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ESTIMATIVA DE RECALQUES EM FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS APOIADAS EM


SOLOS ARENOSOS.

Conference Paper · January 2010

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3 authors, including:

Felipe Carvalho Bungenstab Kátia Vanessa Bicalho

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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Estimativa de Recalques em Fundações Superficiais Apoiadas em


Solos Arenosos
Felipe Carvalho Bungenstab
Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil, [email protected]

Kátia Vanessa Bicalho


Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil, [email protected]

Reno Reine Castello


SOLO Fundações e Geotecnia, Vitória, ES, Brasil, [email protected]

RESUMO: Devido à dificuldade na obtenção de amostras indeformadas em areias, os ensaios de


campo (CPT e SPT) são utilizados para estimar recalques de fundações superficiais apoiadas nestes
tipos de solos (Schmertmann 1970; Schmertmann et al. 1978; Burland e Burbidge 1984; Berardi e
Lancellotta 1991). Este trabalho discute a grande dispersão nos resultados de estimativas de
recalques obtidas através destes métodos indiretos. Um caso de obra com medições de recalques é
discutido e avaliado neste artigo. Verifica-se que as correlações empíricas devem ser utilizadas com
critério, levando-se em conta os fatores intervenientes nos ensaios de campo, experiência local e
limitações dos resultados à região estudada.

PALAVRAS-CHAVE: Solos arenosos, recalques, deformação, ensaios SPT e CPT.

1 INTRODUÇÃO SPT, e um método de iterações para


convergência de um resultado final.
Devido à dificuldade na obtenção de amostras Estudos mostram que, além da grande
indeformadas nas areias, os resultados dos dispersão entre os resultados obtidos para
ensaios de campo (CPT e SPT) são utilizados recalques estimados através de diferentes
para estimar recalques de fundações superficiais métodos indiretos, estes, geralmente, são
apoiadas nestes solos. Alguns dos principais maiores que os recalques medidos, levando a
métodos são apresentados e discutidos neste projetos geotécnicos conservadores (Jeyapalan
trabalho (Schmertmann 1970; Schmertmann et. e Boehm 1986, Papadoulos 1992, Sivakugan et.
al. 1978; Burland e Burbidge 1984; Berardi e al. 1998, Tan e Duncan 1991). Este trabalho
Lancellotta 1991). discute esta dispersão, utilizando resultados de
Schmertmann (1970) e Schmertmann et. al. medições de recalques em um caso de obra com
(1978) tratam da variação do módulo de fundação em sapatas apoiadas em solo arenoso.
deformabilidade do solo através da divisão da
profundidade de influência em subcamadas
homogêneas, com estimativa de parâmetros 2 MÉTODOS DE ESTIMATIVA DE
geotécnicos derivados do ensaio CPT. Burland RECALQUES
e Burbidge (1984) basearam-se nos dados de
mais de 200 observações de recalques em A literatura apresenta inúmeros modelos
estruturas e desenvolveram uma equação estimativos para o cálculo de recalques em
empírica para o cálculo dos recalques baseada fundações superficiais apoiadas em solos
nessa retro-análise. Berardi e Lancellotta (1991) arenosos, especialmente os que utilizam dados
consideraram uma variação não-linear para o provenientes dos ensaios de campo. Douglas
módulo de deformabilidade do solo com a (1986) relatou a existência de mais de 40
profundidade, utilizando resultados do ensaio diferentes modelos, onde a pressão aplicada, a

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rigidez (função da compacidade relativa) e a § t ·


largura da fundação são os fatores mais C 2 = 1 + 0,2 log¨ ¸ (3)
© 0,1 ¹
importantes na formulação destas equações.
Segundo Das e Sivakugan (2007), alguns dos
métodos mais conhecidos e discutidos pela Sendo: t = tempo em anos após a aplicação
comunidade geotécnica são os propostos por da carga.
Terzaghi e Peck (1948), Schmertmann (1970), O parâmetro Es, para cada camada do solo, é
Schmertmann et. al. (1978), Burland e Burbidge estimado através de correlação com ensaio de
(1984), Berardi e Lancellotta (1991) e Mayne e cone (CPT), segundo o próprio autor, onde:
Poulos (1999). Quatro deles são considerados
neste trabalho e apresentados a seguir. E s = 2q c (4)

2.1 O Método Schmertmann (1970) Sendo: qc = resistência de ponta para o


ensaio de cone.
O método, baseado na teoria da elasticidade, Em caso de inexistência de resultados em qc,
subdivide o solo de fundação em semi-espaços do ensaio CPT, podem ser usadas correlações
elásticos, homogêneos e isotrópicos, de módulo para valores, N, do ensaio SPT, ou seja:
de deformabilidade, Es, constante. Através de
análises numéricas (elementos finitos) e qc
K= ,
teóricas foram calculadas as deformações do N
solo abaixo da sapata e definida a sua (5)
distribuição com a profundidade. Desta forma,
foi proposto um fator de influência na Onde o valor K é tabelado (consultar, por
deformação, Iz, como mostrado na figura 1. O exemplo, Cintra et. al. 2003).
gráfico indica que a deformação máxima ocorre
a uma profundidade z = B/2 da cota de apoio,
Df, da sapata e que as deformações diminuem
até a profundidade z = 2B, onde podem ser
consideradas desprezíveis.
O recalque é dado pela equação 1.

n
§I ·
s = C1C 2σ * ¦ ¨¨ z ∆z ¸¸ (1)
i =1 © E s ¹

Sendo: σ * = σ -q, o acréscimo de tensão


aplicado pela sapata, onde σ = tensão atuante
sob a sapata, q = tensão geostática pré-existente
no solo à profundidade de Df, e ∆z = espessura
Figura 1. Fator de influência na deformação vertical
de cada camada considerada homogênea. (Schmertmann 1970, apud Cintra et al., 2003).
O coeficiente C1, dado pela equação 2,
considera o embutimento da sapata no solo. 2.2 O Método Schmertmann et. al. (1978)

§ q · Schmertmann et. al. (1978) introduziram


C1 = 1 − 0,5¨ ¸ ≥ 0,5 (2)
©σ *¹ modificações para os cálculos de recalques,
distinguindo sapatas corridas (deformações
Já o coeficiente C2, considera o efeito de planas) de sapatas quadradas (assimetria). O
recalque com o tempo. Para o cálculo de gráfico de fator de influência, Iz, também foi
recalques imediatos, deve-se considerar C2 = 1. modificado e adaptado para cada caso. Para
sapatas corridas a profundidade até onde

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ocorrem deformações é tomada como o dobro Sendo: σ vd = tensão de pré-consolidação da


daquela considerada para sapatas quadradas. O areia, B = menor dimensão da sapata, I C =
valor máximo de Iz ocorre em profundidades
diferentes, B e 0,5B, respectivamente (figura 2), índice de compressibilidade, definido conforme
e é dado de acordo com a equação 6. a equação 10 (N60 é o resultado do ensaio SPT
para uma eficiência de 60% avaliado a uma
profundidade igual a B0,7 da base da sapata).
σ*
I z max = 0,5 + 0,1 (6)
σv 1,71
IC = 1, 4
N 60
Sendo: σ v = tensão vertical em Izmáx. (10)
Notando que o módulo de deformabilidade é
40% maior no caso plano em relação ao E C1, C2 e C3 são fatores adimensionais,
assimétrico, recomendou-se novas correlações respectivamente:
para Es:
1,25( L / B )
E s = 2,5qc , para sapatas quadradas (7) C1 =
0,25 + L / B
(11)
E s = 3,5q c , para sapatas corridas (8)
H§ H·
C2 = ¨2 − ¸ (12)
Z© Z¹

§t·
C 3 = 1 + R3 + R1 log¨ ¸
©3¹
(13)

Onde: t (>3 anos) é o tempo após a


construção, R3 representa o efeito do tempo no
recalque durante os três primeiros anos após a
construção (após o recalque imediato), e R1
representa o recalque secundário, que ocorre
após os três primeiros anos. Os autores sugerem
valores para R3 (0,3 e 0,7) e R1 (0,2 e 0,8) para
os casos de carregamentos estáticos e variáveis,
respectivamente.
Figura 2. Fator de influência na deformação vertical
(Schmertmann 1978, apud Cintra et al., 2003).
2.4 O Método de Berardi e Lancellotta (1991)
2.3 O Método de Burland e Burbidge (1984)
Berardi e Lancellotta (1991) propuseram
Burland e Burbidge (1984) basearam-se nos através da manipulação de dados observados
dados de mais de 200 observações de recalques por Burland e Burbidge (1984) uma equação
em estruturas apoiadas em solos arenosos e alternativa para o cálculo de recalques em
desenvolveram uma equação empírica para o fundações rasas apoiadas em solos arenosos.
cálculo dos recalques baseada em retro-análise. A metodologia, também baseada em retro-
O recalque é calculado pela equação 9. análise, considera a variação do módulo de
deformabilidade com a tensão efetiva do solo
§ 2 · através de comportamento elástico não-linear.
s = C1C 2 C 3 ¨ σ * − σ vd ¸ B 0,7 I C (9) O recalque é dado por:
© 3 ¹

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−α 2
σ *B KE § ·
s= IS = α1 ¨ S % ¸ (17)
E K E ( 0.1) ©B ¹
(14)

Sendo: Is = fator de forma e rigidez da Onde: α1 =0,2 e α 2 =0,7.


fundação (adimensional) - considera o formato A convergência ocorre quando o valor do
geométrico e a rigidez da fundação, o recalque, s, estimado, iguala-se ao valor do
coeficiente de Poisson, ν , e a razão entre a recalque, s, calculado.
profundidade compressível da camada de solo e
a largura da fundação. O fator Is é, geralmente,
tabelado (consultar, por exemplo, Berardi e 3 DISCUSSÕES GERAIS
Lancellotta 2001; Das e Sivakugan 2007;
Caputo 2009). Como a determinação de parâmetros de
O cálculo sugerido segue o procedimento deformabilidade de areias in situ é muito difícil,
descrito abaixo: já que a obtenção de amostras indeformadas é
• Avaliar o SPT ao longo da profundidade tarefa dispendiosa e raramente conduzida com
de influência (admitida pelo autor como pleno sucesso (em solos arenosos fora da
sendo igual à largura, B, da sapata); influência do nível d’água e próximos a
• Estimar DR (%) do solo através do superfície do terreno, é possível determinar
NSPT corrigido para energia e tensão de expeditamente a compacidade relativa
confinamento (a proposta do autor é comparando valores de densidade no campo
admitir a equação de Skempton 1986); com indicie de vazios máximo e mínimo de
• Estimar o valor de KE (0.1) através da laboratório), os métodos apresentados
equação 15. representam ferramentas valiosas para os
projetos de fundações. Contudo, a variabilidade
dos resultados obtidos por tais modelos
K E ( 0.1) = 90,1 + 9,15.DR (15)
estimativos é tema bastante discutido na
comunidade científica e a utilização de ensaios
Sendo: KE (0.1) = módulo de deformabilidade de campo para análise de deformações deve ser
adimensional inicial (estimado) e DR = vista com cautela. As limitações advêm de
densidade relativa (%). ineficácia na estimativa de parâmetros de
• Avaliar a Rigidez do solo, E, pela cálculos (utilização de correlações
equação 16, e, em seguida calcular o desenvolvidas pelos autores para tipos
recalque, s, pela equação 14. específicos de solos, mas que são utilizadas,
muitas vezes, sem adaptações para solos locais),
0.5
§ σ '+0.5∆σ ' · dispersão entre resultados experimentais,
E = K E p a ¨¨ 0 ¸¸ (16) formulações para determinação indireta do
© p a ¹ módulo de deformabilidade do solo (que cresce
com a profundidade pelo efeito de
Sendo: KE = módulo de deformabilidade confinamento), falta de confiabilidade e
adimensional, pa = pressão atmosférica, σ 0 ' e adequabilidade dos resultados de ensaios de
ǻı’ = tensão efetiva e acréscimo de tensão campo, dentre outros.
gerado pelo carregamento na profundidade de Jardim (1987) considera impróprias as
B/2 abaixo de Df, respectivamente. estimativas de recalque realizadas a partir do
A não-linearidade do solo é considerada pela ensaio SPT, por se tratar de comparação entre
equação 17. O módulo adimensional, KE, deve fenômenos físicos distintos (o SPT é um ensaio
ser corrigido através do módulo inicial dinâmico, e o recalque, para o caso de
calculado, KE (0.1), e do recalque relativo, s/B fundações, ocorre com deformação do solo sob
(%), até que se obtenha convergência. carregamento estático), levando a resultados
conservadores. Os ensaios do tipo cone estático

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CPT parecem mais razoáveis, por tratarem do estimativa de recalques, a fim de prever
mesmo fenômeno das deformações, mas o autor precisão, confiabilidade e probabilidade de se
prefere estimativas baseadas em ensaios de excederem os recalques admissíveis (Jeyapalan
carga em placa, por fornecerem diretamente e Boehm 1986, Tan e Duncan 1991, Papadoulos
valores comparativos de recalques, 1992, Sivakugan et. al. 1998, Zekkos et. al.
restringindo-se o problema, basicamente, à 2004, Caputo 2009).
extrapolação dos recalques obtidos para as Jeyapalan e Boehm (1986) analisaram
placas de acordo com as dimensões de projeto estatisticamente 9 diferentes métodos
das sapatas. estimativos, comparando-os com 71 casos de
A heterogeneidade do solo de fundação monitoramento de recalques de sapatas em
também é tratada de forma distinta pelos solos arenosos. Os métodos de Schultze e Sherif
diversos autores, como na distribuição do (1973) e Schmertmann (1978) apresentaram os
módulo de deformabilidade com a profundidade melhores resultados.
e na utilização de diferentes ensaios de campo Tan e Duncan (1991) compararam 12
(CPT e SPT) para a sua estimativa, conforme diferentes métodos estimativos, considerando:
mencionado. Outros autores utilizam diferentes (1) a precisão, comparação entre o valor de
ensaios de campo para estimativa deste módulo recalque estimado e medido, (2) a
como, por exemplo, o ensaio Pressurométrico confiabilidade, porcentagem dos casos em que a
(ver Monaco et. al. 2006). estimativa foi igual ou superior aos recalques
Poulos (2000) afirma que a chave do sucesso medidos, e (3) a facilidade de utilização, tempo
está mais na estimativa correta de Es que no requerido para executar os cálculos. A figura 2
método para o cálculo de recalques empregado. apresenta a relação entre precisão e
É fato que, os modelos relacionam de forma confiabilidade, obtida por eles, onde o ponto
proporcionalmente inversa o módulo Es e a ótimo é apresentado em negrito, coordenadas
deformação do material (teoria da elasticidade), (1;100). Concluíram que os diferentes métodos
sendo que, tão mais conservadora for a foram desenvolvidos a fim de atingir objetivos
estimativa de Es menor a deformação calculada distintos, sejam eles: confiabilidade e precisão,
(recalque) e vice-versa. grandezas proporcionalmente inversas.
Desta forma, a existência de diversos
modelos de estimativa de recalques permite ao
engenheiro geotécnico escolher a equação mais
adequada para cada caso, sendo que, a
determinação consciente de Es pode conduzir a
estimativas de recalques bem razoáveis. As
questões são: É conhecida a variedade de
modelos existentes, suas faixas de
aplicabilidade, limitações e margens de erro? A
estimativa de Es é confiável?
A literatura apresenta diversos trabalhos
onde diferentes métodos de estimativa de
recalques foram analisados e comparados
segundo critérios definidos, na tentativa de
mensurar a variabilidade dos resultados obtidos,
e, discutir limitações e aplicabilidades. Figura 3. Relação entre precisão e confiabilidade para
onze métodos de estimativa de recalques baseados no
ensaio SPT. (Tan e Duncan, 1991).
4 ESTUDOS ANTERIORES
Outros autores preferem trabalhar com
análises probabilísticas. Zekkos et. al. (2004)
Alguns trabalhos precedentes buscaram estudar
mostraram, conforme figura 4, a probabilidade
comparativamente diferentes métodos de
de excedência de valores de recalques

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estimados, considerando 30% de probabilidade normalmente consolidado.


de excedência do recalque admissível de
25 mm, segundo a equação de Burland e
Burbidge (1984).

Figura 4. Probabilidade de excedência para diferentes


valores de recalques, segundo o método de Burland e
Burbidge, 1984. (Zekkos et. al., 2004).

Mais recentemente, Caputo (2009) comparou


os métodos Burland e Burbidge (1984) e Figura 5. Croqui da Fundação (Adaptado de Gonçalves,
2004).
Berardi e Lancellotta (1991), concluindo ser o
primeiro deles o mais conservativo.
Os recalques medidos são apresentados na
tabela 1 e correspondem ao período do término
da obra, ou seja, com toda a carga de projeto
5 ESTUDO DE CASO
atuante (estrutura + sobrecarga de ocupação).
Para este estudo de caso comparativo, utilizou- Tabela 1. Dados geotécnicos das sapatas.
se 5 resultados para monitoramento de σ Recalque
recalques em 9 pilares, do Edifício SFA, Sapatas L x B (m)
(KN/m²) medido (mm)
localizado no Recreio dos Bandeirantes, Rio de S1 2,20 x 1,20 174,24 5,10
Janeiro, e estudado por Gonçalves (2004).
S10 2,80 x 2,55 196,08 7,56
Os recalques foram estimados através dos
S11 3,70 x 2,80 189,2 6,95
quatro métodos apresentados anteriormente
S15 2,95 x 2,50 235,93 6,43
para as sapatas S1, S10, S11, S15 e S21, com
S21 2,30 x 1,50 168,12 7,65
distribuição conforme croqui apresentado na
figura 5. Os dados geotécnicos das sapatas estão Obs.: As sapatas foram assentadas na cota de -
apresentados na tabela 1, considerando o perfil 1,5m do nível do terreno
do terreno e características da fundação
apresentados por Gonçalves (2004), e de acordo As leituras foram executadas através de
com as considerações e simplificações abaixo: pinos de aço fixados nos pilares do pavimento
de acesso do edifício, com nivelamento
• A influência das sapatas adjacentes não
tomando como referência pinos situados em
foi considerada nos cálculos de
meio-fios suficientemente afastados da obra.
recalques, assim como os efeitos da
Para caracterização geotécnica do terreno,
interação solo-estrutura.
foram realizados três furos de sondagem tipo
• Para os métodos Schmertmann (1970) e
SPT, conforme locação apresentada na figura 5.
Schmertmann et. al. (1978), lançou-se
A figura 6 ilustra o perfil típico do solo de
mão da equação 5, com K=0,35 MPa,
fundação até a profundidade de 15 metros,
uma vez que os ensaios de campo
representado por depósitos de solos
realizados são do tipo SPT.
sedimentares (aluvionares). Apenas a sondagem
• O peso específico Ȗt = 19 KN/m³ do solo
SP01 prosseguiu a profundidade superior a 15m
de fundação foi arbitrado com base nos indicando pacotes argilosos até 26,28m, de
valores de NSPT disponíveis. consistência mole a dura, sobrejacentes as
• O solo de fundação foi considerado camadas de areia.

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sapatas isoladas, não é considerado o efeito de


rigidez da superestrutura do edifício, fator que
atua na redistribuição dos esforços,
especialmente na interface solo-estrutura,
uniformizando os recalques. A presença de
cintamentos e vigas de equilíbrio na fundação
são fatores significativos. Os recalques
medidos, apresentados na tabela 1, confirmam
esta tendência de uniformização.
Igualmente, a utilização da correlação entre
resultados dos ensaios SPT e CPT, prevista na
equação 5, para o cálculo de recalques segundo
os métodos Schmertmann (1970) e
Schmertmann et. al. (1978), pode conduzir a
estimativas grosseiras de Es. Neste caso, pode-
se preferir pela utilização de outras equações
Figura 6. Furo de Sondagem SP1, Típico do Terreno. para esta estimativa a partir de resultados
(Adaptado de Gonçalves, 2004).
diretos do ensaio SPT, conforme apresentado,
Os resultados para as estimativas de recalque por exemplo, por Das e Sivakugan (2007).
realizadas são mostrados nas figuras 7 e 8. Os A relação entre precisão e confiabilidade
métodos apresentaram resultados de recalques para os casos estudados está representada na
estimados superiores aos medidos, exceto, para figura 9. Os métodos Burland e Burbidge
a sapata S21, onde somente o recalque estimado (1984) e Berardi e Lancellotta (1991)
pelo o método Burland e Burbidge (1984) apresentaram precisão em torno de 1,2. Já os
apresentou-se superior. métodos Schmertmann (1970) e Schmertmann
et. al. (1978) apresentaram precisão de,
aproximadamente, 1,9. O método de Burland e
Burbidge (1984) apresentou melhor
confiabilidade, com recalques calculados
superiores aos medidos em todos os casos, em
virtude ao método de Berardi e Lancellotta
(1991) que apresentou o menor grau de
confiabilidade, 60%.

Figura 7. Recalque Estimado e Recalque Medido para o


Estudo de Caso.

É interessante observar a importância das


simplificações tomadas para os cálculos, nos
resultados finais. De acordo com a
desconsideração da influência das sapatas
adjacentes, subestimou-se os valores calculados
dos recalques, uma vez que, é fato a ocorrência
Figura 8. Comparativo dos Valores de Recalques para as
de acréscimos de tensão devido a cinco sapatas analisadas.
carregamentos próximos a sapata de análise em
questão. Apesar da limitação na quantidade de dados
Outro fator de importância é a interação analisados, pôde-se perceber que os resultados
solo-estrutura. Ao estimar os recalques para confirmam a tendência de superestimação de

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recalques estimados (Jeyapalan e Boehm 1986, Burland, J.B., Burbidge, M.C. (1984). Settlement of
Tan e Duncan 1991, Papadoulos 1992 e foundations on sand and gravel, Proceedings of
Institution of Civil Engineers, Part 1, 1985, 78, Dec.,
Sivakugan et. al. 1998). 1325-1381.
Caputo, V. (2009). Settlement predictions for coarse
grained soils based on SPT result – 17th International
Conference on Soils Mechanics and Geotechnical
Engineering. 1084-1087.
Cintra, J.C.A., Aoki, N., Albiero, J.H. (2003). Tensão
Admissível em Fundações Diretas – São Carlos:
Rima.
Das, M. B., Sivakugan, N. (2007). Settlements of
Shallow foundations on granular soil – an Overview,
International Journal of Geotechnical Engineering: 1
(19-29).
Douglas, D.J. (1986). State of the Art. Ground
Engineering, 19(2), 2-6.
Gonçalves, J.C. (2004). Avaliação da Influência dos
Recalques das Fundações na Variação de Carga dos
Pilares de um Edifício. Dissertação de Mestrado,
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Estudo de Caso. Jardim, W.F.D (1987). Crítica aos Métodos que Utilizam
o Ensaio SPT para Previsão de Recalques em
Fundações. Revista Tecnologia, Junho, pg. 39-45.
6 CONCLUSÕES Jeyapalan, J.K., Boehm, R. (1986). Procedures for
Predicting Settlements in Sands, Settlements of
Shallow Foundations and Cohesionless Soils: Design
Da comparação entre os recalques medidos para
and Performance, Ed. WO Martin, ASCE, Seattle, 1-
5 pilares sobre sapatas assentadas em areia e os 22.
recalques calculados por quatro métodos Monaco, P., Totani, G., Calabrese, M. (2006). "DMT-
(Schmertmann 1970; Schmertmann et. al. 1978; Predicted vs. Observed Settlements: A Review of the
Burland e Burbidge 1984; Berardi e Lancellotta Available Experience" Proc. Second Intnl Conf. on
the Flat Dilatometer, Washington D.C., p. 244-252
1991), pôde-se concluir (ressalvadas as
Papadoulos, B.P (1992). Settlements of Shallow
simplificações adotadas) quanto aos quesitos Foundations on Cohesionless Soils. Journal of
confiabilidade e precisão (Tan e Duncan, 1991) Geotechnical Engineering, ASCE, 118 (3), pg. 377-
que o método de Burland e Burbidge (1984) foi 393.
o melhor avaliado, com precisão e Poulos, H.G. (2000). Foundations Settlement Analysis –
confiabilidade em torno de 1,25 e 100%, Practice versus Research, 8th Spencer J. Buchanan
Lecture, November, Texas.
respectivamente. Os métodos Schmertmann Tan, C.K., Duncan, J.M. (1991). Settlement of footings
(1970) e Schmertmann et. al. (1978) on sands – Accuracy and Reliability. Geotechnical
apresentaram-se mais conservadores, com Engineering Congress, v.1, pg. 446-455.
precisão, em torno de 1,8 e o método de Berardi Zekkos, D.P., Bray, J.D., Der Kiureghian, A. (2004).
e Lancellotta (1991) mostrou-se o menos Reliability of shallow foundation design using the
standard penetration test. Proceedings ISC-2 on
confiável, com confiabilidade de 60%. Geotechnical and Geophysical Site Characterization,
Verifica-se que estas equações devem ser Viana da Fonseca e Mayne (eds.), 2004 Millpress,
utilizadas com critério, sendo a adoção dos Rotterdam, ISBN 90 5966 009 9.1575-1582.
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1011-1043.
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