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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DOSUL - UFRGS

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÁO EM ENGENHARIA CIVIL - CPGEC

ANÁLISE NUMÉRICA E EXPERIMENTAL DO

COMPORTAMENTO DE FUNDAÇ~ESSUPERFICIAIS

ASSENTES EM SOLO MELHORADO

Dissertação a ser apresentada ao corpo docente do Curso de Pós-Graduação


em Engenharia Civil da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de MESTRE EM
ENGENHARIA.

Porto Alegre

1996
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de MESTRE
EM ENGENHARIA e aprovada em sua forma final pelo orientador e pelo Curso de
Pós-Graduação em Engenharia Civil - CPGEC.

Prof. Nilo Cesar Consoli (Ph.D. - Concordia University - Canadá)


Orientador

' Profa. ~ e n i C.C.


d Dal Molin
Coordenador

BANCA EXAMINADORA

Prof. Adriano Virgílio Damiani Bica


Ph.D. - University of Surrey - UK

Prof. Fernando Schnaid


Ph.D. - University of Oxford - UK

Prof. Jarbas Milititsky


Ph.D. - University of Surrey - UK

Prof. Márcio Muniz de Farias (examinador externo)


Ph.D. - University of Wales - Swansea - UK
iii

Dedico este trabalho


aos meus pais Matheus e
Maria de Lurdes
AGRADECIMENTOS

Desejo externar meus agradecimentos as seguintes pessoas e


instituições:

Ao professor orientador Nilo César Consoli pela atenção que dedicou a


este trabalho, pelos ensinamentos transmitidos, pelo incentivo, e sobretudo, pela
amizade.

A todos os professores do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil


da Universidade Federal do Rio Grande do Sul pelos ensinamentos transmitidos,
em especial, aos professores Adriano V.D. Bica, pelo auxílio na realização dos
ensaios triaxiais, e Femando Schnaid, pelas valiosas sugestões e contribuições
dadas para a realização deste trabalho.

Aos funcionários do Laboratório de Mecânica dos Solos da UFRGS, João


Floriano da Silva e João Diniz, pela colaboração durante a realização dos ensaios
de campo e laboratório.

A auxiliar de pesquisa Fernanda Santos pela colaboração na realização


dos ensaios de laboratório.
,

A CAPES pelo apoio financeiro concedido.

A Wacker Máquinas pelo empréstimo do compactador.

A CEEE pelo empréstimo do caminhão Munck e da retroescavadeira para


a realização dos ensaios de campo.
A todos os colegas do CPGEC/UFRGS pelo convívio e amizade. Em
especial, a turma de geotecnia de 94, Bibiana Cardoso Fogaça, Dante René Bosch
e Maria Regina Horn, pelas muitas horas compartilhadas de estudo, pelo
companheirismo e amizade.

Ao Dante René Bosch, João Antônio Harb Carraro, Luís Fernando


Pedroso Sales e Luís Otávio Bettiol Prates da Cunha pelo auxílio na realização dos
ensaios de campo.

A Bibiana Cardoso Fogaça pelo empréstimo da impressora para a


impressão final do presente trabalho.

Ao Antônio Thomé, José Antônio Rohlfes Junior e Fernando Maria


Mántaras pelo auxílio durante a realização da análise numérica.

A Diana, Joana, Enes e Wilaldo pelo incentivo e incansável apoio


prestado.

A minha família que sempre me auxiliou e incentivou.


LISTA DE FIGURAS.................................................................................................xi
LISTA DE TABELAS.................................................................................................xv
LISTA DE S~MBOLOSE SIGLAS.............................................,...............................xvi
RESUMO..................................................................................................................
xix
ABSTRACT...............................................................................................................xx

CAP~TULOI
INTRODUÇÃO
1.ICOMENTÁRIOS .....................................................................................O1
INICIAIS
E RELEVANCIA DA PESQUISA...............................................................01
1.2 PROBLEMA
........................................................................................................O2
1.3 OBJETIVOS..
DE DESENVOLVIMENTODA PESQUISA.......................................................O3
1.4 M~TODO
DO TRABALHO.. .................................................................................O4
1.5ESTRUTURA

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
DE SOLOS.. ..................................................................................O6
2.1 ESTABILIZAÇAO
2.1.1 Compactação..........................................................................................06
2.1.2 Estabilização com cimento.. ....................................................................O9
2.1.2. IGeneralidades.............................................................................O9
2.1.2.2 O mecanismo de estabilização....................................................09
2.1.2.3 Materiais apropriados para a estabilização com cimento............12
2.1.2.4 Alteração das propriedades do solo............................................14
EM ENSAIOS TRIAXIAIS................................................................. 1 7
2.2 DEFORMAÇ~ES
DE CAMPO.....................................................................:. ......................-20
2.3 ENSAIOS
2.3.1 Generalidades.......................................................................................... 20
2.3.2 Prova de carga em placa..........................................................................22
2.4 CASOSHIST~RICOSDO USO DE FUNDAÇÓES SUPERFICIAIS
SOBRE SOLO MELHORADO..................................................................................... 27
2.5 METODOS ................................................................................... 30
NUMERICOS
2.5.1 O Método dos Elementos Finitos............................................................. 31
2.5.2 Aplicações do MEF no estudo de fundações superficiais........................ 35

CAP~TULO3
CARACTERIZAÇAO DO LOCAL DE ESTUDO
PRELIMINARES....................................................................................
3.1 ESTUDOS -41
3.2 LOCALIZAÇAO.................................................................................................... -41
3.3 FORMAÇ~O
GEOL~GICA ...............................................................41
E PEDOL~GICA
3.4 ENSAIOSDE CARACTERIZAÇAO DO SUBSOLO......................................................... 44
3.4.1 Ensaios de campo..................................................................................-44
3.4.2 Ensaios de laboratório............................................................................ -45
' .
3.4.2.1 Indices Físicos............................................................................ 45
3.4.2.2 Granulometria............................................................................45
3.4.2.3 Densidade real dos Grãos.......................................................... 48
3.4.2.4 Limites de Atterberg e atividade coloidal.....................................48
3.4.2.5 Cisalhamento direto..................................................................... 49
3.4.2.6 Ensaios triaxiais.......................................................................... -50
3.4.2.7 Ensaios de medida de sucção..................................................... 51

CAP~TULO4
DESCRIÇÃO DO PROGRAMA DE PESQUISA
4.1 ETAPAEXPERIMENTAL.........................................................................................52
4.1.1 Ensaios de laboratório............................................................................ 52
4.1.1.1 Dosagem da mistura solo-cimento............................................5 2
4.1.1.2 Ensaios de compactação............................................................ 53
2.1 Materiais utilizados...................................................... 53
4.1.l.
4.1.1.2.1.1 O solo......................................................... 53
4.1.1 .2.1.2 O cimento................................................... 54
4.1.1.2.2.3Aágua ........................................................ 54
4.1 .1.2.2 Preparação do solo....................................................... 55
4.1.1.2.3 Mistura.......................................................................... 55
4.1.1.2.4 Procedimento de ensaio.............................................. 55
4.1.1.3 Ensaios de resistência a compressão triaxial............................. 56
3.1 Medição de deformação axial....................................... 56
4.1 .l.
4.1.1.3.2 Calibração dos transdutores de
deformação axial..........................................................57
4.1.1.3.3 Aplicação da pressão confinante e
da contra-pressão........................................................59
4.1.1.3.4 Medição da poro-pressão e da pressão
confinante.................................................................... 59
4.1 . l .3.5 Medição da força axial..................................................60
4.1.1.3.6 Medição da variação volumétrica.................................60
4.1.1.3.7 Interface equipamento triaxial-computador...................60
4.1.1.3.8 Leitura zero dos transdutores.......................................60
4.1.1.3.9 Amostragem e moldagem dos corpos de prova............61
4.1.1 .3.10 Montagem do equipamento........................................61
4.1.1.3.1 1 Execução do ensaio................................................... 62
4.1.2 Ensaios de campo................................................................................... 63
4.1.2.1 Escavação das valas e preparação do solo................................ 63
4.1.2.2 Compactação do solo natural......................................................64
4.1.2.3 Compactação da mistura solo-cimento........................................64
4.1.2.4 Descrição do compactador..........................................................65
4.1.2.5 Determinação da densidade do solo "in situ"..............................67
4.1.2.6 Ensaios de placa.........................................................................67
4.1.2.6.1 Sistema de reação....................................................... -68
4.1.2.6.2 Sistema de transmissão de carga.................................68
4.1.2.6.3 Sistema de medição de deslocamentos....................... 69
4.1.2.6.4 Execução de ensaio.................................................... 71
4 .I.2.6.4.1 Preparação do ensaio................................ 71
4.1.2.6.4.2 Aplicação do carregamento........................71
................................................................................................ 72
4.2 ETAPANUMERICA
4.2.1 O Modelo Pseudo-Elástico Não Linear.................................................... 73
4.2.2 O programa CRISP-90............................................................................. 77
4.2.3 Análise numérica.....................................................................................79

CAP~TULO5
APRESENTAÇAO E ANALISE DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS
DOS ENSAIOS DE COMPACTAÇAO ....................,
5.1 RESULTADOS ................................80
5.2 ENSAIOSTRIAXIAIS ............................................................................................... 84
5.2.1 Trajetória de tensões efetivas.................................................................. 85
5.2.2 Curvas tensão-deformação axial-variação volumétrica.......................... 85
5.2.3 Módulo secante.......................................................................................92
5.2.4 Envoltória de tensões.............................................................................96
5.2.5 Comparação dos ensaios triaxiais com amostras de campo e
laboratório...............................................................................................98
5.3 ENSAIOSDE PLACA...........................................................................................I03

CAP~TULO6
ANÁLISES NUMÉRICAS
............................................................................................. 107
6.1 GENERALIDADES
6.2 AVALIAÇAODOS PARÂMETROS H~PERB~LICOS
DAS CAMADAS DE SOLO

NATURAL COMPACTADO E MISTURA SOLO-CIMENTO .............................................. 107


6.2.1 Parâmetros hiperbólicos da camada de solo natural compactado........109
6.2.2 Parâmetros hiperbólicos da camada de solo-cimento...........................109
6.2.3 Parâmetros hiperbólicos do solo residual.............................................. 112
6.3 AVALIAÇAODOS PARAMETROS HIPERB~LICOS..................................................... 112
6.3.1 Previsões dos ensaios triaxiais drenados com amostras
de solo natural compactado...................................................................112
6.3.2 Previsões dos ensaios triaxiais drenados com amostras
de solo melhorado com cimento............................................................ 113
6.4 SIMULAÇAONUMERICADOS ENSAIOS DE PLACA VERSUS RESULTADOS
EXPERIMENTAIS................................................................................................. 113
6.4.1 Introdução.............................................................................................. 113
6.4.2 Previsão do comportamento de uma placa assente sobre
uma camada de solo compactado......................................................... 116
6.4.3 Previsão do comportamento de uma placa assente sobre
uma camada de solo melhorado com cimento......................................118
6.5 DiscussAo DOS RESULTADOS..........................................................................120

CAPITULO
7
COMENTÁRIOS FINAIS
................................................................................................... .I22
7.ICONCLUS~ES
PARA FUTURAS PESQUISAS.............................................................125
7.2 SUGEST~ES
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 .Diferentes tipos de provas de carga em placa (Pells. 1983).................24


Figura 3.1 .Localização do campo experimental.....................................................42
Figura 3.2 .Localização dos ensaios no campo experimental.................................43
Figura 3.3 .Perfil do solo (Consoli e outros,1985)...................................................44
Figura 3.4 .Ensaios de placa em solo natural a 1.20 m de
profundidade (Cudmani,1994)...............................................................45
Figura 3.5 -Curvas tensão-deformação-variação volumétrica
(Rohlfes Jr.,1996)...................................................................................50
Figura 3.6-Curva característica do Horizonte B
(Nakahara, 1995)....................................................................................
51
Figura 4.1 .Medidor de deformação axial a base de sensores de
efeito Hall (Soares,1992).......................................................................
58
Figura 4.2 - Dimensões da escavação......................................................................63
Figura 4.3 .Compactador tipo Sapo.........................................................................66
Figura 4.4 .Sistema de reação.................................................................................68
Figura 4.5 .Sistema de transmissão de carga e medição
de deslocamento (Cudmani,1994)........................................................ 69
Figura 4.6 .Sistema de medição de deslocamento................................................. 70
Figura 4.7 .Representação hiperbólica em escala transformada
(Kondner,1963)......................................................................................75
Figura 4.8 .Representação hiperbólica idealizada da curva
tensão-deformação (Kondner,1963)..................................................... 75
Figura 4.9 .Obtenção dos parâmetros K e n do modelo hiperbólico
(Kondner, 1963).....................................................................................77
Figura 5.1 .Curvas de compactação do solo natural............................................... 80
Figura 5.2 .Curvas de compactação da mistura solo-cimento............................81
Figura 5.3 .Curvas de compactação Proctor Normal............................................8 1
Figura 5.4 - Curvas de compactação Proctor Intermediário.....................................82
Figura 5.5 - Curvas de compactação Proctor Modificado................... ...................... 82
Figura 5.6 - Trajetória de tensões do solo natural compactado................................86
Figura 5.7 - Trajetória de tensões do solo melhorado com cimento.........................86
Figura 5.8 - Curvas tensão-deformação axial do solo natural compactado..............88
Figura 5.9 - Curvas deformação volumétrica-deformação axial
para o solo natural compactado............................................................
88
Figura 5.10-Curvas tensão-deformação axial do solo melhorado
com cimento..........................................................................................89
Figura 5.1 1-Curvas deformação volumétrica-deformação axial
para o solo melhorado com cimento......................................................89
Figura 5.12-Curvas tensãodeformação axial do solo natural compactado..............90
Figura 5.13-Curvas deformação volumétrica-deformação axial para o solo
natural compactado...............................................................................90
Figura 5.14 -Curvas tensãodeformação axial do solo melhorado
com cimento com.. ...............................................................................-91
Figura 5.15 -Curvas deformação volumétrica-deformação axial para
o solo melhorado com cimento.............................................................
91
Figura 5.16 - Comparação das curvas tensão-deformação axial entre o solo natural
compactado (TCO) e o solo melhorado com cimento (TCI).................93
Figura 5.17 - Curvas deformação volumétrica-deformação axial do solo natural
compactado (TCO) e do solo melhorado com cimento (TCI)...............93
Figura 5.18 - Comparação das curvas tensão-deformação axial entre o solo natural
compactado (TCO) e o solo melhorado com cimento (TCI).................94
Figura 5.19 - Curvas deformação volumétrica-deformação axial do solo natural
compactado (TCO) e do solo melhorado com cimento (TCI)...............94
Figura 5.20 - Variação do módulo secante com a deformação axial com
medida local e externa para o solo natural compactado com
tensão confinante de 20 kNlm2 ............................................................95
Figura 5.21- Variação do modulo secante com a deformação axial com
medida local e externa para o solo melhorado com cimento
para tensão confinante de 20 kN/m2 ................................................... 95
Figura 5.22 - Envoltória de tensões de pico para o solo natural compactado
xiii

e o solo melhorado com cimento......................................................... 97


Figura 5.23 - Envoltória de tensões residual para o solo natural compactado
e o solo melhorado com cimento......................................................... 97
Figura 5.24 - Comparação das curvas tensão-deformação axial com medida
local de amostras de campo e laboratório para o solo
natural compactado com tensão confinante de 20 kN/m2................... 99
Figura 5.25 - Comparação das curvas tensão-deformação axial com medida
local de amostras de campo e laboratório para o solo
natural compactado com tensão confinante de 100 kNlm2.................99
Figura 5.26 - Comparação das curvas tensão-deformação axial de amostras de
campo e laboratório com medida local para o solo melhorado
com cimento com tensão confinante de 20 kN/m2.............................100
Figura 5.27 - Comparação das curvas tensão-deformação axial de
amostras de campo e laboratório com medida local
para o solo melhorado com cimento com tensão
confinante de 60 kNlm2 .....................................................................IO0
Figura 5.28 - Comparação das curvas tensão-deformação axial
de amostras de campo e laboratório com medida
local para o solo melhorado com cimento com tensão
confinante de 100 kN1m2 ...................................................................IO1
Figura 5.29 - Curvas carga-recalque do solo natural compactado.........................104
Figura 5.30 - Curva carga-recalque do solo melhorado com cimento.................. 104
Figura 5.31 - Curvas carga-recalque do solo natural, solo compactado
e do solo melhorado com cimento....................................................105
Figura 6.1 - Calibração da relação hiperbólica ( E ~ I-O03)
~x para o solo
natural compactado.. ...................................................................... I 10
Figura 6.2 - Calibração da relação log (Eilpa) x log (03/pa)para o solo
natural compactado.. ...........................................................................I10
Figura 6.3 - Calibração da relação hiperbólica ( E ~ I-O03)
~ x E, para o solo
melhorado com cimento......................................................................I11
Figura 6.4 - Calibração da relação log (Eilpa) x log (odpa) para o solo
melhorado com cimento...................................................................... I11
Figura 6.5 (a) - Comparação entre curvas tensão-deformação experimentais
e calculadas analiticamente com o Modelo Hiperbólico
para o solo natural compactado.. ..................................................I14
Figura 6.5 (b) - Comparação entre curvas tensão-deformação experimentais
e calculadas analiticamente com o Modelo Hiperbólico
para o solo natural compactado.. ..............................................I 14
-
Figura 6.6 (a) Comparação entre curvas tensão-deformação experimentais
e calculadas analiticamente com o Modelo Hiperbólico
para o solo melhorado com cimento...............................................115
Figura 6.6 (b) - Comparação entre curvas tensão-deformação experimentais
e calculadas analiticamente com o Modelo Hiperbólico
para o solo melhorado com cimento...............................................I15
Figura 6.7 - Malha de Elementos Finitos utilizada na análise dos ensaios
de placa circulares em solo melhorado...............................................
117
Figura 6.8 - Comparação entre os resultados de ensaios de campo e
da simulação numérica de uma placa circular assente sobre
uma camada de solo natural compactado...........................................119
Figura 6.9 - Comparação entre os resultados de ensaio de campo e
da simulação numérica de uma placa circular assente sobre
uma camada de solo melhorado com cimento.................................119
Figura 6.10 - Comparação das curvas tensão-recalque normalizado
entre o solo natural, solo compactado e o solo
melhorado com cimento.. ................................................................... I 2I
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 .índices físicos (Nakahara.1995).......................................................46


Tabela 3.2 - Análise granulométrica (Meksraitis.1988; Nakahara.1995;
Rohlfes Junior. 1996)......................................................................... 46
Tabela 3.3 - Classificação granulométrica (Meksraitis.1988; NakaharaJ 995;
Rohlfes Junior. 1996)........................................................................-47
Tabela 3.4 .Limites de Atterberg e atividade coloidal (Nakahara,1995;
Rohlfes Junior. 1996).........................................................................48
Tabela 3.5 .Parâmetros de resistência obtidos por cisalhamento direto
(Matos.1989; Dias.1987; Meksraitis.1988; Mántaras.1994)............. 49
Tabela 4.1 - Características físico-químicas do cimento
(Silva Filho.1994)............................................................................
-54
Tabela 5.1 - Características de compactação...................................................... 83
Tabela 5.2 - Características de compactação de campo...................................... 84
Tabela 5.3 - Valores do módulo secante de deformação..................................... 92
Tabela 5.4 - Parâmetros de resistência................................................................96
Tabela 6.1 - Parâmetros hiperbolicos................................................................. 113
LISTA DE S~MBOLOSE SIGLAS

ângulo de atrito interno


coeficiente de Poisson
teor de umidade
tensão principal maior
tensão principal menor
deformação axial
densidade aparente seca
Ynat densidade natural
teor de umidade ótimo
matriz de relações geométricas
matriz que contém a lei constitutiva do material
vetor de forças do sistema completo
matriz de rigidez do elemento
matriz de rigidez do sistema completo
Vetor de funções de interpelação
vetor de deformações
vetor de deslocamentos do sistema completo
vetor de deslocamentos nodais no elemento
vetor de tensões
vetor de forças nodais no elemento
vetor resíduo de cargas
constantes
constantes do modelo hiperbólico (Equação 4.1)
AASHTO American Association of State Highway and Transport Officials
A, Atividade coloidal
ASTM American Society for Testing and Materials
B diâmetro da placa, largura da fundação
C coesão
CAH Aluminato de cálcio hidratado
CEEE Companhia Estadual de Energia Elétrica
CID Consolidado Isotropicamente Drenado
CRISP Critical State Program
CSH Silicato hidratado de cálcio
D densidade, diâmetro da placa
e índice de vazios
E módulo de deformação axial (módulo de youngj
Ei módulo de elasticidade inicial
Es(o.os, módulo secante a 0.05% de deformação axial
ES(0.1) módulo secante a 0.1% de deformação axial
C módulo de elasticidade tangente
H espessura da camada tratada
HRB Highway Research Board
IP índice de Plasticidade
K,n parâmetros do modelo hiperbólico (Equação 4.7)
K, coeficiente de tensões laterais para deformação unidimensional
&r parâmetro do modelo hiperbólico para descarregamento-
recarregamento
L largura da sapata
LC Limite de contração
LL Limite de Liquidez
LP Limite de plasticidade
LVDT Transdutor Diferencial Variável Linear
MEF Método dos Elementos Finitos
NBR Norma Brasileira
Pa pressão atmosférica
PVA Podzólico Vermelho Amarelo
Rf parâmetro do modelo hiperbólico (Equação 4.5)
xviii

S grau de saturação
S Resistência
v volts

OBS: Não foram inseridos nesta lista símbolos de compostos químicos de


conhecimento geral.
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo estudar o comportamento de camadas


superficiais de solo melhorado como base de fundações superficiais. Nesta
pesquisa foram realizados ensaios de placa de 30 cm de diâmetro sobre camadas
de solo residual compactado e de solo tratado com cimento (teor de 5% de
cimento), ambas com 60 cm de espessura. O programa experimental também incluiu
a retirada de amostras de campo das camadas de solo melhorado para a execução
de ensaios triaxiais drenados (CID) com medida interna de deformações, a fim de
obter parâmetros constitutivos para a realização de simulações numéricas. Uma
comparação entre os resultados dos ensaios triaxiais com amostras retiradas em
campo e moldadas em laboratório (Rohlfes Junior, 1996) é apresentada. A diferença
entre os resultados dos ensaios triaxiais com amostras de campo e laboratório foi
significativa para o caso das amostras de solo melhorado com cimento, tal fato é
atribuído principalmente a dificuldade de mistura em campo. O Método dos
Elementos Finitos foi utilizado para simular o comportamento carga x recalque das
placas assentes sobre camadas de solo melhorado. O modelo Pseudo-Elástico Não
Linear (Hiperbólico) foi empregado na análise numérica para modelar o
comportamento dos novos materiais. Os resultados dos ensaios de placa sobre
camadas de solo melhorado demonstraram que houve um aumento significativo da
capacidade de suporte, além de uma redução considerável dos recalques, quando
comparados ao comportamento carga x recalque do solo natural (Cudmani, 1994). A
analise do comportamento de fundações superficiais assentes em solos
estratificados, através de simulações numéricas, demonstrou ser eficiente para a
previsão do comportamento carga x recalque das mesmas.
ABSTRACT

The aim of this research is to study the behavior of layers of improved soil as a
base for shallow foundations. In this work, plate loading tests of 30 cm diameter
have been performed over layers of compacted soil and soil-cement mixtures (5% of
cement in weight), both with 60 cm of thickness. The experimental program has also
included sampling of improved soils in the field and the execution of drained triaxial
tests with interna1 measurement of deformation. The triaxial tests results were used
to obtain constitutive parameters for numerical simulation of the plate loading tests.
A comparison between results of triaxial tests with samples collected in the field and
obtained in laboratory conditions (Rohlfes Junior, 1996) is presented. The difference
between field and laboratory samples was significant mainly for soil-cement mixture,
due to field mixing problems. The finite element method was used to simulate the
load-settlement behavior of plates based on improved soil layers. The hyperbolic
model was used in the numerical analysis to reproduce the stress-strain behavior of
the new materials. The results of the plate loading tests on layers of improved soils
have shown an increase of bearing capacity, as well as, a reduction of settlements
when compared to the test on natural soil (Cudmani, 1994). The analysis of the
behavior of shallow foundations based in layered soils, through numerical
simulation, have shown its efíiciency in forecasting load-settlement behavior in the
field.
1.1 COMENTÁRIOS INICIAIS

A previsão do comportamento carga-recalque de fundações


. superficiais está entre os problemas mais comuns no projeto de fundações, e ainda
assim, é um problema complexo de interação solo-estrutura que requer a utilização
de métodos numéricos, entre os quais, o Método dos Elementos Finitos, para a sua
solução adequada. Simplificações são usualmente utilizadas na prática de
engenharia.

1.2 PROBLEMA E RELEVÂNCIA DA PESQUISA

Um solo ideal para o assentamento de fundações superficiais deve ter


boa
-
capacidade de suporte e baixa deformabilidade. É comum, na natureza, a
ocorrência de materiais que não preencham essas duas condições, dificultando
assim, o uso de fundações superficiais.

A solução construtiva geralmente empregada em locais com perfis de


solo de baixa capacidade de suporte e alta deformabilidade é de fundações
profundas, as quais, ou transferem as cargas predominantemente através de sua
área lateral ou são assentadas em estratos mais resistentes para suportar as cargas
de projeto, o que nem sempre é viável técnica e economicamente, já que no caso de
habitações de baixo custo, estas fundações podem vir a ser uma parcela
considerável no custo total da obra.
Outras alternativas que o engenheiro dispõe são as de remover o
material existente no local e substitui-lo por outro de melhor qualidade (Hilmer e
outros, 1983) ou modificar as propriedades geotécnicas do solo existente de modo a
criar um novo material capaz de possibilitar o uso de fundações superficiais e
preencher as exigências de projeto (Minkov e outros, 1981 e 1985; Stefanoff e
outros, 1983; Nabil, 1993; Thomé, 1994; Prietto, 1996; Rohlfes Junior, 1996; entre
outros).

As propriedades de um solo podem ser alteradas através de diferentes


processos. Ingles e Metcalf (1972) apresentam várias recomendações para
determinar o método mais adequado para melhorar um determinado tipo de solo,
entre as quais, a compactaçâo mecânica e a estabilização físico-quimica.

A técnica de melhoramento de solos, muito utilizada em pavimentação,


nas últimas décadas tem sido aplicada a fundações. Pesquisadores do mundo
inteiro tem demonstrado interesse no estudo do comportamento destes tipos de
solos e várias pesquisas tem sido desenvolvidas sobre o assunto. Em particular, o
grupo de geotecnia do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFRGS
tem desenvolvido pesquisas do gênero e alguns resultados obtidos são relatados
por Thomé (1994), Prietto (1996) e Rohlfes Junior (1996).

1.3 OBJETIVOS

O objetivo geral do presente trabalho é estudar o comportamento de


camadas superficiais de solo melhorado como base de fundações superficiais.

Nesta pesquisa são estabelecidos os seguintes objetivos específicos:

Verificar a aplicabilidade do ensaio de placa na previsão do


comportamento carga x recalque de fundações superficiais sobre solo
melhorado;
3

Comparar os resultados dos ensaios de placa em solo melhorado com


resultados dos ensaios de placa em solo natural já realizados no
mesmo local (Cudmani, 1994);

Realizar ensaios triaxiais com amostras de campo do solo melhorado a


fim de obter parâmetros constitutivos para a aplicação em simulação
numérica;

Prever o comportamento carga x recalque de fundações superficiais


(placas circulares) através de simulações numéricas utilizando o
Modelo Pseudo-Elástico Não Linear (Hiperbólico) implementado no
programa CRISP-90, o qual é baseado n o Método dos Elementos
Finitos. Portanto, é analisado o comportamento completo da curva
carga x recalque, não sendo objetivo do trabalho a previsão pontual da
capacidade de suporte utilizando teorias de equilíbrio limite;

Verificar a aplicabilidade da metodologia proposta na previsão do


comportamento carga x recalque de fundações superficiais assentes
sobre camada de solo melhorado.

1.4 MÉTODO DE DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

A presente pesquisa pode ser dividida em 5 partes: (I)


revisão
bibliográfica, (2) programa experimental, (3) análise dos resultados experimentais,
(4) simuiações numéricas e (5) redação final.

Na primeira parte foi revisada a literatura existente dos principais


tópicos abordados na dissertação: estabilização de solos, ensaios triaxiais, ensaios
de placa, casos históricos do uso de fundações superficiais em solo melhorado,
Método dos Elementos Finitos, aplicações do Método dos Elementos Finitos no
estudo de fundações superficiais.
A segunda parte consistiu no planejamento e execução dos ensaios de
campo e laboratório (ensaios de compactação, ensaios triaxiais, execução de duas
camadas compactadas de solo melhorado em campo, determinação da densidade
"in situ", ensaios de placa).

A terceira parte consistiu na análise dos resultados obtidos na etapa


experimental visando identificar a influência do tratamento do solo na resistência e
deformabilidade dos mesmos.

A quarta parte, análise numérica, consistiu na previsão do


comportamento carga x recalque de uma placa assente em solo melhorado através
do uso do Método dos Elementos Finitos (programa CRISP-90), onde se encontra
implementado o modelo constitutivo Hiperbólico.

A última parte consistiu na redação final da pesquisa resultando na


presente dissertação de mestrado.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

A dissertação foi dividida em 7 capítulos. A seguir é apresentada uma


descrição dos assuntos que cada capítulo irá abordar.

No capitulo 1 e feita uma breve introdução onde são definidos o


problema de pesquisa, os objetivos e o método de desenvolvimento da pesquisa.

No capitulo 2 é apresentada a revisão da literatura dos principais


tópicos abordados nesta dissertação.

No capitulo 3 é apresentada uma descrição do local de estudo com


alguns resultados de investigações geotécnicas já realizadas no local.

No capítulo 4 é apresentado o programa experimental com uma


descrição dos equipamentos utilizados e dos métodos seguidos para a execução
dos ensaios. É feito também uma descrição do programa CRISP-90 e dos passos
necessários para a obtenção dos parâmetros da relação constitutiva utilizada
(Modelo Hiperbólico).

No capítulo 5 são apresentados e analisados os resultados


experimentais obtidos dos ensaios de campo e laboratório.

No capítulo 6 são apresentados e discutidos os resultados obtidos da


análise numérica e são comparados com os resultados experimentais.

No capítulo 7 são apresentadas as conclusões e sugestões para


futuras pesquisas.
2.1 ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS

Denomina-se estabilização de solos, de acordo com Ingles e Metcalf


(1972), a aplicação de processos e técnicas que busquem a melhoria das
propriedades mecânicas desses materiais. O aumento da resistência, da rigidez e
da durabilidade são algumas das alterações mais importantes nas propriedades
mecânicas do solo.

A estabilização de solos é uma técnica antiga desenvolvida


principalmente para pavimentação, porém, tal conjunto de processos tem sido
largamente utilizado, não somente na área de pavimentos, mas em diversas outras
áreas, como fundações, contenção de taludes e barragens.

A melhoria das propriedades fisicas do solo podem ser obtidas de


várias formas, como por exemplo, por compactação, drenagem, estabilização
granulométrica, estabilização por processos físico-químicos, estabilização térmica,
injeções de materiais estabilizantes, entre outras.

2.1.1 Compactação

Compactação, de acordo com Hilf (1975), é o processo pelo qual uma


massa de solo, constituída de partículas sólidas, ar e água, é reduzida em volume
pela aplicação de cargas, .essencialmente, pela expulsão de ar do sistema sem
significativa mudança na quantidade de água da massa de solo.
Embora existam vários métodos de compactação em laboratório e
diferentes tipos de esforços usados na construção de aterros compactados, o efeito
da umidade do solo no resultado da densidade é similar para todos os métodos.
Para cada procedimento de compactação há uma umidade ótima para a qual resulta
o estado de maior densidade ou estado de maior compacidade. Cada solo tem sua
própria curva característica densidade x umidade para um dado esforço de
compactaçáo.

A compactação realizada em umidades inferiores ou superiores a


ótima resulta em densidades menores.

A altas umidades, a densidade é baixa porque grande parte do volume


é ocupado pela água. Quando a saturação é alcançada, isto é, quando todo o ar é
expulso, a força de compactação é aplicada a água nos poros, desenvolvendo poro-
pressão, o que impede a compactação. A baixas umidades, a grande resistência
entre as partículas é devido a alta sucção que impede maiores deformações.

Proctor (1933), citado por Hilf (1975), salienta que a umidade num solo
relativamente seco cria efeitos de capilaridade (sucção) que mantém as partículas
unidas resultando em alta resistência de atrito, que se opõe ao esforço de
compactação.

Segundo o mesmo autor, a compactação do solo com maiores


umidades causa um rearranjo das partículas devido ao aumento da lubrificação
fornecido pela água, a tal ponto que a umidade, combinada com uma pequena
quantidade de ar que o processo de compactação não pode remover, torna-se
suficiente para preencher os vazios quando o processo de compactação é
concluído.

Lambe e Whitman (1979), analisando a influência da compactação na


estrutura do solo, salientam que para uma mesma energia de compactação e um
mesmo peso específico seco dados, o solo tende a estar mais floculado quando a
compactação se dá no ramo seco, umidade inferior a ótima, do que no ramo úmido,
umidade superior a ótima. Para uma determinada umidade, o aumento da energia
de compactação tende a dispersar o solo, ordenando as partículas a uma
distribuição aproximadamente paralela, especialmente no ramo seco. O aumento da
umidade tende a aumentar a repulsão entre as partículas, permitindo assim uma
reorganização mais ordenada com uma certa quantidade de energia.

Fazendo uma análise sobre a influência da compactação sobre as


propriedades mecânicas do solo, os mesmos autores comentam que a natureza e
magnitude da compactação tem uma influência importante sobre o comportamento
do solo compactado. O aumento da umidade de compactação no ramo seco resulta
em uma redução da permeabilidade a medida que se aproxima da umidade ótima.
Em geral, a compactação do solo aumenta sua resistência, diminui sua
compressibilidade e sua permeabilidade.

Lambe e Withman (1979) mostram ainda a diferença nas


características de compactação entre duas amostras de argila saturada com o
mesmo peso especifico, uma compactada no ramo seco e outra no ramo úmido.
Com baixas pressões, a amostra compactada no ramo úmido é mais compressível
que a compactada no ramo seco. Por outro lado, a altas pressões, a amostra
compactado no ramo seco é mais compressível que a amostra compactada no ramo
úmido.

Vargas (1978) mostra a variação da resistência a penetração obtida


através de ensaios CBR com a umidade de moldagem. O solo compactado no ramo
seco apresenta maior resistência a penetração, atribuída a alta tensão capilar nos
vazios, porém, diminui a medida que aumenta o teor de umidade. Embora o corpo
de prova moldado no ramo seco apresente maior resistência, quando submetido
este corpo de prova a saturação, a mesma diminui a ponto de ser inferior a do corpo
de prova moldado na umidade ótima, sob as mesmas condições de saturação. O
autor salienta que aterros bem compactados não são aqueles que apresentam
maior resistência, e sim, são aqueles cuja resistência é estável independente das
condições climáticas.
2.1.2 Estabilização com cimento

2.1.2.1 Generalidades

De acordo com Ingles & Metcalf (1972), a adição de pequenas


quantidades de cimento, até 2%, modificam as propriedades do solo, enquanto que
quantidades maiores alterarão radicalmente as suas propriedades.

Em função deste grau de alteração, muitos autores distinguem os


termos solo estabilizado e solo melhorado ou tratado. Para Núfiez (1991), o termo
solo estabilizado designa misturas de solo e aditivo -com características de
durabilidade e resistência que permitam o seu emprego como base de pavimento
rodoviário. Já o termo solo melhorado, é empregado a misturas de solo e aditivo
que não apresentam características suficientes para emprego como base de
pavimento devido ao seu baixo teor de aditivo, embora ocorram alterações em suas
propriedades mecânicas.

Portanto, nesta pesquisa empregou-se o termo solo melhorado para as


misturas de solo e aditivo devido ao teor de cimento utilizado estar abaixo do ideal
segundo o método físico-químico descrito por Ceratti & Casanova (1988).

2.1.2.2 O mecanismo de estabilização

O mecanismo de combinar solo com cimento é muito similar ao


concreto. A distinção está no agregado, que no concreto possui uma granulometria
grossa e as partículas de cimento envolvem o agregado granular ligando suas
partículas, dando considerável resistência ao concreto. Já no solo-cimento, as
partículas de cimento são envolvidas pelos grãos de solos finos resultando em
ligações menos resistentes.

Handy (1958) enfatizou que as ligações químicas que se desenvolvem


entre o cimento e as superfícies minerais são mais importantes nas misturas de
granulação mais fina, como a do solo-cimento, do que em misturas de graduação
grosseira, tal qual o concreto.

Nishida e Kawamura (1971) sugeriram que a resistência do solo-


cimento seria principalmente originada por ligações químicas secundárias, tais
como forças de Van der Waals, que atuam entre as partículas de quartzo ou
feldspato e as de gel de cimento hidratado.

A formação de produtos de reações secundárias devido a reação da


cal liberada durante a hidratação, com caolinita e montmorilonita, foi demonstrada
por Herzog e Mitchell (1963). Foi sugerido pelos autores que o processo de
endurecimento do solo-cimento se deve a cimentação de partículas de argila pelos
produtos de hidratação e pelos produtos de reações secundárias. A rigidez e a
resistência do solo-cimento foram atribuídas a formação de um esqueleto composto
desses materiais, através da massa do solo.

Moh (1965) estudou a natureza dos produtos de reações secundárias


formadas a partir de quartzo, caolinita e silicato tricálcico e identificou silicatos e
aluminatos de cálcio. O autor observou reduções nos picos de difração do quartzo e
do hidróxido de cálcio, bem como a formação de CSH fracamente cristalizado.
Essas observações parecem provar que as superfícies das partículas de quartzo
são dissolvidas no meio alcalino e convertidas em gel silicato.

As reações que ocorrem no sistema solo-cimento podem ser divididas


em reações primárias e reações secundárias. Em solos muito granulares e sem
argila, a ação cimentante se dá através dos produtos das reações primárias, já em
solos predominantemente argilosos, a ação cimentante se dá através das reações
secundárias.

A partícula de cimento Portland é uma substância heterogênea


contendo fases silicatadas (C3S1C2S) e fases aluminosas (C3A,C4AF), onde,
C=CaO, S=SiO2, A=AI203, F=Fe203 e H=H20.
Conforme descrito por Moh (1965), as reações solo-cimento podem ser
representadas como:

(HIDRATAÇÃO) cimento + H20 + CSH + Ca(OH)2

(HIDRÓLISE) Ca(OH)2 + Ca" + 2(OH)'

Ca" + 2(OH)- + Si02 (silica do solo) + CSH

Ca" + 2(OH)' + A1203 (alumina do solo) -+ CAH

Portanto, na primeira fase, das reações primárias, é produzida a cal.


Na segunda fase, das reações secundárias, as substâncias cimentantes são
formadas sobre a superfície das partículas de argila ou em sua vizinhança,
causando a floculação dos grãos de argila cimentados nos pontos de contato.

Noble (1967) também explicou o mecanismo de reação de


argilominerais com cimento portland e atribuiu o ganho de resistência, observado
em corpos de prova curados por sete dias, a:

Floculação inicial das partículas de argila que facilita a cimentação.

Hidratação do cimento, com geração de partículas cimentantes de


grande superfície especifica, e possível combinação química de sílica
e alumina com hidróxido de cálcio para produção adicional de
partículas cimentantes.
Cristalização do hidróxido de cálcio, que cimenta as partículas
discretas e as flocula.

O mesmo autor observou, entretanto, que a hidratação de grãos de


cimento pode ser inibida pelo encapsulamento do cimento por argilas de granulação
muito fina e por géis de CSH elou CAH, recém formados.

Ceratti & Casanova (1988) dividem o processo de estabilização com


cimento em duas fases distintas. A primeira consiste na hidrólise do cimento. Nesta
etapa há a formação da cal, o pH se eleva a até aproximadamente 12 e a
mobilidade da fase líquida é diminuída. Após alguns minutos se observa forte
floculação. A segunda fase se caracteriza pela formação de substâncias
cimentantes sobre as superfícies das partículas de argila ou em sua vizinhança
causando a cimentação dos grãos de argila floculados nos pontos de contato.

2.1.2.3 Materiais apropriados para a estabilização com cimento

Os materiais a serem considerados na estabilização com cimento são,


naturalmente, o cimento, o solo e a água. O produto da interação entre eles é o
resultado final desejado.

Qualquer solo, com a exceção de materiais altamente orgânicos, pode


ser estabilizado com cimento e melhorar as suas propriedades.

A matéria orgânica pode retardar ou impedir a hidratação do cimento


em misturas solo-cimento. Uma razão é que a matéria orgânica absorve os íons
cálcio e, portanto, a adição de cal hidratada pode permitir que o solo seja tratado
com cimento. Além disso, a presença de sais, especialmente sulfatos, bem como um
pH ácido, são fatores que também inibem o desenvolvimento da resistência de um
solo tratado com cimento.
Alguns autores, como Epps, Dunlap & Gallaway (1971), citados por
Nútíez (1991), observaram uma relação entre o pH ácido e a reatividade dos solos
com cimento. Solos com pH baixo não reagem normalmente com o cimento.

Croft (1967) concluiu que alguns argilominerais interferem na ação


estabilizante do cimento. Solos caoliníticos ou ilíticos são mais apropriados para
estabilização com cimento do que solos que contém grandes quantidades de
argilominerais expansivos. A ação do cimento nos argilominerais é reduzir o IP e
aumentar o LC. A estabilidade do solo-cimento ao intemperismo depende da
composição do solo.

A Associação de Cimento Portland adota os critérios da AASHTO e


estipula que, na execução de solo-cimento, os solos empregados devem ter as
seguintes características:

diâmetro máximo = 75 mm
passando na peneira 4 (4.8mm) 2 50%
passando na peneira 40 (0.42mm) de 15 a 100%
passando na peneira 200 (0.075mm) 5 50%
limite de liquidez I 40%
índice de plasticidade 5 18%

Estudos desenvolvidos por Shemod (1958), citado por Nútíez (1991),


indicam que teores de sulfatos superiores a 0.5% (no solo) podem provocar
aumento de volume, com a conseqüente perda de resistência, a solos tratados com
cimento.

Para Ingles & Metcalf (1972), solos com grande quantidade de argila
são difíceis de misturar e requerem grande quantidade de aditivos para uma
significante mudança em suas propriedades.

Com respeito ao cimento, de acordo com Ingles & Metcalf (1972),


qualquer tipo de cimento pode ser usado na estabilização, embora o cimento
Portland comum seja o mais comumente utilizado. O uso de cimento de alta
resistência inicial pode ser Útil em solos orgânicos devido ao seu maior teor de
cálcio que pode contrabalançar a presença de matéria orgânica. Agentes
retardadores de pega podem ser utilizados para minorar o efeito de demora na
compactação sobre a resistência.

A utilização de água potável nas misturas de solo-cimento é


satisfatória, não há uma exigência precisa da qualidade da água a ser utilizada, de
acordo com Ingles & Metcalf (1972). A quantidade de água utilizada é função do
teor de umidade ótimo para a compactação e não da quantidade necessária para a
hidratação do cimento.

2.1.2.4 Alteração das propriedades do solo

As propriedades de solos estabilizados com cimento dependem


primeiro do cimento e segundo da compactação, conforme Ingles & Metcalf (1972).
Da mesma forma que na estabilização mecânica, a compactação é também
importante, não apenas no grau, mas também no tempo, pois se realizada após a
hidratação do cimento é ineficaz.

Com o aumento do teor de cimento, a resistência e a capacidade de


suporte aumentam; a durabilidade a ciclos de umidecimento e secagem aumenta; a
permeabilidade em geral diminui, exceto em solos argilosos; a tendência a
contração pode aumentar em solos granulares e a tendência a expansão de solos
argilosos diminui.

A resistência aumenta linearmente com o teor de cimento, mas em


diferentes proporções para diferentes solos. Outro fator importante é a densidade, e
segundo Ingles & Metcalf (1972), vários trabalhos demonstraram que a relação
entre resistência e densidade é da forma:
onde: S é a resistência, D é a densidade, e A e b são constantes.

Núiiez (1991) observou uma relação linear entre a resistência a


compressão simples e o teor de cimento, salientando que quanto mais cimento
disponível houver, maior será a quantidade de produtos cimentantes primários de
hidratação e também maior a quantidade de cal liberada para a formação dos
produtos cimentantes secundários. O fato da dependência entre a resistência a
compressão simples e o teor de cimento com o tempo de cura fortalece esta
afirmativa.

A influência do teor de umidade na resistência tem sido estudado por


diversos autores. Villar Filho, Lucena e Ferreira (1982) constataram que a curva
resistência a compressão simples versus teor de umidade tem a forma semelhante a
curva peso específico aparente seco máximo versus teor de umidade, com o pico de
resistência ocorrendo próximo da umidade ótima. Núiiez (1991) observou uma
queda da resistência para os corpos de prova moldados próximos e acima da
umidade ótima.

Segundo Herzog e Mitchell (1963), o aumento da resistência a


compressão simples com o tempo de cura se deve ao endurecimento dos produtos
cimentantes primários e a produção de materiais cimentantes secundários por
reações secundárias, tipo pozolânicas, entre os argilominerais do solo e a cal
liberada durante a hidratação do cimento. Núiiez (1991) observou que um teor de
3% de cimento não foi suficiente para ocorrência significativa dessas reações e
conseqüente ganho de resistência com o tempo.

As várias formas de cura também afetam a resistência, a


generalização que pode ser feita é que a altas temperaturas aumenta a velocidade
de ganho de resistência, e que excessiva secagem aumenta a resistênda mas
provoca o fissuramento. A imersão reduz a resistência, particularmente em solos
argilosos.

A demora na compactação é a maior causa da perda de resistência


porque com o começo da hidratação formam-se grumos resistentes, a mistura torna-
se difícil de compactar e a densidade final atingida será menor. Núiíez (1991)
obteve uma queda de até 30% na resistência ao deixar a mistura de solo-cimento
solta durante 4 horas. Toledo (1989) também verificou a perda de resistência com a
demora na compactação, salienta ainda, que se o tempo entre a mistura e a
compactação for limitado em uma hora, não há perda significativa de resistência.

Com relação aos limites de consistência, se um solo plástico for


tratado com cimento seu IP diminuirá, sendo ocasionado principalmente pelo
aumento do LP. É possível, em alguns solos, que o LL sofra mudança semelhante e
o IP permaneça inalterado.

Núfíez (1991) observou um ligeiro aumento do LL e do LC com a


adição de cimento. A adição de 3% de cimento tornou o solo não plástico.

Com relação a curva de compactação, Kézdi (1979) relata que a


umidade ótima e o peso específico aparente seco máximo não variam muito com
adição de cimento. O peso específico máximo aumenta se o solo estabilizado for
arenoso; não se altera no caso de argilas não plásticas; aumenta ligeiramente no
caso de argilas plásticas e sofre pequena redução no caso de siltes. Pequenas
mudanças são observadas na umidade ótima de compactação.

Segundo Núiíez (1991), as curvas de Proctor não seguem um padrão


definido para misturas solo-cimento como no caso da mistura solo-cal, onde a curva
se desloca para baixo e para a direita. Outra conseqüência da adição de cimento é
que o solo torna-se mais sensível aos efeitos da água, isto é, os dois ramos da
curva do Proctor são mais próximos quando comparados ao solo não tratado com
cimento. Assim, pequenas variações no teor de umidade podem alterar
acentuadamente o peso específico aparente seco.

Núfiez (1991) constatou que com apenas 3% de cimento a


expansibilidade foi drasticamente reduzida, não apresentando maiores reduções
com teores mais elevados de cimento.
2.2 DEFORMACOES EM ENSAIOS TRIAXIAIS

As medições de deformações em ensaios triaxiais tem sido feitas,


convencionalmente, externamente à câmara triaxial. Estas medições de
deformações externas estão sujeitas a problemas tais como restrições a deformação
do corpo de prova (devido ao atrito entre a pedra porosa e o corpo de prova),
deformações devidas ao acomodamento do pistão-cabeçote, cabeçote-pedra
porosa, pedra porosa-corpo de prova, falta de alinhamento destas peças,
deformações da câmara triaxial e do pórtico de cargas do equipamento (Baldi e
outros, 1988; Campos e Marinho, 1986; Campos 1988). Estes erros são
significativos a pequenas deformações e afetam o cálculo de parâmetros de
deformabilidade do solo, como o módulo de Young (E) e o coeficiente de Poisson
(v). No caso do módulo de Young, seu valor pode ser subestimado em até uma
ordem de magnitude (Jardine e outros, 1984). Vários outros autores tem
documentado estes erros, como por exemplo, Burland e Symes (1982), Costa Filho
(1985), Clayton e Khatrush (1986).

Os erros induzidos pelo equipamento podem ser estimados com


confiança através de cuidadosa calibração (Atkinson e Evans, 1985; Bressani,
1990), porém, os erros causados pela restrição a deformação do corpo de prova
(atrito pedra porosa-corpo de prova) e pelo acomodamento não podem ser
facilmente removidos.

Bressani (1990) identifica como sendo a inclinação do cabeçote o


principal fator causador de erros em medições externas. Bressani (1995)
desenvolveu técnicas que minimizam estes erros e melhoram os resultados dos
ensaios.

Com o desenvolvimento de métodos numéricos, tais como o Método


dos Elementos Finitos, surge a necessidade da obtenção de parâmetros de
resistência e deformabilidade mais precisos. Para isso, tem sido utilizada a técnica
de medida de deformações axial e radial na parte central do corpo de prova, a qual
é denominada medição local de deformações.
18

Estudos recentes tem demonstrado a importância da determinação


correta de parâmetros de deformabilidade do solo a pequenas deformações, I
I
inferiores a 0.5%, visando a utilização em análises por elementos finitos. Por outro
lado, a instrumentação de obras geotécnicas tem revelado que deformações no
interior do solo são, em condições de utilização, frequentemente pequenas
(Burland, 1989).

Diversos modelos de transdutores de deslocamento para medição


local de deformações tem sido desenvolvidos visando medir deformações axiais e
radiais. Os transdutores locais de deformação axial normalmente são instalados aos
pares, em posições diametralmente opostas, fixados diretamente ao corpo de prova
ou colados na membrana.

Os principais tipos de transdutores de deslocamento axial referidos na


literatura são: tipo transdutor diferencial variável linear (Brown e Snaith, 1974; Costa
Filho, 1985); tipo eletronível (Burland e Symes, 1982); tipo pêndulo com
extensômetros elétricos de resistência (Ackerty e outros, 1987); tipo fita metálica
com extensômetros de resistência (Goto e outros, 1991) e tipo sensor de efeito Hall
(Clayton e Khatrush (1986), Clayton e outros (1989)). Transdutores de
deslocamento radial podem ser do tipo transdutor diferencial de variação linear
(Brown e Snaith, 1974), tipo fita metálica com extensômetros elétricos de resistência
(Schnaid e outros, 1983) e tipo sensor de efeito Hall (Bressani, 1990).

O efeito Hall é observado quando uma placa metálica ou


semicondutora (em cujo plano flui uma corrente elétrica) é situada em um campo
magnético no qual as linhas de fluxo são perpendiculares a placa e a corrente. O
efeito consiste na deflexão da corrente elétrica no interior da placa. Uma diferença
de potencial é gerada segundo uma direção normal a corrente. Esta diferença de
potencial é diretamente proporcional a intensidade do campo magnético e a
intensidade da corrente elétrica. Estes sensores são excitados com corrente
contínua de 8 volts e apresentam uma voltagem de saída elevada que varia
linearmente com a intensidade do fluxo magnético em uma faixa específica (Clayton
e outros, 1989).
Os sensores de efeito Hall podem ser utilizados para medir
deslocamentos desde que sejam situados em algum campo magnético onde a
intensidade varie com o deslocamento relativo do sensor. Este campo magnético
pode ser gerado por ímans permanentes (Soares e outros, 1994).

Os transdutores de deformação local com sensores de efeito Hall tem


possibilitado detectar deformações menores que 0.002%. Estes instrumentos são
leves, apresentam baixo custo e são pouco sensíveis a variações de temperatura e
vibrações. Um modelo de transdutor de deformação axial foi proposto por Clayton e
Khatrush (1986) e outro modelo de deformação radial foi proposto por Bressani
(1990).

Burland (1989) apresentou resultados de instrumentação de silos


construidos sobre rocha branda. As curvas tensão vertical x deformação do silo
apresentaram fluência para deformações no solo geralmente inferiores a 0.03%. O
autor cita outro caso onde as deformações medidas nas proximidades de um túnel
construido em argila na cidade de Londres foram geralmente inferiores a 0.05%.

Marsland e Eason (1973), citado por Burland (1989), mostram os


resultados de um ensaio de placa nos quais os deslocamentos foram medidos a
diversas profundidades abaixo da placa. Os valores de módulo do ensaio de placa
foram comparados com os valores obtidos em ensaios de laboratório realizados com
medida local através de transdutores diferencial variável linear (LVDT). Uma boa
aproximação foi obtida entre os valores de laboratório e "in situ".

Martins (1994) estudou o efeito da cimentação no comportamento de


solos tropicais e observou que deformações da ordem de 0.1% a estrutura
cimentante começava a ser rompida, e salienta ainda, a importância da medida local
neste caso. Uma comparação também foi feita entre medida local e externa, o autor
observou que as deformações axiais com medida local foram sensivelmente
menores que as obtidas com medida externa para os mesmos níveis de tensão
desvio. Com a medida externa, os erros no Módulo de Young foram consideráveis
para deformações axiais inferiores a 0.5%.
Prietto (1996) estudou o comportamento mecânico de um solo
artificialmente cimentado através de ensaios triaxiais drenados com a utilização de
transdutores de deslocamento a base de sensores de efeito Hall. O autor constatou
uma diferença razoável entre os valores do módulo de deformação com medida
local e externa.

2.3 ENSAIOS DE CAMPO

2.3.1 Generalidades

A prática de investigações "in situ" é indiscutivelmente um dos mais


importantes aspectos de um trabalho de engenharia geotécnica. O objetivo principal
dos ensaios de campo é a obtenção de todos os dados geotécnicos relevantes de
um local em questão, a fim de que um projeto de engenharia possa ser
satisfatoriamente realizado.

As investigações geotécnicas podem estabelecer principalmente os


seguintes aspectos:

A estratigrafia do solo de um determinado local;

as propriedades de engenharia do solo deste local;

a previsão do comportamento da estrutura a ser projetada naquele


local.

A crescente utilização dos ensaios de campo, segundo Mitchell e


Lunne (I
978), citado por Cudmani (1994), é devido principalmente a:

habilidade para determinar as propriedades de solos, tais como areias,


que não podem ser facilmente amostradas no estado natural;
eliminação das dificuldades dos ensaios de laboratório, tais como
amolgamento na amostragem e simulação das condições "in situ";

o volume de solo envolvido no ensaio é muito maior que o


correspondente a um ensaio de laboratório.

Segundo Robertson (1986), os ensaios "in situ" também possuem suas


limitações, as quais podem ser citadas abaixo:

a trajetória de tensões não pode ser controlada durante a execução do


ensaio e pode ser diferente aquela do problema real;

as condições de drenagem não podem ser controladas


independentemente;

possíveis futuras modificações nas condições do solo não podem ser


consideradas.

O mesmo autor divide os ensaios de campo aplicados a engenharia


de fundações em dois grupos:

ensaios para determinar a estratigrafia do solo;

ensaios para avaliar propriedades específicas do solo.

No primeiro grupo, encontram-se ensaios de penetração tais como:


ensaios de penetração dinâmica (SPT ou DCPT), ensaio de conepenetrometria
estático (CPT), dilatômetro (DMT). Estas técnicas podem fornecer estimativas de
vários parâmetros geotécnicos baseados em correlações empíricas.

No segundo grupo, podem ser mencionados: ensaio pressiométrico


(PMT), ensaio pressiométrico auto-perfurante (SBPT), ensaio de placa (PLT),
ensaio de placa helicoidal (SPLT), ensaio de palheta (VANE TEST), entre outros.

'ESCOLA DE ENBÉN#&HIk
BIBLIOTECA
2.3.2 Prova de carga em placa

Provas de carga em placa foram uma das primeiras aplicações dos


ensaios "in situ" para a determinação de propriedades de deformação e de ruptura
do solo. Este tipo de ensaio tem sido utilizado em geotecnia não só especificamente
em projeto de fundações mas também no estudo do comportamento de pavimentos.

As provas de carga em placa possuem a principal vantagem de serem


mais econômicas em relação as provas de carga em verdadeira grandeza. Outros
fatores que podem levar a utilização deste tipo de ensaio são citados abaixo
(Cudmani, 1994):

o ensaio tem mostrado ser adequado para o estudo do comportamento


de fundações superficiais, devido ao fato de que em ambos os casos o
solo é submetido ao mesmo tipo de carregamento;

o ensaio permite a observação da forma de ruptura que experimenta o


solo quando carregado pela fundação (interação solo-estrutura);

a existência de um grande número de soluções matemáticas fechadas,


procedimentos empíricos e semi-empiricos que podem ser utilizados
para interpretar os resultados experimentais;

as condições geométricas do problema são perfeitamente conhecidas,


facilitando a aplicação de soluções analíticas, especialmente o Método
dos Elementos Finitos.

De acordo com Pells (1983), os ensaios de placa podem ser


classificados de acordo com o material a ser ensaiado e de acordo com a forma de
execução do ensaio.

Considerando primeiro o material a ser ensaiado, é necessário separar


em areias, argilas e rochas, pelos seguintes motivos:
Os depósitos arenosos usualmente apresentam rigidez crescente com
a profundidade, efeito que deve ser considerado na extrapolação do
ensaio de placa;

Em argilas, podem ser considerados condições drenadas e não


drenadas;

As rochas são usualmente ensaiadas a fim de se ter uma idéia da


redução do módulo devido a presença de juntas, fissuras e outras
descontinuidades.

Em termos de forma de execução, os seguintes tipos de ensaios de


placa podem ser considerados (Figura 2.1):

I. Ensaio de placa na superfície, pode ser considerado como ensaio de


placa convencional;

II. Placa carregada na superfície por um tensor ancorado centralmente


a placa fora da zona de influência;

III. Similar ao anterior, porém com o tensor ancorado na zona de


influência da placa;

IV. Placa sobre a base de um furo no terreno;

V. Placa carregada na direção horizontal;

VI. Placa carregada sobre bloco de concreto embutido no terreno;

VII. Múltiplas placas com uma combinação das configurações dadas


acima.

Pells (1983) salienta que a placa pode ser flexível ou rígida. Quanto
aos deslocamentos, podem ser medidos sobre a placa, no centro de uma placa
flexível, em pontos sobre a superfície do terreno fora da área carregada, ou no
interior da área carregada através de extensômetros.

Fig 2.1 - Diferentes tipos de provas de carga em placa (Pells, 1983)

Terzaghi (1967) comenta o fato de que os resultados das provas de


carga somente representam as características do solo até aproximadamente dois
diâmetros abaixo da placa. Portanto, os resultados não podem ser extrapolados a
sapatas de maiores diâmetros quando a mesma solicita camadas de distintas
características as do ensaio. Para evitar este problema, é necessário conhecer a
estratigrafia do local de estudo.

Marsland e Eason (1973), citado por Cudmani (1994), pesquisando a


argila de Londres através de provas de carga "in situ", chegaram a conclusão que,
para uma razão de 1.5 a 2.0 entre o diâmetro da cava e o da placa, a capacidade de
carga era igual a obtida na superfície.

Cudmani (1994) realizou ensaios de placa em solo natural no mesmo


local de estudo onde realizou-se esta pesquisa. Os ensaios foram realizados a
diferentes profundidades e com vários tamanhos de placa. A partir dos resultados, o
autor observou que:
a dispersão dos resultados foi inversamente proporcional ao diâmetro
da placa. O autor atribui esta dispersão ao amolgamento produzido
durante a preparação do ensaio e a heterogeneidade do solo;

o efeito da profundidade foi comprovado, a maiores profundidades uma


mesma placa a uma dada pressão apresentou recalques menores;

as curvas carga x recalque não apresentaram uma carga de ruptura


definida, isto é, uma magnitude de carga constante a contínuas
deformações. Este comportamento é característico de rupturas por
puncionamento;

as deformações elásticas são de pequena magnitude quando


comparadas com as deformações plásticas;

a tensão de fluência determinada através dos ensaios de placa


coincide com a tensão de pré-adensamento avaliada no ensaio de
compressão confinada;

a relação carga-recalque é praticamente linear até este valor de


tensão de fluência definido;

a previsão da capacidade de suporte pela teoria proposta por Terzaghi


(1943) considerando a redução dos parâmetros resistentes conduz a
boas previsões dos valores experimentais;

a previsão de recalques através de procedimentos empíricos


embaçados em resultados de provas de carga se mostrou adequada
na estimativa dos recalques do solo estudado.

Hilmer e outros (1983) removeram 600 000 m3 de solo siltoso mole


para substituição por pedregulho compactado a fim de ser construido no local uma
fábrica de manufaturados. Além dos ensaios dinâmicos, em vista das altas cargas
dinâmicas produzidas pelas máquinas, foram realizados 270 provas de carga em
placa com diâmetros de 0.30, 0.40, 0.50 e 0.762 m. Os resultados mostraram que o
módulo de deformação tem uma relação com o diâmetro da placa, isto é, o aumento
do diâmetro da placa causou um decréscimo do módulo.

Mellios (1985) apresenta os resultados de ensaios de placa


executados em um solo poroso. Os ensaios foram realizados com placas circulares
de 80 cm de diâmetro a profundidades que variam de 0.60 a 1.20 m. O autor
conclui que, considerando o estado de baixa compacidade destes solos, o processo
de carregamento representa mais um processo de adensamento do solo do que
propriamente a clássica ruptura por cisalhamento de superfícies geometricamente
definidas. O comportamento das curvas é bastante sjmilar ao do ensaio de
adensamento, o que sugere um tratamento análogo. Assim, considerou-se como
carga de ruptura o que corresponderia a pressão de pré-adensamento.

Toha (1989) realizou prova de carga em placa com grande dimensão


para determinar o recalque de um tanque sobre um depósito aluvial. O uso de
fundações profundas inviabilizaria economicamente o projeto e, portanto, houve a
necessidade de uma estimativa confiável dos recalques utilizando uma placa de
grande dimensão. Ensaios de laboratório também foram realizados para prever os
recalques, porém, os recalques previstos foram maiores que os recalques medidos
na prova de carga, atribuídos principalmente ao efeito de amolgamento das
amostras de laboratório.

Reznik (1992) utilizou provas de carga em placa com 5000 e 10 000


cm2 de área para avaliar o comportamento colapsível de depósitos siltosos
encontrados no sudoeste da Ucrânia. Os ensaios foram realizados na umidade
natural e após 24 horas de inundação.

AI-Sanad e outros (1993) e Ismael (1993) realizaram ensaios de placa


com diâmetros de 0.30, 0.61, e 1.28 m para estimar o recalque de uma torre de 370
m de altura sobre um radier em forma de anel com 55 m de diâmetro. Uma placa em
forma de anel com diâmetro externo de 1.20 m e interno de 0.68 m também foi
utilizada. O perfil do solo consistia de uma areia calcárea de densa a muito densa,
com camadas de areia cimentada naturalmente. Ensaios pressiométricos também
foram realizados e os valores do módulo chegaram a aproximadamente 213 do
obtido em ensaios de placa. As curvas pressão x recalque dos ensaios realizados
com placas em forma de anel não apresentaram diferença em relação as outras
placas.

Rilling e Smoltczyk (1994) realizaram ensaios de placa sobre um aterro


compactado. O material usado para a construção do aterro consistia de um solo
siltoso arenoso fino com uma rígida consistência no estado natural. O material foi
compactado em camadas de 25 cm com um compactador pé de carneiro vibratório.
A densidade foi determinada e considerada condizente com a densidade obtida em
ensaios de laboratório. Placas quadradas de 25 x 25 -cm foram utilizadas. O
comportamento carga x recalque do solo natural foi comparado com o do aterro
compactado. O solo natural se mostrou mais rígido e mais resistente do que o solo
compactado.

2.4 CASOS HISTÓRICOS DO USO DE FUNDAÇ~ES


SUPERFICIAIS
SOBRE SOLO MELHORADO

A técnica de melhoramento de solos para aplicação em fundações tem


sido difundida e utilizada em todo o mundo. Conforme Ahnberg (1994), a
estabilização de solos tem sido um método bastante utilizado na Suécia nos últimos
anos para a redução de recalques e aumento da estabilidade do solo. Alguns casos
relatados na literatura, do uso da técnica de melhoramento de solo para emprego
em fundações superficiais, são apresentados a seguir:

Silveira e Silveira (1963) relatam a experiência realizada nos edifícios


construidos para a Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São
Paulo, nos quais, foram empregadas novas soluções para as suas fundações. O
solo abaixo das fundações superficiais foi removido até profundidades que variaram
entre 1.80 m e 2.10 m. Posteriormente foi reposto em camadas compactadas de 15
cm de espessura através de um compactador manual. O solo arenoso do local não
tinha capacidade de suporte suficiente para servir como base de fundações
superficiais. Após a compactação, a capacidade de suporte aumentou de 100% a
200%. Passados 3 anos de sua construção, nenhum dano foi observado na
estrutura das edificações.

Minkov e outros (1981) analisaram o comportamento mecânico de um


solo siltoso colapsível e o comportamento do mesmo solo estabilizado com cimento.
O estudo foi embasado em ensaios de placa. Os autores concluíram que a
estabilização muda o comportamento mecânico do solo, redistribui as tensões e
aumenta consideravelmente a capacidade de suporte, além de reduzir os recalques.

Stefanoff e Jellev (1981) executaram o carregamento de uma sapata


de concreto rígida assente sobre uma camada de areia-compactada. Os autores
compararam os resultados experimentais e calculados do estado de deformação em
várias seções horizontais e verticais abaixo da fundação. Os mesmos concluíram
que nenhuma avaliação precisa pode ser dada baseada nos métodos de cálculo
convencionais existentes.

Na Bulgária, o uso de camadas estabilizadas de solo-cimento é um


dos métodos de grande aplicabilidade em projetos de fundações devido a
ocorrência de solos siltosos colapsíveis. Este tipo de solo chega a cobrir até 11%
do território daquele pais. Stefanoff e outros (1983), chegaram a conclusão que o
uso de camadas estabilizadas de solo-cimento permitem uma boa distribuição de
cargas, reduzindo as tensões no sub-leito siltoso.

Evstatiev e outros (1985) estudaram o comportamento de uma torre de


TV de 190 m de altura sobrejacente a uma camada de 4.50 m de solo siltoso
estabilizado com cimento. O Método dos Elementos Finitos também foi utilizado
para prever os recalques e os resultados numéricos foram comparados com os
recalques medidos, a diferença foi menor do que 5%.

Minkov e outros (1985) comentam que, devido a crescente expansão


urbana em regiões de ocorrência de solos siltosos colapsíveis na Bulgária, este tipo
de solo tem sido objeto de numerosos estudos naquele país. Entre os métodos
utilizados para melhorar as condições deste material, o método de compactação
dinamita tem sido largamente utilizado por ter dado bons resultados.

Hills e Gupta (1989) mostram diversos resultados de ensaios de


campo realizados em aterros compactados de solo estabilizado com cinza volante.
O aterro possui uma espessura que varia de 1.5 a 7.6 m. Várias edificações tem
sido construídas sobre este aterro. As investigações de campo mostram que o
aterro possui adequada capacidade de suporte para resistir as solicitações de carga
a que está sendo submetido.

Pantos e outros (1989) descrevem a construçáo de um predio de 4


pavimentos com 1850 m2 em New Jersey, Estados Unidos. O local de construçáo
consistia de um aterro que não apresentava capacidade de suporte para admitir a
edificação sobre fundações superficiais. A hipótese da utilização de fundações
profundas foi descartada e optou-se por compactação dinâmica profunda. Após a
conclusão da compactação, uma comparação de ensaios SPT mostrou um aumento
de 100% a 500% da resistência. A construção foi concluída em 1987 e nenhum
recalque inaceitável foi observado desde então.

Os mesmos autores ainda relatam o caso de uma construção de um


predio residencial em Atlantic City, New Jersey. Após análise do solo local,
verificou-se que não era possível utilizar fundações superficiais. Como alternativa,
optou-se pela estabilização do solo por vibro-compactação. Uma camada de 60 cm
de solo foi compactada. O solo fofo foi satisfatoriamente densificado pela vibro-
compactação permitindo o emprego de fundações superficiais.

Um terceiro caso, na cidade de Whiteland, Pensilvânia, é também


descrito pelos mesmos autores. O solo do local da construção da edificação tem um
histórico problema de recalques. A utilização de tubulões foi considerada
antieconômica e a estabilização por compactação profunda foi descartada por
problemas práticos. A alternativa viável adotada foi compactação por injeção. Este
método se mostrou eficiente por enrijecer o solo fofo a ponto de assegurar a
integridade estrutural da construção.
Rohlfes Junior (1996), cita o caso das fundações da Usina de Força de
Canton, no estado de Illinois, nos Estados Unidos, onde um solo siltoso foi
estabilizado usando 3% de cal hidratada e 2 a 5% de cinza volante para estabilizar
uma camada de 7.6 m de espessura. A resistência a compressão simples, de
corpos de prova depois de 4 dias de cura a 38 graus Celsius, variou de 1.0 a 1.4
MPa.

O mesmo autor cita outro caso em Tampa, Flórida, onde uma camada
de solo-cimento de 3.66 m de espessura foi utilizada para suportar um edifício de 38
pavimentos ao invés da utilização de fundações profundas (o tipo mais usual de
fundação empregado naquela área).

Na Usina Nuclear de Koeberg, na África do Sul, uma camada de 17 m


de espessura de areia foi removida e tratada com cimento para eliminar o perigo de
liquefação do substrato. O material foi misturado em usina e posteriormente
compactado em camadas com equipamentos convencionais. As características do
comportamento da mistura areia-cimento são apresentadas por Dupas e Pecker
(1979), citados por Rohlfes Junior (1996).

O emprego de métodos numéricos em engenharia avançou


rapidamente devido ao desenvolvimento de computadores capazes de resolver
cada vez com maior velocidade os sistemas de equações diferenciais que
representam problemas complexos, e portanto, tem-se verificado um considerável
crescimento de sua utilização para a solução de problemas de engenharia.

A mecânica dos solos, não muito tempo atrás, era uma disciplina
essencialmente empírica. As enormes complexidades encontradas nos estados
naturais do meio geológico tornavam muito complexa a obtenção de soluções
analíticas fechadas. Complexidades como o meio não-homogêneo, comportamento
não-linear do material, condições de tensões "in situ", variações espaciais e
temporais das propriedades do solo, geometrias arbitrárias, descontinuidades, e
outros fatores impostos pelas características geológicas não eram considerados.

Conforme Frank (1991), na atualidade ainda existem dificuldades na


aplicação do Método dos Elementos Finitos a Mecânica dos Solos, pois ainda não
está incorporado a prática do dia a dia. Porém, em muitos casos, em particular nos
problemas de interação solo-estrutura, seu uso permite soluções aceitáveis
tecnicamente e de menor custo. Do mesmo modo, sua utilização é importante para
analisar comportamentos observados que diferem das previsões ou para explicar
danos e assistir na procura de soluções para reparação dos mesmos.

2.5.1 O Método dos Elementos Finitos

O Método dos Elementos Finitos consiste em subdividir o domínio do


problema em um número finito de subdomínios (elementos) e escolher, para cada
subdominio, apropriados esquemas de interpelação entre os valores das variáveis
de campo dentro do elemento, e o valor das mesmas variáveis em pontos
específicos (pontos nodais). Com o sistema de interpolações estabelecido, é
possível transformar o sistema de equações diferenciais em um sistema de
equações algébricas em que são desconhecidos os valores das variáveis nos
pontos nodais.

O estudo dos problemas de tensão-deformação pode ser abordado de


três maneiras de acordo com as variáveis escolhidas como incógnitas do problema.
No método dos deslocamentos, os deslocamentos são escolhidos como incógnitas.
No método do equilíbrio, as tensões são escolhidas como incógnitas e por Último,
na formulação mista, as tensões e deslocamentos podem ser escolhidas como
incógnitas.

A resolução de um problema geotécnico através do Método dos


Elementos Finitos envolve basicamente cinco etapas:
1. Discretização do Contínuo: Consiste na divisão do contínuo em
elementos. Diferentes tipos de elementos podem ser usados. Assim, elementos
triangulares e quadriláteros são comumente utilizados em problemas
unidimensionais e bidimensionais, e, tetraedros e hexaedros em problemas
tridimensionais. Os elementos estão interligados por um número de pontos,
chamados nós, situados no contorno dos mesmos. Três condições devem ser
cumpridas a nível local, dentro do elemento, e a nível global, em toda a região
discretizada:

Equilíbrio de forças

. Compatibilidade dos deslocamentos

Lei constitutiva do material

2. Seleção de funçaes de forma: Consiste em adotar uma função


para representar as variáveis incógnitas dentro do elemento. A variável incógnita
pode ser escalar, vetorial ou tensorial. Em geral, as funções de interpolação são de
forma polinomial. O grau dos polinômios depende do número de nós por elemento,
da natureza e número de incógnitas por nó e das condições de continuidade
impostas nos nós ao longo do contorno. Se os deslocamentos são escolhidos como
incógnitas (Método dos deslocamentos), a relação entre o deslocamento em um
ponto arbitrário dentro do elemento e aqueles correspondentes aos nós do mesmo
pode ser expressa como:

onde (6) é o vetor de deslocamentos dentro do elemento, [N] é a matriz de


interpolaçáo dos deslocamentos e é o vetor de deslocamentos nodais.

3. Derivação das equações correspondentes ao elemento: Existem


diferentes procedimentos para deduzir as equações matriciais que definem as
propriedades de um elemento (princípio dos trabalhos virtuais, método da rigidez
direta, métodos variacionais, métodos residuais, etc.). Em geral, as equações do
elemento podem ser representadas simbolicamente:

[kl @i) = {f)

A matriz [k], denominada matriz de rigidez, relaciona as variáveis


nodais ({&) vetor de deslocamento nodais e {f)vetor de forças nodais, por exemplo),
e pode ser calculada através da seguinte integral:

onde a matriz [D] contém a Lei constitutiva do material e a matriz [B] é a matriz de
relações geométricas. A integral é calculada no volume do elemento.

4. Montagem do sistema global de equações: Esta etapa consiste


na combinação das equações que representam o comportamento de cada elemento,
com o intuito de montar um sistema de equações que expressam o comportamento
da região em sua totalidade. Isto pode ser feito através das condições de
compatibilidade que devem ser cumpridas entre os nós dos elementos adjacentes.
Este sistema de equações é similar ao sistema individual correspondente a cada
elemento, exceto que contém mais termos, devido a inclusão de todos os nós da
região discretizada.

5. Resolução do sistema de equações: Como resultado da etapa


anterior, obtém-se um sistema de equações que deve ser resolvido para determinar
o valor das incógnitas nodais. Finalmente, a partir dos valores das variáveis nodais
podem ser calculadas outras magnitudes secundárias tais como tensões e
deformações. Matematicamente, podemos escrever:
Se nas expressões anteriores, as matrizes [B] elou [D] são funções,
direta ou indiretamente, do vetor deslocamento {A), teremos uma formulação não
linear. O primeiro caso é chamado não linearidade geométrica, e aplica-se a
grandes deformações e deslocamentos, enquanto que, o segundo caso, refere-se a
não linearidade do material, e aplica-se a modelos de comportamento tensão-
deformação não lineares

A solução de problemas não lineares pelo método dos elementos


finitos usualmente são obtidas através de três procedimentos:

I.Processo Iterativo

2. Processo Incremental

3. Processo Misto (combinação dos dois primeiros).

No processo Iterativo, um conjunto de valores de módulos tangentes


são escolhidos inicialmente para todos os elementos. O valor da carga é aplicado e
as tensões e deformações são calculadas para todos os elementos. Como a rigidez
e mantida constante a cada passo, as condições de equilíbrio não são satisfeitas
aparecendo um vetor resíduo de cargas {R):

As condições de equilíbrio são atingidas aplicando a carga residual e


empregando matrizes elásticas a cada passo até atingir a aproximação desejada.

No Processo Incremental a carga total a ser aplicada é dividida em


uma série de parcelas, não necessariamente iguais. Empregando o método da
rigidez tangencial, a matriz de rigidez de cada incremento é calculada a partir do
estado de tensões no início do incremento de carga.

Durante a aplicação de cada incremento i, é resolvido o sistema de


equações lineares com a matriz de rigidez constante a cada incremento:

Dessa forma, a técnica incremental aproxima o problema não linear a


uma série de incrementos lineares e, consequentemente, quanto maior o número de
incrementos, mais aproximada é a solução.

No Processo Misto, a carga total é aplicada em incrementos, nos


quais, para cada carregamento, são feitas iterações.

2.5.2 Aplicaçaes do MEF ao estudo de fundações superficiais

Os métodos numéricos, em geral, e o Método dos Elementos Finitos


(MEF), em particular, tem permitido resolver problemas geotécnicos de alta
complexidade envolvendo meios não-homogêneos, materiais de comportamento
não linear, descontinuidades, entre outros.

Segundo Frank (1991), o uso do Método dos Elementos Finitos na


previsão de recalques de fundações superficiais possui algumas vantagens e
limitações. As vantagens enumeradas pelo autor são: o método modela o solo como
um contínuo, podendo calcular deformações em duas e três dimensões; permite
descrever a heterogeneidade macroscópica do solo (camadas contendo diferentes
características), bem como o comportamento do material a diferentes níveis de
cargas; as estruturas podem ser representadas com sua rigidez verdadeira e o
carregamento pode ser aplicado em estágios, simulando o processo de escavação e
construção de obras de engenharia. Porém, o método apresenta algumas
limitações: a necessidade de conhecimento teórico para determinação da malha
(tipo e tamanho dos elementos, distribuição, etc.), condições de contorno do
problema e definição do comportamento tensáo x deformação do solo e da
estrutura. Muitas vezes,a definição do comportamento tensão x deformação do solo
exige parâmetros de difícil obtenção e de um profissional altamente qualificado para
obtê-los. Destacam-se ainda as questões do tempo e do custo de uma análise de
elementos finitos em relação aos cálculos tradicionais.

D'Appolonia e outros (1971) fizeram análises numéricas de fundações


superficiais considerando um modelo tensão x deformação elástico perfeitamente
plástico. O efeito da anisotropia na resistência ao cisalhamento também foi
considerado. Concluiu que o efeito da não linearidade da relação tensão x
deformação aparece mais sobre tensões horizontais do que sobre tensões verticais.

Desai (1971) e Desai & Reese (1979) realizaram análises numéricas e


experimentais de sapatas assentes na superfície de um solo argiloso e a pequenas
profundidades. Nestas análises foram consideradas várias hipóteses, tais como:
comportamento de solo elástico não linear, subsolo composto de camadas,
carregamento incremental, sapata rígida e utilização de vários modelos constitutivos
(hiperbólico, spline, etc). O estudo mostrou que o método dos elementos finitos
fornece resultados satisfatórios para a previsão de tensões e deformações em
fundações no nível do solo e a pequenas profundidades, quando comparados com
resultados experimentais obtidos em verdadeira grandeza.

Carrier & Christian (1973) apresentam soluções através do Método


dos Elementos Finitos, as quais permitem determinar o recalque de uma placa
rígida sobre um espaço isotrópico linear elástico (módulo elástico constante com a
profundidade) e sobre um espaço homogêneo isotrópico linear (módulo de
elasticidade variando linearmente com a profundidade). As soluções fechadas
dadas por Burmister apresentam boa concordância com os valores obtidos pelo
MEF.

Ramaswamy e Vaidyanathan (1977) comparam os recalques medidos


em uma sapata assente sobre solo coesivo compactado com os recalques obtidos
através do Método dos Elementos Finitos. Um modelo visco-elástico não linear foi
utilizado e uma boa aproximação entre os resultados foi obtida.
Majid (1982) estudou o problema de interação solo-estrutura de um
prédio de 50 andares de forma irregular que utiliza radier e está assente sobre um
solo argiloso. A finalidade deste estudo foi a avaliação dos procedimentos
simplificados utilizados na prática e o estudo da influência de aspectos relacionados
ao solo, a fundação, e a estrutura, no comportamento global do sistema.

Wang e Badie (1985) estudaram a influência de cavidades localizadas


abaixo de fundações superficiais quadradas e contínuas através do método dos
elementos finitos. Este é um exemplo do uso do método para um estudo paramétrico
de um problema de interação solo-estrutura de difícil análise através de métodos
analíticos.

Jardine e outros (1986) utilizaram o método para estudar a não-


linearidade a pequenas deformações das curvas carga x recalque de fundações
superficiais.

Giani (1988) apresentou um exemplo da utilização do Método dos


Elementos Finitos na análise de danos estruturais em monumentos antigos e o
estudo de possíveis soluções. O monumento em questão é a Igreja de Santa Maria
della Consolazione, localizada em Todi, na Itália. Foi construida entre os anos de
1508 e 1606 e o dano aconteceu pouco depois de ser completada a obra. Na
simulação numérica foi utilizado um modelo tridimensional de 100 m de altura e 105
m de comprimento e largura.

Pruffier e Mahler (1989) simularam o comportamento de placas e


fundações superficiais submetidas a esforços de tração. Verificaram que os
deslocamentos, carga de ruptura e forma de ruptura previstos pelo método dos
elementos finitos se aproximam aos resultados das provas de carga, concluindo que
o método é uma ferramenta que pode ser utilizada em projetos de fundações
solicitadas a tração.

Zhang e outros (1989) simularam o comportamento carga x recalque


de um ensaio de placa realizado em um solo argilo-siltoso de origem aluvial através
do MEF. Para representar o comportamento tensão x deformação do solo foi
empregado um modelo pseudo-elástico. Os parâmetros foram obtidos de ensaios
triaxiais de compressão e de ensaios oedométricos. Os resultados mostraram uma
boa concordância da curva carga x recalque obtida na análise numérica com a
medida em campo.

Schnaid e outros (1991) utilizaram o programa de elementos finitos


CRISP para uma análise tridimensional de uma fundação superficial de plataforma
de petróleo. 0 s autores comprovaram, através deste trabalho, a validação do
programa CRISP na determinação de capacidade de carga e recalques de
fundações superficiais, pela comparação de resultados numéricos obtidos pelo
programa com soluções fechadas.

Lopes e Gusmão (1991) aplicaram o Método dos Elementos Finitos


para estudar o efeito benéfico da interação solo-estrutura na redução dos recalques
diferenciais. Os autores analisaram particularmente o efeito da rigidez relativa solo-
estrutura, número de andares e dimensões em planta. Assim, foi determinado, por
exemplo, que a rigidez estrutural tem um importante efeito na redução dos
recalques diferenciais.

Ghiona e outros (1991) apresentaram um método para avaliar


recalques a partir de extrapolações de resultados de ensaios de placa assumindo
um comportamento não linear elástico hiperbólico do solo. O método foi utilizado
para prever os recalques das fundações superficiais do estádio Delle Alpi,
localizado em Torino (Itália), construído para a realização da copa do mundo de
1990. Os resultados previstos obtidos foram bons quando comparados com os
resultados de teorias de previsão de recalques e com os resultados experimentais.

Thomé e outros (1994) utilizaram o Método dos Elementos Finitos


para avaliar o comportamento de fundações superficiais contínuas flexíveis
assentes sobre solo natural e sobre argila mole estabilizada com cal. Os autores
estudaram a influência do teor de cal (5%, 7% e 9%), da espessura da camada
tratada (O cm, 20 cm, 60 cm, 80 cm e 100 cm) e da largura das fundações (1.O m,
1.5 m e 2.0 m). Os mesmos concluiram que a camada tratada com cal melhorou as
curvas carga x recalque em relação às do solo sem aditivo. No entanto, os
diferentes teores de cal adotados apresentaram pouca influência nas curvas carga x
recalque. Por outro lado, com o aumento da espessura da camada tratada, ocorreu
uma redução dos recalques.

Thomé e outros (1995) realizaram simulações numéricas para verificar


a influência do processo de cimentação sobre as curvas carga x recalque de
fundações superficiais continuas flexíveis. Na simulação numérica foi analisada a
influência de diferentes espessuras de camadas de argila mole estabilizada com
13% de cal sobre o comportamento carga x recalque de uma fundação superficial
de 1.O m de largura. Verificou-se que a carga para atingir o recalque admissivel de
65 mm numa camada estabilizada de 1.O m de espessura-é 4.7 vezes maior do que
a aplicada no solo natural. Os autores determinaram também qual seria a espessura
necessária para suportar as cargas de trabalho de um prédio de 3 pavimentos não
estruturado (60 kN/m linear de parede). Concluíram que uma camada de 70 cm de
solo tratado com 13% de cal seria necessária para suportar esta carga.

Cudmani (1994), Cudmani e outros (1995), Schnaid e outros (1995)


estudaram o comportamento de sapatas submetidas a carga axial centrada pelo
Método dos Elementos Finitos. Razoáveis previsões classe "A" do comportamento
real foram obtidas através do modelo elástico perfeitamento plástico utilizando
parâmetros obtidos a partir de previsões classe "C" de ensaios de placa.

Consoli e outros (1995), Schnaid e outros (1995) simularam o


comportamento de fundações superficiais submetidos a esforços de tração e
compressão assentes em solos estruturados não saturados. Os autores propõem
um método embasado no uso da técnica pressiométrica e do Método dos Elementos
Finitos, através dos quais, é possível obter as características de depósitos naturais
não saturados. A análise numérica corresponde a um método de ajuste, onde os
valores dos parâmetros do solo são otimizados de forma a reproduzir as curvas
pressiométricas experimentais. Exemplos de aplicação da metodologia proposta são
apresentados onde são simulados numericamente provas de carga em placa e
provas de carga em sapatas. Os resultados demonstraram uma boa concordância
entre as curvas previstas e experimentais.
CAP~TULO3

CARACTERIZAÇAO DO LOCAL DE ESTUDO

3.1 ESTUDOS PRELIMINARES

Os primeiros estudos sobre as características geotécnicas dos solos


Podzólicos Vermelho Amarelos da região de Cachoeirinha-Gravataí, no Rio Grande
do Sul, foram publicados por Dias (1987). Desde então, o grupo de geotecnia do
Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil (CPGEC) da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS) implantou um amplo programa de pesquisas
visando a caracterização geotécnica, a obtenção de parâmetros de resistência e
compressibilidade do solo laterítico situado no Campo Experimental de
Cachoeirinha, RS.

Como parte do programa foram executados o levantamento


geomorfológico da região, ensaios de laboratório (análise granulométrica, limites de
Atterberg, índices físicos, adensamento, cisalhamento direto, triaxiais) e de campo
(SPT, CPT, pressiométricos, placas, provas de carga em fundações superficiais e
profundas).

Como resultado destas atividades desenvolvidas, um grande número


de trabalhos já foi publicado, entre os quais, pode-se citar : Meksraitis (1988); Matos
(1989); Preui (1990); Ramires (1993); Cudmani (1994); Cudmani, Schnaid e
Consoli (1994, 1995); Consoli, Schnaid e Mántaras (1994); Schnaid, Consoli,
Cudmani e Milititsky (1995); Consoli, Schnaid e Rohlfes Junior (1995); Schnaid,
Consoli e Rohlfes Junior (1995); Mántaras (1995); Nakahara (1995); Mántaras,
Consoli e Schnaid (1995); Schnaid, Consoli e Mántaras (1996); Rohlfes Junior
(1996); Consoli, Schnaid, Prietto e Rohlfes Junior (1996); Averbeck (1996); Consoli,
Schnaid, Milititsky e Vendruscolo (1997).
O local escolhido pelo grupo de Geotecnia da UFRGS como campo
experimental localiza-se no município de Cachoeirinha, RS, junto a subestação da
Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), e ocupa uma área de 200 m2.

O campo experimental situa-se as margens da rodovia estadual RS


020, conforme ilustrado na Figura 3.1. O mapa com a localização dos ensaios de
campo já realizados neste local é apresentado na Figura 3.2 (Cudmani, 1994), no
qual é adicionado o local dos ensaios apresentados nesta-dissertação.

A formação geológica da região é constituída pelas Formações


Rosário do Sul e Rio do Rastro (Prezzi,l990). Estas formações apresentam uma
alternância de arenitos médios a finos, siltitos argilosos e arenosos, e argilitos.

O solo é classificado pedologicamente como Podzólico Vermelho


Amarelo (PVA) pertencente a Unidade de Mapeamento Gravataí (Dias, 1987). Estes
solos são caracterizados por apresentar um horizonte B textura1 devido a iluviação
de argila do horizonte A para o horizonte B. Portanto, o horizonte A é mais arenoso
e o horizonte B é mais argiloso.

O horizonte A tem em média 80 cm de espessura, contém solos areno-


siltosos, ligeiramente plásticos e pegajosos, de coloração bruno-escura.

O horizonte B atinge uma profundidade que varia entre 2.5 a 3.0 m,


caracterizado por solos argilosos de coloração bruno avermelhado escura a
vermelho escura, é ligeiramente plástico e pegajoso.
SE-GRAVATA~P -

-
SE CACHOERINHA

ELIZABETH

PORTO ALEGRE

ALVORADA

VILA SAFIRA

CACmXIRINHA

F i gu t a 3. I.: Localizacão do campo experimental


PR(U/U DE- EMSPP/LTI\S DE CCKREm (UIZZARD/l1994))
^.. .. . .... 5 ' . ^ ^ i :.I

SPTlUa2ARa 11994))

u
EI --
BU)(X>S N-(MKSRAITISS
( i e e 8 l . W IiseS)
P06TE DE IwMNAC~J

lwmmAAmIMANmRnsIIsoiU
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DO-

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TRaoaoEMl4EíMW E SCANESCioej)

OE W WERVEX119941
1 BUm

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m s m
ENVIADO

Esm%s mS4YrnS
W K S W l l S (19881
wms IISBOI
WlRESIlW3

E] SPT MATOS119891

E] SPT RAtdI-993)

PRMSOECAR(YL E M W
EM SOLO COMPACTAW(MNCZNSCQD
(iW6)l
QPW~DECARGP.EM-
~~MuncRnwc0~CaQ.Im
~VENDRUXT)LO(~SB~O -------

FK). ~ . ~ . - ~ X A U Z A C ~ENWiüS NO ~ F C MPCRIMENTAL


DOS I
LEVANTAMENTO -
CAMPO DE PRWAS üA UFüGS
RJBER10 C
J=F
-
~k ~ m R n s
W

ESC. I/= 1996


O horizonte C é argiloso de coloração vermelho-amarela, com
mosqueados grandes acinzentados, sendo que o lençol freático encontra-se no
limite entre os horizontes C e B.

3.4 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DO SUBSOLO

A seguir são apresentados alguns resultados de ensaios de campo e


de laboratório obtidos por diversos pesquisadores.

3.4.1 Ensaios de campo

A Figura 3.3 apresenta o perfil do solo segundo resultados de ensaios


SPT (Matos, 1989); pressiometricos (Mántaras,1995) e CPT (Averbeck, 1996).
Pode-se observar nesta figura a homogeneidade do solo até uma profundidade de
2.50 m.

Fig 3.3 - Perfil do solo (Consoli e outros, 1995)


Resultados de ensaios de placa realizados por Cudmani (1994) no
horizonte B (profundidade de 1.20 m) com placas circulares de 0.30 m, 0.45 m e
0.60 m de diâmetro são apresentados na Fig. 3.4.

+ensaio placa D=45 cm


+ensaio placa D=60 cm

O 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Recalque (mm)

Fig.3.4- Ensaios de placa em solo natural a 1.20 m de profundidade (Cudmani,1994)

3.4.2 Ensaios de laboratório

Os resultados de ensaios de laboratório aqui apresentados foram


obtidos dos trabalhos desenvolvidos por Dias (1987), Meksraitis (1988), Matos
(1989), Mántaras (1995), Nakahara (1995) e Rohlfes Junior (1996).

3.4.2.1 índices físicos

A Tabela 3.1 apresenta a variação dos índices físicos do solo com a


profundidade.

3.4.2.2 Granulometria

As Tabelas 3.2 e 3.3 apresentam, respectivamente, os resultados de


análise granulométrica e classificação do solo obtidos por Meksraitis (1988),
Nakahara (1995) e Rohlfes Junior (1996).
46

Tabela 3.1- índices físicos (Nakahara, 1995)

Prof. (m) Horiz. o (%) Ynd (kNlm3) Yd (kNlm3) e S (%)


0.50 A 17.1 17.5 15.0 0.77 59.1

1.O0 A-B 21. I 17.7 14.3 0.85 74.9

1.50 B 25.4 17.7 14.3 0.86 75.5

2.00 B 25.9 18.2 14.8 0.79 77.3

2.50 B 27.2 18.3 14.4 0.84 85.6

3.00 B 26.7 18.7 14.7 0.80 88.8

3.50 C 23.5 20.4 16.7 0.58 100.0

4.00 C 23.3 20.4 16.8 0.58 100.0

Tabela 3.2- Análise granulométrica

Prof. Meksraitis Nakahara Rohlfes Junior


(1988) (1995) (1996)

(m) Arg Silt Areia (%) Arg Silt Areia (%) Ped. Arg Silt Areia
(%) (%I F M G (%) (%) F M G (%) (%) (%) (%)
0.50 15 30 50 5 O 20 22 40 15 3 - 23 15 62

1.00 24 32 38 6 O 40 17 30 11 2 - - -
1.20 - - - - - - - - - - - 45 12 43

1.50 - - - - - 41 17 31 9 2 - - - -
1.80 - - - - - - - - - - - 42 14 44

2.00 30 28 38 4 O 36 18 35 9 2 - - - -
2.50 - - - - - 32 17 38 11 2 - - - -
3.00 22 28 45 5 O 20 22 44 11 2 - - - -
3.20 25 30 40 5 O - - - - - - - - -
3.70 20 30 44 6 O - - - - - - - - -
Tabela 3.3 - Classificação granulométrica

Prof Meksraitis Nakahara Rohlfes Junior


(1988) (1995) (1996)

(m) Sistema Sistema Sistema Sistema HRB


Unificado Unificado Unificado Trilinear

Areia Argilosa Areia Argilosa Areia Argilosa Solo Solo


0.50 Arenoso Siltoso
(SC) (SC) (SC)
(A4)

Argila Argila
1.o0 - - -
Inorgânica (CL) Inorgânica (CL)

Argila Solo Solo


1.20 - - Inorgânica (CL) Argiloso Argiloso
(A6)

Argila
1.50 - - - -
Inorgânica (CL)

Argila Solo Solo


1.80 - Inorgânica (CL) Argiloso Siltoso
(A4)

Argila Argila
2.00 - - -
Inorgânica (CL) Inorgânica (CL)

Argila
2.50 - - - -
Inorgânica (CL)

Argila
3.00 - - - -
Inorgânica (CL)

Argila
3m20 - - - -
Inorgânica (CL)

Argila
3m70 - - - -
Inorgânica (CL)
3.4.2.3 Densidade real dos graos

Segundo Rohlfes Junior (1996), a densidade real dos grãos para uma
profundidade de 0.50 rn é de 26.20 k ~ l m para
~ , 1.20 m é de 26.30 k ~ l r e
n 26.40
~
k ~ l m para
' 1.80 m de profundidade.

3.4.2.4 Limites de Atterberg e atividade coloidal

A Tabela 3.4 apresenta a variação do limite de liquidez, limite de


plasticidade, índice de plasticidade e atividade coloidal com a profundidade,
obtidos por Nakahara (1995) e Rohlfes Junior (1996).

Tabela 3.4 - Limites de Atterberg e atividade coloidal

Profundidade Nakahara Rohlfes Junior


(m) (1995) (1996)
I

LL LP IP A, LL LP IP
0.50 - - - - 23.5 14 10

I.O0 44.9 21.6 23.3 0.9 - - -


1.20 40 24 16 - 40 24 . 16

1.50 46.2 23.0 23.2 0.5 - - -


1.80 - - - - 37 27 10

2.00 42.8 22.5 20.2 0.7 - - -


2.70 36.6 24.6 12.3 0.4 - - -
3.00 38.4 18.6 19.7 0.9 - - -
4.00 29.9 19.7 10.2 0.5 - - -
Os valores baixos do índice de Atividade confirmam a presença
dominante de argilas do tipo caolinita. Rohlfes Junior (1996) realizou ensaios de
Difração de Raios-X em amostras de solo natural, glicolada e calcinada, e,
observou a predominância dos argilominerais caolinita e clorita.

Os teores de umidade natural (o)


do solo são superiores aos limites
de plasticidade, ou seja, o solo se encontra no estado plástico in-situ.

3.4.2.5 Cisalhamento direto

A Tabela 3.5 apresenta uma comparação entre os parâmetros de


resistência obtidos por vários pesquisadores através de ensaios de cisalhamento
direto.

As unidades dos parâmetros de resistência estão em k ~ l m 'para a

coesão (c) e graus para o ângulo de atrito interno (v).

-
Tabela 3.5 Parâmetros de resistência obtidos por cisalhamento direto

Fonte HORIZ. A HORIZ. B HORIZ. C


dos INUND. NAT. INUND. NAT. INUND. NAT.
dados C cp C cp c c p c c p c cP C cp
Matos (1989) - - 23 27 - - 26 26 - - 31 48

Meksraitis (1988) - - 20 23 - - 25 24 - - 55 38

Mántaras (1994) - - 25 26 - - - - - - - -
Dias (1987) min - 5.0 28.0 22 24 29 19 - - - -
Dias (1987) med - - 17 30 21 27 29 27 - - - -
Dias (1987) max - - 25 31 34 26 46 27 - - - -
3.4.2.6. Ensaios triaxiais

A Figura 3.5 apresenta as curvas tensão-deformação-variação


volumétrica obtidas para três ensaios de compressão triaxial consolidados drenados
(CID) e saturados realizados nas tensões de confinamento de 20, 60 e 100 kNlm2
(Rohlfes Junior, 1996). Os parâmetros de resistência do material são: coesão (c)

igual a 15.6 kNlm2 e ângulo de atrito interno (cp) igual a 26 graus (Rohlfes Junior,
1996).

O 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Deformação Axial (%)

O 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Deformação Axial (%)

-
Fig. 3.5 Curvas tensão-deformação-variação volumétrica (Rohlfes Junior, 1996)
Pode-se observar nas curvas tensão-deformação da Fig 3.5 que houve
uma redução da rigidez com o aumento da tensão de confinamento. Isto ocorreu
devido a quebra da estrutura pelo aumento da tensão confinante.

3.4.2.7 Ensaios de medida de sucção

A Figura 3.6 apresenta a curva característica da sucção versus teor de


umidade obtida por Nakahara (1995) através de ensaios realizados em célula de
pressão.

É possível observar nesta figura uma considerável dispersão dos


valores medidos, que levou ao traçado de limites superior e inferior para a curva
característica. Pode-se notar na Figura 3.6 que os valores de sucção são
extremamente baixos para os teores de umidade encontrados "in situ", acima de
24% para o Horizonte B.

..........-....i..-..............iiiiiiii.l .-..---..--
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..........-.$...........-.....4............-i
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16.0 18.0 20.0 22.0 24.0 26.0 28.0 36.0 32.0 34.0
Teor de umidade (%)

-
Fig 3.6 Curva característica do Horizonte B
(Nakahara, 1995)
DESCRIÇAO DO PROGRAMA DE PESQUISA

A pesquisa pode ser dividida em duas etapas principais: a primeira


denominada de etapa experimental e a segunda de etapa numérica. A seguir é feita
uma descrição de cada uma dessas etapas.

4.1 ETAPA EXPERIMENTAL

A etapa experimental compreende os ensaios de laboratório e ensaios


de campo realizados neste trabalho. Nesta etapa são descritos os equipamentos e
procedimentos utilizados para a realização dos mesmos. Os ensaios de laboratório
envolvem a coleta e preparação de amostras deformadas, determinação da
dosagem da mistura solo-cimento, ensaios de compactação do solo residual e da
mistura solo-cimento, retirada de amostras indeformadas e ensaios triaxiais. Os
ensaios de campo envolvem a escavação e preparação do solo, compactação de
uma camada de solo natural e de uma camada de solo tratada com cimento,
determinação da densidade em campo e ensaios de placa.

4.1 .I Ensaios de laboratório

4.1.I.1 Dosagem da mistura solo-cimento

A determinação do teor de cimento necessário para a estabilização


físico-química do solo foi realizada por Rohlfes Junior (1996) através do método
físico-químico descrito por Ceratti e Casanova (1988). Segundo este método, um
teor de cimento de 7 % é o ideal sob o ponto de vista físico-químico, portanto,
qualquer adição de cimento acima deste teor pode aumentar a resistência da
mistura compactada, mas, o aditivo não reagirá físico-quimicamente com as
partículas de solo.

Para a confirmação deste método, Rohlfes Junior (1996) realizou


ensaios de resistência a compressão simples em corpos de prova de mistura de
solo-cimento nos teores de I%, 3%, 5%, 7%, 9%, 1I%, 13%, 15% e 17% de
cimento. Os corpos de prova foram curados em câmara úmida por um período de 7
dias e colocados em imersão durante 24 horas antes de serem rompidos. O
acréscimo da resistência a compressão simples com o teor de cimento foi mais
significativo para teores de cimento acima de 3% , aumentando consideravelmente
para teores de cimento acima de 5%.

Com base nestes resultados, adotou-se um teor de 5% de cimento


para a realização desta pesquisa, já que o objetivo não é estabilizar o solo, e sim,
apenas melhorar suas características quanto a resistência e deformabilidade.

4.1.I.2 Ensaios de compactação

4.1.I.2.1 Materiais utilizados

4.1.1.2.1.1 O solo

O solo utilizado nos ensaios de compactação foi retirado do local de


estudo situado no Campo Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, municipio de Cachoeirinha, RS. As características do solo já foram descritas no
capítulo 3. As amostras foram retiradas a profundidades que variam de 1.O m a 1.80
m (horizonte 6)e foram armazenadas em sacos plásticos. Todos os cuidados foram
tomados para que não houvesse a contaminação do horizonte A, rico em matéria
orgânica.
4.1.1.2.1.2. O cimento

O cimento utilizado foi o Cimento Portland tipo CP-IV, classe 32, de


marca comercial Cimbagé, produzido na cidade de Bagé, RS. As características
físico-químicas médias desse cimento, apresentadas na Tabela 4.1, foram
determinadas por Silva Filho (1994).

Tabela 4.1 - Características físico-químicas do cimento (Silva Filho, 1994)

Módulo de Finura 1.2%


Tempo de Pega início: 203 min
Características final : 552 min
Físicas 3 dias: 13.6 MPa
Resistência a Compressão ('I 7 dias: 23.5 MPa
(Argamassa) 21 dias: 28.0 MPa
28 dias: 38.6 MPa
A203 6.10 %
Si02 33.3 %
Características CaO 47.3 %
Químicas 5.31 %
Mgo
sos 1.80 %
Perda ao Fogo 6.81
Álcalis solúveis em Água 0.47 %

(*)~ados
fornecidos pelo fabricante

4.1.1.2.1.3. A água

Para a realização dos ensaios de compactação foi utilizado somente


água destilada.
4.1.1.2.2 Preparação do solo

As amostras deformadas coletadas foram espalhadas e expostas para


secagem ao ar. Depois de secas, foram destorroadas e passadas na peneira No 4
(4.8 mm). Posteriormente, as amostras foram ensacadas novamente até o momento
de sua utilização. O teor de umidade higroscópica foi determinado e ficou em torno
de 4%.

4.1.1.2.3 Mistura

Para o caso da mistura de solo-cimento, os. materiais utilizados, ou


seja, solo, aditivo e água, foram pesados em balança com precisão de 0.01 g.
Primeiramente, solo e aditivo foram misturados a mão até que a coloração estivesse
uniforme em toda a massa, compondo a mistura seca. Posteriormente, acrescentou-
se a água aos poucos cuidando-se para garantir a homogeneidade da mistura,
compondo assim, a mistura úmida. O tempo necessário para a realização da mistura
ficou em torno de 4 minutos.

A proporção de aditivo foi relacionada ao peso do solo seco e a


proporção de água em relação ao peso da mistura solo-cimento.

Na preparação do solo para o ensaio de compactação sem aditivo, ou


seja, solo sem adição de cimento, a proporção de água (em relação ao peso de solo
seco) foi acrescentada aos poucos e o tempo de mistura foi de aproximadamente 3
minutos.

4.1 .I.2.4 Procedimento do ensaio

0 s ensaios de compactação foram realizados nas energias do Proctor


Normal, Intermediário e Modificado conforme a Norma Brasileira NBR 7182/86.
Na execução do ensaio de compactação na energia do Proctor Normal
utilizou-se o soquete pequeno (2500 g de peso e altura de queda de 305 mm) e o
cilindro pequeno (volume igual a 1000 cm3). O número de golpes aplicado foi 26
para cada uma das 3 camadas.

Para as energias do Proctor Intermediário e Modificado utilizou-se o


soquete grande e o cilindro pequeno. O peso (4847 g) e a altura de queda (444 mm)
do soquete grande são distintos da descrição dada pela NBR 7182186. Portanto, o
número de golpes foi recalculado resultando em 20 golpes para a energia do
Proctor Intermediário e 43 golpes para a energia do Proctor Modificado para cada
uma das 3 camadas.

4.1.1.3 Ensaios de resistência a compressão triaxial

Os ensaios triaxiais foram realizados com amostras retiradas de campo


da camada de solo compactado e da camada de solo melhorado com cimento
depois de um período de aproximadamente 60 dias após a realização da
compactação em campo. Foram realizados um total de 11 ensaios triaxiais nas
tensões de confinamento de 20,60 e 100 kN1m2. 0 s ensaios foram executados com
medição interna e externa de deformações. A medição interna foi aplicada em
somente 5 dos ensaios triaxiais (nas tensões de confinamento de 20 e 100 k ~ l m '
para o solo natural compactado e nas tensões confinantes de 20, 60 e 100 kN1m2
para o solo melhorado com cimento). Todos os ensaios foram do tipo saturados,
consolidado isotropicamente e drenados (CID).

4.1 .I3.1 Medição de deformação axial

A medição de deformações axiais foi realizada utilizando


instrumentação interna, a base de sensores de efeito Hall, e externa, através de um
defletômetro conectado no topo da câmara triaxial.
Os transdutores de deformação axial utilizados neste trabalho foram
construídos no Laboratório de Mecânica dos Solos da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, tendo sido descritos por Soares e outros (1994), conforme mostra
a Figura 4.1. Cada transdutor consiste de um sensor de efeito Hall (Micro-Switch,
modelo 92SS12-2) encapsulado em um recipiente metálico o qual é preenchido
com resina epóxi e vedado por uma lamínula de vidro a fim de impedir a entrada de
água. Os imãs permanentes são fixos a uma pequena barra metálica, e esta, a uma
sapata que se apóia diretamente sobre o corpo de prova.

Uma haste presa a uma mola exerce uma pequena pressão de contato
entre a lamínula de vidro que protege o sensor e os imãs permanentes. A haste
possui um rasgo que permite ajustar a posição do sensor em relação aos ímãs
permanentes ao longo de um curso de 10 mm para o posicionamento do sensor
dentro do intervalo linear de calibração. A mola da haste contém um suporte o qual
é fixo a uma sapata, que por sua vez, é colada a membrana do corpo de prova. Os
ímãs (Micro-Switch, modelo MG-103) e o pino de teflon são fixos a outra sapata que
também é colada a membrana do corpo de prova.

4.1.I.3.2 Calibração dos transdutores de deformação axial

A calibração é importante para a determinação do intervalo linear dos


sensores de efeito Hall. Um calibrador também foi desenvolvido para realizar esta
aferição no Laboratório de Mecânica dos Solos da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, descrito por Soares e outros (1994). O calibrador é constituído
por uma placa de aço inoxidável com uma canaleta por onde se desloca, com folga
muito reduzida, um bloco maciço de aço inoxidável. Este bloco é movimentado pelo
eixo de um micrômetro fixado a uma das extremidades da placa. O bloco móvel

encontra-se em contato com a haste de um defletômetro (com resolução de 1 pm),


o qual é fixo a outra extremidade da placa. Durante a calibração, o micrômetro
permite o avanço ou recuo suave do bloco móvel, ao passo que o defletômetro
fornece o deslocamento padrão. A própria mola do defletômetro desloca o bloco
móvel na direção do recuo, minimizando assim, a histerese na calibração do
transdutor.
cabo e1étric o

sensor
encapsulado

irnans.
permanentes

mola

sapata de
apoio

membrana
tria x ial

"O - ring"

Fig 4.1 - Medidor de deformação axial a base de sensores de efeito Hall


(Soares e outros, 1994)
A haste contendo o sensor encapsulado é colada sobre. a placa do
calibrador. O suporte contendo o par de ímãs permanentes é colado sobre o bloco
móvel.

Após a calibração, um sensor de efeito Hall apresentou um intervalo


linear de deslocamento de 2.0 mm, enquanto o outro, apresentou uma linearidade
de 2.5 mm. Não foi verificada histerese significante nas curvas de calibração dos
transdutores de deslocamento.

4.1.I.3.3 Aplicação da pressão confinante e da contra-pressão

A aplicação da pressão confinante e da contra-Pressão é feita através


de um sistema de potes de óleo.

4.1.1.3.4 Medição da poro-pressão e da pressão confinante

A poro-pressão é medida através de um transdutor de pressão, da


marca SODMEX, do tipo HP200, ligado a base do corpo de prova. A capacidade
deste transdutor de pressão é de 5 kgflcm2. A voltagem de alimentação do
transdutor é de 8 V, o qual, é conectado a um multímetro ( marca LEADER 856 G)
que mede a voltagem de saída do transdutor. Como o transdutor foi calibrado
previamente, a leitura do multímetro (volts) é multiplicada pela constante de
calibração (0.0616483) resultando na medida da poro-pressão em kgflcm2.

A pressão confinante e a contra-pressão é aplicada através de um


sistema de potes de óleo, a qual, é medida através de um manômetro da marca
GEONOR com precisão de 0.1 kgflcm2. A pressão confinante pode também ser
medida pelo mesmo transdutor de pressão que mede a poro-pressão. Um conjunto
de válvulas conectado a este transdutor permite medir ora a poro-pressão, ora a
pressão de confinamento.
4.1 .I.3.5 Medição da força axial

A medição da força axial é feita através de um anel dinamométrico com


capacidade de 400 kgf. Este anel foi calibrado previamente e sua constante de
calibração é 0.5062. A leitura do anel dinamométrico multiplicada pela constante de
calibração resulta na força axial aplicada em kgf.

4.1.I.3.6 Medição da vanaç%ovolumétrica

A variação volumétrica é medida através de uma bureta graduada com


um volume de 25 cm3 conectada ao topo do corpo de prova. O instrumento permite
medir a variação volumétrica de um sistema sob pressão pelo deslocamento da
superfície de contato de dois líquidos não miscíveis (querosene com corante e
água). A resolução da bureta é de 0.1 ml.

4.1 .I.3.7 Interface equipamento tnaxial-computador

O datalogger é o elemento que permite a interface entre o micro-


computador e o equipamento triaxial.

A cada leitura dos sensores o datalogger converte o sinal analógico


(volts) em um sinal digital que pode ser reconhecido pelo micro-computador (bits).

4.1.I.3.8 Leitura zero dos transdutores

Estando o corpo de prova montado e os transdutores de


deslocamentos (sensores de efeito Hall) ajustados no intervalo linear de calibração,
são tomadas as leituras zero. Estas leituras servirão como referência para o calculo
dos parâmetros do ensaio. Assim, por exemplo, a deformação será calculada em
função da diferença entre a leitura do medidor de deformação em um instante
qualquer do ensaio e a leitura zero. O mesmo procedimento é adotado para os
transdutores de pressão. A leitura zero do transdutor de pressão é feita isolando
este transdutor do sistema e abrindo para a atmosfera através do conjunto de
válvulas.

4.1.I.3.9 Amostragem e moldagem dos corpos de prova

A técnica utilizada para a retirada de amostras em campo foi a


amostragem em bloco. Da camada de solo natural compactado e de solo
compactado com cimento foram retirados blocos nas dimensões de 15x15x15 cm.
Estes blocos foram parafinados para evitar perda de umidade e acondicionados em
caixas com serragem a fim de proteger durante o transporte. No laboratório, os
blocos foram colocados em câmara úmida até o momento de sua utilização.

Os corpos de prova foram cortados e moldados nas dimensões de


50 mm de diâmetro e 100 mm de altura. Os corpos de prova do solo natural
compactado foram moldados num equipamento especialmente projetado para
moldagem de corpos de prova de 50 mm de diâmetro. Já para os corpos de prova
de solo compactado com cimento, devido a sua rigidez, foi utilizado além deste
equipamento uma serra elétrica.

Depois de moldados, os corpos de prova foram pesados em balança


com resolução de 0.01 g e medidos com o auxílio de um paquímetro de 0.10 mm de
precisão. Os corpos de prova que não foram utilizados naquele momento foram
ensacados e colocados em câmara úmida.

4.1 .I.3.10 Montagem do equipamento

Os corpos de prova foram colocados no pedestal da câmara triaxial


sobre o papel filtro e a pedra porosa. No topo do corpo de prova foi colocado o
papel filtro, a pedra porosa e o top-cap. Posteriormente, o corpo de prova foi
coberto pela membrana, tendo sido a mesma, fixada por anéis de vedação (o-
rings). A membrana foi previamente marcada com as posições onde os sensores de
efeito Hall deveriam ser colados. Os sensores foram posicionados em pontos
diametralmente opostos e sobre o terço médio do corpo de prova. Como os corpos
de prova tinham 100 mm de altura, a distância vertical entre as sapatas ficou em 66
mm. Na colagem dos medidores de deformação axial deve-se assegurar o
alinhamento dos mesmos em relação as marcas feitas na membrana, ou seja,
deve-se garantir a verticalidade dos medidores. Optou-se em colar o par de ímãs
permanentes à sapata superior e a haste de fixação dos sensores a sapata inferior.
Este procedimento tem Como inconveniente que o peso dos sensores tende a girar
a sapata de apoio, deslocando a membrana do corpo de prova (Martins, 1994). Para
contornar este problema, Bressani (1990) sugere a aplicação de vácuo no interior
do corpo de prova durante a montagem e a utilização de um tira de borracha para
pressionar as sapatas contra o corpo de prova. Este procedimento se mostrou
eficiente e foi utilizado nos ensaios com medição local de deformação.

Após o alinhamento e a colagem dos sensores, é feito o ajuste do


início do intervalo linear da calibração através do monitoramento das leituras
no micro-computador.

4.1 .I.3.11 Execução do ensaio

Após o ajuste dos sensores, a câmara triaxial foi preenchida com água.
Em seguida, percolou-se água através da amostra no sentido base-topo do corpo de
prova por um periodo mínimo de 24 horas.

Depois do periodo de percolação, a amostra foi submetida a


incrementos de contra-pressão e pressão confinante para aumentar o grau de
saturação da amostra. A diferença entre as duas pressões foi mantida constante em
20 k~lm'. A verificação da saturação foi realizada através do parâmetro B de
Skempton.

Como o ensaio é adensado e drenado, o último passo antes do início


do ensaio foi o adensamento da amostra na pressão de confinamento estabelecida
(20.60 ou 100 k~lm').
A velocidade de deformação utilizada foi de 0.0180 mmlmin para os
corpos de prova de solo natural compactado e de solo melhorado com cimento.

Durante o ensaio, as leituras dos transdutores de deslocamento são


enviadas ao micro-computador, as quais, são armazenadas em um arquivo de
dados. Esses dados (em bits) são posteriormente importados e recalculados com as
respectivas constantes de calibração para conversão de unidades (mm).

4.1.2 Ensaios de campo

4.1.2.1 EscavaçCLo das valas e preparação do solo

A área correspondente a realização dos ensaios foi primeiramente


limpa e toda vegetação existente foi retirada com o auxílio de uma retroescavadeira.
Duas valas foram escavadas para posteriormente serem executados a compactação
e os ensaios de placa. Cada vala tinha as seguintes dimensões: 5.00 m de
comprimento, 1.50 m de largura e 1.80 m de profundidade conforme ilustrado na
Figura 4.2. Numa vala seria executada a compactação do solo natural, e na outra, a
compactação da mistura solo-cimento.

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placa 30 cm
1.80 m hork B

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Fig 4.2 - Dimensões da escavação


A escavação iniciou com a retirada de uma camada superficial de solo
correspondente ao horizonte A (80 cm), a qual foi posta de lado. Posteriormente, foi
escavado o solo até uma profundidade de 1.80 m (horizonte B), o qual foi
devidamente espalhado e exposto ao sol para secagem, pois a umidade natural
(25%) é maior que a umidade ótima de compactação (19.4%). O solo depois de
espalhado foi coberto com uma lona para proteção nos períodos de chuva.

4.1.2.2 Compactação do solo natural

Várias amostras de solo foram coletadas de diversos pontos do


material que se encontrava espalhado para a determinaMo do teor de umidade,
apresentando uma variação de 17% a 20% e um teor de umidade médio de 18.5%.
O teor de umidade foi determinado em campo utilizando-se o método da frigideira.

O solo foi colocado na vala em camadas de 20 cm de espessura e


compactado com 6 passadas do compactador a percussão. Um total de 5 camadas
foi necessário para atingir a espessura final desejada de 60 cm. A cada camada
compactada foi retirada amostra cilíndrica indeforrnada para a verificação da
densidade. Essas amostras foram levadas para o laboratório para a determinação
da umidade em estufa de 11O0 C.

Concluída a compactação, a superfície compactada foi coberta com


uma camada de 15 cm de solo solto e a vala foi coberta com uma lona plástica a fim
de manter a umidade e evitar a entrada de água da chuva, bem como, evitar o
ressecamento superficial pela insolação.

4.1.2.3 Compactaçiio da mistura solo-cimento

Devido ao intenso período de chuva e umidade na época da realização


da compactação do solo, não foi possível atingir a umidade ótima, mesmo estando o
solo protegido com lona. Portanto, decidiu-se compactar o solo nestas condições,
com a umidade média do solo natural em torno de 26%. Já a umidade média da
mistura solo-cimento ficou em torno de 23%, o que era previsível, pois com a adição
de cimento há um aumento do peso seco do solo, conseqüentemente, há um
decréscimo no teor de umidade, além de perdas de água devido a hidratação do
cimento.

A mistura de solo-cimento (teor de 5% de cimento) e a compactação


de cada camada foi realizada em 2 etapas, visto que, o volume de solo necessário
para compactar cada camada era relativamente grande considerando que a mistura
foi realizada manualmente. O tempo de mistura ficou em torno de 15 minutos.
Volumes muito grandes de solo dificultariam uma boa homogeneização e, além do
mais, aumentaria o tempo necessário para a mistura acarretando em perda de
resistência (Núfiez, 1991). O uso de betoneira convencional para misturar o solo-
cimento se mostrou ineficaz, constatando-se assim, que este tipo de equipamento
não é adequado para mistura de materiais finos.

Após espalhado o solo em camadas de 20 cm de espessura, realizou-


se uma pré-compactação com soquetes manuais de modo a obter uma base mais
firme para a passagem do Sapo.

O número de passadas do Sapo foi restringido a 3, pois com o início


das reações primárias da mistura solo-cimento nas camadas inferiores, onde já há
um enrijecimento do material, o uso de uma energia maior causaria a
desestruturação das mesmas.

Concluída a compactação, a superfície da vala foi coberta por uma


camada de aproximadamente 15 cm de solo, sendo a mesma coberta por uma lona
plástica para manter a umidade e facilitar a cura da mistura, evitando o
ressecamento superficial.

4.1.2.4 Descrição do compactador

O compactador utilizado foi um compactador a percussão do tipo


"Sapo" da marca Wacker (Fig. 4.3), modelo BS 62Y. Basicamente, a escolha deste
tipo de compactador se deve ao fato de que é adequado para o tipo de solo do
local, atende as especificações desejadas e pelas condições físicas do local de
trabalho.

Os dados técnicos fornecidos pelo fabricante especificam que todos os


equipamentos Wacker foram projetados para atingir, no mínimo, 95% da densidade
Proctor padrão, com três ou quatro passadas, na umidade do solo próxima a ótima.

Fig. 4.3 - Compactador tipo Sapo

Filtz e Brandon (1993) instrumentaram dois compactadores com


células de carga e acelerômetros para medir a força de contato e a energia
transferida ao solo. Foi usado um compactador de percussão e outro vibratório. Dois
tipos de solo foram utilizados para os testes: uma areia siltosa seca e úmida, e uma
areia limpa. O compactador de percussão usado no estudo foi da marca Wacker,
modelo BS 60Y (62 kg), similar ao modelo BS 62Y. As medidas de força e energia
foram realizadas durante a operação do compactador após um número de duas
passadas, portanto, para a condição do solo compactado e não do solo fofo, em
camadas de 15 cm de solo. A energia média obtida pelos autores foi de 71.O J por
impacto e a força de pico média foi de 24500 N, apresentando uma variação de
15700 N a 38000 N. Esta variação substancial na força de pico é devido à variação
na rigidez com o tipo de solo e a variação da umidade de ensaio para ensaio. A
energia especificada pelo fabricante para o equipamento é de 78.4 J, próxima a do
equipamento utilizado nesta pesquisa, e a especificação da força é de 12300 N. A
força medida pelo fabricante representa uma força média correspondente a uma
deformação padrão do solo de 6.35 mm durante o impacto. Portanto, seria
correspondente a uma força de pico de aproximadamente 24700 N, que é, próxima
a força de pico obtida neste estudo.

Algumas das especificações fornecidas pelo fabricante para o


compactador de percussão BS 62Y são descritas a seguir: energia de 83 J por
impacto; profundidade de compactação de até 58 cm; um número de 60 a 90
golpes por segundo; rendimento de até 332 m2/h;velocidade de avanço de 17mlmin
e uma potência de 2300 W.

4.1.2.5 Determinação da densidade do solo "in situ"

A densidade do solo em campo foi determinada através da retirada de


amostras cilíndricas indeformadas pela cravação de um cilindro metálico conforme o
procedimento descrito pela ASTM D2937-83.

4.1.2.6 Ensaios de placa

Os ensaios de placa de 30 cm de diâmetro foram realizados sobre


duas camadas de solo melhorado (solo natural compactado e solo melhorado com
cimento) de 60 cm de espessura. Os ensaios de placa sobre a camada de solo
natural compactado foram realizados após um período de 30 dias da compactação
em campo, enquanto que, para o caso da camada de solo melhorado com cimento,
os ensaios foram realizados após um período de 180 dias de cura.
4.1.2.6.1 Sistema de reação

O sistema de reação consiste de duas sapatas móveis, uma viga de


reação, elementos de união viga-sapata e sobrecarga sobre a viga.

A sapata é constituída de uma base de concreto de forma piramidal na


qual se engasta uma coluna formada por dois perfis U, tendo um peso total de 2.0 tf.
A viga de reação é constituída de um perfil H fabricado com chapa de aço de 1"
(2.54 cm) com um peso aproximado de 2.0 tf. A sobrecarga é constituída de 8
blocos de concreto com um peso aproximado de 1.0 tf cada um, conforme mostra a
Figura 4.4. Portanto, a sobrecarga total do sistema de reação chega a 14.0 tf.

4.1.2.6.2 Sistema de transmissão de carga

O sistema de transmissão de cargas consiste de um macaco


hidráulico, uma célula de carga, tubos de transmissão de carga e a placa (Fig. 4.5).

Fig 4.4 - Sistema de reação


4.1.2.6.1 Sistema de reação

O sistema de reação consiste de duas sapatas móveis, uma viga de


reação, elementos de união viga-sapata e sobrecarga sobre a viga.

A sapata é constituída de uma base de concreto de forma piramidal na


qual se engasta uma coluna formada por dois perfis U, tendo um peso total de 2.0 tf.
A viga de reação é constituída de um perfil H fabricado com chapa de aço de 1"
(2.54 cm) com um peso aproximado de 2.0 tf. A sobrecarga é constituída de 8
blocos de concreto com um peso aproximado de 1.O tf cada um, conforme mostra a
Figura 4.4. Portanto, a sobrecarga total do sistema de reação chega a 14.0 tf.

4.1.2.6.2 Sistema de transmissão de carga

O sistema de transmissão de cargas consiste de um macaco


hidráulico, uma célula de carga, tubos de transmissão de carga e a placa (Fig. 4.5).

Fig 4.4 - Sistema de reação


Fig 4.5 - Sistema de transmissão de carga e medição de deslocamento
(Cudmani, 1994)

O macaco hidráulico é da marca ENERPAC, tem uma capacidade de


30 tf. A célula de carga, é da marca KRATOS, foi calibrada em laboratório com
incrementos de carga de 500 kgf até sua capacidade máxima, ou seja, 20 tf. A placa
possui um diâmetro de 30 cm e é constituída de aço com espessura de 1" (2.54 cm).

4.1.2.6.3 Sistema de mediç2lo de deslocamentos

Os deslocamentos da placa foram medidos sobre a mesma em dois


pontos opostos. Dois fios de aço partem da placa, passam através de um dispositivo
especialmente projetado e são ligados individualmente a um peso. O dispositivo
possibilita que o deslocamento da placa provoque um deslocamento do peso, cuja
magnitude é a mesma que a correspondente ao deslocamento da placa. O
dispositivo consiste de uma placa de aço onde foram fixados dois rolamentos e uma
barra roscada. O fio de aço conectado na placa passa através do rolamento e é
preso ao peso. O defletômetro é fixado na barra roscada e conectado ao peso de
modo que, com o recalque da placa, o peso sobe e causa um movimento do cursor
do defletômetro. Os defletômetros usados são da marca MITUTOYO, com precisão
de 0.01 mm e 50 mm de curso.

Os dois dispositivos projetados, conforme descrito acima,


correspondentes aos dois pontos de medição de deslocamentos sobre a placa, são
fixos a um sistema de referência composto por duas vigas principais de 4.0 m de
comprimento, apoiadas nas extremidades sobre duas vigas secundárias, de 1.50 m
de comprimento, as quais são apoiadas em quatro sapatas. Cada sapata é
vinculada ao terreno por meio de quatro barras de aço de 20 cm de comprimento.
Todo o sistema de referência é de madeira para facilitar tanto o transporte como a
instalação. As Figuras 4.5 e 4.6 mostram o sistema de medição de deslocamentos
descrito.

Fig. 4.6 - Sistema de medição de deslocamentos


preso ao peso. O defletômetro é fixado na barra roscada e conectado ao peso de
modo que, com o recalque da placa, o peso sobe e causa um movimento do cursor
do defletômetro. Os defletômetros usados são da marca MITUTOYO, com precisão
de 0.01 mm e 50 mm de curso.

Os dois dispositivos projetados, conforme descrito acima,


correspondentes aos dois pontos de medição de deslocamentos sobre a placa, são
fixos a um sistema de referência composto por duas vigas principais de 4.0 m de
comprimento, apoiadas nas extremidades sobre duas vigas secundárias, de 1.50 m
de comprimento, as quais são apoiadas em quatro sapatas. Cada sapata é
vinculada ao terreno por meio de quatro barras de aço de 20 cm de comprimento.
Todo o sistema de referência é de madeira para facilitar tanto o transporte como a
instalação. As Figuras 4.5 e 4.6 mostram o sistema de medição de deslocamentos
descrito.

Fig. 4.6 - Sistema de medição de deslocamentos


4.1.2.6.4 Execução do ensaio

O ensaio pode ser dividido em duas etapas: preparação do ensaio e


aplicação do carregamento.

4.1.2.6.4.1 Preparaçao do ensaio

O primeiro passo do ensaio consistiu na instalação do sistema de


reação. Todos os elementos integrantes do sistema de reação foram
transportados até a posição do ensaio por um caminhão Munck.

A seguir, foi nivelado o local onde seria assente a placa para que a
mesma ficasse na horizontal. Tomou-se o cuidado para que a posição da placa
ficasse exatamente no centro da viga de reação.

Posteriormente, foi montado o sistema de transmissão de cargas


assegurando que o mesmo ficasse perfeitamente na vertical.

Por ultimo, foram montados os sistemas de referência e de


deslocamento.

4.1.2.6.4.2. Aplicação do carregamento

A segunda etapa do ensaio foi executada no dia seguinte a primeira


etapa. Portanto, nesta etapa eram instalados os defletômetros, a célula de carga, o
macaco hidráulico e os aparelhos eletrônicos (fonte e multímetro). Equipamentos
estes que, por motivos de segurança, não convinham deixá-los montados no dia
anterior. A célula de carga era alimentada por uma fonte de 10 Volts e era ligada a
um multímetro onde efetuavam-se as leituras das cargas aplicadas.

O carregamento foi aplicado de forma distinta para os ensaios


realizados na camada de solo natural compactado e na camada de solo compactado
com cimento. Para a camada de solo natural compactado, o carregamento foi
aplicado em estágios sucessivos de 1.0 tf até atingir a carga de ruptura do solo.
Para a camada de solo compactado com cimento, a aplicação do carregamento se
deu em estágios de 1.5 tf até atingir a carga máxima do ensaio imposta pelo sistema
de reação (14 tf). Posteriormente, se executou o descarregamento também em
estágios, mas, com incrementos de carga diferenciados, pois o macaco hidráulico
não permitia o descarregamento em estágios iguais.

As leituras dos defletômetros eram feitas em intervalos de tempo de 1,


2, 4, 8, 15, 30 e 60 minutos após a aplicação da carga. A aplicação de um novo
carregamento só era realizada depois de verificado o critério de estabilização, que
em geral, ocorria em 60 minutos. Este critério é dado pela NBR 612111986 que
estabelece:

onde:
L, = leitura no intervalo "nu qualquer
L,,-, = leitura imediatamente anterior a leitura L,
L, = primeira leitura após a aplicação do carregamento

4.2 ETAPA NUMÉRICA

A etapa numérica compreende a utilização do modelo constitutivo


Pseudo-Elástico Não Linear para representar o comportamento do material. Através
da implementação deste modelo no programa CRISP-90 realizada por Thomé
(1994) e Mántaras (1995), o qual é embasado no Método dos Elementos Finitos, foi
possível simular o comportamento de uma camada de solo compactado e de uma
camada de solo melhorado com cimento quando submetidas ao carregamento de
uma placa. Previamente a simulação, a calibração dos parâmetros do modelo foi
realizada com base em ensaios triaxiais realizados em amostras de solo
compactado e de mistura solo-cimento coletadas nas valas realizadas no campo
experimental.
Comparações foram feitas entre os resultados da simulação numérica
e dos ensaios de placa realizados nas camadas melhoradas por compactação do
solo natural e da mistura solo-cimento.

4.2.1 O Modelo Pseudo-Elástico Não Linear

Os estudos teóricos tem evoluído na procura de uma melhor


representação do comportamento do solo; e, têm conduzido a diversas formulações
matemáticas que descrevam o comportamento tensão-deformação do solo. Estas
formulações matemáticas devem ser baseadas em ensaios e simular as condições
reais com precisão e simplicidade, para permitir a utilização do método de forma
satisfatória.

Dentre estas formulações, o modelo Pseudo-Elástico Não Linear


(Hiperbólico) proposto por Duncan e Chang (1970) tem tido grande aplicabilidade
implementado no Método dos Elementos Finitos. Este modelo constitutivo foi
adotado neste trabalho para representar o comportamento tensão-deformação do
solo compactado natural, bem como da mistura solo-cimento.

Este modelo propõe uma relação tensãodeformação não linear,


através da consideração de um módulo tangente variável com a tensão desviadora
e do módulo de elasticidade inicial (Ei) variável com a pressão de confinamento
(~3).

Kondner e Zelasko (1963) demonstraram que a não linearidade das


curvas tensão-deformação pode ser expressa segundo a equação de uma
hipérbole do tipo:

onde:
(01 - 03) = diferença entre as tensões principais maior e menor
c;, = deformação axial
a e b = constantes que dependem do tipo de solo

Os valores dos coeficientes a e b podem ser determinados plotando


os dados tensão-deformação em eixos transformados, onde a é a interseção da
linha reta com o eixo das ordenadas e b é a inclinação da reta, conforme ilustrado
na Figura 4.7. Assim, a equação da hipérbole pode ser reescrita da seguinte forma:

O significado físico das constantes a e b pode ser visto na Figura 4.8,


onde a é o inverso do módulo de elasticidade inicial (Ei) e b é o inverso da
assíntota (o, - c&. Esta assíntota e o valor de (ol - u3) quando a deformação E,
tende ao infinito. Portanto, substituindo a = l E i e b =I/(o, - o ~ ) , na
~ equação (4.1)
temos:

Substituindo também na equação (4.2), obtém-se:

O valor assintótico da diferença de tensões, (01 - o ~ ) é~relacionado


~ ,
com a diferença de tensões na ruptura, (ol - 03),, através de um fator Rf, onde:
\I/
deformação fwal

Fig.4.7- Representação hiperbólica em escah transformada (Kondner, 1963)

Assíntota = (01'CT~)UR = 11 b

deformação axial
Fig. 4.8 - Representação hiperbólica idealizada da curva tensão-deformação (Kondner, 1963)
O valor de (ai - pode ser expresso pelo critério de ruptura de
Mohr-Coulomb:

onde:

C = é a coesão

p=é o ângulo de atrito interno


Estes valores são os parâmetros de resistência Mohr-Coulomb

Segundo Janbu (1963), o módulo de elasticidade inicial (Ei) varia com


a tensão de confinamento (o3)de acordo com a seguinte expressão:

onde:

p, = pressão atmosférica
K e n = parâmetros adimensionais do solo

Os parâmetros K e n podem ser obtidos pela plotagem dos valores de


(Ei 1p,) x (o31pa)em escala Iogarítmica, onde K é a interseção da linha reta ajustada
com o eixo vertical passando por (o3 I p, )= 1 e n é a inclinação desta reta, como
ilustrado na Figura 4.9.

Considerando a tensão de confinamento (03) constante, o módulo de


Elasticidade tangente (Et) para cada ponto da curva tensão-deformação é obtido
derivando a equação (4.3) e substituindo as equaç6es (4.5), (4.6) e (4.7) na
expressão resultante, obtendo-se a seguinte equação:
&.(i - sen p).(m- 03)
2.c.cosp+ 2.as.senp

O coeficiente de Poisson (v) foi obtido das curvas deformação


volumétrica-deformação axial e, na análise numérica, foi adotado um valor
constante.

-
Fig. 4.9 Obtenção dos parâmetros K e n do modelo hiperbólico (Kondner, 1963)

4.2.2 O programa CRISP- 90

O programa de computador conhecido como CRISP (Critical State


Program) foi desenvolvido por pesquisadores do grupo de mecânica dos solos da
Universidade de Cambridge a partir do ano de 1975. Alguns exemplos de uso do
programa são apresentados por Britto e Gunn (1987) e podem ser encontrados
também em teses de vários membros do grupo de mecânica dos solos da
Universidade de Cambridge (Davies, 1982; Almeida, 1981; Taylor, 1984; Almeida,
1984; Sun, 1987).
O CRISP-90 é uma versão atualizada do programa, o qual permite
realizar diversos tipos de análise, conforme Britto e Gunn (1990):

Tipos de análise: análise drenada, nãodrenada e de adensamento,


deformação plana, simetria axial, análise tridimensional.

Modelos de solos: Elástico Anisotrópico, Elástico Não-Homogêneo


(propriedades variando com a profundidade), Cam-Clay, Cam-Clay Modificado,
Elástico Perfeitamente Plástico (com critérios de ruptura de Tresca, Von Mises,
Mohr-Coulomb e Drucker-Prager).

Tipos de elementos: Triangular linear (análise bidimensional),


triangular cúbico (análise bidimensional), quadrilátero de oito nós (análise
bidimensional), cúbico (análise tridimensional), barra (análise bidimensional-
deformação plana), viga (análise bidimensional-deformação plana), junta (análise
bidimensional-deformação plana e axial simétrico).

Técnicas não-lineares: Procedimento incremental e opção para


modificação das coordenadas durante a análise.

Condições de contorno e carregamento: deslocamentos prescritos,


poro-pressão prescrita, cargas nodais e carga distribuída, cálculo automático de
cargas simulando escavação ou construção quando elementos são removidos ou
adicionados.

Depois de implantado o programa CRISP-90 no supercomputador


CRAY do Centro Nacional de Supercomputação, o modelo Pseudo-Elástico Não
Linear (Duncan & Chang,1970) foi implementado dentro da versão original do
programa CRISP-90 por Thomé (1994) e Mántaras (1995).

Mántaras (1995) fez uma verificação do programa CRISP-90


comparando os resultados obtidos mediante aplicação de soluções analíticas
fechadas, idealizadas para materiais com comportamento linear elástico e para
materiais com comportamento elástico perfeitamente plástico, com os resultados de
simulações numéricas. O autor observou uma boa concordância entre os resultados
analíticos e numéricos.

Thomé (1994) verificou a implementação do Modelo Pseudo-Elástico


Não Linear através da simulação do comportamento tensão-deformação do solo. A
comparação das curvas tensão-deformação obtidas em ensaios triaxiais com a
simulação apresentou uma boa concordância de resultados.

4.2.3 Análise Numdrica

Uma malha de elementos finitos foi utilizada nas simulações numéricas


procurando reproduzir geometricamente o problema de campo (carregamento de
uma placa assente sobre uma camada de solo melhorado). Procurou-se concentrar
uma boa percentagem de elementos na região de principal interesse, ou seja, na
região sujeita a carregamento próxima a placa. Os elementos utilizados foram do
tipo quadrilátero de oito nós com nove pontos de integração. A análise realizada foi
do tipo axial simétrica e a aplicação do carregamento foi de forma incremental.
APRESENTAÇAO E ANALISE DOS
RESULTADOS EXPERIMENTAIS

5.1 RESULTADOS DOS ENSAIOS DE COMPACTAÇÃO

As Figuras 5.1 e 5.2 mostram as curvas de compactação do solo


natural e da mistura solo-cimento nas energias dos ensaios de Proctor Normal,
Intermediário e Modificado realizados no laboratório. Pode-se observar que as
curvas apresentam um comportamento típico, ou seja, com o aumento da energia de
compactação há um aumento da densidade e uma redução da umidade ótima, tanto
para o solo natural como para o solo com aditivo.

=< 100 % O
A Proctor
PrOctol Normal
Interrnedl&rlo

5.00 10.00 15.00 20.00 25.00


Umidade (%)
Fig 5.1 - Curvas de compactação do solo natural
5.00 10.00 15.00 20.00 25.00
Umidade (%)

Fig 5.2- Curvas de compactaçao da mistura solo-cimento

Através da comparação das curvas de compactação do solo natural


com o solo melhorado com cimento para as três energias de compactação, Figuras
5.3, 5.4 e 5.5, pode-se notar que não há um padrão definido para as curvas de solo
melhorado com cimento em relação ao solo natural compactado. Para a curva de
Proctor Normal houve um aumento da densidade com a adição de cimento e uma
redução da umidade ótima, já para as curvas de Proctor Intermediário e de Proctor
Modificado, houve uma redução da densidade e a umidade ótima praticamente se
manteve constante.

5.00 10.00 15.00 20.00 25.00


umidade (%)

Fig 5.3 - Curvas de compactaçgo Proctor Normal


5.00 10.00 15.00 20.00 25.00
Umidade (%)

Fig 5.4 - Curvas de compactação Proctor Internediário

5.00 10.00 15.00 20.00 25.00


umidade (%)

Fig 5.5 - Curvas de compactação Proctor Modificado

A Tabela 5.1 apresenta um resumo das curvas de compactação com


os valores de peso específico aparente seco máximo e umidade Ótima.
83

-
Tabela 5.1 Características de compactação

teor Proctor Proctor Proctor


de Normal lntermedidrio Modificado

Yd Oot Yd mat Yd oot


cimento
(kNlrn3) (%I (k~lrn~) (%I (kN/rn3) (%)
0% 16.5 19.4 18.4 14.2 19.0 13.2

5% 16.8 18.4 17.9 14.0 18.6 13.0

Rohlfes Junior (1996), realizou ensaios de compactação com este


mesmo tipo de solo, mas sem a adição de estabilizante, e determinou um peso
específico aparente seco máximo de 16.2 k ~ l m e' uma umidade ótima de 19% para
a energia do Proctor Normal.

Nútíez (1991), estudando um solo arenoso, observou também uma


falta de padrão para as curvas de compactaçáo de misturas de solo e cimento. Para
um teor de 5% de cimento na energia do Proctor Normal o autor constatou um
aumento do peso específico e uma redução da umidade ótima quando comparados
com a curva de compactação do solo sem aditivo para a mesma energia. Por outro
lado, para a energia do Proctor Intermediário, o mesmo autor O ~ S ~ N O Uuma

redução do peso especifico e um aumento da umidade ótima com a adição de 5%


de cimento.

Para Kézdi (1979) o aumento do peso específico máximo com a adição


de cimento é próprio das areias, e a redução, é característica dos siltes.

Nas Figuras 5.1 e 5.2 estão plotados também a densidade média e a


umidade média obtidas em campo para o solo natural compactado e para o solo
melhorado com cimento, com as suas respectivas variações. A Tabela 5.2
apresenta os valores de densidade e umidade encontrados em campo. Pode-se
observar na Figura 5.1 que a energia utilizada em campo para a compactação do
solo natural é superior a energia do Proctor Normal. Porém, não A possível afirmar
se esta energia corresponde a do Proctor Intermediário ou a do Proctor Modificado,
uma vez que a densidade de campo encontra-se próximo ao ramo úmido destas
duas curvas. Quanto a compactação do solo melhorado com cimento em campo,
observa-se que a densidade de campo está abaixo da densidade máxima dada pelo
Proctor Normal, pois se encontra próximo ao ramo úmido, devido a alta umidade de
campo.

Tabela 5.2 - Características de compactação de campo

teor de Yd O

cimento (k~lrn*) (O/.)

17.60 - 16.80
17.40 17.80

0% cimento 17.80 16.30

17.10 18.40

~d médio= 17.50 Ornedia = 17.30

16.30 21.50

5% cimento 16.00 22.66

15.80 23.60

16.00
~d maio' Omédia = 22.58

5.2 ENSAIOS TRIAXIAIS

A seguir são apresentados os resultados dos ensaios triaxiais


saturados drenados (CID) realizados com amostras retiradas de campo das
camadas de solo natural compactado e de solo melhorado com cimento. Também
são apresentados, para efeitos de comparação, os resultados dos ensaios triaxiais
com amostras moldadas em laboratório realizados por Rohlfes Junior (1996).
5.2.1 Trajetória de tensões efetivas

As Figuras 5.6 e 5.7, a seguir, mostram as trajetórias de tensões


efetivas seguidas nos ensaios triaxiais respectivamente de solo natural compactado
e solo melhorado com cimento, nas tensões confinantes de 20, 60 e 100 kN/m2.

Na Figura 5.6, são apresentadas as trajetórias de tensões dos 5


ensaios realizados (foram repetidos os ensaios para as tensões de 20 e 100 kNlm2,
com medidas locais de deformação axial) com amostras de solo natural
compactado. Pode ser observada a geração de poro-pressão devido a velocidade
de cisalhamento utilizada e ao efeito da compactação, que aumentou a densidade e
reduziu a condutividade hidráulica do solo. A densidade d-o solo natural é de 14.6
k ~ l menquanto
~, que do solo compactado no campo é de 17.5 kNlm3. O parâmetro
B médio obtido para as amostras de solo natural compactado ficou em 0.84.

As trajetórias de tensões dos 6 ensaios realizados com amostras de


solo misturado com cimento (foram repetidos os ensaios nas tensões de 20, 60 e
100 k ~ l m
com
~ medidas locais de deformação axial) apresentam drenagem
completa durante os ensaios. Os ensaios com solo-cimento foram realizados na
mesma velocidade de cisalhamento dos ensaios com material natural compactado,
porém, o peso específico seco do material cimentado (16.0 kN/m3)foi inferior ao do
material somente compactado (17.5 kN/m3), existindo portanto maior índice de
vazios (e) e, consequentemente, maior condutividade hidráulica da mistura solo-
cimento. O parâmetro B médio obtido para as amostras de solo melhorado com
cimento ficou em 0.66.

5.2.2 Curvas tens%odefonnaçãoaxial-variação volumétrica

As Figuras 5.8 e 5.10 mostram as curvas tensão-deformação axial com


medida externa de deformação axial das amostras de solo natural compactado e de
solo melhorado com cimento nas tensões de confinamento de 20, 60 e 100 kN/m2.

As Figuras 5.12 e 5.14 apresentam as curvas tensão-deformação axial


com medida local de deformação axial das amostras de solo natural compactado
-
Fig 5.6 Trajetória de tensões do solo natural compactado

-
Fig 5.7 Trajetória de tensões do solo melhorado com cimento
nas tensões de confinamento de 20 e 100 kNlm2 e de solo melhorado com cimento
nas tensões de confinamento de 20,60 e 100 kN/m2.

Nas amostras de solo natural compactado (Fig. 5.8 e 5.12) pode ser
observado um aumento da resistência de pico com o aumento da tensão confinante.

Para as amostras de solo melhorado com cimento (Fig. 5.10 e 5.14) as


curvas tensão-deformação apresentam um comportamento de pico bem definido,
com um acréscimo da tensão desvio máxima e da rigidez com o aumento da tensão
confinante. Porém, nas Figuras 5.10 e 5.14 nota-se que a rigidez do ensaio com
tensão confinante de 100 kN/m2é menor do que o ensaio com tensão confinante de
60 kNlm2. Para o caso da Figura 5.10, este fato pode ser devido a heterogeneidade
do solo melhorado com cimento e a quebra da cimentação provocada pela tensão
de confinamento (Maccarini, 1987 e 1989), já que a rigidez está associada não
somente a tensão de confinamento mas também a cimentação. Maccarini (1987)
observou uma queda da rigidez inicial para solos cimentados artificialmente quando
a tensão de confinamento ultrapassava um determinado nível. No caso da Figura
5.14, além dos fatores citados acima, o fato da perda de um dos transdutores de
deslocamento interno no início do ensaio pode também ter conduzido a este
resultado.

As Figuras 5.9 e 5.13 apresentam a variação da deformação


volumétrica com a deformação axial para o solo natural compactado com medida
externa e local de deformação axial, respectivamente. As amostras com maior
tensão de confinamento (as= 60 e 100 kNlm2) apresentam compressão. Porém, os
ensaios realizados com tensão confinante de 20 kN/m2 apresentam compressão
inicial seguido de expansão.

As Figuras 5.1 1 e 5.15 mostram a variação da deformação volumétrica


com a deformação axial para o solo melhorado com cimento com medida externa e
local de deformação axial, respectivamente. Como regra geral, todos os ensaios
apresentam compressão inicial seguido de expansão, tanto maior quanto menor a
tensão de confinamento, com exceção para a curva de variação volumétrica com
-+- 60 KNlm2 - extema

S 250 -
.-O
>
g 200 -
u

Deformação axial (%) -

-
Fig 5.8 Curvas tensão-deformação axial do solo natural compactado

+€0kNIm2 - extema

-2,oo I I

O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Deformação axial (%)

-
Fig 5.9 Curvas deformação volumétrica-deformação axial para o solo natural
compactado
-
Fig 5.10 Curvas tensão-deformação axial do solo melhorado com cimento

-
-9- 60 kN/rn2 externa
+100 kNIrn2 - externa

-0,50
O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1o
Deformação axial (%)

-
Fig 5.11 Curvas deformação volumétrica-deformação axial para o solo melhorado com cimento
O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deformação axial (%)

-
Fig 5.12 Curvas tensão-deformação axial do solo natural compactado

([I
.-O
L

0,50
-
3
O
>
1% 0.00
([I

E
P
o" -0.50

-1 ,o0
O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deformação axial (%)

-
Fig 5.13 Curvas deformação volumétnca-deformação axial para o solo natural
compactado
91

-63- -
20 kNlm2 local 4 60 kNIm2 - local -&- 100 kNIm2 - local

O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Deformação axial (%) -

Fig 5.14 - Curvas tensão-deformação axial do solo melhorado com cimento

+60 kNIm2 - local

I
-0,50
O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Deformação axial (%)

-
Fig 5.15 Curvas deformação volumétflca-deformação axial para o solo melhorado com cimento
tensão confinante de 20 K N / da
~ Fig.
~ 5.11, que apresenta uma expansão menor do
que a curva com tensão confinante de 60 kN/m2.

As Figuras 5.16 e 5.18 mostram uma comparação das curvas tensão-


deformação axial entre o solo natural compactado e o solo melhorado com cimento.
Pode-se observar um acréscimo considerável da resistência e da rigidez com a
adição de cimento ao solo. Na Figura 5.16 nota-se ainda uma tendência das curvas
tensão-deformação do solo natural compactado e do solo melhorado com cimento,
para a mesma tensão confinante, de convergirem para uma mesma tensão desvio
residual.

Ainda são mostrados nas Figuras 5.17 e 5.19 uma comparação das
curvas de variação volumetrica entre o solo natural compac<ado e o solo melhorado
com cimento.

5.2.3 Módulo secante

A diferença entre o módulo secante com medida local e externa de


deformações é considerável a pequenas deformações, diminuindo a medida que
aumenta a deformação axial, conforme pode ser visto nas Figuras 5.20 e 5.21,
respectivamente, para solo compactado e solo-cimento, ambas para tensão de
confinamento de 20 k ~ / m ~ .

A Tabela 5.3 apresenta uma comparação dos valores do módulo


secante com medida local em relação a medida externa para o solo natural

Tabela 5.3 -Valores do Módulo Secante de Deformação


Identificação Módulo Secante (MPa)
do Medida local Medida externa
ensaio r) ES(0.06%) E, (O.i%) ES(0.06%) I E, (o.i%)
CID-20 (0% cimento) 89.98 51.87 46.01 34.62
CID-100 (0% cimento) 58.13 43.21 33.66 27.31
CID-20 (5% cimento) 235.17 167.33 50.08 55.06
CID-60 (5% cimento) 480.26 365.93 144.79 149.75
CID-100 (5% cimento) 149.72 111.34 97.53 94.40
CID-A -,A corresponde a tensão de confinamento em k ~ 1 r - n ~
+TCO 20 kNlm2extema
+TCO 60 kNlm2e>ctema
-i-TCO 100 kNlm2-extema
4TCI 20 kNlm2extema
- 6 T C I 60 kNlm2extema
+TCI 100 kNlm2-extema

o
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1
Deformação axial (%)

-
Fig 5.16 Comparação das curvas tensão-deformação axial entre o solo natural
compactado (TCO) e o solo melhorado com cimento (TCI)

+TCO 60 kNlm2extema

-A- TCO 100 kNlm2-extema

+TCI 20 kNlm2-externa

+TCI 60 kNlm2-externa
+TCI 100 kNlm2extema

-2,oo 1 I
O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1
Deformação axial (%)

-
Fig 5.17 Curvas deformação volumétrica-deformação axial do solo natural
compactado (TCO) e do solo melhorado com cimento (TCI)
--A- TCO 100 kNIm2 local-
4TCI 20 kNlm2 local -
-0- TCI 60 kNlm2 - local

o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0
Deformação axial (%)

-
Fig 5.18 Comparação das curvas tensão-deformação axial entre o solo natural compactado
(TCO) e o solo melhorado com cimento (TCI)

-A- TCO 100 kNlm2 - local


-O- TCI 20 kNIm2 - local
4 TCI 60 kNlm2 - local

4 5 6 7 8
Deformação axial (%)

-
Fig 5.19 Curvas deformação volumétrica-deformação axial do solo natural compactado (TCO) e
do solo melhorado com cimento (TCI)
1O0
h -0- medida externa

280
5
Q,
C
c
I
<n
60

-
O

40
'O
H
20

O
0,OO 0,50 1,O0 130 2,OO 2,50 3,OO 3,50
Deformação axial (%) -

Fig 5.20 - Variação do módulo secante com a deformação axial com medida local e externa para
o solo natural compactado com tensão confinante de 20 kN/m2

medida local I
--+-medida externa
I

0,OO 0,50 1,O0 1,50 2,OO 2,50 3,OO 3,50


Deformação axial (%)

-
Fig 5.21 Variação do módulo secante com a deformação axial com medida local e externa
para o solo melhorado com cimento para tensão confinante de 20 kN/m2
compactado e para o solo melhorado com cimento, nas deformações de 0.05% e
o. 1%.

5.2.4 Envoltória de tensões

As Figuras 5.22 e 5.23 apresentam as envoltórias de tensões de pico


e residual para o solo natural compactado e para o solo melhorado com cimento.

A Tabela 5.4 mostra um sumário dos parâmetros de resistência para o


solo compactado natural e o solo melhorado com cimento. Também são
apresentados os parâmetros de resistência obtidos por Rohlfes Junior (1996) para
amostras moldadas em laboratório.

-
Tabela 5.4 Parâmetros de resistência

tipo Amostra de campo Amostra de laboratório

de C Cp C C' cpr'
(k~lm~) (graus) (k~lrn') (graus)
solo

Pico Residual Pico Residual Pico Pico

0% cimento 19 3 34 35 12.2 34.5

5% cimento 50 10 40 42 123 44

" Rohlfes Junior (1996)

Como já era de se esperar, a adição de cimento causou uma maior


variação na coesão do que no ângulo de atrito, corroborando assim, os resultados
obtidos por Balmer (1958), Clough e outros (1981) e Akinmusuru (1987).

Observa-se na Tabela 5.4 que os ângulos de atrito de pico dos


materiais melhorados no campo estão de acordo com os parâmetros obtidos por
Rohlfes Junior (1996). A diferença na coesão do solo compactado moldado em
laboratório e das amostras retiradas no campo se deve possivelmente a diferenças
~ )campo (17.5 k~lm').O
de peso específico seco entre laboratório (16.2 k ~ l m e
AO% CIMENTO

-
Fig 5.22 Envoltória de tensões de pico para o solo natural compactado e o
solo melhorado com cimento

C17
05% CIMENTO

AO% CIMENTO

-
Fig 5.23 Envoltória de tensões residual para o solo natural compactado e o solo
melhorado com cimento
valor da coesão do solo melhorado com cimento com amostras retiradas de campo
apresenta uma diferença considerável do resultado obtido por Rohlfes Junior (1996)
com amostras moldadas em laboratório. Tal diferença se deve a não
homogeneidade da mistura de campo, onde o solo se encontra em grumos e úmido,
ao contrário das amostras de laboratório, onde o solo é peneirado e homogeneizado
com o cimento, para posteriormente ser adicionada a água.

Na tabela 5.4 também são apresentados os parâmetros de resistência


residual para o solo compactado natural e o solo melhorado com cimento. Nota-se
que a coesão residual do solo compactado natural é próxima de zero, enquanto o
mesmo não pode ser dito para o solo melhorado com cimento. Quanto ao ângulo de
atrito, pode-se ver que permaneceram muito próximos aos de pico. Clough e outros
(1981) e Prietto (1996) também observaram que a cimentação afetou os parâmetros
de resistência residual de um solo arenoso, principalmente a coesão.

5.2.5 Comparação dos ensaios triaxiais com amostras de campo e laboratório

As Figuras 5.24, 5.25, 5.26, 5.27 e 5.28 mostram uma comparação das
curvas tensãodeformação axial entre os ensaios triaxiais realizados com amostras
de campo e laboratório para o solo natural compactado e o solo melhorado com
cimento. Os ensaios realizados com amostras de laboratório foram executados por
Rohlfes Junior (1996). Cabe salientar que todos estes ensaios triaxiais foram
realizados com medida local de deformações.

Para o solo compactado sem aditivo, os ensaios triaxiais realizados


com amostras de campo apresentam uma resistência maior que as amostras de
laboratório. Pode ser verificado, na Figura 5.24, que há uma diferença de
aproximadamente 40% na resistência, e, na Figura 5.25, a diferença é de 15% na
resistência. Tal diferença resulta em uma coesão inferior no laboratório, porém,
essa diferença não interfere no ângulo de atrito interno. Observa-se ainda nestas
figuras que a amostra de campo apresenta uma rigidez semelhante a de
laboratório para a tensão de confinamento de 20 k ~ l m e' uma rigidez menor para a
tensão confinante de 100 k~lm'.
O
O 1 2 3 4 5 6 7- 8 9 1O
Deformação axial (%)

Fig 5.24 - Comparação das curvas tensão-deformação axial de amostras de campo e laboratório
com medida local para o solo natural compactado com tensão confinante de 20 kNlm2

+Amostra de campo
-Amostra de laboratbrio

o
O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1O
Deformação axial (%)

Fig 5.25 - Comparação das curvas tensão-deformação axial de amostras de campo e laboratório com
medida local para o solo natural compactado com tensão confinante de 100 kNIm2
A A A A
- - v -

I I

O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1o
Deformação axial (%)

-
Fig 5.26 Comparação das curvas tensão-deformação axial de amostras de campo e laboratório
com medida local para o solo melhorado com cimento com tensão de confinamento de 20 kNlm2

Deformação axial (%)

Fig 5.27- Comparação das curvas tensão-deformação axial de amostras de campo e laboratório
com medida local para o solo melhorado com cimento com tensão confinante de 60 kN/m2
o
O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Deformação axial (%)

-
Fig 5.28 Comparação das cuwas tensão-deformação axial de amostras de campo e laboratório
com medida local para o solo melhorado com cimento com tensão de confinamento de 100 kNIm2

Basicamente, dois fatores influenciam no comportamento tensão-


deformação do solo compactado natural, que são o grau de compactação e a
umidade de moldagem. Para os ensaios de laboratório, as amostras foram
moldadas na umidade ótima e peso específico aparente seco máximo dados pelo
Proctor Normal. Quanto as amostras de campo, a energia empregada é superior a
energia do Proctor Normal, e a umidade, superior a umidade ótima.

Os valores de resistência decrescem com o aumento da umidade e


com a redução do grau de compactação [Pinto e outros (1970); Rocha e outros
(1982)l.Portanto, o fator que justifica o aumento da resistência observado nas
amostras de campo é o aumento da energia empregada, resultando numa maior
densidade.

Para o solo melhorado com cimento, os ensaios triaxiais realizados


com amostras de campo apresentam, de um modo geral, uma resistência inferior as
amostras de laboratório, conforme pode ser visto nas Figuras 5.26, 5.27 e 5.28.
Além do mais, pode ser observado que as amostras de laboratório são
extremamente rígidas, com um comportamento de pico bem definido, atingindo a
ruptura a deformações muito pequenas. Após o pico há uma queda acentuada da
tensão desvio, caracterizando uma ruptura frágil. Toledo (1989) observou que a
resistência média de misturas solo-cimento obtidas em campo correspondiam a 70%
dos valores de amostras moldadas em laboratório

É importante observar a semelhança de comportamento entre as


amostras de campo e laboratório a grandes deformações. As curvas tensão-
deformação tendem a convergir para um mesmo valor residual de tensão desvio.

Para as amostras de solo melhorado com cimento, os fatores que


influenciam o comportamento tensão-deformação são mais complexos que os do
solo compactado natural. Pode-se citar a heterogeneidade da mistura, a umidade de
moldagem, o fator tempo, a energia de compactação e o tempo de cura.

As amostras de laboratório para o solo melhorado com cimento foram


moldadas na umidade ótima e densidade máxima dada pelo Proctor Normal. Já as
amostras de campo, embora a energia empregada seja a mesma, a umidade de
compactação é superior a umidade ótima, consequentemente, a densidade e inferior
as amostras de laboratório.

Segundo Akinmusuru (1987), o módulo de deformação diminui com o


aumento da umidade. Villar e outros (1982) observaram que a resistência cai
consideravelmente para umidades de moldagem variando de 2% a 4% acima da
umidade ótima.

Quanto ao tempo de cura, as amostras de laboratório foram curadas


em câmara úmida durante 7 dias, enquanto as amostras de campo, foram extraídas
da camada de solo melhorado com cimento depois de um período de
aproximadamente 60 dias. Logo, a perda de resistência e o aumento de
deformabilidade das amostras de campo não podem estar associados ao tempo de
cura.

O tempo decorrido entre a adição de cimento e o final da compactação


em campo foi de aproximadamente 30 minutos. Em vista disto, é pouco provável
que as amostras de campo tenham sofrido perda de qualidade significativa devido
ao fator tempo. Toledo (1989) observou que a perda de qualidade em campo devido
ao fator tempo é desprezível quando comparado a perda de qualidade em
laboratório para um intervalo de tempo de uma hora.

Outro fator de grande relevância que levou a dispersão entre os


resultados de campo e laboratório é a heterogeneidade do solo melhorado com
cimento em campo. Toledo (1989) observou também uma grande dispersão dos
resultados de campo atribuídos a heterogeneidade da mistura solo-cimento.

5.3 ENSAIOS DE PLACA

A seguir, são apresentados e discutidos os resultados dos ensaios de


placa realizados sobre camadas de solo natural compactado e de mistura solo-
cimento compactada (Figuras 5.29, 5.30 e 5.31). A razão entre a espessura de solo
melhorado (H) e o diâmetro da placa (B) foi igual a 2 (dois) para ambos os casos.

A Figura 5.29 apresenta os resultados experimentais do carregamento


de uma placa de 30 cm de diâmetro sobre uma camada de solo natural compactado
plotados no espaço carga x recalque.

O ensaio de placa 2 realizado sobre a camada de solo natural


compactado foi levado até a ruptura, a qual pode ser caracterizada como ruptura
generalizada (Vesic, 1973), devido ao fato de apresentar a partir de um determinado
nível de carga, contínuas deformações, permanecendo a carga constante. Além do
mais, foi possível observar visualmente em campo o fissuramento e o levantamento
superficial do solo nas proximidades da placa.

Como pode-se observar na Figura 5.29, há uma pequena diferença


nos resultados dos dois ensaios, que pode ser devido a alguma heterogeneidade
advinda do método construtivo.
80 -

+Ensaio -
de placa 1 D=30 cm H=60 cm
-
-i- Ensaio de placa 2 D=30 cm H=60 cm

O 1O 20 30 40 50 60 70
Recalque (mm)

- -
Fig 5.29 Curvas carga recalque do solo natural compactado

4
+
120 -

+Ensaio -
de placa 1 D=30 cm H=60 cm

I I

o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1O
Recalque (mm)

-
Fig 5.30 - Curva carga recalque do solo melhorado com cimento
+Ensaio de placa 1 - solo compactado D=:30 cm - H-W cm
-A- - -
Ensaio de placa 2 solo compactado D== cm H=W cm

O
O 1O 20 30 40 50 60 70
Recalque (mm)
-
Fig 5.31 Curvas carga-recalque do solo natural, solo compactado e do solo melhorado
com cimento

Na figura 5.30 é apresentada a curva carga x recalque do ensaio de


placa de 30 cm de diâmetro realizado na camada de solo melhorado com cimento.

O ensaio de placa realizado sobre a camada de solo melhorado com


cimento alcançou a ruptura definida como a tensão ou carga que provoca um
recalque de D130, que no caso da placa de 30 cm, equivale a um recalque de 10
mm. O ensaio encerrou com uma carga de 140 kN em decorrência também da
limitação da sobrecarga.

A Figura 5.31 apresenta uma comparação das curvas carga x


recalque de ensaios de placa realizados sobre o solo natural ( ensaio realizado com
placa de 30 cm de diâmetro por Cudmani (1994) a uma profundidade de 1.20 m),
sobre uma camada de solo natural compactado e sobre uma camada de solo
melhorado com cimento. Verifica-se um acréscimo considerável da resistência e
uma redução significativa dos recalques do solo tratado quando comparado ao solo
natural. O comportamento do solo melhorado com cimento se distingue dos demais
por atingir o limite de carga a recalques muito pequenos. Para efeitos de
comparação, considerando a ruptura definida como a carga ou tensão que provoca
um recalque de DI30, ou seja, um recalque de 10 mm, o acréscimo de resistência do
solo compactado em relação ao solo natural, chega a 150%, enquanto que para o
solo melhorado com cimento em relação ao solo natural, chega a 600%. Já o
acréscimo de resistência do solo melhorado com cimento em relação ao solo natural
compactado chega a 180%.

Cabe ressaltar ainda, que a forma de ruptura do solo natural, conforme


observado por Cudmani (1994), se caracterizou por uma ruptura por
puncionamento.
6.1 GENERALIDADES

No presente capítulo, encontra-se a determinação e verificação dos


parâmetros da relação constitutiva utilizada neste trabaiho - Modelo Pseudo-
Elástico Não Linear (Hiperbólico) - para os materiais estudados, solo natural
compactado e mistura solo-cimento.

Em seguida são realizadas as simulações numéricas, utilizando a


técnica de Elementos Finitos (Programa CRISP-90) implementada com a relação
constitutiva Hiperbólica, dos ensaios de placa executados sobre camadas de solo
natural compactado e mistura solo-cimento. Comparações são feitas entre os
resultados obtidos através de simulações numéricas e dados da instrumentação de
campo dos ensaios de placa. Finalmente apresenta-se uma discussão dos
resultados.

6.2 AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS HIPERB~LICOSDAS CAMADAS


DE SOLO NATURAL COMPACTADO E MISTURA SOLO-CIMENTO

O primeiro passo para a determinação dos parâmetros do modelo


constitutivo para um dado material consiste em plotar os pontos experimentais de
cada curva tensão-deformação sob a forma E, / (alas) x E,. Nesta forma gráfica, a
hipérbole torna-se um linha reta, da qual obtemos os valores de:
que é dado pelo intercepto da linha reta com o eixo vertical, e

que é dado pela inclinação da reta.

Usando os parâmetros de resistência de Mohr-Coulomb obtidos


através do gráfico p' x q, retira-se (0, - G~), através da equação:

Após, calcula-se o parâmetro Rf pela equação:

e posteriormente, Rf mbdio, Como a média aritmética dos Rf obtidos para as várias


tensões de confinamento.

O próximo passo consiste na plotagem dos valores (Ei I p,) x (03 1 pa)
em escala Iogarítmica. De acordo com a equação:

os pontos nesta escala originam uma reta, onde n é a inclinação da reta e K é o


intercepto da linha reta com a linha vertical passando por (03I p,) igual a I.
O parâmetro Kur é obtido de forma semelhante, porém, com dados das
curvas de descarregamento-recarregamento do solo, tendo, normalmente, a mesma
inclinação n.

6.2.1 Parâmetros hiperbólicos da camada de solo natural compactado

De acordo com os ensaios triaxiais drenados (CID) apresentados na


Seção 5.2.2, a relação tensão-deformação transformada do solo compactado é
apresentada na Figura 6.1 para tensões de confinamento de 20 e 100 kN/m2.

Os valores de Ei e (o, - o~),,~ são determinados para as duas tensões


confinantes e, com os mesmos, obtém-se os parâmetros K = 386 e n = 0.0 através
da relação log (Eilpa) x log (031 p,), conforme Figura 6.2. Rfmhi,é igual a 0.71. Kur
foi adotado igual a K.

Os parâmetros de resistência c = 19 kNlm2 e p = 34" são obtidos da


Figura 5.22 do capitulo anterior. O valor do coeficiente de Poisson (v) foi adotado
igual a 0.44, o qual, foi obtido das curvas deformação volumétrica x deformação
axial (Fig 5.13).

A Tabela 6.1 apresenta o total dos parâmetros hiperbólicos calibrados


para a camada de solo natural compactado.

6.2.2 Parâmetros hiperbólicos da camada de solo-cimento

Conforme os ensaios triaxiais drenados em amostras retiradas da


camada de solo melhorado com cimento, apresentados na Seção 5.2.2, a relação
transformada tensão-deformação é apresentada na Figura 6.3, bem como os
valores de Eie (ar - para as tensões de confinamento de 20 e 60 kNlm2.

Da relação log (Eilpa) x log (a3 1 p,), Figura 6.4, obtém-se os


parâmetros K = 9000 e n = 0.577. Rr é igual a 0.76. Kur é adotado igual a K.
3 4 5 6
Deformação axial (%) -

-
Fig 6.1 Calibração da relação hiperbólica ( E,/ o,-03) x e1 para o solo natural compactado

Fig. 6.2 - Calibração da relação hiperbólica log (Eilpa) x log (odpa) para o solo natural compactado
Deformação axial (%)

-
Fig 6.3 Calibração da relação hiperbólica E, / (01-03) x ~1 para o solo melhorado com cimento

-
Fig 6.4 Calibração da relação (Eilpa) x (odpa) para o solo melhorado com cimento
Os parâmetros de resistência são c = 50 k ~ l m e* g, = 40°, conforme
Figura 5.16, do capítulo anterior. O valor do coeficiente de Poisson (v) adotado foi
de 0.2, o qual, foi obtido das curvas deformaçáo volumétrica x deformação axial (Fig
5.15).

A Tabela 6.1 apresenta os parâmetros hiperbólicos calibrados para a


camada de solo melhorado com cimento.

6.2.3 Parâmetros hiperbólicos do solo residual

Os parâmetros hiperbólicos do solo residual de Cachoeirinha


necessários para a simulação dos ensaios de placa sobre camadas de solo
melhorado (compactado e solo-cimento), uma vez que estas camadas estão
assentes em solo natural, são apresentados na Tabela 6.1. Tais parâmetros foram
calibrados por Mántaras (1995) através da simulação numérica de ensaios
pressiométricos executados no campo experimental, e posteriormente, foram
verificados por Rohlfes Junior (1996) através da simulação bem sucedida dos
ensaios de placa executados por Cudmani (1994) sobre o solo residual.

6.3 VERIFICAÇÃO DOS PARÂMETROSHIPERB~LICOS

A verificação dos parâmetros hiperbólicos determinados anteriormente


se dá através da replotagem das curvas tensão-deformação utilizadas na calibração
com as equações do Modelo Hiperbólico, utilizando para cada material seus
respectivos parâmetros.

6.3.1 Previsões dos ensaios triaxiais drenados com amostras de solo


natural compactado

As Figuras 6.5 (a) e (b) mostram as curvas tensão-deformação obtidas


em laboratório e os resultados analíticos baseados no Modelo Hiperbólico,
utilizando os parâmetros do solo natural compactado da Tabela 6.1. Nota-se que a
comparação ate o pico é boa para a tensão confinante de 20 k ~ l r n 'e razoável para
a tensão confinante de 100 kNlm2, principalmente na parte inicial da curva. A não
linearidade foi bem modelada.

6.3.2 Previsões dos ensaios triaxiais drenados com amostras de solo


melhorado com cimento

As Figuras 6.6 (a) e (b) mostram as curvas tensão-deformação obtidas


em laboratório e os resultados analíticos baseados no Modelo Hiperbólico,
utilizando os parâmetros do solo melhorado com cimento da Tabela 6.1. A
reprodução analítica das curvas tensão-deformação ate próximo ao pico é boa para
as duas tensões confinantes (20 k ~ l me* 60 kN/m2),porem, a tensão de ruptura não
foi bem representada.

Tabela 6.1 - Parâmetros hiperbólicos

Tipo de solo C Q, K n Rf V
(kNIm2) (graus)
Natural 17 26 1O0 0.8 0.75 0.2
(Mántaras,1995)
Compactado 19 34 386 0.0 0.71 0.44

melhorado com 50 40 9000 0.577 0.76 0.2


5% cimento

6.4 SIMULAÇÃO NUMÉRICA DOS ENSAIOS DE PLACA VERSUS


RESULTADOS EXPERIMENTAIS

A fim de prever o comportamento de fundações superficiais (placas


circulares) assentes sobre camadas de solo compactado e de solo melhorado com
-Calculado 20 KNIm2
-tExperimental 20 KNIm2
-Calculado100 KNlm2
-m- Experimental 100 KNIm2

Deformação axial (%)

-
Fig 6.5 (a) Comparação entre curvas tensão-deformação experimentais e calculadas
analiticamente com o Modelo Hiperbóliw para o solo natural compactado

-tExperimental 20 KNlm2
Calculado 100 KNIm2

0,O 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,O
Deformação axial (%)

-
Fig 6.5 (b) Comparação entre curvas tensão-deformação experimentais e calculadas
analiticamente com o Modelo Hiperbólico para o solo natural compactado
115

-A- Experimental 20 KNlm2


-Calculado 20 KNlm2
-0- Experimental 60 M I m 2
-Calculado 60 KNIm2
o
O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deformação axial (%)

-
Fig 6.6 (a) Comparação entre curvas tensão-deformação experimentais e calculadas analiticamente
com o Modelo Hiperbólico para o solo melhorado com cimento

Calculado 20 KNIm2
-0- Experimental 60 K N h 2

o
0,O 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,O
Deformação axial (%)

-
Fig 6.6 (b) Comparação entre curvas tensão-deformação experimentais e calculadas analiticamente
com o Modelo Hiperbólico para o solo melhorado com cimento
cimento, foi utilizado o programa CRISP-90, embasado na técnica de Elementos
Finitos, onde se encontra implementado o Modelo Hiperbólico, o qual permite
considerar a não linearidade dos materiais e a influência do confinamento no
comportamento tensão-deformação dos mesmos. Esta metodologia possibilita a
análise completa do sistema fundação-solo, quando a fundação é submetida a
carregamento, considerando as condições iniciais e de contorno do problema. E
importante ressaltar que as camadas de solo compactado e mistura solo-cimento
foram compactadas em campo com relação teor de umidade (cù) e peso específico

aparente seco (yd) localizadas no ramo úmido da curva de compactação (Figuras


5.1 e 5.2), o que conduz a variações de resistência e deformabilidade
negligenciáveis quando da saturação do solo (Lambe e Whitman, 1979). Este fato é
comum na prática de tratamento de solos residuais no Rio Grande do Sul, devido ao
alto teor de umidade natural destes materiais, o que conduz o próprio solo natural
desta região, embora sendo não saturado, a valores de sucção muito pequenos
(Nakahara, 1995). Portanto, os valores de sucção foram negligenciados na análise
de Elementos Finitos, considerando-se o comportamento tensão-deformação de
amostras saturadas e drenadas.

A malha de Elementos Finitos, considerando geometria axial simétrica,


utilizada nas simulações é apresentada na Figura 6.7.

A placa de aço teve seu comportamento tensão-deformação


considerado através do modelo Elástico-Linear, com módulo de Elasticidade (E)
igual a 210 000 000 k ~ l m e' coeficiente de Poisson (v) igual a 0.25 (Pfeil, 1982).

O programa de Elementos Finitos utilizado neste trabalho (CRISP-90)


emprega o método incremental ou rigidez tangente. Portanto, a aplicação do
carregamento foi de forma incremental, com incrementos de 5.0 k ~ / m ~ .

6.4.2 Previsão do comportamento de uma placa assente sobre uma camada


de solo compactado

Baseado na análise pelo Método dos Elementos Finitos dos ensaios


de placa rígida realizados sobre a camada de solo compactado, considerando os
Fig 6.7 - Malha de Elementos Finitos utilizada na análise dos ensaio de placa
circulares em solo melhorado
parâmetros hiperbólicos determinados na Seção 6.2 para o solo compactado e o
solo natural, foram obtidos resultados da simulação do comportamento do sistema
fundação - camada de solo compactado.

A Figura 6.8 mostra a previsão classe "A" (Lambe, 1973) do


comportamento carga x recalque dos ensaios de placa realizados sobre a camada
de solo compactado juntamente com os resultados experimentais de campo.
Verifica-se uma concordância perfeita entre o resultado da simulação e o ensaio de
placa 2, até um recalque de 10 mm, enquanto que os recalques da placa 1 são
levemente superestimados neste intervalo. A carga máxima suportada pela placa 2
é coincidente com o resultado da simulação, enquanto que a placa 1 apresenta
valor inferior ao simulado.

6.4.3 Previsao do comportamento de uma placa assente sobre uma


camada de solo melhorado com cimento

Através do Método dos Elementos Finitos, o comportamento de uma


placa rígida carregada assente sobre uma camada de solo-cimento é analisado
considerando os parâmetros hiperbólicos determinados na Seção 6.2 (Tabela 6.1)
para amostras de solo-cimento (obtidas da camada ensaiada) e de solo natural.

Na Figura 6.9 é apresentada a previsão classe "A" (Lambe, 1973) do


comportamento carga x recatque do ensaio de placa realizado sobre a camada de
solo melhorado com cimento, juntamente com o resultado experimental. Uma boa
concordância é verificada entre o resultado da simulação e o resultado de campo do
ensaio de placa, principalmente considerando o baixo nível de recalques
observado.
+Ensaio de placa 1 D=30 cm - H=60 cm

o
O 1O 20 30 40 50 60 70
Recalque (mm)

Fig 6.8 - Comparação entre os resultados dos ensaios de campo e da simulação numérica de uma
placa circular assente sobre uma camada de solo natural compactado

O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Recalque (mm)

Fig 6.9 - Comparação entre os resultados dos ensaios de campo e da simulação numérica de uma
placa circular assente sobre uma camada de solo melhorado com cimento
6.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Na Figura 6.10 são apresentadas as previsões de comportamento das


placas assentes sobre camadas de solo compactado e solo-cimento, juntamente
com os resultados experimentais, no espaço tensão versus recalque normalizado,
onde recalque normalizado é definido como a razão entre o recalque (deslocamento
vertical da placa) e o diâmetro da placa. Nesta mesma figura são apresentados os
resultados de ensaios de placa de diâmetro 0.30, 0.45 e 0.60 m e também o
resultado de uma prova de carga em sapata quadrada de 1.0 m de aresta
sobre o solo residual (Cudmani, 1994). Ainda é apresentado o resultado da
simulação numérica do carregamento de uma placa de 60 cm de diâmetro realizada
por Rohlfes Junior (1996).

A boa qualidade das simulações dos ensaios de placa sugere o bom


potencial da metodologia proposta de análise do comportamento de fundações
superficiais assentes sobre camadas de solo melhorado por tratamento mecânico
(compactação) ou tratamento físico-químico (mistura solo-cimento compactada) com
base na utilização do Método dos Elementos Finitos.

A determinação dos parâmetros constitutivos necessita da execução


de ensaios triaxiais com medida interna de deformações (sensores de efeito Hall)
devido ao aumento da rigidez do material por tratamentos físico-químicos.

Pode ser verificado na Figura 6.10 que, no espaço proposto tensão


versus recalque normalizado, os resultados dos ensaios de placa e da sapata
assentes no solo residual resultam aproximadamente numa mesma curva. O mesmo
ocorre com o resultado da simulação numérica de uma placa de 60 cm de diâmetro
realizada por Rohlfes Junior (1996).

Neste espaço pode ser verificada a influência das camadas de solo


melhorado, independentemente do tamanho das fundações, desde que a relação
HIB seja mantida. No caso da Figura 6.10, com H/B igual a 2.0 para camada de solo
compactado e solo-cimento, verifica-se diretamente a influência do comportamento

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do material, com o aumento da rigidez e da resistência devido a ação da
cimentação.

2500

2000

2
h

1500

z
\

o
rm
V)

8
i-
1000

500

o r I I I I

O 5 1O 15 20 25
Recalque normalizado (%)

- -
Fig 6.10 Comparação das curvas tensão recalque normalizado entre o solo natural, solo
compactado e o solo melhorado com cimento
CAP~TULO7

COMENTÁRIOS FINAIS

As principais conclusões desta pesquisa, algumas já citadas no decorrer


do trabalho, são enunciadas resumidamente a seguir.

Ensaios de compactação

Não foi possível definir um padrão quanto a densidade e umidade


ótima para os ensaios de compactação da mistura solo-cimento, nas
diferentes energias, quando comparados as curvas de compactação do
solo residual.

Ensaios triaxiais

Houve um aumento da resistência de pico de 50% a 100% e um


acréscimo considerável da rigidez com a adição de cimento ao solo
quando comparado ao solo natural compactado.

A diferença entre o módulo secante com medida local e externa é


considerável a pequenas deformações, variando de 50% a 370% para
uma deformação de 0.05%, constatando-se a importância da medida
local no estudo do comportamento do solo, principalmente quando da
calibração de modelos constitutivos para utilização no Método dos
Elementos Finitos.

A adição de cimento ao solo causou uma maior variação da coesão


(163%) do que no ângulo de atrito (17%), corroborando os resultados
obtidos por Clough e outros (1981), Akinmusuru (1987) e Prietto
(1996).

Comparando os ensaios triaxiais realizados com amostras retiradas de


campo e moldadas em laboratório para o solo natural compactado,
verificou-se uma maior diferença na resistência do que na rigidez,
atribuídas basicamente ao grau de compactação e a umidade.

Os ensaios triaxiais realizados com amostras moldadas em laboratório


para a mistura solo-cimento apresentaram um comportamento
extremamente rígido, com um pico bem definido. As amostras de
campo apresentaram uma resistência variando de 40% a 60% da
resistência das amostras de laboratório. Os fatores que conduziram a
estas diferenças de comportamento podem estar associados a
dificuldades de mistura no campo, e portanto, a heterogeneidade da
mistura solo-cimento.

Ensaios de placa

De acordo com os ensaios de placa realizados nas camadas de solo


natural compactado e de solo misturado com cimento, verificou-se que
este tipo de ensaio é adequado ao estudo do comportamento de
fundações superficiais assentes em solos estratificados, pois permite a
determinação dos recalques e da capacidade de suporte da camada
tratada, além da observação da forma de ruptura.
O sistema solo residual compactado-placa apresentou ruptura
generalizada. Já para o caso da mistura solo-cimento não foi possível
atingir a ruptura devido a limitação da sobrecarga.

Comparando as curvas carga x recalque do solo tratado com a curva


do solo residual verifica-se um acréscimo significativo da resistência e
uma redução considerável dos recalques, principalmente para o solo
melhorado com cimento.

De acordo com a carga de ruptura definida como aquela que provoca


um recalque equivalente a D/30 (10 mm), o acréscimo da resistência
do solo compactado em relação ao solo natural chega a 150%,
enquanto que, comparando o solo melhorado com cimento com o solo
natural, o acréscimo de resistência chega a 600%. Já o acréscimo de
resistência do solo melhorado com cimento em relação ao solo
residual compactado fica em torno de 180%.

Análise numérica

O modelo Pseudo-Elástico Não Linear (Hiperbólico) se mostrou


adequado na previsão do comportamento tensão x deformação de
solos tratados, seja por compactação, seja por estabilização físico-
química. A não linearidade foi bem modelada.

A previsão classe "A" do comportamento carga x recalque de uma


placa rígida circular sobre solo estratificado mostrou boa concordância
com os ensaios de placa realizados sobre a camada de solo residual
compactado; e uma concordância razoável com o ensaio de placa
realizado sobre a camada de solo melhorado com cimento.

A análise do comportamento de fundações superficiais assentes sobre


solos estratificados, com base na utilização da técnica de Elementos
Finitos, demonstrou a eficiência da metodologia para a obtenção do
comportamento completo da curva carga x recalque das mesmas.

7.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A fim de aprofundar o estado do conhecimento referente ao


comportamento de fundações superficiais assentes em solos estratificados, são
traçadas as seguintes sugestões:

Realizaçáo de ensaios CPT para verificar a heterogeneidade da


camada tratada;

Realização de ensaios pressiométricos para efeitos de comparação do


módulo de deformação obtidos por ensaios de placa e pressiometricos,
além da determinação de Ko;

Medir deslocamentos no interior e na superfície da camada tratada


através de extensômetros;

Estudos de camadas tratadas com diferentes teores de cimento, além


da utilização de outros aditivos;

Aprimorar o processo de mistura de solo e cimento em campo com a


utilização de equipamentos mais adequados de modo a obter uma
melhor homogeneizaçáo da mistura.

Realização de provas de carga em placa com diferentes diâmetros


para o estudo da influência H/B (espessura da camada
tratadddiâmetro da placa);
Realização de provas de carga em verdadeira grandeza (sapatas de
concreto) para corroborar a metodologia proposta;

Com base nos ensaios realizados e extrapolações através de


simulações numéricas, poder-se-á confeccionar ábacos para o
dimensionamento de fundações superficiais em solos estratificados;

Estudar o comportamento de fundações superficiais em solo


melhorado quando submetidos a esforços de tração;

Fazer um estudo da capacidade de suporte utilizando teorias aplicadas


a solos estratificados (camada de solo rígido sobre solo menos rígido)
para efeitos de comparação com os resultados de ensaios de placa e
das simulações numéricas.
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