BJHR 371
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ISSN: 2595-6825
RESUMO
O autismo é categorizado como distúrbio autístico do contato afetivo e ficou claro que a causa
do espectro é desconhecida, porém, foram apresentadas diferentes indicações quanto a sua
origem. Pacientes com transtorno do espectro autístico (TEA) apresentam características orais
semelhantes das não TEA. Entretanto, o uso de medicamentos controlados associado às
dificuldades na realização da higiene oral altera o pH bucal, tornando-o mais vulnerável à
doença cárie e doenças periodontais. O objetivo deste trabalho é identificar técnicas adequadas
de manejo, compreendendo seus comportamentos diante de estímulos sensoriais, levando em
consideração as dificuldades dos pacientes com TEA, pais e profissionais odontológicos. Trata-
se de uma pesquisa documental de abordagem qualitativa, nos idiomas português e inglês nas
bases Pubmed e Scielo, a partir dos descritores: Espectro Autista e Odontologia, Transtorno do
Espectro Autista, Atendimento Odontológico, Pacientes Especiais, e foi utilizado o operador
booleano AND. Nesta análise, reunimos algumas técnicas e métodos que são utilizados para
trabalhar a abordagem comportamental desses pacientes.
ABSTRACT
Autism is categorized as autistic disorder of affective contact and it was clear that the cause of
the spectrum is unknown, however, different indications were presented as to its origin. Patients
with autism spectrum disorder (ASD) have oral characteristics similar to non-ASD patients.
However, the use of prescription drugs associated with difficulties in performing oral hygiene
alters the oral pH, making it more vulnerable to caries and periodontal diseases. The objective
of this work is to identify appropriate management techniques, understanding their behavior in
the face of sensory stimuli, taking into account the difficulties of patients with ASD, parents
and dental professionals. This is a documentary research with a qualitative approach, in
Portuguese and English in the Pubmed and Scielo databases, based on the descriptors: Autistic
Spectrum and Dentistry, Autistic Spectrum Disorder, Dental Care, Special Patients, and the
Boolean AND operator was used . In this analysis, we gathered some techniques and methods
that are used to work on the behavioral approach of these patients.
Keywords: autism spectrum and dentistry, Autism Spectrum Disorder, dental care, special
patients.
1 INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), é categorizado como distúrbios autísticos do
contato afetivo e ficou claro que a causa do espectro é desconhecida, porém, foram apresentadas
diferentes indicações quanto a sua origem (FERNANDES et al., 2020).
A etiologia do autismo pode ser ainda uma causa indefinida, porém leva-se em
consideração uma multifatoriedade, como as condições genéticas, fatores de pré- natal e fatores
biológicos cerebrais como a causa para o seu desenvolvimento. Suspeitava-se que os indivíduos
com autismo tinham seus contatos sociais constantemente impedidos devido a um déficit inato
em suas habilidades sociais e de comunicação (FERRAZZANO et al., 2020).
Durante uma consulta odontológica, crianças com TEA desenvolvem níveis variados de
comportamento e cooperação. É importante o uso de estratégias adaptadas para atender às
necessidades individuais de cada criança autista, pois alguns pacientes que apresentam
comportamento cooperativo podem desenvolver sensibilidade em relação à experiência
odontológica (CHANIN et al., 2023).
A família que lida com o dia a dia das pessoas com TEA, adquire habilidades em
diversas áreas como a intelectual, emocional e social, desenvolvida pela dedicação a sua
família. Os desafios vivenciados mostram comportamentos desenvolvidos com o objetivo de
entender seus filhos, dando prioridade à importância de sua presença, ao tempo ativo e
dedicado, transformando todas as atividades em proveitos terapêuticos e educativos (MORAES
et al., 2021).
6 Meses: “Poucas expressões faciais, baixo contato visual, ausência de sorriso social
e pouco engajamento sociocomunicativo”.
9 Meses: “ Não faz troca de turno comunicativa; não balbucia "mamã/papá"; não olha
quando chamado; não olha para onde o adulto aponta; Imitação pouca ou ausente”.
12 Meses: “Ausência de balbucios; não apresenta gestos convencionais (abanar para
dar tchau, por exemplo); não fala mamãe/papai; Ausência de atenção compartilhada”.
Qualquer faixa etária: “perdeu habilidades” (ARAÚJO, 2019).
Além dos comportamentos serem observados de acordo com a faixa etária, é preciso
estabelecer um diagnóstico clínico confiável e preciso para classificar os indivíduos de acordo
com os níveis de gravidade: Nível I -Não necessita de apoio, dificuldades para interagir, pouco
interesse, tentativas mal sucedidas no contato social, dificuldade de organização. Nível II -
Pequeno apoio, prejuízos sociais ao iniciar relações interpessoais e restrição para mantê-las,
irredutibilidade de comportamento, dificuldades de lidar com pequenas mudanças. Nível III -
Muito apoio, grandes déficits graves na desenvoltura de comunicação social, de
comportamento, de inflexibilidade, grandes dificuldades com mudanças (FERNANDES et al.,
2020).
Portanto o diagnóstico demorado e o consequente atraso no tratamento da criança com
TEA, aumentará os riscos no seu desenvolvimento geral (ARAÚJO et al., 2019).
Aproximadamente 50% dos pacientes com TEA apresentam dificuldade em desenvolver
a fala e cerca de 75% retardo mental moderado, tendo dificuldades em realizar atividades em
equipe, querendo estar sempre em seu próprio universo, não compartilhando o desejo de outra
criança em uma tarefa. (CHANDRASHEKHAR et al., 2018).
5 ATUAÇÃO INTERPROFISSIONAL
A assistência interprofissional talvez seja um dos fatores determinantes para aumentar
os cuidados de saúde e melhorar os resultados na educação das crianças com TEA. Essa
colaboração auxilia no convívio, no compartilhamento das experiências clínicas, o
planejamento, a análise e execuções de ações conjuntas nas variadas áreas profissionais,
possibilitando uma maior efetividade nas intervenções (ROMEU et al., 2022).
Diante das barreiras encontradas pelo profissional no atendimento odontológico à
crianças com TEA, cinco pontos importantes foram constatados: cada paciente possui
necessidades específicas; a comunicação é primordial; técnicas específicas são essenciais;
incompatibilidade entre necessidade e recursos e valorização pessoal pelo trabalho (REIS et al.,
2022).
Os diferentes profissionais que trabalham com os pacientes autistas, aplicam geralmente
planos de tratamentos com base em resultados voltados para sua área de atuação, e dificilmente,
interagem com colegas de outras áreas para definir o melhor plano de tratamento, porém que a
colaboração interprofissional é a melhor conduta de prática no cuidado e no tratamento de
pacientes com diversos problemas de saúde, como doenças crônicas e transtorno do espectro
autista (ROMEU et al., 2022).
O suporte educacional dos dentistas na atuação clínica pode ser fortalecido pela
colaboração interprofissional. O trabalho em equipe interdisciplinar com áreas como: Terapia
Ocupacional, Terapia Comportamental, Psicologia, Educação Especial, Ciência da
Computação e Informática, contribuem para uma perspectiva mais ampla sobre os cuidados e
estratégias para o sucesso do atendimento. Tais estratégias fornecem educação sobre
sensibilidade sensorial e assim criar um ambiente confortável sensorialmente, auxiliar no
desenvolvimento e uso de suportes visuais e histórias sociais, uso de vídeo/tecnologia virtual
(COMO et al., 2021).
Frequentemente o fonoaudiólogo se torna o único profissional de saúde que acompanha
a rotina da criança com TEA, e acaba se tornando a única fonte de orientações sobre hábitos
básicos de saúde (HAGE et al., 2020).
A terapia ocupacional utiliza atividades da realidade cotidiana para aprimorar e permitir
a participação nas atividades de rotina .Os profissionais da odontologia em parceria com os TOs
(Terapeuta Ocupacional), podem auxiliar os pais a identificar e entender as sensibilidades
sensoriais dos filhos (como, sabor do creme dental, textura das cerdas, vibração da escova
elétrica, e outros) e a partir daí planejar um protocolo individualizado que se adapte a
necessidade da criança (COMO 2021; FLORÍNDEZ 2022).
As taxas de lesões dentárias traumáticas nessas crianças são maiores, sendo a mais
comum, a fratura de esmalte, e os dentes mais acometidos são os incisivos, em consequência
das auto agressões é comum apresentar lesões ulceradas na região de cabeça e pescoço
(FERRAZZANO et al., 2020).
Em relação a má oclusão em indivíduos com TEA, os índices de hábitos parafuncionais
persistentes, associados à respiração bucal e hábito de morder objetos são mais altos se
comparados a aqueles sem TEA, e de acordo com vários estudos os indivíduos com TEA têm
maior risco de apresentarem má oclusão (MOTTA et al., 2022).
Segundo HASSEL (2022) em seu estudo, foi constatado uma pontuação CPOD/ceod
mais alta em relação a outro grupo de crianças saudáveis, resultado que tem relação com a baixa
frequência de escovação, primeira consulta odontológica em idade mais avançada, grandes
intervalos entre as consultas, propensão por alimentos açucarados de textura macia e pegajosa,
ou o maior tempo de permanência na boca. Em algumas situações os pais de crianças com TEA
se preocupam mais com outras questões de saúde e comportamento, e deixam a saúde bucal em
segundo plano.
9 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa documental de abordagem qualitativa, fundamentada em
análises bibliográficas. Por se tratar de conteúdos relacionados à área da saúde, foi utilizado as
publicações em português e inglês na base de dados Pubmed e Scielo e portal da Sociedade
Brasileira de Pediatria e Ministério da Saúde. As buscas foram realizadas a partir dos
descritores: autism spectrum and dentistry, Autism Spectrum Disorder, Atendimento
odontológico,pacientes especiais e foi utilizado o operador booleano AND.
Fluxograma 1 – Processo de seleção dos resultados escolhidos para revisão com base nas estratégias de buscas,
sendo selecionadas um total de 171 pesquisas, onde, 169 foram retiradas das bases de dados a seguir, conforme
o fluxograma abaixo.
10 RESULTADOS
Quadro 1- Classificação dos artigos utilizados na presente pesquisa de acordo com objetivo, metodologia os
principais resultados publicados no período de 2018 a 2023
AUTOR/ TIPO DE OBJETIVO RESULTADOS
ANO ESTUDO
AMADOR Revisão Descrever as evidências A má condição bucal dos pacientes TEA pode estar
et al., sistemática sobre saúde bucal, bem relacionada à dificuldade motora que implica na boa
2021 de como considerações desenvoltura da escovação diária, o que reforça a ajuda
literatura relevantes para o fundamental dos pais ou cuidadores. Também associa-se a
retenção dos alimentos em fundo de vestíbulo, a aversão pelo
CHANDR Atualização Estudo que resume a Cada paciente é único, conhecê-lo por completo é essencial
ASHEKH clínica etiologia e o diagnóstico tanto para o dentista quanto para o assistente. Os pais devem
ARet al., do TEA com ênfase estar cientes de que o tratamento ofertado aos seus filhos é
2018 especial nos problemas adequado e confortável.Habilidades emocionais são mais
identificados ao lidar com úteis do que competências intelectuais e clínicas. O dentista e
crianças com espectro sua equipe devem se guiar pelos principais condutores:
autista. instinto, criatividade e flexibilidade, e não pelo rigor da razão
(CHANDRASHEKHAR et al., 2018).
CHANIN Revisão Analisar a percepção dos Existe uma diferença entre comportamento e cooperação; Os
et al., 2023 retrospectiv pais sobre o desempenho e pacientes podem apresentar altos níveis de comportamento
a o nível de cooperação para cooperativo, porém ter uma reação mais sensível quando se
determinar o sucesso de trata de experiência odontológica. O apoio dos pais durante o
uma consulta..E examinar auxilio odontológico pode ser determinante no resultado da
a relação entre a consulta odontológica. Os cirurgiões dentistas podem usar
colaboração relatada pelos ferramentas para melhor ajudar os pais a identificar o
pais, o comportamento de comportamento antecipado e o nível de cooperação de seus
seus filhos e o nível de filhos durante a consulta inicial (CHANIN et al., 2023).
produtividade alcançado.
CUNNIN Revisão Examinar o uso de Existe um número limitado de estudos, que indica, até o
GHAM et sistemática realidade virtual ou momento, que a RV(realidade virtual) ainda não se tornou
al., 2021 aplicativos personalizados muito utilizada na odontologia. Ainda não há um estudo
para diminuir a ansiedade avaliando o uso e a eficácia da RV no pré-operatório. Em
em pacientes pediátricos geral, os estudos que avaliaram o uso perioperatório de RV
em comparação com demonstram diminuição da dor e ansiedade (CUNNINGHAM
crianças/adolescentes que et al., 2021).
não recebem nenhuma
intervenção, ou técnicas
de manejo
comportamental mais
convencionais.
DUKER et Revisão de Analisar as estratégias É preciso estabelecer estratégias para melhorar os cuidados
al., 2021 literatura atuais elaboradas por bucais das crianças com crianças com TEA, estando o
profissionais de dentista disposto a personalizar de forma individual os
odontologia e pais de atendimentos, incorporando outros profissionais e familiares
crianças com TEA para para aumentar as perspectivas de um encontro odontológico
facilitar o sucesso dos bem-sucedido (DUKER et al., 2021).
cuidados bucais.
em que se baseiam as Através deles surgem novos critérios e novas ferramentas que
categorizações evidenciam melhor certos comportamentos, e tecnologias que
nosológicas promovem um diagnóstico clínico mais preciso
(FERNANDES et al., 2020).
FERRAZZ Revisão de Combinar todas as O atendimento odontológico para pacientes com TEA é
ANO et literatura informações disponíveis desafiador. Os indivíduos com TEA possuem problemas
al., 2020 na literatura científica, a bucais semelhantes aos da população não TEA, porém em
fim de avaliar como as razão dos fatores agravantes os risco são maiores. A
características do TEA abordagem preventiva baseadas em cuidados individuais
podem afetar a saúde personalizados de educação bucal voltado para esses
bucal e a qualidade de pacientes, podem diminuir os problemas de saúde bucal dessa
vida em crianças com população (FERRAZZANO et al., 2020).
TEA.
HAGE et Análise Identificar associações Crianças com TEA recebem hábitos mais precários do que
al., 2020 estatística quanto à idade da criança, suas famílias. Sendo isso justificado pela precariedade dos
aos hábitos de higiene, às hábitos de higiene dos adultos e pelo fato de visitas
visitas ao dentista e ao preventivas odontológicas não serem incluídas no dia a dia de
comportamento da criança cuidados com a saúde dessas famílias. Situações essas que
nessas situações, podem ser solucionadas por programas educacionais em
utilizando o teste qui- saúde bucal e por políticas efetivas. É uma realidade que os
quadrado para comparar serviços de odontologia são um desafio em vários países e
as respostas referentes às principalmente no Brasil, onde a sociedade carece de
crianças e as referentes à informações sobre saúde bucal (HAGE et al., 2020).
família.
HASSEL Revisão Avaliar o estado de saúde Crianças diagnosticadas com TEA podem enfrentar mais
et al., retrospectiv bucal e as necessidades de dificuldades no acesso aos cuidados de saúde bucal, levando a
2022 a tratamento de crianças resultados negativos e maiores necessidades de tratamento
com TEA e conhecer as odontológico (HASSEL et al., 2022).
diferenças nos fatores de
risco e condições de saúde
bucal
LOGRIEC Estudo de Fornecer uma Crianças com TEA apresentam mais dificuldade de se
O et al ., coorte compreensão dos desafios comunicar, se comportam de maneira mais agressiva durante
2021 qualitativo vivenciados pelas três o atendimento odontológico, possuem mais chances de
figuras mencionadas tratamento sob sedação, são mais propensas a rejeição do
durante o tratamento de dentista durante o tratamento, e seguem menos os cuidados
higiene bucal. Uma coorte preventivos de higiene em casa. Os dados mostraram que
de 275 pais de crianças alguns dentistas desistiram do atendimento por causa dos
com desenvolvimento comportamentos da criança com TEA, ou nem começaram o
MEHAR Revisão de Analisar a literatura atual O Instituto de Nacional de Surdez e Outros Distúrbios da
WADE et escopo disponível para o Picture Comunicação (2010) diz que cerca de 25% da população com
al., 2021 Exchange Communication TEA apresentam incapacidade de usar a fala como principal
System (PECS) e forma de se comunicar.
aumentar a PECS auxilia no desenvolvimento comunicativo funcional
conscientização sobre o das crianças com TEA, e na relação paciente-dentista. O
PECS entre os colegas principal modo de aprendizado do autista é por métodos
odontológicos, para ajudá- visuais, pois através desses estímulos é possível facilitar a
los a implementar esse comunicação, diminuir a gravidade das deficiências da fala e
sistema em sua prática reduzir comportamentos ruins (MEHARWADE et al., 2021).
diária.
MORAES Revisão de Discorrer, do ponto de É preciso , notar não apenas aos pais de crianças com TEA
et al., literatura vista da ética, as como também aos seus irmãos,
2021 consequências que o levando em conta o seu sofrimento .Nas famílias podemos
autismo pode ter nas encontrar um potencial terapêutico , retirando a criança com
relações familiares. TEA de seu isolamento e inseri-la no meio social (MORAES
et al., 2021).
MOTTA Revisão Estimar a prevalência de Verificou-se que hábitos parafuncionais são mais comuns em
et al., sistematica má oclusão em indivíduos pacientes com TEA. As características de má oclusão mais
2022 e meta- com transtornos do prevalentes foram: classe II DE Angle, DAI (índice de
análise espectro autista (TEA) e estética dental) necessidade de tratamento eletivo, overjet
avaliar a relação entre maxilar aumentado e apinhamento foram os desvios mais
TEA e má oclusão comuns (MOTTA et al., 2022).
MASINI Revisão de Entender sobre genes O TEA é altamente familiar, mostrando que o fator genético
et al., literatura candidatos ao TEA, contribui para o desenvolvimento dessa condição. No entanto,
2020 evidenciando a formação foram descobertos somente uma fração de genes que está
e funcionalidade de associada a essa condição. Existem outros fatores que podem
sinapses e aspectos desempenhar um papel importante. As condições parentais
epigenéticos e ambientais ,fatores obtidos e perinatais podem contribuir para a causa.
importantes que atuam Mais recentemente, alterações epigenéticas, incluindo
em conjunto para metilação do DNA e alterações de micro RNA, também têm
determinar o início do sido associadas ao TEA como potenciais biomarcadores
TEA. (MASINI et al., 2020).
RODRIG Revisão de Analisar as proporções da A qualidade de vida mais afetadas nos cuidadores primários
UEZ literatura qualidade de pacientes autistas, foram aparência física afetado em
et al., de vida mais afetadas em 11,1% dos cuidadores, mudanças nas emoções e
2020 cuidadores primários de comportamentos (88,8%), interferências no repouso/sono
pacientes com transtorno 100% afetados, projetos de vida e vida social, satisfação com
do espectro autista. o preparo recebido e, em geral, com relação à qualidade de
vida. Sendo o maior número de cuidadores primários são as
mães e avós respectivamente (RODRIGUEZ et al., 2020).
ZERMAN Revisão Fornecer uma visão geral O CD enfrenta grandes obstáculos no manejo de crianças
et al., sistemática atualizada dos problemas autistas. Há pouca informação sobre saúde bucal do TEA e
2022 de de saúde bucal de crianças pouca interação entre dentista e pediatras quando se refere ao
literatura com TEA e auxílio com tratamento de autistas. Alimentação, genética e hábitos de
boas observações. higiene deficientes provocam doença periodontal e lesões
dentárias em crianças com TEA. As doenças periodontais em
autistas têm causas variadas e seu diagnóstico deve ser
cuidadoso antes de relacioná-lo aos hábitos de higiene diário
(ZERMAN et al., 2022).
Fonte: Autoral (2023)
11 DISCUSSÃO
A partir dos resultados obtidos nesta revisão de literatura, observou-se alguns aspectos
importantes e necessidades no atendimento do paciente com TEA: escassez de profissionais
com habilidades específicas, ausência de protocolos próprios devido a individualidade de cada
um, maior conhecimento sobre os agravos bucais, abordagem preventiva ausente ou tardia e
estudos sobre técnicas usando dispositivos tecnológicos.
O cirurgião dentista e sua equipe devem seguir um protocolo. A comunicação ajuda a
estabelecer a confiança necessária para o sucesso da consulta, os comandos emitidos pelo
dentista devem ser curtos, claros e simples para facilitar os atendimentos
(CHANDRASHEKHAR et al., 2018). Entretanto, diante dos variados níveis cognitivos dos
pacientes autistas, não é preconizado um único protocolo que possa ser usado em todos, mas o
dentista deve ter conhecimento de técnica e empatia para usar a metodologia adequada às
necessidades individuais e obter sucesso na consulta clínica.
De acordo com a literatura, Ducker (2019), afirma em seu estudo que 90% dos pacientes
infantis que participaram de uma ação de dessensibilização odontológica com cinco ou menos
atendimentos clínicos, se mostraram capazes de suportar um exame odontológico sentados com
espelho intraoral. Já Gonçalves (2021), após avaliar o uso de técnicas psicológicas no manejo
do comportamento em ambiente odontológico, constatou-se que os efeitos dos métodos de
12 CONCLUSÃO
Portanto, diante do aumento exponencial no diagnóstico precoce de crianças com
Transtorno do Espectro Autista (TEA), existe a necessidade de mais profissionais
odontológicos capacitados, porém esse atendimento é considerado um desafio tanto para o
profissional e sua equipe, quanto para os pais e o próprio paciente. Não existe um protocolo
único que atenda as necessidades de todos os pacientes autistas, pois cada indivíduo apresenta
uma necessidade específica. A partir da identificação das características comportamentais
apresentadas por esses pacientes, junto a colaboração dos pais é possível elaborar um plano de
tratamento individualizado que seja efetivo na evolução dos cuidados de higiene bucal.
Os pacientes com TEA possuem condições orais iguais as não TEA, contudo muitos
agravantes colaboram para a piora da condição oral, tornando mais prevalentes as doenças
periodontais, cárie, hiperplasia gengival, má oclusão e trauma dental.
Desse modo, o profissional deve possuir principalmente habilidades emocionais e a
mente aberta, com foco nos procedimentos preventivos, e na evolução dos pacientes em suas
habilidades nos cuidados bucais.
REFERÊNCIA
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