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Brazilian Journal of Health Review 13155

ISSN: 2595-6825

O atendimento odontológico à crianças com Transtorno do Espectro


Autista: uma revisão de literatura

Dental care for children with Autism Spectrum Disorder: a literature


review
DOI:10.34119/bjhrv6n3-371

Recebimento dos originais: 02/05/2023


Aceitação para publicação: 09/06/2023

Raquel Cardoso Bezerra


Graduanda em Odontologia
Instituição: Instituto Tocantinense Presidente Antonio Carlos (ITPAC Palmas)
Endereço: Avenida ACSU SO 70, Avenida NS1, s/n, Conj 02, Lote 03, Plano Diretor Sul,
Palmas - TO, CEP: 77017-004
E-mail: [email protected]

Jainy Amorim Assis


Graduanda em Odontologia
Instituição: Instituto Tocantinense Presidente Antonio Carlos (ITPAC Palmas)
Endereço: Avenida ACSU SO 70, Avenida NS1, s/n, Conj 02, Lote 03, Plano Diretor Sul,
Palmas - TO, CEP: 77017-004
E-mail: [email protected]

Pollyanna de Ulhôa Santos


Mestra em Odontopediatria
Instituição: Instituto Tocantinense Presidente Antonio Carlos (ITPAC Palmas)
Endereço: Avenida ACSU SO 70, Avenida NS1, s/n, Conj 02, Lote 03, Plano Diretor Sul,
Palmas - TO, CEP: 77017-004
E-mail: [email protected]

RESUMO
O autismo é categorizado como distúrbio autístico do contato afetivo e ficou claro que a causa
do espectro é desconhecida, porém, foram apresentadas diferentes indicações quanto a sua
origem. Pacientes com transtorno do espectro autístico (TEA) apresentam características orais
semelhantes das não TEA. Entretanto, o uso de medicamentos controlados associado às
dificuldades na realização da higiene oral altera o pH bucal, tornando-o mais vulnerável à
doença cárie e doenças periodontais. O objetivo deste trabalho é identificar técnicas adequadas
de manejo, compreendendo seus comportamentos diante de estímulos sensoriais, levando em
consideração as dificuldades dos pacientes com TEA, pais e profissionais odontológicos. Trata-
se de uma pesquisa documental de abordagem qualitativa, nos idiomas português e inglês nas
bases Pubmed e Scielo, a partir dos descritores: Espectro Autista e Odontologia, Transtorno do
Espectro Autista, Atendimento Odontológico, Pacientes Especiais, e foi utilizado o operador
booleano AND. Nesta análise, reunimos algumas técnicas e métodos que são utilizados para
trabalhar a abordagem comportamental desses pacientes.

Palavras-chave: espectro autista e odontologia, Transtorno do Espectro Autista, atendimento


odontológico, pacientes especiais.

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ISSN: 2595-6825

ABSTRACT
Autism is categorized as autistic disorder of affective contact and it was clear that the cause of
the spectrum is unknown, however, different indications were presented as to its origin. Patients
with autism spectrum disorder (ASD) have oral characteristics similar to non-ASD patients.
However, the use of prescription drugs associated with difficulties in performing oral hygiene
alters the oral pH, making it more vulnerable to caries and periodontal diseases. The objective
of this work is to identify appropriate management techniques, understanding their behavior in
the face of sensory stimuli, taking into account the difficulties of patients with ASD, parents
and dental professionals. This is a documentary research with a qualitative approach, in
Portuguese and English in the Pubmed and Scielo databases, based on the descriptors: Autistic
Spectrum and Dentistry, Autistic Spectrum Disorder, Dental Care, Special Patients, and the
Boolean AND operator was used . In this analysis, we gathered some techniques and methods
that are used to work on the behavioral approach of these patients.

Keywords: autism spectrum and dentistry, Autism Spectrum Disorder, dental care, special
patients.

1 INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), é categorizado como distúrbios autísticos do
contato afetivo e ficou claro que a causa do espectro é desconhecida, porém, foram apresentadas
diferentes indicações quanto a sua origem (FERNANDES et al., 2020).
A etiologia do autismo pode ser ainda uma causa indefinida, porém leva-se em
consideração uma multifatoriedade, como as condições genéticas, fatores de pré- natal e fatores
biológicos cerebrais como a causa para o seu desenvolvimento. Suspeitava-se que os indivíduos
com autismo tinham seus contatos sociais constantemente impedidos devido a um déficit inato
em suas habilidades sociais e de comunicação (FERRAZZANO et al., 2020).
Durante uma consulta odontológica, crianças com TEA desenvolvem níveis variados de
comportamento e cooperação. É importante o uso de estratégias adaptadas para atender às
necessidades individuais de cada criança autista, pois alguns pacientes que apresentam
comportamento cooperativo podem desenvolver sensibilidade em relação à experiência
odontológica (CHANIN et al., 2023).
A família que lida com o dia a dia das pessoas com TEA, adquire habilidades em
diversas áreas como a intelectual, emocional e social, desenvolvida pela dedicação a sua
família. Os desafios vivenciados mostram comportamentos desenvolvidos com o objetivo de
entender seus filhos, dando prioridade à importância de sua presença, ao tempo ativo e
dedicado, transformando todas as atividades em proveitos terapêuticos e educativos (MORAES
et al., 2021).

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2 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA


O autismo tem uma causa multifatorial, em que fatores genéticos, ambientais , de
desenvolvimento no útero e na primeira infância, desempenham um papel fundamental no seu
aparecimento. Ainda não se sabe exatamente como esses motivos interagem para causar o
autismo, mas é incerto que uma única condição ou evento desempenhe um papel importante
no desenvolvimento do transtorno do espectro autista ( MASINI et al., 2020).
Os primeiros sintomas de um indivíduo com autismo, aparece logo nos primeiros anos
de vida e podem causar um impacto no cotidiano familiar, uma vez que as características do
autismo podem afetar a comunicação, a interação social e o comportamento da criança
(MORAES et al., 2021).
Por muito tempo o autismo foi considerado extremamente raro, no entanto, no último
século houve um aumento dramático nos diagnósticos. No ano de 2000, foi possível demonstrar
que havia 1 autista para cada 150 crianças analisadas. No relatório mais recente de 2020, com
base no ano de vigilância que foi realizado em 2016, a taxa aumentou para 1 em 54 crianças.
De acordo com o (CDC) Centro de Controle e Prevenção de Doenças a estimativa para 2050
é de um aumento considerável de 42,7% em crianças menores de 5 anos de idade nos Estados
Unidos (COMO 2020; ALMEIDA 2020).
Segundo Chanin (2023), em um estudo mais recente, relata que o autismo prevalece em
1 a cada 44 crianças e está presente em todos os grupos raciais, étnicos e socioeconômicos.
Acomete mais o sexo masculino em comparação com as mulheres.
Não há uma explicação para esse aumento contínuo dos casos, mas há um fator que às
vezes é mencionado e diz respeito a melhoria no processo do diagnóstico precoce e preciso para
essas crianças que não teriam sido diagnosticadas da melhor forma no passado
(FERRAZZANO et al., 2020).

3 FAIXA ETÁRIA, COMPORTAMENTOS E NÍVEIS


Alguns sinais e comportamentos podem ser observados em diferentes faixas etárias,
dentre eles:

6 Meses: “Poucas expressões faciais, baixo contato visual, ausência de sorriso social
e pouco engajamento sociocomunicativo”.
9 Meses: “ Não faz troca de turno comunicativa; não balbucia "mamã/papá"; não olha
quando chamado; não olha para onde o adulto aponta; Imitação pouca ou ausente”.
12 Meses: “Ausência de balbucios; não apresenta gestos convencionais (abanar para
dar tchau, por exemplo); não fala mamãe/papai; Ausência de atenção compartilhada”.
Qualquer faixa etária: “perdeu habilidades” (ARAÚJO, 2019).

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Além dos comportamentos serem observados de acordo com a faixa etária, é preciso
estabelecer um diagnóstico clínico confiável e preciso para classificar os indivíduos de acordo
com os níveis de gravidade: Nível I -Não necessita de apoio, dificuldades para interagir, pouco
interesse, tentativas mal sucedidas no contato social, dificuldade de organização. Nível II -
Pequeno apoio, prejuízos sociais ao iniciar relações interpessoais e restrição para mantê-las,
irredutibilidade de comportamento, dificuldades de lidar com pequenas mudanças. Nível III -
Muito apoio, grandes déficits graves na desenvoltura de comunicação social, de
comportamento, de inflexibilidade, grandes dificuldades com mudanças (FERNANDES et al.,
2020).
Portanto o diagnóstico demorado e o consequente atraso no tratamento da criança com
TEA, aumentará os riscos no seu desenvolvimento geral (ARAÚJO et al., 2019).
Aproximadamente 50% dos pacientes com TEA apresentam dificuldade em desenvolver
a fala e cerca de 75% retardo mental moderado, tendo dificuldades em realizar atividades em
equipe, querendo estar sempre em seu próprio universo, não compartilhando o desejo de outra
criança em uma tarefa. (CHANDRASHEKHAR et al., 2018).

4 ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO À CRIANÇAS COM TEA


A limitação de comunicação e convivência com as crianças autistas são considerados as
maiores dificuldades no tratamento odontológico, e outros obstáculos como o descontrole
emocional, movimentos corporais involuntários, transtornos de atenção e hiperatividade, pouca
tolerância a frustrações podem provocar momentos de estresse e sons vocais estranhos
(CHANDRASHEKHAR et al., 2018).
Pacientes com TEA necessitam de um cotidiano semelhante e não apreciam mudanças,
ainda que pequenas, e por esse motivo existe a necessidade de uma equipe odontológica
preparada para eventuais situações causadas por estímulos sensoriais (CHANDRASHEKHAR
et al., 2018).
A partir de um atendimento didático bem elaborado, com técnicas psicológicas bem
aplicadas, respeitando o tempo de evolução de cada criança em sua particularidade e prezando
pelo conforto do paciente, será possível obter a confiança dele e de sua família, além de
condicioná-lo para futuras consultas odontológicas ao longo da vida (GONÇALVES et al.,
2021).
É essencial incluir e estimular os responsáveis sobre a importância de consultas
preventivas e de controle odontológico, ao contrário de buscar atendimento somente na fase
curativa voltada para os procedimentos restauradores e exodontias (AMADOR et al., 2021).

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5 ATUAÇÃO INTERPROFISSIONAL
A assistência interprofissional talvez seja um dos fatores determinantes para aumentar
os cuidados de saúde e melhorar os resultados na educação das crianças com TEA. Essa
colaboração auxilia no convívio, no compartilhamento das experiências clínicas, o
planejamento, a análise e execuções de ações conjuntas nas variadas áreas profissionais,
possibilitando uma maior efetividade nas intervenções (ROMEU et al., 2022).
Diante das barreiras encontradas pelo profissional no atendimento odontológico à
crianças com TEA, cinco pontos importantes foram constatados: cada paciente possui
necessidades específicas; a comunicação é primordial; técnicas específicas são essenciais;
incompatibilidade entre necessidade e recursos e valorização pessoal pelo trabalho (REIS et al.,
2022).
Os diferentes profissionais que trabalham com os pacientes autistas, aplicam geralmente
planos de tratamentos com base em resultados voltados para sua área de atuação, e dificilmente,
interagem com colegas de outras áreas para definir o melhor plano de tratamento, porém que a
colaboração interprofissional é a melhor conduta de prática no cuidado e no tratamento de
pacientes com diversos problemas de saúde, como doenças crônicas e transtorno do espectro
autista (ROMEU et al., 2022).
O suporte educacional dos dentistas na atuação clínica pode ser fortalecido pela
colaboração interprofissional. O trabalho em equipe interdisciplinar com áreas como: Terapia
Ocupacional, Terapia Comportamental, Psicologia, Educação Especial, Ciência da
Computação e Informática, contribuem para uma perspectiva mais ampla sobre os cuidados e
estratégias para o sucesso do atendimento. Tais estratégias fornecem educação sobre
sensibilidade sensorial e assim criar um ambiente confortável sensorialmente, auxiliar no
desenvolvimento e uso de suportes visuais e histórias sociais, uso de vídeo/tecnologia virtual
(COMO et al., 2021).
Frequentemente o fonoaudiólogo se torna o único profissional de saúde que acompanha
a rotina da criança com TEA, e acaba se tornando a única fonte de orientações sobre hábitos
básicos de saúde (HAGE et al., 2020).
A terapia ocupacional utiliza atividades da realidade cotidiana para aprimorar e permitir
a participação nas atividades de rotina .Os profissionais da odontologia em parceria com os TOs
(Terapeuta Ocupacional), podem auxiliar os pais a identificar e entender as sensibilidades
sensoriais dos filhos (como, sabor do creme dental, textura das cerdas, vibração da escova
elétrica, e outros) e a partir daí planejar um protocolo individualizado que se adapte a
necessidade da criança (COMO 2021; FLORÍNDEZ 2022).

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6 SUPORTE FAMILIAR PARA O SUCESSO, EXPECTATIVAS E DIFICULDADES


Os pais desempenham a função mais importante desde o momento do diagnóstico,
tornando-se os principais apoiadores e professores ao longo da vida, uma vez que esse indivíduo
não possui capacidade de depender de si mesmo (RODRÍGUEZ et al., 2020).
O apoio dos pais no processo de planejamento e execução do tratamento odontológico
pode ser um recurso muito favorável, pois eles costumam ser as pessoas mais próximas e de
maior convivência desse indivíduo, e se tornam um grande auxílio no resultado de um
atendimento, pois certamente conhecem melhor as necessidades únicas de seu filho (CHANIN
et al., 2023).
A partir da ideia de que um bom dentista é primordial para o sucesso dos cuidados bucais
dos pacientes com TEA, a compreensão, a experiência desses profissionais, e a ideia de
“flexibilidade para buscar novas estratégias e encontrar a melhor conduta” foram consideradas
como essenciais (DUKER et al., 2019).
Segundo Logrieco 2021 e Ducker 2017 afirma que para os pais e/ou cuidadores é
trabalhoso o processo de encontrar um dentista para seus filhos com TEA, e cita quatro temas
principais que mostram essa dificuldade: rejeição do profissional odontológico, deturpação do
dentista, referências e valor financeiro.

7 AGRAVOS EM SAÚDE BUCAL


Segundo a Academia Americana de Odontopediatria (AAPD) indivíduos que precisam
de cuidados especiais podem correr maior risco de apresentar problemas bucais, como cálculo,
gengivite, periodontite, hipoplasia de esmalte, cárie, aversão oral e problemas
comportamentais, má oclusões, apinhamento dentário, anomalias de desenvolvimento,
bruxismo, fraturas e traumas dentários (HASSEL et al., 2022).
Os problemas de comunicação, pouca destreza manual, funcionamento cognitivo
reduzido, sensibilidade à movimentos bruscos e ruídos, dificultam o processo de escovação e
uso do fio dental, além de alterações nos músculos da face, restos de comida retidos em fundo
de vestíbulo, preferência por alimentos macios e adocicados, serem fortes agravantes para o
aumento do biofilme dental além da escassez do acesso aos serviços odontológicos
especializados (MINISTÉRIO DA SAÚDE et al., 2019).
Os pacientes que fazem uso de medicamentos para controlar as manifestações do
transtorno espectro autista, como os anticonvulsivantes, por exemplo: fenitoína, provocam
efeitos colaterais, causando gengiva hipertrófica hiperplásica, atraso de erupção e gengivite
(FERRAZZANO et al., 2020).

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As taxas de lesões dentárias traumáticas nessas crianças são maiores, sendo a mais
comum, a fratura de esmalte, e os dentes mais acometidos são os incisivos, em consequência
das auto agressões é comum apresentar lesões ulceradas na região de cabeça e pescoço
(FERRAZZANO et al., 2020).
Em relação a má oclusão em indivíduos com TEA, os índices de hábitos parafuncionais
persistentes, associados à respiração bucal e hábito de morder objetos são mais altos se
comparados a aqueles sem TEA, e de acordo com vários estudos os indivíduos com TEA têm
maior risco de apresentarem má oclusão (MOTTA et al., 2022).
Segundo HASSEL (2022) em seu estudo, foi constatado uma pontuação CPOD/ceod
mais alta em relação a outro grupo de crianças saudáveis, resultado que tem relação com a baixa
frequência de escovação, primeira consulta odontológica em idade mais avançada, grandes
intervalos entre as consultas, propensão por alimentos açucarados de textura macia e pegajosa,
ou o maior tempo de permanência na boca. Em algumas situações os pais de crianças com TEA
se preocupam mais com outras questões de saúde e comportamento, e deixam a saúde bucal em
segundo plano.

8 MANEJO DO PROFISSIONAL FRENTE AO ATENDIMENTO


Uma das principais preocupações no atendimento de pacientes com TEA é a
incapacidade de alguns em demonstrar suas emoções e sensações como o medo ou a dor
(ZERMAN et al., 2022)
Através do condicionamento baseado em orientações de comunicação pode-se
estabelecer confiança e construir a cooperação necessária para o sucesso da consulta. Para isso,
os profissionais de saúde devem emitir comandos curtos, claros e simples, mantendo uma
comunicação contínua durante todas as visitas (CHANDRASHEKHAR et al., 2018).
A partir disso, várias técnicas são utilizadas pelos dentistas, isoladamente ou em
associação:

8.1 MANEJO NÃO FARMACOLÓGICO


PECS: Sistema de Comunicação de Troca de Imagens. Livro de imagens que permite
ao paciente expressar sentimentos, observações e desejos de forma visual. À medida que o
paciente cresce, o livro evolui sendo acrescentado mais palavras e imagens para aumentar a
capacidade de comunicação entre profissional de saúde e paciente. O PECS é indicado para
pacientes não verbais,com o objetivo de facilitar o tratamento odontológico e que exige
instruções repetidas para aprendizes visuais, pois sua adaptação melhora deficiências graves da

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fala e diminui os problemas comportamentais ( MEHARWADE; CHANDRASHEKHAR


2018).
ABA: Applied Behavior Analysis (Análise do Comportamento Aplicada )
Terapia que se concentra na mudança de comportamento, que ensina habilidades
específicas. Essa prática aumenta as chances do paciente aceitar os procedimentos
odontológicos simples e rotineiros sem a necessidade de intervenções de procedimentos mais
intrusivos, como no caso de restrição ou sedação. É uma abordagem aplicada em etapas
específicas e seria ensinada de forma separada, a criança é recompensada conforme aprende
as habilidades necessárias (CHANDRASHEKHAR et al., 2018).
Reforço Positivo: O reforço positivo é uma técnica que consiste na recompensa após
um comportamento que fornece uma consequência agradável após o comportamento desejado
ocorrer. Durante o atendimento odontológico de pacientes com TEA, a presença da família, o
toque suave e o calor podem ser usados como reforçadores positivos para fortalecer o
comportamento cooperativo dos pacientes (CHANDRASHEKHAR et al., 2018).
Dizer -mostrar-fazer: Introduzir instrumentos, equipamentos ou procedimentos
odontológicos para o paciente. É uma maneira básica e eficaz de terapia indicada para
indivíduos com uma linguagem limitada, o dentista pode usar imagens ou objetos para explicar
o que ocorrerá, por exemplo: mostrar o filme radiográfico, espelho bucal e ponta de sucção
por exemplo (CHANDRASHEKHAR et al., 2018).
Dessensibilização: Técnica que envolve a divisão de procedimentos em etapas
menores. Diminui a apreensão em pacientes que têm autismo grave. Cada procedimento deve
ser concluído com sucesso usando uma abordagem lenta e gradual e pela realização de um
comportamento específico o paciente pode ser recompensado por um comportamento
específico realizado por ele (CHANDRASHEKHAR et al., 2018).
Técnica sensorial: Técnica que diminui a exposição de estímulos gustativos e
auditivos, o dentista deve evitar ao máximo esses sentidos de forma drástica, como sabor do
creme dental ou a sensação da escova dental passando sobre os dentes. É preciso utilizar
estratégias como o uso de pano, escova de dente elétrica ou creme dental com sabor tolerável
para ajudar na aceitação da criança (CHANDRASHEKHAR et al., 2018).
Histórias sociais: Durante a primeira visita, o dentista pode incluir os instrumentos
odontológicos ensinando formas e habilidades de como vai executar o exame durante a visita
clínica com o objetivo de reduzir a ansiedade da criança ao mostrar a sequência dos
procedimentos, assim eles passam a saber as etapas que já foram concluídas e quais são as
restantes (CHANDRASHEKHAR et al., 2018).

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Distrações: Assistir a um desenho animado favorito, segurar brinquedos,ouvir música


pode contribuir para que o paciente autista se distraia enquanto está passando por um
procedimento. Pacientes com alto nível intelectual podem ser distraídos e relaxados o suficiente
para se submeter a um procedimento odontológico (CHANDSHEKHAF et al., 2018).
Sistema de comunicação de troca de imagem por dispositivo: Alguns pacientes
podem ter dificuldade em aprender coisas novas ou articular alguns desejos e necessidades, o
que torna necessário o uso de dispositivos comunicativos auxiliares . Um exemplo é o
Smart/Scan 32 Pro, um dispositivo complementar que pode ajudar na comunicação desses
pacientes (CHANDRASHEKHAR et al., 2018).
As técnicas de controle de voz e técnica aversivas de estabilização protetora: Não
são indicadas. Caso haja necessidade de estabilização protetora deve se aplicar de maneira
cautelosa e com consentimento dos responsáveis para ambas as técnicas..

8.2 MANEJO FARMACOLOGICO


Sedação consciente em pacientes autistas: Caso o paciente necessite retornar mais de
uma vez ao consultório, a sedação consciente é indicada como um plano de tratamento.Os
medicamentos mais utilizados para sedação são: Vistraril, Versed, Hidrato de cloral e óxido
nitroso. Os sinais vitais do paciente devem ser avaliados através de um monitor a cada 5 (cinco)
minutos, por um auxiliar. A sedação consciente só deve ser utilizada em casos específicos e
com a devida orientação e supervisão de um profissional capacitado e experiente em sedação
(CUNNINGHAM et al., 2021).
Ambiente hospitalar sob anestesia geral: A técnica farmacológica acarreta custos
aumentados e risco associado à saúde e pode levar a dependência de anestésico geral para o
tratamento sem tratar a ansiedade. É recomendado que os pais trabalhem com a criança para
abordar a causa de sua ansiedade (CHANDRASHEKHAR et al., 2018).

9 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa documental de abordagem qualitativa, fundamentada em
análises bibliográficas. Por se tratar de conteúdos relacionados à área da saúde, foi utilizado as
publicações em português e inglês na base de dados Pubmed e Scielo e portal da Sociedade
Brasileira de Pediatria e Ministério da Saúde. As buscas foram realizadas a partir dos
descritores: autism spectrum and dentistry, Autism Spectrum Disorder, Atendimento
odontológico,pacientes especiais e foi utilizado o operador booleano AND.

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Fluxograma 1 – Processo de seleção dos resultados escolhidos para revisão com base nas estratégias de buscas,
sendo selecionadas um total de 171 pesquisas, onde, 169 foram retiradas das bases de dados a seguir, conforme
o fluxograma abaixo.

Fonte: Autores (2023)

10 RESULTADOS

Quadro 1- Classificação dos artigos utilizados na presente pesquisa de acordo com objetivo, metodologia os
principais resultados publicados no período de 2018 a 2023
AUTOR/ TIPO DE OBJETIVO RESULTADOS
ANO ESTUDO

ALMEID Revisão de Analisar aumento de É possível acompanhar a evolução dos diagnósticos da


A et Literatura crianças diagnosticadas doença a cada dois anos. A prevalência do TEA foi maior
al., 2020 com Transtorno do durante os primeiros anos de estudos, e pesquisas futuras
Espectro Autista registraram um aumento maior. A incidência de novos casos é
contemporaneamente. a responsável pelo surgimento da ideia de "epidemia".
Devido a facilidade de informação, que são publicadas em
todo o mundo a respeito de dados epidemiológicos e
pesquisas realizadas em pacientes sem comorbidades, pois os
estudos associaram o autismo e retardo mental. A epidemia é
respondida pela epidemiologia e a perspectiva psiquiátrica
parece insuficiente para explicar este aumento (ALMEIDA et
al., 2020).

AMADOR Revisão Descrever as evidências A má condição bucal dos pacientes TEA pode estar
et al., sistemática sobre saúde bucal, bem relacionada à dificuldade motora que implica na boa
2021 de como considerações desenvoltura da escovação diária, o que reforça a ajuda
literatura relevantes para o fundamental dos pais ou cuidadores. Também associa-se a
retenção dos alimentos em fundo de vestíbulo, a aversão pelo

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atendimento odontológico gosto da pasta de dente, a pequena quantidade de escovação


em indivíduos com TEA ou a variação na rotina de escovação diária, tendo uma
diminuição ou ausência do fio dental e escovação noturna
(AMADOR et al., 2021).

CHANDR Atualização Estudo que resume a Cada paciente é único, conhecê-lo por completo é essencial
ASHEKH clínica etiologia e o diagnóstico tanto para o dentista quanto para o assistente. Os pais devem
ARet al., do TEA com ênfase estar cientes de que o tratamento ofertado aos seus filhos é
2018 especial nos problemas adequado e confortável.Habilidades emocionais são mais
identificados ao lidar com úteis do que competências intelectuais e clínicas. O dentista e
crianças com espectro sua equipe devem se guiar pelos principais condutores:
autista. instinto, criatividade e flexibilidade, e não pelo rigor da razão
(CHANDRASHEKHAR et al., 2018).

CHANIN Revisão Analisar a percepção dos Existe uma diferença entre comportamento e cooperação; Os
et al., 2023 retrospectiv pais sobre o desempenho e pacientes podem apresentar altos níveis de comportamento
a o nível de cooperação para cooperativo, porém ter uma reação mais sensível quando se
determinar o sucesso de trata de experiência odontológica. O apoio dos pais durante o
uma consulta..E examinar auxilio odontológico pode ser determinante no resultado da
a relação entre a consulta odontológica. Os cirurgiões dentistas podem usar
colaboração relatada pelos ferramentas para melhor ajudar os pais a identificar o
pais, o comportamento de comportamento antecipado e o nível de cooperação de seus
seus filhos e o nível de filhos durante a consulta inicial (CHANIN et al., 2023).
produtividade alcançado.

COMO et Revisão de Análise do aumento da Com a colaboração interprofissional, é possível um melhor


al., 2021 literatura prevalência de TEA, desenvolvimento do trabalho competente. Os Terapeutas
fornece justificativas pelas ocupacionais e dentistas podem trabalhar em conjunto para
quais crianças com TEA preparar o ambiente odontológico, e adaptar protocolos
estão em maior risco de odontológicos para diminuir alguns obstáculos encontrados
saúde bucal ruim e discute por pessoas com TEA (COMO et al., 2021).
a associação
interprofissional.

CUNNIN Revisão Examinar o uso de Existe um número limitado de estudos, que indica, até o
GHAM et sistemática realidade virtual ou momento, que a RV(realidade virtual) ainda não se tornou
al., 2021 aplicativos personalizados muito utilizada na odontologia. Ainda não há um estudo
para diminuir a ansiedade avaliando o uso e a eficácia da RV no pré-operatório. Em
em pacientes pediátricos geral, os estudos que avaliaram o uso perioperatório de RV
em comparação com demonstram diminuição da dor e ansiedade (CUNNINGHAM
crianças/adolescentes que et al., 2021).
não recebem nenhuma
intervenção, ou técnicas
de manejo
comportamental mais
convencionais.

DUKER et Revisão de Analisar as estratégias É preciso estabelecer estratégias para melhorar os cuidados
al., 2021 literatura atuais elaboradas por bucais das crianças com crianças com TEA, estando o
profissionais de dentista disposto a personalizar de forma individual os
odontologia e pais de atendimentos, incorporando outros profissionais e familiares
crianças com TEA para para aumentar as perspectivas de um encontro odontológico
facilitar o sucesso dos bem-sucedido (DUKER et al., 2021).
cuidados bucais.

FERNAN Pesquisa Analisar a evolução do Os critérios conhecidos e utilizados no diagnóstico do TEA


DES et al., documental diagnóstico do autismo no estão contidos no Manual de diagnóstico e Estatístico de
2020 século XXI, a partir dos Transtornos Mentais (DSM) e na Classificação Internacional
domínios e subdomínios de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID).

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em que se baseiam as Através deles surgem novos critérios e novas ferramentas que
categorizações evidenciam melhor certos comportamentos, e tecnologias que
nosológicas promovem um diagnóstico clínico mais preciso
(FERNANDES et al., 2020).

FERRAZZ Revisão de Combinar todas as O atendimento odontológico para pacientes com TEA é
ANO et literatura informações disponíveis desafiador. Os indivíduos com TEA possuem problemas
al., 2020 na literatura científica, a bucais semelhantes aos da população não TEA, porém em
fim de avaliar como as razão dos fatores agravantes os risco são maiores. A
características do TEA abordagem preventiva baseadas em cuidados individuais
podem afetar a saúde personalizados de educação bucal voltado para esses
bucal e a qualidade de pacientes, podem diminuir os problemas de saúde bucal dessa
vida em crianças com população (FERRAZZANO et al., 2020).
TEA.

FLORÍND Análise Examinar vídeos de Compreender as rotinas de cuidados bucais em casa


EZ et al., qualitativa rotinas de cuidados bucais colaboram de forma positiva nos cuidados de higiene das
2022 secundária em casa para entender crianças autistas. Observou-se neste estudo dois tipos de
de casos como as atividades de modificações: habituais e sensoriais, constatando que os pais
cruzados de cuidados bucais, como são conhecedores das necessidades de seu filho autista e
um estudo escovar os dentes, eram adaptam o processo de higiene bucal às necessidades dele
multimétod realizadas por crianças (FLORÍNDEZ et al., 2022).
o latinas autistas e não
autistas.

GONÇAL Revisão de Aplicar técnicas As técnicas psicológicas , ajudam no manejo


VES et al., literatura psicológicas no manejo do comportamental, durante o atendimento/tratamento
2021 do tipo comportamento de odontológico. Com o objetivo de facilitar a realização de
escopo pacientes com TEA no tratamentos odontológicos em crianças com TEA
consultório odontológico. (GONÇALVES et al., 2021).

HAGE et Análise Identificar associações Crianças com TEA recebem hábitos mais precários do que
al., 2020 estatística quanto à idade da criança, suas famílias. Sendo isso justificado pela precariedade dos
aos hábitos de higiene, às hábitos de higiene dos adultos e pelo fato de visitas
visitas ao dentista e ao preventivas odontológicas não serem incluídas no dia a dia de
comportamento da criança cuidados com a saúde dessas famílias. Situações essas que
nessas situações, podem ser solucionadas por programas educacionais em
utilizando o teste qui- saúde bucal e por políticas efetivas. É uma realidade que os
quadrado para comparar serviços de odontologia são um desafio em vários países e
as respostas referentes às principalmente no Brasil, onde a sociedade carece de
crianças e as referentes à informações sobre saúde bucal (HAGE et al., 2020).
família.

HASSEL Revisão Avaliar o estado de saúde Crianças diagnosticadas com TEA podem enfrentar mais
et al., retrospectiv bucal e as necessidades de dificuldades no acesso aos cuidados de saúde bucal, levando a
2022 a tratamento de crianças resultados negativos e maiores necessidades de tratamento
com TEA e conhecer as odontológico (HASSEL et al., 2022).
diferenças nos fatores de
risco e condições de saúde
bucal

LOGRIEC Estudo de Fornecer uma Crianças com TEA apresentam mais dificuldade de se
O et al ., coorte compreensão dos desafios comunicar, se comportam de maneira mais agressiva durante
2021 qualitativo vivenciados pelas três o atendimento odontológico, possuem mais chances de
figuras mencionadas tratamento sob sedação, são mais propensas a rejeição do
durante o tratamento de dentista durante o tratamento, e seguem menos os cuidados
higiene bucal. Uma coorte preventivos de higiene em casa. Os dados mostraram que
de 275 pais de crianças alguns dentistas desistiram do atendimento por causa dos
com desenvolvimento comportamentos da criança com TEA, ou nem começaram o

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típico (DT), 57 pais de tratamento. Porém outros profissionais odontológicos


crianças com TEA (3-15 aplicaram técnicas variadas nas consultas mostrando uma
anos de idade) e 61 dedicação maior. Os pais são colaboradores essenciais na
dentistas. orientação do comportamento da criança, reforçando que um
contato prévio com a equipe odontológica, e ações
preventivas bem aplicadas, são fundamentais (LOGRIECO et
al., 2021).

MEHAR Revisão de Analisar a literatura atual O Instituto de Nacional de Surdez e Outros Distúrbios da
WADE et escopo disponível para o Picture Comunicação (2010) diz que cerca de 25% da população com
al., 2021 Exchange Communication TEA apresentam incapacidade de usar a fala como principal
System (PECS) e forma de se comunicar.
aumentar a PECS auxilia no desenvolvimento comunicativo funcional
conscientização sobre o das crianças com TEA, e na relação paciente-dentista. O
PECS entre os colegas principal modo de aprendizado do autista é por métodos
odontológicos, para ajudá- visuais, pois através desses estímulos é possível facilitar a
los a implementar esse comunicação, diminuir a gravidade das deficiências da fala e
sistema em sua prática reduzir comportamentos ruins (MEHARWADE et al., 2021).
diária.

MORAES Revisão de Discorrer, do ponto de É preciso , notar não apenas aos pais de crianças com TEA
et al., literatura vista da ética, as como também aos seus irmãos,
2021 consequências que o levando em conta o seu sofrimento .Nas famílias podemos
autismo pode ter nas encontrar um potencial terapêutico , retirando a criança com
relações familiares. TEA de seu isolamento e inseri-la no meio social (MORAES
et al., 2021).

MOTTA Revisão Estimar a prevalência de Verificou-se que hábitos parafuncionais são mais comuns em
et al., sistematica má oclusão em indivíduos pacientes com TEA. As características de má oclusão mais
2022 e meta- com transtornos do prevalentes foram: classe II DE Angle, DAI (índice de
análise espectro autista (TEA) e estética dental) necessidade de tratamento eletivo, overjet
avaliar a relação entre maxilar aumentado e apinhamento foram os desvios mais
TEA e má oclusão comuns (MOTTA et al., 2022).

MASINI Revisão de Entender sobre genes O TEA é altamente familiar, mostrando que o fator genético
et al., literatura candidatos ao TEA, contribui para o desenvolvimento dessa condição. No entanto,
2020 evidenciando a formação foram descobertos somente uma fração de genes que está
e funcionalidade de associada a essa condição. Existem outros fatores que podem
sinapses e aspectos desempenhar um papel importante. As condições parentais
epigenéticos e ambientais ,fatores obtidos e perinatais podem contribuir para a causa.
importantes que atuam Mais recentemente, alterações epigenéticas, incluindo
em conjunto para metilação do DNA e alterações de micro RNA, também têm
determinar o início do sido associadas ao TEA como potenciais biomarcadores
TEA. (MASINI et al., 2020).

REIS et Estudo Observar se o exame O estudo de cognição e processamento do estresse podem


al., 2022 transversal odontológico de crianças e ser avaliados usando "Stress Appraisal Measure" (SAM). As
adolescentes com TEA é análises revelam que os procedimentos de diagnóstico
visto pelos cirurgiões- odontológico em crianças e adolescentes autistas são
dentistas como um percebidos mais como situações desafiadoras do que
desafio, psicologicamente ameaçadoras. Por isso, sessões de treinamento em
estressante. odontologia, voltadas para pacientes com necessidades
especiais são indicadas para todos os cirurgiões-dentistas que
estão envolvidos no tratamento de crianças e adolescentes
com TEA (REIS et al., 2022).

ROMEU Pesquisa Analisar as publicações Foi constatado que a implementação de práticas


et al., integrativa com foco na colaboração colaborativas, um sistema organizacional e o planejamento de
2022 interprofissional no políticas ajudam na formação de modelos eficientes de ação

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atendimento a crianças em casos de autismo. Essa análise mostrou que há uma


com Transtorno do necessidade de formação específica, para melhor
Espectro do Autismo. compreensão do trabalho interprofissional a fim de se obter o
reconhecimento dos papéis e as responsabilidades de cada
profissional da equipe (ROMEU et al., 2022).

RODRIG Revisão de Analisar as proporções da A qualidade de vida mais afetadas nos cuidadores primários
UEZ literatura qualidade de pacientes autistas, foram aparência física afetado em
et al., de vida mais afetadas em 11,1% dos cuidadores, mudanças nas emoções e
2020 cuidadores primários de comportamentos (88,8%), interferências no repouso/sono
pacientes com transtorno 100% afetados, projetos de vida e vida social, satisfação com
do espectro autista. o preparo recebido e, em geral, com relação à qualidade de
vida. Sendo o maior número de cuidadores primários são as
mães e avós respectivamente (RODRIGUEZ et al., 2020).

ZERMAN Revisão Fornecer uma visão geral O CD enfrenta grandes obstáculos no manejo de crianças
et al., sistemática atualizada dos problemas autistas. Há pouca informação sobre saúde bucal do TEA e
2022 de de saúde bucal de crianças pouca interação entre dentista e pediatras quando se refere ao
literatura com TEA e auxílio com tratamento de autistas. Alimentação, genética e hábitos de
boas observações. higiene deficientes provocam doença periodontal e lesões
dentárias em crianças com TEA. As doenças periodontais em
autistas têm causas variadas e seu diagnóstico deve ser
cuidadoso antes de relacioná-lo aos hábitos de higiene diário
(ZERMAN et al., 2022).
Fonte: Autoral (2023)

11 DISCUSSÃO
A partir dos resultados obtidos nesta revisão de literatura, observou-se alguns aspectos
importantes e necessidades no atendimento do paciente com TEA: escassez de profissionais
com habilidades específicas, ausência de protocolos próprios devido a individualidade de cada
um, maior conhecimento sobre os agravos bucais, abordagem preventiva ausente ou tardia e
estudos sobre técnicas usando dispositivos tecnológicos.
O cirurgião dentista e sua equipe devem seguir um protocolo. A comunicação ajuda a
estabelecer a confiança necessária para o sucesso da consulta, os comandos emitidos pelo
dentista devem ser curtos, claros e simples para facilitar os atendimentos
(CHANDRASHEKHAR et al., 2018). Entretanto, diante dos variados níveis cognitivos dos
pacientes autistas, não é preconizado um único protocolo que possa ser usado em todos, mas o
dentista deve ter conhecimento de técnica e empatia para usar a metodologia adequada às
necessidades individuais e obter sucesso na consulta clínica.
De acordo com a literatura, Ducker (2019), afirma em seu estudo que 90% dos pacientes
infantis que participaram de uma ação de dessensibilização odontológica com cinco ou menos
atendimentos clínicos, se mostraram capazes de suportar um exame odontológico sentados com
espelho intraoral. Já Gonçalves (2021), após avaliar o uso de técnicas psicológicas no manejo
do comportamento em ambiente odontológico, constatou-se que os efeitos dos métodos de

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dessensibilização, também mostraram efeitos positivos durantes os atendimentos associados ou


não com outras técnicas como: modelagem e distração que tiveram grande relevância na
colaboração e avanço no desempenho comportamental durante o atendimento.
A abordagem preventiva baseadas em cuidados individuais personalizados de educação
bucal voltado para esses pacientes, podem diminuir significativamente os problemas de saúde
bucal dessa população.Situações como essas podem ser melhoradas pela implementação de
programas instrucionais com foco na autonomia das crianças em relação à higiene oral e por
políticas eficientes de saúde bucal, considerando que o acesso aos serviços odontológicos em
muitos países e principalmente no Brasil ainda é um desafio, a sociedade em geral necessita de
informações sistematizadas para os cuidados bucais (HAGE et al., 2020).
A família também deve ser incluída nos programas de políticas públicas, auxiliando na
autonomia do paciente e amparo psicológico de ambas as partes, visto que desde o momento
do diagnóstico, o ambiente familiar sofre grandes mudanças para se adequar à nova rotina.

12 CONCLUSÃO
Portanto, diante do aumento exponencial no diagnóstico precoce de crianças com
Transtorno do Espectro Autista (TEA), existe a necessidade de mais profissionais
odontológicos capacitados, porém esse atendimento é considerado um desafio tanto para o
profissional e sua equipe, quanto para os pais e o próprio paciente. Não existe um protocolo
único que atenda as necessidades de todos os pacientes autistas, pois cada indivíduo apresenta
uma necessidade específica. A partir da identificação das características comportamentais
apresentadas por esses pacientes, junto a colaboração dos pais é possível elaborar um plano de
tratamento individualizado que seja efetivo na evolução dos cuidados de higiene bucal.
Os pacientes com TEA possuem condições orais iguais as não TEA, contudo muitos
agravantes colaboram para a piora da condição oral, tornando mais prevalentes as doenças
periodontais, cárie, hiperplasia gengival, má oclusão e trauma dental.
Desse modo, o profissional deve possuir principalmente habilidades emocionais e a
mente aberta, com foco nos procedimentos preventivos, e na evolução dos pacientes em suas
habilidades nos cuidados bucais.

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