Tradição e Futuro Na Amazônia
Tradição e Futuro Na Amazônia
Tradição e Futuro Na Amazônia
Apresentação
O Projeto Tradição e Futuro na Amazônia (TFA), iniciativa patrocinada pelo Programa
Petrobras Socioambiental, visa a fortalecer a manutenção da cobertura vegetal e a
conservação da biodiversidade por meio da proteção e da gestão territorial e
ambiental de cinco Terras Indígenas (TI) do povo Mêbẽngôkre-Kayapó: Baú,
Capoto/Jarina, Kayapó, Las Casas e Mẽnkragnoti, entre as divisas do norte do estado
do Mato Grosso e sul do estado do Pará.
Para alcançar este propósito, o projeto se propõe a atuar em três eixos temáticos:
estratégico, que visa à manutenção da floresta em pé e à valorização dos
conhecimentos tradicionais; tático, com a implementação de ferramentas de gestão
territorial e ambiental; e operacional, com o apoio ao monitoramento do estoque de
carbono e o fortalecimento de sistemas produtivos sustentáveis nas áreas de atuação
do projeto.
O projeto Tradição e Futuro da Amazônia faz parte do grupo de projetos que atuam
na linha de Florestas. As iniciativas desse grupo contemplam ações voltadas para a
conservação e recuperação de florestas e áreas naturais, proteção da biodiversidade
com foco em remoção e manutenção dos estoques de carbono e adaptação à
mudança climática, gerando benefícios ambientais e sociais, além de estimular a
educação ambiental.
Parceiros
O Projeto Tradição e Futuro na Amazônia é executado pelo Fundo Brasileiro para a
Biodiversidade (FUNBIO) em parceria com três organizações indígenas do Povo Mêbẽngôkre-
Kayapó: a Associação Floresta Protegida, o Instituto Kabu e o Instituto Raoni, atuantes nas
interlocuções locais com os indígenas, e com a Conservação Internacional Brasil, parceira
estratégica do projeto.
A AFP foi criada em 1998 e atua em quatro linhas de ação através da execução de seus projetos
estratégicos: cultura e conhecimento, atividades produtivas e geração de renda,
monitoramento ambiental e territorial e fortalecimento institucional e político.
Neste projeto, a AFP é responsável pela execução das atividades realizadas dentro da área das
Terras Indígenas Las Casas, Kayapó e norte da TI Mẽnkragnoti.
Instituto Kabu
O Instituto Kabu foi criado em 2008, por uma iniciativa de três aldeias pioneiras das Terras
Indígenas Baú e Mẽnkragnoti - Baú, Pykany e Kubenkokre – com o objetivo de atuar na
implementação do componente indígena do Plano Básico Ambiental da BR-163.
Ao longo dos anos, o Instituto Kabu trabalhou em diversas frentes para defender os direitos
do povo Kayapó-Mẽnkragnotire, bem como a integridade da floresta e na criação de soluções
sustentáveis e novas fontes de renda para garantir a melhoria das condições de vida e
manutenção e valorização da cultura e legado indígena.
No Projeto Tradição e Futuro na Amazônia, o Instituto Kabu é responsável pela execução das
atividades realizadas dentro da área das Terras Indígenas Baú e Mẽnkragnoti.
Instituto Raoni
O Instituto Raoni é uma organização indígena, sem fins lucrativos, criada em 2001 para
defender os interesses dos povos Mêbẽngôkre-Kayapó, Trumai, Tapayuna e Panará
localizados nas Terras Indígenas Capoto/Jarina, Mẽnkragnoti e Panará, na divisa entre o norte
do estado do Mato Grosso e o sul do estado do Pará, na bacia hidrográfica do rio Xingu.
No Projeto Tradição e Futuro na Amazônia, o Instituto Raoni é responsável pela execução das
atividades realizadas dentro da área das Terras Indígenas Capoto/Jarina e sul da TI
Mẽnkragnoti.
Conservação Internacional Brasil
A Conservação Internacional Brasil (CI – Brasil), é uma organização internacional sem fins
lucrativos, fundada em 1990 no Brasil para incentivar e apoiar a conservação do meio ambiente
e de atividades de desenvolvimento sustentável, bem como a promoção da educação
ambiental, bem-estar humano e assistência social e cultural.
O Povo Mẽbẽngôkre-Kayapó
O povo Mêbẽngôkre-Kayapó tem uma população atual estimada em doze mil pessoas que
vive em cerca de 50 aldeias, em um vasto território de 13 milhões de hectares, entre os estados
do Mato Grosso e Pará, ao longo do curso superior dos rios Iriri, Bacajá, Fresco e afluentes do
rio Xingu. Seu território é completamente coberto por floresta equatorial, exceto pela porção
oriental, que tem algumas áreas remanescentes de Cerrado.
A língua do povo Mêbẽngôkre pertence à família linguística Jê, do tronco Macro-Jê. Apesar
de existirem diferenças dialetais entre os vários subgrupos existentes, a língua é um elemento
de maior abrangência étnica, resultando no reconhecimento de uma cultura comum.
A riqueza cultural desse povo é extremamente vasta e complexa e se expressa pela busca por
uma apropriação simbólica da natureza, por meio dos seus grafismos, mitos, cerimônias e
rituais tradicionais, em que ocorre uma constante troca entre o homem e os elementos da
natureza.
Desta forma, o PGTA é comumente conhecido como “Plano de Vida”, pois ele materializa todo
o planejamento discutido e pactuado entre as comunidades de um povo indígena envolvidas
naquele território. Estabelece o seu uso sustentável para fins sociais, culturais, ambientais e
econômicos, a fim de garantir a integridade, o bem viver e o futuro da população indígena em
questão.
A segurança alimentar é um dos principais pilares para garantir qualidade de vida de um povo.
A implementação de sistemas produtivos sustentáveis garante o acesso físico, social e
econômico permanente a alimentos seguros e nutritivos, resultando na satisfação das
necessidades nutricionais e do bem viver.
Encontro de saberes
A troca de saberes entre dois povos indígenas com conhecimentos riquíssimos é umas das
experiências mais valiosas que se pode promover. O Tradição e Futuro na Amazônia uniu as
ancestralidades do povo Mêbẽngôkre-Kayapó com as do povo Ashaninka, por meio do
intercâmbio indígena realizado na aldeia Apiwtxá, no Acre, com participação de cerca de trinta
pessoas, entre lideranças de diferentes aldeias dos territórios Kayapó, educadores indígenas e
profissionais das três organizações indígenas parceiras.
Cerca de duas mil pessoas do povo Ashaninka vivem em sete terras indígenas homologadas
no Brasil, reconhecidas há anos pela gestão organizada e pela adoção de processos produtivos
sustentáveis. A aldeia Apiwtxá é a maior dos Ashaninka no Brasil e está localizada no município
de Marechal Thaumaturgo, no oeste do Acre. A cultura riquíssima desse povo tem
características únicas e que se diferenciam das tradições de muitos povos originários do Brasil,
bem como suas experiências consolidadas em sistemas agroflorestais, gestão e proteção
territorial e educação diferenciada indígena.
O encontro teve o objetivo de trocar experiências dos dois povos sobre sistemas agroflorestais
(SAFs), segurança alimentar, educação e gestão e proteção territorial. Além das celebrações e
dos contatos sociais, a programação do intercâmbio também incluiu visitas à horta de espécies
exóticas e aos sistemas agroflorestais locais, plantações cultivadas a partir de técnicas de
agroecologia que combinam espécies nativas e frutíferas e visitação ao centro de pesquisa e
de produção de polpas de frutas da Cooperativa Agroextrativista Asheninka do Rio Amônia -
AYÕPARE.
A cultura é um dos bens mais valiosos de um povo e mantê-la viva é um dos principais desafios
da modernidade.