Paulo: Casa do Editor, 2002.
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RESUMO
Este artigo tem por finalidade analisar os contos “Devaneio e embriaguez duma rapariga”, “Uma
galinha”, “Feliz aniversário” e “Mas vai chover”, de Clarice Lispector, que integram as obras “Laços de
Família”, publicada no ano de 1960 e “A via Crucis do Corpo”, do ano de 1998. O estudo compreende
o olhar da autora acerca da mulher na sociedade do século XX. A nossa principal característica é a
metodologia bibliográfica sobre o referencial teórico voltado para as questões de gênero e literatura.
Assim, esse trabalho dialoga com as considerações de Massaud Moisés (2006 e 2008), Pierre Barbéris
(2006) e Stuart Hall (2004). A pesquisa ao dialogar com os textos literários encontra vários indícios no
que concerne a atuação feminina no campo social, construído pelos personagens a fim de dialogar com
vários segmentos sociais. Mesmo não se considerando feminista, ao abordar algumas atividades e
posturas das personagens, atípicas ao século, permite que o texto se torne presente e questionador,
onde tanto se tem falado sobre o papel da mulher na sociedade e a sua liberdade de ser o que quiser.
Resumen
Este artículo tiene como objetivo analizar la historia corta "ensueño y la embriaguez de una niña " , "
Un pollo " , " Feliz Cumpleaños" y " Pero va a llover " Clarice , la incorporación de las obras " Family
Ties ", publicado en el año 1960 y "el camino Crucis del Cuerpo" de 1998 . El estudio comprende la
opinión del autor sobre las mujeres en la sociedad del siglo XX. Nuestra característica principal es la
literatura metodología en el marco teórico centrado en las cuestiones de género y la literatura. Por lo
tanto, este trabajo se dirige a las consideraciones de Massaud Moisés ( 2006 y 2008 ) , Pierre Barberis
( 2006) y Stuuart Hall ( 2004) . La investigación para el diálogo con los textos literarios son varias
indicaciones sobre el papel de la mujer en la sociedad , construida por los personajes con el fin de
dialogar con los diversos segmentos sociales . Incluso sin considerar feminista, para hacer frente a
algunas de las actividades y actitudes de los personajes , atípica del siglo , permite que el texto se
convierta en presente y hacer misiones , donde se ha hablado mucho sobre el papel de la mujer en la
sociedad y su libertad de ser lo que quiere .
INTRODUÇÃO
A história do conto como gênero literário nos aponta para um passado difícil de
ser precisado, por isso surgem várias especulações acerca do seu surgimento. A
prática e uso desse gênero é tão antiga e conteporânea que pode ser considerada
como uma das primeiras formas de manifestação literária, ou pelo menos de caráter
narrativo.
Alguns estudiosos acreditam que o seu aparecimento teria ocorrido há milhares
de anos A.C, quando apontam conflitos tipo o de Abel e Cain como sendo exemplares
do gênero. Segundo Massaud Moisés, a palavra conto apresenta várias acepções:
1) Número, cômputo, quantidade: “um conto de réis”; “Um sem conto de
soldados”; 2) história, narrativa, historieta, fábula, “caso”; embuste, engodo,
mentira (“conto do vigário”); 3)extremidade inferior da lança, ou do bastão: “E,
dando uma pancada pentrante, / Co conto do bastão, no sólio puro” (Os
Lusíadas, I, 37) (MOISÉS, 2006, pg 29)
Ulcrânia em 1920 muda-se em 1922 para o Brasil. Com 19 anos publica seu primeiro
conto “Triunfo”, no semanário Pan. Em 9 de dezembro de 1977 morre no Rio de
Janeiro e seu corpo foi sepultado no cemitério Israelita do Caju. A sua última obra
publicada em vida foi "A Hora da Estrela".
O nosso estudo versa acerca do papel da mulher na literatura, na forma como
a autora apresenta e dá destaque às personagens presentes nos contos, marcando
assim a questão que, talvez, seja a mais discutida nos dias atuais: o papel da mulher
na sociedade.
Tendo em vista essa temática a ser discutida e analisada, nos apropriamos
também da sociocrítica a fim de entender e usar métodos críticos para uma análise
literária.
A nossa ideia é entender a literatura através dos seus fatos históricos,
acompanhando assim a evolução da ideia de sociedade e dos indivíduos que a ela
pertencem, podendo assim fazer uma ligação entre o ontem e hoje. “A literatura
expressava e expressaria tudo isso: os combates e o sentido de ontem bem como os
combates e o sentido de amanhã” (BERGEZ, 2006, pg. 144).
A leitura sociocrítica é também uma leitura sócio-histórica, pois ela designará a
forma de ler o social, o histórico, o cultural, o ideológico, tudo isso dentro da
configuração questionadora que e o texto literário. Por isso a sociocrítica é um
movimento que não pode ser operado apenas a partir de textos, mas a partir de uma
busca de descobrir novas formas de linguagem, abordagem e assim novos
questionamentos a serem discutidos.
Nesse sentido, o nosso ponto de partida para análise e relação entre os contos
é o próprio texto, o que está posto. A linguagem, as marcas linguísticas, as pistas que
a autora nos dá através do narrador para uma melhor compreensão e entendimento
do texto, esse é nosso campo de análise e discussão.
É nessa perspectiva que tomamos por base os contos de Clarice Lispector,
que, mesmo não se considerando uma autora feminista, traz marcas de crítica à
sociedade e a forma como aborda o papel da mulher nesse campo social, familiar e
profissional.
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vontades, de dar espaço aos desejos escondidos e romper com essa imposição de
submissão e dedicação matrimonial.
Essa quebra é notada quando a portuguesa trata o marido de forma
desinteressada, rompendo assim o pensamento de que sua função era o cuidar da
casa, de preparar a refeição para o esposo, como mostra esse trecho da narrativa:
“Só acordou com o marido a voltar do trabalho e a entrar pelo quarto adentro. Não
quis jantar nem sair dos seus cuidados, dormiu de novo: o homem lá que se regalasse
com as sobras do almoço.” (LISPECTOR, 1998, p.10). Ela não demonstra interesse
pelo trabalho do seu marido ou o que quer que seja que ele vá fazer naquele dia: “(...)
pouco se lhe importava se hoje era dia dele tratar os negócios na cidade”.
(LISPECTOR, 1998,p.11).
De acordo com as convenções estabelecidas por uma sociedade patriarcal, o
marido assume o papel de provedor da família enquanto a esposa se encarrega dos
afazeres domésticos e do cuidado com os filhos. Mas as atitudes da portuguesa vão
de encontro a essas imposições. Ela tenta de certa forma estabelecer o seu espaço
nesse campo social, ainda que seja algo desafiador e até inovador.
Existe até uma rejeição sexual/amorosa ao marido, quando ela evita o beijo que
ele se dispõe a dar. Não acreditando que seus afagos estão sendo rejeitados, e assim
quebrando a ideia de que a esposa estaria submissa mesmo contra sua vontade, o
esposo prefere acreditar que ela está doente, é uma forma de se recusar a acreditar
que sua esposa esteja fugindo dos padrões sociais de esposa perfeita.
Mas quando ele se inclinou para beijá-la, sua leveza crepitou como folha
seca:
— E o que tens? pergunta-lhe o homem atônito, a ensaiar imediatamente
carinho mais eficaz.
Obstinada, ela não saberia responder, estava tão rasa e princesa que não
tinha sequer onde se lhe buscar uma resposta. Zangou-se:
— Ai que não me maces! não me venhas a rondar como um galo velho!
Ele pareceu pensar melhor e declarou:
— Ó rapariga, estás doente.
Ela aceitou surpreendida, lisonjeada. Durante o dia inteiro ficou-se na cama,
a ouvir a casa tão silenciosa sem o bulício dos miúdos, sem o homem que
hoje comeria seus cozidos pela cidade. Durante o dia inteiro ficou-se à cama.
(LISPETOR,1998, p.11)
Bons dias, sabes quem veio a me procurar cá à casa?” pensou como assunto
possível e interessante de palestra. “Pois não sei, quem?”
perguntaram-lhe com um sorriso galanteador, uns olhos tristes numa dessas
caras pálidas que a uma pessoa fazem tanto mal. “A Maria Quitéria, homem”,
responde garrida, de mão à ilharga. “E se mo permite, quem é esta rapariga?”,
insistira galante, mas já agora sem fisionomia. “Tu”, cortou ela com leve
rancor a palestra, que chutara. (LISPECTOR,1998,p.10)
um novo tempo tivesse sido iniciado na vida da ave e mudasse a sua condição apenas
de ave.
A galinha passa a receber adjetivos relacionados ao sexo feminino, como
podemos perceber na citação anterior. Ela passa a ser vista como alguém da família,
e sendo assim, dispõe de todo o cuidado e defesa familiar que qualquer outro membro
se apropria.
- Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha
vida!
- Eu também! Jurou a menina com ardor.
A mãe, cansada, deu de ombros. (LISPECTOR, 1998, p. 32)
Conclusão
Em Clarice Lispector a mulher tem um papel de destaque, ainda que pela sua
ausência na narrativa. É poder colocar-se num campo de discussão e romper
conceitos impregnados numa sociedade que de forma velada ainda se mostra muito
machista e excludente.
A autora nos apresenta mulheres que se adaptam às mais diversas realidades
e que de uma forma ou de outra conseguem deixar demarcada qual a sua vontade e
desejo. Desde um simples pensamento de romper com uma cultura patriarcal, onde a
mulher está totalmente submissa ao marido, quanto à mulher que se permite ser
criticada pela sociedade e pelos mais próximos, mas que não abre mão de deleitar-se
nas suas paixões e desejos.
REFERÊNCIA
LISPECTOR, Clarice. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992.
Pg. 74-77.
MOISÉS, Massaud. A análise Literária / Massaud Moisés – São Paulo: Cultrix, 2008.
MOISÉS, Massaud, 1928 – A Criação Literária: prosa l / Massaud Moisés - 20ª ed.
– São Paulo: Cultrix, 2006.
V SEMANA DE LETRAS DA FACULDADE PIO DÉCIMO: Textualidades e Trânsitos Contemporâneos – 2016 (ISSN 2359 – 1250)
RESUMO
O presente trabalho está destinado a abordagens referentes ao romance Absolvo e condeno (2000),
de Gizelda Morais, tendo em vista o ensino de literatura Sergipana nas séries iniciais da educação
básica. Nosso foco consiste num novo olhar crítico do leitor que busca construir seu conhecimento por
meio de atividades voltadas para o contexto social em sala de aula. Nesse sentido, interessa-nos a
leitura da escritora sergipana devido a narratividade, reflexão crítica sobre a condição do gênero
humano acerca dos seus anseios e problemáticas sociais. Também, apresentar-se-á uma biografia
sobre a escritora sergipana, focando na importância da literatura da autora de Sergipe após abordar a
condição do texto escrito por uma mulher que vai longe em sua imaginação. Para tanto, baseamo-nos
nas leituras de Rildo Cosson, Antonio Candido e Antoine Compagnon, a fim de indicar possíveis
relações do texto de Morais com as probabilidades leitoras entre leitura, crítica literária e fator social.
Palavras-chave: Análise Literária. Educação Básica. Literatura Sergipana.
RESUMEN
El presente trabajo se destina a abordajes referentes al romance Absolvo e condeno (2000), de Gizelda
Morais, teniendo en cuenta la enseñanza de literatura Sergipana en los primeros grados. Nuestro foco
consiste en una nueva mirada crítica del lector que busca construir su conocimiento por medio de
actividades direccionadas al contexto social en el salón de clase. En ese sentido, nos interesa la lectura
de la escritora sergipana debido a su narrativa, reflexión crítica sobre la condición del género humano
acerca de sus anhelos y problemáticas sociales. También, se presentará una biografía sobre la
escritora sergipana, centrándose en la importancia de la literatura da autora de Sergipe tras enfocar la
condición del texto escrito por una mujer que va lejos en su imaginación. Para tanto, nos basamos en
las lecturas de Rildo Cosson, Antonio Candido y Antoine Compagnon, a fin de indicar posibles
relaciones del texto de Morais con las probabilidades lectoras entre lectura, crítica literaria y factor
social.
1 Graduada em Letras Português/Espanhol pela Faculdade Pio Décimo, aluna pesquisadora do NELL
(Núcleo de Estudos em Literatura do curso de Letras), Linha de Pesquisa: Literatura de Escritores
sergipanos e metodologia do ensino de Literatura. Aluna do GELCH (Grupo de Estudos de Língua e
Cultura Hispânica). Participante do GEPED/FPD (Grupo de Estudo e Pesquisa em Docência -
Iniciação Científica da Faculdade Pio Décimo).
É no decorrer de uma leitura literária que imaginamos coisas as quais para nós
é parte do escritor, mas que não está ali explícito em meio as linhas que observamos
e, é nesse respectivo momento que viajamos a lugares que talvez o autor não
conhecia, por que são eles, nossos lugares. Percebemos, que deixamos surgir em
nosso íntimo um novo EU. Nesta perspectiva, não se pode ocultar uma possível
discussão acerca do ensino da literatura na educação básica, mas, deve-se criar
questionamentos sucintos sobre a educação, tais como:
3 Livros Didáticos.
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História de amor, será ela real ou fictícia? Que tal debruçar-se na leitura e
descobrir? “Absolvo e Condeno”, que título interessante, não? Quem absolve e quem
condena? O que será absolvido e/ou condenado? São momentos assim, de curtos
questionamentos em sala de aula que induzem o aluno a se vê diante do texto e lê-lo.
Treinar o olhar do educando para a avaliação do texto literário não é uma tarefa
muito fácil visto que, o próprio não ocupa o espaço que deveria em sala de aula. Dessa
maneira, é importante que o professor se atente para as diversas formas de se
trabalhar com esse tipo de texto.
O primeiro passo a ser dado é mostrar ao aluno que existem diferenças entre
um texto literário4 e o não literário5, assim levando exemplo para dentro da sala de
aula, seja este em forma de peça de teatro, romance e/ou qualquer outro tipo que os
leve ao texto literário.
Como deveria se trabalhar uma obra como Absolvo e Condeno nos dias de hoje?
Isso, é sem dúvidas uma questão a se pensar, pois toda e qualquer obra para ser bem
vista perante o alunado depende da forma de como é apresentada pelo professor, o
que pede uma adaptação metodológica relacionável com acontecimentos recentes,
para que assim o leitor acorde para criticidade.
Levar para o aluno uma obra como a de Morais e/ou de qualquer outro escritor/a
é buscar transformar a escola em um espaço onde o aluno possa se encontrar com
outro tipo de livro de cunho não somente informativo, mas fazendo-o a enxergar
realidades na criticidade literária.
4 Construído por um viés de normas da literatura, cuja linguagem procura causar emoções no leitor.
5 Visto como texto informativo.
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do autor no texto. Para de fato analisarmos uma obra literária se faz necessário matar
o autor, ou seja, ler a obra como se a própria fosse autônoma. Para melhor explicar a
compreensão literária conforme os pressupostos de Compagnon farar-se-á utilização
da obra sergipana de Morais.
RESUMO:
Este trabalho visa analisar o conto The Museum, da escritora egípcia Leila Aboulela, de forma a captar
as tensões culturais existentes entre africanos muçulmanos e europeus que se formam no decorrer do
enredo. O conto compõe a coletânia The Anchor Book of Modern African Stories, e pode ser encontrado
no livro Coloured Lights, da mesma autora. A história retrata as condições culturais das quais os
estudantes muçulmanos estão expostos ao se deslocar para um país europeu para estudo ou trabalho.
Baseando-se em textos de Stuart Hall (2003), Zygmunt Bauman (2003), dentre outros teóricos de
cultura e identidade, além de alicerce histórico. O estudo busca propor discussões sobre a diáspora do
povo áfrico para a Europa, a situação da mulher perante a sociedade islâmica, questões raciais, a perda
da “identidade” em uma situação de conflito e assim por diante. Com sua riqueza e sutileza, a literatura
africana tende a agregar valores culturais e identitários para os estudos literários em língua inglesa e
portuguesa.
RESUMEN:
Este trabajo pretende analizar el cuento The Museum, la escritora egipcia Leila Aboulela, con el fin de
capturar las tensiones culturales existentes entre los musulmanes y los europeos africanos que se
forman en el transcurso de la trama. La historia hace que el álbum de la compilación del libro The
Anchor Book of Modern African Stories, y se puede encontrar en el libro Coloured Lights de la misma
autora. La historia retrata las condiciones culturales que los estudiantes musulmanes están expuestos
a trasladarse a un país europeo para estudiar o trabajar. Sobre la base de los textos Stuart Hall (2003),
Zygmunt Bauman (2003), entre otros teóricos de la cultura y la identidad, y la fundación de estudios
históricos. El estudio busca proponer debates sobre la diáspora de las personas Africo a la Europa, la
situación de las mujeres antes la sociedad islámica, cuestiones raciales, la pérdida de la "identidad" en
una situación de conflicto y así sucesivamente. Con su riqueza y sutileza, la literatura africana tiende a
añadir la identidad y los valores culturales de los estudios literarios en inglés y portugués.
I – Introdução
A autora escreveu dois livros intitulados The Translator (1999), Minaret (2005)
e uma coletânea de contos chamada Coloured Lights (2001). Em todas as suas
histórias, Aboulela trata da situação em que a mulher muçulmana vive e a diaspora
dos todos povos africanos para terras europeias por qualquer necessidade que seja,
estudo ou mesmo fugas que acontecem em decorrência dos conflitos armados que
afligem os países daquele continente.
Desde os ataques terroristas de Julho de 2005, que matou mais de 50 pessoas
e feriram cerca de 700 durante explosões em Londres, os estudantes muçulmanos
sentem-se segregados nas universidades Britânicas. De acordo como jornal inglês,
The Guardian, 31% desses alunos sentem-se desconfortáveis na Europa apenas por
serem muçulmanos, antes dos ataques esse número era de 5%, devido a isso, diveros
casos de muslimofobia são relatados diariamente.
Frente a este fato, é importante lembrar que a perseguição sofrida por orientais
começou ainda no século 11 com as Cruzadas. As Cruzadas eram campanhas
militares estabelecidas pela Igreja Católica, durante a idade média, com o objetivo de
retomar Jerusalém do poder do povo islãmico que estava ganhando mais espaço
naquelas terras, o que causou medo para a monarquia britânica. É nessa época
também que criasse, pela primeira vez, a ideia de uma Europa unificada, pois todos
os reinos uniram-se para retomar as terras que estavam na mãos os orientais.
Durante séculos, uma falsa a ideia de Inglaterra como hegemonia cultural e
social foi criada, segundo Hall, em Da Diáspora (2003), o país era considerado centro
do maior império dos tempos modernos, que governou uma variedade de culturas,
essa experiência imperial, moldou profundamente a identidade nacional britânica,
seus ideias de grandeza e definiu seu lugar no mundo. É sob essa perspectiva, que
Aboulela nos apresenta The Museum, um conto onde essa tensão é representada a
partir de um grupo de estudantes africanos e mulçumanos em uma universidade
escocêsa.
O grupo passa por situações que envolvem racismo, intolerância, indiferença e
choque cultural, além de tratar do papel da mulher na cultura islâmica. Esse tópicos
serão analisados durante o texto, assim como narrador, tempo, espaço e
personagens. Também serão observados a questão cultural e como essas tensões
podem moldar a identidade de um individuo com base nos estudos e textos de Stuard
Hall e Zymunt Bauman. Todos os livros da autora não tem tradução para o português,
portanto, as citações serão traduzidas pela autora do artigo.
V SEMANA DE LETRAS DA FACULDADE PIO DÉCIMO: Textualidades e Trânsitos Contemporâneos – 2016 (ISSN 2359 – 1250)
II – Análise
1 – Narrador
The glossy handbook for overseas students had explained about the “famous
British reserve” and hinted that they should be grateful, things were worse
farther south, less “hospitable”. In the cafeteria, drinking coffee with Asafa and
the others, the picture of “hospitable Scotland” was something different.
(ABOULELA, 2001, p. 245)
[O lustroso livreto para estudantes estrangeiros explicava sobre a “famosa
reserva britânica” e dicas que eles deveriam ser gratos, coisas foram piores
mais distante do sul, menos hospitaleira. Na cafeteria, bebendo café com Asafa
e os outros, a figura da “hospitalidade escocêsa” era algo diferente.]
(ABOULELA, 2001, p. 245 - Tradução livre)
(...) She wanted to see minarets, boats fragile on the Nile, people. People like
her father. (ABOULELA, 2001, p. 256)
(...) Ela queria ver os faróis, fragéis navios no Nilo, pessoas. Pessoas como
o pai dela. (ABOULELA, 2001, p. 256 – Traduzido pela autora)
A terceira estratégia de escrita usada por Aboulela para compor o seu conto foi
o Islamismo, que é apresentado no texto como uma falta de senso de perda. A religião
é importante para Shadia, talvez a razão pela qual ela não quis tentar nada com Bryan
em termos de amizade, mesmo quando o rapaz muda completamente por ela. “Shadia
olhou para Bryan e ele estava diferente, diferente sem os brincos e o rabo de cavalo,
transformado de algum jeito” (ABOULELA, 2001, p. 250 – Traduzido pela autora)
2 – Personagens
Shadia é uma sudanesa que foi para Aberdeen fazer mestrado em Estatistica
com outros africanos, entre eles está Asafa, o mais velho, Badr, o malaio e seu
esposa, mencionados no episódio de racismo: “Ontem nossas janelas foram
destruída; minha esposa hoje ficou com medo de sair” (ABOULELA, 2001, p. 245 –
Traduzido pela autora), duas turcas e um homem de Brunei.
A tensão que essas pessoas enfrentam é tão intensa que as fazem ansiosos.
Essa ansiedade é a causa da morte de um estudante nigeriano um ano antes deles
chegarem a universidade. “Ano passado um nigeriano do mesmo curso cometeu
suicídio. Cortou os próprios pulsos” (ABOULELA, 2001, p. 244).
Essa situação revela que a opressão sofrida por eles é imensa, o dano causado
por ela é capaz de permitir que alguém cometa suicídio e isso preocupa Shadia e os
outros estudantes. “Nós e eles, ela pensou. Aqueles que poderiam fazer bem, aqueles
que poderiam rastejar, suar e mal conseguir passar” (ABOULELA, 2001, p. 245 –
Traduzido pela autora); “Essas pessoas acreditam que mandam no mundo... e foram
envoltos pela aurea da morte do estudante nigeriano” (ABOULELA, 2001, p. 245)
Outra personagem importante é Bryan, o escocês, ele está no topo na classe e
por causa disso, Shadia pede as anotações dele, essa aproximação estabelece um
relacionamento entre eles que pode ser uma tentativa de amizade ou talvez de um
romance. A primeria impressão de Shadia sobre Brayn não é boa.
She watched him to judge if he was approachable. Next to the courteous
Malaysian students, he was devoid of manner. He mumbled and slouched and
did not spoke with respect to the lectures. He spoke to them as if they were his
equals. And he did silly things. When he wanted to throw a piece of paper in the
bin, he squashed it into a ball and aimed it at the bin. If he missed, he muttered
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under his breath. She thought that he was immature. (ABOULELA, 2001, p.
254)
Ela observou-o para julgar se ele era acessível. Junto aos estudantes malaios
cortês, ele era desprovido de forma. Ele resmungou e relaxou ombros e não
falou com relação às palestras. Ele falou com eles como se fossem seus iguais.
E ele fez coisas tolas. Quando ele queria jogar um pedaço de papel no lixo, ele
o esmagava em uma bola e apontava para o lixo. Se ele perdia, ele murmurava
sob sua respiração. Ela pensou que ele era imaturo. (ABOULELA, 2001, p. 254
– Tradução da autora)
2.1 – Identidade
Identidade continua sendo um problema que ultrapassou a modernidade, disse
Douglas Kellner em seu livro Popular Culture and constructiong post modern identities
(1996) e é citado por Bauman em seu ensaio From Pilgrim to tourist: a short story
about identity.
Discussões sobre identidade acontecem em diferentes campos de estudo:
Filosofia, Sociologia e Antropologia tentam entender uma definição e como essa
identidade começar.
Na Antropologia, por exemplo, identidade está relacionada a sinais, referências
e influências que definem entendimento particular de uma entidade, portanto, a
diferença entre o outro e entre si mesmo.
De acordo com Stuart Hall, identidade estão sujeitas a uma historização radical,
estando constantemente em processo de mudança e transformação (HALL, 2011, p.
04), se é um movimento constante, pode-se dizer que a identidade é fluída, muda de
acordo com suas experiências, história, cultura e língua. Identidade é mais sobre
“quem nós queremos ser” do que “quem é você” ou “de onde você é?”
Enquanto Shadia está em Aberdeen, ela precisa lidar com questões de
identidades. Um episódio põe à tona quem ela é quando ela aceita ir ao museu com
Bryan. Andar sozinha com um homem, para ela, é muito desconfortável,
principalmente porque em seu país não é aceitável que uma moça ande sozinha com
um homem desconhecido. Até mesmo com o seu noivo, ela evitava ficar sozinha.
In Khartoum, she avoided being alone with Fareed. She preferred it when they
were with others: their families, their many mutual friends. If they were ever
alone, she imagined that her mother or her sister was with them, could hear
them, and she spoke to Fareed with that audience in mind. (ABOULELA, 2001,
p. 252)
Em Khartoum, ela evitava ficar sozinha com Fareed. Ela prefere quando estão
com os outros: familiares ou amigos em comum. Se eles estavam sozinhos,
ela imaginava que sua mãe ou sua irmã estavam com eles, podia ouvi-las, e
ela conversava com Fareed com uma audiência na cabeça. (ABOULELA, 2001,
P. 252 – Traduzido pela autora)
Mas, com Bryan, um homem que não era nem Muçulmano e nem africano,
Shadia parece em paz. Embora a cafeteria estivesse cheia de gente, incluindo seus
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amigos, isso revela o quão distant ela estava de sua cultura, a partir desse momento,
podemos dizer que Shadia estava perdendo a sua identidade cultural.
A reação dos conterraneos de Shadia prova essa estranheza oriental quando
Bryan e Shadia estão andando pela cafeteria. “Ao atravessar a cafeteria, a turca os
viu juntos e ergueu suas perfeitas sombrancelhas. Badr encontrou os olhos de Shadia
e rapidamente desviou.” (ABOULELA, 2001, p. 250)
Mesmo assim, essa situação é tão estranha que ela passa a acreditar que ela
é um monstro, um demônio. Sua atitute com Bryan a faz sentir como uma traidora
como seu pai e isso a preocupa, principalmente quando relacionado com ela mesma,
seu comportamento, o motivo dela estar tão ansiosa para is ao museu com Bryan e
porque ela não falou sobre Fareed.
“She should have said to Bryan, when they first held their coffee mugs in theirs
hands and were searching for an empty table. ‘Let’s sit with Asafa and the
others.’ Mistakes follow mistakes” (ABOULELA, 2001, p. 250)
Ela deveria ter dito a Bryan, enquanto seguravam suas xícaras de café nas
mãos e quando procuraram por uma mesa vazia. ‘Vamos sentar com Asafa e
os outros’ Erros seguido de erros. (ABOULELA, 2001, p. 250 – Traduzido pela
autora).
“No sleep for guilty, no rest, she should have said No, I can’t go, no I have too
much catching up to do. No sleep for the guilty, the memories come from
another continent” (ABOULELA, 2001, p. 253).
Sem sono para a culpa, sem descanso, ela deveria ter digo não, eu não posso
ir, eu tenho muita coisa para recuperar. Sem sono para a culpa, as memórias
vinham de outro continente. (ABOULELA, 2001, p. 253 – Traduzindo pela
autora).
“She should have told Bryan she was engaged to married, mentioned it
casually” (ABOULELA, 2001, p. 253).
Ela deveria ter dito a Bryan que ela estava prestes a casa, mencionado
ocasionalmente. (ABOULELA, 2001, p. 253 – Traduzido pela autora).
A culpa por aceitar o convite de Bryan era tão forte que Shadia começou a
pensar que não era merecedora de tudo que tinha e o medo de não ser boa o
suficiente veio a tona, de novo. “ele – Fareed – não deveria ter deixado-a ir. Ela não
estava lidando com a coisa toda, não estava lidando com o estresse” (ABOULELA,
2001, p. 254), o sentimento de “não ser boa o suficiente” tinha passado com ajuda das
anotações de Bryan. “Obrigada pelas anotações. Elas são muito boas. Acho que
posso não falhar, no final das contas. Acho que tenho chances de passar.”
(ABOULELA, 2001, p. 249 – Traduzido pela autora)
Shadia será o agente transformador para Bryan, não de propósito, mas porque
ele começa a nutrir sentimentos por ela. A opinião de Shadia importa muito para
Bryan, tanto que ele é capaz de modificar seus trejeitos por causa dela. “O brinco a
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deixava com medo” (ABOULELA, 2001, p. 243) “ “Ela disse, eu não gosto do seu
brinco” (ABOULELA, 2001, p. 249), “Ele levantou as mãos para sua orelha e tirou o
brinco” (249). "Ela mergulhou em frente, sem cuidados agora, imprudente, eu não
gosto de seu cabelo longo" (249). “Bryan sentou uma fila a frente, o que ela podia
sempre olhar para o seu cabelo, mas ele cortou, não tinha nenhum rabo de cavalo
hoje” (ABOULELA, 2001, p. 250)
Primeiramente, ela olhou surpresa, até perceber o efeito que ela causou nele.
“Em algum lugar dentro, no fundo, sob a crosta da vaidade, com a essência não
adulterada, ela iria brilhar e estar em temor, e ser humilde para pensar," Isto é só para
mim, ele cortou o cabelo para mim” (ABOULELA, 2001, p. 250 – Traduzido pela
autora)
Ambos os personagens lidam com o fato de que suas identidades foram
modificadas através da vivência um com o outro, o processo de Shadia foi,
claramente, mais difícil e dolorido, certamente, devido a sua posição como colonizada;
a diferença entre os dois processos é que Bryan queria mudar. Essa situação retoma
a ideia de Hall de que a identidade:
(...) não é unificada, que elas são, na modernidade tardia, cada vez mais
fragmentadas e fraturadas; que elas não são, nunca, singulares, mas
multiplamente construídas ao longo de discursos, práticas e posições que
podem se cruzer ou ser antogônicos. (HALL, 2001, p. 04)
3 – Tempo e espaço
A narrativa ocorre nos primeiros dias de Shadia na universidade para o seu
mestrado. “Os primeiros dias de termo, quando as aulas começaram para o mestrado
em Estatistica” (ABOULELA, 2001, p. 244 – Traduzido pela autora).
O tempo psicologico é marcado com flashbacks, essas memórias estão
presentes nos individuos diaspóricos como nostalgia e saudades de casa. De acordo
com Baumam, em seu ensaio From Pilgrim to tourist “saudades significa o sonho de
pertencimento de estar no lugar, e não meramente estar.”. Porém Shadia possuia um
sentimento de não pertecimento. “Ela não deveria estar ali, não tinha nada para ela
ali.” (ABOULELA, 2001, p. 256 – Tradução da autora)
Shadia teve diversas nostalgias: quando ela olhou o cabelo de Bryan e
lembrou-se de sua boneca, o tempo – muito frio -, os finais de semana em Khartoum,
mas apenas em um momento ela sente falta mesmo de sua casa. “Ela foi ao museu
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esperando ver o pôr-do-sol e fotografias de Nile, alguma coisa que aliviasse a sua
saudade: um conforto, uma mensagem.” (ABOULELA, 2001, p. 256 – Tradução da
autora)
Existem 4 espaços principais no conto: a universidade, a cafeteria, o local onde
Shadia mora e o museu. Todos os espaços desempenham um papel diferente na
história, porém é no museu que o climax acontece.
No museu, é possível encontrar artefatos que foram trazidos da Africa, não para
enaltecer a cultura africanda, mas sim como troféis de conquistadores e invasores.
“Eles sabia o que queriam trazer de volta: algodão – banhado pelo Nilo Azul, o rio
Zambezi” (ABOULELA, 2001, p. 256 – Traduzido pela autora)
Nada naquele lugar remetia Shadia a sua terra, nada a levava de volta para o
Sudão, essas memórias presentes no museu não perteciam à ela tampouco ao povo
africano, ao invés disso, o museu era a marca da dominação européia, uma África
vista e feita para os europeus.
Brayn ainda tenta entender o motivo pelo qual os colonizadores fizeram aquilo,
nesse momento, ele vê as viagens para explorar a Africa como uma métafora a sua
própria vida. Ele quer fugir dali, ir para qualquer lugar, porém esse desejo revela muito
sobre o modelo de identidade que podemos atribuir ao rapaz.
Nesse momento, as diferenças culturais e identitárias entre Bryan e Shadia
cresce, e baseando na definição de Bauman sobre modelos de identidade, é correto
afirmar que Bryan é um turista, enquanto Shadia – que está a procura de algo maior
do que ela – pode ser considerada como uma peregrina.
“He was on a plateau, not like her. She was fighting and struggling for a piece
of paper that would say she was awarded an M.Sc. from British university. For
him, the course was a continuation” (ABOULELA, 2001, p. 257)
“Ele estava no alto, não como ela. Ela estava lutando por um pedaço de papel
que poderia dizer que tinha conseguindo um mestrado em uma universidade
britânica. Para ele, o curso era uma continuação” (ABOULELA, 2001, p. 257)
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De acordo com Bauman “os turistas desloca-se com um próposito (ou assim
pensa deslocar-se). Seus movimentos fazem-se antes do mais “a fim de”, e só
secundariamente (se é que nalguma medida) “por causa de”; o turista é um caçados
consciente e sistemátio de experiências, de uma experiência nova e diferente, da
experiência da diferença e da novidade.” (BAUMAN, in HALL, 2001)
Sob a desculpa de sua religião, Shadia fugiu de Bryan depois que ele tocou em
seu braço, "ninguém tinha tocado antes, nem desde que ela tinha dado o abraço de
adeus na mãe. Agora, há meses neste país e ninguém havia tocado" (257). Este
momento confirma a tensão entre eles e ela rejeitou Bryan como amigo ou amante.
“They are telling lies in this museum” she said. “Don’t believe them. It’s all
wrong, It’s not jungles and antelopes, it’s people. We have things like computers
and cars. We have 7-Up in Africa, and some people, a few people have
bathrooms with golden taps… I shouldn’t be here with you. You shouldn’t talk
to me…” (ABOULELA, 2001, p. 258)
"Eles estão dizendo mentiras neste museu", disse ela. "Não acredite neles.
Está tudo errado, não é selvas e antílopes, são as pessoas. Temos coisas
como computadores e automóveis. Nós temos 7-Up, na África, e algumas
pessoas, algumas pessoas têm banheiros com torneiras de ouro... Eu não
deveria estar aqui com você. Você não deve falar comigo ... " (ABOULELA,
2001, p. 258)
O espaço do museu e suas lutas pessoais com o curso e o país foram suficiente
para Shadia. Ela o rejeitou e derrotou o seu desejo de se conectar com Bryan, de
alguma forma.
He didn't know it was a steep path she had no strength for. He didn't understand.
Many things, years and landscapes, gulfs. If she was strong she would have
explained and not tired of explaining. She would have patiently taught him
another language, letters curved like the epsilon and gamma he knew from
mathematics. If she was not small in the museum, if she was really strong, she
would have made his trip to Mecca real, not only in a book. (ABOULELA, 2001,
p. 119)
Ele não sabia que era um caminho íngreme que ela não tinha força. Ele não
entendia. Muitas coisas, anos e paisagens, golfos. Se ela fosse forte, ela teria
explicado e não teria cansado de explicar. Ela teria pacientemente ensinado-
lhe uma outra língua, letras curvas como a epsilon e gama, ele sabia da
matemática. Se ela não fosse pequena no museu, se ela era realmente forte,
ela teria feito a viagem a Meca real, não apenas em um livro. (ABOULELA,
2001, p. 119 – Tradução da autora)
III – Conclusão
IV – Referências
ABOULELA, Leila. The Museum. In OBRADOVIC, Nadezda. The Anchor Book of Modern
African Stories. United States: Anchor Book, 2002. p. 243
HALL, Stuart. Introduction: Who Needs ‘Identity’. In DU GAY, Paul; HALL, Stuart.
Questions of Cultural Identity. London 1996 p. 01
Strategic Nostalgia, Islam and cultural translation in Leila Aboulela's The Translator
and Coloured Lights. Disponível em
https://www.thefreelibrary.com/Strategic+Nostalgia,+Islam+and+cultural+translation+in+L
eila...-a0194279515, acesso em 08/10/2016.
V SEMANA DE LETRAS DA FACULDADE PIO DÉCIMO: Textualidades e Trânsitos Contemporâneos – 2016 (ISSN 2359 – 1250)
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo analisar mais detidamente as relações de configuração e
convergência da produção poética realizada no Brasil e em Portugal em meados do século XIX
chamada de ultrarromantismo. O estudo traz os autores românticos Soares de Passos (1826-1860) e
Álvares de Azevedo (1831-1852) por serem os nomes mais considerados quanto ao que se
convencionou chamar de mal-do-século. O trabalho, portanto, analisou traços formais do referido
gênero de modo a confirmar a hipótese de que o pessimismo se presentifica nos poemas
ultrarromânticos Noivado no Sepulcro (1856), de Soares Passos, e Se eu morresse amanhã (1853), de
Álvares de Azevedo. Para que isso fosse possível, fez-se necessário investigar se há convergência
temática e característica nas obras dos dois autores elegidos neste estudo, uma vez que ambas são
contemporâneas cronológica e esteticamente. Os poemas anteriormente indicados são o objeto de
análise deste estudo e sobre eles foram feitas as devidas comparações e distanciamentos segundo o
método do teórico Van Tieghem (1931), a fim de verificar a veracidade ou não da hipótese proposta.
Como base historiográfica, foram utilizados os teóricos Candido (2002) Bosi (1983), Massaud (2008),
dentre outros, que constituem reflexões bastante fecundas em torno da importância da pesquisa do
gênero analisado.
RESUMEN
Este estudio tiene como objetivo examinar más de cerca la configuración de las relaciones y la
convergencia de la producción poética llevadas a cabo en Brasil y Portugal en la llamada ultra-
romanticismo de mediados del siglo XIX. El estudio aporta autores románticos Soares de Passos (1826-
1860) y Alvares de Azevedo (1831-1852), sean los nombres más reconocidos como la llamada de siglo
malo. El trabajo, por lo tanto, analiza las características formales de ese género para confirmar la
hipótesis de que el pesimismo se hace presente en ultrarromânticos poemas de compromiso en el
Sepulcro (1856), Soares Passos, y si yo muriera mañana (1853), de Alvares de Azevedo . Para que
esto sea posible, es necesario investigar si existe el tema de la convergencia y cuentan con las obras
de los dos autores elegidos en este estudio, ya que ambos son cronológico contemporánea y
estéticamente. Los poemas mencionados anteriormente son objeto de análisis de este estudio y en
ellos se hicieron las comparaciones y diferencias necesarias de acuerdo con el método del valor teórico
Van Tieghem (1931) con el fin de verificar la exactitud o inexactitud de la hipótesis propuesta. Como
base historiográfica, se utilizaron los Candido teórico (2002) Bosi (1983), Massaud (2008), entre otros,
que son reflexiones muy fructíferas sobre la importancia de la investigación analizó el género.
*
Trabalho elaborado sob a orientação da professora Mestre.
6
Acadêmico do 6° período, Curso de Letras, Faculdade São Luís de França. Email- [email protected]
V SEMANA DE LETRAS DA FACULDADE PIO DÉCIMO: Textualidades e Trânsitos Contemporâneos – 2016 (ISSN 2359 – 1250)
INTRODUÇÃO
em questões políticas e por isso eram atores políticos ativos, debatiam-se em torno
de questões ideológicas determinantes na governarão do país”.
Candido (2002), diz que governo português no Brasil trouxe uma perspectiva
cultural que do ponto de vista histórico é transformador. Derivado também da
ascensão da burguesia houve necessidade de criar algo característico que retratasse
o que se passava na sociedade da época. Veio nesse contexto conturbado o que
podemos classificar como literatura da burguesia.Que foi derivado após a
independência poi segundo, Candido (2002), um sentimento e desejoso de autonomia
literária foi estabelecida, o que fez com que o Romantismo fosse favorável à
expressão própria.
Enquanto no Brasil a primeira geração romântica estava preocupada com o
nacionalismo, em Portugal os poetas preocupavam-se com os combates políticos já
que o pais enfrentava uma séria crise política e econômica devido à fuga da família
real para o Brasil colônia. Almeida Garrett, o principal nome desse período, trouxe
para sua poesia esses embates, tentando encorajar seus compatriotas a não
aceitarem o regime inglês que havia se instalado em sua nação, oriundo da ausência
da corte portuguesa (CANDIDO, 2002).
Brasil, em 12 de setembro de 1831. Mudou-se logo cedo para cidade do Rio de Janeiro
onde iniciou seus estudos e perdeu seu irmão mais novo Inácio Manuel logo após a
mudança. Alguns anos depois ingressa na Faculdade de Direito de São Paulo onde
conhece José de Alencar, outro importante nome da literatura brasileira. Em 1852,
enquanto cursava o quarto ano da faculdade, Álvares sofre complicações devido a
uma queda de cavalo e descobre um tumor na fossa ilíaca que logo é retirado, porém
o romântico teve uma infecção de 40 dias que o levou a morte (BUENO, 2000; BOSI,
2004).
e) fontes (cronologia);
Vai alta a lua! na mansão da morte Já meia- olvido cobrirá meus ossos Na fria terra sem
noite com vagar soou; Que paz tranquila; vingança ter!” –
dos vaivéns da sorte Só tem descanso quem
ali baixou. “Ó nunca, nunca!”de saudade infinita,
Responde um eco suspirando além... – “Ó
Que paz tranquila!...mas eis longe, ao longe nunca, nunca!” repetiu ainda Formosa
Funérea campa com fragor rangeu; Branco virgem que em seus braços tem.
fantasma semelhante a um monge, Dentre
os sepulcros a cabeça ergueu. Cobrem-lhe as formas divinais, airosas.
Longas roupagens de nevado cor;
Ergueu-se, ergueu-se!...na amplidão celeste Singelac'roa de virgíneas rosas Lhe cerca a
Campeia a lua com sinistra luz; O vento fronte dum mortal palor.
geme no feral cipreste, O mocho pia na
marmórea cruz. “Não, não perdeste meu amor jurado: Vês
este peito? reina a morte aqui... É já sem
Ergueu-se, ergueu-se!...com sombrio forças, ai de mim, gelado, Mas ainda pulsa
espanto Olhou em roda... não achou com amor por ti.
ninguém... Por entre as campas, arrastando
o manto, Com lentos passos caminhou Feliz que pude acompanhar-te ao fundo Da
além. sepultura, sucumbindo à dor: Deixei a vida...
que importava o mundo, O mundo em trevas
Chegando perto duma cruz alçada, Que sem a luz do amor?
entre os ciprestes alvejava ao fim, Parou,
sentou-se com a voz magoada Os ecos Saudosa ao longe vês no céu a lua?” – “Ó
tristes acordou assim: “Mulher formosa, que vejo sim... recordação fatal” – Foi à luz dela
adorei na vida, E que na tumba não cessei que jurei ser tua Durante a vida, e na
de amar, Por que atraiçoas, desleal, mansão final.
mentida, O amor eterno que te ouvi jurar?
Ó vem! se nunca te cingi ao peito, Hoje o
Amor! engano que na campa finda, Que a sepulcro nos reúne enfim... Quero o repouso
morte despe da ilusão falaz: Quem dentre os do teu frio leito, Quero-te unido para sempre
vivos se lembrara ainda Do pobre morto que a mim!
na terra jaz?
E ao som dos pios co cantor funéreo, E à luz
Abandonado neste chão repousa Há já três da lua de sinistro alvor, Junto ao cruzeiro,
dias, e não vens aqui... Ai, quão pesada me sepulcral mistério Foi celebrado, d'infeliz
tem sido a lousa Sobre este peito que bateu amor.
por ti!
Quando risonho despontava o dia, Já desse
Ai quão pesada me tem sido!”e em meio A drama nada havia então, Mais que uma
fronte exausta lhe pendeu na mão, E entre tumba funeral vazia, Quebrada a lousa por
soluços arrancou do seio Fundo suspiro de ignota mão.
cruel paixão.
Porém mais tarde, quando foi volvido Das
“Talvez que rindo dos protestos nossos, sepulturas o gelado pó, Dois esqueletos, um
Gozes com outro d'infernal prazer; E o
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falaz” e o abandono dos vivos para com ele em especial sua amada
“Quem dentre os vivos se lembrara de ainda Do pobre morto que na
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Considerações Finais
Após cotejar as obras dos poetas, foi possível estabelecer que elas eram
convergentes quanto ao tema, a comparação com base no contexto em que
estavam inseridos os escritores e também seguindo os parâmetros
estabelecidos anteriormente para que isso fosse viável, pois como é possível
verificar na análise os poemas apesar de terem sofrido influências de países
diferentes em costumes e modo de vida, seguem com o mesmo tema que é o
ultrarromantismo. Tal fato possibilitou constatar a genialidade dos autores e sua
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REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Álvares de. Noite na taverna. São Paulo: Martin Claret, 2004, p. 15
BÉGUIN, Albert. El Alma Romántica y elSueño: Ensayo sobre el
romanticismo alemán y lapoesía francesa. Trad.:
BUENO, A. (Org.). Obra Completa de Álvares de Azevedo. São Paulo: Nova
Aguilar, 2000
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix,
2004.
CANDIDO, Antônio. Iniciação à literatura brasileira: resumo para
principiantes. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 1999.
_______. O Romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas, 2002.
_______. Formação da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Ouro Azul, 2009.
COUTINHO, Eduardo F. Mutações do comparatismo no universo latino-
americano: a questão da historiografia literária. In: SCHMIDT, Rita T. Sob
presente: intervenções comparatistas. Porto Alegre: UFRGS Editora, 2010.
CARVALHO, José Murilo. A construção da ordem: a elite política imperial.
Rio de Janeiro: Campus, 1980.
CARVALHAL, Tania Franco. Literatura comparada. São Paulo: Ática, 2000.
DUPAS, G. O mito do progresso. São Paulo: Editora UNESP, 2006.
LOURO, Carlos Alberto Fonseca. Horácio em A vida de Soares de Passos.
Coimbra: INIC, 1978.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através dos textos. São Paulo:
Cultrix, 1974.
_______. A análise literária. São Paulo: Cultrix, 2005.
_______. A literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 2008.
RAMOS, Rui. A formação da intelligentsia portuguesa (1860-1880). «Análise
Social», vol. XXVII (116-117). Lisboa: ICS, p. 483-528.
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RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo analisar o conto “O leite em pó da bondade humana” de
Haroldo Maranhão, assim como fomentar um pouco as questões que envolvem o período ao
qual se insere a obra. Trataremos também um pouco sobre a linguagem utilizada pelo escritor e
seu período de inserção, o qual sujeita-se com o contexto histórico. Assim, tem-se por finalidade
tratar da estética narrativa que se resume numa linguagem que causa abjeção de um realismo
grotesco, isso permitirá uma clareza para que se compreenda a figura do torturador e do
prisioneiro, enfocando as relações entre a literatura e a história, assim podendo identificar e
analisar os aspectos recorrentes no conto que se enfatizam num relato da tortura ligado ao relato
do período de Regime Militar brasileiro. Para tanto, baseamo-nos nas leituras de Moisés (2003),
Maranhão (1975), Candido (2000), a fim de indicar possíveis relações do conto de Haroldo
Maranhão com as probabilidades leitoras entre leitura, crítica literária e fator social que nos
remete a época da Ditadura Militar.
RESUMEN
El presente trabajo tiene por objetivo analizar el cuento “O leite em pó da bondade humana” de
Haroldo Maranhão, así como fomentar un poco las cuestiones que envuelven el período lo cual
está inserido la obra. Trataremos también un poco sobre el lenguaje utilizada por el escritor y su
período de inserción, lo cual se sujeta con el contexto histórico. Así se tiene por finalidad tratar
de la estética narrativa que se resumen en un lenguaje que hace la abyección de un realismo
grotesco, eso permitirá una clareza para que se comprenda la figura del torturador y del
prisionero, enfocando las relaciones entre la literatura y la historia, así pudendo identificar y
analizar los aspectos recurrentes en el cuento que se enfatizan en relato de la tortura
encuadernado al relato del periodo de Régimen Militar brasileño. Para tanto, basamos en las
lecturas de Moisés (2003), Maranhão (1975), Candido (2000), a fin de indicar posibles relaciones
del cuento de Haroldo Maranhão con las probabilidades lectoras entre lectura, crítica literaria y
factor social que nos remete a época de la Dictadura Militar.
INTRODUÇÃO
ditadura militar, já que, ele nos traz uma narração de torturas que provoca no
protagonista uma espécie de abjeção4.
Este trabalho tem base em uma pesquisa de cunho bibliográfico, onde com
fundamento em uma análise literária do conto buscaremos observar aspectos
que tem a tortura como ponto expressivo. Assim, o desígnio deste artigo é refletir
sobre a linguagem que compõe o conto e outras características pertinentes para
a concretização de um estudo centrado no conto O leite em pó da bondade
humana, de Haroldo Maranhão.
A ditadura cívica militar foi sem sombras de dúvida um período que marcou
e machucou a história do nosso país brasileiro. Um marca de despotismo5. Tudo
As músicas não eram bem vistas aos olhos do governo mas, ainda assim,
nem todas as pessoas se calaram e por isso, manifestavam-se com músicas
cantadas e, uma das músicas que os manifestantes muito cantavam era de
Geraldo Vandré.6
(Trechos da Canção: Pra não dizer que Não falei das flores de Geraldo
Vandré).7
7 Retirada de https://www.vagalume.com.br
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Tudo o que não se pode fazer através da força física em função da ditadura,
é feito através da linguagem, a qual manifesta seus afetos, angustias das
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grito. Os filhos da puta podem me estourar que não grito. Júlia. Júlia. Eu, não
vou gritar, não, Júlia!’” (MARANHÃO, 1975, p.180)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Será que existiria algo pior do que ser surrado, furado queimado e
eletrocutado? Para aqueles presos sim, seria a dor de ver seus entes queridos
sofrerem o mesmo, como mostrado no texto onde a amada do homem em
questão é estuprada em sua frente, onde ele sem forças para reagir ou falar
(devido a tortura sofrida) num ato desesperado usa toda a sua força para soltar
um urro, grito esse onde está presente toda a sua dor, tristeza e insatisfação por
ver a sua mulher sendo violentada sem motivo algum...
REFERÊNCIAS
RESUMO
O presente artigo faz uma análise do papel da mulher na narrativa de Eça de Queirós o
primo Basílio, o artigo trata-se de uma pesquisa detalhada sobre a relação da jovem
Luiza com sua empregada, para isso foi necessário fazer uma pesquisa sobre o
comportamento das mulheres no século XIX, na perspectiva de entender a rivalidade
das personagens. A metodologia utilizada na construção do artigo foi á pesquisa na
obra, buscando o motivo de Juliana sentir tanta raiva e inveja de sua patroa o que levou
a jovem a ameaçar a patroa e faze-la sofrer até a morte. Percebeu-se que a relação de
patroa e empregada na literatura portuguesa sempre costuma haver ódio, inveja e raiva,
o que acaba em dor e sofrimento. Concluiu-se com a pesquisa, que a empregada
Juliana via em Luiza uma vida que ela sempre sonhara para si, e que nunca poderia ter,
ela descontava em Luiza todo o seu sofrimento e desprezo vivido. Para ela, ver a patroa
sofrer, a fazia sentir-se melhor.
que estava sendo chantageada, e ela faleceu por conta da culpa e da pressão
sofrida, com a chantagem de Juliana.
dos outros e da miséria que recebiam dos seus patrões. O que difere Juliana das
outras criadas é o ódio que sente das patroas, Juliana era feia, tinha mais de
quarenta anos e nunca teve um relacionamento amoroso, era infeliz, via nas
patroas a vida que desejava, era amargurada e solitária, todos as outras criadas
das casas que viverá zombavam dela. Sentiam-se mal ao ver outras mulheres
felizes, o que alimentava nela o ódio por suas patroas, firmado e alimentado na
inveja, sentia o desejo de ver as patroas perderem tudo o que tinham,
descobrindo algum segredo que pudesse ser usado para ganhar dinheiro,
Juliana era inconformada com sua vida, isso é muito comum na literatura, a
chantagem, para conseguir algum dinheiro, e, melhorar a condição social que
receberam do destino, assim como podemos ver até hoje nas tramas das
novelas.
fantasias de paixões que lê nos romances franceses. Assim como Eva perdeu a
razão e comendo o fruto proibido, perdeu o paraíso, assim se sentiu Luísa com
as ameaças da empregada invejosa e interesseira.
Para Maximiniano, Luísa não pode gozar de sua virtude nem da boa sorte
que voltara, uma vez que morrera acometida por doenças nervosas,
desencadeada por todo o sofrimento pelo qual passara. Todavia não morreu
V SEMANA DE LETRAS DA FACULDADE PIO DÉCIMO: Textualidades e Trânsitos Contemporâneos – 2016 (ISSN 2359 – 1250)
Um final diferente do que era esperado pelo leitor, já que durante todo o
livro, já que Luísa traiu o esposo sem demonstrar sentir se quer algum remorso,
mas a personagem, mesmo assim, remete o perfil de boa esposa, apenas fora
enganada por seu primo de deixou-se cair em tentação, mas logo após esse
romance, voltou a despertar em si, amor por seu esposo, e arrependeu-se
amargamente, sendo a chantagem e o sofrimento, o que lhe garantiu o perdão
de seus pecados e amenizou lhe o sentimento de culpa, em relação à traição
que fizera ao esposo, a tradição da sociedade burguesa e aos preceitos
familiares estipulados ás mulheres da época.
Para Luísa, não era adequado ter uma relação de amizade com Leopoldina, já
que elas tinham escolhido rumos diferentes para suas vidas, Luísa, obedecendo
as normas da sociedade, casou-se com Jorge, e viva apenas para satisfazer o
marido, e Leopoldina, por sua vez, vivia apenas de romances proibidos, sendo
assim, rotulada de mulher de vida fácil, e uma má influência para Luísa.
Considerações finais
Referências
QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. 13. Ed. São Paulo: Ática,1992
EIXO TEMÁTICO 2:
RESUMO:
O presente trabalho tem por objetivo relatar uma experiência com a prática de estratégias de
leitura na compreensão de textos em língua espanhola com um grupo de adolescentes de 2° ano
do ensino médio de uma escola pública situada em Aracaju, Sergipe. As atividades foram
desenvolvidas pelo Grupo de Estudos de Língua e Cultura Hispânica (GELCH) da Faculdade Pio
Décimo em forma de oficina com duração de aproximadamente duas horas. Esse relato descreve
os objetivos propostos e obtidos, versa sobre as leituras que deram suporte teórico-metodológico
ao trabalho efetivado e apresenta algumas reflexões feitas através de um questionário
respondido pelos participantes. O tema escolhido para a seleção dos textos foi esporte e saúde,
tema transversal que possibilita a reflexão crítica e o desenvolvimento de estratégias de leitura
a partir do uso de diferentes gêneros textuais. As discussões relatadas se amparam nas obras
de Freire (1994), Solé (1998), dentre outros, e ressaltam a importância de um trabalho efetivo
com a compreensão leitora por meio de estratégias e de temas relevantes para o
desenvolvimento da criticidade.
RESUMEN:
El presente trabajo tiene por objetivo relatar una experiencia con la práctica de estrategias de
lectura en la comprensión de textos en lengua española con un grupo de adolescentes de 2º año
de la enseñanza secundaria de una escuela pública ubicada en Aracaju, Sergipe. Las actividades
fueron desarrolladas por el Grupo de Estudios de Lengua y Cultura Hispánica (GELCH) de la
Facultad Pio Décimo en forma de taller con duración de aproximadamente dos horas. Ese relato
describe los objetivos propuestos y obtenidos, versa sobre las lecturas hechas a través de un
cuestionario respondido por los participantes. El tema elegido para la selección de los textos fue
deporte y salud, tema transversal que posibilita la reflexión crítica y el desarrollo de estrategias
de lectura a partir del uso de diferentes géneros textuales. Las discusiones relatadas se amparan
en las obras de Freire (1994), Solé (1998), entre otros, y resaltan la importancia de un trabajo
efectivo con la comprensión lectora por medio de estrategias y de temas relevantes para el
desarrollo de la criticidad.
INTRODUÇÃO
texto. Com isso, são convocados a debater o tema (uso da linguagem oral), ler
e compreender o texto em todas as suas possibilidades (compreensão leitora) e,
de acordo com as características do texto, os componentes gramaticais são
ensinados (reflexão sobre a língua).
Para tanto, o presente trabalho aprofundará questões referentes a
concepções e estratégias de leitura, indicará o papel do ensino de espanhol na
educação básica em documentos nacionais, apresentará os objetivos e
propostas do GELCH, relatará uma experiência de oficina de leitura em espanhol
e analisará os resultados de tal experiência.
junção disso e aplicá-lo no quesito interpretativo que ele possui, mas essa
compreensão leitora dependerá, também, do nível de habilidade em leitura e do
propósito do texto.
Segundo Solé (1998, p. 17), ler “es un proceso de interacción entre el
lector y el texto, proceso mediante el cual el primero intenta satisfacer los
objetivos que guían su lectura”. Com isso, para formar leitores proficientes em
espanhol, o professor deve reconhecer que a leitura não é um processo passivo,
mas sim uma atividade construtiva, criativa e controlada. Tal controle pode ser
compartilhado com os alunos mediante o uso de ESTRATÉGIAS DE LEITURA.
Nessa perspectiva, para contribuir na compreensão e na interação do sujeito
com o texto, é imprescindível que sejam utilizadas tais estratégias, como sugere
Solé (1998) ao propor a efetivação da leitura em distintas fases: antes da leitura
(pré-leitura), durante a leitura (leitura) e depois da leitura (pós-leitura). Segundo
ela,
discussão. Foi perceptível que com tal prática, os alunos puderam gerar
hipóteses sobre o tema da oficina.
Em seguida, foi exibido um vídeo com áudio e legenda em espanhol, no
qual ocorre uma conversa informal entre personagens juvenis dentro do âmbito
escolar sobre a importância da prática de atividades físicas. Após a projeção, foi
perguntado qual era sua mensagem principal e os estudantes responderam com
segurança, gerando mais um debate antes de iniciar a leitura do texto verbal.
Como atividade de leitura, foi entregue o texto verbal intitulado “El deporte
y sus beneficios en la salud física y mental y psicológica” retirado do site
deportesalud.com, o qual deveriam ler individualmente em voz baixa e responder
algumas perguntas de compreensão literal, inferencial e de reflexão crítica.
Depois de alguns minutos, foi feita a leitura do texto de forma compartilhada e
em voz alta, seguida da correção das questões de compreensão.
Para atividade de pós-leitura, foi sugerido que os alunos se dividissem em
três grupos para que pudessem produzir um cartaz sobre os benefícios da
prática de atividade física, sendo que cada grupo abordaria uma perspectiva
diferente. Após a produção, cada grupo expôs e explicou o que tinha produzido
para todos os outros. Foi um momento em que se verificou o que todos tinham
compreendido e aprendido sobre o tema que foi escolhido para trabalhar as
estratégias de leitura a partir de uma reflexão crítica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. 23.ed. São Paulo: Cortez Editora,
1994.
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RESUMO:
Este artigo discute a importância do trabalho com os gêneros textuais no processo de ensino e
aprendizagem de Línguas, uma vez que eles contribuem de forma relevante no desenvolvimento
da linguagem, viabilizando a comunicação materializada em forma de texto e que, ao longo de
todo seu processo de desenvolvimento, assume formas diversas. A língua conecta-se
socialmente num contexto histórico representado no mundo real, e é por isso que se percebe
que o estudo e o ensino com gêneros textuais é de fundamental importância no processo de
ensino e aprendizado da língua. Afinal, o trabalho em sala de aula com os diversos gêneros
contribui para o aluno ter acesso à língua mesclando a leitura e a produção textual vinculado
com a produção escrita. Este trabalho foi resultado do Grupo de Estudos de Língua e Cultura
Hispânica (GELCH). Fundamentado em autores como Marcuschi, Koch, Schneuwly e Dolz,
Bakthin e outros. O objetivo deste trabalho é explorar as várias possibilidades do uso da
linguagem quando trabalhados com textos que fazem parte da realidade e cotidiano dos
discentes.
RESUMEN:
Este artículo discute la importancia de trabajar con los géneros de textos en el proceso de
enseñanza y aprendizaje de idiomas. Una vez que contribuyen tan relevante en el desarrollo del
lenguaje que permite la comunicación que se conecta a través de un género que se materializa
en forma de textos y que a lo largo de su proceso de desarrollo va asumiendo diferentes formas.
El lenguaje se conecta socialmente en un contexto histórico en el real mundo es por lo que se
puede ver que el estudio y la enseñanza con géneros textuales es fundamental en el proceso de
enseñanza y aprendizaje de la lengua. Después de todo, el trabajo en el aula con diversos
géneros contribuye al estudiante acceder a lengua mezclando producción textual y lectura
vinculada a la producción escrita. Este trabajo fue el resultado del grupo de estudios hispánicos
de la lengua y la cultura (GELCH). Basado en autores como Marcuschi, Koch y Schneuwly Dolz,
Bakthin y otros. El objetivo de este estudio es explorar las distintas posibilidades de uso de la
lengua cuando trabajado con los textos que forman parte de la vida realidad y diario de los
estudiantes.
INTRODUÇÃO
Souza (2011 p.2 apud Bakhtin (1997) que o gênero deve ser empregado
em uma perspectiva ideológica mais ampla, ou seja, enquanto práticas
discursivas socialmente situadas nas técnicas discursivas orais ou escritas que
produzimos em diversas situações cotidianas de comunicação. Segundo Souza
(2011. p.2 apud Bakhtin (1997) as ações linguísticas do cotidiano estão
basicamente orientadas por fatores de contexto situacional, ou seja, quem
produz o texto, quem é o interlocutor, qual a finalidade do texto, e qual gênero
pode ser utilizado para estabelecer o tipo de comunicação que se pretende.
Carta pessoal, contos de humor, receita culinária, reportagem, etc.;
sempre houve certa ignorância em relação à distinção desses gêneros. O que
mais se abordou foi como identificar textos narrativos, descritivos ou dissertativos
sem focar nas suas argumentações. Hoje a realidade é outra. Devido ao avanço
tecnológico tem se discutido muito a respeito desses gêneros textuais que
podem ser encarados como um método para o ensino da língua em si, sendo
eles um gênero que não está fechado nem inerte, ou seja, ele é mutável porque
pode se adaptar e se transformar de acordo com a realidade vivida.
De acordo com Bakhtin (2003), gêneros são “tipos relativamente estáveis
de enunciado, definidos por seu conteúdo temático, por seu estilo e por sua
construção composicional”. Eles são estáveis porque podem mudar e se
transformar em outro gênero e ganhar novas roupagens. Um gênero não é
fechado. Dentro dele podem existir vários outros gêneros ou conteúdos que
podem ser observados e trabalhados. A sua construção composicional, as
características e a forma como ele é produzido, composto e apresentado
constituem um gama a ser explorada no processo de ensino e aprendizagem de
línguas.
Para Marcuschi (2002, p. 22-23), os gêneros são “textos materializados
que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-
comunicativas definidas por conteúdos, propriedades, estilo e composição
característica. Textos materializados são aqueles que a partir do momento que
saem da mente e passam a ser escritos ou falados ele se materializam, ou seja,
passam a existir, tomando forma real e concreta. Ele cita, conforme expomos a
seguir, o que se podem caracterizar gêneros textuais:
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Uma carta pessoal que você escreve para sua mãe é um gênero textual,
assim como um editorial, horóscopo/ receita médica, bula de remédio,
poema, piada, conversação casual, entrevista jornalística, artigo
científico, resumo de um artigo, prefácio de um livro. É evidente que em
todos estes gêneros também se está realizando tipos textuais, podendo
ocorrer que o mesmo gênero realize dois ou mais tipos. (MARCUSCHI,
2002, p. 25)
Olhando para essa nova prática de ensino e pelas orientações dos PCNs,
Souza (2011, apud Kleiman, 1995) nos diz que:
OBSERVAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
EIXO TEMÁTICO 3:
FORMAÇÃO DOCENTE
RESUMO
O presente artigo argumenta acerca de teorias sobre a leitura, a escrita, a leitura literária,
métodos e estratégias de ensino e aprendizagem para a educação básica. A principal
preocupação é com a falta de interesse por parte dos alunos e a renovação de saberes e fazeres
por parte dos docentes em despertar os jovens para a leitura e a produção de textos literários.
No entanto, existem vários meios de inserir o ensino da literatura no contexto escolar dos
professores e alunos de uma forma em que a aula torne-se interativa, conquistando assim o
interesse do alunado que e o maior beneficiador do conhecimento literário. Trata-se de um estudo
teórico de cunho bibliográfico quando foi possível transitar pela literatura especializada acerca
de diversas dimensões da leitura e suas práticas, a exemplo de Geraldi (2012); Pacheco (2014);
Santana (2009). O objetivo desta reflexão é contribuir para outras reflexões sobre a temática em
foco. O texto dispõe de uma seção introdutória, um questionamento sobre aspectos gerais da
leitura e da escrita; um tópico sobre a leitura de textos literários clássicos; e um sobre as
estratégias de ensino e aprendizagem.
Este artículo discute sobre teorías sobre lectura, escritura, literario de lectura, métodos y
enseñanza y el aprendizaje estrategias para la educación básica. La principal preocupación es
con la falta de interés por parte de los estudiantes y la renovación de los conocimientos y
prácticas por parte de profesores en despertar a los jóvenes para la lectura y producción de
1
Licencianda no curso de Letras Português/Espanhol da Faculdade Pio Décimo. E-mail:
[email protected]
2
Doutoranda em Educação pela Universidade Tiradentes. Mestra em Educação pela Universidade
Tiradentes.
Atua como professora da Faculdade Pio Décimo (FPD/SE) nos cursos de Licenciaturas em Letras/Espanhol
e Química. É técnica pedagógica da Secretaria de Estado da Educação (SEED/SE) e Supervisora
Pedagógica do Colégio Santa Chiara. E-mail: [email protected]
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textos literarios. Sin embargo, hay varias maneras de introducir la enseñanza de la literatura en
el contexto de los profesores y los estudiantes de manera que la escuela se convierta en
interactiva, ganando el interés de los estudiantes y el mayor benefactor de conocimiento literario.
Es un estudio teórico de naturaleza bibliográfica cuando era posible utilizar la literatura
especializada sobre diversas dimensiones de la lectura y sus prácticas, el ejemplo de Geraldi
(2012); Pacheco (2014); Santana (2009). El objetivo de esta reflexión es contribuir a otros
pensamientos sobre el tema en foco. El texto ofrece una sección introductoria, una pregunta
sobre aspectos generales de la lectura y la escritura; un tema acerca de la lectura de textos
literarios clásicos; y uno en la enseñanza y estrategias de aprendizaje.
INTRODUÇÃO
Sabe-se que hoje a prática da leitura literária nas escolas tem sofrido uma
decadência por conta da má formação de leitores, incluindo professores, como
ainda é uma decorrência da velocidade do tempo moderno, pelo excesso de
veiculação de informações, pela falta de tempo para a leitura e a consequente
preferência por textos curtos, sem compromisso literário e nem com a linguagem
formal.
site Domínio Público3, com um acervo de mais de 123 mil obras. Uma ótima
estratégia seria a de a escola e a sociedade, unidas, trabalharem para essa
melhoria, a exemplo de organizar campanhas de doações de livros,
convencendo aquelas pessoas que estão com os livros empoeirados na estante,
a doarem para a instituição solicitante e, assim, fazer com que a literatura entre
na vida escolar das crianças e jovens.
Portanto, este artigo tem como objetivo refletir sobre como os professores
trabalham a literatura em sala de aula e, também, especificamente, auxiliar nas
estratégias de ensino para prática da leitura literária e formação de leitores
competentes. Faz-se necessário um estudo para o enfrentamento de tal
problema e no sentido de que sejam beneficiados os alunos e os professores,
como também a sociedade, pois a partir do momento em que o alunos e torna
um leitor e cidadão crítico, um dos maiores beneficiados é, sem nenhuma dúvida,
a sociedade.
A leitura é uma prática que requer muita atenção e força de vontade, não
se faz nesse texto referência, de certo modo, somente à leitura de textos
literários em prosa ou verso, mas também à leitura em geral, incluindo todos os
gêneros e tipos de texto, a exemplo dos textos jornalísticos. Além disto, é preciso
cuidar das questões relativas à interpretação que o leitor faz de cada leitura ao
seu alcance.
3 “[...] Este portal constitui-se em um ambiente virtual que permite a coleta, a integração, a
preservação e o compartilhamento de conhecimentos, sendo seu principal objetivo o de
promover o amplo acesso às obras literárias, artísticas e científicas (na forma de textos, sons,
imagens e vídeos), já em domínio público ou que tenham a sua divulgação devidamente
autorizada, que constituem o patrimônio cultural brasileiro e universal. [...] Adicionalmente, o
"Portal Domínio Público", ao disponibilizar informações e conhecimentos de forma livre e gratuita,
busca incentivar o aprendizado, a inovação e a cooperação entre os geradores de conteúdo e
seus usuários, ao mesmo tempo em que também pretende induzir uma ampla discussão sobre
as legislações relacionadas aos direitos autorais - de modo que a "preservação de certos direitos
incentive outros usos" -, e haja uma adequação aos novos paradigmas de mudança tecnológica,
da produção e do uso de conhecimentos. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dominio-
publico>.
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4 SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 2008, p. 194.
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Segundo Antunes5 (2003, p. 27) apud Pacheco (2014, p. 30), a leitura “[...]
se apresenta como uma atividade sem interesse, sem função, pois aparece
inteiramente desvinculada dos diferentes usos sociais que se faz da leitura
atualmente”. Neste sentido, deve-se ter uma reflexão sobre a leitura como
membro dos usos sociais, ou seja, a leitura como interação social, que é aquela
causadora do prazer em ler, como romances, por exemplo, que muitos leem pelo
simples fato de gostarem da leitura literária, ou porque apreciam narrativas
ficcionais movimentadas, complexas ou histórias de amor ou de aventura.
Porém, como nos diz Pacheco, não se está cumprindo “[...] essa função, que é
fundamental no mundo em que vivemos”, e que também é de suma importância
para o crescimento social do aluno, mas, é preciso que o professor saiba aplicar
esta prática em sala de aula, ou seja, trabalhar a leitura e a escrita a partir dos
textos literários para que seus alunos se identifiquem com um novo mundo, de
uma forma que isso se torne uma experiência prazerosa.
5ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. 8. ed. São Paulo: Parábola,
2003.
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Quando se propõe que os alunos devem ler textos literários, não se está
querendo dizer que devem ser, necessariamente, apenas obras de conteúdo
complexo nas páginas da literatura clássica, mas considera-se também as
produções atuais, nas quais estão inseridas várias narrativas empolgantes e
cujas tramas são conhecidas dos jovens e têm relação com seu cotidiano e
interesses. Essas obras podem também contribuir com a formação crítico-cidadã
do público leitor infanto-juvenil. Desse modo, a leitura deve ultrapassar o
ambiente escolar, mas antes disso é necessário que a escola tenha condições
de beneficiar os alunos com essa prática.
Antunes6 (2003), citada por Pacheco (2014, p. 30), nos diz que “[...] a
leitura deve ser um exercício prazeroso, divertido, com um sentimento que
provoque no aluno o desejo por ler, uma atividade que contribua para o seu
desenvolvimento e que não haja cobrança do professor”. Seja no ensino
fundamental, no ensino médio ou até no ensino superior, quando o aluno lê algo
só por obrigação, a leitura torna-se chata, diferentemente de ler um livro de
contos, literaturas estrangeiras ou até revistas, desde que por vontade própria.
6ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. 8. ed. São Paulo: Parábola,
2003.
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O que pode ser feito é criar estratégias para que o aluno organize o ritmo da
leitura com o propósito de desenvolver, também, a escrita, sempre na
perspectiva da criticidade.
Deste modo, o autor ainda destaca que “[...] uma coisa é saber a língua e
dominar as habilidades de uso da língua em situações de interação e outra coisa
é saber uma língua dominando os conceitos de metalinguagem”. Essa
metalinguagem diz respeito a questões gramaticais e estruturais da língua,
fonética, fonologia e morfologia, requisitos importantes, mas não únicos ou
mesmo que devam ser colocados em primeiro plano no estudo de uma língua,
seja esta materna ou estrangeira, porém focar tão somente nestes aspectos não
fará com que o aluno desempenhe satisfatoriamente a fluência esperada na
leitura e na escrita, e nem desenvolva o senso crítico sobre o que lê.
ESTRATÉGIAS DE ENSINO
Saber um pouco sobre a vida dos alunos também é importante para essa
prática e para a aplicação da estratégia 2 (Trabalhos com leituras que envolvam
o cotidiano dos alunos). Assim o professor mediará a escolha do texto de uma
obra específica, pois nem toda obra vai atender a esta estratégia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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SILVA, Lilian Lopes Martin da. Às vezes ela mandava ler dois ou três livros
por ano *. São Paulo: Anglo, 2012.
RESUMO:
A literatura de cordel configura-se como uma poesia escrita pelo povo e para o povo. No passado
serviu para disseminação de informações e meio de comunicação social, hoje para debates e
reflexões de questões religiosa, política, cultural e como meio para denunciar injustiças e clamar
por justiça social. A inclusão dessa literatura em sala de aula parte dos princípios da difusão
dessa arte literária e do desenquadramento da imagem que se tem do nordestino, bem como o
aumento e/ou criação do prazer da leitura e evocação de valores identitários de pertencimento.
Nela é percebida a presença de uma memória coletiva que evoca, naqueles que leem ou ouvem,
saudade de um tempo não vivido, mas conhecido a partir da fala dos outros membros da
sociedade. A literatura de cordel é, ao mesmo tempo, um canal de comunicação e um gênero
textual capaz de despertar o interesse pela leitura, uma vez que trabalha o mnemônico e cultural,
dois instrumentos importantes no despertar de um leitor iniciante. A fim de considerar tal
pesquisa, foram consultados teóricos da historiografia da literatura de cordel: Conceição (2016),
Marinho e Pinheiro (2012) e Quintela (1996 e 2005); e da formação de leitores: Gregorin Filho
(2009), Cunha (2003) e Chartier (2011).
RESUMEM:
Una literatura de cordel configuración-se como uma poesia Escrita pelo povo e para o povo. Sin
passado Serviu párrafo disseminação de Informaciones e meio de Comunicação debates
sociales, párr hoje e reflexões de Questões religiosa, politica, cultural e meio de Como para
denunciar injustiças e clamar por Justiça social. Un Inclusão dessa literatura en salas de aula
parte dos Princípios da Difusão dessa arte e Literária hacer desenquadramento da imagem Que
se tem hacer nordestino, bem de Como o Aumento e / ou criação hacer prazer da Leitura e
evocação de Valores identitarios de pertencimento. Nela é percebida un presença de uma
memória coletiva Que Evoca, naqueles Que leem ou ouvem, saudade de um tempo não Vivido,
mas conhecido A partir da fala dos outros membros da sociedade. Una literatura de cordel é, ao
mesmo tempo, um canal de Comunicação e um Género textual Capaz de despertar o interesse
pela Leitura, uma vez Que trabalha o mnemonico correo culturales, dois Instrumentos
Importantes sin despertar de um leitor iniciante. A fim de considerar tal pesquisa, foram
consultados Teóricos da historiografía da literatura de cordel: Conceição (2016), Marinho e
2Mestre em Educação com ênfase em História do Ensino de Línguas pela Universidade Federal
de Sergipe, Especialista em Didática e Metodologia de Ensino Superior pela Faculdade São Luís
de França e Licenciada em Letras Vernáculas pela Universidade Federal de Sergipe. E-mail:
[email protected]
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Pinheiro (2012) e Quintela (1996 e 2005); e da Formação de Lectores: Gregorin Filho (2009),
Cunha (2003) e Chartier (2011).
INTRODUÇÃO
podem ser adquiridos nas bancas de jornal, através de sites e blogs na internet,
ou nas editoras.
a) Leitura:
Com relação ao folheto, a atividade fundamental é mesmo a leitura oral,
sendo indispensável para gerar o prazer por ela e apreço por essa literatura. O
treino da leitura contribuirá para a expressividade do cordel, dando às devidas
entonações. É de suma importância que o professor prepare a leitura do folheto,
visando que algumas gerações mais jovens podem não ter convivência com essa
literatura, e que mostre a diversidade de temáticas a fim de gerar diferentes
visões de mundo. Tal prática de leitura, segundo Chartier (2011) é consolidada
quanto mais habitual ela for. Ela não precisa ser algo restrito do ambiente
escolar, mas deve ser feita em qualquer lugar e momento.
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b) Debates e reflexões:
A diversidade das temáticas e a abundância de autores podem gerar
espaço profícuo para debates e reflexões, orais ou escritos, estimulando o aluno
a ser um “agente transformador dessa cultura” (BORDINI apud MARINHEIRO;
PINHEIRO, 2012, p. 130). O objetivo da comparação é estimular a discussão, o
diálogo, o confronto de pontos de vista e chamar a atenção para o fato que o
cordelista coloca na ordem do dia questões humanas fundamental. A depender
da escolaridade do aluno, pode-se levar o estudo da métrica e das origens do
cordel, a fim de valorizar suas raízes.
c) Jogo dramático:
“O jogo dramático não necessita de cenários, trajes ou adereços no
sentido tradicional. A construção do espaço de jogo faz-se a partir do espaço
escolar e do mobiliário corrente chamados a novas funções”. (RYNGAERT apud
MARINHEIRO; PINHEIRO, 2012, p. 131), nos leva a refletir sob a dramatização
de um folheto de cordel, velando da ideia que outros deram origens a peças
teatrais e filmes, como “O auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, e “Morte
e vida Severina” de João Cabral de Melo Neto. Vale ressaltar o contributo lúdico
da atividade, como também o fortalecimento das relações entre alunos.
d) Xilogravura:
Essa atividade proposta pretende trabalhar com a interdisciplinaridade,
que está tão em voga partindo do eixo temático da xilogravura, que corresponde
a arte ou técnica de realizar gravuras em madeira. Podendo trabalhar as
temáticas recorrentes, a teoria que gira em torno, o comércio, a inspiração de
artistas plásticos, bem como a sua prática artística atendendo ao pedido dos
PCN’s, a partir de sua realidade.
e) Música:
Música e literatura de cordel, uma dupla que gera efeitos positivos,
contribuindo para o entendimento interpretativo do folheto e para um acréscimo
de beleza, sem a necessidade de estudos teóricos acerca dessa temática e de
preparo musical, no cordel há também presenças de personagens históricos
(como Lampião, Antônio Conselheiro, Padre Cícero, Frei Damião, Getúlio
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f) Ilustração e colagem:
Outra atividade interdisciplinar é a ilustração da história do cordel como
meio de maior conhecimento e como incentivo à prática artística do desenho, e
à colagem, referindo-se à história ou parte dela, lembrando que o mais valioso
para a literatura de cordel é que seja notada “como uma produção cultural de
grande valor e que precisa ser conhecida, preservada e cada vez mais integrada
à experiência de vida de nossas futuras gerações.” (MARINHEIRO; PINHEIRO,
2012, p.133)
g) Criação do cordel:
A prática da criação do cordel estimula o hábito da escrita artística literária
velando que essa atividade não pode ter caráter obrigatório, porque nem todo
aluno pode e deve ter o domínio da produção do cordel, contudo o professor
deve ultrapassar barreiras e estimular seus alunos nas produções, podendo
utilizar leituras prévias de contos, crônicas, notícias, entre outros, como meio de
embasamento ao novo cordelista. Outra sugestão é o professor mencionar
algumas estrofes (citando autoria) e o aluno continuar a produção.
h) Excursão:
A excursão como meio prático de atividade influencia grandemente a
pesquisa, além de valores humanos (organização, solidariedade, fraternidade,
etc), como também pelo seu objetivo: acréscimo de conteúdos. Como opções de
excursões, temos as feiras livres e mercados, onde se há presença de
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i) Culminância:
Ao findar do ciclo das atividades propostas, recomenda-se uma
culminância, com escopo de socialização entre conhecimentos e participantes
do projeto e sociedade, como sugestões, temos:
1. Nomenclatura: um nome típico e claro para o evento;
2. Ornamentação: murais decorados com folhetos de cordéis, fotos e
biografias de cordelistas, entrevistas e xilogravuras;
3. Recitação de cordéis: por alunos, professores e cordelistas convidados;
4. Palestras e oficinas: de criação de cordel, realizadas por poetas locais;
5. Apresentações culturais: compreendendo encenações de histórias do
cordel, desde coreografias musicalizadas, dramatizações de filmes e
canções inspiradas;
6. Sessões de filmes: inspirados em cordéis;
7. Feira de cordéis: um estande para comercialização de cordéis;
8. Convite: pode ser em modelo de folheto de cordel com xilogravura.
BREVES CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil: teoria e prática. 18. ed.
São Paulo: Ática, 2003.
RESUMO
Instituído pelo governo federal em 2012, o Programa Inglês sem Fronteiras tem o objetivo de
internacionalizar as instituições de ensino superior através do ensino da língua inglesa para seus
alunos, professores e técnicos (BRASIL, 2012). O Programa é composto por três ações: o curso
online My English Online, o teste de proficiência TOEFL ITP, e os cursos presenciais. Em 2014,
com a instituição do Programa Idiomas sem Fronteiras (sendo então o Programa Inglês sem
Fronteiras parte do mesmo), o foco do Programa passou a ser também a formação de
professores (BRASIL, 2014). Com este trabalho, pretende-se discutir como o Programa Inglês
sem Fronteiras, na Universidade Federal de Sergipe (UFS), tem contribuído para a formação de
seus professores de língua inglesa para as suas atuações (não somente dentro do Programa,
mas também fora dele), através de uma apresentação das ações realizadas, acompanhada de
uma discussão sobre como elas foram percebidas pelos professores e o impacto em suas
práticas.
RESUMEN
Instituido por el gobierno federal en 2012, el Programa Inglés sin Fronteras tiene el objetivo de
internacionalizar las instituciones de enseñanza superior a través de la enseñanza de la lengua
inglesa para sus alumnos, profesores y técnicos (BRASIL, 2012). El Programa es compuesto por
tres acciones: el curso online MyEnglishOnline, el examen de competencia TOEFL ITP, y los
cursos presenciales. En 2014, con la institución del Programa Idiomas sin Fronteras (siendo
entonces el Programa Inglés sin Fronteras parte del mismo), el enfoque del Programa se convirtió
también en la formación de profesores (BRASIL, 2014). Con este trabajo, se tiene la intención
de discutir cómo el Programa Inglés sin Fronteras, en la Universidad Federal de Sergipe (UFS),
hay contribuido para la formación de sus profesores de lengua inglesa en sus actuaciones (no
solamente dentro del Programa, sino también fuera de él), a través de una presentación de las
acciones hechas, acompañada de una discusión sobre cómo ellas fueron percibidas por los
profesores y el efecto en sus prácticas.
INTRODUÇÃO
Foi com esse fim que o governo federal instituiu, em 2012, o Programa
Inglês sem Fronteiras, que viria a se tornar, em 2014, o Idiomas sem Fronteiras.
Ligado, a princípio, ao Ciência sem Fronteiras, programa com fins semelhantes
que propiciava intercâmbios, o menos midiático Idiomas sem Fronteiras atua
principalmente nas instituições de ensino superior locais.
e uma alteração, em especial, viria a ter uma grande influência nas ações
internas do Programa, especialmente para os professores, que seria “fortalecer
as licenciaturas e a formação de professores de idiomas nas IES credenciadas
ao Programa” (BRASIL, 2014). A partir de então, uma série de atividades foram
desenvolvidas, para atingir tal objetivo, como visto a seguir.
3 O Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECR) foi desenvolvido pelo
Conselho da Europa com o intuito de padronizar internacionalmente a descrição de habilidades
linguísticas. É composto por 6 níveis, sendo os níveis A1 e A2 referentes ao utilizador elementar;
B1 e B2 ao utilizador independente; e C1 e C2 referentes ao utilizador proficiente.
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Como já visto, desde 2014 o programa tem também como foco a formação
de professores. Na Universidade Federal de Sergipe, isto é feito através de cinco
ações principais: a exigência pelo desenvolvimento linguístico dos bolsistas para
que atinjam no mínimo o nível C1 do Quadro Europeu Comum de Referência
para as Línguas; a leitura, fichamento e discussão de teóricos da metodologia
de ensino/aprendizagem; a realização de workshops por parte dos
coordenadores também sobre a relação ensino/aprendizagem; a observação
das aulas pelo coordenador pedagógico e posterior feedback; e o planejamento
conjunto das aulas, supervisionado também pelo coordenador pedagógico.
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05. REFERÊNCIAS
RESUMO
O presente trabalho de pesquisa tem como principal objetivo de vislumbrar um novo capitulo que
surge na história da educação no estado de Sergipe, com a implementação dos cursos técnicos
subsequentes na modalidade de Ensino a distância (EAD) e semipresenciais, ofertados pelo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS). Assim sendo, a relevância
do trabalho está em possibilitar a visibilidade ao Programa Profuncionário, principalmente por
este oportunizar a qualificação, pelo IFS, que em 2012, tornou possível a inserção da
comunidade educacional de profissionais das redes municipais e estaduais de escolar em seu
ambiente institucional de ensino, porém na sua grande maioria não possuem a certificação de
nível técnico associado as suas funções. Para tanto, a pesquisa é qualitativa, trata-se de um
estudo de caso, ela também é descritiva, exploratória, documental, com o uso de uma
abordagem indutiva, associadas às ferramentas de técnicas e suplementares de coleta de dados,
como: questionário e a pesquisa de campo foram possíveis mensurar a importância dos novos
cursos técnicos subsequente na modalidade à distância, em: infraestrutura escola, secretaria
escolar, alimentação escolar e multimeios didáticos para os colaboradores das instituições
escolares da rede municipal e estadual.
RESUMEN
Este trabajo de investigación pretende vislumbrar un nuevo capítulo que aparece en la historia
de la educación en el estado de Sergipe, con la implementación de los cursos técnicos
posteriores en forma de distancia (EAD) y el híbrido, que ofrece el Instituto Federal de Educación,
la ciencia y la tecnología de Sergipe (IFS). Por lo tanto, la relevancia de la obra es permitir la
visibilidad al programa de Profuncionário, especialmente para esto crea oportunidades para la
calificación por el Instituto), que en el año 2012, por lo que la inserción comunitaria por lo que es
posible profesionales de la educación de las redes educativas locales y estatales, en su entorno
institucional educativo, pero la gran mayoría no tienen la certificación técnica asociada con sus
funciones. Por lo tanto, la investigación es cualitativa, es un estudio de caso, también es
descriptivo, exploratorio, documental, utilizando un enfoque inductivo, asociado con las técnicas
y las herramientas de recopilación de datos adicionales, tales como cuestionario y investigación
de campo fuera posible medir la importancia de los nuevos cursos técnicos posteriores en
modalidad a distancia en: escuela de infraestructura, secretaria de la escuela, la alimentación
escolar y multimedia educativos para los empleados de las instituciones educativas de los
municipales y estatales.
INTRODUÇÃO
Assinatura do Termo de
Adesão a Rede e-Tec
Brasil ( Art. 4ª
Decreto7.589/11) Avaliação dos
Apresentação do
Polos
Projeto
Monitoramento da Encaminhamento
Equipe MEC para o financiamento
do FNDE
Figura 1 – Processo de Adesão para que ocorra o Programa na Instituição
Fonte: Elaborado pelo autor
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Direção
EAD no IFS
Gerência
Rede e-Tec
Coord. do
Cord. Adjunta Profuncionário
Profuncionário na Seed
Distância
Coordenação
Tutores
de Polo
Presencial
Figura 2 - Organograma sistêmico do Profuncionário da EAD do IFS.Fonte: Organograma
elaborado pelo autor, 2016.
.
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seguinte em dois mil e treze, as novas turmas passaram a ter aula aos sábados,
atendendo uma determinação da SEED.
1 MATERIAL E MÉTODOS
O Método de abordagem ou procedimento utilizado será o indutivo. E pelo
viés da natureza da pesquisa ela é qualitativa, visto que, a mesma parte do
pressuposto que há um fenômeno ou problema a ser investigado.
O tipo da pesquisa caracteriza-se por: bibliográfica, documental e
exploratória. Para o autor supracitado, bibliografia tem pelo uso de material já
publicado; documental por estar fundamentada em documentos com finalidades
diversas; exploratória envolve coleta de dados, entrevistas (Gil, 2010, pág. 27-
30).
Contudo, a pesquisa de campo seguiu um roteiro dividido em momentos ou
fases, como sugeri em sua obra Minayo, (et al., 2011, pág. 26-27, grifo nosso),
será dividida, na tentativa de “tornando-a bastante prática, no que se trata de
pesquisa qualitativa, suas fases constituirão na organização”. A Entrevista
foi trabalhada com a técnica de grupo focal, segundo Godim (2003), a analise
será feita a partir do que foi coletado do próprio grupo. Deste modo, “Se uma
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2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Podemos de certa forma comemorar quando ao surgimento desta nova
modalidade de ensino no IFS, que oportunizam um publico carente de
certificação, a partir de uma nova prática de Ensino a distância. Antes a única
instituição pública federal que oferta cursos superiores no estado é a
Universidade Federal de Sergipe (UFS), mas o diferencial deste programa não
está somente nas novas práticas de ensino e aprendizagem, mas em oportunizar
os funcionários das instituições educacionais municipais do estado de Sergipe a
certificação de técnico como: infraestrutura escola, secretaria escolar,
alimentação escolar e multimeios didáticos, de acordo com sua função,
consequentemente promovendo também o reconhecimento de sua função e de
seu papel no seu local de trabalho.
Faz-se necessário ressaltar que após levantamento de dados, no ano de
2012 o Programa atingiu o quantitativo de mil e duzentos e quinze servidores
inscritos, informação descrita na tabela abaixo.
Secretaria 22
Propriá C. E. Prof Cesário Infraestrutura 105
Siqueira Alimentação 41
Canindé E. E. Dom Juvencio de Secretaria 29
Brito
REFERÊNCIAS
APPOLINÁRIO, Fabio. Metodologia da ciência: filosofia e pratica da pesquisa.
- 2 ed. – São Paulo: Cengage Learning, 2015.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. – 5. Ed- São Paulo:
Atlas, 2010.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo promover a reflexão acerca do como ocorre o processo
de inclusão escolar nas instituições da rede de ensino regular municipal do estado de Sergipe.
Realizando um estudo de caso a partir da realidade das instituições do município de Barra dos
Coqueiros J. C. e S. F. A. A pesquisa tem como objeto de estudo duas instituições, que trabalham
com alunos das series iniciais do ensino fundamental. A relevância do estudo está em poder
reproduzir documentos que proporcione um novo olhar e analise de como ocorrem os processos
inclusivos nas instituições pública municipais. O objetivo não apenas de promover críticas ou
hipertextos, mas de possibilitar a visibilidade dos enfrentamentos recorrentes nos processos
inclusivos nas escolas a partir da voz e olhar dos seus colaboradores, desmistificando culpados
e apresentando respostas educacionais necessárias para que ocorra de fato um processo
inclusivo escolar. A pesquisa se caracteriza por qualitativa, o método utilizado foi o indutivo, as
ferramentas de coleta de dados foram: a observação e entrevistas informais. Ela também se
caracteriza por descritiva, bibliográfica, onde as reflexões foram elucidadas tomando como base
as obras de Carvalho (2010 e 2014), Cananéa (2015), Gil (2010), Mendonça (2003).
RESUMEN
Este trabajo tiene como objetivo promover la reflexión acerca de cómo es el proceso de inclusión
escolar en las instituciones del sistema escolar ordinario municipal del estado de Sergipe.
Realización de un estudio de caso de la realidad de las instituciones del municipio de Barra dos
Coqueiros J. C. S. F. y A. La investigación tiene como objeto de estudio dos instituciones, el
trabajo con los estudiantes de la serie inicial de la educación básica. La relevancia del estudio es
ser capaz de reproducir documentos que proporcionan un nuevo aspecto y analicen cómo se
producen los procesos de inclusión en las instituciones públicas municipales. El objetivo no sólo
para promover la crítica o el hipertexto, pero para permitir la visibilidad de los enfrentamientos
recurrentes en los procesos inclusivos en las escuelas de la voz y el aspecto de sus empleados,
desmitificando culpable y la presentación de las respuestas educativas necesarias para producir,
de hecho, un proceso inclusivo de la escuela. La investigación cualitativa se caracteriza por, el
método utilizado fue el inductivo, herramientas de recolección de datos fueron la observación y
entrevistas informales. También se caracteriza por la literatura descriptiva, donde las reflexiones
fueron determinadas sobre la base de la obra Carvalho (2010 y 2014), Cananea (2015), Gil
(2010), Mendonça (2003).
Palabras clave: Inclusión Escolar.Escola Municipal.Colaboradores.Reflexão.
INTRODUÇÃO
Inclusão escolar não é uma temática nova, mas é um assunto que exige
uma análise, acerca de como esse processo inclusivo vem acontecendo nas
instituições públicas do nosso país e principalmente pensando a partir da ideia
de local, partindo para o âmbito escolar da rede municípios.
Por outro lado, é importante ressaltar que não é suficiente apenas realizar
uma inclusão escolar pautada em um processo de acolhimento, mas que seja
oferecida a oportunidade ao aluno com necessidades educacionais especiais um
planejamento de ações que resultem em condições efetivas de aprendizagem e
desenvolvimento de suas potencialidades.
A autora Carvalho (2014), faz o alerta sobre os processos inclusivos, para
ela quando se segue a linha do pensar na inclusão dos alunos com necessidades
especiais, com a inserção deles nas classes regulares, mas não lhes oferecer a
ajuda e apoio de educadores, associado a um que algo que agregue aluno,
docente e familiares, segundo ela, “parece-me o mesmo que fazê-lo constar,
seja como mais uma matricula, seja como mais uma carteira na sala de
aula” (p.29, grifo nosso).
Cabe salientar que promover a inclusão do aluno com deficiências no
ensino regular não é uma responsabilidade apenas do educador especializado
ou uma missão da instituição escola, seja ela da rede publica federal, municipal,
estadual ou privada, sim deve ser iniciativa de todos os educadores, gestores e
demais atores envolvidos neste processo, com a preocupação de que esse aluno
com necessidades especial não seja apenas inserido no convívio com outros
alunos, sem que ele possa ser oportunizado a sentir-se parte integrante da
escola, como também para que fique perceptível para todos no ambiente da
escola inclusiva.
No contexto dos direitos, as autoras Rippel e Silva (2008) afirmam que, à
inclusão sobre uma perspectiva de todo, porém quando falamos dela no
ambiente escolar, essa precisa ser pensada como lugar acolhedor, com
atores e instituições responsáveis e principalmente que a flexibilidade em seus
planejamentos respeite a diversidade do seu alunado (p.8, grifo nosso).
Portanto, a relevância da presente pesquisa se revela, uma vez que a
sociedade encontra-se a observar uma educação que segue seu rumo, as
V SEMANA DE LETRAS DA FACULDADE PIO DÉCIMO: Textualidades e Trânsitos Contemporâneos – 2016 (ISSN 2359 – 1250)
1 Embasamento teórico
1.1 Inclusão escolar na rede municipal de ensino regular, um modelo de
normalidade: equívocos nada triviais.
A educação infantil é de fundamental importância para as crianças com deficiências, uma vez
que nela que acontece a socialização, abre espaço para o respeito à individualidade do outro e
o convívio com as crianças “normais” facilita o desenvolvimento físico, social e cognitivo
(MENDONÇA, 2003, p.6).
E acordo com a referida autora, tal lacuna atinge o docente que está na
sala de aula, ele também passa a sujeito excluído do processo de inclusão
escolar por não ter assegurado o direito de apoio, muitas vezes porque a escola
a qual ele faz parte do quadro de colaboradores, também foi seus direitos foram
expatriados.
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Mas, trazendo para uma realidade antes citada, ela sinaliza para o fadado
fracasso das ações, quando essas voltadas para uma congregação para equipes
com pouca ou nenhuma interlocução com seus parceiros igualmente educadores
e que estão encarregados de elaborar e programar politicas publica de educação
infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, ainda que no paradigma da
inclusão.
2 Metodologia
Neste sentido a opção por uma pesquisa qualitativa está na percepção
de que não será indagada uma generalização, mas o objetivo de compreender
o fenômeno que é o processo de inclusão nas escolas de ensino regular do
munícipio de Barra dos Coqueiros, no estado de Sergipe.
Contudo, as autoras Deslandes e Minayo (2011) fazem um alerta para
as questões que envolvem a pesquisa qualitativa, para elas, “a pesquisa
qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências
Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser
quantificado”. (DESLANDES e MINAYO, 2011, pág. 21, grifo nosso).
A finalidade da pesquisa é Básica estratégica, mas por segundo seus
objetivos, caracteriza-se por: descritiva, exploratória e explicativa, neste caso,
seus propósitos estão voltados a maior familiaridade com o problema, com vistas
a torná-lo mais explicito ou a construir hipóteses e por se tratar da descrição de
uma determinada população de docentes, objetivando identificar possíveis
relações variáveis.
Todavia, ratificando que pelo viés da natureza da pesquisa ela é
qualitativa, visto que, a mesma parte do pressuposto que há um fenômeno ou
problema a ser investigado, a partir de uma observação que consequentemente
poça trazer uma melhor compreensão, onde o pesquisador fara o papel de
imparcial, e o participante não estarão neutros ao problema. No quesito
modalidade, apresenta-se como um estudo de caso, porque na analise de Gil
(2010) “(...) mais adequado para a investigação de um fenômeno
contemporâneo dentro de seu contexto real, (...)”.
3 Coletas de dados
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4 Conclusões
No tocante da temática inclusão escolar na rede regular de ensino
municipal de Barra dos Coqueiros, foi observado que se faz necessário o
repensar e principalmente uma analise de como ocorre o processo da inclusão
na escola de ensino regular. Além disso, precisa-se oportunizar a fala e
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REFERÊNCIAS
________. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. – 10. Ed. – Porto
Alegre: Mediação, 2014, 176 p.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. – 5. Ed- São Paulo:
Atlas, 2010.
EIXO TEMÁTICO 4:
RESUMO
Este trabalho objetiva abordar os discursos presentes nas letras de forró universitário sobre o
empoderamento da mulher na sociedade atual. O termo empoderamento tem origem no termo
da língua inglesa empowerment e significa “tornado mais poderoso, crescido em poder” e surgiu
com os movimentos de direitos civis nos Estados Unidos, no ano de 1970, sendo utilizado, ainda
na mesma década, pelo movimento feminista para novas atitudes das mulheres em busca de
igualdade na questão de gênero. O forró universitário foi escolhido principalmente por ser o (ou
um dos) gênero musical mais escutados na região Nordeste do país e, também, por apresentar,
em suas letras, temáticas atuais condizentes com a realidade de forma rápida. Assim, ficou
evidente então que tais composições retratam que as mulheres “ganharam poder” diante do
homem e da sociedade e que a ideologia machista dominante tem perdido espaço na sociedade.
Para tal resultado, foram realizadas análises do discurso de três letras do gênero musical citado,
constituindo o corpus da pesquisa, e buscados como referencial teórico Helena Brandão,
Dominique Maingeneau, Eni Orlandi, Michel Pêcheux, entre outros.
Introdução
outras funções e/ou papeis sociais, dentre outros fatores, criaram condições para
que essas questões fossem analisadas a partir de novos enfoques e
perspectivas. (CKAGNAZAROFF; MAGESTE; MELO, 2008). Este trabalho tem
como foco um dos aspectos mais recentes nos estudos de gênero: o
empoderamento, que, segundo Martins (2003), tem origem no termo da língua
inglesa empowerment e significa “(...) tornado mais poderoso, crescido em
poder”. Pelo seu prefixo, empoderar significa ação, sendo que, no sentido atual,
o empoderamento quer dizer a transformação de um sujeito em agente ativo, por
meio de processos que variam de acordo com a situação e o contexto
(MARTINS, 2003).
Segundo Antunes (2002 apud CKAGNAZAROFF; MAGESTE; MELO,
2008), o conceito de empoderamento surgiu com os movimentos de direitos civis
nos Estados Unidos, no ano de 1970, juntamente com a bandeira do poder negro
como uma forma de autovalorização da raça e conquista da cidadania plena. O
termo também começou a ser utilizado pelo movimento feminista ainda nessa
década, entendido como “alteração dos processos e estruturas que reduzem as
mulheres à posição de subordinada aos homens.” (CKAGNAZAROFF;
MAGESTE; MELO, 2008, p. 2)
A partir da década de 80, o termo empoderamento vem se difundindo,
embora o conceito seja ainda prolixo e pouco claro na maior parte dos trabalhos
que o utilizam (Martins, 2003). Entretanto, este termo é sempre utilizado
relacionado a noção de pessoas guiando suas próprias vidas, fazendo suas
escolhas, tendo controle dos seus destinos. Desta forma, muitas músicas, que
fazem parte da cultura de um povo, têm abordado em suas letras este tema,
especialmente relacionado à mulher, que durante tanto tempo, foi vista (e ainda
é, pois as lutas para o empoderamento são constantes e permanentes) como
oprimida pelo ser masculino, dominante na sociedade.
Segundo Fischer (1983, p. 215), “a música cuja significação é, em si
mesma, a expressão de sentimentos, ideias, sensações, experiências possibilita
uma nova atitude e um novo sentido de vida.” Ou seja, a música é utilizada como
meio para difusão de novos pensamentos sociais, ou ainda, já ser o resultado do
novo, divulgando uma nova realidade. Assim acontece com as músicas do
gênero forró universitário, que em muitas letras retratam o comportamento da
mulher, mas não aquela submissão ao homem, mas com uma nova figuração de
V SEMANA DE LETRAS DA FACULDADE PIO DÉCIMO: Textualidades e Trânsitos Contemporâneos – 2016 (ISSN 2359 – 1250)
esse gênero musical, com destaque para Dominguinhos, Trio Nordestino, Alceu
Valença, Zé Ramalho. Desponta, então, o forró eletrônico, inicialmente em
Fortaleza, no início da década de 1990. Suas características básicas são: “possui
um ritmo acelerado, se diferencia pela importância do teclado em seus arranjos
musicais, pela substituição da flauta pelo sax e da zabumba pela bateria na
condução do ritmo” (CUNHA, 2011, p.26).
Desta forma, nos anos 90, surgem as bandas do chamado forró
eletrônico universitário, como Calcinha Preta, Aviões do Forró, Bonde do Forró,
que hoje não está restrito somente ao consumo dos universitários e tampouco
dos nordestinos. De acordo com Cunha (2011, p.27), “seu público, que antes era
restrito às pessoas de menor poder aquisitivo, já é composto por gente de todas
as classes sociais [...] e, atualmente, é responsável por parte do sucesso desse
gênero musical que desponta como o preferido de um quarto da juventude
brasileira”.
Como características comuns a todas essas bandas está o fato de serem
semelhantes os temas abordados nas letras das composições musicais, como
as várias performances da mulher, as relações amorosas, a bebida como forma
de diversão, entre outros, como um jogo discursivo de formação identitária de
um povo.
Assim, o gênero forró foi o escolhido para esta pesquisa por,
primeiramente, ser marca cultural característica do Nordeste, região onde vive a
autora do trabalho, e ser o (ou um dos) gênero musical mais escutado na mesma;
também, por apresentar, em suas letras, temáticas atuais condizentes com a
realidade de forma rápida, retratando novas configurações sociais, entre elas, a
postura da mulher empoderada; e, por último, por ser uma manifestação cultural,
e representar o discurso de grande parte da população que simpatiza com as
músicas.
As relações de gênero
O termo gênero nem sempre foi utilizado para compreender as formas
de distinção que as diferenças sexuais induzem em uma sociedade. Porém,
segundo Oliveira e Knoner (2005 apud PRAUN, 2001, p. 56), a partir de 1975,
gênero passou a constituir uma entidade moral, política e cultural, ou seja, uma
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Referencial teórico
espaço que definiram em uma época dada e para uma área social, econômica,
geográfica ou linguística dada as condições de exercício da função enunciativa".
(FOUCAULT apud MAINGUENEAU, 1997, p. 12).
Sobre a união de “significações” de um texto às suas condições sócio
históricas, Pêcheux defende que estas não são meramente secundárias, mas
constitutivas das próprias significações” (PÊCHEUX, et al., 2008), ou seja, os
contextos sócio históricos são constitutivos da linguagem, intrinsecamente
relacionados, denominados como “condições de produções”.
Por condições de produção, entendemos o contexto da situação de
enunciação, ou seja, os aspectos sociais, históricos e ideológicos que irrompem
no cenário da produção do discurso e representam elementos constitutivos
deste.
Atravessado por estes elementos, há a inscrição do sujeito do discurso,
suscetível de tornar-se outro, no mais simples movimento entre regiões de
sentidos, as formações discursivas (FDs), que consistem na partilha de alguns
sentidos em comum. Diretamente ligada as FDs, encontram-se as formações
ideológicas, pois o discurso é um dos lugares em que a ideologia se manifesta,
se torna material por meio da língua.
os indivíduos interpelados em sujeitos falantes (em sujeitos de
seu discurso) por formações discursivas que representam na
linguagem as formações ideológicas que lhe são
correspondentes. [...] a interpelação do indivíduo em sujeito de
seu discurso se realiza pela identificação (do sujeito) com a
formação discursiva que o domina (PÊCHEUX, 1997, p.214).
Se não valorizar
com certeza você vai me perder
embora eu te ame sim
eu juro não vou suportar
ver você me enganar
cansei de perdoar
se liga no que vou dizer:
"me amo mais do que a você"
Por que
você esnobou meus sentimentos
depois voltou com os seus lamentos
mas agora vi que não valia a pena
V SEMANA DE LETRAS DA FACULDADE PIO DÉCIMO: Textualidades e Trânsitos Contemporâneos – 2016 (ISSN 2359 – 1250)
Esta letra retrata mais uma relação amorosa que, segundo o sujeito, está
à beira do término por conta do homem e suas enganações. Este sujeito,
dialogando com o apresentado anteriormente, inicialmente sofre, trazendo toda
a formação ideológica da mulher traída e enganada por seu companheiro.
Porém, ao perceber, a repetição de atitudes do mesmo, muda de posição (agora
vi que não valia a pena), e toma a decisão da valorização dela própria, ou o final
do relacionamento, decisão característica da mulher empoderada.
Fica notório, através das três músicas analisadas, que o forró
universitário apresenta em suas letras uma nova configuração da mulher, que
tomada como sujeito nas letras, apresenta ser assujeitado, ao passo que toma
atitudes semelhantes aos homens, assumindo o discurso do feminismo,
movimento que busca a igualdade de gêneros. Desta forma, esses discursos são
polifônicos e heterogêneos, pois não apresentam somente as vozes destas
mulheres que são identificadas como sujeito, esses discursos são operados por
diversas vozes femininas que buscam, através do empoderamento, uma nova
configuração social.
Considerações finais
Esta pesquisa objetivou analisar letras do gênero musical forró
universitário a fim de mostrar os discursos sobre o empoderamento feminino. Por
empoderamento, entendeu-se ser a ação de ganhar poder, assim, o
empoderamento feminino, inicialmente buscado pelo feminismo, significa a
transformação das atitudes da mulher em conseguir igualdade na relação de
gênero.
Desta forma, através da Análise do Discurso de linha francesa, e seus
principais conceitos, observou-se que o forró universitário aborda em suas letras
a postura da mulher empoderada, ou seja, aquela que busca a auto estima no
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término de uma relação, que se ama ao invés de amar outra pessoa, que sai em
busca de diversão no final de semana, representando, assim, uma tentativa de
findar paradigmas impostos pela ideologia machista preconizada na sociedade
até os dias atuais.
Anexo 12
Anexo 2 3
2
Disponível em: < https://www.vagalume.com.br/calcinha-preta/novo-
namorado.html>
3
Disponível em: < https://www.vagalume.com.br/simone-e-simaria-as-
coleguinhas/rainha-da-balada.html>
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Quando elas chegam toda festa para Toca o couro e bora curtir
Parece ate que são rainhas da balada
Quando elas dançam todo mundo para O carro lotado
Som bem alto
Elas só tomam whisky de primeira Mais um toque do perfume
Quando tão loucas sobem em cima da Retoque na maquiagem
mesa Pare o carro e desce, flash
Começam a mexer, começam mexe
Parece ate que são rainhas da balada
Eu disse desce, desce Quando elas chegam toda festa para
Parece ate que são rainhas da balada
Parece ate que são rainhas da balada Quando elas dançam todo mundo para
Quando elas chegam toda festa para
Parece ate que são rainhas da balada Ela só toma whisky de primeira
Quando elas dançam todo mundo para Quando tão loucas sobe em cima da
mesa
Hey, hey... hey, hey Começam a mexer, começam mexer
Anexo 31
1
Disponível em: < https://www.vagalume.com.br/avioes-do-forro/se-nao-
valorizar-vai-me-perder.html>
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vai me perder ê
pode ter a certeza
Amo, amo você ê
mas se não valorizar
vai me perder ê ê ê ê
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Referências bibliográficas
ALTHUSSER, L. P. Aparelhos ideológicos de Estado. 7ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 1998.
BRANDÃO, H. H. N. Analisando o discurso. 2005. Disponível em: <
file:///D:/Downloads/analisandoodiscursonagaminebrandao.pdf> Acessado em 24 de abril de
2016.
PRAUN, A.G. Sexualidade, gênero e suas relações de poder. Revista Húmus, Barcelona,
n.1, p.55- 66, jan/fev/mar/abr, 2011. Disponível em:
www.pweriodicoseletronicos.ufma.br/index. Acesso em: 20 de abril de 2016.
Resumo:
O presente trabalho para comunicação tem como objetivo observar como a Análise do discurso
proporciona meios que possibilitem fomentar práticas distintas dos caminhos linguísticos. Para tanto,
discutiremos através de memes encontrados na mídia, relacionados com o contexto político Brasileiro,
de que maneira encontramos a “interdição” (FOUCAULT 2011), e se os leitores estão livres das
pressões discursivas em ideologias vigentes. Apresentaremos os dispositivos teóricos da Análise do
Discurso francesa, de acordo com Orlandi (2002) e Mussalin (2001), os conceitos básicos de Foucault
sobre os procedimentos de controle do discurso, e na sequência, a análise do corpos. Tendo como
suporte tais teorias, acreditamos que o sujeito, a partir de estudos discursivos que são encontrados
socialmente, possa observar a amplitude das contradições sociais e históricas que se encontram em
suas condições materiais de existência, conquistando a possibilidade de realizar um mecanismo de
interação entre o texto e a realidade.
Resumen:
Este trabajo para la comunicación tiene como objetivo observar como el Análisis del discurso
proporciona recursos para proveer de crianza diferentes prácticas de caminos lingüísticos. Por lo tanto,
vamos a discutir a través de los memes que se encuentran en los medios relacionados con el contexto
político brasileño, ¿cómo encontramos la "prohibición" (Foucault 2011), y los lectores son libres de
presiones discursivas ideologías dominantes. Se presenta el análisis de los dispositivos teóricos de
expresión francesa, de acuerdo con Orlandi (2002) y Mussalin (2001), los conceptos básicos de
Foucault sobre los procedimientos de control de voz, y tras el análisis de los cuerpos. Tener que
soportar este tipo de teorías, creemos que el sujeto, a partir de los estudios del discurso que se
encuentran socialmente, se puede observar la extensión de las contradicciones sociales e históricos
que se encuentran en sus condiciones materiales de existencia, ganando la posibilidad de un
mecanismo de interacción entre texto y la realidad.
PALABRAS CLAVE: Discurso. Interdicción. Memes. Mídia.
INTRODUÇÃO
Considerando que a formação e o desenvolvimento da criticidade do leitor são
condições indispensáveis para o exercício da cidadania, a interpretação assume um
importante papel ao encontro da participação social do indivíduo.
Neste artigo traremos um breve clareamento das teorias da Análise do Discurso
de linha francesa, por fornecer subsídios teóricos para trabalharmos nosso objeto,
observando as condições de produção às quais surgiram os memes, bem como os
aspectos históricos, ideológicos, e o lugar da interpretação, a qual tem relação direta
com o dito e o não dito.
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1. Viés discursivo
Falar em Análise do Discurso (doravante AD) para um linguista é falar em
movimento, em curso, percurso. Na análise de discurso, “procura-se compreender a
língua fazendo sentido, enquanto trabalho simbólico, parte do trabalho social geral,
constitutivo do homem e da sua história” (ORLANDI 2002, pg. 15). Esse estudo nos
faz conhecer melhor a significação do homem, concebendo a linguagem como
mediação necessária entre sua realidade social e natural. Essa mediação possibilita
o deslocamento e a transformação do homem e da realidade em que ele vive, e esse
trabalho simbólico está na base da produção da existência humana.
Conforme Benveniste (2005), o termo discurso opõe-se ao termo língua, que
recobre a linguagem enquanto conjunto de signos formais que formam sistemas e
estruturas. Assim, para ele, o discurso implica primeiro a participação do sujeito
através da fala do indivíduo, formado no próprio discurso que comunica ao outro.
De acordo com a linguista Kristeva (1969), o termo discurso designa de um
modo rigoroso, e sem ambiguidade, a manifestação da língua na comunicação viva.
Segundo Orlandi (2002), a AD trabalha a língua como objeto sócio-histórico em
que o linguístico intervém como pressuposto. Nesse ambiente, leva em conta o
homem na sua história, considerando os processos e as condições de produção da
linguagem, através da análise da relação entre a língua, o sujeito e as situações em
que produz o dizer. Explicando melhor, o analista de discurso analisa a relação entre
linguagem e sua exterioridade, pensando o sentido dimensionado no tempo e no
espaço das práticas do homem, descentralizando a noção de sujeito e relativizando a
autonomia do objeto da linguística.
Se se trabalha com a história e a sociedade como significantes no processo
discursivo, temos como consequência a reflexão da materialidade da ideologia que
está exatamente manifesta na língua, pois:
Partindo da ideia de que a materialidade específica da ideologia é o discurso
e a materialidade especificado discurso é a língua, trabalha a relação língua-
discurso-ideologia. Essa relação se complementa com o fato de que, como
diz M Pêcheux (1975), não há discurso sem sujeito e não há sujeito sem
V SEMANA DE LETRAS DA FACULDADE PIO DÉCIMO: Textualidades e Trânsitos Contemporâneos ISSN 2359 – 1250
Todos os sentidos já ditos por alguém, em outros momentos, têm efeito sobre
o que se está dizendo. Paralelamente, o interdiscurso e a historicidade (que
determinam as condições de produção), delimitam a exterioridade como tal para
descrevê-la no interior da exterioridade, isso significa dizer que o interdiscurso é que
especifica o espaço potencial de coerência próprio a uma memória.
A afirmativa que não há sentido sem interpretação, atesta a presença da
ideologia. Esta, é condição para constituição dos sujeitos e dos sentidos. “O indivíduo
é interpelado em sujeito pela ideologia para que se produza o dizer” (ORLANDI, 2002,
pg. 46). Essa produção do dizer faz com que o sentido seja evidente, isto é, faz ver
como transparente aquilo que se constitui, e esse paradoxo demonstra a interpelação
do sujeito pela ideologia. Assim, Orlandi (2002, pg. 47), afirma que:
Para pensarmos a ideologia, nessa perspectiva, pensamos a interpretação.
Para que a língua faça sentido, é preciso que a história intervenha, pelo
equívoco, pela opacidade, pela espessura material do significante. Daí resulta
que a interpretação é necessariamente regulada em suas possibilidades, em
suas condições. Ela não é mero gesto de decodificação, de apreensão do
sentido. A interpretação não é livre de determinações: não é qualquer uma, e
é desigualmente distribuída na formação social.
V SEMANA DE LETRAS DA FACULDADE PIO DÉCIMO: Textualidades e Trânsitos Contemporâneos ISSN 2359 – 1250
pelo lugar que ocupa no interior da formação ideológica à qual está submetido”
(MUSSALIN, 2001, pg. 137).
Isso, portanto, faz parte da realidade social no contexto em que o sujeito se
encontra, pois na sociedade, o apagamento corresponde ao contexto da época, uma
vez que, a realidade, nessa perspectiva, faz parte de uma construção interessada que
provém das relações de poderes de que cada momento histórico define como
verdade, instituindo papéis, silenciamentos, interdições:
Sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar
de tudo em qualquer circunstância, que qualquer um, enfim, pode falar de
qualquer coisa. Tabu do objeto, ritual da circunstância, direito privilegiado ou
exclusivo do sujeito que fala: temos aí o jogo de três tipos de interdições, que
se cruzam, se reforçam ou se compensam, formando uma grade complexa
que não cessa de se modificar. (FOUCAULT, 2011, pg. 9).
Analisar os memes políticos sob esse olhar, nos permite constatar paradigmas
de silenciamento e submissão, mais que isso, podemos observar a insatisfação social
oriunda das relações de poder que estratificam a sociedade através do seu contra-
discurso.
3. Analisando os memes
Como vimos, para a AD, a interpretação é desencadeada de acordo com o
enredo sócio-histórico no qual o sujeito/leitor está inserido, e levando em consideração
as condições de produção e a ideologia, esse processo será afetado. E conforme os
postulados de Foucault, a produção do discurso é controladora e ao mesmo tempo
controlada, ligando-se ao desejo e ao poder. Nessa instância, tentaremos analisar
alguns memes políticos encontrados nas redes sociais do corrente ano.
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1 http://www.cartacapital.com.br/politica/o-fora-temer-e-a-censura-nas-olimpiadas (Acesso em
13/10/2016 às 13:00)
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Figura 3 Figura 4
Considerações finais
Análise de discurso é um campo de pesquisa cujo objetivo é compreender a
produção textual dos sentidos, realizadas por sujeitos e sua história, por meio da
materialização que é a linguagem. Nosso rápido passeio pelos cartazes demonstram
um pouco da importância da análise do discurso para a compreensão dos sentidos
produzidos em textos da mídia (no nosso caso os memes). Assim, podemos perceber
sua função na produção social. Logo, evidenciamos que a mídia é uma fonte poderosa
de reprodução de subjetividades, apontando sua sofisticada inserção na rede
discursiva que modelam sua presente história.
REFERÊNCIAS
BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral I. Campinas, SP. Pontes
editores, 2005.
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RESUMO
O presente artigo pretende empregar a Análise Crítica do Discurso em um estudo de um texto jurídico,
cujo gênero é a sentença. Trata-se de O Caso dos Exploradores de Cavernas. A Análise Crítica do
Discurso disponibiliza dispositivos de análises capazes de relacionar aspectos linguísticos com
estruturas sociais. A escolha por trabalhar com Teun Van Dijk é justificada pela relevância de seus
trabalhos que adotam uma abordagem sociocognitiva, ou seja, baseia-se no argumento de que são
atribuídos significados aos textos através dos processos sociocognitivos daqueles que usam a
linguagem. A partir dos estudos de van Dijk (1997), no qual se propõe analisar algumas propriedades
básicas da ideologia e sua ligação discursiva, nortearemos nossas análises por meios de suas
categorias, nos apoiaremos nos modelos que são representações mentais de experiências pessoais
ou de planos de ação. A partir de um breve panorama sobre os estudos das ideologias e dos modelos
mentais (DIJK, 1997), objetivamos verificar a presença dessas categorias no discurso do juiz Foster, J.
no gênero já mencionado.
RESUMEN
INTRODUÇÃO
Temos como objetivo principal deste artigo, analisar a sentença do juiz Foster,
J. sobre O Caso dos Exploradores de Cavernas de Lon L. Fuller (1976), a partir das
categorias analíticas de Teun A. van Dijk.
A escolha por trabalhar com Teun Van Dijk é justificada pela relevância de seus
trabalhos que adotam uma abordagem sociocognitiva, ou seja, baseia-se no
argumento de que são atribuídos significados aos textos através dos processos
sociocognitivos daqueles que usam a linguagem, se não for deste modo, os textos
não possuem significados próprios.
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1 Metodologia
Esse artigo é de natureza bibliográfica, pois utilizei como fonte apenas registros
em meio impresso e digital, como artigos científicos, selecionamos as teorias da ACD,
os estudos das ideologias edos modelos mentais de van Dijk.
2 O corpus
Segundo Fuller (1976 p. 1-8) os fatos são enunciados pelo Presidente Trupenny,
C. J. da seguinte maneira: Em maio de 4299 os quatro acusados entraram em uma
caverna de rocha calcária com Roger Whetmore. Os cinco eram membros da
Sociedade Espeleológica, sendo uma organização amadorística de exploração de
cavernas.
Ao estabelecer novo contato, Roger Whetmore pediu para falar novamente com
os médicos e perguntou se eles poderiam sobreviver caso se alimentassem da carne
de um dentre eles. O médico respondeu positivamente, então Whetmore perguntou
se poderiam tirar na sorte quem iria se sacrificar, porém ninguém quis assumir a
responsabilidade de aconselhar sobre tal questão, nem médicos, nem juízes,
tampouco sacerdotes.
Quando eles foram libertados soube-se que Whetmore havia sido sacrificado e
servido de alimento a seus companheiros.
Para Pernambuco (2011), o direito natural deve ser respeitado independente das
fronteiras territoriais e temporais. Este é um direito que é inerente à natureza humana,
por isso a nomenclatura. Além disso deve ser respeitado independentemente da sua
positivação no ordenamento jurídico interno.
Com isso, entende-se que se trata de uma corrente que defende que o direito
é independente da vontade humana, ele existe antes do homem e acima das leis do
homem. É universal, imutável e inviolável.
5 Ideologia
Esse trabalho está fundamentado principalmente nos estudos de van Dijk (1997),
pois é através do conceito de ideologias presente nesta obra e as categorias analíticas
dos modelos mentais que fundamentei as análises.
As ideologias não são verdadeiras ou falsas neste sentido as ideologias não são
definidas em termos de verdade ou falsidade, pois são modelos de interpretação.
Nesse raciocínio a verdade ou a falsidade será julgado pelo próprio grupo que a
detém, ou seja, será relativo ao seu grupo, capaz de favorecer os seus interesses.
A teoria defendida pelo autor de que as ideologias têm manifestações que variam
de acordo com o contexto, quer dizer que as expressões ideológicas de membros de
grupos, parecem ser incoerentes, vagas, contraditórias, pelo fato de ele pertencer a
vários grupos, possuir suas experiências pessoais, as normas que regem suas ações.
E por fim, a hipótese de que as ideologias são gerais e abstratas, porque “não
dependem de qualquer situação e que apenas as suas expressões susceptíveis de
variação são produzidas localmente e restritas em termos contextuais” (DIJK, 1997,
p. 110)
eles representações sociais que dão sentido ao discurso é através dessa análise que
alcançamos a articulação da ideologia com o discurso.
Tópicos: Há, além da coerência local, uma coerência global, ou seja, que levam
aos sentidos mais genéricos do texto. Consideram as informações mais relevante de
um discurso.
6 Análise
Valores
“Se este tribunal declara que estes homens cometeram um crime, nossa lei será
condenada no tribunal do senso comum, inobstante o que aconteça aos indivíduos
interessados neste recurso de apelação”, (FULLER, 1976, p.10), o juiz deixa claro
que, independente do resultado do julgamento, a lei positivista está vulnerável e
passível de análise depreciativa, com a expressão em destaque.
Então ele avalia a acusação como algo negativo em sua essência, e demonstra
a formação imaginária questionável que faz do próprio tribunal. Com isso, ele tenta
produzir uma imagem de si como o que alguém que está dentro da lei e que esta não
pode ser suscetível a caprichos de poderes.
Estruturas de ideologias
Ex.: No que me concerne, não creio que nossa lei conduza obrigatoriamente à
monstruosa conclusão de que estes homens são assassinos. Creio, ao contrário,
que ela os declara inocentes da prática de qualquer crime. (FULLER, 1976, p.11).
Identidade/Pertença
Direito naturalista.
Afirmo que o nosso direito positivo, incluindo todas as suas disposições legisladas e
todos os seus precedentes, é inaplicável a este caso e que este se encontra regido
pelo que os antigos escritores da Europa e da América chamavam “a lei da natureza”
(direito natural).
Tarefas/Atividades
Objetivos
Normas/Valores
Define os grupos.
Posição
Seu posicionamento enquanto sujeito persuasivo em relação aos outros sujeitos. Ele
julga e absolve os réus, submete-se às Normas e Valores.
A posição define suas escolhas e seleções discursivas e define as relações de conflito
e de competição.
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Nesse trecho pude identificar que trata-se de uma implicação, pois quando ele fala:
intranquilidade, ele diz A para dizer B. Semanticamente a palavra em destaque
poderia ser substituída pela palavra ‘caos’.
Por tanto, se nós lermos este texto legal inteligentemente, é manifesta a sua
inadequação a este caso. (FULLER, 1976, p.23).
Esse caso também trata de uma implicação, pois quando o juiz propõe que leiam
inteligentemente, o que está implícito é de que não leram de forma inteligente.
Se trata de uma verdade tão óbvia e tão abrangente que raramente temos a
ocasião de expressá-la em palavras. À semelhança do ar que respiramos, ela
penetra de tal modo a nossa vida que nos esquecemos de sua existência até
que dela somos subitamente privados. (FULLER, 1976, p.12).
Identifiquei o modelo de verdade/falsidade, pois são modelos de interpretação e
de construção de uma determinada realidade social, o juiz traz a “verdade” da lei como
sua, como o sujeito que faz parte, que está dentro da verdade. Relaciona essa
verdade como condição de sobrevivência, “à semelhança do ar que respiramos”,
dizendo assim que quem não agir dentro dela estará em desacordo com a vida e,
portanto, fora da lei. Esse jogo de palavras demonstra a relação de poder entre as leis
e os homens. O que para um indivíduo pode ser verdade, para outro, pode não passar
de crença, ou seja, a verdade e a falsidade se define de acordo com as ideologias do
grupo ao qual o indivíduo pertence.
7 Conclusão
Ter conhecimento dos modelos mentais, foi crucial para a pesquisa em questão e
acredito que essas teorias têm uma relevância grandiosa para os estudos em Análise
Crítica do Discurso. Por isso consideramos esse trabalho uma embrionária discursão
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REFERÊNCIAS
PERNAMBUCO, Silvia Collares. Direito Natural. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande,
XIV, n. 95, dez 2011. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10785>.
Acesso em Agosto de 2016.
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RESUMO
Filiando-se ao campo teórico da Linguística de Texto, mais especificamente àquele espectro de noções
tributárias de abordagens na interface sociocognitiva da linguagem, o presente trabalho constitui-se
uma tentativa de alargamento e reelaboração de categorias teóricas de análise textual tradicionalmente
destinadas ao estudo do texto linguístico, com vistas a dar conta, também, das novas textualidades,
especialmente daqueles de natureza multimodal. Nesse sentido, objetivo deste artigo é investigar os
mecanismos persuasivos produzidos por intermédio dos fenômenos da referenciação, da
intertextualidade e da multimodalidade nos textos publicitários (CARVAVALHO, 2014) da campanha
“Liga da Saúde” da rede Hortifruti. Para tanto, trazendo à baila os estudos de Cavalcante (2012),
Custódio Filho (2009, 2012, 2015), Cavalcante e Custódio Filho (2010), Dionisio e Vasconcelos (2013).
Ao cabo das analises, constatou-se que o uso de elementos intertextuais e referenciais como recurso
persuasivo contribui para a legitimação de interesses/intenções, uma vez que quanto mais próximos
das vivências afetivas dos sujeitos a propaganda estiver, maior poderá ser o grau de envolvimento
emotivo dos consumidores, e, consequentemente, a adesão/aceitação.
RESUMEN
Uniendo el campo teórico de Lingüística del texto, más específicamente, a que el espectro de las
nociones de impuestos de los enfoques socio-cognitiva idioma de la interfaz, este trabajo constituye un
intento de extender y re-elaboración de las categorías teóricas de análisis textual tradicionalmente
destinadas a el texto del estudio lengua, con el fin de tener en cuenta también las nuevas textualidades,
especialmente los de naturaleza multimodal. En este sentido, el propósito de este artículo es investigar
los mecanismos de persuasión producidos por los fenómenos de la derivación, la intertextualidad y la
multimodalidad en los textos publicitarios (CARVAVALHO, 2014) campaña "Liga de la Salud" de la red
de Hortifruti. Por lo tanto, con lo que el estudio Cavalcante (2012), Custodio Filho (2009, 2012, 2015),
y Cavalcante Custodio Filho (2010), Dionisio y Vasconcelos (2013). Al final del análisis, se encontró
que el uso de elementos intertextuales y referencias como función persuasiva contribuye a la
legitimación de interés / intención, ya que las más estrechas las experiencias afectivas de los temas de
publicidad, mayor será el grado de participación consumidor emocional, y por lo tanto la adherencia /
aceptación.
INTRODUÇÃO
Carvalho (2014), em seu livro “O texto publicitário na sala de aula” afirma que
a comunicação publicitária é constituída por intermédio de elementos verbais e não
verbais (signos icônicos, plásticos, sonoros etc.), por meio dos quais conhecimentos
de diversas ordens (culturais, sociais, históricos, ideológicos etc.) são utilizados a fim
de gerar determinados efeitos de sentido para a conquista de seu público-alvo.
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Figura: 1
(Fonte: https://abobrinhaecia.files.wordpress.com/2011/11/744.jpg, Acesso em:
25/09/2016)
a fim de criar vínculos emocionais no público para a obtenção de seu principal objetivo
de “seduzir o consumidor e levá-lo, consequentemente a aderir à mensagem
proposta” (CARVALHO, 2014, p. 20).
Sendo assim, o texto multimodal não apresenta apenas a figura de um tomate,
nem de Thor, entretanto um terceiro referente multimodal recategorizado por
intermédio da junção das características dos referentes anteriormente mencionados
(Thor e o tomate). A legenda, por sua vez, opera como recurso linguístico não só para
compreensão de efeitos de sentido no texto como um todo, mas também de modo
alusivo ao poder de convencimento, uma vez que quem consumir aquele alimento-
super-herói vai adquirir o benefício do alimento através do super-poder do herói
apresentado.
Em função do texto publicitário ser persuasivo e sedutor, outra questão a ser
levantada, é fato dele atuar criando inimigos que devem ser combatidos como “o
envelhecimento precoce”, inimigo da saúde, apresentando a solução para o combate,
seu próprio produto a ser consumido.
Podemos ver que para alcançar seus objetivos o texto informa os aspectos
básicos do produto (bom contra o envelhecimento precoce), exaltando suas
qualidades por meio de mecanismos de persuasão, sedução e convencimento
(CARVALHO, 2014). Em outras palavras, informar e persuadir medem forças nessas
manifestações discursivas de onde sai vencedor o último (CARVALHO, 2014).
Por último, na parte inferior direita, encontramos um balão de fala ligado
diretamente ao discurso da Hortifruti. Através desse balão a empresa estabelece um
diálogo direto com o cliente “Aqui a natureza tem superpoderes”. Em outras palavras,
se o cliente consumir o alimento super-herói também terá superpoderes físicos como
se ver livre do envelhecimento precoce, entre outros.
Para encerrar nossos comentários com relação a este exemplo, queremos
ressaltar que por mais lúdica e inocente que a linguagem publicitária possa
manifestar-se, seu papel fundamental sempre será o convencimento, a persuasão ou
a sedução de seu interlocutor para adesão de seu produto, serviço ou ideologia. Em
outras palavras, os textos publicitários “não tem outro objetivo senão o de fazer agir:
comprar, seguir uma moda, ser cliente de um banco, aderir a uma campanha”
(CARVALHO, 2014, p. 32). No próximo tópico apresentaremos as considerações
finais de nosso trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Diante do que foi observado neste trabalho, podemos afirmar que a construção
dos sentidos no texto publicitário se dá no imbricamento entre vários fatores:
linguísticos, não linguísticos, sociais, históricos, culturais, lúdicos e principalmente os
mercadológicos. A propaganda publicitária, por ter como principal objetivo a
persuasão, se apodera da linguagem como uma arma, com o intuito de seduzir, de
convencer, de manipular de forma sutil os anseios de seu público-alvo, fazendo com
que este ceda a seus apelos, aderindo às propostas mercadológicas e/ou ideológicas.
Por intermédio de nossa análise, constatamos também que o uso de elementos
intertextuais e referenciais como recurso persuasivo contribuem para a legitimação de
seus (publicitários) interesses, uma vez que quanto mais próximos das vivências
afetivas dos sujeitos a propaganda estiver, maior poderá ser o grau de envolvimento
emotivo dos consumidores, e, consequentemente, a adesão/aceitação.
E para concluirmos, queremos ressaltar que, apesar de embrionário,
acreditamos que os apontamentos realizados até aqui possam ser úteis para a
realização de outras investigações nesta perspectiva.
REFERÊNCIAS
RESUMO
O presente trabalho visa propor algumas descrições de como, na atualidade, a memória discursiva
(e/ou social) do cangaceiro Lampião é recategorizada/reconstruída por cidadãos do agreste central de
Sergipe, partindo da construção e veiculação de memórias, entendidas à luz de uma articulação entre
teorias sociais, históricas e linguísticas. Tomamos como aporte teórico a Linguística Textual, em uma
de suas noções mais recentes e importantes dentro dos estudos da linguagem: a referenciação. No
interior dessa concepção, prioriza-se a perspectiva sociocognitivo-interacional que postula a linguagem
como uma atividade discursiva em que interação, cultura, experiência e história interagem na
recategorização de objetos de discurso, conforme postulam Mondada e Dubois (2003), Apothéloz
(2003), Koch (2008), Marcuschi (2005), Cavalcante, Custódio filho e Brito (2014), outros. As análises
realizadas revelaram que o uso de processos referenciais contribui decisivamente na (re)construção
das imagens do rei do cangaço. Para a constituição do corpus, foram realizadas 24 (vinte e quatro)
entrevistas (gravação em áudio e em vídeo) com moradores de diferentes faixas etárias das regiões
supracitadas.
RESUMEN
Este estudio tiene como objetivo proponer algunas descripciones de cómo, hoy en día, la memoria
discursiva (y / o social) de cangaceiro Lampião es recategorizada / reconstruido por los ciudadanos de
agreste central de Sergipe, a partir de la construcción y colocación de recuerdos, interpretado secundo
de una vínculos entre las teorías sociales, históricas y lingüísticas. Tomamos como la lingüística textual
teórica, en uno de sus conceptos más recientes e importantes dentro de los estudios de lengua: una
referencia. Dentro de este diseño, la prioridad al desarrollo socio-cognitivo-interaccional perspectiva
que plantea el lenguaje como una actividad discursiva donde la interacción, la cultura, la experiencia y
la historia interactúan en la re-categorización de los objetos del discurso, como se postula Mondada y
Dubois (2003), Apothéloz (2003 ), Koch (2008), Marcuschi (2005), Cavalcante, Custódio Filho y Brito
(2014), otros. Los análisis revelaron que el uso de procesos referenciales contribuye decisivamente en
1
Graduando em Letras Vernáculas pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). E-mail:
[email protected].
2 Graduado em Letras Vernáculas pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e mestrando pelo Programa de Pós-
la (re) construcción de imágenes highwaymen rey. Para la constitución del corpus, hubo 24
(veinticuatro) entrevistas (grabación de audio y video) con los residentes de los diferentes grupos de
edad en esas regiones.
INTRODUÇÃO
Tendo como nome Virgulino Ferreira da Silva, Lampião nasceu no ano de 1898
no município de Serra Talhada/PE. Oriundo de família da classe de pequenos
proprietários rurais, Lampião estava entre os latifundiários e a massa de lavradores
sem-terra. Sua infância foi um tanto conturbada, porquanto seus pais se envolveram
em várias discussões por causa da divisão de terras. Após a morte dos seus genitores,
de forma injusta, Virgulino decide, junto ao seu irmão, adentrar ao cangaço. Ele
assume o posto de cangaceiro ainda no bando do Sinhô Pereira, no ano de 1917.
Diante da sua corajosa desenvoltura, apresentou-se como um atirador de
excelência como também um grande líder. Com uma exorbitante inteligência, Lampião
consagrou-se como excelente estrategista, corajoso, detalhista e artificioso,
características que o levaram a se destacar entre os outros cangaceiros. Tais
características condicionaram-no, tempos depois, em 1922, ao posto de sucessor do
Sinhô Pereira, nomeado pelo próprio líder. Lampião, então, sobreviveu no cangaço
por 22 anos, num período que teve início em 1916 e se estendeu até 1938, quando
foi morto no município de Poço Redondo, SE.
Considerando o bojo dessas informações sócio-hisóricas e à luz das
concepções teóricas da Linguística de Texto contemporânea, o presente trabalho tem
como objetivo refletir sobre o modo como os habitantes do agreste central de Sergipe,
por meio procedimentos textuais anafóricos, de natureza recategorizadora, produzem
sequencias textuais argumentativas, em sentidos amplo, e assim (re) constroem a
figura de Lampião no discurso.
Para tanto, assume-se, pois, a concepção de que, os objetos de discurso
(MONDADA; DUBOIS, 2003), por meio do processo referencial da recategorização
colabora para a construção dos significados. Assim sendo, ao passo que um objeto
de discurso é introduzido no texto/discurso, é retomado, em pontos estratégicos, e,
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(1) Lampião para mim foi um mito. Um mito, que na verdade, ficou na memória
de nosso povo. O povo desse lugar, assim como o povo do Nordeste inteiro,
tem Lampião na cabeça como uma figura mágica, uma figura que foge à
nossa realidade. Apesar de ele ter vindo aqui em nosso município vezes e
todos nós sabemos que ele existiu de verdade, mesmo assim parece que
consideramos ele uma coisa mágica, uma coisa fantástica (Inf. G1/2)
(2) O bandido do Lampião passou por aqui umas três vezes. O que eu acho dele
é que ele foi um bandido mesmo, né?! Isso de dizer que ele era um homem
bom, que ajudava os pobres, é tudo mentira, isso é coisa de quem quer
enfeitar a história de Lampião, viu? [...]. Eu acho é que ele foi malvado
mesmo, mas, como todo cangaceiro, né mesmo? Não tinha nada demais
nele. Era um cangaceiro qualquer: gente ruim, gente que tem sangue no olho,
gente que não tem pena de ninguém, que mata sem saber nem por que, [...]
(Inf. G2/5).
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Vejamos, agora, como essa entidade vai sendo mencionada no relato do informante,
de acordo com o modo como vai sendo construída e reconstruída ao longo do
discurso.
(3) Eu sei aquilo que meus pais e avós me contaram sobre ele [Lampião]...
Algumas coisas. Bem, ele já teve aqui umas vezes. Em uma delas ele até
matou um rapaz, parece que foi por engano, não sei direito não... Neste dia
ele veio aqui atrás do pai deste rapaz, era que ele tinha uma vingança com o
pai dele, mas, como o pai e ele eram muito parecidos aí Lampião se confundiu
e matou a pessoa errada. Parece até que alguém disse a ele [Lampião]:
“coronel, você matou a pessoa errada!” Mas aí já era tarde. Era um homem
muito cangaceiro mesmo, Ø matava, Ø invadia as fazendas, acho que ele
tinha uma cobrança com os fazendeiros e se os fazendeiros não pagassem,
ele vinha e Ø pegava tudo que tinha na fazenda: vaca, boi, carneiro, dinheiro...
Tudo. Mas também não era este cão que o povo pensa não [...] (Inf. G1/6).
não”. Aqui, seu juízo de valor é invertido. Interessante perceber, então, as facetas
semânticas diversas, e até mesmo antagônicas, que este mesmo objeto de discurso
possui dentro do relato deste informante. Neste sentido, as duas expressões utilizadas
pelo entrevistado (“era ‘um homem muito cangaceiro’ mesmo” e “não era ‘este cão’
que o povo pensa não”) são formas que indicam ao “coenunciador” (CALVACANTE,
2003) como o enunciador, neste caso o informante, quer que ele (o “coenunciador”)
identifique e interprete o referente, neste caso, a entidade Lampião. Essa estratégia
cognitiva é própria de argumentações, o que não diferencia muito do texto do
entrevistado, pois, neste momento, ele abre mão do seu texto narrativo para se valer
de uma defesa, ou opinião, sobre tal referente. Na primeira expressão de remissão ao
referente (“um homem muito cangaceiro”), como já dissemos, o sujeito falante expõe
sua opinião relatando fatos que justificam sua argumentação de que Lampião “era um
homem muito cangaceiro mesmo”.
Ainda para ilustrar os referentes, presentes no fragmento (03) e
correspondentes a expressões referenciais, encontramos: (ii) “um rapaz” – este
referente aparece no discurso do enunciador para esclarecer histórias a respeito da
entidade foco desta pesquisa. Esta expressão (“um rapaz”), mais tarde, é retomada
no discurso por: “ele” e “pessoa errada”, esta última forma linguística se refere “ao
rapaz”, dentro de uma narrativa em que o informante conta a respeito de Lampião.
Interessante, então, perceber um entrelaçamento que há entre um referente direto
(“rapaz”), aquele que está diretamente na fala do informante, e as expressões indiretas
correspondentes a este referente, que são aquelas que estão dentro do discurso do
informante, mas não são dele, pois se trata somente de uma reprodução de outras
falas, vozes de terceiros, dentro de seu discurso, que ocorre principalmente quando
esse enunciador deixa seu discurso propriamente dito, para relatar acontecimentos
que envolvem outras pessoas, e que, portanto, envolvem outro(s) discurso(s) que não
seja o seu propriamente. É justo deixar claro que esta classificação de referentes
diretos e expressões referenciais indiretas são mera ilustração do autor desta
pesquisa para melhor esclarecer alguns aspectos do discurso do sujeito pesquisado.
Outro objeto-de-discurso totalmente novo introduzido no texto do falante é: (iii)
“o pai deste rapaz” – esta expressão depois é recategorizando por meio das anáforas
correferenciais “o pai dele” e “o pai”. A expressão anafórica “o pai dele” mostra que,
naquele momento de interação vernal, o sujeito falante opera sobre o material
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linguístico que tem à sua disposição e faz suas escolhas significativas, conforme o
seu modo de dizer, no momento de fazer remissão ao referente em foco (“o pai deste
rapaz”). Para isso, recorreu ao uso do pronome (ele), ao invés de fazer uma retomada
quase que completa, isto é, a repetição da expressão já utilizada (“o pai deste rapaz”),
visto que a expressão anafórica (“o pai dele”) utilizada pelo entrevistado para
reconstruir o referente poderia ser substituída por outra expressão lexical sem que
houvesse uma interferência no sentido de sua informação. Portanto, podemos
perceber através desse fragmento (3) a presença de alguns referentes, bem como as
expressões referenciais correspondentes a cada um deles, que se manifestam no
texto e para as quais se constroem e reconstroem representações mentais originadas
do processo de elaboração dos sentidos do texto.
4. Considerações finais
REFERÊNCIAS
MESAS REDONDAS
A Visão do Autor-Professor-Aluno