Texto de Apoio II
Texto de Apoio II
Texto de Apoio II
O distanciamento familiar da escola tem gerado perdas de ambas as partes, isso porque a
cumplicidade e a responsabilidade devem estar divididas na sua proporção para que o sucesso
seja real. Vivencia-se uma frequência cada vez menor dos pais nas reuniões da escola, nas
visitas que deveriam ser feitas, no diálogo com o corpo docente e direção escolar. Vive-se
também por parte dos docentes, a busca por melhorias financeiras e um estresse constante por
terem que distribuírem seu tempo em três horários e/ou em duas escolas, atrapalhando uma
preparação mais eficiente para exercer as tarefas escolares cada dia mais ampliada.
Segundo Oliveira (2005), a família possui algumas funções específicas, tanto no universo,
quanto na formação dos indivíduos e essas funções são sexual, reprodutiva, econômica e
educacional. Dessas funções, as duas primeiras estão para garantir a satisfação sexual do
homem e da mulher e a reprodução da espécie. Já a de caráter econômico garante condições de
desenvolvimento, através dos materiais necessários e assegura a sobrevivência. Em se tratando
da função educadora, afirma-se que a mesma envolve valores, crenças, hábitos, ritos, padrões
culturais e mitos que estão instalados na sociedade, e é a razão pela qual a família é sempre
concebida como a primeira instituição socializadora.
Todos os dias milhares de estudantes vão à escola, o problema é que não se sabe ao certo qual
objetivo eles têm em mente, pois com o advento da tecnologia e de informações instantâneas,
muitos acham que as aulas tornam-se quase desnecessárias e que as informações acessadas por
eles na internet os completam e os tornam capazes de ir além do que os seus pais previam.
Frequentar as aulas na posse de aparelhos eletrônicos com acesso instantâneo a informações da
internet tem preocupado professores em relação à identidade dessa geração, isso por que as
aulas mediadas pelos professores estão ficando em segundo plano ou em plano nenhum, pois o
uso de celulares no decorrer da explicação do assunto é frequente. O fato que chama atenção é
saber o porquê não se vê mais interesse em saber sobre as questões relevantes na escola, mas
sim sobre vídeos engraçados, frases irônicas, quem está “ficando” com quem, etc.
Cury (2003) relata que antigamente os pais eram autoritários e que hoje esse papel pertence aos
filhos; o mesmo diz ainda que antes os professores eram heróis. Porém, hoje, são vítimas dos
alunos.
Plümer (2005) diz que essa sociedade se transforma com muita velocidade por causa dos novos
meios de comunicação em tempo real e que acontecimentos em qualquer lugar do mundo são
quase instantaneamente conhecidos por toda parte. A mesma reforça também a ideia de que
valores, crenças, costumes e hábitos foram superados pela influência das informações sobre os
comportamentos das pessoas, causando uma transformação na base das comunidades que, por
sua vez, nem sempre estão preparadas para uma absorção dessa magnitude.
A educação está falida, a violência e a alienação social aumentaram, porque, sem perceber,
cometemos um crime contra a mente das crianças e dos adolescentes. Tenho convicção
científica de que a velocidade dos pensamentos dos jovens há um século era bem menor do que
a atual, e por isso o modelo de educação do passado, embora não fosse ideal, funcionava
(CURY, 2003, p. 59).
Essa identidade multifacetada traz consigo questões sociais capazes de agravar a situação
educacional do país, isso porque a alienação das pessoas tanto na escola, quanto fora dela, está
cada dia mais real. O problema não é o acesso à tecnologia, mas a forma de usá-la.
Para essa geração, assistir filmes violentos, sensuais e polêmicos é normal e eles dizem que os
pais devem aceitar isso. Falar sobre atos sexuais e debater sobre isso na escola, para eles, é mais
normal ainda. Esse pensamento de que tudo pode e que as consequências disso não serão graves
e que não afetarão ninguém, faz desses jovens, seres capazes de transformar ainda mais a
identidade dos que ainda estão por vir, causando neles um enorme impacto social e educacional.
No entanto, cabe a seguinte indagação: Essa identidade multifacetada, acelerada e indefinida é
o reflexo das ações da sociedade?
Um fator interessante de pensar sobre identidade é observar como a geração contemporânea
traça seu perfil, tanto na sociedade como na escola. A atração por informações rápidas, por
coisas prontas, sem sequer preocuparem-se com seu contexto como um todo, tem sido o foco
da “nova sociedade”, firmando assim, suas identidades como “geração da dúvida”, pois
frequentam a escola, mas não buscam os seus desenvolvimentos formativos, vivendo a
incerteza, dizendo que ainda não sabem que rumos irão seguir, mesmo com todos os caminhos
expostos e oportunidades à espera, como nunca antes foi oportunizado.
Identidade do professor
Conviver bem com o próximo é essencial e fundamental para aprender a respeitar as diferenças
e a cultura alheia, até mesmo conhecer melhor a sua própria. E o ambiente escolar oportuniza
isso em seu espaço. A educação visa melhorar a própria vida e a vida social. Os sujeitos dessa
educação, professores e alunos, preparam-se para essa convivência a partir da organização do
ambiente escolar, almejando sempre o melhor ou pelo menos o que acham que pode ser melhor.
A pessoa precisa sentir que, no ambiente escolar, é tratada de forma digna e justa, assim como
envolver-se mais na ampliação da organização da mesma, deixando de apresentar uma
identidade indefinida, multifacetada, para fomentar uma identidade transformada e centrada na
aprendizagem relevante.
A escola continua sendo a responsável pela aprendizagem e formação da pessoa cidadã, mesmo
com todas as suas dificuldades atuais e no decorrer da história.
Kant (1993) diz que o homem precisa ser educado e que essa educação contempla dois planos:
um de fora para dentro e outro de dentro para fora. Pode-se dizer então que o aluno precisa
envolver-se no ambiente que terá oportunidade de transformá-lo, de modificá-lo, para que
através dessa influência externa ele possa assimilar internamente essa modificação e também
agir construtivamente no ambiente escolar. A família também deve fazer parte desse ambiente,
para que o envolvimento do discente seja mais promissor, pois se sabe que estudantes, cuja vida
escolar é acompanhada pelos familiares, destacam-se no desenvolvimento da aprendizagem,
assimilação dos conteúdos e são mais calmos.
Contudo, precisa-se de envolvimento e comprometimento tanto de professores e alunos, quanto
de toda a família, para que o ambiente de convivência, de aprendizagem seja harmonioso e que
a escola passe a ser definida dentro de um padrão estabelecido pela ética, pelo respeito e que os
novos meios de informação sejam colocados em prática com a mediação do professor e dos
familiares.