Constipação - Distúrbios

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13/08/2024, 21:41 Constipação - Distúrbios gastrointestinais - Manuais MSD edição para profissionais

MANUAL MSD
Versão para Profissionais de
Saúde

Constipação
Por Jonathan Gotfried, MD, Lewis Katz School of Medicine at Temple University

Revisado/Corrigido: jan. 2022

Etiologia | Avaliação | Tratamento | Fundamentos de geriatria | Pontos-chave | Informações adicionais |


Disquezia | Etiologia | Sinais e sintomas | Diagnóstico | Tratamento | Informações adicionais
Constipação consiste em dor ou dificuldade para a passagem das fezes, fezes endurecidas ou sensação de evacuação incompleta. (Ver
também Constipação em crianças.)

Nenhuma função corporal é mais variável e sujeita a influências externas do que a defecação. Os hábitos intestinais variam
consideravelmente de uma pessoa para outra e são afetados pela idade, fisiologia, dieta e influências sociais e culturais. Alguns indivíduos
têm uma preocupação excessiva com seus hábitos intestinais. Na sociedade ocidental, a frequência normal de evacuação varia de 2 a 3 vezes
por dia até 2 a 3 vezes/semana.

Muitas pessoas acreditam incorretamente que evacuações diárias são necessárias e queixam-se de constipação se o ritmo evacuatório
diminui. Outros se preocupam com a aparência (tamanho, forma e cor) ou consistência das fezes. Algumas vezes, a principal queixa é a falta
de satisfação com o ato de defecar ou a sensação de evacuação incompleta após a defecação. A constipação pode ser responsável por várias
outras queixas (dor abdominal, náuseas, fadiga e anorexia) que são de fato sintomas de outro problema subjacente (p. ex., síndrome do
intestino irritável [SII], depressão). Pacientes não devem esperar o desaparecimento desses sintomas por meio de evacuações diárias e
intervenções para auxiliar os hábitos intestinais devem ser utilizadas criteriosamente.

Pacientes obsessivo-compulsivos em geral sentem necessidade de se livrar dos detritos “impuros” diários. Tais pacientes passam tempo
excessivo no banheiro ou tornam-se usuários crônicos de catárticos.
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Etiologia da constipação
Constipação aguda sugere uma causa orgânica, enquanto constipação crônica pode ser orgânica ou funcional ( see table Tratamento da
constipação).

Em muitos pacientes, a constipação está associada a movimentos lentos das fezes pelo colo. Essa lentidão pode ser devida a fármacos,
condições orgânicas ou um distúrbio da função defecatória (isto é, disfunção do assoalho pélvico), ou um distúrbio que resulta de dieta ( see
table Alimentos que costumam influenciara função gastrintestinal). Os pacientes com problemas na defecação não geram forças retais
propulsivas adequadas, não relaxam os músculos puborretais e o esfíncter anal externo durante a defecação ou ambos. Na síndrome do
intestino irritável, os pacientes têm sintomas (p. ex., desconforto abdominal ou hábitos intestinais alterados), mas trânsito pelo colo e funções
anorretais normais. Contudo, podem coexistir problemas na defecação causados pela SII.

Esforço excessivo, talvez secundário em relação à disfunção do assoalho pélvico, pode contribuir para patologia anorretal (p. ex.,
hemorroidas, fissuras anais e prolapso retal) e possivelmente até mesmo para síncope. A impactação fecal, que pode ser a causa ou
consequência da constipação, também é comum nos idosos, particularmente em repouso prolongado ao leito ou com diminuição da
atividade física. É também comum depois da administração de bário pela boca ou por enema.

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TABELA

Tratamento da constipação

Causas Exemplos

Constipação aguda*

Obstrução intestinal Volvo , hérnia , aderências, impactação fecal

Peritonite , doença aguda grave (p. ex., sepse), traumatismo cranioencefálico ou trauma
Íleo paralítico
espinhal, repouso no leito

Anticolinérgicos (p. ex., anti-histamínicos, antipsicóticos, fármacos antiparkinsonianos,


antiespasmódicos), cátions (ferro, alumínio, cálcio, bário, bismuto), opioides, bloqueadores
Fármacos dos canais de cálcio, anestésicos gerais

Constipação logo após o início do tratamento com o fármaco

Constipação crônica*

Tumor colônico Adenocarcinoma de colo sigmoide

Distúrbios Diabetes mellitus , hipotireoidismo , hipocalcemia ou hipercalcemia, gestação, uremia,


metabólicos porfíria

Doenças do sistema
Doença de Parkinson , esclerose múltipla , apoplexia , lesões medulares
nervoso central

Doenças do sistema
Doença de Hirschsprung , neurofibromatose , neuropatia autonômica
nervoso periférico
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nervoso periférico

Doenças sistêmicas Esclerodermia , amiloidose , miosite autoimune , distrofia miotônica

Constipação de trânsito lento, síndrome do intestino irritável , disfunção do assoalho pélvico


Distúrbios funcionais
( distúrbios funcionais de defecação )

Fatores dietéticos Dieta com baixo teor de fibras, dieta com restrição de açúcar, uso abusivo crônico de laxantes

Assincronia dos músculos anorretais levando a evacuação difícil e constipação; em geral,


Defecação
sensação de evacuação incompleta mais esforço excessivo e, particularmente, desimpactação
disininérgica
digital

*Existe algum grau de superposição entre as causas agudas e crônicas da constipação. Em particular, fármacos são causas comuns de
constipação crônica.

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TABELA

Alimentos que costumam influenciara função gastrointestinal

Alimentos que provavelmente causam diarréia e/ou excesso de gases

Todas as bebidas que contêm cafeína, especialmente café com chicória

Pêssegos, peras, cerejas, maçãs

Sucos de fruta: laranja, amora, maçã

Espargos e vegetais crucíferos como brócolis, couve-flor, repolho e couve de Bruxelas

Cereal de farelo, pão de trigo integral, alimentos ricos em fibras

Doces, balas, chocolate, xarope para waffle, rosquinhas

Álcool

Leite e produtos lácteos (em pessoas sensíveis à lactose)

Alimentos que provavelmente causam constipação ou ajudam a controlar intestino solto

Arroz branco, pão, batata e massas

Carnes, vitela, aves, peixes

Legumes cozidos

Bananas
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Bananas

Avaliação da constipação

História
A história da doença atual deve determinar ao longo da vida do paciente a frequência de evacuação, consistência das fezes, necessidade de
esforço ou uso de manobras perineais (p. ex., empurrar a parede retovaginal, a região glútea ou o períneo) durante a evacuação e satisfação
após a defecação, incluindo a frequência e duração do uso de enemas ou laxantes. Alguns pacientes negam história de constipação, mas
quando indagados especificamente admitem gastar de 15 a 20 minutos em cada evacuação. A presença, quantidade e duração do
sangramento nas fezes também devem ser questionadas.

A revisão dos sistemas deve buscar sintomas dos distúrbios causadores, incluindo uma mudança no calibre das fezes ou a presença de
sangue (sugerindo câncer) nas fezes. Deve-se procurar também sintomas sistêmicos que sugerem doenças crônicas (p. ex., perda ponderal).

A história clínica deve determinar causas conhecidas, incluindo cirurgia abdominal prévia e sintomas de distúrbios metabólicos (p. ex.,
hipotireoidismo, diabetes mellitus) e neurológicas (p. ex., doença de Parkinson, esclerose múltipla, lesão medular). O uso medicamentos
utilizados, com ou sem prescrição médica, deve ser averiguado, com perguntas específicas a respeito de anticolinérgicos ou opioides.

Exame físico
Realiza-se um exame físico geral procurando por doenças sistêmicas, incluindo febre e caquexia. Massas abdominais devem ser examinadas
pela palpação. Deve-se realizar toque retal procurando não só por fissuras, estreitamentos, sangue ou massas (incluindo impactação fecal),
mas também para avaliar o tônus de repouso do ânus (o puborretal se “eleva” quando o paciente contrai o esfíncter anal), descida perineal
durante simulação de evacuação e sensibilidade retal. Os pacientes com distúrbios na defecação podem apresentar tônus retal de repouso
aumentado (ou anismo), descida perineal reduzida (isto é, < 2 cm) ou aumentada (isto é, > 4 cm) e/ou contração paradoxal do puborretal
durante a simulação de evacuação.

Sinais de alerta
Alguns achados elevam a suspeita de uma etiologia mais séria da constipação crônica:

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Abdome distendido, timpânico à percussão

Vômitos

Sangue nas fezes

Perda ponderal

Constipação grave de início recente e/ou piorando em idosos

Interpretação dos achados


Alguns sintomas (sensação de bloqueio anorretal, evacuação difícil ou prolongada, necessidade de desimpactação digital), particularmente
quando associados a alterações do movimento perineal (isto é, aumento ou diminuição) durante a evacuação simulada, sugerem um
distúrbio da evacuação. Um abdome tenso, distendido, timpânico à percussão, particularmente quando há náuseas e vômitos, sugere
obstrução mecânica.

A constipação crônica com desconforto abdominal leve associada ao uso frequente de laxantes sugere inércia colônica. A constipação aguda
coincidente com o uso de medicamentos constipantes em pacientes sem sinais de alerta sugere que a causa seja o fármaco. A constipação de
início recente que persiste por semanas ou ocorre intermitentemente com aumento de frequência ou gravidade, na ausência de causas
conhecidas, sugere neoplasia colônica ou outras causas de obstrução parcial. O estiramento excessivo ou prolongado ou defecação
insatisfatória, com ou sem digitação anal, sugere um distúrbio defecatório. Os pacientes com impactação fecal podem apresentar cólicas e
evacuar um material mucoide ou fecal líquido em torno da massa impactada, mimetizando diarreia (diarreia abundante).

Os pacientes com síndrome do intestino irritável normalmente apresentam dor abdominal com alteração nos hábitos intestinais. Os
pacientes com constipação crônica que não atendem os critérios de síndrome do intestino irritável podem ter constipação funcional (1).

Exames
O teste é guiado pela apresentação clínica e a história de dieta do paciente.

A constipação com etiologia definida (fármacos, trauma, repouso prolongado no leito) deve ser tratada sintomaticamente sem outros exames.
Pacientes com sintomas de obstrução intestinal exigem radiografias do abdome (em posição ortostática e supino), possivelmente enema com
contraste solúvel em água para avaliar a obstrução colônica e TC ou radiografia contrastada com bário do intestino delgado (ver também

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Diagnóstico da obstrução intestinal). Muitos pacientes sem uma etiologia evidente devem fazer colonoscopia e avaliação laboratorial
(hemograma, hormônio tireoestimulante, glicemia de jejum, eletrólitos e cálcio).

Exames adicionais geralmente são reservados a pacientes com achados anormais nos testes anteriormente mencionados ou que não
responderam a tratamento sintomático. A declaração de posição médica sobre constipação de 2013 da American Gastroenterological
Association sugere a tentativa de uso de fibras e/ou laxantes de venda livre. Se esse teste falhar, fazer manometria anorretal (teste de
expulsão de balão) para identificar distúrbios do assoalho pélvico e defecação dissinérgica (2). Se a manometria for negativa e a queixa
primária for evacuação infrequente, os tempos de trânsito colônico devem ser medidos com marcadores radiopacos (marcadores de Sitz),
cintilografia ou cápsula de motilidade sem fio. Em pacientes com constipação crônica, é importante distinguir entre a constipação de trânsito
lento (estudo radiopaco de marcador de Sitz anormal) e disfunção muscular do assoalho pélvico (marcadores retidos apenas no colo distal).
(Ver também the American College of Gastroenterology's 2021 clinical guidelines for the management of benign anorectal disorders.)

Referências sobre avaliação


1. Lacy BE, Mearin F, Chang L, et al: Bowel disorders. Gastroenterology 150(6):1393–1407, 2016. doi: 10.1053/j.gastro.2016.02.031
2. Rao SCS, Tanisa Patcharatrakul T: Diagnosis and treatment of dyssynergic defecation. J Neurogastroenterol Motil 22(3):423–435, 2016.
doi: 10.5056/jnm16060

Tratamento da constipação
Possivelmente descontinuação dos fármacos causadores (alguns podem ser necessários)

Aumento de fibras alimentares

Possivelmente tentativa com breve curso de laxativos osmóticos

Qualquer distúrbio identificado deve ser tratado.

Ver um resumo na tabela Substâncias utilizadas para tratar a constipação. Os laxativos devem ser utilizados com cautela. Alguns (p. ex.,
fosfato, farelo e celulose) adsorvem fármacos e interferem na absorção. O aumento de trânsito fecal pode levar alguns fármacos para locais
de absorção não ideais. As contraindicações ao uso de laxantes e catárticos são dor abdominal aguda ou de origem indeterminada, doença
inflamatória intestinal, obstrução intestinal, sangramento gastrointestinal e impactação fecal.

Dieta e questões comportamentais


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A dieta deve conter fibras suficientes (normalmente 15 a 20 g/dia) para assegurar um bolo fecal adequado. Fibras vegetais, praticamente
indigeríveis e inabsorvíveis, aumentam o bolo fecal. Certos componentes das fibras também absorvem líquidos, tornando as fezes mais
macias e facilitando sua passagem. Frutas e vegetais são fontes recomendadas, assim como cereais que contenham farelo. A suplementação
de fibras é particularmente eficaz no tratamento da constipação de trânsito normal, mas não é muito eficaz na inércia colônica ou distúrbios
defecatórios.

Mudanças comportamentais podem ajudar. O paciente deve tentar fazer o intestino funcionar na mesma hora todos os dias, de preferência
15 a 45 minutos após o café-da-manhã, já que a ingestão de alimentos estimula a motilidade colônica. As tentativas iniciais para um
funcionamento intestinal regular e tranquilo podem ser ajudadas por supositórios.

Os pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo precisam tratar esse transtorno. Os médicos devem explicar que a evacuação diária não é
essencial, que é preciso dar uma chance para o intestino funcionar e que o uso frequente de laxantes ou enemas (> 1 vez a cada 3 dias)
impede que o intestino tenha essa chance.

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TABELA

Agentes utilizados para tratar constipação

Agente Dosagem Alguns efeitos adversos

Fibras*

Distensão abdominal e flatulência, má


Farelo Até 1 xícara/dia
absorção de ferro e cálcio

Até 10–15 g/dia, divididos em doses de 2,5–7,5


Psílio Distensão, flatulência
g

Metilcelulose Até 6–9 g/dia, divididos em doses de 0,45–3 g Menos distensão do que outras fibras

Policarbófilo de cálcio 2–6 comprimidos/dia Distensão, flatulência

Emolientes

Docusato de sódio 100 mg por via oral 2 a 3 vezes ao dia Sem efeito na constipação grave

Glicerina Supositórios de 2–3 g, uma vez ao dia Irritação retal

Pneumonia lipídica, má absorção de


Óleo mineral 15 a 45 mL por via oral uma vez ao dia vitaminas lipossolúveis, desidratação,
incontinência fecal

Agentes osmóticos

15 a 30 mL por via oral de solução a 70% uma


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15 a 30 mL por via oral de solução a 70% uma
Sorbitol vez ao dia ou 2 vezes ao dia Cólicas abdominais transitórias, flatulência
120 mL via retal de solução a 25–30%

10 a 20 g (15 a 30 mL) por via oral uma vez ao


Lactulose Os mesmos do sorbitol
dia até 4 vezes ao dia

Polietilenoglicol 17 g por via oral uma vez ao dia Incontinência fecal (relacionada à dose)

Comprimidos de cloreto ou sulfato de


magnésio, 1 a 3 g 4 vezes ao dia
Toxicidade do magnésio, desidratação,
Leite de magnésio por via oral de 30 a 60
Magnésio cólicas abdominais, incontinência fecal,
mL/dia
diarreia
Citrato de magnésio de 150 a 300 mg/dia (até
360 mg)

10 g por via oral 1 vez por dia como preparo


Fosfato de sódio Casos raros de insuficiência renal aguda
intestinal

Estimulantes

Cólicas abdominais, desidratação, melanose


Antraquinonas Depende da marca utilizada do colo, má absorção, possíveis efeitos
deletérios nos nervos intramurais

Supositórios de 10 mg até 3 vezes/semana Incontinência fecal, hipopotassemia, cólicas


Bisacodil abdominais, queimação retal com o uso
5 a 15 mg/dia por via oral diário de supositórios

Dor abdominal e flatulência


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72 a 290 mcg por via oral uma vez ao dia pelo Contraindicado para crianças < 6 anos;
Linaclotídeo†
menos 30 minutos antes da primeira refeição evitado nas crianças maiores de 6 anos e
nos adolescentes até os 17 anos

24 mcg por via oral 2 vezes ao dia com Náuseas, particularmente com o estômago
Lubiprostona†‡
alimentos vazio, e cefaleia

Vertigem; a infecção do trato urinário é


Plecanatida† 3 mg uma vez ao dia
pouco comum

Cefaleia, dor abdominal, maior risco de


Prucaloprida† 2 mg por via oral uma vez ao dia
depressão e tentativas de suicídio

Enemas

Retenção de óleo
100–250 mL/dia via retal Incontinência fecal, trauma mecânico
mineral/óleo de oliva

Água de torneira 500 mL via retal Trauma mecânico

Lesão cumulativa da mucosa retal,


Fosfato 60 mL via retal
hiperfosfatemia§ e trauma mecânico

Dano acumulativo à mucosa retal, trauma


Espuma de sabão 1.500 mL via retal
mecânico

Antagonistas de ação periférica do receptor opioide mu (PAMORAs)

Contraindicado para os pacientes com


12 mg 30 minutos a 5 horas antes da cirurgia, obstrução intestinal
Alvimopan seguido por 12 mg 2 vezes ao dia até o máximo Possivelmente de aumento do risco de
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p g p g
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Possivelmente de aumento do risco de
de 15 doses (7 dias) após a cirurgia eventos cardiovasculares (como infarto
agudodo miocárdio)

Dosagem subcutânea de acordo com o


peso para os pacientes com doença
avançada
450 mg por via oral uma vez ao dia
Metilnaltrexona Se não houver melhora após 3 dias,
12 mg por via subcutânea uma vez ao dia reiniciar o tratamento anterior com laxantes

Contraindicado na obstrução intestinal,


diagnosticada ou suspeita

Contraindicado na obstrução intestinal,


Naldemedina 0,2 mg por via oral uma vez ao dia
diagnosticada ou suspeita

Contraindicado na obstrução intestinal,


Naloxegol 12,5 ou 25 mg/kg uma vez ao dia
diagnosticada ou suspeita

*A dose de suplementos de fibra deve ser aumentada gradualmente ao longo de várias semanas até alcançar a dose recomendada. Os
suplementos de fibras são administrados por via oral.

† Esse medicamento só está disponível somente com prescrição médica.

‡A lubiprostona foi aprovada para uso prolongado.

§ Devido ao risco de hiperfosfatemia, o fosfato não deve ser utilizado nos pacientes com doença renal.

Adaptado de Romero Y, Evans JM, Fleming KC, Phillips SF: Constipation and fecal incontinence in the elderly population. Mayo Clin Proc
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71(1):81–92, 1996. doi: 10.4065/71.1.81; by permission.

Tipos de laxantes
Agentes formadores de volume (p. ex., psílio, policarbofila cálcica, metilcelulose) agem suave e lentamente e são os mais seguros para
promover a eliminação. Seu uso apropriado é feito pelo aumento progressivo da dose — de preferência 3 vezes ao dia ou 4 vezes ao dia com
muito líquido (p. ex., 500 mL/dia de líquido a mais) no intuito de prevenir a impactação — até a formação de uma massa fecal pastosa. A
distensão abdominal pode ser aliviada escalonando gradualmente a dose da fibra alimentar até a dose recomendada ou trocando por uma
apresentação de fibra sintética, como a metilcelulose.

Agentes osmóticos contêm íons polivalentes pouco absorvidos (p. ex., magnésio, fosfato, sulfato), polímeros (p. ex., polietileno glicol) ou
carboidratos (p. ex., lactulose, sorbitol) que permanecem no intestino, aumentando a pressão osmótica intraluminal e, consequentemente,
escoando água para o intestino. O volume aumentado estimula o peristaltismo. Essas substâncias geralmente agem em cerca de 3 horas.

Em geral, os laxantes osmóticos são razoavelmente seguros, mesmo quando utilizados regularmente. Entretanto, o fosfato de sódio não deve
ser utilizado para limpeza intestinal, porque em casos raros pode causar falência renal, mesmo após um uso único para preparação intestinal.
Estes eventos ocorreram principalmente em idosos, em pacientes com história de doença renal ou nos pacientes em uso de medicamentos
que influenciam a perfusão ou a função renal (como diuréticos, inibidores da enzima conversora da angiotensina e/ou bloqueadores do
receptor da angiotensina II). Além disso, magnésio e fosfato são parcialmente absorvidos e podem ser lesivos em determinadas situações (p.
ex., insuficiência renal). Sódio (em algumas preparações) pode causar insuficiência cardíaca. Em doses aumentadas ou quando utilizados por
longo tempo, podem interferir no equilíbrio hidroeletrolítico. Outra maneira de preparar o colo para os exames diagnósticos ou a cirurgia, ou
algumas vezes para a constipação crônica, é pelo uso de grandes volumes de um agente osmótico balanceado (p. ex., polietilenoglicol com
eletrólitos) administrado por via oral ou por sonda nasogástrica.

Catárticos estimulantes ou secretórios (p. ex., fenolftaleína, bissacodila, antraquinonas, óleo de rícino) atuam irritando a mucosa intestinal
ou estimulando diretamente a submucosa e o plexo mioentérico. Embora a fenolftaleína tenha sido retirada do mercado nos Estados Unidos
após estudos com animais sugerirem que o composto é carcinogênico, não há evidências epidemiológicas de que isso ocorra também em
humanos. O bisacodil é um fármaco de resgate efetivo para a constipação crônica. As antraquinonas sena, cáscara sagrada, Aloe vera e
ruibarbo são constituintes comuns dos laxantes fitoterápicos e de venda livre. Passam sem serem modificados até chegar ao colo, onde o
metabolismo bacteriano os converte às suas formas ativas.

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Os efeitos adversos incluem reações alérgicas, depleção de eletrólitos, Melanosis coli e colo catártico. Melanosis coli é uma pigmentação
colorretal preto-amarronzada de composição desconhecida. Colo catártico se refere a alterações na anatomia do colo observadas no enema
de bário em pacientes em uso crônico de laxativos. O colo catártico pode causar constipação que leva ao uso de mais laxantes e, portanto,
mais constipação, criando um círculo vicioso. Não está claro se o colo catártico, que é atribuído à destruição dos neurônios do plexo
mioentérico pelas antraquinonas, é causado pelos agentes atualmente disponíveis ou outros agentes neurotóxicos (p. ex., podofilina) que não
estão mais disponíveis. Não parece haver aumento no risco de câncer de colo com o uso prolongado de antraquinonas.

Enemas podem ser utilizados, incluindo água da torneira e soluções hipertônicas preparadas comercialmente.

Agentes emolientes (p. ex., docusato, óleo mineral) atuam lentamente para amolecer as fezes, facilitando sua passagem. Entretanto, não são
potentes estimuladores da evacuação. Docusato é um surfactante, que permite à água entrar no meio da massa fecal para amolecê-la e
aumentar o bolo fecal.

Antagonistas de ação periférica do receptor opioide mu (PAMORA; p. ex., metilnaltrexona, naloxegol e naldemmedina) podem ser
utilizados para tratar a constipação induzida por opioides que não resolve com outras medidas. O alvimopan é um antagonista do receptor
opioide mu que está disponível para uso hospitalar em curto prazo nos pacientes cirúrgicos para o tratamento do íleo paralítico pós-
operatório.

Impactação fecal
A impactação fecal é tratada inicialmente com enemas de água de torneira seguidos por enemas menores (100 mL) de soluções hipertônicas
comercialmente preparadas. Se não funcionar, pode ser necessário proceder à fragmentação e desimpactação manual do bolo fecal. Esse
procedimento é doloroso, recomendando-se por isso a aplicação de anestésico local intrarretal e perirretal (p. ex., lidocaína a 5% ou dibucaína
a 1%). Alguns pacientes necessitam de sedação.

Fundamentos de geriatria
A constipação é comum entre idosos por causa de uma alimentação com poucas fibras, pela falta de exercício, pelas comorbidades e pelo uso
de medicamentos anticolinérgicos. Muitos idosos têm uma ideia equivocada sobre o que seriam hábitos intestinais saudáveis e utilizam
laxantes regularmente. Outras alterações que predispõem o idoso à constipação são o aumento da retal e o comprometimento da
sensibilidade no reto (de tal modo que são necessários maiores volumes de fezes no interior do reto para deflagrar a vontade de evacuar).

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Pontos-chave

A constipação farmacológica é comum (p. ex., uso excessivo e regular de laxantes, uso de anticolinérgicos ou opioides).

Prestar atenção à obstrução intestinal quando a constipação é aguda e intensa.

Se a tentativa de administrar fibras e/ou laxantes falhar, fazer manometria anorretal (teste da expulsão do balão) a fim de
excluir disfunção do assoalho pélvico.

Informações adicionais
Os recursos em inglês a seguir podem ser úteis. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo desses recursos.

American Gastroenterological Association: Medical position statement on constipation (2013)


American College of Gastroenterology: Clinical guidelines for the management of benign anorectal disorders (2021)

Disquezia

Disquezia (que também pode ser chamada dissinergia, evacuação desordenada, disfunção do assoalho pélvico
ou esfíncteres anais, ou distúrbios funcionais de defecação) é a dificuldade de defecar. Os pacientes sentem a
presença de fezes e a necessidade de evacuar, mas estão incapacitados de fazê-lo. Isso advém da falta de
coordenação dos músculos do assoalho pélvico e dos esfíncteres anais. O diagnóstico se faz por manometria
anorretal. O tratamento é difícil, mas o biofeedback pode ser de algum benefício.

Etiologia da disquezia
Normalmente, quando um indivíduo tenta evacuar, a pressão retal aumenta de forma coordenada com o relaxamento do esfíncter anal
externo. Esse processo pode ser alterado por uma ou mais disfunções (p. ex., dificuldade de contração retal, contração excessiva da parede

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13/08/2024, 21:41 Constipação - Distúrbios gastrointestinais - Manuais MSD edição para profissionais

abdominal, contração paradoxal do ânus ou falha do relaxamento anal) de etiologia desconhecida. Distúrbios defecatórios funcionais podem
se manifestar em qualquer idade. Por outro lado, a doença de Hirschsprung, que é decorrente da ausência de reflexo anorretal inibitório, na
maioria das vezes é diagnosticada em lactentes ou crianças. Pessoas com síndrome do intestino irritável (SII) podem ter evacuação irregular,
causando disquezia.

Sinais e sintomas da disquezia


O paciente pode ou não sentir a presença de fezes no reto. Mesmo com esforço prolongado, a evacuação é difícil ou impossível, muitas vezes
mesmo com emolientes fecais ou enemas. O paciente pode se queixar de um bloqueio anal e pode remover manualmente as fezes de seu
reto ou apoiar mecanicamente o períneo ou colocar um apoio na vagina para evacuar. A frequência evacuatória real pode ou não estar
diminuída.

Diagnóstico da disquezia
Manometria anorretal e expulsão retal por balão

Exames retais e pélvicos mostram hipertonia dos músculos do assoalho pélvico e esfíncteres anais. Com a descida das fezes, os pacientes
podem não apresentar o esperado relaxamento e a descida perianal. Com o esforço excessivo, a parede anterior do reto prolapsa na vagina
em pacientes com dificuldades no relaxamento anal; além disso, a retocele geralmente é a causa secundária, e não o distúrbio primário. A
existência de disquezia por longo tempo, com longa inércia fecal, pode causar aparecimento de úlcera retal solitária ou vários graus de
prolapso retal ou descida perineal excessiva ou enterocele.

A manometria anorretal e técnica de expulsão do balão, ocasionalmente suplementados pelo defecograma ou proctografia-ressonância
magnética, são necessários para diagnosticar a condição. (Ver também the American College of Gastroenterology's 2021 clinical guidelines for
the management of benign anorectal disorders.)

Tratamento da disquezia
Biofeedback

Uma vez que o tratamento com laxativos é insatisfatório, é importante avaliar a função anorretal em pacientes com constipação refratária. O
tratamento com biofeedback pode ajudar na coordenação entre a contração abdominal e o relaxamento do assoalho pélvico durante a
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13/08/2024, 21:41 Constipação - Distúrbios gastrointestinais - Manuais MSD edição para profissionais

defecação, aliviando assim os sintomas. Contudo, o retreinamento do assoalho pélvico nos distúrbios defecatórios é alta- mente especializado
e disponível apenas em centros específicos. É necessária uma abordagem multidisciplinar (fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas
comportamentais e gastroenterologistas).

Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

American College of Gastroenterology: Clinical guidelines for the management of benign anorectal disorders (2021)

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