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RESUMO
Submet ido :
18/07/2018
Aprovado :
10/12/2018
Autor(a) para
Cor respondênc ia :
Myrna Ma. Arcanjo Frota Bar ros 1. Professora do Curso de Odontologia da Universidade Federal do Ceará, campus Sobral, Doutoranda do
Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Ceará.
Rua Conselheiro José Júlio, S/N
2. Enfermeira da Prefeitura de Fortaleza, Ceará.
Centro, Sobral, Ceará
3.Professora do Centro Universitário Católico de Quixadá, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em
CEP: 62.010 - 820
Odontologia da Universidade Federal do Ceará.
E-mail : 4. Professora Doutora do Centro Universitário Christus, Assessora Técnica da Coordenação Municipal de Saúde
myrnaarcanjo @ ufc.br Bucal de Fortaleza.
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ABSTRACT
Consider ing that user embracement const itutes a strateg y adopted to increase problem-solv ing success in health
care, w ith a v iew to health promot ion and rehabilitat ion, this study aimed to grasp user embracement as a strateg y
to organize prac t ices at a Brazilian health program suppor t center (UAPS) in For taleza, Ceará. This is an e xper ience
repor t car r ied out w ithin the per iod f rom 2014 to 2016 at a UAPS linked to the c it y’s Regional Secretar iat 4.
Resistance was obser ved, both on the par t of professional s and users, w ith regard to the deployment of user
embracement. Never theless, as a result of the inser t ion of this prac t ice, humanized care, bond streng thening,
encouragement of self- care, health educat ion, and co -responsibilit y for treatment are not iced. Thus, user
embracement shows to be a tool for reorganizing a health ser v ice and improv ing the qualit y of care that permeates
all sec tors of a UAPS, hence, this is a responsibilit y of all health workers.
RESUMEN
Teniendo en cuenta que el acogimiento const ituye una estrategia adoptada para aumentar el é x ito de la resoluc ión
de problemas en la atenc ión de salud, con miras a la promoc ión y rehabilitac ión de la salud, este estudio tuvo como
objet ivo comprender el acogimiento como una estrategia de organizac ión de las prác t icas en un centro de apoyo de
programas de salud brasileño (UAPS) en For taleza, Ceará. Este es un informe de e xper ienc ia realizada durante el
per íodo comprendido entre 2014 y 2016 en un UAPS v inculado a la Secretar ía Regional 4 de la c iudad. Se obser vó
resistenc ia, tanto por par te de profesionales como de usuar ios, con respec to a la implementac ión del acogimiento.
Sin embargo, como resultado de la inserc ión de esta prác t ica, se nota el cuidado humanizado, el for talec imiento
de v ínculos, el est ímulo al autocuidado, la educac ión en salud y la co -responsabilizac ión en el tratamiento. Por
lo tanto, el acogimiento por par te del usuar io demuestra ser una her ramienta para reorganizar un ser v ic io de
salud y mejorar la calidad de la atenc ión que atrav iesa todos los sec tores de un UAPS, por consiguiente, esto es
responsabilidad de todos los trabajadores de salud.
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ent re os prof issionais da saúde e ent re estes e os
usuár ios ; b) o desrespeito aos direitos do usuár io ; c)
o ainda inc ipiente cont role soc ial ; d) a cent r aliz ação
da atenção na doença e na rel ação queixa-condut a ;
...o usuár io é
e e) o despreparo das equipes de saúde par a lidar recepcionado pelo
com as dimensões soc iais e subjet ivas inerentes às funcionár io mais
pr át icas de atenção à saúde 5 .
Nesse conte x to, teve iníc io em 2004 a
próximo..
implement ação da Polít ica Nac ional de Humaniz ação
(PNH) , conhec ida como Humaniz a SUS, dest acando a
humaniz ação como um conjunto de est r atégias capaz além de agentes adminis t r at ivos, au x iliares de
de v iabiliz ar a qualif icação da atenção e da ges t ão limpez a e v igil antes. São realiz ados mensalmente
no SUS 6 . cerca de 1.115 atendimentos, que englobam consult as
Par a alcançar os objet ivos almejados, o de demanda espont ânea, oferec idas por médicos e
Humaniz a SUS desenvolve e oferece cur sos, of ic inas enfer meiros, bem como consult as progr amadas pelo
e seminár ios, cer t if ica e divulga e xper iênc ias HiperD ia, pré -nat ais, puer icultur a, saúde ment al ,
bem-sucedidas de humaniz ação por meio da tuberculose, hanseníase, v isit as domic iliares e
rede Humaniz a SUS. Além disso, produz mater iais colet a de c itopatológico.
educat ivos e de divulgação de diver sos disposit ivos
e est r atégias já desenvolv idos par a implement ar a RESULTADOS
humaniz ação em vár ios munic ípios 7. Dent re esses
disposit ivos se dest aca o acol himento, consider ado A unidade de saúde apresent a suas peculiar idades
uma diret r iz oper ac ional capaz de inver ter a lógica e o acol himento se inic ia com a f al a, que dá v ida à
de organiz ação e f unc ionamento dos ser v iços de comunicação. Por e xemplo, ao abordar um pac iente
saúde. na ent r ada já se realiz a o acol himento. Todos os
A ssim, este estudo teve por objet ivo compreender prof issionais da saúde, no e xerc ido de sua f unção,
o acol himento como est r atégia de organiz ação es t ão aptos a essa abordagem.
das pr át icas em uma unidade de atenção pr imár ia O acol himento segue es tes pr inc ípios :
à saúde (UAP S) de For t alez a, ev idenc iando suas 1. Atender todas as pessoas que buscam
potenc ialidades e desaf ios em ter mos de gest ão. o ser v iço de saúde, gar ant indo acessibilidade
univer sal ;
METODOLOGIA 2. Reorganiz ar o processo de t r abal ho, a f im
de que desloque seu eixo cent r al do médico par a
Tr at a-se de estudo descr it ivo com abordagem uma equipe mult iprof issional , que se responsabiliz a
qualit at iva, um rel ato de e xper iênc ia realiz ada em pel a escut a atent a do usuár io e a resolução de seu
uma UAP S na c idade de For t alez a. problema ; e
A capit al do Cear á, cont a com um sistema de 3. Qualif icar a rel ação t r abal hador-usuár io, a
saúde munic ipal que proporc iona atenção pr imár ia à par t ir de par âmet ros humanit ár ios de solidar iedade
saúde (AP S) em UAP S dist r ibuídas em 6 secret ar ias e c idadania 9 .
regionais. Desde sua impl ant ação na UAP S, em jul ho de 2014,
A UAP S “Gutemberg Br aum” est á inser ida na o modo de acol himento ao usuár io se mos t rou cl aro :
Secret ar ia Regional 4 de For t alez a, com uma ao adent r ar a unidade, o usuár io é recepc ionado pelo
popul ação ger al de 21.653 habit antes ; 24 AC S f unc ionár io mais próx imo. Pode -se c it ar duas f unções
atendem suas microáreas, per f azendo um tot al de que assumir am t al papel em um pr imeiro momento :
67% do ter r itór io cober to e 33% descober to. o v igil ante, que obser va a mov iment ação de ent r ada
A UAP S Gutemberg Br aum é responsável pelo e saída de usuár ios na unidade, e a recepc ionis t a,
atendimento de 21.971 pessoas adscr it as em seu que cont rol a o acesso dos usuár ios desde a pr inc ipal
ter r itór io , par a t anto, cont a com 3 equipes de saúde,
8
por t a de ent r ada até as demais dependênc ias.
compos t as por médicos gener alis t as, enfer meiros, A propos t a é assumir o ol har de quem gos t ar ia
técnicos de enfer magem, c ir urgiões- dent is t as, de ser recepc ionado, ouv indo pr imeiro par a depois
técnicos em saúde bucal , AC S e agentes de endemias, direc ionar as demandas e prover o que for necessár io
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ao usuár io. O tempo é prec ioso na apresent ação dos
ser v iços disponíveis na unidade. É indispensável
manter um diálogo integro, pleno e de f ác il ...acolhimento como
entendimento, com v ist as a indicar o que se tem a
oferecer e escl arecer como se pode ajudar.
ferramenta que
O acol himento deve ser v isto como um relevante promove
disposit ivo de acesso que f avorece o v ínculo ent re a mudança de postura
equipe de saúde e a popul ação, ent re o t r abal hador prof issional...
e o usuár io, proporc ionando cuidado integr al e
clínica diferenc iada. Tr at a-se de recur so v it al par a
o pl anejamento e a organiz ação de ser v iços de coisas dessa for ma. Ao ser encaminhado par a a sal a
saúde, assumindo papel de dest aque na mel hor ia de preparo, o núcleo de atendimento ao cliente
da qualidade da atenção à saúde, sobretudo em seu (NAC) , as sal as de procedimento (vac ina, cur at ivo/
atual conte x to de e xpansão e reest r utur ação . 10
ret ir ada de pontos, l abor atór io) ou os consultór ios
Sabe -se, por out ro l ado, que a impl ant ação do (médico, de enfer magem e odontológico) , o usuár io
acol himento requer signif icat ivas mudanças no ser á recepc ionado com hospit alidade, es t abelecendo
t r abal ho em saúde, como o aumento do prot agonismo uma boa rel ação ent re prof issional da saúde e
dos sujeitos, a reorganiz ação dos ser v iços a par t ir usuár io do ser v iço, ampliando as pr át icas de saúde e
de ref le xão e problemat iz ação dos processos, a mel hor ando a adesão da comunidade. Ao consider ar
par t ic ipação de toda a equipe mult iprof issional na o gr au de entendimento dos prof issionais acerca
escut a e resolução dos problemas do usuár io e a do acol himento e de quem o e xecut a, na demanda
el abor ação de um projeto ter apêut ico indiv idual e espont ânea ou progr amada (médico, enfer meiro e
colet ivo capaz de ar t icul ar a rede de ser v iços e as c ir urgião - dent is t a) , o ser v iço de saúde contempl a
gerênc ias cent r ais e dist r it ais . 11
as necessidades de atendimento da comunidade com
A ssim, percebe -se que a incor por ação do base na escut a.
acol himento pode cont r ibuir com a efet iva Seguindo as diret r izes clínicas da secret ar ia
responsabiliz ação clínica e sanit ár ia por par te munic ipal de saúde par a organiz ar o acol himento e
do sistema de saúde, levando à const r ução de atendimento aos usuár ios nas UAP S, adot amos como
v ínculos ent re usuár ios e prof issionais. I sso implica base o C ader no n. 28, v. 2, do MS 14 , que oferece
incor por ar t al diret r iz na el abor ação das polít icas de embasamento teór ico aos prof issionais que atuam na
saúde e na impl ant ação e organiz ação dos sis temas cl assif icação de r isco, par a proporc ionar ações de
munic ipais de saúde . 12
qualidade aos usuár ios demons t r ando preocupação
Acol himento é um conceito f requentemente e cor responsabilidade pac tuada ent re ges t ão e
ut iliz ado par a e xpressar as rel ações que se prof issionais. I sso se har moniz a com os pr inc ípios
est abelecem ent re usuár io e prof issionais da saúde. do SUS, como a acessibilidade, integr alidade e
No ent anto, não se t r at a de simples prest ação de equidade da assis tênc ia 15 . Com esse modus operandi,
ser v iço. Mais do que isso, o acol himento envolve uma div ide -se o atendimento em dois t ipos : a) condições
rel ação c idadã e humaniz ada com escut a qualif icada. crônicas ; e b) eventos agudos. Par a f ac ilit ar o f lu xo
Enquanto tecnologia de reorganiz ação dos ser v iços, de t r abal ho, uma agenda organiz a prev iamente o
o acol himento se car ac ter iz a como elemento -chave cronogr ama das equipes de saúde.
par a ampliar o acesso à AP S e aos demais níveis do Um gr upo ges tor, compos to por um membro de cada
SUS 10 -12
. categor ia (médico, enfer meiro, dent is t a, AC S, técnico
Consider ando o e xposto, o acol himento foi de enfer magem, coordenador e adminis t r ador) ,
analisado mediante inserção de uma das autor as reúne -se mensalmente na UAP S, mais prec isamente
na coordenação da UAP S Gutemberg Br aum, onde na coordenação, par a discussão de casos,
se obser vou baixa resolut iv idade das demandas e acompanhamento das at iv idades e gerenc iamento
insat isf ação dos usuár ios. I sso demonst rou o impac to dos ser v iços, com v is t as a pos ter ior avaliação junto
do acol himento como fer r ament a que promove às equipes da E SF. A s reuniões for am pl anejadas de
mudança de postur a prof issional no atendimento aos modo a não at r apal har os atendimentos, buscando
usuár ios em linha com os pr inc ípios do SUS . 13
a adoção de novos f lu xos de t r abal ho capazes de
No ger al , o cor po f unc ional dessa UAP S vê as apr imor ar o manejo dos processos.
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For am ut iliz adas fer r ament as que f ac ilit ar am
esse processo dent re el as se dest acou o prontuár io
elet rônico. No iníc io ele não foi bem aceito pelos ...o acolhimento se
prof issionais, porém, t reinamentos oferec idos às
mostra uma ferramenta
equipes sensibiliz ar am os prof issionais da saúde
em rel ação ao potenc ial desse avanço tecnológico.
útil para repensar
A organiz ação da agenda contempl a os t rês tur nos práticas e alcançar
de ser v iço, de modo que sejam dist r ibuídos melhores resultados.
igualit ar iamente ent re as t rês equipes consider ando
os gr upos pr ior it ár ios e os eventos agudos.
Como o ter r itór io é muito populoso, ainda se espaços de cuidado e no âmbito organiz ac ional dos
obser vam f al has nesse processo, porém, pode - ser v iços de saúde. A ssim, a intercone xão do processo
se af ir mar que toda a popul ação do bair ro Vil a de t r abal ho, dos espaços de cuidado e do âmbito
Per i recebe atendimento no que concer ne às suas organiz ac ional dos ser v iços renova as ações da AP S e
necessidades básicas, prevenindo o agr avamento de cont r ibui com a consolidação desse modelo. Enquanto
situações já e x is tentes. es t r atégia de organiz ação dos ser v iços de saúde,
Vale ressalt ar que, nos casos em que não se o acol himento apresent a result ados sat isf atór ios
obteve mel hor a do status de saúde do pac iente, comprovados por diver sos estudos 16 -17. Tal recur so já
após sua est abiliz ação, ac ionou-se a rede de saúde é empregado em out ros níveis de atenção à saúde e
secundár ia por meio do Ser v iço de Atendimento benef ic ia a interdisc iplinar idade e a resolut iv idade
Médico de Urgênc ia (Samu) . na assis tênc ia 17.
O atendimento aos gr upos pr ior it ár ios se
inic ia com a est r at if icação do r isco, gar ant indo CONCLUSÃO
aos pac ientes com maior vulner abilidade um ol har
diferenc iado. A ssim, as consult as ao usuár io O processo de t r abal ho na AP S, dent re
diabét ico (t ipo 1 e 2) e/ou hiper tenso buscam out ros aspec tos, é oper ac ionaliz ado por meio de
ident if icar sua adesão ao t r at amento prescr ito, a ter r itor ializ ação, com responsabiliz ação e cr iação
ef icác ia da medicação e a presença de comorbidades, de v ínculos. Nesse conte x to, o acol himento se
oferecendo encaminhamento, sempre que necessár io. mos t r a uma fer r ament a út il par a repensar pr át icas e
O pré -nat al é realiz ado por meio de consult as alcançar mel hores result ados.
intercal adas ent re o enfer meiro e o médico da equipe Cons t atou-se que o acol himento tende a
responsável , com retor no inic ialmente mensal , for t alecer os v ínculos ent re usuár ios e prof issionais,
passando par a f requênc ia quinzenal e semanal com aument ando os níveis de resolut iv idade e apr imor ando
o passar do tempo, sendo a gest ante cl assif icada a organiz ação dos ser v iços de saúde.
de acordo com o r isco e v incul ada à mater nidade de Ent ret anto, es te es tudo apresent a como limit ação
referênc ia da UAP S. a análise de um único es t abelec imento de AP S. Há
O acompanhamento da puér per a ocor re por meio necessidade de pesquisas com um univer so mais amplo
de v isit a domic iliar da equipe até o sét imo dia após o par a ev idenc iar a possibilidade de gener aliz ação dos
par to, com v ist as a or ient ar sobre os sinais de aler t a achados des te rel ato de e xper iênc ia.
par a infecção, os cuidados inic iais com o recém- Apesar das resistênc ias inic iais, obser vou-se
nasc ido, o aleit amento mater no e a impor t ânc ia que os t r abal hadores da saúde tendem a ader ir aos
de for t alecer os v ínculos ent re o prof issional da pr inc ípios do SUS quando compreendem o potenc ial
saúde e a f amília. Dest aca-se, ainda, a avaliação aumento de resolut iv idade na assis tênc ia o
do recém-nasc ido e o agendamento de consult as acol himento na UAP S cons t itui um e xemplo relevante
de puer icultur a até o segundo ano de v ida, quando nesse sent ido.
se monitor a o cresc imento e desenvolv imento
psicomotor da cr iança, com acompanhamento da CONTRIBUIÇÃO DAS AUTORAS
situação vac inal e encaminhamento par a pediat r a da
rede, quando necessár io. Myr na Mar ia Arcanjo Frot a Bar ros e Mar ia
O acol himento desencadeia t r ansfor mações no de Lourdes Colares Mendes cont r ibuír am par a a
processo de t r abal ho, nas rel ações est abelec idas nos concepção e prepar ação do manuscr ito, Luc iana Mar ia
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