MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMILIA E COMUNIDADE

A IMPORTÂNCIA DA VISITA DOMICILIAR COMO ESTRATÉGIA DE ACOMPANHAMENTO A PACIENTES

ATENDIDOS EM UMA UBS NO MUNICIPIO DE MIRADOR – MA

ALUNO: Francisco Erimar Bezerra Santos

ORIENTADORA: Zulmira de Souza Martins

A IMPORTÂNCIA DA VISITA DOMICILIAR COMO ESTRATÉGIA DE

ACOMPANHAMENTO A PACIENTES ATENDIDOS EM UMA UBS NO MUNICÍPIO
DE MIRADOR- MA

THE IMPORTANCE OF HOME VISIT AS A FOLLOW-UP STRATEGY FOR

PATIENTS ATTENDED AT A UBS IN THE MUNICIPALITY OF MIRADOR-MA

Francisco Erimar Bezerra Santos1

Zulmira de Sousa Martins2

1. Autor - correspondente: Médico. Pós-graduando em Saúde da Família pela UFPI.

Trabalha como Médico da Estratégia de Saúde da Família em uma Unidade Básica de
Saúde no Município de Mirador – Maranhão.
2. Orientadora. Médica com Residência Médica em Infectologia pela Universidade
Federal do Piauí.

RESUMO
Introdução: Identificou-se a necessidades de implementar Visitas Domiciliares com
maior frequência devido a necessidade dessa assistência às famílias assistida pela área
de cobertura da UBS. Objetivo: Promover ações de melhoria e exclusão a pacientes
domiciliados e acamados e elaborar um projeto de intervenção que ajude a buscar
melhor qualidade de vida através de Visitas Domiciliares da área adstrita da UBS
Mauricio Cabral. Metodologia: Realizou-se pesquisa bibliográfica na internet,
consultando artigos em jornais, livros e revistas científicas, sobre o tema e
posteriormente, elaborou-se um plano operativo. Conclusão: As visitas domiciliares
adequadas e frequentes podem, portanto, constituir um intermediário precioso entre a
equipe de saúde e a comunidade externa e os serviços disponíveis no Município visando
melhorar a qualidade de vida da população assistida.

Palavras-chaves: Visita Domiciliar. Planejamento. Famílias.

ABSTRACT
The home visit (HV) is considered an important technology for understanding and caring
for the population's health needs. Once the demand for its practice in the training
processes of health professionals. This study proposes to establish an Intervention
Project that is based on improving the DVs that are part of the coverage area of UBS
Mauricio Cabral in the Municipality of Mirador - Maranhão. It is a study based on
observation in locus, and on the experience lived during a year of living with families in
the assigned area. As a limitation of the HV, users indicate the need for greater

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organization and planning. It appears that the HV expands the interactivity between the
health service and the user and develops according to the principles of humanization.
However, attention should be paid to the importance of continuous improvement in the
planning and implementation of home visits.
Keywords: Home visit. Planning. Families.

INTRODUÇÃO
Mirador é o 4° maior município do Maranhão em extensão territorial com
uma população estimada em 2019 de 21.015 habitantes (IBGE). Situado na região
sudoeste do estado, as margens do rio Itapecuru, a uma distância de 485 km da capital.
Possui uma área de 8.521,081 km². (IBGE, 2020). O Sistema de Saúde está formado
pela rede de Atenção Básica (AT) que conta com nove (9) UBS – sendo três (3) na zona
urbana e seis (6) na zona rural – realizado atendimentos de segunda a sexta. Tem um
Hospital Municipal para intervenção de baixa complexidade. Quando há necessidade de
um atendimento especializado o paciente é encaminhado de ambulância para a cidade
vizinha – Colinas. O município não conta com Serviço de Urgência e Emergência
(SAMU).
O presente trabalho consiste na elaboração e desenvolvimento de um
Projeto de Intervenção sobre as Visitas Domiciliares realizadas no município de Mirador
– Maranhão. O problema priorizado nesse Projeto de Intervenção tem como objetivo
sistematizar as Visitas Domiciliárias na área da Unidade Básica de Saúde Mauricio
Cabral que até então não tinham ações de assistência médica qualificada.

A Visita Domiciliar é uma oportunidade diferente de cuidado: visando a

promoção da saúde com suporte técnico-científico. A ação desenvolve-se em um
espaço fora da unidade de saúde e é considerada a atividade externa mais desenvolvida
e de grande importância pelas equipes. Ela se caracteriza por utilizar uma “tecnologia”
leve, permitindo o cuidado à saúde de forma mais humana, acolhedora, estabelecendo
laços de confiança entre os profissionais e os usuários, a família e a comunidade,
ampliando o acesso da população às ações da Saúde em um dos pontos de sua rede
de atenção: o domicílio, a unidade residencial de determinada família (Mendes, 2009).

A Assistência Domiciliar é uma modalidade de atenção á saúde prestada em

domicílio, engloba o atendimento, a visita e a internação domiciliar e compõem um
continuo de cuidados à saúde, seus serviços são oferecidos ao indivíduo e sua família
em suas residências. Ainda, esta modalidade de atendimento ou cuidado domiciliar
baseia-se na interação entre o profissional, o usuário, a família e o cuidador. Então,
numa necessidade de assistência domiciliar, esta deve ser instrumentalizada pelas
visitas ou internação domiciliar, que apesar de possuírem aspectos em comum são
diferentes na prática. (Giacomozzi, 2010).

METODOLOGIA

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O presente estudo desenvolveu-se após a verificação da ausência de

assistência domiciliar a pacientes com doenças crônicas, acamados e impossibilitados
de se locomoverem até a UBS Mauricio Cabral. Após a constatação dessa situação-
problema, buscou-se identificar na literatura, através da pesquisa nas mais diversas
fontes (internet, artigos científicos, livros, jornais e revistas), condições que efetivassem
a Visita Domiciliar como fator determinante na qualidade de vida dos pacientes
acompanhados e posteriormente desenvolveu-se um projeto de intervenção, definindo-
se um plano operativo com metas e ações pré-estabelecidas.

4. PLANO OPERATIVO
SITUAÇÃO OBJETIVOS METAS/PRAZOS AÇÕES E ESTRATÉGIAS RESPONSÁVEIS
PROBLEMA ESPECIFICOS
1. Identificar os pacientes Mapear os pacientes Construir fichas com todos
domiciliados e os pacientes domiciliados e ACS
domiciliados e acamados;
acamados acamados Médico
Enfermeiro
2. Elaborar um cronograma de
Priorizar as visitas Orientar a todos os membros
visitas domiciliares para o ano conforme necessidades da equipe a necessidade
dos pacientes. deste trabalho conjunto Médico
de 2021;
Prazo: continuado Enfermeiro
ACS
VISITA DOMICILIAR

3. Incluir ação multiprofissional Médico

Orientar os membros da Ações Educativas sobre:
(fisioterapeutas, psicólogos,
família quanto aos Alimentação Enfermeiro
nutricionistas) a participarem cuidados com os idosos Fisioterapia
e acamados Saúde mental ACS
das vistas domiciliares.
Prazo: continuado Acidentes por quedas
Equipe Multiprofissional

5. DISCURSSÃO
Há muito tempo a visita domiciliar é considerada uma importante atividade
na história da saúde. Pode-se dividir a história da assistência domiciliar em dois
períodos distintos, que foram denominados de précientífico ou religioso e o científico
(MAZZA, 1996). Nesse período, a visita domiciliar tinha um enfoque assistencialista,
caracterizado pela caridade. Era uma prática realizada por pessoas pertencentes às
várias ordens religiosas, fundada na orientação de que prestar serviços aos pobres e
doentes era considerado como um serviço prestado a Deus. A assistência realizada às
pessoas em seu domicílio não tinha a preocupação primordial de adotar um método que
possibilitasse um apoio científico à assistência.
A pratica de saúde no domicilio é tão antiga quanto a própria vida em
sociedade e volta a ser vista como uma alternativa, mais humanizada e, ao mesmo
tempo, com a possibilidade de um cuidado singular em um outro espaço que não seja
o hospital. Neste novo contexto, o cuidado domiciliar, em suas diferentes modalidades
é também percebido com base em seu potencial renovador, uma estratégia de

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reorganização do modelo de atenção em saúde tendo em vista a atenção básica e

reforçando os princípios de integralidade e equidade do Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo Machado, a visita domiciliar (VD) configura-se como uma
oportunidade diferente de cuidado: visando à promoção da saúde da comunidade com
suporte técnico-científico, a ação desenvolve-se em um espaço extraunidade de saúde.
A VD é considerada a atividade externa à Unidade Básica de Saúde (UBS)
mais desenvolvida pelas equipes de saúde. Ela se caracteriza por utilizar uma
tecnologia leve, permitindo o cuidado à saúde de forma mais humana, acolhedora,
estabelecendo laços de confiança entre os profissionais e os usuários, a família e a
comunidade, ampliando o acesso da população às ações da Saúde em um dos pontos
de sua rede de atenção: o domicílio, a unidade residencial de determinada família.
(MACHADO, 2011).
A VD constitui um dos instrumentos mais indicados na prestação de
cuidados à saúde do indivíduo, sua família e comunidade. Ela deve ser conduzida no
bojo de um processo racional, orientada por objetivos definidos e pautados nos
princípios da eficiência, com a finalidade de favorecer o restabelecimento da
independência e a preservação da autonomia do usuário.
Tal instrumental é visto como uma forma de aproximar-se da realidade do
paciente, conhecendo seu ambiente familiar, compreendendo a dinâmica existente, a
realidade vivenciada por ele, assim, estabelecendo vínculos importantes.
(ALBUQUERQUE; BOSI, 2009).
As políticas públicas de saúde, objetivando assegurar atenção a toda
população, têm dado visibilidade a um segmento populacional até então pouco notado
- os idosos, acamados e portadores de doenças crônicas com alto grau de dependência
funcional -. A VD tem a facilidade de criar de ambientes físicos, sociais e atitudinais que
possibilitem melhorar a saúde das pessoas com incapacidades tendo como uma das
metas ampliar a participação das equipes multiprofissionais ao acesso do ambiente
familiar (Lollar & Crews, 2002). Por isso mesmo, é imprescindível oferecer cuidados
sistematizados e adequados a partir dos recursos físicos, financeiros e humanos de que
se dispõe hoje em benefício da população assistida. É consenso entre as mais variadas
especialidades científicas que a permanência desses pacientes em seus núcleos
familiares e comunitários contribui para o seu bem-estar e, consequentemente, uma
melhor qualidade de vida. (Camarano & Pasinato, 2004).
A Política Nacional de Saúde assegura a atenção integral à saúde da
população brasileira, por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS, garantindo-lhes
o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços,
para prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção
especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos.
Durante o período de pandemia de COVID-19 intensificamos os
atendimentos via telemedicina (usando recursos próprio) visando não deixar sem
atendimento os pacientes que se mantiveram em isolamento domiciliar e que
precisavam de atenção à saúde. Na medida do possível, procuramos ampliar o

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atendimento em domicílio a pessoas com dificuldades de locomoção ou que precisam

de cuidados regulares ou intensivos e não de hospitalização, como idosos, acamados,
portadores de sequelas de acidente vascular encefálico - AVE -, hipertensos, diabéticos
entre outros.
Essas visitas estão sendo realizadas uma vez por semana seguindo o
protocolo de segurança definido pela secretaria de saúde do município. Contudo, às
vezes, nem sempre é possível a realização dessas visitas devido à falta de logística por
parte do município.
Em Mirador, estamos aprendendo a desmitificar a visão centrada na doença
que ainda parece persistir, principalmente em relação à população idosa, observada nas
consultas ambulatoriais por demanda espontânea, visitas domiciliares restritas ao
tratamento das doenças crônicas e consultas para o acompanhamento da hipertensão
e diabetes, prevalecendo o modelo biomédico de atenção à saúde. No município,
observamos que estratégias voltadas para promoção da saúde no processo de trabalho
da equipe multidisciplinar, respaldadas nas políticas lançadas pelo Ministério da Saúde
(MS), ainda não foram incorporadas de forma adequada ao processo de trabalho
sugerido pelo MINISTERIO DA SAUDE, principalmente, em relação à pessoa idosa.
A avaliação da condição familiar pode ser realizada de diferentes maneiras.
Existem alguns instrumentos específicos, mas a realização de uma entrevista com a
maior parte dos membros da família, garantindo-se a presença do principal responsável,
pode oferecer muitas das informações necessárias. O essencial é facilitar o diálogo
entre as partes envolvidas, para explorar as diferentes visões, possibilitando que a
informação circule e alcance o objetivo almejado. (SCHLITHLER; CERON;
GONÇALVES, 2013).
Diante do exposto vimos que as ações de saúde desenvolvidas no município
e no território para atenção à saúde da população assistida, ainda deixa a desejar,
resumindo-se apenas nos atendimentos ambulatoriais e nas poucas visitas domiciliares
que realizamos de forma invidualizada (só a equipe da UBS presente). Ainda não
contamos com apoio multiprofissional para atenção ao idoso, acamados, dependentes
químicos, doentes crônicos entre outros, onde pudéssemos contar com ações que
envolvessem atividades físicas ao ar livre, oficinas e cursos que pudessem ocupar
ludicamente essa clientela.
Enxergar a VD como trabalho e responsabilidade de toda equipe, mesmo
que realizada de forma mais intensa por apenas um de seus membros é a garantia de
que os dados colhidos se transformem efetivamente em informações relevantes para os
profissionais e para a comunidade junto a qual eles trabalham.
Segundo a ANVISA 2006, a Visita domiciliar é uma modalidade assistencial
que se coloca cada vez mais presente na nossa realidade. A VD potencializa e expande
o alcance desta prática, permitindo uma maior integração entre as ações que acontecem
no domicílio e as que ocorrem no interior dos serviços de saúde. É uma estratégia
fundamental para a construção de um sistema de saúde realmente único, integral e
equânime.

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CONCLUSÃO

Ao observarmos a família em sua casa, seremos capazes de tomar como

base essa observação para elaborar ações. Podemos identificar os fatores de risco
como: depressão, más práticas parentais ou falta de suporte, uso adequado das
medicações, se o ambiente é adequado ao tratamento de doenças graves...

As visitas domiciliares adequadas e frequentes podem, portanto, constituir

um intermediário precioso entre a equipe de saúde e a comunidade externa e os
serviços disponíveis no Município visando melhorar a qualidade de vida da população
assistida.

REFERÊNCIAS

1. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a

promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento de
serviços correspondentes e dá outras providencias, regulamentando a assistência
domiciliar no Sistema Único de Saúde.

2. ALBUQUERQUE, A.; BOSI, M. L. Visita domiciliar no âmbito da Estratégia Saúde da

Família: percepções de usuários no Município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Cad. Saúde
Pública. v. 25, n. 5, p. 103-1112, maio, 2009. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/>. Acesso em: 21 de novembro de 2020.

3. ANDRADE, A. M. et al . Visita domiciliar: validação de um instrumento para registro e

acompanhamento dos indivíduos e das famílias. Epidemiol. Serv. Saúde. Brasília, v.
23, n. 1, p. 165-175, Mar. 2014. Disponível em:
<http://www.scielosp.org/pdf/ress/v23n1/2237-9622-ress-23-01-00165.pdf>. Acesso
em: 21 de novembro de 2020.

4. Brasil, Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Portal de atenção a

Saúde da Família. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em <
http//www.dab.saude.gov.br.
ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC n. 11, de 26 de janeiro de 2006.
Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Funcionamento de Serviços que prestam
Atenção Domiciliar. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2006.

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5. Giacomozzi MC, Lacerda MR. A Prática da Assistência Domiciliar dos Profissionais

da Estratégia de Saúde da Família, 2010. Florianópolis. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/tce/v15n4/v15n4a13.
6. IBGE Cidades - Panorama». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Consultado em 19 de janeiro de 2020

7. Mendes EV. As Redes de Atenção à Saúde. Brasília: Organização Pan-Americana

da Saúde; 2009.

8. Souza CR, Lopes SCF, Barbosa MAA. Contribuição do enfermeiro no contexto de

promoção à saúde através da visita domiciliar. Rev UFG [Internet]. 2004 dez [citado
2010 nov 11]. Disponível em: http:// www.proec.ufg.br

9. SCHLITHLER, A. C. B.; CERON, M.; GONÇALVES, D. A. Famílias em situações de

vulnerabilidade social. Especialização em Saúde da Família. Módulo Psicossocial.
Universidade de São Paulo, 2013, 69p. Disponível em:
<http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_psicossocial/Unidade_1
8.pdf>. Acesso em: 21 de novembro de 2020.