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A importância da participação familiar na escola

Apesar de todas as ferramentas tecnológicas facilitarem a aprendizagem do aluno na sala de


aula, ainda há muito a fazer, pois mesmo que o uso das mesmas auxilie na aprendizagem, ela
só poderá de fato se concretizar com o comprometimento de todos e participação constante da
família. De nada adianta o aluno usar aparelhos tecnológicos na escola sem a orientação
adequada do professor, assim como o professor também não terá sucesso sem a participação
ativa do aluno e consequentemente dos pais.
Não se trata dos pais terem que estar constantemente na escola como se fossem alunos assíduos,
mas de estarem visitando com mais frequência e perguntando sobre a vida escolar do filho. O
aluno percebe nitidamente o grau de importância que seus familiares dão à sua vida estudantil
e se o resultado não for satisfatório, causa problemas na sala de aula, como falta de atenção,
desrespeito ao professor e aos colegas, déficit de atenção aos conteúdos e desmotivação. É de
suma importância à participação familiar na escola, mais que isso é um dever, como trata o
Artigo 2º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Não se pode ignorar a importância da família na escola, tampouco a sua participação
transformadora. Essa participação deve ser contínua e ir além dos muros da escola, pois o
acompanhamento dos familiares em casa, incentivando, perguntando, auxiliando, monitorando,
causa segurança no estudante, propiciando a ele motivos para prosseguir com afinco, pois se
sente abraçado e apoiado pela família.
Nota-se que a frequência dos pais nas reuniões escolares está a cada dia diminuindo, com isso,
percebe-se que essa falta de comprometimento causa impacto negativo na vida do aluno e esse
impacto pode ser muito avassalador na escola, e esses alunos podem se sentirem inferiorizados
e menosprezados pela família, gerando revoltados e consequentemente agravando o convívio
no ambiente escolar. Transformar a sociedade não é papel somente da escola, mas de todos.
Freire (1999, p.18) diz que:
A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se a
opção é progressista, se está a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do
direito e não do arbitrário, da convivência com o diferente e não de sua negação, não se tem
outro caminho se não viver a opção que se escolheu. Encarná-la, diminuindo, assim, a distância
entre o que se diz e o que se faz.
Figura 1. Fonte: www.deltanobre.com.br
Com isso, constata-se que a união é a melhor forma de transformação social. Se a escola tentar
sozinha agir na educação, sem a participação da sociedade, da família, não alcançará bons
resultados, assim como a sociedade e a família não conseguem desenvolver educação eficaz
sem a participação da escola.

Educação escolar x educação familiar

A família é a base para a formação do caráter do indivíduo, ela poderá transformá-lo em um


cidadão exemplar como poderá transformá-lo em um ser marginalizado. A transformação
positiva, como agente transformador, cidadão exemplar, se dará por acompanhamento, por
valores transmitidos sobre ética, moral, atitudes e bons exemplos. A parte negativa poderá
prevalecer, quando a família deixa de participar, de acompanhar o desempenho, de transmitir
valores. Tiba (2006, p.131) reforça essa negatividade da seguinte forma:
Há pais terceirizando a educação dos filhos para a escola, declarada ou subterraneamente,
principalmente nas questões nas quais eles perderam o controle. Disciplina e responsabilidade,
valores familiares, são os que os pais mais cobram da escola.
Por essa razão, as discussões nas escolas têm buscado compreender e auxiliar nesse quadro
caótico, onde a família se distancia mais e mais da vida do aluno e entrega quase toda a
responsabilidade para a escola. Sabe-se que a escola não é a redentora, não poderá fomentar
todo o caráter do aluno, pois a base maior é a família. É no ambiente familiar que o aluno passa
ou pelo menos transparece passar a maior parte de seu tempo.
Vê-se hoje famílias atribuírem às escolas e aos professores, a tarefa que lhes cabem. Em alguns
casos, “jogam” as crianças na escola alegando que não aguentam ficar muito tempo com os
filhos, pois dão muito trabalho e não conseguem controlá-los. O fato é que se o pai ou a mãe
não conseguem manter um convívio de respeito, de ética, moral e diálogo com seus filhos e
nada fazem para ajudar a escola passar o mínimo de aprendizagem, como o professor, que
convive diariamente com uma turma de trinta a quarenta alunos de uma só vez e com variados
problemas, dará conta de educá-los como os pais esperam? Como a escola sozinha poderá
realizar essa tarefa? Segundo Lançam (1980 apud BOCK, 1989, p. 143):
(…) a importância da primeira educação é tão grande na formação da pessoa que podemos
compará-la ao alicerce da construção de uma casa. Depois, ao longo de sua vida, virão novas
experiências que continuarão a construir a casa, relativizando o poder da família.
Com isso, deve-se refletir muito a respeito da participação da família na escola, contudo, essa
reflexão deve ser tanto critica, quanto profunda e por parte de todos os envolvidos, partindo em
seguida para uma grande mobilização tanto de professores quanto de toda a comunidade
escolar, para que a família possa acompanhar mais de perto a vida escolar do aluno e não
somente cobrar boas notas dos professores.
Para que isso se torne possível, é preciso que a escola articule meios de envolver a família dos
educandos em atividades participativas, para que veja a importância do seu acompanhamento
no cotidiano escolar. A escola deve engajá-los em projetos, em debates, em palestras, festas
escolares, em tudo que for bom para o crescimento de afetividade e comprometimento. Sabe-
se que a tarefa não é fácil, tampouco simples, mas deve haver essa aproximação e
conscientização para que as mudanças aconteçam.
Paro (1997, p. 30), diz que a escola deve passar informações aos pais e utilizar todas as
oportunidades de contato para isso, mostrando a eles os objetivos, os recursos e os problemas
que enfrentam sobre as questões pedagógicas, com isso, a família irá se sentir comprometida
com a vida escolar do filho e com a qualidade e melhoramento do seu desenvolvimento como
ser humano. Contudo, apenas isso não basta, pois apenas mostrar essas questões não os torna
participativos a ponto de causarem impactos tão significativos.
O que deve ser feito é a efetivação da participação dos mesmos nas criações dos projetos, ou
seja, envolve-los na construção dos mesmos, ouvindo as suas ideias, opiniões, anseios e,
sobretudo, instruindo-os da importância do envolvimento deles como família participativa,
construtora de caminhos mediadores à aprendizagem, ao tempo em que fortalecem o contato
com os filhos e a relação escola/família.

A importância da família na construção do projeto político pedagógico da escola

Envolver a família na construção do Projeto Político Pedagógico da escola é de suma


importância. A participação ativa nas ideias, nas articulações para a aprendizagem a fará
despertar para o entendimento da relação escola/família, mostrando ao aluno que a luta por uma
educação de qualidade e desenvolvimento escolar é tarefa de todos e não somente da escola.
A finalidade do Projeto Político Pedagógico (PPP) é de nortear, organizar o trabalho na escola,
como um referencial que direciona a práxis educativa.
A palavra projeto é originada do latim projectu/projicere, que, por sua vez, significa lançar para
adiante.
Dentro desse meio escolar, o PPP deve ser desenvolvido, avaliado, desconstruído, reconstruído
e flexível, inserindo-o no contexto sociocultural da comunidade escolar e priorizando a real
necessidade do aluno.
Inserir a participação familiar na construção desse projeto é uma forma de aproximação, de
envolver-se nesse contexto de valorização do ensino e da aprendizagem do aluno. De acordo
Veiga e Resende (2000, p. 9), o Projeto Político Pedagógico exige uma reflexão aprofundada
sobre as finalidades da escola e de seu papel social. Com isso, pode-se afirmar que em se
tratando de algo que envolve a sociedade, consequentemente envolve a família, como agente
provocadora de mudanças positivas, que são capazes de transmitir no aluno sentimentos de
vontade, valorização, interesse e empenho na vida estudantil.
Ao elaborar seu projeto, é importante que a escola pense na inserção da família, no diagnóstico
de atuação, ou seja, na identificação dos alunos, nas suas necessidades, no ambiente em que
vivem e na importância que a família dá à escola. A partir disso, propor meios de
melhoramentos e aproximação de todos.

Algumas problematizações em relação escola/família

O distanciamento familiar da escola tem gerado perdas de ambas as partes, isso porque a
cumplicidade e a responsabilidade devem estar divididas na sua proporção para que o sucesso
seja real. Vivencia-se uma frequência cada vez menor dos pais nas reuniões da escola, nas
visitas que deveriam ser feitas, no diálogo com o corpo docente e direção escolar. Vive-se
também por parte dos docentes, a busca por melhorias financeiras e um estresse constante por
terem que distribuírem seu tempo em três horários e/ou em duas escolas, atrapalhando uma
preparação mais eficiente para exercer as tarefas escolares cada dia mais ampliada.
Segundo Oliveira (2005), a família possui algumas funções específicas, tanto no universo,
quanto na formação dos indivíduos e essas funções são sexual, reprodutiva, econômica e
educacional. Dessas funções, as duas primeiras estão para garantir a satisfação sexual do
homem e da mulher e a reprodução da espécie. Já a de caráter econômico garante condições de
desenvolvimento, através dos materiais necessários e assegura a sobrevivência. Em se tratando
da função educadora, afirma-se que a mesma envolve valores, crenças, hábitos, ritos, padrões
culturais e mitos que estão instalados na sociedade, e é a razão pela qual a família é sempre
concebida como a primeira instituição socializadora.

Identidade do aluno contemporâneo

Todos os dias milhares de estudantes vão à escola, o problema é que não se sabe ao certo qual
objetivo eles têm em mente, pois com o advento da tecnologia e de informações instantâneas,
muitos acham que as aulas tornam-se quase desnecessárias e que as informações acessadas por
eles na internet os completam e os tornam capazes de ir além do que os seus pais previam.
Frequentar as aulas na posse de aparelhos eletrônicos com acesso instantâneo a informações da
internet tem preocupado professores em relação à identidade dessa geração, isso por que as
aulas mediadas pelos professores estão ficando em segundo plano ou em plano nenhum, pois o
uso de celulares no decorrer da explicação do assunto é frequente. O fato que chama atenção é
saber o porquê não se vê mais interesse em saber sobre as questões relevantes na escola, mas
sim sobre vídeos engraçados, frases irônicas, quem está “ficando” com quem, etc.
Cury (2003) relata que antigamente os pais eram autoritários e que hoje esse papel pertence aos
filhos; o mesmo diz ainda que antes os professores eram heróis. Porém, hoje, são vítimas dos
alunos.
Plümer (2005) diz que essa sociedade se transforma com muita velocidade por causa dos novos
meios de comunicação em tempo real e que acontecimentos em qualquer lugar do mundo são
quase instantaneamente conhecidos por toda parte. A mesma reforça também a ideia de que
valores, crenças, costumes e hábitos foram superados pela influência das informações sobre os
comportamentos das pessoas, causando uma transformação na base das comunidades que, por
sua vez, nem sempre estão preparadas para uma absorção dessa magnitude.
A educação está falida, a violência e a alienação social aumentaram, porque, sem perceber,
cometemos um crime contra a mente das crianças e dos adolescentes. Tenho convicção
científica de que a velocidade dos pensamentos dos jovens há um século era bem menor do que
a atual, e por isso o modelo de educação do passado, embora não fosse ideal, funcionava
(CURY, 2003, p. 59).
Essa identidade multifacetada traz consigo questões sociais capazes de agravar a situação
educacional do país, isso porque a alienação das pessoas tanto na escola, quanto fora dela, está
cada dia mais real. O problema não é o acesso à tecnologia, mas a forma de usá-la.
Para essa geração, assistir filmes violentos, sensuais e polêmicos é normal e eles dizem que os
pais devem aceitar isso. Falar sobre atos sexuais e debater sobre isso na escola, para eles, é mais
normal ainda. Esse pensamento de que tudo pode e que as consequências disso não serão graves
e que não afetarão ninguém, faz desses jovens, seres capazes de transformar ainda mais a
identidade dos que ainda estão por vir, causando neles um enorme impacto social e educacional.
No entanto, cabe a seguinte indagação: Essa identidade multifacetada, acelerada e indefinida é
o reflexo das ações da sociedade?
Um fator interessante de pensar sobre identidade é observar como a geração contemporânea
traça seu perfil, tanto na sociedade como na escola. A atração por informações rápidas, por
coisas prontas, sem sequer preocuparem-se com seu contexto como um todo, tem sido o foco
da “nova sociedade”, firmando assim, suas identidades como “geração da dúvida”, pois
frequentam a escola, mas não buscam os seus desenvolvimentos formativos, vivendo a
incerteza, dizendo que ainda não sabem que rumos irão seguir, mesmo com todos os caminhos
expostos e oportunidades à espera, como nunca antes foi oportunizado.

Identidade do professor

A Educação moçambicana tem passado por grandes transformações, em consequência, nos


deparamos com alunos cujos comportamentos são cada vez mais difíceis de lidar. Mas quais
serão os motivos que levam os professores a sentirem tamanha dificuldade? Ou melhor, por que
eles ficam tão desgastados e incomodados com esse novo perfil de aluno?
A sociedade está em constante desenvolvimento, estão a cada instante vivenciando descobertas
revolucionárias e, consequentemente, expandindo-as em suas relações, seja nos familiares,
escolares ou profissionais. A educação hoje pode contar com avanços tecnológicos capazes de
aproximar os alunos de determinadas áreas de conhecimento usando ilustrações quase que reais.
Mas para que esses avanços sejam postos em prática é preciso da mediação e incentivo do
professor.
A identidade do professor nos dias atuais tem levantado questionamentos a respeito da
aprendizagem, do comprometimento do mesmo em relação ao acompanhamento da evolução
tecnológica na escola da pós-modernidade. O perfil de muitos professores está causando
desmotivação e descontrole a esses alunos, pois não querem se atualizar nos usos das
ferramentas desenvolvidas para fins estudantis, não se interessam em aprender a lidarem com
os equipamentos e tampouco aprimorarem seu planejamento escolar, abrindo uma lacuna que
não condiz com a realidade contemporânea.
O professor precisa entender que ele não é apenas um pilar da escola, mas também um pilar da
sociedade e que seu comportamento reflete na vida do aluno. Os educadores são insubstituíveis,
isso porque a solidariedade, a tolerância, a gentileza, a inclusão e os sentimentos, não podem
ser ensinados por máquinas. Cabe ao professor envolver-se mais e mediar seus conhecimentos,
para que os alunos cuja identidade é indefinida possam aprender usar de forma correta as
ferramentas revolucionárias.
Educação e sociedade

Conviver bem com o próximo é essencial e fundamental para aprender a respeitar as diferenças
e a cultura alheia, até mesmo conhecer melhor a sua própria. E o ambiente escolar oportuniza
isso em seu espaço. A educação visa melhorar a própria vida e a vida social. Os sujeitos dessa
educação, professores e alunos, preparam-se para essa convivência a partir da organização do
ambiente escolar, almejando sempre o melhor ou pelo menos o que acham que pode ser melhor.
A pessoa precisa sentir que, no ambiente escolar, é tratada de forma digna e justa, assim como
envolver-se mais na ampliação da organização da mesma, deixando de apresentar uma
identidade indefinida, multifacetada, para fomentar uma identidade transformada e centrada na
aprendizagem relevante.
A escola continua sendo a responsável pela aprendizagem e formação da pessoa cidadã, mesmo
com todas as suas dificuldades atuais e no decorrer da história.
Kant (1993) diz que o homem precisa ser educado e que essa educação contempla dois planos:
um de fora para dentro e outro de dentro para fora. Pode-se dizer então que o aluno precisa
envolver-se no ambiente que terá oportunidade de transformá-lo, de modificá-lo, para que
através dessa influência externa ele possa assimilar internamente essa modificação e também
agir construtivamente no ambiente escolar. A família também deve fazer parte desse ambiente,
para que o envolvimento do discente seja mais promissor, pois se sabe que estudantes, cuja vida
escolar é acompanhada pelos familiares, destacam-se no desenvolvimento da aprendizagem,
assimilação dos conteúdos e são mais calmos.
Contudo, precisa-se de envolvimento e comprometimento tanto de professores e alunos, quanto
de toda a família, para que o ambiente de convivência, de aprendizagem seja harmonioso e que
a escola passe a ser definida dentro de um padrão estabelecido pela ética, pelo respeito e que os
novos meios de informação sejam colocados em prática com a mediação do professor e dos
familiares.

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