Tese - Helder - Edi - Ao - Revisada - Bandeamento Helder
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Tese de Doutorado
Belo Horizonte
2015
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Sebastião Ferreira Neto e Anísia de Jesus Carvalho Ferreira, por terem
me educado para a vida e as orações da minha mãe nesta caminhada;
Ao diretor da Cia. Siderúrgica Belgo Mineira, Antônio José Polanczyk, pela iniciativa e
incentivo à aproximação entre empresa e universidade;
Aos colegas Caroline Persem, David Barbier e Chann Cheng, do R&D ArcelorMittal, a
ajuda e orientação na realização dos ensaios de difração de raios X;
Ao colega João Garcia Ramalho, por ter aprovado o pedido e me incentivado para
realização do doutorado;
Ao colega Roney Lino o apoio na rotina de trabalho e por estar sempre disponível
quando solicitado;
Ao colega Sebastião D’Avila a ajuda na preparação metalográfica de amostras e a
contribuição na correção do texto;
Aos colegas Geraldo Fonseca, Maurício Pereira e Wix dos Santos, forneiros do
Laminador 2 da ArcelorMittal Monlevade, sempre dispostos para colaborar na
realização dos tratamentos térmicos no Forno Combustol;
Aos colegas Cesar Sato, José Pantuza e Geraldo Ponciano, a ajuda na programação das
experiências industriais;
Aos colegas da Belgo Bekaert Arames, Rodrigo Linhares, André Leite, José Vilas Boas,
Maria Aparecida Costa e Ivo Ramos a imensa ajuda e apoio nas análises e realização
dos testes de trefilação;
Ao amigo José Alberto da Cruz Júnior, colega de doutorado, que tanto me auxiliou nos
ensaios de microscopia óptica no laboratório da Escola de Engenharia da UFMG;
Aos técnicos da Shimadzu, Marcelo Sasaoka, Kozo Hirai, Ronaldo Freitas e Ocimar
Carvalho, a presteza e profissionalismo no apoio para manutenção do difratômetro;
Gilberto Freire
!"
"
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
Figura 4.8 Posição das raias para as estruturas cúbicas de corpo centrado
(CCC), cúbica de face centrada (CFC) para o ferro para a faixa 2•
de 0 - 130%. Radiação de cobalto ......................................................... 71
Figura 4.9 Difratograma do espectro teórico para um aço com fração volumétri-
ca de austenita de 10 %. Faixa 2• de 0 – 130&'"radiação de cobalto 72
Figura 4.10 Variação
... do carbono da austenita em função do parâmetro de rede
segundo diversos autores. A linha pontilhada refere-se ao valor mé-
dio entre as sete medidas apresentadas ................................................ 77
Figura 4.11 Dimensões do corpo de prova para ensaio de tração. A = 10 mm, B=
4,5 mm, D = 60 mm e R = 15 mm ....................................................... 77
Figura 5.1 Imagem da microestrutura através do MEV da liga ER70S-6 referen-
te à amostra do perfil intermediário para dois aumentos. As setas in-
dicam o sentido da laminação. Seção longitudinal, Nital 2 % ............ 81
Figura 5.2 Microestrutura da amostra do perfil da tesoura 12 (liga ER70S-6)
para duas condições: (a) bandeada e (b) homogeneizada. O traçado
em amarelo (LHV) é a linha horizontal de varredura. Medidas pon-
tuais realizadas por EDS. As setas indicam o sentido da laminação.
Seção longitudinal, ataque Nital 2 % .................................................. 82
Figura 5.3 Perfis de manganês e carbono, medidos ao longo da linha horizontal
de varredura (LHV) mostrada na figura 5.2(a). Amostra bandeada do
perfil da tesoura 12 (liga ER70S-6) ..................................................... 83
Figura 5.4 Perfis de concentração de carbono e manganês ao longo da linha
LHV mostrada na figura 5.2 (b) na seção longitudinal da amostra
homogeneizada. Amostra homogeneizada do perfil da tesoura 12
(ER70S-6) ............................................................................................ 84
Figura 5.5 Microestrutura da liga ER70S-6 antes (a) e após (b) o tratamento de
homogeneização a 1200 ºC por 170 h. A seta indica a direção de la-
minação. Seção longitudinal, ataque Nital 4 % ................................... 86
Figura 5.6 Correlação das medidas de fração volumétrica de austenita retida por
difração de raios X (eixo da abcissa) e por saturação magnética (eixo
da ordenada) ........................................................................................ 88
Figura 5.7 Correlação entre as medidas de austenita retida pelo método propos-
to na tese (eixo da ordenada) e o utilizado pelo R&D ArcelorMittal
de Maizières/Metz (eixo da abcissa) ................................................... 90
Figura 5.8 Espectro da difração para uma das medidas realizadas na amostra
bandeada de seção transversal resfriada na taxa de 1,6 ºC/s. A linha
pontilhada da grossa corresponde ao comprimento de onda λK 1 e a α
Figura 5.9 Diagrama de radar dos valores individuais de γR (fração vol.%) para
seções longitudinal e transversal de amostras bandeadas resfriadas
na taxa de 1,6 ºC/s. Não foi evidenciada diferença estatística entre os
cortes longitudinal e transversal conforme pode ser visto na tabela
V.4 ( |Stat-t| < t crítico) ........................................................................ 93
V.4 .............
#!!"
"
Figura 5.10 Espectro da difração para uma das medidas realizadas na amostra
homogeneizada de seção transversal resfriada na taxa de 1,93 ºC/s.
A linha pontilhada grossa corresponde ao comprimento de onda K 1 α
Figura 5.11 Diagrama de radar dos valores individuais de γR (fração vol.%) para
seções longitudinal e transversal de amostras homogeneizadas e res-
friadas na taxa de 1,93 ºC/s. Não foi evidenciada diferença estatística
entre longitudinal e transversal, conforme pode ser visto na análise
estatística mostrada na tabela V.6 ....................................................... 96
Figura 5.12 Difratograma da amostra transversal bandeada resfriada na taxa de
30,3 °C/s. As linhas tracejadas correspondem ao comprimento de o-
da λK 1 e as pontilhadas ao comprimento de onda λK 2. Os pontos
α α
Figura 5.30 Difratograma de raios X para duas condições para a liga convencio-
nal ER70S-6: (a) Fio máquina antes da trefilação com 5,29 % de
austenita retida; (b) arame bitola 4,80 mm .......................................... 126
Figura 5.31 Difratograma de raios X para o arame 4,80 mm após tratamento de
recristalização (540 ºC, 1000 min) fabricado com a liga convencio-
nal ER70S-6 com a presença dos picos austeníticos (111)γ e (200)γ... 127
Figura 5.32 Liga convencional (tabela IV.1). Microestrutura do arame trefilado
bitola 2,97 mm com presença de vazios (“voids”). Aumentos origi-
nais de 3000X e 10000X para as figuras superior e inferior, respecti-
vamente ................................................................................................ 129
Figura 5.33 Liga modificada (tabela V.9). Micrografia da liga com composição
química modificada: (a) fio máquina 5,5 mm; (b) arame 4,69 mm;
(c) arame1,87 mm. Ataque Nital 2 %, aumento original de 3000X .... 130
"
("
"
LISTA DE TABELAS
"
"
(!!"
"
LISTA DE NOTAÇÕES
EDS: espectro da perda de energia dos elétrons (energy dispersive X-ray spectroscopy)
F: fator de estrutura
P: perlita
S: grau da ordem
V: volume
Z: estricção
n: número de testes
αb: bainita
αq: quasi-bainita
αm: martensita
ε: deformação verdadeira
Ɵc : carbonetos
µ: coeficiente de absorção
τ: tensão de cisalhamento
RESUMO
λK 2, através da função de Pearson VII. Ensaios Jominy foram também utilizados para
α
Palavras chave: fio máquina, eletrodo MIG, austenita retida, constituinte MA,
Pearson VII.
(#!!!"
"
ABSTRACT
This work presents the research of cooling rate effect and the presence of banding in
occurrence of retained austenite (RA) in low-carbon steel with addition of manganese
and silicon, used for the manufacture of MIG electrode, ER70S-6 class. X-ray
diffraction was used to quantify low level of RA (volume fraction below 6 %),
presented as block/film or martensite-austenite constituent (MA). It was performed
decomposition of λK 1 and λK 2 wavelengths through optimization of Pearson VII.
α α
Jominy tests were also used to evaluate the influence of cooling rate on occurrence of
RA. Samples were collected at several distances from the water cooled end. The
evaluation of occurrence of banding on RA was carried out by comparing as-rolled
samples with samples treated at high temperature and long length of time. As a result, it
was possible to combine the effects of cooling rate and structure in the occurrence of
RA in the studied steel. It was observed that RA increases with the cooling rate, reaches
a peak and stabilizes at high rates. For the as-rolled sample, i.e. with banded structure,
the peak of RA is found close to the cooling rate of 16.7 °C/s, and for homogenized
material, this peak occurs at a lower rate, approximately 10 °C/s. For banded and
homogenized structures, the total elimination of the occurrence of this phase occurred at
cooling rates of 0.83 and 0.17 °C/s, respectively. Similar behavior was seen regarding
the variation of carbon content in RA at cooling rate. For both structures, the
occurrences of RA maxima volume fraction coincide with maxima in the carbon content
of the austenite. In the evaluation of the wire rod passed through Stelmor® cooling
process, it was observed that the greatest concentration of RA is in the regions of
greater mass concentration. These positions correspond, in the tensile test, to the highest
strength levels and smallest values of necking. By adding titanium to the steel
composition, it was possible to reduce significantly the volume fraction of RA in the as-
rolled wire rod, and to reach satisfactory levels of resistance and necking, thereby
allowing direct drawing from the 5.50 mm to 1.88 mm wire gauge.
Keywords: wire rod, MIG electrode, retained austenite, MA constituent, Pearson VII.
1
"
1- INTRODUÇÃO
"
A fabricação de eletrodo MIG (metal inert gas) é realizada a partir de fio máquina de
aço de baixo teor de carbono com adições de manganês e silício, conforme previsto em
normas internacionais EN440 G4Si1-SG3 e AWS A5.18 ER70S. O fio máquina bitola
de diâmetro 5,5 mm, obtido da laminação a quente de tarugo de seção quadrada
(155x155 mm), é trefilado para bitolas de arame na faixa de 0,80 – 2,0 mm.
Dependendo do tipo de produto final o fio máquina é submetido previamente a um
tratamento térmico de recozimento para eliminação de estruturas indesejáveis. Em
seguida o fio máquina é trefilado e no final do processo, o arame recebe uma camada de
deposição de cobre na sua superfície para ser utilizado em diversas aplicações de
soldagem.
"
" "
Nos aços para fabricação de MIG, onde os teores de manganês e silício são elevados, a
presença do constituinte MA é responsável pela perda de ductilidade e, consequente da
queda na trefilabilidade do fio máquina devido à presença destes “voids”. Portanto, é
importante o entendimento do mecanismo da formação do constituinte MA, com
objetivo de minimizar sua ocorrência. Elementos estabilizadores da austenita, mesmo
em níveis residuais, normalmente estão presentes em concentrações mais elevadas nas
últimas porções de austenita a ser transformada, contribuindo assim para a ocorrência
deste constituinte frágil. Dos elementos estabilizadores da austenita, carbono e
manganês são os elementos que mais fortemente contribuem para a formação do
constituinte MA. Apesar de não estabilizador da austenita, o silício tem um efeito
indireto neste fenômeno, pois retarda a precipitação de carbonetos (Fe3C), aumenta a
concentração de carbono em solução sólida na austenita e, consequentemente,
contribuindo para sua estabilização (1).
4+"
3+"
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789:!;<=>?6@<AB"
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CAB"D<"E89:!;<=FB"
GH??:"I"JKL" GH??:"I"JC"I"MNK7" GH??:"I"JC"I"O7"
Figura 1.2 – Evolução no período de 1970 a 2014 das publicações nas bases Scopus e
Web of Science relacionadas às seguintes composições de palavras chaves: “steel +
MIG”, “steel + MA + TRIP” e “ steel + MA + DP”.
Ao contrário dos aços TRIP, que necessitam apresentar fração volumétrica de austenita
retida em uma faixa visada para garantir o efeito da transformação induzida por
deformação, aqui, a proposta é entender o mecanismo de formação desta fase, de modo
que possam ser estabelecidas e controladas as variáveis de processo para sua redução ou
mesmo eliminação na condição laminada do fio máquina. A presença da austenita retida
em bloco/filme, ou associada a martensita, formando o constituinte MA pode levar a
4
"
2 - OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é o estudo das principais variáveis que controlam a formação
da austenita retida presente de forma isolada ou associada ao constituinte MA
(martensita-austenita), em aço de baixo teor de carbono com adições de manganês e
silício, e, secundariamente o desenvolvimento de metodologia para medição do teor da
austenita retida em baixos níveis de fração volumétrica ( < 6 % ) em amostras de aço
para fabricação de eletrodo MIG.
3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
CS
kp = (3.1)
CL
CS = k pC0 (1 − f S ) p
k −1
(3.2)
Elemento kp
P 0,14
Nb 0,23
Cr 0,33
Si 0,60
Mn 0,71
Ni 0,83
Solutos com valores baixos de kp têm grande tendência a segregar. Observa-se, entre os
elementos citados, que o fósforo é aquele que apresenta forte tendência a segregar.
Devido ao baixo teor de fósforo nos aços e teores elevados de manganês e silício, estes
elementos, mesmo com valores de kp superiores ao do fósforo, desempenham papel
mais importante no bandeamento dos aços (6).
identificadas nesta figura. Também pode ser visto que a variação da concentração de
manganês e silício está em fase com o bandeamento estrutural. Outra constatação é que
a ferrita está localizada em regiões pobres e a perlita em regiões ricas destes elementos
substitucionais.
Figura 3.1 – Perfil de concentração de manganês (a) e silício (b) de uma amostra de aço
na condição bandeada, realizada na direção perpendicular à direção de laminação. Na
parte superior dos gráficos as letras α e P, correspondem à ferrita pró eutetóide e à
perlita, respectivamente (8).
10
"
FLEMINGS (9) realizou estudo para estimar os parâmetros críticos para cálculo da
microsegregação residual interdendrítica através do parâmetro (δi):
(C M − Cm )
δi = (3.3)
(C M0 )
− C m0
Onde:
DS t
δ i = exp− π 2 2
(3.4)
l
Onde:
diferente. Considerando que a composição inicial e final das fases não sofrem alterações
significativas, esta transformação apresenta característica adifusional.
reticulado tem valor diferente do parâmetro a e ambos variam com o teor de carbono (%
em peso) conforme as equações (12):
A tetragonalidade da martensita, medida pela razão c/a, também aumenta com o teor de
carbono, segundo a equação 3.8:
c
= 1+ 0,045%C (3.8)
a
"
Tabela III.2 – Orientação e plano de hábito da martensita para ligas de Fe-C de acordo
com KURDJUMOV-SACHS e NISHIYAMA (13).
Liga Fe Transformação Orientação Plano de hábito
(111) //(011) $"
γ α
Figura 3.8 – Representação esquemática da energia livre entre as fases “mãe” (γ) e
martensita (α’) (18,19).
Em muitas situações, a contribuição não química pode ser tão expressiva quanto à
contribuição química e, portanto, não pode ser desprezada. Por este motivo, é necessário
que um mínimo super-resfriamento (∆T) seja alcançado para que a reação ocorra.
20
"
s
∆G = m ( p)τ + m (n)σ
1 1 n
(3.10)
A validade da equação 3.11 foi confirmada para ensaios sob tensão uniaxial (22,25). No
entanto, com presença de tensão hidrostática, a queda das temperaturas MS e T0 tem
comportamento parabólico e não pode ser descrita por esta equação. Para avaliar o
efeito da componente hidrostática, KAKESHITA et al.(24) utilizaram ligas Invar (Fe e
Ni) onde a resistividade elétrica foi utilizada para mensurar a temperatura de
transformação martensítica. Neste estudo, foi considerada a influência da deformação
da estrutura cristalina devido à presença de campos magnéticos (magnetostricção),
através do grau de ordem (S). A figura 3.11 mostra o efeito da pressão hidrostática na
temperatura Ms e T0.
23
"
Pode ser visto na figura anterior que para S=0,8 a temperatura T0 aumenta quando a
pressão hidrostática cai para valores abaixo de 0,25GPa, diminuindo para valores
maiores de pressão. Este fenômeno pode estar associado à mudança no sinal variação de
volume da transformação martensítica (∆V) para esta faixa de pressão. Para outros
valores de ordenação magnética é verificado queda sistemática nas temperaturas Ms e T0
com o aumento da pressão hidrostática.
Experimentos realizados por GHAZANI et al. (26) em amostras de aço com baixo teor de
carbono, submetidas a elevados níveis de pressão durante o resfriamento, comprovam o
efeito da pressão hidrostática no abaixamento da temperatura Ar3 e, consequentemente,
na transformação martensítica. A experiência consistiu em aquecer amostras até
temperaturas pré-selecionadas (650, 930 e 1100&C), seguidas de resfriamento moderado
após alívio abrupto na pressão. A figura 3.12 mostra que a transformação (γ→α) foi
suprimida devido ao abaixamento da temperatura Ar3 imposto pela pressão hidrostática
durante o resfriamento.
24
"
De acordo com BHADESHIA (28) o excesso de carbono presente na bainita difunde para
a austenita durante a reação, de tal forma que a bainita formada subsequente cresça a
partir de uma austenita enriquecida ainda mais de carbono. A transformação continua,
enquanto a energia livre for favorável, finalizando quando a concentração de carbono na
austenita residual até o ponto onde a ferrita e austenita estão em equilíbrio. Este
fenômeno é descrito na figura 3.13, onde a curva T0 é o local no qual a ferrita e
austenita de mesma composição têm energias livres iguais. Nesta figura é também
mostrado a curva T$0, de mesmo conceito de T0, porém considera o efeito da energia de
deformação da ferrita devido ao mecanismo de cisalhamento da transformação. Desta
forma, a reação bainítica é considerada incompleta, pois a austenita não alcança a
composição de equilíbrio representada pela curva Ae3.
São aços em que a estrutura é composta de uma matriz contínua de ferrita com presença
de “ilhas” de outras fases. Para obtenção da microestrutura desejada, normalmente é
realizado tratamento térmico intercrítico. Os aços bifásicos DP e TRIP são exemplos
destas ligas multiconstituidas, pois são formados pela presença de diversos constituintes
e conseguem aliar diversas características mecânicas de ductilidade e resistência. Dentre
estas ligas multiconstuídas, os aços TRIP têm destaque especial, desenvolvidos a partir
do final da década de 1960 e têm como atrativo altos níveis de resistência e elevada
capacidade de deformação uniforme, devido à presença de austenita retida e martensita
em uma matriz ferrítica.
27
"
Nos aços utilizados para fabricação de eletrodo MIG, a queda na trefilabilidade pode
estar associada à presença do constituinte MA. Adição de elementos, mesmo em níveis
residuais, os quais aumentam a estabilidade da austenita podem favorecer a ocorrência
deste constituinte, como o manganês e carbono. Apesar de não estabilizador da
austenita, o silício desempenha indiretamente um papel importante neste fenômeno,
devido sua característica de inibir a precipitação da cementita, contribuindo para
elevação no teor de carbono da austenita e, consequentemente, sua estabilização.
A figura 3.14 mostra microestrutura típica de um aço baixo carbono, com adição de
1,5 %Mn e 1,5 %Si. A microestrutura é caracterizada pela matriz ferrítica com presença
de bainita, austenita retida e constituinte MA. Como pode ser visto, a microestrutura é
alterada em função da temperatura de austêmpera (TA), de 350 a 475 ºC. Para
temperaturas TA acima de MS (417 ºC), foi evidenciada maior quantidade de martensita
coexistindo com bainita e austenita retida. Com ajuda de microscopia eletrônica foi
possível identificar que a microestrutura é constituída principalmente de austenita retida
intercalada em ripas de bainita, conforme pode ser visto com uso de maior aumento na
figura 3.15.
conforme mostrado na tabela III.3. O teor de carbono da austenita retida (Cγ) determina
sua estabilidade para diversas condições de tratamentos térmicos e por isto tem
despertado grande interesse na obtenção de valores cada vez mais precisos do teor deste
elemento.
Figura 3.14 – Microscopia eletrônica de Varredura para aço (0,20 %C; 1,51 %Si;
1,51 %Mn) austemperado à temperatura de (a) 350 ºC; (b) 375 ºC; (c) 400 ºC; (d)
425 ºC; (e) 450 ºC; (f) 475 ºC. Legenda: αbf, αb, αq, αm e γR: ferrita bainítica, bainita,
quase-ferrita, martensita e austenita retida, respectivamente (34).
O uso de DRX para determinação do parâmetro de rede tem sido um recurso muito
utilizado para avaliação do teor de carbono da austenita retida. No entanto, este método
apresenta limitações, por ser um método indireto de medição e, portanto, sujeito a erros
na medida do parâmetro de rede, devido à presença de elementos de liga e tensão
residual interna. Adicionalmente a estas limitações, o método de DRX fornece a
composição média de um volume coberto pela radiação e, portanto, pouco preciso para
medidas pontuais.
Uma técnica alternativa para medida do carbono na austenita retida foi desenvolvida
pelo centro de pesquisas da ArcelorMittal (38). Quando um feixe de elétrons incide sobre
uma folha fina, certo número de colisões com os elétrons da espécie em estudo são
inelásticas. Esta perda de energia é característica do número atômico e do tipo de
camada eletrônica envolvida (K, L, M). Os elementos presentes na região analisada na
amostra apresentaram picos característicos que puderam ser quantificados pelo EELS –
electron energy loss spectrum. Segundo os autores, para testes realizados em
microscópio Philips CM200 FEG/STEM, equipado com espectrômetro Gatan 666 EL/P,
foi possível obter teores de carbono mínimo de até 0,04 % (em peso), com erro relativo
estimado de 3 %.
32
"
O tratamento térmico realizado nos aços TRIP para obtenção da fração volumétrica
ideal de austenita retida na temperatura ambiente consiste em dois estágios.
Inicialmente, o material é aquecido na região crítica (γ + α) e depois resfriado
rapidamente e mantido por determinado tempo no patamar da transformação bainítica.
No segundo estágio, o carbono rejeitado da bainita é redistribuído e enriquece a
austenita. Com o objetivo de evitar precipitação de cementita durante a transformação
bainítica, os aços TRIP contêm teores elevados de silício (1,0 a 2,5 % em peso), ou de
(42,52,53)
outros elementos que inibem a precipitação da cementida . A estabilidade da
austenita retida é fortemente influenciada pela temperatura intercrítica, conforme pode
ser visto na figura 3.19.
A figura 3.20 mostra a evolução dos diversos constituintes presentes em aço TRIP, em
função da temperatura de transformação bainítica. Como pode ser observado, no início
36
"
Figura 3.19 – (a) Ciclo de tratamento térmico. (b) Variação da fração volumétrica e
concentração de carbono da austenita retida em função da temperatura intercritica T1
para o aço com composição de 0,20 %C; 1,50 %Mn e 2,00 %Si (30).
Figura 3.21 – Variação da fração volumétrica da austenita retida (fγ) com a temperatura
da transformação bainitica para três aços com manganês variável – ! 1,99 %; " 1,50 %;
∆ 1,0 %(30).
38
"
Com isso, parte da austenita se transforma em martensita, formando desta forma uma
microestrutura do aço TRIP multiconstituído de ferrita, bainita, austenita retida e
martensita.
O teor de carbono (Cγ) na austenita residual pode ser estimado através da concentração
de carbono da liga (CLG), do carbono na ferrita bainitica (Cb ≅ 0,03 % peso) e da fração
de bainita (fb), conforme proposto por BHADESHIA (55):
f b (C LG − C b )
Cγ = C LG + (3.12)
1 − fb
(
d Vγο − Vγ )
= kTVγ (3.13)
dε
Desta forma, para garantir as propriedades dos aços TRIP é crucial uma determinação
precisa de fração volumétrica das fases presentes, assim como a concentração de
carbono. Dentre as técnicas disponíveis para quantificação da austenita retida, pode-se
destacar a microscopia óptica mediante uso de ataques específicos, a difração de raios X
e a de saturação magnética. Atualmente, há grande interesse no desenvolvimento de
novas técnicas, baseadas em diferenças de propriedades, como a difusividade térmica
43
"
das fases, orientação cristalográfica dos grãos ou através de fases com respostas
diferentes ao ultrassom a laser.
Tabela III.4 – Ataque de colorização das fases para aços multifásicos e suas limitações.
(α: ferrita, αb: bainita, αm: martensita, P: perlita, γR: austenita retida, ϴc: carbonetos) (65).
[ ]
f γ = exp − 0,011(M S − Tq ) (3.14)
Onde:
MS: temperatura de inicio da transformação martensítica
Tq: temperatura de têmpera
Uma dificuldade para melhorar a precisão das medições foi atribuída à presença de
textura na amostra. Esta limitação foi, inicialmente, apontada em MILLER (70) que
propôs a formulação de picos múltiplos para minimizar este problema. Para reduzir ao
mínimo este efeito, este autor projetou e construiu um porta-amostra com possibilidade
de rotação e alteração na sua inclinação.
Em setembro de 1979, foi publicado pela SAE – Society Automotive Engineers um
manual descrevendo os procedimentos e técnicas para medição da austenita retida
através de difração de raios X, assim como métodos de controle desta fase. Atualmente,
o procedimento para quantificação da austenita retida se tornou uma rotina e, na maioria
das vezes, é automatizada, com precisão cada vez maior mesmo para níveis baixos de
fração volumétrica da austenita de até 0,5 %. As radiações normalmente utilizadas na
difração de raios X são de cobre (Cr-Kα), Cobalto (Co-Kα), Cromo (Cr-Kα) ou
Molibdênio (Mo-Kα), sendo que cada uma apresenta vantagens e desvantagens. Por
48
"
sen2θ λ2
= (3.15)
( h 2 + k 2 + l 2 ) 4a 2
Sendo:
λ: comprimento da onda incidente
ϴ: ângulo de incidência
a: parâmetro de rede da fase
hkl: índices de Miller do plano
Considerando que a soma dos quadrados dos índices de Miller é sempre um número
inteiro e que o segundo termo será sempre uma constante para uma dada condição
(comprimento de onda e parâmetro de rede constantes), a indexação do sistema cúbico
ficará resolvida para todos os números inteiros (hkl) que fornecerem valores da razão
entre sen2θ e a (h2+k2+l2) igual ao segundo termo da expressão.
No caso dos sistemas com menor simetria, como por exemplo, o tetragonal, a indexação
dos índices se torna mais complicado, pois existem dois parâmetros (a e c) a serem
investigados. Neste caso, um cristal tetragonal irá difratar somente para ângulos cujo
sen2Ɵ satisfaça a equação 3.16:
sen 2θ λ2
2
= (3.16)
al 4a 2
( )
h2 + k 2 +
c
49
"
A relação a/c, que é uma medida da tetragonalidade da célula, irá introduzir uma perda
de simetria em relação à célula cúbica e, consequentemente, aumento no número de
linhas. Desta forma, novas linhas irão aparecer no espectro de difração, conforme
mostrado na figura 3.27. Maiores detalhes deste procedimento podem ser obtidos em
literatura especializada sobre o assunto (72-74).
A intensidade de uma difração de um plano (hkl), relativo a uma determinada fase (α), é
dada pela equação 3.17:
50
"
Vα
I α (hkl ) = KRα (hkl ) (3.17)
2µ
Sendo:
A intensidade relativa da fase α para o plano (hkl) é dado pela expressão (72, 73, 74):
1 2
Rα (hkl ) = Fα (hkl ) pLPe − 2 D (3.18)
2
υ
N at
Fα (hkl ) = ∑ f corr e 2πi( hu n + kv n + lwn ) (3.19)
1
Sendo,
υ : volume da célula unitária da fase considerada
Quando apenas duas fases estão presentes (α e γ), o cálculo da fração volumétrica de
uma fase pode ser calculado através da expressão:
Vγ = (I γ (hkl ) Rγ (hkl ))/ [(I α (hkl ) Rα (hkl )) + (I γ (hkl ) Rγ (hkl ))] (3.21)
Considerando “n” picos da fase γ e “m” picos da fase α, a expressão anterior pode ser
reescrita da seguinte forma generalizada:
1 n 1 n 1 m
Vγ = ∑ (I γ (hkl ) Rγ (hkl )) / ∑ (I γ (hkl ) Rγ (hkl )) + ∑ (I α (hkl ) Rα (hkl )) (3.22)
n 1 n 1 m 1
O cálculo teórico das intensidades relativas (R) pode ser obtido para cada tipo de
radiação utilizada e plano cristalográfico correspondente. Como exemplo, a tabela III.5
mostra os valores de R para a radiação de cromo, valores estes padronizados na norma
ASTM E975. Neste trabalho, cuja radiação utilizada foi de cobalto, uma tabela similar
foi construída.
Tabela III.5 – Cálculo teórico da intensidade (R) para radiação Cr-K . Comprimento de α
O grande interesse no refino do modelo para ajuste dos picos de DRX está no fato de
que a fração volumétrica de uma fase é proporcional à área abaixo do pico (valores de I α
e I na equação 3.21). Vários modelos para cálculo da área dos picos são propostos,
γ
entre os quais se destacam: Gauss, Lorentz, Pearson VII, Voigt e pseudo-Voigt. Com o
advento da computação, tem sido cada vez mais utilizada a técnica de refinamento pelo
(78)
método de Rietveld , a qual usa estes modelos de forma combinada dependendo do
nível de simetria apresentada pelos picos. A assimetria dos picos pode estar relacionada
53
"
à divergência axial do feixe difratado para baixos ângulos ou alguma outra característica
do equipamento e amostra utilizados. KHATTAK et al.(79) mostram que podem existir
problemas no ajuste das linhas de difração através do uso simples de funções de Gauss e
de Lorentz. Estes autores afirmam que os melhores ajustes para difração de raios X são
obtidos com as funções de Pearson VII, Voigt ou pseudo-Voigt. A função de Voigt é na
verdade uma convolução das funções de Gauss e de Lorentz e pseudo-Voigt, é uma
combinação ao invés de convolução.
Uma dificuldade adicional para modelamento dos picos de uma fase ocorre quando
estes apresentam intensidades baixas comparadas com picos de outras fases presentes.
Neste caso, em que a fase a ser determinada encontra-se em níveis muito baixos, ou
seja, baixa intensidade dos picos correspondentes pode ser mais adequado o
modelamento individual dos picos escolhidos para integração.
−M
K 2 (x − x0 )2
f ( x) = I 0 1 + (3.23)
M
“caudas”. Para valores de “M” próximos de um, a curva assume perfil puramente de
Cauchy. Para “M” igual a dois, o aspecto é de uma Lorentziana e para “M” infinito o
perfil é Gaussiano. Como exemplo, a figura 3.28 ilustra o comportamento da
distribuição de Pearson VII para alguns valores de “K” e “M” hipotéticos.
picos individuais, somado ao ruído de fundo dado através de variação linear, p e q sendo
qualquer número real, do tipo:
f R ( x) = px + q (3.24)
I (x ) = If (x − x0 ) + ICf (x − x0 − δ ) + f R (x ) (3.25)
Sendo:
Figura 3.28 - Variação no perfil da curva de Pearson VII em função dos parâmetros
“M” e “K” da equação 3.23.
elétrons acelerados pela diferença de potencial colidem com o metal alvo, gerando
grande quantidade de energia em forma de calor e uma pequena fração em forma de
radiação. Quando a voltagem é aumentada, acima de certo valor específico para cada
metal alvo, é gerada uma descontinuidade no espectro de elevada intensidade e
comprimento de onda definido, conhecido como “espectro característico” do metal alvo.
Como pode ser visto na figura 3.29, o espectro característico ocorre a partir de um valor
mínimo da voltagem aplicada.
Tabela III.6 – Comprimentos de onda (Å) das principais radiações para três elementos
mais utilizadas em DRX (72).
Destas três radiações, Kα1 e Kα2 merecem mais atenção, pois possuem comprimentos de
onda muito próximos, e são, portanto, de difícil resolução (filtragem). Quando
resolvidas, elas recebem o nome de dupleto Kα, ou quando não resolvidas, apenas de
Kα. A figura 3.30 mostra o espectro para o molibdênio para duas escalas de
comprimento de onda, onde a figura da direita a escala é menor para evidenciar a
presença das duas radiações características.
(72,73,80)
A relação de intensidade entre os picos Kα1 e Kα2 é de 0,51 ± 0,03 e a posição
do pico ƟK 2 pode ser obtida em função de ƟK 1, através da equação de Bragg pela
α α
expressão:
λ Kα 2
θ Kα 2 = sen −1 sen(θ Kα 1 ) (3.26)
λ Kα 1
Onde λKα1 e λKα1 são os comprimentos de onda das radiações e ƟKα1 o ângulo
correspondente à máxima intensidade do pico Kα1. A separação do dupleto é
desprezível para ângulos baixos, mas torna-se progressivamente significativa com o
aumento do ângulo de difração, conforme pode ser visto na figura 3.31.
58
"
Figura 3.30 – Espectro esquemático para o molibdênio como metal alvo e voltagem de
aceleração de 35 kV (Kα1: 0,709 Å; Kα2: 0,71 Å; Kβ: 0,632 Å). A diferença entre as
figuras é apenas na escala horizontal do comprimento de onda (72).
Para determinação precisa do teor de austenita retida, a resolução do dupleto deverá ser
feita através do uso da equação 3.26 associada ao fato de que a intensidade do pico Kα2
é da ordem de 0,52 do pico Kα1. A figura 3.32 mostra, como exemplo, o resultado do
modelamento para o pico (200)α com radiação de Cu-Kα. Note a decomposição do
dupleto K 1 e K 2, onde são mostradas as curvas correspondentes a cada radiação
α α
4 - METODOLOGIA
4.1 Material
Liga %C % Mn % Si N (ppm)
Foram utilizadas para estudo amostras retiradas de corridas do processo industrial, que
consiste no refino primário no processo LD, seguido de tratamento secundário no forno
panela para ajuste térmico e químico. Na sequência, foram produzidos tarugos em
máquina de lingotamento contínuo de seção quadrada de 155 mm e comprimento
próximo de 12 m. Posteriormente, os tarugos foram reaquecidos e laminados a quente
61
"
para bitola 5,5 mm. Nesta etapa, foram retiradas amostras dos perfis intermediários e do
fio máquina na condição bandeada. Posteriormente, também foram coletadas amostras
de arames para avaliação do comportamento da austenita retida durante o processo de
trefilação.
P<!(<"D$<Q8<" RBST<DBS"D?"U6E!S<6"
RBST<DBS"D?"
V?AH!:<DBS?6"
9B9!A<"
Parte das amostras coletadas foi utilizada para realização de tratamento térmico de
homogeneização. Devido ao baixo coeficiente de difusão dos elementos substitucionais
no estado sólido, as amostras no estado laminado apresentam um bandeamento químico,
o qual não é eliminado durante o reaquecimento do tarugo. Dos elementos que
apresentam esta característica, o manganês, apesar de menor tendência de segregar em
relação a outros elementos (8), desempenha papel de destaque devido sua elevada
concentração presente no aço.
Estima-se que seriam necessários quatro dias na temperatura de 1200 ºC para completa
homogeneização química deste elemento. Já para temperatura de 1100 ºC o tempo
necessário para completa homogeneização química é estimado em onze dias.
64
"
Figura 4.2 – Variação da segregação residual (δi) do manganês com o tempo para
quatro temperaturas diferentes.
De posse dos resultados obtidos, foi utilizado como condição de homogeneização das
amostras o ciclo de tratamento térmico de 168 h na temperatura de 1200 ºC que foi
realizado em forno industrial, na zona de maior temperatura e controlado por
termopares. Após este ciclo, as amostras foram usinadas para eliminação da
descarbonetação e preparação de corpo de prova para ensaio Jominy. Outra parte da
amostra foi também tratada em forno mufla e resfriada de forma controlada. Em
seguida, estas amostras foram cortadas em seções longitudinal e transversal, lixadas,
polidas, atacadas e observadas na microscopia óptica para comprovação da
homogeneidade estrutural e posterior análise por difração.
Após ensaio Jominy foram realizados cortes transversais ao longo do corpo de prova,
que foram montados em baquelite. Em seguida, estes corpos de prova foram lixados,
polidos e atacados com Nital 2 % para análise de estrutura e posterior difração de raios
X. Os cortes transversais foram realizados de tal forma que sempre foi possível
identificar a taxa de resfriamento correspondente. A figura 4.4 mostra o processo de
seccionamento e rastreabilidade dos corpos de prova e a planilha com registro das taxas
66
"
Figura 4.4 – Seccionamento do corpo de prova para calculo da taxa. A tabela abaixo da
figura mostra as taxas para algumas cotas (distancia do plano à extremidade resfriada),
conforme equação 4.1.
Cada amostra analisada foi identificada com numeração de 1 a 12, de modo que foi
correlacionado com sua posição e respectiva taxa de resfriamento no processo
industrial. As amostras de fio máquina coletadas foram preparadas nas seções
longitudinal e transversal, através de sequência convencional de corte, montagem,
lixamento, polimento e ataque químico.
Diversos métodos, além da difração de raios X são utilizados para medição da austenita
retida, como o uso de técnicas metalográficas, EBSD e saturação magnética. Entretanto,
todos estes métodos se tornam pouco precisos, quando a fração volumétrica deste
constituinte é menor do que 10 %. Medidas da fração volumétrica de austenita retida
para valores inferiores a 1 % tem sido um desafio, onde a técnica de difração de raios X
ocupa uma posição de destaque em estudos recentes. Com uso do conhecimento
adquirido de técnicas de difração cada vez mais sofisticadas, associadas a uma adequada
relação sinal/ruído, o nível mínimo de detecção com grande precisão é citado por alguns
autores como sendo de 0,30 % (64, 84,91).
69
"
Considerando que a fração volumétrica da austenita retida nos aços estudados ser baixa
(inferior a 6 %) comparada com os aços TRIP (20 a 30 %), é fundamental que a relação
sinal/ruído (S/R) seja maximizada. Este é um procedimento empírico, onde devem ser
considerados os seguintes parâmetros:
• Área da amostra não deve ser inferior à área irradiada no plano da amostra. A
fenda deve apresentar uma resolução suficiente;
Figura 4.8 – Posição das raias para as estruturas cúbicas de corpo centrado (CCC),
cúbica de face centrada (CFC) para o ferro para a faixa 2• de 0 - 130&. Radiação de
cobalto.
A escolha da faixa 2θ de 48° até 80° foi devido à baixa intensidade da austenita presente
no aço estudado. A figura 4.9 mostra a intensidade relativa para uma liga com fração
volumétrica de 10% de austenita retida. Como pode ser visto no difratograma, os picos
mais intensos são (111)γ e (200)γ. Os picos austeníticos para 2θ acima de 80& têm
intensidades muito baixas e podem ser facilmente confundidos com “background”,
ficando a relação sinal/ruído ainda mais crítica para teores menores desta fase.
72
"
Figura 4.9 – Difratograma do espectro teórico para um aço com fração volumétrica de
austenita de 10 %. Faixa 2• de 0 – 130&'"radiação de cobalto.
Neste trabalho a decomposição dos picos de difração foi modelada pela equação de
Pearson VII com otimização dos parâmetros pelo método dos mínimos quadrados (86- 88).
A equação de Pearson VII utilizada aqui, tem a forma apresentada na equação 3.23:
−M
K 2 (x − x0 )2
I ( x) = I 0 1 +
M
λKα 2
θ Kα 2 = sen−1 sen(θ Kα 1 )
λKα 1
Desta forma, o modelo completo para I(x) inclui o “doublet” K 1 K 2 para as fases ferrita
α α
modelo, o qual inclui os quatro picos escolhidos é mostrada a seguir (os índices impares
referem-se aos picos K 1 e os índices pares aos picos K 2):
α α
−M 3 −M 4
K 2 (x − x03 )2 K 2 (x − x04 )2
I (110)α ( x) = I 3 1 + 3 + I 4 1 + 4
M3 M4
−M 5 −M 6
K 2 (x − x05 )2 K 2 (x − x06 )2
I ( 200)γ ( x) = I 5 1 + 5 + I 6 1 + 6
M5 M6
−M 7 −M 8
K 7 2 (x − x07 )2 K8 2 (x − x08 )2
I ( 200)α ( x) = I 7 1 + + I 8 1 +
M7 M8
O uso do método dos mínimos quadrados através da função Solver do Excel foi
utilizado para otimização dos parâmetros da equação 4.3. Foi também assumido que
para todos os picos, K 1 está conectado com K 2 conforme equação 3.26 e tem relação
α α
A intensidade total de um pico de difração é dada pela sua área, a qual foi calculada pela
integração algébrica da função de Pearson VII, cujo resultado é apresentado na equação
4.3 de acordo com MICHETTE (89):
I 0 Mπ Γ(M − 1 / 2)
I TOTAL = (4.3)
K Γ( M )
74
"
Onde Γ(z) representa a função gama dada pela equação 4.4 e que pode ser facilmente
calculada na planilha Excel© 2010 (versão brasileira), mediante uso da função
EXP(GAMALN(z)).
∞
Γ(z ) = ∫ t z −1e −t dt (4.4)
0
λK 2 =1,79278 Å.
α
(
Vγ = ∑ I γ(hkl ) Rγ(hkl ) / ∑ I α(hkl ) Rα(hkl ) + ∑ I γ(hkl ) Rγ(hkl ) )
Nesta equação:
Ι é a intensidade do pico para determinada fase (α/γ) e plano (hkl) correspondente;
R é a intensidade teórica para determinada fase (α/γ) e plano (hkl) correspondente.
Vγ
I (hkl) = K i R (hkl)
γ γ 2µ
Onde:
75
"
1 2
Rα (hkl ) = 2
Fα (hkl ) p.LP.e −2 D
υ
A tabela IV.2 mostra o valor calculado de R para os planos de interesse neste trabalho.
Para a radiação de cobalto, a determinação dos parâmetros de rede da ferrita e austenita
refere-se à média de 112 medidas para os picos (200)α e (200)γ, respectivamente.
Tabela IV.2 - Intensidade relativa teórica (R) para a radiação de cobalto, para
comprimento de onda K 1 = 1,78892 Å e monocromador de grafita (2θm de 30,94°);
α
utilização da ferrita como referencia foi devido ao fato do carbono não variar nesta fase.
Desta forma, para cada medida realizada, foi introduzido um fator de correção (f2•) que
é a diferença entre o valor médio e o valor individual de 2•k 1 referente ao pico (200)α:
α
Este fator de correção (f2•) foi então utilizado para ajustar o valor 2• do pico
austenítico (200)γ. Entre as equações mostradas na tabela III.3, a apresentada por Van
Dijk foi escolhida pelo fato de apresentar a menor soma dos desvios quadráticos entre o
previsto por cada equação e o valor médio calculado pela contribuição das sete
equações. Este resultado pode ser visualizado na figura 4.10.
A avaliação do teor de carbono da austenita (Cγ) foi então feita de acordo com a
equação dada por VAN DIJK (33) que combinada com a equação de Bragg para o pico
(200)γ fornece a seguinte equação:
λ K α1
C γ = 22,0751 − 78,4989
sen (2θKα1 + f 2θ )
(4.6)
2
Figura 4.11 – Dimensões do corpo de prova para ensaio de tração, sendo A = 10 mm,
B = 4,5 mm, D = 60 mm e R = 15 mm.
4.6 Ensaio de microdureza Vickers
78
"
Foi realizado ensaio de microdureza no aparelho Struers Duramin, versão 2.02, com pré
carga de 2,942N e tempo de penetração de 10s. Foram realizadas pelo menos 6 medidas
aleatórias na seção transversal do corpo de prova lixado e polido, sem ataque químico.
Para observação das fases reveladas pelo método de colorização, as análises qualitativas
foram realizadas através do software Leica Application Suite V3, acoplado a um
microscópio óptico metalográfico marca Leitz, modelo DM2500 M. Já para as
observações de amostras atacadas com Nital, foi utilizado microscópio óptico
metalográfico marca Leitz Aristomet.
5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
A figura 5.1 (a e b) mostra microestruturas típicas da liga, nas quais pode ser visto
presença de forte bandeamento na amostra do perfil intermediário (ϕ=70 mm), coletada
na tesoura após primeiro desbaste de laminação e resfriada naturalmente, com taxa de
resfriamento de 1,6 ºC/s, calculada com uso de termopar acoplado no interior da
amostra. Fica evidente na microestrutura a presença de uma matriz ferrítica com
alinhamento de perlita na direção de laminação. Na micrografia com aumento maior,
figura 5.1(b) observa-se presença de ilhas maciças localizadas entre a perlita e a ferrita,
comum em aços TRIP, e que correspondem ao constituinte martensita - austenita (MA).
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"#! $#! 1+"µT"
" "
)*+,+"-!./01!
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($#!
A tabela V.1 mostra valores individuais encontrados para o manganês e silício nas
amostras com e sem tratamento de homogeneização, através de análise realizada por
EDS. Cálculos estatísticos entre amostras bandeada e homogeneizada foram realizados
para confirmação dos resultados. Como pode ser visto na tabela V.2, pode-se afirmar
com 95 % de confiança, que o teor de manganês na perlita é maior do que na ferrita
(|Stat-t| > tcrítico), presumindo variâncias equivalentes. Já para a amostra homogeneizada,
as médias do teor de manganês são iguais na ferrita e perlita (|Stat-t| < tcrítico). Não foi
evidenciada diferença significativa em relação ao silício na ferrita nem na perlita, para
condições homogeneizadas e não homogeneizadas.
Tabela V.1 – Medições via EDS para o manganês e silício nas amostras da liga ER70S-
6 com e sem tratamento de homogeneização, em cinco pontos distintos.
"#! $#!
=&!µ'! =&!µ'!
" "
Figura 5.5 – Microestrutura da liga ER70S-6 antes (a) e após (b) o tratamento de
homogeneização a 1200 ºC por 170 h. A seta indica a direção de laminação. Seção
longitudinal, ataque Nital 4 %.
Tabela V.2 – Comparação de média entre o teor de manganês na ferrita e perlita, antes
e após a homogeneização da liga ER70S-6.
87
"
M
fγ = 1 − S x100 (5.1)
Mo
S
saturação de referência, utilizado aqui como a medida da saturação para uma amostra
ferrítica isenta de austenita. O resultado das medidas comparativas por difração de raios
X e por saturação magnética é mostrado na figura 5.6.
Como pode ser observado na figura 5.6, foi evidenciada boa correlação entre os
resultados, confirmado pelo trabalho de JACQUES et al. (64). Uma limitação deste tipo
de ensaio é para o estudo da austenita retida em função da taxa de resfriamento, pois
não é possível obter medidas superficiais de austenita retida em amostras em que a taxa
de resfriamento varia com a profundidade.
88
"
Figura 5.6 – Correlação das medidas de fração volumétrica de austenita retida por
difração de raios X (eixo da abcissa) e por saturação magnética (eixo da ordenada).
Foram selecionadas três amostras para comparação das medições da fração volumétrica
de austenita retida com as medidas realizadas pelo método deste trabalho. Para o
método com refinamento por Rietveld, foi utilizado detector com elevada resolução do
Centro de Pesquisa da ArcelorMittal de Maizières/Metz- França, conforme
procedimento e condições descritas abaixo:
Neste ensaio, foram utilizadas técnicas mais sofisticadas, como o uso de rotação e
inclinação de amostras. Além disso, também foi utilizada uma faixa mais ampla de 2θ e
menor tamanho entre leituras, o que aumenta a precisão dos cálculos, a custo de
significativo aumento de 1h no tempo de execução do ensaio em relação ao proposto
neste trabalho. Os resultados comparativos entre os dois métodos também apresentaram
boa aderência.
Inicialmente, foi coletada uma amostra de seção 17,5 mm. Esta amostra foi
austenitizada em forno mufla à temperatura de 910 ºC por 30 min e em seguida
resfriada naturalmente ao ar até a temperatura ambiente. As dimensões da amostra
foram escolhidas, por tentativas, de tal forma a garantir uma taxa de resfriamento entre
1 – 3 ºC/s, compatível com o processo industrial. Para cálculo da taxa, um termopar de
chromel-alumel foi inserido em um orifício previamente feito no centro da amostra.
90
"
Figura 5.7 – Correlação entre as medidas de austenita retida pelo método proposto na
tese (eixo da ordenada) e o utilizado pelo R&D ArcelorMittal de Maizières/Metz (eixo
da abcissa).
Desta forma, foi obtido taxa de resfriamento de 1,6 ºC/s na temperatura de 700 ºC. A
amostra foi então seccionada em duas partes para obtenção das seções transversal e
longitudinal. Em seguida, estas foram preparadas seguindo procedimento convencional
de embutimento, lixamento, polimento e ataque químico em Nital 2 %.
O cálculo da austenita retida nas seções transversal e longitudinal foi realizado através
da difração de raios X com uso de radiação de cobalto. Este procedimento é descrito no
item 4.4.5 e a fração de austenita retida é dada pela equação 3.21:
Vγ = ∑ I γ(hkl ) Rγ(hkl ) / (∑ I (
α
hkl )
Rα(hkl ) + ∑ I γ( hkl ) Rγ(hkl ) )
O significado dos termos desta equação é mostrado no item 3.8.2. Para cada seção
(transversal e longitudinal) foram realizadas seis medidas por difração, simetricamente
distribuídas no porta-amostra, vide figura 4.7. Como exemplo, a figura 5.8 mostra o
91
"
Tabela V.3 – Parâmetros otimizados da equação de Pearson VII (seis medidas por
seção). Radiação K 1 para os quatro picos compreendidos na faixa 2θ de 48 a80º.
α
Longitudinal Transversal
Parâmetro
(111) γ (110)α (200) γ (200)α (111) γ (110)α (200) γ (200)α
Figura 5.8 – Espectro da difração para uma das medidas realizadas na amostra
bandeada de seção transversal resfriada na taxa de 1,6 ºC/s. A linha pontilhada grossa
corresponde ao comprimento de onda λK 1 e a linha pontilhada fina a λK 2.
α α
93
"
Figura 5.9 – Diagrama de radar dos valores individuais de γR (fração vol.%) para
seções longitudinal e transversal de amostras bandeadas resfriadas na taxa de 1,6 ºC/s.
Não foi evidenciada diferença estatística entre os cortes longitudinal e transversal
conforme pode ser visto na tabela V.4 ( |Stat-t| < t crítico).
Tabela V.4 – Valores individuais da austenita retida (%) para amostra bandeada, com
taxa de resfriamento de 1,6 ºC/s. Abaixo análise estatística referente às seis medidas.
Estrutura Seção P1 P2 P3 P4 P5 P6 x σ
LONG TRAN
Tabela V.5 – Parâmetros otimizados da equação de Pearson VII (seis medidas por
seção). Radiação K 1 para os quatro picos 2θ na faixa 48 - 80º. Amostra homogeneizada
α
Longitudinal Transversal
Parâmetro
(111) γ (110)α (200) γ (200)α (111) γ (110)α (200) γ (200)α
Figura 5.10 – Espectro da difração para uma das medidas realizadas na amostra
homogeneizada de seção transversal resfriada na taxa de 1,93 ºC/s. A linha pontilhada
grossa corresponde ao comprimento de onda K 1 e a linha pontilhada fina a K 2.
α α
96
"
Figura 5.11 – Diagrama de radar dos valores individuais de γR (fração vol.%) para
seções longitudinal e transversal de amostras homogeneizadas e resfriadas na taxa de
1,93 ºC/s. Não foi evidenciada diferença estatística entre longitudinal e transversal,
conforme pode ser visto na análise estatística mostrada na tabela V.6 ( |Stat-t| < tcrítico).
"
5.6 Efeito da taxa de resfriamento na ocorrência de austenita retida em amostra
bandeada
Tabela V.6 – Valores individuais da austenita retida (%) para amostra homogeneizada,
com taxa de resfriamento de 1,93 ºC/s. Abaixo análise estatística referente às seis
medidas.
Estrutura Seção P1 P2 P3 P4 P5 P6 x σ
LONG TRAN
Média 2,40 2,41
Variância 0,05 0,03
Observações 6 6
Variância agrupada 0,04
Hipótese da diferença de média 0
Grau de liberdade 10
Stat t -0,09
P(T<=t) uni-caudal 0,46
t crítico uni-caudal 1,81
P(T<=t) bi-caudal 0,93
t crítico bi-caudal 2,23
"
Como exemplo, a figura 5.12 mostra o resultado da difração de raios X, para um plano
distante de 8,77 mm da extremidade resfriada com água, correspondente a uma taxa de
resfriamento de 30,3 ºC/s. Os parâmetros da função de Pearson VII, optimizados pelo
método dos mínimos quadrados para o difratograma da figura 5.12 são mostrados na
tabela V.7, referente aos comprimentos de onda λK 1 e λK 2. O parâmetro M é
α α
de corte analisados é mostrado na figura 5.12. Cada ponto deste gráfico corresponde à
98
"
Tabela V.7 - Parâmetros optimizados da função de Pearson VII para uma amostra
transversal bandeada resfriada na taxa de 30,3 ºC/s (figura 5.12). Comprimento de onda
do cobalto λK 1 e λK 2 de 1,78892 e 1,79278 Å, respectivamente. O parâmetro M é
α α
λ C %!
α "" λ C D!
α
>"?@'*A?B!
(%%%#γ! (%%&#α! (D&&#γ! (D&&#α! (%%%#γ! (%%&#α! (D&&#γ! (D&&#α!
!
K!*QS<86X,W! /'/2" ,,'40" .'-+" 0',/" /'/2" ,-'12" .'-+" 0'/."
x&!*QS<86W! 0+'3+" 0-'.4" 04'.," 22'-+" " 0+'4-" 0-'0," 04'/0" 22'/+"
,'2+" ,'/-" ,'4+" ,'1-" " ,'2+" ,',2" ,'4+" ,'/1"
M
I&!*;E6W! /,3" -/1.-" ,,2" ,,-+" " --1" ,-2,/" 1." 0/2"
"
I!*QS<86);E6W! D%E! =%77! ED! =%7! !! %%E! D75=! FF! DF5!
99
"
"
Após homogeneização a 1200 ºC por 168 h, a amostra foi usinada para obtenção do
corpo de prova nas dimensões do ensaio Jominy. Esta amostra foi então austenitizada a
910 ºC por 1 hora e resfriada, conforme procedimento descrito para amostra bandeada.
Como exemplo, a figura 5.14 mostra os difratogramas para os quatro picos presentes na
faixa 2θ de 48 a 80º, para uma amostra transversal homogeneizada e resfriada na taxa de
10 ºC/s. Os pontos do gráfico representam as medidas reais de intensidade e a linha
continua a equação 4.2 com os parâmetros de Pearson VII otimizados. Os parâmetros
otimizados para esta condição são mostrados na tabela V.8. O parâmetro M é
adimensional, os outros parâmetros Io, xo, K e I têm unidades relacionadas à medição do
101
"
espectro de difração. O cálculo da austenita retida foi realizado com uso dos parâmetros
e da intensidade teórica dos planos cristalográficos mostrados na tabela IV.2. O
resultado das seis medidas realizadas para esta taxa de resfriamento indica uma fração
volumétrica de 5,8 ± 0,6 % (intervalo de confiança de 95 %).
λ C %!
α "" λ C D!
α
>"?@'*A?B!
(%%%#γ! (%%&#α! (D&&#γ! (D&&#α! (%%%#γ! (%%&#α! (D&&#γ! (D&&#α!
!
K!*QS<86X,W! /'/2" ,,'40" .'-+" 0',/" /'/2" ,-'12" .'-+" 0'/."
x&!*QS<86W! 0+'3+" 0-'.4" 04'.," 22'-+" " 0+'4-" 0-'0," 04'/0" 22'/+"
M ,'2+" ,'/-" ,'4+" ,'1-" " ,'2+" ,',2" ,'4+" ,'/1"
I&!*;E6W! /,3" -/1.-" ,,2" ,,-+" " --1" ,-2,/" 1." 0/2"
"
I!*QS<86);E6W! D%E! =%77! ED! =%7! !! %%E! D75=! FF! DF5!
A figura 5.15 mostra a microestrutura na seção transversal para esta amostra resfriada
na taxa de 10 ºC/s, onde foram utilizadas diferentes técnicas para caracterização da
microestrutura, referente ao mesmo campo de observação. Não foi possível identificar a
austenita retida com uso de Nital. Porém, com o uso da técnica de colorização, foi
possível identificar a presença desta fase. Neste ataque, a martensita e bainita têm uma
coloração azul, a ferrita amarela ou marrom claro e a austenita uma tonalidade roxa.
Para esta taxa de resfriamento, foi evidenciado que a austenita está associada às regiões
com martensita/bainita. O resultado completo da fração volumétrica de austenita retida
para as 18 taxas de resfriamento utilizado na amostra homogeneizada é mostrado na
figura 5.16.
A figura 5.18 mostra quatro micrografias de amostra bandeada, sendo uma de baixa taxa
de resfriamento (1,0 ºC/s) duas taxas intermediárias (17,7 e 56 ºC/s) e uma elevada
(114 ºC/s). Para taxa de 1,0 ºC/s a microestrutura apresenta perlita e constituinte MA na
matriz ferrítica. Conforme discutido anteriormente, a fração volumétrica de austenita
retida é máxima para taxa de 16,6 %C/s, portanto próxima da taxa de 17,7 ºC/s. Para
taxas superiores a 16,6 %C/s foi evidenciado crescimento na fração de martensita e
saturação no teor de austenita.
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Figura 5.18 – Micrografia da liga ER70S-6 de amostra bandeada resfriada nas taxas:
(a) 1,0 ºC/s; (b) 17,7 ºC/s. Ataque Nital 2 %.
108
"
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Figura 5.18 (cont) – Micrografia da liga ER70S-6 de amostra bandeada resfriada nas
taxas: (c) 56,75 ºC/s; (d) 114 ºC/s. Ataque Nital 2 %.
109
"
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Para taxa de resfriamento baixa, próximo de 1,0 ºC/s, é possível identificar no material
bandeado, uma matriz predominantemente formada por ferrita equiaxial com presença
de pequenas regiões perlíticas e algumas ilhas de constituinte MA formadas nos
contornos de grãos. É interessante notar que para a liga homogeneizada, analisada em
taxas de resfriamento próximas de 1,0 ºC/s, é evidenciada a matriz ferrítica com
aparecimento de uma maior concentração de bainita de aspecto acicular e orientada a
partir dos contornos de grãos.
É evidenciado pelos gráficos da figura 5.20 que o carbono tem comportamento similar
para ambas as estruturas. No entanto, o carbono passa por um máximo, a uma taxa
menor, para amostra homogeneizada. Este comportamento do carbono com a taxa de
resfriamento está em acordo com o comportamento da austenita. O aumento do carbono
na faixa de taxas menores está associado à ocorrência da transformação bainitica, a qual
enriquece a austenita não transformada. Como o inicio da ocorrência de
112
"
presença da fase majoritária. Sendo assim, para uma taxa de resfriamento baixa, onde a
ferrita é a fase em maior fração volumétrica, o valor deste parâmetro K apresenta um
valor elevado. Este parâmetro tem seu valor diminuído com o aumento na presença de
bainita e apresenta os menores valores para taxas de resfriamento elevadas, onde a fase
majoritária é a martensita. O comportamento deste parâmetro para material bandeado,
em função da taxa de resfriamento, é ilustrado na figura 5.21, onde são mostradas,
também, as microestruturas características para cada região e o aspecto do pico (200)α
para dois valores extremos de K. Como pode ser visto no gráfico, os valores de K tem
inclinação constante para três campos distintos. No primeiro campo, onde a taxa de
resfriamento é baixa este parâmetro apresenta os maiores valores e a ferrita é a fase
majoritária, onde os picos K 1 e K 2 da raia (200) são resolvidos. Para a faixa
α α α
Figura 5.21 – Variação do parâmetro K da equação de Pearson VII do pico (200)α com
a taxa de resfriamento e comparação com o teor de austenita retida para material
bandeado. As micrografias de MEV (ataque com Nital 2 %, aumento de 3000X no
original), mostram as fases majoritárias em cada uma das três regiões principais. Os
dois gráficos menores mostram como a forma do pico (200)α é afetada pela taxa de
resfriamento.
A presença das fases majoritárias em cada uma das três regiões pode também ser
evidenciada através da correlação entre o parâmetro K e a medida da microdureza (HV)
para amostra homogeneizada. Como pode ser visto na figura 5.23 a microdureza
aumenta com a diminuição do parâmetro K, para comportamentos distintos e associados
à fase majoritária presente. Nota-se que quando a fase majoritária é ferrita, a dureza
permanece praticamente constante em torno de 188 HV. Com o aumento da taxa de
resfriamento e o consequentemente aparecimento de bainita, o comportamento do
parâmetro K tem uma inclinação negativa, isto é, a dureza aumenta com a diminuição
deste parâmetro, com dureza variando na faixa de 200 – 280 HV. Já para taxas maiores,
115
"
Figura 5.22 – Variação do parâmetro K da equação de Pearson VII do pico (200)α com
a taxa de resfriamento e comparação com o teor de austenita retida para material
homogeneizado. As micrografias de MEV (ataque com Nital 2 %, aumento de 3000X
no original), mostram as fases majoritárias em cada uma das três regiões principais. Os
dois gráficos menores mostram como a forma do pico (200)α é afetada pela taxa de
resfriamento.
116
"
Figura 5.23 – Variação do parâmetro K da equação de Pearson VII do pico (200)α com
a dureza (HV) do material homogeneizado. As setas indicam o sentido de aumento da
fase indicada. Legenda: α – ferrita; αʹ – martensita; αb – bainita.
Inicialmente foi coletada uma amostra de fio máquina do aço utilizado para fabricação
de eletrodo MIG. A figura 5.24, mostra a microestrutura da seção transversal do fio
(41)
máquina, mediante uso de uma técnica especifica, ataque de colorização , uma vez
que não é possível identificar a presença de austenita retida com uso de Nital. Mediante
uso desta técnica, para algumas amostras de fio máquina foi possível identificar a
presença da austenita retida, normalmente associada à martensita em uma matriz
ferrítica.
117
"
Figura 5.24 – Micrografia óptica do fio máquina bitola 5,5 mm. Ataque de Nital 2 %,
seguido de revenimento a 250 ºC por 2,5 h, conforme procedimento da técnica de
(41)
colorização . Nota-se a presença de ferrita (regiões brancas e bege clara), martensita
(azul) e austenita retida (roxo), indicado por setas.
Como mostrado no item 4.3.4, o resfriamento do fio máquina acontece de forma não
homogênea ao longo da espira no processo Stelmor®. A figura 5.25 mostra as
micrografias típicas para quatro pontos diametralmente opostos da espira, conforme
posicionada na esteira durante o processo de resfriamento no Stelmor®. Pela análise das
micrografias, percebe-se maior incidência de regiões maciças, provavelmente
correspondendo ao constituinte MA, nas amostras correspondentes às posições leste e
oeste em comparação às amostras norte e sul. Para a posição 9, que juntamente com a
posição 3 apresenta as maiores concentrações de austenita retida, são mostrados na
figura 5.26 micrografias com aumentos maiores no MEV.
118
"
D&G'! D&G'!
" "
"
"
D&G'! D&G'!
" "
"
119
"
%&G'! =G'!
" "
Figura 5.26 – Micrografia ao MEV do fio máquina referente à posição 9 – oeste (vide
desenho acima) no Stelmor®, ataque Nital 2 %. A figura da direita é reprodução com
maior aumento, onde pode ser visto presença de estrutura martensítica.
"
Figura 5.27 – Variação da fração volumétrica de austenita retida (%) ao longo da espira
do fio máquina no Stelmor®, fabricado com a liga convencional ER70S-6. Os
resultados são médias de seis medidas realizadas por difração na seção transversal do
fio máquina. As posições 6 e 12 refere-se ao sul e norte, respectivamente.
Figura 5.28 – (a) Variação da estricção (%), (b) resistência mecânica (MPa) e (c)
austenita retida (%) ao longo da espira do fio máquina no Stelmor®, fabricado com a
liga . Os resultados são médias de seis medidas para cada um dos itens analisados.
122
"
5.12 Redução da austenita retida ao longo da espira do fio máquina para uma liga com
composição química modificada
Para o fio máquina ser submetido à trefilação direta, é desejável a resistência mecânica
abaixo de 575 MPa e estricção acima de 75 %. Com o objetivo de reduzir a ocorrência
do constituinte MA no fio máquina, foi elaborado uma nova liga, ER70S-6M, com
composição química próxima da liga convencional mostrada na tabela IV.1, porém com
adição de titânio. A adição de titânio retira o nitrogênio de solução sólida. O nitrogênio
atua como elemento estabilizador da austenita retida, e, consequentemente, aumenta a
estabilidade do constituinte MA, conforme descrito no item 3.6.3. A nova liga testada,
ER70S-6M, tem composição química mostrada na tabela V.9, a qual difere basicamente
da liga convencional pela adição de titânio.
Liga %C % Mn % Si % Ti N (ppm)
A figura 5.29 (a, b e c) mostra os resultados para limite de resistência, estricção e fração
volumétrica de austenita retida para o fio máquina fabricado com a liga modificada,
pontos vermelhos.
Como pode ser visto, houve aumento na estricção e diminuição na resistência mecânica
para os níveis recomendados devido à redução na fração volumétrica de austenita retida.
Os valores médios da austenita retida, estricção e resistência do fio máquina da liga
modificada são mostrados na tabela V.10.
não foi mais possível a quantificação de austenita retida por difração de raios X. Com as
três amostras trefiladas em laboratório, não foi possível obter o arame final de 2,42 mm
devido ocorrência de quebras no terceiro e quarto passe de redução. Devido à
transformação da austenita para martensita induzida pela deformação já no primeiro
passe de trefilação, houve um alargamento considerável do pico ferrítico (110)α o que
impossibilitou o aparecimento do pico austenítico (111)γ.
Para quantificação da austenita retida no arame 4,80 mm, foi necessário minimizar a
interferência entre estes picos de difração. Com esse objetivo, foi realizado tratamento
de recristalização no arame 4,80 mm antes da avaliação da fração de austenita retida. A
figura 5.30 mostra o difratograma do fio máquina e do arame 4,80 mm, fabricados com
a liga convencional ER70S-6. Como pode ser comprovado, não é possível a
visualização do pico austenítico (111)γ devido ao alargamento do pico ferritico (110)α.
Uma maneira de avaliar a influência da deformação pode ser realizada pela análise do
pico (200)α. Este pico, por não ter interferência de outros picos de difração, apresenta
vantagem neste tipo de análise. Removido a deformação com a recristalização, o
formato do pico (200)α apresenta um valor do parâmetro K (equação de Pearson VII)
inferior ao valor para condição do fio máquina laminado. Para o arame recristalizado,
este parâmetro não retornou ao valor original do fio máquina devido à transformação da
austenita em martensita durante a deformação. A tabela V.11 mostra os valores dos
parâmetros M e K do pico (200)α para três condições: laminado, trefilado e recozido. A
influência destes parâmetros na curva de modelo pode ser visualizada na figura 3.26.
125
"
Figura 5.29 – (a) Variação da estricção (%), resistência mecânica (MPa) e austenita
retida (%) ao longo da espira no Stelmor® para liga modificada ER70S-6M, pontos
vermelhos, comparados com os valores da liga convencional ER70S-6, pontos azuis. Os
resultados são médias de seis medidas para cada um dos itens analisados.
126
"
"
"
Figura 5.30 – Difratograma de raios X para duas condições para a liga convencional
ER70S-6: (a) Fio máquina antes da trefilação com 5,29 % de AR; (b) Arame bitola
4,80 mm.
Tabela V.11 – Parâmetros K e M da equação de Pearson VII para o pico (200)α para
três condições de estrutura do material. Radiação de cobalto comprimento de onda λK 1.
α
"
" "
A segunda parte da experiência foi trefilar nas condições do processo industrial o fio
máquina fabricado com a liga modificada, após resultados satisfatórios de resistência e
estricção encontrados nos ensaios do fio máquina para condição laminada. Foram
trefilados na BelgoBekaert Arames 2,2t de fio máquina proveniente de corrida com
adição de titânio. A trefilação consistiu em reduzir o fio máquina da bitola 5,5 mm para
a bitola 1,87 mm em oito passes, com deformação verdadeira média por passe de 0,27.
Durante a realização da experiência, foi utilizada velocidade de trefilação compatível
com o processo convencional de fio máquina previamente tratado termicamente. Não
houve ocorrência de ruptura durante a trefilação. Para caracterização da microestrutura,
foram coletadas amostras de fio máquina após o primeiro e último passe de trefilação. A
128
"
figura 5.33 mostra as microestruturas do fio máquina e dos arames nas bitolas 4,69 e
1,87 mm para a liga modificada (tabela V.9). Para o fio máquina foram coletadas quatro
amostras referentes às posições criticas no Stelmor®. Pode-se perceber pela
microestrutura a existência de uma pequena fração volumétrica de constituinte MA.
Para o arame trefilado, não foi evidenciado a ocorrência de vazios (“voids”), mesmo
para bitola fina. A microestrutura desta liga com composição química modificada deve
ser comparada com a do material trefilado com ruptura, conforme mostrado na figura
1.1 e com o material trefilado no laboratório, figura 5.32.
129
"
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)J!
%&G'!
Figura 5.32 – Liga convencional (tabela IV.1). Microestrutura do arame trefilado bitola
2,97 mm com presença de vazios (“voids”). Aumentos originais de 3000X e 10000X
para as figuras superior e inferior, respectivamente.
130
"
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K! D&G'!
Figura 5.33 – Liga modificada (tabela V.9). Micrografia da liga com composição
química modificada: (a) fio máquina 5,5 mm; (b) arame 4,69 mm; (c) arame 1,87 mm.
Ataque Nital 2 %, aumento original de 3000X.
131
"
6 – CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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O texto completo dos dois últimos artigos listados abaixo é apresentado em anexo.
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Ferreira, H.C.; Boratto, F.M.; Buono, V.T.; Determination of low levels of retained
austenite in low-carbon high-manganese steel using X-ray diffraction. Trabalho aceito
para publicação na revista Material Science & Engineering A em 2015.
Apêndice
art ic l e i nf o a b s t r a c t
Article history: A method involving the decomposition of the X-ray diffraction (XRD) peaks for the single wavelengths
Received 19 October 2014 Kα1 and Kα2 was used to quantify the amount of retained austenite at levels lower than 5% in low-
Received in revised form carbon high-manganese steels. By applying this method, it was possible to use the two main peaks of
8 January 2015
austenite (γ) and the two main peaks of ferrite (α) in the calculations, despite the partial overlapping of
Accepted 9 January 2015
the (111)γ and (110)α peaks. The diffraction peaks were modeled with the Pearson VII equation using a
Available online 23 January 2015
nonlinear least-squares optimization technique. This allowed the integrated intensities of the XRD peaks
Keywords: to be calculated using only the Kα1 side. The method was used to measure the levels of retained
X-ray diffraction austenite in samples of a metal-inert gas steel welding rod cooled at the rates of 10 1C/s and 1.6 1C/s. The
Retained austenite
accuracy of the method was determined by performing six measurements in different directions in both
Pearson VII function
the longitudinal and the transverse section of the 1.6 1C/s sample.
& 2015 Elsevier B.V. All rights reserved.
http://dx.doi.org/10.1016/j.msea.2015.01.019
0921-5093/& 2015 Elsevier B.V. All rights reserved.
H. Carvalho Ferreira et al. / Materials Science & Engineering A 628 (2015) 110–115 111
Samples of the MIG material were collected at the intermediate Alloy 0.095 1.637 1.096
profile (30 mm and 17.5 mm) from a wire rod rolling mill. Table 1 ER70S-6a 0.06–0.15 1.40–1.85 0.80–1.15
shows the chemical composition of the alloy, which corresponds a
European Specification – EN440; American Specification – AWS A 5.18
to a ER70S-6 grade. Other elements are at residual levels.
Initially, the rod with a diameter of 30 mm was homogenized at
1200 1C for 7 days, in order to eliminate the banded structure. For steels containing only α (ferrite/martensite) and γ (auste-
After being cooled to room temperature, it was machined to the nite) phases, it is possible to calculate the volumetric fraction (Vγ)
standard dimensions used for Jominy tests [6]; this also removed of the γ-phase from the following equation:
the decarburization layer formed during the heat treatment. A first X ðhklÞ ðhklÞ "X ðhklÞ ðhklÞ X ðhklÞ ðhklÞ #
sample was obtained by austenitization in a laboratory electric Vγ ¼ I γ =Rγ = I α =Rα þ I γ =Rγ ð2Þ
furnace at a temperature of 910 1C for 30 min and subsequently
cooling in a Jominy test apparatus. A cross-sectional sample was
taken at a distance of 18 mm from the cooling end; according to 2.3. XRD peaks of interest
the equation developed by Brian [7], this position along the Jominy
bar corresponds to a cooling rate of approximately 10 1C/s at Owing to the low concentration of austenite in the studied
700 1C. The sample cooled under these conditions was used to alloy, only four peaks with high intensities were selected. These
develop the proposed XRD method. were two ferritic peaks, (110)α and (200)α, and two austenitic
Other samples were obtained using the 17.5 mm rod, which peaks, (111)γ and (200)γ. Each peak was decomposed for wave-
was not subjected to the homogenization treatment, but austeni- lengths of Co-Kα1 and Co-Kα2. Further, in order to increase the
tized at 910 1C for 30 min and subsequent cooled in air to room accuracy of the calculation of the volumetric fraction of austenite,
temperature. This simulated the low-end cooling rate of a wire- only the peaks related to the Co-Kα1 wavelength were used.
rod-cooling conveyor. A chromel–alumel thermocouple was
inserted in the sample to monitor the temperature. A cooling rate 2.4. Modeling a diffraction spectrum with austenite and ferrite peaks
of 1.6 1C/s at 700 1C could be achieved in this manner. This rod was
cut in longitudinal and transverse sections. To model the peak intensities obtained by the XRD measure-
All the samples were prepared using the conventional proce- ments, several equations have been proposed: Gauss, Lorentz,
dures, including cutting, grinding, and polishing, and care was Pearson VII, Voigt, and pseudo-Voigt [11]. Among these, the
taken to avoid heating their surfaces. The XRD analyses were Pearson VII and pseudo-Voigt equations yield the best results
performed on the sample cooled at 10 1C/s (i.e., the sample when used for modeling diffraction peaks. In this study, the
corresponding to the transverse section of the original rod), as Pearson VII function was used in the form of the following
well as on longitudinal and transverse sections of the 1.6 1C/s rod. equation:
The measurements were made at the center of the samples, #&M
K 2 ðx & x 0 Þ2
"
illuminating the same area of 10 mm " 10 mm. For each sample,
IðxÞ ¼ I 0 1 þ ð3Þ
the data were collected in six symmetrically spaced positions, M
which were set by rotating the sample around the normal to its
surface. This was done to avoid the possible influence of crystal- where x is the 2θ value and I0 is the maximum intensity of the
lographic texture. peak at x0. The parameter K controls the width of the curve, and M
For the measurements, a Shimadzu XRD6000 diffractometer is the decay ratio of the “tails”. For M values close to one, the curve
with a Co-Kα radiation source was used; diffraction by mono- is purely a Cauchy profile. For M values close to two, it is a
chromator and sample take place in the same plane. The scan rate Lorentzian, and for M values approaching infinity, the profile is a
was 0.0212θ/s, each step was 3 s, and scans were made for 2θ Gaussian one [12]. The peak position θK α2 may be obtained as a
values of 48–801. Color metallography was also performed, using a function of θK α1 by using the Bragg equation as follows:
previously described method [8]. &&
λK α2
' '
θK α2 ¼ sin & 1 sin θK α1
( )
ð4Þ
λK α1
2.2. Calculation of the austenite volume fraction
Therefore, the complete model for I(x) must include the Kα1 and
If a phase does not have a preferred crystallographic orienta- Kα2 doublets for both the ferrite and the austenite phases, plus a
tion, its XRD intensity is proportional to its volume fraction [9,10] linear background, (aþ bx). The final shape for this model, which
and is given by the following equation: includes four peaks, is as follows (the odd index refers to the Kα1
peak and the even index to the Kα2 peak):
Vγ
I γðhklÞ ¼ K i RγðhklÞ ð1Þ IðxÞ ¼ I ð111Þγ ðxÞ þ I ð110Þα ðxÞ þ I ð200Þγ ðxÞ þ I ð200Þα ðxÞ þða þbxÞ ð5Þ
2μ
where: where:
I(hkl)
γ : the measured integrated intensity per angular diffraction # & M1 # & M2
K 2 ðx & x01 Þ2 K 2 ðx & x02 Þ2
" "
(hkl) peak in the γ-phase; I ð111Þγ ðxÞ ¼ I 1 1þ 1 þI 2 1þ 2
R(hkl) M1 M2
γ : the theoretical intensity of the γ-phase relative to that
(hkl) peak; # & M3 # & M4
K 23 ðx & x03 Þ2 K 2 ðx & x04 Þ2
" "
Ki: a constant and related to the group geometric factors of the I ð110Þα ðxÞ ¼ I 3 1 þ þ I4 1 þ 4
instrument and the type of radiation used, but independent of the M3 M4
type of the sample; # & M5 # & M6
K 25 ðx & x05 Þ2 K 26 ðx &x06 Þ2
" "
Vγ: the volumetric fraction of the γ-phase; I ð200Þγ ðxÞ ¼ I 5 1 þ þ I6 1 þ
M5 M6
m: the linear absorption coefficient of the sample
112 H. Carvalho Ferreira et al. / Materials Science & Engineering A 628 (2015) 110–115
# & M7 # & M8
K 27 ðx & x07 Þ2 K 28 ðx &x08 Þ2 2.5. Pearson VII-based calculation of the function peak intensity
" "
I ð200Þα ðxÞ ¼ I 7 1 þ þ I8 1 þ
M7 M8
The total integrated intensity of an XRD peak can be calculated
by integrating the Pearson VII function in the measured range [12],
In order to calculate the parameters in Eq. (5), for a given as shown in Eqs. (6) and (7):
diffraction diagram showing the austenite and ferrite peaks, the
“least-squares method with Solver” technique [13] was used. It #&M
K 2 ðx &x0 Þ2
Z "
was also assumed that, for all the peaks, Kα2 is connected to Kα1 I¼ I0 1 þ dx ð6Þ
M
through Eq. (4), and that the integrated intensity ratio Kα2/Kα1 is
0.51 70.03 [14,15]. pffiffiffiffiffiffiffiffi
I 0 M π Γ ðM & 1=2Þ
I¼ ð7Þ
K Γ ðMÞ
Table 2
Theoretical calculated relative intensity (R) values for cobalt radiation with a
where Γ(z) represents the gamma function given by Eq. (8), and
wavelength of 1.78892 Å obtained using a graphite monochromator (2θm of
30.941); the lattice parameters for ferrite and austenite were assumed to be can be easily calculated using the function EXP(GAMMALN(Z)) in
2.8664 Å and 3.6440 Å, respectively. the Microsoft Excel© 2010 software program.
1
|F|2 e & 2D
Z
hkl 2θ LP p 1/υ R
Γ ðz Þ ¼ t z & 1 e & t dt ð8Þ
0
(110)α 52.37 928.70 7.29 12 0.9577 0.00180 140.3
(200)α 77.23 588.81 3.40 6 0.9172 0.00180 19.9
Thus, in order to calculate the integrated intensity of a particular
(111)γ 50.82 3,826.20 7.78 8 0.9600 0.00045 103.2
(200)γ 59.40 3,254.57 5.58 6 0.9470 0.00045 46.6 Kα1 peak, it is necessary to first measure the parameters I0, M,
and K, for both the Kα1 and the Kα2 doublets by applying the
Fig. 1. XRD spectrum of the sample cooled at 10 1C/s, showing the (110)α, (200)α, (111)γ, and (200)γ peaks. The red dotted lines correspond to Kα1 and the blue lines to Kα2.
The linear background is not shown in the images. Note the difference in the vertical scales. (For interpretation of the references to color in this figure legend, the reader is
referred to the web version of this article.)
H. Carvalho Ferreira et al. / Materials Science & Engineering A 628 (2015) 110–115 113
least-squares method using Eq. (5) and to then substitute these (θm is the diffraction angle of the monochromator for Co-Kα
values in Eq. (7). radiation)
The R-values calculated for the crystallographic planes of
interest are shown in Table 2. To determine the lattice parameters
2.6. Theoretical relative intensities of the austenite and ferrite peaks of the ferrite and austenite structures, the average of previous
diffraction measurements was considered, using positions (200)α
The theoretical relative intensity (R) of a phase peak depends and (200)γ, respectively, for a Co-Kα1 wavelength of 1.78892 Å.
on the interplanar spacing (hkl) of the Bragg angle (θ) of the The observed value for austenite indicated that this phase was
crystal structure of the phase composition under investigation and carbon rich [17].
on the type of radiation used [15,16]. The theoretical relative
intensity of the γ-phase peak is given by the following expression:
Table 3
Least-squares optimization parameters for the Pearson VII function for each peak in Fig. 1. The M parameter is dimensionless. The wavelengths Kα1 and Kα2 were 1.78892 Å
and 1.79278 Å, respectively.
K (degree & 1) 5.43 12.48 3.79 5.57 5.43 14.18 3.79 5.76
x0 (degree) 50.88 52.45 59.40 77.25 51.00 52.57 59.54 77.45
M 1.64 1.46 1.66 1.66 1.64 1.09 1.90 1.36
I0 (cps) 639 29,016 159 1,475 320 14,065 80 756
I (cps.degree) 278 5,755 95 623 139 2,898 47 336
Fig. 2. Microstructure on the transverse section of the sample cooled at a rate of 10 1C/s for the same field, observed using different techniques: (a) 2% Nital, optical
micrograph; (b) 2% Nital, secondary electron image; (c) color tint etching [8], optical micrograph. Martensite/bainite (blue), ferrite (yellow or light brown) and retained
austenite (purple).
114 H. Carvalho Ferreira et al. / Materials Science & Engineering A 628 (2015) 110–115
function. Using these optimized parameters, as well as the theore- Nital etching; however, it was possible to do so by using color tint
tical intensity values shown in Table 2, the volume fraction of etching [8].
retained austenite was calculated using Eq. (2). The results of all the
measurements, which were performed on six symmetrically spaced
positions, indicate that the level of γR for this sample was 5.870.6%
(95% confidence level). Fig. 2 shows the microstructure of the 3.2. Samples cooled at 1.6 1C/s
transverse section of the sample cooled at a rate of 10 1C/s,
as observed using different techniques. As can be noticed, it was For each section (transverse and longitudinal), six measure-
not possible to identify clearly the retained austenite by using ments, P1 to P6, were performed at symmetrically distributed
Fig. 3. XRD spectrum corresponding to one of the measurements made on the sample cooled at 1.6 1C/s (transverse section, position P5). The (110)α, (200)α, (111)γ, and (200)γ
peaks can be seen. The red dotted lines correspond to Kα1 and the blue lines to Kα2. The linear background is not shown in the images. (For interpretation of the references to
color in this figure legend, the reader is referred to the web version of this article.)
Table 4
Average of the Pearson VII function parameters (six measurements were made in each section) for the Kα1 side of the peaks for 2θ of 48–801; the M parameter is
dimensionless; the sample was cooled at 1.6 1C/s.
&1
K (deg ) 5.61 13.43 3.81 6.69 5.02 14.62 4.35 7.35
x0 (deg) 50.82 52.34 59.39 77.18 50.85 52.38 59.42 77.21
M 1.98 1.38 1.97 1.52 2.00 1.35 1.60 1.48
I0 (cps) 78 31,887 33.72 2,192 92 36,551 36 2,403
I (cps.deg) 35 6,060 20 796 41 6,424 23 808
H. Carvalho Ferreira et al. / Materials Science & Engineering A 628 (2015) 110–115 115
Fig. 4. Radar diagram of the individual values of γR (vol%) for the longitudinal and Acknowledgments
transverse sections of the sample cooled at 1.6 1C/s. There was no statistical
difference between the results corresponding to the longitudinal and transverse
sections. The authors would like to thank ArcelorMittal Monlevade,
Brazil, for supplying the test samples and for sponsoring this
project. Financial support was also provided by CNPq, CAPES/
locations. As an example, Fig. 3 shows the XRD spectrum corre-
PROEX and FAPEMIG, Brazil.
sponding to the transverse section at position P5.
As in the previous case, the dots represent the measured
intensity values, while the continuous black line represents the References
values obtained by optimizing the parameters of the Pearson VII
function given by Eq. (5). Table 4 lists the average of the six [1] P.J. Jacques, et al., Mater. Sci. Technol. 25 (2009) 567–574.
measurements for each cut section. The calculated volumetric [2] S.K. Gupta, J. Appl. Cryst. 31 (1998) 474–476.
fraction of retained austenite, obtained using all twelve results, [3] A. Garg, T.R. Mcnelley, Mater. Lett. 4 (1986) 214–218.
[4] P.S. Prevey, Adv. X-ray Anal. 29 (1986) 103–111.
was 0.99 70.15% (95% confidence interval). The radar diagram in
[5] X-ray Determination of Retained Austenite in Steel with Near Random
Fig. 4 shows the calculated amounts of retained austenite for the Crystallographic Orientation, American Society of Testing and Materials,
longitudinal and transverse sections. A statistical analysis per- Philadelphia, PA, 1995.
formed using Student's t-test showed that there was no difference [6] Standard Test Methods for Determining Hardenability of Steel, American
Society of Testing and Materials, Philadelphia, PA, 2010.
between the values of γR determined in the longitudinal and [7] B.C. Kandpal, A. Chutani, A.G. Harsimran, C.A. Sadanna, Int. J. Adv. Eng. Technol.
transverse sections, indicating that the method was not affected by 3 (2011) 65–71.
the rolling direction. [8] I.B. Timokhina, P.D. Hodgson, E.V. Pereloma, Metall. Mater. Trans. A 35 (2004)
2331–2341.
Finally, some consideration is required regarding the use of the [9] B.D. Cullity, S.R. Stock, Elements of X-ray Diffraction, Third ed., Prentice Hall,
proposed method and not the Rietveld refining technique, which New Jersey, 2001.
became so widespread in the last few years. The main reasons are [10] H.P. Klugg, L.E. Alexander, X-ray Diffraction Procedures, Second ed., John
Willey & Sons, New York, 1974.
related to the following problems associated to the latter method: it
[11] R.A. Young, The Rietveld Method, first ed., Oxford University Press, New York,
needs a wide spectrum, Rietveld programs are not easy to use, and the 2002.
refinements require some experience not easily achieved [11]. The [12] A. Michette, S. Pfauntsch, J. Appl. Phys. D 33 (2000) 1186–1190.
proposed approach is more straightforward and problem oriented. [13] E.J. Billo, Excel for Scientists and Engineers, John Wiley and Sons, Hoboken, NJ,
2007.
[14] G. Holzer, M. Fritsch, M. Deutsch, J. Hartwig, E. Forster, Am. Phys. Soc. 56
(1997) 4554–4568.
4. Conclusions [15] T.B. Massalski, C.S. Barrett, Structure of Metals, Third ed., Pergamon Press,
New York, 1980.
[16] I.C. Madsen, N.V.Y. Scarlett, Quantitative Phase Analysis, in: R.E. Dinnebier,
The method of decomposing the XRD peaks for the single
S.J.L. Billinge (Eds.), Powder Diffraction: Theory and Practice, CSIRO Minerals,
wavelengths Kα1 and Kα2 proved to be effective for calculating Victoria, 2008, pp. 298–331.
low levels of retained austenite, as low as 0.99%, despite the partial [17] C.S. Roberts, J. Met. Trans. AIME 197 (1953) 203–204.
D
http://dx.doi.org/10.4322/tmm.2014.055
Resumo
A influência da taxa de resfriamento na ocorrência de austenita retida em um aço de baixo teor de carbono ligado
ao Si e Mn, utilizado na fabricação de eletrodos de solda, é medida aqui através da combinação de seccionamento de
corpo de prova Jominy com o método de medição de austenita retida através da difração de raios X. Foi observado que
a quantidade de austenita retida aumenta de zero, quando a taxa de resfriamento é menor do que 0,8°C/s e a estrutura
é majoritariamente ferrítica, para um valor máximo de 6%, no ponto em que a quantidade de bainita também é máxima.
Essa informação passa a guiar assim o projeto do ciclo de resfriamento pós-laminação de fio máquina para eletrodos de
solda. O conhecimento da proporcionalidade da austenita retida com a presença de fases duras passa a permitir o uso
da difração de raios X como exame liberatório de fio máquina neste tipo de aço, assim como na simplificação de ciclo de
tratamento térmico antes da trefilação.
Palavras-chave: Eletrodo; Austenita retida; Taxa de resfriamento.
Abstract
The effect of cooling rate on the occurrence of retained austenite in a low carbon Si-Mn steel, used for welding
electrodes, is measured here by combining the sectioning of Jominy test samples with the measurement of retained austenite
by X-ray diffraction. It was observed that the amount of retained austenite increases from zero, as the cooling rate is less
than 0.8°C/s, and the structure is mostly ferrite, to a maximum of 6%, where the quantity of bainite is also maximum.
This information guides the post-rolling cooling cycle when welding grade is been rolled. The hard phases proportionality
with the amount of retained austenite allows, then, the use of X-ray diffraction as an end of the line equipment for quality
control, and also permits simplification of heat treatment before wire drawing.
Keywords: Electrode; Retained austenite; Cooling rate.
1 INTRODUÇÃO
1
Doutorando em Engenharia Metalúrgica, Materiais e de Minas, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil. E-mail:
[email protected]
2
Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração – ABM, São Paulo, SP, Brasil.
3
Arcelormittal Monlevade, João Monlevade, MG, Brasil.
4
Consultor Independente, Belo Horizonte, MG, Brasil.
5
Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil.
Neste trabalho é avaliada a influência da taxa 2T de 48 a 80°, uma vez que esta faixa contém os picos mais
de resfriamento na ocorrência de austenita retida para intensos tanto da fase ferrítica quanto austenítica. Desta
amostras deste tipo de aço. Para se conseguir várias taxas forma, quatro picos foram analisados: (110)D, (200)D, (111)J e
de resfriamento foi seccionado um corpo de prova (CP) (200)J. Para aço contendo somente as fases ferrita/martensita
submetido ao ensaio Jominy [2]. e austenita, o cálculo da fração volumétrica da austenita pode
Para a quantificação da austenita retida foi utilizado ser obtido conforme mostrado na Equação 2 [7]:
I 0 «1 »
2
eletrodo MIG, fabricada na ArcelorMittal Monlevade, cuja
¬« ¼»
I ( x) (3)
composição química é mostrada na Tabela 1. Esta amostra M
foi usinada para as dimensões padronizadas do ensaio Jominy.
taxa 872,7569X 1.547197 (1) Tabela 1. Composição química (% em peso) da liga utilizada.
Sendo: 3 RESULTADOS
ª K 2 x x01 º ª K 2 x x02 º
M1 M2
I1 «1 1 » I 2 «1 2 »
2 2
A Figura 1 ilustra como foi feita a correlação da taxa
¬« ¼» ¬« ¼»
I (111) J ( x)
M1 M2 de resfriamento com o resultado de difração de raios X.
Como exemplo, são mostrados dois difratogramas para
ª K 2 x x03 º ª K 2 x x04 º
M3 M4 dois planos de corte, relativo a duas taxas de resfriamento
I 3 «1 3 » I 4 «1 4 »
2 2
I 5 «1 5 » I 6 «1 6 »
2 2
¬« ¼» ¬« ¼»
I (200) J ( x) 3.1 Fração Volumétrica da Austenita Retida
M5 M6
I 7 «1 7 » I 8 «1 8 »
comprimento do CP Jominy. Para cada plano (correspondente
2 2
«¬ »¼ «¬ »¼
I (200) D ( x)
M7 M8 a uma taxa de resfriamento específica) foram realizados
6 difratogramas em posições equidistantes para cálculo da
A otimização dos parâmetros e os cálculos para fração volumétrica com grau de significância de 95%. Como
exemplo, a Figura 2 mostra o resultado obtido para uma
obtenção das intensidades (áreas) dos picos ferríticos e
medida referente à cota de 8,77 mm, o que corresponde a
austeníticos foram feitos utilizando regressão não linear pelo
uma taxa de 30,3°C/s, incluindo as linhas do modelamento
método dos mínimos quadrados [8], com a restrição de que
para cada pico a posição relativa das componentes KD1 e
matemático com a função Pearson VII. O cálculo da fração
Figura 1. Desenho esquemático do corpo de prova (CP) Jominy e os planos de corte realizados para análise na difração. Para cada plano de
corte foi realizado difração de raios X, conforme ilustrado (seis medidas de difração para cada plano).
Figura 2. Difratograma da amostra resfriada a uma taxa de 30,3°C/s. As linhas pontilhadas correspondem ao comprimento de onda OKD1 (pico
mais alto) e ao comprimento de onda OKD2. (pico mais baixo). Os pontos são as medidas experimentais e a linha contínua o resultado do
modelamento matemático completo.
Tabela 3. Parâmetros optimizados da função de Pearson VII, pelo método dos mínimos quadrados, correspondente ao difratograma da Figura 2.
Comprimento de onda do cobalto OKD1 e OKD2 de 1,78892 e 1,79278 Å, respectivamente. O parâmetro M é adimensional, os outros parâmetros
Io, xo, K e I têm unidades relacionadas à medição do espectro de difração.
Parâmetro KĮ1 KD2
(111)J (110)D (200)J (200)D (111)J (110)D (200)J (200)D
K (graus-1) 4,47 11,95 3,20 5,14 4,47 12,67 3,20 5,43
x0 (graus) 50,80 52,39 59,31 77,20 50,92 52,51 59,45 77,40
M 1,70 1,42 1,90 1,62 1,70 1,17 1,90 1,46
I0 (cps) 418 24.632 117 1.120 226 12.714 63 547
I (graus.cps) 218 5.177 82 517 118 2.795 44 249
resultado da fração volumétrica de austenita retida para todos 3.3 Forma do Pico (200)D
os 18 planos de corte está mostrado na Figura 3a. Cada ponto
do gráfico corresponde à média das seis medidas. A fração Foi observado que o parâmetro K da equação
de austenita retida cresce a partir de taxas de resfriamento de Pearson VII, referente à radiação OKD1, apresenta um
baixas até aproximadamente 16,6°C/s. A partir deste valor, comportamento característico em função da presença da
a fração de austenita decresce ligeiramente com o aumento fase majoritária. Sendo assim, para uma taxa de resfriamento
da taxa de resfriamento. baixa, onde a ferrita é a fase em maior fração volumétrica,
o valor deste parâmetro K apresenta um valor elevado.
3.2 Teor de Carbono da Austenita Retida Este parâmetro tem seu valor diminuído com a presença
de bainita e apresenta os menores valores para taxas de
A avaliação do teor de carbono (CJ) foi feita em resfriamento elevadas, onde a fase majoritária é a martensita.
função da medida do parâmetro de rede (aJ) obtido a partir O comportamento deste parâmetro é ilustrado na Figura
da difração do pico (200)J, de acordo com a Equação 5, 4, onde são mostradas, também, as microestruturas
onde o efeito do silício e manganês foram considerados características para cada região e o aspecto do pico (200)
desprezíveis em relação ao carbono [9]: D para dois valores extremos de K.
3, 4567 0, 0467C J
A Figura 5 mostra as medidas do % de austenita
aJ (5) retida em função da taxa de resfriamento, resultados da
Figura 3a, porém com o eixo da abcissa em escala logarítmica
Para a medida do parâmetro de rede da austenita
invertida, da maneira que é usual nos diagramas TRC. A taxa
foi inicialmente calculado o parâmetro da ferrita para o
pico (200)D, cujo resultado de 112 medições, referente à
para ocorrência máxima de austenita retida corresponde
radiação OkD1, apresentou valor 2TkD1 de 77,2047°. Desta
a 16,6°C/s (1.000°C/min). A taxa para ocorrência mínima
de austenita retida, extrapolação para AR(%)=zero na
forma, para cada medição realizada, foi introduzido um
Figura 5, é de 0,8°C/s (50°C/min). Estes valores estão
fator de correção (f2T) que é a diferença entre este valor
médio e o valor individual de 2TkD1 referente ao pico (200)D
em coerência com a previsão do parâmetro K, conforme
mostrado na Figura 4.
(Equação 6):
Figura 3. (a) Fração volumétrica da austenita retida (AR) em função da taxa de resfriamento; e (b) teor de carbono da austenita retida como
função desta taxa.
Figura 4. Variação do parâmetro K da função de Pearson VII do pico (200)D com a taxa de resfriamento e comparação com o teor de austenita
retida. As micrografias de MEV (ataque com Nital 2%, aumento de 3.000X no original), mostram as fases majoritárias em cada uma das três
regiões principais. Os dois gráficos menores mostram como a forma do pico (200)D é afetada pela taxa de resfriamento.
de onda OKD1, é possível prever a fase majoritária presente. Os autores agradecem a ArcelorMittal Monlevade
O teor de carbono na austenita retida segue o pelo suporte a este projeto assim como a CAPEX/PROEX
comportamento da fração volumétrica, aumentando pelo apoio financeiro.
REFERÊNCIAS
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