14 - Ética Pastoral

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 75

Tema: Palavra do Diretor

Antes de começar nossos estudos, quero agradecer por ter se matriculado


no nosso Seminário Maior de Estudos Teológicos, quero dar-te as boas vindas e te
desejar bons estudos. Quero que saiba que estarei aqui pra te auxiliar no que for
necessário, contudo, quero que se esforce com toda dedicação pra obter um bom
estudo.

Fazer um estudo teológico não é algo difícil, mas também não é tão fácil,
contudo, quando buscamos a direção do Espírito Santo, com toda dedicação e
devoção, somos levados a ter toda revelação que necessitamos.

Tenho total confiança em você, querido aluno, confiança essa que me leva a
saber que no futuro próximo, será um grande defensor da fé, e quem sabe um
grande obreiro capaz de pregar o evangelho com toda excelência e amor.

Quero aqui fazer uma aliança com você, uma aliança a qual primeiramente
será feita com o Senhor JESUS CRISTO, filho de Deus. A aliança é que irá estudar com
desejo de aprender mais de Deus, com intenção de ser edificado, com amor e alegria,
e quando possível, poder falar e compartilhar tudo quanto tem aprendido a outros
para a glória de Deus.

Busquem estudar a Bíblia todos os dias com a intenção de conhecer


intimamente seu autor, o Espírito Santo, que a Palavra de Deus seja seu alimento
constante, isso fará que venhas a ter um conhecimento e crescimento espiritual.

Não estude e não leia a Bíblia somente com um objeto de estudo, mas
estude com os olhos espirituais pedindo sempre a revelação de Deus e aplicando
tudo que aprender e ler em sua vida, tudo que ler, veja como um espelho pra você e
não como algo que somente serve pra outras pessoas, e o mais importante, leia
crendo sem duvidar. (Hebreus 11.1)

Diretor: Pr.Clesilvio de Castro Sousa


ÉTICA PASTORAL

4.1. Qualificações do Pastor

Deus, quando chama o homem para cumprir o seu propósito universal, lhe confere
qualidades de dons e talentos que serão úteis ao seu ministério, a fim de produzir a
unidade, a maturidade e a perfeição da Igreja. O próprio Senhor Jesus Cristo determina
providencialmente lugares de serviço na igreja desses homens „dotados‟ (At 11.22 -26),
ou mesmo através do Espírito Santo (At 13.1,2 e 16.6,7).

Tanto os discípulos quanto aqueles que são chamados para o ministério são exortados
a buscar o poder do Espírito Santo (Lc 24.49; At 1.4,5, 8), e os acompanharão grandes
sinais (Mc 16.17,18).
2

4.2. Vocação Divina

“E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão”
(Hb 5.4).

“Ser ministro cristão é uma honra que Deus dá a um ser humano e requer, por
isto mesmo, da parte do candidato, VOCAÇÃO e CHAMADA, ambas
dependentes de Deus e manifesta pelo Espírito Santo”.

É necessário ao vocacionado que tenha a disposição de servir, caso contrário lhe


sobrevirá um sentimento de recalque oposto à sua própria ocupaçã o, e, no momento
em que julgar oportuno levantar-se-á contra o seu Senhor, lançando de si o jugo da
servidão, deixando de cumprir com os seus deveres e de ser útil à causa do Mestre.

Os homens que exercem com dignidade o ministério são desprendidos de


sentimentos gananciosos; são sóbrios, temperantes, sinceros, e acerca deles
diz Paulo: “Que os homens nos considerem como ministros de Deus” (1 Co 4.1).

O ministro vocacionado pelo Senhor coloca o ministério acima de tudo e cuida ser a
obra mais importante na face da terra (At 13.2; Rm 1.1).

A vocação divina inclui o profundo desejo de obedecer à voz do Bom Pastor na sua
consciência, com a exigência, muitas vezes, de sacrifícios e sofrimentos. O apóstolo
Paulo declara que “se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é
imposta essa obrigação” (1Co 9.16).
4.3. Conduta Pessoal

O maior pastor que a Bíblia nos apresenta é Jesus Cristo. Ele é o modelo por
excelência. E é dele que devemos tirar as características para o perfeito desempenho
ministerial.
3

4.3.1. Características do Pastor

Ter cuidado de si mesmo e da doutrina (1Tm 4.16), porque assim fazendo, salvará
tanto a si mesmo quanto aos que o ouvem. Se negligenciarmos este princípio,
sofreremos as terríveis conseqüências, “pois a lei da semeadura é inexorável”. Paulo é
explícito em sua exortação: “Se alguém ensina alguma doutrina, e não se conforma
com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a
piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de
palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas. “Contendas de
homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade
seja causa de ganho, aparta-te dos tais” (1Tm 6.3-5). (Cf 2Tm 3.10; 4.2; Tt 1.9).

a) Ser irrepreensíveis, vigilantes, sóbrios, honestos, hospitaleiros, aptos para


ensinar, não cobiçosos, de torpe ganância, não avarento (1Tm 3.2 ,3);

b) Obediente, humilde e sábio, como Epafrodito, companheiro de Paulo (Fp 2.25),


homem com três qualidades essenciais para o bom ministro: fraternidade,
espírito de cooperação e de companheirismo;

c) Que governe bem a sua própria casa, e tenha os seus filhos em sujeição,
com toda a modéstia (1Tm 3.4);

d) Que tenha bom testemunho dos que estão de fora. Onésimo era “um irmão fiel”
(CI 4.9) e Epafras, “grande cooperador de Paulo” de quem diz: “Saúda-vos
Epafras, que é dos vossos... Pois eu lhe dou testemunho de quem tem grande
zelo por vós, e pelos que estão em Laudicéia, e pelos que estão em Hierápolis"
(Cl 4.12,13). (Cf Cl 1.7; Fl 23; 2Tm 4.12; Tt 3.12; Ef 6.21);

e) Ter uma grande capacidade de perdoar. O pastor conhece as fraquezas de


suas ovelhas e sabe perdoá-las (Jo 4 e Jo 8). O perdão não se mede e nem é
barato: custa um preço - custou uma crucificação. “Ao Senhor, nosso Deus,
pertence a misericórdia e o perdão; pois nos rebelamos contra ele” (Dn 9.9). Há
dois tipos de perdão: o vertical (Lc 18.10-12) e o horizontal (Mt 5.44-48; 6.14,15;
1Jo 4.20);
4

f) Ter uma grande capacidade de autodomínio. No exercício do seu ministério,


deve o pastor dominar-se a si mesmo para merecer grande confiança e ilimitado
respeito na comunidade. “Todos podem se apressar em falar, menos o pastor.

Sabe perguntar, sabe identificar o centro de uma questão, sabe julgar com
discernimento”;

g) Ter uma grande capacidade de formar obreiros. O evangelista funda igrejas. O


mestre edifica vidas através do ensino. O pastor forma obreiros. Não apenas
isto, mas também isto. Jesus preparou 12, depois preparou mais 70, depois
continuou preparando. Tarefa do pastor. Não a descuidemos. O pastor deve
prepara r os seus auxiliares, os seus cooperadores, o seu substituto. O pastor
deve olhar para os jovens com amor e visão espiritual (At 16.3a);

h) Ter capacidade para dirigir sabiamente a igreja (1Co 14.40), com equilíbrio,
graça e sabedoria e exercitar o dom recebido de Deus e desenvolvê-lo (Rm
12.6-8).

4.4. Recursos do Pastor

Em avançada idade, Paulo escreve a Timóteo (1Tm 4.1 3): “Persiste em ler, exortar
e ensinar”.

4.4.1. Persistir em Ler

A expressão correspondente a “persistir em”, no original grego, pode também ser


traduzida por “preocupa-te com”, “aplica-te a”, ou “dedica-te a”.
A Bíblia é o grande recurso do pastor; ela não somente deve estar à sua mão como,
também, em seu coração; deve ter diligência ao estudá-la (2Tm 2.15), trazendo à
memória as coisas estudadas, como para gozar de novo a sua doçura, pois isto
enriquece a compreensão das lições (1Tm 4.13,15). Secundariamente, os livros que
versem sobre a Bíblia ajudarão o pastor a se fundamentar ainda mais em seus próprios
conhecimentos de doutrina cristã, e, através da comparação com outros sistemas
doutrinários, “defen der o rebanho das falsas seitas, e convencer os contradizentes” (Tt
1.9).
5

4.4.2. Persistir em Exortar

“O verbo exortar, na língua grega, deriva-se do substantivo Paracleto, que é o título


atribuído por Jesus ao Espírito Santo, e significa, principalmente, o Consolador. Talvez
este sentido pareça estranho àqueles que consideram a exortação como compreensão
ou correção com palavras duras. Todavia, nada mais é do que persuadir com a
verdade, avisar quanto ao perigo iminente, e admoestar com a sã doutrina”.

4.4.3. Aplicar-se ao Ensino

Como se pode ensinar sem que se haja aprendido? (Jo 14.26). O ensino da doutrina é
uma das responsabilidades mais importantes do pastor, “pois ela é o alimento de que
se nutrem as ovelhas” (SI 23.2,5).

Para enfrentar os desafios modernos, o pastor precisa continuar voltado para o estudo
profundo das Escrituras Sagradas, possuir uma cultura adequada para “entender com
simpatia a mentalidade do povo, e apresentar os ensinos da Bíblia como orientação
segura de vida”.

4.5. O pastor e a sua vida particular

4.5.1. A Vida Espiritual


Em sua vida, o pastor precisa conservar-se santificado para o desempenho de seu
papel aqui no mundo. Analisemos duas partes importantes de sua vida:
6

4.5.2. Santidade

4.5.2.1. Deus é Santo

Quando Deus relacionava a Moisés os animais puros e os imundos, asseverou-lhe:


“Porque eu sou o Senhor vosso Deus; portanto vós vos santificareis, e sereis santos,
porque eu sou santo”. (Lv 11.44; 19.2; 20.7; 1Pe 1.16). Na visão de João no
Apocalipse, “os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e
dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo:
Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de
vir”. (Ap 4.8). Essa éa declaração incessante do céu a Deus, o nosso Deus.

E porque Ele é Santo, exige de seus seguidores a santidade, como diz o apóstolo
Pedro: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda
a vossa maneira de viver”. (1Pe 1.15).

4.5.2.2. Somos Templo do Espírito Santo

“O vocábulo grego por detrás desta tradução é „naos‟ o recinto sagrado, o lugar
santíssimo, em contraste com o „hieron‟, o restante do templo em seus diversos
compartimentos. Entretanto, essas duas palavras, no original grego, podiam ser usadas
como sinônimos. Por semelhante modo, o crente é o lugar santíssimo onde habita o
Espírito Santo de Deus“. Assim, o pastor deve ser puro e limpo, tanto no coração
quanto no seu comportamento exterior, repugnando tudo o que venha a contaminar o
templo de Deus e macular o que lhe deve ser mantido sagrado, porque “se alguém
destruir o templo de Deus, Deus o destruirá”. (1Co 3.17).
7

4.5.2.3. Deus Exige Santidade

Exigiu Deus, no princípio, de Abraão, mesmo com a i dade de noventa e nove anos (Gn
17.1); de Israel, quando fez o povo subir da terra do Egito; foi uma exigência de Jesus
Cristo (Mt 5.48); e o apóstolo Pedro afirmou essa exigência (1Pe 1.15,16).

E, por estar a palavra “santificação” ligada às palavras “pureza”, “sem mancha”,


“irrepreensível”, “sem ruga” é que o pastor precisa de uma santificação geral:

1) Do corpo, da alma e do espírito (1Ts 5.23).

2) Do coração (Mt 5.8; SI 24.4).

3) Do pensamento (Fp 4.8; Cl 3.1,2).

4) Dos lábios (Cl 3.8,9; SI 141.3; Ef 5.4).

5) Dos olhos (1Jo 2.15-17; Mt 5.28).

6) Das mãos (SI 24.4; Hb 12.12; 1Tm 2.8).

7) Dos pés (Ef 6.15; Ec 5. 1).

8) Dos ouvidos (Dt 28.62; Pv 21.13; Is 50.4,5).

9) Outras referências SI 93.5; 2Co 7.1; Ef 1.4; 4.24;1Ts 3.13; 4.3,4; 1Tm 2.5; Hb
12.14; 2Ts 2.13; 1Pe 1.15.
Para servir no Evangelho com pureza espiritual, como os sacerdotes da antiga
aliança, o pastor não pode apresentar nenhuma deformidade como descrita em
Levítico 21.18-20.
8

4.5.3. Pecados da Língua

Tiago, irmão de Jesus Cristo, reconhece a verdade de que “todos tropeçamos em


muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito, e poderoso
para também refrear todo o corpo” (Tg 3.2).

Vejamos alguns tropeços que o pastor pode incorrer ao longo de seu


ministério, utilizando-se da língua:

4.5.3.1. Conversação torpe

É da abundância do coração que a boca fala (Lc 6.45 ; Mt 15.18).

A fala é a faculdade que distingue os homens dos animais; é o sinal de sua


personalidade. O pensamento é impossível sem palavras. “O pensamento antecede à
ação, como o relâmpago antecede ao trovão”. Já dizia Heine, e o caráter de uma
pessoa é revelado pela própria maneira de falar e se expressar. Por isso é que Paulo,
ao usar o termo “... despojai-vos também de tudo:... das palavras torpes da vossa boca”
(Cl 3.8 ) estava se referindo à linguagem obscena do falar, do “abuso de boca suja”,
pois o termo grego “aischros” significa “feio”, „vergonhoso ““, vil ““, aviltante”, e retém a
idéia tanto de profanação como a de obscenidade, juntamente com a idéia de abuso.
Ele ainda condena veementemente essa prática, que é oposta à santidade cristã,
dizendo que, a não ser a que for bom para promover a edificação, nenhuma palavra
deve sair de nossa boca; nem a prostituição (profanação, aviltamento); impureza ou
avareza (mesquinhez, esganação); nem torpezas (procedimento ignóbil; impudicícia);
nem parvoíces (tolices); nem chocarrices (gracejo atrevido), mas antes ações de graça
(Ef 4.29 e 5.3,4). Isto quer dizer que deve o pastor fazer uso da fala com ações de
graças, apropriando-se dessa faculdade, e bendizer e louvar a Deus, visando o real
proveito em suas conversas com o próximo, beneficiando-o com palavras dignas e
edificadoras, em contraste com a linguagem dos incrédulos.
9

4.5.3.2. Crítica

“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes
sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mt
7.1,2).

Existe a crítica construtiva e a destrutiva, que esboçam grandes diferenças entre si.
Pastores há que usam a “vara” para ajudar a ovelha, sem machucá-la, sendo isto prova
de cuidado, assim como o pai, que com amor critica seu filho, sem que cesse sua
afeição por ele. Outros, porém, são tão críticos que deixam marcas profundas de
desgosto em suas ovelhas, e os pais em seus filhos, matando a afeição que sentem.

Quando o ministro deixa o espírito de crítica apossar-se de si, é porque se oculta em seu
interior a “podridão dos ossos”, proverbialmente traduzida por “inveja” (Pv 14.30).

4.5.3.3. Cólera/ira/ódio

Quando Paulo diz “Irai-vos e não pequeis” (Ef 4.26), não está nos autorizando a que
nós nos iremos, e também não quis dizer que, se nos irarmos, “de modo algum
cometeremos pecado, contanto que abafemos nossa ira antes do cair da noite”.
A Bíblia está cheia de advertência contra a ira, e muitos pastores têm atribuído o seu
mau gênio aos nervos, transformando com isso uma faltagrave em simples
enfermidade.
10

4.5.3.4. Irreverência ou profanação

Profanação é tudo aquilo que vem desvirtuar as coisas de Deus, isto é, dar má
aplicação às coisas de Deus, tratar com irreverência o que é de Deus, e violar a sua
santidade, quer seja através de palavras, quer seja através de ações.

Malaquias mostra como o altar do Senhor fora profanado, e alguém contribuiu para
isso, dizendo: “Não faz mal” (Ml 1.8). Em Lv 22.20-22, Deus avisa acerca das coisas
sagradas não serem profanadas.

A igreja de nossos dias tem saído da rotina, e alguém vem contribuindo para isso: são
os responsáveis pelo sono do comodismo e da indolência (negligência, apatia. Certas
músicas e modas em todos os sentidos vêm entrando na igreja com a anuência de
líderes que já perderam a autoridade de Deus para impedir tais abusos entre o povo de
Deus, e continuam usando a frase: “Não faz mal.”).

4.5.3.5. Leviandade

O leviano procede sem seriedade, irrefletidamente, com precipitação e com


imprudência.

Paulo traduz nas palavras de Ef 5.4 a conversação torpe, as chocarrices e palavras


vãs como leviandade. O gracejo ou a chocarrice sempre são inconvenientes, pois
consistem numa troça à custa de outrem. Nada disto constrói, mas avilta e desabona
o leviano, que deve repudiar esse procedimento em todas as circunstâncias.
11

4.5.3.6. Mentira

Jesus caracterizou o Diabo como mentiroso, porque “Quando ele profere a mentira,
fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44). A queda do
homem foi conseqüência de uma mentira bem formulada pela serpente.

Deus ordenou a Moisés e aos filhos de Israel diretamente: “Não mentireis nem usareis
de falsidade cada um com o seu próximo” (Lv 19.11). Paulo, em Colossenses 3.9,
reafirma este ensinamento: “Não mintais uns aos outros...” e, “pelo que, deixai a
mentira, e falai cada um a verdade com o seu próximo” (Ef 4.25).

“O hábito da mentira pode contrair-se aos poucos; no princípio, só se fala de um


aspecto da questão; depois só do aspecto que nos favorece; a seguir, tratamos de
exagerá-lo; e terminamos não sabendo quando estamos ou não falando a verdade” (Pv
20.17).

A mentira, pois, é um pecado muito sério e reprovado nos Salmos e nos Provérbios; os
profetas e os apóstolos fizeram sérias advertênciascontra esse pecado (SI 5.6; Pv
15.5,9; 13.5; 1Jo 2.21, 1Tm 4.2; Ap 21.27).

Quando o ministro se entrega à mentira, é prenúnciode que parte de sua vida já


pertence a Satanás, e torna-se seu aliado, não sendo digno de crédito (Jo 8.44), e
inimigo de Deus, porque Deus é verdade, e n'Ele não há mentira (1Jo2.21). (v. Ap
22.15).
4.5.3.7. Murmuração

É um outro pecado da língua, e se constitui um hábito que trai uma condição


espiritual. Aos Filipenses, Paulo exortou: “Fazei todas as coisas sem murmurações
nem contendas” (Fp
12

2. 14), e Pedro, em sua primeira epístola, aconselha-nos a deixar toda a malícia, e


todo o engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações (1Pe 2. 1).

Moisés, quando conduziu o povo de Israel através dodeserto, sofreu muito por causa
desse problema: “Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel”, disse o Senhor
(Nm 14.27).

A murmuração é falar mal de alguém ou alguma coisa: são as queixas de pessoas


descontentes, e, portanto, é pecado, e muitos obreiros têm perdido a graça de Deus
porque constantemente ocupam o tempo precioso que dispõem para falar mal dos
ungidos do Senhor (Tg 4.11), às vezes retendo pessoas ao telefone com palestras
infindáveis, escrevendo para outras de muita ocupação, exigindo respostas, “ou
fazendo perguntas indiscretas que forçam confidências”, em vez de se ocuparem em
cuidar do rebanho, como disse o sábio Salomão: “Procura conhecer o estado das tuas
ovelhas; põe o teu coração sobre o gado” (Pv 27.23).

4.5.4. Perigos que Rondam a Vida do Pastor

4.5.4.1. Dinheiro

A Palavra de Deus diz que as riquezas vêm de Deus 1Cr ( 29.12), e a Ele pertence o
ouro e a prata e tudo quanto existe na terra (Ag 2.8). Se o pastor é o mordomo do
tesouro da casa do Senhor, ele precisa saber manobrar com esses valores e não se
deixar enredar por ele. “O servo do Senhor que lida com finanças deve ser o senhor do
dinheiro, e não escravo dele”.(1Tm 6.9,10).
Mas a tentação do metal precioso tem levado outros a viverem além de seus recursos
materiais e a descuidarem das obrigações financeiras, causando, com isso, grande
prejuízo para sua administração pastoral. “Que o pastor faça um orçamento de seu
salário, aja com prudência e equilibre seus gastos. Não lhe cairia bem ficar sob
suspeita ante o rebanho”. Deve ter boa reputação para com os que estão de fora e uma
vida ilibada.
13

Paulo, em suas exortações e conselhos a Timóteo, di z: “Mas os que querem ser ricos
caem em tentação e em laço, em muitas concupiscências loucas e nocivas, que
submergem os homens na perdição e ruína. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas
coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão” (1Tm
6.9,11).

4.5.4.2. Egoísmo

O egoísmo é uma das doenças ligadas ao ego. É uma inclinação humana que se tem
feito sentir em todas as coisas e que domina o palco das atividades hodiernas.

“Refere-se ao apego excessivo a si mesmo e ao que se faz em detrimento dos


interesses dos outros” e nos incomoda quando a posição que ocupamos é ameaçada
pelo surgimento de alguém que procura ombrear-se conosco.

Se olharmos exclusivamente para o nosso interesse, sem, contudo procurarmos


harmonizá-lo aos dos outros, criaremos por certo um mal-estar geral, um clima de
discórdia e de contenda, e uma completa anarquia.

Talvez alguns, pelos anos de ministério que têm, esqueceram-se de que a humildade é
um qualificativo daquele que conseguiu galgar as escadas do sucesso, e hoje,
infelizmente, estão doentes com enfermidades ligadas ao ego, como:

a) Egocentrismo. É a tendência de fazer de si mesmo o centro da vida;


b) Egotismo. É a tendência a monopolizar a atenção para a sua própria
personalidade, desprezando as opiniões alheias. Só ele está certo;

c) Egolatria. É a adoração ao próprio eu, o culto do eu. É o clímax de todas as


doenças. É o caso do homem do pecado (2Ts 2.4).
14

O grande remédio para essas enfermidades é o sangue de Jesus Cristo, e estar


crucificado com Ele, para que Ele viva em nós (GI 2.19,20).

4.5.4.3. Falsidade

“Abomino e aborreço a falsidade; mas amo a tua lei” (Sl 119.163).

Deus exortou o povo de Israel, dizendo: “De palavras de falsidade te afastarás,...” (Êx
23.7), porque quem usa de falsidade patrocina a injustiça, e nunca será justificado,
porque Deus o considera ímpio. Vez em quando alguém sussurra em algum ouvido:
“Fulano é uma boa pessoa, até gosto dele”. Mas, cuidado, porque ele é o verdadeiro
tipo do hipócrita, já está planejando ir à casa de outro, para aumentar a corrente de
traição contra você.

Não creias que todos quantos te rodeiam e te abraçam sejam amigos leais como se
aparentam. Absalão parecia ser um bom filho pela aparência do seu rosto, mas traiu
seu pai e pagou caro tributo por esse ato de falsidade (2Sm 15-18).

Não te assentes, pastor, à mesa com o homem falso, porque, se ele “maquina o mal na
sua cama” (Si 36.4) e “maquina o mal contra o justo” (S I 37.12), facilmente “encherá o
teu prato com hortaliça, a sobremesa com doces, encherá a tua boca com saliva de
elogios, mas, quando chegares em casa, as tuas orelhas estarão quentes", porque a
língua falsa é forte e rápida como o deslizar de uma cachoeira para derramar ódio
contra o próximo, difamando-o ocultamente.
4.5.4.4. Imoralidade

Deve o pastor resguardar-se de cair na imoralidade, cujas conseqüências são a


vergonha para a sua família e a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo.
15

O seu “modus vivendi” irá definir o sucesso de seu ministério, e assim como Cristo a si
mesmo se entregou pela Igreja (Ef 5.25), o despenseiro deverá achar-se fiei ao Senhor
e à sua companheira, e com ela conviver em harmonia, providenciando o seu bem-
estar e dignificando-a. A promessa de Deus ao homem que teme ao Senhor é ser
abençoado (Sl 128), pois “comerá do trabalho de suas mãos, feliz será e lhe irá bem”.

Mas como os demais crentes, o pastor precisa lembrar-se de que tem suas próprias
tentações e não estará livre delas a não ser quando passar para a eternidade salvo.

A mais poderosa arma do inimigo é destruir, escandalizar e envergonhar a autoridade


dos filhos de Deus. E muitos obreiros estão caindo no pecado da prostituição, seja ela
mental (Mt 5.28), carnal (Êx 20.14) ou espiritual (Tg 4.4), desonrando o nome de
Jesus.

4.5.4.5. Inveja

“O coração com saúde é a vida da carne, mas a inveja é a podridão dos ossos”
(Pv 14.30).

Em uma alegoria, Edmundo Spencer pinta a figura montada num lobo, na procissão
dos pecados. Masca um sapo do qual escorrem venenosos líquidos pela face abaixo.
Usa desbotado manto cheio de olhos. Enrosca-se-lhe ao peito uma serpente.

A descrição não é exagerada, quando pensamos na destruidora obra da inveja.


Quantos lares, casamentos e vidas destruídas Dor ela!
A inveja fez com que “o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele” lançassem
os apóstolos na prisão (At 5.17). Também, “os patriarcas, movidos de inveja, venderam
a José para o Egito”. Caim assassinou seu irmão movido de inveja profunda,
descaindo-lhe o semblante (Gn 4.6).
16

O ministro que deixa aninhar-se no coração a inveja, o ciúme, o ódio, está cavando a
própria sepultura. O sucesso ministerial do colega pode levá-lo ao profundo da inveja, e
está às acirradas críticas destrutivas por sua própria inca pacidade de se igualar ao
irmão.

Outros há que ocupam seu ministério em rebuscar pormenores, por inveja, na vida de
colegas com o fim de derrubá-los de seus postos, ou para ocupar o lugar de algum ou
dar a um terceiro de sua proteção.

A inveja é a mãe do diabo, e ninguém está livre de ser ferido por suas terríveis garras.
“A diferença entre ciúme e inveja é que o primeiro nos faz ter medo de perder aquilo
que possuímos, enquanto que a inveja nos provoca tristeza pelo fato de os outros
possuírem aquilo que não temos”.

4.5.4.6. Orgulho

“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16.18).

O orgulho pode se manifestar na vida do obreiro de várias formas, e, por ser “uma
condenável exaltação do ego, o qual se delicia com o pensamento de ser superior a
todos os seus semelhantes”, torna-se “abominação ao Senhor” (Pv 1 6.5).

4.5.5. As formas de orgulho são:


a) o espiritual;

b) o intelectual;

c) o material;

d) o social;
17

Infeliz é o homem chamado por Deus, vocacionado, à frente de um rebanho, e que


se entrega ao:

4.5.6. Orgulho espiritual

Foi por esse pecado que Lúcifer recebeu a sentença de Deus: “E, contudo levado serás
ao inferno, ao mais profundo abismo” (Is 14.15), e “Todos os que te conhecem entre os
povos estão espantados de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais serás para
sempre” (Ez 28.19).

A sua soberba, a primeira espiritual do universo, teve início na sua “perfeição em


formosura”, estava “estabelecido” e “Perfeito era nos seus caminhos desde o dia em
que foi criado”, “até que se achou iniqüidade nele” (Ez 28.12-15). Foi o “eu” que o levou
a confiar mais em suas virtudes do que no próprio Criador que o estabeleceu (1Co
7.20,24), como dizia em seu coração:

a) “eu” subirei ao céu (Is 14.13);

b) exaltarei o “meu” trono (Is 14.13);

c) da congregação “me” assentarei (Is 14.13);

d) “subirei” acima (Is 14.14);

e) e “serei” semelhante ao Altíssimo (Is 14.14).


Nós, como este que se tornou o “Diabo”, quando começamos a nos sentir auto-
suficientes, é hora de acordarmos e nos lembrarmos de que o terreno que estamos
pisando é movediço, e poderá nos tragar.
18

A sua ambição não lhe levou a ocupar a posição almejada, antes caiu na profundeza do
mundo subterrâneo, foi envergonhado e desonrado em sua morte. E muitos têm
entrado por esse mesmo caminho.

4.5.7. Orgulho intelectual

“Ser sábio aos próprios olhos" (Rm 12.16) é a qualidade de orgulho que se manifesta
em forma de arrogância perante as pessoas menos iletradas e dos oprimidos. Não foi
assim com Jesus Cristo, “que, sendo em forma de Deus. não teve por usurpação ser
igual a Deus” (Fp 2.6). Que sentimento! Antes, “aniquilou-se a si mesmo, tomando e
forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (v.7) Aquele que estava com o
Arquiteto do universo, quando este era projetado (Pv 8.22-31), não se jactava de seus
feitos na presença dos oprimidos (Mt 8.4), porque a soberba é inimiga do Evangelho.
Sua confiança estava em Deus (Jo 11.41).

O sábio intelectual estriba-se no seu próprio entendimento (Pv 3.5b), e o pastor que é
“sábio aos seus próprios olhos” esquece-se de que sua capa cidade de entendimento e
saber vêm de Deus (1Rs 3.12; Tg 1,5).

O apóstolo Paulo é o exemplo de sabedoria, e não se gloriava nela (1Co 1.17-19),


“porque a loucura de Deus mais sábia do que os homens” (v.25). Antes, gloriava-se
no Senhor (v. 13).

Entretanto, não se ufanou por isso, qualificando-se, antes, a si mesmo, como


“miserável homem que sou” (Rm 7.24).

4.5.8. Orgulho material


A soberba proveniente dos bens materiais pode levar o homem a esquecer-se de
Deus, à ruína e à perdição, como disse Paulo a Timóteo: “Os que querem tornar -se
ricos, caem em tentação e em laço, e em muitos desejos insensatos e nocivos, os
quais arrastam os homens à ruína e à perdição” (1Tm 6.9).
19

Mas o perigo não está em ser rico neste mundo: Abraão, Jó, Salomão e muitos
outros o foram, mas em colocar o coração na riqueza (Mt 6.21; Lc 12 .20).

O verdadeiro sentimento de ser rico é “possuindo tudo, como nada tendo”, “como
pobres, mas enriquecendo a muitos” (2Co 6.10), porque “na soberba trazida por bens
materiais, entroniza-se o ego em vez de Deus. As coisas secundárias são exaltadas a
um lugar de primeira importância, e a vida se desequilibra. Então, concentra-se
naquilo que tem e não naquilo que é, aos olhos de Deus”.

4.5.9. Preguiça

A recomendação do apóstolo Paulo ao jovem Timóteo foi para que ele procurasse
apresentar-se a Deus como “obreiro aprovado” (2Tm 2.15) e aos romanos, que
apresentassem seus corpos “em sacrifício vivo” (Rm 12.1), pois a felicidade do
ministério, em grande parte, é determinada pelo que o pastor faz com o seu corpo e o
seu intelecto.

A preguiça, como um dos pecados capitais, destrói a oportunidade e mata a alma,


pois significa “aversão ao trabalho, indolência, vadiagem, negligência, ociosidade,
descuido”.

A Bíblia nos revela as atividades materiais e espirituais incessantes de homens que


tiveram seus ânimos redobrados (Jr 20.9; Js 1.2,6, 7,9; Hb 11.32-38; Is 40.29-31), e do
próprio Jesus Cristo, ainda que as Escrituras não esclareçam sua atividade material, é
fácil deduzir que, além de sua gloriosa missão tríplice de pregar, curar e ensinar (Mt
4.23), ele era um homem ocupado no trabalho (Is 53.3; Mt 13.55; Jo 5.17), e, se ele
trabalhou, foi para deixar o exemplo e não permitir a indolência no caminho cristão. “Se
alguém não quer trabalhar, também não coma” (2Ts 3.10).
20

4.5.10. Conseqüências da preguiça

a) O servo inútil deixou de negociar o talento recebido: “foi e cavou na terra e


escondeu o dinheiro do seu senhor” (Mt 25.18). O seu pecado de nada fazer
custou-lhe a sentença: “Mau e negligente servo... Tirai-lhe, pois o talento...
Lançai o servo inútil nas trevas exteriores” (Mt 25.26a, 28a, 30a);

b) “em verdade vos digo que vos não conheço” (Mt 25.12 ), foi a sentença para as
cinco virgens loucas que não levaram azeite consigo, descuidaram de se
preparar para esperar o noivo;

c) uma vida fria, sem alegria, sem entusiasmo, especialmente suando se


negligencia a oração (1 Ts17). “Pelo fato de sermos preguiçosos e indolentes,
negligenciamos a oração, e, assim, secam-se os nossos mananciais espirituais”;

d) o constante “deixar para amanhã” vai acumulando seus afazeres, chegando a


um ponto tal, crítico, incapaz de ser levado adiante. Diz Billy Graham que “a
palavra de ânimo que devíamos levar a um amigo desencorajado, a ação
ajudadora que tornaria mais leve e mais suportável o fardo de alguém, um pouco
de dinheiro colocado amorosamente na mão do necessitado – eis aí ações
negligenciadas que nos trazem remorso e privam outros da ajuda tão
necessitada”.

4.6. Pastor e seus estudos


“Falar é a única habilidade do homem para a comunicação porque as palavras
expressam o pensamento”. O pastor como líder, mais do que ninguém necessita
aprender a se comunicar, não só com os que estão ao seu redor, mas à igreja e às
massas.
21

O sábio Salomão disse que “as palavras dos sábios são como aguilhões, e como
pregos bem fixados pelos mestres das congregações, que nos foram dados pelo único
Pastor” (Ec 12.12). Ele considerava a sabedoria acima de qualquer outra coisa, como
"pregos bem fixados”.

A ferramenta do pastor é a Bíblia Sagrada, instrumento que precisa ser bem


manuseado. Mas muitos pastores têm fraquejado no ministério da pregação bíblica por
negligenciarem o estudo sistemático da Palavra de Deus, estribando-se na falsa idéia
de que a sua inspiração os levará suficientemente à orientação do rebanho.

Triste engano! As profundas verdades incursas na Bíblia são descobertas e


entendidas quando os nossos conhecimentos abrangem geografia, psicologia,
história, sociologia, outras línguas e mesmo os nossos anseios espirituais. Ademais, o
Espírito Santo de Deus nos “faria lembrar...” princípio que depreende de uma
aprendizagem anterior.

O pastor que tem o seu diploma do seminário certamente está mais bem preparado
para continuar os seus estudos bíblicos e teológicos. “Se pensar que não precisa
estudar mais, vai-se esquecendo muito do que já aprendeu, perdendo gradativamente
uma parte do cabedal de sua cultura, enquanto o pastor que não teve a vantagem de
todos estes cursos vai comprando bons livros e estudando assiduamente, tornando-se
finalmente mais eficiente no ministério do que o colega diplomado.”

4.6.1. Remindo o Tempo


O termo remir significa “pechinchar”, ou “aproveitar as oportunidades”. Isto nos mostra
que o tempo é muito precioso e valioso e que não pode ser desperdiçado como
alguma coisa sem valor. Por ser o tempo irreversível, se o perdermos, o perdemos.

A indolência espiritual tem caracterizado muitos pastores no cumprimento de seu


ministério, deixando-se levar pela preguiça e sonolência espiritual. Este é o sono de
que fala Paulo aos romanos: “E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de
despertarmos do “sono;...” (Rm
22

13. 11). Isto nos dá a entender um estado de estupor ou de indiferença para com as
realidades espirituais”, atitudes errôneas essas que caracterizam até mesmo muitos
crentes “. Provérbios já nos adverte: “Um pouco de sono, adormecendo um pouco,
encruzando as mãos outro pouco, para estar deitado;...” (Pv 24.33).

A Palavra de Deus nos serve de estímulo diariamente, se a conhecermos, porque


aquele que através dela opera faz-se presente sempre, e a expectação “breve” de sua
volta nos leva a um sentimento de permanecer puros (1Jo 3.2,3), de remir o tempo (Ef
5.16), de instar a tempo e fora de tempo (2Tm 4.2) e olhar para Jesus, autor e
consumador da nossa fé (Hb 12.2).

Sendo, então, viva e eficaz, a Palavra de Deus (Hb 4.12) é nova cada manhã (Lm 3.23).
Ela só poderia tornar-se velha se as “experiências espirituais e as necessidades do
gênero humano mudassem tanto, que não mais se encontrassem refletidas no Livro
Sagrado, e nem fossem satisfeitas pelo Evangelho. E esse dia está a muitas milhas de
distância” (H. E. Fosdick).

Se a Bíblia é a nossa ferramenta; se for ela que deve ser bem manejada (2Tm 2.15b;
4.2); devem-se conhecer o tempo (Rm 13.11) e se os nossos tempos estão nas mãos
de Deus (SI 31.15), sentiremos, certamente, a urgência da horae do planejamento de
nossa vida.

4.6.2. A Biblioteca

É muito natural àquele que se dedica ao ministério ser amante de livros. Aquele que
soube, desde a sua chamada, formar uma biblioteca, hoje, como a quem cabe a
responsabilidade de dar substância sólida ao rebanho do Senhor, estará em vantagem
infinitamente maior ao que negligenciou, ou voluntariamente ou por falta de condições,
a formação de material de estudo.

A biblioteca é uma bênção na vida do pastor, pois ela reflete a personalidade daquele
que a cria. “Uma biblioteca em desordem e sem uso não tem valor. Uma biblioteca
desorganizada, quanto maior, menos serviço prestará. Deve ser o local de ordem,
pois, ali o pastor e seus familiares e outras pessoas autorizadas passarão parte do seu
tempo em meditação e estudo.
23

Trata-se de uma biblioteca de predominância evangélica, então é também lugar de


meditação e comunhão com Deus e Sua Palavra, e com os santos de todos os tempos
que escreveram as obras que lá estão”.

Mas uma biblioteca não se compõe unicamente de livros. Os jornais e revistas


evangélicas e seculares, mapas diversos, recortes, artigos religiosos, científicos e
seculares, discursos, filmes, slides, fitas, estudos, sermões, desenhos, etc., também a
enriquecem.

4.7. O pastor e o rebanho

Os pastores orientais andavam sempre armados com um cajado chamado “Nabbuteh”


e com ele defendiam as ovelhas de quaisquer ataques, quer fossem de animais
ferozes ou de salteadores; ou a si próprios (Sl 23.4).

No Antigo Testamento, o cuidar das ovelhas era considerado uma ocupação muito
servil, e, hoje, ser pastor é o ofício do ministério cristão mais conhecido entre nós. O
pastor é o guardador de ovelhas, é o apascentador, o guia, o protetor (Is 40.11).

Quando Jesus, o Sumo Pastor, disse a Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21.
17), estava querendo lhe dizer que o Seu rebanho deveria ser doutrinado e levado ao
bom caminho através de um bom “pasto”, isto é, encontrar a erva verdejante e a água
nos tempos de seca.
Em seu ofício pastoral, muitas são as atribuições do pastor, especialmente a de lidar
com almas e, dentre elas, tem que se apresentar como um homem que governa bem a
Igreja de Deus. Aqueles que guardavam o rebanho nos campos, como Amós (cuidava
de gado quando Deus o chamou, Am 7.14,15); como Moisés (era pastorde ovelhas, Êx
3.1); como Davi (bem jovem, cuidava das ovelhas de seu pai, 1Sm 16.11-13)
aprenderam grandes lições de sua vida diária, que lhes serviram para o desempenho
de seus ministérios, quer seja de profeta, rei ou líder.
24

No estudo deste capítulo, veremos apenas o pastor no desempenho de


algumas funções.

4.7.1. No Púlpito

No passado, quando Deus queria falar ao povo, usava os profetas em algum lugar, e
nem sempre isso era feito dentro do templo. Não havia um púlpito, pois o serviço da
Palavra não era incluído no culto oficial.

Mais tarde, com a Reforma Protestante, encontramos o culto “visivo” ser substituído
pelo “auditivo”, com o desaparecimento dos altares, dando lugar ao púlpito de sentido
atual, no lugar central, onde o pastor cumpre o seu dever com dedicação e esforço.

É interessante notar que Jesus não teve um púlpito para pregar suas mensagens de
ensino, exortação e salvação. No seu primeiro sermão, na si nagoga de Nazaré,

“segundo o seu costume, levantou-se para ler” (Lc 4.16), e “... as sentou-se”, depois
de cerrar o livro (v. 20). Não há menção da existência de um púlpito. O que selê a
respeito de suas andanças é que usava um barco, assentado; aproveitava o cume de
um monte ou certos pontos estratégicos para atingir o público com sua mensagem.
Seu último púlpito aqui na terra foi a cruz do Calvário.

Mas o certo é que o púlpito não faz o bom pastor, por mais artisticamente ornamentado
que seja. Nem tampouco os majestosos paramentos clássicos ou mesmo sua arte de
retórica. “Há púlpitos que consistem, nada mais, nada menos, em uma vulgar mesinha
de tábuas de pinho, dentro de um pequeno templo, modesto, oculto numa rua lateral da
cidade, onde o pastor em seu traje comum está pregando com toda a simplicidade e
sinceridade, mas com a autoridade divina, o evangelho da salvação para a remissão
dos pecadores, e assim contribuindo para a edificação do reino de Deus e expansão de
sua glória”.
25

4.7.2. A postura no púlpito

Cada vez que o ministro sobe ao púlpito, os olhares que se lhe voltam passam em
revista, não só as suas palavras, mas a sua voz, e sua expressão, a sua
movimentação, não ficando indiferente todo o seu modo de vestir.

Sendo o pregador o próprio sermão, ele pode ineficiente a mensagem nele contida, tornar
não observar algumas regras e atitudes se que a ética nos ensina na conduta do próprias
mensageiro no púlpito, como:

a) pregar gritando o tempo todo, sem se aperceber que está diante de


um microfone;

b) bater o pé no chão com força repetidamente e dar murros no púlpito com


estardalhaço;

c) gesticular demasiadamente, insinuando às vezes gíri as ou imoralidade, e às


vezes pular, sem se dar conta disso; o corpo deve ser naturalmente dosado por
gestos conforme a dinâmica do sermão;

d) falar de olhos fechados ou arregalados, bem como olhar de modo fixo para cima
ou para o piso como se tivesse perdido algo, e com medo de encarar o
auditório. O certo é que os olhos devem acompanhar o que se fala, pois às
vezes falam mais claro que as palavras, e ajudam o pregador a sentir o efeito
da mensagem;

e) molhar o dedo na língua para virar as páginas da Bíblia, ou soprá-las com a


mesma finalidade;

f) coçar-se de modo inconveniente e limpar as narinas, quando no púlpito,


ou mesmo fazer cacoetes ou tiques mímicos;
g) fazer a leitura bíblica que anunciou e não mais voltar a ela;

h) não conversar no púlpito, senão o estritamente necessário, e não despachar


o expediente no horário do culto;
26

i) o pastor deve chegar cedo à casa do Senhor Deus, po rque, assim fazendo, dará
bom exemplo ao rebanho e não contemplará o semblante do povo com sinais de
impaciência e cansaço.

4.7.2.1. A direção do culto

A primeira coisa a ser feita, ao se iniciar o culto a Deus, é uma breve oração, numa
demonstração de que a direção deve ser do Senhor sobre as vidas daqueles que
compareceram à igreja. O cântico de hinos congregacionais antece de a leitura da
Palavra de Deus. Devem ser selecionados e nunca de improvisação, não sendo
aconselhável pedir-se à congregação que escolha os hinos.

Alguns pastores, quando não há convidados para pregar, costumam fazer dessa
leitura inicial da Palavra de Deus o texto de sua mensagem, isto variando de igreja
para igreja.

A Bíblia de púlpito não deveria ser desprezada nesse ato inicial, pois ela “é mais dona
do púlpito do que o próprio pastor; porém há aqueles que já se acostumaram com as
anotações e o manuseio constante de sua Bíblia, que se tornam inseparáveis dela”. A
leitura bíblica deve ser bem inspirada, baseando-se principalmente nos Salmos ou nos
Evangelhos.

Se não há pequena exposição sobre o texto lido, segue-se a oração intercessória,


com assuntos bem definidos, como pela igreja, os problemas de seus membros, pela
direção do culto, pela mensagem, e demais necessidades.
As apresentações dos visitantes, bem como os anúncios é natural que se façam neste
inicio de culto, seguindo-se o levantamento das ofertas e dízimos, enquanto a
congregação canta um hino. É comum em nossas igrejas dar-se a palavra para uma
saudação a um dos visitantes, e o tempo restante ser ocupado com a mensagem da
Palavra de Deus. Essa mensagem não é propriamente sua, mas de Deus. Falará
daquilo que ecebeur da parte do Senhor e não
27

externará a sua opinião sobre a Palavra, mas “demonstrará a verdade certa de um


texto certo para uma situação certa de uma pessoa certa”.

Após o apelo, sem que se oprima o pecador para aceitar a Cristo como Salvador de
sua alma, o pastor impetrará a bênção apostólica para o enceramento do culto.
Convém deixar registrado que muitos companheiros ordenados ao Santo Ministério
desconhecem essa boa praxe de despedir o povo com uma bênção divina.

A bênção que dava o sacerdote, de mãos estendidas, vinha de Deus, e o mesmo se dá


hoje em dia: é o Senhor quem abençoa, quem guarda, quem tem misericórdia e quem
dá paz (Nm 6.24-26). A primeira bênção, araônica, foi ordenada por Deus, no Antigo
Testamento e, a segunda, no Novo Testamento, é usada ao final de alguns escritos: “A
graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja
com todos vós. Amém” (2Co 13.13).

4.7.3. Como Conselheiro

O aconselhamento pastoral está entre as tarefas mais sensíveis do ministro de Deus.


Desenvolve seu trabalho essencialmente com os membros da igreja, especialmente em
se tratando de problemas conjugais. As tensões interpessoais, aliadas aos problemas
sexuais dos jovens e casais da igreja, desemprego, finanças, pobreza, educação e
tantos outros são também parte de sua vida de conselheiro e que dificilmente lhe será
impossível evitar. Indubitavelmente o seu serviço será ajudar as pessoas a crescerem
para realizarem suas possibilidades, levando-as a “diminuírem as barreiras íntimas que
as impedem de se relacionar com os outros”.
A maturidade espiritual do pastor far-lhe-á escutar com grande sensibilidade dos
problemas dos aflitos, porque o seu papel é o de ouvir, orientar, informar e transmitir
ânimo ao aconselhado. Deve dar condições para que a pessoa possa se expressar,
pois, deste modo, perceberá o aconselhado que o ministro está interessado em lhe
ajudar. “Ouvir mais e falar pouco não significa ficar impassível. Deve-se, de vez em
quando, fazer alguma pergunta, ou
28

mesmo oferecer alguma resposta que dê ao aconselhado a confiança do seu


conselheiro, o pastor”. A oração é essencial no aconselhamento.

4.7.4. Com a Mocidade

A mocidade compõe-se de uma faixa de idade no seio da igreja que deve merecer a
atenção pastoral. Os jovens na igreja local não é nenhum corpo estranho, nem uma
sociedade separada da vida da casa do Senhor.

4.7.5. A mocidade no contexto da igreja

A mocidade é a igreja viva, expressa no corpo de Cristo. O corpo é um, mas tem muitos
membros. Cada membro tem a sua função distinta no corpo, e nem por isso se separa
do corpo. É, portanto, perfeitamente concebível um trabalho de jovens no seio da igreja,
desde que devidamente orientado pelo pastor. Não há nenhuma justificativa teológica
que condene uma organização de mocidade, mas esta organização terá que obedecer
aos princípios administrativos da igreja, sob a liderança do pastor.

A mocidade é uma força vital, e a Bíblia confirma esse fato nas palavras do apóstolo
João: “Jovens, sois fortes” (1 Jo 2.14). Essa força vital deve ser aproveitada e
canalizada para o crescimento da igreja na obra da evangelização. Lembremo-nos de
que, na guerra, são os jovens que vão para o “front” e se expõem aos perigos. Os mais
velhos ficam na retaguarda dirigindo, orientando e treinando os mais jovens.
4.7.5.1. A mocidade no contexto pastoral

E imprescindível que o pastor local tenha um conhecimento mínimo acerca do jovem, a


começar pelo adolescente, a fim de que possa ajudá-lo positivamente. É nesse
período da vida do jovem adolescente que a insegurança, a grande sensibilidade, o
idealismo, e a vontade de vencer o expõem a perigos. À vontade de ser, de fazer e de
vencer colocam-no diante de um
29

mundo complicado, que desafia sua capacidade de enfrentá-lo. Dada a grande


sensibilidade que se desenvolve dentro dele, sua mente se torna um campo aberto para
a experiência espiritual. É o período ideal para conduzir o jovem ao encontro com
Cristo. Os problemas de ordem moral afetam sua consciência, porque despertam no
adolescente suas energias sexuais. A falta de orientação nessa fase pode ser o
caminho aberto para o aconselhamento pastoral.

4.8. O pastor como administrador

A experiência nos adverte que não basta ao pastor ser um excelente pregador ou
ensinador da Palavra, mas que seja apto para administrar o rebanho do Senhor,
porque aquele que não sabe conduzir convenientemente o seu próprio lar (1Tm 3. 4,5),
por conseguinte não terá sucesso à frente da família espiritual da igreja.

Administrar não é executar um sem-fim de coisas, não é realizar todas as tarefas, mas
fazer com que todos participem do trabalho. Nosso Senhor Jesus Cristo sempre se
utilizou princípios fundamentais da administração, como podemos observar nos
exemplos vistos nos Evangelhos, quer seja na escolha dos doze apóstolos para o
ajudarem (Mt 10.1-4), ou no envio dos setenta (Lc 10.1), ou mesmo quando alimentou
as cinco mil pessoas (Jo 6.1- 14).

O pastor bem preparado observará algumas regras práticas de administração,


determinando os alvos a serem estabelecidos. Para isso é preciso que planeje,
estipulando os objetivos e as prioridades. O planejamento o levará ao roteiro das
atividades do seu agitado dia. Além disso, deve:

1) desenvolver suas qualidades de liderança, conhecendo o seu próprio


trabalho e o daqueles que trabalham com ele;
2) tomar decisões rápidas, demonstrando integridade e justiça;

3) demonstrar entusiasmo e perseverança para observar os horários, manter


o orçamento e alcançar outros objetivos;
30

4) através do planejamento, demonstrar que sabe onde está indo e que alcançará
o alvo;

5) manter uma atitude agradável e deixar que os irmãos participem


do planejamento e da tomada de decisões, envolvendo-os;

6) delegar responsabilidades e dividir a responsabilidade pelos erros. Ao


desenvolver sua equipe, o pastor deve explicar com toda a clareza o trabalho a
ser feito, treinar o pessoal e supervisionar o trabalho. Na delegação, deve ter
consciência de que o irmão pode fazer melhor o trabalho a executar, em menor
tempo, com menos gasto e que se constituirá em seu próprio desenvolvimento
espiritual;

7) fazer uma ação corretiva quando o planejamento se descontrolar,


reconhecendo, porém, as façanhas publicamente dos que trabalham com ele,
criticando-os construtivamente em particular;

8) impor disciplina e ao mesmo tempo mostrar um interesse ativo pelos que o


ajudam a alcançar os objetivos estabelecidos;

9) coordenar as atividades para poder obter bons resultados, deixando que as


pessoas saibam das mudanças ou desenvolvimentos que as afetará, antes que
aconteçam;

10) ser um bom ouvinte, aceitando de bom grado as sugestões para


melhorias, avaliando honestamente cada sugestão;

11) receber as reclamações tratando-as de maneira positiva, verificando se


a reclamação é ou não um sintoma geral;

12) colocar pessoas capazes à sua volta, ajudando-as a evoluir, e nunca se interpor
no caminho daqueles que procuram progredir em sua vida espiritual.
31

4.9. O Pastor como líder

4.9.1. O que é Liderança?

Segundo os mais renomados dicionários, “Liderança” é a forma de denominação


baseada no prestígio pessoal do líder e aceita pelos liderados. Vem a ser a
ascendência e autoridade de um indivíduo sobre o grupo.

O surgimento de um líder é um fato natural, pois as pessoas têm necessidade de ter


alguém que as represente, e comumente ele é apresentado como aquele que
“conhece o caminho” “mostra o caminho” ou “segue o caminho”.

O líder cristão é aquele que aceita suas responsabilidades, mesmo que signifique
um fardo demasiadamente pesado, mas está disposto a servir à causa, sabendo que
sua autoconfiança se origina de uma fé profunda em Deus, que o chamou para
cumprir seu desígnio em sua igreja aqui na terra.

4.9.2. Conceitos Básicos Sobre a Liderança da Igreja

Desde o princípio, foi impossível a um homem só carregar a carga de todo o rebanho e


alimentá-lo adequadamente (At 6.1), e hoje, muito menos, poderá fazê-lo, pois ficará
altamente “desprotegido quanto aos ataques da soberba, da inflexibilidade do coração e
dos extremismos que perseguem o rebanho”.

O Pr. Renato Cobra, em um de seus trabalhos, descreve alguns conceitos básicos


sobre a liderança da igreja, excluindo as conveniências e tradições religiosas, atendo-
se unicamente à Bíblia Sagrada, nossa única regra de fé.
32

4.9.3. A Pluralidade da Liderança

a) É ensinada em Êxodo 18.13-26, quando Jetro instruiu seu genro, Moisés; num
dos exemplos mais notáveis do Antigo Testamento. Em At 11.30; 15.4 e 20.17
vemos um ministério colegiado;

b) Sendo a Igreja de Jesus Cristo, Ele exerce, como cabeça, o governo através de
homens que Ele mesmo capacita e que são reconhecidos pela igreja como
líderes espirituais e cheios do Espírito Santo (At 20.28; 1Pe 5.1-4);

c) A pluralidade é irrefutável no Novo Testamento. No Novo Testamento


encontramos vários exemplos de pluralidade na liderança da igreja, pois ela é o
princípio fundamental para sustentar o equilíbrio, a harmonia e o crescimento da
igreja local (At 13.1,2; 14.21,23).

4.9.4. Estilos de Liderança

O termo liderança tornou-se tão desgastado e confuso que vem sendo usado como
qualquer tipo de influência de um indivíduo sobre outro, podendo ir desde a persuasão
lógica até a mais brutal dominação física.
Atualmente, surge uma nova interpretação de liderança. Vários autores
procuram evidenciar o problema através de seus conceitos.

“Talvez, ansiosos por encontrarem uma definição para liderança, os teóricos da


administração tentem visualizá-la em termos de estilo. Ao usarem uma expressão tão
ampla, com certeza buscam descrever a maneira como a pessoa opera, e não o que
ela é”.
33

Não tem cabimento, então, falar-se de líder “nato” ou “qualidade de líder”, uma vez
que tão-somente a circunstância dirá que membro de grupo, naquela ocasião, é o
mais indicado para assumir a liderança. Estilo, assim, vem a ser o “so matório do tipo
de ação desenvolvida pelo líder no cumprimento de sua liderança, e a maneira como o
percebem os que ele procura liderar, ou os que podem estar observando de fora”.

Dentro da organização, podemos ter os seguintes estilos desenvolvidos pelo líder:

4.9.4.1. Autocrático

Esse estilo desestimula inovações, pois o autocrático vê-se a si próprio como


indispensável e deixa que o grupo vá debilitando através de debate sobre questões
sem importância. Porém, as decisões importantes são tomadas por ele.

4.9.4.2. Burocrático

Esse estilo pressupõe que qualquer dificuldade pode ser afastada quando todos
acatam os regulamentos, e o líder é uma espécie de negociador entre as partes e a
tomada de decisão resulta de um critério parlamentar.

4.9.4.3. Democrático
Nesse tipo de ambiente o líder pede e leva em consideração as opiniões do grupo
antes de tomar decisões; a responsabilidade é compartida pelo grupo. O líder dá
explicações e aceita crítica. Os membros do grupo têm liberdade para o trabalho e
escolha dos subgrupos e coordenadores respectivos.
34

4.9.4.4. Laissez-faire

Não chega este a se constituir propriamente um estilo, pois a função do líder restringe-
se apenas na tarefa de manutenção. Por exemplo, um pastor estará sujeito a exercer
uma autoridade apenas nominal à medida que a liderança mostrar-se interessada
somente em sua negação, enquanto que os pormenores de que depende a
organização são deixados para outros executarem.

4.9.4.5. Paternalista

Nesse estilo, o líder é cordial e amável. É muito dotado nas igrejas e, por isso mesmo,
produz indivíduos imaturos depois de certo tempo porque desenvolve o crescimento
apenas dos líderes e não dos elementos do grupo.

4.9.4.6. Participativo

Na estrutura participativa há um grau elevado de relações interpessoais saudáveis, e os


membros demonstram grande identificação com o grupo. Há mais amizade, maior
conhecimento dos antecedentes, habilidades e interesses dos demais membros,
motivação mais intensa pelo trabalho e os subgrupos espontâne os são em maior
número. Aqui o problema é a demora da ação em tempos de crise.
35

4.9.5. Diretrizes Para uma Excelente Liderança

Se o líder não tem confiança em si mesmo, ninguém m ais lho dedicará confiança. “A
confiança tem de permear o grupo e tem de partir primeiro dos líderes. Em todas as
fases tem que haver uma segurança bem sólida, uma convicção de competência
baseada na preparação e numa acumulação gradual de experiência e talento”. E se o
líder não se sente pessoalmente capaz de superar um trabalho superior ao seu, não
conseguirá convencer os outros de sua habilidade.

4.9.6. Tratando das causas pessoais

a) o pastor deve ser acessível e estar sempre disponível para atender os


membros da igreja;

b) mesmo que não esteja de acordo com o que ouve, mostre-se simpático com a
pessoa ouvida;

c) não atue de modo precipitado enquanto não estiver de posse de todos os


fatos, para fazer um julgamento correto;

d) deixe transparecer interesse e amor cristão, orando com as pessoas com


quem trabalha;

e) esteja preparado para agir de maneira corajosa;

f) o verdadeiro problema nem sempre está na primeira queixa, sendo


prudente isolar o problema, ao ouvi-lo;

g) peça à pessoa interessada para lhe dizer o que ela pensa que seja a
resposta ou solução do problema;
h) porque o nosso falar deve ser sim, sim; não, não, devemos cumprir com
a nossa palavra na solução de um problema de um membro da igreja.
36

4.9.7. O preço da liderança

Toda liderança tem o seu preço, pois quanto maior for a conquista, maior será o preço a
pagar.

Vejamos alguns aspectos considerados de custo elevado para os que ostentam


uma liderança, especialmente os que se dispõem ao exercício do ministério:

4.9.7.1. Abuso do poder

Em qualquer organização, inclusive nos grupos cristãos, quando uma pessoa recebe
autoridade, é colocada numa posição legítima para e xercer controle e eficiência. Para
muitas pessoas, entretanto, isso é uma exaltação do ego e leva à autocracia.

O pastor, na sua condição de líder, é um condutor de almas, e não “dono” delas.


Herodes, o Grande, subiu ao trono e o conservou por meio de crimes brutais; matou a
esposa e dois filhos para não lhe sucederem. Matou também os meninos de Belém.
Muitos, em posição de mando, estão a tratar as pessoas como objetos que podem ser
manipulados de um para outro lado, a fim de satisfazer seus instintos de supremacia.
Isto é um perigo, e há de se pagar o preço para se evitar cair nessa insidiosa tentação.

4.9.7.2. Crítica
Se alguém não pode suportar a crítica, ainda está mocionalmente imaturo. Esse
defeito virá à tona mais cedo ou mais tarde, e impedirá o progresso do líder e do grupo
em direção ao alvo comum.

O líder amadurecido é capaz de aceitar a crítica e fazer as necessárias correções.


37

4.9.7.3. Competição

Há um preço a pagar quando o líder sofre de uma “ansiedade de competição”, que


assume a forma de fracasso ou medo do êxito.

4.9.7.4. Fadiga

O cuidado adequado com a saúde, o descanso e o equilíbrio ajudarão o líder a manter


a sua capacidade de resistência. Deve o líder buscar o equilíbrio a fim de reduzir o
estresse em sua vida, tão prejudicial à continuação de seu desígnio.

4.9.7.5. Identificação

Deve permanecer à frente do grupo e, ao mesmo tempo, caminhar com o povo que
lidera. A linha divisória e tênue. Deve haver alguma distância entre o líder e seus
seguidores. Isso significa que ele deve desejar ser humano aberto e honesto, e não ser
visto como um autômato, com receio de que o seu verdadeiro ego apareça.

Precisa identificar-se com o povo, gastar tempo em conhecê-lo, compartilhar suas


emoções, vitórias e defeitos.
4.9.7.6. Orgulho e inveja

Estes são irmãos gêmeos. A popularidade pode afetar o desempenho da liderança.


Sentimento de infalibilidade pode corroer sua eficiência. O orgulho se torna egoísmo
quando enaltecemos
38

a nós mesmos. O líder orgulhoso aceita facilmente a racionalização de que está


menos sujeito a cometer erros do que os outros.

4.9.7.7. Rejeição

É preciso ter uma forte personalidade para o líder ser capaz de enfrentar a rejeição.
Sempre há forte possibilidade de alguém ser caluniado por sua fé. Também às vezes o
pastor precisa ser capaz de resistir ao louvor. As pessoas normais e ajustadas querem
ser amadas. Pode tornar-se um caminho difícil para palmilhar se o pastor sente a
indiferença dos membros de sua igreja ou a falta de afeição. Muitas pessoas rejeitadas
só têm o reconhecimento de sua força depois que tenham deixado o cargo ou morrido
(Lc 4.16-29).

4.9.7.8. Solidão

O pastor deve ser capaz de aceitar amizades, mas deve ser suficientemente
amadurecido e ter bastante força interior para estar só, mesmo em face a grande
oposição (Mt 27.46).

4.9.7.9. Tempo para pensar

Muitos estão tão ocupados (Lc 10.41) que não têm tempo para pensar. Um tempo
deve ser dedicado à meditação e ao pensamento criativo.
4.9.7.10. Tomar decisões desagradáveis

O líder cristão muitas vezes tem problemas nessa questão, porque são
naturalmente relutantes em ferir as pessoas.
75

39

Todos os líderes devem estar bem dispostos a pagar este preço para o bem da igreja;
mesmo frente ao procedimento de disciplina do membro.

4.9.7.11. Utilização do tempo

Há preço a ser pago no uso de nosso tempo, porque parece que nós, seres humanos,
nascemos com preguiça congênita. Administrar o nosso tempo significa administrarmo-nos
a nós mesmos. Deve incluir um tempo para estar a sós com Deus, para orar, estudar a
Palavra de Deus, examinar-se a si mesmo, tomar decisões e reanimar-se.

Você também pode gostar