2014 TCC Msmpeixoto

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
CURSO DE ZOOTECNIA

MARIA SIMONE MENDES PEIXOTO

ACOMPANHAMENTO DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM EMPRESA DE


CONSULTORIA E ASSESSORIA EM BOVINOCULTURA LEITEIRA
NO ESTADO DO CEARÁ

FORTALEZA

2014
MARIA SIMONE MENDES PEIXOTO

ACOMPANHAMENTO DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM EMPRESA DE


CONSULTORIA E ASSESSORIA EM BOVINOCULTURA LEITEIRA
NO ESTADO DO CEARÁ

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


Curso de Zootecnia da Universidade Federal
do Ceará, como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Zootecnia.

Orientadora: Profª. Dra. Patrícia Guimarães


Pimentel.

FORTALEZA

2014
MARIA SIMONE MENDES PEIXOTO

ACOMPANHAMENTO DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM EMPRESA DE


CONSULTORIA E ASSESSORIA EM BOVINOCULTURA LEITEIRA
NO ESTADO DO CEARÁ

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


Curso de Zootecnia da Universidade Federal
do Ceará, como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Zootecnia.

Orientadora: Profª. Dra. Patrícia Guimarães


Pimentel.

Aprovado em: 12/11/2014

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________
Profª. Dra. Patrícia Guimarães Pimentel (Orientadora Pedagógico)
Universidade Federal do Ceará (UFC)

_____________________________________________________
Prof. Dr. José Antonio Delfino Barbosa Filho
Universidade Federal do Ceará (UFC)

_____________________________________________________
Mayara Silva de Araújo (Mestranda)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Aos meus pais, Carlos Peixoto e Maria do
Socorro.

À minha avó, Carmelita Mendes da Silva.

Aos meus irmãos, Carlinhos e Davi.


AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS, por ter me concedido a vida e estar ao meu lado em todos os momentos.

À MINHA MÃE, Maria do Socorro, mulher mais forte que já conheci, pelo exemplo de
generosidade e amor ao próximo, pessoa pela qual tanto amo e me orgulho.

À MINHA VÓ, Carmelita Mendes, com sua fé imensurável dedicou-se a mim de forma a
exercer o papel de mãe, amiga e protetora em todos os sentidos, que me apoiou nos momentos
mais difíceis da minha vida e me ajudou no fortalecimento da fé em Deus.

À MINHA FAMÍLIA, como um todo, pelo carinho, especialmente às minhas tias Anaélia e
Flaviana (In Memoriam). Aos MEUS IRMÃOS amados, Carlinhos e Davi, que sempre se
preocuparam comigo e sempre me apoiaram. Ao MEU PAI, Carlos Augusto Pinheiro Peixoto,
que apesar da distância, ofereceu a mim amor, carinho e confiança.

À UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, por ter me proporcionado uma excelente


qualidade de ensino no curso de graduação em Zootecnia.

À todos MEUS PROFESSORES do curso de graduação, pelos ensinamentos repassados, em


especial às professoras Patrícia Guimarães Pimentel, Sônia Maria Pinheiro de Oliveira,
Elzânia Sales Pereira e Maria do Socorro Carneiro.

Aos companheiros do Grupo de Pesquisas e Estudos em Bovinocultura – GPEBOV/UFC:


Marina, Rafael, Silvânia Ledicia, Thiago, Camila, Patrícia, Pedro, Victor e Fernando.

Aos amigos que conquistei no Programa de Educação Tutorial – PET ZOOTECNIA.


Agradeço aos professores tutores com quem tive o prazer de trabalhar no grupo, Magno José
Duarte Cândido, Ana Cláudia Nascimento Campos e Pedro Henrique Watanabe.

Aos colegas do Setor de Avicultura da UFC e do Núcleo de Ensino e Estudos em


Forragicultura/ NEEF, pela parceria durante os experimentos realizados.

Ao Núcleo de Estudos em Ambiência Agrícola e Bem-estar Animal – NEAMBE, que


contribuiu decisivamente para minha formação acadêmica. Agradeço por todo o apoio e
companheirismo dos membros do grupo, em especial ao professor José Antonio Delfino
Barbosa Filho e Melânia de Araújo Alves.
Aos AMIGOS da graduação Patrícia, Gabriela, Tuane, Ianne e Daniel, pelos momentos de
descontração, alegria, amizade e companheirismo, vividos ao longo do curso de graduação.

Ao amigo e namorado, Victor Pinheiro Giffoni, por todo o carinho, amor, compreensão e
dedicação, que tornaram os meus obstáculos mais fáceis de serem superados. Agradeço pela
presença constante nos momentos mais importantes da minha vida.

Aos AMIGOS inesquecíveis e que fizeram parte da minha jornada: Rê (In Memoriam),
Tâmara, Thalita, Elane, Léa, Yunisson, Cássio, Renata, Marrala, Raquel, Rafaella, Vanessa,
Elaine, Aline, Carlos e Bruno.

Aos membros da LEITE E NEGÓCIOS CONSULTORIA, com quem tive o prazer de


trabalhar, em especial, Dapaes Carvalho, Raimundo Reis, Tiago Medeiros e Victa Nobre.
Agradeço por toda a paciência e preocupação em repassar a mim os conhecimentos
necessários durante o estágio.

Ao colega Maciano Bezerra, pelo apoio e ensinamentos durante a etapa do estágio na Valle
Verde Agropecuária.

À toda equipe do PROGRAMA LEITE CEARÁ, pelo carinho, e compromisso profissional


proporcionado ao estágio, bem como pelos ensinamentos, em especial aos queridos colegas
Tiago Diógenes e Gabriel Bandeira.
“Os grandes navegadores devem sua reputação
aos temporais e tempestades.”

(Epicuro)
RESUMO

O presente trabalho relata as atividades desenvolvidas em uma empresa de assistência técnica


na área agropecuária, tendo como foco a pecuária de leite. Objetivou-se desenvolver
atividades relacionadas com os diversos segmentos da bovinocultura leiteira no estado do
Ceará, através do acompanhamento da dinâmica de trabalhos da empresa Leite & Negócios
Consultoria, situada em Fortaleza – CE. Inicialmente, o estágio ocorreu no escritório, com
intuito de adquirir uma visão geral das ações desenvolvidas junto à equipe da L&N
Consultoria, em seguida fez-se um trabalho de manejo da palma forrageira, em uma
propriedade assessorada pela empresa, a Valle Verde Agropecuária, situada em Russas – CE.
E por último, realizou-se um acompanhamento dos trabalhos desenvolvidos junto a Gerência
Executiva do Programa Leite Ceará. Todas as ações desenvolvidas durante o estágio foram
executadas conforme o plano de trabalho proposto pela empresa L&N Consultoria, de
maneira que contribuíram satisfatoriamente para o aprendizado em bovinocultura leiteira no
estado do Ceará.

Palavras-chave: assistência técnica, leite, palma forrageira.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Logomarca da empresa ................................................................................... 18

Figura 2 – Apresentação em uma das estações ................................................................... 23

Figura 3 – Capim sob irrigação com pivô central .............................................................. 23

Figura 4 – I Curso DSM | Tortuga ...................................................................................... 24

Figura 5 – Visita à Fábrica da Tortuga ............................................................................... 24

Figura 6 – Visita à Fazenda Ateiras .................................................................................... 24

Figura 7 – Bezerreiro da Fazenda Ateiras .......................................................................... 24

Figura 8 – Palestra técnica na UFC ..................................................................................... 25

Figura 9 – Estudantes das Ciências Agrárias ..................................................................... 25

Figura 10 – Fazenda assistida pelo Programa Leite Ceará ............................................... 25

Figura 11 – Bezerreiro da fazenda visitada ........................................................................ 25

Figura 12 – Vacas em piquete ................................................................................................. 26

Figura 13 – Pivô central .......................................................................................................... 26

Figura 14 – Piquete de recria da Fazenda Cialne .............................................................. 27

Figuras 15 – Participantes da visita .................................................................................... 27

Figura 16 – Apresentação da propriedade ......................................................................... 27

Figura 17 – Cultivo de palma forrageira ............................................................................ 27

Figura 18 – Primeira, segunda e terceira edição do Anuário do Leite em Números .............. 28

Figura 19 – Plantação de Palma Gigante da Valle Verde Agropecuária ......................... 33

Figura 20 – Plantação de Palma Miúda da Valle Verde Agropecuária ........................... 34

Figura 21 – Plantação de Palma IPA-Sertânia da Valle Verde Agropecuária ................ 34

Figura 22 – Plantação de Palma Orelha de elefante da Valle Verde Agropecuária ....... 34

Figura 23 – Abertura de sulcos para plantio por tratorização ......................................... 36


Figura 24 – Propagação de mudas em viveiro .................................................................... 37

Figura 25 – Palmal recém-implantado ................................................................................ 38

Figura 26 – Corte e contagem de raquetes para comercialização .................................... 40

Figura 27 – Logotipo do Programa Leite Ceará ................................................................ 43

Figura 28 – Pastejo rotacionado de uma propriedade assistida pelo Leite Ceará ........... 47

Figura 29 – Plantação de milho para ensilagem ................................................................. 48

Figura 30 – Ensilagem .......................................................................................................... 48

Figura 31 – Cuidados iniciais com o bezerro ...................................................................... 49

Figura 32 – Vaca lambendo a cria ....................................................................................... 49

Figura 33 – Bezerreiro .......................................................................................................... 49

Figura 34 – Bezerreiro de uma propriedade visitada ........................................................ 50

Figura 35 – Vacinação contra brucelose e marcação a ferro quente em bezerras .......... 51

Figura 36 – Pesagem de bezerras por meio de fita métrica .............................................. 52

Figura 37 – Bezerreiro tipo argentino ................................................................................. 52

Figura 38 – Bezerreiro coletivo ............................................................................................ 53

Figura 39 – Bezerros em baia coletiva sob tela de sombreamento ................................... 53

Figura 40 – Bezerros doentes e sadios na mesma instalação ............................................. 54

Figura 41 – Novilhas com dificuldades no parto ................................................................ 55

Figura 42 – Presença de milho nas fezes de vacas e fragmentação das partículas corretamente
.................................................................................................................................................. 59

Figura 43 – Ordenha mecânica sem o bezerro ................................................................... 60

Figura 44 – Ordenha mecânica com o bezerro ................................................................... 60

Figura 45 – Ordenha manual ............................................................................................... 61

Figura 46 – Ordenha mecânica em sala de ordenha com fosso ........................................ 61

Figura 47 – Lavagem inapropriada dos equipamentos ..................................................... 62


Figura 48 – Lavagem correta dos equipamentos ............................................................... 62

Figura 49 – Utensílios de “pré e pós dipping”, seguido da técnica ....................................... 62

Figura 50 – Telha de fibrocimento ...................................................................................... 63

Figura 51 – Telha galvanizada ............................................................................................. 63

Figura 52 – Telha de cerâmica (orientação Norte-Sul) ..................................................... 63

Figura 53 – Telha de cerâmica (orientação Leste-Oeste) .................................................. 63

Figura 54 – Currais de espera descobertos ........................................................................ 64

Figura 55 – Currais de espera sombreados naturalmente e artificialmente .................... 64

Figura 56 – Tanque comunitário em local aberto ................................................................... 66

Figura 57 – Tanque próprio na sala de ordenha ............................................................. 66

Figura 58 – Tanque em local fechado sem azulejos .......................................................... 66

Figura 59 – Tanque em local fechado com azulejos .......................................................... 66


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Eficiência do uso de água de leguminosas, gramíneas e cactáceas, conforme o


metabolismo fotossintético ..................................................................................................... 31

Tabela 2 – Estrato de produção diária das fazendas atendidas pelo Leite Ceará ....................44

Tabela 3 – Gestão empresarial dos produtores atendidos pelo Leite Ceará ............................ 44

Tabela 4 – Raças utilizadas pelos produtores ......................................................................... 45

Tabela 5 – Forma de identificação dos animais pelas propriedades ........................................45

Tabela 6 – Tipos de adubos de capineiras ................................................................................47

Tabela 7 – Porcentagem de produtores que utilizam e não utilizam silagem ......................... 47

Tabela 8 – Propriedades que utilizam ou não a inseminação artificial .................................. 56

Tabela 9 – Fazendas que utilizam o touro para concepção das fêmeas .................................. 56

Tabela 10 – Tipos de monta dos touros .................................................................................. 56

Tabela 11 – Fazendas do Programa que utilizam ração .......................................................... 58

Tabela 12 – Manejo sanitário empregado nas fazendas .......................................................... 59

Tabela 13 - Perfil dos produtores quanto ao tipo de ordenha ................................................. 60

Tabela 14 – Perfil dos produtores quanto à forma de ordenha ............................................... 60

Tabela 15 – Quantidade de ordenhas por dia realizadas nas fazendas .................................... 61

Tabela 16 – Forma de resfriamento do leite produzido nas fazendas ..................................... 65

Tabela 17– Tipo de resfriamento do leite produzido nas fazendas ......................................... 65


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15

2 DESCRIÇÃO GERAL DO ESTÁGIO ......................................................................... 17

3 PANORAMA DA BOVINOCULTURA LEITEIRA ................................................... 19

4 ASPECTOS DA PRODUÇÃO DE LEITE NO CEARÁ ............................................. 21

5 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

5.1 Escritório .................................................................................................................... 22

5.1.1 Portal de notícias L&N .............................................................................................. 22

5.1.2 Organização de eventos .............................................................................................. 22

5.1.3 Outras atividades ....................................................................................................... 28

5.2 Valle Verde Agropecuária ...................................................................................... 29

5.2.1 Descrição geral da propriedade ................................................................................ 29

5.2.2 Palma forrageira ....................................................................................................... 30

5.2.3 Variedades de palma forrageira cultivadas no Semiárido nordestino .................... 32

5.2.4 Práticas de manejo da palma forrageira ................................................................. 35

5.2.4.1 Preparo do solo ......................................................................................................... 35

5.2.4.2 Plantio ....................................................................................................................... 36

5.2.4.3 Adubação .................................................................................................................. 38

5.2.4.4 Colheita ...................................................................................................................... 39

5.2.5 Utilização da palma forrageira na alimentação de bovinos leiteiros ....................... 40

5.3 Programa Leite Ceará .............................................................................................. 42

5.3.1 Caracterização geral dos aspectos de manejo de bovinos leiteiros ......................... 43

5.3.1.1 Planejamento forrageiro ............................................................................................ 45

5.3.1.1.1 Utilização de pastagens ............................................................................... 46


5.3.1.1.2 Conservação de forragens ........................................................................... 47

5.3.1.2 Manejo geral por categoria ....................................................................................... 48

5.3.1.2.1 Fase de cria ................................................................................................... 48

5.3.1.2.2 Fase de recria ................................................................................................ 54

5.3.1.2.3 Vacas secas .................................................................................................... 56

5.3.1.2.4 Vacas de pré-parto ......................................................................................... 57

5.3.1.2.5 Vacas em lactação ......................................................................................... 58

5.3.1.3 Manejo de ordenha .................................................................................................... 60

5.3.1.3.1 Higienização e qualidade do leite ................................................................. 61

5.3.1.3.2 Ambiência e aspectos construtivos da sala de ordenha .............................. 63

5.3.1.4 Armazenamento do leite ............................................................................................ 65

6 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 67

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 68

ANEXOS...........................................................................................................................
16

1 INTRODUÇÃO

A partir da década de 90, o mercado do leite no Brasil passou por grandes


transformações estruturais e econômicas. Essas mudanças que abrangeram toda a sua cadeia,
também alterou a estrutura de produção e a capacidade de competir, fazendo crescer a
preocupação com a obtenção não apenas de bons índices zootécnicos, mas também com a
eficiência econômica da atividade (SILVA, 2007).
As principais mudanças giraram em torno de aspectos, como: maior
especialização do setor produtivo, aumento da produtividade via novas tecnologias, redução
do número de produtores, melhora da qualidade do produto, aumento da escala de produção e
redução da sazonalidade (BARROS et al., 2011).
Atualmente, a bovinocultura leiteira assume papel de importância para o setor
agropecuário, sobretudo para o contexto econômico nacional, tendo em vista que o valor bruto
da produção de leite em 2013, foi de R$ 22,9 bilhões contribuindo para movimentar
principalmente a economia das pequenas e médias cidades brasileiras (BRASIL, 2014).
A heterogeneidade dos sistemas de produção existente no Brasil surge em função
de fatores relacionados à disponibilidade de grandes extensões territoriais, fazendo com que
grande parte da produção de leite no País seja proveniente da criação a pasto, assim como as
condições edafoclimáticas que são favoráveis para a bovinocultura leiteira. Em geral, as
tecnologias utilizadas pelas propriedades leiteiras, apresentando-se como de baixo custo ou
não, são aplicadas conforme o estrato de produção de leite, a disponibilidade de assistência
técnica, bem como os aspectos relacionados ao ambiente social e cultural, fazendo com que as
peculiaridades regionais tornem a cadeia produtiva do leite dinâmica e competitiva no país.
Portugal (2005) ressalta a dinamização da atividade leiteira diante do cenário de
constantes mudanças do mercado, ao afirmar que uma das características mais importantes da
cadeia é a grande flexibilidade dos sistemas de produção, na qual gera uma grande dicotomia,
com regiões e propriedades altamente competitivas, similares às mais avançadas do mundo,
até sistemas rudimentares, mais que viabiliza a subsistência de milhares de famílias. Dessa
maneira, é possível observar que a estrutura de mercado do leite no país, se baseia na
diversificação dos sistemas de produção.
Conforme Yamaguchi et al. (2001), é evidente o potencial da atividade leiteira
para o segmento agropecuário, tendo em vista suas características de ocupação e uso de
17

extensas áreas de terra, de forma que contribui na formação da renda do setor, bem como da
renda nacional, além de gerar grandes contingentes de mão de obra, fornecimento de matéria-
prima para as indústrias de laticínios e alimento de alto valor nutritivo para a população.
Apesar do potencial do Brasil em elevar os índices produtivos da atividade
leiteira, o trabalho de assistência técnica ainda é bastante reduzido, ou ainda, bastante ausente,
em muitas propriedades do País. Segundo Zoccal et al. (2004) o conhecimento é primordial
para que ocorra o processo de adoção de tecnologia por parte dos produtores, e essa carência
limita a modernização da atividade. Segundo esses autores, o trabalho de assistência técnica
precisar ser intensificado junto aos produtores, de maneira que os detalhes da tecnologia
sejam transmitidos a estes.
Os profissionais que exercem esse tipo de atividade devem trabalhar
implementando técnicas que elevem o nível produtivo dos estabelecimentos atendidos,
almejando a rentabilidade da atividade, a segurança alimentar dos produtos de origem animal
e vegetal produzidos e a sustentabilidade do sistema como um todo (SOARES, 2014).
O último Censo Agropecuário (2006) revelou que no País, entre os
estabelecimentos agropecuários que recebem orientação técnica, 43% destes obtêm este
serviço de programas governamentais. No Ceará, 82% da orientação técnica que atende aos
estabelecimentos agropecuários é de origem governamental, no entanto, apenas 12% do total
dos estabelecimentos recebem algum tipo de assistência, enquanto no Brasil esse número é de
22% (IBGE, 2006).
Objetivou-se por meio do estágio supervisionado, acompanhar a dinâmica das
atividades de uma empresa de consultoria e assessoria zootécnica, assim como os trabalhos de
assistência técnica na área da bovinocultura leiteira no estado do Ceará.
18

2 DESCRIÇÃO GERAL DO ESTÁGIO

O estágio ocorreu por supervisão da empresa Leite & Negócios Consultoria,


situada na cidade de Fortaleza, Ceará, durante o período de julho a novembro de 2014. As
atividades propostas para o estágio foram coordenadas pela equipe da empresa: Raimundo
José Couto dos Reis Filho (Sócio-diretor), Antonia Paes de Carvalho (Gerência administrativa
financeira), Tiago de Medeiros Silva (Gerência técnica) e Victa Nobre de Andrade (Gerência
executiva do Programa Leite Ceará).
A empresa Leite & Negócios (L&N) foi fundada em 1994, com o objetivo de
promover ações nos diversos segmentos da pecuária de leite da região Nordeste. Com o passar
dos anos, a empresa passou a expandir seu campo de atuação por meio de trabalhos voltados
para outras áreas do setor Agropecuário.
A L&N desenvolve serviços de consultoria institucional e empresarial, por meio
da elaboração de projetos agropecuários, consultoria e assessoria em produção de gado
leiteiro e de corte, além de promover ações utilizando de outros serviços, como palestras e
cursos sobre nutrição animal, produção de volumosos, qualidade do leite, gestão de
propriedades leiteiras, manejo do rebanho, etc.
Nos últimos anos, as atividades voltadas para a cadeia produtiva do leite foram
intensificadas pela empresa com a elaboração do Projeto Leite Ceará, que contemplava o
Plano de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira nas Áreas Irrigáveis do Estado do Ceará, a
partir de uma demanda da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado do Ceará –
ADECE, e do Instituto Agropolos do Ceará.
Os constantes trabalhos executados no âmbito da Pecuária de leite culminaram na
participação da empresa em um recente projeto de assistência técnica, o Programa Leite
Ceará.
O Programa Leite Ceará visa o crescimento e a sustentabilidade da pecuária de
leite, sendo criado no ambiente da Câmara Setorial do Leite, com base na Agenda Estratégica
do Leite – 2012-2025 com atuação nas áreas de Pesquisa e Desenvolvimento, Assistência
Técnica, Capacitação, Crédito Rural e Ações Estratégicas. Essas ações são desenvolvidas por
meio de projetos executivos de assistência técnica, produção de forragem, melhoramento
genético e qualidade do leite.
O fato de a empresa L&N promover uma atuação dinâmica nos diversos
segmentos da cadeia produtiva do leite, fez com que o estágio fosse realizado em três etapas.
Primeiramente, foi realizado o acompanhamento das atividades de rotina do escritório da
19

empresa, como acompanhamento na elaboração de projetos, orçamentos, ações de gestão do


Programa Leite Ceará, etc. Em seguida, realizou-se um trabalho de campo, onde foi possível
vivenciar algumas práticas de manejo da palma forrageira, com o acompanhamento de uma
empresa assessorada pela L&N, a Valle Verde Agropecuária. E finalmente, foi possível
acompanhar algumas atividades desenvolvidas no campo, juntamente com os profissionais
zootecnistas, médicos veterinários e técnicos agrícolas do Programa Leite Ceará.

Figura 1 - Logomarca da empresa

Fonte: Leite & Negócios Consultoria.


20

3 PANORAMA DA BOVINOCULTURA LEITEIRA

A bovinocultura leiteira ao se inserir na complexidade da cadeia produtiva do leite


pode ser encontrada em todas as regiões brasileiras, atuando como uma atividade geradora de
renda, tributos e empregos (LOPES et al., 2007).
Em termos de produção de leite bovino, o Brasil vem se destacando ao longo dos
anos, ocupando a quarta posição no ranking mundial. Segundo levantamentos do
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil produziu cerca de 32,3
bilhões de litros, no ano de 2013, ficando atrás apenas de países como os Estados Unidos, a
Índia e a China (XIMENES, 2014).
Apesar do potencial de produção do País, a produtividade do rebanho nacional é
baixa, cerca de 1,471 litros/vaca/ano (IBGE, 2013). Tal fato pode ser justificado por uma
complexidade de aspectos socioeconômicos, que surgem como entraves para a atividade, a
citar a deficiência de assistência técnica e o emprego ineficiente das tecnologias disponíveis.
Além disto, Mezzadri (2012) ressalta algumas teorias para justificar este baixo desempenho
na produtividade a nível nacional, tendo base algumas estimativas sobre os sistemas de
produção de leite empregados no País, em que aproximadamente 90% são extensivos e que
nestes, o pasto corresponde a 85% da dieta, sendo assim os problemas nutricionais e de
manejo são os maiores responsáveis pelo desempenho produtivo.
O cenário da atividade leiteira brasileira mostra que as regiões Sul e Sudeste do
País ocupam ainda a posição de maior destaque. Pela projeção do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas (IBGE), ambas as regiões contribuem juntas com mais de 60% do
volume total de leite produzido atualmente no País.
O crescimento da produção de leite, bem como o aumento da produtividade dos
rebanhos vem ocorrendo em todas as regiões do Brasil, porém as regiões Norte e Nordeste
apresentaram um crescimento praticamente estável, sendo que o segundo foi comprometido
pela estiagem prolongada de 2012 e 2013. Segundo Ximenes (2014), o ano de 2011 foi o
“divisor de águas” para a produção de leite no Nordeste, na qual Estados com boa
infraestrutura de recursos hídricos ou tradicionais na provisão de reserva estratégica de
forragem verde ou conservada, especialmente a palma forrageira, mantiveram, mesmo com as
agruras da escassez de chuvas, os rebanhos.
Apesar disso, a participação do Nordeste torna-se bastante relevante para a cadeia
do leite a nível nacional, de maneira que mesmo diante da problemática da seca, muitas
indústrias de laticínios estão buscando implantar-se na região. Contudo, mesmo com a maior
21

participação dos laticínios no cenário da cadeia do leite no Nordeste, os produtores devem


prover de mais cuidados com as práticas simples de manejo a fim de alcançar índices
produtivos mais satisfatórios, e com isso fortalecer as relações com os laticínios.
É comum observar que muitos produtores negligenciam as questões básicas de
sanidade e nutrição dos rebanhos, aliado a pouca preocupação por parte destes, com a
higienização do ambiente de ordenha e o armazenamento do leite. Tal fato acaba refletindo no
baixo preço pago ao produtor pelas indústrias de laticínios, que possuem regras para aquisição
de leite conforme os padrões exigidos pela legislação vigente. Ximenes (2014) relata:

“No caso dos pequenos produtores do Nordeste, cerca de 90%


não adotam nenhum processo de resfriamento e quase a
totalidade destes não tem escrituração zootécnica e contábil, não
tem vínculos com cooperativas de classe e baixo relacionamento
com os demais atores da cadeia produtiva. Nos últimos anos, eles
têm contado com medidas pontuais de apoio, a exemplo do
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do combate à
febre aftosa, mas não há políticas específicas para o setor que
poderiam começar pela definição de requisitos claros para os
projetos de financiamento aos bancos públicos, notadamente ao
tipo de animal e as inversões do sistema de produção, sempre no
sentido da produção econômica, bem como de incentivos fiscais
para os produtores e laticínios.”

Conforme dados do IBGE, para o ano de 2013, a produção leiteira do Nordeste


representava apenas 5% da produção nacional, com uma parcela de produção de 300,81 mil
litros. Nesse mesmo ano, o Ceará produziu 60,838 mil litros de leite. Dentre os estados do
Nordeste, o Ceará ocupa o terceiro lugar na produção de leite, ficando atrás apenas da Bahia e
do Pernambuco.
22

4 ASPECTOS DA PRODUÇÃO DE LEITE NO CEARÁ

No Ceará, a bovinocultura leiteira está presente em todos os 184 municípios do


estado. Como acontece no Brasil, no Ceará existe, também, uma grande diversidade na forma
de exploração da atividade leiteira. Entre os cem maiores produtores de leite do País, três são
do Ceará. Juntos, produzem aproximadamente, 42 mil litros por dia, o que representa 3,8% da
produção estadual ou 10,4% do leite cearense com inspeção federal. Esses dados
exemplificam a diversidade dos sistemas de produção de leite adotados (ZOCCAL et al.,
2008).
Segundo um levantamento publicado em 2008 pelo Sindicato e Organização das
Cooperativas Brasileiras no Estado do Ceará (OCB/CE) juntamente com a Embrapa Gado de
Leite, os estabelecimentos leiteiros do Estado, em sua grande maioria, contam até 500
hectares, caracterizando-as como mini e pequenas propriedades. Ainda segundo este estudo,
que tem como título “Competitividade da cadeia do leite no Ceará: análise de ambientes”, a
baixa produção e produtividade dos produtores e da indústria de laticínios do Ceará são
ocasionadas pela desorganização dos atores da cadeia produtiva, a desunião entre os
produtores e a falta de compromisso de grande parte dos agentes públicos.
Quanto às indústrias de laticínios do estado, estas se caracterizam em sua maioria
por serem de pequeno porte. Em geral, o Ceará conta com a participação de 49 laticínios,
sendo que 40 destes possuem Selo de Inspeção Estadual (SIE) e nove possuem Selo de
Inspeção Federal (SIF), segundo uma pesquisa realizada pela Leite & Negócios Consultoria.
De acordo com estudo realizado no estado do Ceará, o parque industrial de
produtos lácteos tem capacidade de processar 1,6 milhões de litros de leite por dia, mas
trabalha com apenas 50% da sua capacidade (REIS FILHO, 2012). Sabe-se que a ociosidade
dos laticínios relaciona-se, muitas vezes com a questão da proporção do mercado informal do
leite ainda ser considerável no Estado aliado ao fato que muitas propriedades não utilizam
nenhum tipo de resfriamento do leite.
Por fim, é possível perceber que o pleno desenvolvimento da cadeia produtiva do
leite no Estado, além de depender do trabalho especializado da assistência técnica, depende do
comportamento dos produtores em desmistificar o conceito de tecnologia. Sendo que os
recursos para o resultado pleno estão disponíveis na propriedade, necessitando apenas que
estes saibam utilizá-los corretamente.
23

5 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

5.1 Escritório

O estágio teve início com o acompanhamento da dinâmica de funcionamento do


escritório da Leite & Negócios Consultoria, com o objetivo de conhecer a base de
planejamento de todos os trabalhos desenvolvidos pela empresa.
Durante essa etapa inicial, foi possível acompanhar a rotina que uma empresa de
assistência técnica precisa possuir para alcançar sucesso no mercado agropecuário. Desta
forma, os trabalhos propostos para o estágio foram bastante diversificados.

5.1.1 Portal de notícias L&N

Diariamente, realizava-se a atualização do Portal online de notícias L&N. O Portal


é composto por tópicos, como: Empresa (referente às informações gerais de prestação de
serviços oferecidos); Notícias (abrangendo informações da cadeia produtiva do leite tanto a
nível nacional como regiona); Mercado e Leite em Números (tópicos que abordam a cotação
do leite, dados estatísticos, etc.); Ciência e Tecnologia (artigos técnicos, em geral, dentre
outros).
As notícias previamente atualizadas no Portal de notícias da L&N passavam a ser
publicadas em uma rede social, com o objetivo de promover um maior número de
visualizações pelo público, resultando em um maior alcance de informações sobre a cadeia
produtiva do leite. Foi possível também elaborar notícias referentes às ações desenvolvidas
pela própria empresa, como participação em reuniões, eventos diversos, cursos, projetos, etc.

5.1.2 Organização de eventos

Foi possibilitada uma experiência bastante gratificante por meio do


acompanhamento na organização de eventos vinculados à empresa. A fase do estágio no
escritório possibilitou um aprendizado interessante nessa área, onde foi possível acompanhar
todas as etapas necessárias, desde a ideia de planejamento inicial e ações de gestão de pessoas
até a execução dos trabalhos no campo. Dessa forma, foi possível auxiliar na organização de
eventos como: Dia de campo – Produção de leite a pasto; Fundamentos da nutrição de
bovinos – I Curso DSM | TORTUGA; Palestra e Missão técnica – Dinâmica da pecuária de
24

leite no Ceará e as novas oportunidades de atuação do zootecnista, agrônomo e veterinário.


Segue abaixo uma descrição geral dos eventos mencionados anteriormente e que foram
organizados durante o estágio junto à empresa.
O “Dia de campo – Produção de leite a pasto” ocorreu no dia 02 de agosto de
2014, na Fazenda Flor da Serra, situada em Limoeiro do Norte – Ceará (Figura 2). A
iniciativa surgiu da parceria entre a Gerência Executiva do Programa Leite Ceará e empresas
como, DSM | Tortuga, Fazenda Flor da Serra, Vet&Agro e MSD Saúde Animal. Objetivou-se
promover a disseminação de conhecimentos práticos de campo, com base em informações
sobre as técnicas para produção de leite a pasto, e para isso, pensou-se na fazenda Flor da
Serra, devido aos excelentes resultados obtidos na propriedade em função do manejo das
pastagens sob irrigação com pivô central (Figura 3). O evento contou com a participação de
um público de aproximadamente 200 pessoas, entre produtores, estudantes e profissionais das
Ciências Agrárias, os quais tiveram a oportunidade de visitar 5 estações de demonstração:
Apresentação Projeto Flor da Serra, Manejo e alimentação de cria e recria, Manejo de ordenha
e qualidade do leite, Manejo e nutrição de vaca leiteira a pasto e Correlação da nutrição com a
reprodução.

Figura 2 - Apresentação em uma das estações Figura 3 - Capim sob irrigação com pivô central

Fonte: Leite & Negócios Consultoria. Fonte: Leite & Negócios Consultoria.
.
No período de 11 a 14 de agosto de 2014, ocorreu na cidade de Fortaleza - CE, o
curso “Fundamentos da nutrição de bovinos – I Curso DSM | TORTUGA”. A iniciativa
surgiu de uma parceria da Gerência Executiva do Leite Ceará com a empresa DSM | Tortuga,
no intuito de promover a capacitação dos profissionais do Programa (Figura 4). O curso foi
composto por 10 módulos, ministrados por meio de seminários, que abordaram diversos
assuntos relacionados à alimentação de bovinos.
25

Ao final da programação do evento, os participantes visitaram a fábrica da


Tortuga, situada no município de Pecém – CE (Figura 5), e por último realizaram uma visita à
Fazenda Ateiras, em Aquiraz, CE (Figuras 6 e 7).

Figura 4 - I Curso DSM | Tortuga Figura 5 – Visita à Fábrica da Tortuga

Fonte: A autora. Fonte: A autora.

Figura 6 – Visita à Fazenda Ateiras Figura 7 – Bezerreiro da Fazenda Ateiras

Fonte: A autora. Fonte: A autora.


No dia 17 de setembro de 2014, ocorreu no Auditório do Departamento de
Zootecnia da Universidade Federal do Ceará, a palestra técnica intitulada: Dinâmica da
pecuária de leite no Ceará e as novas oportunidades de atuação do zootecnista, agrônomo e
veterinário (Figura 8).
Objetivou-se com a palestra explanar sobre o histórico dos investimentos
realizados no Ceará nos últimos 15 anos e que permitiram ao Estado alcançar os bons
resultados conhecidos atualmente, assim como atualizar os estudantes e profissionais das
ciências agrárias quanto às novas oportunidades de inserção no mercado de trabalho, no
âmbito da pecuária de leite. Cerca de 90 participantes compareceram ao evento que contou
com a apresentação do zootecnista e membro da Gerência executiva do Programa Leite Ceará
e sócio-diretor da L&N Consultoria, Raimundo José Couto dos Reis Filho (Figura 9).
26

Figura 8 – Palestra técnica na UFC Figura 9 – Estudantes das Ciências Agrárias

Fonte: A autora. Fonte: A autora.

No dia 20 de setembro de 2014, o Programa Leite Ceará promoveu uma missão


técnica com destino aos municípios de Russas e Limoeiro do Norte. Estiveram presentes cerca
de 40 estudantes dos cursos de zootecnia, agronomia e medicina veterinária. Objetivou-se
apresentar na prática, as técnicas que são desenvolvidas pelos produtores de leite no campo.
Durante a missão técnica, buscou-se divulgar a produção de leite no Ceará sob a ótica
encontrada na diversificação do perfil de produtores do estado e promover uma discussão
sobre a relação dos conhecimentos teóricos aprendidos em sala de aula com as ações práticas
desenvolvidas pelos produtores no campo.
Dessa forma, os participantes puderam acompanhar as tecnologias utilizadas em
uma fazenda assistida pelo Programa Leite Ceará, em Limoeiro do Norte. A fazenda visitada
produz 180 litros de leite por dia e possui 14 vacas em lactação. A visita foi bastante
interessante, pois foi possível perceber que mesmo com poucos recursos financeiros o
produtor consegue produzir leite com o emprego de tecnologias viáveis e de baixo custo
(Figuras 10 e 11).

Figura 10 – Fazenda assistida pelo Programa Leite Ceará Figura 11 – Bezerreiro da fazenda visitada

Fonte: A autora. Fonte: A autora.


27

Ainda no município de Limoeiro do Norte, os participantes visitaram a


implantação de um recente projeto de produção de leite e silagem, mas que se encontra em
execução. A responsabilidade em repassar as informações ao público presente ficou a cargo
do engenheiro agrônomo Jurandir Júnior, proprietário da empresa que presta consultoria à
fazenda. Com área total de mais de 200 hectares, a propriedade vem investindo na produção e
venda de milho para silagem por meio do uso de 4 pivôs centrais, bem como na implantação
de um projeto de instalações para gado leiteiro. O objetivo é manter 2 mil vacas em lactação,
com produção estimada de 30 mil litros de leite por dia (Figura 12).
Durante a visita foi relatado que os resultados alcançados até o momento apontam
uma produtividade de 40 a 50 toneladas de milho para silagem por hectare/ciclo, o que
representa aproximadamente 150 toneladas/hectare/ano (Figura 13). Recentemente, foram
implantados dois pivôs centrais de 50 hectares ocupados com capim Tanzânia (Panicum
maximun Jacq.cv. Tanzânia), Tifton 85 (Cynodon spp.) e Tangola (híbrido natural de
Brachiaria arrecta e Brachiaria mutica).

Figura 12 – Vacas em piquete Figura 13 – Pivô central

Fonte: A autora. Fonte: A autora.

Ao final do dia, os alunos seguiram para o Perímetro Irrigado do Tabuleiro de


Russas – CE, onde tiveram a oportunidade de conhecer a criação de novilhas a pasto da
Companhia de Alimentos do Nordeste (Cialne) e a unidade de produção de palma forrageira
da empresa Valle Verde Agropecuária.
Durante a visita a Cialne, os alunos foram informados pelos funcionários sobre a
preocupação da fazenda com o manejo nutricional das novilhas (Figuras 14 e 15), assim como
os cuidados com o manejo das pastagens, pois estas são manejadas em função de
recomendações técnicas de irrigação por pivôs centrais.
28

Figura 14 – Piquete de recria da Fazenda Cialne Figura 15 – Participantes da visita

Fonte: A autora. Fonte: A autora.

Por último, os alunos visitaram a Valle Verde Agropecuária, onde foi possível
conhecer um pouco sobre a produção de palma forrageira irrigada. O proprietário realizou um
breve comentário sobre o histórico da empresa, em seguida falou-se sobre algumas variedades
de palma forrageira cultivadas na propriedade (Figura 16). Ressaltou-se ainda, alguns
aspectos relacionados ao custo inicial para implantação da palma para a área de um hectare,
onde foi demonstrado pelo proprietário, o sistema de irrigação por gotejamento utilizado em
uma área da propriedade (Figura 17).

Figura 16 – Apresentação da propriedade Figura 17 – Cultivo de palma forrageira

Fonte: A autora. Fonte: A autora.


29

5.1.3 Outras atividades

A etapa do estágio no escritório permitia a execução de outras atividades em


paralelo aos demais trabalhos relatados anteriormente. Dessa forma, foi possível auxiliar na
elaboração de uma revista editada e lançada anualmente pela própria L&N Consultoria, o
ANUÁRIO LEITE EM NÚMEROS – CEARÁ 2013. O anuário consiste especificamente de
uma publicação sobre a cadeia produtiva do leite, abrangendo informações atualizadas sobre a
atividade leiteira, tanto no âmbito nacional, como regional. O primeiro exemplar do anuário
foi publicado em 2011, com informações referentes ao ano anterior. Desde a data de
lançamento, a revista vem abordando informações sobre o cenário do consumo de produtos
lácteos, algumas pesquisas quantitativas e qualitativas junto aos laticínios, uma lista com
dados de produção dos 100 maiores produtores de leite no Ceará, uma entrevista com alguma
personalidade do setor, além de matéria sobre a fazenda destaque do ano.

Figura 18 – Primeira, segunda e terceira edição do Anuário do Leite em Números

Fonte: Leite & Negócios Consultoria.

A oportunidade em atualizar o banco de dados da L&N, consistiu em outra forma


de aprendizado, com a tabulação de pesquisas sobre os preços do varejo de leite e derivados.
Tais pesquisas são realizadas pela própria empresa.
Todas as atividades já citadas ocorreram concomitantes ao acompanhamento dos
trabalhos da gerência executiva do Programa Leite Ceará. Por fim, foi realizado um exercício
referente a um levantamento geral sobre perfil de cada produtor assistido pelo Programa Leite
Ceará, sendo este realizado no formato de diagnósticos de propriedade.
30

5.2 Valle Verde Agropecuária

5.2.1 Descrição geral da propriedade

Em função da importância da palma forrageira, assim como a vantagem da


utilização desta na alimentação de bovinos leiteiros, objetivou-se complementar e aprimorar
os conhecimentos adquiridos durante o curso de graduação a partir do acompanhamento das
práticas de manejo da palma forrageira, em uma propriedade assessorada pela Leite &
Negócios Consultoria.
A palma forrageira vem despertando cada vez mais interesse de produtores do
semiárido nordestino a fim de utilizá-la como alternativa de alimento para os rebanhos ou
como produto de venda de mudas ao mercado. Sendo este último, por sua vez, o objetivo do
proprietário Francisco Maciano Bezerra, que ao fundar a empresa Valle Verde Agropecuária
no ano de 2013, passou a cultivar palma forrageira irrigada no município de Russas, Ceará.
Fundada formalmente em fevereiro de 2014, a Valle Verde Agropecuária atua no
segmento da produção comercial de palma forrageira e também na área da fruticultura, com o
cultivo de uva e goiaba. Atualmente, a empresa ocupa uma área total de 17 hectares, nos quais
4,4 são direcionados para o cultivo da palma.
De acordo com Maciano Bezerra, no início da implantação do projeto ele
encontrou algumas dificuldades devido às condições desfavoráveis do solo, assim como a
disponibilidade de água ser limitada em função da propriedade se situar em uma região onde
há fiscalização e controle da utilização da água pelos agricultores. Porém, o proprietário que
também é Técnico agrícola, não desistiu do projeto e com os conhecimentos adquiridos,
buscou comprar mudas de qualidade, tanto no estado do Ceará, como em Pernambuco. Dessa
forma, foi possível adquirir mudas de variedades de origem idônea, sobretudo resistentes a
pragas e doenças.
Atualmente, a Valle Verde Agropecuária produz muda comercial de palma
forrageira irrigada, onde que parte das vendas é proveniente da demanda de programas
governamentais. Para 2015, objetiva-se comercializar 4 milhões de raquetes ao governo do
Estado do Ceará.
31

5.2.2 Palma forrageira

Estudos apontam que o Semiárido Nordestino brasileiro possui a maior área


cultivada de palma forrageira do mundo, estimada em aproximadamente 500 mil hectares,
distribuídos nos Estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte,
Sergipe e Bahia (LOPES et al., 2007).
A palma forrageira é a opção de cultura xerófila com maior potencial de
exploração no Nordeste, constituindo-se em importante recurso forrageiro nos períodos de
estiagens, devido ao seu elevado potencial de produção de fitomassa nas condições do
Semiárido (JUNIOR, 2009). O que a coloca em uma posição de destaque frente às demais
plantas forrageiras, devido ao seu potencial de resistência às condições adversas do semiárido.
Quanto às características nutricionais para a alimentação dos rebanhos, a palma
forrageira apresenta algumas vantagens interessantes. Ao comparar os alimentos volumosos
disponíveis quanto à digestibilidade da matéria seca, a palma possui valor superior às
silagens, porém esta requer atenção ao ser incluída na dieta dos animais, pois apresenta como
fator limitante na utilização o baixo consumo de matéria seca e de fibra (SANTOS et al.,
2006).
Segundo Felker (2001), a palma forrageira, ao lado dos atributos de resistência a
estiagens prolongadas, pode fornecer energia, água e vitamina A, garantindo o suprimento de
nutrientes extremamente importantes para a manutenção dos rebanhos, além de evitar
prejuízos pros produtores durante os períodos de seca.
De acordo com Larcher (1986), a eficiência de utilização de água do solo pela
palma forrageira gira em torno de 100 a 150 litros de água para cada quilograma de matéria
seca produzida, enquanto que as gramíneas precisam, para produzir a mesma quantidade de
matéria seca, de uma quantidade de água variando entre 250 e 359 kg (Tabela 1).
As características morfofisiológicas da palma fazem com que esta forrageira
apresente ótima eficiência de utilização de água do solo. Essas características permitem a
elevada capacidade de captação diária de CO2 e reduzida perda de água, fenômenos que
ocorrem geralmente à noite, cujo intercâmbio de gases é conhecido como metabolismo ácido
das crassuláceas – CAM. Tal mecanismo difere da assimilação fotossintética das plantas
clorofiladas C3 e C4, caracterizadas por formarem como primeiro produto da fotossíntese,
ácidos com três e quatro moléculas de Carbono, respectivamente (LOPES et al., 2007). Sabe-
se ainda, que o bom rendimento dessa cultura está climaticamente relacionado a áreas com
32

400 a 800 mm anuais de chuva, umidade relativa acima de 40% (Viana, 1969) e temperatura
diurna/noturna de 15 a 25ºC (NOBEL, 1995).

Tabela 1 - Eficiência do uso de água de leguminosas, gramíneas e cactáceas, conforme o metabolismo


fotossintético
Metabolismo fotossintético Eficiência do uso de água
(kg de água / kg de matéria seca)
Leguminosas 700-800
Gramíneas 250-359
Cactáceas 100-150
Fonte: Larcher (1986).

Águido (2013) salienta que os baixos custos da tonelada são conseguidos a partir
de sistemas intensivos de plantio, nos quais se alcançam produtividades maiores que 400
toneladas por hectare. Este autor relata, portanto, que é um grande erro pensar que a palma é
uma cactácea pouco exigente em fertilidade, sendo que a escolha de solos férteis, adubações
(orgânica e química) e irrigação devem ser levadas em consideração, uma vez que apresentam
excelente resultado.
Segundo Lopes et al., (2007), a palma se consolidou, no semiárido nordestino,
como forrageira estratégica fundamental nos diversos sistemas de produção animal, no
entanto, é uma planta de grande potencial produtivo e de múltiplas utilidades, podendo ser
usada na alimentação humana, na produção de medicamentos, cosméticos e corantes, na
conservação e recuperação de solos, cercas vivas, paisagismo, além de uma infinidade de
usos.
33

5.2.3 Variedades de palma forrageira cultivadas no Semiárido nordestino

Em todo o mundo existem mais de 300 espécies de palma forrageira registradas.


Segundo (BRAVO, 1978) as palmas forrageiras pertencem à classe Liliateae; família
Cactaceae; subfamília Opuntioideae, tribo Opuntiae; gênero Opuntia, subgênero Opuntia e
Nopalea; do reino Vegetablia; sub-reino Embryophita; divisão Angiospermae.
No Nordeste brasileiro predominam atualmente, duas espécies: a Opuntia ficus-
indica (Palma redonda e Gigante) e a Nopalea cochenillifera (Palma miúda ou doce).
Todavia, há necessidade de mais estudos em relação a outros sistemas de cultivos e testes de
novos genótipos que possibilitem a ampliação da área cultivada na região (NASCIMENTO et
al., 2011).
A palma gigante conhecida popularmente como graúda ou azeda é uma planta de
porte bem desenvolvida e considerada a mais produtiva e resistente às regiões secas, por outro
lado é a menos palatável e de menor valor nutricional (SILVA et al., 2007). Esta apresenta
também, folhas maiores (chamadas de raquetes), com aproximadamente 50 cm de
comprimento, possuem um formato oval e um aspecto de coloração verde fosco.
A Palma Miúda também conhecida como Palma doce, possui o caule bastante
ramificado e apresenta maiores teores de matéria seca e carboidratos, bem como
digestibilidade, além de possuir melhor valor nutritivo em comparação à Redonda e Gigante,
porém apresenta menor produtividade, menor produção de matéria verde e menor resistência à
seca (SILVA et al., 2007). A Palma Miúda possui raquetes menores e alongadas, com
aproximadamente 25 cm de comprimento, e apresentam um aspecto de coloração verde
brilhante.
De maneira geral, pode-se afirmar que a palma Gigante apresenta um
comportamento mais rústico, sendo mais tolerantes à seca, quando comparadas a cultivar
Miúda, por exemplo, que são mais sensíveis a temperaturas mais elevadas e solos
desfavoráveis.
Quanto à produtividade, a palma Miúda tem se mostrado inferior às cultivares
gigante e redonda (SANTOS et al., 2006), no entanto, quando essa produção é
considerada em termos de matéria seca, os resultados se equivalem, uma vez que a
miúda possui maior teor de matéria seca que as cultivares do gênero Opuntia. Além
disso, a cultivar Miúda apresenta resistência à cochonilha do carmim (Dactylopius opuntiae
Cockerell), que é atualmente a principal praga da cultura da palma no Nordeste do Brasil. Em
função disso, os produtores estão apresentando maior procura por mudas da Palma Miúda.
34

A cochonilha do carmim é uma praga de grande impacto no cultivo da palma


forrageira, uma vez que acarreta prejuízos significativos ao produtor. No processo de
alimentação, as cochonilhas sugam as raquetes da palma inoculando toxinas, o que resulta no
enfraquecimento das plantas, provocando o amarelecimento e a queda dos cladódios. Em
ataques mais severos, quando não é adotada medida de controle, podem ocorrer a morte da
planta e a destruição do palmal (CAVALCANTI et al., 2001).
A preocupação com a disseminação de pragas que acometem a palma forrageira,
principalmente a cochonilha do carmim, fez com que instituições de pesquisa como a
Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária - IPA e a Universidade Federal Rural de
Pernambuco - UFRPE passassem a estudar a possibilidade em selecionar clones que viessem
a ser resistentes à cochonilha do carmim. Dessa forma, surgiram alguns materiais de palma
resistentes à cochonilha do carmim, como IPA- Sertânia, Orelha de elefante mexicana, Orelha
de elefante africana, dentre outras.
Durante o período do estágio na Valle Verde Agropecuária, foi possível
acompanhar o manejo das quatro variedades cultivadas na propriedade. Sendo estas: Gigante,
Miúda, Orelha de elefante mexicana e IPA-Sertânia Baiana. Algumas foram adquiridas no
próprio estado do Ceará e outras no estado do Pernambuco.

Figura 19 – Plantação de Palma Gigante da Valle Verde Agropecuária

Fonte: A autora.
35

Figura 20 – Plantação de Palma Miúda da Valle Verde Agropecuária

Fonte: A autora.

Figura 21 – Plantação de Palma IPA-Sertânia da Valle Verde Agropecuária

Fonte: A autora.

Figura 22 – Plantação de Palma Orelha de elefante da Valle Verde Agropecuária

Fonte: A autora.
36

5.2.4 Práticas de manejo da palma forrageira

5.2.4.1 Preparo do solo

Para a escolha da área de cultivo da palma forrageira, é necessário que se avalie


algumas questões, com relação aos aspectos topográficos da área e as características gerais do
solo. Com isso, para que seja realizado um planejamento estratégico recomenda-se a prática
de análise do solo antes do plantio.
Dependendo das condições do solo, o produtor poderá optar pelo uso da
mecanização agrícola para o seu preparo, com uso das técnicas de aração ou gradagem, ou
ainda, caso haja a pouca disponibilidade de terra, pode-se optar pelo coveamento manual.
De acordo com Donato (2011), a aração pode ser realizada por meio de
implementos agrícolas e/ou coveamento manual, desde que seja feita a uma profundidade
capaz de permitir a abertura dos sulcos de plantio. Dependendo da necessidade deve ser
realizado o nivelamento/destorroamento do solo com o auxilio de uma grade niveladora.
Sabe-se ainda que para cultivos adensados, o coveamento manual torna a
operação onerosa, uma vez que a distância entre plantas na linha de plantio é pequena, o que
pode fazer com que as covas se aproximem bastante (DONATO, 2011).
A palma é uma cultura que apresenta certa exigência quanto às características
físico-químicas do solo. Desde que o solo seja fértil, o plantio da palma pode ser indicado em
áreas de textura arenosa à argilosa, sendo, porém mais frequentemente recomendados os solos
argilo-arenosos. Além da fertilidade, é fundamental, também, que os solos destinados para o
plantio sejam de boa drenagem, uma vez que áreas sujeitas a encharcamento não se prestam
ao cultivo (SANTOS et al.,2006).
Lima et al. (2010), definem que para formação da área, recomenda-se escolher,
preferencialmente, solos leves (argilo-arenosos) evitando-se áreas com pedras, pois dificultam
a limpeza do terreno e aumentam as despesas. Segundo esses autores é importante evitar
também áreas sujeitas a encharcamento, pois provocam apodrecimento e morte das raquetes.
A Valle Verde Agropecuária possui área total de 4,4 hectares de cultivo da palma
forrageira, distribuídos em 1,4 hectares da Palma Gigante, 2 hectares de IPA-Sertânia Baiana,
0,5 hectares de Miúda e 0,5 hectares de Orelha de elefante mexicana.

Durante o estágio, foi possível observar o trabalho de ampliação de uma área de


cultivo da palma forrageira, em função do objetivo da empresa em alcançar a meta de 6
37

hectares de área plantada até o ano de 2015. Com isso, acompanhou-se o trabalho de
preparação de uma área para plantio na propriedade, em que a abertura dos sulcos foi
realizada por meio de um trator agrícola (Figura 23).

Figura 23 – Abertura de sulcos para plantio por tratorização

Fonte: A autora.

Segundo Donato (2011), para minimizar os riscos com erosão na área do palmal,
recomenda-se que o sulco seja aberto em função do espaçamento escolhido para plantio e
contrário à declividade do terreno.

5.2.4.2 Plantio

Alguns aspectos devem ser considerados para a escolha das raquetes para o
plantio, como: idade da planta, características da variedade escolhida, ausência de praga e
doenças, dentre outros.
Após adquirir as variedades IPA-Sertânia e Orelha de elefante por meio de fontes
idôneas, o proprietário, Maciano Bezerra optou por cultivar essas duas variedades em uma
área de viveiro, com o intuito de protegê-las das condições de elevadas temperaturas (Figura
24). Essa proteção foi permitida com o uso de tela de sombreamento (50% de interceptação da
radiação solar).
Acompanhou-se o corte das raquetes do viveiro para o plantio na propriedade.
Segundo o proprietário, com aproximadamente 80 dias após o plantio, as mudas são colhidas.
Nas situações em que as mudas são jovens, o plantio é realizado 4 a 5 dias após o corte,
enquanto que para raquetes adultas, esse tempo entre o corte e o plantio é empregado entre 15
a 20 dias.
38

Figura 24 – Propagação de mudas em viveiro

Fonte: A autora.

Lopes et al. (2009) ressaltam a importância em obedecer o tempo recomendado


entre o corte e o plantio. Segundo os referidos autores, as raquetes devem ser colhidas e
colocadas à sombra para cicatrização das injúrias acarretadas pelo corte, conforme o período
aproximado de 15 dias. A cicatrização do corte evita a entrada de fungos e bactérias quando
em contato com o solo no plantio, enquanto que a perda de água pela raquete favorece o
enraizamento da mesma quando plantada.
Por algumas razões a área destinada ao cultivo da palma precisa estar implantada
no início do período chuvoso, portanto, o plantio costuma ser realizado ao final do período
seco, pois se a palma for plantada na estação chuvosa, surge o risco de ocorrer necrose das
raquetes, uma vez que o alto teor de água e em contato com o solo úmido promove o
apodrecimento das raquetes, devido à contaminação por fungos e bactérias, comprometendo
dessa forma a colheita (SANTOS et al., 2002).
O plantio da palma usualmente é realizado no terço final do período seco, pois
quando se iniciar o período chuvoso os campos já estarão implantados, evitando-se o
apodrecimento das raquetes que, plantadas na estação chuvosa, com alto teor de água e em
contato com o solo úmido, apodrecem, diminuindo muito a pega devido à contaminação por
fungos e bactérias.
Quanto ao espaçamento de plantio da palma forrageira, Teles et al. (2002)
afirmam que tal método varia de acordo com a fertilidade do solo, quantidade de chuvas,
finalidade de exploração e com o consórcio a ser utilizado.
Todas as variedades cultivadas na Valle Verde Agropecuária obedecem a
recomendações de espaçamento de 1,0 m entre linhas, e 0,10 m entre raquetes.
39

Para que haja uma melhor fixação das mudas recém-implantadas, estas devem ser
enterradas no solo cerca de um terço ou metade do seu comprimento, evitando-se assim o
tombamento devido ao crescimento da planta. As raquetes a serem plantadas podem ser
colocadas na posição vertical ou inclinada (DONATO, 2011).
O fato da empresa produzir mudas para venda comercial fez com que o produtor
passasse a utilizar os métodos de fileira simples e fileira dupla para o plantio da palma
forrageira, pois essa questão está relacionada muitas vezes com o planejamento do tempo de
corte das mudas. Nas situações em que objetiva-se fazer um corte ao ano, o uso do método de
fileira simples torna-se mais interessante, pois permite que a planta ocupe o maior espaço para
o seu crescimento na área implantada, enquanto que o uso de fileira dupla é utilizado quando
se objetiva realizar mais de um corte ao ano.
Após o plantio, é importante observar se a palma fixou corretamente ao solo, pois
no período de 15 a 20 dias, as raquetes já precisam estar enraizadas.

Figura 25 – Palmal recém-implantado

Fonte: A autora.

5.2.4.3 Adubação

Apesar da tolerância da palma forrageira à escassez de água, torna-se um erro


manejá-la apensa sob a ótica da sua conhecida característica de rusticidade, uma vez que a
palma necessita de solos de boa fertilidade. Menezes et al. (2005) afirmam que a palma possui
exigências quanto ao solo, devido à elevada extração de nutrientes por essa cultura,
principalmente fósforo e potássio. Segundo os autores, a alternativa que pode ser
implementada para suprir a demanda nutricional da palma forrageira com baixo custo e de
fácil acesso é o esterco animal, que constitui excelente adubo orgânico, preconizando-se a
40

reposição de 100 kg de esterco para cada tonelada de matéria verde de palma colhida, a fim de
manter a fertilidade do solo.
Outra opção é o uso de adubos minerais, como os nitrogenados (ureia, sulfato de
amônio etc.), fosfatados (superfosfatos simples e triplo, fostatos monoamônico - MAP e
diamônico – DAP), potássicos (cloreto de potássio, sulfato de potássio, nitrato de potássio,
etc.) e fontes de micronutrientes (FTE BR-10, BR-12, etc.), uma vez que podem apresentar
maior eficiência de utilização pela planta e imprimir maiores produtividades no curto prazo.
As recomendações de adubação seguidas na propriedade Valle Verde
Agropecuária são efetivadas durante o momento do plantio (adubação de fundação) e após o
plantio (adubação de manutenção).
Na adubação de fundação, são incorporados ao solo 22 toneladas de adubo
orgânico por hectare, sendo que 12 toneladas são incorporadas no momento do plantio, e 10
toneladas após 30 dias do plantio. Além do adubo orgânico, adicionam-se micronutrientes e
superfosfatos.
A distribuição do esterco e do adubo químico (nitrogênio, fósforo, potássio e
boro) deve ser realizada dentro do sulco de plantio, podendo ser incorporado ao solo com o
auxílio de implemento tratorizado, de tração animal ou de enxada, se for manual (DONATO,
2011). A adubação de manutenção utilizada pela propriedade é realizada a partir da 3º
semana, com uso de fertirrigação, a cada 3 dias.
Cândido et al. (2013) ressalta que quanto aos sistemas mais intensivos, no que se
refere àqueles empregados em cultivos adensados, é necessária a adubação completa,
incluindo macro e micronutrientes, com destaque para adubação nitrogenada, visto a
importância do nitrogênio para o crescimento e produtividade da palma forrageira. Assim, um
programa de adubação deve ser traçado ao longo dos ciclos de cultivo, com o propósito de se
manter a perenidade do palmal em sistemas de cultivos adensados.

5.2.4.4 Colheita

A palma normalmente é colhida manualmente e, dependendo do espaçamento e da


necessidade do criador, pode ser colhida em intervalos de dois ou quatro anos, sem perda do
valor nutritivo (FARIAS et al., 1989). No momento da colheita, deve-se atentar aos cuidados
em não cortar a raquete mãe, pois é a partir desta que a planta emprega vigor de rebrotação.
41

A prática de colheita da palma forrageira pôde ser feita durante todo o período de
estágio na Valle Verde Agropecuária. Assim como o momento da colheita, fez-se o
acompanhamento das etapas de contagem de raquetes e armazenamento destas em caminhões
para venda (Figura 26).

Figura 26 – Corte e contagem de raquetes para comercialização

Fonte: A autora.

Santos et al. (1992) ao estudar o efeito do período de armazenamento pós-colheita


da palma forrageira sobre os aspectos de composição da planta, observaram que esta pode ser
colhida e armazenada por um período de até 16 dias sem que haja comprometimento do seu
valor nutritivo, o que diminui os custos com colheita e transporte.

5.2.5 Utilização da palma forrageira na alimentação de bovinos leiteiros

A palma forrageira surge como excelente alternativa de alimento para bovinos


leiteiros, principalmente nas regiões de semiáridos, devido ao fato desta apresentar elevada
proporção de água, conter mucilagem e resíduo mineral em sua composição, além de
apresentar um alto coeficiente de digestibilidade da matéria seca (relacionado ao teor de
carboidrato não fibroso presente na palma), aliado a sua elevada produtividade.
Ao comparar os demais alimentos volumosos com a palma forrageira, considera-
se que esta apresenta alto teor de carboidratos não fibrosos (CNFs), baixo teor de fibra em
detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA). Estas características podem ser
fatores determinantes na utilização da mesma na dieta animal, pois enquanto os CNFs são
fontes de energia prontamente disponível para fermentação microbiana, os componentes de
42

fibra (FDN e FDA) têm importante papel na manutenção das condições normais do rúmen
(MELO, 2006).
A palma possui baixos teores de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB), fazendo
que a quantidade de ingestão desse alimento pelos animais torne-se mais elevada para que
sejam atendidas as necessidades nutricionais destes. Além disso, é importante ressaltar os
cuidados ao utilizar elevadas quantidades de palma na dieta, uma vez que essa prática
comumente ocasiona distúrbios digestivos (diarreia nos animais), o que, provavelmente, está
associado à baixa quantidade de fibra dessa forrageira. Em função disso, recomenda-se
complementar a dieta com volumosos ricos em fibra, a exemplo de silagens, fenos e capins
secos (ALBUQUERQUE, 2002).
Os cuidados quanto ao excesso de palma na dieta dos animais está relacionado,
sobretudo, aos aspectos de digestibilidade da referida forrageira. Segundo Silva et al. (1997),
um fator importante da palma, é que diferentemente de outras forragens, esta apresenta alta
taxa de digestão ruminal, sendo a matéria seca degradada extensa e rapidamente, favorecendo
maior taxa de passagem e, consequentemente, consumo semelhante ao dos concentrados.
Segundo Ferreira (2005), um erro muito comum cometido por produtores e
técnicos, quando utilizam a palma na dieta de vacas de leite, é o fornecimento da mesma
como concentrado, na base de 1 kg para cada 3 kg de leite produzidos, considerando-se que a
maioria dos concentrados comerciais para vacas em lactação contém variação protéica de 20 a
24%, enquanto que o teor médio de proteína bruta da palma é considerado baixo, em torno de
4,22%.
Muitos estudos estão sendo desenvolvidos no intuito de aprofundar os
conhecimentos sobre a utilização da palma na alimentação de bovinos leiteiros. Contudo, os
produtores de leite ainda necessitam de orientações direcionadas para a utilização desta
forrageira. Neves et al. (2010), relatam que:
“Apesar da necessidade de associação da palma forrageira
com fontes de fibra efetiva, na prática, a forma mais comum de
fornecimento é picada no cocho, sem a mistura de qualquer
outro alimento, e o concentrado, quando utilizado, é oferecido
no momento da ordenha. No entanto, a melhor maneira de
fornecimento deve ser na forma de mistura completa, onde as
fontes de fibra (silagens, fenos, etc), concentrados e a palma
serão oferecidas juntas, proporcionando consumo adequado de
nutrientes, sem comprometer o desempenho e a composição do
leite.”
43

5.3 Programa Leite Ceará

O Programa Leite Ceará surgiu em 2013, apresentando como demanda à


necessidade de um plano de ação que resultasse no aumento da competitividade e crescimento
da atividade leiteira no Ceará. Fazendo parte de uma ação conjunta entre instituições públicas
e privadas, com base nas diretrizes da Agenda Estratégica do Leite 2012-2025, criada pela
Câmara Setorial do Leite. O programa surge como sendo uma potencial iniciativa para o
fortalecimento da cadeia produtiva do leite no Ceará.
O programa é coordenado por um grupo gestor composto pelas instituições:
Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará – ADECE, Federação da Agricultura do
Estado do Ceará – FAEC, Secretaria do Desenvolvimento Agrário – SDA, Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, e Instituto Agropolos do Ceará. A
gerência executiva está sob responsabilidade da empresa Leite & Negócios Consultoria.
O projeto de Assistência Técnica funciona por meio do compromisso entre os
produtores de leite participantes e as indústrias de laticínios cadastradas no Programa.
Os produtores de leite devem fornecer regularmente o produto (leite cru) ao
laticínio vinculado às suas propriedades, enquanto que o laticínio deve ser registrado no
serviço de inspeção sanitária oficial, podendo ser com selos de Inspeção Municipal (SIM), de
Inspeção Estadual (SIE) ou de Inspeção Federal (SIF).
A equipe de assistência técnica atuante no campo é composta por médicos
veterinários, zootecnistas, engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas, sendo estes
selecionados e contratados conforme suas habilidades em gestão em pecuária de leite.
Atualmente, existem duas equipes distribuídas na região do Sertão Central do estado,
abrangendo os municípios de Senador Pompeu, Quixadá, Quixeramobim, Banabuiú,
Ibaretama e Boa viagem, enquanto que a outra equipe concentra-se na região do Médio e
Baixo Jaguaribe, nos municípios de Morada Nova, Limoeiro do Norte, Russas, Ererê,
Ibicuitinga e Tabuleiro do Norte.
A forma de assistência técnica ocorre em diversos formatos, a citar: visitas
regulares às fazendas, realização de eventos para um grupo de produtores como dias de
campo, missões técnicas, cursos e consultorias especializadas, bem como o acompanhamento
sistemático de todos os processos de produção de leite na fazenda. Dessa forma, para que as
ações possam ser executadas conforme os objetivos do programa, as equipes técnicas realizam
calendários de visitas às propriedades conforme as suas regiões de atuação específicas.
44

A frequência de visitas às fazendas ocorre da seguinte forma em cada


propriedade: com data programada, ocorre uma visita do técnico agrícola a cada 30 dias e do
veterinário, zootecnista ou agrônomo a cada 45 dias.
Quanto aos custos com a assistência técnica, a participação em termos de
percentagem no pagamento dos profissionais e de todas as despesas operacionais é dividida da
seguinte forma: Governo do Estado do Ceará – 55%, ADECE – 10%, SEBRAE – 10%,
LATICÍNIOS – 10% e produtores atendidos pelo programa – 15%.

Figura 27 – Logotipo do Programa Leite Ceará

Fonte: Leite & Negócios Consultoria.

5.3.1 Caracterização geral dos produtores assistidos pelo Programa Leite Ceará

A etapa final do estágio ocorreu por meio do acompanhamento das ações


desenvolvidas pelo Programa Leite Ceará no campo, onde foi possível realizar visitas às
propriedades assistidas pelo programa.
Algumas visitas foram realizadas juntamente com o médico veterinário, Tiago
Nogueira Diógenes Saldanha, na região do Baixo Jaguaribe, enquanto em outro período do
estágio fez-se o acompanhamento de visitas junto ao zootecnista, Gabriel Cândido Bandeira,
na região do Sertão Central, no Ceará. Em ambos os períodos, foi possível conhecer também
o trabalho no campo dos técnicos em agropecuária que atuam juntamente com os demais
membros da equipe.
Antes de concretizar o acompanhamento de visitas, foi realizado um levantamento
do perfil dos produtores atendidos pelo Programa Leite Ceará, com base nas informações
coletadas no primeiro diagnóstico de cada propriedade, com o intuito de conhecer um pouco
mais sobre os aspectos gerais das fazendas.
Ressalta-se que ao firmar os termos de adesão entre as partes envolvidas no
programa, os profissionais de campo atuam da seguinte forma: agendam uma visita a fim de
45

realizar o primeiro diagnóstico da fazenda, e a partir disso inicia-se o trabalho de assistência


técnica junto ao produtor.
O programa atende atualmente a um grupo de 108 produtores, sendo estes
caracterizados nesse trabalho, conforme as informações coletadas no diagnóstico.
De acordo com a Tabela 2, verifica-se que 12,96% das fazendas produzem menos
de 50 litros de leite por dia, enquanto 35,19% produzem mais de 200 litros de leite por dia,
sendo que cerca de 40,0% destas são administradas pelo proprietário e a família, conforme a
Tabela 3.

Tabela 2 – Estrato de produção diária das fazendas atendidas pelo Leite Ceará

Estrato de produção diária de leite em litros Nº de Fazendas %


Menor que 50 14 12,96
Entre 50 e 100 22 20,37
Entre 100 e 200 34 31,48
Maior que 200 38 35,19
Total 108 100,00
Fonte: A autora, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).

Tabela 3 – Gestão empresarial dos produtores atendidos pelo Leite Ceará

Propriedade é administrada pelo N° de Fazendas %


Apenas pelo proprietário 40 37,04%
Proprietário e família 44 40,74%
Apenas pelo administrador 4 3,70%
Administrador e proprietário 16 14,81%
Administrador e família 4 3,70%
Total 108 100,00%
Fonte: A autora, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).

O trabalho executado pelos técnicos do Programa Leite Ceará vem alcançando


bons resultados, uma vez que antes de receberem assistência do programa, muitos produtores
não utilizavam nenhum método de gestão empresarial, como por exemplo, controle
financeiro. Segundo o levantamento realizado durante o estágio, entre os 108 produtores,
apenas 6,48% realizavam práticas de controle financeiro para administrar a propriedade.
Os produtores foram caracterizados com relação à caracterização da genética dos
seus rebanhos. Verifica-se na Tabela 4, que a maioria das fazendas é composta por animais
mestiços, representando uma parcela de 68,52% das propriedades assistidas.
46

Tabela 4 – Raças utilizadas pelos produtores

Raça do plantel Nº de fazendas %


Girolanda 39 36,11%
Pardo suíço 8 7,41%
Holandês 23 21,30%
Mestiço 74 68,52%
Gir 9 8,33%
Jersey 2 1,85%
Guzerá 3 2,78%
Outros 0 0,00%

Fonte: A autora, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).

Quanto à forma de identificação dos animais, observou-se que 48,1% das


propriedades utilizam a marcação a ferro quente para identificar o rebanho e 52,8% utilizam
outros métodos de identificação, como por exemplo, a atribuição de nomes aos animais
(Tabela 5). Essa prática, por sua vez, torna-se bastante comum em propriedades que possuem
rebanhos reduzidos, ou ainda, quando o manejo com os animais é conduzido conforme os
aspectos culturais da região.

Tabela 5 – Forma de identificação dos animais pelas propriedades

Forma de identificação dos animais Nº de fazendas %


Registro de Associação 1 0,9%
Marca a ferro quente 52 48,1%
Tatuagem 0 0,0%
Brinco de plástico 34 31,5%
Colar 0 0,0%
Outros 57 52,8%

Fonte: A autora, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).

5.3.1.1 Planejamento forrageiro

O planejamento forrageiro torna-se, essencial para garantir o equilíbrio entre


produção e demanda de forragem, visando assegurar a alta eficiência de utilização das
pastagens e a manutenção de condições favoráveis à sua produtividade e ao desempenho
animal. Quanto aos recursos forrageiros, o planejamento estratégico do sistema de produção
47

estabelece em geral, noções estimativas da quantidade de forragem produzida em cada área ou


piquete e as metas para taxa de lotação, produtividade animal e quantidade demandada de
forragem (TONATO et al., 2010).
O trabalho voltado para a questão do planejamento forrageiro de cada propriedade
assistida é de responsabilidade dos zootecnistas do programa. Dessa forma, fez-se o
acompanhamento de atividades nas fazendas, como, a separação dos animais por categoria
para o correto planejamento alimentar dos rebanhos, formulação de dietas, recomendações do
uso de silagem, instruções quanto ao manejo de adubação e correção dos solos, utilização de
pastagens nativas e cultivadas, dentre outras. Todas as atividades são previamente planejadas
conforme o interesse e a capacidade de investimento financeiro do produtor.
Ao realizar o planejamento de produção de volumoso de uma propriedade, os
técnicos do programa buscam aumentar a eficiência de utilização dos recursos de produção,
como: manejo dos solos e das pastagens, manutenção e operação de maquinário agrícola,
gerenciamento de mão-de-obra, manejo geral do rebanho, etc. Tudo isso passa a ser possível
com uso das fichas de controle zootécnico.
A prática de anotação de informações é priorizada constantemente pelos técnicos
do Programa Leite Ceará. Dessa forma, é possível realizar um planejamento de oferta de
forragem ao longo do ano.
As informações sobre o diagnóstico das propriedades quanto à produção de
forragem serão informados a seguir.

5.3.1.1.1 Utilização de pastagens

Segundo o levantamento realizado com os produtores, 93,52% das propriedades


utilizam pastagem, ressaltando o tipo de pastagem utilizada, em que muitos produtores
diversificam suas técnicas de produção ao usufruir de várias formas de recursos forrageiros,
com a utilização de pastagens nativas e/ou cultivadas, sendo estas irrigadas e/ou por sequeiro.
Observou-se que 94,06% dos produtores utilizam pastagem nativa e 17,82%
utilizam pastagem cultivada. Apenas pequena parcela utiliza ambos os recursos. Entre as
propriedades que utilizam pastagem cultivada, 21,3% utilizam o manejo de pastejo
rotacionado (Figura 28). Outro dado interessante consiste em que 53,47% dos produtores
cultivam a forragem sob condições de sequeiro, enquanto que 10,89% utilizam irrigação.
48

Figura 28 – Pastejo rotacionado de uma propriedade assistida pelo Leite Ceará

Fonte: A autora.

Quanto à produção de forragem a partir do uso de capineiras, cerca de 70% das


propriedades utilizam capineiras, deste total, 83,78% realiza a adubação. Os tipos de
adubação realizados pelos produtores encontram-se na Tabela 6.

Tabela 6 – Tipos de adubos de capineiras

Adubação de capineira N° de Fazendas %


Adubo Orgânico 38 61,29
Adubo Químico 25 40,32
Adubo orgânico e adubo químico 18 29,03
Fonte: A autora, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).

5.3.1.1.2 Conservação de forragens

Durante as visitas, observou-se que muitos produtores vêm se preocupando cada


vez mais com a problemática da seca, e por isso comumente se observa a utilização da
conservação da forragem. Tal fato pode ser evidenciado na Tabela 7. Ao realizar as visitas foi
possível encontrar silagens de várias forrageiras, como: capim elefante, capim canarana,
milho, sorgo e cana de açúcar.

Tabela 7 – Porcentagem de produtores que utilizam e não utilizam silagem

Produção e uso de silagem N° de Fazendas %


Utiliza 85 78,70
Não utiliza 23 21,30
Total 108 100,00
Fonte: A autora, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).
49

Figura 29 – Plantação de milho para ensilagem Figura 30 – Ensilagem

Fonte: A autora. Fonte: A autora.

5.3.1.2 Manejo geral por categoria

5.3.1.2.1 Fase de cria

Os primeiros dias após o nascimento do bezerro correspondem a uma fase que


requer bastante atenção na propriedade, pois neste período a cria encontra-se bastante
susceptível às doenças infectocontagiosas e parasitárias, sendo assim uma fase que apresenta
o maior número de mortalidade de bezerros. Em geral, tal fato pode ser decorrente do manejo
aplicado incorretamente, a exemplo de situações como: negligência com a vaca durante o pré-
parto e ao parto, pouca atenção aos cuidados iniciais com o neonato, higienização inadequada
do ambiente, deficiência nutricional, dentre outros.
Em condições normais, a vaca ao parir realiza o comportamento de remover as
membranas fetais do bezerro. Porém, é necessário que o funcionário permaneça próximo ao
local do parto para a realização do acompanhamento dos cuidados da vaca com o bezerro.
Após esse contato inicial, deve-se dar início aos procedimentos básicos, como: remoção do
restante de membranas fetais e massagem respiratória, se necessário; fornecimento de
colostro; desinfecção do umbigo; marcação e pesagem. Contudo, é fundamental utilizar fichas
de controle zootécnico no rebanho, como um todo, pois isso facilitará o planejamento
ordenado dos procedimentos a serem executados na propriedade.
50

Desde a adesão dos produtores ao programa, os técnicos inseriram as práticas de


anotação e controle zootécnico na rotina das fazendas. Algumas fichas utilizadas pelo
programa podem ser visualizadas no presente relatório.
Em geral, observou-se que os produtores assistidos pelo Programa Leite Ceará
seguem as recomendações dos cuidados iniciais com o bezerro, porém as condições sanitárias
do ambiente ainda precisam ser melhoradas.

Figura 31 – Cuidados iniciais com o bezerro Figura 32 – Vaca lambendo a cria

Fonte: A autora. Fonte: A autora.

As visitas realizadas nas propriedades permitiram a visualização de aspectos


relacionados à higienização dos bezerreiros, onde se observou situações como: acúmulo de
esterco em baias superlotadas, bebedouros sujos, cochos contendo fezes, dentre outras.

Figura 33 – Bezerreiro

Fonte: A autora.

Porém, desde a implantação do Programa até os dias atuais, os produtores vêm


buscando, aos poucos, promover melhorias nas condições sanitárias do ambiente, à medida
que alcançam bons resultados na propriedade. Tais observações são constatadas em função da
atuação constante dos profissionais no campo.
51

É importante ressaltar ainda que a sanidade nos bezerreiros não se atribui apenas à
responsabilidade com as práticas de manejo, pois os aspectos construtivos do bezerreiro
contribuem diretamente para o favorecimento da saúde dos animais, bem como a facilidade de
higienização do ambiente.
Dessa forma, foi possível observar durante as visitas o quanto que a instalação
destinada aos bezerros impacta na sanidade destes. Sendo assim, observaram-se situações
como: baias pouco ventiladas e possivelmente com umidade do ar elevada, orientação
inapropriada, animais doentes e sadios no mesmo ambiente, acúmulo de moscas, dentre
outras.
Figura 34 – Bezerreiro de uma propriedade visitada

Fonte: A autora.

Existem ainda, as medidas de sanitização dos bezerros por meio do calendário de


vacinação, sendo as vacinas contra paratifo, febre aftosa, brucelose e leptospirose, as
principais a serem aplicadas na fase de cria.
Durante as visitas, fez-se o acompanhamento da vacinação de bezerras contra
brucelose e leptospirose, em algumas fazendas assistidas na região do Baixo Jaguaribe – CE.
Ressalta-se que os procedimentos de vacinação foram realizados pelo médico veterinário do
Programa Leite Ceará, Tiago Nogueira Diógenes.
A brucelose é uma doença bacteriana causadora de aborto na maioria das espécies
animais domésticas ocorrendo geralmente no último terço de prenhez (LLANO, 2013). Em
geral, as bezerras são vacinadas entre o 3º e o 8º mês de idade.
52

Figura 35 – Vacinação contra brucelose e marcação a ferro quente em bezerras

Fonte: A autora.

Ao visitar as propriedades atendidas pelo Programa Leite Ceará, observou-se que


uma parcela significativa dos produtores fornece o colostro às crias logo nas primeiras horas
após o nascimento, seja na forma de aleitamento natural, em que os bezerros mamam o
colostro na própria mãe, seja de forma artificial, no qual este é fornecido ao bezerro pelo
funcionário.
De acordo com Souza (2011), há duas formas de fornecer o colostro para o
bezerro, a primeira seria o fornecimento de maneira natural, em que o bezerro permanece com
a mãe apenas nas primeiras 72 horas de vida e a segunda seria o aleitamento artificial que o
bezerro recebe o colostro em balde ou mamadeira.
O completo desenvolvimento do intestino delgado em relação a sua capacidade
absortiva começa rapidamente após o nascimento, e esta habilidade de absorção é perdida
gradativamente 24 horas após nascimento (QUIGLEY, 2006). Por isso, a importância em
fornecer o colostro nas primeiras horas de vida do bezerro.
O colostro de uma vaca fornece à bezerra seus primeiros anticorpos, barreira
contra a infecção, além de energia e reservas importantes de vitaminas e minerais. Sem contar
seu efeito laxativo que ajuda o bezerro recém-nascido a eliminar o mecônio, que consiste nas
primeiras fezes do animal (SANTOS et al., 2010). O colostro, porém, não é importante apenas
para o fornecimento de anticorpos, mas também de nutrientes, hormônios e fatores de
crescimento (LASKOSKI, 2010).
Após os primeiros dias de vida do bezerro, pode-se realizar o fornecimento do
leite propriamente dito, ou sucedâneo, por meio de dois tipos de aleitamento: natural e
artificial. Sabe-se que a vantagem do sistema de aleitamento artificial consiste na
possibilidade de controlar a quantidade de leite e ração concentrada a ser fornecida ao
bezerro, além de permitir o melhor acompanhamento do ganho de peso do animal, a maior
53

facilidade na rotina de manejo de ordenha na fazenda, e a possibilidade em utilizar outras


formas de aleitamento, por meio do uso de leite de descarte e sucedâneos.
Durante o 1º mês de vida do animal, é preferível fornecer somente a ração inicial
como alimento sólido (ANDRIGUETTO et al., 1990). Sendo interessante fornecer uma ração
concentrada com aspectos de granulometria mais grosseira, pois isso facilita o consumo pelo
bezerro. Contudo, para a realização de um planejamento estratégico de balanceamento das
dietas, é imprescindível o acompanhamento do peso dos animais. Dessa forma, acompanhou-
se o trabalho de pesagem de bezerras, em algumas propriedades assistidas pelo Programa
Leite Ceará.

Figura 36 – Pesagem de bezerras por meio de fita métrica

Fonte: A autora.
Quanto aos aspectos construtivos dos bezerreiros observados nas fazendas, foi
possível encontrar diferentes tipos de instalações utilizadas pelos produtores. Foram
observados bezerreiros do tipo argentino, assim como bezerreiros coletivos construídos de
alvenaria e/ou madeira. Encontrou-se ainda, bezerreiros com e sem material de cobertura para
proteção contra as intempéries climáticas.

Figura 37 – Bezerreiro tipo argentino

Fonte: A autora.
54

Figura 38 – Bezerreiro coletivo

Fonte: A autora.

Figura 39 – Bezerros em baia coletiva sob tela de sombreamento

Fonte: A autora.

Tradicionalmente, considera-se que as instalações destinadas a abrigar bezerros


devem reduzir os efeitos deletérios dos fatores ambientais, tais como vento, altas e baixas
temperaturas e umidade do ar (SILVA, 2012). Sendo que é fundamental a manutenção de
boas condições de higiene e sanidade, pois, caso contrário, a incidência de doenças e a taxa de
mortalidade aumentarão drasticamente, comprometendo a eficiência da criação.
Conforme Savastano (2000), instalações úmidas, pouco ventiladas e com elevada
umidade relativa do ar acarretam prejuízos muito maiores do que a ausência de instalações em
criações onde os animais permanecem desabrigados, sem acompanhamento. A escolha do
bezerreiro coletivo ou individual vai de acordo com o capital a se investir, o tamanho do
plantel e do gosto do produtor (KAWABATA, 2003).
Cavalcanti (2009) ressalta que os bezerros mais novos devem ser alojados
isoladamente, a fim de se evitar contato com as fezes dos demais indivíduos e permitindo o
55

controle do consumo de alimentos em função do estádio do aparelho digestivo, assim como os


problemas com diarreias, nas primeiras semanas de vida. Tal manejo requer atenção especial,
uma vez que os casos de doenças nos bezerros aumentam consideravelmente quando se faz a
criação em grupos. Ao visitar uma fazenda no município de Morada Nova, Ceará, observou-
se o contato direto entre bezerros doentes e sadios, alojados simultaneamente em currais
coletivos.

Figura 40 – Bezerros doentes e sadios na mesma instalação

Fonte: A autora.

Ressalta-se que a utilização de baias coletivas torna-se priorizada geralmente após


o desaleitamento dos bezerros, sendo, portanto, uma medida mais econômica e prática, para
essa fase de criação.

5.3.1.2.2 Fase de recria

Os resultados econômicos obtidos com a exploração leiteira estão diretamente


relacionados com os cuidados com a fase de cria e recria. As fases de criação de bezerras e
novilhas irão refletir no sucesso ou não da produção de leite quando estas tornarem-se vaca.
Os cuidados com as novilhas devem ser intensificados na propriedade devido ao fato destas
serem as substitutas das vacas em produção. Nesse sentido, o manejo de descarte orientado
requer atenção quanto aos aspectos relacionados à fase de recria. A fase de recria se estende
da desmama ou desaleitamento até a primeira cobrição ou inseminação.
Segundo Ribeiro et al. (2010), a partir dos seis meses, as novilhas devem ser
conduzidas para piquetes maiores, onde se desenvolverão até que tenham idade e peso para
serem inseminadas. É importante que as novilhas sejam conduzidas para a reprodução com
56

bom escore de condição corporal (ECC) e que se encontrem em uma faixa de idade que a
permita assegurar a gestação, pois estas devem apresentar condições anatômicas e fisiológicas
satisfatórias.
Ao visitar as propriedades assistidas pelo Programa Leite Ceará, observou-se
algumas situações em que as novilhas apresentaram problemas ao parto, devido ao fato destas
terem sido cobertas muito novas. Com isso, foi possível acompanhar o trabalho de orientação
técnica do zootecnista do programa, Gabriel Bandeira, quanto a estes cuidados com as
novilhas de primeira cria.

Figura 41 – Novilhas com dificuldades no parto

Fonte: A autora.

Em geral, os produtores procuram seguir as recomendações de manejo


reprodutivo fornecidas pelos técnicos do programa. Com isso, estes estão assimilando cada
vez mais a importância em buscar a eficiência reprodutiva de seus rebanhos.
Polycarpo (2010) ao ressaltar a importância dos índices zootécnicos para a
mensuração da eficiência reprodutiva, afirma que muitos fatores afetam o sistema de
produção de leite na propriedade, contudo fatores relacionados à reprodução merecem
destaque. Segundo o autor, o manejo reprodutivo dos animais tem por objetivos estabelecer
ou restabelecer a lactação, manter elevada a porcentagem de vacas em lactação, minimizar os
custos com animais improdutivos, maximizar a produção de leite por vaca por ano, produzir
novilhas geneticamente superiores às mães, promover aos animais facilidade durante o parto
por meio da escolha adequada do touro correspondente a certa raça ou categoria animal,
dentre outros.
Antes de iniciar as orientações quanto ao manejo reprodutivo junto às
propriedades, os técnicos avaliaram as informações contidas no diagnóstico inicial. Conforme
57

a Tabela 8, 71,3% dos produtores não utiliza inseminação artificial. Dentre as propriedades
que utilizam inseminação artificial, 45,16% realizam o procedimento no rebanho inteiro,
enquanto que 54,84% utilizam em parte do rebanho.

Tabela 8 – Propriedades que utilizam ou não a inseminação artificial

Inseminação artificial Nº de Fazendas %


Não utiliza 77 71,3%
Utiliza 31 28,70%
Total 108 100%
Fonte: A autora, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).

Dessa forma, ao realizar o levantamento do diagnóstico das propriedades


observou-se que cerca de 86,0% destas utilizam o touro para inseminar novilhas e vacas de
seus rebanhos (Tabela 9). Quanto ao tipo de monta, 81,1% realizam monta a campo, 16,8%
realizam monta controlada e 2,1% utilizam ambos os tipos para a cobertura dos animais em
reprodução (Tabela 10).

Tabela 9 – Fazendas que utilizam o touro para concepção das fêmeas

Utiliza touro Nº de Fazendas %


Sim 93 86,1%
Não 15 13,9%
Total 108 100%
Fonte: A autora, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).

Tabela 10 – Tipos de monta dos touros

Tipo de monta Nº Fazendas %


A campo 77 81,1%
Controlada 16 16,8%
Ambos 2 2,1%
Total 95 100%
Fonte: A autora, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).

5.3.1.2.3 Vacas secas

Atualmente, assume-se que a glândula mamária “precisa de um descanso” de 60


dias, antes de iniciar uma nova lactação. Acredita-se que períodos secos inferiores a 60 dias
resultam em menos leite na lactação seguinte. Portanto, o tradicional é recomendar um
período seco de 60 dias (QUAIFE, 2005).
58

A qualidade do colostro depende da regeneração dos tecidos do úbere


responsáveis pela produção do leite, e esta recuperação depende diretamente da correta
secagem das vacas. Portanto, a secagem das vacas é muito importante para a saúde dos
bezerros (PARANHOS DA COSTA, 2014).
Vacas que apresentam lactações sem pausa tendem a produzir colostro de baixa
qualidade, colocando a saúde e a vida dos bezerros em risco. Além disso, elas geralmente
produzem bezerros com baixo vigor ao nascimento (PARANHOS DA COSTA, 2014).
Acompanhou-se o trabalho de recomendações de manejo de vacas secas ao
realizar o acompanhamento de visitas às fazendas juntamente com o zootecnista do programa.
Com isso, observou-se que, em geral, os produtores costumam realizar a secagem das vacas
corretamente.

5.3.1.2.4 Vacas de pré-parto

Segundo Rino et al. (2003), no período pré-parto ocorre diminuição do consumo


de MS pela vaca, devendo-se aumentar a concentração de nutrientes da dieta e tentar
maximizar o consumo; sendo que a vaca leiteira entra em déficit de nutrientes ao final da
gestação e início da lactação, portanto a suplementação energética e protéica ao final da
gestação tem o objetivo de amenizar o balanço nutricional negativo, evitando a utilização
precoce das reservas corporais pela vaca.
Segundo Valentini (2009), a utilização de dietas aniônicas para vacas no pré-parto
representa uma tecnologia que, potencialmente, pode reduzir a incidência de distúrbios
metabólicos e elevar a eficiência produtiva e reprodutiva dos sistemas de produção de leite.
Ao acompanhar o zootecnista do programa, foi possível observar algumas
formulações de rações direcionadas para o manejo pré-parto das vacas leiteiras, em que se
recomendava principalmente o fornecimento de sal mineral aniônico, específico para essa
fase.
Outra recomendação bastante empregada pelos técnicos ocorreu por meio de
instruções de separação de vacas em estágio de lactação próximo ao parto, no intuito de
informar ao produtor a respeito da importância em realizar procedimentos como:
monitoramento da vaca e da cria, condições higiênicas do local do parto, sobretudo, a
importância em promover um ambiente tranquilo para as vacas realizarem o parto.
As baias e piquetes maternidades devem ser instalados em locais de fácil acesso e
com boa visualização, evitando locais com muita movimentação e ruídos. Essas instalações
59

devem proporcionar oportunidade para as vacas se isolarem do rebanho no momento do parto,


que é um comportamento natural realizado momentos antes de parir (PARANHOS DA
COSTA, 2014).

5.3.1.2.5 Vacas em lactação

Entre o período do parto e o fim do período de transição, a vaca necessita de


cuidados com o manejo nutricional, pois esta se encontra em balanço energético negativo
(BEN). Com isso, a utilização adequada de ração concentrada e fornecimento de volumoso
torna-se essencial para a garantia de uma produção de leite satisfatória.
Conforme o diagnóstico realizado nas fazendas visitadas, 92,59% dos produtores
utilizam ração concentrada na dieta de seus rebanhos. Dessa forma, 7,41% não fornece
nenhum tipo de ração concentrada às vacas (Tabela 11).

Tabela 11 – Fazendas do Programa que utilizam ração

Ração Nº de fazendas %
Utiliza 100 92,59%
Não Utiliza 8 7,41%
Total 108 100%
Fonte: O autor, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).

Quanto à utilização de ração concentrada, acompanhou-se o trabalho junto ao


zootecnista do programa, sobre a recomendação de fornecimento de milho em grão para vacas
em lactação, em uma propriedade situada no município de Senador Pompeu – CE.
Ao visitar a fazenda, observou-se que as fezes das vacas continham fragmentos
evidentes de milho (Figura 42). Tal fato indicou que o animal não estava realizando uma
digestão correta do milho, possivelmente devido ao fornecimento excessivo deste na dieta,
aliado ao fracionamento inadequado da partícula de tal ingrediente. Diante disso,
acompanhou-se o trabalho do zootecnista na realização de ajustes nutricionais dos animais,
bem como nos ajustes na sala de ração da propriedade, para o fracionamento do milho em
peneiras apropriadas.
60

Figura 42 – Presença de milho nas fezes de vacas e fragmentação das partículas corretamente

Fonte: A autora.

Outros cuidados com as vacas em lactação precisam ser avaliados. Na fase de


lactação, deve-se ter atenção especial com mastite, doença que causa grandes prejuízos para a
atividade leiteira. Conforme o tipo de microrganismo causador da mastite, esta pode ser
classificada em: contagiosa e ambiental (FLORIÃO, 2013).
Quanto ao manejo sanitário, observam-se os dados informados na Tabela 12, em
que é possível perceber que o trabalho dos técnicos do Programa Leite Ceará torna-se bastante
importante para a conscientização do produtor nas questões sanitárias dos animais. Nesse
sentido, observa-se que muitas propriedades ainda precisam de mais atenção quanto a isso.

Tabela 12 – Manejo sanitário empregado nas fazendas

Manejo Sanitário Nº de fazendas %


Aftosa 108 100%
Exame anual brucelose 2 2%
Exame anual tuberculose 2 2%
Vermifugação 98 91%
Clostridiose 28 26%
Teste para mamite CMT 7 6%
IBR/BVD 7 6%
Leptospirose 3 3%
CCS 0 0%
Controle de ectoparasitas 36 33%
Raiva 56 52%
Fonte: O autor, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).
61

5.3.1.3 Manejo de ordenha

O produtor de leite pode optar pela ordenha manual ou mecanizada. A escolha do


tipo de ordenha depende de vários fatores, dentre eles: número de vacas em lactação,
capacidade de investimento do produtor, disponibilidade de pessoas capacitadas para realizar
a ordenha e, por fim, o nível de produção das vacas (FLORIÃO, 2013).
Dentre o total de produtores atendidos pelo Programa Leite Ceará, 61,1%
caracteriza-se por realizar a ordenha manual, enquanto que os demais retiram leite por meio
de ordenha mecânica (Tabela 13). Diante desse quadro, pôde-se fazer o seguinte
levantamento: 68,5% dos produtores realizam a ordenha com uso do método “bezerro ao pé”,
18,5% não utilizam esse método, e aproximadamente 13% utiliza ambos os manejos, pois a
escolha de utilizar o bezerro no momento da ordenha varia conforme situações e épocas
específicas na propriedade (Tabela 14).

Tabela 13 - Perfil dos produtores quanto ao tipo de ordenha

Tipo de ordenha N° de Fazendas %


Manual 66 61,1%
Mecânica 42 38,9%
Total 108 100%
Fonte: O autor, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).

Tabela 14 – Perfil dos produtores quanto à forma de ordenha


Forma de ordenha N° de Fazendas %
Com bezerro ao pé 74 68,5%
Sem bezerro ao pé 20 18,5%
MISTO 14 13,0%
Total 108 100%
Fonte: O autor, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).

Figura 43 – Ordenha mecânica sem o bezerro Figura 44 – Ordenha mecânica com o bezerro

Fonte: A autora. Fonte: A autora.


62

Figura 45 – Ordenha manual Figura 46 – Ordenha mecânica em sala de ordenha com fosso

Fonte: A autora. Fonte: A autora.

Quanto ao número de ordenhas realizadas por dia nas fazendas, 87,04% realizam
duas ordenhas ao dia (Tabela 15).

Tabela 15 – Quantidade de ordenhas por dia realizadas nas fazendas

N° de ordenhas por dia N° de Fazendas %


Uma ordenha 13 12,04%
Duas ordenhas 94 87,04%
Três ordenhas 1 0,93%
Total 108 100%
Fonte: O autor, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).

5.3.1.3.1 Higienização e qualidade do leite

A qualidade do leite está diretamente relacionada ao tipo de manejo adotado na


produção, independente do nível tecnológico da propriedade. A aplicação de boas práticas na
produção e no beneficiamento é essencial para a obtenção de produtos com qualidade
nutricional e garantia de inocuidade para o consumidor (FERREIRA, 2007).
Ao visitar algumas propriedades, observou-se pouca atenção dos funcionários
com a questão da limpeza e desinfecção dos materiais de ordenha, como observado na figura
47. Porém, muitos destes buscavam realizar o manejo de “pré-dipping” e “pós-dipping” no
momento da ordenha.
63

Figura 47 - Lavagem inapropriada dos equipamentos Figura 48 - Lavagem correta dos equipamentos

Fonte: A autora. Fonte: A autora.

Figura 49 – utensílios de “pré e pós dipping”, seguido da técnica

Fonte: A autora.

Apesar dos cuidados dos produtores com os demais aspectos do manejo das vacas
leiteiras, observa-se pouca atenção com a qualidade do leite, sendo que os procedimentos de
higiene devem ser seguidos rigorosamente com o intuito de fornecer um bom produto para a
indústria. Dessa forma, é possível afirmar que mobilizar gastos com manejo alimentar,
sanitário, e reprodutivo, etc., passa a não ser interessante quando a propriedade não adota
medidas de higienização do ambiente de ordenha, bem como à higiene dos próprios
funcionários.
Os parâmetros físico-químicos, microbiológicos e higiênico-sanitários são
utilizados pelas indústrias para verificar e determinar a qualidade do leite, como por exemplo,
a contagem de células somáticas, a contagem de microrganismos psicrotróficos e resíduos de
antibióticos, os quais estão sendo cada vez mais exigidos como parâmetros de qualidade
(SANTOS e FONSECA, 2001).
64

5.3.1.3.2 Ambiência e aspectos construtivos da sala de ordenha

Quanto aos aspectos construtivos da sala de ordenha, foi possível visitar fazendas
que adotaram projetos não muito interessantes, do ponto de vista da ambiência animal, bem
como com relação à facilidade da ordenha e segurança do ordenhador. Em muitas situações, a
instalação não pode ser refeita, havendo a necessidade de realizar alguns ajustes de manejo,
como alternativa. Porém, sabe-se que nesse sentido, o trabalho de assistência técnica realizado
pelos profissionais do Programa, acaba por limitar as recomendações de manejo diante dos
projetos de instalações inadequado.
Em geral, as propriedades apresentam salas de ordenha possuindo pé direito
abaixo do ideal para as condições climáticas do semiárido; beiral estreito; declividade do piso
inapropriada, e condições desfavoráveis para a segurança dos trabalhadores.
Quanto aos materiais de cobertura da sala de ordenha, foram encontradas
instalações com diferentes tipos de telhas, a citar pelas figuras abaixo, telhas de fibrocimento,
galvanizadas e de cerâmica. Este último tipo, por sua vez, consistiu no material de cobertura
mais observado nas propriedades visitadas durante o estágio.

Figura 50 – Telha de fibrocimento Figura 51 – Telha galvanizada

Fonte: A autora. Fonte: A autora.


Figura 52 – Telha de cerâmica (orientação Norte-Sul) Figura 53 – telha de cerâmica (orientação Leste-Oeste)

Fonte: A autora. Fonte: A autora.


65

Observou-se também a diversificação dos currais de espera das propriedades


visitadas, sendo que muitos destes apresentavam-se como inadequados para o conforto das
vacas. As visitas permitiram visualizar fazendas que não ofereciam proteção contra as
intempéries climáticas para os animais no momento de espera da ordenha, de forma que tal
fato acabou por sugerir uma falta de cuidados com os aspectos de ambiência animal por parte
dos produtores (Figura 54). Observou-se ainda, que em alguns currais de espera são utilizadas
árvores como material de cobertura, ou até mesmo telas de sombreamento (Figura 55).

Figura 54 – Currais de espera descobertos

Fonte: A autora.

Figura 55 – Currais de espera sombreados naturalmente e artificialmente

Fonte: A autora.

Vacas em lactação expostas a altas temperaturas ambientais associados à elevada


umidade relativa do ar e radiação solar, usualmente respondem com redução na produção
leiteira, menor ingestão de alimentos e diminuição no desempenho reprodutivo (WHEELOCK
et al., 2010).
66

5.3.1.4 Armazenamento do leite

Quanto ao armazenamento e transporte do leite, é possível perceber alguns pontos


que precisam ser ajustados nas propriedades, tendo em vista que, de acordo com os
levantamentos feitos com o diagnóstico, 45,9% dos produtores não realizam nenhum tipo de
resfriamento do leite, e 54,1% utiliza tanques de imersão (Tabela 16). Os produtores podem
ainda ser classificados conforme o tipo de resfriamento do leite. Diante desse cenário, 60,19%
dos produtores armazenam o leite em tanques comunitários, 16,67% armazenam em tanques
próprios, e apenas 23,15% afirmaram não utilizar ambos os tipos para armazenamento do leite
(Tabela 17).

Tabela 16 – Forma de resfriamento do leite produzido nas fazendas

Resfriamento do leite Nº de Fazendas %


Tanque de imersão 53 54,1%
Não resfria 45 45,9%
Total 98 100%
Fonte: O autor, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).

Tabela 17 – Tipo de resfriamento do leite produzido nas fazendas

Tipo de resfriamento do leite N° de Fazendas %


Nenhum 25 23,15%
Próprio 18 16,67%
Comunitário 65 60,19%
Total 108 100%
Fonte: O autor, com dados cedidos pela Leite & Negócios Consultoria (2014).

Durante as visitas foi possível encontrar diversos tipos de ambientes para a


instalação de tanques de resfriamento, sendo esta denominada sala do leite.
A sala de armazenamento do leite requer padrões de higiene específicos para
garantia da qualidade do produto. Recomenda-se que tanto o piso da sala como as paredes
sejam revestidas com azulejo, bem como o telhado, que deve oferecer proteção ao tanque de
resfriamento. É importante que essa instalação seja fechada, porém arejada com janelas
teladas para ventilação do local, de maneira que permita a proteção contra a entrada de insetos
e outros animais.
Ao realizar as visitas às propriedades, observou-se que não há um padrão para
construção da sala de armazenamento do leite, conforme as figuras a seguir.
67

Figura 56 – Tanque comunitário em local aberto Figura 57 – Tanque próprio na sala de ordenha

Fonte: A autora. Fonte: A autora.

Figura 58 – Tanque em local fechado sem azulejos Figura 59 – Tanque em local fechado com azulejos

Fonte: A autora. Fonte: A autora.


68

6 CONCLUSÃO

Diante do exposto, enfatiza-se a importância da bovinocultura leiteira para o


desenvolvimento agropecuário do Ceará, uma vez que esta compõe a grande maioria das
propriedades rurais do Estado. Além da importância econômica da atividade leiteira, conclui-
se que a produção de bovinos leiteiros desempenha um papel sociocultural de grande
relevância, tendo em vista a diversificação na qual a atividade é empregada pelos produtores.
Por fim, é possível afirmar que a diversificação dos trabalhos executados na
empresa Leite & Negócios Consultoria resultou na conquista de um excelente aprendizado
para minha formação acadêmica/pessoal e que contribuiu satisfatoriamente para minhas
experiências profissionais.
69

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75

ANEXOS

ANEXO A – Relatório de visita técnica

RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA

Fazenda:
Proprietário:
Téc. Responsável:
Veterinário responsável:
Zootecnista/ Agrônomo:
Visita Número: Data: Tempo da visita:

Recomendações

Observações:

TAREFAS EXECUTADAS/ INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS


Monitoramento do rebanho Aconpanhamento do custo de produção Cloração da água da ordenha Descorna de bezerros Análise de leite

Ração balanceada Mineralização do Rebanho Manejo pré e pós parto Ordenha higiênica do leite Cole. de solo para análise
Vacinas Arraçoamento do rebanho Alteração de animais por lote Controle leiteiro Recomen. de adubação

Implantação de Palma forrageira sequeiro Cana de açúcar sequeiro Capim elefante sequeiro Pastejo rotacionado sequeiro Sorgo para silagem
suporte
Palma forrageira irrigada Cana de açúcar irrigada Capim elefante irrigado Pastejo rotacionado irrigado Milho para silagem
forrageiro:
Exames sanitários: Brucelose Tuberculose Teste da Mastite Controles: Endoparasitas Ectoparasitas

Vacinas: Febre Aftosa Clostridiose Raiva Brucelose Mastite Leptospirose IBR/ BVD Pneumoenterite

Ordenha mecânica instalada Tanque de resfriamento instalado Touro raça pura adquirido Touro mestiço melhorado

Inseminação artificial: Kit de Inseminação alocado Início da terceirzação do serviço

Assinatura do técnico Assinatura do produtor

1ª Via - Produtor

Fonte: Leite & Negócios Consultoria (2014).


76

ANEXO B – Exemplo de ficha de controle do rebanho

EVENTOS NO REBANHO
Fazenda __________________________________________________ Período ______________________

Produtor _________________________________________________ Técnico ______________________

PARTO
DATA ANIMAL - Nº
TIPO SEXO PESO OBSERVAÇÃO

COBERTURA
DATA ANIMAL - Nº
NUM. COBERTURAS TIPO TOURO INSEMINADOR

SECAGEM
DATA ANIMAL - Nº
TIPO PRODUÇÃO ECC OBSERVAÇÃO

DESMAMA
DATA ANIMAL - Nº
TIPO PESO ECC OBSERVAÇÃO

OUTROS
DATA ANIMAL - Nº

Fonte: Leite & Negócios Consultoria (2014).


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ANEXO C – Calendário sanitário de bovinos leiteiros

Fonte: Leite & Negócios Consultoria (2014).

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