Estudo de Estradas Não Pavimentadas Minas Gerias - Tese
Estudo de Estradas Não Pavimentadas Minas Gerias - Tese
Estudo de Estradas Não Pavimentadas Minas Gerias - Tese
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2009
2
3
Dedico esta tese:
ii
AGRADECIMENTOS
A Deus – Ser Supremo, que nos concedeu o dom da vida, conhece os nossos
pensamentos bem antes de nossas ações e se coloca diante de nós a todo o momento.
Com a certeza de uma vida trilhada em vossos ensinamentos estaremos em paz Consigo
e com o nosso próximo.
Aos meus pais – é um momento especial que retrata a emoção, o carinho e a
gratidão que ao longo dos anos me incentivaram na jornada dos estudos, fazendo-me
sentir cada vez mais orgulhoso e reconhecedor de que todo sacrifício não é em vão, mas
sim, um passo decisivo para novos caminhos.
Aos meus irmãos Tácio e Joseane – pelo otimismo e apoio sempre transmitidos.
À minha esposa Claudete e a minha filha Clarice – pela compreensão que
ajudaram a transformar a realidade dos momentos ausentes em júbilo, na conquista
deste título e da minha realização profissional.
Ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Viçosa
(DEC/UFV) – pela disponibilização da infra-estrutura necessária à realização desta
pesquisa.
Ao professor Carlos Alexandre Braz de Carvalho – Pela excelente orientação,
incentivo contínuo, apoio, ensinamentos e sincera amizade.
Aos professores Dario Cardoso de Lima e Maria Lúcia Calijuri – pela co-
orientação, prudência nas valiosas sugestões e críticas durante a realização deste
trabalho.
Ao professores Carlos Cardoso Machado, Geraldo Luciano de O. Marques e
Márcio Marangon – por participarem da banca examinadora e contribuírem para a
melhoria deste trabalho.
Aos colegas do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da UFV pela
agradável convivência.
Aos Eng. Agrimensores Daniel Rodrigues, Joaquim Júnior e Márcio Neri –
amigos que incondicionalmente acreditaram, apoiaram e constituíram, continuamente, a
equipe de pesquisa de campo.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) – pelo apoio
financeiro concedido nos últimos 18 meses para a realização deste trabalho.
Por fim, externo os meus agradecimentos a todos que direta ou indiretamente
contribuíram para a concretização deste trabalho.
iii
BIOGRAFIA
iv
CONTÉUDO
Página
RESUMO.................................................................................................. viii
ABSTRACT.............................................................................................. ix
v
Página
vi
Página
vii
RESUMO
SILVA, Taciano Oliveira da, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, Março de 2009.
Estudo de estradas não pavimentadas da malha viária do município de Viçosa-
MG. Orientador: Carlos Alexandre Braz de Carvalho. Co-orientadores: Dario
Cardoso de Lima e Maria Lúcia Calijuri.
viii
ABSTRACT
SILVA, Taciano Oliveira da, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, March, 2009.
Study of unpaved road of the road network of the municipal district of Viçosa-
MG. Adviser: Carlos Alexandre Braz de Carvalho. Co-advisers: Dario Cardoso de
Lima and Maria Lúcia Calijuri.
The initial part of this work directed to the study of soils in geotechnical subgrades of
unpaved roads, aiming to identify them as geotechnical classifications: USCS (Unified
Soil Classification System), TRB (Transportation Research Board System) and MCT
Methodology (Miniature, Compact, Tropical). The analysis of these classifications
contributed to the generation of a set of geotechnical data of reference on tropical soils
and has found groups of geotechnical traditional systems of classification and
methodology MCT. Mechanical testing was also performed in these soils for the
evaluation of its support conditions which allowed comparing their potential for
resistance with the aforementioned classifications geotechnical. Also evaluate the
efficiency of some methods of functional classification of unpaved roads in several road
sections of unpaved roads the road network in the municipal district of Viçosa-MG.
Still, it was presented and tested a method of functional assessment that was more
property conditions of use of the road sections above, which contributed to the design of
a model of management of maintenance. Similarly, was analyzed the influence of axle
load and tire pressure, representative of commercial traffic on a typical pavement
structure of vicinal roads. In this structure, were investigated the recovered surface
deflections and the strains upright in the top of the subgrade. Finally, a study on the use
of geographical information systems (GIS) to support management of maintenance of
unpaved roads, was conducted covering the following topics: (i) the possibility of using
this technique for assessing the serviceability unpaved roads and (ii) storage of
information generated in GIS environment in order to facilitate the handling,
processing, visualization and analysis of data collected for decision making in planned.
ix
1
INTRODUÇÃO GERAL
1.1 Generalidades
Estradas não pavimentadas freqüentes no meio rural são justamente aquelas não
revestidas por quaisquer tratamentos superficiais, betuminosos ou de cimento portland,
e têm, geralmente, sua camada superficial constituída por solo local, às vezes em
mistura com agregado granular, decorrente da sua manutenção. De um modo geral,
essas estradas são de baixo volume de tráfego e, quase sempre, desprovidas de um
adequado sistema de gerência de manutenção. Este fato advém da escassez de recursos
financeiros municipais destinados a atender toda a malha viária do município, seja esta
pavimentada ou não, visto que as estradas não pavimentadas, em quase toda a sua
totalidade encontram-se sob jurisdição municipal.
Via de regra, no estado de Minas Gerais as estradas não pavimentadas são
oriundas do aproveitamento de trilhas e caminhos existentes, condicionadas a um
traçado geométrico carregado de fortes rampas e curvas acentuadas que refletem uma
adequação à topografia acidentada de parte significativa do estado. Estudos acerca da
conservação de estradas vicinais apontam o transporte de sedimentos e os problemas de
erosão do solo nas margens de estradas e o conseqüente carreamento de materiais para
os leitos dos rios como fatores de agravamento das condições ambientais e da qualidade
dos recursos hídricos BAESSO e GONÇALVES (2003).
Em sua grande maioria, no estado de Minas Gerais as estradas não pavimentadas
interligam os pólos agropecuários do interior do estado a rodovias estaduais e federais
pavimentadas, escoando as produções agropecuárias e abastecendo os grandes centros
consumidores. De acordo com a ANTT (2005), no estado de Minas Gerais 87,64% das
rodovias municipais ainda se encontram em leito natural, conforme apresentado na
Tabela 1.
1
Tabela 1: Extensão total da malha viária do estado de Minas Gerais (km)
Ano/Percentagem 2004 %
Extensão total das rodovias (km) 272.027 100,00
Extensão total das rodovias não pavimentadas (km) 249.116 91,58
Extensão total das rodovias municipais (km) 239,578 88,07
Extensão total das rodovias municipais pavimentadas (km) 1.166 0,43
Extensão total das rodovias municipais não pavimentadas (km) 238.412 87,64
2
Bueiro de greide
Bueiro de greide
3
Figura 2: Caixa coletora obstruída em trecho viário da VCS 346, Viçosa-MG.
A redução dos problemas de erosão nas estradas não pavimentadas pode ser
obtida pela adoção de medidas que evitem que a água proveniente do escoamento
superficial, tanto aquele gerado na própria estrada como o proveniente das áreas às suas
margens, acumule-se na estrada e passe a utilizá-la para o seu escoamento. A água
escoada pela estrada deve ser coletada nas suas laterais e encaminhada, de modo
controlado, para os escoadouros naturais, artificiais, bacias de acumulação ou outro
sistema de retenção localizado no terreno marginal (GRIEBELER et al, 2005).
Segundo Baesso e Gonçalves (2003), um adequado sistema de drenagem
constitui-se no aspecto mais importante para o bom funcionamento das estradas não
pavimentadas; uma estrada vicinal revestida e não contemplada com apropriados
dispositivos de drenagem estará com a sua plataforma seriamente comprometida na
primeira chuva mais intensa que ocorrer.
1.2 Justificativas
4
As seguintes questões motivaram o desenvolvimento dessa pesquisa: (i) baixo
padrão construtivo freqüentemente verificado nas estradas não pavimentadas; (ii)
necessidade de classificação geotécnica dos solos, conforme as condições pedológicas
brasileiras; (iii) método de classificação funcional de estradas não pavimentadas, mais
representativo das condições das vias brasileiras; (iv) influência do tráfego de veículos
comerciais em estradas não pavimentadas; (v) ensaios geotécnicos físico-mecânicos
para avaliação da potencialidade do subleito de estradas não pavimentadas e (vi)
utilização de sistemas de informação geográfica (SIG) como suporte à gerência de
manutenção de vias não pavimentadas.
Quanto à gerência de estradas não pavimentadas, percebe-se a necessidade da
produção de mapas que apresentem a localização e a respectiva condição de serventia
das superfícies estradais, sendo esta uma aplicação ideal para os sistemas de
informações geográficas (SIG), que possibilitam combinar informações gráficas
(referenciadas espacialmente) e alfanuméricas (atributos).
5
1.3.2 Objetivos específicos
1.4 Hipótese
Apresenta-se neste item a estrutura geral do trabalho, com uma síntese do que
trata cada capítulo. O trabalho está dividido em 6 capítulos, incluindo o Capítulo 1 –
Introdução Geral já apresentado.
O Capítulo 2 aborda um estudo comparativo entre as classificações geotécnicas
tradicionais de solos USC (Unified Soil Classification System), TRB (Transportation
Research Board System) e a Metodologia MCT (Miniatura, Compactado, Tropical) para
um caso aplicado à rodovia municipal não pavimentada VCS 346.
6
O Capítulo 3 retrata a adaptação do método de classificação de estradas não
pavimentadas proposto por EATON et al (1987a, 1987b) às condições encontradas em
estradas vicinais do município de Viçosa-MG, considerando a sua potencialidade como
ferramenta de suporte a gerência de manutenção dessas vias.
O Capítulo 4 apresenta a influência da variação da carga por eixo e da pressão de
enchimento dos pneus sobre as deflexões superficiais recuperáveis e tensões verticais no
topo do subleito, numa dada estrutura de pavimento considerada representativa das
estradas vicinais do município de Viçosa-MG.
O Capítulo 5 aborda a viabilidade técnica do uso de solos locais,
preferencialmente os de comportamento geotécnico laterítico, em camadas de reforço
do subleito de rodovias vicinais de baixo volume de tráfego, através de resultados de
ensaios geotécnicos físicos e mecânicos.
O Capítulo 6 aborda a concepção de um modelo de gerência de manutenção –
SGM, específico para rodovias não pavimentadas, composto de duas etapas. A primeira
refere-se às adaptações ao método de CORREIA (2003), utilizando-se os níveis de
severidade de defeitos preconizados por BAESSO e GONÇALVES (2003). A segunda
etapa consiste no armazenamento e processamento de todas as informações geradas no
método apresentado no SIG ArcView 3.2, com vista a facilitar o manuseio, o
processamento, a visualização e a análise dos dados coletados.
Referências bibliográficas
7
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Vicinais de Terra - Manual Técnico para Conservação e Recuperação. Instituto de
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Vicinais de Terra - Manual Técnico para Conservação e Recuperação. Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A., 2ª Edição, São Paulo. 1988.
REID, L. M. e DUNNE, T. Sediment production from forest roads. Water Resources
Research, v. 20, n.11, 1984. p.1753-1761.
8
2
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÕES GEOTÉCNICAS DE SOLOS: ESTUDO DE
CASO APLICADO À RODOVIA NÃO PAVIMENTADA VCS 346, VIÇOSA-
MG.
9
located in Viçosa – MG. The main goals of this study are to contribute to the formation
of a database directed to the geotechnical classification of tropical soils and to analyze
the development of correlations among the traditional classification systems and the
MCT methodology. The laboratory testing program encompassed: (i) grain-size
distribution; (ii) Atterberg limits (LL and PL); (iii) unit weight of solid mater; (iv) mini-
MCV compaction; and (v) specimen loss of weight via water immersion. The results of
this research allowed after verifying that the classification of samples, several
correlations between the systems of classifications geotechnical coincided with those
proposed in MCT methodology and considering the characteristics of the region
pedogenetic Viçosa, Minas Gerais, for the group NG 'there was a contribution groups
of SC, SM and CL System USC and the group A-4 System TRB.
Keywords: Geotechnical soil classification systems, MCT methodology, subgrade soils.
2.1 Introdução
10
Do ponto de vista da engenharia, um sistema de classificação pode ser baseado no
potencial de um determinado solo para uso em camadas de um pavimento, fundações,
ou como outro material de construção. Devido à natureza extremamente variável do
solo, é inevitável que em qualquer classificação ocorram casos onde é difícil se
enquadrar o solo em uma única categoria, ou seja, sempre vão existir casos em que um
determinado solo poderá ser classificado como pertencente a dois ou mais grupos. Do
mesmo modo, o mesmo solo pode ser inserido em grupos que pareçam radicalmente
diferentes, em diferentes sistemas de classificação.
Os dois sistemas de classificação de solos mais difundidos no meio geotécnico são
o Unified Soil Classification (USC) e o Transportation Research Board (TRB). Estes
sistemas baseiam-se nos Limites de Atterberg (LL e LP) e na granulometria dos solos e
foram criados com finalidades viárias, desenvolvidos na década de 40 do século passado
por solicitações dos americanos, devido à necessidade de se construir inúmeras pistas de
pouso e decolagem durante a Segunda Guerra Mundial.
Deve-se ressaltar que estes dois sistemas de classificação foram desenvolvidos em
países de clima temperado, podendo não apresentar resultados satisfatórios quando
utilizados na classificação de solos tropicais, principalmente os de comportamento
laterítico, segundo a visão de Nogami e Vilibor, cuja gênese é bastante diferenciada da
apresentada nos solos de clima temperado. Nogami e Villibor (1995) citam o
desempenho satisfatório de vários trechos experimentais executados com solos arenosos
finos lateríticos, antes considerados inapropriados pelos critérios tradicionais. Esses
sucessos acarretaram a comprovação das limitações dos procedimentos tradicionais para
a escolha de solos para bases estabilizadas granulometricamente. Isso levou à
necessidade de se desenvolverem critérios mais apropriados, não relacionados
demasiadamente a fatores pedológicos e nem a propriedades índices tradicionais, porém
mais ligados a propriedades mecânicas e hidráulicas dos solos compactados. Tal fato
propiciou o desenvolvimento de uma nova metodologia, no início da década de 80, que
passou a ser denominada MCT e que inclui também uma nova classificação de solos
tropicais.
Contudo, o sistema de classificação MCT apresenta algumas dificuldades, como
por exemplo: número de golpes requerido no ensaio de compactação Mini-MCV,
grande quantidade de dados e curvas a serem trabalhados e tempo necessário para a
classificação dos solos em torno de 48 horas. Isto dificulta não apenas o seu emprego,
mas também a disseminação deste sistema de classificação para a finalidade em vista.
Desta forma, vários pesquisadores, a exemplo de MARSON (2004), estudaram esta
11
classificação a fim de torná-la mais abrangente e menos trabalhosa, com procedimentos
mais simples visando promover uma classificação mais precisa das diferenças de
comportamento entre classes genéticas de solos.
Diante do exposto, busca-se nesta pesquisa realizar um estudo comparativo entre
as classificações geotécnicas tradicionais USC e TRB e a metodologia MCT aplicadas a
um estudo de caso envolvendo a caracterização geotécnica do subleito de um trecho da
rodovia não pavimentada VCS 346, localizada no município de Viçosa – MG. Destaca-
se que a cidade de Viçosa apresenta clima classificado como tropical de altitude, com
inverno seco e verão com alta intensidade pluviométrica, sendo do tipo mesotérmico
úmido Cwa, segundo a classificação de Köppen (GOLFARI, 1975). A precipitação
média anual é de 1.221 mm (DNM, 1992).
12
(3) – Solos orgânicos e (4) - Turfa. A classificação é realizada na fração de solo que
passa na peneira #200 (75 mm), devendo-se anotar a quantidade de material
eventualmente retida nesta peneira. São denominados solos grossos aqueles que
possuem mais do que 50% de material retido na peneira #200 e solos finos aqueles que
possuem mais do 50% de material passando na peneira #200. Os solos orgânicos e as
turfas são geralmente identificados visualmente. Cada grupo é classificado por um
símbolo, derivado dos nomes correspondentes na língua inglesa: Pedregulho (G), do
inglês "gravel"; Argila (C), do inglês "Clay"; Areia (S), do inglês "Sand"; Solos
orgânicos (O), de "Organic soils" e Turfa (Pt), do inglês "peat". A única exceção para
esta regra advém do grupo do silte, cuja letra representante, M, advém da língua sueca
"mjäla" (VARGAS, 1977).
13
Figura 1: Quadro de classificação dos solos (TRB)
2.4.1 Solos
14
Figura 1a: Amostra deformada de solo Figura 1b: Amostra deformada de solo
coletada na Est. 1 + 00 da VCS 346 coletada na Est. 30 + 00 da VCS 346
2.4.2 Métodos
As amostras utilizadas neste ensaio foram passadas na peneira #10 (2,0 mm). O
ensaio Mini-MCV consiste, basicamente, da compactação de corpos-de-prova em
dimensões reduzidas (diâmetro de 50 mm) em energias variáveis, até alcançar a
exsudação ou o número de 256 golpes. É executado com energia de compactação
variável e massa úmida de solo constante, obedecendo-se às seguintes etapas: (i)
15
pesagem de, no mínimo, 5 porções de solo, cada uma com 1 kg, e armazenamento
destas em sacos plásticos, com posterior adição de água, de modo a se obter teores de
umidade crescentes, mantendo-se as porções fechadas em embalagens plásticas até o
inicio do processo de compactação; (ii) pesagem de 200 g de solo para cada teor de
umidade, iniciando-se o processo de compactação pelo ponto mais úmido; (iii)
aplicação de números sucessivos de golpes, medindo-se as alturas dos corpos-de-prova
a cada 4n golpes; (iv) encerramento do processo de compactação quando a diferença de
altura (An - A4n) for menor que 0,1 mm, quando ocorrer exsudação ou quando o
número de golpes totalizar 256; (v) repete-se a seqüência de (i) a (iv), para outros teores
de umidade.
Para cada amostra analisada foram confeccionados cinco corpos-de-prova
compactados dinamicamente, para diversos números de golpes, com uma variação de
umidade em torno de 2% para cada corpo-de-prova, sendo que estes foram compactados
na ordem do mais úmido para o mais seco. A Figura 2 mostra o ensaio Mini-MCV e
moldagem dos corpos-de-prova, para uma das amostras de solo coletada na rodovia
vicinal não pavimentada VCS 346.
Figura 3: Ensaio de perda de massa por imersão de uma das amostras de solo coletada na VCS
346
17
freqüentemente à erosão, com manto de intemperismo do horizonte C bem profundo,
que às vezes mostram-se na superfície.
Os solos 6 e 7 foram pedologicamente classificados como Latossolos Vermelho-
Amarelo (LVA), sendo considerados bastante intemperizados e lixiviados, com perfis
profundos ou muito profundos de seqüência de horizontes A-B-C, com horizonte B
latossólico. Mineralogicamente apresentam predominância de caulinita, goethita,
hematita e traços de gibbsita. A maior presença de hematita confere a esses materiais
uma tonalidade mais avermelhada (TRINDADE, 2006).
Na Tabela 1, encontram-se informações sobre a distribuição granulométrica
(ABNT, 1995), os limites de Atterberg e o peso específico dos grãos das doze amostras
de solos estudadas.
18
2.5.2 Resultados das classificações USC e TRB
19
Tabela 3: Inter-relações entre a classificação de solo TRB e USC (DNIT, 2006).
Continuação.
Classificação Unificada
Classificação
Possível, mas
TRB Mais provável Possível
improvável
A-4 ML – OL CL – SM – SC GM – GC
OH – MH – ML –
A-5 CL – SM – SC GM – GC
OL
A-6 CL ML – OL – SC GC – SM – SC
GM – SM – GC –
A-7-5 OH – MH ML – OL – CH
SC
OH – MH – GC –
A-7-6 CH – CL ML – OL – SC
GM – SM
20
Tabela 4: Índices classificatórios e classificação das amostras segundo a Metodologia
MCT. Continuação.
Índices classificatórios
Amostras Classificação MCT
c’ d’ Pi (%) e’
Solo 11 2,44 38,0 27,00 0,93 LG’
Solo 12 3,11 51,5 0,00 0,73 LG’
21
Figura 2 – Ábaco para classificação segundo a Metodologia MCT, com a localização
das doze amostras de solo analisadas
22
Tabela 5: Classificação pedológica, USC, TRB e MCT e a topografia dos pontos de
coleta das amostras de solo analisadas. Continuação.
Classificações
Designação Topografia geotécnicas Classificação Classificação
das amostras da estrada tradicionais MCT Pedológica
USC TRB
Câmbissolo
Solo 03 Plana SM A-4 NG’
latossólico
Argissolo
Solo 04 Plana MH A-7-5 LG’ Vermelho-
Amarelo
Argissolo
Solo 05 Plana CH A-7-6 LG’ Vermelho-
Amarelo
Latossolo
Solo 06 Plana SM A-7-5 NG’ Vermelho-
Amarelo
Latossolo
Solo 07 Plana MH A-7-5 LG’ Vermelho-
Amarelo
Câmbissolo
Solo 08 Plana SC A-7-6 NG’
latossólico
Câmbissolo
Solo 09 Declive suave MH A-7-5 LG’
latossólico
Argissolo
Solo 10 Plana MH A-7-5 NG’ Vermelho-
Amarelo
Argissolo
Solo 11 Aclive suave MH A-7-5 LG’ Vermelho-
Amarelo
Argissolo
Solo 12 Aclive suave CH A-7-5 LG’ Vermelho-
Amarelo
23
Considerando-se os resultados apresentados na Tabela 5, segundo a Metodologia
MCT pode-se afirmar que os materiais estudados variaram de argilas lateriticas a não
lateríticas, de acordo com o TRB, entre os grupos A-7-5 e A-7-6, com apenas uma
amostra pertencente ao grupo A-4, pelo Sistema USC o grupo predominante foi o MH,
bem como pela classificação pedológica se verificou a presença marcante de argissolo
vermelho-amarelo.
Com as constatações apresentadas na Tabela 5, procedeu-se à elaboração das
Tabelas 6 e 7, onde se agrupou os resultados das duas classificações geotécnicas
tradicionais com aqueles da Metodologia MCT e as recomendações de NOGAMI e
VILIBOR (1995).
24
Comparando-se os resultados da Tabela 6 com as proposições apresentadas na
Tabela 7, para o grupo LG´, verificou-se que as correlações obtidas são semelhantes as
apresentadas por NOGAMI e VILLIBOR (1995). Entretanto, considerando o processo
geológico e/ou pedológico típico da região de Viçosa-MG, para o grupo NG’, houve a
contribuição dos grupos SC, SM e CL do Sistema USC e o grupo A-4 do Sistema TRB.
As propriedades dos grupos de solos apresentados podem ser assim sumarizadas (DNIT,
2006): (i) SC - areias argilosas e misturas de areia e argila; (ii) SM - areias siltosas,
misturas de areia e silte: (iii) CL - argilas inorgânicas de baixa e média plasticidade,
argilas pedregulhosas, arenosas e siltosas; (iv) A-4 - silte não plástico ou
moderadamente plástico, incluindo, também, misturas de solo fino siltoso com até 64%
de areia e pedregulho retidos na #200; (vi) NG´: argilas, argilas arenosas e argilas
siltosas; e (vii) LG´- argilas e argilas arenosas.
2.6 Conclusões
2.7 Agradecimentos
25
Referências bibliográficas
26
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VARGAS, M. Introdução à mecânica dos solos. São Paulo: McGraw-Hill, 1977.
509p.
27
3
CONDIÇÕES DE SERVENTIA DE ESTRADAS NÃO PAVIMENTADAS:
ESTUDO DE CASO APLICADO ÀS VIAS VICINAIS DE VIÇOSA-MG
28
unpaved road sections. Conclusions are as follows: (i) it was not observed any
correlation between data from the objective and the subjective field evaluations, leading
to the conclusion that application of the EATON and others methodology can be
misleading to the management of the maintenance of unpaved not reflecting theirs real
priorities; (ii) there is correlation between the subjective evaluation of the road sections
and the subjective evaluation of all of its sample units, indicating to be consistent the
application of this procedure.
Keywords: Unpaved roads; Classification methods; Objective and subjective
evaluations.
3.1 Introdução
29
A forma inadequada de manutenção das estradas não pavimentadas e seu
abandono por um longo período de tempo trazem como conseqüência uma superfície
muitas vezes intrafegável, dificultando a circulação de pessoas e mercadorias, e
acarretando, via de regra, danos ambientais, com o assoreamento de corpos d água e o
lançamento de sedimentos provenientes de material carreado pelas águas das chuvas
sobre áreas agricultáveis.
30
Um método de classificação objetiva e subjetiva e um manual de campo para a
avaliação das condições da superfície e da drenagem de uma rede de estradas não
pavimentadas foram desenvolvidos por EATON et al. (1987a), com o objetivo de auxiliar
os municípios e órgãos rodoviários na manutenção de suas estradas não pavimentadas.
Segundo o método, o índice das condições das rodovias não pavimentadas (ICRNP) é o
Unsurfaced Road Condition Index (URCI), que corresponde ao PCI (Pavement
Condition Index) do Sistema PAVER (Sistema de Gerência de Manutenção de
Pavimentos). O URCI é um indicador numérico que varia numa escala de 0 a 100,
baseado no cálculo dos valores-dedução (Deduct Values), também apresentados em uma
escala de valores de 0 a 100, onde o valor zero indica que um defeito em particular não
tem impacto nas condições da estrada e o valor 100 indica um defeito extremamente
comprometedor para o colapso da via. A Tabela 1 apresenta, de forma resumida, os
tipos de defeitos considerados e a forma de medição.
31
De posse de todos os dados obtidos, a densidade dos defeitos é calculada em
função das suas incidências na área analisada, ou seja, pela razão entre a quantidade do
defeito e a área da unidade amostral. Com o valor da densidade, acha-se o valor-
dedução correspondente, a partir de curvas de níveis de severidade existentes para cada
tipo de defeito. Após o cálculo, todos os valores-dedução individuais da unidade
amostral são somados, originando o valor-dedução total (TDV). A partir do gráfico com
curvas de correção para cada quantidade de defeitos com valor-dedução maior ou igual
a 5 pontos na unidade amostral, encontra-se o URCI. Através deste índice, as estradas
não pavimentadas são classificadas com base em uma escala de valores que estão
relacionados na Tabela 2.
32
hierarquizadas em graus ou níveis de severidade que variam de acordo com a
interferência na trafegabilidade da via.
Considera-se severidade de um defeito a dificuldade ou a quantidade de
dificuldades que um tipo de defeito impõe ao movimento de veículos. Na prática, os
graus ou níveis de severidade são determinados pela ocorrência de limites pré-definidos
para medidas ou classificações sobre defeitos identificados em levantamentos de campo,
e são classificados, segundo EATON et al (1987a), usualmente como: não aplicável,
baixa, média ou alta.
33
Figura 1: Seção transversal com superfície sem declividade (ODA, 1995)
Figura 3: Seção transversal com grandes depressões nas trilhas das rodas (ODA, 1995)
3.2.1.2 Ondulações/Corrugações
34
Figura 4: Defeito ondulações/corrugações (SANTOS et al, 1988)
A poeira é causada pelo excesso de material fino no leito da estrada que durante o
período seco fica sem umidade, formando, pela ação abrasiva do tráfego, as nuvens de
poeira (SANTOS et al, 1988).
A Figura 5 apresenta a ocorrência de poeira identificada nas estradas vicinais não
pavimentadas.
35
Conforme Eaton et al (1987a) e Fontenele (2001), os níveis de severidade
considerados são:
- Baixo: pouca poeira, nuvem fina, não obstrui a visibilidade, altura menor que 1,0
m;
- Médio: poeira moderada, nuvem moderadamente densa, obstrui parcialmente a
visibilidade, altura entre 1,0 e 2,0 m, tráfego lento;
- Alto: muita poeira, severa obstrução da visibilidade, altura superior a 2,0 m,
tráfego muito lento ou parado.
3.2.1.4 Buracos/Panelas
36
3.2.1.5 Trilhas de roda
37
Figura 8: Defeito segregação de agregados (ODA, 1995)
38
3.3 Metodologia
As atividades descritas neste item sobre o método que utiliza o URCI para
classificar estradas não pavimentadas estão baseadas nos trabalhos de EATON et al
(1987a, 1987b) e EATON (1988). Este método foi escolhido por ser utilizado por
BAESSO e GONÇALVES (2003) na classificação objetiva de rodovias não
pavimentadas como subsidio para sistemas de administração de manutenção de estradas
vicinais não pavimentadas, e relatos de ODA (1995) e VIVIANI (1998), quanto à
adaptação da avaliação objetiva do mesmo a realidade brasileira. O procedimento de
campo abrangeu avaliações subjetivas e objetivas de unidades amostrais e trechos de
estradas não pavimentadas do município de Viçosa, através de uma equipe de
avaliadores.
O município de Viçosa, com uma área de 300,2 km², está localizado ao norte
da Zona da Mata do estado de Minas Gerais, a 229 km de Belo Horizonte, Brasil,
entre as latitudes de 20º 41’ 20” S a 20º 49’ 35” S e as longitudes de 42º 49’36” W a
42º 54’27” W, a uma altitude média de 650 metros. Limita-se ao norte com os
municípios de Teixeiras e Guaraciaba, ao sul com Paula Cândido e Coimbra, a leste
com Cajuri e São Miguel do Anta e a oeste com o município de Porto Firme (IBGE,
2008), conforme mostra a Figura 9.
39
Figura 9: Localização do município de Viçosa – MG.
40
determinação de um tamanho mínimo de trecho de estudo que permita que o avaliador
tenha tempo suficiente para adquirir uma percepção mais realista sobre a condição da
superfície de rolamento do trecho inspecionado. Quando a extensão do trecho for muito
grande, o avaliador pode perder a percepção para o propósito em vista, se atentando
apenas em julgar os últimos metros do trecho avaliado. Assim, a cada trecho com
extensão entre 750 e 1.000 metros de comprimento, recomendam-se duas unidades
amostrais, cada uma com 50 m de comprimento, como as mais representativas de
defeitos.
Após o planejamento das vias em estudo, segundo considerações de BAESSO e
GONÇALVES (2003), foram definidos 10 trechos das três rodovias não pavimentadas
selecionadas para serem inspecionados pela equipe de avaliação. Inicialmente, a escolha
dos mesmos baseou-se no julgamento de dois avaliadores, devidamente instruídos para
a finalidade em vista, que percorreram as vias em um veículo de passeio a uma
velocidade de aproximadamente 40 km/h, o que permitiu selecionar, subjetivamente, as
unidades amostrais observadas como as mais representativas de defeitos daquele trecho.
A extensão de cada unidade amostral foi delimitada através de piquetes de madeira, com
auxílio de uma trena, de forma a permitir a sua identificação numa inspeção posterior.
41
3.3.4.1 Inspeção subjetiva nos trechos e unidades amostrais
42
3.3.4.2 Inspeção objetiva nas unidades amostrais
43
não pavimentadas. Na Figura 12, apresentam-se os valores dos URCI obtidos das
unidades amostrais, de acordo com o método de EATON et al (1987a) e notas atribuídas
às referidas unidades pela equipe de avaliação.
100
80
URCI
60
40
20
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
URCI(Eaton) 10,0 10,0 10,0 10,7 6,4 10,0 3,6 17,1 18,0 19,0 10,0 11,0 7,0 18,0 8,0 17,0 18,0 25,0 16,0 22,0
URCI(Equipe)(Médio) 51,0 31,9 44,6 51,0 51,4 53,7 31,7 41,7 55,2 61,4 53,4 59,4 27,4 29,8 21,6 48,2 44,2 46,8 45,2 40,2
Unidades Amostrais
Figura 12: Valores de URCI obtidos das unidades amostrais dos trechos das estradas
não pavimentadas investigadas
A Figura 13 apresenta os valores dos URCI dos trechos das estradas não
pavimentadas, obtidos pelo método de EATON et al (1987a), através das médias dos
URCI das unidades amostrais contidas em cada um desses trechos e pela equipe de
avaliadores, através das médias das notas atribuídas a cada trecho pelos seus
componentes.
100
80
60
URCI
40
20
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
URCI (Eaton) (Média) 10,0 10,4 8,2 10,4 18,5 10,5 12,5 12,5 21,5 19,0
URCI (Equipe) (Média) 46,4 44,6 41,2 36,8 51,4 50,6 39,6 38,6 48,2 50,0
Trechos
Figura 13: Valores de URCI obtidos dos trechos das estradas não pavimentadas
investigadas
44
Na comparação entre as classificações das unidades amostrais e trechos
representados nas Figuras 12 e 13, existe uma disparidade significativa, o que reforça a
afirmação de ODA (1995) sobre a necessidade de adaptação do método de EATON et al
(1987a) às condições encontradas nas estradas não pavimentadas brasileiras.
Ratificando essa afirmação, também se observou que certos tipos de defeitos existentes
nos trechos inspecionados não eram mencionados no método de EATON et al (1987a),
o que tornou necessária uma aproximação a outros tipos de defeitos similares aos
considerados no referido método.
De acordo com EATON et al (1987a), as classificações dos trechos de estradas
não pavimentadas são obtidas a partir da média das classificações das unidades
amostrais de cada trecho. Para verificar a representatividade das avaliações subjetivas
da equipe de avaliação, foram calculados os URCIEQUIPE de cada trecho sob duas
condições: (i) a partir das médias das notas atribuídas pela referida equipe às suas
unidades amostrais (condição 1) e (ii) a partir dos valores médios atribuídos
diretamente ao trecho (condição 2). A Figura 15 apresenta as duas condições.
100
80
URCI
60
40
20
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
URCI (Condição 1) 46,4 44,6 41,2 36,8 51,4 50,6 39,6 38,6 48,2 50,0
URCI (Condição 2) 41,5 47,8 52,6 36,7 59,1 56,4 28,6 34,9 45,5 42,7
Trechos
Figura 15: Comparação dos valores de URCI obtidos subjetivamente para os trechos das
estradas não pavimentadas
45
3.5 Conclusões
3.6 Agradecimentos
Referências
46
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES –
DNIT. Avaliação Subjetiva da Superfície de Pavimentos Flexíveis e Semi-Rígidos,
Pro 009/2003. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Rodoviárias. v.1. 2003. 6p.
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47
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State Campus, Albany, New York. 1977.
48
4
INFLUÊNCIA DO TRÁFEGO DE VEÍCULOS COMERCIAIS EM RODOVIAS
VICINAIS
Resumo – Este artigo aborda a influência da variação da carga por eixo e da pressão de
enchimento dos pneus sobre as deflexões superficiais recuperáveis, numa dada estrutura
de pavimento considerada representativa das estradas vicinais do município de Viçosa-
MG. Os Fatores de Equivalência de Cargas (FEC) obtidos nesta pesquisa,
fundamentados em deflexões recuperáveis no topo do subleito e tomando-se por base a
estrutura anteriormente mencionada submetida a diferentes formas de carregamento,
foram próximos aos adotados pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de
Transportes (DNIT), para pavimentos flexíveis. Verificou-se, ainda, que a aplicação de
níveis mais críticos de carregamento interfere significativamente na vida útil do
pavimento; dependendo da combinação da carga por eixo e da pressão de enchimento
dos pneus, a vida útil da estrada pode reduzir cerca de 89%. Investigaram-se, ainda,
neste trabalho, dois métodos para dimensionar a espessura do revestimento primário
para rodovias não pavimentadas. Um deles empírico, qual seja, o método do DNIT para
dimensionamento de pavimentos flexíveis; o outro, fundamentado em teoria elástica
para sistemas de camadas. Para o dimensionamento de estradas não pavimentadas
melhoradas com uma camada de revestimento primário (sistema de duas camadas),
concluiu-se que o procedimento mais adequado foi o emprego da teoria elástica.
Palavras-Chave: Carga por eixo, pressão de enchimento dos pneus, desempenho de
pavimento
Abstract - This paper addresses the influence of the variation of axle load and tire
pressure on the recoverable superficial deflections in one given pavement structure
considered representative of the vicinal roads of the city of Viçosa-MG, Brazil. Based
on the recoverable deflections in the sub-grade top of the vicinal roads submitted to
different loading forms, the resulting Load Equivalence Factors (LEFs) have been close
to those adopted by the Brazilian National Infrastructure Transportation Department
(DNIT) for flexible pavement design. Also, it was verified that the application of more
49
critical loading levels affects significantly pavement serviceable life. Besides, depending
on the applied combination of axle load and tire pressure, road pavement serviceable
life can drop 89%. In this research it was also investigated the application of two
procedures for designing sub-grade reinforcement layer thickness of non-paved roads;
one empirical using the DNIT´s Flexible Pavement Design criteria and the other based
on elastic theory applied to a two layer system. Concluding remark is that the use of the
elastic theory proved to be the best procedure for designing non-paved road systems.
Keywords: Axle load, tire pressure, pavement performance
4.1 Introdução
50
tratada. Nesse caso, segundo Yoder e Witczak (1975), o uso de material local para
construção destas vias é a regra, em vez da exceção. Nesse caso, é comum o emprego de
um revestimento primário nessas vias, constituído de solo granular com espessura da
ordem de 20 a 30 cm de material solto, do que resulta uma espessura de 15 a 25 cm,
após compactação, de acordo com as especificações técnicas para revestimento primário
de alguns departamentos de estradas de rodagem (DERs), a exemplo dos estados da
Bahia, Paraná e Santa Catarina.
Considerando os aspectos técnicos das vias vicinais brasileiras não pavimentadas, o
objetivo deste estudo foi analisar a influência da variação dos fatores carga por eixo e
pressão de enchimento dos pneus sobre as deflexões superficiais recuperáveis, com base
na teoria elástica aplicada a um sistema de duas camadas para o pavimento de uma
estrada vicinal no município de Viçosa-MG.
Tendo em vista a significativa amplitude da malha viária não pavimentada do
Brasil, que segundo a ANTT (2005), já alcança aproximadamente 1,45 milhões de
quilômetros de extensão, o estudo da influência do tráfego comercial e a análise para
dimensionar espessuras de camadas de revestimento primário para essas vias são
relevantes tendo em vista o papel que elas desempenham conjuntamente com as
rodovias pavimentadas. Visto que essas vias vicinais têm caráter de vias capilares de
circulação de bens de consumo (cargas), o que seguramente obriga que elas possuam
condições estruturais próximas as que atendem as solicitações de tráfego das vias
pavimentadas.
51
os excessos de carga por eixo provocam nos pavimentos flexíveis. Pinto e Preussler
(2001) relatam que os FEC da AASHTO baseiam-se na variação da serventia,
dependem do tipo de pavimento e do número estrutural (SN) e que os FEC oriundos do
USACE avaliam os efeitos do carregamento considerando a deformação permanente.
Pereira (1985) comenta que o número genérico Ni de solicitações de uma carga de
eixo Wi é equivalente a um número Np de solicitações de outra carga de eixo Wp
tomada como referência ou padrão, quando as Ni solicitações da carga Wi provocam a
mesma deterioração que as Np solicitações da carga Wp, sobre a mesma estrutura de um
pavimento. Desta forma, na Equação 1:
Np
FEC (1)
Ni
em que: o FEC representa o fator de equivalência da carga Wi, referido à carga de eixo
Wp, assumida como padrão.
Os estudos de PEREIRA (1985) demonstraram ainda que, para algumas equações
de dimensionamento de pavimentos flexíveis, como é caso da utilizada pela Califórnia
Division Highways (CDH), a razão Np/Ni é invariável e independente das
características do pavimento e do subleito, definindo-se FEC de acordo com a Equação
2:
m
Np § Wi · n
FEC ¨ ¸ (2)
Ni ¨W ¸
© p ¹
52
subleito. A Tabela 1 apresenta as expressões matemáticas de FEC adotados pelo DNIT,
de acordo com o USACE.
Os outros são os FEC que compõem o método de projeto DNER PRO 159/85, que
às vezes são chamados como da AASHTO, cujas expressões têm origens distintas
(QUEIRÓZ, 1981, 1982). A Tabela 2 contém as equações de FEC utilizadas no referido
método de projeto.
53
seções de pavimentos flexíveis estudadas pela Califórnia Division of Highways (CDH).
A constatação de uma sensível proporcionalidade entre carga por eixo e deflexão
recuperável também foi observada pelo referido autor, que considera a deflexão
recuperável como resposta estrutural. Portanto, a proporcionalidade entre cargas e
deflexões para eixo simples de rodas duplas pode ter o FEC expresso de acordo com a
Equação 3 de PEREIRA (1992).
5 , 959 5, 959
§ Wi · § Di ·
FEC ¨ ¸ ¨ ¸ (3)
¨W ¸ ¨D ¸
© p¹ © p¹
Schmidt e Ceratti (1987), com base na proposição da linearidade entre cargas por
eixo e deflexões recuperáveis correspondentes e com apoio em indicações intrínsecas
aos procedimentos PRO-10 e PRO-11 do atual DNIT, sugerem a adoção de expoentes
com valores próximos de 6,0. Os referidos autores reconhecem que o assunto é
controverso, pois muitas entidades conceituadas preconizam valores de expoente em
torno de 4,2. De acordo com Albano (2005), alguns insucessos verificados após 1984,
quando o então DNER substituiu o emprego dos fatores da USACE pelos da AASHTO
no projeto de reforço, estimularam esta recomendação, mais cautelosa e conservadora.
A partir dos estudos de SCHMIDT e CERATTI (1987), confirmados por
PEREIRA (1992), resolveu-se desenvolver a abordagem dos FEC para a verificação do
desempenho de pavimentos em função da variação conjunta da carga por eixo (Ce), da
pressão de enchimento (Pe) e da espessura do pavimento, de acordo com a Equação 4 de
PEREIRA (1992).
5, 959
§ Dij ·
FEC ¨ ¸ (4)
¨D ¸
© pp ¹
em que: Dij é a deflexão máxima recuperável provocada por uma carga de eixo (Ce)i e
uma carga padrão de 82 kN e uma pressão de enchimento padrão de 522 kPa (80 psi).
54
4.3 Carga por eixo
Com o tráfego de veículos comerciais nas rodovias, as cargas são transmitidas aos
pavimentos por rodas pneumáticas simples ou duplas arranjadas em eixos simples e
tandem, duplos ou triplos. A ação do tráfego, não só pela carga transportada, mas
também pela freqüência com que solicita o pavimento, provoca diferentes níveis de
deterioração à estrutura do pavimento. No Brasil, a legislação vigente a partir de 1998
estabelece valores máximos permissíveis de carga de acordo com o tipo de eixo,
conforme apresentado na Tabela 3.
55
Albano e Lindau (1998) relataram os resultados de uma pesquisa de campo junto
ao posto do Pedágio da RS-240, no município de Portão – RS, em que foram levantadas
uma série de informações, dentre as quais a pressão de enchimento dos pneus
integrantes de uma amostra representativa de 275 caminhões dos quais foram coletados
dados de 1815 pneus. Os principais resultados encontrados foram pressão média de 655
kPa (95 psi) para a amostra de pneus dianteiros e de 717 kPa (104 psi) para a amostra de
pneus traseiros.
Kim et al (1989) comentaram que o transporte de carga por caminhões tem
apresentado uma tendência de crescimento do peso bruto total (PBT). Observaram ainda
que, com o aumento da carga por eixo, o uso de maiores pressões nos pneus tem se
tornado mais usual entre os transportes pesados.
Segundo Albano (2005), vários estudos teóricos e experimentais têm confirmado
que a pressão de contato não é igual à pressão de enchimento, nem se distribui
uniformemente sobre uma superfície circular. Fernandes Jr (1994) relata que a
superfície de contato aproxima-se da elipse para pneus de lonas ou do retângulo para
pneus radiais a medida que a carga por eixo aumenta ou a pressão de enchimento
diminui.
A forma, o valor e a distribuição da pressão de contato é uma questão com certo
grau de complexidade e de difícil generalização, visto que muitos fatores influenciam as
determinações das variáveis citadas, tais quais carga por eixo, pressão de enchimento
dos pneus, tipo, tamanho e estado do pneu, velocidade e etc.
De acordo com Albano (2005), existe um consenso entre os fabricantes de pneus e
engenheiros rodoviários de que a alta pressão nos pneus reduz a área de contato com o
pavimento, de modo que o peso por roda é distribuído sobre uma área menor. O
incremento das pressões de enchimento ajuda a reduzir a vida útil do pavimento,
aumentando a incidência de deformações permanentes provocadas por trilhas de roda.
Existe um acréscimo generalizado na pressão de enchimento dos pneus praticado
por transportadores, particularmente se o pneu é de fabricação radial. Desta forma, os
FEC, derivados da AASHTO Road Test, com valores de pressão de enchimento de 527 a
563 kPa (75 a 80 psi), adotados nos EUA e Brasil estão, provavelmente, inadequados e
necessitando serem revisados.
56
4.5 Metodologia
- P3 = 703 kPa (100 psi): pressão considerada alta, de acordo com estudo de ALBANO
(2005) sobre efeitos dos excessos de carga sobre a durabilidade de pavimentos.
57
Os dados referentes aos materiais das camadas da estrutura do pavimento da
estrada vicinal VCS 346, são apresentados na Tabela 6.
1
Heukelom, W; Klomp, A. J. G. Dynamic testing as a mens of controlling pavements during and after
construction . Proceedings. 1° Intern. Conference on the Structural Design of Asphalt Pavements Ann
Arbor, University Michigan, 1962.
58
Federal de Viçosa – UFV e a rodovia federal BR 120. Possui um tráfego leve, com
menos de 50 veículos comerciais por dia, que servem como transportes de encomendas
e entregas na cidade de Viçosa ou no interior do campus da UFV.
O volume diário médio de tráfego (VDM) geralmente é obtido com base em
contagens volumétricas de veículos mistos durante os 365 dias do ano para abrigar todas
as condições de sazonalidade semanais ou mensais do tráfego que se utiliza de uma
seção da via. Por essa razão, o VDM é freqüentemente denominado de VDManual.
Neste estudo, o VDManual foi determinado, para a categoria de veículo 2C, após a
contagem volumétrica do tráfego por cinco dias consecutivos, gerando ao final a média
das passagens dessa categoria de veículo. Essa média foi considerada um valor diário
que foi multiplicado pelo fator de expansão (1,07). Esse fator de expansão foi
determinado pela razão entre os números de veículos comerciais tipo 2C que trafegaram
pela via em estudo no quinto (30 veículos) e primeiro (28 veículos) dia da contagem
volumétrica do tráfego, conforme recomenda BALBO (2007). O VDManual para o caso
em estudo foi de aproximadamente 26 veículos comerciais tipo 2C/dia.
Os valores dos pesos por conjunto de eixos para a categoria de veículo analisada
são apresentados na Tabela 7. A partir desses valores, determinaram-se os FEC que
foram calculados de acordo com as expressões matemática adotadas pelo DNER (1998),
apresentadas na Tabela 1.
Tabela 7: Pesos por conjunto de eixos para a categoria de veículo 2C - DNER (1998).
O Fator de Veículo (FV) foi determinado a partir dos FEC calculados na Tabela 7.
O FVinicial é a soma dos FEC para cada conjunto de eixo da categoria de veículo em
estudo. O conceito de Fator de Eixo (FE) não é usado neste caso. Este procedimento
considerando o FV por categoria surgiu no Brasil a partir de QUEIRÓZ (1982) em
adição ao procedimento até então adotado, que considerava o conceito de FV para a
frota de veículos como um todo (SOUZA, 1966).
59
A partir do valor de FVinicial e da porcentagem absoluta (100%) da categoria de
veículo (Pinicial) em estudo, obteve-se o FV da frota comercial pela Equação 6. Diante do
exposto, chegou – se ao fator de veículo igual 3,567.
FV
¦ P inicial FVinicial
(6)
100
em que: VDMm é o volume diário médio de tráfego, no ano médio do período de projeto
(veículos/dia); VDM0 é o volume diário médio de tráfego no início do primeiro ano do
período de projeto (veículos/dia); p é o período de projeto, em anos e t é a taxa anual de
crescimento do tráfego, em porcentagem.
60
4.6.2 Deflexão recuperável como resposta estrutural
61
A Figura 1 ilustra a variação dos FEC em função da carga por eixo e da pressão
de enchimento dos pneus.
0
563 633 703
Pressão de Enchimento dos Pneus (kPa)
82 kN/eixo 100 kN/eixo 120 kN/eixo
62
6
0
563 633 703
Pressão de Enchimento dos Pneus (kPa)
82 kN/eixo 100 kN/eixo 120 kN/eixo
De acordo com Albano (2005), o parâmetro FEC tem sido largamente utilizado
como medida de desempenho de pavimentos flexíveis porque, comparativamente, mede
os efeitos que os excessos de carga por eixo provocam nestas estruturas. Nas duas
situações apresentadas nas Tabelas 9 e 10, observa-se que quanto maior o nível da carga
por eixo e da pressão de enchimento dos pneus, mais representativo é o efeito destrutivo
ao pavimento em termos de deflexões recuperáveis.
Relacionando-se a deflexão recuperável a partir dos FEC, com a vida do
pavimento, nas Tabelas 11 e 12 e nas Figuras 3 e 4 apresenta-se o desempenho do
pavimento com base na evolução dos FEC e na redução da vida útil. As previsões de
redução da vida útil da estrutura do pavimento (%) para os casos em estudo foram
determinadas pela Equação 9.
§ FEC pp ·
RVU (%) 100 ¨ 100 ¸ (9)
¨ FEC ¸
© ij ¹
63
Tabela 11: Evolução dos FEC empírico-mecanísticos calculados e redução da vida útil
do pavimento.
Condições de Pressão de Redução da vida
carregamento enchimento kPa FEC (Calculado) útil
(kN/eixo) (psi) (%)
82 kN (Padrão) 563 (80) 1,000 0,00
100 kN (Máxima) 633 (90) 3,166 68,41
120 kN (Excesso) 703 (100) 9,382 89,34
100
9,382
Redução da vida útil do pavimento (%)
80
3,166
60
40
20
1,000
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Fator de Equivalência de Carga (FEC)
64
100
60
2,296
40
20
1,000
0
0 1 2 3 4 5 6
Fator de Equivalência de Carga (FEC)
65
A Tabela 13 contém os valores das deflexões recuperáveis no topo do subleito
(0,01 mm) em função da carga por eixo e pressão de enchimento dos pneus de 80 PSI
ou 563 kPa.
Tabela 13: Valores de deflexões recuperáveis no topo do subleito (0,01 mm) em função
da carga por eixo e pressão de enchimento dos pneus.
Carga por eixo (tf)
Pressão de
enchimento 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0
kPa (PSI) Deflexões recuperáveis (0,01 mm)
563 (80) 50,8 65,8 80,8 94,8 108,0
ln( FECij )
Exp.FEC ( DNIT ) (10)
§D ·
ln¨ ij ¸
¨D ¸
© pp ¹
66
em que: Exp.FEC(DNIT) é o expoente estimado para a Equação 4, em função do valor
do FEC obtido do ábaco do (DNIT, 2006); ln (FECij) é o logaritmo neperiano do valor
do FEC obtido do abado do (DNIT, 2006) e ln (Dij/Dpp) é o logaritmo neperiano da
razão entre a deflexão recuperável referente a um eixo qualquer e a deflexão
recuperável referente ao eixo padrão.
Para a determinação dos valores dos FEC (DNIT, 2006) para eixo simples de roda
simples, em função das deflexões recuperáveis superficiais, o valor médio do expoente
b, da Tabela 15, contido na Equação 4 para esta análise foi de 5,962, muito próximo do
valor apresentado na equação original. Esta análise mostrou que, para eixo simples de
roda simples os valores dos FEC (DNIT, 2006) encontrados em função das deflexões
recuperáveis e do carregamento de eixo são muito próximos. Assim, se a estrutura do
pavimento estiver trabalhando num regime elástico linear, os FEC podem ser
determinados tanto por uma análise mecanicista quanto pelos ábacos do DNIT (2006).
67
Já para os valores dos FEC (DNIT, 2006) para eixo simples de roda simples, em
função das deflexões recuperáveis a 20 cm de profundidade da superfície do subleito, o
valor médio do expoente b encontrado utilizando-se a Equação 4 foi de 4,515. Com este
expoente, os valores dos FEC se aproximam mais dos oriundos do experimento da
AASHTO como citado por PEREIRA (1992).
0,006 M R
V vadm (11)
1 0,7 logN
78,3 kPa.
Tabela 17: Valores das tensões verticais previstas no topo do subleito para espessura da
melhoria do subleito de 0,20 m.
Condições de Tensão vertical no topo
Pressão de enchimento
carregamento do subleito
kPa (psi)
(kN/eixo) (kPa)
82 kN (Padrão) 563 (80) 167
100 kN (Máxima) 633 (90) 200
120 kN (Excesso) 703 (100) 235
68
Analisando-se os valores da tensão vertical no topo do subleito apresentados na
Tabela 17, observa-se que todos os valores superaram a tensão vertical admissível. Isto
evidência que a espessura do revestimento primário com a rigidez que lhe foi conferida
é insuficiente para suportar a carga do tráfego. Outra análise que, ainda, se realizou,
consistiu em se determinar qual deveria ser a rigidez da camada do revestimento
primário para atender à tensão vertical admissível no topo do subleito, preservando-se a
sua espessura de 20 cm, determinando-se o módulo de elasticidade de 7.500 kgf/cm2
para a referida camada. Sendo que, este é um valor difícil de ser alcançado, salvo o
emprego de técnicas de estabilização química de solos, por exemplo.
A Tabela 18 contém os resultados das tensões verticais no topo do subleito para
uma espessura da camada do revestimento primário de 40 cm.
Tabela 18: Valores das tensões verticais previstas no topo do subleito para espessura da
melhoria do subleito de 0,40 m.
Tensão vertical no topo
Condições de Pressão de enchimento
do subleito
carregamento (kN/eixo) kPa (psi)
(kPa)
82 kN (Padrão) 563 (80) 69
100 kN (Máxima) 633 (90) 84
120 kN (Excesso) 703 (100) 100
69
4.7 Conclusões
70
a diminuir, devido à redução da tensão vertical no topo do subleito. Assim, este
método parece mais adequado para a finalidade pretendida.
A estabilização química dos materiais empregados (solo-agregado) na camada de
melhoria ou reforço do subleito das estradas vicinais pode vir ser uma alternativa para
se alcançar a resistência mecânica que o pavimento necessitará para suportar as
solicitações do tráfego comercial. Uma vez que, pode-se alcançar camadas menos
espessas que as determinadas pelo método de dimensionamento do DNIT (2006) para
atender a mesma solicitação de tráfego.
4.8 Agradecimentos
Referências bibliográficas
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73
5
ENSAIOS GEOTÉCNICOS FÍSICOS E MECÂNICOS PARA AVALIAÇÃO DE
SUBLEITO DE RODOVIAS VICINAIS DE BAIXO VOLUME DE TRÁFEGO
Abstract – This paper addresses the technical feasibility of using local soils, preferably
the behavior of geotechnical lateritic in layers of reinforcement of subgrade of low
volume of traffic vicinal roads through physical and mechanical geotechnical testing
and rating MCT (Miniature, Compacted, Tropical). For this purpose, considered to be
deformed samples of soil collected in subleito of roads VCS 493 and VCS 296,
belonging to the vicinal roads network in the municipal district of Viçosa-MG. The
laboratory testing program encompassed: (i) grain-size distribution; (ii) Atterberg
limits (LL and PL); (iii) unit weight of solid mater; (iv) compaction and CBR in the
74
energy of standard Proctor; (v) mini-MCV compaction; and (vi) specimen loss of
weight via water immersion. The results have enabled found that the soils of behavior
lateritic were framed in the classification in the MCT group LG 'and that even with
values of limit liquidity and high plasticity index, when compressed in the energy of
standard Proctor and, consequently, immersed in water, showed no significant
expansion in the testing of CBR.
Keywords: Unpaved Roads; soils; Reinforcement of subgrade
5.1 Introdução
75
necessidade de melhor se classificar os solos tropicais levou ao desenvolvimento da
metodologia MCT (Miniatura, Compactado, Tropical) por NOGAMI e VILLIBOR
(1995), baseados em pesquisa de laboratório e de campo realizados a partir do início da
década de 70. Essa metodologia classifica os solos em grupos de comportamento
laterítico e não-laterítico. No município de Viçosa-MG várias ocorrências de solos
podem apresentar comportamento laterítico sob os critérios da metodologia MCT,
conforme estudos de AZEVEDO (1999).
Diante deste contexto, busca-se nesta pesquisa avaliar, através de ensaios
geotécnicos físicos e mecânicos, a viabilidade técnica do uso de solos locais,
preferencialmente de comportamento laterítico, em camadas de reforço do subleito de
rodovias vicinais de baixo volume de tráfego. Para este fim, foram selecionadas, para
este estudo, no município de Viçosa-MG duas rodovias não pavimentadas de baixo
volume de tráfego. Essas rodovias, além de atenderem a pequenas comunidades e
propriedades rurais, apresentam características comuns como: plataforma de
terraplenagem pequena (5 a 8 metros), pontos sinuosos com curvas de raio pequeno,
deficiência de drenagens superficial e profunda.
Segundo Nogami e Villibor (1995), solos tropicais podem ser definidos como
sendo aqueles que apresentam peculiaridades de propriedades e de comportamentos
decorrentes de processos geológicos e/ou pedológicos típicos de regiões tropicais e
subtropicais úmidas.
Solos tropicais são tratados normalmente, pela engenharia, como solos residuais.
No caso dos solos saprolíticos isso é uma verdade. Contudo, os solos lateríticos
geralmente apresentam certo transporte, evidenciando-se a importância dos
conhecimentos pedológicos para não estimar erroneamente a origem dos mesmos com
relação ao seu substrato geológico. Os minerais primários, nos solos lateríticos, em
decorrência do intemperismo, já desapareceram, restando apenas os mais resistentes
(NOGAMI e VILLIBOR, 1995).
Classicamente o termo residual é atribuído a todo solo derivado do intemperismo
in situ de uma rocha, e que não foi removido do seu local de origem por algum agente
transportador como água, vento ou a ação da gravidade. Não existe uma terminologia
consensual para descrever as várias classes de solos residuais (BERNARDES, 2003).
76
A decomposição e a desintegração da rocha nos processos intempéricos, em
regiões tropicais e subtropicais , têm características próprias, onde o imtemperismo
químico é intenso, ocasionando a decomposição dos silicatos. A abundância de chuvas e
altas temperaturas possibilitam e aceleram os processos de lixiviação destes elementos
através da hidrólise, levando à formação de argilas e concentrações de óxidos de ferro e
alumínio (DAVISON DIAS, 1988). Estes processos conduzem à formação do horizonte
B evoluído, que em alguns casos é denominado laterítico ou residual maduro, ou de
horizonte C menos evoluído, que mantém a estrutura e minerais primários da rocha-
mãe, denominado saprolítico ou residual jovem. A pedologia denomina estes solos,
respectivamente, como horizonte B, latossólico ou textural e como horizonte C
(horizonte saprolítico).
Solos lateríticos são solos bem intemperizados, característicos de áreas bem
drenadas, que ocupam as camadas mais superficiais. Apresentam coloração em que
predominam as matizes vermelho e amarelo, com uma macroestrutura aparente
homogênea e isotrópica. Sua constituição mineralógica é caracterizada pela presença de
quartzo e de outros minerais com resistência mecânica e química (magnetita, ilmenita,
turmalina, zircão) na fração areia. A fração argila é constituída de argilominerais,
geralmente a caulinita, e óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio (COZZOLINO e
NOGAMI, 1993).
De acordo com Nogami e Villibor (1995), os solos saprolíticos (Horizonte C) são
originados da decomposição e/ou desagregação de uma rocha consolidada e, em
condições naturais, constituem camadas subjacentes às lateríticas. Sua macroestrutura se
caracteriza pela heterogeneidade e anisotropia, geralmente com cores variadas, manchas
e mosqueamentos herdados da rocha matriz ou desenvolvidos pelo intemperismo.
Apresentam uma composição mineralógica muito variada, que depende do tipo de rocha
matriz e do seu grau de intemperização. Na fração areia, podem ocorrer minerais como
mica e feldspatos e, na fração argila, minerais expansivos da família das ilitas e das
montmorilonitas. A fração silte pode apresentar uma mineralogia muito variada e
peculiar, como macrocristais de caulinitas e micas, que podem impor comportamento
peculiar a estes solos (COZZOLINO e NOGAMI, 1993).
Ao contrário de solos lateríticos, onde predominam os efeitos dos processos
pedogenéticos, a influência do material de origem é bastante pronunciada nos solos
saprolíticos. Contudo, à medida que o grau de inemperismo aumenta, o material de
origem passa a ter pouca ou nenhuma influência sobre o comportamento de solos
residuais formados (TOWNSEND, 1985). Assim, o índice de vazios dos solos
77
saprolíticos é dependente da textura da rocha de origem e do processo isovolumétrico de
alteração e substituição pseudomórfica dos minerais primários da rocha. A preservação
da estrutura original da rocha permite que os solos saprolíticos tenham índices de vazios
elevados (PERAÇA, 2007).
O município de Viçosa, com uma área de 300,2 km², está localizado ao norte
da Zona da Mata do estado de Minas Gerais, a 229 km de Belo Horizonte, Brasil,
entre as latitudes 20º 41’ 20” S a 20º 49’ 35” S e as longitudes 42º 49’36” W a 42º
54’27” W, a uma altitude média de 650 m. Limita-se ao norte com os municípios de
Teixeiras e Guaraciaba, ao sul com Paula Cândido e Coimbra, a leste com Cajuri e
São Miguel do Anta e a oeste com o município de Porto Firme (IBGE, 2008),
conforme se apresenta na Figura 1.
Figura 1: Localização das estradas vicinais VCS 493 e VCS 296 no município de
Viçosa-MG
78
5.3.2 Solos
Figura 2a: Amostra deformada de solo Figura 2b: Amostra deformada de solo
coletada na Est. 15 + 00 da VCS 493 coletada na Est. 41 + 00 da VCS 296
5.3.3 Métodos
79
Figura 3a: Ensaio de granulometria conjunta das amostras Figura 3b: Ensaio de massa específica
de solos coletadas nas rodovias vicinais não pavimentadas dos grãos do solo das amostras de solos
VCS 493 e VCS 296 coletadas nas rodovias vicinais não
pavimentadas VCS 493 e VCS 296
As amostras utilizadas neste ensaio foram passadas na peneira #10 (2,0 mm). O
ensaio Mini-MCV consiste, basicamente, da compactação de corpos-de-prova em
dimensões reduzidas (diâmetro de 50 mm) em energias variáveis, até alcançar a
80
exsudação ou o número de 256 golpes. É executado com energia de compactação
variável e massa úmida de solo constante, obedecendo-se às seguintes etapas: (i)
pesagem de, no mínimo, 5 porções de solo, cada uma com 1 kg, e armazenamento
destas em sacos plásticos, com posterior adição de água, de modo a se obter teores de
umidade crescentes, mantendo-se as porções fechadas em embalagens plásticas até o
inicio do processo de compactação; (ii) pesagem de 200 g de solo para cada teor de
umidade, iniciando-se o processo de compactação pelo ponto mais úmido; (iii)
aplicação de números sucessivos de golpes, medindo-se as alturas dos corpos-de-prova
a cada 4n golpes; (iv) encerramento do processo de compactação quando a diferença de
altura (An - A4n) for menor que 0,1 mm, quando ocorrer exsudação ou quando o
número de golpes totalizar 256; (v) repete-se a seqüência de (i) a (iv), para outros teores
de umidade.
Para cada amostra analisada foram confeccionados cinco corpos-de-prova compactados
dinamicamente, para diversos números de golpes, com uma variação de umidade em
torno de 2% para cada corpo-de-prova, sendo que estes foram compactados na ordem do
mais úmido para o mais seco.
81
Atterberg. A Tabela 1 apresenta as informações referentes à distribuição granulométrica
(ABNT, 1995), os limites de Atterberg e índice de plasticidade, pesos específicos dos
grãos das quatorze amostras de solos analisadas. As Tabelas 2 e 3 introduzem,
respectivamente, os resultados dos ensaios de compactação e CBR das referidas
amostras.
0,2mm)
Areia média
(0,2 < I d 12 23 31 9 29 20 17 28 20 14 20 23 16 11
0,6mm)
Areia grossa
(0,6 < I d 2 1 1 1 1 4 1 3 3 1 1 1 4 6 2
mm)
Pedregulho
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
(I > 2 mm)
LL (%) 92 48 55 72 49 54 90 61 58 84 58 85 55 76
LP (%) 42 31 32 37 26 31 52 21 35 43 30 36 36 37
IP (%) 50 17 23 35 23 23 38 40 23 41 28 49 19 39
Ȗs (kN/m3) 28 27 28 27 27 28 27 25 27 27 28 28 27 28
82
Tabela 2: Parâmetros de compactação: umidade ótima e peso específico aparente seco
máximo
83
Tabela 3 – CBR (%) e ExpansãoCBR das amostras analisadas
Os índices físicos limite de liquidez (LL) e índice de plasticidade (IP), ainda são
utilizados para se avaliar a variação de volume dos solos compactados, bem como a
variação do seu teor por secagem (contração) ou por imersão em água (expansão). A
variação de volume excessiva, sobretudo das camadas subjacentes ou constituintes dos
pavimentos, é comumente considerada como indesejável para o bom comportamento
mecânico dos materiais empregados em camadas de pavimentos flexíveis. Para as
finalidades rodoviárias, (DNIT, 2006) adota um máximo de 25% para Limite de
liquidez e 6% para o Índice de plasticidade, para materiais empregados em camadas de
base estabilizadas granulometricamente.
No entanto, NOGAMI e VILLIBOR (1995) baseados em experiências de
laboratório e de campo relataram que os referidos índices possuem aplicações limitadas
para os casos de solos e condições ambientais tropicais, o que pode ser verificado, nessa
pesquisa, nos resultados de índice físicos e expansão das amostras analisadas, como
consta na Tabela 1, em que se têm amostras de solos com LL elevados (acima de 50%),
que expandem muito pouco, quando ensaiados nas condições presentes para a
determinação dos valores de CBR de acordo com (DNER, 1994a). De acordo com os
autores supracitados isso tem ocorrido em amostras de solos classificados
84
pedologicamente como latossolos e argissolos, que são solos representativos da área de
estudo dessa pesquisa conforme estudos de AZEVEDO (1999).
85
Tabela 4: Índices classificatórios e classificações das amostras selecionadas segundo a
metodologia MCT e a pedologia. Continuação.
Amostras Índices classificatórios Classificação Classificação
de solos c’ d’ Pi (%) e’ MCT pedológica
Latossolo
12 4,22 6,0 82 1,61 NG’ Vermelho -
Amarelo
13 4,22 85 69 0,97 LG’ Saprolítico
Latossolo
14 4,22 20,5 0 0,99 LG’ Vermelho -
Amarelo
86
Figura 04: Trechos da estrada vicinal VCS 296 encaixados no terreno natural
5.5 Conclusões
87
MG, apresentaram condições geotécnicas favoráveis, tais quais valores CBR e expansão
CBR significativos para os solos pertencentes às classes pedológicas dos argissolos e
latossolos, para serem utilizadas em pavimentos de rodovias de baixo volume tráfego de
acordo com a classificação MCT e ensaios geotécnicos físicos e mecânicos.
Os solos de comportamento laterítico foram enquadrados pela metodologia MCT
no grupo LG’. Esses solos mesmo possuindo elevados valores de LL e IP, quando
compactados na energia do ensaio Proctor normal, e conseqüentemente, imersos em
água não tiveram expansão CBR significativa.
Numa possível determinação de composições solo-agregado, em que o principal
componente é um solo de comportamento laterítico, para utilização em camadas de
pavimento, para a região de Viçosa é relevante considerar a natureza mineralógica
micácea desses, visto que, esse mineral tem influência significativa sobre a resposta
mecânica desses solos sob a ação das cargas rodoviárias, segundo NOGAMI e
VILLIBOR (1995).
5.6 Agradecimentos
Referências
88
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89
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Geotechnical Engineering. v. 111, n° 1, p. 77-94. 1985.
90
6
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA COMO SUPORTE À
GERÊNCIA DE MANUTENÇÃO DE RODOVIAS VICINAIS NÃO
PAVIMENTADAS
91
collected. The evaluation and visualization of road sections under priority of
intervention can be made, showing up the effectiveness of the method as a support for
the activities of maintenance. From this study it is assumed that the method, mutatis
mutandis, will contribute to the formulation of management systems for maintenance of
roads neighborhood of other Brazilian regions.
Keywords: Unpaved vicinal roads; Method of analysis of defects; Management system
for maintenance
6.1 Introdução
92
ao sistema. A geração de informações em banco de dados externo ao SIG, e a posterior
inclusão das mesmas ao sistema convencionou-se chamar na literatura técnica de
vinculação fraca ou loose - coupling.
Diante do exposto, o objetivo desse estudo é apresentar um modelo de gerência
para manutenção de rodovias não pavimentadas do município de Viçosa-MG, através do
software SIG ArcView 3.2.
93
6.3 Sistemas de informação geográfica
6.3.1 Introdução
94
elemento do mundo real, enquanto um objeto é uma representação, no SIG, de
uma entidade geográfica. Dessa forma, os objetos que representam os dados
espaciais, podem registrar a sua localização na forma gráfica por meio de um
ponto, linha ou polígono. A estes objetos são relacionados atributos, que são
dados não espaciais que descrevem as suas características (MALCZEWSKI,
1999).
c) Subsistema de análise e manipulação de dados: neste subsistema os dados são
manipulados para se obter informações úteis segundo o objetivo da aplicação.
Nessa etapa, os objetos são tratados e definidos segundo seus atributos e vários
métodos de reclassificação e as buscas de objetos são processadas. Dessa forma,
pode-se identificar o que são pontos, linhas e polígonos representados em um
mapa temático, como ocorre quando se precisam localizar trechos de rodovias
não pavimentadas que demandam intervenções prioritárias de manutenção.
Aqui, se processam funções fundamentais e avançadas, tais como: mensuração,
para o cálculo associado a pontos, linhas, áreas e volumes (DANGERMOND,
1986).
d) Subsistema de saída de dados: é o subsistema responsável pela interpretação
dos dados, ou seja, o formato de saída das informações demandadas, que podem
ser na forma de mapa, tabelas diagramas ou combinações de formatos. Em
outras palavras, disponibilizar ao usuário os resultados da análise e
processamento dos dados do sistema de informações geográficas, que podem ser
exibidos, salvos em formato digital apropriado e impressos (DEMERS, 1997).
95
administração de rodovias não pavimentadas o SIG ArcView 3.2. Foram classificados
mais de 30.000 km de rodovias não pavimentadas em um período de seis meses, e a
principal contribuição foi à identificação de 11.000 pontos de contaminação de
ambientes e qualidade de água em córregos.
O município de Viçosa, com uma área de 300,2 km², está localizado ao norte
da Zona da Mata do estado de Minas Gerais, a 229 km de Belo Horizonte, Brasil,
entre as latitudes de 20º 41’ 20” S a 20º 49’ 35” S e as longitudes de 42º 49’36” W a
42º 54’27” W, a uma altitude média de 650 metros. Limita-se ao norte com os
municípios de Teixeiras e Guaraciaba, ao sul com Paula Cândido e Coimbra, a leste
com Cajuri e São Miguel do Anta e a oeste com o município de Porto Firme (IBGE,
2008), conforme mostra a Figura 1, que também apresenta as estradas vicinais VCS
346, VCS 296 e trecho viário da VCS 493, que são objetos deste estudo.
96
6.5.2 Descrição do material
6.5.2.1 Equipamentos
x Computador tipo notebook com processador de 1,73 GHz, 1GB de memória RAM,
HD de 120 GB, para o processamento dos dados no formato digital;
x Estação total eletrônica e GPS topográfico que foram utilizados nos levantamentos
topográficos das rodovias vicinais inspecionadas, de acordo com os procedimentos
prescritos na (ABNT, 1994).
97
6.5.3.1 Descrição da metodologia
6.5.3.1.1 Introdução
98
realidade das rodovias não pavimentadas do município de Viçosa-MG, adotou-se o
procedimento para a caracterização dos defeitos presentes na superfície de rolamento
das referidas vias, de acordo com BAESSO e GONÇALVES (2003). Esta avaliação foi
feita percorrendo, a pé, as unidades amostrais dos trechos das rodovias não
pavimentadas inspecionadas, e anotando-se em planilha elaborada para esse propósito,
os valores das áreas das unidades amostrais abrangidas e o número de ocorrência dos
defeitos, com os seus respectivos atributos de severidade, conforme apresentado na
Tabela 1.
a) Seção transversal imprópria: uma rodovia não pavimentada deve ter sua seção
transversal configurada com declividade transversal adequada, suficiente para
escoar águas superficiais precipitadas no corpo da plataforma. Os níveis de
severidade considerados por BAESSO e GONÇALVES (2003) para esse tipo de
defeito são os seguintes:
- Nível B (Baixo): a rodovia não apresenta qualquer declividade transversal;
- Nível M (Médio): a seção transversal da rodovia apresenta forma parabólica;
- Nível A (Alto): a rodovia contém severas depressões na pista.
99
O defeito seção transversal imprópria é medido em metros lineares (m) por
unidade amostral, ao longo do eixo da rodovia ou paralelamente a este. Diferentes
níveis de severidade podem existir em uma mesma unidade amostral.
100
- Nível B (Baixo): as depressões oriundas das corrugações têm profundidade
menor que 3,0 cm;
- Nível M (Médio): as depressões oriundas das corrugações têm profundidade
entre 3,0 e 8,0 cm;
- Nível A (Alto): as depressões oriundas das corrugações têm profundidade maior
que 8,0 cm.
As corrugações são medidas em metros quadrados (m2) para uma dada unidade
amostral. A quantidade medida não poderá exceder à área da unidade amostral. Por
exemplo, uma unidade amostral pode ter 230 m2 com nível de severidade média e 50 m2
com nível de severidade alta, de acordo com BAESSO e GONÇALVES (2003).
101
- Nível B (Baixo): trilha de roda com profundidade menor que 3,0 cm;
- Nível M (Médio): trilha de roda com profundidade entre 3,0 e 8,0 cm;
- Nível A (Alto): trilha de roda com profundidade superior a 8,0 cm.
O índice de serventia relativa por trecho viário (IST) é calculado em função das
características dos defeitos e dos impactos que os mesmos provocam sobre o estado da
superfície de rolamento da via. Seu valor é obtido a partir da contribuição das unidades
amostrais, representativas de trechos inspecionados.
As medidas dos defeitos nesta metodologia são baseadas em valores dedutíveis. O
valor dedutível é um número de 0 (zero) a 3 (três), em que o valor zero significa que o
102
defeito não tem impacto na condição de serventia estrada ou que ele inexiste na unidade
amostral e o valor três significa que a condição de serventia está completamente
comprometida com o defeito. O cálculo do índice de serventia relativa por trecho viário
(IST) é composto das seguintes etapas:
a) definição dos trechos, com extensão variando entre 750 e 1000 m;
b) definição das unidades amostrais, com extensão de 50 m, podendo ter pequenas
variações em curvas;
c) classificação dos defeitos quanto ao tipo e representações nas unidades
amostrais;
d) representação vetorial dos trechos inspecionados com os respectivos defeitos
levantados nas suas respectivas unidades amostrais;
e) mensuração dos defeitos no sistema de informação geográfica e a atribuição do
fator de ponderação (fp), obtido de acordo com os atributos de severidades do
tipo de defeito. Os atributos de severidade “Baixo”, “Médio” e “Alto”
correspondem aos valores 1, 2 e 3, respectivamente;
f) cálculo da densidade superficial relativa do defeito por unidade amostral
(DSRdef), que consiste no quociente entre área, extensão ou quantidade do tipo
de defeito pela área da unidade amostral, conforme a Equação 1.
fa
DSR def (1)
A u.a
103
amostral e DSRdef é a densidade superficial relativa do tipo de defeito na unidade
amostral.
ISU
¦ ISU def
(3)
n
em que: ISU é o índice de serventia relativa por unidade amostral, ȈISUdef é o somatório
dos valores dos ISUdef da unidade amostral e n é o número de tipos de defeitos
verificados na unidade amostral inspecionada.
i) com os valores dos índices de serventia relativa das unidades amostrais (ISU),
calcula-se os índices de serventia relativa por trecho viário (IST), de acordo com
a Equação 4, e cujos atributos de classificação são apresentados na Tabela 3.
em que: IST é o índice de serventia relativa por trecho viário e ISUu.a.1 e ISUu.a.2 são os
índices de serventia relativa das unidades amostrais do trecho inspecionado.
104
Quanto às adaptações feitas nesse trabalho à metodologia de CORREIA (2003),
salienta-se que em sua pesquisa o referido autor selecionou trechos retilíneos com 100
m de comprimento. Neste estudo, optou-se por selecionar trechos com extensão entre
750 e 1.000 m, compostos por duas unidades amostrais com extensão de 50 m cada
uma, atendendo aos limites estabelecidos por BAESSO e GONÇALVES (2003). A
outra adaptação feita à metodologia de CORREIA (2003) foi na determinação dos IST,
que ficou definido como sendo a média dos valores dos índices de serventia relativa por
unidades amostrais (ISU). O referido autor sugeriu que fosse utilizado o maior valor do
índice de serventia relativa por trecho por defeito (ISTdef) como parâmetro para a
determinação dos IST.
105
Tabela 4: Planilha de inventário dos defeitos e classificação funcional das unidades
amostrais e trechos da VCS 493
Área
ID Rodovia Trecho U.A U.A Defeito fa fp DSRdef ISUdef ISU IST
2
(m )
2 VCS 493 1 1 270 S.T.I 50 2 0,2 0,4
2 VCS 493 1 1 270 D.I. 100 3 0,4 1,1
2 VCS 493 1 1 270 Corrug. 0 0 0,0 0,0
0,3
2 VCS 493 1 1 270 Buracos 15 1 0,1 0,1
2 VCS 493 1 1 270 T.R. 32,2 1 0,1 0,1
2 VCS 493 1 1 270 S.A. 100 1 0,4 0,4
0,3
2 VCS 493 1 2 225 S.T.I 50 2 0,2 0,4
2 VCS 493 1 2 225 D.I. 100 3 0,4 1,3
2 VCS 493 1 2 225 Corrug. 0 0 0,0 0,0
0,3
2 VCS 493 1 2 225 Buracos 30 1 0,1 0,1
2 VCS 493 1 2 225 T.R. 22 1 0,1 0,1
2 VCS 493 1 2 225 S.A. 100 1 0,4 0,4
2 VCS 493 2 1 200 S.T.I 50 2 0,3 0,5
2 VCS 493 2 1 200 D.I. 100 3 0,5 1,5
2 VCS 493 2 1 200 Corrug. 0 0 0,0 0,0
0,5
2 VCS 493 2 1 200 Buracos 61 1 0,3 0,3
2 VCS 493 2 1 200 T.R. 21,6 1 0,1 0,1
2 VCS 493 2 1 200 S.A. 100 3 0,5 1,5
0,5
2 VCS 493 2 2 225 S.T.I 50 2 0,2 0,4
2 VCS 493 2 2 225 D.I. 100 3 0,4 1,3
2 VCS 493 2 2 225 Corrug. 0 0 0,0 0,0
0,5
2 VCS 493 2 2 225 Buracos 53 1 0,2 0,2
2 VCS 493 2 2 225 T.R. 14,9 1 0,1 0,1
2 VCS 493 2 2 225 S.A. 100 3 0,4 1,3
ID: identificador relativo à rodovia, U.A: unidade amostral, S.T. I: seção transversal imprópria, D.I:
drenagem inadequada, Corrug.: corrugações, T.R.: trilha de roda, S.A.: segregação de agregados.
106
Tabela 6: Índices de serventia relativa do trecho (IST) obtidos pelo método apresentado
Rodovia Trecho Extensão (m) IST Classificação
VCS 346 1 800 0,3 Bom
VCS 346 2 800 0,5 Regular
VCS 346 3 750 0,4 Regular
VCS 346 4 750 0,5 Regular
VCS 493 1 750 0,3 Bom
VCS 493 2 750 0,5 Regular
VCS 296 1 1.000 0,8 Ruim
VCS 296 2 1.000 0,7 Ruim
VCS 296 3 1.000 0,5 Regular
VCS 296 4 1.000 0,4 Regular
Foi criado um projeto no SIG ArcView 3.2, a partir de arquivos com a extensão
DXF, provenientes dos levantamentos topográficos das rodovias inspecionadas,
contendo trechos viários dessas vias. Esses dados gráficos no SIG ArcView foram
convertidos do formato DXF para o formato Shapefile. Essa conversão teve como
objetivo permitir a edição de informações sobre o tema (dados gráficos), como por
exemplo, identificador e nome das rodovias, numeração de trechos e unidades
amostrais, área das unidades amostrais, tipos de defeito, dentre outros. A inserção de
valores não seria possível se o projeto tivesse outra extensão que não fosse a Shapefile
(SHP).
Com os arquivos inseridos no SIG ArcView 3.2, criou-se uma VIEW que é a
apresentação do mapa digital das rodovias não pavimentadas inspecionadas. Nesta
VIEW, foi adicionada uma tabela de atributos que, através de identificadores dos trechos
viários, guardou-se correspondência com o mapa digital da VIEW. A Figura 2 apresenta
a VIEW do projeto, mostrando trechos das estradas não pavimentadas inspecionadas, as
principais rodovias pavimentadas, os bairros e o limite do município de Viçosa-MG.
107
Figura 2: Representação dos trechos viários das rodovias inspecionadas.
A tabela de dados com o nome “cálculo IST trechos” no formato dBASE IV, com
os tipos de defeitos e suas severidades, foi importada para o software SIG ArcView 3.2 e
convertida para o formato shapefile do tipo linha. A Figura 3 apresenta a planilha para o
cálculo do IST no formato dbf, após aplicação da técnica de loose-coupling.
108
Além da visualização, o software ArcView 3.2 possui ferramentas que
possibilitam realizar análise exploratórias de dados coletados e gerados. Uma dessas
ferramentas particularmente úteis é a que possibilita a realização de consultas (Queries).
A consulta QUERY permite selecionar informações específicas de um determinado tema
e, através de operadores lógicos, relacioná-las com informações de outros temas. Neste
estudo, esta ferramenta foi utilizada para selecionar os trechos viários prioritários de
manutenção, de acordo com o índice de serventia relativa do trecho viário (IST).
Para auxiliar nesta tarefa, outros atributos desses trechos podem ser
convenientemente utilizados no SIG ArcView 3.2 na realização de consultas
complementares. A vantagem de realizar esta tarefa no ArcView é que o software
possibilita a visualização dos trechos viários nas mais variadas condições de serventia.
Determinou-se qual seria o critério de decisão para a priorização da manutenção
dos trechos das rodovias inspecionadas, que consistiu na adoção do índice de serventia
relativa por trecho viário (IST), para um intervalo referente à codição ruim na escala de
classificação.
Na janela da ferramenta Query Builder, o campo “Fields” armazena os atributos
referentes ao tema selecionado, como por exemplo, rodovia, trecho, unidade amostral,
defeitos, entre outros. Assim, constroem-se as Queries desejadas com os atributos,
utilizando-se os operadores lógicos disponíveis.
Para identificar os trechos viários cujos atributos satisfazem às condições da
Query, utilizou-se a tecla New Set. O ArcView, então, destacou automaticamente, em
amarelo, estes trechos. Assim, puderam-se evidenciar os trechos viários que apresentam
condição de serventia ruim, de acordo com a escala de classificação do IST. A Figura 4
apresenta o resultado da consulta Query para os trechos considerados ruins, de acordo
com a escala de classificação funcional do método IST.
109
Figura 4: Resultado da consulta Query dos trechos considerados ruins pelo método IST
110
A Figura 6 apresenta o resultado da consulta Query para os trechos considerados
regular, de acordo com a escala de classificação funcional do método IST.
Figura 6: Resultado da consulta Query dos trechos considerados regular pelo método
IST
111
Figura 7: Apresentação gráfica da consulta Query dos trechos com condições de
serventia regular, de acordo com método IST
Figura 8: Resultado da consulta Query dos trechos considerados bons pelo método IST
112
A Figura 9 apresenta o resultado gráfico da consulta Query, em que os trechos
viários que aparecem na cor verde apresentam boas condições de serventia, de acordo
com a escala de classificação do método IST.
6.7 Conclusões
O índice de serventia relativa por trecho viário (IST) aplicado neste estudo,
baseado na metodologia de CORREIA (2003) foi desenvolvido com base em
experiências de campo e observação às características da seção transversal da
plataforma e suas patologias. Como o IST baseou-se na quantidade e severidade dos
113
defeitos, sua avaliação é de fácil compreensão, tendo a vantagem de ser transferível a
outras regiões brasileiras.
Verificou-se que em função dos defeitos encontrados nos 10 trechos viários
inspecionados, a implantação de dispositivos de drenagem, com restauração do greide
original, quando possível, constitui a intervenção mais indicada para estas vias, visto
que o defeito drenagem foi o que teve o maior peso, em função da sua quantidade e
severidade, na determinação dos índices de serventia relativa por trecho viário (IST).
No modelo de gerência de manutenção apresentado e testado neste estudo, o SIG
ArcView 3.2 otimizou o processamento e o manuseio dos dados coletados em campo e
proporcionou uma melhor visualização dos resultados das consultas, além de viabilizar
a seleção dos trechos viários críticos para intervenção de manutenção.
As informações relativas ao estudo geotécnico de subleito para determinação de
algumas propriedades físico-mecânicas, a análise da influência dos fatores carga por
eixo e pressão de enchimento, relativos ao tráfego comercial, também podem
implementar o modelo de gerência de manutenção apresentado neste estudo para
estradas não pavimentadas.
6.8 Agradecimentos
Referências
114
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Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A., 2ª Edição, São Paulo. 1988.
116
7
CONCLUSÕES GERAIS
117
comercial que solicita a via não pavimentada, são mais coerentes do que
simplesmente basear-se em informações sobre o volume médio diário do tráfego
misto.
x para reforço de subleito de estradas não pavimentadas, alcançar a resistência
mecânica requerida para a via, o processo de estabilização química é uma opção
viável para se atingir camadas menos espessas, porém com a rigidez necessária
para atender a função estrutural.
x a utilização do método de dimensionamento empírico-mecanístico e da
metodologia MCT, são recursos eficazes para um melhor aproveitamento de
solos locais em estruturas de pavimento de rodovias não pavimentadas.
x para a metodologia de avaliação de condições da superfície de rolamento para
estradas não pavimentadas através de um índice próprio e de simples aplicação,
o índice de serventia relativa por trecho viário – IST, desenvolvido com base em
experiência de campo e observação das patologias dessas superfícies,
verificações do IST para condições adversas são de grande contribuição, visto
que não houve aplicações em outras regiões.
x o modelo de gerência apresentado e testado neste estudo é simples do ponto de
vista técnico, mas é constituído das principais etapas que qualquer outro SGM
contempla, além de usar uma ferramenta SIG, que se integra completamente ao
modelo de gerência e aumenta a capacidade de suporte à decisão. Ressalta-se
ainda, que mesmo simples, é capaz de interagir com quaisquer outros sistemas e
possibilitar atualização do seu banco de dados, por exemplo, com informações
provenientes de estudos geotécnicos de subleitos para obtenção de parâmetros
físico-mecânicos e análise da influência dos fatores carga por eixo e pressão de
enchimento, relativos ao tráfego comercial.
118
8
RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
119